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MÁRIO DOMINGUES FERREIRA
AVALIAÇÃO QUALITATIVA DAS DECISÕES DO CONSELHO DE
ADMINISTRAÇÃO: O CASO DE UMA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em
Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense
como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre
em Sistemas de Gestão. Área de Concentração:
Organizações e Estratégia. Linha de Pesquisa: Sistema
de Gestão pela Qualidade Total.
Orientador:
Prof. Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas, D.Sc.
Niterói
2005
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MÁRIO DOMINGUES FERREIRA
AVALIAÇÃO QUALITATIVA DAS DECISÕES DO CONSELHO DE
ADMINISTRAÇÃO: O CASO DE UMA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA
Dissertação apresentada no curso de Mestrado em
Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense
como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre
em Sistemas de Gestão. Área de Concentração:
Organizações e Estratégia. Linha de Pesquisa: Sistema
de Gestão pela Qualidade Total.
Aprovada em 27 de setembro de 2005.
BANCA EXAMINADORA:
___________________________________________________________________________
Prof. Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas, D.Sc.
Universidade Federal Fluminense - UFF
___________________________________________________________________________
Prof. Eduardo Rodrigues Gomes, D.Sc.
Universidade Federal Fluminense - UFF
___________________________________________________________________________
Prof. Luiz Gonzaga Mariano de Souza, Ph.D.
Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI
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DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado a Marta, Daniele, Érica e Valério, pelo apoio e compreensão a
mim dispensados durante todo o período de estudo e pesquisa.
A Mariléa e Jorge, meus pais (em memória), por um dia terem me feito acreditar na
possibilidade desta realização.
À minha neta Nicole,
pelos ensinamentos dos gatinhos da sorte.
AGRADECIMENTOS
Um trabalho de pesquisa acadêmica, antes de qualquer coisa, ensina-nos a ser humildes.
Entender que é impossível começar e terminar uma dissertação de mestrado sozinho já é o
início do aprendizado. A solidão intelectual não é a melhor conselheira. Ainda bem, pois a
busca dos apoios necessários à consecução deste trabalho, nos diversos pontos de sua
extensão, foi o que proporcionou a tomada de contato não só com aqueles que já nos eram
caros, mas também o descortino de novas perspectivas, através do convívio com outras
mentes, o que não teria sido possível não fora a necessidade do desenvolvimento e da
conclusão deste trabalho. A essas pessoas são dedicados os agradecimentos com a dimensão
da minha dívida de gratidão.
Ao meu professor e orientador Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas, mentor da obra, pela
forma como me conduziu à reflexão.
À Tatiana, Rogéria, Flávia, Antônio Segaloto e Victor Emanuel, pelo incentivo e apoio
incondicional, desde a fase de preparação para acesso ao curso de mestrado.
À Cristina, Fernanda, Marcelo, Paulo Aires, Sinézio, Josenildo, Luciana, Gustavo,
Elinaldo, Pádua e à minha filha Érica, pelas inestimáveis contribuições à instrumentação desta
pesquisa.
Ao Júlio Morandi, pelo debate conjunto do projeto e pela doação de sua capacidade no
traçado e na construção dos primeiros caminhos.
Aos professores Sérgio França e Gilson Brito, da UFF, e Cosmo Severiano Filho, da
UFPB, por seus saberes emprestados a este trabalho, os agradecimentos.
Por fim, ao meu colega de turma, Jaime Luiz Kalsing, aqui elevado à condição de
verdadeiro amigo, por ter-me feito compreender a alma desta obra; por ter tido pelo tema a
mesma paixão que eu tive, e por ter caminhado passo a passo comigo na constituição do corpo
desta dissertação, ficam os registros de sinceros agradecimentos pela contribuição definitiva a
este trabalho.
RESUMO
Esta dissertação busca oferecer uma visão teórica ampliada acerca das principais abordagens
conceituais que tratam de governança corporativa, balanced scorecard, processo decisório e
sustentabilidade, como forma de analisar as decisões do conselho de administração de um dos
maiores conglomerados financeiros do país. O objetivo principal do estudo foi investigar as
deliberações daquele colegiado, buscando avaliar os critérios observados no processo
decisório, verificando a pertinência destes com a estratégia definida no modelo de gestão, nas
políticas técnicas e nos códigos de melhores práticas de governança corporativa
recomendadas pela literatura e pelos órgãos reguladores. A metodologia utilizada caracteriza
a pesquisa como sendo de natureza aplicada, com abordagem qualitativa do problema e sendo
baseada em um estudo de caso. Com base em atas de reuniões ordinárias e extraordinárias,
realizadas no decorrer dos anos de 2003 e 2004, a pesquisa analisou as decisões tomadas pelo
conselho de administração da organização estudada, de acordo com as boas práticas de
governança corporativa e o modelo de gestão estratégica adotado pela instituição investigada
– o Balanced Scorecard. Os resultados da pesquisa oferecem considerações conclusivas para
a elucidação do problema e das questões formuladas, indicando (a) a existência de uma clara,
formal e bem definida estrutura de governança corporativa na empresa; (b) uma contribuição
significativa dos conceitos de BSC no apoio às tomadas de decisão do colegiado da
instituição; (c) a caracterização da estrutura conceitual do processo decisório operado pela
organização, bem como (d) a forte aderência entre as decisões do conselho de administração
da entidade e os conceitos literários de sustentabilidade. A dissertação também aponta
algumas sugestões para estudos futuros, resultantes das limitações sofridas pelo processo de
investigação realizado.
Palavras-chave: Governança Corporativa; Balanced Scorecard; Processo Decisório;
Sustentabilidade.
ABSTRACT
This report aims to develop a broad theoretical vision of the conceptual approaches regarding
corporate governance, balanced scorecard, decision system and sustainability of one the
country´s largest financial corporations. The main goal is the investigation of the
administration board´s decisions, evaluating the criteria used in the decision process of this
board, checking their coherence with the strategy defined in the management model, technical
policies and the corporate governance best practices recommended by the literature and
regulatory entities. The methodology used characterizes this work as an applied research,
with a qualitative problem approach, based on a case study. Based on ordinary and
extraordinary reports of assemblies held between the year 2003 and 2004, the research
analyzes the decisions taken by the studied entity´s administration board according to the
corporate governance best practices and the management model adopted by this company –
the Balanced Scorecard. The research results point to conclusive considerations about the
question (problem) proposed, indicating (a) the existence of a clear, formal and well defined
structure of corporate governance in the company; (b) a relevant contribution of BSC´s
concepts, supporting the company´s Board decisions process; (c) the characterization of the
decision system´s conceptual structure adopted by the company; (d) the strong adherence
between the company´s administration board decisions and the concepts of sustainability.
Finally, the work also suggest further studies, due to limitations on the current investigation
process.
Keywords: Corporate Governance; Balanced Scorecard; Decision System; Sustainability.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Representação esquemática da pesquisa ............................................................ 29
Figura 2 – Dimensões da governança corporativa ............................................................... 55
Figura 3 – As quatro perspectivas do BSC .......................................................................... 57
Figura 4 – Mapa estratégico genérico .................................................................................. 65
Figura 5 – Relação entre dados e informação e os níveis organizacionais .......................... 68
Figura 6 – Fatores que influenciam a percepção ................................................................. 71
Figura 7 – O modelo de processo decisório de Simon ......................................................... 75
Figura 8 – Stakeholders da Sustentabilidade: O Biograma ................................................. 87
Figura 9 – Modelo esquemático da pesquisa quanto à sua metodologia ............................. 99
Figura 10 – Configuração organizacional do conglomerado ...............................................
106
Figura 11 – Estrutura de decisão do conglomerado .............................................................
109
Figura 12 – As categorias de análises dos riscos do conglomerado bancário .....................
118
Figura 13 – Estrutura sintética do Comitê de Risco Global .................................................
120
Figura 14 – Mapa estratégico da instituição pesquisada ......................................................
133
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Distribuição das decisões do CA em 2003 e 2004 ............................................
139
Gráfico 2 – Distribuição percentual das decisões do conselho de administração em 2003
e 2004, de acordo com as perspectivas do BSC ...............................................
140
Gráfico 3 – Distribuição quantitativa das decisões do conselho de administração nos anos
de 2003 e 2004, segundo as perspectivas do BSC ...................................
142
Gráfico 4 – Decisões do CA nos anos de 2003 e 2004, segundo as perspectivas do BSC ..
143
Gráfico 5 – Percentual das decisões do CA em 2003 e 2004 na perspectiva Financeira ....
144
Gráfico 6 – Distribuição percentual das decisões do CA em 2003 e 2004 na perspectiva
Sociedade .........................................................................................................
145
Gráfico 7 – Distribuição percentual das decisões do CA em 2003 e 2004 na perspectiva
Clientes .............................................................................................................
146
Gráfico 8 – Distribuição percentual das decisões do CA em 2003 e 2004 na perspectiva
Processos Internos ............................................................................................
147
Gráfico 9 – Distribuição percentual das decisões do CA em 2003 e 2004 na perspectiva
Comportamento Organizacional ......................................................................
148
Gráfico 10 –Evolução do resultado financeiro da organização, em R$ milhões, entre
2000 e 2004 ......................................................................................................
158
Gráfico 11 –Comparação das variações diárias do valor patrimonial por ação da
organização pesquisada e do Ibovespa, entre 30.12.2002 e 31.12.2004 ..........
158
Gráfico 12 –Comparação das decisões do CA nos anos de 2003 e 2004, segundo as
dimensões do triple bottom line ....................................................................
160
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – As motivações dos ativistas e instituições que resultaram na formação dos
quatro princípios da governança corporativa ..................................................
38
Quadro 2 – Síntese das principais diferenças entre os modelos de governança corporativa 42
Quadro 3 – Dimensões diferenciadoras dos modelos de governança corporativa .............. 54
Quadro 4 – Painel das empresas controladas pelo conglomerado ...................................... 108
Quadro 5 – Painel das empresas coligadas ao conglomerado ............................................ 108
Quadro 6 – Posicionamento Institucional Pretendido ......................................................... 114
Quadro 7 – A gestão integrada de riscos ............................................................................. 119
Quadro 8 – Carta de Princípios de Responsabilidade Socioambiental ................................ 123
Quadro 9 – Painel de Ações Sociais .................................................................................... 126
Quadro 10 – Estratégia da organização, segundo metodologia do BSC ............................ 134
Quadro 11 – Painel de avaliação das práticas de governança corporativa ......................... 163
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Decomposição das decisões do CA, segundo as dimensões triple bottom line
em 2003 e 2004................................................................................................. 159
Tabela 2 – Correlação de eventos de decisões homologatórias ad referendum e total de
ocorrências em 2003 e 2004 ............................................................................
168
Tabela 3 – Correlação de eventos de “declaração de ciência” e total de ocorrências........ 169
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AGA - Assembléia Geral de Acionistas
AGE – Assembléia Geral Extraordinária
ANS – Agencia Nacional de Saúde
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
BIS – Bank of International Settlements
BSC – Balanced Scorecard
CA – Conselho de administração
CALPERS – Californian Public Employees Retirement System
CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável
CEMPRE – Compromisso Empresarial para a Reciclagem
CEO – Chief Executive Officer
CF – Conselho fiscal
CFO – Chief Finance Officer
CGQ – Corporate Governance Quotient
CII – Council of Institutional Investor
CMN – Conselho Monetário Nacional
CMMAD – Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
COEP – Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e Pela Vida
CPSI – Creative Problem Solving Institute
CVM – Comissão de Valores Mobiliários
DEST – Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais
DF – Distrito Federal
DRL – Disponibilidade de Recursos Livres
DRS – Desenvolvimento Regional Sustentável
EIA – Estudo Prévio de Impacto Ambiental
FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos
FIA – Fundo da Infância e Adolescência
GMI – Governance Metrics International
GRI – Global Reporting Initiative
IASInternational Accounting Standards
IBASE – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBOVESPA – Índice de Ações da Bolsa de Valores de São Paulo
IFC – International Finance Corporation
ISS – Institutional Shareholder Services
IUCN – International Union for the Conservation of Nature and Natural Resources
MSG – Mestrado em Sistemas de Gestão
OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
OECD – Organization for Economic Cooperation and Development
ONG – Organização Não Governamental
ONU – Organização das Nações Unidas
OPU – Oferta Pública de Aquisição
P&D – Pesquisa e Desenvolvimento
PAAAI – Plano Anual de Atividades de Auditoria Interna
PDG – Programa de Dispêndios Globais
PIB – Produto Interno Bruto
PND – Programa Nacional de Desestatização
PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PNUMA – Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente
POSPoint of sale
RI – Relação com Investidores
RIMA – Relatório de Impacto ao Meio Ambiente
RSA – Responsabilidade Socioambiental
S.A. – Sociedade Anônima
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SEC – Securities Exchange Commission
SFCI – Secretaria Federal de Controles Internos
SFN – Sistema Financeiro Nacional
TCU – Tribunal de Contas da União
TI – Tecnologia de Informação
UFF – Universidade Federal Fluminense
UFPB – Universidade Federal da Paraíba
UNEP – United Nations Environmental Program
US GAAPUnited States Generally Accepted Accounting Principles
V@R – Valor em Risco
WWF – World Wide Fund
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 17
1.1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................... 17
1.2 – O PROBLEMA ............................................................................................................ 22
1.3 – OBJETIVOS ................................................................................................................ 24
1.3.1 – Objetivo Geral ......................................................................................................... 24
1.3.2 – Objetivos Específicos .............................................................................................. 24
1.4 – QUESTÕES .................................................................................................................25
1.5 – DELIMITAÇÃO DO ESTUDO .................................................................................. 25
1.6 – RELEVÂNCIA DO TEMA.......................................................................................... 26
1.7 – ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................ 28
REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 31
2.1 – GOVERNANÇA CORPORATIVA ............................................................................ 31
2.1.1 – Conceitos de governança corporativa ................................................................... 32
2.1.2 – Histórico da governança corporativa .................................................................... 35
2.1.3 – Governança corporativa no mundo ...................................................................... 41
2.1.4 – Governança corporativa no Brasil ........................................................................ 43
2.1.5 – Estrutura legal da governança corporativa no Brasil ......................................... 46
2.1.6 – O novo cenário da governança corporativa ......................................................... 48
2.1.7 – A teoria dos Shareholders e a teoria dos Stakeholders ......................................... 53
2.1.8 – Considerações .......................................................................................................... 56
2.2 – O BALANCED SCORECARD .......................................................................……….. 56
2.2.1 – Os princípios do BSC .............................................................................................. 59
2.2.2 – Mapas Estratégicos ................................................................................................. 62
2.2.3 – Considerações .......................................................................................................... 66
2.3 – O PROCESSO DECISÓRIO NAS ORGANIZAÇÕES .............................................. 66
2.3.1 – A informação ........................................................................................................... 66
2.3.2 – As tomadas de decisão nas organizações .............................................................. 68
2.3.3 – O processo decisório ............................................................................................... 72
2.3.4 – Os modelos de análise do processo decisório ........................................................ 73
2.3.5 – Considerações .......................................................................................................... 75
2.4 – SUSTENTABILIDADE .............................................................................................. 76
2.4.1 – A visão econômica da sustentabilidade ................................................................. 81
2.4.2 – A sustentabilidade como oportunidade de negócios ............................................ 85
2.4.3 – Motivadores globais da sustentabilidade ............................................................. 87
2.4.4 – Os Princípios do Equador ......................................................................................
2.4.5 – Considerações ..........................................................................................................
90
92
METODOLOGIA DE PESQUISA ................................................................................... 93
3.1 – MÉTODO CIENTÍFICO ............................................................................................. 93
3.1.1 – A pesquisa científica ............................................................................................... 94
3.2.1 – A classificação da pesquisa ..................................................................................... 96
3.2.2 – Estruturação da pesquisa ....................................................................................... 98
3.2.3 – Coleta e tratamento de dados ................................................................................ 100
O ESTUDO DE CASO ....................................................................................................... 104
4.1 – DADOS GERAIS DA ORGANIZAÇÃO PESQUISADA ......................................... 104
4.1.1 – Breve histórico sobre a entidade ............................................................................ 104
4.1.2 – A estrutura organizacional do conglomerado ...................................................... 105
4.2 – SITUAÇÃO-PROBLEMA NO CASO ESTUDADO ................................................. 110
4.3 – A ESTRATÉGIA CORPORATIVA ............................................................................ 111
4.3.1 – Valores e crenças ..................................................................................................... 112
4.3.2 – Visão de Futuro ....................................................................................................... 114
4.3.3 – Missão ....................................................................................................................... 115
4.3.4 – Perspectivas ............................................................................................................. 115
4.3.5 – Orientação estratégica ............................................................................................ 115
4.4 – ESTRUTURAÇÃO DA GOVERNANÇA NA ORGANIZAÇÃO ESTUDADA ...... 116
4.5 – SUSTENTABILIDADE .............................................................................................. 121
4.6 – O RELACIONAMENTO COM AS PARTES INTERESSADAS .............................. 122
4.6.1 – Clientes ..................................................................................................................... 123
4.6.2 – Funcionários ............................................................................................................ 124
4.6.3 – Comunidade ............................................................................................................ 124
4.6.4 – Fornecedores ........................................................................................................... 129
4.6.5 – Concorrentes ........................................................................................................... 129
4.6.6 – Governo .................................................................................................................... 130
4.6.7 – Meio-ambiente ......................................................................................................... 130
4.7 – O MODELO DE GESTÃO ADOTADO .................................................................. 131
4.7.1 – Gestão de negócios .................................................................................................. 131
4.7.2 – Fiscalização e controle ............................................................................................ 131
4.7.3 – Balanced Scorecard ................................................................................................. 132
4.7.4 – Políticas de divulgação e negociação ..................................................................... 135
4.7.5 – Perspectivas para a adesão aos Níveis Diferenciados da Bovespa ...................... 136
4.8 – ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS E AS QUESTÕES DE PESQUISA .......... 138
4.8.1 – Análise das decisões do conselho de administração, período entre 2003 e 2004 138
4.8.2 – Análise das decisões: perspectiva Financeira ....................................................... 143
4.8.3 – Análise das decisões: perspectiva Sociedade ........................................................ 144
4.8.4 – Análise das decisões: perspectiva Clientes ............................................................ 145
4.8.5 – Análise das decisões: perspectivas Processos Internos ........................................ 146
4.8.6 – Análise das decisões: perspectiva Comportamento Organizacional .................. 147
4.8.7 – Análise das decisões do CA à luz das boas práticas de governança
corporativa .............................................................................................................. 148
4.9 – ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................................ 155
4.9.1 – Análise geral ............................................................................................................ 155
4.9.2 – Respostas às Questões de Pesquisa ........................................................................ 161
4.9.3 – Decisões sob o prisma das boas práticas de governança ..................................... 161
4.9.4 – Apoio do BSC às decisões do CA ........................................................................... 164
4.9.5 – Estrutura conceitual do processo decisório .......................................................... 165
4.9.6 – Relações entre as decisões do CA e os conceitos de sustentabilidade.................. 167
4.9.7 – Considerações Finais............................................................................................... 168
SOBRE A ATUAÇÃO DE CONSELHOS DE ADMINISTRAÇÃO.............................. 170
5.1 – ALGUNS CONTORNOS DE ORDEM LEGAL DA GOVERNANÇA EM
INSTITUIÇÕES FINANCEIIRAS.............................................................................. 175
CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS............................. 181
6.1 – CONCLUSÕES ACERCA DAS QUESTÕES DE PESQUISA.................................. 181
6.2 – CONCLUSÕES SOBRE OUTROS ASPECTOS DA PESQUISA.............................. 184
6.3 – SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS........................................................ 185
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................. 187
GLOSSÁRIO........................................................................................................................ 197
APÊNDICE 1........................................................................................................................ 201
APÊNDICE 2........................................................................................................................ 210
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Um dos problemas mais complexos para o desenvolvimento sustentável de qualquer
organização refere-se à originação de recursos para o financiamento das suas atividades.
Cantidiano e Correa (2004) afirmam que a experiência do autofinanciamento, em muitos
casos, mostra-se inadequada e excessivamente onerosa e apontam que uma das razões para o
fracasso da maioria das empresas, em curto espaço de tempo, deve-se ao financiamento da
atividade com poupança própria. Com tal motivação, no âmbito do financiamento empresarial
foram formadas as sociedades de capitais, nas quais o empreendedor busca através de
associações os recursos necessários para o desenvolvimento sustentável do seu negócio.
Segundo Wonnacott e Crusius (2002), as sociedades anônimas ou de capitais
remontam muitos séculos e tiveram início na Inglaterra com as concessões de cartas patentes,
por disposições do Rei, ou do Parlamento. A essas sociedades foram outorgados importantes
direitos, entre os quais o monopólio do comércio em certas colônias britânicas, como por
exemplo, a East India Company.
Entretanto, Koontz (1971) afirma que muito antes, em 2083 a.C., o Código de
Hamurabi já permitia aos babilônios a formação de um tipo de sociedade que conduzia os
negócios por muitos anos. Na Roma antiga também existia um tipo de corporação chamada de
societae, que era considerada pessoa jurídica e para tal deveria possuir um conselho de
administração para poder funcionar.
No século XIII, o Papa Inocente IV desenvolveu esse conceito criando a corporação
como uma entidade fictícia. Na Idade Média, com a formação das cidades, as corporações
tornaram-se instituições. No entanto, somente a partir do século XIX, com a Revolução
Industrial e a adoção de normas jurídicas e comerciais, como a aprovação da lei de
incorporação, é que se conseguiu assegurar o direito de organização de uma sociedade
anônima (S.A.). Para Wonnacott e Crusius (2002), esse aperfeiçoamento legal foi o precursor
dos sistemas jurídicos atuais para a abertura de uma S.A., que podem ser considerados
18
relativamente simples, com algumas poucas exceções, entre elas as regras que valem para as
instituições bancárias, onde é o Banco Central que autoriza a criação de um novo banco.
Uma organização consegue utilizar-se de vários mecanismos para obter
financiamentos visando o aperfeiçoamento e/ou a expansão da atividade. Porém, somente as
S.A. contam com alternativas adicionais: a emissão de ações ou debêntures. As ações podem
ser ordinárias ou preferenciais e, as debêntures podem ser simples ou conversíveis. Para
Wonnacott e Crusius (2002), as sociedades anônimas são classificadas como “abertas” se suas
ações são admitidas à negociação em uma bolsa de valores e, do contrário, são categorizadas
como “fechadas”.
Segundo Malieni Jr. (2003), as sociedades anônimas de capital aberto têm
proporcionado alterações históricas no sistema de captação de recursos das empresas, que
passaram a não depender somente dos grandes investidores; elas podem agora, com a diluição
da base societária, obter recursos necessários à execução de seus projetos, dividirem de forma
irrestrita o risco de suas atividades e contar com os benefícios da uma gestão profissional.
Araújo e Sposito (2004) sustentam que no Brasil o mercado de capitais desempenhou
historicamente um papel secundário no atendimento às necessidades financeiras das empresas,
já que elas foram atendidas por meio de seus próprios lucros retidos e por fontes de
financiamento governamentais. Entretanto, as enormes demandas sociais do país e a escassez
de recursos financeiros limitaram a capacidade do Estado para manter seu papel como um
provedor de capitais. Essa queda nos financiamentos foi ainda mais agravada pela abertura
econômica do mercado brasileiro na década de 90. As empresas passaram a enfrentar intensa
concorrência internacional, exigindo grandes aportes de capital para se modernizarem e
enfrentarem as ameaças competitivas dos novos entrantes. Essa demanda por capitais somente
pôde ser atendida pelo crescimento e o desenvolvimento do mercado de capitais local.
Para auxiliar o processo de desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro, em 31
de outubro de 2001 foi aprovada a Lei nº 10.303, atualizando a Lei nº 6.404, que vigorava
desde 15.12.1976, introduzindo a abordagem sobre os problemas que vinham sendo
identificados na área de governança das companhias, com foco na maior transparência, na
obrigatoriedade de divulgação de informações e na proteção dos direitos dos acionistas
minoritários.
19
Por outro lado, no ambiente de competição global de hoje, torna-se fundamental para o
desenvolvimento econômico dos países e das empresas onde estão instaladas, que existam
mecanismos de controle capazes de assegurar aos investidores o alinhamento entre os seus
interesses e o de seus contratados – os Chief Executive Officers (CEOs). Nesse sentido,
organizações multilaterais como a Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) defendem que os princípios da governança corporativa formam uma base
sólida para o crescimento econômico dos países, para uma integração global dos mercados e
para o controle dos riscos dos investimentos.
Segundo Sá Leitão (2003), a governança corporativa é um sistema pelo qual as
sociedades são dirigidas e controladas através da adoção de um conjunto de regras,
procedimentos, práticas e relacionamentos entre os acionistas e cotistas, conselho de
administração, auditoria independente, conselho fiscal e terceiros (stakeholders), visando
maior eficiência administrativa e desempenho das atividades operacionais das sociedades,
assim como facilitar o acesso ao capital (captação de recursos). A sociedade anônima que opta
pelas boas práticas de governança corporativa adota como linhas mestras os seus quatro
princípios orientadores, que são: transparência (disclosure); prestação de contas
(accountability); justiça com os minoritários (fairness); e, cumprimento das leis (compliance).
Lodi (2000) considera que o principal instrumento de governança é o conselho de
administração, cuja missão precípua é o cumprimento desses princípios. Para o autor,
transparência (disclosure) significa dados acurados, registro contábil fora de dúvida e
relatórios entregues nos prazos combinados; eqüidade (fairness) traduz-se por senso de
justiça, tratamento igualitário para com os acionistas minoritários contra transgressões de
majoritários e gestores; prestação de contas (accountability) compreende a responsabilidade
pela prestação de contas por parte dos que tomam as decisões de negócios; e, cumprimento
das leis (compliance) abrange a obediência e cumprimento das leis do país.
Silveira et al (2003) aduzem que existe um consenso entre os órgãos reguladores dos
mercados de capitais em vários países em relação a essas melhores práticas de governança.
Para os autores, destacam-se as seguintes práticas: o principal instrumento de governança
corporativa é o conselho de administração (CA), cuja principal função é o monitoramento da
gestão da empresa; o conselho de administração deve ter uma participação ativa e
20
independente nas decisões estratégicas da empresa; a estrutura do conselho de administração
deve ter a maior participação possível de membros externos; e, o único membro interno da
empresa no conselho de administração deve ser o seu presidente executivo.
Ainda de acordo com Lodi (1977, p. 32), “O conselho não administra, [ele] deve
proporcionar direção, indicar o caminho”. Isto significa que o conselho de administração
cuida das políticas e a diretoria executiva cuida da gestão (noise in; fingers out), ou melhor,
deve tomar decisões estratégicas que garantam a sustentabilidade do negócio.
1.2 O PROBLEMA
O atual ambiente competitivo vem exigindo das grandes organizações maior
flexibilidade e, principalmente, rapidez nas decisões, sob pena de perderem seus negócios
para empresas menores, porém mais ágeis. Para Motta (1994), as empresas transformaram-se
em mais complexas e fragmentáveis, tornando o meio empresarial muito dinâmico. Isso exige
que as decisões sejam tomadas rapidamente, sob pressão das oportunidades, mas de forma a
expor a organização ao mínimo de risco.
Assim, para conduzir a organização em direção ao crescimento, os administradores
precisam decidir com rapidez e cautela, superando a concorrência e diminuindo os custos das
operações. Esse aumento da eficiência exige que o número de perguntas e respostas – dados e
informações – seja cada vez maior para a tomada de decisão.
No caso específico da instituição financeira pesquisada, tais questões têm maior
complexidade, pois além de precisar que identifiquem as oportunidades e ameaças do
ambiente externo, necessitam acompanhar as mudanças tecnológicas, constituindo uma
estrutura interna adequada à realidade, especialmente nos sistemas de gestão e na forma de
decidir. Para os bancos, tornou-se fundamental o uso de informações apuradas por sistemas de
apoio à decisão – hardwares e softwares – com o objetivo de acelerar todo o processo
decisório.
21
Os bancos são componentes críticos de qualquer economia, pois são provedores de
recursos financeiros para os negócios comerciais e industriais, de serviços financeiros para a
população e de acesso ao sistema de pagamentos para os agentes. Algumas dessas
organizações têm uma missão mais ampla: a de tornar o crédito acessível e de manter a
liquidez do mercado (GITMAN, 2002).
A importância dos bancos nas economias dos países é especial pelo fato de que a
atividade financeira constitui-se numa indústria universalmente regulamentada e os bancos
devem ter autorização dos governos para funcionar. Portanto, é de crucial importância que
essas instituições tenham um forte sistema de governança corporativa.
Segundo Marcassa (2004), a governança corporativa no setor bancário brasileiro
envolve a maneira pela qual os seus negócios e atividades são dirigidos pelos respectivos
conselhos de administração e pelos diretores executivos, à semelhança dos demais setores
empresariais, porém com maior rigor, por serem sujeitos às regras determinadas pelo Banco
Central do Brasil, que influenciam como os bancos devem: determinar seus objetivos; realizar
suas atividades diárias; considerar os interesses dos stakeholders; alinhar as atividades
corporativas com segurança e observância às leis e regulamentos; e, proteger os interesses dos
depositantes.
Os membros do conselho de administração, além de significar os olhos dos acionistas
nos processos de governança, emprestam seus nomes, reputação e prestígio no sentido de
tornar confiável a gestão da corporação, garantindo probidade e isenção nas decisões. O
conjunto de responsabilidades do conselho de administração envolve questões importantes
das corporações, tais como ética, políticas, comunicação com o mercado, responsabilidade
social, conflito de interesses, planejamento estratégico, conformação legal e aspectos
ambientais, cujas diretrizes quase sempre emanam dos conselhos (MARCASSA, 2004). Um
conselho de administração tem importância fundamental no andamento da corporação, na
medida em que pode ajudar a manter a corporação fiel aos seus princípios e à observação de
conduta pré-determinados, além de contribuir para o desenvolvimento da corporação e da
sociedade.
Segundo Gitman (2002), na gestão dos bancos comerciais existe uma complexidade e
uma pressão pela análise direta de valores, que podem favorecer ou prejudicar a instituição de
22
forma instantânea. Quando os valores são significativos, a decisão não é exclusiva de um
gestor, mas de um grupo de pessoas que analisa o caso, dividindo a responsabilidade. Assim,
nos níveis operacional e gerencial (tático), os modelos de análise quantitativos são suficientes
para a tomada de decisão, pois estão baseados na estratégia, planejamento e controles
estabelecidos previamente pelo conselho de administração. Essas análises, em regra, são
realizadas por meio de sistemas de informação. Esses sistemas delineiam um modelo que se
torna a base para a tomada de decisão do gestor – os gerentes operacionais.
Ocorre que nas grandes corporações, existem decisões de maior amplitude e
responsabilidade, as quais não podem ser resolvidas mediante simples avaliações dos
executivos dos níveis operacional e tático e pela utilização dos modelos de análise
padronizados. Pelo grau de complexidade, valores envolvidos e nível de responsabilidade,
determinadas decisões devem, necessariamente, transitar não somente pelo CEO e seu staff,
como também deliberadas no âmbito do conselho de administração.
Por seu turno o conselho de administração deve analisar a questão, considerando todas
as variáveis envolvidas, observando as boas práticas de governança e avaliando se o projeto
apresentado está alinhado à estratégia de longo prazo estabelecida, concluindo se atende aos
princípios da responsabilidade organizacional da corporação. Ocorre, porém, que o conselho
de administração é um grupo de indivíduos, ou seja, um corpo social que age como uma
unidade. Assim, cada um de seus membros, tem a sua personalidade, perfil de formação,
estilo de administração e percepção de seu papel. Como efeito, conforme comenta Lodi
(1977), as ações do conselho de administração representam o composto e o reflexo dos
conselheiros agindo como indivíduos.
A discussão sobre governança corporativa normalmente encontra-se dispersa em
companhias integrantes de inúmeros setores da economia. Entende-se, a priori, que é
importante ampliar a discussão da matéria, através de estudos que possam identificar as
características de cada atividade, e mesmo específicas de cada organização. Quando se busca
investigar o tema em uma instituição bancária, dadas as exigências legais e regulatórias
próprias dessas instituições, ampliam-se as perspectivas, especialmente em razão das
peculiares obrigações dos conselhos e das diretorias executivas dos bancos, que resultam em
tratamento distinto das demais empresas nas avaliações feitas pelo mercado.
23
De acordo com Macey e O´Hara (2003), a principal distinção dos bancos em relação a
outras indústrias se encontra na estrutura do capital, que é, ao mesmo tempo única, mas
tratada de duas maneiras:
os bancos possuem menor estrutura de capital próprio em relação ao de terceiros,
dada a natureza da sua atividade de intermediação, cuja ponta de origem se encontra
na tomada de recursos junto a terceiros; e,
a responsabilidade dos bancos se encontra principalmente na forma como os
depósitos são tomados junto ao público – à vista ou a prazo – enquanto que seus
ativos normalmente se encontram sob a forma de empréstimos ou outras aplicações
financeiras com prazos mais elásticos, ainda que os mercados secundários se
encontrem cada vez mais refinados e, com isso, tenham reduzido o nível de
descasamento de prazos e custos entre ativos e passivos dessas instituições.
Assim, o papel de intermediários financeiros que é assumido pelos bancos determina a
existência de um sistema permanente de controles internos e externos, associados à estratégia
de atuação, dos processos decisórios e da observância dos níveis de segurança e obrigações
regulatórias, mesmo porque essas entidades são as principais responsáveis pela liquidez da
economia de um país.
Macey e O´Hara (2003) alertam que a inobservância de políticas técnicas, em todos os
níveis decisórios dessas instituições, pode ensejar, mesmo com todo o rigor regulatório e
fiscalizador das autoridades responsáveis, registros contábeis de ativos ilíquidos para cumprir
responsabilidades líquidas. Segundo os autores, a função de produzir liquidez para a
economia é questão vital e deve ser perfeitamente entendida e perseguida por seus dirigentes,
porque, do contrário, pode causar um problema coletivo para um número considerável de
agentes econômicos, entre eles os depositantes de recursos de todos os portes, empregados,
fornecedores, acionistas e todo o entorno econômico, representado pela sociedade.
Diante desse contexto, acreditando-se estar determinada a relevância da investigação
acadêmica a respeito dos processos decisórios dos conselhos de administração dessas
corporações, determina-se a formulação da situação-problema desta pesquisa, avaliando os
critérios utilizados nas tomadas de decisão, em particular aqueles que podem afetar a
estratégia da organização ou que possam comprometer os seus resultados e que, em última
instância, conduzem a organização à decadência ou à melhoria contínua de suas práticas de
24
governança, neste caso garantindo a sustentabilidade dos negócios e a segurança na relação
com os stakeholders.
1.3 OBJETIVOS
Partindo-se da proposta de investigação dos aspectos relacionados à aplicação dos
princípios da governança corporativa nas deliberações do conselho de administração de um
conglomerado bancário brasileiro, esta dissertação tem como objetivos:
1.3.1 Objetivo geral
O objetivo central deste estudo é investigar as deliberações do conselho de
administração de um determinado conglomerado bancário brasileiro, buscando avaliar os
critérios observados no processo decisório daquele colegiado, verificando se estão alinhados
com a estratégia definida no modelo de gestão, nas políticas técnicas e nos códigos de
melhores práticas de governança corporativa recomendadas pela literatura e pelos órgãos
reguladores, e propor um painel de avaliação, considerando-se as boas práticas de governança
para esse setor.
1.3.2 Objetivos específicos
Os objetivos específicos buscam direcionar a pesquisa para solucionar a situação-
problema apresentada. Seguem abaixo os objetivos específicos propostos para este estudo:
categorizar todas as decisões do CA da organização estudada, compreendidas no
período entre 2003 e 2004;
avaliar todas as decisões do CA quanto à definição e observância do Mapa
Estratégico, segundo as cinco perspectivas do BSC: Financeira, Sociedade, Clientes,
Processos Internos e Comportamento Organizacional;
25
avaliar as decisões do CA quanto às melhores práticas de governança corporativa;
apresentar um painel de avaliação das práticas da organização estudada, segundo as
melhores práticas recomendadas para as instituições financeiras.
Subsidiariamente, busca-se assinalar o grau de conectividade dessas decisões com os
conceitos da sustentabilidade.
1.4 QUESTÕES
Posicionada como uma das principais corporações financeiras do País, a organização
eleita para o estudo de caso possui características distintas dos seus principais competidores
no sistema bancário brasileiro, não necessariamente nas estratégias de atuação no mercado,
mas na composição do seu capital, que acaba orientando a escolha dos membros do seu
conselho de administração e, por conseqüência, os integrantes da diretoria executiva.
Diante de tais particularidades e com o objetivo de tratar e elucidar o problema de
pesquisa, atendendo a expectativa do presente estudo, procurou-se direcionar a investigação
para responder as seguintes questões:
as decisões tomadas pelo conselho de administração, no período pesquisado,
conduzem a organização a seguir as boas práticas de governança corporativa?
os conceitos do BSC contribuíram para apoiar as decisões daquele colegiado?
qual é a estrutura conceitual do processo decisório na organização estudada?
existe aderência entre as decisões do conselho de administração e os conceitos de
sustentabilidade?
1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
A complexidade e a abrangência do problema apresentado exigem que se restrinja o
alcance da pesquisa, a fim de que tenha claro qual é o seu foco. Assim, foram estudados os
aspectos relativos aos processos de decisão do conselho de administração da organização
26
bancária, com base nos registros encontrados nas atas das reuniões daquele colegiado,
realizadas no biênio 2003-2004.
O estudo, assim, compreendeu a análise de todas as deliberações do CA da instituição
financeira, tomando-se como fonte de consulta o conteúdo das atas de todas as reuniões
ordinárias e extraordinárias ocorridas no decurso do período definido para a pesquisa. As
matérias foram categorizadas de forma a facilitar a avaliação das mesmas, de acordo com as
perspectivas a que se refere o objetivo específico do estudo, a saber: Financeira; Sociedade;
Clientes; Processos Internos; e, Comportamento Organizacional.
A classificação das perspectivas para o estudo de caso segue a orientação
metodológica do Balanced Scorecard, permitindo, através dos indicadores de que se utiliza,
verificar o direcionamento das decisões tomadas pelo principal colegiado da empresa
estudada.
1.6 RELEVÂNCIA DO TEMA
O estudo de caso sobre a observância das melhores práticas de governança corporativa
em uma organização do sistema bancário brasileiro pode ser justificada por várias razões. A
principal, acredita-se, esteja relacionada à representatividade dessa indústria no contexto da
economia nacional.
De acordo com o IBGE (2005), a indústria bancária participou com 6,6% na formação
do Produto Interno Bruto brasileiro no ano de 2004, que alcançou o equivalente a R$ 1,767
trilhão. Acrescente-se a isso o principal papel desempenhado pelas entidades financeiras, na
medida em que os bancos são naturais intermediários da poupança interna e se utilizam desses
recursos como fonte de investimentos públicos e privados. Ao final de 2004, os bancos
brasileiros contabilizavam aproximadamente R$ 1,45 trilhão em ativos, R$ 474,1 bilhões em
operações de crédito, e contavam com cerca de 147 milhões de correntistas (entre contas-
correntes e de poupança), cujos saldos, somados com depósitos a prazo e fundos de
investimento, correspondentes à poupança pública disponível, alcançavam a cifra de R$ 572,1
bilhões. Além disso, segundo dados do Banco Central do Brasil (2005), o setor bancário está
27
presente em mais de 3.500 municípios brasileiros e foi responsável pela geração de 501.050
postos de trabalho diretos.
Passados dez anos da implementação do Plano Real, que, acompanhando a tendência
das economias mais desenvolvidas, desregulamentou o sistema financeiro exigindo das
entidades critérios de avaliação de riscos mais rigorosos e permitindo o ingresso de
investidores estrangeiros, o volume de fusões e aquisições na indústria provocou uma
fotografia totalmente distinta na composição do capital dessas empresas. Esse movimento,
também estimulado pelo programa de privatização dos bancos públicos estaduais, fez com
que entidades de economia mista passassem totalmente à iniciativa privada, de capital
nacional e/ou estrangeiro, gerando o surgimento de associações de acionistas minoritários que
possuíam participações no capital das instituições financeiras adquiridas.
Mesmo que fixando o foco da pesquisa em uma determinada organização do Sistema
Financeiro, que atravessou todo esse processo de transição vivenciado na indústria, acredita-
se que a relevância do problema esteja justificada a partir da conjugação dos dois fatores
comentados.
Pretende-se que os resultados desta pesquisa contribuam para o aperfeiçoamento dos
conselhos de administração das organizações, possibilitando:
avaliar a atuação de conselhos e conselheiros;
auxiliar na profissionalização dos conselhos e conselheiros;
tornar visíveis as contribuições dos conselhos para a melhoria do desempenho das
corporações;
ampliar a convicção da importância da governança corporativa como instrumento
de aumento da credibilidade das corporações, da segurança de investidores e do
fortalecimento do mercado acionário; e,
contribuir para o desenvolvimento sustentável das organizações.
Pretende-se, ainda, que a relevância deste estudo situe-se na possibilidade de
visualização do alinhamento das decisões do conselho de administração com os princípios
estratégicos do modelo de gestão estratégica – o BSC, bem como sua conectividade com os
postulados da sustentabilidade.
28
1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO
O estudo encontra-se organizado de forma a tornar claras as idéias a respeito dos
temas abordados (Marconi e Lakatos, 2002), dividido em cinco capítulos, de acordo com a
seguinte estruturação:
capítulo 1 – INTRODUÇÃO – apresenta o contexto, o problema da pesquisa, os
objetivos (geral e específico), a delimitação, as questões, a relevância e a estrutura
do estudo;
capítulo 2 – REVISÃO DE LITERATURA – aborda os aspectos pertinentes aos
referenciais teóricos que sustentam as questões levantadas no capítulo 1, onde são
detalhados, em particular, aqueles que envolvem os conceitos de governança
corporativa, Balanced Scorecard, processos decisórios e sustentabilidade;
capítulo 3 – METODOLOGIA DE PESQUISA – discorre sobre os detalhes dos
procedimentos metodológicos que norteiam o caminho utilizado para o estudo de
caso, na busca de respostas às questões propostas e no atendimento aos objetivos
(geral e específico) da pesquisa;
capítulo 4 – ESTUDO DE CASO – apresenta por meio de um estudo de caso, os
dados gerais da unidade de pesquisa, qual seja um conglomerado financeiro cuja
atividade principal é o ramo bancário A organização atua como banco múltiplo, nas
áreas de seguro saúde, capitalização, previdência privada, segurador de crédito à
exportação, securitização de créditos imobiliários, vale-refeição, corretagem de
seguros, fundos de ações e de pensão etc. Foram pesquisadas as atas de reuniões do
conselho de administração visando efetuar uma análise crítica e qualitativa sobre o
tema levantado nas seções 1.3 e 1.4;
capítulo 5 - SOBRE A ATUAÇÃO DE CONSELHOS DE ADMINISTRAÇÃO –
aborda uma visão geral à luz de alguns normativos, os propósitos e as formas de
funcionamento dos conselhos de administração das empresas, em particular do
segmento bancário;
capítulo 6 – CONCLUSÕES – apresenta os resultados obtidos na pesquisa, as
análises e conclusões em relação aos objetivos propostos e as sugestões para futuros
trabalhos.
29
A representação esquemática da Figura 1 permite que se observe uma conexão entre os
distintos capítulos da dissertação, destacando-se, a partir da parte introdutória, que os
referenciais teóricos conduzem o desenvolvimento de todos os demais capítulos. O estudo de
caso categoriza os dados de forma a reunir informações capazes de orientar as respostas às
questões da pesquisa. No capítulo final da dissertação, que resulta das observações do
pesquisador a partir dos fundamentos conceituais, são apresentados os resultados da
investigação do problema, onde se procura responder as questões da pesquisa.
Figura 1 – Representação esquemática da pesquisa.
Fonte: Elaborada pelo autor (2005).
Contexto
O problema
Objetivos
Delimitação
Questões
Relevância
Estrutura
Governança Corporativa
B
alanced Scorecard
Processo Decisório
Sustentabilidade
Dados Gerais
Coleta e Interpretação dos dados
Análise crítica dos resultados
Conclusões
Sugestões para pesquisas futuras
Procedimento Técnico
Classificação da pesquisa
Estrutura da pesquisa
Coleta e tratamento de dados
Método de análise
B I B L I O G R A F I A
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 2
REFERENCIAIS TEÓRICOS
CAPÍTULO 4
ESTUDO DE CASO
CAPÍTULO 5
ATUAÇÃO DE CONSELHOS DE
ADMINISTRAÇÃO
CAPÍTULO 6
CONCLUSÕES
CAPÍTULO 3
METODOLOGIA DE PESQUISA
Referenciais de funcionamento de Governança
Contornos de ordem legal da Governança
30
Os tópicos seguintes às Conclusões oferecem a Bibliografia consultada na pesquisa,
um Glossário de termos técnicos abordados no estudo e os Apêndices 1 e 2, contendo quadros
com a descrição e categorização das decisões do CA da organização bancária nos anos de
2003 e 2004, respectivamente.
2 REVISÃO DE LITERATURA
Neste capítulo são abordados alguns dos principais conceitos relacionados ao tema da
pesquisa, visando proporcionar o embasamento teórico que busca dar sustentação ao estudo
de caso. Para facilitar a seqüência dessa abordagem, procurou-se organizá-lo através da
divisão em quatro tópicos: o primeiro trata de conceitos relacionados à governança
corporativa; o segundo discorre sobre idéias aplicáveis aos modelos de medição, em particular
a ferramenta conhecida como Balanced Scorecard; o terceiro aborda os conceitos sobre os
processos decisórios das organizações; e, o último refere-se a teorias da sustentabilidade.
2.1 GOVERNANÇA CORPORATIVA
Segundo Bornholdt (2005) a governança corporativa vem tomando espaço na literatura
e na mídia, especialmente pela atuação de alguns “ativistas” e dirigentes ligados aos fundos de
pensão, investidores institucionais e sócios minoritários. Assim, o processo de governança
consiste em estudar formas de desenvolver critérios de convivência harmoniosa entre o
capital, a gestão e a sociedade na qual a empresa está inserida.
O sentido mais conhecido sobre o conceito de governança corporativa refere-se à
relação entre a empresa, os acionistas, os mecanismos e os princípios que governam o
processo decisório da gestão, principalmente em relação à proteção dos acionistas. Neste
contexto, se destaca o “Relatório Cadbury” de 1992. Nesse documento visualizava-se que os
princípios de governança corporativa centravam-se no processo de geração de valor para os
acionistas – os shareholders. Porém, mais recentemente, a governança corporativa passou a
tratar também das relações com outros grupos que sofrem impacto das decisões, como
empregados, fornecedores, clientes e comunidade em geral – os stakeholders (BORNHOLDT,
2005). Essas duas dimensões da governança corporativa – a teoria dos shareholders e a teoria
dos stakeholders - serão abordadas na subseção 2.1.7 deste tópico.
Carver e Oliver (2002) afirmam que governar e administrar uma empresa são
atividades diferentes. Para eles, a governança corporativa deve ser vista como algo externo ao
32
fenômeno da administração e interno ao fenômeno da propriedade. A governança opera num
nível que transcende as questões correntes e as tradições específicas da empresa e eleva as
pessoas a um nível conceitual superior, onde a responsabilidade pode ser vista com maior
clareza. Segundo esses autores (2002, p.19) “governar requer – e gera – uma paixão pela
liderança, uma liderança não somente sobre os outros como também em nome dos outros”.
Para Steinberg (2003), já existe consenso sobre o fato de que quanto maior o valor da
empresa mais facilmente se exerce a cidadania e o desenvolvimento dos stakeholders. Para
ele trata-se de um engano imaginar que a prática de boa governança implica somente em
acatar regulamentos.
A governança tem a ver também com qualidade de atitude e escala de valores no mais puro
sentido humano. Daí alguns considerarem que a governança deve alinhar o pensamento entre
acionistas, controladores e stakeholders. (STEINBERG, 2003, p.18).
Andrade e Rossetti (2004) entendem governança corporativa como sendo um
constructo, isto é, uma categoria que somente pode ser compreendida a partir do estudo de um
conjunto de conceitos composto por variáveis de diversos campos do conhecimento, tais
como economia, finanças, contabilidade, teoria organizacional, direito, sociologia, ética,
comunicação e teoria da informação.
Pelo exposto, pode-se depreender que o tema governança corporativa ainda é
extremamente complexo e de natureza multidisciplinar. Diante dessa multiplicidade de
variáveis, optou-se por selecionar as teorias correntes que poderiam auxiliar a compreensão
do fenômeno estudado neste trabalho.
2.1.1 Conceitos de governança corporativa
De acordo com Scherer (2003), o conceito de governança corporativa tem duas
vertentes importantes: a ortodoxa e a crítica. A definição ortodoxa deriva dos estudos de Berle
e Means (1957), que reflete a preocupação com o problema principal/agente, ou seja, na
separação entre a propriedade e a gestão, inerentes à grande empresa, conhecida como a
“Teoria da Agência”.
33
Segundo Fontes Filho (2004), a Teoria da Agência tem como objeto lidar com os
problemas surgidos pela separação entre a propriedade e a gestão, os quais são ocasionados
pela diferença de motivação e objetivos entre os proprietários e gestores, assimetria de
informações e preferências de risco.
A Teoria da Agência tem como precursores dois estudiosos, Berle e Means, que
realizaram uma extensa pesquisa nos anos 30 em inúmeras empresas norte americanas e
constataram que as organizações típicas do Século XIX eram dirigidas pelos seus
proprietários ou seus prepostos e, em essência, sua dimensão estava limitada ao patrimônio
pessoal dos indivíduos no controle.
A partir do início do Século XX, com o crescimento da economia impulsionado pela
revolução do sistema fabril, as empresas se modificaram radicalmente e as sociedades por
ações passaram a ter o capital sob controle de poucas pessoas. O poder desses poucos agentes
se amplia consideravelmente e a situação dos proprietários e trabalhadores passa por
profundas transformações. O resultado é que o proprietário (acionista) que investiu na
companhia entregou seu patrimônio aos que se encontravam no comando da sociedade,
modificando sua posição de proprietário independente para simples recebedor de dividendos
(BERLE e MEANS, 1957).
