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TACIANA MARIA LEMES DE LUCCAS
A PUBLICIDADE NA INTERNET:
UMA DESCONSTRUÇÃO DA CAMPANHA DA BOSCH
MARÍLIA
2005
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TACIANA MARIA LEMES DE LUCCAS
A PUBLICIDADE NA INTERNET:
UMA DESCONSTRUÇÃO DA CAMPANHA DA BOSCH
Dissertação apresentada no Programa de Pós-
graduação em Comunicação da Universidade
de Marília – UNIMAR, para obtenção do título
de Mestre em Comunicação.
Orientadora: Profa. Dra. Jussara Rezende
Araújo
MARÍLIA
2005
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UNIVERSIDADE DE MARÍLIA – UNIMAR
FACULDADE DE COMUNICAÇÃO, EDUCAÇÃO E TURISMO
REITOR
MÁRCIO MESQUITA SERVA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO
COORDENAÇÃO: PROF
a
. DR
a
. SUELY FADUL VILLIBOR FLORY
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO
MÍDIA E CULTURA
LINHA DE PESQUISA
PRODUÇÃO E RECEPÇÃO DE MÍDIA
ORIENTADORA:
PROF
a
. DR
a
. JUSSARA REZENDE ARAÚJO
De Luccas, Taciana Maria Lemes
D366p A publicidade na Internet: uma desconstrução da campanha da
Bosch./ Taciana Maria Lemes De Luccas -- Marília: UNIMAR, 2005.
99f.
Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Comunicação, Educação e
Turismo, Universidade de Marília, Marília, 2005.
1. Publicidade 2. Comunicação 3. Internet 4. Mídia I. De Luccas,
Taciana Maria Lemes II. A publicidade na Internet: uma desconstrução
da campanha da Bosch.
CDD – 659.1
A PUBLICIDADE NA INTERNET:
UMA DESCONSTRUÇÃO DA CAMPANHA DA BOSCH
Autora: Taciana Maria Lemes de Luccas
Orientadora: Professora Doutora Jussara Rezende de Araújo
Aprovado pela comissão examinadora
__________________________________
Profa. Dra. Jussara Rezende de Araújo
UNIMAR-Marília
___________________________________
Profa. Dra. Lucilene dos Santos Gonzales
UNIMAR-Marília
__________________________________
Prof. Dr. Jason Brito Pessoa
UFPR-Curitiba
Data da apresentação: 28 / 09 / 2005
Primeiramente a Deus, pela minha saúde, pela vida e por todas as bênçãos que
recebi. Pela fé e esperança em um novo dia.
Minha querida mãezinha, que me proporcionou a realização de um sonho
(minha faculdade) e acreditou na minha escolha e na minha capacidade. Por todas suas
doações e seu amor.
Mãe, receba todo meu amor. Obrigada!
Ao meu filho Matheus, minha grande paixão, que me ensinou a ver a vida com outros
olhos e a acreditar que podemos sempre mudar e crescer, com seu sorriso que sempre me
impulsionou para novas atividades.
Filho, eu te amo!
Ao meu marido, pelas minhas faltas e horas de pouca paciência. Pelo seu apoio em
horas de grandes dores e pela sua ajuda que achei que jamais teria.
Luisinho, meu amor, um grande e carinhoso beijo!
AGRADECIMENTOS
A todas as pessoas que participaram da minha vida durante este projeto.
Aos professores da pós-graduação, em especial: Suely Flory, Romildo Santana e
Nícia D’Avila que com seus conhecimentos e suas aulas me aproximaram mais da vida
acadêmica e me deram grandes lições de vida.
À minha família querida, minha irmã Denise, que eu tanto amo e meu cunhado
Oswagner.
Às minhas tias que souberam entender minha ausência nas reuniões familiares e
por todo carinho que deram a mim e ao meu filho.
Aos meus amigos e amigas, pela minha ausência e pelo apoio, em especial: Helen,
Tarcísio, Roberta, Juninho, Leny, Renata e Néia.
À minha afilhada Lívia, pelo seu sorriso e seu carinho.
À Miriam, agradeço pela confiança e apoio no uso da biblioteca da Unesp.
Ao casal Zanchetta e Wilma pelo incentivo e pelo carinho.
À Rosângela (secretaria da pós) pelo café nas horas vagas, pela atenção e por sua
dedicação.
À Isabel, pela sua atenção e dedicação, com o coração enorme e as preocupações
que dividiu comigo nos momentos de alegrias e tristezas.
À Rosinha que me atendeu em seus poucos momentos de sossego para explicar
com calma e carinho as dúvidas sobre as teorias que tanto me desesperaram nos últimos
momentos do trabalho, antes da qualificação.
Aos meus alunos e ex-alunos que me proporcionaram momentos de descontração
e que motivam ao trabalho e ao maior conhecimento.
À Estela que me confortou com seu abraço e suas orações e com sua grande
amizade e simplicidade me ajudou a abrir os olhos para uma nova vida.
Às professoras doutoras Elêusis Camocardi e Lucilene dos Santos Gonzales, por
suas valiosas sugestões e contribuições para a minha dissertação.
À equipe da administração da Unip em Assis, em especial Samir, Juliana, Silvania
e Jean pelas grandes ajudas que recebi durante os últimos meses.
À Marcela, que com sua dedicação amiga me ajudou a revisar o texto em inglês
em tempo que não existia.
À Olga e ao André, que em pouco tempo puderam dar corpo ao trabalho para
minha tão sonhada defesa.
À Fernanda e à Rita, que estiveram presentes nas transmissões de arquivos das
últimas correções, com muita atenção e carinho.
À empresa Bosch pelos materiais e pelas informações.
RESUMO
A presente investigação tem como propósito suscitar algumas teorias sobre a
produção publicitária na Internet. O corpus foi formado a partir de uma campanha on-line
da empresa Bosch.
Foram realizados fichamentos das teorias de McLuhan (2001) sobre o poder de
sedução dos meios de comunicação de massa em termos das formas quentes e frias.
Também foram investigadas teorias sobre a produção publicitária, em textos de Pinho
(1991) (2000), Sant’Anna (1989), Lupetti (2003), Sampaio (1997) e Zeff e Aronson
(2000) com um estudo voltado para a publicidade on-line.
Mediante a análise dos dados coletados pelo Instituto Ibope e a
desconstrução da campanha constatou-se que a Interneto só tem um apelo voltado para
as afetividades, mas também um enfoque holístico que além do sentimento revela uma
relação com o pensamento, em que estão relacionados com os estilos de vida e valores
culturais. Caracteriza-se, então, como uma “experiência holística”, que inclui intensidade,
amplitude, profundidade e vínculos entre experiências identificadas com valores
universais.
Quanto aos aspectos de conteúdo concluiu-se que campanhas realizadas na mídia
Internet devem criar situações, ampliando conceitos, utilizando-se de dicas de consumo, de
curiosidades e de muitas informações adicionais. Salienta-se, ainda, que para obter um maior
sucesso é importante a utilização de outrasdias para alcançar maiores resultados do
planejamento publicitário efetuado.
Palavras-Chave: comunicação; publicidade; mídia on-line.
ABSTRACT
The proposal of the current investigation is to develop some theories
about the advertisement production over the Internet, which corpus has been formed out of
an on-line campaign of the Bosch Company.
There has been some study investigation about the theories of
McLuhan(2001) considering the power of seduction in the mass broadcasting methods in
terms of hot and cold forms. Also being investigated the theories on publicity production
in texts of Pinho (1991) (2000), Sant’Anna (1989), Lupetti (2003) and Sampaio (1996)
and Zeff Aronson (2000) in a study dedicated to the on-line publicity.
After analyses of the data collected by the opinion poll institute IBOPE and the
deconstruction of the campaign, we defend that not only the Internet has an affectivity-
driven appeal, but also a holistic approach that apart from the feelings itself it is also
related to the common thought, which are cultural and lifestyle related. Therefore it is
categorized as a “holistic experience”, which includes intensity, width, depth and its
bonds among the experiences identified with universal values.
As for the content aspects, it is concluded that campaigns made in the Internet
media should create situations, enlarge concepts, using consumption clues, curiosities and
many other additional information. We have also understood that in order to obtain a major
success is important that other medias are used to reach better results out of the advertising
plan made.
Keywords: communication; publicity; on-line media.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Processo de Comunicação 20
Figura 2 - E-banner 35
Figura 3 - Button ou Botão 36
Figura 4 - Patrocínio 36
Figura 5 - Patrocínio revelação 37
Figura 6 - E-mail (mala-direta) 37
Figura 7 - MundoBosch jardinagem 41
Figura 8 - MundoBosch Quis show 42
Figura 9 - Site Bosch 50 anos 43
Figura 10 - Estágios da Internet 46
Figura 11 - Uso da Internet por países 55
Figura 12 - Uso da Internet por países, em porcentagem 55
Figura 13 - Tela principal do hot site 68
Figura 14 - Tela lista de presentes
68
Figura 15 - Tela lista de presentes com ícone presentes aberto
69
Figura 16 - Tela curiosidades 69
Figura 17 - Tela mural do internauta 70
Figura 18 - Tela testes 70
Figura 19 - Tela perfil dos pais 71
Figura 20 - Tela com exemplo de perfil 71
Figura 21 - Tela faça seus presentes 72
Figura 22 - Banner dia dos pais (exemplo 1) 72
Figura 23 - Banner dia dos pais (exemplo 2) 73
Figura 24 - Arquétipo de grande pai 82
Figura 25 - Arquétipo de guerreiro 82
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Dados sobre a pesquisa de publicidade na Internet 38
Tabela 2 - Posição dos países que acessaram a rede em janeiro de 2004 53
Tabela 3 - Dimensão dos computadores hospedeiros
54
Tabela 4 - Posição dos hosts na América do Sul em janeiro de 2004
56
Tabela 5 - Curva de adoção da Internet comparada com a de outras mídias 57
Tabela 6 - Perfil do internauta por sexo 59
Tabela 7 - Perfil dos internautas por grupos de idade (ambos os sexos) 59
Tabela 8 - Perfil masculino – por idade 60
Tabela 9 - Perfil feminino – por idade 62
Tabela 10 - Perfil das residências presença de idade determinada por crianças e
jovens
63
Tabela 11 - Número de pessoas por residência 63
Tabela 12 - Perfil dos usuários por instrução
64
Tabela 13 - Perfil dos usuários por ocupação
64
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Funções da publicidade nos principais setores da economia 21
Quadro 2 - Vantagens e desvantagens dos veículos de comunicação 27
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 12
Delimitação do Tema e Definição do Problema da Pesquisa 13
Metodologia 16
CAPÍTULO 1 - PUBLICIDADE: FUNÇÕES E RELAÇÕES COM A MÍDIA
INTERNET
18
1.1 Publicidade: suas funções e os meios de comunicação 19
1.2 Publicidade e Internet 30
1.3 A Campanha da Empresa Bosch 39
CAPÍTULO 2 - A INTERNET E SEUS CONCEITOS 44
2.1 Internet: definição e conceituação
45
2.2 Breve Histórico da Internet 51
2.3 O Perfil do Usuário da Internet
58
CAPÍTULO 3 - DESCONSTRUÇÃO DA CAMPANHA NA INTERNET 66
3.1 Desconstrução da Campanha Publicitária da Bosch na Internet 67
3.2 Desconstrução dos Conteúdos Verbais da Campanha 73
3.3 Desconstrução das Formas Gestálticas da Campanha
77
CONSIDERAÇÕES FINAIS
87
REFERÊNCIAS 95
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
12
Este trabalho é resultado de uma investigação, realizada durante o percurso de
mestrado, sobre o tema da publicidade on-line.
Define-se nesta introdução a problemática da pesquisa, demonstrando-se a
relevância do estudo e os seus objetivos.
No primeiro capítulo encontram-se conectadas as bases teóricas e o objeto de
estudo a publicidade e a Internet constituindo o objeto a partir de uma publicidade
produzida pela empresa Bosch.
O segundo capítulo descreve a pesquisa sobre a Internet, sua hisria e o perfil
de seus usuários.
No terceiro capítulo destaca-se a desconstrução da campanha da empresa
Bosch e a avaliação individual do material pesquisado.
As considerações finais arrematam o texto dissertativo com algumas sínteses e
contribuições, as quais não se considera como conclusões, pois sabe-se que nada pode ser
generalizado.
Delimitação do Tema e Definição do Problema da Pesquisa
Compreender como obter sucesso para atingir os objetivos de publicidade em
um novo meio de comunicação, buscando a satisfação e o interesse, tanto de
empresas/produtos como de consumidores, é um caminho fundamental e estratégico,
tornando-se grande desafio para os publicitários.
O tema proposto “A publicidade na Internet: uma desconstrução da
campanha da Bosch” teve sua razão de escolha pautada na opção em se trabalhar com
13
temas que norteiam a questão da tecnologia de informação entre os meios de comunicação
e sua interação com a publicidade.
A publicidade, em seu desenvolvimento e maturidade, avança cada vez mais
para uma maior interação com seu público-alvo, e o meio de comunicação Internet tem
assumido esse papel atualmente, pois busca trabalhar com a interação do emissor e do
receptor com maior profundidade.
O interesse em pesquisar o assunto surge em um momento do percurso
profissional no qual convergem as experiências como coordenadora do curso de
Propaganda e Marketing da Universidade Paulista – UNIP, campus de Assis (SP), e como
docente nas áreas de Administração e de Propaganda nos cursos de graduação e de pós-
graduação latu sensu, nos quais é importante estar adequando assuntos novos e pertinentes
visando ampliar os conhecimentos dos futuros profissionais de publicidade, propaganda e
marketing e também pela observação da importância do tema como acréscimo, pois
existem poucas teorias a respeito do assunto abordado. Afinal, a Internet está em expansão
e o desafio da comunicação é caminhar para interatividade e buscar novas fases, e é nesse
momento que a Internet torna-se parte integrada dessa comunicação.
A Internet é conhecida como uma super via da informação. Trata-se de uma
rede de computadores de escala mundial que une universidades, centros de pesquisa,
empresas e pessoas no mundo todo. Está repleta de ferramentas de trabalho úteis para
atingir grupos selecionados da população (segmentação
1
) e interagir com mercados de
vastas dimensões e distâncias, estimulando relacionamentos, muitas vezes cortando custos
e gerando novas fontes de receita. É a forma de criar um diferencial em qualidade de
atendimento e serviços.
1
Segmentação: dividir o mercado “em partes”, uma parcela do mercado formada por consumidores
e/ou clientes potenciais do produto em questão.
14
Com as grandes transformações do mercado publicitário, envolvendo
agilidade, visibilidade, retorno e fidelização, ressalta-se a importância de um grande
desenvolvimento que gere resultados contínuos para as empresas e que mantenha um
relacionamento duradouro com seus clientes e consumidores. Neste momento observa-se
que a Internet é o meio de comunicão de maior interação, pois considera-se que muitas
pessoas utilizam a Internet por vários e distintos motivos, tais como: entretenimento,
estudos, pesquisa, diversão e trabalho.
As fontes de comunicação são responsáveis por estas transformações, e a
Internet tem uma interação muito forte no aspecto de velocidade e profundas mudanças
dentre os meios de comunicação.
A fim de compreender melhor, do ponto de vista da publicidade, utilizou-se
uma campanha da empresa Bosch realizada nessa mídia, esperando-se que o trabalho
contribua para a estruturação de uma base teórica, capaz de suportar o desenvolvimento de
um modelo que maximize resultados alcançados por estratégias de comunicação dentro da
mídia Internet.
O problema desta pesquisa centra-se no fato do ponto das inovações que
podem servir de elementos relevantes para a integração das atividades de um
planejamento publicitário na mídia Internet.
Em função desta problemática propõe-se, como objetivo principal, examinar e
contribuir para um melhor entendimento do problema proposto, de maneira a identificar a
mídia Internet por meio de uma concepção mais abrangente, como uma mídia totalmente
interativa, na qual pode-se identificar a influência da relação dessa mídia com a
publicidade e o consumidor, definindo um perfil do público-alvo para analisar a campanha
apresentada da empresa Bosch.
15
Metodologia
Esta pesquisa mantém, como objeto, uma relação recursiva. Partindo da noção
de complexidade de filósofos como Edgar Morin (2000) e Lucien Goldmann (1970) entre
outros, a recursividade abandona um tipo de explicação em movimento circular, em que se
vai das partes para o todo, do todo para as partes, para assim tentar compreender o
fenômeno.
Em termos de abordagem na pesquisa em comunicação endossa-se, assim,
Maria Immacolata Lopes (2001, p. 37) que também vê o objeto complexo:
Nas Ciências Sociais, o próprio objeto é dinâmico e mutável
porque os problemas estudados são fenômenos históricos, instituições,
relações de poder, classes sociais, manifestações culturais etc. E o que
muda não é somente o dados ou o objeto. As próprias “verdades” e
“comprovações” produzidas por essas ciências se relacionam com o
processo histórico.
