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CRISTIANE GONÇALVES DE OLIVEIRA
ABSORÇÃO DE MACRONUTRIENTES E DE ENERGIA EM INDIVÍDUOS
SAUDÁVEIS APÓS O CONSUMO DE LINHAÇA E DERIVADOS
VIÇOSA
VIÇOSA
MINAS GERAIS – BRASIL
2006
Dissertação apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Ciência da
Nutrição, para obtenção do título de Magister
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CRISTIANE GONÇALVES DE OLIVEIRA
ABSORÇÃO DE MACRONUTRIENTES E DE ENERGIA EM INDIVÍDUOS
SAUDÁVEIS APÓS O CONSUMO DE LINHAÇA E DERIVADOS
APROVADA: 25 de julho de 2006
______________________________ ______________________________
Prof.ª Josefina Bressan
(Co - Orientadora)
Prof.ª Rita de Cássia G. Alfenas
(Co- Orientadora)
______________________________ ____________________________
Prof.º Benedito Rocha Vital Prof.ª Hércia Stampini Duarte Martino
______________________________
Prof.ª Neuza Maria Brunoro Costa
(Orientadora)
Dissertação apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Ciência da
Nutrição, para obtenção do título de Magister
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4
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal de Viçosa (UFV) e ao Departamento de Nutrição e Saúde,
pela oportunidade de realização do curso.
Ao Peanut Institute pelo financiamento do projeto.
Aos voluntários da pesquisa (“Voluntários SA”) pela participação, dedicação e
compromisso com o estudo cientifico, sem os quais o projeto não teria sido realizado, além da
grande amizade consolidada.
A todas as estagiárias, Aline Martins, Aline Campos, Camila, Emanuele, Fabiana,
Fernanda Milagre, Gisele, Greicy, Izabela, Kátia, Letícia, Liana, Lívia Manfredini, Lívia
Silveira, Mariane, Marília, Marina, Samira, Sarah, Monise, Ana Carolina e Thiago, pela
grandiosa ajuda durante toda a pesquisa, sem os quais o projeto não teria sido concluído.
Em especial a Erica e Gabi pela grande ajuda no laboratório de Nutrição Experimental
na obtenção do pool de fezes e acondicionamento das mesmas, muitas vezes realizados no fim
de semana.
As minhas “filhas” Vânia, Fernanda e Ana Carol pela preciosa assessória, dedicação,
profissionalismo e amizade. Vocês foram ESPETACULARES!!!!
A companheira Ana Cristina, que muito me ensinou durante toda a pesquisa, pelos
pontos de vista divergentes, os quais foram fundamentais para o crescimento do estudo.
A minha MARAVILHOSA mãe pela inestimável ajuda, e pelas “marmitinhas”, sem as
quais não teríamos conseguido chegar até o fim.
5
Ao meu MAGNÍFICO Pai pelas madrugadas de acompanhamento ao laboratório e
pelos “equipamentos” confeccionados.
A minha Avó pelas inúmeras orações realizadas e a toda minha família pela
compreensão e força.
A amiga Solange pelos conselhos providenciais e por toda ajuda durante esses dois
anos .
À dona Terezinha, pelos cafezinhos e carinho que contribuíram para vencer a dura
jornada.
Ao Cassiano e Ricardo pelos preciosos conselhos de laboratório.
Aos amigos Ana Paula, Josy, Aline, Fabrícia, Wellington, Sandrinha e Regiane por
toda ajuda prestada.
A Profª Maria Aparecida, do Depto de Veterinária, e Prof Raimundo, do Depto
de Biologia Fisiologia Vegetal, por disponibilizar o liofilizador no momento crucial de
nosso experimento.
Ao Profª Benedito pela concessão da bomba calorimétrica e contribuição na defesa. A
Profª Hércia pelas valiosas contribuições na defesa.
A Profª Céphora pelos conselhos laboratoriais e a Profª Helena pelo carinho e pelos
empréstimos de equipamentos.
Ao Marquinhos, Geraldinho e Aristeu pela valiosa ajuda nas análises.
A minha grande amiga Daniela, que me ajudou em um dos momentos mais difíceis da
minha vida.
6
A Professora e amiga Neuza Maria Brunoro Costa, pela DEDICAÇÃO e atenção
durante o desenvolvimento do experimento, pela contribuição na redação final desta tese,
pelos preciosos ensinamentos científicos e pelo grande exemplo de vida.
As Professoras Josefina Bressan e Rita Alfenas pelos ensinamentos, opinião ímpar,
paciência e carinho.
Muito OBRIGADA!!!
7
BIOGRAFIA
CRISTIANE GONÇALVES DE OLIVEIRA, filha de José Hipólito de Oliveira e
Terezinha Gonçalves de Oliveira, nasceu em 06 de fevereiro de 1981, na cidade de São
Bernardo do Campo – SP.
Iniciou o Ensino Médio no Colégio Universitário (COLUNI) em 1996, e em fevereiro
de 2000 cursou a graduação em Nutrição na Universidade Federal de Viçosa MG,
concluindo- a em julho de 2004.
Em agosto do mesmo ano, iniciou o Programa de Pós Graduação em Ciência da
Nutrição, orientada pela Profª Neuza Maria Brunoro Costa, nível de mestrado, na
Universidade Federal de Viçosa.
8
SUMÁRIO
Página
RESUMO................................................................................................................. viii
ABSTRACT............................................................................................................. x
INTRODUÇÃO GERAL........................................................................................ 1
ARTIGO DE REVISÃO: PROPRIEDADES FUNCIONAIS
DA LINHAÇA
(Linum usitatissimun)..............................................................................................
5
Resumo......................................................................................................................
5
Abstract..................................................................................................................... 6
1. Introdução............................................................................................................. 6
2. Composição Centesimal........................................................................................
7
3. Consumo da linhaça no Brasil e no Mundo.......................................................... 10
4. Benefícios da Linhaça........................................................................................... 10
4.1 Doença Cardiovascular....................................................................................... 10
4.2 Manutenção do Peso........................................................................................... 13
4.3 Câncer ................................................................................................................ 13
4.4 Diabetes...............................................................................................................
15
4.5 Menopausa.......................................................................................................... 15
5. Conclusão.............................................................................................................. 16
6. Referências Bibliográficas ................................................................................... 17
ARTIGO ORIGINAL: BALANÇO ENERGÉTICO E DE
MACRONUTRIENTES APÓS CONSUMO DE SEMENTE, FARINHA
DESENGORDURADA OU ÓLEO DE LINHAÇA
23
Resumo .....................................................................................................................
23
1. Introdução............................................................................................................. 24
2. Casuística e Métodos ........................................................................................... 25
2.1 Delineamento Experimental do Estudo...............................................................
25
2.2 Produtos teste...................................................................................................... 26
2.3 Análise dos Produtos Testes e das refeições ...................................................... 26
2.4 Seleção dos Voluntários...................................................................................... 28
9
2.5 Avaliação Antropométrica ................................................................................. 29
2.6 Avaliação Bioquímica ........................................................................................ 30
2.7 Pressão Arterial e Batimentos Cardíacos ........................................................... 30
2.8 Avaliação do Metabolismo Basal ...................................................................... 30
2.9 Cálculo das Necessidades Energéticas ...............................................................
31
2.10 Preparo e Distribuição das Refeições ...............................................................
31
2.11 Avaliação Subjetiva do Apetite ........................................................................
35
2.12 Avaliação da Atividade Física ......................................................................... 36
2.13 Coleta de Fezes................................................................................................. 36
2.14 Análise de Fezes................................................................................................
37
2.15 Correção da Absorção....................................................................................... 38
2.16 Análise Estatística ............................................................................................ 38
3. Resultados e Discussão......................................................................................... 38
4. Conclusão.............................................................................................................. 52
5. Referências Bibliográficas.................................................................................... 53
ANEXOS.................................................................................................................. 58
10
RESUMO
OLIVEIRA, Cristiane Gonçalves. M. S. Universidade Federal de Viçosa, julho de 2006.
Absorção de macronutrientes e de energia em indivíduos saudáveis após o consumo de
linhaça e derivados. Orientadora: Neuza Maria Brunoro Costa. Co- Orientadoras: Josefina
Bressan e Rita de Cássia Gonçalves Alfenas.
A crescente morbidade e mortalidade relacionadas ao câncer, diabetes, hipertensão,
doenças coronarianas e obesidade aponta a necessidade da adoção de medidas visando a
prevenção e cura destas doenças crônico-degenerativas não transmissíveis. A linhaça é um
alimento que apresenta diversos nutrientes e compostos bioativos como os ácidos graxos
polinsaturados da série ω-3, lignanas, fibras solúveis e vitamina E, correlacionados com a
melhoria da qualidade de vida. Sua alta densidade energética, entretanto, pode contribuir para a
elevação do peso corporal. Assim o objetivo do presente trabalho foi verificar o efeito do
consumo da semente (LI), farinha desengordurada (FL) e do óleo de linhaça (OL) no balanço
energético e de macronutrientes. Participaram do estudo 24 voluntários saudáveis, sendo 50%
do sexo feminino e 50% masculino com 24 + 2 anos de idade, índice de massa corporal (IMC)
de 21,19 +1,49 kg/m
2
, peso estável nos últimos 6 meses com flutuação máxima de 3 kg, sem
uso regular de medicamentos (exceto contraceptivos), nível de atividade física constante, não
tabagista, não gestante ou lactante, sem relato de alergia a corantes ou a qualquer alimento
fornecido no experimento, relato de defecação regular (no mínimo a cada 2 dias), colesterol
sanguíneo de 159+14,79 mg/dL, glicemia de jejum de 67,96+4,65 mg/dL e metabolismo basal
de 1656,7+4,65 kcal/dia. Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado, para distribuição
dos indivíduos entre os diferentes grupos. Cada voluntário serviu como seu próprio controle. O
tempo do estudo teve duração de 12 a 20 dias, dividido em 2 etapas. Na 1ª etapa, todos
receberam alimentação controle, preparada com óleo de canola. Na etapa, os voluntários
receberam o mesmo cardápio com substituição isocalórica de 70g de produto teste (LI, OL ou
11
FL). A ingestão alimentar foi realizada exclusivamente no laboratório e a totalidade das fezes
foi coletada. No início de cada etapa, os voluntários ingeriram cápsulas de corante vermelho e
três dias após a primeira eliminação de fezes de coloração vermelha, foram ingeridas 3 cápsulas
de corante azul. Foram analisadas as fezes com coloração vermelha e excluídas as fezes com
coloração azul. Após o apareciemento da coloração azul das fezes, cápsulas vermelhas foram
novamente ingeridas, dando início a 2ª etapa. Durante este período, avaliou-se o nível de
saciedade e de atividade física dos participantes. Os dados foram analisados pelos testes Kruskal
Wallis e de Student Newman Keuls para comparação entre grupos, Wilcoxon Signed Ranks
para avaliar o efeito do tratamento e Mann Whitney, para comparação entre os voluntários do
sexo masculino e feminino. O critério de significância estatística foi p<0.05.. Observou-se uma
tendência à perda de peso nos três grupos testados. Houve maior absorção energética (p<0,05)
no grupo OL (95,64%), justificada pela maior absorção de lipídio (92,85%) e de proteína
(91,78%), em relação aos demais grupos e ao seu controle. No entanto, este aumento na
absorção energética não resultou em alterações significantes no peso corporal. Foi observada
diferença entre os grupos LI e FL quanto à absorção energética (89,06% e 93,57%) e lipídica
(69,52% e 89,72%), respectivamente. Foi verificado maior desejo de alimentar nos grupos que
ingeriram dieta com menor teor de lipídios, LI e FL, provavelmente devido ao sabor acentuado
do óleo de linhaça. Pode-se evidenciar a funcionalidade semente e farinha de linhaça em manter
o peso corporal dos voluntários, provavelmente devido a redução na absorção lipídica e do óleo
de linhaça, provavelmente devido a redução do desejo de alimentar. Fazem-se necessários
estudos de longa duração para avaliar os efeitos da linhaça no controle do ganho de peso e
outros possíveis benefícios à saúde.
12
ABSTRACT
OLIVEIRA, Cristiane Gonçalves. M. S. Universidade Federal de Viçosa, July 2006.
Macronutrient absorption and energy in healthy subjects after intake of flaxseed and
derivatives. Advisor: Neuza Maria Brunoro Costa. Committee Members: Josefina Bressan
and Rita de Cássia Gonçalves Alfenas.
The increased morbidity and mortality related to cancer, diabetes, hypertension,
coronary heart disease and obesity demands interventions aiming both prevention and treatment
of such non-communicable chronic diseases. Flaxseed contains nutrients and bioactive
compounds, such as polyunsaturated fatty acids of omega-3 series, lignans, soluble fiber and
vitamin E, related to the improvement of life quality. The high energetic density of flaxseed,
however, may contribute to the body weight gain. Therefore, the objective of this study was to
evaluate the effect of the intake of flaxseed grain (LI), partially deffated flaxseed flour (FL) and
flaxseed oil (OL) on energy balance and macronutrient absorption. Twenty-four healthy
volunteers were recruited to participate in the study, from which 50% were female and 50%
male of 24+2 years of age, body mass index (BMI) of 21.19 +1.49 kg/m
2
, body weight stable in
the last 6 months, with no regular intake of medicine (except contraceptives), constant physical
activity level, no smokers, no pregnant, no lactant, no allergic to the food provided, with regular
transit time, blood cholesterol of 159+14.79 mg/dL, blood glucose of 67.96+4.65 mg/dL and
basal metabolism of 1656.7+4.65 kcal. The volunteers were randomly assigned to the
experimental groups and constituted its own control. The duration of the study was 12 to 20
days, divided in 2 steps. During the first step, all participants received a control diet, containing
canola oil. In the second step, they received the same food preparations, but with isocaloric
substitution of 70 g of the test product (LI, OL or FL). Foods and beverages were provided
entirely in the laboratory and the totality of the fecal excretion was collected. At the beginning
13
of each step, the participants consumed red dye pills and, three days after the colored feces
appearance, they consumed blue dye pills. The red feces were analyzed and the blue feces were
excluded. After blue feces had come out, red dye pills were again consumed to start the second
step. During this period, satiety and physical activity tests were also performed. The results
were analyzed by Kruskal Wallis and Student Newman - Keuls for between group comparison,
Wilcoxon Signed Ranks test to evaluate the effects of the treatments, and Mann Whitney test
for between female and male, at 5% probability. It was observed a tendency to body weigh loss
in all test groups. There was a higher energy absorption (p<0.05) in OL group (95.64%), due to
the higher absorption of lipids (92.85%) and protein (91.78%), in relation to the other groups
and to its own control. Nevertheless, the increased energy absorption did not result in significant
changes in body weight. A significant difference was observed between LI and FL groups in
terms of energy absorption (89.06% and 93.57%) and lipid absorption (69.52% and 89.72%),
respectively. A higher desire to eat was verified in the groups with lower fat intake (LI and FL),
probably due to the bitter taste of flaxseed oil. The observed property of flaxseed in body weight
maintenance may be due to its lower lipid absorption. Further long term studies are necessary
to evaluate the effects of flaxseed on body weight control and other possible health benefits.
