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ANAIR MARIA SANTOS MAIA
RISCO DAS INFECÇÕES CIRÚRGICAS SEGUNDO O POTENCIAL
DE CONTAMINAÇÃO DAS FERIDAS OPERATÓRIAS
Orientador
Professor Doutor Renato Camargos Couto
Dissertação apresentada ao curso de pós-
graduação em Ciências da Saúde:
Infectologia e Medicina Tropical da
Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Minas Gerais, como requisito para
obtenção do título de Mestre.
.
Belo Horizonte
-2006-
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AGRADECIMENTOS
Ao professor Renato Camargos Couto, orientador e exemplo pessoal e profissional, pelo
imensurável apoio, sem o qual este estudo não seria possível.
Ao professor Manoel Otávio da Costa Rocha, pelo incentivo às minhas atividades de pós-
graduação.
Ao colega Fernando Biscione, pelo constante apoio para realização deste estudo.
À Cristina Ferreira, pela constante disponibilidade.
Ao estatístico Geraldo Coelho, pela valiosa contribuição na construção do banco de dados.
2
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Dedico este trabalho à Luiza, luz da minha vida e à
Aurora, minha querida mãe.
3
SUMÁRIO
LISTA DE SIGLAS............................................................................................................ .
LISTA DE ANEXOS............................................................................................................
LISTA DE TABELAS..........................................................................................................
RESUMO...............................................................................................................................
ABSTRACT..........................................................................................................................
I-INTRODUÇÃO................................................................................................................
II-REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................................
II.1- Definição e Importância das Infecções do Sítio Cirúrgico.......................................
II.2- Classificação das feridas segundo o Potencial de Contaminação.............................
II.3- Critérios de diagnóstico das Infecções do Sítio Cirúrgico.......................................
II.4- Microbiologia das Infecções do Sítio Cirúrgico.......................................................
II.5- Patogênese das Infecções do Sítio Cirúrgico............................................................
II.6- Fatores de risco associados às Infecções do Sítio Cirúrgico....................................
II.7- Prevenção das Infecções do Sítio Cirúrgico............................................................
II.8- Vigilância Epidemiológica das Infecções do Sitio Cirúrgico..................................
II.9- Vigilância após a alta em pacientes cirúrgicos........................................................
II.10- Importância da identificação de fatores de risco para ISC....................................
III-OBJETIVOS
III.1- Principal.................................................................................................................
III.2- Secundários.............................................................................................................
IV-MÉTODO........................................................................................................................
IV.1- Desenho metodológico...........................................................................................
IV.2- Local........................................................................................................................
IV.3- População e amostra...............................................................................................
IV.4- Vigilância Epidemiológica.....................................................................................
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IV.5- Critérios de inclusão e exclusão..............................................................................
IV.6- Definições .............................................................................................................
IV.7-Variáveis coletadas e instrumentos de coleta.........................................................
IV.8- Práticas de controle de infecção hospitalar ..........................................................
IV.9- Análise Estatística ................................................................................................
IV.8- Concordância para realização da pesquisa e aspectos éticos .................................
V-RESULTADOS................................................................................................................
VI-DISCUSSÃO..................................................................................................................
VII-CONCLUSÃO..............................................................................................................
VIII-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................
IX-ANEXOS.........................................................................................................................
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5
LISTA DE SIGLAS
ACS: American College of Surgeons.
ASA: American Society Anesthesiologists.
CCIH: Comissão de Controle de Infecção Hospitalar.
CDC: Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta, Estados Unidos.
EPI: Equipamento de Proteção Individual
EUA: Estados Unidos Americanos.
FR: Fator de Risco.
IMC: Índice de Massa Corporal.
IC: Intervalo de Confiança
IH: Infecção Hospitalar
IRIC: Índice de Risco para Infecção do Sítio Cirúrgico, desenvolvido e usado pelo
Sistema NNIS.
ISC: Infecção do Sítio Cirúrgico.
NAS: National Academy of Sciences.
NNIS: National Nosocomial Infections Surveillance.
NRC: National Research Council.
RC: Razão de Chances.
SENIC: Study on the Efficacy of Nosocomial Infection Control.
