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INÁCIO JOSÉ CLEMENTINO
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Patos-PB, 2005.
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INÁCIO JOSÉ CLEMENTINO
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Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Medicina Veterinária de Pequenos
Ruminantes da Universidade Federal de Campina
Grande, para obtenção do título de Mestre.
Orientador: Prof. Dr. Clebert José Alves
Patos-PB, 2005.
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Ficha Catalogada no Setor Técnico da Biblioteca Setorial do CSTR / UFCG – Campus de
Patos-PB
Unitermos: Brucella ovis; ovinos; prevalência
C. 626 b
CDU. 616.9:636.3
Clementino, Inácio José
Brucelose por Brucella ovis em ovinos deslanados do semi-
árido da Paraíba.
Inquérito soroepidemiológico e fatores de risco associados à infecção. / Inácio José
Clementino, 2005.
85f.
Disserta
ção (Mestrado). Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e
Tecnologia Rural.
Inclui bibliografia
1- Doenças infecto-contagiosas – ovinos – dissertação.
I- Título.
INÁCIO JOSÉ CLEMENTINO
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Data da defesa: _______/____________/_________
Banca Examinadora
Prof. Dr. Clebert José Alves (orientador)
Julgamento:_______________ Assinatura:________________________________
Prof. Dr. Silvio Arruda Vasconcellos
Julgamento:_______________ Assinatura:________________________________
Prof. Dr. Franklin Riet-Correa
Julgamento:_______________ Assinatura:________________________________
Ao colega, Médico Veterinário, Cícero Dinizin memorian”.
Amigo e professor, uma das pessoas que mais
incentivou o meu crescimento profissional.
DEDICATÓRIA
Às pessoas que mais desejam o meu crescimento profissional e pessoal (Manoel Clementino e
Maria Creuza, meus pais), e, se esforçaram muito para me ajudar a atingir meus objetivos;
Aos meus tios: Manoel, Vitória, Margarida, Das Dores e a todos os outros não citados, pelo
apoio e incentivo;
Aos meus irmãos: Luíz, José e Inês;
A Vitória, minha esposa, e ao meu filho, Eduardo, que são meus maiores incentivos para
continuar lutando.
AGRADECIMENTOS
A Deus, que guiou meus passos durante esta caminhada;
À Secretaria da Agricultura Irrigação e Abastecimento (S.A.I.A.) do estado da Paraíba pela
autorização para colheita de amostras nas exposições agropecuárias realizadas no estado;
Aos técnicos da EMATER-PB (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), Alberto
Salgado Bandeira e Espedito Barbosa, e ao superintendente da S.A.I.A. no carirí, Robson S.
Leandro, pela valiosa colaboração durante a realização das visitas às propriedades;
Aos Médicos Veterinários: Mabiani Gila, Kemmuel, Luis Ricardo e Wendel, pelo auxílio
durante a colheita do material;
Aos estudantes de Medicina Veterinária, Gledson, Lásaro e Espedito, pelo auxílio nas coletas;
Ao Dr. Franco Maria Cacllotti, diretor do Instituto Zooprofilático Experimental de Veneza,
Itália, pelo fornecimento do antígeno utilizado na reação de fixação do complemento;
Ao Instituto de Tecnologia do Paraná (TECPAR) pelo fornecimento do antígeno utilizado na
reação de imunodifusão em gel de ágar;
Ao Instituto Biológico de São Paulo, pelo estágio e realização da técnica de fixação do
complemento;
À Dr
ª
Lília Paulin, responsável pelo Laboratório de Brucelose do Instituto Biológico de São
Paulo, pelo carinho e amizade com que me auxiliou durante o desenvolvimento da reação de
fixação do complemento;
A todos os colegas do programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária;
Ao Centro de Saúde e Tecnologia Rural (CSTR), Campus de Patos, pelo apoio laboratorial e
ajuda com transporte durante a colheita de material nas exposições;
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária do CSTR;
Ao Dr. Sérgio Santos de Azevedo pela amizade e valiosa ajuda com a análise estatística dos
dados;
Ao Prof. Dr. Clebert José Alves, meu orientador, pela paciência, carinho e apoio durante a
minha caminhada acadêmica e profissional;
Aos amigos Alan, Edilson, Bruno, Marcelo e moradores do quarto 108 da residência
universitária pelos momentos de descontração;
A dona Francinete, técnica do Laboratório de Doenças Transmissíveis /UFCG/CSTR, pelo
apoio;
Ao jornalista Ronaldo Majela pela correção gramatical do texto dessa dissertação;
A todos que direta e indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho;
À Coordenação de Apoio ao Pessoal de Ensino Superior (CAPES)/MEC pelo apoio
financeiro.
RESUMO
CLEMENTINO, I.J. Brucelose por Brucella ovis em ovinos deslanados do semi-árido da
Paraíba. Inquérito soroepidemiológico e fatores de risco associados à infecção.
[
[[
[Brucellosis due to Brucella ovis in rams from the semi-arid of Paraíba, Brazil.
Seroepidemiological survey and risk factors for the infection]
]]
]. 2005. 85f. Dissertação
(Mestrado em Medicina Veterinária de Pequenos Ruminantes) Universidade Federal de
Campina Grande, Patos-Paraíba.
Foi realizado um levantamento soroepidemiológico da brucelose por Brucella ovis em
reprodutores ovinos deslanados na Paraíba com os objetivos de verificar a prevalência e
distribuição da infecção por B. ovis em propriedades do estado; analisar os possíveis fatores
de risco associados à infecção; proceder a uma avaliação clínica do conteúdo escrotal e sua
associação com a soropositividade para B. ovis, e verificar se a infecção estava presente nas
exposições realizadas na Paraíba. O trabalho foi dividido em duas fases. Na fase I, foram
investigadas 283 propriedades criadoras de ovinos, das quais foram colhidas 498 amostras de
soro sanguíneo de carneiros, a partir de oito meses de idade, nas mesorregiões do Sertão
Paraibano e Borborema; na fase II, visitou-se sete exposições agropecuárias realizadas na
Paraíba e colheu-se 128 amostras de soro sanguíneo de carneiro. Todos os soros foram
examinados pela IDGA (teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório). De acordo com as
análises, 8,59% (I.C.
95%
= 5,83-12,48%) das propriedades apresentaram evidência sorológica
de infecção por B. ovis, com uma prevalência de 5,57% (I.C.
95%
= 3,86-7,97%) reprodutores
sororreagentes. Não houve associação entre a ocorrência de problemas reprodutivos
(abortamento, natimortos, mortalidade na primeira semana de vida e comportamento
homossexual) e a soropositividade para B. ovis (p > 0,05). Nas propriedades que higienizavam
suas instalações com maior frequência o índice de soropositividade foi estatisticamente
inferior (p < 0,05). Houve associação entre a soropositividade e a presença de alterações
testiculares (p = 0,026). A infecção por B. ovis foi evidenciada sorologicamente em 3,91% das
amostras de soro sanguíneo de carneiros colhidas nas exposições agropecuárias na Paraíba.
Unitermos: Brucella ovis; ovinos; prevalência
SUMMARY
CLEMENTINO, I.J. Brucellosis due to Brucella ovis in rams from the semi-arid of
Paraíba, Brazil. Seroepidemiological survey and risk factors for the infection. [
[[
[Brucelose
por Brucella ovis em ovinos deslanados do semi-árido da Paraíba. Inquérito
soroepidemiológico e fatores de risco associados à infecção]
]]
]. 2005. 85f. Dissertação
(Mestrado em Medicina Veterinária de Pequenos Ruminantes) Universidade Federal de
Campina Grande, Patos-Paraíba.
A seroepidemiological survey was conducted to determine the prevalence and distribution of
the Brucella ovis infection in rams from the Paraíba state. The risk factors for the infection,
clinical evaluation of the scrotal structures and presence of the infection in the animal
expositions were also verified. The study was divided in two steps. In step I, 498 serum
samples of rams eight months age or greater from 283 ovine herds distributed in the Sertão
Paraibano and Borborema mesorregions were investigated; in step II, serum samples were
collected from 128 rams in seven expositions realized in Paraíba state. All sera were
examined by AGID test (screening test) e CFT (confirmatory test). From the total of
examined herds, 8.59% (95% CI
= 5.83-12.48%) were seropositive to Brucella ovis. The
prevalence of seropositive rams was 5.57% (95% CI
= 3.86-7.97%). There was no association
between the occurrence of reproductive problems (abortion, stillbirths, death in the first week
of life and homosexual behavior) and the seropositivity to B. ovis (p > 0.05). The
seropositivity was lower in herds where cleanliness was made frequently (p < 0.05). There
was association between the seropositivity and the presence of testicular changes (p = 0,026).
In the expositions, 3.91% of the serum samples were positive.
Uniterms: Brucella ovis; sheep; prevalence
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 17
2. OBJETIVOS.................................................................................................. 19
3. REVISÃO DE LITERATURA..................................................................... 20
3.1. Agente etiológico............................................................................................ 20
3.2. Epidemiologia................................................................................................. 20
3.2.1. Distribuição geográfica e prevalência da infecção por B. ovis................... 20
3.2.2. Importância econômica................................................................................. 22
3.2.3. Hospedeiros.....................................................................................................
23
3.2.4. Vias de eliminação......................................................................................... 24
3.2.5. Portas de entrada........................................................................................... 25
3.2.6. Vias de transmissão....................................................................................... 25
3.3. Patogenia........................................................................................................ 26
3.4. Sinais clínicos................................................................................................. 27
3.5. Lesões.............................................................................................................. 29
3.5.1. Macroscópicas.................................................................................................
29
3.5.2. Microscópicas................................................................................................. 30
3.6. Diagnóstico..................................................................................................... 31
3.6.1. Diagnóstico clínico........................................................................................ 31
3.6.2. Diagnóstico laboratorial............................................................................... 32
3.6.2.1. Métodos diretos............................................................................................ 32
3.6.2.2. Métodos indiretos.......................................................................................... 33
3.6.2.3. Métodos moleculares.................................................................................... 36
3.7. Tratamento.................................................................................................... 37
3.8. Prevenção e controle..................................................................................... 38
4. MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................... 41
4.1. Fase I trabalho realizado nas mesorregiões do Sertão Paraibano e
Borborema......................................................................................................
41
4.1.1. Descrição e caracterização da área de estudo............................................. 41
4.1.2. Amostragem................................................................................................... 42
4.1.3. Procedimentos de campo.............................................................................. 43
4.1.4. Provas sorológicas......................................................................................... 43
4.1.4.1. Imunodifusão em gel de ágar (IDGA) ........................................................ 43
4.1.4.1.1. Preparo do gel de ágar.................................................................................. 44
4.1.4.1.2. Leitura e interpretação................................................................................. 44
4.1.4.2 Reação de Fixação do Complemento (RFC’) ............................................. 44
4.1.4.2.1. Técnica Utilizada........................................................................................... 45
4.1.4.2.2. Antígeno......................................................................................................... 45
4.1.4.2.3. Diluição e inativação dos soros..................................................................... 45
4.1.4.2.4. Preparo das placas........................................................................................ 45
4.1.4.2.5. Interpretação................................................................................................. 46
4.1.5. Tratamento dos dados................................................................................... 47
4.1.5.1. Cálculo das prevalências.............................................................................. 47
4.1.5.1.1. Prevalência de focos de brucelose ovina por Brucella ovis........................ 47
4.1.5.1.2. Prevalência de animais soropositivos para a brucelose ovina por
Brucella ovis...................................................................................................
47
4.1.5.2. Identificação de fatores de risco para a brucelose ovina por Brucella
ovis...................................................................................................................
48
4.2. Fase II – trabalho realizado nas exposições e feiras................................... 48
4.2.1. Caracterização da área do trabalho............................................................. 48
4.2.2. Procedimentos de campo.............................................................................. 48
5. RESULTADOS............................................................................................. 50
5.1. Fase I trabalho realizado nas mesorregiões do Sertão Paraibano e
Borborema......................................................................................................
50
5.1.1. Prevalência de focos de brucelose ovina por Brucella ovis........................ 50
5.1.2. Prevalência de animais soropositivos para a brucelose ovina por
Brucella ovis....................................................................................................
52
5.1.3. Estudo dos fatores de risco associados à soropositividade para Brucella
ovis...................................................................................................................
52
5.1.3.1. Nas propriedades.......................................................................................... 52
5.1.3.1.1. Fatores relacionados à atividade econômica.............................................. 52
5.1.3.1.2. Fatores relacionados aos problemas reprodutivos..................................... 55
5.1.3.1.3. Fatores relacionados ao manejo dos animais nas propriedades................ 59
5.1.3.1. Nos animais.................................................................................................... 62
5.2. Fase II – trabalho nas exposições e feiras................................................... 66
6. DISCUSSÃO................................................................................................. 67
6.1. Fase I – trabalho nas propriedades............................................................. 67
6.1.1. Prevalência nas propriedades...................................................................... 67
6.1.2. Prevalência nos animais............................................................................... 68
6.1.3. Fatores relacionados à atividade econômica.............................................. 68
6.1.4. Fatores relacionados aos problemas reprodutivos.................................... 70
6.1.5. Fatores relacionados ao manejo dos animais nas propriedades................ 71
6.1.6. Fatores relacionados com os animais........................................................... 72
6.2. Fase II – trabalho nas exposições e feiras.................................................... 75
7. CONCLUSÕES............................................................................................. 76
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 77
9. ANEXOS........................................................................................................ 83
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Conversão dos títulos sorológicos em U.I./mL na reação de fixação do
complemento....................................................................................................
46
Tabela 2. Prevalência de propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA
(teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), nas mesorregiões: Sertão
Paraibano e Borborema, segundo os resultados. Patos-PB, 2005....................
50
Tabela 3. Prevalência de reprodutores ovinos com infecção por B. ovis, através da
IDGA (teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), nas mesorregiões:
Sertão Paraibano e Borborema, segundo os resultados. Patos-PB,
2005..................................................................................................................
52
Tabela 4. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA
(teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo a finalidade da
exploração e a natureza dos resultados. Patos-PB, 2005.................................
53
Tabela 5. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA
(teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo a principal
atividade da propriedade e exploração e a natureza dos resultados. Patos-PB,
2005.................................................................................................................
54
Tabela 6. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA
(teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo a comercialização
dos animais e a natureza dos resultados. Patos-PB, 2005................................
54
Tabela 7. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA
(teste de triagem) e RFC(teste confirmatório), segundo a participação em
exposições/feiras e a natureza dos resultados. Patos-PB, 2005.......................
55
Tabela 8. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA
(teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo os problemas
reprodutivos ''abortamentos'' e a natureza dos resultados. Patos-PB, 2005....
56
Tabela 9. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA
(teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo os problemas
reprodutivos ''nascimentos de crias mortas'' e a natureza dos resultados.
Patos-PB, 2005................................................................................................
56
Tabela 10. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA
(teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo os problemas
reprodutivos ''mortalidade na primeira semana'' e a natureza dos resultados.
Patos-PB, 2005................................................................................................
57
Tabela 11. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA
(teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo os problemas
reprodutivos ''mortalidade ao desmame'' e a natureza dos resultados. Patos-
PB, 2005...........................................................................................................
58
Tabela 12. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA
(teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo os problemas
reprodutivos ''comportamento homossexual'' e a natureza dos resultados.
Patos-PB, 2005................................................................................................
58
Tabela 13. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA
(teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo o sistema de
criação e a natureza dos resultados. Patos-PB, 2005.......................................
59
Tabela 14. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA
(teste de triagem) e RFC (teste confirmatório), segundo o contato direto
e/ou indireto com outras espécies animais e a natureza dos resultados. Patos-
PB, 2005..........................................................................................................
60
Tabela 15. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA
(teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo as práticas de
manejo sanitário (vacinação) e a natureza dos resultados. Patos-PB, 2005....
61
Tabela 16. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA
(teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo as práticas de
manejo sanitário (vermifugação) e a natureza dos resultados. Patos-PB,
2005.................................................................................................................
61
Tabela 17. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA
(teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo a freqüência de
higienização das instalações e a natureza dos resultados. Patos-PB, 2005......
62
Tabela 18. Distribuição dos carneiros com e sem infecção por B. ovis, através da IDGA
(teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo as raças e a
natureza dos resultados. Patos-PB, 2005.........................................................
63
Tabela 19. Distribuição dos carneiros com e sem infecção por B. ovis, através da IDGA
(teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo a idade dos animais
e a natureza dos resultados. Patos-PB, 2005....................................................
63
Tabela 20. Distribuição dos carneiros com e sem infecção por B. ovis, através da IDGA
(teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo a presença de
alterações escrotais e a natureza dos resultados. Patos-PB, 2005....................
65
Tabela 21. Distribuição dos carneiros com e sem infecção por B. ovis, através da IDGA
(teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo a presença de
alterações testiculares e a natureza dos resultados. Patos-PB, 2005................
65
Tabela 22. Distribuição dos carneiros com e sem infecção por B. ovis, através da IDGA
(teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo a presença de
alterações epididimárias e a natureza dos resultados. Patos-PB, 2005............
65
Tabela 23. Resultado dos exames sorológicos de carneiros provenientes de exposições
da Paraíba, através da IDGA (teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório)
segundo as exposições visitadas, número de produtores e de animais e os
resultados. Patos-PB, 2005...............................................................................
66
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Paraíba dividido em meso e microrregiões.......................................................
83
Anexo
Figura 2. Esquema cartográfico mostrando a distribuição dos municípios onde foram
visitadas as propriedades criadoras de ovinos e os municípios com focos de
infecção por B. ovis. Patos-PB, 2005...............................................................
51
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
% Por cento
µL Microlitro
< Menor que
= Igualdade
> Maior que
°C Graus Celsius
ELISA Ensaio imunoenzimático ligado a enzima
g Grama
I.C. Intervalo de confiança
IDGA Imunodifusão em gel de ágar
IgG Imunoglobulina G
IgM Imunoglobulina M
LPS Lipopolissacarídeo
mg Miligrama
mL Mililitro
mm Milímetro
OR
Odds Ratio
p Probabilidade ao acaso
PC Proteínas citoplasmáticas
PCR Reação em cadeia de polimerase
pH Potencial hidrogeniônico
RFC’ Reação de fixação do complemento
rpm Rotação por minuto
U.I. Unidades internacionais
VB Tampão veronal
X
2
Qui-quadrado
17
1. INTRODUÇÃO
A brucelose ovina é uma doença infecciosa crônica dos ovinos causada pela Brucella
ovis e caracterizada por vários graus de epididimite e orquite em carneiros; placentite, aborto
e elevada mortalidade de cordeiros (NIILO et al., 1986; HOMSE et al., 1995; BAIGÚN et al.,
2000), tendo sido descrita em praticamente todos os países onde se explora a ovinocultura,
sendo considerada uma das principais causas de perdas reprodutivas desta espécie animal,
advindas da redução da fertilidade dos rebanhos (PINOCHET et al., 1987; HOMSE et al.,
1995).
No Brasil a doença foi descrita pela primeira vez em 1966 no Rio Grande do Sul
(RAMOS et al., 1966) e, em seguida, vários trabalhos de investigação sorológica foram
publicados em vários estados do país (BOBLEL et al., 1972; MAGALHÃES-NETO e GIL-
TURNES, 1996; AZEVEDO et al., 1999; COLETO et al., 2003; SILVA et al., 2003;
NOZAKI et al., 2004). Isto mostra que a doença está difundida no país, no entanto, não
relatos sobre a magnitude das perdas econômicas devido a esta doença.