14
INTRODUÇÃO GERAL
A obesidade é um dos mais graves problemas de saúde pública, tanto nos países em
desenvolvimento quanto nos desenvolvidos. Está relacionada à manifestação de doenças
crônicas não transmissíveis como o câncer, o diabetes, a hipertensão e doença coronariana, as
quais agravam a saúde da população (WHO, 2003; WHO, 2000; CONSENSO
LATINOAMERICANO DE OBESIDADE, 1998).
O tratamento da obesidade tem produzido resultados insatisfatórios, sendo necessária a
busca de planos terapêuticos mais eficazes e a adoção de medidas de prevenção para conter o
surgimento de novos casos (WHO, 2003; WHO, 2000; CONSENSO LATINOAMERICANO
DE OBESIDADE, 1998). Assim, a ingestão de uma dieta nutricionalmente adequada torna-se
um parâmetro importante para a prevenção do ganho e perda de peso com consequentemente
redução do desenvolvimento de doenças correlacionadas (WHO, 2003; BRUNNER et. al.,
2001; ROSADO & MONTEIRO, 2001).
Vários são as estratégias nutricionais para induzir a perda de peso. Dentre elas, mais
recentemente, pode ser destacado o uso de alimentos funcionais, os quais são capazes de
proporcionar efeitos potencialmente benéficos ao organismo quando consumidos
regularmente e em níveis adequados (COSTA & BORÉM, 2003; HASLER, 2000; ANVISA,
1999).
Apesar da linhaça não pertencer ao hábito alimentar brasileiro, é um alimento rico em
ácidos graxos ω-3, lignanas, fibras insolúveis, solúveis e vitamina E, os quais possuem
propriedades funcionais, prevenindo a manifestação de doenças crônicas não transmissíveis.
No entanto, é um alimento densamente energético (DAUN et al, 2003).
Sabe-se que o consumo crônico de alimentos de alta densidade energética, pobres em
micronutrientes e fibras, favorece o ganho de peso, podendo ocasionar o sobrepeso e/ou
15
obesidade. Tal fato é explicado pelo menor poder de saciedade destes alimentos, influenciado
pela sua composição, e ou maior digestibilidade (ELLIS et al., 2004; ALFENAS & MATTES,
2003; WHO, 2003; KIRKMEYER & MATTES, 2000). A ingestão de linhaça por animais
experimentais ou por seres humanos resultou em menor ganho, manutenção, ou até mesmo em
uma tendência para a perda de peso corporal (EDRALIN, 2002; DODIN et al., 2005;
CINTRA et al., 2006). Este efeito pode estar associado à composição nutricional da linhaça,
conforme citado anteriormente.
Assim sendo, o objeto do presente estudo foi verificar o efeito do consumo da semente,
da farinha desengordura de linhaça (fração hidrossolúvel) e do óleo (fração lipídica) na
absorção de macronutrientes e de energia em indivíduos saudáveis.
16
Referência Bibliográfica
1- ALFENAS, R. C. G.; MATTES, R. D. Effect of fat sources on satiety. Obes Res
2003; 11(2):183-186.
2- ANVISA. RDC nº 19, de 30 de abril de 1999. [captado em 2006 Jul 03].
Disponível em http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=110#'
3- BRUNNER, E. J.; WUNSCH, H.; MARMOT; M. G. What is an optimal diet?
Relationship of macronutrient intake to obesity, glucose tolerance, lipoprotein cholesterol
levels and the metabolic syndrome in the Whitehall II study. Int J Obes 2001; 25:45-53.
4- CINTRA, D.E.C.; COSTA, A.G.V.; PELUZIO, M.C.G.; MATTA, S.L.P.; SILVA,
M.T.C.; COSTA, N.M.B. Lipid profile of rats fed high-fat diets based on flaxseed, peanut,
trout or chicken skin. Nutr 2006; 28(2):197-205.
5- CONSENSO LATINOAMERICANO DE OBESIDADE, Rio de janeiro, 1998.
www.abeso.gov.br
6- COSTA, N. M. B. Alimentos: Componentes Nutricionais e Funcionais. In: COSTA,
N. M. B.; BORÉM, A. Biotecnologia e Nutrição. 1 ed. São Paulo: Nobel, 2003. cap. 2, p.31-
69.
7- DAUN, J. K.; BARTHET, V. J.; CHORNICK, T. L.; DUGUID. Structure,
Composition, and Variety Development of Flaxseed, 1-40p. IN: THOMPSON, L .U.;
CUNNANE, S. C. Flaxseed in Human Nutrition, 2003, 2ed.
8- DODIN, A.; JACQUES, H.; LÉGARÉ, F.; FOREST, J-C.; MÂSSE, B. The effects
of flaxseed dietary supplement on lipid profile, bone mineral density, and symptoms in
menopausal women: A randomized, double- bind, wheat germ placebo- controlled clinical
trial. J Clin Endocrinol Metab 2005, 90: 1390- 1397.
17
9- EDRALIN, A. R.; WILD, R. D.; HAMMOND, L. J.; KHALIL, D.A; JUMA, S.;
DAGGY, B. P.; STOECKER, B. J.; ARJMANDI, B. A. Flaxseed improves lipid profile
without altering biomarkers of bone metabolism in postmenopausal women. J Clin Endocrinol
Metab 2002, 87 (4): 1527- 1532.
10- ELLIS, P. R.; KENDALL, C.W.C.; REN, Y.; PARKER, C.; PACY, J. F.;
WALDRON, K.,W.; JENKINS, D., J., A. Role of cell walls in the bioaccessibility of lipids in
almond seeds. Am J Clin Nutr 2004; 80: 604-13.
11- HASLER, C. M. The changing face of functional foods. J Am Coll Nutr, 2000; 19
(5): 499S – 506S.
12- KIRKMEYER, S. V.; MATTES, R. D. Effects of food attributes on hunger and
food intake. Int J Obes 2000; 24:1167-75.
13- ROSADO, E. L.; MONTEIRO, J. B. R. Obesidade e substituição de
macronutrientes da dieta. Rev. Nutr. Campinas 2001; 14 (2): 145-152.
14- WHO (WHORLD HEALTH ORGANIZATION). Obesity: Preventing and
managing the global epidemic. Report of a WHO Consulttion on obesity 2000; p.276.
15- WHO. Diet, nutrition and the prevention of chronic diseases. Whorld Health
Organization 2003.
18
Artigo de Revisão:
PROPRIEDADES FUNCIONAIS DA LINHAÇA
(Linum usitatissimun)
OLIVEIRA, Cristiane Gonçalves de
1
; CRUZ, Ana Cristina Rodrigues Ferreira
1
; NAKAJIMA,
Vânia Mayumi
2
; ESTEVES, Fernanda Cristina
2
; CRUZ, Ana Carolina de Mello
2
; BRESSAN,
Josefina
3
; ALFENAS, Rita de Cássia Gonçalves
3
; COSTA, Neuza Maria Brunoro Costa
3
1
Nutricionistas, Mestrandas do Programa de Pós- Graduação em Ciência da Nutrição;
2
Bolsista de Iniciação Cientifica;
3
Professoras do Departamento de Nutrição e Saúde- UFV
Termos de Indexação: linhaça, alimento funcional, doenças crônico não transmissível
Resumo
Evidências apontam para o benefício associado ao consumo da linhaça na
promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida, por meio da redução e prevenção de
doenças crônicas não transmissíveis como diabetes, obesidade, hipercolesterolemia,
hipertrigliceridemia, câncer e sintomas da menopausa. A linhaça é um alimento que apresenta
diversos nutrientes protetores e compostos bioativos como os ácidos graxos polinsaturados,
principalmente os da série ω-3, fitoestrógenos, como as lignanas, fibras, especialmente as
solúveis e vitamina E. Contudo, existem poucos estudos que correlacionam o efeito da linhaça
na redução da glicemia e seu possível efeito protetor no ganho de peso, sendo fundamental
incrementar pesquisas com este objetivo. Entretanto é comprovado o efeito protetor da linhaça
pela ação das lignanas na redução da incidência, bem como da progressão de tumores,
principalmente no câncer de mama. Embora os fitoestrógenos desempenhem papel protetor
na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, os ácidos graxos ω-3 e as fibras solúveis
também contribuem para incrementar esses benefícios, tornando a linhaça um alimento
funcional.
19
Abstract
Evidences pointed out the benefits of flaxseed in the promotion of the health and
improvement of life quality, by means of the reduction and prevention of chronic disease,
such as diabetes, obesity, hypercholesterolemia, hypertriglyceridemia, cancer and symptoms
of the menopause. Flaxseed comprises diverse protective nutrients such as polyunsaturated
fatty acids, mainly of the ω - 3 series, phytoestrogen, such as lignanas, soluble dietary fiber
and vitamin E. However, few studies correlate the effect of flaxseed in the reduction of the
blood glucose and its possible protective effect in the weight gain. Several studies have proved
the protective effect of flaxseed, due to the lignanas in the reduction of the incidence and
progression of tumors, mainly in breast cancer. Although phytoestrogen plays a protective
role in the prevention of chronic diseases, ω - 3 fatty acids and soluble fiber also contribute to
these benefits, making flaxseed a functional food.
1.Introdução
Inúmeros estudos têm evidenciado a eficácia do consumo da linhaça na redução do
colesterol sanguíneo, manutenção da homeostase glicêmica, prevenção de câncer e doenças
cardiovasculares (THOMPSON et al., 2005; STAVRO et al, 2003; WARD, 2003; PRASAD,
2002). A linhaça é fonte principalmente de ácidos graxos ω-3, lignanas, fibras solúveis
e vitamina E, os quais estão intimamente relacionados à prevenção de doenças crônicas não
transmissíveis (DAUN et al, 2003).
O objetivo do artigo de revisão foi coletar informações que permitam averiguar
os benefícios promovidos pelo consumo de linhaça e elucidar alguns mecanismos pelos quais,
nutrientes específicos possam atuar na melhoria da saúde humana.
20
2.Composição centesimal
A linhaça ou semente de linho (Linum usitatissimun) possui 40% de peso em
óleo, dos quais 70% são polinsaturados (PUFAs). O ácido α- linolênico (ω-3) constitui mais
de 50% desses lipídios. Assim, a linhaça é considerada o alimento de origem vegetal mais rico
em ω-3, o que vem despertando o interesse em estudos sobre seus possíveis efeitos funcionais
(DAUN et al, 2003; STAVRO et al, 2003).
A linhaça possui 30% de fibra, das quais 75% são insolúveis e 25%, solúveis.
Contêm ainda cerca de 20% de proteína, apresentando a lisina, a metionina e a cisteína como
aminoácidos limitantes, 4% de cinzas e 6% de umidade. É classificada como oleaginosa e
pode ser considera um alimento de alta densidade energética (DAUN et al, 2003; STAVRO et
al, 2003) fato este que poderia reduzir a sua ingestão. É fonte de vitamina E, na forma de
tocoferol e tocotrienol, contendo cerca de 30mg/100g na forma de γ- tocoferol. Provê
vitaminas do complexo B e vitamina C, e possui como principais minerais o potássio e o
fósforo (DAUN et al, 2003).
Por outro lado, a linhaça apresenta alguns fatores antinutricionais como o ácido
fítico, em teores de 0,8 a 1,5%, comparáveis aos do amendoim e da soja. O ácido fítico quela
minerais divalentes, como o zinco, cálcio e ferro, tornando-os menos biodisponíveis (DAUN
et al., 2003), além de complexar proteínas, podendo estas serem de origem endógena, como
exemplo as enzimas digestivas. Entretanto, estudos especulativos indicam que o ácido fítico
exerce efeito benéfico na redução da glicemia, devido tanto a complexação do lcio,
catalisador enzimático da amilase, como também da amilase (YOON et al., 1983;
THOMPSON et al., 1983; THOMPSON et al., 1987; DAUN et al., 2003). Outra atividade
benéfica é a diminuição da incidência de câncer de cólon em ratos, pela redução de radicais
livres, principalmente o ferro (OWEN et al., 1996; JENAB & THOMPSON, 1998).
21
Os glicosídeos cianogênicos são encontrados na concentração de 0,1%, concentração
esta que não causa problemas na nutrição do homem, pois para ocorrer uma intoxicação seria
necessário o consumo de 1kg/dia de linhaça. A linhaça possui ainda o fator antipiridoxina ou
linatine, que reduz a absorção da vitamina B
6.
Porém, este fator está presente em teores muito
menores quando comparado com a soja ou a canola (DAUN et al, 2003).
As lignanas, constituintes importantes presentes na semente de linhaça, são
fitoestrógenos, por apresentarem estruturas similares aos estrógenos, os quais exercem efeitos
estrogênicos ou anti-estrogênicos. As três maiores classes de fitoestrógenos são as isoflavonas,
encontradas na soja e em seus derivados; as lignanas, distribuídas em sementes, cereais
integrais, leguminosas, frutas e hortaliças, e os cumestanos encontrados em brócolis e brotos
(ZIEGLER, 2004; FILHO, 2001; ZUANAZZI, 2001; ADLERCREATZ, 2001).
