atenção para a relação de mediaticidade existente entre pensamento e ação.
Selecionei algumas citações que ilustram a intensidade e qualidade dessas
afirmativas nesses diferentes segmentos, confirmando, igualmente, minha assertiva
de que, a partir do movimento de renovação do Serviço Social, a segunda afirmativa
refere-se ao segmento profissional adepto à teoria subjacente à intenção de ruptura,
ou seja, à direção marxista:
O método dialético materialista é excelente como instrumento de análise da
realidade, mas não instrumentaliza para a prática (...) o processo de
reconceituação trouxe consigo uma desarticulação curricular ou uma
heterogeneidade na formação do profissional, que impede fixar objetivos
para ação (IX Seminário Latino-Americano de Trabajo Social;1979 apud
Junqueira, 1980:27) (grifo meu).
No contexto das tensões teoria/prática, conhecer/agir, programar/executar,
o grande desafio se coloca na prática, no agir e no executar.
A proposta de reconceituação não poderia fugir a essa condição, e após
quase duas décadas de considerável produção de análises críticas, de
elaborações, de propostas metodológicas é pouco significativo o espaço
aberto à operacionalização da proposta (Junqueira, 1980:26) (grifo meu).
As questões mais expressivas do movimento de reconceituação (a natureza
da prática do Serviço Social, o grau de cientificidade, seus compromissos
ideológicos, a inconsistência do que coloca tradicionalmente como “seu”
objeto, seu caráter de fenômeno histórico é produto do movimento social,
etc...) não atingiram ou não encontram ressonância no dia-a-dia da maioria
dos Assistentes Sociais (Cadernos PUC n.10, 1980:81-82) (grifo meu).
Ainda é corrente, entre segmentos conservadores e núcleos da categoria
profissional, a tentativa de desqualificar as propostas oriundas desta
perspectiva [intenção de ruptura] com a “argumentação” de que são frutos
de atividades “estranhas” às “práticas de campo” do Serviço Social. Aqui,
mais que em qualquer outra situação, retoma-se o velho refrão segundo o
qual, na “prática”, a “teoria” é outra (Netto, 1990:249) (grifo meu).
Em outros termos: os efeitos da ação profissional aparecem como uma
negação dos propósitos humanistas que a orientam. Torna-se palpável a
defasagem entre propósitos e resultados da ação, entre teoria e prática
(Iamamoto,1992:28).
Primeiro [referindo-se aos impasses profissionais vividos e condensados em
reclamos da categoria profissional], o famoso distanciamento entre o
trabalho intelectual, de cunho teórico-metodológico, e o exercício da prática
profissional cotidiana. Esse é um desafio colocado por estudantes e
profissionais ao salientarem a defasagem entre as bases de fundamentação
teórica da profissão e o trabalho de campo. Um grande aspecto a ser
enfrentado é a construção de estratégias técnico-operativas para o exercício
da profissão, ou seja, preencher o campo de mediações entre as bases