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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
A DEMANDA DINÂMICA POR TRABALHO NA INDÚSTRIA DO RIO GRANDE
DO SUL: UMA ANÁLISE A PARTIR DE MICRODADOS
Paulo de Andrade Jacinto
Porto Alegre
2006
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2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
A DEMANDA DINÂMICA POR TRABALHO NA INDÚSTRIA DO RIO GRANDE
DO SUL: UMA ANÁLISE A PARTIR DE MICRODADOS
Paulo de Andrade Jacinto
Orientador: Eduardo Pontual Ribeiro
Tese submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Economia da
Faculdade de Ciências Econômicas
da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul como requisito parcial
para obtenção do título de Doutor em
Economia.
Porto Alegre
2006
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A DEMANDA DINÂMICA POR TRABALHO NA INDÚSTRIA DO RIO GRANDE
DO SUL: UMA ANÁLISE A PARTIR DE MICRODADOS
Paulo de Andrade Jacinto
Tese submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Economia da
Faculdade de Ciências Econômicas
da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul como requisito parcial
para obtenção do título de Doutor em
Economia.
Aprovada em: 27 de março de 2006
Banca examinadora:
_______________________________________
Prof. Dr. Naércio Aquino Menezes Filhoa
USP e IBMEC/São Paulo
_______________________________________
Prof. Dr. Luiz Guilherme Scorzafave
USP/Ribeirão Preto
_______________________________________
Prof. Dr. Giácomo Balbinoto Neto
UFRGS/PPGE
_______________________________________
Prof. Dr. Eduardo Pontual Ribeiro – Orientador
UFRGS/PPGE
4
Aos meus pais, a Carla, ao Pedro Henrique e a Júlia.
5
AGRADECIMENTOS
Imaginei que fazer os agradecimentos após o término dessa pesquisa seria uma tarefa
fácil. Porém, o risco de esquecer de mencionar alguém que tenha prestado uma ajuda,
por menor que tenha sido, a torna árdua. Por isso, gostaria de agradecer a todas as
pessoas, que me ajudaram direta e indiretamente a concluir o doutorado no Programa de
Pós-Graduação em economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Ao meu orientador e amigo, Eduardo Pontual Ribeiro, eu agradeço pela paciência e pela
disposição na sua orientação.
Não posso deixar de agradecer aos meus amigos de longa data como, César Tejada,
Liderau, Valdir e, aos novos, que nesse doutoramento pude usufruir da amizade como
Flávio, Larissa, Sidney, Cassiane, Alexandre, Melody, Livio, Arnildo, Fernando Sabino,
Everton, Tárcio.
Agradeço aos professores e funcionários do PPGE pelo apoio durante todo o curso. Em
particular, gostaria de agradecer ao professor Giácomo Balbinoto Neto, pela indicação
de textos e pelas conversas ao longo de todo o curso sobre economia do trabalho.
Agradeço a Capes e ao CNPq pela bolsa de estudo que permitiu minha dedicação
exclusiva ao programa de doutorado.
A Universidade de Passo Fundo e a Universidade Federal de Alagoas.
A Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Igor, Alexandre e Ricardo
pela disponibilidade dos dados.
Por fim, agradeço a minha esposa Carla pela dedicação, afeto, camaradagem e muita
paciência e, por ao longo desse doutorado, ter me proporcionado dois momentos
especiais, a saber: a chegada do nosso filho Pedro Henrique e da nossa princesinha,
Júlia, que para minha maior felicidade, chegou no momento em que eu concluía a
presente tese.
6
RESUMO
O presente estudo tem como propósito fazer uma análise empírica da estrutura dos
custos de ajustamento do emprego em indústrias no Brasil, a partir de dados
microeconômicos de empresas industriais do Rio Grande do Sul. O estudo é motivado
pelas grandes mudanças no emprego industrial nos anos 90 e 2000 e o fato estilizado de
grande heterogeneidade na flutuação do emprego revelado na literatura de fluxos de
emprego. Inicialmente, identifica-se a existência de diferentes estruturas teóricas para
custos de ajustamento do emprego, que podem ser agrupadas em custos convexos e não-
convexos e funções quadráticas (simétricas) e não lineares. Uma revisão da literatura
empírica revela que poucos estudos no mundo e nenhum usando dados brasileiros
consideram a possibilidade de custos não quadráticos e/ou convexos. A identificação da
estrutura de custos de ajustamento divide-se em metodologias empíricas
complementares. Primeiro, uma metodologia semi-paramétrica de flutuação do emprego
industrial empregando modelos de sobrevivência e matrizes de transição, de modo
inovador no Brasil, para diferenciar se os custos são convexos ou não. Segundo, dentro
de um modelo paramétrico de demanda por emprego usual, permitindo comparações
com a literatura, a estimação de forma funcional da função de demanda com custos de
ajustamento quadrático e linear. Os resultados mostram que o modelo dinâmico com
custos de ajustamento quadrático pode se útil para dar uma idéia da dinâmica do ajuste
do emprego, porém não é o modelo mais adequado. Isso fica evidente a partir do
momento em que os resultados do modelo geral, o qual contempla os custos de
ajustamento quadrático e fixo, demonstram a necessidade de incorporar ambos os
custos. Ao mesmo tempo, os modelos semi-paramétrico sugerem que os custos de
ajustamento não-convexos têm mais apoio nos dados.
Palavras chaves: Custos de ajustamento; Demanda por trabalho; Emprego industrial;
Dados em painel, Modelo de ajustamento parcial.
7
ABSTRACT
The aim of this study is, from microeconomic data from industrial companies of Rio
Grande do Sul, to perform an empirical analysis of the employment adjustment costs in
industries in Brazil. This study is motivated by the changes in industrial employment in
the last and present decades and by the stylized fact of heterogeneity in job flows
revealed in jog flow literature. Initially, is showed the existence of different theoretical
structures to explain employment adjustment costs, which can be classified as convex
and non-convex costs and quadratic (symmetrical) and non-linear functions. An
empirical literature review reveals that few studies in the world, none of them using
brazilian data, consider the possibility of non-quadratic and/or non-convex costs. The
identification of the structure of adjustment costs is split in complementary empirical
methodologies. First, an industrial job flow semi-parametrical methodology that uses
survival models and transition matrixes, innovative in Brazil, to state if the costs are
convex or not. Second, in the context of a usual employment demand parametric model,
allowing comparisons with the literature, the estimation of the quadratic and linear
adjustment costs’ demand function’s functional form. Results show that the dynamic
model with quadratic adjustment can be useful to give a clue about the job adjustment
dynamic, but that it’s not the most adequate one. This stays clear from the moment in
which the results of the general model, which considers the lumpy and quadratic
adjustment costs, show the need of incorporating both of these costs. At the same time,
the semi-parametric models suggest that the non-convex adjustment costs have more
data appeal.
Key words: Adjustment costs; Labor demand; Industrial employment; Panel data;
Partial adjustment model.
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................11
2 MENSURANDO CUSTOS DE AJUSTAMENTOS................................................15
2.1 Introdução..................................................................................................................15
2.2 Custos de ajustamento: uma perspectiva teórica.......................................................16
2.2.1 Modelo geral...........................................................................................................19
2.2.1.1 Custos de ajustamentos quadráticos (simétricos)................................................21
2.2.1.2 Custos de ajustamentos quadráticos (assimétricos).............................................26
2.2.1.3 Custos de ajustamentos piecewise.......................................................................30
2.2.1.4 Custos de ajustamento fixos (lumpy costs)..........................................................37
2.3 Custos de ajustamento: uma perspectiva empírica....................................................42
2.3.1 Modelos dinâmicos de demanda por trabalho a partir de séries de tempo.............42
2.3.1.1 Modelo de ajustamento parcial............................................................................43
2.3.1.2 Estimação da equação de Euler...........................................................................44
2.3.2 Modelos dinâmicos de demanda por trabalho a partir de um painel de dados.......51
2.3.2.1 Estimação da equação de Euler...........................................................................53
2.3.3 Estudos empíricos sobre o Brasil............................................................................56
2.3.4 Uma representação mais geral para custos de ajustamento....................................58
2.3.5 Problemas de agregação.........................................................................................61
2.4 Considerações finais..................................................................................................62
3 A ESTRUTURA DE CUSTOS DE AJUSTAMENTOS E A DINÂMICA DO
EMPREGO NA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO DO RIO GRANDE DO
SUL (1991-2004)............................................................................................................66
3.1 Introdução.................................................................................................................66
3.2 Os dados....................................................................................................................66
3.3 Matriz de transição entre os regimes de emprego.....................................................71
3.4 Modelos de duração do ajustamento do emprego.....................................................76
3.4.1 procedimentos de estimação..................................................................................77
3.4.2 Análise dos resultados............................................................................................80
3.5 Considerações finais..................................................................................................82
9
4 UM MODELO DINÂMICO GERAL DE DEMANDA POR TRABALHO: UMA
APLICAÇÃO PARA O EMPREGO NA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO
DO RIO GRANDE DO SUL (1991-2004)....................................................................87
4.1 Introdução..................................................................................................................87
4.2 Representação empírica do modelo de demanda por trabalho e a estratégia de
estimação.........................................................................................................................87
4.3 Resultados empíricos.................................................................................................92
4.3.1 Os dados.................................................................................................................93
4.3.2 Demanda por trabalho............................................................................................93
4.3.2.1 Modelo com previsibilidade perfeita (ou determinístico)...................................94
4.3.2.2 Modelo estocástico..............................................................................................98
4.4 Considerações finais................................................................................................102
5 CONCLUSÃO...........................................................................................................105
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................107
APÊNCIDE A – Tabela 12..........................................................................................114
APÊNCIDE B – Tabela 13..........................................................................................115
APÊNCIDE C – Tabela 14..........................................................................................116
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Sistematização dos estudos que utilizaram séries de tempo.........................64
Tabela 2 – Sistematização dos estudos que utilizaram um painel de dados...................65
Tabela 4 – Matriz de probabilidades de transição..........................................................73
Tabela 5 – Matriz de probabilidade de transição para o emprego total (1991-2004) –
inatividade (limite zero absoluto)...................................................................................74
Tabela 6 - Matriz de probabilidade de transição para o emprego total (1991-2004) –
inatividade (limite 5%)...................................................................................................75
Tabela 7 - Matriz de probabilidade de transição para o emprego total (1991-2004) –
inatividade (limite 10%).................................................................................................75
Tabela 3 – Distribuição das firmas por tamanho (em %)...............................................84
Tabela 8 – Modelo de duração com a distribuição Weibull para o emprego total – Saída:
com expansão do emprego..............................................................................................85
Tabela 9 - Modelo de duração com a distribuição Weibull para o emprego total – Saída:
com queda do emprego....................................................................................................86
Tabela 10 – Estimativa para demanda dinâmica por trabalho das empresas industriais do
Rio Grande do Sul (1991-2004) – modelos determinísticos.........................................103
Tabela 11 - Estimativa para demanda dinâmica por trabalho das empresas industriais do
Rio Grande do Sul (1991-2004) – modelos estocásticos...............................................104
Tabela 12 - Estimativa para demanda dinâmica por trabalho das empresas industriais do
Rio Grande do Sul (1991-2004) – modelos estocásticos..............................................111
Tabela 13: Resultados do teste de autocorrelação LM para o modelo estocástico.......112
Tabela 14: Estimativas para a validação dos instrumentos...........................................113
LISTAS DE FIGURAS
Figura 1 – Estrutura de custos de ajustamento convexa..................................................18
Figura 2 – Estrutura de custos de ajustamento não-convexa...........................................18
Figura 3 – Pessoal ocupado na produção – indústria geral..............................................68
Figura 4 – Taxa de crescimento do emprego: 1991-I a 2004-I.......................................69
Figura 5 – Taxa de crescimento das vendas reais: 1991-I a 2004-I................................70
Figura 6 – Taxa de crescimento do custo médio do trabalho: 1991-I a 2004-I...............70
11
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos 20 anos, a economia brasileira passou por profundas transformações,
que tiveram impactos diretos e indiretos no mercado de trabalho e, por sua vez, sobre a
demanda por mão-de-obra. O emprego industrial iniciou uma trajetória de declínio a
partir do final da década de 80 e os dados apontam que a indústria brasileira reduziu, no
período de 1985-99, 42,78% de pessoal ocupado na indústria. Segundo Cacciamalli
(2001), no período de 1985 a 1990 o emprego industrial médio teve uma perda da
importância relativa na ordem de 25% e passou a representar 20% entre 1991-95,
atingindo um patamar de 15% em 1999. Essa queda foi contemporânea às grandes
flutuações do salário real e da produção na década de 90, assim como mudanças
competitivas e tecnológicas induzidas pela estrutura comercial e política
macroeconômica, sendo a sua intensidade maior nas regiões metropolitanas mais
industrializadas. Além da redução no emprego industrial, a economia brasileira
experimentou um processo de desconcentração industrial nos anos 90, caracterizado
pelo deslocamento de plantas produtivas entre os estados, pelo qual empresas instaladas
nas regiões Sudeste e Sul deslocaram-se para as regiões Centro-Oeste ou Nordeste.
Concomitantemente a essas transferências ocorreu um redirecionamento dos
investimentos para as regiões Sul, Nordeste e Centro-Oeste. Como decorrência dessas
transferências e redirecionamento dos investimentos, teve-se um processo de
desconcentração do emprego formal
1
.
Ainda nos anos 90, consolidou-se o fato estilizado de que as variações no
emprego nas empresas é substancialmente heterogêneo e apresenta uma dinâmica
diferente do comportamento do emprego agregado (DAVIS; HALTIWANGER, 1999)
2
.
No Brasil, Ribeiro et al. (2004) identificaram que cerca de um terço do emprego
industrial em cada ano cresce ou diminui nas empresas, cuja variação líquida agregada é
de menos de cinco pontos percentuais. Ao mesmo tempo, vários estudos identificaram
que quase toda a realocação de emprego na economia se dá dentro de grupos de
empresa bem limitados, ao invés de caracterizar-se por mudanças entre setores. Para
Hamermesh e Pfann (1996a) estes fatos têm implicações na compreensão dos efeitos de
mudanças nos determinantes do emprego. Para entender melhor o efeito de mudanças
1
Para melhor compreensão desse processo, ver Azevedo e Toneto Júnior (2001).
2
Ao realizar estudos sobre variações no emprego ao nível de empresas para os Estados Unidos, Davis e
Haltiwanger (1999), constataram que durante os períodos de expansão do emprego havia muitas empresas
que estavam reduzindo o emprego, e vice-versa nos períodos de recessão.
12
estruturais, tecnológicas e conjunturais no emprego industrial, além de servir de base e
simulações de efeitos de políticas, como variações no custo do trabalho o mecanismo
mais usado é a estimação de uma função de demanda por trabalho (Barros, Gonzaga e
Corseuil, 2001). Todavia esse mecanismo apresenta sempre uma hipótese para estrutura
de ajustamentos no tempo, que não parece compatível com a heterogeneidade
intrasetorial encontrada. Mas o que leva as firmas a não responderem da mesma forma a
essas mudanças? Uma resposta à indagação pode ser encontrada em Hamermesh e
Pfann (1996a, p. 1264) “…because the firm must incur adjustment costs that are
inherent in the act of changing the amount of the input used [...].
Por custos de ajustamentos entendem-se aqueles custos oriundos de alterações na
quantidade da mão-de-obra empregada na firma. De um modo geral, os custos de
contratação incorporam os custos da firma em anunciar as vagas disponíveis, entrevistar
e selecionar os candidatos e treinar os novos trabalhadores; por sua vez, os custos de
demissão normalmente estão previstos por lei, como o aviso prévio e demais
indenizações. Na teoria econômica, a representação analítica desses custos tem sido
feita por meio de uma função de custos de ajustamento. A mais usual possui a forma
quadrática e simétrica, embora estudos mais recentes tenham empregado uma forma
quadrática e assimétrica. A primeira admite que os custos de ajustamento na contratação
são semelhantes aos da demissão, ao passo que a segunda supõe que esse custos sejam
diferentes. Independentemente da existência ou não de simetria, essas funções
pressupõem que o padrão de ajuste da mão-de-obra é contínuo, suave e sem
movimentos bruscos. A partir do estudo de Hamermesh (1989), funções de custos de
ajustamento alternativas e mais complexas que incorporam custos fixos (lumpy costs)
ou lineares (piecewise costs) vêm sendo adotadas em diversos estudos. A principal
característica dessas funções encontra-se na descontinuidade dos ajustes no emprego, o
que implica uma ausência de ajuste gradual na mão-de-obra e a existência de períodos
de inatividade.
Os modelos dinâmicos de demanda por trabalho incorporam na análise os custos
de ajustamentos da mão-de-obra. Normalmente, supõe-se uma função de custos de
ajustamento e, a partir disso, estima-se a equação de Euler ou uma equação final que foi
obtida após resolver o problema de maximização de lucros (ou minimização de uma
função de custos) da firma. Ao proceder dessa forma, admite-se o conhecimento a priori
do tipo de função de custos de ajustamento. Inúmeros estudos encontrados na literatura
mostram que não existe um consenso com relação à melhor representação analítica e
13
empírica. Apenas se observa que a forma quadrática e simétrica vem sendo aos poucos
abandonada
3
.
Ao invés de focar forma dos custos de ajustamento (quadráticos e simétricos,
quadráticos e assimétricos, custos fixos ou lineares), alguns estudos, como o de
Caballero, Engel e Haltiwanger (1997), Cooper e Willis (2001) e Varejão e Portugal
(2006), levando em consideração a heterogeneidade nas variações no emprego
observadas por Davis e Haltiwanger (1999) e Hamermesh (1989), focalizaram suas
análises para verificar se os custos de ajustamento são convexos ou não-convexos. A
convexidade é caracterizada por ajustes freqüentes, porém com variações no emprego
diluídas ao longo do tempo, ao passo que os custos de ajustamentos são não-convexos
se os ajustamentos são raros e com movimentos bruscos na mão-de-obra empregada,
caracterizando períodos de inatividade e ausência de ajuste. Trata-se de uma forma mais
geral de abordar os custos de ajustamento, uma vez que se busca conhecer a estrutura de
custos sem impor maiores restrições sobre as funções de custos de ajustamento das
firmas.
Na literatura econômica essa questão tem sido tratada através da estimação de
modelos estruturais de demanda por trabalho que incorporam estruturas alternativas de
custos de ajustamento
4
. Os resultados mostram que modelos de demanda por trabalho
não linear, que correspondem à estrutura de custos de ajustamento não-convexa,
ajustam-se melhor aos dados em nível micro. Destaca-se Hamermesh (1989, 1990 e
1992), que examinou dados mensais de firmas individuais no nível da planta,
descobrindo que a série agregada aparentava um ajustamento suave, sem movimentos
bruscos, ao passo que no nível individual da firma o ajustamento do emprego era
extremamente fixo. Contudo, “It is unclear from this growing literature whether there is
one particular nonconvex or asymmetric specification that describes adjustment of
employment demand best”. (HAMERMESH; PFANN, 1996a, p. 1279).
No Brasil, nos estudos de Estevão (1991), Pereira e Gonzaga (1998), Meyer
(1998), Ambrózio (1999), Magnusson (2000) e Gonzaga e Corseuil (2001), admitiu-se
uma função de custos de ajustamento a priori e para as evidências empíricas, utilizou-se
o emprego agregado de diferentes bases de dados. Dada a ausência de evidências ou
estudos em que considerem a possibilidade de especificações alternativas para os custos
3
Para uma boa resenha da literatura empírica, ver Hamermesh (1993) e Hamermesh e Pfann (1996a).
4
Como exemplo, Gonzaga (1993) apresentou um modelo com custos de ajustamento lineares no qual,
após impor algumas restrições, o resultado final é um modelo de ajustamento parcial da demanda por
trabalho.
14
de ajustamento ou para a estrutura de custos de ajustamentos com o uso de dados no
nível de empresas, não é possível identificar se as estruturas de custos possuem um
padrão convexo ou não-convexo. A considerar que, este tipo de estudo não pode ser
levado a cabo com séries agregadas de emprego, faz-se necessário o uso de uma base de
dados em nível de firmas, para que a agregação não altere a identificação do padrão dos
custos de ajustamento das empresas e proporcione uma contribuição aos estudos sobre a
demanda dinâmica por trabalho, que no Brasil ainda são inexistentes. Assim, o presente
estudo tem como propósito fazer uma análise empírica da estrutura dos custos de
ajustamento do emprego em indústrias no Brasil, a partir de dados microeconômicos de
empresas industriais do Rio Grande do Sul, fazendo uso de uma metodologia semi-
paramétrica de flutuação do emprego industrial que compreendem a modelos de
sobrevivência e matrizes de transição para diferenciar se os custos são convexos ou não
e de um modelo paramétrico de demanda por emprego usual, no qual custos de
ajustamento quadrático e linear são considerados como casos particulares.
Os resultados mostram que os modelos semi-paramétrico sugerem que os custos
de ajustamento não-convexos têm mais apoio nos dados e que, o modelo dinâmico com
custos de ajustamento quadrático, muito explorado nos estudos empíricos no Brasil,
pode ser útil para dar uma idéia da dinâmica do ajuste do emprego, porém não é o
modelo mais adequado. Isso fica evidente a partir do momento em que os resultados do
modelo geral, o qual contempla os custos de ajustamento quadrático e fixo, demonstram
a necessidade de incorporar ambos os custos.
De forma a sistematizar a exposição, no Capítulo 2 apresenta uma visão geral dos
modelos dinâmicos de demanda por trabalho em termos teóricos e empíricos. No
capítulo 3 investiga-se se a estrutura de custos de ajustamentos da indústria de
transformação do Rio Grande do Sul é convexa ou não-convexa com o uso de uma
matriz de transição e de modelos de duração do ajustamento do emprego para o período
de 1991 a 2004. No quarto e último capítulo são apresentados os resultados para a
estimação do modelo dinâmico de demanda por trabalho, seja para uma versão em que
se admitem custos de ajustamentos quadráticos simétricos, seja para o modelo geral
proposto por Hamermesh (1992). E, finalmente, as conclusões são expostas.
15
2 MENSURANDO CUSTOS DE AJUSTAMENTOS
2.1 Introdução
A literatura sobre modelos dinâmicos de demanda por trabalho é extensa
5
. Os
estudos foram realizados levando em conta diferentes funções de custos de
ajustamentos, ao passo que outros investigaram ajustamento em relação a diferentes
tipos de trabalho e problemas de agregação. Entre esses estudos encontram-se ainda
aqueles em que a principal preocupação estava no aprimoramento das técnicas
econométricas, seja considerando a hipótese de previsibilidade perfeita (foresight), seja
supondo que expectativas são racionais. Com base nisso pode-se dizer que a literatura
sobre o tema pode ser resenhada levando em conta as funções de custos de
ajustamentos, o tipo de trabalhador ou, ainda, o aprimoramento dos métodos
econométricos. O critério adotado nesta revisão primou pela diferenciação entre as
questões teóricas e os procedimentos econométricos utilizados nos estudos empíricos.
Assim, a seguir, apresentam-se uma revisão para os modelos teóricos, tentando
respeitar a cronologia dos modelos estudados, alguns estudos empíricos encontrados na
literatura e aqueles realizados para o Brasil. Vale destacar que será dada importância
para os modelos que assumiram a hipótese de expectativas racionais, ou seja, modelos
em que a firma define uma trajetória para as condições de demanda com base num
conjunto de informações, a partir do qual escolhe seqüências futuras do emprego que
maximizam intertemporalmente os lucros da firma, o que equivale a admitir que as
condições de mercado das firmas são dadas por um processo estocástico. Diferencia-se
da hipótese de previsibilidade perfeita (foresight), admitida em inúmeros modelos
apresentados na literatura sobre o tema, a qual advoga que a firma possui total
conhecimento dos valores futuros, podendo determinar com exatidão as trajetórias
ótimas do emprego
6
.
1
Para uma boa resenha ver Hamermesh (1993) e Hamermesh e Pfann (1996a).
6
Para a simples diferenciação supor expectativas racionais equivale ao uso de um modelo estocástico, ao
passo que previsibilidade perfeita se reduz a um modelo determinístico.
16
2.2 Custos de ajustamento: uma perspectiva teórica
Na literatura econômica, os modelos estáticos de demanda por trabalho supõem
que a firma pode contratar e demitir trabalhadores sem incorrer em custos significativos.
Contudo, a realidade é bem diferente, já que as firmas quando se deparam com
alterações nas condições de demanda não ajustam imediatamente o seu nível de
emprego. Isso se deve aos custos que são oriundos de variações na quantidade de mão-
de-obra. Esse aspecto passou a ter relevância a partir do estudo de Oi (1962), no qual o
fator trabalho foi considerado um insumo quase-fixo devido à existência de custos de
ajustamento, os quais tem sua origem nas alterações da quantidade de mão-de-obra
empregada da firma
7
8
. De um modo geral os custos de contratação envolvem os custos
da firma em anunciar as vagas disponíveis, entrevistar e selecionar os candidatos e
treinar os trabalhadores; ao passo que, os custos de demissão normalmente estão
previsto em lei, como aviso prévio e demais indenizações.
Segundo Camargo (1996) os custos de ajustar dependem de uma série de fatores.
Um fator muito importante é a estrutura institucional que regula o comportamento do
mercado de trabalho que pode ser compreendido como sendo: i) as normas formais e
informais que determinam a estrutura do contrato de trabalho; ii) os incentivos criados
para agentes e organizações; iii) os sindicatos trabalhistas e organizações patronais e; iv)
o grau e o custo do cumprimento das normas e contratos. Há, ainda, o problema da
incidência, ou seja, quem é o responsável pelo pagamento dos impostos que incidem
sobre a mão-de-obra, o empregador ou o trabalhador. Por ser um aspecto de difícil
mensuração, neste trabalho não estaremos preocupados em verificar o tamanho de cada
uma das fontes dos custos de ajustamento, mas sim em conhecer a estrutura efetiva e
economicamente incidente sobre a empresa de custos de ajustamentos do emprego, na
7
Oi (1962) apresentou algumas análises dos custos de contratação e demissão em que se verificou que os
custos envolvidos eram diferentes (assimétricos). A importância desse resultado para a literatura
econômica, especificamente para economia do trabalho foi esclarecer como e por que as empresas não
ajustavam o nível de emprego imediatamente após alterações no ambiente econômico. Nickel (1986)
apresentou explicações teóricas para este fato e buscou investigar se estas eram consistentes com as
evidências empíricas. A partir desse trabalho, inúmeros estudos como de Hamermesh (1989, 1993, 1996),
Pfann e Verspagen (1989), Pfann e Palm (1993), entre outros, passaram a investigar a estrutura de custos
de ajustamentos, a velocidade e os métodos a serem empregados nas pesquisas, diferentes testes de
funções de custos de ajustamentos, adoção de diferentes métodos e tipos de informações a serem
empregados nos estudos empíricos. De qualquer maneira, abriu-se uma agenda de pesquisa sobre esse
tema.
8
Entre os custos quase-fixos da mão-de-obra podem ser citados por Oi (1962) estão os custos de
contratação e recrutamento (hiring costs); custos de treinamento; os custos de emprego e os custos de
indenização por demissão.
17
qual pode ser tipificado por algumas funções. A forma quadrática e simétrica é a mais
usual, embora alguns estudos tenham empregado uma forma quadrática e assimétrica.
Supõe-se que na primeira os custos de ajustamento oriundos na contratação são
semelhantes aos da demissão, ao passo que a segunda esses custos são diferentes. Além
disso, essas funções pressupõem que o padrão de ajuste da mão-de-obra é contínuo,
suave não apresentando movimentos bruscos. Alternativamente, outras funções de
custos de ajustamento mais complexas incorporam os custos fixos (lumpy costs) ou
lineares (piecewise costs), as quais vêm sendo adotadas em diversos estudos. A
principal característica dessas funções encontra-se na descontinuidade dos ajustes no
emprego, o que implica uma ausência de ajuste gradual na mão-de-obra e a existência
de períodos de inatividade.
Após essa breve descrição das funções de custo de ajustamentos que podem se
encontradas na literatura, uma representação gráfica dessas funções pode ser útil para
um melhor entendimento da diferença entre os ajustamentos. Porém, antes é necessário
considerar que, recentemente, estudos como os de Caballero, Engel e Haltiwanger
(1997) e Cooper e Willis (2001), entre outros, passaram a empregar uma dicotomia mais
geral para designar o tipo de custos de ajustamentos. Tais estudos assumiram que os
custos de ajustamento quadrático simétrico ou assimétrico podem ser considerados
como custos de ajustamento convexo, ao passo que os custos lineares piecewise e fixo
(lumpy) deveriam ser representados por custos de ajustamentos não-convexos. A
diferença fundamental entre esses dois tipos de custos de ajustamentos estaria
condicionada à continuidade ou não do ajustamento do emprego. De modo geral, essa
dicotomia se deve ao fato de que a convexidade caracteriza-se nas situações em que
ocorre um ajuste gradual, suave e, sobretudo, contínuo do emprego; já a não-
convexidade ocorre em situações em que o ajuste do emprego apresenta movimento
brusco e descontínuo. Certamente, verificar qual das funções de custos de ajustamentos
melhor se ajusta é equivalente a tentar saber se a estrutura de custos é convexa ou não-
convexa.
A Figura 1a exibe o comportamento para uma função de custos de ajustamento
convexa. A simetria em torno de
t
N
= 0 indica que, para uma dada variação no
emprego, o custo marginal de aumentar N
t
é igual ao custo de uma redução da mesma
proporção em N
t
. Como pode ser visto na Figura 1b, admite-se a assimetria, na qual os
custos de
t
N > 0 excedem os
t
N < 0 e o custo marginal de aumentar N
t
é diferente
18
do de uma redução em N
t
. A principal implicação está presente na velocidade de
ajustamento que se mostra diferente.
Figura 1: Estrutura de custos de ajustamentos convexa
1.a: Quadrática Simétrica 1.b: Quadrática Assimétrica
Fonte: Hamermesh e Pfann (1996a).
Figura 2: Estrutura de custos de ajustamentos não convexa
2.a: Linear 2.b: Fixos (Lumpy)
Fonte: Hamermesh e Pfann (1996a).
t
N
t
N
)(
t
NC
)(
t
NC
0
0
t
N
t
N
)(
t
NC
)(
t
NC
0
0
19
A Figura 2c ilustra a situação em que os custos de ajustamento são não
convexos. A função de custos de ajustamentos é linear e os custos associados a
mudanças positivas no emprego excedem as negativas (admite-se que os custos de
contratação e demissão são diferentes, ou seja, admite-se a assimetria). Por menor que
seja uma variação em N
t
, induz a custos positivos, porém o custo marginal de um
ajustamento é constante, exceto quando
t
N
= 0, ponto em que não está definido. A
Figura 2d ilustra quando a função de custos de ajustamentos é fixo (ou seja, lumpy). A
descontinuidade observada sugere que as empresas que pertencem a essa categoria
ajustam o seu nível de emprego toda vez que ocorre um grande choque ou uma série de
pequenos choques com o mesmo sinal. A alteração deverá ser suficientemente grande
para evitar novas alterações no nível de emprego.