Na análise da separação entre propriedade e controle, os autores historiam que as
corporações evoluíram para estruturas organizacionais mais complexas, em função de um
novo sistema fabril, que teve como efeito:
um número crescente de trabalhadores sob o comando de um coordenador; e,
uma nova forma organizacional, de caráter quase público cuja propriedade é
pulverizada entre diversos acionistas, detentores de pequenas quantidades de títulos
– as ações.
A segunda vertente apresentada por Scherer (2003), de caráter crítico, cuida do
processo social que determina a alocação dos recursos e dos investimentos. Trata-se do
exercício do poder no interior da empresa que transborda, em suas conseqüências, para toda a
sociedade, e esse poder se traduz na forma, no objetivo, no prazo do investimento e na forma
de repartição dos dividendos como parcela dos lucros que serão distribuídos aos investidores e
acionistas.
34
Rodrigues e Mendes (2004) abordam o assunto sob o mesmo enfoque econômico ao
afirmarem que existe certa dualidade de conceitos, e definem as práticas da governança
societária e da governança corporativa, a primeira como base estrutural da segunda. Para esses
autores a governança societária se fundamenta no estabelecimento dos vínculos necessários
entre os donos de capital, acionistas ou cotistas, no sentido de definir a estrutura e a
organização da empresa, onde investir os recursos, de modo a gerar resultados, apresentando
crescimento e valorização dos capitais aplicados.
A governança societária não deve ser confundida com a governança corporativa. A
primeira comanda praticamente a segunda. A governança societária define os
elementos e os agentes que irão constituir a governança corporativa (RODRIGUES
e MENDES, 2004, p. 89).
De acordo com Rodrigues e Mendes (2004) a governança societária exerce suas ações
por meio da assembléia geral. A convocação e instalação de uma assembléia geral devem
obedecer, concomitantemente, a legislação vigente e o estatuto social da empresa. A
assembléia tem poderes para decidir sobre todos os negócios relativos ao objeto da
companhia, assim como resolver os assuntos pertinentes à sua defesa e desenvolvimento.
Dentre os objetivos específicos de uma assembléia encontram-se: a reforma do estatuto social;
eleição ou destituição dos administradores e fiscais da companhia; tomada de conta anual dos
administradores; deliberações sobre demonstrações financeiras; autorização para emissão de
debêntures; suspensão de direitos de acionistas; autorização para emissão de partes
beneficiárias; deliberação sobre avaliação de bens para formação de capital social;
transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia; eleger ou destituir liquidantes;
autorizar falência ou concordata; e, nomear o conselho fiscal e a diretoria executiva.
Para Rechtman et al (2004), a governança corporativa remete ao governo da empresa,
tratando de estudar quem são os proprietários, como articulam o poder entre si e como ele é
exercido internamente. Sua abrangência não se restringe aos procedimentos contábeis ou a
remuneração dos gestores, ou seja, a governança corporativa envolve as relações entre os
acionistas controladores, acionistas minoritários, gestores, além de outros públicos influentes,
como empregados, clientes, fornecedores, mercado de capitais, financiadores em geral, órgãos
reguladores e a própria sociedade. Assim, é possível identificar quem são os seus principais
atores: conselho de administração, conselho fiscal, diretoria, acionistas e demais stakeholders.
35
Segundo o Relatório Cadbury (1992) in Rodrigues (2003), a governança corporativa é
o sistema pelo qual as companhias são dirigidas e controladas; porém um conceito mais
abrangente foi cunhado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(2005):
governança corporativa compreende a estrutura de relacionamentos e
correspondentes responsabilidades entre um grupo central formado pelos acionistas,
membros do conselho de administração, e gestores designados para melhor
promover o desempenho competitivo necessário para atingir os objetivos principais
da corporação.
No Brasil a Comissão de Valores Mobiliários – CVM (2002, p.1), define:
governança corporativa é o conjunto de práticas que tem por finalidade otimizar o
desempenho de uma companhia ao proteger todas as partes interessadas, tais como
investidores e credores, facilitando o acesso ao capital.
Para Rechtman et al (2004), a definição da CVM é relevante na medida em que
demonstra uma preocupação com o desenvolvimento do mercado de capitais, porém, mesmo
que uma corporação observe os códigos de governança corporativa, se não apresentar bons
resultados, os investidores tenderão a preteri-la nas suas escolhas de portfolio. Esta
observação é típica de um processo de transição de modelos de avaliação de investimentos,
indicando que hoje o principal objetivo do investidor é auferir rentabilidade sobre cada
empreendimento, e que uma minoria deles estaria disposta a pagar um prêmio pelas ações de
empresas apenas em função de estarem adotando boas práticas de governança corporativa.
2.1.2 Histórico da governança corporativa
Rechtman et al (2004), afirmam que a preocupação com a governança corporativa teve
seu início a partir das transformações tecnológicas e econômicas que levaram a substituição
da energia física pela mecânica e, conseqüentemente do trabalho braçal pela máquina e da
manufatura pela fábrica, ou melhor, pela Revolução Industrial do século XVIII.
Para esses autores, a partir da Revolução Industrial a economia passou a ter uma
grande influência na sociedade, pregando, especialmente, que não deve haver qualquer forma
de ingerência do Estado na economia. Como contraponto, surgiram os movimentos sindicais
36
com o objetivo de pressionarem os governantes a regulamentarem os direitos dos
trabalhadores. Isto fez consagrar o princípio segundo o qual, quando partes desiguais
contratam, a igualdade escraviza e a lei liberta. Assim, com esse prisma conceitual, a
governança corporativa pode ser entendida como um processo contínuo de mudança para
assegurar proteção a todos os envolvidos no mundo dos negócios.
Essa preocupação com a proteção a todos os stakeholders ganhou maior força por
ocasião do crack da Bolsa de Nova Iorque, em 1929, época em que tanto a população norte-
americana quanto o governo pouco se preocupavam em fiscalizar ou compartilhar o poder das
empresas listadas na Bolsa de Valores. Os acionistas controladores tinham poder
discricionário para interferir nas companhias como se não existissem outros proprietários.
Não havia maiores restrições à emissão pública de valores mobiliários e, tampouco, respeito
aos direitos mínimos dos trabalhadores.
Quando os governantes dos Estados Unidos da América verificaram, nos três anos
subseqüentes ao crack, uma redução da ordem de 50% da renda nacional, um
achatamento salarial de 40%, que 14 milhões de pessoas perderam seus empregos e
que quatro mil bancos decretaram falência, resolveram reagir. (RECHTMAN et al
2004, p. 30).
Instituídas a partir de um plano com forte intervenção do governo na economia – o
New Deal – foram criadas as bases teóricas para o controle dos abusos dos controladores
sobre os acionistas minoritários, como a regulamentação do mercado de capitais e a
instituição da Securities Exchange Comission (SEC), agência reguladora independente de
fiscalização desse mercado. O New Deal proporcionou uma rápida recuperação da economia
americana e preparou as bases para o grande salto quali-quantitativo registrado após a
Segunda Guerra Mundial. Foi nesse período que surgiram as mega-corporações,
especialmente em função da enorme pulverização de ações – a principal fonte de
financiamento da indústria americana.
Segundo Silveira (2002), desde o New Deal a pulverização do controle acionário
tornou-se uma característica das empresas norte americanas, sendo muito raro, até os dias
atuais, encontrar-se um acionista com mais de 10% das ações de uma empresa listada entre as
500 maiores do país. Isto significa que os acionistas possuem poucos incentivos ou
capacidade para afetar as políticas corporativas definidas pelos gestores, resultando em uma
situação na quais os gestores são fortes e os proprietários são fracos.
37
Um outro grande marco no movimento em torno da governança corporativa naquele
país surgiu em meados da década de oitenta, como resposta a diversos casos de abuso de
poder e expropriação da riqueza dos acionistas por parte de executivos, que naquela época
dominavam os conselhos de administração. Esta resposta foi dada em grande parte pela
atuação dos investidores institucionais, principalmente os fundos de pensão, cujo ativismo
tornou-se sinônimo do termo governança corporativa (SILVEIRA, 2002).
Silveira (2002) apud Carlsson (2001) destaca o papel pioneiro do fundo de pensão dos
funcionários públicos da Califórnia – CALPERS (Califórnia Public Employees Retirement
System) – como grande propulsor do movimento da governança corporativa nos EUA. Esse
fundo de pensão no ano de 2000 estava posicionado entre os maiores do mundo, gerenciando,
cerca de U$$ 166 bilhões de dólares e com aproximadamente U$$ 115 bilhões investidos em
ações de mais de 1500 empresas.
Uma das medidas adotadas pelo CALPERS foi atuar decisivamente na criação, em
1985, do Council of Institutional Investors (CII), uma associação com o objetivo de cuidar
dos interesses dos investidores institucionais e que atuou como importante organismo de
lobby para alterar a legislação americana, de forma a melhor resguardar os interesses dos
acionistas. Em conjunto com outros investidores institucionais, o CALPERS passou também a
monitorar as práticas de governança corporativa das empresas, expondo na mídia as empresas
que apresentavam deficiências, como conselhos passivos ou pagamento de salários excessivos
aos executivos. Além disso, os investidores passaram a concentrar mais seus votos nas
assembléias gerais dos acionistas, elegendo maior número de conselheiros independentes
(SILVEIRA, 2002).
De acordo com Andrade e Rossetti (2004), três momentos podem identificar o
processo de construção dos modernos pilares da governança corporativa, conforme
demonstrado no Quadro 1: o ativismo pioneiro de Robert Monks; o Relatório Cadbury; e, os
princípios da OCDE.
38
Quadro 1 – As motivações dos ativistas e instituições que
resultaram na formação dos quatro princípios da governança
corporativa.
Fonte: Adaptado de Andrade e Rossetti (2004).
Robert Monks foi um ativista pioneiro que mudou o curso da governança corporativa
nos Estados Unidos. Ele focou sua atenção nos direitos dos acionistas, mobilizando-os para o
exercício de um papel mais atuante nas corporações, centralizando a atenção em dois valores
fundamentais da boa governança: o fairness – senso de justiça – e compliance – conformidade
legal, especialmente a relacionada aos direitos dos acionistas minoritários. Foi esse ativista
um dos pioneiros a evidenciar a importância da boa governança para a prosperidade da
sociedade (ANDRADE e ROSSETTI, 2004).
O Relatório Cadbury teve como foco outros dois importantes valores da boa
governança:
accountability – prestação de contas de forma responsável; e,
O ativismo pioneiro de Robert Monks
-
Divórcio proprietários-executivos;
- Aproximação efetiva acionistas-conselhos-direção;
- Exposição de práticas danosas;
- Mobilização de acionistas e órgãos reguladores;
- Monitoramento e intervenção nas empresas;
- Envolvimento efetivo dos proprietários;
- Mobilização dos investidores institucionais.
O Relatório Cadbury
- Foco nos aspectos financeiros da governança;
- Responsabilidade de conselheiros e executivo-chefe;
- Análise do desempenho e informões para acionistas;
- Freqüência e clareza nas prestações de contas;
- Constituição de comitês de auditoria;
- Interação acionistas-conselheiros-auditores-executivo;
- Definição de um Código de Melhores Práticas.
Os princípios da OCDE
- Relações entre Governança e Desenvolvimento do
Mercado de Capitais; Crescimento das corporações e
Desenvolvimento das nações;
- Extensão do escopo da Governança corporativa do
modelo
Shareholder
para o modelo
Stakeholder;
- Definição de regras para os conflitos de agência;
- Sugestão de princípios para elaboração de melhores
práticas.
39
disclosure – mais transparência – que tem como meta de análise os aspectos
financeiros e a análise dos papéis dos acionistas, dos conselhos, dos auditores e dos
executivos.
A OCDE ampliou os valores e conceitos relacionados à governança, relacionando seus
aspectos com o processo de desenvolvimento econômico das nações. Os estudos elaborados
pela OCDE demonstraram que a adoção, pelas corporações, de práticas de gestão transparente
atrai investidores para o mercado de capitais, reduz custos de captação de recursos e alavanca
o desenvolvimento da economia. A partir da ampliação desses valores é que o conceito de
governança se amplia em termos de escopo, criando-se as condições para elaboração da
Teoria dos Stakeholders em contraposição com a Teoria dos Shareholders, cuja abordagem é
feita na subseção 2.1.7 deste tópico.
Conforme se verifica a formação desses quatro princípios – fairness, compliance,
disclosure e accountability – não se desenvolveu a partir de modelos teóricos, mas através de
problemas concretamente identificáveis. “Suas proposições tiveram destino certo: o de
influenciar os modos de governança e fazer das corporações o epicentro de um novo processo
de construção compartilhada da prosperidade econômica” (ANDRADE e ROSSETTI, 2004,
p. 58). Esses princípios da boa governança difundiram-se em todo o mundo e cresceu de
forma acelerada o número de países que passaram a adotar códigos de melhores práticas
contemplando esses quatro valores.
O ativismo de investidores e as proposições de organismos com credibilidade
internacional resultaram em mudanças nas práticas de governança corporativa de boa parte
das empresas americanas e não-americanas, durante a década de 90, ocasionando, por
exemplo, o aumento da proporção de membros independentes nos conselhos e o aumento dos
casos de demissão de diretores executivos por causa de mau desempenho.
Para Silveira (2002) atualmente quase todas as empresas americanas possuem maioria
de membros externos no conselho (não executivos), sendo que a maioria possui, inclusive,
proporção maior de membros independentes (conselheiros profissionais) nos conselhos. É
importante ressaltar que, embora tenha tido um papel fundamental, o CALPERS não mudou
sozinho o panorama de governança corporativa nos EUA.
40
Como forma de mostrar aos investidores o cumprimento de algumas práticas de
governança corporativa, as próprias empresas americanas começaram a elaborar suas
diretrizes de governança corporativa. Uma pesquisa realizada em 1994 pelo CALPERS com as
300 maiores companhias dos EUA mostrou que mais da metade estava desenvolvendo, ou já
havia desenvolvido, diretrizes de governança corporativa (Ibid.).
Também na Grã Bretanha a pulverização do controle acionário é uma característica da
grande maioria das companhias abertas, caracterizando ambos os países dentro do chamado
modelo anglo-saxão de governança corporativa. Para Carlsson (2001), uma série de
escândalos nos mercados corporativo e financeiro no final dos anos oitenta levou o governo e
a Bolsa de Valores de Londres (London Stock Exchange), apoiada por outros organismos, a
formar um comitê destinado a revisar os aspectos de governança corporativa relacionados às
práticas de contabilidade e aos relatórios financeiros. Este grupo de trabalho, denominado
Comitê Cadbury, publicou em 1992 um relatório que constituiu o marco inicial do movimento
da governança corporativa britânico, intitulado The Financial Aspects of Corporate
Governance.
A crescente pressão dos investidores institucionais para a definição de regras sobre
algumas questões importantes não abordadas no relario do Comitê Cadbury, principalmente
aquelas relacionadas à remuneração dos executivos e conselheiros, levou a formação de um
grupo de trabalho denominado Comitê Greenbury em 1995, cujas conclusões trouxeram
importantes avanços na determinação de práticas de governança ligadas à remuneração dos
administradores (SILVEIRA, 2002).
Em novembro de 1995, a Bolsa de Valores de Londres, em conjunto com diversas
entidades, formou outro grupo de trabalho destinado a elaborar altos padrões de governança
corporativa. Este grupo, denominado Comitê Hampel, tinha como objetivo revisar o relatório
do Comitê Cadbury e aproveitar os principais pontos do Comitê Greenbury. Além dos
aspectos de responsabilidade e remuneração dos gestores e conselheiros, analisados nos
comitês anteriores, o Comitê Hampel também discutiu a principal responsabilidade do
conselho de administração, definindo-o como órgão que deve promover o aumento da
prosperidade das empresas no longo prazo. Em seu bojo, o Comitê Hampel definiu
governança corporativa com dupla perspectiva: de responsabilidade e de prosperidade do
negócio. O relatório do Comitê Hampel foi publicado em janeiro de 1998 e, após o
41
reconhecimento de sugestões da sociedade civil, foi alterado e lançado com título de
Combined Code em julho de 1998. Este código de governança corporativa foi incorporado
como uma das exigências da bolsa de valores de Londres para listagem das companhias
(Ibid.).
2.1.3 Governança corporativa no mundo
Andrade e Rossetti (2004) realizaram extensa pesquisa sobre as diferenças entre os
modelos de governança corporativa existentes no mundo e concluíram que tais diferenças
fundamentam-se, basicamente, em quatro abordagens:
a primeira é focada na constituição dos conselhos de administração e outros
mecanismos internos de governança, dando ênfase às formas como são conduzidos
os conflitos de agência e a atenção dada aos direitos de outras partes interessadas;
a segunda enfatiza a concentração da propriedade acionária e a proteção dos
acionistas minoritários, introduzindo um ranking de sistemas de governança dos
países, segundo a extensão da proteção aos minoritários, avaliada por um indicador
de direitos anticontrolador;
a terceira abordagem destaca os aspectos concernentes às fontes de financiamento,
ressaltando as diferenças entre os modelos market oriented e bank oriented, quanto
às decorrentes composições dos conselhos e objetivos corporativos; e,
finalmente, a quarta abordagem analisa as diferenças atribuídas às forças de
controle internas e externas e a eficiência delas na geração de sistemas de boas
governança.
O Quadro 2 sintetiza as principais diferenças segundo a referida abordagem e de
acordo com a região de origem. O quadro está construído com base num conjunto de
diferenças definidoras do respectivo modelo considerando as práticas de governança
corporativa nos Estados Unidos e Inglaterra (Modelo anglo-saxão); na Alemanha (Modelo
alemão); no Japão (Modelo japonês); na Itália, França, Espanha e Portugal (Modelo latino-
europeu); e, na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru (Modelo latino-
americano).
42
CARACTERÍSTICAS
DEFINIDORAS Anglo-saxão Alemão Japonês Latino-Europeu Latino-americano
Financiamento predominante Equity Debt Debt Indefinida Debt
Propriedade e controle Dispersão Concentração Concentração
c/cruzameentos
Concentração Familiar
Concentrado
Propriedade e geso Separadas Sobrepostas Sobrepostas Sobrepostas Sobrepostas
Conflitos de agência Acionistas-
Direção
Credores-
Acionistas
Credores-
Acionista
Majoritários-
Minoritários
Majoritários-
Minoriotários
Proteção legal a minoritários Forte Baixa ênfase Baixa ênfase Fraca Fraca
Conselhos de Administração Atuantes, foco
em direitos
Atuantes, foco
em operações
Atuantes, foco
em estratégia
Pressões para
maior eficácia
Vínculos com
gestão
Liquidez da participação
acionária
Muito alta Baixa Baixa Baixa Especulativa e
oscilante
Forças de controle mais
atuantes
Externas Internas Internas Internas
migrando para
externas
Internas
Governança Corporativa Estabelecida Estabelecida Baixa ênfase Ênfase em alta Embrionária
Abrangência dos modelos Baixa Alta Alta Mediana Em transição
MODELO
Quadro 2 - Síntese das principais diferenças entre os modelos de governança corporativa.
Fonte: Adaptado de Andrade e Rossetti (2004).
O modelo anglo-saxão se caracteriza pela pulverização e a separação da propriedade e
da gestão. Trata-se de um modelo fortemente orientado para o mercado e também por ele
monitorado, existindo outros mecanismos externos de orientação, como por exemplo, a
estrutura regulatória de proteção aos acionistas. O modelo fundamenta-se no Direito e um
importante instrumento regulatório é a lei Sarbanes Oxley nos Estados Unidos da América e o
City Code na Grã Bretanha.
O modelo alemão tem como característica a origem do capital acionário que vem das
instituições bancárias. Os exigíveis de longo prazo são uma alternativa de alavancagem de
negócios mais praticada que a emissão ações para subscrição pública. Isto quer dizer que o
modelo de governança é predominantemente bank oriented.
O modelo japonês possui alguma semelhança com o modelo de governança
corporativa praticado na Alemanha, e sua maior semelhança está na importância dos bancos
na estrutura de capital, no monitoramento e no controle das corporações; com a prática do
consenso no processo de gestão; e com a consideração de múltiplos interesses. Um aspecto a
ser considerado está na função do conselho de administração, que se limita a observar e
aconselhar as grandes decisões, acompanhando os resultados corporativos, buscando não
intervir.
43
O modelo latino-europeu é constituído pela França, Itália, Espanha e Portugal, têm
como diferença relevante o fato de que a propriedade mantém-se concentrada, geralmente na
forma de controle por consórcios de acionistas, detentores de blocos de ações. Essa
característica se reflete na sobreposição entre a propriedade e gestão, pois a concentração
acionária é importante fator de definição da composição e funcionamento dos conselhos de
administração. De acordo com Andrade e Rossetti (2004) esse modelo não estimula o
desenvolvimento do mercado de capitais, alijando os pequenos investidores.
Para esses autores, o modelo latino-americano tem como características importantes
fatores relacionados com o setor público e o setor privado. O desenvolvimento da economia
foi promovido pelo Estado, por meio da criação de um grande número de empresas estatais,
muitas delas privatizadas nas duas últimas duas décadas. Uma outra característica está no
elevado grau de concentração patrimonial e, mesmo nas maiores sociedades de capital aberto,
o controle se encontra nas mãos de grupos familiares. Ainda, verifica-se o papel que os grupos
financeiro-industriais desempenham no desenvolvimento privado. Há um controle comum na
operação dos negócios, desenvolvendo um portfolio de negócios não necessariamente
relacionados. Os resultados dos negócios mais lucrativos sevem de “carro-chefe” para
financiar novos empreendimentos carentes de capital. Um relevante fator verificado nesse
modelo é a sua falta de transparência das operações internas, sendo vista como o obstáculo ao
acesso a alternativas de investimentos de mais baixo custo.
2.1.4 Governança corporativa no Brasil
De acordo com Ventura (2003), como fruto do processo de abertura da economia,
iniciado há mais de uma década, o Brasil de hoje, integra-se cada vez mais no mundo dos
negócios globalizados e, portanto, é nesse ambiente que a governança corporativa está
tomando forma e florescendo nas empresas brasileiras. Para o autor o tema governança
corporativa é antigo, embora as formas de tratamento sejam recentes.
No Brasil as práticas de formação dos conselhos iniciaram principalmente pelas
multinacionais de origem norte-americana, como forma de seguir os princípios e modelo de
44
gestão das matrizes externas. Seus membros tinham como função assessorar o Chief Executive
Officer (CEO), na maioria das vezes um estrangeiro, no processo de ambientação cultural e
social, além da aproximação com os representantes das diversas esferas governamentais.
Entre as empresas brasileiras, segundo Costa e Visconti (2003), a pioneira na abertura
do capital e lançamento de papéis foi a Deltec, fundada em 1946, sendo a primeira a sugerir
que os seus executivos participassem da Diretoria de companhias cujas ações estivessem
colocadas no mercado por meio do sistema de distribuição, com o intuito de ter uma
representação para defender o interesse dos acionistas minoritários. Também foi da Deltec a
idéia de tornar obrigatória a contratação de auditores externos para análise das contas para as
empresas que estavam aderindo ao mercado.
A partir de 1965, com a Lei de Mercado de Capitais, algumas empresas lançaram e
subscreveram emissões, visando obter os benefícios do Decreto-Lei 157, que previa
abatimento no Imposto de Renda para investimento em fundos de ações, e requisitaram
assento para seus executivos na Diretoria das empresas ou em seu conselho. Em muitos casos
foram criados conselhos consultivos com a finalidade de contar com algumas personalidades
do mundo dos negócios e também para acomodar executivos do exterior, os quais pela
legislação da época não podiam ter responsabilidade administrativa (COSTA e VISCONTI,
2003).
O relacionamento entre os acionistas majoritários e minoritários foi marcado pela
pouca importância dada pelos controladores ao status de sociedade de capital aberto. A
maioria das aberturas de capital foi em função dos incentivos criados sem que os detentores
do controle tivessem consciência das reais implicações de ser uma companhia aberta. Foram
bastante raras as alterações nas práticas e condutas, persistindo uma gestão pouco democrática
nessas organizações, então com o seu capital democratizado. Essa falta de cultura de
sociedade aberta provocou frustrações nos acionistas minoritários, pois não se obtinha um
nível adequado de informações que proporcionasse algum tipo de conforto em relação ao
risco do investimento. Para Costa e Visconti (2003, p. 36), não havia propriamente um
conceito associativo, tampouco uma avaliação plena da implicação do que significava ter
sócio:
Muitos empresários tratavam os minoritários como se estivessem prestando um
favor, permitindo-lhes que participassem do esforço que empreenderam. Outro
pensamento prevalecente era a visão do minoritário como um fornecedor de capital,
45
ao qual era devido, exclusivamente, o pagamento de um dividendo (quando e se as
condições de rentabilidade o permitissem).
Ainda segundo o autor, nesse período ocorreram muitas fraudes, fruto da aceleração
do processo de estímulos para a abertura de capital, ocorrendo, na prática, apenas a abertura
conceitual. Muitas delas simplesmente desapareceram sem deixar pistas. A representação em
conselhos era considerada uma deferência, e não um requisito. Outras empresas não se davam
ao trabalho de elaborar relatórios realmente informativos e tampouco definiam políticas de
dividendos, o que acabou por motivar a criação de uma lei que estabeleceu um dividendo
mínimo de 25% sobre o lucro. Somente a partir dos anos 70 os analistas passaram a organizar
reuniões abertas para promover a discussão pública e estimular a transparência no conteúdo
das informações (disclosure). Nesse contexto, o período entre 1971 e 1975 o mercado de
ações viveu uma grande crise, e a necessidade de recuperação da credibilidade era
improrrogável.
O início da segunda pode ser identificado com vigência da Lei nº 6.404/76 (Lei das
S.A.), que introduziu a formação de conselhos de administração nas companhias. Porém, de
acordo com Costa e Visconti (2003), a sua compulsoriedade não foi devidamente assimilada
por significativa parcela das empresas, na medida em que boa parte delas cumpriu somente as
exigências legais, preenchendo os cargos do conselho com pessoas bem relacionadas com a
organização, tornando as reuniões de conselho em “bate-papos” sem atender às preocupações
e funções de um conselho realmente eficaz. Apenas uma minoria efetivamente aderiu ao
“espírito” da lei, preenchendo as vagas nos conselhos com profissionais ou dirigentes de
empresas não concorrentes, de forma que fosse possível aportar experiência diferenciada para
orientar a visão estratégica para o futuro da corporação.
Ainda segundo esse autor, foi a partir dos anos 90 que as empresas começaram a
perceber que não se justificava manter o status de capital aberto, com todo o custo e
implicações, sem que pudessem desfrutar do benefício de acessar o mercado e contar com
recursos que lhes permitissem sua capitalização. Foi uma longa trajetória até que uma parcela
importante do empresariado percebesse que a boa governança tem peso importante na
avaliação da companhia, impactando fortemente no seu valor de mercado, e que, quanto
maior o valor de mercado, mais barato o custo do capital. Por outro lado, ainda não foi nesse
46
período que a figura dos acionistas controladores perdeu o poder, pois as empresas lançaram
no mercado as chamadas ações preferenciais, sem direito a voto.
Esses anos se caracterizaram como de maior militância institucional dos conselhos,
pois se percebe uma preocupação dos investidores institucionais, que passam a ter maior peso
nos conselhos das empresas privatizadas e companhias com papéis negociados em bolsa. Essa
fase coincide com a popularização do conceito de governança e o aparecimento do Instituto
Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC, que desde a sua criação, em 1995, vem
ocupando importante espaço na disseminação desses pressupostos. Isso provocou, entre outras
medidas, a recente a sanção presidencial ao projeto de revisão da Lei das S.A., que passou a
considerar de alta relevância a representação dos acionistas minoritários nos conselhos das
companhias. Nessa nova situação, em que se pugna por um melhor relacionamento entre os
majoritários e os minoritários, surgiram as associações de defesas dos acionistas minoritários,
que têm sido atuantes, especialmente quando ocorrem ofertas públicas para aquisições de
ações por parte dos controladores, buscando maximizar preços e condições de tais ofertas
(COSTA E VISCONTI, 2003).
Também nesse período verifica-se o fechamento do capital de algumas empresas,
ficando sem sentido a manutenção dos conselhos de administração, já que as orientações
emanavam da matriz. No entanto para preservar o relacionamento com os conselheiros e sua
contribuição em diversos casos, foram convidados a compor um conselho consultivo. Assim
algumas empresas mantêm esse tipo de conselho consultivo, cujas reuniões (dois ou três ao
ano) se alternam entre a sucursal brasileira e no país sede da matriz, permitindo maior
convívio e intercâmbio de conhecimentos das culturas, operações e valores (Ibid).
2.1.5 Estrutura legal da governança corporativa no Brasil
Segundo Ventura (2003) a estrutura legal da governança corporativa no Brasil é
baseada na Lei de Sociedades Anônimas (nº 6.404/76), com as alterações incorporadas através
da Lei nº10.303/01 e pelo Novo Código Civil (Lei nº10.406/02), que passou a vigorar a partir
do início de 2003.
47
A legislação societária brasileira busca disciplinar, entre outros aspectos, as relações
entre os acionistas de uma forma geral, sejam eles majoritários e/ou minoritários, e oferecer
aos acionistas (investidores) instrumentos de gestão das suas empresas. No que se refere à
relação societária, o principal objetivo da legislação é definir direitos e obrigações dos
acionistas. Já no que se refere aos instrumentos de gestão, como em inúmeros outros países, a
legislação brasileira prevê a assembléia geral de acionistas, o conselho de administração, a
diretoria executiva e, adicionalmente, um órgão de controle praticamente inexistente em
outros países: o conselho fiscal.
Ainda de acordo com Ventura (2003), a assembléia geral de acionistas tem poderes
para decidir todos os negócios relativos ao objeto da companhia, devendo realizar-se
obrigatoriamente pelo menos uma vez ao ano por meio de ato convocatório e de instalação
firmado por qualquer grupo composto de um determinado número de acionistas, sendo que se
encontra nessa instância o poder de escolha dos conselheiros de administração. No Brasil, o
conselho de administração somente é obrigatório em empresas de capital aberto, empresas de
economia mista e em empresas de capital autorizado. No entanto, mais e mais empresas
familiares brasileiras de médio ou grande porte estão se valendo desse importante instrumento
de gestão, no momento em que conseguem passar da segunda para a terceira geração familiar
e que, em função da pulverização do capital, são obrigadas a separar a gestão da propriedade.
Para Rodrigues e Mendes (2004), nas sociedades anônimas, os acionistas reunidos em
assembléia geral, e os cotistas das sociedades limitadas, em suas reuniões estratégicas
definem a estrutura organizacional e os membros da administração superior das empresas em
que realizarem seus investimentos de capital. Os conselheiros do conselho de administração,
os acionistas, em assembléia, definem diretamente os diretores executivos, responsáveis pelas
funções estratégicas e operacionais das companhias. De acordo com pesquisa sobre
composição de conselhos de administração em companhias de capital aberto brasileiras,
realizada pela Korn & Ferry Consultoria (2001), mostrou que 28% dos conselhos de
administração eram constituídos por três membros, e apenas 52% eram compostos por cinco a
nove membros, composição considerada pelos autores como a que representa a dimensão
ideal para as características das empresas no Brasil. Ainda de acordo com os resultados da
pesquisa, quase 60% das empresas tinham a função de presidente do conselho de
administração e do diretor presidente exercido por pessoas diferentes. Entretanto, conforma
alerta Ventura (2003), a presença de conselheiros independentes nos conselhos de
48
administração, ainda é incipiente, mas vem apresentando um crescimento, principalmente, nas
empresas familiares.
O mesmo autor acrescenta que, de uma forma geral, os conselhos de administração
atuantes realizam de oito a doze reuniões por ano e contam com o apoio de comitês técnicos
(financeiros, de auditoria, de recursos humanos, etc.). Apesar de dedicarem a maior parte do
tempo para monitorar as operações da empresa, gradativamente os conselhos de
administração estão se preocupando com outras funções relevantes, tais como: estratégia,
seleção e avaliação de executivos e relações diretas com os auditores independentes.
Como nos Estados Unidos, as diretorias executivas reinaram de forma absoluta
durante muito tempo nas empresas brasileiras e, pouco a pouco, estão assimilando formas de
convivência com a figura do conselho de administração que, além de escolher e destituir
orienta e fiscaliza a sua atuação. Um raro instrumento de gestão do acionista é o conselho
fiscal, o qual não deve ser confundido com o comitê de auditoria do conselho de
administração, uma vez que seus membros são eleitos pelos acionistas, e apenas a eles
prestam contas. A função principal desse conselho é fiscalizar a gestão dos conselheiros de
administração e dos diretores executivos.
2.1.6 O novo cenário da governança corporativa
O homem pré-histórico, ao participar de uma atividade econômica em conjunto com
parceiros – por exemplo, uma expedição de caça, o plantio de gêneros alimentícios ou ainda, a
criação de animais domésticos – vivenciava relações societárias e, portanto, a governança
corporativa, embora de forma rudimentar, já poderia ser identificada em suas atividades. Por
outro lado, levando-se em consideração que a expressão governança corporativa foi utilizada
pela primeira vez nos Estados Unidos há cerca de vinte anos, ainda se encontra numa fase que
pode ser considerada incipiente quanto ao seu estudo e aplicação.
Com relação ao futuro, Ventura (2003) advoga que a governança corporativa não
contém as características dos modismos passageiros do mundo contemporâneo, uma vez que,
apesar de inúmeras razões para o seu aparecimento de forma estruturada e a sua importância
49
crescente, como a solução de conflitos de interesse nas organizações, a separação da
propriedade da gestão, o fenômeno inevitável da globalização ou mesmo, a recuperação do
poder dos acionistas, principais players do mundo dos negócios frente ao poder dos
executivos, a mais importante razão é que está ocorrendo uma mudança nas relações
econômicas no mundo e, especialmente na relação econômica empregatícia que vêm
perdendo importância frente à relação econômica de capital. Assim, para o autor, parece não
haver dúvidas de que a governança corporativa é o instrumento mais apropriado para tratar
das relações econômicas de capital.
De acordo com Andrade e Rossetti (2004), desde o início deste século um novo
cenário mundial vem se desenhando no âmbito da governança corporativa. Esse contexto
pode ser identificado por meio de quatro elementos: adesão; auto-regulação; “sinais
vermelhos”; e, regulação.
A adesão mundial às práticas de boa governança, identificada por dois indicadores: (a)
a definição de códigos nacionais por crescente número de países e, em vários deles na sua
segunda ou terceira revisão; (b) a criação de instituições civis independentes com objetivos
sociais centrados no desenvolvimento e na difusão das boas práticas (no Brasil foi criado o
IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa).
Por sua vez, a crescente auto-regulação, evidenciada pela tendência do mundo
corporativo, inclusive as corporações de negócios e os investidores institucionais, em adotar
efetivamente as práticas sugeridas nos códigos nacionais.
Os “sinais vermelhos” referem-se as megafraudes e os escândalos corporativos nos
dois mais tradicionais espaços do mundo corporativo global, a América do Norte e a Europa,
que abalaram a confiança dos investidores no mercado de capitais. A reação contundente do
congresso dos Estados Unidos e o anúncio da Comissão da União Européia quanto à
proposição de regras preventivas mais duras, como respostas aos “sinais vermelhos” acesos
no mercado.
A regulação, como efeito do ativismo voluntário nos anos 90 e das proposições de
instituições multilaterais preocupadas com os macrodesdoramentos de corporações mal
50
governadas. Dentre todas as reações regulatórias a que apresentou maior amplitude foi a Lei
Sarbanes-Oxley, aprovada em julho de 2002 pelo Congresso dos Estados Unidos da América.
A lei Sarbanes-Oxley de 2002 reescreveu, literalmente, as regras para a governança
corporativa. A nova legislação promove grandes alterações nos procedimentos e no
controle de administração das empresas, órgãos reguladores responsáveis pelo
estabelecimento de normas, comitês de auditoria e firmas de auditoria independente.
Contudo, sob a infinidade de páginas da lei, repleta de legalismos, reside uma
premissa simples: a boa governança corporativa e as práticas éticas do negócio não
são mais requintes – são leis (ANDRADE e ROSSETTI, 2004, p. 85).
Essa lei promoveu uma ampla regulação da vida corporativa, fundamentada nas boas
práticas de governança. Seus focos são os quatro valores propostos pelo ativismo, quais
sejam: Compliance – Cumprimento das leis ou conformidade legal; Disclosure – Maior
Transparência; Fairness – Eqüidade ou senso de justiça e Accountability – Prestação de
Contas de forma responsável. As normas estabelecidas pela Lei Sarbanes Oxley podem ser
agrupadas segundo os referidos valores:
compliance (Conformidade legal): adoção pelas corporações de um código de ética
para seus principais executivos, que deverá conter formas de encaminhamento de
questões relacionadas a conflitos de interesse, divulgação de informações e
cumprimento das leis e regulamentos; As corporações que não adotarem a
explicitação de condutas em um código de ética deverão explicar as razões da não-
adoção; Uma cópia do código deverá ser entregue a SEC – Security Exchange
Commission e ter ampla divulgação;
accountability (Prestação de contas de forma responsável): o principal executivo e o
diretor financeiro, CEO e CFO, na divulgação dos relatórios periódicos previstos
em lei, devem certificar-se de que: (a) Revisaram os relatórios e não existem falsas
declarações ou emissões de fatos relevantes; (b) as demonstrações financeiras
revelam adequadamente a posição financeira, os resultados das operações e os
fluxos de caixa; (c) divulgaram aos auditores e ao comitê de auditoria todas as
deficiências significativas que eventualmente existam nos controles internos, bem
como quaisquer fraudes evidenciadas, ou mudanças significativas ocorridas após a
sua avaliação; (d) têm responsabilidade pelo estabelecimento de controles internos,
pelos seus desenhos e processos e pela avaliação e monitoramento de sua eficácia.
Constituição de um comitê de auditoria, para acompanhar a atuação dos auditores e
dos números da companhia, atendendo às seguintes diretrizes; (a) presença de pelo
menos um especialista em finanças; (b) composto exclusivamente por membros
51
independentes do conselho de administração, não integrante da direção executiva,
que, além dos valores que já recebem pela participação no conselho, não receberão
quaisquer outros a título de pagamento pelo aconselhamento ou consultoria prestada
ao comitê; (c) responsável pela aprovação prévia dos serviços de auditoria; (d)
divulgação, por relatórios periódicos, dos resultados de seus trabalhos;
disclosure (Maior transparência): detentores de informações privilegiadas deverão
seguir as exigências da lei nos casos de mudanças em suas participações acionárias;
redução de prazos para que insiders comuniquem a SEC qualquer renegociação
envolvendo valores mobiliários da companhia; quaisquer informações
complementares aos relatórios exigidos pela lei, relativas a condições financeiras e
operacionais da companhia, deverão ser divulgadas com rapidez; contingências não
incluídas no balanço patrimonial devem ser divulgadas; a SEC poderá expedir
regras, exigindo a divulgação em tempo real de quaisquer informações relevantes
não contabilizadas off balance sheet que impactam os negócios e os resultados
corporativos;
fairness (Senso de justiça): a remuneração do executivo principal deverá ser
aprovada pelo conselho de administração; aprovação pelos acionistas dos planos de
stock options; vedação de empréstimos pessoais a diretores executivos. Devolução
de bônus e de lucros distribuídos no caso de retificação de demonstrações
financeiras em decorrência de descumprimento relevante das normas estabelecidas
pela SEC. Vedação de quaisquer formas de anistia aos empréstimos antes
concedidos e não liquidados; restrições sobre negociação durante períodos de troca
de administradores de fundos de investimentos; definição de penas historicamente
inusitadas para fraudes, com multas que podem chegar a US$ 5 milhões e a prisão
de até 20 anos. Entendendo-se por fraudes corporativas a alteração, a destruição, a
mutilação, a ocultação e falsificação de informações ou documentos, com a intenção
de impedir, obstruir ou influenciar o conhecimento e a análise do desempenho e da
situação dos negócios e da gestão.
Andrade e Rossetti (2004) acrescentam que os impactos da aplicação da Lei Sarbanes-
Oxley têm provocado mudanças na legislação de muitos outros países, definindo um novo
cenário para a governança corporativa global. Esses autores apresentam os seguintes novos
elementos desse novo cenário:
52
ágio de governança: O pagamento de um valor premium pelas ações das
companhias que tenham um sistema de governança de alta qualidade e, na direção
oposta, deságios de governança, pelas ações onde seja percebida a falta de adesão às
práticas de boa governança;
a tendência é de extinção dos executivos-chefes nas grandes corporações. Os
conselhos de administração tendem a assumir o controle efetivo das corporações,
especialmente na homologação das estratégias de negócios, na avaliação da gestão e
na cobrança de resultados que maximizem a riqueza dos acionistas e atendam a
interesses legítimos de outras partes interessadas;
os códigos de ética das corporações deixam de ser peças de “ficção”, incorporando
os valores da boa governança, definindo-se como compromissos efetivos e respostas
a exigências da lei;
redução de conflitos e de custos de agência, pela transparência e controle das
remunerações e benefícios auto-atribuídos pela alta administração. Em
contrapartida, aumento dos custos transacionais dos conselhos, da direção e dos
auditores, resultante dos altos riscos assumidos pela gestão corporativa. Estes custos
são evidenciados pelos crescentes prêmios de seguro de responsabilidade civil da
alta administração. Não se descarta a hipótese de que os rigores da lei, as punições e
a execração pública de executivos nos casos de inconformidade legal possam
desencorajar administradores talentosos e assumirem posições que envolvam riscos
elevados;
processos formais de governança mais bem fundamentados, atendendo a amplo
conjunto de propósitos, tais como: o atendimento rigoroso de regras definidas por
órgãos reguladores; a adesão a requisitos exigidos para listagens diferenciadas nas
bolsas de valores; o comprometimento com a criação de valor e geração de riqueza
para os acionistas; a atenção a direitos de minoritários e de outras partes
interessadas; a conformidade com guidelines da boa governança, especialmente a
integridade, a qualidade e a transparência das informações; e o bom posicionamento
nas avaliações geradas pelas agências de rating corporativo, tais como o Corporate
Governance Quotient do ISS – Institutional Shareholder Services, o GMI –
Governance Metrics International e o European Corporate Governance Rating.
53
2.1.7 A teoria dos Shareholders e a teoria dos Stakeholders
Muito do que existe na literatura sobre governança corporativa baseia-se no princípio
de que as empresas pertencem aos acionistas e que, portanto, a sua gestão deve ser
direcionada em benefício dos mesmos. Nota-se uma prevalência, na bibliografia pesquisada,
da visão descrita por Berle e Means (1957), segundo a qual o problema nas grandes empresas
era visto como o conflito entre os administradores (gestores) e acionistas. Dentro desse
paradigma, a boa governança resultaria da adoção de mecanismos que conduziriam os
gestores a proteger os interesses dos acionistas. Para aqueles autores essa é, apenas, uma das
categorias de conflito de agência, derivada de condições onde prevalece a tipologia de capital
pulverizado.
Existe uma outra categoria, que prevalece na maior parte dos países, onde a
propriedade é concentrada nas mãos de uns poucos acionistas, que pode levar à justaposição
da propriedade e da gestão. Nesse caso, então, o conflito de agência (proprietário/gestor)
desloca-se para um outro tipo de conflito, qual seja: o conflito entre majoritários e
minoritários. Isto significa que não é mais o proprietário que busca proteção contra o
oportunismo do gestor, mas os acionistas minoritários que vêem os seus direitos serem
desrespeitados pelos acionistas majoritários (ANDRADE e ROSSETTI, 2004).
Esse conflito de agência é o que ocorre com maior freqüência nos países em que a
propriedade é concentrada e o mercado de capitais é incipiente, com pequena expressão em
relação às outras formas de captação de capital. Segundo Andrade e Rossetti (2004) é assim
na maior parte dos países chamados emergentes, e na América Latina, como no Brasil esta é
uma das questões centrais da boa governança.
Fontes Filho (2004) afirma que existem dois conjuntos de práticas que podem ser
considerados como paradigmas: o modelo shareholder, cujo foco é o interesse dos acionistas;
e o modelo stakeholder, que adota uma visão mais abrangente, enfatizando, por exemplo, as
responsabilidades sociais da corporação, colocando-a no centro da uma rede formal e informal
de relacionamentos com diversos atores. Esses dois modelos podem ser apresentados segundo
a tipologia dos conflitos de agência e, conforme abordagem de Andrade e Rossetti (2004),
podem ser descritos respectivamente como aquele que é centrado na redução das práticas
54
conflituosas resultantes da dispersão; e os centrados nos desvios de conduta que podem ser
gerados pela concentração do capital acionário.
Scherer (2003) acredita que o modelo shareholder redefine o objetivo da empresa, que
passa a ser a criação de valor para o acionista, consagrando a proeminência do aspecto
financeiro sobre o produtivo da empresa, que passa a ser avaliada – e a se comportar – como
outro ativo financeiro qualquer, por parte dos investidores. Dentro desse conceito, o objetivo
maior da corporação é maximizar a riqueza dos acionistas, e como critério para avaliar o
desempenho utiliza o seu valor de mercado, ou valor econômico.
Andrade e Rossetti (2004) acrescentam uma outra distinção entre esses dois modelos:
a sua abrangência. Eles vão dos menos para os mais abrangentes e suas duas características
básicas levam em conta, principalmente, os compromissos corporativos com múltiplas partes
interessadas no desempenho da empresa e nos desdobramentos internos e externos de suas
ações. Os autores destacam que as partes interessadas são:
público interno constituído por empregados e fundações de assistência e seguridade;
público externo formado pelos credores, fornecedores, clientes e consumidores;
entorno formado pela comunidade, sociedade, governo, e meio ambiente.
A distinção entre as corporações voltadas predominantemente para os interesses e
direitos de seus acionistas e as estratégias mais abertas, dispostas a considerarem os interesses
internos e externos é a base das duas conceituações clássicas de governança: shareholder e
stakeholder. O Quadro 3 elenca as principais diferenças entre esses dois modelos.
ESTRUTURA
S
DIMENSÕES DIFERENCIADORA
S
Ori
g
em an
g
lo-saxônica.
Ob
etivos mais estritamente vinculados aos interesses dos acionistas: valor, ri
ueza e retorno.
Indicadores de desem
p
enho centrados em demonstrações
p
atrimoniais e financeiras.
Crescimento, riscos e retornos cor
p
orativos: avaliações e aferições como focos de
g
overnança.
Ori
g
em ni
p
o-
g
ermânica.
Con
j
unto am
p
liado de interesses:
g
eração abran
g
ente de valor.
Le
q
ue mais aberto de
p
úblicos-alvo: inte
g
rados na estra
g
ia cor
p
orativa.
Am
p
lo con
j
unto de indicadores de desem
p
enho.
Além dos resultados patrimoniais e financeiros (que se mantém essenciais), olhos voltados também para
sustentabilidade e fun
ç
ão social.
Geração de balanços ambiental e social.
SHAREHOLDER
STAKEHOLDER
Quadro 3 – Dimensões diferenciadoras dos modelos de governança corporativa.
Fonte: Andrade e Rossetti (2004).
55
Considerando a abrangência dos interesses abarcados pelas práticas de governança,
Andrade e Rossetti (2004) entendem que os dois modelos podem ser desdobrados em quatro
categorias, a saber:
shareholder limitado: centrado em interesses restritos;
shareholder estendido: voltado para interesses internos ampliados;
stakeholder restrito: aberto a partes interessadas diretamente envolvidas nas cadeias
de negócios, como credores, fornecedores e consumidores; e,
stakeholder avançado: aberto a objetivos que conciliam maximização dos resultados
expressos nos balanços econômicos financeiros, com bons balanços ambientais e
sociais.
Ainda que o contexto mais discutido em estudos sobre governança corporativa seja
aquele definido pelas relações entre proprietários, conselheiros e gestores, suas externalidades
impactam um conjunto muito maior de atores subjacentes. Para Rechtman et al (2004), esse
conjunto de interessados pode ser representado pela Figura 2.
Figura 2 – Dimensões da governança corporativa
Fonte: Rechtman et al (2004)
Gestores,
Empregados
&
Sociedade
Investidores
Governo
&
Mercado
56
2.1.8 Considerações
Entre os compromissos de longo alcance das corporações, Andrade e Rossetti (2004)
destacam dois, referentes a questões sociais e ambientais; 1. atenção para os efeitos globais
dos negócios e do crescimento exponencial de suas escalas e não apenas para os impactos
pontuais nos locais onde eles se realizam; e 2. visão transgeracional , com ampla extensão do
horizonte estratégico, conciliando a produção para a satisfação dos mercados atuais com os
direitos das futuras gerações às provisões necessárias a padrões de vida melhores que os
atualmente vigentes.
Utilizou-se a visão desses autores para encerrar este tópico, dada sua pertinência com os
conceitos da sustentabilidade aplicáveis em ambiente corporativo, que serão tratados na seção
2.4.
A seguir são abordados conceitos sobre Balanced Scorecard, considerando-se que a
análise do assunto interliga-se ao tema principal – a governança corporativa – e contribui para
o entendimento do trabalho como um todo.
2.2 O BALANCED SCORECARD
De acordo com Olve et al (2001), em seu conceito original, o Balanced Scorecard
(BSC) servia para a empresa ser considerada a partir de quatro perspectivas vitais: financeira;
processos internos; clientes; e, aprendizagem e crescimento. Propunha-se criar uma espécie de
painel de controle operacional de curto prazo vinculado à visão de longo prazo e à estratégia
do negócio. Em outras palavras, a organização passava a controlar e monitorar as operações
do dia-a-dia, considerando que elas afetam o desenvolvimento futuro.
O conceito do BSC baseia-se sobre três dimensões: ontem, hoje, amanhã. Olve et al
(2001, p. 6) acrescentam que: “O que fazemos de hoje para amanhã talvez não tenha nenhum
impacto financeiro que possa ser notado até depois de amanhã”. Isto significa que o foco da
57
empresa foi ampliado, tornando-se relevante observar as proporções-chave não financeiras,
pois são estas que podem afetar a sustentabilidade do negócio.
