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FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM
CONTABILIDADE, ECONOMIA E FINANÇAS – FUCAPE
MÁRCIO LUIZ DE CASTRO
BALANCED SCORECARD:
UM ESTUDO DE SUA APLICAÇÃO NO SETOR HOSPITALAR
VITÓRIA
2004
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MÁRCIO LUIZ DE CASTRO
BALANCED SCORECARD:
UM ESTUDO DE SUA APLICAÇÃO NO SETOR HOSPITALAR
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Contábeis da
Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em
Contabilidade, Economia e Finanças
(FUCAPE), como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Ciências
Contábeis – nível Profissionalizante.
Orientador: Prof. Dr. Valcemiro Nossa
VITÓRIA
2004
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Castro, Márcio Luiz de.
Balanced Scorecard: um estudo de sua aplicação no setor
hospitalar. / Marcio Luiz de Castro. Vitória: FUCAPE, 2004.
105 p.
Dissertação – Mestrado.
Inclui bibliografia.
1.Balanced scorecard 2.Gestão hospitalar 3.Indicadores 4.
Planejamento estratégico 5. Estudo de caso – pesquisa-ação.
I.Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade,
Economia e Finanças II.Título.
CDD – 657
Dedico esse ciclo de
aprendizado à minha esposa,
Rosilene, aos meus filhos,
Luiz Guilherme e Letícia,
e aos demais integrantes de
minha família.
O mundo real é certamente muito
diferente daquele descrito nos modelos
[...]. Entretanto tal dispersão não constitui
necessariamente um problema, uma vez
que seu objetivo não é o de representar o
mundo real, mas apresentar um arcabouço
para interpretá-lo melhor.
Azevedo 2002
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Valcemiro Nossa, exemplo de ética e dedicação à profissão
acadêmica, com notório saber em contabilidade, cuja paciência e ponderação me
fizeram acreditar ser possível construir conhecimento não com a imposição de medo
aos alunos, mas sim com exemplos e orientação. Registro meu débito a ele não
somente pela orientação desta dissertação, mas também pela orientação e
motivação que foram dadas para a construção de artigos científicos publicados
durante o curso.
Ao Prof. Dr. Aridelmo Teixeira que me orientou na construção de meu primeiro
artigo científico, o qual veio a ser premiado na Convenção Estadual de Contabilidade.
Esse trabalho me fez entender que eu seria capaz de transformar pequenas idéias
em trabalhos acadêmicos que pudessem ser levados à prática e apresentassem
resultados. Com esse propósito, outros três trabalhos foram construídos e hoje é
possível constatar a efetividade de seus resultados.
Aos Professores Doutores: Alexandro Broedel, Carlos Theophilo, Álvaro
Ricardino, Donizete e Danúbio que, juntamente com Valcemiro e Aridelmo,
apresentaram-se com destaque e, de forma objetiva, eficiente e eficaz, me
propiciaram conhecimento.
Aos meus colegas de turma do Mestrado que, durante o curso e construção de
trabalhos, atuaram como meus professores e muito contribuíram para o meu
aprendizado.
Ao Hospital Santa Rita de Cássia, patrocinador parcial do curso que, na
pessoa de seus dirigentes, além de minha liberação durante alguns expedientes,
disponibilizou os processos e as dependências da Instituição para pesquisa e
aplicação das teorias estudadas durante o curso.
Aos meus pais, embora falecidos, os quais são fontes de incentivo e motivação
para que eu possa superar os limites que me foram condicionados durante o ensino
médio e básico.
Às diversas outras pessoas que, de alguma forma e em algum momento,
contribuíram para a conclusão deste trabalho; Rosilene que, além de esposa, atuou
como professora no auxílio e correção de alguns trabalhos e Heloísa Guimarães,
Patrícia e Silvana Nossa que pacientemente auxiliaram na correção e formatação
parcial do trabalho. A meu colega de curso, Dimitri, que aceitou no início do curso um
convite para trabalhar no HSRC, Hospital Santa Rita, espaço que transformamos
durante todo o período em um ambiente de constante aprendizado. A meu amigo
Hércules, que me socorreu com palavras de apoio e motivação durante uma difícil
passagem. Às colegas Luciene, Flávia, Paulinha, que participaram intensamente dos
grupos de estudo.
À Rosilene, Luiz Guilherme e Letícia pelas horas que roubei e por se tratarem
das pessoas que mais amo e que me fazem superar todos os obstáculos.
RESUMO
Trata-se esse estudo da adaptação e implementação da ferramenta/teoria Balanced
ScorecardBSC em uma instituição hospitalar filantrópica, localizada em Vitória,
Espírito Santo. O objetivo deste trabalho foi centrado no desenvolvimento de
indicadores de desempenho, financeiros e não-financeiros, para aplicação em uma
instituição hospitalar, de forma a relacionar os objetivos empresariais a seus
resultados (financeiro e não-financeiro). Utilizou-se da metodologia de Estudo de
Caso complementada com uma Pesquisa-ação. Embora a metodologia de Pesquisa-
ação seja criticada como método científico por alguns autores, neste caso, em
específico, gerou resultados satisfatórios devido à interação do pesquisador com o
pessoal das unidades operacionais do hospital. O BSC foi desenvolvido por Kaplan
e Norton, na década de 90, e teve grande e bem sucedida aplicação no setor
industrial. Quanto à aplicação no Hospital Santa Rita de Cássia, foi desenvolvido 68
indicadores, os quais foram distribuídos em cinco perspectivas. Ressalta-se a
dependência da aplicação do BSC ao suporte de outras ferramentas
complementares, tais como o planejamento estratégico — diagnóstico e definição de
metas — e um sistema de informática integrado — suporte a coleta de dados —, os
quais são indispensáveis para o bom desempenho do BSC.
ABSTRACT
The dissertation presents the adaptation and implementation of the Balanced
ScorecardBSC theory in a philanthropy hospital institution, located in Vitória,
Espírito Santo. The objective was centered on the indicators of development for
financial and non-financial performance, for application in a hospital institution in
order to relate the managerial objectives to its results (economical-financial). The
methodology used was case study, complemented with a research-action. Although
the research-action methodology has been criticized as a scientific method by some
authors, this case specifically resulted in good outcomes due to the researcher
interest towards the hospital operational units. This BSC was developed by Kaplan
and Norton in the 90’s and it was very successful when applied to the industrial
sector. As for the application in Santa Rita Hospital, 68 indicators were developed, in
which were distributed in 5 perspectives. However support of other complementary
tools, such as strategic planning-diagnosis and objectives definition - and an
integrated informatics system - support to data collection-, is extremely necessary for
a good BSC performance.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Indicadores de Desempenho – Perspectiva Social ............................ 82
Quadro 2 – Indicadores de Desempenho – Perspectiva dos Clientes .................. 83
Quadro 3 – Indicadores de Desempenho – Perspectiva dos Processos
Internos .............................................................................................. 85
Quadro 4 – Indicadores de Desempenho – Perspectiva do Crescimento e
Aprendizado ....................................................................................... 87
Quadro 5 – Indicadores de Desempenho – Perspectiva Financeira ..................... 89
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Demonstrativo de Receitas e Despesas de Instituições
Filantrópicas ....................................................................................... 13
Tabela 2 – Demonstrativo de Receitas e Despesas AFECC – Hospital Santa
Rita de Cássia .................................................................................... 14
Tabela 3 – Demonstração do Resultado dos Exercícios Findos em 31 de
dezembro ........................................................................................... 90
Tabela 4 – Número de Procedimentos Atendidos por Cliente ............................... 92
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................13
1.1 ANTECEDENTES DO PROBLEMA.........................................................................13
1.2 BALANCED SCORECARD E SUA IMPORTÂNCIA NO AMBIENTE EMPRESARIAL .............17
1.3 IMPORTÂNCIA DOS INDICADORES COMO FERRAMENTA DE GESTÃO......................18
1.4
PROBLEMA DE PESQUISA ..................................................................................19
1.5
OBJETIVO GERAL DA PESQUISA..........................................................................19
1.6 MOTIVAÇÃO E JUSTIFICATIVA DO TEMA ...............................................................20
1.7 METODOLOGIA APLICADA À PESQUISA ................................................................22
1.7.1 Diagnóstico situacional............................................................................25
1.7.2 Capacitação inicial dos envolvidos..........................................................25
1.7.3 Construção dos indicadores globais do hospital .....................................26
1.8 LIMITAÇÕES DA PESQUISA .................................................................................27
2 REVISÃO DA LITERATURA ..............................................................................29
2.1 HISTÓRICO DA EMPRESA HOSPITALAR ...............................................................29
2.2 INSTITUIÇÕES FILANTRÓPICAS HOSPITALARES.....................................................31
2.3 CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS ....................................33
2.2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ..........................................................................36
2.2.1 Planejamento estratégico como ferramenta de gestão e suporte à tomada
de decisão...........................................................................................................36
2.2.2
Histórico da evolução do uso do planejamento estratégico........................37
2.2.3 Necessidade de planejamento ...................................................................38
2.2.4 Interligação entre negócio, missão e visão.................................................38
2.2.5
Ambiente externo e interno.........................................................................40
2.2.6 Avanço tecnológico ....................................................................................42
2.2.7 Características indesejáveis da ferramenta de gestão “Planejamento
Estratégico” .........................................................................................................43
2.3 O BALANCED SCORECARD COMO FERRAMENTA DE SUPORTE À CONTABILIDADE
GERENCIAL
...............................................................................................................45
2.3.1 Evolução da contabilidade..........................................................................45
2.3.2 Balanced Scorecard ...................................................................................46
2.3.4 Perspectiva Financeira ...............................................................................49
2.3.4 Perspectiva dos Clientes ............................................................................51
2.3.5 Perspectiva dos Processos Internos ..........................................................52
2.3.6 Perspectiva do Aprendizado e Crescimento...............................................53
3 ORGANIZAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS...........................................57
3.1 HISTÓRICO DA ASSOCIAÇÃO FEMININA DE COMBATE AO CÂNCER - AFECC..........57
3.2 HOSPITAL SANTA RITA DE CÁSSIA .....................................................................57
3.3 PRINCIPAIS UNIDADES OPERACIONAIS DO HSRC ...............................................58
3.3.1 Unidade de Tratamento Intensivo Adulto ...............................................58
3.3.2 Unidade de Tratamento Intensivo Infantil e Neonatal..............................58
3.3.3 Centro de Diagnóstico e Tratamento.......................................................58
3.3.4 Quimioterapia ..........................................................................................59
3.3.5 Radioterapia ............................................................................................59
3.3.6 Centro de Hemodiálise, Diálise e Transplante Renal ..............................60
3.3.7 Unidades de Internação ..........................................................................60
3.3.8 Serviço de Nutrição e Dietética ...............................................................60
3.4 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA AFECC-HSRC.............................................61
3.4.1 Missão da instituição ...............................................................................61
3.4.2 Negócio ...................................................................................................61
3.4.3 Princípios, crenças ou valores.................................................................62
3.4.4 Diagnóstico de situação ..........................................................................62
3.5 DEFINIÇÃO DA SITUAÇÃO DESEJADA..................................................................63
3.6 ANÁLISE DOS CAMPOS DE FORÇA.......................................................................66
3.6.1 Extrato tabulado da análise dos campos de força..................................67
3.7 DIRECIONAMENTO DE MÉDIO E LONGO PRAZO .....................................................71
3.8 DEFINIÇÃO DAS GRANDES CONQUISTAS..............................................................73
3.9 DIRETRIZES DE CURTO E LONGO PRAZO DISTRIBUÍDAS POR PERSPECTIVA .............73
3.9.1 Perspectiva Social ..................................................................................73
3.9.2 Perspectiva Financeira............................................................................73
3.9.3 Perspectiva dos Clientes .........................................................................74
3.9.4 Perspectiva dos Processos Internos .......................................................75
3.9.5 Perspectiva do Aprendizado e Crescimento............................................75
3.10 MAPA ESTRATÉGICO DO HOSPITAL SANTA RITA DE CÁSSIA................................76
3.11 INDICADORES DE DESEMPENHO .......................................................................78
3.11.1 Perspectiva Social.................................................................................78
3.11.2 Perspectiva dos Clientes .......................................................................79
3.11.3 Perspectiva dos Processos Internos .....................................................81
3.11.4 Perspectiva do Aprendizado e Crescimento..........................................82
3.11.5 Perspectiva Financeira..........................................................................84
3.12 AJUSTES E ADAPTAÇÕES PROMOVIDOS NA METODOLOGIA DO BALANCED
SCORECARD..........................................................................................................87
3.13 REVISÃO DOS INDICADORES DE DESEMPENHO ..................................................88
3.14 PANORAMA ECONÔMICO-FINANCEIRO DO HSRC...............................................89
4 CONCLUSÕES E SUGESTÕES ........................................................................93
REFERÊNCIAS......................................................................................................95
1 INTRODUÇÃO
1.1 A
NTECEDENTES DO PROBLEMA
O sistema de saúde no Brasil agrega uma quantidade expressiva de
entidades e instituições – estatais, paraestatais e privadas – que, interligadas,
oferecem serviços de diferentes modalidades, sendo os serviços públicos
integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS). A escassez dos recursos públicos,
somada à sua má utilização, resultaram na divisão da atividade com a iniciativa
privada, a qual assiste a população em três grandes grupos:
a) segmento não lucrativo – constituído por entidades filantrópicas,
destacando-se as Santas Casas e instituições beneficentes formadas por grupos
imigrantes, como o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e o Hospital Santa Rita
de Cássia, em Vitória - ES;
b) lucrativo complementar – composto pelas empresas de assistência médica
e securitária de saúde. Formam este grupo as operadoras de planos de saúde, tais
como a Bradesco Saúde e a Sul-América, dentre outras;
c) segmento lucrativo assistencial - envolvendo a maioria das instituições de
assistência que, por sua vez, não mantêm qualquer vínculo com o Sistema Único de
Saúde (SUS), desvinculadas também de grupos pertencentes ao segmento lucrativo
complementar. Este grupo pode ser representado pelo Apart-Hospital em Vitória –
ES, e o Hospital Biocor em Belo Horizonte.
14
Com referência ao segmento não lucrativo, as instituições filantrópicas
apresentaram-se, na década de 70, como alternativa de solução para a sobrecarga
nos Hospitais Públicos, oferecendo a descentralização e operação de hospitais de
forma geral. Tendo em vista a existência dessas instituições, o Governo, quando da
implementação do SUS, utilizou-se desse segmento para colocar parcialmente em
operação o referido Sistema Único de Saúde - SUS (ANÁLISE SETORIAL, 2000).
Dados da Confederação das Misericórdias do Brasil (CMB) mostram que, em
2000, as instituições filantrópicas hospitalares representavam, aproximadamente,
57% dos leitos oferecidos ao Sistema Único de Saúde - SUS. Apesar dessa
representatividade, as instituições filantrópicas hospitalares brasileiras têm
apresentado, em sua maioria, resultados operacionais deficitários (CBM, 2003). O
Estado do Espírito Santo possui duas grandes instituições filantrópicas hospitalares,
ambas localizadas na região metropolitana da Grande Vitória, o Hospital Santa Rita
e a Casa de Misericórdia de Vitória, com respectivos faturamentos médios anuais na
ordem de 33 e 13 milhões de reais respectivamente (AS 150 MAIORES EMPRESAS
– ES, 2001). Esses hospitais atendem pacientes de todo o estado. Em que pese a
representatividade desses hospitais, seus resultados se apresentam de forma
semelhante às quatro maiores instituições brasileiras. Utilizou-se a receita bruta
como parâmetro para classificação das quatro maiores instituições filantrópicas
brasileiras, conforme Tabela 1.
15
Valores em milhares de reais - ano base 2001
HOSPITAIS
SANTA
MARCELINA
HOSPITAL DO
CÂNCER
SOCIEDADE
EVANGÉLICA
BENEFICENTE
FUNDAÇÃO JOSÉ
SILVEIRA
LOCALIZAÇÃO SÃO PAULO SÃO PAULO CURITIBA BAHIA
RECEITA
155 73 60 39
DESPESAS 161 77 64 38
DÉFICIT/SUPERÁVIT -6 -4 -4 1
TABELA 1 - DEMONSTRATIVO DE RECEITAS E DESPESAS DE INSTITUIÇÕES FILANTRÓPICAS
Fonte: Adaptado de ABIFCC (2003)
Atualmente, os hospitais concentram-se na categoria de médio e grande porte
e não têm em suas estruturas um sistema de gerenciamento e de comunicação
capaz de acompanhar, de forma efetiva, os seus custos indiretos, impossibilitando-
os, assim, de montar estratégias com as informações criadas pelo próprio sistema
(MAGNUS, 2003).
A AFECC – Hospital Santa Rita de Cássia pode ser citada como exemplo de
instituição que não apresenta efetividade em seus controles internos, tendo em vista
a instabilidade de seus resultados finais. Conforme apresentado na Tabela 2, no
período de 6 (seis) anos, os resultados finais do hospital apresentaram uma variação
percentual, em relação à receita total, na ordem de 8% de déficit, em 1997, para
superávit de 8%, em 1998; e um déficit, em 2002, na ordem de 14%.
