Resumo
Alves da Costa FA. Estudo comparativo entre grupos de pacientes
diabéticos e não diabéticos portadores de doença arterial coronária que
receberam tratamento clínico, cirúrgico ou através da angioplastia.
Seguimento clínico em longo prazo [tese]. São Paulo: Faculdade de
Medicina, Universidade de São Paulo; 2006. 57p.
Introdução: Diabetes Mellitus (DM) é admitido como uma das principais
causas da doença arterial coronária (DAC). Ainda que se observem
importantes avanços no tratamento dos pacientes com DAC estável, a
presença da DM permanece como fator adverso, importante no aumento da
morbidade e mortalidade cardiovascular. O crescente número de
intervenções percutâneas ou cirúrgicas em pacientes com uma ou múltiplas
artérias comprometidas e portadores de DM não tem demonstrado,
objetivamente, ser melhor que o tratamento clínico em determinados grupos
arteriais, na angina estável e com função ventricular preservada. Métodos:
Foi comparada a evolução clínica entre os tratamentos por angioplastia, por
cirurgia ou medicamentoso em pacientes com DAC uni e multiarteriais. Os
pacientes portadores de DM totalizaram 499 (38,5%) e os não diabéticos
NDM 799 (61,5%).Os objetivos primários foram definidos como: morte de
origem cardiovascular, infarto do miocárdio não complicado, e angina
instável que necessitasse de revascularização. Resultados: Dos 1298
pacientes que compuseram esta amostra, 524 formaram o grupo cirúrgico,
378, o grupo angioplastia e 396, o grupo clínico. Além disso, 214 pacientes
eram portadores de doença coronária uniarterial, 420 pacientes, biarterial e
664, triarterial. O percentual de sobrevida em 5 anos de seguimento foi de
83,34% para o grupo clínico, de 88,17% para o grupo cirúrgico e 88,89%
para o grupo angioplastia, independentemente da presença ou não de DM.
Quando se analisou a sobrevida de pacientes DM vs NDM com qualquer
número de comprometimento arterial, observou-se pior prognóstico para
pacientes DM (p=0,005). Além disso, a análise do comprometimento arterial
relacionado ao DM foi significativa somente para pacientes triarteriais
(p=0,012) com a observância de pior prognóstico para o tratamento clínico.
Conclusão: Os pacientes diabéticos tiveram mortalidade significativamente
aumentada quando comparada com os pacientes não diabéticos,
independentemente da terapêutica empregada. Os pacientes diabéticos que
receberam tratamento clínico tiveram pior prognóstico que aqueles que
receberam intervenções. Nesses pacientes observou-se também maior
número de novas intervenções no grupo angioplastia quando comparado
com o grupo cirúrgico.