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FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
ESCOLA DE ADINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO
SÉRGIO RICARDO GOES OLIVEIRA
CONSÓRCIOS DE EXPORTAÇÃO DE PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS EM
MODA PRAIA LOCALIZADOS EM ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS –
APRENDIZADO E RESULTADOS MERCADOLÓGICOS
SÃO PAULO
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1
2006
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
ESCOLA DE ADINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO
SÉRGIO RICARDO GOES OLIVEIRA
CONSÓRCIOS DE EXPORTAÇÃO DE PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS EM
MODA PRAIA LOCALIZADOS EM ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS –
APRENDIZADO E RESULTADOS MERCADOLÓGICOS
Tese apresentada à Escola de Administração de
Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas,
como requisito parcial para obtenção do título de
Doutor em Administração de Empresas.
Campo de conhecimento: Administração
Mercadológica
Orientador: Marcos Henrique Nogueira Cobra
SÃO PAULO
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2006
SÉRGIO RICARDO GOES OLIVEIRA
CONSÓRCIOS DE EXPORTAÇÃO DE PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS EM
MODA PRAIA LOCALIZADOS EM ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS –
APRENDIZADO E RESULTADOS MERCADOLÓGICOS
Tese apresentada à Escola de Administração de
Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas,
como requisito parcial para obtenção do título de
Doutor em Administração de Empresas.
Campo de conhecimento: Administração
Mercadológica
Data da aprovação:
___/___/______
Banca Examinadora:
__________________________________________
Prof. Dr. Marcos Henrique Nogueira Cobra
(orientador) EAESP/FGV
__________________________________________
Prof. Dr. Adriano Leal Bruni
Universidade de Salvador
__________________________________________
Prof. Dr. Luis Henrique Pereira
EAESP/FGV
__________________________________________
Prof. Dr. Horácio Nelson Hastenreiter
SECTI-BA
__________________________________________
Prof. Dr. Sérvio Túlio Prado Junior
EAESP/FGV
3
AGRADECIMENTOS
Primeiramente aos meus pais pelos ensinamentos e valores essenciais que guiaram minha
caminhada até o presente momento. Aos meus avós pela lições de vida.
Ao Prof. Dr. Ricardo Fasti que iniciou meu processo de orientação e que por força do destino
saiu durante o processo. Sua contribuição foi importante para construção da agenda de
pesquisa.
Ao Prof. Dr. Marcos Henrique Nogueira Cobra pela adoção e orientação na fase final dessa
tese. Sua generosidade e presteza merecem registro e um profundo agradecimento.
Aos funcionários da EAESP/FGV, especialmente àqueles que desde minha graduação
contribuíram com orientação, presteza e carinho. Principalmente à Mari (secretaria), Isolete
(NPP da iniciação científica até esse momento) e tantos outros que peço desculpas por não
poder mencionar a todos.
A Horácio Nelson Hastenreiter pela ajuda no acesso a dados, pessoas e fontes de pesquisa,
mas fundamentalmente por sua amizade sincera e irrestrita.
A Ana Paula Varandas pelo apoio e amizade durante esse processo e a equipe das FJA.
Aos meus irmãos Diogo, Jorge e Malu.
Aos amigos Ivo Cardoso e Romana D’ Angelis pelo apoio e ajuda.
À Patrícia Leitão Silva pelo amor e carinho.
4
RESUMO
A presente tese tem com foco central de investigação a governança dos canais de marketing
por pequenas e médias empresas (PMEs), sob a ótica dos Arranjos Produtivos Locais (APLs).
A partir das evidências teóricas a questão de pesquisa aborda a existência de evidências da
geração de avanços mercadológicos por conta das empresas engajadas no processo de
cooperação. Optou-se por um trabalho empírico com orientação qualitativa. Foram
selecionados para a amostra de pesquisa, casos de consórcios de moda praia localizados em
APLs. Através do levantamento de dados empíricos, pode-se coletar evidências que
corroboram as externalidades positivas da cooperação entre empresas na modalidade de
consórcios. Entretanto, os resultados da pesquisa não podem ser considerados como
totalmente conclusivos. Desse modo sugere-se ao final do trabalho uma série de possíveis
direções de novas pesquisas sobre o tema que é ainda muito recente e pouco conhecido.
Palavras-chave: Micro e Pequenas Empresas; Arranjos Produtivos Locais; Cooperação;
Canais de Marketing.
5
ABSTRACT
The present thesis has with central focus of inquiry the governance of the marketing Channels
of Small and Medium Enterprises (SMEs), under the optics of the Local Productive
Arrangements (LAP). From the theoretical evidences the research question approaches the
existence of evidences of the generation of marketing advances for account of the companies
engaged in the cooperation process. It was opted to an empirical work with qualitative
orientation. They had been selected for the sample of research, cases of trusts of located
fashion beach in Local Productive Arrangements. Through the empirical data-collecting, it
can be collected evidences that corroborate the positive externalities of the cooperation
between companies in the modality of trusts. However, the results of the research cannot be
considered as total conclusive. In this way it is suggested the end of the work a series of
possible directions of new research on the subject that still recent and little is very known.
Key-words: Small and Medium Enterprises; Clusters; Cooperation; Marketing Chanells.
6
LISTA DE ESQUEMAS
Esquema 1 – “Diamante” – Fontes das vantagens competitivas da localização 35
Esquema 2 – A teoria da vantagem comparativa da competição 61
Esquema 3 – Cadeia de Valor 73
Esquema 4 – Estrutura da cadeia têxtil 97
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Ciclo de Vida do Cluster em cinco fases 49
Figura 2 – Elementos da distância psíquica 72
Figura 3 – Fluxograma do processo industrial numa empresa de confecções 99
8
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Perspectivas teóricas das relações interorganizacionais 18
Quadro 2 – Tipologia de rede de empresas 29
Quadro 3 – Diferentes Definições de Clusters 31
Quadro 4 – Fontes da Vantagem Competitiva da Localização 35
Quadro 5 – Ciclo de Vida do Cluster 49
Quadro 6 Relação entre Cluster e Pobreza: efeitos esperados das intervenções do
programa de desenvolvimento de cluster da UNIDO 54
Quadro 7 – Tipos de estrutura de governança e suas características 56
Quadro 8 – Determinantes chaves da governança da cadeia de valor global 59
Quadro 9 – Governança e Aprimoramento: Clusters X Cadeia de Valor 62
Quadro 10 – Principais teorias de internacionalização da empresa 69
Quadro 11 – Cronologia da internacionalização das empresas 71
Quadro 12 – Motivos e riscos do processo de exportação 72
Quadro 13 – Tipos de Consórcios 75
Quadro 14 – Serviços dos consórcios 75
Quadro 15 – Países com leis e suporte específico para os consórcios 78
Quadro 16 – Obstáculos inter-empresas 78
Quadro 17 – Métodos Top-down e Bottom-up em análise de Clusters 81
Quadro 18 – Estratégia de Pesquisa 85
Quadro 19 – Tipologia de Estudos de Caso 85
Quadro 20 – Tipologia de estratégias de amostragem em pesquisas qualitativas 87
Quadro 21 – Amostra do Estudo 90
Quadro 22 – Instrumentação: fatores decisivos 91
Quadro 23 – Procedimentos de garantia da qualidade da pesquisa e suas conclusões 95
Quadro 24 – Nomenclatura Comum de Mercadorias (NCM) – seção de matérias têxteis
e suas obras 103
Quadro 25 – Feiras moda moda praia ou que incluem moda praia 108
Quadro 26 – Perfil geral dos consórcios pesquisados 119
Quadro 27 – Estatísticas gerais da cidade de Salvador 121
Quadro 28 – Arranjos Produtivos Locais selecionados 122
Quadro 29 – Especialização da Produção das Empresas do APL do Uruguai 124
9
Quadro 30 – Participação das Vendas do APL do Uruguai por Tipo de Mercado 124
Quadro 31 – Iniciativas de apoio USAID - Consórcios 125
Quadro 32 – Composição do consórcio 127
Quadro 33 – Estatísticas gerais da cidade do Distrito Federal 133
Quadro 34 – Composição do consórcio Alfa 135
Quadro 35 – Estatísticas gerais da cidade de Nova Friburgo 140
Quadro 36 – Composição do consórcio Beta 143
Quadro 37 – Triangulação de fontes de dados – instrumentos de marketing 150
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Crescimento da taxa de emprego dentro e fora dos distritos italianos por
setores, 1991-1996 53
Tabela 2 – Caracterização APL/Consórcios de Exportação 89
Tabela 2 – Caracterização APL/Consórcios de Exportação 90
Tabela 3 – Principais Países Produtores de Confecções – 2004 100
Tabela 4 – Produção por segmento em volume (em mil toneladas) 101
Tabela 5 – Produção por segmento em valores (em milhões de US$) 101
Tabela 6 – Preços médios (em US$/Kg) 101
Tabela 7 – Principais países exportadores e importadores de vestuário 102
Tabela 8 – Balança comercial Matérias têxteis e suas obras 104
Tabela 9 – Balança comercial vestuário e seus acessórios, de malha e vestuário e seus
acessórios, exceto malha 104
Tabela 10 – Unidades fabris instaladas por região 105
Tabela 11 – Mão de obra empregada por região geográfica e segmento 105
Tabela 12 – Produção segundo o segmento de atuação (em mil peças) 109
Tabela 13 – Valor da produção (em mil US$) 110
Tabela 14 – Preços médios estimados do produto acabado no fabricante (US$/Pç) 110
Tabela 15 – Balança comercial Consolidado NCMs 6112.31.00, 6112.39.00,
6112.41.00, 6112.49.00, 6211.11.00 e 6211.12.00 111
Tabela 16 Balança comercial moda praia masculina e feminina fabricados com
fibras sintéticas e outros materiais têxteis de malha incluem os
segmentos dos códigos 6112.31.00, 6112.39.00, 6112.41.00 e
6112.49.00 112
Tabela 17 Balança comercial moda praia masculina e feminina fabricados com
fibras sintéticas e outros materiais têxteis exceto malha– incluem os
segmentos dos códigos 6211.11.00 e 6211.12.00 112
Tabela 18 Balança comercial moda praia classificada por gênero como público
final 113
Tabela 19 – Valores exportados de moda praia por estado (em US$ FOB) 114
Tabela 20 – Participação de mercado por valor exportado por estado (em US$ FOB) 115
11
Tabela 21 Classificação dos principais exportadores por valor exportado (em US$
FOB) 115
Tabela 22 – Variação dos valores exportados por estado em US$ FOB 116
Tabela 23 – Valores exportados de moda praia por estado (em US$ FOB) 118
Tabela 24 Participação de mercado (%) por valor exportado por estado (em US$
FOB) 118
Tabela 25 – Valores de exportação e emprego direto – período 2000 a 2006 120
Tabela 26 – Dificuldades de operação do consórcio – Consórcio Gama 129
Tabela 27 – Fatores importantes para competitividade 130
Tabela 28 – Práticas de marketing – Consórcio Gama 130
Tabela 29 – Ações de políticas – Consórcio Gama 131
Tabela 30 – Dificuldades de operação do consórcio – Consórcio Gama 136
Tabela 31 – Fatores importantes para competitividade 137
Tabela 32 – Práticas de marketing – Consórcio Gama 137
Tabela 33 – Ações de políticas – Consórcio Alfa 138
Tabela 34 – Dificuldades de operação do consórcio – Consórcio Gama 143
Tabela 35 – Fatores importantes para competitividade 144
Tabela 36 – Práticas de marketing – Consórcio Gama 144
Tabela 37 – Ações de políticas – Consórcio Alfa 145
Tabela 38 – Comparação dos índices de variação das exportações 152
12
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABIT – Associação Brasileira da Indústria da Indústria Têxtil e de Confecção
ABRAFAS – Associação Brasileira de Produtores de Fibras Artificiais e Sintéticas
ABRAPA – Associação Brasileira dos Produtores de Algodão
ABRAVEST – Associação Brasileira do Vestuário
AFMA – American Fiber Manufacturers Association, Inc.
ALICEWEB - Sistema De Análise Das Informações De Comércio Exterior Via Internet
APEX – Agência de Promoção às Exportações
APEXBRASIL – Agência de Promoção de Exportações e Investimentos
APL – Arranjo Produtivo Local
ATMI – American Textile Manufacturers Institute
BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento
BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
DAIBRASIL - Development Alternatives Brasil
EURATEX – The European Apparel and Textile Organisation
FECOMERCIO - Federação do Comércio do Estado de São Paulo
FIRJAN - Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
FOB - Free on board
GCC – Global Commodity Chain
GREMI – Group de Recherche Européen sur les Milieux Innovateurs
GTP – Grupo de Trabalho Permanente
GTP APL – Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais
GTZ – Agência de Assistência Técnica Alemã
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBRE - Instituto Brasileiro de Economia
IEMI - Instituto de Estudos e Marketing Industrial
ILO – International Labor Organization
INFOMAT – Fashion Industry Business Information
PROMOS - Instituto Especial da Câmara de Comércio de Milão
IPRJ - Instituto Politécnico da UERJ
ITCB – International Textiles and Clothing Bureau
ITMF – International Textile Manufactures Federation
13
MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
NCM – Nomenclatura Comum de Mercadorias
OBM – Original Brand Name Manufacturing
OEM – Original Equipment Manufacturing
OTEXA – Office of Textiles and Apparel
P&D - Pesquisa e Desenvolvimento
PEIEx – Projeto Extensão Industrial Exportadora
PME – Pequena e média empresa
PROMO – Centro Internacional de Negócios da Bahia
QL – Quociente Locacional
REDESIST – Rede de Pesquisa em Sistemas e Arranjos Produtivos e Inovativos Locais
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa
SECEX – Secretaria de Comércio Exterior
SECIT – Secretaria de Ciência e Tecnologia do Governo do Estado da Bahia
SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SINDITEXTIL – Carta Têxtil.
SINDVEST – Sindicato de Vestuário da Bahia
TEXBRASIL – Programa Estratégico da Cadeia Textil
UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro
UNIDO – Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial
USAID – Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional
WTO – Word Trade Organization
14
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 17
1.1 Relevância, Contextualização e Apresentação do Problema de Pesquisa 18
1.1.1 Situação no Brasil e a Questão de Pesquisa 20
1.1.2 Proposições e Objetivos 23
1.2 Definições relevantes para o trabalho 26
1.2.1 Estrutura da Tese 26
2 EMBASAMENTO TEÓRICO 28
2.1 Redes de Empresas e Clusters perspectiva histórica, definições e
variações 28
2.1.1 Clusters 29
2.1.2 Clusters na Visão de Porter 34
2.1.3 Distritos industriais 37
2.1.4 Innovative milieux 39
2.1.5 Local Industrial Clusters 40
2.1.6 Arranjos Produtivos Locais 41
2.2 Mapeamento e métodos de identificação de clusters 43
2.3 Ciclo de vida industrial 48
2.3.1 Os Clusters e os Custos de Transação 50
2.4 Políticas e Metodologias de Suporte 52
2.5 Pesquisa relacionada – outros campos 54
2.5.1 Cadeias de valor globais e competição 55
2.5.1.1 Governança 56
2.5.1.2 O processo de aprimoramento (upgrading) 59
2.5.1.3 Integração dos conceitos de clusters e cadeia de valor global 60
2.5.2 Governança dos Canais de Marketing – poder, dependência e cooperação 65
2.5.3 A Internacionalização das PMES 68
2.5.3.1 Consórcios de exportação 74
2.5.3.2 Apoio governamental e regulação 76
2.6 Síntese parcial 79
15
3 CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS 80
3.1 Introdução 80
3.2 Problema 80
3.3 Visão geral dos métodos disponíveis 81
3.4 Operacionalização 84
3.5 Amostragem e Coleta de dados 86
3.6 Implantação 91
3.7 Procedimentos para validação e confirmação dos dados e confiabilidade
da pesquisa 93
3.8 Síntese e considerações parciais 95
4 ESTRUTURA E PANORAMA DA INDÚSTRIA DO TÊXTIL-
VESTUÁRIO NO BRASIL 96
4.1 Organização Produtiva do setor Têxtil-Vestuário no Brasil 96
4.2 Dados estatísticos 100
4.3 A moda praia 106
4.3.1 Fluxo de comércio do segmento moda praia 108
4.3.2 Fluxo de comércio por estado 113
4.4 Síntese parcial 116
5 ESTUDOS DE CASOS E RESULTADOS DA INVESTIGAÇÃO DE
CAMPO 117
5.1 Estudos de casos e resultados da investigação de campo 118
5.2 Arranjo Produtivo Local de Salvador – Bahia 121
5.2.1 Intervenções de instituições de suporte 121
5.2.2 Resumo das atividades de investigação 122
5.2.3 Caracterização do consórcio e de suas empresas 126
5.2.4 Considerações finais sobre o estudo de caso 132
5.3 Arranjo produtivo local de Brasília – Distrito Federal 132
5.3.1 Intervenções de instituições de suporte 133
5.3.2 Resumo das atividades de investigação 134
5.3.3 Caracterização do consórcio e de suas empresas 135
5.3.4 Considerações finais sobre o estudo de caso 139
5.4 Arranjo produtivo local de Nova Friburgo – Rio de Janeiro 139
16
5.4.1 Intervenções de instituições de suporte 141
5.4.2 Resumo das atividades de investigação 142
5.4.3 Caracterização do consórcio e de suas empresas 142
5.4.4 Considerações finais sobre o estudo de caso 145
5.5 Síntese geral do capítulo 146
6 ANÁLISE CONJUNTA DOS CASOS 147
6.1 Análise das características gerais dos consórcios e Arranjos produtivos 147
6.2 Dados empíricos do campo (entrevistas e questionários) 148
6.2.1 Principais dificuldades dos consórcios e suas empresas 148
6.2.2 Fatores responsáveis pela competitividade 149
6.2.3 Práticas de marketing 150
6.2.4 Resultados 151
6.2.5 Dependência dos canais 152
6.2.6 Políticas públicas 153
6.2.7 Análise dos casos de acordo com o “diamante” de Porter 154
6.2.8 Análise dos casos de acordo com os conceitos de cadeia de valor 156
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 158
7.1 Implicações acadêmicas 159
7.2 Implicações práticas 160
7.3 Limitações da pesquisa 160
7.4 Sugestões para futuras pesquisas 160
REFERÊNCIAS 162
APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTAS COM ORGANISMOS DE
SUPORTE 174
APÊNDICE B ROTEIRO DE ENTREVISTAS COM REPRESENTANTES
DE CONSÓRCIOS E EMPRESAS 175
APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA – CONSÓRCIO 176
APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA – EMPRESAS 179
APÊNDICE E – RELAÇÃO DE ENTREVISTADOS 183
APÊNDICE F – MODELO DE GOVERNANÇA DO APL DE SALVADOR 184
17
1 INTRODUÇÃO
Esta tese tem com foco central de investigação a governança dos canais de marketing por
pequenas e médias empresas (PMEs), sob a ótica dos Arranjos Produtivos Locais (APLs). A
motivação da investigação foi principalmente embasada nos estudos realizados por Passos
(1996a) que apontam resultados nada satisfatórios de empresas organizadas em APLs que
buscaram o mercado externo, levando muitas delas ao encerramento das atividades ou crises
financeiras e de gestão.
Um outro fator importante de motivação desta pesquisa foi o ressurgimento de inúmeras
metodologias de promoção de ações para o desenvolvimento de Clusters adotadas por
diferentes organismos de governo no Brasil, enfocando como caminho de evolução as ações
de comércio exterior via a organização de consórcios de exportação (HUMPHREY;
SCHMITZ, 1995; CAPORALI; VOLKER, 2004).
Como um dos objetivos em comum das metodologias da Unido e Projeto
Promos/SEBRAE/BID, respectivamente discutidos por Humphrey e Schmitz (1995) e
Caporali e Volker (2004), é buscar o mercado externo, geralmente depois de melhorias na
qualidade de produtos e no domínio de capacidades gerenciais ainda não desenvolvidas.
Considerando que dentre estas capacidades se encontra a mercadológica, e dado o interesse na
exportação, a capacidade de governança dos canais de marketing ganha destaque dentre as
mais importantes a serem trabalhadas.
A conjunção desses dois fatores inter-relacionados relativos a um fenômeno ainda muito
recente na realidade brasileira sugere uma necessidade de estudos mais aprofundados. Sendo
assim, o trabalho buscou desenvolver uma análise das contribuições até então desenvolvidas,
e através da análise de dados empíricos, contribuir para a discussão da temática abordada.
18
1.1 Relevância, Contextualização e Apresentação do Problema de Pesquisa
A importância que as redes interorganizacionais possuem atualmente para as organizações
não tem passada de forma despercebida no mundo empresarial e acadêmico. No mundo
inteiro, países desenvolvidos e em desenvolvimento, vêm colocando o estudo das redes no
centro das atenções e discussões, tratando-a como elemento central para o entendimento do
novo modus operandis das organizações. A associação percebida entre competitividade,
desempenho econômico e inovação têm intensificado o interesse de pesquisadores e dos
responsáveis pela elaboração de políticas públicas. Levando a um enorme número de
publicações, sejam elas acadêmicas, de negócios ou de políticas de suporte e desenvolvimento
(WOLFE; LUCAS, 2005).
Cunha (2002) aponta as principais perspectivas teóricas que até recentemente tem analisado
as relações interorganizacionais no quadro a seguir.
Perspectivas
teóricas
Termos chaves Origem do
pensamento
Autores
Teoria da troca Trocas Sociais
Estrutura Social
Relações de Interesses
Sociologia Blau 78
Cook 78, 89,92
Cook e Yamagishi 92
Ecologia
organizacional
Sobrevivência organizacional
Variação/Seleção/Retenção
Evolução no Tempo
Biologia
Sociologia
Hannan e Freeman 89
Aldrich 78, 79
Dependência de
Recursos
Cooperação
Conflito de Interesses
Interdependência
Poder Sobrevivência
Ciência
política
Sociologia
Oliver 90
Pfefer e Salancik 78
Axelrod 78
Redes de Cooperação
Associações
Mecanismos de Controle
Parceria
Sociologia
Economia
Whetten 81
Miles e Snow 82, 86
Redes sociais Interação
Trocas Sociais
Estrutura de Relacionamento
Comunicação
Normas
Sociologia Aldrich e Whetten 84
Nohria 92
Chrisholm 96
Burt 77, 80, 82
Granovetter 80, 81, 91
Estratégia Alianças
Atitudes Cooperativas/ Concorrenciais
Arranjos Híbridos
Economia
industrial
Porter 80, 86
Institucionalismo Mudanças Ambientais Legitimidade
Isomorfismos Mimético, Coercitivo e
Normativo
Sociologia Dimaggio e Powell 83
Scott 92, 95
Meyer e Rowan 90
Custos de transação Acordos Colaborativos
Oligopólios
Estrutura de Governança
Domínio de Mercados
Economia
Sociologia
Williansom 75, 85
Phillips 78
Quadro 1 – Perspectivas teóricas das relações interorganizacionais
Fonte: CUNHA, 2002, p. 2
19
O estudo das relações interorganizacionais com foco em pequenas e médias empresas obteve
um grande impulso após a divulgação dos principais trabalhos em língua inglesa sobre o
exemplo Italiano, mais especificamente da região denominada de 3ª Itália. A Europa como um
todo, pelas experiências pioneiras, vem se constituindo na maior referência em termos de
impactos positivos das organizações em rede. Destacando as contribuições dos trabalhos
desenvolvidos por Piore e Sabel (1984) e Pyke, Becattini e Sengenberger (1990).
uma linha de pensamento que possui o entendimento de clusters como uma concentração
geográfica de empresas (similares ou complementares) atuantes em uma mesma cadeia
produtiva, aonde se pode compartilhar infra-estrutura, recursos, oportunidades e ameaças
comuns (PORTER, 1990; AMATO NETO, 2000; DOERINGER, TERKLA, 1995).
Outros por sua vez ressaltam a inovação técnica, teia de relações informais e baixos níveis de
desemprego como características dos clusters ou distritos industriais italianos como preferem
denominar. Os distritos industriais tradicionais se caracterizam por um aglomerado de
pequenas e médias empresas que se concentram em diferentes etapas de um processo
produtivo, comandado por uma grande empresa. A riqueza do modelo italiano estaria no fato
da dependência da grande empresa não existir, ou existir de uma maneira muito mais branda
(PIORE; SABEL, 1984; BECATTINI, 1989; PYKE, BECATTINI, SENGENBERGER,
1990).
No âmbito internacional, a Agência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial
(UNIDO), a partir do exemplo italiano, vem desenvolvendo um esforço nos países em
desenvolvimento com o intuito de promover o florescimento de redes como uma estratégia
para o desenvolvimento de empresas de pequeno porte. No que tange à metodologia e
princípios pregados pela UNIDO, um dos objetivos principais é propiciar através do
florescimento destas redes de Pequenas e Médias Empresas (PMEs), o desenvolvimento
regional, sendo que a promoção do comércio exterior pelos entes da rede é um dos elementos
centrais desta metodologia (HUMPHREY; SCHMITZ, 1995).
Outra organização internacional com relevantes investimentos em iniciativas de promoção da
competitividade baseadas em clusters é a Agência Americana para o Desenvolvimento
Internacional (USAID). A USAID iniciou sua política de promoção de competitividade de
clusters no Líbano em 1998, investindo posteriormente quase US$ 60 milhões em outros 26
20
países até o ano de 2003. Sendo que esses esforços têm sido ampliados de modo sustentado
(USAID, 2003).
É importante destacar que os programas de organizações como a UNIDO e a USAID contam
com apoio de outros organismos internacionais como International Labor Organization
(ILO), institutos de cooperação econômica e técnicas, universidades e fundações localizados
nos mais variados países, estejam elas localizadas nos países de aplicação do programa ou em
países patrocinadores (HUMPHREY, SCHMITZ, 1995; DAWSON, PARIS, 2004;
BIANCHI, MILLER, BERTINI, 1997).
1.1.1 Situação no Brasil e a Questão de Pesquisa
No Brasil nas últimas duas décadas e principalmente nos últimos anos, a temática dos clusters
recebeu atenção especial pelos principais organismos de apoio à pequena e média empresa,
destacando a participação do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa
(SEBRAE) com o apoio de organismos internacionais como a UNIDO.
Em 1996 foram apresentados os resultados de uma pesquisa patrocinada pela UNIDO em um
seminário internacional sediado na Federação do Comércio do Estado de São Paulo, cuja
temática principal foi as dificuldades que as Pequenas e Médias Empresas (PMEs)
enfrentavam naquele momento, principalmente devido às conseqüências da globalização. O
seminário contou com a participação de inúmeros estudiosos de diferentes países que
abordaram diversos assuntos relacionados às PMEs, contribuindo para um debate sobre temas
ligados às dificuldades de financiamento, desenvolvimento de tecnologia, políticas de
desenvolvimento de competências técnicas e gerenciais e novas formas de alianças entre
empresas para aumento da competitividade. Também foi apresentado e defendido a
metodologia de aliança entre PMEs provida pela UNIDO. Tal metodologia, em prática
(naquele momento) através da parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena
Empresa (SEBRAE), foi também alvo de análise de especialistas brasileiros que levantaram
os resultados colhidos de casos que seguiram esta metodologia (PASSOS, 1996b).
21
Em relação aos resultados até então alcançados pela primeira pesquisa patrocinada pela
UNIDO no Brasil, conduzida em 1996, principalmente no Estado de São Paulo, destacaram-se
principalmente os avanços técnicos ligados á produção, os problemas relacionados à falta de
financiamento e prejuízos auferidos por experiências mal sucedidas de exportação. Tais
resultados foram discutidos em maiores detalhes em um relatório de pesquisa publicado por
Passos (1996b) no mesmo ano do seminário citado anteriormente.
De 1996 até o presente ano de 2006, o SEBRAE nacional e alguns de seus respectivos
capítulos estaduais continuaram desenvolvendo inúmeros programas e projetos de fomento à
promoção do modelo UNIDO (ou semelhantes) e formação de redes de empresas. Alguns
estados como Rio Grande do Sul, Bahia e São Paulo desenvolveram programas próprios
auxiliados diretamente pelos capítulos estaduais do SEBRAE. Durante esse período o termo
cluster usado intercambiavelmente com o termo pólo ou rede de empresas, acabou assumindo
um novo nome que parece mais aproximado da realidade brasileira e da interpretação dos
principais operadores dos programas de promoção de competitividade. Sua denominação hoje
amplamente utilizada é a de Arranjos Produtivos Locais (APLs). Nesse período, a operação
nos APLs passou a ser uma das diretrizes estratégicas do SEBRAE nacional. A justificativa
para inclusão como diretriz se deveu à existência de centenas de concentrações empresariais
dedicadas a certo tipo de produto como calçados, confecções, e tantos outros setores
distribuídos por todo o país (CAPORALI; VOLKER, 2004).
Tendo como características o aproveitamento de vantagens comparativas localizadas por estas
concentrações empresariais, o SEBRAE vislumbrou a possibilidade de promover auxílio no
sentido de propiciar o desenvolvimento de vantagens competitivas e, conseqüentemente,
contribuir para o crescimento econômico e a geração de emprego e renda. Deste modo nasceu
um programa em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o
Instituto especial da Câmara de Comércio de Milão (dedicada à atividade para a
internacionalização das PMEs). O trabalho conjunto entre estes três organismos gerou um
documento que abrange desde definições conceituais até uma metodologia de
desenvolvimento de ações junto a APLs, sendo sua primeira versão lançada em 2002 e a
segunda versão dois anos após a primeira (CAPORALI; VOLKER, op. cit).
Ainda neste sentido se somaram os esforços de diferentes governos estaduais e do governo
federal que percebem a promoção de arranjos produtivos como uma possibilidade alternativa
22
de política de desenvolvimento local. No dia 02 de agosto de 2004 foi instituída portaria
interministerial (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ministério
do Planejamento, Ministério do Orçamento e Gestão, Ministério da Ciência e Tecnologia e
Ministério da Integração Regional) que criou um Grupo de Trabalho Permanente (GPT) com
vistas à adoção de apoio integrado a Arranjos Produtivos Locais. A partir do ano de 2006, o
Governo Federal passou a organizar o tema Arranjos Produtivos Locais (APL) por meio das
seguintes medidas: incorporação do tema no âmbito do PPA 2004-2007 e pela instituição do
Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP APL) citado
anteriormente. Ressaltando que dentro do âmbito desses programas há ações de política
industrial com o objetivo de promoção às exportações e desenvolvimento de competências
mercadológicas (MDIC, 2006).
O fato é que existem diferentes metodologias que foram desenvolvidas com base em
experiências de outros países, cada um com sua realidade. A abordagem de clusters é ainda
muito discutida pelos acadêmicos e não existe na literatura uma linha predominante. Como
também não existem no país experiências maduras o suficiente que possam explicar o
fenômeno denominado localmente de Arranjo Produtivo Local e muito menos propor
metodologias amplas que abracem os mais diversos segmentos de negócios. No entanto uma
série de metodologias e ações, sem uma grande articulação entre os proponentes, o
propostas e desenvolvidas. Uma dessas ações é a promoção de consórcios de exportação
como meio formal de cooperação objetivando a internacionalização das PMEs.
Essa conjuntura levou ao seguinte questionamento de pesquisa:
evidências de que pequenas e médias empresas, organizadas conforme um Arranjo
Produtivo Local (que cooperam entre si através de consórcios ou redes formais para
exportação), conseguem adquirir conhecimentos mercadológicos, e consequentemente
aumento na freqüência e no valor das transações com os canais de marketing de
exportação?
A resposta ao questionamento central não é nada trivial dada à complexidade e natureza do
tema. Esse trabalho não tem a pretensão de ser capaz de compreender e explicar o problema
em toda sua abrangência, entretanto, espera-se contribuir para a construção de um referencial
que colabore para o avanço do conhecimento sobre o fenômeno estudado.
23
1.1.2 Proposições e Objetivos
Um dos pressupostos das metodologias de incentivo e apoio à formação de clusters e Arranjos
Produtivos Locais é de que o comportamento cooperativo gere ganhos competitivos
(HUMPHREY, SCHMITZ,1995; CAPORALI, VOLKER, 2004). Desta forma a unidade de
análise da pesquisa não será o arranjo produtivo em si, mas as empresas que fazem parte deste
arranjo e que cooperam entre si mediante laços formais (consórcios de exportação e outros
tipos de organizações formais que contemplem a exportação).
A necessidade de o objeto de estudo ter atividade exportadora é fundamental devido ao foco
das metodologias de desenvolvimento e apoio de clusters possuírem a internacionalização
como um de seus objetivos mais importantes. Como também o fato de que a literatura e os
modelos analíticos mais importantes apresentados nesse trabalho darem um foco importante à
capacidade de realizar transações além fronteiras nacionais como elemento competitivo
importante (SOLVELL, LINDQVIST, KETELS, 2003; CORTRIGHT, 2006; ANDERSSON,
et al., 2004; PORTER, 1999).
O aumento da freqüência transacional que se buscará medir se em relação ao canal de
marketing que possibilita às empresas inserirem seus produtos na cadeia de valor global. Ou
seja, a escolha das unidades de análise também deverá levar em consideração as empresas que
tem atividades exportadoras. Entende-se por freqüência transacional o número e os valores
das transações, alertando que pode ser uma limitação da pesquisa o acesso aos dados dos
valores transacionais por se trataram de empresas fechadas que não divulgam informações
financeiras.
A proposta inicial é trabalhar com os arranjos de confecção que tenham empresas que
produzam moda praia e possuam atividade exportadora mediante consórcios de exportação e
cujos arranjos estejam contemplados no âmbito do Grupo de Trabalho Permanente (GTP)
para Arranjos Produtivos Locais (lista de 5 APLs prioritários por estado ratificados pelos
parceiros estaduais do programa federal na tabela 2 no capítulo 3). A justificativa para essa
seleção se primeiro pelo fato de que os arranjos incluídos no GTP são os mais maduros e
também por estarem incluídos no mesmo grupo, possuem a mesma possibilidade de acesso às
políticas de apoio oferecidas dentro do GTP.
24
Considerando que o canal seja o primeiro intermediário do processo no caso de existirem
diferentes intermediários até o consumidor final. Essencialmente nesta pesquisa se
considerará como ganho relacional, um maior mero de transações efetuadas com valor pela
díade. Uma vez que em canais de marketing, a perspectiva fundamental de estudo adotada é a
transação (ACHROL, REVE, STERN, 1983; STERN, REVE, 1980).
Diante da questão proposta, o trabalho buscará investigar os seguintes pressupostos:
P1 - Maior cooperação formal (consórcios de exportação outros tipos de organizações formais
que contemplem a exportação) entre os membros da rede menor sua dependência em relação
aos agentes dos canais de marketing importadores.
o Operadores:
Cooperação redução de custos transacionais e aumento da freqüência de
transações entre membros. (HOLM et al. 1996; AXELROD, 1984; HUNT,
MORGAN, 1994);
Dependência: metas, investimento na mediação das metas, número e custo de
alternativas (EL-ANSARY, 1972, 1975).
P2 - Quanto maior a vantagem competitiva dos membros da APL, menor o grau de
dependência dos canais de marketing importadores.
o Operadores:
Vantagens competitivas redução de custos transacionais e aumento da
freqüência de transações e fluxos de caixa superiores entre membros
(qualidade superior e eficiência menores preços) (HUNT; MORGAN,
1995);
P3 - A Vantagem competitiva dos membros da rede de empresas resulta em maior número e
valores das transações.
25
o Operadores:
Vantagens competitivas redução de custos transacionais e aumento da
freqüência de transações entre membros (qualidade superior e eficiência
menores preços) (HUNT; MORGAN, 1995);
Transações – freqüência e valores das transações (HUNT; MORGAN, 1995).
Como objetivo geral pretende-se explorar as características da governança de APLs e dos
canais de marketing que exportam seus produtos.
Objetivos específicos:
Selecionar consórcios de Pequenas e Médias Empresas de moda praia que estejam
localizadas em Arranjos Produtivos Locais pertencentes ao GTP;
Caracterizar os principais mecanismos de governança dos canais de marketing dos
APLs. (HUNT; MORGAN, 1995; EL-ANSARY, ROBICHEAUX, 1974, 1976; EL-
ANSARY, 1975; HUNT, NEVIN, 1974);
Identificar os modos de cooperação nas APL’s estudadas. (CEGLIE, DINI, 1999;
AMATO NETO, 2000; HUMPHREY, SCHMITZ, 1995, 2001, 2002; RABELLOTTI,
2001; HUNT, MORGAN, 1994);
Identificar os tipos de relacionamento das empresas da APL com o canal. (CEGLIE,
DINI, 1999; AMATO NETO, 2000; HUMPHREY, SCHMITZ, 1995, 2001, 2002;
RABELLOTTI, 2001);
Testar os pressupostos elaborados neste trabalho.
26
1.2 Definições relevantes para o trabalho
A definição mais importante é a que deve guiar a execução e abordagem deste estudo. Como
uma literatura sobre a temática estudada com contribuições de diferentes áreas do
conhecimento, com abordagens e referenciais teóricos diversos, a conseqüência é a existência
de uma série de conceitos contraditórios e ambíguos (KARLSSON, JOHANSSON,
STOUGH, 2005; GORDON, MCCANN, 2000; WOLFE, LUCAS, 2005; CORTRIGHT,
2006; MARTIN, SUNLEY, 2003).
A primeira definição importante é relativa ao objeto de estudo, ou melhor, o agrupamento de
pequenas e médias empresas com características peculiares. Desse modo foi adotada a
interpretação definida por Caporali e Volker (2004, p. 230),
Arranjo produtivo local é um tipo particular de Cluster. Sua formação é composta
por pequenas e médias empresas agrupadas em torno de uma profissão ou negócio,
aonde os relacionamentos formais e informais geram vantagens como: ganhos de
escala, economias externas, associadas à socialização do conhecimento e à redução
dos custos de transação.
Dessa forma, o termo cluster e Arranjo Produtivo Local (APL) podem ser entendidos com o
mesmo significado e o usados de maneira intercambiável neste trabalho. Outra questão
importante relacionada à abordagem e foco dessa pesquisa está relacionada ao possível ganho
competitivo mercadológico por conta do comportamento cooperativo das empresas (mediante
laços formais consórcios de exportação e outros tipos de organizações formais que
contemplem a exportação) que fazem parte dos APLs estudados (HUMPHREY,
SCHMITZ,1995; CAPORALI, VOLKER, 2004).
1.2.1 Estrutura da Tese
O capítulo 2 apresenta algumas das principais abordagens teóricas sobre clusters,
principalmente as emergentes na década de 80 à luz dos estudos seminais de Alfred Marshall.