Valores em milhares de reais
PERÍODO
1997
1998 1999 2.000 2.001
2.002
RECEITA
23.088
27.567 28.109 31.488 35.248
32.830
DESPESAS
26.371
25.318 27.023 31.231 34.516
37.567
D
É
FICIT/SUPER
Á
VIT
(3.283)
2.250 1.086 257 732
(4.737)
Fonte: Contabilidade - HSRC - 2004.
TABELA 2 - DEMONSTRATIVO DE RECEITAS E DESPESAS
AFECC - HOSPITAL SANTA RITA DESSIA
16
Um dos fatos que agravam os resultados finais dessas instituições são as
despesas indiretas, segundo Ching (2001, p. 63). Essas despesas que, na década
de 90, representavam cerca de 5% dos custos totais, hoje respondem por 35% a
70% desses mesmos custos, devidos, entre outras coisas, à crescente
automatização, manutenção e depreciação dos equipamentos. Segundo Magnus
(2003, p. 7),
A área de saúde está apenas engatinhando. No geral, são poucos os
modelos de gestão eficientes; os colaboradores possuem pouca
qualificação e baixo conhecimento da necessidade de integração das
informações entre os diversos setores; e os investimentos em gestão,
treinamento, tecnologia da informação e automação são completamente
insuficientes. O resultado disso é que as instituições menos desorganizadas
ainda convivem com um alto descontrole, desperdício de insumos superior a
15%, perdas de faturamento superiores a 10%, baixa qualidade no
atendimento aos clientes e absoluto desconhecimento dos seus custos.
Sendo assim, na busca de soluções operacionais, táticas e estratégicas para
os problemas cotidianos, os gestores hospitalares demandam um sistema de
gerenciamento de informação que possa ser adaptado aos sistemas tradicionais,
com objetivo de buscar informações relevantes ao processo da tomada de decisões.
Entretanto, o grande desafio está na procura por um sistema de gerenciamento que
satisfaça, além dos benefícios, os custos de implantação e manutenção.
Entre os sistemas de informação tradicionais, pode-se citar a contabilidade,
que hoje tem uso intenso no meio empresarial e que, de acordo com sua concepção,
deveria fornecer e dar suporte às necessidades empresariais no tocante ao
fornecimento de informações relevantes para a tomada de decisão. De acordo com a
Fipecafi (2000, p. 42), a contabilidade é, objetivamente, um sistema de informações
e de avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de
17
natureza econômica, financeira, física e de produtividade referentes à entidade
objeto de contabilização.
Os objetivos da contabilidade devem, pois, ser ligados, de alguma forma
explícita ou implícita, àquilo que o usuário considera como elementos importantes
para seu processo decisório. Não tem sentido ou razão de ser a contabilidade como
uma disciplina neutra, que se contenta em perseguir inutilmente sua verdade ou
beleza. Ressalta a Fipecafi (2000, p. 43) que a verdade da contabilidade consiste
em ser instrumento útil para a tomada de decisões pelo usuário, tendo como razão a
entidade. Mas, na prática, a eficiência da contabilidade como sistema de
informações é por muitos autores criticada.
Diante das ponderações apresentadas, este trabalho busca abordar
especificamente um sistema de informação, denominado Balanced Scorecard, que
tem sido citado como um forte exemplo de sistema de informações destinado a
complementar os sistemas contábeis atuais.
1.2 BALANCED SCORECARD E SUA IMPORTÂNCIA NO AMBIENTE EMPRESARIAL
O Balanced Scorecard nasceu em 1990, quando o Instituto Norlan Norton
1
, a
unidade de pesquisa da KPMG
2
, patrocinou o estudo intitulado como “Measuring
Performance in the Organization of the Future”. O estudo foi motivado pela crença de
que os métodos existentes para avaliação do desempenho empresarial, em geral
apoiados nos indicadores contábeis e financeiros, estavam se tornando obsoletos.
1
Principal executivo do Norlan Norton e líder do estudo que teve Robert Kaplan como consultor
acadêmico.
2
Empresa Multinacional de Auditoria e Consultoria.
18
Os participantes do estudo acreditavam que depender de medidas de
desempenho consolidadas, baseadas em dados financeiros, estava prejudicando a
capacidade das empresas de criar valor econômico para o futuro. O Balanced
Scorecard preserva os indicadores financeiros como a síntese final do desempenho
gerencial e organizacional, mas incorpora um conjunto de medidas mais genéricas e
integradas, que vinculam o desempenho sob a ótica dos clientes, processos
internos, funcionários e sistemas ao sucesso financeiro de longo prazo (KAPLAN;
NORTON, 1997, p. 21). Segundo Solomons (1995, p. 18), as medidas não
financeiras, tais como produtividade, atitude de empregados, desenvolvimento de
pessoal, responsabilidade social, dentre outras, devem ser utilizadas em paralelo
com as medidas financeiras. Como Solomons, vários outros autores sugerem o
Balanced Scorecard como ferramenta de gestão.
1.3 IMPORTÂNCIA DOS INDICADORES COMO FERRAMENTA DE GESTÃO
Atualmente é consenso que os produtos têm ciclos de vida cada vez
menores, que as inovações são mais freqüentes e que as exigências dos
consumidores são a cada dia maiores. Esse aspecto no setor hospitalar aparece
com destaque, tendo em vista o alto índice de exigência dos usuários, que sempre
buscam melhores condições de tratamento e recuperação da saúde. Como forma de
se sobressair, hoje, neste mercado, surgiram novos fatores estratégicos, a saber:
diversificação de produtos, foco totalmente voltado para os clientes, diversificação
dos serviços ou mix de produtos, reduções de custos, prazos de entrega, entre
outros. Esses fatores e a agressiva concorrência praticada pelo mercado fazem com
que a gestão das empresas hospitalares se torne uma tarefa complexa, delicada e
de suma importância para um bom desempenho empresarial.
19
No caso dos hospitais, as funções clínicas e de enfermagem são
imprescindíveis, mas a logística e gestão têm de ser avaliadas. Por isso, todos os
indicadores – econômico-financeiros, recursos humanos, produtividade, qualidade,
satisfação dos clientes internos e externos, entre outros – são importantes para que
a gestão possa de forma dinâmica e oportuna, ter informações úteis para a tomada
de decisões.
1.4 PROBLEMA DE PESQUISA
Diante desse contexto, os indicadores são ferramentas centrais por
permitirem um acompanhamento das principais variáveis de interesse da empresa e
por possibilitarem o planejamento de ações visando melhorias de desempenho.
Medições são essenciais em qualquer situação, pois explicitam problemas e facilitam
a tomada de ações de modo a resolvê-los. Muitas medições são realizadas e
decisões gerenciais são tomadas em função destes elementos. Desse contexto, e
entendendo que as empresas hospitalares são altamente complexas, surgi a
questão a ser pesquisada.
Quais indicadores de desempenho podem relacionar os objetivos
empresariais de uma instituição hospitalar filantrópica ao seu desempenho
(financeiro e não-financeiro), a partir do arcabouço da teoria do Balanced
Scorecard?
1.5 OBJETIVO GERAL DA PESQUISA
O objetivo geral deste trabalho está centrado no desenvolvimento de
indicadores de desempenho, financeiros e não-financeiros, para aplicação em uma
20
instituição hospitalar filantrópica, de forma a relacionar os objetivos empresarias a
seu desempenho (financeiro e não-financeiro), a partir do arcabouço da teoria do
Balanced Scorecard.
1.6 MOTIVAÇÃO E JUSTIFICATIVA DO TEMA
O tema proposto é motivado pela precariedade em que se encontra,
atualmente, a gestão das Instituições Hospitalares no Brasil, principalmente as de
cunho filantrópico, que são objeto deste estudo e que têm sido
vivenciadas/acompanhadas pelo autor, que faz parte da administração de uma
dessas instituições, desde o ano de 1998.
A incapacidade administrativa da União em atender à demanda da população
por serviços de saúde e as poucas barreiras de entrada no setor incentivaram
pequenos grupos e iniciativas individuais a fazerem surgir um número expressivo de
clínicas prestadoras de serviços, orientadas para a formação dos fundadores. Alguns
desses núcleos, com infra-estrutura adequada cresceram e se transformaram em
pequenos hospitais, fazendo com que o mercado experimentasse o desconforto pelo
excesso de oferta de leitos e dos serviços direcionados à prevenção e à
recuperação da saúde. Com este excedente, as clínicas especializadas não
encontraram dificuldades em selecionar os melhores e mais lucrativos
procedimentos, cabendo aos hospitais gerais de médio e grande porte as ações de
maior complexidade que, quase sempre, têm custos superiores às receitas geradas.
A AFECC – Hospital Santa Rita de Cássia, instituição alvo desta pesquisa,
apresenta-se com instabilidade em seus resultados contábeis. No período de 5
(cinco) anos, os resultados finais apresentam uma variação percentual em relação à
21
receita total na ordem de 8% de déficit em 1997, para superávit em 1998, de 8% e,
déficit em 2002, de 14%. Os valores apresentados na Tabela 2 levam a crer que os
controles dessa instituição são frágeis e não possibilitam intervenções para correção
de processos e minimização das oscilações nos resultados finais.
Deve-se também considerar o acelerado nível de profissionalização dos
compradores dos serviços hospitalares – seguradoras, governo e particulares –, que
passaram a exigir inúmeras informações e detalhamento das contas, os quais quase
sempre os hospitais não estão preparados para fornecer.
Dessa forma, o Planejamento Estratégico em conjunto com o BSC, servirão
de base para uma caracterização geral da instituição alvo da pesquisa, antes de se
gerar indicadores que possam levar a uma melhor gestão futura do negócio. A
proposta é de que este sistema de gerenciamento possibilite a formulação de
estratégias com eficácia, que ordene, integre e que aloque os recursos, capacidades
e competências da empresa, para que se possa enfrentar com êxito o seu ambiente
externo e interno.
Registra-se também como motivação para o desenvolvimento desse trabalho,
as expectativas de contribuições relacionadas a seguir:
a) Contribuir com a pesquisa científica, expondo a experiência prática de um
hospital de médio porte com a aplicação dos princípios teóricos da
ferramenta Balanced Scorecard;
b) Contribuir para a mudança de cultura organizacional e reorientar a gestão
de unidades de saúde em função das necessidades que o próprio meio
envolvente determina;
22
c) Possibilitar identificar se as decisões tomadas no momento do
planejamento da exclusão ou inclusão de novas unidades de cuidados
médicos ou novas especialidades estão gerando os resultados esperados;
d) Possibilitar identificar o funcionamento interno e a posição competitiva das
unidades operacionais, sobretudo considerando o ambiente global em que
atua a organização em estudo;
e) Possibilitar identificar se a formulação de objetivos explícitos por
departamento, serviço ou centro de responsabilidade é suscetível de
quantificação pela via orçamental;
f) Possibilitar identificar os custos e receitas de cada unidade do hospital,
reconhecendo e avaliando os desvios;
g) Possibilitar identificar a evolução da atuação das pessoas e dos centros de
custos, objetivando fomentar iniciativas individuais e em equipe;
h) Possibilitar a avaliação da gestão global, a gestão de cada centro de
atividade e a adaptação às novas tecnologias de informação.
1.7 METODOLOGIA APLICADA À PESQUISA
As metodologias de pesquisa utilizadas neste trabalho fundamentaram-se em
um estudo de caso complementado com uma pesquisa-ação. Segundo Yin (1994, p.
45), o estudo de caso é o método de investigação adequado para responder a
questões como: “quais”, “como” e “por que”, sendo também útil para geração e
construção de teorias em áreas em que poucos dados estão disponíveis. Segundo
23
Cervo e Bervian (1983, p. 32), o estudo de caso é apropriado para estudar "um
determinado grupo para examinar aspectos variados de sua vida". No trabalho em
questão, o grupo é representado pela instituição pesquisada, Hospital Santa Rita de
Cássia.
Segundo Silva (2002, p. 45), em uma pesquisa realizada na Universidade
Federal da Bahia, no período de 1999 a 2001, a utilização da metodologia de Estudo
de Caso em teses e dissertações de mestrados profissionais e acadêmicos
predominam em 85% das metodologias escolhidas para se executar um trabalho de
Pesquisa Científica.
A utilização desse método justifica-se pelo interesse em analisar conjunto de
indicadores adotados na instituição pesquisada. Caso os resultados se mostrem
eficazes, poderão estes serem adotados como modelo para utilização em outras
instituições de mesma finalidade, desde que devidamente adaptados.
Quanto à classificação da pesquisa, segundo seus fins, pode-se dizer que é
do tipo aplicada, uma vez que, nela, o investigador é movido pela necessidade de
contribuir para fins práticos, mais ou menos imediatos, buscando soluções para
problemas concretos. "Sua preocupação está menos voltada para o
desenvolvimento de teorias de valor universal que para a aplicação imediata numa
realidade circunstancial." (GIL, 1995, p. 46).
A complementação da metodologia de estudo de caso com a pesquisa-ação
tornou-se necessária, tendo em vista ter sido o autor um participante ativo e com
ações reais no trabalho de implementação do BSC na instituição pesquisada. Esta
técnica-trabalho, dada a sua natureza aplicada, tem como propósito a geração de
24
conhecimentos para a aplicação prática dirigida à solução de problemas específicos.
Segundo Vergara (2000, p. 12),
[...] a pesquisa-ação pode ser definida como um tipo de pesquisa social
concebida e realizada para a resolução de um problema, onde o
pesquisador é envolvido no problema trabalha de modo cooperativo ou
participativo. No entanto, a participação isoladamente não pode ser vista
como a característica principal da pesquisa-ação e sim a solução de um
problema não-trivial envolvendo a participação dos diversos atores do
processo.
A pesquisa-ação necessita atender dois propósitos básicos: o prático e o do
conhecimento. Entende-se o primeiro como a contribuição da pesquisa na solução
do problema em questão e o segundo como o conhecimento gerado a partir da
solução do problema (THIOLLENT, 2000, p. 38).
Segundo Gil (1995, p. 47- 48), a pesquisa-ação tem sido objeto de bastante
controvérsia. Em virtude de existir o envolvimento ativo do pesquisador e ação por
parte das pessoas ou grupos envolvidos no problema, a pesquisa-ação tende a ser
vista, em certos meios, como desprovida da objetividade que deve caracterizar os
procedimentos científicos. Porém, a despeito destas críticas, Gil (1995, p. 47- 48)
advoga que este tipo de pesquisa vem sendo reconhecido como útil, sobretudo por
pesquisadores identificados por ideologias “reformistas” e “participativas”.
Quanto à abordagem da literatura sobre pesquisa-ação existem várias
sugestões de autores para encaminhamento das etapas que se deve seguir para
realização do experimento. Na questão da pesquisa, objetivando o estabelecimento
de um conjunto de indicadores alinhados com os princípios teóricos apresentados
pelo Balanced Scorecard, a pesquisa trilhou as mesmas etapas que perseguiu o
grupo de coordenadores e gerentes do hospital utilizaram no desenvolvimento dos
indicadores do BSC, conforme descritas a seguir:
25
1.7.1 Diagnóstico situacional
Nesta etapa foram identificadas as condições em que o Hospital se
encontrava com relação aos seus indicadores, ou seja:
a) Quais indicadores estavam atualmente sendo utilizados pelo hospital;
b) Quais as relações sistêmicas entre os indicadores;
c) Quais as possibilidades de existência de conflitos entre os indicadores.
O objetivo principal desta fase foi a identificação da realidade presente no
hospital com relação à utilização atual de indicadores de desempenho.
1.7.2 Capacitação inicial dos envolvidos
Nesta etapa, os responsáveis pelo gerenciamento dos diversos níveis
organizacionais receberam um nivelamento sobre os conceitos de se estabelecer
indicadores e principais vantagens e desvantagens de sua formulação. Nesta
conceituação, buscou-se mostrar a relação dos indicadores com os princípios do
Balanced Scorecard. Os objetivos principais desta fase foram:
a) estabelecer uma base conceitual que permitisse aos integrantes do grupo
completa compreensão a respeito do direcionamento dos trabalhos de redefinição
dos indicadores de desempenho do Hospital;
b) buscar o entendimento comum para todos os níveis gerenciais
(superintendência, gerências, coordenações, supervisões) do Hospital no sentido de
26
se obter o necessário comprometimento para as atividades de revisão dos
indicadores atuais e implementação dos novos indicadores.
