Segundo Sartori (1997, p.43), as características da Internet são positivas
quando se busca adquirir novas informações e conhecimentos, mas afirma que a maioria dos
usuários não quer isso.
A paidéia do vídeo promete promover para a Internet analfabetos culturais que
irão esquecer rapidamente o pouco que foram obrigados a aprender na escola, e
portanto analfabetos culturais que matarão o tempo na Internet, um tempo vazio
na companhia de “almas gêmeas” esportivas, eróticas, ou entretidos em pequenos
hobbies.
(SARTORI, 1997, p.43).
Umas das posições mais negativas é a de Virílio (1999, p.73) sobre a crise
de sociabilidade gerada pela tecnologia digital.
Com o iletrismo e o analfabetismo, delineia-se a época dos micros silenciosos, do
telefone mudo, não mais em pane técnica, mas em pane de sociabilidade, porque
logo não teremos mais nada a nos dizer, nem realmente tempo de dizer – pois,
antes de tudo, não saberemos mais como fazer para escutar ou dizer alguma coisa,
assim como já não sabemos bem o que escrever, apesar da revolução do fax, que
deveria, por assim dizer, reativar a atividade epistolar.
(VIRILIO, 1999, p.73)
Virílio (1999, p.74) é tão crítico em sua visão a respeito desse assunto, que
afirma que, depois da extinção da multiplicidade de dialetos das tribos e das famílias em
proveito da linguagem acadêmica, há agora a aniquilação da palavra, “desaprendida em
proveito do vocabulário global do e-mail”. Na opinião do autor, pode-se agora imaginar “uma
vida planetária tornando-se progressivamente uma história sem palavras, um cinema mudo,
um romance sem autor, quadrinhos sem balão....”
Na virada do século XX para o século XXI, o universo da comunicação e da
informação está radicado no espaço da pós-modernidade, livre mercado, livre
competição, marketização, estetização, virtualidade, niilismo, transcomunicação,
laissez-faire, laissez-passer, pastiche, rede, ultraliberalismo, just in time, razão
cínica, globalismo, supernada, pluralidade, cibertecnologias, hedonismo,
velocidade, presenteísmo, simulacro, localismo, orgia semiótica, pós-história e
fundamentalismos. (...) Essa é uma era caracterizada por mutações, hiper-
discursos e metalinguagens. É o espaço da anomia, da crise do sentido, dos vazios
teóricos e, ao mesmo tempo, ambiguamente, do avanço da tecnologia, da
transnacionalidade da cultura e da economia e da absolutização da ciência.
(MELO, PERUZZO, KUNSCH, 2003, p.28)
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