algum tempo, os varios ministerios, que se succedem, pertencem todos ao mesmo
partido. É frequentissima a permanencia de ministros na composição de dois
gabinetes sucessivos. Trata-se, portanto, de simples nuances, meras variações
accidentaes acerca de questões occurrentes. Essas modificações nem mesmo trazem
alterações muito grandes no pessoal da Segunda categoria. Quanto mais os ministros
variam, tanto mais a necessidade de uma administração inferior estável se faz sentir.
Todos sabem que durante o imperio, entre nós, as secretarias de estado conservavam
constantemente os seus quadros administrativos, a despeito da passagem de gabinetes
e partidos oppostos. Na França e na Inglaterra o mesmo facto é apontado. Si de
alguma coisa se ressentem as administrações desses paizes parlamentares, em vez de
ser variabilidade, é emperramento.
Assim, o receio allegado de que a muita variação de ministros, traga desordens
profundas, está pelos factos e bem longamente desmentido.
Mas, ao passo que se faz essa alegação para o regimen parlamentar é bom olhar para
o que succede com o nosso. A ocasião é opportuna, porque estamos no ano critico.
Parece, de facto, que todas as presidencias verão esterelisado o seu terceiro anno de
exercicio pela perspectiva de escolha do candidato á presidencia futura, inutilisado o
quarto, porque entre o presidente que vae sahir e o presidente que vae entrar,
Congresso oscilla doidamente, sempre tendendo para este ultimo.
Foi isto, que sucedeu em 93, o anno da revolta de setembro, - que sucedeu em 97, o
anno da scisão do attentado, do estado de sitio, - que estamos vendo em 901, em que
o governo está entre a opposição que todos lhe desejariam mover e o apoio hypocrita,
que quasi todos lhe protestam.
Tomem, á vontade, quatro annos quaesquer, de qualquer paiz parlamentar, sommem
os dias de crises ministeriaes e verão que em nenhum se dá essa longa crise de facto,
que absorve os dois ultimos annos de todas as presidencias, entre nós. O anno critico
é o penultimo: o que decide a escolha dos successores; o anno perdido é o ultimo, em
que o successor, já eleito, relega para o segundo plano o possuidor do poder.
Por isso mesmo, este ultimo sente a necessidade premente de escolher quem lhe deve
succeder. Si não for um amigo, desde março de seu quarto anno de governo, o
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