da esfera feminina – os prazeres estéticos, o convívio afável entre os
amigos, os cuidados com o corpo, uma versão lúdica da vida, o
cultivo inteligente do tempo livre, a introspecção. O mundo muda,
felizmente para melhor. Muitos dos pedidos ou sugestões que VIP
recebe de seus leitores são de matérias sobre saúde, a cosmética e a
aparência masculina. Qual é o melhor modo de se fazer a barba?
Quais são os novos perfumes para o homem? (...) E muitos querem,
na medida do possível, atender e satisfazer a mulher (que presente
dar a ela?). São todos temas que estão sempre presentes em VIP.
Fazemos a nossa revista respondendo, a cada número, aquela
questão inicial: o que é ser homem hoje?
(VIP,nº 147, ago 1997, p. 11).
O processo de deslocamento do sujeito, apontado por Hall (2000) e já
discutido no início deste capítulo, também encontra reflexo na identidade
dos homens. Isso tem possibilitado que o modelo hegemônico de homem
venha sofrendo modificações ao longo do tempo. Fala-se, portanto, no
“novo homem”, cuja masculinidade não seria orientada pelo modelo
hegemônico tradicional.
Segundo Nolasco (1993, p. 174), esse tipo de homem estaria em
busca de seu lado feminino, ou seja, ele estaria passando por uma crise de
identidade, na qual aspectos tradicionalmente compreendidos como
femininos estariam vindo à tona, trazendo uma certa insegurança a respeito
de seu papel no mundo social. O autor aponta, ainda, que esse “novo
homem” estaria se projetando em relação ao modelo tradicional e
hegemônico de masculinidade. Esse homem, então, seria o resultado de uma
crise que se baseia em antagonismos que estão associados a características
normalmente atribuídas às mulheres.
Badinter (1993, p. 165) denomina esse novo padrão de masculinidade
de “homem reconciliado”, o qual saberia encontrar um equilíbrio entre
solidez e sensibilidade. Segundo ela, os homens jovens de hoje “não se
reconhecem nem na virilidade caricatural do passado, nem no repúdio à