Download PDF
ads:
FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM
CONTABILIDADE, ECONOMIA E FINANÇAS – FUCAPE
Luis Sérgio Ribeiro dos Santos
CONSERVADORISMO CONTÁBIL E TIMELINESS: evidências
empíricas nos demonstrativos contábeis em us gaap e br gaap das
empresas brasileiras com ADRS negociadas na Bolsa de Nova
Iorque.
VITÓRIA
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
LUIS SÉRGIO RIBEIRO DOS SANTOS
CONSERVADORISMO CONTÁBIL E TIMELINESS: evidências
empíricas nos demonstrativos contábeis em us gaap e br gaap das
empresas brasileiras com ADRS negociadas na Bolsa de Nova
Iorque.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Contábeis da Fundação Instituto
Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e
Finanças (FUCAPE), como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Ciências Contábeis
nível Profissionalizante.
Orientador: Prof. Dr. Fábio Moraes da Costa
VITÓRIA
2006
ads:
3
Dedico aos meus pais, Seu Sérgio e Dona
Rozali e ao grande amor da minha vida,
minha esposa, Meire.
4
AGRADECIMENTO
Agradeço primeiramente a Deus por ter proporcionado oportunidades em
minha vida profissional para que eu tivesse condições financeiras para fazer este
curso.
A meus pais pelos ensinamentos firmes que me proporcionaram sabedoria
para valorizar cada minuto de minha vida.
A minha esposa pelo carinho e compreensão nos momentos de minha
ausência e pelo apoio incondicional.
A todos os colegas de turma, em especial a amigos que formei no mestrado e
que ficarão para sempre, inclusive participando da minha vida pessoal.
Aos professores Aridelmo e Valcemiro; estes fazem parte de minha vida
acadêmica desde o tempo de graduação.
Ao professor Alexandro Broedel pelas relevantes contribuições e aprendizado.
Ao meu orientador, o professor Fábio Moraes da Costa, pelos ensinamentos e
sempre à disposição no apoio para a realização desta pesquisa.
Aos pesquisadores da FUCAPE e amigos Alfredo Sarlo e Flavia Dalmácio.
5
“A adversidade leva alguns a serem vencidos e outros a baterem recordes.”
(William Arthur Ward)
6
RESUMO
Este estudo investiga, empiricamente, o nível de utilização do conservadorismo
contábil nos demonstrativos contábeis em US GAAP e BR GAAP das empresas
brasileiras com ADRs negociadas na NYSE. A motivação deste estudo é fruto das
sugestões para futuras pesquisas propostas no trabalho de Costa (2004), e pela
baixa dimensão de explicações sobre a utilização do conservadorismo na realidade
contábil das empresas brasileiras. Para responder a questão de pesquisa se
utilizado o modelo de Basu (1997) aplicado no trabalho The conservantism principle
and the asymmetic timeliness of earnings”. A metodologia adotada compreende uma
regressão ltipla cujas variáveis são: lucro, retorno, boas e más noticias. Tem-se
como hipótese que o vel de utilização do conservadorismo é maior nos
demonstrativos com configuração contábil em US GAAP do que em BR GAAP. Os
dados foram coletados na ECONOMÁTICA no período de Dezembro de 1999 até
Junho de 2004. Os resultados encontrados geram indícios de que o nível de
utilização do conservadorismo não é maior nos demonstrativos com configuração
contábil em US GAAP para as empresas brasileiras que negociaram ADRs.
7
ABSTRACT
The goal of this study is to investigate, empirically, the level of use of the accounting
conservatism in the demonstrative ones accounting in US GAAP and BR GAAP of
the Brazilian companies with ADRs negotiated in the NYSE. The motivation of this
study is fruit of the suggestions for future researches proposed in the work of Costa
(2004), and for the low dimension of explanations about the use of the conservatism
in the accounting reality of the Brazilian companies. To answer the research subject
the model of Basu it will be used (1997) applied in the work “The conservantism
principle and the asymmetic timeliness of earnings.” The adopted methodology
understands a multiple regression whose variables are: profit, return, good news bad
news. It is had as hypothesis that the level of use of the conservatism is larger in the
demonstrative ones with accounting configuration in US GAAP than in BR GAAP.
The data were collected in ECONOMÁTICA in the period of December of 1999 to
June of 2004. The found results generate indications that the level of use of the
conservatism is not larger in the demonstrative ones with accounting configuration in
US GAAP for the companies that negotiation ADRs.
8
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Características dos modelos Commom Law versus Code
Law.............................................................................................................................24
Quadro 2 - Resumo das diferenças entre as normas contábeis brasileiras e
americanas.................................................................................................................27
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Estatística Descritiva.................................................................................44
Tabela 2 - Estatística de regressão para lucro contábil segundo normas
brasileiras...................................................................................................................45
Tabela 3 - Estatística de regressão para lucro contábil segundo normas
americanas.................................................................................................................47
Tabela 4 - Estatística de regressão para ajuste aos US GAAP (resíduo)..................49
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Classificação da Amostra conforme tipo de ação e GAAP........................40
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................12
1.1. Problema...................................................................................15
1.2. Objetivos da Pesquisa..............................................................15
1.3. Justificativa e Importância da Pesquisa.................................16
1.4. Metodologia e Classificação da Pesquisa..............................17
1.5. Limitações .................................................................................18
1.6. Desenvolvimento da Pesquisa.................................................18
2 REFERENCIAL TEÓRICO................................................................19
2.1 A Capacidade informacional da contabilidade...........................19
2.2 Gerenciamento de Resultados e Governança Corporativa........22
2.3 As normas brasileiras e americanas.............................................28
2.4 O conservadorismo no Brasil........................................................29
3 REVISÃO DE LITERATURA...............................................................32
3.1 Evidências empíricas de conservadorismo.................................32
4 HIPÓTESE DO TRABALHO.............................................................. 35
5 O MODELO.........................................................................................37
6 ANALISE DOS RESULTADOS..........................................................45
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÃO PARA FUTURAS
PESQUISAS...........................................................................................52
8 REFERÊNCIAS ..................................................................................55
12
1. INTRODUÇÃO
Ao longo dos anos pesquisadores desenvolveram estudos a fim de encontrar
evidências que revelassem a relevância da informação contábil no mercado de
capitais. Estes estudos motivaram e viabilizaram recentes pesquisas no mercado
acionário brasileiro. Estudos sobre a relevância da informação contábil no mercado
de capitais brasileiros acabaram por analisar uma das importantes características
das práticas contábeis: o conservadorismo. Estas evidências podem ser encontradas
no trabalho de Lopes (2001) e para Basu (1997) o conservadorismo contábil tem
influenciado as práticas de contabilidade há pelo menos quinhentos anos.
No Brasil o arcabouço conceitual básico da contabilidade evidencia o
conservadorismo entre os Princípios Fundamentais de Contabilidade e sua
conceituação está presente no estudo elaborado pela Fipecafi e na Resolução
750/93 do CFC (Conselho Federal de Contabilidade).
O conservadorismo em termos contábeis normalmente tem sido caracterizado
como o reconhecimento assimétrico entre despesas e passivos e ativos e receitas
(Lopes, 2001). Costa (2004, p. 38) corrobora ao caracterizar as práticas de
conservadorismo:
O conservadorismo é visto como a utilização de práticas contábeis,
aplicadas de maneira consistente, que mantenham o valor contábil líquido
dos ativos relativamente baixo. o exemplos de práticas conservadoras: a
utilização do UEPS (ultimo que entra é o primeiro que sai) para estoques
quando comparado com o PEPS (primeiro que entra, primeiro que sai) em
um ambiente de aumento de preços, o tratamento de Pesquisa e
Desenvolvimento como despesa do período em que ocorre e não como
despesa diferida, a utilização do método de depreciação acelerada e de
menores prazos de vida útil para o imobilizado.
Lopes (2001) confirmou a expectativa de que a informação contábil no Brasil
não é tão conservadora como em países cuja legislação é baseada em lei comum. O
13
nível de utilização do conservadorismo contábil pode ser influenciado pelos sistemas
jurídico e tributário, e pela regulamentação contábil (GAAPS), que pode ser
diferenciada em cada país. As práticas e procedimentos contábeis, tais como, FASB
nos Estados Unidos, IASB no Reino Unido ou a Lei Societária (6.404/76) no Brasil
apresentam normas com diferentes tratamentos de contabilização.
Estudos realizados no mercado de capitais apresentaram evidências de que o
conteúdo informacional dos resultados contábeis reflete no preço das ações apesar
dos mesmos serem afetados antes do anúncio dos resultados contábeis, ou seja, há
uma antecipação do mercado através de outras fontes de informação. Autores como
Ball e Brown (1968), Beaver (1968), Lopes (2001) e Sarlo Neto (2004) contribuíram
para a formação de tais evidências. A oportunidade (Timeliness) da informação
contábil tem sido objeto de pesquisa na literatura internacional, tanto que Lopes e
Martins (2005, p.80) destacam que estudos desta natureza são extremamente
importantes porque tratam de uma das mais relevantes características qualitativas
da informação contábil.
Ball, Kothari e Robim (1999) estudaram a oportunidade do resultado contábil
entre países Code-Law e Commom-law, e concluíram que o resultado contábil é
mais oportuno nos países Commom-law.
As diferentes normas contábeis entre países podem influenciar na qualidade
informacional do resultado contábil; empresas de um mesmo país podem divulgar
informações para o mercado em diferentes normas. No mercado de capitais
brasileiro um grupo de empresas está obrigado a divulgar informações contábeis nas
normas brasileira e americana, pelo fato de negociarem títulos na Bolsa de Nova
Iorque, destacam-se as companhias brasileiras emissoras de ADRs.