A infecção por B. ovis é considerada um importante problema sanitário,
principalmente nos países com grande exploração da ovinocultura (PINOCHET et al., 1987;
BAIGÚN ET AL., 2000). No Brasil, estudos mostram que os problemas sanitários na
ovinocaprinocultura representam parcela considerável das perdas econômicas destas
atividades pecuárias. Caldas et al. (1989) ao realizarem um estudo sobre a
ovinocaprinocultura em 2.096 propriedades no nordeste da Bahia, verificaram que os
problemas sanitários eram diversos e variados, em que as doenças infecciosas e parasitárias
constituíam um sério entrave ao desenvolvimento da ovinocaprinocultura, por representarem
parcela considerável das perdas em animais, com grande repercussão econômica. Um
levantamento sobre a situação epidemiológica da caprinocultura cearense mostrou que o
aborto ocorria em 75,6% (96/127) das propriedades estudadas, sendo que, em 54,2% delas o
aborto ocorria durante todo o ano e a taxa de mortalidade de animais jovens era de 22,8%
(PINHEIRO et al., 2000).
A mortalidade perinatal de cordeiros é um dos fatores que limitam a eficiência
biológica e econômica dos sistemas de produção ovina em todo o mundo, sendo suas causas
inúmeras e variáveis, de rebanho para rebanho (RADOSTITS et al., 2002); considerando-se
como mortalidade perinatal, a mortalidade de cordeiros que vai desde os 60 dias de gestação
aos 30 dias de idade.
Não foram encontrados trabalhos como o de Pinheiro et al. (2000) relacionados à
ovinocultura, no entanto, Clementino (2004 – comunicação pessoal) comenta que na Paraíba a
18
ocorrência de abortamento em ovinos foi relatada por 39,66% (94/237) dos criadores, 31,86%
(72/266) relataram a ocorrência de natimortos e 39,82% (88/221) relataram a ocorrência de
mortalidade de cordeiros na primeira semana de vida. Apesar de o existirem, até o
momento, estudos sobre as causas de abortamento e mortalidade perinatal em ovinos nos
estados nordestinos, a brucelose ovina por B. ovis deve ser considerada uma das prováveis
causas destes acontecimentos no nordeste brasileiro, uma vez que esta doença foi relatada
no Rio Grande do Norte (AZEVEDO et al., 1999; SILVA et al., 2003), Pernambuco
(COLETO et al., 2003) e até na Paraíba (MEDEIROS, 2003).
Estes problemas assumem importância fundamental ao compará-los com o tamanho da
população ovina que no Brasil situa-se em torno de 14 milhões de cabeças, das quais 48,1%
estão localizadas na região nordeste, sendo que na Paraíba encontram-se 438.430 cabeças
divididas da seguinte maneira: 251.312 ovelhas, 21.980 carneiros reprodutores e 129.529
animais de menos de um ano de idade. Todo esse plantel está distribuído em 20.518
propriedades criadoras, com uma média de 22 animais por propriedade (IBGE, 1998).
Considerando-se os dados apresentados, associados ao fato da ovinocaprinocultura
constituir-se uma atividade de fundamental importância social e econômica no nordeste
brasileiro, onde a produção de ovinos representa uma alternativa expressiva na oferta de carne
e derivados, favorecendo o aspecto alimentar, especialmente para a população rural. As peles,
de aceitação nacional e internacional, têm correspondido a cerca de 10% do valor atribuído ao
animal abatido, constituindo receita para os pequenos criadores e gerando divisas para os
estados e para o país. Conseqüentemente, o agronegócio atua gerando emprego e renda,
contribuindo de forma significativa para a fixação do homem no campo (LEITE, 2003). Neste
contexto, as raças deslanadas como a Santa Inês, Morada Nova e Somalis são as mais
representativas no nordeste do país, devido a sua adaptação à região e seu desempenho
produtivo satisfatório (BARROS et al., 2003).
Além deste aspecto, ressalta-se a existência de produtores, na Paraíba, que trabalham
com a seleção de animais da raça Santa Inês de alto padrão genético e valor econômico,
chegando a serem vendidos reprodutores da região por mais de 180 mil reais (O BERRO,
2003).
Esta realidade regional contribui para que se deva tomar maiores cuidados sanitários
com o rebanho ovino da região, uma vez que a brucelose ovina por B. ovis pode levar a
infertilidade dos reprodutores, acarretando grandes prejuízos econômicos para os
selecionadores de raça e também para os pequenos produtores. Considerando-se a necessidade
de um aprofundamento nos conhecimentos acerca da infecção por B. ovis na Paraíba, foi
estruturado o presente trabalho.
19
2. OBJETIVOS
Determinar a prevalência da brucelose ovina por B. ovis através da IDGA (teste de
triagem) e RFC’ (teste confirmatório) em propriedades criadoras de ovinos e em
reprodutores ovinos na Paraíba;
Proceder uma avaliação clínica do aparelho genital dos carneiros reprodutores para
avaliar sua possível correlação com a soropositividade para B. ovis;
Comparar a soropositividade para B. ovis e sua associação com possíveis fatores de
risco associados à doença;
Verificar a ocorrência de animais sororreagentes para B. ovis nas exposições
realizadas no estado.
20
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1. Agente etiológico
As brucelas são coco-bacilos gram-negativos que normalmente aparecem isolados,
embora, às vezes, aos pares e até em pequenos grupos. Variam de 0,6 a 1,5 µm de
comprimento por 0,5 a 0,7 µm de diâmetro (ALTON et al., 1988), são imóveis, não formam
esporos e não apresentam cápsula (ALTON et al., 1988; ESTEIN, 1999), flagelos ou pili
(ESTEIN, 1999).
Crescem em meios de cultura comuns, sendo recomendados ágar dextrose e ágar
tripticasa-soja enriquecidos com soro normal eqüino, bovino ou ovino, em uma concentração
final de 5% a 10% (ALTON et al., 1988), podendo-se utilizar o sangue desfibrinado de ovino
como enriquecedor. A temperatura de 37°C e atmosfera contendo 5% a 10% de CO
2
são mais
adequados para seu crescimento (BAGLEY et al., 1985; ESTEIN, 1999). As colônias em
meio sólido são visíveis em três a cinco dias de incubação, apresentando-se pequenas,
circulares, de bordos regulares, opacas, superfície granular e com cor variando do branco ao
marrom. Quando ressuspendidas em solução fisiológica ou ácidos fracos tendem a formar
agregados granulares, sendo sua morfologia granular melhor observada pelo método de
transiluminação obliqua, onde as colônias aparecem amareladas e com aspecto seco, granular
e opaco. A confirmação da característica rugosa pode ser feita pelo uso do corante acriflavina,
que as aglutina, ou por coloração com cristal violeta, na qual as colônias rugosas aparecem
roxas ou púrpura (ALTON et al., 1988).
3.2. Epidemiologia
3.2.1. Distribuição geográfica e prevalência da infecção por B. ovis
Pinochet et al. (1987) afirma que a epididimite dos carneiros produzida por B. ovis tem
sido descrita praticamente em todos os países onde esta espécie animal é explorada, estando
presente na Austrália, Nova Zelândia, Américas do Sul e do Norte, Ásia Central, África do
Sul e Europa (RADOSTITS et al., 2002). No México o primeiro isolamento de B. ovis
ocorreu em 1977 em um carneiro importado dos Estados Unidos da América (PÉREZ et al.,
1979).
21
No Brasil a epididimite infecciosa ovina foi identificada pela primeira vez por uma
equipe de pesquisadores do Núcleo Piloto de Pesquisa Veterinária do Instituto de Pesquisas
em Experimentação Agropecuárias do Sul, com sede em Pelotas Rio Grande do Sul. Foi
identificada epididimite clínica em 220 carneiros, a qual foi confirmada pelo isolamento e
identificação de um agente comum, não citado no trabalho (RAMOS et al., 1966). Mais tarde,
no mesmo estado, foi publicado um trabalho que relatava o isolamento de bactérias
semelhantes a Brucella a partir do epidídimo de carneiros com epididimite clínica e, do
conteúdo estomacal de cordeiros natimortos. A doença foi reproduzida pela inoculação da
bactéria isolada no epidídimo de carneiros saudáveis, os quais reagiram sorologicamente a
reação de fixação do complemento (RFC’), utilizando-se como antígeno a bactéria isolada
(BOBLEL et al., 1972).
Em seguida, foram feitos vários estudos sorológicos utilizando B. ovis como antígeno,
obtendo-se animais sororeagentes em vários estados brasileiros (MAGALHÃES-NETO e
GIL-TURNES, 1996; COLETO et al., 2003; SILVA et al., 2003; NOZAKI et al., 2004).
A prevalência da infecção por B. ovis é bastante variável em várias partes do mundo e
depende, também, do método e/ou prova diagnostica utilizada. No México, Torres et al.
(1997) examinaram 622 carneiros pela IDGA encontrando 2,4% de reatores positivos;
Tamayo et al. (1989) avaliaram um total de 1.425 soros de ovinos pela RFC’, sendo 6,0%
positivos. Eles trabalharam com apenas 166 carneiros, dos quais 25,9% estavam
sorologicamente infectados, o restante era composto por 1.259 fêmeas, as quais tiveram 3,3%
de soropositividade. Na Argentina, Robles et al. (1993) encontraram epididimite clínica em
9,9% e IDGA positiva em 4,3% de 345 carneiros, sendo que apenas três (20%) dos animais
apresentaram epididimite clínica e sorologia positiva. Através da RFC’ Niilo et al. (1986) no
Canadá e Sergeant (1994), na Austrália, encontraram 8,4% e 10,8% de positividade
respectivamente. Na França um levantamento clínico identificou epididimite clínica em 7,3%
de 339 carneiros, sendo que apenas um dos animais com lesões clínicas foi reagente à RFC’
(CHARTIER, 1992).
Os estudos de prevalência da brucelose ovina realizados no Brasil utilizam métodos
diagnósticos variados e trabalham com ovinos machos e fêmeas. O primeiro trabalho sobre a
epididimite infecciosa dos carneiros realizado no país foi realizado por Ramos et al. (1966)
que fizeram um levantamento clínico da doença no Rio Grande do Sul, avaliando 3.317
reprodutores, encontrando 6,5% de portadores de epididimite ovina. No mesmo estado,
Magalhães Neto e Gil-Turnes (1996) avaliaram os soros de 1.638 carneiros através da IDGA e
22
exame clínico do trato genital. Estes autores detectaram anticorpos em 13,4% e manifestações
clínicas em 9,8% dos animais.
No estado de Santa Catarina foram examinados 69 carneiros quanto a lesões genitais
de epididimite ovina encontrando-se 18,84% dos animais com alterações dos órgãos genitais,
no entanto, nenhum destes animais reagiu positivamente na IDGA para B. ovis (SHÄFER et
al., 1997). Em São Paulo, Marinho e Mathias (1996) examinaram 850 soros de ovinos, sendo
151 machos e 699 fêmeas, através das técnicas de IDGA, RFC’ e ELISA. Nenhuma amostra
foi reagente às provas de IDGA e RFC’ e nove (1,96%) foram positivas na ELISA, no
entanto, os autores ao combinarem o resultado dos três testes sorológicos e a manifestação
clínica apresentada pelos animais, concluíram que nenhum dos animais estava infectado por
B. ovis.
Recentemente Azevedo et al. (1999), no Rio Grande do Norte, encontraram 7% (8/91)
de ovelhas e 4,3% (5/24) de carneiros reagentes positivos através da IDGA. No mesmo
estado, Silva et al. (2003) avaliaram, pela mesma técnica, 290 amostras de soro de ovinos,
sendo 256 fêmeas e 34 machos, encontrando 34% de reações positivas, não havendo
diferenças significativas entre machos e fêmeas (35 e 34% respectivamente). Em outro estado
nordestino, Pernambuco, Coleto et al. (2003) encontraram 17,5% animais reagentes a IDGA,
sendo que, dos 160 animais trabalhados, apenas 10 eram machos.
3.2.2. Importância econômica
Os prejuízos econômicos decorrentes da brucelose ovina devem-se à diminuição da
fertilidade dos carneiros, abortos em ovelhas, elevadas perdas perinatais de cordeiros, descarte
e substituição de reprodutores e problemas de manjo na estação reprodutiva (ROBLES et al.,
1993; BAIGÚN et al., 2000).
Um fator importante a ser considerado é que nas regiões onde a doença ocorre, sua
distribuição e prevalências são elevadas, tendo sido detectada, no estado do Rio Grande do
Norte (Brasil), em 13 de 14 municípios trabalhados com uma prevalência de 34% dos animais
(SILVA et al., 2003). Da mesma forma, Robles et al. (1993), na Argentina, relataram que em
28,6% das propriedades visitadas havia infecção por B. ovis. Taxas semelhantes são relatadas
por Sergeant (1994), na Austrália, com 21% dos rebanhos infectados e Niilo et al. (1986), no
Canadá, com aproximadamente nove por cento dos rebanhos com infecção por esta bactéria.
A infecção experimental de ovelhas afetou negativamente a função reprodutiva. Estas
ovelhas apresentaram baixa taxa de prenhes, baixa taxa de parição e alto número de repetições
23
de cio. Em menor proporção ocorreram abortos no final da gestação. Estes fatos levaram a
infertilidade temporária durante o serviço, provocando atraso na parição com alta
porcentagem de ovelhas vazias (HOMSE et al., 1995).
Analisando-se a distribuição e prevalências de rebanhos afetados por B. ovis,
conhecendo-se os prejuízos que a infecção por esta bactéria causa e considerando-se que estas
perdas podem ocorrer de maneira uniforme nos rebanhos afetados, vê-se que os prejuízos
econômicos são enormes, apesar de não existirem dados brasileiros quantificando tais perdas.
3.2.3. Hospedeiros
A Brucella ovis infecta de forma natural exclusivamente à espécie ovina (HOMSE et
al., 1995), sendo o macho mais suscetível que a fêmea (TAMAYO et al., 1989), existindo
ainda diferença de suscetibilidade entre raças importadas e nativas (FICAPAL et al., 1998).
Em caprinos, foi demostrado experimentalmente que a infecção por B. ovis é leve e de
curta duração, mostrando que eles são menos suscetíveis que os ovinos (GARCIA
CARRILLO et al., 1974 apud ESTEIN, 1999), sendo desconhecido se a infecção se transmite
do ovino ao caprino em condições de campo (ESTEIN, 1999). Burgess et al. (1985), após
infecção experimental de caprinos com B. ovis, demonstraram que eles reagem
sorologicamente e também excretam a bactéria no sêmen, porém não relataram a ocorrência
de infecção natural.
No homem, Meyer (1982) apud Estein (1999) encontrou reações sorológicas para B.
ovis, no entanto, não existe, até o momento, citação de infecção por esta bactéria.
Outras espécies de Brucella podem infectar ovinos, como a B. melitensis
(PAOLICCHI et al., 1993; KATOCH et al., 1996; BERCOVICH et al., 1998; DURAN-
FERRER et al., 2002), especialmente se caprinos e ovinos são criados juntos (TORRES et al.,
1997). A B. abortus ocasionalmente tem sido isolada de ovelhas (ACHA e SZEFRES, 1986;
PAOLICCHI et al., 1993). Mais recentemente foi isolada uma amostra de B. suis biovar 1 do
sêmen de um carneiro de três anos de idade em Buenos Aires, Argentina (PAOLICCHI et al.,
1993).
Ovinos selvagens (Ovis murimon) responderam sorologicamente à infecção
experimental por B. ovis, entretanto, apresentaram baixa suscetibilidade a esta bactéria, uma
vez que ela não foi isolada de nenhum animal, os quais apresentaram sorologia negativa após
18 semanas de infecção (CERRI et al., 2002).
24
Outros ruminantes silvestres também podem infectar-se com B. ovis. Ridler et al.
(2000a) confirmaram que B. ovis pode ser transmitida de carneiros infectados para cervos não
infectados no mesmo pasto. Estes autores citam que a contaminação dos cervos pode ter
ocorrido quando eles lambiam ou cheiravam o sêmen depositado na região perineal ou
prepucial dos carneiros, uma vez que, quando os carneiros apresentam atividade homossexual,
ejaculam na região perineal do macho. Outra forma de infecção que citam é através do
ambiente (água e pasto) contaminado, possivelmente por sêmen ou menos freqüentemente por
urina de carneiros infectados. A transmissão de cervo para cervo foi demonstrada por West et
al. (1999), no entanto, Ridler et al. (2000b) não conseguiram comprovar esta transmissão.
3.2.4. Vias de eliminação
Os machos são mais suscetíveis à infecção por B. ovis que a fêmea (TAMAYO et al.,
1989) que encontraram 25,9% dos machos infectados contra apenas 3,3% das fêmeas e o
sêmen constitui a mais importante via de eliminação deste agente (BURGESS et al., 1982;
WORTHINGTON et al., 1985; PLANT et al., 1986; BULGIN, 1990b; PAOLICCHI et al.,
1993), sendo que sua eliminação ocorre de forma intermitente (WORTHINGTON et al.,
1985; PAOLICCHI et al., 1993) e por períodos prolongados, chegando a 80 semanas pós
infecção (PAOLICCHI et al., 1993), sendo isolado, inclusive, do sêmen de carneiros
soronegativos (BULGIN, 1990a).
Marco et al. (1994) isolaram B. ovis de 16 (36,4%) das ovelhas, naturalmente
infectadas, investigadas, sendo que em 12 (80%) delas a bactéria foi isolada do útero. A
infecção experimental de 75 ovelhas via intra-uterina 24 horas após a inseminação artificial
resultou na repetição de cio em 36 ovelhas, sendo a B. ovis isolada do muco cervical de 16
(44%) até o 45° dia pós-infecção (HOMSE et al., 1995). Grilló et al. (1999) infectaram, via
conjuntival, dois grupos de ovelhas prenhes: grupo A (24 ovelhas) na metade da gestação (45
a75 dias) e um grupo B (16 ovelhas) no final da gestação (aos 120 dias). Das ovelhas do
grupo A, quatro (16,7%) excretaram B. ovis por via vaginal durante toda a prenhes, sendo que
o primeiro isolamento ocorreu quatro semanas após a infecção experimental. 20 (83,3%) das
ovelhas excretaram a bactéria na primeira semana pós-parto, caindo para 15 (62,5%) durante a
lactação e, finalmente para 8 (33,3%) ao desmame. Quando a infecção ocorreu no final da
prenhes (grupo B), nenhuma ovelha excretou B. ovis antes do parto, seis (37,5%), 13 (81,3%)
e uma (6,3%) excretaram a bactéria ao parto, durante a lactação e ao desmame
respectivamente. Adicionalmente, Estein (1999) comentam que embora a ovelha recupere-se
25
da infecção logo após o parto, ela excreta B. ovis através das secreções vaginais e uterinas,
placenta e lóquios.
Tanto em casos de infecção natural como em infecção experimental, os envoltórios
fetais e o feto constituem vias de eliminação da B. ovis, uma vez que a bactéria foi isolada a
partir do feto e placenta (LIBAL e KIRKBRIDE, 1983; GRILLÓ et al., 1999). Além disso, a
B. ovis foi isolada do leite, de ovelhas experimentalmente infectadas, durante todo o período
de lactação (GRILLÓ et al., 1999).
A urina também é uma via de eliminação da B. ovis, uma vez que esta bactéria foi
isolada da urina de carneiros experimentalmente infectadas (GRILLÓ et al., 1995).