2.2.1 Modelo Geral
É difícil descrever os modelos dinâmicos de demanda por trabalho sem fazer
algumas suposições. Por isso, nesta subseção, apresenta-se um modelo geral em que a
condição de primeira ordem, a equação de Euler, é derivada após algumas suposições
acerca da função de produção ou sobre o estoque de capital. Supõe-se (i) que as
expectativas são formadas racionalmente
9
, em que E
t
{
} = E
t
{
|
} é o conjunto de
informação disponível no tempo t; (ii) a firma é tomadora de preços em todos os
mercados em que opera; (iii) o insumo trabalho é homogêneo e o único que apresenta
custos de ajustamento. Por simplicidade, a função utilizada descreve os custos de ajustar
o número de trabalhadores. Uma extensão poderia ser apresentada com incorporação
dos ajustamentos nas horas trabalhadas
10
.
Um modelo de demanda por trabalho pode ser derivado de um problema de
maximização de lucros da firma em tempo discreto, dado por:
Max
{}
=
++++++++
+
0
]1)][,([
i
i
ititititititititt
KNCANwKcYpE
ρ
(1)
s.a. ),(
ititit
NKgY
+++
= (2)
9
Na literatura podem ser encontrados modelos em que a hipótese de expectativas estáticas ou
previsibilidade perfeita (foresight) são utilizadas. Para tanto, ver Hamermesh (1993).
10
Para uma revisão sobre custos de ajustamento que incorporam horas trabalhadas ver Hamermesh
(1993), Hogan e Ragan (1995) e Pereira e Gonzaga (1998).
20
onde Y
t+i
é a produção; c
t
é o custo de uso do capital; p
t
é o preço do produto;
ρ
é uma
taxa de desconto; K
t
é o estoque de capital; w
t
é o salário; N
t
é o número de
trabalhadores. A partir das equações (1) e (2) diferentes especificações de modelos
dinâmicos de demanda por trabalho podem ser encontradas, dependendo das hipóteses
admitidas sobre a produção, sobre o estoque de capital, sobre a função de produção,
sobre os custos de ajustamento (CA) e tipos de trabalho
11
. Por exemplo, supondo que a
firma minimiza custos sujeitos a uma função de produção f e que a função de custos de
ajustamento seja contínua, o problema de minimização de custos da firma seria dado
por:
Min
{}
=
++++++
+++
0
]1)][,([
i
i
ititititititt
KNCANwKcE
ρ
(3)
s.a. ),(
ititit
NKfY
+++
= (4)
com as equações (3) e (4) é montado um Lagrange e derivadas as condições de primeira
ordem, ou seja, a equação de Euler na forma:
0
1
1
=
+
++
++
+
+
+
ρ
λ
itit
it
it
itt
N
AC
N
AC
w
N
f
E
. (5)
Uma solução fechada para a equação de Euler é possível após fazer-se uma
aproximação linear, uma vez que a equação é não-linear em N
t
. Assumindo que a firma
não está condicionada a uma função de produção, mas que o estoque de capital é
predeterminado, pode-se encontrar uma segunda especificação do problema de
maximização da firma que é muito comum na literatura sobre demanda por trabalho:
Max
{}
=
+++++
+
0
]1)][([
i
i
itititititt
NACNwYpE
ρ
(6)
11
No que diz respeito ao tipo de trabalho, pode ser classificado em qualificado ou não qualificado,
trabalhador com contrato fixo ou temporário, trabalhador alocado na produção ou alocado fora da
produção.
21
onde ),(
ititit
NKgY
+++
= . A equação de Euler é obtida na derivação da equação acima
com respeito ao fator trabalho:
0
1
1
=
+
+
++
+
+
+
ρ
itit
it
it
itt
N
AC
N
AC
w
N
Y
pE
. (7)
As equações (5) e (7) expressam dois exemplos de diferentes especificações para
demanda de trabalho dinâmica. Assumindo que as firmas operam em mercado em
concorrência monopolística, ou que optam por ajustar horas, ou, ainda, que existem
diferenças no tipo de trabalho, outras equações de Euler poderiam ser derivadas.
Como pode ser observado, nenhuma hipótese foi imposta sobre os custos de
ajustamentos, mas na literatura econômica a hipótese de custos quadráticos tem sido
adotada com muita freqüência, permitindo que equações de demanda por trabalho
dinâmica sejam derivadas e testadas. Nesses modelos, geralmente o nível atual de
emprego pode ser expresso como uma função da produção, dos custos de fatores, do
estoque de capital instalado, entre outras variáveis. De qualquer forma, esses modelos
são a base dos modelos dinâmicos de demanda por trabalho. A seguir serão
apresentados mais detalhadamente os modelos que podem ser derivados sobre diferentes
pressupostos para a função de custos de ajustamentos.
2.2.1.1 Custos de ajustamentos quadráticos (simétricos)
Por conveniência uma série de estudos postula que os custos de ajustamentos
possuem a forma quadrática e simétrica
12
. Embora pareça pouco realista supor simetria
em torno de
N = 0, a adoção desse tipo de custos faz-se necessária para derivar uma
solução fechada na forma de um modelo de ajustamento parcial para a demanda por
trabalho
13
. Como exemplo considere-se que o valor presente descontado do fluxo
esperado de lucros da firma para cada período seja dado por:
12
Decorre desse tipo de custos que, para uma dada variação no emprego, os custos relacionados à
contratação de novos trabalhadores serão os mesmos apresentados na situação de demissão.
13
Sargent (1978) derivou um modelo de ajustamento parcial de demanda por trabalho dinâmico como
uma solução fechada do problema de maximização da firma. Outro exemplo pode ser obtido em Sargent
(1986).
22
+=Π
=
++++++
0
12
]1][)(
2
),([
i
itititititittt
N
b
NwNAFE
ρ
(8)
onde
2
1
2
)(
2
)(
=
tt
NN
b
NAC uma função de custos de ajustamento quadrática,
convexa, continuamente diferenciável e simétrica em torno de
0
=
N . Supondo-se que
a função de produção da firma seja dada por ),(
tt
NAF , em que A
t
> 0 é uma variável
aleatória que representa choques de produtividade ou choques nos preços de venda, ou
representa as condições de demanda da firma e que a produção é estritamente côncava
com relação ao emprego. Diferenciando a equação (8) com relação a N
t
, a condição de
primeira ordem é dada por:
)(
1
)(),(
11 tttttitititN
NNE
b
NNbwNAF
t
+
=
++++
ρ
. (9)
A expressão (9) é a equação de Euler que determina a trajetória ótima para o emprego,
sendo descrita por uma equação em diferenças de segunda ordem, em que o emprego
em t, N
t
, depende do emprego defasado N
t-1
e do emprego esperado E
t
N
t+1
. Ao supor
expectativas racionais, admite-se que a firma conhece que o nível futuro do emprego
N
t+1
é dado pela relação (9) aplicada a uma data (t+1). Dessa forma, o emprego, N
t
, será
uma função do emprego N
t-1
e das expectativas realizadas em t sobre todos os futuros
choques A
t+i
, i
1. Se a função de produção possui a forma:
2
2
),(
ititititit
N
B
NANAF
+++++
= (10)
em que B > 0, a equação (9) pode ser descrita como:
0
1110
=
++
+ ttttt
aNaNNEa (11)
onde
'
0
)1)(( bbB
b
a
+++
=
ρ
,
01
)1( aa
ρ
+
=
e
b
awA
a
tt
t
1
)(
= .
23
Uma solução para a equação (11) pode se encontrada por meio do método de
coeficientes a determinar
14
. Aplicando esse método, a solução definitiva para a
expressão (11) é dada por:
=
+
+=
0
0001
)(
i
itt
i
tt
aEaNN
µµλ
(12)
onde E
t
a
t+i
não é observável, mas, na hipótese de expectativas racionais, pode ser
substituído em t por valores previstos, considerando um processo estocástico. Para fins
de ilustração, considere-se o a
t
como sendo gerado por um processo AR(1), ou:
ttt
aa
ε
α
+
=
1
(13)
onde
ε
t
é um ruído branco e 0 < α < 1. Então:
t
i
itt
aaE
α
=
+
e a equação (12) passa a ser dada por:
)(1
00
0
1
µα
µ
λ
a
NN
tt
+=
(14)
A expressão (14) pode ser utilizada para estimar a demanda por trabalho dinâmica e
fornecer a velocidade de ajustamento do emprego. Versões na forma contínua da
equação (11) e (14) têm sido freqüentemente utilizadas nos estudos empíricos de
Hamermesh (1993) e Pfann e Verspagem (1989), entre outros.
Outra estratégia comum na literatura para derivar a equação de demanda por
trabalho é o uso do modelo linear-quadrático, em que a firma toma a decisão entre
permanecer fora do ponto de equilíbrio de longo prazo ou atingir esse equilíbrio a custas
de um ajustamento mais rápido e dispendioso. A trajetória intertemporal para a variável
de controle é escolhida de forma a minimizar uma função de perda, em geral
representada pela soma de funções quadráticas. O modelo é aplicado no caso de uma
14
Para uma boa revisão do Método de coeficientes a determinar ver Sargent (1986) e Blanchard e Fisher
(1989).
24
firma que determina trajetórias ótimas para as quantidades dos insumos a serem
utilizados na produção de um bem.
Considere-se uma função de perda quadrática dada pela soma dos custos
quadráticos de ajustamentos e dos custos de permanecer fora do equilíbrio de longo
prazo aplicado ao emprego. O problema da firma é:
Min
[
]
=
++++
+
0
2
1
2*
)()(
i
itititit
i
t
NNaNNE
β
(15)
Onde 0 <
β < 1 é a taxa de desconto intertemporal; E
t
é o operador de expectativas
condicionado a toda informação disponível no instante t; a > 0 é o fator que determina a
importância relativa dos custos de permanecer fora do equilíbrio. Assim, o problema da
firma é minimizar o valor presente do seu fluxo esperado de perdas futuras.
Diferenciando (15) com relação
N
t
, obtém-se a equação de Euler para o emprego:
*
11
1
ttttt
NNNNE
β
δ
ββ
=+
Γ
+
(16)
onde
δ
= a
-1
,
Γ
= 1+
δ
+
β
. A equação (16) é um polinômio característico para o
emprego. O polinômio possui raízes reais e distintas. Reescrevendo (16) na forma:
*
121
)1)(1(
ttt
NNELL
β
δ
λλ
=
+
(17)
onde
β
λλ
Γ
=+
21
e
β
λλ
1
21
= . O polinômio possui raízes positivas e, como
0)1)(1(
21
<=
β
δ
λλ
, uma das raízes é maior e a outra, menor que a unidade,
1
21
1
1
βλ
λλ
=<< . Ao contrário da variável N
t
o nível-meta de emprego
*
t
N não é
observável. Assim, considera-se que a meta relaciona-se linearmente com uma variável
estritamente exógena. Supõe-se que ela depende das condições de demanda de mercado
em que a firma vende seu produto, podendo ser descrito por:
ttt
ZN
εα
+=
*
(18)
25
onde
Z
t
são as condições de demanda,
α
representa as relações desejadas entre N
t
e Z
t
e
ε
t
são erros White-noise. Considere que a variável Z
t
segue um passeio aleatório para
fins de ilustração:
ttt
eZZ +=
1
(19)
onde
e
t
é um termo White-noise e Z
t
possui uma tendência estocástica. Substituindo (18)
em (17) e considerando que
)1)(1(
211
β
λ
λ
δλ
= ,0 <
λ
1
.< 1, E
t
ε
t+i
=0, i > 0 e E
t
ε
t
=
ε
t
e que (19) implica E
t
Z
t+i
= Z
t
, i > 0, obtém-se a demanda dinâmica por emprego
acrescidas de termos estocásticos:
tttt
ZNN
ε
β
λ
λ
α
λ
λ
)1)(1()1(
11111
+
+
=
. (20)
A equação (20) pode ser utilizada na estimação da demanda por trabalho. Como
pode ser visto, ela não requer nenhuma informação futura para ser estimada. Contudo,
existe a possibilidade de que Z
t
não seja descrito por um processo AR (1), mas, sim, por
um processo AR de ordem maior. De qualquer forma, as informações sobre as
condições do mercado tornam-se imprescindíveis na estimação da demanda dinâmica
por trabalho. O produto industrial, as vendas totais e o custo salarial são exemplos de
variáveis que podem ser inseridas dentro do vetor Z
t
.
As expressões (14) e (19) são soluções fechadas que representam a demanda
por trabalho dinâmico e foram derivadas com base na hipótese de que os custos de
ajustamentos são quadráticos e simétricos. Mas, até que ponto assumir que, para uma
dada variação no emprego, os custos relacionados com os custos envolvidos na
contratação de um trabalhador serão os mesmos observados na demissão? Será que
legislação trabalhista e a existência de sindicatos não contribuem para a existência de
diferenças? Talvez o comportamento de algumas firmas possa ser descrito por custos de
ajustamento quadrático simétrico. Porém, pode existir um conjunto de microdados em
que o pressuposto padrão não seja este. Segundo Nickel (1986), não existem razões para
que a função de custos de ajustamentos seja simétrica. Burguess (1988), após estudar o
comportamento do emprego no Reino Unido, encontrou evidências de que a legislação
vigente no mercado de trabalho e o poder dos sindicatos afetavam os custos de
26
demissão. Nesse sentido, as assimetrias nos custos de ajustamento parecem ser um
aspecto inerente do mercado de trabalho, tendo origem nas suas regulamentações.
Segundo Bresson, Kramarz e Sevestre (1993), com o desenvolvimento da abordagem
dos Métodos Generalizados dos Momentos (MGM) a estimação de modelos que não
possuem a forma fechada tornou-se comum e a suposição de simetria deixou de ser a
única a permitir a implementação de testes empíricos para a demanda dinâmica por
trabalho.
2.2.1.2 Custos de ajustamento quadráticos (assimétricos)
De um modo geral, a trajetória dos custos de ajustamento quadrático assimétrico
vai diferir daquela sob o regime simétrico, e as implicações estão presentes na
velocidade do ajuste para um novo nível de equilíbrio. Um modelo para a demanda por
trabalho dinâmico é apresentado em Pfann e Verspagen (1989)
1516
. Embora tenham
admitido custos de ajustamento quadrático, sugeriram a inclusão da hipótese de
assimetria entre as situações de contratação e demissão de trabalhadores. Por ser uma
função mais geral, a forma quadrática tornar-se-ia um caso especial, como pode ser
observado na seguinte expressão:
1)exp()()(
2
++= NNNNc
δγβα
(21)
onde:
α
,
β
, e
δ
são parâmetros; c são os custos e
N é o número de trabalhadores
contratados ou demitidos num período. Analiticamente, os custos de ajustamentos serão
quadráticos quando
α
=
β
=
δ
= 0 e
γ
> 0. Ao impor que
α
= 0 e
β
=
δ
, obtém-se a
seguinte função:
1)exp()()(
2
++= NNNNc
βγβ
(22)
15
Em Hamermesh (1993) são apresentados estudos anteriores ao de Pfann e Verspagen (1989), porém a
importância desse estudo está associada ao uso de microdados para analisar o problema de custos de
ajustamentos assimétricos.
16
Nesse estudo os autores partiram do uso de entrevistas a administradores de recursos humanos das seis
maiores indústrias no setor manufatureiro holandês, visando ter uma idéia melhor da estrutura de custos
de ajustamentos na prática. As entrevistas tinham o objetivo de verificar as decisões das firmas ao mudar
sua força de trabalho e os custos que se originavam dessas mudanças.
27
onde a expressão (22) é uma versão restrita da equação (21) e os custos de ajustamentos
não são simétricos quando
β
0. Se o custo marginal de um ajustamento positivo é
maior do que um custo de ajustamento negativo, então
β
> 0. Ao substituir essa função
de custos em (8), deriva-se uma equação não-linear que pode ser estimada diretamente
via Métodos Generalizado dos Momentos (MGM).
De um modo geral, o estudo de Pfann e Verspagen (1989) não representa a única
forma de tratar de assimetrias nos custos de ajustamentos. Considerando que eles
empregaram a hipótese de trabalhadores homogêneos, a existência de assimetria estava
relacionada aos custos de contratação e demissão desses trabalhadores. Pfann e Palm
(1993) apresentaram um estudo levando em conta que o pressuposto de
homogeneidade
17
dos trabalhadores seria inapropriado e deveria levar a inferências
errôneas se os ajustamentos dinâmicos entre o trabalho e insumos se mostram
diferentes, tomando o caso do setor manufatureiro do Reino Unido e dos Países Baixos.
O modelo partiu de uma firma representativa, que maximiza o valor presente dos lucros
esperados para um horizonte infinito com respeito ao emprego. Em cada período a firma
possui um plano de contingência para n tipos de trabalho
18
N
it
, i = 1,....,n, condicionado
ao estoque de capital predeterminado, salários reais e estoque de informação disponível.
Assim, o produto marginal (
PM) do trabalho i no tempo t é:
=
=
+=
2
1
)(
n
j
ittijtijiit
KNNPM
εκλδ
(23)
onde
δ
i
,
λ
i
, e
κ
i
são parâmetros; K
t
é o estoque de capital da firma em t;
ε
it
representa o
impacto no processo de otimização de choques aleatórios. A especificação dos custos de
ajustamentos assimétricos
(CAA
i
) para trabalho proposta por Pfann e Verspagen (1989)
é uma forma funcional mais geral que permite diferenças entre contratação e demissão,
sendo dada por:
17
A principal contribuição deste trabalho encontra-se na tentativa de verificar a validade da hipótese
homogeneidade da mão-de-obra, freqüentemente utilizada nos modelos de demanda por trabalho, ou seja,
serão os custos de ajustamentos entre trabalhadores alocados na produção diferentes daqueles alocados na
parte administrativa da firma? Nesse sentido, a assimetria se dá não apenas entre contratação e demissão,
mas também entre as categorias utilizadas.
18
Diferentemente de Jaramillo, Schiantarelli e Sembenelli (1993), que verificaram a existência de
assimetria entre as contratações e demissões, Pfann e Palm (1993) estavam interessados em buscar
evidências para assimetrias entre tipos diferentes de trabalhadores.
28
2
)(
2
1
)exp(1)(
itiitiitiiti
NNNNCAA ++=
γββ
(24)
onde
β
i
e γ
i
são parâmetros. O parâmetro
β
i
mede a diferença entre os custos de
contratação e de demissão. Merece destaque que a forma de custos de ajustamentos
quadráticos é aninhada na equação (24). Pfann e Palm (1993) generalizam a equação
(23) assumindo que os custos ajustamentos
CAA
i
dependem dos termos interativos
N
it
N
jt
, j
i. Os custos de ajustamentos marginais assimétricos podem ser expressos
por:
itiitiiiti
NNNCMA
+
=
γ
β
β
]1)[exp()( (25)
Na equação (25) assume-se que os custos de ajustamentos são minimizados quando as
mudanças líquidas no emprego são zero,
N
t
= 0. Assim, a firma busca maximizar o
valor presente real dos lucros esperados no contexto de um horizonte infinito dada toda
informação disponível e avaliável. Portanto, a firma escolhe o nível de emprego que
satisfaz às condições de Euler, dadas por:
[
]
0)|()()(
1
=
+
+itiititiit
NCMAEWNCMANPM
τ
(26)
onde
W
it
é o custo do salário real por trabalhador; τ é uma taxa real de desconto e
t
é o
conjunto de informação disponível para a firma no tempo
t. Trata-se de um modelo sem
solução fechada, no qual a equação acima define a política de emprego da firma em que
as decisões correntes são baseadas em futuras expectativas não observadas.
Recentemente, Alonso-Borrego (1998) apresentou um modelo dinâmico para
demanda de insumos de trabalho em que considerou a existência de três tipos de
trabalho. Partiu-se de um problema de maximização do valor esperado dos fluxos
descontados de lucros reais correntes e futuros. Em cada período
t, a firma escolhe
insumos na forma de trabalhadores permanentes não produção
)(
1
t
N , permanente
produção )(
2
t
N e trabalhadores temporários )(
3
t
N e utiliza capital K
t
. O problema de
maximização da firma em tempo discreto é dado por:
29
∑∑
==
+++++++
0
3
1
1
),(),(
sj
j
st
j
ststststststt
NWNNCAKNFE
ρ
(27)
onde ]|[.
tt
EE = é a esperança matemática dado o conjunto de informações avaliado
pela firma quando escolhe o insumo trabalho no período t; F (.) é a função de produção
de que depende o vetor de insumos; )',,(
321
tttt
NNNN = , K
t
é o estoque de capital;
j
t
W
é o salário real pago ao insumo j, )(
j
t
N ; CA é a função de custos de ajustamentos
definida na forma de taxa de crescimento do insumo trabalho, isto é, CA(N
t
,N
t-
1
)=CA(
lnN
t
). Resolvendo o problema de maximização para )(
j
t
N , j=1, 2, 3, obtém-se
a condição de Euler para cada insumo j:
0
ln
)ln(
ln
)ln(
1
1
1
1
=
+
+
+
t
t
t
j
t
t
j
t
j
t
t
t
N
NCA
N
NCA
N
W
N
F
E
ρ
(28)
A hipótese de assimetria entre os custos de contratação e de demissão foi considerada da
forma que os custos de ajustamentos para uma variação positiva podem diferir dos
custos para uma variação negativa. Imaginando a existência de inter-relações entre os
três tipos de trabalho, o modelo permitiu a possibilidade de ajustamentos cruzados entre
os diferentes tipos de trabalho. Admitiu-se uma especificação empírica para custos de
ajustamentos, expressa num polinomial de terceiro grau em termos de taxa de
crescimento do insumo trabalho:
∑∑
++=
mmmms
s
t
m
tms
m
tm
m
tmmt
NNNNNCA )ln)(ln()ln(
3
1
)ln(
2
1
)ln(
32
γδγ
(29)
onde a assimetria entre os custos de contratação e demissão surge quando 0
j
δ
e os
custos de contratação serão maiores (menores) do que custos de demissão se 0>
j
δ
)0( <
j
δ
. A interação entre os ajustamentos nos diferentes insumos trabalho é captada
pelo parâmetro γ
jk
. Os efeitos das interações poderiam aparecer por causa de mudanças
na composição da força de trabalho, que poderia promover efeitos de ruptura na
30
organização do processo de produção. O impacto do coeficiente γ
jk
seria marginal na
assimetria entre custos de contratação e de demissão; o seu principal efeito estaria
ocorrendo na convexidade da curvatura da função de custos de ajustamentos.
Como pôde ser visto acima, o modelo dinâmico de demanda por trabalho com a
hipótese de assimetria, seja para custos de contratação e demissão para trabalhadores
homogêneos, seja para diferentes tipos de trabalhadores, mostra-se mais complexo se
comparado com modelos quadráticos simétricos. Isso está presente quando se observa
que a equação a ser estimada para alguns estudos está na forma de uma solução fechada,
ao passo que em outros é apresentada uma equação de Euler
19
. Porém, independente da
hipótese de custos de ajustamento quadrático, sejam eles simétricos, sejam eles
assimétricos, a característica comum a eles é continuidade do processo de ajustamento.
Contudo, mais recentemente, alguns estudos passaram a empregar funções que
permitem a existência de descontinuidades nesse processo. Os custos de ajustamento
passaram a ser definidos como linear, fixo e quadráticos. A seguir, descrevem-se os
modelos que representam essa mudança no enfoque dos custos de ajustamento e que
viria mais tarde evidenciar o abandono gradual do uso de funções de custos de
ajustamento quadráticas (contínuas).
2.2.1.3 Custos de ajustamento piecewise
A utilização de custos de ajustamentos lineares foi amplamente difundida nos
anos 90 com os trabalhos de Nickel (1986), Bentolila e Bertola (1990), Bertola (1990) e
Saint-Paul (1991), que a empregaram com o objetivo de mensurar os ajustamentos
oriundos das situações em que as firmas contratam, demitem e, às vezes, mantêm a sua
força de trabalho inalterada. Esses custos assumem a seguinte forma:
NcNC
c
= )( se 0
N e NcNC
d
=
)( se 0
N , c
c
> 0, c
d
> 0. (30)
Os coeficientes c
c
e c
d
representam o custo unitário de uma contratação e de demissão,
respectivamente, e a hipótese de assimetria pode ser admitida desde que
dc
cc .
Embora Nickel (1978), Bentolila e Bertola (1990) e Bentolila e Saint-Paul (1994)
19
Além disso, os métodos de estimação também são diferentes, tendo em vista que estimar uma equação
de Euler não-linear é diferente do procedimento empregado na estimação de uma equação fechada.
31
tenham seus estudos amplamente citados na literatura sobre demanda dinâmica por
trabalho, a seguir será apresentado o modelo de Cahuc e Zylbeberg (2004), tendo em
vista tratar-se de um modelo em tempo discreto e que tem implícita a hipótese de
expectativas racionais. Inicialmente, considerando que os custos de contratar e demitir
influenciam o emprego, a firma deverá tomar as decisões no presente levando em conta
possíveis expansões e recessões na economia
20
.
Supondo a função de produção dada por F(A, N), em que A e N representam
um parâmetro de produtividade e o nível de emprego, respectivamente; que a firma
toma decisões com base na saúde da economia, ou seja, observando os períodos de
recessões (R) e de expansão (E); que o parâmetro A é uma variável aleatória e segue um
processo de Poisson, assumindo dois estados denotado por A
E
e A
R
, com A
E
> A
R
e F
AN
> 0; que a realização de A
E
representa um período expansão econômica, no qual a
produtividade marginal é maior para um dado nível de emprego e a probabilidade de
transição de um período A
E
para um período A
R
é denotado por q
E
e a razão 1/q
E
representa o tamanho médio do período de tempo que a economia se mantém no período
A
E
;
21
que o nível de emprego é considerado constante N
E
e N
R
quando a variável
produtividade assume os valores A
E
e A
R
, respectivamente, e que; N
E
> N
R
indica que as
firmas contratam quando a economia passa de um período de A
R
para A
E
e que ela
demite quando a economia para de A
E
para A
R
. O lucro esperado quando a variável
produtividade é igual a A
E
e A
R
é dado pelas equações:
])([),(
ERREdEEEEEE
NNcqNWNAFr
Π
Π
+
+
=Π (31)
])([),(
REREcRRRRRR
NNcqNWNAFr
Π
Π
+
+
=Π (32)
onde W
E
e W
R
é salário real para os respectivos períodos. Se o nível de emprego é igual
a N
R
e o período A
E
sucede, a firma toma a decisão de contratar tendo em vista a
maximizar o valor do seu lucro líquido esperado em relação aos custos de contratar.
Assim, ela resolve o seguinte problema:
)]([
REcE
N
NNcMax
E
Π (33)
20
Considera-se que a taxa de rotatividade é baixa por conta dos significativos custos de ajustar o
emprego.
21
Essa razão pode ser tratada como uma medida de persistência do período A
E
.
32
onde N
R
é dado.
Por outro lado, se o número de trabalhadores iguala N
E
e o estado A
R
sucede, ela decide
reduzir o emprego, visando maximizar o valor do seu lucro líquido em relação aos
custos de demissão> Para tanto resolve o problema:
)]([
REdR
N
NNcMax
R
Π (34)
onde N
E
é dado. As condições de primeira ordem dos dois problemas são dadas por:
c
E
E
c
N
=
Π
(35)
d
R
R
c
N
=
Π
. (36)
A igualdade nas equações mostra que a firma aumenta sua força de trabalho a partir do
momento em que o lucro marginal de uma contratação excede ao seu custo; em
oposição ela demite os empregados quando o ponto em que a perda marginal devido a
redução apenas cobre o custo c
d
de uma demissão.
As derivadas parciais de Π
E
e Π
R
com respeito ao nível de emprego são dados
por:
]),([
1
E
R
dEEEEN
EE
E
N
cqWNAF
qrN
Π
++
+
=
Π
(37)
]),([
1
R
E
cRRRRN
RR
R
N
cqWNAF
qrN
Π
++
+
=
Π
. (38)
Considerando as condições de otimalidade dadas por (35) e (36), o nível ótimo
N
E
e N
R
satisfaz as seguintes equações:
cEdEEEEN
cqrcqWNAF )(),(
+
+
+= (39)
dRcRRRRN
cqrcqWNAF )(),(
+
= (40)
33
Os valores de N
E
e N
R
correspondem ao nível da demanda por trabalho nos estados A
E
e
A
R
se, e somente se, essas duas equações implicam N
E
> N
R
. Nesse caso, o emprego
aumenta quando a firma passa de um período de recessão para um período de expansão,
sendo o contrário quando ela passa de um período de expansão para um período de
recessão e se mantém constante em todas as outras circunstâncias.
Jaramillo, Schiantarelli e Sembenelli (1993) apresentaram um modelo dinâmico
de demanda por trabalho com custos de ajustamentos assimétrico para analisar as
assimetrias em relação à contratação e à demissão de trabalhadores, cuja função de
custos de ajustamento era descontínua e quadrática. Contudo, diferentemente de Pfann e
Verspagen (1989) e Cahuc e Zylberberg (2004) o modelo permitia obter uma solução
fechada. Considere que os custos de ajustamento são quadráticos e assimétricos e
podem ser representados por um modelo com mudança de regime:
>
=
0
2
0
2
)(
2
2
tt
d
tt
c
t
XseX
XseX
XC
φ
φ
(41)
onde X
t
é a adição bruta para o número de trabalhadores. O modelo básico considerava a
existência de trabalhadores homogêneos e de concorrência perfeita no mercado de
produtos, porém poderia ser ampliado para incorporar concorrência monopolística ou
especificações mais complexas para os parâmetros de custos de ajustamentos. A função
objetivo da firma em tempo discreto é dada por:
jtjt
j
jtjtjtjtjtjtjtjt
j
tt
NwKNfK
f
KvfN
f
NefEV
++
=
++++++++
++++=
0
4
2
3
2
2
1
0
2
)(
2
)[(
β
)]()(
jtjtjtjt
IGXCIq
++++
(42)
onde e
t
e v
t
denota choque estocásticos; w
t
é o salário real; q
t
preço real dos bens de
investimento;
β
o fator de desconto real; K
t
é o capital e I
t
é o investimento bruto.
