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Frank Zappa, Terje Rypdal
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, Jonh McLaughlin e Pat Metheny
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. Mesmo assim o acervo de
peças de vanguarda
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para a guitarra elétrica ainda é pouco numeroso
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. Devemos pensar a
guitarra elétrica mais como uma derivação, uma ramificação, do que uma evolução; trata-se
de um novo instrumento com muitos recursos tecnológicos, com possibilidades técnicas e
sonoras distintas das do violão.
Dentro da cultura de massa a guitarra elétrica é confundida com o rock
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e a cultura
adolescente. São estigmas e representações que a cultura da mídia soube enfatizar para impor
associações aos produtos do comércio cultural. Procurando evitar tais preconceitos, alguns
compositores de vanguarda e instrumentistas mais esclarecidos percebem a guitarra elétrica
como um instrumento musical possuidor de diversos recursos pouco explorados. É preciso
incentivar essa exploração e experimentação, criar novas formas procedimentos e
representações, no sentido de desenvolver uma vertente de pesquisa e utilização da guitarra
elétrica na música erudita contemporânea brasileira.
Segundo Max Weber (1995), uma racionalização técnica dos elementos da música
ocidental pode ser percebida desde o advento das escalas, acordes e do sistema tonal, até o
desenvolvimento das formas, das estruturas musicais e dos instrumentos adequados à
produção musical. Essa racionalização é percebida também através da tecnologia de
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Pode-se dizer que Robbert Fripp, Frank Zappa e Terje Rypdal tiveram a mesma origem: o rock, mas cada um desenvolveu
uma vertente particular dentro do experimentalismo. Fripp, nos anos 70, utilizou recursos eletrônicos de looping modificando
do envelope sonoro convencional da guitarra. Inventou o "Frippertronics" que fazia sua guitarra soar como um trompete bem
estridente. Frank Zappa estudou com Karlheinz Stockhausen ao lado de figuras como Pierre Boulez e Rogério Duprat. Sua
música contém uma mistura de elementos do rock, do jazz, do free jazz, entre outros para fazer uma obra de crítica à
sociedade ocidental, principalmente a norte-americana. Sua técnica é ruidosa, seu estilo é uma paródia à grande parte dos
gêneros da música comercial. Terje Rypdal é um guitarrista que reformulou os elementos característicos do rock (sonoridade,
riffs, ritmo) aplicando-os em uma ambiência sonora de dispersão rítmica (Berendt, 1987). Sua característica mais marcante é
a de modificar o envelope da guitarra, utilizando uma distorção e um pedal-volume, fazendo um envelope parecido com o do
violino.
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Jonh McLaughlin e Pat Metheny, além das suas produções mais convencionais, utilizaram os recursos tecnológicos da
guitarra elétricas, produzindo algumas peças que têm características não convencionais, que acabaram configurando um
"estilo experimentalista" caracterizado pela: dissolução da rítmica, atonalismo ou pantonalismo, timbrística não
convencional, maior intensidade na execução e maior utilização do ruído como elemento expressivo.
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No conceito de vanguarda entendemos uma prática que esteja disposta a pesquisar-explorar efeitos, sonoridades musicais e
formas, com objetivo de buscar inovações na produção musical.
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Em pesquisa no acervo do Centro de Documentação de Música Contemporânea (CDMC) na UNICAMP, das 43 peças com
guitarra elétrica localizamos apenas uma de compositor brasileiro (Poética I de Aylton Escobar).
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Segundo Cesar (2003) até os anos 70 a guitarra era considerada um instrumento marginal no Brasil desde os anos 50. Foi
rejeitada por diversos setores da música popular brasileira.