3.2.5. Portas de entrada
Foi demonstrado que a B. ovis penetra no organismo através das mucosas conjuntival
(GRILLÓ et al., 1999; MANTEROLA et al., 2003), cervico-vaginal (PLANT et al., 1986;
HOMSE et al., 1995), prepucial (MANTEROLA et al., 2003; PLANT et al., 1986), retal,
nasal (PLANT et al., 1986), oral (ALTON et al., 1988) e através da pele lesada (BULGIN et
al., 1990b).
3.2.6. Vias de transmissão
A transmissão de B. ovis pode ocorrer por via venérea. Plant et al. (1986) infectaram
ovelhas no cio, via vaginal, com sêmen contaminado com B. ovis e colocaram carneiros
saudáveis para copular com estas ovelhas 24 horas pós-infecção. Os carneiros infectaram-se e
passaram a eliminar a bactéria no sêmen.
Grilló et al. (1999) deixaram cinco carneiros livres de infecção por B. ovis copularem
com ovelhas excretando a bactéria na secreção vaginal e apenas um carneiro soroconverteu,
não sendo isolado B. ovis de seus tecidos na necropsia. No entanto, ressaltam que, como uma
significativa proporção de ovelhas infectadas excretam B. ovis via vaginal, alta
possibilidade de transmissão ativa para o carneiro durante a cópula.
A transmissão entre carneiros pode ocorrer ainda pelo comportamento homossexual
(BULGIN, 1990b), sendo a única via de transmissão quando o rebanho é composto por
machos (BURGESS et al., 1982).
Como o sêmen é a principal via de excreção da B. ovis (PAOLICCHI et al., 1993) e as
mucosas vaginal e cérvico-uterina são importantes portas de entrada do agente (HOMSE et
26
al., 1995; PLANT et al., 1986), a transmissão da B. ovis do carneiro para a ovelha na cópula
contribui para a manutenção da infecção. Marco et al. (1994), afirmam que a localização da B.
ovis no útero pode seguir-se de uma excreção vaginal da bactéria e constituir um risco de
infecção para carneiros durante a cópula.
A persistência da infecção por B. ovis em rebanhos, apesar da eliminação dos carneiros
reatores sorologicamente, pode ser o resultado da presença de carneiros soronegativos que
mantêm a infecção e excretam a bactéria, infectando assim os carneiros sadios que vêm
substituir os eliminados (BULGIN, 1990a; MARCO et al., 1994).
A transmissão congênita da B. ovis foi demonstrada por Grilló et al. (1999), que
infectaram ovelhas na metade da primeira prenhes, e constataram que um cordeiro, que
morreu no décimo dia de idade, estava severamente infectado por esta bactéria.
A brucelose ovina causa o nascimento de cordeiros prematuros ou débeis e os que
sobrevivem podem ser um potencial portador podendo desenvolver a doença ao atingir a
puberdade (ESTEIN, 1999).
A infecção dos cordeiros pode ocorrer após o nascimento, ao mamarem o leite de mães
infectadas (BAIGÚN et al., 2000) pois o mesmo é uma via de eliminação da B. ovis (GRILLÓ
et al., 1999). Marco et al. (1994) comentavam que o leite de ovelhas infectadas
representava um risco de infecção para cordeiros, o que foi reforçado por Baigún et al. (2000).
Entretanto, Grilló et al. (1999) não conseguiram isolar B. ovis de 46 cordeiros que mamaram
leite de ovelhas infectadas.
3.3. Patogenia
A B. ovis pode penetrar no organismo através da superfície das mucosas oral, nasal,
ocular, prepucial, retal, vaginal e uterina (PLANT et al., 1986; BULGIN et al., 1990b;
HOMSE et al., 1995; GRILLÓ et al., 1999; MANTEROLA et al., 2003) e pele lesada
(BULGIN et al., 1990b), podendo permanecer nelas por um mês, devido a propriedade de
resistir à destruição intrafagocitária, multiplicando-se lentamente. Após multiplicação nos
gânglios regionais, as brucelas invadem os vasos linfáticos regionais e daí o ducto torácico e a
corrente sanguínea. Disseminadas dessa maneira elas, eventualmente, vão se localizar em
diferentes órgãos (VASCONCELLOS et al., 1987). O estágio bacterêmico parece cessar
aproximadamente no final do segundo mês de infecção (BURGESS, 1982).
Em carneiros, a B. ovis apresenta tropismo pelos órgãos genitais sendo isolada da
ampola dos ductos deferentes, vesículas seminais, glândulas bulbo uretrais, epidídimos
27
(WORTHIGTON et al., 1985; PLANT et al., 1986; WEST et al., 1993), testículo
(PAOLICCHI et al., 2000), onde provoca hiperplasia epitelial e formação de cistos. A
localização das brucelas no epitélio da cauda dos epidídimos produz alterações degenerativas,
inflamatórias e proliferativas, com formação de cistos epiteliais, resultando em estase
espermática e dano epitelial, o que pode resultar em extravasamento de esperma com
formação subsequente de granulomas espermáticos (BURGESS, 1982). também pequena
reação inflamatória intersticial levando a epididimite, vesiculite seminal, ampulite, fibrose
epididimal (PLANT et al., 1986; WEST et al., 1993), atrofia, degeneração e mineralização
testicular (PAOLICCHI et al., 2000). Adicionalmente, ocorrem reações autoimunes com
produção de anticorpos imobilizantes antiesperma e inibição da migração de leucócitos,
levando a diminuição da fertilidade (PAOLICCHI et al., 2000).
Em ovelhas, a colonização bacteriana das mucosas, da vagina e útero, provoca
vaginites, cervico-vaginites e endometrites (HOMSE et al., 1995). Desse ponto as bactérias
migram para os linfonodos regionais produzindo uma reação linforreticular (GRILLÓ et al.,
1999).
A B. ovis apresenta tropismo uterino levando a endometrite, abortos, natimortos e
nascimento de cordeiros vivos e fracos que morrem cedo devido à infecção (GRILLÓ et al.,
1999). No entanto, o principal resultado da infecção por B. ovis em ovelhas prenhes é uma
placentite, sendo provável que isto interfira na nutrição fetal produzindo cordeiros de baixo
peso ao nascimento ou mortos. As lesões mais consistentes observadas na infecção
experimental de ovelhas prenhes, com B. ovis, são na placenta fetal (BURGESS, 1982).
3.4. Sinais clínicos
Em ovinos, os sinais clínicos inerentes à infecção por B. ovis estão relacionados à
esfera reprodutiva (RAMOS et al., 1966; LIBAL e KIRKBRIDE, 1983; BAGLEY et al.,
1985; WALKER et al., 1986; GRILLÓ et al., 1999; HOMSE et al., 1995). Sinais sistêmicos
como febre e sua síndrome não foram observados por Weeb et al. (1980).
Walker et al. (1986) mostraram que a maioria das lesões palpadas no conteúdo escrotal
de carneiros adultos (maduros) deve-se a infecção por B. ovis. Plant et al. (1986) observaram
que carneiros experimentalmente infectados desenvolveram epididimite ou orquite palpável
quatro a 12 semanas pós-infecção. Weeb et al. (1980) verificaram que três semanas após a
inoculação surgiu um pequeno inchaço da cauda do epidídimo, progredindo para um inchaço
grande, quente e doloroso na quarta semana, sendo que mais de 86% das lesões ocorrem na
28
cauda do epidídimo (WALKER et al., 1986) e, em aproximadamente 77% das vezes, a lesão é
unilateral. A epididimite clínica devido a infecção por B. ovis em rebanhos afetados, quando
examinados pela primeira vez, pode situar-se em torno de 23 + 13% dos carneiros (BAGLEY
et al., 1985).
Os carneiros jovens podem apresentar epididimite com lesões, principalmente na
cabeça do epidídimo, causadas por outros organismos pleomórficos gram-negativos como
Histophilus ovis e Actinobacillus seminis (WALKER et al., 1986).
Têm sido relatados casos de orquite devido a B. ovis (WALKER et al., 1986). Os
testículos apresentam-se deformados, aumentados de tamanho e consistência suave, no
entanto, em alguns testículos observa-se diminuição do tamanho e consistência firme (PÉREZ
et al., 1979), devido a atrofia e freqüente mineralização (PAOLICCHI et al., 2000).
Na infecção por B. ovis, além das alterações palpáveis, também ocorrem alterações na
qualidade do ejaculado (RAMOS et al., 1966). Nos animais com lesões clínicas evidentes,
55,7% apresentavam azoospermia, 26,8% oligospermia, 5,7% necrospermia e, 11,5% tinham
sêmen com consistência normal.
Magalhães Neto e Gill-Turnes (1996), constataram que 50% dos espermatozóides de
carneiros clínica e sorologicamente positivos eram normais, 25% apresentavam cabeças
isoladas, 4% defeitos de cabeça, 11% de cauda e 10% outros defeitos, enquanto nos carneiros
negativos, 91% dos espermatozóides eram normais, 5% tinham defeitos de cabeça, 3% de
cauda e 1% outros defeitos.
Além das lesões na qualidade do ejaculado, verifica-se também a presença de células
inflamatórias no sêmen, o que foi detectado em 71,4% das amostras de sêmen de carneiros
experimentalmente infectados, coincidindo com a detecção das lesões testiculares e
epididimárias (PAOLICCHI et al., 2000).
Células inflamatórias (predominantemente polimorfonucleares) foram detectadas no
sêmen de dois, de um total de 10 carneiros experimentalmente infectados, duas semanas pós-
inoculação. O número de carneiros com células inflamatórias detectáveis no sêmen aumentou
e, as seis semanas todos os 10 carneiros foram positivos, o que permaneceu até 51 semanas
pós-infecção, final do experimento. Entretanto, estas alterações não são específicas para
infecção por B. ovis (WEEB et al., 1980). Bulgin (1990a) sugere que o aumento de células
inflamatórias no sêmen indicam apenas um processo inflamatório em alguma parte do sistema
urogenital.
29
Pelos danos que a infecção por B. ovis causa no epidídimo e testículo, levando a
alterações na qualidade do sêmen, causa uma redução na performance reprodutiva dos
animais afetados e até infertilidade em alguns.
Em ovelhas tem sido relatado que a infecção por B. ovis causa endometrite e
placentite, resultando em abortos no final da gestação e nascimentos de cordeiros fracos ou
débeis (LIBAL e KIRKBRIDE, 1983; MARCO et al., 1994; GRILLÓ et al., 1999).
Homse et al. (1995), inocularam ovelhas via vaginal 24 horas após a inseminação
artificial. As ovelhas inoculadas apresentaram repetição de cio e infertilidade temporária em
conseqüência da morte embrionária. Com menor freqüência, observaram abortos e retenção
de placenta. As taxas de prenhes, parição e nascimento de cordeiros sadios foram
significativamente menores nas ovelhas infectadas.
3.5. Lesões
3.5.1. Macroscópicas
Em carneiros infectados com B. ovis, têm sido relatados casos de aderência testicular
entre a túnica albugínea e a túnica vaginal, atrofia testicular, onde testículo afetado apresenta-
se pequeno e de consistência firme devido a fibrose ou mineralização (PÉREZ et al., 1979;
PAOLICCHI et al., 2000), podendo-se encontrar também orquite com exsudato purulento
(WALKER et al., 1986). No entanto, as lesões mais consistentes localizam-se nos epidídimos,
sendo unilaterais em mais de 77% dos casos (BAGLEY et al., 1985). O epidídimo apresenta-
se aumentado de tamanho, principalmente a cauda, de consistência firme e, ao corte pode-se
observar um ou vários pequenos cistos ou nódulos variando de 0,7 a 1,0 centímetro de
diâmetro. Estes cistos ou nódulos contêm um fluido verde-amarelado a esbranquiçado
(PÉREZ et al., 1979; WEST et al., 1993; PAOLICCHI et al., 2000). As glândulas genitais
acessórias podem se apresentar macroscopicamente normais ou raras vezes com pequenos
cistos de até 5 mm de diâmetro (WEST et al., 1993).
Grilló et al. (1999) citam que ovelhas infectadas por B. ovis apresentam endometriose
média a severa. Em alguns casos observa-se a mucosa engrossada devido a hiperplasia e
cistos epiteliais, podendo haver exsudato cobrindo a mucosa que pode estar ausente em alguns
pontos (MARCO et al., 1994). As ovelhas que abortam apresentam a placenta edematosa e
coberta com exsudato fibrinoso amarelado, principalmente nas áreas intercotiledonárias, o
30
feto abortado encontra-se, autolisado, com exsudato supurativo nos brônquios e pulmões, e
exsudato fibrinoso na cavidade peritoneal (LIBAL e KIRKBRIDE, 1983).
3.5.2. Microscópicas
Lesões histológicas consistentes com a infecção por B. ovis são encontradas com
freqüência na cauda do epidídimo caracterizada por uma epididimite onde o tecido intersticial
e os espaços perivasculares adjacentes à camada basal do epitélio tubular, apresentam uma
infiltração moderada de células mononucleares, sobretudo linfócitos. também moderada
hiperplasia epitelial afetando grupos de túbulos de algumas regiões da cauda dos epidídimos.
Observa-se ainda degeneração hidrópica do epitélio dos túbulos do epidídimo, levando a
extensiva formação de cistos intra-epiteliais que ficam repletos de agrupamentos de
neutrófilos e leucócitos necróticos. Além disso, o lúmen de vários túbulos epididimários pode
conter um exsudato com abundantes neutrófilos e algumas células epiteliais descamadas
(PÉREZ et al., 1979; WEST et al., 1993).
Ocorre ainda a formação de granulomas espermáticos que também encontram-se, na
maioria dos casos, na cauda dos epidídimos, os quais são observados como massas de
neutrófilos, macrófagos com espermatozóides fagocitados, e células gigantes em contato com
células mononucleares (PÉREZ et al., 1979; PAOLICCHI et al., 2000).
Nos testículos pode-se encontrar moderado edema intertubular e alterações
degenerativas dos túbulos seminíferos, atrofia e mineralização (PÉREZ et al., 1979;
PAOLICCHI et al., 2000).
Nas glândulas genitais acessórias, podem ser observadas alterações inflamatórias. A
vesiculite seminal caracteriza-se por densa infiltração focal com muitos linfócitos e poucas
células plasmáticas e neutrófilos ocasionais que distribuem-se no tecido intersticial. A isto,
associam-se áreas de hiperplasia epitelial e acumulação de leucócitos e fragmentos necróticos
no lúmen tubular. Menos freqüentemente encontram-se lesões similares na glândula ampular
e raramente na bulbouretral. Os linfonodos escrotais podem apresentar moderada hiperplasia
linfóide (WEST et al., 1993).
Nas ovelhas, observa-se uma severa endometrite, caracterizada por infiltração difusa
de macrófagos, linfócitos e plasmócitos, envolvendo todas as camadas da mucosa,
particularmente os espaços perivasculares e periglandulares. hiperplasia epitelial e
formação de cistos intra-epiteliais, e algumas glândulas podem ficar repletas de neutrófilos e
31
outras císticas como resultado da fibrose periglandular. Algumas vezes endometrite
necrótica com focos de desnudação da mucosa (MARCO et al., 1994; GRILLÓ et al., 1999).
Na placenta estão presentes alterações na área intercotiledonária incluindo necrose de
trofoblastos, edema e placentite supurativa multifocal (BURGESS, 1982; LIBAL e
KIRKBRIDE, 1983).
Alterações histológicas no feto abortado incluem a presença de exsudato supurativo
nos brônquios, bronquílos e pulmões (LIBAL e KIRKBRIDE, 1983), hiperplasia linfóide
peribronquial, edema dos septos alveolares e infiltração de células mononucleares. Nos rins
pode-se observar um infiltrado edematoso e neutrofílico na junção cortico-medular
(BURGESS, 1982).
3.6. Diagnóstico
O diagnóstico da epididimite infecciosa dos carneiros deve basear-se na combinação
do exame clínico e sua confirmação pelo isolamento da B. ovis do sêmen e/ou resultados
positivos na provas sorológicas (ALTON et al., 1988), devendo-se levar em consideração os
dados epidemiológicos do rebanho (ESTEIN, 1999).
3.6.1. Diagnóstico clínico
Deve-se fazer o exame clínico dos órgãos reprodutivos do carneiro. A observação e
palpação dos testículos e epidídimos devem ser realizadas para identificar a presença de
lesões aparentes, devendo-se atentar para alterações como volume dos testículos e epidídimos,
consistência, presença ou ausência de dor e se as lesões são uni ou bilaterais (PÉREZ et al.,
1979). Entretanto, o diagnóstico clínico não é suficiente, porque somente cerca de 50% dos
carneiros infectados com B. ovis apresentam epididimite (BAIGÚN et al., 2000; OIE, 2004),
uma vez que as lesões não são patognomônicas devido a existência de muitas outras bactérias
causadoras de epididimite clínica. Dentre as outras bactérias causadoras de lesões escrotais,
epididimárias e/ou testiculares em ovinos, têm sido isolados diversos microorganismos como:
Actinobacillus seminis, A. actinomycetemcomitants, Haemophilus somnus, Histophilus ovis,
Corynebacterium pseudotuberculosis, C. pyogenis, Pasteurella spp., Streptococcus spp.,
Staphilococcus spp. (BAGLEY et al., 1985; WALKER et al., 1986; ROBLES et al., 1990;
MANTEROLA et al., 2003).
32
Como evidenciado por Walker et al. (1986), mais de 96% dos isolamentos de B. ovis
foram de carneiros maduros, enquanto a maioria dos A. seminis isolados (75%) e todos os H.
ovis foram isolados de carneiros jovens.
3.6.2. Diagnóstico laboratorial
3.6.2.1. Métodos diretos
A confirmação da brucelose ovina por B. ovis pode ser feita através do cultivo em
meios seletivos para isolamento da bactéria a partir do sêmen de carneiros, descargas vaginais
e leite das ovelhas (WEEB et al., 1980; BULGIN, 1990b; GRILLÓ et al., 1999 BAIGÚN et
al., 2000). Para o isolamento da B. ovis, após a necropsia, os órgãos preferidos em termos de
probabilidade de isolamento do agente são epidídimo, vesícula seminal, ampola, glândula
bulbouretral e linfonodos inguinais em carneiros (WORTHIGTON et al., 1985; PAOLICCHI
et al., 2000; OIE, 2004). Menos freqüentemente, esta bactéria, tem sido isolada dos testículos,
rins, baço e pulmões (WORTHIGTON et al., 1985; PAOLICCHI et al., 2000).
Em ovelhas Grilló et al. (1999), isolaram B. ovis a partir de vários tecidos e órgãos
como glândula mamária, baço, útero e vários linfonodos como ilíaco, pré-escapular, pré-
femoral e mamários. A placenta e tecidos de fetos abortados ou cordeiros natimortos também
podem ser usados para o isolamento da bactéria (LIBAL e KIRKBRIDE, 1983; GRILLÓ et
al., 1999; OIE, 2004).
Apesar da maioria dos isolamentos de B. ovis, a partir do sêmen, ocorrer em carneiros
maduros (WALKER et al., 1986), existem citações de isolamento desta bactéria em cordeiros
jovens e/ou virgens (BULGIN, 1990b; BAIGÚN et al., 2000) e em carneiros clínica e
sorologicamente negativos (BULGIN 1990a).