Assim, optou-se por organizar os modelos de comunicação existentes com os
valores, a objetividade, a ideologia e o próprio processo de produção do conhecimento.
Nesta dissertação não há possibilidade da aplicação de um método de pesquisa
mecânico, ou de um conjunto de regras que funcionem independentemente do conteúdo
preciso do assunto e do tema, assim, não há método infalível e universalmente válido, pois
não se pode partir de um bom método para confeccionar infalivelmente uma boa
dissertação. É preciso fazer, produzir, escrever, para poder se enganar, para ter alguma
chance então de progredir, e é preciso se enganar para, aos poucos, aprender a fazer.
Ao optar-se por esta noção de pesquisa, as fontes de informações utilizadas
constituíram-se de material bibliográfico, empírico e de campo, como entrevistas, contatos
para solicitação de fontes materiais, pois como lembra Gil (1994, p. 49), “muitos dados
importantes na pesquisa social provêm de fontes de papel”. Estas fontes que foram
16
trabalhadas em cinco fases distintas: identificação e escolha dos documentos (livros,
textos, artigos) em função dos objetivos e propósitos da pesquisa; localização e captação
dos documentos e escolha da campanha para análise; leitura e fichamento; análise e
reflexão do material reunido; e finalmente, a identificação e interpretação dos resultados.
Desta forma concluímos que a escolha pela abordagem descrita enquadra-se
nas necessidades geradas pelo objetivo que a pesquisa se propôs: desconstruir o processo
de criação publicitária para poder “ver nesse objeto formas e substâncias do conteúdo
(simbólico) e formas e substâncias da expressão (das formas gestálticas) e, assim, poder
reconhecer os valores ideológicos, estéticos, visionários, e as fantasias, que são elementos
que tornam verossímil ou não uma comunicação publicitária.
No quadro teórico de referência recorreu-se a autores que forneceram suporte
para o desenvolvimento deste estudo. Apresentamos McLuhan (2001) com sua grande
contribuição no que se refere aos meios de comunicação e aos “ganchos” quentes e frios
que permitiu a realização de uma análise dos meios de comunicação, especialmente da
Internet. Sobre publicidade podemos citar Pinho (1991; 2000), Sant’Anna (1989), Lupetti
(2003), Sampaio (1997) que possibilitaram informações e descrições sobre como relatar
tal assunto.
Buscando, assim, uma coerência técnica com o método da complexidade,
utilizou-se o instrumental de Zeff e Aronson (2000), sobre publicidade na Internet, que foi
a grande contribuição para o desenvolvimento deste trabalho, pois norteou o assunto
pretendido na pesquisa. Além disso, na Internet foram pesquisados artigos, teses,
dissertações e reportagens jornalísticas.
17
CAPÍTULO 1 – PUBLICIDADE:
CAPÍTULO 1 – PUBLICIDADE:
Funções e relações com a mídia Internet
Funções e relações com a mídia Internet
18
Serão destacados os conceitos do campo da publicidade, suas funções como
um todo e seus meios de comunicação. Em seguida, a sua relação com a Internet
apresentando as vantagens e as desvantagens. Tais dados serão conectados ao corpus, a
publicidade da empresa Bosch, assim como as influências da Internet no ambiente
organizacional desta empresa.
1.1 Publicidade: suas funções e os meios de comunicação
Segundo o dicionário da língua portuguesa, publicidade é:
Qualidade do que é público; caráter do que é feito em presença do
público; Notoriedade pública; Conjunto de meios empregados para tornar
conhecida uma empresa industrial ou comercial, para propagar um produto,
etc. Cartaz, anúncio etc. (GRANDE..., 1999, p. 749).
Mas, como o presente estudo não é apenas lexical, buscou-se encarar a
publicidade como um campo acadêmico, portanto datado e conectado com o processo de
desenvolvimento do capitalismo mundial e globalizado.
Assim, de acordo com Armando Sant’Anna (1989, p. 75), publicidade deriva de
público (do latim publicus) e designa a qualidade do que é público. Significa o ato de
vulgarizar, de tornar público um fato, uma idéia.
A função da publicidade é despertar no público o desejo de compra, levando-o à
ação. É um conjunto de técnicas de ação coletiva, utilizadas no sentido de promover o lucro
de uma atividade comercial, conquistando, aumentando ou mantendo clientes. Sant’Anna
(1989, p. 77) afirma que “a publicidade é uma das maiores forças da atualidade”.
19
A publicidade é imperativa no mundo globalizado impondo formas de
comportamento e opções de compra.
Pode-se afirmar que os publicitários utilizam ainda o modelo linear da
comunicação, representado, abaixo, na Figura 1.
Fonte: Adaptado de Vestegaard e Schroder (1994, p. 15)
Figura 1 - Processo de Comunicação
De acordo com Marcélia Lupetti (2003, p. 79) o processo de comunicação é
composto por elementos básicos, são eles: o emissor, o canal, a mensagem, o receptor e o
feedback
2
. Uma empresa pode ocupar o lugar do emissor da mensagem que seleciona qual
informação será veiculada. Essa informação deve ser enviada por meio de um canal – que
conhecemos como meios de comunicação, tais como rádio, TV, jornal, Internet, etc – que
transmite a mensagem ao receptor que, por sua vez, deve decodificar o seu significado.
Para falar, escrever, emitir uma mensagem, o emissor reúne não apenas uma, mas
diversas necessidades, a fim de produzir mensagens sedutoras.
2
Utilizamos o conceito de feedback não como o retorno, como confunde o senso comum, mas como
previsão de retorno. Para o publicitário o feedback é conceito chave, pois o retorno do receptor é
arquitetonicamente planejado.
20
O feedback tão esperado pelos publicitários e empresários é a compra do
produto ou serviço, então, é preciso que a mensagem seja planejada para influenciar,
atingir o receptor.
Neste contexto apresenta-se as muitas funções da publicidade em vários
setores, conforme o Quadro 1.
Quadro 1 - Funções da publicidade nos principais setores da economia
SETORES FUNÇÕES DE COMUNICAÇÃO
Bens de consumo
Difundir e impor marcas, motivar seu consumo e manter imagens
adequadas entre os consumidores.
Bens industriais Informar, expor e comparar características (em geral, de natureza
técnica), divulgar preços e condições de vendas, criar e manter imagem
favorável para a empresa e os produtos.
Serviços Criar imagem; informar características: divulgar vantagens, preços e
condições de uso; expor benefícios; despertar desejos e motivar ações
imediatas (no caso de empresas de transportes e de turismo).
Bens culturais e de
informação
Conquistar e manter consumidores, informar e expor características,
motivar o consumo.
Varejo Divulgar condições e preços, informar vantagens e disponibilidade,
motivar o consumo.
Pequeno comércio, indústria
e serviços
Gerar e expandir os negócios, motivar o consumo, proporcionar
aumento nas vendas, informar sobre as características dos produtos e
serviços e outras informações que afetam as vendas.
Intermediários (revendedores
e atacadistas)
Informar disponibilidade de estoque, divulgar ofertas de preços e
condições, motivar a compra imediata, criar imagens.
Serviços públicos Informar adequadamente sobre a boa utilização dos serviços que
prestam (telefonia e energia, principalmente), estimular o consumo,
criar imagem.
Governo Informar as ações e realizações do Governo, prestar contas do uso de
recursos públicos. Realizar campanhas sociais, educativas e cívicas.
Associações (produtores,
setores industriais, shopping
centers etc)
Informar características, divulgar benefícios, explicar posições,
oferecer preços e condições, construir imagem positiva.
Cadeias de Consumo Difundir determinadas atitudes, criar hábitos de consumo
(principalmente em moda e turismo), motivar desejo de compra,
informar alternativas de compra.
Fonte: Adaptado de Sampaio (1997, p. 91-98)
Entendemos que todas as funções se referem a questão de informação, de
formação de imagem, de aumento nas vendas, e de mostrar a importância da publicidade
no processo como um todo para estimular a demanda de um produto ou serviço.
21
A publicidade, conforme os objetivos de comunicação, deve estar totalmente
alinhada em seu planejamento quanto a sua extensão que pode ser local, nacional ou de
grupo (quando se pensa em um grupo específico pequeno de consumidores, quanto a sua
seletividade). Segundo Luppetti (2003, p. 80) o aumento das formas de mídia e o
conseqüente aumento na quantidade de informações afetaram drasticamente o modo como
as pessoas assimilam ou ignoram as informações obtidas. Desta forma, podemos ressaltar
que a comunicação deve ser mais clara e simples possível, seguindo o modelo AIDA -
Atenção (chamar a atenção), Interesse (despertar o interesse), Desejo (estimular o desejo),
Ação (induzir a ação).
O emissor, seguindo o processo de comunicação, para fazer valer a sua
mensagem, de acordo com os objetivos de comunicação, muitas vezes utiliza-se de apelos,
sejam eles racionais ou emocionais. Conforme Sant’Anna (1989, p. 149):
Em publicidade se usam todos os tipos de apelos pictórios, todas as
tendências e variações, todos os antigos e modernos princípios artísticos e
todos os meios que são de maior efeito para que o impacto se concretize.
[...] O anúncio é um meio para o fim. Seu objetivo único é criar razão
para que ela resolva um propósito. O melhor quadro, a mais bela imagem ou
a técnica mais hábil não são suficientes para sua concretização. A melhor
obra de arte não é por suas qualidades estéticas ou pictórias senão por sua
idéia ou expressão; o grande não surge por impulsos da habilidade e sim por
estímulos da mente. O anúncio de maior efeito é aquele que contém a idéia
mais forte e a expressa da maneira mais simples, concisa e clara.
Nesse sentido o autor ressalta a importância da exploração do conhecimento do
emissor para que os códigos emitidos possam ser decodificados por seu receptor.
Quando falamos em publicidade, historicamente ela apelou para as emoções,
rostos sorridentes, bebês que choram. Tudo isso sempre foi e ainda continua sendo muito
utilizado. A publicidade sustenta que uma imagem emocional provoca automaticamente um
efeito positivo e quando usamos esses conceitos aliados aos conceitos de vendas podemos
entender que a prática da experiência, que se fundamenta no que as pessoas procuram, em
22
trazer um pouco de incentivo à marca e diferenciá-la de um produto da concorrência por meio
de experiências.
Bernard Schmit (1998, p. 84) descreve cinco tipos de experiências: (1) perceber,
pois se a questão for criar experiências para o cliente perceber é uma experiência sensorial,
como por exemplo, oferecer algo bonito e excitante para os sentidos; (2) sentir, envolve os
estados de espírito, emoções e outros sentimentos; (3) pensar, significa criar um desafio
intelectual interessante para o cliente, como a proposta de uma nova forma de uso para o
produto ou serviço; (4) agir, está ligado a comportamentos e estilo de vida das pessoas; (5)
relacionar-se, tem a ver com experiências de relacionamento, tais como fazer o cliente sentir-
se orgulhoso por estar consumindo determinado produto.
Podemos dizer que a publicidade deve utilizar-se dos esforços que estão
concentrados no conhecimento do público-alvo em questão e naquilo que se deseja manifestar
por meio da mensagem.
Mediante o uso combinado de mensagens verbais (texto), que formam imagens, e
não verbais (fotografia ou ilustração), ressalta-se a relação entre texto e imagem que produz e
condiciona as reflexões sobre o que as mensagens comunicam.
Vestergaard e Schroder (1994, p. 39) destacam que:
Enquanto meio de comunicação, as imagens são muito mais ambíguas
do que a linguagem e que, portanto, é preciso ancorá-las, recorrendo muitas
vezes a um texto verbal.
[...] a imagem é menos explícita que o texto verbal, mas, por outro
lado, tem a vantagem de poder comunicar mais coisas de imediato e
simultaneamente.
Como todo trabalho, a estratégia de comunicação não foge da coleta de
informações, sendo assim, deve ser realizada uma investigação sobre a fabricação do produto,
sua comercialização, sua atuação no mercado e os principais benefícios que este oferece.
23
Deve-se, ainda, analisar mensagens que foram veiculadas, sejam elas expressas como
publicidades ou por meio de ações de relações com a imprensa (relações públicas).
Para que uma mensagem verbal seja mais persuasiva é preciso decidir o que será
enfatizado e como atingir tal objetivo. Na publicidade o anúncio é dividido por partes. O
tema, como elemento constitutivo do anúncio, torna-se a proposição única de compra, aliado à
expressão visual. É importante ressaltar que, na prática, título, texto, ilustração e
semantizações são elementos indissociáveis.
Na mensagem verbal o título tem a função básica de fixar a atenção do
receptor/consumidor. Segundo Ogilvy (1985, p. 75), “em média, cinco vezes mais pessoas
lêem os títulos que o texto do anúncio. Deduz-se que se você não vender o seu produto no
título, estará desperdiçando 90% de seu dinheiro”.
Toda mensagem verbal que for utilizada comotulo deve apelar para o interesse
do receptor. Assim, é mais provável que as pessoas leiam o texto se o título lhes despertar a
curiosidade. Além disso, considera-se o texto como uma extensão do título. Ele precisa
explicá-lo, falar no mesmo tom e apresentar evidência que lhe dê apoio.
Entende-se que título, texto e imagem devem persuadir, convencer e responder
que tipo de comportamento deve ser adotado pelo receptor.
O texto pode ser abordado de duas formas: racional e emocional. O racional está
voltado à inteligência, agindo de forma lógica diante dos fatos; tem caráter informativo,
descreve o produto em suas particularidades, enumera vantagens, justifica razões que levam a
compra. O texto emocional dirige-se ao conteúdo afetivo da pessoa, ao seu emocional, à sua
psique; fala a linguagem dos sentimentos e das emoções. O texto emocional vende os efeitos
do produto.
Uma avaliação dessas definições mostra-nos a importância da mensagem verbal
no contexto publicitário e o quanto pode ser primordial sua utilização de forma correta, mas
24
sem exageros. Assim, de um lado, a concepção da mensagem verbal e, de outro, a
importância da mensagem não-verbal, a qual será relatada na seqüência.
foi dito que as partes principais de um anúncio publicitário são: título, texto
(mensagem verbal) e imagem (mensagem não-verbal). A eles acrescenta-se a identificação do
anunciante (por meio de sua assinatura - sua marca). Todo anúncio construído é um arranjo de
harmonias e contrastes entre suas partes título, texto, imagem, logomarca, slogande
maneira que, visualmente, essas partes constituam um “todo” agradável e eficiente. A
eficiência está inteiramente focada na capacidade de cumprir satisfatoriamente as suas
funções: atrair a atenção do receptor, em um primeiro momento; levá-lo, por intermédio do
anúncio, a uma seqüência lógica que permita a perfeita compreeno do sentido da mensagem; e
criar uma atmosfera atrativa e adequada, tornando o receptor mais próximo a ela.
Chamamos esse trabalho de layout que, independentemente da forma ou categoria
a que pertença, deve obedecer a certos princípios que regulam a composição de seus
componentes.
Tais princípios são: balanço, proporção, seqüência, unidade e ênfase. Entendemos
por balanço a distribuição do peso óptico, podendo ser formal (simétrico) ou informal
(assimétrico). A proporção é utilizada quando se tem dois ou mais elementos juntos. Os
elementos de uma composição devem ser combinados com um sentido de ordem e unidade,
de forma que cada um seja parte do todo.
A seqüência diz respeito à condução do receptor mediante os elementos do
anúncio. “É sabido que quando um leitor examina um anúncio, começa fixando-se no ângulo
superior esquerdo e vai descendo progressivamente em diagonal da esquerda para a direita e
de cima para baixo” (SANT’ANNA, 1989, p. 192).
A unidade existe quando se consegue que os elementos de um anúncio apareçam
ao serem observados como componentes singulares, ou seja, constituindo-se um todo
25
harmonioso sobre o qual a vista corre facilmente. A ênfase está voltada para o fato de que
uma composição não pode ter seu conjunto com o mesmo valor, precisa apresentar o
predomínio de um ou mais elementos. Esse predomínio vai gerar a ênfase por meio do
contraste entre o que precisa ser enfatizado e o que deve ficar em segundo plano.
Dondis (1997, p. 160) alerta:
Em todo esforço compositivo, as técnicas visuais se sobrepõem ao
significado e o reforçam; em conjunto, oferecem ao artista e ao leigo os
meios mais eficazes de criar e compreender a comunicação visual
expressiva, na busca de uma linguagem visual universal.
Nesta perspectiva, como citado anteriormente, a comunicação não é estática,
porque mesmo na sua estrutura formal, é dinâmica e está disponível a novas mudanças.
Muitas vezes a imagem apresenta uma narrativa própria. Dondis (1997, p. 13)
comenta que “O grau de influência da fotografia em todas as suas inúmeras variantes e
permutações constitui um retorno a importância dos olhos em nossa vida”. Podemos dizer,
então, que o registro fotográfico passa a ser o resultado de uma construção, ou seja, passa por
um processo de elaboração que implica na concentração de elementos significativos que
normalmente encontram-se dispersos no tempo e no espaço.