Apresenta também uma revisão da literatura sobre cadeias de valor globais e outros temas
relacionados ao estudo.
27
O capítulo 3 apresenta os procedimentos metodológicos utilizados neste estudo e procura
abordar os caminhos escolhidos e as justificativas de suas decisões. um detalhado estudo
sobre os métodos de pesquisa disponíveis sobre a temática estudada. O capítulo ainda aborda
a unidade de análise, as fases de pesquisa, o tratamento das evidências e dados coletados e o
procedimento de análise.
O capítulo 4 apresenta a estrutura produtiva do setor de vestuário no Brasil, traçando seus
paralelos comparativos com dados internacionais. Apresenta também os principais dados
estatísticos da evolução do panorama dos fluxos comerciais, enfatizando os estados em que se
localizam os consórcios de PMEs estudados.
O capítulo 5 apresenta os dados empíricos dos estudos de casos estudados, como também cita
os procedimentos usados e atores específicos contatos em cada estudo de caso. Expõe também
uma análise dos dados prospectados em relação aos dados setoriais apresentados no capítulo
4.
O capítulo 6 apresenta o esquema analítico utilizado e as conclusões e implicações teóricas
resultantes da investigação.
O capítulo 7 apresenta considerações finais do trabalho, apontando as implicações
acadêmicas, implicações práticas e as limitações do estudo e as recomendações para futuras
pesquisas.
28
2 EMBASAMENTO TEÓRICO
Esta seção tem como objetivo apresentar o marco teórico deste trabalho e está divido em três
partes. A primeira parte contempla a revisão da literatura de redes de pequenas e médias
empresas e suas inúmeras derivações, tipologias e abordagens. A segunda parte apresenta os
principais conceitos da literatura referente às cadeias de valor globais e suas estruturas de
governança. Finalmente, a terceira parte apresenta a revisão sobre a literatura de canais de
marketing. Os três assuntos, apesar de abordados em separado, possuem inter-relações
bastante fortes.
2.1 Redes de Empresas e Clusters – perspectiva histórica, definições e variações
No Brasil e nos países em desenvolvimento as Pequenas e Medis Empresas (PMEs)
representam, além de uma importante capacidade de geração de emprego, uma forma de
distribuição de renda. Desse modo, diferentes organismos internacionais de apoio ao combate
à fome, pobreza e outras questões sociais desenvolveram ou apóiam metodologias de
promoção das PMEs. Uma das diversas formas de promoção de desenvolvimento das PMEs é
o incentivo à formação de redes de cooperação. A literatura apresenta diferentes modalidades
e configurações que as redes podem assumir entre elas a denominada de clusters. O quadro a
seguir resume algumas de suas configurações e autores associados.
29
AUTOR TIPOLOGIA
Grandori e Soda
(1995)
Redes sociais: simétricas e assimétricas
Redes burocráticas: simétricas e assimétricas
Redes proprietárias: simétricas e assimétricas
Casarotto e Pires
(1998)
Redes top-down: subcontratação, terceirização, parcerias
Redes flexíveis: consórcios
Wood Jr. E Zuffo
(1998)
Estrutura modular: cadeia de valor e terceirização das atividades de suporte
Estrutura virtual: liga temporariamente rede de fornecedores
Estrutura livre: de barreiras, define funções, papéis, tarefas
Corrêa (1999) e Verri
(2000)
Rede estratégica: uma empresa que controla todas as atividades
Rede linear: cadeia de valor (participantes são elos)
Rede dinâmica: relacionamento intenso e variável das empresas entre si
Porter (1998)
Cluster: concentração setorial e geográfica de empresas.
Caracterizado pelo ganho de eficiência coletiva.
Bremer (1996) e
Goldman et al. (1995)
Empresa virtual: pontos de vista institucional e funcional
Institucional: combinação das melhores competências essenciais de empresas
legalmente independentes
Funcional: concentração em competências essenciais coordenadas através de uma
base de tecnologia de informação
Quadro 2 – Tipologia de rede de empresas
Fonte: OLAVE; AMATO NETO, 2005, p. 82.
2.1.1 Clusters
Essa seção sumariza a evolução das principais escolas de pensamento, abrangendo o trabalho
original de Alfred Marshall às contribuições mais atuais. Um número significativo das
explicações e trabalhos relacionados sobre Clusters aponta como base inicial os estudos de
Alfred Marshall sobre distritos industriais. Seu relevante trabalho, intitulado Princípios da
Economia, foi publicado originalmente em 1890. Sendo este trabalho “redescoberto”
recentemente pelos pesquisadores do fenômeno Italiano de Clusters e mais recentemente por
Michael Porter que teve grande participação na “divulgação” do termo Cluster.
Cortright (2006) classifica os trabalhos e estudos sobre Clusters oriundos de duas grandes
tradições, sendo elas a economia neoclássica e a sócio-institucionalista. Apesar de destacar
que também significativa contribuição dos práticos economistas-desenvolvimentistas,
citando principalmente Michael Porter.
Deve-se levar em consideração para efeito da análise desta revisão teórica que em 15 anos
ocorreu uma verdadeira explosão no interesse sobre clusters, e um conseqüente aumento
significativo na condução de estudos sobre o tema. O aumento do interesse acadêmico fica
evidente não somente pelo aumento da produção científica, como também, pela amplitude das
30
áreas de conhecimento preocupadas com o tema. O que tem contribuído pela geração de um
número maior de definições sobre o assunto e uma maior variabilidade quanto ao seu
conteúdo. Sendo que essa variabilidade está ligada às diferentes dimensões abordadas pelas
diferentes áreas do conhecimento e escolas do pensamento (KARLSSON, JOHANSSON,
STOUGH, 2005; GORDON, MCCANN, 2000; WOLFE, LUCAS, 2005; CORTRIGHT,
2006).
Gordon e McCann (2000) e Wolfe e Lucas (2005) têm pontuado o uso de um conjunto
diverso de abordagens analíticas e referenciais teóricos que têm gerado uma série de
confusões como conceituações contraditórias que são usadas de formas ambíguas. Termos
como aglomeração, cluster, distrito industrial, mileueconômico e complexo industrial têm
sido usados de maneira mais ou menos intercambiável com pouca preocupação em como
operacionalizá-los.
De acordo com Cortright (2006) o conceito de cluster está para uma conceituação mais ampla
do que para um termo preciso. Isso se daria devido às definições usadas serem mais
conceituais e descritivas do que analíticas e precisas. Essa leitura é compartilhada por Martin
e Sunley (2003) que para ilustrar tal situação catalogaram dez definições apresentadas no
quadro a seguir.
31
Porter (1998, p. 199) “A cluster is a geographically proximate group of interconnected companies
and associated institutions in a particular field, linked by commonalities and complementarities”.
Crouch and Farrell, (2001, p. 163) “The more general concept of ‘cluster’ suggests something looser:
a tendency for firms in similar types of business to locate close together, though without having a
particularly important presence in an area.
Rosenfeld (1997, p. 4) “A cluster is very simply used to represent concentrations of firms that are
able to produce synergy because of their geographical proximity and interdependence, even though
their scale of employment may not be pronounced or prominent.”
Feser (1998, p. 26) “Economic clusters are not just related and supporting industries and institutions,
but rather related and supporting institutions that are more competitive by virtue of their
relationships.”
Swann and Prevezer (1996, p. 139) Clusters are here defined as groups of firms within one
industry based in one geographical area.”
Swann and Prevezer (1998, p. 1) “A cluster means a large group of firms in related industries at a
particular location”.
Simmie and Sennett (1999a, p. 51) “We define an innovative cluster as a large number of
interconnected industrial and/or service companies having a high degree of collaboration, typically
through a supply chain, and operating under the same market conditions.”
Roelandt and den Hertag (1999, p.9) Clusters can be characterised as networks of producers of
strongly interdependent firms (including specialised suppliers) linked each other in a value-adding
production chain.”
Van den Berg, Braun and van Winden (2001, p. 187) “The popular term cluster is most closely
related to this local or regional dimension of networks … Most definitions share the notion of
clusters as localised networks of specialised organisations, whose production processes are closely
linked through the exchange of goods, services and/or knowledge.”
Enright (1996, p. 191) “A regional cluster is an industrial cluster in which member firms are in close
proximity to each other
Quadro 3 – Diferentes Definições de Clusters
Fonte: MARTIN; SUNLEY, 2003, p. 12.
As diferentes abordagens brotam devido aos diferentes propósitos aos quais têm sido usadas.
O conceito de cluster tem sido usado para organizar esforços de desenvolvimento econômico
local, desenvolver análises empíricas de economias locais e teorizar sobre o crescimento
econômico regional (ROBINSON, 2002 apud CORTRIGHT, 2006).
De acordo com a análise de Suzigan (2004) pelo menos cinco abordagens relevantes para
analisar aglomerações industriais, sendo elas listadas a seguir com destaque para seu principal
contribuidor:
A da chamada Nova Geografia Econômica, cujo expoente é P. Krugman;
A de Economia de Empresas, na qual se destaca M. Porter;
A de Economia Regional, que mais se aproxima do tema específico dos clusters é
aquela liderada por A. Scott;
32
Abordagem da Economia da Inovação, pelo foco em políticas, D. B. Audrestch;
A abordagem que trata de Pequenas Empresas/Distritos Industriais, com destaque para
as contribuições de H. Schmitz.
Suzigan (2004) em sua análise classifica as duas primeiras abordagens como similares na
orientação de tratar as aglomerações como resultado natural das forças de mercado. Enquanto
que as outras três abordagens enfatizam fortemente o apoio do setor público por meio de
medidas específicas de política e a cooperação entre empresas.
De acordo com Wolfe e Gertler (2004), apesar de existir uma rápida expansão e diversificação
de temas sobre clusters, os autores destacam três como os principais:
Dinâmica dos clusters (origem e desenvolvimento, principalmente através das ações
de agências do setor público);
Natureza do conhecimento e aprendizado;
Escala de análise (regional, nacional ou supranacional).
Ainda segundo Wolfe e Gertler (op. cit) um dos principais desafios relativos à busca de
conclusões sobre estudos sobre clusters é a grande quantidade de diferentes abordagens
utilizadas nesses estudos. Podendo ser elas classificadas como:
Conjunto de ferramentas analítico-estatísticas, com diferentes graus de sofisticação,
focadas na medição do grau de clusterização da economia local ou regional
(CÂMARA et al., 2005);
Estudo de casos de clusters individuais ou vários clusters como base comparativa com
o principal objetivo de destacar práticas para benchmarking (REBELATTO,
WITTMANN, 2005; GOLDSTEIN, TOLEDO, 2005; VICARI et al., 2005; BERTON
et al., 2005);
33
Análise de estratégias e políticas públicas objetivando promover a consolidação ou
crescimento de clusters individuais ou conjunto deles (principalmente liderados por
instituições do estado) (ROSA, 2005; PASSOS et al., 2005).
O conceito de clustero se prende apenas ao número de empresas e nem somente ao aspecto
espacial, apesar da literatura produzida sobre o título de clusters regionais e clusters
industriais indicar restrições dessa natureza (BRENNER, 2004). O foco central do conceito de
clusters trata da ligação entre empresas, sendo essa impulsionada principalmente pelas
relações de oferta-demanda. Ainda dentro desse foco, destaca-se o conseqüente
“extravasamento” de conhecimento. Essa abordagem foca nos ganhos advindos dessa
proximidade e conseqüente maior facilidade de conexões. Os ganhos são basicamente:
Cooperação;
Relações de mercado;
“Extravasamento” de conhecimento;
Maior freqüência de surgimento de novas empresas.
A reinterpretação de conceitos e a existência de diferentes escolas de pensamento entre
economia e geografia econômica geraram uma série de novos termos como:
Sistemas de inovação regional;
Economias regionais especializadas e flexíveis;
Aglomerações setoriais;
Sistemas locais.
A mesma dificuldade encontrada na conceituação do termo cluster pode se repetir quando da
caracterização de suas dimensões. Uma vez que muitos autores enfatizam diferentes
34
dimensões que muitas vezes não têm relações diretas com as definições usadas pelos mesmos
(CORTRIGHT, 2006).
2.1.2 Clusters na Visão de Porter
No início da década de 90 emerge no cenário acadêmico mundial o professor Michael Porter
da Universidade Americana de Harvard. O sucesso de seus primeiros livros, principalmente A
Vantagem Competitiva das Nações (1990) o alçou a um destaque internacional na área de
estratégia de empresas. Sua obra é claramente influenciada por autores com tradição
econômica neoclássica, com tradição cio-institucionalista e da área de estratégia
empresarial.
Em seus trabalhos sobre estratégia e competição, Porter (1999) percebeu a existência de uma
relação direta entre o sucesso desproporcional de algumas indústrias e sua localização,
desenvolvendo trabalhos que culminaram na proposição de uma teoria sobre cluster
industriais. Suas proposições receberam ampla aceitação por parte de muito acadêmicos e
principalmente por consultores e propositores de políticas públicas com a necessidade de
obter um ferramental mais acessível de análise e orientação. O conceito de cluster, segundo
Porter (1999, p. 211; 2000, p. 16-17, tradução nossa) pode ser assim explicado,
respectivamente:
Um agrupamento geograficamente concentrado de empresas inter-relacionadas e
instituições correlatas numa determinada área, vinculadas por elementos comuns e
complementares. O escopo geográfico varia de uma única cidade ou estado para
todo um país ou mesmo uma rede de países vizinhos.
Mais do que simples indústrias, os clusters englobam uma estrutura de indústrias
interligadas e outras entidades importantes para a competição. Elas incluem, por
exemplo, fornecedores de insumos especializados como componentes, maquinário, e
serviços, como também fornecedores de infra-estrutura especializada. Os clusters
também englobam os canais e consumidores e os fabricantes de produtos
complementares ou empresas correlacionadas com base em habilidades, tecnologias
ou insumos em comum. Muitos clusters incluem organizações governamentais e
outras instituições que fornecem treinamentos especializados, educação, informação,
pesquisa e suporte técnico. Muitos clusters incluem associações comerciais e outros
organismos coletivos que envolvem membros dos clusters.
Além de ser um dos grandes responsáveis por popularizar o termo cluster na literatura de
negócios, Porter (1990) apresentou um modelo de análise, o qual denominou de “diamante”,
35
para explicar as fontes determinantes das vantagens competitivas, conforme figura e quadro
apresentados a seguir.
Esquema 1 – “Diamante” – Fontes das vantagens competitivas da localização
Fonte: PORTER, 1990, p. 163, tradução nossa.
Condições dos Fatores
(insumos)
Contexto para a
Estratégia e Rivalidade
da Empresa
Condições da demanda Setores
Correlatados e de
Apoio
Qualidade e custo dos
fatores (insumo)
Recursos naturais
Recursos humanos
Recursos de capital
Infra-estrutura física
Infra-estrutura
administrativa
Infra-estrutura de
informação
Infra-estrutura científica e
tecnológica
Qualidade dos fatores
Especialização dos fatores
Contexto local que
encoraje formas
apropriadas de
investimento e
aprimoramento
sustentado
Competição
vigorosa entre rivais
situados na
localidade
Clientes locais
sofisticados e
exigentes;
Necessidades dos
clientes que
antecipem as que
surgirão em outros
lugares;
Demanda local
pouco comum em
segmentos
especializados, que
possam ser
globalmente
atendidas
Presença de
fornecedores
capazes,
situados na
localidade;
Presença de
setores
correlatos
competitivos;
Quadro 4 – Fontes da Vantagem Competitiva da Localização
Fonte: Adaptado de PORTER, 1999, p. 224
Segundo o modelo “diamante” de Porter (1990), quanto mais desenvolvida e intensa as
interações entre os fatores, maior será a produtividade das empresas que fazem parte do
cluster. Nesse sentido Porter e Stern (2001) alertam para o fato de que é necessário mais do
que a simples presença de uma grande empresa ou grupos de empresas concentradas numa
localidade. É também necessário, por parte dessas empresas, possuir habilidades de interação
entre elas de maneira a criar vantagens competitivas através da geração e absorção dos novos
conhecimentos em produtos e processos.
Apesar do “diamante” poder ser aplicado para qualquer setor da economia um claro foco
da literatura no uso desse instrumento para discutir os assuntos relacionados à geração e
Estratégia, Estrutura
e Rivalidade das
Empresas
Setores Correlatos e
de Apoio
Condições de Fatores
Condições de Demanda
36
conseqüências da inovação. Porter e Stern (2001) destacam que a inovação e a
comercialização das novas tecnologias têm acontecido desproporcionalmente em regiões,
onde há uma concentração geográfica de empresas e instituições interconectadas em um
determinado campo. Desta forma advogam que a decisão de investir em pesquisa e
desenvolvimento não deve ser tomada com base em custos de insumos ou subsídios, e sim
com base na localização dos espaços mais férteis para a inovação.
As proposições Porterianas receberam ampla aceitação por parte de muitos acadêmicos e
principalmente por consultores e propositores de políticas públicas (SOLVELL,
LINDQVIST, KETELS, 2003; CORTRIGHT, 2006; ANDERSSON, et al., 2004; USAID,
2003). Entretanto, Martin e Sunley (2003) questionam o fato de que nas últimas duas décadas,
uma série de autores (principalmente do campo da geografia econômica) desenvolveu estudos
que culminaram na produção de uma série de termos que tiveram muito pouco impacto junto
aos promotores de políticas públicas.
Martin e Sunley (2003) atribuem o sucesso da disseminação dos conceitos de Michael Porter
sobre clusters a três razões. A primeira delas seria o excessivo foco na determinação da
competitividade das empresas, principalmente o destaque dado à promoção da
competitividade da economia americana. A segunda razão se encontra na abordagem utilizada
que trilhou caminhos teóricos e conceituais e se aproximou mais da linguagem de estratégia
de negócios e seus mecanismos práticos. Finalmente a terceira razão se encontra na essência
do seu conceito de cluster que seria vago o suficiente para abranger um alto espectro de
indústrias e especializações.
Antes de ser um modelo ou teoria rigidamente testada e avaliada, a idéia de cluster
se tornou aceita na base da fé como um válido e significativo modo de pensar a
economia nacional, como um modelo ou procedimento o qual pode decompor a
economia em distintos grupos geográficos de indústria com o propósito de entender
e promover a competitividade e a inovação. (MARTIN; SUNLEY, 2003, p. .9,
tradução nossa).
Perry (1999) e Steiner (1998) também questionam o caráter “elástico” da proposição de
cluster sustentada por Porter, principalmente no que concerne aos limites geográficos de sua
definição.
37
2.1.3 Distritos industriais
Dentro dessa imensa quantidade de definições, o conceito de distrito industrial foi o primeiro
a ser apresentado, Brenner (2004) aponta Alfred Marshall como seu autor, ou fonte da idéia
original. Tal definição aborda os benefícios da localização, contrapondo o agrupamento de
pequenas empresas num mesmo local à grande corporação, como forma de se obter
economias de escala. Gordon e McCann (2000) atribuem a Marshall a primeira tentativa de
classificação das concentrações industriais. Segundo Krugman (1991), Marshall propôs três
razões pelas quais as empresas continuariam na mesma área geográfica, seriam elas:
Oferta local de trabalho especializado;
A crescente oferta local de insumos não transacionais específicos de uma
indústria;
Um fluxo superior de idéias e informações.
A vantagem de uma oferta local de trabalho especializado poderia ser descrita em termos de
um sistema de oferta-demanda de trabalho, o qual maximizaria as oportunidades do
trabalhador e da firma individualmente de conseguirem aquilo que precisam, respectivamente,
a vaga de trabalho e o trabalhador especializado. Desse modo diminuiriam os custos para
ambas as partes (BRENNER, 2004).
De uma maneira geral, isso significaria que as empresas locais teriam melhores condições de
ajustar os níveis de trabalho-emprego em resposta às condições de mercado mais
eficientemente do que as empresas mais isoladas geograficamente. Da mesma forma que a
oferta de insumos industriais não transacionais implicaria também na economia de escala de
uso do capital de infra-estrutura, e uma maior difusão e compartilhamento de conhecimento
relacionado a produtos e mercados entre os agentes do mesmo espaço, devido ao fluxo
superior de informações e idéias (GORDON; MCCANN, 2000).
O elemento-chave da abordagem de Marshall é que cada fonte de benefício econômico está
ligada à proximidade geográfica. Nenhuma das fontes desses benefícios é interna à empresa,
38
mas cada uma delas é externa para todas as empresas. As fontes atuais de tais benefícios são
hoje bem diferentes, assim como os mecanismos pelos quais esses benefícios são
transmitidos. Descrições mais modernas de aglomerações tendem a seguir a classificação
proposta por Hoover e Giarratani (1948), a qual as fontes das vantagens da aglomeração
seriam os retornos internos de escala, economias de localização e economias de urbanização
(GORDON; MCCANN, 2000).
Ainda de acordo com Brenner (2004) as idéias básicas de Marshall foram absorvidas pela
literatura italiana sobre o tema no final da década de 70. Tal apropriação acabou levando a
literatura italiana a cunhar dois novos termos: os “distritos industriais Marshallianos” e os
“distritos industriais Italianos”. Basicamente, o conceito de distritos industriais italianos foca
nos aspectos sociais que os distritos estão envolvidos. As primeiras discussões sobre a
importância da estrutura e interação sócio-econômica são atribuídas à Becattini, autor italiano,
forte influenciador da literatura nascente sobre esse tema no final da década de 70 e início da
década de 80.
Becattini (1991) afirma que a literatura italiana na análise dos distritos industriais na cada
de 80 lidou com muita ambigüidade e confusão. Para dirimir um pouco dessa confusão, o
autor sugere que não se considere distritos industriais, as concentrações de empresas que
possuam uma interdependência com qualquer grande unidade de produção. Exclui também as
áreas que por acaso tenham alguma ligação com algum distrito industrial e que ainda não
tenham atingido um peso individual no mercado.
Becattini (2004, p. 19) define o distrito industrial como “uma entidade sócio-territorial o qual
é caracterizada pela presença ativa de uma comunidade de pessoas e uma população de firmas
em uma área definida naturalmente e historicamente”. Numa mesma direção Sforzi (2002, p.
442) define distrito industrial “como um sistema local caracterizado pela ativa co-presença de
uma comunidade humana e de uma indústria dominante, constituída por um conjunto de
pequenas empresas independente e especializada em diferentes fases do processo produtivo”.
Outra forte influência advinda da experiência italiana foram os estudos de caso de distritos
localizados no norte e leste da Itália. Principalmente os estudos realizados por Pyke, Becattini
e Sengerberger (1990). Conseqüências desse estudo derivaram o surgimento de termos como
“redes de pequenas e médias empresas localizadas em centros urbanos e com forte tradição
39
artesanal”, “disseminação de pequenos grupos de empresas com base na agricultura familiar”,
“presença de instituições e tradições políticas locais ligadas à tradição católica e ao
movimento socialista e comunista”. Tais questões teriam sido pré-requisitos para a
emergência dos distritos industriais italianos.
Segundo Brenner (2004) durante a década de 90, um rápido e crescente número de
abordagens sobre o conceito dos distritos industriais italianos tomou corpo, contribuindo para
que não mais houvesse na literatura italiana uma definição comum sobre esse tema. Tal
fenômeno teria decorrido em função dos novos desenvolvimentos ocorridos nesses distritos e
do crescente interesse de alguns cientistas em transferir tais conceitos para outras regiões fora
da Itália.
De acordo com Brenner (op. cit.), apesar dessa diversidade de visões sobre a temática dos
distritos industriais italianos, haveria uma concordância pela maioria dos autores em relação
às seguintes características:
Localização de um grande número de pequena e especializadas empresas;
A intensa divisão de trabalho entre essas empresas;
Uma rede social de relevantes atores econômicos locais favorecidos por um
backgroud cultural compartilhado.
2.1.4 Innovative milieux
O termo “innovative milieux” foi cunhado em função de um projeto francês (Group de
Recherche Européen sur les Milieux Innovateurs - GREMI) que analisava as regiões
exteriores às grandes cidades, através da ótica da inovação e sinergia entre as empresas locais.
A proposição teórica desse modelo de sucesso regional dependeria basicamente das
economias das proximidades geográficas, possuindo desse modo uma similaridade aos
pressupostos básicos dos distritos industriais. Apesar de que um foco maior da abordagem
40
do innovative milieuxna troca de informações do que no contato ou cooperação entre as
organizações (BRENNER, 2004).
Lastres e Ferraz (1999) definem Milieux inovador como o local ou uma complexa rede de
relações sociais em uma área geográfica limitada, cuja capacidade inovativa local é
intensificada através de um processo de aprendizado sinérgico e coletivo. Além das relações
econômicas, são também consideradas as relações sociais, culturais e psicológicas.
Maillat (1998) afirma que é possível distinguir dois modelos distintos de desenvolvimento de
recursos urbanos e espaços de interação. O primeiro deles denominou como modalidade
metropolitana e o segundo como modalidade baseada em Milieux. Respectivamente, os
atores do primeiro modelo desenvolvem atividades e aprendizagem independentemente do
sistema territorial de produção, enquanto que no segundo modelo os atores co-produzem
atividades e coesão entre eles dentro do sistema territorial de produção, possibilitando a
construção de iniciativas, operações e transformações entre seus atores.
Lemos (2003) aponta que a abordagem do milieux ressalta a importância da proximidade
espacial muito mais pela facilidade de trocas de informações, similaridade de atitudes
(culturais e psicológicas), freqüência de contatos, cooperação e capacidade inovativa do que
em termos de redução de distâncias físicas e custos de transação.
2.1.5 Local Industrial Clusters
Várias abordagens sobre diversos tipos de sistemas locais são desenvolvidas por diferentes
campos do conhecimento, como por exemplo, a definição de clusters industriais locais (Local
Industrial Clusters).
Uma aglomeração industrial existe, apenas se, em uma região o número de empresas
de uma indústria é significativamente maior do que o número que deveria
representar a média em comparação com outras regiões. Um cluster industrial local
é uma aglomeração industrial que é causada por um processo local de auto-
crescimento. (BRENNER, 2004, p. 14, tradução nossa)
41
Segundo Brenner (2004) as aglomerações geradas por conta da proximidade de recursos
naturais, necessidade da proximidade com clientes e causas estatísticas não contribuem para
geração de clusters industriais locais e desse modo essas aglomerações não podem ser
denominadas como cluster industriais locais. Já o processo de auto-crescimento poderia
ocorrer de acordo com um número superior de empresas nascentes por condições de acesso a
capital de risco e atratividade da região. Uma outra forma de alimentação desse auto-
crescimento se deveria pelo um maior sucesso das empresas devido às economias geradas
pela localização como cooperação entre empresas, desenvolvimento de uma oferta de trabalho
especializado e “trasbordamento” de conhecimento.
2.1.6 Arranjos Produtivos Locais
A década de 90 foi marcada pela emergência de uma série de trabalhos produzidos no Brasil
que englobavam de alguma forma a temática dos clusters, permeado por uma discussão sobre
desenvolvimento local e pequena empresa. Azais (1992) usou em sua análise sobre elementos
na interseção da sociologia e da economia, os exemplos dos sistemas produtivos locais
franceses e distritos industriais italianos. Maciel (1996) também destacou o exemplo italiano
como um exemplo de superação de crise. Numa direção próxima podemos destacar a
literatura relacionada à discussão sobre formação de redes e suas estruturas (PECI, 1999),
arquiteturas e redes e PMEs (FARIAS FILHO; CASTANHA; PORTO, 1999), redes de
pequenas e médias empresas e organizações virtuais (SANTOS; VARVAKIS, 1999).
Contribuição da grande importância tem sido gerada pelo grupo de pesquisadores ligados à
Rede de Pesquisas em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (Redesist) que vem
desenvolvendo estudos empíricos com a preocupação em refletir sobre as necessidades de
políticas de mobilização e apoio para as PMEs (LASTRES; CASSIOLATO; MACIEL, 2003).
Um trabalho específico foi muito importante para a disseminação de outros estudos e
publicações. O trabalho de Casaroto Filho e Pires (2001) foi fundamental para uma maior
popularização da temática e serviu como base para inúmeros outros estudos e publicações.
42
Casarotto Filho et al. (1998) e Cassaroto Filho e Pires (2001) desenvolveram seu trabalho
sobre desenvolvimento local e PMEs com base no modelo de cooperação italiano, mais
especificamente o modelo desenvolvido na região de Emilia Romagna localizada no norte da
Itália. O foco de seu trabalho foi o estudo da capacidade competitiva das PMEs tendo como
modelo de análise a literatura de estratégia empresarial. Um dos pontos mais destacados como
elementos de promoção da competitividade através de esforços cooperativos foi a utilização
de consórcios dos mais variados tipos por parte de seu exemplo italiano. Porém deve ser
destacada sua proposição de criar um glossário de termos em parceria com membros do
SEBRAE. O glossário proposto traz diferentes definições sobre redes e sistemas locais, entre
eles pólos, cluster (aglomeração competitiva), cadeia produtiva, sistema produtivo (ou
econômico) local, redes e consórcios de empresas.
Outro trabalho relevante foi proposto por Amato Neto (2000) com uma abordagem também
focada nas PMEs e na temática de cooperação entre redes de empresas. O trabalho discute
questões relacionadas a inovação e paradigmas tecnológicos e agrega a descrição de casos de
aglomerações denominados pelo autor como pólos de empresas.
Clusters, arranjos produtivos locais e distritos industriais são conceitos que muitas vezes se
confundem pelo grande número de tipologias que foram criadas baseadas em estudos muitas
vezes focados em exemplos particulares. Entretanto, algumas características comuns nas
inúmeras definições da literatura até então desenvolvidas, são elas: a interação entre firmas, a
proximidade geográfica e ou setorial entre empresas e um maior ou menor grau de
concentração entre pequenas e médias empresas (CAPORALI; VOLKER, 2004).
Na interpretação de Caporali e Volker (2004), Arranjo Produtivo Local (APL) é um tipo
particular de cluster. Sua formação é composta por pequenas e médias empresas agrupadas
em torno de uma profissão ou negócio, aonde os relacionamentos formais e informais geram
vantagens como: ganhos de escala, economias externas, associadas à socialização do
conhecimento e à redução dos custos de transação. Tal definição fica muito próxima do que
os autores italianos definiram como distritos industriais ou clusters italianos.
De acordo com Cassiolato, Lastres e Maciel (2003, p. 27), os conceitos de Arranjos
Produtivos Locais e sistemas produtivos e inovativos locais proposto pela REDESIST são
definidos, respectivamente como:
43
Aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais com foco em
um conjunto específico de atividades econômicas que representam vínculos
mesmo que incipientes. Geralmente envolvem a participação e a interação de
empresas que podem ser produtoras de bens e serviços finais até fornecedoras de
insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços, comercializadoras,
clientes, entre outros e suas variadas formas de representação e associação.
Incluem também diversas outras instituições públicas e privadas voltadas para:
formação e capacitação de recursos humanos (como escolas técnicas e
universidades); pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoção e
financiamento.
Sistemas produtivos e inovativos locais são aqueles arranjos produtivos em que
interdependência, articulação e vínculos consistentes resultam em interação,
cooperação e aprendizagem, com potencial de gerar o incremento da capacidade
inovativa endógena, da competitividade e do desenvolvimento local.
Numa orientação mais alinhada com a operacionalização do termo pelos principais
organismos de suporte governamentais, Caporali e Volker (2004, p. 230) definem APL como:
[...] constituem um tipo particular de cluster, formado por pequenas e médias
empresas, agrupadas em torno de uma profissão ou de um negócio, onde se enfatiza
o papel desempenhado pelos relacionamentos formais e informais entre
empresas e demais instituições envolvidas. As firmas compartilham uma cultura
comum e interagem, como um grupo, com o ambiente sociocultural local. Essas
interações, de natureza cooperativa e/ou competitiva, estendem-se além do
relacionamento comercial e tendem a gerar, afora os ganhos de escala, economias
externas, associadas à socialização do conhecimento e à redução dos custos de
transação. Note-se que, nesses sistemas, as unidades produtivas podem ter atividades
similares e/ou complementares, em que predomina a divisão do trabalho entre os
seus diferentes participantes empresas produtoras de bens e serviços, centros de
pesquisa, centros de capacitação e treinamento e unidades de pesquisa e
desenvolvimento, públicas e privadas.
2.2 Mapeamento e métodos de identificação de clusters
Segundo Nesta, Patel e Arundel (2003) o propósito de mapeamento de clusters é identificar
concentrações industriais que segundo os autores possuem duas orientações, uma de caráter
regional e outra de caráter industrial. Essas duas dimensões acabam gerando uma dificuldade
de operacionalização dos conceitos devido a certas dificuldades como a falta de uma clara
definição do que constitui as delimitações de fronteira regional de um cluster.
Acerca das concentrações industriais, Porter (1999, p. 216) afirma:
44
Suas fronteiras raramente coincidem com os sistemas padronizados de classificação
setorial, que não captam muitos participantes importantes do processo competitivo e
tampouco entre os elos entre os setores.
Como suas partes quase sempre se enquadram em diferentes setores ou categorias de
serviços tradicionais, alguns aglomerados importantes talvez permaneçam na
obscuridade ou nem mesmo sejam reconhecidos. Em Massachusetts, por exemplo,
mais de quatrocentas empresas, representando pelo menos 39.000 cargos de alta
remuneração, estão envolvidas de alguma forma, com dispositivos médicos. No
entanto durante algum tempo, o aglomerado quase não era percebido, enterrado
entre grandes categorias setoriais sobrepostas, como equipamentos eletrônicos e
produtos de plástico.
Segue-se uma apresentação dos principais métodos utilizados para a identificação de clusters.
Uma variedade de métodos ou variações de abordagens do mesmo método pode ser
facilmente encontrada na literatura. De acordo com Nesta, Patel e Arundel (2003) tal
variedade de métodos e definições é explicada pela diversidade de diferentes conceituações
do que vem a ser um cluster e pelos tipos de classificações geográficas e industriais e suas
estatísticas.
Em relação aos métodos de identificação de clusters quantitativos identificamos três tipos de
metodologias. A primeira abordagem é baseada no uso detalhado de informações das
empresas como taxas de emprego. A segunda abordagem é baseada no uso de dados sobre
entrada-saída de dados para identificar relações entre diferentes setores industriais. A terceira
abordagem quantitativa se baseia em dados estatísticos a respeito de informações sobre
inovações (NESTA; PATEL; ARUNDEL, op. cit.).
O primeiro método tem como fonte de localização das aglomerações as informações que
apontam as especializações industriais ligadas a regiões específicas. Tal abordagem é
comumente usada na literatura associada aos sistemas locais de produção e aos distritos
industriais (KRUGMAN, 1991; SFORZI, 2002; BECCATINI, 2004). Entre as principais
variáveis dessas abordagens, Nesta, Patel e Arundel (2003) apontam:
Numero de firmas;
Número de empregados;
Densidade de firmas na região;
Critério de especialização (geralmente algum coeficiente locacional).
45
De acordo com Haddad (1989) e Suzigan et al. (2003), o Quociente Locacional (QL) compara
a participação percentual de uma região em um setor particular com a participação percentual
da mesma região no total do emprego da economia nacional, da maneira que segue:
=
jEiji
jEij
iEij
Eij
LQ ...(1)
Aonde Eij é o emprego da indústria i na região j;
Aonde
iEij é o total de emprego da região j;
Aonde
jEij é o total nacional de empregos da indústria i;
Aonde
jEiji é o total de emprego nacional.
Resultados maiores que 1 do coeficiente locacional indicam que é relativamente mais
especializada em uma dada indústria. Em muitos dos estudos sobre identificação de clusters é
dado como prática comum o reconhecimento da especialização quando o mesmo é superior a
1.25 (NESTA; PATEL; ARUNDEL, 2003).
Todavia, Suzigan et al. (2001, 2003) alertam para que o uso do índice de especialização deva
ser utilizado com cautela. Situações em que uma região pouco desenvolvida industrialmente
poderá apresentar um elevado índice de especialização simplesmente pela presença de uma
unidade produtiva, mesmo que de dimensões modestas. Nesse sentido uma outra deficiência
do índice é a dificuldade para identificar algum tipo de especialização em regiões (ou
municípios) que apresentam estruturas industriais mais diversificadas, como ocorre em
municípios muito desenvolvidos, com estrutura industrial diversificada e emprego total
elevado.
Há algumas limitações de tais técnicas de identificação, uma vez que tal método não consegue
identificar, além da concentração industrial em certa região, as ligações entre as indústrias.
46
Estas ligações, se ausentes, não configuram uma das principais características dos conceitos
de clusters (NESTA; PATEL; ARUNDEL, 2003).
O segundo método foca nas ligações produtivas entre diferentes empresas pertencentes a uma
cadeia de valor econômica. A principal entrada de dados é a fonte de informações de entrada e
saída de bens intermediários e finais em termos financeiros. Basicamente esse método busca
identificar indústrias que fornecem produtos ou serviços que representam um percentual do
total fornecido como bens intermediários e classificam as ligações como fracas ou fortes.
Eliminadas as ligações fracas, a maioria das alternativas se vale de um algoritmo de
clusterização para identificação dos clusters. Após essa fase outros métodos quantitativos ou
qualitativos são usados para identificação de outras características tais como inovações, fluxo
de conhecimento, nível de cooperação, etc. Dois pontos críticos sobre essa metodologia
podem ser levantados, o primeiro diz respeito á falta de uma dimensão regional em sua
essência, e o segundo ponto se refere à construção de conceitos dos clusters que não é
baseado em setores industriais como a metodologia propõe (NESTA; PATEL; ARUNDEL,
2003).
O terceiro método se baseia no uso de grandes bases de dados para localizar similaridades
entre regiões, através do emprego de técnicas estatísticas como análise de clusters, análise
fatorial ou análise de correspondência. Uma das dimensões de grande uso em relação ao
emprego dessas técnicas se refere ao uso de variáveis relacionadas à inovação. Em relação às
críticas mais comuns sobre tal metodologia estão a falta de uma orientação da dimensão
industrial e a falta de atenção das ligações entre empresas (BRENNER, 2004; HELD, 2004).
Um outro caminho metodológico para a identificação de clusters é o embasamento no
conhecimento econômico e político de especialistas. Destacando com vantagens desse método
o aumento do conhecimento de uma realidade econômica específica, destaque para o papel de
outras instituições além das empresas, e melhor visão da realidade do cluster para a promoção
de políticas de apoio. Entretanto limitações como a não replicação dos métodos de
identificação e os resultados não podem ser comparados entre diferentes clusters.
evidentemente outros estudos que mesclam o uso de técnicas quantitativas e qualitativas.
