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Minist´erio de Ciˆencia e Tecnologia
Observat´orio Nacional
Tese para obten¸ao do t´ıtulo de Doutor em Astronomia
Acres¸ao e momento
angular em estrelas jovens
de baixa massa
Giovanni Pinz´on Estrada
Orientador:
Dr. Ramiro de la Reza
Rio de Janeiro, maio de 2006.
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a minha querida cazuca
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i
Agradecimentos
Expresso minha imensa gratid˜ao ao Dr. Ramiro de la Reza que sempre orientou minha
pesquisa com determina¸ao e esp´ırito aventureiro, apoiado em sua vasta experiˆencia como
pesquisador e como homem. Por orientar meu caminho tanto dentro quanto fora do ON.
Esta tese n˜ao poderia ter sido feita sem a sua ajuda.
Meus sinceros agradecimentos aos amigos que conheci durante meus estudos.
`
A Isa
Oliveira por sua alegria contagiosa, pela firmeza de seu esp´ırito e `a sua av´o, a senhora
Lola, por ter essas aos ao cheias de amor.
`
A Flavia Requeijo, Cissa, Leda, Carolina,
Eduard˜ao, Ricardo, Bia, Luciana, Patricia, Vinicius e Wagner pelo tempo compartido.
Agrade¸co especialmente a meu amigo Javier Camperi, com quem dividi a sala e com
quem tantas coca-colas bebi. A Germ´an Racca pelos papos sobre forma¸ao estelar no seu
apartamento do Flamengo, acompanhados de mates e marlboros. A Patricio Lagos por
ter sempre o odigo certo para tudo.
`
A Maria Fernanda por compartilhar comigo uma
parte de sua vida.
Agrade¸co tamb´em `as pessoas do Observat´orio de Jena. Ao professor Dr. Ralph
Neuh¨auser pela ajuda, tanto profisional quanto pessoal durante meu est´agio na Alemanha.
Ao Dr. Eike Guenther, do observat´orio em Tautenburg pela ajuda com a autocorrela¸ao.
`
A minha querida amiga Ana Bedalov pelas Vodka-O no caf´e em frente ao AIU. A Tobias
Schmidt por aguentar as perguntas chatas sobre IRAF. A Matthias Ammler, Manuela
Viese, Katharina Schreyer, Mark Hempel, Akemi Tamanai, Tristan Roell e Sebastian
Krause por serem t˜ao cordiais e gentis.
`
A Nadja Knoll por tornar meus dias e noites mais
alegres e coloridos.
A meu querido amigo Andreas Seifahrt pela grata companhia durante as noites de
observao em Wendelstein. Por sua ajuda com a fotometria das estrelas em aglomera-
dos abertos e pela paciˆencia e facilidade que tem para explicar o que no come¸co parece
complicado.
Aos novos amigos do ON, Mereanne, Aldinez, Andrea, Marisela, Nobar, Carolina e
Jer´onimo por tornarem o primeiro andar numa pequena Am´erica Latina unida na hora do
caf´e.
`
A Raquel por seus suspiros t˜ao cheios de ternura. Finalmente `a Tatiana Guimar˜aes
por ser a amiga incondicional e cheia de pilha.
O desenvolviemnto deste projeto de tese n˜ao poderia ter acontecido sem o aux´ılio das
agˆencias de fomento CAPES (Brasil) e DAAD (Alemanha).
ii
Resumo
Nesta tese consideramos dois temas relativos `a evolu¸ao das estrelas de baixa massa.
De um lado, a evolu¸ao da rota¸ao equatorial das estrelas, do momento angular, dos
indicadores de radia¸ao X, e de outro, da acres¸ao do as do disco na superf´ıcie estelar.
Em ambos casos foi dado uma ˆenfase `a evolu¸ao durante a fase os-T Tauri, entre 8 e
30 Ma. Observoes foram realizadas para medir as taxas de acres¸ao em estrelas de 9
aglomerados jovens e determinar per´ıodos fotom´etricos de rota¸ao em algumas estrelas
de associa¸oes. Tamb´em foram utilizadas observoes feitas por outros autores, mas pela
primeira vez com o objetivo de medir a acres¸ao.
Os principais resultados obtidos aqui ao: a partir de 3 associa¸oes de idades diferentes
(TW Hya (TWA) de 8 Ma, o grupo em movimento de Beta Pictoris (BPMG) de 11 Ma, e
de Tucana/Horologium (Tuc/HorA) com 30 Ma) confirmamos, especialmente para estrelas
com massas entre 1.5 e 2.6 M
, a presen¸ca de um aumento de rota¸ao estelar (spin up)
entre 8 e 30 Ma, esperada em modelos te´oricos. Encontramos tamb´em que o momento
angular espec´ıfico ´e conservado neste per´ıodo. Com respeito aos indicadores de raios
X, L
X
e L
X
/L
B
, mostramos que nos grupos mais jovens, TWA e BPMG, esta radia¸ao
encontra-se saturada, como ´e o caso em aglomerados mais jovens de estrelas T Tauri, como
Orion (1-3 Ma). Determinamos que a desatura¸ao s´o acontece a 30 Ma para estrelas G e
F com massas maiores. Isto ´e devido ao fato de que nessa idade as camadas convectivas
destas estrelas alcan¸cam pela primeira vez sua estabilidade (menor tamanho), e isto ´e
independente das altas rota¸oes que estas estrelas possam obter a esta idade.
Estabelecemos um modelo geral de evolu¸ao do momento angular desde a etapa T
Tauri at´e a idade do Sol. Consideramos aqui os efeitos de contra¸ao gravitacional,
acres¸ao, intera¸ao magn´etica estrela-disco, rota¸ao diferencial no interior estelar, entre o
n´ucleo radiativo e o envolt´orio convectivo e efeitos dos ventos estelares magn´eticos.
Para medir a acres¸ao juntamos uma cole¸ao de aglomerados abertos e associa¸oes
estelares afim de ter em conta todos os ambientes poss´ıveis que possam agir e limitar o
tempo de vida dos discos. Encontramos que as associa¸oes estelares dos subgrupos de
Sco-Cen, Lower Centaurus Crux e de Upper Centaurus Lupus, com 16 Ma ainda tem
uma acres¸ao ativa importante. No entanto a acres¸ao em Horologium a 30 Ma ´e quase
100 vezes menor. O fim do as nos discos deve acontecer entre 16 e 30 Ma. Este resultado
extende, pela primeira vez, o tempo de vida do as do valor comunemente apresentado
na literatura de 10 Ma, fato que pode ser importante para as teorias de forma¸ao de
planetas gasosos gigantes. Encontramos tamb´em que nossos resultados, tanto da rota¸ao
(spin up) como da acres¸ao, s˜ao compat´ıveis com modelos recentes da evapora¸ao final do
as do disco em tempos curtos de 100000 anos (UV-Switch) produzido pela radia¸ao
ionizante direta da estrela central nas etapas finais da acres¸ao.
iii
Abstract
Two main themes related to low mass stars evolution have been developed in this thesis.
On one hand, the evolution of the equatorial rotation velocity, the angular momentum
evolution, the behavior of the main X-rays indicators L
X
and L
X
/L
B
; and on the other
hand, the gas accretion from the disk to the stellar surface. An emphasis has been given
in both cases to the evolution during the post-T Tauri phase between 8 Myr and 30 Myr.
Observations were made in order to measure the accretion rate for stars in 9 young open
clusters and to measure the photometric rotation periods of some stars in associations.
Observations made by other authors were also used, however, for the first time to measure
accretion rates.
The main results obtained are: by studying 3 associations with different ages, TW Hya
(TWA, 8 Myr), the Beta Pic Moving Group (BPMG, 11 Myr) and the Tucana/Horologium
(Tuc/HorA, 30 Myr), we confirmed the presence of a spin up between 8 Myr and 30 Myr,
specially for stars with masses from 1.5 to 2.6 M
, as predicted by theoretical models.
We also found that the specific angular momentum is conserved during this time interval.
As far as the X-ray indicators are concerned, we show that this radiation is saturated in
the younger associations, TWA and BPMG, as is the case in T Tauri stars in the even
younger Orion Nebula Cluster (1-3 Myr). We found that desaturation begins to happen
only at 30 Myr for G and F type stars with larger masses. This is due to the fact that at
this age, the convective layers of these stars attain for the first time their stability (minor
size) and this is independent of the high rotations obtained by these stars at this age.
We stablish a general angular momentum evolution model, since the T Tauri phase up
to the age of the Sun. We considered here the following mechanisms: stellar contraction,
star-disk magnetic interaction, differential rotation between the radiative core and the
convective envelope and stellar magnetic winds.
To measure accretion we used stellar clusters and associations in order to dispose of all
the possible enviroments that could operate and reduce the disks lifetimes. We found that
active accretion is present in the associations of the two sub-groups of Sco-Cen, Lower
centaurus Crux and Upper Centaurus Lupus, with ages of 16 Myr. However, accretion
at 30 Myr in Horologium is nearly 100 times smaller. The end of the gas in the disks
appears then to happen between 16 and 30 Myr. This result extends, for the first time,
the lifetime of the gas in the disks from the value of 10 Myr commonly presented in the
literature. This could be an important fact for theories of giant gas planet formation. We
also found that our results from rotation (spin up) and from accretion, are compatible
with recent models for a rapid final disk gas evaporation in 100000 yr (UV-Switch).
This is produced by a direct ionization radiation from the central star in the last stages
of accretion.
iv Sum´ario.
Sum´ario
Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . i
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ii
Abstract . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . iii
Sum´ario . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . iv
Lista de Figuras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vii
Lista de Tabelas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xiii
Introdu¸ao 1
1 Rota¸ao em estrelas post-T Tauri em associa¸oes 11
1.1 Motivao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2 Massas e raios estelares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.3 Determina¸ao das velocidades equatoriais m´edias . . . . . . . . . . . . . . 12
1.4 Fun¸ao de Massa Inicial (IMF) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.5 Distribui¸ao de vsin(i) com a idade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.6 Um teste estat´ıstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.7 Rota¸ao e raios-X . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2 Observoes e Redu¸ao 37
2.1 Per´ıodos fotom´etricos de estrelas Post-T Tauri em associa¸oes . . . . . . . 37
2.1.1 Magnitudes Instrumentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.1.2 Fotometria diferencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
2.1.3 Determina¸ao dos per´ıodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.2 Fotometria na banda U
J
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.2.1 A amostra observada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.2.2 Fotometria UVI
C
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
3 Evolu¸ao do momento angular 65
3.1 Evolu¸ao do momento angular nas CTTS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
3.1.1 Descri¸ao do modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
3.1.2 Compara¸ao com um modelo padr˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
v
vi Sum´ario.
3.2 Evolu¸ao do momento angular nas PTTS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
3.2.1 Rota¸ao diferencial no interior estelar . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
3.2.2 Vento magnetizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
3.2.3 Descri¸ao do modelo geral, desde CTTS at´e o Sol . . . . . . . . . . 87
4 Acres¸ao e tempo de vida dos discos 95
4.1 Luminosidade de acres¸ao a partir de fotometria no filtro U
J
. . . . . . . . 97
4.1.1 Diagrama H-R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
4.1.2 Diagrama cor-cor: U-V vs V-I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
4.1.3 A rela¸ao de Gullbring . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
4.2 Luminosidade de acres¸ao a partir do velamento . . . . . . . . . . . . . . . 103
4.2.1 O velamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
4.2.2 O velamento a partir da autocorrela¸ao (AC) . . . . . . . . . . . . 108
4.2.3 Luminosidades de acres¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
4.3 O fim da acres¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
4.3.1 A escala temporal curta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
4.3.2 A escala temporal longa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
4.3.3 Medidas de acres¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
4.3.4 Acres¸ao. Os nossos resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
5 Conclus˜oes 139
Bibliografia 146
Lista de Figuras
1 Frequˆencias de rota¸ao (Ω
= 2π/P ) para estrelas CTTS e WTTS em Taurus (triˆangulos
cheios e abertos, respectivamente). As CTTS foram obtidas no levantamento COY-
OTESII (Bouvier et al.1995) e as WTTS correspondem a observoes de estrelas em
aglomerados do Hemisf´erio Norte feitas por Foerster (2005). Adicionalmente, os nos-
sos per´ıodos para cinco PTTS na associa¸ao GAYA1 (30 Ma) est˜ao representados com
c´ırculos abertos para o filtro-V e c´ırculos pretos para o filtro-I, α-Per (quadrados negros)
(Prosser 1992), Plˆeiades (quadrados abertos) (Soderblom et al. 1993), Hyades (c´ırculos
abertos) (Radick et al.1987) e o Sol. As trajet´orias evolutivas correspondem ao modelo
apresentado no cap´ıtulo 3 para os tempos de vida de disco t
F
= 0.2, 1.0, 3.0, 5.0, 10 e 40
Ma. O Sol est´a representado pelo s´ımbolo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.1 Distribui¸oes de vsin(i) (km × s
1
) para as trˆes associa¸oes TW Hya (TWA), BPMG
e Tucana-Horologium. As velocidades equatoriais m´edias v
0
(eq) para os modos de alta
e baixa rota¸ao (HRM e LRM) indicadas em cada painel, foram calculadas usando o
etodo descrito em Chandrasekhar & Munch (1950) com a = 5 km × s
1
. Para ajustar
o HRM em Tuc/HorA usamos a = 10 km × s
1
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.2 Compara¸ao das distribui¸oes de massa com a IMF adotada. A linha pontilhada cor-
responde ao histograma de TWA, tra¸cos curtos a BPMG e longos a Tuc/HorA. A IMF
est´a representada pela linha cont´ınua. O n´umero de estrelas em cada associa¸ao e o
intervalo de massa obtido a partir das diferen¸cas entre IMF e a distribui¸ao de massa
observada est´a indicado na parte inferior. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.3 Distribui¸ao de vsin(i) em km×s
1
. Os histogramas branco e cinza representam valores
observados e simulados, respectivamente (ver texto) . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.4 Teste K-S aplicado na distribui¸ao de vsin(i) com a massa estelar nas associa¸oes TWA
e BPMG. O teste encontra o ponto para o qual a diferen¸ca entre a fra¸ao de triˆangulos
(TWA) e a fra¸ao de quadrados (BPMG) ´e um m´aximo. O m´aximo acontece no quad-
rante superior direito, no qual a probabilidade de confian¸ca na hipo
´
tese nula foi a menor. 19
1.5 Compara¸ao das distribui¸oes BMPG (quadrados) e Tuc/HorA (oct´agonos) usando um
teste K-S . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
vii
viii Lista de Figuras
1.6 Distribui¸ao de vsin(i) com a massa estelar nas associa¸oes TWA e BPMG e Tuc/HorA.
S´ımbolos abertos indicam valores observados e s´ımbolos em preto correspondem a dados
simulados aleatoriamente (ver texto). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.7 L
x
vs massa estelar nas associa¸oes: TWA (triˆangulos), BPMG (quadrados) e Tuc/HorA
(oct´agonos grandes). Estrelas com tipos espectrais F e G est˜ao representadas por
s´ımbolos em preto. Os limites superiores s˜ao indicados por setas. . . . . . . . . . . 22
1.8 an´aloga a figura 1.7 mas para L
x
/L
b
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.9 Evolu¸ao esquem´atica de L
x
para HRM e LRM. S´ımbolos em preto correspondem a
dados analisados por Feigelson et al.(2003) em ONC. A linha s´olida representa o efeito
d´ınamo alido para estrelas de baixa rota¸ao. Os s´ımbolos abertos correspondem as
associa¸oes: TWA (Triˆangulos), BPMG (quadrados) e c´ırculos abertos (Tuc/HorA). . . 26
1.10 an´aloga a figura 1.9, mas para L
x
/L
b
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.11 Valores edios de log L
X
em fun¸ao da idade para o modo de baixa rota¸ao (LRM).
S´ımbolos em preto, correspondem a estrelas T Tauri (idade 10
7
a) e estrelas que
chegaram na sequˆencia principal (idade 10
7
a) observadas por Flaccomio et al.(2003a) . 27
1.12 an´aloga a figura 1.11, mas para L
x
/L
b
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.13 Valores edios do de log L
X
como fun¸ao da idade, para o modo de alta rota¸ao (HRM).
Os s´ımbolos em preto correspondem a estrelas T Tauri (idade 10
7
a) e estrelas que
chegaram na sequˆencia principal (idade 10
7
a) observadas por Flaccomio et al.(2003a) . 28
1.14 an´aloga a figura 1.13, mas para L
x
/L
b
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.1 Distribui¸oes de per´ıodos fotom´etricos (painel inferior) e vsin(i) (painel superior) para
CTTS (linha cont´ınua) e WTTS (linha tracejada) na amostra COYOTES II (tabela 5
de Bouvier et al.1995). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.2 Obten¸ao de per´ıodos usando TF do sinal observado. O fluxo estelar F(t) ´e
multiplicado pela janela temporal W(t) resultando o fluxo observado D(t). No espa¸co
de Fourier, a convolu¸ao do espectro observado f (ν) com a janela espectral w(ν) corre-
sponde ao periodograma d(ν). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.3 Curva de luz MZLup no filtro I. As magnitudes diferenciais foram obtidas usando o
etodo descrito em 2.1.2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
2.4 Janela espectral (esquerda) e periodograma (direita) para MZLup no filtro-I. O padr˜ao
da janela aparece no periodograma centrado na frequˆencia ν =1/P=0.22 Hz. . . . . . 49
2.5 Curva de luz MZLup no filtro V. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
2.6 Janela espectral (esquerda) e periodograma (direita) para MZLup no filtro-V. . . . . 50
2.7 Curva de luz MZLup no filtro B. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
2.8 Janela espectral (esquerda) e periodograma (direita) para MZLup no filtro-I. O padr˜ao
da janela no periodograma aparece neste filtro convolu´ıdo com uma frequˆencia similar
a qual provavelmente ´e simplesmente ru´ıdo. Mesmo com este comportamento ainda ´e
poss´ıvel observar o padr˜ao da janela centrado na frequˆencia ν =1/P=0.32 Hz . . . . . 51
2.9 Curva de luz para MZLup nos filtros BVI. A fase foi construida usando um per´ıodo de
4.5d nos trˆes filtros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
2.10 Curva de luz HD143677 no filtro V. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
LISTA DE FIGURAS ix
2.11 Janela espectral (esquerda) e periodograma (direita) para HD 143677 no filtro-V. . . 53
2.12 Curva de luz para HD143677 nos filtros BVI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
2.13 Curva de luz HD117884 no filtro I. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
2.14 Janela espectral (esquerda) e periodograma (direita) para HD 117884 no filtro-I. . . 55
2.15 Curva de luz para HD117884 nos filtros BVI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
2.16 Curva de luz para 7833-11471 no filtro V. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
2.17 Janela Espectral 7833-11471 no filtro-V . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
2.18 Curva de luz para TYC 7833-1147-1 nos filtros BVI . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
2.19 Curva de luz para CD-2211315 no filtro I. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
2.20 Janela Espectral CD-2211315 no filtro-I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
2.21 Curva de luz para CD-22 11315 nos filtros BVI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
3.1 Estrela T-Tauri cl´assica (CTTS). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
3.2 Duas linhas poloidais usadas na derivao da equa¸ao 3.2 . . . . . . . . . . . . . . . 71
3.3 linhas de campo na corona de um disco com rota¸ao kepleriana. A diferen¸ca do deslo-
camento angular na dire¸ao φ ´e maior quanto maior for a diferen¸ca de rota¸ao entre o
disco e a estrela. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
3.4 Evolu¸ao rotacional durante o caminho de Hayashi (t < 3.0 Ma) para uma estrela fria
(K-M) de uma massa solar segundo o modelo de freamento por disco descrito no texto.
Solu¸oes com campo estelar permeando uma regi˜ao limitada do disco se indicam em
cor azul (β = 0.001), enquanto as solu¸oes com campo estelar permeando todo o disco
ao indicadas em preto (β = 1.0) e em vermelho (β = 0.1). Trˆes diferentes campos de
referˆencia foram usados: B
0
= 2000G (linha cont´ınua), B
0
= 1500G (linha pontilhada)
e B
0
= 1000G (linha tracejada). A condic˜ao inicial
(t = BL) = 3.0Ω
para uma
massa inicial do disco M
D
= 0.05M
foi utilizada em todos os casos. . . . . . . . . . 78
3.5 Evolu¸ao ao longo do caminho de Hayashi para uma estrela fria (K-M) de uma massa
solar segundo o modelo cl´assico de freamento por disco (Cameron & Campbell 1993).
As curvas em preto correspondem B
0
= 8G (tra¸cos longos) e B
0
= 80G (tra¸cos curtos)
e B
0
= 800G (linha cont´ınua) com M
D
= 0.05M
. As curvas tracejadas em vermelho
correspondem a solu¸oes com M
D
= 0.1M
com B
0
= 80G. Em todos os casos foi
utilizada a condi¸ao inicial
(t = BL) = 3.0Ω
. No regime de campo fraco (8G)
a contra¸ao regula a rota¸ao. Assim que o campo aumenta um estado de locking ou
de freio ´e alcan¸cado ap´os o primeiro milh˜ao de anos. Os raios de corrota¸ao R
co
e de
truncamento R
T
do disco, divididos pelo raio da estrela est˜ao indicados no painel inferior
direito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
x Lista de Figuras
3.6 Evolu¸ao rotacional desde a linha de nascimento at´e a idade do Sol para uma estrela
de 1M
sujeita a intera¸ao magn´etica durante a era T Tauri e a ventos e intera¸ao
com o n´ucleo radiativo na etapa post-T Tauri. As diferentes curvas em cada painel
correspondem a cinco tempos de vida do disco: t
F
= 0.2, 1.0, 3.0, 5.0, 10 e 40 milh˜oes
de anos. A: frequˆencia angular de rota¸ao. B: velocidade equatorial, C: raio estelar
R
segundo o modelo de Siess (2000) para 1M
e Z=0.02. Adicionalmente, o raio de
truncamento R
T
obtido ´e indicado. D: torques magn´etico e de acres¸ao para os casos
limites t
F
= 0.2 (curva pontilhada) e 40 Ma (curva continua). O torque magn´etico foi
avaliado no limite de geometria fechada do campo i.e. β = 1. Resulta interessante o
fato que a escala de tempo de freio magn´etico ´e da ordem de 10
5
a, levemente menor
do que a dura¸ao da acres¸ao governada por t
acc
= 10Ma. A condi¸ao inicial
(t =
BL) = 3.0Ω
foi usada em todos os casos. O campo magn´etico ao mostrado aqui
segue um comportamento similar a
e foi mantido menor do que 2kG ao longo das
simula¸oes. O torque de desacoplamento freia a zona convectiva num tempo da ordem
de τ
c
= 20Ma mas o vento magnetizado age ap´os dos 40 Ma, ´epoca na qual a estrela
entra na sequˆencia principal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
3.7 Continua¸ao da figura 3.6 O painel superior esquerdo mostra a queda exponencial da
taxa de acres¸ao, o direito k
2
= I
/M
R
2
segundo o modelo de Siess (2000) para uma
estrela de 1M
com Z=0.02. Os paineis inferiores correspondem aos torques interno
T
DEC
e de vento T
W IN D
para os valores de t
f
= 0.2, 1.0, 5.0, 10 e 40 Ma. No come¸co da
evolu¸ao, a intera¸ao entre a zona convectiva e o n´ucleo radiativo acelera rapidamente
a regi˜ao convectiva mas ap´os do primeiro milh˜ao de anos o freio devido a desacoplagem
come¸ca a agir. Tanto o torque devido a um vento T
W IN D
quando T
DEC
dependem
fortemente da velocidade angular de rota¸ao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
4.1 Diagrama H-R para estrelas desavermelhadas usando a lei de extin¸ao de Rieke & Lebof-
sky (1985). S´ımbolos num´ericos com barras de erro indicam estrelas nos aglomerados
abertos Berk97, Biu2, Tr37, NGC884 e NGC1502. Os s´ımbolos restantes correspondem
a estrelas post-T Tauri nas associa¸aoes: MBM12(2Ma) (n´umeros’), TWA(8Ma),
Horologium(30Ma) (n´umeros*), UCL e LCC (quadrados abertos) (15-22 Ma e 17-23
Ma respectivamente). A sequˆencia principal (MS) ´e indicada com a linha com tra¸cos
longos. No caso dos grupos LCC e UCL, temos incluido arias medidas feitas nas es-
trelas PDS66 (18 medidas), HD141521 (3) e HD119022 (2). As trajet´orias evolutivas e
as is´ocronas s˜ao o modelos de Siess (2000). As trajet´orias evolutivas correspondem, de
direita a esquerda, aos valores: 0.3, 0.4, 0.5, 0.7, 1.0, 1.5, 2.0, 3.0, 4.0 e 5.0 M
para
uma metalicidade Z=0.02 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
LISTA DE FIGURAS xi
4.2 Diagrama U-V vs V-I para estrelas desavermelhadas em aglomerados abertos (n´umeros
com barras de erro) e Post-T Tauri nas asocia¸aoes: TWA(8Ma), Horologium(30Ma)
(n´umeros*), UCL e LCC (c´ırculos pretos) (15-22 Ma e 17-23 Ma respectivamente).
A curva cont´ınua corresponde `a sequˆencia principal de Kenyon & Hartmann (1995).
C´ırculos abertos em LCC e UCL indicam arias medidas feitas nas estrelas PDS66
(18 medidas), HD141521 (3) e HD119022 (2). Somente as estrelas situadas `a esquerda e
acima da sequˆencia principal de KH95 foram utilizadas para o alculo das luminosidades
de acres¸ao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
4.3 Painel esquerdo: LkH
α
264 em alta resolu¸ao (FOCES) num intervalo 6010-6040
˚
Ajunto
com a padr˜ao HD131977 sem degradar. Painel direito: LkH
α
264 em baixa resolu¸ao
no intervalo 6010-6110
˚
A junto com a padr˜ao HD131977 degradada para a resolu¸ao do
CAFOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
4.4 Espectros em alta (acima) e baixa (abaixo) resolu¸ao para LkH
α
264. O painel do edio
corresponde ao espectro em alta resolu¸ao da estrela RXJ0255.4+2005 . . . . . . . . 114
4.5 Espectros em baixa resolu¸ao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
4.6 Autocorrela¸ao (AC) do espectro de LkH
α
264 em alta resolu¸ao com a padr˜ao HD131977
ao longo dos bandas (1) 6010-6500
˚
A, (2) 6700-6860
˚
A e (3) 7000-7500
˚
A. A altura do
aximo pico da AC decai com λ (as trˆes curvas cont´ınuas) indicando um decr´escimo
no velamento r com o comprimento de onda como era de se esperar (r = OP/P P
onde OP ´e a altura da AC estrela do programa-padr˜ao e P P a altura da AC padr˜ao-
padr˜ao). A curva tracejada representa a AC dos espectros padr˜ao-padr˜ao na banda
(1). O deslocamento horizontal dos m´aximos nas AC’s ´e devido ao movimento espacial
relativo entre a padr˜ao e o objeto ao estudado neste trabalho. O nosso interesse ´e a
raz˜ao entre as alturas relativas `a altura da AC da padr˜ao em cada banda. . . . . . . . 123
4.7 Autocorrela¸ao de RXJ0255.4+2005 em alta resolu¸ao com a padr˜ao HD131977 ao longo
das duas bandas 6010-6500
˚
A e 6600-6800
˚
A. O aximo da AC decai com λ (linhas
cont´ınuas). A curva tracejada representa a AC dos espectros padr˜ao-padr˜ao na banda
6010-6500
˚
A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
4.8 Taxas de acres¸ao observadas como fun¸ao da idade para CTTS em Taurus, ChaI e ρOph
segundo Calvet, Hartmann & Strom (2000). A idade edia dos objetos de Classe-I foi
assumida igual a 0.1 Ma e est´a indicada com a barra de erro na parte superior esquerda. 126
4.9 Taxa de acres¸ao como fun¸ao do tempo, obtida a partir da solu¸ao da equa¸ao do disco
usando MHD (Calvet, Hartmann & Strom 2000) para uma massa inicial de disco M
D
=
0.1M
e um raio inicial de 10 AU. As linhas tracejadas correspondem, de esquerda para
direita, aos raios de truncamento R
T
= 12, 40 e 120 AU, correspondentes a separa¸oes
de bin´arias de 30, 100 e 300 AU). Estrelas bin´arias se indicam com c´ırculos abertos. A
linha grossa cont´ınua corresponde ao caso de um sistema disco-estrela isolado. . . . . . 127
xii Lista de Figuras
4.10 Taxas de acres¸ao como fun¸ao do tempo segundo observoes feitas por Sicilia-Aguilar
et al.(2005). Embora a dispers˜ao seja alta, uma tendˆencia ´e evidente. Os erros no
alculo de
˙
M est˜ao entre 2 e 3 unidades da escala vertical. Os c´ırculos pretos grandes
correspondem ao aglomerado jovem Tr 37. A linha cont´ınua representa o valor esperado
segundo a solu¸ao para a densidade de as em um disco viscoso. Os c´ırculos pretos
rodeados por c´ırculos maiores correspondem a algumas estrelas G com acres¸ao ativa
de disco. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
4.11 Taxas de acres¸ao em estrelas jovens pertencentes a aglomerados e associa¸oes. CTTS
em Taurus (Triˆangulos brancos, Gullbring et al.1998), Tr37 (Triˆangulos pretos, Sicilia-
Aguilar et al.2004), ρ-Oph (c´ırculos pretos), η-Cha (c´ırculos brancos), MBM12 (n´umeros’),
TW Hya (TWA), Horologium (n´umeros*), UCL e LCC (quadrados) e estrelas em aglo-
merados (s´ımbolos num´ericos). Para PDS66 a m´edia de 18 observoes no filtro U est´a
indicada com o quadrado preto com barra de erro. As duas estrelas de LCC/UCL
indicadas com F s˜ao estrelas flare (Gershberg et al.1999). . . . . . . . . . . . . . . 128
4.12 Este gr´afico ´e similar a figura 4.11. Aqui as quatro estrelas de LCC/UCL (duas con-
hecidas como flare e duas suspeitas a terem sido influenciadas por flares durante as
medidas de U) foram eliminadas. Os pontos (quadrados abertos) com valores de dM/dt
mais baixos em LCC/UCL correspondem a estrelas com H
α
em emiss˜ao segundo Ma-
majek, Meyer & Liebert (2002) (ver tabela 4.7) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
4.13 Representa¸ao esquem´atica do vento de disco produzido por fotoevapora¸ao direta se-
gundo Alexander, Clarke & Pringle (2006). A radia¸ao ionizante emitida pela estrela
cria uma zona ionizada sobre a superficie do disco. Nesta zona, o as ao est´a ligado
gravitacionalmente e por isto flui facilmente para fora. . . . . . . . . . . . . . . . . 132
4.14 Raz˜ao HeII/CIV como fun¸ao do tempo (Alexander, Clarke & Pringle 2005). . . . . . 132
Lista de Tabelas
1 Valores de momento angular espec´ıfico j = J/M em diferentes est´agios durante a
forma¸ao das estrelas. O momento angular do Sol ´e da ordem de 10
7
vezes menor
do que o momento angular das nuvens moleculares. . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.1 Estrelas post-T Tauri do SACY monitoradas fotometricamente nos filtros BVI. A coluna
AS significa a associa¸ao `a qual pertence a estrela: 1 GAYA1 (Tuc/HorA), 2 GAYA2
(20 Ma), 4 YSSA (10 Ma), 6 BPMG (11 Ma) e 8 AnA (50 Ma). . . . . . . . . . . 40
2.2 Resultados do algor´ıtmo B05 para as 14 observoes no filtro I da estrela jovem MZLup.
As colunas Object e Err-Obj ao a magnitude diferencial de MZ Lup e o erro, respec-
tivamente. O desvio padr˜ao (std.dev) das (CS) e o erro edio (avg.erro) ao muito
parecidos ap´os algumas itera¸oes. A primeira coluna ´e o tempo medido em fra¸ao de
JD (O ponto zero para a Data Juliana ´e JD=2453160.00) . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.3 Parˆametros rotacionais derivados com Period 04 v.1.0. A coluna P.Zero indica o valor
edio das magnitudes diferenciais (coluna object na tabela 2.2). A amplitude do pico
aximo esta indicada com A
max
. O erro no per´ıodo ´e obtido a trav´es de: P =
1
ν
2
ν . 49
2.4 Lista das estrelas membros de aglomerados abertos observadas com MONICA. Na coluna
CL os n´umeros indicam o aglomerado ao qual pertenece a estrela, assim: 1=NGC1502,
2=NGC884, 3=NGC457, 4=Trumpler37(Tr37), 5=NGC869, 6=Biurakan2, 7=NGC6871,
8=Roslund4 e 9=Berkeley87. As idades, os tipos espectrais sem ±1 e os excessos de cor
E(B V ) foram obtidos do cat´alogo de Dias et al. (2002). A classifica¸ao espectral com
incertezas ±1 foi obtida usando T
ef f
, calculando esta ´ultima a partir do V-I desaver-
melhado e interpolando KH95. A extin¸ao em cada filtro foi calculada usando a lei de
extin¸ao RL85 (ver texto) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
2.5 Estrelas padr˜ao Landolt para a noite 05-08-08. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
2.6 Magnitudes instrumentais como fun¸ao das aberturas 5, 8 e 10 pixels para a estrela
padr˜ao Landolt 114 670 durante a noite 05-08-08 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
2.7 constantes fotometricas usadas na transforma¸ao ao sistema padr˜ao UVI. . . . . . . . 64
4.3 Estrelas FEROS usadas como padr˜ao no c´alculo do velamento. . . . . . . . . . . . . 117
xiii
xiv Lista de Tabelas
4.4 Resultados da autocorrela¸ao dos espectros de MBM12. Com exce¸ao do objeto RXJ0258.3+
1947 foram definidos intervalos de largura λ ao longo dos quais a AC foi calculada.
O velamento r em cada intervalo λ est´a dado pela fra¸ao OP/PP. A ´ultima coluna
corresponde `a edia sobre todos os canais considerados em cada caso e o erro respectivo
foi assumido igual ao desvio padr˜ao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
4.5 Larguras equivalentes de objeto EW
O
e de padr˜ao EW
P
para algumas linhas nos espec-
tros em alta resolu¸ao. O velamento r foi obtido a partir da rela¸ao r = EW
O
/EW
P
. A
edia do velamento sobre todas as linhas consideradas ´e r =0.55±0.25 para LkH
α
264
e r =0.35±0.15 para RXJ0255.4+2005. Estes valores s˜ao consistentes com o velamento
obtido usando o m´etodo AC na tabela 4.4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
4.6 Taxas de acres¸ao em unidades de M
/a para membros de MBM12 obtidas usando as
equa¸oes 4.1 e 4.18. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
4.7 Membros pre-sequˆencia principal de LCC e UCL segundo Mamajek, Meyer & Liebert
(2002). As magnitudes U, V correspondem a observoes do projeto SACY feitas com o
fot´ometro FOTRAP no Observat´orio Pico dos Dias (OPD). A coluna t, M
corresponde
a idade em milh˜oes de anos (Ma) e a massa em M
, respectivamente. Para estrelas
com excesso de emiss˜ao no filtro-U, foi usada a rela¸ao de Gullbring para medir a taxa
de acres¸ao dM/dt em unidades de M
/a. As colunas F e I indicam se a fonte ´e flare
(F) ou fonte IRAS (I). A extin¸ao visual A
V
(mag), a largura equivalente de H
α
(
˚
A) e
a paralaxe secular π
sec
correspondem a medidas feitas por Mamajek,Meyer & Liebert
(2002). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
Introdu¸ao
As estrelas de baixa massa (M < 2M
) nascem a partir da fragmenta¸ao de nuvens de
hidrogˆenio molecular. Na Via actea, estas nuvens situam-se principalmente ao longo do
plano gal´actico. A nuvem de Taurus por exemplo, encontra-se a uma distˆancia de 140 pc
enquanto a nebulosa de Orion (ONC
1
) est´a a 450 pc. Os tamanhos v˜ao desde fra¸ao at´e
dezenas de pc. A teoria da forma¸ao estelar sugere que condensa¸oes de as da nuvem
entram em um estado gravitacionalmente inst´avel e colapsam rapidamente para formar
estrelas. A conservao do momento angular controla o colapso, fornecendo a forma¸ao
de um disco de acres¸ao, a partir do qual o material da nuvem circunstelar cai dentro da
regi˜ao estelar em um processo conhecido como acres¸ao do disco.
O paradigma aceito atualmente sugere que a evolu¸ao do momento angular das estrelas
jovens desde o momento em que os n´ucleos est˜ao imersos na nuvem at´e a sequˆencia
principal est´a caracterizada pelas mudan¸cas observadas nas distribui¸oes espectrais de
energia (SED). Durante a fase inicial do colapso quando a energia ´e inteiramente devida
a contra¸ao gravitacional o objeto estelar jovem (YSO) chama-se de Classe 0 (Andr´e
1993). Estes objetos de Classe 0 ao muito luminosos no infravermelho e no submilim´etrico
apresentando tamem fluxos de material e jatos (Bachiller 1996). O raio para uma estrela
de uma massa solar neste est´agio ´e da ordem de 5R
e a taxa de acres¸ao da ordem de
10
5
M
/a. Os SEDS dos objetos de Classe I apresentam larguras enormes, com excessos
em 2.2 µm. Este excesso de infravermelho ´e provavelmente emitido pelo disco. Objetos
de Classe I n˜ao tem em principio, fluxos ou jatos ao frequentes como os da Classe 0, mas
apresentam taxas de acres¸ao da ordem de 10
7
M
/a.
Assim que a estrela se forma, ou bem que ´e oticamente vis´ıvel, ´e classificada como de
Classe II e pode ser localizada no diagrama Hertzsprung-Russell (H-R) em um ponto ao
longo da linha de nascimento ou birth line. A linha de nascimento d´a lugar ao come¸co da
1
Em geral ao longo do texto utilizaremos as siglas tal como s˜ao conhecidas na literatura
1
2 Introdu¸ao.
era T Tauri na qual as estrelas interagem magneticamente com seus discos. Este ´e o caso
das estrelas T Tauri cl´assicas (CTTS
2
) as quais representam uma etapa intermedi´aria entre
fontes embebidas na nuvem e estrelas de tipo solar. As CTTS tem idades compreendidas
entre 1 milh˜ao de anos at´e alguns poucos milh˜oes de anos. Foram observadas pela primeira
vez nas vizinhan¸cas do complexo de nuvens moleculares de Taurus-Aurigae e ρ Ophiucus.
No cen´ario aceito da forma¸ao de estrelas de baixa massa, as CTTS representam um
papel principal. As caracter´ısticas destas estrelas refletem um ponto intermedi´ario entre o
nascimento e o estado atual de nosso Sol. Adicionalmente a este interesse, existem outras
motivoes para estudar as estrelas T Tauri. De uma perspectiva te´orica, a intera¸ao
disco-estrela ´e muito atrativa e fundamental nas teorias de forma¸ao de ventos em discos
e da acres¸ao circunstelar. A semelhan¸ca entre CTTS ´e outro ponto importante a ser
estudado. ao iguais todas as CTTS? Que efeito teria esta semelhan¸ca nas teorias de
forma¸ao planet´aria?
Existe uma classifica¸ao das estrelas T Tauri em dois grupos, as cl´assicas (CTTS) e as
fracas (WTTS). A divis˜ao foi feita empiricamente baseada em observoes. A natureza
jovem destes dois grupos foi estabelecida usando a linha de absor¸ao do Li I λ6707 como
indicador de juventude, selecionando de uma mostra de estrelas jovens, as estrelas com
larguras equivalentes maiores do que 200m
˚
A. Estrelas com esta caracter´ıstica ao muito
jovens pois o Li descresce rapidamente assim que a estrela se aproxima da sequˆencia
principal. De outra parte, as CTTS se diferenciam das WTTS pela largura equivalente da
linha de H
α
em emiss˜ao. As CTTS possuem EW>10
˚
A, no entanto, as WTTS apresentam
EW menores do que 10
˚
A. CTTS e WTTS tˆem propriedades comuns como a variabilidade
´otica e os n´ıveis altos de emiss˜ao X. A principal diferen¸ca reside no fato que as CTTS
apresentam espectros com um n´ıvel fotosf´erico acima do n´ıvel estelar em comprimentos
de onda curtos (UV) e tamem no infravermelho. Atualmente, tˆem-se estabelecido que
a diferen¸ca entre CTTS e WTTS reside no fato que as CTTS apresentam um disco
circunstelar ativo, no sentido da acres¸ao, enquanto que as WTTS ao. Neste cen´ario
as CTTS exibem acres¸ao de disco ativa respons´avel pelos excessos em ultravioleta e
infravermelho. Nas CTTS as linhas intensas em emiss˜ao como H
α
, CaII H e K, entre
outras, originam-se no fluxo de acresc˜ao ao redor da estrela.
Assim que uma quantidade consider´avel de as do disco se transfere para a estrela atrav´es
de acres¸ao, esta aumenta a sua rota¸ao pois o freio magn´etico ao ´e mais eficiente. Neste
est´agio, chamado de post-T Tauri (PTTS), as estrelas jovens passam a maior parte de
suas vidas antes de chegar na sequˆencia principal (MS). As estrelas do tipo post-T Tauri
ao estrelas com idades entre 5 e 100 milh˜oes de anos, com massas similares a do Sol e
se encontram assim em uma etapa intermedi´aria entre as CTTS e a sequˆencia principal.
´
E ampla a literatura que se refere as etapas T Tauri e MS. No entanto, a etapa PTTS
continua sendo uma ´area pouco explorada. O motivo ´e muito simples: o recentemente
2
chamadas assim ap´os o prototipo T Tau ser observado por Joy (1945)
Introdu¸ao. 3
est˜ao sendo identificadas boas representantes de os-T Tauris. A descoberta de post-
T Tauri em associa¸oes tem sido importante neste sentido. Uma das associa¸oes mais
estudadas atualmente ´e TW Hya (TWA) (as referˆencias correspondentes `a descoberta
desta associa¸ao est˜ao em: de la Reza et al. 1989; Gregorio-Hetem et al. 1992). Esta
associa¸ao tem uma idade de 8 milh˜oes de anos (de la Reza, Jilinski & Ortega 2006),
conta com 24 membros e se encontra a uma distˆancia m´edia de 50 pc da Terra (Torres et
al.2003, Zuckermann & Song 2004).
O problema do momento angular
Uma das quest˜oes ainda em aberto na forma¸ao estelar tem a ver com o problema do
momento angular em estrelas jovens de baixa massa. Por d´ecadas tem sido reconhecido
que o momento angular nas nuvens moleculares ´e arias ordens de magnitude maior do
que o momento angular do Sol hoje. Na literatura este fato observacional ´e conhecido
como o o problema do momento angular
3
(Spitzer 1978). O momento angular espec´ıfico
j = J/M para nuvens com tamanhos moderados ( 0.05pc) ´e da ordem de 10
21
cm/s e
de 10
24
cm/s para nuvens maiores ( 10pc). Em contraste, o momento angular espec´ıfico
t´ıpico de uma estrela da pre-sequˆencia principal est´a no intervalo j = 10
16
10
17
cm
2
/s.
´
E claro que a um mecanismo que regula o momento angular eficientemente. Na Tabela
1.1 listamos valores caracter´ısticos de momento angular espec´ıfico para diferentes est´agios
evolutivos.
Em objetos de Classe 0 a perda de momento angular ´e transferido para fora do objeto
atraes do campo magn´etico, em forma de fluxos bipolares (Shu et al.1988). Apesar disso,
a rota¸ao observada ´e consideravelmente maior do que em objetos de Classe I. As estrelas
T Tauri Cl´assicas (CTTS j´a definidas) rodam mais lentamente do que as estrelas T Tauri
fracas (WTTS), nas quais o as do disco desapareceu quase completamente. Nas CTTS a
componente meridional do campo magn´etico estelar fornece a transferˆencia de momento
angular desde a estrela at´e o disco: as linhas que conectam a estrela com a por¸ao do
disco fora do raio de corota¸ao produzem uma componente azimutal de campo em dire¸ao
oposta `a rota¸ao estelar. Na superf´ıcie da estrela enao ´e aplicado um torque que age
freiando a estrela. As WTTS ao apresentam disco de acres¸ao e consequentemente
exibem rota¸ao maior do que as CTTS.
3
Consideremos uma nuvem molecular de uma massa solar, cil´ındrica com comprimento d 10pc
e raio R = 0.2pc a qual gira em torno do eixo transversal com a rapidez angular da nossa gal´axia
(Ω
G
10
15
s
1
). Se esta nuvem colapsasse para formar uma estrela de uma massa solar, o raio da
nuvem deveria decrescer por um factor de 10
7
ao longo de todo o colapso. Em ausˆencia de torques
aplicados sobre a nuvem a velocidade angular deveria aumentar por um factor de 10
14
, o que conduziria
a uma contradi¸ao pois a velocidade equatorial seria da ordem de v
eq
6 × 10
8
cm/s, a qual equivale
a 20% da velocidade da luz!. Obviamente, existem torques aplicados sobre a nuvem, os quais regulam a
rota¸ao durante a evolu¸ao ao longo da pr´e-sequˆencia principal (PMS).
4 Introdu¸ao.
Objeto J/M(cm
2
s
1
)
Nuvens moleculares (< 1pc) 10
21
10
22
Bin´arias (P< 10
4
yr) 10
20
10
21
Bin´arias (P< 10yr) 10
19
10
20
Bin´arias (P< 3yr) 10
18
10
19
Disco (100AU, estrela central 1M
) 10
20
Orbita de J´upiter 10
20
Estrela PMS (a m´edia em ONC) 10
17
ZAMS (m´edia em aglomerados jovens) 3 × 10
16
Sol 10
15
Tabela 1: Valores de momento angular espec´ıfico j = J/M em diferentes est´agios durante a forma¸ao
das estrelas. O momento angular do Sol ´e da ordem de 10
7
vezes menor do que o momento angular das
nuvens moleculares.