1.7.3 Construção dos indicadores globais do hospital
Nesta etapa, todos os envolvidos nos processos gerenciais estratégicos da
Empresa participaram de sessões de discussão para a revisão e a redefinição dos
indicadores de desempenho. A elaboração e definição foram estabelecidas em três
etapas distintas, a saber:
a) com base no planejamento estratégico elaborado no final de 2002,
trabalhou-se com os direcionadores de curto, médio e longo prazo, ou seja, as metas
nele estabelecidas. Essas metas tiveram como ponto de análise o alcance da
Situação Desejada, tendo como parâmetro de análise as Oportunidades, Ameaças,
Forças Impulsoras e Forças Restritivas do Hospital Santa Rita de Cássia;
b) com base no item “a” foi solicitado ao grupo o máximo de sugestões sobre
quais indicadores seriam necessários para medir o desempenho da instituição
(Indicadores Globais), deixando-se claro a possibilidade de correções na listagem
inicial.
c) revisão da listagem inicial de indicadores, objetivando a adequação e
alinhamento com os princípios teóricos do Balanced Scorecard.
Esta etapa foi caracterizada pelo envolvimento dos coordenadores de cada
setor do Hospital nas sessões de discussão dos indicadores de suas áreas para
redesenhar os indicadores setoriais, de modo a estabelecer o seu alinhamento tanto
com os Indicadores Globais já estabelecidos quanto com a estratégia empresarial. A
27
orientação foi para manutenção de uma estrutura enxuta, com poucos indicadores,
de modo a minimizar possibilidade de ocorrência de conflitos entre eles e não
sobrecarregar os líderes com levantamento de informações desnecessárias.
1.8 LIMITAÇÕES DA PESQUISA
No desenvolvimento desta pesquisa, mesmo adotando-se procedimentos
metodológicos considerados adequados, ganharam destaques algumas limitações.
Primeiramente, faz-se necessário lembrar que o presente estudo utilizou os
métodos de estudo de caso e pesquisa-ação. Estes métodos apresentam como
característica, por um lado, o aprofundamento do estudo das questões de interesse,
permitindo o conhecimento e a análise intensiva do tema abordado. Entretanto, por
outro lado, impede que as conclusões obtidas sejam generalizadas para outros
objetos de estudo. Contudo, com um certo cuidado, os dados e as conclusões
encontradas podem ser utilizados para a análise de outras empresas com
características organizacionais semelhantes às da empresa estudada.
Cumpre ainda destacar que as variáveis pesquisadas, tais como os
indicadores, mesmo sendo consideradas significativas, não esgotam as
possibilidades do tema em questão, o que limita a abrangência do assunto. Assim,
outros indicadores poderiam ser utilizados para a verificação do problema de
pesquisa proposto.
Além dessas limitações destacadas é possível apontar outras a esta
pesquisa, tais como:
28
a) ater-se apenas a uma instituição hospitalar, sem comparar com outras
instituições, sejam elas públicas ou privadas;
b) a instituição estudada é filantrópica e mantém convênio com o SUS -
Sistema Único de Saúde, fato relevante que a diferencia das demais instituições de
saúde, principalmente no aspecto econômico;
c) não foram avaliadas melhorias que o setor possa ter apresentado no
período avaliado e que tenham interferido nos resultados apresentados;
d) o Sistema Integrado de Informações, implantado no final de 2002, fez parte
da estratégia de implementação do BSC, portanto os resultados provenientes desta
implantação foram computados na utilização da ferramenta Balanced Scorecard.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1
HISTÓRICO DA EMPRESA HOSPITALAR
Hospital é um tipo específico de estabelecimento de saúde, constituindo-se
em uma parcela de toda a infra-estrutura de serviços de atenção à saúde. Incluem-
se, neste contexto, os postos e os centros de saúde, as policlínicas, os pronto-
socorros e os ambulatórios à disposição da população. Diferencia-se dos demais
estabelecimentos de saúde pela possibilidade de oferecer leitos para internação de
pacientes. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), hospital é:
[...] parte integrante de uma organização médica e social, cuja missão
consiste em proporcionar às populações uma assistência médico-sanitária
completa, tanto curativa como preventiva, e cujos serviços externos irradiam
até o âmbito familiar, é também um centro de formação de pessoal, médico-
sanitário e de investigação biossocial. (ANÁLISE SETORIAL, 1999, p.18).
Segundo Teixeira (2000, p. 5), os hospitais são considerados, perante o
mercado, empresa prestadora de serviços na área da saúde, tendo como principais
compradores de seus serviços as administradoras de planos de saúde, as pessoas
físicas e o SUS. Quanto ao mercado de serviços de saúde, este não pode ser
considerado como um mercado típico sob a ótica da análise econômica.
No que se refere à “teoria do consumidor”, pode-se dizer que nem sempre o
indivíduo conhece todas as informações necessárias para escolher o tipo de serviço
que deseja consumir. Ao desconhecer as condições e a eficácia dos serviços
prestados, o consumidor revela uma dependência face aos prestadores de serviços.
No que se refere a produção, pode-se dizer que a determinação de preço não
30
é dada somente pelo mercado, ou seja, pelas condições de oferta e demanda. O
grande número de especialistas, as corporações e cooperativas médicas, o caráter
oligopolista dos hospitais de especialidades, os sindicatos dos hospitais, entre
outros, fazem com que não existam padrões clássicos de formação de preços.
Estes, de forma geral, são firmados por mecanismos externos ao mercado, tais
como tabelas especiais, remuneração definida por entidades médicas, por hospitais,
entre outros. Segundo Medici (1991, p.2),
[...] uma forte característica do mercado de saúde tem sido a forte relação
com o Governo, que devido sua incapacidade de prover assistência médica
a população - assistência garantida pela constituição - compra serviços, fixa
padrões, normas de qualidade e até mesmo, na qualidade de grande
comprador, define preços para tais serviços.
Medici (1991, p.2) afirma que o governo tem atuado no campo da saúde em
três pontos, a saber:
a) como prestador de serviços, fornecendo cuidados básicos para as populações
carentes, ou mesmo oferecendo serviços que não sejam atrativos ao setor
privado, devido o seu alto custo e a baixa rentabilidade;
b) por meio da concessão de benefícios, ou seja, reduzindo o preço como forma
de ampliar a demanda para segmentos carentes e não cobertos;
c) como instância de regulação do mercado, fixando normas, padrões de
qualidade e até mesmo preços.
A origem do setor privado de saúde no Brasil está associada à medicina
liberal, de um lado, e à atenção médica das entidades beneficentes e filantrópicas,
em geral pertencentes a instituições religiosas e filantrópicas, por outro. As Santas
Casas de Misericórdias constituem a expressão nítida desta afirmação. A AFECC –
31
Associação Feminina de Prevenção e Combate ao Câncer, mantenedora do Hospital
Santa Rita de Cássia, é também exemplo de instituição criada na década de
cinqüenta e que atua, até hoje, com a mesma filosofia de atendimento ao Sistema
Único de Saúde.
Segundo Medici (1991, p.101), na década de sessenta, do total de leitos
disponíveis no Brasil, 62% eram disponibilizados por instituições de cunho
filantrópico. Segundo a Confederação das Misericórdias do Brasil (CMB), as
instituições filantrópicas hospitalares totalizam 2,6 mil e representam
aproximadamente 57% dos leitos na época oferecidos ao SUS. Ressalta-se,
portanto, a importância dessas instituições para o Sistema de Saúde Brasileiro.
2.2 INSTITUIÇÕES FILANTRÓPICAS HOSPITALARES
As associações civis são constituídas a partir de um grupo de pessoas que se
propõem a prestar serviços à sociedade ou a dar consecução a um objetivo comum.
Esse agrupamento de pessoas pode adquirir personalidade jurídica, com os
benefícios e condições específicas inerentes às pessoas jurídicas. Uma vez
constituídas regularmente, as entidades associativas têm legitimidade para
representar seus filiados judicial e extrajudicialmente (MARTINS, 2000, p.124).
Essas associações civis filantrópicas não visam lucro e são comuns no ramo da
saúde, mais precisamente no da assistência hospitalar, como é o caso das Santas
Casas de Misericórdia e do Hospital Santa Rita de Cássia, que é objeto deste
estudo.
A qualificação das pessoas jurídicas de direito privado em atividades sem fins
lucrativos necessita de adaptação estatutária para compreender os objetivos sociais
32
e para atender os requisitos impostos pela legislação. Para tanto, não se pode
distribuir entre seus sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou
doadores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos,
bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, auferido mediante o
exercício de suas atividades. Deve-se ainda aplicar integralmente a receita
excedente na consecução de seus objetivos sociais (TEIXEIRA, 2000, p. 45).
Teixeira (2000, p. 5) afirma ainda que, uma vez cumpridos os requisitos
estabelecidos, o reconhecimento da imunidade/isenção, no caso das entidades sem
fins lucrativos, passa a ser uma obrigação legal do poder público. Assim, o benefício
fiscal somente pode ser revogado por meio de emenda constitucional que altere o
respectivo dispositivo.
Os requisitos para que uma instituição usufrua os benefícios da imunidade
tributária são: aplicar, anualmente, 20% de sua receita total bruta (venda de serviços
e outras receitas) em atendimentos gratuitos à população de baixa renda ou efetuar
atendimentos, no mínimo, com 60% da capacidade operacional instalada do
estabelecimento ao SUS - Sistema Único de Saúde (ANÁLISE SETORIAL, 2000).
Por meio de pesquisa efetuada em um Hospital localizado em Vitória - ES,
Castro et al. (2003, p. 12) concluíram que o atendimento ao SUS, acima das regras
estabelecidas pelo “Certificado de Filantropia”, ou seja, atender ao SUS - Sistema
Único de Saúde com um percentual acima de 60% da capacidade operacional do
hospital, causou à instituição prejuízos financeiros.
Os prejuízos são decorrentes da diferença entre os valores que deixam de ser
pagos em impostos e os prejuízos ocasionados pelo atendimento ao SUS - Sistema
Único de Saúde. Ainda segundo Castro et al. (2003, p. 12), a instituição pesquisada
33
manteve, no ano de 2001, um atendimento ao SUS na ordem de 71%, ou seja, 11%
acima do contratado por meio das regras do “Atestado de Filantropia”. Nesse caso, o
déficit do hospital foi na ordem de 2,4 milhões. Considerando que o hospital
mantivesse os atendimento ao SUS em somente 60% o superávit seria na ordem de
1.3 milhões.
Registra-se que essas instituições são representativas no cenário nacional e
internacional, portanto devem buscar atender ao SUS dentro de certo limite de forma
a se manterem com seus resultados equilibrados.
Segundo Merege (2003, p. 2), no Brasil, embora não haja registros oficiais,
estima-se existir cerca de 200 mil Organizações Não Governamentais (ONGs), que
empregam dois milhões de pessoas. Afirma ainda que o Brasil se posiciona muito
aquém de outros países, a exemplo dos Estados Unidos, que hoje, empregam,
nesse setor, cerca de 12 milhões de trabalhadores e movimentam em torno de
US$ 600 bilhões, anualmente. Cita também que esse fenômeno não é localizado
apenas nos Estados Unidos e que países como Itália, França e Alemanha
movimentam acima de 3% dos seus produtos internos brutos – PIB – com esse tipo
de Organização.
2.3 CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS
O SUS, conforme a Constituição Brasileira de 1988, em seu artigo 194,
atende o conceito de seguridade no setor de saúde. As ações de iniciativa pública
no campo da saúde estão assentadas no estabelecimento do Sistema Único de
Saúde, previsto no artigo 198 da Constituição e instituído por meio da Lei federal nº
8.080, de 19 de setembro de 1990. O SUS é organizado de forma regionalizada e
34
hierarquizado em níveis de complexidade crescente. Sua direção é única em cada
esfera de governo, sendo exercida pelo Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais
e Municipais de Saúde. Portanto, o SUS é de responsabilidade das três esferas de
governo: federal, estadual e municipal, cujo pressuposto é viabilizar e garantir fontes
estáveis e suficientes de recursos para o setor de saúde (ANÁLISE SETORIAL,
2000, p. 77).
Segundo dados da Análise Setorial (1999, p. 112), o Sistema Único de Saúde
tem por base três princípios, a saber:
a) universalização do acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de
assistência, além de sua integridade (conjunto articulado e contínuo de
ações e serviços preventivos e curativos individuais e coletivos);
b) descentralização político-administrativa, com ênfase nos serviços
direcionada aos municípios com regionalização e hierarquização da rede de
serviços de saúde;
c) integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e
saneamento básico, e participação da comunidade.
No aspecto comercial, o SUS mantém grande dependência das instituições
filantrópicas hospitalares, que atualmente fornecem cerca de 60% do total das
internações oferecidas à população.
Segundo a Confederação das Misericórdias do Brasil (CMB), de acordo com a
Análise Setorial (2000, p. 12), para esses 60% de internações fornecidas, os valores
despendidos pelo SUS com esse serviço representam apenas 52% dos gastos desta
especialidade. Este dado é um indicativo de ser um dos principais motivos para a
35
grave crise econômico-financeira pela qual atravessam essas instituições
hospitalares filantrópicas.
As instituições filantrópicas hospitalares são beneficiadas pelo princípio da
imunidade tributária sobre os respectivos patrimônios, renda ou serviços, nos termos
da letra ”c”, inciso VI, do art. 150 da Constituição Federal. Assim, todas as
instituições sem fins lucrativos, incluídas as da área de saúde, estão isentas de
qualquer tipo de imposto.
As instituições que atenderem aos requisitos em face do Certificado de
Entidades de Fins Filantrópicos ficam isentas da contribuição a cargo da empresa,
destinadas à Seguridade Social, de 20% sobre o total das remunerações pagas ou
creditadas, a qualquer título, aos segurados empregados e aos demais que prestam
serviços à instituição. Esse benefício se dá, desde que comprovadamente
promovam, em caráter exclusivo e gratuito, assistência social beneficente às
pessoas carentes. Estão isentas também da contribuição ao Cofins/Finsocial, em
percentual de 2%. Assim, a carga tributária incidente sobre as atividades das
instituições hospitalares filantrópicas resume-se ao Imposto sobre Produtos
Industrializados – IPI, Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS,
Imposto sobre Serviço - ISS, fornecimento de água, energia elétrica, etc. referentes
aos produtos, materiais e serviços por elas utilizados (TEIXEIRA, 2000, p.18).
2.2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
2.2.1 Planejamento estratégico como ferramenta de gestão e
suporte à tomada de decisão
Com o entendimento de que, para implementação do Balanced Scorecard, o
planejamento estratégico é uma ferramenta básica, este capítulo destaca os
principais conceitos, vantagens e desvantagens do uso deste instrumento.
Planejamentos Estratégicos, usados como ferramenta de gestão, permitem um olhar
crítico sobre a organização, determinando os caminhos e metas que vão orientar
cada uma das áreas na construção de suas estratégias competitivas. Gerenciar as
estratégias competitivas sem uma orientação para o mercado futuro significa apostar
no escuro e criar uma cultura imediatista de gestão.
As Estratégias Competitivas é que determinam como cada área da empresa
irá atuar para realizar no futuro, o que foi definido no planjamento. Essas estratégias
são específicas para marketing, produção, vendas, recursos humanos e tecnologia.
Elas definem a forma de competir e responderão pelos resultados desejados a cada
ano. Neste sentido se enquadram os planejamentos de vendas com suas
convenções, discussões sobre os lançamentos de produtos e serviços, tabelas de
preços, margens, entre outros.
As aplicações práticas dessa ferramenta são inúmeras. Como exemplo,
podem-se citar:
a) definição das estratégias de recursos humanos que orientarão os
processos de seleção;
37
b) desenvolvimento e treinamento de seus executivos, a partir das
competências identificadas como fundamentais para a competição.
2.2.2 Histórico da evolução do uso do planejamento estratégico
Com base nos fatos históricos pode-se presumir que durante um longo
período, principalmente antes da Revolução Industrial, as empresas pouco se
empenhavam em alcançar estratégias competitivas. Isso porque, segundo Fleury e
Fleury (1995, p. 32), não havia necessidade de investir em tecnologias que
propiciassem melhores produtos, uma vez que a demanda era maior que a oferta
dispensando maiores esforços por parte da organização.
Ainda sobre a Revolução Industrial, cabe expor a afirmação de Hirschman
(1977, p. 79) de que, antes dessa revolução, economias e sociedades eram:
essencialmente estáticas, os valores políticos envolviam apenas decisões unilaterais
e havia pouco ou nenhum interesse em se criar um pensamento administrativo. Após
a Revolução, a situação mudou: desafios administrativos, impensáveis
anteriormente, começaram a emergir, devido à necessidade de lidar com a
complexidade dos negócios. Essa complexidade referente às grandes invenções, ao
aumento da indústria, do transporte, dentre outros, criou a necessidade de domínio
da técnica de controle e tornou a visão tecnológica um elemento indispensável aos
empresários.
Neste contexto, tornou-se cada vez mais importante a identificação de ações
e estratégias para organizações com a finalidade de mantê-las saudáveis e em
desenvolvimento, promovendo assim sua continuidade.