6
LISTA DE ANEXOS
Anexo I. Protocolo de denominador cirúrgico 101
Anexo II. Protocolo de resultado de culturas 102
Anexo III. Registro de controle de uso de antibióticos 103
Anexo IV. Protocolo de notificação de infecção hospitalar (numerador), incluindo
Componente cirúrgico 104
Anexo V. Categorias de procedimentos cirúrgicos NNIS (CDC) 105
Anexo VI.Classificação das ISC de órgão/cavidade segundo o sítio envolvido 107
Anexo VII. Requisição de antibiótico profilático 108
LISTA DE TABELAS
7
Tabela I -Taxa de ISC segundo o potencial de contaminação 98
Tabela II -Comparação entre taxas de infecção encontradas por diversos autores entre
1958 e 1977 98
Tabela III-Taxas de ISC entre 59352 pacientes selecionados aleatoriamente e
hospitalizados entre 1975-1976, caracterizados pela classificação tradicional
das feridas e pelo índice de risco multivariado simplificado-SENIC 99
Tabela IV-Comparação entre o valor preditivo do risco de infecção cirúrgica
pelo potencial de contaminação e pelo índice elaborado pela metodologia NNIS 99
Tabela V- Taxas de ISC segundo o Potencial de Contaminação das Feridas
encontradas por diversos autores entre 1964 e 2006 100
Tabela 1- Distribuição dos pacientes por instituição participante do estudo 56
Tabela 2- Distribuição dos pacientes conforme a faixa etária 56
Tabela 3- Distribuição da freqüência de pacientes pediátricos e adulto 57
Tabela 4- Distribuição dos pacientes quanto ao sexo 57
Tabela 5- Distribuição quanto ao potencial de contaminação das feridas operatórias 57
Tabela 6- Distribuição quanto a presença de infecção 58
Tabela 7- Distribuição das infecções quanto ao sítio envolvido 58
Tabela 8-Taxa de Infecção do sítio cirúrgico por potencial de contaminação 58
Tabela 9-Distribuição das ISC segundo a topografia 58
Tabela 10-Distribuição das ISC quanto a quantidade de sítios envolvidos 59
Tabela 11-Distribuição pelo método de detecção das infecções 59
Tabela 12-Distribuição pela forma de detecção das infecções intra e extra-hospitalar 60
Tabela 13-Distribuição do método de detecção para as ISC 60
Tabela 14-Distribuição da detecção das ISC (intra e extra-hospitalar) 60
Tabela 15-Contribuição de cada método de detecção segundo o potencial de
8
contaminação 61
Tabela 16-Contribuição de cada método por potencial de contaminação em ISC 61
Tabela 16-A- Contribuição de cada método por potencial de contaminação em ISC
(intra e extra-hospitalar) 62
Tabela 17-Contribuição de cada método de detecção de ISC por topografia 62
Tabela 17-A- Contribuição de cada método de detecção de ISC por topografia
(intra e extra-hospitalar). 63
Tabela 18-Distribuição dos pacientes contatados por telefone após a alta hospitalar 63
Tabela 19-Distribuição quanto às categorias dos procedimentos 64
Tabela 20-Taxa de ISC por potencial de contaminação(tipo de ferida) 66
Tabela 20-A Comparação entre as incidências de ISC nos diferentes estratos,
segundo a classificação pelo potencial de contaminação 66
Tabela 21-Razão de chances entre feridas limpas e potencialmente contaminadas 66
Tabela 22-Razão de chances entre feridas potencialmente contaminadas e contaminadas 67
Tabela 23-Razão de chances entre feridas contaminadas e infectadas 67
Tabela 24-Taxa de ISC por potencial de contaminação e forma de detecção
(intra-hospitalar) 68
Tabela 24-A-Comparação entre as incidências de ISC nos diferentes estratos de
classificação pelo potencial de contaminação,segundo forma de detecção intra-hospitalar 68
Tabela 25-Razão de Chances por potencial de contaminação e forma de detecção
(intra-hospitalar) entre feridas limpas e potencialmente contaminadas 68
Tabela 26-Razão de Chances por potencial de contaminação e forma de detecção
(intra-hospitalar) entre feridas potencialmente contaminadas e contaminadas 68
Tabela 27-Razão de Chances por potencial de contaminação e forma de detecção
(intra-hospitalar) entre feridas contaminadas e infectadas
69
Tabela 28-Taxa de ISC por potencial de contaminação e forma de detecção
(extra-hospitalar) 69
Tabela 28-A-Comparação entre as incidências de ISC nos diferentes estratos de
9
classificação pelo potencial de contaminação,segundo forma de detecção
extra-hospitalar 69
Tabela 29-Razão de Chances por potencial de contaminação e forma de detecção
(extra-hospitalar) entre feridas limpas e potencialmente contaminadas 69