O BSC consiste em uma metodologia para o gerenciamento dos negócios, que
acrescentava outras dimensões além do tradicional quadro de indicadores de desempenho
financeiro utilizados tradicionalmente, introduzindo como novidade à possibilidade de ligação
do desempenho dos processos à estratégia empresarial. O modelo desenvolvido se traduz pela
transmissão da estratégia em todos os níveis da organização, estabelecendo-se um conjunto de
indicadores financeiros e não-financeiros. Esse conjunto constitui uma espécie de painel de
controle, com o objetivo de auxiliar o gestor na “pilotagem” da empresa.
Os precursores do BSC, Kaplan e Norton (1997), apesar de dividirem o
acompanhamento e a avaliação da gestão empresarial nas quatro citadas perspectivas
(financeira; clientes; processos; e, aprendizado e crescimento), alertam que essa divisão
constitui um modelo genérico, não impedindo que se faça um redimensionamento,
acrescentando-se ou redistribuindo-se novos elementos.
A Figura 3 ilustra o modelo genérico, suas perspectivas e as definições das relações
de causa e efeito.
Figura 3 As quatro perspectivas do BSC
Fonte: Kaplan e Norton (1997)
58
As quatro perspectivas definidas pelo BSC podem ser construídas em cada
organização a partir de respostas que venham a ser dadas a quatro perguntas fundamentais,
associadas a cada uma das referidas dimensões, a saber:
perspectiva Financeira: se formos bem sucedidos como cuidaremos de nossos
acionistas?
perspectiva Clientes: para realizar a visão, como devemos cuidar dos clientes?
perspectiva Processos Internos: para satisfazer nossos clientes (e acionistas) em
quais processos de negócios devemos ser excelentes?
perspectiva Aprendizado e Crescimento: para realizar a visão como a organização
deve aprender a melhorar? e, Como sustentar a capacidade de mudar e melhorar?
As respostas a cada uma das perguntas formuladas devem vir acompanhadas dos
respectivos propósitos, indicadores, metas e iniciativas, devidamente integradas à estratégia
formulada pela organização. Os indicadores financeiros de desempenho buscam medir se a
estratégia de uma empresa e sua execução, contribuem para a melhoria dos resultados
financeiros e devem sintetizar as conseqüências imediatas das ações executadas.
Na perspectiva Clientes, o BSC permite identificar os segmentos de clientes e
mercados onde a organização pretende competir e indica as medidas de desempenho a eles
associados. Além de medidas essenciais de resultados, devem-se incluir também medidas de
propostas de valor que serão oferecidas aos segmentos-alvo de clientes e/ou mercado-alvo.
Na perspectiva Processos Internos deve-se possibilitar a identificação dos processos
internos críticos onde a organização pode alcançar a excelência, oferecendo propostas de
valor capazes de atrair e reter clientes em segmentos-alvo do mercado e satisfazer as
expectativas dos acionistas quanto ao retorno financeiro. Nesta perspectiva ficam
evidenciadas duas diferenças básicas entre a abordagem tradicional e a abordagem do BSC:
na abordagem tradicional, o foco se mantém na melhoria dos processos existentes;
e,
na abordagem através do BSC, processos inteiramente novos e inovadores
costumam ser identificados onde a organização pode atingir a excelência para
atender aos objetivos propostos.
59
A quarta perspectiva – Aprendizado e Crescimento – parte da suposição de que as
organizações não são capazes de atingir suas metas de longo prazo para clientes e processos
internos utilizando as tecnologias e capacidades atuais. Assim, a organização deve investir no
aprimoramento dos colaboradores, no aperfeiçoamento da tecnologia de informação (TI)
utilizada e no alinhamento dos procedimentos e rotinas organizacionais.
Kaplan e Norton (1997) afirmam que as quatro perspectivas propostas devem
funcionar como um modelo e não como uma proposta “fechada”, não existindo qualquer
equação matemática garantindo que as quatro perspectivas são necessárias ou suficientes.
Dependendo das circunstâncias e da estratégia é possível identificar a necessidade de se
agregar outras perspectivas. Sobre a adição de novas dimensões ao BSC, Olve, Roy e Wetter
(2001) mencionam os exemplos de empresas como a SKANDIA e a ABB que decidiram
introduzir uma quinta perspectiva, focalizada nos recursos humanos. Entretanto, os autores
concluíram que o modelo de Kaplan e Norton (1997) é mais vantajoso, pois as suas quatro
perspectivas são abrangentes e, qualquer outra que se queira acrescentar, pode ser
contemplada dentro daquelas.
2.2.1 Os princípios do BSC
A modelagem do Balanced Scorecard parte do princípio de que o valor para o
acionista é criado por meio do impulsionamento dos indicadores não financeiros de
performance futura. Em uma economia dominada por ativos tangíveis, como na era da
produção em massa, as medidas financeiras eram suficientes para os registros dos estoques,
propriedades e outros ativos fixos. As empresas competiam através da capacidade em bens
tangíveis e o valor era criado a partir da maior eficiência na utilização desses ativos. Naquele
momento, assim, o modelo contábil-financeiro refletia o que estava ocorrendo com os
negócios.
A principal utilidade dos sistemas de controle gerencial era checar se a empresa
permanecia eficiente, induzindo os executivos a concentrar a atenção no gerenciamento dos
custos e não na geração das receitas. As medidas financeiras serviam para mostrar os
resultados de decisões tomadas no passado. Contudo, não de prestavam para indicar a direção
60
de metas estratégicas de longo prazo. Como efeito, os gerentes eram fortemente influenciados
a pensar no curto prazo.
Com as mudanças profundas ocorridas nas últimas décadas, que levaram as
organizações à arena da competição baseada no conhecimento, a habilidade das empresas de
desenvolver, suportar e mobilizar os ativos intangíveis tornou-se o grande referencial para o
sucesso. O BSC foi criado, inicialmente, para resolver o problema decorrente da medição de
performance única e exclusivamente por meio de controles gerenciais tradicionais
(normalmente limitados a indicadores financeiros), através do reconhecimento e análise dos
fatores que criam valor no longo prazo (Kaplan e Norton, 2000). Essa ferramenta procura
eliminar as deficiências nos processos de desenvolvimento das estratégias ao fazer uma
espécie de ligação entre os controles operacionais de curto prazo e a visão estratégica de
longo prazo. A combinação de indicadores de resultado com medidas que descrevem os
recursos usados e/ou atividades realizadas, permite um maior balanceamento entre curto e
longo prazo.
De acordo com Olve et al (2001), o ambiente financeiro em que as empresas de hoje
realizam negócios, impõe novas, distintas e complexas demandas para o controle do
gerenciamento e, por conseqüência, para a escolha dos sistemas de controle apropriados.
Nestes novos tempos o controle de gerenciamento tradicional tem sido criticado cada vez
mais e esses autores introduziram alguns pontos de vista que enriquecem esse debate,
apresentando as seguintes críticas ao modelo de gerenciamento tradicional:
fornece informação distorcida para a tomada de decisão: a informação sobre custos,
rendimentos e lucratividade subsidia a base para a tomada de decisão. As medidas
financeiras (e contábeis) tradicionais reportam os resultados de atividades que já
ocorreram. Uma informação desse tipo pode levar a uma ação dissociada dos
objetivos estratégicos estabelecidos;
deixa de levar em consideração as exigências da organização e estratégias atuais: a
fixação de medidas em termos monetários tem levado as empresas a ignorarem as
medidas não financeiras, menos tangíveis, tais como a qualidade do produto,
satisfação do cliente, tempo de entrega, flexibilidade na fabricação e um nível mais
alto de empregados com know how. As medidas usadas enviam sinais distorcidos
sobre a eficiência e a lucratividade do negócio;
61
estimula o pensamento de curto prazo e a sub-otimização: o controle financeiro
desencoraja o pensamento de longo prazo; por exemplo, podem levar a reduções em
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), cortes em treinamentos, programas de
motivação e incentivo diluídos e adiamento de planos de investimento;
oferece informação distorcida para a destinação do custo e controle dos
investimentos: o controle de custo tradicional não analisa porque a despesa foi
incorrida, indicando somente a importância e o centro de responsabilidade. De
acordo com os autores, as bases tradicionais para a destinação do custo – com
custos indiretos destinados com base nos custos diretos – estão ultrapassadas. Essa
relação entre custos diretos e indiretos está mudando em função do aumento de
gastos em P&D, sinergias, produção aerodinâmica, etc. Os subsídios cruzados entre
os produtos tornam difícil medir a lucratividade real de qualquer produto. Além
disso, é impossível avaliar o custo de longo prazo para desenvolver um produto;
fornece informação abstrata para os colaboradores: outro ponto fraco das medidas
financeiras é que elas não têm sentido para grande parte da organização, eis que
muitos colaboradores não têm percepção clara de como o trabalho deles se relaciona
com os números mostrados nos diversos relatórios mensais;
dá pouca atenção ao ambiente do negócio: os sistemas tradicionais de medida
financeira ignoram as perspectivas do cliente e do concorrente e, por isso, não
podem dar os sinais antecipados de mudança no segmento ou no market share.
Assim, é mais difícil comparar a companhia de modo justo com seus concorrentes,
embora essa informação seja, pelo menos, tão importante como a performance da
companhia em relação aos objetivos que foram estabelecidos para si mesma; e,
pode dar informação distorcida: os líderes de hoje tendem a focalizar sobre os
relatórios mensais, um fator que tende a favorecer as decisões de investimento no
curto prazo. Além disso, essa perspectiva de curto prazo estimula a manipulação das
medidas financeiras, de modo que as suas proporções de análise possam ser
distorcidas e carecerem de credibilidade para fins de análise e tomada de decisão.
O BSC reúne duas características importantes: a primeira resume em um relatório de
gestão muitos dos elementos aparentemente discrepantes do programa de competitividade de
uma empresa; e, a outra, não menos importante, previne a sub-otimização, direcionando os
gestores a considerar, simultaneamente todas as medidas operacionais. Para Kaplan e Norton
(1997) a implementação do BSC introduz quatro novos processos de gestão: tradução da
62
visão, comunicação e ligação, planejamento do negócio e, feed back e aprendizado. Esses
processos ajudam a vincular a estratégia de longo prazo aos objetivos e ações de curto prazo
da organização.
Os autores da modelagem atribuem os seguintes aspectos que realçam a importância
do BSC, a saber:
a vinculação da medição com a estratégia da organização;
o resumo em um relatório de gestão dos elementos aparentemente discrepantes do
programa de competitividade da organização;
a utilização de mecanismos que evitam a sub-otimização, forçando os gerentes a
considerar todas as medidas operacionais, simultaneamente;
a utilização de diferentes dimensões de desempenho (acionistas, clientes, processos
e crescimento e inovação), vinculadas através de relações de causa e efeito;
o destaque dos resultados como efeitos de determinadas causas, demonstrando a
necessidade de monitoramento não só das medidas de resultados, mas também das
medidas de alavancagem;
o fornecimento de dados para monitoramento do desempenho passado e
planejamento do desempenho futuro; estímulo ao aprendizado organizacional e à
análise crítica do desempenho global; a utilização de mecanismo de realimentação
que facilitam o acompanhamento do desempenho da organização ao longo do
tempo; simplicidade e lógica intuitiva, tornando-o de fácil compreensão para seus
usuários; e,
a disponibilização de informações que possibilitam os tomadores de decisão realizar
uma avaliação sucinta do desempenho global da organização.
2.2.2 Mapas estratégicos
O estudo inicial e a adequada implementação de um BSC se inicia pela discussão
interna na organização que levem à elaboração das declarações expressas (ou compromissos
estratégicos) de seus objetivos dentro das quatro perspectivas (ou mais). Em seguida, os
executivos devem elaborar suas declarações do que pretendem realizar, descrevendo em
63
detalhes como alcançar o êxito pretendido e selecionando os indicadores de medição que
capazes de determinar o nível de atingimento desse sucesso.
Kaplan e Norton (2004) acreditam que o foco nos objetivos leva a organização a um
avanço, na medida em que os objetivos definidos interligam-se em relações de causa e efeito
por meio da decomposição dos objetivos dentro das perspectivas escolhidas e da interligação
entre cada uma delas.
Agora, conseguem definir como o objetivo de melhorar as capacidades e habilidades
dos empregados em determinadas posições, em conjunto com nova tecnologia,
possibilitaria a melhoria de algum processo interno crítico. O processo aprimorado
aumentaria o valor fornecido a determinados clientes, resultado em maior satisfação
e retenção dos clientes, assim como ao próprio crescimento dos negócios dos
clientes. A melhoria dos indicadores referentes aos clientes levaria ao aumento da
receita e, em última instância, a crescimento significativo no valor para os acionistas
(KAPLAN e NORTON, 2004, p.10).
Ao conjunto de itens que identificam as relações entre causas e efeitos, explícitas entre
os objetivos estratégicos dentro de cada perspectiva, os autores chamam de “Mapa
Estratégico”. Os mapas estratégicos podem (e devem) ser diferentes em cada organização,
adaptáveis à realidade da indústria e da empresa, de forma que possam refletir a diversidade
de áreas de atuação e de estratégias. No entanto, os autores acreditam que essas adaptações
seguem um padrão básico, de fácil compreensão. Por isso desenvolveram uma espécie de
mapa genérico, capaz de servir como ponto de partida para qualquer organização, em
qualquer atividade.
Segundo Kaplan e Norton (2004), o mapa estratégico revelou-se inovação tão
importante quanto o próprio BSC. Assim, a execução bem sucedida de uma estratégia pode
ser representada pela seguinte equação:
A elaboração de um mapa estratégico complementa a equação acima, pois permite
viabilizar, com riqueza de detalhes, os aspectos relacionados à Gestão Estratégica,
interligando as ações declaradas aos dois outros aspectos da equação (Descrição da Estratégia
Resultados notáveis = Descrição da Estratégia + Mensuração da estratégia + Gestão da Estratégia
64
e Mensuração da Estratégia). Ainda de acordo com os autores do modelo, o mapa estratégico
deve descrever a lógica da estratégia, mostrando com clareza os objetivos:
Financeiros: ou os resultados tangíveis da estratégia em termos financeiros
tradicionais;
do Cliente: definindo a proposição de valor para os clientes-alvo;
dos Processos Internos críticos que criam valor e os ativos intangíveis necessários
para respaldá-los; e,
de Aprendizado e Crescimento: Identifica que cargos (capital humano), que
sistemas (capital da informação) e que tipo de clima (capital organizacional) são
necessários para sustentar os processos internos de criação de valor.
Os objetivos nas quatro (ou mais) perspectivas são interconectados por relações de
causa e efeito. A partir do topo, parte-se da hipótese de que os resultados financeiros somente
serão alcançados se os clientes-alvo estiverem satisfeitos. A proposição de valor para os
clientes descreve como gerar vendas e aumentar a fidelidade dos clientes-alvo. Os processos
internos criam e cumprem a proposição de valor para os clientes. Os ativos intangíveis que
respaldam os processos internos sustentam os pilares da estratégia. O alinhamento dos
objetivos nessas quatro perspectivas é a chave para a criação de valor e para uma estratégia
focada e dotada de consistência interna. Essa arquitetura de causa e efeito, interligando as
quatro perspectivas, é a estrutura em torno da qual se desenha o mapa estratégico.
Os autores defendem a utilização do mapa estratégico para permitir a representação
visual da estratégia, mostrando numa única página como os objetivos nas quatro (ou mais)
perspectivas se integram e combinam para descrever a estratégia, o que permitiria uma ampla
compreensão e disseminação do seu conteúdo entre todos os integrantes da organização. Ou
seja, o mapa estratégico deve fornecer a representação visual dos objetivos da organização nas
quatro (ou mais) perspectivas do BSC, identificando as relações de causa e efeito que
conectam os resultados almejados na perspectiva do cliente e na perspectiva financeira ao
desempenho superior nos processos internos críticos – gestão das operações, gestão dos
clientes, inovação e processos regulatórios e sociais.
Esses processos críticos criam e cumprem a proposição de valor da organização para
os clientes-alvo e também promovem os objetivos de produtividade da organização na
perspectiva Financeira. Além disso, o mapa estratégico identifica competências específicas
65
dos ativos intangíveis da organização: capital humano, capital da informação, e capital
organizacional, todos necessários para o desempenho excepcional nos processos internos
críticos.
A Figura 4 ilustra esquematicamente o modelo de mapa estratégico genérico
desenvolvido pelos autores.
Figura 4 – Mapa estratégico genérico.
Fonte: Kaplan e Norton (2004).
Muitas organizações brasileiras, sobretudo empresas de grande e médio porte, vêm se
utilizando do modelo para orientar os processos de governança corporativa. Levando-se em
Criar
Prontidão
PERSPECTIVA DE
APRENDIZADO E CRESCIMENTO
PERSPECTIVA
INTERNA
PERSPECTIVA
DO CLIENTE
PERSPECTIVA
FINANCEIRA
Valor de lon
g
o
p
razo
p
ara os acionistas
Estraté
g
ia de
p
rodutividade Estraté
g
ia de crescimento
Melhorar a estrutura de custos Aumentar a utiliza
ç
ão dos ativos
Ex
p
andir o
p
ortunidades de receita
A
umentar o valor
p
ara os clientes
Proposição de valor para o cliente
Atributos do produto/serviço Relacionamento Imagem
Pre
ç
o Qualidade Dis
p
onibilidade Sele
ç
ão Funcionalidade Servi
ç
os Parcerias Marca
Processos de gestão
operacional
Processos que
produzem e fornecem
produtos e serviços
Processos de gestão
de clientes
Processos que
aumentam valor o
para os clientes
Processos de
Inovação
Processos que criam
novos produtos e
serviços
Processos regulatórios
e sociais
Processos que melhoram
as comunidades e o meio
ambiente
Funções
Estratégicas
Portfólio
estratégico de
TI
Agenda de
mudanças
organizacionais
+
+
Habilidades Sistemas Cultura
Treinamento Banco de Dados Liderança
Conhecimentos Redes Alinhamento
Trabalho em equipe
Capital humano Capital da informação Capital organizacional
Criar
Alinhamento
66
conta que um dos requisitos-chave da boa governança corporativa consiste na transparência
da estratégia da organização e o seu acompanhamento, os conselhos de administração têm à
disposição, através do mapa estratégico, uma ferramenta para discutir e acompanhar a
implementação das estratégicas. Os autores, através da subsidiária de consultoria que possuem
no Brasil, indicam que várias organizações têm procurado apresentar esse processo aos
acionistas, no contexto das reuniões e de relatórios periódicos, esperando com isto conquistar
a percepção incremental de valor atual e futuro pelo mercado acionário brasileiro.
2.2.3 Considerações
A integração do mapa estratégico e do Balanced Scorecard ao calendário gerencial da
organização, permite que todos os processos gerenciais sejam acompanhados no que tange ao
seu alinhamento com a estratégia de longo prazo da empresa, sem desviar o foco. Os
executivos que se utilizam dos diversos elementos desses modelos para orquestrar seus planos
normalmente criam sistemas gerenciais em torno do scorecard para alcançar o objetivo maior
– a tradução da estratégia em ação (KAPLAN e NORTON, 2004).
2.3 O PROCESSO DECISÓRIO NAS ORGANIZAÇÕES
De acordo com Ansoff (1990), a administração de uma empresa é um complexo de
atividades que compreende análise, decisões, comunicação, liderança, motivação, mensuração
e controle. Dentre essas atividades se destaca a tomada de decisões como a pedra angular de
uma administração com êxito, pois sejam elas tomadas implícita ou explicitamente,
antecedem todas as ações. Para esse autor (1990, p.13) “decisões e ações são o produto final
da administração”.
67
2.3.1 A informação
Antes de abordar os conceitos a respeito dos processos decisórios, faz-se necessário
definir o que vem a ser informação. Porém, é importante distinguir-se dado de informação.
Segundo Davenport e Prusak (1999), dados representam um conjunto de fatos distintos e
objetivos, relativos a eventos. Dentro do contexto das organizações eles são úteis e descritos
como registros estruturados de transações. Ensinam esses autores que os dados não possuem
significados inerentes, pois descrevem apenas parte daquilo que aconteceu, não fornecendo
julgamento, interpretação ou qualquer base independente para sustentar uma tomada de
decisão. Embora a matéria-prima do processo decisório possa incluir dados, eles não podem
determinar o que deve ser feito, tampouco dizem respeito sobre sua própria importância ou
irrelevância. Contudo, são importantes para as organizações, porque constituem o insumo
principal para a criação da informação.
A informação, por sua vez, constitui-se em um dos elementos importantes para a
tomada de decisão nas organizações. Assim, à semelhança de muitos outros pesquisadores,
para Davenport e Pruzak (1999) a informação se traduz como uma mensagem, geralmente na
forma de um documento ou uma comunicação audível ou visível. Toda mensagem possui um
emitente e um receptor. A informação tem por finalidade mudar o modo como o destinatário
vê algo, exercendo um impacto sobre o seu julgamento e comportamento.
Etimologicamente, informar significa “dar forma a”, ou seja, a informação visa
modelar a pessoa que a recebe no sentido de fazer alguma diferença em sua perspectiva ou
insight. A informação compreende a combinação sistematizada de um conjunto de dados, ou
melhor, os dados transformam-se em informação quando o seu criador lhes acrescenta
significado – transformam-se dados em informação agregando-lhes valor. Segundo Davenport
e Prusak (1999) existem vários métodos de se transformar dados em informação:
pela contextualização: quando se sabe qual a finalidade dos dados coletados;
pela categorização: quando se conhece as unidades de análise ou os componentes
essenciais dos dados;
pelo cálculo: quando os dados podem ser analisados por meio de cálculos
matemáticos ou estatísticos;
pela correção: quando os erros são eliminados dos dados; e,
68
pela condensação: quando os dados podem ser resumidos para uma forma mais
concisa.
Para Davis e Olson (1987) a informação além de agregar, corrigir ou confirmar, deve
vir acrescida de uma novidade, de forma a reduzir a incerteza. Um bom exemplo para
evidenciar a diferença entre dado e informação é estabelecer uma analogia entre dado/
informação e matéria prima/produto acabado. Aquilo que para uma pessoa pode ser
informação (produto acabado), para outra pode ser um dado (matéria prima). Tornando a idéia
mais clara, Oliveira (b) (1999) destaca que na abordagem sobre os três níveis – operacional,
tático e estratégico – das organizações, as informações de um nível podem se tornar parte dos
dados dos níveis superiores, conforme ilustrado na Figura 5.
Figura 5 – Relação entre dados e informação e os níveis organizacionais.
Fonte: Oliveira (b) (1999).
McGee e Prusak (1994) entendem que os dados podem ser trabalhados
independentemente da existência dos seus usuários, mas a informação necessita ser discutida
no contexto de seus usuários e de suas respectivas decisões, pois se baseiam exatamente nos
dados em utilização, o que o torna indispensável a existência do usuário. Para Oliveira (c)
(1992), a qualidade da informação é crucial para a tomada de decisão, pois quanto melhor a
informação sobre o risco e as alternativas envolvidas, melhor poderá ser a decisão.
Dados
Informação
Dados
Dados
Operacional
Estratégico
Tático
Informação
Informação
69
2.3.2 As tomadas de decisão nas organizações
De acordo com Quelopana (2003), o estudo da decisão vem tomando o foco de
atenção das diversas áreas da ciência – sociologia, psicologia, ciências políticas, economia,
administração, pesquisa operacional. Assim, a preocupação da ciência da decisão é o
entendimento e a melhoria do processo decisório em todos os níveis em que seja necessário
tomar-se decisão – individual, organizacional e social.
Na ciência da decisão, como em qualquer outra ciência, utiliza-se todo o conhecimento
produzido desde os primeiros fundamentos proporcionados pela filosofia, literatura e religião,
sobre o comportamento de escolha, até os mais recentes avanços realizados conjuntamente
pela economia, psicologia e sociologia. Os resultados são modelos que traduzem a espécie
humana como um organismo complexo incrustado numa série de sistemas econômicos e
sociais interligados. Para Quelopana (2003, p. 32): “a ciência da decisão pode ser definida
como uma escolha intencional e refletida em resposta a necessidades percebidas”.
Para Pereira e Fonseca (1997), o termo decisão é formado pelo prefixo “de” (prefixo
latino que significa, parar, interromper) e a palavra “caedere” (que significa cindir, cortar).
Assim, a palavra decisão significa “parar de cortar” ou “deixar fluir” e, indecisão implica
“estagnação”. O sentido de deixar fluir mostra porque a dificuldade ou lentidão em decidir é
sentida como um obstáculo que interrompe o fluxo das ações. Para esses autores (1997, p.
174) “toda decisão é uma escolha entre alternativas. A vida é uma seqüência de escolhas,
viver implica estar sempre decidindo”.
O ato de tomar decisões é inerente a todos os seres humanos e, em quase todas as
ações diárias são necessárias tomadas de decisões. Para Campos (1998), o caráter essencial da
decisão é a escolha e, no campo individual, a cada dia é necessário tomar-se inúmeras
decisões, ou seja, fazer-se escolhas entre várias opções, numa seqüência de decisões
encadeadas. Assim, uma seqüência encadeada significa que dificilmente uma decisão
dispensa o decisor da próxima situação de escolha. Novas situações de escolha são geradas
pela ocorrência de outros problemas e oportunidades. O mesmo autor acrescenta que a idéia
de seqüência encadeada pressupõe que toda decisão tem condicionamentos passados e traz
70
conseqüências futuras, isto é, a escolha feita hoje é limitada por escolhas feitas anteriormente
e será limitadora para as futuras escolhas.
Nas organizações as decisões e os processos decisórios são mais complexos do que
uma escolha pessoal. De um modo geral as decisões organizacionais envolvem um número
maior de pessoas e um conjunto mais complexo de antecedentes, uma análise mais complexa
em termos de preferências. Da mesma forma que no campo pessoal, Campos (1998) observa
que as organizações agem e decidem segundo seus objetivos: são os objetivos que orientam as
organizações na identificação de problemas, na percepção de oportunidades, na escolha entre
alternativas. Nas organizações a atividade decisória confunde-se com a atividade gerencial,
existindo muitos autores que afirmam que administrar é tomar decisões.
Oliveira (c) (1992), por exemplo, argumenta que a função de um executivo é tomar
decisões. Além disso, a tomada de decisão é também descrita como um cálculo racional feito
por um indivíduo que maximiza, aperfeiçoa ou satisfaz suas preferências de utilidades,
selecionando alternativas conhecidas em uma dada situação de decisão. Isto significa que a
tomada de decisão tem um sentido de tempo e contexto social. Cada decisão tem uma história
que ajuda a explicar seu conteúdo atual e a projetar sua direção futura. Sua evolução é, às
vezes, questão de espontaneidade, enquanto, em outros momentos, é questão de consciência
(como por exemplo, quando algumas das decisões não são passadas a outros, ou quando uma
decisão é tomada com urgência, sem o devido tempo para uma análise mais acurada das
alternativas).
Simon (1965), ao analisar as organizações, afirma que as atividades realizadas nas
empresas, nos seus diversos níveis hierárquicos, são essencialmente atividades de tomadas de
decisões e de resolução de problemas e, portanto, no estudo das organizações e dos seus
sistemas de informações não pode deixar de compreender o processo decisório. O autor
acrescenta que não se pode deixar de analisar, quando se tratar do processo decisório, as
influências sofridas pelo decisor durante esse processo. Diversos são os fatores que
influenciam o tomador de decisão, dentre eles os fatores individuais (intrínsecos aos
indivíduos), os quais não fazem parte do escopo do estudo.
De acordo com Robbins (2002) a tomada de decisões é um elemento crítico no
cotidiano das organizações, porém não é possível o seu estudo antes da análise do conceito de
71
percepção e como ele está relacionado ao processo de decisão. A percepção pode ser definida
como “o processo pelo qual os indivíduos organizam e interpretam suas impressões sensoriais
com a finalidade de dar sentido ao seu ambiente” (Robbins, 2002, p. 117). Para o autor existe
uma série de elementos que opera para moldar e, por vezes, distorcer a percepção. Esses
elementos, ilustrados na Figura 6, podem ser encontrados a partir das visões: do observador,
do alvo e da situação.
Figura 6 – Fatores que influenciam a percepção
Fonte: Robbins (2002).
Analisando-se a demonstração esquemática acima, é possível verificar que na
dimensão do observador, existem alguns fatores que influenciam a percepção, ou seja, do
ponto de vista desse agente, as diversas atitudes das pessoas fazem com que se interpretem de
maneira distinta tudo aquilo que veem. Da mesma maneira as motivações ou necessidades
insatisfeitas podem exercer uma forte influência sobre a percepção. Ainda, os interesses
pessoais diferem dos interesses das demais pessoas e, as experiências passadas também
direcionam o enfoque de um indivíduo. Também as expectativas podem distorcer a
percepção, fazendo com que as pessoas vejam aquilo que esperam ver.
Fatores do
Observador
- Atitudes
- Motivações
- Interesses
- Experiência
Fatores no Alvo
- Novidade
- Movimento
- Sons
- Tamanho
- Cenário
- Proximidade
PERCEPÇÃO
Fatores na Situação
- Momento
- Ambiente de
trabalho
- Ambiente
social
72
Quanto aos fatores no alvo, as novidades, movimento, sons, o tamanho, eles não são
observados isoladamente e, a sua relação com o cenário influencia a percepção, como existe
uma tendência de se agrupar coisas parecidas ou próximas. Da mesma forma, segundo Robins
(2002), a situação ou contexto influencia a percepção como, por exemplo, há uma tendência
de o chefe observar com maior atenção as atitudes dos subordinados quando recebe a visita do
diretor, ou seja, o momento em que um objeto ou evento é observado pode influenciar a
atenção, bem como outros fatores situacionais, como a localização, iluminação ou a
temperatura.
O autor conclui que, seja qual for a posição hierárquica na pirâmide organizacional, as
pessoas tomam decisões, ou seja, escolhem entre duas ou mais alternativas e a forma como
elas tomam essas decisões e a qualidade dessas escolhas depende muito de suas percepções
.
2.3.3 O processo decisório
Quelopana (2003), com base na pesquisa que desenvolveu sobre os conceitos do
processo decisório, sintetizou duas categorias para análise: o enfoque descritivo e o enfoque
prescritivo.
No enfoque descritivo a preocupação maior é com o aspecto comportamental do
decisor, ou seja, avalia como as pessoas realmente decidem. Assim, por exemplo, a psicologia
tem apresentado um volume considerável de evidências experimentais sobre a habilidade
limitada dos decisores para processar informação e de como as pessoas empregam suas
experiências e procedimentos para simplificar a decisão. Da mesma forma, a sociologia
oferece uma perspectiva sobre a natureza dos processos de difusão da informação e o papel
das normas sociais no processo decisório.
O enfoque prescritivo analisa como as decisões seriam tomadas de acordo com um
conjunto de critérios bem definidos. Sob este prisma a economia possui um bem desenvolvido
paradigma para que os indivíduos e as organizações estruturem suas decisões. Das ciências
73
administrativas, surgem também uma extensa literatura com orientações para ajudar os
indivíduos no processo de escolha.
Assim, para Quelopana (2003)
apud Kleindorfer et al (1993), a ciência da decisão é
constituída por meio da integração da análise descritiva com as recomendações prescritivas. A
análise descritiva fornece
insights sobre valores, crenças e processo de escolha dos decisores,
e a análise prescritiva sugere criteriosamente os caminhos para a melhoria do processo
decisório. Ainda, no âmbito organizacional é preciso distinguir-se as decisões operacionais
das decisões estratégicas e, nesse sentido a principal diferença entre elas é o tempo. As
decisões operacionais têm um curto tempo de
feed back no qual os resultados são conhecidos
rapidamente. Nesse caso, por ser rápido e direto, é possível, a partir da observação dos
resultados, fazer-se às necessárias correções. Em geral o tempo de
feed back das decisões
operacionais podem ser medidos em meses, horas ou minutos.
Por outro lado, para o mesmo autor, a tomada de decisões estratégicas é
qualitativamente diferente da tomada de decisões operacionais, porque aquelas envolvem um
profundo comprometimento de recursos, durante um longo tempo, sem que os resultados
sejam conhecidos, pois o tempo de
feed back é longo. Em alguns casos o tempo entre a
decisão e o resultado pode levar 20 anos, como é o caso da área militar. Nesse caso, erros
podem causar excessivo acréscimo nos custos, além de a espera para um aprendizado ser
impraticável. Outro aspecto a ser considerado, diz respeito aos resultados, os quais podem ser
obscurecidos por eventos intervenientes e/ou sucessivas decisões que podem dificultar, senão
impossibilitar, a classificação das causas e efeitos e o rastreamento dos resultados válidos de
uma decisão específica.
Assim, nas decisões estratégicas as possibilidades de melhoramento contínuo – feed
back – são complexas, apresentado um elevado grau de incerteza e opacidade, tornando-se, às
vezes, impossível de serem avaliadas. No tempo os resultados podem ser visíveis, porém pode
ser tarde para uma eventual correção do rumo da estratégica estabelecida inicialmente, o que
justifica que a qualidade da decisão estratégica deva ser excepcionalmente alta, sobretudo
quando atreladas a um projeto ou a uma carteira de projetos.
74
2.3.4 Os modelos de análise do processo decisório
Existe uma variedade de modelos para a análise do processo decisório. Betlhem
(1987) relaciona sete tipos diferentes: o modelo Militar, o modelo de Kepner e Tregoe; o
modelo de Pesquisa Operacional, o modelo
Creative Problem Solving Institute (CPSI); o
modelo de Guilford; o modelo de Mintzberg; e, o modelo de Simon. Todos eles apresentam
fases comuns entre si, e alguns agrupam mais de uma fase de outro modelo.
Para o presente estudo, a abordagem escolhida foi a modelagem proposta por Simon
(1965), na medida em que permite uma fácil visualização do contexto e pressupõe que o
estudo da resolução de problemas e da tomada de decisões seja realizado segundo duas
dimensões:
a
abordagem racional, fundamentada na teoria da utilidade, que procura
maximizar a utilidade de uma decisão, como por exemplo, a maximização do lucro,
ou a minimização dos custos. Esta abordagem pode ser traduzida, por exemplo, por
modelos de análise de custos e benefícios, de análise de investimentos e custos e por
modelos clássicos de pesquisa operacional; e,
a abordagem que se fundamenta na
racionalidade limitada do tomador de decisão,
que aceita perfeitamente decisões apenas satisfatórias. Esta abordagem estuda os
aspectos relacionados com a tomada de decisão na prática, em situações onde existe
complexidade, conflito de valores individuais, informações incompletas,
inadequação de conhecimento, inconsistência nas preferências e nos
comportamentos dos tomadores de decisão.
Para esse autor, a atividade de
resolução de problemas segue um ordenamento
lógico: (a) verifica-se a existência do problema; (b) levantam-se informações relativas ao
problema; (c) são identificados os objetivos a serem alcançados; (d) apresentam-se
alternativas viáveis, analisando-se cada uma delas. A atividade de
tomada de decisão, por
sua vez, consiste na avaliação das ações alternativas precedendo a escolha de uma ou mais
para implantação.
Assim, a partir da relação dessas duas atividades, é possível estabelecer uma divisão
do processo em três grandes fases, com uma contínua revisão entre elas –
feed back -
conforme ilustrado na Figura 7.
75
Figura 7 – O modelo de processo decisório de Simon.
Fonte: Adaptado de Freitas
et al (1996)
Através da análise dos fluxos da figura anterior, pode-se identificar o relacionamento
entre as seguintes etapas do processo decisório, a saber:
fase da inteligência: momento em que ocorre a exploração do ambiente e é realizado
o processamento dos dados em busca de indícios que possam identificar os
problemas e oportunidades; as variáveis relativas à situação são coletadas e
colocadas em evidência;
fase de concepção: nesta fase acontece a criação, o desenvolvimento e a análise dos
possíveis cursos de ação; o tomador de decisão formula o problema, constrói e
analisa as alternativas disponíveis com base no seu potencial de aplicabilidade;
fase de escolha: onde é feita a seleção da alternativa ou do curso de ação entre
aquelas que estão disponíveis; esta escolha acontece após a fase da concepção, onde
o decisor busca informações para tentar garantir a melhor opção; e,
feed back: entre as fases podem acontecer eventos que interferem em etapas já
vencidas do processo que, assim, precisam ser resgatadas para permitir uma revisão
ou reposicionamento.
Além das principais fases apresentadas, seguem-se, anda: as fases de implantação,
onde a alternativa escolhida é implantada; a fase de monitoração, onde é feito o
acompanhamento da nova situação alterada pela implantação da alternativa; e, finalmente, a
fase de revisão, onde, em função do monitoramento, a alternativa implantada é readaptada,
procurando melhor se adequar, para melhor atender às expectativas.
INTELIGÊNCIA CONCEPÇÃO ESCOLHA
76
2.3.5 Considerações
As subseções deste tópico trataram dos conceitos pesquisados sobre a questão do
processo decisório nas organizações, e serão úteis para verificarmos o modo como conselho
de administração toma suas decisões dentro do campo da governança corporativa.
O próximo tópico encerrará o capítulo abordando algumas teorias de sustentabilidade,
a fim de complementar a revisão de literatura que integrará o referencial teórico necessário à
sustentação da presente pesquisa.
2.4 SUSTENTABILIDADE
O conceito de sustentabilidade surgiu a partir da identificação das necessidades
maiores de caráter global dos tempos atuais, como forma de atender simultaneamente: o
desenvolvimento econômico, ambiental e social. Para Ribeiro (2001), este conceito está
carregado de uma multiplicidade de significados com contribuições de diferentes atores, tais
como ecologistas, economistas, sociólogos dentre outros.
O mais difundido conceito de sustentabilidade é o do Relatório da Comissão Mundial
Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecido como Relatório
Bründtland: “o
desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem
comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”
(CMMAD, 1991, p.46).
Almeida (2002) representa a sustentabilidade através da seguinte equação:
valor do produto ou serviço
onde: ecoeficiência = ________________________
impacto ambiental
SUSTENTABILIDADE = ECOEFICIÊNCIA + RESPONSABILIDADE SOCIAL
77
e os valores essenciais constantes na noção de responsabilidade social são:
- respeito aos direitos humanos;
- respeito aos direitos trabalhistas;
- proteção ambiental;
- valorização do bem-estar das comunidades; e
- valorização do progresso social.
De acordo com Romeiro (2001), a partir da Revolução Industrial a capacidade do
homem intervir na natureza deu um grande salto. Essa crescente capacidade de intervenção,
ao tempo que provocou grandes danos ambientais, também proporcionou meios para que se
afastasse a ameaça imediata de riscos para sua sobrevivência e, com isso, retardasse a adoção
de técnicas de preservação de recursos finitos essenciais, capazes de sustentar a vida das
futuras gerações.
Além dos desequilíbrios ambientais decorrentes desta maior capacidade de
intervenção, a Revolução Industrial, baseada no uso intensivo de grandes reservas de
combustíveis fósseis, abriu caminho para uma expansão inédita da escala
das atividades
humanas, pressionando fortemente a base de recursos naturais do planeta. Ou seja, mesmo se
todas as atividades produtivas humanas respeitassem princípios ecológicos básicos, sua
expansão não poderia ultrapassar os limites ambientais globais que definem a “capacidade de
carga” (
carrying capacity) do planeta. A magnitude da punção exercida pelas sociedades
humanas sobre o meio ambiente, resulta do tamanho da população multiplicado pelo consumo
per capita de recursos naturais, estimulado pelo acelerado avanço da tecnologia.
Paradoxalmente, as inovações técnicas podem também atenuar relativamente esta pressão,
mas não eliminá-la (ROMEIRO, 2001).
Para Furtado (2005), a importância do estudo feito para o Clube de Roma deriva
exatamente do fato de que nele foi abandonada a hipótese de um sistema aberto no que
concerne à fronteira dos recursos naturais. Não se encontra aí qualquer preocupação com
respeito à crescente
dependência dos países altamente industrializados vis-à-vis dos recursos
naturais dos demais países, e muito menos com as conseqüências para estes últimos do uso
predatório pelos primeiros de tais recursos. A novidade está em que o sistema pôde ser
fechado em escala planetária, numa primeira aproximação, no que se refere aos recursos não
renováveis. Uma vez fechado o sistema, os autores do estudo formularam-se a seguinte
questão: o que acontecerá se o
desenvolvimento econômico, para o qual estão sendo
78
mobilizados todos os povos da terra, chegar efetivamente a concretizar-se, isto é, se as atuais
formas de vida dos povos ricos chegarem efetivamente a universalizar-se? A resposta a essa
pergunta é clara, sem ambigüidades: se tal acontecesse, a pressão sobre os recursos não
renováveis e a poluição do meio ambiente seriam de tal ordem (ou, alternativamente, o custo
do controle da poluição seria tão elevado) que o sistema econômico mundial entraria
necessariamente em colapso. A evidência à qual não podemos escapar é que em nossa
civilização a criação de
valor econômico provoca, na grande maioria dos casos, processos
irreversíveis de degradação do mundo físico.
A atitude ingênua consiste em imaginar que problemas dessa ordem serão
solucionados necessariamente pelo progresso tecnológico, como se a atual aceleração do
progresso tecnológico não estivesse contribuindo para agravá-los. Para o autor, não se trata de
especular se
teoricamente a ciência e a técnica capacitam o homem para solucionar este ou
aquele problema criado por nossa civilização. Trata-se apenas de reconhecer que o que
chamamos de criação de valor econômico tem como contrapartida processos irreversíveis no
mundo físico, cujas conseqüências tratamos de ignorar. Convém não perder de vista que na
civilização industrial o futuro está em grande parte condicionado por decisões que já foram
tomadas no passado e/ou que estão sendo tomadas no presente em função de um curto
horizonte temporal. À medida que avança a acumulação de capital, maior é a
interdependência entre o futuro e o passado (FURTADO, 2005).
A capacidade de carga do planeta não poderá ser ultrapassada sem que ocorram
grandes catástrofes ambientais. Entretanto, como não se conhece qual é esta capacidade de
carga, e que será muito difícil conhecê-la com precisão, é necessário adotar uma postura
precavida que implica em agir sem esperar para ter certeza. Nesse sentido, Romeiro (2001)
advoga a criação imediata de condições socioeconômicas, institucionais e culturais capazes de
estimular não apenas um rápido progresso tecnológico poupador de recursos naturais, como
também uma mudança em direção a padrões de consumo que não impliquem o crescimento
contínuo e ilimitado do uso de recursos naturais
per capita.
Para Brüseke (1995) uma análise sobre o significado de sustentabilidade passa,
necessariamente, pela abordagem sobre o que vem a ser desenvolvimento sustentável e este é
um conceito indispensável nas discussões sobre as políticas de desenvolvimento. A noção de
desenvolvimento sustentável foi introduzida em 1980, tendo demorado quase uma década
79
para ser amplamente conhecida, e o Relatório Bründtland – “Nosso Futuro Comum” –
transformou-se na peça chave da sua disseminação. Preparado pela Comissão Mundial sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento e publicado em 1987, foi coordenado pela
Doutora Gro
Harlen Bründtland, estabelecendo um significado para explicar o termo “desenvolvimento
sustentável”, qual seja: “quando provê as necessidades da geração atual sem comprometer a
habilidade de que as futuras gerações possam prover as suas” (FELMATE
et al, 2001, p.7).
Essa conceituação abrange um leque relações entre o homem e a natureza. Quando
visto sob um prisma ampliado, deve-se entender que a espécie humana deve utilizar os
recursos naturais de forma a não alterar as atuais condições de equilíbrio global, que depende
fundamentalmente do equilíbrio climático e da biodiversidade existentes. A definição citada
nesse relatório apresenta a questão das gerações futuras e suas possibilidades e contém dois
conceitos-chave: o conceito de necessidade, referindo-se particularmente às necessidades dos
países subdesenvolvidos, e a idéia de limitação, imposta pelo estado da tecnologia e de
organização social, para atender às necessidades do presente e do futuro.
A ênfase do componente social no desenvolvimento sustentável está refletida no
debate que ocorre sobre a inclusão ou não de medidas sociais na definição. Este debate
aparece em função da variedade de concepções de sustentabilidade que contêm componentes
que não são usualmente mensurados, como o cultural e o histórico. Os indicadores sociais são
considerados especialmente controversos, pois refletem contextos políticos e julgamentos de
valor. A integração de medidas é ainda mais complicada em função das diferentes – e muitas
vezes incompatíveis – dimensões.
A definição do Relatório
Bründtland não estabelece um estado estático, mas um
processo dinâmico que pode continuar a existir sem a lógica auto-destrutiva predominante. As
diferentes forças que atuam no sistema devem estar em balanço para que o sistema como um
todo se mantenha no tempo. Elkington (1999) aduz que são três as principais dimensões que
formam a chamada
triple bottom line da sustentabilidade:
econômica: refere-se, segundo o GRI (
Global Reporting Initiative), aos impactos
econômicos causados pela empresa nos
stakeholders, inclusive os acionistas, e seu
efeito nos sistemas econômicos. O CEBDS, entretanto, considera apenas impactos
ligados ao negócio, a exemplo de: grau de capitalização, geração de caixa, solidez
dos resultados, capacidade produtiva e nível de organização;
80
social: impacto causado pela organização no seu meio social, que pode ter escala
local, nacional ou global, e influenciar nos ativos intangíveis da empresa, como sua
reputação. Seus indicadores, qualitativos ou quantitativos, estão ligados às práticas
trabalhistas, direitos humanos, consumidores, comunidades e outros
stakeholders;
ambiental: relaciona-se com os impactos nos sistemas naturais. O GRI propõe o
relato em números absolutos, que dão idéia de escala, e também relativos, a
exemplo de recursos utilizados por unidade de produto permitindo a comparação
entre empresas.
De uma forma mais detalhada o conceito de desenvolvimento sustentável passa pelos
seguintes elementos-chave: a preservação da qualidade dos sistemas ecológicos, a necessidade
de um crescimento econômico para satisfazer as necessidades sociais e a equidade entre a
geração atual e a futura. Desta forma, os ideais do desenvolvimento sustentável são maiores
do que as preocupações específicas, como a racionalização do uso da energia, ou o
desenvolvimento de técnicas alternativas ou substitutivas do uso de recursos não-renováveis
ou, ainda, o adequado manejo de resíduos (OLIVEIRA (a), 2002). Mas, fundamentalmente, é
o reconhecimento de que a pobreza, a deterioração do meio ambiente e crescimento
populacional são indissociáveis, e que nenhum destes problemas pode ser resolvido de forma
isolada, na busca de parâmetros aceitáveis e onde a convivência do ser humano com o meio
ambiente seja mais justa e equilibrada.
Destacam-se, assim, os pontos centrais do conceito de desenvolvimento sustentável
elaborado pela CMMAD e contido no relatório Nosso Futuro Comum, que se tornou a linha
mestra da chamada Agenda 21, a saber:
tipo de desenvolvimento capaz de manter o progresso humano não apenas em
alguns lugares e por alguns anos, mas em todo o planeta e até um futuro longínquo.
Assim, o desenvolvimento sustentável é um objetivo a ser alcançado não só pelas
nações “em desenvolvimento”, mas também pelas industrializadas;
atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações
futuras atenderem suas próprias necessidades. Ele contém dois conceitos-chave:
o conceito de necessidades, sobretudo as necessidades essenciais dos pobres do
mundo, que devem receber a máxima prioridade;
81
a noção das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social
impõem ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e
futuras.
Em essência, de acordo com Oliveira (a) (2002), o desenvolvimento sustentável é um
processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a
orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e
reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações
humanas. Esse autor acredita que o desenvolvimento tecnológico pode atuar o controle da
poluição causada por tecnologias mais antigas, como restrições ao uso de agentes químicos
poluentes, e pode ser eficaz no controle ambiental. Entretanto, é preciso analisar a forma e as
conseqüências da imposição e/ou dependência tecnológica que se apresentam nos processos
de transferência de tecnologia dos países desenvolvidos para os em desenvolvimento.
Partindo-se desse princípio, o desenvolvimento sustentável é um processo global e não
pode ser confundido com a globalização. Esta, a globalização, poderia ser vista por "dois
lados". O primeiro é o das grandes empresas e se refere ao domínio do mercado mundial – o
aspecto comercial. Já o outro lado, o "da poluição", sob a ótica que transcende as fronteiras
nacionais e que significa evitar a poluição. Ainda conforme Oliveira (a) (2002), a
globalização dos problemas ambientais suscita à questão da complexidade. Esta permeia o
conceito de desenvolvimento sustentável e exige que se pense de forma global, mas que se aja
localmente. Neste sentido, a procura de um novo enfoque do desenvolvimento local deve
levar em conta não somente o aspecto econômico, mas também o ecológico, político, social e
cultural, os quais são, também, necessários para o crescimento e manutenção de todos os
agentes envolvidos (seres humanos, fauna, flora e a biodiversidade).
2.4.1 A visão econômica da sustentabilidade
De acordo com Romeiro (2001), existem variações sobre o conceito de
desenvolvimento sustentável no debate acadêmico sobre economia do meio ambiente. As
opiniões se dividem principalmente entre duas correntes: a Economia Ambiental e a
Economia Ecológica.
82
A chamada Economia Ambiental
(o main stream neoclássico), considera que os
recursos naturais (como fonte de insumos e como capacidade de assimilação de impactos dos
ecossistemas) não representam, no longo prazo, um limite absoluto à expansão da economia.
Pelo contrário, inicialmente esses recursos sequer apareciam em suas representações analíticas
da realidade econômica como, por exemplo, na especificação de função de produção onde
entravam apenas o capital e o trabalho. A economia funcionava sem recursos naturais.
Com o passar do tempo, os recursos naturais passaram a ser considerados nas
representações de função de produção, mas mantendo a sua forma multiplicativa, o que
significa a substituição perfeita entre capital, trabalho e recursos naturais e, portanto, a
suposição de que os limites impostos pela disponibilidade de recursos naturais podem ser
indefinidamente superados pelo progresso técnico que os substitui
por capital (ou trabalho).