As lignanas são macromoléculas, dímeros, derivados da fenilalanina, formados pelo
acoplamento oxidativo de álcoois cinamílicos entre si ou destes com ácidos cinâmicos,
constituintes da parede celular das plantas (FILHO, 2001). As formas mais comuns de
lignanas encontradas em quantidades significativas na linhaça são: secoisolariciresinol e
matairesinol as quais são precursoras diretas, catalisadas pela β-glicosidase bacteriana, a
enterodiol e enterolactona, formas efetivas da linhaça no organismo humano (THOMPSON,
2003).
22
Fig. 1 Estrutura química das lignanas (secoisolariciresinol, enterodiol, matairesinol e enterolactona),
(THOMPSON, 2003).
A linhaça contém um teor de lignanas cerca de 100 vezes maior que o de outros
alimentos fontes, como sementes de abóbora e de açafrão (THOMPSON et al, 1991; SLAVIN
et al, 1999). Produtos refinados possuem menor teor de lignanas, pois a remoção da camada
externa, a qual contém alto teor dos precursores das mesmas, promove a sua depleção
(SLAVIN et al, 1999) sendo benéfico a ingestão de alimentos integrais.
Secoisolariciresinol
Enterodiol
Matairesinol Enterolactona
Oxidação
β
-glicosidase
bacteriana
β
-glicosidase
bacteriana
β
-glicosidase
bacteriana
23
3.Consumo de Linhaça no Brasil e no Mundo
Em acordo com o CANADIAN STATISTICS (2006), o Canadá é o maior produtor
mundial de linhaça. Em 2005 plantou 841,8 mil hectares, comparado com 18,867 mil hectares
no Brasil (CLICMERCADO, 2006). A linhaça no Brasil é produzida principalmente no
noroeste gaúcho, sendo utilizada para produzir o linho na fabricação de tecidos, óleos para
tinturas, cosméticos, medicamentos e para a alimentação tanto animal, quanto humana.
4.Benefícios da Linhaça
Devido aos diversos compostos bioativos da linhaça, estudos têm apontado sua ação na
prevenção e redução da incidência de doenças crônicas não transmissíveis, como doenças
cardiovasculares, câncer, obesidade e diabetes, bem como seus benefícios na menopausa.
Alguns mecanismos de ação têm sido propostos.
4.1 Doença Cardiovascular
Estudos correlacionam a ingestão da linhaça com a redução do risco cardiovascular,
pela redução do colesterol sanguíneo e da fração LDL (lipoproteína de baixa densidade)
(STAVRO et al, 2003). A linhaça possui componentes que auxiliam na redução do colesterol,
como as fibras solúveis, ácidos graxos ω-3 e precursores das lignanas, as quais possuem
grande potencial antioxidante (STAVRO et al, 2003).
VANHARANTA (1999) encontrou associação inversa entre a concentração sérica de lignanas
e o risco agudo de doença cardiovascular. Esse benefício foi atribuído não somente à presença
de lignanas, mas em grande parte ao tipo e quantidade de fibras presentes na linhaça.
EDRALIN (2002) observou redução do colesterol total em mulheres com menos de 65 anos
de idade, após ingestão de 40g de linhaça durante 3 meses, quando comparado a ingestão de
24
40 g de trigo. Foi evidenciada ainda a redução de Apo B, lipoproteína presente na LDL e
remanescente de quilomicrons.
Em um estudo do tipo crossover, com homens pós-andropausa e mulheres pós-
menopausa, hiperlipidêmicos com ingestão de 50g de linhaça desengordurada (farinha de
linhaça) ou trigo na forma de muffins, durante 3 semanas, constatou-se a redução tanto do
LDL quanto do colesterol total. Este efeito foi atribuído principalmente às fibras, confirmando
o efeito protetor da linhaça em relação às doenças cardiovasculares (COUNCIL OF
SCIENTIFIC AFFAIRS, 1989; JENKINS et al., 1999).
BHATHENA (2003), comparando o efeito protetor da soja e da linhaça em modelo
animal com hipertrigliceridemia e esteatose hepática, verificou redução tanto dos
triacilgliceróis plasmáticos, quanto da fração LDL colesterol, com manutenção do HDL
colesterol e menor deposição de lipídios no fígado do grupo com ingestão de linhaça.
Por outro lado, estudos têm demonstrado claramente a funcionalidade dos ácidos
graxos ω-3 em promover a redução dos riscos de doenças cardiovasculares. A ingestão
combinada de 1,83g/dia de eicosapentaenoico (EPA) e de docosahexaenoico (DHA) associada
a ingestão de 9,0g/dia de α- linolênico está correlacionada com a redução de mediadores de
inflamação como o IL-1β (Interleucina 1β), TXB
2
(Tromboxanos série 2) e PGE
2
(Prostaglandina série 2) (MANTZIORIS et al., 2000), este nível de ingestão equivale a
70g/dia de salmão, é importante salientar que o brasileiro adquiri em média para consumo
15g/ano de peixe (IBGE, 2004), assim é necessário a complementação da ingestão por outras
fontes de ω-3, além de estimular o maior consumo de peixes pela população brasileira.
No entanto, alguns estudos demonstram que a alta ingestão de ω-3 (> 14,1g/dia) está
associada ao aumento da suscetibilidade à oxidação da LDL, devido ao maior conteúdo de ω-3
incorporado a esta lipoproteína (LOUHERANTA et al., 1996). Contudo, a baixa ingestão
25
também se correlaciona com o aumento da incidência de doença cardiovascular (HODGSON
et al., 1993), o que evidência a importância do equilíbrio de ingestão.
Estudo realizado em indivíduos gidos constatou a redução de triacilgliceróis
plasmáticos, LDL oxidada e Apo B48, com significativo aumento da HDL colesterol após 2
semanas de suplementação com 4g de EPA (ácido eicosapentaenóico) e DHA (ácido
docosaexaenóico) encapsulados (LOVERGROVE et al., 2004).
CINTRA et al. (2006) testaram o efeito do consumo de dieta hiperlipidica à base de
óleo de soja, truta, semente de linhaça, amendoim e pele de frango, em ratos Wistar, durante
28 dias. No grupo que ingeriu a linhaça, foi verificada a maior redução dos níveis de
colesterol total e de triacilgliceróis, maior excreção fecal de lipídios e menor deposição de
colesterol no fígado, resultado este comparável ao observado por BHATHENA (2003).
Outro componente importante na linhaça que está correlacionado com as doenças
cardiovasculares são as lignanas, as quais se associam com a redução plasmática da LDL
provavelmente pela ativação da colesterol hidroxilase e da acil CoA colesterol transferase,
desviando desta forma o colesterol plasmático para a síntese de ácidos biliares (CUNNANE
et al., 1995).
Portanto, os efeitos da ingestão da linhaça na redução dos riscos de doença
cardiovascular podem ser atribuídos a um conjunto de fatores, como fibras, lignanas e ácidos
graxos ω-3, presentes na sua composição.
26
4.2 Manutenção do Peso
EDRALIN (2002) observou que a ingestão de linhaça (40g/dia) por voluntários com
menos de 65 anos, durante 3 meses, não promoveu alteração do peso. Porém, no grupo
controle (consumo de dieta a base de trigo, 40g/dia) foi observado ganho de peso, o que
sugere um efeito protetor da linhaça na manutenção do peso corporal. Os resultados do estudo
de DODIN (2006) concordam com o citado anteriormente, neste estudo também foi ingerido
40g/dia de linhaça contra 40g/dia de germe de trigo porém, o período de duração foi de 12
meses.
O mesmo efeito na manutenção do peso corporal foi verificado por CINTRA et
al. (2006), quando os mesmos compararam a ingestão da linhaça com amendoim, em ratos
Wistar, neste estudo os animais foram divididos em grupos distintos para comparação da
linhaça com o amendoim. No grupo de animais que ingeriu o amendoim houve perda de peso.
Os mecanismos pelos quais a linhaça pode atuar na manutenção do peso corporal requerem
maiores investigações.
Estudos evidenciam o aumento da lipólise e menor oxidação de glicose na ingestão de
alimentos ricos em fitoestrógenos como a ginesteína, presente na soja (ABLER, 1992). Porém,
não se sabe se os fitoestrógenos da linhaça atuam de forma semelhante.
4.2 Câncer
Inúmeros estudos têm sido realizados com intuito de avaliar a relação entre a
manifestação de câncer e os níveis plasmáticos e a excreção urinária de lignanas. Pesquisas
utilizando a linhaça como objeto de estudo, verificaram que a exposição de 5 a 10% de
linhaça/dia durante todo o ciclo de vida, incluindo a gestação e lactação, induz alterações
celulares, com redução potencial da incidência de câncer de mama (TOU & THOMPSON,
27
1999; THOMPSON et al., 2005). NESBITT e THOMPSON (1999) induziram tumores em
ratos e administraram lignana com intuito de verificar sua ação, foi constatada redução de
50% do tamanho e 37% da incidência do tumor.
Diversos mecanismos explicam o efeito anticancerígeno tanto do enterodiol, quanto da
enterolactona. Dentre estes, pode-se citar a atividade antioxidante, com redução do número de
radicais livres presentes no meio celular; atividade anti proliferativa, com redução do número
de criptas aberrantes; propriedades estrogênicas e anti estrogênicas, as quais promovem a
competição da lignana com estrógenos pelo seu receptor, reduzindo o risco de câncer
dependente de estrogênio; atividade anti angiogênicas, com redução da vascularização e
conseqüente nutrição do tumor, e pela interrupção do crescimento da célula cancerosa
induzindo a apoptose (QU et al., 2005).
Outro estudo, com administração tanto da semente, quanto da farinha de linhaça
resultou em redução significante do número de criptas aberrantes no colo intestinal. Foi
constatado ainda o aumento da atividade da enzima β-glicosidase (JENAB & THOMPSON,
1996), enzima responsável pela conversão da matairenisitol e secoisolariciresinol em
enterolactona e enterodiol, respectivamente (RICKARD E THOMPSON, 1998; SLAVIN et
al., 1999).
Além das lignanas, os ácidos graxos ω-3 presentes na linhaça são associados com a
redução do crescimento de células cancerosas. Vários são os mecanismos que explicam a sua
ação, como, por exemplo, a incorporação nas membranas celulares, com conseqüente redução
da produção de agentes inflamatórios, como exemplo as prostaglandinas E2, as quais
estimulam o crescimento de tumores dependentes de estrogênios, tumores de mamas, assim a
supressão da prostaglandina E2 reduz o crescimento desses tumores. Estudos atribuem
também a redução do crescimento das células cancerosas à atuação dos ácidos graxos ω-3
28
como segundo mensageiro, com crescente produção de COX (cicloxigenase) e LOX
(lipoxigenase), enzimas responsáveis pela diminuição do crescimento das células
tumorogênicas. Os ω-3 estão ainda relacionados com a supressão da angiogênese, reduzindo o
suprimento de nutrientes às células tumorais (HARDMAN, 2004). Estes mecanismos
exercem o seu efeito de modo conjugado. Assim sendo, é a interação que promove um
resultado positivo e não a ação isolada dos mesmos.
4.4 Diabetes
Estudos mostraram a redução da incidência em 75% de diabetes do tipo 1 e 2 em
animais, após o consumo de linhaça, durante 24 dias. Esta redução provavelmente está
relacionada à ão antioxidante do seicoisolariciresinol (PRASAD et al., 2000; PRASAD et
al., 2001), e/ou do efeito de supressão gênica da enzima PEPCK (fosfoenol piruvato
carboxiquinase), relacionada à gliconeogênese no fígado (PRASAD, 2002).
Outro mecanismo proposto para a redução da glicemia pela linhaça é atribuído as
fibras solúveis as quais reduzem a glicemia devido ao retardo do esvaziamento gástrico e da
absorção (COUNCIL ON SCIENTIFIC AFFAIRS, 1989).
4.5 Menopausa
Assim como a soja e seus derivados, a linhaça tem sido incorporada à dieta de
mulheres no período da menopausa, com o objetivo de minimizar os sintomas decorrentes da
mesma, como ondas de calor, suores noturnos e secura vaginal, os quais comprometem a
qualidade de vida dessas mulheres (WARD, 2003).
Em um estudo envolvendo 199 mulheres saudáveis no período da menopausa, realizou
a ingestão randomizada de 40 g/linhaça durante 12 meses, sendo constatada uma melhoria não
29
significante no colesterol sanguíneo, na densidade mineral óssea e nos sintomas clássicos da
menopausa (DODIN et al., 2006). No entanto, LEMARY (2002) constatou a eficácia da
linhaça quanto aos sintomas da menopausa, bem como na redução de veis plasmáticos de
insulina e glicose, comparando a ingestão de 40g de linhaça com a terapia de reposição
hormonal de estrogênio e progesterona em mulheres hipercolesterolêmicas.
5. Conclusão
A linhaça é um alimento rico em nutrientes funcionais tornando- a promissora na
redução do risco de câncer, doenças cardiovasculares, diabetes e sintomas da menopausa,
justificando a sua utilização na dieta diariamente.
Os estudos conduzidos com a linhaça utilizam quantidades viáveis de ingestão pela
população (40g/dia) porém são, em geral, de curta duração, sendo necessária a realização de
estudos por um período de tempo maior, para a avaliação a longo prazo dos efeitos resultantes
do consumo e de seus reais benefícios. Tais estudos devem ser delineados considerando os
princípios da alimentação saudável, no qual a linhaça possa ser inserida como componente
funcional da dieta com o propósito de melhoria da saúde humana.
