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Universidade de Mogi das Cruzes
Maruska do Rocio Neufert Fernandes
Composto Antimicobacteriano:
microencapsulamento em
polímeros biodegradáveis
Mogi das Cruzes, SP
2006
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Universidade de Mogi das Cruzes
Maruska do Rocio Neufert Fernandes
Composto Antimicobacteriano:
microencapsulamento em
polímeros biodegradáveis
Orientador: Prof. Dr. Nelson Durán
Mogi das Cruzes, SP
2006
Dissertação apresentada a Universidade de
Mogi das Cruzes para obter o título de
Mestre pelo programa de pós-graduação e
m
Biotecnologia.
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3
“Não importa o que é o mundo,
O importante são os seus sonhos.
Não importa o que você é,
O importante é o que você quer ser.
Não importa onde você está,
Importa pra onde você quer ir.
Não importa o porquê,
O importante é o querer.
Não importam as suas mágoas,
O importante mesmo são suas alegrias.
Não importa o que já passou,
O passado?
Guarde na lembrança.
Nunca pense em julgar.
Não veja, apenas olhe.
Não escute, apenas ouça.
Não toque, sinta.
Acredite naquilo que quiser.
E, não adianta sonhar,
Se você não lutar.
O mundo é um espelho.
Não seja só o seu reflexo.
Só acreditando num futuro
Você conseguirá a paz
Para alcançar seus sonhos.
Afinal, o que importa?
Você importa.
Acredite em você!”
4
AGRADECIMENTOS
Grata ao que foi possível viver,
Choro saudades presentes
E sorrio as lembranças passadas.
Sigo meu caminho
Com olhos repletos de sonhos.
Esta noite há de fazer-me estrela
E clareá-los dentro de mim,
Iluminar caminhos, apontar-me o norte,
Acalmar-me com a chegada do sol...
No que deixei, no que colhi,
Deixei o melhor de mim
E retive o melhor do que me foi oferecido
Assim, tornamo-nos o melhor de nós.
Ontem, hoje, para sempre.
(Aila Magalhães, modificado por Maruska Neufert)
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por me mostrar o caminho certo a seguir, por ter me dado forças nos
momentos de dificuldades e segurança nos momentos de fraqueza.
Agradeço ao melhor ser humano, amiga e companheira que é a minha mãe, Yara Neufert.
Sem o seu estímulo, confiança e credibilidade, eu não teria concluído mais este percurso em
minha vida.
Agradeço com paixão, a paciência, tranqüilidade e compreensão, que o meu companheiro
Carlos Roberto (Júnior!), teve comigo durante todo o decorrer do meu Mestrado.
Agradeço grandiosamente, ao professor Nelson Durán, que acreditou no meu trabalho e
na minha índole, me proporcionando um crescimento intelectual e racional da pesquisa e da
ciência.
Agradeço com carinho, aos meus companheiros de laboratório: Ana Paula, Carolina,
Chico, Dorival, Lívia, Patrícia, Rose, Sandra, Wellington e Zaine. Todos são muitos amigos e
compreensivos e, foram prestativos quando eu precisei de ajuda para tirar dúvidas ou para
colaborar no meu trabalho.
Em especial, agradeço a Priscyla Marcato, que hoje é minha melhor amiga e excelente
profissional. Ela me acolheu em sua casa quando precisei, me acalmou nas horas difíceis e me
ajudou muito no desenvolver deste trabalho.
Agradeço as minhas companheiras de casa: Bárbara, Eliana, Azize e Letícia que
conseguiram agüentar as minhas neuroses quando eu voltava da Unicamp após um experimento
ou mesmo, enquanto escrevia a dissertação.
Agradeço aos funcionários do Instituto de Química e da Engenharia Química da Unicamp,
o Daniel, a Claúdia e o Gilson que disponibilizaram à utilização do microscópio eletrônico de
varredura, o espectrofluorímetro e a centrífuga, respectivamente.
Agradeço ao Departamento de Bioquímica do Instituto de Biologia: Patrícia, Maristela,
Neto, Yasmim e o Daniel que me auxiliaram com os experimentos celulares.
Agradeço ao Instituto de Pesquisa Tecnológica – IPT (USP): a professora Dra. Maria Inês
Ré, ao Pierre e a Natália que me auxiliaram nos equipamentos de medidas do potencial zeta e
tamanho de partículas.
6
Enfim, agradeço todo o conhecimento que adquiri com essas pessoas maravilhosas citadas
acima, entre outras que, indiretamente contribuíram para o meu projeto. E, quero que saibam que,
independente do rumo que eu tomar daqui para frente, todos vocês estarão nas minhas
lembranças.
Muito obrigada pela amizade e confiança de todos.
7
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi encapsular um antibiótico hidrofílico (AH) em micropartículas
poliméricas biodegradáveis de poli (
ε
-caprolactona) (PCL) que atuam sobre diversas bactérias
gram-positivas e gram-negativas e principalmente, contra a tuberculose.
As micropartículas de PCL com o AH foram obtidas pelo método de dupla emulsão (a/o/a)
seguida da evaporação do solvente. O solvente utilizado na fase orgânica foi o diclorometano e o
álcool polivinílico (PVA) como surfactante na fase aquosa. Na metodologia utilizada, diversos
parâmetros foram modificados, tais como, a quantidade de surfactante, a quantidade de polímero,
o modo de adição da primeira fase na fase externa e o modo de agitação. As micropartículas
obtidas foram caracterizadas por microscopia eletrônica de varredura (MEV), potencial zeta,
tamanho médio e distribuição de tamanho de partículas. A eficiência de encapsulamento, o
rendimento das micropartículas, a atividade antimicrobiana, a liberação sustentada do antibiótico
e a citotoxicidade foram avaliados.
As micropartículas poliméricas apresentaram uma morfologia esférica e superfície lisa, com
tamanho médio entre 20 µm a 80 µm e um rendimento de 80 %. A eficiência de encapsulamento
foi de aproximadamente 2 %. O antibiótico hidrofílico, apresentou uma carga de superfície
negativa e uma baixa polidispersidade. A atividade antimicrobiana do AH livre e encapsulado em
cepas de S. aureus, apresentou a mesma eficiência, apresentando uma inibição de 5 cm. A
citotoxicidade para as células de V79, no ensaio de DNA, o AH livre apresentou uma inibição de
50 % das células com 300 µMol/L e com as micropartículas de PCL, os ensaios de incorporação
do corante vermelho neutro (VN) e a redução do sal de tetrazólio (MTT) apresentaram um
estímulo celular. Nas células de hepatócitos, as micropartículas sem e com o antibiótico, não
apresentaram citotoxicidade para os ensaios do VN e do DNA. No entanto, no ensaio de MTT, as
8
micropartículas sem e com o AH encapsulado, na concentração de 300 mMol/L apresentou uma
inibição de 90 % e 70 % das células, respectivamente. A avaliação do perfil da liberação
sustentada do AH permitiu verificar que o fármaco está dentro das micropartículas de PCL. No
teste de biodegradação, a superfície polimérica do PCL começa a apresentar uma alteração
morfológica a partir do décimo dia, sendo visível à presença de poros que irão influenciar na
liberação sustentada do AH para o meio externo.
Palavras-chaves: antibiótico hidrofílico, microencapsulamento, cápsulas, farmacologia,
polímeros.
9
ABSTRACT
The goal of this work was to encapsulate a hydrophilic antibiotic (AH) in microparticles
biodegradable polymeric of poly (ε-caprolactone) (PCL) which acts on several bacteria gram-
positive and gram-negative and mostly, against the tuberculosis.
The PCL microparticles with the hydrophilic antibiotic were obtained by the double emulsion
method (w/o/w) followed by the evaporation of the solvent. The solvent used in the organic
phase was dichloromethane and polished it poly (vinyl alcohol) (PVA) like surfactant in the
aqueous phase. In the several methodology parameters used, were modified, surfactant quantity,
the polymeric amount, the way of addition the first phase in the external phase and the agitation
way. The microparticles obtained were characterized by scanning electronic microscopy
(SEM), zeta potential, particles size average and distribution. The encapsulation efficiency, the
microparticles yield, the antimicrobial activity, the antibiotic liberation sustained and at
cytoxicity were evaluated.
The polymeric microparticles exhibited a spherical morphology and smooth surface, with
average size between 20
µ
m to 80
µ
m and a yield of 80 %. The encapsulation efficiency was to
approximately 2 %. The hydrophilic antibiotic, presented a load of negative surface and a low
polydispersity. The antimicrobial activity of the free AH and encapsulated in S. aureus, gave the
same efficiency, exhibiting an inhibition of 5 cm. For citotoxicidade to the V79 cells, in the DNA
assay, the free AH introduced an inhibition of 50 % of the cells with 300 mMol/L and with PCL
microparticles, in the neutral red (VN) and reduction of the tetrazolium salt (MTT) assays
introduced a same kind of cellular enhancement. In the hepatocytes cells, the microparticles
without and with an antibiotic did not show cytotoxicity to the VN and the DNA assays.
However, in the MTT assay, the microparticles without and with antibiotic encapsulated, in the
concentration of 300 mMol/L, introduced 90 % and 70 % of cellular inhibition, respectively. The
evaluation of the profile of the sustained liberation of the AH allowed to verify that hydrophilic
10
drug is inside PCL microparticles. In biodegradation test, PCL polymeric surface starts to present
a morphologic alteration from the tenth day, being visible the presence of pores that probably
could be improved in the liberation sustained of the AH to the external environment.
Key-words: hydrophilic antibiotic, microencapsulation, capsules, pharmacology, polymers.
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.
Infecções bacterianas causadas por microorganismos susceptíveis.............................34
Tabela 2. Atividade in vitro do AH contra Staphylococcus aureus ............................................ 35
Tabela 3. Principais técnicas de obtenção de micro/nanopartículas............................................. 41
Tabela 4. Alguns materiais de revestimento utilizados na microencapsulação............................ 44
Tabela 5. Resumo das variações da metodologia C ......................................................................60
Tabela 6. Potencial Zeta............................................................................................................... 83
Tabela 7. Diâmetro médio e índice de polidispersidade das micropartículas.............................. 85
Tabela 8. Comparação do diâmetro do halo formado quando o S. aureus foi exposto ao AH livre
e encapsulado em micropartículas de PCL.................................................................................... 89
12
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.
Estrutura do ácido nalixídico, protótipo para o desenvolvimento de novas
moléculas.......................................................................................................................................28
Figura 2. Dois principais métodos de síntese para a preparação de derivados do ácido
nalidíxico.......................................................................................................................................29
Figura 3. Concentração de fármaco no sítio terapêutico de ação após sua liberação através de
injeções convencionais e através de um sistema de liberação sustentada......................................38
Figura 4.
Representação esquemática de micro/nanocápsulas e micro/nanoesferas poliméricas: a)
fármaco dissolvido no núcleo oleoso das micro/nanocápsulas; b) fármaco adsorvido à parede
polimérica das micro/nanocápsulas; c) fármaco retido na matriz polimérica das
micro/nanoesferas; d) fármaco adsorvido ou disperso molecularmente na matriz polimérica das
micro/nanoesferas...........................................................................................................................42
Figura 5. Estrutura química dos poliésteres..................................................................................45
Figura 6. Fotografia da célula de fluxo: células de vidro conectadas a uma bomba peristáltica
através de cânulas de silicone.........................................................................................................65
Figura 7. Micrografias de micropartículas de PCL (método de nanoprecitptação, A): 250 mg de
PCL, 10 mg de AH e 1,2 % de Span 80 e 1,2 % Tween 40. Aumento de: A) x 7500, B) x 5000,
C) x 1800........................................................................................................................................71
Figura 8. Micrografias de micropartículas de PLGA (método B): 100 mg de PLGA, 2 mg de AH
e 0,5 % de Pluronic F-68. Aumento de: A) x 180, B)x 270 e C) x1300........................................71
13
Figura 9. Micrografias das micropartículas de PLGA (método C1): 250 mg de PLGA e 0,5 % de PVA.
Aumento de: A) Com 50 mg de AH x 140, B) Com 50 mg de AH x 500 e C) Sem AH x
500.................................................................................................................................................................................72
Figura 10. Micrografias das micropartículas de PHBV (método C1): 250 mg de PHBV, 50 mg
de AH e 0,5 % PVA. Aumento de: A) x 1200 e B) x 300..............................................................73
Figura 11. Micrografias das micropartículas de PCL (método C1): 250 de mg PCL e 0,5 % de
PVA. Aumento de: A) Sem AH x 1500, B) Sem AH x 330, C) Com 50 mg de AH x 200 e D)
Com 50 mg de AH x 500................................................................................................................74
Figura 12. Micrografias das micropartículas de PLGA preparadas com 250 mg de PLGA, 50 mg
de AH e 0,5 % de PVA (método C1). Aumento de: A) x 180, B) x 200 e C) x 330.....................75
Figura 13.
Micrografias das micropartículas de 250 mg de PCL e 10 mg de AH (método C2).
Aumento de: A) Com Pluronic x 1600 e B) Com PVA x 500......................................................76
Figura 14. Micrografias das micropartículas de PCL preparadas com, Aumento de: A) 500 mg de
PCL e 10 mg de AH x 330 e B) 250 mg de PCL e 50 mg de AH x 180, C) 500 mg de PCL e 50
mg de AH x 200..............................................................................................................................78
Figura 15. Micrografias das micropartículas de 50 mg de PCL quando a primeira emulsão foi.
Aumento de: A) Gotejada na fase aquosa externa x 350 e B) Vertida na fase aquosa externa x
300.................................................................................................................................................79
Figura 16. Fotografia do aparelho Ultra turrax.............................................................................80
Figura 17. Micrografias das micropartículas de 500 mg de PCL utilizando agitação por
sonicação por sonda. Aumento de: A) Com 10 mg de AH x 300, B) Sem AH x 350 e C) Com 50
mg de AH x 100..............................................................................................................................80
Figura 18. Micrografias das micropartículas de 500 mg PCL sem o AH e utilizando agitação em
ultra turrax. Aumento de: A) x 350 e B) x 100..............................................................................81
14
Figura 19.
Micrografias das micropartículas de 500 mg de PCL sem o AH e 0,25 % de PVA, utilizando
agitação em ultra turrax. Aumento de: A) Método C9 x 1000 e B) Método C10 x 100.............................
81
Figura 20. Micrografia das micropartículas de 500 mg de PCL e 250 mg de AH (método de
emulsão simples (o/a). Aumento de: A) x 1.500, B) x 3.000 e C) x 10.000..................................82
Figura 21. Curva analítica para a determinação da eficiência de encapsulamento do AH por
Espectrofluorimetria (λ= 292 nm)..................................................................................................86
Figura 22. Curva analítica para a determinação da liberação sustentada do AH por UV-VIS (
λ
= 283
nm).................................................................................................................................................87
Figura 23. Curva de liberação sustentada do AH livre e encapsulado..........................................88
Figura 24. Viabilidade celular de V-79 na análise dos alvos celulares VN, MTT e DNA. A) AH livre, B)
Micropartículas de PCL e C) Micropartículas de PCL com o AH...............................................................
91
Figura 25. Viabilidade celular de hepatócitos na análise dos alvos celulares VN, MTT e DNA.