Tabela 30-Razão de Chances por potencial de contaminação e forma de detecção
(extra-hospitalar) entre feridas potencialmente contaminadas e contaminadas 70
Tabela 31-Razão de Chances por potencial de contaminação e forma de detecção
(extra-hospitalar) entre feridas contaminadas e infectadas
70
Tabela 32-Taxa de ISC por tipo de ferida e topografia 71
Tabela 32-A-Comparação das incidências de ISC por potencial de contaminação e
topografia superficial + profunda nos diferentes estratos 71
Tabela 32-B-Comparação das incidências de ISC por potencial de contaminação e
topografia órgão/cavidade nos diferentes estratos 71
Tabela 33-Razão de chances entre ISC incisionais e feridas limpas e potencialmente
contaminadas 72
Tabela 34-Razão de chances entre ISC incisionais e feridas potencialmente contaminadas
e infectada e entre feridas contaminadas e infectadas 72
Tabela 35-Razão de chances entre ISC de órgão/cavidade e feridas limpas e
potencialmente contaminadas 73
Tabela 36-Razão de chances entre ISC de órgão/cavidade e feridas potencialmente
contaminadas 73
Tabela 37- Razão de chances entre ISC de órgão/cavidade e feridas contaminadas e
infectadas 73
Tabela 38-Taxa de ISC por tipo de ferida e idade(12 anos ou menos e mais que 12 anos)76
Tabela 38-A Comparação das incidências de ISC por potencial de contaminação e idade
(12 anos ou mais e mais de 12 anos) nos diferentes estratos 75
Tabela 38-B Comparação das incidências de ISC por potencial de contaminação
e idade(12 anos ou mais) nos diferentes estratos 76
Tabela 39-Razão de chances entre feridas limpas e idade 76
Tabela 40-Razão de chances entre feridas potencialmente contaminadas e idade 76
Tabela 41-Razão de chances entre feridas contaminadas e idade 76
Tabela 42-Razão de chances entre feridas infectadas e idade 76
1
RESUMO
As infecções cirúrgicas são importantes por sua morbidade,
mortalidade e como marcador de qualidade da assistência. Para
avaliar a adequação do nível de infecção em cada instituição
hospitalar específica deve-se realizar comparações com os seus
dados do passado, com os de outras instituições ou entre cirurgiões.
Este estudo tem como objetivo reavaliar a estratificação de risco
progressivamente maior para infecção do sítio cirúrgico (ISC)
segundo o potencial de contaminação das feridas operatórias
proposta pelo National Academy of Sciences e National Research
Council desde 1964 e validada por Cruse e Foord nas condições de
assistência atual. Trata-se de estudo multicêntrico, uma coorte
histórica, em pacientes submetidos à procedimentos cirúrgicos
NNIS, totalizando 249457 procedimento, de janeiro de 1993 a julho
de 2006. Os pacientes foram acompanhados durante a hospitalização
e seguidos até 30 dias após a sua alta para identificação de ISC.
Foram detectadas 6641 ISC, produzindo a taxa global de ISC de
2,7%. A maior parte das ISC foi diagnosticada após a alta (68,6%) e
se constitui na complicação infecciosa mais freqüente (79,2%). A
maior parte dessas complicações são de menor importância clínica,
sendo 79,2% ISC incisionais superficiais. As taxas de incidência de
ISC foram de 2,4% para cirurgias limpas, 2,6% para aquelas
potencialmente contaminadas, 4,9% para as contaminadas e 8,2%
para as infectadas. Todas diferiram estatisticamente (p<0,001) . A
análise revelou a capacidade da classificação por potencial de
contaminação de estratificar de maneira progressivamente maior o
risco de ISC totais (p<0,001), incisionais (p<0,001) e diagnosticadas
após a alta hospitalar (p<0,001). A análise não revelou a capacidade
da classificação por potencial de contaminação estratificar as ISC de
órgão ou cavidade (limpa com incidência maior que potencialmente
1
contaminada-p<0,001) e as diagnosticadas na busca ativa intra
hospitalar (limpa com incidência maior que potencialmente
contaminada-p<0,001). Os pacientes pediátricos apresentaram menor
risco de ISC em cirurgias limpas do que os adultos e o potencial de
contaminação (p<0,001) não estratifica risco de ISC nesta faixa
etária sendo que cirurgias limpas tem o mesmo risco que
potencialmente contaminadas(p=0,804) e por sua vez contaminadas e
infectadas também não diferem(p=0,426), mas o conjunto
limpa/potencialmente contaminada difere do conjunto
contminada/infectada (p=0,001).