Em um trabalho de Santaella e Noth (1997, p. 163), foi evidenciado o paradigma
fotográfico, em que as imagens são produzidas por um sistema de captação que não é possível
ser efetuado sem uma máquina específica, que nomeamos máquina fotográfica. Em um outro
paradigma identificado pelos autores, é possível indicar as imagens que podem ser alteradas
por computadores, utilizando-se de programas específicos.
Muitas vezes a publicidade não pode utilizar-se de imagens, como no caso de
veículos como o rádio, a mensagem verbal é de extrema importância, pois não existe a
possibilidade da utilização de imagens, neste caso recorre-se à persuasão para atrair e reter a
atenção dos receptores das mensagens.
26
Todos os meios de comunicação atualmente oferecem vantagens e desvantagens,
enumeradas, a seguir, no Quadro 2.
Quadro 2 - Vantagens e desvantagens dos veículos de comunicação
VEÍCULO VANTAGENS DESVANTAGENS
TV
Grande cobertura geográfica e população
Mídia de maior influência nas classes A,
B, C e D.
Envolvimento emocional
Permite demonstração (áudio, vídeo,
movimento)
Maior eficiência em produtos de
consumo de massa
Custo elevado por inserção.
Custo elevado de produção.
Rádio
Baixa cobertura demográfica por
mensagem transmitida
Cobertura local
Mídia seletiva
Subjetividade da imaginação
Pode ser consumido enquanto dirige,
trabalha etc.
Baixo investimento em termos absolutos
Rapidez de produção e troca de
mensagem
Permite grande freqüência de inserções
em razão do baixo custo unitário
Dispersivo exigindo maior
freqüência de inserções.
Mídia local, dificultando
negociação quando se pretende
atingir ampla área geográfica.
Revista
Circulação nacional /regional
Qualidade de impressão
Segmentação pela grande especificidade
de assuntos
Seletividade
Credibilidade (formadora de opinião)
Maior vida útil do anúncio
Periodicidade de circulação
Jornal
Tem caráter local e regional
Grande agilidade na utilização
Tem bastante impacto entre as classes
sociais (por ser formador de opinião)
Cobertura nacional falha
Pode ter falta de qualidade na
impressão (em jornais
regionais)
Muitas páginas ainda são em
preto e branco, causando pouco
impacto quando utiliza-se de
fotografia ou imagens
coloridas.
Visibilidade garantida. Comparação de audiência com
27
Internet
Agilidade de distribuição.
Reorientação permanente da estratégia.
Interatividade.
Flexibilidade em termos de preços e
criações.
Em muitos casos existe a possibilidade
de compra de espaço imediata.
outras mídias (em valores).
Muitos publicitários ainda
utilizam a Internet como canal
alternativo.
Falta de credibilidade por parte
de empreendedores.
Fonte: Quadro elaborado pela autora.
Em planejamentos de mídia, encontra-se muita preocupação em utilizar a
televisão como um meio de comunicação para campanhas publicitárias, afinal o uso de
imagens e sons atua de forma relevante no momento da exposição de produtos e serviços. Até
mesmo, por ser um veículo de maior visibilidade, pois praticamente todos os lares possuem
pelo menos um aparelho de televisão. Mas essa maior visibilidade tem um custo elevado
3
,
dificultando muitas empresas de colocarem seus produtos ou serviços na mídia televisiva,
principalmente quando o produto ou serviçoo é voltado para todo tipo de público e sim
para uma parte específica.
O rádio, como veículo de comunicação, tem suas grandes vantagens em relação a
custo, bem como rapidez de produção, custos de produção e outros detalhes (apresentados no
Quadro 2), mas enfrenta uma grande desvantagem em relação a Internet quanto a área
geográfica e quanto a ser dispersivo, pois a Internet consegue interagir com seus
consumidores e por esse motivo acaba prendendo a atenção de seu público.
A revista apresenta um ponto muito forte que é a credibilidade de informações e a
Internet vem apresentando vantagens neste quesito, pois muitos sites apresentam um
jornalismo de cobertura eficaz e com velocidade nas informações, é percebido também que a
credibilidade desse meio tem evoluído muito. A grande vantagem das revistas é que a
facilidade de encontrá-las por mais tempo é maior, afinal, muitos consultórios médicos e
odontológicos, laboratórios e outros locais que possuem salas de espera utilizam-se de
revistas para agradar e amenizar a espera de seus clientes. O jornal tem bastante credibilidade
3
O custo torna-se elevado pelo fato de somar custos de produção e veiculação.
28
enquanto informações e uma boa agilidade para classificados, principalmente para o varejo
automobilístico em situações de promoção.
Observando as vantagens e as desvantagens dos meios de comunicação é válido
ressaltar a importância, quanto à forma de exposição das mensagens, ou seja, a quantidade de
informações e de códigos utilizados por essas mídias.
Abordando o conceito de Mcluhan (2001, p. 38-39) destaca-se a sua grande
contribuição de distinguir os meios de comunicação em frios e quentes. São considerados
meios frios os de baixa definição, com poucas informações, que muito deve ser preenchido
pelo receptor, exigindo mais participação, estão entre eles: a televisão, o telefone e a Internet.
Os meios quentes de destacam pela forma de prolongar sentidos em alta definição, ou seja,
requerem menos participação e, portanto, não exigem muito para serem preenchidos ou
completados pela audiência. Classificam-se como meios quentes o rádio e a mídia impressa
(jornais e revistas).
Esses conceitos estão associados à idéia de que um emissor deve estar atento a
quem ele direciona sua mensagem, ou seja, qual o público que se destina tal mensagem e com
que códigos pode comunicar.
Assim como Galli (2002), Mcluhan (2001, p. 47) afirma que:
Importa muito saber se um meio quente é utilizado numa cultura
quente ou fria. O rádio, meio quente aplicado a culturas frias ou não letradas,
provoca um efeito violento, contrariamente ao que acontece, por exemplo, na
Inglaterra e na América, onde o rádio é considerado divertimento. Uma
cultura fria, ou pouco letrada, não pode aceitar como simples divertimentos
os meios quentes, como o rádio e o cinema. Estes meios são tão
perturbadores para elas como o meio frio da televisão acabou por se mostrar
em nosso mundo altamente letrado.
A importância de saber para quem vai se comunicar é tão primordial quanto a
mensagem que vai ser enviada, para isso a publicidade como uma ciência em comunicação
mantém suas funções entrelaçadas, criando ambientes perfeitos para culturas e veículos
29
manterem suas “temperaturas”, isto é, manterem uma comunicação em nível de diálogo, na
sua concepção mais distante, mas de uma troca de significados.
1.2 Publicidade e Internet
De acordo com Zeff e Aronson (2000, p. 12),
Definir o que seja a publicidade na Internet tornou-se dentro da
indústria quase um esporte. No início, as pessoas a definiam em termos
correlatos com as indústrias das quais provinham. Se uma pessoa vinha da
TV a cabo, então a publicidade na Internet era como a no cabo. Se ela vinha
da mídia impressa, então a publicidade na Internet era como se fosse a
imprensa. Depois o debate migrou para outra questão: se a publicidade na
Internet era mais parecida com a tradicional que focaliza a construção da
força de marca, ou com o marketing direto, que busca gerar novos
interessados ou executar vendas.
Os mesmos autores ainda classificam o que é a publicidade on-line como uma
parte da publicidade como um todo, definindo-a como:
A publicidade on-line, como qualquer publicidade, tenta disseminar
informações com o objetivo de influenciar a transação entre comprador e
vendedor. Mas a publicidade na web difere das outras mídias por permitir
que o consumidor interaja com a peça publicitária.
(ZEFF; ARONSON,
2000, p. 10).
A oportunidade de dar apenas um clique e obter cada vez mais informações a
respeito do produto e da empresa cria a magia da publicidade na Internet. É o mundo que está
disponível por um clique.
Pinho (2000, p. 101) em referência à publicidade on-line afirma que:
As novas tecnologias podem trazer mudanças na maneira tradicional
como a publicidade pode ser usada. A antiga predição de que, no futuro, os
consumidores serão conhecidos pelos seus nomes, torna-se mais próxima
com o advento da Internet. Nela, a publicidade on-line poderá se transformar
em uma valiosa ferramenta de comunicação persuasiva interativa e ainda
30
possível de ser dirigida, de modo personalizado e individualizado, para os
consumidores e prospecção de produtos, serviços e marcas.
A publicidade ocupa um espaço importantíssimo no ambiente mercadológico,
resgatando a publicidade como um todo, Pinho (1991, p. 31) ressalta que a publicidade é um
meio de tornar conhecido um produto, um serviço ou uma empresa, fazendo surgir os grandes
mercados de consumo e, conseqüentemente, a necessidade da fabricação em série, tendo
como objetivo despertar o desejo pelo produto/serviço anunciado ou criar prestígio ao
anunciante. Os anúncios são pagos, por isso patrocinam os veículos de comunicação (jornais,
revistas, rádios, TVs) fazendo com que estes possam informar, confrontar opiniões e
proporcionar a democracia por meio da liberdade de imprensa.
Zeff e Aronson (2000, p. 11) comparam a publicidade on-line em relação à
tradicional discutindo outdoors, impressos, marketing direto e televisão.
Publicidade externa: outdoor. Os banners na web são muitas vezes
comparados com outdoors de beira de estrada. Da mesma maneira como um
outdoor pode chamar a atenção de um transeunte para uma futura atração ou
localidade, um banner poderá apontar um site para um usuário da Internet.
Mas enquanto os outdoors são estáticos, na web os usuários podem interagir
com um banner. [...]
Publicidade impressa. Num jornal ou numa revista, um anúncio de um
quarto, meia ou página inteira é identificado claramente. Os anúncios são
formatados de tal maneira que fique fácil para o leitor diferenciá-los do
conteúdo editorial. [...] na web, os banners se assemelham aos anúncios
impressos, pois possuem delimitações muito claras. [...]
Publicidade na televisão. O comercial de trinta segundos é um dos
formatos de publicidade de primeira grandeza. Comerciais permitem ao
anunciante “tomar conta” da tela de televisão completamente, veiculando
uma peça publicitária em pleno movimento que pode enfocar os interesses,
as necessidades e mesmo as emoções do consumidor. [...] a idéia de um
anúncio comandando a tela inteira inspirou o desenvolvimento de modelos
de peças publicitárias mais dinâmicas e invasivas.
Publicidade via TV a cabo. A TV a cabo trocou o amplo alcance e a
freqüência da televisão convencional pelo melhor acesso a nichos de
audiências. A audiência do cabo é muito mais seleta e extremamente atraente
para os anunciantes. O aumento da focalização de público-alvo levou a
comerciais especializados com mensagens direcionadas e provocadoras. A
semelhança do cabo, a web oferece possibilidades de se comprar anúncios
direcionados, mas também permite comprar aqueles que podem alcançar
audiências de massa.
Marketing direto. Desde as malas diretas até o telemarketing, os
profissionais do marketing direto podem rastrear com precisão o número de
pessoas que respondem a uma dada promoção, utilizando esse número para
31
determinar a rentabilidade de cada campanha. A capacidade inata da Internet
de contabilizar audiência levou anunciantes a empregar uma abordagem de
marketing direto na publicidade via web em particular, baseando suas
campanhas sobre seu custo por resposta.
Pode-se, então, entender que falamos de uma sociedade que está sendo modelada,
aperfeiçoando suas formas de comunicação, em que a existência de novos meios, dotados de
alternativas mais amplas proporcionam uma comunicação interativa, levando-nos a refletir
sobre os investimentos de publicidade na Internet.
De acordo com uma nota divulgada pelo Instituto Ibope (INSTITUTO..., 2004):
O investimento global no setor de entretenimento e meio de
comunicação alcançará 1,7 bilhões de dólares no ano 2008, com destaque
para a publicidade na Internet, segundo dados da pesquisa efetuada pela
Pricewaterhouse Coopers.
O potencial do mercado de entretenimento na região da Ásia / Pacífico
provocará um índice global de crescimento anual de 6,3%, comparado com
os 4,2% de 2003. A Internet, entre os seis meios publicitários analisados,
seguirá sendo o de maior crescimento.
Objetivamente, a publicidade interativa crescerá e vai atingir
aproximadamente US$ 189 milhões de dólares em 2008, com 12,7% de
crescimento anual. E, segundo o estudo, o aumento da utilização da banda
larga nos lares e a expansão do comércio eletrônico serão os principais
fatores que tornarão este meio mais atrativo para os anunciantes. De fato, se
espera que o número de residências com banda larga ultrapasse o número de
300 milhões em 2008
.
Fazendo uma relação com a nota divulgada, percebe-se que a publicidade
interativa tem todo o foco para o futuro, portanto entendemos que as empresas devem estar
atentas para essa mudança e que devem se preparar utilizando as vantagens que a publicidade
on-line oferece.
Zeff e Aronson (2000, p. 13-14) apresentam quatro vantagens distintas, são elas:
Focalização: os anunciantes on-line encontram uma gama
completamente nova de possibilidades de focalização. Eles podem focar os
usuários de empresas específicas, áreas postais ou regiões geográficas e
nações, assim como direcionar utilizando a hora do dia a plataforma
computacional ou um browser
4
específico.
4
Browser: “o software que roda no seu computador e que traduz as informações transferidas da
Internet para páginas da web que você vê no seu monitor” (ZEFF; ARONSON, 2000, p. 432).
32
Monitoramento: os profissionais de marketing podem monitorar
como os usuários interagem com suas marcas, descobrindo o que é do
interesse dos clientes atuais e dos prospects
5
. Por exemplo, um fabricante de
carros pode monitorar como um usuário avança através dasginas de seu
site, para determinar se os usuários se interessam mais por informações de
segurança ou pelos “extras” oferecidos com um modelo em particular. Os
anunciantes podem também mensurar a resposta a uma peça publicitária
(através do número de vezes que esta é clicada, do número de compras, de
indicações que o anúncio gerou etc).
Entrega e Flexibilidade: na Internet, um anúncio é entregue em
tempo real, 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano. Além do
mais, uma campanha publicitária pode ser lançada, atualizada ou cancelada
imediatamente. Um anunciante pode acompanhar diariamente o progresso de
uma campanha, perceber na primeira semana que ela está gerando pouca
resposta e substitui-la na segunda semana. Tudo isso constitui uma grande
diferença com relação à mídia impressa, na qual um anúncio pode ser
alterado depois da publicação de uma nova edição; ou com a televisão, em
que o elevado custo do desenvolvimento da peça torna mudanças freqüentes
proibitivas.
Interatividade: a meta de um anunciante é atrair prospect para uma
marca ou produto. Isso se faz mais eficientemente on-line, onde os
consumidores podem interagir com o produto, testar o produto e, caso assim
tenha decidido, comprar o produto. Por exemplo, um anúncio de software
para transportar o usuário para uma página da qual ele descarregará uma
versão de demonstração, podendo testá-la de imediato. Se o consumidor
gostar do software, pode comprá-lo ali e de imediato. Nenhuma outra mídia
transforma de maneira tão simples o consumidor do papel de agente de
busca de informações para o comprador.
Observa-se que a web é apresentada como um eficiente canal de publicidade,
cujas vantagens são grandes para os anunciantes, conforme identificado na citação acima, e
também para consumidores, conforme Pinho (2000, p. 120) ressalta na existência de três
benefícios básicos:
O primeiro e o mais evidente o acesso à grande quantidade de
informações oferecida de maneira altamente dinâmica pela natureza
interativa do meio e pelo ambiente em hipertexto, permitindo a pesquisa de
forma não linear, que auxilia e mesmo facilita o processo de decisão de
compra.
O segundo benefício proporcionado ao consumidor consiste na
facilidade do levantamento, da análise e do controle de dados a respeito de
produtos e serviços, que permitem a compra por comparação e a
experimentação de produtos on-line pelo usuário.
A redução de preços é o terceiro benefício, como decorrência da
competição entre os vários fornecedores presentes na rede, o que resulta
ainda em melhor qualidade e variedade de itens.
5
Prospects: clientes em potencial.
33
A Internet caracteriza-se, de acordo com Pinho (2000, p. 107) como “novo
emergente veículo de comunicação publicitária, a web pode ser considerada relativamente
pouco dispendiosa e rápida, transferindo a mensagem, com som, cor e movimento, para
qualquer parte do mundo, a uma fração do custo de muitas outras mídias”.
Wilson Dizard Jr. (2000, p. 29) afirma que:
A Internet é o mais formidável dos novos desafios econômicos. Até a
metade dos anos 90, a rede não veiculava praticamente nenhuma publicidade
e não funcionava como um canal direto de vendas. Agora o merchandising
eletrônico é a atividade que mais cresce na rede. O processo começou
lentamente, com empresas desenvolvendo páginas na web que continham
apenas propagandas institucionais. No final da década esse panorama
estava mudado.