A) Micropartículas de PCL e B) Micropartículas de PCL com o AH........................................... 92
Figura 26. Micrografias da biodegradação de PLGA. Aumento de: A) 1º dia x 1000, B) Após 5
dias x 400 e C) Após 10 dias x 1500..............................................................................................93
Figura 27.. Micrografias da degradação de PCL. Aumento de: A) 1º dia x 2000, B) Após 5 dias x
400, C) Após 10 dias x 2000, D) Após 15 dias x 850, E) Após 20 dias x 100 e F) Após 30 dias x
220..................................................................................................................................................93
15
LISTA DE ABREVIATURAS
AH antibiótico hidrofílico
BK bacilo de Koch
CNI Confederação Nacional das Indústrias
DMEM meio Eagle modificado por Dulbecco
DMSO dimetil sulfóxido
DNA ácido desoxirribonucléico
DOT terapia diretamente observada
DP ácido diidroxihexadecil
EMB etambutol
FDA Food and Drug Administration
INH isoniazida
kDa quilodalton
MEV microscópio eletrônico de varredura
MIC concentração mínima inibitória
MM massa molar
MP micropartículas
MTT atividade enzimática mitocondrial
OMS Organização Mundial da Saúde
PCL poli (ε-caprolactona)
PECA polialquilcianoacrilato
PGA ácido poliglicólico
PHBV poli (hidroxibutirato-co-hidroxivalerato)
PLA ácido poliláctico
PLGA poli (lactídeo-co-glicolídeo)
PPD teste tuberculínico
PVA álcool polivinílico
PZA pirazinamida
RPM rifampicina
16
SESI Serviço Social da Indústria
SFB soro fetal bovino
SIDA Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
SM estreptomicina
SPAN 80 polioxietileno de sorbitan monoleato
SUS Sistema Único de Saúde
TB tuberculose
TBMR tuberculose multirresistente
Tg temperatura de transição vítrea
Tm temperatura de ponto de fusão
TWEEN 40 polioxietileno de sorbitan monopalmitato
VN vermelho neutro
17
SUMÁRIO
1 Introdução.........................................................................................................................19
1.1 Doenças respiratórias.........................................................................................19
1.2 Tuberculose........................................................................................................19
1.2.1 Mycobacterium................................................................................................20
1.2.2 Transmissão e sintomas da TB........................................................................20
1.2.3 Diagnóstico e tratamento da TB......................................................................21
1.2.4 Dados estatísticos............................................................................................23
1.3 Fármacos............................................................................................................24
1.3.1 Fármacos no combate à Tuberculose..............................................................26
1.4 Derivados do ácido nalidíxico, uma nova e potente classe de compostos no
combate à TB.......................................................................................................... 27
1.5 Composto antitubercular e antibacteriano..........................................................29
1.5.1 Aspectos gerais................................................................................................30
1.5.2 Características.................................................................................................32
1.6 Sistemas de liberação sustentada........................................................................37
1.7 Microencapsulação.............................................................................................39
1.7.1 Micro e Nanopartículas...................................................................................41
1.8 Polímeros............................................................................................................43
1.8.1 Características de alguns polímeros biodegradáveis.......................................46
1.8.2 Aplicações das micro/nanopartículas em polímeros biodegradáveis..............48
1.9 Potencial Zeta.....................................................................................................51
1.10 Citotoxicidade..................................................................................................51
2 Objetivos..............................................................................................53
2.1 Objetivo geral.....................................................................................................53
18
2.2 Objetivos específicos..........................................................................................53
3 Materiais e Métodos....................................................................................................55
3.1 Materiais utilizados............................................................................................55
3.2 Metodologias......................................................................................................58
3.2.1 Preparação das micropartículas.......................................................................58
3.2.1. 1 Método de Nanoprecipitação A...................................................................58
3.2.1. 2 Método de Nanoprecipitação B...................................................................58
3.2.1. 3 Método de dupla emulsão (água/óleo/água) e evaporação do solvente C...59
3.2.1.4 Método de emulsão simples (óleo/ água) e evaporação do solvente D........61
3.2.2 Caracterização das micropartículas.................................................................61
3.2.2.1 Microscopia eletrônica de Varredura (MEV)...............................................61
3.2.2.2 Potencial Zeta...............................................................................................62
3.2.2.2 Tamanho médio e distribuição de tamanho das partículas...........................62
3.2.3 Atividade antimicrobiana do antibiótico hidrofílico.......................................62
3.2.4 Eficiência de encapsulamento e rendimento das micropartículas...................63
3.2.5 Avaliação da liberação sustentada do fármaco...............................................64
3.2.6 Avaliação da citotoxicidade............................................................................65
3.2.6.1 Preparo das culturas de células V79.............................................................65
3.2.6.2 Preparo das culturas de células de hepatócitos.............................................66
3.2.6.3 Tratamento das células.................................................................................67
3.2.6.4 Ensaio do Vermelho Neutro.........................................................................67
3.2.6.5 Ensaio do MTT.............................................................................................68
3.2.6.6 Ensaio do conteúdo de Ácidos Nucléicos....................................................68
3.2.7 Avaliação da biodegradação das micropartículas poliméricas........................69
4 Resultados e Discussões......................................................................70
5 Conclusões...........................................................................................95
6 Referências..........................................................................................97
19
1 INTRODUÇÃO
1.1 Doenças Respiratórias
As doenças respiratórias, particularmente, as infecções pulmonares, são responsáveis por
um alto índice de mortalidade mundial. Diversos fatores como quedas bruscas de temperatura,
aumento da poluição do ar, hábitos sedentários de vida, estresse e alimentação desequilibrada
contribuem para o aparecimento de problemas respiratórios, que atingem atualmente 30 % da
população. Dentre esses problemas, encontram-se: rinite, asma ou bronquite, enfisema pulmonar,
pneumonia, câncer do pulmão e a tuberculose. A prevenção se faz importante, uma vez que a
terapia é lenta e os microorganismos causadores de algumas dessas doenças, como no caso, a
tuberculose, apresentam grande resistência aos coquetéis antibacterianos que são caros e difíceis
de ingerir (Falkinham, 2003).
1.2 Tuberculose
A tuberculose (TB) é uma doença contagiosa grave, com relatos de médicos na Grécia e
na Roma antiga e, atualmente acredita-se que está doença já era também conhecida também no
antigo Egito, já que pesquisadores encontraram lesões de tuberculose em múmias. No entanto,
somente em 1882 a bactéria responsável pela doença, a Mycobacterium tuberculosis, foi isolada
pelo cientista alemão Robert Koch. E em sua homenagem, o bacilo ficou conhecido como o
bacilo de Koch (BK) (Souza e Vasconcelos, 2005).
20
Os trabalhos realizados por este cientista, estabeleceram definitivamente a relação
etiológica entre a tuberculose humana e o bacilo ácido-resistente – “bacilo de Koch”. Além do
tipo humano de bacilo da tuberculose (M. tuberculosis), dois outros foram posteriormente
conhecidos – o tipo bovino (M. bovis) e aviário (M. avium) (Bier, 1976).
1.2.1 Mycobacterium
Este gênero contém microorganismos parasitas, nos quais, incluem os dois principais
patógenos humanos, Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium leprae, que causam
tuberculose e lepra, respectivamente. O M. tuberculosis é um aeróbio obrigatório de crescimento
lento. As células bacterianas são delgadas em forma de bastonetes ligeiramente encurvados
atingindo um tamanho de 0,3 a 0,6 µm de diâmetro e 1 a 4 µm de comprimento. A morfologia
celular pode variar de cocos a filamentos, dependendo do meio de crescimento. As micobactérias
apresentam uma resistência natural a numerosos antibacterianos por possuírem uma parede
celular completa, muito hidrofóbica, com uma permeabilidade reduzida para vários compostos,
tal qual o tratamento de TB ser realizada com antimicobacterianos específicos (Nuermberger e
Grosset, 2004; Coll, 2003; Nisengard e Newman, 1997; Bier, 1976).
1.2.2 Transmissão e sintomas da TB
A TB está associada com a falta de higiene, condições de moradia em locais aglomerados
que ocorrem nas classes sociais baixas, idade, estado hormonal, estresse e desnutrição. Fatores
genéticos também são importantes, como evidenciados, em índios americanos e esquimós. Os
21
sintomas da tuberculose são tosse crônica, febre, suor noturno, dor no tórax, anorexia e adinamia
(falta de disposição) (Souza e Vasconcelos, 2005; Chan et al., 2002; Nisengard e Newman, 1997;
Shafer e Edlin, 1996).
A TB é transmitida pelo ar e pode atingir todos os órgãos do corpo, porém como o BK se
reproduz e desenvolve rapidamente em áreas do corpo com muito oxigênio, o pulmão é o
principal órgão atingido pela doença. Se a cavidade tubercular no pulmão se torna grande o
suficiente, o microorganismo pode ganhar acesso aos vasos sanguíneos e a doença pode tornar-se
tuberculose disseminada (ou miliar) (Chan et al., 2002; Chan et al., 2000; Nisengard e Newman,
1997; Shafer e Edlin, 1996).
1.2.3 Diagnóstico e tratamento da TB
O tratamento da TB se baseia em conceitos muito distintos das demais infecções
bacterianas. O M. tuberculosis tem um tempo de geração prolongado e possui a capacidade para
entrar em períodos de latência com uma atividade metabólica limitada, o qual dificulta a ação dos
antibacterianos (Coll, 2003).
Existem populações de bacilos diferentes em função da sua localização e atividade. Por
exemplo, os bacilos presentes nas cavidades pulmonares se multiplicam de forma ativa num
ambiente aeróbio, já os bacilos encontrados no interior dos macrófagos se multiplicam em um
ambiente microaerofílico - na qual induz a latência. O M. tuberculosis pode se multiplicar nos
tecidos, local em que os antibióticos penetram facilmente e/ou se multiplicar, nas cavidades
pulmonares, locais em que os antibióticos atuam mais dificilmente. Os fármacos antituberculares
apresentam um perfil de atividade diferenciado frente a cada uma dessas localizações, portanto,
22
se faz necessário assegurar de que o tratamento prescrito seja ativo frente a todas elas (Coll,
2003).
A associação medicamentosa adequada e seu uso regular, por tempo suficiente, são os
meios necessários para evitar a resistência e a persistência bacterianas (Chan et al., 2000; Souza e
Vasconcelos, 2005).
O tratamento correto dos bacilíferos é a atividade prioritária de controle da TB, uma vez
que permite anular rapidamente as maiores fontes de infecção (Rede TB, 2004). Quando o
tratamento não é realizado corretamente, a TB resistente as multi-drogas (TBMR) são perigosas,
pois as bactérias tornam-se resistentes aos seus efeitos, isto é, elas não são eliminadas do nosso
organismo (Souza e Vasconcelos, 2005; Abdool, 2002; Chan et al., 2002; Nisengard e Newman,
1997; Shafer e Edlin, 1996).
Segundo Barroso et al. (2004), a definição internacional para a tuberculose
multirresistente (TBMR) é dada para o caso em que o bacilo é resistente à pelo menos
rifampicina e isoniazida. Portanto, as pessoas começam o tratamento tomando no mínimo quatro
diferentes fármacos e após alguns meses, o médico poderá diminuir o número de fármacos a
serem medicadas. Quando a bactéria torna-se resistente, ela faz com que o paciente tenha que
tomar a combinação de outros medicamentos (multi-fármacos), dificultando a cura. Esses
medicamentos, mesmo sendo seguros, causam alguns efeitos colaterais, como: pele amarelada,
urina escura, vômitos, perda de apetite, náusea, dificuldade para enxergar, fadiga e febre (Barroso
et al, 2004; Chan et al., 2002).
Estudos genéticos têm demonstrado que a resistência às pessoas com tuberculose se deve
a mutações cromossômicas espontâneas nos genes que codificam o alvo dos fármacos ou as
enzimas envolvidas na ativação do fármaco. Encontra-se na literatura descrições de mutações
pontuais, deleções ou inserções responsáveis pela resistência aos fármacos contra a TB. A taxa
23
para essas mutações difere para cada um dos antimicrobianos, sendo a mais elevada para
etambutol e a mais baixa para rifampicina e derivados do ácido nalidíxico. Apesar disso, não se
conhece uma alteração genética que, por si mesma, de lugar ao fenótipo de multirresistência. Este
fenótipo multirresistente se deve a aquisição seqüencial de mutações em diferentes loci de genes
independentes. Para tanto, a detecção precoce da resistência aos fármacos antituberculares se
torna essencial para o controle correto da TB resistente e, os mecanismos de resistência permite
desenvolver novas tecnologias capazes de prevenir e curar a tuberculose (Coll, 2003).
Por enquanto, a tuberculose continua sendo um grave problema de saúde pública,
especialmente em países em desenvolvimento, voltando a ocupar papel de destaque entre as
principais doenças infectocontagiosas. Muitos foram os fatores que contribuíram para isso,
destacando-se a desigualdade social, os aglomerados populacionais, os movimentos migratórios,
o envelhecimento da população, o aparecimento de cepas de bacilos resistentes aos fármacos
conhecidos e o surgimento, na década de 80, da “Síndrome de Imunodeficiência Adquirida
(SIDA)”, ou também, “AIDS” (Souza e Vasconcelos, 2005).
1.2.4 Dados estatísticos
Atualmente a tuberculose mata no mundo 3,0 milhões de pessoas por ano, mais que a
AIDS, a malária e as doenças tropicais combinadas. Estima-se que cerca de 1,7 bilhões de
indivíduos em todo o mundo estejam infectados pelo M. tuberculosis, o que corresponde a 30 %
da população mundial, sendo que em países pobres, a estimativa é que 70 % da população esteja
infectada pelo bacilo de Koch, com cerca de 2,8 milhões de mortes por TB e 7,5 milhões de
novos casos. Já nos países ricos esse número é menor que 10 %, com uma estatística anual de
24
mais de 400.000 novos casos e cerca de 40.000 mortes. Segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS), uma imensa tragédia poderá ocorrer nas próximas duas décadas, com quase um
bilhão de pessoas infectadas e mais de 35 milhões de mortes. O Brasil ocupa o 13º lugar no
ranking dos 22 países que concentram 80 % dos casos de TB do mundo. De acordo com os dados
oficiais do Ministério da Saúde, no Brasil existem atualmente cerca de 50 milhões de pessoas
infectadas com o bacilo de Koch, mas que não desenvolveram a doença, com contaminação de
mais de 1 milhão de pessoas a cada ano pelo contato com os doentes. Anualmente surgem no
Brasil, aproximadamente, 111 mil novos casos e ocorrem 6 mil mortes, sendo o Rio de Janeiro o
estado com maior número de casos (Souza e Vasconcelos, 2005; Chan et al., 2002; SVS, 2005).
1.3 Fármacos
A interação com os receptores celulares ou sistemas enzimáticos com um fármaco gera
uma resposta biológica. A resposta decorre de uma alteração dos processos biológicos anteriores
à administração do fármaco. A magnitude da resposta relaciona-se com a concentração que o
fármaco atinge seu local de ação. Essa concentração depende da dose administrada, da
quantidade absorvida, da distribuição no local, da velocidade de ação e da quantidade eliminada
do corpo. A constituição física e química da substância farmacêutica (solubilidade lipídica, grau
de ionização e tamanho molecular) determina, em grande parte, sua capacidade de atividade
biológica (Ansel et al., 2000).
Em geral, para que o fármaco exerça seu efeito biológico, ele precisa ser transportado
pelos líquidos corporais através das barreiras das membranas biológicas, resistir ao ataque
metabólico, penetrar em concentração adequada nos locais de ação e interagir de modo
25
específico, provocando uma alteração celular. A absorção, a distribuição, a biotransformação
(metabolismo) e a eliminação do organismo são processos dinâmicos que duram desde o
momento em que o fármaco é administrado até que toda a sua totalidade seja removida (Ansel et
al., 2000).
A terapia contra a infecção micobacteriana pode apresentar diversos efeitos colaterais,
pois a micobactéria não é suscetível a muitas classes de agentes antibacterianos e, devido à ação
lenta desta micobactéria para sucumbir aos agentes antimicrobianos, a terapia deve ser tratada
com múltiplos fármacos e por um longo período, sendo necessário monitorar a toxicidade do
fármaco, a interação e a rejeição do paciente (Yew, 1998).
A fim de melhorar a terapia contra a infecção micobacteriana deve-se compreender a
farmacocinética e a farmacodinâmica dos agentes antibacterianos utilizados (Nuermberger e
Grosset, 2004).