Ou seja, o sistema econômico é visto como suficientemente grande para que a disponibilidade
de recursos naturais se torne uma restrição à sua expansão, mas numa restrição relativa,
superável
pelos progressos científico e tecnológico (ROMEIRO, 2001).
Tudo se passa como se o sistema econômico fosse capaz de se mover suavemente de
uma base de recursos para outra, à medida que cada uma é esgotada, sendo o progresso
científico e tecnológico a variável chave para garantir que esse processo de substituição não
limite o crescimento econômico no longo prazo. Para a corrente de estudiosos em que se
encontra esse autor, os mecanismos através dos quais se dá esta ampliação indefinida dos
limites ambientais ao crescimento econômico devem ser principalmente mecanismos de
mercado. No caso dos bens ambientais transacionados no mercado (insumos materiais e
energéticos), a escassez crescente de um determinado bem se traduziria facilmente na
elevação de seu preço, o que induz a introdução de inovações que permitem poupá-lo,
substituindo-o por outro recurso mais abundante.
Em se tratando dos serviços ambientais, em geral, não transacionados no mercado
devido à natureza de bens públicos (ar, água, ciclos bioquímicos globais de sustentação da
vida, capacidade de assimilação de rejeitos, etc.), este mecanismo de mercado apresenta falha.
De acordo com Romeiro (2001), para corrigir esta falha é necessário intervir para que a
disposição a pagar por esses serviços ambientais possa se expressar na medida em que sua
escassez aumenta. Empiricamente teria sido observado que a evolução natural das
83
preferências dos indivíduos em função do próprio processo de crescimento econômico seria
no sentido de uma menor tolerância a esta escassez crescente desses serviços devido à
poluição, configurando o que pode ser expresso como uma curva de Kuznets ambiental: à
medida que a renda
per capita se eleva com o crescimento econômico, a degradação
ambiental aumenta até um certo ponto, a partir do qual a qualidade ambiental começa a
melhorar. A explicação para este fato estaria em que nos estágios iniciais do processo de
desenvolvimento econômico a crescente degradação do meio ambiente é aceita como um
efeito colateral ruim, mas inevitável.
Entretanto, a partir de certo nível de bem estar econômico, a população torna-se mais
sensível e disposta a pagar pela melhoria da qualidade do meio ambiente, o que teria induzido
a introdução de inovações institucionais e organizacionais necessárias para corrigir as falhas
de mercado, decorrentes do caráter público da maior parte dos serviços ambientais.
Ainda segundo Romeiro (2001), a segunda corrente de interpretação, representada pela
Economia Ecológica, vê o sistema econômico como um subsistema de um todo maior que o
contém, impondo uma restrição absoluta à sua expansão. Capital e recursos naturais são
essencialmente complementares. O progresso científico e tecnológico é visto como
fundamental para aumentar a eficiência na utilização dos recursos naturais em geral
(renováveis e não renováveis) e, nesse aspecto, essa corrente partilha com a primeira a
convicção de que é possível instituir uma estrutura regulatória baseada em incentivos
econômicos capaz de aumentar imensamente esta eficiência. Permanece, entretanto, a
discordância fundamental em relação à capacidade de superação indefinida dos limites
ambientais globais, segundo a qual, no longo prazo, não será possível sustentar o sistema
econômico sem a estabilização dos níveis de consumo
per capita em níveis dissociados da
capacidade de carga do planeta. A questão central para esta corrente de análise se encontra em
como fazer com que a economia funcione considerando a existência desses limites. O
mecanismo de ajuste proposto pelo esquema analítico neoclássico desconsidera, por
definição, a existência de limites, calcando-se na perspectiva de substituição ilimitada dos
recursos que se tornam escassos por recursos abundantes.
No caso dos bens ambientais transacionados no mercado (insumos materiais e
energéticos), o esquema analítico convencional pressupõe que a escassez crescente de um
determinado bem eleva seu preço, o que induz a introdução de inovações que permitem
84
poupá-lo, substituindo-o por outros recursos mais abundantes cujos estoques os agentes
econômicos são supostos conhecer, juntamente com o conhecimento das diferenças de
qualidade, do curso futuro do progresso tecnológico e da própria demanda. Na verdade,
segundo Romeiro (2001), os preços refletem a disponibilidade de cada recurso
independentemente do estoque total de recursos, o que impede que eles possam servir para
sinalizar um processo de extração ótima do ponto de vista da sustentabilidade.
No caso dos serviços ambientais que não transacionados no mercado devido sua
natureza de bens públicos, o mecanismo de ajuste proposto não leva em conta princípios
ecológicos fundamentais para garantir a sustentabilidade, na medida em que este mecanismo é
baseado no cálculo de custo e benefício feito pelos agentes econômicos visando a alocação
de
recursos entre investimentos em controle da poluição e pagamentos de taxas por poluir de
modo a minimizar o custo total. O mesmo autor acredita que o cálculo das taxas, por sua vez,
será baseado num conjunto de metodologias de valoração econômica que mensuram direta ou
indiretamente a disposição a pagar dos indivíduos por bens e serviços ambientais. Portanto, o
ponto de equilíbrio, chamado de “poluição ótima”, é de equilíbrio econômico e não ecológico,
pois, ecologicamente não se pode falar em equilíbrio quando a capacidade de assimilação do
meio é ultrapassada, como é o caso uma vez que a poluição permanece
.
O fato de a capacidade de assimilação ser ultrapassado em um dado período reduz a
capacidade de assimilação no período seguinte e, assim, sucessivamente, podendo resultar
numa perda irreversível. Para Romeiro (2001) existe, portanto, uma “destruição líquida”,
sendo que somente suas conseqüências de segunda ordem são levadas em conta, isto é,
aquelas que afetam o nível de bem estar, no curto prazo, de outros agentes. Este mecanismo
de ajuste implica que a tecnologia e as preferências (e, implicitamente, a distribuição de
renda) são tomadas como parâmetros
não físicos que determinam uma posição de equilíbrio
onde se ajustam as variáveis físicas das quantidades de bens e serviços ambientais usados (a
escala)
quando o correto seria, ao contrário, tomar estas quantidades como os parâmetros
físicos aos quais deverão se ajustar as variáveis não físicas da tecnologia e das preferências.
Estes parâmetros de sustentabilidade, por sua vez, só podem ser socialmente definidos.
A determinação de uma escala sustentável, da mesma forma que uma distribuição
justa de renda, envolve valores outros que a busca individual de maximização do ganho ou do
bem estar, como a solidariedade inter e intragerações, valores estes que têm que se afirmar
85
num contexto de controvérsias e incertezas cientificas decorrentes da complexidade dos
problemas ambientais globais. São por estas razões que a determinação da escala que se
considere sustentável só pode ser realizada através de processos coletivos de tomada de
decisão (ROMEIRO, 2001).
Seguindo-se nesse curso, sem uma intervenção coletiva que defina a escala que a
sociedade considere sustentável, a melhoria da qualidade ambiental induzida pela degradação
ambiental tende a se limitar àquela degradação que afeta no curto prazo o nível de bem estar
dos agentes (como a provocada pelas emissões de gases sulfurosos, de particulados, o despejo
de esgoto doméstico, etc.), deixando de lado aquela cujos efeitos envolvem custos mais
dispersos e de longo prazo, como é o caso, por exemplo, da degradação provocada pela
emissão de dióxido de carbono causadora do efeito estufa. O autor acredita, ainda, que o
declínio da poluição associado ao aumento da renda se deve a reformas institucionais locais,
tais como a legislação ambiental e os incentivos baseados em mecanismos de mercado que
não consideram as conseqüências internacionais e intergeracionais. Ou seja, essas reformas
não contribuem para evitar os problemas quando seus custos são suportados pelas populações
(via de regra pobres) de outros países ou pelas futuras gerações, pois não levam em conta os
problemas relacionados à justiça distributiva e à escala.
2.4.2 A sustentabilidade como oportunidade de negócios
Segundo Hart e Milstein (2004), a saturação dos mercados desenvolvidos, a ampliação
do fosso entre ricos e pobres, o crescimento dos níveis de degradação ambiental e a
preocupação de que o mundo desenvolvido possa estar perdendo o controle sobre sua própria
densidade populacional, vêm se combinando e criando entraves à economia global. A idéia de
sustentabilidade compreende a elevação das expectativas em relação ao desempenho social e
ambiental. A sustentabilidade global tem sido definida como a habilidade para satisfazer as
necessidades do presente sem comprometer a habilidade das futuras gerações para
satisfazerem suas necessidades. Similarmente, o desenvolvimento sustentável é um processo
para se alcançar o desenvolvimento humano, de uma maneira inclusiva, interligada,
igualitária, prudente e segura. Para os autores, uma empresa sustentável é aquela que contribui
86
para o desenvolvimento sustentável ao gerar, simultaneamente, benefícios econômicos,
sociais e ambientais – conhecidos como os três pilares do desenvolvimento sustentável.
Contudo, acreditam que existe um desacordo entre executivos quanto ao significado
específico e quanto à motivação para a sustentabilidade empresarial. Para alguns executivos,
essa forma de sustentabilidade corresponde a uma espécie de mandato moral; para outros,
apenas uma exigência legal. Em outros grupos, além dessas interpretações, a sustentabilidade
é percebida como um custo inerente ao fato de se fazer negócios – um mal necessário para se
manter a legitimidade e o direito da empresa funcionar. O que se vê, neste momento, é que
ainda são poucas, em quantidade, as empresas que começaram a tratar a sustentabilidade
como uma oportunidade de negócios, abrindo caminho para a diminuição de custos e riscos,
ou até mesmo elevando seus rendimentos e sua participação de mercado por meio da
inovação. Porém, as pressões da sociedade tendem a acelerar o processo de “conversão” das
organizações para que assumam posturas empresariais condizentes com suas demandas e que
não fiquem apenas utilizando-se dos “selos” concedidos por algumas entidades não
governamentais como mais uma peça de marketing.
A sustentabilidade das empresas depende da sustentabilidade das partes interessadas
(
stakeholders) com as quais se relacionam. Assim, para promover a sustentabilidade, a
empresa deve cuidar de suas relações, buscando sistematicamente o equilíbrio no
estabelecimento e atendimento de compromissos com os
stakeholders, seguindo princípios de
diálogo e transparência. A permanente sintonia entre mercados ágeis, sociedades
democráticas e preservação ambiental só pode ser alcançada pela constante adequação às
mudanças, proporcionada pela internalização de questões surgidas no relacionamento
balanceado com todas as partes interessadas.
Discernir os
stakeholders, entender as características que regem as relações entre eles,
agir preventivamente quanto aos riscos e proativamente quanto às oportunidades de negócios
passam a ser, portanto, capacidades básicas para as empresas. Elas devem ainda perceber não
somente as dimensões econômicas, sociais e ambientais de suas atividades, mas também as
relações entre tais dimensões.
A Figura 8 ilustra as dimensões em que as empresas vivem. Os
stakeholders se situam
nas diversas camadas, caracterizados pela natureza das formas de fazer valerem os interesses
87
de cada um. Com os stakeholders de mercado, as relações se regem principalmente pela
competição; com os da sociedade, pela cooperação. Os
stakeholders do planeta impõem seus
interesses. Os indivíduos que trabalham nas empresas buscam o atendimento de suas
necessidades e anseios de vida. Nesse ambiente, as dimensões formam um todo que só pode
ser compreendido a partir dos referenciais de vida.
Indivíduo
Empresa
Mercado
Sociedade
Planeta
Figura 8 – Stakeholders da Sustentabilidade: O Biograma.
Fonte: Fundação Dom Cabral. Relatório de Sustentabilidade
Empresarial do CEBDS Conselho Empresarial Brasileiro para
o Desenvolvimento Sustentável. (2004, p.15)
2.4.3 Motivadores globais da sustentabilidade
Para Hart e Milstein (2004), o desenvolvimento sustentável também representa um
desafio multidimensional, para o qual propõem quatro conjuntos de motivadores visando a
sustentabilidade global, a saber:
um primeiro conjunto relaciona-se com a crescente industrialização e suas
conseqüências correlatas, como consumo de matérias-primas, poluição e geração de
resíduos. A atividade industrial cresceu a ponto de ter agora efeitos irreversíveis
88
sobre o ambiente global, incluindo impactos sobre o clima, a biodiversidade e os
ecossistemas. Ao mesmo tempo em que a industrialização produziu enormes
benefícios econômicos, gerou significativa quantidade de poluição e continua
consumindo matérias-primas naturais, recursos e combustíveis fósseis a uma taxa
crescente. A eficiência de recursos e a prevenção de poluição são, dessa forma,
cruciais para o desenvolvimento sustentável;
um segundo conjunto de motivadores relaciona-se à proliferação e interligação dos
stakeholders da sociedade civil. À medida que o poder dos governos nacionais
diminuiu logo após a abertura ao regime do comércio global, as organizações não
governamentais (ONGs) e outros grupos da sociedade civil têm aumentado suas
participações, assumindo o papel de monitores e, em alguns casos, de aplicadores de
padrões sociais e ambientais. Paralelamente, a disseminação da
Internet e da
tecnologia de informação tem contribuído para que esses grupos se comuniquem
entre si de formas inimagináveis uma década atrás. As alianças de ONGs baseadas
na
Internet estão tornando cada vez mais difícil a operação velada de governos,
corporações e grandes instituições, fazendo com que o desenvolvimento sustentável
desafie as empresas a funcionarem de forma transparente, responsável, tendo em
vista a existência de uma bem informada e ativa base de
stakeholders;
um terceiro conjunto de motivadores relaciona-se com as tecnologias emergentes,
que oferecem soluções poderosas e revolucionárias capazes de tornar obsoletas as
bases de muitas das atuais indústrias que usam energia e matérias primas de forma
intensiva. Genoma, biomimética, nanotecnologia, tecnologia da informação e
energia renovável têm, todos, potencial para reduzir drasticamente marcas
produzidas pela ação do homem sobre o planeta, tornando praticamente obsoletos
os problemas da rápida industrialização. Por exemplo, a bio e a nanotecnologia
criam produtos e serviços a um nível molecular, sustentando o potencial para
eliminar o conceito de resíduo e poluição. Similarmente, a biomimética representa
uma tentativa de ultrapassar os processos naturais a fim de criar novos produtos e
serviços sem ter de depender da força bruta para arrasar grandes reservas de
matérias-primas naturais. A tecnologia da informação e a energia renovável são
distribuídas em caracteres, o que significa que podem ser aplicadas nos contextos
mais remotos e em pequena escala, eliminando a necessidade de infra-estruturas
centralizadas e de distribuição por cabos, ambos ambientalmente nocivos. As
tecnologias de distribuição têm, conseqüentemente, potencial de atender às
89
necessidades de bilhões de habitantes rurais (até agora ignorados pelos grandes
negócios globais) de modo a reduzir o impacto ambiental. A inovação e as
transformações tecnológicas são, assim, a chave para a busca do desenvolvimento
sustentável;
o quarto conjunto de motivadores relaciona-se com o aumento da população, da
pobreza e da desigualdade associada à globalização. Enquanto se passaram milhares
de anos para a população humana alcançar a marca de um bilhão, esse número
saltou para seis bilhões em apenas duas gerações. O rápido crescimento
populacional tem levado a migrações em massa da zona rural para as cidades e o
crescimento das desigualdades de renda. A combinação entre crescimento
populacional e aumento da desigualdade vem cada vez mais contribuindo com a
acelerada decadência social, o caos político e com o terrorismo. O desenvolvimento
social e a criação de riqueza em uma escala de massa, especialmente entre os quatro
bilhões mais pobres do mundo, parece ser essencial para o desenvolvimento
sustentável. Contudo, tal desenvolvimento precisa seguir um curso completamente
diferente, caso se queira evitar o colapso ecológico.
Hart e Milstein (2004) aduzem que a sustentabilidade global é um conceito complexo,
que não pode ser equacionado por meio de uma única ação corporativa. A criação de valor
sustentável requer que as organizações levem em conta cada um dos seguintes conjuntos de
motivadores, através de ações que:
reduzam o nível de consumo de matéria-prima e de poluição associado com a rápida
industrialização;
conduzam a operação com níveis mais amplos de transparência e responsabilidade,
uma vez que é impulsionada pela sociedade civil;
estimulem o desenvolvimento de novas e revolucionárias tecnologias que tenham o
potencial para reduzir as pegadas do homem sobre o planeta;
atendam às necessidades daqueles localizados no extremo inferior da pirâmide de
renda do mundo, e isso de uma forma que facilite a criação e distribuição de renda
inclusiva.
Depreende-se, assim, que o desafio da sustentabilidade global é complexo,
multidimensional e emergente. As empresas são desafiadas a minimizar as perdas das
operações correntes (combate à poluição), ao mesmo tempo em que estão reorientando seus
90
portfolios de competências em direção a tecnologias e habilidades mais sustentáveis
(tecnologia limpa). Também são desafiadas, segundo os autores, a se engajarem em uma
ampla interação e diálogo com os
stakeholders externos, atentando para as ofertas atuais
(responsabilidade por produto), bem como para o modo como poderiam desenvolver soluções
economicamente viáveis para atenuar os problemas sociais e ambientais do futuro (visão de
sustentabilidade). Consideradas em conjunto ou em um determinado
portfolio, essas
estratégias e práticas têm o potencial de reduzir custos e riscos, elevar a reputação e a
legitimidade da empresa, acelerar a inovação e o reposicionamento, e cristalizar caminhos e
trajetórias de crescimento – todos de vital importância para a criação de valor ao acionista. O
desafio para a empresa é decidir quais ações e iniciativas perseguir, bem como o melhor modo
de administrá-las
.
2.4.4 Os Princípios do Equador
No contexto da responsabilidade socioambiental aplicável às atividades desenvolvidas
por instituições financeiras do planeta, em 2003 a organização
International Finance
Corporation (IFC) definiu critérios mínimos ambientais e de responsabilidade social que
deveriam ser observados pelas entidades bancárias privadas para projetos orçados a partir de
cinqüenta milhões de dólares americanos, intitulado “Princípios do Equador”. Essa
organização, afiliada ao Banco Mundial, tem como objetivo abrir linhas de crédito para
investimentos sustentáveis do setor privado nos países em desenvolvimento. A condição
prioritária para a análise dos projetos é que se destinem a reduzir a pobreza e melhorar a
qualidade de vida das pessoas.
De acordo com Souza (2005), os projetos são categorizados em três dimensões, que
observam o nível de risco ambiental e social que representam, a saber:
- risco “A”: considerado de alto risco ambiental e social;
- risco “B”: risco médio;
- risco “C”: risco baixo.
91
Segundo abordagem feita pelo Observatório Social (2004), os projetos que são
categorizados nos dois primeiros níveis de risco requerem a apresentação concomitante de um
relatório ambiental do projeto, que contenha, necessariamente, entre outras questões:
- as condições ambientais e sociais;
- o cumprimento das normas legais;
- o desenvolvimento sustentável e a utilização de recursos naturais renováveis;
- a adoção de mecanismos de prevenção e controle da poluição.
A partir da classificação do risco pela
IFC, conforme o caso é recomendado medidas
para prevenir, minimizar, solucionar ou mesmo compensar impactos ambientais. Além disso,
a análise do projeto compreende as práticas ambientais das empresas, resultando em
recomendações sobre o que deve ser feito para melhorar a interlocução com os órgãos
ambientais, responsáveis, em última instância, para fiscalizar a implementação de tais
medidas. A entidade considera indispensável que as organizações bancárias mantenham
departamentos especializados em meio ambiente, com técnicos capacitados para analisar
todos os aspectos ambientais dos projetos financiados.
A organização bancária que foi estudada na presente pesquisa aderiu aos Princípios do
Equador recentemente, declarando, dessa forma, o seu compromisso em destinar recursos a
sua atividade de intermediação financeira para projetos que tenham como premissa as
questões ambientais e sociais. A relação das entidades financeiras subscritoras desses
princípios é atualizada permanentemente e encontra-se disponível na página da
Internet
<
www.equator-principles.com>.
Souza (2005) avalia que as entidades bancárias vêm apresentando crescente
contribuição para o desenvolvimento sustentável do Brasil, eis que a maioria já incorporou as
exigências de regularidade ambiental nas suas respectivas políticas de concessão de crédito.
Ao fazer um paralelo com outras declarações de princípios, o autor acredita que o chamado
“Protocolo Verde” tenha sido fundamental para estimular as entidades bancárias públicas, da
mesma forma que os “Princípios do Equador” foi para as instituições financeiras privadas.
Acrescenta, porém, que não basta manter departamentos especializados em meio ambiente,
sugerindo que os bancos promovam a constante capacitação dos funcionários a respeito do
tema, de forma a conscientizá-los acerca dos conceitos da responsabilidade social corporativa
92
e, ademais, das questões legais (civis e penais) que pesam sobre financiadores de projetos que
causem danos ao meio ambiente.
2.4.5 Considerações
A sociedade organizada, por fim, começa a se dar conta da necessidade de
assimilação dos conceitos de sustentabilidade que os estudiosos vêm apregoando há algum
tempo. Mas apesar de todos os discursos, as lógicas governamental e empresarial mudam
muito lentamente. Ainda predominam a lógica do lucro por tempo indefinido e a qualquer
custo e a lógica da política voltada para a concentração de poder. Empresas continuam a ser
majoritariamente governadas pelo viés econômico, e só muito recentemente administradores e
acionistas começaram a perceber que a dimensão social deve ser incluída em suas decisões de
investimento, como requisito básico para a própria sobrevivência do negócio.
O referencial teórico disposto nos quatro tópicos deste capítulo tem a finalidade de
constituir a base científica de averiguação às práticas do estudo de caso propriamente dito,
apresentado no capítulo 4.
O próximo capítulo apresenta a metodologia e as técnicas de pesquisa aplicadas ao
referido estudo.
3 METODOLOGIA DE PESQUISA
Este capítulo demonstra o método e procedimentos técnicos utilizados no estudo, com o
propósito de oferecer o devido suporte teórico e metodológico. São abordados aspectos sobre os
procedimentos de pesquisa relativos à classificação, tipo, justificativa da estratégia de pesquisa,
coleta e tratamento de dados.
Marconi e Lakatos (2002) orientam o pesquisador a selecionar a metodologia de forma
que fique relacionada e perfeitamente aplicável ao problema a ser estudado, levando em
consideração fatores como a natureza do fenômeno, do objeto da pesquisa e de outros elementos
encontrados no campo investigativo. Nas seções seguintes deste capítulo objetiva-se, de tal sorte,
descrever os procedimentos observados na realização do presente estudo.
3.1 MÉTODO CIENTÍFICO
Para Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (2001) existem diferentes linhas de abordagem
acerca do método científico, especialmente em relação aos critérios de avaliação das teorias
científicas. Porém, é possível relacionar alguns princípios comuns que são aceitos pela maioria
dos estudiosos de ciência contemporânea, os quais podem ser úteis à prática científica. De um
modo geral, pode-se dizer que o método científico é uma atividade crítica e, conseqüentemente, o
desenvolvimento de um espírito crítico é fundamental para a compreensão e a prática da
atividade científica. Assim, ser crítico ou dar caráter científico a um estudo significa procurar
evidências para os juízos acerca dos fatos compulsados e admitir a possibilidade de erro, mesmo
que o que esteja sendo considerado como evidência possa mudar ao longo do processo.
As evidências observadas em um estudo científico, via de regra, são influenciadas pelo
que Kuhn (2000) chamou de paradigmas. Segundo esse autor, paradigmas são modelos (ou
padrões) aceitos e compartilhados por um grupo social e as evidências – informações
contextualizadas –, que se encaixam no paradigma do momento, fluem com maior facilidade,
94
enquanto que outras têm grande dificuldade de serem aceitas porque os modelos conceituais
tendem a reforçar as crenças e valores habituais.
Ainda de acordo com Kuhn (2000), o termo paradigma pode ter, entre outras, as seguintes
acepções: designar uma realização científica universalmente conhecida; significar um mito; um
modelo; aparecer como uma analogia; como especulação metafísica; como capacidade produtiva;
e, como ponto de vista epistemológico ou como um campo específico da realidade. Para Pereira e
Fonseca (1997), durante a vigência de um paradigma, a maioria das ações é direcionada para que
ele se mantenha. A força conservadora dos paradigmas fundamenta-se na crença da certeza
daquilo que está em vigor, o que dificulta, ou até mesmo impede a aceitação do novo.
Segundo Gil (1999), a ciência tem como objetivo chegar à veracidade dos fatos. Porém,
para que o conhecimento adquirido se torne científico, é necessário determinar qual o método que
possibilitou chegar-se a esse conhecimento, ou seja, não há ciência sem o emprego de um método
científico. Assim, para o autor, o método pode ser definido como o caminho para se chegar a um
determinado fim e será considerado método científico se for adotado um conjunto de
procedimentos intelectuais e técnicos para se atingir o conhecimento.
Deslandes (2000) define a metodologia como o caminho que segue o pensamento e a
prática exercida na abordagem da realidade, ou seja, é um conjunto de técnicas que possibilita a
construção dessa mesma realidade. Desse modo, uma dissertação de mestrado busca solucionar
um problema real por meio da abordagem científica. Por essa razão, a escolha da metodologia e
das técnicas apropriadas de pesquisa são fatores relevantes para o alcance dos objetivos do
trabalho. As questões metodológicas referem-se à classificação da pesquisa e aos procedimentos
necessários à sua realização, conforme explicitado nas subseções seguintes.
3.1.1 A pesquisa científica
São inúmeros os conceitos sobre pesquisa, uma vez que os estudiosos ainda não chegaram
a um consenso sobre o assunto. Segundo Asti Vera (1979, p.9) o “significado da palavra não
95
parece ser muito claro ou, pelo menos, não é unívoco”, pois há vários conceitos sobre pesquisa
nos diferentes campos do conhecimento humano. Para esse autor, o ponto de partida da pesquisa
encontra-se no “problema que se deverá definir, examinar, avaliar, analisar criticamente, para
depois ser tentada uma solução” (Asti Vera, 1979, p.19, apud Marconi e Lakatos, 2002, p.15).
O Webster`s International Dictionary, define pesquisa como uma indagação minuciosa ou
exame crítico e exaustivo na procura de fatos e princípios; uma diligente busca para averiguar
algo. Pesquisar não é apenas procurar a verdade; é encontrar respostas para questões propostas,
utilizando métodos científicos.
Ander-Egg (1978, p.28) vai além: para ele, a pesquisa é um “procedimento reflexivo
sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em
qualquer campo do conhecimento”. A pesquisa, portanto, é um procedimento formal, com
método e pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e se constitui no caminho
para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais.
Segundo Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (2001), a percepção de um problema dá
início ao raciocínio e à pesquisa, levando-se à formulação de questões e realização de
observações. Para esses autores a maioria dos problemas estudados pelos cientistas surge a partir
de um conjunto de teorias científicas que funcionam como conhecimento de base e, portanto, a
formulação de questões e a resolução de problemas científicos somente podem ser feitos por
quem detém um razoável conhecimento das teorias científicas da área sob estudo. Portanto,
torna-se relevante a busca pelas pesquisas mais recentes da área de conhecimento em questão e
isto pode ser realizado por meio de pesquisa bibliográfica.
96
3.2.1 A classificação da pesquisa
Segundo Gil (1999), a pesquisa é um conjunto de ações, propostas para encontrar a
solução para um problema, que tem por base procedimentos racionais e sistemáticos. Ela deve
ser realizada quando se tem um problema e não se têm informações para solucioná-lo.
Para Silva e Menezes (2001) existem várias formas de classificar as pesquisas, destacando
entre elas:
quanto à sua natureza:
pesquisa básica: objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da
ciência sem aplicação prática prevista;
pesquisa aplicada: caracteriza-se pelo seu interesse prático em que os resultados
sejam aplicados ou utilizados imediatamente na solução de problemas que
ocorrem na realidade ou quando objetiva a aplicação dos tipos de pesquisa
relacionados às necessidades imediatas dos diferentes campos de atividade.
quanto à forma de abordagem:
pesquisa quantitativa: considera que tudo pode ser quantificado, ou seja, traduzir
em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las;
pesquisa qualitativa: considera que há uma relação dinâmica, ou um vínculo
indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito, que não pode ser
traduzido em números. Aqui se busca a interpretação dos fenômenos e a atribuição
de significados no processo. Não requer o uso de procedimentos estatísticos. O
ambiente natural é a fonte direta de coleta de dados e o pesquisador é o
instrumento-chave. O processo e seus significados são os focos principais.
quanto aos objetivos:
pesquisa exploratória: proporciona maior familiaridade com o problema com
vistas a torná-lo explícito. Contempla levantamento bibliográfico; entrevistas
relacionadas com o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a
compreensão (GIL, 1999);
97
pesquisa descritiva: Visa identificar os fatores que determinam ou contribuem para
a ocorrência dos fenômenos, aprofunda o conhecimento da realidade porque
explica a razão, o “porquê” das coisas (GIL, 1999);
pesquisa explicativa: Tem como preocupação central identificar fatores que
determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos (GIL, 1999).
quanto aos procedimentos (estratégia):
pesquisa bibliográfica: elaborada a partir de material já publicado como livros,
artigos, e material digital (Internet);
pesquisa documental: elaborada a partir de material que não sofreu nenhum tipo
de análise;
pesquisa experimental: quando se determina o objeto de estudo, selecionando-se
suas variáveis que influenciam tal objeto, definindo-se as formas de controle e
observação dos efeitos que a variável produz no objeto;
levantamento: quando a pesquisa envolve a interrogação direta das pessoas cujo
comportamento se deseja conhecer;
pesquisa Ex post-Facto: quando o experimento se realiza após os fatos;
estudo de caso: quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou alguns
objetos de maneira que se permita o seu conhecimento amplo e detalhado.
Este estudo classifica-se quanto à sua natureza como pesquisa aplicada, pois tem o
objetivo de solucionar um problema prático no campo da governança corporativa em um
conglomerado financeiro composto por diversas atividades, que abrange participações em
inúmeras empresas coligadas e controladas, em diversos ramos, tais como seguros, previdência,
capitalização, administração de recursos de terceiros, serviços de tecnologia, cartões de crédito,
dentre outros.
Quanto à forma de abordagem do problema, classifica-se como uma pesquisa qualitativa.
Porém, em algumas etapas do estudo quantifica os resultados, produzindo indicadores
verificáveis matematicamente e, em outras etapas torna-se predominantemente qualitativa, ou
seja, caracteriza-se, segundo Deslandes (2000), por responder a questões particulares onde o nível
de realidade não pode ser totalmente quantificado, trabalhando com: motivos, crenças, valores,
98
comportamentos e percepções individuais. Procura, pois, estabelecer relações entre os fenômenos
observados comparando-os com outros fatos já pesquisados e, especialmente, com a literatura
consagrada.
Quanto aos objetivos, classifica-se em exploratória e descritiva. A pesquisa é exploratória
porque busca relatar com precisão a situação e procura descobrir relações existentes entre os
elementos que a compõem. Também é descritiva porque relata observações, registros e análises,
correlacionando fatos e variáveis, buscando descobrir, com a precisão possível, a freqüência com
que os fenômenos ocorrem, sua relação e conexão com outros fenômenos, bem como sua
natureza e características.
Quanto aos procedimentos, trata-se de um estudo de caso referenciado por pesquisa
bibliográfica.
3.2.2 Estruturação da pesquisa
A Figura 9 apresenta o modelo esquemático desenvolvido para a presente pesquisa.
99
Figura 9 – Modelo esquemático da pesquisa, quanto à sua metodologia.
De acordo com Gil (1999), os métodos das ciências sociais têm como objetivo
“instrumentalizar” o pesquisador para que seja garantido um mínimo de objetividade e precisão
no estudo. Conforme já relatado o método utilizado visa orientar a realização da pesquisa nos
aspectos referentes à obtenção, processamento e validação dos dados coletados.
A abordagem a respeito dos procedimentos (estratégia) do presente trabalho é um estudo
de caso, na medida em que ele se fundamenta na idéia de que a análise de uma unidade de um
universo escolhido possibilita, segundo Gil (1999), a compreensão de sua generalidade, ou, no
mínimo, o estabelecimento de bases para uma investigação posterior. Cabe aqui esclarecer que
para Yin (2001, p.32):
O estudo de caso é uma forma de se fazer pesquisa social empírica ao investigar-se um
fenômeno atual de seu contexto de vida real, onde as fronteiras entre o fenômeno e o
contexto não são claramente definidas e na situação em que múltiplas fontes de
evidências são usadas.
FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA
EXPERI
Ê
NCIA
PROFISSIONAL
ESTUDO DE CASO
OBJETIVOS E
QUESTÕES DE
PESQUISA
COLETA E TRATAMENTO
DE DADOS
A
N
Á
LISE QUALITATIVA
DOS DADOS COLETADOS
A
PRESENTAÇ
Ã
O DOS
RESULTADOS
CONCLUSÕES
100
A escolha do estudo de caso, como procedimento de pesquisa é justificável porque de
acordo com Yin (2001), trata-se de uma pesquisa empírica que investiga um fenômeno
contemporâneo dentro do seu contexto real, quando o fenômeno e o contexto não são claramente
percebidos e em que múltiplas fontes de evidência são utilizadas.
Ele pode incluir dados a partir da observação direta e entrevistas sistemáticas, assim como
de arquivos públicos ou privados, como é o presente estudo. Na verdade, qualquer fato relevante
para a obtenção de eventos que descrevem o fenômeno é um dado potencial em um estudo de
caso, uma vez que Yin (2001) afirma que o estudo de caso é uma estratégia de pesquisa adequada
quando a forma da pergunta é do tipo “porque” e “como”, além de que o fenômeno estudado não
requer controle sobre o comportamento dos eventos e são contemporâneos.
O fato de o pesquisador atuar profissionalmente no setor a que pertence a organização
pesquisada foi determinante para sua escolha, instigado pela curiosidade de comparar os
fenômenos observados no cotidiano profissional aos conceitos acadêmicos da governança
corporativa, sobretudo à medida que iam se aprofundando os contatos com a literatura
especializada.
3.2.3 Coleta e tratamento de dados
De acordo com Vergara (2003), na coleta de dados deve ser informado como se pretende
obter os dados necessários para elucidar o problema e responder as questões de pesquisa. Daí a
obrigatoriedade de se correlacionar os objetivos aos meios para alcançá-los, bem como justificar
a adequação de um ao outro. Na fase de tratamento dos dados, procura-se explicitar para o leitor
como será feita a leitura dos dados coletados, justificando por que tal tratamento se mostra mais
adequado aos propósitos da pesquisa. Os objetivos são alcançados com a coleta, o tratamento e,
posteriormente, com a interpretação dos dados; portanto, segundo a autora, deve-se fazer a
correlação entre objetivos e formas para atingi-los.
101
Os dados podem ser tratados de forma quantitativa, isto é, utilizando-se procedimentos
estatísticos, como o teste de hipóteses. Mas também podem ser tratados de forma qualitativa,
como, por exemplo, codificando-os, apresentando-os de forma estruturada para facilitar a análise
e interpretação dos mesmos. Existem ainda outras estratégias; em verdade elas são muito variadas
e escolher a apropriada é tarefa do pesquisador. Vergara (2003) acredita que é possível tratar os
dados quantitativa e qualitativamente no mesmo estudo, citando, como exemplo, a possibilidade
de se usar estatística descritiva para apoiar uma interpretação dita subjetiva ou para desencadeá-
la.
Segundo Mattar (2001), os dados coletados podem ser classificados em dois grupos:
primários e secundários. Os dados primários são aqueles que estão em posse dos pesquisados e
podem ser obtidos pela comunicação e observação. Os dados secundários são aqueles que já
foram coletados, tabulados, ordenados e, às vezes, já analisados e que estão catalogados à
disposição do interessado e podem ser obtidos internamente ou não à organização, em
publicações, em informes ou instituições governamentais.
De outra parte, sobre níveis de informação, Cooper e Schindler (2003) afirmam que à
medida que se explora um problema ou tópico, pode-se considerar diferentes tipos de fontes de
informação, algumas muito mais valiosas que outras. As fontes de informação são normalmente
classificadas em três níveis: (a) fontes primárias, (b) fontes secundárias e (c) fontes terciárias.
Para esses autores, as fontes primáriaso trabalhos originais de pesquisa ou dados
brutos, sem interpretação ou pronunciamentos, que representem uma opinião ou posição oficial.
Entre as fontes primárias estão memorandos, cartas, entrevistas ou discursos completos (em
áudio, vídeo ou transcrição escrita), leis, regulamentações, decisões ou padrões judiciais e a
maior parte dos dados governamentais, incluindo o censo, dados econômicos e trabalhistas. As
fontes primárias são sempre as mais importantes porque as informações de todas as fontes citadas
passarão a ser literatura secundária, dando suporte à pesquisa original. As fontes internas de
dados primários incluem registros de estoque e de pessoal, requisições de compra, gráficos de
controle estatístico de processo, etc.
102
As fontes secundárias são interpretações de dados primários. Enciclopédias, livros,
manuais, artigos de revistas e jornais e a maioria das notícias são consideradas fontes secundárias
de informações. Na verdade, quase todos os materiais de referência entram nessa categoria.
Internamente, os resumos de análise de vendas e os relatórios anuais de investimento seriam
exemplos de fontes secundárias, pois são compilados a partir de diversas fontes primárias. Porém,
para uma pessoa de fora, o relatório anual é visto como uma fonte primária, pois representa a
posição oficial da corporação. Uma empresa que procura fontes secundárias pode fazer busca
interna ou externa (Ibid.).
As fontes terciárias podem ser as interpretações de uma fonte secundária, mas geralmente
são representadas por índices, bibliografias e outros auxiliares de busca (p.ex., as ferramentas de
busca na Internet). Cooper e Schindler (2003) concluem que nem todas as informações têm o
mesmo valor. Como indicam os níveis da fonte, as primárias têm mais valor do que as
secundárias, e estas mais do que as terciárias.
Para fins de classificação de fontes, as informações utilizadas na presente pesquisa têm
origem nos três níveis: primária, secundária e terciária.
Quanto às evidências, em um estudo de caso podem vir de fontes diferentes. O
importante é que possam convergir para o mesmo conjunto de descobertas, e que forneçam
ligações entre as questões e conclusões (YIN, 2001).
As fontes utilizadas para a obtenção dos dados de estudo nesta pesquisa foram as
seguintes:
pesquisa bibliográfica: com o objetivo de trazer fundamentação teórica à pesquisa em
todas as suas fases. Para esta pesquisa, além dos livros, foram utilizados artigos, papers,
dissertações e teses;
análise de documentos relevantes: manuais , atas de reuniões, relatórios anuais e planos
de negócios. Essa verificação trouxe complementos que auxiliaram nas respostas às
questões da pesquisa; e,
103
observação in loco dos fenômenos pelo pesquisador, no período de novembro de 2004 a
setembro de 2005, dada sua condição de profissional que atua no segmento da empresa
estudada.
Portanto, a metodologia adotada para este trabalho é uma pesquisa qualitativa no campo
da governança corporativa, que avalia o conjunto das decisões tomadas pelo conselho de
administração da organização escolhida, sob o prisma de uma visão fenomenológica, relativas ao
período compreendido entre 2003 e 2004, utilizando-se de uma abordagem da gestão estratégica
do Balanced Scorecard e seu grau de aderência aos princípios da sustentabilidade.
Feitas estas considerações, o capítulo 4, a seguir, apresenta o estudo de caso objeto da
investigação propriamente dita. Sua respectiva análise de dados e de resultados objetiva
possibilitar condições de inferência para atender aos requisitos de respostas contidos nas questões
de pesquisa descritas na seção 1.4.
3 METODOLOGIA DE PESQUISA
Este capítulo demonstra o método e procedimentos técnicos utilizados no estudo, com o
propósito de oferecer o devido suporte teórico e metodológico. São abordados aspectos sobre os
procedimentos de pesquisa relativos à classificação, tipo, justificativa da estratégia de pesquisa,
coleta e tratamento de dados.
Marconi e Lakatos (2002) orientam o pesquisador a selecionar a metodologia de forma
que fique relacionada e perfeitamente aplicável ao problema a ser estudado, levando em
consideração fatores como a natureza do fenômeno, do objeto da pesquisa e de outros elementos
encontrados no campo investigativo. Nas seções seguintes deste capítulo objetiva-se, de tal sorte,
descrever os procedimentos observados na realização do presente estudo.
3.1 MÉTODO CIENTÍFICO
Para Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (2001) existem diferentes linhas de abordagem
acerca do método científico, especialmente em relação aos critérios de avaliação das teorias
científicas. Porém, é possível relacionar alguns princípios comuns que são aceitos pela maioria
dos estudiosos de ciência contemporânea, os quais podem ser úteis à prática científica. De um
modo geral, pode-se dizer que o método científico é uma atividade crítica e, conseqüentemente, o
desenvolvimento de um espírito crítico é fundamental para a compreensão e a prática da
atividade científica. Assim, ser crítico ou dar caráter científico a um estudo significa procurar
evidências para os juízos acerca dos fatos compulsados e admitir a possibilidade de erro, mesmo
que o que esteja sendo considerado como evidência possa mudar ao longo do processo.
As evidências observadas em um estudo científico, via de regra, são influenciadas pelo
que Kuhn (2000) chamou de paradigmas. Segundo esse autor, paradigmas são modelos (ou
padrões) aceitos e compartilhados por um grupo social e as evidências – informações
contextualizadas –, que se encaixam no paradigma do momento, fluem com maior facilidade,
94
enquanto que outras têm grande dificuldade de serem aceitas porque os modelos conceituais
tendem a reforçar as crenças e valores habituais.
Ainda de acordo com Kuhn (2000), o termo paradigma pode ter, entre outras, as seguintes
acepções: designar uma realização científica universalmente conhecida; significar um mito; um
modelo; aparecer como uma analogia; como especulação metafísica; como capacidade produtiva;
e, como ponto de vista epistemológico ou como um campo específico da realidade. Para Pereira e
Fonseca (1997), durante a vigência de um paradigma, a maioria das ações é direcionada para que
ele se mantenha. A força conservadora dos paradigmas fundamenta-se na crença da certeza
daquilo que está em vigor, o que dificulta, ou até mesmo impede a aceitação do novo.
Segundo Gil (1999), a ciência tem como objetivo chegar à veracidade dos fatos. Porém,
para que o conhecimento adquirido se torne científico, é necessário determinar qual o método que
possibilitou chegar-se a esse conhecimento, ou seja, não há ciência sem o emprego de um método
científico. Assim, para o autor, o método pode ser definido como o caminho para se chegar a um
determinado fim e será considerado método científico se for adotado um conjunto de
procedimentos intelectuais e técnicos para se atingir o conhecimento.
Deslandes (2000) define a metodologia como o caminho que segue o pensamento e a
prática exercida na abordagem da realidade, ou seja, é um conjunto de técnicas que possibilita a
construção dessa mesma realidade. Desse modo, uma dissertação de mestrado busca solucionar
um problema real por meio da abordagem científica. Por essa razão, a escolha da metodologia e
das técnicas apropriadas de pesquisa são fatores relevantes para o alcance dos objetivos do
trabalho. As questões metodológicas referem-se à classificação da pesquisa e aos procedimentos
necessários à sua realização, conforme explicitado nas subseções seguintes.
3.1.1 A pesquisa científica
São inúmeros os conceitos sobre pesquisa, uma vez que os estudiosos ainda não chegaram
a um consenso sobre o assunto. Segundo Asti Vera (1979, p.9) o “significado da palavra não
95
parece ser muito claro ou, pelo menos, não é unívoco”, pois há vários conceitos sobre pesquisa
nos diferentes campos do conhecimento humano. Para esse autor, o ponto de partida da pesquisa
encontra-se no “problema que se deverá definir, examinar, avaliar, analisar criticamente, para
depois ser tentada uma solução” (Asti Vera, 1979, p.19, apud Marconi e Lakatos, 2002, p.15).
O Webster`s International Dictionary, define pesquisa como uma indagação minuciosa ou
exame crítico e exaustivo na procura de fatos e princípios; uma diligente busca para averiguar
algo. Pesquisar não é apenas procurar a verdade; é encontrar respostas para questões propostas,
utilizando métodos científicos.
Ander-Egg (1978, p.28) vai além: para ele, a pesquisa é um “procedimento reflexivo
sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em
qualquer campo do conhecimento”. A pesquisa, portanto, é um procedimento formal, com
método e pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e se constitui no caminho
para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais.
Segundo Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (2001), a percepção de um problema dá
início ao raciocínio e à pesquisa, levando-se à formulação de questões e realização de
observações. Para esses autores a maioria dos problemas estudados pelos cientistas surge a partir
de um conjunto de teorias científicas que funcionam como conhecimento de base e, portanto, a
formulação de questões e a resolução de problemas científicos somente podem ser feitos por
quem detém um razoável conhecimento das teorias científicas da área sob estudo. Portanto,
torna-se relevante a busca pelas pesquisas mais recentes da área de conhecimento em questão e
isto pode ser realizado por meio de pesquisa bibliográfica.
96
3.2.1 A classificação da pesquisa
Segundo Gil (1999), a pesquisa é um conjunto de ações, propostas para encontrar a
solução para um problema, que tem por base procedimentos racionais e sistemáticos. Ela deve
ser realizada quando se tem um problema e não se têm informações para solucioná-lo.
Para Silva e Menezes (2001) existem várias formas de classificar as pesquisas, destacando
entre elas:
quanto à sua natureza:
pesquisa básica: objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da
ciência sem aplicação prática prevista;
pesquisa aplicada: caracteriza-se pelo seu interesse prático em que os resultados
sejam aplicados ou utilizados imediatamente na solução de problemas que
ocorrem na realidade ou quando objetiva a aplicação dos tipos de pesquisa
relacionados às necessidades imediatas dos diferentes campos de atividade.
quanto à forma de abordagem:
pesquisa quantitativa: considera que tudo pode ser quantificado, ou seja, traduzir
em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las;
pesquisa qualitativa: considera que há uma relação dinâmica, ou um vínculo
indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito, que não pode ser
traduzido em números. Aqui se busca a interpretação dos fenômenos e a atribuição
de significados no processo. Não requer o uso de procedimentos estatísticos. O
ambiente natural é a fonte direta de coleta de dados e o pesquisador é o
instrumento-chave. O processo e seus significados são os focos principais.
quanto aos objetivos:
pesquisa exploratória: proporciona maior familiaridade com o problema com
vistas a torná-lo explícito. Contempla levantamento bibliográfico; entrevistas
relacionadas com o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a
compreensão (GIL, 1999);
97
pesquisa descritiva: Visa identificar os fatores que determinam ou contribuem para
a ocorrência dos fenômenos, aprofunda o conhecimento da realidade porque
explica a razão, o “porquê” das coisas (GIL, 1999);
pesquisa explicativa: Tem como preocupação central identificar fatores que
determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos (GIL, 1999).
quanto aos procedimentos (estratégia):
pesquisa bibliográfica: elaborada a partir de material já publicado como livros,
artigos, e material digital (Internet);
pesquisa documental: elaborada a partir de material que não sofreu nenhum tipo
de análise;
pesquisa experimental: quando se determina o objeto de estudo, selecionando-se
suas variáveis que influenciam tal objeto, definindo-se as formas de controle e
observação dos efeitos que a variável produz no objeto;
levantamento: quando a pesquisa envolve a interrogação direta das pessoas cujo
comportamento se deseja conhecer;
pesquisa Ex post-Facto: quando o experimento se realiza após os fatos;
estudo de caso: quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou alguns
objetos de maneira que se permita o seu conhecimento amplo e detalhado.
Este estudo classifica-se quanto à sua natureza como pesquisa aplicada, pois tem o
objetivo de solucionar um problema prático no campo da governança corporativa em um
conglomerado financeiro composto por diversas atividades, que abrange participações em
inúmeras empresas coligadas e controladas, em diversos ramos, tais como seguros, previdência,
capitalização, administração de recursos de terceiros, serviços de tecnologia, cartões de crédito,
dentre outros.
Quanto à forma de abordagem do problema, classifica-se como uma pesquisa qualitativa.
Porém, em algumas etapas do estudo quantifica os resultados, produzindo indicadores
verificáveis matematicamente e, em outras etapas torna-se predominantemente qualitativa, ou
seja, caracteriza-se, segundo Deslandes (2000), por responder a questões particulares onde o nível
de realidade não pode ser totalmente quantificado, trabalhando com: motivos, crenças, valores,
98
comportamentos e percepções individuais. Procura, pois, estabelecer relações entre os fenômenos
observados comparando-os com outros fatos já pesquisados e, especialmente, com a literatura
consagrada.
Quanto aos objetivos, classifica-se em exploratória e descritiva. A pesquisa é exploratória
porque busca relatar com precisão a situação e procura descobrir relações existentes entre os
elementos que a compõem. Também é descritiva porque relata observações, registros e análises,
correlacionando fatos e variáveis, buscando descobrir, com a precisão possível, a freqüência com
que os fenômenos ocorrem, sua relação e conexão com outros fenômenos, bem como sua
natureza e características.
Quanto aos procedimentos, trata-se de um estudo de caso referenciado por pesquisa
bibliográfica.
3.2.2 Estruturação da pesquisa
A Figura 9 apresenta o modelo esquemático desenvolvido para a presente pesquisa.
99
Figura 9 – Modelo esquemático da pesquisa, quanto à sua metodologia.
De acordo com Gil (1999), os métodos das ciências sociais têm como objetivo
“instrumentalizar” o pesquisador para que seja garantido um mínimo de objetividade e precisão
no estudo. Conforme já relatado o método utilizado visa orientar a realização da pesquisa nos
aspectos referentes à obtenção, processamento e validação dos dados coletados.
A abordagem a respeito dos procedimentos (estratégia) do presente trabalho é um estudo
de caso, na medida em que ele se fundamenta na idéia de que a análise de uma unidade de um
universo escolhido possibilita, segundo Gil (1999), a compreensão de sua generalidade, ou, no
mínimo, o estabelecimento de bases para uma investigação posterior. Cabe aqui esclarecer que
para Yin (2001, p.32):
O estudo de caso é uma forma de se fazer pesquisa social empírica ao investigar-se um
fenômeno atual de seu contexto de vida real, onde as fronteiras entre o fenômeno e o
contexto não são claramente definidas e na situação em que múltiplas fontes de
evidências são usadas.
FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA
EXPERI
Ê
NCIA
PROFISSIONAL
ESTUDO DE CASO
OBJETIVOS E
QUESTÕES DE
PESQUISA
COLETA E TRATAMENTO
DE DADOS
A
N
Á
LISE QUALITATIVA
DOS DADOS COLETADOS
A
PRESENTAÇ
Ã
O DOS
RESULTADOS
CONCLUSÕES
100
A escolha do estudo de caso, como procedimento de pesquisa é justificável porque de
acordo com Yin (2001), trata-se de uma pesquisa empírica que investiga um fenômeno
contemporâneo dentro do seu contexto real, quando o fenômeno e o contexto não são claramente
percebidos e em que múltiplas fontes de evidência são utilizadas.
Ele pode incluir dados a partir da observação direta e entrevistas sistemáticas, assim como
de arquivos públicos ou privados, como é o presente estudo. Na verdade, qualquer fato relevante
para a obtenção de eventos que descrevem o fenômeno é um dado potencial em um estudo de
caso, uma vez que Yin (2001) afirma que o estudo de caso é uma estratégia de pesquisa adequada
quando a forma da pergunta é do tipo “porque” e “como”, além de que o fenômeno estudado não
requer controle sobre o comportamento dos eventos e são contemporâneos.
O fato de o pesquisador atuar profissionalmente no setor a que pertence a organização
pesquisada foi determinante para sua escolha, instigado pela curiosidade de comparar os
fenômenos observados no cotidiano profissional aos conceitos acadêmicos da governança
corporativa, sobretudo à medida que iam se aprofundando os contatos com a literatura
especializada.
3.2.3 Coleta e tratamento de dados
De acordo com Vergara (2003), na coleta de dados deve ser informado como se pretende
obter os dados necessários para elucidar o problema e responder as questões de pesquisa. Daí a
obrigatoriedade de se correlacionar os objetivos aos meios para alcançá-los, bem como justificar
a adequação de um ao outro. Na fase de tratamento dos dados, procura-se explicitar para o leitor
como será feita a leitura dos dados coletados, justificando por que tal tratamento se mostra mais
adequado aos propósitos da pesquisa. Os objetivos são alcançados com a coleta, o tratamento e,
posteriormente, com a interpretação dos dados; portanto, segundo a autora, deve-se fazer a
correlação entre objetivos e formas para atingi-los.
101
Os dados podem ser tratados de forma quantitativa, isto é, utilizando-se procedimentos
estatísticos, como o teste de hipóteses. Mas também podem ser tratados de forma qualitativa,
como, por exemplo, codificando-os, apresentando-os de forma estruturada para facilitar a análise
e interpretação dos mesmos. Existem ainda outras estratégias; em verdade elas são muito variadas
e escolher a apropriada é tarefa do pesquisador. Vergara (2003) acredita que é possível tratar os
dados quantitativa e qualitativamente no mesmo estudo, citando, como exemplo, a possibilidade
de se usar estatística descritiva para apoiar uma interpretação dita subjetiva ou para desencadeá-
la.
Segundo Mattar (2001), os dados coletados podem ser classificados em dois grupos:
primários e secundários. Os dados primários são aqueles que estão em posse dos pesquisados e
podem ser obtidos pela comunicação e observação. Os dados secundários são aqueles que já
foram coletados, tabulados, ordenados e, às vezes, já analisados e que estão catalogados à
disposição do interessado e podem ser obtidos internamente ou não à organização, em
publicações, em informes ou instituições governamentais.
De outra parte, sobre níveis de informação, Cooper e Schindler (2003) afirmam que à
medida que se explora um problema ou tópico, pode-se considerar diferentes tipos de fontes de
informação, algumas muito mais valiosas que outras. As fontes de informação são normalmente
classificadas em três níveis: (a) fontes primárias, (b) fontes secundárias e (c) fontes terciárias.
Para esses autores, as fontes primáriaso trabalhos originais de pesquisa ou dados
brutos, sem interpretação ou pronunciamentos, que representem uma opinião ou posição oficial.
Entre as fontes primárias estão memorandos, cartas, entrevistas ou discursos completos (em
áudio, vídeo ou transcrição escrita), leis, regulamentações, decisões ou padrões judiciais e a
maior parte dos dados governamentais, incluindo o censo, dados econômicos e trabalhistas. As
fontes primárias são sempre as mais importantes porque as informações de todas as fontes citadas
passarão a ser literatura secundária, dando suporte à pesquisa original. As fontes internas de
dados primários incluem registros de estoque e de pessoal, requisições de compra, gráficos de
controle estatístico de processo, etc.
102
As fontes secundárias são interpretações de dados primários. Enciclopédias, livros,
manuais, artigos de revistas e jornais e a maioria das notícias são consideradas fontes secundárias
de informações. Na verdade, quase todos os materiais de referência entram nessa categoria.
Internamente, os resumos de análise de vendas e os relatórios anuais de investimento seriam
exemplos de fontes secundárias, pois são compilados a partir de diversas fontes primárias. Porém,
para uma pessoa de fora, o relatório anual é visto como uma fonte primária, pois representa a
posição oficial da corporação. Uma empresa que procura fontes secundárias pode fazer busca
interna ou externa (Ibid.).
As fontes terciárias podem ser as interpretações de uma fonte secundária, mas geralmente
são representadas por índices, bibliografias e outros auxiliares de busca (p.ex., as ferramentas de
busca na Internet). Cooper e Schindler (2003) concluem que nem todas as informações têm o
mesmo valor. Como indicam os níveis da fonte, as primárias têm mais valor do que as
secundárias, e estas mais do que as terciárias.
Para fins de classificação de fontes, as informações utilizadas na presente pesquisa têm
origem nos três níveis: primária, secundária e terciária.
Quanto às evidências, em um estudo de caso podem vir de fontes diferentes. O
importante é que possam convergir para o mesmo conjunto de descobertas, e que forneçam
ligações entre as questões e conclusões (YIN, 2001).
As fontes utilizadas para a obtenção dos dados de estudo nesta pesquisa foram as
seguintes:
pesquisa bibliográfica: com o objetivo de trazer fundamentação teórica à pesquisa em
todas as suas fases. Para esta pesquisa, além dos livros, foram utilizados artigos, papers,
dissertações e teses;
análise de documentos relevantes: manuais , atas de reuniões, relatórios anuais e planos
de negócios. Essa verificação trouxe complementos que auxiliaram nas respostas às
questões da pesquisa; e,
103
observação in loco dos fenômenos pelo pesquisador, no período de novembro de 2004 a
setembro de 2005, dada sua condição de profissional que atua no segmento da empresa
estudada.
Portanto, a metodologia adotada para este trabalho é uma pesquisa qualitativa no campo
da governança corporativa, que avalia o conjunto das decisões tomadas pelo conselho de
administração da organização escolhida, sob o prisma de uma visão fenomenológica, relativas ao
período compreendido entre 2003 e 2004, utilizando-se de uma abordagem da gestão estratégica
do Balanced Scorecard e seu grau de aderência aos princípios da sustentabilidade.
Feitas estas considerações, o capítulo 4, a seguir, apresenta o estudo de caso objeto da
investigação propriamente dita. Sua respectiva análise de dados e de resultados objetiva
possibilitar condições de inferência para atender aos requisitos de respostas contidos nas questões
de pesquisa descritas na seção 1.4.
4 O ESTUDO DE CASO
Neste capítulo, com base na metodologia definida, é desenvolvido o estudo de caso do
conglomerado escolhido pelo pesquisador, oferecendo o detalhamento dos dados coletados
através da tabulação, interpretação e análise dos resultados obtidos.
4.1 DADOS GERAIS DA ORGANIZAÇÃO ESTUDADA
Os dados gerais da organização, principais aspectos de sua estrutura e funcionamento,
foram obtidos por meio de pesquisa em documentos disponíveis na sede da organização,
compreendendo as atas de registro das reuniões do conselho de administração, estatuto social,
estratégia corporativa, discurso institucional, referenciais de gestão, política geral de
negócios, plano diretor. Também foram realizadas consultas ao site da organização, onde
foram analisados os relatórios anuais e de responsabilidade socioambiental, publicações
internas (revistas, encartes, folhetaria, etc), além de outros veículos de acesso público.
Considerando a natureza estratégica de alguns importantes documentos a que o
pesquisador teve acesso, utilizados somente por integrantes de altos escalões decisórios da
instituição, foi assumido compromisso de não ser divulgada a razão social da entidade
bancária. Independentemente desta limitação, acredita-se que os objetivos do estudo não
foram prejudicados, pois os documentos analisados permitem identificá-los com o problema e
com as questões de pesquisa formuladas, conferindo o desejado rigor científico que se exige
para trabalhos desta natureza.
4.1.1 Breve histórico sobre a organização
A instituição financeira, de capital nacional, passou por várias configurações ao longo
da sua secular história, acompanhando e contribuindo para as transformações ocorridas na
política e na economia brasileira especialmente no Século XX. Sua história de relações com o
105
mercado de capitais está associada às primeiras iniciativas visando a criação de um mercado
de ações no Brasil, eis que ainda no ano de 1906 suas ações passariam a ser negociadas, e a
partir de 1921 foram admitidas à cotação pela Bolsa de Valores de São Paulo.
Atualmente o conglomerado participa de todos os segmentos do mercado financeiro e
de capitais, cumprindo também o papel de fomentador de programas, projetos e iniciativas
voltadas para o desenvolvimento econômico do País, em consonância com os compromissos
estratégicos, os quais são subscritos por seus dirigentes e acionistas.
4.1.2 A estrutura organizacional do conglomerado
Com expressiva participação no mercado brasileiro e com atuação nas principais
praças mundiais, a entidade bancária pesquisada possui processos de gestão apoiados em
tecnologias de última geração quando comparadas aos seus concorrentes.
A organização desenvolve seus processos produtivos de acordo com os seguintes
níveis organizacionais:
unidades estratégicas: representam o primeiro nível de responsabilidade do
conglomerado e englobam as diretorias, unidades administrativas, gerências
autônomas e auditoria interna;
unidades táticas: têm como atribuição o gerenciamento dos canais de distribuição
em nível regional, englobando as superintendências comerciais, estaduais e
regionais;
unidades operacionais: divididas em três tipos de rede – a rede de distribuição, que
operacionaliza e faz a gestão dos negócios –, de varejo, de atacado e de governo; a
rede de apoio aos negócios e à gestão, que apóia as redes de distribuição na
operacionalização dos negócios ou a própria unidade estratégica a que está
vinculada; e, a rede externa, composta por unidades encarregadas da
operacionalização das estratégias de negócios do conglomerado no exterior.
A Figura 10 ilustra esquematicamente a configuração organizacional, com a
identificação das três citadas unidades.
106
Figura 10 – Configuração organizacional do conglomerado.
Fonte: Elaborado pelo autor.
107
O quadro permanente da empresa, composto por aproximadamente 83 mil
funcionários, apresenta as seguintes principais características: maioria do gênero
masculino, com idade entre 32 e 47 anos, a maioria com curso superior – 40 mil
funcionários graduados e oito mil pós-graduados nos níveis de aperfeiçoamento,
especialização, mestrado ou doutorado.
A organização tem diversas participações em empresas coligadas, controladas e
administradas em diversos ramos, tais como seguros, previdência, capitalização,
administração de recursos de terceiros, tecnologia e cartões de crédito. Essas participações
(com ou sem o controle do capital) formam um conglomerado de empresas que atuam
predominantemente no setor financeiro.
Sediada no Brasil, conta com uma rede de distribuição de aproximadamente 14 mil
agências e postos de atendimento em todas as Unidades da Federação, além de 38 posições de
negócios e representação em outros países. Tendo realizado importantes investimentos na
modernização da sua plataforma tecnológica e em automação bancária nos últimos dez anos,
o banco atualmente possui uma rede de auto-atendimento composta por cerca de 40 mil
terminais. Atendendo cerca de 21,5 milhões de contas correntes – clientes pessoa física e
jurídica – e aproximadamente sete milhões de cartões de crédito, detém a liderança na gestão
de recursos de terceiros.
Na década de 90, a organização criou um banco de investimentos com a finalidade de
controlar e atuar na governança das participações acionárias existentes em outras atividades
empresariais, complementares ou não ao seu core business. Reúne, além do banco múltiplo,
16 empresas controladas e uma administrada. Essas empresas atuam na criação de soluções
para complementar o portfolio de produtos e serviços do banco.
Nos Quadros 4 e 5 são elencadas as informações consideradas como mais relevantes a
respeito de cada uma das atividades em que a corporação possui participações acionárias,e se
detém ou não o controle dessas empresas periféricas.
108
EMPRESAS CONTROLADAS
DISTRIBUIDORA DE TÍTULOS E VALORES
MOBILIÁRIOS:
Participação 100% (subsidiária integral)
Administra recursos de terceiros por meio da gestão dos
ativos que integram os fundos de investimentos e carteiras
do conglomerado.
EMPRESA DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA:
Participação: 99,35%
Desenvolve, fabrica, comercializa, loca, importa e
exporta equipamentos e sistemas de eletrônica digital.
BANCO DE INVESTIMENTOS:
Participação 100% (subsidiária integral)
Atua na intermediação e distribuição de papéis privados e
ações no mercado de capitais.
CORRETORA DE SEGUROS:
Participação: 100% (subsidiária integral)
Responsável pela comercialização, através do
conglomerado, dos produtos relacionados a seguros,
capitalização e previdência privada aberta.
MICROCRÉDITO:
Participação: 100% (subsidiária integral)
Responsável pelo atendimento da população de menor
renda e do setor informal da economia.
COMPANHIA DE LEASING:
Participação: 100% (subsidiária integral)
Operações de arrendamento mercantil de bens móveis e
imóveis.
SUBSIDIÁRIA EXTERNA:
Participação: 100% (subsidiária integral)
Sediado na Europa, promove o comércio exterior
brasileiro com os países do centro-leste do continente.
ADMINISTRADORA DE CARTÕES:
Participação: 100% (subsidiária integral)
Administração e emissão de cheques de viagem e
atividades afins; atividades relacionadas a cartões de
crédito.
COMPANHA DE CONSÓRCIOS:
Participação: 100% (subsidiária integral)
Administradora de grupos de consórcios.
LEASING COMPANY:
Participação: 100% (subsidiária integral)
Operações de leasing internacional.
COMPANHIA DE REESTRUTURAÇÃO DE
ATIVOS:
Participação: 74,50% + 25,50% off shore financeira
Responsável pela aquisição e/ou gestão de créditos
oriundos de operações praticadas por bancos, sociedades
de crédito e outras entidades.
OFF SHORE FINANCEIRA:
Participação: 100% (subsidiária integral)
Banco comercial e de investimentos.
SEGURADORA INTERNACIONAL:
Colocação de títulos junto a investidores de operações
praticadas por bancos, sociedades de crédito e outras
entidades.
TURISMO:
Participação: 99,99% através de off shore financeira
Atua no segmento de turismo corporativo e de lazer,
objetivando incremento do turismo nacional.
MERCADO DE CAPITAIS INTERNACIONAL:
Participação: 100% através de off shore financeira
Responsável por operações no mercado internacional de
capitais.
ACONSELHAMENTO FINANCEIRO E DTVM:
Participação: 100% através do banco de investimento
Consultoria financeira personalizada.
Quadro 4 – Painel das empresas controladas pelo conglomerado.
Fonte: Elaborado pelo autor.
EMPRESAS COLIGADAS
TICKET REFEIÇÃO:
Participação: 35% através do banco de investimento
Gestão de vale-benefícios.
MEIOS DE PAGAMENTO:
Participação: 31,99% através do banco de investimento
Administra rede de estabelecimentos afiliados à bandeira
de cartões de crédito específica.
SEGURO DE CRÉDITO À EXPORTAÇÃO:
Participação: 12,09% através do banco de investimento
Securitização de créditos imobiliários, cuja finalidade é
implementar e desenvolver o mercado secundário de
recebíveis imobiliários.
SECURITIZAÇÃO À EXPORTAÇÃO:
Participação: 10% através do banco de investimento
Oferece seguro de crédito às exportações.
PREVIDÊNCIA ABERTA:
Participação: 45,99% através do banco de investimento
Atua no ramo de previdência privada aberta.
CAPITALIZAÇÃO:
Participação: 45,99% através do banco de investimento
Atua no ramo de capitalização.
SEGUROS GERAIS:
Participação: 70,0% através do banco de investimento
Atua no ramo de seguros de vida e ramos elementares.
SEGURO SAÚDE:
Participação: 45,92% através do banco de investimento
Atua no ramo de seguro saúde.
COMPANHIA SECURITIZADORA:
Participação: 100,0% através do banco de
investim.
Investe no capital social de empresas cujo objetivo
esteja vinculado ao mercado segurador.
SEGURADORA DE VEÍCULOS:
Participação: 70,0% através do banco de investim.
Oferece seguro de automotores.
Quadro 5 – Painel demonstrativo das empresas coligadas do conglomerado.
Fonte: Elaborado pelo autor.
109
As decisões tomadas na empresa, em qualquer dos níveis identificados na Figura 10,
observam o princípio do colegiado. Com o propósito de envolver todos os executivos na
definição de estratégias e aprovação de propostas para os diferentes negócios, a estrutura de
gestão prevê o acionamento de distintos colegiados.
Assembléia Geral de
Acionistas
Conselho
Fiscal
Conselho de
Administrão
Comitê de
Auditoria
Conselho Diretor
Risco Global
Risco de
Crédito
Gestão de
Ativos e
Passivos
Risco
Operacional
Prevenção a
ilícitos
Financ./
Cambiais
Limite de
Crédito
Operões
Administr.
Operac. e de
Racionalização
de Custos
Comunição Negócios
Solução de
Inqsito
Administr.
Recursos Operões
Segurança da
Informação
Intranet Internet
Cenários
Econômico-
Financeiros
Deburoc. e
Racionalização
de Custos
Cessão de
Funcionários
Comitê
Subcomi
Comissão
Figura 11 – Estrutura de decisão do conglomerado.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Conforme demonstrado na Figura 11, o processo decisório compreende a distribuição
das matérias através de comitês, subcomitês e comissões de nível estratégico, cuja missão,
segundo a empresa estudada, é proporcionar agilidade, qualidade e segurança às deliberações.
110
4.2 SITUAÇÃO-PROBLEMA NO CASO ESTUDADO
Como comentado no capítulo introdutório, existe uma tendência de os grandes bancos
comerciais adotarem modelos de decisão simplificados, conhecidos nesse setor como
“alçadas” e “competências” decisórias, e que são utilizados, principalmente, pelos níveis
operacional e tático dessas organizações. Nesses níveis, normalmente o processo se encontra
voltado para a análise direta de valores por meio de medidas financeiras tradicionais, o que
poderia ensejar visão de curto prazo caso estendida a toda organização. No entanto, na medida
em que cresce a significância dos valores, o processo decisório passa a ser compartilhado por
outros grupos de pessoas, os chamados comitês ou conselhos estratégicos, nos quais a decisão
incorpora também indicadores não financeiros tratados através de ferramentas de gestão como
o Balanced Scorecard.
A investigação a respeito da observância das boas práticas de governança corporativa
no processo decisório no caso estudado, através do presente estudo de caso, procura levar em
consideração as particularidades da indústria bancária, que ampliam as obrigações dos
dirigentes e conselheiros dessas entidades quando comparadas com os de outras companhias,
principalmente em razão de:
as instituições financeiras possuírem menor estrutura de capitais próprios em
relação aos capitais alheios, dada a característica da atividade de intermediação de
recursos que desempenham; e,
essas entidades oferecerem riscos adicionais aos investidores na razão direta da
forma como são administrados os recursos captados, o que explica as maiores
responsabilidades dos principais níveis decisórios dos bancos, seja no âmbito
regulatório, seja na legislação civil e penal.
Assim, as avaliações dos sistemas de gestão e do processo decisório requerem
permanente atenção dos administradores das organizações financeiras, incorporando controles
internos e externos de forma a observar as boas práticas de governança, mesmo porque a
atividade de gerar a liquidez para a atividade econômica deve ser assumida com
responsabilidade pelos seus dirigentes e disseminada em todos os níveis da organização. Caso
essas condições particulares da atividade e a importância da função desempenhada não sejam
perfeitamente entendidas, podem chegar a prejudicar o sistema financeiro e toda a sociedade,
111
representada pelos stakeholders (empregados, fornecedores, acionistas, governos, clientes).
Daí a importância de se investigar o processo decisório dessas organizações, como o que se
pretende através do presente estudo de caso, avaliando as decisões do conselho de
administração, especialmente aquelas capazes de afetar a estratégia, ou de comprometer seus
resultados, fatores que poderiam conduzir o banco à decadência, ou, ao contrário, como
desejável, à melhoria contínua, garantindo a sustentabilidade dos negócios e a segurança na
relação com os stakeholders.
4.3 A ESTRATÉGIA CORPORATIVA
A estratégia corporativa da organização estudada, considerada como o nível mais
abrangente e norteador dos demais níveis da estratégia organizacional, impõe vários desafios
à empresa para decidir entre a redução (atuação defensiva), a manutenção ou o aumento do
seu escopo corporativo, escolha que envolve um grande esforço de todas as unidades
elencadas na Figura 10. A seleção do melhor método leva em conta o tempo gasto para
implementação, o custo e o controle do processo escolhido.
Essa estratégia, segundo Porter (1999), é justificada em empresas com grande
diversificação, pois, quando ignoradas, podem ensejar o fracasso de toda a estratégia
organizacional. No caso da organização estudada, situação encontrada na teoria do referido
autor, essa situação tem como pressupostos:
a competição ocorre no nível das unidades de negócios;
a diversificação pode acarretar custos e limitações para as unidades; e,
o acionista tem a possibilidade de diversificar seus investimentos a qualquer
momento.
Isto quer dizer que sua diversificação de atividades, conforme demonstrado nos
Quadros 4 e 5, no contexto da estratégia corporativa, corresponde à presença da organização
bancária em mais de um setor, com o intuito de reduzir as incertezas e dificuldades
enfrentadas por empresas que atuam em um único segmento. Este tipo de iniciativa, conforme
explicam Wright et al (2000), quando ocorre em negócios não relacionados (conglomerado),
tem como motivação o desejo de capitalizar oportunidades de lucro existentes em vários
112
setores. Não é o caso da organização estudada, já que a diversificação em seus negócios
possui como objeto o complemento à atividade bancária principal, atuando, por isso, em áreas
de negócios com semelhanças ou complementaridades entre si para alcançar ganhos
sinérgicos e reduzir riscos e incertezas.
Dentro do seu planejamento estratégico, que antecede o processo decisório na medida
em que estuda o que ocorreu no passado, o que se passa no presente e o que se deseja para o
futuro, a organização estudada possui as grandes orientações para o desenvolvimento das
ações estratégicas definidas por seus dirigentes e acionistas, compreendendo: os valores, as
crenças, a visão de futuro, a missão, as perspectivas e a orientação estratégica da organização.
4.3.1 Valores e crenças
Os valores representam, para a empresa, o núcleo de princípios que servem de guia
para a tomada de decisão em todos os níveis identificados na Figura 10, representados de
forma simplificada através da formulação de uma pergunta: “O que é importante para a
organização?”. Na empresa estudada existem declarados os seguintes valores:
marca;
capital humano;
tecnologia e logística;
disponibilidade.
As crenças expressam os valores assumidos pela organização, sejam existentes ou
potenciais, que devem ser compreendidos, aceitos e aplicados na vida profissional dos
funcionários. Nesse sentido, identificou-se as seguintes crenças declaradas pela organização, a
saber:
compromisso com o desenvolvimento das comunidades e do país;
ética e transparência;
responsabilidade socioambiental e respeito à diversidade;
empresa competitiva e sólida;
inovação e melhoria contínua de produtos, serviços e processos;
113
proatividade e prudência no gerenciamento do risco, da rentabilidade, da liquidez e
da segurança;
excelência e especialização no relacionamento com o cliente;
estímulo ao cooperativismo e ao associativismo;
tradição da marca como diferencial competitivo;
gestão participativa, decisão colegiada e trabalho em equipe; e,
valorização do trabalho eficiente e inovador, incentivo ao autodesenvolvimento dos
funcionários e ascensão baseada no mérito.
A direção estratégica da organização foi reformulada recentemente. Existe declaração
expressa formalmente indicando compromissos para com:
responsabilidade socioambiental;
financiamento do desenvolvimento sustentável do País;
gestão integrada de riscos;
controle e compliance;
tecnologia, logística e segurança bancária;
processo de análise, condução e cobrança do crédito;
atendimento ao cliente; e,
gestão da força de vendas.
Para que alcance esses propósitos, a empresa definiu como meios para alcançar tal
reconhecimento os seguintes fatores:
rentabilidade compatível com padrões de mercado e desempenho auto-sustentável;
capacidade de desenvolver instrumentos financeiros inovadores e adequados ao
estágio de desenvolvimento do País;
negócios remunerados em função dos riscos envolvidos;
produtos e serviços com atributos valorizados pelos clientes;
relacionamentos duradouros com os clientes;
competências organizacionais que diferenciem a Instituição da concorrência e que
sejam reconhecidas pelos clientes como geradoras de benefícios únicos;
padrões de governança corporativa referenciais para o mercado; e,
funcionários especializados, capacitados e motivados.
114
4.3.2 Visão de Futuro
Acreditando que a visão representa o que a organização pretende alcançar num futuro
determinado, o pesquisador identifica esforços da empresa estudada em demonstrar um
posicionamento destacado para sua imagem corporativa, mercê de seus valores e crenças, e
que inspiram sua missão e seus referenciais de gestão, que podem ser materializados quando
for reconhecida como sendo a melhor instituição financeira para se trabalhar no País,
referência em responsabilidade socioambiental, com funcionários especializados, capacitados
e motivados. Sugere investimentos no desenvolvimento de seus funcionários por entender que
o modo como hoje são tratados será o reflexo futuro na forma como seus clientes serão
tratados. Prevê suas competências organizacionais através de ações diferenciadas da
concorrência, capazes de ser reconhecidas por seus clientes e, por conseqüência, gerarem
benefícios únicos.
Depreende-se, pelas declarações formais comumente observáveis em documentos, na
comunicação e postura da organização estudada, que sua visão de futuro pretende convergir
para a criação de valor para clientes, acionistas, funcionários e sociedade, conforme
representado no Quadro 6.
Posicionamento Institucional Pretendido
MARCA
Identidade com o cliente
ORGANIZAÇÃO
Corporação completa, especializada em
segmentos de mercado.
PÚBLICO INTERNO
Compromisso com a ética, o diálogo, a formação e a valorização do funcionário.
Quadro 6 – Posicionamento institucional pretendido.
Fonte: Elaborado pelo autor.
115
4.3.3 Missão
A missão traduz a razão de ser da organização e exerce função orientadora da ação
empresarial. A organização pesquisada tem como missão (transcrição literal):
“Ser a solução em serviços e intermediação financeira, atender às expectativas de
clientes e acionistas, fortalecer o compromisso entre os funcionários e a empresa e
contribuir para o desenvolvimento do País” (Fonte: Relatório Anual, 2004).
4.3.4 Perspectivas
Dentro do direcionamento estratégico definido pela administração, a organização
estudada declara dirigir seus esforços para:
garantir rentabilidade compatível com padrões de mercado;
assegurar a relação adequada entre geração de receitas e estrutura de custos;
manter padrões de governança corporativa referenciais para o mercado;
ser referência no relacionamento com os clientes;
ampliar os negócios.
Alguns aspectos de governança da organização serão comparados aos referenciais de
mercado no capítulo 5.
4.3.5 Orientação Estratégica
No atual estágio de competitividade da indústria bancária, e considerando as mudanças
observadas no comportamento do consumidor, há alguns anos a instituição financeira passou
a atuar com foco no cliente, a fim de garantir relacionamentos duradouros e mais rentáveis.
Paralelamente a isso, tem incorporado os princípios socioambientais à sua estratégia, com
vistas a melhorar a forma como é percebida pela sociedade e assegurar a sustentação futura.
116
4.4 ESTRUTURAÇÃO DA GOVERNANÇA NA ORGANIZAÇÃO ESTUDADA
A organização, pelo que se conseguiu avaliar através dos documentos que foram
consultados na pesquisa, vem procurando adotar gradativamente padrões de governança que
sejam referenciais para o mercado. Por exemplo, recentes reformas no seu estatuto social
contemplaram regras que garantem o equilíbrio de direitos entre os acionistas, inclusive
minoritários, a transparência e a prestação de contas do negócio, que balizam as ações de
todos os níveis decisórios, unidades e comitês referidos na subseção 4.1.2 e demonstrados nas
Figuras 10 e 11.
O conselho de administração (CA) é composto por sete membros, com mandato
unificado de um ano, sendo permitida a reeleição, o que atende, acredita-se, às recomendações
previstas no Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa (IBGC, 2004). Dos sete
membros, dois são indicados pelos acionistas minoritários, um por representante de clubes de
investimentos, e os demais pelo majoritário. O conselho fiscal é composto por cinco
membros, dentre os quais dois são indicados por acionistas minoritários e os demais pelo
controlador. Além do conselho fiscal, o sistema de fiscalização e auditoria do conglomerado é
composto pela auditoria independente e pela auditoria interna, e o comitê de auditoria. A
organização, por integrar a indústria financeira, está sujeita ainda à regulação e fiscalização do
Banco Central do Brasil.
O comitê de auditoria, órgão estatutário constituído em conformidade com
regulamentação do Conselho Monetário Nacional (CMN) possui atribuições de fiscalização e
controle, assessorando o conselho de administração (CA) no exercício de suas funções. É
composto por três membros efetivos e um suplente, não pertencentes ao quadro da
organização, com mandatos de três anos alternados e eleitos pelo CA, sendo que pelo menos
um dos titulares é escolhido pelos conselheiros eleitos pelos acionistas minoritários. Esse
comitê possui as seguintes atribuições:
assessorar o CA no que concerne ao exercício de suas funções de auditoria interna e
fiscalização;
supervisionar as atividades e avaliar os trabalhos de auditoria independente;
supervisionar as atividades do auditor geral e avaliar os trabalhos de auditoria
interna; e,
117
exercer suas atribuições junto às empresas controladas pelo banco.
Recentemente a organização aprimorou a sistemática de verificação de conformidade
dos processos das unidades táticas e operacionais do Brasil. Passou a estabelecer políticas de
conformidade e controles internos, além de monitorar permanentemente sua observância. As
unidades no exterior foram contempladas também recentemente com um programa de
compliance, visando uniformizar a abordagem às normas e otimizar o nível de aderência à
regulamentação local.
O conglomerado realiza a gestão de riscos de mercado, liquidez, crédito e operacional
(Figura 12) de maneira consolidada e alinhada às melhores práticas adotadas no mercado
financeiro internacional, procurando assegurar a adequada segregação de funções e eficiência
à gestão dos riscos. O gerenciamento de riscos é feito fora das unidades de negócios, cabendo
ao Comitê de Risco Global – fórum composto pelos membros do conselho diretor, diretores e
executivos de diversas áreas – a definição das estratégias de gestão, inclusive nas subsidiárias
integrais.
Como é possível depreender dessa abordagem, existem dois importantes comitês que
compõem a estrutura de todos os processos decisórios da empresa: o de Risco Global e o de
Auditoria. Enquanto o comitê de auditoria é um órgão de assessoramento ao conselho de
administração, o de Risco Global tem caráter executivo e é constituído por um conjunto de
subcomitês e comissões, operacionalizado por meio de um modelo integrado que supera as
exigências dos dispositivos legais estabelecidos pelas entidades regulamentares. Com a
integração da estrutura de gestão de riscos de mercado, liquidez, operacional e de crédito do
conglomerado, o comitê tornou-se responsável pelo gerenciamento global dos riscos, gerando
um aumento de sinergia de processos e de grau de especialização, proporcionando, entre
outros aspectos, maior precisão na mensuração dos riscos e, por conseguinte, melhor alocação
de capital.
118
RISCO DE MERCADO RISCO OPERACIONAL
Risco de Taxas de Juros Pessoas
Risco de Taxa de Câmbio Processos
Risco de Ações Sistemas
Risco de Commodities Eventos externos
RISCO DE LIQUIDEZ RISCO DE CRÉDITO
Risco de Curto Prazo Risco de Inadimplência
Risco dedio e Longo Prazos Risco Soberano
Risco de Ações Risco de Concentração de Crédito
RISCO LEGAL RISCO DE IMAGEM
RISCOS DE CONJUNTURA
Figura 12 – As categorias de análise dos riscos do conglomerado bancário.
Fonte: Elaborado pelo autor.
O Comitê de Risco Global é responsável pela gestão integrada das decisões
relacionadas aos riscos da organização e de suas subsidiárias, definindo: limites de exposição,
planos de contingência e modelos de mensuração de riscos. Sua estrutura é composta pelo
conselho diretor, por dirigentes e executivos de diversas áreas. A Figura 12 ilustra as
principais atividades de análise do referido comitê.
Cada um dos riscos geridos apresenta ênfase de gestão complementar às demais
categorias, permitindo realizar a gestão global dos riscos aos quais a organização está sujeita.
O Quadro 7 apresenta o detalhamento de cada uma das categorias.
119
Categorias Ênfase
Risco de Conjuntura Por meio da construção de cenários do meio ambiente e do reposicionamento
sistemático e tempestivo de sua estratégia de negócios, o banco garante a sua
competitividade de forma sustentável.
Risco de Crédito Preconiza uma garantia de retorno dos capitais emprestados, alinhada a uma política
permanente de expansão dos negócios a taxas e preços competitivos.
Risco de Mercado Garante que os recursos necessários para as operações de crédito e os recursos
captados de clientes sejam geridos de forma a obter rentabilidade, disponibilidade e
solidez para o banco.
Risco de Liquidez Garantia do provimento dos recursos de capital necessários para suportar o conjunto
de operações do banco, com ênfase nas taxas de retorno dos capitais investidos.
Risco Operacional Garante que os processos da organização sejam definidos com respeito às normas e
regulamentos vigentes, que as operações do banco sejam realizadas com a máxima
segurança, além de prevenir a ocorrência de falhas operacionais que possam causar
prejuízos para a empresa e os stakeholders.
Risco Legal Garante que os processos e operacionalização de negócios do banco estejam de
acordo com o estabelecido pela legislação vigente.
Risco de Imagem A postura do banco de atuar com ética e responsabilidade e de agregar valor à
sociedade deve ser preservada e percebida, em respeito aos seus clientes, ao mercado
em geral e aos seus acionistas e funcionários.
Quadro 7 – A gestão integrada de riscos.
Fonte: Elaborado pelo autor.
O gerenciamento dos riscos de gestão de ativo e passivo (ou liquidez e mercado), de
crédito e operacional é segregado das unidades de negócios. Assim, a instituição adota uma
visão consolidada dessas categorias e, em seu gerenciamento, considera a interdependência
entre elas de forma integrada. Essas três categorias estão subdivididas em duas comissões e
um subcomitê: a comissão de Ativos e Passivos; a comissão de Risco de Crédito e o
subcomitê de Risco Operacional (Figura 11). Essa modelagem permite identificar na estrutura
de decisão de riscos o principal instrumento de apoio às decisões nos níveis gerenciais (tático)
e no nível estratégico (conselho de administração), podendo ser representada conforme Figura
13.
120
Figura 13 – Estrutura sintética do Comitê de Risco Global.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os riscos de liquidez e mercado são analisados pela comissão de Gestão de Ativos e
Passivos, visando minimizar os riscos relativos à volatilidade das taxas de juros e câmbio, de
variações significativas no preço dos ativos e de oscilações no mercado de ações e de
commodities. Para o gerenciamento do risco de mercado as operações comerciais e de
tesouraria são segregadas das operações de trading, ambas com limites e estratégias próprias.
Quanto ao risco de liquidez especificamente, a corporação mantém reservas formadas por
títulos públicos federais de fácil conversão em moeda. Essas reservas são consideradas na
elaboração do processo orçamentário de modo a atender às necessidades de seu fluxo de
caixa. Afora isso, mantém um plano de contingência elaborado pela referida comissão para
fazer frente a eventuais crises nos mercados financeiro nacional ou internacional.
Cabe observar que na gestão de riscos de mercado e liquidez a entidade utiliza
metodologias estatísticas como o Valor em Risco (V@R) e de simulação, análise de estresse e
sensibilidade. A gestão da liquidez é realizada, principalmente, pelo monitoramento do fluxo
de caixa em função de um limite mínimo compatível com o grau de exposição ao risco
decorrente da estrutura patrimonial da instituição e da análise das condições de mercado. Esse
comitê, em novembro de 2003, estabeleceu um indicador estratégico chamado de
Disponibilidade de Recursos Livres – DRL - que associa a geração e o uso de recursos livres.
COMISSÃO DE GESTÃO
DE ATIVOS E PASSIVOS
COMISSÃO DE RISCO
DE CRÉDITO
SUBCOMITÊ DE RISCO
OPERACIONAL
Analisa e propõe medidas sobre:
Analisa e propõe medidas
sobre:
Analisa e propõe medidas sobre:
-gestão e modelos de ativos e
passivos;
- gestão do risco de crédito;
- gestão do risco operacional de
conjuntura, legal e de imagem;
- vel de exposição ao risco de
liquidez e de mercado;
-nível de exposição ao risco de
crédito;
-nível de exposição ao risco
operacional;
- gestão e modelos do risco de
liquidez e de mercado;
- modelos de risco de crédito; -modelo de risco operacional;
- veis adequados de liquidez e
planos de contingência.
-planos de contingência. - planos de contigência.
COMITÊ DE RISCO GLOBAL
121
Em 2004 foi estabelecido o nível mínimo de 25% para esse indicador. Tal patamar de liquidez
estrutural é considerado suficiente para a realização das operações comerciais, sem exigir da
tesouraria captações adicionais. O plano de contingência de liquidez é outro instrumento
idealizado pelo comitê, onde estão explicitadas as ações e medidas a serem adotadas no caso
da projeção do fluxo de caixa indicar níveis de liquidez inferiores ao limite mínimo definido.
Quanto aos riscos de crédito, todas as decisões a isto relacionadas são tomadas de
forma colegiada e de acordo com as diretrizes e as normas organizacionais instituídas, que
visam assegurar a assunção de riscos em níveis adequados. Para a identificação dos riscos
associados à carteira de crédito são adotados modelos tais como análise de portfolio de
diversas visões, acompanhamento da evolução qualitativa e quantitativa da carteira e níveis de
concentração, entre outros.
Para a gestão do risco operacional, a organização pesquisada tem um modelo próprio
que objetiva identificar as situações de exposição aos riscos, classificar e mensurar perdas
operacionais, mitigar riscos e incentivar a discussão acerca do risco operacional em todo o
conglomerado. O estágio do processo, em 2004, permitia comparar os efeitos sobre a alocação
de capital com a abordagem básica para risco operacional. O modelo de gerenciamento do
risco operacional adotado identifica e avalia os riscos, suas conseqüências financeiras e
causas, sob quatro fatores: processos, pessoas, sistemas e eventos externos.
Ao adotar os referidos modelos internos de avaliação de riscos para alocação de seus
capitais, a corporação está adaptando suas estruturas patrimoniais ao cumprimento da
regulação do Banco Central do Brasil com base nas exigências do chamado “Novo Acordo da
Basiléia” (ou “Basiléia II”). Esse marco prudencial representa uma evolução do “Basiléia I”,
acordo firmado em 1988 pelo Comitê da Basiléia (subordinado ao BIS – Bank of International
Settlements), que serviu para introduzir um padrão uniforme para cálculo do capital
regulatório mínimo requerido para os bancos internacionalmente ativos, sendo que mais de
100 países adotaram este padrão, entre eles o Brasil. O “Basiléia II”, finalizado em 2004,
objetiva prover uma abordagem de gerenciamento de riscos mais completa e sofisticada,
estando fundamentado em três pilares para assegurar a segurança e confiabilidade do sistema
financeiro internacional: abordagens múltiplas para a o cálculo do capital mínimo; melhoria
do exame do órgão supervisor; e, maior transparência para o mercado.
122
Ao comparar-se o modelo de gestão de riscos da organização pesquisada com os
dispositivos legais e regulamentares requeridos pelas entidades reguladoras do mercado,
depreende-se que seu modelo vai além do cumprimento das normas, pois sua matriz de riscos
inclui categorias não ainda exigidas e implementa níveis de segregação superiores aos
recomendados pelos normativos vigentes.
4.5 SUSTENTABILIDADE
Em seu posicionamento estratégico, a organização objeto do presente estudo
formalmente declara em seus documentos oficiais os vetores da sustentabilidade – econômico,
social e ambiental – de forma a buscar garantir a criação de valor no longo prazo.
Segundo práticas empresariais tradicionais, implementa modelos de gestão como:
planejamento estratégico, governança corporativa, gestão de riscos, responsabilidade
socioambiental e indicadores de fatores críticos de sustentabilidade, com política consolidada
de relacionamento com partes interessadas (ver seção 4.6), cujos destaques são a Carta de
Princípios de Responsabilidade Socioambiental e o Painel de Ações Sociais (ver subseção
4.6.3).
Uma melhor avaliação desse assunto pode ser obtida através da análise da
decomposição das decisões do conselho de administração da organização (ver seção 4.8) e do
Painel de Avaliação das Práticas de Governança Corporativa, disposto na subseção 4.9.3.
4.6 O RELACIONAMENTO COM AS PARTES INTERESSADAS
No relacionamento com os acionistas, investidores, analistas de mercado e agências de
rating, a instituição bancária vem promovendo regulares reuniões, road show nos Estados
Unidos e na Europa, além de teleconferências trimestrais sobre os resultados financeiros, em
português e em inglês. Além disso, a relação da entidade com seus funcionários,
colaboradores, fornecedores, parceiros, credores, sócios, acionistas, concorrentes, comunidade
123
e governo encontra-se fundada na “Carta de Princípios de Responsabilidade Socioambiental”,
transcrita no Quadro 8, e nos princípios éticos e normas de conduta profissional.
Quadro 8 – Carta de Princípios de Responsabilidade Socioambiental.
Fonte: Elaborado pelo autor.
CARTA DE PRINCÍPIOS DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
A empresa se compromete a:
1. Atuar em consonância com valores universais, tais como: direitos humanos, princípios e direitos
fundamentais do trabalho, princípios sobre meio ambiente e desenvolvimento.
2. Reconhecer que todos os seres são interligados e toda forma de vida é importante.
3. Repelir preconceitos e discriminações de gênero, orientação sexual, etnia, raça, credo ou de qualque
r
espécie.
4. Fortalecer a visão da responsabilidade socioambiental como investimento permanente e necessário
para o futuro da humanidade.
5. Perceber e valer-se da posição estratégica da organização, nas relações com o governo, o mercado e a
sociedade civil, para adotar modelo próprio de gestão da responsabilidade socioambiental à altura da
corporação e dos desafios do Brasil contemporâneo.
6. Ter a transparência, a ética e o respeito ao meio ambiente como balizadores das práticas
administrativas e negociais da Empresa.
7. Pautar relacionamentos com terceiros a partir de critérios que observem os princípios de
responsabilidade Socioambiental e promovam o desenvolvimento econômico e social.
8. Estimular, difundir e implementar práticas de desenvolvimento sustentável.
9. Enxergar clientes e potenciais clientes, antes de tudo, como cidadãos.
10. Estabelecer e difundir boas práticas de governança corporativa, preservando os compromissos co
m
acionista e investidores.
11. Contribuir para que o potencial intelectual, profissional, artístico, ético e espiritual dos funcionários e
colaboradores possa ser aproveitado, em sua plenitude, pela sociedade.
12. Fundamentar o relacionamento com os funcionários e colaboradores na ética e no respeito.
13. Contribuir para a universalização dos direitos sociais e da cidadania.
14. Contribuir para a inclusão de pessoas com necessidades especiais.
124
Os princípios elencados no Quadro 8 são aplicados a cada um dos stakeholders. Tal
postura pode ser verificada na descrição das subseções 4.6.1 a 4.6.7, a seguir.
4.6.1 Clientes
A orientação interna do conglomerado considera seus clientes, ativos ou potenciais,
como cidadãos. Sua postura social e ambiental busca ir além do atendimento às necessidades
do consumidor, como forma de corresponder compromissos com a cidadania. Essa diretriz
pode ser verificada em ações como a recente implantação do serviço de ouvidoria ao cliente.
Porém, embora todas as ações busquem dar consistência às orientações emanadas da Carta de
Princípios, é possível constatar, na prática, de um lado efetivos avanços nas relações de
caráter social e ambiental, mas, de outro, algumas dificuldades em lidar com a grande massa
de público no que se refere às suas expectativas comerciais. É o que revelam as estatísticas de
reclamações internas que extrai dos seus sistemas e dos registros feitos por consumidores
junto ao Banco Central do Brasil, além do número de ações que tramitam em juizados de
pequenas causas, que possuem a entidade pesquisada como pólo passivo.
4.6.2 Funcionários
No relacionamento com seus funcionários, a instituição procura utilizar os meios
adequados para catalisar o potencial intelectual, profissional, cultural, ético e espiritual desse
público, estimulando que sejam replicados nas comunidades onde se encontram presentes.
Criou, recentemente, a Ouvidoria interna, com o objetivo de democratizar e humanizar as
relações de trabalho. Por meio de denúncias e reclamações que acolhe, a Ouvidoria propõe
melhoria nos processos, garantindo que as manifestações dos funcionários estejam presentes
no aprimoramento das políticas e práticas de gestão de pessoas e responsabilidade
socioambiental.
O compromisso com a qualidade de vida dos seus funcionários, e, de por extensão, aos
familiares dos mesmos, pode ser observado por meio de benefícios e ações que, de alguma
125
forma, os alcançaram em forma de assistência médica, associações recreativas, centros
culturais, acesso a biblioteca, bolsas de estudo, incentivo à aprendizagem de língua
estrangeira, treinamentos presenciais e à distância, prática de taxas de juros diferenciadas para
o público interno, instituição do ponto eletrônico, e sistemática distribuição de bônus – a título
de participação nos lucros e nos resultados – que vem crescendo a cada semestre.
4.6.3 Comunidade
Presente em mais de três mil municípios de todas as regiões do Brasil, a entidade pauta
o seu relacionamento com as comunidades na universalização dos direitos sociais e da
cidadania, e no fortalecimento da sua atuação como empresa social e ambientalmente
responsável, estimulando a promoção e divulgação da cultura por meio da realização das mais
variadas manifestações artísticas.
As estatísticas que a empresa possui apontam que mais de 1,9 milhão de pessoas
visitaram seus espaços culturais nos últimos seis meses do período pesquisado, com a
realização de 716 eventos nas áreas de música, dança, teatro, cinema, artes plásticas,
audiovisual, idéias e programa educativo. A maioria dos eventos é gratuita e outros têm
preços populares, com doação de 20% da bilheteria para criação de bibliotecas em áreas rurais
e projetos sociais das comunidades onde realiza tais eventos, considerando-se a presença da
organização em todo o território nacional.
A atuação da organização na área social é realizada através de uma fundação, cujas
atividades se fazem presentes em mais de 800 municípios. Seu principal objetivo é contribuir
para a superação das condições de pobreza de significativa parcela da população brasileira.
Com o propósito de mobilizar, articular e gerir ações de transformação social, a fundação atua
na área de educação e na geração de trabalho e renda. Dados referentes ao último semestre
eleito para a presente pesquisa (2004), dão conta de que a Fundação atendeu 50 mil crianças e
adolescentes e 157 mil jovens e adultos para alfabetização.
Destacam-se ainda outras iniciativas da organização, a saber:
126
adolescente trabalhador: no final do período pesquisado contava com
aproximadamente 4,7 mil adolescentes em regime de trabalho que, além da
remuneração, proporciona, através do convívio no ambiente corporativo, formação
profissional e perspectivas de aproveitamento futuro;
inclusão digital: instalação de telecentros e salas de informática em comunidades
carentes – 1.070 unidades desde o início do programa;
voluntariado: promoção de ações de cidadania dos funcionários da organização e
seus familiares com a comunidade. Ao final do período pesquisado, 13,9 mil
voluntários estavam cadastrados no programa.
A fim de inserir comunidades carentes em um processo produtivo que seja capaz de
proporcionar a seus membros trabalho e renda, com base em diagnóstico das potencialidades
de cada região a organização desenvolveu estratégia de atuação denominada
“Desenvolvimento Regional Sustentável – DRS”, que tem como premissa a inclusão e a
participação efetiva das comunidades, disseminando os conceitos e identificando ações para
gerar a sustentabilidade das atividades produtivas locais.
O Painel de Ações Sociais é a ferramenta na qual são publicadas as ações de caráter
social, desenvolvidas e apoiadas pela organização e sua Fundação. No Quadro 9 procura-se
destacar os números das principais ações, posição aferida em dezembro de 2004.
PERSPECTIVAS
ATIVIDADES
Educação cultural e cidadania 1a 1b 1c 1d 1e
Apoio à vida 2a 2b 2c 2d 2e
Geração de Oportunidades 3a 3b 3c 3d 3e
RESULTADOSÃO OBJETIVOS PARCEIROS META
Quadro 9 – Painel de Ações Sociais.
Fonte: Elaborado pelo autor.
DESCRITIVO DO PAINEL DE AÇÕES SOCIAIS
1a – Estação Digital, formação de comitês de cidadania, Programa de Desenvolvimento do
Tênis em Cadeira de Rodas, Programa de Inclusão Digital, Projeto Memória.
127
1b – Promover a inclusão digital em comunidades não atendidas com recursos de informática;
realizar ações em todos os estados com o objetivo de estimular a formação de comitês do
voluntariado dos funcionários da instituição; difundir a prática da modalidade (tênis), a
inclusão social de atletas com deficiência ou portadores de deficiência; promover a
inclusão digital por meio da implantação de telecentros comunitários, viabilizando o uso
de novas tecnologias pelas comunidades atendidas, estimulando sua mobilização e
organização; democratizar a cultura por meio de grandes personagens ou fatos da história
brasileira.
1c – Fundação da instituição e parceiros locais; Comitê de Entidades Públicas no Combate à
Fome e Pela Vida – COEP e funcionários da instituição; Governo Federal e instituições
públicas e privadas.