Analiticamente, se os fatores produção trabalho e capital cooperarem, f
4
deveria ser
positivo. O produto marginal do capital e trabalho é decrescente, esperando-se que f
1
e f
3
34
sejam positivos. Se houver contratações brutas (X
t
> 0), a equação de Euler para o
emprego é dado por
0)]('[
1410
=+++
+tttt
c
ttt
XCEwXKfNfef
βθφ
(43)
e combinando (41) e (43) pode-se mostrar que (43) é uma condição de Euler importante
ttttttt
bXCEwNfKffe
=
++>
+
)]('[
11140
βθ
θ
(44)
se houve demissões (X
t
< 0), a equação de Euler é dada por:
0)]('[
1410
=+++
+tttt
d
ttt
XCEwXKfNfef
βθφ
(45)
A equação (45) é uma condição de Euler importante se e
t
< b
t
. A solução fechada
para as equações de Euler (43) e (45) pode ser encontrada após descrever como será
tratado o termo )]('[
1+tt
XCE . Para tanto, definiram B como uma variável aleatória de
modo que:
tt
d
tt
c
t
XDXDB )1( +=
φφ
(46)
onde D
t
é uma variável dummy, de modo que para todo t temos:
>
=
contráriocaso
Xse
D
t
t
0
0
1
(47)
observando que )()('[
11 ++
=
tttt
BEXCE . A expectativa de B
t+1
pode ser substituída pelo
seu valor atual. Um erro de previsão v
t+1
é inserido e uma variável instrumental deveria
ser usada na estimação. Uma solução fechada para o problema e útil para sua estimação
poderia ser obtida ao se combinar (43) e (45) dentro de uma única equação. Para tanto,
multiplicando (43) por D
t
e (45) por (1-D
t
), somando as duas expressões encontradas e
depois usando (46) e (47) na equação resultante e rearranjando, obtém-se a seguinte
expressão para demanda por trabalho:
35
ttttttttt
uKXDXDXXwN +
+
+
++=
+++ 411312110
)()(
π
βθ
π
βθ
π
π
π
(48)
onde:
;;;;
1
;
1
4
4
1
3
1
2
1
1
1
0
0
f
f
ffff
f
cd
d
=
====
π
φφ
π
φ
πππ
e
u
t
= e
t
+ v
t+1
A expressão (48) permite testar a existência de assimetria nos custos de ajustamentos.
Por exemplo, impondo que
φ
c
=
φ
d
e
π
3
= 0, a expressão resultante será uma equação de
Euler padrão para demanda trabalho com custos de ajustamentos simétricos. Em virtude
das limitações impostas pelas informações utilizadas no estudo, os autores admitiram
ainda que, nessa formulação e estimação, a taxa de saída,
θ
, é conhecida e constante
22
.
O modelo poderia ser ampliado para incorporar a hipótese de concorrência
monopolística no mercado de produto e para uma especificação mais complexa, em que
φ
c
e
φ
d
não são constantes ao impor que dependeriam da legislação do mercado de
trabalho, da rigidez do mercado ou do poder dos sindicatos. Nesse caso, considerando
que os parâmetros dos custos de ajustamento podem ser descritos pelos seus
determinantes de uma forma linear tal que:
j
t
jjj
t
Z
10
φφφ
+= j = c, d (49)
onde
j
t
Z é um vetor coluna de variáveis explicativas para j ésimo regime e
j
t
φ
um vetor
linha de seus respectivos coeficientes. A equação de Euler pode ser combinada para se
obter:
tttttttt
KXDXDXXwN
411312110
)()(
π
βθ
π
βθ
π
π
π
+
+
++=
+++
ttt
c
ttt
c
ttt
d
ttt
d
t
uDXZDXZDXZDXZ +++
++++++
][)]1()1([
111
'
8111
'
7
βθπβθπ
(50)
onde:
;
1
;;;;
1
;
1
1
7
1
4
4
1
00
3
1
0
2
1
1
1
0
0
d
cd
ff
f
ff
f
ff
f
φππ
φφ
π
φ
πππ
==
====
22
Trata-se de uma forma de contornar problemas que surgiram pela inexistência de informações sobre
taxas de saídas, neste caso, pedido de demissão.
36
.
1
1
1
8
c
f
φπ
= (51)
A equação (50) expressa a demanda por trabalho e a diferença entre ela e a equação (48)
apresenta-se na inclusão de alguns termos que visam capturar as mudanças ao longo do
tempo nos custos de ajustamentos.
Nessa mesma linha, uso de uma função de custos de ajustamento descontínua e
quadrática, Gonzaga (1993) apresentou um modelo com custos de ajustamentos lineares
(piecewise linear). Em seu estudo foram empregadas informações do emprego no nível
da firma para três funções
23
específicas das companhias aéreas americanas. Partiu-se de
um problema de maximização de lucros da firma:
Max
+++
=
++
)](),([
0
ititit
i
itit
i
t
xCNWNZRE
β
(52)
onde E
t
denota expectativas formadas no tempo t; 0 <
β
< 1 é um fator de desconto; R é
operador da função da receita da firma; Z é um choque; W é a taxa de salário real; C é a
função de custos de ajustamentos e x
t
representa mudanças no emprego. A assimetria no
modelo foi introduzida por meio do parâmetro de contratação α
c
, que pode ser diferente
do parâmetro do custo de demissão α
d
. Se α
c
= α
d
, os custos simétricos são aninhados.
2
)0(
2
)0(
1
2
1
1
2
1
)(
txdtxct
xxxC
tt
<
+=
αα
(53)
onde
(.)
1 é uma função indicadora em que a dinâmica é assumida como um modelo
Markow. A função de receita real é dada por:
2
2
1
),(
ttttt
bNNZNZR = (54)
onde Z
t
pode ser visto como um choque ao produto marginal do trabalho no tempo t e b
é um parâmetro de tecnologia. O procedimento adotado foi derivar uma equação de
23
Gonzaga (1993) estudou custos de ajustamentos para as funções de pilots e co-pilots, flight attendants
e mechanics.
37
Euler para cada um dos dois regimes: um regime em que o emprego está aumentando no
tempo t (x
t
> 0) e outro no qual o emprego está decrescendo no tempo t (x
t
< 0).
Assimetria seria obtida se a velocidade de ajustamento (o coeficiente do emprego
defasado) fosse diferente através dos dois regimes. A solução para esse modelo é dada
por:
<++++
>++++
=
∑∑
∑∑
=
=
==
1
0
1
1
0
)2()2(
1
)2(
11
)2(
1
)2(
0
1
0
1
0
1
)1()1(
1
)1(
11
)1(
1
)1(
0
0,
0,
i
t
i
tititt
ii
ttititt
t
xseZcWbNaa
xseZcWbNaa
N
ε
ε
(55)
A expressão (55) constitui o modelo autoregressivo multivariado threshold (TAR). Por
ser um modelo mais geral, Gonzaga (1993) mostra que, ao impor uma restrição para a
igualdade entre os coeficientes AR e as variâncias dos termos de perturbação, a equação
(55) se reduz ao modelo de ajustamento parcial da demanda por trabalho derivado por
Sargent (1978).
2.2.1.4 Custos de ajustamento fixo (lumpy costs)
As funções de custos de ajustamentos quadráticas, sejam simétricas ou
assimétricas, postulam que o processo de ajustamento do emprego após um choque
econômico é continuamente lento e suave. Porém, qual é a garantia de que todas as
firmas têm o mesmo comportamento? Poderão algumas firmas optar pelo não-ajuste?
Existem situações em que os custos de ajustamentos do emprego incluem um
componente que é fixo e não está vinculado ao tamanho do ajustamento
24
. Na literatura
econômica destacam-se os estudos de Hamermesh (1989, 1990, 1993), nos quais o autor
postulou a hipótese de descontinuidade dos custos de ajustamentos em situações em que
24
Como exemplo, considerem-se as atividades anuais de recrutamento do departamento de economia.
Cada universidade possui um procedimento interno a ser adotado quando pretende realizar a contratação
de um professor, sendo algumas mais exigentes em relação a outras. Contudo, elas seguem um ritual que
tem início com o anúncio das vagas, a composição de uma banca julgadora, a revisão dos currículos e
entrevistas com os candidatos (por meio de provas escritas e didáticas) e finaliza com a divulgação do
candidato selecionado. Evidentemente, para algumas dessas atividades existem componentes de custos
fixos que poderiam restringir a contratação de novos professores. Os custos administrativos gerados são
significativos e independem da a opção ser selecionar apenas um professor ou um grupo de professores.
Assim, as situações de inatividade (inaction) por parte da universidade caracterizam a existência de custos
fixos no processo de ajustamento que não são desprezíveis, tendo contribuído para que elas agissem no
sentido de comprimir as contratações ou para a manutenção do emprego no mesmo nível imediatamente
anterior, i.e. N
t
= N
t-1
, o que equivale a supor uma situação de descontinuidade.
38
as firmas estão submetidas a custos fixos positivos quando
N
0, porém não estão
sujeitas a qualquer tipo de custos se
N = 0. Um Modelo na versão contínua, no qual é
admitida a hipótese de previsibilidade perfeita, pode ser descrito considerando que a
função de custos de ajustamentos para o insumo trabalho é dada por:
=
>
++=
00
0||
)(
2
Nse
Nsek
NbNaNC (56)
onde dot denota a taxa de mudança e a, b e k são parâmetros da função de custos de
ajustamentos; k representa o tamanho dos custos fixos de ajustamento e a e b refletem o
tamanho dos custos variáveis. A firma maximiza o fluxo descontado de seus lucros
π
(N), com π’’ < 0, dado por:
+=
T
rT
T
rt
reNdtekNbNaNZ
0
2
]/)([])([
ππ
(57)
onde 0
T
é o ponto em que a firma pará de ajustar demanda de trabalho em
resposta ao choque que ocorreu em t = 0; w é o salário real implícito na função
π
; o
preço do produto é assumido para ser igual a um e N
T
é o valor de N que é escolhido no
tempo endógeno T. Admite-se que N
N
0
. Ao considerar custos de ajustamentos fixos,
k > 0 e b = 0, a firma mantém emprego em N
0
ou seleciona T = 0 e salta,
imediatamente, para N*, valor da demanda de trabalho no equilíbrio de longo prazo,
dependendo se:
[]
r
NN
k
)(*)(
0
ππ
<
>
(58)
A expressão (58) apresenta duas opções para firma e serve como uma regra de decisão:
a firma pode ajustar o número de empregados ou não. O ajuste irá responder às
variações na lucratividade em relação aos custos fixos (como está explícito na equação
(58)). Observe-se que essa especificação assume que custos de ajustamento dependem
das mudanças brutas no número de trabalhadores, ou seja, o modelo pode captar a
inatividade (inaction) no ajustamento do emprego no nível da firma, definido por
39
mudanças zero no número de trabalhadores. A demanda por trabalho pode ser descrita
por:
KNNNN
ttttt
+=
||,
*
111
µ
(59a)
e
KNNNN
ttttt
>+=
||,
*
12
*
µ
. (59b)
O parâmetro K é uma função crescente dos custos de ajustamentos fixos; é o desvio
percentual do emprego do último período do emprego desejado que é necessário para
atingir esses custos de ajustamento fixo;
µ
1t
e
µ
2t
são perturbações com E(
µ
1t
µ
2t
) = 0.
Assim, quanto maior são os custos de ajustamentos, maior deverá ser o gap entre
emprego desejado e o emprego no último período. De qualquer forma, a política de
emprego da firma tem duas dimensões: a primeira está relacionada à escolha de se
ajustar ou não, ao passo que a segunda diz respeito à escolha do emprego no evento do
ajustamento.
Rota (2004) apresentou um modelo dinâmico no qual a firma decidia alterar ou
não o nível de emprego na presença de custos fixos. Para tanto, definiu
]',,[
1 itititit
WNx =
como um vetor de variáveis explicativas, no qual N
it-1
representava
o estoque de trabalhadores no período t, W
it
os salários e,
it
o nível de produtividade.
Considerou que W
it
variava entre as firmas devido aos diferentes níveis de qualificação
dos trabalhadores, o que levou a definir um subvetor das variáveis explicativas,
]',[
ititit
Wz . Admitiu que as firmas estavam sujeitas a choques de produtividade e de
salários, tais como W
it
e
it
, por isso o nível de produtividade e salários específicos
as firmas deveriam se comportar de forma estocástica, seguindo um processo Markow
de primeira ordem com probabilidades de transição dadas por ),|(
1 ititit
dzzp
+
. Definiu-
se, ainda, um vetor de variáveis não observadas ]',[
NA
it
A
it
εεε
, cujos sobrescritos
indicam as escolhas as quais a firma está sujeita, a saber: ajustar o nível de emprego, A,
ou não ajustar, NA. A partir dessas considerações, supôs que cada firma i, a cada ponto
no tempo t, escolhe o nível de emprego, N
t
, de forma a maximizar a seguinte função de
lucro intertemporal:
40
Π
=0
0
t
it
t
E
β
(60)
onde E
0
representa as expectativas condicionadas a todas as informações disponíveis no
período t = 0;
β
é um fator de desconto que varia dentro do intervalo (0,1) e
Π
it
é uma
função de lucro especificada como
25
:
=+
=+
=Π
]|[
]|[
1
NAdNWNeA
AdNWKNeA
it
NA
ititititi
it
A
ititititi
it
iit
iit
ε
ε
α
α
(61)
em que A
i
> 0, 0 <
α
i
< 1; K representa o custo fixo; N
t
é o nível d emprego no período
t; d
it
é um indicador que dá as escolhas que a firma faz em t, a saber: alterar o número
de empregados, A, ou manter o mesmo número de trabalhadores do período anterior,
NA. Para simplificar na derivação das condições de primeira ordem, admitiu-se que os
custos oriundos de ações de contratação e demissão são iguais, ou seja, simétricos.
Expressando o problema de maximização de lucros da firma em termo de uma função
de valor, a escolha discreta ótima, d
it
, deveria satisfazer a seguinte equação de Bellman:
)]()([max),(
1+
++Π=
it
d
t
d
itit
d
N
itit
xVExxV
it
βεε
(62)
onde
++++++
= }|{}|Pr{),()(
111111 itititititit
d
it
d
t
zzpxxVxVE
εε
(63)
em que d
it
= (A, NA). Se a firma optar por ajustar o nível de emprego, a função valor
após tomar essa decisão é dada por:
25
Supõe-se que a correlação serial do termo
ε
é condicional as variáveis observadas no vetor x, sendo
assim, os
ε
s não observados independentes de seus valores passados:
},|{}|Pr{},,|,Pr{
11111 itititititititititit
dzzpxdzz
+++++
=
ε
ε
ε
.
A expressão acima mostra que qualquer correlação serial entre
ε
it
e
ε
it+1
é transferida inteiramente por
meio de x
it+1
. Ao proceder dessa forma, Rota (2004) permite que o número de trabalhadores no próximo
período não esteja condicionado ao comportamento de
ε
it+1
, mas sim, condicionados a escolha discreta d
it
e as variáveis explicativas. Assim, uma maneira do componente não observável afetar o número de
trabalhadores será por meio das decisões que as firmas irão tomar.
41
)}()({max)(
1+
+Π=+
it
A
it
A
N
A
itit
A
xEVxxV
it
βε
(64)
=
+
+Π=+
+++
++
AdzzpxVxP
xVxP
ExxV
itititit
NA
it
NA
it
A
it
A
tit
A
N
A
itit
A
it
*
111
11
|}|{)]()(
)()([
)(max)(
βε
(64’)
em que
*
it
d = A indica a escolha ótima, P
A
(x
it+1
) e P
NA
(x
it+1
) são as probabilidades
condicionais associadas as escolhas. Dessa forma, o valor do ajuste do emprego no
período t depende do lucro corrente mais os benefícios futuros do ajustamento corrente,
que são capturados pelo termo futuro na equação (64). A decisão ótima da firma tem a
seguinte forma:
+ΠΠ
+ΠΠ>
=
++
++
)]}()([)()({)(
)]}()([)()({)(
11
11
*
it
NA
it
A
tit
NA
it
AA
it
NA
it
it
NA
it
A
tit
NA
it
AA
it
NA
it
it
xVxVExxseA
xVxVExxseNA
d
βεε
βεε
. (65)
A equação (65) indica que a firma opta por ajustar o seu estoque de trabalhadores se o
valor dado pelo ajustamento ótimo exceder o valor sem o ajustamento. A decisão ótima
da firma no período t depende da diferença entre os lucros esperados e correntes
associados as duas alternativas de escolha, ou seja, a firma decidirá ajustar o número de
trabalhadores se a diferença entre os termos estocásticos específicos à escolha
)(
A
it
NA
it
εε
for menor do que a diferença entre os lucros (corrente e o esperado). Rota
(2004), ao invés de resolver a equação de Bellman diretamente, optou por reduzi-la
numa forma mais simples, a qual permite estimá-la, chegando a seguinte condição de
primeira ordem:
0
1
11
1
=
+
+
Π
=
+
++
+
it
it
NA
itit
it
NA
it
it
A
it
it
A
it
N
q
Pq
N
P
E
NN
V
βγ
. (66)
Embora pareça estranho, a interpretação da equação (66) é simples. O primeiro termo
do lado direito indica os aumentos no lucro devido a um ajustamento no período
corrente ampliado pelo termo dentro dos colchetes que mostra as conseqüências de
manter este novo nível de emprego em subseqüentes períodos, como resultado da
existência de custos de ajustamento fixo. Para fins de estimação, a representação
42
empírica dessa equação de Euler pode ser obtida usando a primeira linha da equação
(61), a qual permite derivar a seguinte condição de produtividade marginal:
1121
)(
++
++=
ititit
it
vpqW
N
Y
ψψ
(67)
onde
+
=
+
++
+
+
it
it
NA
itit
it
NA
it
it
N
q
Pq
N
P
pq
1
11
1
1
)(
,
α
ψ
1
1
= e
α
βγ
ψ
=
2
em que v
it+1
é um termo de erro.
A equação (67) representa a produtividade marginal ampliada pelo termo (pq)
it+1
que
captura as alternativas de futuros ajustamentos (A) ou não-ajustamentos (NA), oriundo
da presença de custos de ajustamento fixo. Diferentemente das condições de primeira
ordem apresentadas nas subseções anteriores, a contribuição de Rota (2004) para a
literatura sobre esse tema reside na obtenção de uma equação de Euler na presença de
custos de ajustamento fixo.
2.3 Custos de ajustamento: uma perspectiva empírica
Nessa subseção, descrevem-se os procedimentos econométricos utilizados na
estimação dos modelos dinâmicos de demanda por trabalho. Tendo em vista que grande
parte dos estudos empíricos usou séries de tempo na estimação da demanda dinâmica
por trabalho, ao passo que outros empregaram um painel de dados, optou-se, por manter
essa dicotomia ao descrever os procedimentos.
2.3.1 Modelos dinâmicos de demanda por trabalho a partir de séries de tempo
O primeiro e mais simples modelo estimado para conhecer a dinâmica da
demanda por trabalho foi o de ajustamento parcial. Características como a simplicidade
no que tange a sua operacionalização, interpretação dos resultados e por apresentar uma
solução fechada, pela qual permite conhecer a velocidade de ajuste por meio de
defasagens da variável dependente, permitiram o uso do modelo de ajustamento parcial
na estimação da demanda por trabalho de forma ad hoc. Por isso, primeiramente,
43
descreve-se o modelo de ajustamento parcial e, na seqüência, apresentam-se os modelos
mais complexos cujas estimações foram realizadas para as equações de Euler.
2.3.1.1 Ajustamento parcial
26
O modelo consiste em relacionar o emprego corrente, N
t
, ao emprego desejado,
*
t
N , isto é:
)(
*
1 ttttt
NNNNN ==
γ
(68)
onde
γ
é o parâmetro que indica a rapidez como se dá o ajuste entre o emprego desejado
e as variações no emprego corrente,
tt
NN
*
, e 0 <
γ
< 1. Valores próximos de 0 para
γ
indicam um ajuste rápido do emprego, ao passo que valores próximos de 1 indicam
ajuste lento. Rearrajando a equação (68) tem-se:
=
=+=
0
*
1
*
)1()1(
j
jt
j
ttt
NNNN
γγγγ
. (69)
Esta especificação implica a influência do emprego desejado (atual ou passado) no
emprego corrente. O modelo foi utilizado em diversos estudos com o fim de gerar
estimativas do ajustamento do emprego para diferentes países, indústrias e setores.
Hamermesh (1993) apresentou uma série de resultados acerca dos inúmeros estudos
realizados em que utiliza emprego, horas trabalhadas ou ambas as variáveis.
Normalmente, na especificação econométrica, podem, ainda, ser inseridas variáveis
explicativas, a saber: salário e produto. Contudo, tal procedimento pode gerar um
problema de inconsistência dos estimadores de mínimos quadrados ordinários (MQO),
que ocorre em virtude da endogeneidade dos regressores produto e salário, uma vez que
essas variáveis dependem do nível de emprego ou horas e que com a presença do
emprego defasado como um dos regressores dá origem à correlação dos resíduos. A
26
O modelo de ajustamento parcial tem sido utilizado com muita freqüência nos estudos de economia
aplicada como uma forma de descrever o comportamento ótimo quando a firma se defronta com custos de
ajustamentos.
44
maneira mais adequada de solucionar esse problema é por meio do uso de variáveis
instrumentais.
A partir do estudo de Sargent (1978), esse modelo foi derivado como uma
solução ao problema dinâmico de maximização de lucros da firma sob a hipótese de
custos de ajustamentos quadráticos com expectativas racionais. Esse resultado forneceu
o arcabouço teórico que faltava ao modelo de ajustamento parcial como um instrumento
para se compreender melhor a dinâmica da demanda por trabalho, permitindo que fosse
utilizado para fins de comparação com outros modelos mais complexos. A Tabela 1
apresenta um sumário de alguns estudos encontrados na literatura sobre o tema como o
estudo de Kennan (1979), Anderson (1993), Gonzaga (1993), Amano e Wirjanto
(1997), Ambrózio (1999), Pfann (2001) e Gonzaga e Corseuil (2001).
2.3.1.2 Estimação da equação de Euler
Se, por um lado, inúmeros estudos mostram os resultados a partir de um modelo
de ajustamento parcial, há outros que optaram por estimar a condição de primeira ordem
do problema de maximização de lucros, ou seja, a equação de Euler. Como pode ser
visto na Tabela 1, essa opção se estendeu independentemente da função de custos de
ajustamento adotada, seja esta com custos de ajustamentos quadráticos simétrico, seja
para custos de ajustamentos assimétricos. A seguir descreve-se o método utilizado em
dois importantes estudos empíricos sobre demanda por trabalho, nos quais a hipótese de
custos de ajustamentos quadráticos foi utilizada. A estratégia de estimação utilizada por
Kennan (1979) consistiu num procedimento de dois estágios. No primeiro, aplica-se o
método dos mínimos quadrados ordinários em (18) com A(L)Z
t
, no lugar de Z
t
em que
A(L) é um polinômio no operador de defasagens cuja ordem autoregressiva do processo
estocástico gera a seqüência exógena Z
t
. Admite-se que Z
t-j
(j
0) e N
t-1
são
assintoticamente não correlacionados com os resíduos
ε
t
, gerando estimativas
consistentes de
λ
1
.
tttt
ZNN
ε
β
λ
λ
α
λ
λ
)1)(1()1(
11111
+
+
=
(70)
Uma vez conhecida a taxa de desconto intertemporal
β
, obtém-se uma estimativa
consistente de
δ
, dada por:
45
1
11
ˆ
)
ˆ
1)(
ˆ
1(
ˆ
λ
βλλ
δ
=
(71)
Para a estimação dos parâmetros restantes utiliza-se a equação (16). Uma vez que as
variáveis expectacionais EN
t+1
não são observáveis tomam-se os valores subseqüentes
realizados N
t+1
. Como as expectativas são formadas de maneira racional, tem-se que
η
t+1
= N
t+1
– EN
t+1
são erros de predição racionais. Construindo as variáveis
111
)/1(]/)
ˆ
1[(
++
+++=
tttt
NNNS
βββδ
, pode-se estimar
α
por meio de
11 ++
+=
ttt
UZS
β
αδ
(72)
onde
tttt
NU )
ˆ
()/(
1
11
δδβεβδη
+=
++
.
Embora esse procedimento tenha permitido estimar os parâmetros do modelo
linear quadrático, não considerava a possibilidade da existência de raiz unitária nas
séries utilizadas na estimação, o que, certamente, poderia gerar erros de especificação
27
.
Visando contornar esse problema, Dolado, Galbraith e Banerjee (1991) demonstraram
que a existência de raiz unitária nas variáveis que compõem o vetor de condições de
demanda Z
t
afeta a estimação da equação de Euler. A partir daí mostraram que seria
possível utilizar a informação adquirida com os pré-testes da ordem de integração das
séries para aperfeiçoar o procedimento de estimação
28
. Torna-se possível estimar o fator
de desconto intertemporal ao invés de simplesmente assumir que se trata de um
parâmetro conhecido, conforme foi admitido por Kennan (1979). Além disso, os
processos estocásticos que geraram as séries, juntamente com suas respectivas ordens de
integração, têm implicações teóricas importantes para o modelo linear quadrático.
27
Kennan (1979) utilizou o seu procedimento para estimar um modelo de ajustamento de emprego para
dados trimestrais da indústria americana para o período de 1947-69. Os resultados obtidos mostraram um
bom ajuste para as variações no emprego. As estimativas obtidas para o modelo proposto, que
considerava expectativas racionais, também apresentaram um bom resultado, visto que todos os
coeficientes encontrados foram estatisticamente significativos e com os sinais esperados. Ao fazer a
comparação dos resultados entre os dois modelos estimados, observou-se que no procedimento de dois
estágios as estimativas eram diferentes em sua magnitude daquelas encontradas para o modelo de
ajustamento parcial com expectativas estáticas. Se, por um lado, a velocidade de ajustamento era menor,
por outro, a elasticidade emprego obtida foi maior. Segundo esse autor, os resultados mostraram que o
procedimento de dois estágios era superior àquele obtido para o modelo determinístico, no qual se
admitiu a hipótese de expectativas estáticas.
28
Uma simples ilustração pode ser encontrada em Dolado, Galbraith e Banerjee (1991), Amano e
Wirjanto (1997) e Gonzaga e Corseuil (2001).
46
Se Z
t
e N
t
são I(1), pode existir co-integração entre N
t
e Z
t
. Dessa forma, o passo
seguinte é a estimação dos parâmetros
α
29
por meio de regressões estáticas de mínimos
quadrados ordinários em (18), ou pelo método de Johansen (1991)
30
. Assim, a equação
de Euler (16) pode ser utilizada na seguinte na forma:
tttttt
ZUZNNN )
ˆ
(
~
)
ˆ
(
1
1
1
αα
β
δ
α
β
δ
β
++=
+
+
(73)
onde
ttt
NUU )
ˆ
(
~
1
11
δδβ
=
++
. Algumas observações devem ser feitas acerca da
expressão (73): (i) o segundo termo do lado direito são os desvios de relações de longo
prazo, o que o torna semelhante ao modelo de correção de erros de Engle-Granger
(1987); (ii) o resíduo U
t+1
inclui o termo
ε
t
, que compõe os desvios das relações de
longo prazo, v
t
, o que torna os resíduos das regressões correlacionados em (73). As
regressões de mínimos quadrados ordinários nessa equação não geram estimativas
consistentes de
β
e
δ
. Assim, a solução indicada é o uso do método das variáveis
instrumentais, no qual podem ser tomado como instrumentos
N
t-1
ou
Z
t-1
, ou mesmo
algumas de suas defasagens. Uma implicação importante desse procedimento para
análise é que os resíduos da co-integração serão altamente persistentes se os custos de
ajustamento forem elevados e vice-versa. A estimativa de
λ
1
pode ser obtida resolvendo
a equação (71), tomando as estimativas consistentes de β e
δ
:
β
βδβδβ
λ
ˆ
2
]
ˆ
4)
ˆˆ
1[()
ˆˆ
1(
ˆ
2/1
1
++++
=
. (74)
Segundo Amano e Wirjanto (1997), λ
1
pode ser estimado por outro procedimento no
caso das séries se mostrarem I(1), ou seja, não estacionárias. Para tanto, parte-se da
expressão (20), porém com regressores, variável endógena e termo erro I (0).
Rearrajando (20):
29
As estimativas para
α
ˆ
são superconsistentes no sentido de que convergem para seus valores
verdadeiros mais rapidamente do que no caso em que as variáveis são estacionárias.
30
Esse procedimento foi utilizado num estudo para o Brasil em Pereira (1998) e Pereira e Gonzaga
(1998), nos quais foi estimado o modelo linear-quadrático de demanda dinâmico por trabalho com dados
do setor industrial.
47
ttttt
ZZNN
Θ
+
=
α
λ
α
λ
)1(])[1(
1111
(75)
onde
tt
ε
β
λ
λ
)1)(1(
11
=Θ é resíduo White-noise. Com o uso de mínimos quadrados
não lineares na equação (67), obtêm-se estimativas consistentes de λ
1
.
Amano e Wirjanto (1997) fizeram uma análise das versões de ajustamento parcial
para demanda por trabalho proposta por Sargent (1978) e Kennan (1979), na qual
consideraram a hipótese de séries não estacionárias
31
. Testes para raiz unitária e co-
integração foram utilizados e mostraram a necessidade de que a hipótese da não-
estacionaridade fosse respeitada. A equação de Euler foi estimada com o uso do
procedimento GMM proposto por Hansen (1982), no qual se utilizaram como
instrumentos válidos as defasagens da diferença do emprego, do produto e do salário.
Variações desse procedimento podem ser encontradas em Burgess (1988), Engsted e
Haldrup (1994), Pereira (1998), Pereira e Gonzaga (1998), Meyer (1998).
Evidências para custos de ajustamentos fixos (lumpy costs) também foram
obtidas por meio do uso de séries de tempo. Hamermesh (1989) analisou dados mensais
para sete firmas americanas. Embora, graficamente as séries de dados agregados
mostrassem um comportamento suave, individualmente, em nível de firma, o
ajustamento do emprego era totalmente fixo
323334
. Para estimar os parâmetros do
modelo, Hamermesh (1989) adotou o método de switching regression que parte de duas
equações que representam duas decisões dicotômicas, a saber: não ajustar ou ajustar o
emprego.
31
O procedimento acima descrito foi aplicado aos dados de emprego ajustados sazonalmente para o
Canadá para o período de 1967(I) a 1993(IV). Os resultados empíricos mostraram-se favoráveis e
consistentes com a teoria dinâmica, reforçando a importância dos custos de ajustamento para determinar a
demanda dinâmica por trabalho.
32
Supondo que os custos não eram desprezíveis e que as empresas poderiam tomar decisões, seja para
comprimir as contratações, seja para manter o emprego no mesmo nível anterior, isto é, N
t
=N
t-1
, deu
origem a situações de inatividade (inaction) por parte da firma, caracterizando a existência de custos fixos
no processo de ajustamento.