14
Um ADR American Depositary Receipt é um recibo de depósito de títulos
e valores mobiliários de empresas não-americanas negociável no mercado norte-
americano. Os ADRs podem ser negociados nas principais bolsas de valores (New
York Stock Exchange) ou no mercado de balcão (NASDAQ). Quando empresas não
americanas negociam ADRs no mercado norte-americano, estão sujeitas às normas
do FASB (US GAAP). Os programas de ADRs se apresentam em quatro níveis,
programas do nível 1, nível 2, nível 3 e regra 144 A. Os programas de ADRs
apresentam as seguintes características:
Programa de Nível 1: Os ADRs não estão listados nas bolsas americanas e a
empresa está sujeita a um menor número de exigência. A negociação ocorre no
mercado de Balcão.
Programa de Nível 2: Maior número de requisitos exigidos pela SEC e demais
regulamentações. A negociação ocorre em uma das bolsas norte-americanas.
Programa de Nível 3: A empresa emissora está sujeita a numerosas
regulamentações de valores mobiliários norte-americanos. A oferta é registrada na
Securities and Exchange Commission (SEC).
Programa sob a Regra 144 A: A oferta não é registrada na SEC; a empresa
emissora se sujeita a um menor número de exigências da legislação sobre valores
mobiliários norte-americanos.
Como as empresas brasileiras que emitem ADRs estão sujeitas às normas
americanas que dão, comparativamente às normas brasileiras, tratamentos
diferenciados quanto às práticas e procedimentos contábeis, este estudo procura
investigar o nível de utilização do conservadorismo e a oportunidade da informação
15
contábil nos demonstrativos contábeis entre as normas brasileiras e as normas
americanas nestas empresas. Este estudo desenvolve o modelo utilizado por Basu
(1997) para medir o nível de utilização do conservadorismo e a oportunidade da
informação contábil entre as normas contábil brasileira e americana nas companhias
brasileiras emissoras de ADRs.
1.1 Problema
Considerando que as práticas e procedimentos contábeis são diferenciados
entre os países, e que as empresas brasileiras emissoras de ADRs estão sujeitas
aos modelos contábil brasileiro e americano, esta pesquisa procura investigar a
seguinte questão:
Qual o nível de utilização do conservadorismo e como o lucro contábil
incorpora o retorno econômico (timeliness) entre os demonstrativos
com configuração contábil em US GAAP e BR GAAP nas empresas
listadas na Bovespa com ADRs negociados na bolsa de Nova Iorque?
16
1.2 Objetivos da Pesquisa
A presente pesquisa tem como objetivo principal investigar empiricamente o
nível de utilização do conservadorismo contábil nos demonstrativos em US GAAP e
BR GAAP entre as companhias brasileiras emissoras de ADRs.
Como o modelo utilizado na pesquisa também permite avaliar a oportunidade
(Timeliness) da informação contábil, de forma complementar o estudo adiciona
análises quanto ao reconhecimento do retorno econômico pelo lucro contábil entre
os GAAPs das empresas estudadas.
1.3 Justificativa e Importância da Pesquisa
Espera-se que este estudo venha fomentar as pesquisas que investigam o
nível de utilização do conservadorismo no mercado acionário brasileiro, pois existem
poucas evidências empíricas na literatura brasileira. Esta pesquisa tem a intenção de
ampliar os estudos existentes sobre o comportamento da contabilidade nas
companhias brasileiras emissoras de ADRs e as investigações que relacionam as
variáveis lucro contábil e retorno econômico.
De forma geral, esta pesquisa procura contribuir para intensificar os estudos
que comparam a influência dos modelos contábeis na capacidade informacional da
contabilidade.
Pode-se encontrar na literatura internacional estudos relevantes sobre o
princípio contábil do conservadorismo, entretanto, as pesquisas realizadas até o
momento não investigaram as particularidades das companhias brasileiras.
17
Em sentido mais amplo, espera-se que este trabalho gere evidências sobre o
comportamento da informação contábil a fim de auxiliar os investidores e analistas
de mercado no processo decisório.
1.4 Metodologia e Classificação da Pesquisa
A presente pesquisa utilizará uma abordagem positiva. De acordo com seus
objetivos, foi utilizado neste estudo um modelo que permite investigar a relação entre
variáveis, através da análise de regressão múltipla. O modelo utilizado é o de Basu
(1997), que permite relacionar as variáveis lucro contábil e retorno econômico e para
Watts (2004) muitos estudos com o mesmo objetivo utilizaram este modelo.
Quanto aos aspectos epistemológicos esta pesquisa pode ser classificada
como pesquisa exploratória, ex-post-facto. Segundo Gil (1996, p.45) as pesquisas
exploratórias têm como objetivo ”proporcionar maior familiaridade com o tema, com
vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Pode-se dizer que estas
pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta
de intuições”. De acordo com Martins (2000, p.26), na pesquisa ex-post-facto o
pesquisador não tem controle direto sobre as variáveis independentes porque suas
manifestações ocorreram, ou porque elas são, por sua natureza, o
manipuláveis.
18
1.5 Limitações
Durante a realização da pesquisa foi possível encontrar algumas limitações:
a) Seleção da Amostra: A pouca quantidade de dados pode dificultar o
estabelecimento de conclusões e análise dos resultados, apesar da amostra
ser considerada representativa. Deve-se tomar cuidado com a generalização
dos resultados.
b) A utilização da variável retorno econômico (variação do valor de mercado da
ação) como referencial para indicar boas e más notícias.
1.6 Desenvolvimento da Pesquisa
O presente estudo está organizado e estruturado da seguinte forma: o
primeiro capítulo trata da introdução, dos objetivos, contribuições, importância e
metodologia adotada; o segundo capítulo dedica-se à exposição da capacidade
informacional da contabilidade; o Gerenciamento de Resultados e a Governança
Corporativa, às normas brasileiras e americanas, à origem do conservadorismo e o
conservadorismo no Brasil; o terceiro capítulo revisa a literatura, destacando estudos
relevantes tanto para a compreensão do tema, bem como para o modelo de
estimação; o quarto capítulo tem o objetivo de formular a hipótese de pesquisa; no
quinto capítulo encontra-se a metodologia do estudo empírico; no sexto capítulo os
resultados obtidos e no sétimo e último capítulo as conclusões e considerações
finais.
19
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A capacidade informacional da contabilidade
Dentro do paradigma positivo, a relação entre a informação contábil e o
preço dos títulos negociados em bolsa de valores é central. Isso porque os
preços de mercado refletem as expectativas dos agentes econômicos
acerca do futuro da empresa e da economia (Lopes e Martins 2005, p.77).
O lucro contábil e sua relação com o mercado de capitais tem sido objeto de
diversas pesquisas empíricas, principalmente a partir do trabalho seminal dos
professores australianos Ray Ball e Philip Brown em 1968. A realização deste
trabalho marca o desenvolvimento da pesquisa positiva em contabilidade. Ball e
Brown investigaram se na divulgação dos resultados havia relação entre lucro
contábil e preço das ações, ou seja, se o lucro contábil possuía capacidade
informacional.
Seus resultados, dizendo essencialmente que os preços de títulos variam na
mesma direção dos lucros contábeis, têm sido confirmados varias vezes
desde então. (....) Alguns podem achar que este é um resultado óbvio e
pouco especulador. No entanto, foi o primeiro indício concreto ao qual os
contadores puderam apontar como demonstração de que os números
contábeis eram informativos. (Hendriksen e Van Breda, 1999, p. 206)
No Brasil algumas pesquisas geraram evidências sobre a relevância da
informação contábil no mercado de capitais. Sarlo Neto (2004) investigou se as
informações contidas nas demonstrações contábeis e divulgadas ao mercado são
refletidas pelos preços das ações, demonstrando a utilidade da contabilidade como
fonte de informação para o mercado. As evidências encontradas no trabalho de
Sarlo Neto (2004) confirmam a relevância das informações contábeis divulgadas
como fonte de informação para os investidores.
Segundo Sarlo Neto (2004), as evidências encontradas na pesquisa indicam
também que,
20
as evoluções das carteiras (Good News e Bad News) sinalizam um
comportamento conservador do mercado em relação às informações
divulgadas pela contabilidade. Os retornos sinalizam que o mercado tende a
antecipar resultados ruins e prefere ser cauteloso ao antecipar resultados
bons.
Costa (2005) avaliou a relevância das informações contábeis ajustadas aos
US GAAP realizados por empresas brasileiras que possuem ADRs negociadas na
bolsa de Nova Iorque, e os resultados encontrados evidenciam que a informação
contábil é relevante. As informações em US GAAP possuem conteúdo informacional
existente e os ajustes aos US GAAP são relevantes para o mercado, em relação
ao patrimônio líquido, mas não no tocante ao lucro líquido.
Entretanto, estudos mostram que o objetivo da contabilidade pode ter perdido
relevância ao longo dos anos, pois a informação contábil vem se deteriorando, não
conseguindo acompanhar o desenvolvimento econômico e tecnológico das
empresas.
Aboody e Levi (1998) examinaram a relevância da informação contábil na
aplicação da norma do IASB - International Accounting Standards Board, SFAS 86
que tratava da contabilidade de software. A norma estipula que os gastos deverão
ser lançados como despesas até que a viabilidade tecnológica seja determinada e
concluíram que a capitalização de software é relevante para os investidores.
Segundo pronunciamentos do IASB, todos os custos com pesquisa e
desenvolvimento devem ser contabilizados como despesas. Pode-se observar que o
SFAS 86 e pronunciamentos do IASB quanto à contabilização de pesquisa e
desenvolvimento são normas conservadoras. No Brasil não normas específicas
para o tratamento contábil de software; a lei societária deixa abertura para que estes
sejam ativados.
21
Outra manifestação de conservadorismo que pode ser observada tanto na
norma contábil americana quanto na brasileira é a aceitação do conceito de custo ou
mercado, entre os dois o menor. Nos Estados Unidos não é permitida a reavaliação
de ativos enquanto no Brasil a atual legislação societária disciplina a aplicação do
método de reavaliação de ativos. O tratamento contábil do leasing nos Estados
Unidos é totalmente diferente do tratamento brasileiro; a aplicação da norma contábil
americana nas empresas brasileiras poderia levar, em determinadas situações, à
reduções do ativo e do patrimônio líquido.