A medicação recomendada para um paciente que desenvolve a tuberculose pode ser feita
com a combinação de isoniazida, rifampicina, etionamida, cicloserina e derivados do ácido
nalidíxico. Os novos compostos formados a partir do ácido nalidíxico têm mostrado maior
eficiência e atividade contra a M. tuberculosis e outras infecções do sistema respiratório superior
e inferior, sistema genitourinário, obstétrico, ginecológico, na pele e nas suas estruturas (Ball,
2003 a; Croom e Goa, 2003; Hurst et al., 2002; Peng et al., 2000; Peloquin, 1999; Langtry e
Lamb, 1998; Davis e Bryson, 1994).
1.3.1 Fármacos no combate à Tuberculose
Com base na história, o primeiro antibiótico que o homem teve acesso no combate à TB
foi à penicilina, descoberta em 1928 por Alexander Fleming numa cultura do fungo Penicillium,
26
um tipo de mofo de cor verde, sendo considerado um dos maiores acontecimentos do século XX
(Souza e Vasconcelos, 2005).
Foram necessários quinze anos após a descoberta de Fleming para que Selman Waksman
descobrisse, em 1944, a estreptomicina (SM), produzida também por um microorganismo, a
bactéria Streptomices griséus, que foi o primeiro antibiótico capaz de atuar eficazmente no
combate à TB. Após a descoberta da SM, novos fármacos foram utilizados com sucesso,
destacando-se a isoniazida (INH), em 1952; a rifampicina (RPM), em 1965; o etambutol (EMB),
sintetizado em 1960, empregado somente em 1968 e a pirazinamida (PZA), sintetizada em 1936,
porém só utilizada em 1970 (Souza e Vasconcelos, 2005; Zhang, 2005)
Os fármacos comumente chamados de primeira escolha são a primeira opção no
tratamento, podendo ser empregados com sucesso na grande maioria dos pacientes e incluem a
INH, RPM, PZA e EMB. Os fármacos conhecidos como de segunda escolha são utilizados em
caso de falência dos fármacos de primeira escolha, administrando-se a SM e a etionamida, ou
devido à resistência do bacilo (Souza e Vasconcelos, 2005, Coll, 2003).
1.4 Derivados do ácido nalidíxico, uma nova e potente classe de compostos no
combate à TB
Estes derivados são atualmente uma importante classe de antimicrobianos sintéticos que
têm sido objeto de intensos estudos mundiais. Essa classe de compostos tem, atualmente,
destacada importância no combate a diferentes tipos de bactérias (Souza e Vasconcelos, 2005).
Com mais de 800 milhões de pacientes tratados, estes antimicrobianos têm indicações
terapêuticas que envolvem quase todas as infecções do corpo humano e tem permitido
27
compreender melhor a atividade estrutural dessa classe de moléculas. Este conhecimento tem
conduzido intensos esforços para a síntese de novos compostos com amplo espectro, alta
atividade intrínseca, um melhoramento no perfil farmacocinético e na publicação de mais dados
químicos, microbiológicos e clínicos. Estima-se que aproximadamente mais de 10.000 novas
moléculas dessa classe têm sido sintetizadas (Bambeke et al., 2005).
A história destas moléculas está relacionada com o ácido nalidíxico, um composto com
atividade antibacteriana, que foi sintetizada e patenteada em 1962 por Lescher et al.. A
descoberta do ácido nalidíxico (Figura 1) apresentou importantes indicações de que esta classe de
compostos poderia ser empregada no combate as infecções bacterianas. Inúmeras moléculas
foram sintetizadas e avaliadas, as quais possuem um amplo espectro de atividade contra vários
microorganismos patogênicos, em seres humanos e animais, resistentes aos aminoglicosídeos,
penicilinas, cefalosporinas, tetraciclinas e outros antibióticos (Souza e Vasconcelos, 2005).
Figura 1: Estrutura do ácido nalidíxico, protótipo para o desenvolvimento de novas moléculas
(Souza e Vasconcelos, 2005).
Existem dois principais métodos descritos na literatura para a construção do anel do ácido
nalidíxico. O primeiro foi desenvolvido por químicos da Bayer AG, sendo o anel do ácido
formado pela ciclização de intermediários 3-amino-acrilatos-2-(2-halobenzoil) (Figura 2). O
outro método sintético é conhecido como ciclização de Gould-Jacobs, que é baseado na
28
ciclização térmica ou catalisada, em meio ácido, de malonatos anilinometilênicos (Figura 2).
Esses métodos sintéticos permitem a introdução de diferentes substituintes nas posições C-2, C-5,
C-6, C-7, C-8 e N-1 do anel do ácido nalidíxico e, conseqüentemente, a síntese de novos
compostos dessa classe, com o objetivo de se obter fármacos mais eficazes (Souza e
Vasconcelos, 2005).
Figura 2: Dois principais métodos de síntese para a preparação de derivados do ácido nalidíxico
(Souza e Vasconcelos, 2005).
Muitas moléculas dessa classe têm sido patenteadas, mas somente poucas tem sido
comercializadas e utilizadas clinicamente. Os derivados do ácido nalidíxico disponíveis
clinicamente estão classificadas dentro de quatro gerações baseadas de acordo com o espectro de
atividade de cada molécula (Bambeke et al., 2005; Ball, 2003 b).
A incorporação de um átomo de flúor no carbono 6 da molécula derivada do ácido
nalidíxico, permitiu o desenvolvimento de novos fármacos potentes contra a TB (Coll, 2003).
29
1.5 Composto Antitubercular e antibacteriano
Faz-se necessário à identificação de novos compostos antibacterianos capazes de agirem
eficazmente contra o M. tuberculosis devido à prevalência global de fármacos resistentes à TB.
Apesar de ter disponível uma terapia efetiva por mais de 50 anos, o tratamento futuro da
tuberculose dependerá, pelo menos em parte, do desenvolvimento de novos fármacos
antituberculoses, pois existem poucos agentes antimicrobianos efetivos contra o M. tuberculosis
(ativo e latente) (Ginsburg et al, 2003).
Os derivados do ácido nalidíxico fluorados são promissores agentes antimicrobianos
capazes de preencher as necessidades do tratamento no combate a tuberculose. De acordo com
Bambeke et al. (2005), derivados do ácido nalidíxico, contendo flúor na sua estrutura, possuem
um amplo espectro na atividade antimicrobiana e são recomendados nos tratamentos de infecção
do sistema respiratório, gastrointestinal e urinário, bem como nas doenças sexualmente
transmissíveis e osteomelite crônica. Em 2002, esses antibióticos contabilizaram 11 % das vendas
nos USA e a sua utilização está aumentando mundialmente (Ginsburg et al, 2003).
1.5.1 Aspectos gerais
A terapia de infecções micobacterianas é um desafio para várias reações. Entre estas,
encontram-se as micobactérias que não são susceptíveis aos atuais agentes antibacterianos
(Nuermberger e Grosset, 2004).
30
Recentemente os derivados do ácido nalidíxico têm sido apontados para várias metas,
incluindo o aumento da potência contra cocci Gram-positivas (Streptococcus pneumoniae e
anaeróbios), mantendo a potência sobre os patógenos Gram-negativos, otimizando a
farmacocinética e a farmacodinâmica (PK/PD) e diminuindo o potencial adverso do fármaco
(Davis e Bryson, 1994; Hurst et al., 2002; Ball, 2003 ab; Croom e Goa, 2003). Os efeitos
adversos ocasionados pela ação destes derivados são náuseas, diarréia, dor de cabeça, tontura e
fototoxicidade (Bertino e Fish, 2000).
Na França, o aparecimento de infecções cutâneas e tendinites, como efeitos adversos por
ingestões de algumas fluoroquinolonas foram observadas, sendo que, no Reino Unido, a tendinite
é o quinto sintoma mais comum no país. Essa desordem que ocorre no tendão (principalmente no
tendão de Aquiles) afeta mais idosos e é três vezes mais comum entre os homens. Os sintomas
aparecem dentro de 2 a 42 dias e dois terços dos casos são resolvidos dentro de 1 a 2 meses.
Contudo, períodos de hospitalização e cirurgias de reparos foram relatados segundo Bertino e
Fish (2000).
A atuação dos derivados do ácido nalidíxico ocorre ao nível de enzimas, as
topoisomerases do tipo II e, principalmente, sobre a DNA girase composta das subunidades A e
das subunidades B codificadas pelos genes gyr A e gyr B, respectivamente. Uma segunda atuação
seria pela enzima topoisomerase IV, codificada pelos genes parC e parE. O desenvolvimento de
resistência pelos derivados do ácido nalidíxico é um processo complexo que associa mutações
que afetam a DNA girase, a topoisomerase IV e proteínas de membranas que regulam a
permeabilidade e o efluxo do fármaco (Bambeke et al., 2005; Coll, 2003; Croom e Goa, 2003;
Hooper, 2001; Talan, 2001).
O antitubercular avaliado neste projeto é um antibiótico hidrofílico (AH) que tem sido
amplamente estudado em doenças respiratórias como em infecções urinárias e recentemente
31
aprovado nos Estados Unidos para o tratamento de pneumonia nosocomial e prostatite bacteriana
crônica.
1.5.2 Características
O antibiótico hidrofílico (AH) é um composto sintético, administrado oralmente e
intravenosamente, com ampla atividade antibacteriana. Quimicamente, o AH é um composto
quiral carboxiquinolona. É um cristal levemente amarelado até esbranquiçado. A molécula existe
como um zwitterion (um íon com carga positiva e negativa no mesmo grupo de átomos, isto é,
são compostos anfóteros) na condição de pH no intestino delgado. Possui pKa
1
= 6,27 e pKa
2
=
6,81.
Solubilidade: A solubilidade do AH, em pH 0,6 até 5,8, é constante e de
aproximadamente 100 mg/mL, neste intervalo é encontrado livremente em solução. Acima de pH
5,8 a sua solubilidade aumenta rapidamente para um máximo de 272 mg/mL em pH 6,7. Acima
de pH 6,7 a sua solubilidade diminui, atingindo um mínimo de 50 mg/mL em pH 6,9.
Indicações: O AH é recomendado para agir contra um grande número de infecções,
inclusive a tuberculose. Pode ser seguro para usar em pacientes que ingerem teofilina, warfarina
ou ciclosporina. Regimes especiais de dosagens são em função do médico dependendo das
características do paciente e das normas das autoridades competentes de segurança com esses
medicamentos.
Contra-indicações: Geralmente, não é indicado para menores de 18 anos e para pessoas
que apresentem reações a outros fármacos derivados do ácido nalidíxico. É também contra-
indicado para pessoas com tendinites ou casos de rupturas de tendões associados com usos
32
anteriores de outros compostos derivados do ácido nalidíxico. Não pode ser utilizado na presença
de antiácidos já que os cátions divalentes (Mg
2+
, Al
2+
) inibem a eficiência da absorção do
fármaco. Experiências com animais indicaram que podem interferir com ossos e cartilagens em
animais jovens. Em adultos os efeitos colaterais mais comuns são náusea, diarréia, dor de cabeça
e constipação. Entretanto, o fármaco não apresenta carcinogênese e teratogênese em testes
padrões.
Modo de ação: O AH inibe a ação da enzima topoisomerase II, chamada DNA girase, e a
topoisomerase IV, nas quais são essenciais no mecanismo de replicação, transcrição e reparação
do DNA bacteriano.
Dosagem e administração: As doses orais usuais do AH são 500 mg a cada 24 horas, o
fármaco é rapidamente distribuído pelo corpo. Aproximadamente, 24 a 38 % do AH está ligado
as proteínas do plasma. A concentração do AH nos tecidos e nos fluídos corporais depois da
administração oral é semelhante ou superior àquela encontrada no plasma. Em pacientes com
disfunção renal é recomendável uma redução na dosagem.
Farmacocinética: O AH é estereoquimicamente estável nos fluídos corporais e é
rapidamente absorvido após a medicação oral. O pico de concentração no plasma geralmente é
obtido de uma a duas horas após a ingestão. A biodisponibilidade absoluta de 500 mg de dose
oral é aproximadamente de 99 %. O AH é eliminado principalmente sem mudança estrutural pela
urina. A vida média de excreção no plasma é aproximadamente de seis a oito horas após
dosagens simples ou múltiplas, dados oralmente ou intravenosa. O AH é duas vezes mais potente
do que o outro antibiótico da mesma geração, os eventos adversos foram significativamente
reduzidos e representa um antibacteriano de espectro amplo contra bactérias Gram-positivas e
Gram-negativas, micobactérias e organismos anaeróbios.
33
Uso clínico: Ver na Tabela 1 a indicação do antibiótico hidrofílico estudado.
Tabela 1: Infecções bacterianas causadas por microorganismos susceptíveis.
Trato Respiratório Superior M. tuberculosis, Streptococcus pneumoniae,
Haemophilus influenzae, Moraxella (Branhamella)
catarralis
Trato Respiratório Inferior Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae,
Haemophilus influenzae, Haemophilus parainfluenzae,
or Moraxella (Branhamella) catarralis, Klebsiella
pneumoniae, Chlamydia pneumoniae, Legionella
pneumophila, Mycoplasma pneumoniae
Pneumonia nosocomial
Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa,
Serratia marcescens, Escherichia coli, Klebsiella
pneumoniae, Haemophilus influenzae, Streptococcus
pneumoniae
Pele e Estruturas da pele
Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes,
Enterococcus faecalis, Proteus mirabilis, Streptococcus
agalactiae
Trato Urinário Enterococcus (Streptococcus) faecalis, Enterobacter
cloacae, Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae,
Proteus mirabilis, Pseudomonas aeruginosa
34
Resistência: métodos quantitativos são usados para determinar a concentração mínima
inibitória (MIC) do antibiótico. O MIC permite estimar a suscetibilidade de um microorganismo
com o antimicrobiano. O MIC deve ser determinado utilizando um procedimento padrão na qual
difere-se entre si dependendo do microorganismo. Estes procedimentos padrões baseiam-se em
métodos de diluição.
A resistência do AH devido a mutações espontâneas in vitro raramente ocorre (taxa de 10
–9
a 10
–10
). Observar na Tabela 2, a atividade in vitro do AH contra Staphylococcus aureus .
Tabela 2: Atividade in vitro do AH contra Staphylococcus aureus .
MIC (µg/mL)
Microorganismo
50 % 90 %
Staphylococcus aureus
0.250 0.500
Com os avanços biotecnológicos, a utilização de fármacos e as tecnologias atuais vêm
sendo amplamente pesquisadas para conseguir a cura e/ou o controle de doenças graves,
diminuindo de uma certa forma, os seus efeitos adversos e a mortalidade mundial. Estudos
recentes mostram pesquisas sendo realizadas com novos sistemas transportadores de fármacos,
como a microencapsulação, que é a encapsulação de substâncias em pequenas partículas,
permitindo que os fármacos não entrem em contato com o meio externo ao das partículas até o
momento em que sua ação seja necessária. Esta tecnologia envolve uma multidisciplinariedade
nas pesquisas científicas a fim de contribuir no avanço da saúde (Kumar, 2000). Formulações
com agentes terapêuticos dentro de compostos biocompatíveis, tais como: micro/nanopartículas e
sistemas micelares tem sido desenvolvidos pois esses sistemas direcionam a liberação de
princípios ativos diretamente no tecido e células desejados, aumentam a biodisponibilidade oral,
35
mantêm o efeito do princípio ativo ou gene nos tecidos, solubilizam fármacos para liberação
intravascular a aumentam a estabilidade dos agentes terapêuticos, especialmente de proteínas,
peptídeos e ácidos nucléicos contra as enzimas de degradação (nucleases e proteases). Devido ao
seu tamanho sub-micro, as partículas podem penetrar profundamente nos tecidos através dos
finos vasos capilares, atravessar a camada epitelial e serem levadas eficazmente pelas células
permitindo uma liberação sítio específica no corpo humano (Panyam e Labhasetwar, 2003).