A B. ovis pode ser isolada em meios não seletivos, como ágar base enriquecido com
10% de soro ovino ou bovino estéreis, ou em meio ágar sangue com 5 a 10% de sangue ovino
desfibrinado (OIE, 2004), sendo freqüentemente usados ágar dextrose, ágar tripticasa soja
enriquecidos com soro (ALTON et al., 1988). Entretanto, como o inóculo freqüentemente
contêm contaminantes que podem sobrepor o crescimento da B. ovis, recomenda-se o
emprego de meios seletivos que inibem os contaminantes (OIE, 2004). O meio seletivo mais
recomendado é o meio modificado por Thayler-Martin preparado a base de ágar suplementada
com 10g/l de hemoglobina, colistina (7,5mg/l, vancomicina (3mg/l), nitrofurantoína (10mg/l),
nistatina (100.000 UI/l) e anfotericina B (2,5mg/l).
33
Os materiais fluidos podem ser semeados diretamente e os tecidos devem ser
macerados em salina ou tampão fosfato estéreis e depois semeado. Normalmente as colônias
aparecem em três a quatro dias de incubação, a 37ºC e atmosfera contendo 5 a 10% de CO
2
. A
identificação da bactéria é feita pela morfologia da colônia, teste positivo da acriflavina,
reação de catalase positiva, oxidase negativa, o produz H
2
S e não cresce em presença de
violeta de metila, e usualmente, cresce na presença de concentrações de fuccina básica e
thionina (ALTON et al., 1988; OIE, 2004).
3.6.2.2. Métodos indiretos
Vários métodos sorológicos são usados para o diagnóstico indireto da brucelose ovina
por B. ovis, sendo a imunodifusão em gel de ágar (IDGA), reação de fixação do complemento
(RFC’) e ensaio imunoenzimático (ELISA) os mais utilizados (BURGESS e NORRIS, 1982;
WORTHIGTON et al., 1984; MARÍN et al., 1989; HILBINK et al., 1993; VIGLIOCCO et
al., 1997; ROBLES, 1998; OIE, 2004). Além dessas, uma técnica de imunobloting
eletroforético (EIB) foi descrita por Kittelberg e Reichel (1998) para o diagnóstico da
infecção de cervos por B. ovis, a qual foi avaliada com soros de ovinos.
A IDGA tem sido o principal teste sorológico usado para o diagnóstico da brucelose
ovina na Argentina e em outros países, como México e Brasil (ROBLES et al., 1993;
MAGALHAES NETO e GIL-TURNES, 1996; TORRES et al., 1997; COLETO et al., 2003;
SILVA et al., 2003). No Brasil, este deverá ser o teste de rotina utilizado pelo Plano Nacional
de Vigilância e Controle da Epididimite Ovina PNVCEO - (B. ovis), do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que está em fase de consulta pública (BRASIL, 2004).
Esta técnica tem demonstrado uma sensibilidade e especificidade semelhantes às da
RFC’, com a vantagem de ser mais simples e de baixo custo, o que a torna disponível para
pequenos laboratórios. No entanto, as técnicas de IDGA, em uso atualmente, apresentam certa
complexidade para os pequenos laboratórios e veterinários privados, sobretudo na obtenção
dos géis, que é necessário o preparo de uma solução tampão para o que, é necessário um
medidor de pH (ROBLES, 1998), além de uma balança analítica de precisão. A técnica
comumente empregada é a descrita pela Organização Internacional de Epizootias (OIE, 2004).
Robles (1998), vendo a dificuldade de preparo do gel pelos pequenos laboratórios,
propôs o uso de uma nova substância tampão, que consiste no uso de trisma base (SIGMA)
em solução a 0,05M (tampão tris). Este tampão ajusta automaticamente o pH do gel a ser
34
preparado. O método apresentou sensibilidade e especificidade semelhantes aos géis de
referência, sendo a sensibilidade do gel de 97,1% e a especificidade de 100%.
A OIE recomenda o uso de um extrato salino obtido por aquecimento a partir da cepa
REO 198, de B. ovis (antígeno HS), para uso nas técnicas sorológicas para o diagnóstico da
infecção por B. ovis (OIE, 2004). Este antígeno é rico em lipopolissacarídeo rugoso (LPS-R) e
outras proteínas externas de membrana (ESTEIN, 1999). O uso havia sido avaliado e
recomendado por Marín et al. (1989).
A sensibilidade e especificidade da IDGA tem sido avaliadas por vários pesquisadores,
sendo que a sensibilidade varia de 91,7 + 5,2 a 100% e a especificidade situa-se em torno de
100% (WORTHIGTON et al., 1984; MARÍN et al., 1989; ROBLES, 1998; FICAPAL et al.,
1998; CERRI et al., 2000).
Uma IDGA com soro tratado pelo 2-mercaptoetanol (2-ME) tem sido avaliada para
diminuir o número de reações falso-positivas (insespecíficas) no diagnóstico da brucelose
canina por B. canis, a qual mostrou concordância regular com a RFC’ (AZEVEDO, 2002), no
entanto, Nozaki et al. (2004) compararam as técnicas de IDGA, com e sem tratamento do soro
com 2-ME e ELISA, encontrando melhores resultados com as provas de IDGA sem 2-ME e
ELISA, destacando a baixa concordância entre as provas sorológicas avaliadas.
A técnica de ELISA vem sendo avaliada e utilizada no diagnóstico da infecção por B.
ovis em ovinos (MARÍN et al., 1989; VIGLIOCCO et al., 1997; CERRI et al., 2000). O
antígeno utilizado no ELISA é o mesmo antígeno HS utilizado nas outras provas sorológicas
(OIE, 2004), que segundo Worthington et al. (1984) e Marín et al. (1989), mostra-se mais
sensível que os testes de IDGA e RFC’. Entretanto, o principal problema que ocorre com o
uso do antígeno HS na ELISA é a reação cruzada, em áreas onde alta prevalência de B.
melitensis ou existem animais vacinados com B. melitensis Rev. 1 (ESTEIN, 1999). Este fato
não deve ocorrer no Brasil, aonde a B. melitensis é considerada exótica.
A técnica de ELISA pode ser automatizada assim como a RFC’, permitindo o
processamento de um grande número de amostras simultaneamente, apresenta alta
sensibilidade e especificidades, não requer inativação dos soros, a hemólise dos soros e a
anticomplementariedade não afetam a reação, e determinam pequenas quantidades de
anticorpos. A desvantagem desta técnica é a necessidade de um espectrofotômetro, ou um
leitor de placas, a estimativa dos resultados é complexa e não uma chave de interpretação
internacional (WORTHINGTON et al., 1984; MARÍN et al., 1989; ESTEIN, 1999).
Da mesma forma que a IDGA, a sensibilidade e a especificidade do ELISA tem sido
avaliada. Os valores de sensibilidade encontrados variaram de 96,4 a 100% e os de
35
especificidade de 98,6 a 100% (WORTHIGTON et al., 1984; MARÍN et al., 1989;
VIGLIOCCO et al., 1997; CERRI et al., 2000).
A sensibilidade e a especificidade do ELISA e RFC’ não diferem significativamente.
O ELISA pode medir menores quantidades de anticorpos que a RFC’, mas a sua sensibilidade
é dependente dos níveis de discriminação do teste, bem como da habilidade para detectar
pequenas quantidades de anticorpos, podendo detectar, tanto IgG
1,
como IgG
2
, enquanto a
RFC’ detecta apenas IgG
1
. Além do mais, o ELISA pode ser adaptado para medir
eficientemente IgM De acordo com (WORTHIGTON et al., 1984).
A RFC’ é o teste recomendado pela OIE e União Européia como teste diagnóstico a
ser aplicado para o comércio internacional de ovinos (OIE, 2004), e no Brasil, vai ser o teste
confirmatório utilizado pelo PNVCEO - (B. ovis) que está em fase de consulta pública
(BRASIL, 2004).
Não há um método padronizado de RFC’, mas o teste mais comumente empregado é o
método da microtitulação em placas de poliestireno (BURGESS e NORRIS, 1982; OIE,
2004), sendo a microtécnica descrita por Garin-Bastugi e Blasco (1996) a mais recomendada.
Existem basicamente dois tipos de RFC’, a frio e a quente. Algumas evidências
mostram que a RFC’ a frio é mais sensível que a RFC’ a quente, mas é menos específica,
além do mais o fenômeno de anticomplementariedade ocorre mais freqüentemente com a
técnica a frio. A RFC’ a quente, detectou títulos de anticorpos, tão cedo quanto 10 dias pós-
infecção, com tempo médio de soroconversão de 24 dias. A RFC’ a frio detectou títulos de
anticorpos a partir do quarto dia pós-infecção, com média de 17 dias. Além disso, verificaram
que os tulos na RFC’ a frio são uma ou duas diluições menores que os da RFC’ a quente,
sendo mais sensível que aquela na mesma proporção (BURGESS e NORRIS, 1982).
Weeb et al. (1980), utilizando a RFC’ a quente, citam que duas semanas pós-infecção,
seis de 10 carneiros tinham título de 20 U.I. e dois tinham título de 10 U.I. As cinco semanas,
todos os carneiros tinham títulos de 10 U.I. ou maiores e, as nove semanas os títulos eram
maiores ou iguais a 40 U.I. Seis desses carneiros mantiveram títulos de 40 a 160 U.I. até o
final do experimento as 51 semanas.
Em carneiros infectados, os títulos de anticorpos na RFC’ usualmente tornam-se
detectáveis de duas a sete semanas pós-infecção. Caso o carneiro recupere-se da doença, os
títulos caem a zero em aproximadamente quatro a cinco meses. Se o animal permanece
infectado, os títulos podem cair a níveis basais em aproximadamente seis meses e
permanecerem relativamente constantes. Caso estes níveis basais de anticorpos estejam
36
abaixo do ponto de corte do teste usado, um resultado falso-negativo pode ser observado
(BURGESS e NORRIS, 1982; BURGESS et al., 1982).
Burgess e Norris (1982), ao compararem os testes de RFC’ a quente e a frio,
concluíram que as reações falso-positivas ocorrem em menos de 0,1% dos casos. Burgess et
al. (1982) destacaram que a RFC’ a frio é mais apropriada para detectar carneiros
cronicamente infectados que a RFC’ a quente, uma vez que o número de falso-negativos no
início e final da infecção é maior na RFC’ a quente que na RFC’ a frio. Para eles a ocorrência
de falso-negativos pela RFC’, no final da infecção, pode ser conseqüência de um excesso de
isótipos de anticorpos IgG
2
.
A sensibilidade da RFC’ é variável de 89,28 + 11,46 a 98,7% e a especificidade de
99,3 a 100% (WORTHIGTON et al., 1984; MARÍN et al., 1989; VIGLIOCCO et al., 1997;
CERRI et al., 2000).
Outros testes sorológicos podem ser utilizados para o sorodiagnóstico da epididimite
ovina. Dentre eles a hemaglutinação indireta (HI) e o imunobloting (WEEB et al., 1980;
HILBINK et al., 1993), entretanto, estes testes não são amplamente difundidos e são menos
utilizados que os testes anteriormente citados.
Kittelberger e Eeichel (1998) avaliaram um teste de imunobloting eletroforético (EIB)
para o diagnóstico da infecção de cervos por B. ovis. Este teste foi avaliado e comparado com
soro de ovinos não infectados e ovinos infectados cronicamente por B. ovis. Para ovinos o
EIB apresentou sensibilidade de 94,6% e especificidade de 100%, e para cervos estes valores
foram de 98,6% e 100%, respectivamente. A concordância entre estes dois métodos foi de
92,4% (κ = 0,924).
3.6.2.3. Métodos moleculares
Manterola et al. (2003) avaliaram um teste de reação em cadeia de polimerase (PCR)
para o diagnóstico da infecção por B. ovis em amostras de sêmen de carneiros. Para isso,
utilizaram 192 swabs da cavidade prepucial de carneiros, de diferentes rebanhos, obtidos logo
após a eletroejaculação, sendo 35 carneiros livres de brucelas; 14 carneiros infectados
experimentalmente com amostra virulenta de B. ovis e 101 carneiros de rebanhos
naturalmente infectados. Dos 14 carneiros experimentalmente infectados, o PCR foi realizado
em paralelo com a cultura bacteriológica. A especificidade do PCR foi de 100% e a
sensibilidade foi de 51%. O nível de concordância entre o PCR e a cultura bacteriana foi de
0,91. Desse modo, o PCR sensibilidade similar à da cultura do sêmen, podendo ser usado
37
como teste complementar para o diagnóstico da infecção por B. ovis a partir de amostras de
sêmen de carneiros.
Seco-Mediavilla et al. (2003) fizeram o sequenciamento do gene bp26 de Brucella
spp., que codifica a proteína periplasmática imunogênica BP26. Este epítopo de BP26
mapeado, realizado para uso num painel de anticorpos monoclonais e técnicas de DNA
recombinante, permitem a identificação de uma região imunodominante interessante para o
diagnóstico da infecção de ovinos por B. melitensis e B. ovis, sendo que, seu uso pode
melhorar a especificidade de testes para o diagnóstico da infecção de ovinos por estas
bactérias. O uso da proteína BP26 no diagnóstico sorológico da infecção por B. ovis através
de uma técnica de ELISA indireto foi realizado por Zygmunt et al. (2002). A BP26
recombinante foi produzida em Escherichia coli e utilizada como antígeno para o ELISA
indireto, comparando-o com o antígeno HS comumente utilizado pelos métodos sorológicos.
A conclusão foi que, esta BP26 recombinante é um antígeno adicional adequado para uso no
diagnóstico da infecção de carneiros por B. ovis.
3.7. Tratamento
O tratamento da infecção por B. ovis requer a manutenção de concentrações
bactericidas de antibióticos por períodos prolongados e a utilização de antibióticos capazes de
atravessar a membrana celular, uma vez que a B. ovis tem a capacidade de sobreviver e
multiplicar-se no interior das células fagocitárias (MARÍN et al., 1989; PAOLICCHI e
LUQUEZ, 1993; ESTEIN, 1999), protegidos da ação da maioria dos antibióticos.
Marín et al. (1989), obtiveram cura bacteriológica de 91,6% dos carneiros tratados,
com uma associação de oxitetraciclina e sulfato de estreptomicina, sendo que a oxitetraciclina
isolada eliminou a B. ovis de apenas 33,3% dos carneiros tratados. Paolicchi e Luquez (1993),
usaram oxitetraciclina de longa ação (OxLA), em doses de 20mg/Kg a cada três dias, durante
36 dias, e não isolaram a bactéria do sêmen dos quatro carneiros tratados, fato que
permaneceu até a necropsia dos animais 70 semanas pós-infecção. No entanto, em um dos
quatro carneiros necropsiados, a bactéria foi isolada das glândulas vesiculares, mostrando que
mesmo com tratamentos prolongados a B. ovis consegue sobreviver no organismo dos ovinos,
podendo, a qualquer momento, voltar a ser eliminada, pelo sêmen, e infectar outros animais
no rebanho.
Apesar da cura bacteriológica na maioria dos animais tratados, as lesões
estabelecidas não retornam ao normal, principalmente nas lesões crônicas (PAOCICCHI e
38
LUQUEZ, 1993), e deste modo, não se pode assegurar que a fertilidade do carneiro se
restabeleca.
Além dos fatos apresentados, deve-se levar em consideração os custos do tratamento,
que só se justificariam em animais de alto valor zootécnico e econômico, devendo ser
instituído antes do aparecimento das lesões irreversíveis (PAOCICCHI e LUQUEZ, 1993).
No Brasil, deve-se salientar que o PNVCEO - (B. ovis) que está em fase de consulta
pública (BRASIL, 2004), não prevê o tratamento da doença, devendo ser sacrificado todo
animal reagente positivo na IDGA.
3.8. Prevenção e controle
Tendo em vista que o tratamento da infecção por B. ovis não é totalmente efetivo pois
a bactéria pode permanecer, nos órgãos genitais, mesmo após tratamento com altas doses de
antibióticos por períodos prolongados, e considerando também que, as lesões não regridem
para o estado normal e a fertilidade do carneiro fica prejudicada (PAOCICCHI e LUQUEZ,
1993), a identificação e eliminação dos carneiros soropositivos e/ou com lesões genitais
devem ser a base para impedir a perpetuação da doença no rebanho.
A identificação dos animais infectados e/ou doentes pode ser feita através de métodos
sorológicos como a IDGA, RFC’ e ELISA (WORTHINGTON et al., 1984; MARÍN et al.,
1989; WEST e BRUCE, 1991; WEST et al., 1993; BAIGÚN et al., 2000), exame clínico dos
órgãos genitais (PÉREZ et al., 1979; PLANT et al., 1986; WEST et al., 1993; BAIGÚN et al.,
2000) e cultura de amostras de sêmen (WORTHINGTON et al., 1985; WALKER et al., 1986;
BULGIN, 1990ab; BAIGÚN et al., 2000; PAOLICCHI et al., 2000). Além destes métodos,
deve-se levar em consideração o histórico do rebanho com relação à introdução de animais de
áreas onde a doença é freqüente, problemas reprodutivos e alterações na qualidade do sêmen
(RAMOS et al., 1966; PÉREZ et al., 1979; HOMSE et al., 1995; MAGALHÃES-NETO e
GIL-TURNES, 1996).
Para a identificação dos animais infectados com B. ovis o mais recomendado é
associação de vários métodos de diagnóstico, uma vez que o uso de um método isolado
apresenta limitações como, por exemplo: as lesões clínicas dos órgãos genitais são
apresentadas em cerca de 50% dos carneiros infectados (BAIGÚN et al., 2000; OIE, 2004);
carneiros sem alterações clínicas e sorologicamente negativos podem eliminar a bactéria no
sêmen (BULGIN, 1990a); e os métodos sorológicos podem dar resultados falso-reagentes
(HILBINK et al., 1993).
39
Em alguns países como Nova Zelândia, Austrália, Canadá e Romênia, os programas
de controle e erradicação da B. ovis se baseiam no credenciamento voluntário de propriedades
livres da ocorrência de reatores para esta bactéria, sacrifício de animais infectados e vacinação
(WEST e BRUCE, 1991; HILBINK et al., 1993; WEST et al., 1993; ESTEIN, 1999).
Para a certificação de propriedades como livres da B. ovis, na Nova Zelândia é
necessário testar todos os carneiros do rebanho até que dois testes completamente negativos
sejam obtidos (HILBINK et al., 1993). Além disso, é necessário o monitoramento constante
dos rebanhos, uma vez que, carneiros soronegativos podem eliminar a bactéria (BULGIN,
1990a), e os testes sorológicos podem dar origem a resultados falso-reagentes (BURGESS e
NORRIS, 1982; HILBINK et al., 1993).
Para propósitos de erradicação da infecção por B. ovis, West e Bruce (1991),
sugeriram o emprego do ELISA e RFC’ e exame físico dos reprodutores, Hilbink et al.
(1993) destacaram que a alta sensibilidade e especificidade da IDGA indicando este teste
como teste confirmatório.
Worthington et al. (1984) encontraram níveis de concordância entre a RFC’ e ELISA
de 92,6%, entre RFC’ e IDGA de 92,4% e entre ELISA e IDGA de 91,3%, mostrando haver
diferenças significativas entre estas técnicas.
Worthington et al., (1985) observaram em trabalhos de campo que a RFC’ foi
altamente eficiente em programas de erradicação, e, quando dificuldades na sua execução,
pode-se empregar o ELISA ou IDGA como testes auxiliares. O ELISA é preferível devido a
sua sensibilidade, e a IDGA é impraticável para realização em larga escala. Apesar desse fato,
no Brasil, a IDGA será o teste de triagem empregado no PNVCEO - (B. ovis) que está em fase
de consulta pública, e a RFC’ será a prova confirmatória (BRASIL, 2004).