30
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36
Artigo Original:
BALANÇO ENERGÉTICO E DE MACRONUTRIENTES APÓS CONSUMO DE
SEMENTE, FARINHA DESENGORDURADA OU ÓLEO DE LINHAÇA
OLIVEIRA, Cristiane Gonçalves de
1
; CRUZ, Ana Cristina Rodrigues Ferreira
1
; NAKAJIMA,
Vânia Mayumi
2
; ESTEVES, Fernanda Cristina
2
; CRUZ, Ana Carolina de Mello
2
; BRESSAN,
Josefina
3
; ALFENAS, Rita de Cássia Gonçalves
3
; COSTA, Neuza Maria Brunoro Costa
3
1
Nutricionistas, Mestrandas do Programa de Pós- Graduação em Ciência da Nutrição;
2
Bolsista de Iniciação Cientifica;
3
Professoras do Departamento de Nutrição e Saúde- UFV
RESUMO
A linhaça possui propriedades funcionais na redução de risco de doenças crônicas não
transmissíveis como doença cardiovascular, diabetes e câncer. Embora apresente alta
densidade energética, não se sabe como este alimento promove a manutenção do peso
corporal. No presente trabalho verificou-se o efeito do consumo da semente (LI), farinha
desengordurada (FL) e óleo de linhaça (OL) no balanço energético e de macronutrientes.
0Participaram do estudo 24 voluntários saudáveis divididos em 3 grupos experimentais (n=8),
sendo 50% do sexo feminino e 50% do sexo masculino. Durante a etapa, todos receberam
alimentação controle, preparada com óleo de canola. Na etapa, os voluntários receberam o
mesmo cardápio com substituição isocalórica de 70g de óleo de canola pelo produto teste (LI,
FL, OL). A ingestão alimentar, durante o estudo, foi realizada exclusivamente no laboratório.
Toda a excreção fecal foi controlada. Os dados foram analisados pelos testes Kruskal Wallis e
de Student Newman Keuls para comparação entre grupos, Wilcoxon Signed Ranks para
avaliar efeito do tratamento e Mann Whitney, para comparação entre os voluntários do sexo
37
masculino e feminino. O critério de significância estatística foi p<0.05. Observou-se uma
tendência à perda de peso nos três grupos testados. Houve uma maior absorção energética
(P<0,05) no grupo OL (95,64%), devido a maior absorção de lipídio (92,85%) e de proteína
(91,78%), em relação aos demais grupos e ao seu controle. No entanto, este aumento na
absorção energética não resultou em alterações significantes no peso corporal. Foi observada
diferença em termos de absorção energética correspondente a 89,06% e 93,57%, e absorção
lipídica equivalente a 69,52% e 89,72%, para os grupos LI e FL, respectivamente.
1. INTRODUÇÃO
O Consenso Latino Americano de Obesidade relata a ocorrência de um aumento de
53% da prevalência de sobrepeso e obesidade no Brasil, entre 1974/1975 e 1989,
especialmente nas classes menos favorecidas. Por sua vez, a Organização Mundial da Saúde
(WHO, 2003) relata que em 2001, 60% de 56,5 milhões de mortes ocorridas mundialmente
foram causadas por doenças cardiovasculares e que em 2020 estes dados serão 57% maiores.
O aumento da incidência das doenças crônicas não transmissíveis é preocupante, sendo
fundamental a busca por alternativas visando à prevenção, redução ou cura dessas doenças.
Alguns alimentos, como a linhaça, contêm nutrientes como os ácidos graxos ω-3, lignanas,
fibras solúveis e vitamina E, aos quais são atribuídas propriedades associadas à prevenção e
até mesmo redução da ocorrência de doenças crônicas não transmissíveis (DAUN et al.,
2003). Entretanto, grande parte da sua composição ( 40%) é constituída de lipídios. Este fato
faz com que a linhaça seja um alimento energeticamente denso, fornecendo 534 Kcal/100g
(Food Composition, USDA, 2006), podendo assim favorecer o ganho de peso. Porém, tem
sido observada a manutenção do peso dos indivíduos em associação à ingestão constante da
semente de linhaça (EDRALIN, 2002).
38
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o balanço energético e de macronutrientes
após o consumo da semente, farinha desengordurada e óleo de linhaça.
2. CASUÍSTICA E MÉTODOS
O estudo foi realizado no Laboratório de Metabolismo Energético, Estudo
Experimental dos Alimentos e de Nutrição Experimental, do Departamento de Nutrição e
Saúde, Laboratório de Fisiologia Vegetal do Departamento de Biologia Vegetal, Laboratório
de Espectrometria Molecular e Atômica do Departamento de Solos, Laboratório de Medicina
Preventiva Veterinária, do Departamento de Medicina Veterinária e Laboratório de Painéis e
Energia da Madeira, do Departamento de Engenharia Florestal, da Universidade Federal de
Viçosa.
2.1 Delineamento experimental do estudo
Foi utilizado delineamento inteiramente casualizado para a distribuição dos indivíduos
entre os diferentes grupos. Cada voluntário serviu como controle para si mesmo. Foram
permitidas apenas 2 falhas em atividades inerentes ao projeto, sem o conhecimento dos
voluntários. Em caso de não permanência no estudo, houve reposição da amostra.
O tempo do estudo foi de 12 a 20 dias, dividido em 2 etapas, etapa (ingestão das
refeições sem o produto teste) e etapa (ingestão das refeições com o produto teste). Durante
estas etapas foram oferecidas aos participantes do estudo 4 refeições diárias, desjejum,
almoço, jantar e lanche noturno optativo.
Ao iniciar cada etapa, os voluntários ingeriram cápsulas de corante vermelho, três dias
após a primeira coloração das fezes, foram ingeridas 3 cápsulas de corante azul. Foram
coletadas todas as fezes com coloração vermelha e excluídas as fezes com coloração azul.
39
Após a passagem da coloração azul das fezes, cápsulas vermelhas eram ingeridas, dando
inicio a etapa do experimento. Durante o período de coleta, foram realizados testes de
saciedade e atividade física.
2.2 Produtos teste
Os produtos teste (semente, farinha desengordurada e óleo de linhaça) foram doados
pela empresa Giovelli e Cia Ltda
®
, localizada em Guarani das Missões, Rio Grande do Sul.
2.3 Análise dos Produtos Teste e das refeições
Tanto os produtos teste, quanto o cardápio diário fornecido aos voluntários do estudo
foram analisados quanto à composição centesimal e ao teor calórico. As refeições do dia
(desjejum, almoço e jantar) foram homogeneizados em Liquidificador Industrial, Siemsen
®
,
LS-10L, previamente à análise. O lanche noturno optativo foi analisado separadamente. Todas
as preparações analisadas foram elaboradas nas mesmas condições em que foram servidas.
O teor de umidade das refeições foi determinado em liofilizador (Super Modulyo,
Edwards®) a - 60ºC, durante 24 a 48h, até obtenção de peso estável. A análise foi realizada
em duplicata, 45 mL de amostra cada, destinadas a análise de lipídios, proteína e calorias.
Para lipídios totais foi utilizado o método adaptado de Folch et. al (1957). O extrato
lipídico de 0,1g de amostra liofilizada foi obtido a partir da adição de 1,9 mL da mistura de
clorofórmio:metanol (2:1), homogeneização em agitador de tubos (modelo AP56, tipo vórtex,
Phoenix®) por 3 minutos, acréscimo de 0,4 mL de metanol, centrifugação a 3000 rpm em
centrífugador (Excelsa 3, modelo 204-NR, Fanem®). Após transferir o sobrenadante para
outro tubo, acrescentou-se 0,8 mL de clorofórmio e 0,64 mL de solução de NaCl em água
(0,73%). Após homogeneização, centrifugação e descarte do sobrenadante com auxílio de
40
pipeta de pasteur, a parede interna do tubo foi lavada 3 vezes com solução de Folch (composta
de 3% de clorofórmio, 48% de metanol, 47% de água e 2% de NaCl a 0,29% em água), e o
tubo com o extrato lipídico foi mantido em estufa (Quimis®) aberta, regulada a 60ºC. Após
secos, os tubos foram colocados em dessecador e posteriormente pesados em balança analítica
(capacidade máxima de 210 g, divisão 0,1 mg, modelo Explorer, Ohaus®), para quantificação
do lipídio total. A análise foi realizada em duplicata.
Para determinação do teor de proteína, utilizou-se o analisador automático de
elementos (Series II CHNS / O Analizer, Perkin Elmer®), precisão <0,2% (0,1% = 100 ppm),
e o fator 6,25
(FAO, 2003) para conversão do teor de nitrogênio em proteína. Devido à
precisão do equipamento a análise não foi realizada em repetição.
A análise de resíduo mineral fixo (cinzas) foi realizada pelo método da AOAC (1984).
O teor de carboidrato total foi calculado por diferença percentual da composição centesimal
(FAO, 2003).
O valor calórico total foi aferido em bomba calorimétrica de oxigênio (modelo NSI
13, Parr Instruments®) por calorimetria direta. Após padronização da granulometria (40-60
mesh) das partículas da amostra liofilizada, foram pesadas aproximadamente 0,305 g de
amostra em balança analítica (Sartorius®). A amostra foi colocada em uma cápsula de cobre,
atravessada por 20 cm de um fio de ignição para calorímetro (cód.45C10, Parr Instruments®),
e inserida em um cilindro de aço inoxidável hermeticamente fechado, no qual foram injetados
25 ATM de gás oxigênio. O cilindro foi então colocado na bomba, em um recipiente submerso
em água. A bomba foi fechada e a temperatura interna inicial foi aferida e anotada (Ti). Após
a ignição, a temperatura final estabilizada foi anotada, o potencial calorífico superior da
amostra foi calculado, de acordo com a seguinte fórmula:
Pc = C . (Tf – Ti) – (c1 + c2) .
41
Massa da amostra (g)
Onde,
Pc = potencial calorífico (cal / g)
C = constante do equipamento para conversão do resultado para energia kcal
Tf = temperatura final
Ti = temperatura inicial
c1 = média de energia (kcal) produzida por 20 cm de filamento de ignição (~1kcal/cm)
= 20kcal
c2 = energia (kcal) produzida pelo ácido carbônico resultante da queima
= 2kcal para materiais não carbonizados
2.4 Seleção dos Voluntários
Vinte e quatro voluntários, de ambos os sexos, sendo 50% do sexo feminino e 50% do
sexo masculino, foram recrutados e selecionados por meio de anúncios afixados em murais e
divulgados por e-mail, preenchimento de questionário (ANEXO I) e degustação das
preparações, objetivando familiarizar os voluntários as refeições servidas durante o período de
estudo.
Foram utilizados como critério de inclusão idade entre 18 e 50 anos, Índice de Massa
Corporal (IMC) entre 18,5 29,5 kg/m
2
, peso estável nos últimos 6 meses com flutuação
máxima de 3 kg, bom estado de saúde (sem relato de doenças crônicas), sem uso regular de
medicamentos (exceto contraceptivos), nível de atividade física constante (média <
30min/dia), não tabagista, não gestante ou lactante, sem relato de alergia a corantes ou a
qualquer alimento fornecido no experimento, relato de defecação regular (no mínimo a cada 2
42
dias), colesterol < 200 mg/dL, glicemia de jejum 110 mg/dL; metabolismo basal < 1875
kcal (75% da energia fornecida pela alimentação diária do estudo).
O projeto foi desenvolvido após aprovação pelo Comitê de Ética na Pesquisa com
Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Os indivíduos participaram do
estudo voluntariamente, iniciando o estudo após esclarecimentos sobre o mesmo e posterior
leitura e assinatura do Termo de Consentimento (ANEXO II).
2.5 Avaliação Antropométrica
Os voluntários foram pesados pela manhã, em balança eletrônica, marca Filizola
®
com capacidade de 150 kg e precisão de 100 g, utilizando o mínimo de roupa possível e em
jejum. A altura foi aferida utilizando o antropômetro vertical milimetrado com escala de 0,5
cm. Em ambas as situações, os indivíduos estavam em posição ereta, com os braços relaxados
e olhar no plano horizontal.
Para avaliar o estado nutricional analisou-se o IMC (BRAY e GRAY, 1988) e a
relação cintura/quadril, a qual foi aferida com fita métrica inextensiva e inelástica (KOOVY &
SEIDELL, 1993; WEINSIER et. al, 1995).
Os percentuais de gordura corporal total, porcentagem de massa magra e porcentagem
de água corporal foram aferidos pelo método da bioimpedância elétrica, Biodynamics modelo
310
®
(LUKASKI et. al., 1985). Os voluntários foram orientados a evitar a prática de atividade
física extenuante, a se alimentarem de forma equilibrada no dia anterior ao teste, a realizar
jejum de 12 horas e a urinar 30 minutos antes da avaliação. Nas mulheres, as avaliações foram
realizadas no máximo 7 dias após a menstruação.
2.6 Avaliação Bioquímica
43
Como triagem foi realizada a coleta de sangue por punção digital, para determinação
dos níveis de colesterol (aparelho Accutrend GCT - Roche®) e de glicose (aparelho One
Touch Basic - Johnson & Johnson’s®). A glicemia dos voluntários foi monitorada novamente
na mudança do tipo de produto teste ingerido e ao final do experimento.
2.7 Pressão Arterial e Batimentos Cardíacos
Foram aferidos como indicadores clínicos, a pressão arterial e os batimentos cardíacos,
utilizando o aparelho Automatic Blood Pressure Monitor with IntelliSense Modelo HEM-
711AC ao início do estudo, na mudança do tipo de produto teste ingerido e ao final do estudo.
2.8 Avaliação do Metabolismo Basal
O metabolismo energético foi avaliado por calorimetria indireta, medindo a taxa
metabólica por meio do consumo de oxigênio e dispêndio de dióxido de carbono do
organismo, por um dado período de tempo. A excreção de nitrogênio foi padronizada a
13mg/N/dia. Os valores aferidos foram convertidos em unidades de calor (quilocalorias)
produzidas por metro quadrado de superfície corporal por hora (LABAYEN et al., 1999).
Para esta aferição foi utilizado o monitor metabólico Deltatrac II, Datex
Engstrom®, equipado com a campânula respiratória, o qual oferece medidas de minuto a
minuto, sendo calibrado a cada nova determinação. O metabolismo basal foi calculado pela
equação:
Metabolismo Basal (Kcal/min) = (16,4VO
2
) + (4,5VCO
2
) – (3,4N) x 4,18
Os voluntários foram conduzidos de carro ao Laboratório de Metabolismo Energético,
após jejum de 12 horas e 8 horas de sono, permaneceram em repouso por 30 minutos,
44
objetivando a homeostase. A aferição do metabolismo basal foi realizada durante 60 minutos
contínuos, em ambiente calmo e temperatura controlada .
