que as expressa. Essa emoção que a arte origina no indivíduo converter-se-á em parte de
sua vida ativa posteriormente e indelevelmente (ABBAGNANO, 2003).
A estética medieval, por sua vez, receberia sua essência do mundo grego, árabe,
hebraico e cristão, porém convertendo-a numa visão transcendental, na qual a função
estética seria uma intuição humana advinda das sensações, porém criada por meio da
iluminação divina. Desse modo, a beleza formal é uma maneira de aproximar o homem de
Deus, e a beleza integral é a união do belo e do bem. Nessa época, Santo Agostinho,
conforme observa Gennari (1997), já admitia a subjetividade da sensação, pois o sujeito
interpreta o mundo mediante as sensações, segundo seus próprios sistemas de informações.
Todavia, as verdades intuídas pelo intelecto eram tidas como criadas pela iluminação
divina, fundamento absoluto de toda a verdade humana.
No Renascimento, em virtude de intensas mudanças, como o aprimoramento da
ciência, os descobrimentos, a organização das cidades e o mercantilismo, entre outras, o
homem passou a ocupar o centro da estética dita humanístico-renascentista. A estética
renascentista procura fundir as dicotomias apresentadas - teoria e prática, ciência e arte, a
mística platônica e a razão aristotélica, o universal e o particular - fundando-se, sobretudo,
numa idéia nascente de modernidade. Posteriormente, no período barroco, haveria um
retorno ao caos das emoções e do simbólico em contraposição ao racionalismo
renascentista. Abarcando a Contra-Reforma, com Descartes, Newton, Rubens, Spinoza,
Shakespeare, Bach e outros, a visão estética pretendia promover o impacto através das
formas, das luzes, sons e cores. Sua intenção era a busca da originalidade, o simbolismo, o
ilusionismo e o retorno ao mitológico. (GENNARI, 1997).
O século XVIII contrapôs-se a essa profusão barroca inaugurando a estética
moderna e a primeira teoria filosófica sobre a educação estética. Isso ocorreu com
Baumgarten (1960), que utilizou o termo “ estética” pela primeira vez para assinalar o
conhecimento sensível, a doutrina da arte que inclui o mundo das imagens, atendo-se ao
seu valor poético e propedêutico. Baumgarten propunha a existência de uma “ doutrina do
sensível
”
, ou seja, um sistema de saberes diferente do saber lógico. O clima iluminista
favoreceu suas proposições, ainda que essa visão atribua um sentido demasiado intelectual
à experiência estética, considerando a beleza como uma construção objetiva do mundo,
percebida por meio da razão humana. É admitida, porém, uma zona de conhecimento
confusa, relativa a coisas que são obscuras, apesar da clareza evidente de sua
representação, como a arte e a poesia. Baumgarten identificou, já nessa época, um dos