Condições importantes que tem dificultado a execução dos programas de erradicação
da infecção por B. ovis incluem o fato de alguns carneiros infectados não desenvolverem
títulos sorológicos, outros não desenvolvem infecção persistente, mas apresentam títulos
sorológicos por muitos meses e, carneiros jovens podem se infectar e eliminar as bactérias no
sêmen (PLANT et al., 1986; BULGIN et al., 1990ab; WEST e BRUCE, 1991). Por isso, na
fase final dos programas de controle e erradicação da B. ovis devem ser utilizados métodos
apropriados para a identificação de todos os animais realmente infectados, o que pode ser
conseguido com o uso combinado de vários métodos e a observação freqüente do rebanho.
Baigún et al. (2000) reduziram o número de animais infectados e controlaram o
aparecimento de novos casos em um período de três anos com o uso simultâneo do exame
40
clínico acompanhado de sorologia dos carneiros e eliminação dos positivos, o que também foi
recomendado por West e Bruce (1991).
Marín et al. (1990) observaram que a erradicação da B. ovis por meio de provas
sorológicas e eliminação dos animais positivos é economicamente impraticável. Desse modo,
a vacinação é o meio mais econômico e prático para controlar a infecção por esta bactéria em
países com prevalências altas e médias (RONDÓN e ROSÁDIO, 2002; OIE, 2004).
A amostra Rev. 1 de B. melitensis é provavelmente a melhor vacina disponível para a
profilaxia da infecção por B. ovis (OIE, 2004). Esta vacina vem sendo usada de forma
limitada no controle da brucelose ovina no Peru, desde 1979 (RONDÓN e ROSÁDIO, 2002).
A vacina deve ser aplicada pela via subcutânea em dose única de 10
9
unidades formadoras de
colônia por mililitro (UFC/mL) ou por via conjuntival em dose menor. Para que ocorra boa
imunidade contra B. ovis, os carneiros devem ser vacinados com idade de três a oito meses
(OIE, 2004). Quando a vacina Rev. 1 é usada em carneiros jovens é bastante segura, no
entanto, as informações a respeito da segurança do seu uso em carneiros adultos são limitadas
(MARÍN et al., 1990; OIE, 2004).
Rondón e Rosádio (2002) avaliaram o uso da Rev. 1 no controle da brucelose ovina
numa empresa no Perú que havia utilizado a vacinação anos antes. Viram que as prevalências
foram significativamente inferiores as encontradas antes da reintrodução da vacinação. Além
disso, a prevalência global da infecção diminuiu significativamente, caindo mais de 50% de
1996 a 2000.
No Brasil, o PNVCEO - (B. ovis) que está em fase de consulta pública (BRASIL,
2004), não prevê o uso de vacinação para o controle da brucelose ovina, sendo que o plano
baseia-se na certificação voluntária de propriedades como livres do microrganismo. Nestes
estabelecimentos serão examinados todos os carneiros não castrados com idade acima de seis
meses, e os animais soropositivos serão separados e sacrificados, devendo o estabelecimento
obter três testes sorológicos negativos com intervalos semestrais para obter a certificação. A
renovação do certificado será anual.
41
4. MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado em duas fases. A primeira fase compreendeu a
realização de visitas e colheita de material de carneiros reprodutores em propriedades das
mesorregiões do Sertão Paraibano e Borborema, realizada no período de janeiro a agosto de
2004. A segunda fase consistiu em visitas e colheita de material de carneiros reprodutores em
exposições e feiras realizadas no Estado da Paraíba.
4.1. Fase I – trabalho realizado nas mesorregiões do Sertão Paraibano e Borborema
4.1.1. Descrição e caracterização da área de estudo
O Estado da Paraíba abrange áreas individualizadas, caracterizadas pelas
peculiaridades constatadas na organização do espaço regional, oriundas das condições
apresentadas pelo quadro natural e daquelas que se manifestam no decorrer de sua evolução
econômica, social e cultural (IBGE, 2001). Caracteriza-se por um regime de chuvas com
distribuição desigual e pela presença marcante do planalto da Borborema. Estes dois fatores
contribuem de forma definitiva para que existam, neste estado, quatro ecossistemas distintos
bem definidos: o litoral, de maior pluviosidade, a zona da mata, o agreste e o sertão, este com
predomínio do semi-árido (IBGE, 1998). Geograficamente encontra-se dividido em quatro
mesorregiões (Sertão Paraibano, Borborema, Agreste Paraibano e Mata Paraibana) e 23
microrregiões (IBGE, 2001) como demonstrado na Figura 1 em anexo.
A mesorregião do Sertão Paraibano é tipicamente tradicional, caracterizando-se por
uma estrutura fundiária concentrada. Ao lado de grandes estabelecimentos, coexiste um
número expressivo de pequenos estabelecimentos onde se destaca o emprego de mão de obra
familiar. A principal atividade é a pecuária extensiva, assumindo destaque a criação de
ovinos, com 7.087 propriedades criadoras e um total de 159.149 cabeças (IBGE, 1998).
Embora na mesorregião do Sertão predomine o clima semi-árido, é na parte central do
estado, na mesorregião da Borborema, que se registram os menores índices pluviométricos. A
pecuária é extensiva e seu plantel principal é de caprinos, animais que resistem melhor às
condições ambientais locais, no entanto, a criação de ovinos vem se destacando com 6.664
criadores e um plantel de 190.201 animais (IBGE, 1998).
As mesorregiões do Agreste e Mata Paraibana apresentam os maiores índices
pluviométricos do estado, a pecuária é menos expressiva e a agricultura é bastante
42
diversificada, predominando os pequenos estabelecimentos agropecuários. A ovinocultura é
de menor importância quando comparada as outras mesorregiões, apresentando pouco mais de
6.700 criadores, com 92.000 cabeças nas duas mesorregiões (IBGE, 1998).
O estado ainda apresenta pouco uso de assistência técnica, a qual é utilizada por
apenas 4,85%, dos 146.539 estabelecimentos agropecuários do estado. Dos estabelecimentos
que usam assistência técnica, 50,3% a utilizam para produção vegetal e 71% para produção
animal (IBGE, 1988), existindo também uma produção mista, animal e vegetal em alguns
estabelecimentos.
4.1.2. Amostragem
A amostragem foi realizada em dois estágios, dirigida a detectar focos de brucelose
por B. ovis: no primeiro, foram sorteados aleatoriamente um número pré-estabelecido de
propriedades (unidades primárias de amostragem) e, no segundo, foram selecionadas as
unidades secundárias de amostragem, ou seja, os carneiros com idade igual ou superior a oito
meses.
O número de propriedades a serem amostradas, foi definido pelo programa EpiInfo
versão 6.04, com o emprego dos seguintes parâmetros: (a) prevalência esperada de 50% (valor
adotado para maximizar a amostra); (b) nível de confiança de 95%; e (c) erro absoluto de 10%
(THRUSFIELD, 1990). Para as mesorregiões do Sertão Paraibano e da Borborema, que
apresentam 7.087 e 6.664 propriedades criadoras de ovinos, respectivamente (IBGE, 1998), a
amostragem calculada foi de 95 propriedades em cada mesorregião. Por motivo de segurança,
foram visitadas 167 propriedades na mesorregião do Sertão Paraibano e 116 na mesorregião
da Borborema.
Apesar do Censo Agropecuário (1995-1996) ter colhido e publicado informações
sobre o número de propriedades criadoras de ovinos e ainda apresentado o número de
reprodutores ovinos por município (IBGE, 1988), não existe um cadastro público de
propriedades no Estado da Paraíba. Levando-se em consideração esse fato, para minimizar o
vício de amostragem, a seleção das propriedades foi feita com base no cadastro da EMATER
(Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), SAIA (Secretaria da Agricultura,
Irrigação e Abastecimento) e associações de criadores e/ou veterinários particulares. A técnica
de amostragem utilizada para o sorteio das propriedades foi a amostragem sistemática
aleatória (THRUSFIELD, 1990), sendo este sorteio realizado a partir de uma listagem das
propriedades por município em cada mesorregião.
43
Na visita, quando o produtor não se interessava em fazer parte do estudo ou não tinha
reprodutores, procurava-se o criador mais próximo que tivesse interesse pelo trabalho.
4.1.3. Procedimentos de campo
Nas propriedades selecionadas foi colhido o sangue de todos os carneiros utilizados
para reprodução com idade igual ou superior a oito meses. Todos os animais foram
submetidos a exame clínico andrológico por inspeção e palpação do escroto, testículos e
epidídimos (DIRKSEN et al., 1993).
O sangue dos ovinos foi colhido por venopunção jugular, utilizando-se tubos
vacuntainer. Após a coleta, os tubos foram devidamente identificados e deixados
aproximadamente duas horas à temperatura ambiente para que ocorresse a coagulação e, em
seguida, colocados em caixas de isopor com gelo e enviados para o Laboratório de Doenças
Transmissíveis do Centro de Saúde e Tecnologia Rural da Universidade Federal de Campina
Grande (LDT/CSTR/UFCG), onde foram feitos o dessoramento e armazenamento a –20
o
C
(graus Celsius) até o momento do processamento.
Em cada propriedade foi aplicado um questionário (anexo 1) para a obtenção
informações sobre os problemas reprodutivos, comercialização de animais, participação em
exposições, alimentação, sistema de criação e manejo dos animais, principal atividade da
propriedade e contato com outros animais. Os dados obtidos foram utilizados para o estudo
dos fatores de risco associados à infecção por B. ovis.
4.1.4. Provas sorológicas
4.1.4.1. Imunodifusão em gel de ágar (IDGA)
A IDGA foi a técnica utilizada como prova de triagem e realizada no Laboratório de
Doenças Transmissíveis /CSTR /UFCG. Foram utilizados kits produzidos pelo Instituto de
Tecnologia do Paraná (TECPAR), sendo a técnica realizada de acordo com as instruções do
fabricante.
44
4.1.4.1.1. Preparo do gel de ágar
O tampão borato foi preparado a partir de 1,86g de Ácido bórico (H
3
BO
3
), 7,25g de
Cloreto de Potássio (KCl) e 950 mL de água destilada, ajustando-se o pH em 8,3 com
Hidróxido de Sódio (NaOH) 2M. Em seguida preparou-se o gel a 1% utilizando-se um grama
de Ágar nobre, cinco mL de tampão borato, 93 mL de NaCL a 5% e um mL de Azida Sódica
a 1%. Todos esses componentes foram colocados em um balão volumétrico e aquecidos em
Microondas até a dissolução completa dos componentes. Após isso, distribuiu-se 4,5 mL do
gel em lâminas de vidro sem ranhuras, as quais foram deixadas em temperatura ambiente até a
solidificação do gel. Em seguida, as lâminas de gel foram armazenadas a 4°C por 30 minutos.
Para uso, o gel foi perfurado com moldes de 6 mm de diâmetro, com 2,5 mm de
distância entre as bordas, sendo um orifício central e seis dispostos ao seu redor, cada um com
capacidade para 25 µL. Após a retirada do gel, os poços foram preenchidos com soros a testar
nos poços periféricos, sendo alternados com soros controles positivos, em seguida o antígeno
foi colocado no poço central. As lâminas assim preparadas foram incubadas em câmara úmida
à temperatura ambiente por 72 horas.
4.1.4.1.2. Leitura e interpretação
As leituras foram realizadas com 24, 48 e 72 horas de incubação, utilizando-se sistema
de iluminação indireta com fundo escuro, sendo considerado o resultado da leitura das 72
horas.
A formação de uma linha de precipitação entre o poço do soro teste e o poço do
antígeno foi o critério de interpretação. Para isso deveria haver uma reação de identidade entre
a linha formada pelo soro teste e a formada pelo soro controle positivo. Desse modo, as
amostras eram consideradas como positivas quando havia identidade entre as linhas do soro
teste e as do soro controle positivo. Eram negativas quando não havia identidade ou não
houve formação de linha de precipitação.
4.1.4.2 Reação de Fixação do Complemento (RFC’)
Foi a técnica utilizada como prova confirmatória para testar os soros reagentes
positivos à técnica de IDGA. Esta prova foi realizada no Setor de Doenças Bacterianas da
Reprodução – Laboratório de Brucelose Animal do Instituto Biológico de São Paulo-SP.
45
4.1.4.2.1. Técnica Utilizada
Foi utilizada uma microtécnica descrita por Garin-Bastuji e Blasco (1996), executada
em placas de poliestireno com fundo em “U”, com incubação à temperatura de 37ºC durante
trinta minutos, em estufa bacteriológica, nas duas fases da reação. Para a realização da prova
foi empregada uma quantidade de 25 µL de todos os componentes: soro teste, antígeno,
complemento e sistema hemolítico.
4.1.4.2.2. Antígeno
Foi utilizado como antígeno a Brucella ovis amostra 63/290 na diluição de uso de
1:50, gentilmente cedido pelo Dr. Francisco Maria Cancellotti, diretor do Instituto
Zooprofilático Experimental de Veneza, Itália.
4.1.4.2.3. Diluição e inativação dos soros
Inicialmente, os soros foram diluídos 1:5 em tampão Veronal (VB). Em seguida,
foram deixados em banho-maria a 56°C, durante 60 minutos, para inativar o complemento.
4.1.4.2.4. Preparo das placas
Foram utilizadas placas de poliestireno com fundo em “U”, compostas por 12 colunas
e oito linhas, contendo 96 poços de acordo com o esquema abaixo.
Para cada soro foram trabalhadas duas colunas, sendo as colunas pares, os controles
negativos. Os poços 11G, 12G, 11H e 12H foram utilizados como controle do soro, controle
do complemento, controle do antígeno sem complemento e controle do sistema hemolítico
respectivamente. O procedimento foi o seguinte:
25 µL de VB em todos os poços, com exceção da linha A;
25 µL de soro previamente diluído nos poços das linhas A e B;
diluir o soro em direção da linha B para H, tomando o cuidado de desprezar os 25 µL
dos poços da linha H. os soros estarão diluídos na seguinte ordem: 1:5; 1:10, 1:20,
1:40, 1:80, 1:160, 1:320 e 1:360;
46
25 µL de VB nas colunas pares (para substituir o antígeno);
25 µL do antígeno diluído nas colunas ímpares, menos nos poços 12G e 12H;
25 µL de complemento, menos nos poços 11H e 12H;
incubar em estufa a 37°C por 30 minutos com as placas tampadas;
25 µL de sistema hemolítico em todos os poços;
agitar as placas em agitador magnético por 15 segundos;
incubar a 37°C por dez minutos;
agitar as placas por 15 segundos (agitador magnético);
incubar em estufa a 37°C por 20 minutos;
centrifugar a 1.500 rpm durante cinco minutos ou deixar descansar em refrigeração
por três horas ou over night;
leitura das placas.
4.1.4.2.5. Interpretação
A interpretação considerou a formação de um botão de hemácias no fundo dos poços,
levando-se em consideração o grau de hemólise. Os títulos dos soros foram determinados pela
recíproca da maior diluição que apresentou 50% ou menos de hemólise. O tulo do soro foi
expresso em Unidades Internacionais por mL (U.I./mL), de acordo com a Tabela 1.
Tabela 1. Conversão dos títulos sorológicos em U.I./mL na reação de fixação do
complemento.
Diluição final do soro Título em U.I./mL
1:5 50
1:10 100
1:20 200
1:40 400
1:80 800
1:160 1.600
1:320 3.200
1:640 6.400
A amostra que apresentou 50 U.I./mL ou mais foi considerada positiva (GARIN-
BASTUJI e BLASCO, 1996).
47
Para a determinação da prevalência, a IDGA foi usada como prova de triagem e a FC
como prova confirmatória, sendo considerados como positivos apenas as amostras que
reagiram positivamente ao teste confirmatório.
4.1.5. Tratamento dos dados
4.1.5.1. Cálculo das prevalências
4.1.5.1.1. Prevalência de focos de brucelose ovina por Brucella ovis
Para o cálculo da prevalência de propriedades positivas (focos) nas duas mesorregiões,
considerou-se uma amostra aleatória estratificada, sendo cada mesorregião um estrato. Os
parâmetros utilizados neste cálculo foram a condição da propriedade (positiva ou negativa), o
estrato (mesorregião) ao qual a propriedade pertencia e o peso estatístico. Esse peso foi
calculado pela seguinte fórmula:
omesorregiãnaamostradasespropriedadden
omesorregiãnaespropriedaddetotaln
Peso
o
o
=
Considerou-se, para o cálculo da prevalência de focos em cada mesorregião, uma
amostra aleatória simples, utilizando-se como parâmetros o número de focos e o número de
propriedades amostradas na mesorregião. Era considerado foco a propriedade que tinha pelo
menos um animal positivo. O programa SPSS for Windows versão 12.0 foi utilizado para a
realização de todos os cálculos.
4.1.5.1.2. Prevalência de animais soropositivos para a brucelose ovina por Brucella ovis
Para o cálculo da prevalência de animais soropositivos para a brucelose ovina por B.
ovis nas duas mesorregiões, considerou-se uma amostra de cluster estratificada. No cálculo da
prevalência de animais soropositivos em cada uma das mesorregiões, o desenho amostral
considerado foi uma amostragem por cluster.
48
Os parâmetros utilizados para os cálculos foram a condição do animal (positivo ou
negativo), a mesorregião a qual o animal pertencia, o número de identificação da propriedade
e o peso estatístico de cada animal, que foi calculado pela seguinte fórmula:
epropriedadnaamostradosesreprodutorcarneirosden
epropriedadnaesreprodutorcarneirosden
amostradasespropriedadnasesreprodutorcarneirosden
omesorregiãnaesreprodutorcarneirosden
Peso
o
o
o
o
=
O programa utilizado para os cálculos das prevalências de animais soropositivos foi o
SPSS for Windows versão 12.0.
4.1.5.2. Identificação de fatores de risco para a brucelose ovina por Brucella ovis
Para o estudo de fatores de risco para a brucelose ovina por B. ovis, foi realizada uma
análise univariada pela estimativa pontual e intervalar da Odds Ratio (OR). O valor de OR
mostra de quantas vezes é maior a chance de infecção para os animais expostos a um
determinado fator de risco em relação aos não expostos (TRUSFIELD, 1995; MARTIN et al.,
1997). Os cálculos foram feitos com o programa EpiInfo versão 6.04.
4.2. Fase II – trabalho realizado nas exposições e feiras
4.2.1. Caracterização da área do trabalho
No estado da Paraíba são realizadas anualmente várias exposições e feiras de animais
(calendário alterado anualmente) onde a ovinocaprinocultura vem se destacando como uma
das atrações mais apresentadas nas pistas de julgamento de animais na maioria das
exposições, face ao grande valor genético e econômico que estas espécies animais vêm
assumindo nos últimos anos.
4.2.2. Procedimentos de campo
Para esta fase do trabalho não foi calculada uma amostragem em virtude da
inexistência de cadastros oficiais das exposições e feiras. Após prévia autorização da
Secretaria da Agricultura, Irrigação e Abastecimento do Estado da Paraíba (SAIA), fez-se
visitas nas exposições e feiras que estavam sendo realizadas. Após autorização dos
49
proprietários e expositores, colhia-se o sangue dos carneiros com idade igual ou superior a
oito meses e procedeu-se o exame clínico andrológico. As provas de diagnóstico utilizadas
foram as mesmas descritas no item 4.1.4.
As exposições e feiras visitadas e os números de amostras colhidas em cada são
apresentados na Tabela 23. Os dados foram apresentados apenas de forma descritiva, não
sendo aplicado nenhum tratamento estatístico.