33
A função de custos de ajustamento sugerida foi:
=
>+
=
00
0||)(
)(
2
Nse
NsekNb
NC
t
em que
1
=
ttt
NNN ; b é um parâmetro que mede a velocidade de ajustamento e, analiticamente,
se b = 0, os custos de ajustamentos são fixos. Se, por acaso, os custos fixos são altos ou se o ajustamento
desejado se mostra pequeno, a decisão ótima da firma será manter o mesmo nível de emprego vigente no
período anterior:
ttt
NN
11
ε
+
=
. Em caso contrário, a decisão ótima será ajustar imediatamente o
nível de emprego para o nível ótimo
ttt
NN
2
*
ε
+=
. O modelo é semelhante a um modelo de
switching regression. Dessa forma, as trajetórias geradas pelo modelo não são suaves quando comparadas
as trajetórias obtidas ao supor funções de custos de ajustamentos quadráticos.
34
O processo de ajustamento poderia ser plenamente fixo, ou apenas conter uma parte fixa como mostra a
equação (76).
48
KNNseNN
ttttt
+=
||
*
111
µ
(76’)
KNNseNN
ttttt
>+=
||
*
12
*
µ
(76”)
onde K é uma função crescente do parâmetro de custo fixo, k, e
µ
1,t
e
µ
2,t
são erros com
E(
µ
1,t
µ
2,t
) = 0. Na equação (76), isto é (76’) e (76”), um intervalo de inatividade do
emprego é dado com limites em K, conjuntamente com uma região em que o emprego
pode ser ajustado de forma suave e lentamente. O nível do emprego ótimo,
*
t
N , é
especificado como:
ttt
aXN
ε
+=
*
(77)
onde E(
µ
1,t
ε
t
)=E(
µ
2,t
ε
t
)=0 e X
t
= (Y
t
, t). Assim, o emprego não será alterado se:
)()(
11 ttttt
aXNKaXNK
+
+
ε
(78)
vindo a ser alterado no caso de a equação (78) não ser satisfeita. Denotando por p
t
, a
probabilidade de que a firma saltará para
*
t
N , a probabilidade de não ocorrer o ajuste
seria dada por:
+
+
=
εε
σ
φ
σ
φ
tttt
t
aXNKaXNK
p
11
1
(79)
cuja função verossimilhança a ser maximizada seria dada por
=
=
T
t
p
t
p
t
tt
gg
1
,2
1
,1
)()(
µµ
l (80)
onde g(
µ
1,t
) é a densidade de
µ
1,t
e g(
µ
2,t
) é a densidade de
µ
2,t
. Incerto em relação a
melhor especificação para a equação (77), Hamermesh (1989) adotou duas abordagens
diferentes para estimar
*
t
N :
49
ttt
taYaaN
ε
+++=
310
*
(81’)
e
titttt
taYaYaaN
ε
++++=
+ 3
*
2
*
110
*
. (81”)
Em que
*
1 tt
Y
e
*
1 itt
Y
+
são previsões geradas a partir das estimativas de uma função de
transferência para Y
t
usando todas as informações até t-1;
*
it
Y
+
é a variação nos valores
previstos de Y
*
do período t para t + i. A principal contribuição
35
desse estudo foi
mostrar que os ajustamentos em nível da firma não eram graduais, suaves e, muito
menos, que ocorriam de maneira lenta, sem movimentos bruscos. Além disso,
Hamermesh (1989) mostrou que as variações no emprego em nível das firmas ocorrem
em curtos e diferentes períodos de tempo, sugerindo a existência de uma
heterogeneidade. Procurou dar ênfase a necessidade de serem realizadas mais estudos
empíricos sobre custos de ajustamento do emprego com base em microdados
36
.
Os modelos não lineares também foram empregados para estimar os modelos
dinâmicos de demanda por trabalho, como, por exemplo, evidências de custos lineares
(piecewise) podem ser vistas em Gonzaga (1993), que fez uma análise da existência de
assimetrias nos ciclos de emprego. A assimetria em seu modelo foi introduzida por
meio do parâmetro de custo de contratação α
c
que pode se diferente do parâmetro de
custo de demissão α
d
. Partindo de um modelo de maximização de lucros e considerando
uma função da receita real, inicialmente, derivou-se uma equação de Euler para cada um
35
Os resultados obtidos por Hamermesh (1989) demonstraram que, para dados de firmas individuais, os
custos de ajustamentos não são contínuos e que os custos fixos existentes não são desprezíveis. O mesmo
resultado não foi encontrado após agregar as informações em emprego e produto agregado e aplicar o
mesmo procedimento na estimação do modelo.
36
Inspirado nesses resultados Hildreth e Ohtake (1998) estudaram a demanda por trabalho e a estrutura de
custos de ajustamentos no Japão, especificamente para cinco firmas da indústria de motores de veículos.
As informações utilizadas na estimação da demanda por trabalho e estrutura de custos de ajustamentos
levam em conta os empregos regulares, os empregos em que os contratos de termo de transferência de
curto prazo são considerados e as horas trabalhadas, e o período de análise compreendem de janeiro de
1990 a outubro de 1995. Segundo os autores, a motivação para essa pesquisa reside nas possíveis
diferenças institucionais entre as economias ocidentais e orientais. Os resultados encontrados sugeriram
que o ajustamento do trabalho é contínuo em resposta às variações no produto para todas as empresas e
para uma série que representava uma agregação das informações, ou seja, produto e emprego agregado.
As estimativas da velocidade de ajustamento são elevadas quando comparadas com as encontradas em
outros estudos sobre demanda de trabalho. Isso permitiu concluir que as empresas japonesas promoviam
ajustes contínuos e rapidamente, sem movimentos bruscos. A estimação da equação (76) mostrou que
nenhuma das estimativas de K foi significativamente diferente de zero, ao passo que o modelo no qual era
considerado um ajuste contínuo apresentou uma melhor descrição dos dados. Esse resultado foi oposto ao
apresentado por Hamermesh (1989), no qual os custos de ajustamento em nível da firma eram lumpy.
50
dos dois regimes: um regime em que o emprego está aumentando no tempo t (x
t
0) e
outro em que o emprego está decrescendo no tempo t (x
t
< 0). Nesse modelo a
assimetria
37
é obtida se a velocidade de ajustamento é diferente através dos dois
regimes. O par de equações obtidas constitui um modelo autoregressivo multivariado
threshold (TAR), dado por:
<++++
++++
=
∑∑
∑∑
=
=
==
1
0
1
1
0
)2()2(
1
)2(
11
)2(
1
)2(
0
1
0
1
0
1
)1()1(
1
)1(
11
)1(
1
)1(
0
0,
0,
i
t
i
tititt
ii
ttititt
t
xseZcWbNaa
xseZcWbNaa
N
ε
ε
(82)
O primeiro indício para assimetria no ciclo do emprego em nível de firma foi
obtido após se calculado o coeficiente de skewness para uma medida de crescimento do
emprego, cujo resultado, mostrou a existência de assimetrias em 38 das 57 séries
utilizadas. Esse resultado não se mostrou robusto ao se realizar uma série de testes para
não-linearidade
38
das séries de emprego. Antes de ajustar o modelo de ajustamento
parcial e o modelo autoregressivo multivariado threshold (TAR) como um pré-
requisito, testou-se a existência de raiz unitária com o teste de Augmented Dickey-
Fuller (ADF). A partir disso, o modelo não linear (TAR) foi estimado para cada uma
das séries e os resultados foram confrontados com os resultados obtidos para um
modelo de ajustamento parcial
39
.
Não obstante o uso de diferentes técnicas econométricas na estimação dos
modelos dinâmico de demanda por trabalho, percebe-se que elas têm sido
freqüentemente aprimoradas, como pôde ser visto nos estudos acima descritos, e que as
análises não ficaram apenas restritas ao uso da variável emprego total (emprego
agregado), permitindo, assim, o uso de diferentes níveis de desagregação. A Tabela 1,
onde foram sumarizados alguns estudos, mostra que Pfann e Palm (1993) utilizaram
37
A estimação foi realizada para um conjunto de dados que consistia de observações trimestrais sobre
emprego, salário e receita total para 19 empresas aéreas dos Estados Unidos entre o período 1959(I) -
1977(I). Cabe destacar que o ponto forte do trabalho foi o uso de dados por categoria, ou seja, foram
utilizadas séries de ocupações para pilotos, atendentes e mecânicos.
38
Os testes tinham como hipótese nula a existência de linearidade na média e consistiam em testar se os
resíduos de um modelo linear autoregressivo eram ortogonais a diferentes transformações na variável
dependente.
39
Sua principal conclusão foi de que em cerca de metade das séries do conjunto de dados, o modelo TAR
apresentou um melhor ajuste, ao passo que o modelo de ajustamento parcial foi incapaz de gerar
assimetrias no ciclo de emprego. Por isso, argumentou que o modelo proposto deveria substituir o modelo
linear padrão nos trabalhos empíricos, cujo objetivo é explicar os ciclos de emprego em nível da firma,
considerando a hipótese de custos de ajustamentos assimétricos.
51
informações de trabalhadores alocados na produção e aqueles alocados fora da
produção; Pereira (1998), Pereira e Gonzaga (1998) utilizaram emprego homogêneo e
horas médias, ao passo que Palm e Pfann (1990) empregaram o uso de informações
sobre trabalhadores qualificados e não qualificados. A seguir descrevem-se os estudos
que empregaram microdados para analisar a demanda dinâmica por trabalho.
2.3.2 Modelos dinâmicos de demanda por trabalho a partir de um painel de dados
Nesta subseção, serão descritos os estudos empíricos sobre o modelo dinâmico de
demanda por trabalho, no qual foi dada preferência a estimar um painel de dados para
uma equação final. Pfann e Verspagen (1989) estudaram custos de ajustamentos e a sua
contribuição pode ser vista em duas direções: a primeira, e talvez a mais surpreendente,
foi, inicialmente, pesquisar os responsáveis pela administração da área de recursos
humanos das seis maiores indústrias do setor de transformação da Holanda. Buscaram-
se informações acerca do objeto a ser estudado, com o objetivo de conhecer melhor
como as decisões eram tomadas com respeito a mudanças na força de trabalho e aos
custos daí oriundos. Para os autores, essa fase do estudo poderia ser conhecida como
custos de ajustamento assimétricos na prática. Entre as variáveis que poderiam
influenciar nos custos de ajustamentos citadas pelos entrevistados estavam o poder dos
sindicatos, o processo de formação de expectativas da firma e o trabalho intensivo no
processo de produção da firma.
A segunda contribuição foi, a partir da entrevista, com o uso de informações
sobre mudanças líquidas na força de trabalho por ano e dos custos de ajustamentos do
trabalho obtidos do registro anual das indústrias de transformação da Holanda para o
período de 1978-86, estimar as seguintes equações:
2
)()( NNACL =
γ
(83)
1)exp()()(
2
++= NNNNACL
δγβα
(21)
1)exp()()(
2
++= NNNNACL
βγβ
(22)
onde:
α
,
β
, e
δ
são parâmetros, c são os custos e
N é o número de trabalhadores
contratados ou demitidos num período. Analiticamente, os custos de ajustamentos serão
quadráticos quando
α
=
β
=
δ
= 0 e
γ
> 0. A equação (22) não é simétrica no caso de
β
52
0; por outro lado, se
β
< 0, os custos de demitir excedem os custos de contratação. Os
resultados obtidos mostraram que a equação (21) teve um melhor ajuste em relação às
demais equações. Além disso, as estimativas dos parâmetros indicaram que os custos de
ajustamento do trabalho não são simétricos e as estimativas de
β
e
δ
foram significantes
e maiores do que zero, mostrando que os custos em contratar excediam os custos de
demitir para o período analisado. O resultado não surpreendeu os autores e mostrou a
necessidade de novos estudos sobre modelos dinâmicos de demanda por trabalho com a
finalidade de analisar as diferenças na contratação e na demissão de trabalhadores
alocados no setor de produção e aqueles que não se encontram na produção.
O uso de microdados por Pfann e Verspagen (1989) permitiu amenizar o
problema de agregação, fornecendo informações sobre o tipo de custos de ajustamentos
em nível de firmas. Fazendo o uso desse tipo de informação, Jaramillo, Schiantarelli e
Sembenelli (1993) realizaram um estudo para verificar se as mudanças que ocorreram
na legislação trabalhista na Itália tiveram algum reflexo sobre o mercado de trabalho.
De forma similar a Gonzaga (1993), os autores optaram por estimar uma solução
fechada para a demanda por trabalho. Estimaram uma equação que permitiria testar a
existência de assimetria nos custos de ajustamentos:
ttttttttt
uKXDXDXXwN +
+
+
++=
+++ 411312110
)()(
π
βθ
π
βθ
π
π
π
(30)
1+
+=
ttt
veu
onde e
t
e v
t
denota choque estocásticos; w
t
é o salário real; K
t
é o capital; N
t
é o emprego
e β, o fator de desconto real; D
t
representa uma variável dummy, na qual é considerado
D
t
= 1 se contratações brutas ocorrem (X
t
> 0) e D
t
= 0, em, caso contrário, (X
t
> 0); se
os custos de ajustamentos são simétricos, então
φ
c
=
φ
d
. Se
π
3
= 0, obtendo-se a equação
de Euler padrão para trabalho com custos de ajustamentos simétricos. Nessa formulação
assumiram que a taxa de demissão, θ, é conhecida e constante. A estimação da equação
(30) foi realizada considerando-se diferentes valores de
φ
, escolhendo uma taxa de 5%
de demissões por ano. Para o cômputo da taxa de desconto considerou-se uma média
móvel centrada da taxa de juros mais um prêmio de risco de 5%
40
.
40
Os resultados obtidos mostraram que as estimativas dos coeficientes dos custos de demissão são bem
determinadas e razoáveis. O mesmo não foi encontrado com respeito aos coeficientes dos custos de
contratação, que apresentaram um sinal negativo e significante. Segundo os autores, esse resultado
poderia ser uma evidência contra a hipótese de que os custos de contratação aumentariam na margem.
53
Num segundo momento, uma especificação mais complexa foi estimada,
considerando que
φ
c
e
φ
d
não fossem constantes:
tttttttt
KXDXDXXwN
411312110
)()(
π
βθ
π
βθ
π
π
π
+
+
++=
+++
ttt
c
ttt
c
ttt
d
ttt
d
t
uDXZDXZDXZDXZ +++
++++++
][)]1()1([
111
'
8111
'
7
βθπβθπ
(33)
A segunda linha da equação (33) captura as mudanças ao longo do tempo nos custos de
ajustamentos
41
. No geral, as evidências obtidas para o painel das firmas italianas
sugeriram que os custos de ajustamento oriundos das variações do emprego, no que diz
respeito à contratação e à demissão, não são simétricos, ou seja, os custos de
ajustamentos são assimétricos.
2.3.2.1 Estimação da equação de Euler
Alonso-Borrego (1998) estudou um painel de 1080 manufaturas da Espanha para
um período de 1986-1991 considerando três categorias de emprego: empregos
permanentes na produção, empregos permanentes não-produção e empregos
temporários. Apesar de propor uma estimação em três estágios, a principal limitação de
suas informações diz respeito à inexistência de informações sobre contratações e
demissões, o que permitiu apenas medir mudanças líquidas, mas não mudanças brutas
no insumo trabalho. Portanto, a dinâmica capturada em seu estudo tem como base as
mudanças líquidas no emprego. A equação de Euler obtida do problema de
maximização da firma para cada insumo j foi:
0
ln
)ln(
ln
)ln(
1
1
1
1
=
+
+
+
t
t
t
j
t
t
j
t
j
t
t
t
N
NAC
N
NAC
N
W
N
F
E
ρ
(39)
Para esses autores, os seus resultados deveriam ser comparados àqueles obtidos por Pfann e Verspagen
(1989), para os quais os custos de contratação são mais importantes do que os custos de demissão.
41
As evidências empíricas para nova especificação mostraram que os custos de contratação decrescem
quando o desemprego aumenta, apesar de esse efeito não se mostrar significante estatisticamente. A
estimativa do poder do sindicato foi significantemente diferente de zero e positivamente relacionada com
os custos de contratação.
54
A estimação da equação de Euler (39) foi realizada em três estágios: no primeiro,
estimou-se a seguinte função de produção em primeira-diferença:
it
y
ttiittIit
aXXYY
ερααρ
++++=
~
)'('lnln
1,1,
(84)
onde o termo
y
t
y
t
y
t
aaa
1
~
=
ρ
captura os choques agregados; X
it
é um vetor de
variáveis explicativas e ))'1(),1(,,(
32
=
λαλαααα
NNNk
. Como instrumentos
válidos para a equação (84) foram utilizadas as defasagens do logaritmo dos insumos e
do produto real defasado. Para captar o fenômeno de substituição existente entre os
insumos trabalho (emprego permanente) por um novo insumo de trabalho (temporário)
foram incluídas duas variáveis qualitativas, que indicam se a firma está reduzindo seu
trabalho permanente em t e t-1. A justificativa para a inclusão dessas variáveis é que se
busca obter estimativas mais precisas.
Além disso, com o objetivo de controlar o viés de seleção que poderia surgir,
dado que nem todas as firmas promovem ajustes do emprego todo ano, foi imposta uma
condição para levar em conta as firmas que apresentaram ajustamentos em dois períodos
consecutivos, ou seja, impôs-se a condição sobre o evento
1)0lnln(1
1,1,
==
++
j
ti
j
it
j
ti
NND em que 1(.) é uma função indicadora, que toma
valores 1, se é verdadeira, e zero, em caso contrário. Portanto, no segundo estágio
estimou-se um modelo probit na forma reduzida para o evento
1
1,
=
+
j
ti
D para cada
insumo permanente ano por ano. A partir disso calculou-se o inverso da razão de Mills,
j
ti 1,
ˆ
+
φ
, para cada observação 1
1,
=
+
j
ti
D , incluindo-a na equação de Euler correspondente
como um regressor adicional.
Assim, o conjunto de instrumentos para a equação de Euler para cada insumo
passou a incluir as defasagens de ordem dois e três das variações dos três insumos de
trabalho, defasagens de ordem dois da produtividade real média dos insumos de
trabalho e o salário real para os insumos. Controlou-se ainda a utilização dos fatores de
produção por meio de dados de utilização da capacidade no nível da indústria. A taxa de
desconto considerada é a taxa de juros nominal de longo prazo deflacionada pelo índice
de preços ao nível da indústria. Assim, estimou-se o conjunto de equações de Euler para
55
insumos de trabalho permanente com base na parametrização dos custos de ajustamento
dados pela equação
42
:
∑∑
++=
mmmms
s
t
m
tms
m
tm
m
tmmt
NNNNNCA )ln)(ln()ln(
3
1
)ln(
2
1
)ln(
32
γδγ
(40)
Para estimar a equação (67) Rota (2004) utilizou um procedimento de dois
estágios
43
. No primeiro, usou uma regressão não-paramétrica nos salários e emprego
defasados e estimou-se as probabilidades condicionais
A
it
P
1+
,
NA
it
P
1+
e a inclinação
it
A
it
N
P
+1
.
No segundo estágio, utilizou-se o Método Generalizado dos Momentos (MGM),
condicionando o modelo aos ajustamentos que ocorrem apenas no tempo t. Para tanto,
uma subamostra das soluções interiores que incluiu as firmas que promoveram um
ajuste no emprego no tempo t foi utilizada. Na construção da subamostra, adotou-se o
critério de manter ou retirar a observação, tendo em vista se N
it
era ou não diferente de
N
it-1
. Procedendo dessa forma, evitava que as firmas que promoveram um ajustamento
no nível de emprego não afetassem o termo erro da equação de Euler, dado que o
modelo teórico é condicional na decisão de ajustar
44
. Com o uso de dois diferentes
42
Os resultados mostraram que o insumo trabalho defasado j afeta positivamente e de forma significativa
a probabilidade de ajustamento, porém com variações ao longo do tempo. A variável de controle para o
tamanho da firma não teve efeitos significativos. Observou-se que a probabilidade de ajustar um insumo
aumenta se a firma ajustou cada insumo de trabalho j no período passado, porém a precisão dos
parâmetros foi baixa. Os parâmetros associados com os termos quadráticos são positivos para
trabalhadores alocados na produção e para aqueles fora da produção e diferem entre ambos, o que
confirma a heterogeneidade dos custos de ajustamentos para diferentes insumos de trabalho. O resultado
2211
γ
γ
> está consistente com a maior qualidade do trabalho fora da produção. Os termos de
ajustamentos cruzados são positivos e conjuntamente significantes, mas os efeitos dos ajustamentos
cruzados com o trabalho temporário (γ
13
e γ
23
) não foram individualmente significativos e seu tamanho
mostrou-se pequeno. O coeficiente de assimetria é positivo para trabalhadores não produção (δ
1
), o que
sugere que custos de contratação excedem custos de demissão e negativo para trabalhadores da produção
(δ
2
) sugerindo o oposto. Todavia, nenhum dos coeficientes foi estatisticamente significante. Para Alonso-
Borrego (1998) esses resultados ainda precisam ser mais bem qualificados, pois a maioria das limitações
dos resultados pode estar associadas as limitações dos dados. Por exemplo, utilizar informações cujas
freqüências são anuais poderia levar a inferência incorreta sobre as estruturas de custos de ajustamento.
Portanto, para esses autores, dados trimestrais seriam mais adequados.
43
Em seu estudo, Rota (2004) usou uma base de dados que compreendia as informações de empresas
situadas num distrito industrializado da Lomabardia. Um painel de dados foi construído para o período de
1982-1989, cobrindo 3.247 empresas, cuja principal característica está no predomínio de empresas que
possuem de 1-49 empregados.
44
Esse procedimento foi adotado tendo em vista a possibilidade de evitar os problemas com o viés de
seleção.
56
conjuntos de instrumentos, estimou-se a equação (67). No primeiro, admitindo que o
termo erro apresentava um comportamento puramente inovacional, utilizou-se
instrumentos datado de t, t-1, t-2 e t-3, ao passo que, no segundo, permitiu-se apenas os
instrumentos datado de t-1, t-2 e t-3
4546
.
2.3.3 Estudos empíricos sobre o Brasil
No Brasil, a preocupação com custos de ajustamentos é recente. O estudo de
Estevão (1991) encontra-se entre os primeiros trabalhos e foi realizado para os setores
da indústria brasileira e da indústria paulista, visando identificar a existência de custos
de ajustamento da mão-de-obra e a substitutibilidade entre as horas de trabalho e o
emprego. Utilizou-se uma função de custos de ajustamento linear para a razão do
emprego-horas de trabalho por pessoa. Os resultados obtidos indicaram a existência de
custos de ajustamentos sendo que os ajustes eram maiores para as horas quando
comparados aos obtidos para o nível de emprego. Observou-se que os ajustes foram
mais rápidos para as indústrias do Brasil do que para as indústrias paulistas. No entanto,
segundo o autor, seria necessário aprofundar as análises para que fossem mais bem
compreendidos os resultados obtidos em alguns setores.
No estudo de Pereira e Gonzaga (1998) utilizou-se a mesma base de dados do
estudo de Estevão (1991). Contudo, na especificação da demanda dinâmica por
trabalho, optou-se pelo modelo linear-quadrático e a estimação foi realizada para uma
equação de Euler. O modelo teórico incorporava a possibilidade de a empresa ajustar
emprego, horas ou ambas. A contribuição apresentada por esses autores configurou-se
na decomposição do insumo trabalho em duas dimensões: emprego e horas. O método
de estimação empregado neste estudo foi o mesmo proposto por Amano e Wirjanto
(1997), em que consideravam a existência de séries com raiz unitária e estimavam uma
equação de Euler. O principal resultado do trabalho foi constatar que o ajustamento do
emprego e das horas de trabalho no Brasil é um processo dispendioso para as empresas
se comparado com os da indústria alemã e norte-americana.
45
Como instrumentos, Rota (2004) utilizou o emprego, produto, salários, folha de pagamento, novos
investimentos em maquinários, lucro bruto, tamanho da firma, valor absoluto das alterações no produto e
o valor absoluto das alterações no emprego, o termo pq futuros.
46
Os resultados obtidos ao estimar a equação de Euler, mostraram que todas as estimativas são
consistentes com o modelo teórico. A estimativa do coeficiente do termo (pq)
t+1
sugere que a escolha
discreta que a firma realiza no futuro, devido a presença dos custos de ajustamento fixo, possui um papel
importante na produtividade marginal, equação (67) e, por conseqüência, na determinação do emprego
ótimo.
57
Meyer (1998) estudou os efeitos dos custos de ajustamentos na dinâmica de
demanda setorial por trabalho. O objetivo era verificar as principais tendências e avaliar
as principais diferenças entre os mercados de trabalho setoriais. Além disso, visava-se
estimar a demanda por trabalho de longo prazo para cada setor. A função de custos de
ajustamento utilizada foi a linear quadrática e a base de dados foi montada considerando
as informações da Pesquisa Mensal de Emprego (PME). As estimativas dos ajustes
obtidas estavam de acordo com o esperado com a teoria e a velocidade de ajuste na
indústria era mais lento em comparação às estimadas para o setor de serviços. A razão
para essa diferença, segundo a autora, encontrava-se nos investimentos no treinamento
que as indústrias são obrigadas a fazer, ao passo que no setor de serviços isso não
ocorre. Observou-se ainda que a sensibilidade às variações no PIB era maior para a
indústria.
Considerando a possibilidade de existir diferenças no ajustamento entre trabalho
qualificado e trabalho não qualificado, Ambrózio (1999) estimou a dinâmica da
demanda por trabalho a partir de um modelo quadrático. As informações para emprego
foram retiradas da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE. O resultado encontrado
mostrou que, para realizar metade do ajuste a um dado choque, a empresa leva de seis a
oito meses. Segundo o autor, trata-se de um ajuste lento. Com relação ao trabalho não
qualificado, existem evidências de que a demanda de longo prazo omitiu alguma
variável importante, influenciando, desse modo, para que o custo de ajuste fosse
negativo.
Por fim, um estudo mais recente para o Brasil foi realizado por Gonzaga e
Corseuil (2001), cujo objetivo foi estimar os parâmetros do modelo dinâmico de
demanda por trabalho, utilizando as informações da Pesquisa Industrial Mensal,
PIM/IBGE, para o período de 1985 a 1999. Estimou-se por meio de variáveis
instrumentais uma equação de ajustamento parcial do emprego industrial, no qual além
do emprego defasado, considerou-se as variáveis salário e produto como regressores.
Após verificar a existência de séries não-estacionárias, estimou-se uma relação de co-
integração e o modelo de correção de erros (VECM). Os resultados indicaram que as
estimativas das elasticidades de curto prazo produto-emprego variavam entre 0,025 e
0,037, ao passo que as elasticidade salário-emprego encontrava-se entre zero e -0,026.
No longo prazo, segundo os autores os resultados não são tão conclusivos, o que
permite inferir pela limitação das técnicas de séries temporais para estimar o modelo
dinâmico de demanda por trabalho no Brasil.
58
Independentemente do uso de séries de tempo ou de um painel de dados, o que
torna os estudos acima similares tem sido o procedimento de assumir uma função de
custos de ajustamentos a priori e, com base nessa, derivar uma condição de primeira
ordem, equação de Euler, ou uma solução final fechada, as quais são utilizadas para
estimar a demanda dinâmica por trabalho. Poucos estudos têm dado ênfase ao uso de
modelos mais gerais, nos quais as funções de custos de ajustamento quadrático ou de
custos de ajustamento fixos são consideradas casos particulares. A seguir serão
apresentados dois estudos cuja preocupação foi buscar evidências para diferenciar as
estrutura de custos de ajustamentos.
2.3.4 Uma Representação empírica mais geral para custos e ajustamento
Definir a melhor representação para os custos de ajustamentos parece ser uma
tarefa árdua, o que pode ser compreendido ao se observar na literatura econômica a
escassez de estudos cuja finalidade seja conhecer o padrão de ajustamento do emprego a
partir de um modelo mais geral. Destaca-se, inicialmente, o estudo de Hamermesh
(1989), seguido por Hamermesh (1992) e, mais recentemente, por Varejão e Portugal
(2006). A essa lista de estudos ainda pode ser incluído Gonzaga (1993), cujo estudo
acima descrito não tinha a finalidade de buscar evidências favoráveis, seja para os
custos de ajustamentos convexos, seja para os custos de ajustamento não-convexo. No
entanto, a partir de algumas restrições sobre o modelo representado na expressão (55)
era possível obter um modelo de ajustamento parcial da demanda por trabalho que
correspondia a uma solução fechada do modelo de maximização de lucros da firma com
custos de ajustamentos quadráticos simétricos.
Hamermesh (1992) estimou uma equação que foi considerada a generalização do
modelo dinâmico de demanda por trabalho descrito em Hamermesh (1989), no qual os
custos de ajustamentos quadráticos e custos de ajustamento fixo foram considerados
como casos particulares. Para tanto, além de estimar a equação (76), estimou uma
terceira equação, na qual incluía ambos os custos: os custos variáveis e os custos fixos.
Um teste de hipótese nos coeficientes estimados permitira identificar o tipo de custos de
ajustamentos mais apropriado. A representação empírica do modelo mais geral assume
que, se a firma não se encontra no intervalo ],[
**
+
nn definido para inatividade, o
emprego pode ser descrito como:
59
t
Mm
m
Nj
j
tjtjtt
uXnn
1
11
1
]1[ +
++=
∑∑
=
=
=
=
εαγγ
,
KXn
Mm
m
Nj
j
tjtjt
>+
∑∑
=
=
=
=
11
1
εα
(85)
em que n
t
é o logaritmo natural do emprego no tempo t; n
t-1
é o logaritmo natural do
emprego no tempo t-1 e X
t-j
é um vetor de variáveis explicativas (usualmente custo
salarial médio e produto); u
1t
é o distúrbio com média zero e variâncias
2
1t
u
σ
;
γ
é o
coeficiente de ajustamento do emprego, está condicionado a 1 > γ 0 e é uma maneira
ad hoc de admitir custos de ajustamentos quadráticos. Se
γ
= 0, K mede os custos fixos
do ajustamento; quando
γ
0, K, pode ser interpretado como sendo o tamanho relativo
do intervalo ],[
**
+
nn . A decisão em alterar o emprego está condicionada a uma
avaliação do emprego no período anterior e às informações sobre o vetor X no início do
período t. No caso em que a firma se encontra no intervalo ],[
**
+
nn , busca manter o
emprego constante:
ttt
unn
21
+=
,
KXn
Mm
m
Nj
j
tjtjt
+
∑∑
=
=
=
=
11
1
εα
(86)
em que u
2t
é distúrbio com média zero e variâncias
2
2t
u
σ
. Na equação (86) o ganho
esperado da firma na realização do ajuste do emprego para n* é insuficiente para
superar os custos de ajustamentos oriundos desse ajustamento e, portanto, manter o
emprego inativo passa a ser a melhor estratégia da firma. Em conjunto, as equações
(85) e (86) formam um modelo de switching
47
regression para a escolha de n
t
. Um
modelo de ajustamento com defasagens distribuídas pode ser obtido por meio da
equação (85) ao desconsiderar a condição de switching. Embora o ajustamento possa
cessar antes de atingir o alvo em virtude da existência de custos fixos, ao impor
γ
= 0,
as equações (85) e (86) reduzem-se a um modelo dinâmico com custos de ajustamento
fixo. Se K = 0, o modelo se reduz ao tradicional modelo dinâmico de demanda por
47
A condição de switching vai depender das realizações do termo
ε
t
. Dessa forma, como foi apresentado
em Hamermesh (1989), reescrevendo a equação (85) e (86) em termos do termo
ε
t
, pode-se mostrar que a
firma promove o ajuste do emprego se:
=
+>
N
j
jtjtt
XnK
1
1
][
αε
ou
=
+<
N
j
jtjtt
XnK
1
1
][
αε
e que irá manter o emprego constante se:
=
+
N
j
jtjtt
XnK
1
1
][
αε
e
=
+
N
j
jtjtt
XnK
1
1
][
αε
.