Geralmente trabalham com coeficientes locacionais num primeiro estágio e num segundo
47
estágio fazem uso de técnicas qualitativas (MARKUSEN, 1994). Geralmente abordam
características dos clusters tais como:
Estágio de desenvolvimento do cluster ou ciclo de vida;
Nível de profundidade de sua especialização;
Dinâmica dos níveis de emprego;
Dinâmica competitiva (se competitivo em termos internacionais, nacionais ou
regionais).
Mayer (2005) propõe um modelo de classificação de clusters através do cruzamento de dados
relacionados ao coeficiente locacional de mão-de-obra e as taxas de crescimento de emprego,
gerando a seguinte classificação:
Clusters com alto coeficiente locacional e baixas taxas de crescimento representa
um setor em fortalecimento, mas sem nenhum crescimento significativo;
Clusters com alto coeficiente locacional e altas taxas de crescimento representa um
cluster saudável que exporta seus produtos e que tem alguma vantagem competitiva;
Clusters com baixo coeficiente locacional e altas taxas de crescimento pode
representar um cluster emergente, pois crescimento das taxas de emprego representa
demanda maior por produtos que deve ser atendida por maior emprego de mão-de-
obra;
Clusters com baixo coeficiente locacional e baixas taxas de crescimento de emprego –
não representam a existência ou emergência de clusters.
48
2.3 Ciclo de vida industrial
A literatura tanto acadêmica quanto gerencial apresenta a identificação de clusters em
diferentes estágios de desenvolvimento e propõe diferentes abordagens para essas fases. A
seguir apresentamos dois modelos que tentam apresentar essa realidade:
Segundo Casarotto Filho (2001), o ciclo de vida de um cluster inicia pela construção de suas
primeiras relações comercias entre algumas empresas, seguido de um crescimento e processo
de verticalização, até seu estágio estruturado com relações formalizadas entre as empresas
(consórcios e redes com empresa mãe) e forte integração com instituições de suporte.
De acordo com Andersson et al. (2004) as fases do ciclo de vida de um cluster podem ser
divididas em cinco: aglomeração, emergente, em desenvolvimento, maduro e em
transformação (na figura a seguir da esquerda para direita).
Aglomeração: uma região com um número de empresas e atores acima da média local,
regional ou nacional;
Cluster emergente: um cluster embrionário, aonde um número limitado de atores da
aglomeração iniciam processo de cooperação em torno de uma atividade principal e
realizam alguma oportunidade através dos laços de cooperação;
Cluster em desenvolvimento: inclusão de novos atores da mesma atividade ou
relacionadas, desenvolvimentos de novos laços entre todos os atores. Geralmente o
reconhecimento da região por algum título, sítios eletrônicos, entre outras formas de
denominação comum da região-atividade emergente;
Cluster maduro: alcançou nesse estágio uma massa crítica de atores, desenvolveu
relações externas ao cluster com outros clusters, atividades e regiões. uma
dinâmica de criação de novas empresas, joint-ventures, etc;
49
Transformação: da mesma forma que a tecnologia muda os clusters também mudam,
caso contrário a tendência é o declínio do mesmo. É possível que outros clusters
surjam a partir de atividades relacionadas ao cluster original.
Figura 1 – Ciclo de Vida do Cluster em cinco fases
Fonte: ANDERSSON et al., 2004, p. 29
Wolfe e Lucas (2005) através de estudos anteriores (WOLFE; GERTLER, 2004)
desenvolveram um modelo de ciclo de vida para que os estudos sobre clusters e possíveis
ações de intervenção levem em conta seu estágio de desenvolvimento. Ou seja, os diferentes
estudos sobre clusters devem levar em consideração, a fase em que o objeto de estudo se
encontra. Tal preocupação pode ser muito bem sugerida também para as diferentes propostas
de metodologias de promoção de clusters. Tanto na proposta de Andersson et al. (2004),
como na proposta de Wolfe e Lucas (2005), o elemento cooperação é central para a
explicação e caracterização das diferentes fases do ciclo de vida.
Latente Em desenvolvimento Estabelecido Em transformação
Infra-estrutura de
pesquisa e ensino
Incubadoras ou
instituições de pesquisa
são formadas
Novas empresas surgem e
mercado em expansão
Instabilidade – cluster
muda em função do
mercado, tecnologia e
processos
Políticas de
financiamento
governamental
Novos atores da mesma
atividade emergem na
região
Há uma massa crítica de
empresas e instituições de
suporte
Margens diminuem
Presença de empresas e
atores que iniciam algum
tipo de cooperação em
volta de alguma
atividade e oportunidade
em comum
Associações e institutos
com objetivo
associativo e
colaborativo emergem
Investimento e P&D
privado
Mudanças de produtos
e métodos são
empregas evitando o
declínio
Quadro 5 – Ciclo de Vida do Cluster
Fonte: WOLFE; LUCAS, 2005, p. 7
Brenner (2004) afirma que a literatura repetidamente aponta a localização geográfica,
existência de sistemas educacionais (principalmente universidades), pesquisas públicas,
cultura, políticas regionais e nacionais, características específicas do mercado local e história
50
da região como determinantes da atratividade da região. Afirma também que para cada fator
apontado na mesma literatura estudos de caso que não apresenta nenhuma dessas
condições. Nenhum fator é decisivo, porém o que importa é a soma dessas variáveis.
As condições usadas na literatura para identificar clusters industriais locais são desenvolvidas
de acordo com as observações empíricas, o que significa que sua definição é recursivamente
definida.
Karlsson, Johansson e Stough (2005) afirmam que a maioria das contribuições teóricas
enfatiza que a interação é uma característica sica dos clusters, entretanto destaca que a
interação não é um fenômeno apenas local ou regional. A interação também acontece entre as
fronteiras internacionais e cada vez mais a interação entre os diferentes tipos de redes tem
crescido.
2.3.1 Os Clusters e os Custos de Transação
Cappelin (2003 apud KARLSSON; JOHANSSON; STOUGH, 2005) relata que as redes e as
relações entre redes possuem quatro importantes características:
As relações entre as ligações são caracterizadas por uma direção precisa, o que
identifica uma relação de controle ou dependência de uma ligação em relação à outra;
Cada ligação tem uma função que não depende somente da sua relação com outras
ligações, mas também de sua posição na rede geral;
As relações de uma rede estão normalmente ligadas às relações de outras redes;
As relações existentes dentro de uma rede são normalmente afetadas pelas relações
existentes passadas (aprendizado cumulativo).
51
A interação entre agentes econômicos, mesmo informais, deve ser considerada como um
contrato econômico. Geralmente não é econômico formular contratos completos, sendo que os
contratos incompletos devem ser reforçados pelo comprometimento econômico mútuo,
relações de propriedade, outros laços formais e confiança mútua. Sendo que as instituições
formais e informais desempenham papel fundamental na coordenação das relações entre as
ligações e dessa forma reduzindo custos. Os recursos necessários para estabelecer os acordos
contratuais podem ser classificados como custos de transação. Diferentes tipos de atividades
variam substancialmente em sua sensibilidade à distância (COASE, 1992; WILLIAMSON,
1996).
Um tópico comum às abordagens de Marshall (1920), Ohlin (1933) e Hoover e Giarratani
(1948) é a questão da proximidade geográfica. A proximidade em si não significa que haverá
a formação de redes locais, no entanto implica numa maior facilidade para realizar transações
e promover cooperação.
Para Krugman (1991) o surgimento das economias de aglomeração é o resultado de uma
interação ente economias de escala que geram retornos crescentes, custos de transporte ou
custos de transação geográfica e potencial de mercado regional. O que diferencia a abordagem
de Krugman dos demais é o senso de que o crescimento do potencial de mercado atrai mais
empresas. Sendo então o resultado de um processo endógeno. Ou seja, os empresários
continuarão os processos de clusterização sempre que for economicamente atrativo.
Karlsson, Johansson e Stough (2005) argumentam que existem basicamente dois tipos de
riscos, sendo o primeiro relativo à mudança tecnológica e o segundo, a emergência de um
novo cluster que compita diretamente.
A existência de retornos crescentes advindos da localização providencia uma base racional
para a clusterização. Os fatores que criam esses retornos crescentes existem apenas em um
espaço geográfico restrito, a razão disso reside principalmente nas limitações associadas aos
custos de transação (transporte e comunicação). A consequente equação entre os ganhos
crescentes advindos da localização e os custos de transação (relacionados à distância espacial)
providencia uma explicação para o desenvolvimento de diferentes tipos de padrões de
hierarquia espacial industrial (KRUGMAN, 1995).
52
De acordo com Gordon e McCann (2000), observações empíricas de aglomeração industrial
podem ser interpretadas de diferentes maneiras, dependendo da perspectiva inicial do
observador que muitas vezes tem pouca consciência de interpretações alternativas que podem
ser realizadas.
2.4 Políticas e Metodologias de Suporte
A UNIDO vem adotando uma abordagem de desenvolvimento de redes e clusters baseada nos
pressupostos de que a cooperação entre empresas leva a aumento da competitividade,
incluindo um foco considerável no processo de internacionalização via consórcios de
empresas. É pressuposto da abordagem que a implantação de políticas públicas pode facilitar
o processo de formação de redes e clusters e que o foco dos programas de suporte são mais
eficientes e eficazes quando aplicados a grupos de empresas, comparado quando aplicado a
empresas individualmente. Outra questão associada à cooperação é o impacto social nos
setores de alta intensividade de mão-de-obra e onde o desemprego é um grande problema
como nos casos dos países em desenvolvimento (HUMPHREY; SCHMITZ, 1995).
estudos que demonstram evidências consistentes do desenvolvimento superior de
empresas dentro dos clusters, principalmente indicadores sociais como taxas de crescimento
de emprego. Percebe-se na tabela a seguir que as taxas de crescimento de emprego dentro dos
distritos industriais foram maiores ou tiveram menores decréscimos do que os setores fora dos
distritos (NADVI; BARRIENTOS, 2004).
53
Tabela 1 – Crescimento da taxa de emprego dentro e fora dos distritos italianos por setores, 1991-1996
Setor Industrial Fora do Distrito Industrial
1996 1991 Cresc.(%)
Dentro do Distrito Industrial
1996 1991 Cresc.(%)
Alimentos 295.631 318.778 -7.3 150.883 155.278 -2.8
Têxteis, vestuário 257.170 311.919 -17.6 434.555 510.858 -14.9
Couro 77.928 82.540 -5.6 152.615 161.002 -5.2
Produtos em
madeira
99.538 110.857 -10.2 70.756 75.241 -6.0
Papel,
publicações
176.038 27.053 -10.5 84.398 87.255 -3.3
Carvão, Óleo,
combustíveis
22.112 182.123 -18.3 2.035 2.004 1.5
Químicos e fibras
feitas a mão
153.037 99.097 -16.0 56.205 55.255 1.7
Borracha e
plásticos
104.717 160.100 5.7 93.684 80.340 16.6
Minerais
metálicos não-
processados
136.975 444.363 -14.4 113.849 116.243 -2.1
Produtos e
trabalhos em
metal
402.805 282.473 -9.4 354.960 340.604 4.2
Maquinário e
aparelhos
mecânicos
284.782 350.500 0.8 269.323 256.467 5.0
Maquinário e
aparelhos óticos e
elétricos
307.434 289.154 -12.3 149.581 138.809 7.8
Meios de
transporte
230.956 133.154 -20.1 55.572 60.991 -8.9
Outras indústrias
manufatureiras
135.163 133.709 0.3 184.075 180.886 1.8
Total 2.863.286 2.989.254 -10.2 2.172.491 2.221.233 -2.2
Fonte: NADVI; BARRIENTOS, 2004, p. 49
Segundo Nadvi e Barrientos (2004) apesar de existir um número considerável de iniciativas
de promoção dos clusters, principalmente por agências como a UNIDO, Banco do
Desenvolvimento da Ásia, Organização Internacional do Trabalho, ou de instituições
bilaterais como a Agência de Assistência Técnica Alemã (GTZ), Agência Suiça para o
Desenvolvimento e Cooperação e Agência Internacional de Cooperação do Japão, pouca
evidência de tentativas explícitas de usar o desenvolvimento de clusters dentro da agenda de
alívio da pobreza. Mesmo sabendo que muitas dessas iniciativas são focadas em comunidades
pobres.
54
Áreas de
Intervenção
Efeitos Esperados (exemplos) Relevância no Alívio da
Pobreza
Desenvolvimento
Empresarial
Incentivos ao setor empresarial para criação de
novas empresas (formais e informais), geração
de emprego, qualificação de mão-de-obra,
melhorias das condições de trabalho,
desenvolvimento tecnológico, redução do
impacto ambiental, introdução de mecanismos
de controle de qualidade (certificações ISO),
melhoria da qualidade dos produtos e
processos, ampliação do alcance dos produtos.
Geração de renda;
Geração de emprego;
Inclusão de grupos sociais na
produção;
Melhoria da qualificação da
mão-de-obra;
Melhoria nas condições de
trabalho;
Formalização de fontes de
habilidades.
Ligações de
Negócios
Promoção das novas e empresas existentes via
acesso à informação de mercados, entrada em
novos mercados (nacionais e internacionais),
inserção nas cadeias globais de valor, maior
disponibilidade de crédito, desenvolvimento
das condições internas de mercado,
participação em feiras (nacionais e
internacionais), redução de custos através da
compra conjunta, qualificação da força de
vendas, exportação.
Aumento da segurança
através da diversificação;
Criação de renda e demanda
dentro do cluster;
Pressão para o
desenvolvimento das empresas.
Programa de Desenvolvimento de Clusters
Governança
Local
Promoção da idéia de cooperação entre as
empresas, disseminação de uma mentalidade
ganha-ganha, criação de redes verticais e
horizontais, promoção de consórcios de
exportação, consenso sobre as prioridades
mais gerais do cluster, Networking
institucional, crescimento da relevância
política em nível local e nacional, crescente
uso de recursos de suporte.
Crescimento do capital
social local;
Articulação de um processo
democrático local;
Crescimento da
responsabilidade das instituições
locais de suporte;
Melhoria das condições
ambientais.
Quadro 6 – Relação entre Cluster e Pobreza: efeitos esperados das intervenções do programa de
desenvolvimento de cluster da UNIDO
Fonte: NADVI; BARRIENTOS, 2004, p. 27, tradução nossa
2.5 Pesquisa relacionada – outros campos
Essa seção contempla a revisão teórica dos campos relacionados à temática de clusters que
são importantes para abordagem utilizada nesta investigação e para a busca da consecução dos
objetivos pretendidos. Essa seção inicia pela discussão da proposta da cadeia de valor global e
sua ligação com a competição. Em seguida, há a revisão da literatura sobre canais de
marketing e internacionalização das Pequenas e Médias Empresas (MPEs).
55
2.5.1 Cadeias de valor globais e competição
Uma outra literatura que tem crescido em relevância e que tem cada vez mais focado no
estudo dos clusters formados por PMEs é a da cadeia de valor global dentro do contexto dos
efeitos da globalização. Os principais autores dessa linha de pensamento possuem uma
considerável influência nas análises e propostas de políticas da UNIDO. Destaque para a
produção dos seguintes pesquisadores: Gary Gereffi, John Humphrey, Hubert Schmitz,
Raphie Kaplinsky, Lizbeth Navas Aleman, entre outros.
Humphrey e Schmitz (2001) discutem a dinâmica competitiva do mercado no contexto global.
Segundo os autores, a liberalização do comércio mundial tem trazido benefícios na inserção
dos países em desenvolvimento no comércio mundial. Entretanto, uma das descobertas dos
estudos realizados pelos dois autores citados, é de que cada vez mais o acesso (das empresas
dos países em desenvolvimento) aos mercados dos países desenvolvidos vem se tornando
dependente das empresas líderes globais situadas nestes países. Empresas detentoras de
marcas globais acabam se tornando varejistas mundiais e sub-contratando a fabricação,
impondo regras aos sub-contratados e movendo a produção para os locais com menores
custos.
O conceito de cadeia de valor e de governança são centrais para o entendimento da
abordagem de cadeia de valor global. De acordo com Kaplinsky e Morris (2003, p. 4) o
conceito de cadeia de valor,
[...] descreve uma grande amplitude de atividades que são necessárias para gerar um
produto desde sua concepção, através de diferentes fases da produção (envolvendo a
transformação física e serviços como insumos), entrega ao consumidor final e
disposição final pós-uso.
Gereffi (1993) ao examinar as transformações contemporâneas do capitalismo e globalização
percebe a emergência de um novo sistema global de manufatura, cujo padrão de produção e
comércio tende a ser coordenado por dois tipos de capitais transnacionais, a saber: empresas
manufatureiras transnacionais que moldam a globalização da produção de acordo com suas
decisões de investimentos e compradores de produtos de consumo (varejistas e empresas
donas de marcas), sediados e com maioria de suas operações em países desenvolvidos, que se
56
utilizam de seus grandes volumes de pedidos para mobilizar uma rede global de empresas
exportadoras (incluindo traders e fabricantes). O autor cunhou um termo denominado de
Global Commodity Chain (GCC), cujo conceito abrange desde os arranjos geográficos da
produção transnacional até os vários tipos de ligações entre os diversos agentes econômicos.
O conceito do GCC possui quatro grandes dimensões que são o fluxo de entradas e saídas das
atividades econômicas, a territorialidade das redes produtivas e de comercialização, a
estrutura de governança e um contexto institucional que molda as ligações entre empresas
(BAIR; GEREFFI, 2003).
2.5.1.1 Governança
Praticamente dois tipos de estrutura de governança emergiram e predominaram nas últimas
décadas, o primeiro denominado de producer-driven e o buyer-driven. Os nomes dão uma
idéia de quem é o principal papel na condução da governança, mas o quadro abaixo resume as
principais características e abrangência de cada tipo de estrutura de governança das cadeias de
comodites globais.
Tipo de Cadeia Tipos de empresas que controlam o sistema
produtivo
Estrutura produtiva
producer-driven Corporações transnacionais – geralmente empresas
de alta intensividade de capital e/ou tencnologia
Geralmente é transnacional com
variações dependendo do tipo
de indústria
buyer-driven Grandes redes varejistas e empresas com detentoras
de marcas globais geralmente empresas
pertencentes a setores com alta intensividade de mão-
de-obra
Geralmente não possuem
plantas fabris e terceirização a
produção para empresas
localizadas em países em
desenvolvimento com mão-de-
obra abundante
Quadro 7 – Tipos de estrutura de governança e suas características
Fonte: Adaptado de GEREFFI, 1993, p. 216
De acordo com Gereffi (2003) os lucros do tipo de cadeia buyer-driven são advindos da escala
e avanços tecnológicos (como os do tipo de cadeia producer-driven) e também das
combinações de fatores como pesquisa, design, marketing e finanças.
57
Segundo Humphrey e Schmitz (2001) o termo governança da cadeia de valor designa o poder
que alguma(s) da(s) firma(s) possuem em delimitar ou influenciar as regras que operam a
cadeia. A importância da governança nas cadeias de valor globais é considerável por várias
razões, entre as quais:
Acesso aos mercados por que atualmente os produtores da cadeia são controlados
por um número limitado de compradores mundiais, ou seja, para as empresas de
países em desenvolvimento ter acesso aos Estados Unidos e países Europeus é
necessário que tenha acesso às firmas líderes;
Acesso às melhores práticas gerenciais e de produção;
Distribuição de ganhos - as empresas que exercem a governança se baseiam em
competências intangíveis como design, marcas, pesquisa e desenvolvimento (P&D) e
marketing que são caracterizadas por altas barreiras de entrada. Enquanto as empresas
dos países em desenvolvimento se baseiam em atividades de produção ou tangíveis
com baixas barreiras de entrada. Esta situação leva a uma lógica de distribuição dos
ganhos dentro das cadeias de valor global.
Segundo Humphrey e Schmitz (2002), governança das cadeias de valor na verdade é o
exercício do controle num certo ponto da cadeia. Os parâmetros para este controle são quatro:
Definição do que é produzido e as características do produto;
Como dever ser produzido o produto, ou seja, a definição dos processos (sistemas de
qualidade, tecnologia, padrões ambientais, etc);
Quando deve ser produzido;
Quanto deve ser produzido;
Preço.
58
Ainda em relação ao exercício do controle das cadeias, Gereffi (1993) afirma que o controle
das cadeias do tipo producer-driven é exercido pelas principais empresas no ponto de
produção, enquanto que nas cadeias do tipo buyer-driven, o controle é exercido no ponto de
consumo.
Um dos pontos fundamentais apresentados por Humphrey e Schmitz (2002) é que muitos
produtores dos países em desenvolvimento têm que alcançar padrões ou requisitos que não
são exigidos em seus mercados domésticos. As principais implicações para o comércio
mundial discutida pelos autores são:
Há um aumento no número de produtores em países em desenvolvimento e uma
diminuição de compradores em países desenvolvidos;
A questão da marca é cada vez mais importante nos padrões de consumo, apesar da
governança não se limitar aos produtos de marcas globais;
A proporção que as capacidades dos produtores crescem (upgrade), a governança dos
canais de valor diminui o investimento nas competências dos canais, deixando a tarefa
para organismos emergentes locais;
Apesar de fatores como qualidade, velocidade e marca terem se tornando importantes,
a competição por preços continua muito grande. Levando a uma pressão constante nos
preços dos produtos com alta intensidade de trabalho humano na produção dos
mesmos. O que resulta na busca incessante por novos produtores com menores custos
de mão-de-obra.
De acordo com o resultado de muitos estudos realizados sobre cadeias de valor global,
Gereffi, Humphrey e Sturgeon (2005) propõem uma tipologia mais completa de governança
da cadeia de valor, detalhada no quadro a seguir.
59
Tipo do
Governança
Complexidade
das transações
Habilidade em
codificar
transações
Capacidades
na base da
oferta
Nível de coordenação
explícita e assimetria
de poder
Mercado Baixo Alto Alto Baixo
Modular Alto Alto Alto
Relacional Alto Baixo Alto
Cativa Alto Alto Baixo
Hierárquica Alto Baixo Baixo Alto
Quadro 8 – Determinantes chaves da governança da cadeia de valor global
Fonte: GEREFFI; HUMPHREY; STURGEON, 2005, p. 87, tradução nossa.
Gereffi, Humphrey e Sturgeon (2005) afirmam que no modelo de governança cativa, as
empresas dominantes possuem a responsabilidade de fornecer ou dar acesso a todos os
componentes destinados à produção. No entanto, quando o subcontratado recebe a
incumbência total da responsabilidade de produção, este deve ter desenvolvido a capacidade
de interpretar design, construir amostras, construir acesso aos insumos, monitorar a qualidade
do produto, alcançar os requisitos de preço do comprador e garantir a entrega do produto em
tempo. Os autores citados também afirmam que a estrutura de cadeia de valor global depende
criticamente de três variáveis que são a complexidade das variáveis, habilidade de codificar as
transações e as capacidades da base de fornecimento. O que distingue as empresas dominantes
das não dominantes é o controle do acesso aos principais recursos que geram os maiores
retornos, a saber, o design dos produtos, novas tecnologias e marcas.
2.5.1.2 O processo de aprimoramento (upgrading)
Gereffi e Memedovic (2003) classificam os sistemas produtivos internacionais em três
modalidades. O primeiro sistema, denominado de Assembly, designa uma forma de
contratação formal, a qual os fabricantes de vestuário recebem os insumos, geralmente em
zonas de exportação. O segundo sistema denominado de original equipment manufacturing
(OEM) é uma subcontratação formal, cujo subcontratado deve produzir os produtos de acordo
com os padrões definidos e com a marca do contratante que por sua vez controla a
distribuição. O terceiro e último sistema denominado de original brand name manufacturing
(OBM) é o aprimoramento dos produtores de uma posição OEM para o controle do design e
venda de produtos com suas próprias marcas.
60
Gereffi (1993) conclui que os processos de industrialização e desenvolvimento não são a
mesma coisa. Nesse caso, principalmente para as nações em desenvolvimento, o processo de
industrialização em si não é suficiente para que suas economias consigam mobilidade dentro
do contexto mundial. O autor sugere que as nações em desenvolvimento devem buscar uma
contínua melhoria e avanço de atuação para áreas produtivas de alta intensividade em
tecnologia e outras técnicas de adição de valor como o design e marketing.
Bair e Gereffi (2003) definem aprimoramento (upgrade) como uma mudança para atividades
de maior valor dentro das cadeias globais de fornecimento. No caso das empresas de
vestuário, os autores percebem esse avanço de valor quando as empresas passam de uma
orientação de linha de produção exportadora para formas mais integradas de produção e
marketing.
2.5.1.3 Integração dos conceitos de clusters e cadeia de valor global
Em um estudo mais recente de um cluster calçadista localizada na cidade de Brenta (Itália),
Rabellotti (2001) integra a típica abordagem dos distritos industriais com a literatura de cadeia
de valor global. Nesta análise a pesquisadora pôde perceber a emergência de atores externos.
Ou seja, alguns grupos de empresas em Brenta estavam deixando de lado as vendas e o
desenvolvimento de design (especialidades das empresas líderes nas cadeias de valor globais)
para focar na produção.
Ainda em relação à pesquisa, destacam-se os seguintes pontos:
O abrupto crescimento de conflitos entre os membros dos agrupamentos de empresas;
O decréscimo da quantidade e aprofundamento das relações de cooperação entre
pequenas e médias empresas;
Um melhor desenvolvimento técnico das pequenas e médias empresas que têm como
característica a participação da grande empresa como elo central da rede, isso em
relação às demais pequenas empresas com ligações apenas horizontais.
61
O estudo do caso de Brenta chama a atenção para o fato de que o modelo italiano talvez esteja
desgastado ou esteja defasado em relação ao contexto global que vem se acentuando. Novos
estudos são necessários para formar uma base de dados mais consistentes a respeito do tema.
Entretanto, para um melhor entendimento do problema é preciso delimitar quais são as fontes
de vantagens competitivas que podem fazer a diferença na atual economia globalizada.
Os conceitos de competitividade relativos a cadeia de valor global discutem em sua essência a
governança e uso de recursos como forma de obter vantagens competitivas. Numa linha mais
ousada, Hunt e Morgan (1995) propõem uma nova teoria relativa à competição.
Fundamentado nos conhecimentos de teoria baseada em recursos, nos trabalhos da vantagem
competitiva da economia do marketing e organização industrial, na teoria da competitividade
racional dos austríacos e na teoria da vantagem diferenciada do marketing e economia, os
autores desenvolveram os fundamentos desta nova teoria da competição.
Hunt e Morgan (op. cit.) fazem uma ampla crítica a escola neoclássica da competição perfeita,
principalmente no que tange a explicação de fatores chaves de fenômenos macro e micro
econômicos relacionados à competição. A nova teoria da competição proposta pode ser
resumida na figura abaixo. Basicamente se resume a um uso diferenciado de recursos que
transformados adequadamente se traduz em vantagens competitivas.
Esquema 2 – A teoria da vantagem comparativa da competição
Fonte: HUNT; MORGAN, 1995, p. 9
As empresas nos países em desenvolvimento, assim como em qualquer lugar estão sobre
pressão competitiva crescente. Principalmente aquelas baseadas em alta intensividade de mão-
de-obra. A literatura sobre competitividade praticamente prevê dois caminhos, ou a empresa
Recursos:
vantagem
comparativa
Posição no
mercado:
vantagem
competitiva
Performance
financeira
superior
Qualidade
superior,
eficiência e
inovação
62
busca maiores níveis de eficiência, ou deve desenvolver produtos com maior valor agregado.
Nesse sentido, várias escolas de pensamento como a da nova geografia econômica, estudos
organizacionais e de inovação, ciências regionais, têm enfocado os determinantes locais da
competitividade. No entanto, uma outra literatura denominada de cadeia de valor global tem
enfocado tal fenômeno com uma abordagem centrada nas ligações de produção e distribuição
globais, em comparação com as demais escolas de pensamento citadas anteriormente que
focam as ligações locais (HUMPHREY; SCHMITZ, 2002).
Humphrey e Schmitz (2002) propõem a integração dessas duas perspectivas, principalmente
para estudar os clusters orientados para exportação que se encontram nas cadeias de valor
globais. Nesse sentido os autores buscam distinguir os diferentes tipos de avanço (upgrade) e
de cadeias globais, focando o aspecto da coordenação das cadeias. Classificando a
coordenação das cadeias em um contínuo que vai de nenhuma relação de mercado a uma total
governança hierarquizada. Os tipos particulares de coordenação são o de redes, o qual é
formado por parceiro com competências complementares, e o de quase-hierarquia, o qual é
caracterizado por uma clara assimetria em favor de um dos parceiros (geralmente os
compradores globais). Sendo este último tipo mais comumente encontrado nos países em
desenvolvimento, apesar de haver casos já encontrados em países como a Itália
(RABELLOTI, 2001).
Clusters Cadeias de Valor
Governança dentro da
localidade
Forte governança local caracterizada
por uma forte cooperação inter-firmas
e pela presença de instituições
privadas e públicas bastante ativas
Não discutida: a cooperação inter-
firma local e as políticas públicas
são ignoradas
Relações com o mundo
externo
Não se assume que as relações
externas sejam baseadas no livre
mercado
Forte governança na cadeia; os
negócios internacionais são
crescentemente gerenciados
através de redes de cooperação
inter-firmas
Avanço (upgrading) Ênfase no avanço incremental
(learning by doing) e disseminação
das inovações através das interações
dentro do cluster; as maiores
inovações ficam a cargo dos centros
de inovação
O avanço incremental é possível
através do learning by doing e
pela alocação de novas tarefas
pela empresa líder da cadeia;
avanços descontínuos são
possíveis pela entrada em cadeias
mais complexas
Desafio competitivo-chave Promoção da eficiência coletiva
através das interações do cluster
Acesso a cadeias e
desenvolvimento de ligações com
principais consumidores
Quadro 9 – Governança e Aprimoramento: Clusters X Cadeia de Valor
Fonte: HUMPHREY; SCHMITZ, 2002, p. 1019, tradução nossa.
63
Segundo Humphrey e Schmitz (2002) tanto a literatura sobre cluster como a de cadeia de
valor global enfatizam a necessidade de avanço competitivo para enfrentar os mercados
globais. Da mesma forma que citam o termo governança para denotar o sentido de
coordenação das atividades econômicas através das relações não ligadas ao mercado.
Entretanto, as duas abordagens têm uma visão da operação da governança bastante distinta no
que se refere ao seu lócus.
Para Brusco (1990), a importância da governança local como fonte de competitividade tem
sido defendida pelos autores das ciências regionais (principalmente da literatura de distritos
industriais) e estudos de inovação. A experiência da terceira Itália e de outros países europeus
nos anos 80/90 deu vazão ao surgimento de políticas de desenvolvimento com as seguintes
características:
Enfatizam a delegação de funções para um diverso número de instituições
governamentais e não-governamentais;
Operam através de instituições próximas às empresas;
Estendem os conceitos de empreendedorismo do setor privado para o público;
Incentiva a procura de auxílio por meio de associações e consórcios de negócios.
Para Scott (1996), a proposição do desenvolvimento e difusão do conhecimento fruto não
das sinergias da indústria, mais também fruto das políticas dos atores públicos e privados. Os
estudos contemporâneos reconhecem a importância das relações externas, especialmente
aonde os clusters são orientados para a exportação, porém a natureza dessa relação é
caracterizada explicitamente ou implicitamente sem a existência de uma hierarquia. O avanço
técnico é visto como um produto da interação das empresas e dos institutos de pesquisa do
cluster. Enquanto que a literatura da cadeia de valor global possui uma visão bem diferente no
que tange às relações entre as empresas, enfatizando as relações entre fornecedores e
compradores. Essa literatura enfatiza os avanços que os fornecedores conseguem realizar
através da ajuda dos grandes compradores globais:
64
Avanços nos processos produtivos (atenção especial à qualidade);
Avanços dos escopos de produtos (produtos mais sofisticados);
Avanços na especialização de funções do processo produtivo (pequena participação
nas atividades de design, marketing e gerência de marcas).
Schmitz e Knorringa (2000) afirmam que pesquisas realizadas na indústria de calçados
sugerem que em algumas cadeias globais, os compradores não só desencorajam os avanços
técnicos como também os obstruem.
A análise da cadeia de valor global está preocupada em como os sistemas de produção e
distribuição globais estão organizados. Como tais transações são organizadas tem sido alvo da
literatura de custos de transação (WILLIAMSON, 1975, 1979). Em situações caracterizadas
pela incerteza, arranjos de coordenação devem ser criados para minimizar os custos totais de
produção e transação. Quanto mais customizados os produtos se tornam para atender as
necessidades dos compradores, ou quanto mais difícil de monitorar o desempenho do
fornecedor, mais os custos de transação crescem. Os custos crescem na medida em que
comprador e vendedor necessitam interagir mais proximamente. Quanto mais complexos os
produtos, maiores os custos de transação e menores as vantagens do potencial de economia de
escala. Em casos extremos, grandes compradores integram diversos fornecedores ao redor do
mundo, sem que tenham uma única unidade fabril própria. A terceirização tem sido a opção
preferida mesmo quando os custos de coordenação são altos. Uma variedade de meios pode
ser usada para reduzir os custos de coordenação e combater o oportunismo. A análise da
cadeia de valor global identificou uma série de razões pelas quais as empresas presentes nos
países em desenvolvimento estão inseridas em cadeias de valor caracterizadas por relações
quasi-hierarquizdas:
Os setores de mão-de-obra intensiva estão frequentemente procurando por novas
fontes de oferta como forma de reduzir custos;
Crescente concentração do setor varejista (comprador global e emergência das marcas
próprias).
65
Nessa mesma linha, trabalhos como os de Dolan e Humphrey (2000) e Schmitz e Knorringa
(2000), respectivamente nos setores horticultura e calçados, reforçam a teoria que Gereffi
(1993) defende sobre o grau de controle que os grandes compradores mundiais exercem sobre
os elos produtivos das cadeias globais de produtos com alta intensividade em mão-de-obra e
pouco conteúdo tecnológico.
Bair e Gereffi (2003) identificam a indústria global do vestuário como um tipo que se encaixa
no tipo de cadeia buyer-driven, destacando o crescente fato de que produção nas últimas
décadas deixou de acontecer nos territórios norte-americanos e europeus. Empresas dos
segmentos de varejo (Wall Mart, Sears e JC Penney), material esportivo (Nike e Reebok) e do
segmento de vestuário (GAP, Liz Claiborne e The Limited) não mais produzem seus
produtos, apesar de manter sob seu controle o design e o marketing destes produtos.
2.5.2 Governança dos Canais de Marketing – poder, dependência e cooperação
Souza (2002) apresenta o modelo transacional entre uma díade do tipo firma-firma como a
menor unidade transacional de um arranjo de marketing. Ainda de acordo com Souza (2000),
os fluxos dos canais de marketing abrangem todos os processos e entidades envolvidas de
encaminhamento do bem ao consumidor. Formando esse fluxo total o fluxo do produto, o
fluxo da negociação, o fluxo da propriedade, o fluxo de informação e o fluxo promocional.
Achorl, Reve e Stern (1983) em sua proposta de estudo dos canais de marketing propõem a
construção de um instrumental para análise comparativa tendo com unidade de análise a
díade. Os autores adotam a perspectiva de que a atividade fundamental do canal de marketing
é a transação, ou seja, o ato de troca entre dois agentes econômicos.
No que tange a governança dos canais de marketing, Souza (2002) destaca a importância da
compreensão das variáveis que influenciam a capacidade de repartição do valor entre
membros de um arranjo de canal de marketing, considerando como menor unidade
transacional uma díade tipo firma-firma.
66
Ainda de acordo com Williamson (1976 apud ACHORL, REVE; STERN, 1983), a análise da
transação do canal se concentra na eficiência associada com os modos alternativos para
realização da transação em si, tais como, integração vertical, arranjos contratuais e trocas de
mercado.
O modelo da díade estava presente em estudos anteriores que abordam as relações de
poder-dependência como ponto de análise do poder nos canais de distribuição. Neste sentido,
estudos foram desenvolvidos por El-Ansary e Stern (1972), El-Ansary e Robicheaux (1974,
1976), El-Ansary (1975), Hunt e Nevin (1974).
Segundo El-Ansary (1975), muito pouca pesquisa empírica sobre canais de marketing.
Para o desenvolvimento do conhecimento nesta área, El-Ansary e Robicheaux (1974)
apontam a necessidade de se definir e diferenciar alguns conceitos básicos. São eles, os
conceitos de autoridade, poder, controle e liderança.
De acordo com El-Ansary (1975), poder em canais de distribuição é definido como a
habilidade de um membro do canal em controlar as variáveis de decisão da estratégia de
marketing de um outro membro em um dado canal. Apesar dos avanços na área, El-Ansary e
Robicheaux (1974) sustentam que não na literatura de marketing um instrumental que
consiga integrar os achados de pesquisa com o entendimento da natureza do comportamento
dos membros do canal. O que os leva a propor um modelo em que se destaca a proposição de
que a decisão da seleção da posição do canal é realizada em função das metas, expectativas e
valores do membro do canal.
Por outro lado Frazier (1983) afirma que a literatura até então produzida tem um escopo muito
limitado, centrado principalmente em como as firmas adquirem e usam poder, e as causas e
conseqüências de conflitos entre os membros dos canais.
El-Ansary (1975), em uma pesquisa para examinar a aplicabilidade da classificação dos
determinantes das relações de dependência nos canais de distribuição, formula um modelo
baseado em quatro fatores:
Investimento motivacional: metas e investimentos na mediação das metas;
67
Disponibilidade de alternativas fora da relação do canal – número de alternativas e
custo das alternativas.
Em relação à cooperação de membros de uma díade, Holm et al. (1996) desenvolveram uma
pesquisa empírica sobre cooperação em relações internacionais de negócio tendo como objeto
de estudo a relação entre uma organização fornecedora e outra consumidora. A pesquisa
contou com uma amostra de 138 relações (díades). A análise dos resultados desta pesquisa
demonstrou que a lucratividade da relação é diretamente afetada pelo nível de
comprometimento da relação, e indiretamente afetada pelo comprometimento, através das
redes de conexões de negócios dos membros da díade.
Ainda em relação a cooperação, Axelrod (1984) desenvolveu uma série de experimentos
relacionados ao estudo da evolução da cooperação de acordo com diferentes estruturas
sociais. Através dos resultados desses experimentos pôde apresentar significativas
observações sobre o aspecto evolutivo da cooperação. Entre os principais insights destacam-
se:
A mútua cooperação pode se tornar estável se o futuro for tão importante como o
presente;
A cooperação pode ser encorajada se os encontros forem mais freqüentes;
A reciprocidade é um fator importante, principalmente no combate aos
comportamentos oportunistas.