O problema do momento angular ´e ent˜ao resolvido durante a PMS pela intera¸ao magn´etica
das estrelas com seus discos e eventualmente pela transferˆencia interna de momento an-
gular dentro da estrela, mas apesar disto o momento angular de uma estrela PMS ´e ainda
trˆes vezes maior do que uma estrela da ZAMS (ver tabela 1). ao somente ao longo da
PMS as estrelas experimentam perdas de momento angular. Quando as estrelas chegam
na ZAMS, o momento angular pode ser perdido via um vento magnetizado pois a escala
de tempo para este processo ´e menor do que a escala de tempo de contra¸ao gravitacional,
fato descoberto por Weber & Davis (1967). Estrelas no aglomerado de α-Per (idade: 50-80
Ma) apresentam velocidades equatoriais projetadas da ordem de 200kms
1
enquanto que
estes valores caem para menos de 10kms
1
nas Hyades (600 Ma). A perda de momento
angular espec´ıfico segundo Kawaler (1988) e outros autores ´e proporcional ao cubo da
frequˆencia angular de rota¸ao estelar i.e. dJ/dt
3
se os per´ıodos ao longos (lei de
Skumanich) e proporcional a ω
2
sat
se os per´ıodos curtos. Onde ω
sat
´e a frequˆencia na
qual acredita-se que o d´ınamo estelar se satura.
Na figura 1 mostramos a frequˆencia angular de rota¸ao para algumas estrelas jovens de
tipo solar com massas entre 0.83 e 1.2M
pertencentes a grupos com idades diferen-
tes. As frequˆencias foram derivadas a partir de medidas de per´ıodos de rota¸ao obti-
dos da literatura para estrelas CTTS (triˆangulos cheios) e WTTS (triˆangulos brancos)
na nuvem de Taurus (COYOTESII Bouvier et al.1995), alguns membros de MBM12
(s´ımbolos num´ericos com linha) (Broeg et al.2006), α-Per (quadrados cheios) (Prosser
1992), Plˆeiades (quadrados brancos) (Soderblom et al.1993) e Hyades (c´ırculos abertos)
(Radick et al.1987). Adicionalmente incluimos com circulos abertos as nossas medidas
de per´ıodos para cinco PTTS na associa¸ao GAYA1 (30 Ma) as quais ao descritas no
cap´ıtulo 2. A dispers˜ao na rota¸ao ao longo da PMS ´e evidente, caracterizada pela ex-
istˆencia de uma etapa de acelera¸ao angular ou spin up seguida de uma desacelera¸ao ou
spin down a partir dos 40 Ma, idade compat´ıvel com predi¸oes dos modelos te´oricos de
Siess & Livio (1997). Estrelas membros do grupo α-Per (40 Ma) apresentam as maiores
frequˆencias angulares de rota¸ao da amostra toda considerada na figura.
´
E de se esperar
Introdu¸ao. 5
Figura 1: Frequˆencias de rota¸ao (Ω
= 2π/P ) para estrelas CTTS e WTTS em Taurus (triˆangulos
cheios e abertos, respectivamente). As CTTS foram obtidas no levantamento COYOTESII (Bouvier et
al.1995) e as WTTS correspondem a observoes de estrelas em aglomerados do Hemisf´erio Norte feitas
por Foerster (2005). Adicionalmente, os nossos per´ıodos para cinco PTTS na associa¸ao GAYA1 (30 Ma)
est˜ao representados com c´ırculos abertos para o filtro-V e c´ırculos pretos para o filtro-I, α-Per (quadrados
negros) (Prosser 1992), Plˆeiades (quadrados abertos) (Soderblom et al. 1993), Hyades (c´ırculos abertos)
(Radick et al.1987) e o Sol. As trajet´orias evolutivas correspondem ao modelo apresentado no cap´ıtulo 3
para os tempos de vida de disco t
F
= 0.2, 1.0, 3.0, 5.0, 10 e 40 Ma. O Sol est´a representado pelo s´ımbolo
.
que por esta ´epoca o spin up da rota¸ao tenha afetado a maioria das estrelas que iniciaram
a evolu¸ao rotacional freiadas pelo disco e que o perderam durante os primeiros milh˜oes
de anos. Na realidade ao ´e claro quando o fim do disco gasoso acontece, mas recentes
resultados da literatura sugerem 10 milh˜oes de anos (ver por exemplo Sicilia-Aguilar et
al.2005). Nesta tese estudamos a possibilidade de esta idade ser um pouco maior que
dez milh˜oes de anos (cap´ıtulo 4). As trajet´orias evolutivas mostradas na figura 1 cor-
respondem a um modelo desenvolvido nesta tese, o qual inclui algumas das principais
contribui¸oes que governam a evolu¸ao do momento angular durante a contra¸ao desde o
nascimento at´e a idade do Sol. Consideramos o freio magn´etico por um disco, o torque
sobre a zona convectiva devido ao atrito com um n´ucleo radiativo interno e a perda de
momento angular atraes de ventos magn´eticos. Cada curva corresponde a tempos de
vida de disco t
F
= 0.2, 1.0, 3.0, 5.0, 10 e 40 milh˜oes de anos. Uma descri¸ao detalhada do
modelo ´e feita no cap´ıtulo 3.
6 Introdu¸ao.
Discos de acres¸ao
Os discos protoplanet´arios, especialmente aqueles em volta de estrelas de baixa massa
sempre tiveram um atrativo especial para a ciˆencia. Este atrativo est´a motivado pelo
desejo de explicar a origem de nosso sistema Solar. Foi assim que nasceu no s´eculo XIX,
na mente de Laplace, o primeiro modelo de forma¸ao atrav´es de um disco que tinha
sido proposto para explicar a origem do sistema solar. A ciˆencia teve que esperar at´e
quase o fim do seculo XX para conseguir observar pela primeira vez, na faixa ´otica, um
disco resolvido em volta da estrela de tipo A β-Pictoris (Smith & Terrile 1984) com uma
idade de 11.2 Ma (Ortega et al.2004). Este disco foi visualizado mediante a ecnica da
coronografia. A excita¸ao produzida por este fato resultou na publica¸ao de algumas
centenas de trabalhos sobre este sistema estrela-disco. No entanto, contrariamente ao
entusiasmo inicial, poucos discos foram descobertos com idades superiores a 5 Ma (idade
que marcaria o in´ıcio da etapa post-T Tauri). Atualmente ao mas de quinze discos foram
observados diretamente. As principais raz˜oes disto ao de um lado, os curtos tempos de
vida dos discos em compara¸ao com as escala de tempo da evolu¸ao estelar, e de um outro
a dificuldades relacionadas com a t´ecnica coronogr´afica.
Os discos protoplanet´arios formados junto com a estrela durante o colapso da nuvem
molecular, devido `a conservao do momento angular inicial, foram chamados de primor-
diais. Estes discos formados pelo as e poeira iniciais da nuvem formadora, tˆem uma
distribui¸ao homogˆenea deste dois componentes com uma raz˜ao as/poeira100, valor
similar a da mat´eria interestelar. Estes ao os discos das estrelas CTTS com idades at´e
5 Ma. Pouqu´ıssimos discos tipo T Tauri s˜ao conhecidos com idades maiores que 5 Ma.
Aqui o levantamento do Pico dos Dias (PDS) teve um papel fundamental, a que fora a
estrela CTTS cl´assica TW Hya isolada de nuvens que era conhecida antes do PDS (Herbig
1978; Rucinski & Krautter 1983), o PDS descobriu as ´unicas trˆes estrelas de tipo CTTS
conhecidas com idades maiores que 5 Ma. Tratam-se de Hen(3,600)A (de la Reza et al.
1989) e PDS66 (Gregorio-Hetem et al. 1992). Hen(3,600) ou TWA3A faz parte de TWA
com uma idade de 8 Ma e PDS66 foi considerada por Mamajek et al. (2002) como sendo
uma estrela do subgrupo Lower Centaurus Crux (LCC) da Associa¸ao OB de Sco-Cen
com uma idade de pouco mais de 13 Ma. Cabe mencionar que a estrela CTTS bin´aria
espectrosc´opica V 4046 Sgr (Quast et al. 2002; Stempels & Gahm 2004) est´a sendo pro-
posta como membro da associa¸ao de β-Pictoris (BPMG) de 11 Ma (Torres et al. 2006).
Ae o momento, a bin´aria espectrosc´opica V4046 Sgr seria ent˜ao uma outra CTTS mais
velha.
Um outro tipo de disco ´e conhecido como disco do tipo debris. Mesmo que pare¸cam
seguir uma evolu¸ao natural a partir dos discos das CTTS, eles apresentam uma estrutura
diferente dos discos do tipo T Tauri. Aqui a homogeneidade as-poeira n˜ao existe mais.
O as est´a quase completamente consumido mas a poeira tem um destino diferente. A
Introdu¸ao. 7
poeira teve anteriormente a possibilidade de se agregar e formar part´ıculas maiores da
ordem do kilˆometro (planetesimais). Estes planetesimais colidiram energeticamente entre
si produzindo uma nova gera¸ao de poeira fina observada hoje. Provavelmente o disco
debris mais jovem aparece em TWA em volta da estrela HR4796A (TWA11A), com uma
idade de oito milh˜oes de anos, com um tipo de disco chamado de anular. Outros discos
debris ao do tipo β P ictoris como ´e o caso das estrelas β Pic e AU Mic com idades de
11.2 Ma. Outros tipos diferentes de discos debris mais velhos s˜ao bem conhecidos como ´e
o caso por exemplo de Eridani. Considera-se que a idade m´edia destes discos se encontra
entre 300 e 400 Ma. No entanto, discos muito mais velhos que o Sol ao conhecidos, como
´e o caso de τ Cet, com uma idade de 10 Ga.
Como mencionado, os discos come¸cam a sua evolu¸ao a partir de uma mistura homogˆenea
de as e de poeira primordial. Desde o inicio o as ´e acretado sobre a superficie estelar
mediante uma queda bal´ıstica dentro de tubos magn´eticos conectando a estrela e o disco.
Somente o g´as conduzido pelos campos magn´eticos cai na estrela. Mesmo que esta queda
possa aumentar a rota¸ao estelar, o freio magn´etico entra em a¸ao se contrapondo a este
aumento da rota¸ao. Assim a rota¸ao estelar se mantem relativamente baixa e constante.
Al´em da perda de as via acres¸ao, o as pode ser perdido diretamente do disco (assim
como a poeira) mediante dois processos: a fotoevapora¸ao (Johnstone, Hollenbach & Bally
1998) e as colis˜oes estelares (Armitage & Clarke 1997; Clarke & Pringle 1991; Scally &
Clarke 2001). O primeiro processo acontece quando o disco est´a exposto a uma forte
radia¸ao de uma estrela OB vizinha. O segundo pode acontecer nas regi˜oes centrais de
aglomerados. Estes trˆes mecanismos; acres¸ao, fotoevapora¸ao e colis˜oes representam
perda de as do disco, mas al´em da perda de as, este pode ficar retido no disco num dos
o v´arios planetas gigantes.
A presen¸ca de as ´e de todas as maneiras fundamental para a forma¸ao de planetas gi-
gantes. Isto independente da teoria de forma¸ao planet´aria considerada. Por exemplo, no
caso da teoria mais difundida, conhecida como core accretion (Mizuno 1980), ´e necess´aria
primeiro a forma¸ao de um n´ucleo olido formado pela acumula¸ao de planetesimais.
Quando este n´ucleo forma uma massa da ordem de 10 a 20 massas terrestres, este ´e capaz
de captar o g´as proximo e formar um planeta gigante. Por outro lado, a teoria conhecida
como instabilidade do as poderia formar ainda muito mais rapidamente planetas gigantes
(Cameron 1978; Boss 1997).
Qual ´e o tempo de vida dos discos protoplanet´arios? Primeiramente, os discos em dois
componentes (g´as e poeira) e ambos tˆem destinos diferentes. Se examinamos de um lado
a poeira vemos que no caso dos discos debris ela ´e de uma gera¸ao secund´aria e que estes
discos provavelmente tˆem um fim depois de 300 a 400 Ma em geral. No entanto, existem
alguns discos debris que ainda est˜ao presentes na faixas de idades de Ga. O pr´oprio
sistema solar pode ser considerado como um resto de um disco debris no qual ainda existe
uma poeira fina de tipo zodiacal, de tamanho maior que a da materia interestelar, al´em
8 Introdu¸ao.
de grandes quantidades de aster´oides e de objetos transneptunianos. De uma maneira
pr´atica poder´ıamos afirmar que um disco de poeira ao teria fim. Isto ao ´e o caso do
as. Os tempos de vida dos discos, na realidade se referem a tempos de vida do as. Como
mencionado anteriormente, a idade de 10 Ma aparece constantemente na literatura como
tempo de vida dos discos gasosos. Este valor ´e obtido geralmente a partir de observoes
de estrelas de aglomerados abertos jovens.
O objetivo desta tese
ao duas as principais motivoes desta tese. A primeira ´e estudar a evolu¸ao do momento
angular das estrelas de baixa massa durante os primeiros anos de vida at´e a idade do Sol,
dando uma ˆenfase especial `a evolu¸ao rotacional durante o Caminho de Hayashi.
A segunda motivao ´e a procura do fim da acres¸ao como indicador dos tempos de vida
dos discos no que diz respeito `a componente gasosa. Para isto utilizamos associa¸oes de
estrelas PTT junto com aglomerados para medir e comparar os tempos de vida do as. Es-
tamos colocando a possibilidade que os discos de estrelas em aglomerados e em associa¸oes
sejam idˆenticos na sua natureza intr´ınseca. Independente disto, e mesmo admitindo que
ao ter´ıamos nenhuma condi¸ao de afirmar que os discos em aglomerados e associa¸oes
sejam diferentes a priori, o fato de considerar estas duas popula¸oes permite colocar jun-
tos todos os poss´ıveis cen´arios que limitariam a vida do as nos discos protoplanet´arios.
Duas propriedades diferenciam a natureza dos aglomerados abertos das associa¸oes. Por
um lado os membros dos aglomerados geralmente est˜ao ligados gravitacionalmente. Este
ao ´e o caso das associa¸oes que ao grupos em movimento, geralmente coevos onde n˜ao
existe nenhuma intera¸ao gravitacional entre seus membros. Por outro lado, suas origens
podem ser diferentes. Os aglomerados ao formados pelo colapso gravitacional, no caso
das associa¸oes, alguns autores sugerem que estas estruturas (ao menos aquelas formadas
por poucos membros com pequenas massas) poderiam ser formadas pela intera¸ao de re-
manescentes de supernova com uma nuven interestelar (Ortega et al. 2002, 2004; de la
Reza, Jilinski & Ortega 2006; Meioli et al. 2006). Por outro lado, tanto aglomerados
quanto associa¸oes, frequentemente exibem uma mistura de duas popula¸oes de massas
estelares. Um aglomerado jovem normalmente est´a formado por estrelas massivas de
tipos OB e de uma popula¸ao de estrelas de baixa massas com tipos G, K e M (exemplo
ONC), mas existem aglomerados jovens contendo somente estrelas de baixa massa como
Taurus. Em associa¸oes, esta diversidade de massas estelares existe. Por exemplo, este
´e o caso dos subgrupos da associa¸ao OB de Sco-Cen: Lower Centaurus Crux (LCC) e
Upper Centaurus Lupus (UCL) onde estrelas B est˜ao misturadas a estrelas PTT de baixa
massa (Mamajek, Meyer & Liebert 2002). Mas associa¸oes menores como TWA, BPMG
e Tuc/Hor est˜ao formadas somente de estrelas de baixa massa.
Introdu¸ao. 9
A partir do estudo de estrelas em aglomerados jovens abertos e em associa¸oes estelares
estar´ıamos considerando todos os ambientes poss´ıveis que determinam a vida dos discos
gasosos. Todos os mecanismos estariam representados. De um lado, eventuais colis˜oes
em regi˜oes densas de aglomerados, a presen¸ca de ventos estelares fortes no caso das es-
trelas OB e eventualmente, diferentes condi¸oes de forma¸ao. Finalmente, uma rela¸ao
muito procurada entre acres¸ao e rota¸ao poderia ser estabelecida utilizando os modelos
rotacionais conjuntamente com os resultados para o fim da acres¸ao.
10 Introdu¸ao.
Cap
´
ıtulo
1
Rota¸c˜ao em estrelas post-T Tauri em
associa¸oes
Os grupos com´oveis de estrelas post-T Tauri em associa¸oes pr´oximas ao objetos ex-
celentes para estudar a fase de spin-up durante a evolu¸ao na pr´e-sequˆencia principal.
Devido a sua proximidade e a sua baixa extin¸ao no visual, consequˆencia de seu trafegar
solit´ario, longe da nuvem formadora, estes grupos ao eram ao populares em forma¸ao
estelar at´e a descoberta da associa¸ao TW Hya (TWA 8Ma), onde um dos membros
TWA1 ´e uma estrela T Tauri cl´assica com um disco de acres¸ao muito bem estudado.
Com o objetivo de testar rela¸oes entre rota¸ao, atividade e discos antes da chegada das
estrelas na sequˆencia principal, consideramos trˆes associa¸oes com distˆancias menores do
que 100 pc. A associa¸ao TW Hydrae (TWA) com uma idade de 8 milh˜oes de anos (Ma),
o grupo com´ovel β Pictoris (BPMG) com uma idade de 11.2 Ma e uma combina¸ao das
associa¸oes Tuc/HorA em trinta milh˜oes de anos. As idades destes grupos determinadas
por outros autores usando o diagrama Hertzsprung-Russell (HR) e recentemente confir-
madas aplicando calibra¸oes dinˆamicas(Ortega et al.2002,2004; de la Reza et al. 2006),
permitem construir um cen´ario observacional o qual, at´e agora, n˜ao tinha sido feito com
associa¸oes. A lista total de alvos encontra-se na tabelas 1.1, 1.2 e 1.3.
1.1 Motivao
No cen´ario atual da evolu¸ao do momento angular em estrelas jovens de baixa massa
(cap´ıtulo 3), existem algumas quest˜oes em aberto, tais como a bimodalidade na rota¸ao
observada em estrelas com massas maiores do que 0.4M
membros da nuvem de Orion
(ONC 1Ma). A raz˜ao desta bimodalidade ainda ´e incerta. Herbst et al. (2001) e Rebull
(2001) tˆem sugerido que a bimodalidade est´a relacionada com o mecanismo de freamento
magn´etico entre a estrela e o disco. Stassun et al. (1999) pelo contr´ario ,n˜ao encontraram
evidˆencia forte de freamento magn´etico em ONC. Rebull et al. (2004) argumentam que
ao necess´arias mais medidas afim de estabelecer rela¸oes entre per´ıodos de rota¸ao e
discos.
11
12 1 Rota¸ao em estrelas post-T Tauri em associa¸oes
Outra quest˜ao consiste na existˆencia de altos valores de taxas de rota¸ao para estrelas
de baixa massa (M < 0.6M
) nas Pl´eiades (100Ma) (Soderblom 1993). Stassun et al.
(1999) encontraram que a distribui¸ao de velocidades rotacionais projetadas vsin(i) nas
Pl´eiades ´e similar a de ONC, indicando que caracter´ısticas na rota¸ao por volta dos 100
Ma foram estabelecidas durante o primeiro milh˜ao de anos.
O ponto de partida da nossa an´alise ´e a massa estelar. Fazemos a priori uma separa¸ao
do intervalo de massa observado 0.1-2.6M
em dois modos de alta High Mode (HM) e
baixa massa Low Mode (LM) a esquerda e a direita do valor 1.5M
. Esta divis˜ao foi
feita em vista das distribui¸oes de vsin(i) apresentadas na figura 1.1 e define por sua vez
modos de alta (HRM) e baixa (LRM) rota¸ao. Isto ser´a explicado detalhadamente nas
se¸oes seguintes. As massas e os raios ao calculados a partir da fotometria obtida da
literatura usando o modelo evolutivo de Siess (2000).
1.2 Massas e raios estelares
Infelizmente ainda ao existe uma calibra¸ao da massa com parˆametros fotom´etricos para
estrelas da pr´e-sequˆencia principal. Nestas circunstˆancias e como os modelos em geral
conduzem a resultados similares, escolhemos um o modelo (Siess et al.2000) para obter
as massas e os raios de todos os membros das associa¸oes consideradas. Isto tem sido
feito para massas entre 0.1 e 2.5M
usando dados fotom´etricos de estrelas individuais.
Seguindo a recomenda¸ao de Stauffer (2001) usamos sempre que poss´ıvel as cores V I
c
e quando ao, B V . As massas e os raios derivados desta maneira encontram-se na
tabelas 1.1, 1.2 e 1.3.
1.3 Determina¸ao das velocidades equatoriais m´edias
A distribui¸ao das velocidades equatoriais projetadas φ(vsin(i)) = φ(y), est´a relacionada
com a fun¸ao de distribui¸ao f(v) de velocidades equatoriais reais atrav´es de uma equa¸ao
integral (Chandrasekhar & Much 1950):
φ(y) = y
y
f(v)dv
v
v
2
y
2
(1.1)
onde tem se assumido que os eixos de rota¸ao das estrelas membros de cada associa¸ao
est˜ao distribu´ıdos aleatoriamente no espa¸co. ao ´e tarefa acil obter f (v) a partir de φ(y)
1.3. Determina¸ao das velocidades equatoriais m´edias 13
quando a amostra tem poucos dados. A invers˜ao da equa¸ao 1.1 foi feita para 235 membros
das Pl´eiades (Queloz et al.1998). O caso de estrelas em aglomerados mais jovens do que
100 Ma ´e bem diferente, pois as amostras ao menores. Utilizamos a sugest˜ao feita por
Chandrasekhar & Munch (1950) quando as amostras tˆem poucos dados. Assumimos uma
forma param´etrica para f(v) e no lugar de inverter (1.1), fazemos a integral e comparamos
com o φ(vsin(i)) observado. Se as integrais ao coincidem, mudamos o parˆametro em
f(v) at´e conseguir a convergˆencia. Seguindo Brown (1950), definimos f(v)dv como a
probabilidade de ocorrˆencia de v entre v e v +dv igual a dv/2a para v > v
0
a e v < v
0
+a
e igual a zero para os outros valores de v. O retˆangulo centrado em v
0
tem altura igual a
1/2a e uma largura total 2a. Para comparar com as observoes, usamos a distribui¸ao
acumulativa Φ(y) =
φ(y)dy. Na figura 1.1 ao apresentados seis histogramas com as
distribui¸oes dos vsin(i) obtidos da literatura (referˆencias nas tabelas 1.1, 1.2 e 1.3).
As linhas tracejadas representam o melhor ajuste das distribui¸oes φ(vsin(i)), usando
o etodo descrito acima. Para o Low Rotation Mode (LRM)
1
obtivemos: v
0
(eq) =
28±5, 25±5 e 32±5 km×s
1
para TWA, BPMG e Tuc/HorA respectivamente. No modo
da alta rota¸ao High Rotation Mode (HRM) conseguimos ajustar uma curva somente no
caso de Tuc/HorA, onde um claro pico come¸ca a aparecer em compara¸ao com TWA e
BPMG. Isto devido `a natureza do modo de alta rota¸ao em TWA, onde o duas estrelas
foram detectadas at´e hoje e BPMG onde o nosso procedimento de ajuste ao se aplica.
Embora estas considera¸oes, encontramos v
0
(eq) = 113 ± 5, 139 ± 5 e 159 ± 5 km×s
1
para o HRM. Estes valores assim como as idades se encontram na figura 1.1.
Levando em conta as idades sucessivas destas associa¸oes, um spin-up edio aparece para
o HRM no entanto, o LRM parece ao variar com a idade. Resultado de acordo com a
lentid˜ao na evolu¸ao de estrelas de baixa massa, em compara¸ao com as de massa maior.
O spin-up acontece entre 8 e 30 Ma, perto do aximo spin-up predito at´e 40 Ma pelos
modelos te´oricos (Siess & Livio 1997). Neste sentido os modos de alta massa poderiam
ser usados como girocronˆometros sincronizados com o padr˜ao de spin em diferentes as-
socia¸oes. Uma ferramenta poderosa que poderia ajudar nos alculos de idades de uma
associa¸ao examinando s´o seu conte´udo de estrelas de alta massa.
Usando os valores de v
0
(eq) junto com os raios m´edios R para cada associa¸ao, deter-
minamos os per´ıodos m´edios de rota¸ao e o momento angular especifico edio: J/M =
k
2
tot
× v
0
(eq) × R onde k
tot
´e o radio de giro total (zonas convectiva e radiativa) da-
dos por o modelo de Siess (2000). Na tabela 1.4 se encontram os valores para J/M em
cm
2
× s
1
, v
0
(eq) e M. Em baixa massa as estrelas est˜ao freiadas com v
0
(eq) 28, 25
e 32 km/s pelo menos durante os primeiros trinta milh˜oes de anos. Em alta massa, as
estrelas desenvolvem claramente um spin-up.
1
o valor representativo da velocidade edia v
0
nos dois casos alto e baixo modo, pode ser obtida
multiplicando a edia dos vsin(i) por um factor 4 (Chandrasekhar & Munch 1950).
14 1 Rota¸ao em estrelas post-T Tauri em associa¸oes
50 100 150 200
0
2
4
6
8
Tuc HorA
30 Myr
32 km s
-1
50 100 150 200
0
2
4
6
8
159 km s
-1
50 100 150 200
0
1
2
3
4
BPMG
12 Myr
25 km s
-1
50 75 100 125 150 175 200
0
1
2
3
4
50 100 150 200
0
1
2
3
4
5
6
7
TWA
8 Myr
28 km s
-1
50 75 100 125 150 175 200
0
1
2
3
4
5
6
7
113 km s
-1
Figura 1.1: Distribui¸oes de vsin(i) (km × s
1
) para as trˆes associa¸oes TW Hya (TWA), BPMG
e Tucana-Horologium. As velocidades equatoriais edias v
0
(eq) para os modos de alta e baixa rota¸ao
(HRM e LRM) indicadas em cada painel, foram calculadas usando o etodo descrito em Chandrasekhar
& Munch (1950) com a = 5 km × s
1
. Para ajustar o HRM em Tuc/HorA usamos a = 10 km × s
1
.
1.4. Fun¸ao de Massa Inicial (IMF) 15
1.4 Fun¸c˜ao de Massa Inicial (IMF)
O n´umero de estrelas em associa¸oes listadas nas tabelas 1.1, 1.2 e 1.3 ao ´e completo.
Temos selecionado a partir da literatura todos os prov´aveis e poss´ıveis membros de cada
grupo, onde futuras pesquisas poderiam retirar ou adicionar alguns destes membros. Por
outro lado, a pertencia ´e uma fun¸ao da massa estelar pelo qual alguns novos membros
possivelmente ser˜ao descobertos em futuras observoes. Com o objetivo de determinar
o n´umero de estrelas que ao candidatas a serem descobertas, assumimos um espectro
de massas que segue uma fun¸ao universal de massa, pelo menos em associa¸oes. Esta
hip´otese est´a baseada na id´eia que todos os grupos considerados poderiam ter iniciado a
forma¸ao estelar pela mesma ´epoca. Ortega et al. (2002,2004), mostraram que BPMG foi
formado em 11.2 ± 0.3 Ma provavelmente pela ao exercida por uma frente de choque
remanescente de uma supernova originada na associa¸ao Sco-Cen. Este parece ser tamb´em
o caso de TWA (8.3±0.8 Ma) (de la Reza et al. 2006). Estas idades foram obtidas
mediante o c´alculo do confinamento de ´orbitas retr´ogadas em 3 dimens˜oes utilizando um
potˆencial Gal´actico generalizado.
Consideramos somente estrelas com massas entre 0.1-2.6M
. ao ao levadas em conta
algumas estrelas an˜as marrom que tˆem sido detectadas nos grupos estudados. Por exem-
plo, os casos de TWA5B, GSC 8047-0232B e HR7329B (Neuh¨auser & Guenther 2004).
A presen¸ca de binariedade na amostra (em TWA quase todas elas !!) ao ´e considerada
para o an´alise da IMF.
Como IMF escolhemos aquela sugerida por Scalo (1998) mas, antes de ajustar esta IMF
aos dados, temos que levar em conta que as distribui¸oes de massa observadas ao ao
uniformes nas trˆes associa¸oes. TWA se ajusta bem no intervalo de (0.1-0.25)M
mas
BPMG e Tuc/HorA pelo contr´ario, apresentam altas massas. Supondo que TWA ´e com-
pleta em baixa massa ´e poss´ıvel ajustar a fun¸ao de Scalo usando os dados para as trˆes
associa¸oes:
ξ(m) = k
D
0
m
D
1
Se 0.1M
m 1.0M
D
0
m
D
2
Se 1.0M
m 2.6M
(1.2)
onde k ´e uma constante e D
1
e D
2
correspondem as pendientes logar´ıtmicas da IMF em
cada intervalo. D
0
= 32 ´e uma constante que envolve a idade do disco Gal´actico (Miller &
Scalo 1979). Scalo (1998) determinou os valores: D
1
= 0.2 ±0.5 e D
2
= 1.7 ±0.5 para
o intervalo 0.1-10M
na sua IMF. Obtemos o melhor ajuste com as observoes usando
D
1
= 0.1 e D
2
= 1.4. Na figura 1.2 mostramos os resultados do ajuste mencionado para
as trˆes associa¸oes TWA, BPMG e Tuc/HorA adotando sempre um bin de 0.5M
16 1 Rota¸ao em estrelas post-T Tauri em associa¸oes
-1 -0.5 0
0
0.5
1
1.5
log m (in solar units)
TWA
BPMG
TucHorA
0
7
8
10
11
4
9
7
1
6
1
4
4
3
3
-1 -0.5 0
0
0.5
1
1.5
-1 -0.5 0
0
0.5
1
1.5
-1 -0.5 0
0
0.5
1
1.5
-1 -0.5 0
0
0.5
1
1.5
Figura 1.2: Compara¸ao das distribui¸oes de massa com a IMF adotada. A linha pontilhada corre-
sponde ao histograma de TWA, tra¸cos curtos a BPMG e longos a Tuc/HorA. A IMF est´a representada
pela linha cont´ınua. O n´umero de estrelas em cada associa¸ao e o intervalo de massa obtido a partir das
diferen¸cas entre IMF e a distribui¸ao de massa observada est´a indicado na parte inferior.
1.5. Distribui¸ao de vsin(i) com a idade 17
O n´umero de estrelas candidatas a serem descobertas em cada associa¸ao, se estas seguem
a IMF da equa¸ao 1.2 ´e dado pela diferen¸ca entre o n´umero de estrelas entre a IMF e as
distribui¸oes observadas. Estes n´umeros aparecem na parte inferior da Figura 1.2.
1.5 Distribui¸ao de vsin(i) com a idade
Usando o n´umero de estrelas faltantes dado pela equa¸ao 1.2 junto com os valores de
vsin(i) observados tentamos agora completar os histrogramas apresentados na figura 1.1.
Para isto simulamos valores de vsin(i) para as estrelas faltantes inclu´ıdas agora no an´alise.
Isto foi feito multiplicando as velocidades equatoriais m´edias obtidas na se¸ao 1.3 por
valores aleat´orios de 0 < vsin(i) < 1. A maioria dos testes feitos produziram resultados
similares pois os valores aleat´orios est˜ao modulados por v
0
(eq). Um resultado t´ıpico
´e mostrado na figura 1.3. O comportamento das distribui¸oes de vsin(i) com a idade ´e
compat´ıvel com uma evolu¸ao durante os primeiros trinta milh˜oes de anos, com acelera¸ao
angular diferente de zero. Esta afirma¸ao ao pode ser extendida a idades maiores ou
menores do intervalo 8-30 Ma, porque a distribui¸ao de vsin(i) em ONC ao apresenta
valores altos de vsin(i) para massas abaixo de 0.6M
. O caso contr´ario acontece nas
Pl´eiades, onde em sido observados vsin(i) altos para massas maiores do que 0.6M
. Al´em
do anterior, nosso alculo est´a feito com valores edios, considerando as propriedades
globais da associa¸ao e n˜ao de cada um dos seus membros.
1.6 Um teste estat´ıstico
Com o objetivo de quantificar a acelera¸ao das associa¸oes durante os primeiros trinta
milh˜oes de anos, usamos o test de Kolmogorov-Smirnov (K-S) em duas dimens˜oes: massa e
vsin(i). Este teste ´e levemente diferente do tradicional K-S em uma dimens˜ao porque ao
´e poss´ıvel definir uma fun¸ao de distribui¸ao acumulativa em duas dimens˜oes. Seguindo
Press et al.(1994), o discriminador pode ser visualizado em um quadrante que cont´em to-
dos os pontos da distribui¸ao bi-dimensional. Comparamos separadamente TWA-BPMG
e BPMG-Tuc/HorA.
Para comparar as popula¸oes de duas associa¸oes com idades diferentes, desenvolvemos
um algoritmo que calcula o ponto no diagrama vsin(i) versus massa para o qual a diferen¸ca
entre as distribui¸oes em dois quadrantes diferentes ´e maxima. As diferen¸cas ao quan-
tificadas da seguinte maneira: em cada quadrante o n´umero de pontos de cada associa¸ao
18 1 Rota¸ao em estrelas post-T Tauri em associa¸oes
50 100 150 200
0
2.5
5
7.5
10
12.5
15
Tuc HorA
30 Myr
50 100 150 200
0
2
4
6
8
BPMG
12 Myr
50 100 150 200
0
2
4
6
8
TWA
8 Myr
Figura 1.3: Distribui¸ao de vsin(i) em km ×s
1
. Os histogramas branco e cinza representam valores
observados e simulados, respectivamente (ver texto)
1.6. Um teste estat´ıstico 19
0 0.5 1 1.5 2
0
50
100
150
0.42/0.00 0.12/0.94
0.29/0.06 0.17/0.00
0 0.5 1 1.5 2
0
50
100
150
Figura 1.4: Teste K-S aplicado na distribui¸ao de vsin(i) com a massa estelar nas associa¸oes TWA
e BPMG. O teste encontra o ponto para o qual a diferen¸ca entre a fra¸ao de triˆangulos (TWA) e a fra¸ao
de quadrados (BPMG) ´e um aximo. O aximo acontece no quadrante superior direito, no qual a
probabilidade de confian¸ca na hipo
´
tese nula foi a menor.
´e contado e dividido pelo n´umero total de pontos (sem considerar o ponto original). Pos-
teriormente fazemos a substra¸ao do resultado obtido em cada uma das duas associa¸oes.
O quadrante que apresenta a maior diferen¸ca ´e a regi˜ao onde a m´axima diferen¸ca entre as
duas distribui¸oes est´a acontecendo. Na figura 1.4 por exemplo, mostramos os resultados
na compara¸ao de TWA (triˆangulos) com BPMG (quadrados). Somente mostramos o
ponto centrado nas estrelas de BPMG, j´a que os resultados ao completamente similares
para TWA. Em cada quadrante a compara¸ao das diferen¸cas das fra¸oes correspondentes
´e indicada. O quadrante superior direito da figura 1.4 corresponde aos maiores valores
de vsin(i) e massa, sendo um dos quadrantes que apresenta as maiores diferen¸cas. Na
figura 1.5 mostramos o mesmo tipo de resultados, mas entre BPMG e Tuc/HorA, os quais
tamem indicam o quadrante superior direito como aquele para o qual as diferen¸cas ao
as maiores. O eixo est´a localizado em 0.6M
quando utilizamos a distribui¸ao TWA
porque este grupo tem membros principalmente de baixa massa. Este ao ´e o caso de
BPMG o Tuc/HorA onde o ponto central est´a localizado em 1.3M
, valor similar ao
nosso diferenciador dos modos alto e baixo, 1.5M
. Este ´ultimo d´a um suporte em certa
maneira a nosso crit´erio apriori para dividir a rota¸ao em dois modos.
Os resultados das compara¸oes de estrelas simuladas mais as observadas entre TWA e
BPMG mostram-se na figura 1.6. Um claro spin up para massas maiores que 1.5M
20 1 Rota¸ao em estrelas post-T Tauri em associa¸oes
0 0.5 1 1.5 2
0
50
100
150
0.06/0.15 0.53/0.18
0.29/0.50 0.12/0.15
0 0.5 1 1.5 2
0
50
100
150
Figura 1.5: Compara¸ao das distribui¸oes BMPG (quadrados) e Tuc/HorA (oct´agonos) usando um
teste K-S
e evidente. Um teste K-S em duas dimens˜oes para o caso de estrelas observadas (n˜ao
simuladas) ´e compat´ıvel com a presen¸ca de uma acelera¸ao dominada por estrelas do
HRM nas trˆes associaci˜oes estudadas.
1.7 Rota¸ao e raios-X
Um dos principais motivos das observc˜es de estrelas pr´e-sequˆencia principal em raios-X,
´e a procura de correla¸oes com a rota¸ao estelar com o fim de obter informa¸ao sobre o
mecanismo do d´ınamo envolvido. Antes de apresentar as nossas an´alises da luminosidade
na banda-X de estrelas post-T Tauri, comentamos brevemente os resultados em ONC
( 1Ma) com o fim de encontrar poss´ıveis rela¸oes na rota¸ao em diferentes idades.
Trˆes estudos sobre emiss˜ao de raios-X em ONC em sido feitos recentemente. Feigelson
et al.(2003) e Flaccomio et al.(2003a e b) encontraram que a rota¸ao nas estrelas de ONC
est´a perto do limite de satura¸ao logL
X
/L
b
3 (valor de satura¸ao da rela¸ao linear ao
longo da seq¨uˆencia principal mostrada na figura 2.0. L
b
´e a luminosidade bolom´etrica).
Por outro lado, os valores m´edios obtidos por Feigelson et al.(mostrados na figura 2.0)
apresentam valores menores do que -3, sugerindo um regime supersaturado.
1.7. Rota¸ao e raios-X 21
0 0.5 1 1.5 2
0
50
100
150
0 0.5 1 1.5 2
0
50
100
150
0 0.5 1 1.5 2
0
50
100
150
0 0.5 1 1.5 2
0
50
100
150
0 0.5 1 1.5 2
0
50
100
150
0 0.5 1 1.5 2
0
50
100
150
Figura 1.6: Distribui¸ao de vsin(i) com a massa estelar nas associa¸oes TWA e BPMG e Tuc/HorA.
S´ımbolos abertos indicam valores observados e s´ımbolos em preto correspondem a dados simulados aleato-
riamente (ver texto).
Nas rela¸oes do fluxo na banda X com a rota¸ao, Flaccomio et al. ao achou nenhuma, mas
Feigelson et al. encontraram uma rela¸ao sutil entre per´ıodos de rota¸ao e de luminosidade
X que ´e inversa `a rela¸ao linear observada na sequˆencia principal. Na figura 2.0 podemos
observar que os dados de Feigelson et al. mostram os valores menores de logL
X
/L
b
para o
HRM. Em um recente trabalho, Stassun et al.(2004) analisou novamente todos os dados de
ONC, os resultados principais ao os seguintes: (1) A maioria das estrelas com per´ıodos de
rota¸ao medidos encontram-se no regime de supersatura¸ao. (2) A rela¸ao com a rota¸ao
´e confirmada no sentido que estrelas com velocidades rotacionais altas, apresentam altos
valores de luminosidade-X. (3) De acordo com o observado por Feigelson et al. e por
Flaccomio et al., L
X
aumenta com a massa estelar. (4) As estrelas com sinais de acres¸ao
apresentam os menores valores de L
X
indicando indiretamente que existe um freio devido
a presen¸ca do disco de acres¸ao em volta da estrela.
Existe enao uma indica¸ao geral que estrelas centrais e ao os discos, ao as respons´aveis
pela emiss˜ao de raios-X em estrelas jovens. Escolhemos L
X
/L
b
e L
X
como indicadores da
luminosidade-X. Estes valores foram obtidos das observoes publicadas e observadas pelo
sat´elite ROSAT sempre que foi poss´ıvel, quando ao, calculamos as luminosidades usando
as distˆancias da literatura (Hipparcos) para os membros das associa¸oes. O alculo dos
fluxos foi feito usando F
X
= C(8.31 + 5.30 × HR1) × 10
12
, onde C e a contagem do
22 1 Rota¸ao em estrelas post-T Tauri em associa¸oes
0 0.5 1 1.5 2 2.5
27
28
29
30
31
32
0 0.5 1 1.5 2 2.5
27
28
29
30
31
32
0 0.5 1 1.5 2 2.5
27
28
29
30
31
32
0 0.5 1 1.5 2 2.5
27
28
29
30
31
32
0 0.5 1 1.5 2 2.5
27
28
29
30
31
32
0 0.5 1 1.5 2 2.5
27
28
29
30
31
32
0 0.5 1 1.5 2 2.5
27
28
29
30
31
32
v
v
v
v
v
v
v
v
Figura 1.7: L
x
vs massa estelar nas associa¸oes: TWA (triˆangulos), BPMG (quadrados) e Tuc/HorA
(oct´agonos grandes). Estrelas com tipos espectrais F e G est˜ao representadas por s´ımbolos em preto. Os
limites superiores s˜ao indicados por setas.
1.7. Rota¸ao e raios-X 23
0 0.5 1 1.5 2 2.5
-8
-6
-4
-2
0 0.5 1 1.5 2 2.5
-8
-6
-4
-2
0 0.5 1 1.5 2 2.5
-8
-6
-4
-2
0 0.5 1 1.5 2 2.5
-8
-6
-4
-2
0 0.5 1 1.5 2 2.5
-8
-6
-4
-2
0 0.5 1 1.5 2 2.5
-8
-6
-4
-2
0 0.5 1 1.5 2 2.5
-8
-6
-4
-2
v
v
v
v
v
v
v
v
Figura 1.8: an´aloga a figura 1.7 mas para L
x
/L
b
.
24 1 Rota¸ao em estrelas post-T Tauri em associa¸oes
ROSAT e HR1 o hardness ratio (Jensen et al.1998) e com F
b
= 2.48 × 10
5
× 2.512 ×
10
(V +BC)
, onde V ´e a magnitude visual observada (tabelas 1.1, 1.2 e 1.3) e BC a corre¸ao
bolom´etrica tirada da sequˆencia principal do Kenyon & Hartmann (1995) em diante KH95.
A resolu¸ao do ROSAT para bin´arias ´e pr´oxima a F
X
dividido por 2. Todos os valores
L
X
e L
X
/L
b
ao apressentados na tabelas 1.1, 1.2 e 1.3. Para estabelecer a rela¸ao entre
L
X
e rota¸ao, calculamos per´ıodos de rota¸ao representativos usando v
0
(eq) e os raios
obtidos em §1.3 e §1.2, respectivamente. Os per´ıodos edios ao mostrados na tabela
1.4. Uma representa¸ao gr´afica das luminosidades encontra-se nas figuras 1.9 e 2.0, onde
temos inclu´ıdo resultados em ONC (Feigelson et al.2003) com o objetivo de fazer uma
compara¸ao. A linha indica o comportamento observado na sequˆencia principal devido
ao d´ınamo (α ω).
Nas figuras 1.9 e 2.0, podemos ver que o indicador de atividade (L
X
) n˜ao apresenta mu-
dan¸cas claras entre o LRM e o HRM com exce¸ao de Tuc/HorA. As varia¸oes ao muito
mais evidentes quando usamos o indicador L
X
/L
b
. Em primeiro lugar encontramos que em
contraste com ONC, o LRM em TWA e BPMG apresenta satura¸ao de L
X
/L
b
, aparente-
mente isto poderia ser devido a ausˆencia de discos de acres¸ao nessas estrelas. Notamos
tamem que ´e observada uma pequena dessatura¸ao para o HRM em BPMG, ao para
o caso de TWA, onde o HRM depende s´o da estrela G5 (TWA19). Por dessatura¸ao, en-
tendemos o decrescimento progressivo dos indicadores de raios-X com respeito aos valores
saturados. Isto acontece primeiro no HRM envolvendo por isso massas e v
0
(eq) grandes.
A dessatura¸ao aparece claramente pouco depois da idade de Tuc/HorA (30Ma), fato
obtido usando ambos indicadores. As figuras 1.11, 1.12, 1.13 e 1.14 mostram as varia¸oes
desses indicadores como fun¸ao da idade para os dois modos. Nessas figuras mostramos
tamem os valores de Flaccomio et al.(2003a) para estrelas T Tauri com idades entre um
e sete milh˜oes de anos e estrelas da sequˆencia principal com idades at´e 140 Ma. Os nossos
dados preenchem bem o buraco observacional entre dez e trinta milh˜oes de anos.
A dependˆencia dos raios-X com a massa mostra uma tendˆencia similar a observada em
ONC por Feigelson et al.(2003) (figuras 1.7 e 1.8). Embora os membros de TWA e BPMG
apresentem em geral, valores de L
X
/L
b
similares independentes da massa, a luminosidade-
X em Tuc/HorA decai rapidamente para M 1.1M
, ou seja, para estrelas G, F e A. Isto
apesar do n´umero de estrelas F em Tuc/HorA ser maior do que em BPMG. Outra car-
acter´ıstica importante ´e que as estrelas F em BPMG em valores maiores de L
X
/L
b
em
Tuc/HorA. Devemos notar que com o aumento da massa e por´em da temperatura, as
camadas convectivas diminuem (Pinsonneault et al.2001). Examinando a tendˆencia ob-
servada para L
X
/L
b
, vemos que a queda come¸ca por volta de log(L
X
/L
b
) -4.0, valor
representativo dos tipos espectrais G3 F 8 com vsin(i) da ordem de 100 km ×s
1
.
A partir deste resultado, podemos inferir que a dessatura¸ao acontece em 30Ma, o que
coincide com a idade de Tuc/HorA e que ´e um efeito devido ao come¸co da estabiliza¸ao
das camadas convectivas (onde as camadas convectivas adquirem sua dimens˜ao m´ınima
durante a evolu¸ao antes da sequˆencia principal). Esta estabiliza¸ao ´e amplamente con-
1.7. Rota¸ao e raios-X 25
hecida e tem sido analisada por arios autores (Cameron et al.1995; Keppens et al.1995;
Siess & Livio 1997). A espessura das camadas convectivas ´e ao pequena, que um aumento
na rota¸ao ´e incapaz de manter valores altos de L
X
/L
b
segundo o d´ınamo estelar.
