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Buscando promover melhor entendimento sobre o tema, Armani (2004)
enumerou algumas vantagens e limitações em se atuar através de projetos sociais,
conforme quadro 3, a seguir.
Para pôr em prática um projeto social, tem-se como etapa fundamental o
diagnóstico inicial da situação/problema a ser enfrentada; somente após, parte-se
para a fase de planejamento e elaboração da ação. Cury (2001) define as três
dimensões que considera essenciais no planejamento de um projeto social:
Vantagens Limitações
Ações sociais seriamente formuladas, com
objetivos e atividades bem definidos,
gerenciados de forma sistemática e
participativa, têm muito mais chance de
“funcionarem”. É o que chamamos de eficácia.
Ações desse tipo mobilizam mais gente para
participar, promovem parcerias e motivam o
grupo participante, facilitando a administração
mais racional e transparente dos recursos. É o
que chamamos de eficiência.
As ações sociais através de projetos com
melhores resultados a menores custos geram
confiança por parte da sociedade. É o que
chamamos de legitimidade e credibilidade.
Uma contínua e progressiva reflexão sobre a
experiência durante a sua execução é condição
importante para o seu êxito. Dessa forma,
pode-se testar, de forma sistemática, hipóteses
sobre a temática em questão, produzindo-se
conhecimento relevante para este e outros
projetos similares [...].
Ações planejadas e estruturadas favorecem
a participação efetiva de todos os setores
envolvidos com a ação, especialmente
daqueles que serão beneficiados, na medida
em que exige objetivos, metas e critérios de
avaliação bastante claros [...].
Por fim, ações sociais desenvolvidas
através de projetos têm maior consistência
técnica, aumentando a chance para parcerias e
o envolvimento organizado dos beneficiários,
resultando em mudanças mais duradouras e
sustentáveis.
Gestão com foco maior na eficiência e
controle do que com efetividade,
flexibilidade e aprendizado.
É um tipo de intervenção mais apropriada
para gerenciar iniciativas de caráter
técnico, e bem menos para ações
voltadas para alteração das relações
sociais, como redução do trabalho infantil,
geração de renda para famílias de baixa
renda etc.
Por vezes, pode gerar o “engessamento”
dos processos e, conseqüentemente,
apresentar resultados aquém dos
esperados, dada a complexidade das
relações sociais.
Projetos possuem relação temporal
(prazos) e financeira diferentes daquelas
existentes na sociedade.
Projetos introduzem um desequilíbrio
entre “resultados tangíveis” (de curto
prazo), por um lado, e “mudanças de
relações sociais” (mais duradouras), por
outro, com tendência favorável aos
primeiros em função das expectativas dos
financiadores.
Em função do contexto atual brasileiro, e
que está em curso uma redução relativa
no papel do Estado em garantir direitos
sociais universais, há um risco de as
organizações do terceiro setor caírem na
armadilha de encarar os projetos como
substitutos à ação social do Estado.
Quadro 03 – Vantagens e limitação dos projetos sociais
Fonte: Adaptado de ARMANI (2004)