Abstract
Surgical infection is an important issue since it relates to morbidity, mortality and it may be
also used to assess the quality of the assistance provided by hospitals and health
professionals. In order to improve rates of surgical site infection (SSI) and reduce its
incidence, it is usual practice to compare present and past rates, data from different
institutions and from different surgeons. Levels of infections can be therefore assessed by
institution and, if necessary, control measures may be established. So far, this procedure
has been done by means of either risk stratification by potential for contamination
(developed in 1964) or the risk scores developed by the American CDC such as the SENIC
and NNIS models. For each patient, variables associated with increased risk of infection
such as potential for wound contamination, assessment of the severity of the patient’s
conditions by an anesthetist and duration of surgery are recorded so that a reliable
comparison between infection rates is achieved. The primary objective of this study is to
evaluate risk stratification for surgical site infection according to the potential for surgical
wound contamination proposed by the National Academy of Sciences and the National
Research Council in 1964, and adjusted to current healthcare assistance services by Cruse
and Foord. In addition, this study aims to identify SSI incidence on these strata and use it as
a reference point in future research, as well as to contrast our findings with the results of
previous studies with the view to enhancing effectiveness of infection prevention and
control and hence reduce SSI. A multi-center study was carried out on privately insured
1
patients and patients who were operated in private sector hospitals. A total of 249,457
surgical procedures were collected between January/1993 and July/2006 by the Hospital
Infection Control Services of the participating institutions. All patients were monitored for
SSI while in hospital and up to 30 days after release. A total of 6,641 SSI cases were
reported, which represent 2.7% of the patients. Most SSI infections were diagnosed after
the patient left hospital (68.6%). SSI occurred in 2.4% of clean surgeries, 2.6% of
potentially contaminated, 4.9% of contaminated and in 8.2% of infected surgeries. A
correlation between potential for wound contamination and SSI was also observed since
wounds with higher level of contamination displayed higher risk of SSI.
I- INTRODUÇÃO
A pele intacta é dos mais importantes sistemas de defesa contra a infecção. A ruptura dessa
defesa devido à traumas, cirurgias, partos, etc, pode propiciar infecções. As taxas de
mortalidade após amputações eram superiores a 60% antes do conceito de anti-sepsia (1). A
partir de 1865, Lister relatou seu sucesso com aplicação de ácido carbólico (fenol) para
manter a esterilidade do campo cirúrgico com o objetivo de evitar a invasão do tecido por
bactérias através de uma ferida aberta e prevenir a infecção, iniciando o estudo científico
para abolir o terror e o mistério das infecções cirúrgicas predominantes naquela época (2).
Esse método foi gradualmente aceito por outros pesquisadores e na transição entre os
séculos XIX e XX, vários cirurgiões começaram a tratar assepticamente as feridas
cirúrgicas. O uso de barreiras mecânicas (luvas, máscaras, gorros, etc) e a esterilização dos
instrumentos foram se tornando práticas padrões. Outro avanço foi a introdução da
antibioticoprofilaxia para a redução das taxas de infecção da ferida cirúrgica. A anti-sepsia,
assepsia e profilaxia com antimicrobianos permitiram a realização de procedimentos cada
vez mais complexos, em larga escala e com segurança (1).
As infecções pós-operatórias das feridas cirúrgicas estão, juntamente com as pneumonias,
sepses e infecções urinárias, entre as infecções mais freqüentes. Perfazem
aproximadamente, 25% de todas as infecções hospitalares e, freqüentemente, resultando
em aumento dos custos de hospitalização, tanto no que se refere ao tratamento, à estadia
1
prolongada, ao aumento dos veis de ansiedade para o paciente e sua família; sendo vital
sua prevenção (3, 4, 5).
É importante, portanto, a identificação de pacientes com maior risco para infecção da ferida
cirúrgica, que se desenvolve pela interação complexa entre as bactérias inoculadas na ferida
durante a cirurgia e a resistência local e sistêmica do hospedeiro. A ocorrência de quebra do
equilíbrio entre o sistema imunológico do hospedeiro e a concentração e virulência do
agente etiológico propicia a instalação da infecção (6). A resistência sistêmica é
determinada pelas características do paciente e sua doença de base; a resistência no local
da ferida é afetada pela presença de fatores de risco como sangue, corpos estranhos,
isquemia ou tecido necrótico (7).