Construir um site na web foi a incursão de muitas empresas na publicidade da
Internet. Segundo Pinho (2000, p. 101) a publicidade surgiu com,
O serviço on-line norte americano Prodigy que testou a publicidade
como fonte de receitas apenas entre os seus sub-escritores. Outros
importantes serviços on-line, como CompuServ e América OnLine,
mantiveram-se afastados da publicidade e somente vieram a vender
patrocínios a partir de 1995. [...]
A World Wide Web tornou-se acessível ao público em 1993, ano em
que foram abolidas as restrições para o uso comercial da Internet. [...]
O primeiro contrato publicitário foi assinado com a AT&T, no dia 15
de abril de 1994, sendo o site lançado no dia 27 de outubro do mesmo ano.
Entre os anunciantes pioneiros a veicularem seus banners estavam a IBM e a
Zima, nova marca de bebidas alcoólicas da Pepsi. [...]
Ainda em 1994, surgem vários sites de diretórios e mecanismos de
busca da web, entre eles o Yahoo!
Após o ano de 1994, quando a publicidade na web se confirmou e teve sua
expansão de anunciantes, os preços também tiveram grandes alterações, obtendo uma queda,
mas ainda era considerado alto em relação ao retorno de investimento. A partir desse
momento a cultura da publicidade na Internet começou a ser superada entre os interesses
comerciais, e a partir de 1995 as empresas começaram a sentir a necessidade de estarem
presentes nessa nova mídia, causando impacto e mostrando modernidade perante o mercado.
34
A interatividade também se consagrou nessa mídia em 1995, quando os anúncios
podiam contar com animações, sons e pequenos vídeos. O banner tradicional, medindo
cerca de 7,5 com x 2,5 cm, contendo mensagens curtas e gráficos simples era o mais utilizado,
passando posteriormente a tomar maiores proporções e a provocar o surgimento de novas
formas de anúncios, bem como sites mais interativos e outros recursos apresentados a seguir.
Algumas das formas que podem ser utilizadas são: descansos de tela (disponíveis
para download), cursores que trabalham de forma original – o branding
6
– no qual o cursor do
mouse pode ser personalizado, utilizando-se alguma animação ou ilustração no lugar da flecha
convencional. De acordo com Pinho (2000, p. 179-191) as formas mais conhecidas e
trabalhadas atualmente são:
E-banners : podem ser animados (interativos) ou estáticos. Conhecidos por grafismos
retangulares de vários tamanhos, localizados nas páginas da web (Figura 2).
Figura 2 - E-banner
Button ou botão : são pequenas dimensões que podem ser colocadas em qualquer parte da
web, sendo lincadas ao site do seu patrocinador (Figura 3).
6
Branding: “Conjunto das tarefas de marketing, incluindo suas ferramentas de comunicação,
destinadas a otimizar a gestão das marcas” (SAMPAIO, 1997, p. 27).
35
Figura 3 - Button ou Botão
Patrocínio : surge quando a inserção não se baseia apenas em banner, mas permite ao
anunciante desenvolver uma campanha sem que isso gere um tráfego muito grande em seu
site. Utiliza-se de outros sites, com marcas conhecidas e de confiança do público-alvo. Essa
forma de publicidade está em ascensão, pois se torna eficiente ao longo do tempo (Figuras 4 e
5).
Figura 4 - Patrocínio
36
Figura 5 - Patrocínio revelação
E-mail : envio de mala-direta via e-mail para o público-alvo, podendo utilizar o banco de
dados da empresa e/ou listas adquiridas por organizações especializadas em cadastro de
clientes por perfil. Também é conhecido por e-mail marketing (Figura 6).
Figura 6 - E-mail (mala-direta)
37
Um importante dado observado em uma pesquisa realizada, em 1998, com
consumidores norte-americanos da Internet (Tabela 1) é que embora uma grande parte dos
sites utilize várias inserções publicitárias, alguns consumidores não consideram a publicidade
na Internet irritante e desnecessária e sim que as inserções incomodam menos que as
apresentadas por TV e que facilitam a manutenção de provedores gratuitos.
Tabela 1 - Dados sobre a pesquisa de publicidade na Internet
Questões apresentadas Discordam Concordam
A publicidade é necessária para manter o conteúdo de graça 11% 53%
Anúncios dirigidos são bons desde que o site não forneça
minhas informações
18% 50%
Anúncios na web incomodam menos do que comerciais de
televisão
24% 43%
Pagaria um extra para subscrever um site que não tivesse
anúncios
37% 22%
Os provedores deveriam poder vender suas listas de
assinantes como as revistas o fazem
61% 16%
Fonte: cyberatlas.com
A publicidade na Internet está sendo muito utilizada para construir marcas de
produtos e serviços, o que eventualmente resultará em vendas para essas empresas.
Mensurar o desenvolvimento de campanhas realizadas pela Internet ainda pode
ser um erro, se forem determinadas apenas por click-through
7
. Afinal, os anunciantes querem
mais, não basta apenas dar um clique no anúncio e abandonar o site em seguida, é preciso
manter o consumidor navegando no site, buscando manter o contato e persuadi-lo durante a
sua permanência de acesso.
7
Click-through corresponde ao número de vezes que um anúncio recebe um clique.
38
1.3 A Campanha da Empresa Bosch
A Bosch
8
entrou no mercado em 1886, na Alemanha, com a pequena “Oficina
Mecânica Fina e Eletrotécnica”. Com um espírito empreendedor e uma grande visão, Robert
Bosch, o fundador da empresa, tinha à disposição uma bicicleta para atender os clientes em
domicílio, tornando um grande diferencial para a época. Um diferencial que ele manteve em
sua administração e perdura até o momento com a atual administração sucessora que o grupo
Bosch mantém.
A empresa instalou-se no Brasil em 1954, e atualmente suas fábricas empregam
aproximadamente 13 mil funcionários, fabricando e comercializando equipamentos e sistemas
automotivos, ferramentas elétricas, aquecedores de água a gás, eletrodomésticos, sistemas de
segurança, máquinas de embalagem e automação industrial.
O nome Bosch marcou a história do desenvolvimento tecnológico, que hoje é
representado por três setores de negócios: Tecnologia Automotiva, Bens de Consumo e
Tecnologia de Construção e Industrial.
Uma empresa de sucesso, que além do desenvolvimento e da produção voltados
para o setor automotivo, amplia sua atuação para outras áreas que incluem ferramentas
elétricas, eletrodomésticos, sistemas de segurança, equipamentos de automação e máquinas
industriais.
Com um total de 232 mil funcionários distribuídos em suas 236 fábricas, sendo
179 estabelecidas em 50 países fora da Alemanha, onde foi fundada, a Bosch mantém seu
espírito empreendedor e sua busca incessante pela tecnologia.
8
As informações sobre a empresa Bosch foram enviadas por um analista de marketing da empresa
autorizando o uso exclusivamente para o trabalho científico.
39
A Bosch mantém uma linha de comunicação muito clara e objetiva com seus
funcionários. Uma das prioridades que a empresa conserva é o bem de estar de todos os
funcionários e da comunidade, e por intermédio da sua Fundação cumpre várias ações sociais.
Desde a implantação no Brasil, a Bosch vem desenvolvendo seu papel de empresa cidadã, por
meio de vários projetos distribuídos nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul do País.
A publicidade na empresa sempre foi direcionada para um público específico.
Utilizou-se de mídias de massa poucas vezes para divulgar novos produtos e quando as
utilizava, estas eram voltadas à mídia impressa, considerada pelo departamento de marketing
como a que tem mais credibilidade.
A relação da empresa com a imprensa sempre foi fortalecida por meio dos
contatos de seus funcionários responsáveis pela área de assessoria de imprensa. A Bosch
mantém um contato direto com os veículos de comunicação e disponibiliza, sempre que
necessário, informações sobre assuntos abordados por tais veículos.
Em 2001, a empresa percebeu que existia um desafio no seu site corporativo. O
desafio ampliado era estreitar o relacionamento com seus consumidores finais por meio do
site, a fim de rejuvenescer o contato com a marca, oferecer conteúdo relevante para toda a
comunidade que consome os produtos e serviços prestados pela empresa e, por fim, gerar um
banco de dados eficiente e de qualidade para ações futuras. A solução foi encontrada em uma
junção da agência brasileira MMCastillo e o Departamento de Marketing (localizado na
unidade de Campinas/SP), que desenvolveram um planejamento anual, no qual foram
estipuladas metas numéricas a serem atingidas. Mês após mês por intermédio de um relatório
de acompanhamento que a agência fornecia, as metas eram revistas e ações eram propostas.
Após nove meses de monitoramento do comportamento dos usuários no site e de
pesquisas por meio da web, conforme o Departamento de Marketing, a empresa chegou a um
conceito inovador para desenvolver um projeto que pudesse, então, atingir a todos os
40
objetivos propostos. Um hot-site entrou no planejamento (dentro do site www.bosch.com.br)
e que deveria conter produtos, mas não deveria falar somente sobre eles e nem somente sobre
a empresa em si, mas, sim, oferecer conteúdo de interesse do público-alvo e que fosse
originado nas comunidades que existiam e consumiam produtos da Bosch. O objetivo era
criar um mundo que orbitasse ao redor da empresa e de seus produtos.
Assim nasceu o projeto MundoBosch. Comunidades sobre automobilismo,
bricolagem, jardinagem e um fórum de profissionais foram desenvolvidos. Promoções e
concursos foram lançados para atrair cadastros e formar um banco de dados, por meio do qual
a empresa pudesse ter mais conhecimento a respeito do público-alvo de seus produtos.
Reportagens diárias, além de um Quizz show
9
garantiam o entretenimento ideal para manter o
usuário mais tempo em contato com a marca Bosch. As Figuras 7 e 8 indicam as telas que
foram as pioneiras do MundoBosch.
Figura 7 – MundoBosch jardinagem
9
Quiz Show: Um mês de concurso, quatro baterias de dez perguntas sobre automobilismo. Trinta
segundos para responder cada pergunta. Assim funcionava o QUIZ virtual lançado em 2001.
41
Figura 8 - MundoBosch Quiz show
Com o sucesso apresentado pelas primeiras campanhas e ao longo desses anos a
empresa vem reestruturando o site e apresentando sempre novas campanhas, muitas delas
aliadas por outros portais na web.
Em 2004 a Bosch completou 50 anos no Brasil e por este motivo realizou uma
grande campanha com apelo totalmente emocional e voltado para a responsabilidade social e
associações da empresa com o dia-a-dia das pessoas com os produtos. A campanha envolvia
mídia televisiva, com um filme de trinta segundos “Nossa vida com a Bosch” com trilha de
Antônio Carlos Jobim e mídia impressa, utilizando-se de revistas como Veja, Época e Exame.
O site corporativo da Bosch, como não podia ser diferente, também teve um
espaço reservado para a comemoração dos 50 anos, onde trazia um pequeno filme com as
ocorrências mais importantes durante os anos que se passaram e disponibilizava uma
interatividade maior com os receptores pelo fato de abrir um espaço na tela principal do site
de comemoração, onde os mesmos poderiam começar a história no ano do próprio
nascimento.
42
Figura 9 – Site Bosch 50 anos
Atenta às modificações do meio publicitário e mercadológico a Bosch busca
constantemente estreitar relacionamentos com seus clientes e consumidores, rejuvenescendo o
contato com a marca e oferecendo conteúdo relevante para toda a comunidade que consome
produtos e serviços oferecidos pela empresa. A partir deste conceito busca aperfeiçoar uma
imagem positiva pela mídia tradicional, mas ainda é pela Internet que a empresa se coloca à
frente, criando e buscando interagir diretamente com seu público-alvo.
43
CAPÍTULO 2 – A INTERNET E SEUS CONCEITOS
CAPÍTULO 2 – A INTERNET E SEUS CONCEITOS
44
Este capítulo é dedicado aos conceitos sobre Internet. Inicialmente tratar-se-á
da definição desse meio de comunicação e em seguida será relatado um pouco de sua
história apresentando-se uma discussão em torno de seu crescimento no Brasil perante
outros países e os elementos que formam e motivam o seu crescimento. Por fim, abordar-
se-á o perfil dos usuários da Internet.
2.1 Internet: definição e conceituação
Ao longo da busca para investigar, fundamentar e refletir sobre o meio de
comunicação “Internet”, foi possível iniciar este trabalho. Assim, ao tratar de teorias a este
respeito, Kalakota e Whinston (apud MORGADO, 1998, p. 40) afirmam que “a Internet é o
componente de maior visibilidade, com acesso universal surgida de um processo evolutivo
das telecomunicações que resultou em transmissões de dados a altas velocidades e por custos
baixos”.
De acordo com Pinho (2000, p. 38):
A Internet é formada pelas centenas de redes de computadores
conectadas em diversos países dos seis continentes para compartilhar a
informação e, em situações especiais, também recursos computacionais.
A Internet trouxe de volta para a sociedade o velho e confortável
sentimento de comunidade. Uma comunidade criada pelo acesso à
informação que transcende as antes intransponíveis barreiras políticas,
econômicas e espaços-temporais.
É importante que as empresas acelerem seu processo de constante evolução que
recentemente tem passado por grandes transformações, em especial na questão da melhoria
dos seus processos de negócios. As crescentes facilidades dos meios de comunicação vêm
45
transformando as empresas, mas talvez nenhuma delas tenha propiciado tantas mudanças nos
modelos de negócios como a Internet.
A Internet é uma extensão dos meios de comunicação “tradicionais”, aqueles mais
conhecidos e trabalhados, tais como a TV, o rádio, as revistas e os jornais. A Internet
revolucionou a forma de comunicação mundial, pois da comunicação on-line utilizamos
imagens e sons em tempo real com interação total de emissor e receptor.o temos nenhum
outro meio de comunicação que ofereça tal vantagem.
Antes do uso em massa da Internet, McLuhan (2001, p. 72) já alertava que
Os meios, como extensões de nossos sentidos, estabelecem novos
índices relacionais, não apenas entre nossos sentidos particulares, como
também entre si, na medida em que se inter-relacionam.
A Internet é um meio de comunicação diferente, pois também é um meio de
interatividade, ou seja, de relacionamento entre mercado e pessoas, consumidores e empresas,
estudantes e conceitos, enfim tornando realidade e abrindo novas formas de comunicação no
mundo de maneira veloz e eficiente, como pode ser constatado no gráfico abaixo (Figura 10).
Fonte: Adaptado de Morgado (1998, p. 74)
Figura 10 - Estágios da Internet
46
Segundo o modelo apresentado na Figura 10, observa-se que, conforme seu
avanço na linha do tempo, a Internet tem um aumento de sua funcionalidade. Resgatando a
colocação de Pinho (2000, p. 38) de que “a Internet trouxe de volta para a sociedade o velho e
confortável sentimento de comunidade”, podemos então conceituar que, a partir de sua
presença marcante como meio de comunicação, a Internet permitiu uma interação maior entre
pessoas, empresas, instituições públicas etc, formando a comunidade observada por Pinho
(2000).
A partir do aumento de funcionalidade o meio se destaca pela facilidade em
transação de dados e informações, tornando a comunicação mais veloz.
No último estágio apresentado (Figura 10), pode-se observar a integração e isso
torna-se relevante neste estudo, pois tratamos do fato do meio Internet ser totalmente
interativo, em que é possível integrar pessoas, seja por sites pessoais, seja por salas de bate
papo disponíveis em vários portais e pela mais recente comunidade virtual Orkut.
O uso da Internet pelas empresas oferece, pelo menos, cinco grandes vantagens:
(1) grandes e pequenas empresas têm condições de atuar nesse mercado; (2) não existe
limitação de espaço para propaganda (como em outros meios de comunicação); (3) o acesso à
informação e o retorno de comunicação são rápidos; (4) o site pode ser visitado por qualquer
um, a qualquer hora, de qualquer lugar do mundo; (5) os pedidos podem ser feitos de forma
mais privada.
Atualmente, a maneira mais popularizada para um consumidor se conectar à rede
é por meio da abertura de uma conta em um provedor de acesso. O usuário deve ter um
computador, um modem para se conectar ao provedor escolhido e este, por sua vez, deve estar
ligado à rede mundial, ou seja, a Internet. Na Internet diversas tecnologias são utilizadas ao
mesmo tempo: linhas telefônicas comuns, linhas de transmissão de dados, linhas de alta
velocidade, satélites e cabos de fibra ótica.