Nas figuras 1.7 e 1.8 as duas estrelas mais quentes de BPMG com tipos espectrais F2
(vsin(i) = 155kms
1
) e A7 (vsin(i) = 134kms
1
) apresentam valores de L
X
/L
b
muito
baixos em contradi¸ao com o nosso efeito de idade. A dessatura¸ao ´e enao sens´ıvel
o para tipos espectrais G ´e F tardios. Estrelas A exibem sempre valores de L
X
/L
b
independentes da idade. Este fato est´a de acordo com estudos feitos por outros autores
usando o hardness ratio HR1 como um indicador de L
X
. (Kastner et al.2003; Suchkov
et al.2003). De fato, Kastner et al.(2003) estudaram as mesmas associa¸oes de estrelas
post-T Tauri analisadas neste trabalho, e detectaram uma queda de HR1 para estrelas
G e F em Tuc/HorA com rela¸ao a BPMG. Eles tamem encontraram que os valores de
HR1 das associa¸oes ao menores que os apresentados por estrelas mas jovens T Tauri.
Suchkov et al.(2003) fizeram uma an´alise cuidadosa da radia¸ao X em estrelas F com
dados do Hipparcos. Eles encontraram que um pequeno grupo com radia¸oes-X muito
altas (logL
X
>30.4) est´a dominado por estrelas jovens. Em nosso caso, encontramos que
trˆes estrelas F est˜ao incluidas neste intervalo em BPMG e uma o em Tuc/HorA. Em
TWA encontramos que TWA1 (K7) apresenta um valor de L
X
grande.
Em resumo, o decaimento da luminosidade-X com a idade parece estar relacionado com
propriedades intr´ınsecas da estrela e ao com a presen¸ca do disco, fato que foi sugerido
por Kastner et al. (2003) de maneira independente. De fato, o algumas estrelas nas asso-
cia¸oes estudadas aqui apresentam discos, o exemplo mais conhecido ´e TW Hya (TWA1),
com um disco provavelmente nos est´agios finais, um outro caso ´e a componente do sistema
bin´ario Hen 600A (TWA3A). Os discos observados nas estrelas TWA11A e em β Pictoris
ao de natureza diferente dos discos das estrelas T Tauri, a poeira no disco inclui poeira
de segunda gera¸ao neste est´agio post T Tauri (Weinberger et al.2003). Os discos ao
chamados de tipo debris. Nas figuras 1.10, 1.11, 1.12 e 1.13 mostramos a dependˆencia da
luminosidade-X com a idade. O HRM mant´em os valores L
X
/L
b
constantes at´e 30 Ma.
Ap´os o qual come¸ca a dessatura¸ao, primeiro para estrelas G e F. Este efeito, segundo o
discutido acima ´e pr´oprio da estrela coincidindo com as predi¸oes dos modelos evolutivos
e tem rela¸ao com o m´ınimo do tamanho da zona convectiva.
26 1 Rota¸ao em estrelas post-T Tauri em associa¸oes
0 0.5 1
27
28
29
30
31
0 0.5 1
27
28
29
30
31
0 0.5 1
27
28
29
30
31
0 0.5 1
27
28
29
30
31
0 0.5 1
27
28
29
30
31
0 0.5 1
27
28
29
30
31
0 0.5 1
27
28
29
30
31
0 0.5 1
27
28
29
30
31
Figura 1.9: Evolu¸ao esquem´atica de L
x
para HRM e LRM. S´ımbolos em preto correspondem a
dados analisados por Feigelson et al.(2003) em ONC. A linha olida representa o efeito d´ınamo alido
para estrelas de baixa rota¸ao. Os s´ımbolos abertos correspondem as associa¸oes: TWA (Triˆangulos),
BPMG (quadrados) e c´ırculos abertos (Tuc/HorA).
0 0.5 1
-7
-6
-5
-4
-3
-2
0 0.5 1
-7
-6
-5
-4
-3
-2
0 0.5 1
-7
-6
-5
-4
-3
-2
0 0.5 1
-7
-6
-5
-4
-3
-2
0 0.5 1
-7
-6
-5
-4
-3
-2
0 0.5 1
-7
-6
-5
-4
-3
-2
0 0.5 1
-7
-6
-5
-4
-3
-2
0 0.5 1
-7
-6
-5
-4
-3
-2
Figura 1.10: an´aloga a figura 1.9, mas para L
x
/L
b
.
1.7. Rota¸ao e raios-X 27
6 7 8
27
28
29
30
31
32
6 7 8
27
28
29
30
31
32
6 7 8
27
28
29
30
31
32
6 7 8
27
28
29
30
31
32
v
Figura 1.11: Valores edios de log L
X
em fun¸ao da idade para o modo de baixa rota¸ao (LRM).
S´ımbolos em preto, correspondem a estrelas T Tauri (idade 10
7
a) e estrelas que chegaram na sequˆencia
principal (idade 10
7
a) observadas por Flaccomio et al.(2003a)
6 7 8
-7
-6
-5
-4
-3
-2
6 7 8
-7
-6
-5
-4
-3
-2
6 7 8
-7
-6
-5
-4
-3
-2
6 7 8
-7
-6
-5
-4
-3
-2
Figura 1.12: an´aloga a figura 1.11, mas para L
x
/L
b
.
28 1 Rota¸ao em estrelas post-T Tauri em associa¸oes
6 7 8
27
28
29
30
31
32
6 7 8
27
28
29
30
31
32
6 7 8
27
28
29
30
31
32
6 7 8
27
28
29
30
31
32
Figura 1.13: Valores edios do de log L
X
como fun¸ao da idade, para o modo de alta rota¸ao
(HRM). Os s´ımbolos em preto correspondem a estrelas T Tauri (idade 10
7
a) e estrelas que chegaram
na sequˆencia principal (idade 10
7
a) observadas por Flaccomio et al.(2003a)
6 7 8
-7
-6
-5
-4
-3
-2
6 7 8
-7
-6
-5
-4
-3
-2
6 7 8
-7
-6
-5
-4
-3
-2
6 7 8
-7
-6
-5
-4
-3
-2
Figura 1.14: an´aloga a figura 1.13, mas para L
x
/L
b
.
1.7. Rota¸ao e raios-X 29
Tabela 1.1: Membros poss´ıveis e prov´aveis de TWA. As veloci-
dades rotacionais projetadas vsin(i) em km/s correspondem `a ref-
erencia Ref. indicada na ´ultima coluna e a medidas feitas por
Jayawardhana (200?). Referˆencias: (1) Zuckerman & Webb 2000;
(2) Zuckerman et al. 2001b; (3) Stelzer & Neuh¨auser 2001; (4)
Stelzer & Neuh¨auser 2000; (5) Torres et al. 2000; (6) Song, Zuck-
erman & Bessel 2003,2004.
ID SpT V B-V V-I
c
M(M
) R(R
) vsin(i) d(pc) logL
x
logL
x
/L
b
Ref.
TWA Hya:TWA1 K7e 10.92 0.97 1.70 0.60 1.0 4,10.6 56.4 30.39 -2.59 1,2
CD-29
o
8887A:TWA2A M2e 11.07 1.48 2.24 0.30 0.70 13,12.8 43 29.43 -3.54 1,2
CD-29
o
8887B:TWA2B M2 ... ... 2.80 0.15 0.6 ... 43 29.43 ... 1,2,3
Hen 3-600A:TWA3A M3e 12.04 1.49 2.94 0.15 0.55 20,11.6 35 29.23 -3.33 1,2
Hen 3-600B:TWA3B M3.5 13.70 ...,12.2 3.60 0.1 0.5 ... 35 29.23 1,2,3
HD 98800A:TWA4A K4/K5 9.41 1.15 1.51 0.85 1.15 10 46.7 29.87 -3.43 1,2
HD 98800B:TWA4B K7+M1 9.94 1.28 ... 0.85 0.70 ... 46.7 29.87 -3.44 1
CD-33
o
7795A:TWA5A M1.5 11.54 1.48 2.62 0.30 0.70 36,59 48 29.78 -3.05 1,3
CD-33
o
7795B:TWA5B M8.5 20.40 ... 4.60 0.1 0.5 ... 48 29.78 ... 1,2
TYC 7183-1477-1:TWA6 K7 11.62 1.31 1.68 0.65 1.05 55,79.5 77 30.15 -2.82 1,2,3
TYC 7190-2111-1:TWA7 M1 11.65 1.46 2.44 0.25 0.70 2,5 38 29.64 -2.38 1,2,3
TWA 8A M2 13.30 1.46 2.41 0.25 0.70 2,5 21 ... ... 1,2,3
TWA 8B ... 5,11.2 21 ... ... 1,3
CD-36
o
7429A:TWA9A K5 11.26 1.26 1.62 0.70 1.00 10,11.3 50.3 29.56 -3.09 1,2,3
CD-36
o
7429B:TWA9B M1 14.00 1.42 2.58 0.20 0.60 4,8.4 50.3 29.56 -2.28 1,2,3
1RXS J123504.4-413629:TWA10 M2.5 12.96 1.43 2.47 0.25 0.80 2,6.3 57 29.61 -2.93 1,2,3
HR4796A:TWA11A A0 5.78 0.00 2.10 1.65 152,... 67.1 29.02 -5.91 1,4
HR4796B:TWA11B M2.5 13.30 ... 0.30 0.75 ...,12.1 67.1 29.02 -3.22 1,3
RXS J1121.1-3845:TWA12 M2 12,85? 1.50 2.25 0.30 0.75 15,16.2 32 29.06 -2.93 1,3
RXS J1121.3-3447S:TWA13A M1e 11.46 1.44 1.97 0.40 0.80 10,10.5 38 29.44 -3.03 1,2
RXS J1121.3-3447S:TWA13B M2e 12.40 1.44 1.97 0.40 0.80 10,10.3 38 29.44 -3.04 1,2
1RXS J111325.1-452344:TWA14 M0 11.85 ... 2.85 0.15 0.60 ...,43.1 46 29.41 -3.15 1,3
1RXS J123420.1-481514:TWA15A M1.15 13.51 ... 2.16 0.40 0.80 22,21.3 119 30.01 -2.82 1,3
1RXS J123420.1-481514:TWA15B M2 14.00 ... 2.19 0.40 0.80 30,32.3 119 30.01 ... 1,3
1RXS J123456.1-453808:TWA16 M1.5 11.64 ... 2.13 0.30 0.80 11,7.9 66 29.63 -3.43 1,3
1RXS J132046.5-461139:TWA17 K5 11.69 ... 1.92 0.45 0.90 45,49.7 133 30.10 -3.23 1,3
1RXS J132137.0-442133:TWA18 M0.5 12.08 ... 1.98 0.40 0.80 20,24.1 98 29.86 -3.29 1,3
Continua na p´agina seguinte
30 1 Rota¸ao em estrelas post-T Tauri em associa¸oes
Tabela 1.1 continua¸ao
ID SpT V B-V V-I
c
M(M
) R(R
) vsin(i) d(pc) logL
x
logL
x
/L
b
Ref.
HD102458:TWA19A G5 9.14 0.70 0.70 1.70 2.40 25,48.7 104.0 30.45 -3.48 1,3
1RXS J114724.3-495250:TWA19B K7 11.06 ... 1.69 0.65 1.05 10,... 104.0 30.45 -2.99 1,3
A2-146:TWA20 M2 13.40 ... 2.30 0.30 0.70 30,... 50 29.07 -3.09 3
TYC 8599-0697:TWA21 M1 9.79 1.00 ... 1.30 1.50 ... 69 30.21 -3.59 5
SSS 101726.7-535428:TWA22 M5 ... 1.80 ... 0.1 0.30 ...,9.7 22 28.89 ... 5
SSS 120727.4-324700:TWA23 M1 12.67 1.48 ... 0.40 0.85 ...,14.8 37 29.17 -2.94 5
TYC 8644-0822:TWA24 K3 10.26 0.95 ... 1.35 1.55 ...,13.0 95 30.36 -3.16 5
TYC 7760-0283:TWA25 M0 11.36 1.40 ... 0.55 0.95 ...,11.8 44 29.76 -2.95 5
1.7. Rota¸ao e raios-X 31
Tabela 1.2: Membros poss´ıveis e prov´aveis de BPMG. As ve-
locidades rotacionais projetadas vsin(i) em km/s correspondem `a
referencia Ref. indicada na ´ultima coluna e a medidas feitas por
Jayawardhana (200?). Referˆencias: (1) Zuckerman & Webb 2000;
(2) Zuckerman et al. 2001b; (3) Stelzer & Neuh¨auser 2001; (4)
Stelzer & Neuh¨auser 2000; (5) Torres et al. 2000; (6) Song, Zuck-
erman & Bessel 2003,2004. A binariedade est´a indicada com o
s´ımbolo ’.
ID SpT V B-V V-I
c
M(M
) R(R
) vsin(i) d(pc) logL
x
logL
x
/L
b
Ref.
HR9 F2 6.19 ... 0.46 1.60 2.20 155,... 39.10 28.92 -5.30 1
51 Eri F0 5.22 ... 0.34 1.75 1.80 95,... 29.80 30.02 -4.34 1
GJ 3305 M0.5 10.59 1.90 0.1 0.38 ...,5.3 29.80 30.23 -2.49 1
HIP 23309 M0/1 10.01 ... 1.79 0.55 0.90 11,5.8 26.30 29.32 -3.52 1
HD 35850 F7 6.30 ... 0.62 1.50 2.20 50,... 26.80 30.35 -3.52 1
BetaPic A3 3.85 ... 0.20 1.75 1.70 139,... 19.30 ... ... 1
AO Men K6/7 9.77 ... 1.34 1.00 1.25 13,16 38.50 30.20 -2.88 1
V343Nor K0 8.14 ... 0.93 1.30 1.70 11,... 39.80 30.32 -3.22 1
V343NorB ... 14.80 ... 2.90 0.15 0.45 ... 39.80 ... ... 2
HR6070 A0 4.80 ... 1.01 2.15 1.70 30,... 43.00 ... ... 1
HD155555A G5 7.21 ... 0.81 1.35 1.80 37,... 31.40 30.64 -3.02 1
HD155555B K0 8.08 ... 1.09 1.20 1.30 34,... 31.40 30.33 -3.02 1
HD155555C M4.5 12.71 ... 2.69 0.17 0.50 ... 31.40 29.53 -3.02 1
HD164249 F5 7.01 ... 0.53 1.50 2.20 ... 46.90 30.58 -3.48 1
HR6749 A5 5.67 ... 0.26 1.80 1.80 ... 43.90 ... ... 1
HD172555 A7 4.78 ... 0.20 1.75 1.70 134 29.20 28.84 -5.70 1
CD-64
1208’ K7 9.54 ... 1.55 0.80 1.10 150,102.7 29.20 29.89 -3.06 1
PZ Tel K0 8.25 ... 0.85 1.35 1.85 63,... 49.70 30.57 -3.11 1
HR 7329 A0 5.05 ... 0.04 2.10 1.65 150,... 47.70 ... ... 1
HR7329B M7/8 11.93 ... ... ... ... ... 47.70 ... ... 1
HD181327 F5.5 7.03 ... 0.53 1.50 1.70 16,... 50.60 ... ... 1
GJ799 M4.5e 11.02 ... 2.90 0.15 0.70 ...,10.6 10.20 29.37 -2.88 1
GJ803 M1e 8.81 ... 2.10 0.35 0.75 9,... 9.90 29.66 -2.85 1
HD199143 F8 7.34 ... 0.62 1.50 2.20 120,... 47.70 30.61 -3.34 1
BD-17
6128 K7/M0 10.60 ... 1.30 1.00 1.25 12,14.6 47.70 29.58 -3.44 1
HD 14082 B G2 7.75 0.62 ... 1.50 1.30 ... 34.00 30.05 -3.46 2
HD 14082 F8 6.99 0.52 ... 1.50 1.10 ... 39.40 30.18 -3.57 2
Continua na p´agina seguinte
32 1 Rota¸ao em estrelas post-T Tauri em associa¸oes
Tabela 1.2 continua¸ao
ID SpT V B-V V-I
c
M(M
) R(R
) vsin(i) d(pc) logL
x
logL
x
/L
b
Ref.
BD+30 397A G9/K0 10.12 1.21 ... 0.95 1.75 ... 42.30 29.90 -2.89 2
BD+30 397B K5/K6 12.44 1.40 ... 0.60 1.70 ... 42.30 29.90 -2.16 2
BD+05 378 G9/K0 10.37 1.22 ... 0.95 1.75 ...,9.3 40.50 30.16 -2.50 2
GJ 3322’ M1/M2 11.50 1.50 ... 0.35 1.65 ...,A7.7 B2.0 32.10 29.60 -2.90 2
GJ 871.1A M2 12.16 1.51 ... 0.30 1.65 ... 23.60 28.46 -3.54 2
GJ 871.1B M3/M4 13.43 1.58 ... 0.15 1.65 ... 23.60 28.46 -3.30 2
1.7. Rota¸ao e raios-X 33
Tabela 1.3: Membros poss´ıveis e proaveis de Tuc/HorA. As ve-
locidades rotacionais projetadas vsin(i) em km/s correspondem `a
referencia Ref. indicada na ´ultima coluna e a medidas feitas por
Jayawardhana (200?). Referˆencias: (1) Zuckerman & Webb 2000;
(2) Zuckerman et al. 2001b; (3) Stelzer & Neuh¨auser 2001; (4)
Stelzer & Neuh¨auser 2000; (5) Torres et al. 2000; (6) Song, Zuck-
erman & Bessel 2003,2004.
ID SpT V B-V V-I
c
M(M
) R(R
) vsin(i) d(pc) logL
x
logL
x
/L
b
Ref.
HD1466 F8 7.45 0.54 0.59 1.3 1.25 18 40.9 29.62 -4.14 1,2
HIP1910 M0 11.47 1.39 1.95 0.4 0.50 18,19 46.3 29.45 -3.4 1,2
HIP1993 K7 11.47 1.35 1.81 0.5 0.60 17,7.1 37.4 28.68 -3.72 1,2,3,4
HD2884 B9 4.38 -0.07 0.00 2.1 1.65 107 42.8 28.80 -6.39 1,2,3,4
HD2885 A2+A7 4.55 0.15? 0.25 1.7 1.50 6 52.8 28.99 -6.17 1,2,3,4
HD3003 A0 5.06 0.04 0.00 2.1 1.65 78 46.5 28.73 -6.90 1,2,3,4
HD3221 K4 9.63 1.05 1.38 0.8 0.80 110,127.5 45.9 29.99 -3.2 1,2
CPD-64120 K1e 10.29 0.86 1.01 0.9 0.95 32,30.2 59 30.09 -2.91 5
HD8558 G6 8.5 0.68 0.77 1.1 1.05 15 49 30.12 -3.39 5
HD9054 K2 9.07 0.91 1.01 0.9 0.95 6 37 29.81 -3.31 5
GSC8047-0232 K3 10.87 0.95 1.08 0.9 0.90 19 89 30.11 -3.08 5
HD12039 G4/G5 8.07 0.65 ... 1.2 1.15 ... 42.4 29.57 -4.01 6
CD-53386 K3e 11.02 0.96 1.12 0.9 0.90 19 117 30.29 -3.08 5
HD12894 F4 6.43 0.36 0.43 1.5 1.45 110 47 29.3 -4.94 5
HD13183 G5 8.63 0.65 0.76 1.1 1.05 23 50 30.23 -3.24 5
CD-60416 K5 10.68 1.16 1.43 0.8 0.80 12,10.1 45 29.85 -3.22 5
HD13246 F7 7.5 0.52 0.6 1.3 1.25 35 45 30.00 -4.26 5
GSC8056-0482 M3e 12.11 1.48 2.33 0.3 0.40 37,34.2 42 29.74 -2.9 5
GSC8491-1194 M3e 12.21 1.49 2.4 0.3 0.40 8,12.8 40 30.00 -3.22 5
CD-53544 K6e 10.21 1.26 1.6 0.7 0.70 80,82.2 40 30.00 -2.97 5
GSC8497-0995 K6e 10.97 1.23 1.48 0.8 0.75 5,6.7 48 29.23 -3.52 5
GSC8862-0019 K4e 11.67 1.04 1.25 0.9 0.85 6 98 29.85 -3.13 5
CD-65149 K2e 10.19 0.83 ... 1.0 1.00 75 84 30.31 -3.02 5
GSC84999-0304 M0e 12.09 1.25 1.54 0.8 0.75 11 77 29.45 -3.42 5
TYC 5882-11691 K3/K4 10.17 1.01 ... 0.9 0.95 ... 51 30.35 -3.36 6
HD30051 F5 7.12 0.41 ... 1.5 1.50 ... 58.1 29.81 -4.39 6
HD35114 F7/F8 7.39 0.51 ... 1.4 1.40 ... 45.7 30.05 -3.84 6
Continua na p´agina seguinte
34 1 Rota¸ao em estrelas post-T Tauri em associa¸oes
Tabela 1.3 continua¸ao
ID SpT V B-V V-I
c
M(M
) R(R
) vsin(i) d(pc) logL
x
logL
x
/L
b
Ref.
TYC 7600-0516 K1 9.58 0.84 ... 0.85 1.00 ... 53 29.98 -3.25 6
TYC 7065-0879 K4/K5 11.23 1.09 ... 0.9 0.90 ... 70 29.69 -3.25 6
HD40216 F7 7.46 0.49 ... 1.4 1.40 ... 54.3 29.84 -4.18 6
HD43989 F9 7.95 0.54 ... 1.35 1.35 ... 49.8 30.40 -3.35 6
HD44627 K1 9.13 0.86 ... 1 1.00 ... 45.5 29.99 -3.29 6
HD49855 G3 8.94 0.7 ... 1.15 1.10 ... 56.5 29.63 -3.84 6
HD55279 G7 10.11 0.96 ... 0.9 1.00 ... 64.1 29.88 -3.25 6
HD174429 K0 8.25 0.78 0.85 1 1.00 63 49.6 30.38 -3.5 1,2,3,4
HD177171 F7 5.16 0.53 0.63 1.25 1.20 26 52.4 30.50 -4.1 1,2,3,4
HD181296 A0 5.05 0.02 ... 2.05 1.65 150 47.6 28.96 -5.97 1,2,3,4
HD181327 F5 7.03 0.48 0.53 1.35 1.35 16 50.6 29.38 -4.74 1,2,3,4
HD191869S F6.5 7.93 0.49 0.54 ? 1.35 33 65.3 29.48 -4.79 1,2,3,4
HD191869N ... 8.07 ... 0.57 1.35 1.30 30 65.3 29.48 -4.79 1,2,3,4
HD200798 A5 6.69 0.24 0.28 1.7 1.50 120 66.4 29.26 -5.24 1,2,3,4
HD202917 G5 8.68 0.69 0.8 1 1.05 13 45.8 30.09 -3.35 1,2,3,4
HD202947 K0 8.91 0.85 1.05 0.9 0.95 13 46 29.91 -3.16 1,2,3,4
HIP107345 M1 11.62 1.4 1.83 0.5 0.60 14 42.3 29.38 -3.33 1,2,3,4
HD207575 F6 7.22 0.51 0.56 1.3 1.30 30 45.1 29.94 -4.03 1,2,3,4
HD207964 F3 5.9 0.39 0.46 1.5 1.45 110 46.5 29.30 -4.91 1,2,3,4
PPM366328 K0 9.67 0.8 1 0.55 0.90 ... 50 29.57 -3.51 1,2,3,4
HD222259S G5/G8 8.49 0.78 0.78 1.05 1.05 16 46.2 29.64 -3.67 1,2,3,4
HD222259N ... 9.73 1.14 ... 0.9 0.90 13 46.2 29.64 -3.67 1,2,3,4
HD224392 A1 5.01 0.06 0.06 2 1.60 152 48.7 29.28 -5.65 1,2,3,4
1.7. Rota¸ao e raios-X 35
Tabela 1.4: Valores m´edios caracter´ısticos de baixo e alto
modo de rota¸ao estelar, indicados na forma LRM/HRM. Da es-
querda para a direita: idade, (em Ma), massa, raio, velocidade
equatorial edia (em km/s), momento angular espec´ıfico edio
J/M, per´ıodos m´edios (em dias), luminosidades em raios-X (em
erg/s) e a edia das luminosidades-X dividida pelas luminosidades
bolom´etricas. O n´umero total de estrelas em cada caso ´e indicado
na ´ultima coluna.
Associa¸ao idade(Ma) M
/M
R
/R
v
0
(eq) J/M (cm
2
× s
1
) logP (d) log L
X
logL
x
/L
b
N
TWA 8 0.42/1.90 0.8/2.03 28/113 1.6×10
17
/1.6×10
18
0.16/-0.04 29.85/30.45 -2.93/-3.48 31/2
BPMG 12 0.67/1.68 1.20/1.79 25/139 2.1×10
17
/1.7×10
18
0.39/-0.19 30.07/30.24 -2.86/-3.66 19/13
Tuc/HorA 30 0.96/1.77 0.98/1.54 32/159 2.2×10
17
/1.7×10
18
0.19/-0.31 29.97/29.28 -3.37/-5.08 41/8
36 1 Rota¸ao em estrelas post-T Tauri em associa¸oes
Cap
´
ıtulo
2
Observoes e Redu¸ao
As estrelas de maior massa nas trˆes associa¸oes estudadas no cap´ıtulo anterior, desen-
volvem um claro spin-up entre oito e trinta milh˜oes de anos devido `a contra¸ao gravita-
cional e muito provavelmente `a perda de g´as no disco, o qual tem se esvaziado bem antes
da chegada das estrelas na sequˆencia principal. Esta perda de as, principalmente por
acres¸ao sobre a estrela, diminui a intensidade do freio magn´etico. Assim, qualquer cen´ario
que tente explicar a evolu¸ao do momento angular em estrelas jovens precisa estabelecer
a conex˜ao entre rota¸ao e acres¸ao circunstelar. Neste cap´ıtulo descrevemos brevemente
observoes feitas encaminhadas a compreender a rela¸ao entre rota¸ao e acres¸ao du-
rante a PMS. Em primeiro lugar, nos referiremos `a obten¸ao de per´ıodos fotom´etricos
em algumas estrelas PTTS membros do SACY, baseados na ecnica da fotometria difer-
encial. Posteriormente explicaremos de forma breve, as observoes no ´otico feitas para
estrelas em alguns aglomerados abertos do Hemisf´erio Norte. Tamb´em discutiremos os
passos mais significativos para a obten¸ao da fotometria absoluta UVI
c
nesta amostra.
Estas magnitudes, em particular a U, ser˜ao utilizadas no cap´ıtulo 4 para calcular taxas
de acresc˜ao.
2.1 Per´ıodos fotom´etricos de estrelas Post-T Tauri
em associa¸oes
Al´em da massa e do raio, o per´ıodo de rota¸ao das estrelas ´e uma quantidade asica para
o estudo da evolu¸ao do momento angular. As estrelas T Tauri ao vari´aveis em todos
os comprimentos de onda (Appenzeller & Mundt 1989). Originalmente a variabilidade
foi introduzida por Joy (1945) como um crit´erio para classificar estrelas T Tauri. Herbig
(1962) encontrou varia¸oes peri´odicas com per´ıodos que variam entre fra¸ao de dias at´e
alguns dias. Hoffmeister (1965) foi o primeiro a sugerir que estas varia¸oes sejam devidas a
modula¸ao rotacional produzida por uma mancha escura sobre a superficie estelar. Estas
manchas s˜ao comunemente interpretadas como devidas `a atividade magn´etica e seguem a
rota¸ao estelar solidariamente regulando o fluxo registrado aqui na Terra. A interpreta¸ao
37
38 2 Observa¸oes e Redu¸ao
0 0.5 1
0
2
4
6
8
10
12
0 0.5 1
0
2
4
6
8
10
12
0.5 1 1.5 2
0
2
4
6
8
10
0.5 1 1.5 2
0
2
4
6
8
10
Figura 2.1: Distribui¸oes de per´ıodos fotom´etricos (painel inferior) e vsin(i) (painel superior) para
CTTS (linha cont´ınua) e WTTS (linha tracejada) na amostra COYOTES II (tabela 5 de Bouvier et
al.1995).
de Hoffmeister tem sido confirmada pelas observoes e tem se demostrado que se a
mancha possui um padr˜ao est´avel, ´e poss´ıvel achar um per´ıodo de rota¸ao confi´avel que
ao se encontra contaminado pela inclina¸ao da estrela com respeito a linha de visada,
como acontece no caso das medidas de vsin(i). A incerteza na determina¸ao dos per´ıodos
pode ser menor ou da ordem de 1%. Vogel & Kuhi (1981) mediram per´ıodos para uma
amostra grande de estrelas jovens. Ficou claro desde esta ´epoca, que existe uma grande
dispers˜ao nos valores por volta de 1 Ma ou menos. Na d´ecada dos noventa Edwars (1993)
e Bouvier et al.(1995) obtiveram curvas de luz com per´ıodos entre fra¸ao de dia at´e
dias, para uma amostra de CTTS. A figura 2.1 corresponde `a distribui¸ao de per´ıodos e
vsin(i) de estrelas na regi˜ao Tauri-Aurigae obtida no levantamento COYOTES-II feito
por Bouvier et al.(1995).
´
E claro que as CTSS (P =7d) em rota¸ao menor do que as
WTTS (P =4d). A mesma distin¸ao acontece com a distribui¸ao de vsin(i).
´
E bem conhecida a escassez de per´ıodos fotom´etricos entre as CTTS mais velhas e as
estrelas PTTS em aglomerados abertos com idades de 50 Ma. Bouvier, Forestini &
Allain (1997) notaram que precisamente no est´agio PTTS, acontecem as mudan¸cas mais
importantes na rota¸ao estelar devido ao surgimento de um n´ucleo radiativo o qual per-
mite intercambios internos de momento angular na estrela. Esta transferˆencia interna de
momento deve se refletir nos per´ıodos de rota¸ao. Usando um modelo para a evolu¸ao
rotacional em combina¸ao com observoes em aglomerados, eles concluiram que o mo-
mento angular pode se transportar eficientemente nos interiores radiativos das estrelas
post-T Tauri mais r´apidas.
2.1. Per´ıodos fotom´etricos de estrelas Post-T Tauri em associa¸oes 39
Per´ıodos em estrelas post-T Tauri foram inicialmente medidos somente em aglomerados
com idades bem definidas. Com o aparecimento da fotometria e da espectroscopia mul-
tiobjetos, as observoes em aglomerados se incrementaram consideravelmente devido `a
possibilidade de observar a totalidade das estrelas de um aglomerado particular durante
somente uma noite. No caso das PTTS em associa¸oes, novos dados de per´ıodos foram
obtidos, mas desta vez sem o uso da t´ecnica multiobjetos. Por causa das distˆancias a es-
tas associa¸oes serem menores que 100 pc em geral e os movimentos pr´oprios grandes, as
PTTS em associa¸oes aparecem muito dispersas no c´eu, portanto a t´ecnica multiobjetos
ao pode ser usada.
Com o objetivo de medir per´ıodos de rota¸ao no intervalo 10-30 Ma, monitoramos
fotometricamente 36 estrelas pertencentes a associa¸oes estelares observadas dentro do
projeto SACY. A id´eia com o monitoramento ´e a procura de modula¸oes peri´odicas nas
curvas de luz devido `a presen¸ca de manchas sobre a superf´ıcie estelar. O monitoramento
foi realizado com o telesc´opio Zeiss 0.6m do LNA ao longo de 5 miss˜oes entre os anos 2003 e
2004. A metade das noites durante a miss˜ao de outubro de 2003 foi perdida por condi¸oes
clim´aticas. As noites foram em termos gerais, altamente vari´aveis e na maioria delas, com
umidade alta, fato que limitou notavelmente o seguimento fotom´etrico; somente durante as
miss˜oes de junho de 2004 foi poss´ıvel observar durante noites completas. Usamos 3 filtros
´oticos V, I e B durante as observoes para medir varia¸oes em diferentes comprimentos
de onda. O detector utilizado foi o CCD105 com um fator de escala de 0.37 ”/pixel,
equivalente a um campo de vis˜ao de 12.7’×12.7’. Levamos sempre o detector a um n´ıvel
de contagens perto da satura¸ao a qual acontece com 30000 contagens. Isto nos permitiu
obter imagens com raz˜oes sinal-ru´ıdo S/N acima de 100
1
com tempos de exposi¸ao da
ordem de 100s nos filtros V e I e um pouco mais longos para o filtro B. Na tabela 2.1
incluimos o aquelas estrelas que foram observadas pelo menos durante trˆes noites ao
longo de todas as miss˜oes.
Calculamos per´ıodos somente para as estrelas que foram observadas no m´ınimo durante
oito noites, usando um m´etodo baseado na transformada de Fourier das curvas de luz.
Objetos observados em menos de dez noites, apresentaram picos aximos similares ao
ru´ıdo do sinal, reduzindo a confiabilidade da medida. Descrevemos a seguir a obten¸ao
das curvas de luz, deixando para a se¸ao §2.1.3 o c´alculo dos per´ıodos.
2.1.1 Magnitudes Instrumentais
A redu¸ao das imagens CCD foi feita segundo o procedimento padr˜ao, incluindo sub-
tra¸ao do overscan, bias e corre¸ao por flat field. Foram determinadas as magnitudes
1
S/N
c
c
onde c ´e a contagem
40 2 Observa¸oes e Redu¸ao
estrela AS α(J2000.0) δ(J2000.0) V noites
CD-50 7600 13
h
14
m
23.9
s
-50
h
54
m
02
s
10.39 23,24,25jun04
CD-41 7947 13
h
34
m
31.9
s
-42
h
09
m
31
s
9.64 5,6,7,8jun04
HD 117884 1 13
h
34
m
20.2
s
-52
h
40
m
36
s
9.32 5,6,7,8jun04,23,24,25jun04
CD-48 8486 13
h
47
m
50.5
s
-49
h
02
m
06
s
10.89 5,6,7,8jun04
HD 120812 13
h
52
m
47.8
s
-46
h
44
m
09
s
9.59 5,6,7,8jun04
CD-67 5422 14
h
06
m
2.8
s
-58
h
32
m
45
s
10.8 5,6,7,8jun04
7833-11471 1 15
h
01
m
16.5
s
-43
h
39
m
31
s
10.88 5,6,7,8,23,24,25jun04,1,3,4,5,6ago04
CD-52 6550 15
h
18
m
01.8
s
-53
h
17
m
29
s
10.14 5,6,7,8jun04
8696 1949 2 15
h
41
m
31.1
s
-52
h
30
m
30
s
11.07 5,6,7,8jun04,1,3,4,5,6ago04
HD 143358 1 16
h
01
m
7.9
s
-32
h
54
m
53
s
9.71 5,6,7,8,24,25jun04,1,3,4,5,6ago04
MZ Lup 1 16
h
01
m
09.0
s
-33
h
20
m
14
s
10.95 5,6,7,8,23,24,25jun04,1,3,4,5,6ago04
BD-19 4288 16
h
01
m
58.2
s
-20
h
08
m
12
s
10.59 5,6,7,8jun04
CD-22 11315 1 16
h
03
m
35.5
s
-22
h
45
m
56
s
10.96 5,6,7,8,23,24,25jun04,3,5,6ago04
HD 143677 1 16
h
03
m
45.3
s
-43
h
55
m
49
s
9.68 1,2,3 out03,6,7jun04,1,3,5,6ago04
7855 1106 1 16
h
03
m
52.5
s
-39
h
39
m
01
s
11.25 5,6,7jun04
7334 0429 1 16
h
04
m
30.6
s
-32
h
07
m
29
s
10.88 5,6,7,23,24,25jun04
CD-38 10866 1 16
h
05
m
45.0
s
-39
h
06
m
07
s
10.55 5,6,7,23,24,25jun04
CD-25 11330 16
h
05
m
50.6
s
-25
h
33
m
14
s
10.93 5,6jun04
V1002Sco 4-1 16
h
12
m
40.5
s
-18
h
59
m
28
s
10.91 5,6,23,24,25jun04,3,5,6ago04
CD-22 11432 16
h
14
m
11.1
s
-23
h
05
m
36
s
10.66 5,6jun04
HD 175897A 1 19
h
01
m
06.9
s
-58
h
53
m
30
s
8.49 6,23,25jun04,1,3,4,5,6ago04
HD 178085 8-1 19
h
10
m
57.9
s
-60
h
16
m
19
s
8.34 1,3,4,5,6ago04
HD 180445 1 19
h
18
m
12.5
s
-38
h
23
m
04
s
8.46 6jun04,1,3,4,5,6ago04
HD 191849A 1 20
h
13
m
52.8
s
-45
h
09
m
49
s
1,2,3 out03,1,3,4,5,6ago04
AT MicS 6 20
h
41
m
51.1
s
-32
h
26
m
10
s
11.1 1,2,3 out03,8jun04,1,3,4,5,6ago04
AU Mic 6 20
h
45
m
09.3
s
-31
h
20
m
24
s
8.73 1,2,3 out03,8jun04,1ago04
HD 358623 6 20
h
56
m
02.7
s
-17
h
10
m
54
s
10.46 1,2,3 out03
HD 199065 20
h
57
m
22.4
s
-59
h
04
m
33
s
8.4 1,2,3 out03
HD 220054M 23
h
21
m
52.6
s
-69
h
42
m
12
s
9.91 1,2,3 out03
CD-86 0147 23
h
27
m
49.2
s
-86
h
13
m
19
s
9.29 1,2,3 out03
HD 987M 00
h
13
m
52.81
s
-74
h
41
m
17
s
8.78 1,2,3 out03
HD 3221MZ 00
h
34
m
51.1
s
-61
h
54
m
58
s
9.61 1,2,3 out03
HD 8558M 01
h
23
m
21.11
s
-57
h
28
m
50
s
8.51 1,2,3 out03
8043 0814 1 01
h
37
m
20.8
s
-49
h
11
m
44
s
10.42 1,2,3 out03
HD 10922 01
h
46
m
13.0
s
-46
h
56
m
52
s
9.35 1,2,3 out03
CD-60 416M 02
h
07
m
32.1
s
-59
h
40
m
21
s
10.68 1,2,3 out03
Tabela 2.1: Estrelas post-T Tauri do SACY monitoradas fotometricamente nos filtros BVI. A coluna
AS significa a associa¸ao `a qual pertence a estrela: 1 GAYA1 (Tuc/HorA), 2 GAYA2 (20 Ma), 4 YSSA
(10 Ma), 6 BPMG (11 Ma) e 8 AnA (50 Ma).
2.1. Per´ıodos fotom´etricos de estrelas Post-T Tauri em associa¸oes 41
instrumentais para todas as estrelas do campo usando a tarefa DAOPHOT do IRAF. Foi
feita a contagem do fluxo dentro de um raio pr´e-definido. O n´ıvel do c´eu foi determinado
dentro de um anel concˆentrico em torno de cada estrela do campo para posteriormente
substrair este valor da contagem total observada. Usualmente, o raio interno do anel para
a determina¸ao do fundo do eu foi 2 pixels maior em compara¸ao com o raio da abertura.
Com o fim de determinar o per´ıodo da variabilidade fotom´etrica, somente ao importantes
as varia¸oes relativas. Devido a isto, realizamos fotometria diferencial. Esta t´ecnica tem
a vantagem de reduzir as mudan¸cas de brilho devido `a extin¸ao atmosf´erica por causa
das noites ao serem fotom´etricas. A fotometria diferencial ou relativa funciona bem
quando: 1) No campo observado, a estrela do programa para a qual queremos determinar
a varia¸ao de brilho aparece rodeada por estrelas com brilhos similares e constantes e 2)
Quando a estrela do programa ´e observada ao longo de um grande n´umero de noites.
Ap´os calcular as magnitudes instrumentais, aplicamos um algor´ıtmo desenvolvido por
Broeg et al.(2005) (em diante B05) para fazer a fotometria diferencial. Este algor´ıtmo,
ao escolhe na ao as estrelas de compara¸ao (CS) a serem usadas como tipicamente
´e feito, mas determina recursivamente as melhores estrelas de compara¸ao baseado nas
magnitudes instrumentais.
Como saber quais CS usar?
Geralmente a fotometria diferencial usa a estrela do programa e uma ou duas CS que ao
aproximadamente constantes ao longo das noites. A subtra¸ao das magnitudes instrumen-
tais da estrela do programa e a CS para cada noite, permite eliminar o efeito da extin¸ao
atmosf´erica como mencionamos acima. Mas ficam no ar duas perguntas: 1) Porque ao
usar todas as estrelas que aparecem no campo em lugar de uma o? e 2) Qualquer estrela
brilhante no campo ´e uma boa CS?
Precisamente para resolver estas quest˜oes usamos um algor´ıtmo que utiliza todas as es-
trelas do campo como CS’s e decide quais delas ao boas CS e quais ao, baseado no fato
de que uma boa CS tem um brilho amplamente constante. No passo seguinte, o brilho
m´edio das CS selecionadas ´e comparado com o brilho m´edio da estrela do programa.
2.1.2 Fotometria diferencial
O princ´ıpio da fotometria diferencial ´e muito simples. Se S
0
1
e S
0
2
ao os fluxos originados
por alguma fonte distante nos instantes de tempo 1 e 2, os fluxos medidos sobre a superf´ıcie
42 2 Observa¸oes e Redu¸ao
da terra s˜ao: S
1
= R
1
S
0
1
e S
2
= R
2
S
0
2
onde R
1
e R
2
representam a perda de fluxo devido
`a atmosfera. No caso de uma atmosfera cinza R
1
= R
2
= R e a magnitude diferencial m
D
pode se escrever como:
m
D
= m
1
m
2
= 2.5log
S
1
S
2
= 2.5log
S
0
1
S
0
2
(2.1)
onde m
1
e m
2
ao as magnitudes instrumentais. A equa¸ao 2.1 independe de R, o que
significa que os efeitos de extin¸ao se cancelam. No caso de arias estrelas de compara¸ao
CS no mesmo campo, a magnitude diferencial ´e:
m
D
= m m
CS
= m
1
N
N
i
c
i
m
CS
i
=
1
0.4
(logS
0
o
1
N
N
i
c
i
logS
0,CS
i
) (2.2)
onde os fluxos das N estrelas de compara¸ao (CS) ao indicados como S
0,CS
i
e o fluxo
da estrela do programa como S
0
o
. A equa¸ao 2.2 compara a estrela do programa com
uma estrela artificial ou virtual que tem magnitude dada pela edia das estrelas reais
de compara¸ao. algor´ıtmo, esta expres˜ao ´e independente da extin¸ao R se a atmosfera ´e
cinza e se todos os objetos ao observados com massas de ar parecidas. Na equa¸ao 2.2 os
c
i
ao tem restri¸ao nenhuma. O caso particular c
i
= 1 corresponde `a m´edia aritm´etica,
mas o algor´ıtmo B05 usa um c
i
= 1 estando as edias calculadas com uma fun¸ao peso
que ´e inversamente proporcional `a dispers˜ao das magnitudes das CS em rela¸ao `a m´edia.
Isto ´e, c
i
1
2
i
onde σ
i
´e o desvio padr˜ao de cada CS em rela¸ao `a m´edia. O desvio
padr˜ao ´e calculado em B05 de forma iterativa usando aproxima¸oes sucessivas. O valor
inicial ´e dado pela dispers˜ao dos erros nas magnitudes instrumentais ao redor do valor
central. O erro no c´alculo da magnitude instrumental ´e:
err
i
=
(flux
i
/Gain +
2
i
+ A
2
σ
2
i
/nsky
i
) = 1.0857 × err
i
/flux
i
(2.3)
onde A ´e a abertura em pixels, σ o desvio padr˜ao do fundo do eu, nsky ´e o n´umero
de pixels utilizados para avaliar o fundo do c´eu e f lux ´e o fluxo fotom´etrico para uma
abertura determinada. A equa¸ao 2.3 ´e utilizada para calcular um valor inicial de c
i
,
o que permite conhecer a magnitude diferencial m
D
inicial em 2.2. Este valor de m
D
´e melhorado de forma interativa usando um novo c
i
a cada vez, constru´ıdo a partir do
desvio padr˜ao das CS’s. O processo ara, quando a diferen¸ca entre dois c
i
sucessivos
seja constante. A tabela 2.2 mostra uma sa´ıda t´ıpica do algor´ıtmo. A melhor estrela de
compara¸ao resulta ser CS2 para a qual as filas std.dev e avg.erro coincidem na terceira
2.1. Per´ıodos fotom´etricos de estrelas Post-T Tauri em associa¸oes 43
decimal e a pior a CS5 por exibir convergˆencia s´o em d´ecimas de magnitude, mas todas as
5 CS tˆem sido usadas na avalia¸ao da magnitude diferencial (coluna object). As varia¸oes
dessa coluna n˜ao s˜ao superiores a uma d´ecima de magnitude.
Usando o B05 derivamos as magnitudes diferenciais para cinco PTTS membros de as-
socia¸oes do SACY e construimos as curvas de luz para os trˆes diferentes filtros BVI.
Selecionamos para todas as fontes, as curvas de luz mais representativas, ou seja aquelas
com maior S/N. A qualidade das curvas de luz ´e medida no espa¸co de Fourier como sendo
proporcional `a rela¸ao das alturas de maior pico e da m´edia dos aximos secund´arios.
Esta rela¸ao depende fortemente do n´umero de observoes. Adotamos o crit´erio de vari-
abilidade seguinte: a estrela ´e vari´avel quando o desvio padr˜ao da magnitude m´edia sobre
todas as noites seja trˆes vezes maior do que o desvio padr˜ao da magnitude m´edia da CS
virtual da equa¸ao 2.2. A maioria das curvas de luz no filtro B apresentam raz˜oes S/N
pequenas. Este fato ´e devido a que atividade cromosf´erica e em particular flares ao mais
claramente vis´ıveis em comprimentos de onda curtos. Os dados no filtro B confirmam os
n´ıveis da atividade cromosf´erica observada nos outros dois filtros.
As curvas de luz s˜ao apresentadas em fun¸ao de duas vari´aveis independentes: o tempo e
a fase. Cada curva de luz mostra a diferen¸ca de magnitude entre a estrela do programa
e a magnitude edia da estrela de compara¸ao virtual CS da equa¸ao 2.2, vs o tempo
(JD) ou a fase (Φ) das observoes. Por causa da periodicidade do sinal recebido, a
variabilidade pode ser medida tanto na escala de tempo quanto em uma escala de fase.