Para Watts (2002) a definição tradicional de conservadorismo contábil vem do
provérbio: “não se antecipa lucro, mas se antecipa todas as perdas”. Para
Hendriksen e Breda (1999, p. 105) o termo conservadorismo também significa que,
as despesas devem ser reconhecidas mais cedo, e não mais tarde, e que as
receitas devem ser reconhecidas mais tarde, e não mais cedo. Portanto os
ativos líquidos tendem a ser avaliados abaixo dos preços correntes de troca,
e não acima, e o cálculo do lucro tende a resultar no menor dos diversos
valores alternativos.
Durante séculos o conservadorismo contábil é objeto de críticas, segundo
Watts (2002) evidências empíricas de que o conservadorismo pode ter
aumentado nos últimos 30 anos. Watts (2002) propõe em sua pesquisa a discussão
das explicações para a existência do conservadorismo e o faz resumindo as
evidências empíricas da sua existência e estabelecendo ligações entre
conservadorismo e a formação de contratos, referindo-se aos contratos firmados
entre empresas e terceiros, tais como: contratos de empréstimos, compra e venda,
entre outros.
Para Watts (2002) as explicações para a existência do conservadorismo e o
aumento do seu grau de utilização estão relacionados ao litígio de acionista, o efeito
da tributação e a regulamentação da contabilidade, o autor advoga ainda que o
22
conservadorismo pode ser um ótimo princípio contábil, pois sua ausência poderia
levar à manipulações das informações financeiras, proporcionando mais escândalos
como o caso da Enron. Segundo Lopes (2001), a idéia geral do conservadorismo é
fornecer informações mais confiáveis aos investidores por intermédio de
demonstrações que não sejam excessivamente otimistas.
2.2 Gerenciamento de Resultados e Governança Corporativa
A “transparência” da informação contábil é almejada por parte dos usuários
das informações financeiras. Entretanto, empresas e indivíduos podem ser
estimulados a não evidenciar informações contábeis confiáveis.
Os estímulos dos gestores em adotar determinado procedimento contábil
quando o conjunto de normas e práticas contábeis lhes facultam a adoção deste ou
daquele critério, pode ser explicada pela Teoria de Agenciamento (Agency Theory).
A separação entre gestores e acionistas gera conflitos nas organizações (conflitos
de agenciamento).
Hendriksen e Breda (1999, p.139) afirmam que,
um desses dois indivíduos é um agente do outro, chamado de principal
daí o nome de teoria de agency. O agente compromete-se a realizar certas
tarefas para o principal; o principal compromete-se a remunerar o agente.
Pode ser feita uma analogia com a situação envolvendo os proprietários e
os administradores de uma empresa.
Partindo da premissa de que os agentes buscam maximizar seus interesses
individuais, nem sempre o agente teos mesmos interesses do principal. Martinez
(2001) argumenta que,
O problema central de análise na Teoria de Agenciamento (agency problem)
é a possibilidade do Agente assumir comportamento oportunista no tocante
23
as suas ações (ou omissões), visando sua satisfação pessoal,
eventualmente, com sacrifício dos interesses do Principal.
Nesse contexto específico, surge o problema causado pela assimetria
informacional, ou seja, o proprietário (principal) pode ser incapaz de observar todas
as ações do administrador (agente). Segundo Hendriksen e Breda (1999, p.139),
dado que os principais sempre estarão interessados nos resultados gerados
por seus agentes, a teoria de agency oferece bases para um papel
importante para a contabilidade no fornecimento de informações após a
ocorrência de um evento: um chamado papel pós-decisório. Esse papel é
freqüentemente associado à função de custódia da contabilidade, na qual
um agente informa um principal a respeito dos eventos dos eventos do
período passado.
Os problemas causados pela assimetria informacional ultrapassam o
ambiente institucional da firma atingindo outros mercados, tais como, os mercados
financeiros. Lopes e Martins (2004, p. 31) corroboram com esta afirmativa fazendo a
analogia que os auditores são mecânicos informacionais na tentativa de fornecer
“atestados” de fidedignidade das demonstrações da empresa para investidores que
não têm o mesmo acesso à informação que os administradores.
Como podem existir interesses que motivam a prática dos indivíduos em
fornecer informações contábeis que satisfação suas necessidades, surge na
literatura acadêmica estudos sobre Gerenciamento de Resultados (earnings
management). Martinez (2001) caracteriza Gerenciamento de Resultados como,
alteração proposital dos resultados contábeis (intencional), visando
alcançar, atender motivação particular. A gestão “maneja” artificialmente os
resultados com propósitos bem definidos, que não são os de expressar a
realidade latente no negócio.
24
Martinez (2001, p. 42) apresenta estudos internacionais que evidenciam as
motivações das empresas para o Gerenciamento de resultados.
Quadro 1 – Motivações para “Gerenciamento” dos
Resultados contábeis (Earnings Management)
Incentivos Contratuais
Estudos Relacionados
Contrato de dívida (
lending agreements
DHALIWAL (1980)
Contratos de Compensação de Executivos
HEALY (1985)
Negociação de Convenções coletivas de
LEIBERTY and ZIMMERMAN (1986)
trabalho
Contratos implícitos e
Stakeholdes Costs
BROWEN, DUCHARME, and SHORES (1995)
Incentivos do Mercado de Capitais
Melhorar termos em lançamento numa IPOs
TEOH, WELCH and WONG (1998)
Busca de financiamento externo, com o
DECHOW, SLOGAN and SWEENEY (1996)
lançamento de Títulos
Evitar perdas e manter a continuidade dos DEGEORGE, PATEL and Zeckhauser (1999)
resultados
Atender as expectativas de lucro dos
BARTOV, GIVOLY e HAYN (1999)
analistas
Pagar regular dividendos aos acionistas KASANEN, KINNUANEN, NISKANEN (1996)
Incentivos Reguladores
Processos Politícos
WATTS and ZIMMERMAN (1978)
Proteção de Mercado (restrições
alfandegárias) JONES (1991)
Empresas que estão sendo investigadas NADEU & CORNMIERS (1999)
Fonte: Martinez (2001)
Nas normas contábeis existem diversas situações que facultam o gestor a
realizar decisões sobre qual critério será utilizado para registrar fatos contábeis. São
exemplos a opção pelo critério de depreciação e de rateio dos custos indiretos.
Ressalta-se a instrução da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que facultou as
companhias registrar as perdas cambiais de 1999 e de 2001 em até quatro anos, ou
seja, as perdas cambiais seriam estornadas dos resultados contábeis e
25
contabilizadas no ativo e ao longo do período seriam apropriadas ao resultado como
perda.
Com objetivo de reduzir os custos de agenciamento e proporcionar maior
transparência das informações contábeis surge a Governança Corporativa. A prática
de Gerenciamento de Resultados pode ser inibida pelos processos de Governança
Coorporativa.
Segundo Martinez (2001) algumas definições para o significado de
Governança Coorporativa transmitem a idéia de que a Governança “é um meio para
se atingir o fim, que no caso é a redução da assimetria informacional entre o gestor
dos recursos (agente) e o proprietário desses recursos (principal).”
Lopes (2002) relaciona os pontos que podem ser ligados à estrutura geral de
governança corporativa como sendo:
Custo de litígio O custo esperado dos litígios que podem afetar
administradores e auditores impacta diretamente a atitude destes em
relação à produção dos números contábeis [...].
Fontes de Financiamento – Empresas sediadas em países em que a
maior parte do financiamento advém do mercado de capitais tendem a ter
modelos de evidênciação mais transparentes do que empresas em países
que baseiam o financiamento fundamentalmente em débito [...].
Tamanho do mercado de capitais Está diretamente relacionado ao ítem
anterior. Mercados maiores e mais desenvolvidos têm empresas com bases
acionárias dissolvidas. Esses acionistas demandam informações mais
detalhadas para acompanhar o desempenho das empresas negociadas [...].
Sofisticação da base de investidores Mercados em que
predominância de investidores institucionais, fundos de investimento ativo e
outros investidores especializados tendem a utilizar a informação contábil de
forma diferente daquela presente em mercados nos quais a base de
investidores é menos sofisticada“.
As diferentes características apresentadas nos modelos legais e de
governança corporativa podem proporcionar diferentes níveis de utilização de
conservadorismo contábil. O nível de governança corporativa pode gerar valor para
26
a empresa e conseqüentemente influenciar as práticas contábeis. Para Lopes (2001
p. 61) “a governança corporativa tem sido apresentada como um importante fator
sendo influenciado e influenciando a contabilidade”. Empresas com nível de
governança fraca podem exigir uma contabilidade forte para compensar a falta de
transparência e empresas com contabilidade forte, ou seja, com elevado nível de
evidenciação dos números contábeis, podem ter sistemas de governança menos
eficazes.
Silveira (2002) verificou se o valor da empresa e o desempenho da
companhia aberta brasileira se relacionam significativamente com sua estrutura de
governança corporativa. Os resultados encontrados na pesquisa de Silveira (2002)
indicam que as variáveis de valor tiveram relação mais forte com as de governança
do que as variáveis de desempenho.
Outro fator importante que influencia a contabilidade são os modelos legais,
Common-law ou direito consuetudinário e Code-law ou direito romano, estes
modelos podem influenciar no nível de utilização do conservadorismo. Países que
adotam o modelo Code-law assumem a premissa de que vale o que está na Lei; a
contabilidade exerce um papel de proteção aos credores, como pode ser observado
no digo comercial Francês de 1673, no código comercial alemão, entre outros. Os
países que adotam o modelo Commom-law apresentam estruturas de
regulamentação completamente diferentes, onde o investidor é um forte usuário da
informação contábil. São exemplos de países Commom-law Estados Unidos,
Inglaterra, Canadá e de Code-law Alemanha, França, Espanha, Japão, Brasil entre
outros. A seguir no quadro 1 são apresentadas as principais características que
diferenciam os modelos Commom-law e Code-law discutidas por Lopes (2002, p.