Os candidatos que não foram aprovados nessa etapa tomaram conhecimento dos
resultados de sua avaliação nutricional e logo depois receberam o desjejum, enquanto que os
aprovados iniciaram a ingestão da primeira refeição do projeto imediatamente.
2.9 Cálculo das Necessidades Energéticas
Foi realizado o cálculo da Necessidade Energética Estimada (EER) dos voluntários
antes de iniciar o período de estudos (IOM, 2002).
EER para homens acima de 19 anos de idade:
EER = 662 – 9,53 x idade [anos] + atividade física x (15,91 x peso [kg] + 539,6 x altura
[m])
EER para mulheres acima de 19 anos de idade:
EER = 354 – 6,91 x idade [anos] + atividade física x (9,36 x peso [kg] + 726 x altura [m])
2.10 Preparo e Distribuição das Refeições
Os voluntários foram distribuídos, de forma randomizada, entre os 3 grupos
experimentais. Durante o estudo, os voluntários receberam alimentação apresentando a mesma
composição calórica e de macronutrientes. Para realizar este ajuste o grupo teste com ingestão
do óleo de linhaça – OL recebeu alimentos integrais, com intuito de balancear a ingestão de
fibras, ao passo que os grupos teste com ingestão de Farinha de linhaça FL e semente de
linhaça LI receberam alimentos adicionados de óleo de canola, para balancear a ingestão
de lipídios.
45
Todos os ingredientes foram porcionados diariamente por pesagem direta, exceto os
produtos adquiridos em embalagens de porções individuais padronizadas (como porção de
biscoito tipo torrada para o lanche, por ex), e alguns sucos, frutas e temperos que foram
porcionados com medidas caseiras. As marcas e especificações dos produtos consumidos ao
longo do experimento, balanças e medidores utilizados foram mantidas objetivando a
padronização da alimentação.
As receitas foram preparadas em porções individuais (exceto as preparações como
muffins e massas de pizza, que eram, ao final do preparo, devidamente porcionadas). Os
ingredientes utilizados em cada preparação foram pesados e acondicionados em bandejas
devidamente identificadas para cada voluntário. Todas as preparações eram conferidas, de
acordo com o cardápio, etapa e grupo teste, antes de serem entregues para cada voluntário.
Todos receberam, na 1ª etapa, o cardápio controle-C (ANEXO III), o qual não
continha linhaça ou seus derivados. Na etapa, cada grupo recebeu uma das 3 alimentações
teste: semente de linhaça -LI, óleo de linhaça -OL ou farinha de linhaça -FL. Foram fornecidas
70g de cada produto teste/dia (CRUZ et al., 2006). Cada etapa, controle e teste, tiveram uma
duração de 6 a 10 dias dependente do trânsito intestinal do voluntário.
Toda a ingestão alimentar foi controlada. Os voluntários foram orientados a consumir
exclusivamente todas as refeições elaboradas no Laboratório de Estudo Experimental de
Alimentos do DNS/UFV. Para verificar a aderência ao protocolo, foi realizada coleta de saliva
de forma aleatória. Apesar das amostras de saliva não terem sido submetidas a nenhum tipo de
avaliação capaz de averiguar a aderência dos voluntários ao protocolo do estudo, este
procedimento exerce um efeito psicológico no voluntário, com o intuito de aumentar o
compromisso do mesmo em relação ao estudo.
46
Cada cardápio foi planejado para conter, em média, 2500 kcal/dia em todas as etapas e
grupos, ou seja, durante o estudo foi oferecida dieta isoenergética aos voluntários. A
proporção de macronutrientes, assim como a dia calórica e desvio padrão da alimentação
oferecida durante o estudo, por um período diário incluindo o lanche optativo noturno, são
apresentadas na Tabela 1. Essa composição nutricional foi determinada utilizando o software
DietPro® versão 4.0 (ESTEVES & MONTEIRO, 2002).
Tabela 1 – Composição do cardápio diário planejado para os voluntários nos períodos
controle e teste (média + desvio padrão)
CARBOIDRATO
(%)
LIPÍDIO
(%)
PROTEÍNA
(%)
ENERGIA
(Kcal/dia)
C 55,9+2,8
a
30,4+2,8
a
13,7+0,7
a
2470,5+73,31
a
OL 55,2+0,9
a
31,5+0,7
a
13,2+0,6
a
2523,4+79,17
a
LI 56,6+2,48
a
29,5+2,18
a
14,0+0,7
a
2484,4+72,92
a
FL 57,7+2,22
a
28,2+2,16
a
14,2+0,35
a
2502,5+30,56
a
As médias seguidas de uma mesma letra não diferem entre si, para o teste de análise de variância, em nível de
5% de probabilidade.
C=controle; OL=óleo de linhaça; LI= semente de linhaça; FL=farinha de linhaça.
A alimentação oferecida aos participantes foi composta por 4 cardápios diários
(ANEXO III), os quais foram repetidos ao longo do estudo. Estes cardápios diferiram da dieta
controle apenas em relação à ausência dos produtos testes (LI, OL ou FL), sendo estes
adicionados ao longo das preparações das principais refeições (desjejum, almoço e jantar)
totalizando 70g diários.
Tanto a ingestão, quanto a preparação das 3 refeições principais (desjejum, almoço e
jantar) foram realizadas no Laboratório de Estudo Experimental dos Alimentos do
Departamento de Nutrição e Saúde UFV, inclusive nos finais de semana. Toda alimentação
47
foi preparada em porções individuais, utilizando pesagem direta de cada ingrediente, exceto os
produtos adquiridos em embalagens porcionadas individualmente.
Os voluntários recebiam um lanche noturno optativo, o qual não continha o produto
teste, este poderia ser ingerido à noite, caso o voluntário sentisse fome, se o mesmo não fosse
consumido, deveria ser devolvido ao pesquisador no dia seguinte.
O protocolo completo seguido durante o presente estudo foi resumido no pode no
Figura 1.
Figura 1 – Protocolo das etapas ocorridas durante o estudo
1ª ETAPA – controle
2ª ETAPA - teste
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8
9
10
Metabolismo Energético
X
Avaliação
Antropométrica
X
X
X
Avaliação da
Composição Corporal
X
X
X
Exame de Glicose **
X
X
X
Exame de Colesterol
X
Alimentação
X X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Batimentos Cardíacos
X
X
X
Pressão Arterial
X
X
X
Coleta de Saliva **
X
X
X
Ingestão do Marcador
X V
X
V
Coleta de Fezes
X X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Escala de Apetite
V
V
V
V
V
V
Questionário de
Atividade Física
V
V
V
V
V
V
X
Dias fixos
V
Variável Passíveis de atraso se o marcador não aparecesse nas fezes no dia seguinte a sua
ingestão
**
Exame repetido mais uma vez em cada etapa, em dias aleatórios
48
2.11 Avaliação Subjetiva do apetite
A sensação de fome foi registrada em uma escala hedônica bipolar de 13 pontos,
contendo “nem um pouco de fome” e “extremamente faminto” nas extremidades (ANEXO
IV) (MERRIL et al., 2002). Além da sensação de fome, avaliou-se também as sensações
referentes a plenitude gástrica, e desejo de alimentar.
Tais escalas foram preenchidas imediatamente antes e logo após a refeição do dia.
As escalas subseqüentes foram preenchidas em intervalos de 1h, durante todo o período em
que o voluntário estivesse acordado (FIGURA 2).
Antes Durante Após A cada hora até hora de dormir
Figura 2 – Programação de preenchimento da escala de apetite dos voluntários selecionados
Esta avaliação foi conduzida na primeira e na segunda etapa do estudo (FIGURA 1),
durante três dias consecutivos, após o dia da aparição de fezes marcadas (mesmos dias em
que foram preenchidos os questionários de atividade física).
INGESTÃO
Preenchimento das escalas
JEJUM
49
2.12 Avaliação da Atividade Física
Os participantes do estudo foram avaliados por um questionário de “Atividade Física”
(ANEXO V), no qual registraram minuciosamente, a cada mudança de atividade, todas as
atividades realizadas no período em que estiveram acordados, perfazendo o total de 24h -
1.440 minutos, analisadas pelo Compêndio de Atividade Física (AINSWORTH et al., 2000).
Esta avaliação foi conduzida durante três dias consecutivos (FIGURA 1), tanto na
1ª quanto na 2ª etapa, iniciando sempre no dia seguinte à 1ª eliminação de fezes marcadas.
2.13 Coleta de Fezes
No dia de cada etapa (início da ingestão da dieta sem os produtos teste - FIGURA
1), os voluntários ingeriram, antes do desjejum, 3 cápsulas de corante alimentício vermelho
(Carmim vermelho, Sensient Technologies Corporation, St Louis, MI), com o intuito de
marcar as fezes relativas à primeira refeição do experimento. A partir deste momento,
realizou-se a coleta de todas as fezes excretadas.
Para auxiliar a coleta e minimizar possíveis perdas foi fornecido ao voluntários 1 suporte
ajustável ao vaso sanitário,“urine hat”, potes coletores de 500mL e caixas de isopor para
transporte do material coletado. Cada pote foi codificado, sendo anotado a data e hora da
coleta. O material coletado foi acondicionado em freezer, a 24ºC, no Laboratório de
Nutrição Experimental/DNS – UFV.
A eliminação de fezes de coloração vermelha, proveniente da ingestão da cápsula de
carmim vermelho, definiu as próximas etapas do protocolo de cada voluntário (FIGURA 1).
Três dias após o aparecimento do marcador, os voluntários ingeriram 3 cápsulas do
marcador, o corante azul (“FD&C 13% blue aluminum lake”, Sensient Technologies
50
Corporation, St Louis, MI). Comumente, esse segundo corante era eliminado no dia. Cada
etapa variava de 6 a 10 dias em função do trânsito intestinal do voluntário.
Como medida adicional de controle sanitário, todas as cápsulas de corantes foram
submetidas a tratamento térmico a 70ºC por 1h, em forno convencional, antes de serem
distribuídas aos voluntários.
2. 14 Análise de Fezes
De cada etapa teste e controle de cada voluntário foi obtido um “pool” das amostras de
fezes coletadas. As fezes marcadas com corante vermelho foram incluídas, bem como todo
material coletado depois sem coloração, descartando todo o material com coloração azul e
coleta subseqüente que porventura ocorreu. Cada “pool” foi pesado e homogeneizado por 3
minutos com água (quantidade de água = dobro do peso das fezes), utilizando liquidificador
industrial, em aço inox, modelo L5-10, capacidade de 10L, Siemesen®. Após manipulação
das amostras, o ambiente e utensílios utilizados foram limpos e sanitizados com solução
clorada a 20%. Todo material fecal não utilizado foi descartado em vaso sanitário.
Do homogenato, foram guardadas amostras para serem secas em liofilizador (Freeze
Dry System / Freezone 4.5, Labconco®), a aproximadamente -50ºC, e posterior armazenagem
em freezer convencional (-24ºC), até o momento das análises. A determinação da composição
do homogenato foi realizada utilizando a mesma metodologia para análise dos alimentos.
51
2.15 Correção da Absorção
Com o objetivo de corrigir as diferenças de ingestão dos macronutrientes e eliminar a
excreção proveniente de fontes endógenas, trabalhou-se com o conceito de Absorção,
calculada pela fórmula a seguir:
Absorção = g de nutriente ou kcal ingerido – g de nutriente ou kcal excretado x 100
g de nutriente ou kcal ingerido
2.16 Análise Estatística
Os dados foram apresentados na forma de média, desvio padrão e mediana. Dados que
apresentaram distribuição normal foram analisados pelos testes paramétricos ANOVA “One
Way” e Teste de Tukey, para comparação entre grupos, teste t pareado, para avaliar efeito do
tratamento, período teste em comparação ao período controle e teste t, para avaliar
comparações entre o sexo feminino e sexo masculino. Foi utilizado ainda o teste de Student-
Newman-Keuls para comparar três grupos independentes.
Comparações com pelo menos 1 parâmetro sem distribuição normal, bem como
índices calculados (como IMC, RCQ, digestibilidade e deltas), foram analisados pelos testes
Kruskal Wallis e de Student Newman Keuls para comparação entre grupos, Wilcoxon Signed
Ranks para avaliar efeito do tratamento, período teste em comparação ao período controle e
Mann - Whitney, para avaliar comparações entre o sexo feminino e sexo masculino. O critério
de significância estatística foi p<0,05. Utilizou-se o software SIGMA 3.0.
3. Resultados e Discussão
Dos 223 candidatos inscritos a participar da pesquisa, 24 foram selecionados, sendo 12
homens e 12 mulheres, distribuídos igualmente em três grupos experimentais. Não houve
diferença estatística entre os grupos tanto para os parâmetros bioquímicos, quanto para os
52
antropométricos e de composição corporal apresentados pelos voluntários ao início e ao final
do estudo, o que caracteriza a homogeneidade amostral (Tabela 2). Os voluntários
apresentaram idade entre 21 e 29 anos, com média de 24,5 anos.
O fornecimento energético durante o estudo supriu as necessidades de todos os
voluntários, uma vez que os mesmos apresentaram metabolismo basal igual ou inferior a 75%
das calorias oferecidas (Tabela 2). Além desses critérios de inclusão, foi calculado o EER
(Necessidade Energética Estimada) para cada voluntário, obtendo-se em média 2043,67 +
125,84 Kcal e 2573,63+166,96 Kcal para mulheres e homens, respectivamente. É verificada a
ingestão calórica (Tabela 4) superior ao EER por mulheres durante todo o experimento, sendo
esperado um aumento de peso em especial na etapa (Tabela 3). Para os homens o esperado
seria o aumento de peso na etapa, com perda de peso na etapa (Tabela 3) . No entanto,
este fato não foi evidenciado ao final do estudo. Houve uma tendência a manutenção do peso
para as mulheres, com aumento médio de 200g/etapa, valor este inferior ao esperado,
aproximadamente 780g/etapa, e perda de peso para os homens, não significante, durante a
etapa (Tabela 3).