47
Estabelecida a conexão, o usuário passa a ter acesso a uma infinidade de serviços
disponíveis na rede, contudo, as atividades mais comumente conhecidas são:
Correio eletrônico (e-mail): permite ao usuário enviar e receber correspondência
eletrônica por meio de uma caixa postal em seu nome;
Transferência de arquivo (File Transfer Protocol FTP): mediante esse recurso o usuário
pesquisa diretórios de arquivos mantidos em outros locais (sites) e pode requisitar cópias do
que for de seu interesse. As cópias são enviadas eletronicamente pela própria rede e o
conteúdo dos arquivos pode ser das mais diversas naturezas (textos, imagens, softwares,
etc);
Conexão remota (Telnet): por intermédio desse serviço o usuário pode transformar seu
equipamento em um terminal de um outro computador remoto, tornando-se seu
“hóspede”;
Grupos de discussão (USENET - NetNews): permite ao usuário participar em milhares de
grupos de discussão por meio de software específico;
Serviços de Informação e Busca : Google, Yahoo, Alta Vista, etc., que permitem buscar
informações sobre tópicos específicos na rede; e
World Wide Web (www): sistema que utiliza o recurso hipertexto - técnica de
armazenamento e apresentação da informação baseada num sistema de referências
cruzadas que formam uma rede de associações (à semelhança da forma como se processa
o pensamento humano, baseado em associações de idéias num percurso não seqüencial)
que ligam textos, imagens, sons e ações, permitindo ao utilizador procurar e encontrar
itens relacionados e circular entre eles facilmente, ativando palavras-chave que permitem
acesso a outros documentos. Assim, os recursos mundiais da Internet são veiculados de
48
forma conjunta e interativa, em que a informação é encontrada de maneira fácil e
amigável. A popularização da Internet pode ser atribuída ao surgimento da www.
A Internet está se expandindo em todos os campos de atuação humana e é o
combustível da globalização. Quem não utilizar, direta ou indiretamente a rede, já está fora do
espaço global e talvez seja difícil recuperar o tempo perdido.
Porém, a Internet ainda sofre com alguns fatores restritivos e críticos que podem
afetar o desenvolvimento desse meio de comunicação. Destacamos os principais:
Desenvolvimento da criança e do adolescente
Com as facilidades que a Internet dispõe e por estarmos falando de uma geração
dos jogos virtuais, a rede mundial de computadores pode ser, ao mesmo tempo, fantástica e
catastrófica. Por um lado facilita a questão de pesquisas, pois oferece uma gama variada de
assuntos documentados, arquivos muito úteis para trabalhos escolares e para o
desenvolvimento cultural, por outro lado, remete à questão do proibido, dos jogos, que muitas
vezes “roubam” a cena da questão pesquisa, sem contar que na Internet circulam imagens
pornográficas, papos obscenos e sites com conteúdos impróprios para crianças e adolescentes.
Desta forma, existem muitas preocupações de pais e educadores com a rede e seus
possíveis efeitos negativos junto a crianças e adolescentes.
Segurança
A preocupação com a segurança nas transações, particularmente com cartão de
crédito, é o grande ponto de desconfiança dos consumidores. Outra preocupação em relação à
Internet refere-se à facilidade de difusão de vírus de diferentes graus de periculosidade, que
ameaçam a integridade dos sistemas no mundo todo. Esses vírus podem chegar junto com e-
mails ou em qualquer operação de download - forma que a web utiliza para disponibilizar
arquivos para seus usuários
- que se faça na rede.
49
Privacidade
As comunicações e acessos realizados podem ser seguidos e espionados com
facilidade, permitindo a leitura de correspondências e a identificação de sites visitados, seja
por lazer, seja por compras. Assistimos vários crimes realizados por hakers
10
, divulgados pela
televisão em diversos pontos do mundo.
Mensurabilidade
A Internet, inicialmente, apresentava dificuldades de mensuração de audiência.
Atualmente é possível mensurar todos os dados com muita segurança. Essa necessidade surge
pela velocidade que a Internet tem provocado no mercado publicitário.
O Instituto de Pesquisas Ibope começou a medir o uso da Internet no Brasil em
setembro de 2000 e atualmente disponibiliza várias pesquisas para empresas, agências e
veículos publicitários.
Estamos falando de uma velocidade de informações e de pesquisas confiáveis. O
Instituto Ibope apresenta uma estrutura eficiente para mensurar dados e manter a confiança de
seu público, sendo que tais dados servem de base para estratégias competitivas de mercado.
Para Veronezzi (2002, p. 117) “A Internet continua sendo o assunto mais
comentado, analisado, pesquisado, debatido, tematizado e divulgado pelas pessoas e pelos
meios de comunicação em geral”.
10
Hakers: são indivíduos que se utilizam de meios ilegais para “invadir” um computador ou vários
computadores que não estejam em seu domínio. Muitas vezes utilizam-se desses mecanismos para fraudar
arquivos confidenciais e destruir sistemas de segurança de empresas privadas e órgãos governamentais.
50
2.2 Breve Histórico da Internet
A Internet surgiu em 1969, como um projeto do Departamento de Defesa norte-
americano desenvolvido pela Advanced Research Projects Agency (ARPA), órgão
responsável pelo desenvolvimento de pesquisas científicas e tecnológicas para fins militares
do governo norte-americano e, por isso, recebeu o nome de ARPANET.
O objetivo principal era fornecer um sistema de comunicações de computador
distribuído, ou seja, em rede, que pudesse sobreviver a um ataque, de forma que, mesmo se
uma parte do sistema fosse perdida o resto continuaria funcionando.
A rede funcionou pela primeira vez em janeiro de 1972, interligando quatro
computadores em locais distintos, todos na costa oeste dos Estados Unidos. As universidades
e outras instituições que faziam trabalhos relativos à defesa tiveram permissão para se
conectar à ARPANET. Em 1975 já existiam aproximadamente 100 sites.
As primeiras aplicações baseadas no funcionamento começaram com um sistema
de troca de arquivos, o FTP (sigla de file transfer protocol) até chegar no correio eletrônico
(e-mail).
Mas o que tornou a popularização da Internet foi a World Wide Web, citada
anteriormente neste trabalho, criada pelo físico inglês Tim Berners-Lee, em 1990, na Suíça.
No Brasil a Internet teve seu início em 1988 por intermédio da FAPESP
(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) ligada à Secretaria Estadual de
Ciências e Tecnologia. A Universidade de São Paulo – USP foi pioneira neste processo. Logo
em seguida o Governo Federal criou a Rede Nacional de Pesquisa (RNP), pelo Ministério da
Ciência e Tecnologia (MCT), em 1992, com uma imensa infra-estrutura de cabos para
suportar a rede mundial de computadores, distribuindo o acesso para universidades, fundações
de pesquisa e órgãos governamentais espalhados pelo Brasil.
51
Mas foi em 1995 que a Internet ganhou o Brasil e o mundo com alguns dos mais
importantes nomes do espaço, tais como Yahoo! e Amazon.com.
A venda de computadores pela primeira vez havia ultrapassado a de
aparelhos de TV e o consumo de linhas telefônicas aumentou gradualmente,
até a explosão observada pela privatização do setor, em 1988. Os bancos e as
instituições financeiras passaram a adotar a Web em suas operações, tornando-
se referências internacionais em Internet Banking. Jornais, revistas e demais
meios de comunicação impressa também acompanharam o fenômeno de perto,
inaugurando suas versões digitais a partir de então. A prova definitiva de que a
Internet havia chegado para valer na vida das pessoas foi a criação da
declaração on-line do Imposto de Renda, pela qual Receita Federal conseguiu
praticamente eliminar o uso do papel. Hoje nada menos que 97% das
declarações são enviadas pela Web.
(VIEIRA, 2003, p. 16).
Em 1991, menos de 50 mil pessoas usavam a rede. Em 1997 eram 70 milhões
de internautas em todo o mundo e este número cresce a cada dia, estando hoje entre 600 e 700
milhões.
Vieira (2003) destaca que a Internet se consagra cada vez mais como uma mídia,
mostrando que as vendas de computadores vêm ganhando até mesmo de aparelhos de
televisão, que faz parte de um sonho de consumo da população. Em 2003 a média brasileira
de acesso era de 463,6 bem abaixo da mundial de 820,8 por 10 mil habitantes. Atualmente o
Brasil tem batido recordes de acesso, apresentando números bem maiores que os norte-
americanos e japoneses, os quais concentravam o maior número de usuários da rede mundial
de computadores.
Por enquanto não uma ferramenta para mensurar o tamanho exato da rede,
quantos usuários estão conectados ou quantos computadores estão funcionando como hosts
11
.
O que se pode fazer é trabalhar com inferências e projeções. No Brasil a empresa que mais
trabalha com esse conteúdo de informações é IBOPE//NetRatings
12
.
11
Hosts são computadores hospedeiros. Computador ligado à Internet, às vezes também chamado de
servidor. Computador principal num ambiente de processamento distribuído. (PINHO, 2000, p. 325).
12
O IBOPE//NetRatings é uma empresa formada a partir da joint-venture entre o IBOPE e a
ACNielsen, oferecendo o serviço Nielsen//NetRatings em vários países, por meio do maior painel de
internautas do mercado, com mais de 200 mil colaboradores. Por meio de uma tecnologia única,
Nielsen//NetRatings é capaz de medir o comportamento dos usuários, bem como a atividade publicitária on-
line, e fornecer dados precisos e amplos sobre a Internet mundial.
52
O Brasil tem se destacado no número de domínios e computadores ligados à rede.
De acordo com o Comitê Gestor da Internet o Brasil ocupa o lugar entre as redes do
mundo, como se pode constatar na Tabela 2, a seguir.
Tabela 2 - Posição dos Países que acessaram a rede em janeiro de 2004
Posição País Hosts
Estados Unidos* 162.195.368
Japão (.jp) 12.962.065
Itália (.it) 5.469.578
Reino Unido (.uk) 3.715.752
Alemanha (.de) 3.421.455
Holanda (.nl) 3.419.182
7º Canadá (.ca) 3.210.081
8º Brasil (.br) 3.163.349
9º Austrália (.au) 2.847.763
10º Taiwan (.tw) 2.777.085
11º França (.fr) 2.770.836
12º Suécia (.se) 1.694.601
13º Dinamarca (.dk) 1.467.415
14º Bélgica (.be) 1.454.350
15º México (.mx) 1.333.406
16º Polônia (.pl) 1.296.766
17º Finlândia (.fi) 1.224.155
18º Espanha (.es) 1.127.366
19º Suíça (.ch) 1.018.445
20º Noruega (.no) 1.013.273
21º Austria (.at) 982.246
22º Argentina (.ar) 742.358
23º Israel (.il) 634.001
24º Rússia (.ru) 617.730
25º Hong Kong (.hk) 591.993
26º Singapura (.sg) 484.825
27º Nova Zelândia (.nz) 474.395
28º Turquia (.tr) 344.859
29º República Tcheca (.cz) 315.974
30º Hungria (.hu) 313.576
Fonte: Comitê Gestor da Internet no Brasil
53
Quanto às diferenças entre os investimentos dos Estados Unidos e da Europa,
Lucena (apud PINHO, 2000, p. 69) destaca que:
O mercado dos Estados Unidos é mais empreendedor. O espírito
norte-americano se inclina muito mais à abertura de companhias pequenas e
criativas, sem esperar financiamento do governo. Na Europa, é normal
planejar a abertura de uma companhia com dez anos de antecedência. É claro
que, se você abre uma companhia para operar na web nos EUA, tem à sua
disposição um mercado homogêneo de pessoas que falam a mesma língua, e
isso claramente faz a diferença. Na Europa, é preciso lidar com culturas e
línguas diferentes, o que é bem mais difícil.
A Tabela 2, indicada anteriormente, revela um maior número de computadores de
hospedeiros nos primeiros 30 países, confirmando a superioridade dos Estados Unidos, com
um total de 162 milhões de servidores, perante o segundo lugar, ocupado pelo Japão com uma
diferença de quase 13 vezes menos hosts.
A fim de proporcionar um melhor entendimento dos dados apresentados na
Tabela 2, propõe-se uma dimensão entre computadores hospedeiros nos primeiros oito países
apresentados acima com a população total de cada território, descritos na Tabela 3.
Tabela 3 - Dimensão dos computadores hospedeiros
País Hosts População
162.195.368 294.000.000
12.962.065 126.700.000
5.469.578 57.300.000
3.715.752 58.800.000
3.421.455 82.200.000
3.419.182 15.800.000
3.210.081 31.100.000
3.163.349 184.000.000
A Figura 11, a seguir, permite uma melhor visualização do uso da Internet nos
primeiros oito países apresentados na Tabela 3.
54
Estados
Unidos
Japão
Holanda
Canadá
Alemanha
Brasil
Ilia
Reino Unido
Figura 11 - Uso da Internet por países
Abaixo, a Figura 12 analisa a porcentagem de uso comparada à população de cada
país apresentado na Figura 11.
Holanda
18%
Estados Unidos
47%
Reino Unido
5%
Alemanha
3%
Japão
9%
Canadá
9%
Brasil
1%
Itália
8%
Figura 12 - Uso da Internet por países, em porcentagem
Nota-se que os Estados Unidos sustenta uma diferença significativa perante os
outros países por apresentar uma rapidez em avanços tecnológicos, fato que, conseqüentemente,
proporciona um aumento das atividades comerciais na Internet. Uma grande aposta foi com o
mercado financeiro que começou a despontar com as companhias ligadas à Internet, com suas
ações em ascensão e dominando cada vez mais a bolsa de valores de Nova York.
55
Estima-se que os números sejam muito diferentes em relação aos outros países
não somente pela população, mas também pela diversidade de classes sociais e, em especial,
pelas culturas diversas.
Constatamos, portanto, que o Brasil, com a segunda maior população dentre os
países selecionados, ainda ocupa uma faixa pequena de computadores hospedeiros, com uma
porcentagem bem abaixo da esperada. Tal fato pode estar relacionado à questão da
distribuição de renda entre a população.
A Tabela 4 mostra que o Brasil conquistou o lugar na faixa de computadores
hospedeiros, na América do Sul.
Tabela 4 - Posição dos hosts na América do Sul em janeiro de 2004
Posição País Hosts
Brasil (.br) 3.163.349
Argentina (.ar) 742.358
Chile (.cl) 202.429
Colômbia (.co) 115.158
Uruguai (.uy) 87.630
Peru (.pe) 65.868
Venezuela (.ve) 35.301
Paraguai (.py) 9.243
Bolívia (.bo) 7.080
10º Equador (.ec) 3.188
Fonte: Comitê Gestor da Internet no Brasil
A Tabela 4 revela que o Brasil ainda se apresenta em destaque perante os países
da América do Sul, em função de sua população ser maior, e talvez por este motivo apresentar
um número maior de hosts, tal como foi compreendido em relação à posição com os Estados
Unidos (Tabela 2), e também por apresentar um maior desenvolvimento cultural entre os
países da América do Sul.
Em acessos domiciliares o Brasil ocupa o lugar de acordo com uma nota
divulgada pelo Ibope (INSTITUTO..., 2004):
56
Os brasileiros bateram mais um recorde em tempo de uso da Internet
em seus domicílios, com 13h58 em agosto. Os dados do painel do
IBOPE//NetRatings indicam que os 12,02 milhões de usuários ativos no
período (11,6 milhões em julho) ficaram menos tempo navegando que os
japoneses, com 14h 26.
Os americanos ficaram em terceiro lugar, com 13h 40. No último ano,
os brasileiros aumentaram o uso domiciliar da Web em 24,1% (foram 11h15
em agosto de 2003), enquanto que nos EUA o aumento foi de 4,1% e no
Japão, 4,4%.
O ponto que mais chama atenção é o fato da velocidade com que este crescimento
ocorre. Se compararmos a difusão da Internet na população com a verificada em outras
mídias, sua curva de adoção é particularmente chamativa (cf. Tabela 5).
Tabela 5 - Curva de adoção da Internet comparada com a de outras mídias
Mídia
Número de anos necessários para se atingir
50 milhões de usuários
Rádio 38
Televisão 16
TV a Cabo 10
Internet 5
Fonte: Zeff e Aronson (2000, p. 5)
Para justificar a utilização da Internet como a mídia que mais cresce, faz-se
necessário utilizarmos o exemplo dos celulares, que atualmente encontram-se no mercado de
aparelhos de telefonia móvel com preços em nível popular e que permitem acesso à Internet,
ou seja, mesmo que muitos indivíduos não tenham como comprar um computador, já podem
acessar a Internet por intermédio de seu celular.
Também é importante ressaltar o crescimento de cyber-cafés, lan houses e outros
espaços alternativos onde pessoas comuns podem usufruir de horas na Internet pagando taxas
por tempo de uso, viabilizando o contato com a rede mundial de computadores.
57
Outro fator relevante é a disponibilidade de acesso a essa ferramenta de
comunicação em muitas escolas estaduais e municipais, possibilitando que pessoas de baixa
renda tenham contato com essa mídia, mesmo que não seja constante.
Embora o Brasil tenha apresentado um crescimento rápido, Ivan Moura Campos,
coordenador do Comitê Gestor da Internet no Brasil e Representante do Ministério da Ciência
e Tecnologia, em entrevista à Revista ComCiência (2004), afirmou que os maiores obstáculos
para a expansão da Internet, atualmente, são a má distribuição de renda e seus efeitos diretos.