60,62,63):
27
Quadro 2 – Características dos modelos Commom law versus Code law
Características
Commom-law
Code-law
Regulamentação Estruturas gerais de organização menos Estruturas gerais de organização mais
regulamentadas.
regulamentadas.
Estrutura Acionaria Normalmente apresentam mercado de ca- Normalmente apresentam mercado finan-
pitais bem desenvolvidos; ceiro bem desenvolvidos;
Estrutura acionaria dispersa;
Estrutura acionaria concentrada;
Força da profissão Auto-regulamentadas, com forte impacto Regulamentadas e sem prestigio;
contábil social e prestígio; Pouca influência no estabelecimento de
Influencia no conteúdo das normas e pro- normas e procedimentos contábeis.
cedimentos.
Impacto Tributário vel de influência da legislação tributária Contabilidade e legislação tributária são
na contabilidade é elevado.
tratadas como assuntos distintos.
Regulamentação A contabilidade esta fora da esfera gover- A contabilidade é regulada direta e legal-
contábil namental; mente pelo governo.
A autoridade de regulamentação é transfe-
rida para órgãos privados.
Fonte: Lopes 2002
Além dos pontos apresentados, outros fatores podem incentivar a utilização
do conservadorismo. Para Bushmam (2005),
“A novel feature of the paper is our analysis of the influence of political
economy on incentives for conservative reporting. We find that in countries
characterized by high state involvement in the economy firms speed
recognition of good news and slow recognition of bad news in reported
earnings relative to firms in countries with less state involvement. This is
consistent with a scenario where a benevolent” government intervenes in
poorly performing firms, and firms seek to avoid such interference by
exploiting reporting discretion to portray an optimistic outlook. It is also
consistent with publicly traded firms with partial state ownership being
pressured by the state to optimistically tilt their reporting decisions.
In further analysis, we address whether the implications of political
involvement in the economy differs fundamentally in countries with weak
investor protections relative to those with strong investor protections. We
document that in common law countries (with presumably stronger investor
protections), high state involvement leads firms to speed recognition of good
news and slow recognition of bad news relative to firms in countries with less
state involvement.
In contrast, in civil law countries (with presumably weaker investor
protections), high state involvement leads firms to slow recognition of good
news and speed recognition of bad news relative to firms in countries with
less state involvement. Thus, managers appear to adjust their financial
reporting in response to the nature of the State’s involvement
.”
Analisar o conservadorismo dividindo o mundo apenas em dois blocos,
modelos Commom-law e Code-law, pode não ser suficiente para conclusões
28
definitivas, sendo então necessário a avaliação de outras variáveis. Segundo
Bushmam (2005), “empirically, the only institutional characteristic directly
incorporated into the formal analysis in these studies is whether the country has a
common law or civil law legal origin.
We find that after controlling for legal origin,
conservatism is significantly related to a variety of other country-level institutions”.
2.3 As normas contábeis brasileiras e americanas
Encontra-se uma extensa literatura abordando os padrões contábeis de cada
país e seus efeitos sobre a qualidade da informação contábil, ou seja,
demonstrativos contábeis quando publicados em padrões diferenciados poderiam
apresentar maior qualidade a ponto de proporcionar maior retorno. Pesquisadores
vêm realizando testes sobre o impacto das normas contábeis e a resposta do
mercado para sua divulgação.
Van Tendeloo e Vanstralen (2004) investigaram o impacto no retorno das
ações das companhias alemãs que adotaram as normas internacionais (IFRS). De
acordo com os objetivos desta pesquisa em analisar os GAAPs das empresas
brasileiras com ADRS negociadas na bolsa de Nova Iorque, a fim de averiguar o
nível de utilização do conservadorismo, que pode estar sendo influenciado pelas
normas contábeis, no quadro abaixo segue resumo contendo as diferenças entre as
normas contábeis brasileiras e americanas.
29
Quadro 3 – Resumo das diferenças entre as normas contábeis brasileiras e americanas
ÍTENS DE RECONCILIAÇÃO
BRASIL
ESTADOS UNIDOS
Demonstrações Contábeis BP, DRE, DMPL, DOAR, NE BP, DRE, DMPL, DFC, NE
Reavaliação de ativos Permitida Proíbida
Leasing Financeiro Ativo reconhecido na Arrendadora Ativo reconhecido na Arrendatária
Impairment Test Não há exigência Exigido
Custo ou Mercado dos dois o menor.
Titulos e Valores Mobiliários Para instituições financeiras, tratamen-
Fair Value (trading e availablefor-
to similar ao norte-americano sale)
Gastos com Pesquisa e Ativo Diferido Despesa do período
Desenvolvimento
Ativos Intangíveis Amortizados em até 10 anos
Teste de impairment para os
de vida útil indefinida
Fusões e Aquisições Soma das bases contábeis
Avaliação do Fair Value da
Investida
Ágio/Goodwill
Diferença entre o valor pago e Diferença entre o valor pago e
o valor contábil
do fair value
Informações por segmento Não há exigência Exigidas
Capitalização de Juros Capitalização Capitalização
Instrumentos Financeiros Custo Fair Value
Planos de Benefício Definido Após 2001. reconhecimento do Reconhecimento do déficit
déficit atuarial na patrocinadora atuarial na patrocinadora
Translation - Método de taxa corrente
O fair value da data da
Consolidação Soma das bases contábeis aquisição deverá ser levado
em consideração
Fonte: Adaptado Costa (2005)
2.4 O conservadorismo no Brasil
O arcabouço das práticas e normas contábeis no Brasil apresenta
características conservadoras e pode ter motivação no regime de tributário. O
ambiente institucional brasileiro se caracteriza conforme sua estrutura legal no direito
romano ou Code-law com uma forte estrutura geral de regulamentação, onde o
principal órgão regulador é o Fisco e o principal usuário da informação contábil é o
credor.
Órgãos não governamentais, tais como, organizações profissionais
(IBRACON, CFC) e comissões consultivas (CCNC, CVM) fornecem auxílio para
emissão das normas brasileiras contábeis representadas pela resolução 750/93 do
CFC e a pela Deliberação 29/86 do IBRACON. As normas citadas evidenciam o
30
conservadorismo retratando-o como sendo: “Entre conjuntos alternativos de
avaliação para o patrimônio, igualmente válidos, segundo os Princípios
Fundamentais, a contabilidade escolherá o que apresentar o menor valor atual para
o ativo e o maior para as obrigações.” Outro importante conjunto de procedimentos e
normas contábeis no Brasil é a Lei 6.404/76, aplicada as Sociedades Anônimas.
No Brasil a contabilidade apresenta-se com a característica normativa, o
Fisco interfere nos procedimentos e práticas contábeis para o estabelecimento dos
regimes de tributação. A história da contabilidade no Brasil é marcada por esta
interferência desde quando regia a forma de governo monárquico. Corroborando
com esta afirmação, Schmidt (2002, p.205) afirma que “uma das primeiras
manifestações contábeis brasileiras ocorreu no reinado de D. João VI. Quando da
instalação de seu governo provisório, em 1808, foi publicado um alvará obrigando os
contadores gerais da Real Fazenda a aplicarem o método das partidas dobradas na
escrituração mercantil”. As atuais formas de tributação previstas no Regulamento do
Imposto de Renda de 1999 estabelecem que as pessoas jurídicas com fins lucrativos
estão sujeitas ao pagamento do imposto de renda por um dos seguintes regimes:
lucro real, lucro presumido, lucro arbitrado e SIMPLES.
Destaque é dado para o lucro real, pois este é o regime de tributação
obrigatoriamente utilizado pelas Sociedades Anônimas. O lucro real fornece opções
para as formas de contabilização e adoção de tratamentos contábeis, como é o caso
dos critérios de avaliação dos estoques (PEPS e Média Ponderada móvel). As
opções de tratamento contábil estabelecida pelo Fisco quando as empresas são
tributadas pelo lucro real podem gerar conservadorismo contábil, ou seja,
reconhecer antecipadamente as despesas a fim de reduzir o pagamento do imposto
e distorcer as informações contábeis para o mercado de capitais.
31
Lopes (2002, p.74) advoga que,
“A utilização de normas tributárias no processo de evidênciação das
empresas negociadas em mercado de capitais tem impactos negativos do
ponto de vista dos investidores, mesmo que as regras utilizadas sejam
consideradas tecnicamente “adequadas”. Isso ocorre porque o processo
discricionário de escolha de práticas e métodos contábeis é parte integrante
do processo de comunicação entre administradores e investidores,
reduzindo a assimetria informacional do mercado, o que contribui para maior
eficiência.”
Apesar do conservadorismo contábil estar presente anos no conjunto de
práticas e procedimentos contábeis, poucas pesquisas têm sido desenvolvidas no
Brasil com o objetivo de investigar o efeito da regulamentação da contabilidade e
outras possíveis causas sobre o conservadorismo contábil, tais como, a estrutura
acionária, a força da profissão contábil, a política econômica, os sistemas jurídicos e
outros fatores internos. Todavia, os recentes estudos sobre conservadorismo
trouxeram contribuições para a literatura brasileira, tais como, Lopes (2001) e Costa
(2004). Os dois estudos apresentam evidências da existência da baixa relação entre
lucro corrente e retorno corrente e que o reconhecimento dos resultados negativos é
maior que o reconhecimento dos resultados positivos, ou seja, os resultados
encontrados evidenciam conservadorismo contábil.
A regulamentação da contabilidade pode levar à distorções entre o valor
contábil do patrimônio das empresas e o seu valor de mercado e uma das variáveis
presentes nessa relação é o lucro contábil, que tem sido objeto de várias pesquisas.
