Neves RS. Estudo de parâmetros eletrocardiográficos e de pressão arterial
durante procedimento odontológico restaurador sob anestesia local com e
sem vasoconstritor em portadores de doença arterial coronária. [tese]. São
Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2006.
Estudamos 62 pacientes, que com teste ergométrico positivo, manifestaram
angina estável e estavam sob controle farmacológico. Todos apresentavam
cinecoronariografia mostrando obstrução >70% em pelo menos uma das
principais artérias coronárias. Objetivamos avaliar parâmetros
eletrocardiográficos e de pressão arterial, durante procedimento
odontológico restaurador sob anestesia local com e sem vasoconstritor em
presença de doença arterial coronária. As idades variaram de 39 a 80, média
de 58,7±8,8 anos, sendo 51 (82,3%) homens. Trinta pacientes foram
randomizados para receber anestesia local com solução de lidocaína a 2%
com adrenalina 1:100.000 e os demais para lidocaína a 2% sem
vasoconstritor. Todos os pacientes foram submetidos à monitorização
ambulatorial da pressão arterial (MAPA) e eletrocardiografia dinâmica por 24
horas, iniciados 2 horas antes do procedimento odontológico. Consideramos
3 períodos de registro: (1) basal – os 60 minutos que antecederam ao
procedimento odontológico; (2) procedimento – desde o início da anestesia
até o final do procedimento odontológico restaurador; (3) subseqüente
completar das 24 horas. A análise de variância com medidas repetidas
mostrou que houve elevação significativa da pressão arterial sistólica e
diastólica do período basal para o procedimento nos dois grupos estudados
(aproximadamente 14mmHg e 5 a 7mmHg) respectivamente, quando
analisados separadamente e quando confrontados não apresentaram
diferença de comportamento entre si. A freqüência cardíaca não se alterou
nos dois grupos estudados. Depressão do segmento ST >1mm ocorreu em
10 (17,9%) pacientes; todos os eventos ocorreram no mínimo 2 horas após o
término do procedimento odontológico. Extra- sístoles supra-ventriculares
e/ou extra-sístoles ventriculares em número maior do que 10/hora estiveram
presentes em 17 (30,4%) pacientes durante as 24 horas e durante o período
do procedimento em 7 (12,5%), sendo 4 (13,8%) do grupo que recebeu
anestesia sem adrenalina e 3 (11,1%) do grupo que recebeu anestesia com
adrenalina e o teste Exato de Fisher não mostrou diferença entre os grupos.
Concluímos que não houve diferença em relação ao comportamento de
pressão arterial, freqüência cardíaca, evidência de isquemia e arritmias entre
os grupos. O uso associado de vasoconstritor mostrou-se, portanto, seguro
dentro dos limites do estudo.
Descritores: 1.Eletrocardiografia ambulatorial/métodos 2.. Monitorização
ambulatorial da pressão arterial 3.Restauração dentária permanente
4.Anestesia local 5.Lidocaína 6.Vasoconstritores 7. Epinefrina 8.
Arteriosclerose coronária