A idéia de controle de fatores de risco em relatos sobre infecção de cirurgia é antiga. Em
1915, Brewer (8) relatou taxas de infecção em cirurgias consideradas limpas para seus
colegas cirurgiões e observou redução de 95% nestas taxas. Na década de 60 foi realizado
estudo de classificação da ferida cirúrgica usando a luz ultravioleta na sala de operação para
prevenir infecção. As feridas foram classificadas em quatro categorias de provável
contaminação da cirurgia, sendo limpa, potencialmente contaminada, contaminada e
infectada. Esse sistema, endossado pelo American College of Surgeons(ACS), tornou-se a r
“classificação do National Research Council-NRC”ou ´´classificação segundo potencial de
contaminação”(9). Na década de 70, Cruse and Foord (10) demonstraram a utilidade da
informação sobre taxa de infecção cirúrgica para cada cirurgião e sua influência sobre a
redução destas taxas em cirurgias limpas. Essa prática foi popularizada entre os cirurgiões.
O interesse na identificação de fatores de risco para desenvolvimento de infecção em
pacientes cirúrgicos observado nas últimas décadas tem aumentado e os estudos nesse
sentido tornam-se cada vez mais necessários, uma vez que o risco de infecção está
fortemente determinado pela condição do paciente e da ferida no momento da operação
(11). A probabilidade de infecção do sítio cirúrgico está diretamente afetada pelo potencial
de contaminação da cirurgia (1, 12, 13, 14, 15, 16); porém ao longo dos anos a tecnologia
aplicada na medicina permitiu maior intervencionismo, penetração mais profunda em
tecidos humanos, abordagem adequada a patologia antes fatais, suporte de vida, aumento
do tempo de convívio com patologias graves. Por isso é necessário reavaliar a correlação do
potencial de contaminação das feridas com infecção das feridas operatórias (17) e se
1
atualmente esta classificação ainda é útil para medir o risco da complicação infecciosa das
cirurgias.
II-REVISÃO DE LITERATURA
II-1 Definição e importância das Infecções do Sítio Cirúrgico
Segundo o Center for Disease Control and Prevention (CDC), em 1988, a definição de
Infecção Hospitalar (IH) foi definida como sendo condição localizada ou sistêmica,
resultante de reação adversa à presença de agente infeccioso ou sua toxina, sem evidência
de que estivesse presente ou incubando por ocasião da admissão hospitalar, a não ser que
pudesse ser relacionada a uma admissão prévia do paciente no mesmo hospital (18).
Baseado nos critérios do CDC publicados em 1992, a Infecção do Sítio Cirúrgico (ISC),
anteriormente denominada infecção da ferida cirúrgica, é o processo infeccioso que
acomete tecido, órgão e cavidade abordada em um procedimento cirúrgico. O diagnóstico
poderá ser realizado, no máximo até 30 dias após o procedimento cirúrgico ou até em um
ano, quando se tratar de implante de prótese (19). A simples presença dos microrganismos
nos tecidos do paciente não define a existência de infecção. Esta é produto da entrada,
crescimento e efeitos fisiopatológicos daqueles sobre os tecidos orgânicos, sendo seu
diagnóstico baseado em critérios clínicos e laboratoriais (19). A ISC é a terceira mais
freqüente das infecções hospitalares. Representa 14 a 16% de todas as infecções
hospitalares, sendo das principais fontes de morbimortalidade em uma instituição (12, 13).
Estudo sobre controle de infecção em hospitais gregos relata que as ISC representam de
33,1% a 43,2% de todas as IH (20). O CDC dos EUA calcula que milhões de
procedimentos cirúrgicos são realizados a cada ano e cerca de 2,7% são complicados pelas
1
ISC (21). Foi registrado que 77% dos pacientes que morreram com ISC tinham infecção
como causa da morte e a maioria (93%) constituiu-se de infecções graves, envolvendo
órgãos e cavidades (22). Segundo Kirkland (17) pacientes que adquirem infecção
apresentam duas vezes mais probabilidade de morrerem durante o período pós-operatório.