Trabalhos empíricos foram desenvolvidos a fim de testar esta relação e os
resultados encontrados evidenciaram conservadorismo contábil, com destaque para
os trabalhos de Basu (1997), Ball, Kothari e Robin (2000), Watts (1993 e 2002),
Penman e Zhang (1999), Bushman e Piotroski (2005).
32
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Evidências empíricas de conservadorismo
Importantes pesquisas forneceram evidências quanto à utilização do princípio
do conservadorismo nos demonstrativos contábeis, como destaque o estudo
realizado por Basu em 1997.
Basu (1997) investigou se os retornos refletem as notícias ruíns (bad news)
mais rapidamente que as notícias boas (good news), ou seja, investigou o
reconhecimento assimétrico de boas e más notícias e como o lucro incorpora o
retorno econômico no período de 1963 a 1990 com dados extraídos da Bolsa de
Nova Iorque.
Os resultados encontrados no estudo de Basu (1997) mostram que os
retornos refletem mais rapidamente as notícias ruins do que as notícias boas e os
testes também revelam que o nível de utilização do conservadorismo pode ter
aumentado nos últimos anos; estes aumentos do conservadorismo coincidem com o
aumento da responsabilidade legal dos auditores. A regressão do modelo de Basu
(1997) apresenta as variáveis lucro, retorno, boas e más notícias e será estudado no
quinto capítulo.
Ball, Kothari e Robim (1999) estudaram o conservadorismo utilizando o
modelo de Basu (1997) nos países Code-law e Common-law, confirmando a
hipótese de que o lucro contábil é mais constante e menos oportuno nos países
Code-law. Confirmaram também que o conservadorismo é uma medida presente no
lucro contábil em todos os países pesquisados.
33
A utilização do conservadorismo gerou críticas por parte de alguns
pesquisadores, como exemplo, o trabalho de Penman e Zhang (1999).
Penman e Zhang (1999) se propõem a estudar o conservadorismo e o seu
efeito na qualidade do lucro na visão dos analistas de mercado e alertam que o
conservadorismo contábil pode gerar lucros de baixa qualidade e estes podem ser
utilizados como indicador para lucros futuros.
Outros autores, tais como, Hendriksen e Breda (1999), também criticam o
conservadorismo justificando que esta prática contábil conflita com o objetivo da
contabilidade de divulgar toda informação relevante.
Como estudado por diversos autores a regulamentação da contabilidade é um
dos fatores que pode gerar conservadorismo contábil. As empresas brasileiras com
ADRs negociadas na bolsa de Nova Iorque estão obrigadas a divulgar suas
informações contábeis com base nos US GAAP, considerando que a norma contábil
americana é mais conservadora do que a norma contábil brasileira pode haver
diferenças na aplicação do conservadorismo nos demonstrativos contábeis em US
GAAP e BR GAAP nas empresas com ADRs negociadas na Bolsa de Nova Iorque.
O sistema jurídico dos países pode impactar na qualidade das informações
contábeis. Segundo Bushman e Piotroski (2005) as empresas nos países com
sistemas judiciais fortes refletem as más notícias mais rápido que empresas em
países com sistemas judiciais fracos.
Encontram-se na literatura brasileira, recentes estudos sobre o efeito
conservadorismo contábil, Costa (2004) pesquisou a aplicação do conservadorismo
34
contábil e a oportunidade da informação contábil utilizando o modelo de Basu (1997)
em cinco países da América do Sul (Argentina, Brasil, Colômbia, Peru e Venezuela).
Os resultados encontrados mostraram a baixa relação entre lucro corrente e
retorno corrente, indicando que nesses países, devido à relação entre modelos de
governança corporativa e relevância da informação contábil, em conjunto com o
ambiente institucional, a contabilidade não incorpora tão significativamente o retorno
econômico como nos países commom-law.
Apesar da baixa relação entre lucro e retorno, Costa (2004) constatou que o
reconhecimento dos resultados negativos é maior que o reconhecimento do retorno
como um todo, evidenciando conservadorismo nos resultados contábeis.
Corroborando com os estudos sobre conservadorismo no Brasil, Lopes (2001)
conclui que,
a característica de conservadorismo dos dados brasileiros são consistentes
com os primeiros resultados e com a literatura de governança corporativa
mostrando que uma ligação entre relevância da informação contábil e a
estrutura geral de governança corporativa é uma alternativa promissora de
pesquisa.
Na literatura brasileira pode-se encontrar o estudo realizado por Tukamoto
(2004), onde foi investigado se as características das normas contábeis influenciam
no nível de “gerenciamento” dos resultados praticados. O gerenciamento de
resultados (earnings management) pode ser praticado para aumentar ou diminuir os
lucros. Segundo Tukamoto (2004), o gerenciamento de resultados para aumentar ou
diminuir lucros busca atingir determinadas “metas” de referência que podem situar-
se acima ou abaixo do resultado do período.
35
4. HIPÓTESES DO TRABALHO
Atendendo a perspectiva de que a regulamentação contábil (US GAAP e BR
GAAP) infere na utilização do conservadorismo e na oportunidade do lucro contábil,
esta pesquisa apresenta as seguintes hipóteses a serem testadas nas empresas
listadas na Bovespa emissoras de ADRs para as ações preferenciais e ordinárias:
H
0a
: Os demonstrativos com configuração contábil em US GAAP
são mais conservadores que os demonstrativos com
configuração contábil em BR GAAP.
A primeira hipótese elaborada procura comparar o nível de utilização do
conservadorismo entre os GAAPs, a fim de procurar evidências de que a norma
contábil americana é mais conservadora que a norma contábil brasileira, tanto para
as ações preferenciais quanto para as ações ordinárias. Conforme discutido no
capítulo 2, existem várias diferenças na norma contábil entre o padrão brasileiro e
americano. Encontra-se na literatura internacional o estudo realizado por Pope e
Walker (1999), que ao investigar o GAAP americano e o GAAP inglês encontraram
evidências de que o conservadorismo é utilizado de maneira diferente, sendo maior
nas empresas americanas.
H
0b
: O lucro contábil em US GAAP incorpora mais
significativamente o retorno econômico (timeliness) que o
lucro contábil em BR GAAP.
A segunda hipótese elaborada se refere à oportunidade do lucro segundo o
lucro contábil na norma brasileira e americana para os retornos de abril e junho
respectivamente. Esta hipótese procura levantar evidências sobre a oportunidade da
informação contábil entre os GAAPs brasileiro e americano para as empresas
brasileiras. Pode-se encontrar na literatura pesquisas que evidenciaram uma baixa
relação entre o lucro contábil e retorno econômico em países Code-law, como
36
exemplo o estudo Ball, Kothari e Robim (1999), entretanto esta relação foi
estabelecida entre o retorno e o lucro segundo as normas do país origem.
H
0c
: A parcela não explicada pelo lucro contábil em BR GAAP
incorpora o retorno econômico (timeliness) de junho e o
reconhecimento assimétrico entre boas e más noticias.
A terceira hipótese foi estruturada com objetivo de levantar evidências de que
os ajustes realizados no lucro em BR GAAP para obter os demonstrativos contábeis
em US GAAP incorporam o conservadorismo e a oportunidade da informação
contábil. Costa (2005) investigou a relevância dos ajustes aos US GAAP nas
empresas emissoras de ADR e seus resultados identificaram que os ajustes são
relevantes para o mercado em relação ao patrimônio líquido, mas não no tocante ao
lucro líquido.
37
5. O MODELO
Neste capítulo são apresentados, a metodologia empregada, os
procedimentos de coleta e tratamento dos dados e a segregação das amostras.
5.1 Metodologia
Com a finalidade de reproduzir o trabalho de Basu (1997), utilizando como
amostra empresas brasileiras que emitiram ADR´s, esta pesquisa utilizará a
metodologia desenvolvida pelo autor, tendo como motivação o estudo realizado por
Costa (2004). O modelo de Basu (1997) permite estudar as variáveis lucro, retorno,
boas e más notícias. Conforme apresentado por Costa (2004) o modelo é dado com
as seguintes expressões:
P
Luc
it
it
1
=
α
0
+
α
1
D
it
+
α
2
P
RE
it
it
1
+
α
3
D
it
P
RE
it
it
1
+
ε
it
(2)
Onde:
Luc
it
= Lucro líquido (contábil) por ação da empresa i no ano t.
D
it
= Variável dummy, que será 1 se o retorno econômico for negativo e
zero nos demais casos.
RE
it
= Retorno econômico por ação da empresa i no ano t (
P
it
-
P
it 1
ajustado pelo pagamento de dividendos).
P
it 1
= Preço da ação da empresa i no final do ano anterior.
38
α
2
= Reflete a oportunidade do lucro contábil, ou seja, o reconhecimento do
retorno econômico pelo lucro contábil.
α
1
e
α
3
= Refletem o reconhecimento assimétrico do retorno econômico às
boas e más notícias, pelo lucro contábil.
ε
it
= Termo de erro da regressão.
De acordo com Basu (1997) a variável dummy é utilizada para verificar se o
lucro contábil é mais sensível aos resultados negativos que aos positivos. O
coeficiente
α
2
reflete o reconhecimento do retorno econômico pelo lucro tanto
positivo quanto negativo, enquanto
α
3
somente o resultado negativo.
Os parâmetros da regressão
α
1
e
α
3
são definidos como os coeficientes que
refletem o reconhecimento assimétrico do retorno econômico pelo lucro contábil, ou
seja, os coeficientes
α
1
e
α
3
refletem o conservadorismo.
Espera-se no modelo que os coeficientes
α
1
e
α
3
ao capturarem o
reconhecimento assimétrico entre boas e más notícias apresentarão sinal positivo
para
α
3
e sinal negativo para
α
1
. O coeficiente
α
3
positivo demonstra que o retorno
negativo multiplicado pelo intercepto positivo reflete o lucro negativamente.