Em termos genéricos, a tendência é de crescimento continuado,
dobrando o número de hosts a cada ano, como vem sendo muitos anos.
Este crescimento é ainda limitado ao mercado corporativo e às camadas de
renda mais alta da população. Evitando voltar ao onipresente assunto da
distribuição de renda, a tendência é de queda nos preços de
telecomunicações (que poderiam ser ainda mais baixos, se os estados não
taxassem as empresas com ICMS tão alto - em torno de 40%), assim como
os preços de computadores. Estes poderiam cair ainda mais dramaticamente
com a adoção de arquiteturas mais enxutas como a do computador popular
com software aberto. (REVISTA ComCiência..., 2004).
Zeff e Aronson (2000, p. 9) afirmam que,
Na verdade, o único fator fixo na Internet tem sido seu crescimento,
desenvolvimento, adoção e aceitação fenomenais. Sendo a mais nova mídia
publicitária no pedaço, a web constitui desafios desde sua mensuração,
passando por sua auditoria, a a entrega personalizada de anúncios, mas o
que era promessa e potencial apenas alguns meses é praticado nos dias
atuais com resultados quantificáveis. A cada trimestre acontece o rápido
aumento da população on-line.
2.3 O Perfil do Usuário da Internet
Por meio de uma pesquisa realizada pelo instituto IBOPE//NetRatings em 2004, o
público masculino representa 53,37% e o feminino 46,63%. A metodologia utilizada para
mensurar esses resultados é fruto de uma pesquisa de observação por um tempo médio de
58
exposição durante um mês especificado, neste caso, o mês pesquisado foi novembro de 2004.
O público masculino ficou exposto por 29 horas, 56 minutos e 35 segundos, enquanto que o
público feminino teve uma exposição, baseada no mesmo mês, de 20 horas, 17 minutos e 39
segundos.
Assim, pode-se afirmar com certa confiança que o público masculino acessa com
mais freqüência e por muito mais tempo a rede mundial de computadores.
A Tabela 6 apresenta os números referentes ao perfil do usuário da Internet no
Brasil, baseando-se em pesquisa realizada no mês de novembro de 2004.
Tabela 6 - Perfil do internauta por sexo
Categoria Target
Audiência
Única (000)
Composição
%
Tempo por
Pessoa
Sexo
Masculino 6.108 53,37 29:56:35
Feminino 5.336 46,63 20:17:39
Total Total 11.444 100,00 25:26:38
Fonte: IBOPE//NetRatings
13
Tabela 7 - Perfil dos internautas por grupos de idade (ambos os sexos)
Categoria Target
Audiência Única
(000)
Composição
%
Tempo por
Pessoa
Faixa Etária
(ambos os sexos)
2 – 11 1.270 11,10 07:30:24
2 – 17 3.256 28,45 19:33:04
6 – 11 1.001 8,74 08:50:14
12 – 17 1.986 17,35 27:15:14
12 – 24 4.138 36,16 28:39:22
12 – 34 6.106 53,35 28:15:32
18+ 8.188 71,55 27:47:15
18 - 24 2.152 18,80 29:57:01
18 - 34 4.120 36,00 28:44:37
18 - 49 6.769 59,15 28:16:18
21+ 7.381 64,50 27:07:39
(continua)
(conclusão)
13
Relatório adquirido na loja virtual Ibope.
59
Categoria Target
Audiência Única
(000)
Composição
%
Tempo por
Pessoa
21 - 24 1.345 11,75 27:37:35
21 - 34 3.313 28,95 27:30:22
21 - 49 5.963 52,10 27:31:13
25 - 34 1.968 17,19 27:25:26
25 - 49 4.618 40,35 27:29:22
25 - 54 5.266 46,01 27:11:47
35+ 4.068 35,55 26:49:09
35 - 49 2.650 23,15 27:32:16
35 - 64 3.897 34,05 26:46:31
45+ 2.206 19,27 26:08:45
55+ 770 6,73 25:47:07
55 - 64 599 5,23 25:12:16
65+ 171 1,50 27:49:02
Fonte: IBOPE//NetRatings
14
A Tabela 7 indica um volume de acesso maior na faixa etária que abrange dos 21
aos 35 anos. Esse fato pode ocorrer devido ao acesso no trabalho e por uma estabilidade
financeira, em que as pessoas conseguem ter renda própria e adquirir um computador para
o acesso à Internet. Na faixa etária de 2 a 17 anos observa-se que o volume de acesso tem um
aumento significativo, que pode ser compreendido a partir da questão da descoberta, do algo
novo que a Internet representa para a criança e para o adolescente, em que a facilidade de
comunicação torna-se mais ágil, indo ao encontro das expectativas dessa faixa etária.
Tabela 8 - Perfil masculino - por idade
Categoria Target
Audiência Única
(000)
Composição
%
Tempo por
Pessoa
Faixa Etária -
Público masculino
2 - 11 670 5,85 07:30:38
2 - 17 1.686 14,73 20:51:02
6 - 11 523 4,57 08:53:11
12 - 17 1.016 8,88 29:38:34
12 - 24 2.134 18,65 33:10:31
12 - 34 3.193 27,90 33:41:29
(continua)
(conclusão)
14
Relatório adquirido na loja virtual Ibope.
60
Categoria Target
Audiência Única
(000)
Composição
%
Tempo por
Pessoa
18+ 4.422 38,64 33:24:34
18 - 24 1.118 9,77 36:23:12
18 - 34 2.177 19,02 35:34:52
18 - 49 3.542 30,95 34:55:53
21+ 4.009 35,03 32:33:41
21 - 24 705 6,16 33:18:24
21 - 34 1.764 15,41 34:09:42
21 - 49 3.130 27,35 34:02:45
25 - 34 1.059 9,25 34:43:52
25 - 49 2.425 21,19 34:15:38
25 - 54 2.800 24,47 33:07:34
35+ 2.245 19,62 31:18:15
35 - 49 1.366 11,93 33:53:45
35 - 64 2.128 18,60 31:07:15
45+ 1.279 11,17 28:10:34
55+ 504 4,41 28:23:14
55 - 64 387 3,38 26:29:54
65+ 117 1,02 34:38:08
Fonte: IBOPE//NetRatings
15
Na Tabela 8 observa-se a utilização do público masculino com maior intensidade
em duas faixas etárias: 18+ e 21+, confirmando a pesquisa apresentada por ambos os sexos. O
tempo de acesso nas duas faixas de idade é muito próximo, com alteração de no máximo um
minuto por pessoa. Os dados de acesso por pessoa são interessantes, pois revelam que os
usuários ficam expostos por pelo menos 30 minutos às informações da Internet, tempo
suficiente para navegar em vários portais, mesmo que superficialmente.
15
Relatório adquirido na loja virtual Ibope.
61
Tabela 9 - Perfil feminino - por idade
Categoria Target
Audiência Única
(000)
Composição
%
Tempo por
Pessoa
Faixa Etária -
público feminino
2 - 11 600 5,25 07:30:09
2 - 17 1.570 13,72 18:09:21
6 - 11 477 4,17 08:46:59
12 - 17 970 8,48 24:45:04
12 - 24 2.004 17,51 23:50:40
12 - 34 2.913 25,45 22:18:15
18+ 3.766 32,91 21:11:09
18 - 24 1.034 9,04 22:59:39
18 - 34 1.943 16,98 21:04:58
18 - 49 3.227 28,20 20:57:39
21+ 3.372 29,46 20:39:58
21 - 24 640 5,59 21:22:12
21 - 34 1.549 13,53 19:55:30
21 - 49 2.833 24,75 20:18:39
25 - 34 909 7,94 18:54:26
25 - 49 2.193 19,16 20:00:06
25 - 54 2.466 21,55 20:27:50
35+ 1.823 15,93 21:17:44
35 - 49 1.284 11,22 20:46:34
35 - 64 1.769 15,46 21:32:51
45+ 927 8,10 23:20:42
55+ 266 2,32 20:50:43
55 - 64 212 1,85 22:50:13
65+ 54 0,47 13:02:41
Fonte: IBOPE//NetRatings
16
A Tabela 9 permite observar que a porcentagem de utilização está concentrada na
faixa etária de maiores de 18 anos e o tempo de exposição do público feminino é muitas vezes
menos que o público masculino em 10 minutos, um fato relevante, já que representa 66% de
diferença de uso do público masculino, dado este que deve ser muito considerado pelos
publicitários.
16
Relatório adquirido na loja virtual Ibope.
62
Tabela 10 - Perfil das residências - presença de idade determinada por crianças e jovens
Categoria Target
Audiência Única
(000)
Composição
%
Tempo por
Pessoa
Presença de
crianças e jovens
na residência
Não há 4.920 43,00 30:04:02
Idade: 2 - 17 6.524 57,00 21:57:24
Idade: 2 - 11 3.477 30,38 17:50:48
Idade: 12 - 17 4.342 37,94 25:06:55
Fonte: IBOPE//NetRatings
17
A Tabela 10 apresenta a utilização da Internet por crianças e adolescentes.
Percebe-se que a faixa etária de adolescentes tem um tempo maior de exposição. Estima-se
que este resultado ocorra em função dos programas de “bate-papo” espalhados na Web, tais
como ICQ, e MSN
18
, Messenger Yahoo e salas de bate-papo de provedores UOL, Yahoo,
Terra, Ig, etc.
Tabela 11 - Número de pessoas por residência
Categoria Target
Audiência
Única (000)
Composição
%
Tempo por
Pessoa
Número de moradores
da residência
1 - 2 1.813 15,84 36:52:53
3 - 4 6.389 55,83 24:46:03
5+ 3.242 28,33 20:22:55
Fonte: IBOPE//NetRatings
19
A Tabela 11 mostra o perfil por residências, permitindo aferir que, mesmo
apresentando um número menor de usuários, maior é o tempo de exposição. Assim temos
que: residências com até duas pessoas têm uma taxa de exposição de 45% do total; em
seguida residências com duas a quatro pessoas perfazem 30%; e em último com 25% de
exposição encontram-se as residências com cinco pessoas ou mais.
17
Relatório adquirido na loja virtual Ibope.
18
ICQ e MSN são programas de mensagens e bate papo que permitem uma comunicação instantânea
entre os internautas que estejam conectados a rede, podendo também fazer envio de arquivos, tais como o e-
mail. O nome ICQ representa as palavras “I Seek You” que traduzindo literalmente tem-se “procurando
você”. São programas disponibilizados gratuitamente.
19
Relatório adquirido na loja virtual Ibope.
63
Tabela 12 - Perfil dos usuários por instrução
Categoria Target
Audiência
Única (000)
Composição
%
Tempo por
Pessoa
Educação
Ensino Fundamental 2.498 21,83 16:57:52
Colegial Incompleto 1.200 10,49 25:26:20
Colegial Completo 1.632 14,26 25:47:57
Universidade Incompleta 633 5,53 30:18:20
Curso Técnico 1.600 13,98 32:29:04
Bacharelado 2.196 19,19 26:53:08
Pós-Graduação 1.543 13,49 27:29:59
Sem Resposta 141 1,23 24:54:21
Fonte: IBOPE//NetRatings
20
Na Tabela 12 observa-se que pessoas com cursos técnicos buscam, com maior
freqüência, notícias e assuntos na Internet. O tempo de exposição é o maior, mesmo
comparado a pessoas com um grau de instrução maior, tais como a pós-graduação. O número
de pessoas que não responderam (sem resposta) é alto, fato que dificulta a realização de uma
análise mais criteriosa, baseada apenas nos resultados já quantificados da pesquisa.
Tabela 13 - Perfil dos usuários por ocupação
Categoria Target
Audiência
Única (000)
Composição
%
Tempo por
Pessoa
Ocupação
Auxiliar
administrativo/bancário
/secretária
636 5,56 23:29:00
Trabalhador Manual 14 0,12 05:15:37
Professor ou Educador 928 8,11 27:13:52
Executivo/Diretor/
Gerente
701 6,13 24:46:52
Operário 126 1,10 38:03:44
Dona de Casa 362 3,16 18:45:22
Militar 94 0,82 40:28:35
Especialista/Médico/
Dentista
1.278 11,17 31:46:22
(continua)
20
Relatório adquirido na loja virtual Ibope.
64
(conclusão)
Categoria Target
Audiência
Única (000)
Composição
%
Tempo por
Pessoa
Vendedor 206 1,80 16:23:04
Operador/Digitador 75 0,65 16:26:01
Estudante 1.704 14,89 30:09:49
Técnico/encanador/
eletricista
331 2,90 28:45:24
Autônomo 586 5,12 30:24:01
Aposentado 335 2,93 30:51:41
Outro 413 3,61 27:59:46
Crianças abaixo dos 16
anos
2.556 22,33 17:21:43
Sem Resposta 1.099 9,61 25:23:37
Fonte: IBOPE//NetRatings
21
A Tabela 13 indica o perfil dos usuários por ocupação e, ao observar-se, a partir
da porcentagem na composição, tem-se o resultado de que as crianças ocupam o primeiro
lugar com 22%, os estudantes estão em segundo com 15%, os especialistas em terceiro lugar
com 11% e os que não deram resposta ocupam o quarto lugar com 10%; um número bastante
significativo para análise. Ao observar-se a partir do tempo de uso, percebe-se que os
militares e os operários ocupam o primeiro lugar com 9%, em segundo lugar empatados estão
os aposentados, os autônomos, os técnicos, os estudantes e os especialistas com 7% e em
terceiro lugar encontram-se com 6% os executivos, os professores, os auxiliares
administrativos e outros não especificados.
Dados complexos, como se pôde notar, pois se não fossem os números
poderíamos afirmar que executivos, professores e especialistas ocupam o primeiro lugar em
taxa de uso e por composição, que a priori são as pessoas que estão, ou deveriam estar,
voltadas para a pesquisa e para novas informações constantemente.
Em vista do exposto conclui-se que esses setores não são facilmente seduzidos por
campanhas de marketing, assunto que será retomado nas considerações finais.
21
Relatório adquirido na loja virtual Ibope.
65
CAPÍTULO 3 - DESCONSTRUÇÃO DA
CAPÍTULO 3 - DESCONSTRUÇÃO DA
CAMPANHA NA INTERNET
CAMPANHA NA INTERNET
66
Este capítulo está organizado em três partes. Inicialmente realizar-se-á uma
desconstrução da campanha publicitária da Bosch “Dia dos Pais”, veiculada somente na
Internet no ano de 2002, no período de julho a agosto. Em seguida, serão realizadas as
análises dividindo-se esse objeto em duas partes, sendo a primeira parte dedicada à análise
verbal e a segunda à análise dos elementos não verbais, sem contudo perder o referencial
do todo, como esclarecemos na descrição da metodologia.
3.1 Desconstrução da Campanha Publicitária da Bosch na Internet
Os objetivos principais da empresa Bosch em suas primeiras campanhas
realizadas nessa mídia são: a) colocar a Bosch na Internet com suas marcas e produtos;
b) gerar relacionamentos one-to-one
22
com clientes atuais e internautas, oferecendo
entretenimento e experiências agradáveis do internauta com a marca Bosch; c) transformar os
visitantes em consumidores dos produtos Bosch, ou seja, gerar venda.
Para atingir os objetivos apresentados acima, a Bosch, em parceria com a agência
brasileira especializada em publicidade interativa, a MMCastillo marketing com
interatividade, colocou em prática conceitos de comunicação, tais como: estética do site com
uso selecionado das cores e montagem das imagens por fotos, ilustrações e textos facilitando a
comunicação entre a empresa e o internauta tornando a comunicação agradável para atrair o
público-alvo.
Foram várias as campanhas utilizadas, dentre elas destacam-se como pioneiras: a
comemoração de 75 anos do sistema de injeção a diesel da Bosch; o concurso de jardinagem;
22
Relacionamento one-to-one: relacionamento pessoa a pessoa. Termo muito utilizado no meio
publicitário e mercadológico, trata-se de relacionamentos diretos, buscando identificar pessoa por pessoa,
suas individualidades, anseios e preferências.
67
o concurso de bricolagem I e o Quiz show I. Em 2002 o site foi reformulado e novas
campanhas surgiram para atingir os objetivos propostos pela empresa. Das campanhas
apresentadas nesse momento escolhemos a do Dia dos Pais, veiculada no período de julho a
agosto de 2002, que será analisada na seqüência deste trabalho.
A seguir encontram-se as telas dessa campanha interativa.
Figura 13 - Tela principal do hot site
Figura 14 - Tela lista de presentes
68
Figura 15 - Tela lista de presentes com ícone presentes aberto
Figura 16 - Tela curiosidades
69
Figura 17 - Tela mural do internauta
Figura 18 - Tela testes
70
Figura 19 - Tela perfil dos pais
Figura 20 - Tela com exemplo de perfil
71
Figura 21 - Tela faça seus presentes
Figura 22 - Banner dia dos pais (exemplo 1)
72
Figura 23 - Banner dia dos pais (exemplo 2)
3.2 Desconstrução dos Conteúdos Verbais da Campanha
Nesse primeiro momento, na abordagem da comunicação publicitária,
desconstruiu-se a marca da empresa, que segue exatamente os critérios da publicidade, ou
seja, utiliza-se de objetividade. O nome Bosch é curto, e é facilmente reconhecido, lembrado e
gravado na memória. Trata-se de um nome de fácil leitura e de uso adaptável em qualquer
circunstância, podendo ser utilizado em situações que exigem cores, como também em preto e
branco. A marca também não expressa nenhuma conotação negativa que possa prejudicar a
empresa.