A mortalidade atribuída para ISC é de 4,3% e elas representam 14% de todos os eventos
adversos da hospitalização (17, 23). Nos EUA pacientes que desenvolveram ISC têm
aumento médio de permanência hospitalar de 6,5 dias (17), enquanto na França (22), em
2002, esta média estendeu de 3,5 a 7,2 dias. Neste caso a duração de internação pode estar
associada aos fatores de risco de cada paciente e às condições locais de cada instituição tais
como dificuldades financeiras e sociais. Rossello´-Urgell (24) encontraram média de
hospitalização de 10 dias para pacientes sem ISC e 30 dias para aqueles que desenvolveram
ISC. Os pacientes infectados demonstraram 5 vezes mais probabilidade de serem
readmitidos e reoperados do que aqueles sem infecção; resultando em aumento de gastos
para os hospitais e diminuição de novas internações devido à falta de leitos disponíveis (4,
26). O risco de internação em CTI aumenta 1,6 vezes em pacientes que desenvolvem ISC,
com taxa de admissão 60% maior em infectados do que nos não-infectados (14). Ferraz
(27) constataram que no Brasil os custos de hospitalização, descontando honorários
médicos e de enfermagem, podem chegar até três vezes o valor gasto pelo paciente que não
evoluiu para infecção. Segundo Cruse and Foord (10) o total de custos da ISC é ainda
maior quando fatores como afastamento do trabalho, admissão para reoperação, gastos com
tratamento da infecção em casao levados em consideração. Concluem que a redução nas
taxas de infecção devido a implantação e implementação de prevenção e controle de
infecção gera uma economia capaz de financiar estes programas preventivos. Esses dados
demonstram o enorme problema causado pelas ISC para os serviços de saúde ainda hoje e
indicam a importância das tentativas para diminuir a incidência dessas infecções (12).
II-2 Classificação das Feridas segundo o Potencial de Contaminação
Segundo a definição do National Research Council-1964 (9), as feridas são classificadas
segundo o grau de contaminação, em:
1
1- Limpa, se a cirurgia for eletiva; fechada primariamente; não traumática nem infectada;
sem inflamação; não drenada; sem falha da técnica asséptica; sem penetração nos tratos
respiratório, gastrointestinal, geniturinário ou cavidade orofaríngea;
2- Potencialmente contaminada, se a cirurgia ocorrer com penetração controlada dos
tratos respiratório, gastrointestinal ou genitunário e sem a contaminação natural do método;
casos de apendicectomia (sem necrose ou perfuração); a penetração em orofaringe, no trato
biliar, na vagina, sem evidência de infecção; quando, em cirurgias limpas, ocorrem falhas
menores na técnica asséptica; e presença de dreno;
3- Contaminada, quando apresenta: feridas traumáticas, abertas, recentes (menos de 6
horas); contaminação grosseira da ferida cirúrgica a partir do trato gastrointestinal;
penetração em trato geniturinário ou trato biliar na presença de infecção e falha maior na
técnica asséptica;
4- Infectada, quando também ferida traumática, aberta, antiga (mais de 6 horas);
presença de tecidos desvitalizados, corpos estranhos, contaminação fecal e presença de pus
no sítio cirúrgico.
Em outras palavras, a cirurgia limpa é realizada em tecidos estéreis ou facilmente
descontaminados; a potencialmente contaminada é feita em tecidos com flora própria, que
poderá contaminar o campo operatório. As cirurgias contaminadas, têm alguma
intercorrência que leva a contaminação do campo operatório e as infectadas são realizadas
em tecidos com um processo infeccioso já instalado (28).
Alguns autores têm proposto pequenas modificações na classificação do NRC/NAS.
Rabhae (28) propõe que inicialmente as cirurgias sejam classificadas de acordo com a
presença ou ausência de intercorrência. Na ausência de intercorrência, a cirurgia será limpa
se realizada em tecidos estéreis ou facilmente descontamináveis; será potencialmente
contaminada se realizada em tecidos com flora própria. A natureza da intercorrência
determinará a classificação da cirurgia. Os acidentes intra-operatórios (por exemplo, lesão
de víscera oca, perfuração de luvas, evacuação na sala); cirurgia de urgência realizada sem
o preparo adequado; presença de inflamação aguda (exemplificando, reoperação por
deiscência); cirurgia realizada com processo infeccioso à distância e atendimento à bolsa
amniótica rota ou trauma limpo ocorrido pouco tempo (menos de 4 horas) classificam o
procedimento como contaminado. A presença de necrose, sujidade ou pus, de bolsa
1
amniótica rota ou trauma tratado tardiamente a classifica como infectada. Essa proposta, ao
contrário do sistema tradicional que pré-classifica as cirurgias, baseia-se principalmente,
em achados intra-operatórios (29).