38
2.2.3 Necessidade de planejamento
A necessidade de planejar surge como forma de organizar as relações
existentes na sociedade, visto que o convívio social, por sua vez, é parte integrante
e imprescindível no cotidiano do homem, que está em constante busca de novas
invenções e mudanças. Em meio a isso, há um emaranhado de novidades e
descobertas, constantes no nosso dia-a-dia. A atenção e a preocupação das
pessoas centram-se no mistério do amanhã. As empresas buscam profissionais que
consigam planejar o futuro, pessoas que, além de possuir uma grande bagagem de
conhecimento a respeito de uma infinidade de assuntos, ainda tenham grande
capacidade de tomar decisões rápidas frente aos imprevistos que podem ocorrer.
O conhecimento prévio do histórico da organização faz com que se tornem
claras certas atitudes e comportamentos diante de situações, até mesmo
corriqueiras. Desse modo, a necessidade de planejar surge como forma de
identificar, correlacionar, analisar e avaliar todas as variáveis envolvidas nos
processos decisórios, a fim de possibilitar um desenvolvimento contínuo dos
empreendimentos humanos, de maneira rápida e acessível a todos, com mínimo
esforço.
2.2.4 Interligação entre negócio, missão e visão
A missão pode ser definida como a razão de ser da empresa. Esta é que
orienta objetivos e estratégias da organização. O planejamento estratégico é a etapa
em que se definem as políticas, diretrizes e objetivos estratégicos e tem como
produto final o equilíbrio dinâmico das interações da organização com suas variáveis
ambientais. Segundo Drucker (1975, p. 82), “[...] somente uma definição da missão e
39
da finalidade da empresa torna possível a existência de objetivos claros e realistas”.
O negócio de uma organização é a orientação específica de sua atividade
empresarial, aquilo que ela explora para atender a necessidade do cliente. Para
Cunha (1998, p. 27), o negócio "[...] define os setores onde a organização atua ou
pretende atuar." A definição do negócio é necessária para que todos os integrantes
da empresa tenham visão e compreensão comum da direção dos esforços e dos
investimentos.
Com relação à missão da empresa, de acordo com Cunha (1998, p. 29), "[...]
ela relaciona o negócio com a possibilidade de satisfazer alguma necessidade do
meio ambiente da empresa".
A missão orienta e delimita a ação da empresa, definindo o que ela se propõe
a fazer. Exprime a razão de sua existência. Uma boa definição de missão deve
favorecer os clientes finais, fornecedores, a sociedade e todos aqueles que estão
envolvidos com as atividades da empresa. Contudo, Bornholdt (1997, p. 22) chama a
atenção para o falso discurso, ou seja, aquele que desassocia a teoria da prática.
Entre os anos 60 e 70, a missão da empresa era alcançar lucro. Atualmente, com
essa onda de satisfazer a todos, acaba-se entrando na linha da demagogia. A única
missão da empresa, argumenta Bornholdt (1997, p.23), "[...] é gerar lucro e
remunerar o capital investido através da maior satisfação dos clientes e
empregados".Para definição da Missão Empresarial, devem ser feitas as perguntas:
Qual a razão de ser da empresa? Qual a natureza dos negócios? Quais os tipos de
atividades em que a empresa deve concentrar suas atividades no futuro?
Visão de futuro é a imagem de um estado futuro desejado pela organização e
que implica a máxima satisfação dos clientes. Bornholdt (1997, p. 23) salienta que,
40
“[...] em geral, a visão corresponde à maior expectativa da empresa e está em
muitos dos sonhos dos empreendedores, mas adverte que ‘a visão deve ser um
sonho realista”.
Para estabelecer uma visão de futuro é necessário que se façam alguns
questionamentos, tais como: que tipo de empresa desejamos nos tornar? O que
queremos que as pessoas falem de nós como resultado de nosso trabalho? De que
modo a visão representa os interesses de nossos clientes e os valores que devemos
preservar?
2.2.5 Ambiente externo e interno
O período que antecede 1950 foi fortemente caracterizado pela ênfase no
ambiente interno à organização. Isso se deve ao fato de que, nessa época, as
empresas operavam em um ambiente estável e previsível. O contrário foi ocorrendo
na segunda metade desse século, quando as atenções começaram a se ater ao
ambiente externo. Essas mudanças de enfoque deram-se por diversos motivos,
principalmente devido à rapidez com que as mudanças no ambiente externo vêm
ocorrendo (STONER; FREEMAN, 1985).
O ambiente externo submete a empresa a uma série de fatores intervenientes
que possibilita a ela, a partir de análises, detectar as oportunidades e as ameaças.
Para Stoner e Freeman (1985, p. 46),
[...] o ambiente externo é composto por todos os elementos que, atuando
fora de uma organização, são relevantes para sua operação. As
oportunidades são situações ou elementos que proporcionam à organização
a possibilidade de ultrapassar seus objetivos e metas. Mas eles alertam que
oportunidades perdidas podem significar ameaças para a empresa. Assim
como, aparentes ameaças podem se tornar oportunidades.
41
Ameaças, de acordo com Cunha (1998, p. 37), "[...] são situações do meio
ambiente que colocam a empresa em risco". No entanto, a definição do que é
oportunidade ou ameaça varia de empresa para empresa. Isso porque organizações
diferentes trabalham com recursos diferentes e sua capacidade administrativa
influencia na manipulação e na transformação das oportunidades e das ameaças.
Da mesma forma, Chakravarthy (1997, p.18) alerta a respeito das
turbulências no ambiente organizacional. Segundo ele, no passado, as empresas
não focalizavam ambientes turbulentos e as estratégias eram formadas com base
em ambientes simples e pouco dinâmicos. Embora sabendo da importância do
ambiente externo e da necessidade de atenção redobrada a ele, devido a sua
posição instável e de difícil previsibilidade, não se pode deixar de lado o ambiente
interno das organizações. Por isso, salienta Contador (1995, p.15) que o fato dos
administradores terem uma visão clara do seu negócio é imprescindível para o bom
desempenho organizacional. Mas, para que se alcance o sucesso, é necessário
saber a direção e a hora certa para se executar a mudança.
A fim de avaliar cada componente do ambiente interno, faz-se necessária a
avaliação destes a partir da identificação dos pontos fracos, neutros e fortes de cada
parte analisada (CUNHA, 1998, p.127).
No caso de instituição hospitalar filantrópica, podem-se citar como exemplos
de pontos fracos: concentração dos compradores de serviço e a alta demanda de
clientes provenientes do Sistema Único de Saúde – SUS, clientes estes que causam
prejuízos à instituição que atende acima do percentual contratado com o Governo,
ou seja, 60% da capacidade operacional.
42
Ponto Neutro: "[...] é uma variável identificada pela empresa, mas que no
momento não existem critérios de avaliação para a sua classificação como ponto
forte ou fraco" (OLIVEIRA, 1993, p.175). Salienta-se que um ponto exemplificado
como fraco poderá se transformar em ponto forte, caso venham a ocorrer mudanças
no ambiente externo ou mesmo interno. O exemplo: “demanda de clientes do
Sistema Único de Saúde – SUS – acima da capacidade de atendimento”. Este
passaria a ser ponto forte se houvesse por parte Governo aumento nas tabelas de
preços de procedimentos médicos. Sendo assim, seria interessante prestar uma
quantidade maior de serviços ao SUS.
Ponto Forte: "[...] é uma característica competitiva da empresa que a coloca
em vantagem frente às concorrentes" (VALADARES, 2002, p. 24). Um dos pontos
fortes no caso de empresas hospitalares, seria a “localização privilegiada” de modo
a facilitar o acesso dos pacientes, médicos e empregados. De acordo com Santos
(1992, p. 152), "[...] a Análise Interna equivale à avaliação do melhor posicionamento
da empresa, de maneira que se possam maximizar as potencialidades e reduzir a
vulnerabilidade frente ao ambiente, que é complexo”.
2.2.6 Avanço tecnológico
A rapidez com que as mudanças no ambiente externo ocorrem é assustadora.
A cada dia novas tecnologias vão surgindo e, em contrapartida, as antigas vão
sendo abandonadas. Novas regras vão tomando forma numa economia instável e
incerta; novas leis são criadas e incorporadas. Enfim, uma série de mudanças vai
influenciando o desempenho organizacional. No caso do setor de saúde, os avanços
tecnológicos podem ser considerados com ameaça em certas situações e como
43
oportunidade em outras. Com referência às ameaças, os resultados finais das
instituições poderão ser comprometidos, tendo em vista o aumento dos custos,
devido à acelerada depreciação dos equipamentos que apresentam altas
tecnologias e altos custos de manutenção. Já sendo visto como oportunidade, os
avanços tecnológicos podem dar destaque a instituições no que diz respeito a sua
resolutividade.
A evolução tecnológica tem grandes implicações no planejamento. Observa-
se que nas evoluções ocorridas no tempo é possível perceber que houve uma
explosão quanto ao aumento da população, ao desenvolvimento tecnológico, às
comunicações, ao transporte, ao setor produtivo e outros – ocasionada justamente
num curto espaço de tempo. Sobre a aceleração da mudança ambiental, Ansoff
(1990, p. 37) argumenta que "[...] o espaço e o tempo entre a emergência e a
comercialização de uma nova tecnologia vem diminuindo progressivamente”.
2.2.7 Características indesejáveis da ferramenta de gestão
“Planejamento Estratégico”
O grande problema do planejamento estratégico, segundo Barlett e Ghoshal
(1990, p. 99),
[...] é que as organizações definem seus objetivos em condições puramente
estruturais, todavia a estrutura formal descreve apenas a anatomia básica
de uma organização, enquanto que a fisiologia organizacional está ligada
aos relacionamentos interpessoais e aos processos de decisão. Desta
forma, é necessário alterar as largas convicções incorporadas à
organização e às normas que moldam as percepções dos gerentes.
Uma das críticas de Mintzberg (1994, p. 110) ao Planejamento Estratégico é
que: "[...] o Planejamento Estratégico pressupõe que o mundo permanece estático
do momento em que o plano é formulado até quando ele é implementado".
44
Ressalta- se que a crítica cabe às empresas que já devem apresentar problemas em
sua estrutura e não conseguem dar velocidade às ações discutidas no
planejamento. Sabe-se que as mudanças cada dia ocorrem com mais rapidez,
cabendo assim às organizações a percepção de que o ambiente e as necessidades
individuais são mutáveis e não estáticas e ainda de que essas mudanças interferem
na organização.
Hamel e Prahalad (1989, p. 79) também fazem diversas críticas ao
planejamento estratégico, entre elas, dizem que para revitalizar a performance das
organizações é preciso criar um novo modelo de estratégia. De acordo com esses
autores, as empresas falharam ao imitar as estratégias competitivas de seus
concorrentes, principalmente em termos de custo e qualidade.
Diante das diversas limitações relacionadas ao planejamento estratégico,
registra-se que estrategistas precisam tomar cuidado e estar conscientes de que o
planejamento não é a solução para todos os problemas de criação de estratégias.
Sugere-se que o tipo de estratégia a ser adotado deve ser adequado à situação, ou
seja, deve ser contingente. Para que o planejamento seja gratificante, o planejador
deve estar consciente das várias limitações ora citadas. Em resumo, os planos
estratégicos devem possibilitam flexibilização para adaptar-se ao ambiente atual.
2.3 O BALANCED SCORECARD COMO FERRAMENTA DE SUPORTE À
CONTABILIDADE GERENCIAL
2.3.1
Evolução da contabilidade
Segundo Martins (1996, p. 19-20), a evolução da contabilidade pode ser
descrita em quatro fases distintas, a saber:
Contabilidade do Proprietário - a primeira fase da contabilidade é a visão
contábil de um instrumento ligado diretamente ao dono do empreendimento.
Da contabilidade financeira à contabilidade de custos - até a Revolução
Industrial (século XVlll), quase só existia a contabilidade financeira (ou geral), que se
desenvolveu na Era Mercantilista e estava bem estruturada para atender a área
comercial das empresas comerciais.
Da contabilidade de custos à contabilidade gerencial - a preocupação
primeira dos contadores, auditores e fiscais foi a de fazer da Contabilidade de
Custos uma forma de resolver seus problemas de mensuração monetária dos
estoques e dos resultados, não fazendo dela instrumento de administração.
A moderna contabilidade de custos em empresas não industriais - com o
advento da contabilidade de custos, ocorre seu maior aproveitamento em empresas
não industriais, tais como instituições financeiras, comerciais e de prestação de
serviço, tendo seu uso sido estendido e explorado para controle e tomada de
decisão.
Para Iudícibus; Marion (1997, p. 15),
46
[...] a contabilidade gerencial se caracteriza, superficialmente, como um
enfoque especial conferido a várias técnicas e procedimentos contábeis já
conhecidos e tratados na contabilidade financeira e de balanços, colocados
numa perspectiva diferente, com grande detalhe analítico, ou numa forma
de apresentação e classificação diferenciada, de maneira auxiliar aos
gerentes na tomada de decisão.
Para Costa (2001, p. 45), a contabilidade não acompanhou adequadamente o
ambiente competitivo imposto pelo mercado, e os textos contábeis tradicionais não
continham um mínimo de discussão de custos sobre técnicas, procedimentos ou
propriedades da mensuração de produtividade. Sendo assim, o efeito do volume de
atividades, substituição de mão-de-obra, capital, materiais e outras medidas de
produtividade, ainda não haviam sido considerados como parte da informação que
dava suporte aos gestores em suas atividades de controle.
Neste sentido, o Balanced Scorecard apresenta-se como um dos tópicos que
se propõe contribuir com a Contabilidade Gerencial, utilizando técnicas correlatas de
outras disciplinas, fazendo uso de informações com características monetárias e de
produtividade e ressaltando a ênfase no futuro e no suporte aos administradores
para tomada de decisão.
2.3.2 Balanced Scorecard
O Balanced Scorecard - BSC foi desenvolvido pelo professor da Harvard
Business Schools Press, Robert Kaplan, e pelo executivo David Norton. O BSC foi
inicialmente definido como um “[...] conjunto de indicadores que oferecem à alta
gerência uma rápida, porém ampla, visão do negócio” (KAPLAN; COOPER, 1998, p.
71). Em sua definição inicial foram incluídos indicadores de desempenho financeiro e
não-financeiro, em quatro perspectivas: inovação e aprendizado, processos internos,
clientes e finanças.
47
Destaca-se que o BSC não descarta as medidas financeiras tradicionais,
contudo ele acrescenta a elas outros indicadores para complementar um visão da
empresa como o todo.
Com este entendimento, o Balanced Scorecard pode ser considerado uma
ferramenta que possibilitará a criar valor futuro. Para tanto, adota utilização de
medidas financeiras, que normalmente espelham resultados passados, de medidas
sob a perspectiva da clientela, de medidas dos processos internos da empresa e de
medidas que visem espelhar como se dá o processo de aprendizado, crescimento e
inovação dentro da empresa. O Balanced Scorecard procura traduzir a estratégia em
operações, em atividades que, incentivadas no momento presente, possibilitam a
geração de valor para a empresa no futuro.
Em se tratando de instituições sem fins lucrativos, o objetivo principal é a
busca do cumprimento da missão. Segundo Kaplan e Norton (2004, p. 445), a
aplicação do BSC nessas organizações tem sido uma das extensões mais
gratificantes do BSC, tendo em vista que essas organizações se empenham em
cumprir certa missão, em vez de gerar resultados acima da média. Barbosa et al.
(2002, p. 11) registram que o uso de medidas de desempenho no terceiro setor é de
suma importância, tendo em vista as necessidades de essas organizações
prestarem contas, não só ao Governo, mas também à sociedade que, por meio de
doações ou do pagamento de impostos, são potenciais financiadores dessas
organizações.
Posteriormente, a experiência de implementação do Balanced Scorecard em
diversas empresas levou Kaplan e Norton a ampliar seu escopo de atuação ao de
sistema de gestão estratégica, incluindo quatro processos fundamentais: tradução
48
da estratégia (tornando-a explícita por meio das inter-relações entre os indicadores
de desempenho, representadas graficamente no mapa da estratégia); comunicação
e associação (disseminando a estratégia pela organização e incentivando seu
desempenho global); planejamento de negócios (integrando a estratégia ao
processo orçamentário) e feedback e aprendizado (reavaliando e aprimorando as
hipóteses estratégicas).
Finalmente, a partir de pesquisas sobre implementações bem sucedidas do
Balanced Scorecard, Kaplan e Norton (2000c, p. 78) descreveram cinco princípios
das suas bases de sucesso ou “Organizações Orientadas para a Estratégia”, a
saber: traduzir a estratégia em termos operacionais, alinhar a organização à
estratégia, transformar a estratégia em tarefa de todos, converter a estratégia em
processo contínuo e mobilizar a mudança por meio da liderança executiva.
Assim, a partir da visão e estratégia da empresa, os objetivos e os
indicadores são estabelecidos para cada uma das quatro perspectivas. As medidas
representam o equilíbrio entre indicadores externos voltados para os acionistas e
clientes e as medidas internas dos processos críticos de negócios, inovação,
aprendizado e crescimento. Há um equilíbrio entre as medidas de resultado que são
conseqüências dos esforços do passado e as medidas que determinam o
desempenho futuro.