1.6 Sistemas de liberação sustentada
É a área atual mais ativa na pesquisa utilizando polímeros biodegradáveis para o sistema
de liberação sustentada de fármacos, tais como: hormônios, esteróides, proteínas,
imunossupressores, antibióticos, antimaláricos, antifúngicos, antiinflamatórios, anestésicos entre
outros. No tratamento contra o câncer, por exemplo, a utilização de polímeros biodegradáveis no
sistema de liberação sustentada de fármacos substituiu trinta injeções diárias por somente uma
injeção mensal de fármaco. O controle da liberação de fármacos em sítios de ação específicos,
através da utilização de vetores, capazes de permitir a otimização da velocidade de cedência e do
regime de dosagem das substâncias, tem sido uma área de intensa pesquisa nos últimos anos
(Schaffazick e Guterres, 2003).
Essa tecnologia de liberação sustentada de fármacos representa uma das fronteiras da
ciência, que envolve aspectos multidisciplinares e pode contribuir muito para o avanço da saúde
humana. Os sistemas de liberação, descritos como “drug delivery systems”, possuem inúmeras
vantagens quando comparados a outros de dosagem convencional, tais como: maior eficácia
terapêutica, com liberação progressiva e controlada do fármaco (Figura 3), a partir da degradação
36
da matriz polimérica; diminuição significativa da toxicidade e maior tempo de permanência na
circulação; natureza e composição dos veículos variada sem mecanismos de instabilidade e
decomposição do fármaco (bio-inativação prematura), administração segura (sem reações
inflamatórias locais) e conveniente (menor dosagem); direcionamento a alvos específicos;
fármacos hidrofílicos e lipofílicos podem ser encapsulados (De Azevedo, 2003).
Dentre os vetores utilizados, incluem-se as micropartículas e os sistemas coloidais,
lipossomas e nanopartículas. As micro e nanopartículas têm atraído maior atenção dos
pesquisadores em relação aos lipossomas, devido às suas potencialidades terapêuticas, à maior
estabilidade nos fluídos biológicos e durante o armazenamento (Schaffazick e Guterres, 2003).
Figura 3: Concentração de fármaco no sítio terapêutico de ação após sua liberação através de injeções
convencionais e através de um sistema de liberação sustentada (Santos, 2002, modificado).
A Figura 3 mostra que dentro do corpo, o fármaco pode atingir três níveis: nível sub-
terapêutico, em que sua concentração está abaixo do nível terapêutico, nível terapêutico em que
o fármaco tem a função terapêutica e nível tóxico, em que a concentração do fármaco é tóxica.
Concentração sanguínea
Tempo
Faixa Tóxica
Faixa Terapêutica
Faixa Sub-Terapêutica
Libera
ç
ão sustentada
Sistema convencional
37
A Figura 3, também, mostra que o sistema de liberação sustentado de fármaco apropriado
permite que a concentração do fármaco fique dentro da concentração terapêutica desejada. No
caso do sistema convencional, as injeções do fármaco são realizadas de tempos em tempos, por
um período de 24 horas. Nesse caso, a concentração do fármaco não é estável, variando
grandemente de concentração, permanecendo somente por determinado tempo na concentração
terapêutica, decaindo ao nível sub-terapêutico, sendo então necessária outra injeção (Santos,
2002).
Dentro do sistema de liberação sustentada a liberação do fármaco pode ocorrer por
diferentes mecanismos: a) Sistemas difusivos, onde a liberação do fármaco é feita pela sua
difusão através da membrana polimérica; b) Sistemas erosivos, onde a liberação se baseia na
degradação do polímero; c) Pela combinação dos dois sistemas, onde pode ocorrer a difusão e a
biodegradação do polímero. Em ambos mecanismos, o polímero tem um papel-chave na
disponibilidade e liberação do fármaco. Esses mecanismos podem ocorrer por ação de hidrólise
ou de enzimas (Maia, 2004; Ré, 2002; Santos, 2002; Uhrich et al., 1999; Merkli et al., 1998).
A eliminação natural do polímero após a liberação total do fármaco dispensa a
intervenção cirúrgica para a remoção de implantes. Desta maneira, sistemas micro e
nanoestruturados biodegradáveis e biocompatíveis, tais como: micro e nanoesferas, micro e
nanocápsulas, têm sido amplamente desenvolvidos para o uso de liberação sustentada de
fármacos (Uhrich et al., 1999).
38
1.7 Microencapsulação
A microencapsulação é uma importante técnica para o desenvolvimento de novas
formulações, pois é capaz de aumentar a eficiência terapêutica de substâncias já utilizadas no
tratamento de várias doenças e torna possível a utilização de fármacos potencialmente tóxicos,
como antineoplásicos, antibióticos e outros (Schaffazick e Guterres, 2003; Saks e Gardner, 1997).
A microencapsulação permite converter líquidos em sólidos, modificando as propriedades
do colóide ou da superfície dos materiais, contribuindo para a proteção ambiental, o controle da
liberação dos fármacos e sua biodisponibilidade. Devido à reduzida dimensão das partículas estas
podem ser distribuídas por todo o trato gastrointestinal melhorando potencialmente a absorção do
fármaco (Lachman et al., 2001). Além disto, elas podem servir para modificar a liberação do
fármaco, mascarar o sabor e odor desagradável de alguns fármacos em comprimidos, pós ou
suspensões, permitir que num único comprimido se encontrem ingredientes quimicamente
incompatíveis, princípio que pode ser usado na preparação de cremes, pomadas, aerossoles,
supositórios, injectáveis, proteção de fármacos contra a umidade, calor e oxidação, alteração da
solubilidade e diminuição da volatilização. Este sistema também pode ser aplicado a outras áreas
farmacêuticas, como higiene pessoal, materiais de diagnósticos e componentes de equipamentos
médicos, gráfica, agricultura, indústria de alimentos, produtos domésticos entre outras podem ser
campos de aplicação de micropartículas (Lachman et al., 2001; Donbrow, 1991; Luzzi e Palmieri,
1985).
O processo de microencapsulação envolve basicamente três etapas: formação da camada
que envolve o material ativo, estabilização da cápsula formada e a liberação do conteúdo no
momento desejado a uma taxa de liberação sustentada. Este processo tem a capacidade de
39
preservar o princípio ativo em um estado finamente dividido e liberá-lo conforme a necessidade
(Uhrich et al., 1999)
Existem diversas técnicas para a obtenção das micro e/ou nanopartículas que estão
divididas em três grupos (Tabela 3). Para se obter uma boa escolha entre as técnicas existentes, os
fatores econômicos, a sensibilidade do material do núcleo ao método, o tamanho desejado da
micro/nanopartícula, as propriedades físico-químicas do núcleo e do revestimento e os
mecanismos de liberação (Shahidi e Han, 1993).
Tabela 3: Principais técnicas de obtenção de micro/nanopartículas.
Métodos Físicos
Spray-drying, Spray-Chilling, Spray-Cooling,
Spray-Coating em leito fluidizado, Extrusão, Co-
cristalização, Freeze Drying
Métodos Químicos
Inclusão molecular, Polimerização interfacial
Métodos Físico-químicos
Coacervação (separação em fase aquosa ou em
fase orgânica), Coacervação interfacial, Lipossomas
(Fonte: Shahidi e Han, 1993).
1.7.1 Micro e Nanopartículas
Partículas com tamanho menor que 1 µm são denominadas nanopartículas ou
transportadores coloidais e são capazes de transitar livremente pelos vasos capilares sanguíneos,
sendo que, alguns atravessam as fenestras destes capilares (< 3 µm) podendo levar o princípio
ativo ao seu sítio de ação específico. Lipossomas, nanocápsulas, nanopartículas, microemulsões e
40
complexos de inclusão com ciclodextrinas podem ser considerados como transportadores
coloidais de fármacos (Chouinard et al., 1994; Brigger et al., 2002).
Partículas maiores com diâmetro da ordem de 1 a 5000 µm são denominadas
micropartículas. Os sistemas microparticulados são, na maioria das vezes, constituídos de
matrizes poliméricas, mas também podem ser obtidos utilizando proteínas, ceras ou lipídios
(Muller et al., 1997; Donbrow, 1991).
A denominação de micro e nanopartículas abrange dois tipos de estruturas diferentes:
micro/nanoesferas – o fármaco encontra-se homogeneamente disperso no interior da matriz
polimérica ou cerosa, onde não é possível identificar um núcleo diferenciado e,
micro/nanocápsulas – que constituem sistemas reservatórios, onde se identifica um núcleo
diferenciado (sólido ou líquido). O fármaco encontra-se envolvido por uma membrana (polímero)
isolando o núcleo do meio externo (Figura 4) (Schaffazick e Guterres, 2003; Brigger et al., 2002;
Andréo-Filho e Oliveira, 1999; Chouinard et al, 1994).
Figura 4: Representação esquemática de micro/nanocápsulas e micro/nanoesferas poliméricas: a) Fármaco
dissolvido no núcleo oleoso das micro/nanocápsulas; b) Fármaco adsorvido à parede polimérica das
micro/nanocápsulas; c) Fármaco retido na matriz polimérica das micro/nanoesferas; d) Fármaco adsorvido ou
disperso molecularmente na matriz polimérica das micro/nanoesferas (Fonte: Schaffazick e Guterres, 2003).
Parede
Polimérica
N
úcleo oleoso
Matriz
Polimérica
Fármaco
Fármaco
41
Os fármacos quando encapsulados no interior de partículas poliméricas não estão
prontamente disponíveis para o sistema biológico, pois o polímero tem que se dissolver ou ser
degradado para que o fármaco possa ser liberado, ou então o fármaco tem que se dissolver e/ou se
difundir através da matriz polimérica. Existem três classes de polímeros para a obtenção de
micro/nanopartículas: polímeros solúveis em água, polímeros biodegradáveis e polímeros não-
biodegradáveis. Sistemas contendo polímeros biodegradáveis permite maior controle na liberação
de fármacos (Donbrow, 1991; Dunn, 1991).
O tamanho sub-micrométrico possui inúmeras vantagens como, por exemplo, a
capacidade de penetrar com mais facilidade nos tecidos e células humanas. No entanto, esta
tecnologia apresenta algumas limitações. Não existe, por exemplo, um único processo de
microencapsulação universal que possa ser aplicado a qualquer material ou produto (Lachman et
al., 2001).
1.8 Polímeros
A escolha do polímero para o sistema de liberação controlada é extremamente importante,
pois influência na cinética de liberação do fármaco, estabilidade, toxicidade e na compatibilidade
in vivo (Ré, 2002; Picos et al., 2001; Dunn, 1991). Portanto, a seleção de um polímero adequado
faz com que em grande parte as propriedades físicas e químicas das micropartículas resultantes.
O polímero deve ser capaz de formar um filme que seja coesivo com o material do núcleo e
também, quimicamente compatível. Deve apresentar as propriedades de revestimentos desejadas,
tal como resistência, flexibilidade, impermeabilidade, propriedades ópticas e estabilidade
42
(Lachman et al., 2001). Existem vários polímeros utilizados como revestimento, na preparação de
micro e nanopartículas, como mostra a Tabela 4.
Tabela 4: Alguns materiais de revestimento utilizados na microencapsulação.
Polímeros solúveis em água Polímeros insolúveis em água
Gelatina Etilcelulose
Goma arábica Polietileno
Amido Polimetacrilato
Polivinilpirrolidona Poliamida (nylon)
Carboximetilcelulose Polietilenovinilacetato
Metilcelulose Nitrato de celulose
Hidroetilcelulose Silicones
Galactoarabinose Polilactato-co-glicolato
Álcool polivinílico
Ácido poliacrílico
Fonte: (Lachman et al., 2001).
Polímeros não biodegradáveis como, polietileno e poliuretanos, também podem formar
micro/nanopartículas. Entretanto, as partículas permanecem inalteradas no interior do organismo,
sendo eliminadas pelas fezes em caso de administração oral ou necessitando de remoção cirúrgica
(implantes). Estas partículas são utilizadas quando é necessário que elas permaneçam no
organismo por períodos prolongados, por exemplo, implantes para reposição hormonal (Dunn,
1991).
43
No entanto, sistemas contendo polímeros biodegradáveis precisam sofrer algum tipo de
reação no organismo, como o ácido poliláctico, ácido poliglicólico, poli (hidroxibutirato) e poli
(ε-caprolactona) que sofrem hidrólise terminal causando biodegradação (Figura 5) (Donbrow,
1991; Dunn, 1991).
Muitos são os fatores que podem afetar a degradação desses polímeros, são eles: a)
composição química; b) massa molar e sua dispersão; c) permeabilidade à água e sua
solubilidade; d) mecanismo de hidrólise; e) tipo de estrutura; f) porosidade; g) temperatura de
transição vítrea; h) características físicas (tamanho e forma); i) fatores físico-químicos (pH e
temperatura) e esterilidade (Chandra e Rustgi, 1998; Merkly et al, 1998; Brannon-Peppas, 1997).
a) PGA b) PLA c) PHB
d) PLGA
O
O
n
O
O
n
O
O
n
O
O
O
O
x
y
O
O
44
O
O
n
n
O
O
O
O
H
H
e) PCL
Figura 5: Estrutura química dos poliésteres (Fonte: Uhrich, 1999).
1.8.1 Características de alguns polímeros
PLGA: Os homopolímeros de lactato (PLA) e glicolato (PGA) e seus copolímeros
(PLGA) são disponíveis comercialmente e são aprovados pelo FDA (USA’s Food and Drug
Administration) para a utilização em clínica humana. Possuem temperaturas de transição vítrea
(Tg) entre 36-65ºC e encontram-se no estado vítreo à temperatura ambiente. São polímeros
termoplásticos com baixo ponto de fusão (Tm). O co-polímero PLGA é menos cristalino que os
demais e a cristalinidade diminui conforme a introdução de GA na cadeia polimérica (até 70 %)
(Ré, 2002; Jain, 2000; Merkly et al, 1998).
A velocidade de degradação pode variar de acordo com a estrutura e a composição desses
polímeros. Normalmente, os co-polímeros degradam mais facilmente que os homopolímeros. O
co-polímero PLGA (50:50) degrada mais rapidamente que os demais, cerca de 60 dias. Já o
PLGA (85:15) tem maior tempo de permanência no organismo – 150 dias (Ré, 2002; Jain, 2000).
PCL: Merkli et al. (1998), perceberam a facilidade do ε-caprolactona de sofrer
polimerização por abertura do anel. A identificação do polímero (poli-
ε
-caprolactona) (PCL)
como “biodegradável” surgiu como resultado de estudos de pesquisadores da Union Carbide para
identificar polímeros sintéticos degradáveis por microorganismos no meio ambiente, para uso em
45
embalagens descartáveis e redução de poluição ambiental. O PCL é mais resistente à hidrólise
química e se degrada mais lentamente que o PLGA, sendo, portanto, mais adequado para a
liberação em longo prazo. Quando degradado, o PCL libera o ácido ε-hidroxicapróico que
também é inócuo no organismo, podendo ser absorvido e removido pelo metabolismo (Ré, 2002;
Merkly et al, 1998).
O PCL é um polímero semi-cristalino apresentando uma temperatura de transição vítrea
baixa. A sua cristalinidade varia conforme o seu peso molecular, por exemplo, para pesos
moleculares superiores a 100.000 Da, a cristalinidade é de 40 %, passando para 80 % quando o
peso molecular diminui para 5.000 Da (Ré, 2002).
PHBV: O homopoliéster poli (hidroxibutirato) (PHB) e o co-polímero poli (3-
hidroxibutirato-co-3-valerato) (PHBV) são biocompatíveis e podem ser degradados por
microorganismos, são menos tóxicos, pois não são sintetizados por via química e apresentam
propriedades físicas altamente reprodutíveis. Possuem menor degradabilidade que os homo e
copolímeros de lactato e glicolato devido ao elevado grau de cristalinidade. O ponto de fusão do
homopolímero PHB varia com a massa molar. Ela diminui com a inclusão de unidades de 3HV.
A temperatura de transição vítrea independe da composição do co-polímero, mas é dependente do
histórico térmico. Os co-polímeros de PHB-HV são semicristalinos e com o aumento do
conteúdo de unidades HV é possível melhorar a flexibilidade e maleabilidade do polímero. No
entanto, o PHBV ainda não é aprovado pelo FDA (Ré, 2002; Sudesh et al., 2000; Braunegg et al.,
1998).