II-3 Critérios de diagnóstico das Infecções do Sítio Cirúrgico
Diagnóstico Epidemiológico
Em 1988, o CDC publicou uma padronização recomendando a classificação da infecção
cirúrgica em superficial e profunda, referindo-se, apenas, ao acometimento superficial da
pele e tecidos subcutâneos (30). Em 1992, esta padronização foi revisada , reclassificando
as infecções em incisionais (superficiais e profundas) e acrescentando aquelas com
envolvimento de órgãos e/ou cavidades manipuladas durante o ato cirúrgico e modificando
o termo infecção da ferida cirúrgica para infecção do sítio cirúrgico (ISC) (19).
Os critérios do CDC-1992 (19) para diagnóstico de ISC continuam sendo utilizados
atualmente e são descritos como sendo:
Infecção da área cirúrgica incisional superficial
Envolvem somente a pele e/ou tecido celular subcutâneo do local da ferida cirúrgica e
ocorre nos primeiros 30 dias de pós-operatório. Para seu diagnóstico, deve-se observar pelo
menos um dos seguintes achados:
1- drenagem purulenta da incisão superficial com ou sem confirmação laboratorial;
2- organismos isolados através de cultura obtida assepticamente do fluido ou tecido
proveniente da incisão superficial;
3- presença de pelos menos um dos seguintes sinais ou sintomas de infecção: dor ou
hipersensibilidade local, tumefação localizada, eritema, calor local e abertura deliberada da
incisão pelo cirurgião, a não ser quando a cultura é negativa;
4- diagnóstico de infecção superficial feito pelo cirurgião.
Não são considerados como infecções superficiais: inflamação mínima com descarga
localizada no local de penetração de sutura; infecção de episiotomia ou de circuncisão no
recém-nascido (estas duas últimas por não serem consideradas procedimento cirúrgico
NNIS) e infecção da cicatriz que se estenda para planos mais profundos. O segundo
critério deve ser interpretado com cautela, pois é sabido que a análise de tecidos
provenientes de qualquer incisão superficial revelará pelo menos a flora permanente da
1
pele, uma vez que ela rapidamente coloniza uma incisão, atuando a como mecanismo de
defesa, então, nesses casos é importante que se observe concomitantemente sinais ou
sintomas que sugiram um processo infeccioso local, ou seja, critérios um ou três (29).
Infecção da área cirúrgica incisional profunda
Esta topografia será considerada quando a infecção envolver tecidos moles e estruturas
profundas da parede, a fáscia e a camada muscular, e ocorrerem nos primeiros 30 dias pós-
operatórios e, se houver implante de prótese, até um ano após.
Será confirmado o diagnóstico quando for notado pelo menos um dos seguintes achados:
1- Drenagem purulenta de origem profunda de incisão, mas não de órgão/cavidade
relacionada ao sítio cirúrgico;
2- Deiscência espontânea ou abertura deliberada pelo cirurgião, quando o paciente
apresenta pelo menos um dos sinais ou sintomas: febre ( temperatura axilar- > 37,8° C), dor
ou hipersensibilidade local, a não ser quando a cultura de secreção da incisão é negativa;
3- Presença de abscesso ou outra evidência de infecção de tecidos profundos, observados ao
exame direto, durante a reoperação ou através de exames histopatológicos ou radiológicos;
4- Diagnóstico de infecção incisional profunda feito pelo cirurgião ou médico assistente.
O critério dois indica importância especial ao exame microbiológico, que pode não ser
solicitado pelo cirurgião ou coletado, transportado e processado inadequadamente. O uso
de antibióticos também pode favorecer o resultado falso negativo. O diagnóstico não é,
muitas vezes, explicitado pelo cirurgião, mas pode ser inferido pela conduta médica,
evidenciada, principalmente pela introdução ou ampliação da cobertura antibiótica e/ ou
pela prescrição de cuidados locais (29).