Conforme critério utilizado por Basu (1997) as variáveis contábeis são
deflacionadas pelo preço da ação do final do ano anterior
(
)
P
it 1
para controle da
heterocedasticidade e do efeito escala.
Os coeficientes permitem responder a questão de pesquisa que é a de
verificar qual o nível de utilização do conservadorismo contábil e como o lucro
39
contábil incorpora o retorno econômico (timeliness) entre os demonstrativos com
configuração contábil em US GAAP e BR GAAP nas empresas brasileiras emissoras
ADRS, ou seja, se o reconhecimento dos resultados econômicos negativos estão
sendo incorporados pelo lucro contábil mais do que os resultados positivos.
5.2 Coleta e Tratamento de Dados
A população pesquisada neste trabalho consiste nas empresas de capital
aberto listadas na Bovespa que emitiram ADRs. O período pesquisado para coleta
de dados foi de dezembro de 1992 até junho de 2004. Apesar da primeira emissão
de ADR ser registrada em 1992 na Bolsa de Nova Iorque, optou-se por utilizar o
período compreendido entre 1999 a 2004 em função do reduzido mero de
observações anteriores a este período.
Identifica-se no período pesquisado um total de 35 empresas brasileiras que
negociaram ADRs na Bolsa de Nova Iorque. Da amostra foram excluídas as
companhias Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A e CPFL Energia S.A por terem
emitido ADRs no exercício de 2004. Portanto, não foi possível obter informações em
US GAAP; a amostra final compõe-se então por 33 companhias brasileiras.
As variáveis exigidas no modelo utilizado na pesquisa (modelo de Basu
1997), que são lucro líquido contábil por ação, retorno econômico e preço das
ações, foram retiradas da Bovespa, para as informações contábeis em BR GAAP e
da Bolsa de Nova Iorque, para as informações contábeis em US GAAP.
Para obtenção dos dados em BR GAAP, foi utilizado o software Economática,
abrangendo os seguintes parâmetros: balanços não consolidados, em moeda
40
original, ajustados por dividendos, anuais e em milhares. E para obtenção dos dados
em US GAAP, os mesmos foram extraídos diretamente dos Relatórios 20-F
depositados na SEC, através do site da Bolsa de Nova Iorque.
Para atender os objetivos da pesquisa e atendendo à composição acionária
do mercado brasileiro, optou-se por dividir a base de dados em quatro grupos de
amostras:
Amostra
Mercado
Ações Ações
Ordinárias Preferências
ON - BR GAAP PN - BR GAAP
ON - US GAAP PN - US GAAP
Figura 1: Classificação da amostra conforme tipo de Ação e GAAP
A justificativa em subdividir a amostra em ações preferenciais e ações
ordinárias deve-se ao fato de que o acionista pode possuir diferentes interesses
(controle ou dividendos), podendo a informação contábil impactar de maneira
diferente. Devido a este comportamento, Sarlo Neto (2004) sugere que ao relacionar
as variáveis lucro e retorno, as amostras sejam subdivididas em ações preferenciais
e ordinárias. Com objetivo de comprovar as hipóteses relacionadas, no capítulo 6
serão utilizadas seis regressões conforme modelo sugerido. Para o lucro em BR
GAAP com retorno em abril apresenta-se a seguinte regressão para as ações
preferenciais:
)3(
3210
1
εαααα
it
it
it
it
it
it
it
REpnabr
D
REpnabr
D
P
Lucbrpn
++++=
41
Onde:
Lucbrpn
it
= Lucro líquido contábil por ação preferencial da empresa i no ano t.
REpnabr
it
= Retorno da ação preferencial em abril após 4 meses do ano t.
P
it 1
= Preço da ação da empresa i no final do ano anterior.
Para as ações ordinárias em BR GAAP tem-se:
)4(
3210
1
εαααα
itit
it
it
it
it
it
REonabr
D
REonabr
D
P
Lucbron
++++=
Onde:
Lucbron
it
= Lucro líquido contábil por ação ordinária da empresa i no ano t.
REonabr
it
= Retorno da ação ordinária em abril após 4 meses do ano t.
P
it 1
= Preço da ação da empresa i no final do ano anterior.
Para o lucro em US GAAP com retorno em junho apresenta-se a seguinte
regressão para as ações preferenciais:
)5(
3210
1
εαααα
it
it
it
it
it
it
it
REpnjun
D
REpnjun
D
P
Lucuspn
++++=
Onde:
Lucuspn
it
= Lucro líquido contábil por ação preferencial da empresa i no ano t.
REpnjun
it
= Retorno da ação preferencial em junho após 6 meses do ano t.
42
P
it 1
= Preço da ação da empresa i no final do ano anterior.
Para as ações ordinárias em US GAAP tem-se:
)6(
3210
1
εαααα
it
it
it
it
it
it
it
REonjun
D
REonjun
D
P
Lucuson
++++=
Onde:
Lucuson
it
= Lucro líquido contábil por ação ordinária da empresa i no ano t.
REonjun
it
= Retorno da ação ordinária em junho após 6 meses do ano t.
P
it 1
= Preço da ação da empresa i no final do ano anterior.
Para testar a terceira hipótese desta pesquisa serão utilizados os resíduos da
regressão entre lucro contábil em US GAAP e lucro contábil em BR GAAP como
proxies para os ajustes realizados no lucro contábil brasileiro segundo as normas
americanas. Costa (2005) utiliza esta métrica para medir os ajustes aos US GAAP.
As regressões que utilizam os resíduos como proxies para os ajustes são as
seguintes:
)7(
3210
1
εαααα
it
it
it
it
it
it
it
REpnjun
D
REpnjun
D
P
Rsidpn
++++=
Onde:
Rsidpn
it
= Ajuste do lucro aos US GAAP por ação preferencial da empresa i
no ano t.
REpnjun
it
= Retorno da ação preferencial em junho após 6 meses do ano t.
43
P
it 1
= Preço da ação da empresa i no final do ano anterior.
Para as ações ordinárias em US GAAP tem-se:
)8(
3210
1
εαααα
it
it
it
it
it
it
it
REonjun
D
REonjun
D
P
Rsidon
++++=
Onde:
Rsidon
it
= Ajuste do lucro aos US GAAP por ação ordinária da empresa i no
ano t.
REonjun
it
= Retorno da ação ordinária em junho após 6 meses do ano t.
P
it 1
= Preço da ação da empresa i no final do ano anterior.
A escolha por utilizar a variável retorno de 4 meses após o encerramento do
exercício social para o lucro brasileiro e de 6 meses para o lucro americano tem
como objetivo assegurar a resposta do mercado para os retornos do fim do ano
fiscal, ou seja, a oportunidade da informação. Este procedimento foi o mesmo
adotado por BASU (1997).
Optou-se por utilizar a metodologia de Panel Data, que permite capturar o
comportamento das variáveis tanto na dimensão temporal quanto na espacial.
Segundo Baltagi (apud DAHER, 2004, p. 48-49) uma série de benefícios são
oferecidos por esta técnica:
Controle para heterogeneidade individual;
Utilização de dados com mais poder de informação, maior
variabilidade, menor colinearidade entre as variáveis, mais graus de
liberdade e mais eficiência estatística;
Melhores condições para se estudar as dinâmicas de ajustamento;
44
Permitem identificar e medir efeitos não detectáveis através de
cortes transversais e séries temporais isoladamente;
Os vieses resultantes da agregação de dados são eliminados;
Após todos os procedimentos adotados para obtenção de dados as amostras
apresentam 118 observações para as ações preferenciais e 110 observações para
as ações ordinárias.
Após a escolha do modelo de regressão (Panel data) que considera efeitos
constantes, fixos e aleatórios, deve-se adotar um teste estatístico para a definição do
efeito a ser utilizado no modelo. O teste utilizado é o Breusch & Pagan (1980) para
todas as regressões e a partir da realização do teste foi escolhido o efeito Fixo.
De posse dos dados extraídos, foram levantadas as seguintes medidas
estatísticas sobre as principais variáveis do modelo:
TABELA 1: Estatística Descritiva
Variáveis Média Médiana Máximo Mínimo Desvio-padrão
Lucbrpn 0.1127 0.0652 2.8561 -0.9124 0.3189
Lucbron 0.1206 0.0763 1.9041 -0.9722 0.2912
Lucuspn 0.1070 0.0688 1.8185 -1.6104 0.3275
Lucuson 0.1234 0.0777 3.6371 -1.7159 0.4441
REpnabr 0.0959 -0.0683 4.1964 -0.9994 0.6655
REonabr 0.1852 -0.0409 7.4578 -0.9995 0.9310
REpnjun 0.1130 -0.0165 2.1824 -0.9995 0.5865
REonjun 0.1280 0.0275 2.1134 -0.9995 0.5498
Rsidpn 0.0022 0.0017 0.9089 -0.9801 0.2065
Rsidon 0.0059 0.0134 1.4470 -1.6096 0.2399
Observando a estatística descritiva das variáveis envolvidas na pesquisa
pode-se refletir sobre importantes informações. A relação entre a dia e desvio-
padrão evidenciam um cenário de alta volatilidade em decorrência do mercado de
45
capitais brasileiro e do ambiente econômico. Estas informações corroboram com os
achados no trabalho de Sarlo Neto (2004).
6. ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste item encontram-se comentados os resultados do teste empírico
aplicados à amostra selecionada. As tabelas 2, 3, e 4 apresentam os resultados das
regressões :
A tabela 2 apresenta os resultados das regressões para o conservadorismo e
a oportunidade do lucro contábil segundo as normas contábeis brasileiras:
TABELA 2: Estatística de regressão para lucro contábil segundo as normas brasileiras.