Importante também pontuar o trabalho de Hunt e Morgan (1994) relacionado à teoria do
comprometimento-confiança no marketing de relacionamento. Segundo os autores é condição
para a competição a capacidade de cooperação, nos mais diversos níveis e âmbitos da
empresa, assim como no caso dos canais de marketing.
Em relação à teoria das redes:
Teóricos de redes (ex. Jarillo, 1988; Lorenz, 1988; Powell, 1990; Thorelli, 1986)
afirmam que confiança, reputação e dependência mútua inibem o comportamento
68
oportunista, dessa forma se torna possível divisões de trabalho mais complexas entre
empresas e interdependência do que o previto pela teoria dos custos de transação
(GEREFFI; HUMPHREY; STURGEON, 2005, p. 81, tradução nossa).
Segundo Hunt e Morgan (1994), o tema poder tem recebido muito foco na condução de
estudos sobre marketing de relacionamento, enquanto que os autores defendem o
comprometimento e a confiança como elementos-chave na preservação de relações de longo
prazo. Em sua pesquisa, os autores desenvolveram um modelo que associa a cooperação ao
comprometimento e confiança, sendo estes associados a elementos como: custos e benefícios
relacionais, valores compartilhados, comunicação e comportamento oportunístico.
2.5.3 A Internacionalização das PMES
Feenstra (1988 apud GEREFFI; HUMPHREY; STURGEON, 2003) aponta que a integração
econômica mundial via comércio trouxe a desintegração da produção, pois segundo o mesmo,
as empresas têm encontrado vantagens em terceirizar seus produtos e serviços não-essenciais.
O que tem contribuído para um significativo aumento de produtos intermediários no comércio
mundial.
Para a cadeia do tipo buyer-driven”, a maior conseqüência do crescimento da concentração
do varejo mundial foi a expansão da terceirização da produção pelo mundo afora. Como
exemplo ilustrativo, os autores citam a queda de 49% da produção interna americana de
vestuário para 12% entre os anos de 1992 e 1999.
Ou seja, a terceirização mundial mundo afora possibilitou o surgimento de uma série de
oportunidades para diversos setores e portes de empresas. Desta forma alguns países
desenvolveram programas, leis e outras formas de incentivo e promoção de consórcios de
exportação, principalmente com o foco na pequena e média empresa.
O processo de internacionalização da firma pode ser dividido em duas grandes áreas: o
econômico e o organizacional. As teorias que seguem a orientação econômica focam em
aspectos macroeconômicos e microeconômicos. as teorias que seguem a orientação
organizacional abordam os aspectos comportamentais com enfoque nos processos e nas redes
69
(networking). Sobre este último tipo de abordagem se destacam o modelo de
internacionalização de Uppsala e outras vertentes da Escola Nórdica (HEMAIS; HILAL,
2004).
Informações mais particulares sobre as principais teorias sobre internacionalização de
empresas podem ser consultadas no quadro a seguir.
Quadro 10 – Principais teorias de internacionalização da empresa
Fonte: HEMAIS; HILAL, 2004, p. 36.
Bagella e Pietrobelli (1997) em um estudo sobre as perspectivas de internacionalização das
PMEs italianas localizadas em distritos industriais explicam que a literatura do processo de
internacionalização de firmas divide esse processo em diferentes estágios. Esses estágios
passam de acesso a mercados externos por simples exportação, passando por consórcios de
exportação, joint-ventures até o estágio de investimento externo direto. Segundo os autores a
escolha pela expansão das atividades empresariais via internacionalização pelas PMEs é
muito diferente do mesmo processo realizado pela grande empresa. Isso reflete diferentes
Enfoque Teoria/
Principal
autor
Idéia básica Força motora
Econômica Poder de
mercado /S.
Hymer
Firmas operam no exterior para
controlar outras empresas e usar
suas vantagens competitivas.
Alargamento das collusive networks
e restrições à concorrência em cada
mercado.
Ciclo do
produto/ R.
Vernon
Firmas inovam em seus
mercados locais e transferem
produção de produtos menos
sofisticados para países em
desenvolvimento, isto é, produtos
maduros são produzidos em
países em desenvolvimento.
Procurar locações que apresentem
menores custos para tecnologias
estáveis.
Internalização
/P. Buckley &
M. Casson
Firmas internalizam mercados
quando custos de transação de
uma troca administrativa são
menores que os custos de
mercado; assim, aumenta a
eficiência coletiva do grupo.
A expansão ou contratação da
produção internacional depende de
mudanças nos custos de transação de
operar em um conjunto maior de
mercados, comparados com os
custos de coordenar diretamente as
transações.
Paradigma
eclético /J.
Dunning
Firmas operam no exterior
quando têm vantagens
competitivas em propriedade
(O), localização (L) e
internalização (I).
Uso da OLI no processo de
internacionalização da empresa.
Organizacional Escola de
Uppsala /J.
Johansson
& J.E. Vahlne
Distância psíquica,
internacionalização incremental e
networks.
Envolvimento crescente da firma a
partir do aumento do conhecimento
sobre nova localização.
Escola
Nórdica /S.
Andersson
Empreendedorismo. Papel do empreendedor como
fundamental no processo de
internalização da firma.
70
capacidades em influenciar e cooperar com um ambiente externo complexo caracterizado pela
assimetria da informação, riscos, e diferentes oportunidades de se explorar economias de
escala e escopo.
Sobre o processo de internacionalização de moda praia especificamente um estudo de caso
múltiplo conduzido por Rubin e Rocha (2004). Neste estudo conduzido sobre três empresas
sediadas no estado do Rio de Janeiro foram abordados os seguintes aspectos: a natureza e o
momento dos processos de internacionalização implantados por essas empresas, as seqüências
dos modos de penetração, e as motivações que levaram ao processo de internacionalização. O
quadro a seguir contempla o resumo do processo de internacionalização das empresas
pesquisadas.
71
Ano Salinas Lenny Blue Man
1973 Inicia-se a produção no
Brasil.
1974 Início das exportações:
exposição irregular em loja
de departamentos no Reino
Unido. Viagem para os
EUA/Europa.
1982 Inicia-se a produção no Brasil.
1983 Primeira loja aberta no
Brasil.
1985 Primeira loja aberta no Brasil.
1990 Primeira loja aberta nos
EUA.
1991 Início das exportações: fluxo
irregular.
1993 Primeira loja aberta no Brasil.
Início das exportações: fluxo
irregular.
1996 Contratado Gerente de
Exportações. Planejamento das
atividades internacionais.
Exportações regulares: Chile,
Venezuela.
Fechada a loja nos EUA.
Exportação direta a
consumidores estrangeiros.
1997 Exposição em loja de
departamentos nos EUA.
1998 Escritório comercial nos EUA.
Grandes clientes norte-
americanos vendem os produtos
sob a marca Salinas.
Problemas com recebimento de
clientes externos.
2000 Escritório norte-americano
coordena as operações
européias.
Parceria com grandes empresas
norte-americanas para vender
sob a marca Lenny.
Celebrado contrato com
grande cliente norte-
americano.
2002 Contrato com Victoria’a Secret
para vender sob a marca Lenny.
2003 Parceiro torna-se distribuidor.
Distribuidor na Europa. Loja
sazonal em Portugal.
2004 Nova linha de produto para
incrementar vendas em novos
mercados internacionais.
Plano para introduzir nova
linha de produto em
mercados internacionais.
Futuro Abertura de franquias nos EUA. Lojas sazonais na Europa. Uso da internet para
exportação.
Quadro 11 – Cronologia da internacionalização das empresas
Fonte: RUBIN; ROCHA, 2004. p. 171
Rubin e Rocha (2004) afirmam que o modelo de Uppsala, de acordo com os dados de
pesquisa, detém importante poder explanatório quando se trata do entendimento do processo
de internacionalização por pequenos negócios oriundos de mercados certos emergentes, como
o Brasil. Discute também que os motivos das iniciativas de exportação por parte dos casos
estudados poderiam ser considerados até acidental, ou seja, oportunidades que se
apresentaram ao acaso e que foram exploradas.
72
De acordo com Rocha (2004), a teoria sobre o processo de internacionalização postulado pela
Escola de Uppsala indica que esse processo de internacionalização é resultado de decisões
incrementais. Por sua vez tal processo de decisão é mediado por um fator denominado de
distância psicológica. Os principais elementos do processo de distância psicológica são
apresentados na ilustração a seguir.
Percepções sobre
pessoas
Percepções sobre
Ambiente de negócios
Percepções sobre
Macroambiente
Comunicação
Língua
Relacionamento de fácil
estabelecimento
Maneiras de fazer negócios
• Características dos produtos
• Canais de distribuição
• Disponibilidade de mídia
• Práticas de negócios
• Relações com empregados
• Práticas de negociação
• etc.
Maturidade do mercado
• Atividade da concorrência
• Competição de preço
Expectativas dos consumidores
Qualidade dos produtos
• Nível de serviço
• Entrega
Sistema econômico
• Desenvolvimento
Econômico
• Estabilidade
Sistema regulatório
• Leis trabalhistas
• Sindicatos
• Regras de crédito
Figura 2 – Elementos da distância psíquica
Fonte: ROCHA, 2004, p. 71
ainda outras pesquisas que indicam a questão da sazonalidade (apesar dos oito meses do
verão brasileiro) como um dos motivos para as iniciativas de exportação ou qualquer outro
grau mais avançado de internacionalização. Em contrapartida, outras empresas citam o grande
mercado interno e a prática do mercado brasileiro na compra de várias unidades do produto
como um estímulo ao foco interno (DAIBRASIL-USAID, 2006).
Por que exportar? Riscos
Estratégia de desenvolvimento da empresa;
Melhor utilização das instalações;
Ganho de escala;
Dificuldades de vendas com o mercado interno;
Preços mais rentáveis;
Prolongamento do ciclo de vida do produto;
Maior diversificação de riscos;
Melhoria da imagem da empresa;
Risco país;
Risco cambial;
Risco de falta de retirada da mercadoria;
Risco de variabilidade da demanda;
Risco de variabilidade do preço de venda;
Risco de incremento dos custos de investimento;
Risco técnico;
Risco jurídico;
Quadro 12 – Motivos e riscos do processo de exportação
Fonte: Adaptado de MINERVINNI, 2006. p. 4 e p.26
Os motivos que levam as empresas a enfrentar o mercado internacional são vários, bem como
os riscos associados como apresentado no quadro anterior.
73
Segundo Bagella e Pietrobelli (1997), os maiores obstáculos estão relacionados aos processos
complexos administrativos e alfandegários, e à escassa informação dos mercados externos.
Cada vez mais o sucesso da exportação depende de fatores não relacionados a preço, como
credibilidade dos produtos, empresas, marcas e acesso a tecnologia, principalmente em
relação aos países desenvolvidos.
Além das questões relativas à marca do produto, um outro aspecto de marca é importante para
o sucesso de um produto no mercado internacional, ou seja, a marca de origem ou a marca
país. Através de uma imagem positiva do país e sua associação com um produto ou categoria
desse produto, uma chance maior de sucesso perante produtos concorrentes
(MINVERVINNI, 2006).
Há nos últimos anos uma associação das impressões sobre o país em relação ao produto moda
praia. Revistas especializadas citam o Brasil como um caso de country-label no setor moda
praia e que isso leva a uma natural influência na geração de tendências. O motivo do Brasil ter
se tornado um country-label no setor moda praia é atribuído à percepção da imagem do país
em relação à sensualidade de suas mulheres, ao culto ao corpo dos brasileiros, miscigenação,
tolerância ás diferenças, jeito despojado de ser, entre outros fatores (DAIBRASIL-USAID,
2006).
Kaplinsky e Morris (2000) alertam para o fato de que muitas empresas exportadoras
localizadas nos países em desenvolvimento se incorporaram às cadeias de comodites globais
no elo produtivo apenas, sendo os elos do design e marketing controlados pelas grandes
empresas contratantes ou compradoras.
Esquema 3 – Cadeia de Valor
Fonte: Adaptado de KAPLINSKY; MORRIS (2000, p. 4)
Design Produção Marketing Consumidor
74
2.5.3.1 Consórcios de exportação
Vários autores apontam a necessidade urgente de aceleração das exportações como um meio
de acelerar o crescimento econômico, o que por sua vez passa pela ampliação do universo de
exportadores e do escopo dos produtos comercializados. Apontam também que o processo de
internacionalização das empresas precisa ser estimulado através de ações de governo, além da
análise realística da capacidade competitiva dos setores exportadores. A internacionalização
não é apenas uma opção por crescimento, uma vez que a abertura da economia e concorrência
internacional torna possível a concorrência com empresas estrangeiras dentro das fronteiras
nacionais. (PORTO, 2004;).
A UNIDO em parceria com a Federação Italiana de Consórcios de Exportação (Federexport)
desenvolveu, no âmbito seu programa de promoção do desenvolvimento de clusters e redes de
PMEs, um guia para a formação de consórcios de exportação. Segundo o guia desenvolvido
pela UNIDO, o consórcio de exportação “é uma aliança voluntária de empresas com o
objetivo de promover bens e serviços de seus membros no exterior e facilitar a exportação de
seus produtos através de ações conjuntas” (UNIDO, 2003).
De acordo com Minervini (2006) e UNIDO (2003), os dois tipos mais comuns de consórcios
são os de promoção e vendas, sendo possível encontrar entre eles as seguintes variações:
Consórcios de um único setor ou de múltiplos setores;
Consórcios formados por empresas competidoras que oferecem produtos e serviços
complementares;
Consórcios Regionais;
Consórcios objetivando uma única região.
Os quadros a seguir apresentam uma classificação dos diferentes tipos de consórcios
encontrados numa amostra de países pesquisados e também apresenta os principais serviços
prestados por esses consórcios.
75
País Promocional
Vendas Promoção e
Vendas
Único Setor Múltiplos
Setores
Argentina X X
Brasil X X X
Índia X
Itália X X X X X
Marrocos X X X
Peru X X
Espanha X X X X
Tunísia X X X X
Turquia X X X X
Uruguai X X X X
Quadro 13 – Tipos de Consórcios
Fonte: HESP, 2006, p. 16, tradução nossa.
País
Exploração
de
Mercado
Vendas
Marketing
Logística
Informações
para os
membros
Suporte
Técnico aos
membros
Compra
Conjunta
Representação
Externa/
Lobby
Argentina
X X X X X X X X
Brasil X X X X X X
Índia X X X X X X X
Itália X X X X X X X X
Marrocos X X X X X X
Peru X X X
Espanha X X X X X
Tunísia X X X X X X
Turquia X X X X X X
Uruguai X X X X X
Quadro 14 – Serviços dos consórcios
Fonte: HESP, op. cit, p. 16, tradução nossa.
De acordo com Minervini (2006) as principais vantagens para as PMEs participarem de um
consórcio de exportação são:
Redução dos custos da inexperiência;
Penetração em mercados novos;
Estabelecimento de contatos com novos tipos de compradores;
Maior segurança para a diversificação de mercados;
Redução das flutuações estacionais nas vendas;
Planejamento a longo prazo;
76
Redução dos custos unitários do produto;
Aumento das margens de lucro;
Acumulação de conhecimento em relação ao marketing internacional;
Melhor poder contratual com entidades governamentais;
Efeito moral sobre as empresas participantes;
Melhor poder contratual, em geral, com fornecedores e clientes;
Redução dos gastos gerais da exportação;
Possibilidade de criação de uma marca forte;
Possibilidade de melhorar a forma e a apresentação da embalagem e rotulagem;
Criação e realização de um plano de comunicação oportuno e eficaz com custos
reduzidos;
Intercâmbio de experiências;
Possibilidade de obter licenças de fabricação;
Possibilidade de despertar maior interesse em compradores estrangeiros.
2.5.3.2 Apoio governamental e regulação
O apoio à atividade exportadora no Brasil foi e é realizada por diferentes atores, desde
associações de classe a órgãos dos diversos níveis de governo. Uma das instituições de
destaque, dentro do processo histórico de promoção e apoio às exportações no Brasil, é a
77
Agência de Promoção de Exportações (APEX). Fundada no ano de 1997, a APEX começou a
operar em 1998 como uma gerência do SEBRAE. Em fevereiro de 2003, a APEX foi
reestruturada no governo do Presidente Lula e foi transformada numa entidade de serviço
social autônomo ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
através do Decreto Nº 4.584 de 05 de fevereiro de 2003 (APEX, 2003).
no Brasil um programa do governo federal denominado de “Projeto Extensão Industrial
Exportadora (PEIEx)” que visa incrementar a competitividade e promover a cultura
exportadora empresarial e estrutural em Arranjos Produtivos Locais (APLs) selecionados
(Projeto Extensão Industrial Exportadora (PEIEx) MDIC, 2005). Os principais objetivos
desse programa são:
Incrementar a competitividade das empresas e disseminar a cultura exportadora;
Ampliar o acesso a produtos e serviços de apoio;
Introduzir melhorias técnico-gerenciais e tecnológicas;
Contribuir para a elevação dos níveis de emprego e renda;
Promover a capacitação para a inovação;
Promover a inovação e cooperação entre as empresas (APLs) e instituições de apoio.
Apesar de haver todo um programa de promoção e incentivo à atividade exportadora, o Brasil
não possui uma legislação específica que reconheça juridicamente a entidade consórcio de
exportação ou que regule sobre suas atividades. Apesar de tal característica não ser uma
exclusividade do Brasil no mundo, países como o Peru e a Argentina possuem leis nesse
sentido.
78
País Leis e Regulação de Consórcios Suporte Específico a Consórcios
Argentina X X
Brasil X
Índia X
Itália X X
Jordânia X
Marrocos X
Peru X X
Espanha X X
Tunísia X X
Turquia X X
Uruguai X X
Quadro 15 – Países com leis e suporte específico para os consórcios
Fonte: HESP, 2006, p. 9, tradução nossa
O apoio da APEX-BRASIL na formação de consórcios de exportação se através de ações
dentro de projetos setoriais e mediante o apoio e envolvimento de entidades de classe
setoriais. No caso do setor de moda o Programa Estratégico da Cadeia Textil (Texbrasil)
que foi criado em 2000 e possui o apoio da hoje denominada APEX-Brasil. (TEXBRASIL,
2006).
Apesar de todo o apoio uma série de dificuldades que podem contribuir para insucesso
dessas iniciativas, como podemos ver nos quadros a seguir.
País Qualidade
da Gestão
Capacidade de
Produção/Produtos
Potencial de
Exportação
Confiança
entre Firmas
Recursos e Compromissos
para Gestão dos
Consórcios
Argentina - - - - -
Brasil X X X
Índia X X X X
Itália X X X
Jordânia - - - - -
Marrocos X X
Peru X X X X
Romênia X X
Espanha - - - - -
Tunísia X X X X
Turquia X X X
Uruguai X X X
Quadro 16 – Obstáculos inter-empresas
Fonte: HESP, 2006, p.18, tradução nossa
Minervini (2006) destaca como causas de fracasso dos consórcios os seguintes pontos:
Excesso de individualidade;
Recursos humanos inadequados;
79
Visão a curto prazo;
Falta de planejamento estratégico;
Falta de uma comissão de ética interna;
Falta de integração da direção do consórcio com os consorciados;
Falta de capital de financiamento (principalmente no início das atividades);
Crença de que poucas ações promocionais possam produzir um grande efeito;
Atitudes passivas nas reuniões;
Diferença de contribuição e de empenho por parte dos consorciados.
2.6 Síntese parcial
O referencial teórico tratado nesse capítulo aborda os principais temas ligados ao processo de
pesquisa realizado. Os diferentes assuntos abordados nessa revisão sinótica é fruto da
complexidade da temática escolhida para pesquisa.
O capítulo a seguir engloba as questões de ordem metodológica empregadas nesta
investigação. Entretanto, é importante situar que opções metodológicas foram realizadas de
acordo com a situação de pesquisa do objeto estudado, principalmente pela complexidade e
contemporaneidade do tema.
80
3 CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS
3.1 Introdução
Na seção anterior foi apresentada revisão teórica que claramente mostra uma diversidade
muito grande de áreas que estudam o tema, como também, as variadas abordagens dentro
dessas áreas de conhecimento. Dessa forma é importante situar o trabalho em relação ao
procedimento metodológico e orientação teórica seguida, uma vez que a opção metodológica
deve estar alinhada à consecução dos objetivos deste trabalho.
Está seção trata dos elementos metodológicos desta tese e procura abordar os caminhos
escolhidos e as justificativas de suas decisões. A seção tem início com a apresentação e
discussão do problema e as proposições do trabalho. Em seguida, um detalhado estudo
sobre os métodos de pesquisa disponíveis e suas aplicações. Após a definição dos métodos é
apresentada a definição da população estudada e das variáveis do estudo. Finalmente a seção
termina com a apresentação dos meios de coleta de dados e tratamento dos mesmos.
3.2 Problema
Conforme apresentado na primeira seção desta tese, o problema aborda a dificuldade das
pequenas e médias empresas conseguirem alcançar o mercado internacional. Aborda também
uma possível solução que seria a cooperação entre essas empresas via o consórcio de
exportação. Sendo que tal estratégia de cooperação é desenvolvida dentro dos arranjos
produtivos locais que têm recebido apoio de diferentes organizações de suporte. Sendo assim
resgatamos o problema de pesquisa exposto a seguir.
evidências de que pequenas e médias empresas, organizadas conforme um Arranjo
Produtivo Local (que cooperam entre si através de consórcios ou redes formais para
exportação), conseguem adquirir conhecimentos mercadológicos, e consequentemente
81
aumento na freqüência e no valor das transações com os canais de marketing de
exportação?
3.3 Visão geral dos métodos disponíveis
Segundo Cortright (2006) e Martin e Sunley (2002) diferentes ferramentas e técnicas têm sido
empregadas para descrever e analisar clusters. Sendo que basicamente tais abordagens podem
ser classificadas em análises top-down (geralmente baseada em dados quantitativos com
objetivo de deduzir a estrutura industrial de uma economia regional) e bottom-up (análise das
conexões entre empresas de um determinado cluster de uma determinada localidade).
Características Top-down Bottom-up
Questão de pesquisa Quanto? Como?
Abordagem Quantitativa Qualitativa
Principais dados Dados secundários Dados primários
Metodologia Modelagem estatística Estudos de casos
Proximidade industrial Sistema de classificação Descritiva
Escopo Nacional, Multi-indústria Local, Cluster simples
Lógica dominante Dedutiva Indutiva
Medidas Emprego, patentes, salários,
produção, vendas
Relações, instituições
Descobertas Amplamente aplicável Limitada
Quadro 17 – Métodos Top-down e Bottom-up em análise de Clusters
Fonte: CORTRIGHT, 2006, p. 28, tradução nossa.
As abordagens top-down geralmente são baseadas em medições de variações nos índices de
emprego e produção econômica usando códigos de classificação industrial. As diferentes
classificações possuem muitas vezes critérios diferentes que levam à conclusões diversas.
Uma outra questão é a de que essas classificações não foram desenvolvidas para abordar a
complementaridade das indústrias de um cluster, podendo desse modo, gerar distorções na
identificação de clusters. Um exemplo são os clusters com mais similaridade no processo
tecnológico do que na similaridade de produtos acabados (CORTRIGHT, 2006).
Uma linha complementar de mensuração é o uso de coeficientes locacionais, geralmente
também calculados com estatísticas de emprego e/ou produção industrial. Segundo Krugman
(1991) o coeficiente locacional Gini é calculado pela razão entre o total de emprego de uma
indústria específica numa região pela total de emprego geral. Desse modo valores maiores que
82
1 (um) indicam uma concentração geográfica acima da média em relação a outras áreas no
estado, região ou nação. Apesar de amplo uso há fortes restrições ao uso dessas abordagens,
principalmente quanto focadas nas PMEs. Por exemplo, a presença de uma grande empresa
empregadora de mão-de-obra na região pode distorcer o resultado desses coeficientes. Outra
restrição é justamente por clusters geralmente serem formados por uma série de empresas
complementares ligadas por relações de fornecedor-cliente.
ainda uma outra série de técnicas de identificação de clusters. autores como Hill e
Brennan (2000) e Held (2004) que usam análise fatorial para agrupar empresas de acordo com
as relações de cliente-fornecedor. ainda outras tentativas de identificação via medição da
mobilidade de mão-de-obra e fluxo de trabalho, outras através do registro do número de
patentes, entre outras.
As abordagens bottom-up geralmente são mais focadas em uma economia local particular,
especificamente um ou alguns poucos clusters. Na maioria das vezes são desenvolvidas no
sentido de buscar respostas sobre como determinado fenômeno ocorreu. Basicamente os
métodos de identificação e estudo dessa abordagem têm sido qualitativos (vale a pena lembrar
que Marshall desenvolveu sua teoria sobre cluster industrial através da observação de
empresas na Inglaterra). Na linha de redescobrimento do trabalho de Marshall nos distritos
industriais italianos, muitos dos trabalhos desenvolvidos tiveram abordagens qualitativas
através de métodos sistematizados de levantamento de informações como história,
composição, estratégias competitivas e indicadores econômicos e produtivos.
Markusen (1994) desenvolveu um método que mescla o uso inicial de coeficientes locacionais
para realizar uma primeira identificação de potenciais clusters e então desenvolver um
trabalho de prospecção de dados através de abordagens qualitativas como a entrevista pessoal
aprofundada.
Uma outra abordagem, talvez a mais predominante é o uso de estudos de caso que segundo
Cortright (2006) tem produzido os mais evocativos e interessantes trabalhos sobre clusters
utilizando uma combinação de métodos qualitativos e análise estatística simples.
Nesta, Patel e Arundel (2003) resumem as abordagens metodológicas de estudos quantitativos
de clusters em três grupos. A primeira abordagem é centrada em informações da indústria,
83
localização e dados econômicos como taxas de emprego. Os estudos da segunda abordagem
usam dados de entrada e saída para identificar relações entre diferentes setores industriais.
Finalmente a terceira abordagem usa informações estatísticas relacionadas a diferentes
dimensões da realidade da inovação, apesar de ter uma orientação regional não nessa
abordagem uma orientação industrial.
A primeira abordagem está ligada à literatura com foco nos sistemas locais de produção que
está diretamente relacionada com a literatura de distritos industriais (SFORZI, 1990, 1995;
BECATINI, 1991). Alguns dos dados mais comuns usados por essa abordagem são: número
de empresas, número de empregados, razão do número de empresas ou empregos por alguma
dimensão espacial e critérios de especialização (mais especificamente coeficientes
locacionais). limitações reconhecidas pela literatura para essa abordagem, principalmente
a falta de foco nas dimensões relacionadas às ligações entre as empresas. Um outro ponto de
confusão é proporcionado pelos sistemas de classificação industrial que muitas vezes
aglutinam numa mesma classificação um número significativo de especialidades industriais.
Os estudos classificados na segunda abordagem seguem um foco nas ligações entre indústrias,
principalmente nas ligações relacionadas à produção ou inovação dentro do conceito
econômico de cadeia de valor. A idéia básica é que a saída (output) de uma empresa é o
insumo (input) de outra (NESTA; PATEL; ARUNDEL, 2003).
o conjunto de estudos agrupados na terceira abordagem é basicamente orientado às
estatísticas relacionadas aos processos de inovação. Destaque para o uso de variáveis tais
como: número de patentes, gastos relacionados à atividade de pesquisa e desenvolvimento,
investimentos públicos, fontes de informações, entre outros indicadores relacionados aos
citados.
Um outro caminho citado por Nesta, Patel e Arundel (op. cit.) é a abordagem qualitativa que
basicamente usa os conhecimentos empíricos de especialistas mais do que os dados
estatísticos. Os estudos dessa abordagem focam geralmente nos seguintes aspectos: estrutura
do cluster (empresas e interações entre empresas), competências adquiridas (em termos
científicos e técnicos) e taxas de desempenho (níveis de receita, renda, etc).
84
3.4 Operacionalização
O fenômeno da clusterização tem atraído pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento
(conjunto diverso de abordagens analíticas e referenciais teóricos) (KARLSSON,
JOHANSSON, STOUGH, 2005; GORDON, MCCANN, 2000; WOLFE, LUCAS, 2005).
Segundo Wolfe e Gertler (2004) as abordagens utilizadas nesses estudos podem ser
classificadas como:
Conjunto de ferramentas analítico-estatísticas, com diferentes graus de sofisticação,
focadas na medição do grau de clusterização da economia local ou regional;
Estudo de casos de clusters individuais ou vários clusters como base comparativa com o
principal objetivo de destacar práticas para benchmarking;
Análise de estratégias e políticas públicas objetivando promover a consolidação ou
crescimento de clusters individuais ou conjunto deles (principalmente liderados por
instituições do estado).
Na literatura até então pesquisada não estudos que abordem ou discutam o tema cluster ou
arranjo produtivo local com um enfoque mercadológico centrado na governança dos canais de
marketing. Por se tratar a temática de clusters e APLs como um campo ainda que merece
maiores entendimentos e compreensão sobre o porquê e o como dos fenômenos relacionados,
principalmente no Brasil, a abordagem escolhida para a pesquisa é a qualitativa e a
metodologia de investigação é a de estudo de casos múltiplos.
Segundo Einsenhardt (1989) os estudos de caso podem ser usados com objetivos descritivos,
testar teorias, ou gerar teorias. Por sua vez, Yin (2005) sugere a adoção do estudo de caso
como a estratégia a ser escolhida ao se examinar acontecimentos contemporâneos, mas
quando não se podem manipular comportamentos relevantes. O estudo de caso conta com
muita das técnicas utilizadas pelas pesquisas históricas, mas acrescenta duas fontes de
evidencias que usualmente não são incluídas no repertorio de um historiador: observação
85
direta dos acontecimentos que estão sendo estudados e entrevistas das pessoas neles
envolvidos.
Estratégia de Pesquisa Tipo de Questão de
Pesquisa
Requer controle sobre
os eventos estudados?
Está focado sobre
eventos
contemporâneos?
Experimento Como? Por quê? sim sim
Questionário ( Survey ) Quem? O que? Onde?
Quanto?
não sim
Análise de Arquivos Quem? O que? Onde?
Quanto?
não Sim / não
História Como? Por quê? não não
Estudo de Caso Como? Por quê? não sim
Quadro 18 – Estratégia de Pesquisa
Fonte: COSMOS CORPORATION apud YIN, 2005, p. 24.
De acordo com as informações do quadro anterior, a estratégia de pesquisa considerada mais
adequada ao objeto e tema de pesquisa desta tese é o estudo de caso. Porém, alguns autores
diferenciam o estudo de caso, como estudo de caso único ou estudo de caso múltiplo. O
quadro a seguir apresenta uma tipologia em que quatro possibilidades de abordagem dos
estudos de caso.
Projetos de caso único Projetos de casos múltiplos
Holísticos (unidade única de
análise)
Tipo 1 Tipo 3
Incorporados (unidades
múltiplas de análises)
Tipo 2 Tipo 4
Quadro 19 – Tipologia de Estudos de Caso
Fonte: COSMO COPORATION apud YIN, 2005, p. 61.
De acordo com Yin (2005) existem três fundamentos lógicos para o uso do estudo de caso
único que por sua natureza não poderiam ser usados como fundamentos para o uso de estudos
de caso múltiplos, os fundamentos são:
O caso escolhido representando um caso decisivo para se testar uma teoria bem
formulada;
O caso escolhido ser um caso raro ou extremo;
O caso escolhido é um fenômeno previamente inacessível à pesquisa científica.
86
Por sua vez a adoção do estudo de casos múltiplos é considerada mais robusta e desse modo
mais convincente. Porém, o uso dos casos múltiplos deve seguir a lógica da replicação, ou
seja, o entendimento de se replicar o mesmo processo de investigação para, ou prever
resultados semelhantes, ou produzir resultados contrastantes (YIN, 2005).
A amostragem de casos-múltiplos acrescenta confiança às descobertas. Através da
análise de uma amplitude de casos similares e contrastantes, nós podemos entender
uma descoberta de um caso específico, fundamentando-o e especificando-o como e
onde e, se possível, o porquê [...] Nós podemos fortalecer a precisão, a validade e a
estabilidade das descobertas (MILES; HUBERMAN, 1994, p. 29, tradução nossa).
O segundo aspecto da tipologia proposta por Yin (2005) diz respeito à unidade de análise.
Pois, o estudo de caso pode envolver mais de uma unidade de análise, ou seja, quando dentro
de um caso há subunidades.
No caso dos consórcios de exportação, esses são formados por subunidades que são as
empresas que formalmente concordaram em formar o consórcio com determinado objetivo.
Desse modo a investigação que trata essa tese é classificada como tipo 4, ou seja, projetos de
casos múltiplos incorporados.
3.5 Amostragem e Coleta de dados
Amostragem em pesquisa qualitativa envolve duas ações que podem tomar às vezes diferentes
direções. A primeira ação é o estabelecimento de limites, ou seja, definir aspectos sobre o(s)
caso(s) que se pode estudar dentro dos meios e tempo disponíveis. Segundo, deve-se criar um
esquema para ajudar a desvendar, confirmar ou qualificar os processos ou construtos que
fazem parte de seu estudo (MILES; HUBERMAN, 1994).
As decisões sobre amostragem dependem das decisões relativas à unidade de análise de
estudo selecionada. O poder e gica da amostragem aleatória advêm da possibilidade de
permitir uma generalização dos achados da amostra para uma população maior. A lógica por
trás da amostragem intencional é a da riqueza da informação, a qual poderá contribuir de
modo fundamental para os propósitos da pesquisa (PATTON, 2002).
87
O quadro a seguir contempla uma variedade de tipos de amostragem. A lógica por trás de
cada estratégia de amostragem serve a um diferente propósito.
Tipo da amostragem Propósito
1. Máxima variação
2. Homogênea
3. Caso crítico
4. Baseado em teoria
5. Casos
confirmatórios e
não-confirmatórios
6. Snowball
7. Casos extremos ou
desvios
8. Caso típico
9. Intensidade
10. Casos politicamente
importantes
11. Propósito aleatório
12. Propósito
estratificado
13. Critério
14. Opurtunístico
15. Combinado
16. Conveniência
1. Documentar variações diversas e identificar importantes aspectos em comum;
2. Foco, simplificação, facilita a entrevista de grupos;
3. Permite generalizações e aplicação máxima das informações em outros casos;
4. Achando exemplos de um construto teórico e os examinando;
5. Elaboração de análise inicial, orientado às expectativas, busca por variações;
6. Identificação de casos de interesse através de pessoas que conhecem e
indicam outras pessoas;
7. Aprendendo através de manifestações não usuais do fenômeno de interesse;
8. Destaca o que é normal ou a média;
9. Casos ricos em informações que manifestam o fenômeno intensivamente;
10. Atraem atenção desejada ou evitam atrair atenção indesejada,
11. Acrescenta credibilidade à amostra quando o propósito potencial da amostra é
grande;
12. Ilustra subgrupos, facilita comparações;
13. Todos os casos devem atender a algum critério; útil para garantia de
qualidade
14. Tira vantagem do inesperado;
15. Triangulação, flexibilidade, encontra interesses e necessidades múltiplas;
16. Economiza tempo, dinheiro e esforço, mas em sacrifício de informações e
credibilidade.
Quadro 20 – Tipologia de estratégias de amostragem em pesquisas qualitativas
Fonte: MILES; HUBERMAN, 1994, p. 28, tradução nossa.
Em relação ao método investigativo, Stake (1995) afirma que o principal objetivo do estudo
de caso é a particularização e não generalização. Pesquisadores quantitativos tratam
regularmente a singularidade como “erros” fora do sistema de explicação científica.
Pesquisadores qualitativos tratam a singularidade de casos individuais como uma coisa
importante para se entender.
Ainda sobre o método do estudo de caso, Yin (2005) declara que os críticos geralmente
afirmam que casos únicos oferecem uma base muito pobre para generalizar a partir deles. Ou
seja, os críticos estão implicitamente comparando a situação à pesquisa feita através de
levantamentos de dados (generalização das descobertas de pesquisa da amostragem a um
universo mais amplo). O autor citado desaprova a analogia com amostragem e universos
quando se trata de estudos de caso, pois segundo ele a pesquisa com base em levantamentos
baseia-se em generalizações estatísticas, ao passo que os estudos de caso (da mesma forma
que os experimentos) baseiam-se em generalizações analíticas.
88
Alguns elementos foram importantes para a determinação do estudo de caso. O primeiro deles
foi definir o objeto do estudo de caso que são os consórcios de exportação moda praia (pelo
menos moda praia deve ser predominante na composição e formação do consórcio). O
segundo elemento diz respeito ao estudo da cooperação entre as empresas dentro do contexto
de um APL formal, ou seja, reconhecido pelo Grupo de Trabalho Permanente do Ministério
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e dessa forma dentro de um
mesmo contexto no que diz respeito a políticas públicas de apoio. Desse modo, de acordo com
a classificação apresentada por Miles e Huberman (1994), podemos afirmar que o processo de
seleção dos casos observou algumas das seguintes estratégias:
Homogênea (somente consórcios de exportação de moda praia);
Baseado em teorias (estar dentro de arranjos produtivos e com laços de cooperação
claramente identificados);
Casos politicamente importantes (fazem parte dos principais esforços de políticas
governamentais em níveis federal, estadual e municipal);
Propósito estratificado (indústria do vestuário – subgrupo: moda praia);
Critério (estarem dentro de APLs, sendo estes pertencentes aos grupos prioritários de
GTP do MDIC – alvos de políticas de apoio similares);
Lembrando que a seleção dos APLs para participar do grupo de apoio levou em consideração
o grau de maturidade e desenvolvimento dos mesmos, além dos mecanismos de identificação
e localização geográfica. De acordo com os critérios estabelecidos o universo estudado para a
seleção dos consórcios se encontra em destaque na tabela apresentada a seguir.
89
Tabela 2 – Caracterização APL/Consórcios de Exportação
(continua)
UF CIDADE PÓLO
GTP
APL
GTP APL
PILOTO
APEX Produz
Moda
Praia?
Consórcio de
Exportação
Moda Praia?
