consideradas não apenas em relação à linguagem, mas em todos os seus
aspectos, de maneira a não veicular qualquer tipo de preconceito de origem
étnica, religiosa, de gênero etc.
Dentro deste aspecto, a autora de Construindo a escrita esclarece
que sempre existiu um cuidado na escolha dos textos, sobretudo a partir das
reformulações necessárias aos livros com o PNLD e se posiciona:
Carvalho:_ Que se eu puser uma princesa loirinha ela pode trazer a discussão porque
é loirinha, se eu puser pretinha porque é pretinha, se eu puser japonesa porque é
japonesa. Entende? Quer dizer. Eu acho que ela tá enquanto possibilidade de
discussão muito mais na mão do professor do que do próprio texto. Cê entende o que
eu quero dizer? (...) Porque se o professor tiver este olhar qualquer texto pode ser
uma situação pra ele tá trabalhando. E se, por exemplo, ele tem preconceito qualquer
texto pode ser (aplicado?) com preconceito. Você entende? (...) Então assim nenhum
autor a meu ver tem essa garantia. Muito mais do professor e o autor pode colocar um
texto cheio de preconceito num livro e o professor justamente destacar o quanto o
autor foi preconceituoso e ele usar de uma maneira a desmontrar o preconceito por ex.
então tá muito mais na mão do professor do que do autor a meu ver.
Para a autora de Português – uma proposta para o letramento o
livro didático é um instrumento para colaborar com o trabalho do professor, um
instrumento que não esgota tudo e a partir do qual ele pode e deve fazer muita
coisa. Com relação às diferenças nos fala que:
Soares:_ Porque as pessoas, há uma história de construção de preconceitos nesse
país, né? Então é uma coisa que passa sem a pessoa ter muita consciência disso.
(...) Eu trabalhei sempre com pesquisa na área exatamente da diversidade,
diversidade sócio-econômica então isso pra mim, eu diria que num chegou, num
chega a ser uma coisa difícil porque eu sou, eu acho que eu sou, eu num tenho
preconceito. Eu me surpreendo às vezes de identificar preconceito no outro, porque
é uma situação que jamais passaria pela minha cabeça, né? O preconceito. (...)
Você num querer levar ao exagero e querer falsificar porque aí é que é pior. Que se
você finge que não tem o preconceito é pior do que você expressar, reconhecer
preconceito. E esse país tem vivido isso. É proclamar que não tem preconceito
quando na verdade tem e então, isso só serve pra deixar o preconceito escondido,
né? E, portanto difícil de combater. Como é que você vai combater um inimigo que
não se configura? Essa é uma questão. Outra questão que eu acho que com
relação ao livro didático é importante pensar é que... Ligada a essa o preconceito
áa presente no país. Também no livro didático você não deve esconder, mas você
deve discutir o preconceito que aí é que você forma, né?O contra-peconceito.