Os textos apresentados visam atuar na reflexão do repertório do público-alvo,
buscando sua atenção, utilizando-se da persuasão, que muitas vezes deparamo-nos com
manipulações para prender o receptor da mensagem, o público-alvo. Alguns dos apelos
encontrados foram:
“Confira as personalidades que um pai pode ter e envie cartões virtuais criados pela Bosch
especialmente para essa data.”
73
“Monte aqui uma lista de presentes personalizada e envie para toda família.”
“Escolha seu presente.”
Na segunda tela encontramos mais apelos:
“Seu dia dos pais será inesquecível!”
“Criar minha lista de presentes.”
“Enviar minha lista de presentes.”
A emoção que o referente coloca na construção do texto fica evidente, pois são
explorados muitos quesitos voltados para os sentimentos (seu presente, sua lista), tornando a
linguagem mais persuasiva, mais sedutora. Cria-se o personagem “pai”, quando é enfatizado
que o “dia dos pais será inesquecível”, visando formar um elo entre o emissor e o receptor.
Toda linguagem se utiliza de recursos para prender a atenção do receptor, para
fazer com que a criação seja concretizada e percebe-se esta intenção no estabelecimento da
relação Bosch e receptor/consumidor.
Os códigos verbais apresentados reafirmam os princípios básicos de um texto
publicitário, ou seja, despertam a atenção do público-alvo, são de fácil processamento e
legibilidade e otimizam a memorabilidade da mensagem.
Para melhor explanação, a mensagem escrita obedece a requisitos funcionais e
formais. Entre os primeiros identificam-se as ligações com a marca, a integração com os
produtos e sua compatibilidade com a imagem, a rapidez de percepção e o poder de impacto.
Portanto, o público receptor da publicidade em análise não é inocente em relação
aos apelos do emissor. Este público interage com o site em anseios pela conquista de
presentes, e também estimulado pela criação de listas e o envio das mesmas para familiares.
O receptor das mensagens desta campanha está inserido em um processo
implícito, ou seja, marca a questão de realizar aquilo que está sendo proposto pelos textos. O
74
seu envolvimento pode ser adaptado a várias personalidades apresentadas na tela do perfil
astral dos pais (Figura 20) podendo se distinguir pela sua personalidade social e cultural.
Evidencia-se a utilização de uma mensagem conativa, pois o leitor é levado em consideração,
ele está implícito no processo de comunicação.
Alguns dos códigos verbaism caráter racional, pois dirigem-se à inteligência,
isto é, ao conteúdo racional da mente. Agem pela persuasão lógica, do que gosta, do que
precisa, do que pode ser adquirido dentro da sua realidade econômica.
“Monte aqui sua lista de presentes.”
A colocação do caráter racional baseia-se na utilização do lado esquerdo do
cérebro humano, mais lógico, formando o eixo sintagmático, onde o receptor decide por meio
dos benefícios prometidos acompanhados das justificativas de racionalidades de consumo.
O caráter emocional também está presente, dirigido ao conteúdo afetivo, com
linguagem carregada de sentimentos, por meio de frases do tipo: “Seu dia dos pais será
inesquecível”. A junção de apelos emocionais e racionais torna o texto cada vez mais
persuasivo, evidencia-se a utilização de “ganchos frios”, utilizados por McLuhan (2001), pois
os códigos verbais são de fácil identificação, interagindo com os objetivos propostos pela
empresa Bosch destacados no início deste capítulo, como por exemplo a construção de
relacionamentos one-to-one.
Sabemos que a publicidade é, também, uma forma de poder simbólico. um
vínculo com a consciência dos receptores e em consonância com os valores da vida
contemporânea em signos da realidade, como por exemplo, aquilo que o receptor pode
concluir logicamente por intermédio do texto. Quando se fala em “sua lista”, o receptor
entende dele mesmo, é a sua característica, é a sua verdade, sua referência, que justifica uma
escolha lógica, pelo efeito do sintagma da relação de contigüidade.
75
O poder da publicidade é um dos mais atuantes e precisos, em que opeso” das
palavras tem grande dimensão de força simbólica. No presente estudo é possível confirmar a
presença do poder simbólico em pleno exercício: sonho, desejo e fantasia constituindo-se,
sem dúvida, em um poder invisível.
A mensagem apresentada poderá ser interpretada pelos receptores nos efeitos que
estes estarão aptos a produzir, ou seja, o que a mensagem pode despertar nos
receptores/consumidores, pois todo ser humano tem sua história de vida, sua educação, sua
família, sua cultura (escolas freqüentadas, igrejas, viagens, etc). A partir de sua variadissima
experiência, vai formando, criando uma porção de conhecimentos e referências históricas,
geográficas, afetivas, profissionais, artísticas, científicas, etc. São valores e conhecimentos
que chamamos de repertório.
Os textos apresentados em mídias (revistas, jornais, rádio, televisão etc.), mesmo
que sejam utilizadas funções persuasivas,o interagem diretamente com o receptor, não
permite uma integração, uma abertura para explicações, para mais conhecimento por meio de
imagens e contato com a própria empresa.
Neste momento da análise verbal da campanha do dia dos pais da empresa Bosch,
evidencia-se o fato de todos os receptores estarem interagindo com a empresa e com várias
informações, sejam elas diretamente ligadas aos produtos, como com curiosidades
apresentadas em relação à comemoração da data específica, de personalidades diversas de
pessoas, enfim, uma integração que seria impossível de ser realizada em outra mídia.
76
3.3 Desconstrução das Formas Gestálticas da Campanha
A intenção de desconstruir as formas da Campanha reveste-se do objetivo de
identificar o potencial comunicativo das imagens apresentadas e quais os efeitos que podem
produzir em seus receptores.
Para proceder à desconstrução dividimos a tela principal em dois momentos, ou
seja, em figuras e temas, destacando as conotações produzidas no receptor.
Figuras: os três atores em pé, um perto do outro, a menina toca o homem no
ombro, todos olham para frente e todos estão sorrindo. A impressão de proximidade é
acentuada pelo fato da menina tocar o homem. Formam, evidentemente, uma família. Não
representam indivíduos ou uma família específica, mas uma família universal.
O homem é o mais importante dos atores e constitui o ponto de identificação dos
leitores. Está colocado exatamente no meio da foto, com a cabeça precisamente no centro
óptico da cena.
Tema e Conotação: Dia dos Pais. O título torna-se o tema, algo que representa
uma situação. Quando o leitor olhar para a imagem ele já terá captado a mensagem central. A
Bosch está relacionada com uma vida familiar feliz.
Vida familiar = felicidade
Segurança = Bosch
Desconstruindo o layout, podemos observar os princípios básicos da elaboração
de um anúncio publicitário. A questão do balanço, que forma uma imagem assimétrica, com
pesos diferentes, mas em suas devidas proporções, combinando no sentido de ordem e
unidade visual. No quesito seqüência observa-se que a logomarca do Mundo Bosch localiza-
77
se no canto superior esquerdo e, descendo progressivamente em diagonal, estaremos movendo
os olhos para a imagem das pessoas que compõem uma família.
Ao abordar-se a questão de unidade no contexto do layout será possível analisar
cada componente do anúncio individualmente, mas com ênfase para as figuras humanas
representando componentes familiares dentro do contexto do tema Dia dos Pais. Portanto,
estão de acordo com as teorias publicitárias de desenvolvimento de um anúncio.
Direcionando-se o foco para a relação entre emissor e receptor, observa-se que a
imagem do pai nos remete a ordem, razão, lei, proteção, independência, coragem e força. A
sociedade impõe certos arquétipos que são freqüentemente acompanhados por uma realidade
de oposição ao passado, onde homens e mulheres se confundem no comando de muitas
atividades que requerem algumas mudanças em conceitos no momento da criação e de
análises.
Observando-se a imagem como um todo, na primeira página do site analisado,
percebe-se a predominância das cores verde, azul e branco. O uso intensivo de cores é um
recurso muito utilizado na criação de campanhas, que provoca reações emocionais e
fisiológicas nas pessoas.
O poder das cores é sustentado pela importância que elas exercem no dia-a-dia
das pessoas. O estudo das cores demonstra resultados no trabalho visual da comunicação. As
cores penetram nos olhos e na consciência do ser humano, onde são percebidas, alcançando
regiões subliminares
23
, para então funcionarem, ou seja, despertarem sensações, vontades,
desejos de consumo
A percepção humana, naturalmente, para a complementação
24
e a organização das
coisas incompletas, busca o equilíbrio das formas perfeitas. Portanto, ao analisar a junção das
cores verde e azul, é provável que o leitor faça sua leitura de acordo com o seu repertório, por
23
Subliminar é a quantidade maior de informação com um menor tempo de exposição.
24
Segundo teorias de Gestalt (apud TISKI-FRANCKOWIAK, 2000, p. 87).
78
meio do qual ele pára, olha, compõe o campo em sua totalidade na mente, compreende e
formula o resultado.
A cor azul tem um grande poder de atração e pode neutralizar inquietações. Isso é
importante na Internet, pois o internauta tem o poder de mudança muito fácil, ou seja, pode
rapidamente migrar para outro site que desperte mais atenção. Sendo assim, o fato de utilizar
a cor azul ajuda a conter a ansiedade e a inquietação do indivíduo. A cor verde, apesar de ser a
cor de equilíbrio, sensitiva, também pode estimular, e aliada à cor branca, remete a um estado
de repouso, proporcionando uma sensação de paz. Essa mistura de cores resulta em sensações
estimulantes nas pessoas e, embora sejam chamadas de cores frias, elas mantém um equilíbrio
com as cores quentes apresentadas pela imagem da família.
As cores aliadas à distribuição das imagens formam um layout, em que a imagem
que emerge do processo é uma estrutura de espaço e o próprio espaço é um todo emergente de
formas, de volumes coloridos e visíveis.
A mensagem e o significado não se encontram na substância física, mas sim na
composição. Por intermédio de uma leitura sintagmática isso se torna mais fácil de entender,
pois a junção das imagens que compõem o quadro vai formando uma relação e se valida de
acordo com o repertório de cada indivíduo.
As imagens de três personagens formam o eixo paradigmático, e de acordo com a
sensibilidade e a história de vida de quem recebe a mensagem, formam-se vários conjuntos:
79
A fotografia exerce um papel importante, em que os caminhos que transformam
as imagens em referenciais de si mesmaso fundamentados em uma credibilidade que é a
credibilidade do virtual. Entendemos a fotografia como cópia do real que passa a ser vista
como representação e interpretação do real. Utilizando-se das teorias de McLuhan (2001)
“sinônimo de ilusão e fantasia”, podemos entender que na era virtual, passa a ser a invenção
do real.
A fotografia, à luz das teorias de Cláudio Kubrusly (1983, p. 28), remete à ilusão
de iconicidade. A verossimilhança é capaz de fazer confundir a imagem e a coisa fotografada,
tornando-se impossível separá-las.
É na relação de similaridade que se identifica a questão familiar, a imagem de um
pai, de uma mãe e de uma filha, denominada puramente de “relações de similaridade
signicas”. O primeiro efeito de um signo es na qualidade de sentimento que ele pode
provocar no intérprete. Dependendo do tipo de signo, esse efeito pode ser perceptível em
maior ou menor medida.
No imaginário social, desprovido de uma abordagem semiótica, no entanto,
permanece forte a associação entre imagem e realidade, como podemos aferir pela
credibilidade dos meios de comunicação.
O grau de influência da fotografia em todas as suas inúmeras variantes e
permutações constitui um retorno à importância dos olhos em nossa vida. Podemos dizer,
então, que o registro fotográfico passa a ser o resultado de uma construção, ou seja, passa por
um processo de elaboração que implica na concentração de elementos significativos que
normalmente encontram-se dispersos no tempo e no espaço. A imagem apresenta uma
narrativa própria.
Evidencia-se o paradigma fotográfico, em que as imagens são produzidas por um
sistema de captação que não se efetiva sem uma máquina específica, denominada máquina
80
fotográfica. Podemos também identificar as imagens que podem ser alteradas por
computadores, utilizando-se programas específicos, que são muito utilizados pelas agências
de publicidade sendo um dos mais conhecidos o programa Photoshop.
Tais programas permitem a equalização das imagens que podem ser acentuadas
em alguns pontos, melhorando a questão da luz, das cores, retirando imperfeições e
ressaltando pontos importantes para a divulgação do produto ou serviço.
A foto apresentada pela campanha da Bosch nada mais é do que uma imagem
“trabalhada”, ou seja, com pontos que foram ressaltados para conferir maior destaque aos
olhos do receptor. A imagem foi modificada propositalmente, utilizando-se de contrastes de
luzes, colocando-a em primeiro plano e inserindo outras imagens menos carregadas de
significados em segundo e terceiro plano.
Na imagem utilizada pela Bosch manifesta-se a representação de uma linguagem
que é composta por meio de códigos culturais e históricos (analogia e semelhança,
iconicidade da fotografia, códigos corporais, cores) o que garante um certo sucesso
comunicativo.
A foto analisada pode ser descrita em três conjuntos:
1. Mostrando dando presenteando vendendo: a posição que os personagens mantêm
com os equipamentos, o gesto de “oferecer”, o sorriso e a inclinação para frente conotam
um oferecimento.
2. Superior inferior: o fato de o homem ser mais alto que a mulher conota a diferença de
força e masculinidade.
3. Sorrisos e felicidade: todos os personagens estão sorrindo e essa observação nos remete à
família, à união e à felicidade. O fato de presentear alguém também gera satisfação e
felicidade e, portanto, podemos ter a conotação de estarem presenteando alguém (até o
próprio receptor).
81
A campanha aborda arquétipos que se mostram importantes para esta análise,
descrevemos o arquétipo de grande pai:
Figura 24 – Arquétipo de grande pai
Figura 25 – Arquétipo de guerreiro
A imagem apresentada pela Bosch apóia-se nesse arquétipo. O pai forte, pai
independente, pai operário, pai homem de negócios.
82
O arquétipo é, em primeiro lugar, o aparecimento latente da visão, do sonho e da
fantasia.o que possam ser utilizados como substitutos de coisas existentes, mas sim se
tornando modelos, fruto de um processo da criação e um desenvolvimento. Na campanha em
questão pode-se considerar o pai como um modelo, partindo do sonho e da fantasia de um
herói, que seria o centro das atenções da família e dos filhos.
A figura do pai como chefe de família é arquetípica. Todo ser humano tem a idéia
do pai como aquele que mantém ordem, dever, responsabilidade, sabedoria, comando, força,
enfim, aquele que conduz uma família.
O uso da imagem de um pai em primeiro plano na campanha Bosch nos remete a
uma determinada reflexão de família perfeita e feliz, por poder materializar o sonho de pai
forte, sábio e em comunhão com sua esposa e filha.
Independente das teorias arquetípicas, é possível fazer uma analogia apenas
identificando a questão analítica do pai como centro das atenções e a posição em que a
imagem de pai ocupa no espaço da tela, em posição central, como o centro das atenções da
mensagem não-verbal.
Desde a infância aprendemos de maneira natural a cultura de “ler” uma imagem.
A representação do dedo indicador movendo-se de um lado para o outro é significado de
“não” para uma criança e este exemplo faz parte do dia-a-dia de qualquer indivíduo
consciente de suas ações. Aprendemos a ler imagens ao mesmo tempo em que aprendemos a
falar. Toda a informação visual é facilmente obtida pelos diversos níveis de experiência direta
do ato de ver. Todos nós somos como uma câmera, todos podemos armazenar e recordar fatos
e dados para nossa utilização, e com grande eficiência utilizar-se disso para nossas
experiências de vida.
Identificamos, portanto, o que envolve toda a tela principal, sejam as cores verde,
azul e branco, seja o equilíbrio que apresenta em relação à disposição das imagens e dos
83
textos, seja a luz que faz brilhar a imagem paterna e familiar como um todo. Esse signo-pai,
no plano conotativo, torna-se símbolo em virtude de uma associação de idéias produzidas e
apresentadas anteriormente.
Como todo pressuposto de comunicação que recai sobre a mensagem analisamos
a imagem da seguinte forma:
a tentativa de evocar um determinado conceito (paternidade)
a tentativa de persuasão do público-alvo (compra)
a tentativa de manter um relacionamento (marca/fidelidade)
Todo o contexto convive e dialoga entre si: o texto escrito, a fotografia, o
desenho, a diagramação e as cores. É uma relação dinâmica com o receptor/consumidor.