Giuntini (2003), por meio de um estudo de caso, analisou as dificuldades
práticas que os administradores tiveram para implantar e implementar os princípios
do Balanced Scorecard em uma siderúrgica metalúrgica brasileira. Os resultados
obtidos apontaram que o Balanced Scorecard necessitou de ajustes e adaptações
para sua implementação. Estes ajustes e adaptações estão relacionados à cultura,
49
crenças, valores e administração dos recursos disponíveis e das iniciativas das
pessoas que atuam nos diferentes níveis hierárquicos para decidir e operacionalizar
as ações voltadas à estratégia da empresa. Giuntini (2003) registra também
dificuldades relacionadas em mensurar objetivamente a estratégia, por meio da inter-
relação de indicadores que traduzam essas ações e iniciativas.
Soares Júnior e Prochnik (2003, p. 18) estudaram as dificuldades em ganhos
realizados, em onze grandes organizações que estavam implantando o Balanced
Scorecard. Entre as empresas estudadas por eles, pode-se destacar: Aracruz,
Banco do Brasil, Grupo Gerdau, Petrobrás, Unibanco, Eletro-Sul e Cia. Suzano. Os
resultados gerais apresentados apontam que os processos de implantação são
convergentes com os princípios enunciados por Soares Júnior e Prochnik.
Constataram também que, embora a adoção do Balanced Scorecard estivesse
começando, foi possível notar diversas diferenças na sua implementação entre as
empresas e alguma especificidade relativa à cultura nacional. Por fim, foi identificado
que, no geral, as empresas continuam atribuindo grande importância ao Balanced
Scorecard e investindo no processo.
Segue uma discussão detalhada das quatro perspectivas do Balanced
Scorecard.
2.3.4 Perspectiva Financeira
Essa perspectiva tem como finalidade satisfazer as necessidades dos
acionistas, sustentada pelos objetivos financeiros; esses servem de foco para as
medidas e os objetivos das medidas das outras perspectivas. Kaplan e Cooper
(1998) enfatizam que essa perspectiva deve responder à seguinte questão: “Para
50
sermos bem sucedidos financeiramente, como deveríamos ser vistos pelos nossos
acionistas?” Consideram ainda que os objetivos e medidas financeiras devem
desempenhar um duplo papel: definir o desempenho financeiro esperado da
estratégia e servir de meta principal para os objetivos e medidas de outras
perspectivas do Balanced Scorecard. Por isso, qualquer ação selecionada deve
contribuir com a melhoria do desempenho financeiro. A perspectiva financeira
deverá ser montada a partir de três itens (KAPLAN e NORTON, 1997, p. 75):
A) Crescimento e mix de receita: ampliação da oferta de produtos e serviços,
conquista de novos mercados, alterações do mix de produtos e serviços. A medida
mais comum de aumento de receita, tanto para as unidades de negócios em fase de
crescimento
3
quanto para aquelas que se encontram a fase de colheita
4
, são os
percentuais de aumento de vendas e participação de mercado para regiões,
mercados e clientes.
No caso de empresas hospitalares, pode-se considerar como exemplo:
aumento do número de serviços, tais como: tipos de cirurgias, atendimentos
ambulatoriais, entre outros.
B) Redução de custos e aumento da produtividade: ações que busquem
baixar o custo direto de produtos e serviços, reduzir os custos indiretos e otimizar a
utilização de recursos.
3
Conforme Kaplan e Norton (1997), as empresas que se encontram neste estágio estão no início de
seus ciclos de vida, seus produtos e serviços possuem significativo potencial de crescimento.
4
Fase teórica da estratégia empresarial, definida por Kaplan e Norton (1997) como o momento em
que as unidades de negócios terão atingido uma fase de maturidade em seu ciclo de vida, no qual a
empresa deseja colher os investimentos feitos nas fases anteriores, ou seja, crescimento e
sustentação.
51
C) Utilização dos ativos e estratégias de investimentos: utilização de forma
adequada dos ativos financeiros e físicos.
2.3.4 Perspectiva dos Clientes
Conforme Kaplan e Norton (1997, p. 79), essa perspectiva deve responder à
seguinte pergunta: “Para alcançarmos nossa missão, como deveríamos ser vistos
pelos nossos clientes?” Objetivando seguir essa perspectiva, as empresas devem
identificar os segmentos de clientes e mercado nos quais desejam competir. Esses
segmentos representam as fontes que irão produzir o componente de receita dos
objetivos financeiros da empresa. Julga-se que a perspectiva dos clientes é
essencial para a organização, pois descreve as maneiras pelas quais a organização
cria valor aos seus produtos e serviços; de que maneira o cliente identifica esse
valor; e quanto está disposto a pagar por ele.
Por meio de suas observações, Kaplan e Norton (1997) concluíram que as
organizações geralmente selecionam dois conjuntos de medidas para essa
perspectiva. O primeiro conjunto constitui-se das medidas essenciais, tais como: (a)
participação no mercado; (b) retenção de clientes; (c) captação de clientes; (d)
satisfação dos clientes; e (e) lucratividade de clientes. O segundo conjunto de
medidas contém os vetores de desempenho – os diferenciadores – dos resultados
fornecidos aos clientes. Eles respondem à pergunta: “O que uma empresa deve
oferecer aos clientes para alcançar altos níveis de satisfação, retenção, captação e
participação no mercado?” Referem-se aos atributos dos produtos e serviços, ao
relacionamento com os clientes e à imagem e reputação da organização.
52
2.3.5 Perspectiva dos Processos Internos
Na perspectiva dos processos internos, são identificados os processos
críticos nos quais a empresa deve buscar a excelência, no sentido de atender aos
objetivos dos acionistas e dos clientes. Como as medidas dos processos internos
estão voltadas para os processos que terão maior importância na satisfação do
cliente e na consecução dos objetivos financeiros da empresa. Geralmente os
objetivos e medidas para essa perspectiva só são desenvolvidos depois de
formulados os objetivos e medidas para a perspectiva financeira e do cliente. Essa
seqüência permite que as empresas focalizem suas medidas de desempenho dos
processos internos nos processos que conduzirão à realização dos objetivos dos
acionistas e clientes (KAPLAN; NORTON, 2000, p. 73).
Segundo Kaplan e Norton (1997, p. 45), “os sistemas tradicionais” de medição
de desempenho geralmente visam o controle e a melhoria dos centros de
responsabilidade e departamentos existentes. Embora muitas empresas
complementem as medidas financeiras com medidas de qualidade, produção,
produtividade e tempo, esses sistemas de medição ainda são deficientes, dado que
se baseiam na tentativa de melhorar o desempenho de departamentos individuais,
em vez de negócios integrados.
Cada empresa desenvolve um conjunto de processos a fim de criar valor para
os clientes e produzir resultados financeiros. Existe uma cadeia de valor genérica
com três processos principais: processo de inovação, processo de operações e
processos de serviço pós-venda. Segundo Kaplan e Norton (1997, p. 48),
[...] os sistemas de desempenho tradicionais focalizam unicamente os
processos de operações e de serviços pós-venda. Conseqüentemente,
nesses sistemas, o processo de controle e melhoria se restringe à “onda
53
curta” da criação de valor. Essa “onda curta” tem início com o recebimento
do pedido de um cliente existente relativo a um produto ou serviço existente,
e termina com a entrega do produto ao cliente. Neste contexto, a empresa
cria valor a partir da produção, entrega e assistência a esse produto e ao
cliente por um custo inferior ao preço recebido.
Conforme Kaplan e Norton (1997), alguns aspectos dessas medidas
provavelmente serão incluídos como medidas fundamentais de desempenho na
perspectiva dos processos internos da grande maioria das organizações. Além
dessas medidas, é importante que os executivos avaliem outras características de
seus processos, tais como a de flexibilidade e as de características específicas dos
produtos ou serviços, que gerem valor para os clientes e que busquem o
crescimento da organização.
2.3.6 Perspectiva do Aprendizado e Crescimento
Os objetivos da perspectiva do aprendizado e crescimento oferecem a infra-
estrutura que tornará possível a consecução de objetivos ambiciosos nas outras três
perspectivas. Portanto, a capacidade de alcançar metas superiores depende das
capacidades organizacionais para o aprendizado e crescimento.
Os Recursos Humanos tem um papel fundamental na eficácia organizacional,
pois por meio da formulação de políticas diretivas que orientam o processo de
tomada de decisão, do planejamento e desenvolvimento de ações que promovem o
desempenho eficiente do pessoal, contribuindo para facilitar o cumprimento da
missão do hospital e a elevação da eficácia organizacional. Os processos de gestão
de Recursos Humanos estão relacionados entre si e influenciam-se reciprocamente,
sendo a participação conjunta e a sinergia dos esforços de todas as pessoas os
componentes básicos para que a empresa atinja seus objetivos.
54
A perspectiva do aprendizado e crescimento está dividida em três categorias
principais (KAPLAN; NORTON, 1997, p. 132 - 152):
A) Capacidade dos Funcionários: fazer o mesmo trabalho repetidamente, com
o mesmo nível de eficiência, não é mais suficiente para o sucesso organizacional.
Apenas para manter a posição relativa atual, as empresas se vêem obrigadas a
melhorar continuamente. E se quiserem crescer além dos níveis atuais de
desempenho financeiro e para os clientes, não basta obedecer a procedimentos
operacionais padronizados, estabelecidos pelas altas administrações
organizacionais. As idéias que permitem melhorar os procedimentos e o
desempenho para os clientes cada vez mais emanam dos funcionários da linha de
frente, que se encontram mais próximos dos processos internos e dos clientes da
organização. Padrões que determinavam como os procedimentos internos e a
resposta aos clientes deveriam ser realizados servem como base a partir da qual
devem ser feitas melhorias contínuas, mas não servem como padrões para o
desempenho atual e futuro. Como grupo de medidas essenciais para os
funcionários, tem-se: (1) Satisfação dos funcionários; (2) Retenção dos funcionários;
e (3) Produtividade dos funcionários.
B) Capacidade do Sistema de Informação: esse indicador avalia a
disponibilidade atual das informações relativamente às necessidades previstas.
Medidas viáveis de disponibilidade de informações estratégicas poderiam ser o
percentual de processos que oferecem feedback em tempo real sobre a qualidade,
tempo e custo, e o percentual de funcionários que lidam diretamente com o cliente e
têm acesso on-line às informações referentes a eles.
55
C) Motivação e Alinhamento: mesmo funcionários habilitados, que dispõem de
excelente acesso às informações, não contribuirão para o sucesso organizacional se
não forem motivados a agir no melhor interesse da empresa, ou se não tiverem
liberdade para decidir ou agir. Por isso, o terceiro vetor dos objetivos de aprendizado
e crescimento focaliza o clima organizacional para motivação e iniciativa dos
funcionários. Como grupo de medidas básicas, destacam-se: (1) medidas de
sugestões apresentadas e implementadas; (2) medidas de melhoria; (3) medidas de
alinhamento individual e organizacional; e (4) medidas de desempenho de equipe.
Em se tratando de hospitais, são considerados como uma empresa de grande
complexidade, pois, mesmo sendo encarados como organizações humanitárias,
encontram os mesmos problemas das demais atividades econômicas, exigindo
planejamento e gestões eficientes. A diferença básica entre os profissionais de
saúde e os profissionais em geral é que, para os profissionais da área de saúde, a
morte, além de ser uma preocupação pessoal, pode fazer (e faz) parte do cotidiano
profissional. Os profissionais são submetidos diariamente a situações de tensão de
pacientes hospitalizados; a impotência e a frustração perante a imprevisibilidade da
morte é a maior fragilidade de sua existência.
Por isso, a valorização do ser humano, a preocupação com sentimentos e
emoções, e com a qualidade de vida são fatores que fazem a diferença. O trabalho é
a forma como o homem, por um lado, interage e transforma o meio ambiente,
assegurando a sobrevivência e, por outro, estabelece relações interpessoais, que
teoricamente serviriam para reforçar a sua identidade e o senso de contribuição à
instituição.
Assim, promover e incentivar a melhoria da qualidade de vida deste
trabalhador desempenham papel relevante no seu desenvolvimento social,
56
ensejando a criação de hábitos culturais, educacionais, artísticos e desportivos,
necessários à boa formação moral, cultural, psíquica, emocional, espiritual e física
do indivíduo, concorrendo decisivamente, pela força educativa desses bons hábitos
e costumes, para que, no ambiente de trabalho e familiar, o trabalhador saiba e
possa viver com dignidade e feliz. O entendimento de que a qualidade de vida não
decorre apenas de salário acima do mercado e de invejável plano de benefícios,
mas sim do tratamento humano, da gentileza, da leveza nas relações, da
transparência, da possibilidade de expressão de pontos de vista divergentes, do
relacionamento sincero, do respeito aos ausentes, do elogio, da consideração e do
orgulho e satisfação pelo que se faz.
Kaplan e Cooper (1998, p. 155) afirmam que, diferentemente do que ocorre
com as perspectivas financeiras dos clientes e dos processos internos, há um
número muito menor de exemplos concretos de medidas para a perspectiva do
aprendizado e crescimento. Segundo eles, existe uma deficiência que se relaciona à
ausência de medidas específicas para os objetivos estabelecidos nessa quarta
perspectiva do Balanced Scorecard, é uma indicação de que não se está vinculando
os objetivos estratégicos de reciclagem dos funcionários, fornecimento de
informações e alinhamento de indivíduos, equipes e unidades organizacionais à
estratégia e aos objetivos de longo prazo.
3 ORGANIZAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
3.1
HISTÓRICO DA ASSOCIAÇÃO FEMININA DE COMBATE AO CÂNCER - AFECC
A AFECC atua sob dois grandes enfoques principais. No primeiro, como
entidade mantenedora do Hospital Santa Rita de Cássia e como Entidade de Apoio
Educacional, Assistencial e Filantrópico. No segundo, como Entidade Filantrópica no
setor de saúde, representando um papel importante como prestadora de assistência
social, por ter visão global do ser humano, assistindo-o nas suas necessidades
físicas, psíquicas e sociais. Como organização inserida no chamado Terceiro Setor,
revela habilidades especiais em seu trabalho, tais como: assistência a pacientes
portadores de câncer, doação de cestas básicas, promoção de campanhas
educativas, entre outros. Atualmente, para desenvolvimento de suas atividades,
mantém uma equipe de aproximadamente 250 voluntários.
3.2 HOSPITAL SANTA RITA DE CÁSSIA
É atualmente classificado como Hospital Geral, de médio porte e está inserido
dentro da comunidade capixaba como entidade filantrópica hospitalar, prestando
atendimento médico em várias especialidades. Mantém um corpo funcional na
ordem de 850 funcionários e 400 médicos. As principais atividades são mantidas na
área de Clínica Geral, porém é referência na Clínica Oncológica. Conforme seu
último balanço patrimonial, referente ao exercício de 2002, o hospital obteve um
faturamento total na ordem de R$ 33 milhões.
58
3.3 PRINCIPAIS UNIDADES OPERACIONAIS DO HSRC
3.3.1 Unidade de Tratamento Intensivo Adulto
A finalidade desta unidade é concentrar recursos para o atendimento de
pacientes graves, que exigem assistência permanente. Os pacientes são
acomodados em boxes individuais que permitem total privacidade, quando
necessário. Todos os boxes são dotados de equipamento de monitorização.
3.3.2 Unidade de Tratamento Intensivo Infantil e Neonatal
Unidade de Tratamento Intensivo Infantil e Neonatal acoplados ao centro
obstétrico que possui três salas de parto, localizado junto à maternidade para
possibilitar a participação dos pais nos cuidados das crianças. Os pacientes são
acomodados em boxes individuais, que são dotados de equipamento de
monitorização.
3.3.3 Centro de Diagnóstico e Tratamento
O Santa Rita Diagnóstico alia avançados recursos tecnológicos, instalações
modernas e serviços de entrega de resultado de exames com prazos determinados
e entrega imediata para exames solicitados pelo Pronto Atendimento do hospital.
Os principais equipamentos que compõem a estrutura tecnológica do Centro
de Diagnóstico possibilitam a execução de exames e tratamentos, tais como: Estudo
Hemodinâmico e Intervenção, Ultra-sonografia Vascular e Convencional,
59
Ecocardiograma, Medicina Nuclear, Tomografia, Mamografia, Ressonância Nuclear
Magnética, Bioergometria, Tilt Teste, Eletrocardiografia, Eletromiografia, Análises
Clínicas, Biópsias, Citologia e Histopatológico, Endoscopia, Broncoscopia, Urologia,
Laringoscopia, Polissonografia, Radiologia Convencional.
3.3.4 Quimioterapia
O setor de Quimioterapia dispõe de equipamentos para diluição de
medicamentos, equipe médica e de enfermagem. A área física útil tem,
aproximadamente, 800 metros quadrados, que possibilita realizar em torno de 10 mil
atendimentos por ano.
O setor conta com 16 poltronas para atendimentos ambulatoriais e 4 leitos
para pacientes que demandam cuidados especiais. A equipe de médicos e
enfermeiros é complementada com farmacêuticos, nutricionistas, psicólogos, além
de voluntários da AFECC, que oferecem aos pacientes carinho e atenção.