Foi constata-se uma tendência a perda de peso em todos os grupos (FL, LI, OL), não
significante (p>0,05), durante a 2ª etapa, variação está observada pela diferença entre a e
avaliação (Tabela 2).
Assim, sugere-se que a ingestão da linhaça e seus componentes poderia exercer efeito
protetor para o ganho de peso, o que possivelmente teria sido evidenciado caso o estudo
tivesse sido conduzido por um período de tempo maior, que a ingestão do produto teste foi
por um período relativamente pequeno, 6 a 10 dias. Resultados semelhantes foram obtidos em
estudos com animais experimentais, ratos, e em humanos com períodos variados de 3 a 12
meses (CINTRA et al.,2006; DODIN et al., 2006; EDRALIN et al.,2002).
53
Tabela 2 – Parâmetros Antropométricos e Bioquímicos dos voluntários nas três avaliações (média e desvio padrão)
FL
LI
OL
1ªAV.N.
2ªAV.N. 3ªAV.N. 1ªAV.N. 2ªAV.N. 3ªAV.N. 1ªAV.N. 2ªAV.N.
3ªAV.N.
PESO (kg)
63,53
a
+7,20
62,97
a
+6,59
62,75
a
+6,62
58,55
a
+7,50
58,55
a
+7,25
58,20
a
+6,60
57,61
a
+5,20
57,25
a
+4,43
57,00
a
+4,29
ALTURA (m)
1,70
a
+0,06
1,66
a
+0,06
1,66
a
+0,04
IMC(Kg/m
2
)
21,67
a
+ 1,34
21,50
a
+1,21
21,42
a
+1,34
20,97
a
+1,60
20,99
a
+1,54
20,89
a
+1,38
20,93
a
+1,77
20,83
a
+1,52
20,72
a
+1,49
MET BAS DELT
(Kcal/dia)
1679,38
a
+119,37
1623,16
a
+165,63
1667,5
a
+207,50
MET BAS BIO
(Kcal/dia)
1543,62
a
+ 199,28
1538,75
a
+199,28
1525,12
a
+183,91
1441,50
a
+233,94
1466,75
a
+238,94
1458,37
a
+246,88
1667,5
a
+215,62
1414,25
a
+164,31
1410,00
a
+168,75
CC(cm)
74,13
a
+5,3
73,66
a
+5,37
73,35
a
+4,93
70,00
a
+5,67
70,01
a
+5,66
69,75
a
+4,73
69,12
a
+4,07
69,17
a
+4,07
68,76
a
+3,87
CQ(cm)
96,83
a
+2,95
96,61
a
+3,56
96,20
a
+3,07
93,37
a
+3,92
93,77
a
+3,82
92,96
a
+3,83
92,36
a
+4,41
92,70
a
+4,10
92,23
a
+3,69
RCQ
0,76
a
+0,04
0,78
a
+0,05
0,76
a
+0,02
0,75
a
+0,06
0,74
a
+0,05
0,75
a
+0,05
0,75
a
+0,05
0,74
a
+0,03
0,74
a
+0,03
BC(batim/min)
66,25
a
+10,44
73,12
a
+11,84
64,62
a
+8,20
67,37
a
+7,97
71,25
a
+4,43
70,00
a
+6,50
71,00
a
+5,50
71,00
a
+5,50
78,75
a
+6,5
GLICOSE
68,25
a
+5,44
70,37
a
+4,78
67,62
b
+4,22
70,38
a
+4,22
70,37
a
+4,78
64,75
b
+4,5
70,87
a
+4,16
70,62
a
+5,28
69,50
a
+5,50
M. MAGRA(kg)
50,76
a
+6,55
50,61
a
+6,54
50,17
a
+6,04
47,62
a
+7,85
48,26
a
+7,87
47,96
a
+8,13
46,92
a
+5,95
46,52
a
+5,40
46,38
a
+5,53
M.MAGRA(%)
68,48
a
+0,84
68,51
a
+0,84
68,60
a
+081
69,96
a
+1,24
69,83
a
+1,11
70,07
a
+1,15
64,10
a
+9,32
69,55
a
+0,58
69,46
a
+0,52
M. GORDURA(kg)
12,75
a
+2,81
12,37
a
+2,93
12,56
a
+6,04
10,96
a
+2,16
10,33a
+2,28
10,47
a
+2,85
9,99
a
+3,01
10,05
a
+2,57
9,88
a
+2,85
M.GORDURA(%)
19,78
a
+4,69
19,61
a
+4,50
19,92
a
+4,19
19,11
a
+4,81
18,03
a
+5,24
18,38
a
+6,03
17,37
a
+5,83
17,85
a
+5,02
17,67
a
+6,05
IMC – Índice de Massa Corporal; Met Bas Delt– Metabolismo Basal aferido no deltatrac; Met Bia - Metabolismo Basal aferido na bioimpedância; CC –
Circunferência da Cintura; CQ circunferência do quadril; RCQ Relação Circunferência Cintura e Quadril; BC Batimento Cardíaco; MMAGRA – massa magra;
MGORDURA massa gordurosa.. As médias seguidas de uma mesma letra não diferem entre si, para o teste de análise de variância ou Kruskal Wallis (IMC e
RCQ), em nível de 5% de probabilidade.
54
Tabela 3 – Parâmetros Antropométricos e Bioquímicos dos voluntários subdivididos por sexo (média e desvio padrão)
FL
LI
OL
1ªAV.N.
2ªAV.N. 3ªAV.N. 1ªAV.N. 2ªAV.N. 3ªAV.N. 1ªAV.N. 2ªAV.N.
3ªAV.N.
F M F M F M F M F M F M F M F M F M
PESO (kg)
59,52
+3,15
67,54
+10,33
59,06
+2,73
66,87
+9,28
59,08
+2,79
66,42
+9,57
52,50
+3,72
64,90
+6,07
52,54
+3,53
64,56
+6,06
52,72
+3,42
63,67
+5,72
54,07
+3,17
61,15
+4,5
54,27
+2,75
60,22
+3,97
54,42
+2,40
59,57
+4,00
ALTURA (m)
1,68
+0,039
1,73
+0,07
1,60
+0,04
1,73
+0,03
1,62
+0,04
1,69
+0,01
IMC(Kg/m
2
)
21,00
+2,73
22,35
+1,62
20,85
+0,80
22,14
+1,28
20,86
+0,90
21,98
+1,39
20,34
+1,33
21,61
+1,58
20,48
+1,25
21,51
+1,42
20,59
+1,22
21,21
+1,42
20,58
+2,00
21,28
+1,36
20,65
+1,84
20,96
+1,14
20,71
+1,71
20,74
+1,27
MET BAS DELT
(Kcal/dia)
1640,00
+115,00
1718,75
+123,75
1457,5
+ 73,75
1788,75
+68,75
1512,00
+198,75
1822,50
+41,25
MET BIA (Kcal/dia)
1393,75
a
+53,75
1693,5
b
+225,5
1396,5
a
+31,75
1652,7
b
+198,25
1397,5
a
+30,75
1652,7
b
+198,25
1209,0
a
+106,50
1674,0
b
+155,50
1234,0
a
+88,00
1699,5
b
+161,00
1211,5
a
+92,50
1705,2
b
+131,25
1245,5
a
+54,50
1607,5
b
+133,50
1263,2
a
+68,75
1565,2
b
+128,75
1252,2
a
+72,25
1567,7
b
+123,75
CC(cm)
70,17
+2,17
78,10
+6,65
69,32
+2,07
78,00
+5,75
69,37
+1,72
77,32
+5,72
65,02
+3,52
74,97
+3,23
65,32
+4,17
74,70
+3,65
65,75
+3,7
73,75
+3,05
66,57
+0,03
71,67
+3,88
66,95
+2,05
71,40
+4,10
66,92
+2,52
70,6
+4,30
CQ(cm)
97,60
+1,72
96,47
+4,17
97,60
+2,70
95,62
+4,57
96,32
+1,83
96,07
+4,37
93,95
+3,62
92,82
+4,22
94,30
+3,70
93,25
+3,95
94,15
+4,10
91,77
+3,07
94,47
+4,32
90,25
+5,37
94,35
+4,00
91,05
+4,82
93,80
+3,05
90,65
+5,12
RCQ
0,72
+0,02
0,81
+0,03
0,71
+0,02
0,81
+0,03
0,72
+0,01
0,80
+0,03
0,69
+0,01
0,81
+0,01
0,69
+0,01
0,80
+0,02
0,69
+0,00
0,80
+0,01
0,70
+0,02
0,79
+0,01
0,71
+0,02
0,78
+0,01
0,71
+0,02
0,77
+0,01
BC(batim/min)
72,75
+6,12
59,75
+11,75
84,75
+4,75
61,50
+8,75
71,25
+3,25
58,00
+8,5
69,75
+7,25
65,00
+7,50
75,50
+2,00
67,00
+3,50
68,00
+7,50
72,00
+6,50
68,50
+7,25
73,50
+3,25
76,25
+6,75
76,25
+5,75
80,75
+9,62
76,75
+4,25
GLICOSE
73,25
+4,25
63,25
+5,62
73,00
+3,50
67,75
+4,87
69,50
+4,50
65,75
+4,87
64,25
+3,75
65,25
+5,25
77,25
+5,25
68,00
+4,50
74,25
+4,25
66,50
+1,25
70,25
+4,25
71,5
+3,75
68,00
+4,50
71,00
+5,00
71,50
+3,50
69,75
+6,62
COLESTEROL
150,00
+0,00
153,75
+3,25
162,50
+11,50
156,50
+3,50
150,00
+0,00
M. MAGRA(kg)
45,82
a
+1,78
55,7
b
+7,4
45,62
a
+1,03
55,60
b
+6,40
45,97
a
+1,01
54,37
b
+6,52
39,78
a
+3,47
55,47
b
+4,67
40,60
a
+2,90
55,92
b
+5,32
39,82
a
+3,02
56,10
b
+4,30
40,98
a
+1,78
52,87
b
+4,37
41,55
a
+2,25
51,50
b
+4,20
41,22
a
+2,37
51,55
b
+4,05
M.MAGRA(%)
67,92
+0,87
69,05
+0,37
67,92
+0,97
69,10
+0,50
68,10
+0,90
69,10
+0,80
70,60
+1,15
69,32
+0,77
69,92
+1,27
69,75
+0,95
70,50
+1,35
69,65
+0,92
58,87
+16,04
69,32
+0,42
59,94
+0,51
69,17
+0,62
59,75
+0,45
69,17
+0,52
M. GORDURA(kg)
13,72
+2,21
11,78
+3,39
13,47
+1,82
11,27
+3,63
13,05
+1,97
12,07
+3,73
12,45
+2,30
9,47
+1,73
11,95
+2,15
8,72
+0,92
12,92
+1,97
8,02
+1,88
12,72
+1,77
7,25
+2,87
12,32
+0,92
7,77
+2,87
12,77
+0,51
7,00
+2,35
M.GORDURA(%)
22,87
+3,12
16,70
+4,80
22,72
+2,26
16,50
+5,20
21,95
+2,67
17,90
+4,95
23,78
+3,21
14,45
+1,72
22,62
+3,61
13,45
+0,50
24,45
+2,92
12,35
+2,00
23,15
+2,72
11,60
+4,25
22,87
+1,08
12,82
+4,27
23,72
+0,68
11,62
+3,62
IMC – Índice de Massa Corporal; Met Bas Delt– Metabolismo Basal aferido no deltatrac; Met Bia - Metabolismo Basal aferido na bioimpedância; CC – Circunferência da Cintura;
CQ circunferência do quadril; RCQ Relação Circunferência Cintura e Quadril; BC Batimento Cardíaco; MMAGRA massa magra; MGORDURA massa gordurosa. As
médias seguidas de letras diferentes diferem entre si, para o teste de análise Teste T ou Mann Whitney (IMC e RCQ), em nível de 5% de probabilidade
55
A Tabela 4 traz o valor calórico da alimentação oferecida na e etapa de cada grupo
teste, de acordo com as análise realizadas pelo software DietPro®, bomba calorimétrica e
composição centesimal. Observa-se que diferença estatística entre os cálculos realizados pelo
DietPro
®
em relação ao valor calórico dos alimentos aferidos em bomba calorimétrica e pela
composição centesimal.
Observa-se que a ingestão calórica na etapa, sem adição de produto teste, não diferiu
estatisticamente entre os 3 tratamentos, tanto para a bomba calorimétrica e composição
centesimal, quanto para o DietPro®. Nesta etapa, foi observada menor ingestão calórica
(p<0,05) quando realizada a análise pela composição centesimal. A quantificação calórica pela
bomba calorimétrica e pela composição centesimal não diferiu estatisticamente. Tal fato não
ocorreu para as análises realizadas no software DietPro®. O uso deste tipo de software
provavelmente subestima a ingestão energética, pois seus dados são provenientes de compilações
de Tabelas de Composição de Alimentos e rótulos de alimentos (TANNUS et al., 2001) (Tabela
4).
Exceto para a análise da ingestão calórica realizada no software DietPro®, houve
diferença estatística na ingestão energética na e etapa de todos os grupos, havendo uma
maior ingestão na etapa comparada a etapa (Tabela 4). Este resultado provavelmente é
devido à diferença na ingestão de fibras referente aos cardápios teste e ao controle.
Houve uma maior ingestão de fibras em todos os cardápios teste, etapa, devido ao tipo
de alimento servido, aproximadamente 25g de fibras/dia. Este aumento também foi esperado no
grupo OL, pois os produtos refinados foram substituídos por produtos integrais, como por
exemplo os biscoitos do tipo torrada. Deve-se ressaltar que a combustão em bomba calorimétrica
não distingue carboidrato digerível do não digerível. Ambos possuem átomos de carbono em sua
56
constituição, sofrendo dessa forma a carbonização e conseqüente produção de calor, a qual é
quantificada e transformada em calorias despendidas do alimento (SCHUTZ, 1995).
A analise dos produtos testes por bomba calorimétrica e composição centesimal é
apresentada na Tabela 5, nota-se maior valor calórico, numérico, nos produtos teste analisados
em bomba calorimétrica, concordando com os resultados apresentados da ingestão alimentar
calculada pelo DietPro
®
e analisada em Bomba Calorimétrica e Composição Centesimal (Tabela
4).