BA Ibirapuã -- -- -- -- --
BA Salvador Sim
-- --
Sim Sim
CE Fortaleza -- -- --
Sim Sim
CE Frecheirinha
Sim
-- -- -- --
CE Jaguaruana -- -- -- -- --
CE Sobral -- -- -- -- --
DF Brasília Sim Sim Sim Sim Sim
ES Colatina
Sim
--
Sim Sim
--
ES Vitória Sim -- Sim Sim --
GO Goiânia Sim Sim Sim Sim
--
GO Jaraguá -- -- -- -- --
MA São Luis -- -- -- -- --
MG Divinópolis -- --
Sim
-- --
MG Formiga -- -- -- -- --
MG Jacutinga -- --
Sim
-- --
MG Juruaia -- -- -- -- --
MG Muriaé -- --
Sim
-- --
MG Poços de Caldas -- -- -- -- --
MG São João Nepomuceno -- --
Sim
-- --
MG Uberlândia -- -- --
Sim Sim
MS Campo Grande
-- --
Sim Sim Sim
MT Cuiabá
Sim
-- -- -- --
MT Rondonópolis
Sim
-- -- -- --
PB Alagoa Nova -- -- -- -- --
PB Cajazeiras -- -- -- -- --
PB Confecções -- -- Sim -- --
PB João Pessoa
Sim
-- -- -- --
PB Monteiro -- -- -- -- --
PB Santa Luzia -- -- -- -- --
PB São Bento
Sim
-- -- -- --
PE Caruaru
Sim
--
Sim
-- --
PI Pedro II -- -- -- -- --
PI Teresina
Sim
--
Sim
-- --
PR Apucarana -- --
Sim
-- --
PR Cascavel -- -- -- -- --
PR Imbituva -- -- -- -- --
PR Londrina -- -- -- -- --
PR Maringá -- --
Sim
-- --
PR Terra Roxa
Sim
-- -- -- --
RJ Cabo Frio -- -- --
Sim Sim
RJ Campos dos Goytacazes -- -- -- -- --
RJ Itaperuna -- -- -- -- --
RJ Nova Friburgo Sim Sim Sim Sim Sim
RJ Petrópolis -- --
Sim
-- --
RJ Teresópolis -- -- -- -- --
RJ Valença -- -- -- -- --
RN Natal -- -- -- -- --
RN Santa Cruz -- --
Sim
-- --
RN Caicó
Sim
-- -- -- --
RN Jardim de Piranhas -- -- -- -- --
RO Porto Velho -- -- -- -- --
RS Caxias do Sul
Sim
--
Sim
-- --
90
Tabela 2 – Caracterização APL/Consórcios de Exportação
UF CIDADE PÓLO GTP
APL
GTP APL
PILOTO
APEX Produz
Moda
Praia?
Consórcio de
Exportação
Moda Praia?
RS Nova Petrópolis -- -- -- -- --
SC Blumenau Sim -- Sim -- --
SC Chapecó -- -- -- -- --
SC Jaraguá do Sul -- -- -- -- --
SC Joinville -- -- -- -- --
SC Rio do Sul -- -- -- -- --
SC São Miquel do Oeste -- -- -- -- --
SE Divina Pastora -- -- -- -- --
SE Tobias Barreto Sim -- Sim -- --
SP Americana -- -- -- -- --
SP Araraquara -- -- -- -- --
SP Ibitinga Sim -- Sim -- --
SP Jundiaí -- -- -- -- --
SP Novo Horizonte -- -- -- -- --
SP São Paulo -- -- Sim Sim Sim
SP Tabatinga -- -- -- -- --
SP Cerquilho -- -- -- -- --
Fonte: Elaboração própria.
Para a construção da tabela anterior foram cruzados os dados do MDIC, SEBRAE,
Associação Brasileira da Indústria Têxtil, APEXBRASIL, entre outros documentos e estudos
relacionados às organizações citadas.
Os consórcios selecionados nos APLs levaram em consideração o seu tempo de existência (ter
pelo menos alguns anos de existência e operações de exportação - que um dos critérios do
governo para selecionar os APLs para o GTP foi o nível de maturidade dos mesmos) e ter um
foco definido em moda praia. A seguir um quadro com a relação dos consórcios de moda
praia existentes nos APLs com a indicação dos que estavam até o momento dessa pesquisa
dentro do seu critério de seleção:
APL Nome do Consórcio
Nº de empresas no
consórcio
Atende aos critérios de
seleção?
BA Delta
04 Não
BA Gama 05 Sim
DF Alfa
13 Sim
RJ Beta 11 Sim
Quadro 21 – Amostra do Estudo
Fonte: Pesquisa de campo
91
3.6 Implantação
Um caso múltiplo para comparação requer alguns instrumentos padronizados. De acordo com
Miles e Huberman (1994) uma série de fatores aponta para o lado de pouca ou maior
instrumentalização. Porém, os autores alertam para o fato de que em um estudo qualitativo,
mesmo fazendo o uso de instrumentos como questionários, roteiros de observação, entre
outras técnicas, deve também levar em consideração como trabalho de campo as observações,
análise de documentos, entre outras técnicas menos instrumentalizadas.
Pouca instrumentação Muita instrumentação
Necessária descrição detalhada do contexto;
Conceitos baseados nos significados locais
por indução;
Exploratório, indutivo;
Objetivo descritivo;
Ênfase de pesquisa básica;
Caso único;
Comparação não é muito importante;
Simples, gerenciável, caso de nível simples;
Generalização não é uma preocupação;
Necessidade de evitar impacto do
pesquisador;
Estudo apenas qualitativo.
Contexto menos crucial;
Conceitos definidos primeiro pelo pesquisador;
Confirmatório, direcionado pela teoria;
Objetivo exploratório;
Aplicado, avaliação;
Casos múltiplos;
Comparabilidade importante;
Complexo, múltimplos níveis;
Generalizável, representatividade importante;
Menor preocupação com o impacto do
pesquisador;
Estudo com múltiplos métodos, incluído o
quantitativo.
Quadro 22 – Instrumentação: fatores decisivos
Fonte: MILES; HUBERMAN, 1994, p. 36, tradução nossa.
Foram usados nesta investigação científica os seguintes dados secundários: sítios eletrônicos,
relatórios de empresas, estudos setoriais, documentos e projetos desenvolvidos ou contratados
por diferentes esferas de governos, jornais e revistas acadêmicas e técnicas.
Os dados primários foram prospectados mediante entrevistas aprofundadas semi-estruturadas
e aplicação de questionários. As entrevistas aprofundadas foram realizadas com
representantes das diferentes organizações de representação e suporte aos consórcios de
exportação e as empresas constituintes dos mesmos e seguiram a orientação dos protocolos de
pesquisa em anexo no apêndice A. Essas pesquisas foram realizadas durante os meses de
janeiro a novembro de 2006. Num primeiro momento forma entrevistados os representantes
de organizações de suporte para somente depois iniciar as entrevistas com os representantes
dos consórcios. Entretanto a necessidade de explorar a validade das informações obtidas
92
principalmente com os questionários, culminou na necessidade de fazer novas entrevistas com
membros das organizações de suporte.
Os roteiros destas entrevistas foram construídos de acordo com os papéis dessas organizações.
Hastenreiter Filho (2005) através de levantamento de dados empíricos mostrou evidências de
como as organizações de suporte possuem diferentes papéis junto às redes de empresas,
inclusive nos diferentes estágios como a estruturação das redes e operação das mesmas.
Os empresários e executivos responsáveis pelos consórcios e pelas empresas também foram
entrevistados antes da aplicação dos questionários. As entrevistas em média duraram cerca de
2 horas e não foram gravadas (as entrevistas foram realizadas entre os meses de outubro e
novembro de 2006). A decisão de não gravar as entrevistas ocorreu por conta do teste-piloto
realizado em empresas consorciadas. No teste-piloto antes da aplicação do questionário foram
realizadas entrevistas semi-estruturadas com uso de gravador, o que demonstrou ser
extremamente desconfortável para os entrevistados. Desse modo ficou decidido não efetuar a
gravação das entrevistas para garantir uma maior riqueza de informações, principalmente de
temas como a governança do consórcio (leia-se principalmente motivos de conflitos) e dados
relacionados a investimentos e receitas.
Na seção dos estudos de caso são apresentadas as evidências derivadas dos casos estudados e
discutidas na última seção as implicações teóricas e conceituais.
No procedimento investigativo dessa tese foram usadas várias cnicas qualitativas como
análise de arquivos, análise de documentos, observação (principalmente das reuniões de
grupos de empresas nos diversos eventos dos APLs), entrevistas aprofundadas (vide
protocolos em anexo apêndice A) e uso de questionários (apêndices B e C). Sendo estas
últimas técnicas com uma orientação mais instrumentalizada devido à orientação comparativa
entre as experiências dos consórcios e empresas componentes dos mesmos.
Foram utilizadas múltiplas fontes de evidências, pois segundo Yin (2005), o seu uso
representa uma vantagem importante para o desenvolvimento de linhas convergentes de
investigação, ou seja, um processo de triangulação. Denzin (1978) identificou quatro tipos de
triangulação: triangulação de dados (uso de diferentes fontes), triangulação de pesquisadores
(uso de vários pesquisadores ou avaliadores), triangulação de teoria (uso de múltiplas
93
perspectivas para interpretar um conjunto de dados) e triangulação metodológica (o uso de
múltiplos métodos para estudar um problema).
O roteiro de pesquisa seguiu a seguinte seqüência de eventos:
Determinação do universo e seleção dos casos;
Revisão bibliográfica de documentos oficiais (políticas, estudos, projetos, etc) e
acadêmicos sobre os casos estudados;
Construção dos protocolos de investigação e dos questionários (teste-piloto inclusive);
Entrevistas aprofundadas com os principais contatos da estrutura de governança dos
APLs com ênfase para as instituições de suporte aos esforços de internacionalização
(Secretarias de estado, Associações de classe, Organismos públicos e privados,
Universidades, Institutos de pesquisa e cooperação técnica, entre outros.);
Entrevistas aprofundadas com o(s) gestor(es) principais dos consórcios;
Aplicação de questionários padronizados junto a(os) gestor(es) dos consórcios e junto
aos representantes das empresas que compunham o consórcio;
Tabulação, cruzamento (triangulação) e análise dos dados.
3.7 Procedimentos para validação e confirmação dos dados e confiabilidade da pesquisa
Segundo Patton (2002), a credibilidade de uma pesquisa qualitativa depende de três elementos
distintos e correlacionados de investigação. O primeiro elemento é relativo à qualidade da
análise alcançada através do rigor científico que sugere que pode ser obtida pelo uso de fontes
com diferentes pontos de vista, teste de alternativas através da seleção de casos fora do padrão
estudado e através dos métodos de triangulação expostos anteriormente. O segundo
94
elemento diz respeito à credibilidade do pesquisador, cuja dependência está baseada no
treinamento, experiência e rigor intelectual (neutralidade e imparcialidade). Finalmente o
terceiro elemento aborda a confiança do pesquisador na investigação qualitativa.
Miles e Huberman (1994) apontam como métodos para acesso aos dados com qualidade a
observação dos seguintes procedimentos:
Checagem da representatividade dos dados;
Checar se houve influência da pesquisa na obtenção de dados (observação,
entrevistas, etc);
Triangulação de dados e teorias;
Analisar a confiabilidade dos dados;
Checar o significado dos casos extremos (outliers);
Usar casos extremos;
Investigar achados inesperados;
Pesquisar dados fora do padrão ou explicações antagônicas;
Realizar testes de casualidade;
Rejeitar as relações falsas;
Replicação de descobertas;
Pesquisar explicações contrárias às da pesquisa;
Buscar confirmações com informantes da pesquisa;
95
Miles e Huberman (1994) afirmam que não há uma aceitação ampla de procedimentos
padronizados para auxiliar no julgamento da qualidade das conclusões. Todavia, os autores
sugerem alguns critérios de análise, pois acreditam que os estudos qualitativos ocupam um
espaço no mundo social real, logo pode ter conseqüências reais nas vidas das pessoas. Os
critérios sugeridos pelos autores são: objetividade do trabalho qualitativo, rastreabilidade e
possibilidade de auditoria, validade interna, validade externa e aplicação. Os critérios,
questões-chave relativas aos critérios e procedimentos adotados podem ser consultados no
quadro a seguir.
Critérios Questões-chave, segundo Miles e Huberman
(1984)
Procedimentos adotados na pesquisa
Objetividade Métodos e procedimentos explicados em
detalhes;
Confecção e uso de protocolos de pesquisa;
Confecção e uso de questionários;
Questionários construídos com base em
entrevistas e pesquisas anteriores;
Questionários sofreram teste-piloto;
Rastreabilidade Indicação da seqüência dos passos da pesquisa
(coleta até geração das conclusões);
Roteiro de pesquisa;
Validade
interna
Acesso a informações confiáveis;
As informações são coerentes;
Prospecção de informações por diversas
fontes para triangulação;
Validade
externa
Proceder estudos de caso múltiplos;
Comparação de resultados com a teoria prévia
Estudo de 4 casos em 3 arranjos produtivos;
Comparação dos dados empíricos com as
teorias prévias;
Aplicação Os achados são acessíveis a potenciais usuários;
Uso de linguagem acessível e exposição
detalhada de dados;
Quadro 23 – Procedimentos de garantia da qualidade da pesquisa e suas conclusões
Fonte: Elaboração própria
3.8 Síntese e considerações parciais
O presente capítulo expôs os principais questionamentos da investigação científica aqui
relatada, apresentou também uma visão geral dos métodos empregados, o processo de
operacionalização, a definição do universo e amostra da pesquisa e o processo de realização
da pesquisa. O próximo capítulo retrata a cadeia têxtil e mais especificamente a de vestuário
com ênfase ao subgrupo de moda praia, foco desta investigação.
96
4 ESTRUTURA E PANORAMA DA INDÚSTRIA DO TÊXTIL-VESTUÁRIO NO
BRASIL
Este capítulo tem como objetivo apresentar a estrutura produtiva do setor de vestuário no
Brasil, traçando seus paralelos comparativos com dados internacionais. Objetiva também
apresentar a evolução do panorama dos fluxos comerciais, principalmente em função das
mudanças econômicas internas e do processo de internacionalização da economia mundial.
O capítulo está organizado em quatro seções. A primeira seção trata de apresentar a estrutura
produtiva do setor de vestuário, buscando dimensionar a indústria brasileira dentro do
contexto mundial. A segunda seção, trata mais especificamente do desempenho do fluxo de
comércio, principalmente no tocante ao comércio externo. A terceira seção busca explorar
com mais detalhes o setor de moda praia e dimensionar sua participação dentro da indústria de
confecções. Finalmente a última seção resume os principais desafios e perspectivas da
indústria do vestuário mais especificamente do segmento de moda praia.
4.1 Organização Produtiva do setor Têxtil-Vestuário no Brasil
A cadeia produtiva têxtil inicia com a produção de seus insumos básicos que são os fios e
tecidos, sendo esses divididos em materiais naturais e químicos. A estrutura da cadeia têxtil é
representada a seguir:
97
Esquema 4 – Estrutura da cadeia têxtil
Fonte: PORTO, 2004, p. 107.
Notas: (a) Fibras sintéticas: nylon, poliéster, lycra e polipropileno;
(b) Fibras artificiais: viscose e acetato;
(c) Fibras naturais: algodão, juta, rami/linho, lã e seda;
(d) Não tecidos: produção de tecidos obtidos pelo agrupamento de camadas de fibras, sem tramas nem
entrelaçamentos, com feltros e enchimentos, por exemplo.
(e) Acabamento incorpora as atividades de remoção de impurezas, tingimento, estampagem, etc;
(f) Confecção: incorpora produção de vestuário e produtos da “linha de decoração”.
O esquema anterior que reproduz a estrutura da cadeia têxtil é também citado de maneira
semelhante por Santana e Apolinário (2004), porém com um maior nível de detalhes:
No caso das fibras naturais teríamos por trás dela as atividades de pecuária e
agricultura e por trás desta as máquinas relacionadas às respectivas fibras;
A fiação pode ser realizada via rotor, anel ou fricção;
A tecelagem por meio de lançadeira, jato-ar/água e pinça;
A malharia circular ou retilínea;
Por trás da fiação, tecelagem, malharia, acabamento e confecções (vestuário e outros)
a indústria de máquinas têxteis e de confecções e por trás dessa, a indústria de
máquinas ferramentas;
E finalizando o processo o comércio (atacado e varejo).
Fibras
Sintéticas (a)
Fibras
Naturais (c)
Fibras
Artificiais (b)
Fiação
Malharia
Não Tecidos (d)
Tecelagem Acabamento Confecção
98
Numa representação semelhante Peixoto (2005) acrescenta uma ligação ao processo de
comércio que é a do marketing e distribuição.
Braga (2005) destaca que no processo de confecção do vestuário cada uma das etapas
produtivas pode ser realizada de forma isolada, o que por sua vez torna possível a
especialização por atividades. Ainda em relação às características do processo produtivo,
Peixoto (2005) aponta o predomínio das pequenas empresas, a utilização de mão-de-obra
intensiva e a demanda heterogênea e pulverizada como características marcantes da indústria
de confecções no Brasil.
De acordo com Braga (2005), o processo produtivo de vestuário é composto por sete etapas,
apresentadas a seguir:
Design (desenhos e modelos);
Modelagem;
Gradeamento (ampliação ou redução de moldes para produção de peças em diferentes
tamanhos);
Encaixe (posicionamento dos moldes sobre os tecidos com o objetivo de melhor
aproveitamento do material);
Corte;
Costura;
Acabamento.
Santana e Apolinário (2004) apresentam o processo produtivo do vestuário com uma visão
mais abrangente e detalhada, conforme figura a seguir:
99
Figura 3 – Fluxograma do processo industrial numa empresa de confecções
Fonte: SANTANA; APOLINÁRIO, 2004, p. 9.
Em relação às entidades e organizações representativas, Lupatini (2004) aponta como
principais entidades do segmento têxtil-vestuário em termos internacionais e nacionais,
respectivamente as listadas a seguir.
Internacionais:
o ITMF - International Textile Manufactures Federation;
o ITCB - International Textiles and Clothing Bureau;
o ATMI – American Textile Manufacturers Institute;
o OTEXA - Office of Textiles and Apparel;
o AFMA – American Fiber Manufacturers Association, Inc.;
o EURATEX - The European Apparel and Textile Organisation.
Corte
Expedição
Separado
Mesa
Modelagem
Passar
Clientes
Revisado
Estoque
Lojas
Acabamento
Tecido no
depósito
Costurado
100
Nacionais:
o ABIT - Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção;
o ABRAPA - Associação Brasileira dos Produtores de Algodão;
o ABRAFAS - Associação Brasileira de Produtores de Fibras Artificiais e Sintéticas;
o ABRAVEST - Associação Brasileira do Vestuário;
o SINDITEXTIL – Sindicatos da Indústria Têxtil e seus capítulos estaduais.
4.2 Dados estatísticos
O Brasil se destaca como um dos grandes produtores de confecções no mundo, figurando
entre os 10 principais produtores no ranking da International Textile Manufactures
Federation, apresentado na seqüência.
Tabela 3 – Principais Países Produtores de Confecções – 2004
Países Mil ton. %
China/Hong Kong 13.478 28,1%
Índia 3.986 8,3%
Estados Unidos 2.573 5,4%
México 2.001 4,2%
Turquia 1.982 4,1%
Coréia do Sul 1.873 3,9%
Brasil 1.740 3,6%
Paquistão 1.350 2,8%
Taiwan 1.331 2,8%
Tailândia 1.096 2,3%
Indonésia 1.034 2,2%
Malásia 988 2,1%
Canadá 979 2,0%
Romênia 923 1,9%
Polônia 822 1,7%
Subtotal 36.156 75,4%
Outros 11.812 24,6%
Total (1) 47.968 100,0%
Fonte: ITMF – Fiber Organon apud IEMI, 2006, p. 9
Notas (1) – estimativa
101
A produção brasileira de confeccionados vem desde a década de 90 crescendo
sustentadamente, apesar dos preços médios atuais (em US$/Kg) não serem tão altos como
foram no passado. Nos quadros a seguir, pode ser verificada a evolução da produção brasileira
de confeccionados em relação aos volumes, valores e preços médios.
Tabela 4 – Produção por segmento em volume (em mil toneladas)
Segmentos 1990 1995 2000 2002 2003 2004 2005
Confeccionados (1) 820 1.230 1.636 1.700 1.684 1.740 1.747
Vestuário 467 796 1.053 1.018 995 1.023 1.041
Meias e Acessórios 11 20 20 23 22 22 23
Linha Lar 188 243 367 411 412 429 419
Outros 153 170 195 249 255 266 264
Fonte: IEMI, 2006, p. 36.
Nota: (1) Confeccionados engloba a produção de vestuário, meias e acessórios, linha lar e outros.
Tabela 5 – Produção por segmento em valores (em milhões de US$)
Segmentos 1990 1995 2000 2002 2003 2004 2005
Confeccionados (1) 30.174
30.457
28.753
18.870
20.048
23.397
30.640
Vestuário 23.057
23.419
21.476
12.799
13.079
15.321
19.956
Meias e Acessórios 639
645
496
459
503
588
764
Linha Lar 2.304
1.975
2.284
1.752
1.954
2.343
3.084
Outros 4.175
4.418
4.497
3.860
4.513
5.146
6.836
Fonte: IEMI, 2006, p. 36.
Nota: (1) Confeccionados engloba a produção de vestuário, meias e acessórios, linha lar e outros.
Tabela 6 – Preços médios (em US$/Kg)
Segmentos 1990 1995 2000 2002 2003 2004 2005
Confeccionados(1) 36,80 24,77 17,58 11,10 11,91 13,44 17,53
Vestuário 49,37 29,42 20,39 12,58 13,15 14,98 19,17
Meias e
Acessórios
56,01 31,92 24,30 20,39 22,96 26,59 33,36
Linha Lar 12,24 8,12 6,22 4,26 4,75 5,46 7,36
Outros 27,23 25,94 23,05 15,53 17,68 19,34 25,88
Fonte: IEMI, 2006. p. 37.
Nota: (1) O preço médio do confeccionado é calculado levando em consideração os preços médios de vestuário,
meias e acessórios, linha lar e outros ponderados por sua participação no volume de produção
Um dado que merece destaque e que foi apontado por Castro (2004) é o de que os países
classificados como maiores produtores de vestuário, não necessariamente, são também os
maiores exportadores. Pode-se conferir tal constatação comparando os dados apresentados na
tabela 3 com os dados apresentados na tabela 7.
102
Tabela 7 – Principais países exportadores e importadores de vestuário
Valor em
Bilhões (US$)
Participação Mundial (%) Variação
(%)
2005
1980
1990
2000
2005
2000-05
Exportadores
União Européia (25) 80,35
-
-
26,9
29,2
9
Europeus extra União Européia (25) 22,62
-
-
6,8
8,2
11
China 74,16
4,0
8,9
18,2
26,9
16
27,29
-
-
-
-
2
7,23
11,5
8,6
5,0
2,6
-6
Hong Kong, China
Exportações domésticas
re-exportação 20,06
0,8
5,7
7,2
7,3
7
Turquia 11,82
0,3
3,1
3,3
4,3
13
Índia 8,29
1,7
2,3
3,1
3,0
6
México 7,27
0,0
0,5
4,4
2,6
-3
Bangladesh 6,42
0,0
0,6
2,0
2,3
10
Indonésia 5,11
0,2
1,5
2,4
1,9
2
Estados Unidos 5,00
3,1
2,4
4,4
1,8
-10
Vietnam 4,81
...
...
0,9
1,7
21
Romênia 4,63
...
0,3
1,2
1,7
15
Tailândia 4,09
0,7
2,6
1,9
1,5
2
Paquistão 3,60
0,3
0,9
1,1
1,3
11
Tunísia 3,33
0,8
1,0
1,1
1,2
8
Sri Lanka 2,88
0,3
0,6
1,4
1,0
0
Demais países 228,98
...
...
77,3
83,1
-
Importadores
União Européia (25) 128,70
-
-
39,8
44,8
9
Europeus extra União Européia (25) 70,97
-
-
20,8
24,7
10
Estados Unidos 80,07
16,4
24,0
32,3
27,9
4
Japão 22,54
3,6
7,8
9,5
7,8
3
Hong Kong, China 18,44
-
-
-
-
3
Federação Russa 7,84
-
-
1,1
2,7
29
Canadá 5,98
1,7
2,1
1,8
2,1
10
Suiça 4,72
3,4
3,1
1,5
1,6
8
Austrália 3,12
0,8
0,6
0,9
1,1
11
Coréia do Sul 2,91
0,0
0,1
0,6
1,0
17
México 2,52
0,3
0,5
1,7
0,9
-7
2,13
0,3
0,8
0,9
0,7
3
Singapura
Importações retidas
0,67
0,2
0,3
0,3
0,2
4
Noruega 1,86
1,7
1,1
0,6
0,6
8
Emirados Árabes Unidos 1,67
0,6
0,5
0,4
0,6
...
China 1,63
0,1
0,0
0,6
0,6
6
Arábia Saudita 1,57
1,6
0,7
0,4
0,5
14
Demais países 267,26
...
...
92,1
93,1
-
Fonte: Elaboração Própria com base em WORD TRADE ORGANIZATION, 2006.
Analisando os dados da tabela 7, pode-se perceber que o país que mais avançou em termos de
participação mundial das exportações da década de 80 para os dias atuais foi a China. Na
verdade vários países asiáticos como o Vietnam, Índia e Paquistão vêm experimentando um
crescimento significativo percentualmente em suas exportações.
103
Apesar de ser reconhecidamente um dos grandes produtores mundiais, o Brasil não ter
participação significativa na disputa do comércio internacional de confecções. Entre os
principais motivos se destacam questões de ordem fiscal e burocrática, custo de mão-de-obra,
concorrência desleal (principalmente com países asiáticos), tecnologia, canais de
comercialização, marketing, logística, capacidade de administração da cadeia de
abastecimento, entre outras (CASTRO, 2004; BRAGA 2005; PEIXOTO, 2005; SANTANA,
APOLINÁRIO, 2004).
O panorama nacional do setor pode ser melhor entendido através da análise dos dados da
balança comercial relativos ao setor têxtil-vestuário. Desse modo foi utilizado a Nomenclatura
Comum de Mercadorias (NCM), de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), os
produtos do complexo têxtil-vestuário estão englobados pelos capítulos NCM 50 a 63. No
quadro a seguir estão os códigos (NCM) dos produtos do complexo têxtil-vestuário e suas
respectivas descrições que podem ser acessados no sitio do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Seção XI Matérias têxteis e suas obras
Capítulos
50 Seda
51 Lã e pêlos finos ou grosseiros; fios e tecidos de crina
52 Algodão
53 Outras fibras têxteis vegetais; fios de papel e tecido de fios de papel
54 Filamentos sintéticos ou artificiais
55 Fibras sintéticas ou artificiais, descontínuas
56 Pastas (“ouates”), feitros e falsos tecidos; fios especiais; cordéis, cordas e cabos; artigos de
cordoaria
57 Tapetes e outros revestimentos para pavimentos, de matérias têxteis
58 Tecidos especiais; tecidos tufados; rendas tapeçarias; passamanarias; bordados
59 Tecidos impregnados, revestidos, recobertos ou estratificados; artigos para usos técnicos de
matérias têxteis
60 Tecidos de Malha
61 Vestuário e seus acessórios, de malha
62 Vestuário e seus acessórios, exceto malha
63 Outros artefatos têxteis confeccionados; sortidos; artefatos de matérias têxteis, calçados, chapéus
e artefatos de uso semelhante, usados; trapos
Quadro 24 - Nomenclatura Comum de Mercadorias (NCM) – seção de matérias têxteis e suas obras
Fonte: MDIC, 2006.
De acordo dados obtidos do Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via
Internet, denominado ALICE-Web, da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), os dados
consolidados dos materiais e suas obras e especificamente de vestuário está disponível da
tabela a seguir.
104
Tabela 8 – Balança comercial Matérias têxteis e suas obras
Capítulos
De 50 a 63
Exportação Variação (%)
Exportação
Importação Variação (%)
Importação
Saldo
2000 1.222.070.778 1.606.595.755 -384.524.977
2001 1.306.097.042 6,88 1.232.812.103 -23,27 73.284.939
2002 1.185.486.178 -9,23 1.033.452.537 -16,17 152.033.641
2003 1.656.280.978 39,71 1.061.765.280 2,74 594.515.698
2004 2.079.434.801 25,55 1.422.971.568 34,02 656.463.233
2005 2.201.853.902 5,89 1.517.924.988 6,67 683.928.914
2006 (1) 1.698.112.299 -22,88 1.750.221.472 15,30 -52.109.173
Fonte: Elaboração própria com base em ALICEWEB, 2006.
Nota (a): os dados são relativos até outubro de 2006
Os dados expostos da tabela 8, mais especificamente os relativos aos dados de variação da
exportação do período 2003-2005, mostram um comportamento de desaceleração. Apesar de
faltarem somar os dados de exportação dos meses de novembro e dezembro de 2006, a
tendência é que haja uma variação negativa, consolidando assim uma inversão de tendência
de crescimento dessa indústria no cenário internacional. Em contra partida os dados relativos
a importação sugerem não uma variação negativa, como também uma inversão do fluxo de
mercadorias, o que deve supostamente atingir o mercado nacional.
Tabela 9 – Balança comercial vestuário e seus acessórios, de malha e vestuário e seus acessórios, exceto malha
Capítulos
61 e 62
Exportação Variação (%)
Exportação
Importação Variação (%)
Importação
Saldo
2000 273.928.596 140.861.665 133.066.931
2001 273.521.224 -0,15 154.001.275 9,33 119.519.949
2002 214.751.476 -21,49 109.676.693 -28,78 105.074.783
2003 289.171.820 34,65 100.118.260 -8,72 189.053.560
2004 340.386.590 17,71 148.251.008 48,08 192.135.582
2005 336.758.755 -1,07 227.157.084 53,22 109.601.671
2006(1) 226.226.448 -32,82 269.749.200 18,75 -43.522.752
Fonte: Elaboração própria com base em ALICEWEB, 2006.
Nota (a): os dados são relativos até outubro de 2006
Analisando a tabela 9 comparativamente com os dados da tabela 8, pode-se perceber que o
comportamento do fluxo de mercadorias de vestuário possui uma situação mais crítica do que
o setor têxtil de uma maneira em geral. Por exemplo, enquanto que a variação de importação
dos produtos testeis e suas obras (NCMs 50 a 63) variou positivamente em 2005 6,67%, a
variação de vestuário (NCMs 61 e 62) foi de 53,22% positivo. Ou seja, uma variação quase
oito vezes maior por parte da variação da importação de vestuário.
Em relação ao complexo fabril, o segmento têxtil-vestuário tem a seguinte composição de
empresas em número de unidades por região e porte e empregos gerados:
105
Tabela 10 – Unidades fabris instaladas por região
Região 1990 1995 2000 2002 2003 2004 2005
Norte 141
377
402
421
420
348
229
Vestuário 113
263
296
301
309
256
180
Nordeste 1.270
2.032
2.587
2.607
2.542
2.580
2.701
Vestuário 1.100
1.628
2.088
2.131
2.103
2.269
2.356
Sudeste 10.897
10.635
10.852
9.667
10.088
10.832
11.298
Vestuário 9.444
8.709
9.086
8.070
8.504
9.488
9.822
Sul 2.663
3.409
4.151
4.208
4.164
4.390
5.301
Vestuário 2.232
2.750
3.435
3.486
3.479
3.716
4.533
C.Oeste 397
613
805
863
846
892
1.324
Vestuário 394
558
729
729
761
802
1.205
Total 15.368
17.066
18.797
17.766
18.060
19.042
20.853
Vestuário 13.283
13.908
15.634
14.767
15.156
16.531
18.096
Fonte: IEMI, 2006, p. 104.
De acordo com os números da tabela, a região sudeste e a sul respondem por cerca de 80%
das unidades fabris, seguida do nordeste com 13%, o centro-oeste com 6% e o norte com 1%.
A distribuição é a praticamente a mesma em relação à indústria têxtil e ao setor de vestuário
com pequenas variações.
Tabela 11 – Mão de obra empregada por região geográfica e segmento
Mão de
Obra
1990 1995 2000 2002 2003 2004 2005
Norte 926
1.729
12.641
12.546
12.035
12.537
10.337
Vestuário 491
407
10.973
11.041
10.591
11.004
9.147
Nordeste 94.510
105.186
165.750
163.403
160.399
162.526
178.776
Vestuário 72.564
63.532
135.533
132.451
129.458
134.580
145.259
Sudeste 1.411.699
1.183.869
735.645
639.546
653.690
674.844
617.429
Vestuário 1.235.233
1.036.566
618.707
534.605
549.152
571.720
516.502
Sul 213.499
150.050
257.933
256.392
257.530
259.032
333.883
Vestuário 168.165
86.621
220.649
220.388
221.624
223.505
288.123
C.Oeste 35.193
27.293
61.187
62.837
62.946
62.619
55.886
Vestuário 34.449
22.026
54.066
55.229
55.383
55.546
50.157
Total 1.755.827
1.468.127
1.233.156
1.134.725
1.146.600
1.171.558
1.196.311
Vestuário 1.510.902
1.209.152
1.039.928
953.714
966.209
996.355
1.009.188
Fonte: IEMI, 2006, p. 104.
Em relação aos dados sobre mão-de-obra empregada, praticamente ocorre a mesma
distribuição percentual presente no número de unidades fabris com uma pequena variação. No
caso do emprego da indústria têxtil 80% se concentra na região sul-sudeste, 15% na região
nordeste, 4% na região centro-oeste e 1% na região norte. Aqui também a distribuição é muito
semelhante ao de vestuário.
106
4.3 A moda praia
Apesar de o termo moda praia englobar um grande número de produtos como calções, sungas
de banho e outros acessórios masculinos, o grande destaque brasileiro fica por conta dos
produtos destinados ao público feminino como maiôs, biquínis, saídas de praia e tantos outros
acessórios.
O biquíni, apesar de não ser uma invenção brasileira, veio a ser usado no Brasil no final dos
anos 50. Porém foi na década de 70 que a produção brasileira adquiriu uma identificação mais
nacional com o surgimento da tanga. A década de 80 foi marcada no Brasil pela emergência
de novas modelagens como a “asa delta” e na década de 90 a moda praia se estabeleceu como
um segmento de destaque no mundo da moda em geral (PEIXOTO, 2005).
A indústria nacional tem tentado insistentemente associar a imagem do Brasil aos produtos de
moda praia fabricados no país. As empresas, das grandes até as pequenas, têm se esforçado
para conquistar espaço no mercado internacional. Em 2002 durante a edição da maior feira de
lingerie, moda praia e tecidos (para lingerie e moda praia) do mundo (a Lyon Mode City, no
Eurexpo Lyon, França), três biquínis brasileiros foram selecionados para integrar o Fórum
de Tendências de Lyon, dentre os 360 participantes do segmento swimwear (moda balneário)
de 30 países. Sendo dois deles do consórcio de exportação Tropical Spice de São Paulo e o
terceiro do consórcio de exportação Flor Brasil localizado na capital federal (ABIT, 2006).
O setor de moda praia conta com o apoio de algumas associações da classe empresarial,
especialmente o da Associação Brasileira da Indústria da Indústria Têxtil e de Confecção
(ABIT), da Associação Brasileira do Vestuário (ABRAVEST), sindicatos e organismos
governamentais. Destaque deve ser dado à Agência de Promoção de Exportações e
Investimentos (APEXBRASIL) que vem apoiado o setor com projetos voltados à cadeia têxtil
e de vestuário.
Os principais projetos apoiados pelo governo (APEXBRASIL, 2006) são:
107
Projeto Extensão Industrial Exportadora – oferta de consultorias gratuitas para micro e
pequenas empresas localizadas em Arranjos Produtivos Locais selecionados;
TEXBRASIL programa estratégico da cadeia têxtil - ações de promoção e
capacitação, destacando-se a participação em feiras e eventos internacionais,
realização de seminários e palestras para empresários e profissionais da cadeia têxtil e
de confecções;
Apoio a consórcios promoção de exportações das empresas participantes de
consórcios com potencial de desenvolvimento.
uma rie de ações integradas entre as principais organizações de suporte que
desenvolvem ações individuais e em conjunto com o objetivo de promoção das empresas
brasileiras e seus produtos. Entre as principais atividades se destaca o apoio à participação em
feiras (nacionais e internacionais), rodadas de negócios, palestras, consultorias e apoio a
consórcios de exportação.
Entre as principais feiras do segmento moda praia (nacional e internacional), as principais são
relacionas a seguir (ABIT, 2006):
São Paulo Fashion Week – O maior e mais tradicional evento de moda realizado no
Brasil;
Fashion Rio - um dos eventos mais concorridos do calendário nacional;
Surf and Beach - Maior feira dos segmentos de surf, moda praia, skate e street na
América Latina;
Swinshow - Maior feira dos segmentos de surf e moda praia dos Estados Unidos;
CruiseImportante feira internacional em Miami – Estados Unidos;
108
Lyon mode city – Maior feira mundial de moda praia.
Já a Fashion Industry Business Information (Infomat) informa uma lista maior de feiras
relacionadas à moda praia, no entrando algumas das feiras não são específicas de moda praia.
Feiras
Action girl
Action sports retailer asr
California resortwear show
Collections premiere moscow cpm
Collections premieren dusseldorf cpd
Dallas swimwear market
Europe selection m
Florida childrenswear manufacturers guild show
Glissexpo
Harrogate lingerie & swimwear exhibition
Indie fashion awards show
Industry 212
Intermezzo collections
International swimwear & activewear market isam
Intimate london body and beach
Intimo intimare
Linea eva
Los angeles spring market week
Los angeles summer market week
Lyon mode city
Magic kids
Salon de la mode enfantine
Sao paulo surf & beach show
Sun and swimear show
Surf expo
Swim show
The super show
Un-dress
Undress
Wwdmagic
Quadro 25 – Feiras moda moda praia ou que incluem moda praia
Fonte: INFOMAT, 2006.
4.3.1 Fluxo de comércio do segmento moda praia
O mercado mundial de moda praia movimentou no comércio internacional, no ano de 2005,
cerca de 2,287 bilhões de dólares. A China com seu protetorado Hong Kong responde por
33% (US$ 755 milhões) das exportações mundiais de moda-praia, seguidos por Itália e
109
México. Vale destacar que o México é favorecido pelos benefícios tarifários no mercado
americano, o maior mercado mundial de biquínis e principal destino das exportações
brasileiras (DAIBRASIL – USAID, 2006).
A realidade da indústria brasileira do segmento de moda praia pode ser conhecida através da
análise dos dados de sua capacidade de produção e da balança comercial relativos às
diferentes categorias de produtos. Segundo dados da DAIBRASIL-USAID (2006) existem no
país cerca de 700 empresas especializadas em moda praia, sendo sua imensa maioria
composta de micro, pequenas e médias empresas.
Em relação à capacidade de produção do segmento moda praia e seu desempenho relativo ao
setor de vestuário como um todo, pode ser acompanhado nas tabelas a seguir a evolução do
volume de produção por peças, do valor da produção e de seu preço médio.