60
trabalho com custos de ajustamento quadrático
48
. Além dessas considerações, supõe-se
que E(u
1t
, u
2t
) = 0, que E(u
1t
ε
t
) = E(u
2t
ε
t
) = 0 e que os erros são normalmente
distribuídos e
12
uu
σ
σ
=
, permitindo que u
1t
e u
2t
em (85) e (86) venham a ser tratados
como u
t
.
Varejão e Portugal (2006) não partiram de nenhum modelo especificado a
priori, mas, sim, valeram-se dos modelos de duração com o intuito de verificar a
estrutura de custos de ajustamento do emprego
49
. Esse estudo faz parte de uma série de
estudos que podem ser encontrados na literatura, os quais têm focalizado os custos de
ajustamentos não-convexos como uma razão para a heterogeneidade apresentada nos
estudos de Hamermesh (1989), Hamermesh (1992), Caballero, Engel e Haltiwanger
(1997)
50
e Cooper e Willis (2001). A estimação de uma função hazard
51
, inicialmente,
exigiu a definição da variável de duração que mede o tempo que a firma ficou no regime
de inatividade. A partir disso, foi gerada uma nova amostra com as firmas que em
algum momento entraram num regime de inatividade e, a partir daí, acompanhou-se até
a saída desse regime. Na estimação do modelo de duração escolheu-se a função de
distribuição Weibull, a qual permite testar diretamente a dependência da duração
baseada apenas em seu formato por meio do um parâmetro, ρ, cuja interpretação sugere
que uma dependência de duração negativa está condicionada a um
ρ
< 1; que, se
ρ
> 1,
obtêm-se taxas hazard monotonicamente crescentes através do tempo e, por fim, se ρ =
1, observa-se a existência de uma distribuição exponencial (ou seja, uma função hazard
constante). Para uma estrutura não-convexa aplicam-se os dois primeiros casos, ao
48
Para estimar o seu modelo, Hamermesh (1992) empregou duas bases de dados diferentes. A primeira já
havia sido utilizada em Hamermesh (1989) e compreendia as informações mensais para sete empresas de
uma indústria, ao passo que a segunda foi obtida do estudo de Card (1986) e correspondia a ocupação de
mecânico de sete companhias áreas no período de 1969-76. As evidências favoráveis à existência de
custos de ajustamentos fixos foram obtidas apenas para a base de dados de Card (1986), ao passo que os
resultados obtidos para as sete empresas sugeriram a existência de ambos os custos de ajustamentos:
custos fixos e custos variáveis (quadráticos).
49
Varejão e Portugal (2006) realizaram uma análise do ajustamento do emprego no nível das firmas.
Numa análise descritiva dos dados observaram indícios de ajustes discretos do emprego característicos
dos custos de ajustamento fixo. Os resultados obtidos na estimação de uma função hazard sugeriram que
a estrutura de custos de ajustamento era não-convexa.
50
Neste estudo adota-se uma abordagem similar à de Hamermesh (1989) apesar de não se adotar nenhum
modelo específico de demanda por trabalho na análise das variações do emprego no nível das firmas. A
principal contribuição do estudo encontra-se na forma do termo “gap”, ou seja, a diferença como é
mensurados o nível atual do emprego e o nível desejado do emprego. O coeficiente de uma regressão da
variação no emprego sobre mudanças nas horas permite calcular uma medida do “gap” e utiliza o grau no
qual a firma ajusta o emprego para o nível desejado como uma função desse gap. Encontram um
ajustamento hazard e concluem que, quanto maior a duração, mais provável é que ocorra a mudança no
emprego.
51
No próximo capítulo é descrita mais detalhadamente a metodologia utilizada.
61
passo que para uma estrutura de ajustamentos convexa o ρ = 1. Uma vantagem desse
método está na definição da variável de duração a possibilidade de optar por diferentes
regimes de não ajustamento.
2.3.5 Problemas de agregação
52
O tipo de informação disponível é uma importante questão que deve ser
observada ao implementar os modelos econométricos de demanda dinâmica por
trabalho, sendo fundamental na definição do tipo de procedimento a ser empregado para
a estimação. Por exemplo, ao observar uma série de estudos na literatura, pode-se
afirmar que, a existência de séries longas sem a possibilidade de identificar as empresas,
indústrias ou, mesmo, setores leva ao uso de séries de tempo, ao passo que a
disponibilidade de informações sobre variações no nível de emprego ao nível de firmas
conduz ao uso de técnicas para painel de dados. Nos estudos empíricos, além dos
problemas econométricos que às vezes se apresentam, é comum encontrar os
relacionados à agregação dos dados, os quais têm origem em duas dimensões:
agregação temporal ou agregação espacial.
O uso de informações com freqüência mensal nos estudos sobre custos de
ajustamento deveria ser a prática comum, porém nem sempre é possível encontrar bases
de dados que forneçam esse tipo de informação. Assim, na maior parte dos estudos
encontrados na literatura econômica sobre modelos dinâmicos de demanda por trabalho
foram utilizados dados com periodicidade anual. Um problema que pode advir desse
procedimento é que as flutuações ocorridas ao longo do ano já foram suavizadas.
Hamermesh (1993) adverte que a agregação temporal (dentro do ano) deve produzir
resultados seriamente viesados porque a maior parte do ajustamento, provavelmente,
leva menos do que 12 meses. Portanto, não permite conhecer com maior precisão os
custos de ajustamentos ou a velocidade de ajuste do emprego.
Não obstante o problema da agregação temporal
53
, estudos sobre a demanda por
trabalho são freqüentemente elaborados a partir de informações agregadas
espacialmente. O exemplo mais comum é o da hipótese de homogeneidade de mão-de-
52
Embora, tem-se optado por comentar brevemente a questão da agregação, em alguns estudos empíricos
este problema é ignorado. No que diz respeito à agregação espacial, o problema é contornado assumindo-
se a hipótese de custos de ajustamento quadráticos simétricos. Ver Hamermesh e Pfann (1996a, p. 1277).
53
Embora o uso de dados mensais permita capturar freqüentes mudanças no emprego e horas, a
agregação espacial proíbe identificar os custos em nível da empresa.
62
obra, não levando em consideração se há diferenças oriundas na contratação e demissão
de mão-de-obra qualificada ou não qualificada, ou de trabalhadores de produção àqueles
que não estão na produção. Estudos como os de Pfann e Palm (1993) e Alonso-Borrego
(1998) mostram que existem diferenças significativas entre os custos de ajustamentos
entre esses trabalhadores. Outra agregação espacial freqüentemente encontrada nos
estudos empíricos sobre custos de ajustamentos diz respeito aos setores, ou seja, a
dificuldade de obter informações em nível de firmas é contornada nos estudos com o
uso de dados agregados por setor. Novamente, isso pode ser problemático. Existem
setores em que o tipo de mão-de-obra empregada exige uma maior qualificação se
comparada à de outros na economia como um todo; além disso, alguns setores
empregam capital intensivo, ao passo que outros utilizam mão-de-obra intensiva. De
certa forma, tal procedimento pode gerar resultados não condizentes com a realidade e
impedir que identifiquem-se corretamente os custos em nível da empresa
54
, conduzindo
a conclusões com certas limitações.
2.4 Considerações finais
O presente capítulo teve como propósito apresentar um panorama de como os
custos de ajustamentos têm sido tratados na literatura econômica. Inicialmente, foram
descritos os modelos teóricos, dando ênfase em particular às quatro funções de custos
de ajustamento mais usuais. Na seqüência, apresentou-se os procedimentos
econométrico utilizados na estimação do modelo de ajustamento parcial e da equação de
Euler. A partir daí, foram apresentados dois estudos com o intuito evidenciar a carência
de pesquisas com intuito em diferenciar se os custos são convexos ou não-convexos:
Hamermesh (1992) e Varejão e Portugal (2006). Por fim, mostrou-se o problema que é
muito comum nos estudos que diz respeito à agregação. De um modo geral, esse
panorama revelou, em primeiro lugar, que a hipótese de custos de ajustamentos
quadráticos vem sendo historicamente abandonada; em segundo, a existência de
limitações dos resultados a partir do uso de dados agregados; em terceiro, que nos
estudos empíricos, ver Tabela 1 e 2, poucos estudos no mundo e nenhum usando dados
brasileiros consideraram a possibilidade de custos não quadráticos e/ou não-convexos.
Assim, no próximo capítulo, são apresentados os resultados obtidos ao se analisar a
54
A variável emprego agregado (ou emprego total) pode ser resultado da combinação entre a
homogeneidade de mão-obra e agregação de setores.
63
série de emprego com o uso de uma matriz de transição de regimes de emprego e dos
modelos de duração do ajustamento do emprego para informações de empresas
industriais do Rio Grande do Sul.
65
Tabela 1: Sistematização dos estudos utilizando séries de tempo
Estudo País Descrição Tipo de trabalho Especificação Resultados
Burgess (1988)
(3)
U.K. Indústria agregada (trimestral)
1963:I – 1979: III
( E ) Emprego homogêneo
Estimação direta de E
Linear
Peel and Walker (1978) U.K. Emprego Agregado (trimestral)
1962:I – 1973:IV
( E ) Emprego homogêneo Estimação direta de E Linear
Fanelli (2002) Dinamarca Indústria agreagda (trimestral)
1974:I – 1993:IV
( E ) Emprego homogêneo Estimação da Eq. Euler (Expectativas racionais) Linear quadrático
Amano and Wirjanto
(1997)
Canadá Agreagdo (trimestral)
1967:I – 1993: IV
( E ) homogêneo Estimação da Eq. Euler (Expectativas racionais) Linear quadrático
Engsted e Haldrup (1994) Dinamarca Emprego homogêneo: 1974-I a 1990-IV (E) Emprego homogêneo Estimação do E (expectativas racionais) Linear-quadrático
Palm e Pfann (1990) Holanda Indústria de transformação: 1971-I a 1984-IV (E) emprego Heterogêneo:
Trabalho qualificado e não-
qualificado
Estimação de N e da demanda interrelacionada
do trabalho qualificado e não-qualificado
Linear-quadrático
Kenan (1979) U.S. Indústria de bens duráveis e não duráveis
(trimestral) 1947 – 69
( E ) Emprego homogêneo Estimação da Eq. Euler (Expectativas racionais) Quadrático
Ajustamento parcial
Burda (1991)
(4)
Países da Europa
(*)
Indústria agregada (anual)
1950-87
( E ) Emprego homogêneo Estimação da Eq. Euler Quadrático
Evidência limitada
Pfann and Palm (1993) U.K. e Netherlands Indústria
U.K.: 1955 – 86
N.: 1971:I – 1984: IV
( E ) Emprego heterogêneo
Trabalhadores produção e não
produção (NP e P)
Estimação da Eq. Euler para E
Assimétrico
Burgess and Dolado (1989) U.K. Setores da Indústria agregado (trimestral)
1965:I – 1984:IV
( E ) Emprego homogêneo
Estimação da Eq. Euler para E
Assimétrico
Pfann (1996) U.K e Holanda Indústria agregada
U.K.: 1971:1 – 1984: IV
Holanda: 1955-86
( E ) Emprego homogêneo Estimação de modelo não-linear da Eq. Euler
para L
Assimétrico
Liu e Spector (2005) U..S. Emprego na produção industrial: 1964-2000 (E) Emprego heterogêneo NP e P
Estimação de NP e P
Assimétrico
Caballero e Engel (1993) U.S. Firmas (trimestral) 1972:I – 1986:IV (E) Emprego homogêneo Função Hazard Lumpy
Hamermesh (1990) U. S. Setor privado (trimestral) 1954:I – 1988: II
Indústria (mensal) 1965:1 – 1988:6
( E, H ) homogêneo Estimação de E
Expectativa estáticas
Lumpy
Gonzaga (1993) U.S. 19 cias. Aéreas (trimestral): 1959-1977. (E) Emprego heterogêneo Estima’~ao do modelo TAR Assimétrico
Pfann (2001) U.S. Agregado em 6 categorias (trimestral)
1954-I a 1990-IV
(E) Emprego heterogêneo Estimação de um modelo linear com
expectativas estáticas
Assimétrico
Ajustamento Parcial
Hamermesh (1989) U.S. 7 empresas (mensal)
1977:12 – 1987:5
(E) Emprego homogêneo
Switching model em E com expectativas
estáticas
Lumpy
Custos fixos
Estevão (1991) SP e Brasil Setores da Indústria (mensal)
Fiesp: 1975:2 – 89:12
PIM: 1985:2 – 89:12
( E/H ) Emprego e horas
homogêneo
Estimação direta de E/H Linear
Pereira e Gonzaga (1998) SP e Brasil Emprego agregado
Fiesp: 1975-89 (mensal)
PIM: 1985-97 (mensal)
( E e H médias ) Emprego e horas
homogêneo
Estimação da Eq. Euler por modelo não linear Linear quadrático
Meyer (1998) Brasil 27 setores da Indústria (mensal)
1983:1 – 1997:12
( E, H ) Emprego e horas
homogêneo
Estimação da Eq. Euler Linear quadrático
Pereira (1998) S.P. e Brasil setores Indústria
Fiesp.: 1975:1 – 1987:3
PIM.: 1985:1 – 1997:1
( E, H ) Emprego e horas
homogêneo
Estimação da Eq. Eulerr para E e H
Linear quadrático
Ambrózio (1999) Brasil Agregado
1983:1 – 1997:12
( E ) Emprego heterogêneo
trabalho qualificado e não
qualificado
Estimação da Eq. Euler Quadrático
Ajustamento parcial
Fonte: Elaboração própria.
66
Tabela 2: Sistematização dos estudos utilizando painel de dados (microdados)
Estudo País Dados Tipo de trabalho Especificação Resultados
Anderson (1993) U.S. Firmas (trimestral)
1978:I – 1984: I
( E ) Emprego homogêneo Estimação direta
Expectativas estáticas
Linear
Lundgren and Sjöström (2001) Suécia 20 Firmas: 1972-90
15 Indústrias: 1974-96
(anual)
( E ) E prego homogêneo
Estimação da eq. Euler para E
Linear
Rezitis, Brown and Foster
(1998)
U.S. Indústria de cigaros
(anual) 1951-92
( E ) Emprego homogêneo Quadrático
Hamermesh (1995) U S. Estabelecimento:
3 Indúsria: 1988:3 – 1990:6
1 Hospital: 1988:1 – 1990:1
( E ) Emprego homogêneo Estimação de E
Expectativas estáticas
Quadrático e custos fixos
Alonso-Borrego (1998) Espanha 1080 Firmas (anual)
1986-91
( E ) Emprego heterogêneo:
trabalhadores da produção (P) e
não produção (NP)
Estimação da eq. Euler para ENP e EP
Expectativas racionais
Assimétrico
Pfann and Verspagen (1989) Holanda 119 Firmas (anual)
1978 – 86
( E ) Emprego homogêneo
Estimação direta do custo médio do trabalho E
Assimétrico
Jaramillo, Schiantarelli and
Sembenelli (1993)
Itália 52 indústrias (anual)
1958 – 1988
( E ) Emprego homogêneo
Estimação da Eq. Euler para E
Assimétrico
Chang and Stefanou (1988) U.S. 173 propriedades agrícolas (anual)
1982-84
( E ) Emprego homogêneo Estimação de um switching model com 4
insumos e expectativas estáticas
Assimétrico
Hamermesh (1992) U.S. 7 Firmas setor aéreo (trimestral)
1969-76
( E ) Emprego homogêneo
estimação de um switching model para E com
expectativas estáticas
Lumpy (fixo e variável)
Hildreth and Othake (1998) Japão Indústria de veículos
1990:1 – 1995:10
( E, H ) Emprego e horas
homogêneo
Estimação de switching model em E com
expectativas estáticas
Lumpy
Caballero, Engel and
Haltiwanger (1995)
U.S. Indústria (trimestral)
1972 – 80
( H ) Emprego homogêneo
Uma função de E de horas por trabalhador
Lumpy
Rota (2004) Itália Indústria: 1982-1989 (H) Emprego homogêneo Estimação a Eq. Euler Lumpy
Fonte: Elaboração própria.
- ( NP ) = Não produção e ( P ) = produção.
67
3 A ESTRUTURA DOS CUSTOS DE AJUSTAMENTOS E A DINÂMICA DO
EMPREGO NA INDÚSTRIA DO RIO GRANDE DO SUL
3.1 Introdução
Como vimos no capítulo anterior, nos estudos empíricos sobre demanda por trabalho
percebe-se um padrão. Inicialmente, supõe-se uma função de custos de ajustamentos e, a
partir disso, estima-se a equação de Euler ou uma equação final
55
, obtida após se resolver o
problema da firma. Ao proceder dessa forma, o pesquisador admite conhecer a priori se a
função de custos de ajustamentos é convexa ou não-convexa. Diferentemente desses estudos,
o procedimento adotado neste capítulo é o de fazer uma análise dos dados de forma a
descobrir qual é o padrão de ajustamentos que está associado com a base de dados utilizada,
buscando responder à seguinte indagação: qual a estrutura de custos de ajustamentos no nível
das firmas na indústria de transformação gaúcha. A metodologia utilizada considera como
fundamental o conceito de continuidade para identificar se o padrão de ajustamento é convexo
ou não-convexo. Num primeiro momento, uma matriz de transição é empregada para verificar
a existência de continuidade dos ajustes do emprego feitos pelas firmas; a partir daí, uma
função hazard é utilizada para obter a probabilidade de ajustar o emprego, dado que a firma
esteve inativa. Os resultados mostram que a estrutura de custos de ajustamentos exibe um
padrão não-convexo, sugerindo que os ajustamentos do emprego não são freqüentes e, quando
ocorrem, são caracterizados por uma significativa alteração no nível de emprego.
2.2 Os dados
Os dados utilizados para identificar a estrutura de custos de ajustamento na indústria
gaúcha foram obtidos junto à Federação das Indústrias do estado do Rio Grande do Sul e têm
origem na Pesquisa Indicadores Industriais da Confederação Nacional das Indústrias. As
informações estão disponíveis na base de dados a partir de 1991 até 2004. As unidades
informantes são empresas e as suas filiais localizadas no estado do Rio Grande do Sul. A
matriz responde às informações referentes a ela e às suas filiais no estado. As unidades estão
agrupadas em dezesseis setores ou gêneros industriais, a saber: metalúrgica, mecânica,
material elétrico e de comunicações, material de transporte, madeira, mobiliário, borracha,
couros e peles, química, têxtil, vestuário, calçados e artefatos de tecidos, produtos
55
Após o trabalho de Sargent (1978), o modelo de ajustamento parcial, anteriormente estimado de forma ad hoc,
passou a ser utilizado como a solução de um problema dinâmico de maximização de lucros da firma.
68
alimentares, bebidas, fumo, editorial e gráfica e, por fim, diversas. A classificação de
atividades da pesquisa é a mesma do cadastro RAIS-88, ou seja, corresponde à classificação
utilizada pelo CNAE-73, tanto para o gênero industrial quanto para o subgênero.
A amostra utilizada não é necessariamente estatisticamente representativa
56
. O
processo de amostragem utilizado na formação do painel de empresas
57
informantes é
incidental. Um dos critérios empregados na formação desse painel é a seleção das unidades
informantes, responsáveis por 50% do número de empregados do gênero
58
. No caso particular
daqueles gêneros não explicitados individualmente, ou seja, na classe de outros gêneros, esse
percentual é igual a 20% do número de empregados. Esse procedimento caracteriza uma sub-
representação de pequenas empresas no painel utilizado pela Fiergs.
Uma comparação entre as séries de emprego, oriunda da Pesquisa Mensal Industrial
(PIM), realizada pelo IBGE, com a série de emprego utilizada nesse trabalho pode indicar se
podemos considerar a amostra utilizada pela Pesquisa Indicadores Industriais da
Confederação Nacional das Indústrias (CNI) representativa. Nesse sentido, as características
presentes na série de emprego gerada pela PIM devem estar presentes na série de emprego
obtida pela CNI como, por exemplo, a tendência declinante ao longo do tempo no emprego do
setor industrial. De maneira a complementar a análise gráfica, estatisticamente, uma
correlação entre as duas séries pode confirmar a representatividade da amostra. Como pode
ser observada na Figura 3, a série de emprego da CNI (n_cni) apresenta o mesmo
comportamento observado na série do emprego da PIM (n_pim), ou seja, possui uma
tendência declinante ao longo do tempo, acompanhando também as mudanças bruscas
apresentadas pelo emprego da PIM. A correlação entre as duas séries é de 0,92, permitindo
inferir que a amostra utilizada pela Pesquisa Indicadores Industriais da Confederação
Nacional das Indústrias é representativa, podendo ser utilizada para o comportamento do
emprego no Rio Grande do Sul.
A Tabela 3 apresenta uma configuração das firmas de acordo com o número de
empregados no quarto trimestre de cada ano. Em geral, observa-se que as microempresas
(n<20) representam o menor grupo na amostra, ao passo que, no sentido oposto, os
estabelecimentos de tamanho médio (100 < n < 500) compreendem o maior grupo. Como
56
O critério de avaliação desse painel é a razão entre o número de empregados total das unidades do painel e o
número de empregados total na indústria local, seja para gênero, seja para o agregado.
57
Com respeito às empresas, não é possível contabilizar as entradas e saídas. Existem firmas presentes em todos
os meses, firmas que estão presentes desde janeiro de 1991, porém que ao longo do período deixaram de
responder ou morreram, e firmas que começaram a responder ou nasceram e seguem até maio de 2004.
58
É importante ressaltar que os gêneros incluídos na pesquisa são responsáveis por, no mínimo, 70% do valor da
produção da indústria de transformação do estado, encontrado no Censo IBGE 1985. Os gêneros restantes
compõem a classe de outros gêneros, utilizada na obtenção do resultado agregado para a indústria de
transformação.
69
pode ser visto, em 1991, a participação das microempresas no total de empresas correspondia
a 5,28%, ao passo que as médias respondiam por 44,41%, ou seja, aproximadamente nove
vezes mais. Ao longo do tempo essa diferença aumenta significativamente e, em 2004, essa
participação atinge uma magnitude de 24 vezes mais. Ao considerar, conjuntamente, as
empresas de porte médio e grande (n > 500), em média, elas representam 73% do total de
empresas no período de 1991-2004.
PESSOAL OCUPADO NA INDÚSTRIA (DADOS
DESSAZONALIZADOS)
50
60
70
80
90
100
110
1991 01
1992 01
1993 01
1994 01
1995 01
1996 01
1997 01
1998 01
1999 01
2000 01
2001 01
Índice (dia 1991=100)
n_cni n_pim
Figura 3 – Pessoal Ocupado na indústria (dados dessazonalizados)
A base utilizada neste estudo abrange o período de janeiro de 1991 a maio de 2004.
As informações sobre pessoal referem-se ao pessoal ocupado com vínculo empregatício no
último dia de cada mês, ou seja, as movimentações de trabalhadores entre essas datas
ocorridas nas empresas não são consideradas. Ao considerar que as informações sobre o
número de demissões e contratações também não são informadas, as análises a partir dessas
representam as variações líquidas do pessoal ocupado. Há várias razões para o uso da base:
primeiro, ela tem periodicidade mensal e é de fácil acesso; segundo, a amplitude das
informações coletadas, a saber, pessoal empregado total (n), pessoal empregado na produção
(np), pessoal empregado fora da produção (nfp), horas trabalhadas na produção, total de
custos com pessoal, total de salários líquidos, salários líquidos do pessoal empregado na
produção, dias trabalhados na produção, quantidade produzida, vendas (com destino ao Rio
Grande do Sul, outros estados e para o exterior), compras (de origem do Rio Grande do Sul,
de outros estados e do exterior), utilização da capacidade instalada (em %) e consumo de
energia elétrica (Kwh). Terceiro, ao longo do período em análise, de 1991 a 2004, não houve
alterações no instrumento utilizado para coletar as informações. Por fim, também permite
realizar estudos considerando análises agregadas ou desagregadas para a indústria de
70
transformação. Por exemplo, se, por um lado, é possível fazer um estudo da demanda por
trabalho considerando o pessoal empregado total das indústrias do Rio Grande do Sul, por
outro, é possível verificar se existem diferenças na demanda por trabalho entre o pessoal
empregado na produção e fora da produção por empresa.
Uma primeira aproximação para conhecer o padrão de ajustamento do emprego pode
ser observada na Figura 4, na qual é representada a distribuição das taxas de crescimento do
emprego por trimestre. À direita da origem estão as taxas de expansão do emprego; à
esquerda, as taxas que apresentaram uma variação negativa no nível de emprego. De um
modo geral, observa-se imediatamente uma concentração das taxas em zero, gerando um pico
e revelando uma considerável rigidez nas alterações no emprego. Esse resultado dá indícios
da existência de situações de inatividade do emprego, sugerindo a existência de uma não-
convexidade nos custos de ajustamentos do trabalho.
0 50 100 150 200
Frequência
-.5 -.4 -.3 -.2 -.1 0 .1 .2 .3 .4 .5
Taxa de crescimento do emprego: 1991-2004
Figura 4 – Taxa de crescimento do emprego: 1991-2004.
Aparentemente, esse resultado sinaliza que uma proporção significativa das empresas
não altera o emprego de um trimestre para outro; caso o façam, esse ajuste é mínimo e
próximo a zero. Se o padrão de ajustamento fosse outro, isto é, convexo, o comportamento
apresentado pela distribuição das taxas de crescimento viria na forma de um sino, com um
decaimento suave e sem picos. Observa-se ainda, à direita da origem, que as taxas de
crescimento do emprego apresentam um decaimento mais rápido se comparado àquele
71
apresentado no lado esquerdo da origem. Trata-se de uma característica muito comum e que
pode estar dando evidencias da existência de assimetrias no ajustamento do trabalho.
0 20 40 60 80
Freqüência
-1 -.5 0 .5 1
Taxa de crescimento das vendas reais: 1991 - 2004
Figura 5 – Taxa de crescimento das vendas reais: 1991-2004.
0 20 40 60 80 100
Freqüência
-1 -.5 0 .5 1
Taxa de crescimento do custo médio do trabalho: 1991 - 2004
Figura 6 – Taxa de crescimento do custo médio do trabalho: 1991-2004.
72
As distribuições das taxas de crescimento das vendas reais e do custo médio do
trabalho, para o período de 1991-2004, são apresentadas nas Figuras 5 e 6, respectivamente,
nos quais os histogramas omitem alterações menores do que 100 por cento e maiores do que
100%. Observa-se que as distribuições não possuem um formato de sino padrão, inclusive a
taxa de crescimento do custo médio do trabalho dar indícios de duas modas.
3.3 Matriz de transição entre os regimes de emprego
Apesar de a distribuição das taxas de crescimento do emprego apresentadas na Figura
3 sugerir que o padrão de ajustamento é não-convexo é necessário encontrar outras formas
que venham corroborar ou não com essa evidência. A principal diferença observada entre os
dois possíveis padrões de ajustamentos pode ser materializada com base na continuidade ou
não do ajustamento. Uma maneira simples de identificar se os custos de ajustamento são
convexos é verificar se, após um período em que ocorreu um ajuste na demanda por trabalho,
subseqüentes períodos com ajustes são observados, tendo em vista que a intensidade desses
ajustes deve ser decrescente ao longo do tempo (isto é, se
n
t+1
0 dado que
n
t
0 e que
n
t+1
<
n
t
). De maneira similar, se os custos de ajustamentos são não-convexos, os períodos
subseqüentes a um período de ajuste no emprego serão caracterizados por uma inatividade
59
,
ou seja, a empresa não irá promover nenhuma alteração no emprego (isto é, se
n
t+1
= 0 dado
que
n
t
0). Portanto, observar se existiu ou não continuidade no ajustamento do emprego
nos períodos subseqüentes ao de um período de ajustamento pode ser um critério útil e rápido
para identificar o padrão de ajustamento e, conseqüentemente, o tipo de custos de ajustamento
em nível das firmas.
Assim, para distinguir se a estrutura de custos de ajustamentos é convexa ou não-
convexa, todas as firmas em cada trimestre foram classificadas dentro de um regime de
emprego e a sua situação a um período à frente foi observada. Foram considerados três
regimes, a saber: i) um regime de ajuste para cima (AC); ii) um regime de ajuste para baixo
(AB) e, por fim, caso a firma opte por manter o mesmo nível de emprego, o que equivale a
não realizar o ajustamento, um regime de inatividade (I). Essas informações podem ser
analisadas de acordo com as probabilidades que governam as transições entre os regimes.
Basta dispor de dados sobre as firmas que se movimentaram de um regime observado num
determinado trimestre para outro no trimestre subseqüente. Por exemplo, se uma firma num
dado trimestre promoveu alterações no emprego para cima, isto é, ajustou para cima, e, no
59
Inatividade pode ser definida como não havendo alterações no nível de emprego da firma.
73
trimestre seguinte, não fez nenhuma alteração no seu nível de emprego, será contabilizada na
composição das transições de AC para I (ou melhor, de ativo-inativo). Entre outras situações,
a firma também pode promover alterações no emprego para cima no período t e, no período
subseqüente, continuar alterando o seu nível de emprego nos períodos futuros. Nesse caso, ela
deverá ser contabilizada na composição das transições de AC para AC (ou seja, de ativo-
ativo). Com essas informações é possível estimar as probabilidades condicionais, como por
exemplo:
P(I
t
|AC
t-1
) = (AC, I)
t
/AC
t-1
= (ac, l) (87)
em que: (AC, I)
t
= número de empresas que ajustaram para cima o emprego em t-1 e ficaram
inativas no período t;
AC
t-1
= número de empresas que ajustaram o emprego para cima no período t-1;
(ac, l) = é a probabilidade de não ocorrerem alterações no emprego em t, dado que as
firmas ajustaram o emprego para cima em t-1.