1d – Implantação de 50 Estações Digitais em 50 municípios; alfabetizar 80 mil jovens e
adultos; incluir 40 atletas deficientes na modalidade tênis; implantação de 1.000
telecentros em todo o território nacional; produzir 42 kits para exposições itinerantes, 18
mil kits pedagógicos, 6 mil livros fotobiográficos e 6 mil vídeos documentários, para
beneficiar 4,6 bibliotecas públicas e 16 mil escolas públicas, em 600 municípios.
1e – A organização declara haver implantado 72 Estações Digitais em 63 municípios,
envolvendo a participação de 10.800 alunos em cursos profissionalizantes e 65.200
atendimentos em serviço eletrônico; formação de 827 Comitês de Cidadania; existência
de 145.992 pessoas em processo de alfabetização (com formação de 47.443 alunos);
inclusão de 112 atletas deficientes na modalidade Tênis em Cadeira de Rodas;
implantação de 851 pontos de inclusão digital, sendo 511 telecentros e 340 salas de
informática; distribuição de 20 mil kits pedagógicos a 18 mil escolas públicas e 6 mil
exemplares de livros fotobiográficos, para 4,6 mil bibliotecas públicas.
2a – Atividades relacionadas à criança e à vida.
2b – Reduzir a mortalidade infantil por câncer no País por meio de atendimento integral aos
pequenos pacientes, atuando em dois focos distintos: o diagnóstico precoce e o
tratamento adequado da doença. A instituição declara oito centros de referência no
diagnóstico laboratorial já implementados.
128
2c – Ministério da Saúde.
2d – Investir na capacitação de profissionais de saúde, assinar convênios de reestruturação e
modernização de mais de cinco serviços de oncologia pediátrica.
2e – A instituição declara a formalização de três convênios de reestruturação de serviços de
oncologia pediátrica e encontros com técnicos dos oito Centros para uniformização de
procedimentos.
3a – Criação de um Banco de Tecnologias Sociais; internalização da bioconsciência;
implantação da cadeira produtiva dos recicláveis; construção de cisternas do semi-árido;
Desenvolvimento Regional Sustentável; instalação da Oficina de Segurança Alimentar;
instalação do Programa Adolescente Trabalhador; instalação do Programa Nacional de
Incubadora de Cooperativas Populares; Programas Hortas Comunitárias; Programa de
Voluntariado.
3b – Identificar e disseminar tecnologias sociais criativas e de baixo custo, capazes de
resolver problemas nas áreas de água, alimentação, saúde, energia, educação, meio-
ambiente, renda e habitação; disseminar práticas ambientais de racionalização do uso e
reutilização de recursos naturais, com base em dois pilares: recursos sólidos e recursos
hídricos; promover a inclusão social dos catadores de lixo pelo incentivo à organização
em cooperativas e associações, além da agregação de valor ao produto reciclado por
meio de investimentos em equipamentos e capacitação; orientação para funcionários da
organização, aposentados, educadores sociais e lideranças comunitárias sobre princípios
de segurança alimentar; oferecimento de oportunidade de emprego e aprendizagem e
jovens de todas as regiões do País, com idades entre 15 e 17 anos 10 meses, e com renda
familiar de até meio salário mínimo, que estejam cursando pelo menos a 7ª série do
ensino fundamental, ou supletivo do primeiro grau; consolidação do Programa Nacional
de Incubadora de Cooperativas Populares, criando e desenvolvendo cooperativas
populares e postos de trabalho em comunidades carentes; proporcionar reforço alimentar,
através do Projeto Hortas Comunitárias, com a produção de verduras e legumes a baixo
custo, além de possibilitar a geração de renda com os excedentes; incentivo a ações de
voluntariado em diversos projetos, capacitação de voluntários, ampliação de ações
129
sociais voluntárias desenvolvidas por funcionários e formação de voluntários como
instrutores de informática, entre outras iniciativas.
3c – Unesco; Compromisso Empresarial para a Reciclagem (CEMPRE), Associação dos
Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável; Instituto Socioambiental;
Unitrabalho; Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério de Ciência e Tecnologia –
Finep, Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida – COEP.
3d – Divulgação de tecnologias sociais identificadas; reaplicação de 23 tecnologias sociais;
beneficiamento de 50 cooperativas e associações, com geração de 2 mil postos de
trabalho; lotação de 4.900 adolescentes nas dependências da organização; apoio a 12
incubadoras, beneficiando 120 cooperativas com 4.800 trabalhadores associados;
capacitação de 4 mil voluntários.
3e – Realização da I Conferência e Mostra de Tecnologias Sociais em São Paulo;
disponibilização de R$ 6,8 milhões para agricultura orgânica distribuídos em atividades
como melhoria de capacitação técnica aos produtores, melhoria da integração da cadeia
produtiva, melhoria das informações de mercado sobre o potencial e a comercialização
dos produtos orgânicos; segundo declarações da organização foram reaplicadas 21
tecnologias sociais, atendendo 46 municípios, com a capacitação de 143 técnicos e o
envolvimento de 1.226 pessoas capacitadas a operacionalizar as tecnologias sociais;
inclusão de 66 cooperativas na cadeia produtiva dos recicláveis, com 4.197 empregos
gerados em 25 municípios; segundo declarações da organização, em 31.12.2004, 4.699
adolescentes trabalhadores estavam lotados em suas dependências; no que se refere ao
Programa Nacional de Incubadora de Cooperativas, os resultados alcançados, segundo os
dados disponibilizados pela organização, alcançavam 6 incubadoras, beneficiando 62
cooperativas com 2.234 trabalhadores associados; relativamente ao projeto Hortas
Comunitárias, a organização declara ter atendido 5.073 famílias, em 38 municípios com
o referido Programa; a pesquisa pôde verificar, com relação ao Programa de
Voluntariado, a existência de registros onde constam 13.088 voluntários cadastrados
(2004), representando um incremento de 12% sobre os números do ano anterior.
130
4.6.4 Fornecedores
Em busca do aprimoramento de sua relação com esse público, a instituição desenvolve
iniciativas que estimulam a criação de relacionamentos equilibrados e de longo prazo,
compatíveis com seus princípios de responsabilidade socioambiental. Nesse sentido, lançou
um canal direto na Internet, através do qual é possível conhecer a política de relacionamento
com seus fornecedores, obter informações sobre os acordos de nível de serviços e os pré-
requisitos para tornar-se seu fornecedor.
4.6.5 Concorrentes
Em seu relacionamento com concorrentes, a corporação emite opiniões pautadas em
princípios éticos e de civilidade, mediante intercâmbio de informações e experiências feitas de
maneira lícita e transparente. Posturas associativas, como esforços de compartilhamento da
logística com outras organizações, bem como mobilizações conjuntas em prol da campanha
de apoio aos “Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente”, são alguns exemplos
identificados durante a pesquisa.
4.6.6 Governo
No relacionamento com os governos federal, estaduais e municipais, a organização
bancária apresenta-se como uma das principais parceiras na implementação de políticas,
programas e projetos voltados para o desenvolvimento. Além disso, tem apresentado soluções
que procuram atender as necessidades específicas do setor público e toda a cadeia do
segmento, auxiliando não só o dia-a-dia do administrador público, como o de seus servidores,
fornecedores e demais cidadãos.
Dada a relação da organização financeira estudada com o setor público, no que se
refere à remuneração pelos serviços prestados à União, a pesquisa, aprofundando o caráter
131
investigativo, verificou que nos programas de governo o Tesouro Nacional remunera a
empresa, na forma de equalização, pela diferença entre a taxa cobrada do tomador do crédito e
o somatório do custo de captação, despesas administrativas, tributos e a remuneração do
capital.
4.6.7 Meio-ambiente
Na análise da documentação utilizada na presente pesquisa, foi possível constatar que
a organização aderiu aos “Princípios do Equador”. O comprometimento com esses princípios
representa um aprimoramento no processo de análise de crédito e um estímulo ao exercício
cotidiano da responsabilidade socioambiental (ver subseção 2.4.4).
Aprovada pelo CA na reunião do mês de agosto de 2004, a Carta de Princípios de
Responsabilidade Socioambiental, tratada na seção 4.6 deste capítulo, se soma aos
direcionadores institucionais que apontam para a sustentabilidade da organização. Outras
políticas que tratam da orientação da produção mais limpa, reciclagem e menor consumo de
recursos, bem como diálogo com fornecedores e terceirizados, passam gradativamente a ser
práticas incorporadas à cultura organizacional.
4.7 O MODELO DE GESTÃO ADOTADO
A orientação geral dos negócios da organização é de competência do conselho de
administração, cuja composição, nos termos de seu estatuto social, já foi disposta no início da
seção 4.4. Apenas o vice-presidente do conselho de administração acumula função executiva,
como presidente do conselho diretor.
Nas decisões sobre políticas, estratégias corporativas, plano geral de negócios, plano
diretor e orçamento global, que orientam o modelo de gestão, são necessários, no mínimo,
votos favoráveis de cinco conselheiros. Isto significa dizer que pelo menos um representante
dos acionistas minoritários tem que estar de acordo com a alteração da proposta apresentada.
132
4.7.1 Gestão de negócios
A gestão de negócios é exercida pela diretoria executiva, formada pelo conselho
diretor, colegiado composto pelo presidente, sete vice-presidentes e vinte diretores
estatutários. O sistema de gestão conta com o assessoramento de auditoria interna.
Cabe à diretoria executiva cumprir e fazer cumprir o estatuto da organização, as
deliberações da assembléia geral de acionistas e do conselho de administração e, além de
outras atribuições, fazer executar as políticas, as estratégias corporativas, o plano geral de
negócios, o plano diretor e o orçamento geral, observando os princípios das boas práticas de
governança corporativa.
4.7.2 Fiscalização e controle
O conselho fiscal (CF), órgão de controle e fiscalização dos atos administrativos, é
formado por cinco membros, sendo três deles indicados por acionistas minoritários. O
conselho se reúne ordinariamente uma vez por mês e, extraordinariamente, sempre que
convocado por qualquer de seus membros ou pela administração do conglomerado.
4.7.3 Balanced Scorecard
Considerando a estratégia corporativa abordada na seção 4.3 deste capítulo, a
organização pesquisada adotou, a partir de 2001, a ferramenta de gestão conhecida como
Balanced Scorecard (BSC), e que no seu ambiente, conforme preconizam seus idealizadores,
em seu âmbito representa um instrumento de gestão utilizado para oferecer explicações
consistentes sobre a eficácia da estratégia empresarial aos gestores nos diversos níveis
decisórios da entidade, analisando o desempenho observado e subsidiando a tomada de
decisão quanto a eventuais mudanças necessárias, considerando os indicadores financeiros e
outras perspectivas para a aferição da performance.
133
Figura 14 – Mapa Estratégico da organização pesquisada.
Fonte: Elaborado pelo autor.
CRIAR VALOR PARA
OS ACIONISTAS
FINANCEIRA
Reduzirveis de
exposição a risco do
conglomerado
Assegurar relação
adequada entre geração
de receita e estrutura de
custos
Aprimorar pticas de
governança corporativa
como forma de atender às
expectativas dos
stakeholders
Manter a organizão com
o atual posicionamento em
comércio exterior
(exportação)
Posicionar a organizão
como um dos principais
agentes atuantes no
Mercado de Capitais
SOCIEDADE
Estimular a bancarização
por meio do
microcrédito
Atuar em políticas
públicas com prévia
alocação de recursos e
adequada remuneração
Fortalecer a atuação como
empresa socialmente
responsável
Ampliar a base de clientes
Ampliar negócios com os
clientes
CLIENTES
Manter a posição como
marca conhecida pelo
público brasileiro
Fortalecer o
relacionameento com os
clientes
PROCESSOS
INTERNOS
Otimizar e aperfeiçoar os
processos da organizão
Disponibilizar serviços
com tecnologia avançada
e em canais
complementare s
COPORTAMENTO
ORGANIZACIONAL
Investir no
desenvolvimento do
funcionário
Ser a melhor instituição
financeira para se
trabalhar no Ps
P E R S P E C T I V A S
134
Conforme abordado no capítulo 2, o BSC reforça a articulação entre as estratégias de
longo prazo e as ações de curto prazo, contempla aspectos financeiros e não financeiros e
contribui para a atuação gerencial proativa. Trata-se, pois, de uma ferramenta estruturada para
promover o alinhamento de programas complexos de mudança para o gerenciamento das
ações voltadas para a estratégia. A aplicação dessa metodologia requer, além do
desenvolvimento das metas estratégicas, a elaboração do mapa estratégico, que é um
importante instrumento que indica os caminhos que devem ser percorridos para o
cumprimento das metas e objetivos estratégicos. A Figura 14 indica as perspectivas e os itens
de avaliação de desempenho que integram o mapa estratégico da organização para o ano de
2004, considerando as cinco perspectivas estratégicas: Financeira, Sociedade, Clientes,
Processos Internos e Comportamento Organizacional.
No Quadro 10, encontram-se listadas as estratégias desenvolvidas pela organização
para o ano de 2004, categorizadas, observando as cinco perspectivas da metodologia do BSC.
ESTRATÉGIA DA ORGANIZAÇÃO (METODOLOGIA BSC)
Financeira Redução dos níveis de exposição ao risco do conglomerado.
Assegurar a relação adequada entre a geração de receita e estrutura de
custos.
Aprimorar práticas de governança corporativa como forma de atender
às expectativas das partes interessadas.
Posicionar a organização como um dos principais bancos atuantes no
mercado de capitais.
Manter a organização na atual posição como agente em comércio
exterior.
Sociedade Estimular a bancarização por meio da criação de entidade de
microcrédito.
Atuar em políticas públicas, com prévia alocação de recursos e
adequada remuneração.
Fortalecer a atuação como empresa socialmente responsável.
Clientes Ampliar a base de clientes.
Ampliar os negócios com os clientes.
Manter a posição da marca na lembrança dos clientes.
Fortalecer o relacionamento com os clientes.
Processos Internos Aperfeiçoar os processos da organização.
Disponibilizar serviços com tecnologia avançada e em canais
complementares.
Comportamento Organizacional Investir no desenvolvimento dos funcionários.
Ser o melhor banco para se trabalhar no País.
Quadro 10 – Estratégia da organização, segundo metodologia do BSC.
Fonte: Elaborado pelo autor.
135
A partir de 2003, para tornar possível a expansão dos negócios e garantir a atuação no
apoio ao desenvolvimento econômico de social do país, a gestão integrada de riscos foi
aprimorada, o foco no mercado e no cliente foi refinado e, enfatizaram-se as ações de
responsabilidade socioambiental, além de medidas direcionadas ao controle de custos. Para
tanto, o CA aprovou uma nova estrutura que reforçou o modelo de governança corporativa,
iniciado em 2001. Dentre as principais alterações, a nova estrutura integrou as áreas de risco
com o intuito de garantir o gerenciamento global dos riscos de mercado, de crédito e
operacional, assegurando alocação eficiente de capital e visão mais apurada dos níveis de
exposição ao risco.
Pode-se inferir que essas medidas representaram um importante passo na direção das
boas práticas de governança, pois foram criados mecanismos de avaliação técnica capazes de
conferir maior fidelidade aos dados e transparência das informações, fatores que subsidiam de
forma mais consistente a tomada de decisão das diversas instâncias, mormente o conselho de
administração.
4.7.4 Políticas de divulgação e negociação
Desde 2002, a entidade instituiu a Política de Divulgação de Ato ou Fato Relevante,
que regulamenta, no âmbito de todo o conglomerado, o tratamento das informações
privilegiadas. Observa-se que a adoção dessa política é considerada mais conservadora do que
aquela exigida pelo próprio órgão regulador. Ela indica, no caso, as intenções da organização
para com os investidores, revelando o grau de compromisso com a transparência (disclosure),
uma das pedras angulares das melhores práticas de governança corporativa, oriunda de uma
das mais exigentes normas do gênero: a Lei Sarbanes-Oxley, inspiradora de tendências em
todo o mundo.
Apesar de ainda ser facultado pela CVM, a instituição adotou, também, a Política de
Negociação com valores mobiliários de sua emissão por todas as pessoas que, no seu conceito
são consideradas auto-reguláveis. Além das políticas, a instituição mantém, desde a vigência
da Instrução CVM 31/84, um sistema de auto-regulação abrangente e efetivo, por meio do
qual normatiza e controla a divulgação de informações relevantes e a negociação, por
136
funcionários e administradores, com valores mobiliários de sua emissão. Todas as normas e
procedimentos compõem a codificação interna da instituição, à qual têm acesso todos os seus
funcionários. Segundo essas instruções, todos os funcionários e prestadores de serviço com
acesso a informações relevantes, independentemente da função que ocupam, devem observar
as normas de auto-regulação. No final do período, a pesquisa apurou que constavam da
relação de auto-regulados, mantida na sede da entidade, mais de seis mil funcionários e
administradores.
Em cumprimento às recomendações da CVM e às normas internas que regem a auto-
regulação, os membros do conselho de administração, do conselho fiscal e da diretoria
executiva informam, imediatamente após sua posse, a quantidade e as características dos
valores mobiliários de emissão da corporação de que sejam titulares, bem como seus planos
de negociação. As efetivas negociações com esses papéis são comunicadas mensalmente à
CVM e à própria instituição.
O resultado da pesquisa nos documentos que foram disponibilizados pela organização
indica que nenhum membro dos conselhos de administração e fiscal e da diretoria executiva
detém posição acionária significativa da organização sob estudo.
4.7.5 Perspectivas para a adesão aos Níveis Diferenciados da Bovespa
Implantados em dezembro de 2000 pela Bolsa de Valores de São Paulo – Bovespa, o
Novo Mercado e os Níveis Diferenciados de Governança Corporativa representam segmentos
especiais de empresas, desenvolvidos com o objetivo de proporcionar um ambiente de
negociação capaz de estimular, ao mesmo tempo, o interesse dos investidores e a valorização
das companhias. Embora com fundamentos semelhantes – além do acesso a ambas ser por
adesão –, o Novo Mercado é mais voltado à listagem de empresas que venham abrir capital,
enquanto os Níveis Diferenciados são mais direcionados para empresas que já possuem ações
negociadas naquela operacional do mercado secundário.
O Novo Mercado descreve os compromissos de governança corporativa que as
empresas registradas nesse segmento assumem, adicionalmente aos existentes na legislação
137
atual. Sua premissa básica é de que boas práticas de governança corporativa têm valor para os
investidores, pois os direitos concedidos aos acionistas e a qualidade das informações
prestadas reduzem as incertezas no processo de avaliação e, conseqüentemente, o risco. A
redução do risco gera uma melhor precificação das ações, que, por sua vez, incentiva novas
aberturas de capital e novas emissões, fortalecendo o mercado acionário como alternativa de
financiamento às empresas, cujas necessidades de investimento aumentaram com a abertura
da economia e a globalização (STEINBERG, 2003).
As alterações promovidas no estatuto social da instituição pesquisada demonstram a
intenção estratégica de alcançar condições para postular sua ascensão aos Níveis
Diferenciados da Bovespa. As principais modificações foram:
unificação do mandato dos membros do conselho de administração para um ano;
autorização para ampliação de 8 para 28 do número de membros da diretoria
executiva com responsabilidade estatutária;
institucionalização da atividade de relações com investidores;
criação do comitê de auditoria;
segregação da atividade de administração de recursos de terceiros; e,
criação do banco múltiplo.
Ademais, a empresa cumpriu boa parte das exigências da Bovespa para adesão ao
Novo Mercado, que são superiores às requeridas para o ingresso nos Níveis 1 e 2. Dentre elas
pode-se destacar:
adoção do voto múltiplo;
autorização para firmar contrato de adesão ao Novo Mercado com a Bovespa;
conversão das antigas ações preferenciais, sem voto, em ordinárias, todas votantes;
tag along de 100%; e,
obrigatoriedade de oferta de compra das ações em circulação, pelo valor econômico,
nos casos de fechamento de capital ou saída do Novo Mercado.
Independentemente dos propósitos declarados e das medidas já adotadas pela
companhia, o material avaliado no presente estudo de caso permite revelar que dois
importantes procedimentos – um de ordem mercadológica e outro legal – ainda estão
pendentes de conformidade e, por isso, tendem a retardar o seu ingresso na listagem dos
Níveis Diferenciados da Bovespa. São eles:
138
a não manutenção em circulação de parcela mínima de suas ações, representando no
mínimo 25% do capital social (free float), item incondicional do Regulamento da
Bovespa; e,
o não enquadramento da publicação de seus relatórios e documentos contábeis nos
padrões US GAAP.
Subsidiariamente, a pesquisa detectou baixa probabilidade de que a instituição
financeira seja capaz de em curto prazo ingressar no Novo Mercado, à vista da complexidade
das regras de aderência à Câmara de Arbitragem, uma das condições exigidas pela Bovespa.
4.8 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS E AS QUESTÕES DE PESQUISA
Conforme o escopo da pesquisa definido no capítulo 1, o objetivo principal do estudo
consiste em investigar aspectos do funcionamento da governança corporativa no
conglomerado bancário escolhido, buscando avaliar se as decisões do seu conselho de
administração, no universo do período compreendido entre 2003 e 2004, estiveram alinhadas
com a estratégia e o modelo de gestão estabelecido, e, ainda, se estiveram em sintonia com o
que estabelecem as melhores práticas recomendadas pelos órgãos normativos e reguladores,
presente a premissa de que as questões conceituais, baseadas na literatura consultada, foram
respondidas ao longo do capítulo 2.
4.8.1 Análise das decisões do conselho de administração, período entre 2003 e 2004.
Por meio de pesquisa de campo, foram acessadas todas as 31 atas das reuniões
ordinárias e extraordinárias realizadas pelo CA no período entre 2003 e 2004, e suas decisões
decompostas, cada uma delas, de acordo com as cinco perspectivas definidas no BSC. Nesse
período foram tomadas 385 decisões, distribuídas quantitativa e percentualmente, ano a ano,
conforme apresentado no Gráfico 1, a seguir:
139
Gráfico 1 – Distribuição das decisões do CA em 2003 e 2004.
Fonte: Elaborado pelo autor.
A análise do Gráfico 1 demonstra um equilíbrio no número e no percentual de
decisões gerais entre os dois anos pesquisados, revelando uma tendência de que as matérias
deliberadas pelo conselho de administração não sofreram alterações significativas em
quantidades, na medida em que grande parte dos assuntos são reavaliados com periodicidades
específicas (mensal, semestral, anual), ou seja, não representariam, em princípio, diversidade
de matérias. Contudo, uma análise comparativa entre as perspectivas estratégicas, nos dois
anos considerados, a tipicidade de algumas matérias deliberadas indicam uma provável
reorientação estratégica da organização.
50.91%
49.09%
2003
2004
196 decisões
189 decisões
Número de decis
õ
es:
385
140
11%
3%
11%
58%
1%
19%
20%
61%
7%
10%
Financeira
Sociedade
Clientes
Processos Internos
Comport.Organizacional
2003 2004
Gráfico 2 – Distribuição percentual das decisões do conselho de administração em 2003 e 2004,
de acordo com as perspectivas do BSC.
Fonte: Elaborado pelo autor.
O Gráfico 2 ilustra a distribuição percentual das decisões do conselho de
administração de acordo com as perspectivas do Balanced Scorecard da organização que, ao
contrário da avaliação meramente quantitativa das deliberações tomadas nos dois anos,
estabelece a categorização por área estratégica. Pode-se verificar que nos dois anos houve
uma predominância da perspectiva Processos Internos (58% e 61%, respectivamente em 2003
e 2004) em detrimento das demais, o que pode indicar que, pelo menos no período estudado, o
CA priorizou a estruturação organizacional e os aspectos de governança.
Constata-se, além disso, uma inversão no percentual de deliberações das áreas
Financeira e Comportamento Organizacional. Enquanto que em 2003 a relação entre essas
duas perspectivas era respectivamente 19% e 11%, no ano seguinte foi de 10% e 20%. Essa
mudança na distribuição das deliberações secundárias do CA revela, no período estudado,
uma preocupação maior da organização com temas relacionados à gestão de pessoas e ao
ambiente de trabalho, o que pode significar uma opção, pelo menos no período analisado, por
uma espécie de endogovernança. É possível, entanto, que se trate de um movimento pontual,
o que poderia ser atestado, ou não, por meio de uma análise temporal mais elástica.
141
Num ambiente de grande competitividade, como é o setor bancário, em que as
estratégias de conquista e retenção de clientes se mostram fundamentais para a sustentação
das organizações, não deixa de ser estranho que o colegiado mais importante da organização
estudada, o CA, tenha sido acionado em menor proporção entre 2003 e 2004. As deliberações
na perspectiva Clientes, que representavam 11% do total das decisões do CA no primeiro ano,
caíram para 7% no último ano estudado. Quando avaliado o comportamento do percentual de
deliberações nessa perspectiva de forma conjunta com os dois anteriores, é possível identificar
uma preocupação do conselho de administração mais voltada para os aspectos internos do que
as questões externas da organização.
Esta avaliação pode ser estendida à perspectiva Sociedade, cujas matérias a ela
relacionadas, no período estudado representaram entre 1% e 3% das deliberações totais do
CA. Não se pode, contudo, dizer que a empresa não esteja empenhada na adoção de ações
inseridas no contexto da responsabilidade social corporativa. Pode-se compreender, dado que
esta matéria ainda se encontra em fase de estruturação e, sobretudo, carece de definições mais
claras no contexto das estratégias das organizações, que o baixo índice nos dois anos esteja
relacionado ao início de um esforço corporativo mais direcionado aos aspectos
socioambientais, mesmo porque, inobstante a pequena expressão do índice, mesmo assim
registra-se um crescimento das deliberações (de 1% em 2003, para 3% em 2004).
A partir da coleta e análise de todas as atas das reuniões do conselho de administração
da organização bancária, observada a metodologia referida no capítulo 3, elaborou-se a
categorização individualizada das deliberações, decisões que se encontram relatadas na parte
final desta dissertação (Apêndice 1 para o ano de 2003, e Apêndice 2 para 2004). No trabalho
de categorização de cada uma das decisões, o fator determinante observado foi a principal
característica identificada na decisão e que poderia ser associada a uma das cinco perspectivas
estratégicas. O Gráfico 3 ilustra as quantidades das decisões tomadas pelo CA, devidamente
categorizadas para cada um dos anos pesquisados.
142
2
22 22
5
13
113
37
115
38
18
(2)
8
18
28
38
48
58
68
78
88
98
108
118
Financeira
Sociedade
Clientes
Processos
Internos
Comp.
Organizac.
2003 2004
Gráfico 3 – Distribuição quantitativa das decisões do conselho de administração nos anos
de 2003 e 2004, segundo as perspectivas do BSC.
Fonte: Elaborado pelo autor.
O Gráfico 3 demonstra, a exemplo da abordagem realizada sobre a distribuição
percentual das decisões do CA (ilustração anterior), que as deliberações encontraram-se
concentradas quantitativamente na perspectiva Processos Internos em ambos os exercícios
estudados, a ponto de que essa perspectiva, isoladamente, se mostrou maior que a soma das
demais. Confirma-se, igualmente, o crescimento das deliberações sobre matérias
categorizadas na perspectiva Comportamento Organizacional de um ano para o outro, o que
pode ser interpretado como um movimento estratégico que parte do sentido endógeno para o
exógeno. Uma análise das deliberações com uma maior amplitude temporal possibilitaria uma
interpretação mais segura dessa tendência.
Relativamente à perspectiva Sociedade, complementando a abordagem feita sobre a
distribuição percentual das deliberações do conselho de administração, o pequeno número de
decisões sobre matérias correlatas que pode ser entendido como um movimento que tende
ainda a ganhar força, levando em conta, adicionalmente às razões comentadas anteriormente,
o direcionamento inscrito pela organização em seus objetivos e medidas estratégicas para essa
perspectiva do BSC.
143
-
20
40
60
80
100
120
Financeira
Sociedade
ClientesProcessos Internos
Comp. Organizac.
2003 2004
Gráfico 4 – Decisões do CA nos anos 2003 e 2004, segundo as perspectivas do BSC.
Fonte: Elaborado pelo autor.
No Gráfico 4, elaborado com base no modelo “Radar”, é demonstrada a ocupação
espacial dos eixos representativos de cada perspectiva, caracterizando a tendência de
endogovernança das decisões tomadas pelo conselho de administração no período
compreendido entre 2003 e 2004.
4.8.2 Análise das decisões: perspectiva Financeira
Do total das 55 deliberações do CA nos dois exercícios pesquisados na perspectiva
Financeira, através do Gráfico 5 apresenta-se um comparativo que permite inferir que no ano
de 2003 ocorreu a maioria das decisões sobre matérias correlatas, correspondendo a 67,27%
do total, ou seja, 2/3 do período pesquisado, o que pode significar que os compromissos com
as metas estratégicas não foram devidamente balanceados entre si nos dois anos. Durante o
ano de 2004 foram tomadas 18 decisões, que corresponderam a 32,73%, ou o equivalente a
1/3 das deliberações envolvendo essa perspectiva. A redução verificada do primeiro para o
segundo exercício chama atenção pelo distanciamento das estratégias dispostas na perspectiva
Financeira dentro da metodologia do BSC da organização em 2004.
144
Gráfico 5 - Percentual das decisões do CA em 2003 e 2004 na
perspectiva Financeira.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Considerando-se as metas definidas no mapa estratégico (Figura 14) – reduzir os
níveis de exposição ao risco do conglomerado; assegurar a relação adequada entre a geração
de receita e estrutura de custos; aprimorar práticas de governança corporativa como forma de
atender às expectativas das partes interessadas; posicionar a organização como um dos
principais bancos atuantes no mercado de capitais; e, manter a organização com o atual
posicionamento como banco do comércio exterior –, através das análises proporcional e
quantitativa realizadas, não é possível identificar nas deliberações do CA aderência às
referidas estratégias.
4.8.3 Análise das decisões: perspectiva Sociedade
Essa perspectiva refere-se às questões relacionadas com a responsabilidade social da
empresa, sobre o que o mapa estratégico definido considera os seguintes objetivos e medidas:
estimular a “bancarização” por meio da criação de um banco para atuar no microcrédito; atuar
em políticas públicas, com prévia alocação de recursos e adequada remuneração; e, fortalecer
a atuação como empresa socialmente responsável.
Analisadas as matérias relacionadas a esta perspectiva que mereceram deliberações do
CA, listadas nos Apêndices 1 e 2 desta dissertação, pode-se verificar que, apesar do seu baixo
índice relativo de incidência nos dois anos estudados, ela serviu para impulsionar algumas
mudanças no foco estratégico da organização. No exercício de 2003 identificou-se no estudo
que o CA tomou decisões que aproximaram ainda mais as ações da organização com a
32,73%
67,27%
2003
2004
145
sociedade, entre as quais pode ser destacada a adesão da empresa no programa Global
Compact (Pacto Global), de iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), que
objetiva a mobilização da comunidade empresarial internacional na promoção de valores
fundamentais nas áreas de direitos humanos, trabalho e meio ambiente. Outra decisão tomada
pelo CA merecedora de destaque ocorreu em setembro de 2004, quando foi aprovada a Carta
de Princípios de Responsabilidade Socioambiental (Quadro 8), definindo dentre outras
questões: “não assumir riscos de crédito com cliente que submeta trabalhadores a forma
degradantes de trabalho escravo, que pratique exploração sexual de menores e/ou que pratique
exploração de mão-de-obra infantil”.
A avaliação das decisões na perspectiva Sociedade – definidoras do ponto de vista
qualitativo – ganham maior significado quando interpoladas aos dados do Gráfico 3, que trata
da quantificação das decisões por categoria. De 2003 para 2004 essa perspectiva
experimentou o maior crescimento dentre as demais, eis que se deu de forma exponencial em
termos percentuais, aumentando de 28,57%, para 71,43%, o que representa uma evolução de
150% de um ano para outro, conforme demonstrado no Gráfico 6.
Gráfico 6 – Distribuição percentual das decisões do CA
em 2003 e 2004 na perspectiva Sociedade.
Fonte: Elaborado pelo autor.
4.8.4 Análise das decisões: perspectiva Clientes
Os objetivos e medidas estratégicas estabelecidos pelo mapa estratégico do BSC para a
perspectiva Clientes são: ampliar a base de clientes; ampliar os negócios com clientes; manter
a posição de banco mais lembrado do país; e, fortalecer o relacionamento com os clientes. Tal
71,43%
28,57%
2003
2004
146
direcionamento estratégico, em princípio, deve ensejar a atenção permanente de todos os
escalões decisórios da organização. No caso da organização bancária pesquisada, pela análise
das deliberações tomadas pelo principal colegiado (CA) nos dois anos estudados, nota-se que
as deliberações nessa perspectiva apresentaram tendência declinante, conforme demonstrado
no Gráfico 7.
37.14%
62.86%
2003
2004
Gráfico 7 – Distribuição percentual das decisões do CA em 2003 e
2004 na perspectiva Clientes.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Do total das deliberações do CA nessa perspectiva nos dois exercícios (35), em 2003
ocorreram 62,86% delas. Esses dados quando conjugados com os representados no Gráfico 3,
confirmam a tendência de migração do perfil da tomada de decisão para a estruturação interna
da organização, demonstrando certa dissonância dos objetivos e medidas estabelecidas no
mapa estratégico para essa perspectiva.
4.8.5 Análise das decisões: perspectiva Processos Internos
Os objetivos e medidas estratégicas, estabelecidos no mapa estratégico para a
perspectiva Processos Internos foram: aperfeiçoar os processos da organização; e,
disponibilizar serviços com tecnologia avançada e em canais complementares. Nesse quesito,
foi possível verificar que, diferentemente das outras perspectivas, o ano de 2004 apresentou
147
um aumento relativo e absoluto nas deliberações do CA em relação ao ano anterior. Também
nessa perspectiva convém que os dados sejam conjugados com os do Gráfico 3 a fim de se
conferir dimensões quantitativas à análise. O Gráfico 8 demonstra a distribuição percentual
das decisões nessa perspectiva no período pesquisado.
Gráfico 8 – Distribuição percentual das decisões do CA em 2003 e
2004 na perspectiva Processos Internos.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Pode-se destacar, nessa perspectiva, duas deliberações do CA, listadas no Apêndice 1.
A primeira, em junho de 2003, que aprovou a suplementação de recursos visando apoiar um
projeto anteriormente desenvolvido, na área de Tecnologia da Informação (TI). A outra
decisão, no mês de abril de 2003, que delegou maiores poderes aos comitês de análise de
risco. Do ponto de vista investigado neste estudo, é possível inferir que essa última decisão
demonstra que o CA passa a direcionar seus objetivos e funções às questões de nível macro-
estratégico, deixando de atuar diretamente nas ações de caráter executivo, demonstrando
preocupação com o enquadramento às boas práticas de governança corporativa.
4.8.6 Análise das decisões: perspectiva Comportamento Organizacional
Dentro dessa perspectiva, os objetivos e medidas definidos pela organização no seu
mapa estratégico foram: investir no desenvolvimento do funcionalismo; e, ser o melhor banco
para se trabalhar no país.
50,44%
49,56%
20032004
148
Gráfico 9 – Distribuição percentual das decisões do CA em 2003
e 2004 na perspectiva Comportamento Organizacional.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Analisando-se o Gráfico 9 pode-se visualizar que, do total de 60 deliberações (vide
Gráfico 3) sobre matérias correlatas a essa perspectiva, realizadas pelo CA nos dois
exercícios, 36,67% das decisões foram tomadas em 2003, ao passo que em 2004 foram
63,33%. Essa distribuição percentual revela um direcionamento estratégico da empresa na
área de gestão de pessoas, em consonância com o discurso institucional, que prega a melhoria
contínua nas relações com seu principal ativo intangível, por acreditar que todas as outras
melhorias dela advirão.
4.8.7 Análise das decisões do CA à luz das boas práticas de governança corporativa
As práticas recomendadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sugerem
adoção de padrões de conduta superiores aos exigidos pela legislação societária e pela
regulamentação da própria CVM. Por isso, sua cartilha não constitui uma norma cujo
descumprimento seja passível de punição. Porém, ao permitir que as companhias abertas se
adaptem gradativamente a futuras exigências, está orientando que sejam oferecidas
anualmente pelas empresas informações que indiquem o nível de adesão às práticas
recomendadas, na forma “pratique ou explique”, isto é, ao não adotar uma recomendação, a
companhia poderá explicar suas razões.
63,33%
36,67%
2003
2004
149
O Código Brasileiro das Melhores Práticas de Governança Corporativa, do Instituto
Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) tem como objetivos e princípios básicos
indicar caminhos para todos os tipos de sociedade visando aumentar seu valor; melhorar seu
desempenho; e facilitar seu acesso ao capital a custos mais baixos. A abordagem sobre as
práticas recomendadas pelo IBGC se encontra no capítulo 2 desta dissertação, com destaque
para os fatores a serem observados pelas companhias abertas, em particular a transparência e a
responsabilidade corporativa. De sua parte, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), desde
dezembro de 2000 instituiu mais três níveis de classificação na sua listagem de companhias
com papéis negociados no mercado de capitais: o Novo Mercado e os Níveis Diferenciados de
Governança Corporativa 1 e 2. Em conjunto com o marco legal representado pela lei das
Sociedades Anônimas (Lei nº 6.404/76, atualizada pela Lei nº 10.303/2001), a CVM, o IBGC
e a Bovespa representam, hoje, o conjunto de referenciais sobre governança para o
funcionamento do mercado de capitais no Brasil.
A organização pesquisada tem como objetivos e metas, definidos em sua estratégia
corporativa, a adoção de padrões de governança que buscam ser referência para o mercado e
que sejam aderentes aos requisitos de acesso aos níveis diferenciados na listagem da Bovespa
Pela análise dos documentos efetuada no presente estudo, pode-se dizer que sua orientação
estratégica se encontra alinhada com os melhores códigos brasileiros de boas práticas de
governança corporativa. O seu estatuto social, por exemplo, em alguns itens, referencia
constructos que suplantam os requisitos da própria lei e que buscam, de alguma forma, o
equilíbrio de direitos entre os acionistas. As políticas fixadas pelo conselho de administração
no período pesquisado apontam para a construção de um modelo sustentável.
A missão do conselho de administração, segundo dispõe o Código Brasileiro das
Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC, é de proteger o patrimônio e
maximizar o retorno do investimento dos acionistas, e que suas atividades devem ser
compiladas em um regimento interno, tornando claras suas responsabilidades e atribuições,
prevenindo situações de conflito com a diretoria executiva, em especial o CEO, e evitando
envolver-se em seus assuntos operacionais.
Sobre esta questão, contudo, algumas considerações são necessárias para melhor
compreensão sobre a empresa pesquisada. A primeira – provavelmente a mais importante –
decorre da estrutura societária da corporação. Por tratar-se de uma companhia que possui
150
participação mista de capitais privados e públicos, tal relação gera desdobramentos que
condicionam e, de certa forma, produzem interferência em vários aspectos de sua governança.
Do ponto de vista meramente formal, a estrutura de governança pode ser considerada bem
concebida, e sua estratégia e modelo gestão encontram-se adaptados à realidade atual do
mercado. Sua visão e missão inspiram seus valores e crenças, e as perspectivas são objetivas e
têm claro conteúdo de direcionamento.
O aspecto que chama atenção no modelo de gestão da organização estudada é que
todas as decisões, administrativas ou operacionais, em qualquer nível da organização, são
tomadas de forma colegiada. A diretoria executiva é composta por um conselho diretor
(presidente e sete vice-presidentes) e pelos demais diretores estatutários (Figura 10), que são
também os componentes do comitê de risco global. O conselho de administração é
assessorado por um comitê de auditoria (Figura 11), que, para fins de atendimento dos seus
objetivos, verificou-se que vem funcionando adequadamente. No entanto, no que se refere à
sua constituição, percebe-se uma dissociação entre o que dispõe seu Estatuto e o que é
recomendado pela Comissão de Valores Mobiliários e o que está previsto no Código
Brasileiro das Melhores Práticas de Governança Corporativa, do IBGC. Para essas duas
entidades, é obrigatória a participação de membros do conselho de administração no comitê
de auditoria, o que não ocorre, na prática, na corporação estudada.
Entre as competências do conselho de administração, destacam-se, além da definição
da estratégia, a eleição e a destituição do principal executivo, a aprovação da escolha ou da
dispensa dos demais executivos sob proposta do executivo principal (CEO), o
acompanhamento da gestão, o monitoramento e a indicação e substituição dos auditores
independentes. Dada a freqüência com que ocorreram, no período estudado, movimentações
nesses níveis da organização, chama a atenção o número de ocorrências relacionadas a
aprovação de destituição e nomeação de membros da diretoria executiva e executivos de
várias áreas do conglomerado, matéria, como se viu, de competência exclusiva do CA, cujo
tamanho e estrutura encontram-se em conformidade com a orientação do agente regulador
(CVM) e com o recomendado pelo IBGC.
O mesmo pode-se dizer em relação ao conselho fiscal. O acesso às informações é
presidido por princípio de transparência e responsabilidade. As informações contábeis estão
em sintonia com os princípios de contabilidade em vigor no Brasil, embora não estejam ainda
151
adaptadas às normas internacionais do International Accounting Standards Board (IASB), em
vigor na Europa, e à United States Generally Accpted Accounting Principles (US GAAP),
utilizada nos Estados Unidos da América. Os documentos de recomendações das auditorias
são revisados pelo conselho de administração e pelo conselho fiscal de forma contínua e
sistemática. Os registros das decisões do CA no período pesquisado apontam, em alguns
casos, a utilização de padrões de conduta e procedimentos superiores aos exigidos pela lei e
normas do regulador. Esse tipo de orientação revela a atenção que a empresa vem
dispensando no sentido de atender às condições de acesso para os níveis diferenciados de
governança corporativa da Bovespa.
O estatuto social da organização prevê que o número de membros do CA é de sete
conselheiros, entre os quais, dois indicados pelos acionistas minoritários. Quatro membros são
indicados pelo acionista controlador e um posto no conselho é ocupado por representante dos
funcionários, por indicação de clubes de investimentos, que detenham no mínimo 3% do
capital votante. Tal estruturação do CA coloca um dos seus membros com dupla
responsabilidade, eis que o vice-presidente do conselho acumula suas funções com a de
Presidente executivo, posição que Andrade e Rossetti (2004) chamam de insider. Para esses
autores, a constituição mista de um conselho de administração (insiders, outsiders e outsiders
relacionados) é a que parece ser a que reúne maior potencial para produzir melhores
resultados. No caso presente, o CA está constituído por um conselheiro insider e seis
outsiders. Isto se deve a distorções de seu estatuto social, provavelmente pela grande
concentração da propriedade do capital em poder de um único acionista, que nas assembléias
gerais acaba determinando a constituição do conselho.
No ano de 2003 o conselho reuniu-se dezesseis vezes, através de treze reuniões
ordinárias e três extraordinárias. Em 2004 foram quinze sessões: doze ordinárias e três em
caráter extraordinário. Essa média pode ser considerada adequada para os padrões da boa
governança apontados no Código do IBGC. Observa-se que esses encontros obedecem a um
padrão estrutural e são divididos basicamente em três partes:
a primeira é reservada para o conselho de administração tomar ciência da prestação
de contas das ações sistemáticas da auditoria interna, relatórios de desempenho das
informações gerenciais, acompanhamento do orçamento de investimentos, etc.;
a segunda parte é reservada às homologações, prática que será abordada na seção
seguinte deste capítulo; e,
152
a terceira parte é tomada pelas deliberações propriamente ditas, desdobradas em
aprovações e autorizações.
Dispõe ainda o referido documento que toda sociedade deve ter auditoria
independente, pois se trata de um agente de governança corporativa de grande importância
para todas as partes interessadas, uma vez que sua atribuição básica é verificar se as
demonstrações financeiras refletem adequadamente a realidade da sociedade. Nesse sentido,
os resultados da pesquisa realizada revelam aderência às boas práticas, tanto no que se refere
à forma de estruturação, quanto ao modelo de procedimentos do CA, bem como da auditoria
independente nacional e internacional. Não há indícios de conflitos ou concorrência por parte
desta última com a auditoria interna ou com o comitê de auditoria.
Nenhum dos conselheiros tem participação significativa no capital social e apenas o
vice-presidente do conselho de administração acumula função executiva, como presidente do
conselho diretor. Nas decisões sobre políticas, estratégias corporativas, plano geral de
negócios, plano diretor e orçamento global, se requerem votos favoráveis de, no mínimo,
cinco conselheiros, ou seja, pelo menos um representante dos acionistas minoritários tem que
aprovar a medida, o que se mostra uma salutar prática de governança.
Importante quantidade de atribuições do CA necessita de análises com maior
profundidade, demandando um tempo acima do que aquele disponível nas reuniões do
conselho, que, por força estatutária, são mensais. Assim, alguns comitês de apoio são
formados, como o que se encontrou na organização pesquisada, que trabalham com o objetivo
de oferecer subsídios às decisões do CA, conforme ilustrado na Figura 11. Na organização
bancária pesquisada encontram-se formados os comitês de auditoria e de risco global. A este
último estão vinculados os seguintes comitês, subcomitês, e comissões:
de prevenção de ilícito financeiro e/ou cambial;
limite de crédito;
operações;
administrativo, operacional e de racionalização de custos;
comunicação;
negócios;
solução de inquéritos administrativos;
153
recursos;
operações;
segurança da informação;
Internet;
cenários econômico-financeiros;
desburocratização e racionalização de custos; e,
cessão de funcionários.
Esta abordagem preliminar que contextualiza o estudo realizado no conglomerado
bancário, serve como parte introdutória a este capítulo da dissertação, cujo escopo se encontra
na análise quantitativa das deliberações do conselho de administração sob a égide dos códigos
de boas práticas de governança corporativa, à vista dos dados coletados em um determinado
período. Observando a metodologia referida por Vergara (2003) e apoiado em dados
quantitativos compilados das atas de reuniões do CA nos anos de 2003 e 2004, comentados
nas subseções anteriores, através da análise desse conjunto de informações sob o viés
qualitativo, buscou-se interpretar o caráter fenomenológico das decisões daquele colegiado,
ressalvando-se que a tabulação dos dados foi realizada por meio da decomposição em
quantidade de ocorrências, ou seja, cada deliberação foi tomada como uma ocorrência e,
assim, o número de decisões transformou-se no quantitativo cuja freqüência deu forma aos
gráficos comentados nas subseções anteriores. Ainda do ponto de vista qualitativo, dado o
caráter específico de cada deliberação, foi necessário estender o estudo das ocorrências
através do agrupamento das mesmas obedecendo a sua natureza e características comuns,
abordagem que é tratada na seção seguinte deste capítulo. Como será possível observar, nesta
subseção pretendeu-se interpretar os dados decompostos e tratá-los de forma bruta e linear.
A propósito, dispostos em um ambiente espacial simétrico, representados no Gráfico
4, no qual é possível sobrepor os dados representativos dos dois anos nas cinco perspectivas
do BSC, a formatação do desenho resultante das linhas que unem os pontos em cada eixo dá
uma noção da tendência de como a perspectiva Processos Internos ocupou a pauta das
reuniões do CA no período.
Na conceituação dos autores do modelo Balanced Scorecard, (Kaplan e Norton,
1997), os executivos de uma organização devem identificar os processos mais críticos para a
154
realização dos objetivos dos Clientes e Acionistas. As empresas costumam desenvolver
objetivos e medidas para a perspectiva Acionistas depois de formular objetivos e medidas
para as áreas Financeira e do Cliente. Essa seqüência permite que sejam focadas as métricas
dos Processos Internos, que em tese deverão conduzir a empresa a atender simultaneamente
aos objetivos dos Clientes e Acionistas. Essa análise seqüencial, de cima para baixo, costuma
revelar processos de negócios inteiramente novos nos quais a empresa pode buscar a
excelência através da melhoria contínua.
Voltando à quantidade de liberações do CA na organização bancária em estudo, o fato
de a perspectiva Processos Internos chamar a atenção pelo grande número de ocorrências de
decisões, pode não significar, necessariamente, uma distorção. A interpretação desse
fenômeno pode levar ao entendimento de que, por ser inerente à fixação ou manutenção das
políticas, torna-se próprio da natureza da governança corporativa, sobretudo se for
considerado o momento de transformação da indústria financeira no País e o próprio porte da
corporação.
Por outro lado, embora responda pelo menor número de ocorrências nos dois anos, a
perspectiva Sociedade foi a que apresentou maior evolução percentual, conforme abordado na
subseção 4.8.3 deste capítulo. Além disso, apesar de em menor número, percebeu-se que as
decisões tomadas nessa perspectiva foram as que apresentaram maior repercussão,
principalmente por terem contribuído para a introdução do conceito e das práticas de
sustentabilidade na organização.
Outro ponto que favorece uma avaliação positiva sobre algumas práticas de
governança na organização, através da observação nas atas das reuniões do conselho de
administração, é a regularidade com que aquele colegiado toma ciência das ações, através do
documento chamado “Sumário Executivo”, editado trimestralmente com o relato das
principais atividades concluídas pela auditoria interna, através do comitê de auditoria. Um
outro aspecto valorizado por analistas de mercado e investidores, diz respeito à forma como as
organizações gerenciam o risco de suas atividades, particularmente as instituições financeiras.
Segundo conseguiu-se apurar através dos documentos pesquisados, o modelo de gestão de
riscos da corporação tem sido bem referenciado pelo mercado, entre outros motivos por ter
sido a primeira área da sua estrutura a obter certificação de qualidade, a qual vem mantendo
desde meados da década passada.
155
A seção seguinte dedica-se à análise geral dos resultados propriamente ditos,
produzidos pelas decisões do conselho de administração.
4.9 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Mediante a verificação das informações contidas nas atas das reuniões do conselho de
administração da organização estudada, categorizadas de acordo com as dimensões do
Balanced Scorecard e elencadas nos Apêndices 1 e 2 desta dissertação, nesta seção, a análise
dos resultados encontra-se centrada sobre os fatores críticos de sucesso e aspectos correlatos
que tiveram relevância para os objetivos da pesquisa, e foi feita através do cruzamento das
informações entre o sistema de gestão e o processo decisório da organização, de forma a
oferecer, como produto, a avaliação quanto à observância das melhores práticas de
governança por seu principal órgão colegiado.
