classificam, estudam e modificam o mundo e a si mesmas”. Compreende-se melhor
a amplitude de abrangência do significado de “cultura” ao serem percebidas todas as
manifestações humanas, inclusive o cotidiano, como condição imperdível para
desvelarmos o descobrimento da diferença. Portanto, cada cultura possui um
conjunto de sentidos e significados próprios, ficando claro que não existe cultura
sem sentido, todas as culturas são diferentes entre si. Cultura pode ser interpretada
como os óculos através dos quais os homens vêem o mundo. Isto significa que
pessoas de culturas diferentes usam óculos variados, o que faz com que cada um
entenda a sua própria cultura como “natural”. Consequentemente, isto favorece o
surgimento da visão etnocêntrica.
É muito importante a contribuição de Candau, com relação aos aspectos
visíveis e invisíveis da cultura. Visíveis estão àqueles elementos culturais, como arte,
literatura, produção científica, música popular, erudita, entre outros. Já, com relação
aos aspectos invisíveis, no campo do subconsciente e o inconsciente, estão os
valores, os papéis relativos a gênero, idade, classe social; conceito de justiça, amor,
relações parentais, entre muitos outros aspectos. “Assim, a cultura configura o nosso
modo de ser e a maneira pela qual cada grupo social se organiza, estando
relacionada a processos extremamente complexos, e, em sua maior parte,
inconscientes” (CANDAU, 2002, p. 72).
Desta forma, a cultura não é um fenômeno estático, pois ela sofre diversas
influências, modificando-se. Candau (2002) esclarece que é impossível afirmar que
nas sociedades contemporâneas existem culturas “puras”. Todos os fenômenos
culturais são complexos, heterogêneos, históricos e dinâmicos, conforme explica,
não sendo passíveis de conceitualizações definitivas ou fixas. A autora ainda
apresenta o grande desafio dos estudos sobre a questão da cultura: lidar com a
diversidade, com a multiplicidade de perspectivas e tendências em relação à
questão da cultura, ou melhor, das culturas.
Cultura forma identidade, mas, em seu processo de elitização, isso foi tirado
das chamadas “minorias”. O caminho mais eficiente para estimular a consciência
cultural do indivíduo dá-se por meio da escola, começa pelo reconhecimento e
apreciação da cultura local. Porém não se pode esquecer que a educação formal do
Terceiro Mundo Ocidental está amplamente dominada pelos códigos culturais
europeus e, mais recentemente, pelo código cultural norte-americano branco.