Essas probabilidades são conhecidas como probabilidades de transição e são
condicionais na linha. Considerando que i = j = AC, AB e I, elas mostram as probabilidades
de transitar de um regime j para um regime i entre trimestres e são relativas às empresas,
podendo ser estimadas sem qualquer suposição adicional. Para obtê-las, inicialmente,
contabiliza-se o número de empresas que se movimentam de um regime para o outro a cada
trimestre, gerando nove fluxos possíveis, como pode ser visto na Tabela 4. A partir daí, as
probabilidades
60
devem ser calculadas para cada trimestre pela relação entre o número de
empresas em cada transição e o número total de empresas em cada regime original.
Após calcular as probabilidades de transição entre os regimes e construir uma matriz
similar à apresentada na Tabela 4, a análise dos resultados recai sobre as probabilidades
descritas na diagonal principal, na qual são observadas as probabilidades de transição dentro
do mesmo regime. Com exceção da situação da transição de I para I (de inativo-inativo), todas
as outras situações na diagonal podem ser consideradas evidências favoráveis a uma estrutura
de custos de ajustamentos convexa. Os indícios de custos de ajustamentos fixos, ou de uma
estrutura de custos de ajustamentos não-convexos, podem ser observados na coluna I, na qual
60
As probabilidades de transição apresentadas na Tabela 3 variam entre 10
,
tij
p e o
=
3
,
1
i
tij
p .
74
são descritas as probabilidades de transitar de AB para I, de AC para I e, de uma vez, estando
no regime de inatividade, de se manterem nesse regime, ou seja, de I para I.
Tabela 4: Matriz de probabilidades de transição
Variação do emprego no período t Variação do emprego
no período t-1
AB I AC
AB
ab , ab ab, l ab, ac
I
l, ab l, l l,ac
AC
ac, ab ac, l ac, ac
Fonte: Elaboração própria.
A Tabela 5 apresenta as probabilidades de transição entre os regimes. Observa-se
pela diagonal principal que a probabilidade de as firmas se manterem dentro do mesmo
regime está próxima de 50%, exceto para a transição do regime de inatividade para
inatividade (de I para I). Apenas 27,72% das firmas que visitaram o regime de inatividade
num trimestre ainda permaneceram nesse regime no trimestre seguinte. Observa-se ainda na
coluna do regime I que um pequeno percentual de firmas que fizeram uma transição dos
regimes de AB para AC ou de AC para AB passaram pelo regime de inatividade, ou seja, a
probabilidade de (ab,l = 6,54%) e (ac, l)=5,99%, respectivamente. De um modo geral, esse
resultado indica que um baixo número de firmas se deslocará para um regime de inatividade
após um período de ajuste da demanda por trabalho, sugerindo evidências favoráveis a um
padrão de ajustamento convexo.
Esse resultado é consistente com uma amostra que inclui, sobretudo, empresas de
maior porte, ou seja, de maior dimensão. Isso pode ser confirmado por meio da Tabela 3,
onde se observa que as empresas com um número igual ou superior a cem empregados
correspondem a 79% da amostra utilizada no presente capítulo. Relacionado a esse fato, a
alteração de um número reduzido de trabalhadores numa grande empresa não representa,
necessariamente, um ajustamento a um choque de demanda; pode apenas estar sugerindo um
ajuste usual ou friccional (natural attriction). Por isso, adotar como definição de inatividade a
situação em que não houve nenhuma alteração no nível de emprego das firmas durante um
período de tempo, ou seja, um limite (threshold) de zero absoluto sobre o ajustamento do
emprego líquido, pode se mostrar restritivo, o que permite adotar dois outros critérios
relativos, a saber:
75
- limite de 5% sobre o ajustamento do emprego líquido: o estabelecimento é classificado
como inativo se, durante o período, a mudança no nível de emprego é menor do que 5% do
emprego apresentado no início do período;
- limite de 10% sobre o ajustamento do emprego líquido: o estabelecimento é classificado
como inativo se, durante o período, a mudança no nível de emprego é menor do que 10% do
emprego apresentado no início do período.
As Tabelas 6 e 7 apresentam as matrizes de transição calculadas para esses dois
novos critérios. Como pode ser visto pela diagonal principal da matriz para o threshold de
5%, 68,27% das firmas que visitaram o regime de inatividade num trimestre permaneceram
nesse mesmo regime no trimestre subseqüente. Esse resultado sugere uma persistência do
regime de inatividade e mostra a relevância desse regime como principal destino para uma
grande parte das firmas que realizam uma transição de um trimestre para o trimestre seguinte
como consistente com a existência de custos de ajustamentos fixos. A coluna I mostra que,
das firmas que passaram de AB para AC e de AC para AB, cerca de 50% visitaram
primeiramente o regime de inatividade. Qualitativamente, esse mesmo resultado pode ser
observado ao considerar o threshold de 10%, apesar de que, quantitativamente, o percentual
de firmas que se mantiveram dentro dos regimes de inatividade atingiu 85,31%, sugerindo que
o padrão de ajustamento das firmas é não-convexo. De um modo geral, os resultados mostram
a persistência da inatividade e confirmam a relevância desse regime como o destino das
empresas que fazem uma transição de um trimestre para o seguinte e que é consistente com a
hipótese de que o padrão de ajustamento é não-convexo.
Tabela 5: Matriz de transição para emprego total (1991-2004) – Inatividade (limite zero absoluto)
Período t
Período
AB I AC
AB
53.24 6.54 40.22
I
37.63 27.72 34.65
Período t-1
AC
44.81 5.99 49.21
Pearson chi2(4) = 634.4944 Pr = 0.000
Fonte: Baseado em amostra da pesquisa Fiergs/CNI e cálculos do autor.
Não obstante a importância desses resultados, apenas faz sentido se os regimes AC,
AB e I que ocorreram no período t não forem independentes daqueles observados no período
t-1. Portanto, resta saber se existe independência entre os eventos que ocorrem em t-1 e t. A
76
estatística qui-quadrado de Pearson
61
pode ser empregada com a finalidade de validar as
matrizes apresentadas nas Tabelas 5, 6 e 7. A idéia dessa estatística é testar a hipótese nula de
independência entre os eventos contra a hipótese alternativa de não-independência. Como
pode ser visto nas tabelas, o valor calculado para a estatística de Pearson, considerando 4
graus de liberdade, é superior ao valor crítico fixado ao nível de significância de 5%, que
corresponde a 9,49, sugerindo a rejeição da hipótese nula de independência, ou seja, obtêm-se
evidências de que as empresas, ao terem de decidir sobre o ajuste da demanda por trabalho no
período atual (t), levam em conta a sua decisão no período passado (t-1).
Tabela 6: Matriz de transição para emprego total (1991-2004) – Inatividade (limite 5%)
Período t
Período
AB I AC
AB
29.71 48.41 21.88
I
16.31 68.27 15.42
Período t-1
AC
25.83 50.29 23.89
Pearson chi2(4) = 447.9110 Pr =[ 0.0000]
Fonte: Baseado em amostra da pesquisa Fiergs/CNI e cálculos do autor.
Tabela 7: Matriz de transição para o emprego total (1991-2004) – Inatividade (limite 10%)
Período t
Período
AB I AC
AB
21.70 62.18 16.13
I
7.82 85.31 6.87
Período t-1
AC
22.25 63.80 13.94
Pearson chi2(4) = 611.6930 [ 0.0000]
Fonte: Baseado em amostra da pesquisa Fiergs/CNI e cálculos do autor.
Apesar das evidências favoráveis a uma estrutura de custos de ajustamentos não
convexa, três considerações devem ser feitas. A primeira diz respeito à matriz de transição,
que supõe que a probabilidade de transição independe do número de períodos no regime, ou
seja, é uma matriz markoviana de primeira ordem, na qual se observam apenas o período t-1 e
o período t. A segunda, e talvez mais importante, é a hipótese de que o estabelecimento é
classificado como inativo se, durante o período, a mudança no nível de emprego é menor do
que 5% e 10% do emprego apresentado no início do período. Se essa hipótese viesse a ser
2,5% do emprego, qual seria o resultado? A identificação depende de um critério relativo
61
Uma exposição detalhada da estatística qui-quadrado de Pearson pode ser encontrada em Bussab e Morettin
(2002).
77
arbitrário, o que torna o resultado encontrado um tanto frágil, porém não deixa de ser
relevante.
A terceira é que as evidências para o padrão de ajustamento do emprego observado no
nível das empresas consistente com custos de ajustamentos não-convexo não são uma
conclusão definitiva porque outros fatores devem estar afetando o que é observado. Por
exemplo, não foi considerado se as empresas estão ou não sendo afetadas por choques.
Segundo Varejão e Portugal (2006), o processo de ajustamento com custos fixos reflete uma
distribuição assimétrica de choques idiossincráticos ao invés de uma estrutura de custos de
ajustamentos. Nesse sentido, o uso de um modelo de duração do ajustamento do emprego
pode ser uma abordagem alternativa para verificar ou validar os resultados acima
apresentados.
3.4 Modelos de duração do ajustamento do emprego
Na literatura sobre demanda por trabalho, a relação entre o padrão de ajustamento ao
nível das empresas e as estruturas de custos de ajustamentos pode ser obtida de duas
maneiras. A primeira, e a mais comum, é estimar um modelo de demanda por trabalho no qual
a hipótese de custos de ajustamento não-convexo é considerada. Uma comparação com os
resultados obtidos para um modelo com custos de ajustamentos convexos poderia ser útil para
identificar o tipo da estrutura de custos de ajustamentos. Esse procedimento foi adotado em
Hamermesh (1989), Hamermesh (1990) e Hildreth e Othake (1998).
A segunda pode ser mais bem compreendida com o uso de um modelo do tipo (S,s),
amplamente utilizado nos estudos sobre investimentos (ver Caballero e Engel (1993)). Ela se
baseia no tempo de ajustamento do emprego, precisamente no tempo entre dois episódios
consecutivos de ajuste. Intuitivamente, considerando que o padrão de ajustamentos é não
convexo, a trajetória do ajustamento em nível micro deverá ser a mesma para as empresas.
Por isso, é importante observar o momento do ajustamento, principalmente o momento entre
dois ajustes consecutivos.
Uma descrição detalhada do modelo (S,s) pode ser encontrada em Caballero e Engel
(1991), Foote (1998), Rota (2001), entre outros. Para uma breve apresentação, suponha-se que
no tempo t cada estabelecimento i tem um nível de emprego desejado
*
it
N e que, na ausência
dos custos de ajustamentos, seria igual ao nível atual de emprego,
it
N . Suponha-se, ainda,
que s
it
é a diferença entre o nível do emprego desejado e o atual,
ititit
NNs =
*
, e que cada
empresa possui uma região de inatividade que contém todos os possíveis níveis de s
it
. Se os
78
custos de ajustamento são não-convexos, as firmas devem ajustar o nível de emprego apenas
quando s
it
atingir um dos limites (seja o superior ou o inferior) da região de inatividade, dada
por S
i
ou s
i
.
Considerando que
*
i
N seja governado por um movimento browniano com um drift
µ
e uma variância
σ
2
, cada empresa, individualmente, apresentará uma função densidade de
probabilidade dentro da sua região de inatividade, e o formato dessa função dependerá do
valor de
2
σ
µ
. De acordo com os choques que as empresas recebem, elas irão ou não
promover um ajuste no nível de emprego, o que vai depender do tamanho do choque e da
posição em que ela se encontra em relação aos limites da região de inatividade. Portanto, a
probabilidade de ajustar o emprego no caso de custos não-convexos vai depender de quão
próximas as empresas se encontram dos limites de inatividade.
Para Foote (1998) duas situações relacionadas ao drift
µ
merecem ser destacadas. Na
primeira, se
0
µ
, a probabilidade de ajustar o nível de emprego é uma função positiva do
tempo que decorreu desde o ajustamento anterior, em que cada choque que a empresa recebeu
aproximou-a mais dos limites da região de inatividade. Implicitamente, é como se a
ocorrência ou não de um ajustamento estivesse sujeita a uma estrutura de choques. Na
segunda, se 0=
µ
, a função hazard é constante e a duração do regime de inatividade é
exponencialmente distribuída. É uma situação em que equivale a dizer que a tecnologia de
ajustamento é não-convexa. Mas como distinguir entre as duas? Na distinção entre uma ou
outra, os modelos de duração poderiam ser úteis. Por exemplo, se o padrão de ajustamento é
não-convexo, espera-se uma relação positiva entre a probabilidade condicional de ajustamento
e a duração dos períodos de não-ajustamento, ou seja, a função
hazard é positivamente
inclinada. Ao levar isso em conta, a seguir é descrito uma função hazard para o ajustamento
do emprego.
3.4.1 Procedimentos de estimação
Antes de descrever o procedimento de estimação de uma função
hazard, faz-se
necessário apresentar, de forma sucinta, como ela pode ser empregada para informar se a
estrutura de custos de ajustamentos é convexa ou não-convexa. O primeiro passo consiste em
definir a variável de duração, que mostrará o tempo em que a firma irá permanecer no regime
de inatividade, cuja construção se deve a uma subamostra da base de dados utilizada no
presente estudo. Observa-se cada firma individualmente e verifica-se o momento em que entra
no regime de inatividade, acompanhando-a até o momento em que deixa esse regime. Assim,
79
a variável duração corresponde ao número de períodos no qual a firma permaneceu após
visitar o regime de inatividade. Para estudar esse fenômeno da duração, será empregada uma
função
hazard, que permite encontrar a probabilidade instantânea de ajustar o emprego em t,
dado que o estabelecimento esteve inativo até t. Com base em Lancaster (1990), Varejão e
Portugal (2006), Addison e Portugal (1998) uma função
hazard pode ser definida como:
)(
)(
)(1
)(
)((
lim)(
0
tS
tf
tF
tf
t
tTttTtP
th
t
=
=
+<
=
(88)
em que f(t) é a função densidade de probabilidade; F(t) é a função de distribuição; S(t) é uma
função de sobrevida. Uma função importante é a função hazard integrada
=Λ
t
duuht
0
)()( (89)
que descreve a função de sobrevida simplesmente por
))(exp()(exp)(
0
tduuhtS
t
Λ=
=
(90)
Como não existe um formato único para uma taxa hazard que seja apropriado em todas as
situações, é comum adotar, como pode ser visto na maioria dos papers, a distribuição
Weibull. Um modelo hazard Weibull convencional é dado por:
1
)(
=
ρρ
ρλ
tth (91)
que implica a seguinte função de sobrevida:
))(exp()(
ρ
λ
ttS = (92)
e uma função cumulativa hazard:
ρ
λ
)()( tt =Λ . (93)
80
A opção por uma função de distribuição Weibull deve-se à simplicidade com que permite
testar diretamente dependência da duração baseada apenas em seu formato por meio de um
parâmetro, ρ. Por exemplo, uma dependência de duração negativa está condicionada a um
ρ
<
1. Caso contrário,
ρ
> 1 sugere taxas hazard monotonicamente crescentes através do tempo.
Contudo, se ρ = 1, observa-se existência de uma distribuição exponencial (ou seja, uma
função hazard constante).
Vale lembrar que, após um período de inatividade, a firma pode sair desse regime
expandindo o emprego (o que equivale a promover um ajuste para cima (AC)) ou reduzindo o
seu nível de emprego (promovendo um ajuste para baixo (AB)). Para considerar esses dois
tipos de saída, a função hazard pode ser definida para um destino específico denotado por R:
saída com aumento do emprego e saída com redução do emprego. A equação a seguir mostra
como isso pode ser feito:
t
tTrRttTtP
th
t
r
=+<
=
),((
lim)(
0
(94)
na qual resulta numa função hazard agregada:
=
=
2
1
)()(
j
j
thth (95)
e na seguinte função de sobrevida
=
=
2
1
)()(
j
j
tStS (96)
em que
)(
)(
t
j
j
etS
Λ
= e
=Λ
t
jj
duuht
0
)()( .
Na implementação empírica do modelo é levada em conta a definição do regime de
inatividade apresentada na seção anterior, a saber: limite zero ou ajustamento do emprego
líquido zero; limite de 5% sobre o ajustamento do emprego líquido e limite de 10% sobre o
ajustamento do emprego líquido. Evidências favoráveis a uma estrutura de custos de
ajustamentos convexa estão condicionadas a um parâmetro
ρ
= 1, sugerindo uma taxa hazard
constante. Intuitivamente, após receber um choque nas condições de demanda, a empresa
inicia um processo de ajuste do emprego que ocorre lentamente e minimizando movimentos
81
bruscos, que geram grandes custos de ajustamentos. Os choques que porventura estão
ocorrendo antes da empresa terminar o processo de ajuste fazem com que esse processo seja
contínuo sem interrupções e que os ajustes não sejam dependentes do tempo.
Por outro lado, se os custos não forem convexos, frente uma distribuição uniforme no
tempo de choques de demanda, o ajustamento não será independente no tempo, pois terá de
haver um acúmulo de choques para que seja induzido um ajuste. Desta forma, quanto maior o
tempo de inatividade, maior o acúmulo de choques e maior a chance de ajustamento. Assim,
ao invés de
ρ
= 1, temos
ρ
< 1 ou
ρ
> 1I, sendo as taxas hazard monotonicmente
decrescentes ou crescentes através do tempo, ou seja, depende do tempo, sugerindo que o
padrão de ajustamentos é não-convexo. A seguir são apresentados os resultados obtidos na
estimação de uma função hazard para o emprego.
3.4.2 Análise dos resultados
Os resultados do ajuste de uma função hazard considerando as três definições
alternativas para os regimes de não-ajustamento são descritos a seguir. Antes de apresentá-los
são necessárias algumas considerações com o intuito de entender melhor os procedimentos
adotados na estimação. Com respeito à base de dados utilizada, abrange desde o primeiro
trimestre de 1991 ao primeiro trimestre de 2004. Em virtude do nascimento e mortes (abertura
e fechamento de empresas) de empresas, nem todas possuem informações para todo o
período. Algumas empresas estão presentes desde o primeiro trimestre de 1991, mas ao longo
do tempo deixaram de responder ao questionário, seja por terem fechado as portas (morrer),
seja por não mais fazerem parte do painel de empresas que compõem a amostra. Contudo,
outras passaram a responder ao instrumento e se mantiveram até o primeiro trimestre de 2004.
Por isso, o procedimento adotado foi fazer uma rolling windows de cinco anos para verificar
se ocorreu alguma alteração em termos de não-ajustamentos em alguma das janelas
62
.
Embora possa haver empresas que possuam informações além dos cinco anos
considerados em cada janela, esse critério de vinte trimestres leva em conta os trabalhos de
Caballero, Engel e Haltiwanger (1997), Portugal e Varejão (2006), entre outros, que usaram
um painel de cinco anos. Assim, com o fim de permitir a comparação seria importante manter
uma periodicidade semelhante à desses estudos. Outro aspecto importante a ser destacado está
relacionado com a saída da inatividade pela empresa, o que poderia ocorrer num contexto de
62
A intenção não é fazer uma análise ao longo do tempo, mas trata-se de um procedimento adotado visando
verificar se existe alguma diferença em termos de escolha de um período qualquer, ou seja, caso escolhêssemos
analisar apenas 1999-2004, será que os resultados obtidos seriam diferentes em relação à escolha de qualquer
outro período? Serve para dar uma idéia sobre se houve ou não uma quebra estrutural.
82
expansão ou queda de emprego. Por isso, os resultados foram tabulados de forma que numa
tabela apenas as saídas da inatividade com expansão do emprego fossem consideradas, ao
passo que, em outra, fossem considerados os resultados da saída da inatividade com queda no
emprego. Esse procedimento permite obter informações sobre a existência ou não de
assimetrias na saída da inatividade.
As Tabelas 8 e 9 apresentam os resultados do modelo de duração, observando a saída
da inatividade com expansão no emprego e uma saída da inatividade com uma queda no
emprego, respectivamente. Como pode ser visto, de um modo geral, independentemente de
qual modo de saída seja observado, os valores estimados do parâmetro λ da distribuição
Weibull são inferiores a 0.5, indicando uma baixa probabilidade condicional de abandonar o
regime de não-ajustamento em qualquer uma das janelas ao longo de todo o período. Esse
resultado está de acordo com aqueles apresentados anteriormente pelas matrizes de transição,
nas quais se obtiveram evidências de que, nas empresas que visitaram o regime de
inatividade, a probabilidade de se manterem nesse regime era elevada, seja para o critério
relativo de threshold de 5%, seja para o threshold de 10%.
Outra informação importante pode ser obtida ao serem compararadas as
probabilidades condicionais entre os dois modos de saída da inatividade. Observa-se que não
existe um comportamento padrão entre as probabilidades de saída da inatividade com
expansão daquelas de saída com queda no emprego, seja para o critério de não-ajustamento
definido como limite de 5%, seja para o de 10%. Apenas para o critério limite de zero
absoluto, as janelas de 1991-1995, 1992-1996, 1993-1997, 1994-1998, 1995-1999 e 1996-
2000 apresentam uma probabilidade maior para a saída com expansão do emprego, ao passo
que para as janelas de 1997-2001, 1998-2002 e 1999-2004, ocorre o contrário, ou seja, as
probabilidades de saída com expansão mostraram-se inferiores àquelas obtidas para saída com
queda no emprego. Em termos percentuais, as diferenças entre as magnitudes dos coeficientes
estimados, considerando apenas o limite de zero absoluto, variam de 59% a 137%. De
qualquer maneira, esse resultado é interessante e permite inferir sobre a existência de indícios
de que o tempo do ajustamento do emprego não apresenta um caráter simétrico, ou seja, as
probabilidades da saída da inatividade com expansão do emprego são diferentes da saída com
a queda de emprego.
As probabilidades condicionais entre os três critérios de inatividade, threshold de zero
absoluto, 5 e 10%, adotados também podem ser comparadas. Nesse caso, observa-se que as
probabilidades para os limites mais elevados em relação ao de zero absoluto apresentam uma
magnitude maior. Esse padrão se mantém ao serem compararadas as probabilidades entre os
dois modos de saída da inatividade, seja para expansão, seja para redução no emprego. De
83
qualquer forma, à medida que aumenta o threshold, a probabilidade condicional de sair da
inatividade também aumenta. É um resultado que faz sentido já que, ao ampliar o regime de
não-ajustamento, imagina-se que a pressão para a saída da inatividade tenda a ser maior.
A priori os resultados acima sugerem que o padrão de ajustamento é não-convexo,
como pode ser observado pelo parâmetro ρ estimado. Por meio das Tabelas 8 e 9, nota-se que
a função hazard Weibull possui uma duração com dependência positiva cujo valor
apresentado pelo ρ em todos os casos, seja para saída com expansão ou queda no emprego,
seja para threshold de zero absoluto, de 5 e 10%, na qual o parâmetro estimado é sempre
maior do que um. Assim, a hipótese de uma hazard constante,
ρ
= 1, é fortemente rejeitada,
vindo a corroborar para que a evidência de não-convexidade na função de custos de
ajustamentos seja confirmada. Intuitivamente, isso significa que um período de ajustamento
deve ser seguido por um período de inatividade. Dessa forma, os ajustamentos feitos pelas
firmas caracterizam-se por uma curta extensão de tempo e, quando ocorrem, são feitos através
de alterações significativas do emprego, sugerindo longos períodos de nenhum ajustamento.
3.5 Considerações finais
Diferentemente dos estudos encontrados na literatura, nos quais modelos de demanda
por trabalho são estimados após admitir que a estrutura de custos segue determinado padrão
(convexo ou não-convexo), este capítulo buscou responder à indagação sobre qual é a
estrutura de custos de ajustamentos em nível das firmas na indústria transformação do Rio
Grande do Sul. Nesse sentido, inicialmente, a descrição dos dados por meio das taxas de
crescimento do emprego para o período de 1991-2004 para o pessoal total empregado deu
indícios de um possível não-ajustamento ao apresentar uma grande concentração de taxas
iguais a zero, ou seja, sugerindo a manutenção do nível de emprego.
A partir daí, realizou-se uma análise dos eventos subseqüente com o objetivo de
verificar se, após um período de ajuste no emprego, os períodos seguintes eram compostos de
inatividade, ou seja, da manutenção do nível de emprego. Para tanto, foram elaboradas as
matrizes de transição, considerando três regimes de emprego, a saber: ajuste para cima,
manutenção do nível de emprego e ajuste para baixo do nível do emprego. Os resultados
apresentados nessas matrizes descreveram situações de inatividade para os regimes de
threshold de zero absoluto e de 5% e 10%. Novamente, foram encontradas evidências
favoráveis a um ajustamento não-convexo.
Apesar de essas evidências se mostrarem consistentes com um padrão não-convexo de
ajustamento, era preciso fazer a conexão entre o padrão de ajustamento em nível de empresa e
84
a estrutura de custos de ajustamentos, para o que foram utilizadas as funções hazard. O
procedimento foi estimar uma função hazard, considerando duas possibilidades de saída da
inatividade, a saber: i) saída com expansão do emprego e ii) saída com redução do emprego.
Os resultados mostraram evidências favoráveis à função de custos de ajustamentos não-
convexa, reforçando as evidências apresentadas pela matriz de transição para o limite de 5 e
10%. Em suma, ao serem considerados o comportamento das taxas de crescimento do
emprego, as probabilidades de transição para os critério de 5 e 10% de limite de ajustamento
líquido como uma definição de inatividade e os resultados obtidos para uma função hazard,
pode-se afirmar que a estrutura de custos de ajustamentos ao nível das firmas da indústria de
transformação do Rio Grande do Sul para o período analisado é não-convexa. O mesmo não
pode ser dito apenas para as probabilidades de transição quando se define inatividade como a
situação em que não ocorreu alterações no nível de emprego das firmas. Considerando esses
resultados, o próximo passo será estimar um modelo de demanda por trabalho com custos de
ajustamentos, no qual custos de ajustamentos convexos e custos de ajustamentos não-
convexos são considerados casos particulares.
85
Tabela 3: Distribuição dos estabelecimentos por tamanho (em %)
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
n<20 5.28 5.90 5.67 3.99 5.34 4.86 7.78 7.76 6.84 5.62 4.76 5.20 2.13 2.15
20 n <100
19.88 18.75 17.41 19.93 20.28 21.05 27.41 24.86 24.33 23.69 23.41 19.60 18.54 18.15
100 n <500
44.41 48.61 46.56 46.84 45.55 42.91 42.22 40.95 44.49 44.18 46.03 48.00 54.10 52.31
n 500
30.43 26.74 30.36 29.24 28.83 31.17 22.59 25.43 24.33 26.51 25.79 27.20 25.23 27.38
100.00 100.00 100.00 100.00 100.00 100.00 100.00 100.00 100.00 100.00 100.00 100.00 100.00 100.00
Fonte: Elaboração própria. n é o número de empregados do estabelecimento.
86
Tabela 8: Modelo de Duração com a Distribuição Weibull para o emprego total – Saída: com expansão do emprego
Inatividade (threshold: zero absoluto)
1991-1995 1992-1996 1993-1997 1994-1998 1995-1999 1996-2000 1997-2001 1998-2002 1999-2004
Coeficientes Coeficientes Coeficientes Coeficientes Coeficientes Coeficientes Coeficientes Coeficientes Coeficientes
λ
0.1469
(0.0155)***
0.2061
(0.0186)***
0.2179
(0.0191) ***
0.2528
(0.0200) ***
0.2329
(0.0192) ***
0.2058
(0.0186) ***
0.1666
(0.0175) ***
0.1206
(0.0156) ***
0.1080
(0.0145) ***
ρ
6.0348
(0.2745)***
5.4657
(0.2538)***
5.2864
(0.2492) ***
5.1733
(0.2458) ***
5.3405
(0.2572) ***
5.8289
(0.2674) ***
5.9880
(0.2985) ***
6.4977
(0.3349) ***
6.4653
(0.3312) ***
N 368 344 332 326 319 316 302 291 293
Log veros. 50.0039 20.3688 8.9015 2.1169 9.8258 20.7656 41.2781 58.1885 58.0406
Inatividade (threshold: 5 por centro)
λ
0.2950
(0.0183)***
0.3246
(0.0185) ***
0.3600
(0.0182) ***
0.4105
(0.0178) ***
0.4157
(0.0182) ***
0.4025
(0.0180) ***
0.3919
(0.0188) ***
0.3765
(0.0197) ***
0.4213
(0.0186) ***
ρ
5.8813
(0.2568)***
5.4332
(0.2397) ***
5.3593
(0.2402) ***
4.8679
(0.2143) ***
4.8151
(0.2175) ***
5.0980
(0.2297) ***
5.0994
(0.2341) ***
5.2648
(0.2498) ***
4.7071
(0.2170) ***
N 399 382 362 366 354 356 342 325 335
Log veros. 43.1555 16.3996 13.6091 -15.6516 -21.1176 -2.4359 -1.4962 6.3533 -25.3128
Inatividade (threshold: 10 por centro)
λ
0.4081
(0.0164)***
0.4151
(0.0166) ***
0.4285
(0.0167) ***
0.4401
(0.0162) ***
0.4552
(0.0164) ***
0.4242
(0.0167) ***
0.4310
(0.0173) ***
0.4214
(0.0175) ***
0.4603
(0.0164) ***
ρ
5.3682
(0.2241)***
5.2243
(0.2223) ***
5.2679
(0.2315) ***
5.1092
(0.2224) ***
4.7998
(0.2131) ***
5.3794
(0.2388) ***
5.2900
(0.2418) ***
5.5322
(0.2576) ***
4.5963
(0.2054) ***
N 418 392 370 379 371 369 354 334 353
Log veros. 15.8515 9.8513 10.9273 -0.7645 -24.2086 15.9816 6.5291 24.0357 -30.6938
Fonte: Elaboração própria.
Nota: (*) significante a 10%, (**) significante a 5% e (***) significante a 1%.