3.3.5 Radioterapia
Fazem parte do Serviço de Radioterapia, uma equipe com três
Radioterapeutas, um Físico Nuclear, Técnicos de Radioterapia de Enfermagem,
além da Equipe Administrativa. São realizadas, em média, 8.600 aplicações por
mês. O serviço está montado com os seguintes equipamentos: Acelerador Linear,
Bomba de Cobalto, Aparelho de Ortovoltagem, Cardiplan e Somavision para
planejamento tridimensional.
60
3.3.6 Centro de Hemodiálise, Diálise e Transplante Renal
Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, 54 mil pacientes fazem
procedimento de diálise em todo o país, sendo que 800 deles estão no Espírito
Santo. O serviço do HSRC está equipado com 12 máquinas de hemodiálise e
equipamentos acessórios para atendimento a pacientes com insuficiência renal. Os
pacientes atendidos mensalmente são em torno de 150, sendo que 80% são
provenientes do Sistema Único de Saúde e 20% de convênios e particulares.
3.3.7 Unidades de Internação
As Unidades de Internação são equipadas com apartamentos que acomodam
os pacientes, que necessitam de tratamento clínico ou cirúrgico, em suas diversas
especialidades. Essas unidades prestam tratamento médico-hospitalar nas seguintes
especialidades: Cirurgia Geral, Clínica Médica, Pediatria, Obstetrícia, Oncologia e
Ortopedia. O total de leitos disponíveis soma 220 e são percentualmente distribuídos
em 60% para atendimento ao SUS e o restante para atendimentos a convênios e
particulares.
3.3.8 Serviço de Nutrição e Dietética
O Serviço de Nutrição e Dietética presta serviços aos pacientes internados,
pacientes em exames ou em tratamentos ambulatoriais prolongados, como a
quimioterapia e hemodiálise. Os acompanhantes de pacientes, funcionários do
hospital e funcionários de empresas terceirizadas também são atendidos por este
61
serviço, totalizando a produção de 53.000 refeições/mês entre desjejum, lanches,
almoço, jantar e ceia.
3.4 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA AFECC-HSRC
Kaplan e Norton (1997, p. 258) estabelecem que o processo de planejamento
estratégico, entendido como definição de planos, metas e iniciativas estratégicas de
longo prazo, opera num ciclo anual, enfatizando que a posição que a empresa
espera ocupar ou pretende estar ocupando em três, cinco ou dez anos é codificada
em documentos que permanecem nas estantes dos executivos durante os 12 meses
seguintes à sua preparação. O planejamento estratégico do Hospital Santa Rita de
Cássia foi elaborado de forma participativa e teve como ponto de partida, das
lideranças da instituição, uma reflexão sobre a Missão, Negócio, Princípios, Crenças
e Valores.
3.4.1 Missão da instituição
Promover assistência à saúde da comunidade, visando seu bem-estar social,
por meio de ações de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação.
3.4.2 Negócio
Prestar assistência à saúde da comunidade, prioritariamente a mais carente,
por meio de serviços hospitalares e ambulatoriais.
62
3.4.3 Princípios, crenças ou valores
A Associação Feminina de Educação e Combate ao Câncer: busca o bem-
estar social, principalmente das camadas mais carentes da sociedade; não visa
lucro e baseia-se nos princípios da ética médica e nos valores cristãos da
comunidade. A seqüência de elaboração dividiu-se em duas etapas: Diagnóstico de
Situação e Seminário intitulado “Visão do Futuro“.
3.4.4 Diagnóstico de situação
O diagnóstico situacional teve abrangência em toda organização e foi
realizado por de meio de análise de documentos contábeis, administrativos e
clínicos, e de entrevista com os principais dirigentes da instituição, corpo gerencial e
principais clientes. Foi detectado um crescente endividamento, com vencimentos de
curto e longo prazos a fornecedores, médicos, instituições financeiras e órgãos
públicos. Este endividamento, segundo conclusões dos relatórios gerenciais, devia-
se principalmente a:
a) Custos elevados nas áreas de Recursos Humanos e Suprimentos;
b) Desorganização nos processos das áreas de Faturamento e Convênios;
c) Desequilíbrio de estruturas e processos nas unidades de internação, Pronto
Atendimento e Serviços de Diagnóstico.
A segunda fase de diagnóstico de situação concretizou-se por meio de um
seminário intitulado “Seminário Visão do Futuro”, que teve a participação da
Diretoria da AFECC, de membros do Conselho de Administração, do Comitê
63
Executivo, Diretor Clínico e de Médicos componentes do Corpo Clínico, Corpo
gerencial e de Coordenadores, totalizando 78 pessoas. Nesse seminário, foram
definidas as diretrizes gerenciais básicas da organização para os próximos anos.
Foram analisados os campos de força nos ambientes externo e interno:
oportunidades, ameaças, forças impulsoras e forças restritivas. O trabalho foi
desenvolvido em duas etapas distintas e complementares.
A primeira parte tratou da análise dos campos de força. Nessa, os
colaboradores identificaram um conjunto de fatores positivos e negativos, nos
ambientes interno e externo, que causaria impacto ou que poderia causar no
alcance da Situação Desejada.
A segunda parte tratou das Definições Empresariais Básicas em que, a partir
das análises da primeira parte, os Dirigentes e Mantenedores estabeleceram as
grandes conquistas para o ano de 2003, assim como Diretrizes Empresariais por
Campo de Resultados.
3.5 DEFINIÇÃO DA SITUAÇÃO DESEJADA
A definição da situação desejada representa o conjunto de propósitos da
instituição para o futuro, sem, contudo, estabelecer compromissos de tempo e data.
Trata-se de uma visualização da Instituição como se quer que ela seja. Para tanto,
foram registradas as características concretas palpáveis e mensuráveis do Hospital
Santa Rita de Cássia nos cinco Campos de Resultados listados a seguir:
64
a) Campo de contribuição social
Instituição filantrópica sem prejuízo de sua saúde empresarial;
Formadora de pessoal especializado para a área de saúde com residência
multiprofissional em oncologia;
Complementação de condições para atendimento aos clientes carentes;
Realizadora de campanhas de educação e prevenção de câncer;
Centro de estudos e pesquisas;
Maior abrangência no tratamento ambulatorial;
Ampliação do atendimento a familiares de funcionários.
b) Campo econômico-financeiro
Hospital equilibrado econômica e financeiramente;
Recursos suficientes para otimizar a prática da filantropia;
Reinvestimento do superávit financeiro no próprio hospital, especialmente em
tecnologia e pessoal;
Auto-sustentação com superávit;
Criação de parcerias para sustentação de projetos sociais;
Novos convênios para redução da dependência de alguns.
65
c) Campo de tecnologia e processo
Tecnologia de ponta;
Processos racionalizados, flexíveis, eficientes e informatizados;
Organização em processo contínuo de aprendizado;
Profissionalização da administração do Hospital;
Modernização de equipamentos e novos processos de tratamento;
Adequação de área física para atendimento organizado, humanizado, inclusive
com centro especializado de consultórios;
Recursos propedêuticos e terapêuticos disponíveis e tecnologicamente
atualizados;
Processos e sistemas gerenciais atualizados;
Recursos terapêuticos tecnologicamente atualizados.
d) Campo de mercado – imagem
Imagem positiva junto aos públicos relevantes, gerando credibilidade;
Instituição de saúde de ponta e referência nacional;
Hospital geral, com atendimento universal, melhor do Estado e referência
nacional em oncologia;
Marketing dirigido a formadores de opinião e compradores de serviço;
66
Trabalhos produzidos no Hospital, divulgados nacional e internacionalmente,
possibilitando futuros intercâmbios científicos;
Excelência em serviço e atendimento;
Imagem humanizada do Hospital.
e) Campo de patrimônio humano
Corpo clínico integrado;
Colaboradores motivados, capacitados, comprometidos, reconhecidos,
recompensados e satisfeitos;
Relações adequadas entre instituição e colaboradores, praticando ações
concretas e valorização do corpo clínico e quadro funcional;
Incentivo ao treinamento e desenvolvimento dos profissionais dos diversos
campos de atuação do Hospital;
Políticas de Recursos Humanos definidas, divulgadas e praticadas.
3.6 ANÁLISE DOS CAMPOS DE FORÇA
A análise dos campos de força retrata o conjunto de variáveis positivas e
negativas que estão promovendo impacto nos resultados desejados para instituição,
ou que, futuramente poderão promover. Estas variáveis interagem nos ambientes
externo e interno da Instituição, sendo classificadas, respectivamente, como
Oportunidades e Ameaças, Forças Impulsoras e Forças Restritivas.
67
3.6.1 Extrato tabulado da análise dos campos de força
a) Oportunidades
São variáveis fora das instituições que favorecem a conquista, preservação
ou melhoria da Situação Desejada. Estas variáveis podem estar nos clientes que
recebem ou podem vir a receber produtos e serviços, nos ainda não-clientes, nos
concorrentes, na tecnologia em sentido amplo, nos valores e crenças sociais em
constante mutação, no governo (legislação, intervenção, como comprador de
produtos e serviços etc.), dentre inúmeros outros aspectos a analisar.
Tais oportunidades foram discutidas e hierarquizadas por 10 grupos de
trabalho, recebendo ordem decrescente de importância/relevância, ou seja, 10 (dez)
àquela de maior relevância e 1 (um) à de menor relevância. As oportunidades
identificadas foram:
10 - Imagem positiva do HSRC junto à comunidade da região metropolitana de
Vitória;
09 - Possibilidade de parcerias junto à iniciativa privada e aumento do número de
Planos de Seguro de Saúde no país;
08 - Localização geográfica privilegiada do Hospital, com capacidade de expansão;
07 - Globalização das relações na sociedade, favorecendo o atendimento do cliente
e a fixação do profissional de saúde;
06 - Novas formas de prestação de serviços aos clientes (Home Care, One Day
Clinic, Internet etc.);
68
05 - Possibilidade de captação de recursos financeiros no exterior, por meio de
convênios e filantropia para incremento tecnológico;
04 - Benefícios fiscais concedidos a instituições filantrópicas;
03 - Legislação favorável à formação de residência médica, aumentando a
remuneração de serviços pagos pelo SUS;
02 - Mercado carente de Hospital moderno e confiável;
01 - Possibilidade de instalação do PROLACC (Programa Latino-Americano de
Combate ao Câncer) em todos os municípios do Estado.
b) Ameaças
Como as oportunidades, as ameaças são variáveis que se encontram no
ambiente externo às organizações, podendo prejudicar, hoje e no futuro, a
conquista, a preservação ou a melhoria da Situação Desejada. As ameaças podem
ser encontradas nas mesmas fontes que geram as oportunidades. As ameaças
identificadas foram:
10 - Início das atividades de três grandes hospitais na região de Vitória;
09 - Cartelização dos compradores de serviços em grandes grupos organizados, de
forte poder econômico-financeiro, com capacidade de barganha para impor
condições desvantajosas para os hospitais;
08 - Estigma do HSRC como um hospital para tratamento de câncer;
69
07 - Concentração das atividades de convênio com 3 empresas, gerando situação
de dependência;
06 - Instabilidade do mercado financeiro, com desaquecimento da economia
associado à precariedade das políticas de saúde pública definidas pelo
governo;
05 - Desproporção entre as tabelas de remuneração adotadas pelo SUS e o custo
real dos serviços prestados;
04 - Nova legislação dos Planos de Saúde.
c) Forças impulsoras
São todas as variáveis internas que contribuem ou podem contribuir para a
conquista, preservação ou melhoria da Situação Desejada.
Estas variáveis podem estar nas pessoas, nos processos e seus recursos e
nas crenças e valores da instituição. São aspectos a explorar, devendo ser mantidos
ou aperfeiçoados como impulsionadores para o alcance da Situação Desejada. As
forças impulsoras identificadas foram:
10 - Corpo clínico e colaboradores qualificados;
09 - Expectativa favorável de mudanças no hospital, a partir do modelo de gestão e
implantação de novo sistema de informação;
08 - Recursos Tecnológicos/Equipamentos de ponta nas áreas de diagnóstico e
terapêutica;
07 - Área física adequada, com possibilidades de expansão;
70
06 - Utilização de filantropia como captadora de recursos;
05 - Potencial econômico-financeiro do Hospital.
d) Forças restritivas
São todas as variáveis internas que prejudicam ou podem vir a prejudicar a
conquista, preservação ou melhoria da Situação Desejada. São, de maneira geral,
encontradas nas mesmas fontes que as forças impulsoras e devem ser eliminadas,
minimizadas ou evitadas. As forças restritivas identificadas foram:
10 - Parte do corpo clínico desmotivado e descompromissado;
09 - Parte dos colaboradores descompromissados e descomprometidos;
08 - Má distribuição da área física do Hospital;
07 - Falta de comunicação adequada entre os setores do hospital;
06 - Equipamentos obsoletos, escassos e mal conservados em alguns setores;
05 - Ausência localizada e parcial de padronização de protocolos, de rotinas e
procedimentos;
04 - Baixa qualidade do atendimento, em alguns setores;
03 - Endividamento do HSRC, de curto prazo;
02 - Falta de controle no uso de materiais e medicamentos.
71
3.7 DIRECIONAMENTO DE MÉDIO E LONGO PRAZO
O direcionamento de médio e longo prazos foi sugerido pelos grupos de
trabalho, tendo por objetivo o alcance da Situação Desejada e por parâmetros as
Oportunidades, Ameaças, Forças Impulsoras e Forças Restritivas do Hospital Santa
Rita de Cássia, a saber:
Envolver e comprometer toda a Instituição no seu processo de desenvolvimento,
por meio da adoção de novo modelo de Gestão;
Implementar programas de reciclagem profissional, treinamento e
desenvolvimento de pessoal, inclusive para recepcionistas, a fim de melhorar a
qualidade do atendimento prestado aos clientes;
Empreender Programas de Melhoria do Atendimento em todos os níveis,
especialmente nas áreas de urgência;
Aprimorar serviços de hotelaria, especialmente no tocante à limpeza, alimentação
de melhor qualidade e a instalação de frigobar, e venda de jornais e revistas;
Reestruturar e redistribuir a área física do Hospital, em geral, incluindo as áreas
de entrada, criação de consultórios, reforma da Central de Material Esterilizado -
CME e da nutrição, urbanização da área externa, organização do
estacionamento, sinalização interna e externa adequada;
Definir e organizar o Corpo Clínico, incluindo a redefinição das chefias de serviço
e criação do Conselho Consultivo, formado por essas chefias;
72
Buscar equilíbrio econômico-financeiro através de refinanciamento da dívida,
redução de custos e melhor aplicação dos recursos;
Promover aumento do faturamento através de novos convênios/parcerias,
revisão dos contratos e preços dos planos de saúde;
Definir um plano de investimento em instalações e novos equipamentos;
Implantar marketing profissionalizado, dirigido a formadores de opinião e
compradores de serviços, incluindo a criação de um serviço de telemarketing,
visando manter imagem positiva junto aos públicos relevantes;
Mudar a atual política de suprimentos para órteses
5
e próteses
6
;
Informatizar atividades/procedimentos, tanto na área técnica como na de apoio;
Redefinir os fluxos de deslocamento das pessoas no hospital;
Investir na estruturação imediata de processos de gestão de RH, incluindo-se a
criação de uma unidade funcional de RH;
Facilitar atendimento médico-hospitalar ao funcionário;
Reduzir as glosas7 nas contas de convênios.
5
Material usado temporariamente para auxílio na recuperação de um membro do corpo humano ou
parte dele.
6
Material usado para substituição de algum membro do corpo ou parte dele.
7
Valores não pagos pelos Convênios (Segurados de Saúde) aos hospitais nas contas hospitalares,
sob o pretexto cobrança indevida.
73
3.8 DEFINIÇÃO DAS GRANDES CONQUISTAS
A síntese das grandes conquistas foi definida a partir do conhecimento das
ameaças, oportunidades.
Auto-sustentação com aumento de receitas e redução de custos;
Manutenção e ampliação da filantropia;
Investimento e valorização do Patrimônio Humano;
Excelência no atendimento em todos os segmentos;
Reestruturação da área física e dos serviços;
3.9 DIRETRIZES DE CURTO E LONGO PRAZO DISTRIBUÍDAS POR PERSPECTIVA
As diretrizes de curto e longo prazo foram definidas com base nas grandes
conquistas, sendo estas, estratificadas e distribuídas por perspectivas.
3.9.1 Perspectiva Social
1 - Promover campanhas educativas de prevenção de câncer;
2 - Apoiar a comunidade local, com o fornecimento de cestas básicas e visitas
domiciliares a pacientes carentes;
3 - Implementar atividades de Ensino e Pesquisa.