A cada instante de observao (Data Juliana em unidades de 2453160.00), corresponde
uma fase de acordo com a equa¸ao seguinte:
Φ =
1
P
[t (JD
i
+ P × INT [
t JD
i
P
])] (2.4)
onde Φ (0 Φ 1) ´e a fase observada, P ´e o per´ıodo e JD
i
´e o instante de referˆencia,
geralmente dado pela data da primeira observao. A fase ´e uma fun¸ao crescente do
tempo com um valor inicial dado por Φ = 0. A vantagem de trabalhar com a fase ´e que
a ao simultaniedade da aquisi¸ao dos dados n˜ao aparece. Os dados aparecem ordenados
no tempo, fechando os vacuos ou gaps presentes nas curvas de luz com JD como vari´avel
independente, isto devido ao termo P × INT [
tJD
i
P
] onde INT indica a fun¸ao parte
inteira. Observoes feitas em epocas muito posteriores `a primeira observao JD
i
ao
ordenadas em fase juntando desta forma toda a informa¸ao de um ciclo s´o.
44 2 Observa¸oes e Redu¸ao
star number 1 2 3 4 5 6
CS number Object Err-Obj CS 1 CS 2 CS 3 CS 4 CS 5
2.57849 1 -2.0439 0.0088 -0.4427 0.1544 2.1407 -0.4859 1.0118
3.57132 2 -1.9957 0.0090 -0.4240 0.1766 2.0838 -0.5131 0.9967
4.57999 3 -2.0137 0.0088 -0.4359 0.1615 2.0117 -0.4651 1.0018
5.61853 4 -2.0724 0.0203 -0.4657 0.2191 2.0058 -0.4934 0.9076
20.61421 5 -2.0037 0.0088 -0.4161 0.1883 2.0350 -0.5392 1.1272
21.49792 6 -1.9991 0.0060 -0.3916 0.1742 2.1024 -0.5480 1.0178
22.55340 7 -2.0239 0.0058 -0.4137 0.1830 2.0179 -0.5326 1.1435
59.54311 8 -2.0673 0.0063 -0.3879 0.1605 2.0080 -0.5235 1.1215
61.45323 9 -2.0267 0.0056 -0.4002 0.1532 2.0711 -0.5213 1.1304
61.45469 10 -2.0429 0.0050 -0.4177 0.1628 2.0899 -0.5175 1.0992
62.64968 11 -2.0370 0.0059 -0.3782 0.1628 2.0422 -0.5409 1.0961
63.48495 12 -2.0427 0.0062 -0.4068 0.1498 2.1071 -0.5199 1.1252
63.48634 13 -2.0405 0.0050 -0.3868 0.1518 1.9590 -0.5005 1.1192
64.50296 14 -2.0538 0.0085 -0.4004 0.1597 2.0201 -0.5146 1.1251
star number 1 2 3 4 5 6
CS number Object Err-Obj CS 1 CS 2 CS 3 CS 4 CS 5
std. dev.: 0.0239 0.0243 0.0188 0.0505 0.0229 0.0720
avg. erro: 0.0079 0.0130 0.0154 0.0619 0.0128 0.0283
instr. mag: 15.2307 16.9512 17.3642 19.1989 16.8884 18.3074
diff. mag: -2.0331 -0.4120 0.1684 2.0496 -0.5154 1.0731
weights: 2.41E-1 4.04E-1 5.59E-2 2.72E-1 2.75E-2
Tabela 2.2: Resultados do algor´ıtmo B05 para as 14 observoes no filtro I da estrela jovem MZLup.
As colunas Object e Err-Obj ao a magnitude diferencial de MZ Lup e o erro, respectivamente. O desvio
padr˜ao (std.dev) das (CS) e o erro edio (avg.erro) ao muito parecidos ap´os algumas itera¸oes. A
primeira coluna ´e o tempo medido em fra¸ao de JD (O ponto zero para a Data Juliana ´e JD=2453160.00)
2.1. Per´ıodos fotom´etricos de estrelas Post-T Tauri em associa¸oes 45
Figura 2.2: Obten¸ao de per´ıodos usando TF do sinal observado. O fluxo estelar F(t) ´e
multiplicado pela janela temporal W(t) resultando o fluxo observado D(t). No espa¸co de Fourier, a
convolu¸ao do espectro observado f(ν) com a janela espectral w(ν) corresponde ao periodograma d(ν).
2.1.3 Determina¸c˜ao dos per´ıodos
Por causa da variabilidade, as magnitudes diferenciais m
D
seguem em geral uma dis-
tribui¸ao n˜ao aleat´oria mostrando uma tendˆencia oscilat´oria. Com o fim de determinar o
per´ıodo desta tendˆencia, usamos um etodo baseado na transformada de Fourier do sinal
observado. Descrevemos a seguir as caracter´ısticas principais do etodo e a aplica¸ao a
estrelas com o maior n´umero de observoes da tabela 2.1.
Periodogramas usando a Transformada de Fourier (TF)
Os etodos para extrair as frequˆen¸cias da variabilidade das curvas de luz, devidas seja
a rota¸ao, ou `as varia¸oes nas velocidades radiais, est˜ao baseados na an´alise do chamado
periodograma, ou TF das observoes. Os picos observados no periodograma correspon-
dem a frequˆencias presentes nos dados. A dificuldade principal ´e a presen¸ca de frequˆencias
falsas devido a observoes peri´odicas. Para evitar este problema, ´e importante selecionar
os picos de maior amplitude e subtrair iterativamente deles um sinal peri´odico no dominio
do tempo at´e obter o n´ıvel de S/N desejado. A figura 2.2 mostra de manera simplificada
o principio do etodo desenvolvido inicialmente por Gray & Desikachary (1973). Nesta
figura, F (t) ´e o fluxo da estrela, D(t) s˜ao os dados observacionais (m
D
) e W (t) a janela
temporal durante a qual as medidas foram feitas. Porque das observoes est˜ao moduladas
pela janela, temos que:
46 2 Observa¸oes e Redu¸ao
D(t) = F (t) × W (t) (2.5)
Chamamos as transformadas de Fourier dessas fun¸oes f(ν), d(ν) e w(ν). O periodograma
d(ν) ´e definido atrav´es de:
d(ν) = f(ν) w(ν) (2.6)
onde o asterisco indica convolu¸ao. Se F (t) pode se expressar como a soma de um n´umero
finito de sinusoidais, enao o periodograma d(ν) resulta ser uma combina¸ao linear das
transformadas da janela:
d(ν) = δ
1
(ν ν
1
) w(ν) + δ
2
(ν ν
2
) w(ν) + ... + δ
N
(ν ν
N
) w(ν) (2.7)
onde cada termo na superposi¸ao corresponde `a transformada da janela reescalada por
uma δ de Dirac com a qual esta convolu´ıda. No caso mais simples, quando existe uma
frequˆencia o, o periodograma consiste na transformada da janela transladada para essa
frequˆencia.
Com esta interpreta¸ao do periodograma, a obten¸ao das N frequˆencias pode ser feita
como segue: 1) Construir a janela espectral w(ν) e o periodograma d(ν). 2) Procurar o
padr˜ao da janela no periodograma. 3) Transladar a janela at´e ajustar o periodograma. 4)
Normalizar a janela at´e obter a mesma altura do periodograma na frequˆencia particular.
5) Determinar a altura do pico aximo do periodograma 6) Subtrair a janela normalizada
do periodograma.
´
E importante notar que qualquer uma das frequˆencias presentes na
janela espectral pode ser usada na escolha da frequˆencia particular.
Resultados
Todas as frequˆencias foram calculadas usando o odigo Period 04 v.1.0 desenvolvido
por Patrick Lenz
2
. Usamos este odigo porque ele foi particularmente desenhado para a
an´alise estat´ıstica de eries de tempo com acuos ou gaps (observoes ao sucessivas).
O sinal ´e definido em Period 04 v.1.0 como a amplitude do pico aximo e o ru´ıdo
como a edia da amplitude em um intervalo de frequˆencia determinado, contendo o pico
aximo. Simula¸oes num´ericas feitas por Kuschnig et al.(1997) mostram que a raz˜ao
S/N no deveria estar abaixo de 4.0 para ter uma boa confiabilidade no alculo do per´ıodo.
Desafortunadamente ao ´e o nosso caso, onde somente um objeto tem S/N4.0. Apesar
deste crit´erio, n´os calculamos os per´ıodos usando este programa para as estrelas com um
n´umero de observoes superior a oito. Os resultados se encontram na tabela 2.3.
2
Instituto de Astronomia, Universidade de Vienna
2.1. Per´ıodos fotom´etricos de estrelas Post-T Tauri em associa¸oes 47
O baixo sinal ru´ıdo depende tamb´em das estrelas de compara¸ao CS. O processo utilizado
minimiza o erro na fotometria diferencial por causa da m´edia ponderada usada para con-
struir a CS artificial. Como discutimos na se¸ao anterior, o etodo permite manipular CS
desconhecidas pois elas ao rejeitadas se forem vari´aveis devido aos c
i
serem inversamente
proporcionais a 1
2
i
. Mas o m´etodo ao diferencia a extin¸ao em cada filtro, adotando
assim uma mesma lei independente do comprimento de onda (Broeg et al.2005). No filtro
B as estrelas de compara¸ao em geral ao bem diferentes do que a estrela do programa
se os tipos espectrais ao diferentes, o que introduz uma fonte de erro na constru¸ao das
curvas de luz. Por isto, neste filtro o S/N ´e maior do que nos outros dois filtros.
Apresentamos na tabela 2.3 resultados para cinco estrelas os-T Tauri, para as quais, com
exe¸ao de MZLup, ao se conhecem outros valores de per´ıodos na literatura. Ter´ıamos
gostado de ter obtido um n´umero maior de medidas de per´ıodos fotom´etricos para estrelas
em diferentes idades para assim ter uma indica¸ao do spin-up observacional. No entanto,
esta tarefa requer um tempo consider´avel de telesc´opio e boas condi¸oes fotom´etricas.
Esta condi¸ao ´e especificamente dif´ıcil no LNA.
MZ Lup
A variabilidade da estrela MZLup no filtro-V foi reportada por Wichmann et al.(1998)
calculou um per´ıodo de 3.78d. os obtemos um valor diferente baseados na an´alise de
dados fotom´etricos obtidos durante 14 noites, encontrando uma frequˆencia de ν = 0.22Hz
nos filtros V e I. Nas figuras 2.3, 2.5 e 2.7 mostramos as magnitudes diferenciais vs a data
juliana para o conjunto total das observoes nos filtros V e I. Adicionalmente, temos
tra¸cado nessas figuras, uma curva sinusoidal com frequˆencia ν = 0.22Hz equivalente a um
per´ıodo de 4.5 dias. No filtro-B o per´ıodo resultante ´e consider´avelmente menor: 3.1d,
fato que atribu´ımos a que neste filtro a variabilidade pr´opria das estrelas jovens se faz
mais evidente, tendo menor raz˜ao S/N do que nos filtros V e I. A janela espectral ´e muito
similar para frequˆencias ν 3.0 em todos os filtros, apresentando amplitude axima A=1
para ν = 0 al´em de uma serie de aximos secund´arios. O padr˜ao da janela espectral
w(ν) ´e vis´ıvel em todos os periodogramas (diferentes filtros) estando trasladada para a
frequˆencia 0.22 Hz nos filtros V e I e para a frequˆencia 0.32 no filtro B. No periodograma no
filtro-B ´e dificil distinguir qual ´e o pico aximo, devido a existˆencia de pelo menos dois
candidatos suplement´arios. Adotamos o maior deles o qual tem uma amplitude 0.058.
Uma frequˆencia similar, provavelmente ν =0.29 tem se misturado no periodograma e
como consequˆencia a frequˆencia de 0.32 Hz aparece modulada. As curvas de luz com a
fase Φ como vari´avel independente, mostram a variabilidade de MZLup ao longo das 14
observoes.
48 2 Observa¸oes e Redu¸ao
HD 143677
Para este objeto contamos com nove observoes. O periodograma no filtro-V apresenta
duas frequˆencias prominentes, sendo a maior delas em 0.132 Hz. A variabilidade ´e evidente
no filtro-V. No entanto, nos outros dois filtros existe uma tendˆencia a seguir a curva de
luz em V. Isto por causa de um menor n´umero de observoes para I e B. As noites de 1,2
e 3 de outubro de 2003 foram muito ´umidas, e a c´upula teve que ser fechada ap´os meia
noite. Por isto, foi dada uma preferˆencia `as observoes somente em um filtro (V).
HD 117884
A variabilidade deste objeto foi analizada utilizando nove observoes. A janela espectral ´e
muito similar em todos os filtros, apresentando trˆes picos `a direita de ν =0 Hz. Este padr˜ao
´e vis´ıvel no periodograma estando centrado em F=ν=0.280 Hz, mas em superposi¸ao
com uma o um conjunto de frequˆencias parecidas, o que d´a ao periodograma um aspecto
modulado. Adotamos ν=0.280 Hz como a frequˆencia procurada.
TYC 7833-1147-1
Esta estrela foi observada 13 vezes entre 2003 e 2004. O periodograma no filtro-V mostra
claramente que o pico m´aximo acontece na frequˆencia F=ν=0.204 Hz. As amplitudes em
todos os filtros s˜ao menores do que 0.05 mag.
CD-22 11315
A figura 2.19 mostra a curva de luz no filtro-I para as 12 observoes feitas para este
objeto. Esta estrela apresenta a maior rota¸ao entre as cinco analizadas. O periodograma
possui dois picos de altura similar ap´os 0.4 Hz. O de maior amplitude corresponde `a
frequˆencia F=ν =0.501 Hz.
2.1. Per´ıodos fotom´etricos de estrelas Post-T Tauri em associa¸oes 49
objeto filtro P.Zero ν(Hz) A
max
S/N P(d)
MZLup V -2.036 0.22±0.01 0.027 2.61 4.5±0.2
I -2.036 0.22±0.01 0.039 3.50 4.5±0.2
B -2.902 0.32±0.03 0.053 1.97 3.1±0.3
HD143677 V -3.177 0.13±0.03 0.105 2.44 7.7±1.8
I -4.039 0.12±0.04 0.080 2.01 8.3±2.8
HD117884 V -5.415 0.22±0.04 0.087 2.13 4.5±0.8
I -5.547 0.29±0.03 0.106 3.20 3.4±0.4
B -4.869 0.21±0.04 0.076 2.04 4.8±0.9
TYC7 833-1147-1 V -3.465 0.20±0.02 0.059 3.59 5.0±0.5
I -4.229 0.29±0.01 0.018 1.70 3.4±0.2
CD-2211315 V -4.079 0.67±0.01 0.013 1.74 1.5±0.1
I -3.847 0.50±0.01 0.072 4.56 2.0±0.1
Tabela 2.3: Parˆametros rotacionais derivados com Period 04 v.1.0. A coluna P.Zero indica o
valor m´edio das magnitudes diferenciais (coluna object na tabela 2.2). A amplitude do pico aximo esta
indicada com A
max
. O erro no per´ıodo ´e obtido a traes de: P =
1
ν
2
ν
.
Figura 2.3: Curva de luz MZLup no filtro I. As magnitudes diferenciais foram obtidas usando o
etodo descrito em 2.1.2
Figura 2.4: Janela espectral (esquerda) e periodograma (direita) para MZLup no filtro-I. O padr˜ao
da janela aparece no periodograma centrado na frequˆencia ν =1/P=0.22 Hz.
50 2 Observa¸oes e Redu¸ao
Figura 2.5: Curva de luz MZLup no filtro V.
Figura 2.6: Janela espectral (esquerda) e periodograma (direita) para MZLup no filtro-V.
Figura 2.7: Curva de luz MZLup no filtro B.
2.2. Fotometria na banda U
J
51
Figura 2.8: Janela espectral (esquerda) e periodograma (direita) para MZLup no filtro-I. O padr˜ao
da janela no periodograma aparece neste filtro convolu´ıdo com uma frequˆencia similar a qual provavel-
mente ´e simplesmente ru´ıdo. Mesmo com este comportamento ainda ´e poss´ıvel observar o padr˜ao da
janela centrado na frequˆencia ν =1/P=0.32 Hz
2.2 Fotometria na banda U
J
O estudo sobre a evolu¸ao temporal da taxa de acres¸ao em estrelas membros de aglomera-
dos abertos jovens est´a baseado em observoes no ´otico feitas usando a camara MONICA
3
no telesc´opio de 0.8m de la Universidade de M¨unchen (Alemanha) entre agosto e setembro
de 2005, no observat´orio de Wendelstein. Foi realizada fotometria V I
c
(em diante V I) e
ultravioleta U.
2.2.1 A amostra observada
Com base no cat´alogo de Dias et al.(2002) foram escolhidas 24 estrelas pertencentes a
aglomerados abertos do Hemisf´erio Norte com idades entre um e trinta milh˜oes de anos
e com tipo espectral mas frio do que G0V. Estrelas frias preferivelmente de tipo K e M,
pertencentes a aglomerados muito jovens e com alg´um indicador de acresc˜ao (presen¸ca da
linha de H
α
em emiss˜ao) ao objetos ideais para fazer medidas de taxas de acres¸ao de
disco.
Esta amostra foi planejada para se observar durante as 6 noites de 03.08.05 at´e 08.08.05
mas devido as condi¸oes muito ruins do eu, com chuva, somente algumos poucos campos
foram obtidos durante essa miss˜ao. Em uma segunda miss˜ao em setembro do mesmo ano
3
MONICA (MONochromatic Image CAmera) Esta camara permite obter imageamento usando um
detector CCD resfriado mediante LN
2
. O campo do detector ´e de 1024 × 1024 pixels com um tamanho
de pixel de 24 µm. O campo de vis˜ao FOV=8.5
× 8.5
e a escala instrumental ´e 0.495 ”/pixel.
52 2 Observa¸oes e Redu¸ao
MZLup
Figura 2.9: Curva de luz para MZLup nos filtros BVI. A fase foi construida usando um per´ıodo de
4.5d nos trˆes filtros.
2.2. Fotometria na banda U
J
53
Figura 2.10: Curva de luz HD143677 no filtro V.
Figura 2.11: Janela espectral (esquerda) e periodograma (direita) para HD 143677 no filtro-V.
54 2 Observa¸oes e Redu¸ao
HD 143677
Figura 2.12: Curva de luz para HD143677 nos filtros BVI
2.2. Fotometria na banda U
J
55
Figura 2.13: Curva de luz HD117884 no filtro I.
Figura 2.14: Janela espectral (esquerda) e periodograma (direita) para HD 117884 no filtro-I.
56 2 Observa¸oes e Redu¸ao
HD 117884
Figura 2.15: Curva de luz para HD117884 nos filtros BVI
2.2. Fotometria na banda U
J
57
Figura 2.16: Curva de luz para 7833-11471 no filtro V.
Figura 2.17: Janela Espectral 7833-11471 no filtro-V
58 2 Observa¸oes e Redu¸ao
7833-1147-1
Figura 2.18: Curva de luz para TYC 7833-1147-1 nos filtros BVI
2.2. Fotometria na banda U
J
59
Figura 2.19: Curva de luz para CD-2211315 no filtro I.
foi observada pouco mais do 50% da amostra. A tabela 2.4 conem a lista do total de
estrelas observadas com a MONICA juntando as duas miss˜oes.
Durante as observoes tentamos sempre manter uma S/N acima de 100. Por isto os tem-
pos de exposi¸ao no filtro U geralmente estiveram entre os 100 e os 1000 segundos. Como
consequencia disto, somente perto de quatro estrelas por noite
4
puderam ser observadas.
Para calibrar as nossas medidas observamos em cada noite o conjunto das estrelas padr˜ao
Landolt mostradas na tabela 2.5. Escolhemos dois grupos de estrelas padr˜ao, com altas e
baixas declina¸oes com o objetivo de ter um termo de massa de ar na transforma¸ao das
magnitudes instrumentais para o sistema padr˜ao. A metodologia das observoes foi sem-
pre observar padr˜ao-alvo-padr˜ao com o objetivo de acompanhar a evolu¸ao fotom´etrica
da noite.
O processamento das imagens foi feito seguindo o procedimento padr˜ao incluindo corre¸ao
por bias e flat field (FF). As imagens de calibra¸ao por campo plano ou FF foram anal-
izadas usando o m´etodo descrito por G¨ossl & Riffeser (2002), no qual os erros resultantes
devido a campos planos inadequados ao subtra´ıdos, tanto das imagens de calibra¸ao
quanto das de ciˆencia. Supondo que o erro por pixel ´e igual a raiz quadrada dos otons
detectados por pixel, a raz˜ao entre o erro por pixel de uma imagem particular (FF com
o maior tempo de exposi¸ao ou imagem de ciˆencia) e a m´edia do erro por pixel de todos
os FF ´e usada para construir imagens de erros. Subtraindo estas imagens das originais, o
m´etodo garante a elimina¸ao dos raios c´osmicos e dos defeitos do CCD.
Foram calculadas magnitudes instrumentais para as 47 estrelas da tabela 2.4. e as 8 es-
trelas padr˜ao da tabela 2.5, nos filtros UVI. Como o nosso interesse ´e medir o fluxo total
para os alvos, um an´alise da morfologia da fonte ao foi necess´aria. Por tanto usamos
4
As coordenadas geograficas do observat´orio de Wendelstein (1845 m) ao: λ = 47
o
42
30

N, φ =
12
o
00
48

E. Observoes feitas no come¸co do outono.
60 2 Observa¸oes e Redu¸ao
Figura 2.20: Janela Espectral CD-2211315 no filtro-I
um valor constante de FWHM=2.4 para a PSF (Point Spread Function). Usando trˆes
diferentes aberturas para cada uma das estrelas, o desvio padr˜ao das magnitudes instru-
mentais obtidas para cada abertura foi sempre inferior ao 2% (ver tabela 2.6 para um
caso especifico). Em cada filtro, medimos as magnitudes para as imagens individuais e
combinadas quando existe mais de uma observao. Assumimos que as incertezas nas
magnitudes obtidas est˜ao dadas pelo desvio padr˜ao do valor m´edio calculado para ima-
gens individuais. Considerando uma estat´ıstica tipo Poisson, temos dividido tal desvio
padr˜ao pela raiz quadrada do n´umero total de observoes, o qual nunca foi maior do
que trˆes. O resultado ´e a incerteza final das magnitudes instrumentais calculadas. Este
procedimento foi realizado para estrelas nos campos centrados nos objetos da tabela 2.4 e
tamem para algumas outras dentro do campo. O campo de 8’×8’ da MONICA, permi-
tiu incluir algumas estrelas frias (B-V>1) dos aglomerados que embora ao tinham tipo
espectral medido, outros estudos confirmavam o seu pertence (via movimentos pr´oprios
por exemplo). Ap´os confirma¸ao da sua juventude, localizando estes objetos num dia-
grama HR os decidimos consider´alos como candidatos a terem uma acres¸ao ativa. As
estrelas com incertezas no tipo espectral de ±1, na tabela 2.4 ao precisamente estes can-
didatos. Ao longo deste trabalho fazemos o mesmo tratamento tanto para as estrelas com
tipos espectrais conhecidos (estrelas do programa) quanto para estrelas com tipo espectral
desconhecido (candidatos).
2.2.2 Fotometria UVI
C
Depois de obter as magnitudes instrumentais U
inst
, V
inst
e I
inst
, o passo seguinte foi
transformar estas magnitudes para um sistema padr˜ao. Para isto devemos descontar das
2.2. Fotometria na banda U
J
61
CD-22 11315
Figura 2.21: Curva de luz para CD-22 11315 nos filtros BVI
62 2 Observa¸oes e Redu¸ao
ID U V V-I E(B-V) d(pc) A
I
A
V
A
U
CL log idade (a) SpT
DH79 11.80 11.04 1.048 0.759 821 1.13 2.353 3.602 1 7.051 G2
2808 14.58 13.10 1.160 0.560 2345 0.84 1.736 2.658 2 7.032 G1±1
2811 14.27 13.15 1.160 0.560 2345 0.84 1.736 2.658 2 7.032
2779 14.89 13.65 1.239 0.560 2345 0.84 1.736 2.658 2 7.032
2700 15.99 14.69 1.888 0.560 2345 0.84 1.736 2.658 2 7.032 K0±1
HD14604 10.05 9.41 1.098 0.560 2345 0.84 1.736 2.658 2 7.032 G0
2758 12.11 8.32 2.346 0.560 2345 0.84 1.736 2.658 2 7.032 K4±1
NGC457236 11.96 11.30 0.162 0.472 2429 0.70 1.463 2.240 3 7.324 G8
NGC457266 13.76 13.54 -2.476 0.472 2429 0.70 1.463 2.240 3 7.324 G8
NGC457217 12.32 10.29 1.682 0.472 2429 0.70 1.463 2.240 3 7.324 K2III
1314 12.49 11.87 0.571 0.470 835 0.70 1.457 2.231 4 7.054 G2
783 11.91 10.90 1.292 0.470 835 0.70 1.457 2.231 4 7.054 F8
780 10.59 7.10 2.557 0.470 835 0.70 1.457 2.231 4 7.054 M3±1
851 12.06 10.80 0.893 0.575 2079 0.86 1.783 2.729 5 7.069 K2
W133 14.99 13.71 1.225 0.575 2079 0.86 1.783 2.729 5 7.069 F5
DGZ 11.47 11.01 0.859 0.360 1445 0.63 1.120 1.750 6 7.011 G0V
4 15.03 13.95 1.207 0.360 1445 0.63 1.120 1.750 6 7.011 F7±1
11 14.91 13.26 1.295 0.360 1445 0.63 1.120 1.750 6 7.011 F9±1
20 12.14 11.2 1.035 0.360 1445 0.63 1.120 1.750 6 7.011
36 16.58 13.629 2.298 0.360 1445 0.63 1.120 1.750 6 7.011 K6±1
38 14.765 13.747 1.011 0.360 1445 0.63 1.120 1.750 6 7.011
42 17.028 14.17 2.076 0.360 1445 0.63 1.120 1.750 6 7.011 K4±1
46 13.317 11.105 1.411 0.360 1445 0.63 1.120 1.750 6 7.011 G6±1
NGC68719 9.833 9.504 0.825 0.443 1574 0.66 1.373 2.103 7 6.958 K5
HD333423 10.244 9.831 0.761 0.991 1467 1.48 3.072 4.703 8 8.036 G0
22 15.825 14.227 2.244 1.370 946 2.41 4.259 6.654 9 7.149
27 15.059 13.728 2.135 1.370 946 2.41 4.259 6.654 9 7.149
70 16.499 15.034 2.054 1.370 946 2.41 4.259 6.654 9 7.149
72 16.891 15.314 2.133 1.370 946 2.41 4.259 6.654 9 7.149
73 17.920 14.644 3.626 1.370 946 2.41 4.259 6.654 9 7.149 K6±1
74 15.904 14.434 2.147 1.370 946 2.41 4.259 6.654 9 7.149
75 16.135 14.628 2.192 1.370 946 2.41 4.259 6.654 9 7.149
82 15.474 14.267 1.913 1.370 946 2.41 4.259 6.654 9 7.149
37 12.398 9.929 1.481 1.370 946 2.41 4.259 6.654 9 7.149 K2
28 14.513 11.804 1.720 1.370 946 2.41 4.259 6.654 9 7.149
35 15.767 13.729 1.900 1.370 946 2.41 4.259 6.654 9 7.149
76 15.092 14.306 1.041 1.370 946 2.41 4.259 6.654 9 7.149
77 15.086 13.76 1.648 1.370 946 2.41 4.259 6.654 9 7.149
90 16.841 14.678 1.822 1.370 946 2.41 4.259 6.654 9 7.149
91 16.626 14.389 2.065 1.370 946 2.41 4.259 6.654 9 7.149
92 16.262 14.662 1.281 1.370 946 2.41 4.259 6.654 9 7.149
93 16.070 14.578 1.718 1.370 946 2.41 4.259 6.654 9 7.149
94 15.552 13.748 1.687 1.370 946 2.41 4.259 6.654 9 7.149
95 15.756 14.154 1.765 1.370 946 2.41 4.259 6.654 9 7.149
97 18.349 14.573 3.046 1.370 946 2.41 4.259 6.654 9 7.149 K1±1
99 17.104 14.062 2.126 1.370 946 2.41 4.259 6.654 9 7.149
102 15.848 14.062 1.929 1.370 946 2.41 4.259 6.654 9 7.149
Tabela 2.4: Lista das estrelas membros de aglomerados abertos observadas com MONICA. Na col-
una CL os n´umeros indicam o aglomerado ao qual pertenece a estrela, assim: 1=NGC1502, 2=NGC884,
3=NGC457, 4=Trumpler37(Tr37), 5=NGC869, 6=Biurakan2, 7=NGC6871, 8=Roslund4 e 9=Berke-
ley87. As idades, os tipos espectrais sem ±1 e os excessos de cor E(B V ) foram obtidos do cat´alogo
de Dias et al. (2002). A classifica¸ao espectral com incertezas ±1 foi obtida usando T
ef f
, calculando
esta ´ultima a partir do V-I desavermelhado e interpolando KH95. A extin¸ao em cada filtro foi calculada
usando a lei de extin¸ao RL85 (ver texto)
2.2. Fotometria na banda U
J
63
Objeto α(J2000.0) δ(J2000.0) U V I
HD186408 19:41:48.9 +50:31:30 6.800±0.025 5.970±0.021 5.093±0.017
HD186427 19:41:51.9 +50:31:3.3 7.098±0.024 6.238±0.020 5.341±0.018
114670 22:42:10 +01:10:09 13.529±0.003 11.100±0.003 9.892±0.003
HD 8832 23 13 16.9 +57 10 6.1 7.456±0.016 5.579±0.021 4.209±0.03
Tabela 2.5: Estrelas padr˜ao Landolt para a noite 05-08-08.
A I
inst
I
inst
I
inst
V
inst
V
inst
V
inst
U
inst
U
inst
5 13.217 13.737 13.167 13.164 13.597 13.612 18.912 18.905
8 13.180 13.703 13.135 13.588 13.570 13.593 18.874 18.854
10 13.171 13.694 13.127 13.582 13.565 13.590 18.867 18.833
15 13.168 13.695 13.124 13.577 13.564 13.590 18.866 18.788
edia 13.184 13.707 13.138 13.478 13.574 13.596 18.880 18.845
σ 0.020 0.018 0.017 0.181 0.013 0.009 0.019 0.042
massa de ar 1.49 1.49 1.45 1.49 1.48 1.45 1.48 1.45
Tempo de exp.(s) 10 20 20 25 40 40 400 400
Tabela 2.6: Magnitudes instrumentais como fun¸ao das aberturas 5, 8 e 10 pixels para a estrela
padr˜ao Landolt 114 670 durante a noite 05-08-08
magnitudes instrumentais, efeitos como extin¸ao e avermelhamento. Usamos para cada
filtro o fato que a magnitude instrumental das estrelas deve ser corrigida por trˆes efeitos:
m = m
inst
+ 2.5 × log(exptime) + m
2
× (massa de ar 1) + m
3
× (cor) + m
1
(2.8)
onde exptime ´e o tempo de exposi¸ao, a massa de ar leva em conta a quantidade de
atmosfera na dire¸ao do zenith e m
1
´e o ponto zero de referˆencia das magnitudes, o qual
depende do comprimento de onda e ao das caracteristicas da fonte, ou da atmosfera,
pelo qual ´e aproximadamente constante ao longo de todas as noites. Dois ´ındices de cor,
definidos entre os comprimentos de onda centrados nas cores U-V e V-I caracterizam o
termo de cor na equa¸ao 2.8. Adotamos as seguintes equa¸oes de transforma¸ao para
cada uma das noites:
U = U
inst
+ u
1
+ u
2
× X
U
+ u
3
× (U V ) (2.9)
V = V
inst
+ v
1
+ v
2
× X
V
+ v
3
× (V I) (2.10)
I = I
inst
+ i
1
+ i
2
× X
I
+ i
3
× (V I) (2.11)
64 2 Observa¸oes e Redu¸ao
noite u
1
u
2
u
3
v
1
v
2
v
3
i
1
i
2
i
3
05-07-27 5.406 0.065 0.000 1.139 1.030 0.000 3.371 0.307 0.000
05-07-28 5.406 0.065 0.000 1.139 1.030 0.000 3.371 0.307 0.000
05-08-08 5.406 0.165 -0.133 1.139 0.549 0.440 3.371 0.039 -0.059
05-08-09 5.406 0.165 -0.133 1.139 0.549 0.440 3.371 0.039 -0.059
05-09-08 4.956 0.269 0.244 0.862 0.819 0.439 3.371 0.039 -0.059
Tabela 2.7: constantes fotometricas usadas na transforma¸ao ao sistema padr˜ao UVI.
onde U
inst
, V
inst
e I
inst
representam as magnitudes instrumentais obtidas com o DAOPHOT,
U, V e I ao as magnitudes no sistema padr˜ao que estamos procurando, entanto que u
1
, v
1
e i
1
(os pontos zero em cada filtro) ao parˆametros a serem determinados. O termo depen-
dente do tempo de exposi¸ao na equa¸ao 2.8 a esta inclu´ıdo na magnitude instrumental.
O termo de massa de ar m
2
×X
U,V,I
leva em conta a corre¸ao da magnitude instrumental
para estrelas observadas em grandes distˆancias zenitais. Finalmente, inclu´ımos um termo
de cor pois os tipos espectrais n˜ao ao homogˆeneos, fato que afeta o fluxo atrav´es de cada
filtro.
Fixando a diferen¸ca entre as magnitudes instrumentais e as do sistema padr˜ao num valor
particular desejado, dado pela qualidade da convergˆencia, se determinam os parˆametros
no sistema de equa¸oes 2.9, 2.10 e 2.11 ajustando m
1
, m
2
e m
3
at´e obter um m´ınimo
em m m
inst
. Isto ´e feito usando a tarefa noao.digiphot.photcal.fitparams do IRAF. Esta
tarefa usa a routina INFIT que ajusta uma fun¸ao n-dimensional a um conjunto de pontos
at´e as mudan¸cas em chi-quadrado serem menores do que um valor de tolerˆancia particular.
Ap´os um ajuste inicial, INFIT permite ao usu´ario interagir com o ajuste para fornecer
novos valores aos parˆametros.
Os coeficientes u
1
, v
1
e i
1
foram calculados para as noites 05-07-28 e 05-08-08 pois somente
para estas duas noites tivemos convergˆencia no ajuste dos parˆametros. No restante das
noites ao foram observadas estrelas padr˜ao com diferentes massas de ar e cores. Por isto
estendemos os resultados de 05-07-28 e 05-08-08 para as outras noites como se mostra na
tabela 2.7. Apesar disto, uma compara¸ao dos resultados finais obtidos para as padr˜oes
nos filtros V e V-I com os reportados no cat´alogo Landolt diferem em menos do 2%.
Tendo determinado estes coeficientes, o passo seguinte ´e aplicar as equa¸oes de trans-
forma¸ao para as estrelas do programa. A tabela 2.4 conem os resultados da fotometria
UVI para estrelas em aglomerados. Estas magnitudes ser˜ao usadas no cap´ıtulo 4 na
determina¸ao das taxas de acres¸ao.
Cap
´
ıtulo
3
Evolu¸ao do momento angular
Durante as ´ultimas d´ecadas um grande n´umero de observoes tˆem fornecido per´ıodos de
rota¸ao para estrelas jovens de baixa massa em diferentes estados evolutivos. As amostras
estudadas ao desde estrelas T-Tauri cl´assicas (<5Ma) at´e estrelas jovens em aglomerados
com idades at´e 500Ma. Ao mesmo tempo, os modelos te´oricos da evolu¸ao do momento
angular tˆem sido sofisticados consideravelmente. Embora a evolu¸ao rotacional das estre-
las jovens seja uma ´area muito estudada, em particular durante a etapa T Tauri, ainda ao
tem sido esclarecida a estrutura detalhada da intera¸ao magn´etica estrela-disco durante
os primeiros milh˜oes de anos da evolu¸ao estelar.
No cen´ario atual da rota¸ao em estrelas jovens de baixa massa, a velocidade equatorial
de rota¸ao estelar ´e constante durante a era T Tauri (CTTS) devido ao balan¸co entre
a contra¸ao e o freio magn´etico que o disco aplica sobre a estrela. Assim que o as do
disco circunstelar em se esvaziado, a estrela livre de freio, incrementa a sua velocidade
de rota¸ao at´e a ´epoca da chegada na sequˆencia princiapal (40 Ma para uma estrela
de uma massa solar), depois desta idade a perda de momento angular atrav´es de ventos
magnetizados come¸ca a ser importante. O freio por causa destes ventos, diminui a rota¸ao
estelar at´e o valor atual observado no Sol. Neste cen´ario trˆes fatores s˜ao fundamentais:
1) A distribui¸ao do momento angular inicial durante os primeiros dez milh˜oes de anos ou
mais na pr´e-sequˆencia principal, quando as estrelas interagem com o disco de acres¸ao.
2) A perda de momento angular devida a um vento magnetizado an´alogo com o caso solar.
Este vento opera em escalas de tempo de entre dezenas a centenas de milh
˜
O momento
angular inicial ´e definido muito provavelmente durante o processo de forma¸ao da nuvem.
Valoreoes de anos.
3) A distribui¸ao do momento angular na regi˜ao convectiva estelar e o transporte do
momento angular na regi˜ao radiativa central.
O momento angular inicial ´e definido muito provavelmente durante o processo de forma¸ao
da nuvem. Valores t´ıpicos de momento angular para nuvens com tamanhos inferiores a
65
66 3 Evolu¸ao do momento angular
1 pc ao da ordem de 10
2122
cm
2
× s
1
(ver tabela 1), entretanto que, estrelas muito
jovens ainda imersas na nuvem (protoestrelas) apresentam valores levemente menores de
10
20
cm
2
× s
1
.
Um estudo detalhado da intera¸ao magn´etica estrela-disco em CTTS foi feito pela primeira
vez por onigl (1991) que usou o modelo de Ghosh & Lamb (1979) (desenvolvido origi-
nalmente para estrelas de neutrons) para explicar as baixas taxas de rota¸ao observadas
em CTTS. Solu¸oes estacion´arias deste modelo foram obtidas supondo que o campo
magn´etico estelar permea o disco completamente `a esquerda e direita do raio de cor-
rota¸ao R
co
= (GM
/
2
)
1/3
, onde M
´e a massa estelar e
a frequˆencia angular de
rota¸ao estelar. Dois torques ao aplicados sobre a superf´ıcie da estrela: Um torque de
spin-up devido as linhas de campo que conectam a estrela com as regi˜oes internas a R
co
e um outro torque de spin-down devido as linhas que conectam a estrela com as regi˜oes
externas a R
co
. onigl determinou que uma intensidade de campo magn´etico de 1000
G, poderia manter o disco a uma distˆancia R
T
(raio de truncamento do disco) de alguns
raios estelares e permitir a queda bal´ıstica de as do disco ao longo de fun´ıs de acres¸ao.
onigl calculou tamem que um tempo t´ıpico de 10
5
a ´e necess´ario para levar a rota¸ao
estelar a um estado de equil´ıbrio com a rota¸ao do disco. Esta escala de tempo resulta
menor do que a dura¸ao da acres¸ao em estrelas CTTS.
Embora este modelo tenha sido usado com sucesso, pois tamb´em explica muitas carac-
ter´ısticas espectrais observadas em CTTS, carece de uma descri¸ao da dinˆamica do campo
magn´etico. Se tanto a estrela quanto o disco ao bons condutores, pode-se considerar o
campo magn´etico como se estivese congelado neles. Devido a rota¸ao diferencial (para
R = R
co
), as linhas de campo ao arrastadas gerando uma componente de campo azimutal
B
φ
ao longo do disco. O incremento da press˜ao azimutal puxa as linhas poloidais para
fora. Inicialmente, a geometria das linhas poloidais muda muito pouco, mas assim que
o arrastre do campo ´e maior do que somente alguns radianos, o campo come¸ca a se ex-
pandir cada vez mas rapidamente. A evolu¸ao do campo magn´etico na regi˜ao coronal tem
sido uma ´area intensamente estudada. Lovelace, Romanova & Bisnovatyi-Kogan (1995)
e recentemente Uzdensky (2004) e Matt & Pudritz (2005) coincidem em que existe um
ˆangulo cr´ıtico ∆φ
c
π a partir do qual a expans˜ao das linhas poloidas acelera-se rapida-
mente. As linhas evoluem para uma configura¸ao com energia magn´etica maior, devido
ao aumento da press˜ao azimutal. Este fato a ao campo o aspecto de inflado. Em alguns
casos, quando a velocidade estelar ´e suficientemente alta, o campo pode-se desconectar e
se abrir no plano definido pela componente poloidal.
Depois que as linhas de campo come¸cam a se expandir, a pergunta natural ser´ıa: o que
acontece depois? Duas possibilidades poderiam estar em jogo:
i) Lovelace, Romanova & Bisnovatyi-Kogan (1995) sugerem que uma vez que as linhas
come¸cam a expans˜ao, o processo continua indefinidamente. Um novo estado estacion´ario
67
´e obitido no qual a intera¸ao estrela-disco ´e feita somente com algumas poucas linhas (as
que n˜ao desconectaram).
ii) Ballegooijen (1994) baseado em simula¸oes num´ericas, tem sugerido que o mecanismo
de expans˜ao do campo ´e altamente dependente do tempo, com presen¸ca de ciclos temporais
ao longo dos quais o campo desconecta e reconecta ao longo de folhas de corrente definidas
pelas linhas poloidais. Hayashi, Shibata & Matsumoto (2000) acharam forma¸ao crescente
de ilhas magnetizadas nessas folhas.
Ambas hip´oteses poderiam ter efeitos consider´aveis na evolu¸ao do momento angular
durante os primeiros milh˜oes de anos. Investigamos neste cap´ıtulo, as implica¸oes da
hip´otese i) na evolu¸ao da rota¸ao durante os primeiros trˆes milh˜oes de anos da evolu¸ao
estelar.
Outro fato destacado na rota¸ao das CTTS tem a ver com a bimodalidade. Alguns aglo-
merados como NGC2264 (Lamm et al.2005) e em particular a nuvem ONC, apresentam
a distribui¸ao dos per´ıodos correlacionada com a massa. Herbst et al.(2002) sugeriram
que a bimodalidade em ONC ´e devida ao fato de existirem estrelas com disco e outras
sem (ver cap´ıtulo 2) baseando-se para isto, em uma rela¸ao entre per´ıodo e excesso de cor
no infravermelho pr´oximo (indicador de poeria no disco circunstelar). A m´edia de I K
medida por Herbst et al. foi de 0.55±0.05 para estrelas com per´ıodos longos (7.8d) em
quanto em estrelas com per´ıodos de rota¸ao curtos (4.4d) I K foi de 0.17±0.05.
A rota¸ao ao longo da sequˆencia principal tem sido estudada exaustivamente desde mais
de 30 anos.
´
E bem conhecido que estrelas com tipo espectral F e mais quentes, possuem
velocidades de rota¸ao altas em compara¸ao com estrelas frias (G,K & M) na sequˆencia
principal. Este fato est´a relacionado com o tamanho da zona convectiva e com a presen¸ca
de ventos nestas estrelas (Schatzman 1962). Para estrelas frias, o freamento causado
pelos ventos ´e bem explicado pela lei de Skumanich (1972) v
eq
t
1/2
onde v
eq
´e a ve-
locidade equatorial de rota¸ao estelar e t a idade da estrela. Esta lei pode se expresar
em termos do momento angular estelar e a frequˆencia angular de rota¸ao:
dJ
dt
3
.
A rela¸ao por´em, ao ´e alida ou satura-se para frequˆencias altas, processo conhecido
como saturao magn´etica discutido no cap´ıtulo 1. Por causa do disco ter desaparecido
nas estrelas da sequˆencia principal, o transporte interno do momento angular e os ventos
governam a evolu¸ao da rota¸ao. Uma boa parte de estrelas em aglomerados jovens ap-
resentam vsin(i) < 20km/s, mas uma fra¸ao pequena delas apresenta vsini >> 20km/s.
Em α-Persei (50-80 Ma) o vsini aximo observado ´e vsini = 200km/s. Nas Hyades
(500Ma) a m´edia das velociades equatoriais ´e menor do que 10km/s. Estes fatos obser-
vacionais ao explicados supondo que o d´ınamo se satura em ω
sat
10Ω
.
A distribui¸ao de momento angular no interior da estrela tamb´em ´e importante na evolu¸ao
da rota¸ao para estrelas com massas maiores do que 0.35M
as quais desenvolvem n´ucleo
68 3 Evolu¸ao do momento angular
radiativo durante a pr´e-sequˆencia principal. Quando o n´ucleo radiativo aparece devido
a impossibilidade de transferir calor via convec¸ao no centro da estrela, o transporte
do momento angular dentro do n´ucleo tem que ser levado em conta, al´em dos poss´ıveis
intercˆambios de momento angular entre este e a zona convectiva.
Neste cap´ıtulo apresentamos os resultados de um modelo simples que fornece a velocidade
equatorial de rota¸ao de uma estrela T-Tauri com disco de acres¸ao em volta, como
uma fun¸ao do tempo. O modelo inclui um factor de expans˜ao das linhas de campo ou
opening o qual nos permitiu confirmar que o torque magn´etico aplicado sobre a estrela
´e efectivamente menor no caso de desconex˜ao parcial das linhas. No final deste cap´ıtulo
discutiremos a extens˜ao deste modelo at´e a idade do Sol tendo que implementar para
isto novas contribui¸oes ao torque total, com o fim de incluir um vento magn´etico e
transferˆencia interna de momento angular na estrela.
3.1 Evolu¸ao do momento angular nas CTTS
As taxas de rota¸ao baixas, observadas nas estrelas T Tauri cl´assicas indicam que o
momento angular ´e regulado eficientemente durante os primeiros milh˜oes de anos. O
acoplamento disco-estrela ´e o respon´savel pela perda de momento angular durante a
era T Tauri, mantendo a rota¸ao baixa. Modelos baseados na id´eia de freamento por
disco, em sido propostos por alguns autores, requerendo em todos os casos um elevado
n´umero de parˆametros para determinar completamente a velocidade equatorial de rota¸ao
como fun¸ao do tempo (Ghosh & Lamb 1979; Cameron & Campbell 1993-1995; Yi 1994;
Camezind 1990; K¨onigl 1991; Armitage 1996; Matt & Pudritz 2005).