4.9.1 Análise geral
No sentido amplo, pode-se dizer que a política da organização, manifestada através
dos propósitos e das medidas do Balanced Scorecard, e a transformação da mesma em ações,
verificada por meio da análise das deliberações do conselho de administração, encontram-se
em consonância com seus objetivos econômicos – assegurar um retorno sobre o patrimônio
líquido compatível com a média da indústria a que pertence. Foi detectado na pesquisa,
contudo, um viés social nas deliberações que interfere na busca desse objetivo em todas as
ações da companhia. Há que se considerar, nesse sentido, que a organização possui
participação societária mista, condição que a leva, em determinadas situações, a privilegiar
políticas de interesse social que, mesmo oferecendo retorno condizente ao capital empregado,
remuneram a taxas de oportunidade aquém de outros ativos. Essa aparente dicotomia, que
consta da sua própria missão (subseção 4.3.3), e que de um lado é própria de uma organização
puramente empresarial, e de outro, lhe invoca o compromisso com o desenvolvimento
156
econômico e social, traduz a concepção e o propósito de um moderno modelo de negócios
comprometido com a sustentabilidade e, por conseguinte, com o futuro da empresa.
O elo entre a formulação da política e sua operacionalização tem sido objeto de
estudos sobre a relação “causa e efeito” do sucesso e/ou do insucesso das organizações. Nesta
pesquisa, foram identificados dois instrumentos de gestão que contribuem para a prática da
governança corporativa na organização, a saber:
o Comitê de Risco Global (comitês, subcomitês e comissões de apoio às decisões),
que subsidiam o conselho diretor e o CA; e,
a adoção do Balanced Scorecard, instrumento de gestão estratégica de redução dos
hiatos de comunicação e de alinhamento entre os diversos níveis organizacionais de
todo o conglomerado.
A primeira das perspectivas da organização (subseção 4.3.4) é “garantir rentabilidade
compatível com padrões de mercado”. A análise comparativa do resultado financeiro no
período demonstra que a empresa atendeu, no conjunto das suas atividades, os objetivos
contemplados nessa dimensão estratégica, não só porque superou os resultados de períodos
pretéritos, como também porque nos dois exercícios estudados apresentou performance
compatível comparada com os outros grandes competidores da indústria bancária brasileira.
Esta comparação torna-se instigante quando relacionada à redução verificada no número de
deliberações pelo CA na perspectiva Financeira do BSC. Como conseqüência, pode-se chegar
ao seguinte questionamento: “Porque os resultados financeiros da corporação se mostraram na
razão inversa àquela verificada com a quantidade de deliberações do CA, catalogadas na
perspectiva Financeira do BSC no período do estudo?”.
Observe-se que no Mapa Estratégico da Organização (Figura 14) constam alguns
objetivos e medidas que podem responder a esta indagação. Um deles, ligado à perspectiva
Processos Internos, refere-se a “otimizar e aperfeiçoar os processos da organização”; outro
que trata da “disponibilização de serviços com tecnologia avançada e em canais
complementares”, ou seja, também é um tipo de racionalização de processos que proporciona
alta economia de escala. Convém que seja também ponderada a existência de um comitê e de
uma comissão vinculados ao Comitê de Risco Global, que cuidam da racionalização dos
custos na corporação. Acredita-se, assim, esteja justificado o fato de a empresa, mesmo diante
da redução na quantidade de decisões associadas à perspectiva Financeira, porém com a
157
elevação das deliberações do CA na perspectiva Processos Internos, tenha conseguido atingir
seus objetivos e metas estabelecidos no BSC.
Por se tratar de organização cuja atividade principal está relacionada à intermediação
financeira, há que se considerar, adicionalmente, que as circunstâncias que envolvem a
política monetária seguida nesse período pelo Banco Central do Brasil, centrada na
manutenção da taxa básica de juros em patamares elevados, serviram como indutor para o
aumento dos spreads bancários, variável relevante na formação das receitas das empresas do
setor. Pode-se com isso, provocar uma nova interrogação: “Como seria possível explicar a
seqüência exponencial dos resultados financeiros e a curva ascendente de valorização no
preço de suas ações, vis-à-vis a redução no número de decisões do principal colegiado da
empresa na perspectiva Clientes do BSC no mesmo período?”.
Este questionamento encontra resposta nos objetivos e medidas relacionados à
perspectiva Clientes, onde pode-se identificar o direcionamento estratégico da organização,
sinalizando no crescimento da base de clientes como pedra angular para o aumento do volume
de negócios. Pode-se inferir, assim, que os resultados financeiros e não-financeiros
produzidos estão muito mais relacionados à qualidade e amplitude das decisões tomadas pelo
conselho de administração da organização, do que propriamente à quantidade das decisões
correlatas com a perspectiva Financeira no período estudado.
No Gráfico 10 tem-se representada a evolução dos resultados financeiros nominais
entre os exercícios 2000 e 2004, onde pode-se verificar que os cinco exercícios
proporcionaram um resultado acumulado de R$ 9.488 milhões. O maior percentual de
crescimento ocorreu entre 2001 e 2002 (88%). No período relacionado ao estudo – 2003 e
2004 – a empresa registrou uma evolução percentual de seus resultados financeiros de 49%,
enquanto os valores nominais, somaram R$ 5.405 milhões.
158
974
1.081
2.028
2.381
3.024
-
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
2000 2001 2002 2003 2004
Gráfico 10 – Evolução do resultado financeiro da organização, em R$ milhões, entre
2000 e 2004.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Sabendo-se que a principal referência para os investidores continua sendo o retorno
sobre o capital, indicador que determina a variação das cotações dos papéis negociados no
mercado de capitais, o Gráfico 11 oferece uma visualização do comportamento das ações da
organização pesquisada em comparação com a variação do índice geral das ações negociadas
na Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) no período entre 2000 e 2004, onde se consegue
visualizar a variação de 49,11% - referente ao período objeto da presente pesquisa - janeiro de
2003 a dezembro de 2004.
Gráfico 11 – Comparação das variações diárias do valor patrimonial por ação da organização pesquisada
e do Ibovespa, entre 30.12.2002 e 31.12.2004.
Fonte: Elaborado pelo autor com base no Índice da Bolsa de Valores de São Paulo.
Variação das Ações da Companhia Variação do Ibovespa
Dez/2002
Dez/2004
231,97%
132,47%
159
Pelo que se depreende da representação gráfica, enquanto que o índice das ações
negociadas pela Bovespa, entre o final de 2002 e a última cotação registrada em 2004,
alcançou uma variação de 132,47%, as ações da instituição financeira pesquisada atingiram
uma valorização 231,97%, fato que justifica a atratividade gerada sobre os papéis da empresa
negociados no mercado de capitais, que pode ser associado ao tratamento dispensado pela
organização às perspectivas Financeira e de relações com os acionistas.
Outro tipo de análise pode ser realizado através da tipificação e da quantificação das
decisões do CA, utilizando-se a categorização proposta nas três dimensões da sustentabilidade
– Econômica, Social, Ambiental –, conhecida como triple bottom line, e que se encontram
elencadas na Tabela 1.
Tabela 1 – Decomposição das decisões do CA segundo as dimensões triple bottom line em 2003 e
2004.
Econômica Social Ambiental Total
2003 99 151 42 292
2004 80 156 51 287
Total 179 307 93 579
Ano
Dimensões
Fonte: Elaborada pelo autor.
A análise sob o enfoque da sustentabilidade demonstra que nas decisões do conselho de
administração nos dois anos pesquisados houve uma predominanância na dimensão Social,
com 307 deliberações, o que corresponde a 53% do total das matérias deliberadas por aquele
colegiado. Caso adicionadas à dimensão Ambiental, as decisões do CA categoriazadas como
de caráter socioambiental representaram 69% do total, ficando a dimensão Econômica com
31% das matérias elevadas ao conselho.
Esta avaliação pode ser visualizada no Gráfico 12, e revela a concentração das decisões
do principal colegiado da empresa na dimensão Social, dentro dos conceitos estabelecidos no
triple bottom line.
160
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Econômica
SocialAmbiental
2003 2004
Gráfico 12 – Comparação das decisões do CA nos anos de 2003 e 2004, segundo as dimensões do
triple bottom line.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Convém ressaltar que a aparente discrepância entre o número total de ocorrências
(decisões), decompostas segundo os critérios do triple bottom line e o número de decisões
verificadas na decomposição pelos critérios do BSC, apresentados na subseção 4.8.1, pode ser
explicada pelo fato de uma única decisão poder ser classificada em mais de uma perspectiva
(no caso da decomposição pelos critérios do BSC), ou mais de uma dimensão (no caso de a
decomposição ser feita pelos critérios do tripple bottom line).
A priori, quando analisadas em conjunto, a representação acima com aquela do
Gráfico 4, poder-se-ia chegar a uma conclusão dissonante a respeito da tipificação das
deliberações do CA da empresa. Enquanto naquele constatou-se um direcionamento para
deliberações correlatas à perspectiva Processos Internos do Balanced Scorecard (BSC),
revelando uma tendência da organização para a endo-governança, sob a conceituação do triple
bottom line (TBL) o gráfico acima apresenta um direcionamento distinto, demonstrando uma
concentração importante das decisões em matérias relacionadas a questões socioambientais.
Na verdade, como a categorização dessas decisões seguiu critérios nas duas metodologias,
muitas das deliberações, classificadas pelo BSC como Processos Internos – ferramenta de
gestão que trata as perspectivas de forma mais específica –, estão relacionadas a matérias de
161
interesse social, as quais, sob o prisma da sustentabilidade (ou TBL) recebem uma
conceituação de maior amplitude, de caráter mais genérico.
As subseções seguintes tratam da correlação dos dados e da análise efetuada sobre as
informações colhidas das fontes pesquisadas, onde se procura oferecer respostas às questões
de que trata o capítulo 1 desta dissertação.
4.9.2 Respostas às Questões de Pesquisa
Conforme abordado na Introdução deste trabalho (seção 1.4), foram formuladas
questões de pesquisa que, observando a metodologia descrita no capítulo 3, visaram orientar o
estudo de caso e elucidar o problema identificado. Nesta etapa, que objetiva atender às
expectativas da pesquisa, tais questões são tratadas de forma individualizada observando a
ordem de formulação das mesmas. Procura-se, dessa forma, oferecer como resultado
conclusões sobre as análises das deliberações tomadas pelo principal colegiado da corporação
objeto da pesquisa, no que concerne ao alinhamento com as estratégias, modelo de gestão,
políticas técnicas e à observância das melhores práticas de governança corporativa.
4.9.3 Decisões sob o prisma das boas práticas de governança
Para a primeira questão de pesquisa – “As decisões tomadas pelo conselho de
administração, no período pesquisado, conduzem a organização a seguir as boas práticas de
governança corporativa?” – procurou-se avaliar, quantitativa e qualitativamente, as
deliberações do conselho de administração da companhia nos exercícios de 2003 e 2004.
Percebe-se, através da análise das atas das reuniões do conselho de administração, e a
partir das deliberações daquele colegiado, no período pesquisado ocorreram dois momentos
distintos, a saber:
em 2003: houve um foco nos resultados financeiros de curto prazo e na melhoria
dos processos internos, especialmente, com Tecnologia da Informação;
162
em 2004, houve uma elevação das matérias de caráter social, reduzindo a proporção
das decisões focadas no desempenho financeiro. Isso permite inferir que a
responsabilidade social da organização passou a ganhar maior importância na
estratégia corporativa, implicando em investimentos com resultados de longo prazo
e na melhoria da imagem da empresa perante a sociedade. Entre as principais
decisões, se encontram a adesão aos Princípios do Equador e à Agenda 21, a
divulgação da Carta de Princípios Socioambientais e a criação das áreas de
Ouvidoria (externa e interna).
O estudo identificou, assim, que no geral as decisões tomadas pelo CA estiveram em
consonância com as práticas de governança corporativa definidas no Código das Melhores
Práticas do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e com as normas editadas
pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Uma ressalva encontrada durante a pesquisa, e
que não se refere propriamente ao conjunto de deliberações analisadas, situa-se na esfera da
estruturação dos seus comitês. Foi constatada a ausência de membros do conselho de
administração na composição comitê de auditoria, cuja presença é referida como prática
obrigatória pelo IBGC, embora registre-se a alternância do mandato de seus três membros
titulares a cada três anos, o que permite que o comitê seja renovado em um terço a cada ano.
O Painel a seguir procura resumir os principais pontos de convergência e divergência
decorrentes do confronto do resultado pesquisa com a consolidação das melhores práticas de
governança corporativa, e vem atender a um dos objetivos específicos listados na subseção
1.3.2.
163
PAINEL DE AVALIAÇÃO DAS PRÁTICAS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA
ASPECTOS POSITIVOS OBSERVAÇÕES DO AUTOR
Política de Negociação – adoção de Política de Negociação com Valores
Mobiliários de sua emissão por todas as pessoas que, no conceito da
organização são consideradas auto-reguláveis.
Gestão de Riscos e Conformidade – o modelo de gestão de riscos da
instituição vai além do cumprimento de todos os dispositivos legais e
regulamentos requeridos do mercado. Inclui, ainda, categorias não
exigidas e implementa níveis de segregação superiores aos recomendados
pelos normativos vigentes.
Porta-voz da Sociedade – o IBGC recomenda que seja o diretor de
relações com investidores, a fim de eliminar risco de haver contradições
entre as declarações do presidente do conselho e as do executivo principal
(CEO). No caso pesquisado, essas atribuições estão a cargo de um gerente
de relações com investidores, vinculado diretamente ao vice-presidente de
finanças, mercado de capitais e relação com investidores.
Arbitragem – o Código do IBGC recomenda que os conflitos entre sócios,
e entre estes e a sociedade, devam ser resolvidos preferencialmente por
meio de arbitragem. No caso pesquisado, essa orientação consta do próprio
estatuto da instituição.
Conselheiros – segundo Andrade e Rossetti (2004 p.199), o CA deve ser
constituído de forma balanceada entre conselheiros internos (insiders) e
externos (outsiders). A configuração do conselho da organização
pesquisada apresenta um balanceamento de seis outsiders por um insider.
Todavia, não foi possível apurar se existem conselheiros denominados
outsiders relacionados”, segundo conceituação desses autores.
Adesão aos “Princípios do Equador” - a instituição passou recentemente a
ser signatária dos “Princípios do Equador” (ver subseções 2.4.4 e 4.6.7).
Carta de Princípios de Responsabilidade Socioambiental – fixação das
políticas de relacionamento com as partes interessadas (ver seção 4.6).
Adesão do conglomerado ao Global Compact (Pacto Global) – ação de
iniciativa da ONU, que objetiva mobilizar a comunidade empresarial
internacional para a promoção de valores fundamentais nas áreas de
direitos humanos, trabalho e meio-ambiente.
Desenvolvimento da Agenda 21 Empresarial – comprometimento com
ações voltadas ao desenvolvimento sustentável de seus negócios, que é a
própria agenda socioambiental do conglomerado.
Ouvidorias (Interna e Externa) – estabelecimento de canal direto de
comunicação do público interno e externo com o corpo diretivo da
organização.
Composição do comitê de auditoria – o comitê de auditoria deve ser
formado por membros do conselho de administração, preferencialmente
independentes, segundo o Código do IBGC. Isso não ocorre no caso
pesquisado.
Reunião dos conselheiros independentes (outsiders) – segundo o código
do IBGC, para que o conselho possa avaliar, sem constrangimentos, a
gestão da diretoria, é importante que os conselheiros externos (outsiders)
possam reunir-se com regularidade sem a presença dos diretores e/ou
conselheiros internos (insiders).
Avaliação dos conselheiros e da diretoria executiva – não foi possível
apurar.
Sessões executivas – o Código do IBGC diz que o executivo principal
pode ser membro do conselho de administração, desde que exista a prática
de sessões executivas, que é a parte da reunião do conselho de
administração na qual o executivo principal ou integrantes da diretoria
executiva dela não participam.
Free float – embora o Código do IBGC recomende, mas não estabeleça o
percentual, o Regulamento da Bovespa e toda a literatura recomendam
que o percentual mínimo seja de 25%. No caso pesquisado é de 6,81%.
Acionistas minoritários – embora o estatuto da organização preveja que
dos sete conselheiros, dois sejam representantes dos acionistas
minoritários e um seja representante de clubes de investimento de
funcionários, verificou-se que seu Fundo de Pensão é que indica esses três
conselheiros. Ocorre que o Fundo de Pensão tem boa parte de seus
próprios conselheiros indicados pelo patrocinador, (inclusive o
presidente), que é a própria organização pesquisada. Ou seja, na prática,
ainda que indiretamente, a organização pesquisada acaba indicando os três
representantes dos acionistas minoritários, do total de sete membros do
seu conselho de administração (entendido que os outros quatro
conselheiros já são indicados pelo acionista controlador), o que
caracteriza-se como uma distorção na ótica da governança corporativa.
Não enquadramento aos padrões contábeis recomendados pelo US GAAP,
o que impede as pretensões da organização de ascender ao Novo Mercado
(vide subseções 4.7.5 e 4.8.7).
Baixa probabilidade de a organização aderir à Câmara de Arbitragem,
dado o rigor das suas normas, procedimento condicionante de seu ingresso
no Novo Mercado.
Quadro 11 – Painel de avaliação das práticas de governança corporativa.
Fonte: Elaborado pelo autor.
164
4.9.4 Apoio do BSC às decisões do CA
A segunda questão de pesquisa – “Os conceitos do BSC contribuíram para apoiar as
decisões daquele colegiado?” – requereu, após se conhecer os mapas estratégicos, as
perspectivas e os indicadores do Balanced Scorecard, que fossem categorizadas todas as
deliberações do conselho de administração nos exercícios de 2003 e 2004, conforme listagens
que integram esta dissertação através dos Apêndices 1 e 2 respectivamente.
O trabalho de decomposição das decisões permitiu identificar, no direcionamento
estratégico da organização, um esforço do seu principal colegiado para o atingimento dos
objetivos corporativos. Também foi possível constatar neste estudo que a estratégia
corporativa constante do mapa estratégico – modelo utilizado para sumarizar a descrição dos
principais objetivos e seus respectivos indicadores de medidas, distribuídos e balanceados
dentro de cada perspectiva e que servem para conectar a estratégia de longo prazo aos
objetivos e ações de curto prazo –, foi aplicada no instrumento de gestão BSC que, em linhas
gerais, apresentou nos dois exercícios como principais características e vantagens:
boa arquitetura de causa e efeito, interligando de forma clara e permitindo a
medição de todas as variáveis correlatas com as cinco perspectivas;
gerou uma espécie de painel de controle operacional de curto prazo, vinculado à
visão de longo prazo e à estratégia do negócio; e,
permitiu a adição de valor à organização através da introdução e valorização de
indicadores não financeiros para avaliar perspectivas de performance futura dentro
dos princípios da boa governança corporativa e sustentabilidade.
Desta forma, ainda que a tabulação de algumas perspectivas categorizadas nas
subseções anteriores deste capítulo apontem pequenas distorções em relação aos objetivos e
medidas registrados no mapa estratégico, deve-se ponderar que essas seqüências tratam de
análises quantitativas. Buscou-se, por conseqüência, para responder consistentemente a
presente questão de pesquisa, avaliar adicionalmente a qualidade das decisões e os resultados
delas decorrentes. O estudo permite concluir, sob este enfoque, que os conceitos e a utilização
da ferramenta de gestão do BSC contribuíram para apoiar as decisões do conselho de
administração nos anos de 2003 e 2004.
165
4.9.5 Estrutura conceitual do processo decisório
Como tratado na revisão de literatura (capítulo 2), a gestão de uma empresa pode ser
representada por um conjunto de atividades, que compreendem processos como o de análise,
de comunicação, o exercício da liderança, a criação de um ambiente motivador que estimule a
inovação, e, sobretudo, o de tomada de decisões. Os processos decisórios das corporações
tendem a ser os mais complexos, pois implicam em privilegiar mais a opinião coletiva do que
uma escolha pessoal. Por isso envolvem um número maior de pessoas e um conjunto mais
complexo de antecedentes, uma análise mais complexa em termos de preferências. Dado o
interesse da pesquisa em investigar esses aspectos na empresa estudada, tal preâmbulo se
aplica à formulação da terceira questão formulada – “Qual é a estrutura conceitual do
processo decisório na organização estudada?”.
Para subsidiar a resposta, buscou-se, preliminarmente, identificar na organização as
características da sua estrutura. Foram identificados dois tipos, a saber:
organizacional – representado pelo organograma geral apresentado na Figura 10,
onde fica caracterizada a configuração dos órgãos de linha e assessoramento e as
intervinculações entre si. São responsáveis pela operacionalização da gestão;
funcional – representada na Figura 11 é constituída com finalidades específicas.
Esta estrutura é formada pelos titulares dos órgãos da estrutura organizacional em
caráter de rodízio, de acordo com cronograma previamente estabelecido, e tem por
objetivo apreciar matérias de natureza administrativa ou operacional, que estejam
no seu limite de competência por questão de alçada. É subdividida em comitês,
subcomitês e comissões e é coordenada pelo Comitê de Risco Global. Funcionam
como comitês de apoio às decisões.
As decisões são tomadas de forma colegiada e por consenso. Na falta deste, o processo
sob análise é submetido à instância superior com a justificativa do membro discordante.
Apenas as decisões de ordem rotineira e de menor valor e importância são tomadas na alçada
do próprio órgão de linha, ainda assim, obedecendo aos mesmos critérios de decisão
colegiada.
166
Na seção 4.3 deste capítulo, dedicada à Estratégia Corporativa, procurou-se dar uma
visão sobre a gestão de riscos e conformidade, responsabilidade do Comitê de Risco Global,
instância maior da estrutura funcional de decisão na organização e que coordena as ações dos
demais comitês, subcomitês e comissões a ele vinculados. O Comitê de Risco Global é
composto por membros do conselho diretor, diretores executivos e executivos de diversas
áreas, e essa estrutura se relaciona ascendentemente com o conselho diretor e, em última
instância, com o conselho de administração. O estatuto social da organização dispõe que a
forma de deliberação no comitê é por maioria de votos, sendo necessário:
voto favorável de cinco dos sete conselheiros para aprovação das matérias
relacionadas a aprovação de políticas e estratégias corporativas, plano geral de
negócios, plano diretor e orçamento global do conglomerado; definir as atribuição
da Unidade de Auditoria Interna, nomear e dispensar o auditor geral; escolher e
destituir auditores independentes; e aprovar regimento interno;
voto favorável da maioria dos conselheiros presentes para a aprovação das demais
matérias, prevalecendo, em caso de empate, o voto do presidente do conselho, ou do
seu substituto no exercício das funções.
A criação Comitê de Risco Global constituiu-se num importante mecanismo de apoio
técnico às tomadas de decisão, tanto do conselho diretor (diretoria executiva) quanto do
próprio conselho de administração. Juntamente com o conselho fiscal e com o comitê de
auditoria, eles formam a tríade de células (além do conselho diretor e da AGA) que atendem e
suportam as relações diretas com aquele órgão colegiado.
Acrescente-se que o conselho fiscal é um organismo criado de forma compulsória para
cumprir as exigências da Lei das S.A. e que realiza atividades sobre ocorrências que já se
consolidaram. Por sua vez, o comitê de auditoria constitui-se em um mecanismo mais
avançado que proporciona um aperfeiçoamento nos aspectos de governança, embora, ainda
assim, eventualmente, também analise fatos e dados pretéritos, dependendo da natureza da
matéria apreciada. O Comitê de Risco Global, apresentado esquematicamente na Figura 11,
por sua vez, analisa situações e propõe encaminhamento de questões a serem apreciadas para
fins de deliberação do conselho de administração, quando na alçada de competência deste. Ou
seja, trata do refinamento da decisão a ser tomada, embora não seja uma estrutura
organizacional, é uma estrutura de decisão constituída por arranjos funcionais, que
contribuem não só para alargar o espectro da visão dos negócios, à medida da presença de
167
componentes do conselho diretor e diretores executivos, como também para mitigação dos
riscos, pois dele participam os executivos que respondem tecnicamente pela gestão. O
instituto dessa configuração acaba se constituindo numa espécie de spirit of corps que visa
proteger a organização de eventuais conseqüências quanto a alguma tomada de decisão sem o
rigor técnico necessário.
4.9.6 Relações entre as decisões do CA e os conceitos de sustentabilidade
Embora não se constitua em questão central, uma das propostas deste estudo é
investigar colateralmente a existência de pontos de tangência entre as decisões do conselho de
administração da organização estudada e a sustentabilidade. Ou seja, verificar qual o grau de
alinhamento das políticas da organização para com a perenidade de seus negócios. A
clarificação a essas indagações busca responder a quarta e última questão de pesquisa: “Existe
aderência entre as decisões do conselho de administração e os conceitos de sustentabilidade ?”
Uma das considerações da subseção 2.4.4, dispõe que as empresas continuam a ser
majoritariamente governadas pelo viés econômico, e só muito recentemente administradores e
acionistas começaram a perceber que a dimensão social deve ser incluída em suas decisões de
investimento como requisito básico para a própria sobrevivência do negócio. Tomando-se por
definitiva a equação da sustentabilidade de Almeida (2002), apresentada na seção 2.4, é de se
supor que as empresas que ainda não têm sua política coadunada aos conceitos da
sustentabilidade, não o fazem por incapacidade de interpretar o presente e/ou falta de alcance
do futuro ou, o que é pior, por falta de comprometimento para com o ambiente ao qual
pertencem e, em última análise, para com a sobrevivência do próprio negócio.
Em que pese algum assinalamento pontual de desvio nos aspectos de governança
retratados no Painel de Avaliação das Práticas de Governança Corporativa, que compõe a
subseção 4.9.3, e as questões apontadas nas Tabelas 2 e 3, da subseção 4.9.7, as decisões do
conselho de administração da organização estudada, decompostas tanto pelos critérios do BSC
(ver seção 4.8), quanto pelos do triple bottom line (ver Tabela 1 e Gráfico 12), podem ser
inferidas como de forte indicação de aderência para com os princípios da sustentabilidade,
conforme verifica-se na seção 4.5.
168
4.9.7 Considerações Finais
Um ponto observado na funcionalidade do conselho de administração merece registro
de constatação. Refere-se à freqüência de ocorrências de decisões tomadas ad referendum
pelo presidente do órgão colegiado. Algumas dessas ocorrências são ordinárias, da mesma
natureza e recorrentes – tratam de uma espécie de “renovação automática” de afastamento de
diretor executivo – seqüência cessada em maio de 2004. Outras, porém, tratam de questões de
caráter estrutural e estratégico, como reestruturação organizacional da diretoria executiva,
com criação de cargos, exoneração e nomeação de diretores, etc. A tabela abaixo demonstra a
correlação do número desses eventos com a freqüência total de ocorrências, ano a ano.
Tabela 2 – Correlação de eventos de decisões homologatórias ad referendum e
total de ocorrências em 2003 e 2004.
2003 2004
Homologação de decisões ad
referendum do colegiado
13 13
Total de ocorncias 196 189
% de incidência 6,63% 6,88%
Natureza da decisão
Exercios
Fonte: Elaborado pelo autor.
Uma outra questão que merece reflexão é o alto número de ocorrências classificadas
na perspectiva “Processos Internos”, quando comparado ao das demais perspectivas. Isto pode
ser explicado pela quantidade de itens a que se obriga o conselho de administração declarar-se
ciente, quer seja por força de Regulamento Interno, quer seja por acuidade e postura ativa que
demonstra aquele órgão colegiado deter, ou, ainda, pelo próprio tamanho, estrutura e
complexidade da organização governada.
169
A Tabela 3 proporciona o estabelecimento dessas comparações.
Tabela 3 – Correlação de eventos de declaração de “ciência” e total de
ocorrências.
Sobre as relações de funcionalidade existente entre o conselho diretor e o conselho de
administração, percebeu-se, na análise dos registros das deliberações tomadas pelo CA, em
pelo menos duas vezes, este reformando o voto daquele. Em ambos os casos, as questões
distintas foram acatadas e aquiescidas pelo CA, mas não da forma como foram encaminhadas
para apreciação. Em outra oportunidade o CA devolveu ao conselho diretor, para posterior
análise, uma matéria que constava como item da pauta de reunião, após verificar que lhe fora
remetida fora do tempo mínimo requerido pelo Regimento Interno, para trâmites normais,
com a recomendação de que o assunto fosse incluído na próxima pauta, o que demonstra
personalidade e soberania da política que emana do conselho de administração e orienta o
conglomerado.
Considerando-se como concluída em seu propósito, encerra-se a apresentação do
presente estudo de caso, passando-se, no próximo capítulo, a abordar alguns aspectos de
funcionamento de conselhos de administração como referenciais de mercado, com a
finalidade de estabelecer-se um marco comparativo com a organização estudada.
5 SOBRE A ATUAÇÃO DE CONSELHOS DE ADMINISTRAÇÃO
A transição para o capitalismo sustentável será uma das mais complexas revoluções que a
nossa espécie já vivenciou. Estamos embarcando em uma revolução cultural global, que tem
como epicentro a sustentabilidade. Ela tem a ver com valores, mercados, transparência,
ciclos de vida de tecnologias e produtos e tensões entre o longo e o curto prazo. E as
empresas, mais que governos ou outras organizações, estarão no comando destas revoluções.
Um comando que se exercerá pelos princípios da governança corporativa. (ELKINGTON, J.
Cannibals with forks: the triple bottom line of 21
st
century business, 1999).
O recente e caloroso debate internacional a respeito da governança corporativa tem
influenciado diretamente a forma de administrar (governar) as empresas, bem como as
propostas de regulação do mercado de capitais brasileiro. E tal debate já parte do termo
designativo do complexo temático, a governança corporativa, sua extensão e adequação.
Exemplo concreto e simples desta influência é a introdução pela Comissão de Valores
Mobiliários de sua cartilha de governança corporativa, bem como a instituição pela Bovespa
dos diferentes segmentos de negociação segundo as exigências de cumprimento de regras
específicas de governança corporativa, ambos já comentados ao longo do capítulo 4.
Consagrado como o mais importante agente da governança corporativa, o conselho de
administração, instituto objeto do presente estudo, está passando por profundas modificações
de constituição e funcionamento. Essas mudanças se devem ao ativismo da governança e às
implementações de novas normas na legislação, como pode-se observar na seção 5.1. Os
acionistas minoritários, os investidores institucionais e os demais apostadores, como
empregados e credores, estão provocando mudanças nas estruturas e no funcionamento dos
conselhos de administração. Apesar de o ativismo da governança no Brasil e, em especial, na
América Latina ser ainda incipiente, alguns sinais alentadores já são visíveis.
O IBGC, aliado a organismos internacionais, tem procurado mobilizar as empresas
brasileiras pela maciça divulgação do código das melhores práticas, e por meio de cursos de
capacitação e eventos regulares está desempenhando um papel preponderante na nova
governança. Os resultados ainda podem ser considerados tímidos em relação aos objetivos
ambiciosos dos fundadores, seus líderes e associados. Por exemplo, poucos órgãos
governamentais implementaram até hoje as recomendadas práticas da governança e a minoria
171
das companhias listadas na Bolsa de Valores de São Paulo está num status satisfatório em
relação às melhores práticas. Por outro lado, pode-se considerar que houve um enorme avanço
e foram conquistados espaços comparáveis a países-berço do ativismo da governança, como
na Grã Bretanha, Estados Unidos, Alemanha e Japão.
Conceitualmente, o conselho de administração deve responder pelas funções de
planejamento estratégico e orientação geral dos negócios, não devendo atuar na parte
operacional de sua implementação, que é de responsabilidade da diretoria executiva. Cabem
ao conselho outras atribuições como: supervisão, acompanhamento da gestão e
monitoramento de riscos, podendo, para isso, solicitar todas as informações que julgar
necessárias. O conselho de administração deve atuar ainda na supervisão do relacionamento
entre os executivos da companhia e os seus stakeholders, visando a análise e consideração de
seus interesses e a sustentabilidade da sociedade no longo prazo.
Andrade e Rossetti (2004), de forma definitiva, classificam em quatro as possíveis
posturas de conselheiros de administração:
postura dificultadora;
postura passiva;
postura construtiva; e,
postura empreendedora.
Para esses autores, os conselheiros devem ser capazes de expressar seus pontos de
vista com franqueza. Esta conduta agrega substância e fecundidade ao processo decisório do
órgão colegiado. As empresas não precisam de conselheiros que manifestam suas opiniões ao
executivo principal, em reuniões a dois, particulares e fechadas. Esses procedimentos acabam
convertendo-se em situações de misterioso conchavo, contrariando o que deveria ser um
ambiente participativo. As empresas, segundo eles, precisam efetivamente de conselheiros
com antecedentes e habilidades que se complementem reciprocamente e se relacionem com a
missão singular de cada um deles. Entretanto, um bom conselho de administração não é
apenas um conjunto de especialistas; é uma equipe de pessoas ponderadas, capazes de
aconselhar, apoiar e, por vezes, dissuadir o executivo principal. E isso, na realidade das
corporações, não pode ser considerado um conflito. Pelo contrário, pode indicar maturidade
no processo de orientação para com o ente governado. Em complementação, ainda, os autores
172
afirmam que os conselhos de administração devem ser capazes de identificar problemas,
riscos e soluções, “soprando o apito” o mais cedo possível e assim manifestando uma de suas
mais importantes contribuições aos acionistas e à gestão – a insatisfação construtiva.
Olhando-se por uma perspectiva do segmento bancário, a partir das recomendações
elaboradas pelo Comitê de Supervisão Bancária de Basiléia e apresentadas no documento
Enhancing Corporate Governance for Banking Organizations (Basel Committee on Banking
Supervision, 1999), a governança corporativa envolve a forma como os negócios de cada
instituição bancária são geridos por seus conselhos de administração e diretoria,
influenciando, dessa forma, como os bancos:
estabelecem objetivos da organização;
asseguram o cumprimento de regras pertinentes a seus negócios;
responsabilizam seus gestores e funcionários pelos seus atos discordantes com as
regras estabelecidas;
administram os negócios do dia-a-dia;
monitoram os seus gestores;
fortalecem mecanismos de proteção aos direitos dos investidores;
consideram os interesses de stakeholders específicos;
alinham interesses de gestores com os de acionistas e demais investidores;
seguem preceitos éticos que asseguram em suas atividades a correspondência às
expectativas de que o banco irá trabalhar de forma sólida e segura;
promovem o tratamento igualitário de seus acionistas;
dão a devida transparência aos dados que devem ser públicos;
asseguram o devido sigilo aos dados que são sigilosos;
fortalecem os controles internos, auditoria interna e externa e gerenciamento de
risco;
monitoram a exposição ao risco em casos em que há conflitos de interesses
elevados;
prestam contas aos seus acionistas, demais stakeholders e à sociedade.
Assim, a adoção de boas práticas de governança corporativa de uma organização
bancária deve seguir as mesmas recomendações sugeridas às organizações dos demais
173
segmentos, ou seja, deve envolver as relações entre seus gestores, conselho de administração,
acionistas, investidores não acionistas e outros stakeholders.
A par das considerações sobre o período analisado, e à vista da pesquisa bibliográfica
realizada, procurou-se apresentar algumas sugestões em relação ao papel do CA de uma
organização bancária, que são relacionadas a seguir:
o CA deve ser proativo e eficaz no processo de elaboração das políticas e
estratégias que requerem uma nova postura dos seus membros;
os membros do CA devem ser experts, isto é, precisam dispor de bons
conhecimentos sobre as complexidades da empresa e dos setores, serem versados
em finanças e estrutura financeira e estarem familiarizados com as leis e
regulamentos pertinentes;
os procedimentos durante as reuniões do CA precisam concentrar-se no debate de
novas decisões, estratégias e políticas, e não na análise do desempenho passado;
os conselheiros precisam de melhor acesso a informações – sobre os produtos,
pontos de vista dos clientes e questões críticas sobre estratégia e organização. Em
geral os conselheiros recebem os pacotes de informação pouco antes do início das
reuniões;
os conselheiros devem dedicar parcela maior de seu tempo às atividades do CA,
isto significa que o número de reuniões ordinárias e extraordinárias é insuficiente
para a análise e tomadas de decisões da envergadura que requerem;
o papel dos conselheiros deve evoluir para construir um CA que deixaria de atuar
como árbitro distante, para agir como componentes de processo decisório da
organização.
Uma análise comparativa entre a atuação do conselho de administração da organização
estudada e uma visão geral dos principais players do mercado indica quase uma superposição
de propósitos, com variações mais significativas apenas quando se trata de o controle ser
público ou privado. Ou seja, no aspecto geral, a indústria bancária brasileira tem o mesmo
comportamento organizacional e uma orientação estratégica similar. Nota-se alguma
diferenciação, apenas, com relação à intensidade e ao nível de aderência aos princípios
socioambientais por parte de algumas dessas organizações. De resto, tanto quanto o
174
conglomerado bancário objeto do presente estudo, todos os demais agentes componentes da
indústria bancária nacional ainda não conseguiram ascender ao Novo Mercado da Bovespa.
Vários players dessa indústria estão buscando expandir em escala sua base de varejo
através de aquisições, fusões e incorporações. Os três maiores estão investindo em “braços”
de ocupação mercadológica do segmento de baixa renda, quer seja através de criação de
empresa específica, quer seja por associação a outras entidades cujas topologias de rede e/ou
tipologia de negócios revelam-se sinérgicas em sua finalidade. Como, por determinação legal,
a organização estudada só pode crescer de forma orgânica, tratou de criar e acoplar
recentemente um aparelho bancário de massa em sua arquitetura organizacional, para
funcionar como um banco popular. No entanto, a presente pesquisa detectou equívoco de
posicionamento dessa sua nova constituída, dado que no seu mapa estratégico do BSC de
2004 (subseção 4.7.3) esse “braço negocial” figura na perspectiva Sociedade, enquanto é
apresentado no seu Relatório Anual do mesmo ano como um novo instrumento de ocupação
mercadológica definida, dentro de sua estratégia de segmentação de varejo, denotando um
evidente esforço de marketing de um negócio como outro qualquer, que visa a alavancagem
de seus resultados financeiros, embora seja de domínio público o insucesso, até agora, desse
empreendimento.
É vasto o espectro de decisões do CA do conglomerado objeto do presente estudo no
período pesquisado. No entanto, observa-se entre as 385 decisões examinadas uma variação
considerável de qualidade de decisão. Numa organização do porte da pesquisada, seria de se
presumir que as matérias analisadas guardassem nível de consonância com o Mapa
Estratégico do BSC, que define a política do conglomerado. Isso de fato ocorre, mas verifica-
se também outras deliberações de natureza puramente operacional, que poderiam
perfeitamente ser apreciadas em nível de conselho diretor, reservando-se ao CA a apreciação
apenas das matérias de caráter político-estratégico.
Como sugestão de divulgação de suas atividades inerentes a relações institucionais,
seus movimentos e orientação ao mercado, entende-se como recomendável a edição regular
de uma newsletter, que poderia ser por meio eletrônico, ou até mesmo por meio físico, a
exemplo do que já ocorre com outras organizações, conquanto percebe-se como dispersas as
informações corporativas de interesse do mercado, dispostas em seu site.
175
A implementação de uma newsletter é uma boa estratégia de e-mail marketing e
consiste no envio sistematizado de um boletim a um público-alvo definido que, no caso,
sugere-se seja, por exemplo, a acionistas atuais e potenciais, bem como todos os demais
agentes influenciadores de comportamento de mercado.
Subsidiariamente, pode também a newsletter ser utilizada como esforço de venda
seletiva. Seria, assim, uma forma de conferir um caráter institucional à oferta ativa de
produtos dentro de uma visão integral de cliente, respeitados os princípios da segmentação. O
que se percebe através dos trabalhos desta pesquisa, são iniciativas isoladas de cada área
gestora, que visam dar externalidade às suas respectivas conveniências, numa clara
demonstração de que o foco está no produto e não no cliente.
5.1 ALGUNS CONTORNOS DE ORDEM LEGAL DA GOVERNANÇA EM
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
O governo brasileiro também vem contribuindo para o aprimoramento de mecanismos
de governança corporativa, ao propor novas leis que disciplinem as atividades das companhias
no mercado brasileiro, inclusive os bancos, como a Nova Lei das Sociedades por Ações e a
Nova Lei de Falências.
A Lei nº 10.303 (Nova Lei das Sociedades por Ações), editada em 2001, alterou e
acrescentou novos dispositivos à Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades por Ações). Essa nova
Lei institui algumas inovações para a governança de empresas estabelecidas como Sociedades
por Ações. Dentre suas principais alterações, destacam-se:
aumento dos poderes de fiscalização dos acionistas minoritários;
modificação das vantagens atribuídas às ações preferenciais, com o objetivo de
torná-las mais atraentes aos investidores;
possibilidade de os estatutos sociais indicarem a arbitragem como forma de
solução de conflitos entre a companhia e seus acionistas, ou entre minoritários e
controlador;
176
explicitação das regras de atuação do conselho fiscal (que pode ser constituído por
apenas um indivíduo), conferindo a estes deveres assemelhados aos conselheiros
de administração;
tipificação de crimes contra o mercado de capitais como a manipulação de
mercado, o uso indevido de informação privilegiada e o exercício irregular de
cargo, profissão, atividade ou função;
atribuição à Comissão de Valores Mobiliários – CVM de personalidade jurídica e
patrimônio próprios, com independência administrativa e autonomia financeira e
orçamentária para agir com características de agência reguladora do Mercado de
Valores Mobiliários.
A Nova Lei das Falências no Brasil, Lei nº 11.101, aprovada pela Câmara dos
Deputados no final de 2004 e sancionada pelo Presidente da República em fevereiro de 2005,
veio substituir a Lei de Falências e Concordatas que esteve em vigor por quase 60 anos.
Dentre os principais pontos dessa nova Lei estão:
garantia de direitos dos credores, ou seja, o direito de o setor financeiro ter
privilégios na recuperação de dívidas acumuladas pelas empresas falidas;
viabilização da recuperação das empresas em dificuldade financeira com a
manutenção de empregos;
a concordata é substituída pelas opções de recuperação extrajudicial e recuperação
judicial;
na recuperação extrajudicial, apenas os credores mais relevantes são chamados a
renegociar seus créditos, assim, pode haver a reestruturação da empresa sem
modificação das características dos créditos pertencentes aos demais credores;
na recuperação judicial ocorrerá processo formal sob controle da Justiça, na
tentativa de um plano de recuperação. Se o plano não for aprovado pelos credores
ou não atingir seus objetivos, caberá ao juiz decretar falência;
não há prazo para a recuperação judicial;
no caso de falência, a ordem de preferência de pagamentos da massa falida sofre
algumas alterações: a preferência dos pagamentos trabalhistas é mantida, porém
limitada ao valor de 150 salários mínimos por trabalhador, se for empresa
exportadora, esse limite será de apenas cinco salários mínimos;
177
créditos concedidos para financiar as exportações (adiantamento de contrato de
câmbio) terão prioridade no pagamento;
credores com garantias reais de empréstimos tomados terão preferência sobre o
fisco no recebimento de seus créditos.
Além disso, diversas normas vêm sendo emanadas por autoridades governamentais
que têm a função específica de regulação e fiscalização do Sistema Financeiro Nacional -
SFN, como o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central do Brasil. Cabe ao primeiro a
função de conselho de política econômica do país e fixação das diretrizes da política
monetária, creditícia e cambial, valendo-se para isso do poder de edição de resoluções. O
segundo é o órgão responsável pela execução das normas que regulam o SFN. Para tal, têm a
prerrogativa de editar circulares, cartas-circulares e comunicados. As normas editadas por
esses órgãos reguladores e fiscalizadores têm o objetivo de melhorar a regulação da atividade
bancária no país, promovendo, assim, a solidez e a segurança do Sistema Financeiro Nacional.
Dentre as normas editadas, podem ser destacadas algumas que objetivam o
fortalecimento de regras prudenciais, visando à melhoria de controles internos, gerenciamento
de risco, transparência e prestação de informações.
Em 1998 o Conselho Monetário Nacional – CMN - editou a Resolução nº 2.554, que
dispõe sobre a implantação e implementação de sistema de controles internos. Como resultado
dessa Resolução, o conselho de administração passou a ser considerado responsável pelo
funcionamento adequado dos sistemas de controles internos; os auditores internos devem
apresentar relatórios semestrais sobre a qualidade e eficácia dos controles internos e a
supervisão bancária pode restringir as atividades e operações em que os controles internos são
insatisfatórios.
Em 1999, o CMN editou a Resolução nº 2.682, que dispôs sobre critérios de
classificação das operações de crédito e regras para constituição de provisão para créditos de
liquidação duvidosa e introduziu um enfoque diferenciado para a classificação dos
empréstimos, que passariam a ser classificados não apenas baseando-se no seu status prévio,
como era feito anteriormente, mas também com base na confiabilidade de crédito do cliente e
na natureza da transação.
178
Em 2000, o CMN editou a Resolução nº 2.804, que dispôs sobre controles do risco de
liquidez. Segundo essa norma, os bancos devem seguir políticas de gerenciamento de liquidez
específicas para as suas atividades, tais como estas: práticas seguras de liquidez, utilização de
cenários alternativos e aplicação de testes de stress que devem ser analisados também pela
supervisão bancária. Ainda em 2000, o Banco Central do Brasil editou a Circular nº 2.990,
que estabeleceu a obrigatoriedade de elaboração e remessa de informações financeiras
trimestrais.
São também relacionadas normas que apontam diretamente a observância de práticas
de governança corporativa como critério para qualificação de empresas, impondo limites
percentuais de aplicação no segmento de renda variável conforme o nível de governança
corporativa em que se enquadrem as companhias emitentes das ações:
Resolução CMN nº 2.829, de 6 de abril de 2001, que aprova regulamento que
estabelece as diretrizes pertinentes à aplicação dos recursos das entidades fechadas
de previdência privada;
Resolução CMN nº 2.867, de 3 de junho de 2002, que altera e consolida as normas
que disciplinam a aplicação dos recursos das reservas, das provisões e dos fundos
das sociedades seguradoras, das sociedades de capitalização e das entidades
abertas de previdência complementar, bem como a aceitação dos ativos
correspondentes como garantidores dos respectivos recursos, na forma da
legislação e da regulamentação em vigor;
Resolução CMN nº 3.000, de 24 de julho de 2002, que alterou a Resolução nº
2.867, de 3 de junho de 2002;
Resolução CMN nº 3.034, de 30 de outubro de 2002, que alterou e consolidou as
normas que disciplinam a aplicação dos recursos das reservas, das provisões e dos
fundos das sociedades seguradoras, das sociedades de capitalização e das entidades
abertas de previdência complementar, bem como a aceitação dos ativos
correspondentes como garantidores dos respectivos recursos, na forma da
legislação e da regulamentação em vigor.
Outras normas dispõem sobre a definição dos padrões de governança corporativa a
serem observados, incluindo-se o detalhamento da estrutura de incentivos e da política de
179
remuneração no caso de constituição, autorização para funcionamento, transferência de
controle societário e reorganização societária de instituições financeiras:
Resolução CMN nº 3.040, de 28 de novembro de 2002, que dispõe sobre os
requisitos e procedimentos para a constituição, a autorização para funcionamento,
a transferência de controle societário e a reorganização societária, bem como para
o cancelamento da autorização para funcionamento de bancos múltiplos, bancos
comerciais, bancos de investimento, bancos de desenvolvimento, sociedades de
crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário,
companhias hipotecárias, agências de fomento, sociedades de arrendamento
mercantil, sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários, sociedades
distribuidoras de títulos e valores mobiliários e sociedades corretoras de câmbio;
Circular Banco Central do Brasil – Bacen - nº 3.179, de 29 de março de 2004, que
dispõe sobre os procedimentos para a constituição, a autorização para
funcionamento, a transferência de controle societário e a reorganização societária,
bem como para o cancelamento da autorização para funcionamento de bancos
múltiplos, bancos comerciais, bancos de investimento, bancos de
desenvolvimento, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades
de crédito imobiliário, companhias hipotecárias, agências de fomento, sociedades
de arrendamento mercantil, sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários,
sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários e sociedades corretoras
de câmbio.
A Comissão de Valores mobiliários – CVM - também tem poderes para disciplinar,
normatizar e fiscalizar a atuação dos diversos integrantes do mercado. A regulação do
mercado de valores mobiliários e de seus participantes (companhias abertas, intermediários
financeiros e investidores) é disciplinada pela Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades por Ações)
e pela Lei nº 6.385/76, que é a Lei da criação da CVM. Dentre as matérias disciplinadas pela
CVM, destacam-se: registro de companhias abertas; registro de distribuições de valores
mobiliários; credenciamento de auditores independentes e administradores de carteiras de
valores mobiliários; organização, funcionamento e operações das bolsas de valores;
negociação e intermediação no mercado de valores mobiliários; administração de carteiras e a
custódia de valores mobiliários; suspensão ou cancelamento de registros, credenciamentos ou
autorizações; suspensão de emissão, distribuição ou negociação de determinado valor
mobiliário.
180
Com isso, encerra-se a abordagem de alguns aspectos legais que envolvem a
governança corporativa nas instituições financeiras.
O presente capítulo propôs-se a analisar alguns aspectos da organização estudada,
comparando-os aos referenciais de mercado, bem como abordar alguns normativos
reguladores que compõem o seu ambiente. As considerações finais sobre o estudo de caso e as
recomendações para pesquisas futuras sobre a temática são partes componentes do próximo
capítulo.
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS
A experiência de realização deste estudo permite a construção de algumas conclusões,
tanto no nível da pesquisa empírica, como em relação à investigação teórica nele contida.
Estas conclusões, aqui apresentadas na forma de inferências sobre o estudo realizado, não
caracterizam, no entanto, considerações que sejam passíveis de generalizações, uma vez que a
pesquisa empírica limitou-se à execução de um estudo de caso. Trata-se, portanto, de
construções teórico-metodológicas acerca dos “achados” desta investigação e que permeiam a
elucidação das questões de pesquisa levantadas no capítulo 1 desta dissertação.