3.9.2 Perspectiva Financeira
74
1 - Produzir um superávit mensal superior a 2% da receita bruta;
2 - Reduzir 3% no endividamento total da instituição em relação ao exercício
anterior;
3 - Reduzir em 50% o número de títulos protestados em relação ao exercício
anterior;
4 - Reduzir a ociosidade do hospital em 20%;
5 - Aumentar a produtividade dos equipamentos ociosos no hospital;
6 - Aumentar 60% a taxa de ocupação do Bloco Cirúrgico;
7 – Manter o custo de suprimentos abaixo de 30% do faturamento.
3.9.3 Perspectiva dos Clientes
1 - Elaborar instrumento de Pesquisa de Satisfação do Cliente;
2 - Atingir e manter o nível de Satisfação do Cliente em 80%;
3 - Implantar projeto de Marketing Interno e Externo;
4 - Otimizar o atendimento ao público;
5 - Implantar, no mínimo, 04 novos serviços no HSRC: Distúrbios do Sono, Check-
up para executivos, Clínica da Dor e Day-Clinic.
75
3.9.4 Perspectiva dos Processos Internos
1- Implantar um sistema de informática e informatizar, no mínimo, 80% dos
processos da instituição;
2- Estruturar o Processo de Faturamento;
3- Implantar planejamento, programação e controle de manutenção de
equipamentos;
4- Melhorar a performance do Santa Rita Diagnóstico;
5- Modernizar e aparelhar áreas com recursos tecnológicos ultrapassados: CTI,
Hemodiálise, Centro Cirúrgico e Serviço de Nutrição e Dietética;
6- Implantar políticas de controle de roupas em geral;
7- Implementar políticas de controle de qualidade do serviço de alimentação.
3.9.5 Perspectiva do Aprendizado e Crescimento
1- Promover Capacitação de Pessoal em todos os níveis, melhorando o
desempenho de suas atividades;
2- Investir na Valorização e Motivação dos funcionários, aumentando a satisfação
do cliente interno em, no mínimo, 80%;
3- Implantar Políticas de Remuneração: Plano de Cargos e Salários, Plano de
Benefícios e Plano de Carreira;
4- Implantar Políticas de Treinamento e Desenvolvimento: Avaliação de
Desempenho, Remanejamento Interno, Recrutamento e Seleção de todo
76
pessoal a ser contratado, Estabelecimento de Educação Continuada e
Programas de Estágio;
5- Investir em Prevenção de acidentes de trabalho.
3.10 MAPA ESTRATÉGICO DO HOSPITAL SANTA RITA DE CÁSSIA
Tendo como base o planejamento estratégico foi possível a elaboração do
Mapa Estratégico do hospital. Ressalta-se o incremento da perspectiva social, já que
são os aspectos sociais uns dos objetivos da AFECC. Quanto às demais
perspectivas, e por se tratar de uma instituição sem fins lucrativos — com a missão
dePromover assistência à saúde da comunidade, visando seu bem estar social, por
meio de ações de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação” —, buscam,
juntamente com a perspectiva social, dar suporte ao cumprimento da missão da
instituição. A perspectiva do aprendizado e crescimento foi posicionada na parte
inferior do mapa estratégico, tendo em vista ser ela que oferecerá infra-estrurtura
para tornar possível à consecução dos objetivos das demais perspectivas.
77
FIGURA 2 - Mapa estratégico do Hospital Santa Rita
Instituição
filantrópica sem
prejuízo de sua
saúde empresarial
Formadora de
pessoal
especializado para a
área de saúde
Complementação de
condições para
atendimento aos
clientes carentes
Realizadoras de
campanhas de
educação e prevenção
Abrangência no
tratamento
ambulatorial de
câncer
Otimizar receita
operacional
Imagem positiva
junto à comunidade
Marketing dirigido à
clientes
Excelência em
serviço e
atendimento
Manter recursos
terapêuticos
avançados
Instituição de
referência nacional
Processos
racionalizados e
flexíveis
Manter aprendizado
contínuo aprendizado
Manter
tecnologia de ponta
Manter recursos
terapêuticos
avançados
Manter
tecnologia de ponta
Otimizar custos
hospitalares
Captar recursos
da filantropia
Hospital
humanizado e
agradável
Auto-sustentação
com
superávit
Promover assistência à sde da comunidade, visando seu
bem estar social, através de ações de promoção, prevenção,
tratamento e reabilitão.
Perspectiva
Social
Perspectiva
Financeira
Persp.Aprend.
Cresc.
Perspectiva Processo
Internos
Perspectiva Clientes
MISSÃO
Colab. motivados,
capacitados,
comprometidos
Políticas de
Recursos Humanos
definidas, divulgadas
ti d
Relações
adequadas
instituição/ func.
Valorização do
corpo cnico e
quadro funcional
Corpo clínico
integrado
Fonte: Adaptado do planejamento estratégico do Hospital Santa Rita de Cássia –
2002
3.11 INDICADORES DE DESEMPENHO
A questão de pesquisa desse trabalho teve como objetivo o desenvolvimento
de indicadores de desempenho, financeiros e não-financeiros, para aplicação no
hospital Santa Rita, de forma a relacionar seus objetivos empresariais ao
desempenho (financeiro e não-financeiro), a partir do arcabouço da teoria do
Balanced Scorecard. Os indicadores foram criados tendo como bases as diretrizes
(objetivos) estabelecidas no planejamento estratégico da instituição, que foi
elaborado no final do ano de 2002. Os indicadores foram segregados nas
perspectivas: Social, Financeira, Processos Internos, Clientes e Aprendizado –
Crescimento. O principal objetivo do estabelecimento desses indicadores é o
acompanhamento dos processos de forma a controlar, identificar desvios e
conseqüente buscar o equilíbrio econômico-financeiro da instituição.
3.11.1 Perspectiva Social
O Quadro 1 relaciona os objetivos, indicadores e metas criados para a
Perspectiva Social. Nesta perspectiva, os indicadores foram criados para manter
sob controle as questões relacionadas aos atendimentos efetuados pelo corpo de
voluntários da AFECC. Atualmente, a instituição mantém um corpo de voluntários
ativos na ordem de 250 pessoas. Os trabalhos desenvolvidos pelos voluntários
servem de base para elaboração do relatório anual da AFECC.
Estas informações, complementadas com os quantitativos de atendimentos e
dados econômicos da instituição, são enviadas anualmente para o Ministério de
Assistência Social. Esse relatório é um dos principais referenciais do Ministério da
79
Saúde para que a AFECC-HSRC se mantenha de posse do Certificado de Entidades
de Fins Filantrópicos. As instituições que atenderem aos requisitos desse Certificado
limitam-se à carga tributária incidente sobre IPI, ICMS, ISS, sobre o fornecimento de
água, energia elétrica etc. referentes aos produtos, materiais e serviços por elas
utilizados. Registra-se que os indicadores foram orientados pelas metas registradas
no Planejamento Estratégico para o curto e longo prazo.
3.11.2 Perspectiva dos Clientes
O Quadro 2 relaciona os objetivos, indicadores e metas criados para a
perspectiva dos clientes. Os indicadores listados e acompanhados por essa
perspectiva buscam dar respaldo ao hospital a fim de que esse possa obter resposta
para a seguinte pergunta: como estamos sendo vistos pelos nossos clientes,
internos e externos?
Itens Objetivo Social Indicador Meta
1
Promover campanhas educativas de prevenção
de câncer
1- Número mensal de palestras proferidas à
comunidade da Grande Vitória
5
2- Número mensal de pessoas atendidas pelas
palestras de conscientização de prevenção
200
3- Número de voluntários em atividade
250
4- Número diário horas de trabalho voluntário doado à
comunidade
350
2
Apoio assistencial à comunidade carente 1- Número mensal de cestas básicas doadas a
comunidades carentes
70
2- Número mensal de visitas residenciais a pacientes
carentes
5
3
Implementar atividades de Ensino e Pesquisa. 1- Número anual de alunos beneficiados pela
residência médica
5
QUADRO 1 - INDICADORES DE DESEMPENHO - PERSPECTIVA SOCIAL
80
Para definição dos indicadores dessa perspectiva, deixou-se clara a
importância dos clientes para a organização. Nessa perspectiva, descrevem-se as
maneiras pelas quais a organização cria valor para seus produtos e serviços e
esclarece-se de que maneira o cliente identifica esse valor e o quanto está disposto
a pagar por ele.
Os indicadores foram segregados por grupo de clientes, ou seja, pacientes,
médicos, fornecedores e funcionários. As informações sobre o índice de satisfação
desses clientes são captadas por meio de um serviço de atendimento ao cliente —
SAC —, criado no hospital no final de 2001, sendo composto por profissionais com
formação em Assistência Social e Recursos Humanos. As informações sobre a
satisfação dos clientes e suas reclamações são obtidas por meio da “Home Page” do
hospital, de visitas aos apartamentos – locais de internação - e de ligações a uma
porcentagem de pacientes atendidos a cada mês.
Itens Objetivos de crescimento e aprendizado Indicador Meta
1
Foco nos clientes pacientes 1- % de reclamações recebidas de pacientes em relação ao
número de atendimentos
<1%
2- % de reclamações respondidas em até 12 horas em relação
ao total de reclamações
>99%
3- % de clientes atendidos que receberam indicação de outros
clientes em relação ao total de atendimentos
>10%
4- % de satisfação dos pacientes atendidos pelo hospital >98%
2
Foco nos clientes - Médicos 1- % de reclamações recebidas de médicos em relação ao total
de atendimentos
<2%
2- % de endividamento com os médicos em relação ao
endividamento total
<10%
3
Foco nos clientes - Fornecedores 1- % de reclamações recebidas de fornecedores em relação
ao total de pedidos atendidos
<1%
2- % de notas pagas na data do vencimento em relação ao total
de notas pagas
>80%
4
Foco nos clientes - Funcionários 1- % de reclamações recebidas de funcionários em relação ao
número de funcionários
>2%
4- % geral de satisfação dos colaboradores do hospital >90%
QUADRO 2 - INDICADORES DE DESEMPENHO - PERSPECTIVA DOS CLIENTES
81
3.11.3 Perspectiva dos Processos Internos
O Quadro 3 apresenta os objetivos, indicadores e metas criados para a
perspectiva dos clientes. Os indicadores criados para o controle dos processos
internos tiveram como referencial as metas registradas no planejamento estratégico
da instituição para curto e longo prazo. Os indicadores, nessa perspectiva, destinam-
se a garantir qualidade e produtividade das áreas operacionais, de forma que os
ativos produzam resultados previstos. Para a operacionalização dos indicadores, o
hospital faz uso de um sistema de informática integrado, sistema esse implantado no
final do ano de 2002.
Os itens a serem medidos nos processos internos estão voltados para os
processos que terão maior importância na satisfação do cliente e na consecução dos
objetivos financeiros da empresa. A perspectiva em referência registra 6 (seis)
objetivos e conta com o total de 15 indicadores de desempenho, que estão voltados
para garantir que o sistema de informação esteja sendo usado na plenitude, sendo
assim o hospital mantém todos os desvios sob controle.
Ressaltam-se também os itens de controle ligados à manutenção dos
equipamentos médicos. Falhas nestes equipamentos podem resultar no
agravamento de pacientes e conseqüentemente no aumento dos custos dos
procedimentos. Os objetivos e medidas para essa perspectiva foram desenvolvidos
depois de formulados os objetivos e medidas para a perspectiva financeira e do
cliente, havendo um bom desempenho, garantam também o sucesso das outras
perspectivas.
82
3.11.4 Perspectiva do Aprendizado e Crescimento
O Quadro 4 relaciona os objetivos, indicadores e metas criados para a
Aprendizado e Crescimento. Os indicadores registrados nessa perspectiva buscam
assegurar aos gestores que os colaboradores tenham um ambiente de trabalho
propício ao desenvolvimento, onde a gestão da cultura seja tratada e controlada de
Itens Objetivos de Controles Internos Indicador Meta
1
Implantação de um sistema de informática
integrado para controle dos processos
1- % de compras através do sistema informatizado em
relação às compras manuais
>98%
2- % de prescrições emitidas por meio do sistema
informatizado em relação ao número de prescrições
emitidas
>99%
3- % de aumento no número de estações de trabalho em
relação ao ano anterior
>50%
4- % de colaboradores treinados a operar o sistema de
informática em relação ao total de colaboradores
>80%
2
Implantar planejamento, programação e controle
de manutenção de equipamentos;
1- % de solicitações de manutenção emitida por meio do
sistema informatizado em relação ao total de solicitações
>98%
2- % de manutenções preventivas em relação às
manutenções corretivas
>98%
3
Implantar políticas de controle de roupas em geral1- Número de quilos de roupa lavada por paciente
internado
<5%
2- % de reclamações relacionadas ao serviço de rouparia
em relação ao total de reclamações
<2%
4
Implementar políticas de controle de qualidade do
Serviço de Nutrição de Dietética
1- % de empregados satisfeitos com a qualidade da
alimentação servida em relação ao total de empregados
>95%
2- % de reclamações emitidas por empregados e
pacientes em relação ao número de refeições servidas
<2%
3- % de resto injesta (sobra nos pratos) em relação ao
total de alimentação servida - Gramas
<10%
5
Estruturar o Processo de Faturamento 1- % de contas automatizadas em relação total de contas
faturadas pelo hospital
>98%
2- % de aumento no valor médio das contas hospitalares
em relação ao valor médio das contas do ano anterior
>3%
6
Melhorar a performance do Centro de Diagnóstico1- % de ociosidade individual dos equipamentos de
diagnóstico em relação ao total de horas disponíveis
<10%
2- % de horas de equipamento parado por motivo de
manutenções não programadas em relação ao total de
horas disponíveis
<3%
QUADRO 3 - INDICADORES DE DESEMPENHO - PERSPECTIVA DOS PROCESSOS INTERNOS
83
forma que as pessoas envolvidas consigam medir o quanto estão se aperfeiçoando
na cultura individual e empresarial.
Alguns dos indicadores relacionados ao acompanhamento de funcionários e
seus níveis de formação acadêmica, já são acompanhados pela instituição há
aproximadamente 4 anos, período em que o hospital estabeleceu um convênio com
uma instituição de ensino - Cândido Mendes - e ofereceu subsídio financeiro aos
colaboradores interessados na oportunidade de reingresso acadêmico a fim de
concluir o terceiro grau nos cursos de administração e contabilidade. As primeiras
turmas formar-se-ão no final de 2004. Com relação ao item de controle —“% de
funcionários analfabetos em relação ao número total de funcionários” —, registra-se
que, no início deste ano, 20 funcionários concluíram o curso básico de alfabetização,
assim a meta de não existir nenhum funcionário analfabeto na instituição foi atingida.
O desempenho dos indicadores da "Perspectiva Aprendizado e Crescimento"
promoveram interferência positiva nos demais indicadores das outras perspectivas,
principalmente nos índices de satisfação dos empregados. Outros indicadores que
merecem destaque pelo seu bom desempenho são os relacionados ao item 3 do
Quadro 4 — Investir na prevenção de acidentes do trabalho. O motivador do
desempenho desses indicadores foi uma atuação efetiva da CIPA – Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes – que manteve uma ação efetiva na prevenção
dos acidentes. A estratégia usada em casos de ocorrência de acidentes, como forma
de prevenção, foi a divulgação dos detalhes dos acidentes a todos os colaboradores
da instituição. Os resultados desses indicadores apontam também melhorias nos
“índices de afastamento por acidentes do trabalho” e “pagamento de horas extras”.
84
3.11.5 Perspectiva Financeira
O Quadro 5 relaciona os objetivos, indicadores e metas criados para a
Financeira. Os indicadores relacionados nessa perspectiva têm como finalidade
Itens Objetivos de crescimento e aprendizado Indicador Meta
1
Promover Capacitação de Pessoal em todos os
níveis
1- % de gastos com treinamento/instrução em relação à receita
total
>2%
2- % de empregados cursando o nível superior com
financiamento da instituição em relação ao total de empregados
>5%
3- % de empregados cursando pós-graduação com
financiamento da instituição em relação ao total de empregados
>1,5%
4- % de horas de treinamento em relação ao total de horas
trabalhadas
>2%
2
Investir na valorização e motivação dos func. na
busca de satisfação
1- % de satisfação dos empregados satisfeitos com o hospital em
relação ao total de empregados
>98%
2- % de empregados informados sobre a política e metas do
hospital
>95%
3- % de promoções com aproveitamento interno de funcionários
em relação ao total de contratações
>95%
4- % de aproveitamento estagiários para contratações em
relação ao total de estagiários admitidos no programa
>50%
5- % de benefícios recebidos pelos funcionários em relação ao
valor do salário base
>12%
6- % de empregados com cobertura do plano de saúde
financiado pela instituição em relação ao total de empregados
>95%
7- % de rotatividade de funcionário (turn-over))
<1%
3
Investir em Prevenção de acidentes de trabalho1- % de acidentes registrados para cada 100 colaboradores <1%
2- % de colaboradores afastados por motivo de acidente no
trabalho em relação ao total de colaboradores
<2%
3- % de dias perdidos por motivo de acidente de trabalho em
relação ao número de dias disponíveis
<2%
4
Adminstração de pessoal conforme impostas
pela CLT
1- % de reclamações trabalhistas em relação ao total de <10%
5
Fomentar a cultura de inovação 1- Número de sugestões dos colaboradores que foram
implantadas/aproveitadas
>95%
2- Número de empregados premiados pela iniciativa de sugerir
melhorias
>5%
QUADRO 4 - INDICADORES DE DESEMPENHO - PERSPECTIVA DO CRESCIMENTO E APRENDIZADO
85
satisfazer as necessidades dos “acionistas”, sustentadas pelos objetivos financeiros.