Cameron & Campbell (1993) usaram o modelo de Ghosh & Lamb (1979) junto com
um modelo de disco (Campbell 1992) para estudar a evolu¸ao rotacional de uma estrela
jovem de uma massa solar durante o caminho de Hayashi
1
. Neste modelo (daqui em
diante CC93), a estrela jovem ´e considerada como um sistema formado por uma esfera
r´ıgida, com um campo magn´etico dipolar rodando junto com ela no tempo em que ela
se contrai quase estaticamente na presen¸ca de um disco com rota¸ao diferencial. Trˆes
parˆametros foram necess´arios para ter solu¸oes em equil´ıbrio est´avel, estes parˆametros
ao dados pelas condi¸oes iniciais na linha de nascimento ou birth line para o campo
magn´etico, a velocidade equatorial de rota¸ao e a massa do disco. Eles encontraram que
um campo magn´etico dipolar com intensidade polar da ordem de centenas de Gauss e uma
taxa de acres¸ao da ordem de 10
8
M
/a ao suficientes para levar o per´ıodo de rota¸ao
da estrela a um valor baixo e est´avel, compat´ıvel com as observoes.
1
Trajet´orias verticais no diagrama H-R. A dura¸ao do caminho de Hayashi, antes da forma¸ao de um
ucleo radiativo ´e da ordem de 3 M a para uma estrela de uma massa solar.
3.1. Evolu¸ao do momento angular nas CTTS 69
No modelo CC93, a intensidade da componente azimutal de campo B
φ
, depende da altura
vertical do disco. Assim que a componente foi criada, a turbulˆencia do as faz com que
se difunda verticalmente (na superf´ıcie do disco B
φ
=0). O campo estelar ´e inversamente
proporcional ao cubo da distˆancia radial, de forma que para discos ao muito extensos, o
d´ınamo poderia estar funcionando na totalidade do disco. Mas um cen´ario mais real´ıstico
seria um no qual o freio magn´etico esteja funcionando somente com a regi˜ao mais interna
do disco. Matt & Pudritz (2005) formularam um modelo independente do tempo (daqui
em diante MP05) para o qual o campo estelar permea somente a por¸ao do disco R
T
R R
out
onde R
out
´e o raio da regi˜ao magneticamente conectada e R
T
´e o raio de
truncamento que indica o come¸co do disco. Este modelo tem sido utilizado com sucesso
no estudo da gera¸ao de jatos colimados. Em regi˜oes do disco com R R
out
, a abertura
do campo por desconex˜ao magn´etica permite a libera¸ao de momento angular para regi˜oes
fora do sistema atraes de um vento de disco.
Uma extens˜ao de MP05 ao caso dependente do tempo seria ´util para testar se cen´arios com
torques diminu´ıdos pela desconex˜ao magn´etica podem explicar corretamente os per´ıodos
observados. Com esta motivao, desenvolvemos um modelo de evolu¸ao rotacional para
uma estrela T Tauri, na qual o campo magn´etico se desconecta da estrela a partir de um
certo raio R
out
.
Antes de apresentar o modelo, ´e importante notar que o tipo de tratamento ao problema
da intera¸ao estrela-disco ao ´e completamente formal e os resultados embora promis´orios
ao tamb´em preliminares, pois em nosso modelo tanto em CC93 e MP05, a evolu¸ao do
disco e da estrela ao estudados de maneira independente. As solu¸oes ao obtidas sempre
supondo que a taxa de acres¸ao sobre a estrela ´e uma fun¸ao conhecida do tempo. Isto
permite calcular uma solu¸ao em equil´ıbrio est´acionario na qual o raio de truncamento R
T
est´a dado em termos de dM/dt e de parˆametros estelares. O caminho certo ser´ıa resolver
as equa¸oes MHD em um ´uido com simetria axial (Hayashi, Shibata & Matsumoto 2000;
K¨uker, Henning & R¨udiger 2003; Long, Romanova & Lovelace 2005) para a densidade
superficial de massa do disco como uma fun¸ao do tempo de maneira simultˆanea com o
alculo da rota¸ao estelar e n˜ao de maneira independente.
3.1.1 Descri¸c˜ao do modelo
O sistema consiste de uma estrela central circundada por um disco de as ionizado (figura
3.1). A estrela ´e considerada como uma esfera fluida, magnetizada, contraindo-se gravita-
cionalmente em escalas de tempo da ordem de t
1
KH
=
28πσT
4
ef f
R
3
3GM
2
. O disco ´e considerado
como um fluido com simetria azimutal, condutividade infinita, e com rota¸ao diferencial
(Kepleriana). A origem do campo magn´etico ´e totalmente estelar. Usamos coordenadas
70 3 Evolu¸ao do momento angular
z
R
~100 AU
~0.1 AU
T
DISCO
h
co
S
1
S
2
S
3
R
R R
ESTRELA
continuo
quente
largas de emissao
linhas
magnetosfera
IR−distante
Radio
estelar
IR
emissao
Figura 3.1: Estrela T-Tauri cl´assica (CTTS).
cil´ındricas (R, φ, z) centradas na estrela e alinhadas com o eixo de rota¸ao estelar (ver
figura 3.1). A distˆancia desde o centro da estrela at´e um ponto qualquer est´a dada por
r =
R
2
+ z
2
, no plano do disco r = R. O campo magn´etico dipolar estelar se encontra
alinhado com o vetor momento angular do disco e corrotante com a superf´ıcie estelar.
Devido a intera¸ao com a mat´eria ionizada do disco mais pr´oxima `a estrela, este campo
estelar tem duas componentes, uma poloidal (estelar) e outra azimutal (gerada pela in-
tera¸ao com o disco), assim B = B
p
+ B
φ
onde B
p
= × (
ˆ
φΨ/r) ´e o campo poloidal
e B
φ
o campo azimutal (ou toroidal). Ψ ´e uma fun¸ao escalar que governa a gera¸ao de
B
φ
.
Para evitar nos aprofundar na descri¸ao detalhada da gera¸ao de B
φ
, usamos o parˆametro
γ =
B
φ
B
z
definido por
2
:
γ =
(B
φ
)
h
B
z
=
hR
η
t
(Ω
K
) (3.2)
2
Na figura 3.2 se mostram duas linhas poloidais que conectam estrela e disco. Se o fluxo de material
entre o disco e a estrela (atrav´es dos fun´ıs de acres¸ao) ´e estacion´ario, o campo el´etrico ´e eletrost´atico
e a integral de linha de E ao longo do la¸co fechado 1 2 3 4 1 ´e nula. Fora do disco porque
E + v × B/c = 0, os caminhos 1 4 e 2 3 anulam-se. A diferen¸ca de potencial electrost´atico entre os
pontos 1 e 2 ´e δr
12
· E
=
1
Ψ
2
)/c, valor que deve ser idˆentico `a integral entre 3 e 4 a qual ´e:
δr
34
E
D
=
rB
z
(r, 0)/c (3.1)
aqui δr
34
´e medido ao longo do plano edio do disco. O campo el´ectrico dentro do disco ´e dado por
E
D
= J
r
v
φ
B
z
/c. Usando a lei de Amp`ere, o fato que B
φ
´e uma fun¸ao ´ımpar com rela¸ao a z e
a aproxima¸ao B
φ
/∂z = (B
φ
)
h
/h obtemos que J
r
(c/4π)(B
φ
)
h
/h onde h ´e a altura m´edia do disco.
Reordenando os termos ´e f´acil encontrar a rela¸ao 3.2
3.1. Evolu¸ao do momento angular nas CTTS 71
3 4
2
1
Ψ
2
Ψ
1
z
R
Figura 3.2: Duas linhas poloidais usadas na derivao da equa¸ao 3.2
onde h ´e a altura do disco , η
t
a difusividade magn´etica,
K
e
as frequˆencias angulares
de rota¸ao do disco e da estrela respectivamente. A equa¸ao 3.2 estabelece uma medida
da gera¸ao de campo pelo efeito d´ınamo. A componente vertical de B
z
´e dependente
somente do raio estelar: B
z
= B
(
R
R
)
3
.
Na realidade, o acoplamento do campo com o as do disco pode ser deficiente se a rota¸ao
diferencial ´e alta, existindo algum grau de deslizamento do campo ao longo do g´as. Este
atrito entre as e campo tem consequˆencias importantes na rota¸ao estelar em rela¸ao com
a desconex˜ao magn´etica. Se a acoplagem entre o as do disco e a estrela ´e ideal, de forma
que o g´as leva o campo sem atrito, a diferen¸ca de fase azimutal entre as bases do campo
na estrela e do campo no disco, cresce com o tempo. Alguns autores tˆem demostrado que
as linhas de campo estelar sofrem uma transi¸ao para geometria aberta quando um valor
de rota¸ao diferencial entre estrela e disco produz deslocamentos azimutais entre as bases
do campo na estrela e o disco da ordem de ∆Φ
c
π. Este valor cr´ıtico corresponde a
um γ cr´ıtico γ
c
= 1 (Uzdensky 2004). Dizemos neste caso que a geometria de campo ´e
aberta. No modelo MP05 se o campo e o as est˜ao acoplados imperfeitamente, o campo
desliza sobre o g´as com uma velocidade de atrito v
d
dada por:
v
d
=
η
t
h
γ = βv
k
γ (3.3)
onde η
t
´e a difusividade magn´etica devida a turbulˆencia, h ´e a altura do disco e v
k
a
velocidade tangencial das part´ıculas de as que comp˜oem o disco. Matt & Pudritz (2005)
indroduziram o parˆametro de difusividade 0 < β < 1:
β = 10
2
(
η
t
10
16
cm
2
s
1
)(
h
R
)
1
(
v
k
100kms
1
)
1
(3.4)
o qual determina o valor de v
d
para γ constante. O produto γβ pode ser interpretado
como um fator que compara v
d
com v
k
. Se γβ 1 enao v
d
v
k
e o campo desliza muito
sobre o as. Dizemos enao que o acoplamento ´e fraco e ao pode acontecer a desconex˜ao
72 3 Evolu¸ao do momento angular
ou abertura das linhas de campo estelar. Se γβ 0 v
d
´e muito menor do que v
k
e o
acoplamento ´e forte, isto fornece a abertura das linhas de campo.
A an´alise no par´agrafo anterior est´a baseada em um γ constante o qual ao ´e verdadeiro se-
gundo a equa¸ao 3.2. O γ evolui numa escala de tempo definida pela ´orbita das part´ıculas
do as t
orb
= 2πR/v
k
1Ma. Nesta escala de tempo, o campo magn´etico consegue
rapidamente uma configura¸ao est´avel com v
d
da mesma ordem da velocidade de rota¸ao
relativa entre a estrela e o disco v
k
v
d
. Para este estado temos:
γ = β
1
[(
R
R
co
)
3/2
1] (3.5)
βγ ´e uma fun¸ao crescente de R e tem um valor nulo na corrota¸ao.
´
E interessante notar
tamem que para um raio R dado, γ ´e maior para os mais baixos valores de β. Para
valores menores que um γ cr´ıtico γ
c
, as linhas poloidais permanecem fechadas. Seguindo
o modelo MP05 os usamos o valor cr´ıtico γ
c
somente na determina¸ao do tamanho da
regi˜ao conectada magn´eticamente:
R
out
= (1 + βγ
c
)
2/3
R
co
(3.6)
Rota¸ao ao longo do caminho de Hayashi
Durante a fase T-Tauri, a luminosidade ´e devida principalmente a contra¸ao gravitacional
a T
eff
constante. As trajet´orias evolutivas no diagrama HR para estrelas de baixa massa
(< 1.0M
) durante os primeiros milh˜oes de anos, consistem em linhas quase verticais as
quais definem o chamado caminho de Hayashi (Hayashi 1966). De acordo com o teorema
do virial, a metade da energia investida na contra¸ao durante este caminho de Hayashi ´e
radiada e a outra metade ´e termalisada no gas. i.e.
L =
1
2
dE
grav
dt
(3.7)
Ao longo do caminho de Hayashi as estrelas rec´em formadas s˜ao completamente convec-
tivas, como consequˆencia todos os processos termodinˆamicos que mudam o estado destas
estrelas podem ser descritos por pol´ıtropos de ´ındice n = 1.5. A energia potencial grav-
itacional de uma esfera politr´opica de ´ındice 1.5 ´e E
grav
=
3GM
2
3.5R
onde G ´e a constante
de gravita¸ao, M
a massa da estrela e R
o raio. Se em um intervalo do tempo dt, a
radia¸ao ´e emitida em um espectro t´ıpico de corpo negro a uma temperatura T = T
eff
, a
seguinte rela¸ao entre a temperatura, a massa e o raio pode se estabelecer:
4πR
2
σT
4
eff
=
1
2
d(
3GM
2
3.5R
)
dt
(3.8)
3.1. Evolu¸ao do momento angular nas CTTS 73
esta equa¸ao indica que a metade da energia potencial armazenada durante um intervalo
de tempo dt por causa da contra¸ao gravitacional ´e transformada em energia de radia¸ao
na forma de um espectro de corpo negro. Com esta hip´otese, ao a perdas de energia
que possam iniciar aquecimento coronal ou excitar modos de oscila¸ao na superf´ıcie da
estrela jovem.
A conservao do momento angular total do sistema disco-estrela define a evolu¸ao tem-
poral da rota¸ao atraes de:
d
dt
=
T
T
I
I
dI
dt
(3.9)
onde
e I
ao a frequˆencia angular de rota¸ao estelar e o momento de in´ercia, re-
spectivamente. A intera¸ao disco-estrela encontra-se contida no torque total T
T
e tem ao
longo do caminho de Hayashi somente duas contribui¸oes: acres¸ao e intera¸ao magn´etica.
Juntando as equa¸oes 3.8 e 3.9 obtemos:
dR
dt
=
2R
M
dM
dt
R
4
M
2
(3.10)
adicionalmente, consideramos que a taxa de acres¸ao decai exponencialmente a partir de
um certo valor inicial (
dM
dt
)
t=BL
determinado pela massa inicial do disco M
D
e tamb´em
pela durabilidade da acres¸ao. A queda exponencial ´e regulada pela escala de tempo t
acc
,
a qual define o tempo caracter´ıstico para o qual a acres¸ao tem caido at´e o 37% do seu
valor inicial:
dM
dt
= (
dM
dt
)
t=BL
× e
t
t
acc
(3.11)
M
D
=
t=3Ma
t=BL
dM
dt
dt (3.12)
A evolu¸ao do sistema estrela-disco ´e ent˜ao governada pelo sistema de equa¸oes diferenciais
acopladas 3.9, 3.10 e 3.11. Uma fonte de n˜ao-linearidade ´e adicionada no modelo levando
em conta a produ¸ao de campo (ver resultados num´ericos).
Afim de resolver o sistema de equa¸oes 3.9, 3.10 e 3.11, ´e preciso fazer uma avalia¸ao do
torque total T
T
, o qual depende por sua vez da gera¸ao da componente azimutal do campo
atraes da fun¸ao γ(R). Um estudo detalhado desta fun¸ao precisaria de um modelo de
disco. Usamos aqui, a interpreta¸ao de Uzdensky (2004) na qual existe um valor cr´ıtico
de γ
c
= 1 para o qual o campo sofre desconex˜ao.
74 3 Evolu¸ao do momento angular
Torque de Intera¸ao estrela-disco
Em um estado estacion´ario o torque total T
T
aplicado sobre a estrela pode ser calculado
avaliando a integral do fluxo de momento angular atraes de uma superf´ıcie S contendo a
estrela (Ghosh & Lamb 1979). Se o fluxo tem simetria axial, esta integral pode se escrever
da forma:
T
T
=
(ρv
p
R
2
+ R
B
p
B
φ
4π
+ ηR
2
Ω) · ˆndS (3.13)
Cada um dos trˆes termos na equa¸ao 3.13 corresponde aos trˆes processos que fornecem
fluxo de momento angular atrav´es de S, ρ ´e a densidade de massa, v
p
a componente poloidal
da velocidade, B
p
e B
φ
ao as componentes poloidal e azimutal do campo magn´etico, η ´e a
viscocidade e n ´e um vetor unit´ario normal a superf´ıcie S. Estes trˆes termos representam
os torques de acres¸ao, intera¸ao magn´etica e viscosidade, respectivamente.
Na avalia¸ao de 3.13 ´e conveniente escolher a superf´ıcie adequada. Na figura 3.1 mostramos
em cor azul, uma superf´ıcie S composta de trˆes partes: S
1
definida por dois hemisf´erios
esf´ericos com raio igual ao raio do disco (R
D
R
T
), S
2
definida por duas folhas paralelas a
superf´ıcie do disco e S
3
uma superf´ıcie cil´ındrica de altura 2h e raio R
co
onde h ´e a altura
do disco.
´
E necess´ario um disco infinito para construir S fechada. Na pr´atica ´e suficiente
garantir que R
D
R
T
. A integral sobre S
3
fornece a contribui¸ao ao torque comunicado
a estrela pelas linhas de campo magn´etico localizadas em regi˜oes com R < R
co
, a integral
sobre S
2
corresponde ao torque comunicado `a estrela pelas linhas de campo magn´etico
com R > R
co
, a integral sobre S
1
´e nula. O torque total escrito em termos do momento
dipolar magn´etico estelar µ = B
R
3
´e:
T
T
= T
ACC
+ T
MAG
=
˙
MδJ +
R
out
R
T
γ(R)
µ
2
R
4
dR (3.14)
onde δJ ´e a diferen¸ca de momento angular espec´ıfico entre o g´as do disco situado no raio
de truncamento R
T
e o momento angular espec´ıfico da estrela. A equa¸ao 3.14 ao inclui
o termo de viscocidade a que consideraremos somente os torques de acres¸ao e magn´etico
como ´unicas fontes de intera¸ao entre o disco e a estrela durante a etapa T Tauri. A
fun¸ao γ(R) ´e governada pela equa¸ao 3.2 sendo uma medida da gera¸ao de componente
azimutal.
Introduzindo o valor de γ dado por 3.5 no torque de intera¸ao 3.14 e supondo que a
regi˜ao conectada magneticamente tem um raio dado pelo equa¸ao 3.6, obtemos a seguinte
express˜ao para o torque magn´etico:
3.1. Evolu¸ao do momento angular nas CTTS 75
*
z
k
<<
*
CO
Figura 3.3: linhas de campo na corona de um disco com rota¸ao kepleriana. A diferen¸ca do desloca-
mento angular na dire¸ao φ ´e maior quanto maior for a diferen¸ca de rota¸ao entre o disco e a estrela.
T
MAG
=
1
3β
µ
2
R
3
co
[2(
R
co
R
out
)
3/2
(
R
co
R
out
)
3
2(
R
co
R
T
)
3/2
+ (
R
co
R
out
)
3
] (3.15)
onde R
out
= (1 + βγ
c
)
2/3
R
co
´e o raio da regi˜ao conectada magn´eticamente. Este torque ´e
independente da estrutura detalhada do disco e inclui uma dependˆencia com a geometria
do campo atrav´es de βγ
c
. Por simplicidade adotamos γ
c
= 1 e deixamos β como parˆametro
livre, considerando dois regimes: β = 1 (campo fechado para todo R) e β = 0.001 (campo
parcialmente desconectado para R > R
out
). O raio de truncamento do disco R
T
est´a dado
por:
(
R
T
R
co
)
7/2
[1 (
R
T
R
co
)
3/2
] =
β
ψ
f
7/3
(3.16)
onde ψ = 2µ
2
(
dM
dt
)
1
(GM
)
1/2
R
7/2
´e um parˆametro sem dimens˜oes que relaciona a
intensidade de campo com a acres¸ao (Matt & Pudritz 2005). A equa¸ao 3.16 foi derivada
pelo Yi (1994).
Finalmente, o torque de acres¸ao ´e dado por:
T
ACC
=
dM
dt
(GM
R
)
1/2
[(
R
T
R
)
1/2
k
2
f] (3.17)
onde k
2
= I
/M
R
2
´e 0.2 para uma estrela completamente convectiva, o termo entre
colchetes ´e o ganho do momento angular devido a acres¸ao de mat´eria sobre a superf´ıcie
da estrela.
´
E importante notar aqui, que se o campo permea todo o disco, o limite superior na integral
3.13 n˜ao est´a dado pela equa¸ao 3.6. Neste caso o limite ´e definido pelo raio de ruptura
do disco. Comparamos em §3.1.2 nossos resultados com um modelo deste tipo.
76 3 Evolu¸ao do momento angular
Resultados num´ericos
Com o objetivo de seguir poss´ıveis hist´orias rotacionais dependentes dos principais parˆametros
envolvidos na descri¸ao da acres¸ao e o freio magn´etico resolvemos numericamente as
equa¸oes 3.9, 3.10 e 3.12 usando um etodo Runge-Kutta com tamanho de passo cons-
tante usando 7000 pontos entre a linha de nascimento e o final do caminho puramente con-
vectivo de Hayashi (t = 3Ma). O come¸co das simula¸oes ´e assumido em 30000 anos, o qual
corresponde aproximadamente `a linha de nascimento para uma estrela de uma massa solar
(Stahler 1983). Indicamos este instante de tempo como t = BL. Na linha de nascimento,
o raio e a massa ao R
(t = BL) = 6R
e M
(t = BL) = 0.95M
, respectivamente. Por
causa do desconhecimento da frequˆencia angular inicial de rota¸ao, deixamos este valor
como um parˆametro livre, testando com os seguintes valores
(t = BL) = 0.03, 1.00 e
3.00Ω
. As solu¸oes para frequˆencias iniciais distintas diferem somente durante o primeiro
milh˜ao de anos, estabilizando-se ap´os disso num valor amplamente constante de rota¸ao.
Devido ao fato que as solu¸oes tendem a esquecer as condi¸oes iniciais ap´os o primeiro
milh˜ao de anos, decidimos fixar
(t = BL) em 3.0Ω
correspondente a um per´ıodo de
8 dias. Este valor representa bem a m´edia das distribui¸oes de per´ıodos observados em
ONC (Herbst et al.2002) para massas maiores do que 0.4M
. A taxa inicial de acres¸ao
´e calculada usando a lei de decaimento exponencial da equa¸ao 3.12 com t
acc
= 1Ma e
com uma quantidade de gas M
D
fixa. Foram usados dois valores para a massa do disco,
M
D
= 0.05M
e M
D
= 0.1M
.
A gera¸ao do campo, em acordo com o d´ınamo (α ω) est´a dada por Armitage (1996):
B
= B
0
(
P
4d
)
1
(3.18)
onde B
0
´e uma constante que normaliza o per´ıodo de 4 dias. Varia¸oes neste parˆametro
B
0
ao feitas para ver a resposta da evolu¸ao a mudan¸cas no campo magn´etico. Esta ex-
press˜ao do d´ınamo αω est´a em acordo com observoes do n´umero de Rossby
3
ao longo
da sequˆencia principal. A dependˆencia do campo em fun¸ao da rota¸ao tem sido ampla-
mente confirmada por observoes de atividade magn´etica em estrelas jovens (Pasquini
& Pallavicini 1991). A atividade ´e proporcional ao campo magn´etico o qual por sua vez
depende da rota¸ao. Mas este cen´ario n˜ao est´a ainda esclarecido por causa do fenˆomeno
da satura¸ao magn´etica (Lyra & Porto de Mello 2005). As simula¸oes foram feitas usando
trˆes valores do campo de referˆencia
4
: B
0
= 1000, 1500 e 2000G, o que nos permite ter
trˆes regimes de campo: baixo, moderado e alto mantendo sempre uma cota superior de
2kG para B, valor m´aximo dado pelas observoes (Guenther et al.1999).
3
o umero de Rossby ´e definido como a raz˜ao entre o per´ıodo de rota¸ao e o turn-over convectivo
t
c
=
R
R
core
v
c
dR onde v
c
´e a velocidade do material convectivo e R
core
marca o come¸co da zona convectiva.
4
valores maiores do que 2KG tem sido medidos por Bouvier et al. PPV
3.1. Evolu¸ao do momento angular nas CTTS 77
Para cada passo da var´ıavel independente (o tempo), a equa¸ao 3.15 foi resolvida numeri-
camente para R
T
(j´a que R
co
´e conhecido a cada instante sem precisar do conhecimento
de R
T
) usando um etodo de Newton Raphson. Este valor de R
T
foi substitu´ıdo nas
equa¸oes 3.14 para T
MAG
e 3.16 para T
ACC
com o fim de obter o torque total. O torque
total determina a evolu¸ao. A frequˆencia obtida para esse instante permite conhecer novos
valores de campo, velocidade angular, raio, massa, taxa de acres¸ao, raios de corrota¸ao e
truncamento. Os quais ao utilizados para repetir o processo no seguinte passo do tempo.
Os resultados das simula¸oes encontram-se na figura 3.4, onde graficamos o comporta-
mento da frequˆencia angular de rota¸ao
, do torque total T
T
(magn´etico e acres¸ao), do
raio de truncamento R
T
, do raio de corrota¸ao R
co
, e da velocidade equatorial de rota¸ao
v
eq
para um modelo caracterizado por uma taxa de acres¸ao decaindo exponencialmente
com t
acc
=1 Ma.
Os resultados obtidos ao apresentados na figura 3.4. O comportamento do raio est´a
em acordo com o esperado neste est´agio evolutivo. A taxa de acres¸ao mostrada no
painel superior direito decai a partir de 6 ×10
8
M
/a o qual ´e compat´ıvel com as nossas
observoes do cap´ıtulo 4. O torque de acres¸ao correspondente se mostra no painel
inferior direito. Usando distintos valores de B
0
, T
ACC
ao muda consideravelmente. No
caso de desconex˜ao parcial (β = 0.001, γ
c
= 1, linhas azuis), o torque de acres¸ao decai
mas rapidamente em compara¸ao com as solu¸oes correspondentes a β = 1.0. Na falta
de freio magn´etico, a estrela incrementa a sua rota¸ao rapidamente. Por volta de 1 Ma,
a raz˜ao do torque de acres¸ao obtido para β = 1.0 com o correspondente para β = 0.001
´e da ordem de 2.3.
O torque magn´etico em 3.15 depende do tamanho da regi˜ao conectada: R
out
1.6R
co
para βγ
c
= 1 e R
out
R
co
para βγ
c
= 0.001. Esta diferen¸ca em R
out
diminui o torque total
aplicado sobre a estrela permitindo um spin up at´e velocidades equatoriais de 100km/s.
A evolu¸ao temporal de
´e semelhante em todos os casos, crescente no come¸co das
simula¸oes devido `a queda apida do raio antes de 1Ma e estabelecendo-se num valor
constante para tempos maiores. A este valor constante, no final do caminho de Hayashi
corresponde uma velocidade equatorial v
eq
100km/s para solu¸oes com β = 0.001
(curvas azuis na figura 3.4) e de v
eq
20 30km/s para solu¸oes com β = 1.0 (curvas em
preto). Devido as velocidades observadas em CTTS serem na edia da ordem de 10 km/s
(ver figura 2.1), as solu¸oes com campo permeando parcialmente o disco (β = 0.001), ao
predizem estrelas jovens lentas, fato contr´ario ao observado.
Em geral, o freio aplicado pelo disco estabelece rapidamente um valor fixo de rota¸ao. Este
valor depende de B
0
, M
D
e principalmente de β. Fixando dois parˆametros encontramos
que: 1) As menores taxas de rota¸ao foram obtidas para o B
0
maior, 2) Para β = 0.001
78 3 Evolu¸ao do momento angular
Figura 3.4: Evolu¸ao rotacional durante o caminho de Hayashi (t < 3.0 Ma) para uma estrela fria
(K-M) de uma massa solar segundo o modelo de freamento por disco descrito no texto. Solu¸oes com
campo estelar permeando uma regi˜ao limitada do disco se indicam em cor azul (β = 0.001), enquanto
as solu¸oes com campo estelar permeando todo o disco s˜ao indicadas em preto (β = 1.0) e em vermelho
(β = 0.1). Tes diferentes campos de referˆencia foram usados: B
0
= 2000G (linha cont´ınua), B
0
= 1500G
(linha pontilhada) e B
0
= 1000G (linha tracejada). A condic˜ao inicial
(t = BL) = 3.0Ω
para uma
massa inicial do disco M
D
= 0.05M
foi utilizada em todos os casos.
3.1. Evolu¸ao do momento angular nas CTTS 79
o T
MAG
diminui em um factor de 2 × 10
37
g
2
cm
2
s
2
devido ao decrescimento da regi˜ao
magneticamente conectada do disco, 3) Para β = 1.0 os resultados ao compat´ıveis com
as taxas de rota¸ao observadas em CTTS. O item 2) poderia ser importante em rela¸ao
`a transi¸ao entre CTTS e WTTS discutida no cap´ıtulo 2 ou bem, poderia refor¸car as
afirma¸oes feitas por outros autores em rela¸ao `a validade do cen´ario atual de freiamento
por disco.
A intera¸ao magn´etica do disco com a estrela conduz a um per´ıodo de equilibrio logo
ap´os 2 Ma. Este per´ıodo ´e consideravelmente menor para solu¸oes com β = 0.001 em
compara¸ao com o caso β = 1.0. Para este ´utlimo caso, o per´ıodo de equilibrio ´e similar
ao predito por outros modelos, como veremos a continua¸ao.
3.1.2 Compara¸c˜ao com um modelo padr˜ao
Com o objetivo de comparar os resultados da figura 3.4, usamos o modelo CC93 que
chamamos de padr˜ao. Neste modelo, o raio de truncamento ou ruptura do disco R
T
´e dado
pelo valor no qual F
= 2F
νφ
, onde F
e F
νφ
ao as integrais verticais (ao longo de z)
das densidades de for¸ca magn´etica e viscosa respectivamente. O comportamento da raz˜ao
F
/F
νφ
com a coordenada radial r foi discutido por Campbell (1992) que estabeleceu
uma rela¸ao entre esta raz˜ao e o raio de corrota¸ao. Dentro do raio de corrota¸ao as duas
for¸cas agem na mesma dire¸ao e crescem com o decrescimento de R. A raz˜ao F
/F
νφ
passa por zero na corrota¸ao. Fora da corrota¸ao a raz˜ao mant´em um valor negativo
fixo (se a difus˜ao da componente toroidal B
φ
´e por causa da turbulˆencia, pois pode ser
tamem causada pelo flutuamento do campo no interior do disco, Cameron & Campbell
1993). A raz˜ao F
= 2F
νφ
determina completamente o torque neste modelo.
O campo magn´etico trunca a borda interna do disco a uma distˆancia R
T
determinada pelo
balan¸co entre as press˜oes magn´etica e t´ermica. Se R
T
est´a dentro da regi˜ao de corrota¸ao,
o as interior a R
co
acelera a estrela enquanto o as exterior a R
co
freia a estrela. O raio
de truncamento em metros, no modelo CC93 ´e:
R
T
= ξ
2/3
R
co
(3.19)
onde ξ =
K
(R
T
)
´e um parˆametro que determina a rota¸ao relativa entre a estrela e o
disco interno no raio de truncamento. Este parˆametro ξ depende das caracter´ısticas da
estrela e da taxa de acres¸ao:
ξ
2/3
|1 ξ|
16/87
= 1.5 × 10
9
γ
16/87
(
B
100G
)
16/29
(
R
R
)
48/29
(
M
M
)
1/29
(
dM/dt
10
8
M
a
1
)
46/145
(3.20)
80 3 Evolu¸ao do momento angular
onde B ´e o campo magn´etico estelar, R
e M
o raio e a massa da estrela, respectivamente,
dM/dt a taxa de acres¸ao e γ o parˆametro dado pela equa¸ao 3.2. Mas no modelo CC93
´e uma constante fixa γ 1 pois n˜ao esta sendo considerada a desconex˜ao. Sendo assim,
´e poss´ıvel conhecer ξ como uma fun¸ao do tempo, resolvendo 3.20 para cada t durante
os primeiros trˆes milh˜oes de anos. Se ξ < 1, o raio de truncamento ser´a menor do que
o de corrota¸ao, sendo poss´ıvel a transferˆencia de uma quantidade de momento angular
R
2
T
K
(T ) sobre a estrela.
Para obter a expres˜ao do torque de intera¸ao neste modelo, a integral 3.14 ´e calculada
separadamente sobre duas regi˜oes do disco: R
T
< R < R
co
e R
co
< R < R
D
onde R
D
´e o
raio de ruptura definido como aquele no qual F
= 2F
νφ
. O resultado para ξ < 1 pode
se expressar como uma fra¸ao do torque de acresc˜ao e de ξ como:
T
MAG
=
4
9
ξ
3/2
|1 ξ|
3/2
|1 ξ|
1/2
T
ACC
(3.21)
o destino do as do disco localizado em R
T
quando ξ > 1 ´e incerto no modelo. Se R
T
> R
co
o material pode simplesmente ser ejetado num vento estelar de forma que este material
ao retorna nunca `a estrela. O torque de acres¸ao neste modelo ´e:
T
ACC
=
dM
dt
R
2
T
K
(R
T
) (3.22)
Resultados num´ericos no modelo padr˜ao
Usamos dois valores de massa do disco, M
D
= 0.05M
e M
D
= 0.1M
e a gera¸ao
do campo governada por uma vers˜ao levemente diferente do d´ınamo α ω `a utilizada
acima, da forma B = B
0
(Ω
/
)(R
/R
)
2
, onde B
0
´e um valor de referˆencia de campo.
Seguindo CC93, foram usados diferentes valores: B
0
= 8, 80 e 800G, os quais estabelecem
trˆes regimes de campo: baixo (B
0
= 8G), moderado (B
0
= 80G) e alto (B
0
= 800G),
mantendo sempre um limite superior de 2kG para B, valor aximo dado pelas observoes
(Guenther 1999).
Os resultados das simula¸oes encontram-se na figura 3.5 onde temos graficado o compor-
tamento da frequˆencia angular de rota¸ao
, do torque total T
T
(magn´etico + acres¸ao),
do raio de truncamento R
T
, do raio de corrota¸ao R
co
, e da velocidade equatorial de
rota¸ao v
eq
para um modelo caracterizado por trˆes valores diferentes B
0
= 8, 80 e 800G.
O campo magn´etico em qualquer instante ´e dado pelo d´ınamo acima descrito e a taxa de
acres¸ao ´e assumida da forma 3.12 com t
acc
= 1Ma.
3.1. Evolu¸ao do momento angular nas CTTS 81
O torque de intera¸ao estrela-disco na figura 3.5, permite visualizar como funciona o
freio magn´etico. Para R
T
< R
co
pode existir queda de mat´eria do disco sobre a estrela.
Com o qual ´e poss´ıvel estabelecer um balan¸co entre o momento angular transportado por
acres¸ao e o momento angular transferido para regi˜oes localizadas al´em da corrota¸ao do
disco. Se ao contr´ario, ξ > 1, sobre a estrela ´e aplicado o m´aximo torque (freio) poss´ıvel,
como consequˆencia R
T
cresce rapidamente e a acres¸ao p´ara.
B
0
baixo e M
D
moderado
No come¸co das simula¸oes (em t=BL=30000a) foram adotados os valores de B
0
= 8G,
M
D
= 0.05M
e Ω
= 3Ω. A estrela evolui ao longo do caminho de Hayashi incremen-
tando a sua rota¸ao sem interagir consideravelmente com o disco. A acres¸ao acelera a
estrela rapidamente e junto com a contra¸ao gravitacional regulam a cinem´atica. De fato,
o torque total ´e sempre positivo. Pouco depois de dois milh˜oes de anos R
T
> R
co
e o freio
come¸ca a agir. O campo magn´etico nessa altura ao chega aos 50G o que faz com que
este freio seja fraco. O torque magn´etico ´e muito pequeno comparado com o torque de
acres¸ao que domina.
B
0
moderado e M
D
moderado
Para este caso foram usados os parˆametros B
0
= 80G, M
D
= 0.05M
e
= 3Ω. O
freio come¸ca a aparecer antes do primeiro milh˜ao de anos quando R
T
> R
co
, ap´os do qual
o torque magn´etico regula a rota¸ao inteiramente. A troca apida do sinal do torque total
ap´os da ruptura do disco ´e uma caracter´ıstica do modelo presente em todas as simula¸oes.
Assim que a ruptura ´e estabelecida, todo o as encontra-se al´em da corrota¸ao, e o disco
pode agir como um todo, freando fortemente a estrela, mas em 2Ma, T = 0.
B
0
moderado e M
D
alto
Uma massa de disco de M
D
= 0.1M
junto com B
0
= 80G foram os parˆametros usados
neste caso. Aqui os efeitos combinados de contra¸ao e o torque de acres¸ao aceleram a
estrela antes de 1Ma mais do que no caso anterior.
82 3 Evolu¸ao do momento angular
B
0
alto e M
D
alto
Embora a ruptura de disco aconte¸ca praticamente na mesma e´poca do caso anterior, o freio
ap´os a ruptura ´e maior, o que ´e claramente mostrado quando comparamos o torque total
na figura 3.5. A linha tracejada em vermelho ´e o torque total obtido com M
D
= 0.1M
e
as linhas em preto correspondem a M
D
= 0.05M
para campo magn´etico baixo, moderado
e alto respectivamente.
Finalmente ´e importante notar que o torque total T
T
aplicado sobre a estrela converge
a partir de dois milh˜oes de anos para zero, em todas as simula¸oes. A escala de freio
magn´etico ´e por isto menor que 2 Ma, a qual est´a em acordo com avalia¸oes feitas por
outros autores (Armitage & Clarke 1996).
3.2 Evolu¸ao do momento angular nas PTTS
Os principais mecanismos de transferˆencia de momento angular durante a evolu¸ao das
estrelas jovens de baixa massa, antes de entrar na sequˆencia principal ao: contra¸ao,
rota¸ao diferencial interna, intera¸ao com as proximidades (com um disco de acres¸ao se
ainda existe) e perda de momento angular via ventos magn´eticos. O perfil da velocidade
equatorial de rota¸ao obtido segundo modelos que incluem os ingredientes acima men-
cionados, apresenta um aximo em 40 Ma, ap´os do qual, os ventos diminuem a rota¸ao
at´e conseguir o valor baixo, atual da rota¸ao do Sol.
Nesta se¸ao extendemos nosso estudo da evolu¸ao da rota¸ao, baseados nos resultados
de um experimento num´erico usando os modelos de Siess et al.(2000) em combina¸ao
com o modelo ao longo do caminho de Hayashi. Extendemos este ´ultimo, at´e a idade do
Sol, sendo preciso a introdu¸ao de novos parˆametros. A motivao para o experimento
reside no fato de criar um cen´ario de evolu¸ao no qual todos os processos entrem em jogo:
contra¸ao, acres¸ao, freio magn´etico por disco, transporte interno e ventos.
ao necess´arios al´em dos parˆametros que descrevem a intera¸ao estrela-disco interno, al-
guns a mais: o tempo de vida do as no disco, que indicamos como t
F
, e quatro parˆametros
para descrever os torques do vento e o transporte interno. O modelo foi desenhado baseado
nas seguintes hipoteses:
1) Contra¸ao gravitacional
2) Acres¸ao de material do disco (g´as) sobre a superf´ıcie da estrela
3) Intera¸ao magn´etica disco-estrela
3.2. Evolu¸ao do momento angular nas PTTS 83
Figura 3.5: Evolu¸ao ao longo do caminho de Hayashi para uma estrela fria (K-M) de uma massa
solar segundo o modelo cl´assico de freamento por disco (Cameron & Campbell 1993). As curvas em preto
correspondem B
0
= 8G (tra¸cos longos) e B
0
= 80G (tra¸cos curtos) e B
0
= 800G (linha cont´ınua) com
M
D
= 0.05M
. As curvas tracejadas em vermelho correspondem a solu¸oes com M
D
= 0.1M
com
B
0
= 80G. Em todos os casos foi utilizada a condi¸ao inicial Ω
(t = BL) = 3.0Ω
. No regime de campo
fraco (8G) a contra¸ao regula a rota¸ao. Assim que o campo aumenta um estado de locking ou de freio
´e alcan¸cado ap´os o primeiro milh˜ao de anos. Os raios de corrota¸ao R
co
e de truncamento R
T
do disco,
divididos pelo raio da estrela est˜ao indicados no painel inferior direito.
84 3 Evolu¸ao do momento angular
4) Rota¸ao diferencial entre o n´ucleo radiativo e a zona convectiva no interior da estrela
5) Perda de momento angular da estrela atrav´es de um vento magnetizado
Discutiremos a seguir os dois novos processos de transporte do momento angular na era
post-T Tauri, fundamentais na evolu¸ao do momento angular. O transporte interno via
intera¸ao n´ucleo-zona convectiva e a perda de momento angular atraes de um vento
magn´etico.
3.2.1 Rota¸c˜ao diferencial no interior estelar
Assim que a estrela T Tauri desce pelo caminho de Hayashi, a contra¸ao gravitacional faz
com que a temperatura central aumente. A opacidade central cai rapidamente e even-
tualmente para estrelas acima de 0.5M um n´ucleo radiativo come¸ca a aparecer. Este
n´ucleo, junto com a contra¸ao, origina um gradiente de velocidades no interior estelar. A
zona convectiva responde a estes gradientes solidariamente, recebendo o momento angular
que lhe ´e oferecido pelo n´ucleo. Quando a estrela chega na sequˆencia principal, a rota¸ao
do n´ucleo ´e bem maior do que a rota¸ao da zona convectiva.
Uma descri¸ao detalhada dos processos de transporte interno de momento angular em
estrelas do tipo solar foi feita por Endal e Sofia (1978). Eles trataram o intercˆambio
de momento angular entre o n´ucleo e a zona convectiva como um problema de difus˜ao.
Mestel, Taylor & Moss (1988) sugeriram que o campo magn´etico primordial da nuvem
molecular poderia penetrar dentro do n´ucleo para fornecer a transferˆencia do momento
angular para a zona convectiva atrav´es das linhas de campo. Charbonneau & McGregor
(1993) extenderam o modelo de Mester et al. at´e a idade do Sol. Eles encontraram que
o campo magn´etico na regi˜ao radiativa conduz a um freio na sequˆencia principal o qual
est´a em concordˆancia com as observoes da rota¸ao de aglomerados estelares e tamb´em
com o perfil da rota¸ao interna do Sol segundo observoes heliosismol´ogicas.
McGregor & Brenner (1991) desenvolveram um modelo para estudar a redistribui¸ao de
momento angular entre o n´ucleo e a zona convectiva, supondo que ambos giram como cor-
pos r´ıgidos. Eles conseguiram explicar o freio r´apido observado em estrelas com per´ıodos
curtos assim que elas chegam na sequˆencia principal, supondo que a escala de tempo para
transferˆencia de momento angular entre o n´ucleo e a zona convectiva ´e da ordem de 10
milh˜oes de anos.
Li & Cameron (1991) pesquisaram a evolu¸ao da rota¸ao desde a sequˆencia principal at´e a
idade do Sol. Eles supuseram que o envolt´orio convectivo aplica um torque sobre o n´ucleo
da forma: T
DEC
(Ω
conv
rad
)
s
. Para valores do parˆametro s menores do que um,
3.2. Evolu¸ao do momento angular nas PTTS 85
permitiu explicar a presen¸ca de estrelas com per´ıodos curtos tanto nas Plˆeiades quanto
nas Hyades.
Neste trabalho, tratamos a rota¸ao diferencial considerando que as duas zonas radiativa
e convectiva s˜ao corpos r´ıgidos girando com diferentes velocidades angulares Ω
rad
e
conv
,
respectivamente. Assumimos um intercˆambio de momento angular segundo o modelo
de MacGregor (1991), no qual a quantidade de momento angular que pode se extrair
(transferir) do n´ucleo radiativo em rota¸ao ´e:
J =
I
conv
J
rad
I
rad
J
conv
I
rad
+ I
conv
(3.23)
onde J
rad
= I
rad
rad
e J
conv
= I
conv
conv
ao os momentos angulares do n´ucleo e da
zona convectiva, respectivamente. A diferen¸ca entre as velocidades angulares de rota¸ao
rad
e
conv
. A equa¸ao 3.23 implica que uma quantidade de momento angular J ´e
intercambiada entre as duas regi˜oes. Este intercˆambio acontece em uma escala de tempo
dada pelo tempo de desacoplamento τ
c
(Allain 1998).
Um segundo efeito ´e o crescimento do n´ucleo radiativo com o tempo, o que faz com que o
tamanho das zonas convectiva e radiativa obviamente ao seja constante. Em um intervalo
de tempo dt uma fra¸ao de massa do n´ucleo passa para a zona convectiva, transferindo
uma quantidade de momento angular igual a:
2
3
R
2
rad
conv
dM
rad
dt
. O torque interno causado
pelo intera¸ao entre o n´ucleo e a zona convectiva ´e dado por:
T
DEC
=
1
τ
c
×
I
rad
I
conv
I
rad
+ I
conv
(Ω
rad
conv
)
2
3
conv
R
2
rad
dM
rad
dt
(3.24)
3.2.2 Vento magnetizado
O marco te´orico da perda de momento angular por causa dos ventos estelares em estrelas
de tipo solar foi desenvolvido por Schatzman (1962) e por Kawaler (1988). Em termos
gerais, quando um elemento diferencial esf´erico de massa dM atravessa o raio fixo r
A
,
uma quantidade dJ de momento angular ´e transferido para fora da estrela, durante um
intervalo de tempo dt. A perda de massa dM/dt fornece o transporte de uma quantidade
de momento angular R
2
, somente quando a superf´ıcie de Alfv´en ´e superada. A express˜ao
geral para esta transferˆencia segundo os autores acima mencionados, ´e:
dJ
dt
=
2
3
dM
dt
R
2
(
r
A
R
)
n
(3.25)
86 3 Evolu¸ao do momento angular
onde n = 2 ´e uma geometria radial para o campo magn´etico e n = 3/7 corresponde
a um campo dipolar. Em geral B R
n
onde o caso particular n = 3/2 sugerido
para estrelas na sequˆencia principal por Kawaler (1998), fornece a uma configura¸ao
magn´etica intermedi´aria entre a radial e a bipolar. O r
A
´e definido como o raio no qual a
velocidade do vento ´e igual a velocidade de Alfv´en
5
. Supondo que o fluxo de g´as atraes
do vento ´e estacion´ario r
A
/R
resulta em uma fun¸ao do campo magn´etico na superf´ıcie
estelar, este ´ultimo considerado da forma B = B
0
a
/R
2
. O raio de Alfv´en fica enao:
r
A
/R
4a/3
R
1
M
1/3
(dM/dt)
2/3
. A transferˆencia de momento angular ser´a ent˜ao
uma fun¸ao da frequˆencia angular de rota¸ao, da massa, do raio estelar e tamem da
perda de massa:
dJ
dt
= K
W
1+4an/3
R
2n
dM
dt
12n/3
M
n/3
(3.26)
onde K
W
´e uma constante de calibra¸ao, para obter o valor da rota¸ao solar (2×10
5
km/s)
na idade do Sol, o parˆametro a descreve a dependˆencia do campo sobre a frequˆencia
angular de rota¸ao (B
a
), ou seja, descreve o tipo de d´ınamo em considera¸ao. O
valor a = 1 ´e consistente com um d´ınamo do tipo α ω e o valor a = 0 corresponde a um
d´ınamo saturado. Kawaler (1998) e Allain (1998) usaram n=3/2, no que eles chamam de
geometria de campo intermedi´ario. Mas j´a foi sugerido por Charbonneau (1992) que uma
lei de vento com um valor fixo do exponente da frequˆencia angular de rota¸ao n˜ao pode
explicar a presen¸ca de duas popula¸oes rotacionais, altas e baixas na idade das Plˆeiades.
