Perceber o significado do que se está fazendo e se regozijar com ele, unificar,
simultaneamente em um mesmo fato, o desdobramento da vida emocional interna e
o desenvolvimento ordenado das condições externas materiais – isso é arte. Os
sinais externos de sua presença – ritmo, simetria, arranjo de valores, o que se queira
– essas coisas são sinais de arte na qual se exibem a união de pensamento agradável
e o controle da natureza (DEWEY, 2002, p. 31).
Segundo Dewey, é no contexto de uma formação global do humano que se dá o
desenvolvimento de uma educação estética. Nesse âmbito temos também as contribuições de
Herbert Read, propondo que a arte seja a base da educação, cujo objetivo, partindo da
sensibilidade estética, está em promover harmoniosamente o individual e o coletivo do ser
humano. Para tanto, destaca dois processos básicos, que são a percepção e a imaginação. O
autor defende a idéia de uma educação visual ou plástica, que
compreende todos os modos de auto-expressão, literária e poética (verbal), bem
como musical ou auricular, e constitui uma abordagem integral da realidade que
deveria ser chamada de educação
estética
– a educação dos sentidos nos quais a
consciência e, em última instância, a inteligência e o julgamento do indivíduo
humano estão baseados. É só quando esses sentidos são levados a uma relação
harmoniosa e habitual com o mundo externo que se constitui uma personalidade
integrada. Sem essa integração, temos [...] aqueles sistemas arbitrários de
pensamento, dogmáticos ou racionalistas em sua origem, que procuram, a despeito
dos fatos naturais, impor um modelo lógico ou intelectual ao mundo da vida
orgânica. Esse ajustamento dos sentidos ao seu meio ambiente objetivo talvez seja a
função mais importante da educação estética (READ, 2001, p. 8-9).
Em seus escritos na obra Educação pela arte, Read (2001) tem sido referência para o
ensino e a arte, destacando as principais formas da educação como sendo a percepção
psicológica, a imaginação icônica, a ludicidade e a expressividade. Desencadeando uma série
de discussões que resultaram em diversas pesquisas, conferências e debates, Read mobilizou
muitos outros autores. Este autor analisa a desvalorização da educação estética como um
reflexo da sociedade que impõe uma formação tecnológico-produtiva, a qual torna muito
difícil uma formação estética do ser humano, resultando na desvalorização do ensino da arte.
No período da pós-modernidade, a racionalidade e o poderio de industrialização
conquistaram os artistas, o que, conseqüentemente, reflete-se nas suas produções,
especialmente nas iniciadas nos movimentos de vanguarda, quando a arte se perdeu entre
tantas tecnologias e experimentações, não encontrando mais a sua significação poética. Ortega
y Gasset (2005), ao tratar da “desumanização da arte”, diz que, quando esta abandona as
relações com o passado histórico e existe apenas por si mesma, desrealiza, rompe com o real,
manifesta-se na pluralidade, é o princípio da existência de uma nova sensibilidade estética.