A r q u i t e t u r a E s c o l a r C a r i o c a : e d i f i c a ç õ e s c o n s t r u í d a s e n t r e 1 9 3 0 e 1 9 6 0
presidência do próprio chefe do governo provisório – Getúlio Vargas – , ele,
em seu discurso de abertura da Conferência, afirmava que os educadores
presentes tinham sido convocados para definirem, conforme dizia
textualmente, "o sentido pedagógico da Revolução", o qual se comprometia a
adotar na tarefa em que estava empenhado da reorganização econômica,
política, social e administrativa do País, conforme os compromissos que
assumira como chefe da Revolução de Outubro. Os educadores aceitaram o
desafio, e essa foi a origem do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova.
Fernando de Azevedo foi, desde logo e por unanimidade, escolhido redator
do documento, pois era, na época, o nome mais destacado entre os líderes
educacionais, condição resultante de sua atuação à frente da Diretoria Geral
de Instrução Pública da antiga capital da República, nos anos de 1927-1930,
onde promoveu a mais profunda reforma de educação e de ensino até então
realizada no Brasil, e da qual resultou a primeira legislação verdadeiramente
moderna na matéria. Além disso, sua cultura humanista e sua formação
sociológica tornavam-no, sem dúvida, o líder intelectual de maior prestígio
entre seus pares. E assim, naquele estilo inconfundível que era marca de sua
alta cultura, em março de 1932 aparecia o Manifesto, em que era feita a mais
profunda análise dos problemas da educação e do ensino no País, em todos os
seus aspectos, níveis e modalidades, e traçadas diretrizes, claras e precisas,
para sua adequação aos novos tempos com que a Revolução de 1930 acenava
para o Brasil e o povo brasileiro. Terminava com as seguintes palavras:
[...] de todos os deveres que incumbem ao Estado, o que exige maior
capacidade de dedicação e justifica maior soma de sacrifícios; aquele com
que não é possível transigir sem a perda irreparável de algumas gerações;
aquele em cujo cumprimento os erros praticados se projetam mais longe nas
suas conseqüências, agravando-se na medida que recuam no tempo; o dever
mais alto, mais penoso e mais grave, é, de certo, o da educação que, dando ao
povo a consciência de si mesmo e de seus destinos e a força para reafirmar-se
e realizá-los, entretém, cultiva e perpetua a identidade da consciência
nacional, na sua comunhão íntima com a consciência humana.
Em março de 1932 o Manifesto foi divulgado apenas pela imprensa. Mas em
junho desse mesmo ano aparecia em volume, editado pela Companhia
Editora Nacional, e precedido de uma longa introdução explicativa, redigida
também por Fernando de Azevedo. Esse volume é hoje obra rara e, dada a
importância desse documento, seria de toda a conveniência que o próprio
Ministério da Educação promovesse sua reedição. Com uma visão ampla e
humanista do que deve ser a educação de um povo, respondemos ao desafio e
demos o nosso recado, num documento que é geralmente considerado como a
única manifestação concreta de uma categoria profissional e intelectual no
traçado dos novos rumos para a sua especialidade para atender aos novos
tempos que se anteviam para o País. Faz parte hoje da história da educação
brasileira. E se o que propusemos e pregamos foi considerado por muitos
como por demais avançado ou até mesmo utópico para a época, respondemos
que sem essa visão ampla do futuro a educação não tem sentido, pois ela é,
antes de tudo, o instrumento que, partindo de uma consideração clara da