A sedução provocada pela imagem desperta interesses relacionados aos sonhos, às
esperanças, às expectativas, às paixões e a outras idiossincrasias.
A afirmação de Joly (1996, p. 20) expressa melhor esta noção: “o que nos
interessa é constatar que aquilo que consideramos imagens mentais conjuga essa impressão
dupla de visualização e semelhança”.
É óbvio que a imagem criada tem toda a intenção de seduzir, por meio dos
sorrisos, da colocação da foto em primeiro plano, “saltando” da tela do computador. Pode-se
dizer que se alguma coisa é utilizada para comunicar, é porque ela pode representar outra
coisa.
A publicidade, neste momento, dirige-se a um tipo de receptor particular com
demonstrações convincentes tanto na linguagem verbal como na não-verbal. Tal fato leva a
refletir sobre a relação do tema estabelecido com a imagem, os fragmentos imagéticos que
compõem o sentido. A utilização de clichês que buscam alcançar um resultado conservador
mesmo dentro de um contexto dinâmico e atual.
84
O conceito de Joly (1996, p. 20) “O que nos interessa na imagem mental é a
impressão dominante de visualização que se assemelha com a da fantasia ou do sonho”
permite refletir sobre a nossa relação simbólica e física com os objetos do mundo dentro de
uma percepção das coisas e das pessoas e que depende da percepção individual.
Os estímulos são percebidos e registrados tal como são apresentados. Neste
momento percebe-se que existe um estímulo de proximidade e continuidade, em que, além de
perceber os objetos e a idéia da imagem que se encontram próximos formando um conjunto,
também exige o princípio de perceber a coisa como um todo, embora muitas vezes o todo não
seja necessariamente a soma das partes, como no caso da campanha analisada, na qual todas
as imagens formam um conjunto, mas não necessariamente precisamos somá-las para obter
um resultado em nosso cérebro.
No contexto desta análise, podemos citar a questão do contraste e da novidade que
as imagens apresentam, criando um formato que chama a atenção, salientado pela expressão
máxima de felicidade dos figurantes apresentando as ferramentas, produtos da empresa em
questão. O conteúdo estimula a percepção imediata, pois é coerente com as informações
contidas no site como um todo e que motiva o receptor à participação e engajamento.
A desconstrução visual busca uma experiência mediante as explorações
envolvendo processos, atividades, funções, atitudes, percepção, compreensão, observação,
descobrimento e reconhecimento por parte de todos os indivíduos.
Afinal, o indivíduo pode formular uma operação mental a partir da sua percepção,
obtendo um comportamento do sistema diferente das suas expectativas.
Sabemos que a função da publicidade é transmitir, por meio de todos os seus
elementos, uma mensagem a ser decodificada pelo receptor e que inicialmente deve prender
sua atenção e interesse, provocando desejo de comprar e consumir aquilo que lhe é oferecido.
O equilíbrio em termos de apelo e motivação para compra, faz da campanha do
dia dos pais um anúncio com conteúdo informativo e emotivo, dosado de forma adequada ao
tipo de necessidade que pretende manipular para obter um efeito cada vez melhor.
85
O processo de comunicação é relativamente simples e mantém as variações
persuasivas, tendo em vista que são aliadas as imagens que apresentam uma situação real de
uma família. Embora não tenha se utilizado de personagens famosos, tais como pessoas que
estão na mídia (novelas, seriados, filmes etc.), apresenta características fortes com predomínio
da beleza física o que se torna um grande atrativo para os olhares do receptor.
Todas as imagens utilizadas nesta campanha foram muito bem escolhidas, tanto as
fotografias como as ilustrações. A utilização de ilustrações infantis, adotada na tela do mural
do internauta (Figura 17) também tem um forte valor emotivo, em que a maioria dos pais
acaba lembrando de desenhos feitos pelos próprios filhos, e pode até mesmo fazê-los lembrar-
se de sua própria infância, buscando momentos de alegria junto ao seu pai.
A imagem do homem forte na figura de um pai se reforça ao longo das telas. Na
tela de testes (Figura 18), a ilustração de um homem, na sua sombra, remete-nos a super-
heróis de histórias infantis, mostra o pai cada vez mais forte e protetor, ressaltando nossa
análise fundamentada em algumas teorias de Jung (1992; 1995).
As imagens, embora apresentem traços muitas vezes infantis, voltadas para o
estilo de desenhos animados, prendem a atenção do receptor pela sua interatividade, pelas
cores utilizadas, pela imagem que representa.
Analisando um diferencial da campanha do dia dos pais da Bosch na Internet,
comparado a outras mídias, pode-se dizer que um filme de 30 segundos, não faria um pai se
mobilizar tanto e obter algumas informações, mesmo que colocadas como curiosidades, tais
como a descrição de seu perfil, montar uma lista, etc.
Nenhuma outra mídia disponível tem a capacidade de envolver emocional e
racionalmente como a Internet, que faz com que seu público receptor possa interagir, buscar
mais informações, mais imagens, ficar mais próximo daquilo que está sendo anunciado.
86
CONSIDERAÇÕES FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
87
Realizar-se-á uma síntese dos resultados encontrados, constituída de
comentários sobre alguns resultados, bem como interpretações sobre as desconstruções
dos capítulos anteriores. Essas considerações serão iniciadas por comentários de caráter
geral da mídia Internet e, na seqüência, apresenta-se a natureza da pesquisa em si, ou seja,
como os resultados da publicidade na Internet podem afetar os modelos de comunicação
entre clientes e empresas (receptores e emissores).
Considerações de Caráter Geral
A partir da pesquisa até aqui conduzida, foi possível chegar a algumas
conclusões de caráter geral, que serão apresentadas a seguir.
A Internet estabelece um novo modelo de comunicação, pois com o advento
das tecnologias de banco de dados e da interatividade entre publicitários e empresas,
empresas e clientes/consumidores que ocorre por meio de mensagens de propaganda,
também é possível fazer um acompanhamento mais próximo dos resultados e da evolução
de interatividade do público-alvo. A Internet apresenta-se como a mais recente opção
tecnológica disponível para esse processo (empresa x consumidor), um processo de
comunicação mais próximo e mais ágil.
O tradicional modelo passivo de comunicação, baseado pelas outras mídias,
estará sofrendo uma revolução provocada pela interatividade dessa mídia. O processo de
comunicação torna-se particular, pois as empresas podem enviar mensagens
personalizadas e o consumidor passa a ter controle sobre o processo de busca e aquisição
88
de informações, ganhando mais poder e tornando-se participante ativo no processo de
comunicação publicitária. Trata-se de um extremo da personalização das mensagens.
A Internet veio para ficar, pois a curva de adoção dessa mídia e a grande
repercussão que tem trazido para o Brasil e o mundo levam a crer que ela chegou em um
momento propício e, mesmo que sofra adaptações no decorrer do tempo, a Internet estará
estabelecida e sólida como uma nova mídia.
A Internet apresenta um crescimento rápido no Brasil, revelando que existe um
grande mercado a ser explorado e estudado por profissionais da área de tecnologia e
publicidade.
Considerações Relativas ao Objetivo Proposto
Respeitadas as limitações e o caráter exploratório da metodologia adotada para
este trabalho, é possível dizer que a aplicação das técnicas de comunicação publicitária
ainda está sendo desvendada na Internet e o seu uso será cada vez mais explorado, talvez
até criando uma nova forma de fazer propaganda.
A Internet tem algumas particularidades que são relevantes no momento da
criação das campanhas, sendo que não pode ser vista como um catálogo eletrônico ou
mesmo uma peça impressa como broadside
25
, mas requer um trabalho com as páginas para
que sejam decil navegação e que não precisem ter ordem lógica, que, na Internet, as
páginas podem ser acessadas aleatoriamente.
A facilidade para a interatividade, a comunicação um-a-um, espaço para
detalhes e um potencial caminho para respostas coloca a Internet como um poderoso
25
Broadside é uma peça publicitária que contém todas as etapas de uma campanha, também utiliza-se
como uma peça contendo informações sobre uma empresa ou produto.
89
instrumento para extrair dos consumidores informações que possam conferir mais
qualidade à comunicação, aos projetos de produtos e serviços e ao atendimento.
É importante ressaltar que, mesmoo possuindo uma ordem lógica, os sites
devem ter organização nas informações, com áreas bem delineadas para os internautas,
preferencialmente atadas a um tema que deve estar presente em todo o si te, como o caso
do dia dos pais da Bosch, que explorou todo o material possível para uma navegação que
envolvesse o receptor/consumidor.
É preciso criar novidade, a sensação de constante novidade tem o propósito de
trazer novamente os internautas para o site em busca de novidades, portanto, o site deve
ser redesenhado com freqüência.
No quesito layout é possível considerar que frases curtas facilitam a leitura
rápida que a Internet proporciona, pois a visualização é rápida. É muito importante manter
a coerência entre imagens, ilustrações e textos, ou seja, a programação visual adotada.
Evitar o uso de clichês comuns, tais como contadores de visitas, excesso de animação,
páginas que aparecem aos poucos, dificultando a navegação e fazendo com que os
internautas passem para outro site com facilidade e rapidez.
Todos esses requisitos foram abordados pela campanha analisada neste
trabalho. A empresa Bosch desenvolve um trabalho de pesquisa e aborda cada vez mais
uma aproximação com o ser humano, buscando, por meio de seus produtos, envolver
pessoas a projetos que melhorem a qualidade de vida dessas pessoas.
Embora a campanha analisada, como toda campanha publicitária, esteja
voltada para a persuasão do público receptor, ela ainda mantém um caráter de informação
e de introspecção, ou seja, tenta trabalhar o inconsciente das pessoas que visitam suas
páginas, incentivando-as para que busquem construir algo, seja com seus produtos, seja
com suas informações, no intuito de construir um repertório mais rico em informações,
90
permitindo que o receptor construa na sua forma original, ou seja, literalmente no seu
sentido, montando peças que agradem a si mesmo e agradem seus familiares, formando
cada vez mais a imagem de uma família feliz.
A construção desse repertório pode ser entendida como uma “experiência
holística” que inclui intensidade, amplitude, profundidade e vínculos entre experiências.
Experiência diferente, pelas formas, pelas cores e pela publicidade apresentada. O enfoque
é holístico porque, além disso, chega ao sentimento que também envolve o enfoque do
pensamento, no qual estão presentes as atitudes do estilo de vida e os grupos de
referências culturais dos indivíduos.
A Internet proporciona uma relação de sentimento intenso, um exemplo
significativoo as salas de bate-papo onde pessoas interagem com intensidade e muitas
vezes criam vínculos emocionais.
Essas experiências estão ligadas ao sistema nervoso do indivíduo, pois
abastecido com experiências o organismo é capaz de aprender a aprender e lidar com
entidades simbólicas, tais como palavras, frases e imagens, como ocorre com a campanha
desconstruída nesta dissertação.
Os receptores ao examinar as palavras, histórias e imagens encontram os
símbolos que abrem caminho para a vida real das suas inteligências “cruas”, buscando
visualizar a interpretação mais intensa, um trabalho do inconsciente. Este raciocínio está
balizado na questão de que os símbolos podem funcionar sozinhos como entidades
significativas, mas totalmente envolvente no plano de expressão e conteúdo, no qual as
análises são efetuadas não somente no plano lexical das palavras e frases, mas também nas
suas formas que envolvem o design, as cores, os espaços e similares.
Entender e dominar esses sistemas simbólicos, controlando o desenvolvimento
e a interpretação, constitui uma tarefa importante na vida dos publicitários que querem
91
trabalhar com a Internet. Afinal, o desafio da publicidade na Internet está em criar
situações, como a ampliação de conceitos empregada na campanha em estudo, pois utiliza
situações de consumo, dicas, informações adicionais e curiosidades, além de trabalhar
com figuras simbólicas impregnadas do nosso cotidiano.
Entende-se que o trabalho efetuado pela agência MMCastillo e a Bosch tenha
sido intuitivo neste sentido, pois utilizou-se da capacidade de simbolizar o universo em
que vivemos.
Neste momento acredita-se que a persuasão, tão utilizada na publicidade, pode
estar mais ou menos visível e também pode estar mascarada em situações que envolvam o
inconsciente dos receptores. O emissor deve ativar todos os recursos possíveis, com a
intenção de levar o outro a acreditar naquilo que a mensagem diz e, ainda, fazer aquilo
que é proposto, e é isso que a campanha realiza com os receptores.
A análise dos dados disponibilizados pela empresa Bosch sobre a campanha
utilizada nesta dissertação, reforça a proposta de afirmar que a Internet caracteriza-se
como a mídia mais interativa, pois a empresa teve a presença de aproximadamente 26 mil
internautas visitando o site durante a campanha do Dia dos Pais, com um retorno de 2 mil
usuários cadastrados, pois não foi possível a identificação dos queo são cadastrados. O
perfil dos usuários condiz com nossa apresentação na fundamentação teórica, reiterada por
uma pesquisa adquirida do Instituto Ibope, que identificou as faixas etárias dos internautas
cadastrados, sendo 38% de 21 a 30 anos e 26% na faixa de 35 a 50 anos. Só para lembrar,
nossa pesquisa identificou um volume de acesso maior na faixa de 21 a 35 anos. Constitui-
se com resultado efetivo da campanha os dados referentes às vendas, que nesse período
tiveram um aumento de 9,7%, bastante significativa em nosso mercado.
Além da excelente margem de aumento nas vendas o que impulsionou a
empresa a manter e melhorar o conteúdo das campanhas realizadas na Internet foram que
64% das pessoas cadastradas autorizaram receber informações sobre a Bosch.
92
Atualmente, de acordo com informações do departamento de marketing e
comunicação da empresa, as campanhas realizadas em mídias consideradas tradicionais,
tais como TV e revistas estão mais voltadas para o social
26
, e a Internet mantém a
interatividade com seu público atuando diretamente com seus produtos e informações que
possam auxiliar os usuários dos mesmos.
Ainda assim a empresa disponibiliza no site institucional o material que
também trabalha com o social, em que a empresa aborda todos os trabalhos realizados
nessa área.
As mudanças no mundo contemporâneo são muito rápidas e isso faz da
Internet um grande veículo de comunicação que requer dos publicitários que querem e
trabalham com esta mídia um estudo e um envolvimento maior com as teorias e mudanças
que ocorrem nesse meio. A Internet muda a forma de fazer publicidade, não falamos mais
em publicidade racional e emocional, mas sim em publicidade interativa, até mesmo
espiritual, como uma abordagem intuitiva, do mais profundo íntimo do ser humano.
A publicidade na Internet ressalta a velocidade das transformações e as
mudanças frenéticas que determinam necessidades e expressões novas e até mesmo
inéditas. Pode-se definir que a publicidade nessa mídia envolve o receptor/consumidor do
produto ou serviço de formao arrasadora que a eficácia da comunicação e o trabalho de
imagem da marca podem sair absolutamente somados deste contexto.
A agilidade na comunicação deve ser a base para empresas e agências que
interagem com o público pela Internet. É uma forma de abordagem real, deixando a
comunicação de massa para a comunicação individualizada, com caráter simbólico de
pessoal, pois produz o sentido de que foi feito para ele (consumidor).
26
Social está voltado a questão da responsabilidade social, atualmente muito difundida dentro da
realidade da empresa. Responsabilidade Social é a relação que a empresa estabelece com seus públicos ao
curto e longo prazo.
93
É importante ressaltar que, muitas vezes, a publicidade na Internet necessitará
do auxílio das outras mídias para obter maiores resultados, até porque, no Brasil ainda não
temos o acesso total dessa mídia por todos os consumidores, principalmente os produtos
ou serviços voltados para a classe social de baixa renda e também para maior divulgação
do próprio site. Portanto, a Internet ainda não é uma mídia totalmente “independente”,
isso não significa que não poderá se tornar uma, num futuro que acreditamos estar muito
próximo.
Estudos Futuros
Durante as investigações sobre o tema tratado nesta dissertação, diversos
outros estudos relacionados ao mesmo foram surgindo e poderiam ser conduzidos para
uma melhor compreensão da Internet e da publicidade e o efeito que podem causar.
Alguns dos temas seriam:
Pesquisa de percepção das mensagens nos receptores.
Estudo dos impactos da Internet nos usuários finais, visando compreender como essa nova
mídia altera seu modo de vida.
Análises mais profundas dos aspectos inconvenientes que as mídias interativas podem
provocar.
Estudos de caso de empresas, mais aprofundados, para examinar o impacto da Internet na
sua comunicação.
Desenvolvimento de panoramas e projeções de melhoramentos que podem contribuir para
o desenvolvimento da Internet na publicidade.
Pesquisa entre publicitários para analisar dados de conhecimentos semióticos não
intuitivos empregados na publicidade.
94
Pesquisa de volume de vendas de empresas que atuaram com comunicação publicitária em
outras mídias e na Internet.
95
REFERÊNCIAS
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