50
5. RESULTADOS
5.1. Fase I – trabalho realizado nas mesorregiões do Sertão Paraibano e Borborema
5.1.1. Prevalência de focos de brucelose ovina por Brucella ovis
De acordo com os dados obtidos no presente trabalho, 8,59% (25/283) das
propriedades investigadas apresentaram um ou mais carneiros soropositivos pela reação de
imunodifusão em gel de ágar (IDGA teste de triagem) e fixação do complemento (RFC’
teste confirmatório), à infecção para B. ovis como mostra a Tabela 2. Nesta tabela vê-se que
as mesorregiões, Sertão Paraibano e Borborema apresentaram 10,18% e 6,90% de
propriedades com infecção por B. ovis, respectivamente. Não houve diferença estatística
significativa entre as mesorregiões (p = 0,34).
A Figura 1 apresenta a distribuição dos municípios aonde localizavam-se as
propriedades trabalhadas e os municípios em que haviam focos de propriedades com animais
soropositivos.
Tabela 2. Prevalência de propriedades com infecção por B. ovis (focos), através da IDGA
(teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), nas mesorregiões: Sertão Paraibano e
Borborema. Patos-PB, 2005.
Resultados
Positivos Negativos
Mesorregião
% IC 95% %
Total
Sertão Paraibano 17 10,18 6,40 – 15,81 150 89,82 167
Borborema 8 6,90 3,47 – 13,26 108 93,10 116
Total
25 8,59 5,83 – 12,48 258 91,41 283
OR = 1,53 (I.C.
95%
= 0,60 – 4,03)
X
2
= 0,92 (p = 0,34)
51
Legenda.
A cor verde indica os municípios em que houve um ou mais focos de infecção por B.
ovis.
1. Cajazeirinhas
2. Vista Serrana
3. Catingueira
4. Conceição
5. Condado
6. Coxixola
7. Cubatí
8. Curral Velho
9. Sumé
10. Gurjão
11. Monteiro
12. Olivedos
13. Patos
14. Pedra Branca
15. Piancó
16. Pombal
17. Prata
18. Santa Terezinha
19. São Bentinho
20. São João do Cariri
21. São Mamede
22. São José de Espinharas
23. São José de Piranhas
24. São José do Bonfim
25. Serra Branca
26. Soledade
João Pessoa
Figura 2. Esquema cartográfico mostrando a distribuição dos municípios onde foram visitadas
as propriedades criadoras de ovinos e os municípios com focos de infecção por B. ovis. Patos-
PB, 2005.
52
5.1.2. Prevalência de animais soropositivos para a brucelose ovina por Brucella ovis
A prevalência de carneiros infectados por B. ovis, através da IDGA (teste de triagem) e
RFC’ (teste confirmatório), neste trabalho foi de 5,57% (28/498), sendo 6,27% deles no
Sertão Paraibano e 4,85% na Borborema com mostra a Tabela 3. Não houve diferença entre as
mesorregiões (p = 0,49).
Tabela 3. Prevalência de reprodutores ovinos com infecção por B. ovis, através da IDGA
(teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), nas mesorregiões: Sertão Paraibano e
Borborema. Patos-PB, 2005.
Resultados
Positivos Negativos
Mesorregião
% IC 95% %
Total
Sertão Paraibano 17 6,27 3,93 – 9,88 254 93,73 271
Borborema 11 4,85 2,70 – 8,56 216 95,15 227
Total
28 5,57 3,86 – 7,97 470 94,43 498
OR = 1,31 (I.C.
95%
= 0,57 – 3,07)
X
2
= 0,47 (p = 0,49)
5.1.2. Estudo dos fatores de risco associados à soropositividade para Brucella ovis
5.1.2.1. Nas propriedades
5.1.2.1.1. Fatores relacionados à atividade econômica
Nas Tabelas 4 a 7 são apresentados os resultados dos exames sorológicos dos
reprodutores ovinos das propriedades trabalhadas, através da IDGA (teste de triagem) e RFC’
(teste confirmatório) aplicados ao diagnóstico da infecção por B. ovis e sua associação com
fatores relacionados à atividade econômica das propriedades.
Na Tabela 4 são apresentados os dados relacionados a finalidade da exploração e sua
associação com a presença de reprodutores soropositivos para B. ovis. Pode-se observar pela
tabela que, 56,8% (126/222) das propriedades utilizavam a criação de ovinos para
subsistência; 33,3% (74/222) utilizavam os ovinos para cria/recria/engorda e apenas 9,9% os
utilizavam para reprodução. Dos produtores que exploravam os ovinos para subsistência,
53
10,3% (13/126) apresentaram evidência da infecção para B. ovis em sua propriedade; aqueles
que utilizavam a criação de ovinos para cria/recria/engorda tinham 12,2% (5/74) de
soropositividade, e dos que utilizavam para reprodução não tiveram soropositividade. A
análise dos dados não mostrou significância estatística (p = 0,2).
Tabela 4. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA (teste de
triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo a finalidade da exploração e a natureza dos
resultados. Patos-PB, 2005.
Resultados Total Finalidade da
exploração
Positivos Negativos
% (%) % (%) % (%)
Cria/recria/engorda 5 12,2 2,3 69 87,8 31,1 74 100 33,4
Reprodução 0 0,0 0,0 22 100 9,9 22 100 9,9
Subsistência 13 10,3 5,9 113 89,7 50,9 126 100 56,8
Total
18 8,1 8,1 204 91,9 91,9 222 100 100
% = porcentagem nas linhas
(%) = porcentagem nas colunas
X
2
= 6,0 (p = 0,2)
A ovinocaprinocultura foi considerada a principal atividade por 25,9% (55/212)
produtores, sendo que, em 5,5% (3/35) havia soropositividade para B. ovis através da IDGA
(teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório); a bovinocultura foi considerada a principal
atividade por 24,1% (51/212) criadores dos quais, 17,6% (9/51) tinham soropositividade para
esta bactéria; dos 50% (106/212) de produtores que consideravam a agricultura sua principal
atividade, 6,6% (7/106) tinham animais com sorologia positiva para B. ovis em sua criação
como mostra a Tabela 5. A análise dos dados revelou diferença estatística entre a principal
atividade e a soropositividade para B. ovis (p = 0,04).
54
Tabela 5. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA (teste de
triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo a principal atividade da propriedade e
exploração e a natureza dos resultados. Patos-PB, 2005.
Resultados Total
Principal atividade
Positivos Negativos
% (%) % (%) % (%)
Bovinocultura 9 17,6 4,2 42 82,4 19,8 51 100 24,1
Ovinocaprinocultura 3 5,5 1,4 52 94,5 24,5 55 100 29,5
Agricultura 7 6,6 3,3 99 93,4 46,7 106 100 50,0
Total
19 9,0 9,0 193 91,0 91,0 212 100 100
% = porcentagem nas linhas
(%) = porcentagem nas colunas
X
2
= 6,27 (p = 0,04)
A comercialização freqüente de animais era praticada por 52,8% (133/252) produtores,
dos quais 9,8% (13/133) tinham evidência de infecção por B. ovis em seu rebanho, enquanto
dos que não comercializavam com freqüência seus animais, 10,1% (12/119) tinham carneiros
soropositivos através da IDGA (teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório) para B. ovis,
como mostra a Tabela 6. A análise estatística não revelou diferença significativa entre as
variáveis (p = 0,93).
Tabela 6. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA (teste de
triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo a comercialização dos animais e a natureza
dos resultados. Patos-PB, 2005.
Resultados Total
Comercialização
Positivos Negativos
% (%) % (%) % (%)
Sim 13 9,8 5,2 120 90,2 47,6 133 100 52,8
Não 12 10,1 4,8 107 89,9 42,5 119 100 47,2
Total
25 9,9 9,9 227 90,1 90,1 252 100 100
% = porcentagem nas linhas
(%) = porcentagem nas colunas
X
2
= 0,01 (p = 0,93)
Os resultados com relação à participação em exposições/feiras como fator de risco
para infecção por B. ovis, são apresentados na Tabela 7. De acordo com esta tabela, apenas
16,4% (41/250) produtores participavam de exposições/feiras sendo que apenas 9,8% (4/41),
55
desses tinham reprodutores sorologicamente positivos em sua propriedade; dos produtores
que não freqüentavam exposições/feiras, 10,0% (21/209) tinham reprodutores positivos em
sua criação. A análise estatística não foi significativa entre as variáveis (p = 0,61).
Tabela 7. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA (teste de
triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo a participação em exposições/feiras e a
natureza dos resultados. Patos-PB, 2005.
Resultados Total Participação em
Exposição/feira
Positivos Negativos
% (%) % (%) % (%)
Sim 4 9,8 1,6 37 90,2 14,8 41 100 16,4
Não 21 10,0 8,4 188 90,0 74,2 209 100 83,6
Total
25 10,0 10,0 225 90,0 90,0 250 100 100
% = porcentagem nas linhas
(%) = porcentagem nas colunas
OR = 0,97 (I.C.
95%
= 0,26 - 3,22)
p = 0,61 (Teste exato de Fisher)
5.1.2.1.2. Fatores relacionados aos problemas reprodutivos
A associação entre os problemas reprodutivos como abortamento, natimortos,
mortalidade na primeira semana de vida e ao desmame e a soropositividade para B. ovis,
através da IDGA (teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), são apresentados nas tabelas
8 a 11.
Problemas com abortamento foram relatados por 39,7% (94/237) dos produtores,
enquanto para 60,3% (143/237) não houveram abortamentos em seu rebanho ovino no
período do estudo (Tabela 8). Das propriedades com relatos de abortamentos, 8,5% (8/94)
tinham sorologia positiva para B. ovis contra 10,5% (15/143) nas propriedades sem relato de
abortamento. A análise estatística não revelou significância entre as variáveis (p = 0,61).
56
Tabela 8. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA (teste de
triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo os problemas reprodutivos ''abortamentos'' e a
natureza dos resultados. Patos-PB, 2005.
Resultados Total
Abortamentos
Positivos Negativos
% (%) % (%) % (%)
Sim 8 8,5 3,4 86 91,5 36,3 94 100 39,7
Não 15 10,5 6,3 128 89,5 54,0 143 100 60,3
Total
23 9,7 9,7 214 90,3 90,3 237 100 100
% = porcentagem nas linhas
(%) = porcentagem nas colunas
X
2
= 0,25 (p = 0,61)
O nascimento de crias mortas foi relatado por 31,9% (72/226) dos criadores, dos quais
8,3% (6/72) tinham reprodutores soropositivos em suas criações, contra 10,4% (16/154) de
positividade das 68,1% (154/226) propriedades sem histórico de nascimento de crias mortas
(Tabela 9). Não houve diferença estatística significativa entre as variáveis analisadas (p =
0,63).
Tabela 9. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA (teste de
triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo os problemas reprodutivos ''nascimentos de
crias mortas'' e a natureza dos resultados. Patos-PB, 2005.
Resultados Total Nascimento de crias
mortas
Positivos Negativos
% (%) % (%) % (%)
Sim 6 8,3 2,7 66 91,7 29,2 72 100 31,9
Não 16 10,4 7,1 138 89,6 61,1 154 100 68,1
Total
22 9,7 9,7 204 90,3 90,3 226 100 100
% = porcentagem nas linhas
(%) = porcentagem nas colunas
X
2
= 0,24 (p = 0,63)
Os resultados da associação entre, a ocorrência de mortalidade de cordeiros do
nascimento à primeira semana e os resultados da sorologia para B. ovis, são apresentados na
Tabela 10. De acordo com esta tabela, 39,8% (88/221) dos produtores relataram a ocorrência
de mortalidade neonatal, contra 60,2% (133/221) dos que relataram a não ocorrência deste
fato. Das propriedades com histórico de mortalidade neonatal, 9,1% (8/88) tinham
57
soropositividade para B. ovis, enquanto nas propriedades sem mortalidade neonatal 9,0%
(12/133) tinham soropositividade. A análise estatística das variáveis não revelou diferença
estatística (p = 0,1).
Tabela 10. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA (teste de
triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo os problemas reprodutivos ''mortalidade na
primeira semana'' e a natureza dos resultados. Patos-PB, 2005.
Resultados Total Mortalidade na
primeira semana
Positivos Negativos
% (%) % (%) % (%)
Sim 8 9,1 3,6 80 90,9 36,2 88 100 39,8
Não 13 9,0 5,4 121 91,0 54,8 133 100 60,2
Total
20 9,0 9,0 201 91,0 91,0 221 100 100
% = porcentagem nas linhas
(%) = porcentagem nas colunas
X
2
= 0,0 (p = 0,1)
Os resultados da associação entre, a ocorrência de mortalidade de cordeiros ao
desmame e os resultados da sorologia para B. ovis, são apresentados na Tabela 11. Histórico
de mortalidade ao desmame foi relatado por 19,5% (40/205) produtores, enquanto para 80,5%
(165,205) não houve histórico de mortalidade ao desmame no período do estudo. Das
propriedades com histórico de mortalidade ao desmame, 12,5% (5/40) tinham carneiros
soropositivos para B. ovis, contra 7,9% (13/165) das que não tinham mortalidade de cordeiros
ao desmame. Análise estatística não revelou diferença significativa entre as variáveis (p =
0,26).
58
Tabela 11. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA (teste de
triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo os problemas reprodutivos ''mortalidade ao
desmame'' e a natureza dos resultados. Patos-PB, 2005.
Resultados Total Mortalidade ao
desmame
Positivos Negativos
% (%) % (%) % (%)
Sim 5 12,5 2,4 35 87,5 17,1 40 100 19,5
Não 13 7,9 6,3 152 92,1 74,1 165 100 80,5
Total
18 8,8 8,8 187 91,2 91,2 205 100 100
% = porcentagem nas linhas
(%) = porcentagem nas colunas
p = 0,26 (Teste exato de Fisher)
Os resultados da associação entre, a presença de comportamento homossexual nas
propriedades como fator de risco associado a infecção por B. ovis, através da IDGA (teste de
triagem) e RFC’ (teste confirmatório), são apresentados na Tabela 12. De acordo com esta
tabela, dos 121 criadores que souberam informar sobre a ocorrência deste tipo de
homossexualismo em seu plantel, apenas 19,8% (24/121) confirmaram a ocorrência de
homossexualismo. Destes, a infecção por B. ovis estava presente em 8,3% (2/24), contra 6,2%
(6/97) nas criações sem relato de ocorrência de homossexualismo. A análise estatística não
revelou significância entre as variáveis (p = 0,5).
Tabela 12. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA (teste de
triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo os problemas reprodutivos ''comportamento
homossexual'' e a natureza dos resultados. Patos-PB, 2005.
Resultados Total
Homossexualismo
Positivos Negativos
% (%) % (%) % (%)
Sim 2 8,3 1,7 22 93,8 75,2 24 100 19,8
Não 6 6,2 5,0 91 93,8 75,2 97 100 80,2
Total
8 6,6 6,6 113 93,4 93,4 121 100 100
% = porcentagem nas linhas
(%) = porcentagem nas colunas
p = 0,5 (Teste exato de Fisher)
59
5.1.2.1.3. Fatores relacionados ao manejo dos animais nas propriedades
Nas Tabelas, 13 a 17, são apresentados os resultados da análise de associação entre as
variáveis relacionadas com o manejo dos animais nas propriedades e a soropositividade para
B. ovis, através da IDGA (teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório).
Tabela 13. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA (teste de
triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo o sistema de criação e a natureza dos
resultados. Patos-PB, 2005.
Sistema de criação Resultados Total
Positivos Negativos
% (%) % (%) % (%)
Extensivo 13 12,6 4,9 90 87,4 33,7 103 100 38,6
Semi-intensivo/intensivo
11 6,7 4,1 153 93,3 57,3 164 100 61,4
Total
24 9,0 9,0 243 91,0 91,0 267 100 100
% = porcentagem nas linhas
(%) = porcentagem nas colunas
OR = 2,01 (I.C.
95%
= 0,80 – 5,05)
X
2
= 2,70 (p = 0,1)
Em relação ao sistema de criação observa-se que nas propriedades que utilizam o
sistema extensivo, 12,6% apresentaram evidência de infecção por B. ovis, através da IDGA
(teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), em relação aos outros sistemas de criação (OR
= 2,01), no entanto, não houve diferença significativa (p = 0,1).
Na Tabela 14 são apresentados os dados relacionando as propriedades que criam
ovinos em contato direto e/ou indireto com outras espécies animais e a soropositividade para
B. ovis, através da IDGA (teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório). De acordo com a
tabela, 75,7% (187/247) das propriedades criavam ovinos em contato com outras espécies
animais e destas, 10,16% (19/187) apresentaram evidência sorológica de infecção por B. ovis.
Das 24,3% (60/247) propriedades em que os ovinos não tinham contato com outras espécies
animais, 8,33% (5/60) foram soropositivas para esta bactéria, não havendo diferença
estatística entre as variáveis (p = 0,68).
60
Tabela 14. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA (teste de
triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo o contato direto e/ou indireto com outras
espécies animais e a natureza dos resultados. Patos-PB, 2005.
Resultados Total Contato com outras
espécies animais
Positivos Negativos
% (%) % (%) % (%)
Sim 19 10,16
7,7 168 89,84
68,02
187 100 75,7
Não 5 8,33 2,02 55 91,67
22,27
60 100 24,3
Total
24 9,72 9,72 223 90,28
90,28
247 100 100
% = porcentagem nas linhas
(%) = porcentagem nas colunas
OR = 1,24 (I.C.
95%
= 0,41 – 4,01)
X
2
= 0,17 (p = 0,68)
As Tabelas, 15 e 16, apresentam os resultados em relação às práticas de manejo
sanitário utilizado como vacinação e vermifugação. Sua importância na cadeia de transmissão
da B. ovis relaciona-se com a aglomeração dos animais por ocasião destas práticas de manejo,
o que proporciona um contato mais íntimo entre os mesmos. 58,9% (155/263) das
propriedades praticavam a vacinação dos ovinos, principalmente para a raiva. Destas, 9,7%
(15/155) apresentaram sorologia positiva para B. ovis, não sendo significativa a diferença
entre positivos e negativos com relação à prática de vacinação (p = 0,91). Com relação as
práticas de vermifugação, 33% (93/277) vermifugam duas vezes no ano e apenas 13,4% não
praticavam a vermifugação. A porcentagem de propriedades que apresentavam evidência
sorológica de infecção por B. ovis foi levemente maior nas que praticavam a vermifugação
duas vezes por ano (11,8% _ 11/93), não tendo sido encontrada diferença significativa entre a
freqüência de vermifugação e a infecção (p = 0,77) (Tabela 16).
61
Tabela 15. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA (teste de
triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo as práticas de manejo sanitário (vacinação) e a
natureza dos resultados. Patos-PB, 2005.
Resultados Total
Vacinação
Positivos Negativos
% (%) % (%) % (%)
Sim 15 9,7 5,7 140 90,3 53,2 155 100 58,9
Não 10 9,3 3,8 98 90,7 37,3 108 100 41,1
Total
25 9,5 9,5 238 90,5 90,5 263 100 100
% = porcentagem nas linhas
(%) = porcentagem nas colunas
OR = 1,05 (I.C.
95%
= 0,42 – 2,64)
X
2
= 0,01 (p = 0,91)
Tabela 16. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA (teste de
triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo as práticas de manejo sanitário
(vermifugação) e a natureza dos resultados. Patos-PB, 2005.