Para estrelas com baixa rota¸ao na sequˆencia principal (por exemplo para as estrelas
das Plˆeiades), a velocidade equatorial de rota¸ao evolui com o tempo segundo a lei de
Skumanich v
eq
t
1/2
, esta rela¸ao implica que a potˆencia a qual est´a elevada a frequˆencia
angular na equa¸ao 3.26 ´e igual a 3. Resultado compat´ıvel com a = 1 e n = 3/2. As
observoes feitas por Mayor & Mermilliod (1991) por´em, sugerem que a potˆencia est´a
mais perto de 2. Para aproximar as observc˜es enao ´e preciso que an = 3/4, e se
mantemos a = 1, o n seria menor do que um, implicando uma queda muito moderada do
campo com a distˆancia que na realidade poderia n˜ao acontecer.
Para complicar um pouco mais a coisa est´a o fenˆomeno da satura¸ao do d´ınamo (a = 0),
a qual acontece para estrelas com alta rota¸ao. Em estrelas com velocidade de rota¸ao
alta, a perda do momento angular ´e proporcional linearmente com a velocidade e ao
quadraticamente como acontece no caso de estrelas com rota¸ao lenta. Para estrelas com
frequˆencia angular menor do que um certo valor chamado de satura¸ao ω
sat
, o valor de a
cai para zero rapidamente e a equa¸ao 3.26 muda para:
5
velocidade das ondas transversais que transportam o momento angular ao longo das linhas do campo
magn´etico.
3.2. Evolu¸ao do momento angular nas PTTS 87
dJ
dt
= K
W
ω
2
sat
R
2n
dM
dt
12n/3
M
n/3
(3.27)
Em termos gerais, a perda de momento angular para estrelas com frequˆencias de rota¸ao
baixas, depende de
3
enquanto para estrelas em apida rota¸ao (com
> ω
sat
) depende
de
ω
2
sat
. O limiar de satura¸ao depende da massa estelar, assim ω
sat
para estrelas
com menor massa.
3.2.3 Descri¸c˜ao do modelo geral, desde CTTS at´e o Sol
Modelo Estelar
Usamos o modelo de Siess (2000) para uma estrela de uma massa solar com metalicidade
Z=0.02, o qual fornece a evolu¸ao temporal do raio estelar R
, e dos raios, massas e
momentos de in´ercia do n´ucleo radiativo e da zona convectiva. A evolu¸ao do raio estelar
´e indicada na figura 3.6. A estrela se contrai de 5R
para 1R
em aproximadamente
trinta milh˜oes de anos, o que implica um decrescimento do momento de in´ercia em um
factor de 25, como resultado da contra¸ao.
No modelo de Siess (2000) enquanto a estrela for completamente convectiva o momento
de in´ercia k
2
= I
/(M
R
2
) 0.2, mas para uma estrela de uma massa solar um n´ucleo
radiativo aparece logo ap´os do primeiro milh˜ao de anos. Consequentemente, deixa de ser
completamente convectiva, e o k
2
cai rapidamente para 0.07. Esta mudan¸ca na estrutura
interna tem uma influˆencia na rota¸ao estelar. Em particular, ´e amplamente conhecido
que o freio das estrelas com alta rota¸ao, assim que elas chegam na sequˆencia principal
´e apido. Este fato pode ser explicado se al´em do vento magnetizado, existe um freio
adicional, dado pela perda de momento angular da zona convectiva para o n´ucleo radiativo,
rec´em formado.
O modelo tem 263 pontos entre a 3.065 ×10
4
a e 8.875 ×10
9
a. Em cada passo da var´ıavel
independente (o tempo), interpolamos linearmente o raio estelar R
e o momento de
in´ercia estelar total I
= I
rad
+ I
conv
= k
2
M
R
2
do modelo usando o m´etodo da secante
descrito em Press et al.(1994).
88 3 Evolu¸ao do momento angular
Equa¸oes do modelo
Durante a era T Tauri, a frequˆencia angular de rota¸ao estelar
, ´e mantida baixa por
causa do equil´ıbrio entre a intera¸ao magn´etica estrela-disco e a contra¸ao gravitacional,
definida pelo raio do modelo de Siess (2000). Para t t
F
temos que:
d
dt
=
T
MAG
+ T
ACC
I
I
dI
dt
(3.28)
para t > t
F
, os ventos e o transporte do momento angular da zona convectiva para o
n´ucleo radiativo, fornecem o mecanismo de freio, neste caso:
d
dt
=
T
DEC
+ T
W IND
I
I
dI
dt
(3.29)
nestas duas equa¸oes, T
MAG
est´a dado por 3.14 e T
ACC
por 3.16 onde dM/dt e
t/t
acc
(equa¸ao 3.11). O torque interno T
DEC
est´a dado por 3.23 e o torque do vento magnetizado
T
W IND
por 3.25 se Ω
ω
sat
e por 3.26 se Ω
> ω
sat
.
Parˆametros
Cada uma das quatro contribui¸oes ao torque total aplicado sobre a estrela, acima men-
cionadas, requerem no m´ınimo, um parˆametro livre, no melhor dos casos. O acoplamento
magn´etico estrela-disco envolve dois parˆametros: γ
c
e β. Adotamos γ
c
= 1.0 e β = 1.
O acoplamento entre o n´ucleo radiativo e o envolt´orio convectivo envolve os parˆametros
τ
c
e a frequˆencia angular de rota¸ao do n´ucleo
rad
. Testamos os valores: τ
c
= 20 e 100
Ma e
rad
= 3.0Ω
. A especifica¸ao do vento magnetizado requer dois parˆametros, a
frequˆencia de satura¸ao ω
sat
e a constante K
W
a qual permite calibrar os resultados com
o caso solar. Usando o valor para esta constante de calibra¸ao segundo Siess & Livio
(1997) K
W
= 2.7 × 10
47
g s cm
2
e uma frequˆencia de satura¸ao ω
sat
= 10Ω
segundo
Barnes & Sofia (2001), conseguimos calibrar os nossos resultados com o caso solar.
A contra¸ao gravitacional est´a parametrizada pela escala de tempo t
1
KH
=
28πσT
4
e
R
3
3GM
2
, a qual
´e da ordem de algumas dezenas de milh˜oes de anos para estrelas do tipo solar (t
G
= 64
Ma). Por falta do conhecimento da forma funcional para a queda da taxa de acres¸ao
com o tempo, adotamos um decaimento de tipo exponencial com um tempo de queda
caracter´ıstico t
acc
= 10Ma.
3.2. Evolu¸ao do momento angular nas PTTS 89
Para explicar a presen¸ca de estrelas com alta rota¸ao na idade das Plˆeiades, ´e preciso
considerar diferentes valores para o tempo de vida do as no disco. O come¸co da era
post-T Tauri ao ´e igual para todas as estrelas, dependendo da massa inicial dos discos
dispon´ıvel para ser acretada, a dura¸ao da fase T Tauri pode variar. Consideramos cinco
valores entre 0 e 50 milh˜oes de anos: t
F
= 0.2, 1.0, 3.0, 5.0, 10 e 40 Ma. Estes valores
marcam o in´ıcio do spin-up da rota¸ao e permitem explicar as observoes feitas tanto
neste trabalho quanto por outros autores.
Condi¸oes iniciais
Segundo o modelo de Siess (2000) para uma estrela de uma massa solar com Z=0.02,
o raio da estrela na linha de nascimento ´e R = 5R
. Como a acres¸ao de disco decai
exponencialmente numa escala de tempo da ordem de t
acc
, supomos que a massa da
estrela na linha de nascimento ´e M
= 0.95M
e que nesta ´epoca, a massa total do as
presente no disco ´e M
D
= 0.05M
. Calculamos a evolu¸ao rotacional para uma frequˆencia
angular inicial de rota¸ao Ω
(t = BL) = 3.0Ω
.
Resultados Obtidos
Resolvemos simultaneamente as equa¸oes 3.27, 3.28 e 3.11 com a condi¸ao inicial acima
descrita, usando um etodo Runge-Kutta com 500000 pontos entre a linha de nascimento
e a idade solar (4.5 ×10
9
a). Longe de fazer a integra¸ao num´erica com espa¸camento igual
na vari´avel independente, o tamanho do passo no etodo num´erico depende do tempo.
Sendo o espa¸camento menor na pr´e-sequˆencia principal (t < 40Ma) do que ao longo da
sequˆencia principal. O procedimento faz uso de uma var´ıavel ζ com 0 ζ 1 a qual tem
um espa¸camento uniforme definida por:
ζ = c
BL
f(t)dt (3.30)
onde f(t) ´e a fun¸ao que determina o tamanho do passo e c = (
BL
f(t)dt)
1
. Assumimos
f(t) = 1/R
(t), isto ´e um espa¸camento pequeno na era T Tauri e um maior para a
sequˆencia principal. O espa¸camento {r
(n)
, n = 1, 2, ...N} onde N ´e o n´umero de pontos,
determina-se resolvendo as equa¸oes:
ζ(r
(n)
) =
n 1
N 1
(3.31)
90 3 Evolu¸ao do momento angular
para finalmente obter o tamanho do passo mediante a interpola¸ao de ζ(r
(n)
).
No painel A da figura 3.6 mostramos a evolu¸ao rotacional para a frequˆencia angular nor-
malizada
. Para t t
F
,
permanece constante como esperado devido a sua intera¸ao
com o disco interno principalmente, por causa da nossa vers˜ao para T
MAG
incluindo o
parˆametro β diferente de zero.
Ap´os a estrela ser liberada de seu disco,
cresce com o tempo. Mas uma parte de
´e cedida para o n´ucleo radiativo e o efeito global come¸ca a ser observado por volta dos
dez milh˜oes de anos. Apesar disso, a zona convectiva continua a aumentar sua frequˆencia
angular at´e os 40 Ma, quando a escala de tempo para o transporte do momento angular por
ventos come¸ca a agir. Os diferentes m´aximos no painel A, indicam que cada solu¸ao para
corresponde a um t
F
diferente em cada caso. A curva cont´ınua representa t
F
= 0.2Ma
e a azul t
F
= 40 Ma. Valores intermedi´arios 0.2, 1.0, 3.0, 5.0, 10 e 40 Ma ao indicados
com linhas com tra¸cos curtos.
A velocidade equatorial estelar se mostra no painel B, para os mesmos tempos de vida do
disco t
F
do painel A.
´
E claro que a estrela permanece freada durante a era T Tauri. A
queda cont´ınua da velocidade equatorial ´e devido ao freio cont´ınuo produzido por T
MAG
.
Quando t > t
F
a velocidade aumenta at´e um valor pr´oximo de 100km/s, o que corresponde
a terceira parte da velocidade axima poss´ıvel v
break
300km/s, sendo este fato uma
consequˆencia do freio aplicado por T
DEC
. Depois de entrar na sequˆencia principal ( 40Ma)
a velocidade decresce sempre at´e obter o valor atual do Sol.
No painel C temos desenhado conjuntamente o raio solar segundo o modelo de Siess
(2000) e o raio de truncamento do disco normalizado ao raio da estrela para t
F
=10
Ma. Este raio cresce sempre, governado pelo decrescimento de R
. Em geral o valor tipico
considerado na literatura para uma estrela de tipo solar ´e R
T
5R
(Gullbring et al.1998,
Robberto et al.2004). Supondo que a durabilidade da acres¸ao ´e da ordem de dez Ma,
este raio segundo a figura 3.6 poderia variar entre 2 e 8 R
.
Para identificar o efeito dos diferentes torques, frente `a contra¸ao determinada comple-
tamente pelo decrescimento do momento de in´ercia estelar, mostramos no painel D a
evolu¸ao de T
MAG
e T
ACC
como fun¸ao do tempo em milh˜oes de anos. Algumas coisas ao
bem interessantes. Na era T Tauri o freio magn´etico exercido pela intera¸ao disco-estrela
´e intenso. A escolha do parˆametro γ
c
β =1, nos coloca no regime de geometria fechada
de campo, o que representa um freio intenso. O valor m´ınimo do torque magn´etico ´e um
pouco maior do que 1 × 10
38
g
2
cm
2
s
2
na idade de t 100000 anos. Podemos inter-
pretar a ´area abaixo da curva de T
MAG
como uma barreira que impede a zona convectiva
da estrela rodar rapidamente. A escala do tempo para o freio magn´etico ´e da ordem
de T
MB
2Ma, um resultado que ´e compat´ıvel com o reportado por Armitage (1996).
A escala de tempo do torque de acres¸ao por´em, depende de t
acc
, o qual ´e igual a dois
3.2. Evolu¸ao do momento angular nas PTTS 91
milh˜oes de anos, valor usado por Cameron & Campbell (1995) nas suas simula¸oes. Este
fato da escala de tempo da acres¸ao ser levemente maior do que a escala de tempo de
freio magn´etico induz um incremento na rota¸ao para t
F
< t
MB
, o que podemos observar
nos paineis A e B da figura 3.6 para t
F
= 2Ma.
O conhecimento de t
acc
´e somente poss´ıvel atrav´es das observoes. Estas ´ultimas indicam
que em estrelas jovens pertencentes a associa¸oes e aglomerados, o processo de acres¸ao
terminaria por volta dos 10Ma. Em alguns casos, sinais de discos ativos podem se observar
em idades um pouco mas avan¸cadas da ordem de 16Ma. No cap´ıtulo seguinte descrevemos
em detalhe esta afirma¸ao.
92 3 Evolu¸ao do momento angular
Figura 3.6: Evolu¸ao rotacional desde a linha de nascimento at´e a idade do Sol para uma estrela de
1M
sujeita a intera¸ao magn´etica durante a era T Tauri e a ventos e intera¸ao com o n´ucleo radiativo na
etapa post-T Tauri. As diferentes curvas em cada painel correspondem a cinco tempos de vida do disco:
t
F
= 0.2, 1.0, 3.0, 5.0, 10 e 40 milh˜oes de anos. A: frequˆencia angular de rota¸ao. B: velocidade equatorial,
C: raio estelar R
segundo o modelo de Siess (2000) para 1M
e Z=0.02. Adicionalmente, o raio de
truncamento R
T
obtido ´e indicado. D: torques magn´etico e de acres¸ao para os casos limites t
F
= 0.2
(curva pontilhada) e 40 Ma (curva continua). O torque magn´etico foi avaliado no limite de geometria
fechada do campo i.e. β = 1. Resulta interessante o fato que a escala de tempo de freio magn´etico ´e da
ordem de 10
5
a, levemente menor do que a dura¸ao da acres¸ao governada por t
acc
= 10Ma. A condi¸ao
inicial Ω
(t = BL) = 3.0Ω
foi usada em todos os casos. O campo magn´etico n˜ao mostrado aqui segue
um comportamento similar a Ω
e foi mantido menor do que 2kG ao longo das simula¸oes. O torque de
desacoplamento freia a zona convectiva num tempo da ordem de τ
c
= 20Ma mas o vento magnetizado
age ap´os dos 40 Ma, ´epoca na qual a estrela entra na sequˆencia principal.
3.2. Evolu¸ao do momento angular nas PTTS 93
Figura 3.7: Continua¸ao da figura 3.6 O painel superior esquerdo mostra a queda exponencial da
taxa de acres¸ao, o direito k
2
= I
/M
R
2
segundo o modelo de Siess (2000) para uma estrela de 1M
com Z=0.02. Os paineis inferiores correspondem aos torques interno T
DEC
e de vento T
W IN D
para os
valores de t
f
= 0.2, 1.0, 5.0, 10 e 40 Ma. No come¸co da evolu¸ao, a intera¸ao entre a zona convectiva
e o n´ucleo radiativo acelera rapidamente a regi˜ao convectiva mas ap´os do primeiro milh˜ao de anos o
freio devido a desacoplagem come¸ca a agir. Tanto o torque devido a um vento T
W IN D
quando T
DEC
dependem fortemente da velocidade angular de rota¸ao.
94 3 Evolu¸ao do momento angular
Cap
´
ıtulo
4
Acres¸ao e tempo de vida dos discos
Os discos protoplanet´arios ao uma conseqˆuencia natural do processo de forma¸ao estelar.
O disco composto de as e de poeira, evolui de uma maneira complexa. Alguns indicadores
de acres¸ao de as sobre a estrela central ou da frequˆencia de discos em aglomerados jovens
mostram que a perda de g´as pode ser um processo r´apido com uma dura¸ao de menos de
10 Ma. Ao contr´ario, o tempo de vida da poeira em discos ao tem um limite definido.
Este ´e o caso por exemplo do mais velho dos discos tipo debris em volta de τ Cet a qual
tem uma idade de 10 Ga. Para evitar confus˜oes na terminologia, quando nos referimos
ao final da acres¸ao estamos realmente nos referindo a dura¸ao da fase de g´as.
Medidas de taxas de acres¸ao mostram uma queda apida na taxa de acres¸ao ainda
em um mesmo aglomerado. Frequˆencias de disco como indicadores de tempo de vida
usando observoes no infravermelho tˆem mostrado que por volta de 6 Ma uma grande
parte do g´as nos discos tem se dissipado. Recentemente, Sicilia-Aguilar et al.(2004,2005)
encontraram g´as em discos com idades da ordem de dez milh˜oes de anos numa popula¸ao
de estrelas pertencentes a dois aglomerados jovens do Hemisferio Norte, Tr37 e NGC7160.
Pode realmente a acres¸ao persistir al´em dos 10 Ma? Esta ´e a quest˜ao fundamental deste
cap´ıtulo. Para completar as nossas observoes em aglomerados abertos descritas no
cap´ıtulo 2, introduzimos algumas estrelas de baixa massa, mais velhas do que 10 Ma.
Estes objetos ao estrelas post-T Tauri, pertencentes a associa¸oes do Hemisferio Sul. A
fotometria UBV I
C
foi feita durante o levantamento do SACY (Search for Associations
Containing Young objets
1
). A idade destas estrelas jovens est´a no intervalo entre dois e
trinta milh˜oes de anos. Estas associa˜oes ao: TW Hya (TWA) com uma idade de oito
milh˜oes de anos (de la Reza et al.2006), Os grupos Lower Centaurus Crux (LCC) e Upper
Centaurus Lupus (UCL) com uma idade edia de 16 milh˜oes de anos e a associa¸ao
Horologium com uma idade da ordem de trinta milh˜oes de anos. A fotometria SACY das
estrelas selecionadas em cada uma destas associa¸oes encontra-se nas tabelas 4.7, 4.8 e
4.9 no final deste cap´ıtulo.
O conhecimento da evolu¸ao do as em discos ´e de fato fundamental para o entendimento
da forma¸ao de planetas gigantes. A perda de as do disco ao ´e um processo simples,
1
Torres et al.(2006)
95
96 4 Acres¸ao e tempo de vida dos discos
o que complica a medida da taxa de acres¸ao do as e os modelos de forma¸ao estelar
ainda apresentam incertezas neste sentido. ao ´e clara qual ´e a dependˆencia da acres¸ao
com o tempo. Ademais, pode acontecer que a estrela com disco tenha uma vizinha com
tipo espectral O ou B, que produz a fotoevapora¸ao do as e da componente de poeira.
Colis˜oes entre estrelas do mesmo aglomerado podem tamb´em acontecer e limitar de fato
o tempo de vida do as no disco.
Nessas circunstˆancias acreditamos que uma compara¸ao entre popula¸oes de aglomera-
dos abertos e associa¸oes ´e importante e necess´aria. ao somente para investigar se as
popula¸oes de discos poderiam ser diferentes, mas tamb´em para considerar de um modo
indireto, os efeitos produzidos por diferentes ambientes de forma¸ao. De fato, aglomerados
e associa¸oes possuem diferentes hist´orias dinˆamicas de nascimento. Os aglomerados est˜ao
geralmente ligados gravitacionalmente e as associa¸oes tˆem energia de ligadura menor ou
nula. Tanto aglomerados quanto associa¸oes podem ter uma popula¸ao bimodal de massa,
com massas maiores (tipos espectrais O e B) e massas menores (tipos espectrais G, K e
M). Este ´e o caso das estrelas jovens na nuvem de Orion (ONC) e o caso de associac˜oes
OB em Sco-Cen. Distribui¸oes unimodais de baixa massa est˜ao presentes por exemplo
na nuvem de Taurus e em associa¸oes muito bem estudadas como TW Hya (TWA) ou o
grupo em movimento de β- Pictoris (BPMG). As hist´orias de forma¸ao podem ser defini-
tivas na evolu¸ao dos discos. Nas associa¸oes, o colapso gravitacional pode ser iniciado
provavelmente pela influˆencia de um remanescente de supernova (Ortega et al. 2002,
2004; de la Reza, Jilinski & Ortega, 2006).
Usamos duas t´ecnicas para medir luminosidades de acres¸ao. As duas est˜ao baseadas no
mesmo princ´ıpio de medir o cont´ınuo n˜ao estelar.
´
E amplamente conhecido que as ima-
gens ´oticas no filtro U
J
de estrelas T Tauri apresentam um excesso em rela¸ao ao valor
observado na sequˆencia principal. A luminosidade correspondente a este excesso ´e associ-
ada com a energia liberada durante o impacto do as sobre a superf´ıcie da estrela. A outra
t´ecnica usada tem a ver com medidas do velamento espectral. Como uma consequˆencia
do excesso de luminosidade, principalmente na regi˜ao azul, as linhas fotosf´ericas das es-
trelas T Tauri aparecem veladas. Para obter as taxas de acres¸ao adotamos a seguinte
estrategia: primeiro calculamos as luminosidades de acres¸ao usando a t´ecnica do vela-
mento para a associa¸ao MBM12 e usando as magnitudes U
J
para o restante das estrelas
em associa¸oes e aglomerados. Ap´os isso, obtemos as taxas de acres¸ao
˙
M usando:
dM
dt
=
L
acc
R
GM
(1
R
R
T
)
1
(4.1)
onde M
e R
ao a massa e o raio da estrela central, L
acc
´e a luminosidade de acres¸ao, G
a constante gravitacional e R
T
o raio de truncamento do disco. O termo entre parˆenteses
descreve a dependˆencia da taxa de acres¸ao com a altura inicial da queda bal´ıstica do as.
4.1. Luminosidade de acres¸ao a partir de fotometria no filtro U
J
97
4.1 Luminosidade de acres¸ao a partir de fotometria
no filtro U
J
Uma vez obtida a fotometria UVI para as estrelas jovens em aglomerados abertos (tabela
2.4), o passo seguinte ´e medir os fluxos absolutos no filtro U. Para isto ´e preciso conhecer
o fluxo de uma estrela similar ao alvo observado, mas na sequˆencia principal.
´
E de se
esperar que a estrela jovem pr´e-sequˆencia principal seja muito mais luminosa no filtro U
do que a estrela MS. Como padr˜ao de refˆerencia adotamos os fluxos U
J
das estrelas da
sequˆencia principal de Kenyon & Hartmman (1995).
As magnitudes absolutas no filtro U s˜ao calculadas corrigindo a extin¸ao interestelar das
magnitudes da tabela 2.4. Usamos as distˆancias edias do cat´alogo de Dias et al.(2002)
e uma lei de extin¸ao interestelar. Para cada um dos trˆes filtros U, V e I aplicamos a lei
do Pogson para obter as magnitudes absolutas:
M
i
= m
i
+ 5 5logr A
i
(4.2)
onde r ´e a distˆancia `a estrela em pc, A
i
´e a extin¸ao no filtro i = U, V, I e M
i
´e a
magnitude absoluta no filtro i. O excesso de cor E(B V ), a distˆancia e a idade das
estrelas jovens em aglomerados da tabela 2.4, em sido medidas na literatura e usamos os
valores do cat´alogo de Dias et al.(2002). Assumimos que estes valores ao em princ´ıpio
representativos para todo o aglomerado. Com as associa¸oes usamos distˆancias e E(BV )
do levantamento SACY para cada estrela e idades globais calculadas mediante calibroes
dinˆamicas quando ´e o caso. Em todos os casos a extin¸ao em diferentes filtros A
i
´e obtida
usando a lei de extin¸ao interestelar de Rieke & Lebofsky (1985), a seguir RL85. Esta
lei foi obtida a partir de observoes fotom´etricas entre 1 e 13 µm em estrelas localizadas
perto do centro gal´actico. A lei de RL85 permite conhecer a raz˜ao E(λ I)/E(B V )
para diferentes regi˜oes do espectro electromagn´etico. Calculamos a extin¸ao no visual A
V
usando o excesso de cor E(B V ), a lei RL85 e a rela¸ao padr˜ao para o meio interestelar
A
V
E(BV )
= 3.1. Similarmente, obtemos as extin¸oes nos filtros I e U usando as rela¸oes
A
λ
/A
V
dadas pela mesma lei. A rela¸ao entre as extin¸oes em cada filtro segundo RL85
ao as seguintes: A
I
= 0.482 × A
V
e A
U
= 1.531 × A
V
.
O erro na magnitude absoluta depende principalmente do erro nas distˆancias, sendo esta
´ultima a maior fonte de erro. Por exemplo, a partir de medidas de velocidades radiais, a
distˆancia a Berkeley 87 ´e 946±26 pc (Hiltner 1956; Turner & Forbes 1982) e Biurakan 2
est´a a 1445±133 pc (Dupuy & Zakauskas 1976). Na tabela 2.4 encontram-se as distˆancias,
excessos de cor CE = E(B V ) e as idades segundo o cat´alogo de Dias et al.(2002). A
incerteza no alculo da distˆancia ´e no m´ınimo de 20%. O erro nas magnitudes aparentes ´e
98 4 Acres¸ao e tempo de vida dos discos
menor do que um cenesimo de magnitude em todos os casos. O erro na extin¸ao depende
basicamente do erro no excesso de cor E(B V ), o qual ´e da ordem de cenesimos de
magnitude. Juntando tudo, o erro no pior dos casos no c´alculo das magnitudes absolutas
usando a equa¸ao 4.2 ´e de:
M
i
= m
i
+
5∆r
2.30r
+ 3.1(∆CE) (4.3)
onde 2.30=ln10, CE ´e o excesso de cor E(V I) ou E(U V ) segundo seja o caso e m
i
o
erro das magnitudes Johnson, obtidas com o DAOPHOT do IRAF. Na tabela 4.1 as cores
V I e U V desavermelhadas s˜ao indicadas com (V I)
0
e (U V )
0
, respectivamente
e os erros associados foram obtidos usando a equa¸ao 4.3.
4.1.1 Diagrama H-R
Assim que a extin¸ao visual ´e conhecida, a luminosidade estelar total L
´e obtida usando
a formula:
log(
L
L
) = 0.4(M
,bol
M
,bol
) = 0.4(4.75 V BC
V
+ A
V
+ DM) (4.4)
onde M
,bol
= 4.75 mag ´e a magnitude solar absoluta, DM ´e o modulo de distˆancia,
BC
V
a corre¸ao bolom´etrica da magnitude V . Esta corre¸ao ´e calculada mediante uma
interpola¸ao
2
dos valores de BC
V
para a sequˆencia principal de KH95, com as cores (V
I)
0
desavermelhadas. O erro em BC
V
depende do tipo espectral, o qual ´e desconhecido
para a maior parte da nossa amostra (ver tabela 2.4). Ademais, para temperaturas baixas,
a corre¸ao bolom´etrica segundo KH95 ´e maior (mais negativa), implicando um aumento
de brilho no filtro V, e consequentemente em V-I. Isto faz com que a estrela seja mais
avermelhada, reduzindo por isso o efeito da extin¸ao. Estes efeitos s˜ao determinantes na
avalia¸ao das massas, idades e taxas de acres¸ao.
Calculamos a temperatura efetiva (e enao o tipo espectral) a partir do ´ındice V-I de-
savermelhado, interpolando os valores de T
eff
(V I) de Kenyon & Hartmann (1995).
Considerando que a calibra¸ao KH95 ´e v´alida somente para estrelas na sequˆencia princi-
pal al´em de nosso V-I ter sido desavermelhado usando a extin¸ao m´edia e as distˆancias
2
Desenhamos uma calibra¸ao pr´opria usando a T
ef f
(e ent˜ao BC
V
vs (V I)
0
) para as estrelas padr˜ao.
Mas devido a contarmos somente com trˆes diferentes cores de estrelas padr˜ao para duas noites, o ajuste
foi feito com apenas trˆes pontos. Nessas condi¸oes prefirimos usar a corre¸ao bolom´etrica de KH95.
4.1. Luminosidade de acres¸ao a partir de fotometria no filtro U
J
99
representativas de todo o aglomerado, o erro no tipo espectral calculado ´e da ordem de
±1 subtipo.
A localiza¸ao das 47 estrelas em aglomerados abertos, observadas com a MONICA, no
diagrama H-R ´e mostrada na figura 4.1. Nesta figura, todas as magnitudes foram desaver-
melhadas usando o etodo acima descrito. Os diferentes s´ımbolos identificam os membros
estudados neste trabalho, ao somente as estrelas em aglomerados, mas tamb´em em as-
socia¸oes. Os s´ımbolos num´ericos correspondem `as estrelas em aglomerados jovens, os
quadrados representam estrelas nos grupos LCC e UCC, os s´ımbolos num´ericos com linha
correspondem `as estrelas da associa¸ao em forma¸ao MBM12 (2Ma) (Hearty et al.2000a,
2000b), os s´ımbolos num´ericos com asteriscos correspondem a estrelas da associa¸ao de
Horologium (30Ma) (Torres et al.2000) e os s´ımbolos com TWA representam estrelas na
associa¸ao TW Hya (8Ma) (Torres et al. 2003). Nesta se¸ao discutiremos somente os
resultados pertinentes `as estrelas em aglomerados jovens (s´ımbolos num´ericos com barras
de erro). A discuss˜ao dos objetos restantes no diagrama H-R da figura 4.1 ser´a feita na
se¸ao seguinte.
A maioria das estrelas pertencentes a aglomerados est˜ao situadas na parte superior es-
querda do diagrama H-R da figura 4.1., na regi˜ao quente acima da sequˆencia principal
(linha tracejada com tra¸cos longos). Esta regi˜ao ´e tipicamente povoada por estrelas OB.
De fato, os aglomerados Berkeley87, NGC1502 e Biurakan2 est˜ao localizados perto da
regi˜ao de Cep OB2 onde ´e comum encontrar estrelas OB.
´
E de se esperar ent˜ao que as
massas dos outros objetos fora dos tipos OB estejam no dom´ınio de massas intermedi´arias
entre uma e cinco massas solares.
Usando uma interpola¸ao das trajet´orias evolutivas do modelo te´orico pr´e-sequˆencia prin-
cipal de Siess (2000), derivamos as massas e as idades para cada estrela individual em
lugar de utilizar as idades do cat´alogo. A massa e a idade ao parˆametros fundamentais no
estudo da acre¸sc˜ao. O raio estelar R
´e obtido usando a rela¸ao padr˜ao: L
= 4πR
2
σT
4
eff
,
onde L
e R
ao a luminosidade e o raio estelar, respectivamente, T
eff
´e a temperatura
efectiva, e σ = 5.67 × 10
5
erg cm
2
s
1
K
4
. Os raios calculados desta maneira se
encontram na tabela 4.1. As incertezas na localiza¸ao no diagrama H-R dependem forte-
mente da extin¸ao e da distˆancia. Mudando o valor das distˆancias em 20 pc nas estrelas
em aglomerados, as luminosidades mudam em edia 25%.
4.1.2 Diagrama cor-cor: U-V vs V-I
Com o objetivo de medir o excesso da cor em U para todos os alvos, construimos o
diagrama (U V )
0
vs (V I)
0
que apresentamos na figura 4.2. A sequˆencia principal
de Kenyon & Hartmann (1995) est´a indicada com una linha continua nessa figura. As
100 4 Acres¸ao e tempo de vida dos discos
estrelas frias, acima da sequˆencia principal de KH95 ao candidatas a serem PMS e o
excesso de cor em U poderia ser devido `a acres¸cao ativa devido `a presen¸ca de um disco.
Selecionamos as estrelas mais frias do que G0 (V-I >0.71 segundo a calibra¸ao de KH95)
e somente para estas estrelas frias e acima da sequˆencia principal de KH95, fazemos
medidas de luminosidade de acres¸ao usando a rela¸ao de Gullbring et al.(1998) descrita
na seguinte se¸ao.
Uma segunda sele¸ao das 47 estrelas da tabela 2.4, ´e feita com o objetivo de retirar estrelas
com fluxos U contaminados pela emiss˜ao da regi˜ao pr´oxima do alvo. Isto pode ser devido `a
presen¸ca de estrelas O e B que evoluem rapidamente e contaminam o meio interestelar. A
proximidade com a regi˜ao de Cep OB2 poderia estar atrapalhando a medida da magnitude
U. O aglomerado Berkeley 87 por exemplo, est´a localizado na fronteira da regi˜ao de
Cep OB2 a uma distˆancia de 946 pc, ´e um aglomerado denso que conem da ordem de
100 membros em um raio de 16 arcmin. Este aglomerado ´e particularmente conhecido
principalmente devido a um dos membros ser a estrela de tipo Wolf Rayet ST 3 = Sand5
(Sanduleak 1971). ST 3 apresenta um dubleto intenso de OVI λ3811,3834 em emiss˜ao,
al´em da linha de emiss˜ao intensa de CIV5802. O restante das estrelas em Berkeley 87
ao em geral do tipo Be. A estrela n´umero 73 que se encontra perto de ST 3, segundo o
mapa apresentado por Turnes & Forbes (1982), ´e uma estrela muito vermelha (V-I=3.626
mag) em compara¸ao com a tendˆencia mostrada por os outros membros. Um estudo feito
por Polcaro et al. (1991) mostrou que este excesso ao ´e intr´ınseco da estrela e sim uma
consequˆencia da sua proximidade com ST 3. As estrelas 97 e 37 (HD229105 SpT K2)
est˜ao situadas mais na borda do aglomerado e n˜ao est˜ao afectadas como a 73. Biurakan 2
tamem est´a na vizinhan¸ca de CEP OB2. Localizado a 1.5 kpc, seus membros em geral
apresentam cararacter´ısticas similares `as observadas em Berkeley 87 com a diferen¸ca que
as estrelas aqui ao na edia mais frias. Da tabela 2.4 vemos que a extin¸ao visual em
Berkeley 87 ´e quatro vezes maior do que em Biurakan2.
Devemos notar que somente as estrelas mais frias do que G0 dos aglomerados considera-
dos: Berkeley97, Biurakan2, Tr37, NGC884 e NGC1502, foram usadas para o alculo da
acres¸ao mediante a rela¸ao de Gullbring et al.(1998). Esta rela¸ao foi construida para
estrelas frias, com tipos espectrais K-M. A lista de candidatas a serem PMS com acres¸ao
ativa s˜ao as nove estrelas mostradas na tabela 4.1.
4.1.3 A rela¸ao de Gullbring
A rela¸ao de Gullbring (Gullbring et al. 1998), daqui em diante RG, estabelece uma
conex˜ao entre o excesso no filtro (U
J
=U) de Johnson com a luminosidade de acre¸ao:
4.1. Luminosidade de acres¸ao a partir de fotometria no filtro U
J
101
0 1 2 3
8
6
4
2
0
-2
0 1 2 3
8
6
4
2
0
-2
0 1 2 3
8
6
4
2
0
-2
0 1 2 3
8
6
4
2
0
-2
0 1 2 3
8
6
4
2
0
-2
0 1 2 3
8
6
4
2
0
-2
0 1 2 3
8
6
4
2
0
-2
0 1 2 3
8
6
4
2
0
-2
0 1 2 3
8
6
4
2
0
-2
0 1 2 3
8
6
4
2
0
-2
0 1 2 3
8
6
4
2
0
-2
0 1 2 3
8
6
4
2
0
-2
0 1 2 3
8
6
4
2
0
-2
0 1 2 3
8
6
4
2
0
-2
0 1 2 3
8
6
4
2
0
-2
0 1 2 3
8
6
4
2
0
-2
0 1 2 3
8
6
4
2
0
-2
0 1 2 3
8
6
4
2
0
-2
0 1 2 3
8
6
4
2
0
-2
0 1 2 3
8
6
4
2
0
-2
0 1 2 3
8
6
4
2
0
-2
0 1 2 3
8
6
4
2
0
-2
0 1 2 3
8
6
4
2
0
-2
0 1 2 3
8
6
4
2
0
-2
Figura 4.1: Diagrama H-R para estrelas desavermelhadas usando a lei de extin¸ao de Rieke &
Lebofsky (1985). S´ımbolos num´ericos com barras de erro indicam estrelas nos aglomerados abertos
Berk97, Biu2, Tr37, NGC884 e NGC1502. Os s´ımbolos restantes correspondem a estrelas post-T Tauri
nas associa¸aoes: MBM12(2Ma) (n´umeros’), TWA(8Ma), Horologium(30Ma) (n´umeros*), UCL e
LCC (quadrados abertos) (15-22 Ma e 17-23 Ma respectivamente). A sequˆencia principal (MS) ´e
indicada com a linha com tra¸cos longos. No caso dos grupos LCC e UCL, temos incluido arias medidas
feitas nas estrelas PDS66 (18 medidas), HD141521 (3) e HD119022 (2). As trajet´orias evolutivas e as
is´ocronas s˜ao o modelos de Siess (2000). As trajet´orias evolutivas correspondem, de direita a esquerda,
aos valores: 0.3, 0.4, 0.5, 0.7, 1.0, 1.5, 2.0, 3.0, 4.0 e 5.0 M
para uma metalicidade Z=0.02
102 4 Acres¸ao e tempo de vida dos discos
log(
L
acc
L
) = 1.09
+0.04
0.018
log(
L
U,excesso
L
) + 0.98
+0.02
0.07
(4.5)
onde L
U,excesso
= L
U,observada
L
U,esperada
´e o excesso de luminosidade no filtro U. A
luminosidade esperada L
U,esperada
´e dada pelo comportamento na sequˆencia principal.
Esta rela¸ao ´e extremamente ´util, pois permite calcular L
acc
a partir da fotometria ´otica.
Esta rela¸ao foi obtida por Gullbring et al. (1998) usando simultaneamente espectroscopia
no intervalo 3200-5300
˚
A e fotometria UBVRI para estrelas T Tauri na nuvem de Taurus.
Gullbring et al. calcularam a luminosidade de acre¸ao baseados em um modelo de infall
magnetosf´erico (Camezind 1990; onigl 1991) o qual prediz a luminosidade total emitida
pela estrela. Retirando desta ´ultima a componente estelar observada, o resultado ´e o
excesso devido `a acre¸ao. Usando este valor conjuntamente com a fotometria no filtro U,
Gullbring et al. acharam a rela¸ao 4.5.
No cen´ario dos modelo magnetosf´ericos, o as do disco cai sobre a superf´ıcie estelar for-
mando colunas de acre¸ao que produzem emiss˜ao devido ao impacto. A energia liberada
foi calculada por Gullbring et al. supondo que a regi˜ao que emite o excesso de energia
devido ao impacto, est´a caracterizada por trˆes parˆametros: temperatura, densidade e
profundidade ´otica em um comprimento de onda espec´ıfico. As fontes de opacidade ao
H e H
. O m´etodo usado por Gullbring consiste em resolver as equa¸oes de equil´ıbrio
estat´ıstico para um ´atomo de Hidrogˆenio com oito n´ıveis. O cont´ınuo de Lyman ´e assum-
ido como estando em equil´ıbrio detalhado, no entanto, o cont´ınuo restante ´e caracterizado
pela temperatura do campo radiativo. H
´e assumido em equil´ıbrio termodinˆamico total.
A raz˜ao logF
3600
/logF
4000
dividida pela raz˜ao logF
4750
/logF
4000
, mede a inclina¸ao do
cont´ınuo de Paschen para uma temperatura fixa. Gullbring et al. construiram modelos
com temperaturas de 6000, 8000, 10000 e 20000K e profundidades ´oticas τ
3640
de 0.1, 1.0 e
10. Estes modelos foram calculados para uma densidade de hidrogˆenio de n
H
= 10
14
cm
3
.
A compara¸ao com as raz˜oes de fluxos observadas indicam altas profundidades ´oticas, da
ordem de τ
3640
1 10 e temperaturas da ordem de 10
4
K. O valor alto para τ precisa de
densidades colunares maiores do que 10
13
cm
3
se o tamanho da regi˜ao que emite ´e menor
do que o raio estelar, o qual ´e consistente com o valor adotado.
A raz˜ao do fluxo total ao fluxo observado no intervalo 3200-5300
˚
A indica que se a tem-
peratura ´e T 10
4
enao a raz˜ao 3 3.5. Gullbring et al. adotaram um fator de 3.5
para converter os excessos de fluxo medidos para o excesso de luminosidade total.
4.2. Luminosidade de acres¸ao a partir do velamento 103
Aplica¸ao da rela¸ao de Gullbring na nossa amostra
Primeiramente calculamos a luminosidade estelar usando as magnitudes desavermelhadas
no filtro I (menor extin¸ao), atraes da equa¸ao:
log(
L
L
) = 0.4(4.75 I BC
I
+ A
I
+ DM) (4.6)
onde o termo de correc¸ao bolom´etrica ´e obtido a partir de (V I)
0
, interpolando os valores
de BC
I
da sequˆencia principal de KH95. Posteriormente calculamos a luminosidade U
usando:
log(
L
U,observada
L
) = 0.4(4.75 U BC
U
+ A
U
+ DM) (4.7)
com o fim de obter o excesso de luminosidade no filtro U a partir da rela¸ao:
L
U,excesso
= L
U,observada
L
(4.8)
este excesso ´e introduzido na rela¸ao de Gullbring (equa¸ao 4.5) para obter as lumi-
nosidades de acres¸ao. Usando as massas obtidas a partir do ajuste entre os modelos
evolutivos de Siess (2000) e a localiza¸ao das estrelas no diagrama H-R e os raios calcula-
dos via a luminosidade estelar, podemos obter facilmente as taxas de acres¸ao. Na tabela
4.1 mostramos os resultados obtidos para estrelas em aglomerados.
4.2 Luminosidade de acres¸c˜ao a partir do velamento
Nesta se¸ao descrevemos os resultados do estudo sobre a acres¸ao para sete membros da
nuvem molecular MBM12 usando a t´ecnica de autocorrela¸ao (AC). Esta t´ecnica per-
mite calcular o cont´ınuo n˜ao estelar associado com a acres¸ao a partir da compara¸ao do
espectro da estrela jovem com o espectro de uma estrela semelhante, do tipo sequˆencia
104 4 Acres¸ao e tempo de vida dos discos
-1 0 1 2 3
0.5
1
1.5
2
2.5
3
-1 0 1 2 3
0.5
1
1.5
2
2.5
3
-1 0 1 2 3
0.5
1
1.5
2
2.5
3
-1 0 1 2 3
0.5
1
1.5
2
2.5
3
-1 0 1 2 3
0.5
1
1.5
2
2.5
3
-1 0 1 2 3
0.5
1
1.5
2
2.5
3
-1 0 1 2 3
0.5
1
1.5
2
2.5
3
-1 0 1 2 3
0.5
1
1.5
2
2.5
3
Figura 4.2: Diagrama U-V vs V-I para estrelas desavermelhadas em aglomerados abertos (n´umeros
com barras de erro) e Post-T Tauri nas asocia¸aoes: TWA(8Ma), Horologium(30Ma) (n´umeros*),
UCL e LCC (c´ırculos pretos) (15-22 Ma e 17-23 Ma respectivamente). A curva cont´ınua corresponde `a
sequˆencia principal de Kenyon & Hartmann (1995). C´ırculos abertos em LCC e UCL indicam arias me-
didas feitas nas estrelas PDS66 (18 medidas), HD141521 (3) e HD119022 (2). Somente as estrelas situadas
`a esquerda e acima da sequˆencia principal de KH95 foram utilizadas para o c´alculo das luminosidades de
acres¸ao.
4.2. Luminosidade de acres¸ao a partir do velamento 105
principal
3
. Se um excesso ´e detectado, igualamos este cont´ınuo ao estelar com a lumi-
nosidade de acres¸ao. O excesso do cont´ınuo nos espectros ´e avaliado atraes de medidas
do velamento.
Medimos o velamento nos membros de MBM12 mostrados na tabela 4.2. Os espec-
tros foram observados por Tomas Hearty (2005) mas ao foram utilizados at´e hoje para
procurar diagn´osticos de acres¸ao circunstelar. Duas estrelas da associa¸ao: LkH
α
264 e
RXJ0255.4+2005 foram observadas com o espectr´ografo FOCES
4
no telesc´opio de 2.2m
em Calar Alto em 1998. As estrelas restantes da tabela 4.2 foram observadas com o mesmo
telesc´opio e o instrumento CAFOS (Calar Alto Faint Object Spectrograph) tamb´em por
Tomas Hearty. Nas figuras 4.4 e 4.5 encontram-se graficados os espectros. Todos eles
apresentam caracter´ısticas comuns como presen¸ca de linhas em emiss˜ao sendo a de maior
intensidade H
α
. Estes fatos s˜ao comuns em estrelas T Tauri cl´assicas. As larguras equiv-
alentes (EW) da linha de H
α
ao em geral grandes com exce¸ao das estrelas 1’ e 5’, na
nota¸ao de Luhman (2001), as quais apresentam EW menores do que 10
˚
A. Em con-
cordˆancia com a classifica¸ao de Hartmann (1998) as estrelas 1’ e 5’ ao as duas ´unicas
estrelas T Tauri fracas da amostra, sendo as outras claramente CTTS.