Quanto à ingestão de lanches noturnos não foi encontrada diferença significante entre a
ingestão na 1ª e etapa (p>0,05), portanto é possível afirmar que a diferença da ingestão
calórica entre as etapas não se deve a este fator.
TANNUS et al. (2001) compararam o valor energético, de alimentos usualmente
consumidos por crianças e adolescentes, estimado por tabelas de composição de
alimentos/rótulos das embalagens comerciais e aquele analisado em bomba calorimétrica. Foi
evidenciada diferença calórica variando de 20 a 67%. No presente trabalho houve uma variação
de 9,7 a 18%.
Esta subestimação ou superestimação dos valores calóricos das refeições calculadas e
analisadas, respectivamente, dificultam a interpretação dos dados coletados em inquéritos
dietéticos, colocando em dúvida sua fidedignidade. Diante do exposto, todos os resultados
apresentados tanto da ingestão, excreção e absorção serão apresentadas em acordo com as
análises realizadas em laboratório. Os dados provenientes do Software foram utilizados somente
para a fase de planejamento.
57
Tabela 4 – Ingestão calórica dos voluntários nos períodos controle e teste utilizando o
programa DietPro
®
e analisada em Bomba Calorimétrica e Composição Centesimal
Ingestão calórica calculada DietPro
®
(Kcal)
Ingestão calórica analisada em Bomba
Calorimétrica
(Kcal)
Ingestão calórica analisada por Composição
Centesimal (Kcal)
Grupo
1ª Etapa 2ª Etapa 1ª Etapa 2ª Etapa 1ª Etapa 2ª Etapa
FL
2510,38+42,9115
aA
2511,82+17,5781
aA
2478,68+7,5605
aA*
2958,51+14,7660
bB
2400,052+21,3764
aA*
2670,534+17,6993
abB
LI
2449,84+45,6829
aA
2473,13+0,2581
aA
2476,21+8,8817
abA*
2712,33+14,7677
abA
2381,184+26,3089
bA*
2892,717+17,0555
bA
OL
2430,52+50,4119
aA
2498,04+48,1331
aA
2473,28+19,9799
aA*
2886,942+32,9635
bAB
2404,767+34,0161
aA*
2733,937+57,28646
bAB
As médias seguidas de uma mesma letra maiúscula não diferem entre si na mesma coluna, para o teste de Kruskal
Wallis, em nível de 5% de probabilidade. As médias seguidas de uma mesma letra minúscula não diferem entre si na mesma linha
na mesma etapa, para o teste de Kruskal Wallis, em vel de 5% de probabilidade. *Pares de medianas das 2 etapas, na mesma
linha, diferem estatisticamente entre si, pelo teste Wilcoxon Signed Ranks em nível de 5% de significância. FL – Falinha
desengordurada de Linhaça; LI – Semente de Linhaça; OL – Óleo de Linhaça
Tabela 5 – Composição de calórica dos produtos testes realizada por bomba calorimétrica e
composição centesimal
Bomba Calorimétrica
Composição
Centesimal
Carboidrato (g)
- 38,93
Proteína (g) - 24,50
Lipídios (g) - 32,63
Fibras (g) - 28,97
Linhaça
Calorias (Kcal) 605,05 547,39
Carboidrato (g)
- 52,24
Proteína (g) - 34,80
Lipídios (g) - 6,70
Fibras (g) - 40,56
Farinha
de
Linhaça
Calorias (Kcal) 412,14 408,46
Carboidrato (g)
- -
Proteína (g) - -
Lipídios (g) - -
Fibras (g) - -
Óleo
de
Linhaça
Calorias (Kcal) 908,80 878,49
58
A distribuição calórica dos macronutrientes (lipídios, proteínas e carboidratos) da
alimentação ingerida durante o estudo apresentou –se dentro das faixas de distribuição aceitável
(“Acceptable Macronutrient Distribution Ranges” AMDR), sendo de 45 a 65% do EER (valor
energético total) para carboidratos, 20 a 35% do EER para lipídios totais e 10 a 35% EER para
proteínas (Figura 3). A ingestão energética foi menor em todos os grupos na 1ª etapa, com exceção
das calorias proveniente dos lipídios no grupo FL e de calorias de origem protéica no grupo OL,
provavelmente devido a características dos alimentos testes, pois a farinha de linhaça utilizada foi
desengordura, e o óleo de linhaça é isento em proteínas, assim houve uma maior ingestão desses
nutrientes na 2ª etapa com a finalidade de equilibrar a ingestão (Figura 3).
Quando comparada à ingestão calórica entre os grupos, não houve diferença estatística na
distribuição calórica de carboidratos, proteínas e lipídios na etapa. Tal fato não ocorre na
etapa, provavelmente devido também à diferença na composição centesimal dos produtos testes.
Foi observada uma contribuição energética de lipídios na 2ª etapa do grupo OL quando comparado
aos grupos FL e LI, como conseqüência uma redução significativa (p < 0,05) na ingestão de
proteínas em comparação ao grupo FL (Figura 2).
A ingestão calórica de carboidratos diferiu significativamente (p<0,05) do grupo LI para
o grupo FL em 154,22 Kcal (38g de carboidratos) e 178,67Kcal (44,7g de carboidrato). Como a
ingestão energética entre os grupos FL e LI diferiram somente na contribuição de carboidratos,
pode-se supor que esta diferença seja devida a maior freqüência na ingestão de lanches noturnos no
grupo LI, cerca de quatro vezes mais, quando comparado ao grupo FL.
A composição de macronutrientes do alimento, fibras, densidade calórica, volume, peso,
assim como a forma física dos alimentos (líquidos, sólidos) são influenciadores direto da saciedade
(MOURÃO, 2001; COELHO; 2003). A maior freqüência de ingestão de lanches noturnos no
grupo LI, comparado ao grupo FL, deve-se provavelmente a composição das refeições do grupo
59
teste FL em comparação ao grupo LI, devido principalmente a ingestão de fibras, a farinha de
linhaça possui 40% mais fibra que a semente de linhaça (Tabela 5), e embora não significante,
houve uma menor ingestão de lipídios no grupos FL (Figura 3). A menor ingestão de lipídios,
acarreta uma maior ingestão de carboidratos em uma dieta isocalorica, estudos mostram que os
carboidratos possuem prioridade de oxidação e que esta capacidade oxidativa é refletida na
duração da saciedade (BLUNDELL & GREEN , 1996), o que acarretaria a menor ingestão de
lanches noturnos no grupo FL. Assim pode-se afirmar que a ingestão de fibras pelo grupo FL,
promoveu uma maior saciação, com conseqüente redução na ingestão alimentar (SPARTI et al.;
2000).
0
500
1000
1500
2000
FL LI OL
LIPÍDIO 1ª etapa
LIPÍDIO 2ª etapa
PROTEÍNA 1ª etapa
PROTEÍNA 2ª etapa
CARBOIDRATO 1ª etapa
CARBOIDRATO 2ª etapa
*
a
*
a
*
b
*
*
*
*
*
*
a
b
ab
b
a
b
Figura 3 – Mediana da ingestão calórica total de macronutrientes dos grupos
*Pares de medianas das 2 etapas, no mesmo nutriente e grupo, diferem entre si, pelo teste Wilcoxon Signed Ranks. Medianas com
letras diferentes, na mesma etapa, diferem pelo teste de Student Newman Keuls para o mesmo nutriente. Nível de 5% de
significância. FL – Farinha Desengordurada de Linhaça; LI – semente de linhaça; OL – Óleo de linhaça.
Grupos Testes
Kcal
60
Não houve diferença estatística para as medias de sensação de fome e plenitude gástrica
(p> 0,05). Esses parâmetros podem variar de acordo com o tipo de alimento ingerido, composição
dos macronutrientes (KIRKMEYER e MATTES, 2000), especialmente, neste estudo, para os
homens, os quais ingeriram quantidades menores que o EER calculado.
O desejo de alimentar foi maior na etapa para o grupo LI, comparado ao OL, p< 0,001
e no grupo FL, comparado ao OL, p=0,012, entre o grupo FL e LI, p = 0,072 não houve diferença
estatística. Na etapa, ou seja, fase controle, o foi encontrada diferença estatística entre todos
os grupos. Não houve diferença significante entre o desejo de alimentar entre a e etapa dos
grupos FL e LI. A 2ª etapa do grupo OL, no entanto, apresentou menor desejo de alimentar quando
comparado a 1ª etapa (Figura 4).
Como mencionado, a ingestão alimentar está condicionada a vários fatores associados
ao alimento consumido como a quantidade, a forma, o estado físico, o tempo de administração, o
tamanho da porção ingerida e a composição nutricional do mesmo (SORESEN et al., 2003;
ANDERSON & WOODEND, 2003). Segundo RABEN et al. (2003), o desejo de se alimentar está
diretamente correlacionado à quantidade de lipídios ingeridos. Quanto maior a ingestão de lipídios,
maior será o desejo de se alimentar. Fato este justificado pelo reduzido poder de saciedade, devido
a prioridade oxidativa do carboidrato quando comparado ao lipídio, com conseqüente deposição do
mesmo e ganho de peso (ROSADO & MONTEIRO, 2001). Porém, os PUFAS possuem
prioridade de oxidação, com conseqüente fornecimento de energia para as atividades metabólicas e
menor fornecimento energético para deposição quando comparado aos MUFAS e ácidos graxos
saturados, justificando assim o menor desejo de alimentar no grupo com ingestão de óleo de
linhaça, rico em ácido graxo α – linolênico.
FRIEDMAN (1998) sugere que os ácidos graxos polinsaturados (PUFAS) são
prioritariamente oxidados quando comparados aos ácidos monoinsaturados (MUFAS) e saturados
61
assim, alimentos ricos em PUFAS favoreceria a uma menor sensação de fome. Estudos relatam
que a estrutura do amido também influencia a saciedade (SPARTI et al.; 2000).
O sabor característico do óleo de linhaça pode ser outra possível justificativa para o maior
desejo de alimentar nos grupos que ingeriram dieta apresentando menor teor de lipídios, LI e FL,
(Figura 4), reduzindo dessa forma, a preferência alimentar e o desejo de se alimentar, como
também a utilização de alimentos integrais na 2ª etapa, o que justificaria a maior saciedade
comparada ao controle, devido a maior ingestão de fibras (CRUZ et al., 2005).
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Desejo de
Alimentar
FL LI OL
Grupos Testes
Etapa
Etapa
Figura 4 – Área da Curva para o Desejo de Alimentar entre os grupos testes FL, LI e OL na
1ª e 2ª Etapa.
Letras diferentes, na mesma etapa, diferem pelo teste de Student-Newman-Keuls para comparar três grupos independentes. *Pares
de medianas das 2 etapas, diferem entre si, pelo teste Wilcoxon Signed Ranks. para comparar grupos dependentes. Nível de 5% de
significância. FL = farinha desengordurada de linhaça, LI = Semente de linhaça e OL = óleo de linhaça .
Não houve diferença estatística na prática de atividade física entre os grupos e entre as
etapas, confirmando dessa forma a constância das atividades praticadas pelos voluntários, uma vez
que estes foram orientados a não modificar seu padrão de atividade física durante a pesquisa.
a
a
62
Observou-se maior excreção de carboidratos e proteínas, na etapa, do grupo FL em
relação a etapa, com conseqüente reflexo na excreção calórica (Tabela 6). Porém, é importante
relatar que também foi verificado um aumento significante da ingestão diária desses
macronutrientes no período teste, o que poderia justificar o resultado encontrado (Figura 3). O
mesmo comportamento não foi observado para os grupos LI e OL. Ambos diferiram na excreção
de lipídios em relação ao período controle e teste, sendo que, o grupo LI também apresentou
diferença estatística na excreção de calorias (Tabela 6).
Não foi observada diferença de excreção entre os grupos na etapa para os nutrientes
avaliados, o que caracteriza a homogeneidade amostral. Por outro lado, na etapa foi observada
maior excreção de carboidratos e proteína no grupo FL, quando comparado ao OL (Tabela 6),
resultado semelhante foi apresentado por BAER (1997), justificado pela interação entre
carboidratos, proteínas e lipídios com as fibras, promovendo uma menor energia metabolizável e
consequentemente maior excreção de calorias.
Deve-se destacar ainda que o grupo LI apresentou cerca de 4 vezes mais lipídios nas
fezes quando comparado ao grupo OL e cerca de 3 vezes comparado ao grupo FL. Ressalta-se que
nesta etapa não houve diferença estatística na ingestão de lipídios entre os grupos durante todo o
período de balanço (Tabela 6).
Não houve diferença na absorção de macronutrientes e calorias na etapa entre os
grupos. Em contrapartida, na etapa houve uma menor absorção de carboidratos, proteínas e
lipídios no grupo FL, menor absorção de lipídios no grupo LI e um aumento na absorção de
carboidratos, proteínas e lipídios no grupo OL, comparado aos períodos controle e teste. O grupo
LI apresentou a menor absorção de lipídios e energia na etapa (p<0,001) em relação ao grupo
FL e OL (Tabela 6).
63
Não foi encontrada diferença significante ao comparar a ingestão dos macronutrientes e
energia entre os grupos na etapa. Porém quando realizado a mesma comparação entre os grupos
na quantidade excretada, foi significante a menor excreção de carboidratos e proteínas no grupo
OL, resultando na menor excreção calórica, é notório também a maior excreção de lipídios no
grupo LI. Quando analisado o percentual de nutrientes e energia absorvido, foi significativamente
menor a absorção de lipídios na 2ªetapa para o grupo LI (Tabela 6).
ELLIS et. al (2004) verificaram que a ingestão de sementes produz uma menor
biodisponibilidade dos lipídios presentes nas mesmas. Assim, uma semente densamente energética,
torna-se menos biodisponível quando ingerida intacta, devido a pouca capacidade da mastigação e
dos processamentos do trato gastrointestinal em romper a parede celular da semente dicotiledônea.
A parede celular protege os lipídios intracelulares e consequentemente promove redução da sua
biodisponibilidade. Apesar da semente de linhaça ter sido triturada em liquidificador, foi notória a
presença de sementes intactas nas fezes dos voluntários, assim justifica-se a maior excreção de
lipídios e consequentemente sua menor absorção. Resultado semelhante foi encontrado em
trabalhos realizados com amendoim, também uma oleaginosa, dicotiledônea e com alta densidade
energética (CRUZ et. al., 2006; Levine & Silvis, 1980).
A maior digestibilidade de lipídios e de energia no grupo OL pode ser justificada pela
ausência de fator complexante, como exemplo a parede celular das sementes de linhaça, pois o
óleo de linhaça foi veiculado livremente, favorecendo dessa forma a sua absorção, o que contribui
com o aumento do percentual de absorção energética, resultado que concorda com outros trabalhos
realizados com o amendoim (CRUZ et. al,2006; Levine & Silvis, 1980).
BAER et al. (1997) verificaram que o aumento da ingestão de fibras promove uma maior
excreção de proteínas, lipídios e energia, com redução da energia metabolizável, com conseqüente
redução da absorção energética, fato este, comprovado no presente estudo. A maior ingestão de
64
fibras no grupo Farinha de Linhaça, devida à característica do produto teste (farinha de linhaça),
promove proporcionalmente uma menor disponibilidade de carboidratos simples e uma maior de
carboidratos não digeríveis, fibras, as quais provavelmente produziram um arraste de proteínas e
lipídios, reduzindo assim a sua absorção.
Tabela 6 – Distribuição da Ingestão, Excreção e Absorção de Carboidrato, Proteína,
Lipídio e Energia nos diferentes grupos (FL, LI e OL) na 1ª e 2ª Etapa durante o período
de Balanço energético (*).
1 º ETAPA 2ª ETAPA
Grupos /
Nutrientes
FL LI OL FL LI OL
Carboidrato (g) 1829,63
*
2002,44 1586,98
*
1848,34 1977,11 2162,60
Proteína (g) 437,31
*
478,61 379,31
*
394,62 422,11 461,72
Lipídio (g) 168,94 184,90 146,53
*
151,98 162,56 177,82
Ingerido
Energia (Kcal) 11.050,50 12.094,00 9.584,50
*
10.804,50 11.557,00 12.641,50
Carboidrato (g) 43,26
*
73,07 47,28 100,10
a
88,25
ab
58,13
b
Proteína (g) 41,10
*
50,37 47,287 62,98
a
56,69
a
41,95
b
Lipídio (g) 15,05
21,83
*
14,44
*
17,58
a
48,92
b
12,80
a
Excretado
Energia (Kcal) 472,91
*
685,31
*
626,67 860,13
a
1033,61
a
532,75
b
Carboidrato (%) 97,72
*
96,52 95,77
*
94,82 95,36 97,20
Proteína (%) 89,38
*
88,03 88,34
*
85,46
b
84,75
a
91,78
a
Lipídio (%) 91,64
*
90,46
*
90,06
*
89,72
b
69,52
a
92,85
b
Absorvido
Energia (Kcal) 95,02
*
93,48
*
93,49
*
93,57
ab
89,06
a
95,64
b
As médianas seguidas de uma mesma letra minúscula não diferem entre si na mesma linha na mesma etapa, para o teste de Kruska
– Wallis, em nível de 5% de probabilidade. *Pares de medianas das etapas (1ª e 2ª), na mesma linha, diferem estatisticamente entre
si, pelo teste Wilcoxon Signed Ranks em nível de 5% de significância. *período de balanço: compreendido entre a ingestão do
corante vermelho e o aparecimento das fezes coradas com o corante azul.
FL- Farinha desengordurada de linhaça; LI – Semente de Linhaça e OL – Óleo de linhaça.
65
4. Conclusão
Foi confirmada a funcionalidade da semente e farinha de linhaça na redução da absorção
lipídica, e também calórica. Propriedades estas que se somam aos benefícios do consumo deste
alimento, aguçando a curiosidade de pesquisadores na comprovação dos efeitos do seu emprego
no controle ou até mesmo na redução do aparecimento de sobrepeso e obesidade.
A ingestão dos alimentos preparados com o óleo de linhaça propiciou ao menor desejo de
alimentar pelos voluntários, dado este não encontrado para os alimentos preparados com farinha
de linhaça e semente de linhaça, os quais seriam dessa forma, mais facilmente aceitos para o
emprego habitual.
Embora o estudo não tenha sido delineado com o objetivo de verificar a manutenção do
peso corporal, pode-se evidenciar a provável propriedade da linhaça em mante -lo, embora a
mesma seja energeticamente densa, esse efeito possivelmente poderá ser atribuído a maior
excreção de lipídios, como conseqüência a redução da absorção energética.
Estes dados deverão ser melhor estudados, pois o aumento de peso muitas vezes se associa ao
aumento da incidência de doenças não transmissíveis, como a hipertensão, diabetes, resistência a
insulina e câncer. Assim, a confirmação desta funcionalidade da linhaça poderá trazer inúmeros
benefícios à saúde da população mundial.
66
5. Referências Bibliográficas
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2003.
71
ANEXO I
QUESTIONÁRIO DE SELEÇÃO
I - Dados pessoais: Data: _____________
1. Nome:_____________________________________________________________
2. Sexo: Masculino ( ) Feminino ( )
3. Endereço:______________________________________________________________
4. Telefone: Casa_______________Trabalho________________Cel:________________
5. E-mail: __________________________6. Data de nascimento: __________________ Idade:
________________ 7. Altura: ______________ 8. Peso: ___________________
II - História médica
9 – Você ou seus familiares já apresentaram ou apresentam algumas destas doenças:
ESTADO ATUAL
NUNCA
DATA
DIAGNÓSTICO
POUCO
CONTROLADO
BEM
CONTROLADO
CURADO
Ataque cardíaco
Derrame
Diabetes
Hipoglicemia
Hipertensão
Câncer
Anorexia
Bulimia
Doenças
Psiquiátricas
Anemia
Falciforme
Osteoporose/
dens. óssea
Hipotiroidismo
Hipertiroidismo
Doença Celíaca
Outras doenças *
*Especifique:_____________________________________________________________
72
10 – (Apenas para mulheres) Você está atualmente grávida ou amamentando?
( )Não ( )Sim (grávida) ( )Sim (amamentando)
11 – Você faz uso de algum medicamento?
( )Não ( )Sim.
Quais:___________________________________________________________________
________________________________________________________________________
12 – Você tem alguma alergia a medicamentos, alimentos ou outras substâncias, ou alguém de
sua família já apresentou algum tipo de alergia?
( )Não ( )Sim.
Se sim,
quais:___________________________________________________________________
Sintomas:_____________________________________________________________________
___________________________________________________________________
13 Você tem alguma aversão alimentar? (alimentos que você acredita que fazem mal a sua
saúde devido a alguma experiência passada, em que, após a ingestão, você apresentou alguma
reação desagradável ou doença) Favor excluir da resposta as possíveis intolerâncias ou alimentos
que você apenas não gosta.
( )Não
( )Sim. Quais:______________________________________________________
73
14 – Você tem alguma intolerância alimentar? (como intolerância à lactose do leite)
( )Não
( )Sim.
Quais:_____________________________________________________________
Sintomas:_____________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
_____________________________________________________________
15 – Você fuma ou usa outro tipo de fumo, se sim qual freqüência?
( )Não
( )Sim. Quais:______________________________________________________
16 – Você consume bebida alcoólica? Se sim, qual tipo e com que freqüência?
( )Não
( )Sim. Especifique:_________________________________________________
17 – Você pratica atividades físicas regulares?
( )Não ( )Sim. Quais:_________________________________________
Histórico Tipo de atividade
Freqüência por
semana
Duração da
atividade 0-6 M 6-12M 1-5 A
>5 A
74
III - Informações Dietéticas
18 – Indique as horas do dia em que você consome refeições e lanches. Coloque a letra R para
refeições e L para lanches sob cada hora do dia.
manhã e início da tarde
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
____ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ ___
tarde e noite
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
__ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __
19– Após os 18 anos de idade:
Qual o maior peso que você já teve e com que idade?Peso:_______ Idade:_______
Qual o menor peso que você já teve e com que idade?Peso:_______ Idade:_______
20 – Você perdeu ou ganhou mais do que 3Kg nos últimos 6 meses?
( )Não
( )Sim. ( ) Perdeu____Kg ( ) Ganhou____Kg
21- Existe algum alimento que você não ingere (por motivos religiosos ou por que não
gosta)?__________________________________________________________________
75
22 Você utiliza alguma forma de suplemento alimentar? ( ex: vitaminas, minerais, proteínas
etc) ( )Não ( )Sim. Se sim, liste abaixo:
Marca do produto Tipo de suplemento Dosagem Freqüência de uso
23 – Uma variação de 3 Kg afetaria o modo como você vive hoje?
( ) Nada ( ) Um pouco ( ) Moderadamente ( ) Muito
76
ANEXO II
Termo de Consentimento
Estou ciente de que:
1. Os procedimentos que serão adotados na pesquisa "Absorção de Macronutrientes e
Balanço Energético em Indivíduos Saudáveis após a Ingestão de Alimentação Contendo
Amendoim, Linhaça e seus Derivados”, são resumidos em: aplicação de questionários para
obtenção de dados pessoais, de apetite e de atividade física; avaliações antropométricas não
invasivas (peso, altura, circunferências, avaliação da composição corporal por bioimpedância
elétrica e avaliação do metabolismo basal por calorimetria indireta), de medida da pressão
arterial, de exames de sangue (colesterol total e glicemia por punção digital), consumo diário de
todas as refeições e coleta de fezes totais em alguns dias das duas etapas do estudo. O tempo
total do estudo será de 14 a 18 dias.
2. Não serei submetido a nenhum tipo de intervenção que possa causar danos à minha saúde.
3. A minha participação é voluntária e, tenho o direito de abandonar o estudo a qualquer
momento sem justificativa.
4. Os dados obtidos estarão disponíveis para a agência financeira e para a equipe envolvida na
pesquisa e poderão ser publicados com a finalidade de divulgação das informações científicas
obtidas, não sendo divulgada a identidade dos voluntários.
5. Eu não receberei remuneração por minha participação nesse projeto.
6.Se houver descumprimento de qualquer norma ética poderei recorrer ao Comitê de Ética na
Pesquisa com Seres Humanos da UFV, dirigindo-me ao seu Presidente: Gilberto Paixão Rosado,
pelo telefone: 3899-1269.
De posse de todas as informações necessárias, concordo em participar do projeto.
Viçosa,_____/______/_____.
77
_________________________________
Voluntário
______________________________
Neuza Maria Brunoro Costa
(Orientadora)
_________________________________
Josefina Bressan Resende Monteiro
(Conselheira)
____________________________
Rita de Cássia Gonçalves Alfenas
_________________________________
Cristiane Gonçalves de Oliveira
(Mestranda Responsável)
__________________________________
Ana Cristina R. Ferreira da Cruz
(Mestranda)
78
ANEXO III
CARDÁPIO
1 2 3 4
Café da
manhã
Mingau de aveia
com canela
Torradas com
geléia
Refresco de Caju
Corn flakes com
leite
Muffins de coco
Refresco de
Abacaxi
Panquecas com
Creme de Queijo
Refresco de Caju
Waffles com Calda
de Chocolate
Milk-shake de
Morango
Almoço
Sopa de tomate
com torradas
Iogurte
Iced Tea de
Pêssego
Macarrão Parafuso
com Carne Moída e
Torradas
Maçã
Refresco de Laranja
“Seleta de
legumes”
Iogurte
Refresco de
Tangerina
“Espaguete do
Barley” com
Torradas
Laranja
Iced Tea de Pêssego
Jantar
Pizza de Lombo
Canadense com
Champignon
Milk-shake de
Banana com
Morango
Sopa de Batata
cremosa com
Torradas
Milk-shake de
baunilha
Laranja
“Chips and dip”*
Milk-shake de
banana
Goiabada
Sopa de Brócolis
com Torradas
Banana
Refresco de Laranja
Ceia
Biscoito Goiabinha
Refresco de Limão
Torradas
Refresco de
Tangerina
Muffin de abacaxi
Refresco de Limão
Stiksy**
Refresco de
Abacaxi
Os cardápios acima eram repetidos a cada 4 dias;
As receitas das preparações incluídas no cardápio acima diferiram quanto ao tipo de ingrediente
utilizado (70 g de óleo, semente ou farinha de linhaça) de acordo com o grupo experimental;
A alimentação da 1ª etapa consistiu no mesmo cardápio sem adição dos produtos teste;
Todos os milk-shakes foram acompanhados de 1 sachê de adoçante (aspartame).
* “Chips and dip”- Feijão inteiro, cebola, pimenta, tomate e doritos.
**Stiksy – Salgado da Elma Chips, coberto com sal grosso.
79
ANEXO IV - Escala de saciedade
Nome:_________________________________ data:____/____/_____
Por favor, circule 1 ponto na escala que reflete o melhor sentimento neste momento:
A.Qual o seu grau de fome neste momento?
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Nenhuma Muita
B. Você está se sentindo cheio neste momento?
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Nem um
pouco
Muito
cheio
C. Quanto você deseja comer neste momento?
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Nada Muit
o
D. Qual é o seu ímpeto de comer neste momento?
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Nenhum Muito
E. Qual é a sua preocupação em comer algo neste momento?
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Nenhuma Muita
F. Qual é o seu grau de sede?
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Nenhuma Muita
G. Qual é o seu desejo de comer alimentos salgados?
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Nenhum Muito
H. Qual é o seu desejo de comer alimentos rico em gordura?
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Nenhum Muito
I. Qual é o seu desejo de comer alimentos doces?
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Nenhum Muito
J. O grau de tremor de suas mãos é...
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Nenhu
m
Muito
K. O quanto você está concentrado?
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Nem
um
pouco
Muito
L. Sua cabeça está coçando neste momento?
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Nem
um
pouco
Muito
80
ANEXO V
Questionário de Atividade Física
Horário do dia Duração Tipo de atividade Nível de atividade
81
82
83
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