A massa molar, cristalinidade, forma, porosidade e o local de implantação são fatores que
interferem na velocidade de degradação sob condições fisiológicas (Hammond e Liggat, 1995). A
viabilidade de polímeros em sistemas de liberação controlada de princípios ativos em aplicações
46
médicas não depende apenas da sua degradabilidade, mas também de sua biocompatibilidade.
Este termo se refere à simultânea aceitabilidade entre o polímero e o ambiente fisiológico, isto é,
o polímero pode ser implantado no tecido sem causar reação inflamatória ou rejeição, além de
não liberar produtos tóxicos para as células (Ré, 2002).
1.8.2 Aplicações das micro/nanopartículas em polímeros
biodegradáveis
A liberação sustentada de derivados do ácido nalidíxico em compostos biodegradáveis
tem sido investigado. Andreopoulos (1995), verificou in vitro, que a liberação desses compostos
em micropartículas de PLA chegou a concentração máxima após quinze dias. Esta concentração
apresentou-se adequada para tratamentos de infecções por patógenos.
Habib et al. (1999) descreveram a formulação e a avaliação de microesferas
biodegradáveis de derivados do ácido nalidíxico para eliminar infecções de bactérias de biofilmes
associadas com problemas ósseos. As microesferas de PLGA com os compostos foram obtidas
pela técnica emulsão/evaporação do solvente. Os efeitos dos parâmetros do processo, tais como:
volume de fase, concentração do estabilizante álcool polivinílico (PVA) e a viscosidade do
polímero durante a eficiência de encapsulação foram investigadas e os resultados indicaram que
várias taxas de liberação desses compostos são possíveis por alterações nas condições de
formulação.
Abazinge et al. (2000) estudaram, tanto in vitro como in vivo, as microesferas preparadas
com o antobiótico através do método de emulsão/evaporação do solvente. In vitro, as
microesferas foram liberadas dentro de um incubador e in vivo foram introduzidas
47
subcutâneamente em ratos. Verificou-se que o tamanho das micropartículas afeta a liberação do
fármaco. Micropartículas com diâmetros de 125 a 425
µ
m liberaram 45 % do fármaco em dois
dias. Neste mesmo período de tempo, micropartículas com diâmetros de 37 a 124 % µm
liberaram 22 % do fármaco. A concentração do antibiótico no plasma dos animais que receberam
o fármaco livre esgotou-se no final do primeiro dia, mas o antibiótico liberado das microesferas
manteve uma concentração de 0,5
µ
g/mL no plasma dos animais por aproximadamente três
semanas. Os resultados mostraram que as microesferas biodegradáveis com o composto podem
ser preparadas para liberar o antibiótico por três semanas.
Bahk et al (2000) estudaram a distribuição de derivados do ácido nalidíxico nos tecidos e
fluídos prostáticos de cães, após injeção prostática de microesferas biodegradáveis contendo 12
mg de fármaco e 28 mg de PLA. Eles verificaram uma concentração de liberação de 7,7
±
3,0
µg/mL nos tecidos prostáticos e, de 2,9 a 6,1 µg/mL nos fluidos prostáticos durante quatro
semanas. Os resultados demonstram que a injeção direta das microesferas biodegradáveis de
liberação sustentada desses compostos dentro da próstata pode ser um substituto de
medicamentos para humanos no tratamento crônico da próstata.
Chawla e Amiji (2002) produziram nanopartículas de PCL encapsulando tamoxifen para
melhorar a quimioterapia do câncer de mama. As nanopartículas apresentaram-se esféricas e com
uma distribuição uniforme (250 – 300 nm).
Baran et al. (2002) produziram microcápsulas de PHBV, com baixa massa molar, pelo
método de dupla emulsão e evaporação do solvente para encapsular enzimas que atuam no
tratamento contra o câncer. Com o aumento da permeabilidade devido as microcápsulas, as
enzimas apresentaram um aumento da atividade antitumoral.
48
A encapsulação dos derivados do ácido nalidíxico em nanopartículas de
polialquilcianoacrilato (PECA) ofereceu muitas vantagens para sua aplicação biológica
aumentando sua biodisponibilidade, controlando o tempo de liberação no sangue e reduzindo a
formação de bactérias. As nanopartículas mostraram um aumento da atividade bacteriana contra
cepas de bactérias padrões da ordem de 10-50 vezes comparados com o fármaco livre (Fresta et
al., 1995). Um estudo similar foi realizado com lipossomas – fosfato ácido diidroxihexadecil
(DP) e com as mesmas cepas. A concentração celular desses compostos encontrada no lipossoma
(~190 nm) foi mais alta do que a apresentada pela nanopartícula de PECA, porém, os valores
referentes ao MIC foram menores quando comparados com os valores apresentados pelas
nanopartículas (Furneri et al., 2000).
1.9 Potencial Zeta
O potencial zeta indica o potencial elétrico (excesso de carga superficial) de superfície das
partículas, o qual é influenciado pelas mudanças na interface com o meio dispersante, em razão
da dissociação de grupos funcionais na superfície da partícula ou da adsorção de espécies iônicas
presentes no meio aquoso. Em módulo, um valor de potencial zeta relativamente alto é
importante para uma boa estabilidade físico-química da suspensão coloidal, pois grandes forças
repulsivas tendem a evitar a agregação em função das colisões ocasionais de partículas
adjacentes, além disso, essa característica de superfície das partículas pode alterar a resposta
biológica do fármaco associado (Schaffazick et al., 2003).
49
1.10 Citotoxicidade
A cultura de células in vitro pode ser usada para a avaliação da toxicidade basal e da
toxicidade em órgãos-alvo. A citotoxicidade pode ser definida como a propriedade de ativação
dos mecanismos de morte celular por um composto químico, ou por uma célula mediadora
(célula T citotóxica). Estes testes in vitro são úteis na determinação da citotoxicidade basal, assim
como no estabelecimento da faixa de concentração na qual o composto apresenta atividade. O
estabelecimento da concentração onde 50 % de células são afetadas (IC
50
) permite comparar
quantitativamente a resposta de um mesmo composto em diferentes sistemas, ou de vários
compostos em um único sistema. Em todos estes testes, as células são cultivadas em placas com
várias concentrações da substância adicionadas ao meio de cultura. Este meio é composto por
soro e nutrientes, fatores de crescimento, e antibióticos sob temperatura adequada. Após um
período de exposição à substância-teste, procedimentos de análise são desenvolvidos, com testes
de citotoxicidade específicos (Eisenbrand et al., 2002).
Os alvos (“endpoints”) celulares dos testes de citotoxicidade são baseados,
principalmente, na perda seletiva da permeabilidade celular, na redução da função mitocondrial e
nas mudanças na morfologia e replicação celular. Cada tipo celular responde por meio de
diversos mecanismos bioquímicos à presença de diferentes compostos. Algumas dessas respostas
são comuns e podem ser utilizadas como marcadores precoces de citotoxicidade, dentre elas a
perda das funções mitocondriais (Eisenbrand et al., 2002).
Portanto, estudos in vitro fornecem importantes ferramentas para ampliar os
conhecimentos sobre os efeitos citotóxicos causados por agentes químicos e para estimar estes
efeitos em humanos. Além disso, a toxicidade é um fator limitante na liberação e consumo de
50
fármacos e, portanto, a análise de toxicidade versus atividade biológica de um composto é
fundamental para determinar sua aplicação estabelecendo-se o índice terapêutico (Freshney,
2000; Melo et al., 2000).
Para uma melhor caracterização da toxicidade de um princípio ativo, diferentes
marcadores de viabilidade celular são utilizados. Entre eles, encontra-se a incorporação do
corante vital vermelho neutro (VN), a redução do sal de tetrazólio (MTT) e a quantificação do
conteúdo de DNA (Corrêa et al., 2005). Ouédraogo et al. (2000) investigaram alguns sítios
celulares envolvidos na toxicidade de quinolonas. Entre esses sítios encontram-se alterações na
mitocôndria e principalmente, lisossomal – que é o maior sítio de localização dos derivados do
ácido nalidíxico.
51
2 Objetivos
2.1 Objetivo geral
Preparação e caracterização de micropartículas com polímeros biodegradáveis e
encapsulamento de um composto antitubercular hidrofílico.
2.2 Objetivos específicos
Preparar micropartículas poliméricas através da metodologia de nanoprecipitação utilizando
os polímeros biodegradáveis PLGA, PCL e o co-polímero PHBV.
Preparar micropartículas poliméricas através da metodologia de dupla emulsão
(água/óleo/água) seguida da evaporação do solvente utilizando os polímeros biodegradáveis
PLGA, PCL e o co-polímero PHBV.
Preparar micropartículas poliméricas através da metodologia de simples emulsão (óleo/água)
seguida da evaporação do solvente utilizando o polímero biodegradável PCL.
Caracterizar as micropartículas quanto ao diâmetro e distribuição, a morfologia e o potencial
zeta.
Verificar o rendimento das micropartículas e a eficiência de encapsulamento.
Verificar a liberação do fármaco livre e encapsulado em célula de fluxo.
52
Realizar o teste antibacteriano com o fármaco livre e encapsulado em cepas de
Staphylococcus aureus (ATTC 6538)
Avaliar a citotoxicidade do fármaco livre e encapsulado em células de hepatócito e V79.
Verificar a biodegradação das micropartículas por microscopia eletrônica de varredura.
53
3 Materiais e Métodos
3.1 Materiais utilizados
Acetona (Synth)
Ácido acético (Chemco)
Ácido clorídrico (Nuclear)
Agitador magnético (Corning)
Agitador mecânico (Marconi)
Agulha (25.10 mm)
Álcool polivinílico (PVA) (Aldrich) MM = 30 a 70 kDa
Antibiótico hidrofílico (Biolab - Brasil)
Aparelho LS Particle Size Analyzer/230 (Beckman Coulter)
Aparelho Malvern Zetasizer
Balança analítica (Mettler AE 200)
Balança semi-analítica (Mettler PJ 4000)
Balões volumétricos
Béqueres
Bomba peristáltica (Ismatec)
Célula de fluxo (Nova Ética)
Centrífuga (Allegra X-22R) (Beckman Coulter)
Cepa Staphylococcus aureus (ATCC 6538)
54
Cloreto de metileno (Synth)
Clorofórmio (Lafan)
Corante Tetrazoliumblue Blue (Fluka AG, Ch-9470 Buchs)
Corante vermelho neutro (Sigma)
Desintegrador (modelo 301 – AC)
Diclorometano (Synth)
Espátula
Espectrofluorímetro (Perkim Elmer LS 55)
Espectrofotômetro (UV-VIS) (Du-640B)
Funil de vidro
Incubadora Orbital (modelo MA 83/A)
Liofilizador LB 3000 TT (Terroni - Fauvel)
Meio de Cultura Tryptic Glucose Yeast Agar (Plate Count Agar) (Biolife Italiana)
Meio DMEM (meio Eagle modificado por Dulbecco) (Nutricell)
Membrana Millipore (0,22 µm)
Microplate reader (Cambridge technology – IMC)
Microscópio Eletrônico de Varredura (Jeol JSM-6360LV )
Monoeleato de sorbitan (Span 80) (Sigma)
Poli (ε-caprolactona) (PCL) (Aldrich) MM = 65 kDa
Poli (lactídeo-co-glicolídeo) (PLGA) (85:15) (Aldrich) MM = 50 a 75 kDa
Poli (hidroxibutirato-co-hidroxivalerato) (PHBV) (PHB Industrial S.A) MM = 92 kDa
55
Pluronic F-68 (Aldrich) MM = 8.400 Da
Polioxietileno de sorbitan monopalmitato (Tween 40) (Sigma)
Polioxietileno de sorbitan monoleato (Tween 80) (Sigma)
Rotaevaporador
Tubos de ensaio de vidro
Ultra-Sônico (Unique)
Ultra Turrax (UK)
56
3.2 Metodologias
3.2.1 Preparação das micropartículas
3.2.1.1 Método de Nanoprecipitação A (Peltonen et al., 2004)
Preparou-se uma fase orgânica dissolvendo 10 mg do antibiótico hidrofílico (AH) em 60
mL de acetona contendo 250 mg de poli (ε-caprolactona) (PCL) ou poli-(lactídeo-co-glicolídeo)
(PLGA) e 1,2 % de monoeleato de sorbitan (Span 80). Já a fase aquosa foi preparada com 1,2 %
de polioxietileno de sorbitan monopalmitato (Tween 40) em 133 mL de água. A fase orgânica foi
adicionada à fase aquosa com o auxílio de um funil sob agitação mecânica de 400 rpm, durante
20 minutos. Após a formação das micropartículas, o solvente foi evaporado em um
rotaevaporador. As micropartículas foram lavadas três vezes com água destilada, centrifugadas a
10.000 rpm (30 min, T= 4º C), congeladas em nitrogênio líquido e liofilizadas.
3.2.1.2 Método de Nanoprecipitação B (Dong e Feng, 2004)
Uma solução contendo 20 mL de acetona, 100 mg de PLGA e 2 mg de AH foi adicionada
com o auxílio de um funil numa fase aquosa contendo 40 mL água e 0,5 % de Pluronic F-68 Da
sob agitação mecânica de 400 rpm, durante 20 minutos. Após este período, o solvente orgânico
foi evaporado em rotaevaporador. As micropartículas foram lavadas três vezes com água
destilada, centrifugadas a 4.000 rpm (30 min, T= 25º C), congeladas em nitrogênio líquido e
liofilizadas.
57
3.2.1.3 Método de dupla emulsão (água/óleo/água) e evaporação do solvente C (Ubrich et
al., 2004)
Uma solução de 50 mg/mL de AH foi emulsificada em uma fase orgânica contendo 10
mL de diclorometano ou clorofórmio e 250 mg de PCL, PLGA ou poli (3-hidroxibutirato-co-3-
hidroxivalerato) (PHBV) sob agitação magnética. Em seguida, esta emulsão foi adicionada em
200 mL de solução aquosa (pH 6.9) com 0,25 % de álcool polivinílico (PVA) sob agitação
mecânica a 460 rpm. (). Após a evaporação do solvente orgânico, as micropartículas foram
lavadas três vezes com água destilada, centrifugadas a 15.000 rpm (30 min, T= 4º C), congeladas
em nitrogênio líquido e liofilizadas. Vários parâmetros nesta metodologia foram alterados, como
pode ser observado na Tabela 5.
58
Tabela 5: Resumo das variações do método C.
Método Fármaco
(mg/mL)
Polímero
(mg/mL)
% Tensoativo
(m/v)
Modo de adição
da 1ª emulsão
Modo de adição da
1ª emulsão na fase
aquosa externa
C1
50 25 0,25 Vertedura Gotejamento
C2
10 25 0,25 Vertedura Gotejamento
C3
10 50 0,25 Vertedura Gotejamento
C4
50 50 0,25 Vertedura Gotejamento
C5
10 50 0,25 Ultrason 60 s Vertedura
C6
10 50 0,25 Ultrason 60 s Gotejamento
C7
- 50 0,25 Vertedura Ultra Turrax
e gotejamento
C8
50 50 0,25 Ultrason 60 s Gotejamento
C9
50 50 0,5 Ultrason 60 s Vertedura
C10
50 50 0,5 Ultrason 60 s Ultra Turrax
Em todas as variações da metodologia C, a formação da 2º emulsão e evaporação do
solvente foi sob agitação mecânica a 460 rpm, com exceção da C10, que a agitação foi sob ultra-
turrax (11.000 rpm) mantido até a total evaporação do solvente orgânico.
3.2.1.4 Método de emulsão simples (óleo/água) e evaporação do solvente D (Habib et al.,
1999).
Foram adicionados 250 mg de AH em uma solução orgânica contendo 8 mL de
diclorometano e 500 mg de PCL sob agitação magnética. Em seguida, esta solução foi adicionada
59
em 25 mL de solução aquosa (pH 6.9) com 2,5 g de álcool polivinílico sob agitação mecânica a
460 rpm. Após a evaporação do solvente orgânico, as micropartículas foram lavadas três vezes
com água deionizada, centrifugadas a 15.000 rpm (30 min, T= 4º C), congeladas em nitrogênio
líquido e liofilizadas.