A nuvem molecular MBM12 est´a localizada acima do plano gal´actico b > 30
o
e ´e mem-
bro de um grupo de nuvens pr´oximas mediante as quais ´e poss´ıvel estudar a forma¸ao
estelar nos seus primeiros est´agios. A distˆancia `a nuvem ´e de dif´ıcil avalia¸ao devido `a
forte extin¸ao. Uma primeira medida da distˆancia at´e MBM12 baseada nos resultados
do sat´elite Hipparcos foi 65±35 pc, o qual significou que MBM12 fosse provavelmente a
nuvem molecuar mais pr´oxima ao Sol com hist´oria de forma¸ao estelar recente. Posterior-
mente Luhmann (2001) comparando as magnitudes de um campo de an˜as M pertencentes
a MBM12 com as magnitudes do campo de an˜as M de foreground e background, obteve
uma distˆancia de 275 pc. Hearty et al.(2000b) usando espectroscopia em alta resolu¸ao
obtiveram 58±5 pc <d<90±12 pc. Os membros da nuvem parecem ao estarem liga-
dos gravitacionalmente, tendo sido observadas dentro da associa¸ao, al´em de estrelas T
Tauri, regi˜oes densas e n´ucleos em colapso. Chauvin et al.(2002) usando ´otica adapta-
tiva conseguiram resolver estrelas bin´arias dentro da associa¸ao. Embora a acres¸ao seja
fortemente dependente da binariedade, ao discutimos neste trabalho esta dependˆencia.
Em parte porque uma classifi¸ao espectral de MBM12 incluindo a multiplicidade ainda
ao foi feita.
As estrelas da tabela 4.2 em sido classificadas espectralmente por arios autores tendo os
tipos espectrais incertezas da ordem de SpT ±1 tipo. Uma das principais dificuldades
na determina¸ao do tipo espectral ´e a extin¸ao visual ao alta na regi˜ao central da nuvem
onde est˜ao a maioria das estrelas (exceto 12’). Duerr & Craine (1982) e Zimmermann
3
Os espectros das estrelas padr˜ao foram observados com FEROS no telesc´opio ESO-1.52m em La Silla
(R=60000) por Elvira Covino (2005). A lista das estrelas padr˜ao est´a na tabela 4.3.
4
FOCES tem uma resolu¸ao de
λ
λ
49000 para o slit de 160 entre 6000-7000
˚
A
106 4 Acres¸ao e tempo de vida dos discos
& Ungerechts (1990) obtiveram A
V
5 mag baseados em observoes de CO e contagem
de estrelas. Hearty et al. (2000a) sugerem por´em que a extin¸ao pode ser bem maior
em regi˜oes densas perto dos n´ucleos. Usando dois pontos de referˆencia, um na regi˜ao
central, al´em da nuvem e um outro fora dela, a extin¸ao medida foi A
V
8.4-8.9 mag
(dentro) e A
V
>5 mag (fora),respectivamente.
´
E conhecido que as estrelas 1’,2’,3’,4’,5’ e
6’ est˜ao na parte central da nuvem, enquanto a estrela 12’ est´a mais para o sul, perto da
nuvem MBM13, assim uma extinc˜ao visual para MBM12 entre 8.4 e 8.9 mag ´e um valor
apropriado. Adotamos este valor da extin¸ao para todas as estrelas.
Para localizar as estrelas de MBM12 no diagrama H-R ´e necess´ario o conhecimento do tipo
espectral e a distˆancia, sendo esta de 275 pc segundo Luhman et al. (2001). Adotando
a classifica¸ao de Hearty et al.(2000a) para as sete estrelas, calculamos (V I)
0
usando
a calibra¸ao de KH95. As magnitudes bolom´etricas foram obtidas utilizando as lumi-
nosidades de Luhman et al.(2001) e usando a equa¸ao 4.4. No diagrama H-R da figura
4.1 vemos que as estrelas em MBM12 (s´ımbolos num´ericos com linhas) est˜ao situadas
pr´oximas da is´ocrona de 1 Ma em concordˆancia com a idade medida para esta associa¸ao
(2Ma) por Hearty et al.(2000b).
Ap´os de conhecer a extin¸ao e os tipos espectrais, aplicamos a ecnica de autocorrela¸ao
aos espectros dos membros de MBM12 para determinar o velamento em intervalos espec-
trais espec´ıficos. Finalmente, o velamento r em combina¸ao com a fotometria UVI fornece
a avalia¸ao das luminosidades de acres¸ao.
4.2.1 O velamento
Se somamos uma fra¸ao r do fluxo cont´ınuo estelar normalizado ao espectro normalizado
de uma estrela T Tauri cl´assica cada linha fotosf´erica (ou de absor¸ao) P muda para P
segundo a rela¸ao seguinte:
P
=
P + r
1 + r
(4.9)
onde r ´e o velamento. Todos os m´etodos para calcular r est˜ao baseados na id´eia que as
atmosferas de CTTS ao completamente similares `as atmosferas das estrelas padr˜ao asso-
ciadas (na sequˆencia principal). Esta hip´otese tem algumas fraquezas pois a metalicidade
nas atmosferas em geral ´e diferente. Se a metalicidade da estrela jovem ´e maior do que
na estrela evoluida, o r pode ser sobre estimado. De outra parte, a cromosfera reduz o
contraste das linhas fotosf´ericas mais intensas por um factor f chamado de filling com
o qual o r calculado pode ser maior do que o real. Outro factor determinante ´e que a
classifica¸ao espectral da maioria de estrelas jovens ´e ainda pouco conhecida. Finalmente,
as diferen¸cas em logg podem afetar consider´avelmente as medidas de velamento.
4.2. Luminosidade de acres¸ao a partir do velamento 107
O velamento das linhas fotosf´ericas foi observado pela primera vez na ecada dos quarenta,
quando Joy (1945) identificou as estrelas jovens como um conjunto de linhas de emiss˜ao
cromosf´ericas superposto a um espectro fotosf´erico t´ıpico de estrelas frias (K-M). Joy
percebeu que as linhas fotosf´ericas na regi˜ao azul apareciam veladas, com profundidades
menores do que em outras regi˜oes do espectro. As caracter´ısticas espectrosc´opicas gerais
das CTTS conhecidas na ´epoca do Joy foram resumidas num importante trabalho por
Herbig (1962). Nesse trabalho cl´assico, ele referiu-se ao forte cont´ınuo ultravioleta em
comprimentos de onda menores do que 3800
˚
A. Anos depois o mesmo Herbig (1970) sugeriu
que a regi˜ao que emite o excesso de UV em CTTS ´e oticamente mais espessa do que o caso
solar. Como consequˆencia, o excesso UV observado deveria ser emitido em profundidades
´oticas de 0.01 e 0.1 (Basri & Batalha 1990). Este fato trouxe como consequˆencia o
surgimento de um grande n´umero de modelos cromosf´ericos emp´ıricos. Alguns deles
foram propostos por Cram (1979) e por Calvet, Basri & Kuhi (1984). Estes modelos
reproduziam todos os fatos observacionais com excess˜ao das linhas de Balmer. Rydgren
& Strom (1976) analisaram as cores de alguns espectros de CTTS e concluiram que o
velamento deveria ser consequˆencia da emiss˜ao livre-livre do ´atomo de hidrogˆenio num
plasma envolta da estrela a T 20000K. Este as circunstelar explicaria muito bem as
caracter´ısticas observadas do espectro como as linhas de emiss˜ao e o excesso no azul. Mas
esta hip´otese teve o problema de requerer uma profundidade ´otica muito grande, a qual
nunca foi observada.
Uma outra hip´otese para explicar o velamento ´otico foi proposta em rela¸ao com os discos
de acres¸ao protoplanet´arios. Para explicar o excesso de UV (parte dele vis´ıvel com
fotometria ´otica), a interface disco-estrela deveria ser uma regi˜ao fina na qual o as do
disco orbitasse a estrela com velocidades da ordem de 250 km/s, enquanto a velocidade do
as na fotosfera da estrela seria mais de dez vezes menor. Esta diferen¸ca em velocidades
criaria uma regi˜ao turbulenta a alta temperatura que emitiria com luminosidades da
ordem da luminosidade estelar, dependendo da taxa de acres¸ao. Este modelo chamado
de camada limite foi no come¸co o modelo padr˜ao das estrelas T Tauri com disco. Mas, a
rota¸ao lenta das estrelas T Tauri contrasta com as velocidades angulares preditas pelo
modelo de camada limite. A acres¸ao neste modelo transfere momento angular e a estrela
deveria a girar cada vez mais apido, coisa que ao acontece. Al´em disso, as manchas
quentes, inferidas pelo comportamento da fotometria ao contra a id´eia da existˆencia de
uma camada limite. Tamb´em ´e dif´ıcil explicar os perfis P Cygni invertidos observados em
arias CTTS com este modelo.
Os primeiros modelos de acres¸ao magnetosf´rica foram feitos por onigl (1991), Cameron
& Campbell (1993) e Shu et al.(1994). Melhoras ao modelo foram feitas por Hartmann
et al.(1994) que considerou que se o campo magn´etico das estrelas jovens tem ordens
de grandeza de KG, este campo consegue suspender o disco acima da fotosfera estelar,
impedindo a forma¸ao da camada limite; a acres¸ao ocorrer´a atrav´es das linhas do campo.
Nesse modelo, o material acretado do disco alcan¸ca velocidades de queda livre, o que
108 4 Acres¸ao e tempo de vida dos discos
explica as larguras observadas dos perfis de linhas. Al´em disso, a colis˜ao do material com
a superf´ıcie estelar produz uma emiss˜ao de fluxo cont´ınuo, substituindo assim a camada
limite. Finalmente, se o momento dipolar magn´etico estelar for inclinado em rela¸ao ao
eixo de rota¸ao pode ser explicada a presen¸ca de manchas quentes. arias evidˆencias
observacionais corroboram o modelo de acres¸ao magnetosf´erica. Imageamento Doppler
revelou regi˜oes quentes na superf´ıcie estelar e os perfis P Cygni invertidos observados em
algumas das linhas espectrais ao bem explicados pela emiss˜ao do as no funil de acres¸ao
magn´etica.
Usamos dois etodos para determinar o velamento r nos espectros dos membros de
MBM12. O primeiro baseado na medida da altura do pico aximo da fun¸ao de correla¸ao
cruzada (AC) explicada brevemente na se¸ao seguinte e um segundo m´etodo baseado em
medidas de larguras equivalentes.
4.2.2 O velamento a partir da autocorrela¸ao (AC)
O m´etodo de autocorrela¸ao (AC) compara os espectros objeto (estrela jovem) e padr˜ao
(estrela do mesmo tipo espectral mas na sequˆencia principal) para uma ordem espectral
determinada. A compara¸ao ´e feita atraes do produto das transformadas de Fourier dos
espectros. O resultado ´e uma fun¸ao (autocorrela¸ao) a qual apresenta um aximo. A
altura deste aximo ´e uma m´edia da profundidade das linhas do espectro do objeto. A
largura m´edia da AC compara as larguras m´edias das linhas fotosf´ericas com as larguras
m´edias das linhas da padr˜ao. De tal forma que a uma AC achatada correspondem es-
pectros de objeto e padr˜ao muito diferentes. Se a largura da AC ´e fina, os espectros de
objeto e padr˜ao possuem alta similaridade.
A autocorrela¸ao foi formalmente descrita por Tonry & Davis (1976). Resumidamente,
sejam g(n) (espectro do objeto) e t(n) (espectro da padr˜ao) duas fun¸oes peri´odicas com
per´ıodo (T = N). As fun¸oes g e t est˜ao definidas em N intervalos. Indicaremos um
intervalo determinado usando o inteiro n. A autocorrela¸ao entre g e t est´a definida por:
c(k) =
1
Nσ
g
σ
t
G(k)T
(k) (4.10)
onde G(k) =
g(n)exp(
2πink
N
) e T (k) =
t(n)exp(
2πink
N
) ao as transformadas de
Fourier de g(n) e de t(n) respectivamente, σ
g
=
g(n)
2
e σ
t
=
t(n)
2
ao os desvios
referentes `a edia ou RMS. Para um caso particular onde g(n) = αt(n)b(n δ), com α
e δ ao constantes por determinar, a fun¸ao g ´e um m´ultiplo de t, deslocado δ unidades
e convolu´ıdo por uma fun¸ao b(n). Enao os coeficientes α e δ podem ser resolvidos
mediante um ajuste entre g e t. A quantidade a minimizar ´e:
4.2. Luminosidade de acres¸ao a partir do velamento 109
χ
2
(α, δ, b) =
[αtb(n δ) g(n)]
2
= 0 (4.11)
Desenvolvendo o quadrado:
2N[ασ
2
tb
σ
t
σ
g
cb(δ)] = 0 (4.12)
onde σ
2
tb
=
1
N
(tb)
2
. Ent˜ao minimizar 4.11 ´e equivalente a maximizar
1
σ
tb
cb(δ). Agora,
se b(n) tem a forma funcional:
b(n) =
1
2πσ
exp[
(n δ)
2
2σ
2
] (4.13)
e o pico aximo de c(n) tem a forma de uma gaussiana centrada em δ e com dispers˜ao
µ, c(n) pode-se escrever como:
c(n) = c(δ)exp[
(n δ)
2
2µ
2
] (4.14)
de outro lado, se t(n) tem tamem una transformada de Fourier gaussiana em amplitude
mas sem rela¸ao alguma entre dispers˜ao e fase (com o objetivo de descrever qualquer
emiss˜ao ou absor¸ao de largura τ), ´e poss´ıvel escrever a quantidade a maximizar na
equa¸ao 4.12 como:
1
σ
tb
cb(δ) =
c(δ)µ
µ
2
+σ
2
σ
2
t
τ
µ
2
+τ
2
(4.15)
onde o valor de σ que minimiza χ
2
e:
σ
2
= µ
2
2τ
2
(4.16)
a largura edia do aximo pico da AC ´e a m´edia das larguras das linhas somada quadrati-
camente com as larguras das linhas da padr˜ao. Correlacionar (multiplicar ) o espectro
110 4 Acres¸ao e tempo de vida dos discos
objeto com o padr˜ao produz uma fun¸ao com um aximo, o pico aximo resultante ´e
uma fun¸ao suave, sim´etrica. A altura central deste pico, determina α, o centro δ e a
largura determina σ.
AC com espectros de MBM12
Usamos a tarefa fxcor do IRAF para calcular a AC. Como os espectros objeto (FOCES e
CAFOS) ao tˆem igual resolu¸ao do que os espectros das estrelas padr˜ao que ao FEROS,
fizemos um um ajuste da largura a meia altura (FWHM) para todas as linhas fotosf´ericas
das estrelas padr˜ao usando IRAF, com o objetivo de reduzir a resolu¸ao FEROS para `a
de FOCES e CAFOS. Para obter uma boa correla¸ao, os espectros padr˜ao e objeto devem
ser bem parecidos com perfis de linha similares. Fixamos o parˆametro rebinning da tarefa
fxcor ao valor largest com o objetivo de tentar uniformizar as larguras das linhas dos
espectros objeto e padr˜ao. Os efeitos devidos a uma diferente rota¸ao ou metalicidade
entre o objeto e a padr˜ao n˜ao est˜ao incluidos no rebinning.
Definimos bandas ao longo dos quais calculamos a AC em lugar de fazer a autocorrela¸ao
para todo o intervalo espectral completo mostrado na tabela 4.2. Estas bandas devem
estar sem linhas de emiss˜ao pois perturbam a medida. Procuramos comparar espectros
padr˜ao e de objeto com caracter´ısticas similares tentando considerar sempre as mesmas
linhas nos dois espectros e comparando sempre que poss´ıvel espectros com raz˜oes sinal-
ruido S/N parecidas. A autocorrela¸ao para comprimentos de onda superiores a 7500
˚
A ´e
bastante incerta devido a que a raz˜ao S/N ´e baixa nesta regi˜ao. O pico aximo da AC
usando o banda vermelha ´e da ordem do ru´ıdo (2σ) do cont´ınuo o que dificulta muito
fazer a correla¸ao. Definimos o limite superior 7500
˚
A como o valor m´aximo at´e o qual ´e
poss´ıvel detectar o velamento.
No painel esquerdo da figura 4.3 podemos observar a compara¸ao entre o espectro de
LkH
α
264 (SpT K5) em alta resolu¸ao e o espectro da padr˜ao HD131977 (SpT K4V) no
intervalo 6010-6110
˚
A justo antes de fazer a correla¸ao. As linhas fotosf´ericas da padr˜ao
ao em edia, 1.6 vezes mais profundas do que as linhas fotosf´ericas do espectro do
objeto. Em baixa resolu¸ao (painel direito da mesma figura), o valor de 1.6 ´e mantido
mais somente com as duas linhas profundas a direita de 6060
˚
A. A resolu¸ao FEROS
da padr˜ao tem sido degradada neste caso para a resolu¸ao do objeto antes de fazer a
correla¸ao.
Medimos a altura central do pico aximo da AC que notaremos como OP ou PP caso es-
temos nos referindo a correla¸ao Objeto-Padr˜ao ou Padr˜ao-Padr˜ao, respectivamente. Em
4.2. Luminosidade de acres¸ao a partir do velamento 111
Figura 4.3: Painel esquerdo: LkH
α
264 em alta resolu¸ao (FOCES) num intervalo 6010-6040
˚
Ajunto
com a padr˜ao HD131977 sem degradar. Painel direito: LkH
α
264 em baixa resolu¸ao no intervalo 6010-
6110
˚
A junto com a padr˜ao HD131977 degradada para a resolu¸ao do CAFOS.
um intervalo fixo, a altura da AC normalizada pela AC da padr˜ao OP/PP ´e uma medida
do velamento m´edio. Seguindo Guenther & Hessman (1993) calculamos o velamento r
mediante a rela¸ao:
r =
cont
OP/P P
(4.17)
onde cont ´e o cont´ınuo da AC. Os valores obtidos est˜ao na tabela 4.4. Cada espectro foi
detalhadamente analisado, tirando linhas de emiss˜ao e selecionando as bandas de forma
que em cada um deles, os espectros da padr˜ao e do objeto, batessem. A floresta de linhas
fotosf´ericas a partir de 6700
˚
A foi uma regi˜ao evitada assim como tamb´em a regi˜ao pr´oxima
de H
α
. O erro no velamento depende do erro na medida da altura da AC. Este erro ´e da
ordem da dispers˜ao do cont´ınuo a ambos lados do m´aximo pico da AC. Se esta dispers˜ao
for maior do que
1
3
OP diremos que os espectros ao est˜ao correlacionados.
LkH
α
264
Esta estrela ´e uma T Tauri cl´assica com emiss˜ao intensa de H
α
(largura equivalente EW=-
58.9
˚
A) o que indica acres¸ao de disco ativa.
´
E tamb´em muito ativa apresentando varia¸oes
temporais nas larguras equivalentes de algumas linhas de emiss˜ao como HeI e NaID, em
escalas de tempo desde fra¸ao de horas at´e dias (Gameiro et al.1993).
Calculamos a AC em trˆes bandas ou intervalos espectrais: 6010-6500, 6700-6860 e 7000-
7500
˚
A usando como espectro padr˜ao a estrela HD131977 da tabela 4.3. Na figura 4.6
mostramos a autocorrela¸ao em cada banda em linhas cont´ınuas. A altura da AC decresce
112 4 Acres¸ao e tempo de vida dos discos
progressivamente para comprimentos de onda maiores como era de se esperar, pois o
excesso de cont´ınuo est´a mais voltado para a regi˜ao azul do espectro. As autocorrela¸oes
na figura 4.6 est˜ao deslocadas devido ao movimento relativo entre LkH
α
264 e a padr˜ao.
Devido a n˜ao fazermos medidas de velocidades radiais neste trabalho, este deslocamento
ao ser´a analisado. A autocorrela¸ao da padr˜ao com ela mesma est´a indicada com uma
linha com tra¸cos curtos. Em cada banda o velamento ´e obtido com ajuda da equa¸ao 4.17,
ap´os isso, calculamos a m´edia nas trˆes bandas dando como resultado r=0.55±0.11 onde o
erro ´e dado pela desvio padr˜ao. Em baixa resolu¸ao usamos a padr˜ao HD131977 e as trˆes
bandas: 4200-4600, 4600-5100 e 6010-7000
˚
A . O velamento neste caso ´e: r=0.51±0.10.
4.2. Luminosidade de acres¸ao a partir do velamento 113
Tabela 4.1: Parˆametros estelares calculados para a amostra
de estrelas jovens nos aglomerados Berkeley97, Biurakan2, Tr37,
NGC884 e NGC1502 observadas com a MONICA. As unidades de
idade e da taxa de acres¸ao ao Ma e M
/a respectivamente.
ID (U V )
0
(V I)
0
T
ef f
(K) M(M
) R(R
) L
U
(L
) L
acc
(L
) log idade log dM/dt
2808 0.49±0.04 0.85±0.03 5884 5.0 14.61 0.00066 0.00533 5.41 -6.94±1.38
2700 0.32±0.05 1.13±0.04 5097 4.0 9.88 0.00351 0.02910 5.37 -6.82±1.88
1314 -0.20±0.06 0.74±0.05 6250 3.0 6.92 0.00522 0.04526 5.51 -6.63±2.56
783 0.19±0.06 0.66±0.05 6396 4.0 10.02 0.00084 0.00665 5.35 -7.22±1.07
DGZ -0.18±0.05 0.67±0.04 6379 4.0 10.86 0.0018 0.01525 5.27 -6.62±2.25
4 0.44±0.07 0.71±0.05 6290 1.7 2.93 0.00496 0.03673 6.11 -8.20±0.01
36 2.32±0.13 1.80±0.12 4172 1.3 9.35 0.00025 0.00153 6.03 -7.98±0.90
42 2.23±0.17 1.58±0.17 4416 1.4 6.35 0.00066 0.00412 5.30 -7.99±1.02
97 1.38±0.27 1.20±0.26 4962 3.5 9.61 0.00090 0.0065 5.29 -7.76±0.09
114 4 Acres¸ao e tempo de vida dos discos
Figura 4.4: Espectros em alta (acima) e baixa (abaixo) resolu¸ao para LkH
α
264. O painel do edio
corresponde ao espectro em alta resolu¸ao da estrela RXJ0255.4+2005
4.2. Luminosidade de acres¸ao a partir do velamento 115
Figura 4.5: Espectros em baixa resolu¸ao.
116 4 Acres¸ao e tempo de vida dos discos
Tabela 4.2: Membros da associa¸ao MBM12(2Ma). O identifi-
cador ID corresponde a nota¸ao de Luhman (2001), os tipos spec-
trais SpT ao valores medidos por 1=Herbig & Bell 1988; 2=Hearty
et al.2000b; 3=Fleming, Gioia & Maccacaro 1989 e 4=Luhman
2001. A janela espectral coberta pelos espectros est´a indicada na
coluna λ. As colunas V e V-I correspondem a fotometria feita
por Luhman (2001). As temperaturas effectivas foram medidas por
Hearty et al. (2000a) usando os mesmos espectros e as luminosi-
dades bolom´etricas de Luhman et al.(2001)
ID outro nome α(J2000.0) δ(J2000.0) V V-I λ(
˚
A) RMS H
α
SpT logT
ef f
L
b
(L
)
1’ RXJ0255.4+2005 2 55 25.8 20 04 51.7 12.20 1.48 6000-6800 0.22 -1.26 K6(2) 3.631 1.8
2’ LkH
α
262 2 56 7.9 20 03 25 14.56 1.80 4200-8500 0.26 -32.1 M0(1,2) 3.584 0.55
3’ LkH
α
263 2 56 8.4 20 03 39 14.64 2.47 4200-8500 0.36 -32.9 M2(1),M4(2),M3(4) 3.517 0.59
4’ LkH
α
264 2 56 37.4 20 05 38 12.46 1.36 4200-8500 0.19 -58.9 K5(1,2),K5-K6(4) 3.644 1.4
4’ LkH
α
264 6000-7750 0.17 -61.2
5’ E0255.3+2018 2 58 11.2 20 30 04 12.34 1.15 4200-8500 0.18 -1.6 K3(3),K4(2) 3.657 4.8
6’ RXJ0258.3+1947 2 58 16.9 19 47 19.6 15 3.40 4200-8500 0.46 -24.5 M5(2),M4.5(4) 3.501 0.19
12’ S18 3 02 20 17 10 35 13.5 2.47 4200-8500 0.79 -66.23 M3(2) 3.532 0.87
4.2. Luminosidade de acres¸ao a partir do velamento 117
ID SpT V
HD51250 K2/K3III 5.01
HR5694 F8III-IV 5.1
HD146051 M0.5III 2.74
HD149661 K2V 5.76
HD131977 K4V 5.74
HR5777 K1IV 4.61
HD152391 G8V 6.64
HD80170 K5III-IV 5.51
HR6748 G5V 5.95
HD66141 K2III 4.40
HD190007 K4V 7.48
HR3454 B3V 4.27
Tabela 4.3: Estrelas FEROS usadas como padr˜ao no alculo do velamento.
RXJ0255.4+2005
´
E um sistema bin´ario com uma separa¸ao de 0.503±0.002” (Chauvin et al.2002). Ambas
componentes apresentam excesso infravermelho mas uma clasifica¸ao espectral individual
ainda ao foi feita. Adotamos por isto o tipo espectral da tabela 4.3. Definimos duas
bandas: 6010-6500 e 6600-6800
˚
A, usando o espectro da estrela HD131977 como padr˜ao
obtemos r=0.82 e 0.58 respectivamente. Na banda 6010-6500
˚
A, a AC tem largura maior
do que na banda 6600-680
˚
A mas o ru´ıdo do cont´ınuo ´e consideravelmente menor. Na
figura 4.7 mostramos a autocorrela¸ao obtida para este objeto.
LkH
α
262
Esta ´e outra CTTS com excesso infravermelho medido por Jayawardhana et al. (2001)
atribu´ıdo `a presen¸ca de um disco de acres¸ao protoplanet´ario. Imageamento com ´otica
adaptativa feito por Chauvin et al.(2002) ao mostrou binariedade. Em alta resolu¸ao,
comparamos com as duas padr˜ao HD146051 (M0.5III) e HD131977 (K4V). Adotamos
duas bandas: 4200-5500 (1) e 5860-6500 (2). A melhor autocorrela¸ao foi obtida com a
padr˜ao HD146051. O velamento edio nas bandas ´e: 0.46±0.03.
118 4 Acres¸ao e tempo de vida dos discos
Objeto λ(
˚
A) cont´ınuo. OP PP OP/PP r
LkH
α
264 6010-6500 1.20 0.64 0.97 0.66 0.55±0.11
6700-6860 0.95 0.53 0.97 0.55
7000-7500 0.83 0.42 0.98 0.43
RXJ0255.4 + 2005 6010-6500 1.00 0.79 0.97 0.48 0.40±0.17
6600-6800 1.00 0.57 0.98 0.28
E02553 + 2018 4200-4600 0.88 0.71 0.93 0.76 0.69±0.11
4600-5100 0.97 0.70 0.94 0.74
6010-7000 1.00 0.54 0.97 0.56
LkH
α
262 4200-5500 0.49 0.46 0.94 0.49 0.46±0.03
5860-6500 0.44 0.43 0.97 0.44
LkH
α
263 4200-5500 0.90 0.40 0.96 0.42 0.30±0.17
5860-6500 0.90 0.18 0.97 0.18
LkH
α
264 4200-4600 0.98 0.59 0.93 0.63 0.51±0.10
5860-6500 1.00 0.45 0.94 0.48
6010-7000 1.00 0.42 0.97 0.43
RXJ0258.3 + 1947 5000-6000 1.00 0.56 0.96 0.58 0.58
S18 4200-4600 0.99 0.45 0.93 0.48 0.37±0.15
5860-6500 0.95 0.26 0.97 0.27
Tabela 4.4: Resultados da autocorrela¸ao dos espectros de MBM12. Com exce¸ao do objeto
RXJ0258.3 + 1947 foram definidos intervalos de largura λ ao longo dos quais a AC foi calculada.
O velamento r em cada intervalo λ est´a dado pela fra¸ao OP/PP. A ´ultima coluna corresponde `a edia
sobre todos os canais considerados em cada caso e o erro respectivo foi assumido igual ao desvio padr˜ao.
4.2. Luminosidade de acres¸ao a partir do velamento 119
LkH
α
263
Usamos a estrela HD146051 como padr˜ao na regi˜ao 4200-5500
˚
A. Para comprimentos de
onda maiores ao foi poss´ıvel correlacionar os espectros de objeto e padr˜ao estando o n´ıvel
do cont´ınuo da AC na mesma ordem do pico aximo da AC. Usando arias padr˜oes os
resultados foram similares. Por esta raz˜ao foi imposs´ıvel medir o velamento na banda (2).
Chauvin et al.(2002) usando ´otica adaptativa resolveu o sistema triplo A, B e C. A sep-
ara¸ao angular entre as componentes A e B ´e 0.41”. A componente C tem um disco
resolvido por Jayawardhana (2002). A distˆancia entre LkH
α
263A e LkH
α
262 ´e 15”,
por esta raz˜ao Chauvin et al. sugere que 263ABC e 262 formam um sitema qu´adruplo.
Novas observoes espectrosc´opicas ao necess´arias para clasificar espectralmente cada
componente a que os SpT da tabela 4.2 n˜ao levam na conta a multiplicidade.
Chauvin et al. desenvolveram um modelo de disco para LkH
α
263C no qual a densidade
e a altura do disco caem com a distˆancia seguindo uma lei de potˆencia. Comparando
com suas observoes, acharam que o raio do disco ´e 165 AU, a massa 2.4 × 10
6
M
e a
inclina¸ao do disco i = 89
o
. A distribui¸ao espectral da radia¸ao emitida pelos gr˜aos tem
um pico entre 0.5 e 0.9 µm e a massa da poeira ´e 1.2 × 10
7
M
.
RXJ0258.3+1947
Devido ao ru´ıdo na esquerda de 5000
˚
A escolhemos uma banda o: 5000-6000
˚
A . A
padr˜ao usada foi HD190007. Foram observadas varia¸oes inferiores a 0.001 no aximo da
autocorrela¸ao quando mudamos para a padr˜ao HD146051 encontramos r=0.58.
O velamento a partir de larguras equivalentes
Com o objetivo de comparar o velamento calculado mediante a autocorrela¸ao (AC) fize-
mos medidas de larguras equivalentes de algumas linhas fotosf´ericas selecionadas no objeto
e na padr˜ao. Selecionamos aquelas linhas com perfis similares tanto no objeto como na
padr˜ao. Tentamos escolher linhas fracas formadas a grandes profundidades oticas e enao
menos afectadas pela atividade cromosf´erica. A tabela 4.5 cont´em as linhas usadas e as
larguras medidas nos espectros das estrelas 1’ e 4’.
Os resultados ao ao significativamente diferentes em compara¸ao com a autocorrela¸ao.
As barras de erro neste caso, a diferen¸ca do m´etodo anterior, s˜ao maiores devido `a ampla
dispers˜ao do valor de r com o comprimento de onda. No intervalo espectral 6100-6870
˚
A,
120 4 Acres¸ao e tempo de vida dos discos
o valor de r est´a dentro das barras de erro utilizando os dois etodos. O velamento edio
r calculado sobre todas as linhas consideradas, para LkH
α
264 ´e r = 0.56 ± 0.25 e para
RXJ0255.4+2005 ´e r = 0.35 ± 0.15.
4.2.3 Luminosidades de acres¸ao
Uma vez obtido o velamento edio, usamos estes valores para calcular a luminosidade
de acres¸ao L
acc
para cada membro de MBM12. Para isto ´e preciso o conhecimento das
magnitudes e corre¸oes bolom´etricas no filtro V da estrela e da mancha quente, originada
no impacto do material durante a acres¸ao. A luminosidade de acres¸ao est´a dada por:
log(
L
s
L
) = 0.4[V
V
s
+ BC
V,
BC
V,s
] = log(2r) + 0.4[BC
V,
BC
V,s
] (4.18)
onde L
s
´e a luminosidade da mancha que igualaremos com a luminosidade de acres¸ao.
O termo 2r indica que a metade de L
s
´e absorvida pela fotosfera. Existem outros fatores
que podem influenciar na equa¸ao 4.18 tais como a absor¸ao de parte da luminosidade de
acres¸ao pelo disco grosso e as diferentes orienta¸oes nas quais a mancha irradia. Estes
dois efeitos ao ainda pouco conhecidos e por isto ao tˆem sido incluidos na equa¸ao 4.18.
A corre¸ao bolom´etrica da estrela BC
V
() varia com o tipo espectral, para estrelas K5
BC
V
()=-0.60 mag segundo KH95. A corre¸ao bolom´etrica da mancha BC
V
(s) depende
da temperatura da mancha a qual ´e incerta. Uma avalia¸ao grosseira do valor para a
temperatura da mancha T
s
pode se obter se para um canal determinado, somamos ao
espectro da padr˜ao um cont´ınuo ao estelar do tipo corpo negro a uma temperatura
T = T
s
. O espectro resultante ´e comparado com o espectro objeto. A temperatura da
mancha ´e aquela para o qual os quadrados das diferen¸cas entre os espectros padr˜ao e
objeto ao m´ınimas. Com este m´etodo muito simples os valores de T
s
em MBM12 variam
entre 8000-10000K. Estes valores de temperatura T
S
ao muito similares aos obtidos por
Hartigan, Edwards & Ghandour (1995) (T
S
= 10000K). Para este valor de temperatura
eles usaram uma corre¸ao bolom´etrica para a mancha igual a BC
V
(s)=-0.4 mag variando
da ordem de 0.3 mag para temperaturas 6000K< T
S
<12000K. Nos adotamos este
mesmo valor para BC
V
(s).
4.2. Luminosidade de acres¸ao a partir do velamento 121
Padr˜ao HD131977 LkH
α
264 RXJ0255.4+2005
EW
P
(
˚
A) FWHM (
˚
A) EW
O
(
˚
A) FWHM (
˚
A) r EW
O
(
˚
A) FWHM (
˚
A) r
CaI6102 -0.613 0.937 -0.446 1.522 0.73 -0.613 1.107 0.43
CaI6122 -0.583 0.737 -0.367 1.269 0.63 -0.407 0.745 0.27
XXX6142 -0.136 0.207 -0.043 0.338 0.32 -0.189 0.498 0.15
FeI6136 -0.075 0.145 -0.072 0.149 0.96 -0.256 0.628 0.21
CaI6162 -0.489 0.634 -0.253 1.146 0.52 -0.352 0.606 0.52
FeI6254 -0.191 0.263 -0.058 0.452 0.30 -0.074 0.258 0.38
FeI6280 -0.141 0.242 -0.070 0.465 0.49 -0.170 0.454 0.21
FeI6358 -0.127 0.199 -0.031 0.367 0.24 -0.131 0.463 0.54
FeI6494 -0.234 0.305 -0.459 0.610 0.50 -0.19 0.448 0.41
CaI6717 -0.231 0.329 -0.091 0.535 0.39 ... ... ...
FeI6870 -0.234 0.241 -0.231 0.276 0.98 ... ... ...
Tabela 4.5: Larguras equivalentes de objeto EW
O
e de padr˜ao EW
P
para algumas linhas nos espectros em alta resolu¸ao. O velamento
r foi obtido a partir da rela¸ao r = EW
O
/EW
P
. A m´edia do velamento sobre todas as linhas consideradas ´e r =0.55±0.25 para LkH
α
264 e
r =0.35±0.15 para RXJ0255.4+2005. Estes valores s˜ao consistentes com o velamento obtido usando o etodo AC na tabela 4.4
122 4 Acres¸ao e tempo de vida dos discos
Objecto r λ/λ (
˚
A) L
acc
/L
idade(Ma) logdM/dt
LkH
α
264 0.55±0.11 6010-7500 0.87±0.09 1.9 -7.88±0.89
RXJ0255.4+2005 0.70±0.17 6010-6800 1.10±0.11 1.0 -7.59±0.92
E02553+2018 0.69±0.11 4200-7000 1.09±0.07 1.0 -7.68±0.90
LkH
α
262 0.46±0.03 4200-6500 0.72±0.03 1.9 -7.81±0.55
LkH
α
263 0.30±0.17 4200-6500 0.47±0.25 1.0 -7.56±1.12
LkH
α
264 0.51±0.10 4200-7000 0.80±0.09 1.9 -7.88±0.12
RXJ0258.3+1947 0.58± 5000-6000 0.91± 1.9 -7.43±0.13
S18 0.37±0.15 4200-6500 0.58±0.18 1.0 -7.43±0.88
Tabela 4.6: Taxas de acres¸ao em unidades de M
/a para membros de MBM12 obtidas usando as
equa¸oes 4.1 e 4.18.
4.3 O fim da acres¸ao
Como e quando acaba o esvaziamento do as em um disco medido pela acres¸ao na
superf´ıcie estelar ? Que escalas de tempo est˜ao em jogo ? Na realidade, duas escalas
diferentes parecem estar presentes. Uma curta, da ordem de 10
5
a e uma outra muito mais
longa em compara¸ao, da ordem de alguns milh˜oes de anos.
4.3.1 A escala temporal curta
Esta escala curta apareceu na literatura (ver por exemplo Wolk & Walter 1996) quando
tentou-se entender a existˆencia simultˆanea de dois tipos de estrelas T Tauri numa regi˜ao
formadora de estrelas com a mesma idade. De um lado est˜ao as Cl´assicas (CTTS) com
discos de as e poeira (lembramos que as CTTS com linhas de H
α
em emiss˜ao intensas
est˜ao acretando, ao pouco emissoras em raios X e em uma rota¸ao estelar pequena).
Ao contr´ario, as estrelas weak (WTTS) ao em discos, ao apresentam acres¸ao e em
rota¸oes maiores e uma maior radia¸ao X. Wolk & Walter (1996) fizeram um levantamento
de estrelas CTTS e WTTS na regi˜ao de Taurus -Aurigae com uma idade m´edia de 1 Ma.
De um total de N = 99 objetos CTTS e WTTS, somente encontraram 9 objetos (N
tr
)
caracterizando uma etapa de transi¸ao entre CTTS e WTTS, ao longo da qual as CTTS
evolu´ıdas exibem regi˜oes centrais do disco esvaziadas. Sendo assim, o tempo de transi¸ao
seria medido por T
tr
=
Ntr
N
< idade > o que resulta em T
tr
10
5
a.
No entanto, como veremos depois, esta mesma escala curta 10
5
a, reaparece coinciden-
temente no final da vida longa dos discos das CTTS. Mas durante os primeiros milh˜oes de
anos, a radia¸ao de alta frequˆencia emitida pela fonte estelar se manifesta fotoionizando
4.3. O fim da acres¸ao 123
-200 0 200 400 600
0
0.5
1
-200 0 200 400 600
0
0.5
1
-200 0 200 400 600
0
0.5
1
-200 0 200 400 600
0
0.5
1
Figura 4.6: Autocorrela¸ao (AC) do espectro de LkH
α
264 em alta resolu¸ao com a padr˜ao HD131977
ao longo dos bandas (1) 6010-6500
˚
A, (2) 6700-6860
˚
A e (3) 7000-7500
˚
A. A altura do m´aximo pico da AC
decai com λ (as trˆes curvas cont´ınuas) indicando um decr´escimo no velamento r com o comprimento de
onda como era de se esperar (r = OP/P P onde OP ´e a altura da AC estrela do programa-padr˜ao e P P a
altura da AC padr˜ao-padr˜ao). A curva tracejada representa a AC dos espectros padr˜ao-padr˜ao na banda
(1). O deslocamento horizontal dos m´aximos nas AC’s ´e devido ao movimento espacial relativo entre a
padr˜ao e o objeto n˜ao estudado neste trabalho. O nosso interesse ´e a raz˜ao entre as alturas relativas `a
altura da AC da padr˜ao em cada banda.
124 4 Acres¸ao e tempo de vida dos discos
-200 0 200 400 600
0
0.5
1
-200 0 200 400 600
0
0.5
1
-200 0 200 400 600
0
0.5
1
Figura 4.7: Autocorrela¸ao de RXJ0255.4+2005 em alta resolu¸ao com a padr˜ao HD131977 ao longo
das duas bandas 6010-6500
˚
A e 6600-6800
˚
A. O aximo da AC decai com λ (linhas cont´ınuas). A curva
tracejada representa a AC dos espectros padr˜ao-padr˜ao na banda 6010-6500
˚
A.
4.3. O fim da acres¸ao 125
uma grande regi˜ao central via um vento r´apido de disco. Este modelo ´e conhecido como
UV-Switch (Clarke, Gendrin & Sotomayor 2001, Alexander, Clarke & Pringle 2006a,
2006b). Justamente aqui se encontra um dos resultados mais importantes desta tese,
que ´e de determinar este tempo final da acres¸ao e de examinar se este mecanismo do
UV-Switch ´e compativel com nossos resultados.
4.3.2 A escala temporal longa
Se aceitamos que todas as estrelas de baixa massa nascem com discos contendo uma
raz˜ao de as/poeira da ordem de 100 igual `a da mat´eria interestelar, vemos que dois
destinos seriam poss´ıveis, de um lado, a transi¸ao r´apida para objetos WTTS como visto
anteriormente, de um outro lado , espera-se que a maioria das CTTS tenham uma evolu¸ao
mais longa como ´e constatado por in´umeras observoes. At´e hoje este tempo citado na
literatura ´e da ordem de 10 Ma (nesta tese mostraremos pela primeira vez que este
tempo pode ser maior). Esta escala longa ´e aquela que interessa as teorias de forma¸ao
planet´aria, a que em poucos Ma se produziria a separa¸ao do g´as e da poeira, com uma
respectiva varia¸ao da raz˜ao as/poeira. Assim, veremos que a escala de esvaziamento do
as pela a acres¸ao ´e fundamental para a teoria de forma¸ao de planetas gasosos gigantes
e eventualmente de planetas do tipo terrestre.
4.3.3 Medidas de acres¸ao
A escala temporal longa aparece naturalmente a partir das medidas de acres¸ao realizadas
principalmente em aglomerados abertos jovens. Como mencionado anteriormente, trˆes
m´etodos: 1) fotometria do excesso de U de Johnson 2) o velamento dos espectros ´oticos
e 3) evolu¸ao das linhas de emiss˜ao. As ecnicas espectrais ao melhores resultados
para estrelas bem jovens quando a qualidade dos espectros ´e boa, no entanto o m´etodo
das linhas de emiss˜ao puras (3) ´e pouco usado (ver Mohanty et al.2004). A ecnica
fotom´etrica ´e quem sabe a mais universal e ´e aplicada tamb´em aqui para medir a acres¸ao
de associa¸oes mais velhas. Aplicamos a t´ecnica do velamento espectral somente para o
estudo da associa¸ao em forma¸ao MBM12.
Independentemente do m´etodo utilizado para medir a acres¸ao
˙
M ela se apresenta numa
forma decrescente no tempo da forma
˙
M(t)
˙
M(t
0
)(t/t
0
)
η
onde η ´e uma constante
que mede a escala temporal longa. Na figura 4.8 extra´ıda de Calvet, Hartmann & Strom
(2000) vemos um comportamento t´ıpico para estrelas pertencentes aos aglomerados jovens
Taurus, ρ Ophiucus e Cha I.
126 4 Acres¸ao e tempo de vida dos discos
Figura 4.8: Taxas de acres¸ao observadas como fun¸ao da idade para CTTS em Taurus, ChaI e
ρOph segundo Calvet, Hartmann & Strom (2000). A idade m´edia dos objetos de Classe-I foi assumida
igual a 0.1 Ma e est´a indicada com a barra de erro na parte superior esquerda.
Um assunto relevante tem a ver com a dependˆencia da taxa de acres¸ao com a massa
do disco. A uma idade fixa, correspondem arios valores de acres¸ao (ver figura 4.8) e
isto poderia ter implica¸ao numa poss´ıvel dependˆencia de
˙
M com a massa do disco M
D
.
Alguns autores por´em, atribuem a dispers˜ao temporal da acres¸ao `a presen¸ca de bin´arias.
Na figura 4.9 mostramos a evolu¸ao da acres¸ao segundo um modelo de disco dependente
do tempo indicado com uma linha cont´ınua (Calvet,Hartmann & Strom, 2000). A massa
inicial de disco, adotada neste modelo ´e M
D
= 0.1M
e o raio inicial ´e de 10 AU (linha
cont´ınua). Em particular este modelo leva na conta a binariedade. As linhas tracejadas
correspondem, de esquerda para direita, e os raios de truncamento R
T
= 12, 40 e 120 AU,
correspondentes a separa¸oes de bin´arias de 30, 100 e 300 AU. Os pontos nesta figura
correspondem a CTTS observadas por Calvet & Hartmann & Strom (2000). Vemos que o
modelo (linha olida grossa) correspondente ao caso de um sistema estrela e disco isolado
tem um tempo de vida maior. Em todo caso, os dados observacionais desta figura ao
ao suporte para uma idade maior que dez milh˜oes de anos.
Na figura 4.10 apresentamos o mesmo tipo de diagrama que na figura 4.8 mas desta vez,
com dados mais modernos (Sicilia-Aguilar et al.2005). Neste caso aparecem dados da
associa¸ao de TWA com uma idade de 8 Ma (de la Reza, Jilinski & Ortega 2006). No
4.3. O fim da acres¸ao 127
Figura 4.9: Taxa de acres¸ao como fun¸ao do tempo, obtida a partir da solu¸ao da equa¸ao do disco
usando MHD (Calvet, Hartmann & Strom 2000) para uma massa inicial de disco M
D
= 0.1M
e um raio
inicial de 10 AU. As linhas tracejadas correspondem, de esquerda para direita, aos raios de truncamento
R
T
= 12, 40 e 120 AU, correspondentes a separa¸oes de bin´arias de 30, 100 e 300 AU). Estrelas bin´arias
se indicam com c´ırculos abertos. A linha grossa cont´ınua corresponde ao caso de um sistema disco-estrela
isolado.
Figura 4.10: Taxas de acres¸ao como fun¸ao do tempo segundo observoes feitas por Sicilia-Aguilar
et al.(2005). Embora a dispers˜ao seja alta, uma tendˆencia ´e evidente. Os erros no alculo de
˙
M est˜ao
entre 2 e 3 unidades da escala vertical. Os c´ırculos pretos grandes correspondem ao aglomerado jovem
Tr 37. A linha cont´ınua representa o valor esperado segundo a solu¸ao para a densidade de as em um
disco viscoso. Os c´ırculos pretos rodeados por c´ırculos maiores correspondem a algumas estrelas G com
acres¸ao ativa de disco.