No caso de uma instituição sem fins lucrativos, como é o caso da AFECC-HSRC,
considera-se como corpo de acionistas o Governo, que pode também ser
considerado um patrocinador da instituição, tendo em vista a concessão da
imunidade tributária, e a sociedade que necessita dos serviços do hospital.
Entende-se que somente com a geração de resultados econômicos a missão
institucional será cumprida na totalidade. Registra-se que todos os resultados
econômicos gerados por essas instituições terão que ser investidos nelas próprias.
Considerou-se, na criação dos indicadores, que estes desempenhariam um duplo
papel, ou seja, medir desempenho financeiro esperado da estratégia e servir de
meta principal para os objetivos e medidas de outras perspectivas. A perspectiva
financeira conta com 20 indicadores, que buscam subsidiar os administradores no
mapeamento de desvios que possam prejudicar o alcance das metas. Tais
indicadores buscam controlar todos os fatores que venham interferir nos resultados
finais da instituição, tais como ociosidade de unidades operacionais, preços de
compras, custo do estoque, entre outros.
86
Itens Objetivos Econômico - Financeiros Indicador Meta
1
Produzir um superávit mensal superior a 2% da
receita total
1- % de resultado econômico face ao total de receita >2%
2
Reduzir 3% no endividamento total em relação ao
exercício anterior
1- % de endividamento atual em relação ao exercício
anterior
<3%
3
Reduzir em 50% o número de títulos protestados
em relação ao exercício anterior
1- % de títulos atualmente registrados em cartório em
relação ao fechamento do exercício anterior
<50%
4
Manter o custo com Suprimentos abaixo de 30%
do faturamento
1- % de compras em distribuidores em relação ao
volume de compra
<5%
2- % de rotatividade dos estoques >120%
3- % de perdas de inventário em relação ao estoque
total
<0,02%
5
Reduzir a ociosidade do hospital em 20% 1- % de ocupação dos diversos setores de internação
em relação ao número de horas disponíveis
>75%
6
Aumentar a produtividade dos equipamentos
ociosos no Santa Rita
1- % de horas de ociosidade por equipamento e
relação ao número de horas disponíveis
<1%
2- % de horas de equip. parados para manut. corretiva
em relação ao total de horas de manutenção
<2%
7
Aumentar a taxa de ocupação do Bloco Cirúrgico1- % de utilização das salas de cirurgias em
relação ao total de horas disponíveis
>80%
2- % manter a utilização das salas de cirurgias por
turno de trabalho em relação ao total de horas
disponíveis
>80%
8
Reduzir custos associados ao endividamento da
instituição
1- % de custos com despesas financeiras em relação
ao valor do endividamento
<2%
9
Gerenciamento do risco financeiro 1- % de créditos de liquidação duvidosa <2%
10
Gerenciamento de perdas com faturamento
1- % de glosas no faturamento em relação ao
faturamento total
<2%
2- % de glosas segregadas por convênio <2%
3- % de glosas recorridas e recebidas em relação ao
Total glosado
>98%
11
Gerenciamento de portifólio de clientes 1- % de atendimento ao Sistema Único de Saúde em
relação à capacidade operacional do hospital
<63%
2- % de receita mensal gerada com atendimento a
novos convênios em relação à receita total
>1%
12 Captação de recursos financeiros
1- % de receita captada por meio de doações em
relação à receita total
>3%
QUADRO 5 - INDICADORES DE DESEMPENHO - PERSPECTIVA FINANCEIRA
87
3.12 AJUSTES E ADAPTAÇÕES PROMOVIDOS NA METODOLOGIA DO BALANCED
SCORECARD
Registram-se alguns ajustes e adaptações que foram promovidos na
metodologia do Balanced Scorecard durante sua implementação no hospital
AFECC-HSRC:
1- Perspectivas: Segundo Kaplan e Norton (1997, p. 35), “[...] o uso de quatro
perspectivas tem se mostrado adequado em diversas empresas e setores do
mercado, mas deve ser considerado um modelo, não uma camisa de força.” Por
se tratar, o hospital, de uma instituição filantrópica e ser o aspecto social um dos
objetivos da instituição, foi incluída a perspectiva social e foram criados os
indicadores de desempenho para acompanhamento de suas metas.
2- Indicadores: Kaplan e Norton (2001, p. 392) afirmam que, com base em
experiências bem sucedidas, os Balanceds Scorecards tenham de 20 a 25
indicadores distribuídos nas quatro perspectivas. A AFECC-HSRC trabalha
atualmente com 68 indicadores distribuídos nas cinco perspectivas. Salienta-se
que esse número de indicadores já sofreu ajustes e que, a cada reunião de
avaliação de resultados, são sugeridos, por parte dos envolvidos, o corte ou
incremento de indicadores. Hoje após 22 meses de acompanhamento os
indicadores analisados são em torno de 43 indicadores, uma redução
aproximada de 30%.
3- Divulgação da estratégia e resultados: os resultados são avaliados
mensalmente em uma reunião denominada na instituição como REMAR –
Reunião Mensal de Avaliação de Resultados, em que são convocados a
participar o Superintendente, Diretor Clínico, Gerentes e Coordenadores, em
88
torno de 18 pessoas. Dessa reunião gera-se uma ata para registro e
acompanhamento das pendências, caso haja. A comunicação aos demais níveis
fica a cargo dos gerentes e coordenadores que, no prazo máximo de 10 dias,
após a REMAR, ficam convocados a se reunirem com os funcionários em suas
unidades, para discussão e repasse dos resultados.
4- Uso de ferramentas de suporte ao BSC: registra-se que, na percepção dos
envolvidos no processo de implementação do BSC, a elaboração do
Planejamento Estratégico é um fator fundamental para o direcionamento das
estratégias. Outro suporte a ser considerado é o uso de um Sistema de
Informática Integrado para coleta e preparação das informações a serem
acompanhadas por meio dos indicadores de desempenho.
3.13 REVISÃO DOS INDICADORES DE DESEMPENHO
O hospital adotou como prática para divulgação dos resultados e conseqüente
comunicação da estratégia uma reunião mensal que foi denominada na instituição
como REMAR – Reunião Mensal de Avaliação de Resultados, em que são
convocados a participar o Superintendente, Diretor Clínico, Gerentes e
Coordenadores, em torno de 18 pessoas. Nesta reunião, além da avaliação dos
indicadores, quanto aos seus desempenhos, e também análise das inter-relações
entre os indicadores e do custo-benefício da informação gerada por eles. Como
conseqüências dessas reuniões, já foi possível uma melhor seleção dos indicadores
que redundou na redução dos mesmos.
Na versão inicial foi desenvolvido um total de 68 indicadores os quais foram
distribuídos em cinco perspectivas, a saber: Social - 7 indicadores, Clientes – 10,
89
Processos Internos – 15, Aprendizado e Crescimento – 17 e Financeira - 19
indicadores. Atualmente, 22 meses de acompanhamento, os indicadores analisados
são em torno de 43 indicadores, uma redução aproximada de 30%. Como exemplo
de indicador que foi possível sua exclusão, pode-se citar: % de prescrições emitidas
por meio do sistema informatizado em relação ao número de prescrições emitidas,
tendo e vista que somente é permitido o atendimento por meio do sistema
informatizado. Ressalva em casos especiais, tais como parada do sistema. Outro
aspecto que merece destaque foi à inserção de alguns indicadores para geração
automática a partir das informações processadas no sistema informatizado do
hospital, melhoria que possibilitou maior confiabilidade das informações com menor
custo sua geração.
3.14 PANORAMA ECONÔMICO-FINANCEIRO DO HSRC
Com objetivo de identificar possíveis reflexos nos resultados econômico-
financeiros do Hospital Santa Rita de Cássia, após a utilização de indicadores de
desempenho, foram analisadas as Demonstrações Contábeis da AFECC-HSRC em
dois períodos distintos de 12 meses, ou seja, antes e depois da implementação do
BSC. A avaliação se deu por meio dos indicadores: Evolução do Resultado
Econômico do período e Evolução do Endividamento Total. Os resultados foram
avaliados comparando os resultados obtidos no final do exercício de 2003 em
comparação aos resultados obtidos pela instituição no final do exercício de 2002.
90
(Em reais)
2.003 2.002
RECEITA OPERACIONAL BRUTA
34.701.209 32.830.877
. Serviços particulares 1.504.098
1.270.640
. Serviços - convênio SUS
13.060.734 13.484.457
. Serviços - convênios diversos
20.136.377 18.075.780
DEDUÇÕES
(105.422) (333.593)
Glosas e cancelamentos
(105.422) (333.593)
RECEITA OPERACIONAL L
Í
QUIDA 34.595.787 32.497.284
RECEITAS (DESPESAS) OPERACIONAIS (32.482.594)
(37.235.068)
. Despesas de pessoal (10.610.109)
(11.808.325)
. Despesas de serviços (7.675.845)
(8.613.152)
. Despesas de materiais (9.250.671)
(9.419.396)
. Despesas financeiras (1.601.642)
(5.194.666)
. Doações
668.653 1.297.613
. Outras receitas
958.116 886.273
. Despesas assistenciais
(593.043) (598.321)
. Outras despesas
(2.158.100) (1.883.826)
. Depreciações /Amortização
(2.219.953) (1.901.268)
SUPERÁVIT/DÉFICIT DO EXERCÍCIO
2.113.193 (4.737.784)
Fonte: Contabilidade HSRC
TABELA 3 - DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DOS EXERCÍCIOS
FINDOS EM 31 DE DEZEMBRO
Os resultados finais da instituição passaram de um déficit de 4.737 milhões
para um superávit de 2.113 milhões. Registra-se que a variação cambial contribuiu
negativamente com o resultado de 2002 em 1.9 milhões e no resultado de 2003
contribuiu positivamente com 1.1 milhão.
Avaliando os resultados sem os efeitos da variação cambial, o déficit em 2002
seria de 2.837 milhões para um superávit de 1.013 milhões.
Os pontos que contribuíram para a melhora dos resultados, com destaque no
faturamento foram às receitas provenientes dos diversos Convênios, com um
aumento de 11,4%, Serviços Particulares com aumento de 18,43%, e a receita
proveniente do Convênio SUS com uma redução de 3,14%. A Tabela 4 mostra o
91
número de procedimentos atendidos aos três Clientes – Convênios, SUS e
Particulares.
Cabe ressaltar a variação no percentual de atendimento efetuado ao
Convênio SUS que, em relação ao total de atendimentos, apresentou em 2003 uma
redução de 02 pontos percentuais em relação a 2002. Para os atendimentos
efetuados a Convênios Diversos, registra-se um aumento de 1%, nos atendimentos
a Particulares, o aumento foi de 6%.
Segundo Castro et al. (2003, p. 12), em se tratando de um hospital
filantrópico, a redução nos atendimentos ao SUS e um aumento percentual nos
atendimentos aos Convênios Diversos e Particulares faz com que os resultados
finais dessas instituições sejam otimizados. Os resultados do Hospital Santa Rita
confirmam a otimização de seus resultados finais. Constatou-se que o custo médio
dos procedimentos executados pelo hospital de 2002 para 2003 teve uma variação
positiva de 5% enquanto a receita variou positivamente em 8%.
As contas de despesas que apresentaram maiores reduções foram às contas
de Pessoal, com uma variação negativa de 10.15%, resultante do fechamento e
terceirização de algumas unidades que não se mostravam viáveis. A conta de
Despesas com Serviços com redução de 11% proveniente de terceirização de
alguns Serviços Médicos. As Despesas Financeiras também tiveram expressiva
redução, devido à variação cambial positiva e efetivo controle nos pagamentos de
juros a fornecedores e bancos. Outro destaque pode ser direcionado à conta de
Despesas com Materiais, que historicamente evolui juntamente com a Receita Total,
representando em torno de 30%, no período avaliado apresentou uma redução para
26,5% da Receita Total.
92
Período
Cliente
Número de
Procedimentos
% de atendimento
Número de
Procedimentos
% de atendimento
SUS
284.102
68% 248.652 66%
Convênios
123.832
30% 117.914 31%
Particular
7.545
1,8% 8.871 2,4%
Resultado
415.479
100% 375.437 100%
2002 2003
TABELA 4 - NÚMERO DE PROCEDIMENTOS ATENDIDOS POR CLIENTE
Fonte: Setor de Custos e Estatística HSRC
Fez também parte da análise o indicador “Evolução do Endividamento Total
da Instituição”. A avaliação foi por meio de análise das Demonstrações Contábeis
dos exercícios de 2002 e 2003, onde se constatou que, comparando 2002 em
relação a 2001, o endividamento evoluiu positivamente 26% e somente 1,5% se
comparado 2003 em relação a 2002. Embora a redução no endividamento em 2003
não tenha sido expressiva, pode indicar mudança de tendência, fato de extrema
importância.
Ressalta-se que a melhora de performance dos resultados do hospital, não
podem ser atribuídos somente à implementação do Balanced Scorecard, mas na
opinião de grupo de gerentes e coordenadores do HSRC, o acompanhamento dos
processos por meio de indicadores de desempenho possibilita uma avaliação com
maior precisão e facilita a tomada de decisão.
Registra-se que a Demonstração do Resultado do Exercício, apresentada por
meio da Tabela 3, foi juntamente com as demais Demonstrações Contábeis da
Instituição, auditada pela empresa de Auditoria Trevisam e publicada no decorrer do
mês de abril de 2004.
4 CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Este trabalho teve como objetivo o desenvolvimento de indicadores de
desempenho, financeiros e não financeiros, para aplicação em uma instituição
hospitalar Filantropia, de forma a relacionar os objetivos empresarias ao seu
desempenho (financeiro e não-financeiro), a partir do arcabouço da teoria do
Balanced Scorecard. Utilizou-se das metodologias de Estudo de Caso,
complementada com uma Pesquisa-ação.
Foi desenvolvido um total de 68 indicadores os quais foram distribuídos em
cinco perspectivas: Social - 7 indicadores; Clientes - 10 indicadores; Processos
Internos - 15 indicadores; Aprendizado e Crescimento - 17 indicadores; Financeira -
19 indicadores. Os indicadores foram criados tendo como bases as diretrizes
(objetivos) estabelecidas no planejamento estratégico da instituição, o qual,
elaborado no final do ano de 2002. O estabelecimento desses indicadores e a
definição de suas metas possibilitaram o acompanhamento dos principais processos
da instituição de forma a controlar identificar desvios e conseqüente buscar o
equilíbrio econômico-financeiro da instituição
Ressalta-se que, no decorrer da implementação dos indicadores, houve uma
participação ativa de toda a média liderança da instituição, a qual foi totalmente
envolvida no processo, pois mensalmente os resultados de cada indicador das áreas
específicas eram comunicados a todos os empregados das unidades, por meio das
reuniões setoriais. Outro fator que merece destaque foi o momento em que houve a
definição e o início do controle dos processos por meio dos indicadores. Ao final de
2002, toda a equipe se encontrava desmotivada, devido aos resultados finais da
94
instituição no ano de 2002. O hospital obtivera o pior resultado em trinta anos de
funcionamento, ou seja, um déficit de 4.7 milhões de reais. Como conseqüência
desse resultado houve uma piora nas condições de trabalho, tais como falta de
materiais básicos, atraso no pagamento de funcionários e uma pressão por parte
dos fornecedores para recebimento de seus créditos. O endividamento da
instituição, que já somava 25 milhões, cresceu, em 2002, em torno de 25% e,
conseqüentemente, houve um aumento nos riscos de descontinuidade da instituição
e um forte clima de insegurança se propagou entre os funcionários.
A definição dos indicadores de desempenho motivou as gerências a tomarem
decisões no decorrer do ano de 2003, tais como fechamento de unidades
operacionais deficitárias, dispensa de pessoal, pagamento somente de fornecedores
estratégicos, entre outras, que, de certa forma, eram entendidas pelos funcionários à
medida que os resultados eram apresentados.
No que diz respeito ao uso da metodologia de Pesquisa-ação,
complementada com um Estudo de Caso, possibilitou ao pesquisador maior
conhecimento das com as unidades operacionais do hospital, e troca de informações
com seus integrantes, que assimilaram tanto os conhecimentos sobre metodologia
de pesquisa científica quanto os princípios do Balanced Scorecard.
Registra-se como sugestão para novas pesquisas:
1 - Analisar os resultados auferidos pela instituição pesquisada no longo
prazo;
2 Analisar quais foram os impactos ocasionados na cultura organizacional do
HSRC devido a implantação do BSC.
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