Tabela 12 – Produção segundo o segmento de atuação (em mil peças)
Segmento 1990 1995 2000 2002 2003 2004 2005
Vestuário 2.253.866
3.788.123
5.379.582
4.907.567
4.827.731
4.947.942
5.013.290
Roupa de
Praia/Banho
147.502
176.710
268.776
241.802
245.084
251.211
259.400
Ano base /ano
anterior 2002-2003
2003-2004
2004-2005
Var (%) ano -
Vest -1,63%
2,49%
1,32%
Var (%) ano -
Praia
1,36%
2,50%
3,26%
Fonte:Adaptado de IEMI, 2006, p. 103.
De acordo com os dados da tabela 12, pode-se perceber uma pequena variação positiva mais
acentuada da moda praia do que o vestuário em si. A variação da produção de moda praia em
2005 foi mais do que o dobro, quando comparado com o vestuário em geral. Apesar da
variação positiva nos últimos anos, o seu volume de produção ainda se encontra abaixo do
pico registrado em 2000 com um volume de 268.776 peças, contra uma produção atual de
259.400 peças.
a variação do valor da produção em US$ de moda praia também teve uma variação maior
nos anos de 2004 e 2005 do que o vestuário em geral como apresentado na tabela 13, a seguir.
O mesmo acontece quando comparamos o valor da produção com o pico do período (1990-
110
2005) em que o valor atual (US$ 1.081.698) se encontra ainda abaixo do maior valor obtido
(US$ 1.508.462).
Tabela 13 – Valor da produção (em mil US$)
Segmento 1990 1995 2000 2002 2003 2004 2005
Vestuário 23.056.914
23.419.305
21.475.690
12.799.280
13.078.577
15.320.496
19.956.067
Roupa de
Praia/Banho
1.508.462
1.034.707
1.209.931
683.551
684.356
814.654
1.081.698
Ano base /ano
anterior
2002-2003
2003-2004
2004-2005
Var (%) ano -
Vest
2,18%
17,14%
30,26%
Var (%) ano -
Praia
0,12%
19,04%
32,78%
Fonte: Adaptado de IEMI, 2006, p. 106.
também uma variação positiva maior da moda praia em comparação com o vestuário
relativo aos preços médios estimados, esse é também outro indicador que está longe de
alcançar os valores médios praticados no pico durante os últimos 15 anos, conforme tabela 14
a seguir.
Tabela 14 – Preços médios estimados do produto acabado no fabricante (US$/Pç)
Segmento 1990 1995 2000 2002 2003 2004 2005
Vestuário 10,23 6,18 3,99 2,61 2,71 3,10 3,98
Roupa de Praia/Banho 10,23 5,86 4,50 2,83 2,79 3,24 4,17
Ano base /ano anterior 2002-2003 2003-2004 2004-2005
Var (%) ano - Vest 3,83% 14,39% 28,39%
Var (%) ano - Praia -1,41% 16,13% 28,70%
Fonte: IEMI, 2006, p. 106.
No que tange ao levantamento dos dados relativos à balança comercial brasileira de moda
praia foi utilizada a Nomenclatura Comum de Mercadorias (NCM) específicas referente aos
capítulos 61 e 62 que são relacionados ao vestuário. Os códigos e respectivas descrições
usados na pesquisa junto ao sistema ALICEWEB do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (MDIC) são apresentados a seguir:
6112.31.00 - “Shorts” (calções) e sungas (“slips”*), de banho, de uso masculino de
fibras sintéticas;
6112.39.00 - “Shorts” (calções) e sungas (“slips”*), de banho, de uso masculino de
outras matérias têxteis;
111
6112.41.00 - Maiôs e biquinis, de banho, de uso feminino de fibras sintéticas;
6112.49.00 - Maiôs e biquinis, de banho, de uso feminino de outras matérias têxteis;
6211.11.00 Maiôs, biquinis, “shorts” (calções) e sungas (“slips”*), de banho de uso
masculino;
6211.12.00 - Maiôs, biquinis, “shorts” (calções) e sungas (“slips”*), de banho de uso
feminino.
Pode-se perceber pelo conteúdo das classificações que num primeiro vel uma separação
entre o que é produzido com malha e com outros tipos de materiais. Num segundo nível a
classificação de acordo com o gênero do público final e ao insumo básico de fabricação (fibra
sintética ou outros materiais) no caso do vestuário com malha.
As tabelas a seguir apresentam os resultados da balança comercial dos capítulos do NCM de
modo agregado. As tabelas com a balança comercial por capítulo em detalhes podem ser
acessadas no apêndice X.
Tabela 15 – Balança comercial – Consolidado – NCMs 6112.31.00, 6112.39.00, 6112.41.00, 6112.49.00,
6211.11.00 e 6211.12.00
Ano Exportação Var (%)
Importação
Var (%)
Saldo Var (%)
2000 6.222.047
2.969.216
3.252.831
2001 6.468.397
3,96
2.587.406
-12,86
3.880.991
19,31
2002 7.292.785
12,74
2.232.041
-13,73
5.060.744
30,40
2003 13.136.725
80,13
613.307
-72,52
12.523.418
147,46
2004 23.629.290
79,87
828.161
35,03
22.801.129
82,07
2005 24.902.698
5,39
631.120
-23,79
24.271.578
6,45
2006 15.099.704
-39,37
1.873.313
196,82
13.226.391
-45,51
Fonte: Elaboração própria com base em ALICEWEB, 2006.
Na tabela anterior pode se perceber um crescimento significativo no valor das exportações nos
anos de 2003 e 2004, respectivamente 80,13% e 79,87% de variação positiva. Há uma
pequena variação positiva no valor das exportações em 2005, e apesar dos dados do ano de
2006 estarem limitados ao acumulado até ao mês de outubro, uma expectativa de
diminuição significativa das exportações. Esse dado correlacionado com o grande crescimento
das importações (196,82%) em 2006 acentua uma significativa variação negativa (-45,51%)
112
no saldo da balança comercial do segmento de moda praia. O que indica não um problema
para a competição com o mercado externo, mas uma ameaça ao próprio mercado interno.
Principalmente pelo fato das empresas brasileiras produtoras de moda praia de uma maneira
geral desenvolverem um interesse tardio pelo mercado externo, devido ao tamanho de
mercado interno e dos hábitos de compra da consumidora brasileira que adquire várias peças a
cada verão (DAIBRASIL-USAID, 2006).
Tabela 16 – Balança comercial – moda praia masculina e feminina fabricados com fibras sintéticas e outros
materiais têxteis – de malha – incluem os segmentos dos códigos 6112.31.00, 6112.39.00,
6112.41.00 e 6112.49.00
Ano Exportação Var (%)
Importação
Var (%) Saldo Var (%)
2000 4.644.518
592.823
4.051.695
2001 5.314.477
14,42
990.771
67,13
4.323.706
6,71
2002 6.258.452
17,76
504.379
-49,09
5.754.073
33,08
2003 10.675.016
70,57
215.144
-57,34
10.459.872
81,78
2004 18.571.358
73,97
86.870
-59,62
18.484.488
76,72
2005 20.114.844
8,31
161.566
85,99
19.953.278
7,95
2006 13.207.262
-34,34
333.450
106,39
12.873.812
-35,48
Fonte: Elaboração própria com base em ALICEWEB, 2006.
Tabela 17 – Balança comercial – moda praia masculina e feminina fabricados com fibras sintéticas e outros
materiais têxteis – exceto malha– incluem os segmentos dos códigos 6211.11.00 e 6211.12.00
Ano Exportação
Var (%)
Importação
Var (%)
Saldo Var (%)
2000 1.577.529
2.376.393
-798.864
2001 1.153.920
-26,85
1.596.635
-32,81
-442.715
-44,58
2002 1.034.333
-10,36
1.727.662
8,21
-693.329
56,61
2003 2.461.709
138,00
398.163
-76,95
2.063.546
-397,63
2004 5.057.932
105,46
741.291
86,18
4.316.641
109,19
2005 4.787.854
-5,34
469.554
-36,66
4.318.300
0,04
2006 1.892.442
-60,47
1.539.863
227,94
352.579
-91,84
Fonte: Elaboração própria com base em ALICEWEB, 2006.
Comparando os dados da tabela 15 com os dados das tabelas 16 e 17, pode-se perceber que os
produtos têxteis exceto malha sofreram uma variação superior tanto em termos de diminuição
das exportações como em relação ao aumento das importações, resultando numa variação
também maior negativamente do saldo da balança comercial. Apesar dos produtos de moda
praia, que são classificados como têxteis exceto de malha, apresentarem uma variação
bastante superior aos produtos que são classificados como têxteis de malha, esses últimos até
o momento em 2006 representaram um valor quase sete vezes superior em valores exportados
e mais de 36 vezes superior ao valor do saldo da balança comercial.
113
Tabela 18 – Balança comercial – moda praia classificada por gênero como público final
Masculino
Ano Exportação Importação
Saldo
2000 764.774
2.608.202
-1.843.428
2001 481.209
-37,08
2.144.241
-17,79
-1.663.032
-9,79
2002 199.540
-58,53
1.970.996
-8,08
-1.771.456
6,52
2003 781.959
291,88
455.985
-76,87
325.974
-118,40
2004 1.002.906
28,26
587.867
28,92
415.039
27,32
2005 945.787
-5,70
541.981
-7,81
403.806
-2,71
2006 377.441
-60,09
1.659.842
206,25
-1.282.401
-417,58
Feminino
Ano Exportação Importação Saldo
2000 5.457.273
361.014
5.096.259
2001 5.987.188
9,71
443.165
22,76
5.544.023
8,79
2002 7.093.245
18,47
261.045
-41,10
6.832.200
23,24
2003 12.354.766
74,18
157.322
-39,73
12.197.444
78,53
2004 22.626.384
83,14
240.294
52,74
22.386.090
83,53
2005 23.956.911
5,88
89.139
-62,90
23.867.772
6,62
2006 14.722.263
-38,55
213.471
139,48
14.508.792
-39,21
Fonte: Elaboração própria com base em ALICEWEB, 2006.
De acordo com a tabela 18 da balança comercial que segmenta o mercado por moda
masculina e feminina uma clara predominância desse mercado pelos produtos destinados
ao público feminino como pode ser comprovado pelos valores bastante superiores tanto das
exportações como do saldo comercial. Em relação às variações relacionadas à importação,
exportação e saldo da balança comercial há uma clara variação mais acentuada com os
produtos destinados ao público masculino.
4.3.2 Fluxo de comércio por estado
Basicamente a produção de moda praia tem sido dominada pelos estados do Rio de Janeiro e
São Paulo que possuem os maiores parques produtivos e também a maior concentração de
grandes indústrias, destaque deve ser dado também ao estado de Santa Catarina que perdeu
espaço nesse segmento nos últimos anos.
As diferenças regionais não ficam apenas na estrutura industrial. outros desafios para as
empresas instaladas fora do eixo Rio-São Paulo. Entre elas, destaca-se a concentração dos
principais fornecedores de insumos produtivos e de serviços especializados estarem
114
concentrados na região sudeste. Sem contar com os canais de distribuição, como os traders
que se localizam, onde se concentram maior volume de negócios.
Tabela 19 – Valores exportados de moda praia por estado (em US$ FOB)
Estado 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 (1)
SP 3.690.681
3.144.312
2.925.449
6.031.032
11.471.453
14.677.180
7.033.087
RJ 1.615.226
2.135.358
3.247.433
4.539.326
7.536.029
6.052.506
5.532.736
BA 37.963
1.347
10.033
80.749
178.540
510.128
727.799
RS 95.735
59.931
125.292
87.771
681.718
392.611
437.371
SC 582.575
701.152
446.709
1.222.186
2.201.611
1.319.235
427.234
PR 21.378
98.637
186.065
433.891
387.673
447.604
259.881
CE 44.704
129.836
7.981
71.289
183.294
449.357
244.062
MG 10.574
6.111
9.600
60.276
357.642
474.974
147.426
DF 122
23.000
25.520
139.994
38.212
37.124
66.177
RN 0
0
0
23.100
50.184
14.203
60.691
ES 22.566
38.064
18.075
108.202
179.286
233.613
60.680
PE 12.360
12.602
11.156
18.249
116.906
145.938
45.438
GO 15.786
79.835
168.151
270.393
193.110
80.601
42.630
PA 0
0
11
0
15.639
4.989
0
PB 19.434
0
0
0
3.594
0
0
AL 0
1.672
0
7.689
4.170
25.989
0
MS 0
0
0
0
0
1.593
0
Total Geral 6.222.047
6.467.221
7.292.785
13.137.901
23.629.290
24.902.698
15.099.704
Fonte: Elaboração própria com base em ALICEWEB, 2006.
Nota: (1) a ordem da tabela obedece a classificação por valores exportados em 2006 registrados até o mês de
outubro
Apesar do domínio dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro continuar, houve uma
significativa emergência de alguns estados na exportação de itens de moda praia. Conforme se
pode notar na tabela 19, o estado da Bahia emergiu como o terceiro estado produtor de moda
praia do país em valores exportados. Apesar do avanço, ainda fica muito atrás dos dois
primeiros colocados. Contudo, levando em consideração que o estado não possui nenhum
grande produtor desse produto, o resultado é significativo.
Os dados expostos na tabela 19 foram transformados em valores percentuais para uma
melhor visualização da evolução da participação de mercado por estado e desse modo poder
identificar os principais produtores emergentes e aqueles que perderam espaço nos últimos
anos. Analisando a tabela 20, pode-se notar que existe uma oscilação de crescimento e
diminuição de participação de mercado os estados do Rio de Janeiro e São Paulo sem que eles
percam essa liderança. Em relação aos demais estados, destaca-se a queda acentuada da
participação de mercado do estado de Santa Catarina e o crescimento da Bahia, mais
especificamente o crescimento alcançado no ano de 2006. A seguir a tabela com os valores de
participação de mercado ano a ano.
115
Tabela 20 – Participação de mercado por valor exportado por estado (em US$ FOB)
Descrição da UF 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
PA 0,00 0,00 0,00 0,00 0,07 0,02 0,00
CE 0,72 2,01 0,11 0,54 0,78 1,80 1,62
RN 0,00 0,00 0,00 0,18 0,21 0,06 0,40
PB 0,31 0,00 0,00 0,00 0,02 0,00 0,00
PE 0,20 0,19 0,15 0,14 0,49 0,59 0,30
AL 0,00 0,03 0,00 0,06 0,02 0,10 0,00
BA 0,61 0,02 0,14 0,61 0,76 2,05 4,82
MG 0,17 0,09 0,13 0,46 1,51 1,91 0,98
ES 0,36 0,59 0,25 0,82 0,76 0,94 0,40
RJ 25,96 33,02 44,53 34,55 31,89 24,30 36,64
SP 59,32 48,62 40,11 45,91 48,55 58,94 46,58
PR 0,34 1,53 2,55 3,30 1,64 1,80 1,72
SC 9,36 10,84 6,13 9,30 9,32 5,30 2,83
RS 1,54 0,93 1,72 0,67 2,89 1,58 2,90
GO 0,25 1,23 2,31 2,06 0,82 0,32 0,28
DF 0,00 0,36 0,35 1,07 0,16 0,15 0,44
MS 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01 0,00
Não declarada 0,64 0,49 1,25 0,29 0,11 0,12 0,10
Mercadoria nacionalizada 0,21 0,06 0,28 0,04 0,02 0,02 0,00
Reexportação 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Fonte: Elaboração própria com base em ALICEWEB, 2006.
Ao acompanhar a variação da participação de mercado em faturamento (em US$ FOB) foi
construída uma tabela com a classificação ano a ano desde 2000 até o acumulado de 2006
(dados até outubro) e que demonstram a manutenção do Rio de Janeiro e São Paulo na
liderança do setor em relação à exportação.
Tabela 21 – Classificação dos principais exportadores por valor exportado (em US$ FOB)
Ranking Brasil 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
SP SP RJ SP SP SP SP
RJ RJ SP RJ RJ RJ
RJ
SC SC SC SC SC SC
BA
RS CE PR PR PR BA RS
CE PR GO GO MG MG SC
BA GO RS DF GO CE PR
ES RS DF ES CE PR CE
PR ES ES RS ES RS MG
PB DF PE BA BA ES
DF
10º GO PE BA CE PE PE RN
Fonte: Elaboração própria com base em ALICEWEB, 2006.
A tabela a seguir traz a variação da receita de exportação em relação ao ano anterior.
Destacam-se alguns estados que têm tido resultados bastante positivos, principalmente
quando comparados aos demais estados e resultados em geral. Notadamente no período de
2005-2006 com o acirramento crescente da competição com produtos chineses, as variações
positivas chamam mais a atenção.
116
Tabela 22 – Variação dos valores exportados por estado em US$ FOB
Estado 2000-2001 2001-2002 2002-2003 2003-2004 2004-2005 2005-2006
PA
-100,00
-68,10
-100,00
CE
190,43
-93,85
793,23
157,11
145,16
-45,69
RN
117,25
-71,70
327,31
PB
-100,00
-100,00
PE
1,96
-11,47
63,58
540,62
24,83
-68,86
AL
-100,00
-45,77
523,24
-100,00
BA
-96,45
644,84
704,83
121,10
185,72
42,67
MG
-42,21
57,09
527,88
493,34
32,81
-68,96
ES
68,68
-52,51
498,63
65,70
30,30
-74,03
RJ
32,20
52,08
39,78
66,02
-19,69
-8,59
SP
-14,80
-6,96
106,16
90,21
27,95
-52,08
PR
361,39
88,64
133,19
-10,65
15,46
-41,94
SC
20,35
-36,29
173,60
80,14
-40,08
-67,62
RS
-37,40
109,06
-29,95
676,70
-42,41
11,40
GO
405,73
110,62
60,80
-28,58
-58,26
-47,11
DF
18752,46
10,96
448,57
-72,70
-2,85
78,26
MS
-100,00
Total geral
3,94
12,77
80,15
79,86
5,39
-39,37
Fonte: Elaboração própria com base em ALICEWEB, 2006.
4.4 Síntese parcial
Foram apresentados neste capítulo os principais dados relativos ao mercado internacional e de
produção nacional de moda praia. Há claramente uma tendência atual de acirramento da
concorrência, principalmente com os produtos fabricados na China. evidências de que o
artigo moda praia conseguiu uma valorização maior do que o segmento de vestuário de uma
maneira geral nos últimos anos. Em relação aos estados produtores de moda praia, a liderança
do mercado continua concentrada nos eixo Rio-São Paulo. No que tange aos demais estados
um destaque para a perde de mercado por parte de Santa Catarina e a emergência consistente
do estado da Bahia. O capítulo seguinte apresenta os resultados empíricos da investigação
junto aos consórcios de exportação de moda praia localizados nos seus respectivos Arranjos
Produtivos Locais (APLs). Vale ressaltar o que detalhamento dos dados por estado ajudará na
análise dos dados levantados junto aos consórcios e demais fontes de dados.
117
5 ESTUDOS DE CASOS E RESULTADOS DA INVESTIGAÇÃO DE CAMPO
Esta investigação científica, conforme destacado no primeiro capítulo, teve como objetivo a
análise de empresas produtoras de moda praia organizadas em consórcios de exportação,
situadas em arranjos produtivos locais pertencentes ao Grupo de Trabalho Permanente (GTP)
do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O que significa
que a investigação foi realizada com consórcios e suas empresas componentes pertencentes
aos arranjos produtivos mais maduros e alvos de tipos de políticas de intervenção pública ou
privada semelhantes.
De acordo com Lemos (2003), a pesquisa em arranjos produtivos possui uma abordagem
diferenciada daquela realizada com uma orientação setorial. A análise de um arranjo é
realizada de acordo com algumas características como proximidade territorial relativas aos
produtores, fornecedores de bens e serviços e instituições de suporte. Desse modo, os estudos
de casos aqui apresentados se apóiam no referencial teórico desenvolvido no segundo capítulo
desta tese, e no capítulo quatro que contempla toda a caracterização do setor têxtil, vestuário e
de moda praia mais especificamente.
Esta seção é composta da análise de quatro consórcios de moda praia inseridos em três
Arranjos Produtivos Locais. Os arranjos produtivos estão localizados nas cidades de Brasília
(DF), Nova Friburgo (RJ) e Salvador (BA). A real identificação dos consórcios e de suas
empresas componentes foi mantida em sigilo e usada uma codificação para fazer referências
às mesmas. A tabela a seguir resume os valores da produção exportada de moda praia por
estado. Notadamente que o Rio de Janeiro por possuir uma concentração maior de empresas e
unidades de produção de maior porte, entre as cidades pesquisadas, tem uma produção muito
maior e consequentemente os valores exportados são maiores quando comparados com outros
estados.
O Rio de Janeiro também foi um dos primeiros estados a ter empresas com tentativas mais
maduras de internacionalização. Não somente realizando exportações, como também
iniciativas de instalação de escritórios de representação e até lojas próprias em território
estrangeiro (RUBIN; ROCHA, 2004).
118
Tabela 23 – Valores exportados de moda praia por estado (em US$ FOB)
Estado 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
RJ
1.615.226
2.135.358
3.247.433
4.539.326
7.536.029
6.052.506
5.532.736
BA
37.963
1.347
10.033
80.749
178.540
510.128
727.799
DF
122
23.000
25.520
139.994
38.212
37.124
66.177
Total Geral
6.222.047
6.467.221
7.292.785
13.137.901
23.629.290
24.902.698
15.099.704
Fonte: Elaboração própria com base em ALICEWEB, 2006.
Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro concentram o maior número de empresas produtoras
de moda praia, principalmente os grandes produtores como a Rosset que possui um nível de
integração produtiva diferenciada no país. Além de ser uma produtora de insumos, desenvolve
atividades de tecelagem (malhas), beneficiamento e estamparia, além de possuir sua própria
marca de moda praia: a Cia Marítima. Em relação ao posicionamento dessas empresas,
identificaram-se três abordagens. As duas primeiras com foco em preço são o private label de
larga escala e o private label de média escala. O terceiro posicionamento é focado na
diferenciação e neste caso nas marcas próprias dos fabricantes (DAIBRASI-USAID, 2006).
Tabela 24 – Participação de mercado (%) por valor exportado por estado (em US$ FOB)
Estado 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
BA
0,61 0,02 0,14 0,61 0,76 2,05 4,82
RJ
25,96 33,02 44,53 34,55 31,89 24,30 36,64
DF
0,00 0,36 0,35 1,07 0,16 0,15 0,44
Fonte: Elaboração própria com base em ALICEWEB, 2006.
A tabela 24 traz um crescimento acentuado das empresas baianas no ranking de empresas
exportadoras de moda praia, porém a participação do Distrito Federal, segundo os dados
oficiais, não parece representar a realidade dessa localidade como se pode concluir ao acessar
os dados prospectados do consórcio de exportação situado na capital federal (comparando os
dados das tabelas 23 e 24).
5.1 Estudos de casos e resultados da investigação de campo
As entrevistas com os diversos representantes dos organismos de suporte e governo foram
realizadas em dois blocos. O primeiro bloco de entrevistas foi realizado ao longo do 2º
semestre de 2005 até julho de 2006, o segundo bloco foi concluído depois das entrevistas com
os representantes dos consórcios e empresas e aconteceu entre os meses de outubro e
novembro de 2006. As entrevistas realizadas no segundo bloco com os representantes de
119
governo e organizações de suporte foram realizadas para esclarecer informações prestadas
pelos consórcios e empresas consorciadas.
As entrevistas e aplicação dos questionários de pesquisa junto aos consórcios aconteceram
entre os meses de agosto e novembro de 2006. Ressaltando que foi aplicado um questionário
piloto em duas empresas em novembro de 2005. As informações gerais sobre a caracterização
dos consórcios são apresentadas a seguir.
Estado DF RJ BA
Nome
Alfa Beta Gama
Nº de Empresas
9 no início
9 atualmente
14 no início
11 atualmente
7 no início
4 atualmente
Início das
tividades
2000 2001 2001
Principais
mercados
Itália, Portugal, Espanha
e Estados Unidos
Itália, Portugal, Espanha,
França e Estados Unidos
Itália, Portugal, Espanha, Suíça,
África do Sul, Líbano e Estados
Unidos
Instituições de
suporte
atuantes
SEBRAE-DF
APEXBRASIL
TEXBRASIL
FIBRA
SENAI
ABIT
SEBRAE-RJ
APEXBRASIL
TEXBRASIL
SENAI
ABIT
SEBRAE-BA
APEXBRASIL
TEXBRASIL
SENAI
SECTI
PROMOBAHIA
ABIT
Quadro 26 – Perfil geral dos consórcios pesquisados
Fonte: Pesquisa de campo, elaboração própria.
Os dados relativos a faturamento e número de empregos diretos são apresentados a seguir. Os
dados referentes aos consórcios baianos foram mais difíceis de serem prospectados. Mesmo
assim os dados relativos a emprego e faturamento não foram informados pelo consórcio Gama
e suas empresas componentes. Já os demais consórcios baianos emergentes ainda não
realizaram vendas ao mercado externo, com exceção de uma média empresa que responde por
um movimento significativo de vendas atualmente, entretanto o consórcio novo a que
pertence a empresa não é exclusivo de moda praia. uma rivalidade muito mais intensa
entre as empresas localizadas no arranjo produtivo baiano, inclusive entre as próprias
empresas componentes dos consórcios, o que contribuiu para uma maior dificuldade de
pesquisa. O detalhamento dessas dificuldades é explicado na seção de cada consórcio adiante.
120
Tabela 25 – Valores de exportação e emprego direto – período 2000 a 2006
Estado DF RJ BA BA
Nome Alfa Beta Gama Delta (2)
Export.
US$
Pessoal
Ocupado
Export.
US$
Pessoal
Ocupado
Export.
US$
Pessoal
Ocupado
Export.
US$
Pessoal
Ocupado
2000 23.500 120 N.I N.I
2001 74.000 138 N.I N.I
2002 135.000 138 600.000 120 N.I N.I
2003 380.000 140 870.000 180 N.I N.I
2004 140.000 100 1.020.000 220 N.I N.I 37.500 130
2005 128.000 92 1.230.000 250 N.I N.I 150.000 140
2006 (1) 125.000 75 1.040.000 230 N.I N.I N.I N.I
Fonte: Pesquisa de campo, elaboração própria.
Legenda: NI – Não informado
Nota: (1) – estimativa de concretização de receita até o final de 2006
(2) – o consórcio Delta não é exclusivo de moda praia e a atividade de exportação é hoje realizada por
uma média empresa apenas por isso não o detalharemos dado os critérios de seleção previamente
discutidos na seção de metodologia.
Os números relatados pelos representantes dos consórcios demonstram uma atividade
aparentemente bastante dispare em termos de porte do consórcio localizado no estado do Rio
de Janeiro daquele localizado na capital nacional. Entretanto, os dois consórcios apresentam
um decréscimo nas exportações e no nível de emprego nos anos de 2005 e 2006. No consórcio
baiano apesar da não divulgação dos dados, os relatos são de queda das exportações, tanto dos
consórcios como das empresas componentes.
A análise dos casos foi dividida em quatro fases. A primeira trata da caracterização do
Arranjo Produtivo Local e da descrição específica do procedimento de investigação,
detalhando as organizações e pessoas entrevistadas, documentos consultados, dificuldades e
especificidades com relevância para o desenvolvimento da investigação. A segunda parte trata
da caracterização do consórcio e de suas empresas destacando as políticas de incentivo locais
e as principais instituições de suporte envolvidas. A terceira parte destaca as principais
dificuldades de operação encontradas, principalmente as dificuldades relativas à cooperação e
os dados de caráter mercadológico. Finalmente a quarta e última parte apresenta uma síntese
das descobertas de investigação, dificuldades gerias da investigação e principais evidências
relativas aos objetivos da investigação científica.
121
5.2 Arranjo Produtivo Local de Salvador – Bahia
O Arranjo Produtivo com o maior número de consórcios de moda praia foi localizado na
cidade do Salvador, capital do estado da Bahia. O arranjo denominado de APL da Região
Metropolitana de Salvador é também conhecido como Arranjo Produtivo da Rua do Uruguai
por se tratar da uma rua da cidade que abriga a maior concentração de empresas comerciais e
produtoras de vestuário. A seguir os dados estatísticos da cidade de Salvador.
Descrição, Valor, Unidade
Pessoas residentes – resultados da amostra, 2443107, habitantes
Pessoas residentes - 10 anos ou mais de idade - sem instrução e menos de 1 ano de estudo 107.379 habitantes
Estabelecimentos de saúde – Total 1043 estabelecimentos
Leitos hospitalares - 7914 leitos
Leitos hospitalares disponíveis ao SUS – 5980 leitos
Matrícula - Ensino fundamental – 2004 – 389745 Matrículas
Matrícula - Ensino médio – 2004 - 160714 Matrículas
Docentes - Ensino Fundamental – 15153 Docentes
Docentes - Ensino Médio – 7328 Docentes
Nascidos vivos - registros no ano - lugar de registro – 44139 pessoas
Agências bancárias – 204 Agências
Valor do Fundo de Participação dos Municípios – 16.485.788.252 Reais
Área da unidade territorial – 70680 Km²
Quadro 27 – Estatísticas gerais da cidade de Salvador
Fonte: IBGE, 2006.
5.2.1 Intervenções de instituições de suporte
A Bahia é um dos estados brasileiros que possuem uma política estadual de promoção de
Arranjos Produtivos Locais. A Secretaria de Ciência e Tecnologia do Governo do Estado da
Bahia (SECTI) elaborou um projeto intitulado Programa de Fortalecimento da Atividade
Empresarial. Tal projeto foi submetido ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
para levantamento de recursos e apoio. Os recursos previstos são de US$ 16,67 milhões,
divididos entre governo e parceiros (40%) e BID (60%) para aplicação na promoção dos
arranjos selecionados para o projeto listados do quadro a seguir (Programa de Fortalecimento
da Atividade Empresarial – Projeto SECTI-BID, 2005).
122
APL Região
Tecnologia da Informação & Microeletrônica * Região Metropolitana de Salvador (RMS) /Ilhéus
Transformação Plástica Região Metropolitana de Salvador (RMS)
Confecções
Região Metropolitana de Salvador (RMS) e Feira
de Santana
Fruticultura Juazeiro e Vale do São Francisco
Cadeia de Fornecedores Automotivo Região Metropolitana de Salvador (RMS)
Rochas Ornamentais Jacobina/Ourolândia
Ecoturismo com valorização de produtos da Mata
Atlântica
Ilhéus/Itabuna
Piscicultura Paulo Afonso
Derivados da Cana de Açúcar Chapada Diamantina
Caprinovinocultura Região de Irecê
Quadro 28 - Arranjos Produtivos Locais selecionados
Fonte: Programa de Fortalecimento da Atividade Empresarial – Projeto SECTI-BID, 2005.
De acordo com levantamentos realizados para a caracterização do APL de confecções de
Salvador e Feira de Santana coordenado pela SECTI-BA, há um conjunto de 253 empresas
em Feira de Santa e cerca de 100 empresas formais e informais na península de Itapagipe,
onde se localiza o bairro do Uruguai na cidade de Salvador. Segundo o mesmo levantamento,
dados do IBGE de 2002 relatam a existência de 730 indústrias de confecções no município de
Salvador. Segundo dados do mesmo estudo somente na Rua do Uruguai cerca de 30
unidades industriais, onde nas proximidades também se localiza um estabelecimento varejista
com 250 postos de venda instalados (Programa de Fortalecimento da Atividade Empresarial –
Caracterização do APL de Confecções de Salvador e Feira de Santana, SECTI-BID, 2005).
O projeto SECTI-BID propõe uma estruturação de um modelo de governança do arranjo
produtivo cuja formatação contempla uma estrutura de gestão (atores principais), modo de
implantação, gestão dos recursos e mecanismos de monitoramento e da execução e avaliação
das ações da rede (MODELO DE GOVERNANÇA PROJETO SECTI-BID, 2006). Um
resumo ilustrativo do modelo de governança pode ser consultado no apêndice F.
5.2.2 Resumo das atividades de investigação
Os consórcios de moda praia estudados estão localizados dentro da mesma área geográfica do
município de Salvador. Os seguintes procedimentos metodológicos foram realizados, as listas
com os nomes das organizações e identificação das pessoas entrevistadas podem ser
consultadas no apêndice E:
123
Entrevistas semi-estruturadas com membros da Secretaria de Ciência e Tecnologia do
Governo do Estado da Bahia (SECTI);
Entrevistas semi-estruturadas com membros do Programa de Fortalecimento da
Atividade Empresarial ligados à SECTI;
Entrevistas semi-estruturadas com representantes da DAIBRASIL, organização
prestadora de serviços da USAID;
Observação direta das reuniões da governança do APL;
Entrevistas semi-estruturadas com representantes dos consórcios e das empresas
componentes do mesmo;
Entrevistas semi-estruturadas com empresas que participaram dos consórcios, mas que
não fazem mais parte dos mesmos;
Aplicação de questionários de pesquisa junto aos consórcios e empresas componentes;
Aplicação de questionários junto a empresas que não fazem mais parte dos
consórcios;
Dois pontos contrastantes na investigação dos consórcios de moda praia baianos são dignos
de nota. O primeiro deles é relativo à fácil acessibilidade aos diferentes representantes dos
órgãos de governo, organismos de suporte e do programa de promoção do APL de confecções
da Bahia. Entretanto, houve uma imensa dificuldade em acessar os representantes das
empresas participantes dos consórcios por uma série de motivos, entre as quais se destacam:
O grande número de pesquisas ou tentativas de levantamentos junto às empresas
componentes do universo pesquisado, gerando uma resistência a qualquer novo
levantamento;
A grande concorrência comercial e por recursos de apoio às empresas participantes
dos consórcios;
124
Questões de ordem pessoal de alguns representantes dos consórcios no momento da
realização das entrevistas e aplicação dos questionários;
De acordo com entrevistas realizadas junto a diversos membros da estrutura formal de
governança do APL de confecções, principalmente ligados à SECTI-BA, os consórcios de
moda praia e a maioria das empresas que o compõe não têm uma participação efetiva dentro
das atividades de desenvolvimento do APL, ou melhor, não fazem parte APL, sendo este
considerado como entidade formal. Alguns dados da caracterização do APL de confecções de
Salvador ou da Rua do Uruguai, como preferem denominar os organismos locais são
apresentados a seguir.
uma predominância da produção de moda feminina em geral quando somamos no quadro
a seguir os valores relativos à moda feminina, moda íntima e moda praia, considerando estes
duas últimas especializações com predominância de produtos para mulheres. Em relação à
comercialização dos produtos, mais da metade de sua produção é consumida dentro do
próprio estado. A participação dos produtos exportados é muito baixa e se concentra nos
produtos de moda praia.
Especialização da Produção Participação %
Moda Feminina 32%
Moda Masculina 20%
Uniformes 11%
Outros 7%
Esportiva 7%
Moda Praia 6%
Moda Íntima 6%
Moda infanto-juvenil 6%
Jeans 4%
Bebê 1%
Quadro 29 - Especialização da Produção das Empresas do APL do Uruguai
Fonte: (Programa de Fortalecimento da Atividade Empresarial – Caracterização do APL de Confecções de
Salvador e Feira de Santana, SECTI-BID, 2005)
Mercado Participação %
Baiano 58%
Regional (Nordeste) 22%
Nacional 17%
Internacional 3%
Quadro 30 – Participação das Vendas do APL do Uruguai por Tipo de Mercado
Fonte: (Programa de Fortalecimento da Atividade Empresarial – Caracterização do APL de Confecções de
Salvador e Feira de Santana, SECTI-BID, 2005)
A USAID desenvolveu um projeto denominado de Programa de Fomento às Exportações de
Pequenas Empresas da USAID/Brasil, cujo objetivo foi apoiar a internacionalização das
125
pequenas empresas, em especial daquelas localizadas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.
Como critério de seleção dos projetos apoiados, a USAID optou por trabalhar com clusters
formados predominantemente por pequenas empresas em regiões e setores específicos. O
projeto tinha como expectativa de tempo de projeto o prazo de dois anos e três meses,
considerando como um dos motivos de decisão pela execução do projeto o número de pessoas
pobres, micro produtores e empregos concentrados nos segmentos escolhidos (moda praia
Bahia; Castanha – Ceará; Mel Piauí e Açaí Pará) (DEVELOPMENT ALTERNATIVES
USAID, 2005).
O projeto de intervenção da USAID na Bahia atingiu os consórcios de exportação formados
ou em formação. Houve uma série de iniciativas separadas para um grupo formado pelo
consórcio Gama e a média empresa dissidente que foi apoiada individualmente, porém
estimulada a formar um novo consórcio (fato ocorrido posteriormente). Um outro grupo
formado por empresas de dois consórcios iniciantes passaram por outras iniciativas,
apresentadas no quadro a seguir.
Grupo 1 Grupo 2
Contratação de um designer;
Melhoria dos padrões de qualidade;
Apoio para a criação de novo material promocional;
Identificação de novos canais;
Participação em feiras e eventos;
Realização de pesquisa com clientes;
Identificação de intermediários nos Estados Unidos e
facilitar os contatos;
Supervisionar a produção para garantir a entrega em
tempo;
Apoiar o atendimento aos pedidos;
Acompanhar os contatos com os compradores;
Desenvolver estratégias de exportação;
Transferir informações sobre as feiras para as
empresas;
Transferir metodologia de como identificar
intermediários nos Estados Unidos;
Apoio no ajuste de produtos, marketing, promoção
de vendas, produção, logística e outras atividades
necessárias ao processo de exportação;
Quadro 31 – Iniciativas de apoio USAID - Consórcios
Fonte: DEVELOPMENT ALTERNATIVES – USAID, 2005.
Os indicadores selecionados para medir possíveis mudanças no quadro dos consórcios de
exportação foram: volume de exportações, preço médio do produto, mero de clientes e
canais de vendas e número de empregos gerados. Em 2004 foi indicado, como valor
exportado, a quantia de US$ 160.000 pelo consórcio de moda praia Gama com um valor
médio por peça de US$ 6,60 (DEVELOPMENT ALTERNATIVES – USAID, op. cit.).
126
As representantes da DAIBRASIL responsáveis pelo acompanhamento do projeto
manifestaram grande dificuldade para obtenção dos dados para alimentar os indicadores do
projeto, citando inclusive um provável viés por conta da desconfiança das empresas.
5.2.3 Caracterização do consórcio e de suas empresas
A governança do APL da Rua do Uruguai identificou quatro consórcios de moda praia
atuando em Salvador. consórcios em diferentes estágios de desenvolvimento, como
também, as empresas que o compõe. Destaque para o consórcio Gama que possui um
conjunto de empresas que antes do início do consórcio detinha experiência com exportação
de produtos. É o consórcio mais maduro do ponto de vista da experiência e manutenção das
atividades. O segundo consórcio (Delta) é basicamente liderado por uma média empresa
dissidente do consórcio Gama. Os outros dois consórcios não possuem atividades
exportadoras ainda por serem insipientes. As empresas pesquisadas desses consórcios
informaram que receberam seus primeiros pedidos para fornecer no ano de 2007. Portanto,
por uma falta de atividade de exportação os dois últimos consórcios não foram incluídos neste
estudo, porém fica o registro para próximas investigações.