128 4 Acres¸ao e tempo de vida dos discos
4 5 6 7 8
-12
-10
-8
-6
4 5 6 7 8
-12
-10
-8
-6
4 5 6 7 8
-12
-10
-8
-6
4 5 6 7 8
-12
-10
-8
-6
4 5 6 7 8
-12
-10
-8
-6
4 5 6 7 8
-12
-10
-8
-6
4 5 6 7 8
-12
-10
-8
-6
4 5 6 7 8
-12
-10
-8
-6
4 5 6 7 8
-12
-10
-8
-6
4 5 6 7 8
-12
-10
-8
-6
Figura 4.11: Taxas de acres¸ao em estrelas jovens pertencentes a aglomerados e associa¸oes. CTTS
em Taurus (Triˆangulos brancos, Gullbring et al.1998), Tr37 (Triˆangulos pretos, Sicilia-Aguilar et al.2004),
ρ-Oph (c´ırculos pretos), η-Cha (c´ırculos brancos), MBM12 (n´umeros’), TW Hya (TWA), Horologium
(n´umeros*), UCL e LCC (quadrados) e estrelas em aglomerados (s´ımbolos num´ericos). Para PDS66 a
edia de 18 observoes no filtro U est´a indicada com o quadrado preto com barra de erro. As duas
estrelas de LCC/UCL indicadas com F s˜ao estrelas flare (Gershberg et al.1999).
4.3. O fim da acres¸ao 129
4 5 6 7 8
-12
-10
-8
-6
4 5 6 7 8
-12
-10
-8
-6
4 5 6 7 8
-12
-10
-8
-6
4 5 6 7 8
-12
-10
-8
-6
4 5 6 7 8
-12
-10
-8
-6
4 5 6 7 8
-12
-10
-8
-6
4 5 6 7 8
-12
-10
-8
-6
4 5 6 7 8
-12
-10
-8
-6
4 5 6 7 8
-12
-10
-8
-6
4 5 6 7 8
-12
-10
-8
-6
Figura 4.12: Este gr´afico ´e similar a figura 4.11. Aqui as quatro estrelas de LCC/UCL (duas
conhecidas como flare e duas suspeitas a terem sido influenciadas por flares durante as medidas de U)
foram eliminadas. Os pontos (quadrados abertos) com valores de dM/dt mais baixos em LCC/UCL
correspondem a estrelas com H
α
em emiss˜ao segundo Mamajek, Meyer & Liebert (2002) (ver tabela 4.7)
130 4 Acres¸ao e tempo de vida dos discos
entanto continuamos sem poder estender as idades da acres¸ca˜o para escalas maiores que
10 Ma. Deve-se notar que a acres¸ao m´edia ´e da ordem de 10
8
M
/a.
Como explicamos na introdu¸ao, para alcan¸car nosso objetivo que ´e de determinar os
tempos aximos de uma acres¸ao significativa, decidimos misturar aglomerados e asso-
cia¸aoes at´e 30 Ma. Desta maneira estamos considerando todos os ambientes poss´ıveis
limitadores dos tempos de vida dos discos. Em aglomerados estelares, os membros est˜ao
geralmente ligados gravitacionalmente. Nos n´ucleos densos de alguns aglomerados as es-
trelas podem sofrer colis˜oes destruidoras de discos. Ali´as, estrelas OB vizinhas podem
irradiar intensamente evaporando os discos. Um outro ambiente de forma¸ao que limita
os tempos de vida dos discos em estrelas de baixa massa tem a ver com a fun¸ao inicial
de massa. Em aglomerados como Taurus a popula¸ao ´e principalmente de baixa massa.
Em associa¸oes como LCC e UCL uma popula¸ao bimodal ´e evidente onde estrelas de
baixa massa co-existem com estrelas OB de alta massa. Nas associa¸oes Horologium e
Tucana as estrelas s˜ao de baixa massa. No entanto, uma separa¸ao mais sutil de estrelas
com massas maiores ou menores que 1.4 M
parece existir com propriedades diferentes
(de la Reza & Pinz´on 2004).
4.3.4 Acres¸c˜ao. Os nossos resultados
Como explicamos no in´ıcio do cap´ıtulo, os resultados da acres¸ao para cada membro dos
grupos considerados dependem dos valores da luminosidade de acres¸ao e da massa e raios
estelares. A taxa de acres¸ao tamb´em depende do tempo atrav´es da idade medida para
cada estrela ou pela idade reportada na literatura quando esta ´ultima existe. Na figura 4.1
apresentamos o diagrama evolutivo HR obtido mediante modelos pr´e-sequˆencia principal
de Siess (2000). As distˆancias adotadas e a absor¸ao interestelar para cada membro
figuram nas tabelas 4.1 (aglomerados), 4.2 (MBM12), 4.7 (LCC/UCL, 4.8 (Horologium) e
4.9 (TWA) correspondentes aos grupos utilizados nesta tese. Cada membro estelar disp˜oe
de uma etiqueta que permite distinguir as valores de raios, massas e idades adotadas para
cada caso. No diagrama HR da figura 4.1 existem arios valores de (V I)
0
entre 0
e 1 que ao foram utilizados neste trabalho para determinar a taxa de acres¸ao
˙
M a
que correspondem a estrelas mais quentes que o tipo F, para as quais a calibra¸ao de
Gullbring aplicada a estrelas T Tauri n˜ao seria mais v´alida. Na figura 4.2 num diagrama
cor-cor de (V I)
0
vs (U V )
0
temos indicado com uma linha olida os valores da
sequˆencia principal de KH95. Os pontos, alguns com seus respectivos erros, ao colocados
neste diagrama permitindo de especificar que valores de U (`a esquerda da sequˆencia)
apresentariam excessos em U.
Nas figuras 4.11 e 4.12 est˜ao todos nossos pontos aqui considerados. Mesmo que as
m´edias das respectivas idades de LCC e UCL sejam um pouco diferentes (trˆes milh˜oes de
4.3. O fim da acres¸ao 131
anos), este fato n˜ao ´e vis´ıvel na figura. O que mais surprende nesta figura s˜ao os quatro
pontos acima da m´edia em LCC/UCL. Dois destes pontos (marcados na figura com F )
correspondem a estrelas flares detectadas no cat´alogo de Gershberg et al.(1999). Muito
provavelmente os outros 2 pontos, mesmo que n˜ao constem neste cat´alogo, correspondem
a flares detectados durante a observao. Na figura 4.12 eliminamos estes 4 pontos e os
pontos representados correspondem as estrelas (ver tabela 4.7) que apresentam H
α
em
emiss˜ao. Surpreendentemente as estrelas, mesmo com emiss˜oes fracas em H
α
(com exce¸ao
de PDS66) mostram valores altos de acres¸ao, quase da ordem de 10
8
M
/a. Este ´e um
resultado importante que nos permite expandir a acresc˜ao a idades de LCC/UCL. Em
nosso caso utlizando somente um modelo evolutivo (Siess 2000), nossa idade edia ´e da
ordem de 14 ±3Ma. Mamajek, Meyer & Liebert (2002) utilizando v´arios modelos pre-
sequˆencia principal encontram idades m´edias um pouco maiores da ordem de 16 ±5Ma
para LCC e 14 ± 5Ma para UCL. Deve-se notar que Chen et al. (2005) observaram
arias destas estrelas de ULC e LCC utilizando o detector MIPS do sat´elite Spitzer. Eles
encontraram, de 40 estrelas F e G, 14 objetos com excessos em 24 µm e 7 tamem com
excessos em 70 µm. Segundo Chen et al. estas estrelas, geralmente de tipos F, com
excessos no IV apresentam a existˆencia de um tipo de discos ainda ao especificado.
Descobrimos o que nos parece uma coisa ao notada anteriormante que a estrela F3
HD113766 (bin´aria) de LCC ´e tamb´em uma fonte IRAS (a segunda depois PDS66). HD
113766A pode ser enao considerada como uma importante candidata a ter um disco do
tipo debris disk (Hines et al. 2006).
O erro no c´aculo das taxas de acres¸ao usando a equa¸ao 4.1, depende do erro na medida
de luminosidades, massas e raios, este ´utlimo dependente fortemente da temperatura
efetiva. Os errors mostrados nas tabelas correspondem ao erro no pior dos casos, obtido
supondo a taxa de acres¸ao como uma fun¸ao de R
, M
e L
acc
.
O fim da acres¸ao pode estar representado por nossos valores de
˙
M para idades entre a
idade de LCC/UCL a 14 a 18 Ma e Horologium a 30 Ma (Torres et al. 2000). Mesmo que
o vento ou a perda de massa do disco pela ao da estrela central exista sempre, este valor
´e muito pequeno em compara¸ao ao da acres¸ao. No entanto, quando a acres¸ao diminui
a valores da radia¸ao UV direta (e ao a radia¸ao UV difusa) junto a evolu¸ao viscosa
no disco, esta radia¸ao direta produz uma ioniza¸ao a partir de um raio cr´ıtico chamado
de raio gravitacional (R
g
). Nesta zona, a energia ermica local da superf´ıcie ionizante ´e
maior que a energia gravitacional e a superf´ıcie do disco escapa atrav´es de um vento dado
por:
˙
M
vento
4.4 × 10
10
(
Φ
10
41
s
1
)
1/2
(
M
1M
)
1/2
M
/a (4.19)
132 4 Acres¸ao e tempo de vida dos discos
R
g
Φ
acrescao ?
fluxo (~10 km/s)
camada ionizada
Figura 4.13: Representa¸ao esquem´atica do vento de disco produzido por fotoevapora¸ao direta
segundo Alexander, Clarke & Pringle (2006). A radia¸ao ionizante emitida pela estrela cria uma zona
ionizada sobre a superficie do disco. Nesta zona, o g´as n˜ao est´a ligado gravitacionalmente e por isto flui
facilmente para fora.
Figura 4.14: Raz˜ao HeII/CIV como fun¸ao do tempo (Alexander, Clarke & Pringle 2005).
onde Φ ´e o fluxo ionizante, preferencialmente no continuum de Lyman. Na figura 4.13
extra´ıda de Alexander, Clarke & Pringle (2000a) podemos ver como se manifesta este
vento do disco.
Um modelo do UV -Switch mais ou menos compativel com nossos resultados para LCC
e UCL seria o ´ultimo modelo da tabela 1 da referˆencia Alexander, Clarke & Pringle
(2006b) no qual o disco entra na fase UV Switch por volta dos 18.47 milh˜oes de anos,
sendo completamente volatilisado logo depois dos 18.96 milh˜oes de anos.
De um outro lado, recentemente Alexander, Clarke & Pringle (2005) examinaram como
evolui este campo radiativo ionizante Φ e mostraram que um indicador como a raz˜ao He
II/ CIV independente da distˆancia, tende a aumentar entre um e dez milh˜oes de anos. Na
figura 4.14 apresentamos este resultado, com o qual estes autores identificam a varia¸ao
da radia¸ca˜o ionizante como resposta `as varia¸oes na atividade cromosf´erica.
Temos a opini˜ao que este aumento de Φ est´a relacionado diretamente com o aumento da
rota¸ao logo ap´os o come¸co da era post-T Tauri. O aumento da rota¸ao entre 8 e 30 Ma
4.3. O fim da acres¸ao 133
que discutimos no cap´ıtulo 2 com observoes e no cap´ıtulo 4 com um modelo simples
para a evolu¸ao do momento angular, confirmam que evidentemente existe um aumento na
rota¸ao. Este spin up aparece enao naturalmente para explicar porque a 30 milh˜oes de
anos, os discos est˜ao volatilizados. Uma prova disto se encontra na pesquisa de Mamajek
et al. (2004) que mostra que na associa¸ao de Tuc/ Hor nenhum objeto irradia na banda
N (que mede a radia¸ao at´e 1 UA da estrela). As estrelas em Horologio teriam enao
suas regi˜oes do disco internas volatilizadas como mostram as observoes de Mamajek et
al. (2004) provavelmente j´a na ´epoca de LCC e UCL ou pouco depois.
Finalmente, devemos notar que como prova que a poeira trabalha independente do as
em Tuc/HorA existem duas candidatas fortes a ser debris disks. Elas ao HD 105 e HD
12039 (Hines et al. 2006).
134 4 Acres¸ao e tempo de vida dos discos
Tabela 4.7: Membros pre-sequˆencia principal de LCC e UCL se-
gundo Mamajek, Meyer & Liebert (2002). As magnitudes U, V cor-
respondem a observoes do projeto SACY feitas com o fot´ometro
FOTRAP no Observat´orio Pico dos Dias (OPD). A coluna t, M
corresponde a idade em milh˜oes de anos (Ma) e a massa em M
,
respectivamente. Para estrelas com excesso de emiss˜ao no filtro-
U, foi usada a rela¸ao de Gullbring para medir a taxa de acres¸ao
dM/dt em unidades de M
/a. As colunas F e I indicam se a fonte ´e
flare (F) ou fonte IRAS (I). A extin¸ao visual A
V
(mag), a largura
equivalente de H
α
(
˚
A) e a paralaxe secular π
sec
correspondem a
medidas feitas por Mamajek,Meyer & Liebert (2002).
ID Outro nome Grupo α(J2000.0) δ(J2000.0) U V t, M
A
V
H
α
π
sec
(mas) logdM/dt F I
1 MML1 LCC 10 57 49.3 -69 14 00 12.048 10.389 10,1.3 0.35 0.7 9.76±1.01 N N
57524 TWA19 LCC? 11 47 25 -49 53 03 9.833 9.122 15,1.2 0.30 2.0 9.62±1.39 N N
3 HD104419 LCC 12 04 48.9 -64 09 55 10.285 9.417 10,1.5 0.60 1.5 8.36±1.27 N N
58996 HD105070 LCC 12 05 47.6 -51 00 12 9.791 8.962 17,1.3 0.14 3.3 9.78±1.16 N N
4 MML4 LCC 12 06 13.7 -57 02 17 11.543 10.547 10,2.0 1.45 0.6 6.48±1.06 N N
5 TWA24A LCC 12 09 41.7 -58 54 45 11.712 10.231 9,1.4 0.28 -0.1 9.00±1.14 -8.10±0.92 N N
6 CD-574328 LCC 12 11 31.6 -58 16 53 11.524 10.190 14,1.3 0.28 0.3 9.29±0.91 -8.43±1.41 N N
7 HD105923 LCC 12 11 38.1 -71 10 36 10.211 9.157 10,1.6 0.48 1.4 10.15±0.68 N N
8 CD-544621 LCC 12 12 35.8 -55 20 27 11.933 10.457 10,1.3 0.48 0.2 9.24±0.90 N N
9 CD-506815 LCC 12 14 34.1 -51 10 13 11.458 10.204 22,1.1 0.0 0.2 9.41±0.83 -8.23±0.98 N N
10 CPD-554937 LCC 12 14 52.3 -55 47 04 10.653 9.531 7,1.8 0.87 0.6 9.72±1.31 N N
13 CPD-641859 LCC 12 19 21.6 -64 54 10 11.497 9.868 7,1.5 0.25 0.3 9.74±1.13 N N
14 HD107441 LCC 12 21 16.6 -53 17 45 10.349 9.455 17,1.3 0.44 1.6 9.31±0.78 N N
16 MML16 LCC 12 22 04.3 -48 41 25 12.146 10.696 14,1.3 0.21 -0.1 7.96±0.81 -8.45±1.46 N N
19 CPD-632367 LCC 12 36 39.0 -63 44 43 11.469 9.938 9,1.5 0.39 0.6 9.73±0.82 -7.97±0.76 Y? N
22 HD110244 LCC 12 41 18.3 -58 25 56 11.014 9.967 20,1.3 0.67 -0.6 10.26±0.95 N N
23 HD311894 LCC 12 44 34.8 -63 31 46 12.549 10.804 7,1.3 0.27 -0.7 7.97±1.19 -8.39±1.46 N N
25 HD111227 LCC 12 48 07.7 -44 39 17 11.003 9.830 16,1.2 0.18 -0.1 10.97±0.59 -7.67±0.20 Y N
26 CPD-555237 LCC 12 48 48.2 -56 35 38 11.46 10.397 18,1.4 0.53 1.2 7.56±0.73 N N
27 CD-691055 LCC 12 58 25.6 -70 28 49 11.473 9.951 9,1.3 0.46 0.0 11.73±0.69 N N
28 MML28 LCC 13 01 50.7 -53 04 58 13.057 11.332 20,1.1 0.55 0.2 9.22±1.51 N N
30 MML30 LCC 13 06 40.1 -51 59 39 12.036 10.689 18,1.1 0.17 -0.3 8.91±0.90 -9.24±3.9 N N
31 MML31 LCC 13 14 23.9 -50 54 02 11.611 10.387 14,1.3 0.27 1.1 7.70±0.81 N N
Continua na p´agina seguinte
4.3. O fim da acres¸ao 135
Tabela 4.7 – vem da p´agina anterior
ID Outro nome Grupo α(J2000.0) δ(J2000.0) U V t,M
A
V
H
α
π
sec
(mas) logdM/dt F I
32 MML32 LCC 13 17 56.9 -53 17 56 11.412 10.464 13,1.4 0.22 1.0 5.99±1.21 N N
33 HD116099 LCC 13 22 04.5 -45 03 23 10.806 10.077 30,1.0 0.22 2.1 7.16±0.67 N N
34 PDS66 LCC 13 22 07.6 -69 38 12 11.765 10.316 17,1.1 0.17 -39.9 11.57±0.95 -8.29±1.13 N Y
34 11.784 10.318 -8.28±1.09
34 12.057 10.413 -8.57±1.60
34 12.085 10.425 -8.58±1.62
34 11.977 10.345 -8.39±1.29
34 11.965 10.336 -8.38±1.27
34 11.936 10.402 -8.26±1.03
34 11.942 10.398 -8.27±1.07
34 11.821 10.304 -8.29±1.11
34 10.310
34 11.95 10.339 -8.28±1.10
34 11.945 10.327 -8.34±1.2
34 11.974 10.370 -8.35±1.22
34 11.934 10.364 -8.37±1.26
34 11.838 10.368 -8.34±1.19
34 11.859 10.385 -8.11±0.78
34 11.896 10.330 -8.19±0.93
34 11.917 10.337 -8.28±1.09
66001 HD117524 LCC 13 31 53.7 -51 13 33 11.033 10.002 10,1.6 0.11 1.2 5.99±1.71 -7.11±0.86 N N
35 HD117884 LCC 13 34 20.2 -52 40 36 10.192 16,1.3 0.45 1.7 9.50±0.66 N N
36 SAO224291 UCL 13 37 57.3 -41 34 42 11.492 10.118 21,1.1 0.0 0.7 10.23±0.52 -8.71±1.86 N N
66941 HD119022 LCC 13 43 09.07 -69 07 38.9 8.547 7.597 7,2.1 0.38 2.1 8.05±0.95 N N
66941 8.546 7.601
38 MML38 UCL 13 47 50.5 -49 02 06 12.126 10.892 10,1.4 0.45 -0.5 6.75±0.79 N N
67522 HD120411 UCL 13 50 06.3 -40 50 09 10.596 9.801 30,1.2 0.02 2.2 7.94±1.64 N N
39 HD120812 UCL 13 52 47.8 -46 44 09 10.274 9.591 14,1.4 0.34 2.4 6.92±0.57 N N
47 MML47 UCL 14 37 50.2 -54 57 41 12.211 10.745 12,1.3 0.30 0.1 7.59±0.94 -8.69±1.93 N N
72 HD329929 UCL 15 46 51.8 -49 19 05 11.494 10.299 18,1.3 0.29 1.5 7.55±0.59 N N
77656 HD141521 UCL 15 51 13.9 -42 18 51 10.731 9.658 18,1.5 0.52 1.7 6.52±1.37 N N
77656 10.674 9.561
77656 10.629 9.559
73 MML73 UCL 15 56 59.1 -39 33 43 12.01 10.830 9,1.5 0.35 1.2 5.74±0.70 N N
74 HD143358 UCL 16 01 07.9 -32 54 53 10.436 9.707 22,1.3 0.15 2.3 7.60±0.55 N N
Continua na p´agina seguinte
136 4 Acres¸ao e tempo de vida dos discos
Tabela 4.7 – vem da p´agina anterior
ID Outro nome Grupo α(J2000.0) δ(J2000.0) U V t,M
A
V
H
α
π
sec
(mas) logdM/dt F I
75 MZ Lup UCL 16 01 09.0 -33 20 14 12.338 10.954 22,1.4 0.16 0.7 5.69±0.74 -7.78±0.41 Y? N
76 HD143677 UCL 16 03 45.3 -43 55 49 11.119 9.680 1,2.2 0.51 0.7 5.63±0.51 N N
77 CD-3910292 UCL 16 03 52.5 -39 39 01 13.13 11.254 9,1.2 0.18 -0.4 7.14±0.79 -8.44±1.46 N N
78 CD-3810866 UCL 16 05 45.0 -39 06 07 11.682 10.551 19,1.2 0.19 0.3 7.69±0.75 -8.29±1.12 N N
79 MML79 UCL 16 13 58.0 -36 18 13 12.273 11.002 20,1.1 0.31 -0.5 8.10±0.71 -8.07±0.61 N N
80 CD-5010271 UCL 16 14 51.8 -50 26 18 11.685 10.239 5,1.5 0.39 0.6 7.77±0.72 -8.01±0.85 N N
83 HD147402 UCL 16 23 29.6 -39 58 01 11.73 10.886 12,1.4 0.95 2.0 5.91±0.72 N N
84 MML84 UCL 16 27 30.5 -37 49 22 12.449 11.030 8,1.5 0.50 0.6 5.55±0.85 N N
80636 HD148187 UCL 16 27 52.4 -35 47 00 10.269 9.398 10,1.5 0.39 1.5 8.54±1.64 N N
85 MML85 UCL 16 31 42.1 -35 05 17 11.94 10.732 10,1.5 0.33 1.2 7.01±0.69 N N
87 HD321857 UCL 16 39 59.3 -39 24 59 11.425 10.322 6,2.0 0.27 1.5 4.63±0.75 -7.33±0.3 Y N
88 HD150372 UCL 16 42 24.0 -40 03 30 10.575 9.566 2,2.5 0.74 0.3 5.02±0.54 N N
4.3. O fim da acres¸ao 137
Tabela 4.8: Fotometria de membros prov´aveis e poss´ıveis de
Horologio ( 30Ma) tirada de Torres et al.(2000). A massa es-
telar (em M
) foi calculada usando modelos evolutivos de Siess
(2000) junto com a fotometria B-V e V-I. O raio (em R
)foi cal-
culado usando a luminosidade total. Para estrelas com excesso de
emiss˜ao no filtro-U, foi usada a rela¸ao de Gullbring para medir a
taxa de acres¸ao, indicada na ´ultima coluna em unidades de M
/a.
ID outro nome α(J2000.0) δ(J2000.0) U-B B-V V V-I M
R
logdM/dt
4* CPD-64 120 01 13 15.3 -64 11 35.1 0.46 0.86 10.29 1.01 0.9 0.95 -9.56±1.52
6* HD8558 01 23 21.2 -57 28 50.7 0.22 0.68 8.50 0.77 1.1 1.05
8* HD9054 01 28 08.6 -52 38 19.1 0.60 0.91 9.07 1.01 0.9 0.95 -10.24±3.16
14* CD-52 381 01 52 14.6 -52 19 33.0 0.63 0.95 10.87 1.08 -10.022±2.37
16* CD-53 386 02 01 53.7 -52 34 53.9 0.61 0.96 11.02 1.12 0.9 0.9 -9.89±2.08
19* HD12894 02 04 35.1 -54 52 54.0 -0.04 0.36 6.43 0.43 1.5 1.45
21* HD13183 02 07 18.0 -53 11 56.5 0.12 0.65 8.63 0.76 1.1 1.05 -8.63±0.55
22N* CD-60416 02 07 32.1 -59 40 21.0 0.94 1.16 10.68 1.43 0.8 0.8 -10.16±2.7
22S* HD13246 02 07 26.1 -59 40 45.9 -0.01 0.52 7.50 0.60 1.3 1.25
32* GSC 8056-0482 02 36 51.5 -52 03 4.4 1.05 1.48 12.11 2.33 0.3 0.4 -12.32±3.30
37N* GSC 8491-1194 02 41 47.13 -52 59 30.1 1.21 1.49 12.21 2.40 0.3 0.4
37S* CD-53 544 02 41 46.8 -52 59 52.3 1.04 1.26 10.21 1.60 0.7 0.7 -9.84±2.17
39* GSC 8497-0995 02 42 33.0 -57 39 36.8 0.96 1.23 10.97 1.48 0.8 0.75 -10.42±3.10
45* GSC 8862-0019 02 58 04.6 -62 41 15 0.77 1.04 11.67 1.25 0.9 0.85 -10.47±3.1
53* GSC 8499-0304 03 24 14.36 -59 00 59.1 1.13 1.25 12.09 1.45 0.8 0.75
Tabela 4.9: Fotometria de alguns membros da associa¸ao TW
Hya (TWA) tirada de Torres et al.(2000). A massa estelar foi cal-
culada usando modelos evolutivos de Siess (2000) em conjunto com
a fotometria B-V e V-I. Para TWA1 usamos, al´em da fotometria
de Torres et al., um conjunto de 51 observoes feitas por Rucinski
(1988), indicamos estas medidas com TWA1’. Para estrelas com
excesso de emiss˜ao no filtro-U, foi usada a rela¸ao de Gullbring
para medir a taxa de acres¸ao, indicada na pen´ultima coluna em
unidades de M
/a. Como compara¸ao da taxa de acres¸ao da es-
trela TWA1 podemos citar o valor obtido por Alencar & Batalha
(2002) igual a -8.699
ID outro nome V U-V V-I M
/M
R
/R
logdM/dt d(pc)
TWA1’ TWA Hya 10.990 0.875 1.625 0.70 1.0 -8.32±1.00 56.4
TWA1 TWA Hya 10.92 0.48 1.70 0.70 1.0 -8.57±0.52 56.4
TWA3A Hen 3-600A 12.04 2.23 2.94 0.15 0.55 -11.23±3.40 35
TWA4A HD 98800A 9.41 2.33 1.51 0.85 1.15 -9.31±1.27 47
TWA5A CD-33
o
7795A 11.54 2.4 2.36 0.30 0.70 -10.51±2.77 48
138 4 Acres¸ao e tempo de vida dos discos
Cap
´
ıtulo
5
Conclus˜oes
Nesta tese analisamos dois processos de maneira independente. A evolu¸ao do momento
angular em estrelas de baixa massa e o comportamento dos indicadores de radia¸ao X,
tamem, a acres¸ao do g´as na estrela a partir dos discos. Em ambos os casos demos uma
ˆenfase `a evolu¸ao na ´epoca entre 8 e 30 Ma que corresponde `a fase conhecida como post-
T Tauri. No referente `a rota¸ao, neste intervalo de tempo foi detectada uma acelera¸ao
angular ao nula. No caso da acres¸ao, concentramos a an´alise no fim da acres¸ao,
ou seja, no fim do esvaziamento do as do disco, aspecto este importante para estudos
da forma¸ao especialmente de planetas gasosos. Conseguimos, com nossos resultados,
relacionar qualitativamente a rota¸ao com o t´ermino da acres¸ao.
Considerando a diversidade dos temas abordados neste trabalho, descrevemos a seguir,uma
rela¸ao das conclus˜oes cap´ıtulo por cap´ıtulo.
Rota¸ao de PTTS em associa¸oes
Apresentamos aqui a evolu¸ao da rota¸ao estelar em estrelas de associa¸oes com idades
de at´e 30 Ma, assim como tamb´em o estudo correspondente `a evolu¸ao dos indicadores
de radia¸ao X. Esta parte da presente tese foi publicada em de la Reza & Pinz´on (2004)
sendo um trabalho pioneiro, a que por motivos observacionais, ao se conhecem as ve-
locidades equatoriais de rota¸ao destas estrelas de uma maneira sistem´atica como ´e o caso
de estrelas T Tauri com idades menores que 3 Ma. De fato, recentemente e gra¸cas ao uso
de detetores CCD em forma de mosaicos, arias equipes internacionais determinaram,
especialmente no aglomerado de Orion situado a uma distˆancia de 450 pc, uma grande
quantidade de per´ıodos fotom´etricos de rota¸ao com alta precis˜ao, o que permite deter-
minar as velocidades equatoriais de rota¸ao se o raio estelar for conhecido. No caso das
associa¸oes com idades de 8 Ma ou maiores, o problema observacional ´e diferente. Devido
`as grandes distˆancias entre as estrelas destas associa¸oes e especialmente devido ao fato
delas estarem a distˆancias, em geral, de menos de 100 pc da Terra, as estrelas encontram-
se distribuidas em vastas regi˜oes do eu. Assim, a nova t´ecnica dos CCD-mosaicos ao
139
140 5 Conclus˜oes
se aplica para as estrelas de tais associa¸oes e a determina¸ao dos per´ıodos deve ser feita
para cada estrela individualmente. Esta ´e e raz˜ao pela qual os per´ıodos de rota¸ao em
estrelas PTTS em associa¸oes com idades bem determinadas ao sejam conhecidos. No
cap´ıtulo 2 (observoes) mostramos nossa primeira tentativa de observao de per´ıodos
em estas estrelas PTT. No entanto, a quantidade de dados conseguidos por os ainda
´e modesta devido ao enorme tempo necess´ario para observar uma amostra completa e
considerando o n´umero pequeno de noites fotom´etricas no observat´orio OPD do LNA.
Para fazer uma an´alise completa da rota¸ao das estrelas PTT das associa¸oes TWA (8 Ma),
BPMG (11 Ma) e Tuc/HorA (30 Ma) utilizamos uma t´ecnica num´erica que nos permitiu
obter as velocidades equatoriais m´edias a partir da distribui¸ao de velocidades de rota¸ao
projetadas vsin(i) observadas. Independentemente da associa¸ao considerada, dois grupos
diferentes de massas estelares aparecem com propriedades diferentes de rota¸ao. Um grupo
com massas entre 0.1 e 1.4 M
(chamado por os de modo baixo) e um outro grupo,
com massas entre 1.5 e 2.6 M
(modo alto). Esta separa¸ao de massa ´e posteriormente
justificada por uma an´alise estatist´ıstica K-S em duas dimens˜oes. Encontramos que a
rota¸ao em modo alto mostra bem o aumento (spin up) da rota¸ao esperado em modelos
t´eoricos (ver por exemplo Siess & Livio 1997) at´e 40 Ma. Em nosso caso mostramos a
existˆencia de tal spin up entre 8 e 30 Ma. Tal caracter´ıstica ao ´e ao clara no modo
baixo correspondente a massas menores. Isto no entanto, ao ´e surpreendente devido `a
evolu¸ao lenta das estrelas de pouca massa. Tamb´em devemos considerar que isto pode
ser devido `a diferˆen¸ca entre as massas de TWA e as associa¸oes BPMG e Tuc/HorA ou
bem devido ao conhecimento incompleto da distribui¸ao de massas menores em BPMG e
Tuc/HorA.
Estimando um raio edio para cada associa¸ao e para cada modo, mostramos que este
diminui em geral como t
1/5
. Encontramos aqui um resultado importante em que o
momento angular espec´ıfico se conserva entre 8 e 30 Ma, o que significa uma ausˆencia
de qualquer tipo de freio rotacional. Isto sugere que caso exista um mecanismo de dis-
sipa¸ao do momento angular, este deve agir s´o depois de 30 Ma. Este resultado est´a em
acordo com os resultados da evolu¸ao completa do momento angular desde a epoca T
Tauri at´e o Sol descritos no cap´ıtulo 3 e tamem, com a existˆencia de acres¸ao ativa (que
aumenta a rota¸ao sem freio ao contr´ario do caso durante a ´epoca T Tauri) at´e idades
maiores que 10 Ma descrita no cap´ıtulo 4.
Admitindo-se que a distribui¸ao de massas estelares segue uma fun¸ao de massa inicial
Universal, predizemos que novos membros das associa¸oes TWA, BPMG e Tuc/Hor podem
ainda ser descobertos em diferentes intervalos de massa. Simulando valores prov´aveis de
vsin(i) para estas estrelas ao detectadas, mostramos que sua distribui¸ao junto com a
distribui¸ao observada de vsin(i), est´a de acordo com um cen´ario geral de spin up. Outro
resultado, ainda mais compat´ıvel com a acelera¸ao da rota¸ao no modo alto (massas entre
1.5 e 2.6 M
) ´e obtido mediante uma an´alise estat´ıstica K-S em duas dimens˜oes (massas
141
e vsin(i) observados).
Considerando os dois indicadores de emiss˜ao em raios X; L
x
e L
x
/L
b
, encontramos que as
estrelas membros das associa¸oes mais jovens, TWA e BPMG, apresentam propriedades
similares de satura¸ao da radia¸ao X com as das estrelas T Tauri do aglomerado de
Orion com idades menores que 3 Ma. Tais propriedades ao: uma correla¸ao direta de
L
x
com a massa e uma pequena dependˆencia com a rota¸ao no sentido de que para
rota¸ao com per´ıodo menor, L
x
/L
b
diminue. Esta tendˆencia ´e oposta `a rela¸ao linear
ao saturada alida para rotadores lentos na sequˆencia principal (efeito d´ınamo cl´assico).
Encontramos um efeito forte de dessatura¸ao para massas maiores (1.5 a 2.6 M
) em
Tuc/HorA para idades de 30 Ma. A natureza deste efeito ´e melhor comprendida quando
L
x
/L
b
´e comparado com a massa. A dessatura¸ao a 30 Ma ´e sens´ıvel para estrelas G
quentes e para estrelas F frias. Mostramos que este efeito ´e o resultado do surgimento em
30 Ma (coincidente com a idade de Tuc/HorA !) da estabilidade da camada convectiva
destas estrelas. De fato, nesta idade as camadas convectivas alcan¸cam sua configura¸ao
m´ınima de tamanho. Devido a isto, mesmo que as estrelas possam alcan¸car grandes
velocidades de rota¸ca˜o observadas, a conve¸ao m´ınima faz com que elas sejam ineficientes
para manter valores altos de L
x
/L
b
. Um comportamento similar de L
x
/L
b
´e encontrado,
mas desta vez em aglomerados abertos da mesma idade em IC2602, IC2391 e NGC2547.
Finalmente, nossos resultados nas associa¸oes preenchem o intervalo geral de varia¸ao dos
indicadores da radia¸ao X entre os est´agios T tauri e sequˆencia principal. Ao passo que
no modo de rota¸ao baixo, com massas entre 01 e 1.4 M
, a transi¸ca˜o parece ser cont´ınua
no tempo, no caso do modo alto (1.5 a 2.6 M
) esta transi¸ao ´e mais rapida alcan¸cando
os indicadores, j´a em 30 Myr.
As observoes
Com o objetivo de testar rela¸oes entre as taxas de acres¸ao e a idade de estrelas jovens
em diferentes est´agios evolutivos, antes da sequˆencia principal, realizamos observoes no
´otico de estrelas pertencentes a aglomerados muito jovens do Hemisf´erio Norte. A sele¸ao
da amostra esteve baseada no cat´alogo de Dias et al.(2002). Um total de 47 estrelas
pertencentes aos aglomerados NGC1502, NGC884, NGC457, Tr37, NGC869, Biurakan2,
NGC6871, Roslund4 e Berkeley87 foram observadas entre agosto e setembro de 2005
usando imageamento direto nos filtros U, V e I. Para complementar estas medidas, usamos
a fotometria do levantamento SACY para trˆes associa¸oes com idades bem definidas: TWA
Hya, LCC/UCL e Horologium em 8, 16 e 30 Ma respectivamente. Adicionalmente
fizemos uma an´alise do velamento presente no intervalo compreendido entre 6000
˚
A e 7000
˚
A em espectros ´oticos de 7 membros da nuvem em forma¸ao MBM12 (2Ma). Estes
espectros foram obtidos por Tomas Hearty em 2000 mas uma an´alise do velamento foi
142 5 Conclus˜oes
feita pela primeira vez neste trabalho.
Adicionalmente, fizemos monitoramento fotom´etrico nos filtros V, I e B de 36 estrelas
PTTS membros de associa¸oes pr´oximas do projeto SACY. A id´eia do monitoramento
foi procurar modula¸oes peri´odicas nas curvas de luz por causa da presen¸ca de manchas
escuras sobre a superf´ıcie estelar. Um monitoramento deste tipo n˜ao tinha sido feito at´e
agora com as estrelas do SACY, mas devido ao n´umero reduzido de noites em que estas
estrelas foram observadas, somente foi poss´ıvel medir variabilidade fotom´etrica para 5
estrelas.
Para interpretar as nossas medidas de per´ıodos fotom´etricos dentro de um cen´ario evo-
lutivo pr´e-sequˆencia principal, complementamos as medidas com per´ıodos obtidos da lit-
eratura para estrelas em: Taurus (5 Ma), MBM12(2 Ma), α-Per,(50 Ma) Pl´eiades
(120 Ma) e Hyades (600 Ma). Os per´ıodos obtidos em 30 Ma ao compat´ıves com o
spin-up observado entre 8 e 40 Ma.
Evolu¸ao do momento angular
Construimos um modelo para a evolu¸ao do momento angular de uma estrela de massa
solar antes e durante a sequˆencia principal, at´e a idade do Sol. O modelo considera de
modo simples os seguintes mecanismos de transporte de momento angular em estrelas
jovens: freio magn´etico durante o est´agio T Tauri, rota¸ao diferencial interna durante a
fase post-T Tauri e perda de momento angular atraes de vento magnetizado assim que
a estrela chega na sequˆencia principal por volta dos 40 Ma. Fornecendo parˆametros
para cada processo, conseguimos obter solu¸oes est´aveis resolvendo numericamente um
sistema de equa¸oes diferenciais ordin´arias, ao lineares e acopladas. A frequˆencia an-
gular de rota¸ao obtida desta forma, apresenta caracter´ısticas gerais independentes das
condi¸oes iniciais, sendo amplamente constante durante os primeiros milh˜oes de anos,
crescendo abruptamente, como consequˆencia da contra¸ao gravitacional ap´os a perda do
freio magn´etico, mas regulada pelo torque interno devido `a presen¸ca de um n´ucleo ra-
diativo em rota¸ao. Na chegada da estrela na sequˆencia principal, o torque magn´etico
come¸ca a agir freiando novamente a rota¸ao estelar at´e a idade do Sol.
O modelo foi calibrado para reproduzir a velocidade de rota¸ao solar medida hoje. Foram
testadas arias condi¸oes iniciais sem obter diferen¸cas consider´aveis. Consideramos uma
descri¸ao mas realistica do cen´ario comumente usado, incluindo-se dois regimens na de-
scri¸ao da intera¸ao magn´etica durante a etapa T Tauri: campo permeando o disco todo
(β = 1.0) e campo permeando somente uma regi˜ao interna do disco (β=0.01). As solu¸oes
para β = 0.01 mostram-se incompat´ıveis com as observoes enquanto que solu¸oes para
β = 1.0, ao similares `as obtidas por outros autores. Este fato oe em evidˆencia a impos-
143
sibilidade de um cen´ario de freiamento por disco no qual parte do campo se desconecte
indefinidamente como tem sido proposto por alguns autores.
A extens˜ao deste modelo at´e a idade do Sol, permite visualizar um panorama global da
hist´oria rotacional de uma estrela de tipo Solar. Um fato destacado dos resultados do
modelo extendido ´e que o raio de truncamento R
T
´e fun¸ao da idade, variando entre 2
e 8 R
durante os primeiros 10 Ma. Este fato esta em acordo com o valor comunemente
usado R
T
5R
(Gullbring et al.1998). As taxas de acres¸ao foram calculadas usando
este resultado.
Acres¸ao e tempo de vida dos discos
A evolu¸ao dos discos protoplanet´arios ´e complexa e este ´e um assunto de amplas pesquisas
no presente. A complexidade ´e devida aos diferentes destinos evolutivos dos principais
componentes dos discos: o as e a poeira. Se no in´ıcio da evolu¸ao, na fase T Tauri, o
as e a poeira fina est˜ao distribuidos homogeneamente com uma raz˜ao de as/poeira de
100 equivalente ao valor da materia interestelar, provavelmente pouco tempo depois esta
homogeneidade deixar´a de existir e a raz˜ao as/poeira vai ser modificada. O as ser´a o
primeiro a desaparecer do disco via acres¸ao na superf´ıcie estelar e por ventos do pr´oprio
disco. a a poeira fina vai se aglomerar transformando-se em part´ıculas kilom´etricas
(planetesimais). Em 8 Ma ou antes, os planetesimais poder˜ao colidir energeticamente
entre eles gerando uma poeira fina de uma outra gera¸ao. Este fato marca o in´ıcio dos
discos conhecidos como debris. Mesmo se nosso pr´oprio sistema solar pode ser considerado
um disco debris, n˜ao est´a ainda claro hoje se todos os discos tˆem este destino.
Nesta tese nos interessou especialmente o destino da componente gasosa e de poder
fornecer um limite razo´avel do tempo de vida do g´as o qual pode ser quantificado, difer-
entemente de um disco de poeira que praticamente pode n˜ao ter fim, j´a que foram detec-
tados discos debris na faixa dos Ga.
os consideramos que a melhor abordagem para isto seria visualizar todos os ambientes
poss´ıveis limitadores da vida dos discos. Isto significa considerar diferentes grupos este-
lares, como aglomerados e associa¸oes, ambos com e sem estrelas quentes de alta massa dos
tipos OB. Com isto, de fato estar´ıamos considerando processos, no passado ou presente,
que teriam destruido ou limitado a vida dos discos, como ocorre com colis˜oes estelares
em partes densas de aglomerados, ou bem o disco ter sofrido forte fotoioniza¸ao devido `a
presen¸ca de estrelas vizinhas de tipos OB, fortes radiadoras no UV.
´
E interessante notar
tamem que as origens destes dois grupos podem ser diferentes.
Para medir as taxas de acres¸ao por fotometria dos excessos da cor U foram realizadas
144 5 Conclus˜oes
observoes fotom´etricas de estrelas em 9 aglomerados abertos jovens. Estes aglomerados
ao: NGC1502, NGC884, NGC457, Tr37 NGC869, Biurakan2, NGC6871, Roslund4 e
Berkeley87, todo do Hemisf´erio Norte. Utilizamos observoes fotom´etricas do projeto
SACY para as associa¸oes TWA, LCC/UCL e Horologium. Medidas da acres¸ao por
velamento espectral foram feitas somente para a associa¸ao jovem MBM12 a partir de
espectros obtidos por Tomas Hearty(2005). Para todas as estrelas obtivemos as idades
correspondentes mediante o uso do modelo evolutivo da sequˆencia principal de Siess (2000)
As taxas de acres¸ao foram calculadas a partir da rela¸ao:
dM
dt
=
L
acc
R
GM
(1
R
R
T
)
1
(5.1)
onde dM/dt ´e a taxa de acres¸ao, M
e R
a massa e o raio estelar, G a constante
gravitacional, R
T
o raio de truncamento e L
acc
a luminosidade de acres¸ao. A partir das
medidas dos excessos em U utilizamos a conhecida rela¸ao de Gullbring afim de obter os
valores da luminosidade de acres¸ao L
acc
. Esta luminosidade, foi calculada no caso de
estrelas de MBM12, diretamente a partir do velamento espectral. Os valores das massas
(M
) estelares foram calculados a partir do modelo de Siess via a localiza¸ao destas estrelas
no diagrama HR mediante a fotometria V-I. Os raios estelares (R
) foram estimados a
partir das luminosidades. O raio de truncamento R
T
foi obtido a partir do modelo geral
descrito no cap´ıtulo 3. Este valor de R
T
aumenta com o tempo como consequˆencia do
modelo geral.
Os diferentes aglomerados jovens observados e a associa¸ao jovem MBM12 apresentam
taxas de acres¸ca˜o entre 5 × 10
7
e 1 × 10
9
M
/a com edia de 1 × 10
8
M
/a.
Os valores para uma mesma idade apresentam varia¸oes intr´ınsecas provavelmente rela-
cionadas a diferentes massas dos discos. O comportamento global de decaimento no tempo
est´a de acordo com os resultados de outras pesquisas. A verdadeira surpresa foi a detec¸ao
de uma taxa de acres¸ao importante, pr´oxima da m´edia de 1 × 10
8
M
/a em estrelas
das associa¸oes de Sco-Cen, LCC e UCL com idades da ordem de 16 Ma. Este fato
mostra que a radia¸ao das estrelas OB destas associa¸oes n˜ao teve uma influencia impor-
tante na vida dos discos. Como esperado nas estrelas de HorA de 30 Ma, as taxas de
acres¸ao ao quase 100 vezes menores que as de LCC/UCL.
Estas detec¸oes em grupos mais velhos mudam o cen´ario j´a que se pode considerar que o
tempo de vida do as encontra-se entre 16 Ma e 30 Ma, valores superiores ao tempo de
vida de discos protoplanet´arios gasosos de 10 Ma comunemente citados na literatura.
Este aspecto pode ser importante para as teorias de forma¸ao de planetas gasosos gigantes
a que as quantidades de g´as dispon´ıveis seriam maiores do que o esperado.
145
As recentes teorias do fim do disco em tempos apenas da ordem de 10
5
anos no fim
da acres¸ao (UV-Switch) encontram um eco em nossos resultados. Um vento de disco
acabaria rapidamente com o as devido `a radia¸ao UV direta ionizante vinda da estrela
central. Este mecanismo que sempre estaria atuando durante a vida dos discos, somente
seria eficiente para volatilizar o disco rapidamente nos ´ultimos est´agios da acres¸ao. Sug-
erimos que o mecanismo da radia¸ao cromosf´erica respons´avel para esta forte radia¸ao
estelar final no UV viria como resultado do aumento da rota¸ca˜o (spin up) encontrado
por n´os (ver Cap´ıtulo 2) agindo at´e 30 Ma. Observoes no infravermelho pr´oximo em
estrelas da associa¸ao de Tucana/Horologium com 30 Ma mostram de fato, a inexistˆencia
de regi˜oes centrais nos discos, provavelmente a volatilizadas.
O conte´udo do cap´ıtulo 4 est´a sendo submetido para publica¸ao em Pinz´on et al.(2006)
146 5 Conclus˜oes
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