Lucbrpn
it
= α
0
+ α
1
D
it
+ α
2
REpnabr
it
+ α
3
D
it
REpnabr
it
+ ε
it
P
it-1
Coeficientes Estatistica-t P-value
0.0694 1.2295 0.2223
-0.0874 -0.9451 0.3473
0.1219 1.8389*** 0.0695
-0.5846 -2.1400** 0.0352
R-quadrado Ajustado 0.1580
Nº Observações 118
Lucbron
it
= α
0
+ α
1
D
it
+ α
2
REonabr
it
+ α
3
D
it
REonabr
it
+ ε
it
P
it-1
Coeficientes Estatistica-t P-value
0.1076 2.2671 0.0262
0.1361 0.1608 0.8727
0.0972 2.6798* 0.0090
0.0737 0.3187 0.7508
R-quadrado Ajustado 0.2616
Nº Observações 110
Onde: *, **, *** Estatisticamente significante ao nível de 1%, 5% e 10% respectivamente
Painel B (ORDINÁRIAS)
Painel A (PREFERENCIAIS)
α
2
α
3
α
2
α
3
α
1
α
1
α
0
α
0
46
A tabela 2 indica que o lucro líquido na norma contábil brasileira incorpora
significativamente o retorno econômico de abril, onde o coeficiente
α
2
que mede a
oportunidade do lucro é positivo e estatisticamente significante ao nível de 10% para
as ações preferenciais e 1% para as ações ordinárias. O coeficiente
α
2
positivo
revela uma relação direta entre lucro e retorno. Analisando as regressões observa-
se que o lucro líquido na norma brasileira é mais oportuno para as ações ordinárias
do que para as ações preferenciais. Isto pode estar relacionado com o trabalho de
Costa (2005), que constatou que o lucro líquido apresenta maior relevância para os
acionistas ordinários, em comparação aos preferenciais. Os acionistas ordinários
teriam maior foco na companhia sob sua direção, dado que são estes que possuem
direito a voto nas deliberações sociais.
Quanto aos coeficientes que medem o conservadorismo contábil,
α
1
e
α
3
,
apresentam-se estatisticamente significantes apenas nas ações preferenciais.
Todavia, o coeficiente
α
3
apresenta sinal negativo, portanto o se encontra
evidências de reconhecimento assimétrico em ambas amostras.
Os resultados encontrados corroboram em parte com a pesquisa de Costa
(2004), que evidenciou conservadorismo nas empresas brasileiras com ações na
Bovespa. Todavia, sua pesquisa envolve todas as empresas da Bolsa de Valores de
São Paulo.
A tabela 3 apresenta os resultados das regressões para o conservadorismo e
a oportunidade do lucro contábil segundo as normas contábeis americanas:
47
TABELA 3: Estatística de regressão para lucro contábil segundo normas americanas.
Lucuspn
it
= α
0
+ α
1
D
it
+ α
2
REpnjun
it
+ α
3
D
it
REpnjun
it
+ ε
it
P
it-1
Coeficientes Estatística-t P-value
0.0306 0.5080 0.6128
0.0751 0.8231 0.4128
0.1854 2.1938** 0.0310
-0.0999 -0.3921 0.6960
R-quadrado Ajustado 0.2034
Nº Observações 118
Lucuson
it
= α
0
+ α
1
D
it
+ α
2
REonjun
it
+ α
3
D
it
REonjun
it
+ ε
it
P
it-1
Coeficientes Estatística-t Probabilidade
0.0074 0.0783 0.9378
0.3705 2.2311** 0.0285
0.2008 1.4328 0.1559
0.6486 1.4924 0.1396
R-quadrado Ajustado 0.1035
Nº Observações 110
Onde: *, **, *** Estatisticamente significante ao nível de 1%, 5% e 10% respectivamente
Painel D (ORDINÁRIAS)
Painel C (PREFERENCIAIS)
α
2
α
3
α
2
α
3
α
1
α
1
α
0
α
0
A tabela 3 indica que o lucro líquido na norma contábil americana não
incorpora significativamente o retorno econômico de junho para ações ordinárias,
apesar do coeficiente
α
2
ser positivo apresenta-se como não estatisticamente
significante. Para o lucro líquido na norma contábil americana para as ações
preferenciais a significância estatística apresenta um coeficiente a um nível de 5%.
Quanto aos coeficientes que medem o conservadorismo contábil,
α
1
e
α
3
,
não apresentam-se estatisticamente significantes para a amostra com ações
preferenciais, enquanto que para as ações ordinárias o coeficiente
α
1
apresenta-se
estatisticamente significante a um nível de 5%. Todavia, o coeficiente
α
1
é positivo,
contrariando os resultados esperados pelo modelo.
48
Sendo assim, não podemos inferir que o nível de utilização do
conservadorismo é maior para os demonstrativos com configuração contábil em US
GAAP para as empresas pesquisadas.
Estes resultados podem estar relacionados ao trabalho de Tukamoto (2004),
que ao investigar se existem diferenças no nível de gerenciamento de resultados
entre as companhias que emitiram ADRs e as que o emitiram, não foi possível
encontrar nenhuma evidência que revelasse a existência de diferenças na qualidade
informacional entre as demonstrações contábeis segundo as normas brasileiras e
americanas.
Ao analisar como o lucro contábil incorpora o retorno econômico nos
demonstrativos em BR GAAP e US GAAP nas empresas pesquisadas, pode-se
inferir que o lucro contábil em BR GAAP incorpora o retorno econômico mais
significativamente. Isto pode estar relacionado à divulgação dos resultados
contábeis pela norma brasileira, que são publicados até abril, ou seja, dois meses
antes dos resultados em US GAAP que são publicados em junho. O mercado pode
estar antecipando o retorno de junho com a divulgação dos resultados na norma
brasileira em abril.
Outro fator seria o de que as empresas utilizadas na amostra possuem
controle acionário concentrado, ou seja, os controladores detêm informação
privilegiada, podendo conhecer os resultados antecipadamente.
Por meio da análise do
R
2
ajustado pode-se avaliar o poder de explicação do
modelo proposto. Observa-se que o
R
2
ajustado é maior na amostra com as
variáveis contábeis na norma contábil brasileira do que na norma contábil americana
49
para as ações ordinárias conforme apresentado nas tabelas 2 e 3. Entretanto para
as ações preferenciais o poder de explicação é menor. Para o lucro contábil em BR
GAAP o
R
2
ajustado varia entre 16% e 26% para as ações preferenciais e
ordinárias respectivamente, enquanto que o lucro contábil em US GAAP
R
2
ajustado varia entre 20% e 10%.
TABELA 4: Estatística de regressão para ajuste aos US GAAP (resíduo).
Rsidpn
it
= α
0
+ α
1
D
it
+ α
2
REpnjun
it
+ α
3
D
it
REpnjun
it
+ ε
it
P
it-1
Coeficientes Estatistica-t Probabilidade
-0.0298 -0.6365 0.5262
0.1149 1.6190 0.1092
0.0985 1.4982 0.1378
0.2924 1.4744 0.1441
R-quadrado Ajustado 0.0000
Nº Observações 118
Rsidon
it
= α
0
+ α
1
D
it
+ α
2
REonjun
it
+ α
3
D
it
REonjun
it
+ ε
it
P
it-1
Coeficientes Estatistica-t Probabilidade
-0.0380 -0.5721 0.5690
0.0738 0.6298 0.5308
0.0529 0.5421 0.5894
-0.0071 -0.0236 0.9812
R-quadrado Ajustado 0.0000
Nº Observações 110
Onde: *, **, *** Estatisticamente significante ao nível de 1%, 5% e 10% respectivamente
Painel F (ORDINÁRIAS)
Painel E (PREFERENCIAIS)
α
2
α
3
α
2
α
3
α
1
α
1
α
0
α
0
A tabela 4 indica que o resíduo da regressão (ajuste aos US GAAP) entre o
lucro líquido nas normas contábeis americanas e brasileiras não incorpora
significativamente o retorno econômico de junho, onde o coeficiente
α
2
, que mede
a oportunidade do lucro não é estatisticamente.
50
Os coeficientes que medem o conservadorismo contábil,
α
1
e
α
3
, não o
estatisticamente significantes para as ações preferenciais e ordinárias, além disso, o
poder de explicação da regressão (
R
2
) ajustado é nulo.
Comparando as amostras de ações com lucro contábil em BR GAAP e lucro
contábil em US GAAP, não se pode afirmar que existe um nível maior de utilização
do conservadorismo por parte das normas americanas, ou seja, com as evidências
encontradas rejeita-se a hipótese de que os demonstrativos contábeis em US GAAP
são mais conservadores que os demonstrativos contábeis em BR GAAP nas
companhias listadas na Bovespa com ADRS negociadas na NYSE.
A segunda hipótese desta pesquisa relata que o lucro contábil em US GAAP
incorpora mais significativamente o retorno econômico (timeliness) de junho do que
o lucro contábil em BR GAAP incorpora o retorno econômico de abril. De acordo
com os resultados apresentados pelas amostras rejeita-se a hipótese fundamentada.
Para as ações preferenciais em US GAAP o coeficiente que mede a oportunidade do
lucro contábil é estatisticamente significante a um nível de 5% enquanto que para as
ações ordinárias o coeficiente não é estatisticamente significante. Isto pode ser
explicado pelo fato de que o retorno pode estar sendo antecipado quando da
divulgação dos resultados em BR GAAP em abril, ou seja, como o acionista
controlador divulga os resultados em BR GAAP de abril se conhece os resultados
em US GAAP de junho.
Ao testar a terceira hipótese pode-se observar que os ajustes aos US GAAP
apresentam coeficientes não estatisticamente significantes para a oportunidade da
informação contábil e o reconhecimento assimétrico entre boas e más notícias, além
disso o poder explicativo da regressão é nulo. Os ajustes aos US GAAP não
51
capturaram o conservadorismo e a oportunidade da informação contábil. A alta
concentração acionária pode ser a razão pela qual o modelo não captura o
conservadorismo e a oportunidade do lucro. Rejeita-se a terceira hipótese
fundamentada, não se pode afirmar que a parcela não explicada pelo lucro contábil
em BR GAAP incorpora o retorno econômico de junho e o reconhecimento
assimétrico entre boas e más notícias.