3.2.2 Caracterização das Micropartículas
3.2.2.1 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
As micropartículas foram caracterizadas quanto à morfologia por microscopia eletrônica
de varredura (MEV). Uma pequena quantidade de micropartículas foi adicionada a um porta-
amostra com fita de carbono e metalizado com Au/Pd por Sputtering (evaporação do metal e
deposição de uma fina camada sobre a amostra) utilizando-se um metalizador BAL-TEC. As
análises foram realizadas em um Microscópio Eletrônico de Varredura (Jeol JSM-6360LV),
utilizando-se uma tensão de aceleração de 20 KV e detectores de elétrons secundários e elétrons
retroespalhados.
3.2.2.2 Potencial Zeta
A carga superficial das partículas foi analisada pelo equipamento Malvern Zetasizer. As
micropartículas foram ressuspensas em solução de 1 mmol.L
-1
de NaCl e cada amostra foi
medida 5 vezes (Maia et al., 2004).
60
3.2.2.3 Tamanho médio e distribuição de tamanho das partículas
A distribuição do tamanho das partículas foi determinada em aparelho LS Particle Size
Analyzer/230 (Beckman Coulter), que opera pelo princípio de difração de raios laser. Uma
pequena quantidade de partículas foi dispersa em Tween 80 com água destilada e analisada. O
perfil de polidispersidade (diâmetro médio e dispersão em diâmetro) foi calculado pelo índice
span, o qual foi calculado através da equação:
D
0,9
– D
0,1
/ D
0,5
,
onde D
0,1
, D
0,5
e D
0,9
são respectivamente os diâmetros de partículas referentes a 10, 50 e 90 %
da distribuição acumulada (Maia et al., 2004).
3.2.3 Atividade antimicrobiana do Antibiótico Hidrofílico
A atividade do antibiótico hidrofílico foi avaliada pelo método da concentração mínima
inibitória (MIC), observando-se a formação do halo de inibição (Pranoto et al., 2005). A
atividade do AH foi avaliada em meio sólido em cepas de Staphylococcus aureus (ATCC 6538).
As vidrarias e o meio de cultura de Plante Count Agar foram esterilizados a 121º C por 30
minutos. Após o resfriamento do meio, adicionou-se o marcador respirométrico Tetrazoliumblue
na concentração de 20 mg/L. Em capela de fluxo laminar foram preparadas as placas, vertendo os
meios e inoculando a bactéria. Com o meio a aproximadamente 40º C, foi inoculado 3,0 x 10
3
UFC/mL de S. aureus e realizado a completa homogeneização da amostra. Após a solidificação
do Agar, foram feitos dois poços por placa com pipeta invertida na placa de cultura. As unidades
formadoras de colônias (UFC) foram determinadas por diluição sucessiva e plaqueamento. As
61
amostras foram feitas em duplicata. Adicionou-se em cada poço 100 µL de solução do fármaco
livre e encapsulado em micropartículas de PCL na concentração de 0,5 µg/mL (MIC). Após a
adição do fármaco, as placas foram incubadas em estufa bacteriológica a 37° C por 24 horas.
Após este período, mediu-se o halo de inibição por régua milimétrica.
3.2.4 Eficiência de encapsulamento e rendimento das micropartículas
A determinação da eficiência de encapsulamento foi determinada por
Espectrofluorimetria (Perkin Elmer LS 55) (fendas 5,0 nm e velocidade de varredura de 1.500
nm/min). Uma solução aquosa (pH = 4.0) contendo 1,0
µ
g/mL de AH foi preparada. A partir
desta solução foram feitas sucessivas diluições numa faixa de 1,0 µg/mL a 0,1 µg/mL. O
comprimento de onda utilizado foi
λ
ex
= 292 nm (González et al., 2000). Em 3 mL de solução
aquosa, 30 mg de micropartículas de PCL contendo o antibiótico hidrofílico foram dispersas e
agitadas manualmente. Em seguida, uma alíquota de 2 mL de cada amostra contendo o fármaco
foi coletada e analisada no espectrofluorímetro.
O rendimento das micropartículas foi calculado através da equação (Govender et al.,
1999):
R (%) = massa da micropartícula recuperada ____
x 100
massa do polímero + massa do fármaco utilizado na formulação
62
3.2.5 Avaliação da liberação sustentada do fármaco
A determinação da liberação sustentada do antibiótico hidrofílico (AH) encapsulado foi
analisada por Espectrofotometria UV-VIS (Hitachi). O meio de dissolução foi tampão fosfato 50
mmol/L (pH 7,4). Uma curva analítica foi construída preparando-se uma solução contendo 1
mg/mL de AH e a partir desta solução foram feitas sucessivas diluições numa faixa de 10 µg/mL
a 1
µ
g/mL. No estudo da liberação do fármaco encapsulado foi adicionado 150 mg de
micropartículas contendo 0,104 mg de AH numa célula de fluxo (Figura 6 A). A mesma
quantidade de antibiótico hidrofílico livre foi adicionada na célula de fluxo para o estudo da
dissolução do fármaco livre. As alíquotas foram analisadas no comprimento de onda
λ
= 283 nm
(Obach, 2002).
O estudo da liberação sustentada do AH encapsulado foi realizado em célula de fluxo que
consiste de células de vidro de diâmetro interno de 1,8 cm conectadas a uma bomba peristáltica
através de cânulas de silicone (Figura 6 B). O meio de dissolução e as células de vidro foram
mantidos em banho termostatizado a 37 ° C. Membranas de fibra de vidro (AP25, Millipore) com
poros entre 300 e 1000 µm foram acopladas as células de vidro, a fim de impedir a passagem de
adjuvantes, para a alíquota a ser coletada. O fluxo de meio de dissolução foi de 1 mL/min e foram
coletadas alíquotas, em provetas, de tempo em tempo a analisadas por UV-VIS.
63
A B
Figura 6: Fotografia da célula de fluxo: células de vidro conectadas a uma bomba peristáltica através de cânulas de
silicone.
3.2.6 Avaliação da citotoxicidade
3.2.6.1 Preparo das culturas de células V79
As células utilizadas nos experimentos eram do tipo fibroblástico, da linhagem
estabelecida em cultura V79 clone M-8, oriunda de pulmão de Hamster Chinês (Cricetulus
griseus). Os fibroblastos foram mantidos em cultura contínua em garrafas para cultura de 25 cm
2
(TPP, Techno Plastic Products AG, Trasadingen, Switzerland) através de repiques periódicos até
atingirem a densidade de confluência. O cultivo foi realizado em meio DMEM suplementado
com 10 % de soro fetal bovino (Nutricell), 100 UI/mL de penicilina, e 100 µg/mL de sulfato de
estreptomicina (Nutricell). A incubação foi realizada em estufa a 37 ºC sob atmosfera úmida e
contendo 5 % de CO
2
(Melo et al., 2000).
Nos diferentes ensaios de citotoxicidade que avaliam a viabilidade celular, o
plaqueamento foi realizado utilizando-se placas de 24 cavidades (IWAKI, Asahi Techno Glass,
Co., Funabasi, Japan), plaqueando-se 3 x 10
4
células/mL em cada cavidade (100 µL/cavidade)
seguido de incubação a 37 ºC por 48 horas. O meio foi retirado 48 horas após o plaqueamento das
64
células e as culturas foram expostas durante 24 horas ao meio DMEM suplementado contendo
diferentes concentrações do antibiótico hidrofílico livre e do AH veiculado nas micropartículas
de PCL. Após 24 horas de tratamento, as culturas foram processadas de acordo com os protocolos
específicos dos testes para determinação do conteúdo de ácidos nucléicos, incorporação do
vermelho neutro e redução do MTT (Corrêa et al., 2005).
3.2.6.2 Preparo das culturas de células de hepatócitos
Os hepatócitos foram extraídos de fígado de ratos machos Wistar (200 - 250 g) usando a
técnica de perfusão em duas etapas (Guguen-Guillouzo et al., 1986) com algumas modificações.
Os ratos foram anestesiados com hidrato de cloral 15 % (1,5 mL por via intraperitoneal) e
posteriormente o fígado foi perfundido com tampão Hanks por 20 minutos a 25 mL/min e
posteriormente com o mesmo tampão contendo colagenase 0,05 % e cloreto de cálcio 1 mM por
20 minutos a 15 mL/min. Os hepatócitos descolados por ação da colagenase foram ressuspensos
em meio de DMEM suplementado com 50 UI/mL de sulfato de estreptomicina, 50 µg/mL de
penicilina, 0,2 % de albumina bovina, 0,1 UI/mL de insulina bovina, 10
-6
M de dexametasona, 1
% de DMSO (dimetilsulfóxido) e 10 % de soro fetal bovino. Foram plaqueadas 6 x 10
5
células
viáveis/mL (viabilidade avaliada pelo teste de exclusão do Azul Tripan) em placas de cultura
com 24 cavidades.
As células foram incubadas à 37 ºC sob atmosfera de 5 % de CO
2
por 4 horas para que se
aderissem nas placas. Após 4 horas de incubação o meio foi trocado para remoção das células que
não aderiram e posteriormente foi adicionado meio DMEM, semelhante ao inicial com exceção
do soro fetal bovino, contendo diferentes concentrações do antibiótico hidrofílico livre e do AH
veiculado nas micropartículas de PCL, sendo as células novamente incubadas a 37 ºC em 5 % de
65
CO
2
até completar às 24 horas de cultivo, tempo equivalente a 20 horas de tratamento. Após este
período de incubação o meio foi retirado e em seguida as culturas foram processadas de acordo
com os protocolos específicos para os testes de determinação do conteúdo de ácidos nucléicos,
incorporação do vermelho neutro e redução do MTT (Corrêa et al., 2005).
3.2.6.3 Tratamento das células
As células foram tratadas com soluções de antibiótico hidrofílico em meio DMEM nas
concentrações de 300 e 400 mMol/L. Em cada poço da placa foram adicionados 100 µl de
solução do fármaco hidrofílico quinolônico.
3.2.6.4 Ensaio de Vermelho Neutro (análise da integridade da membrana lisossomal)
O teste de incorporação do vermelho neutro foi realizado de acordo com o método de
Borenfreund & Puerner (1984). Após os tempos de tratamento de cada célula o meio de cultura
foi trocado por meio DMEM puro contendo 50 µg/mL de vermelho neutro, sendo as células
incubadas novamente por 4 horas a 37 ºC. Após incubação o meio com vermelho neutro foi
retirado e as células foram lavadas duas vezes com PBS- Ca
++
para retirada do excesso de corante
não incorporado pelos lisossomos. A cada cavidade foram adicionados 100 µL de solução aquosa
contendo 1 % de ácido acético glacial e 50 % de etanol para fixar as células e extrair o vermelho
neutro incorporado nos lisossomas. As placas foram agitadas por 20 minutos em um agitador de
placas e as absorbâncias das soluções foram lidas a 540 nm em um Microplate Reader (Cambrige
technology –IMC).
66
3.2.6.5 Ensaio do MTT (análise da quantificação de células viáveis)
O meio de cultura com antibiótico hidrofílico foi removido e trocado por outro sem soro
contendo o corante brometo de [3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5 difeniltetrazólio] (MTT) (1
mg/mL), e as células foram incubadas durante 4 horas, tempo necessário para a redução
acontecer. O meio foi retirado cuidadosamente e foi adicionado 1 mL de etanol para solubilização
do formazan (composto formado pela redução do sal de tetrazólio, capaz de demonstrar enzimas
oxidativas presentes nas células). As placas foram agitadas por 5 minutos em um agitador de
placas e a absorbância das soluções foram lidas em um Microplate reader (Cambrige technology
–IMC) a 570 nm (Denizot e Lang, 1986).
3.2.6.5 Ensaio do Conteúdo de Ácidos Nucléicos (AN)
O número de células nas cavidades controles e tratadas foram estimados através da
quantificação dos ácidos nucléicos conforme Cingi et al. (1991). Após os tempos de tratamento
de cada célula o meio foi retirado e as células foram lavadas duas vezes com tampão PBS-Ca
++
e
duas vezes com etanol (todas as soluções geladas), secas ao ar e lisadas com NaOH 500 mM (100
µL/cavidade, 1 hora a 37 ºC). A absorbância da fração NaOH a 260 nm (UV-visible DU
®
640B
Spectrophotometer, Beckman Instruments, Inc., Fullerton, CA, USA) foi utilizada como índice
do número de células e os resultados foram expressos com porcentagem da absorbância das
células não tratadas.
67
3.2.7 Avaliação da biodegradação das micropartículas poliméricas
Para a avaliação da degradação das micropartículas poliméricas de PCL e PLGA, foram
preparadas amostras contendo 25 mg de micropartículas que foram adicionadas em 4 mL de uma
solução 50 mM de tampão fosfato (pH = 7,4). Em seguida, elas foram acondicionadas numa
incubadora (37 º C) sob agitação constante de 120 rpm durante 30 dias. Entre intervalos de dias,
as amostras foram retiradas e centrifugadas (2 x 4500 rpm). Após as lavagens, as amostras foram
colocadas sobre um porta amostra para serem analisadas quanto à morfologia da superfície
polimérica por microscopia eletrônica de varredura (MEV) (Chen et al., 1999).
68
4 Resultados e Discussões
4.1 Métodos de preparação
As micropartículas foram preparadas por diferentes metodologias e alguns parâmetros
foram modificados (conforme descritos na página 60). Como por exemplo, a influência do
tensoativo, a influência da quantidade de polímero e do fármaco, a influência do modo de adição
da primeira emulsão na fase aquosa externa e a influência da agitação, que serão discutidos
posteriormente. Os polímeros biodegradáveis utilizados foram o poli-(lactídeo-co-glicolídeo),
poli-(3-hidroxibutirato-co-3-hidroxivalerato) e o poli-(ε-caprolactona). Os tensoativos utilizados
foram: o álcool polivinílico (PVA), o Pluronic F-68, o monoeleato de sorbitan (Span 80) e o
polioxietileno de sorbitan monopalmitato (Tween 40).
4.1.1 Método de nanoprecipitação
Com a metodologia de nanoprecipitação (A) (Peltonem et al., 2004), descrita
anteriormente, utilizando PCL, o antibiótico hidrofílico, Span 80 e Tween 40, não se obteve
micropartículas mas apenas um aglomerado de polímero, como mostra as micrografias da Figura
7. Este aglomerado foi verificado na etapa de centrifugação (3 x 10.000 rpm, 30 min, 4º C) onde,
observou-se no fundo do tubo um aglomerado de difícil redispersão.
69
A B C
Figura 7: Micrografias de micropartículas de PCL (método de nanoprecipitação,
A): 250 mg de PCL, 10 mg de AH
e 1,2 % de Span 80 e 1,2 % Tween 40. Aumento de: A) x 7500, B) x 5000, C) x 1800.
Uma vez que, com a metodologia A não se obteve micropartículas, outra metodologia foi
testada com outro tensoativo de acordo com Dong e Feng (2004). Nesta metodologia
(metodologia B) qual foram utilizados PLGA, o antibiótico hidrofílico e Pluronic F-68,
novamente não houve formação das micropartículas, como pode ser observado na Figura 8. Por
este motivo, outros métodos foram testados, como mostrados a seguir.
A B C
Figura 8: Micrografias de micropartículas de PLGA (método B): 100 mg de PLGA, 2 mg de AH e 0,25 % de
Pluronic F-68. Aumento de: A) x 180, B) x 270 e C) x 1300.
70
4.1.2 Método de dupla emulsão (água/óleo/água) e evaporação do solvente
De acordo com Lamprecht et al. (2000), a metodologia de dupla emulsão (a/o/a) seguida
da evaporação do solvente é a mais apropriada para encapsular fármacos hidrofílicos e proteínas
dentro de micro e nanopartículas. Diversos experimentos e modificações em alguns parâmetros
foram realizados como descritos anteriormente na metodologia C (Ubrich et al., 2004). Diferentes
polímeros foram testados com o intuito de escolher o melhor polímero na preparação de
micropartículas.