Resultados Total Freqüência de
vermifugação
Positivos Negativos
% (%) % (%) % (%)
Não faz 2 5,4 0,7 35 94,6 12,6 37 100 13,4
01 vez/ano 6 8,2 2,2 67 91,8 24,2 73 100 26,4
02 vezes/ano 11 11,8 4,0 82 88,2 29,6 93 100 33,6
03 vezes/ano 4 9,3 1,4 39 39 90,7 43 100 15,5
04 vezes/ano 2 6,5 0,7 29 93,5 10,5 31 10 11,2
Total
25 9,0 9,0 252 91,0 91,0 277 100 100
% = porcentagem nas linhas
(%) = porcentagem nas colunas
X
2
= 1,79 (p = 0,77)
Na Tabela 17, são apresentados os dados relacionados a higiene das instalações com
relação à soropositividade para B. ovis, através da IDGA (teste de triagem) e RFC’ (teste
confirmatório). De acordo com esta tabela vê-se que, 31,2% (83/266) dos proprietários não
faziam a limpeza dos apriscos/instalações; 14,7% (39/266) faziam higienização uma ou mais
vezes por mês; e, a maioria 54,1% (144/266), higienizavam as instalações uma ou duas vezes
por ano. 7,2% (6/83) das propriedades que não faziam higienização das instalações tinham
sorologia positiva para B. ovis, contra 12,5% (18/144) dos que higienizavam uma ou duas
vezes no ano, sendo que nenhum dos produtores que higienizavam seus apriscos/instalações
62
uma ou mais vezes por mês teve sorologia positiva para B. ovis. Houve associação estatística
entre a freqüência de higienização das instalações e a soropositividade para B. ovis (p = 0,04).
Tabela 17. Distribuição das propriedades com infecção por B. ovis, através da IDGA (teste de
triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo a freqüência de higienização das instalações e
a natureza dos resultados. Patos-PB, 2005.
Resultados Total Freqüência de
higienização das
instalações
Positivos Negativos
% (%) % (%) % (%)
Não faz 6 7,2 2,3 77 92,8 28,9 83 100 31,2
Diário/semanal/mensal 0 0,0 0,0 39 100 14,7 39 100 14,7
Semestral ou anual 18 12,5 6,8 126 87,5 47,4 144 100 54,1
Total
24 9,0 9,0 242 91,0 91,0 266 100 100
% = porcentagem nas linhas
(%) = porcentagem nas colunas
X
2
= 6,31 (p = 0,04)
5.1.2.1. Nos animais
Nas Tabelas, 18 e 19, são apresentados os resultados da associação entre as variáveis
raça e idade e a soropositividade para B. ovis.
De acordo com a Tabela 18, dos 403 animais com informação de raça, 49,5% (199)
eram da raça Santa Inês; 6,7% (27) Dorper; 1,2% (5) Somalis; 0,5% (2) Dâmara e 42% (169)
não tinham raça definida (SRD). Como pode-se ver nesta tabela, 4,5% (9) carneiros da raça
Santa Inês e 7,1% (12) SRD, foram soropositivos para B. ovis através da IDGA (teste de
triagem) e RFC’ (teste confirmatório). As demais raças não tiveram carneiros soropositivos. A
analise da raça como possível fator de risco associado à infecção por B. ovis não mostrou
significância estatística (p = 0,51).
63
Tabela 18. Distribuição dos carneiros com e sem infecção por B. ovis, através da IDGA (teste
de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo as raças e a natureza dos resultados. Patos-
PB, 2005.
Resultados Total
Raças
Positivos Negativos
% (%) % (%) % (%)
Santa Inês 9 4,5 2,2 190 95,5 47,3 199 100 49,5
Dorper 0 0,0 0,0 27 100 6,7 27 100 6,7
Somalis 0 0,0 0,0 5 100 1,2 5 100 1,2
SRD 12 7,1 3,0 157 92,9 39,1 169 100 42,0
Dâmara 0 0,0 0,0 2 100 0,5 2 100 0,5
Total
21 5,2 5,2 381 94,8 94,8 402 100 100
% = porcentagem nas linhas
(%) = porcentagem nas colunas
X
2
= 3,27 (p = 0,51)
Com relação à idade, 45,0% (181/402) dos ovinos trabalhados tinham de oito a 12
meses de idade; 24,6% (99/402) tinham entre 13 a 24 meses; 13,4% (54/402) entre 25 e 36
meses, e 16,9% (68/402) acima de 36 meses de idade. Quatro (2,2%) dos animais com idade
entre oito e 12 meses de idade; oito (8,1%) dos com idade entre 13 e 24 meses; três (5,6%)
com idade entre 25 e 36 meses, e seis (8,8%) com idade acima de 36 meses foram positivos
para B. ovis, através da IDGA (teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório). Não houve
associação entre a faixa etária e a ocorrência de soropositivos para B. ovis, como mostra a
Tabela 19.
Tabela 19. Distribuição dos carneiros com e sem infecção por B. ovis, através da IDGA (teste
de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo a idade dos animais e a natureza dos
resultados. Patos-PB, 2005.
Resultados Total
Idade (meses)
Positivos Negativos
% (%) % (%) % (%)
8 a 12 4 2,2 1,0 177 97,8 44,0 181 100 45,0
13 a 24 8 8,1 2,0 91 91,9 22,6 99 100 24,6
25 a 36 3 5,6 0,7 51 94,4 12,7 54 100 13,4
Mais de 36 6 8,8 1,5 62 91,2 15,4 68 100 16,9
Total
21 5,2 5,2 381 94,8 94,8 402 100 100
% = porcentagem nas linhas
(%) = porcentagem nas colunas
X
2
= 6,75 (p = 0,08)
64
As Tabelas 20, 21 e 22 apresentam os resultados dos exames sorológicos dos ovinos,
através da IDGA (teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), aplicados ao diagnóstico da
infecção por B. ovis e sua relação com as alterações do escroto, testículos e epidídimos. De
acordo com os dados obtidos pelo exame cínico do escroto e seu conteúdo, pôde-se observar
que, dos 399 carneiros avaliados clinicamente, seis (1,5%) apresentavam alterações escrotais,
contra 393 (98,5%) que não tinham lesões no escroto; 23 (5,8%) tinham lesões testiculares,
enquanto 376 (94,2%) que não apresentavam alterações de testículos; quanto ao epidídimo, 12
(3,0%) dos carneiros tinham alterações epididimárias e 387 (97,0%) estavam sem lesões
epididimárias.
Como pode-se ver na Tabela 20, nenhum dos seis carneiros que tinham alterações
escrotais foi sorologicamente positivo para B. ovis, contra 5,1% (20/393) animais que não
tinham nenhuma alteração escrotal, não tendo sido observada significância estatística entre os
dados (p = 0,73). As alterações escrotais encontradas foram: aderência entre as túnicas e o
funículo espermático, abscesso, ferimentos com supuração e edema.
Com relação às alterações testiculares (Tabela 21), quatro (17,4%) dos 23 carneiros
com alterações foram considerados positivos para B. ovis através da IDGA (teste de triagem)
e RFC’ (teste confirmatório), contra 4,5 (17/376) carneiros sem alterações testiculares. Houve
associação estatística entre a presença de alterações testiculares e a soropositividade para B.
ovis (p = 0,026). Estas alterações foram: criptorquidismo unilateral, assimetria e atrofia
testiculares, aderência do testículo com as túnicas escrotais, testículo aumentado de tamanho e
nódulos fibrosos no tecido testicular.
Dois (16,7%) dos 12 carneiros que tinham alterações epididimárias foram
soropositivos para B. ovis através da IDGA (teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório),
enquanto dos 387 carneiros sem alterações, 19 (4,9%) foram soropositivos (Tabela 22). A
análise estatística o revelou associação entre as alterações epididimárias e a
soropositividade para B. ovis (p = 0,13). Nos epidídimos observou-se aumento unilateral da
cauda com consistência firme, sensibilidade e nódulos firmes na cauda e/ou no corpo.
65
Tabela 20. Distribuição dos carneiros com e sem infecção por B. ovis, através da IDGA (teste
de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo a presença de alterações escrotais e a
natureza dos resultados. Patos-PB, 2005.
Resultados Total
Alterações escrotais
Positivos Negativos
% (%) % (%) % (%)
Presentes 0 0,0 0,0 6 100 1,5 6 100 1,5
Ausentes 20 5,1 5,0 373 94,9 93,5 393 100 98,5
Total
20 5,0 5,0 379 95,0 95,0 399 100 100
% = porcentagem nas linhas
(%) = porcentagem nas colunas
X
2
= 6,75 (p = 0,73)
Tabela 21. Distribuição dos carneiros com e sem infecção por B. ovis, através da IDGA (teste
de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo a presença de alterações testiculares e a
natureza dos resultados. Patos-PB, 2005.
Resultados Total
Alterações testiculares
Positivos Negativos
% (%) % (%) % (%)
Presentes 4 17,4 1,0 19 82,6 4,8 23 100 5,8
Ausentes 17 4,5 4,3 359 95,5 90,0 376 100 94,2
Total
21 5,3 5,3 378 94,7 94,7 399 100 100
% = porcentagem nas linhas
(%) = porcentagem nas colunas
p = 0,026 (Teste exato de Fisher)
Tabela 22. Distribuição dos carneiros com e sem infecção por B. ovis, através da IDGA (teste
de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo a presença de alterações epididimárias e a
natureza dos resultados. Patos-PB, 2005.
Resultados Total Alterações
epididimárias
Positivos Negativos
% (%) % (%) % (%)
Presentes 2 16,7 0,5 10 83,3 2,5 12 100 3,0
Ausentes 19 4,9 4,8 366 95,1 92,3 387 100 97,0
Total
21 5,3 5,3 378 94,7 94,7 399 100 100
% = porcentagem nas linhas
(%) = porcentagem nas colunas
p = 0,13 (Teste exato de Fisher)
66
5.2. Fase II – trabalho nas exposições e feiras
Das sete exposições/feiras visitadas, quatro (57,14%) apresentaram animais
soropositivos para B. ovis, utilizando-se a IDGA (prova de triagem) e RFC’ (prova
confirmatória); dos 50 expositores, cinco (10%) tinham carneiros soropositivos para B. ovis;
dos 128 carneiros examinados, cinco (3,91%) foram positivos através da RFC’, como mostra
a Tabela 23. Os títulos variaram de 50 a 100 UI/mL.
Ao exame clínico do escroto, dois carneiros apresentaram alterações compatíveis com
epididimite dos carneiros. Um apresentou aumento de volume da cauda do epidídimo de
consistência firme, e o outro tinha aumento de volume associado à sensibilidade da cauda do
epidídimo, em ambos os animais as lesões eram unilaterais. Entretanto, não houve
concordância entre os animais que foram sorologicamente positivos e os que tinham
alterações clínicas.
Tabela 23. Resultado dos exames sorológicos de carneiros provenientes de exposições da
Paraíba, através da IDGA (teste de triagem) e RFC’ (teste confirmatório), segundo as
exposições visitadas, número de produtores e de animais e os resultados. Patos-PB, 2005.
Exposição Número de produtores Número de animais
Investigados Positivos Investigados Positivos
Campina Grande 06 01 (16,7%) 27 01 (3,7%)
Pombal 09 -- 25 --
Gurjão 09 -- 21 --
Boa Vista 12 02 (16,7%) 21 02 (9,52%)
João Pessoa 05 -- 21 --
Cabaceiras 05 01 (20%) 06 01 (16,67%)
Monteiro 04 01 (25%) 07 01 (14,29%)
Total
50 05 (10%) 128 05 (3,91%)
67
6. DISCUSSÃO
6.1. Fase I – trabalho nas propriedades
6.1.1. Prevalência nas propriedades
Das 283 propriedades amostradas, 25 (8,59%) apresentaram evidência sorológica da
infecção por B. ovis, através da IDGA (teste de triagem) e confirmada pela RFC’ (Tabela 2).
Estas propriedades estavam distribuídas em 26 municípios, sendo 16 na mesorregião do
Sertão Paraibano e 10 na Borborema. Dados semelhantes haviam sido apresentados no
primeiro trabalho sobre epididimite ovina publicado no país, onde Ramos et al. (1966)
encontraram epididimite clínica em 18,26% das propriedades amostradas. Outros trabalhos
realizados no Brasil trazem relatos de estudo da infecção por B. ovis em vários rebanhos
(MAGALHÃES-NETO e GIL-TURNES, 1996; MARINHO e MATHIAS, 1996; SILVA et
al., 2003), no entanto, não mencionam a porcentagem de rebanhos infectados, e Silva et al.
(2003), no Rio Grande do Norte, comentaram que 13 dos 14 municípios investigados tinham
animais infectados. Schafer et al. (1997), no estado de Santa Catarina, não encontraram
soropositividade através da IDGA em 20 propriedades investigadas.
Dos trabalhos realizados em outros países, Niilo et al. (1986), no Canadá,
apresentaram prevalência de propriedades infectadas por B. ovis (8,4%), semelhante à
encontrada no presente estudo. Outros artigos mencionam prevalências de propriedades
infectadas bem superiores como: 26,9% no Chile (TAMAYO et al. 1989); 20,5% no México
(TORRES et al., 1997); 28,6% na Argentina (ROBLES et al., 1993); 32,9% na Austrália
(SERGEANT, 1994), e em 21,9% dos rebanhos da França (CHARTIER, 1992).
A diferença de prevalência de rebanhos afetados por B. ovis neste trabalho (8,59%) e
no trabalho realizado por Ramos et al. (1966), pode ser explicada pelas técnicas de
diagnóstico utilizadas, uma vez que estes autores fizeram apenas avaliação clínica dos
reprodutores, técnica sujeita a grandes falhas, pois somente 50% dos carneiros infectados por
B. ovis apresentam epididimite clínica (BAIGÚN et al., 2000; OIE, 2004), além disso, outras
bactérias podem causar lesões escrotais, epididimárias e/ou testiculares em carneiros como
Actinobacillus seminis, A. actinomycetemcomitants, Haemoplhilous somnus,
Corynebacterium pseudotuberculosis, C pyogenis, Pasteurella spp., Streptococcus spp.,
Staphilococcus spp. (BAGLEY et al., 1985; WALKER et al., 1986; ROBLES et al., 1990;
68
MANTEROLA et al., 2003), o que pode causar confusão no diagnóstico clínico de
epididimite por B. ovis em carneiros.
6.1.2. Prevalência nos animais
Nesta investigação encontrou-se uma prevalência de 5,57% de carneiros infectados
através da IDGA (teste de triagem) e confirmados pela RFC’ (Tabela 3). Resultados
diferentes foram encontrados por Schafer et al. (1997) e Marinho e Mathias (1996), que não
encontraram nenhum animal reagente a IDGA, sendo que estes últimos autores trabalharam
com apenas 17,65% (151/850) animais machos.
Magalhães-Neto e Gil-Turnes (1996) citaram uma prevalência de 12,6% através da
IDGA em carneiros no Rio Grande do Sul. No estado de Pernambuco, Coleto et al. (2003)
encontraram 16,25% ovinos de ambos os sexos reagentes positivos a IDGA. Utilizando a
mesma técnica, Silva et al. (2003) no Rio Grande do Norte encontraram 35% dos carneiros
reagentes, sendo que eles trabalharam apenas com 14 carneiros e 256 ovelhas, obtendo uma
prevalência geral de 34%. No mesmo estado e com a mesma técnica, Azevedo et al. (1999)
encontraram 11,3% dos ovinos positivos para B. ovis.
Prevalências semelhantes foram encontradas em outros países: Argentina, México,
Índia, Canadá e França (NIILO et al., 1986; CHARTIER, 1992; ROBLES et al., 1993;
KATOCK et al., 1996; TORRES et al., 1997). Entretanto, Tamayo et al. (1989) e Sergeant
(1994) no Chile e Austrália encontraram prevalências duas vezes superior à do presente
trabalho.
6.1.3. Fatores relacionados à atividade econômica
Quando se analisa a soropositividade para B. ovis com relação à finalidade da
exploração (Tabela 4), vê-se que os produtores que tinham como finalidade a criação de
animais para reprodução, não tinham animais soropositivos, o que pode dever-se ao uso de
alguma tecnificação por parte desses produtores na criação de ovinos. Nessas criações
assistência veterinária periódica, com avaliação freqüente dos animais e cuidados higiênico-
sanitários do rebanho. Os produtores que criavam ovinos para subsistência e
cria/recria/engorda apresentaram soropositividade de 10,3% e 12.2%, respectivamente.
Apesar de não ter-se encontrado, na literatura, trabalhos comentando sobre estes aspectos da
criação, acredita-se que seria esperado uma maior prevalência de infecção nas propriedades
69
que utilizassem menos controle sanitário do rebanho como ocorreu nas criações com
finalidade de subsistência e cria/recria/engorda dos animais.
As propriedades que tinham a ovinocaprinocultura como principal atividade (Tabela
5), apresentaram soropositividade estatisticamente diferente (p = 0,04) das que tinham a
bovinocultura e agricultura como principais atividades econômicas. Isto pode esta associado
ao fato de que nas propriedades em que a ovinocaprinocultura é a principal atividade, os
cuidados com o rebanho são bem maiores. Além disso, os ovinos e caprinos são geralmente
criados nas mesmas instalações e a infecção por B. ovis ocorre naturalmente em ovinos,
sendo os caprinos pouco suscetíveis a esta bactéria, apresentando uma infecção de curta
duração, não sabendo-se se a infecção é transmitida do ovino ao caprino em condições de
campo (BURGESS et al., 1985; ESTEIN, 1999). Em relação a bovinocultura e agricultura, em
que as propriedades têm estas atividades como primordiais, 17,6% e 6,6% respectivamente,
estes índices (maiores) de positividade podem dever-se ao fato desses produtores terem
menores cuidados com a criação de ovinos que é considerada uma atividade à parte na sua
propriedade.
A maior taxa de infecção entre as propriedades que comercializavam os ovinos com
freqüência seria uma ocorrência esperada, uma vez que nestas propriedades a possibilidade de
introdução de animais infectados no rebanho seria maior, no entanto, isto não foi confirmado
neste trabalho, como observa-se na Tabela 6. Na região semi-árida da Paraíba os produtores
costumam adquirir tanto reprodutores, como matrizes e animais solteiros, os quais são
introduzidos em seus rebanhos sem fazer qualquer avaliação da sanidade, e após algum
tempo, comercializam novamente os animais. Isto pode vir a se tornar uma rota importante
para a introdução da B. ovis nos rebanhos da região.
Esperava-se que nas propriedades, cujos animais participavam de exposições, tivessem
uma soropositividade superior às que não participavam desta atividade (Tabela 7), o que não
foi confirmado no presente trabalho, apesar de terem sido encontrados animais soropositivos
em 57,14% (4/7) das exposições visitadas na Paraíba, em que 10% dos 50 expositores
investigados tinham animais soropositivos. Nas exposições é comum à colocação de muitos
animais no mesmo curral e até a troca/comercialização de animais pelos expositores, o que
permite o contato entre animais de expositores diferentes e, com certa freqüência observa-se
comportamento homossexual entre tais animais. Isto representa um fator de risco importante
para a disseminação da B. ovis, uma vez que, esta é uma eficente via de transmissão da
doença e constitui a única via de transmissão quando o rebanho é composto apenas por
machos (BURGESS et al., 1982; BULGIN et al., 1990b). No entanto, não houve diferença
70
significativa na soropositividade de animais infectados por esta bactéria (p = 0,61), entre os
produtores que participavam ou não de exposições. Outro fato que deve ser levado em
consideração na análise desta situação é representado pelos casos em que os carneiros
apresentam títulos sorológicos persistentes apesar de terem eliminado a infecção do seu
organismo (PLANT et al., 1986), além dos carneiros infectados eliminarem a bactéria pelo
sêmen de forma intermitente (WORTHINGTON et al., 1985; PAOLICCHI et al., 1993).