Ressalta-se, também, que algumas considerações conclusivas já foram apresentadas
quando do fechamento dos capítulos 2 e 4, o que limita e restringe o escopo das considerações
finais a serem aqui sistematizadas. Este exercício metodológico tem como finalidade a
absorção última e final dos “achados” teóricos e empíricos da pesquisa realizada, bem como a
não repetitividade de conteúdos desta dissertação.
Assim sendo, o capítulo está estruturado da seguinte forma: inicialmente, apresenta-se as
conclusões relativas às questões da pesquisa, na mesma ordem em que estas são levantadas no
processo de investigação. É importante ressaltar que este primeiro bloco de inferências
responde aos objetivos (geral e específico) da pesquisa, conferindo validade e legitimidade ao
traçado metodológico executado no rastreamento destes. Na seqüência, apresenta-se um
segundo bloco de inferências também construídas no bojo da pesquisa realizada e que estão
relacionadas com outros aspectos não contidos nas questões de pesquisa. Finalmente, são
apresentadas as sugestões para trabalhos futuros, resultantes das limitações sofridas pelo
escopo desta investigação.
6.1 CONCLUSÕES ACERCA DAS QUESTÕES DE PESQUISA
A primeira questão de pesquisa levantada (seção 1.4), diz respeito às decisões tomadas
pelo conselho de administração da organização investigada e sua articulação no sentido de
conduzi-la à observância das boas práticas de governança corporativa. É imperativo registrar
182
que a pesquisa realizada constatou a existência de uma estrutura formal e bem definida de
governança corporativa instalada na organização, com uma clara orientação de aderência ao
Código Brasileiro das Melhores Práticas de Governança Corporativa, proposto pelo IBGC
(2004).
A pesquisa realizada constatou que o conglomerado estudado possui uma estrutura legal
de governança corporativa, em perfeita consonância com o que recomendam as abordagens de
Carver e Oliver (2002), Silveira (2002), Steinberg (2003), Ventura (2003), Scherer (2003),
Fontes Filho (2005). Esta estrutura, conforme já mencionado, é composta por um conselho de
administração (CA), um conselho fiscal, um comitê de auditoria, um auditoria independente,
uma auditoria interna e um comitê de risco global.
É importante ressaltar que a governança corporativa objeto deste estudo realiza ainda as
atividades de gerenciamento de riscos, de forma consolidada e alinhada às melhores práticas
adotadas no mercado financeiro internacional, alcançando sete categorias de riscos: de
conjuntura, de crédito, de mercado, de liquidez, operacional, legal e de imagem, conferindo à
sua estrutura dimensões semelhantes às estudadas por Rechtman et al (2004).
Examinando-se as decisões tomadas pelo conselho de administração da organização
estudada, conclui-se que estas se alinham perfeitamente ao concurso necessário às boas
práticas de governança corporativa, tanto no nível das abordagens teóricas analisadas, quanto
no plano do cotidiano empírico de suas principais concorrentes.
Conclui-se ainda, acerca desta questão, que a investigação a respeito da observância das
boas práticas de governança corporativa no processo decisório de um determinado
conglomerado financeiro, utilizando a metodologia do estudo de caso, ou mesmo a dos casos
múltiplos, deve levar em consideração as especificidades da indústria bancária, as quais
ampliam as obrigações dos dirigentes e conselheiros dessas entidades quando comparadas
com as de outras companhias. Conforme evidenciado nesta pesquisa, isto acontece porque as
instituições financeiras possuem quase sempre menor estrutura de capitais próprios em
relação aos capitais alheios e, também, pelo fato de oferecerem riscos adicionais aos
investidores na razão direta da forma como são administrados os recursos captados.
183
A segunda questão de pesquisa construída (seção 1.4) nesta dissertação diz respeito ao
suporte da metodologia BSC no processo de tomada de decisões da organização investigada.
Neste aspecto, constatou-se que a organização utiliza a ferramenta BSC desde 2001 e que esta
tem se demonstrado um mecanismo sinergístico de articulação entre suas estratégicas de
longo prazo e suas ações de curto prazo. Na organização estudada, o BSC é utilizado na
formulação de cinco faixas de estratégias organizacionais (Financeira, Sociedade, Clientes,
Processos Internos e Comportamento Organizacional), tal como prescrevem as abordagens de
Kaplan e Norton (1997), Kaplan e Norton (2000), Olve et al (2001) e Kaplan e Norton (2004).
Em consonância com estas abordagens, constatou-se que a ferramenta BSC tem
permitido à organização a categorização e suporte das decisões tomadas pelo conselho de
administração (ver subseção 4.8.1), tanto no plano das perspectivas por ela abordada, como no
esboço das boas práticas de governança corporativa.
Dentre os aspectos que realçam a importância do BSC, é importante reconhecer, a título
de conclusão, que pelo menos três deles emprestam imenso significado às operações da
organização estudada, quais sejam: (a) o resumo em um relatório de gestão dos elementos
aparentemente discrepantes do programa de competitividade da empresa; (b) a utilização de
diferentes dimensões de desempenho, vinculadas através de relações de causa e efeito; e (c) a
disponibilização de informações que possibilitam os tomadores de decisão realizar uma
avaliação sucinta do desempenho global da organização.
Conclui-se, portanto, com relação a esta questão, que o uso do BSC como ferramenta de
suporte à tomada de decisão caracteriza um esforço da entidade em ampliar o escopo de sua
estrutura de governança corporativa, modelo este que pode (em função das várias vantagens já
examinadas) ser estendido a outras organizações congêneres e mesmo a entidades de outra
natureza.
As conclusões relativas à terceira questão de pesquisa elaborada (seção 1.4) nesta
dissertação, questionando-se sobre a estrutura conceitual do processo decisório operado pela
organização investigada, possuem lastro conceitual nas abordagens apresentadas por Simon
(1965), Davis e Olson (1987), Betlhem (1987), Ansorff (1990), McGee e Prusak (1994),
Pereira e Fonseca (1997), Campos (1998), Davenport e Prusak (1990), Oliveira (b) (1999),
Robbins (2002) e Quelopana (2003).
184
Desse modo, conclui-se que a organização opera duas tipologias de estrutura (a
organizacional e a funcional), modelando decisões colegiadas e por consenso, todas elas
vinculadas ao conceito de governança corporativa. Constata-se que esse instituto tem,
visivelmente, a finalidade de proteger a organização de eventuais conseqüências quanto a
alguma tomada de decisão sem o rigor técnico necessário. Em termos de modelagem
conceitual, essa arquitetura de decisão se inspira fortemente no modelo de Simon (1965), o
qual prevê quatro etapas para o processo decisório: inteligência, concepção, escolha e “feed
back”.
Ainda em termos de conclusões acerca desta questão, é importante reconhecer que, na
organização estudada, as decisões e os processos decisórios envolvem quase sempre um
grande número de pessoas, um conjunto complexo de antecedentes, bem como uma análise
mais complexa em termos de preferências e oportunidades.
Na seqüência, a quarta e última questão de pesquisa (seção 1.4) constante desta
investigação, refere-se aos aspectos de aderência entre as decisões do conselho de
administração e os conceitos de sustentabilidade. Os marcos conclusivos desta questão foram
fundamentados em CMMAD (1991), Brüseke (1995), Furtado (1996), Elkington (1999),
Ribeiro (2001), Felmate (2001), Romeiro (2001), Almeida (2002), Oliveira (a) (2002) e Hart e
Milstein (2004).
Com base nas constatações da pesquisa, conclui-se que existe um forte grau de aderência
e/ou sustentabilidade, comprovado através de Carta de Princípios de Responsabilidade
Socioambiental, que institui termo de compromisso com seus funcionários, colaboradores,
fornecedores, parceiros, credores, sócios, acionistas, concorrentes, comunidade e governo.
6.2 CONCLUSÕES SOBRE OUTROS ASPECTOS DA PESQUISA
A investigação realizada alcançou níveis de elucidação além das questões de pesquisa
levantadas, conforme se apresenta no capítulo 4 desta dissertação. Trata-se de respostas a
outras situações-problema verificadas no decorrer do processo de execução da pesquisa, e
185
que, naturalmente, tangenciam as fronteiras de modelagem das respostas às questões
inicialmente elaboradas.
Uma dessas questões diz respeito às alterações promovidas pela organização,
demonstrando a intenção estratégica de alcançar condições para postular sua ascensão aos
Níveis Diferenciados da Bovespa. Constatou-se que a organização cumpriu boa parte das
exigências da Bovespa para adesão ao Novo Mercado. No entanto, apesar dos propósitos
declarados e das medidas já adotadas pela companhia, esta investigação permite indicar que,
pelo menos dois importantes procedimentos ainda estão pendentes de conformidade. Um
deles é de ordem mercadológica (a não manutenção em circulação de parcela mínima de suas
ações – aproximadamente 25%) e o outro é de natureza legal (o não enquadramento da
publicação de seus relatórios e documentos contábeis nos padrões internacionais US GAAP).
Com base nestes aspectos conclusivos, considera-se, pois, que cada uma das questões de
pesquisa foi devidamente respondida no âmbito da investigação realizada, concorrendo para
que os objetivos propostos (geral e específico) fossem atendidos, conforme prescreveram as
normas do método científico de investigação.
6.3 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Os resultados da presente pesquisa permitiram melhor compreender diversos aspectos
associados ao delineamento, implementação e gestão da governança corporativa, bem como
dos sistemas de gestão envolvendo a ferramenta BSC, do processo decisório e do conceito de
sustentabilidade contornando as organizações. O entendimento mais acurado destes
postulados teóricos, por sua vez, permitiu identificar uma série de oportunidades para o
empreendimento de pesquisas futuras, as quais teriam o intuito de também contribuir para o
desenvolvimento da teoria que envolve a concepção temática desta dissertação.
Desse modo, o presente estudo em função de sua natureza meramente qualitativa, bem
como das limitações impostas ao seu arcabouço conceitual e operacional, não esgotou todas
as possibilidades de resultados e análises e, por estas razões, sugere-se que ele possa servir
186
como instrumento balizador de pesquisas futuras, com enfoques e abordagens diferentes, tais
como:
- pesquisas sobre a correlação positiva (ou não) entre os elementos comuns às variáveis
“boas práticas de governança corporativa” e a “sustentabilidade” do negócio e da
organização;
- estudos sobre as decisões com foco na sustentabilidade e sua relação com a
governança corporativa, seja no setor bancário (objeto deste estudo), seja em outros
setores da economia (industrial e de serviços);
- investigação ampliada acerca deste mesmo enfoque, porém, adotando-se outras
organizações como amostra deste universo, visando à generalização dos “achados” e
inferências deste estudo;
- pesquisa sobre as estruturas de governança corporativa como instrumento de
balizamento da tomada de decisão além das fronteiras dos conglomerados financeiros.
Finalmente, espera-se que estas sugestões, acrescidas das demais contribuições já
identificadas neste trabalho, possam de fato promover o avanço do conhecimento na arena
conceitual em que ele está inserido.
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GLOSSÁRIO
Accountability: prestação responsável de contas, fundamentada nas melhores práticas
contábeis e de auditoria.
Agências de rating: empresas responsáveis por análises de risco de instituições públicas e
privadas, financeiras ou não. Por meio de critérios próprios de análise, atribuem uma
classificação (rating) às empresas ou aos países analisados, a qual serve como um indicador
de risco para quem quer investir nesse país ou nessa empresa.
Basel Committee on Banking Supervision: comitê internacional de supervisão bancária,
situado em Basiléia, Suíça.
Banco Central do Brasil – Bacen: autarquia federal integrante do Sistema Financeiro
Nacional, vinculado ao Ministério da Fazenda, criado em 31.12.64 com a promulgação da Lei
nº 4.595, responsável pela formulação, a execução, o acompanhamento e o controle das
políticas monetária, cambial, de crédito e relações financeiras com o exterior; a organização,
disciplina e fiscalização do Sistema Financeiro Nacional; a gestão do Sistema de Pagamentos
Brasileiro e dos serviços do meio circulante.
Câmara de Arbitragem: área da Bovespa cujo objetivo é atuar na solução de eventuais
discussões de matérias relativas à Lei das S.A., aos Estatutos Sociais das companhias, às
normas editadas pelo Conselho Monetário Nacional, pelo Banco Central do Brasil e pela
Comissão de Valores Mobiliários, e aos regulamentos da própria Bovespa.
Carrying capacity: capacidade de carga do planeta, em termos de poluição.
Compliance: palavra de origem inglesa que significa “cumprimento”, “aderência”,
“conformidade”. Na organização, trata-se de uma função independente, que identifica,
aconselha, orienta e monitora os negócios, serviços, processos e conduta estejam em
conformidade com as leis, normas, regulamentos, código de conduta e padrões de boas
práticas.
198
Crack da Bolsa de New York: a quebra da bolsa, em 1929, lançou os Estados Unidos numa
grande depressão econômica, afetando toda economia mundial. Em poucos segundos toda
uma era econômica sucumbiu, provocando uma queda sem precedentes no poder de compra
individual.
Disclosure: transparência das informações, especialmente das de alta relevância, que
impactam os negócios e que envolvem riscos.
East India Company: companhia de origem britânica, criada no início do século XVII para
atuar nas Índias Orientais e enfrentar o monopólio Holandês e Português no comércio de
especiarias. A empresa conseguiu o monopólio desse comércio até 1694, mantendo posição
dominante no comércio entre Grã Bretanha e Índia até meados do Século XVIII.
Enhancing Corporate Governance for Banking Organizations: documento elaborado pelo
Basel Committee on Banking Supervision, 1999, em Basiléia, sobre organização de
governança corporativa para a área bancária.
Ethos (Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social): organização não-
governamental criada com a missão de mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir
seus negócios de forma socialmente responsável, tornando as parcerias na construção de uma
sociedade sustentável e justa (www.ethos.org.br).
European Corporate Governance Rating: entidade européia que estuda o comportamento e
avalia os rating de governança corporativa das empresas.
Fainess: senso de justiça, equidade no tratamento dos acionistas. Respeito aos direitos dos
minoritários, por participação equânime com a dos majoritários, tanto no aumento da riqueza
corporativa quanto nos resultados das operações, quanto ainda na presença ativa em
assembléias gerais.
Free Float: termo utilizado para indicar o percentual de ações que uma companhia possui em
circulação.
199
Fundação Abrinq: entidade que tem como objetivo principal promover os direitos
elementares de cidadania das crianças (www.fundacaoabrinq.org.br).
Global Compact (Pacto Global das Nações Unidas): programa de iniciativa da ONU, que
tem como objetivo a mobilização da comunidade empresarial internacional na promoção de
valores fundamentais nas áreas de direitos humanos, trabalho e meio-ambiente.
Lei Sarbanes-Oxley: em 2002, após a ocorrência de vários escândalos contábeis, como a
Enron e Worldcom, foi promulgada uma lei de reforma corporativa, para dar maior
publicidade à informações e propiciar fiscalizações preventivas pela SEC. O objetivo mor da
Lei Sarbanes-Oxley é coibir a conduta antiética de administradores e auditores. Assim, a lei
surgiu para restaurar a confiabilidade nas demonstrações contábeis e financeiras, e com isso
incentivar o investimento na Bolsa de Valores.
Lobby: pode ser definido como a atividade de representar os interesses privados (de um grupo
e de uma categoria) junto ao legislativo e a administração pública.
Market share: percentual de penetração, geralmente em receitas, que uma empresa possui no
setor industrial que atua.
Newsletter: relatório impresso ou eletrônico contendo informações direcionadas das
atividades de uma determinada organização e enviado regularmente a toda comunidade de
interesse.
Princípios do Equador: conjunto de políticas e diretrizes que levam em conta a
sustentabilidade, a proteção a habitats naturais e populações indígenas, segurança de
barragens, propriedade cultural, impacto de projetos em águas internacionais e em hidrovias,
na questão da saúde e quanto à segurança dos trabalhadores. Os parâmetros foram fixados
pelo International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial.
Relatório Bründtland: Relatório da Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento.
200
Rockfeller Philanthropy Advisors: entidade norte americana especializada na área de
consultoria em atividades filantrópicas (www.rockpa.org).
Shareholders: o mesmo que acionistas de uma companhia.
Stakeholders: termo utilizado para designar todas as pessoas ou empresas que, de alguma
maneira, são influenciadas pelas ações de uma organização. Representam todas as “partes
interessadas” da organização.
Tag along: direito de os acionistas não controladores receberem uma proposta de aquisição de
ações no caso de venda do controle da companhia, proposta essa que deve ser feita pelo
adquirente. Ou, dito de outra forma, é uma proposta que faculta a esses acionistas a
possibilidade de se retirar da sociedade, em caso de mudança.
Triple Bottom Line: termo utilizado para referir-se às três áreas/atividades que compõem a
sustentabilidade: econômica, social e ambiental.
US GAAP - United States Generally Accepted Accounting Principles: normas de
contabilidade conhecidas e utilizadas nos Estados Unidos, e que devem ser seguidas por todas
as empresas de outros países que quiserem negociar suas ações e/ou títulos em bolsas de
valores dos EUA.
Valor em Risco – V@R: mede a perda máxima esperada em valores monetários, sob
condições normais de mercado, em um horizonte de tempo determinado, com um nível
escolhido de probabilidade.
Webster´s International Dictionary: dicionário internacional de usuários da web.
APÊNDICE 2
QUADRO DE DECISÕES - 2004
PERÍODO
Mês Ano
ASSUNTO PERSPECTIVA
Declarar-se ciente da análise de desempenho, das
informações gerenciais e do acompanhamento do
orçamento de investimento do Conglomerado, relativos
ao mês de novembro/2003.
Processos Internos
Declarar-se ciente da apresentação realizada pelos Srs.
Vice-Presidentes, a respeito das projeções e objetivos
para o ano de 2004.
Processos Internos
Declarar-se ciente da apresentação realizada pelo
Auditor Geral a respeito do acompanhamento do Plano
Anual de Atividades de Auditoria Interna – PAAAI.
Processos Internos
Declarar-se ciente de auditoria realizada e de suas
conclusões por ocasião de apuração de denúncia.
Processos Internos
Declarar-se ciente das recomendações contidas no
relatório do Banco Central do Brasil acerca dos
sistemas e procedimentos adotados pelo Conglomerado
na prevenção e combate à lavagem de dinheiro, bem
como das respostas oferecidas aos questionamentos
daquela autarquia sobre o assunto.
Processos Internos
Homologação de despacho do Sr.Presidente, ad
referendum do Colegiado, que aprovou o
remanejamento do Diretor, da área de finanças, para a
área de mercado de capitais e eleição de funcionário
para ocupar o cargo de Diretor de Finanças.
Comportamento Organizacional
Homologação de despacho do Sr. Presidente, ad
referendum do Colegiado, que aprovou a contratação de
Leasing Financeiro, com base em parecer da Diretoria
Comercial e aprovação do Conselho Diretor.
Financeira/Clientes
Homologação da prorrogação da permanência de
funcionário ocupando o cargo de Diretor de
Agronegócios, em virtude da prorrogação do
afastamento do titular.
Comportamento Organizacional
Aprovação de renovação de linha de crédito rotativo
para amparar operações de capital de giro.
Financeira/Clientes
Aprovação de delegação de alçada ao Conselho Diretor
para decidir sobre propostas de operações de crédito,
contidas no limite de crédito preestabelecido, que
elevem o endividamento do proponente em até 10%
acima do valor de sua alçada, com posterior
conhecimento ao CA.
Processos Internos
Aprovação do Orçamento Geral do Conglomerado para
o ano de 2004.
Processos Internos
Aprovação da contratação de empresa especializada em
auditoria independente para prestação de serviços de
auditoria externa.
Processos Internos
Aprovação de indicação para substituição de dois
membros do Conselho Curador da Fundação do
Conglomerado.
Comportamento Organizacional
janeiro 2004
Aprovação de autorização para utilização de licença
anual remunerada do Presidente do Conselho Diretor (e
Vice-Presidente do CA).
Comportamento Organizacional
211
Aprovação do Balanço Geral da Empresa Líder do
Conglomerado, exercício 2003.
Processos Internos
Aprovação dos Balanços das Subsidiárias Integrais. Processos Internos
Declarar-se ciente do Relatório da Administração de
2003 e recomendar a aprovação das contas da Diretoria
relativas ao mesmo período, conforme. determina o
Estatuto Social.
Processos Internos
Declarar-se ciente da análise de desempenho, das
informações gerenciais e do acompanhamento do
orçamento de investimentos do Conglomerado,
relativos ao mês de dezembro/2003, bem como do
exercício social do mesmo período.
Processos Internos
Declarar-se ciente da apresentação sobre o plano de
ação para a consolidação da cultura de responsabilidade
socioambiental no Conglomerado, estabelecendo que o
assunto deverá ser reapresentado ao CA a cada seis
meses.
Sociedade
Declarar-se ciente dos relatórios de alienação dos bens
móveis e imóveis referentes ao 4º trimestre/2003.
Processos Internos
Declarar-se ciente do andamento da constituição da
Subsidiária Integral XYZ e da implementação do
projeto piloto da empresa, conforme decisão de
03.11.2003.
Processos Internos
Declarar-se ciente do andamento da dissolução de
negócio, com posicionamento da migração de clientes,
aplicativos e contabilidade, conforme solicitado em
reunião de 17.10.2003.
Processos Internos
Declarar-se ciente do andamento das recomendações
feitas pela Auditoria Interna a uma das Subsidiárias
Integrais, conforme decisão do Colegiado de
03.11.2003.
Processos Internos
Declarar-se ciente da consolidação das reprogramações
orçamentárias, aprovadas no 4º trimestre/2003,
enquadradas na alçada delegada ao Conselho Diretor.
Processos Internos
Homologação de prorrogação de designação de
funcionário para responder pela Diretoria de
Agronegócios, em virtude de prorrogação de
afastamento do titular.
Comportamento Organizacional
Aprovação de Sumário Executivo de Atividades de
Auditoria, relativo ao 4º trimestre/2003, e o RAAAI –
relatório Anual de Atividades de Auditoria Interna.
Processos Internos
Aprovação de orçamento de capital para o exercício de
2004, para execução do plano de investimento da
Organização , conforme aprovado pelo Conselho
Diretor em 10.02.2004.
Processos Internos
Fixação de prazo até 31.07.2004 para a realização dos
negócios de operações de crédito com cliente.
Financeira/Clientes
Fevereiro 2004
Aprovação de estudo técnico de avaliação de utilização
de crédito tributário ativado até 30.12.2003, na forma
aprovada pelo Conselho Diretor em 07.10.2003.
Processos Internos
212
Aprovação e determinação de valores a título de
participação nos lucros a serem pagos aos membros da
Diretoria Executiva, referentes ao 2º semestre/2003 e,
conseqüentemente, submeter à Assembléia Geral de
Acionistas o reajuste do montante global anual de
remuneração dos Administradores, para o período
maio/2003 a abril/2004.
Comportamento Organizacional
Aprovação de inclusão dos itens “Políticas de Risco de
Mercado e de Liquidez”, e “Políticas de Crédito e de
Risco de Crédito”, como forma de reforçar o caráter
institucional das medidas previstas no artigo 49 do
Estatuto Social.
Processos Internos
Autorização, com retroatividade às datas das respectivas
posses, da participação de membros da Diretoria
Executiva em órgãos estatutários das empresas
participadas do Fundo de Pensão da Instituição.
Processos
Internos/Comportamento
Organizacional
Autorização para o Conselho Diretor implementar a
oferta pública de aquisição dos bônus de subscrição, nas
condições aprovadas pelo Conselho Diretor em
10.02.2004.
Financeira/Processos Internos
Declarar-se ciente da análise de desempenho, das
informações gerenciais e do acompanhamento do
orçamento de investimentos do Conglomerado,
relativos ao mês de janeiro/2004.
Processos Internos
Declarar-se ciente da apresentação sobre o sumário das
demandas de órgãos de fiscalização externa, recebidas
pela Auditoria Interna em 2004 e o estágio atual das
principais delas, bem como sobre o posicionamento
mensal do Sumário Executivo de Atividades de
Auditoria Interna e do PAAAI – Plano Anual de
Atividades de Auditoria Interna.
Processos Internos
Declarar-se ciente do acompanhamento do Plano
Diretor, referente ao 4º trimestre de 2003.
Processos Internos
Homologação da prorrogação de designação de
funcionário na ocupação do cargo de Diretor de
Agronegócios, em vista da prorrogação do afastamento
do titular.
Comportamento Organizacional
Aprovação de convocação de Assembléias Gerais
Ordinária e Extraordinária de Acionista para deliberar
sobre assuntos de natureza estatutária.
Processos Internos
Aprovar a eleição de funcionário para ocupar o cargo de
Diretor de Varejo.
Comportamento Organizacional
Março 2004
Autorização de participação do Vice-Presidente de
Tecnologia e Infra-Estrutura como membro titular do
Conselho de Administração de empresa participada do
Fundo de Pensão da Instituição.
Comportamento Organizacional
Declarar-se ciente da análise de desempenho, das
informações gerenciais e do acompanhamento do
orçamento de investimentos do Conglomerado,
relativos ao mês de fevereiro/2004.
Processos Internos Abril 2004
Declarar-se ciente da apresentação sobre o
posicionamento mensal do Sumário Executivo de
Atividades de Auditoria Interna.
Processos Internos
213
Declarar-se ciente da decisão do Conselho Diretor, de
30.03.2004, que aprovou proposta de concessão de teto
para amparar operações de antecipação recebíveis com
cliente.
Financeira/Clientes
Declarar-se ciente da apresentação sobre o cronograma
de implantação dos correspondentes bancários, Banco
Popular, feita pelo Presidente desta empresa.
Processos Internos
Homologação da prorrogação de designação de
funcionário para ocupação do cargo de Diretor de
Agronegócios, em vista da prorrogação do afastamento
do titular.
Comportamento Organizacional
Submissão à Assembléia Geral de Acionistas do
montante global de remuneração e benefícios dos
administradores, para o período compreendido entre
maio/2004 e abril/2005.
Comportamento Organizacional
Aprovação das políticas de identificação de clientes. Clientes
Aprovação das políticas gerais do Conglomerado,
contendo alterações em relação à proposta do Conselho
Diretor.
Processos Internos
Aprovação de reconsideração dos despachos do CA, de
10.06.2002 e 20.03.2003, referentes a aplicação dos
recursos gerados pela venda de participação em
empresas.
Financeira/Processos Internos
Aprovação de suplementação orçamentária nos itens
“Benefícios e Auxílios – Demais” e “Seguros de Bens
de Uso”, referente ao período de maio a
dezembro/2004, em virtude da fixação do valor do
montante global de remuneração dos administradores na
próxima Assembléia Geral de Acionistas.
Comportamento Organizacional/
Processos Internos
Aprovação de proposta de não capitalização do saldo da
reserva para expansão existente em 31.12.2002, até a
conclusão do processo de implementação da Oferta
Pública de Aquisição – OPA dos bônus de subscrição.
Financeira/Processos Internos
Aprovação do Plano Anual de Atividades de Auditoria
Interna, para o exercício de 2004.
Processos Internos
Aprovação de alterações em nomenclaturas de siglas
internas, em decorrência de alterações promovidas na
estrutura organizacional da Vice-Presidência de
Tecnologia e Infra-Estrutura.
Processos Internos
Aprovação de indicação de membros para composição
do Comitê de Auditoria.
Processos Internos/
Comportamento Organizacional
Declarar-se ciente da análise de desempenho, das
informações gerenciais e do acompanhamento do
orçamento de investimentos do Conglomerado,
relativos ao 1º trimestre/2004.
Processos Internos
Declarar-se ciente dos relatórios de alienação dos bens
móveis e imóveis referentes ao 1º trimestre/2004.
Processos Internos
Declarar-se ciente da consolidação das reprogramações
orçamentárias, aprovadas no 1º trimestre/2004,
enquadradas na alçada delegada ao Conselho Diretor.
Processos Internos
Maio 2004
Declarar-se ciente do Sumário Executivo do 1º
trimestre/2004, com as principais atividades concluídas
pela Auditoria Interna.
Processos Internos
214
Declarar-se ciente das decisões do Conselho Diretor, de
16 e 20.04.2004, referentes a assuntos XYZ.
Processos Internos
Homologação de despacho do Sr. Presidente, ad
referendum do Colegiado, que aprovou a proposta de
renovação/prorrogação dos contratos de auditoria
independente das demonstrações financeiras, na forma
como aprovado pelo Conselho Diretor.
Processos Internos
Homologação da prorrogação de designação de
funcionário para ocupar o cargo de Diretor de
Agronegócios, em vista da prorrogação de afastamento
do titular.
Processos Internos
Homologação de despacho do Sr. Presidente, ad
referendum do Colegiado, que aprovou a exoneração de
Diretor e, simultaneamente, a eleição de funcionário
para preencher a vacância do cargo.
Comportamento Organizacional
Autorização para a Unidade RSA Relação com
Funcionários e Responsabilidade socioambiental assinar
Acordo Coletivo de Trabalho com as entidades sindicais
para pagamento, a título de indenização, dos valores
não pagos aos funcionários envolvidos em movimentos
grevistas no período de 1997 a 2002, relativos ao
Programa Espontâneo e Provisório de Participação nos
Lucros ou Resultados, nos termos da minuta aprovada
pelo Conselho Diretor em 26.04.2004.
Comportamento Organizacional
Aprovação de revisão de plano de negócios do “Banco
Popular” para o período 2004/2008, na forma como
aprovado pelo Conselho Diretor em 26.04.2004.
Processos Internos
Aprovação de apoio do Conglomerado à proposta de
inclusão de novo princípio do “Global Compact” da
Organização das Nações Unidas, relacionado à
corrupção, na forma como aprovado pelo Conselho
Diretor em 06.04.2004, com a sugestão de que, além de
“extorsão e suborno”, se inclua também o termo
“fraudes corporativas”.
Processos Internos
Aprovação do estabelecimento de teto para contratação
de operação de arrendamento mercantil, modalidade
Leasing Financeiro, na forma como aprovado pelo
Conselho Diretor em 26.04.2004.
Financeira/Clientes
Aprovação de relatório de atividades de controles
internos de que trata o artigo 3º da Resolução CMN
2554/98, referente ao 2º semestre de 2003.
Processos Internos
Aprovação de sumário das auditorias realizadas,
referente ao 1º trimestre de 2004, para encaminhamento
à Secretaria Federal de Controle Interno.
Processos Internos
Aprovação da proposta de revisão das alçadas delegadas
ao Conselho diretor para alterações orçamentárias,
conforme aprovado por aquele Colegiado em
26.04.2004, mantendo-se a apresentação ao CA da
consolidação das reprogramações orçamentárias
enquadradas na alçada delegada, a cada trimestre.
Processos Internos
Junho 2004 Declarar-se ciente da análise de desempenho, das
informações gerenciais e do acompanhamento do
orçamento de investimentos do Conglomerado,
relativos ao mês de abril/2004.
Processos Internos
215
Declarar-se ciente da apresentação sobre o
posicionamento mensal do Sumário Executivo de
Atividades da Auditoria Interna.
Processos Internos
Declarar-se ciente do acompanhamento do Plano
Diretor, referente ao 1º trimestre de 2004.
Processos Internos
Declarar-se ciente do envio ao Departamento de
Coordenação e Controle das Empresas Estatais – DEST
do pedido de remanejamento de valores do Orçamento
Fixo – 2004, do Estado de S.Paulo para o da Bahia, com
vistas à implementação da Central de Atendimento a
Clientes, na cidade de Salvador.
Processos Internos/Clientes
Declarar-se ciente da análise de desempenho e do
acompanhamento do orçamento do “Banco Popular”
referentes ao mês de abril /2004.
Processos Internos
Declarar-se ciente da recondução ao cargo do titular da
Diretoria de Agronegócios.
Comportamento Organizacional
Homologação de despacho do Sr. Presidente, ad
referendum do Colegiado, que aprovou proposta de
adequação na estrutura organizacional do
Conglomerado, com a criação de duas Diretorias e a
transformação três Unidades em Diretorias, com
responsabilidade estatutária por conta de seus
ocupantes.
Comportamento Organizacional
Homologação de despacho do Sr. Presidente, ad
referendum, que aprovou a proposta de eleição de 5
membros da Diretoria Executiva para cumprirem o
mandato 2004/2007.
Comportamento Organizacional
Aprovação de indicação de dois nomes em substituição
a membros do Conselho Curador da Fundação da
Instituição.
Comportamento Organizacional
Aprovação de recondução de quatro nomes para
cumprirem mandato de dois anos, contados a partir de
01.04.2004, no conselho Curador da Fundação da
Instituição.
Comportamento Organizacional
Aprovação da revisão do Regimento Interno do Comitê
de Auditoria.
Processos Internos
Autorização de indicação do Diretor de Mercado de
Capitais e Investimentos para o cargo de Diretor-
Presidente em empresa de participações, a ser exercido
cumulativamente, conforme disposto no Artigo 24 do
Estatuto Social
Comportamento Organizacional
Declarar-se ciente das tratativas que a Diretoria
Executiva da Instituição está realizando junto ao
Governo Federal para viabilizar alterações e
esclarecimentos sobre o contido no Decreto 1.068, de
02.03.1994, que dispõe sobre a inclusão das
participações acionárias minoritárias detidas por
sociedades de economia mista no Programa Nacional de
Desestatização – PND.
Processos Internos
Julho 2004 Declarar-se ciente da análise de desempenho, das
informações gerenciais e do acompanhamento do
orçamento de investimentos do Conglomerado relativos
ao mês de maio/2004.
Processos Internos
216
Declarar-se ciente da apresentação sobre o
posicionamento mensal do Sumário Executivo de
Atividades da Auditoria Interna.
Processos Internos
Declarar-se ciente da elevação do teto par amparar
Operação com cliente, na forma como aprovada pelo
Comitê de Operações em 29.06.2004.
Financeira/Clientes
Declarar-se ciente do cronograma de análise e
divulgação do Balanço encerrado em 30.06.2004.
Processos Internos
Declarar-se ciente da análise de desempenho e do
acompanhamento do orçamento do “Banco Popular”,
referentes ao mês de maio/2004.
Processos Internos
Autorização ao Presidente do Conselho Diretor a
utilizar 10 dias de licença anual remunerada no período
compreendido entre os dias 14 e 27.07.2004.
Comportamento Organizacional
Aprovação da proposta de Orçamento de Investimentos
Fixos do Conglomerado para 2005, a ser submetida à
apreciação do Departamento de Coordenação e
Controle das Empresas Estatais – DEST, na forma
como aprovada pelo Conselho Diretor em 29.06.2004.
Processos Internos
Aprovação das alterações no Regimento Interno do
Comitê de Auditoria.
Processos Internos
Aprovação do Programa de Dispêndios Globais – PDG
– Programação 2005 do Conglomerado, e seu
encaminhamento ao Departamento de Coordenação e
Controle das Empresas Estatais – DEST, conforme
proposta aprovada pelo Conselho Diretor em
29.06.2004.(Ao aprovar esta matéria, o Conselho
recomendou que as próximas propostas da espécie
sejam encaminhadas aos Membros do CA com
antecedência mínima de 30 dias da data limite para o
encaminhamento dos assuntos ao Departamento de
Coordenação e Controle das Empresas Estatais – DEST,
viabilizando análise mais detalhada das propostas.
Processos Internos
Aprovação do Balanço Patrimonial e as demais
Demonstrações Financeiras referentes ao semestre findo
em 30.06.2004.
Processos Internos
Decisão de promover alterações no Relatório de
Administração do primeiro semestre, aprovado pelo
Conselho Diretor, nos termos do disposto no inciso X
do art. 21 do Estatuto Social.
Processos Internos
Declarar-se ciente da análise de desempenho, das
informações gerenciais e do acompanhamento do
orçamento de investimentos do Conglomerado,
relativos ao mês de junho/2004.
Processos Internos
Declarar-se ciente da posição mensal do Sumário
Executivo de Atividades da Auditoria Interna, referente
ao mês de julho/2004.
Processos Internos
Declarar-se ciente do sumário das auditorias realizadas
pela Auditoria Interna, referente ao 2º trimestre/2004,
encaminhado à Secretaria Federal de Controle Interno
da Controladoria Geral da União.
Processos Internos
Agosto 2004
Declarar-se ciente dos relatórios de alienação dos bens
móveis e imóveis, referentes ao 2º trimestre/2004.
Processos Internos
217
Declarar-se ciente da análise de desempenho e do
acompanhamento do orçamento do “Banco Popular”,
referentes ao mês de junho/2004.
Processos Internos
Declarar-se ciente da reprogramação orçamentária,
aprovada pelo Conselho Diretor em 10.08.2004,
decorrente de alteração de cenário e de taxas
financeiras.
Processos Internos
Declarar-se ciente da consolidação das reprogramações
orçamentárias aprovadas no 2º trimestre de 2004,
enquadradas na alçada delegada ao Conselho Diretor.
Processos Internos
Declarar-se ciente da apresentação do Sr. Vice-
Presidente de Tecnologia e Logística a respeito da
aquisição de equipamentos pela Organização para uso
no “Banco Popular”, recomendando que qualquer
equipamento do tipo POS seja adquirido de empresas
com comprovada experiência no objeto fim,
reconhecida idoneidade, anos de experiência no
mercado e patrimônio líquido compatível. O CA
decidiu, ainda, que a Unidade de Auditoria Interna
realize auditoria no processo de compra destes
equipamentos e apresente laudo específico sobre o
assunto.
Processos Internos
Autorização para conversão em espécie de 10 dias de
licença anual remunerada e afastamentos a membros da
Diretoria Executiva.
Processos Internos
Aprovação de proposta de alteração do calendário de
reuniões do CA, para o ano de 2004.
Processos Internos
Aprovação de contratação de linha de crédito rotativo
para amparar operações de capital de giro no exterior
para Subsidiária externa, na forma como aprovada pelo
Conselho Diretor em 20.07.2004.
Financeira/Clientes
Aprovação de substituição de 2 membros no Conselho
Curador da Fundação da Instituição.
Comportamento Organizacional
Aprovação da indicação de membro para compor o
Conselho Curador da Fundação da Instituição.
Comportamento Organizacional
Aprovação de estudo técnico de avaliação do prazo de
utilização do crédito tributário, na forma como
aprovado pelo Conselho Diretor em 13.07.2004.
Processos Internos
Aprovação de indicação do Vice-Presidente de Varejo e
Distribuição para o cargo de representante da
Organização em empresa associada internacional, em
substituição ao Presidente da Diretora Executiva,
conforme prevista no Estatuto Social.
Comportamento Organizacional
Aprovação de proposta de aplicação aos membros do
Comitê de Auditoria do mesmo tratamento dispensado
aos membros do CA, no tocante a deslocamentos a
serviço.
Comportamento Organizacional
Aprovação de proposta de inclusão de novo item nas
políticas gerais da Organização, aprovada pelo
Conselho Diretor em 02.08.2004.
Processos Internos
Aprovação de convocação de Assembléia Geral
Extraordinária dos Acionistas, em cumprimento ao
disposto no Estatuto Social, a fim de deliberar sobre
aumento de capital social e eleição de membros do
Comitê de Auditoria, para o mandato 2004/2007.
Financeira/Comportamento
Organizacional.
218
Análise da proposta de revisão e atualização da
Orientação Geral de Negócios para o período
2003/2007 e do Plano de Longo Prazo, aprovados pelo
Conselho Diretor. O CA decidiu por promoção de
ajustes nos documentos.
Processos Internos
Declarar-se ciente da análise de desempenho, das
informações gerenciais e dos acompanhamentos do
orçamento de investimentos do Conglomerado,
relativos ao mês de julho/2004.
Processos Internos
Declarar-se ciente da posição mensal do Sumário
Executivo de Atividades da Auditoria Interna, referente
ao mês de agosto/2004.
Processos Internos
Declarar-se ciente do Plano Diretor, referente ao 2º
trimestre/2004.
Processos Internos
Declarar-se ciente do acompanhamento do Plano de
Ação do “Banco Popular” para o ano de 2004.
Processos Internos
Declarar-se ciente do andamento do Plano de Ação para
a consolidação da cultura de responsabilidade
socioambiental no Conglomerado.
Processos Internos
Declarar-se ciente do cronograma de elaboração dos
Planos Diretor e de Mercado para o próximo ano, bem
como do Orçamento de 2005, na forma como aprovado
pelo Conselho Diretor em 31.08.2004, solicitando que o
Plano de Mercados de 2005 seja encaminhado, também,
ao CA para conhecimento.
Processos Internos
Ratificação das decisões do CA, de 07.07 e 03.11.2003,
a respeito do fornecimento de documentos a órgãos
externos, conforme orientação técnico-jurídica.
Processos Internos
Aprovação de inclusão de alíneas na política de crédito,
em cumprimento à carta de princípios de
responsabilidade socioambiental do Conglomerado,
conforme aprovado pelo Conselho Diretor em
17.08.2004 (A carta de princípios prega a não assunção
de vínculo de risco de crédito com organizações que
submetam trabalhadores a formas degradantes de
trabalho ou os mantenha em condições análogas à de
trabalho escravo; pratique a exploração sexual de
menores; e que pratique a exploração de mão-de-obra
infantil).
Sociedade
Aprovação de Políticas de Gestão da Continuidade dos
Negócios, aprovadas pelo Conselho Diretor em
24.08.2004 (Plano de Contingência de funcionamento
em períodos de greve).
Clientes/Sociedade/Processos
Internos
Aprovação de Sumário Executivo de Atividades de
Auditoria Interna, relativas ao 2º trimestre/2004.
Processos Internos
Setembro 2004
Aprovação de relatórios elaborados por auditores
independentes internacionais a respeito dos processos
de análise de risco de mercado e de deferimento de
operações, em conformidade ao disposto no Estatuo
Social. Ao tomar ciência da decisão do Conselho
Diretor de 31.08.2004, sobre o assunto, recomendou,
ainda, que o Plano de Ação a ser desenvolvido, com
criticidades A,B e C, seja apresentado ao CA na reunião
ordinária de novembro/2004.
Processos Internos
219
Aprovação de indicação em substituição de 2 membros
para integrarem o Conselho Curador da Fundação da
Instituição.
Comportamento Organizacional
Aprovação da reeleição de 22 membros da Diretoria
Executiva para integrarem o Conselho Curador da
Fundação da Instituição, em cumprimento de mandato
de dois anos.
Comportamento Organizacional
Declarar-se ciente da análise de desempenho e das
informações gerenciais do “Banco Popular”, relativa
aos meses de agosto e setembro/2004.
Processos Internos
Declarar-se ciente da posição mensal do Sumário
Executivo de Atividades da Auditoria Interna, referente
ao mês de setembro/2004.
Processos Internos
Declarar-se ciente da aprovação, pelo Conselho Diretor,
em 24.08.2004, da criação de Grupo de Trabalho para
propor ações de melhoria das práticas de governança
corporativa, com a recomendação de que sejam
prestados esclarecimentos periódicos ao CA,
objetivando o acompanhamento das sugestões
apresentadas pelo Grupo.
Processos Internos/Sociedade/
Comportamento Organizacional
Aprovação da exoneração de Diretor de coligada e
eleição para ocupação do cargo de Diretor da Empresa
Líder do Conglomerado, complementando o mandato
2004/2007, em atendimento às exigências do Estatuto
Social.
Comportamento Organizacional
Aprovação da criação de Gerência Regional de
Auditoria em Tóquio (Japão), com amplitude de ação
abrangendo as filiais localizadas na Ásia, na forma
como aprovada pelo Conselho Diretor em 21.09.2004.
Processos Internos
Aprovação do relatório de avaliação das atividades
relacionadas com o sistema de controles internos de que
trata o art. 3º da Resolução CMN 2554/98, referente ao
1º semestre/2004.
Processos Internos
Aprovação das alterações no Estatuto da Fundação da
Instituição.
Processos Internos
Outubro 2004
Aprovação do documento “Políticas de relacionamento
da Organização com fornecedores” promovendo
alterações nas relações com fornecedores, no que se
refere responsabilidade socioambiental, qualidade, etc.
Processos Internos/Sociedade
Declarar-se ciente da análise de desempenho
econômico-financeiro do Conglomerado no 3º
trimestre/2004.
Processos Internos
Declarar-se ciente da posição mensal do Sumário
Executivo de Atividades da Auditoria Interna, referente
ao mês de outubro/2004.
Processos Internos
Declarar-se ciente dos relatórios de alienação dos bens
móveis e imóveis, referentes ao 3º trimestre/2004.
Processos Internos
Novembro 2004
Declarar-se ciente do adiamento, pelo Conselho Diretor,
do cronograma para apresentação do Plano de Ação
visando a melhoria dos processos de risco de crédito e
de mercado e de deferimento de operações, a ser
apresentado também ao CA, com as criticidades A,B e
C, conforme decisão de 02.09.2004.
Processos Internos
220
Declarar-se ciente do painel estratégico do
Conglomerado, elaborado pela Unidade Estratégia e
Organização, referente ao 3º trimestre/2004.
Processos Internos
Aprovação do Plano de trabalho do Comitê de
Auditoria, conforme prevista no art. 33 do Estatuto
Social.
Processos Internos
Aprovação de elevação de limite de crédito a cliente. Financeira/Clientes
Aprovação de manutenção de limite de crédito a cliente,
com fixação dos tetos de exportação e importação, nas
mesmas condições aprovadas pelo Conselho Diretor em
05.10.2004.
Financeira/Clientes
Aprovação de manutenção de limite de crédito a cliente,
com a fixação de tetos de exportação e importação, nas
mesmas condições aprovadas pelo Conselho Diretor em
26.10.2004.
Financeira/Clientes
Aprovação de encaminhamento à Assembléia Geral
Extraordinária dos Acionistas da proposta de reajuste do
montante global de remuneração dos Administradores,
para o período compreendido ente maio/2004 e
abril/2005, em razão da elevação do número de
Diretorias da Organização e do repasse aos
Administradores dos benefícios aos funcionários,
decorrentes ao acordo/dissídio coletivo.
Financeira/Comportamento
Organizacional
Aprovação de proposta de não alienação da participação
em Subsidiária integral, na forma como aprovada pelo
Conselho Diretor em 17.08.2004, decidindo recomendar
que seja apresentado ao CA, na reunião ordinária de
março/2005, relatório de acompanhamento do assunto,
com base nos números de 31.12.2004.
Financeira/Processos Internos
Aprovação do aumento de capital social, mediante a
reversão de valor registrado na rubrica Aumento de
Capital, a ser registrado aos subscritores da Emissão
Privada de Ações e aos titulares de bônus que
exerceram o direito de subscrição, com o
encaminhamento do assunto para deliberação da
próxima Assembléia Geral de Acionistas.
Financeira/Processos Internos
Aprovação de alteração do art. 7º do Estatuto Social, em
conseqüência do aumento do capital social e da emissão
privada de ações.
Processos Internos
Aprovação de convocação de Assembléias Gerais
Ordinária e Extraordinária dos Acionistas, para
deliberar sobre assuntos relativos a eleição de membros
do Conselho Fiscal; homologação do aumento do
capital social; proposta de alterações no Estatuto Social,
proposta de reajuste do montante global anual de
remuneração dos Administradores, para o período
compreendido entre maio/2004 e abril/2005.
Processos Internos
Decisão de solicitar que seja apresentado, em até 30
dias, estudo sobre a contratação do seguro de
responsabilidade civil ”Director and Officer” para os
membros dos órgãos de administração do
Conglomerado.
Financeira/Comportamento
Organizacional
221
Declarar-se ciente da análise de desempenho, das
informações gerenciais e do acompanhamento do
orçamento de investimento, referente ao mês de
outubro/2004.
Processos Internos
Declarar-se ciente da posição mensal do Sumário
Executivo de Atividades da Auditoria Interna, referente
ao mês de novembro/2004.
Processos Internos
Declarar-se ciente da consolidação das reprogramações
orçamentárias, aprovadas no 3º trimestre de 2004,
enquadradas na alçada delegada ao Conselho Diretor.
Processos Internos
Declarar-se ciente de apresentação do Vice-Presidente
de Agronegócios e Governo e do Diretor de Governo, a
respeito da situação atual dos depósitos judiciais, sua
importância para os resultados da Organização, cenários
e perspectivas a respeito do caso. Na ocasião, o
Conselho solicitou que o assunto seja novamente
tratado na reunião ordinária de março/2005.
Processos Internos
Homologação de despacho do Sr. Presidente, ad
referendum do Colegiado, que aprovou a indicação de
dois funcionários para exercerem, interinamente, os
cargos de Vice-Presidente de Negócios Internacionais e
Atacado e Diretor Comercial.
Comportamento Organizacional
Homologação de despacho do Sr. Presidente,“ad
referendum do Colegiado, que aprovou o pagamento na
forma de participação nos lucros aos membros da
Diretoria Executiva, referente ao lucro do primeiro
semestre/2004, na forma proposta pela Diretoria de
Gestão de Pessoas.
Comportamento Organizacional
Aprovação de contrato de serviço profissional de
auditoria independente com empresa internacional de
auditores independentes para o exercício de 2005, na
forma aprovada pelo Conselho Diretor em 23.11.2004 e
da recomendação do Comitê de Auditoria de
09.12.2004.
Processos Internos
Aprovação do Sumário Executivo das Atividades de
Auditoria Interna referente ao 3º trimestre/2004.
Processos Internos
Aprovação do PAAAI – Plano Anual das Atividades de
Auditoria Interna referente ao exercício de 2005.
Processos Internos
Aprovação do calendário de reuniões do Conselho de
Administração para 2005.
Processos Internos
Autorizar, com retroatividade à data da respectiva
posse, a participação do Vice-Presidente de Tecnologia
e Logística, como representante da Organização em
empresa associada.
Comportamento Organizacional
Conceder licença ao Vice-Presidente de Crédito e
Gestão de Riscos, por motivo de saúde, a partir do dia
13.12.2004, conforme previsto no art. 25 do Estatuto
Social.
Comportamento Organizacional
Aprovação do orçamento geral do Conglomerado para o
ano de 2005, na forma como aprovado pelo Conselho
Diretor em 21.12.2004.
Processos Internos
Dezembro 2004
Aprovação do Plano Diretor para 2005, definindo os
índices que aguardavam a aprovação do orçamento do
Conglomerado.
Processos Internos
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