O primeiro consórcio de empresas moda praia baiano surgiu através de uma iniciativa do
Centro Internacional de Negócios da Bahia (PROMO) e do Sindicato de Vestuário da Bahia
(SINVEST). O consórcio Gama possui uma marca própria para a exportação dos produtos,
sendo que as marcas individuais das empresas são destinadas ao mercado interno e também ao
mercado externo. O autor destaca como iniciativa da rede, as ações de marketing coletivo,
principalmente a participação em feiras internacionais e nacionais. Em 2003 as exportações
do consórcio Delta representaram 30% do faturamento das empresas participantes
(HASTENREITER FILHO, 2005).
O consórcio de moda praia Delta foi formado em julho de 2001 por um grupo de sete
empresas, exportando em 2003 um total de 20% de sua produção. Destaca-se também sua
participação em diversas feiras internacionais e missões empresariais, tais como: Lyon Mode
City (França), o Magic Show Lãs Vegas (EUA), Expocomer (Panamá) e missões para Itália e
127
Angola. Apesar de contar com a marca do consórcio, as empresas componentes do mesmo
também comercializam suas marcas no exterior, uma das empresas do consórcio chega a
exportar 25% de sua produção. (PROMONEWS, 2006).
Foi realizada uma série de entrevistas semi-estruturadas no período entre os anos de 2005 e
fevereiro de 2006 com representantes e empresárias que fazem e fizeram parte deste
consórcio, inclusive duas empresas deste consórcio foram usadas como teste-piloto do
questionário, uma ainda no consórcio e outra já não fazendo parte do mesmo.
Durante os meses de outubro e novembro de 2006 foram aplicados os questionários junto aos
representantes dos consórcios e de suas empresas. Os contatos pessoais foram muito difíceis e
alguns deles somente possível por telefone e correio eletrônico. Grande parte dos
questionários respondidos não continha informações importantes e novos contatos telefônicos
e pessoais foram realizados para completar tais informações. As informações de maior
dificuldade de obtenção foram relativas às práticas de marketing e resultados dos consórcios.
Empresas
Ano de Entrada Ano de Saída Produz apenas moda praia?
Gama 1 2001 Sim
Gama 2 2001 Sim
Gama 3 2001 Sim
Gama 4 2001 Sim
Gama 5 2001 2002 Sim
Gama 6 2001 2003 Sim
Gama 7 2001 2004 Sim
Quadro 32 – Composição do consórcio
Fonte: Pesquisa de campo, elaboração própria.
Apesar de iniciar com sete empresas, o consórcio Gama conta hoje com apenas quatro delas.
De acordo com o quadro 30, três dessas empresas deixaram o consórcio. Duas das empresas
desistentes do consórcio, quando indagadas sobre os motivos que levaram à desistência,
alegaram muita perda de tempo em reuniões para a tomada de decisões que eram muito
demoradas. Também citaram conflitos ocasionados por comportamentos oportunistas por
membros do consórcio, mais especificamente nas viagens e negociações de exportação,
quando além dos negócios do consórcio se tratava dos interesses da empresa consorciada.
Tal comportamento ficou conhecido dentro do arranjo produtivo como o “problema da mala”.
O problema consiste basicamente num conflito de interesses que ocorre no momento da
negociação ou venda (feiras ou encontros com compradores internacionais). Ao levar o
128
mostruário do consórcio, a empresa consorciada também leva o seu mostruário para
negociação em detrimento das coleções das demais empresas que não estão presentes na
negociação. Tal fato foi confirmado por representantes de empresas que deixaram o consórcio
e por diversos representantes das organizações de suporte.
Um das empresas declinantes do consórcio, a única média empresa, (as demais são
consideradas micro e pequenas) operou sozinha o processo de exportação e voltou a organizar
um novo consórcio de exportação com ajuda das organizações de suporte, especialmente da
DAIBRASIL-USAID. Este novo consórcio não fez parte da amostra estudada por não ser
exclusivamente de moda praia. A segunda empresa declinante do consórcio continuou sua
atividade de exportação e fez questão de frisar na entrevista que exportava antes de fazer
parte do consórcio e que não agregou nenhum aprendizado relativo ao processo de
exportação. Apesar disso comentou que continua exercendo um nível de cooperação com
algumas empresas remanescentes do consórcio no tocante à troca e compra conjunta de
insumos, uso de capacidade ociosa e troca de informações.
Aqui cabe um registro importante, apesar de estar participando do processo de cooperação
com empresas do consórcio e de estar localizada na área geográfica que compõe o arranjo
produtivo, a segunda empresa declinante não é considerada como pertencente ao APL uma
vez que não acatou um termo formal de participação do Programa de Fortalecimento da
Atividade Empresarial da SECTI. Este era um ponto de vista formal do responsável pelo
projeto no início desse levantamento, entretanto numa segunda entrevista, após aplicação dos
questionários, o mesmo refaz seu ponto de vista quanto a esta questão, apesar do programa
ainda contar com a adesão formal.
Em 2004 o consórcio possuía uma sede e uma estrutura formal de funcionamento (escritório,
folders, sítio eletrônico, material de divulgação de coleções, etc), entretanto atualmente sua
estrutura é virtual e de acordo com uma das líderes do consórcio, não se sabe realmente
quais as empresas que fazem parte do mesmo. Segundo relato de duas das quatro empresárias
do consórcio Delta, duas das empresas passaram por situações de extrema turbulência devido
a graves problemas pessoais e também pelo fato de nos últimos tempos as empresas
dedicarem mais atenção às suas atividades em prejuízo das atividades do consórcio.
129
Tabela 26 – Dificuldades de operação do consórcio – Consórcio Gama
Principais dificuldades No primeiro ano de vida Em 2006
Decisões entre os consorciados ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Promover os produtos mercado interno ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Vender a produção mercado interno ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Promover os produtos mercado externo ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Vender a produção mercado externo ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Contratar empregados qualificados ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Produzir com qualidade ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Custo ou falta capital de giro ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Custo ou falta de capital para aquisição de
máquinas e equipamentos
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Custos ou falta da capital para
aquisição/locação de instalações
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Informações dos mercados ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Legislação ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Outras. Citar ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Câmbio Desfavorável ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
ICMS para exp, pequenas ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Concorrência China Desleal ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Fonte: Pesquisa de campo, elaboração própria.
Legenda: (0) – nulo; (1) - baixa dificuldade; (2) - média dificuldade; (3) - alta dificuldade; ( 2 ) – item
selecionado
Segundo dados da pesquisa de campo, as principais dificuldades de operação do consórcio
Gama em seu primeiro anos de vida foram a promoção e venda de produtos nos mercados
externos, contratação de pessoal qualificado, custos ou falta de capital para aquisição de
instalações, acesso a informações de mercado e questões tributárias. As questões relacionadas
às decisões entre os consorciados, produção com qualidade, falta de capital de giro e aspectos
legais foram no primeiro ano apontados como de média dificuldade. O que contrasta com a
opinião das empresas declinantes, pois alegam ser esse um dos principais motivos de
desligamento do mesmo.
Em 2006 são indicados três fatores como de alta dificuldade. Durante o primeiro ano de
atividade do consórcio, dois dos fatores não foram identificados como dificuldades: o câmbio
desfavorável e a chamada concorrência desleal da China, o que segundo os empresários veio
surgir com mais efetividade nos dois últimos anos. Com exceção do item vender a produção
para o mercado externo, os demais demonstraram evoluções positivas.
130
Tabela 27 – Fatores importantes para competitividade
Fatores Grau de importância
Qualidade da matéria-prima e outros insumos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Qualidade da mão-de-obra ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Nível tecnológico dos equipamentos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Capacidade de introdução de novos/processos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Desenho e estilo nos produtos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Estratégias de comercialização ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Qualidade de comercialização ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Qualidade do produto ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Capacidade de atendimento (volume e prazo) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Outra. Citar: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Fonte: Pesquisa de campo, elaboração própria.
Legenda: (0) nulo; (1) - baixa importância; (2) - média importância; (3) - alta importãncia; ( 2 ) item
selecionado
Em relação aos fatores mais importantes que contribuem para a competitividade foi apontada
apenas a tecnologia dos equipamentos e a capacidade de introdução de novos processos como
itens de média importância, os demais foram classificados como de alta importância. Exceção
ao item qualidade da comercialização que o representante do consórcio se recusou a responder
por não entender do que se tratava, mesmo depois de explicado pelo pesquisador.
Tabela 28 – Práticas de marketing – Consórcio Gama
Práticas de Marketing e Promoção 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Ponto de venda vitrine/exposição em loja
Mostruário de venda X X X X X X X
Catálogo físico X X X X X X X
Catálogo virtual (internet) X X X X X X X
Participação em feiras e eventos nacionais X X X
Participação em feiras e eventos
internacionais
X X X X X X X
Anúncios em veículos nacionais
Anúncios em veículos internacionais X X
Fonte: Pesquisa de campo, elaboração própria.
Legenda: X – indica a existência da prática
De acordo com os dados obtidos pelo questionário, pode-se perceber o uso contínuo de
mostruário de venda, catálogos e participação em feiras e eventos internacionais. Num
primeiro momento os eventos nacionais foram deixados de lados. A posição em não buscar o
mercado nacional se estabeleceu rapidamente, principalmente por conta da atuação das
empresas componentes do consórcio no mercado local e regional. Chama à atenção a tentativa
de anúncios em veículo internacionais especializados, prática logo descartada nos últimos
dois anos. Um ponto apontado pelos representantes das empresas e do consórcio foi a
necessidade de um ponto de distribuição presente nos principais mercados, uma evidência de
problema relacionado a canais de marketing.
131
Infelizmente o consórcio e muito menos as empresas divulgaram seus dados relativos a
número de funcionários e faturamento. Outro item de extremo desconforto foi o tópico canais
de marketing e clientes. Qualquer tipo de informação relacionada a esses tópicos chegava a
mudar o semblante e humor dos entrevistados. Alguns chegaram a ameaçar encerrar a
entrevista pelo fato da insistência em obter tais dados.
Em relação ao processo de subcontratação, indicaram que o consórcio produziu para
terceiros, entretanto não praticam mais tal procedimento, indagados sobre o nível de
dependência dos canais após os anos de atividade, indicaram uma diminuição de dependência
dos canais de venda internacionais. Tal dependência diminuiu por dois motivos,
primeiramente pelo fortalecimento da empresa no mercado interno e pela maior alternativa de
canais internacionais. Apesar disso apontaram uma possibilidade de piora desse quadro
devido à invasão chinesa de produtos tanto no mercado interno como nos grandes mercados
mundiais, destacando o mercado dos Estados Unidos.
Tabela 29 – Ações de políticas – Consórcio Gama
Ações Políticas Graus de importância
Programas de capacitação profissional e treinamento técnico ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Melhorias na educação básica ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Programas de apoio a consultoria técnica ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Estímulos à oferta de serviços tecnológicos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Programas de acesso à informação (produção, tecnologia, mercados, etc. ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Linhas de créditos e outras formas de financiamento ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Incentivos fiscais ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Políticas de fundo aval ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Programas de estimulo ao investimento( venture capital) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Outras (especifique):
Fonte: Pesquisa de campo, elaboração própria.
Legenda: (0) nulo; (1) - baixa importância; (2) - média importância; (3) - alta importãncia; ( 2 ) item
selecionado
Em relação às sugestões de políticas públicas são apontadas como de alta importância os
incentivos fiscais e programas de acesso à informação. Os programas de capacitação
profissional, linhas de financiamento e programas de estímulo ao investimento possuem
média importância.
132
5.2.4 Considerações finais sobre o estudo de caso
uma grande rivalidade local na cidade de Salvador entre as inúmeras empresas produtoras
e comerciantes de moda praia. Muitas dessas empresas possuem lojas em shoppings, lojas de
rua e até lojas sazonais em hotéis, eventos e outros locais. Ou seja, essas empresas estavam
acostumadas a um mercado exigente que atende não ao publico local, mas também ao
grande fluxo de turistas nacionais e internacionais.
Em relação ao consórcio Gama é importante destacar que seu sítio eletrônico está inativo
desde o início dessa pesquisa em 2005. Não foi possível acesso a nenhum material como os
catálogos mencionados no questionário de pesquisa. Entretanto as empresas componentes do
consórcio apresentaram sítios eletrônicos ativos (opção em inglês), catálogos e toda uma
estrutura direcionada para atendimento ao cliente internacional.
Mesmo que aconteça o fim do consórcio, isso não será impedimento para cooperação entre
essas empresas, uma vez que evidências de que outros componentes declinantes da
cooperação formal, ainda cooperam informalmente.
O grande destaque sobre os consórcios localizados no APL de Salvador é afirmação uníssona
sobre a continuidade da dificuldade de vender os produtos no mercado externo. Entretanto
que se destacar que a dificuldade não é mais alimentada pela dificuldade em promover estes
produtos no mercado externo como registrado na evolução das dificuldades.
5.3 Arranjo produtivo local de Brasília – Distrito Federal
O consórcio de moda praia de Brasília faz parte integrante do Arranjo Produtivo Local de
Confecções do Distrito Federal. O arranjo engloba atividades de confecções e uniformes em
geral e executivos. O arranjo produtivo engloba a capital federal e as cidades satélites de
Taguatinga e Guará.
133
Descrição, Valor, Unidade
Pessoas residentes - resultados da amostra – 2051.146 habitantes
Pessoas residentes - 10 anos ou mais de idade - sem instrução e menos de 1 ano de estudo - 80989 habitantes
Estabelecimentos de saúde – Total – 865 estabelecimentos
Leitos hospitalares – 4793 leitos
Leitos hospitalares disponíveis ao SUS – 3358 leitos
Matrícula - Ensino fundamental – 2004 – 370219 Matrículas
Matrícula - Ensino médio – 2004 – 122225 Matrículas
Docentes - Ensino Fundamental – 16126 Docentes
Docentes - Ensino Médio – 6192 Docentes
Nascidos vivos - registros no ano - lugar de registro – 60296 pessoas
Agências bancárias – 300 Agências
Valor do Fundo de Participação dos Municípios - Não informado
Área da unidade territorial – 580194 Km²
Quadro 33 – Estatísticas gerais da cidade do Distrito Federal
Fonte: IBGE, 2006.
No ano de 1997, um grupo de empresários do segmento de confecções do Distrito Federal,
que atuava especificamente com moda praia, percebeu que seu mercado de atuação
encontrava-se em declínio e sua capacidade de produção estava ociosa. A exportação surgiu
como uma possibilidade de enfrentar as questões de sazonalidade e de aumento do mercado
de atuação. Através do Sindicato das Indústrias do Vestuário do Distrito Federal com o apoio
da APEX (Agência de Promoção às Exportações) e do SEBRAE/DF (Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Distrito Federal), surge o consórcio de exportação
especializado em moda-praia que aqui denominado de Alfa (SEBRAE, 2006).
Apesar de haver a identificação do consórcio Alfa como parte integrante de um Arranjo
Produtivo Local do Grupo Permanente de Trabalho (GTP APL) não foi possível colher
evidências de uma estrutura de governança desse APL. Nem mesmo o SEBRAE possui em
seu sítio eletrônico menção a esse arranjo, apenas noticia a criação do consórcio de moda
praia e os organismos envolvidos com o apoio. Entretanto o sítio eletrônico do SEBRAE
nacional em sua subseção de APLs lista o arranjo de confecções como existente. O que
configura uma informação divergente dentro de uma mesma organização de suporte.
5.3.1 Intervenções de instituições de suporte
A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) criou o Programa
Estratégico da Cadeia Têxtil Brasileira (TexBrasil), apoiado pela Agência de Promoção de
134
Exportações (Apex) que tem a iniciativa de divulgação internacional dos produtos da cadeia
têxtil brasileira. O TexBrasil reúne e reforça ações que vem permitindo ao setor têxtil e de
confecção sua articulação, sua modernização e um agressivo posicionamento no mercado
internacional.
Com o objetivo de aumentar as exportações de produtos brasileiros têxteis e de confecções e
divulgar a moda brasileira no âmbito internacional, o Programa Texbrasil abrange diversas
ações de promoção e capacitação, destacando-se a participação em feiras e eventos
internacionais, a vinda de compradores e formadores de opinião internacionais ao Brasil e a
realização de seminários e palestras para empresários e profissionais da cadeia têxtil e de
confecções. Os produtos votados para o mercado externo são: moda praia, moda masculina e
feminina, jeans, moda íntima, streetwear, moda infantil, cama, mesa e banho (APEXBRASIL,
2006).
5.3.2 Resumo das atividades de investigação
O consórcio de moda praia investigado está localizado dentro da região metropolitana de
Brasília. Os seguintes procedimentos metodológicos foram realizados, as listas com os nomes
das organizações e identificação das pessoas entrevistadas podem ser consultadas no apêndice
E:
Entrevistas semi-estruturadas com membros SEBRAE nacional;
Entrevistas semi-estruturadas com membros do APEXBRASIL;
Entrevistas semi-estruturadas com representantes dos consórcios e das empresas
componentes do mesmo;
Aplicação de questionários de pesquisa junto ao consórcio e empresas componentes;
135
5.3.3 Caracterização do consórcio e de suas empresas
O consórcio Alfa iniciou suas atividades no ano de 2000 e segue ainda em atividade. No ano
de 2004 houve quatro desistências que segundo responsável pelo consórcio foram motivadas
pela desistência das atividades ou do segmento de moda praia. Houve novas inclusões, sendo
a primeira em 2003 e outras três em 2005. Todas as empresas componentes do consórcio são
pequenas empresas focadas para a produção da marca do consórcio e não possuem marca
própria. O consórcio atende exclusivamente o mercado internacional. O que configura uma
configuração diferenciada em relação ao consórcio Gama que possuem empresas
componentes que produzem e comercializam suas próprias marcas, inclusive para o mercado
interno e externo.
Empresas Ano de Entrada Ano de Saída Produz apenas moda praia?
Alfa 1 2000 Não
Alfa 2 2000 Sim
Alfa 3 2000 Sim
Alfa 4 2001 Não
Alfa 5 2003 Sim
Alfa 6 2000 2004 Sim
Alfa 7 2000 2004 Sim
Alfa 8 2000 2004 Sim
Alfa 9 2000 2004 Sim
Alfa 6 2005 Sim
Alfa 7 2005 Sim
Alfa 8 2005 Sim
Quadro 34 – Composição do consórcio Alfa
Fonte: Pesquisa de campo, elaboração própria
De acordo com o quadro anterior podemos constatar que a imensa maioria de empresas possui
um foco em moda praia. Apesar de duas empresas não serem exclusivamente produtoras de
moda praia, essas empresas têm a moda praia com atividade predominante. As atividades de
comercialização dessas empresas são realizadas totalmente pelo consórcio, considerando que
o consórcio não atende o mercado nacional, toda sua produção é exportada. Praticamente a
maioria dessas empresas sobrevive de acordo com as atividades do consórcio de exportação, o
que representa uma dependência bastante significativa do mercado externo.
Tal constatação tem impacto significativo no desenvolvimento desta investigação, pois um
dos objetivos principais de investigação é comparar o desenvolvimento de habilidades
mercadológicas dessas empresas individualmente. Como grande parte do questionário relativo
136
às empresas e seu desempenho individual no mercado externo não era aplicável, os dados
levantados dizem respeito ao número de empregados e receitas por empresa que somados
representam os dados do consórcio em si.
Tabela 30 – Dificuldades de operação do consórcio – Consórcio Alfa
Principais dificuldades No primeiro ano de vida Em 2006
Decisões entre os consorciados ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Promover os produtos mercado interno ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Vender a produção mercado interno ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Promover os produtos mercado externo ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Vender a produção mercado externo ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Contratar empregados qualificados ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Produzir com qualidade ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Custo ou falta capital de giro ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Custo ou falta de capital para aquisição de
máquinas e equipamentos
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Custos ou falta da capital para
aquisição/locação de instalações
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Informações dos mercados ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Legislação ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Outras. Citar ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Logística ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Financiamento clientes ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Seguros ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Fonte: Pesquisa de campo, elaboração própria.
Legenda: (0) – nulo; (1) - baixa dificuldade; (2) - média dificuldade; (3) - alta dificuldade; ( 2 ) – item
selecionado
Sobre as dificuldades, o consórcio Alfa considera nulas as opções relativas ao mercado
interno por não atendê-lo e até o momento não ser de seu interesse. Em relação às grandes
dificuldades no primeiro ano de vida que foram superadas, encontra-se a capacidade de
produção com qualidade, a capacidade de promoção dos produtos no mercado externo e
acesso a informações sobre esses mercados.
Outras dificuldades como venda do produto nos mercados externos, mão-de-obra qualificada,
capital de giro, falta de capital para investimento em instalações, logística, financiamento de
clientes e seguros continuam com o mesmo nível de dificuldade, ou seja, alta. Algumas dessas
dificuldades foram intensificadas, segundo a pessoa responsável pelo consórcio, a
concorrência chinesa possui condições comerciais como prazo de um ano para pagamento das
mercadorias que podem tornar as dificuldades ainda piores.
137
Tabela 31 – Fatores importantes para competitividade – Consórcio Alfa
Fatores Grau de importância
Qualidade da matéria-prima e outros insumos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Qualidade da mão-de-obra ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Nível tecnológico dos equipamentos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Capacidade de introdução de novos/processos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Desenho e estilo nos produtos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Estratégias de comercialização ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Qualidade de comercialização ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Qualidade do produto ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Capacidade de atendimento (volume e prazo) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Outra. Citar: Preço ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Fonte: Pesquisa de campo, elaboração própria.
Legenda: (0) nulo; (1) - baixa importância; (2) - média importância; (3) - alta importãncia; ( 2 ) item
selecionado
No que tange ao grau de importância dos fatores importantes para a competitividade apenas
dois itens são mencionados como de média importância. Os demais são considerados de alta
importância. O que contrasta com a resposta do item anterior que apontava a dificuldade de
contratar pessoas qualificadas como um item de alta dificuldade.
Tabela 32 – Práticas de marketing – Consórcio Alfa
Práticas de Marketing e Promoção 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Ponto de venda vitrine/exposição
em loja
Mostruário de venda x x x x x x x
Catálogo físico x x x x x x x
Catálogo virtual (internet) x x x x x x x
Participação em feiras e eventos
nacionais
x x x
Participação em feiras e eventos
internacionais
x x x x x x x
Anúncios em veículos nacionais
Anúncios em veículos
internacionais
x x x x
Festas (Parceria) x x x x x x
Fonte: Pesquisa de campo, elaboração própria.
Legenda: X – indica a existência da prática
No que tange às atividades de marketing, o consórcio Alfa desde o início de suas atividades
vem empregando uma série de ações de marketing. Mais uma vez um consórcio inicia sua
participação em feiras nacionais, mas abandona a prática por focar no mercado externo. Uma
prática que cessou foi o uso de anúncios em veículos internacionais. Apesar de apontar a
presença na internet, o sítio do consórcio Alfa se encontra desatualizado. A representante do
consórcio relatou que não podem atualizar o sítio eletrônico com todos os produtos e
novidades por conta da cópia, principalmente dos piratas.
138
Durante a entrevista com a representante do consórcio a concorrência chinesa foi citado o
tempo todo, inclusive revelando que tinha recebido missões de empresários japoneses que
tentaram deixar à disposição das empresas de moda praia de Brasília suas unidades fabris
superiores em tecnologia.
Segundo o responsável pelo consórcio Alfa, o mesmo trabalha com produção de marcas de
terceiros, o que significa hoje cerca de 60% do volume produzido. Em relação à dependência
dos canais de marketing nacionais cita que não nenhum atendimento do mercado nacional
e até o momento da pesquisa não era do interesse do consórcio. Em relação ao mercado
internacional relata que aumentou sua dependência dos canais, uma vez que não conseguiu
uma diversificação de mercados e um número maior de compradores.
Tabela 33 – Ações de políticas – Consórcio Alfa
Ações Políticas Graus de importância
Programas de capacitação profissional e treinamento técnico ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Melhorias na educação básica ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Programas de apoio a consultoria técnica ( 0 ) ( 1) ( 2 ) ( 3 )
Estímulos à oferta de serviços tecnológicos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Programas de acesso à informação (produção, tecnologia, mercados, etc. ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Linhas de créditos e outras formas de financiamento ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Incentivos fiscais ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Políticas de fundo aval ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Programas de estimulo ao investimento( venture capital) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Outras (especifique): iniciativas da APEXBRASIL ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Fonte: Pesquisa de campo, elaboração própria.
Legenda: (0) – nulo; (1) - baixa importância; (2) - média importância; (3) - alta importância; ( 2 ) – item
selecionado
Em relação às ações políticas, praticamente não diferenciação da importância das
iniciativas listadas na pesquisa. O que aparentemente pode parecer uma necessidade geral,
pode ser uma limitação da escala com poucos itens para diferenciação. De qualquer forma
dentre os itens de ações políticas listados no questionário, o que mais se sobressaiu nas
entrevistas foi o apoio dado pela APEXBRASIL, justamente a maior intervenção de
instituições de suporte e voltada para a promoção da exportação. Nada mais lógico uma vez
que o consórcio e suas empresas somente atendem o mercado internacional.
139
5.3.4 Considerações finais sobre o estudo de caso
O estudo de caso piloto foi desenvolvido junto às empresas e o consórcio localizado em
Salvador. A seqüência do trabalho deveria ser a replicação do método em outros estudos de
caso, conforme sugere Yin (2005).
No caso do consórcio de moda praia Alfa foi possível replicar a parte da pesquisa referente ao
consórcio em si. Entretanto, não foi possível replicar o levantamento individual com as
empresas, pois as mesmas produzem apenas para o consórcio e não tem atividades no
mercado interno.
O acesso às fontes de dados e às empresas foi relativamente fácil e não houve problemas para
divulgação dos dados relativos a emprego e faturamento. na expectativa do responsável
pelo consórcio um futuro incerto devido a dois fatores que são a competição com a China e o
câmbio desfavorável às exportações. Os dois fatores acabam potencializam os malefícios
inerentes a cada um deles, devido à sua ligação direta.
por parte do consórcio a subcontratação por empresa estrangeira no modelo private label
médio e a dependência com os canais de marketing internacionais aumentou nos últimos anos.
Apesar disso a atuação no mercado local ainda não é uma alternativa.
5.4 Arranjo produtivo local de Nova Friburgo – Rio de Janeiro
O Arranjo Produtivo Local de Moda Íntima de Nova Friburgo e Região foi incluído no
projeto Sebrae/Promos/BID em 2002. A seguir os dados estatísticos da cidade de Nova
Friburgo.
140
Descrição, Valor, Unidade
Pessoas residentes - resultados da amostra – 173.418 habitantes
Pessoas residentes - 10 anos ou mais de idade - sem instrução e menos de 1 ano de estudo – 10.129 habitantes
Estabelecimentos de saúde – Total – 46 estabelecimentos
Leitos hospitalares – 710 leitos
Leitos hospitalares disponíveis ao SUS – 496 leitos
Matrícula - Ensino fundamental – 2004 – 27800 Matrículas
Matrícula - Ensino médio – 2004 – 7260 Matrículas
Docentes - Ensino Fundamental – 1778 Docentes
Docentes - Ensino Médio – 639 Docentes
Nascidos vivos - registros no ano - lugar de registro – 2965 pessoas
Agências bancárias – 18 Agências
Valor do Fundo de Participação dos Municípios – 1.595.290.015 Reais
Área da unidade territorial – 93264 Km²
Quadro 35 – Estatísticas gerais da cidade de Nova Friburgo
Fonte: IBGE, 2006
As peças produzidas no pólo preenchem uma importante fatia do mercado brasileiro de
lingerie, além de moda praia e fitness. Em alguns segmentos, esta representatividade chega a
25% do mercado nacional, o que mostra o sucesso deste Arranjo Produtivo Local e a força do
desenvolvimento industrial da pequena e média empresa no país.
O projeto é gerenciado pelo Conselho da Moda, governança criada para discutir questões
estratégicas, adotando linha comum de atuação entre as instituições que compõem o Pólo e
estão agregadas no conselho: Firjan, Sebrae, Sindvest, Senai, Abit, Iprj/Uerj, Prefeituras
municipais de Nova Friburgo, Cordeiro, Cantagalo, Bom Jardim, Duas Barras e Macuco,
Banco do Brasil, BNDES, MDIC e Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico do
Estado do Rio de Janeiro (SEBRAE, 2006).
Conhecida como capital nacional da moda íntima, Nova Friburgo possui a seguinte
composição de sua indústria de confecção: lingerie dia, 70,21%; lingerie noite, 6,37%;
lingerie sensual, 14,42%; moda praia e aeróbica, 1,54%; roupa infantil, 7,41%; outros, 0,05%
(FGV/IBRE, 2000 apud CAPORALI; VOLKER, 2004).
O consórcio de moda praia está situado no Arranjo Produtivo Local de Moda Íntima de Nova
Friburgo, todavia a participação da moda praia em termos produtivos é muito baixa.
141
5.4.1 Intervenções de instituições de suporte
O consórcio de moda praia de Nova Friburgo, denominado de Beta neste trabalho, foi
escolhido para participar do Projeto Promos/Sebrae/BID. Um conjunto de iniciativas foram
lançadas visando as empresas envolvidas no consórcio. Entre os diversos objetivos
pretendidos pelas iniciativas, Caporali e Volker (2004) citam:
Fortalecimento da cultura associativa;
Criação de centros de serviços;
Melhoria da gestão empresarial;
Melhoria da qualidade dos produtos;
Aumento da produtividade;
Acesso a novos mercados;
Internacionalização do APL.
Além de todas as iniciativas realizadas pelo Projeto Promos/Sebrae/BID, houve também uma
série de ações realizadas via o programa de apoio às exportações da APEXBRASIL similar ao
realizado para o consórcio Alfa do Distrito Federal. No entanto, os profissionais entrevistados
junto à APEXBRASIL mencionam o caso do consórcio Beta de Nova Friburgo ser a
referência de maior sucesso.
142
5.4.2 Resumo das atividades de investigação
O consórcio de moda praia investigado está localizado dentro da região serrana do Estado do
Rio, região com tradição na produção de vestuário. Os seguintes procedimentos
metodológicos foram realizados, as listas com os nomes das organizações e identificação das
pessoas entrevistadas podem ser consultadas no apêndice E:
Entrevistas semi-estruturadas com membros SEBRAE nacional;
Entrevistas semi-estruturadas com membros do APEXBRASIL;
Entrevistas semi-estruturadas com representantes dos consórcios e das empresas
componentes do mesmo;
Aplicação de questionários de pesquisa junto ao consórcio e empresas componentes;
5.4.3 Caracterização do consórcio e de suas empresas
O consórcio iniciou suas atividades em 2002 e conta com um número expressivo de pequenas
empresas. Foi informado pelo representante do consórcio que todas as empresas eram
dedicadas à produção de moda praia quase que exclusivamente. Algumas poderiam realizar
trabalhos intermediários para terceiros, ou até mesmo fabricar alguma pequena produção para
comércio local. O representante cita que houve uma crise no ano de 2004, porém não
esclarece que tipo de crise teria sido. O fato chama a atenção por que os anos de 2004 e 2005
representam os dois anos de maior valor de exportação e pessoas ocupadas. Em 2005 três
novas empresas entraram no consórcio, e segundo o mesmo representante, mais outras duas
devem se somar ao grupo no final de 2006.
143
Empresas Ano de Entrada Ano de Saída Produz apenas moda praia?
Alfa 1 2002 Sim
Alfa 2 2002 Sim
Alfa 3 2002 Sim
Alfa 4 2002 Sim
Alfa 5 2002 Sim
Alfa 6 2002 Sim
Alfa 7 2002 Sim
Alfa 8 2002 Sim
Alfa 9 2002 2004 Sim
Alfa 10 2002 2004 Sim
Alfa 11 2002 2004 Sim
Alfa 12 2002 2004 Sim
Alfa 13 2002 2004 Sim
Alfa 14 2002 2004 Sim
Alfa 15 2005 Sim
Alfa 16 2005 Sim
Alfa 17 2005 Sim
Quadro 36 – Composição do consórcio Beta
Fonte: Pesquisa de campo, elaboração própria.
Sobre a operação do consórcio, pode-se perceber pela análise da tabela 34 que uma série de
dificuldades foram superadas, pelo menos em termos. Dos três itens de alta importância em
termos de dificuldade, apenas a falta de capital para a compra de equipamentos foi amenizada.
Tabela 34 – Dificuldades de operação do consórcio – Consórcio Beta
Principais dificuldades No primeiro ano de vida Em 2006
Decisões entre os consorciados ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Promover os produtos mercado interno ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Vender a produção mercado interno ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Promover os produtos mercado externo ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Vender a produção mercado externo ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Contratar empregados qualificados ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Produzir com qualidade ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Custo ou falta capital de giro ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Custo ou falta de capital para aquisição de
máquinas e equipamentos
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Custos ou falta da capital para
aquisição/locação de instalações
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Informações dos mercados ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Legislação ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Outras. Citar (nenhum outro item citado) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Fonte: Pesquisa de campo, elaboração própria.
Legenda: (0) – nulo; (1) - baixa dificuldade; (2) - média dificuldade; (3) - alta dificuldade; ( 2 ) – item
selecionado
Dos itens com média intensidade de dificuldade, a maioria regrediu uma unidade em termos
de dificuldade, transformando-se em itens de baixa dificuldade. Exceção à venda de produtos
no mercado externo. O que chama a atenção é a grande melhora do item decisões entre os
144
consorciados, praticamente foi extinto tal dificuldade. Os itens que continuam com alta
dificuldade são os relativos a falta de capital para aquisição de instalações e a legislação.
Tabela 35 – Fatores importantes para competitividade
Fatores Grau de importância
Qualidade da matéria-prima e outros insumos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Qualidade da mão-de-obra ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Nível tecnológico dos equipamentos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Capacidade de introdução de novos/processos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Desenho e estilo nos produtos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Estratégias de comercialização ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Qualidade de comercialização ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Qualidade do produto ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Capacidade de atendimento (volume e prazo) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Outra. Citar__________________________________ ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Fonte: Pesquisa de campo, elaboração própria.
Legenda: (0) – nulo; (1) - baixa importância; (2) - média importância; (3) - alta importância; ( 2 ) – item
selecionado
Sobre os fatores importantes para a competitividade, o representante do consórcio informou
que os fatores relativos à matéria-prima, qualidade da mão-de-obra, design dos produtos e
qualidade da comercialização são os mais importantes. Os demais itens são classificados
como média importância, exceção ao item capacidade de atendimento que é considerado de
baixa importância.
Tabela 36 – Práticas de marketing – Consórcio Beta
Práticas de Marketing e Promoção 2002 2003 2004 2005 2006
Ponto de venda vitrine/exposição em loja
Mostruário de venda X X X X X
Catálogo físico X X X X
Catálogo virtual (internet) X X X X
Participação em feiras e eventos nacionais
Participação em feiras e eventos
internacionais
X X X
Anúncios em veículos nacionais
Anúncios em veículos internacionais X X X
Outros: Sensual Night X X X X
Fonte: Pesquisa de campo, elaboração própria.
Legenda: X – indica a existência da prática
Segundo o responsável pelo consórcio Beta, o mesmo não trabalha com produção de marcas
de terceiros. Em relação à dependência dos canais de marketing nacionais cita que não
nenhum atendimento do mercado nacional e ao momento da pesquisa não era do interesse
do consórcio. Em relação ao mercado internacional relata que diminuiu sua dependência dos
canais, uma vez que conseguiu uma diversificação de mercados e um número maior de
compradores.
145
Tabela 37 – Ações de políticas – Consórcio Beta
Ações Políticas Graus de importância
Programas de capacitação profissional e treinamento técnico ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Melhorias na educação básica ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Programas de apoio a consultoria técnica ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Estímulos à oferta de serviços tecnológicos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Programas de acesso à informação (produção, tecnologia, mercados, etc. ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Linhas de créditos e outras formas de financiamento ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Incentivos fiscais ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Políticas de fundo aval ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Programas de estimulo ao investimento( venture capital) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Outras (especifique):
Fonte: Pesquisa de campo, elaboração própria.
Legenda: (0) nulo; (1) - baixa importância; (2) - média importância; (3) - alta importãncia; ( 2 ) item
selecionado
Sobre as ações de políticas públicas sugere ações relativas ao fundo de aval como o mais
importante e os demais itens com média (capacitação da mão-de-obra, programas de acesso a
informação e linhas de crédito) e baixa importância (consultoria cnica, incentivos fiscais e
programas de estímulo ao investidor).
5.4.4 Considerações finais sobre o estudo de caso
Trata-se do estudo de caso algumas características peculiares e outras comuns aos demais
consórcios. A primeira questão que emerge é o tamanho do arranho produtivo ao qual está
inserido. Notadamente não é principal atividade do arranjo, mas possui valores exportados
significativos, quando comparado com os dados informados pelos demais consórcios.
O consórcio é composto por um conjunto de empresas que produz a moda praia apenas para a
venda do consórcio, sendo este focado exclusivamente no comércio externo, característica
similar ao de Brasília.
O representante do consórcio é reconhecido por diversos organismos de suporte como sendo
uma pessoa diferenciada na atividade empresarial e de liderança da gestão desse
empreendimento.
Não foi possível acessar as empresas que desistiram por não identificação das mesmas. To do
o processo de contato sobre as informações mais simples do consórcio e das empresas são
146
centralizadas em seu representante. O que pode propiciar um risco maior de viés das
informações coletadas. Como as empresas componentes do consórcio não produzem para o
mercado interno com suas próprias marcas, característica semelhante a Brasília, não foi
aplicado o questionário destina às empresas. Quando indagado sobre o foco no mercado
externo, o representante do consórcio respondeu que em condições de crise, as empresas
podem se voltar para o mercado de moda íntima tradicional.
5.5 Síntese geral do capítulo
De acordo com os objetivos desse estudo foram realizadas entrevistas com as diversas
organizações de suporte dos arranjos produtivos em que estavam inseridos os consórcios de
moda praia. Os representantes dos consórcios, sua totalidade também representantes de uma
das empresas dos consórcios, foram entrevistados e responderam ao questionário de pesquisa.
Os resultados das pesquisas de cada consórcio foram expostos em detalhes. Entretanto, as
informações referentes às empresas componentes dos consórcios não foram expostas.