6.1.4. Fatores relacionados aos problemas reprodutivos
Como pode-se observar nas Tabelas 8, 9, e 10, a ocorrência de problemas reprodutivos
como abortos, nascimento de crias mortas e mortalidade na primeira semana não foram
associados com a infecção por B. ovis (p > 0,05), apesar da infecção por esta bactéria causar
esses problemas (LIBAL e KIRKBRIDE, 1983; MARCO et al., 1994; GRILLÓ et al., 1999;
ESTEIN, 1999). Mesmo não estando apresentado nos resultados deste trabalho, por não ser
objeto do estudo, a avaliação da ocorrência de abortamento e nascimento de crias mortas com
relação à presença de plantas tóxicas nas propriedades mostrou associação estatisticamente
significativa (p < 0,05). Interessante também é relatar que outros agentes infecciosos e
parasitários podem estar ocorrendo no semi-árido paraibano e serem os responsáveis por
problemas reprodutivos tais como: Toxoplasma gondii, Leptospira spp., Listeria
monocytogenes e Salmonella spp. dentre outros (ACHA; SZYFRES, 1986; LANGONI et al.,
1995; FREIRE et al., 1995; RADOSTITS et al., 2002).
A literatura relata que o comportamento homossexual é uma via de transmissão
importante da B. ovis, sendo até mesmo a única via quando o rebanho é composto
exclusivamente por machos (BURGESS et al., 1982; BULGIN, 1990b; RIDLER et al.,
2000a). No entanto, no presente trabalho, a associação entre a presença de comportamento
homossexual dos carneiros e a infecção por B. ovis (Tabela 12) não foi observada (p = 0,5).
Nesta tabela vê-se que 8,3% (2/22) propriedades com relato de presença de homossexualismo
apresentaram animais soropositivos contra, 6,2% (6/91) das propriedades sem relato deste
comportamento. Um outro fato que pode estar relacionado a esta baixa relação entre a
presença de comportamento homossexual e a infecção por B. ovis pode estar associado com a
idade dos animais, uma vez que 45% dos criadores utilizavam borregos de oito a 12 meses de
idade como reprodutores, e Tamayo et al. (1989) relataram ser baixa a infecção em animais de
até um ano de idade.
71
6.1.5. Fatores relacionados ao manejo dos animais nas propriedades
Com relação ao sistema de criação (Tabela 13), não foi verificada diferença
significativa (p = 0,1) entre os animais criados de forma extensiva e os criados de forma
intensiva/semi-intensiva, apesar da Odds Ratio mostrar que os animais do sistema extensivo
tinham duas vezes mais risco de contrair a infecção que os animais criados nos outros dois
sistemas. Tamayo et al. (1989), no Chile, apresentaram dados diferentes, em que a infecção
entre os animais criados em sistema intensivo e intermediário foi bem superior aos animais
criados de forma extensiva. Esta baixa taxa de infecção nos rebanhos criados de forma
intensiva/semi-intensiva pode estar associada ao tamanho das explorações, uma vez que o
número médio de animais por rebanho trabalhado foi de 40 cabeças. Desse modo, fica mais
fácil a identificação e eliminação de reprodutores com lesões escrotais por parte dos
produtores, uma vez que o número de reprodutores por rebanho é pequeno, diferente do que
ocorre nos grandes rebanhos criados extensivamente.
Nas propriedades trabalhadas, não houve associação entre o contato dos ovinos com
outras espécies de animais (p > 0,05), como visto na Tabela 14. Levando-se em consideração
que a maioria dos animais que tinham contato com os ovinos eram representados por animais
domésticos, como caprinos, bovinos, cães, aves, equídeos, suínos e, na literatura foram
encontrados trabalhos relacionados apenas com infecção experimental de caprinos,
desconhecendo-se a ocorrência de transmissão natural da bactéria entre os ovinos e caprinos
(BURGESS et al., 1982; ESTEIN, 1999). Entretanto, com relação a ruminantes silvestres,
Ridler et al. (2000a) confirmaram que a B. ovis pode ser transmitida de carneiros infectados
para cervos não infectados no mesmo pasto e, entre cervos (WEST et al., 1999). Apesar de
não ter havido associação entre o contato com outras espécies animais e a infecção por B. ovis
neste trabalho, pode ser que haja a possibilidade de algum dos animais mencionados,
participar da epidemiologia da infecção por esta bactéria, seja por meio da eliminação da B.
ovis pelo sêmen após infecção, ou por atuarem como carreadores mecânicos da mesma, como
pode ocorrer com os cães ao comerem fetos ou membranas fetais provenientes de
abortamentos.
Não houve relação (p > 0,05) entre a soropositividade para B. ovis e as situações de
manejo das propriedades em que ocorrem aglomerações dos animais como as representadas
pelas épocas de vacinações e vermifugações (Tabelas 15 e 16). Condições de manejo que
favorecem a aglomeração dos animais podem contribuir para a disseminação de doenças
infecto-contagiosas no rebanho, quando um ou mais animais infectados estão presentes no
72
rebanho (RADOSTITS et al., 2002). Não foram encontrados, na literatura, trabalhos
comentando este aspecto de manejo e sua relação com a infecção por B. ovis, no entanto, no
primeiro relato de epididimite ovina causada por esta bactéria, no México, Pérez et al. (1979)
comentaram que os casos ocorreram logo após a introdução de borregos importados dos
Estados Unidos.
Outro fator relacionado ao manejo dos ovinos nas propriedades que pode contribuir
para a diminuição da ocorrência de doenças infecciosas e parasitárias é a higienização das
instalações (RADOSTITS et al., 2002), uma vez que esta é uma medida básica recomendada
para auxiliar no controle de uma série de doenças entre os animais. Avaliando-se a freqüência
de higienização das instalações e sua relação com a soropositividade para B. ovis (Tabela 17),
viu-se que as propriedades que higienizavam suas instalações diária, mensal e/ou
semanalmente não apresentaram soropositividade para esta bactéria, ao passo que as que não
faziam higienização apresentaram índice de positividade de 7,2%, sendo ligeiramente inferior
às que limpavam suas instalações uma ou duas vezes ao ano (12,5%). Isto pode estar
diretamente associado à finalidade da exploração, uma vez que nas propriedades com criação
de animais para reprodução o índice de positividade foi zero. Nestas propriedades, como os
animais têm elevados valores genético e econômico, os cuidados com manejo sanitário são
constantes. A higienização e limpeza das instalações são importantes na prevenção da
disseminação da doença, devido ao fato de que as ovelhas infectadas, tanto com o pato de
produtos a termo como de abortamento, eliminam a B. ovis junto com as secreções vaginais,
placenta e feto abortado (LIBAL e KIRKBRIDE, 1983; HOMSE et al., 1995; GRILLÓ et al.,
1999; ESTEIN, 1999). Como as mucosas oro-nasal e a pele lesada são portas de entrada para
o agente (PLANT et al., 1986; ALTON et al., 1988; BULGIN et al., 1990b), a permanência de
secreções e restos placentários contaminados nas instalações pode favorecer a disseminação
da infecção nos rebanhos.
6.1.6. Fatores relacionados aos animais
Não foi verificada diferença estatística (p > 0,05) entre a soropositividade para B. ovis
e as raças estudadas (Tabela 18), fato que pode estar relacionado ao pequeno número de
reprodutores de algumas raças presentes na região. Silva et al. (2003) trabalhando com as
mesmas raças constataram que a raça Morada Novao apresentou soropositividade, no
entanto, deve-se destacar que estes autores trabalharam com apenas 34 animais machos e a
amostragem, por raças, também foi pequena. Ramos et al. (1966), no primeiro levantamento
73
sobre epididimite ovina no Brasil, verificaram que a raça Romney Marsh apresentou o maior
índice de positividade; Magalhães-Neto e Gil-turnes (1996), encontraram maior
soropositividade na raça Sulffolk, seguida de Romney Marsh. Para Sergeant (1994), na
Austrália, a raça Dorset apresentou maior soropositividade, seguida da raça Border Leicester.
São poucos os estudos sobre a epididimite ovina em ovinos deslanados no nordeste do Brasil,
no entanto, no presente trabalho, 4,5% dos ovinos Santa Inês foram sororeagentes a IDGA
(teste de triagem) e confirmados pela RFC’, destacando-se que Silva et al. (2003) haviam
relatado soropositividade de ovinos deslanados no Rio Grande do Norte.
Com relação à idade, 45% dos reprodutores trabalhados tinham de oito a 12 meses de
idade, mostrando que há uma alta taxa de substituição de reprodutores por parte dos criadores
da região, chegando a ponto de utilizarem animais que ainda não atingiram sua completa
maturidade reprodutiva.
A analise da idade como fator de risco associado à infecção por B. ovis (Tabela 19),
não mostrou diferença estatística entre as faixas etárias investigadas (p = 0,08), corroborando
com os achados de Sergeant (1994) e diferindo dos achados de Magalhães-Neto e Gil-Turnes
(1996); Baigún et al. (2000); Silva et al. (2003), que citaram as maiores prevalências em
adultos. Dados diferentes também foram apresentados por Tamayo et al. (1989) em que os
animais de menos de um ano de idade foram soronegativos e a maior freqüência foi observada
em animais de quatro anos de idade (9,1%). Apesar de não ter havido diferença estatística
entre as faixas etárias neste trabalho, vê-se que os animais de até um ano de idade
apresentaram baixa positividade (2,2%), sendo superior à observada por Tamayo et al. (1989)
para a mesma faixa etária. Com relação às outras faixas etárias, os dados deste trabalho
concordam com os de Tamayo et al. (1989), onde a soropositividade foi maior nos animais de
mais de três anos de idade. Marco et al. (1994) e Baigún et al. (2000) comentaram que os
cordeiros podem se infectar através do leite de ovelhas infectadas, o que pode explicar a
presença da infecção nos animais de até um ano do presente estudo, mesmo com a alta taxa de
substituição de reprodutores vista nas propriedades.
O exame clínico do escroto e seu conteúdo foi realizado nos carneiros investigados e
as principais lesões encontradas no saco escrotal foram aderências entre as túnicas e o
funículo espermático, feridas com supuração, edema e abscessos. Como apresentado na
Tabela 20, não houve associação entre as lesões escrotais e a soropositividade para B. ovis, o
que concorda com os achados de Schafer et al. (1997). As causas das lesões observadas no
saco escrotal dos ovinos podem ser diversas tais como traumatismos, ferimentos nas
74
instalações e infecção pelo Corynebacteriium pseudotuberculosis (WALKER et al., 1986;
RADOSTITS et al., 2002).
Dos 399 carneiros examinados, 23 tinham alterações testiculares. Estas alterações
consistiam de criptorquidismo unilateral, assimetria testicular, com atrofia ou aumento de
volume, aderência do testículo, com as túnicas escrotais uni ou bilaterais, diminuição da
consistência e pequenos nódulos fibrosos. De acordo com a Tabela 21, quatro (17,4%)
animais apresentavam alterações testiculares e sorologia positiva para B. ovis, contra 4,5%
dos com sorologia negativa e alterações testiculares, mostrando uma associação estatística
entre as alterações testiculares e a sorologia positiva para B. ovis (p = 0,026). Shafer et al.
(1997), descreveram lesões testiculares semelhantes às do presente trabalho, que todos os
animais investigados por eles foram soronegativos na IDGA. A B. ovis causa orquite levando
a alterações na conformação e/ou consistência testicular, atrofia e mineralização (PÉREZ et
al., 1979; WALKER et al., 1986; PAOLICCHI et al., 2000), no entanto, outros agentes como
o C. pseudotuberculosis podem causar alterações testiculares em ovinos (WALKER et al.,
1986). Apenas três dos carneiros com alterações testiculares tinha menos de 12 meses de
idade e os quatro com sorologia positiva tinham mais de 24 meses de idade e as alterações que
apresentaram foram assimetria e/ou atrofia testicular e presença de pequenos nódulos de
consistência firme. Estes dados ressaltam a necessidade de se tomar mais cuidados na
avaliação clínica dos carneiros na região semi-árida da Paraíba, uma vez que a B. ovis pode
estar causando lesões testiculares nos mesmos, e os testes sorológicos são muito úteis na
identificação da provável causa de tais lesões.
As alterações epididimárias encontradas nos carneiros foram: cauda do epidídimo
aumentada de volume e consistência firme, sensibilidade aumentada, espessamento do corpo e
pequenos nódulos firmes na cauda e corpo do epidídimo, sendo todas unilaterais. Apenas dois
desses animais tinham menos de 12 meses de idade e os dois carneiros soropositivos
apresentavam mais de 24 meses de idade. Na Tabela 22 observa-se que, 16,7% (2/12) dos
carneiros tinham sorologia positiva e alterações epididimárias compatíveis com brucelose
ovina por B. ovis, não havendo associação estatística entre os dados (p = 0,13). As alterações
epididimárias observadas nos dois carneiros que apresentaram positividade clínica e
sorológica corroboram com as encontradas na literatura (PÉREZ et al., 1979; WALKER et al.,
1986; PLANT et al., 1986), em que as lesões epididimárias em aproximadamente 77% das
vezes são unilaterais, e verificadas em torno de 23 + 13% dos carneiros quando o exame
clínico é realizado pela primeira vez na região infectada (BAGLEY et al., 1985).
75
6.2. Fase II – trabalho nas exposições e feiras
Como visto na Tabela 23, a infecção por B. ovis estava presente em quatro das sete
exposições visitadas e 10% dos criadores/expositores tinham animais infectados, os quais
correspondiam a 3,91% dos animais investigados. Estes dados mostram que a infecção por B.
ovis está presente em todo o estado da Paraíba e em estados vizinhos como Rio Grande do
Norte e Pernambuco, uma vez que dentre os animais examinados, havia representantes dos
três estados, corroborando com os achados de (AZEVEDO et al., 1999; SILVA et al., 2003;
MEDEIROS, 2003), que haviam feito levantamentos sorológicos para B. ovis nestes estados.
Além disso, com o crescente aumento do número de exposições no nordeste, estas
aglomerações de animais poderão se tornar um fator importante para a disseminação da B.
ovis na região, uma vez que a infecção foi encontrada nas exposições e em alguns estados
do nordeste.
76
7. CONCLUSÕES
a prevalência de rebanhos ovinos com anticorpos anti-B. ovis, através da IDGA (teste de
triagem) e confirmados pela RFC’, nas mesorregiões do Sertão Paraibano e Borborema
Paraíba, foi 8,59% (I.C.
95%
= 5,83 – 12,48%);
a prevalência de anticorpos anti-B. ovis, através da IDGA (teste de triagem) e confirmados
pela RFC’, em reprodutores ovinos nas mesorregiões do Sertão Paraibano e Borborema
Paraíba, foi de 5,57% (I.C.
95%
= 3,86 – 7,97%);
não houve associação entre a participação de animais em expo/feiras e a soropositividade
para B. ovis;
não houve associação entre ocorrência de problemas reprodutivos como: abortamentos,
nascimento de crias mortas, mortalidade na primeira semana de vida e comportamento
homossexual e a soropositividade para B. ovis;
houve associação entre a higienização das instalações e a soropositividade para B. ovis;
houve associação entre a presença de lesões testiculares e a soropositividade para B. ovis,
o que não ocorreu com as lesões epididimárias;
a presença de infecção por B. ovis foi evidenciada sorologicamente em animais que
participavam de exposições no estado da Paraíba.
77
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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83
9. ANEXOS
Anexo 1
Fonte: IBGE (www.ibge.gov.br)
Figura 1. Paraíba dividido em meso e microrregiões
84
Anexo 2
Universidade Federal de Campina Grande
Centro de Saúde e Tecnologia Rural / Campus de Patos
Departamento de Medicina Veterinária
Projeto de pesquisa de Mestrado
Questionário de diagnóstico de situação
Nome do Proprietário:
Nome da Propriedade:
Área/Região:
Município:
Telefone:
Tipo de Exploração: intensivo ( ) / Extensivo ( ) / semi-estabulado ( )
Finalidade da Criação: Cria ( ) / Recria Engorda ( )/ Reprodução ( ) / Subsistencia ( ).
Tipo de Exploração: Corte ( ) / Leite ( ) / Outros: __________________________________
Criação do Tipo Tecnificada: Sim ( ) / Não ( ).
É a Principal Atividade da Propriedade: Sim ( ) / Não ( ) Citar Qual:__________________
Espécie Fx. Etária População/Animais
Machos Fêmeas
0 - 6 Ms.
7 - 12 Ms
12 - 24 Ms
24 - 36 Ms
Ovinos
36 Ms
Total
Contato com outros animais: Sim ( ) / Não ( ), Quais: ____________________________
Alimentação: pastagem nativa: Sim ( ) / Não ( )
Suplementação: Sim ( ) / Não ( )
Comercialização dos animais:
aquisição de animais (compra e venda) é freqüente: sim ( ) / Não ( )
local de comercialização:_______________________________________________________
Participa de feiras e/ou exposições: Sim ( ) / Não ( )
Práticas vacinais: Sim ( ) / Não ( )
Citar as doenças para as quais vacina:_____________________________________________
Vermífuga os animais: Sim ( ) / Não ( )
Qual a freqüência:
85
Em relação aos problemas reprodutivos
Número de nascimentos no último ano: ______________________________________
Presença de abortos: Sim ( ) / Não ( ) N° de abortos________________
Se sim / início da gestação ( ) ou fim da gestação ( )
Nascimento de crias mortas: Sim ( ) / Não ( ) n° _____________________
Morte de cordeiros nas primeiras 24 horas: Sim ( ) / Não ( ) n°_________________
Morte ao desmame: Sim ( ) / Não ( ) n° ________________________________
Quando os carneiros são mantidos juntos na mesma baia observa comportamento homossexual:
Sim ( ) Não ( )
Presença de plantas tóxicas na propriedade: Sim ( ) / Não ( )
Listar:______________________________________________________________________
Principais sinais clínicos observados:
Desnutrição ( ) Tremores ( ) Diarréia ( )
Boqueira ( ) Cambaleio ( ) Tosse ( )
Mastite ( ) Anemia ( ) Cansaço ( )
Inchaço na papada ( ) Sangramentos ( ) Problemas de umbigo ( )
Pelos arrepiados ( ) Caroço ( ) Manqueira (PRAN) ( )
Perda de pelos ( ) Feridas no casco ( ) Ectoparasitos ( )
Prolapso vaginal ( ) Outros _____________________________________________
Higiene das instalações:
Diariamente ( ) / uma vez por semana ( ) / mensalmente ( ) / anualmente ( )
Pocedência do(s) reprodutor (es) __________________________________________
N° de amostras colhidas na propriedade
da amostra:_________ idade________ raça_____________ identificação do
animal_________________________________________________________________
Circunferência escrotal ___________________ Alterações escroto/testículo ou
epidídimo__________________________________________
da amostra:_________ idade________ raça_____________ identificação do
animal_________________________________________________________________
Circunferência escrotal ___________________ Alterações escroto/testículo ou
epidídimo__________________________________________
da amostra:_________ idade________ raça_____________ identificação do
animal_________________________________________________________________
Circunferência escrotal ___________________ Alterações escroto/testículo ou
epidídimo__________________________________________
da amostra:_________ idade________ raça_____________ identificação do
animal_________________________________________________________________
Circunferência escrotal ___________________ Alterações escroto/testículo ou
epidídimo__________________________________________
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