87
Tabela 9: Modelo de Duração com a Distribuição Weibull para o emprego total – Saída: com queda do emprego
Inatividade (threshold: zero absoluto)
1991-1995 1992-1996 1993-1997 1994-1998 1995-1999 1996-2000 1997-2001 1998-2002 1999-2004
Coeficientes Coeficientes Coeficientes Coeficientes Coeficientes Coeficientes Coeficientes Coeficientes Coeficientes
λ
0.0923
(0.0118)***
0.0998
(0.0128) ***
0.0992
(0.0133) ***
0.1066
(0.0142) ***
0.1033
(0.0150) ***
0.1140
(0.0150) ***
0.1728
(0.0187) ***
0.2283
(0.0212) ***
0.2229
(0.0207) ***
ρ
6.3982
(0.2907)***
6.2898
(0.2922) ***
6.3256
(0.3092) ***
6.2788
(0.3107) ***
6.1588
(0.3125) ***
6.2763
(0.3151) ***
5.6959
(0.2876) ***
5.1384
(0.2592) ***
5.2235
(0.2617) ***
N 353 335 302 309 294 297 285 283 294
Log veros. 75.0325 69.5298 62.6412 54.0232 47.1754 56.6058 32.7062 2.9317 3.1838
Inatividade (threshold: 5 por centro)
λ
0.3299
(0.0181)***
0.3355
(0.0186) ***
0.3030
(0.0195) ***
0.3555
(0.0188) ***
0.4056
(0.0190) ***
0.3938
(0.0189) ***
0.4223
(0.0183) ***
0.4226
(0.0182) ***
0.4476
(0.0179) ***
ρ
5.1263
(0.2215)***
5.1678
(0.2294) ***
5.6441
(0.2674) ***
5.0584
(0.2270) ***
4.6110
(0.2099) ***
5.0214
(0.2302) ***
4.8514
(0.2237) ***
5.2007
(0.2451) ***
4.6735
(0.2180) ***
N 401 378 346 360 344 347 335 323 337
Log veros. -5.4934 -1.4428 20.4919 -5.1609 -32.7023 -8.5576 -16.1344 4.0085 -31.7213
Inatividade (threshold: 10 por centro)
λ
0.4186
(0.0165)***
0.3994
(0.0168) ***
0.4045
(0.0178) ***
0.4147
(0.0170) ***
0.4427
(0.0171) ***
0.4283
(0.0171) ***
0.4284
(0.0172) ***
0.4273
(0.0173) ***
0.4660
(0.0164) ***
ρ
4.9803
(0.2086)***
5.3742
(0.2309) ***
5.2544
(0.2366) ***
5.2588
(0.2329) ***
4.8166
(0.2181) ***
5.3111
(0.2414) ***
5.3747
(0.2491) ***
5.6726
(0.2706) ***
4.6934
(0.2134) ***
N 418 392 366 373 358 361 342 329 353
Log veros. -14.1284 16.1953 4.1029 6.1051 -23.7158 5.6917 11.6679 25.8135 -29.3576
Fonte: Elaboração própria.
Nota: (*) significante a 10%, (**) significante a 5% e (***) significante a 1%.
88
4 UM MODELO DINÂMICO GERAL DE DEMANDA POR TRABALHO: UMA
APLICAÇÃO PARA O EMPREGO NA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO DO
RIO GRANDE DO SUL
4.1 Introdução
No capítulo anterior foram apresentadas evidências que sugerem que os custos de
ajustamento num modelo de demanda por trabalho não são quadráticos. Neste capítulo,
verificamos o efeito de diferentes especificações de custos de ajustamento em equações de
demanda por trabalho, trazendo evidências adicionais sobre qual tipo de custo de ajustamento
(quadrático, linear ou fixo) explica melhor o comportamento da demanda por emprego na
indústria, tomando o caso do Rio Grande do Sul. A metodologia traz um teste de hipótese em
coeficientes do modelo de regressão empregado para estimar a equação de demanda por
trabalho, que permite identificar o tipo de custo de ajustamento que seria mais apropriado para
representar os custos não salariais do emprego. Para estimar os parâmetros da equação de
demanda por trabalho, utiliza-se o Método Generalizado dos Momentos (MGM) em Primeira
Diferença (ARELLANO; BOND,1991), que consiste numa generalização do método de
estimação de modelos dinâmicos de efeitos fixos proposto por Anderson e Hsiao (1982). Os
resultados encontrados mostram que um modelo misto, em que custos de ajustamentos
quadráticos e custos fixos são considerados casos particulares, representa, melhor a estrutura
de custos de ajustamentos para a indústria do Rio Grande do Sul.
4.2 Representação empírica do modelo de demanda por trabalho e estratégia de
estimação
No capítulo I vimos que há diferentes hipóteses sobre custos de ajustamento, que
levam à diferentes equações de demanda por emprego num contexto de maximização
63
de
lucros com preços de fatores exógenos. A função mais usual de custos de ajustamento, a
quadrática, dentro de um modelo com previsão perfeita, leva ao modelo tradicional de
demanda por trabalho dinâmico na seguinte forma:
tttt
Xnn
ε
β
γ
++=
1
(97)
63
Embora tenha sido mencionada maximização dos lucros, as equações de demanda por trabalho também podem
ser obtidas por meio de um problema de minimização de uma função de perda.
89
em que
γ
e
β
são parâmetros, X
t
é um vetor de variáveis explicativas que afetam o equilíbrio
de longo prazo do emprego, n*, e
ε
t
é termo de perturbação. Hamermesh (1992)
64
apresentou
um modelo dinâmico em que contempla custos de ajustamento quadrático e custos de
ajustamento fixo como casos particulares. A principal característica do modelo é uma região
de inatividade do emprego denotada pelo intervalo
],[
+
nn , na qual se incluí o equilíbrio de
longo prazo do emprego, denotado por n*, conjuntamente com uma região em que o emprego
pode ser ajustado de forma lenta e suave. O intervalo
],[
+
nn tem sua origem nos custos
fixos que surgem a cada período quando o emprego está sendo alterado e, quanto maior forem
os custos fixos, maior será o tamanho do intervalo. Assim, dado um choque nas condições de
demanda da firma e supondo que seja grande o suficiente, ou seja, ][
*
0
+
> nn ou ][
*
0
< nn , o
empregador inicia o processo de ajustamento do emprego suavemente e sem alterações
bruscas em direção a n* e cessa ao atingir
*
+
n (ou
*
n no caso de um choque negativo). A
generalização desse modelo torna-se evidente ao impor restrições sobre os parâmetros do
modelo. Por exemplo, ao supor que os custos fixos são iguais a zero, obtém-se o tradicional
modelo dinâmico de demanda por trabalho com ajustamentos quadráticos, no qual a firma
promove um ajustamento do nível de emprego em direção ao emprego de equilíbrio de longo
prazo lento e suavemente, sem movimentos bruscos. Todavia, ao impor a restrição de que os
custos variáveis não existem, ou seja, que são iguais a zero, um modelo com custos de
ajustamentos fixo a la Hamermesh (1989, 1990, 1992) pode ser encontrado. Nele a firma
pode alterar discretamente o emprego, estabelecendo o nível de n*, ou manter o emprego em
seu valor inicial se o custo de uma alteração discreta for superior ao valor presente dos lucros
obtidos a cada período em n*.
Empiricamente, esse modelo é representado supondo que a firma prevê racionalmente
a trajetória dos futuros choques nas condições de demanda e que o vetor de variáveis X
representa a relação descrevendo a demanda por trabalho. Se a firma não se encontra no
intervalo ],[
**
+
nn , o emprego pode ser descrito como:
t
Mm
m
Nj
j
tjtjtt
uXnn
1
11
1
]1[ +
++=
∑∑
=
=
=
=
εαγγ
,
KXn
Mm
m
Nj
j
tjtjt
>+
∑∑
=
=
=
=
11
1
εα
(98)
64
O principal objetivo de Hamermesh (1992) era contornar três questões que haviam permanecido no estudo de
Hamermesh (1989, 1990): primeiro, inserir no mesmo modelo custos de ajustamentos fixos e quadráticos;
segundo, inserir a variável salário como determinante da demanda por mão-de-obra na equação a ser estimada e,
por fim, utilizar um segundo banco de dados tendo em vista tornar os resultados mais robustos. Para tanto, além
do banco de dados utilizados em Hamermesh (1989), foram utilizados os dados de estudo de Card (1986).
90
em que n
t
é o logaritmo natural do emprego no tempo t; n
t-1
é o logaritmo natural do emprego
no tempo t-1 e X
t-j
é um vetor de variáveis explicativas (usualmente custo salarial médio e
produto); u
1t
é o distúrbio com média zero e variâncias
2
1t
u
σ
;
γ
é o coeficiente de ajustamento
do emprego, está condicionado a 1 > γ 0 e é um maneira ad hoc de admitir custos de
ajustamentos quadráticos. Se
γ
= 0, K mede os custos fixos do ajustamento; quando
γ
0, K
pode ser interpretado como sendo o tamanho relativo do intervalo ],[
**
+
nn . A decisão de
alterar o emprego está condicionada a uma avaliação do emprego no período anterior e às
informações sobre o vetor X no início do período t. No caso em que a firma se encontra no
intervalo ],[
**
+
nn , busca manter o emprego constante:
ttt
unn
21
+=
,
KXn
Mm
m
Nj
j
tjtjt
+
∑∑
=
=
=
=
11
1
εα
(99)
em que u
2t
é distúrbio com média zero e variâncias
2
2t
u
σ
. Na equação (99) o ganho esperado
da firma na realização do ajuste do emprego para n* é insuficiente para superar os custos de
ajustamentos oriundos desse ajustamento e, portanto, manter o emprego inativo passa a ser a
melhor estratégia da firma. Em conjunto, as equações (98) e (99) formam um modelo de
switching
65
regression para a escolha de n
t
. Um modelo de ajustamento com defasagens
distribuídas pode ser obtido por meio da equação (98) ao desconsiderar a condição de
switching. Embora o ajustamento possa cessar antes de atingir o alvo em virtude da existência
de custos fixos, ao impor
γ
= 0, as equações (98) e (90) reduzem-se a um modelo dinâmico
com custos de ajustamento fixo. Se K = 0, o modelo se reduz ao tradicional modelo dinâmico
de demanda por trabalho com custos de ajustamento quadrático. Além dessas considerações,
supõe-se que E(u
1t
, u
2t
) = 0, que E(u
1t
ε
t
) = E(u
2t
ε
t
) = 0 e que os erros são normalmente
distribuídos e
12
uu
σ
σ
=
, permitindo que u
1t
e u
2t
em (98) e (99) venham a ser tratados como
u
t
.
Antes de mostrar como serão estimados os parâmetros em (98) e (99), é necessário
apresentar como será obtida uma medida estatística que servirá como uma proxy para custos
65
Lembrando a nota de rodapé 45, a condição de switching vai depender das realizações do termo
ε
t
. Dessa
forma, como foi apresentado em Hamermesh (1989), reescrevendo a equação (98) e (99) em termos do termo
ε
t
,
pode-se mostrar que a firma promove o ajuste do emprego se:
=
+>
N
j
jtjtt
XnK
1
1
][
αε
ou
=
+<
N
j
jtjtt
XnK
1
1
][
αε
e que irá manter o emprego constante se:
=
+
N
j
jtjtt
XnK
1
1
][
αε
e
=
+
N
j
jtjtt
XnK
1
1
][
αε
.
91
de ajustamentos fixos, K. Trata-se de uma medida que representa a possibilidade de alterar o
emprego ao longo da amostra que é obtida antes mesmo de se estimar a equação (98) e (99).
Um método de dois estágios para um modelo de switching regression descrito em Maddala
(1983) é empregado, no qual se admite a existência de dois regimes: ajustar o nível de
emprego e não ajustar. Assim, inicialmente, estima-se um modelo probit, no qual é
considerado D = 1 se o evento ajustar o nível de emprego ocorrer e D = 0, em caso contrário.
Com base nas estimativas encontradas é elaborada a variável lambda, ou seja, à semelhança
da Mills’ ratio, que é incorporada entre as variáveis explicativas junto com as condições de
demanda da firma numa equação que vai representar o modelo misto. Trata-se da equação
(98) acrescida da variável lambda. Em termos analíticos, a existência de custos de
ajustamentos fixos está condicionado a
λ
0 e
γ
= 0. Caso ocorra o contrário,
λ
= 0 e 0 <
γ
<
1, as evidências serão favoráveis à existência de custos de ajustamentos convexos, ou seja,
vale o tradicional modelo dinâmico com custos de ajustamento quadrático. Contudo, ainda um
terceiro caso é possível, ou seja,
λ
0 e 0 <
γ
< 1, caracterizando a existência de ambos os
custos de ajustamentos e demonstrando a existência de um modelo misto.
Ao considerar que a análise da demanda dinâmica por trabalho será realizada para
um painel de dados no nível de firmas, as equações (98) e (99) passam a incluir um termo
δ
i
,
que corresponde ao efeito específico individual não observável, tendo em vista capturar as
características das firmas não observadas e que influenciam na demanda por trabalho. Para
garantir estacionaridade da série de emprego, impõe-se que 1||
<
γ
. O efeito contemporâneo
das variáveis explicativas sobre a variável dependente é dado por
α
. A estimação das
equações (98) e (99), seja por um método de mínimos quadrados ordinários (MQO), seja por
um estimador de efeitos fixos Within Groups (WG) ou de efeitos aleatórios (GLS), apresenta
problemas. O estimador de MQO será seriamente viesado em virtude da correlação da
variável dependente defasada com o efeito específico individual. Uma vez que n
it
é uma
função de
i
δ
, n
it-1
também é função de
i
δ
. Então n
it-1
, um regressor do lado direito, é
correlacionado com o termo erro, fornecendo um estimador de MQO viesado e inconsistente
mesmo se o u
it
é não correlacionado serialmente, sendo o mesmo verdadeiro para o estimador
WG. Anderson e Hsiao (1982) propõem um procedimento para solucionar esse problema.
Eles sugerem, primeiramente, diferenciar o modelo para livrar-se de δi e, depois, aplicar
variáveis instrumentais, cujos instrumentos são:
)'',(
121
=
itititit
xxnZ (100)
ou
92
)'',(
1322
=
ititititit
xxnnZ . (101)
Obviamente, as variáveis n
it-2
e
n
it-2
= n
it-2
– n
it-3
são instrumentos válidos uma vez
que se mostraram correlacionadas com n
it-1
- n
it-2
, mas são não correlacionados com o termo
1
itit
ε
ε
, dado a não autocorrelação de u
it
. Uma importante vantagem desse procedimento é a
possibilidade de inserir mais defasagens no modelo a ser estimado. Segundo Baltagi (2005), o
estimador de Anderson e Hsiao (1982) permite obter estimativas consistentes, mas não
necessariamente eficientes dos parâmetros uma vez que não faz uso de todas as condições dos
momentos e não leva em consideração a estrutura diferenciada da variância e covariância dos
resíduos. Arellano e Bond (1991) mostram que um estimador mais eficiente pode ser obtido
com o uso de instrumentos adicionais, cuja validade está baseada na condição de
ortogonalidade entre os valores da variável dependente n
it
e os erros
ε
it
. Assim, também como
em Anderson e Hsiao (1982), propõem um estimador de variáveis instrumentais generalizados
que podem ser definidos como:
)'
~
()
~
'
~
(
ˆ
1
1
nPXXPX
ZZ
=
γ
(102)
onde:
'ZZP
Z
Γ= com
1
1
'1
)
1
()(
=
Σ==Γ
N
i
iDi
ZZ
N
ZZ
ψ
Para um painel de dados em que a dimensão tempo corresponde a cinco períodos, indexados
de t = 0 a t = 4,
Z
66
e
X
~
são definidos como:
],[
~
1
XnX
t
=
(103)
e
=
34
23
12
210
10
0
''
0
0
0
''
0
0
0
''
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
ii
ii
ii
iii
ii
i
xx
xx
xx
nnn
nn
n
Z
(104)
66
Para t = 2 um conjunto de instrumentos válidos é ]'',[
120 iii
xxy
. Para t = 3, o conjunto de instrumentos
aumenta desde que y
i0
e y
i1
sejam instrumentos válidos. Para t = 4 o conjunto de instrumentos é dado por
]'',,,[
34310 iiiii
xxyyy . Em termos matriciais, Z é expresso como na equação 100.
93
em que
X
it
é um vetor de variáveis exógenas incluído na equação. O estimador
1
ˆ
γ
permite
aplicar Mínimos quadrados generalizados (MQG) ao modelo:
ε
β
δ
+
+
=
''''
1
ZXZnZnZ
t
(105)
Assim, se os
it
ε
’s são não-autocorrelacionados, este estimador é o mais eficiente
dentro da classe dos estimadores de variáveis instrumentais, utilizando valores defasados de
n
it
como instrumentos. Se existe alguma dúvida sobre a estrutura dos erros, é possível utilizar
o estimador
twostep dos métodos generalizados dos momentos (MGM):
)'
~
()
~
'
~
(
ˆ
*1*
2
nPXXPX
ZZ
=
γ
(106)
onde: '
*
ZZP
Z
Γ= com
1
1
''
)
1
(
=
=Γ
N
i
iiii
ZeeZ
N
onde
e
i
é um vetor de erros não especificados do modelo diferenciado. Entretanto, qual é
vantagem em utilizar
2
ˆ
γ
em vez de
1
ˆ
γ
se são equivalentes assintoticamente e se o u
it
é
),0(~
2
uit
IIDu
σ
? Ao utilizar
2
ˆ
γ
não é necessário conhecer a distribuição dos componentes de
ε
it
,
α
i
e u
it
. No presente capítulo apresentam-se as versões one step homocedástica (MGM-H),
one step robusta (MGM-R) e a twostep (MGM-T).
Para verificar a robustez do modelo estimado por MGM, Arellano e Bond (1991)
sugerem dois tipos de testes. O teste de Sargan é empregado com a finalidade de verificar a
validade dos instrumentos. A falha em rejeitar a hipótese nula indicará que os instrumentos
são válidos. Como se supõe, inicialmente, que o erro
u
it
não é correlacionado, é feito um
segundo teste de autocorrelação serial de primeira ordem e outro de segunda ordem sobre os
resíduos em primeiras diferenças,
u
it
. O estimador de MGM será consistente apenas se não
haver a presença de autocorrelação de segunda ordem, ou seja, 0][
2
=
itit
uuE .
4.3 Resultados Empíricos
Nesta seção são apresentados os resultados da estimação da equação de demanda por
trabalho para o tradicional modelo dinâmico de demanda por trabalho, que assume uma
função de custos de ajustamentos quadrática, e, em seguida, são descritos os resultados para
94
um modelo geral em que a hipótese de custos de ajustamento quadráticos e custos de
ajustamentos fixos é considerada caso particular. Optou-se por esse procedimento tendo em
vista que, historicamente, a representação analítica dos custos como sendo quadráticos
(principalmente simétricos) foi uma das mais utilizadas nos estudos da dinâmica da demanda
por trabalho. Além disso, um modelo dinâmico de demanda por trabalho com ajustamentos
quadráticos permite fazer comparações com outros estudos da literatura. As informações
utilizadas foram obtidas junto à Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS) e
correspondem a dados das firmas que compõem a indústria de transformação do Rio Grande
do Sul para o período de 1991 a 2004.
4.3.1 Os dados
A variável emprego
(n) corresponde ao logaritmo natural do pessoal empregado total
e engloba a totalidade do pessoal com vínculo empregatício que estava trabalhando na
empresa no último dia do mês, incluído ou não no processo de produção. Na literatura
econômica a análise da dinâmica da demanda por trabalho com essa variável corresponde a
uma análise na qual a hipótese de homogeneidade da mão-de-obra é assumida. A variável que
descreve o custo salarial médio real
(wr) corresponde ao logaritmo natural do valor global da
folha de pagamento e refere-se à remuneração do trabalho dividido pelo número de pessoal
empregado total da empresa. Ela não inclui os pagamentos relativos ao décimo terceiro
salário, indenizações, gratificações e aviso prévio. Para representar as condições de demanda
da firma escolheu-se a variável valor total das vendas. Nessa variável são incluídas todas as
receitas das empresas oriundas das vendas de seus produtos, não levando em conta a prestação
de serviços, as transferências entre estabelecimentos e as vendas de ativos fixos ou a revenda
de matéria-prima beneficiada. Os valores são deflacionados pelo índice de preços por atacado
(IPA-OG). A seguir são apresentados os resultados encontrados.
4.3.2 Demanda dinâmica por trabalho
Nesta subseção são apresentados os resultados da estimação do tradicional modelo
dinâmico de demanda por trabalho e para o modelo geral numa versão com previsibilidade
perfeita (ou determinística), na qual se admitem a variável de custo salarial real médio
(wr) e
produto
(yr), que foram tratadas como sendo exógenas (previsões sem erros), e, numa versão
estocástica, em que essas variáveis
(wr e yr) são consideradas endógenas. Apesar de os
estudos mais recentes optarem pela estimação de um modelo estocástico, grande parte da
95
literatura contempla resultados oriundos de modelos determinísticos. Além disso, o modelo
geral teórico de Hamermesh (1992) incorpora a hipótese de perfeita previsibilidade. Por isso,
a fim de não fugir à versão original, optou-se por apresentar as duas versões, o que permite,
de certa forma, também verificar se há significativas diferenças nos resultados obtidos.
4.3.2.1 Modelo com previsibilidade perfeita (ou determinístico)
A Tabela 10 mostra as estimativas da equação de demanda por trabalho
67
. As colunas
(a), (b), (c), (d), (e) e (f) mostram as estimativas para o mesmo modelo, em que uma função
de custos quadrática é considerada. Dado que o modelo inclui uma variável dependente
defasada, cada coeficiente estimado corresponde ao efeito de curto prazo de sua respectiva
variável. O efeito de longo prazo pode ser obtido dividindo-se o efeito de curto prazo por 1
menos o coeficiente da variável dependente defasada. De modo geral, todos os coeficientes
são significativamente diferentes de zero e têm o sinal esperado. A coluna (a) apresenta os
resultados obtidos por meio do estimador de mínimos quadrados ordinários (MQO). A
elasticidade de curto prazo do custo salarial médio sobre o emprego foi estimada em -0,1123,
e a do produto, sobre o emprego, em 0,1066. O coeficiente de ajustamento do emprego foi
estimado em 0,8782 para o período completo. Essa estimativa indica uma suavidade e a
ausência de movimentos bruscos, sugerindo a existência de custos substanciais para o
ajustamento do emprego. Apesar dessa evidência, esse valor não é definitivo uma vez que os
testes de especificação para o estimador de MQO indicam a existência de correlação serial,
como pode ser observado pelo teste de Breush-Pagan para autocorrelação de segunda ordem.
Na coluna (b) são apresentadas as estimativas para o estimador WG, como uma forma
de controlar o efeito fixo de cada firma ao longo do tempo. A estimativa do coeficiente de
ajustamento do emprego caiu para 0,6021, valor esse inferior ao obtido pelo estimador de
MQO
68
. De qualquer maneira, esse resultado reforça a evidência de um ajuste suave da
variável emprego. Porém, o modelo ainda não está bem especificado porque os testes de
especificação sugerem a existência de autocorrelação dos resíduos.
A coluna (C) mostra os resultados para o estimador de variáveis instrumentais (IV),
tipo Anderson e Hsiao (1982). O coeficiente estimado para a variável dependente defasada
emprego foi de 0,6700. Trata-se de um número menor do que o fornecido por MQO, porém
maior quando comparado à estimativa obtida por meio do WG, como era esperado, segundo
67
Para dados anuais é comum na literatura o uso de duas defasagens para a variável dependente defasada como
pode ser visto em Arellano e Bond (1991) e Nickel e Wadhwani (1991), entre outros. Estimou-se uma equação
em que a segunda defasagem foi considerada, porém não foi estatisticamente significativa.
68
Como foi observado na seção anterior, o WG forneceria um estimador negativamente viesado, ao passo que o
coeficiente estimado por MQO seria positivamente viesado.
96
Arellano e Bond (1991). Isso mostra que o estimador de IV permite um ganho considerável de
precisão em relação ao WG. Esse resultado também sugere que o ajuste do emprego é suave,
ou seja, a estratégia adotada pelos empregadores diante de choques nas condições de demanda
e do ajustamento do número de trabalhadores por um longo período. O modelo estimado é
bem especificado, como pode ser observado pelo teste de Sargan, que mostra a inexistência de
problemas com a má especificação do modelo.
As colunas (d), (e) e (f) apresentam os resultados para as três versões do estimador
MGM de Arellano e Bond (1991), denotado na Tabela 10 como MGM. A coluna (d) mostra
as estimativas do modelo dinâmico para a versão
one-step e homocedástico (MGM-H), ao
passo que a coluna (e) mostra a versão robusta à heterocedasticidade (MGM-R). As
estimativas dos coeficientes obtidos pela estimação são idênticas, diferenciando-se apenas
quanto aos desvios-padrão por causa da hipótese de homocedasticidade que foi admitida na
coluna (d). A presença de autocorrelação de primeira ordem nos resíduos diferenciados não
implica que as estimativas sejam inconsistentes, o que ocorreria apenas na presença de
autocorrelação de segunda ordem, sendo importante para validar os instrumentos.
Após tecer essas considerações do estimador de Arellano e Bond (1991) acerca da
especificação do modelo, cabe verificar os resultados obtidos para a estimativa do coeficiente
de ajustamento do emprego. Como pode ser visto nas colunas (d), (e) e (f), o coeficiente de
ajustamento do emprego obtido é significativamente diferente de zero e possui o sinal
esperado. O mesmo pode ser observado para os parâmetros estimados do custo salarial real
médio
(wr) e para o produto (yr). Esses resultados permitem inferir que o ajuste do trabalho é
suave; assim, torna-se mais lucrativo para as firmas diluir o ajustamento ao longo do tempo.
Uma maneira simples de mostrar a velocidade de convergência do emprego é por meio
da defasagem mediana. O objetivo é definir, com base no coeficiente de ajuste, o número de
anos necessários para o empregador realizar metade do ajuste em direção ao novo equilíbrio.
Formalmente, a defasagem mediana é obtida por meio da razão da
)log(
)5,0log(
γ
. De acordo
com a estimativa de γ obtidas por MQO, a defasagem mediana do emprego é de 5,33 anos (o
que corresponde a 63,96 meses), sugerindo uma lentidão no ajuste do trabalho. Contudo, esse
valor apresenta uma brusca queda para 1,36 anos (o equivalente a 16,32 meses), reduzindo a
lentidão do ajuste do trabalho quando é empregada a estimativa obtida por WG. Para o
método IV, encontrou-se uma defasagem mediana do emprego de 1,73 anos (o que
compreende 20,76 meses). Para as estimativas do MGM-H e MGM-R, a defasagem mediana
do emprego encontrada é de 1,79 anos, ao passo que, para o MGM-T, foi obtida um período
de 1,27 anos. Apesar da grande diferença entre o tempo necessário de ajuste apresentado para
97
o estimador de MQO, esses valores evidenciam que os custos de ajustamentos são
substanciais, o que leva as firmas a optarem por diluir esse custo ao longo do tempo.
Os estudos realizados para o Brasil, como o de Pereira (1998), Pereira e Gonzaga
(1998) e Gonzaga e Corseuil (2001), nos quais foram empregados dados da Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo e dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM),
respectivamente, porém com metodologias diferentes, resultaram em estimativas do
coeficiente de ajustamento superiores a 0,95 e próximas de 1,0. A defasagem mediana
calculada para Pereira (1998) e Pereira e Gonzaga (1998) foi de 65 meses (ou seja,
equivalente a 5,41 anos), tempo médio abaixo do valor encontrado por Gonzaga e Corseuil
(2001), de 68,06 meses (ou seja, 5,67 anos). Comparativamente aos valores descritos em
Hamermesh (1993), nossas estimativas apresentaram um valor superior, corroborando as
evidências acima descritas da lentidão no ajuste do trabalho no Brasil, apesar de nosso
trabalho ter utilizado uma base de dados em nível das firmas da indústria de transformação do
Rio Grande do Sul.
Por fim, dois aspectos merecem atenção. O primeiro está relacionado ao pré-requisito
observado por Arellano e Bond (1991), no qual as estimativas obtidas para o estimador MQO
devem apresentar um coeficiente superior em relação às estimativas do estimador
WG e dos
estimadores de variáveis instrumentais e de MGM na versão
one-step e two-step. Esse
requisito é atendido, como pode ser observado na Tabela 10, nas colunas (a), (b), (c), (d) e (f).
No que diz respeito ao segundo, é interessante ainda notar que a estimativa por MGM do
coeficiente de
n
t-1
está dentro de um desvio-padrão do IV e próxima da estimativa obtida por
WG. Esse resultado é importante porque dá robustez e confiabilidade às estimativas, uma vez
que, por mais que mude o método de estimação, o coeficiente do
n
t-1
está entre 0,5 e 0,7.
Além disso, a elasticidade do produto do emprego e do custo salarial do emprego de curto
prazo é menor do que 0,2.
Talvez um terceiro aspecto a ser observado diga respeito ao fato de que o uso da base
de dados das firmas que compõem a indústria de transformação do Rio Grande do Sul, na
forma de um painel de dados, na estimação do tradicional modelo dinâmico de demanda por
trabalho, não invalidou os resultados encontrados para o Brasil, divergindo apenas na
magnitude do coeficiente de ajustamento do emprego e no tempo necessário de ajuste,
verificado por meio da defasagem mediana. Além disso, esses resultados atendem, em certa
medida, à necessidade de estudos utilizando um painel de dados, como Hamermesh e Pfann
(1996a) salientaram, cuja finalidade seria buscar evidências da estrutura e do tamanho dos
custos de ajustamento do trabalho.
98
Historicamente, como pôde ser visto no capítulo I, o tradicional modelo dinâmico de
demanda por trabalho, no qual se admite uma função de custos de ajustamentos quadrática,
tem sido gradualmente abandonado em razão de funções de custos de ajustamentos mais
elaboradas, como, por exemplo, funções de custos de ajustamentos fixos. Assim, visando
verificar a existência de custos de ajustamento fixos, a seguir são apresentados os resultados
para o modelo geral (ou também misto), em que ambas as funções de custos de ajustamentos
são consideradas como um caso particular.
As colunas (g), (h), (i), (j) e (k) na Tabela 10 mostram as estimativas para o modelo
geral proposto por Hamermesh (1992) e descrito na equação (90) e (91). Observa-se que todos
os coeficientes estimados possuem o sinal esperado e são significativamente diferentes de
zero. Para qualquer que seja o método utilizado (WG, IV, MGM-H, MGM-R e MGM-T), a
estimativa do lambda, que representa custos fixos, é sempre significativamente diferente de
zero. As elasticidades do custo salarial médio e do produto do emprego de curto prazo
estimadas apresentam valores inferiores a 0,2 (com sinais diferentes), exceto para o MGM-T.
Como foi apresentado anteriormente, a existência de uma estrutura de custos de ajustamentos
com apenas custos fixos está condicionada a uma estimativa do coeficiente de ajustamento do
emprego, γ, igual a zero (ver equação (98) e (99)). Porém, essa estimativa é estatisticamente
diferente de zero, mostrando que o modelo misto (ou geral) parece descrever melhor o
ajustamento do emprego do que o modelo dinâmico de demanda por trabalho apenas com
custos de ajustamentos quadráticos, uma vez que as estimativas do coeficiente lambda não
permitem rejeitar a hipótese que os custos de ajustamentos das firmas também sejam fixos
69
.