Foram realizadas análises dos pressupostos estatísticos para a regressão
múltipla aplicada na pesquisa. De acordo com o teste F pelo menos uma das
variáveis explicativas exerce influência no modelo. A análise dos coeficientes,
através do teste t de Student, apresenta a significância de cada um. O poder de
explicação de cada regressão foi avaliado por meio da estatística
R
2
- ajustado.
52
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA FUTURAS
PESQUISAS
O presente estudo buscou investigar, empiricamente, o nível de utilização do
conservadorismo e a oportunidade do lucro nos demonstrativos contábeis segundo
as normas brasileiras e americanas nas companhias brasileiras que negociaram
ADRs. Espera-se que este estudo venha fomentar as pesquisas que investigam o
nível de utilização do conservadorismo no mercado acionário brasileiro como um
todo gerando evidências sobre o comportamento da informação contábil a fim de
auxiliar os investidores e analistas de mercado no processo decisório.
Esperava-se nas três hipóteses desenvolvidas para responder esta pesquisa,
em suma, que o lucro contábil em US GAAP apresentasse maior nível de utilização
do conservadorismo que o lucro em BR GAAP conforme as empresas da amostra
pesquisada, bem como a oportunidade do lucro contábil fosse capturada entre
ambos os GAAPs, sendo maior nos demonstrativos contábeis segundo as normas
americanas.
As evidências encontradas não confirmam as hipóteses, portanto não se pode
afirmar que existe um nível maior de utilização do conservadorismo por parte das
normas americanas, nas empresas brasileiras emissoras de ADRS. Embora estudos
internacionais evidenciem a existência de um maior nível de utilização do
conservadorismo por parte das normas contábeis americanas, no presente estudo
não é possível esta constatação.
Os coeficientes que refletem o reconhecimento assimétrico do retorno
econômico pelo lucro contábil não são estatisticamente significativos para as ações
ordinárias. Uma das razões que podem explicar em parte a não existência de
53
diferenças na utilização do nível de conservadorismo entre os GAAP´s pode estar
relacionada ao trabalho de Tukamoto (2004), onde se encontra evidências de que o
nível de gerenciamento dos resultados (earnings management) das empresas
brasileiras com ADRs, mesmo em US GAAP, são similares aos de empresas que
não possuem.
Os resultados geraram indícios de que o lucro contábil segundo as normas
brasileiras é mais oportuno que nas normas americanas. Isto pode estar relacionada
à divulgação dos resultados contábeis pela norma brasileira, que são publicados até
abril, diferentemente dos resultados nas normas americanas, que são publicados em
junho. O mercado pode estar antecipando o retorno de junho com a divulgação dos
resultados, nas normas brasileiras, em abril.
Assim, diante dos resultados encontrados pode-se inferir que o
conservadorismo contábil para as empresas brasileiras pode não estar no GAAP, os
instrumentos de governança corporativa podem ser fatores que contribuam para o
nível de utilização do conservadorismo.
A não variabilidade de utilização do conservadorismo entre as GAAP´s das
empresas com ADR´s pode estar relacionada ao Gerenciamento de Resultados, ou
seja, os resultados segundo o GAAP americano não apresentaram um nível de
utilização de conservadorismo muito diferente do GAAP brasileiro. Isto pode estar
relacionado com o trabalho de Martinez (2001) que encontrou evidências que as
empresas que lançam ADR´s promovem Gerenciamento de Resultados para
aumentar lucros um ano antes da emissão.
Os problemas de agência podem estar neutralizando o efeito de
conservadorismo. Todavia, um fator crítico para análise dos resultados e a
54
exposição de conclusões foi a pouca quantidade de dados, apesar da amostra ser
considerada representativa.
Sugere-se para novas pesquisas investigar a utilização do conservadorismo
entre as empresas brasileiras emissoras e não emissoras de ADRs, nas empresas
que praticam gerenciamento de resultados, em setores específicos da economia,
entre empresas brasileiras com maior e menor grau de liquidez e endividamento,
bem como a influência da governança corporativa e o impacto dos problemas de
agência, através de proxies tais como a forma de remuneração, no conservadorismo
e na oportunidade da informação contábil. Uma nova linha interessante de pesquisa
é a avaliação do nível de conservadorismo pelo modelo de Basu (1997) entre
empresas com maiores e menores Market to Book.
55
8. REFERÊNCIAS
ABOODY, David. & LEV Baruch. The value-relevance of intangibles: the case of
software capitalization. Sep. 1998.
BALL. R. J. and BROWN. An empirical evaluation of accounting icome numbers.
Journal of Accounting Research, Vol. 6, p.159-178, Autumn 1968.
BALL, R.; KOTHARI, S. P; ROBIN, A. The effect of international institutional factors
on properties of accounting earning. Ago. 1999.
BASU, S. The conservantism principle and the asymmetic timeliness of earnings.
Journal of Accounting and Economics, n.24, p. 3-37, 1997.
BUSHMAN, R. M. and PIOTROSKI, J. D. Financial reporting incentives for
conservative accounting: The influence of legal and political institutions. Forthcoming
Journal of Accounting and Economics, January 2005. Disponível em:
<http://papers.ssrn.com/> Acesso em: 20 abr. 2005.
COSTA, Alessandra. C. de Oliveira. Conservadorismo e os Países da América do
Sul: um Estudo da Aplicação do Conservadorismo em Cinco Países da América do
Sul, 2004. Dissertação (Mestrado profissional em Ciências Contábeis) Fundação
Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças, FUCAPE,
Vitória.
COSTA, Fábio Moraes da. Ajustes aos US GAAP: estudo empírico sobre sua
relevância para empresas brasileiras com ADRS negociados na bolsa de Nova
Iorque. 2005. Tese (Doutorado em Controladoria e Contabilidade) Departamento
56
de Contabilidade e Atuaria da Faculdade de Economia, Administração e
Contabilidade da Universidade de São Paulo, USP, São Paulo, 2005.
DAHER, Cecílio Elias. Testes Empíricos de Teorias Alternativas sobre a
Determinação da Estrutura de Capital das Empresas Brasileiras. Dissertação
(Mestrado em Ciências Contábeis) Programa multiinstitucional e Inter-Regional de
Pós-Graduação em Ciências Contábeis – UnB, UFPB, UFPE, UFRN, Brasília, 2004.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996.
GREENE, William H. Econometric Analysis. 3rd ed. Prentice Hall, New Jersey: 1997.
1075 pp.
LOPES, A. B. Uma contribuição ao Estudo da Revelância da Informação
Contábil para o Mercado de Capitais: O modelo de Ohlson Aplicado à BOVESPA.
2001. Tese (Doutorado em Controladoria e Contabilidade) Departamento de
Contabilidade e Atuaria, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade,
Universidade de São Paulo.
LOPES, Alexsandro Broedel. A Informação Contábil e o Mercado de Capitais.
São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.
LOPES, A. B. e MARTINS, E. Teoria da contabilidade: uma nova abordagem. São
Paulo: Atlas, 2005.
HENDRIKSEN, Eldon S. e VAN BREDA, Michel. Teoria da contabilidade. Tradução
Antonio Zoratto Sanvicente. São Paulo: Atlas, 1999.
MARTINEZ, Antônio Lopo. “Gerenciamento” dos resultados contábeis: estudo
empírico das companhias abertas brasileiras. São Paulo, 2001. Tese (Doutorado em
Ciências Contábeis) – Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis,
57
Departamentos de Contabilidade e Atuaria, Faculdade de Economia, Administração
e Contabilidade da Universidade de São Paulo.
MARTINS, Gilberto Andrade. Manual de elaboração de monografias e
dissertações. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2000.
PENMAN, H. S.; ZHANG, X. Accounting conservantism, the Quality of Earning, and
Stock Returns. Dez.1999. Disponível em: <http://papers.ssrn.com/> Acesso em: 20
abr. 2005.
POPE, P. F.; WALKER, M. International Differences in the Timeliness,
Conservantism and Classication of Earnings. Journal of Accounting Research,
supplement to vol. 37, p. 503-87, 1999.
SARLO NETO, Alfredo. A Reação dos Preços das Ações à Divulgação dos
Resultados Contábeis: Evidências Empíricas Sobre a Capacidade Informacional da
Contabilidade no Mercado Acionário Brasileiro. Dissertação [Mestrado Profissional
em Ciências Contábeis]. Vitória Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em
Contabilidade, Economia e Finanças, 2004.
SCHMIDT, P. História do pensamento contábil. Porto Alegre: Bookman, 2000.
SILVEIRA, Alexandre Di Miceli da. Governança Coporativa, Desempenho e Valor
da Empresa no Brasil [Mestrado em Controladoria e Contabilidade]. São Paulo
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São
Paulo, 2002.
TUKAMOTO, Yhurika Sandra. Contribuição ao Estudo do “Gerenciamento” de
Resultados Uma Comparação entre as Companhias Abertas Brasileiras
Emissoras de ADRs e Não Emissoras de ADRs. Dissertação [Mestrado em
58
Controladoria e Contabilidade]. São Paulo Faculdade de Economia, Administração
e Contabilidade da Universidade de São Paulo, 2004.
WATTS, R. L. A proposal for Research on Conservantism. Maio 1993. Disponível em
<http://papers.ssrn.com/> . Acesso em: 20 abr. 2005.
WATTS, R. L. Conservantism in Accounting. December 2002. Disponível em
<http://papers.ssrn.com/> . Acesso em: 20 abr. 2005.
VAN TENDELOO, Brenda & VANSTRAELEN, Ann. Earnings Management under
German GAAP versus IFRS. Working Paper, Universiteit Antwerpen; Universiteit
Maastricht, 44pp., 2004.
59
ANEXO A - LUCRO POR AÇÃO EM BR GAAP E US GAAP
60
61
62
63
ANEXO B - RETORNO ABRIL E JUNHO
64
65
66
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo