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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO
MÁRCIO ANTONIO MAITA
CONTRIBUIÇÕES DAS ASSOCIAÇÕES DE AÇÃO COLETIVA PARA
COORDENAÇÃO DE REDES DE SUPRIMENTOS:
estudo de caso da Rede da Construção Civil no Brasil
SÃO PAULO
2005
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MÁRCIO ANTONIO MAITA
CONTRIBUIÇÕES DAS ASSOCIAÇÕES DE AÇÃO COLETIVA PARA
COORDENAÇÃO DAS REDES DE SUPRIMENTOS:
estudo de caso da Rede da Construção Civil no Brasil
Dissertação apresentada à Escola de
Administração de Empresas de São Paulo
da Fundação Getulio Vargas, como
requisito para obtenção do título de
Mestre em Administração de Empresas.
Campo de conhecimento: Administração
da Produção e Operações.
Orientador: Luiz Carlos Di Serio
SÃO PAULO
2005
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MAITA, Márcio Antonio.
Contribuições das Associações de Ação Coletiva para Coordenação das Redes de
Suprimentos: estudo de caso da rede da construção civil no Brasil / Márcio Antonio Maita –
2005
172 f.
Orientador: Luiz Carlos Di Serio
Dissertação (mestrado) - Escola de Administração de Empresas de São Paulo
São Paulo: EAESP/FGV, 2004, 172 p. (Dissertação apresentada à Escola de Administração
de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, como requisito para obtenção do
título de Mestre em Administração de Empresas, Campo de conhecimento: Administração da
Produção e Operações)
1. Rede de suprimentos. 2 Associações. 3. Ação coletiva. 4. Coordenação de redes
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MÁRCIO ANTONIO MAITA
CONTRIBUIÇÕES DAS ASSOCIAÇÕES DE AÇÃO COLETIVA PARA
COORDENAÇÃO DE REDES DE SUPRIMENTOS:
Estudo de Caso da Rede da Construção Civil no Brasil
Dissertação apresentada à Escola de
Administração de Empresas de São Paulo
da Fundação Getulio Vargas, como
requisito para obtenção do título de
Mestre em Administração de Empresas.
Campo de conhecimento: Administração
da Produção e Operações.
Data de aprovação:
__/__/____
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Luiz Carlos Di Serio
(Orientador)
FGV/EAESP
Prof. Dr. Orlando Cattini Jr.
FGV/EAESP
Prof. Dr. João Amato Neto
USP/POLITÉCNICA
5
SÃO PAULO
2005
AGRADECIMENTOS
Tenho muito a agradecer e a muitas pessoas.
Ao Prof. Dr. Luiz Carlos Di Serio, meu orientador, agradeço a inspiração, dedicação e
sabedoria durante o desenvolvimento deste trabalho. Ao Prof. Dr. Orlando Cattini Jr.,
agradeço especialmente pela amizade, apoio e abertura de novas oportunidades e horizontes.
A todos os competentes e dedicados professores desta grandiosa organização, a todos os
funcionários da escola, da biblioteca, secretarias, departamento POI, e todos os colegas da
graduação e pós-graduação. Tenho grande orgulho de ter convivido e aprendido com vocês.
Parabéns pelo conjunto da obra! E meu muito obrigado!
Aos dirigentes e gerentes das sete associações de ação coletiva entrevistadas nesta pesquisa,
agradeço sua ajuda e espero que este trabalho seja digno de parte da sua obra no comando das
suas organizações, e que seja bem sucedido em transferir um pouco da sua grande experiência
e conhecimento para estudantes e praticantes de administração.
Um agradecimento especial a todos os executivos, acadêmicos e pesquisadores que nos
precederam e pavimentaram os caminhos do conhecimento onde hoje é mais fácil transitar.
Agradeço aos meus pais, Antonio e Lúcia, pelo amor com que criaram seus filhos, pela
renúncia de suas necessidades a favor dos nossos desejos, e por fazer da nossa felicidade seu
único objetivo, e sua prática diária. Eu queria merecer esse amor. Ao meu pai particularmente
agradeço as orientações para a vida em todos os seus aspectos, à minha mãe o lar acolhedor e
carinhoso, para sempre um lugar aconchegante e seguro para se voltar.
À minha mulher e companheira por trinta e dois anos, Kristine, agradeço cada instante de
convivência, cada sorriso, cada palavra de carinho, cada perdão e cada oportunidade de
recomeçar. Reconheço sua capacidade superior de compreender as pessoas e aceitar a vida,
com esperança, amor e carinho. Agradeço por ter me dado os três melhores filhos do mundo,
6
Karine, Alexandre e Rafael, que há vinte e cinco anos preenchem nossas vidas com tudo o
que poderíamos desejar, que retribuem em dobro todo o amor que oferecemos.
Aos meus irmãos, Luciângela e Marco Aurélio, agradeço a paciência e concessões ao
primogênito espaçoso durante nossa infância e juventude.
À minha amiga e segunda mãe Karen, agradeço a transferência para toda a família de um
espírito otimista e despojado.
Dedico este trabalho a todos vocês, porém, especialmente, ao grande amor da minha vida,
Kristine.
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RESUMO
Esta pesquisa insere-se no campo de estudos das redes e cadeias de suprimentos, como
estruturas fragmentadas e complexas de organização de empresas autônomas para produção
de pacotes de valor, necessários para atender os desejos e necessidades dos clientes. Procura
responder como essas redes de suprimentos, e as empresas e cadeias que as compõem, são
coordenadas para produzir em conjunto. Especificamente, busca compreender como as
associações de ação coletiva contribuem para sua coordenação. Com base na revisão da
literatura de redes de suprimentos e de associações de ação coletiva, foi projetada uma
pesquisa de múltiplos casos nas associações da rede de suprimentos da construção civil no
Brasil. Os resultados indicam que novos processos e mecanismos de coordenação das redes
estão sendo criados ou reformulados para atender às exigências da nova estrutura de
produção em redes. É proposta uma série de ações coletivas para melhorar as operações e
gestão das empresas, cadeias e redes.
Palavras chave: rede de suprimentos, associações, ação coletiva, coordenação de redes.
8
ABSTRACT
This research belongs to the field of studies of the supply networks, as fragmented and
complex organization and structure of independent firms, to produce and deliver value
packages (goods and services) needed to satisfy the clients’ wills and needs. Research to
answer how these networks, and the supply chains and firms embedded in it, are coordinated
to produce together. Specifically, research to understand how associations of collective
action contribute to it. Based on the supply chain and networks literature revision, a field
multiple cases research was designed, on collective action associations in the construction
industry in Brazil. The results show that new processes and mechanisms of network
coordination are being created or reshaped to reach the demands of the new network
production structure. It is proposed a series of collective social actions to improve operations
and management of firms, supply chains and supply networks.
Key words: supply network, network coordination, collective action, association
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
ESQUEMAS
Esquema 1: Cadeia de suprimentos inter-organizacional......................................................24
Esquema 2: Níveis de pesquisa em gestão de cadeia de suprimentos...................................24
Esquema 3: Tipos de Relacionamentos Inter-Organizacionais ............................................26
Esquema 4: Rede de Suprimentos.........................................................................................27
Esquema 5: O cluster de vinho da Califórnia........................................................................34
Esquema 6: Diamante - Fontes de Vantagem Competitiva ..................................................35
Esquema 7: Cadeia de Suprimentos da Cerâmica Vermelha ...............................................50
Esquema 8: Cadeia de Suprimentos dos Materiais Naturais ................................................50
Esquema 9: Cadeia de Suprimentos do Cimento Portland ...................................................51
Esquema 10: Cadeia de Suprimentos de Cerâmicas Esmaltadas para Revestimento ............51
Esquema 11: Cadeia de Suprimentos de Janelas em PVC .....................................................52
Esquema 12: Cadeia de Suprimentos de Louças Sanitárias ...................................................52
Esquema 13: Cadeia de Suprimentos das Tintas ...................................................................53
Esquema 14: Influência do Governo na Melhoria do Cluster ................................................55
Esquema 15: Método de Estudo de Casos Múltiplos – Cosmos Corporation .......................69
Esquema 16: Resumo do Processo de Pesquisa .....................................................................79
Esquema 17: Rede de Suprimentos Complexa ......................................................................88
Esquema 18: Rede de Suprimentos da Construção Civil no Brasil .......................................92
10
QUADROS
Quadro 1: Formas e Características das Redes ..........................................................29 a 31
Quadro 2: Causas para a Formação de Redes ............................................................37 e 38
Quadro 3: Temas das Diferentes Abordagens Acadêmicas das Redes de Suprimentos
...........................................................................................................................................40 e 41
Quadro 4: Mecanismos de Coordenação de Redes ....................................................42 e 43
Quadro 5: Cadeias Produtivas da Construção ............................................................48 e 49
Quadro 6: Causas para Formação de AAC ................................................................60 a 65
Quadro 7: Associações de Ação Coletiva da Rede da Construção Civil ...................70 a 72
Quadro 8: Associações Pesquisadas ..........................................................................72 a 74
11
TABELAS
Tabela 1: Resumo da Análise das Causas de Associação e Mecanismos de Coordenação
de Redes (Apêndice C) .............................................................................97 e 98
12
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AAC: Associações de Ação Coletiva
ABCEM: Associação Brasileira da Construção Metálica.
ABCP: Associação Brasileira de Cimento Portland.
ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas.
BIAs: Business Interest Associations – Associações de Interesses de Negócios
CEF: Caixa Econômica Federal
CIN: Centro Internacional de Negócios de São Paulo
EAN Brasil: Nome próprio (não é sigla), e refere-se à antiga Associação Brasileira de
Automação Comercial, e antigo European Article Number.
ECR: Resposta eficiente ao consumidor – efficient consumer response
EDI: Troca de Dados Eletrônicos - Eletronic Data Interchange.
FIESP: Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
FPNQ: Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade
OARS: Organizações de Apoio às Redes de Suprimento.
PBQP-H: Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat
P&D: Pesquisa e desenvolvimento.
PNQ: Prêmio Nacional da Qualidade
RFID: Radio frequency identification – etiqueta inteligente.
RMI: Retail manangement inventory – controle de estoque do fornecedor pelo varejo.
Sebrae: Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa
Senac: Serviço Nacional do Comércio
Senai: Serviço Nacional da Indústria
SFH: Sistema Financeiro da Habitação.
SINDUSCON-SP: Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo.
SOBRATEMA: Sociedade Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção.
TI: Tecnologia da informação
VMI: Vendor management inventory – controle de estoque do cliente pelo vendedor.
13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 15
1.1 Definição do Problema de Pesquisa ............................................................................ 18
1.2 Objetivos ..................................................................................................................... 19
1.3 Questões ...................................................................................................................... 19
1.4 Justificativas ................................................................................................................ 19
1.5 Proposições .................................................................................................................. 20
2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................... 22
2.1 SISTEMA DE PRODUÇÃO EM REDE .................................................................... 22
2.1.1 Formas e Características das Redes ............................................................................ 28
2.1.1.1 Redes Sociais Simétricas ............................................................................................ 32
2.1.1.2 Clusters - Redes Geográficas – Arranjos Produtivos Locais ...................................... 32
2.1.2 Causas ou Contingências que Estimulam a Formação de Redes ................................ 36
2.1.3 Redes Inter-Organizacionais – Abordagens Acadêmicas ........................................... 38
2.1.4 Mecanismos de Coordenação das Redes ..................................................................... 39
2.1.5 Gestão da Cadeia de Suprimentos – Abordagem de Produção e Operações .............. 43
2.1.6 Rede de Suprimentos da Construção Civil no Brasil .................................................. 47
2.2 ORGANIZAÇÕES DE APOIO ÀS REDES DE SUPRIMENTOS (OARS) ............. 54
2.2.1 Associações de Ação Coletiva (AAC) ........................................................................ 55
2.2.2 Causas da Formação de AAC ...................................................................................... 60
3 METODOLOGIA ....................................................................................................... 66
3.1 Fase Inicial - Elaboração de Instrumentos e Protocolos ............................................. 68
3.2 Selecionando os casos ................................................................................................. 68
3.3 Pesquisa de Campo ...................................................................................................... 75
3.4 Análise de Dados ......................................................................................................... 77
3.5 Resumo do Processo de Pesquisa ................................................................................ 78
4 RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO .......................................................... 80
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E PROPOSIÇÕES ........................................... 86
5.1 Caracterização das Redes de Suprimentos Complexas ............................................... 86
14
5.1.1 Esquema Proposto para as Redes de Suprimentos Complexas ................................... 87
5.1.2 Características das Redes de Suprimentos Complexas ............................................... 89
5.1.3 Esquema da Rede de Suprimentos da Construção Civil no Brasil .............................. 91
5.2 Contribuições das AAC para Coordenação das Redes de Suprimentos Complexas e
Gestão de Empresas e Cadeias Imersas nessas Redes ................................................. 95
5.2.1 Análise das Causas de Associação e Mecanismos de Coordenação de Redes ............ 95
5.2.2 Atividades e Serviços das AAC .................................................................................. 98
5.2.3 Conseqüências para Gestão de Empresas e Cadeias de Suprimentos ....................... 107
6 CONCLUSÕES ......................................................................................................... 109
7 RECOMENDAÇÕES PARA ESTUDOS FUTUROS ............................................. 113
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 115
APÊNDICES
APÊNDICE A: Roteiro de Entrevistas com Dirigentes de Associações ......... 120
APÊNDICE B: Atividades da Associações de Ação Coletiva da Rede da
Construção Civil - Evidências da Pesquisa de Campo .......... 122
APÊNDICE B.1: Interação com o ambiente e influência sobre as decisões que
afetam os associados .............................................................. 122
APÊNDICE B.2: Pesquisa e divulgação de indicadores e estudos econômicos. 125
APÊNDICE B.3: Pesquisa, desenvolvimento e difusão de conhecimento
tecnológico e gerencial .......................................................... 126
APÊNDICE B.4: Pesquisa e desenvolvimento de fornecedores, clientes e negócios
................................................................................................ 142
APÊNDICE B.5: Capacitação de Pessoas através de Cursos Diversos ............. 149
APÊNDICE B.6: Serviços diversos ................................................................... 151
APÊNDICE C: Análise das Causas de Formação de AAC e Mecanismos de
Coordenação de Redes ........................................................... 153
15
1 INTRODUÇÃO
Esta pesquisa insere-se no campo de estudos das redes e cadeias de suprimentos, como
estruturas fragmentadas e complexas de organização de empresas autônomas para produção
de pacotes de valor, necessários para atender os desejos e necessidades dos clientes. Procura
responder como essas redes de suprimentos, e as empresas e cadeias que a compõem, são
coordenadas para produzir em conjunto. Especificamente, busca compreender como as
associações de ação coletiva contribuem para sua coordenação. Com base na revisão da
literatura de redes de suprimentos e associações de ação coletiva, foi projetada uma pesquisa
de múltiplos casos nas associações da rede de suprimentos da construção civil no Brasil. Os
resultados indicam que novos processos e mecanismos de coordenação das redes estão sendo
criados ou reformulados para atender as exigências da nova estrutura de produção em redes. É
sugerida uma série de ações coletivas para melhorar as operações e gestão das empresas,
cadeias e redes.
Este trabalho foi subdividido em diversas seções e inclui (1) pesquisas na literatura acadêmica
e (2) pesquisas de campo em diversas associações de ação coletiva na rede de suprimentos da
construção civil brasileira. Inicialmente, nesta introdução esclarecemos o encadeamento
lógico das várias seções, até chegar às conclusões do estudo.
A revisão da literatura é composta de dois campos do conhecimento: redes de suprimentos e
associações de ação coletiva.
Inicialmente é apresentada a rede de suprimentos como uma complexa estrutura fragmentada
de produção de pacotes de valor (bens e serviços) e entrega ao cliente final (SLACK; LEWIS,
2003; CORRÊA; CORRÊA, 2004; HARLAND, 1996; LAMMING et al., 2000; POWELL,
1990; GRANDORI; SODA, 1995). Busca-se compreender o seu funcionamento como
estrutura de produção e entrega de valor e identificar quais os seus instrumentos de
coordenação.
16
A rede de suprimentos é uma estrutura formada por muitas empresas e organizações
autônomas que oferecem em conjunto os elementos necessários para produzir e entregar
pacotes de valor ao cliente final. É uma estrutura composta por uma seqüência de processos
de agregação de valor: pesquisa e desenvolvimento do pacote de valor para satisfazer as
necessidades dos clientes; extração ou produção de matéria-prima; beneficiamento ou
fabricação de materiais; manufatura de componentes e partes; montagem de produtos e
serviços finais; e canais de distribuição, atacadistas e varejistas (HARLAND, 1996;
LAMMING et al., 2000). Essa seqüência de processos, entretanto, não é nem uma estrutura
vertical hierárquica dentro de uma única empresa, nem é um mercado puro de produtos e
serviços (POWELL, 1990).
Para coordenar as redes de suprimentos existem instituições e organizações de ação coletiva
(PORTER, 2000; OLSON, 1971; VAN WAARDEN, 1992) e mecanismos sociais (JONES,
HESTERLY; BORGATTI, 1997; ABRAHANSON; FOMBRUM, 1994).
Uma série de ações que têm sido coordenadas internamente dentro da estrutura vertical e
hierárquica da empresa, agora, em alguns mercados, ganharam novas dimensões e
complexidades na estrutura das redes de suprimentos, e são complementadas ou substituídas
por ações coletivas das organizações de apoio às redes de suprimentos (OARS). Entre essas
OARS estão: o governo, as associações setoriais e supra-setoriais, as escolas e universidades,
os institutos de pesquisa e desenvolvimento, a imprensa segmentada, as organizações de
consultoria, as feiras e exposições de produtos e serviços, e os congressos e eventos de
desenvolvimento de conhecimento (PORTER, 2000).
Essas OARS lidam com padronização e normalização de materiais e processos; legislação e
regulamentos profissionais, comerciais, civis e tributários; educação e treinamento; interação
e troca de idéias e informações; criação e propagação de conhecimentos, produtos e serviços;
pesquisa de mercado, produtos e processos; além de mecanismos sociais (reputação, restrição
de acesso, sansões coletivas e macroculturas). Desta forma, empresas e organizações que não
têm relacionamento comercial direto são em parte coordenadas por instrumentos e
organizações sociais, instituídos por ação coletiva.
As redes estão sendo estudadas por diversas abordagens que são resumidas na revisão da
literatura desta pesquisa. As subdivisões relativas à revisão da literatura das redes incluem:
17
sistemas de produção em rede, formas e características das redes, clusters, causas ou
contingências que estimulam a formação das redes, abordagens acadêmicas, mecanismos de
coordenação, gestão da cadeia de suprimentos, organizações de apoio às redes de suprimentos
(OARS), e associações de ações coletivas.
As cadeias de suprimentos são formadas pelas empresas para produção de determinados
pacotes de valor, e são conjuntos formados e escolhidos entre as diversas possibilidades
disponíveis na rede de suprimentos (SLACK; LEWIS, 2003). Estudos recentes,
principalmente no campo de conhecimento de produção e operações, têm se encarregado de
estudar os mecanismos de melhoria e inovação dos processos para integração e gestão da
cadeia de suprimentos. Conceitos e mecanismos estão sendo criados, ou expandidos da gestão
das empresas para a gestão das cadeias de suprimentos (CORRÊA; CORRÊA, 2004, SLACK;
LEWIS, 2003; HARLAND, 1996; CHASE, AQUILANO E JACOBS, 2001), tais como:
colaboração, terceirização, relacionamentos, just-in-time, efeito chicote (ou Forrester), gestão
de estoques de terceiros (VMI/RMI), reposição eficiente, redução da base de fornecedores,
certificação de qualidade, controle estatístico do processo, entre outros.
A gestão da cadeia, portanto, é em parte composta por uma série encadeada de negociações
diádicas (ANDERSON, HAKANSSON; JOHANSSON, 1994; HARLAND, 1996;
LAMMING et al, 2000; SLACK; LEWIS, 2003) entre os elos em colaboração direta na
cadeia, além das etapas supridas pelas relações hierárquicas internas e transações do mercado
puro de produtos e serviços. Empresas e organizações que têm relacionamento direto na
cadeia de suprimentos, formal ou informalmente, ou seja, fornecedores de produtos e
serviços, concorrentes e clientes, são administrados através de práticas e instrumentos de
regulação dos relacionamentos diádicos.
A ação coletiva nas redes de suprimentos é responsabilidade do governo, das associações
comerciais, setoriais e supra-setoriais, escolas e universidades, institutos de pesquisa e
desenvolvimento, feiras e exposições, congressos e eventos de conhecimento, e imprensa
segmentada. Em conjunto constituem as organizações de apoio às redes de suprimentos
(OARS).
Dentre as OARS, foi escolhido pesquisar as associações de ação coletiva, pois elas oferecem
uma longa lista de serviços prestados às redes, cadeias e empresas (PORTER, 2000; OLSON,
18
1971; VAN WAARDEN, 1992). Quando se trata de ações coletivas as associações têm um
posicionamento privilegiado. Sem menosprezar a grande importância das demais OARS, as
várias associações em conjunto fazem um trabalho de integração de diversos elos das redes de
suprimentos, conforme ficará claro na revisão da literatura e pesquisa de campo desta
pesquisa.
Independentemente das causas e conseqüências da formação das Redes de Suprimentos
(GRANDORI; SODA, 1995; POWELL, 1990; OLIVER, 1990), nas últimas décadas houve
um crescimento sem precedentes da produção, concorrência e mudanças na sociedade
mundial (JENSEN, 1993). Novos materiais, produtos, serviços, processos e tecnologias estão
competindo acirradamente pelo sucesso no mercado (D’AVENI, 1995). O aumento do
conhecimento de modo geral da humanidade nessas últimas décadas tem sido notável. As
pessoas, empresas, cadeias e redes de suprimentos estão tendo que trocar idéias com terceiros
na rede para adquirir, desenvolver e criar conhecimento coletivamente e continuamente
(GRANDORI; SODA, 1995; POWELL, 1990; OLIVER, 1990; HARLAND, 1996).
Com base na revisão da literatura das redes de suprimentos foi projetada a pesquisa de campo
para responder à questão: “Considerando o contexto de produção de pacotes de valor por
redes de empresas e organizações autônomas, como as associações de ação coletiva
colaboram para a coordenação das redes de suprimentos e gestão das cadeias e empresas
imersas nessas redes?”.
A metodologia escolhida foi o estudo de casos múltiplos (YIN, 1994), e o método entrevistas
semi-estruturadas com dirigentes ou gerentes das associações de ação coletiva atuando na
rede de suprimentos da construção civil em São Paulo, complementadas com análise dos
websites e outras fontes secundárias.
1.1 Definição do Problema de Pesquisa
As redes de suprimentos precisam encontrar caminhos para coordenação de suas atividades e
organizações para tornarem-se competitivas no mercado local e internacional. As empresas,
imersas em complexas redes de suprimentos, precisam gerir seus processos internos e cadeias
19
de suprimentos de forma a competir no mercado de produtos e serviços. Para alcançar
processos e práticas competitivos, essas empresas precisam melhorar suas práticas e
desenvolver conhecimentos e competências. O problema desta pesquisa é tentar entender o
sistema de produção em rede e encontrar mecanismos de coordenação que ajudem a manter as
redes competitivas.
1.2 Objetivos
Descobrir quais são os mecanismos de coordenação das redes de suprimentos e como podem
ser influenciados para criar as condições mais favoráveis para atingir os objetivos das
empresas e cadeias de suprimentos.
Identificar caminhos de ação coletiva para colocar à disposição das empresas, nas redes de
suprimentos, contextos favoráveis à sua competitividade.
1.3 Questões
(1) O que são as redes de suprimentos? Cadeias de suprimentos? Qual a diferença?
(2) Quais são as Associações de Ação Coletiva (AAC) que influenciam a rede de
suprimentos da construção civil no Brasil? Como elas podem ser influenciadas
para alcançar objetivos coletivos?
(3) Quais as atividades das AAC? Por que são realizadas?
(4) Como essas atividades contribuem para a coordenação da rede de suprimentos?
Como contribuem para a gestão das empresas e cadeias de suprimentos?
(5) Como essas atividades são desenvolvidas? Grupos interdisciplinares e inter-
organizacionais? Processos coletivos abertos?
(6) Como os associados são motivados, tomam conhecimento, aprofundam o
conhecimento e implantam as mudanças sugeridas pelas associações?
20
1.4 Justificativas
Em alguns mercados, há um processo crescente de produção de pacotes de valor através de
estruturas de produção em rede. As empresas tendem a se concentrar em realizar poucas
atividades estratégicas internamente e tendem a buscar fornecedores ou aliados no mercado
para as demais atividades. Desta forma, grande parte do foco dos sistemas de produção foi
transferido de dentro para fora da empresa, para a cadeia e rede de suprimentos. Compreender
e dominar esta nova estrutura de organização da produção exige muitos estudos e pesquisas
como esta. Executivos e acadêmicos encontram aqui um campo vasto e complexo de
fenômenos a serem estudados, para tornar as redes, cadeias e empresas melhores e
competitivas.
Por outro lado, é notório o desenvolvimento da tecnologia e conhecimento nas últimas
décadas, e estão ocorrendo mudanças em todos os níveis da atividade humana no mundo, nos
países, nas empresas e nas pessoas. Mudanças como, por exemplo: a globalização, abertura
dos mercados, internacionalização do sistema financeiro e de produção, democratização e
inclusão da Ásia, unificação da moeda e processos econômicos da Europa, desintegração da
união soviética, entre outros.
Todas essas mudanças têm obrigado as empresas a mudar estratégias e processos, tecnologias
e métodos, capacitar as pessoas, e participar de sistemas coletivos de produção, como as
cadeias e redes de suprimentos. Para mudar, melhorar e inovar as empresas necessitam
adquirir, desenvolver e criar novas formas de produção em conjunto, em rede.
Esta pesquisa foca em compreender os novos processos de coordenação das redes de
suprimentos, e gestão de empresas e cadeias imersas nessas redes para mantê-las
competitivas.
1.5 Proposições
As proposições deste estudo são as seguintes:
21
(1) Grande parte das ações importantes para a gestão das empresas, que produzem em
complexas redes de suprimentos, está sendo realizada por associações de ação
coletiva (AAC) em benefício do setor como um todo, além de cada empresa em
particular;
(2) Novas condições sociais são necessárias para formar um contexto favorável à
competitividade e produtividade das empresas e cadeias, e essas condições são
construídas através de ações coletivas;
(3) As ações coletivas são realizadas por Organizações de Apoio às Redes de
Suprimentos (OARS), destacadamente as AAC, e participar mais intensamente
delas é um caminho importante para a empresa influenciar o ambiente;
(4) As OARS são as organizações que coordenam partes das atividades das redes de
suprimentos complexas, e contribuem para a competitividade das cadeias e
empresas em conjunto.
22
2 REVISÃO DA LITERATURA
A revisão da literatura é composta de dois campos do conhecimento: Redes de Suprimentos e
Associações de Ação Coletiva.
2.1 SISTEMA DE PRODUÇÃO EM REDE
O processo de produção e entrega do pacote de valor (produtos, serviços ou produtos
agregados com serviços) ao consumidor final (CORRÊA; CORRÊA, 2004), envolve fluxos
de materiais, pagamentos, informações, e conhecimentos por uma seqüência de atividades. O
processo inicia na pesquisa e desenvolvimento de novos pacotes de valor para atender às
necessidades do consumidor e se desenvolve por processos de produção e entrega do pacote
de valor. O processo de produção e entrega em geral é uma seqüência de atividades: a
extração ou produção da matéria-prima; beneficiamento e fabricação de materiais; manufatura
de componentes e partes; montagem do pacote final de valor; distribuição; atacado; e varejo,
até chegar finalmente no consumidor final. Cada atividade agrega algum valor ao pacote, ou
faz parte do processo para agregar esse valor, e em geral são necessárias várias atividades
durante o processo (HARLAND, 1996; LAMBERT; COOPER; PAGH, 1998; PORTER,
2000; SLACK; LEWIS, 2003)
Cada atividade pode ser exclusiva de uma única empresa, que detêm algum recurso exclusivo,
ou a mesma atividade pode chegar a ser feita por um grande número de empresas. Cada
atividade pode ser executada em uma única região ou país, ou pode ser realizada em vários
países em todo o mundo. Para entregar o pacote de valor, várias atividades diferentes são
combinadas formando um conjunto específico. Uma empresa pode fazer internamente todo o
conjunto seqüencial de atividades desde a matéria-prima até a entrega do pacote final, e nesse
caso chama-se esse processo de estrutura vertical hierárquica de produção (WILLIAMSON,
1975; POWELL, 1990). Entretanto, uma empresa pode fazer apenas uma ou algumas das
atividades, e para entregar parte ou todo o pacote de valor pode ser necessário formar um
conjunto de empresas. Chama-se esse conjunto seqüencial de empresas para entregar parte ou
23
todo o pacote de valor de cadeia de suprimentos (HARLAND, 1996; LAMBERT; COOPER;
PAGH, 1998; SLACK; LEWIS, 2003).
A cadeia de suprimentos que entrega o pacote de valor final, portanto, é uma seqüência de
atividades executadas por uma seqüência de empresas, ou uma seqüência de cadeias de
suprimentos parciais, desde a matéria-prima, até a entrega do pacote de valor ao consumidor
final. E, ainda, um pacote de valor semelhante pode ser oferecido ao consumidor por uma ou
várias cadeias de suprimentos, que concorrem entre si pela preferência do consumidor.
Em outras palavras, cada atividade pode ser oferecida por várias empresas, em várias regiões
ou países do mundo, e uma empresa focal poderá, então, escolher quais atividades irá executar
internamente, de quais delas irá apenas comprar os produtos e serviços, e com quais delas irá
colaborar em algum tipo de aliança para entregar o seu pacote de valor (SLACK; LEWIS,
2003; CORRÊA; CORRÊA, 2004; SAMPAIO; DI SERIO, 2001).
Entre a organização da produção de bens e serviços (1) simplesmente comprando no mercado
puro as partes não produzidas pela própria empresa, e (2) produzindo internamente quase tudo
numa estrutura hierárquica vertical (WILLIAMSOM,1975; POWELL, 1990), surgiu (3) a
estrutura de produção em rede (POWELL, 1990). Onde as empresas estão tornando as suas
fronteiras menos delimitadas, estão se engajando em formas colaborativas, que não se
parecem com as estruturas verticais hierárquicas, nem com mercados puros. Entre esses dois
pólos há várias formas híbridas e intermediárias de organizações: alianças, sub-contratações,
terceirizações, franquias, consórcios (joint-ventures), entre outros. (POWELL, 1990;
HARLAND, 1996)
O Esquema 1 apresenta uma adaptação da cadeia de suprimentos inter-organizacional,
conforme publicado por Harland (1996), que mostra uma seqüência linear de operações desde
a matéria prima até chegar ao consumidor final. Esse modelo será usado para montar um
esquema mais amplo da rede de suprimentos, em capítulos seguintes.
24
Produtores
de matéria-
prima
Manufaturas
de partes e
componentes
Fabricantes
de materiais
Distribuidores
e atacadistas
Varejistas Consumidores
Manufaturas
montadoras
Esquema 1 – Cadeia de suprimentos inter-organizacional
Fonte: Harland, 1996, p. S67, tradução nossa.
Harland (1996) sugere que existem diversos níveis de pesquisa e conceituação das cadeias de
suprimentos, desde os relacionamentos entre atividades internas de uma mesma organização
até a rede de relacionamentos, conforme Esquema 2. Estes conceitos são relevantes para esta
pesquisa, pois ajudam a compreender a complexidade crescente de relacionamentos desde a
estrutura de produção hierárquica vertical, passando pelos relacionamentos contratuais
(formais ou informais) diádicos da cadeia de suprimentos, até chegar à complexidade da rede
de suprimentos.
Nível 1 – Cadeia Interna
Nível 2 – Relacionamento diádico
Nível 3 – Cadeia Externa
Nível 4 - Rede
25
Esquema 2 – Níveis de pesquisa em gestão de cadeia de suprimentos
Fonte: HARLAND, 1996, p. S72, tradução nossa.
Lambert, Cooper e Pagh (1998) propõem que a configuração da rede de suprimentos é
composta de diversos fornecedores em diversas camadas de fornecedores de fornecedores, e
diversos distribuidores em diversas camadas de clientes de clientes, conforme mostrado no
Esquema 3. A rede de suprimentos é composta pela empresa focal, mais os membros diretos e
indiretos da cadeia de suprimentos da empresa focal, e mais todos os outros participantes da
rede que não fazem parte da cadeia de suprimentos da empresa focal. Os relacionamentos da
empresa focal com a rede são quatro: (1) processo controlado, onde há um relacionamento de
colaboração ou aliança com um ou mais fornecedores/clientes e seus respectivos aliados,
representado pelas linhas grossas no Esquema 3, e pode envolver mais de uma camada de
fornecedor/cliente; (2) processo monitorado, onde há acompanhamento e auditoria do
relacionamento, porém ele não é tão colaborativo como o relacionamento controlado, e
também, pode envolver várias camadas; (3) processo não controlado, onde a empresa focal
não se envolve com o processo do fornecedor/cliente e esses processos não são críticos para
merecer recursos de monitoração; e (4) não membros da cadeia de suprimentos da empresa
focal, apesar de disponíveis na rede.
26
Fornecedores Clientes/Consumidor Final
Terceira
Camada
Segunda
Camada
Primeira
Camada
Primeira
Camada
Segunda
Camada
Processo controlado
Empresa Focal
Processo monitorado
Membros da cadeia da empresa focal
Processo não
controlado
Não-membros da cadeia focal
Terceira
Camada
Esquema 3 – Tipos de relacionamentos inter-organizacionais
Fonte: LAMBERT; COOPER; PAGH, 1998, p.7, tradução nossa.
O Esquema 4 apresenta a rede de suprimentos, segundo Slack e Lewis (2003), e define a Rede
de Suprimentos como:
“Uma rede de suprimentos é uma interconexão entre organizações que
se relacionam mutuamente a montante e jusante através de ligações
entre processos e atividades, que produzem valor na forma de produtos
e serviços ao consumidor final”. (p. 163, tradução nossa).
Observe-se, entretanto, que a definição não deixa claro que a rede é composta por todas as
opções de fornecedores e distribuidores disponíveis para formação das cadeias de suprimentos
pela empresa focal, mas o Esquema 4 deixa isso bem claro, quando mostra a rede total de
suprimentos (nesta pesquisa apenas rede de suprimentos), a rede imediata de suprimentos
(nesta pesquisa optou-se por chama-la de cadeia de suprimentos), e rede interna de
suprimentos (nesta pesquisa considerada como os processos internos das empresas). Já a
cadeia de suprimentos é definida por eles como se segue:
27
“...cadeias de suprimentos. São as ligações seqüenciais de operações
que intersectam na empresa focal. Desta forma, por exemplo, as
operações marcadas com um X (no Esquema 4) formam uma das
cadeias de suprimentos passando através da empresa focal (Company
C)” (p. 165, tradução nossa)
O pacote de valor entregue ao consumidor final, neste caso, foi produzido e entregue numa
composição de escolhas da empresa focal, formando a sua cadeia de suprimentos de cada
pacote de valor, com atividades internas, mescladas com atividades de terceiros ou alianças,
entre todas aquelas disponibilizadas pela rede de suprimentos em cada etapa do processo de
agregação de valor.
Montante Jusante
Nível
Focal
Esquema 4 – Rede de suprimentos
Fonte: SLACK; LEWIS, 2003, p. 165, tradução nossa.
A mesma atividade pode ser oferecida por diversas empresas ou organizações, e o conjunto de
organizações que oferece todas as atividades ao longo de todas as etapas de agregação de
valor ao pacote final, para as finalidades desta pesquisa, é considerado como a rede de
suprimentos.
Fornec. 1
camada
Fornec. 2.
camada
Cliente 1
a
Cliente 2
camada camad
Lado do
fornecimento
Lado da
demanda
Fluxo produtos e serviços
Fluxo de informação
Rede interna de suprimentos
Rede imediata de suprimentos
Rede total de suprimentos
Nível Focal
Empresa A
Empresa B
Empresa C
Cliente 2.
camada
Cliente 1.
camada
28
2.1.1 Formas e Características das Redes
As formas e características das redes foram detalhadas por Grandori e Soda (1995), Powell
(1990); Porter (2000); e Slack e Lewis (2003). O Quadro 1 faz um resumo desses autores.
As redes relevantes para este estudo são aquelas compostas por muitas etapas de agregação de
valor, muitas opções de fornecedores, aliados e distribuidores em cada etapa, e com poder
relativamente simétrico entre os participantes, ou seja, as redes pulverizadas e complexas, que
necessitam de outros mecanismos de coordenação além da hierarquia característica da
coordenação das empresas e dos contratos diádicos característicos das cadeias de suprimentos.
As redes burocráticas e proprietárias, as redes sociais assimétricas, e os projetos e produtos
únicos são caracterizados pela relação de poder assimétrica a favor de uma empresa poderosa
naquela cadeia específica de suprimentos. Nessas redes os mecanismos de coordenação estão
sob seu controle, aproximando-se do controle hierárquico, através de contratos (formais ou
informais) e relações de dependência dos membros em relação à empresa poderosa. Esta
empresa escolhe os fornecedores, aliados e distribuidores que participarão da rede, e tem
poder de excluir, incluir e modificar os membros da rede. Em outras palavras a empresa
poderosa tem poder de manipular as condições contratuais entre os seus fornecedores e
distribuidores. É o caso da Benetton em relação à sua rede, conforme Jarillo (1988), e o caso
das empresas integradoras da cadeia do frango (Sadia, Perdigão, Frango Sul), conforme
Pereira (2003).
As redes sociais simétricas (ou paritárias), e os clusters, estão menos sujeitas à capacidade de
manipulação de uma única empresa poderosa, seja porque os fornecedores e clientes podem
ser tão ou mais poderosos do que a empresa focal, seja porque têm outras opções de parcerias
e negócios. Os mecanismos de coordenação não são apenas hierárquicos ou contratuais, eles
vão além disso, conforme será desenvolvido adiante .
Detalhamos abaixo as características das redes sociais simétricas e dos clusters.
29
Características das Redes Formas de Redes
Redes Sociais Simétricas
Redes Sociais Assimétricas
Clusters
Redes Burocráticas
Redes Proprietárias
Projetos e Produtos Únicos
> São concentrações de empresas interconectadas, fornecedores especialistas, prestadores de
XXXX X X
serviços, empresas e setores relacionados, e instituições associadas (universidades, organizações
de padronização, associações setoriais) num campo particular, que competem, mas também,
cooperam entre si.
> São interconexões entre organizações que se relacionam mutuamente a montante e jusante
XXXX X X
através de ligações entre processos e atividades, que produzem valor na forma de produtos e
serviços ao consumidor final. (p. 163, tradução nossa).
> Uma série de instituiões está sendo reconhecida como crucial para o sucesso da economia:
XXXX X X
governo local, centros de educação de alta qualidade, um conjunto de trabalhadores altamente
preparados e especializados, institutos de pesquisas e associações setoriais, entre outros.
> Série de organizações institucionais que trabalham em conjunto pelo bem de todos:
XXXX X X
institutos de pesquisa, centros de treinamento, empresas de consultoria, e agências de marketing.
> Os contratantes se beneficiem das experiências de seus sub-contratados com outros clientes
XXXX X X
em outros setores e redes de suporimentos.
> Os fornecedores, por sua vez, estão protegidos de oscilações num determinado produto, XXXX X X
porque fazem negócios em outros mercados e segmentos.
> As empresas estão se tornando parte de uma comunidade de atores e interesses que excedem
XXXX X X
as suas fronteiras
> Os relacionamentos são multidimensionais de longo prazo.
XXXX X X
> Associação de especialistas, cada um com competência inigualável e com flexibilidade numa
XXXX X X
fase ou tipo particular de produção
> Alianças estratégicas
XXXX X X
> Relacionamentos íntimos com os estranhos fora da organização, que não são mais vistos
XXXX X X
simplesmente como fornecedores de componentes, mas como fontes de criatividade tecnológica,
> Há incentivos para os fornecedores atualizarem equipamentos, sugerirem mudanças
XXXX X X
tecnológicas, ou fazer planos de longo prazo.
> Englobam uma ampla gama de setores interligados
XXXX X X
> Distribuão de tecnologia, habilidades, marketing, que atravessam empresas e setores
XXXX X X
> Necessidade e oportunidade de ações coletivas
> Fornece um fórum eficiente e construtivo para diálogo entre empresas relacionadas,
XXXX X X
fornecedores, governo, e outras instituições.
30
Características das Redes Formas de Redes
Redes Sociais Simétricas
Redes Sociais Assimétricas
Clusters
Redes Burocráticas
Redes Proprietárias
Projetos e Produtos Únicos
> Aumenta a produtividade atual (estática) das empresas e setores XXXX X X
> Aumenta a capacidade de inovar e melhorar dos membros XXXX X X
> Estimula a formação de novos negócios, que apóiem a inovação e crescimento da rede. XXXX X X
> Facilita a confiança e o fluxo de informações dentro da rede. XXXX X X
> Pura relação social sem qualquer formalização de contratos; XX X
> Coordenação social: prestígio, status, amizade, senso de pertencer; XXX X
> São recíprocas nos níveis interorganizacionais e interpessoais; XX X
> As redes pessoais entre executivos e empreendedores são a primeira forma de formação da X
rede social; XX
> Podem ser uma forma exploratória a caminho de formas mais formais; XX
> Redes interpessoaiso importantes para tratar problemas de mobilidade ocupacional ; XXX X
mobilização de recursos; reprodução de habilidades; efetividade de comunicação;
> Contatos pessoais e confidencias podem ser os únicos possíveis – se não ilegais – XX
em situações muito delicadas como conluio oligopolístico;
> Intercâmbio de diretores é uma forma mais institucionalizada de rede social, não só pelo xX
compartilhamento de informação e comunicação, como pelo compartilhamento de decies;
> Distritos industriais (Marshalian Districts, Clusters), de alta tecnologia e P&D XX X
são versões de redes sociais baseadas em clones e imitações horizontais de pequenas empresas,
sustentado por mobilidade pessoal, proximidade geográfica e cultiral.
> Coordenação vertical; XX X
> Contratos relativos a produtos e serviços e não do relacionamento entre as empresas. XX X
> A rede como instrumento de coordenação não é formalizada; XXX X
> Fação é um tipo de rede social, onde uma empresa entrega partes a outra para transformação, XX
mas detém a propriedade sobre as partes enviadas e onde persiste relões de autoridade.
> Sub-contratação é outra forma de rede social assimétrica, onde uma das empresas negocia todo XX X
e sub-contrata as demais. Exemplos são: construtoras.
> Formalizadas por contratos de associação ou comércio; X
> Simétricos ou assimétricos X
> Associações Setoriais tem sido tradicionalmente empregadas para prover serviços comuns X
de coordenação dos comportamentos de grande número de empresas.
> Carteis, quando legais. X
> Franquias ou associações de empreendedores. X
31
Características das Redes Formas de Redes
Redes Sociais Simétricas
Redes Sociais Assimétricas
Clusters
Redes Burocráticas
Redes Proprietárias
Projetos e Produtos Únicos
> Consórcio. Formalização de: sistemas de planejamento e controle, estrutura organizacional,
XX X
divisão do trabalho, divisão dos resultados, sistema de incentivos, sistema de multas e
penalidades, sistemas de controle e mensuração, equipes de coordenação.
> Consórcio de cooperação em P&D. Frequentemente apoio das autoridades públicas são
XX
necessários para superar as dificuldades de cooperação em atividades inovadoras.
> Redes de agências (corretores de seguros), licenciamento (distribuidores, concessionários de X
veículos), e franquias o os mais freqüentes.
> Intercâmbio de ações; XX
> Co-propriedade de ativos e patentes; X
> Capital venture: forma de financiamento, que deve envolver um relacionamento organizacional
XX
entre o investidor e a empresa (alto risco sugere maior ingerência do investidor)
> Projetos e produtos únicos: construção civil, cinema, disco, software, naval... X
> Contratão baseada na confiança, experiência, convivência X
> Integração (quase-firma) X
> Contratos por projeto, curto prazo X
> Minimização de custos fixos X
> Controle e monitoração mútua de compradores e fornecedores X
> Profissionais envolvidos trabalham em mais de um projeto simultaneamente e X
mudam de um projeto para outro.
> As pessoas não são empregadas de uma empresa, eles são participantes de uma rede de X
relacionamentos, de empresas e de projetos..
> As organizações extremamente porosas, os seus limites não são bem definidos, os papéis do X
trabalho são vagos e as responsabilidades se sobrepõem e os laços de trabalho se fazem cruzando
as equipes entre membros de outras organizações.
> Grandes empresas estão preferindo investir nas empresas pequenas a comprá-las ou fundir-se XX
com elas.
> Pesquisa colaborativa, pactos de pesquisa em larga escala
XX X
> Cluster (aglomeração) denso de empresas que se sobrepõe, com trabalhadores especializados
X
e bem treinados, e uma infra-estrutura institucional
Quadro 1: Formas e Características das Redes
32
2.1.1.1 Redes Sociais Simétricas
As principais características das redes sociais paritárias ou simétricas, segundo Grandori e
Soda (1995), são:
(1) Pura relação social sem qualquer formalização de contratos;
(2) Bens sociais: prestígio, status, amizade, senso de pertencer;
(3) São recíprocas nos níveis interorganizacionais e interpessoais;
(5) As redes pessoais entre executivos e empreendedores são as primeiras formas de
organização da rede social;
(6) Podem ser uma forma exploratória a caminho de formas mais formais;
(7) Redes interpessoais são importantes para tratar problemas de mobilidade
ocupacional; mobilização de recursos; reprodução de habilidades; efetividade de
comunicação;
(8) Contatos pessoais e confidencias podem ser os únicos possíveis – se não ilegais –
em situações muito delicadas como conluio oligopolístico;
(9) Intercâmbio de diretores é uma forma mais institucionalizada de rede social, não só
pelo compartilhamento de informação e comunicação, como pelo compartilhamento de
decisões;
(10) Distritos industriais (Marshalian Districts, Clusters) são versões de redes sociais
baseadas em clones e imitações horizontais de pequenas empresas, sustentado por mobilidade
pessoal, proximidade geográfica e cultural. Além dos distritos industriais os distritos de alta
tecnologia e pólos de P&D têm se mostrado efetivamente coordenados, através de redes
sociais, pelo menos para propósitos de informação e know-how.
2.1.1.2 Clusters - Redes Geográficas – Arranjos Produtivos Locais
Segundo Porter (2000):
clusters são concentrações geográficas de empresas interconectadas,
fornecedores especialistas, prestadores de serviços, empresas e setores
relacionados, e instituições associadas (universidades, organizações de
padronização, associações setoriais) num campo particular, que
competem, mas também, cooperam entre si...”. (p.16, tradução nossa)
33
Como Powell (1990), Porter (2000) sustenta que clusters representam uma nova maneira de
pensar em produção e eles necessitam de novos papéis das empresas, dos governos e de outras
organizações para aumentar a competitividade. Clusters sugerem que boa parte da vantagem
competitiva está fora das fronteiras da empresa e até do setor, existindo, em vez disso, no
local geográfico onde estão baseados. O modelo mental do cluster sugere que as empresas
têm interesses tangíveis e importantes no ambiente onde estão localizadas. A saúde do cluster
é importante para a saúde da empresa. As empresas podem, na verdade, se beneficiar por
terem mais competição local. Associações setoriais e comerciais podem ser ativos de
vantagem competitiva, além de organizações para encontros sociais e de lobby
governamental.
Segundo Amato Neto (2000), o cluster é uma nova forma de organização industrial, voltada
para a cooperação de empresas, que pode oferecer elementos novos para instruir políticas
industriais e públicas. Uma política baseada na dinâmica das eficiências coletivas, das cadeias
de suprimentos, e não simplesmente na empresa. Enfatiza, ainda, a composição por pequenas
e médias empresas independentes, que produzindo em conjunto são competitivas dentro e fora
do país. Oferece exemplos dos clusters bem sucedidos em países como Itália, Japão,
Alemanha, México, Chile, Argentina e o próprio Brasil.
Porter (2000) publicou o Esquema 5 contendo o cluster de vinho da Califórnia. Este esquema
representa a rede de empresas que participam do processo de produção do vinho na
Califórnia, composto por: (1) produtores de vinho (vinícolas), neste cluster consideradas as
empresas focais da rede, que, por outro lado, fazem parte do cluster de turismo e alimentos;
(2) fornecedores de primeira camada (agricultores de uvas, fabricantes de equipamentos de
produção de vinho, barris, garrafas, rolhas, rótulos, agências de propaganda e publicações
especializadas), que fazem parte de outros clusters, como, por exemplo, o cluster agrícola da
Califórnia; (3) fornecedores de segunda camada (equipamentos agrícolas de plantio, irrigação,
colheita; fertilizantes, pesticidas e herbicidas; e armazéns); (4) agências do governo,
relacionadas aos assuntos da produção de vinho; (5) organizações e instituições de apoio ao
cluster, tais como: instituições de educação e treinamento, pesquisa, tecnologia, associações
de ação coletiva, entre outros. Para as finalidades desta pesquisa este esquema será utilizado
como modelo para construção de um esquema de mapeamento da rede da construção civil no
Brasil.
34
Equipamento/vinho
Barris
Armazém de uvas Agências do Governo
(ex. comitê de economia e produção
de vinho)
Garrafas
Fertilizantes,
pesticidas e
herbicidas
Rolhas
Rótulos
Agricultores de
uvas
Produtores de
vinho (vinícolas)
Equipamento de
colheita
Propaganda e RP
Tecnologia de
irrigação
Publicações
especializadas
Cluster de
Turismo
Cluster agrícola da
Califórnia
Organizações de Educação,
Pesquisa, Associações...
Cluster de
Alimentos
Esquema 5 – O cluster de vinho da Califórnia.
Fonte: PORTER, 2000, p. 17, tradução nossa.
A maioria dos membros dos clusters não são concorrentes diretos, e cumprem papéis
diferentes ao longo da cadeia de suprimentos do cluster. Eles compartilham várias
necessidades comuns, oportunidades, restrições, e obstáculos à produtividade. O cluster
fornece um fórum eficiente e construtivo para diálogo entre empresas relacionadas,
fornecedores, governo, e outras instituições e criam justificativas para ações coletivas.
(PORTER, 2000)
O Esquema 6 resume a teoria das fontes de vantagem competitiva, conhecida como diamante
de Porter (2000), que impulsionam a produtividade e competitividade dos clusters. Nela são
representados quatro conjuntos de fatores que oferecem as condições para tornar as empresas
produtivas e competitivas: (1) o contexto de concorrência intensa cria um ambiente propício
para investimento em inovação e melhoria contínua; (2) clientes locais exigentes e
sofisticados, que antecipam as exigências do mercado externo ao cluster; (3) presença de
35
fornecedores locais capacitados, e setores relacionados ou complementares competitivos e
proativos; (4) qualidade e especialização dos fatores (e condições) de entrada de insumos, tais
como, recursos naturais, humanos, capital, infra-estrutura física e administrativa, envolvendo
o capital social (incluindo as instituições e organizações de apoio) e intelectual do local.
Fatores insumos têm grande amplitude, desde infra-estrutura física a informação, sistema
legal, institutos de pesquisa universitários, até fatores que tendem a ser menos
comercializáveis e disponíveis em outras localidades.
Contexto para
estratégia e
concorrência
da empresa
Contexto local que encoraja formas
apropriadas de investimento e
melhoria sustentável
Condições da
demanda
Fatores
(entradas)
Condições
Concorrência acirrada entre
competidores locais
Clientes locais exigentes e
sofisticados
Fatores (entrada): quantidade e
custos:
Clientes que antecipam as demandas
de mercado
-Recursos naturais
Setores
relacionados e
apoiadores
-Recursos humanos
-Recursos de capital
-Infraestrutura física
-Infraestrutura administrativa
Presença de fornecedores
locais capacitados
Fator qualidade
Presença de setores
relacionados competitivos
Fator especialização
Demanda local incomum em
segmentos especializados que
podem ser atendidos globalmente
Esquema 6 – Diamante – Fontes de vantagem competitiva
Fonte: PORTER, 2000, p. 20, tradução e destaques nossos.
Os clusters afetam a competitividade de três maneiras: (1) aumentando a produtividade atual
(estática) das empresas e setores; (2) aumentando a capacidade de inovar e melhorar dos
membros; (3) estimulando a formação de novos negócios, que apóiem a inovação e
crescimento do cluster (PORTER, 2000).
São várias as possibilidades de ações coletivas nos clusters: (1) marketing conjunto em feiras,
36
exposições, eventos, delegações, missões, entre outros, que aumentam a competitividade dos
clusters; (2) acesso a instituições e bens públicos como escolas e programas locais de
treinamento, que reduzem os custos internos de treinamento e disponibilizam o tipo de
trabalhador necessário; (3) investimento coletivo, através de associações comerciais, dos
membros em bens sociais comuns, como escolas e programas de treinamento, programas de
qualidade, infra-estrutura, centros de pesquisa; e (4) investimento privado em negócios que
encontram mercado no cluster. (PORTER, 2000)
No cluster as pessoas convivem em sociedade, regulados por mecanismos sociais: orgulho e
desejo de parecer bem na comunidade local motivam as empresas a competirem; facilidade de
comparar as funções internas com fornecedores externos da mesma função, geralmente
disponíveis nos clusters; as instituições financeiras da região acumulam informação sobre as
empresas e fazem um monitoramento do desempenho de seus clientes; clusters limitam os
comportamentos oportunistas; e as interações entre os participantes das comunidades locais
tendem a ser mais construtivas e refletirem interesses de longo prazo, em função de
relacionamentos repetidos, facilidade de espalhar informação e reputação, e desejo de
pertencer ao local. (PORTER,2000)
Segundo Porter (2000), deve ser dada atenção especial para relacionamentos pessoais. Muitos
dos benefícios dos clusters fluem dos relacionamentos pessoais, que facilitam conexões,
fomentam comunicação aberta, e constroem confiança. Informação é essencial para a
produtividade e relacionamentos melhoram seu fluxo. O convívio de pessoas nas redes
sociais, inclusive os clusters, e seu intenso inter-relacionamento criam as condições para
desenvolvimento de conhecimento e melhores práticas, e facilitam a estrutura de produção em
rede.
Desta forma, o cluster é um tipo de rede de suprimentos concentrada geograficamente. E,
portanto, objeto de estudo desta pesquisa.
2.1.2 Causas ou Contingências que Estimulam a Formação de Redes
37
Segundo Oliver (1990), seis contingências críticas motivam a formação de relacionamentos
interorganizacionais: necessidade, assimetria, reciprocidade, eficiência, estabilidade e
legitimidade, conforme Quadro 2.
Necessidade Concentração em atividades estratégicas e terceirização das demais.
(HAMEL; PRAHALAD, 1995)
Terceirização para quem tem mais produtividade e competitividade.
(CORRÊA; CORRÊA, 2004)
Satisfação de exigências legais e regulamentos. (OLIVER, 1990)
Dependência de recursos. (PFEFFER; SALANCIK, 1978)
Inabilidade interna de responder rapidamente às mudanças competitivas e aos
mercados internacionais. (POWELL, 1990)
Resistência de processar inovações que alteram os diversos estágios do
processo de produção. (POWELL, 1990)
Resistência a introduzir novos produtos. (POWELL, 1990)
As desvantagens da larga escala da integração vertical podem se tornar
agudas, quando as mudanças tecnológicas se aceleram, os ciclos de produtos
se tornam curtos e os mercados se tornam especializados (POWELL, 1990)
Obter competência, ou habilidade crucial que não pode ser obtido
internamente.
Assimetria Imposição de poder sobre terceiros.
Reação à dependência de recursos, injustiça, distorção de informação,
manipulação de terceiros, exploração, coerção, desigualdade e conflito.
Alianças para evitar desigualdade de poder.
Dissipar fontes de vantagem competitiva (PORTER; FULLER, 1986 apud
OLIVER, 1990),
Reciprocidade Cooperação e colaboração por benefícios mútuos.
Equilíbrio, harmonia, igualdade e apoio mútuo.
Estratégia coletiva.
Agrupar e trocar conhecimento e informação.
Obter sinergias tecnológicas.
Facilitar planejamento conjunto de corporações.
Corporações estão se tornando menos auto-suficientes de habilidades para
38
gerar a ciência e tecnologia necessária para abastecer a sua necessidade de
crescimento. (FUSFELD; HAKLISH, 1985 apud POWELL, 1990)
Eficiência Melhorar a produtividade e retorno sobre os ativos.
Redução de custos e perdas.
Redução de lead-times ou tempo de produção.
Redução dos custos de transação. (WILLIAMSON, 1981)
Acesso rápido a novas tecnologias e novos mercados. (POWELL, 1990)
Economias de escala e pesquisa em conjunto.
Canalizar fontes de conhecimento localizadas fora dos limites da empresa,
aprendizado, inovação. (POWELL, 1990)
Estabilidade Busca por estabilidade ou previsibilidade.
Redução de incertezas, escassez de recursos, falta de informações e
conhecimento, flutuações, e troca de parceiros. (PFEFFER; SALANCIK,
1978)
Compartilhamento de riscos de entrar em novas atividades e mercados.
Investir em ativos específicos e tecnologias.
Legitimidade Busca da aceitação da sociedade e interessados (stakeholders) externos à
empresa.
Conformação institucional às normas, regras, crenças e expectativas.
Melhorar a reputação, imagem, prestígio e responsabilidade social.
Pacificação das comunidades ou governos nacionais. (POWELL, 1990)
Quadro 2: Causas para a Formação de Redes
Essas contingências contribuem para a desintegração vertical das empresas e para a formação
das redes de suprimentos. A produção em rede aumenta muito a quantidade de trocas e
relacionamentos entre empresas, tornando as redes ambientes cada vez mais complexos, ou
seja, com mais empresas, atividades autônomas e relacionamentos (CORRÊA; CORRÊA,
2004).
2.1.3 Redes Interorganizacionais – Abordagens Acadêmicas
As redes interorganizacionais são estudadas por diferentes abordagens disciplinares segundo
39
pesquisa bibliográfica de Grandori e Soda (1995), e os principais temas de estudo dessas
disciplinas foram resumidas no Quadro 3.
A coordenação das diversas atividades e organizações do sistema de produção em redes exige
novos mecanismos de coordenação, diferentes da administração de empresas integradas
verticalmente.
2.1.4 Mecanismos de Coordenação das Redes
Segundo Grandori e Soda (1995), as redes são formas de organização das atividades
econômicas através da coordenação e cooperação inter-organizacionais. Empresas são
unidades independentes a serem coordenadas. A amplitude dos mecanismos de integração e
coordenação em substituição ou complementação dos mecanismos de mercado são:
mecanismos de coordenação informal de comunicação lateral; sistemas de planejamento e
informação inter-organizacional; e complexas estruturas de integração como franquias e
consórcios.
Com a complexidade da rede de suprimentos estão surgindo, ou ganhando importância
e influência, novos instrumentos de coordenação - instituições, tecnologias e
organizações -, que estão contribuindo de maneira relevante para a gestão de empresas e
cadeias, e coordenação de redes. Essa coordenação se desenvolve mediada, limitada e
orientada pelas suas instituições, organizações e tecnologia, portanto, diferente da gestão
hierárquica das empresas e da gestão de contratos diádicos (WILLIAMSON, 1975;
POWELL, 1990).
Para Grandori e Soda (1995) uma rede inter-organizacional é um modo de regular a
interdependência entre empresas. É diferente da agregação dessas atividades dentro de uma
única empresa, ou da coordenação através de mecanismos de mercado, e é baseado num jogo
cooperativo com comunicação específica entre parceiros.
Natureza e variedade dos mecanismos de coordenação de redes, segundo Grandori e Soda
40
(1995), conforme Quadro 4.
41
Redes Interorganizacionais
Temas das Abordagens Acadêmicas Abordagem da Economia industrial
Aborgagens Históricas
Abordagem da Economia Organizacional
Perspectivas Organizacionais
Abordagem Negocial da Rede
Dependência de Recursos
Abordagem Neo-Institucional
Sociologia Organizacional
Abordagens Radicais e Críticas
Psicologia Social
Estratégia e Gestão Geral
Abordagem da Política Econ
ô
Ecologia Organizacional
Organização setorial X
Formas de integração vertical
X
Formas de desintegraçao vertical ou integração horizontal XX
Formas mistas ou híbridas de organização da produção entre mercado e hierarquia XX
Várias formas de redes: consórcios, sociais, pessoais, associações... X
Processo de internacionalização
X
Economias de especialização e experiência X
Economia de escala X
Economias de escopo X
Tecnologia X
Redução de custos de produção XXX
Redução de custos de transação e coordenação interorganizacional XX
Aprendizado na formação das redes
X
Cooperação e coordenação, alianças, consórcios, franquias XXX X
Intercâmbio de diretores X
Agentes avessos a risco X
Mensuração de performance
X
Dificuldade de controle X
Formalização de contratos e acordos, salvaguardas XXX X
Distribuição efetiva do poder, assimetria de poder, negociação
XXX
Redes Interorganizacionais
Temas das Abordagens Acadêmicas Abordagem da Economia industrial
Aborgagens Históricas
Abordagem da Economia Organizacional
Perspectivas Organizacionais
Abordagem Negocial da Rede
Dependência de Recursos
Abordagem Neo-Institucional
Sociologia Organizacional
Abordagens Radicais e Críticas
Psicologia Social
Estratégia e Gestão Geral
Abordagem da Política Econ
ô
Ecologia Organizacional
Complexidade das atividades
X
Flexibilidade X
Incerteza X
Relacionamentos informais, coordenação social XXXX
Legitimidade e conformação institucional
XX
Ligações sociais X
Dominação das elites e classes dominantes X
Empreendedorismo, pequenas e médias empresas XX
Competitividade X
Justiça social e internacional X
Direito e legislação de competição e cooperação XX
Sobrevivência e mortalidade das organizações
X
Metodologia de pesquisa X
Tolerância a diferenças X
Complementaridade de recursos e competências XX X
Interdependência interorganizacional
XX X
Quantidade de unidades a serem coordenadas X
Quadro 3 - Temas das Diferentes Abordagens Acadêmicas das Redes de Suprimentos
42
43
Mecanismos de
comunicação,
decisão e
negociação.
Intercâmbio de informações, decisões e comunicações inter-
organizacionais.
Cooperação de longo prazo.
Repetição das transações.
Coordenação e
controle social
Normas sociais e controle dos pares.
Reputação, pois em uma rede complexa e interligada as notícias
correm, e as reputações podem ser construídas e destruídas e
conseqüentemente a capacidade de continuar a fazer negócios na rede.
(JONES; HESTERLY; BORGATTI, 1997)
Sanções coletivas, pois comportamentos inadequados podem sofrer
sanções de grupos e associações em geral de empresas que se
relacionam com o infrator, refletindo diretamente na capacidade de
continuar a fazer negócios na rede. (JONES, HESTERLY;
BORGATTI, 1997)
Restrição de acesso, evitando a participação de empresas
desqualificadas e formando barreiras de entrada. (JONES,
HESTERLY; BORGATTI, 1997)
Macrocultura, que envolve toda a sociedade e cultura onde a empresa
está embutida, que lhe oferece uma série de recursos e lhe impõe uma
correspondente série de limitações, padrões e normas.
(ABRAHANSSON; FOMBRUN, 1994; JONES; HESTERLY;
BORGATTI, 1997)
Integração e
interconexões de
papéis e unidades
O gerente de produto faz a interligação entre as diversas empresas da
cadeia.
Diretores são intercambiados na diretoria das organizações.
Estruturas de gerenciamento de projetos são implementadas para
realização de projetos complexos.
Quadro de
funcionários
comuns
Em grandes cadeias pode ser necessário pessoal dedicado à
coordenação, como em franquias e associações.
Outras relações mais simples podem ser coordenadas pelos agentes de
cada parte.
Hierarquia e
relações de
Em algumas conformações de rede como franquias e consórcios os
mecanismos de coordenação que fazem a rede funcionar incluem
44
autoridade supervisão hierárquica, planejamento formal, sistemas de programação,
sistemas de informação, treinamento, sistemas de contabilidade
comuns.
Podem concordar em conceder a uma empresa o direito de determinar
o comportamento das outras empresas, dentro de determinados limites,
para coordenar suas ações, para falar em nome de todos e exercer
liderança.
Sistemas de
planejamento e
controle
Várias redes empregam sistemas de planejamento e controle por
resultados similares aos empregados por empresas individuais. A
franquia é um exemplo.
Sistemas de
incentivo
Quando a performance é difícil de medir em atividades complexas a
gestão por objetivos é recomendada como forma de coordenação.
Sistemas de seleção Quanto maior o escopo da cooperação, maior as exigências de acesso à
rede. Para tornar-se membro de uma associação basta preencher alguns
poucos requisitos legais, entretanto, para ser um franqueado uma série
de pré-requisitos são necessários.
Sistemas de
informação
São poderosos integradores de gerenciamento dentro e entre empresas.
Trazem redução de custos de comunicação, suportam várias formas de
redes espalhadas geograficamente que não seria possível de outra
forma. Ex.: CAD/CAM para desenvolvimento de projetos em conjunto
por várias empresas, fornecedores e distribuidores; e sistemas de
pedidos e reservas.
Apoio público e
infraestrutura
Há muitas situações que a cooperação é muito difícil de alcançar e
manter, como o caso do “dilema dos prisioneiros” (JARILLO, 1988).
Nestes casos o apoio de algumas agências do governo pode ser crítico.
A criação da infra-estrutura para fomentar grupos científicos também é
fundamental.
Quadro 4: Mecanismos de Coordenação de Redes
2.1.5 Gestão da Cadeia de Suprimentos – Abordagem de Produção e Operações
45
Os temas relativos à gestão da cadeia de suprimentos estudados pelos acadêmicos da área de
produção e operações são apresentados separadamente nesta seção, pois esta dissertação
insere-se no enfoque de produção e operações.
Desde que o sistema de produção de bens e serviços tornou-se a rede de suprimentos em
muitos segmentos da economia, os acadêmicos da área de produção e operações tornaram a
cadeia de suprimentos um de seus campos de estudo. Da mesma forma, fizeram os executivos
das empresas, que descobriram que significativos ganhos de produtividade e competitividade
poderiam ser obtidos com ações de gestão da cadeia de suprimentos. (SLACK; LEWIS, 2003;
CORRÊA: CORRÊA, 2004; BALLOU; 2001; BOWERSOX; CLOSS, 2001; FINE, 1999;
HARLAND, 1996; LAMMING et al., 2000)
As empresas passaram a procurar oportunidades de melhoria e inovação fora das suas
fronteiras, nos seus fornecedores, nos fornecedores dos fornecedores, na logística de
fornecimento, nos seus canais de distribuição e sua logística de entrega. Difundiu-se e
internalizou-se o conceito de cadeia de valor para o cliente e o conceito da concorrência entre
cadeias de suprimentos, contrastando com a concorrência entre empresas, para conquistar o
cliente e o consumidor.
A abordagem dos estudiosos da área de produção, operações e logística sobre a rede de
suprimentos tem se concentrado em diversos conceitos e ferramentas de gestão das relações
diádicas entre as empresas que compõem a cadeia de suprimentos. Uma parte dos esforços
tem sido dirigido para adaptar os conceitos e ferramentas, já amplamente implantados com
sucesso nas operações internas das empresas, às relações inter-organizacionais das cadeias de
suprimentos. Conceitos e práticas, que anteriormente haviam sido profundamente estudados
durante as intensas melhorias e inovações dos processos operacionais internos da empresa,
ganharam nova perspectiva de se estender para a cadeia de suprimentos.
Desta forma, estão sendo estudadas as expansões para a cadeia de suprimentos dos conceitos e
ferramentas de produção e operações (CORRÊA;CORRÊA, 2004; CHASE, AQUILADO;
JACOBS, 2001; SLACK et al., 1999; HARLAND, 1996), tais como, por exemplo:
46
(1) Qualidade total, melhoria contínua, círculos de qualidade, controle estatístico de
processos e six-sigma: extensão dos sistemas de qualidade para a cadeia de
suprimentos.
(2) Just-in-time: abastecimento de materiais e componentes no local e momento
necessário para a produção.
(3) Teoria das restrições: principalmente a eliminação de gargalos, através de alianças
e terceirizações.
(4) Postergação (postponement): estabelecer alianças com fornecedores e
distribuidores para montar o produto final nos últimos estágios da cadeia de
suprimentos, reduzindo estoques de produtos acabados e em andamento.
(5) Desenvolvimento de produtos e processos, design, gestão de projetos, engenharia
simultânea: desenvolvimento de produtos e processos em conjunto com
fornecedores e clientes para atender os desejos dos clientes e considerar as forças e
fraquezas de toda a cadeia.
(6) Curvas de aprendizado: transferir aprendizado de um elo para outro da cadeia.
(7) Operações de serviços: desenvolver para a cadeia de serviços os conceitos já mais
desenvolvidos para os produtos.
(8) Planejamento e controle de produção: ferramentas de troca de informações e
integração de várias empresas sob um sistema comum de PCP.
(9) Enterprise resource planning (ERP), material requirement plan (MRP) e
manufacturing resource planning (MRP II), e controle de processos: estender a
integração de diversos setores interdisciplinares para integração de diversas
empresas da cadeia.
(10) Indicadores de desempenho, mensuração: estender os indicadores de
desempenho das atividades da empresa para as atividades da cadeia
(11) Custeio ABC: incluir as atividades de aliados e terceiros no custeio por
atividades.
47
(12) Normalização: a normalização já envolve vários elos da cadeia, entretanto, o
rápido desenvolvimento do conhecimento pode exigir rapidez na adaptação de
normas e padrões.
(13) Controle de estoques: apesar de que as empresas ainda têm muito o que fazer
para fazer uma gestão integrada de estoques de matéria-prima, produtos semi-
acabados e produtos acabados em todos os canais de distribuição e armazéns
descentralizados, surgem novas possibilidades de reposição eficiente e automática
dos canais de distribuição, pedido perfeito e outros conceitos integradores, que
melhoram os controles de estoque e processos de abastecimento.
(14) Sistemas de remuneração e incentivo: o que pode induzir o melhor
desempenho de empresas independentes operando em alianças?
(15) Empresa enxuta: os conceitos de produtividade do just-in-time, produção em
fluxo e outros podem ser estendidos para a cadeia?
(16) Reestruturação por processos: alianças podem organizar a produção por
processos, incluindo terceiros em parte das operações.
(17) Flexibilidade e velocidade: alianças podem ser importantes para aumentar a
flexibilidade e velocidade da produção.
(18) Inovação: fornecedores de diversos clientes e redes fronteiriças podem ganhar
competência para desenvolver inovações relevantes para a cadeia.
Outra parte dos estudos tem sido dirigida para questões relativas ao inter-relacionamento entre
empresas, e, portanto, mais específicas da gestão das cadeias de suprimentos propriamente,
tais como: decisão de comprar ou fazer, estratégia e operações de terceirização, colaboração,
cooperação, relacionamento, coopetição, código de barras, eletronic data interchange (EDI),
radio frequency identification (RFID), vendor/retail manangement inventory (VMI/RMI),
efeito chicote, reposição eficiente, padronização de equipamentos logísticos, milk-run, entrega
programada ou agendada, projeto de produtos e processos globalizados, certificação de
qualidade, entre outros (SAMPAIO; DI SERIO, 2001; CORRÊA; CORRÊA, 2004; CHASE;
AQUILADO; JACOBS, 2001; SLACK et al., 1999; FINE, 1999).
48
Tem sido crescente a aplicação da informática e telecomunicações para interligar as operações
internas e entre unidades de produção e distribuição da empresa. Com a percepção de que
grandes ganhos de produtividade poderiam ser obtidos com a gestão da cadeia de
suprimentos, os sistemas de informação e telecomunicações entre empresas e organizações da
cadeia também passaram a ser objeto de estudo de executivos e acadêmicos de produção e
operações.
Entretanto, a intensificação do fluxo de informações não acontece somente entre
computadores. Para definir os processos de interação de informação, intensificam-se os
relacionamentos entre as pessoas, processos e empresas. Conceitos e técnicas como
padronização, normalização, integração de sistemas de comunicação e interação, código de
barras, eletronic data interchange (EDI), reposição eficiente, vendor/retail management
inventory (VMI/RMI), entre outros, passam a exigir maior relacionamento entre todos.
A terceirização e os vários tipos de acordos de colaboração multiplicam os relacionamentos
entre as empresas que constituem cada cadeia de suprimentos, e esses relacionamentos
igualmente têm sido objetos de estudo de executivos e acadêmicos. As relações, embora
dificilmente sem algum tipo de assimetria de poder entre as partes, não são relações
hierárquicas entre gerentes e subordinados. O que desencadeou uma série de pesquisas de
novas formas de estrutura e relacionamento entre as partes das cadeias de suprimentos.
Entretanto, as redes de suprimentos são diferentes das cadeias de suprimentos e
consequentemente exigem outros instrumentos de coordenação e cooperação, que merecem
estudos mais profundos dos acadêmicos de produção e operações, como as organizações de
apoio às redes de suprimentos (OARS).
2.1.6 Rede de Suprimentos da Construção Civil no Brasil
De acordo com a versão final do documento Fórum Construção do ministério da Ciência e
Tecnologia (2000, apud JOBIM FILHO, 2002):
49
“A cadeia produtiva da construção civil no Brasil é composta por um
grande número de indústrias e setores prestadores de serviços, cada qual
com uma estrutura setorial própria, e de naturezas muito distintas entre
elas, do ponto de vista econômico e industrial”.(p. 35)
Na estrutura básica de composição da cadeia de suprimentos da construção civil, o foco são os
construtores de bens finais, ou seja: (1) edifícios; (2) sistemas de infra-estrutura; e (3)
estruturas de processos industriais (JOBIM FILHO, 2002).
Segundo Relatório do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio (2002) (MDIC), a
ABNT – NBR 8950 (1985) e a Fundação João Pinheiro também classificam o setor da
construção civil em 3 sub-setores: (1) Edificações, ou obras de edificações; (2) Construção
pesada, ou obras viárias, hidráulicas, de urbanização e outras; (3) Montagem industrial, ou
obras de sistemas industriais.
Os fornecedores de materiais de construção da cesta básica do Programa Brasileiro de
Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) são classificados em grupos por Jobim Filho
(2002), conforme Quadro 5.
Cadeia Produtiva Material/Componente
Cerâmica Vermelha - Blocos cerâmicos
- Telhas cerâmicas
Materiais naturais - Areia
- Brita para concreto
Materiais básicos industrializados - Cimento Portland
- Cal Hidratada
- Argamassa industrializada
Cerâmicas esmaltadas - Para revestimento de pisos
- Para revestimento de paredes
Madeira beneficiada - Chapas de compensado para fôrmas
Esquadrias de madeira - Portas de madeira
- Janelas de madeira
Esquadrias metálicas e de PVC - Portas de alumínio
50
- Janelas de alumínio
- Portas de aço
- Janelas de aço
- Janelas de PVC
Pré-moldados em concreto - Blocos de concreto
- Lajes pré-moldadas
Materiais para estruturas - Concreto usinado
- Aço para armaduras de concreto
Materiais para instalações elétricas - Fios e cabos elétricos
- Interruptores
- Disjuntores
- Tomadas
Materiais para instalações hidrossanitárias - Tubos e conexões de PVC
- Louças sanitárias
- Metais sanitários
Tintas - Tintas PVC
- Tintas acrílicas
Vidros - Vidros planos
Quadro 5: Cadeias Produtivas da Construção
Fonte: JOBIM FILHO, 2002, p. 40.
Os Esquemas 7 a 13 apresentam as cadeias de atividades, ou cadeias de suprimentos, nos
processos de transformação de vários materiais de construção, que são variações específicas
do Esquema 1 proposto por Harland (1996).
51
Fabricação
Início do Processo
Extração de Argila
Transporte
Armazenamento
Processo de Conversão
Embalagem
Armazenamento
Distribuição
Inspeção de Recebimento
Armazenamento
Transporte Interno
Processo de Conversão
Assentamento
Resíduos/Reutilização
Utilização
Esquema 7 – Cadeia de suprimentos da cerâmica vermelha
Fonte: JOBIM FILHO, 2002, p. 57.
Fabricação
Início do Processo
Extração de Areia e Brita
Transporte
Armazenamento
Moagem/Classificação
Embalagem
Armazenamento
Distribuição
Inspeção de Recebimento
Armazenamento
Transporte Interno
Processo de Conversão
Mistura
Resíduos/Reutilização
Utilização
Esquema 8 – Cadeia de suprimentos dos materiais naturais.
Fonte: JOBIM FILHO, 2002, p. 61.
52
Fabricação
Jazida – Extração
Calcário Argila Minério de Ferro
Desmonte
Mistura - Secagem
Britagem
Homogeneização
Moagem Final
Ensacamento
Distribuição
Inspeção de Recebimento
Armazenamento
Transporte Interno
Processo de Conversão
Mistura
Resíduos/Reutilização
Utilização
Início do Processo
Expedição
Esquema 9 – Cadeia de suprimentos do cimento Portland
Fonte: JOBIM FILHO, 2002, p. 62.
Fabricação
Recebimento de Matéria-Prima
Armazenamento
Preparação do Pó Atomizado
Preparação do Esmalte
Preparação do Corante
Prensagem
Secagem
Distribuição
Inspeção de Recebimento
Armazenamento
Transporte Interno
Assentamento
Utilização (Usuário Final)
Utilização
Início do Processo
Esmaltação
Queima
Classificação
Embalagem
Armazenamento
Expedição
Serigrafia
Resíduo/Entulho/Reutilização
Esquema 10 – Cadeia de suprimentos de cerâmicas esmaltadas para revestimentos.
Fonte: JOBIM FILHO, 2002, p. 64.
53
Fabricação
Matéria-Prima – Resina de PVC
Recebimento e Armazenagem
Processo de Conversão
Extrusão
Embalagem
Armazenagem
Distribuição
Fabricação da Janela
Projeto – Corte - Montagem
Expedição
Recebimento
Armazenamento
Colocação
Uso
Resíduos/Reutilização
Utilização
Início do Processo
Embalagem
Armazenagem
Esquema 11 – Cadeia de suprimentos de janelas em PVC.
Fonte: JOBIM FILHO, 2002, p, 68.
Fabricação
Recebimento de Matéria-Prima
Armazenamento
Preparação do Esmalte
Preparação do Molde
Esmaltação
Distribuição
Recebimento
Transporte Interno
Assentamento
Entulho/Reutilização
Utilização
Início do Processo
Embalagem
Armazenamento
Queima
Esquema 12 – Cadeia de suprimentos de louças sanitárias.
Fonte: JOBIM FILHO, 2002, p. 73.
54
Fabricação
Matéria-Prima
Pigmentos, resinas, cargas e solventes.
Estocagem de Matéria-Prima
Processo de Conversão
Embalangem
Armazenagem/Produto Pronto
Expedição
Transporte
Distribuição
Recebimento na Obra
Armazenamento
Aplicação - Pintura
Resíduos/Disposição
Uso
Utilização
Início do Processo
Esquema 13 – Cadeia de suprimentos das tintas
Fonte: JOBIM FILHO, 2002, p. 77.
55
2.2 ORGANIZAÇÕES DE APOIO ÀS REDES DE SUPRIMENTOS (OARS)
A característica de independência dos vários membros ou constituintes da rede de
suprimentos tem exigido a criação ou expansão das funções de um grande número de
organizações de apoio às redes de suprimentos (OARS). Essas organizações em geral agem
através de ações coletivas para coordenar em parte esses constituintes independentes. A
interação necessária entre empresas e as organizações internacionais, governos federais,
estaduais e municipais, e entre os próprios constituintes das redes de suprimentos são
mediadas pelas OARS. Portanto, grande parte da coordenação das redes de suprimentos,
particularmente as redes sociais (inclusive clusters), é feita através das ações coletivas dessas
OARS.
As OARS são compostas por instituições, organizações e empresas: governo e suas agências e
órgãos; associações de ação coletiva; universidades e escolas; institutos de pesquisa e
tecnologia; feiras e exposições; congressos, seminários e eventos de conhecimento em geral;
revistas, jornais, boletins, websites, e outros veículos de imprensa segmentada; e empresas de
consultoria.
Segundo Porter (2000), muitos clusters incluem em sua anatomia o governo e outras
instituições, como: universidades, agências de normalização e padronização, provedores de
treinamento, associações setoriais, entre outras; que fornecem: treinamento especializado,
educação, informação, pesquisa e suporte técnico.
Ainda, segundo Porter (2000), os papeis do governo são:
(1) Catalisar e desafiar, encorajar e empurrar as empresas para atingir níveis de
competência superiores, mesmo que seja uma tarefa desagradável e difícil;
(2) Criar um ambiente que favoreça a criação de vantagens competitivas tendo foco na
criação de fatores especializados: programas de aprendizado especializado, pesquisa conjunta
de universidades e setores, atividades de associações setoriais, investimento privado;
(2) Limitar a cooperação entre concorrentes, para evitar conluio. Cooperação de
concorrentes em P&D são esforços conjuntos para redução de custos que podem estagnar a
inovação;
56
(3) Desregulamentar os setores para estimular a concorrência;
(4) Adotar severas medidas antitruste. Fusões, aquisições, e alianças não conduzem a
vantagens competitivas. Principalmente quando essas práticas envolvem os lideres dos
setores;
(5) Evitar conluio, acordos de mercado, restrições, divisão de mercado, pois são
prejudiciais à competitividade das empresas e nações;
O Esquema 14 resume a influência do governo na melhoria do cluster, ou seja, descreve as
ações do governo sobre o modelo conhecido como Diamante de Porter.
Contexto para
estratégia e
concorrência
da empresa
Organizar órgãos
governamentais relevantes em
torno do cluster
Fatores
Condições da
demanda
(entradas)
Focar esforços para atrair
investimentos estrangeiros e no
cluster
Condições
Focar na promoção de
exportação do cluster
Criar regulamentos e condições
favoráveis à inovação no cluster
Eliminar barreiras à
concorrência local
Criar educação especializada e
programas de treinamento
Reduzir incerteza regulatória
Estabelecer pesquisas na
universidade relacionadas às
necessidades do cluster
Estimular a adoção de novos
produtos e tecnologias
Setores
relacionados e
apoiadores
Encorajar melhoria
Apoiar a compilação de
informações específicas do
cluster
Patrocinar testes independentes,
certificação e classificação dos
produtos e serviços do cluster
Fomentar transporte,
comunicações, e outras
Patrocinar fóruns para reunir os participantes do cluster
Fazer esforços para atrair fornecedores e provedores de serviços para o cluster
Estabelecer zonas de livre mercado, parques industriais e parques de fornecedores
orientados para o cluster
Esquema 14 – Influência do Governo na melhoria do cluster
Fonte: PORTER, 2000, p. 28, tradução nossa.
2.2.1 Associações de Ação Coletiva (AAC)
57
Associações de ação coletiva (AAC) são importantes organizações entre as OARS e são o
objeto de pesquisa deste trabalho. Elas são as organizações mais acessíveis para empresários,
executivos e profissionais na sua interação com as OARS, e com os demais membros da
cadeia de suprimentos. Ressaltando sua importância para as finalidades desta pesquisa.
Segundo Olson (1971), o segmento da sociedade que tem o maior número de lobbies
trabalhando a seu favor é a comunidade de negócios, apesar das dificuldades apresentadas
pelo próprio Olson. Em relação aos outros segmentos da população, o segmento empresarial é
muito melhor organizado, se organiza com muito mais freqüência em torno de suas
associações e, portanto a sua capacidade de exercer o poder sobre a sociedade em geral é
muito maior. É um pequeno grupo que, além de ser um grupo economicamente mais forte, é
mais organizado, e que freqüentemente trabalha pelas suas associações e obtêm uma série de
benefícios através da associação. O alto grau de organização dos interesses de negócios e o
poder que esses interesses têm são em grande parte devidos ao fato de que as comunidades de
negócios são divididas em uma série de setores, geralmente oligopolísticos, onde cada um
contém apenas um pequeno número de empresas, o que facilita a associação e a união em
torno de objetivos comuns. Esses setores normalmente são pequenos o suficiente para se
organizar voluntariamente, para prover a eles uma atividade de lobby ou um poder político
que naturalmente flui para aqueles que controlam os negócios e a propriedade do país. As
associações também são atraentes para os membros por serem espaços apropriados para que
pessoas de negócios façam contatos e troquem informações.
Segundo Van Waarden (1992), a definição de Business Interest Associations (BIAs) –
Associações de Interesses de Negócios é a seguinte:
“organizações formais de grupos de pessoas de negócios que têm como
objetivo a agregação, definição, representação e defesa dos interesses
de negócios do grupo. Esses interesses podem ser sociais, econômicos,
comerciais ou técnicos e, portanto, compreendem as associações
patronais (organizando o mercado de trabalho) e associações setoriais
(representando interesses econômicos e técnicos)”. (p. 521, tradução
nossa)
Elas mediam dois tipos de relacionamentos: entre membros e entre interlocutores.
58
Para mediar as relações com os interlocutores, as associações precisaram desenvolver a
capacidade de controlar seus associados e certificar-se de que agiriam de acordo com os
acordos celebrados pela associação em nome de todos e evitar interesses específicos de algum
membro. E para isso foram buscar concessões do governo para: (1) tornar a associação
compulsória; (2) prestar serviços exclusivos e compulsórios aos membros e não membros; (3)
direito de distribuir recursos escassos entre os associados, como matérias-primas, mão-de-
obra, financiamentos, cotas de importação e exportação, principalmente em épocas de crise,
como guerras; (4) ganhar o direito de inspeção e auditoria sobre associados; (5) direito de
patrulhamento e segurança de instalações, quase polícia; e (6) direito de monopólio de forma
que apenas os associados estariam autorizados a empregar trabalhadores de determinados
sindicatos, comprar suprimentos de determinados fornecedores, vender para determinados
clientes. De forma que a saída da associação significaria sair do negócio (VAN WAARDEN,
1992). Com isso as associações cresceram.
As grandes associações necessitam de formalização, ou seja, a regulamentação explícita dos
deveres e direitos dos membros. A fase inicial caracteriza-se pela cooperação temporária e ad
hoc de forma informal. Entretanto, o informalismo cooperativo é substituído por cooperação
formal, contrato de assistência mútua ou regulamentação de certos aspectos da convivência.
Entretanto, no início de uma associação ela dificilmente tem poder para regular e teme perder
os associados. O crescimento traz novas receitas, porém aumenta a heterogeneidade e as
divergências de interesses dos associados. (VAN WAARDEN, 1992)
A necessidade de ganhar poder de influenciar induz as associações a se associarem com
outras associações, como as de fornecedores e trabalhadores, promovendo a integração com
redes maiores e assento em agências do governo. Como resultado emerge um complexo
sistema de instituições de ação corporativista, formando uma rede de influência inter-
organizacional entre associações e agências do governo. As relações entre associações de
grupos opostos são intensificadas, institucionalizadas, e rotinizadas, para que os conflitos
sejam minimizados (VAN WAARDEN, 1992).
A participação das associações em diversos comitês em diversas outras associações e agências
do governo passou a exigir a profissionalização dos quadros das associações, que
demandavam cada vez mais tempo dos seus membros. (VAN WAARDEN, 1992)
59
À medida que maiores recursos se fazem necessários para arcar com os custos da
profissionalização, outras fontes de renda começam a surgir, como comercialização de bens e
serviços, compras centralizadas para obter descontos e benefícios aos associados, manufatura
de fases da produção, contabilidade para os associados, acompanhamento jurídico, e
consultoria em diversos assuntos de interesse dos associados. As associações passaram a
fornecer os mesmos serviços a terceiros não associados, porém a um preço superior. (VAN
WAARDEN, 1992)
Com o tempo, associações criadas para finalidades estreitas e específicas, diversificaram suas
atividades. Para ganhar mais poder junto aos interlocutores, as associações precisaram ter o
que trocar, e assim passaram a angariar informações de seus membros, agregando estatísticas
e oferecendo ao governo para obter concessões. (VAN WAARDEN, 1992)
Dificuldades Freqüentes em Associações:
Entretanto, as associações enfrentam uma série de dificuldades para desempenhar o seu papel,
e há muitas contradições e conflitos entre as intenções dos envolvidos.
Olson (1971) defende que é improvável a emergência de associações, pois apesar de ser
racional para um grupo representar seus interesses comuns formando uma associação,
normalmente não é racional para um membro individual do grupo juntar-se a tal ação coletiva.
O problema é conhecido como o Dilema do Prisioneiro. Se membros de algum grupo têm
interesses e objetivos comuns, e se eles todos serão beneficiados quando esse objetivo for
alcançado, admite-se que a lógica decorrente é que os indivíduos nesse grupo agiriam de uma
forma racional em seu próprio interesse coletivo, entretanto, segundo Olson (1971), isso não é
verdade. Os grupos não agirão em seu próprio beneficio, a não ser que o número de
indivíduos num grupo seja muito pequeno ou, que haja uma força coercitiva ou, algum outro
mecanismo especial para fazer com que esses indivíduos ajam pelo interesse comum racional.
A tentação de “pegar carona” (free-ride) nos esforços e custos dos outros é irresistível,
principalmente entre empresários.
Caronistas (free riders) interferem no relacionamento dos grupos em busca de bens comuns,
porque qualquer membro que contribui muito pouco ou não contribui pode se beneficiar do
trabalho dos outros (OLIVER, 1990). Portanto, se o membro de uma associação é induzido a
60
contribuir igualmente, em termos de investimento, compromissos e tempo, se há participação
de todos, se todos assumem conjuntamente os custos e todos trabalham a favor dos interesses
comuns, então é mais fácil manter a reciprocidade na associação.
Evidências empíricas sugerem que o tamanho intermediário da associação facilita atingir o
propósito de estabilidade. Se o numero de competidores e o setor é pequeno, oligopólios, o
ajuste informal tácito é suficiente para alcançar a coordenação entre as firmas. Um número
muito grande, em contraste, pode provocar uma associação instável, porque há uma grande
diversidade e uma larga gama de interesses e dificuldades a serem coordenadas (OLIVER,
1990).
Os interesses das empresas do mesmo segmento podem não só ser diferentes como
conflitantes. Gente de negócios tem muitos recursos alternativos para agir sobre o ambiente e
interlocutores, que desestimulam a associação. Em segmentos pequenos o contato pessoal e
informal pode desestimular a formalização de associações. Gente de negócios tem o poder do
capital sobre os assuntos políticos e públicos (VAN WAARDEN, 1992). Por tudo isso eles
são menos propensos a associações do que trabalhadores e consumidores, por exemplo.
Ação coletiva e auto-regulamentação podem exigir disposição de perder vendas para criar
uma situação de sonegação de mercadoria (lockout), ou deterioração das relações com os
próprios empregados para enfrentar sindicatos, etc... Enfim, significa abdicar de sua própria
liberdade de ação como empresário. (VAN WAARDEN, 1992).
Entretanto, apesar das dificuldades o número de associações tem aumentado e elas têm
prosperado em termos de representação e poder de influenciar os agentes da sociedade.
Segundo Van Waarden (1992), na Holanda, em 1981, haviam 1254 associações de negócios,
para uma população de 217 mil empresas, ou seja, uma associação para cada 173 empresas,
contra 96 associações de trabalhadores, para uma população de 5 milhões de trabalhadores, ou
seja, uma associação para cada 50.000 trabalhadores. Por outro lado, o percentual das
empresas associadas varia em cada setor de 50 a 100% das empresas, contra 39% dos
trabalhadores. Estes dados contradizem as conclusões de Olson (1971), e apontam para uma
realidade de associação das empresas apesar dos argumentos contra.
61
2.2.2 Causas da Formação de AAC
Os motivos que historicamente tem levado os empresários e executivos a associarem-se em
torno de ações coletivas foram pesquisados por diversos autores, conforme Quadro 6.
- Busca de subsídios governamentais (lobby) e obtenção de favores
especiais para os membros.
(PORTER, 2000)
- Promover lobby junto ao governo e aos reguladores do governo para
tratar da questão da assimetria de poder entre os agentes do setor.
(OLIVER, 1990)
- Reduzir as incertezas legislativas e para aumentar a estabilidade e
eficiência. De acordo com a teoria da dependência de recursos, um dos
motivos para formação de associações setoriais é a redução da
incerteza legislativa e competitiva.
(OLIVER, 1990)
(PFEFFER E
SALANCIK, 1978)
- Obter e disseminar informações. Como forma de atingir estabilidade
e previsibilidade a associação setorial pode reduzir algumas das
incertezas legislativas disseminando informação sobre as tendências
políticas e informações sobre as necessidades de seus membros.
(OLIVER, 1990)
- Ameaças de intervenção do governo. A assimetria provocada por
fortes ameaças de intervenção de governo promovem as atividades das
associações setoriais e, promovem a associação de membros em torno
de uma associação ou de um sindicato setorial.
(OLIVER, 1990)
- Relacionamento com interlocutores do mercado e sociedade. Na
relação com os interlocutores ou adversários da associação prevalece a
lógica da influência onde os interlocutores são governo, trabalhadores,
fornecedores e clientes. Dos interlocutores as associações requerem
reconhecimento, acesso e concessões, ou seja, influência. Entretanto,
interlocutores também podem fornecer recursos, tais como: subsídios,
obrigatoriedade de associação, concessões monopolísticas ou
oligopolísticas. O que exige capacidade de oferecer algo em troca. Para
tanto, a associação precisa contar com a legitimação junto aos
(VAN WAARDEN,
1992)
62
associados.
- Melhorar a imagem de seu setor e dos seus associados para alcançar a
legitimidade na sociedade e suas instituições. Criticas públicas do
governo, de outras associações, de sindicatos de empregados, ou, da
sociedade civil organizada, podem levar a associação a um trabalho
mais forte para divulgar suas atividades de conformidade e buscar
legitimidade.
(OLIVER, 1990)
- Ter um interlocutor para negociar com o governo em nome de uma
categoria. Aqui a perspectiva é de cima para baixo (top-down), do
governo para a associação e da associação para os membros, de forma
a assegurar que os acordos firmados sejam honrados pelos membros.
Assume que a associação já está formada e bem organizada e tem a
capacidade de controlar os associados. O governo holandês teve
interesse em estimular as associações por inúmeros motivos:
contraposição aos sindicatos de empregados; parceiros para negociar
com sindicatos de empregados e facilitar a manutenção da lei e da
ordem; ajuda para implantar suas próprias políticas; troca de
informações; e legitimação.
(VAN WAARDEN,
1992)
- Obrigatoriedade de associação por concessão da lei. O patrocínio do
governo é marcado por: reconhecimento do monopólio de associações;
acesso seletivo; acesso institucionalizado, com assentos em órgãos e
agências de implantação de políticas; concessão de poder de
certificação e licenciamento à associação; direito de taxação por
serviços e contribuições compulsórias de associação; estabelecimento
de acordos comerciais exclusivos, que obrigam fornecedores, clientes e
trabalhadores.
(VAN WAARDEN,
1992)
- Crises. Em momentos de crise aumenta historicamente o número de
associações, para os empresários enfrentarem em conjunto as
conseqüências de guerras, depressões e crescimentos econômicos
excepcionais, e conseguirem mão-de-obra, matérias-primas, e produtos
finais.
(VAN WAARDEN,
1992)
- Prevenir ou combater greves ou aumentos salariais; para se opor aos
sindicatos de empregados; associações de fornecedores ou clientes;
(VAN WAARDEN,
1992)
63
para amenizar e regulamentar competição de preços, salários, prazos
de entrega, propaganda, exposições, qualidade de produtos; barreiras
de entrada; e trabalho informal em segundo emprego.
- Evitar males coletivos. Muitas vezes é mais motivador combater uma
ameaça ou injustiça do que a obter um bem. Ameaças e injustiças são
mais carregadas de sentimentos, como raiva e medo, que podem ser
mais motivadores do que desejos de obter mais bens. São, enfim, mais
carregados de sentimentos morais do que cálculos racionais.
(VAN WAARDEN,
1992)
- Patrocínio de grandes empresas. Quando há grande assimetria de
tamanho, poder econômico e interesses específicos em bens coletivos,
as grandes empresas podem ter tanto interesse em bens públicos e na
associação para sua obtenção, que estarão dispostos a arcar com a
maioria dos custos da associação. Apesar de que, diferenças de
tamanho e poder sejam fontes de outros problemas para as associações,
que frequentemente acabam provocando desmembramento de
associações.
(VAN WAARDEN,
1992)
- Contraposição a interlocutores associados. Muitas associações foram
induzidas pela pré-existência de outras associações de seus
interlocutores, para responder a elas, como associações de clientes,
fornecedores e empregados, concorrentes, profissionais, fazendeiros, e
outros grupos de empresas.
(VAN WAARDEN,
1992)
- Exemplos externos. Outras foram instituídas com base em exemplos
externos, de outros setores ou outros países.
(VAN WAARDEN,
1992)
- Propósitos específicos. Alguns setores formam associações como
grupos de trabalho para alcançar um determinado propósito e após sua
realização desassociam-se. Aqui prevalece o conceito de que cada
assunto tem um domínio (grupo de associados) ótimo, e que nem todos
os associados têm a mesma posição em todos os assuntos. Desta forma,
os conflitos entre membros são minimizados. Alguns exemplos são a
formação de comitês de propósito específico, em torno de bens sociais,
como treinamento, seguro social, normalização e padronização,
controle de qualidade, seguro, etc...
(VAN WAARDEN,
1992)
- Proximidade geográfica. Grupos locais são privilegiados para (VAN WAARDEN,
64
associação, de acordo com Olson (1971), pois geralmente são grupos
de poucos participantes com proximidade geográfica, já se conhecem
socialmente, ou concorrem muito proximamente. Essas associações
tornam difícil a carona, pois todos se conhecem e convivem juntos.
Porém, essas associações locais há muito tempo tiveram que se tornar
nacionais e internacionais, e seus participantes também cresceram.
1992)
- Baixos custos de associação. Associações foram facilitadas pelos
baixos custos de associação originalmente, pois no começo os custos
de iniciar as atividades eram baixos, sem sede própria, sem pessoal
exclusivo, poucas reuniões, etc...O custo de associar-se era muito
baixo, quando comparado aos possíveis benefícios, e assim muitas
associações se criaram. As anuidades mantinham-se baixas e sempre
que necessário, eram chamados fundos adicionais para alcançar os
objetivos de combater uma greve, ou promover lockout, boicotes, e
acesso político.
(VAN WAARDEN,
1992)
- Monopólio de serviços. Busca de concessões do governo para prestar
serviços exclusivos e compulsórios aos membros e não membros.
Direito de distribuir recursos escassos entre os associados, como
matérias-primas, mão-de-obra, financiamentos, cotas de importação e
exportação, principalmente em épocas de crise, como guerras. Direito
de inspeção e auditoria sobre associados, direito de patrulhamento e
segurança de instalações, quase polícia.
(VAN WAARDEN,
1992)
- Monopólio de emprego. Direito de monopólio de forma que apenas
os associados estariam autorizados a empregar trabalhadores de
determinados sindicatos, comprar suprimentos de determinados
fornecedores, vender para determinados clientes. De forma que a saída
da associação significaria sair do negócio.
(VAN WAARDEN,
1992)
- Prestação de serviços coletivos e não coletivos. Associações, para
serem bem sucedidas, para terem a capacidade de fazer lobby a favor
de bens coletivos a um determinado grupo, somente serão viáveis se
oferecerem um conjunto de serviços pelos quais os associados estejam
dispostos a pagar e que gerem com isso um orçamento, um capital
necessário para fazer o lobby. Existem por esse motivo muitas
(OLSON, 1971)
65
associações que têm funções de lobby, funções econômicas e sociais
ou mesmo todas elas ao mesmo tempo. Portanto, um indivíduo
somente trabalharia pelo bem comum se ele fosse coagido a pagar os
custos da organização do lobby ou, se o custo que ele está tendo com a
associação reverter em serviços prestados para atender as necessidades
individuais da sua própria empresa.
- Compilação de estatísticas. (PORTER, 2000)
- Promoção de eventos sociais. (PORTER, 2000)
- Padronizar produtos. (OLIVER, 1990)
- Ações coletivas pela produtividade e crescimento. (PORTER, 2000)
- Melhorias na eficiência organizacional. Os membros podem associar-
se porque podem ter a esperança de obter vantagens econômicas
especificas como informações sobre fontes de suprimentos mais
baratas, assistência legal, e acesso a relatórios estatísticos. Espera-se
que essas vantagens possibilitem incrementar a eficiência interna da
organização e reduzir custos. Obter vantagens econômicas para seus
associados para obter eficiência.
(OLIVER, 1990).
- Liderar relacionamento com universidades. (PORTER, 2000)
- Programas de treinamento. (PORTER, 2000)
- Programas de pesquisa. (PORTER, 2000)
- Laboratórios de teste. (PORTER, 2000)
- Compilação de informações
(PORTER, 2000)
- Fórum para problemas gerenciais comuns e trocas de idéias. (PORTER, 2000)
- Soluções conjuntas para questões ecológicas e ambientais (PORTER, 2000).
- Promover ações coletivas como feiras e exposições para promover a
reciprocidade.
(PORTER, 2000;
OLIVER, 1990).
- Consórcio de compras. (PORTER, 2000)
- Redução de custos de serviços compartilhados. (PORTER, 2000)
- Pesquisa de mercado e marketing. Associação como um ativo de
competitividade, especialmente para clusters de pequenas e médias
empresas (turismo, varejo, agricultura), as ações coletivas ganham
escala para fazer pesquisa e marketing.
(PORTER, 2000)
66
- Facilitar a comunicação e compartilhamento de informação entre seus
membros, através da publicação de journals, revistas e newsletters; e a
organização de convenções, congressos, feiras e exposições.
(OLIVER, 1990).
- Reduzir incertezas competitivas. As associações comerciais também
reduzem as incertezas competitivas fornecendo definições, padrões de
produtos e guias de qualidades de produtos a seus membros ou
divulgando resultados de pesquisas patrocinadas pela associação.
(PFEFFER E
SALANCIK, 1978
apud OLIVER,
1990).
Quadro 6: Causas para Formação de AAC
Para as finalidades desta pesquisa foi importante conceituar a rede de suprimentos,
especificamente as redes sociais (incluindo clusters), como um sistema complexo de
produção, composto pelas empresas, cadeias de suprimentos, e OARS. Destacar que os
mecanismos de coordenação das redes são diferentes dos mecanismos de coordenação e
gestão de empresas e cadeias de suprimentos. Destacar o papel das OARS, especificamente as
associações de ação coletiva, para a coordenação de parte dessas redes complexas. Foi o que
foi feito nesta revisão da literatura. De agora em diante são destacados a metodologia e
resultados da pesquisa de campo.
67
3 METODOLOGIA
Segundo Robert K. Yin (1994), a pesquisa empírica necessita de raciocínio lógico para dar
sentido aos dados coletados, diferentemente do tratamento mecânico dos dados. Esse
raciocínio lógico é base do estudo de caso. As fases de pesquisa do estudo de caso são:
definição do problema, projeto, coleta de dados, análise de dados, composição e relato.
O estudo de caso é um dos diversos métodos para fazer pesquisa em ciências sociais. Alguns
outros métodos são: experimentos, pesquisas quantitativas, história, e análise de arquivos de
informação. Em geral o estudo de casos é preferível quando são colocadas perguntas de
“como” e “por que”, quando o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos, e quando o
foco é um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real. O estudo de caso
permite perceber o quadro geral e as características significativas de eventos da vida real,
como os processos gerenciais das organizações, relações internacionais e desenvolvimento de
setores industriais (YIN, 1994).
A escolha do método depende da pergunta que se quer responder. Nesta pesquisa se quer
saber “quem”, “como”, “o que”, “por que” e “onde”. O interesse é descobrir “como” as
organizações de apoio às redes de suprimentos (OARS), mais especificamente as associações
de ação coletiva (quem), contribuem para a coordenação e melhoria das práticas das redes de
suprimentos (quem), mais especificamente, “como” e “por que” elas contribuem para a
organização das organizações independentes envolvidas na produção em rede. Aqui não
interessa neste momento perguntar “quanto”, “quantos”, nem estabelecer uma análise
histórica. Ou seja, não interessa mensurar “quanto” cada contribuição melhora os índices de
desempenho da empresa, “quanto” custa a ação coletiva para os associados e sua relação
custo/benefício, “quanto” as associações contribuem para a competitividade de determinada
cadeia de suprimentos em relação a outra, “quantos” usam os serviços das associações,
“quantos” apreciam esses serviços, “quantos” estão satisfeitos ou decepcionados.
Descartamos, portanto, os métodos de pesquisa quantitativa e pesquisa histórica.
Desta forma, quando constatamos que as associações de ação coletiva (quem) oferecem aos
associados (quem) um serviço de influência (lobby) em projetos de lei de sustentabilidade
ambiental (o que), através do poder de influenciar pela sua participação nos grupos de
68
trabalho do legislativo (como), podemos descobrir que pretendem defender o interesse
ecológico sem descuidar da viabilidade econômica e técnica, garantir que todos cumpram a
lei, que a lei seja efetivamente fiscalizada, e que a desconformidade seja efetivamente punida,
para que ilegais não tenham vantagem competitiva (por que).
Para as finalidades desta pesquisa, além de “o que”, “como” e “por que”, interessa saber
“onde”, pois o local e o contexto onde acontecem as ações e as inter-relações entre as diversas
estruturas coletivas (empresa, cadeia, OARS) dentro da rede de suprimentos têm muita
relevância.
Para responder a essas perguntas existem dois métodos principais, segundo Yin (1994):
estudo de caso e experimento. Experimento, um método mais apropriado para laboratório,
exige controle ou manipulação sobre o ambiente e pelo menos duas amostras. Em uma delas
deve-se ter a capacidade de mudar uma variável para comparar os resultados com a outra que
não foi modificada. Outra possibilidade, são duas estruturas sociais muito semelhantes onde
modifica-se uma delas e compara-se os resultados das duas. Esta pesquisa, entretanto,
concentra-se sobre os dados da vida real observados, conforme se desenvolvem na atualidade,
e não tem qualquer capacidade de alterar variáveis para comparar. Portanto, não cabe o uso do
método experimento. O que então define o Estudo de Caso como o método possível e,
portanto, escolhido. Estudo de caso é, portanto, caracterizado, resumidamente, por:
“Perguntas de “como” e “porque” sobre um conjunto de eventos contemporâneos sobre os
quais o pesquisador não tem controle” (Yin, 1994).
O estudo de caso também é indicado para lidar com ambientes complexos de muitas variáveis
não controladas, e utiliza várias fontes de evidência, permitindo a triangulação de informações
para confirmar as evidências, e desenvolve-se sobre proposições teóricas pré-existentes. As
proposições teóricas que balizam esta pesquisa estão descritas na seção própria acima.
De acordo com Glaser e Strauss (1967 apud EISENHARDT, 1989) é a íntima conexão com a
realidade empírica que permite o desenvolvimento de uma teoria testável, relevante e válida.
Contribuir para o desenvolvimento de teoria é o objetivo desta pesquisa especificamente.
Teoria no sentido de constatar aquilo que vem sendo feito ou não pelas organizações
pesquisadas, para encontrar sugestões para instruir as ações futuras. E essa teoria pode ser
construída a partir de estudo de caso, conforme Eisenhardt (1989).
69
O estudo de caso pode usar informações qualitativas ou quantitativas como evidências para
suas análises, e esta pesquisa concentra-se fundamentalmente em dados qualitativos.
O roteiro sugerido por Eisenhardt (1989) para construção de teoria segue as seguintes etapas,
que são similares ao roteiro sugerido por Yin (1994):
3.1 Fase Inicial - Elaboração de Instrumentos e Protocolos
Definição inicial das questões da pesquisa. Sem um conjunto de perguntas é possível o
pesquisador ficar sobrecarregado por um excesso de informações, portanto, o Roteiro de
Entrevistas orienta o pesquisador e o mantém dentro dos objetivos da pesquisa. A teoria ou
construtos que contextualizam e fundamentam a pesquisa também são importantes para
moldar o projeto de pesquisa e determinar as questões e perguntas a serem incluídas no roteiro
de entrevistas. Neste trabalho a revisão da literatura ofereceu os construtos para a pesquisa de
campo.
Ademais, é desejável que as bases para a pesquisa sejam relativamente abertas a novas
descobertas, pois o estreitamento pode perder informação, e pior, distorcer informação para
acomodar os dados em teorias pré-concebidas (EISENHARDT, 1989).
Nesta pesquisa as perguntas estão no Apêndice A. Para formular as perguntas desta pesquisa
foi feita uma revisão da literatura sobre alguns assuntos correlatos: redes de suprimentos,
cadeia de suprimentos, clusters e associações de ação coletiva. Note-se que a revisão da
literatura foi escolhida com a finalidade de compreender as redes de suprimentos e sua relação
com associações de ação coletiva, e para responder “como” e “por que” as Associações
contribuem ou não para a melhoria das práticas das empresas e cadeias de suprimentos
imersas em redes de suprimentos.
3.2 Selecionando os casos
70
Estudos de casos não são escolhidos como amostras de uma pesquisa quantitativa, eles não
são amostras, cada caso é uma unidade de pesquisa completa e sozinho pode gerar teoria
(YIN, 1994; EISENHARDT, 1989). No estudo de múltiplos casos, os casos são escolhidos
por razões teóricas e não estatísticas (GLASER; STRAUSS, 1967 apud EISENHARDT,
1989). Os casos podem ser escolhidos para replicar casos anteriores, ou estender uma teoria
emergente, preencher categorias teóricas, oferecer exemplos extremos. Conforme Pettigrew
(1988 apud EISENHARDT, 1989), dado o limitado número de casos que em geral podem ser
estudados, faz sentido escolher os casos extremos onde o fenômeno de interesse se manifesta
claramente.
O método de Estudo de Múltiplos Casos está graficamente demonstrado no Esquema 15,
conforme Yin (1994). Permite a replicação lógica onde os casos são tratados como uma série
independente de experimentos que confirmam ou não proposições iniciais (BROWN;
EISENHARDT, 1998)
Primeiro
Est. Caso
Desenv.
teoria
Seleciona/
Casos
Proj. Protocolo
Coleta Dados
Segundo
Est. Caso
Demais
Est. Caso
Relatório
do Caso
Individual
Relatório
do Caso
Individual
Relatório
do Caso
Individual
Conclusões
cruzadas
dos casos
Modificação
da Teoria
Desenvol-
vimento
Implicações
Relatório
Cruzado
Dos Casos
Definição e projeto Preparação, coleta e análise
Análise e
Conclusão
Primeiro
Est. Caso
Desenv.
teoria
Seleciona/
Casos
Proj. Protocolo
Coleta Dados
Segundo
Est. Caso
Demais
Est. Caso
Relatório
do Caso
Individual
Relatório
do Caso
Individual
Relatório
do Caso
Individual
Conclusões
cruzadas
dos casos
Modificação
da Teoria
Desenvol-
vimento
Implicações
Relatório
Cruzado
Dos Casos
Definição e projeto Preparação, coleta e análise
Análise e
Conclusão
Esquema 15 – Método de estudo de casos múltiplos – Cosmos Corporation
Fonte: YIN, 1994, p. 49, tradução nossa.
Quando se considera toda a rede de suprimentos da construção civil, existem várias
associações de interesse periféricas: incluindo fornecedores (dezenas de setores, como
71
plástico, vidro, aço, tintas); fornecedores comuns (bancos, informática, profissionais, etc..);
fornecedores dos fornecedores (química, mineração); clientes (construtoras, atacado, varejo,
escritórios de arquitetura e engenharia, consumidor final); associações de propósitos
específicos (padronização, normalização, etc..); federações e sindicatos maiores, que
englobam outros setores e cadeias (Fiesp, Senai, Senac, Sebrae); profissionais e trabalhadores
(engenheiros, arquitetos, trabalhadores).
O Quadro 7 apresenta as principais associações de ação coletiva com influência na rede de
suprimentos da construção civil do Brasil. Este quadro foi construído pelo autor com base em
pesquisa na internet, e pelos links recomendados por muitos websites de associações que
relacionam os websites de outras associações. Muitos sindicatos e associações estaduais ou
locais não foram relacionados, por diversos motivos: muitos são praticamente réplicas de um
estado para outro; outros apresentam websites muito simplificados, sugerindo uma associação
relativamente pequena; e não é o objetivo deste trabalho mapear exaustivamente todas as
associações.
Rede Imobiliária
SECOVI-SP - Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e
Administração de Imóveis e Condomínios de São Paulo
AELO – Associação das Empresas de Loteamento e Desenvolvimento Urbano
do Estado de São Paulo
ADEMI - Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário
(diversos estados)
ADEVI - Associação das Empresas de Venda de Imóveis
ABAMI – Associação Brasileira dos Advogados do Mercado Imobiliário
Projetos de Arquitetura
SINAENCO – Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia
Consultiva
AsBEA Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura
ABAP – Associação Brasileira dos Arquitetos Paisagistas
CONFEA – Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
FNA – Federação Nacional dos Arquitetos
CREA – Conselho Regional dos Engenheiros e Arquitetos
IAB – Instituto dos Arquitetos do Brasil
Projetos de Engenharia
SINAENCO – Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia
Consultiva
ABCE Associação Brasileira de Consultores de Engenharia
ABECE – Associação Brasileira de Engenharia Estrutural
ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental
AEERJ – Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro
ANE – Academia Nacional de Engenharia
72
FNE – Federação Nacional dos Engenheiros
AEI - Associação de Engenharia de Impermeabilização do Rio de Janeiro
ABEG – Associação Brasileiras das Empresas de Engenharia Geotécnica
Construtores de Edifícios
CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção
SINDUSCON-SP – Sindicato da Indústria da Construção Civil de São
Paulo (vários estados)
AECCESP – Associação dos Empreiteiros da Construção Civil
ASBRACO Associação Brasiliense de Construtores
ABEMP – Associação Brasileira das Empresas de Engenharia de Manutenção
Predial
ARECON – Associação das Empresas de Construção Civil e de Incorporação
Imobiliária do Noroeste
CIMA – Associação de Fabricantes da indústria da Construção
SECONCI – Serviço Social da Indústria da Construção
ABCEM – Associação Brasileira de Construção em Estrutura Metálica
Empreiteiros de Construção Pesada
SINICON – Sindicato da Indústria da Construção Pesada
SINICESP – Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de São
Paulo
SICEPOT – Sindicato da Indústria da Construção Pesada
ANEOR Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias
ANEOP – Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas
ABP – Associação Brasileira de Pavimentação
Redes de Materiais de Construção
Cimento
SNIC – Sindicato Nacional da Indústria do Cimento
ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland
Concreto
ABCIC – Associação Brasileira da Construção Industrializada
em Concreto: inclui pré-fabricados e sob-encomenda.
ABESC – Associação Brasileira das Empresas de Serviço de
Concretagem
ABTC – Associação Brasileira de Tubos de Concreto
Vidro
AbiVidro - Associação Brasileira das Indústrias de Vidro
Outros: cada empresa de material de construção participa compulsoriamente
em um sindicato e pode participar voluntariamente de associações que ofereçam
melhores serviços aos associados. Desta forma são dezenas de sindicatos e associações
de materiais de construção, que não são relacionados aqui.
Comércio
SINCOMAVI – Sindicato Patronal do Comércio Varejista de Materiais
de Construção
ANAMACO – Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de
Construção
Redes de Produtos Acabados para Instalações
Redes de Equipamentos para Construção
SOBRATEMA – Sociedade Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e
Manutenção
Redes de Serviços Comuns
73
Associações Supra-Setoriais
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
EAN Associação EAN Brasil
ECR Associação ECR Brasil
FPNQ – Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade
SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
Outras Organizações de Apoio às Redes de Suprimentos (OARS)
Governo – Órgãos e Agências
Educação – Universidades e Escolas
Institutos de Pesquisa e Pesquisa de Universidades
ANTAC – Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente
Construído
FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos
INFOHAB – Centro de Referência e Informação em Habitação
HABITARE – Programa de Tecnologia de Habitação
IBRACON – Instituto Brasileiro do Concreto: associação de
profissionais para o desenvolvimento do conhecimento e tecnologia do
concreto.
Imprensa Segmentada
Revistas e Boletins Setoriais
Websites
Revistas Científicas (Referenciadas)
Feiras e Exposições
Eventos de Conhecimento – Congressos, Seminários, Workshops, Palestras.
Consultorias
Quadro 7 – Associações de ação coletiva da rede da construção civil
Por questões práticas de limitação de tempo escolhemos, então, limitar nosso escopo para as
associações apresentadas no Quadro 8, cujas principais atividades estão resumidas no
Capítulo 4 – Resultados da Pesquisa de Campo. Outras associações poderiam ter sido
escolhidas, entretanto, pela pesquisa inicial de seus websites, foi observado que as associações
escolhidas tinham um conjunto de atividades mais rico que as demais, e que englobavam as
atividades dos demais.
Associação Motivo da Escolha Entrevistados
Sindicato da
indústria da
construção civil de
São Paulo
(Sinduscon/SP)
Escolhido porque é o a associação de ação
coletiva que representa as construtoras, e,
portanto, é o centro das associações de ação
coletiva da rede da construção civil.
Existem sindicatos semelhantes em todos
O Coordenador Geral do
Sindicato e o executivo
Administrativo e
Financeiro
74
os estados e em conjunto formam a Câmara
Brasileira da Indústria da Construção
(CBIC) que atua nacionalmente.
Associação
Brasileira de
Cimento Portland
(ABCP)
Escolhida em função da grande importância
do cimento para a construção civil, e
porque seu website demonstra que
oferecem uma série de atividades de
interesse da rede. Nesta pesquisa ela
representa as associações dos fornecedores
de materiais de construção, composto de
dezenas de outros setores industriais, tais
como: cerâmica, madeira, esquadrias,
pedras, mármores e granitos, material
elétrico, hidráulico... entre outros.
Foram entrevistados
dois executivos, sendo
um deles o gerente da
unidade de São Paulo.
Associação
Brasileira de
Construção em
Estrutura Metálica
(ABCEM)
Foi escolhida porque congrega um tipo
diferente de empresas de construção civil,
ou seja, construção metálica. O Brasil é um
grande produtor de aço, mas um pequeno
construtor com aço. Existe, portanto, aí, um
problema e uma oportunidade, que vale a
pena compreender.
Gerente Executiva
Sociedade Brasileira
de Tecnologia para
Equipamentos e
Manutenção
(Sobratema)
Foi escolhida por ser uma associação de
profissionais e empresas de equipamentos e
tecnologia de construção civil, portanto, de
grande interesse para esta pesquisa.
Representa aqui o segmento de
fornecedores de equipamento de
construção.
Presidente da
Associação
Fundação para o
Prêmio Nacional da
Qualidade (FPNQ)
Escolhida em função de seu trabalho
coletivo de desenvolvimento do modelo de
excelência de gestão e qualidade. É um tipo
de associação de propósito específico que
atua sobre várias redes de suprimentos,
O autor teve um curso
completo sobre PNQ na
FGV, com participação
do Gerente Técnico da
Fundação.
75
além da construção civil.
Associação EAN
Brasil
Escolhida em função de seu trabalho de
padronização de identificação e
comunicações em redes de suprimentos.
Tem feito um trabalho na rede da
construção, padronizando identificação de
materiais e comunicações. Atua em
diversas redes além da construção civil.
CEO, e 4 executivos de
coordenação de cadeias
Associação ECR
Brasil
Escolhida em função de seu trabalho de
difusão de melhores práticas. Apesar de
não atuar no segmento da construção civil
ainda.
Dois dirigentes, sendo
um presidente e outro
gerente executivo
Federação das
Indústrias do Estado
de São Paulo (Fiesp)
Escolhida em função de seu gigantismo e
representatividade, bem como, pela grande
quantidade de serviços prestados aos
associados. Suas atividades englobam a
indústria de materiais de construção, e
todos os outros setores industriais paulistas.
Não houve entrevistas,
até a finalização deste
trabalho, por
desinteresse da
associação. Usamos
apenas as informações
de seu website.
Quadro 8: Associações Pesquisadas
Não foram incluídas nem associações profissionais, nem de trabalhadores, e nem de
consumidores, pois fogem do escopo de nosso estudo.
Desta forma, foram escolhidas as maiores ou mais completas em termos de serviços prestados
na sua categoria, partindo do princípio que, as mais completas englobam as atividades das
mais simples, e podem ser emblemáticas no segmento. Portanto, a escolha foi deliberada entre
os extremos (PETTIGREW, 1988 apud EISENHARDT, 1989).
Esta pesquisa, portanto, é um Estudo de Múltiplos Casos, pois cada associação foi submetida
ao mesmo roteiro de entrevistas, e cada caso foi analisado e relatado isoladamente. Inclusive
dois desses casos já foram publicados separadamente nos anais dos congressos Enanpad 2004
(MAITA, 2004) e Simpoi 2004 (MAITA; LABAN NETO, 2004). Somente depois que cada
76
caso foi concluído, os casos foram comparados, um conjunto de semelhanças e diferenças
foram observadas durante a análise, e uma teoria deduzida deles.
3.3 Pesquisa de Campo
Antes de fazer as entrevistas, o pesquisador estudou com detalhes os websites das associações
pesquisadas (SINDUSCON-SP, 2004; ABCP, 2004; ABCP-Comunidade da Construção,
2004; ABCEM, 2004; FIESP, 2004; FIESP-CIN, 2004; FIESP-CONLICITAÇÃO, 2004;
FIESP-QUALIDADE, 2004; FIESP-CRÉDITO, 2004; FPNQ, 2004; ECR BRASIL, 2004;
SOBRATEMA, 2004), que em geral são muito ricos em informação, pois são veículos de
comunicação e interação com os milhares de associados ou com o mercado beneficiário de
suas atividades. A grande maioria das questões da pesquisa poderia ser respondida com o
conteúdo disponível nesses websites, e as entrevistas serviram para confirmar e validar ou não
essas informações e seu entendimento, e complementar aquilo que faltava. Para dar um
exemplo, o Sinduscon-Sp faz um trabalho de levantamento de preços de materiais e serviços e
calcula os custos de alguns tipos de imóveis residenciais e comerciais, que o pesquisador a
princípio pensou que poderiam ser utilizados para ajudar a gestão de custos e compras das
empresas associadas, mas que na entrevista foi esclarecido que não tem outra finalidade além
de estabelecer índices de reajuste de contratos, e não é adequado para outras finalidades.
Portanto, a aplicação do Roteiro de Entrevistas foi instruída pela revisão da literatura e pelo
estudo dos websites e confirmada pelas entrevistas pessoais com dirigentes e gerentes das
associações e publicações adicionais.
As perguntas da pesquisa geraram um Roteiro de Entrevista, que integra o Protocolo de cada
caso, e que serviu, não para ser entregue como questionário ao entrevistado, mas para
conduzir o entrevistador em entrevistas semi-estruturadas. Foram feitos contatos com as
diretorias das associações no final de 2003 e durante 2004 e foi apresentada a intenção de
fazer as pesquisas sobre seu papel como instrumento social facilitador da coordenação de
redes e gestão de cadeias de suprimentos. O pesquisador foi recebido por seus executivos, que
concordaram em cooperar com esses trabalhos. Os entrevistados foram estimulados a
desenvolver seu raciocínio com liberdade, numa tentativa de descobrir o máximo possível
77
sobre os serviços e ações coletivas das associações, como essas ações são executadas e por
que são executadas.
Nesta pesquisa as perguntas eram bastante abertas permitindo liberdade de trazer as
informações consideradas relevantes pelo entrevistado. Algumas perguntas como aquelas que
endereçavam questões objetivas de “como”, “o que”, e “por que”, ou seja, as atividades,
serviços, ações e os processos das associações se mostraram mais úteis do que perguntas
relativas a assuntos mais subjetivos ou indiretos como mecanismos sociais (restrição de
acesso, reputação, imagem, sanções coletivas). Nem todos compreendem as questões
subjetivas, para alguns os mecanismos sociais são óbvios e para outros parecem não se
encaixar no seu quadro de referências. A primeira associação a ser pesquisa foi a Associação
ECR Brasil, que serviu como teste do Roteiro de Entrevistas, e que sugeriu que algumas
questões fossem eliminadas, pois mostraram-se ineficazes. As perguntas remanescentes foram
replicadas para todas as pesquisas posteriores.
Para validar as entrevistas elas foram gravadas em áudio e transcritas para texto, essas
transcrições foram remetidas aos entrevistados para correção ou complementação, junto com
questões adicionais, quando necessário, para melhor compreensão ou complementação da
entrevista. As respostas foram arquivadas e constam do Protocolo da Pesquisa mantido pelo
autor.
Uma importante ferramenta para validar os dados levantados no estudo de caso é a
triangulação de múltiplas fontes de pesquisa, tais como: entrevistas, observações, consulta de
dados secundários e arquivos, websites, publicações, entrevistas com interlocutores, dados
quantitativos e qualitativos (YIN, 1994, EISENHARDT, 1989). Esta pesquisa usou
basicamente dois elementos de levantamento dos dados: entrevistas semi-estruturadas e
estudo dos websites, e algumas associações forneceram revistas e publicações que
complementaram os dados. Entretanto, todos são carentes de dados estatísticos e numéricos
para avaliar os resultados de seu trabalho, e, portanto, não foram usados dados quantitativos
para triangular informações.
Uma fraqueza na execução do método é que o projeto foi desenvolvido, executado e analisado
por apenas um pesquisador, pois outros pesquisadores na discussão de cada etapa poderiam
78
ter contribuído para evitar eventuais perdas ou viés de interpretação. A participação de mais
de um pesquisador poderia aumentar o poder criativo do estudo, trazer diferentes
perspectivas, aumentar a confiança nas interpretações, trazer discordâncias e aprimorar a
pesquisa como um todo (EISENHARDT, 1989). Vale notar que o projeto de pesquisa levou
em consideração que todas as entrevistas seriam conduzidas por um único pesquisador e que a
análise dos dados seria feita por esse mesmo pesquisador com supervisão do orientador. Não
há como ter certeza de que outro analista chegaria espontaneamente às mesmas conclusões
que o autor chegou. Entretanto, as conclusões são baseadas nas evidências das pesquisas de
campo, da revisão da literatura e de raciocínio lógico.
A pesquisa de campo pode conter sobreposições dos dados coletados com a análise desses
dados, ou seja, os dados coletados estão frequentemente sendo interpretados e deve-se ter
cuidado para não confundi-los (EISENHARDT, 1989; GLASER; STRAUSS, 1967 apud
EISENHARDT, 1989). As notas de idéias e observações durante a pesquisa de campo
ajudaram a conservar as observações e separar dados de interpretações.
3.4 Análise de Dados
A análise de dados é o coração da construção de teoria a partir de estudo de casos, mas é a
atividade menos codificada, padronizada, normalizada e descrita nos estudos de caso
publicados. Em geral há uma lacuna entre os dados coletados e as conclusões
(EISENHARDT, 1989).
As atividades e serviços prestados pelas oito associações pesquisadas foram resumidas e
classificadas por semelhança e afinidade, até chegar aos seis grupos de atividades
apresentados nos Apêndices B.1 a B.5, que apresentam as atividades mais característicos das
associações, e o Apêndice B.6, que apresenta uma relação de outras atividades e serviços
menos comuns ou mais específicas de uma ou outra associação.
As características ou construtos das associações de ação coletiva colecionados na revisão da
literatura foram relacionados no Apêndice C. As atividades e prestações de serviços apurados
na pesquisa e relacionados nos Apêndices B (B.1 a B.6) foram então cruzados com as
79
características do Apêndice C. O que foi constatado como presente em cada associação (de 1
a 8) recebeu um “P” de Presente, o que não foi constatado recebeu um “A” de Ausente, e o
que não foi pesquisado, nem constatado, recebeu um “N”, conforme relatado no Apêndice C.
As oito associações pesquisadas foram agrupadas e suas atividades classificadas nos mesmos
seis grandes grupos do Apêndice B (B.1 a B.6), conforme discutidos no Capítulo 5. Desta
forma, as associações de ação coletiva são tratadas como um conjunto para discussão dos
resultados desta pesquisa, ou seja, não importa qual delas presta qual serviço, o que interessa
é saber como o conjunto delas genericamente contribui para a coordenação da rede de
suprimentos e como e por que contribui para a gestão das empresas imersas em redes
complexas de suprimentos. O agrupamento justifica-se, pois os serviços estão disponíveis a
todos os constituintes da rede, e caso uma organização não ofereça determinado serviço outra
pode oferecer e isso é praticamente indiferente para o usuário.
Para mapear a rede de suprimentos da construção civil foi feita uma pesquisa específica da
literatura, porém não foi encontrado um mapa ou esquema completo. Foi feita então uma
pesquisa na internet, onde foram encontradas várias classificações de materiais de construção
e prestação de serviços, por exemplo, o diretório do mecanismo de busca Yahoo para
construção civil (www.yahoo.com.br , seleção do diretório e pesquisa por “construção civil”).
Com base nessas informações, foi desenhado o mapa da rede da construção civil (Esquema
17), que para as finalidades deste trabalho servem para constatar a complexidade desta rede e
a necessidade de mecanismos de coordenação específicos para esse tipo de rede.
3.5 Resumo do Processo de Pesquisa
O Esquema 16 resume o processo de pesquisa e apresentação do resultado deste trabalho:
(1) Foi feita a revisão da literatura de Redes de Suprimentos (incluindo Cadeias de
Suprimentos) e de Associações de Ação Coletiva (AAC).
(2) Foi feita pesquisa de campo das AAC que atuam na Rede da Construção Civil do
Brasil, conforme Quadro 7, com base em pesquisa de Internet.
(3) Foi feita pesquisa de campo, com entrevistas em oito AAC, e os resultados
relatados no Apêndice B (B.1 a B.6)
80
(4) Com base em análise das Formas e Características das Redes (Quadro 1),
especificamente as características das redes sociais simétricas e dos clusters, comparados com
a pesquisa de campo (Apêndice B), foram concluídas as características das redes de
suprimentos complexas (item 5.1.2).
(5) Com base em pesquisa na Internet foi desenhado o Esquema 17 - Rede de
Suprimentos da Construção Civil no Brasil.
(6) Com base na pesquisa da literatura de redes de suprimentos, cadeias de
suprimentos, e rede da construção civil, foi desenhado o Esquema 16 – Rede de Suprimentos
Complexa.
(7) Com base na literatura sobre Causas da Formação de AAC (Quadro 6) e
Mecanismos de Coordenação de Redes (Quadro 4), comparado com a pesquisa de campo nas
AAC (Apêndice B), foram deduzidos os itens: (5.2) Contribuições das AAC para
Coordenação das Redes de Suprimentos Complexas e Gestão de Empresas e Cadeias Imersas
nessas Redes; (5.2.1) Análise das Causas de Associação e Mecanismos de Coordenação de
Redes; (5.2.2) Atividades e Serviços das AAC; e (5.2.3) Conseqüências para Gestão de
Empresas e Cadeias de Suprimentos.
Esquema 16 – Resumo do processo de pesquisa
Redes de Suprimentos
Formas e Características
Mecanismos de Coordenação
Causas
Abordagens Acadêmicas
AAC
OARS
Causas das AAC
Revisão da Literatura Discussões e ProposiçõesResultado da Pesquisa
Cadeias de Suprimentos
Rede da Construção Civil
AAC - Rede da
Construção Civil
(Quadro 7)
Atividades das
AAC - Rede da
Construção Civil
(Andice B)
Redes Complexas
Esquema 16
Características
Esquema 17 -
Construção Civil
Contribuições das AAC
Atividades das AAC
Conseqüências
Empresas e Cadeias
Análise
Análise de
Causas de
AAC e
Mecanismos
(Andice C)
Redes de Suprimentos
Formas e Características
Mecanismos de Coordenação
Causas
Abordagens Acadêmicas
AAC
OARS
Causas das AAC
Revisão da Literatura Discussões e ProposiçõesResultado da Pesquisa
Cadeias de Suprimentos
Rede da Construção Civil
AAC - Rede da
Construção Civil
(Quadro 7)
Atividades das
AAC - Rede da
Construção Civil
(Andice B)
Redes Complexas
Esquema 16
Características
Esquema 17 -
Construção Civil
Contribuições das AAC
Atividades das AAC
Conseqüências
Empresas e Cadeias
AnáliseAnálise
Análise de
Causas de
AAC e
Mecanismos
(Andice C)
Análise de
Causas de
AAC e
Mecanismos
(Andice C)
81
4 RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO
A pesquisa de campo apurou:
(1) Quais são as AAC que influenciam a rede de suprimentos da construção civil no
Brasil? O resultado foi relacionado no Quadro 7.
(2) Quais as atividades e serviços prestados das AAC? Por que são realizadas?
Como essas atividades contribuem para a coordenação da rede de suprimentos? Como
contribuem para a gestão das empresas e cadeias de suprimentos? Como essas atividades são
desenvolvidas? Como as associadas são motivadas, tomam conhecimento, aprofundam o
conhecimento e implantam as práticas sugeridas pelas associações? Os resultados foram
apresentados no Apêndice B (B.1 a B.6), que relaciona todas as atividades e serviços de cada
AAC e as classifica em seis grupos por semelhança e afinidade, como se segue:
(2.1) Interação com o ambiente e influência sobre as decisões que afetam os
associados.
(2.2) Pesquisa e divulgação de indicadores e estudos econômicos.
(2.3) Pesquisa, desenvolvimento e difusão de conhecimento - tecnológico e
gerencial.
(2.4) Pesquisa e desenvolvimento de fornecedores, clientes e negócios.
(2.5) Capacitação de pessoas através de cursos diversos.
(2.6) Serviços diversos
No Apêndice B, as atividades de cada uma das AAC pesquisadas (Sinduscon, ABCP,
ABCEM, Sobratema, FIESP, EAN, ECR, FPNQ) são descritas e classificadas dentro de um
dos seis grupos indicados acima.
Desta forma, observa-se resumidamente o que se segue:
SINDUSCON:
(1) Tem intensa atividade de representação das construtoras associadas em diversos grupos de
trabalho do governo e de outras OARS, equipe de profissionais monitorando o ambiente e
atenta para todas as ações que possam afetar seus associados, e atua sobre todos eles
defendendo os seus interesses; (2) faz pesquisa de preços e custos para calcular os índices de
82
inflação setoriais e reajustes de contratos, levantamento de dados e opiniões, análises e
estudos econômicos, que ajudam a instruir políticas públicas e as ações coletivas do setor; (3)
organiza diversos grupos de trabalho para pesquisar, desenvolver e difundir conhecimento
tecnológico e gerencial no setor; acompanhamento e revisão de normas técnicas,
desenvolvimento de programas de qualidade, capacitação empresarial, diversos programas de
capacitação nas diversas áreas do conhecimento necessárias para o melhor desempenho das
associadas; publicação e comercialização de literatura técnica e gerencial, publicação de
material em seu website, em revistas, boletins e relatórios; (4) contribui para o
desenvolvimento dos negócios das associadas, através de serviços ligados às licitações
públicas e do governo como cliente das associadas, acompanhamento e atuação sobre as
instituições e fontes de financiamento da construção, inclusive recursos externos; (5) promove
vários cursos de treinamento e educação de trabalhadores, profissionais, executivos e
empresários; (6) edita as notícias pertinentes ao setor publicadas em vários jornais e revistas
(clipping).
ABCP:
(1) Não tem o propósito de representação e influência sobre o ambiente, sendo uma
associação voltada principalmente para desenvolvimento de conhecimento e negócios de seus
associados; (2) não faz pesquisas e levantamentos de dados e estatísticas do setor, que são
relegados aos sindicatos setoriais, que têm atribuições legais para fazer esses trabalhos; (3) é
um centro de referência em tecnologia de cimento, e desenvolve uma série de atividades para
desenvolver o conhecimento do produto e suas aplicações na sociedade, como: alvenaria,
pavimento, argamassas, artefatos, pré-fabricados, barragens, saneamento, drenagem,
edificações e solo-cimento; promove comunidades de prática (comunidade da construção)
para desenvolvimento e disseminação de conhecimento e melhores práticas do uso do cimento
na construção; incentiva a construção e publicação de casos emblemáticos para disseminar as
melhores práticas; promove concursos e estabelece prêmios para desenvolvimento de
conhecimento na área; mantêm relacionamento com universidades e institutos de pesquisa
para desenvolvimento do conhecimento do setor; participa de grupos de trabalho com outras
OARS para desenvolvimento de ações ecológicas e de responsabilidade social; empreende
diversas ações para disseminar o conhecimento desenvolvido; promoção de diversos eventos
de conhecimento, como: congressos, seminários, palestras, workshops, entre outros; (4) tem
forte orientação para ações de aplicação do cimento na construção, para aumentar o seu
83
consumo nas edificações e infra-estrutura, e evitar que outros materiais concorrentes, como as
construções metálicas e asfalto, ocupem o lugar do cimento, e, para isso, empreende uma série
de ações junto a arquitetos, engenheiros, e clientes para consolidar o cimento como sua opção
de construção; promove e participa de eventos de negócios, como: feiras e exposições, entre
outros; (5) desenvolve e oferece diversos cursos em sistemas construtivos à base de cimento,
para manter o cimento como a opção construtiva dos arquitetos e engenheiros; (6) oferece
software gratuitamente; mantêm biblioteca extensa de publicações da área; oferece diversos
serviços de laboratório, para teste de materiais e para manutenção dos laboratórios das
empresas; oferece assistência para otimização das indústrias de artefatos de cimento; certifica
qualidade com selos de qualidade para cimento e artefatos de cimento; e mantêm serviço de
tira-dúvidas e FAQ (perguntas mais freqüentes).
ABCEM:
(1) Atua junto ao governo, concessionários de serviço público, entidades de classe nacionais e
internacionais para promover a construção metálica como opção na construção de edificações
e infra-estrutura; publica a revista “Construção Metálica” com acompanhamento dos assuntos
relevantes para o setor; (2) não faz pesquisa de indicadores e estudos econômicos, que são
feitas pelos sindicatos do segmento; (3) promove a descrição e disseminação de casos
emblemáticos de construção metálica; promove concursos das melhores obras metálicas;
organiza comitês técnicos para absorção de novas tecnologias; promove o desenvolvimento
do conhecimento da construção metálica; (4) empreende uma feira periódica de construção
metálica (Construmetal) para disseminar e aumentar o volume de negócios das associadas;
participa e estimula a participação das associadas em outros eventos dentro e fora do país; (5)
promove seminários e cursos diversos de interesse dos associados; (5) não tem outras
atividades além das classificadas nos itens anteriores.
SOBRATEMA:
(1) Não representa nem influencia as OARS do ambiente; (2) não desenvolve pesquisas e
levantamentos econômicos; (3) tem como missão institucional democratizar o conhecimento
técnico e gerencial entre os associados, estimulando a troca de experiências; publica a Revista
M&T com informação sobre o setor; (4) organiza e realiza a M&T Expo, feira internacional
de equipamentos para construção e mineração; organiza missões técnicas para feiras no
84
exterior; (5) mantêm um programa extenso de cursos para treinamento de operadores de
equipamentos de construção e mineração; mantêm programa de integração da universidade
com a prática do setor; (6) não tem outros serviços não descritos nos itens anteriores.
FIESP:
(1) Mantêm diversas atividades de interação com o governo, organizações internacionais e
demais OARS; desenvolve trabalhos em comissões e grupos de trabalho para influenciar as
decisões mais profundas da sociedade brasileira, como reformas constitucionais e legislativas
em todos os níveis; representa oficialmente a indústria em geral ( não apenas a construção
civil) em vários fóruns sociais, políticos, e econômicos; publica diversos boletins e revistas
para alertar, informar e estimular o debate dos associados em relação às principais questões do
país e sua interface com a indústria; promove diversas ações de preservação ambiental e
responsabilidade social, para promover a imagem da indústria em geral na sociedade; (2)
produz e publica revistas, jornais, relatórios, e livros sobre macroeconomia, políticas públicas,
emprego e gestão de empresas; porém não atua com destaque em pesquisa e levantamento de
dados para orientar políticas públicas, nem ação dos empresários que representa; (3) promove
diversos grupos de trabalho para acompanhamento, desenvolvimento e disseminação de
conhecimento em diversas áreas do conhecimento; promove, em conjunto com entidades
internacionais, alianças estratégicas das empresas brasileiras com empresas estrangeiras, para
desenvolvimento de competitividade e produtividade; participa e promove eventos de
conhecimento, como congressos e seminários entre outros; promove a disseminação do
conhecimento, através de publicações diversas, e programas de televisão; (4) promove
programas de alianças com empresas estrangeiras; desenvolve uma série de serviços de
comércio exterior; emite certificado de origem exigido por países importadores; mantêm o
Centro Internacional de Negócios (CIN) para promover e simplificar as operações
internacionais; promove a participação de empresas brasileiras nas feiras e eventos
internacionais, através de missões; acompanha e divulga informações sobre licitações de
compras públicas; (5) oferece uma série de cursos de diversas disciplinas para todos os níveis
de aprendizes; (6) mantêm serviço de perguntas mais freqüentes (FAQ); banco de currículos
para quem oferece e procura empregos; e serviços diversos de metrologia.
EAN:
85
(1) Não é uma associação com propósito de representação setorial e exercício de influência
sobre as OARS do ambiente; porém mantém estreito relacionamento com as EAN
internacionais para cumprir seus propósitos específicos de padronização de identificação de
produtos e materiais e padronização das comunicações entre computadores; (2) não faz
pesquisa e divulgação de indicadores e estudos econômicos; (3) realiza uma série de ações
para desenvolver e disseminar a padronização e automação dos setores e cadeias de
suprimentos; coordena grupos de trabalho de automação de diversas redes de suprimentos,
como: calçados, construção civil, saúde, entre outras; está disseminando o código de barras
como padrão de identificação e o padrão EANCOM de troca eletrônica de dados entre
computadores (EDI), e está desenvolvendo em conjunto com diversas outras OARS a etiqueta
inteligente de identificação por rádio freqüência (RFID); oferece uma série de serviços de
apoio à implantação dos padrões, como: controle de qualidade de etiquetas; coordenação de
fóruns; entre outros; (4) não tem atuação no desenvolvimento de fornecedores, clientes e
negócios de seus associados, apesar de oferecer serviço de divulgação para os associados dos
fornecedores diversos relacionados com a automação das redes de suprimentos; (5) oferece
uma série de cursos presenciais e e-learning para treinar os associados a usar os padrões de
identificação e comunicação; (6) não tem outras atividades de destaque, além daquelas
descritas nos itens anteriores.
ECR:
(1) Não é uma associação com propósito de representação setorial e exercício de influência
sobre as OARS do ambiente; porém mantém estreito relacionamento com as ECR
internacionais para cumprir seus propósitos específicos de disseminação das melhores práticas
de resposta eficiente ao consumidor; (2) não faz pesquisa e divulgação de indicadores e
estudos econômicos, pois não faz parte do objetivo de sua criação; (3) empreende uma série
de atividades para disseminar as melhores práticas de resposta eficiente ao consumidor;
coordena grupos de trabalho, principalmente com representantes da indústria e varejo, para
implantar diversas práticas de padronização e gestão da cadeia de suprimentos de forma a
melhorar a eficiência das cadeias e consequentemente a resposta aos desejos e necessidade do
consumidor, tais como: reposição eficiente e reposição contínua, padronização de
identificação (código de barras e RFID) e comunicações (EDI), comércio eletrônico, catálogo
eletrônico, mensuração e avaliação de melhores práticas e índices de desempenho
(scorecard), custeio baseado em atividades (ABCosting), gerenciamento por categorias, entre
86
outros; (4) não faz pesquisa e desenvolvimento de fornecedores, clientes e negócios, pois não
é seu propósito; (5) promove uma série de cursos e eventos de disseminação das técnicas de
resposta eficiente ao consumidor; (6) não tem outras atividades de destaque, além das já
descritas.
FPNQ:
(1) Não é uma associação com propósito de representação setorial e exercício de influência
sobre as OARS do ambiente; porém mantém estreito relacionamento com outras entidades de
fomento de excelência de gestão e qualidade total internacionais para cumprir seus propósitos
específicos de disseminação das melhores práticas de classe mundial; (2) não faz pesquisa e
divulgação de indicadores e estudos econômicos, pois não faz parte do objetivo de sua
criação; (3) operacionaliza o prêmio nacional da qualidade (PNQ), há 12 ciclos; estabelece o
modelo de avaliação da gestão de empresas, usados no PNQ e na auto-avaliação das
empresas; publica os relatórios de gestão das vencedoras do PNQ, como casos emblemáticos
de gestão classe mundial; estabelece grupos de trabalho para desenvolvimento dos critérios de
avaliação, benchmarking, capital intelectual e inovação, entre outros; e promove os
seminários anuais de premiação e disseminação das melhores práticas; (4) não faz pesquisa e
desenvolvimento de fornecedores, clientes e negócios, pois não é seu propósito; (5) promove
uma série de cursos e eventos de disseminação das melhores práticas de gestão e qualidade;
(6) não tem outras atividades de destaque, além das já descritas.
Desta forma, foram resumidas as principais características de cada AAC pesquisada,
conforme descrito em detalhes no Apêndice B, e a seguir é feito o aprofundamento da análise
dos resultados.
87
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E PROPOSIÇÕES
Conforme foi constatado neste trabalho, as redes (sociais e clusters) de suprimentos
complexas, compostas por diversas camadas de fornecedores e distribuidores autônomos, por
várias empresas disponíveis em cada camada, e por várias atividades dentro e fora das
empresas e regiões, têm parte da sua coordenação realizada pelas ações coletivas das OARS.
Isso muda a administração das empresas, dando maior destaque às ações externas e às ações
coletivas dos membros da rede. Aumenta a necessidade de participação dos gerentes nas
OARS e aumenta a necessidade de criar processos organizacionais para repercutir e
corporificar (internalizar) na empresa as informações e aprendizado adquirido fora.
Como visto, a pesquisa de campo, relatada no Capítulo 4 e Apêndice B, esclarece quais são as
ações coletivas pesquisadas em cada uma das AAC da construção civil no Brasil.
As observações desta pesquisa foram divididas em duas partes:
(1) Caracterização das Redes de Suprimentos Complexas; e
(2) Contribuições das AAC para Coordenação das Redes de Suprimentos Complexas e
Gestão de Empresas e Cadeias Imersas nessas Redes.
A análise e discussão de cada um desses itens é aprofundada a seguir.
5.1 Caracterização das Redes de Suprimentos Complexas
A caracterização das redes de suprimentos complexas, contrastando com as cadeias de
suprimentos e outras formas de redes, é importante para as finalidades desta pesquisa, pois
essas características peculiares tornam a sua coordenação muito diferente da gestão das
cadeias de suprimentos e outras formas de redes. As redes complexas incluem as redes sociais
simétricas e clusters, e outras redes incluem redes sociais assimétricas, burocráticas,
proprietárias, e projetos, relatados na pesquisa da literatura (Quadro 1).
88
Para distinguir a administração das redes da administração das cadeias, é preciso reconhecer
que uma é diferente da outra, e, portanto, são necessárias definições que reconheçam essas
diferenças.
Propõe-se o uso de uma definição para as redes de suprimentos complexas adequada às
finalidades desse trabalho: “A rede de suprimentos complexa é uma estrutura de produção e
entrega de pacotes de valor ao cliente, composta por todas as empresas, cadeias de
suprimentos e OARS disponíveis no mercado e sociedade para escolha (ou conformação)
pelos gerentes de empresas, quando forem formar suas cadeias de suprimentos específicas”.
Desta forma, a rede não tem gerente, e, apesar de não ser um mercado nem uma hierarquia
(POWELL, 1990), se aproxima a um quase-mercado, que além de produtos e serviços oferece
relacionamentos inter-organizacionais complexos em diversos tipos de alianças e
colaborações.
Para contrastar, definimos a cadeia de suprimentos como: “Um conjunto de empresas
autônomas (ou de outras cadeias de suprimentos) escolhidas pelos gerentes das empresas
focais para participar do seu conjunto próprio de processos de produção e entrega de um
pacote de valor específico (produto e/ou serviço)”. Portanto, na cadeia de suprimentos há
gerência dos relacionamentos diádicos entre os elos que compõem as cadeias, além da gestão
das empresas focais. Conforme observamos na revisão da literatura, Nigel Slack e Michael
Lewis (2003) e Lambert, Cooper e Pagh (1998) adotam definições semelhantes.
Para complementar a caracterização das redes de suprimentos complexas, esta pesquisa
resume a sua complexidade em um único esquema, item 5.1.1, relaciona as principais
características no item 5.1.2, e propõe um esquema inicial para representar a rede de
suprimentos da construção civil no Brasil no item 5.1.2, conforme desenvolvido a seguir.
5.1.1 Esquema Proposto para as Redes de Suprimentos Complexas
O Esquema 16 apresenta uma representação gráfica das redes de suprimentos complexas
desenvolvido pelo autor, baseado na revisão da literatura. Agrupa no mesmo esquema os
conceitos de redes sociais simétricas e clusters.
89
Indica que a rede complexa é composta por uma seqüência de etapas de agregação de valor
como qualquer outra: extração ou produção de matéria-prima, beneficiamento ou fabricação
de materiais, manufatura de componentes e partes, distribuição, atacado e varejo, até finalizar
com a entrega do pacote de valor ao consumidor final (HARLAND, 1996), mas que se
diferencia das demais, pois cada etapa (ou elo) é composta por dezenas, centenas ou milhares
de participantes, de forma que as empresas têm muitas opções de fornecedores e clientes com
poder relativamente simétrico para escolher.
90
90
Rede de Suprimentos Complexa (Rede Social e
Cluster
):
“É uma estrutura de produção e entrega de pacotes de valor ao cliente, composta por todas as empresas,
cadeias de suprimentos, e OARS disponíveis no mercado e sociedade para escolha (ou conformação)
pelos gerentes de empresas, quando forem formar suas cadeias de suprimentos específicas” (nossa definição)
Fluxo de Materiais - Unidirecional
Fluxo de Pagamentos - Reverso
Fluxo de Informações - Multidirecional
Atividades da Rede de Suprimentos Pacote Valor
Montante da Cadeia Empresa Focal Jusante da cadeia
Fornecedores - Materiais e Servos Distribuidores
3 Camada 2 Camada 1 Camada 1 Camada 2 Camada 3 Camada
Matéria-Prima Beneficiamento Manufatura Montadora - Produto Final Distribuidor Atacadista
V
are
j
ista Consumidor
Muitos Muitas opções Muitas Muitos concorrentes Muitas Muitas Muitos
Materiais e opções opções e opções canais e
Fornecedores canais opções
Inter-conexão com outras redes de suprimentos de todo tipo de materiais e serviços
Fornecedores de Serviços Comuns:
Serviços Financeiros, Informática,
Informações
Organizações de Apoio à Rede de
Suprimentos - OARS:
Governo, Escolas, Universidades,
Institutos de Pesquisa,
Associações de Ação Coletiva,
Imprensa Seguimentada, Feiras e Exposições,
Congressos e Eventos de Conhecimento, e Empresas de Consultoria
Esquema 17: Redes de Suprimentos Complexas
91
Apresenta (1) as inter-conexões com outras redes de suprimentos dos fornecedores; (2) os
fornecedores de serviços comuns, chamados assim, pois seus serviços permeiam todas as
etapas da rede; e (3) as atividades oferecidas por OARS.
A rede, no Esquema 17, pode ser vista do ponto de vista de uma empresa focal localizada em
qualquer etapa da seqüência, e neste exemplo a empresa focal é uma montadora. Chamam-se
as etapas anteriores à empresa focal de etapas à montante e as etapas posteriores da seqüência
em direção ao consumidor final de jusante. À montante, em relação ao centro focal de uma
cadeia de suprimentos, estão os fornecedores de produtos e serviços e a jusante os canais de
distribuição. Os fornecedores imediatos são chamados de fornecedores de primeira camada,
os fornecedores dos fornecedores são chamados de fornecedores de segunda camada e assim
sucessivamente. O mesmo ocorre em relação aos clientes e clientes dos clientes. O fluxo de
materiais e serviços é unidirecional a jusante, o fluxo de pagamentos é unidirecional e
reverso, ou à montante, o fluxo de informações é multi-direcional ao longo de toda a cadeia.
5.1.2 Características das Redes de Suprimentos Complexas
Foram selecionadas entre as características das redes em geral, conforme apresentado no
Quadro 1, aquelas que têm mais afinidade com as redes de suprimentos complexas, como é o
caso da rede de suprimentos da construção civil no Brasil, e relacionadas a seguir:
(1) São concentrações de empresas interconectadas, fornecedores especialistas,
prestadores de serviços, empresas e setores relacionados, e instituições associadas
(universidades, organizações de padronização, associações setoriais) num campo particular,
que competem, mas também, cooperam entre si. Ressaltando que são vários fornecedores e
clientes de materiais, produtos e serviços em cada etapa (ou elo) da rede, com poder
relativamente simétrico, de forma que a empresa focal tem muitas opções de escolha na
formação de sua cadeia de suprimentos específica.
(2) São interconexões entre organizações que se relacionam mutuamente a montante e
jusante através de ligações entre processos e atividades, que produzem valor na forma de
produtos e serviços ao consumidor final.
91
92
(3) Uma série de instituições está sendo reconhecida como crucial para o sucesso da
economia: governo local, centros de educação de alta qualidade, um conjunto de
trabalhadores altamente preparados e especializados, institutos de pesquisas e associações
setoriais, entre outros.
(4) Os contratantes se beneficiem das experiências de seus sub-contratados com outros
clientes em outros setores e redes de suprimentos.
(5) Os fornecedores, por sua vez, estão protegidos de oscilações num determinado
produto, porque fazem negócios em outros mercados e segmentos.
(6) As empresas estão se tornando parte de uma comunidade de atores e interesses que
excedem as suas fronteiras
(7) Os relacionamentos são multidimensionais de longo prazo.
(8) Associação de especialistas, cada um com competência inigualável e com
flexibilidade numa fase ou tipo particular de produção.
(9) As empresas da rede formam diversos tipos de alianças e cadeias de suprimentos
para produção dos pacotes de valor específicos.
(10) Há incentivos para os fornecedores atualizarem equipamentos, sugerirem
mudanças tecnológicas, ou fazer planos de longo prazo.
(11) Englobam uma ampla gama de setores interligados.
(12) Há distribuição de tecnologia, habilidades e marketing, que cruzam empresas e
setores.
(13) Há necessidade e oportunidade de ações coletivas.
(14) Fornece um fórum eficiente e construtivo para diálogo entre empresas
relacionadas, fornecedores, governo, e outras instituições.
(15) Aumenta a produtividade atual (estática) das empresas e setores.
(16) Aumenta a capacidade de inovar e melhorar dos membros
(17) Estimula a formação de novos negócios, que apóiem a inovação e crescimento da
rede.
(18) Facilita a coordenação social: prestígio, status, amizade, senso de pertencer. São
recíprocas nos níveis interorganizacionais e interpessoais. As redes pessoais entre executivos
e empreendedores são a primeira forma de formação da rede social.
(19) Redes interpessoais são importantes para tratar problemas de mobilidade
ocupacional; mobilização de recursos; reprodução de habilidades; efetividade de
comunicação.
92
93
(20) Distritos industriais (Marshalian Districts, Clusters), de alta tecnologia e P&D
são versões de redes sociais baseadas em clones e imitações horizontais de pequenas
empresas, sustentado por mobilidade pessoal, proximidade geográfica e cultural. O Cluster
(aglomeração) é denso de empresas que se sobrepõem, com trabalhadores especializados e
bem treinados, e infra-estrutura institucional.
(21) A rede como instrumento de coordenação não é formalizada.
(22) As cadeias de suprimentos e suas alianças podem ser formalizadas por contratos
de associação ou comércio, simétricos ou assimétricos.
(23) Associações setoriais tem sido tradicionalmente empregadas para prover serviços
comuns de coordenação dos comportamentos de grande número de empresas.
(24) Projetos e produtos únicos: construção civil, cinema, disco, software, naval...
Contratos por projeto no curto prazo.
(25) Controle e monitoração mútua de compradores e fornecedores
(26) As organizações são extremamente porosas, os seus limites não são bem
definidos, os papéis do trabalho são vagos, as responsabilidades se sobrepõem e os laços de
trabalho se fazem cruzando as equipes entre membros de outras organizações.
Essas características em conjunto mostram a complexidade de uma rede com várias etapas de
agregação de valor ao longo da cadeia, oferta de muitas opções de empresas independentes
em cada etapa, e a participação de uma série de OARS para ajudar a coordenar milhares de
participantes.
5.1.3 Esquema da Rede de Suprimentos da Construção Civil no Brasil
O Esquema 18 apresenta a rede de suprimentos da construção civil do Brasil, desenhado pelo
autor. É importante ter em mente que em cada retângulo do desenho existem dezenas, ou
centenas, ou às vezes milhares de membros, para atender milhões de consumidores e dezenas
de milhares de clientes organizacionais e governamentais.
Conforme esquematizado acima, o consumidor de imóveis residenciais (casas, apartamentos,
e apart-hotel ou flat-service), pode: (1) comprar imóveis prontos (no projeto, em construção
ou acabados) de imobiliárias intermediárias, ou diretamente de incorporadores ou
93
94
construtores; (2) contratar os serviços de arquitetura, engenharia e construção de imóveis sob
encomenda de profissionais ou empresas especializadas; ou (3) fazer a auto-gestão da
construção de seu imóvel, contratando cada serviço diretamente com prestadores de serviços
especializados e comprando cada material de construção ou produto necessário para sua obra.
Consumidor Cliente/Empresa Cliente/Indústria Cliente/Governo
Comercial
Concessionários
Edifícios Edifícios Edifícios Edifícios Obras blicas
Residenciais Comerciais Industriais Utilidade Pública
Rede
Imobiliária
Incorporador Empreiteiro
Constr. Pesada
Arquiteto Projetos Projetos
2a Camada n... Camada
Engenheiro Projetos Projetos
2a Camada n... Camada
Construtor
Prest. Serviços
1a Camada
Prest. Serviços
2a Camada
Prest. Serviços
n... Camada
Fornecedor de
Módulos Instalados
Redes de Redes de Produtos Redes de Redes de OARS
Materiais de Acabados para Equipamentos Serviços
Construção Instalações de Construção Comuns
Esquema 18 – Rede de suprimentos da construção civil no Brasil
94
95
Empresas comerciais, industriais e o governo são clientes de edifícios de finalidades
específicas, que exigem projetos e execução específicos. A construção de edifícios de
escritórios, lojas, shopping centers, restaurantes, galpões industriais, fábricas de inúmeros
tipos de produtos, usinas de produção de energia, complexos petroquímicos, hospitais,
estações de tratamento de água, esgotos, e resíduos, loteamentos e condomínios, entre outros
exige a coordenação de esforços de muitos fornecedores de materiais, produtos e serviços. O
cliente pode: (1) comprar o imóvel desejado pronto de uma imobiliária ou incorporador; (2)
contratar os serviços de uma construtora, ou escritório de arquitetura ou engenharia para
coordenar o processo de construção de suas instalações específicas; ou (3) coordenar
pessoalmente as diversas atividades envolvidas na construção. Entretanto, a complexidade
destes tipos de imóveis varia muito, e acontece todo tipo de arranjo de contratações e sub-
contratações.
A rede de suprimentos imobiliária fornece terrenos urbanos ou áreas de terra para construção,
e imóveis prontos para consumidores, incorporados e empresas. A rede imobiliária não foi
mapeada nesta pesquisa, mas compreende diversas organizações: (1) órgãos ou instituições
públicas de registro de imóveis, transferência de propriedade, arrecadação de impostos; (2)
empreendedores ou incorporadores de loteamentos e condomínios; (3) imobiliárias; e (4)
fornecedores de serviços de marketing, propaganda, e divulgação.
O incorporador planeja e constrói um imóvel na expectativa de que, quando concluído, o
mercado irá pagar por ele um preço acima dos seus custos, gerando um lucro para o
incorporador (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO
EXTERIOR, 2002). Ele pode usar diversos arranjos de contratação e sub-contratação de
prestadores de serviços e de compras de materiais, produtos acabados e módulos, variando
conforme cada caso.
Os governos municipais, estaduais e federal, e seus órgãos, organizações e concessionários de
serviço público são clientes de obras públicas de infra-estrutura, tais como: ruas e avenidas,
tubulação de água, esgoto, vias pluviais, cabeamento elétrico, telefônico e ótico, canalização,
represas, pontes, viadutos, passarelas, túneis, estradas de ferro, rodovias, portos, aeroportos,
entre outros. Esses serviços são de diversos níveis de complexidade e os mais complexos são
executados, via de regra, por empreiteiros de construção pesada, que se incumbem da sub-
contratação de todos os prestadores de serviços e compras de materiais. Todo tipo de arranjo
95
96
de contratação e sub-contratação é empregado, porém sujeito a leis e regulamentos específicos
de concorrência e licitação pública.
Arquitetos e engenheiros, ou escritórios de arquitetura e engenharia, fazem projetos e plantas
de execução de cada detalhe da obra. Podem sub-contratar outros escritórios especialistas para
partes e módulos específicos, formando arranjos variáveis de acordo com as necessidades de
cada obra.
Prestadores de serviços são contratados pelos consumidores, incorporadores, construtores,
arquitetos, engenheiros, empreiteiros de construção pesada, ou outros prestadores de serviços,
e sub-contratam outros prestadores de serviços, formando uma rede de empresas e
profissionais que hora contratam e hora são contratados para cada obra específica.
Fornecedores de módulos instalados podem ser fabricantes de materiais, produtos pré-
fabricados, e produtos acabados, ou intermediários, que comercializam um pacote de produtos
e serviços. De acordo com nossa pesquisa de campo, há uma tendência crescente de
modularização das obras. As grandes construtoras de edifícios tendem a contratar pacotes de
produtos e serviços instalados na obra, transferindo para fabricantes e prestadores de serviços
os processos de instalação e gerenciamento, e as atividades meio e intermediárias. Desta
forma, fabricantes de materiais elétricos tendem a oferecer aos construtores ou incorporadores
instalações elétricas, e assumir a coordenação dos prestadores de serviço (próprios ou
terceiros) para fazer as instalações de seus produtos. Da mesma forma, procedem outros
fabricantes de materiais e produtos, tais como: instalações hidráulicas, impermeabilizações,
pintura, caixilhos, pisos, elevadores, automação, entre outros.
A rede de suprimentos da construção civil inclui outras redes complexas de produção de bens
e serviços, tais como:
(1) Várias redes de materiais de construção, que são diferentes entre si. O Quadro 5:
Cadeias Produtivas da Construção (JOBIM FILHO, 2002, p. 40) e os Esquemas 5 a 11, do
Capítulo 2 de revisão da literatura, detalham as cadeias de suprimentos de vários materiais de
construção.
(2) Redes de equipamentos e acessórios para instalações, incluem: elevadores,
equipamentos de automação, segurança, ar condicionado, exaustor, refrigeradores, entre
96
97
outros. As redes de suprimentos que produzem esses produtos acabados estão localizadas em
segmentos de engenharia eletroeletrônica, aço, tecnologia de computadores, e tecnologia de
comunicação.
(3) Redes de equipamentos de construção, incluem: guindastes, betoneiras, tratores,
caminhões, carrocerias, elevadores, andaimes, fôrmas, empilhadeiras, entre outros. Essas
redes estão localizadas na indústria automobilística, mecânica, máquinas e equipamentos,
locação e leasing.
(4) Redes de serviços comuns. Uma série de prestadores de serviços e fornecedores de
equipamentos servem a todos os membros da rede, tais como: computadores, software,
telecomunicações, bancos, sistema financeiro, sistema de cobrança, agências de propaganda,
veículos de comunicação, entre outros.
(5) Organizações de Apoio às Redes de Suprimentos (OARS), incluem: órgãos e
agências do governo, associações de ação coletiva (setoriais e supra-setoriais), universidades e
institutos de pesquisa e educação, feiras, exposições, congressos, e eventos de conhecimento,
veículos segmentados de imprensa, websites e portais, e empresas de consultoria. O Quadro 8
apresenta a relação das associações de ação coletiva da rede de suprimentos da construção
civil, objeto de pesquisa deste trabalho.
5.2 Contribuições das AAC para Coordenação das Redes de Suprimentos Complexas e
Gestão de Empresas e Cadeias Imersas nessas Redes.
As OARS em conjunto desempenham o papel de coordenação indireta (não gestão) de parte
das redes de suprimentos. Essa coordenação indireta acontece, pois cada OARS cria
elementos e condições que devem ser considerados pelos gerentes das empresas, seja por
força de conformação, seja por oportunidade de melhoria das suas práticas. As AAC
desempenham uma série de funções coletivas para fazer essa coordenação, bem como,
desempenham uma série de atividades coletivas que substituem ou complementam atividades
semelhantes dentro das empresas.
5.2.1 Análise das Causas de Formação de AAC e Mecanismos de Coordenação de Redes.
97
98
É feita uma análise no Apêndice C das atividades e serviços das AAC, apresentados na
literatura como Causas de Formação das AAC (Quadro 6) e dos Mecanismos de Coordenação
de Redes (Quadro 4), comparando-os com as atividades e serviços das AAC apurados na
pesquisa de campo e relatados no Apêndice B.
São indicadas quais características estão presentes “P”, ausentes “A” ou não foram
pesquisadas nem observadas “N” em cada uma das oito associações pesquisadas.
Desta análise, destacam-se algumas características:
(1) As atividades das associações em geral são complementares, ou seja, cada
associação tem sua função e uma supre as atividades não encontradas em outra. Embora
tenham sido observadas algumas sobreposições.
(2) Os sindicatos têm suas atividades básicas definidas por lei ou normas. Parte das
suas funções inclui a representação e comprometimento da categoria com a sociedade em
geral, legalmente e juridicamente, e para isso têm poder de controlar seus associados,
associando e cobrando anuidades compulsoriamente.
(3) As associações são organizações voluntárias empreendidas para obter bens e
serviços coletivos, ou seja, em benefício de seus associados, além de outros interessados
(stakeholders).
(4) Os sindicatos oferecem muitas atividades e serviços de interesse de seus
associados, além de suas atribuições legais, através de receitas e atividades voluntárias
características das associações.
(5) Algumas associações são formadas por empresas, outras associações, e sindicatos
para realizar propósitos específicos e que congregam outros setores na mesma rede de
suprimentos, ou mesmo outras redes de suprimentos, como é o caso da FPNQ, EAN Brasil,
ECR Brasil.
(6) As redes complexas, como a rede da construção civil pesquisada, exigem uma
grande quantidade de OARS para coordenar as suas inúmeras atividades.
(7) A quantidade de ações coletivas é muito grande nas redes de suprimentos
complexas, colaborando ou complementando parte das ações estratégicas, gerenciais,
operacionais, técnicas, mercadológicas, jurídicas, econômicas, financeiras, de capacitação,
98
99
entre outras, ou até mesmo transferindo parte dessas atividades do âmbito interno da empresa
para o âmbito das ações coletivas fora da empresa, nas OARS;
(8) As ações coletivas envolvem coordenação entre os membros da rede na região, no
país e no mundo. A tecnologia, o conhecimento, os fornecedores, clientes e concorrentes
podem estar localizados em qualquer lugar do mundo, dentro e fora do setor. Daí a
necessidade de participação em eventos e feiras fora do país; acompanhamento dos
acontecimentos pela imprensa, entre outras ações.
(9) As ações coletivas são desenvolvidas por grupos de trabalho, comissões, comitês,
fóruns ou colegiados com participação de representantes de vários membros da rede
envolvidos na ação.
(10) Algumas ações coletivas obrigam todos os membros das redes e para outras a
adesão é voluntária. Entretanto, muitas ações voluntárias sofrem pressões dos membros da
rede para sua adesão, tais como: padronização de código de barra, e comunicação de dados,
padronização de equipamentos e acessórios, pesos e medidas, integração de sistemas
informatizados, reposição eficiente, entre outros.
(11) Existe uma preocupação de destaque com ações para obtenção, desenvolvimento
e disseminação de conhecimento e melhores práticas, bem como, capacitação de empresas e
pessoas.
(12) A Tabela 1 apresenta um resumo numérico das observações relativas ao Apêndice
C.
Tabela 1 - Resumo da Análise das Causas de Associação e Mecanismos de Coordenação de
Redes (Apêndice C)
Observação Quantidade %
Quantidade total de itens analisados 54 100,0
Quantidade de itens observados na pesquisa 37/54 68,5
Quantidade de itens da literatura não pesquisados e não observados na
pesquisa de campo
17/54 31,5
Quantidade de itens presentes no “Sinduscon/SP” 34/37 91,9
Quantidade de itens presentes na “ABCP” 28/37 75,7
Quantidade de itens presentes na “ABCEM” 26/37 70,3
Quantidade de itens presentes na “SOBRATEMA” 25/37 67,6
Quantidade de itens presentes na “FPNQ” 25/37 67,6
99
100
Quantidade de itens presentes na “EAN Brasil” 25/37 67,6
Quantidade de itens presentes na “ECR Brasil” 26/37 70,3
Quantidade de itens presentes na “FIESP” 35/37 94,6
5.2.2 Atividades e Serviços das AAC
As atividades das AAC, conforme detalhado no Apêndice B (B.1 a B.6), oferecem uma
extensa lista de serviços às redes de suprimentos e empresas. Refletem as contribuições das
associações de ação coletiva para coordenação indireta das redes de suprimentos, e para a
gestão de empresas imersas em redes complexas. Nesta pesquisa os trabalhos do conjunto
dessas associações atuando no segmento da construção civil foram classificados por
semelhança e afinidade em seis categorias:
(1) Interação com o ambiente e influência sobre as decisões que afetam os associados.
(2) Pesquisa e divulgação de indicadores e estudos econômicos.
(3) Pesquisa, desenvolvimento e difusão de conhecimento - tecnológico e gerencial.
(4) Pesquisa e desenvolvimento de fornecedores, clientes e negócios.
(5) Capacitação de pessoas através de cursos diversos.
(6) Serviços diversos
A seguir as atividades de cada categoria são detalhadas e comparadas com a revisão da
literatura. Essas atividades de cada AAC foram relatadas no Apêndice B (B.1 a B.6) e aqui
são agrupadas num conjunto único de associações.
5.2.2.1 Interação com o ambiente e influência sobre as decisões que afetam os associados.
O conjunto das AAC pesquisadas oferece as seguintes ações de interação com o ambiente e de
influência sobre as decisões que afetam os associados, como se segue:
100
101
(1) Trabalho desenvolvido para influenciar e defender os interesses dos associados
junto aos organismos internacionais, promoção de missões ao exterior e recepção de missões
estrangeiras. (VAN WARDEN, 1992).
(2) Trabalho desenvolvido para influenciar e defender os interesses dos associados
junto aos órgãos e agências do governo que legislam e regulamentam diversas atividades do
setor, tais como as áreas: trabalhista; comercial; tributária; meio-ambiente; segurança do
trabalho; código de defesa do consumidor; padrões e normas técnicas (OLSON, 1971; VAN
WAARDEN, 1992; PORTER, 2000; OLIVER, 1990). Redução das incertezas legislativas e
aumento da estabilidade. Ações de interlocutor e representação legal do setor e dos
associados.
(3) Trabalhos de desenvolvimento da consciência ecológica sustentável e
responsabilidade social dos associados em busca de legitimidade (OLIVER, 1990);
(4) Trabalho junto às autoridades para expansão e facilitação da obtenção de crédito
para construção e habitação, principalmente junto ao Sistema Financeiro da Habitação (SFH),
e seus agentes (Caixa Econômica Federal (CEF) - por exemplo) (VAN WARDEN, 1992);
(5) Trabalho conjunto com outras organizações e instituições sociais que influenciam a
atividade do setor (VAN WARDEN, 1992);
(6) Relacionamento com interlocutores do mercado e sociedade, adversários e aliados,
representantes dos trabalhadores, fornecedores e clientes.
(7) Ações para manter a boa imagem dos associados na sociedade. Desenvolvimento
de atividades de apoio à sustentabilidade ambiental e responsabilidade social do setor.
(8) Acompanhamento profissional e comunicação de notícias, análises e orientações
relativas a essas áreas, através de boletins informativos, jornais e revistas segmentadas
(OLIVER, 1990).
(9) Os sindicatos têm concessão legal para associação compulsória e arrecadação de
contribuições.
(10) Evitar males coletivos, ameaças ou injustiças.
5.2.2.2 Pesquisa e divulgação de indicadores e estudos econômicos.
101
102
O conjunto das associações de ações coletivas pesquisadas oferece as seguintes ações de
pesquisa e divulgação de indicadores e estudos econômicos, embora a maioria das ações neste
sentido seja feita pelos sindicatos para cumprir exigências e normas legais:
(1) Pesquisa e apuração de custos, destacando custo de mão-de-obra e materiais, por
metro quadrado e por projeto-padrão de imóveis residenciais, salas comerciais, galpão
industrial e casa popular;
(2) Comparações das taxas de desenvolvimento da economia com as taxas da
construção civil; número de lançamentos; velocidade de vendas; unidades financiadas pelo
SFH; consumo de cimento; emprego da construção civil; inflação; análise do índice de
desenvolvimento habitacional e indicadores sociais; etc... (OLIVER, 1990);
(3) Publicação de pesquisas e análises econômicas, relações de custos de materiais e
serviços, estoque de empregados na construção civil e as variações mensais e anuais
(OLIVER, 1990; PORTER, 2000);
(4) Análise e publicação de trabalhos especiais, debates econômicos, investimentos de
órgãos públicos, número de unidades financiadas pela poupança, habitação popular, etc...
(5) Publicação de revistas, jornais, e estudos especiais sobre macroeconomia e
políticas públicas, índices e indicadores.
(6) Sondagem nacional da opinião de um grande número de empresários da construção
sobre os rumos da economia e da construção. (OLIVER, 1990).
5.2.2.3 Pesquisa, desenvolvimento e difusão de conhecimento técnico e gerencial.
O conjunto das AAC pesquisadas oferece as seguintes ações de pesquisa, desenvolvimento e
difusão de conhecimento técnico e gerencial:
(1) Formação de grupos de trabalho, comitês e comissões para: avaliar, adquirir, criar,
desenvolver e disseminar conhecimento; tratar de todo tipo de assunto de interesse dos
associados; para troca de idéias, socialização, externalização, interação, validação de
compreensões e entendimentos. (PORTER, 2000; OLIVER, 1990; WENGER, 2000; VAN
WAARDEN, 1992; OLSON, 1971; McDERMOTT, 1999; BROWN; DUGUID, 1991).Tais
como:
(1.1) Desenvolvimento e disseminação de programas de gestão da qualidade em
projetos, materiais, produtos e serviços; processos de certificação do Programa Brasileiro de
102
103
Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), ISO 9000, Programa Regional da Qualidade
das Habitações nos países do Mercosul e Chile; processo de planejamento e controle de obras;
entre outros;
(1.2) Pesquisa para conhecer a gestão de recursos de informática utilizados pelas
empresas associadas e sua aplicação aos negócios;
(1.3) Participação dos grupos de trabalho nos processos de normalização da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e da Associação EAN Brasil (código de
barras, radio frequency identification (RFID), padrões de comunicação) (OLIVER, 1990);
(1.4) Sustentabilidade do meio-ambiente e responsabilidade social (PORTER, 2000).
Uso racional e redução do consumo dos recursos naturais; recuperação do meio ambiente;
programas e pesquisas de ações sociais no setor; energia, água, resíduos, entre outros.
(1.5) Redução das incertezas competitivas, trocando informações e conhecimento.
(1.6) Promoção da competitividade, melhoria, inovação, modernização, estado da arte
da tecnologia, e excelência de gestão.
(1.7) Intercâmbio com universidades, institutos de pesquisa e
professores/pesquisadores para desenvolvimento e disseminação de conhecimento.
(2) Estímulo e fornecimento de contexto para o desenvolvimento de comunidades de
profissionais e empreendedores, na medida em que estimulam a interação de grupos
interdisciplinares e interorganizacionais nos diversos grupos de trabalho e eventos
promovidos pelas associações. Por exemplo: o Programa Comunidade da Construção para
integração dos agentes da cadeia produtiva e melhoria contínua dos processos construtivos à
base de cimento congrega as principais entidades dos construtores, fornecedores, projetistas e
profissionais, além de organismos nacionais, como o serviço de aprendizado da indústria
(Senai) e o serviço brasileiro de apoio à pequena e média empresa (Sebrae). A formação da
comunidade é um processo contínuo e gradativo e a sua base de funcionamento é a troca de
idéias. Partindo da contribuição financeira, de conhecimento e articulação de cada empresa ou
profissional, os membros passam a fazer parte de uma rede sinérgica, em que todos colhem o
fruto da organização e da contribuição de cada um;
(3) Programas de construção e divulgação de casos emblemáticos, que sirvam como
exemplo de melhores práticas para outros associados. Elaboração de metodologias de
construção de casos e treinamento de profissionais para aplicar a tecnologia. Descrição e
publicação de casos e experiências técnicas e gerenciais nas diversas áreas de conhecimento
do setor;
103
104
(4) Intercâmbio e parcerias com universidades, escolas e organizações de pesquisa e
tecnologia para desenvolvimento do conhecimento do setor (PORTER, 2000);
(5) Publicações de livros, revistas, relatórios, e websites, com o conhecimento
necessário para desenvolvimento de projetos, produtos e serviços do setor;
(6) Promoção de prêmios e concursos para desenvolvimento do conhecimento no
setor;
(7) Apuração e publicação de parâmetros comparativos e indicadores de
competitividade para conhecer e comparar pontos fortes e fracos e as melhores práticas do
setor (benchmarking);
(8) Publicação de revistas, boletins (newletters) e livros com conhecimento de
interesse dos associados;
(9) Organização ou participação em congressos, seminários e outros eventos de
conhecimento. Encontros de empresários e executivos da construção com fornecedores de
produtos para trocar experiências e informações técnicas, para divulgação de novas
tecnologias que possam proporcionar melhorias da qualidade dos produtos e processos da
construção civil;
(10) Diversas soluções - conceitos e ferramentas - de resposta eficiente ao consumidor
estão sendo promovidas - adaptadas, desenvolvidas e implementadas - pelo bem de toda a
sociedade (MAITA; LABAN NETO, 2004), tais como: reposição eficiente; padronização no
abastecimento; Troca de Dados Eletrônicos - Eletronic Data Interchange (EDI); Comércio
Eletrônico (e-Commerce); Catálogo Eletrônico; Comparação de Indicadores (Scorecard);
Custeio Baseado em Atividades (ABCosting); Gerenciamento por Categorias; Planejamento,
Previsão, e Reposição Colaborativos - Collaborative Planning, Forecasting and
Replenishment (CPFR); Processos Financeiros; e Etiqueta Inteligente.
5.2.2.4 Pesquisa e desenvolvimento de fornecedores, clientes e negócios.
O conjunto das associações de ações coletivas pesquisadas oferece as seguintes ações de
organização, promoção ou apoio de eventos para encontro dos agentes da cadeia de
suprimentos (fornecedores, concorrentes e canais de distribuição) e facilitação de trocas de
informações, exposição de produtos e serviços, e realização de negócios.
104
105
(1) Organização de feiras e exposições
Feiras e exposições são eventos de encontro de agentes da cadeia de suprimentos e OARS,
para expor e comercializar produtos e serviços (PORTER, 2000). Quando os empresários do
ramo de feiras e exposições falham em empreender eventos para um setor, as associações de
ação coletiva tomam a frente para organizar e realizar as feiras.
(2) Apoio e organização de missões ao exterior para visitar feiras e exposições.
Com a globalização dos processos e mercados torna-se importante ter uma visão mundial das
redes de suprimentos, portanto, a organização de missões de empresários brasileiros para
visitas aos eventos internacionais é um importante veículo para fazer contatos, negócios,
trocar idéias com fornecedores, e trocar idéias entre os membros das missões.
(3) Apoio à Participação dos Associados em Licitações Públicas
O mercado de obras públicas é especialmente importante na rede de suprimentos da
construção civil, pois os governos são empreendedores de edificações e de infra-estrutura.
Portanto, acompanhar de perto e estar preparado para participar das licitações públicas é um
mercado considerável para as empresas e cadeias de suprimentos. Nesse sentido as
associações pesquisadas oferecem uma série de serviços para participação de seus associados
em licitações públicas:
(3.1) Acompanhamento e divulgação de notícias, análises e orientações sobre
concorrências e licitações públicas;
(3.2) Consultoria;
(3.3) Cursos;
(3.4) Serviços de interlocutor com os órgão públicos, visando otimizar as relações
empresário/governo e estimulando a competitividade do setor, tais como: Fundação para o
Desenvolvimento da Educação; Prefeituras; Secretarias de Serviços e Obras; entre outros;
(3.5) Publicação das normas para registro cadastral e ficha para cadastro de
fornecedores em inúmeros órgão e empresas públicas. Tais como: Companhia de
Desenvolvimento da Habitação Urbana (CDHU); Sistema de Cadastramento Federal
(SICAF); NOSSA CAIXA; Cia. Hidrelétrica do São Francisco (CHESF), entre outros;
105
106
(3.6) Fiscalização das licitações públicas, dentro dos princípios éticos, morais e legais,
defendendo o interesse da categoria econômica da indústria da construção civil, e tamm
colaborando, por conseqüência, com os poderes públicos na preservação dos interesses da
sociedade;
(3.7) Orientação sobre os modelos de editais e orientações para participação de
licitações;
(3.8) Manutenção e divulgação de cadastros de fornecedores de materiais e serviços.
(4) Pesquisa e desenvolvimento de financiamento para Construção Civil.
A rede de suprimentos da construção civil é dependente de financiamento para poder
empreender suas obras, em função dos altos valores envolvidos, por isso as ações coletivas
para aumentar a disponibilidade de financiamento do sistema financeiro da habitação do
governo e de outras fontes privadas dentro e fora do país podem viabilizar ou não as obras.
Uma série de ações são então desencadeadas nesse sentido:
(4.1) Articulação política para reativar os mecanismos do sistema financeiro;
(4.2) Negociação com agentes financeiros externos para viabilizar a vinda de recursos.
Sensibilizar o governo federal para promover mudanças na legislação vigente para entrada de
capital, tais como: Banco Central, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), Caixa Econômica Federal (CEF), Bancos em geral;
(4.3) Contatar instituições e agendar palestras;
(4.4) Fórum permanente para discutir propostas de melhorias no sistema de crédito;
(4.5) Disponibilização na Internet de informações atualizadas, para que o associado
identifique, entre as diversas linhas existentes, a mais adequada para seu negócio;
(4.6) Convênios com Instituições Financeiras.
(5) Apoio ao Comércio Exterior
As associações de ação coletiva da rede de suprimentos da construção civil não oferecem
serviços para comércio exterior. Entretanto, a Fiesp, conforme Apêndice B, que representa
muitas outras redes de suprimentos e setores industriais, mais ativos em comércio exterior do
que a construção civil, oferece uma série de serviços nesse sentido, que podem ser utilizados
pela indústria de materiais de construção, como se segue:
106
107
(5.1) Manutenção de escritório permanente de negócios e acordos internacionais;
(5.2) Promove e simplifica as operações de negócios internacionais, apoiando o
produtor ou exportador interessado em iniciar ou ampliar negócios no exterior;
(5.3) Convênio com a Comissão Européia para facilitar e promover o intercâmbio com
empresas estrangeiras que queiram estabelecer alianças estratégicas no Brasil, visando maior
competitividade, eficiência operacional, aprimoramento tecnológico e inserção no mercado
internacional;
(5.4) Emite o Certificado de Origem, documento necessário no processo de
exportação, para obtenção de tratamento preferencial ou cumprimento de exigências
estabelecidas na legislação do país importador;
(5.5) Missões e rodadas internacionais com intuito de abrir portas para instituições e
investidores estrangeiros interessados em parcerias comerciais com empresas brasileiras;
(5.6) Assessoria especializada em comércio exterior para esclarecer dúvidas sobre
questões técnicas, impostos, documentação, acordos internacionais, nomenclaturas e outros
temas;
(5.7) Orientação sobre as exigências administrativas, fiscais e cambiais nas operações
de importação;
(5.8) Orientação sobre as vantagens comparativas entre os diversos modais de
transporte (aéreo, marítimo, ferroviário, rodoviário); consolidação e desconsolidação de
carga; multimodalidade nos transportes; custos de logística; simulações para cotações e
negociações de fretes; embalagens para exportação; legislação aduaneira.
(5.9) Orientação sobre a legislação internacional e regulamentação relativas ao
bioterrorismo.
5.2.2.5 Capacitação de Pessoas através de Cursos Diversos.
Todas as associações pesquisadas oferecem uma série de cursos e eventos de aprendizado e
atualização de conhecimentos, para empresários, gerentes, profissionais e trabalhadores:
desde alfabetização do trabalhador da construção civil, até cursos de atualização nas áreas:
técnica, engenharia, financeira, contabilidade e tributação, área jurídica, certificação ISO9001
107
108
e 14001, desenvolvimento humano, gestão empresarial, qualidade e produtividade, entre
outros (PORTER, 2000).
5.2.2.6 Serviços diversos
Alguns outros serviços são oferecidos aos associados, como se segue:
(1) Coleção e distribuição das notícias de interesse da empresa e do setor publicadas
em diversos veículos da imprensa (clipping);
(2) Desenvolvimento e fornecimento de softwares para projetos de produtos e
serviços;
(3) Serviços de laboratório à indústria de materiais de construção e aos clientes. Para
realização de análises químicas, físico-mecânicas e mineralógicas de matérias-primas,
combustíveis, resíduos industriais, e materiais de construção;
(4) Assistência a laboratórios no controle de condições ambientais, manuseio e
calibração de equipamentos. Programas de treinamento a laboratoristas em análises
mineralógicas, químicas e ensaios de materiais de construção;
(5) Publicação de perguntas mais freqüentes (FAQs) e respectivas respostas.
(6) Banco de currículos. Espaço reservado para divulgação de currículos de carreiras
voltadas ao setor;
Esses serviços adicionais são contingentes de cada associação e respondem às necessidades e
oportunidades específicas dos associados, caracterizando a flexibilidade e disposição das
associações para atender seus associados.
5.2.2.7 Outros serviços mencionados na revisão da literatura, porém não pesquisados e
não observados especificamente na pesquisa de campo.
Alguns serviços e atividades das AAC observados na revisão da literatura não foram
questionados especificamente pelo roteiro de entrevistas, e nem apareceram voluntariamente
durante as entrevistas, como se segue:
108
109
(1) Patrocínio de grandes empresas, arcando com a maioria dos custos para ter a força
institucional de todos os associados em negociações com a sociedade e o governo;
(2) Causas para formação das associações e sindicatos não foram pesquisadas,
entretanto as atividades e serviços atuais esclarecem porque as atividades são empreendidas,
embora não esclareçam as origens da associação. Tais como: ameaças de intervenção do
governo, guerras, exemplos externos, etc...
(3) Proximidade geográfica. As associações pesquisadas são nacionais ou estaduais, e
interligadas com outras associações nacionais e internacionais. Portanto, proximidade
geográfica é uma característica menos importante para essas associações.
(4) Custos de associação.
(5) Padronização de produtos, além das normas técnicas.
(6) Consórcio de compras.
(7) Busca de subsídios e favores;
(8) Monopólio de serviços, tais como: direito de distribuir recursos escassos,
manipulação de cotas de importação e exportação, exclusividade de mão-de-obra, distribuição
de financiamentos, direito de inspeção e auditoria compulsória, direito de patrulhamento, e
fiscalização de segurança.
(9) Hierarquia e relações de autoridade, pois não são características de uma rede
complexa.
(10) Sistemas de planejamento e controle. Podem ser facilitados pelas atividades das
associações, entretanto, não são coordenados pelas associações.
(11) Sistemas de incentivo.
(12) Sistemas de seleção. Nada foi observado além de cursos e banco de dados de
currículos.
(13) Na Rede da Construção Civil brasileira não existe uma associação que congregue
toda a rede de suprimentos. Quando são necessárias ações coletivas que envolvam realmente
toda a rede são formadas novas associações (ou agências), geralmente de propósitos
específicos, que trabalham para várias redes de suprimentos, tais como: a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), EAN Brasil, FPNQ e ECR Brasil. Nem o Sinduscon
(Construtoras), nem a ABCP (Fabricantes de Cimento), nem a ABCEM (Fabricantes de
Construção Metálica) representam toda a rede. Portanto, não constatamos uma associação
representante de toda a rede.
109
110
5.2.3 Conseqüências para Gestão de Empresas e Cadeias de Suprimentos
Esta pesquisa relata quais atividades das redes, cadeias e empresas são executadas
coletivamente fora das empresas, dentro das AAC. Além das atividades de coordenação das
redes de suprimentos, a quantidade de ações coletivas que complementam ou substituem
ações internas das empresas é muito grande nas AAC das redes de suprimentos complexas.
Parte das ações estratégicas, gerenciais, técnicas, jurídicas, econômicas, mercadológicas,
financeiras, de capacitação, entre outras, são complementadas ou até mesmo podem ser
transferidas do âmbito interno da empresa para o âmbito das ações coletivas fora da empresa,
nas OARS.
Através da sua participação nas atividades das OARS, e especificamente nas AAC, as
empresas e seus executivos têm contato com mudanças (sociais, tecnológicas, econômicas,
políticas, entre outras), aprofundam e validam seu conhecimento, trocam idéias, e encontram
apoio para sua implantação nas empresas. As AAC são, portanto, fonte de informação e
conhecimento para melhorar e inovar a empresa.
E, finalmente, para administrar empresas que operam em redes complexas de suprimentos,
ganham destaque as atividades externas à empresa, relativas ao desenvolvimento do ambiente
e das redes de suprimentos, o que exige dos gerentes novas competências para participar e
influenciar as ações coletivas das OARS, além dos relacionamentos diádicos das cadeias de
suprimentos. A alternativa é conformar-se ao trabalho coletivo de outros.
110
111
6 CONCLUSÕES
Pode-se observar, pelo que foi exposto neste trabalho, que as redes complexas de suprimentos
são constelações de organizações independentes de agregação de valor para produzir produtos
e serviços semelhantes, incluindo os fornecedores e fornecedores de fornecedores,
concorrentes, clientes e clientes de clientes, e as organizações de apoio (OARS), disponíveis
na sociedade mundial. Não há coordenação nem gestão dessa rede, no mesmo sentido da
coordenação e gestão das atividades dentro de uma mesma empresa integrada verticalmente.
Entretanto, estas redes também não estão totalmente desgovernadas, à deriva num caos
absoluto. Diversos mecanismos sociais e tecnológicos estão contribuindo para organizar
partes importantes dessas redes, que melhoram seu desempenho econômico como sistema de
produção de bens e serviços, e proporcionam um capital social e tecnológico importante para
a competitividade das empresas que estão imersas nessas redes.
Imagine-se uma rede onde não houvesse legislação, regulamentos e instituições para regular
os inter-relacionamentos e contratos entre empreendedores e empregados, clientes,
fornecedores, concorrentes, sociedade, meio-ambiente; ou sem normas técnicas, padrões de
pesos e medidas, códigos e comunicações entre computadores, e linguagem técnica e
gerencial comum; imagine-se uma sociedade onde cada banco tivesse seu próprio sistema de
cobrança, em que cada formulário do sistema financeiro fosse proprietário e exclusivo de cada
banco, e assim sucessivamente. Isso seria uma situação caótica.
Conforme observamos nesta pesquisa, as OARS, e especificamente as AAC, realizam um
trabalho importante e relevante para coordenar esforços coletivos dos diversos elos das redes
de suprimentos e construir mecanismos, como: organizações, leis, regulamentos, normas
técnicas, padrões, melhores práticas, conhecimento, tecnologia, eventos, oportunidades de
reunião, ação coletiva, negócios, cursos e aprendizado, que tornam o sistema de produção em
rede mais produtivo e competitivo.
As OARS são mecanismos de coordenação de esforços coletivos da rede muito diferentes
daqueles encontrados nas empresas. A maioria das ações coletivas é voluntária, ou seja, as
empresas podem optar por participar ou não dessas ações. Entretanto, a aplicação das decisões
111
112
decorrentes dessas ações pode ser voluntária ou compulsória. Desta forma, as leis,
regulamentos e normas estabelecidos nas comissões de trabalho das OARS são obrigatórios,
já alguns desenvolvimentos de melhores práticas técnicas e gerenciais são voluntárias, e
outras, apesar de voluntárias, tornam-se obrigatórias pela prática de mercado, tais como:
código de barras, sistemas bancários, EDI, padrões de internet, entre outros.
Observamos nesta pesquisa, por outro lado, um grande número de ações coletivas, serviços, e
atividades das AAC, que são importantes e relevantes para a administração das empresas. É
grande o número de atividades que as empresas precisam executar para atender as exigências
e sugestões das OARS. Administrar empresas exige estreito acompanhamento dessas
exigências ou sugestões, seja, implantando aquilo que é obrigatório por lei ou exigido pelo
mercado, seja, implantando aquilo que é eficiente ou recomendado pelas melhores práticas.
O Capítulo 5 caracteriza as redes de suprimentos complexas e ressalta que parte da
coordenação dessas redes é feita por ações coletivas das OARS, com destaque para as AAC,
conforme foi possível deduzir da revisão da literatura.
Reúne em um único esquema uma sugestão preliminar de representação das redes de
suprimentos complexas, destacando as várias etapas de agregação de valor ao longo da cadeia
(ou elos), os vários membros da rede em cada etapa, e as OARS. Esse esquema proposto é a
fusão de outros esquemas menos completos, encontrados na revisão da literatura de redes,
com os esquemas e conceitos de clusters. Ainda não pode ser considerado, entretanto, um
esquema geral das redes de suprimentos, e não se propõe a isso.
Apresenta uma definição própria para as redes de suprimentos complexas, conforme
necessário para as finalidades deste trabalho, e a diferencia em parte da definição de cadeias
de suprimentos. Ressalta que a coordenação das redes e cadeias são muito diferentes, porque
as duas são organizações diferentes.
Propõe um esquema preliminar para representar a rede de suprimentos da construção civil no
Brasil, e destaca a sua inter-relação com várias outras redes de suprimentos de fornecedores
de imóveis, materiais de construção, produtos acabados, entre outros. Destaca sua
complexidade, interdependência, e pulverização em milhares de empresas independentes
112
113
trabalhando em conjunto. Ressalta a necessidade de coordenação desses milhares de
participantes por organizações independentes e de ação coletiva.
Considera as redes de suprimentos, e especificamente a rede da construção civil no Brasil,
como contexto complexo e como sistema de produção de bens e serviços aos clientes.
Relata as atividades e serviços prestados pelas AAC para coordenação e melhoria da rede de
suprimentos da construção civil no Brasil. Essa experiência acumulada nas AAC sugere como
proceder para obter, desenvolver ou disseminar informação, conhecimento, bens e serviços
coletivos. Orienta, portanto, a ação das empresas e das AAC, com base na prática de como as
AAC estão sendo administradas.
Relata uma grande quantidade de atividades e ações coletivas que devem ser consideradas
pelos administradores das empresas, para decidir aquelas que continuarão sendo executadas
dentro da empresa e quais serão confiadas às AAC. E isso pode provocar mudanças na gestão
das empresas e cadeias, e nas competências de executivos e profissionais.
Conforme definição do problema desta pesquisa, o problema das redes de suprimentos e das
empresas que operam imersas nessas redes: “é entender o sistema de produção em rede e
encontrar mecanismos de coordenação que ajudem a manter as redes competitivas”. A
pesquisa concentrou-se nas redes sociais, que incluem os clusters, e que são compostas por
várias empresas independentes em cada etapa de agregação de valor, podendo estar
localizadas em várias regiões ou países. Esta pesquisa concluiu, que essas redes são apenas
em parte coordenadas por organizações de ação coletiva, as OARS, com grande participação
das AAC, que trabalham para criar as condições dentro e fora das redes para torná-las
competitivas no mercado de pacotes de valor. Chama a atenção para a necessidade de
intensificação da participação dos gerentes e profissionais das empresas nas atividades dessas
organizações como forma de influenciar esses processos, e argumenta que a alternativa é
apenas conformar-se com as regras estabelecidas por terceiros.
A pesquisa respondeu as questões iniciais: (1) Apontou algumas diferenças entre redes e
cadeias de suprimento, e argumenta que essas diferenças são relevantes, pois a os
instrumentos e mecanismos de coordenação das duas são diferentes; (2) Foi destacada a
importância das OARS, especialmente das AAC, como mecanismos que influenciam diversos
113
114
aspectos das redes de suprimentos e seu ambiente, para torná-las mais competitivas, e que
participar dessas ações coletivas é uma forma de exercer poder sobre a rede; (3) Descreveu
em detalhes as atividades das associações e sua motivação; (4) Detalhou as atividades e
contribuições das associações para a coordenação da rede de suprimentos e para a gestão das
empresas e cadeias de suprimentos; (5) Relatou como essas atividades são desenvolvidas,
através de grupos interdisciplinares e inter-organizacionais, processos coletivos e abertos; (6)
Relatou que os diversos veículos de comunicação com os associados levam informação e
motivam os associados a tomar conhecimento de muito do que está acontecendo no segmento;
que os grupos de trabalho, eventos e trocas de idéias aprofundam conhecimento dos
associados; que trocas de idéias, comunidades de profissionais e empreendedores aprendem
com os casos emblemáticos, informações, e recebem apoio da comunidade para implantar as
práticas e mudanças.
As conclusões desta pesquisa corroboram as proposições inicias deste estudo.
(1) Grande parte das ações importantes para a gestão das empresas, que produzem em
complexas redes de suprimentos, está sendo realizada por AAC em benefício do setor como
um todo, além de cada empresa em particular;
(2) Novas condições sociais são necessárias para formar um contexto favorável à
competitividade e produtividade das empresas e cadeias, e essas condições são construídas
através de ações coletivas;
(3) As ações coletivas são realizadas por Organizações de Apoio às Redes de
Suprimentos (OARS), destacadamente as AAC, e participar mais intensamente delas é um
caminho importante para a empresa influenciar o ambiente;
(4) As OARS são as organizações que coordenam partes das atividades das redes de
suprimentos complexas, e contribuem para a competitividade das cadeias e empresas em
conjunto.
Entretanto, é necessário aprofundar e ampliar as pesquisas para confirmar e complementar as
proposições teóricas deste estudo, conforme é sugerido em seguida.
114
115
7 RECOMENDAÇÕES PARA ESTUDOS FUTUROS
Estudos futuros poderiam estender as pesquisas que foram feitas nas AAC, para as outras
OARS, tais como: governo e suas agências, órgãos e programas; institutos de pesquisa;
universidades e escolas; veículos de comunicação e imprensa segmentada; feiras e
exposições; congressos e outros eventos de conhecimento; e empresas de consultoria.
Outras redes, além da rede da construção civil, poderiam ser pesquisadas para verificar as
semelhanças e diferenças entre elas. A esquematização de outras redes de suprimentos poderia
confirmar a utilidade do modelo de esquematização utilizado aqui na rede da construção civil.
Uma das limitações deste trabalho foi a pesquisa apenas nas AAC. Pesquisas complementares
nas empresas da rede, usuárias das AAC e demais OARS, poderiam mensurar a real utilidade
e efetividade das ações coletivas para a implantação de mudanças e melhorias nas empresas,
cadeias e redes de suprimentos.
Pesquisas quantitativas poderiam descobrir as variáveis e mensurar sua contribuição relativa
para a competitividade das redes e cadeias. Responder “quanto” e “quantos”, ou seja,
mensurar “quanto” cada contribuição melhora os índices de desempenho da empresa,
“quanto” custa a ação coletiva para os associados e sua relação custo/benefício, “quanto” as
associações contribuem para a competitividade de determinada cadeia de suprimentos em
relação a outra, “quantos” usam os serviços das associações, “quantos” apreciam esses
serviços, “quantos” estão satisfeitos ou decepcionados.
Pesquisas adicionais na área de criação, desenvolvimento e gestão de conhecimento poderiam
descobrir a utilidade das OARS para criação, aquisição e desenvolvimento de conhecimento
coletivo. Pesquisar, entre todo o conhecimento necessário para operacionalização das
empresas, quais são conhecimentos proprietários, ou seja, segredos únicos, que proporcionam
vantagem competitiva para as empresas, e quais são conhecimentos abertos, ou seja,
disponíveis para toda a rede e que, portanto, não são vantagem competitiva da empresa.
Tentar descobrir se a composição única de práticas comuns, desenvolvidas coletivamente,
115
116
pode se constituir numa vantagem competitiva. Quantificar e mensurar essas pesquisas para
orientar a ação futura de administradores.
Estudos das OARS como contexto e local de formação de comunidades de prática dos
empreendedores e profissionais das redes de suprimentos poderiam identificar as
comunidades de prática informais já existentes nessas redes, descobrir seu processo de
aprendizado, agregar pesquisa da literatura sobre organização e estruturação de comunidades
de prática, para descobrir oportunidades de estruturação das comunidades de prática informais
existentes e canalizar o conhecimento gerado nessas estruturas para as empresas, cadeias e
redes de suprimentos.
116
117
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121
122
APÊNDICE A: Roteiro de Entrevistas com Dirigentes de Associações
Pesquisa:
A contribuição das associações de ação coletiva para gestão de empresas e Cadeias de
Suprimentos, e para a coordenação das ações coletivas das Redes de Suprimentos.
Roteiro de Entrevistas Semi-Estruturadas (para dirigentes de associações)
Quais as atividades, serviços e soluções que sua associação oferece aos
associados? Por que são realizadas?
Quais as atividades que beneficiam vários elos da cadeia? Ou seja, a cadeia como
um todo? Por que?
Como essas atividades são desenvolvidas? Grupos interdisciplinares e
inteorganizacionais? Processos coletivos abertos?
Quais os elos da cadeia que participam do desenvolvimento das atividades? Por
que?
Socialização e relacionamento de empresas, empresários e executivos no setor?
Quais os benefícios?
Troca de idéias sobre os temas relevantes para empresas e executivos relacionados
com as atividades da associação?
Crítica de informações e conhecimento? Como?
Validação de informação, processos, resultados? Como?
Redução da incerteza? Aumento da segurança? Como?
Qual a preocupação com informação proprietária durante o processo?
Como essas atividades contribuem para a coordenação da Rede de Suprimentos?
Como contribuem para a gestão das empresas e cadeias de suprimentos?
Quais os benefícios que proporcionaram? Para o associado (empresa)? Para a
respectiva cadeia de valor?
Como as associadas são motivadas, tomam conhecimento, aprofundam o
conhecimento e implantam as práticas sugeridas pela associação?
Como os usuários tomam contato com a solução? Informação? Cliente;
Concorrente; Associação e seus meios (publicações, eventos, reuniões); Consultoria
oferecendo serviços?
O que motiva sua utilização? Cliente exige conformidade; Concorrente
implementou e ganhou vantagem competitiva; Sair na frente para ganhar vantagem
122
123
competitiva; Manter-se atualizado?
Como aprofundam seu conhecimento na solução? Crítica; Troca de idéias entre os
associados em comitês, reuniões, eventos, cursos; Troca de idéias dentro da empresa que
pretende implementar para avaliação e adaptação; Validação; Visita a outros associados
que usam a solução; Troca de idéias com outros associados em comitês, reuniões, eventos;
Troca de idéias dentro da empresa;
Como é feito o aprendizado das sugestões da associação? Cursos na associação;
Consultoria?
Como é feita a implantação das sugestões da associação? Comitê multidisciplinar,
equipe de projeto; Consultoria?
Quais as estatísticas feitas ou utilizadas pela sua associação para facilitar sua
operacionalização?
Quais pesquisas, livros e relatórios a sua associação tem produzido que possam
fazer parte da análise de documentos para nossa pesquisa?
123
124
APÊNDICE B: Atividades das Associações de Ação Coletiva da Rede da Construção
Civil - Evidências da Pesquisa de Campo
APÊNDICE B.1: Interação com o ambiente e influência sobre as decisões que afetam os
associados.
SINDUSCON - Participação em grupos de trabalho promovidos pelas autoridades do
governo
- Equipe de advogados acompanhando os projetos de leis e regulamentos
federais, estaduais e municipais (grandes cidades), nas áreas de direito civil
(consumidor), comercial, trabalhista e tributário, participando dos grupos de
trabalho para influenciar resultados, produzindo pareceres, estudos e
notícias para os associados. O segmento da construção civil é fortemente
regulamentado em geral, o que exige muita dedicação desta área.
- Equipes técnicas acompanhando os projetos de leis e regulamentos nas
áreas técnicas, segurança, segurança do trabalho, meio-ambiente, e
responsabilidade social.
- Representação dos empregadores da construção civil nas questões
trabalhistas, junto a autoridades e sindicatos de trabalhadores.
- Representação perante as entidades de direito público ou privado dos
interesses gerais da indústria da construção civil. Ações legais em defesa do
segmento, tais como: mandato de segurança contra atos, leis e regulamentos;
ABCP Não faz.
ABCEM - Atuação como representante do setor junto a órgãos estaduais e do governo
federal, concessionárias de serviços públicos, entidades de classe nacionais
e internacionais, trabalhando a imagem da construção metálica no País.
- Publicação da Revista “Construção Metálica”, veículo de comunicação do
setor.
SOBRATEMA Não faz.
FIESP - Apóia a agilização de reformas constitucionais, faz estudos e estreita as
relações comerciais com outros países. Oferece serviços assessoria jurídica,
sindical, meio ambiente e tecnologia. É entidade de representação e ação
política, prestação de serviços e geração de negócios. Mantém representação
124
125
em mais de 100 órgãos e instituições governamentais nos âmbitos
municipal, estadual e federal.
- Sedia organismos de fomento de negócios, mantém parcerias
internacionais e articula esforços com as principais forças do mercado para
garantir as condições essenciais para a indústria produzir e crescer.
- Luta por produção e emprego, reforma tributária, desoneração da
produção, contra os impostos em cascata, negociações internacionais e
condições para aumento das exportações, que são temas fundamentais
presentes nos eventos, seminários e publicações produzidos com apoio da
Fiesp.
- Tem sido anfitriã de visitas oficiais e missões comerciais de vários países,
com intuito de abrir portas para instituições e investidores estrangeiros
interessados em parcerias comerciais com indústrias paulistas.
- Tem representação em 11 colegiados sobre o tema “água”, cuja escassez
pode causar fortes impactos na cadeia produtiva.
- Mantém representação em inúmeros colegiados que tratam de temas
relacionados ao meio ambiente.
- O Informe Ambiental é uma publicação quinzenal produzida pela área
técnica em conjunto com o Departamento de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável da Fiesp/Ciesp. Traz informações sobre
legislação, eventos, prêmios e outras questões que envolvem o meio
ambiente.
- Cartilha, produzida pela Fiesp/Ciesp, tem como objetivo mostrar, de forma
direta e simples, porque a reforma tributária é tão urgente para o País e
como ela vai mexer na vida de todos os brasileiros.
- Edita uma série de boletins informativos e relatórios jurídicos de todas as
áreas pertinentes às indústrias.
- Incentiva o aproveitamento de resíduos, orienta sobre a utilização racional
da água, organiza seminários temáticos, produz publicações dirigidas e
marca presença nos comitês ambientais, na defesa dos interesses do setor.
- Pesquisa ações de responsabilidade social da indústria paulista.
- O Núcleo de Ação Social (NAS) é o órgão interno da Fiesp/Ciesp que tem
como missão inserir premissas e assessorar iniciativas de Responsabilidade
125
126
Social internamente e junto à classe industrial que representa. Com isto, o
NAS colabora para um crescente êxito da indústria economicamente viável,
socialmente justa e ambientalmente sustentável.
- Publicação da revista Notícias Fiesp/Ciesp: publicação mensal temática
que traz reportagens especiais sobre macroeconomia, tecnologia, políticas
públicas, exportações e outros assuntos de interesse da indústria, além de ser
um porta-voz das necessidades dos industriais de São Paulo.
- Publicação do jornal Fiesp/Ciesp: aproximando o empresário associado às
bases de representação do Ciesp, no Interior e na Capital, o Jornal
Fiesp/Ciesp trata de assuntos de interesse e do dia-a-dia das empresas
filiadas e as ações das Diretorias Regionais e Distritais do Ciesp em todo o
Estado de São Paulo. Tiragem é de 12 mil exemplares, distribuídos
gratuitamente aos seus associados.
EAN Intercâmbio com entidades internacionais semelhantes.
ECR Intercâmbio com entidades internacionais semelhantes.
FPNQ Intercâmbio com entidades internacionais semelhantes.
126
127
APÊNDICE B.2: Pesquisa e divulgação de indicadores e estudos econômicos.
SINDUSCON - Pesquisa e divulgação de preços de materiais e serviços de construção.
- Apuração e divulgação de custos de construção de unidades habitacionais,
comerciais, e industriais padrão, conforme normas técnicas da ABNT e
exigências da legislação.
- Equipe de economistas interpretando e divulgando os índices e indicadores
econômicos da economia em geral e do segmento da construção civil de
diversas fontes e produzindo estudos e análises econômicas de interesse dos
associados. Alguns estudos são terceirizados a universidades e consultorias
especializadas.
- Pesquisa e divulgação de opinião sobre pauta de assuntos mais importantes
para o segmento no momento da pesquisa.
- Essas informações ajudam a instruir políticas públicas, as ações coletivas
do segmento, e reajustar contratos e preços, porém não servem como
parâmetros de comparação e benchmarks para gerir as empresas da Rede de
Suprimentos.
ABCP Não faz.
ABCEM Não faz.
SOBRATEMA Não faz.
FIESP Publicação de revistas, jornais, relatórios e livros sobre macroeconomia e
políticas públicas, emprego, gestão de empresas.
EAN Não faz.
ECR Não faz.
FPNQ Não faz.
127
128
APÊNDICE B.3: Pesquisa, desenvolvimento e difusão de conhecimento tecnológico e
gerencial.
SINDUSCON - Promoção de eventos de divulgação e conscientização em segurança do
trabalho, prevenção de acidentes e doenças, medicina, higiene, etc...
- Organização de grupos de trabalho para acompanhar os desenvolvimentos
tecnológicos e de qualidade em sistemas prediais, fundações e estruturas,
vedações e acabamentos, normalização, seguros e engenharia, fornecedores,
ensino e pesquisas.
- Coordenação do Espaço Empresarial de Tecnologia para:
acompanhamento de processo de criação e/ou revisão de normas técnicas;
participação nas comissões de certificação de entidades certificadoras;
associação com entidades ligadas à tecnologia e qualidade ;
desenvolvimento de ações da qualidade de materiais; participação na
secretaria executiva da comissão nacional do programa brasileiro da
qualidade na habitação (PBQP-H); coordenação nacional do Comitê de
Projetos e Obras do PBQP-H; e participação no programa regional da
qualidade das habitações nos países do Mercosul e Chile.
- Execução dos programas de capacitação empresarial: programa de gestão
da qualidade no desenvolvimento do projeto; programa de capacitação em
planejamento e controle da produção; programa de capacitação em gestão
comportamental; seminários de tecnologia; programa de qualificação
evolutiva (PBQP-H) e certificação ISO 9000; programa da qualidade da
construção habitacional do Estado de São Paulo (QUALIHAB).
- Publicação ou comercialização de literatura técnica de interesse dos
associados.
- Publicação em seu website de relação completa das normas técnicas que
orientam as atividades do setor, incluem normas gerais para viabilidade e
contratação; projeto e especificação de materiais e sistemas construtivos;
execução de serviços; controle tecnológico; e manutenção (as normas
podem ser adquiridas na ABNT). Promoção de palestras para
esclarecimento sobre a normalização.
- Publicação do manual do proprietário e manual de áreas comuns, que
foram desenvolvidos pelo grupo de trabalho, Termo de Garantia do Comitê
128
129
Imobiliário do Sinduscon-SP, em conjunto com o sindicato do segmento
imobiliário (Secovi-SP), com a colaboração de uma equipe técnica formada
por engenheiros de manutenção das grandes construtoras do país, do grupo
de evolução conjunta, advogados, peritos, fornecedores de equipamentos e
consultores em várias áreas, cujo embasamento técnico e linguagem didática
propiciaram atingir os objetivos junto ao consumidor final.
ABCP - Centro de referência em tecnologia do cimento, a entidade oferece apoio a
grandes obras da engenharia brasileira e para a transferência de tecnologia
das mais diversas formas.
- Promoção do uso do cimento em diversas aplicações:
. Alvenaria com blocos de concreto: processo construtivo dos mais
tradicionais, pode ser empregado para simples vedação ou com função
estrutural em casas e edifícios de múltiplos pavimentos;
. Pavimento de concreto: o slogan “feito para durar” exprime a principal
característica do chamado pavimento rígido, indicado para rodovias,
aeroportos e vias urbanas de alto tráfego;
. Argamassas e concretos: de estruturas a revestimentos de fachadas, os
concretos e argamassas constituem os materiais à base de cimento mais
versáteis de uma obra;
. Pavimento intertravado: os blocos intertravados se tornaram referência
paisagística em muitas cidades brasileiras. O sistema aplica-se também em
portos, aeroportos e áreas de cargas;
. Artefatos: telhas, lajes, postes, mourões, dormentes e uma grande
quantidade de itens constituem os artefatos de cimento;
. Pré-fabricados: rápidos, duráveis e econômicos, eles tiraram o concreto da
obra e o colocaram na fábrica. Lá o projeto arquitetônico começa a virar
realidade;
. Barragens: o concreto compactado com rolo (CCR) é a solução à base de
cimento que melhor se aplica a esse tipo de obra, seja para abastecimento,
energia ou outro uso do reservatório;
. Saneamento e drenagem: normalizados pela ABNT, os tubos de concreto
para águas pluviais, esgoto sanitário e efluentes industriais existem há mais
de 100 anos e ainda são a melhor solução nessa área;
129
130
. Edificações: compostas de vigas, pilares e lajes, as estruturas de concreto
moldadas na própria obra constituem o sistema construtivo mais empregado
em prédios residenciais e comerciais;
. Solo-cimento: a mistura de cimento portland e terra para a confecção de
blocos e de pavimentos oferece solução a um problema social em áreas
pobres e distantes.
- Estudo e publicação de casos de sucesso de construção em cimento e
manuais de construção em todas as áreas indicadas acima.
- Promoção de concursos e prêmios para trabalhos sobre as diversas áreas de
aplicação do cimento.
- Oferece apoio a universidades, escolas e estudantes visando aprimorar o
conhecimento dos sistemas à base de cimento. São apostilas, cursos e
concursos.
- Participação em projetos voltados ao uso racional dos recursos naturais ou
à recuperação do meio ambiente.
- Empreendimento de ações no âmbito da responsabilidade social, tais
como: capacitação de jovens para a construção civil (projeto segunda
chance); convênio de cooperação técnica em prol da moradia popular;
movimento minas solidária; entre outros.
- Projetos de gestão, inovação tecnológica, preservação, recuperação e
educação ambiental: aperfeiçoamento do processo produtivo; maior
eficiência na alimentação de forno; automação de ensacadeira; instalação de
novos filtros; cuidados no manuseio de combustíveis (exemplo: coque de
petróleo) e matérias-primas; modernização do processo de paletização e dos
silos de cimento; redução do consumo de matérias-primas e de energia;
reaproveitamento de resíduos de outros setores; silo fechado para clínquer,
sistemas de despoeiramento e de controle ambiental; sistema interno de
avaliação e de gestão ambiental; urbanização do parque industrial;
certificação ISO 14001; manual de instrução sobre segurança e saúde no
manuseio de cimento Portland; criação e manutenção de unidades de
conservação, de reservas ecológicas e de reservas particulares do patrimônio
natural; levantamento de flora e fauna; manutenção da biodiversidade,
produção e doação de mudas de espécies nativas, projetos de
130
131
reflorestamento; proteção do patrimônio espeleológico (cavernas);
mapeamento hidrológico e proteção dos recursos hídricos; conservação do
solo e obras de drenagem; implantação de sistemas de coleta seletiva e
programas de conscientização ambiental em escolas.
- Publicação de notícias e assessoria de imprensa para divulgação dos
projetos do segmento.
- Desenvolvimento e oferta ao usuário do cimento portland, gratuitamente,
de algumas ferramentas indispensáveis para sua atualização, tais como:
publicações impressas, compact disks (CDs) e trabalhos disponíveis em
formato digital que permitem conhecer e aplicar melhor os produtos e
sistemas à base de cimento; publicações próprias (manuais, práticas,
estudos) que contêm informações de interesse para os profissionais e
empresas da construção civil. Ex.: manuais de ensaio físico de cimento,
argamassa armada, armazenamento de cimento portland, aplicação de
cimento portland, vários tipos de concretos, pavimentos, revestimentos,
barragens, etc...
- Publicação do folheto Mãos à Obra: Contém dicas para a construção de
uma casa, desde a escolha do terreno, fundações, alvenaria, janelas até as
instalações hidráulicas, elétricas e acabamentos. O conteúdo do folheto
gerou uma série de tevê veiculada pelo Canal Futura, da NET.
- Estimulação de comunidades da construção (Comunidades de Prática),
associando as principais entidades dos construtores, fornecedores,
projetistas e profissionais, além de organismos nacionais, como o Senai e o
Sebrae. Partindo da contribuição (financeira, de conhecimento e articulação)
de cada empresa ou profissional, os membros passam a fazer parte de uma
rede sinérgica, em que todos colhem o fruto da organização e da
contribuição de cada um.
- Projetos das Comunidades da Construção: estruturas, estruturas moldadas
in loco, estruturas pré-fabricadas, alvenaria estrutural; vedação e
revestimento, alvenarias (vedação), painéis arquitetônicos, argamassas;
artefatos e componentes; pavimentação, pavimento de concreto, pavimento
intertravado; infra-estrutura, saneamento e drenagem, barragem.
- A Comunidade da Construção se organiza por áreas do conhecimento
131
132
(Projetos) ou localidades (Núcleos). A Comunidade permite que os seus
membros troquem experiências, debatam problemas e busquem soluções
comuns, sempre com apoio de seminários, cursos de formação, palestras,
manuais e indicadores de desempenho colhidos em obras.
- Divulgação de notícias sobre os desenvolvimentos técnicos e eventos dos
segmento.
- Participação nos grupos de trabalho de desenvolvimento de normas
técnicas, divulgação e treinamento no segmento.
- Construção, publicação e apresentação de seminários e workshops de
casos (projeto obras emblemáticas) construídos passo-a-passo pela
experiência das Comunidades da Construção, estimulando a cadeia
produtiva a buscar continuamente o aperfeiçoamento tecnológico; redução
de custos e melhoria de desempenho para construtoras; identificar os
gargalos e dificuldades no planejamento e execução de uma obra dentro dos
sistemas de estruturas e revestimentos.
- Promoção e participação em eventos de desenvolvimento e divulgação de
conhecimento, tais como: Encontro Nacional de Conservação Rodoviária
(ENACOR); Encontro Nacional da Indústria da Contrução (ENIC);
Minascon / Evento Unificado da Cadeia Produtiva da Indústria da
Construção; Congresso de Materiais e Tecnologia da Construção;
Construção Metálica e Atualização Tecnológica em Sistemas Prediais
(SME); Clínica Tecnológica e Roda de Negócios (SEBRAE); Encontro da
Indústria Cerâmica do Estado de Minas Gerais (SINDICER); Soluções de
Concreto para a Engenharia (ABCP); Workshop sobre a Organização,
Gestão e Monitoramento de Programas Setoriais de Qualidade de Materiais
de Construção – a Experiência da Cal Hidratada (ABPC e SINDICALGE);
Workshop sobre Segurança de Equipamentos, máquinas e Ferramentas
(SINDILEQ); Workshop sobre Reciclagem de Pavimentos Asfálticos
(SICEPOT, em parceria com os fabricantes e executantes dos serviços);
Ciclo de Palestras sobre as fases da Construção (SENAI); Seminário sobre
a Fiscalização do Exercício Profissional da Engenharia e da Arquitetura
(CREA/MG); Seminário de Gestão e Tecnologia da Indústria da Energia
(SINDIMIG, em parceria com os setores Elétrico, Instalações Técnicas e
132
133
Telecomunicações); Mostra de Projetos Estruturais em Minas Gerais
(ABECE); Convenção Estadual do Comércio de Materiais de Construção
(ACOMAC); Eventos sendo programados pelas Universidades; Fenasan -
XV Feira Nacional de Materiais e Equipamentos para Saneamento, entre
outros.
ABCEM - Promoção do “Prêmio ABCEM” que reconhece as melhores obras do aço.
O objetivo maior do concurso é mostrar a competência das empresas
brasileiras do setor, e promover o desenvolvimento do uso das estruturas,
das coberturas metálicas e da galvanização a fogo nas edificações do país.
Os temas do prêmio são os seguintes: planejamento e arquitetura, satisfação
ao briefing do cliente, particularmente em relação ao custo da obra; impacto
ambiental; excelência arquitetônica; durabilidade; adaptabilidade a
solicitações de mudanças ao longo da vida útil; conservação de energia;
engenharia estrutural, benefícios decorrentes do uso do aço; eficiência do
projeto, fabricação e montagem; efetividade da proteção contra a corrosão e
contra o fogo; inovação no projeto, construção e técnicas de fabricação e
montagem.
- Cada trabalho constitui-se em um "estudo de caso" de uma obra que tenha
sido finalizada e entregue ao cliente, apresentado com os seguintes tópicos
descritos: características da edificação, nome da edificação, localização,
data de conclusão, área útil, área total, número de pavimentos, quantidade
de aço usada, dimensões gerais, custo final da obra; ficha técnica, com os
nomes e endereços completos do proprietário da edificação, da construtora,
dos arquitetos e engenheiros de projeto estrutural, dos fabricantes de
estruturas de aço e/ou de coberturas metálicas, dos principais fornecedores
de produtos e serviços usados na obra; características e desenvolvimento dos
projetos de arquitetura e de engenharia estrutural metálica; descrição da obra
em todas as suas etapas, desde fundações até acabamentos, ressaltando, para
cada uma, as vantagens do uso do aço e demais pontos específicos que
facilitem o julgamento; fotografias das diversas fases da obra; quaisquer
outros tópicos ou comentários necessários ao esclarecimento do "estudo de
caso".
- Organização de comitês técnicos em processos de absorção de novas
133
134
tecnologias e modernização voltadas para a construção metálica.
- Promover e desenvolver o mercado da construção metálica no Brasil,
através de programas de qualidade, normalização e educação.
SOBRATEMA - A Sobratema tem como missão institucional democratizar o conhecimento,
tanto técnico quanto gerencial, entre seus associados, estimulando a troca de
experiências entre especialistas, profissionais do setor e as mais diversas
instituições. Para tanto, incentiva a formação de grupos de trabalho
(entretanto na época da entrevista os grupos de trabalho não estavam ativos)
e organiza seminários, palestras, visitas e viagens técnicas.
- Mantém estreita cooperação com entidades dedicadas ao desenvolvimento
e aplicação prática de padrões de qualidade para o melhor desempenho de
equipamentos e serviços voltados para construção e mineração, busca,
permanentemente, a integração de pessoas e instituições com objetivos
comuns ou convergentes.
- Publicação da Revista M&T e boletins com matérias, informações e dados
de interesse dos associados. Informações de atividades dos constituintes do
segmento, movimentações de mercado, produtos e processos, tecnologia,
eventos, pessoas, projetos, governos e obras públicas, tendências
econômicas, políticas públicas, etc...
- O Programa Sobratema Qualificação prevê a aferição permanente, o
desenvolvimento orientado e o controle estrito da qualidade dos serviços
ofertados para manutenção de equipamentos. As empresas aprovadas
recebem: 1. Certificação de Aprovação, válido por 2 anos, contados a partir
do término do processo de avaliação, 2. Selos de atestado de certificação.
FIESP - Mantém centro de debates sobre temas ambientais afetos ao setor
produtivo, que busca a convergência de esforços da iniciativa privada,
governo e terceiro setor para a tomada de decisão e efetivação de medidas
necessárias à excelência no desempenho ambiental do setor.
- Eurocentro São Paulo: Resultado de acordo firmado entre a Fiesp/Ciesp e a
Comissão Européia, facilita e promove o intercâmbio entre empresas
brasileiras e estrangeiras que queiram estabelecer alianças estratégicas,
134
135
visando maior competitividade, eficiência operacional, aprimoramento
tecnológico e inserção no mercado internacional.
- Para estimular e reconhecer o trabalho de indústrias e profissionais
comprometidos com as práticas conscientes de produção e desenvolvimento,
a Fiesp/Ciesp criou os seguintes prêmios: Prêmio Fiesp de Uso Racional e
Conservação de Energia, incentivo às ações empresariais de redução do
consumo, estímulo às práticas eficientes e sustentadas nas áreas de meio
ambiente, design, qualidade e produtividade; Prêmio Fiesp de Mérito
Ambiental, destaque às empresas que encontram o equilíbrio entre o
crescimento da produtividade industrial e preservação do meio ambiente;
Prêmio Ecodesign, reconhecimento às empresas e aos profissionais que
estimulam o desenvolvimento de produtos de maneira sustentável em todo o
seu ciclo de vida.
- Promoção e participação em eventos de conhecimento, como congressos,
seminários, etc...
- A Fiesp apóia e incentiva iniciativas de responsabilidade social, de
incentivo à cidadania e educação, adotando ações e formando parcerias com
várias instituições reconhecidas na sociedade brasileira. A Fiesp recebeu o
selo de “Instituição Solidária”, pela parceria com o Programa Alfabetização
Solidária - um esforço para redução do número de analfabetos no País. A
Fiesp é parceira do Instituto Ethos, criado para ajudar os empresários a
compreender e incorporar o conceito de responsabilidade social no cotidiano
de sua gestão. A Fiesp é parceira do Centro de Voluntariado de São Paulo,
que integra o Programa Voluntários do Conselho de Comunidade Solidária,
com ações voltadas à educação para a cidadania.
- A Fiesp apóia o Canal Futura, um projeto de educação para o Brasil, cuja
programação contempla a ética, o incentivo ao espírito comunitário e ao
espírito empreendedor e a valorização do pluralismo cultural. Telecurso
2000, um programa de ensino supletivo à distância de Ensino Fundamental,
Médio e Profissionalizante, fruto de parceria com a Fundação Roberto
Marinho.
EAN - A Associação EAN Brasil administra dois pilares da automação de
processos nas Redes de Suprimentos: a identificação de materiais e
135
136
produtos por código de barras; e padrões de comunicação eletrônica de
dados no Brasil
- O sistema EAN-UCC do código de barras é um padrão internacional de
números e códigos que foi desenvolvido pela EAN em conjunto com a
Uniform Code Council (UCC) americana para identificação inequívoca de
produtos, unidades de despacho (caixas, paletes, fardos, etc...), ativos,
localidades e serviços, facilitando o comércio eletrônico e possibilitando
completa rastreabilidade. Os códigos possibilitam linguagem comum e a
leitura eletrônica (ótica) por computador, no recebimento, ponto de venda
ou em qualquer outra etapa do processamento de materiais e produtos.
- Está em desenvolvimento, no momento, a etiqueta inteligente, ou seja,
identificação por radiofreqüência (RFID) que é composto por uma etiqueta
de identificação que transmite seu código por radiofreqüência e um sistema
leitor/receptor que recebe essa informação e se comunica com o computador
que processa a informação em tempo real, que ainda não está em fase
operacional.
- Os padrões de mensagens eletrônicas de dados são estruturados no padrão
EANCOM para eletronic data interchange (EDI) e são baseados no
eletronic data interchange for administration, commerce and transport
(EDIFACT) elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU). A
conexão interorganizacional através de E-Commerce/EDI oferece
capacidade de realizar trocas de informações sobre mercadorias e serviços
entre empresas utilizando meios eletrônicos. A EAN tem a missão de
oferecer padrões globais para promover e facilitar essas comunicações
eletrônicas de negócios entre organizações, viabilizando processos de
integração colaborativa. Para trocar esses dados, é preciso que regras sejam
estabelecidas e respeitadas. Estas regras definem os formatos dos dados
dentro do documento eletrônico, para que seu conteúdo seja corretamente
interpretado pelas partes.
- A EAN cumpre o papel de disseminar nas Redes de Suprimentos os
benefícios operacionais que a padronização e automação podem trazer em
toda a movimentação de materiais e troca de informações entre as empresas.
136
137
- Para realizar seus objetivos a EAN oferece uma série de serviços de apoio
às redes para padronização da automação, tais como:
- Coordenação de Grupos de Trabalho. A EAN coordena grupos de
trabalhos com dezenas de representantes das diversas organizações de uma
Cadeia de Suprimentos - varejo, indústria, associações setoriais,
fornecedores de soluções tecnológicas, entre outros, em busca de soluções
de automação específicas para cada setor. Uma característica peculiar desses
grupos de trabalho é a convivência de concorrentes na mesma mesa,
trabalhando por objetivos comuns e que transcendem o âmbito da empresa,
e isso exige um coordenador ou moderador independente e isento como a
EAN para viabilizar esse intercâmbio. Além disso, a EAN sempre trabalha
em conjunto com as associações setoriais. Os desafios, os objetivos e até os
obstáculos são integrar todos os elos da cadeia, colocar todos na mesma
mesa, para estabelecer a padronização de identificação e comunicação de
dados.
- A EAN oferece ainda uma série de serviços de apoio à implementação do
sistema EAN de identificação e comunicação de dados e automação das
empresas, cadeias e Redes de Suprimentos. Entre eles: mecanismos de
coordenação de fóruns de discussão e desenvolvimento; organização e
participação em eventos, feiras, e congressos; organização e aplicação de
cursos e treinamentos; oferecimento de uma série de serviços on-line através
de seu website, inclusive cursos e treinamentos em e-learning; edição da
Revista Automação para comunicação com seus associados e o mercado;
manutenção de equipe de assessoria de imprensa para divulgação das
atividades e temas na grande imprensa e imprensa segmentada; cooperação
com as associações setoriais para se comunicar com os seus associados,
através dos respectivos veículos de comunicação e interação; publicação de
material técnico como guias setoriais de codificação e guias de
fornecedores; disponibilização de biblioteca técnica; prestação de assessoria
técnica para implementação dos sistemas EAN; controle de qualidade de
impressão das etiquetas de código de barras; entre outros.
ECR
- Diversas soluções - conceitos e ferramentas - de resposta eficiente ao
consumidor (ECR) estão sendo promovidas - adaptadas, desenvolvidas e
137
138
implementadas - pelo bem de toda a sociedade (MAITA; LABAN NETO,
2004), tais como: reposição eficiente; padronização do abastecimento;
eletronic data interchange (EDI); e-Commerce; catálogo eletrônico;
comparação de práticas e indicadores (scorecard); sistema de custeio por
atividade (ABCosting); gerenciamento por categorias; collaborative
planning, forecasting and replenishment (CPFR); processos financeiros; e
etiqueta inteligente (RFID); conforme detalhamos em seguida:
- Reposição Eficiente ou Reposição Contínua: as informações coletadas no
ponto de venda (PDV) do supermercado, por exemplo, através de leitura
ótica são transmitidas eletronicamente (EDI) dos computadores do varejo
para os computadores do fornecedor, e este repõe automaticamente os
estoques de acordo com negociações previamente acordadas. O processo
pode ser controlado pelo varejo –Retail Management Inventory (RMI); pelo
fornecedor – Vendor Management Inventory (VMI); ou pelo operador
logístico. A reposição contínua reduz os esforços e custos envolvidos no
processo de reposição, reduz a falta (ruptura) de produtos nas lojas,
estoques, custos logísticos e facilita a previsão de produção dos
fornecedores.
- Cadeia de Abastecimento - Comitê de Padronização: procura discutir,
definir e implementar os padrões (código de barras, cadastros padronizados,
unitização de carga, padronização de veículos, entrega programada)
necessários para coordenar e tornar mais eficiente e produtiva toda a cadeia
de abastecimento.
- Eletronic Data Interchange – Intercâmbio Eletrônico de Dados (EDI): é
uma troca de dados entre computadores, levando informações estruturadas
de negócios, entre uma empresa e seus parceiros comerciais, de acordo com
o padrão reconhecido internacionalmente. Da sua aplicação surge uma nova
dinâmica de relacionamento entre parceiros comerciais, simplificando
rotinas e procedimentos, integrando processos, reduzindo custos e
aumentando a produtividade.
- Comércio Eletrônico (e- Commerce): é mais do que EDI, é uma nova
forma de condução dos negócios que envolve transparência, conectividade e
integração, proporciona a interconexão da empresa com seus fornecedores e
138
139
clientes, através da tecnologia da informação, especificamente a Internet.
Existem três tipos de valores comercializados no comércio eletrônico:
produtos - bens não virtuais ou físicos entregues através de redes de
distribuição paralelas (ex: livros, cd’s, DVD, etc...); informação/midia –
conteúdo digital ou virtual disponível para entrega imediata pela Internet
(ex: notícias, estudos, relatórios, publicações, áudio); e serviços (ex: reserva
de viagens, serviços financeiros, jogos interativos, comunicação,
treinamento, etc...). Estes valores podem ser explorados nos chamados
mercados business to business (B2B) – que explora as relações comerciais
entre empresas – e business to consumer (B2C)– que explora as relações
comerciais entre indústria ou comércio e o consumidor final.
- Catálogo Eletrônico de Produtos: permite aos fornecedores divulgarem de
modo eficiente as informações completas (características dos produtos,
peso, embalagem, etc...) de sua linha de produtos através da internet e/ou
redes privadas de comunicação entre empresas. A EAN Brasil desenvolveu
normas específicas que regem a estrutura de informação que deve ser
seguida por qualquer catálogo eletrônico de produtos. Com o advento da
internet foi possível por em prática o conceito de e-catálogo, utilizando
ferramentas tecnológicas específicas para sincronização de dados, onde os
fornecedores alimentam o e-catálogo com informações e todo o canal de
distribuição acessa essas informações. Desta forma os processos de
comercialização e abastecimento podem ser bastante agilizados, pois todo o
canal de distribuição pode obter no mesmo local todas as informações dos
produtos e de como efetuar o pedido, prescindindo da presença de um
vendedor e evitando erros e divergências, agregando velocidade e
minimizando custos dos processos envolvidos.
- Mensuração - Scorecard: para viabilizar as parcerias e cooperação entre
comércio e indústria para atingir níveis de serviço em conjunto, tornou-se
necessário desenvolver uma ferramenta que avaliasse a capacidade das
empresas de assumir compromissos de trabalho conjunto com seus
parceiros. Para isso, um comitê internacional com perspectivas globais
desenvolveu o Global Scorecard, uma ferramenta versátil de avaliação
(auto-avaliação) e entendimento da estrutura de resposta eficiente ao
139
140
consumidor (ECR), de cada empresa participante das cadeias de
fornecimento, criando uma linguagem comum associada a esta visão, e uma
base de dados global para fazer comparações (benchmarking) qualitativas,
que irão subsidiar ações de melhoria da resposta ao consumidor.
- Custeio Baseado em Atividades: consiste na identificação, análise e
alocação de custos aos processos da empresa. A metodologia ABC
(ABCosting – Activity Based Costing) trata de definir e custear as atividades
desenvolvidas pela empresa e entender como estas são demandadas pelos
produtos e serviços. Contrastando com o sistema de custeio por absorção
(tradicional) - que apura os custos diretos (materiais e mão-de-obra) de
produtos e serviços e rateia (aloca) os custos indiretos aos produtos por
critérios arbitrários e não decorrentes do entendimento dos processos da
empresa e seu relacionamento com os produtos e serviços, gerando
significativas distorções - o ABCosting ultrapassa os limites do sistema
contábil de custos, e busca o conhecimento técnico da operação para alocar
corretamente aos produtos e serviços todos os custos diretos e indiretos
(apurando os custos das atividades e alocando tecnicamente das atividades
aos produtos e serviços) , resultando em melhores informações, que são
fundamentais para os processos de decisão da empresa, tais como: melhorias
operacionais, redução de custos, preços, mix de produtos, mensuração de
desempenhos de processos e pessoas, análise comparativa com os melhores
(benchmarking).
- Gerenciamento por Categorias: gerenciamento por categorias é um
processo de classificação, exposição, promoção e ambientação de
mercadorias para atender da melhor forma possível o momento do
consumidor (ex: café da manhã, beleza, limpeza...), e gerenciá-las como
uma unidade estratégica de negócios. Tem por objetivo aumentar as vendas
e a lucratividade por meio de esforços para agregar maior valor ao
consumidor final. Focando no consumidor, proporciona maior oportunidade
de satisfaze-lo, através de várias ofertas correlacionadas, apresentando
vantagem competitiva e aumento de resultados. Ambientando os produtos,
de acordo com o momento do consumidor, novas perspectivas de
merchandising e marketing conjunto, entre indústria e comércio, podem ser
140
141
implementadas com maior eficiência
- CPFR em Conjunto com o Comitê de Reposição Eficiente: a colaboração
vem proporcionando redução de estoques, custos logísticos, rupturas (faltas)
nas gôndolas, e aumentando de vendas e nível de serviços aos
consumidores. O Planejamento, Previsão, e Reposição Colaborativos
(Collaborative Planning, Forecasting and Replenishment - CPFR) tem o
objetivo de balancear a Cadeia de Suprimentos por meio da intensa troca de
informações que sustentem um planejamento conjunto de longo, médio e
curto prazos, aumentando a sinergia (convergências) e possibilitando o
gerenciamento das exceções (divergências). O CPFR oferece uma previsão
de demanda e outras informações compartilhadas que podem ser usadas por
compradores e vendedores como pano de fundo para executar os princípios
do ECR – Padronização, Reposição Eficiente, Gerenciamento por
Categorias, Catálogo Eletrônico – num modelo comercial unificado. Há uma
complementaridade entre ECR e CPFR e a Associação ECR Brasil elaborou
uma cartilha a fim de guiar os interessados em implantar esse modelo de
colaboração de maneira simples.
- Processos Financeiros: integração total da Cadeia de Suprimentos, desde a
geração do pedido até a conclusão do respectivo pagamento. Os processos
financeiros demandam a implantação de diversas ferramentas de automação
e informática, que resultam em agilização de processos, redução de custos,
eliminação de erros, através da integração de áreas e parceiros.
- Etiqueta Inteligente: o comitê Etiqueta Inteligente acompanha par e passo
o desenvolvimento da tecnologia internacional de etiqueta de rádio
freqüência (transmite seus dados por rádio freqüência, que são lidos à
distância por coletores de dados). Os objetivos são ter participação ativa no
processo de desenvolvimento, desenvolver pilotos visando adaptação de
processo e criação de melhores práticas, e disseminar no mercado brasileiro
os conceitos e avanços, preparando as empresas para os novos processos e
tecnologias.
FPNQ - Operacionalização do Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ):
12 Ciclos de premiação implementados, 252 Candidaturas ao PNQ e 252
Relatórios de Avaliação entregues às Candidatas; 51 Organizações visitadas
141
142
pela Banca Examinadora do PNQ, sendo 30 Finalistas e 18 Premiadas;
312.216 Critérios de Excelência distribuídos, 11.309 Pessoas treinadas no
Modelo de Excelência do PNQ; 6.432 Candidatos a Examinador do PNQ,
2.466 Membros da Banca Examinadora, com mais de 139 mil horas de
trabalho voluntário; 51 Seminários em busca da excelência, sendo 12
internacionais, totalizando 12.250 participantes, 138 Organizações filiadas,
com mais de 800 mil pessoas diretamente relacionadas.
- Estabelecimento de modelo de avaliação (critérios) da gestão de empresas,
usados para participar do PNQ, mas sobretudo para auto-avaliação da gestão
pelas próprias empresas. Foram concedidos 18 prêmios, para 252 candidatas
de um universo de 312 mil critérios distribuídos. O modelo de avaliação
atua como um modelo de construção dos casos, que se tornam emblemáticos
quando publicados.
- Treinamento de profissionais das empresas interessadas em fazer auto-
avaliação da sua gestão e participar do concurso para o prêmio, de
profissionais interessados em atuar como consultores independentes de
processos de avaliação, e examinadores voluntários da fundação.
- Publicação dos casos emblemáticos através dos relatórios de gestão das
vencedoras do PNQ, que são relatórios detalhados das melhores práticas das
vencedoras do prêmio, que servem como exemplos para todas as empresas,
bem como, outras publicações destinadas a melhorar a qualidade das
empresas em geral.
- Formação de grupos de trabalho (comissões) divididos em três tipos -
Técnicos, Temáticos e Setoriais – com atribuições de ampliar a
compreensão e uso dos Critérios de Excelência; aperfeiçoar o Processo de
Premiação do PNQ; estudar a criação de novas categorias de premiação do
PNQ; promover a criação de premiações alinhadas ao PNQ; e disseminar as
melhores práticas de gestão.
- Organização de Comitês Temáticos e outras comissões e fóruns técnicos,
ambientes que favorecem a mais ampla troca de idéias e experiências,
estabelecendo-se com isso um útil intercâmbio de conhecimentos entre
organizações, que são muitas delas benchmark nos setores em que atuam.
142
143
- Publicações Técnicas, da newsletter impressa ANOTE, da Resenha
Eletrônica EXCELÊNCIA e da Revista CLASSE MUNDIAL.
- Atualmente a Fundação tem dois comitês em desenvolvimento, um deles
voltado para o tema Processos de Benchmarking e o outro para Capital
Intelectual e Inovação. O Comitê Temático sobre Processos de
Benchmarking tem como objetivos específicos entender o estágio em que se
encontram as organizações, por meio das experiências das empresas filiadas
à FPNQ, das finalistas e premiadas do PNQ; definir um modelo genérico de
Benchmarking; uniformizar os conceitos, termos e práticas; atualizar os
Critérios do PNQ; prover o suporte técnico e metodológico para o
lançamento do Relatório das Melhores Práticas no tema proposto.
- Seminário Em Busca da Excelência, onde são apresentados os casos das
vencedoras do PNQ e outras experiências bem sucedidas são divulgadas.
- Apoio e co-participação nos outros prêmios de qualidade do país.
143
144
APÊNDICE B.4: Pesquisa e desenvolvimento de fornecedores, clientes e negócios.
SINDUSCON - Prestação de serviços de consultoria, cursos e publicações para associadas
que participam de licitações públicas. Além desses serviços, desenvolve
atividades institucionais atuando como interlocutor entre o segmento e os
órgão públicos, visando otimizar as relações das empresas com o governo e
estimulando a competitividade do setor.
- Publicação de informativo bi-semanal com os resumos dos editais de
licitações públicas de interesse do setor da construção civil no âmbito do
Estado de São Paulo. Os Sinduscons de outros estados atuam da mesma
forma em relação a seus estados.
- Publicação de normas para registro cadastral e ficha para cadastro de
fornecedores em inúmeros órgão e empresas públicas. Tais como: Cia. de
Desenvolvimento Urbano (CDHU), Sistema de Cadastramento Federal
(SICAF), Nossa Caixa, Cia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF), etc...
- O Comitê de Obras Públicas declara que atua na fiscalização das licitações
públicas, dentro dos princípios éticos, morais e legais, defendendo não só o
interesse da categoria econômica da indústria da construção civil, mas
também colaborando com os poderes públicos na preservação dos interesses
da sociedade.
- O setor é dependente do fornecimento de recursos financeiros do Sistema
Financeiro da Habitação (SFH) e o SINDUSCON-SP mantêm seus
associados informados de tudo que afeta o sistema, pois as conseqüências
para o setor e as empresas são imediatas. Luta pela elevação do volume de
financiamentos à construção residencial.
- Negociação com agentes financeiros externos para viabilizar a vinda de
recursos. Sensibilização do governo federal para promover mudanças na
legislação vigente para viabilizar entrada de capital externo no segmento.
ABCP - Promoção do cimento como material versátil e flexíveis. A ABCP oferece
aos arquitetos uma série de informações sobre projetos, obras e notícias que
mostram o valor estético e funcional do concreto e outros insumos.
- Publicação de casos e experiências na construção de painéis de fachadas
pré-fabricadas, estruturas moldadas de concreto, estruturas pré-fabricadas e
144
145
pavimentos intertravados.
- Publicação de manuais, estudos, casos, softwares, modelos de editais de
licitação pública para fornecimento de produtos à base de concreto, de
forma a facilitar a aplicação do cimento e aumentar seu consumo.
- Divulgação de notícias sobre os eventos.
- Promoção de seminários nos eventos do segmento, tais como: feiras e
exposições, congressos e simpósios.
ABCEM - Promoção e participação em eventos:
- Empreendimento da Construmetal – maior evento da construção metálica
do país.
- Programação de palestras, tais como: pesquisa de satisfação de clientes
Business to Business, com o objetivo de fornecer aos profissionais das áreas
de marketing, comercial e qualidade informações sobre as metodologias e
técnicas aplicadas a esse tipo de pesquisa que tragam as soluções para os
problemas de informação.
- Feira Internacional da Indústria da Construção (FEHAB), juntamente com
a Equimac - Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos da Construção
Civil e a Mostra de Sistemas e Coberturas
- Feira Internacional de Esquadrias, Ferragens e Componentes Metal
(FESQUA)
- Building - Mostra Internacional de Estruturas Metálicas
- Tecno Fachadas - Salão de Tecnologias e Acabamento de Fachadas
- Encontro Nacional de Engenharia e Consultoria Estrutural (ENECE
- Conferência sobre Laminação e a Conferência sobre Usos do Aço
- Feira da Indústria Mecânica de Minas Gerais (MEC MINAS)
- Seminário Brasileiro da Indústria do Aço Inoxidável (INOX)
- Congresso Nacional de Soldagem (CONSOLDA)
SOBRATEMA - Organiza e realiza a M&T EXPO. Em 2003 - 5a Feira Internacional de
Equipamentos para Construção e 3a Feira Internacional de Equipamentos
para Mineração, reuniu mais de 225 expositores e 392 marcas (de 17
145
146
países), numa área total de 76 mil m². A feira, considerada a 5ª maior do
mundo nesse segmento, conseguiu atrair um público de 22.312 pessoas,
gerando negócios de U$ 300 milhões, considerado por organizadores e
expositores uma vitória importante. A participação estrangeira também foi
significativa, com 1.287 visitantes de 31 diferentes países. Desde as peças
menores e mais simples, até componentes sofisticados de última geração, os
visitantes da M&T Expo encontram fornecedores de milhares de itens
empregados em equipamentos para construção e mineração.
- O Programa Missões Técnicas tem por objetivo promover e organizar a ida
de grupos de profissionais brasileiros a feiras e eventos internacionais. Nos
últimos anos, esses grupos estiveram presentes nas maiores feiras
internacionais do segmento de equipamentos, como Bauma, na Alemanha,
Intermat, na França, e, mais recentemente, na Conexpo ConAgg, em Las
Vegas, nos Estados Unidos.
- Congressos. Como parte de sua programação permanente de eventos, a
Sobratema mantém um ciclo de seminários e congressos onde são abordados
os principais temas envolvendo o equipamento em si e o seu gerenciamento.
O incentivo ao debate tem contribuído para estreitar o relacionamento entre
fornecedores e usuários, de forma que, juntos, cheguem às melhores
soluções em termos de suporte e equipamentos no campo, trazendo
profissionais com larga experiência nacional e internacional, resultando em
informações preciosas àqueles que no seu dia-a-dia estão em contato com a
operação, manutenção, compra e gerenciamento de equipamentos de
construção e mineração.
- Contatos Internacionais. A Diretoria Internacional da Sobratema tem por
finalidade contatar e estreitar o relacionamento com as diversas entidades
afins, de todo o mundo. O intuito é desenvolver o pleno intercâmbio com
estas entidades, permanecendo informados e divulgando mais amplamente
suas atividades. Deste modo, pode informar o associado Sobratema das
tendências internacionais de mercado e dar suporte aos diversos programas
desenvolvidos pela Sobratema , no tocante à participação internacional
nestes mesmos programas. Tem trazido resultados práticos, como: presença
de expositores internacionais na M&T EXPO, oriundos dos Estados Unidos,
146
147
Itália, França e Espanha; presença da Sobratema nas feiras: SAIE 2000 -
Itália, BAUMA 2001 - Alemanha e CONEXPO COM/AGG 2002 - Estados
Unidos; a Sobratema passa a ser membro do Comitê Europeu para
Equipamentos de Construção (CECE); viabilização da missão técnica à
Europa, com estudantes do Programa Ferramenta; viabilização de
programas de estágios na Alemanha, com duração de 6 meses, para
professores e profissionais acadêmicos ligados a área de construção e
mineração; parcerias com várias entidades internacionais ligadas ao
segmento.
FIESP - AL-Invest: Programa criado pela Comissão Européia em 1994, para
promover a cooperação e a formação de parcerias, joint-ventures, acordos
comerciais e transferência de tecnologia entre pequenas e médias empresas
da Europa e da América Latina. Mais de 25 mil empresas já realizaram
negócios nas rodadas de negócios no Brasil e no exterior. As rodadas de
negócios AL-Invest são excelentes oportunidades de realizar contatos
estratégicos com experientes empresas européias que buscam parceiros de
negócios no Brasil.
- Especialistas em Comércio Exterior da Fiesp/Ciesp esclarecem dúvidas
sobre questões técnicas, impostos, documentação, acordos internacionais,
nomenclaturas e outros temas.
- Programa São Paulo Exporta: Iniciativa que busca a união de esforços
entre governo e setor privado e a discussão de alternativas para a
recuperação e ganhos substanciais nas exportações.
- Orientação sobre as exigências administrativas, fiscais e cambiais nas
operações de exportação; venda equiparada à exportação (Trading
Companies e Empresa Comercial Exportadora); registro no Cadastro de
Exportador e Importador; Registro de exportação (RE); financiamentos
públicos e privados concedidos na exportação; benefícios fiscais concedidos
na exportação; formação do preço de exportação; documentos necessários
de uso interno e externo; despacho aduaneiro de exportação; operações
cambiais (contratação, prorrogação e liquidação); seguro de crédito à
exportação; e informações gerais sobre acordos internacionais e suas
preferências tarifárias.
147
148
- A Fiesp/Ciesp é autorizada a emitir o Certificado de Origem: documento
necessário no processo de exportação, para obtenção de tratamento
preferencial ou cumprimento de exigências estabelecidas através de
legislação do país importador. Associados Fiesp tem desconto na taxa de
emissão.
- Serviços de Importação: orientação sobre as exigências administrativas,
fiscais e cambiais nas operações de importação; produtos sujeitos ao
licenciamento não automático (LI); licenciamento automático (DI);
condições de pagamento na importação; orientação sobre classificação fiscal
de mercadorias; orientação sobre os acordos Internacionais (OMC, Aladi e
Mercosul); impostos incidentes na importação : imposto de importação (II),
imposto sobre produtos industrializados (IPI), imposto sobre circulação de
mercadorias e serviços (ICMS), entre outros; documentos necessários de uso
interno e externo; valoração aduaneira; condições de venda (INCOTERMS);
drawback (modalidades: isenção, suspensão e restituição); despacho
aduaneiro de importação; sistema parametrizado (verde, amarelo, vermelho
e cinza); Declaração Simplificada de Importação (DSI); seguro
internacional; modalidades de pagamento na importação; e mecanismos de
defesa comercial.
- O Centro Internacional de Negócios da FIESP (CIN), promove e simplifica
operações de negócios internacionais, através da prestação de serviços para
qualquer tipo de empresa. Trata-se de um centro facilitador para apoiar o
produtor ou exportador paulista, interessado em iniciar ou ampliar negócios
com o exterior, por meio de intercâmbio de dados e do atendimento às
necessidades de exportação e importação.
- O CIN já conta com os programas especializados, Trade Point São Paulo,
Rede Brasileira de Trade Points, Global Trade Points Network (GTPNet),
Rede Brasileira de Centros Internacionais de Negócios, São Paulo Exporta
(SPEx), Eurocentro São Paulo, entre outros.
- O CIN, vinculado ao Departamento de Relações Internacionais e Comércio
Exterior (DEREX), da FIESP/CIESP, oferece serviços na área de negócios
internacionais, através da oferta de um conjunto de produtos e serviços de
informações, capacitação gerencial, assistência técnica, de articulação e
148
149
promoção comercial.
- Seu funcionamento, conforme projeto de implantação, coordenado pela
CNI – Confederação Nacional da Indústria, é interligado nacionalmente em
Rede Interna (Intranet) com os demais Centros Internacionais de Negócios,
localizados em outros estados brasileiros, formando a Rede Brasileira de
Centros Internacionais de Negócios e internacionalizado através da Internet
(www.cin.org.br).
As principais atividades do CIN são:
- Organizar, captar, atualizar e disponibilizar na Rede Interna um conjunto
comum de Produtos/Serviços, que servirá de base à prestação de serviços
visando facilitar e promover negócios internacionais às empresas
interessadas;
- Promover atividades de Formação/Capacitação de empresas e recursos
humanos em Comércio Exterior;
- Coordenar a participação em feiras internacionais, rodadas de negócios,
bem como, o envio e recebimento de missões;
Elaborar pesquisa de mercado para o fornecimento de listagens de
importadores/exportadores;
- Buscar parcerias empresariais no Brasil e no exterior para formação de
joint-ventures, complementação industrial e de mercado;
- Capacitar e estruturar os núcleos do CIN no interior do Estado;
- Executar metodologias de promoção à internacionalização de PMEs;
- Oferecer serviços na área de Comércio Exterior.
- Publica uma série de manuais e guias para exportação
- A Fiesp/Ciesp, em parceria com o site ConLicitação, divulga as licitações
do Estado de São Paulo e convites de todo o país. Associados Fiesp/Ciesp
têm descontos nos serviços da ConLicitação.
- Promoção e divulgação da agenda de feiras e exposições de interesse da
indústria paulista, dentro e fora do Brasil.
- São Paulo Crédito (SPCred): Iniciativa que visa o implemento de ações
facilitadoras de acesso ao crédito bancário, principalmente para as pequenas
e médias empresas, com diminuição de custos. O programa mantém fórum
permanente com mais de 20 entidades e agentes públicos e privados do
149
150
mercado financeiro e de capitais, como Banco Central, Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), bancos e Sebrae, entre
outros. O programa é desenvolvido em duas frentes: um fórum permanente
para discutir propostas de melhorias no sistema de crédito e a
disponibilização na Internet de informações atualizadas, para que o
associado identifique, entre as diversas linhas existentes, a mais adequada
para seu negócio. Neste canal de serviços de Informações sobre Crédito,
produzido em parceria com o Sebrae-SP, o associado vai ter acesso a: linhas
de crédito disponíveis; tipos de garantia exigidas; relação de documentos e
as providências necessárias para habilitar sua operação e um glossário, para
uma melhor compreensão dos variados termos técnicos do mercado
financeiro. Um simulador de operações auxilia na escolha certa. Pode-se
calcular, comparar e ainda ter a série mensal de pagamentos, permitindo um
planejamento antecipado e preciso. Uma das atribuições do programa
SPCRED é a de manter um relacionamento permanente com as instituições
financeiras, realizando acordos de participação dos associados em
programas específicos de linhas de crédito destas instituições, com
condições diferenciadas em relação às linhas de crédito comercial.
EAN Não faz.
ECR Não faz.
FPNQ Não Faz.
150
151
APÊNDICE B.5: Capacitação de Pessoas através de Cursos Diversos.
SINDUSCON - Programa Construção da Cidadania para alfabetização do trabalhador no
local de trabalho, para capacitar o trabalhador para exercício da sua
cidadania e facilitar a implantação de programas de qualidade.
Vários cursos de nível técnico e superior nas diversas áreas: finanças,
contabilidade, custos e tributação, engenharia, produção, técnica,
administração de pessoas, jurídica, qualidade e certificação, compras,
comunicação e marketing, entre outros.
ABCP - Cursos de formação em sistemas construtivos à base de cimento, para
atualização em segmentos estratégicos da construção civil, como alvenaria
estrutural, pré-fabricados, barragens e pavimentação de concreto e
intertravada. Entre outros, cursos como: Curso Básico sobre Processo
Construtivo de Alvenaria Estrutural com blocos de Concreto; Curso
Orçamentista – Análise de Viabilidade Técnica de Pavimentos de Concreto;
Curso Básico sobre Pavimentos de Concreto; Curso de Formação de
Equipes de Execução e Controle; Tecnológico para Pavimentos de
Concreto; Curso de Atualização para Engenheiros e Arquitetos em Pré-
fabricados de Concreto; Curso de Especialização em Tecnologia para
Produção de Artefatos e Tubos de Concreto; Treinamento em ensaios
químicos diversos; Programa de aprimoramento do desempenho de
laboratório de ensaios físicos e mecânicos.
ABCEM - Seminários e cursos diversos.
SOBRATEMA - Luta pela valorização dos profissionais da área, capacitando-os para que
possam participar do processo de globalização, com reais chances de
sucesso.
- O Instituto Opus foi criado por iniciativa da Sobratema para formação,
atualização e licenciamento - através do estudo e da prática - de operadores
e supervisores de equipamentos. Os cursos do Opus seguem padrões dos
institutos internacionais no ensino e certificação de operadores de
equipamentos. Ao se envolver com a formação, atualização e certificação de
operadores de equipamentos, a Sobratema busca construir uma ponte entre o
defasado estágio técnico e de habilitação atuais de nossos profissionais de
equipamentos e o que há de mais avançado no mundo.
151
152
- O Programa Ferramenta da Sobratema tem como objetivo a promoção da
integração entre Escola de Engenharia - Aluno - Empresa com os seguintes
objetivos: expor ao estudante de área técnica as ferramentas - Conhecimento
e Experiência, facilitadoras de ingresso e agilizadoras na integração no
mercado de trabalho; expor à escola e seus discentes os questionamentos,
necessidades e tendências do mercado de trabalho do engenheiro nas áreas
de construção civil/mineração como auxiliar na formação de seus currículos;
oferecer às empresas um profissional, informado, motivado e adequado,
preenchendo as necessidades deste mercado de trabalho.
FIESP - Oferece uma série de cursos para todos os níveis de alunos em diversas
áreas de interesse dos associados. Cursos in company, também.
EAN - Organiza e oferece uma série de cursos presenciais e e-learning para
treinar os associados a usar os padrões de identificação e comunicação.
ECR - Série de cursos e eventos de disseminação das técnicas de ECR.
FPNQ - Seminários, Cursos e Workshops, reunindo quadros profissionais de
organizações que se destacam por suas práticas de gestão.
152
153
APÊNDICE B.6: Serviços diversos
SINDUSCON - Compilação de clipping contendo todas as notícias divulgadas pela
imprensa (grande e especializada), que afetem o segmento de alguma forma,
e divulgação aos associados, evitando que tenham que ler e selecionar as
notícias de interesse do segmento em inúmeros jornais e revistas.
ABCP - Fornecimento gratuito de software para infra-estrutura (em conjunto com
ABTC – Associação Brasileira dos Fabricantes de Tubo de Concreto).
Compilação e divulgação de clipping do segmento.
- A Biblioteca da ABCP possui mais de 33 mil volumes cadastrados e
recebe regularmente as principais publicações técnicas do setor de
construção civil e de sistemas à base de cimento (revistas, livros, anais,
artigos etc.). Esse acervo, disponível a todos os interessados no emprego de
boas práticas, pode ser consultado gratuitamente em sua sede.
- Prestação de serviços a seus clientes de diversos tipos de ensaios para
cimentos, argamassas, concretos e seus materiais constituintes. São mais de
40 tipos de ensaios.
- Realiza serviços de aferição e calibragem de equipamentos empregados em
ensaios nas áreas: dimensional, força, massa e volume;
- Metrologia; atua na análise pontual de resíduos, emissões e combustíveis;
- Prestação de serviços de calibração de equipamentos para laboratórios das
fábricas de cimento e também de outras instituições.
- Prestação de serviços de assistência e perícias técnicas, que envolvem a
realização de trabalhos voltados à otimização da produção de artefatos de
cimento, visando a melhoria da qualidade e da produtividade, bem como a
avaliação de patologias em estruturas de concreto e em revestimentos.
- Coleta e analise de emissões gasosas em chaminés industriais, obedecendo
aos critérios estabelecidos por normas da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT), Cetesb, entre outros. Nessas análises, são feitas
determinações de contaminantes, tais como: materiais particulados, óxidos
de enxofre e nitrogênio, fluoretos, cloretos, cianetos, metais pesados,
mercúrio, chumbo, materiais voláteis e semi-voláteis, dioxinas e furanos etc.
- Munidos de equipamentos modernos e calibrados conforme as normas,
fornecem todos os subsídios para que os seus clientes possam atender às
153
154
154
normas ISO 9001 e ISO 14000.
- Concessão de selos de qualidade (certificação), que é uma garantia de que
os produtos oferecidos atendem às normas técnicas ecomendadas pela
ABNT ou órgão similar de normalização técnica. Três selos de qualidade
são concedidos pela ABCP a produtos à base de cimento: cimento, blocos
de concreto para alvenaria e pavimentação, e tubos de concreto para águas
pluviais e esgoto sanitário.
- Tira dúvidas (FAC) com respostas para as perguntas mais freqüentes.
ABCEM Não faz.
SOBRATEMA Não faz.
FIESP - FAQ serviços de respostas prontas às perguntas mais freqüentes.
- Banco de currículos.
- A Metrologia é fundamental para a competitividade das empresas, sendo
mais um instrumento valioso para a garantia da qualidade de seus produtos e
serviços. O site Metrologia da Fiesp/Ciesp oferece apoio àquelas empresas
que buscam vencer os desafios atuais dos mercados, originados da
internacionalização da produção industrial, do aumento da complexidade de
produtos e serviços e da preocupação com a saúde, a segurança e a proteção
ao meio ambiente, e querem aproveitar as oportunidades de participação das
redes globais de fornecedores. Na Base de Dados da Fiesp poderão ser
encontrados Laboratórios Metrológicos principalmente do Estado de São
Paulo que fazem parte da rede de Escolas do SENAI, das Redes Brasileiras
de Laboratórios de Ensaio (RBLE) e de Calibração – RBC e da Rede
Metrológica do Estado de São Paulo (REMESP).
EAN Não faz.
ECR Não faz.
FPNQ Não faz.
155
APÊNDICE C: Análise das Causas de Formação de AAC e Mecanismos de Coordenação de Redes
(Cruzamento da Pesquisa da Literatura com a Pesquisa de Campo)
Cada item contendo um elemento de caracterização das redes de suprimentos, conforme levantado na pesquisa da literatura, é comparado com as
informações colhidas na pesquisa de campo. As associações pesquisadas são numeradas de 1 a 8 conforme tabela abaixo:
Associação
1 Sindicato da indústria da construção civil de São Paulo (Sinduscon/SP)
2 Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)
3 Associação Brasileira de Construção em Estrutura Metálica (ABCEM)
4 Sociedade Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção (Sobratema)
5 Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade (FPNQ)
6 Associação EAN Brasil
7 Associação ECR Brasil
8 Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP)
Os Apêndices B.1 a B.6, que contêm as atividades e serviços de cada uma das oito associações pesquisadas, são usados para fazer essa
comparação, e a comparação pode apresentar os seguintes resultados:
P Característica presente ou observada na pesquisa de campo daquela associação
A Característica pesquisada e ausente ou não observada na pesquisa de campo daquela associação
N Característica não pesquisada e nem observada na pesquisa de campo naquela associação
155
156
Grupos de
Atividades
Revisão da Literatura - Causas para Formação de Associações de
Ação Coletiva (Quadro 6) e Mecanismos de Coordenação de Redes
(Quadro 5)
Pesquisa de Campo. Atividades e Serviços
das Associações de Ação Coletiva
(Apêndice B)
1) Interação com o ambiente e influência sobre as decisões que afetam
os associados.
(1) Busca de subsídios governamentais (lobby) e obtenção de favores
especiais para os membros.
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A
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A
5 6
A
7 8
PA A A
Os sindicatos mantêm relacionamento estreito
com o governo e seus prepostos em defesa
dos interesses de seus associados. Porém não
foi pesquisado favores especiais ou subsídios
especificamente.
(2) Promover lobby junto ao governo e aos reguladores do governo para
tratar da questão da assimetria de poder entre os agentes do setor.
1
P
2
N
3 4
N
5 6
N
7 8
NN N N
O Sinduscon promove ações sobre licitações
públicas para defender os interesses de seus
associados em relação às grandes
empreiteiras, que têm o seu próprio sindicato.
(3) Reduzir as incertezas legislativas, aumentar a estabilidade. De
acordo com a teoria da dependência de recursos, um dos motivos para
formação de associações setoriais é a redução da incerteza legislativa e
competitiva.
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P
2
A
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A
7 8
PA A A
Os sindicatos trabalham para reduzir as
incertezas legislavas através de sua
participação no governo. Todos procuram
reduzir incertezas competitivas, disseminando
informação sobre os processos e produtos da
rede.
(4) Obter e disseminar informações. Como forma de atingir estabilidade
e previsibilidade a associação setorial pode reduzir algumas das
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A maioria das atividades das associações
cumpre esses objetivos.
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incertezas legislativas disseminando informação sobre as tendências
políticas e informações sobre as necessidades de seus membros.
(5) Relacionamento com interlocutores do mercado e sociedade. Na
relação com os interlocutores ou adversários da associação prevalece a
lógica da influência onde os interlocutores são governo, trabalhadores,
fornecedores e clientes. Dos interlocutores as associações requerem
reconhecimento, acesso e concessões, ou seja, influência. Entretanto,
interlocutores também podem fornecer recursos, tais como: subsídios,
obrigatoriedade de associação, concessões monopolísticas ou
oligopolísticas. O que exige capacidade de oferecer algo em troca. Para
tanto, a associação precisa contar com a legitimação junto aos
associados.
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2
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P
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P
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PAA
Os sindicatos mantêm relacionamento com o
governo. E sindicatos e associações em menor
ou maior grau se relacionam com diversos
interlocutores para obter e disseminar
informação e melhores práticas.
(6) Melhorar a imagem de seu setor e dos seus associados para alcançar
a legitimidade na sociedade e suas instituições. Criticas públicas do
governo, de outras associações, de sindicatos de empregados, ou, da
sociedade civil organizada, podem levar a associação a um trabalho
mais forte para divulgar suas atividades de conformidade e buscar
legitimidade.
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Todos trabalham pela imagem de seu setor e
associados.
(7) Ter um interlocutor para negociar com o governo em nome de uma
categoria. Aqui a perspectiva é de cima para baixo (top-down), do
governo para a associação e da associação para os membros, de forma a
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A
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PA A A
Apenas os sindicatos cumprem essa função no
Brasil, que é uma atribuição legal.
157
158
assegurar que os acordos firmados sejam honrados pelos membros.
Assume que a associação já está formada e bem organizada e tem a
capacidade de controlar os associados. O governo holandês teve
interesse em estimular as associações por inúmeros motivos:
contraposição aos sindicatos de empregados; parceiros para negociar
com sindicatos de empregados e facilitar a manutenção da lei e da
ordem; ajuda para implantar suas próprias políticas, troca de
informações, legitimação.
(8) Obrigatoriedade de associação por concessão da lei. O patrocínio do
governo é marcado por: reconhecimento do monopólio de associações;
acesso seletivo; acesso institucionalizado, com assentos em órgãos e
agências de implantação de políticas; concessão de poder de certificação
e licenciamento à associação; direito de taxação por serviços e
contribuições compulsórias de associação; estabelecimento de acordos
comerciais exclusivos, que obrigam fornecedores, clientes e
trabalhadores.
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A
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PA A A
Apenas os sindicatos, no Brasil, recebem o
direito de associação e contribuição
compulsória.
(9) Prevenir ou combater greves ou aumentos salariais; para se opor a
sindicatos de empregados; associações de fornecedores ou clientes; para
amenizar e regulamentar competição de preços, salários, prazos de
entrega, propaganda, exposições, qualidade de produtos; barreiras de
entrada; trabalho informal em segundo emprego.
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Verificado como função dos sindicatos e não
das associações.
158
159
(10) Evitar males coletivos. Muitas vezes é mais motivador combater
uma ameaça ou injustiça do que a obter um bem. Ameaças e injustiças
são mais carregadas de sentimentos, como raiva e medo, que podem ser
mais motivadores do que desejos de obter mais bens. São, enfim, mais
carregados de sentimentos morais do que cálculos racionais.
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Todos mobilizam-se para evitar ações
públicas e internacionais tidas como maléficas
para o setor, embora os sindicatos sejam os
canais mais diretamente envolvidos. Todos
trabalham para evitar a falta de
competitividade e atraso tecnológico e
gerencial.
(11) Monopólio de serviços. Busca de concessões do governo para
prestar serviços exclusivos e compulsórios aos membros e não
membros. Direito de distribuir recursos escassos entre os associados,
como matérias-primas, mão-de-obra, financiamentos, cotas de
importação e exportação, principalmente em épocas de crise, como
guerras. Direito de inspeção e auditoria sobre associados, direito de
patrulhamento e segurança de instalações, quase polícia.
1 2 3 4 5 6 7 8
NNNNNNNN
Não pesquisado.
(12) Prestação de serviços coletivos e não coletivos. Associações para
serem bem sucedidas para terem a capacidade de fazer lobby a favor de
bens coletivos a um determinado grupo, somente serão viáveis se
oferecerem um conjunto de serviços pelos quais os associados estejam
dispostos a pagar e que gerem com isso um orçamento, um capital
necessário para fazer o lobby. Existem por esse motivo muitas
associações que têm funções de lobby, funções econômicas e sociais ou
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Além de relacionamento com o governo todos
prestam serviços de utilidade para as
empresas associadas, que deixam de fazer
internamente ou usam como fonte de
confirmação de seus trabalhos internos. Entre
eles: acompanhamento da legislação,
treinamento, clipping, entre outros.
159
160
mesmo todas elas ao mesmo tempo. Portanto, um indivíduo somente
trabalharia pelo bem comum se ele fosse coagido a pagar os custos da
organização do lobby ou, se o custo que ele está tendo com a associação
reverter em serviços prestados para atender as necessidades individuais
da sua própria empresa.
Apoio público e
infra-estrutura
(13) Há muitas situações em que a cooperação é muito difícil de
alcançar e manter, como o caso do “dilema dos prisioneiros”
(JARILLO, 1988). Nestes casos o apoio de algumas agências do
governo pode ser crítico. A criação da infra-estrutura para fomentar
grupos científicos também é fundamental. (Mecanismos de
Coordenação de Redes - Quadro 5).
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Todas as associações participam de alguma
forma de grupos de trabalho e estudos das
agências e órgãos do governo.
2 Pesquisa e divulgação de indicadores e estudos econômicos.
(14) Compilação de estatística e informações.
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A
3 4
A
5 6
A
7 8
PA A A
Observa-se que apenas os sindicatos realizam
pesquisas e compilam estatísticas, e a maioria
por obrigação legal. Existe oportunidade para
melhorias em pesquisas para instruir as ações
dos associados.
3 Pesquisa, desenvolvimento e difusão de conhecimento - tecnológico e
gerencial.
(15) Ações coletivas pela produtividade e crescimento. Melhorias na
eficiência organizacional. Os membros podem associar-se porque
podem ter a esperança de obter vantagens econômicas especificas como
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P
Todos tem diversas atividades com este foco.
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161
informações sobre fontes de suprimentos mais baratas, assistência legal,
e acesso a relatórios estatísticos. Espera-se que essas vantagens
possibilitem incrementar a eficiência interna da organização e reduzir
custos. Obter vantagens econômicas para seus associados para obter
eficiência.
(16) Liderar relacionamento com universidades. Programas de pesquisa.
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Todos têm programas de melhoria e
treinamento com algum grau de
relacionamento com professores e escolas de
nível técnico e superior.
(17) Fórum para problemas gerenciais comuns e trocas de idéias.
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Todas promovem grupos de trabalho para
trabalhar assuntos de interesse da associação e
eventos para disseminação e troca de idéias.
(18) Soluções conjuntas para questões ecológicas e ambientais
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PAA AA
Os sindicatos e algumas associações têm
grupos de trabalho trabalhando com as
autoridades para busca de soluções de
sustentabilidade ambiental.
(19) Redução de custos de serviços compartilhados.
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Os serviços e atividades das associações
reduzem os custos das empresas, pois são
compartilhados por vários associados.
(20) Facilitar a comunicação e compartilhamento de informação entre
seus membros, através da publicação de journals, revistas e newsletters;
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Todos disseminam e compartilham
161
162
e a organização de convenções e congressos.
informações através de vários instrumentos de
comunicação e interação. Entretanto, não há
nas organizações pesquisadas a publicação de
revista referenciada (journal).
(21) Pesquisa de mercado e marketing. Associação como um ativo de
competitividade, especialmente para clusters de pequenas e médias
empresas (turismo, varejo, agricultura), as ações coletivas ganham
escala para fazer pesquisa e marketing.
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PAAAA
Observamos que algumas pesquisas são
realizadas, porém, existe a oportunidade de
aumentar as pesquisas para instruir as ações
dos associados.
(22) Reduzir incertezas competitivas. As associações comerciais
também reduzem as incertezas competitivas fornecendo definições,
padrões de produtos e guias de qualidades de produtos a seus membros
ou divulgando resultados de pesquisas patrocinadas pela associação.
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As informações e conhecimento disseminados
e trocados, através das várias atividades das
associações reduzem as incertezas e ajudam o
processo de tomada de decisões das empresas.
(23) Prestação de serviços coletivos e não coletivos. Associações para
serem bem sucedidas para terem a capacidade de fazer lobby a favor de
bens coletivos a um determinado grupo, somente serão viáveis se
oferecerem um conjunto de serviços pelos quais os associados estejam
dispostos a pagar e que gerem com isso um orçamento, um capital
necessário para fazer o lobby. Existem por esse motivo muitas
associações que têm funções de lobby, funções econômicas e sociais ou
mesmo todas elas ao mesmo tempo. Portanto, um indivíduo somente
trabalharia pelo bem comum se ele fosse coagido a pagar os custos da
organização do lobby ou, se o custo que ele está tendo com a associação
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Além de relacionamento com o governo todos
prestam serviços de utilidade para as
empresas associadas, que deixam de fazer
internamente ou usam como fonte de
confirmação de seus trabalhos internos. Entre
eles: acompanhamento da legislação,
treinamento, clipping, entre outros.
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163
reverter em serviços prestados para atender as necessidades individuais
da sua própria empresa.
(24) Propósitos específicos. Alguns setores formam associações como
grupos de trabalho para alcançar um determinado propósito e após sua
realização desassociam-se. Aqui prevalece o conceito de que cada
assunto tem um domínio (grupo de associados) ótimo, e que nem todos
os associados têm a mesma posição em todos os assuntos. Desta forma,
os conflitos entre membros são minimizados. Alguns exemplos são a
formação de comitês de propósito específico, em torno de bens sociais,
como treinamento, seguro social, normalização e padronização, controle
de qualidade, seguro, etc...
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Todos participam de programas ou mesmo
associações de propósitos específicos. A EAN
e o ECR são associações de propósito
específico.
Mecanismos de
comunicação,
decisão e
negociação.
(25) Intercâmbio de informações, decisões e comunicações inter-
organizacionais. Cooperação de longo prazo. (Mecanismos de
Coordenação de Redes - Quadro 5).
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Todas as associações praticam o intercâmbio,
cooperação e comunicação inter-
organizacional de longo prazo. As atividades
e serviços das associações visam contribuir
para tomar as decisões corretas dos
associados.
Mecanismos de
comunicação,
decisão e
negociação.
(26) Repetição das transações. (Mecanismos de Coordenação de Redes -
Quadro 5).
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As empresas associam-se porque têm
perspectiva de operar por tempo ilimitado na
rede, e, portanto repetem suas transações
inúmeras vezes. Essa perspectiva estimula a
busca por melhorias nessas transações. As
padronizações e melhores práticas da FPNQ,
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164
EAN e ECR pressupõem repetição das
transações.
Sistemas de
informação
(27) São poderosos integradores de gerenciamento dentro e entre
empresas. Trazem redução de custos de comunicação, suportam várias
formas de redes espalhadas geograficamente que não seria possível de
outra forma. Ex.: CAD/CAM para desenvolvimento de projetos em
conjunto por várias empresas, fornecedores e distribuidores; e sistemas
de pedidos e reservas. (Mecanismos de Coordenação de Redes - Quadro
5).
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Cada associação tem sua própria relação com
sistemas de informática e telecomunicações
integradores da rede.
4 Pesquisa e desenvolvimento de fornecedores, clientes e negócios.
(28) Promover ações coletivas como feiras e exposições para promover
a reciprocidade.
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PAA AAA
A ABCEMe Sobratema organizam as feiras
de seu segmento. A FIESP apóia e divulga as
feiras brasileiras e promove missões a feiras
no exterior.
(29) Prestação de serviços coletivos e não coletivos. Associações para
serem bem sucedidas para terem a capacidade de fazer lobby a favor de
bens coletivos a um determinado grupo, somente serão viáveis se
oferecerem um conjunto de serviços pelos quais os associados estejam
dispostos a pagar e que gerem com isso um orçamento, um capital
necessário para fazer o lobby. Existem por esse motivo muitas
associações que têm funções de lobby, funções econômicas e sociais ou
mesmo todas elas ao mesmo tempo. Portanto, um indivíduo somente
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Além de relacionamento com o governo todos
prestam serviços de utilidade para as
empresas associadas, que deixam de fazer
internamente ou usam como fonte de
confirmação de seus trabalhos internos. Entre
eles: acompanhamento da legislação,
treinamento, clipping, entre outros.
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trabalharia pelo bem comum se ele fosse coagido a pagar os custos da
organização do lobby ou, se o custo que ele está tendo com a associação
reverter em serviços prestados para atender as necessidades individuais
da sua própria empresa.
(30) Promoção de eventos sociais.
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Todos promovem eventos sociais.
Coordenação e
controle social
(31) Normas sociais e controle dos pares. Reputação, pois em uma rede
complexa e interligada as notícias correm, e as reputações podem ser
construídas e destruídas e conseqüentemente a capacidade de continuar
a fazer negócios na rede. (JONES; HESTERLY; BORGATTI, 1997).
Sanções coletivas, pois comportamentos inadequados podem sofrer
sanções de grupos e associações em geral de empresas que se
relacionam com o infrator, refletindo diretamente na capacidade de
continuar a fazer negócios na rede. (JONES, HESTERLY; BORGATTI,
1997). Restrição de acesso, evitando a participação de empresas
desqualificadas e formando barreiras de entrada. (JONES, HESTERLY;
BORGATTI, 1997). Macrocultura, que envolve toda a sociedade e
cultura onde a empresa está imersa, que lhe oferece uma série de
recursos e lhe impõem uma correspondente série de limitações, padrões
e normas. (ABRAHANSSON; FOMBRUN, 1994; JONES;
HESTERLY; BORGATTI, 1997). (Mecanismos de Coordenação de
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A maioria tem poder de influenciar o
comportamento dos associados através de
mecanismos sociais, entretanto, somente os
sindicatos têm poder de controlar os
membros, pelo poder da lei. As padronizações
e melhores práticas da FPNQ, EAN e ECR
podem ser considerados uma forma de norma
e padrão estabelecido por processo social,
sendo que a adesão é voluntária socialmente,
mas operacionalmente difícil de não aderir.
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Redes - Quadro 5).
Sistemas de
informação
(32) São poderosos integradores de gerenciamento dentro e entre
empresas. Trazem redução de custos de comunicação, suportam várias
formas de redes espalhadas geograficamente que não seria possível de
outra forma. Ex.: CAD/CAM para desenvolvimento de projetos em
conjunto por várias empresas, fornecedores e distribuidores; e sistemas
de pedidos e reservas. (Mecanismos de Coordenação de Redes - Quadro
5).
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Cada associação tem sua própria relação com
sistemas de informática e telecomunicações
integradores da rede.
5 Capacitação de pessoas através de cursos diversos.
(33) Programas de treinamento. 1
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Todos têm algum programa de treinamento e
disseminação de informação e conhecimento,
através de seminários, palestras, cursos, entre
outros.
(34) Prestação de serviços coletivos e não coletivos. Associações para
serem bem sucedidas para terem a capacidade de fazer lobby a favor de
bens coletivos a um determinado grupo, somente serão viáveis se
oferecerem um conjunto de serviços pelos quais os associados estejam
dispostos a pagar e que gerem com isso um orçamento, um capital
necessário para fazer o lobby. Existem por esse motivo muitas
associações que têm funções de lobby, funções econômicas e sociais ou
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Além de relacionamento com o governo todos
prestam serviços de utilidade para as
empresas associadas, que deixam de fazer
internamente ou usam como fonte de
confirmação de seus trabalhos internos. Entre
eles: acompanhamento da legislação,
treinamento, clipping, entre outros.
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mesmo todas elas ao mesmo tempo. Portanto, um indivíduo somente
trabalharia pelo bem comum se ele fosse coagido a pagar os custos da
organização do lobby ou, se o custo que ele está tendo com a associação
reverter em serviços prestados para atender as necessidades individuais
da sua própria empresa.
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Serviços diversos
(35) Laboratórios de teste.
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A
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A
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AA A A A
Verificado apenas na ABCP.
(36) Prestação de serviços coletivos e não coletivos. Associações para
serem bem sucedidas para terem a capacidade de fazer lobby a favor de
bens coletivos a um determinado grupo, somente serão viáveis se
oferecerem um conjunto de serviços pelos quais os associados estejam
dispostos a pagar e que gerem com isso um orçamento, um capital
necessário para fazer o lobby. Existem por esse motivo muitas
associações que têm funções de lobby, funções econômicas e sociais ou
mesmo todas elas ao mesmo tempo. Portanto, um indivíduo somente
trabalharia pelo bem comum se ele fosse coagido a pagar os custos da
organização do lobby ou, se o custo que ele está tendo com a associação
reverter em serviços prestados para atender as necessidades individuais
da sua própria empresa.
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Além de relacionamento com o governo todos
prestam serviços de utilidade para as
empresas associadas, que deixam de fazer
internamente ou usam como fonte de
confirmação de seus trabalhos internos. Entre
eles: acompanhamento da legislação,
treinamento, clipping, entre outros.
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Quadro de
funcionários
comuns
(37) Em grandes cadeias pode ser necessário pessoal dedicado à
coordenação, como em franquias e associações. Outras relações mais
simples podem ser coordenadas pelos agentes de cada parte.
(Mecanismos de Coordenação de Redes - Quadro 5).
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As associações e seu quadro de funcionários
executam ações coletivas que deixam de ser
feitas em cada uma das empresas associadas.
7 Não pesquisado e não observado na pesquisa de campo
(38) Patrocínio de grandes empresas. Quando há grande assimetria de
tamanho, poder econômico e interesses específicos em bens coletivos,
as grandes empresas podem ter tanto interesse em bens públicos e na
associação para sua obtenção, que estarão dispostos a arcar com a
maioria dos custos da associação. Apesar de que, diferenças de tamanho
e poder sejam fontes de outros problemas para as associações, que
frequentemente acabam provocando desmembramento de associações.
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NNNNNNNN
Não pesquisado. Entretanto, observou-se que
grandes empresas tem estimulado a adoção de
novas tecnologias de identificação e
comunicação na EAN, práticas de ECR,
melhores práticas de cimento na ABCP,
melhores equipamentos na Sobratema.
(39) Exemplos externos. Outras foram instituídas com base em
exemplos externos, de outros setores ou outros países.
1 2 3 4 5 6 7 8
NNNNNNNN
Não pesquisado.
(40) Contraposição a interlocutores associados. Muitas associações
foram induzidas pela pré-existência de outras associações de seus
interlocutores, para responder a elas, como associações de clientes,
fornecedores e empregados, concorrentes, profissionais, fazendeiros, e
outros grupos de empresas.
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Não pesquisado nem observado.
(41) Crises. Em momentos de crise aumenta historicamente o número de
associações, para os empresários enfrentarem em conjunto as
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Não pesquisado nem observado.
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169
conseqüências de guerras, depressões e crescimentos econômicos
excepcionais, e conseguirem mão-de-obra, matérias-primas, e produtos
finais.
(42) Ameaças de intervenção do governo. A assimetria provocada por
fortes ameaças de intervenção de governo promovem as atividades das
associações setoriais e, promovem a associação de membros em torno
de uma associação ou de um sindicato setorial.
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Não pesquisado.
(43) Proximidade geográfica. Grupos locais são privilegiados para
associação, de acordo com Olson (1971), pois geralmente são grupos de
poucos participantes com proximidade geográfica, já se conhecem
socialmente, ou concorrem muito proximamente. Essas associações
tornam difícil a carona, pois todos se conhecem e convivem juntos.
Porém, essas associações locais há muito tempo tiveram que se tornar
nacionais e internacionais, e seus participantes também cresceram.
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Todos são ou estão intimamente relacionados
a associações nacionais. A EAN e ECR estão
ligados a movimentos internacionais.
(44) Baixos custos de associação. Associações foram facilitadas pelos
baixos custos de associação originalmente, pois no começo os custos de
iniciar as atividades eram baixos, sem sede própria, sem pessoal
exclusivo, poucas reuniões, etc...O custo de associar-se era muito baixo,
quando comparado aos possíveis benefícios, e assim muitas associações
se criaram. As anuidades mantinham-se baixas e sempre que necessário,
eram chamados fundos adicionais para alcançar os objetivos de
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Não pesquisado.
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combater uma greve, ou promover lockout, boicotes, e acesso político.
(45) Monopólio de emprego. Direito de monopólio de forma que apenas
os associados estariam autorizados a empregar trabalhadores de
determinados sindicatos, comprar suprimentos de determinados
fornecedores, vender para determinados clientes. De forma que a saída
da associação significaria sair do negócio.
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Não pesquisado.
(46) Padronizar produtos.
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Ñão pesquisado. Entretanto, a EAN trabalha
pela padronização da identificação de
produtos e comunicação de dados entre
empresas.
(47) Consórcio de compras.
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Não observado nessas associações.
Integração e
interconexões de
papéis e
unidades
(48) O gerente de produto faz a interligação entre as diversas empresas
da cadeia. Diretores são inter-cambiados na diretoria das organizações.
(Mecanismos de Coordenação de Redes - Quadro 5).
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Não pesquisado nem observado. Esse tipo de
coordenação é mais provável em cadeias de
suprimentos e outros tipos de rede, do que as
redes sociais complexas estudadas nesta
pesquisa (simétricas e clusters).
Integração e
interconexões de
papéis e
unidades
(49) Estruturas de gerenciamento de projetos são implementadas para
realização de projetos complexos. (Mecanismos de Coordenação de
Redes - Quadro 5).
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Cursos e casos oferecem informação e
conhecimento para gerenciamento de projetos
de construção civil, complexos pela própria
natureza. As associações não participam
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diretamente do gerenciamento dos projetos de
construção civil, mas proporcionam meios de
disseminação e intercâmbio de informações e
conhecimento. Esse tipo de coordenação é
mais provável em cadeias de suprimentos e
outros tipos de rede, do que as redes sociais
complexas estudadas nesta pesquisa
(simétricas e clusters).
Hierarquia e
relações de
autoridade
(50) Em algumas conformações de rede como franquias e consórcios os
mecanismos de coordenação que fazem a rede funcionar incluem
supervisão hierárquica, planejamento formal, sistemas de programação,
sistemas de informação, treinamento, sistemas de contabilidade comuns.
(Mecanismos de Coordenação de Redes - Quadro 5).
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As atividades das associações pesquisadas
assumem relações sociais e voluntárias entre
os membros da rede. Não foi observado
atividades de auxílio a relações hierárquicas
ou de autoridade entre as organizações da
rede.
Hierarquia e
relações de
autoridade
(51) Podem concordar em conceder a uma empresa o direito de
determinar o comportamento das outras empresas, dentro de
determinados limites, para coordenar suas ações, para falar em nome de
todos e exercer liderança. (Mecanismos de Coordenação de Redes -
Quadro 5).
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Não pesquisado nem observado.
Sistemas de
planejamento e
controle
(52) Várias redes empregam sistemas de planejamento e controle por
resultados similares aos empregados por empresas individuais. A
franquia é um exemplo. (Mecanismos de Coordenação de Redes -
Quadro 5).
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As atividades das associações pesquisadas
assumem relações sociais e voluntárias entre
os membros da rede. Não foi observado
atividades de auxílio a relações hierárquicas
ou de autoridade entre as organizações da
rede como nas franquias.
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Sistemas de
incentivo
(53) Quando a performance é difícil de medir em atividades complexas
a gestão por objetivos é recomendada como forma de coordenação.
(Mecanismos de Coordenação de Redes - Quadro 5).
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Não pesquisado nem observado.
Sistemas de
seleção
(54) Quanto maior o escopo da cooperação, maior as exigências de
acesso à rede. Para tornar-se membro de uma associação basta
preencher alguns poucos requisitos legais, entretanto, para ser um
franqueado uma série de pré-requisitos são necessários. (Mecanismos de
Coordenação de Redes - Quadro 5).
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Não pesquisado nem observado.
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