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mencionadas, por óbvio, não esgotam o conjunto de ações desencadeadas para a
constituição de os recursos necessários ao desenvolvimento da acumulação do capital
financeiro
166
; todavia, a criação dos ‘mercados’ de valores mobiliários, financeiro e de
capitais, a despeito da autonomia que a economia e a política desejam conferir a cada um
tomados individualmente, estas dimensões compõem uma totalidade
167
que sedimenta o
crescimento do capital portador de juros e o capital fictício no país e institui a
financeirização da economia como o modo predominante de operar negócios no Brasil.
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Contudo, se tais medidas e leis oportunizaram a instrumentalidade para que sua operação
fosse possível, faltava-lhes ainda, criar os recursos para que as intenções da forma capital
financeiro, postas pelas várias iniciativas, não restassem vazias, ao faltar-lhes a
materialidade, a riqueza que as sustentasse. Assim, a ‘previdência privada’ é a ‘mediação’
necessária ao grande capital na captação dos recursos necessários ao seu desenvolvimento.
executivo, pelo presidente do Banco do Brasil e pelos diretores das Carteiras de Redesconto, Câmbio, Caixa
de Mobilização e Fiscalização Bancária e presidido pelo Ministro da Fazenda.
166
Ver Tavares (1978).
167
Ver texto “Los mercados financieiros. Zacharie, Arnaud. Sítio Rebelión: www.rebelion.org
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Impressionam os números que materializam na atualidade a lógica do capital financeiro implantada pela
ditadura de 1964. Em decorrência da financeirização da economia brasileira determinada que é pelos
interesses do capital financeiro, temos: Juro brasileiro é o maior do mundo, bem acima da média dos
países emergentes. Por: Lígia Araújo. 19/07/2005 16h39. SÃO PAULO. Infopessoal:
http://www2.uol.com.br/infopessoal, em 20.07.2005.
O Brasil apareceu, em junho, como o país que praticou as maiores taxas de juros do mundo, tanto nominais
quanto reais, segundo relatório divulgado nessa terça-feira, 19 de julho, pela GRC Visão. O relatório traz um
ranking com 40 países, listados de acordo com suas respectivas taxas. Durante nove meses seguidos, a taxa de
juro brasileira foi elevada, passando de 16% ao ano em setembro de 2004 para 19,75% ao ano em maio deste
ano. Na reunião de junho, vale citar, o Copom (Comitê de Politica Monetária) decidiu manter o
patamar da Selic, que será novamente revisto nesta quarta-feira.
Juro brasileiro é o maior do mundo. Em 19,75% ao ano, a taxa Selic é a maior taxa básica de juros
do planeta, seguida da taxa básica de juro praticada na Venezuela (17% ao ano) e na Turquia (14,3% ao ano).
Na quarta e na quinta posição aparecem a Rússia (13% ao ano) e o México (9,7% ao ano). Por outro lado,
com as menores taxas de juros nominais do mundo, estão a taxa japonesa (0% ao ano) e a suíça (0,7% ao
ano). Taiwan e República Tcheca também se destacam, com juros de 1,4% ao ano e 1,7% ao ano,
respectivamente. Em termos reais, o brasileiro também é o maior. No que diz respeito aos juros reais,
considerando os últimos 12 meses e descontando a inflação do período, a Selic também conquista a liderança.
Em 8,7% ao ano, os juros reais brasileiros são os maiores do mundo. Segundo a GRC Visão, mesmo havendo
nova estabilidade na taxa de juros nominais no Brasil, a taxa real projetada para os próximos 12 meses subirá,
passando de 13,9% em junho para 14,1% em julho, motivada pela nova redução na expectativa de
inflação para os próximos 12 meses. Os juros reais praticados na Turquia aparecem em segundo lugar
(8,5% ao ano) e os praticados na Hungria em terceiro (7,5% ao ano). No outro extremo, vale citar, aparecem a
Argentina (-5,2% ao ano) e a Grécia (-1,6%), com taxas de juros reais negativas. Taxa dos emergentes é
mais elevada: No relatório da GRC Visão, fica muito clara a diferença entre as taxas praticadas em junho
pelos países emergentes e pelos países desenvolvidos. Os primeiros, em média, praticavam uma
taxa de juros nominal de 7,5% ao ano, acima da taxa média de 2,6% ao ano dos segundos. A média geral, de
acordo com o relatório, ficava em 4,8% ao ano. A taxa média de 2005 apresenta a mesma tendência. Os países
desenvolvidos seguem com 2,4% ao ano, contra 7,7% ao ano dos países em desenvolvimento.
Seria bom falar
aqui da importância das receitas
financeiras para as empresas do
“setor produtivo” e da participação
dos bancos no controle do setor
produtivo, e claro, da carga de
juros na composição do gasto
público.