Inicialmente, testou-se o polímero PLGA e o antibiótico hidrofílico. Através da análise
por MEV, observou-se que as micropartículas com o AH ficaram agregadas (Figura 9 A) e
apresentaram adesão capilar (interação de maior energia entre duas superfícies) (Figura 9 B). O
tamanho médio medido por MEV das micropartículas foi de 28 µm. No entanto, as
micropartículas sem o fármaco não ficaram agregadas e o diâmetro médio medido por MEV foi
de 25 µm (Figura 9 C). Em ambas amostras o rendimento das micropartículas de PLGA foi de 45
% apresentando superfície lisa e morfologia esférica.
A B C
Figura 9:
Micrografias das micropartículas de PLGA (método C1): 250 mg de PLGA e 0,25 % de PVA. Aumento
de: A) Com 50 mg de AH x 140, B) Com 50 mg de AH x 500 e C) Sem AH x 500.
71
Outro polímero testado foi o PHBV. As micropartículas de PHBV com o antibiótico
hidrofílico encapsulado, diferentemente das micropartículas de PLGA, apresentaram uma
superfície rugosa (Figura 10 A). Além disso, as micropartículas de PHBV apresentaram uma
morfologia esférica e não se observou a presença de aglomerados (Figura 10 B) sendo uma
vantagem em relação ao uso do polímero PLGA. O tamanho medido por MEV das
micropartículas foi entre 20 - 50 µm e o rendimento foi de 35 %.
A B
Figura 10:
Micrografias das micropartículas de PHBV (método C1): 250 mg de PHBV, 50 mg de AH e 0,25 %
PVA. Aumento de: A) x 1200 e B) x 300.
Quando o polímero PCL foi utilizado, micropartículas sem fármaco encapsulado foram
obtidos e apresentaram uma superfície lisa e morfologia esférica (Figura 11 A e B). O tamanho
das micropartículas medido por MEV foi entre 40 – 60 µm e o rendimento foi de 37 %. Por outro
lado, as micropartículas com o AH, formaram esferas deformadas (Figura 11 C), o tamanho
medido por MEV foi entre 30 – 60 µm e o rendimento foi de 56 %. As micropartículas, também,
estavam agregadas apresentando adesão capilar (Figura 11 D).
72
A B
C D
Figura 11:
Micrografias das micropartículas de PCL (método C1): 250 de mg PCL e 0,25 % de PVA. Aumento de:
A) Sem AH x 1500, B) Sem AH x 330, C) Com 50 mg de AH x 2000 e D) Com 50 mg de AH x 500.
4.1.2.1 Problemas no processo de liofilização
O processo de liofilização é utilizado para a secagem de dispersão de micropartículas
sendo a última etapa na preparação. Neste processo, a amostra é congelada em nitrogênio líquido
e em seguida a água é removida através do processo de sublimação. Ansel et al. (2000)
descreveram que qualquer alteração durante a liofilização pode afetar diretamente a formação das
micropartículas e que, neste processo, o congelamento e o descongelamento da amostra durante a
liofilização podem causar irregularidades nas partículas. Nos experimentos em que o liofilizador
apresentou problemas, descongelando e congelando novamente as amostras, o rendimento das
73
micropartículas diminuiu para 3 %, obteve-se micropartículas maiores (300 – 500 µm) e
deformações na superfície foram observadas como mostram as micrografias da Figura 12.
A B C
Figura 12: Micrografias das micropartículas de PLGA preparadas com 250 mg de PLGA, 50 mg de AH e 0,25 % de
PVA (método C1). Aumento de: A) x 180, B) x 200 e C) x 330.
Micropartículas utilizando os polímeros PLGA, PHBV e PCL foram obtidos pela
metodologia de dupla emulsão e evaporação de solvente. Entretanto, foi escolhido apenas um dos
polímeros para dar continuidade aos experimentos deste trabalho. O polímero escolhido foi o
PCL por ter um custo menor do que o PLGA, por ser aprovado pelo FDA (Food and Drug
Administration) e os resultados foram mais encorajadores. O polímero PHBV apesar de ter um
custo menor do que o PCL este não é aprovado pelo FDA sendo, portanto, não utilizado na
continuidade do trabalho.
4.1.2.2 Estudo da influência do tensoativo
Foram testados dois tensoativos, o PVA e o Pluronic F-68. Quando foi utilizado o
tensoativo Pluronic F-68 com PCL e o antibiótico hidrofílico (método C2), na qual, foram
observadas poucas micropartículas sendo que estas se apresentavam aglomeradas. Além disto,
74
muito resíduo foi observado nesta preparação que, possivelmente, seja resíduo de Pluronic F-68
(Figura 13 A). Após a centrifugação, o precipitado formava uma “camada” grossa de resíduo no
fundo do tubo de centrifugação, dificultando a lavagem das partículas. No entanto, quando foi
utilizado o tensoativo PVA as micropartículas obtidas apresentaram morfologia esférica e menos
resíduos entre as micropartículas quando comparado com o Pluronic F-68 (Figura 13 B). Este
fato pode ter ocorrido, provavelmente, devido à influência das características do solvente
orgânico com o tensoativo como, por exemplo, a polaridade, que pode afetar a quantidade de
tensoativo adsorvido na interface orgânica/aquosa (Sahoo et al., 2002). Nesta preparação
utilizando o tensoativo PVA, o rendimento foi de 45 % e as partículas tiveram um tamanho
médio medido por MEV de 20 a 55
µ
m. Quando aumentamos a quantidade do tensoativo PVA
(método C9) (Figura 13 C), observou-se que as micropartículas ficaram menos aglomeradas e o
rendimento das MP aumentou para 60 %. Com base nestes resultados foi utilizado apenas o
tensoativo PVA nas demais preparações das micropartículas.
A B C
Figura 13: Micrografias das micropartículas de 250 mg de PCL, 10 mg de AH (método C2). Aumento de: A) Com
0,25 % de Pluronic x 1600, B) Com 0,25 % de PVA x 500 e C) Com 500 mg de PCL, 50 mg de AH e 0,5 % PVA x
500.
75
4.1.2.3 Estudo da influência da quantidade do polímero e do fármaco
Com o objetivo de aumentar o rendimento das preparações foram alteradas as quantidades
adicionadas do polímero e do antibiótico hidrofílico. Quando a quantidade do polímero PCL foi
aumentada em 2 vezes (Figura 14 A) seguindo a metodologia C3, as micropartículas com o AH
apresentaram um tamanho médio medido por MEV entre 20 - 50 µm e um rendimento de 45 %,
não mostrando uma diferença significativa em relação ao tamanho médio apresentado pela outra
metodologia (comparado com a Figura 13 B). No entanto, a superfície das esferas apresentou
pequenos poros (Figura 14 A). Estes poros observados na superfície das micropartículas podem
influenciar na taxa de liberação do fármaco, fazendo com que este seja liberado mais rapidamente
das micropartículas poliméricas. Sendo assim, este resultado demonstra a possibilidade no
controle da liberação do fármaco.
Quando a quantidade do fármaco foi aumentada em 5 vezes (metodologia C1) o
rendimento da preparação aumentou para 56 % demonstrando uma influência da quantidade do
fármaco no rendimento. A Figura 14 B mostra as micropartículas obtidas neste experimento.
O aumento simultâneo da quantidade de polímero e do fármaco, de 250 mg para 500 mg e
de 10 mg para 50 mg, aumentou o rendimento da preparação da metodologia C4 para 78 %. As
micropartículas da metodologia C4 apresentaram-se um pouco aglomeradas e com adesão capilar
(Figura 14 C) e o tamanho médio, medido por MEV, foi entre 30 - 60 µm. Com o aumento das
concentrações do polímero e do fármaco, o rendimento das preparações aumentou,
provavelmente, devido ao aumento das massas utilizadas no método sendo por isto utilizado nos
demais experimentos 500 mg de PCL e 50 mg de AH.
76
A B C
Figura 14: Micrografias das micropartículas de PCL preparadas com 0,25 % PVA e: Aumento de: A) 500 mg de
PCL e 10 mg de AH x 330 e B) 250 mg de PCL e 50 mg de AH x 180, C) 500 mg de PCL e 50 mg de AH x 200.
4.1.2.4 Estudo da influência do modo de adição
Duas formas de adição da primeira emulsão na fase aquosa externa com PVA (0,25 %)
foram testadas. Quando a primeira emulsão (sonicada por 60 s) foi gotejada na fase aquosa
externa para formar a segunda emulsão (metodologia C6) micropartículas poliméricas com o
antibiótico hidrofílico foram obtidas (Figura 15 A) e apresentaram um tamanho médio, medido
por MEV, entre 20 a 50 µm e um rendimento de 66 %. Quando a primeira emulsão (sonicada por
60 s) foi vertida na fase aquosa externa (metodologia C5), não foi observada diferença
significativa no tamanho das micropartículas (13 a 50 µm), entretanto, as partículas
apresentaram-se mais aglomeradas (Figura 15 B) e o rendimento foi de 50 %. Portanto, para este
método de dupla emulsão e evaporação de solvente orgânico a melhor maneira de adição da
primeira emulsão na fase aquosa externa foi por gotejamento.
77
A B
Figura 15: Micrografias das micropartículas de 500 mg de PCL e 0,25 % de PVA, quando a primeira emulsão foi.
Aumento de: A) Gotejada na fase aquosa externa x 350 e B) Vertida na fase aquosa externa x 300.
4.1.2.5 Estudo da influência da agitação
A velocidade e o tipo de agitação são fatores que influenciam na formação das
micropartículas. Foram testados dois tipos de agitação, utilizando sonicação por sonda e ultra
turrax (Figura 16 A e B) na formação da primeira emulsão. Utilizando a agitação por sonicação
por sonda durante 60 s na formação da primeira emulsão obteve-se micropartículas de PCL com
(Figura 17 A) e sem o fármaco (Figura 17 B). Estas ficaram aglomeradas e apresentaram adesão
capilar e o tamanho médio, medido por MEV, para as micropartículas de PCL com o antibiótico
hidrofílico foi entre 13 a 50 µm e sem o AH foi entre 10 a 40 µm. O rendimento destas
preparações foi de 50 %. Quando se aumentou a quantidade de polímero e AH, as micropartículas
formadas tiveram tamanho médio medido por MEV entre 20 a 80 µm (Figura 17 C) e o
rendimento foi de 68 %, apresentando, portanto, um aumento no tamanho e no rendimento das
micropartículas.
78
A B
Figura 16:
Fotografia do aparelho Ultra turrax.
A B C
Figura 17: Micrografias das micropartículas de 500 mg de PCL e 0,25 % PVA, utilizando agitação por sonicação
por sonda. Aumento de: A) Com 10 mg de AH x 300, B) Sem AH x 350 e C) Com 50 mg de AH x 100.
Quando foi utilizada a agitação em ultra turrax (11.000 rpm) por 5 minutos na formação
da primeira emulsão (metodologia C7) foram obtidas micropartículas de PCL sem o AH com
tamanho médio, medido por MEV, entre 30 a 60 µm (Figura 18 A) não apresentando diferença
significativa no tamanho médio das micropartículas em relação à agitação por sonicação por
sonda. Porém, a morfologia das MP foi alterada, ou seja, apresentaram-se como esferas
deformadas (Figura 18 B). Esta deformação pode ter sido causada pela alta velocidade de
79
agitação (11.000 rpm). O rendimento da preparação aumentou para 76 % demonstrando uma
influencia da agitação no rendimento de formação das partículas.
A B
Figura 18: Micrografias das micropartículas de 500 mg de PCL sem o AH e 0,25 % de PVA, utilizando agitação em
ultra turrax. Aumento de: A) x 350 e B) x 100.
Adicionalmente, quando a quantidade de PVA foi aumentada (médodos C9 e C10) as
micropartículas de PCL apresentaram tamanho médio, medido por MEV, entre 8 a 30
µ
m (Figura
19 B) e um rendimento de 80 % (Figura 19 A). Desta forma, a agitação em ultra turrax foi melhor
do que a agitação em ultrason.
A B
Figura 19: Micrografias das micropartículas de 500 mg de PCL sem o AH e 0,25 % de PVA, utilizando agitação em
ultra turrax. Aumento de: A) Método C9 x 1000 e B) Método C10 x 100.
80
Na tentativa de aumentar a eficiência de encapsulamento do fármaco hidrofílico (AH), o
método de emulsão simples (o/a) e evaporação do solvente (método D) foi avaliado. As
micropartículas de PCL com antibiótico produzidas apresentaram superfície lisa e esférica
(Figura 20). O tamanho médio medido por MEV foi de 860 nm a 3,52 µm e o rendimento foi de
aproximadamente 35 %. Por esta metodologia, as micropartículas apresentaram uma diminuição
no tamanho médio e uma boa polidispersidade (índice de span <2). Entretanto, não houve um
aumento significativo na eficiência de encapsulamento. A metodologia de simples emulsão e
evaporação do solvente é mais citada na literatura para encapsular fármacos lipofílicos (Pérez et
al., 2000).
A B C
Figura 20. Micrografias das micropartículas de 500 mg de PCL, 250 mg de AH e 2.5 g de PVA (método de emulsão
simples (o/a). Aumento de: A) x 1.500, B) x 3.000 e C) x 10.000.
4.2 Potencial Zeta
De acordo com Soppimath et al. (2001), o valor do potencial zeta pode ser positivo ou
negativo dependendo da natureza do polímero utilizado ou do material usado para modificar a
81
superfície da partícula. Na determinação do potencial zeta, verificou-se que independentemente
do polímero utilizado, as partículas apresentaram carga negativa e, a adição do antibiótico
hidrofílico, tornou essas partículas, menos negativas, como mostra a Tabela 6.
Tabela 6: Potencial Zeta.
Metodologia Potencial Zeta (mV) SD
C1 com PLGA, sem fármaco (a/o/a) -3,9 0,24
C1 com PLGA e fármaco (a/o/a) -5,8 0,19
C1 com PHBV, sem fármaco (a/o/a) -5,7 0,71
C1 com PHBV e fármaco (a/o/a) -12,4 2,11
C1 com PCL, sem fármaco (a/o/a) -7,1 0,91
C1 com PCL e fármaco (a/o/a) -7.8 0,58
C2 com PCL e fármaco (a/o/a) -2,1 0,44
C3 com PCL, sem fármaco (a/o/a) -4,2 0,61
C3 com PCL e fármaco (a/o/a) -5.4 0,89
C5 com PCL, sem fármaco (a/o/a) -4,2 0,56
C5 com PCL e com fármaco (a/o/a) -4.8 0,45
C6 com PCL e com fármaco (a/o/a) -4,0 1,10
C10 com PCL e com fármaco (a/o/a) -4,2 0,59
D com PCL e com fármaco (o/a)
-5,1 0,18
82
4.3 Tamanho médio e distribuição do tamanho das partículas
O tamanho médio das micropartículas obtidas por diferentes métodos foi medido pelo LS
Particle Size Analyzer e, de um modo geral, as partículas apresentaram baixa polidispersidade
(índice de span < 2) como mostra a Tabela 7. Nesta Tabela observa-se que a encapsulação do
fármaco AH com os polímeros PLGA e PHBV aumentou o tamanho das micropartículas de 26,84
± 3,12 para 26,94 ± 1,82 e de 35,25 ± 1,82 para 35,84 ± 2,07, respectivamente. Quando o
fármaco foi encapsulado com PCL (C5), as micropartículas apresentaram uma redução no
diâmetro de 34,17 ± 2,76 para 27,68 ± 3,48. No entanto, quando o ultra-turrax (11.000 rpm) foi
utilizado, conforme a metodologia C10, o diâmetro das micropartículas de PCL diminuiu para
2,52 ± 1,89, sugerindo, portanto, que o aumento da velocidade de agitação pode diminuir o
tamanho médio das micropartículas poliméricas. O diâmetro das micropartículas formadas,
conforme a metodologia D (o/a), foi de 2,52 ± 1,89 (sem o fármaco) e de 2,54 ± 1,95 com o
fármaco encapsulado.
