No final do século XIX as calamidades públicas e epidemias constantes
forçaram o desenvolvimento de pesquisas na área da saúde pública. Em 1899, a peste
bubônica originou a criação do Instituto Soroterápico que, por precaução, foi
instalado na fazenda do Butantã em São Paulo, longe da população. Como a doença
poderia se alastrar para o Rio de Janeiro, em 1900 foi criado o Instituto Soroterápico
Municipal, na fazenda de Manguinhos, também longe do perímetro urbano. Estas
instituições, conhecidas atualmente como Instituto Butantã de São Paulo e Instituto
Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro, ultrapassaram todos os seus objetivos iniciais e se
tornaram centros de excelência no país.Interessante notar como a ciência no Brasil,
desde a sua origem, esteve associada à saúde. As demais ciências, que não estavam
associadas às pesquisas na área da saúde, tiveram um início muito tímido, como diz
José Leite Lopes:
A matemática, a física, a química, sem terem calamidades públicas a debelar,
ficaram reduzidas a cursos nas escolas profissionais superiores – na Academia
Real Militar, de 1810, na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, em que se
transformou em 1874, na Escola de Minas de Ouro Preto, de 1875, e na
Escola Politécnica de São Paulo, fundada em 1896. E os poucos
pesquisadores nesse domínio, que surgiram até algumas décadas atrás, não
tiveram meios nem ambiente para estimular uma tecnologia local capaz de
estudar problemas que pudessem interessar ao desenvolvimento nacional.
(LOPES,1998, p.67)
Em 1920, a partir da união dos cursos superiores já existentes no Rio de
Janeiro, foi criada a Universidade do Rio de Janeiro. No ano de 1935, o Diretor de
Instrução do Distrito Federal, Anísio Teixeira, criou a Universidade do Distrito
Federal que, por razões políticas, foi extinta em 1939 e teve seus cursos transferidos
para a Universidade do Brasil, antiga Universidade do Rio de Janeiro que, em
5/11/1965, em função da Lei 4.831, passou a ser chamada Universidade Federal do
Rio de Janeiro. Durante a Nova República (1930-1964), o sistema de universidades
públicas federais foi consolidado com a criação de 22 universidades.
As universidades sofreram com os governos militares após a tomada do poder
em 1964, e segundo o livro editado pela Capes, A Educação Superior no Brasil: “...as
universidades públicas, consideradas verdadeiros centros de subversão, sofreram um
processo de “limpeza ideológica”, por meio das cassações de professores” (SOARES,
2002, p.40). Por outro lado, os militares reconheciam a importância do
desenvolvimento científico e tecnológico e incentivaram, principalmente nas
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