Primeiramente por dois dos três casos analisados não terem marca própria e atividade de
produção independente do consórcio. As únicas empresas que possuíam essa característica
não quiseram revelar os dados, nem mesmo as informações mais qualitativas. Sugeriu-se que
ao invés da divulgação do valor da exportação, indicassem a variação percentual por ano.
Nem mesmo este tipo de informação foi passada. A mesma dificuldade foi relatada pelas
representantes da DAIBRASIL-USAID que inclusive apoiaram e financiaram essas empresas.
O capítulo seguinte apresenta a análise conjunta dos casos, como também é realizado um
paralelo com os dados apresentados no capítulo 4 que traz as informações setoriais.
147
6 ANÁLISE CONJUNTA DOS CASOS
Nos dois últimos capítulos foram expostos os estudos de casos e toda informação setorial.
Esta seção traz a análise conjunta dos casos e dos dados setoriais. O objetivo deste capítulo
não é realizar comparações, mas buscar evidências que possam apontar situações
convergentes ou divergentes.
O processo de análise será realizado através dos métodos discutidos e apresentados do
capítulo 3, o qual traz a metodologia do estudo. Neste capítulo exporemos os cruzamentos dos
dados advindos de diferentes fontes e com as diferentes teorias abordadas nesta pesquisa
(triangulação de fontes de dados e triangulação de perspectivas teóricas).
6.1 Análise das características gerais dos consórcios e Arranjos produtivos
Os arranjos produtivos de Nova Friburgo e de Salvador são mais visíveis do que o de Brasília.
Muito embora haja toda uma área geográfica em Brasília identificada com diversas empresas
de vestuário, não evidências da pujança econômica demonstrada em Nova Friburgo, e
muito menos uma governança tão articulada como a do arranjo baiano.
De acordo com Andersson et al. (2004) um cluster em transformação, ou seja, com um
estágio de ciclo de vida avançado pode gerar outros clusters principalmente aqueles com
atividades mais relacionadas. Parece ser esse o caso de Nova Friburgo que tem uma
especialização bastante específica e que avança no setor de moda praia. O arranjo produtivo
de Salvador apesar de ter uma estrutura de governança complexa e bem desenvolvida não
permite afirmar que exista algum tipo de especialização produtiva prévia, a moda praia é um
potencial de especialização para o APL, dado a quantidade de empresas produtoras e os novos
consórcios em construção.
O setor de confecções e de moda praia em termos nacionais passa por um momento de
desaceleração e aumento das importações. O que representa tempos mais difíceis para os
148
consórcios e suas empresas. Tal conclusão é plausível quando analisamos os números das
tabelas 8 e 9 no capítulo 4 que demonstram as variações negativas deste último ano.
Os consórcios são formados quase que exclusivamente por pequenas empresas. Foram criadas
a partir de 2000, ainda estão em funcionamento e estão apresentando declínio e possíveis
sinais de maiores dificuldades num futuro próximo. Os relatos dos representantes dos
consórcios são unânimes em vislumbrar na competição com os asiáticos, dificuldades maiores
para a venda de seus produtos. O representante do consórcio Alfa (DF) revela que
representantes seus em feiras européias não estão conseguindo fechar pedidos por conta dos
preços de suas mercadorias não estarem competitivos, perante principalmente os produtos
fabricados na Ásia.
6.2 Dados empíricos do campo (entrevistas e questionários)
6.2.1 Principais dificuldades dos consórcios e suas empresas
De acordo com as respostas dos consórcios sobre as principais dificuldades no primeiro ano e
atualmente algumas questões que merecem destaque. A primeiro delas se refere ao avanço
na capacidade de promoção dos produtos no exterior. Todos os consórcios já participaram das
mais diversas feiras nacionais e principalmente internacionais. Inclusive durante as entrevistas
mencionaram os nomes dos demais representantes dos outros consórcios. Ou seja, todos se
conhecem e têm uma idéia sólida da capacidade de seus concorrentes. O apoio dado à
construção de sítios eletrônicos e catálogos, apesar de simples, foi fundamental para a
promoção dos produtos de moda praia.
A APEXBRASIL ajudou, por exemplo, o consórcio localizado em Brasília na produção e
confecção dos catálogos. Um dos catálogos apoiados pelo órgão apresentava modelos
profissionais de duas das maiores empresas de modelos do país.
149
Contudo é unânime que o item vender os produtos no mercado externo continua sendo a
grande dificuldade encontrada pelos consórcios. O que contrasta com os itens relativos à
produzir com qualidade. Uma das consultoras da DAIBRASIL cita que em contatos de
acompanhamento com intermediários e clientes dos consórcios existe uma resistência a
contratar compras a eles, pois seria maior a chance de produtos fugirem do padrão e não haver
entrega no prazo. O que diminui sensivelmente quando a negociação é realizada por uma
empresa exclusivamente. A DAIBRASIL acompanhou os esforços do consórcio Gama e uma
média empresa dissidente deste consórcio.
6.2.2 Fatores responsáveis pela competitividade
Praticamente todos os itens foram apontados como fundamentais para a geração da
competitividade. Possivelmente a limitação de variabilidade da importância tenha sido em
função da escala limitada a três pontos.
Segundo dados da DAIBRASIL-USAID (2006) há um fator que reflete muito na imagem da
moda praia brasileira que em si tem uma boa imagem, Entretanto, seus produtores gozam de
imagem muito ruim. Esse fator é a entrega no prazo e correta dos produtos. Uma de suas
consultoras cita um fato que ilustra tal situação. Uma empresa com operações nos Estados
Unidos solicitou uma amostra de produtos e após análise fez uma solicitação de compra.
Porém a empresa que enviou o produto não sabia mais qual produto (modelo e cor) tinha
enviado para esse cliente.
Resgatando a literatura de canais de marketing, El-Ansary (1975) define que poder em canais
de distribuição é definido como a habilidade de um membro do canal em controlar as
variáveis de decisão do outro membro em um dado canal. Segundo relatos múltiplos de
diferentes representantes das organizações de suporte, negociar com um consórcio significa
maior chance de existir produtos fora das especificações de qualidade e não cumprimentos
dos prazos de entrega. Mesmo o consórcio sendo a representação de uma entidade, ele será a
soma de rias empresas, o que significa um maior esforço ou risco de um membro do canal
em administrar as variáveis do outro membro (o consórcio).
150
6.2.3 Práticas de marketing
Segundo as respostas dos questionários praticamente todos os consórcios realizam os mesmos
esforços. Porém nas entrevistas afirmam que houve uma grande evolução do que faziam. Ou
seja, no momento que o consórcio teve apoio, ele conseguiu migrar de um catálogo com
modelos amadoras para o uso de modelos e edições mais profissionais. O apoio das
organizações de suporte na estruturação dos esforços de marketing (catálogos e sítios
eletrônicos) e na operação desses esforços (participação das feiras e eventos) foi
importantíssimo. Isso é reconhecido pelos representantes dos consórcios e pelos empresários.
Evidência/
Fontes
Representantes dos
consórcios
SEBRAE DAIBRASIL APEXBRASIL
Melhoria
dos
catálogos/m
ostruários/fí
sicos e
eletrônicos
“com apoio
produzimos materiais
realmente
profissionais”
“Foram do amador
para o padrão de
mercado internacional”
“Usavam as filhas ou
sobrinhas como
modelos de catálogos
sofríveis, atualmente
toda a produção é
profissional”
“Alguns consórcios
conseguiram atingir
um patamar de
apresentação de seus
produtos adequado
ao mercado
internacional”
Quadro 37 – Triangulação de fontes de dados – instrumentos de marketing
Fonte: Pesquisa de campo, elaboração própria.
Em relação ao item apontado por todos os consórcios e empresários individualmente, a
capacidade de vender no exterior é o item a ser vencido. Apesar de existir uma relação gica
entre promoção de vendas e a venda em si, aparentemente outras forças além da qualidade dos
produtos e capacidade de entrega tem sido mais forte. Um possível fator é a questão do
câmbio desfavorável atualmente que atrapalha as exportações, além dos custos país. Apesar
dessa dificuldade, os próprios empresários fazem uma auto-análise quando lembram de sua
participação nos esforços de venda nas primeiras participações nas feiras, e concluíram que
esse papel deve ser feito por pessoal qualificado e muito experiente. Logo, evidências de
um aprendizado sobre o papel do profissional de vendas e sua relação com a capacidade de
negociação.
Para uma melhor análise das condições das dificuldades de venda, seria fundamental realizar
uma pesquisa empírica sobre a cooperação em relações internacionais de negócio tendo como
objeto de estudo a relação entre uma organização fornecedora e outra consumidora. Holm et
al. (1996) desenvolveram um estudo neste sentido e deu boas indicações que um estudo mais
151
robusto sobre membros de uma díade, necessita da medição e acesso a ambos os lados. O que
na experiência desta pesquisa seria impossível a identificação e acesso desses outros membros
da díade via empresas e consórcios de moda praia.
6.2.4 Resultados
Os valores de exportação informados pelo consórcio de Brasília não confere com os dados
oficiais do governo expostos na tabela 19 do capítulo 4. Esse foi um dos dados que levou às
novas entrevistas com representantes dos organismos de apoio. Alguns afirmaram que
acredita que haja subfaturamento de todo o segmento em todos os estados. Um dos membros
de uma entidade representativa comentou informalmente que chegaria a relação de 1 (um)
US$ dólar registrado para cada 5 (cinco) US$ realmente negociados.
Infelizmente os dados do consórcio da Bahia e de suas empresas não foram divulgados. Se os
dados tivessem sido fornecidos poderia ser realizada uma comparação entre a variação das
exportações do consórcio e de suas empresas individualmente. Não somente com os
resultados financeiros, mas também com as demais variáveis.
Em relação aos dados setoriais deve ser dado um destaque ao aumento dos valores
exportados, inclusive pela variação positiva no ano de 2006, ano em que os demais principais
concorrentes expressaram variação negativa. No entanto alguns representantes dos
organismos de suporte questionam se os dados oficiais representam um real crescimento de
exportações, ou se representam uma comunicação mais exata dos dados de exportação aos
organismos oficiais. Em contra ponto a este questionamento, pode-se perceber que as
empresas têm conseguido exportar, inclusive os novos consórcios indicam contratos
acordados para o próximo ano de 2007.
152
Tabela 38 – Comparação dos índices de variação das exportações
Estado DF RJ BA BRASIL
Nome
Alfa Beta Estado
Ano
Export. US$ Var (%) Export. US$ Var (%) Export. US$ Var (%) Export. US$ Var (%)
2000 23.500
37.963
6.222.047
2001 74.000
215%
1.347
-96% 6.468.397
3,96
2002 135.000
82% 600.000
10.033
645% 7.292.785
12,74
2003 380.000
181% 870.000
45% 80.749
705% 13.136.725
80,13
2004 140.000
-63% 1.020.000
17% 178.540
121% 23.629.290
79,87
2005 128.000
-9% 1.230.000
21% 510.128
186% 24.902.698
5,39
2006(1)
125.000
-2% 1.040.000
-15% 727.799
43% 15.099.704
-39,37
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da pesquisa de campo e ALICEWEB, 2006.
Nota: (1) – Valores estimados
Na tabela 38 é comparado os dados fornecidos pelos consórcios de Brasília e de Nova
Friburgo e os valores exportados pelo estado da Bahia e do país. Percebe-se que no último ano
houve uma variação significativamente menor para os consórcios do que na exportação do
país como um todo e uma variação muito mais positiva das exportações do estado da Bahia.
Além dos dados oficiais foram coletadas evidências de que existe um aparente crescimento da
produção baiana como um todo, mesmo alguns empresários indicando declínio nas vendas.
Um número maior de empresas exportadoras e um número maior de consórcios de exportação
com vendas já contratadas representam uma perspectiva maior de crescimento. Apesar disso a
análise dos dados oficiais deve ser executada com a devida parcimônia.
6.2.5 Dependência dos canais
De acordo com as respostas dos questionários, os consórcios Gama e Beta conseguiram
diminuir sua dependência relativa aos canais de exportação. Entretanto, o consórcio Alfa
alega ter aumentado tal dependência. As empresas componentes do consórcio Gama relataram
ter diminuído tal dependência, mas não revelam mais nenhuma outra informação sobre esse
tema por conta dos comportamentos oportunistas no passado de membros do consórcio ou por
medo da concorrência em geral.
Achorl, Reve e Stern (1983) adotam a perspectiva de que a atividade fundamental do canal de
marketing é a transação, ou seja, o ato de troca entre dois agentes econômicos. El-Ansary
(1975) sugere um modelo de determinação das relações de dependência nos canais de
153
distribuição baseado em quatro fatores: metas, investimentos na mediação das metas, número
de alternativas e custo das alternativas.
Logo se realmente houve por parte de dois dos consórcios, o aumento de alternativas de
distribuição e vendas de seus produtos de acordo com o modelo proposto por El-Ansary
(1975), haverá a diminuição de um dos determinantes de dependência entre a relação da
díade.
Apesar dessa possibilidade de melhora, os consórcios ainda apontam uma extrema dificuldade
a venda de produtos no exterior. O mesmo é confirmado pelas instituições de suporte que
apontam tal obstáculo como uma de suas principais preocupações atualmente.
6.2.6 Políticas públicas
Praticamente todas as políticas foram citadas, mas chama atenção para uma menor
necessidade para os itens de consultoria técnica e de serviços tecnológicos. evidências de
que tais respostas podem advir dos programas mal conduzidos por organizações de apoio. Os
três representantes dos consórcios reclamaram das inúmeras pesquisas de diagnóstico para as
mais variadas atividades, realizadas por diferentes organismos com uma gama semelhante de
perguntas.
Os diferentes representantes das organizações de suporte também chamam a atenção para os
comportamentos oportunistas dos empresários que estão muito interessados nos programas
que disponibilizem recursos sem muitas contra partidas. Inclusive sugerem que a formação
dos consórcios pode ser, em alguns casos, mais motivada pelo acesso aos recursos dos
projetos do que pelos ganhos da cooperação.
154
6.2.7 Análise dos casos de acordo com o “diamante” de Porter
Dentre os casos estudados, destaca-se o arranjo produtivo de Salvador que apresenta os dados
estatísticos mais impressionantes do ponto de vista do crescimento das exportações, como
também, pelo fato do aparecimento de novos consórcios e novas empresas exportadoras. O
que logicamente pode explicar a variação positiva sustentada para o estado. uma grande
rivalidade entre as empresas brasileiras nacionalmente e regionalmente como as localizadas
em Salvador, e também entre os consórcios brasileiros na disputa do mercado externo. Segue
a seguir uma análise de acordo com os fatores do diamante de Porter (1999):
Condições de fatores:
Qualidade e custo dos fatores (insumo) – bastante competitivos
Recursos humanos mão-de-obra barata mais não tanto quanto a China necessita de
melhor qualificação
Recursos de capital – para os pequenos muito restrito;
Infra-estrutura física – deficiente em termos logísticos;
Infra-estrutura de informação melhorou o acesso, mas ainda é uma preocupação dos
consórcios;
Infra-estrutura científica e tecnológica – presente;
Qualidade dos fatores e especialização dos fatores – competitivos;
Contexto para a Estratégia e Rivalidade da Empresa:
Contexto local que encoraje formas apropriadas de investimento e aprimoramento
sustentado – apoio de políticas públicas tem ajudado a criar condições de investimento;
155
Competição vigorosa entre rivais situados na localidade forte competição entre os
mais variados setores, inclusive entre os consórcios e empresas dos próprios consórcios
como o caso do APL de Salvador em que cada membro do consórcio possui em média 04
lojas no varejo que competem pelo mercado local.
Condições da demanda:
uma demanda sofisticada pelo produto moda praia no Brasil. comportamentos de
compra desses produtos que inclusive é citado por Rubin e Rocha (2004) como um dos
fatores para muitas empresas focarem no mercado nacional, entre eles a compra de inúmeras
peças a cada estação pelo público feminino.
Clientes locais sofisticados e exigentes o consumidor brasileiro, principalmente o
público feminino possui comportamento de compra estimulante para as empresas,
compras de várias unidades durante o ano devido ao clima e questões de ordem cultural;
Necessidades dos clientes que antecipem as que surgirão em outros lugares Brasil é
reconhecido internacionalmente como gerador de tendências (Brazilian cut), possuindo
inclusive apelo de country label;
Demanda local pouco comum em segmentos especializados, que possam ser globalmente
atendidas dificuldade de marcas estrangeiras em atender as características do público
interno em design e tendências;
Setores Correlatados e de Apoio:
setores correlatos bastante desenvolvidos e sinergia entre esses setores, como o caso do
segmento de moda íntima de Nova Friburgo.
Presença de fornecedores capazes, situados na localidade no caso de Nova Friburgo;
Presença de setores correlatos competitivos moda íntima no caso de Nova Friburgo e
indústrias de vestuário em geral no APL de Salvador;
156
Finalmente uma soma de características ligadas aos insumos que o país domina, como a
qualidade de insumos, prestadores de serviços especializados, design, entre outros.
6.2.8 Análise dos casos de acordo com os conceitos de cadeia de valor
Claramente o segmento moda praia se configura como um modelo buyer-driven. Logo um dos
fatores de grande importância para tal segmento é a ponta de contato com o cliente e do
domínio do design, conforme aponta Bair e Gereffi (2003).
A DAIBRASIL-USAID (2006) chega a reconhecer, baseado em reportagens de revistas
especializadas, que uma influência mundial por conta da moda praia brasileira. É muito
pouca evidência para tal afirmação, entretanto o benefício da marca de origem parece ser uma
vantagem competitiva pouco explorada. Alguns entrevistados, sejam de organismos de
suporte ou dos consórcios de exportação, relatam a apropriação da identidade brasileira por
marcas estrangeiras que buscam atrelar aos seus produtos a boa imagem que os produtos
brasileiros gozam.
O principal ponto de dificuldade se encontra com a venda e distribuição dos produtos. Dois
dos representantes citaram a necessidade de ter um centro de distribuição nos principais
mercados, e todos citaram a grande dificuldade de vender os produtos. Rubin e Rocha (2004)
apresentaram experiências fracassadas de abertura de ponto de vendas próprios em mercados
externos. Experiência essa que Bair e Gereffi (2003) como um movimento na direção
agregação de valor, pois se configura como uma tentativa das empresas passarem de uma
orientação de linha de produção exportadora para formas mais integradas de produção e
marketing.
Por mais resistentes que alguns produtores sejam em relação à fabricação de marcas de
terceiros, um crescimento deste tipo de procedimento. Não havendo saída para a
dificuldade de venda e acesso ao cliente internacional com a marca própria do fabricante, a
tendência é seguir o mesmo destino da indústria de calçados do Vale dos Sinos (VIEIRA,
2005).
157
Neste sentido resgatamos o esquema (exposto no segundo capítulo desta tese) de cadeia de
valor proposto por Kaplinsky e Morris (2001) que alerta para o risco dos compradores ou
empresas contratantes controlarem o elo do design e do marketing. Como o design
aparentemente tem uma proteção da marca de origem Brasil, o ponto de maior dificuldade
seria o acesso ao consumidor via os canais de marketing atuais e suas configurações.
Entretanto, a DAIBRASIL-USA (2006) alerta para o fato de que alguns produtos italianos
deixaram de ser fabricados na Itália, e substituíram o made in Italy para o Italian Style. Ou
seja, ao buscar outras fontes de produção fora da Itália, buscam através do reconhecimento da
tradição italiana um reconhecimento da marca com a origem italiana, mesmo não sendo mais
fabricada na Itália.
Uma das três classificações dos sistemas produtivos internacionais propostas por Gereffi e
Memedovic (2003) é denominado de original brand name manufacturing (OBM), ou seja, o
controle do design e venda de produtos com suas próprias marcas. Esse é o grande desafio
para as grandes empresas brasileiras e muito maior para os consórcios de pequenas e médias
empresas. Vale registrar um dos achados de pesquisa foi a denominação de marca branca pelo
documento da DAIBRASIL-USAID (2006) para os produtos que são terceirizados com
empresas brasileiras, cuja marca é estrangeira, porém o design é de controle do fabricante.
Aparentemente é um meio termo do modelo proposto por Gereffi e Memedovic (op. cit), uma
vez que não há evidências de um caso similar.
158
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo da dinâmica dos consórcios de pequenas e médias empresas do segmento de moda
praia localizados em arranjos produtivos salientou evidências teóricas sobre a dinâmica da
complementaridade entre o conteúdo de clusters, notadamente o “modelo diamante” de
Porter, e o conteúdo da cadeia de valor global, principalmente relacionado ao modelo
proposto por Bair e Gereffi (2003). O capítulo apresenta as considerações finais revisitando o
questionamento central e suas proposições.
Proposição 1 - Maior cooperação formal (consórcios de exportação outros tipos de
organizações formais que contemplem a exportação) entre os membros da rede menor sua
dependência em relação aos agentes dos canais de marketing importadores.
A pesquisa colheu informações dos representantes dos consórcios de que dos três, dois
conseguiram diminuir esta dependência. O consórcio de Brasília não conseguiu desenvolver
um número maior de intermediários ou clientes mais fieis aos seus produtos. No entanto
evidências dos demais consórcios que apontam essa menor dependência. Não se pode afirmar
concretamente que tal proposição seja verdadeira, mas se pode afirmar que indícios nesse
sentido.
Proposição 2 - Quanto maior a vantagem competitiva dos membros da APL, menor o grau de
dependência dos canais de marketing importadores.
evidências de que houve avanços mercadológicos na quantidade e qualidade de ações,
apesar de ainda o item vender produtos para o mercado externo seja de grande dificuldade. No
entanto, o fluxo de valores de exportação superiores ou variação negativa inferior ao mercado
nacional é uma evidência forte da evolução competitiva desses consórcios ou da localidade no
caso da Bahia (baseado nos dados da exportação do estado como um todo).
P3 - A Vantagem competitiva dos membros da rede de empresas, resultam em maior número
e valor das transações.
159
evidências de um volume maior de transações e de seus valores, principalmente quando
comparados com os valores das contas nacionais. Entretanto não evidências colhidas no
processo de pesquisa que possam afirmar que vantagens podem ter gerado o aumento das
transações e aumentos dos valores exportados. Uma outra possível explicação é a variação
cambial durante o período estudado.
Finamente, o questionamento central desta tese foi: evidências de que pequenas e médias
empresas, organizadas conforme um arranjo produtivo local (que cooperam entre si através de
consórcios ou redes formais para exportação), conseguem adquirir conhecimentos
mercadológicos, e consequentemente aumento na freqüência e no valor das transações com os
canais de marketing de exportação?
Pelos resultados e relatos apresentados, pode-se afirmar que houve avanço no fortalecimento
da atividade empresarial na função de marketing, principalmente na questão promocional dos
produtos. Houve aumentos na freqüência e valores transacionados superiores à média das
empresas brasileiras. Entretanto, tal evolução superior das vendas internacionais não é
suficiente para afirmar que diminuiu a dependência dos canais de marketing de exportação,
mesmo isso sendo citado por representantes dos consórcios.
7.1 Implicações acadêmicas
O presente estudo integrou duas grandes perspectivas em sua análise, a literatura de clusters e
a da cadeia de valor global. A pesquisa conseguiu extrair evidências de que os processos de
cooperação entre pequenas e médias empresas geram benefícios mútuos e aprendizado,
inclusive de habilidades mercadológicas.
Evidenciou também o resultado positivo de inúmeras ações oriundas de programas de apoio.
Como também trouxe para o debate o papel dos diferentes organismos ao apoio de iniciativas
mais direcionadas a setores e empresas. Acredita-se que o conjunto de evidências levantadas
contribua para a evolução da discussão sobre o aprendizado de habilidades mercadológicas e
vantagens competitivas, como também sirva de reflexão para os órgãos propositores de
políticas de suporte.
160
7.2 Implicações práticas
As implicações práticas estão mais relacionadas às políticas de apoio e promoção dos
consórcios de exportação em si. Há evidências neste estudo para uma reflexão sobre as
práticas e caminhos trilhados sobre o processo de incentivo à internacionalização das
pequenas e médias empresas. Mais precisamente em relação aos modelos metodológicos que
propõe tais iniciativas como um processo evolutivo.
7.3 Limitações da pesquisa
Foi com certeza fator limitador deste estudo a falta de dados transacionais do consórcio
baiano e de suas empresas. O conhecimento deles poderia dar mais forças aos achados da
pesquisa. Deve ser feito um alerta sobre os dados estatísticos primários e secundários
levantados por questões como economia informal, sonegação e tantas outras prática comuns
no país.
Não se buscou com esse trabalho buscar evidências para generalizações. um conjunto de
iniciativas de empresas de outros portes e não organizadas em consórcio que devem ser
analisadas segundo sua realidade. Procurou-se um melhor entendimento sobre o universo
pesquisado, mesmo setores semelhantes em termos de intensidade de uso de mão-de-obra
devem ter parcimônia sobre os achados dessa pesquisa, o mesmo vale para arranjos
produtivos com características aparentemente semelhantes.
7.4 Sugestões para futuras pesquisas
As contribuições apresentadas nesse trabalho se somam as outras construídas recentemente
sobre a temática ou inter-relações dessa pesquisa (AMATO NETO, 2000; PORTO, 2004;
HASTENREITER, 2005).
161
Como sugestão de futuras pesquisas, salienta-se a necessidade em contínuo acompanhamento
das unidades investigadas e inclusão de novas unidades de análise. Podendo somar as
unidades estudadas, novos consórcios não pertencentes a APLs, ou mesmo empresas de
grande porte. Sugere-se a realização de pesquisas quantitativas, quando existirem um número
maior de registro de transações das unidades pesquisadas para que possam complementar os
esforços aqui despendidos.
162
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APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTAS COM ORGANISMOS DE SUPORTE
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2. Qual o papel da instituição ____________ no apoio aos APLS e consórcios de
exportação?
3. Existem programas formais de apoio a APLs? Se existem quais são os objetivos,
indicadores e resultados alcançados até aqui?
4. Há alguma ação relacionada a consórcios de exportação? Se positiva relate a
experiência.
175
APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTAS COM REPRESENTANTES DE
CONSÓRCIOS E EMPRESAS
1. Apresentação dos objetivos da pesquisa
2. Pedido de explicação da formação do consórcio de exportação, membros e estrutura.
3. Comente como foi o processo da primeira exportação.
4. Comente sobre o processo de participação nas feiras e eventos internacionais.
5. Sobre o consórcio, há ligações com projetos de apoio? Se sim, quais os programas e
órgãos de apoio. Quais as principais ações? Resultados?
6. Explique o processo de governança do consórcio e as interações com o APL local.
176
APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA – CONSÓRCIO
PARTE 1 - CONSÓRCIO
1 – IDENTIFICAÇÃO DO CONSÓRCIO
1.1 Razãosocial:________________________________________________________
1.2. Endereço__________________________________________________________
1.3. Município de localização: __________________(Código IBGE)______________
1.4. Início das Atividades: ____/_____
1.5. Composição do Consórcio
Empresas Ano de
Entrada
Ano de
Saída
Tamanho*
Produz apenas moda
praia?
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
* Tamanho: ( 1 ) Micro ( 2 ) Pequena ( 3 ) Média ( 4 ) Grande
II – OPERAÇÃO DO CONSÓRCIO.
1.6. Identifique as principais dificuldades na operação do consórcio. Favor indicar a dificuldade
utilizando a escala, onde 0 é nulo, 1 é baixa dificuldade, 2 é média dificuldade e 3 alta dificuldade.
Principais dificuldades No primeiro ano de vida Em 2006
Decisões entre os consorciados ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Promover os produtos mercado
interno
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Vender a produção mercado interno ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Promover os produtos mercado
externo
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Vender a produção mercado externo ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Contratar empregados qualificados ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Produzir com qualidade ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Custo ou falta capital de giro ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Custo ou falta de capital para
aquisição de máquinas e
equipamentos
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Custos ou falta da capital para
aquisição/locação de instalações
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Informações dos mercados ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Legislação ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Outras. Citar ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
177
1.7. Quais fatores são determinantes para manter a capacidade competitiva dos produtos
comercializados pelo consórcio? Favor indicar o grau de importância utilizando escala, onde 1 é para
um baixa importância, 2 é media importância e 3 é alta importância. Coloque 0 se não for relevante
para sua empresa.
Fatores Grau de importância
Qualidade da matéria-prima e outros insumos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Qualidade da mão-de-obra ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Nível tecnológico dos equipamentos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Capacidade de introdução de novos/processos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Desenho e estilo nos produtos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Estratégias de comercialização ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Qualidade de comercialização ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Qualidade do produto ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Capacidade de atendimento (volume e prazo) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Outra. Citar__________________________________ ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
III – PRÁTICAS DE MARKETING E RESULTADOS DO CONSÓRCIO.
3.1. Indicar nos anos de funcionamento as práticas de marketing e promoção de produtos utilizados.
Práticas de Marketing e
Promoção
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7
Ponto de venda
vitrine/exposição em loja
Mostruário de venda
Catálogo físico
Catálogo virtual (internet)
Participação em feiras e
eventos nacionais
Participação em feiras e
eventos internacionais
Anúncios em veículos
nacionais
Anúncios em veículos
internacionais
Outros
3.2. Composição do Consórcio
Mercados (%)
Anos
Pessoal
ocupado
Faturamento
Preços
correntes
(R$)
Vendas nos
municípios
do arranjo
Vendas
no
Estado
Vendas
no
Brasil
Vendas
no
exterior
Total
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
178
3.3. Sua empresa mantém relações de subcontratação (produz para comercializar com a marca do
comprador/contratante)?
( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Caso a resposta seja negativa passe para a questão 3.4.
3.4 Caso a resposta anterior seja afirmativa, identifique:
Subcontratada de empresa nacional ( )
Subcontratada estrangeira ( )
3.5. Em relação aos canais de venda, após a experiência da formação e participação do consórcio e
cooperação com as demais empresas, você considera que sua empresa:
Diminuiu Manteve Aumentou
( ) ( ) ( ) Nível de dependência dos canais de
venda nacionais
( ) ( ) ( ) Nível de dependência dos canais de
venda internacionais
IV – POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O CONSÓRCIO.
4.1. Quais políticas públicas poderiam contribuir para o aumento da eficiência competitiva
do consórcio? Favor indicar o grau de importância utilizando a escala, onde 1 é baixa
importância, 2 é média importância, e 3 é alta importância. Coloque 0 se não for relevante
para sua empresa.
Ações Políticas Graus de importância
Programas de capacitação profissional e treinamento técnico ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Melhorias na educação básica ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Programas de apoio a consultoria técnica ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Estímulos à oferta de serviços tecnológicos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Programas de acesso à informação (produção, tecnologia,
mercados, etc. )
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Linhas de créditos e outras formas de financiamento ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Incentivos fiscais ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Políticas de fundo aval ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Programas de estimulo ao investimento( venture capital) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Outras (especifique):
COMENTÁRIOS
179
APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA – EMPRESAS
PARTE 2 - EMPRESAS DO CONSÓRCIO
1 – IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA
1.1 Razão Social:________________________________________________________
1.2. Endereço__________________________________________________________
1.3. Município de localização: __________________(Código IBGE)______________
1.4. Início das Atividades: ____/_____
1.5. Numero de sócios Fundadores: ___________
1.6. Perfil do principal sócio fundador:
Perfil Dados
Sexo ( ) 1. Masculino ( ) 2. Feminino
Escolaridade quando criou a empresa
(assinale o correspondente à
classificação abaixo)
1. ( ) - Analfabeto
2. ( ) - Ensino Fundamental Incompleto
3. ( ) - Ensino Fundamental Completo
4. ( ) - Ensino Médio incompleto
5. ( ) - Ensino Médio Completo
6. ( ) - Superior incompleto
7. ( ) - Superior Completo
8. ( ) - Pós Graduação
1.7. Identifique a principal atividade que o sócio fundador exercia antes de criar a empresa:
Atividade
( ) 1. Estudante universitário
( ) 2. Estudante de escola técnica
( ) 3. Empregado de micro ou pequena empresa local
( ) 4. Empregado em média ou grande empresa
( ) 5. Empregado de empresa de fora do arrojo
( ) 6. Funcionário da instituição pública
( ) 7. Empresário
( ) 8. Outra atividade. Citar
180
II – OPERAÇÃO DA EMPRESA
2.1. Identifique as principais dificuldades na operação da empresa. Favor indicar a dificuldade
utilizando a escala, onde 0 é nulo, 1 é baixa dificuldade, 2 é média dificuldade e 3 alta dificuldade.
Principais dificuldades No primeiro ano de vida Em 2006
Decisões entre os consorciados ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Promover os produtos mercado
interno
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Vender a produção mercado interno ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Promover os produtos mercado
externo
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Vender a produção mercado externo ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Contratar empregados qualificados ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Produzir com qualidade ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Custo ou falta capital de giro ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Custo ou falta de capital para
aquisição de máquinas e
equipamentos
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Custos ou falta da capital para
aquisição/locação de instalações
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Informações dos mercados ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Legislação ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Outras. Citar ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
2.2. Quais fatores são determinantes para manter a capacidade competitiva dos produtos
comercializados pela empresa? Favor indicar o grau de importância utilizando escala, onde 1 é para
um baixa importância, 2 é media importância e 3 é alta importância. Coloque 0 se não for relevante
para sua empresa.
Fatores Grau de importância
Qualidade da matéria-prima e outros insumos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Qualidade da mão-de-obra ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Nível tecnológico dos equipamentos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Capacidade de introdução de novos/processos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Desenho e estilo nos produtos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Estratégias de comercialização ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Qualidade de comercialização ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Qualidade do produto ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Capacidade de atendimento (volume e prazo) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Outra. Citar__________________________________ ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
181
III – A EMPRESA E O CONSÓRCIO
3.1. Qual a importância das seguintes formas de cooperação em função da participação no consórcio?
Favor indicar o grau de importância utilizando a escala, onde 1 é baixa importância, 2 é média
importância e 3 é alta importância. Coloque 0 se não for relevante para as empresas.
Descrição Grau de Importância
Compra de insumos e equipamentos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Venda conjunta de produtos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Desenvolvimento de Produtos e processos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Design e estilo de produtos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Capacitação de recursos Humanos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Obtenção de financiamento ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Reivindicações ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Participação conjunta em feiras, etc. ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Melhoria na qualidade dos produtos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Desenvolvimento de novos produtos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Melhoria nos processos produtivos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Melhoria nas condições de fornecimento dos produtos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Melhor capacitação de recursos humanos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Melhoria nas condições de comercialização ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Novas oportunidades de negócio ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Promoção de nome/marca da empresa no mercado nacional ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Maior inserção da empresa no mercado ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Outras: especificar ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
1. Quais são as principais vantagens que empresa tem por estar participando do consórcio? Favor
indicar o grau de importância utilizando a escala, 1 é baixa importância, 2 é média importância e 3 é
alta importância. Coloque 0 se não for relevante para sua empresa.
Externalidades Grau de Importância
Disponibilidade de mão-de-obra qualificada ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Baixo custo da mão-de-obra ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Proximidade com os fornecedores de matérias-primas ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Proximidade com os clientes/consumidores ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Infra-estrutura (energia, transporte, comunicações) ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Proximidade com produtores de equipamentos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Disponibilidade de serviços técnicos de equipamentos ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Disponibilidade de serviços técnicos especializados ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Existência de programa de apoio e promoção ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Proximidade com universidade e centros de pesquisa ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
Outras. Citar: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 )
182
IV – PRÁTICAS DE MARKETING E RESULTADOS DO CONSÓRCIO.
4.1. Indicar nos anos de funcionamento as práticas de marketing e promoção de produtos utilizados
pela empresa.
Práticas de Marketing e
Promoção
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7
Ponto de venda
vitrine/exposição em loja
Mostruário de venda
Catálogo físico
Catálogo virtual (internet)
Participação em feiras e
eventos nacionais
Participação em feiras e
eventos internacionais
Anúncios em veículos
nacionais
Anúncios em veículos
internacionais
Outros
4.2. Composição do Comercizalização da Empresa
Mercados (%)
Anos
Pessoal
ocupado
Faturamento
Preços
correntes
(R$)
Vendas nos
municípios
do arranjo
Vendas
no
Estado
Vendas
no
Brasil
Vendas
no
exterior
Total
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
4.3. Sua empresa mantém relações de subcontratação (produz para comercializar com a marca do
comprador/contratante?
( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Caso a resposta seja negativa passe para a questão 4.5.
4.4 Caso a resposta anterior seja afirmativa, identifique:
Subcontratada de empresa nacional ( )
Subcontratada estrangeira ( )
4.5. Em relação aos canais de venda, após a experiência da formação e participação do consórcio e
cooperação com as demais empresas, você considera que sua empresa:
Diminuiu Manteve Aumentou
( ) ( ) ( ) Nível de dependência dos canais de
venda nacionais
( ) ( ) ( ) Nível de dependência dos canais de
venda internacionais
183
APÊNDICE E – RELAÇÃO DE ENTREVISTADOS
Relação de Entrevistas semi-estruturadas por Arranjo Produtivo Local
Salvador
Organização Nome do entrevistado (a) Local
Secti Horácio Hastenreiter Superintendente
Secti Adalberto Cantalino
Secti Emanoel
DAIBRASIL Joana Monteiro Consultora
DAIBRASIL Rachael Botelho Consultora
SEBRAE Paulo Volker Assessoria Internacional
SEBRAE Renato Caporalli Assessoria Internacional
Nova Friburgo e Brasília
Organização Nome do entrevistado (a) Cargo
SEBRAE Paulo Volker Assessoria Internacional
SEBRAE Renato Caporalli Assessoria Internacional
DAIBRASIL Joana Monteiro Consultora
DAIBRASIL Rachael Botelho Consultora
APEXBRASIL
Nelma Ruth Gerente
APÊNDICE F – MODELO DE GOVERNANÇA DO APL DE SALVADOR
ARRANJO PRODUTIVO PILOTO
Validação das propostas da Rede
de Apoio
Formação de grupos técnicos
Fórum permanente de discussões
Elaboração e/ou
detalhamento dos projetos
executivos
INSTITUIÇÕES
DE ENSINO
Financiamento
Apoio Técnico
Políticas
Contratação de
Estudos
GRUPOS
TÉCNICOS
GRUPOS
TÉCNICOS
GRUPOS
TÉCNICOS
GRUPOS
TÉCNICOS
DEMANDA DE PROJETOS (FINANCIAMENTO, CAPACITAÇÃO, INOVAÇÃO, ETC.)
NÚCLEO
GESTOR DO APL
INSTITUIÇÃO
LÍDER DO APL
GESTOR
DO APL
MONITOR DE APL
SINDICATOS
ÓRGÃOS
PÚBLICOS
AGÊNCIAS DE
FOMENTO
Livros Grátis
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