83
Tabela 7: Diâmetro médio e índice de polidispersidade das micropartículas.
Metodologia D
10
D
50
D
90
Estimativa do
Desvio Padrão
(SD)
Índice de
Span
C1 com PLGA,
sem AH
3,24 26,84 52,50 3,12 1,83
C1 com PLGA e
AH
4,58 26,94 35,66 2,49 1,15
C1 com PHBV,
sem AH
21,89 35,25 50,29 1,82 0,80
C1 com PHBV e
AH
12,43 35,84 62,73 2,07 1,40
C3 com PCL e
AH
2,61 31,60 57,71 19,56 1,74
C5 com PCL,
sem AH
15,19 34,17 48,50 2,76 0,97
C5 com PCL e
AH
4,62 27,68 39,86 3,48 1,27
C8 com PCL,
sem fármaco
6,84 47,66 76,86 3,42 1,46
C10 com PCL,
sem fármaco
29.91 81.20 118.3 2.57 1.08
D com PCL, sem
fármaco
0,99 2,52 5,28 1,89 1,70
D com PCL e AH 1,11 2,54 5,76 1,95 1,83
84
4.4 Eficiência de Encapsulamento
Para o cálculo da eficiência de encapsulamento foi necessário a construção de uma curva
analítica de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária , na qual, a curva analítica
deve apresentar coeficiente de correlação r > 0,99 e precisão 2 % (Anvisa, 2003) Portanto, o
método de Espectrofluorimetria foi realizado e a curva analítica está representada na Figura 21. A
equação da reta obtida para a curva nas concentrações de 0,1 µg/mL a 1 µg/mL, diluídas a partir
de uma solução aquosa (pH = 4.0) contendo 1,0 µg/mL de AH foi y = 15,7 + 620,3x (µg/mL), o
coeficiente de determinação foi r
2
= 0,991.
Figura 21: Curva analítica para a determinação da eficiência de encapsulamento do AH por Espectrofluorimetria
(
λ
= 292 nm).
.
A determinação da eficiência de encapsulamento através do método de
espectrofluorimetria é muito simples, sensível e exato (Hesham, 2005). Através desta curva de
calibração, foram medidas as eficiências de encapsulamento do antibiótico hidrofílico nas
micropartículas preparadas pelo método de dupla emulsão (a/o/a) (C1 a C10) e emulsão simples
(o/w) (D). A eficiência de encapsulamento em todos os experimentos foi de aproximadamente 2
%, portanto, as alterações no método de dupla emulsão (a/o/a) seguida da evaporação do solvente
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
0
100
200
300
400
Intensidade de fluorescência relativa
Concentração (µg/mL)
85
não influenciaram significativamente na eficiência de encapsulamento. Altas eficiências de
encapsulamento de fármacos hidrofílicos em micro/nanopartículas são difíceis de obter, pois,
podem facilmente passar para a fase externa, não permanecendo no interior das partículas. Essa
passagem pode ocorre devido às interações fracas entre o polímero e o fármaco (Peltonen et al.,
2004). E a metodologia de simples emulsão (o/a) seguida da evaporação do solvente mostrou-se
viável para diminuir o diâmetro das micropartículas poliméricas, mas também, não foi eficaz no
aumento da eficiência de encapsulamento do fármaco.
4.5 Liberação sustentada do fármaco encapsulado
Para o estudo da liberação do fármaco encapsulado, outra curva analítica foi construída
(Figura 22), pois o meio de liberação foi em tampão fosfato (pH 7,4). A partir de uma solução 50
mM de tampão fosfato (pH = 7,4) foram feitas as diluições nas concentrações de 1
µ
g/mL a 10
µg/mL. A equação da reta foi y = -0,026 + 56,19x (µg/mL) e o coeficiente de correlação foi r
2
=
0,9965.
Figura 22: Curva analítica para a determinação da liberação sustentada do AH por UV-VIS (
λ
= 283 nm).
0246810
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Absorbância
Concentração (µg/mL)
86
O perfil de liberação do antibiótico hidrofílico encapsulado (metodologia C8) e da
dissolução do fármaco livre foi realizada em célula de fluxo e, a porcentagem liberada foi
calculada através da curva analítica acima. Através da análise dos perfis de liberação pode ser
verificado se o fármaco está adsorvido na partícula ou se, também, está dentro das partículas.
Quando o fármaco está adsorvido na superfície das micropartículas ocorre uma rápida liberação
do fármaco. Neste caso, o perfil da curva de liberação do fármaco encapsulado é semelhante ao
perfil da curva de dissolução do fármaco livre. Neste experimento verificou-se que há diferença
no perfil de liberação do fármaco encapsulado e da dissolução do fármaco livre indicando que o
fármaco está no interior das micropartículas (Figura 23). A curva de dissolução do fármaco livre
apresentou um “burst” nos primeiros 10 minutos liberando 80 % em 20 minutos. Já com o AH
encapsulado nas micropartículas de PCL, 50 % foi liberado em 20 minutos mantendo,
posteriormente, uma liberação sustentada até 100 minutos.
Figura 23: Perfil de liberação sustentada do AH encapsulado e da dissolução do AH livre.
0 20406080100
0
20
40
60
80
100
AH livre
AH encapsulado
% Liberada
Tempo (minutos)
87
4.5 Halo de inibição
A fim de verificar a atividade do antibiótico hidrofílico livre e encapsulado um teste de
suscetibilidade bacteriana foi realizado. O diâmetro do halo da cepa de Staphylococcus aureus
(ATCC 6538) foi medido após 24 horas. A concentração de fármaco utilizada para a cepa foi
baseada em relação à Concentração Mínima Inibitória (MIC) da bactéria relacionada com o AH
que, para o S. aureus é 0,5 µg/mL. O resultado do diâmetro do halo de inibição está apresentado
na Tabela 8. As micropartículas utilizadas neste experimento foram preparadas pelo método C8.
Tabela 8: Comparação do diâmetro do halo formado quando o S. aureus foi exposto ao AH livre e encapsulado
em micropartículas de PCL.
S. aureus
(0,5 µg/mL)
AH livre
5 cm
MP de PCL com AH
5 cm
As micropartículas de PCL com o AH não alteraram o diâmetro do halo formado com S.
aureus (ATCC 6538) quando comparado ao do fármaco livre. Portanto, as micropartículas de
PCL com o AH apresentaram a mesma eficiência que o fármaco livre.
88
4.6 Citotoxicidade
O estudo da citotoxicidade em células V79 para o antibiótico hidrofílico livre não
apresentou citotoxicidade para os ensaios de VN e MTT (Figura 24 A). No entanto, para o ensaio
de DNA, na concentração de 300 mMol/L, ocorreu uma inibição de 50 % das células, como
mostra a Figura 24 A.
Quando as micropartículas poliméricas de PCL foram analisadas (Figura 24 B), nenhum
dos ensaios testados apresentou citotoxicidade. No entanto, para os ensaios de VN e MTT, os
resultados apresentaram um estímulo das células. Este estímulo celular pode ter ocorrido devido à
presença do surfactante PVA que pode aumentar a permeabilidade da membrana celular,
aumentando a captura de VN para o interior da célula e estimulando um aumento no número de
lisossomas e/ou no tamanho dos mesmos. No ensaio do MTT, também houve um estímulo,
resultante, talvez de um aumento na atividade das desidrogenases mitocondriais. Esta
proliferação celular, ou seja, este estímulo celular, deve ser confirmado através da contagem das
células por microscopia óptica em câmara de Neubauer.
Quando as micropartículas de PCL com o fármaco encapsulado foram analisados (Figura
24 C), os resultados para os três ensaios analisados também não apresentaram citotoxicidade.
Com o AH encapsulado não ocorreu a inibição de 50 % das células em nenhuma das
concentrações, ao contrário do que foi verificado com o fármaco livre na concentração de 300
mMol/L, para o ensaio de DNA.
89
Controle 300 400
0
20
40
60
80
100
120
140
% Controle
Concentração (mMol/L)
VN
MTT
DNA
Controle 300 400
0
50
100
150
200
250
300
350
400
% Controle
Concentração (mMol/L)
VN
MTT
DNA
Controle 300 400
0
20
40
60
80
100
120
140
% Controle
Concentração (mMol/L)
VN
MTT
DNA
A B C
Figura 24: Viabilidade celular de V-79 na análise dos alvos celulares VN, MTT e DNA. A) AH livre, B)
Micropartículas de PCL e C) Micropartículas de PCL com o AH.
Para as células de hepatócitos, o antibiótico livre, nos ensaios de VN, MTT e DNA não
foram reprodutivos (gráfico não apresentado), no entanto, não mostraram uma tendência para
apresentar citotoxicidade. Os ensaios de VN e DNA para as células de hepatócitos, as
micropartículas sem (Figura 25 A) e com o fármaco (Figura 25 B) encapsulado não apresentaram
citotoxicidade. Entretanto, no ensaio de MTT, as micropartículas sem e com o AH encapsulado,
na concentração de 300 µg/mL apresentou uma inibição de 90 % e 70 % das células,
respectivamente. No nosso grupo de pesquisa, alguns pesquisadores já observaram que o ensaio
de MTT para as células de hepatócitos (cultura de células primárias) pode apresentar uma
citotoxicidade porque o aumento da concentração das micropartículas pode diminuir a
solubilidade do composto formazan apresentando um erro de leitura das células in vitro.
90
Controle 300 400
0
20
40
60
80
100
120
140
% Controle
Concentração (mMol/L)
VN
MTT
DNA
Controle 300 400
0
20
40
60
80
100
120
140
% Controle
Concentração (mMol/L)
VN
MTT
DNA
A B
Figura 25: Viabilidade celular de hepatócitos na análise dos alvos celulares VN, MTT e DNA. A) Micropartículas
de PCL e B) Micropartículas de PCL com o AH.
4.7 Biodegradação das micropartículas poliméricas
Foi avaliado a degradação das micropartículas poliméricas de PCL e PLGA. Amostras
contendo 25 mg de micropartículas poliméricas foram adicionadas em 4 mL de uma solução 50
mM de tampão fosfato (pH = 7,4). Em seguida, elas foram acondicionadas numa incubadora
(37 º C) sob agitação constante de 120 rpm durante 30 dias. As micrografias apresentadas
abaixo mostram o perfil de degradação das micropartículas de PLGA (Figura 26) e PCL (Figura
27).
91
A B C
Figura 26: Micrografias da biodegradação de PLGA. Aumento de: A) 1º dia x 1000, B) Após 5 dias x 400 e C) Após
10 dias x 1500.
A B C
D E F
Figura 27. Micrografias da degradação de PCL. Aumento de: A) 1º dia x 2000, B) Após 5 dias x 400, C) Após 10
dias x 2000, D) Após 15 dias x 850, E) Após 20 dias x 100 e F) Após 30 dias x 220.
92
De acordo com Chen et al. (1999), polímeros como o PLGA e PCL, apresentam uma boa
biodegradabilidade e biocompatibilidade. O material é degradado em compostos não tóxicos e
com baixo peso molecular. O fármaco é liberado, metabolizado e absorvido pelo organismo.
Nestas micrografias observa-se que até 10 dias de incubação, a biodegradação dos polímeros
PLGA e PCL é muito baixa, podendo notar pouca diferença morfológica da superfície
polimérica. Na Figura 26 C, observa-se que a superfície da micropartícula de PLGA ficou um
pouco mais rugosa quando comparado com a micropartícula de PCL (Figura 27 C). A partir do
décimo quinto dia (Figura 27 D), as micropartículas de PCL começaram a apresentar uma
porosidade maior na superfície, tornando as micropartículas mais rugosas e/ou iniciando o
processo de biodegradação. Com trinta dias de degradação (Figura 27 F), as micropartículas já
apresentam uma superfície bastante porosa devido ao processo de biodegradação polimérica.
Através destes poros encontrados na superfície polimérica é que o antibiótico hidrofílico
encapsulado será liberado para o meio externo pelo processo de difusão e/ ou erosão da matriz
polimérica. Na literatura, encontra-se que a degradação do PCL é mais lenta do que o PLGA,
permitindo, portanto, um maior período de liberação de fármacos (Sinhá et al., 2004; Jain, 2000).
No entanto, algumas propriedades físicas podem afetar a biodegradação polimérica, como, o peso
molecular, o tamanho, a distribuição e a morfologia das micropartículas produzidas (Sinhá et al.,
2004). Os resultados obtidos devem ser complementados com mais experimentos de longa
duração (análises mensais) para uma complementação da avaliação da morfologia das
micropartículas poliméricas.
93
5 Conclusões
Os resultados obtidos demonstraram que a metodologia de nanoprecipitação não foi
reprodutível, portanto, não se apresentou viável para dar continuidade aos experimentos.
A metodologia de simples emulsão com PCL (o/a) seguida da evaporação do solvente
produziu micropartículas poliméricas com menores tamanhos e foi reprodutível, no entanto, ela
não foi apropriada para o aumento da eficiência de encapsulamento.
A metodologia de dupla emulsão com PLGA, PCL e PHBV (a/o/a) seguida da evaporação
do solvente produziu micropartículas poliméricas e foi reprodutível, sendo utilizada na
continuidade do trabalho.
As micropartículas poliméricas produzidas com o PLGA e o PCL apresentaram uma
morfologia lisa e esférica, porém, as micropartículas poliméricas de PHBV apresentaram uma
morfologia rugosa e esférica. As micropartículas poliméricas apresentaram carga superficial
negativa; baixa polidispersidade com índice de span < 2.
O rendimento das micropartículas foi entre 35 % a 80 % de acordo com as variações nos
parâmetros do método de dupla emulsão e evaporação de solvente e a eficiência de
encapsulamento do AH nas micropartículas poliméricas foi de 2 %.
Através das curvas de dissolução do fármaco AH livre e liberação do fármaco AH
encapsulado foi verificado que o fármaco está dentro das micropartículas sendo que 50 % do AH
livre foi liberada nos primeiros 5 minutos e quando encapsulado, esta mesma liberação ocorreu
em 20 minutos mantendo posteriormente uma liberação sustentada até 1 hora.
94
O antibiótico hidrofílico encapsulado apresentou mesma eficiência em relação ao fármaco
livre no teste da atividade antimicrobiana em cepas de S. aureus (ATCC 6538). No teste de
citotoxicidade, para as células V79 (ensaio de DNA), a concentração de 300 mMol/L do fármaco
livre, inibiu 50 % das células e para as micropartículas de PCL, os ensaios de VN e MTT
apresentaram um estímulo celular. Nas células de hepatócitos, os ensaios de VN e DNA não
apresentaram citotoxicidade para as micropartículas sem e com o fármaco encapsulado.
Entretanto, no ensaio de MTT, as micropartículas sem e com o AH encapsulado, na concentração
de 300 mMol/L apresentou uma inibição de 90 % e 70 % das células, respectivamente. Os testes
de citotoxicidade devem ser repetidos para uma reavaliação dos resultados.
A biodegradação do PCL é mais bem observada a partir do décimo quinto dia,
apresentando na superfície poros que depois irão liberar e influenciar no processo de liberação
sustentada do AH para o meio externo, através do processo de difusão e/ ou erosão da matriz
polimérica.
O PCL foi o polímero biodegradável selecionado, pois tem um custo menor do que o
PLGA, o que faz aumentar o interesse da indústria pelo polímero e por ser aprovado pelo FDA,
na qual o PHBV ainda não tem aprovação.
De acordo com os diferentes estudos realizados para a preparação de micropartículas de
PCL com a metodologia de dupla emulsão e evaporação de solvente, verificou-se que os
melhores parâmetros foram: a utilização do tensoativo PVA, 500 mg de PCL, 50 mg de
antibiótico hidrofílico, adição da primeira emulsão na fase aquosa externa por gotejamento e o
uso de agitação em ultra turrax na formação da primeira emulsão.
95
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