Portanto, esse resultado permite inferir que não é correto supor que os custos de ajustamentos
da firma sejam apenas caracterizados por custos quadráticos (como mostraram os resultados
na subseção anterior) ou fixos. Assim, os custos de ajustamentos são mistos e, portanto,
ambos devem ser levados em conta caso se deseje analisar a estrutura de custos de
ajustamentos.
A expectativa inicial ao optar por estimar um modelo geral estava associada a um
resultado dicotômico, ou seja, obter evidências mais favoráveis a um dos dois tipos de custos
de ajustamentos, embora a hipótese de existência de ambos não fosse excludente. Nesse
sentido, os resultados apresentados apenas conferem uma maior complexidade acerca da
dinâmica da demanda por trabalho. Ademais, mostram optar por estimar um modelo com
custos de ajustamentos quadráticos não é o procedimento mais adequado. Evidência
semelhante foi obtida por Hamermesh (1992) usando dados trimestrais para o emprego de
69
Apesar de a magnitude da estimativa do parâmetro lambda mostrar-se superior a 1, é necessário destacar que
ela pode assumir qualquer valor.
99
mecânico em sete empresas aéreas nos Estados Unidos para o período de 1969-76.
Esse
resultado sugere que a decisão de ajustar não é linear com os choques, ou seja, o choque tem
de ser grande o suficiente para gerar uma mudança no emprego. Assim, alterações no salário
ou mudanças no produto não têm efeito sobre o emprego, desde que esses choques sejam
pequenos.
Por fim, resta comentar o resultado encontrado para coeficiente da variável
dependente defasada para o estimador de IV na coluna (h). Supõe-se que 1 > γ 0, porém o
valor obtido é superior e é inesperado. Por isso, foram testadas especificações alternativas, nas
quais foram incluídas mais defasagens para a variável dependente defasada, além de
defasagens para custo salarial médio e para o produto, cujos resultados não apresentaram
alterações significativas. Em suma, tendo em vista os resultados apresentados pelo MGM-H,
MGM-R e MGM-T, observa-se que o modelo geral descreve melhor a estrutura de custos de
ajustamentos e que as estimativas para o coeficiente de ajustamento do emprego são próximas
daquelas apresentadas pelo modelo dinâmico com custos de ajustamentos quadráticos e
simétricos. Percebe-se que o coeficiente de ajuste do trabalho está entre 0,5 e 0,7. Portanto, o
modelo dinâmico de demanda por trabalho determinístico deve considerar ambos os custos de
ajustamentos.
4.3.2.2 Modelo estocástico
Nos resultados apresentados na Tabela 10 não foi considerada a endogeneidade dos
regressores da variável custo salarial real médio e produto. Ao admitir um ambiente
determinístico no qual se espera previsibilidade perfeita, supõe-se que a firma possui total
conhecimento dos valores futuros do termo
X
it
, podendo, assim, determinar com exatidão as
trajetórias ótimas de
n
t
. Trata-se de uma hipótese útil, mas pouco realista uma vez que o
máximo que a firma pode fazer é definir uma trajetória para
X
it
com base no seu conjunto de
informações e, a partir daí, escolher as seqüências futuras do emprego que maximizam
intertemporalmente os lucros da firma. Ao abandonar a suposição de previsibilidade perfeita
das condições de demanda da firma, o que equivale a introduzir a abordagem teórica das
expectativas racionais, as condições da demanda pelo produto da firma passam a ser dadas por
um processo estocástico, como foi descrito no capítulo 1. A seguir apresentam-se os
resultados para o modelo dinâmico de demanda por trabalho, no qual se considera a
endogeneidade dos regressores custo salarial médio
(wr) e produto (yr).
Para fins de comparação entre a hipótese de previsibilidade perfeita e a hipótese de
expectativas racionais, a estratégia de apresentação dos resultados para o modelo estocástico
100
seguirá o mesmo padrão da apresentação dos modelos determinísticos. Nesse sentido, a
Tabela 11 apresenta as estimativas da equação de demanda por trabalho e as colunas (a’), (b’),
(c’), (d’), (e’) e (f’) mostram as estimativas para o tradicional modelo dinâmico de demanda
por trabalho com custos de ajustamento quadrático e simétrico. De modo geral, observa-se
que todos os coeficientes são significativamente diferentes de zero e possuem o sinal
esperado. Tendo em vista que o problema da endogeneidade dos regressores é tratado por
meio de variáveis instrumentais, as estimativas apresentadas nas colunas (a’) e (b’) são
idênticas àquelas apresentadas no modelo determinístico, pois (a) e (b) não usam IV.
Conforme foi visto anteriormente, as estimativas obtidas por MQO, coluna (a’), e pelo
estimador WG, coluna (b’), são viesadas para cima e a especificação apresenta problemas
com correlação serial dos resíduos. Além disso, o regressor é assintoticamente correlacionado
com o termo erro, de modo que as estimativas não são consistentes.
A coluna (c’) mostra os resultados para o estimador de variáveis instrumentais (IV).
Utilizou-se a variável
n
it-3
como instrumento para dn
it-1
e wr
it-2
e yr
it-2
para dwr
it
e dyr
it
,
respectivamente, de forma que o modelo é identificado
70
, gerando, dessa forma, estimativas
consistentes para o parâmetro de custos de ajustamento do emprego, para o custo salarial
médio e produto. Ainda como instrumento, testou-se uma quarta defasagem da variável
emprego e uma terceira e quarta defasagem das variáveis
wr e yr, visando tornar mais
eficientes as estimativas. Contudo, os resultados mostraram que elas não eram bons
candidatos para instrumentos. A especificação do modelo pode ser observada pela estatística
de Sargan, que indica a não má-especificação do modelo. A elasticidade custo salarial real
médio do emprego foi estimada em -0,1047, ao passo que a elasticidade produto do emprego
foi de 0,1165. A estimativa do coeficiente de ajustamento do emprego 0,6582 mostra-se
inferior à estimativa obtida para MQO e superior à estimativa do WG, como era esperado.
As colunas (d’), (e’) e (f’) apresentam os resultados para o estimador de MGM na
versão MGM-H, MGM-R e MGM-T. A coluna (d’) mostra as estimativas do modelo
dinâmico para a versão
one-step MGM-H; a coluna (e’) mostra a versão robusta à
heterocedasticidade, MGM-R. Como observado anteriormente, as estimativas são idênticas
para as duas versões, diferenciando-se apenas no que diz respeito aos desvios-padrão por
causa da hipótese de homocedasticidade. As elasticidades de curto prazo do custo salarial real
médio e do produto são superiores a 0,2 (com sinais diferentes). O coeficiente de ajustamento
do emprego obtido é de 0,5077, o que confirma a suavidade e ausência de movimentos
bruscos no emprego. As estimativas são consistentes uma vez que pode ser observada a
ausência de autocorrelação de segunda ordem.
70
O modelo é identificado em virtude de estar empregando apenas um instrumento para cada variável endógena.
101
A coluna (f’) apresenta o estimador MGM-T. Observa-se uma queda na magnitude das
estimativas dos coeficientes de ajustamento do emprego, ao passo que ocorre um aumento no
valor da elasticidade do custo salarial médio e do produto ao serem comparadas com as
estimativas para as duas versões do estimador
one-step. Contudo, a rejeição da hipótese nula
de não-existência de autocorrelação de primeira ordem dos resíduos diferenciados se mantém,
o que não ocorre com os resíduos diferenciados de segunda ordem, mostrando que as
estimativas são consistentes. De um modo geral, esses resultados corroboram com a evidência
apresentada anteriormente para o modelo dinâmico de demanda por trabalho com custos e
ajustamentos quadráticos na versão determinística, ou seja, evidências favoráveis à suavidade
e ausência de movimentos bruscos do emprego.
A defasagem mediana também foi calculada para mostrar a velocidade de
convergência do emprego. De acordo com a estimativa de γ obtidas para o estimador de IV,
encontrou-se uma defasagem mediana do emprego de 1,65 anos (o que corresponde a 19,8
meses). Para as estimativas do MGM-H e MGM-R a defasagem mediana do emprego
encontrada é de 1,02 anos (o que equivale a 12,24 meses), ao passo que, para o MGM-T, foi
obtido um período de 0,6 anos (o que compreende 7,2 meses). Comparativamente aos valores
encontrados na subseção anterior para o tradicional modelo dinâmico de demanda por
trabalho na versão determinística, observa-se uma redução do tempo necessário para o
empregador realizar metade do ajuste em direção do novo equilíbrio.
Ainda na Tabela 11, as colunas (g’)
71
, (h’), (i’), (j’) e (k’) mostram os resultados
encontrados para o modelo misto, no qual os custos de ajustamentos quadráticos e custos
fixos são considerados casos particulares. Os coeficientes estimados são significativamente
diferentes de zero e possuem o sinal esperado, com exceção da coluna (h’), na qual apenas a
estimativa do parâmetro de ajustamento do emprego foi estatisticamente diferente de zero. As
colunas (i’), (j’) e (k’) mostram os resultados para o estimador de MGM. Observa-se que as
estimativas do coeficiente lambda são significativamente diferentes de zero, não permitindo
rejeitar a hipótese de que os custos de ajustamentos são fixos. A elasticidade custo salarial
real médio do emprego e a elasticidade do produto do emprego passaram a apresentar valores
inferiores a 0,2 (com sinais diferentes). Entretanto, a estimativa do coeficiente de ajustamento
do emprego é estatisticamente diferente de zero; portanto, semelhantemente aos resultados
apresentados para os modelos determinísticos, os modelos estocásticos mostram que tanto os
custos de ajustamentos quadráticos quanto os custos de ajustamentos fixos são,
conjuntamente, importantes para descrever a estrutura de custos de ajustamentos. Portanto,
71
As estimativas apresentadas na coluna (g’) são idênticas às que foram descritas pelo modelo determinístico na
coluna (g), uma vez que as variáveis não foram instrumentalizadas.
102
diante de choques nas condições de demanda, os empregadores optam por dividir o
ajustamento do número de trabalhadores por um longo período, promovendo esse ajuste até o
momento em que for superior aos custos fixos.
Em resumo, os resultados apresentados para o modelo padrão e para o modelo geral
das seções 4.3.2 e 4.3.3 permitem duas breves considerações acerca das estatísticas em si e
para o resultado geral encontrado
72
. Em primeiro lugar, ao observar mais atentamente os
resultados das estimativas dos coeficientes, pode-se inferir que, ao abandonar a hipótese de
previsibilidade perfeita das condições de demanda da firma em favor da abordagem das
expectativas racionais, vê-se que as magnitudes das estimativas de curto prazo dos parâmetros
mostraram-se inferiores. Salvo o caso da coluna (h’), as demais colunas da Tabela 11 e da
Tabela 10 apresentaram sinais e significância estatística semelhantes. Dessa forma, considerar
a endogeneidade dos regressores permite um ganho considerável de precisão.
Em segundo lugar, o modelo misto com custos de ajustamentos quadráticos e fixos
descreve melhor o ajustamento em relação ao tradicional modelo dinâmico com apenas custos
de ajustamento quadrático. Isso pode ser observado por meio do lambda, que é
estatisticamente diferente de zero, seja na versão determinística, seja na versão estocástica do
modelo misto (ou geral), sugerindo a existência de custos de ajustamentos fixos. Portanto, ao
analisar a estrutura de custos de ajustamentos para o painel das firmas na indústria do Rio
Grande do Sul, é preciso levar em conta que ambos os custos de ajustamentos, quadráticos ou
fixos, devem ser considerados.
Em termos econômicos, a principal implicação deste resultado pode ser vista nas
últimas colunas, com lambda, em que as estimativas do coeficiente
n
t-1
são bem menores,
sugerindo um ajustamento mais rápido; no quadrático, imagina-se que o ajustamento é mais
lento. Além disso, imagina-se ainda que, mesmo que o ajustamento seja mais rápido, a
decisão de ajustar não é linear com os choques e, além disso, o choque tem de ser grande o
suficiente para gerar uma mudança no emprego. Isso sugere que política de salários ou
mudanças no produto não têm efeito sobre o emprego, desde que esses choques sejam
pequenos.
72
Em consideração as alterações que a economia brasileira esteve sujeita nos últimos anos, como, o processo de
estabilização da inflação, inseriu-se uma variável dummy para captar ser houve significativas alterações nos
parâmetros após o Plano real. Além disso, considerando que o período em análise é longo, 1991-2004, também
foi introduzida uma variável de tendência com objetivo de captar as inovações tecnológicas. Os resultados
obtidos não indicaram grandes alterações, aliás, a dummy para o Plano real não foi significativa.
103
4.4 Considerações finais
Neste capítulo foram analisados os resultados gerados pela estimação de dois
modelos dinâmicos de demanda por trabalho. No primeiro, apenas a hipótese de custos de
ajustamento quadrático era admitida, ao passo que, no segundo, um modelo com os custos de
ajustamento quadrático e custos de ajustamentos fixos era considerado casos particulares.
Inicialmente, foram apresentados os resultados oriundos do modelo determinístico, no qual se
admitiu prefeita previsibilidade da variável de custo salarial real médio e produto. Os
resultados indicaram que o modelo dinâmico com custos de ajustamentos quadráticos pode
ser útil para dar uma idéia da dinâmica do ajuste do emprego, porém apenas conta parte dessa
história. Isso ficou evidente a partir do instante em que foi estimado o modelo misto com
custos de ajustamentos quadráticos e custos fixos, cujas evidências demonstraram a
necessidade de incorporar ambos os custos.
Os resultados do modelo estocástico, no qual se admitiam a endogeneidade dos
regessores produto e custo salarial real médio, em termos qualitativos, não foram diferentes
dos apresentados pelo modelo determinístico. Contudo, em termos quantitativos, as
magnitudes das estimativas foram menores. Essa diferença é refletida no momento de calcular
a defasagem mediana, que pode ser empregada para verificar a velocidade de convergência do
emprego. Com relação aos dados, do ponto de vista metodológico, a disponibilidade de dados
ao nível da firma na forma de um painel de dados permite fazer alguns aprimoramentos na
estimação dos modelos dinâmicos de demanda por trabalho, tendo em vista conhecer melhor
o comportamento do mercado de trabalho, principalmente no Brasil, cujas estimativas da
demanda por trabalho com o uso de microdados são inexistentes.
104
Tabela 10: Estimativas para demanda por trabalho das empresas industriais do Rio Grande do Sul (1991-2004) - Modelos determinísticos
(a)
MQO
(b)
WG
(c)
IV
(d)
MGM-H
(e)
MGM-R
(f)
MGM-T
(g)
WG
(h)
IV
(i)
MGM-H
(j)
MGM-R
(k)
MGM-T
Constante -0,1449
(0,0293)***
0,6297***
(0,0923)
-0,0136***
(0,0064)
-0,0127***
(0,0032)
-0,0127***
(0,0036)
0,0138***
(0,0028)
0,3431***
(0,1226)
-0,0131***
(0,0073)
-0,0170***
(0,0029)
-0,0170***
(0,0052)
-0,0146***
(0,0033)
n
t-1
0,8782
(0,0065)***
0,6021***
(0,0166)
- - - - 0,6410***
(0,0205)
- - - -
wr
t
-0,1123
(0,0057)***
-0,1776***
(0,0081)
- - - - -0,1750***
(0,0087)
- - - -
yr
t
0,1066
(0,0052)***
0,1821***
(0,0077)
- - - - 0,1852***
(0,0080)
- - - -
dn
t-1
- - 0,6700***
(0,0929)
0,6793***
(0,1177)
0,6793***
(0,1337)
0,5795***
(0,1133)
- 1,1005***
(0,1595)
0,5585***
(0,0889)
0,5585***
(0,2739)
0,6362***
(0,1403)
dwr
t
- - -0,1203***
(0,0115)
-0,1778***
(0,0111)
-0,1778***
(0,0540)
-0,2042***
(0,0309)
- -0,0488***
(0,0177)
-0,1506***
(0,0123)
-0,1506***
(0,0509)
-0,1948***
(0,0322)
dyr
t
- - 0,1198***
(0,0094)
0,1740***
(0,0104)
0,1740***
(0,0579)
0,1985***
(0,0327)
- 0,0905***
(0,0113)
0,1606***
(0,0103)
0,1606***
(0,0569)
0,2097***
(0,0338)
lambda
t
- - - 1,0424***
(0,2304)
7,0250***
(1,0788)
2,9839***
(0,5695)
2,9839***
(1,3851)
3,2589***
(0,8175)
n.observações 2504 2504 1548 1941 1941 1941 2411 1484 1870 1870 1870
Teste F 27861,80
R2 0,97 0,96 0,05 0,95 0,04
Sargan test - -
χ(8)=
6,3468
13,74 - 13,74 -
χ(9)=
0,1484
11,16 - 9,43
Autorrelação
1ª.
19,41 38,82 - -6,34
(0,0000)
-4,39
(0,0000)
-4,66
(0,0000)
- - -7,82
(0,0000)
-2,30
(0,0215)
-4,21
(0,0000)
Autorrelação
46,08 30,72 - 0,12
(0,9053)
0,11
(0,9118)
0,09
(0,9261)
25,31 - 0,17
(0,8630)
0,17
(0,8655)
0,07
(0,9477)
Defasagem
média do
ajuste
5,33 anos
1,36 anos
1,73 anos
1,79 anos
1,79 anos
1,27 anos
1,55 anos
-
1,18 anos
1,18 anos
1,53 anos
Fonte: Elaboração própria
t
.
105
Tabela 11: Estimativas para demanda por trabalho das empresas industriais do Rio Grande do Sul (1991-2004) - modelo estocástico
(a’)
MQO
(b’)
WG
(c’)
IV
(d’)
MGM-H
(e’)
MGM-R
(f’)
MGM-T
(g’)
WG
(h’)
IV
(i’)
MGM-H
(j’)
MGM-R
(k’)
MGM-T
Constante -0,1449
(0,0293)***
0,6297***
(0,0923)
-0,0101***
(0,00284)
-0,0143***
(0,0028)
-0,0143***
(0,0036)
0,0176***
(0,0024)
0,3431***
(0,1226)
-0,0093
(0,0098)
-0,0211***
(0,0025)
-0,0211***
(0,0053)
-0,0220***
(0,0033)
n
t-1
0,8782
(0,0065)***
0,6021***
(0,0166)
- - - - 0,6410***
(0,0205)
- - - -
wr
t
-0,1123
(0,0057)***
-0,1776***
(0,0081)
- - - - -
0,1750***
(0,0087)
- - - -
yr
t
0,1066
(0,0052)***
0,1821***
(0,0077)
- - - - 0,1852***
(0,0080)
- - - -
dn
t-1
- - 0,6582***
(0,2510)
0,5077***
(0,0877)
0,5077***
(0,1179)
0,3160***
(0,0743)
- 0,6801***
(0,3097)
0,2813***
(0,0686)
0,2813***
(0,1823)
0,2250***
(0,0699)
dwr
t
- - -0,1047***
(0,0713)
-0,2103***
(0,0293)
-0,2103***
(0,0390)
-0,2380***
(0,0255)
- -0,0991
(0,0851)
-0,1363***
(0,0255)
-0,1363***
(0,0376)
-0,1651***
(0,0229)
dyr
t
- - 0,1165***
(0,0767)
0,2058***
(0,0284)
0,2058***
(0,0402)
0,2246***
(0,0250)
- 0,1169
(0,0973)
0,1416***
(0,0245)
0,1416***
(0,0414)
0,1614***
(0,0235)
lambda
t
- - - 1,0424***
(0,2304)
0,7947
(1,1185)
2,0492***
(0,4078)
2,0492***
(0,0053)
2,0188***
(0,4729)
n.observações 2504 2504 1536 1941 1941 1941 2411 1459 1854 1854 1854
Teste F 27861,80 15,93 83,98 61,95 106,82 62,90 18,68 69,72
R2 0,97 0,96 0,04 0,95 17,69
Sargan test - - 4,91 53,51
(0,3412)
-
53,96
(0,3255)
- 75,95 91,43
(0,0003)
- 66,21
(0,0620)
Autorrelação
1ª.
19,41 38,82 - -7,02
(0,0000)
-4,22
(0,0000)
-4,37
(0,0000)
- - -4,53
(0,0000)
-1,82
(0,0688)
-2,82
(0,0048)
Autorrelação
46,08 30,72 - 0,07
(0,9455)
0,06
(0,9455)
-0,11
(0,9261)
25,31 - 0,25
(0,8048)
0,26
(0,7926)
0,13
(0,8930)
Defasagem
média do
ajuste
5,33 anos
1,36 anos
1,65 anos
1,02 anos
1,02 anos
0,6 anos
1,55 anos
1,79 anos
0,54 anos
0,54 anos
0,46 anos
Fonte: Elaboração própria.
106
5 CONCLUSÕES
A literatura econômica dos últimos anos mostra que o comportamento das
empresas no ajuste do emprego frente à choques é bastante heterogêneo e,
possivelmente, reflete a estrutura de custos de ajustamento do emprego diferente da
quadrática, quase sempre utilizada em estudos empíricos. Com objetivo de contribuir
com essa literatura, o presente trabalho teve como propósito fazer uma análise empírica
da estrutura dos custos de ajustamento do emprego em indústrias no Brasil, a partir dos
micro-dados das empresas industriais do Rio Grande do Sul, fazendo uso de duas
metodologias complementares para identificar qual a estrutura de custos de
ajustamentos.
A metodologia semi-paramétrica de flutuação do emprego industrial que
compreende o uso de modelos de sobrevivência e matrizes de transição e cujo objetivo é
diferenciar se os custos são convexos ou não-convexos mostrou que as evidências a
partir dela sugerem que os custos de ajustamentos não-convexos têm mais apoio nos
dados, permitindo inferir que dificilmente podemos considerar que os custos de
ajustamento são convexos. A segunda, com o uso de modelos paramétricos de demanda
por emprego usual, contempla os custos de ajustamento quadrático e custos de
ajustamento fixo como casos particulares. Os resultados do modelo determinístico, no
qual se admitiu prefeita previsibilidade da variável de custo salarial real médio e
produto, indicaram que o modelo dinâmico com custos de ajustamentos quadráticos
pode ser útil para dar uma idéia da dinâmica do ajuste do emprego, porém mostra
apenas parte dessa história. Isso ficou evidente a partir do instante em que foi estimado
o modelo geral com custos de ajustamentos quadráticos e custos fixos, cujas evidências
demonstraram a necessidade de incorporar ambos os custos. Os resultados do modelo
estocástico, no qual admitiu-se a endogeneidade dos regressores produto e custo salarial
real médio, não foram diferentes dos apresentados pelo modelo determinístico.
De um modo geral, os resultados obtidos têm duas contribuições a dar para a
literatura que visa estudar os modelos dinâmicos de demanda por trabalho no Brasil. A
primeira delas é oferecer evidências de que os custos de ajustamentos não são apenas
quadráticos, como foi abordado nos estudos realizados com dados para o Brasil. Como
foi mencionado no capítulo 2, embora esse tipo de custos de ajustamento tenha um
papel importante teoricamente, evidências empíricas internacionais baseadas em micro-
dados têm sugerido que a hipótese deva ser substituída por uma mais rica de custos de
107
ajustamento. A segunda delas é ressaltar a heterogeneidade, não só no que diz respeito
às características das firmas, mas também do seu comportamento diante de um choque
nas condições de demanda. Isso leva a crer que o uso de dados no nível das firmas,
ainda pouco explorado, permite conhecer o processo de ajustamento com mais precisão,
principalmente no Brasil, cujas estimativas para modelos dinâmicos de demanda por
trabalho com esse tipo de informação é praticamente inexistente.
Como propostas para estudos futuros é importante esclarecer que no modelo de
duração utilizado no capítulo 3 não foi levada em conta a existência de covariadas, já
que foi realizada uma simples análise de sobrevida. Caberia, assim, estimar um modelo
de duração do ajustamento do emprego, no qual pudessem ser incorporadas as
covariadas com o intuito de conhecer melhor o padrão de ajustamento segundo as
principais características das firmas. Além disso, a agregação dos dados poderia ser
testada estimando-se modelos para diferentes categorias de trabalhadores, o que
permitiria confirmar se os resultados obtidos para o emprego total seriam ou não
mantidos. O mesmo exercício poderia ser realizado para estudar a agregação temporal.
108
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114
APÊNDICE A – Tabela 12
Tabela 12: Estimativas para demanda por trabalho das empresas industriais do Rio Grande do Sul (1991-2004) - modelo estocástico
(a’’)
MQO
(b’’)
WG
(c’’)
IV
(d’’)
MGM-H
(e’’)
MGM-R
(f’’)
MGM-T
(g’’)
WG
(h’’)
IV
(i’’)
MGM-H
(j’’)
MGM-R
(k’’)
MGM-T
Constante 0,0239
(0,0320)
0,7178***
(0,0974)
-0,0098
(0,0093)
-0,0127***
(0,0030)
-0,0127***
(0,0034)
-0,0154***
(0,0025)
0,3225***
(0,1247)
-0,0134
(0,0092)
-0,0173***
(0,0029)
-0,0173***
(0,0055)
-0,0199***
(0,0035)
n
t-1
0,9169***
(0,0069)
0,6039***
(0,0183)
- - - - 0,6583***
(0,2258)
- - - -
wr
t
-0,2009***
(0,0097)
-0,1905***
(0,0098)
- - - - -0,1964***
(0,0101)
- - - -
yr
t
0,1750***
(0,0074)
0,1827***
(0,0083)
- - - - 0,1919***
(0,0085)
- - - -
wr
t-1
0,1174***
(0,0088)
0,129
(0,0100)
- - - - 0,0261
(0,0092)
- - - -
yr
t-1
-0,1043***
(0,0078)
-0,0040
(0,0088)
- - - - -0,0151
(0,0092)
- - - -
dn
t-1
- - 0,5950***
(0,2701)
0,5221***
(0,0842)
0,5221***
(0,1101)
0,4197***
(0,0695)
- 0,7997***
(0,4030)
0,3877***
(0,0755)
0,3877***
(0,1944)
0,2916***
(0,0818)
dwr
t
- - -0,1307
(0,1091)
-0,1872***
(0,0331)
-0,1872***
(0,0535)
-0,1903***
(0,0280)
- -0,0408
(0,0816)
-0,1128***
(0,0301)
-0,1128***
(0,0440)
-0,1381***
(0,0233)
dyr
t
- - 0,1069
(0,1279)
0,1635***
(0,0361)
0,1635***
(0,0648)
0,1645***
(0,0308)
- 0,0092
(0,0996)
0,0841***
(0,0324)
0,0841
(0,0554)
0,1269***
(0,0255)
dwr
t-1
- - 0,0045
(0,0361)
0,0260
(0,0191)
0,0260
(0,0202)
0,0172
(0,0128)
- 0,0994***
(0,0448)
0,0671***
(0,0202)
0,0671***
(0,0320)
0,0439***
(0,0183)
dyr
t-1
- - 0,0151
(0,0279)
-0,0092
(0,0187)
-0,0092
(0,0224)
-0,0055
(0,0132)
- -0,0594
(0,0371)
-0,0359***
(0,0193)
-0,0359
(0,0331)
-0,0344**
(0,0182)
lambda
t
- - - - - - 1,2349***
(0,2267)
4,9655**
(0,0092)
2,6652***
(0,4461)
2,6652***
(1,2235)
2,4199***
(0,5568)
n.observações 2482 2482 1536 1925 1925 1925 2389 1472 1854 1854 1854
R2 0,97 0,96 0,05 0,95 0,01
Teste F 17980,27 531,19 21,33
1
90,01 64,22 91,66 438,28 20,26 80,15 38,29 67,16
Sargan test 4,91 46,61
(0,5297)
54,03
(0,2550)
61,52 61,68
(0,0887)
63,22
(0,0693)
Autorrelação 1ª -7,05
(0,0000)
-4,20
(0,0000)
-5,15
(0,0000)
-4,12
(0,0000)
-1,79
(0,0000)
-2,76
(0,0058)
Autorrelação 2ª 28,00 42,46 0,20
(0,8441)
0,19
(0,8520)
0,17
(0,8637)
0,58
(0,5639)
0,65
(0,5174)
0,51
(0,6123)
Fonte: Elaboração própria.
115
APÊNDICE B – Tabela 13
Tabela 13: Resultados do teste de autocorrelação LM para o modelo estocástico
MQO MQO MQO WG WG WG
ε
t-1
0.11 0.113 0.144 -0.038 -0.016 0.007
(3.57)** (4.09)** (5.07)** -0.85 -0.41 -0.22
ε
t-2
0.102 0.093 - -0.009 -0.001 -
(3.29)** (3.35)** - -0.22 -0.02
-
ε
t-3
0.052 - - -0.048 - -
-1.72 - - -1.34
- -
ε
t-4
- - - -
- -
- - - -
- -
n
t-1
0.004 0.011 -0.021 0.022 -0.01 0.004
-0.49 -1.34 (2.65)** -0.62 -0.33 -0.19
wr
t
-0.001 0.005 -0.019 0.052 0.047 0.042
-0.09 -0.55 (2.34)* (3.78)** (3.78)** (4.41)**
yr
t
-0.006 -0.012 0.016 -0.011 -0.003 -0.013
-0.8 -1.82 (2.49)* -1.03 -0.27 -1.59
Constante 0.057 0.072 0.009 -0.3 -0.235 -0.122
-0.87 -1.23 -0.2 -1.36 -1.34 -1.03
Observações 1208 1536 1941 1208 1536 1941
R2 0.03 0.03 0.01 0.02 0.02 0.02
N*R2
36.24 46.08 19.41 24.16 30.72 38.82
Fonte: Elaboração própria. Valor absoluto da estatística t dentro dos parênteses.
Nota: * significante a 5%; ** significante a 1%.
116
APÊNDICE C –Tabela 14
Tabela 14: Estimativas para a validação dos instrumentos
Variável dn
t-1
dwr
t
dyr
t
n
t-2
-0.399 0.1 0.474
(13.82)** -1.56 (5.03)**
n
t-3
-0.038 0.189 0.009
-1.49 (3.32)** -0.11
wr
t-1
-0.13 -0.405 0.282
(10.09)** (13.86)** (6.76)**
yr
t-1
0.145 0.021 -0.822
(14.16)** -0.94 (24.77)**
wr
t-2
-0.01 -0.229 -0.083
-0.77 (7.38)** (2.07)*
yr
t-2
0.017 -0.184 -0.001
-1.54 (7.04)** -0.04
wr
t-3
- 0.171 -
-
(13.90)**
-
Constante 0.944 4.25 8.406
(7.04)** (14.41)** (19.42)**
Num. observações 1550 1531 1545
Number of cod_ui 314 312 313
R2 0.32 0.74 0.61
Fonte: Elaboração própria. Valor absoluto da estatística t dentro dos parênteses.
Nota: * significante a 5%; ** significante a 1%
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