Infecção da área cirúrgica em órgão / espaço(cavidade)
Envolve qualquer parte da anatomia (órgão ou cavidade) aberta ou manipulada durante o
procedimento cirúrgico, com exceção da incisão de parede. Também ocorre nos primeiros
30 dias de pós-operatório e após um ano se houver implante. Para seu diagnóstico, é
necessário que a infecção se relacione com o ato cirúrgico, e mais um dos seguintes
achados:
1- Drenagem purulenta proveniente de dreno inserido dentro do órgão/cavidade;
2- Organismos isolados através de cultura coletada assepticamente de líquido ou tecido
proveniente de órgão/cavidade;
1
3- Presença de abscesso ou outra evidência de infecção envolvendo órgão/cavidade pelo
exame direto, durante uma reoperação ou pelos exames histológicos ou radiológicos;
4- Diagnóstico de infecção feito pelo cirurgião ou médico assistente.
Taylor (31) observaram que cirurgiões podem super-diagnosticar ISC, dependendo do
critério de diagnóstico usado, atingindo até 16% de pacientes o-infectados. Ehrenkranz
(32) sugerem que o diagnóstico médico de ISC deve ser usado como critério útil para
melhor investigação de outras evidências que confirmem a infecção, principalmente quando
os dados são incompletos nos registros do paciente. Esse critério poderia evitar a inclusão
de infecções não relacionadas ao sítio cirúrgico, reduzir as taxas de falsos-positivos e evitar
um possível excesso de relato de ISC. A conseqüência natural é diminuir as potenciais as de
taxas super-estimadas de hospitalização prolongada e uso desnecessário de
antimicrobianos.
Diagnóstico Clínico
As manifestações sistêmicas ou locais do processo infeccioso da ferida cirúrgica são
notificadas durante o período de internação, no contato domiciliar com o paciente, no
ambulatório de egressos ou ainda, durante nova hospitalização, e expressos como: febre,
dor (manifestação local que pode ocorrer após a incisão cirúrgica, não sendo
necessariamente uma complicação infecciosa); hiperemia, edema e calor (também não são
necessariamente características do processo infeccioso, pois podem aparecer como uma
resposta inflamatória ao trauma cirúrgico ou reação alérgica ao fio de sutura) e secreção
purulenta no local da ferida cirúrgica. Os sinais e sintomas locais portanto, podem estar
ausentes em caso de infecção e quando presentes não são, necessariamente, relacionados
com a infecção do sítio cirúrgico (33).
Diagnóstico Laboratorial
Pode auxiliar no diagnóstico da ISC, apesar de alguns exames não serem específicos e
estarem alterados em decorrência do próprio trauma cirúrgico. Pode-se utilizar o
leucograma; proteína C reativa (indicador de processo inflamatório), a identificação do
agente infeccioso pela cultura de amostra de secreção ou tecido e hemocultura. O
diagnóstico microbiológico deve ser precedido do diagnóstico clínico, pois em feridas
colonizadas por bactérias o simples isolamento de microorganismos não significa
2
necessariamente infecção. Em contra-partida, culturas e feridas infectadas podem ser falso-
negativas, devido a erros de técnica ou uso de antimicrobianos (34).
II-4 Microbiologia das Infecções do Sítio Cirúrgico
A ISC pode ser provocada por qualquer patógeno. As infecções são geralmente causadas
por germes colonizantes da própria pele do paciente. O Staphylococcus aureus é o
microorganismo isolado com maior freqüência, principalmente em cirurgia com menor
grau de contaminação (limpa). O Staphylococcus coagulase negativo é hoje, o segundo
mais importante agente causador da ISC; colonizante da pele, sua freqüência vem
aumentando devido ao elevado número de cirurgias com colocação de implantes e de
pacientes imunodeprimidos submetidos à procedimentos cirúrgicos. As bactérias Gram-
negativas (Escherichia coli, Pseudonomas aeruginosa, Klebsiella pneumoniae, etc)
constituem em flora importante nas cirurgias realizadas em órgãos por elas colonizadas. Os
fungos, micobactérias atípicas e rodococos são outros patógenos de menor importância
identificados, principalmente em pacientes imunodeprimidos (35).
A frequência destes microorganismos é confirmada por vários estudos: Santos (35) em
1997, estudando ISC no Rio de Janeiro, Brasil identificaram S. aureus como patógeno mais
freqüente (33,9%), seguido da Escherichia coli (20,3%). Olson e Lee (36) em 1990, nos
EUA, acompanhando pacientes cirúrgicos durante 10 anos encontraram dados semelhantes
e os microorganismos mais frequentemente isolados nas feridas Classe I (limpas) foram S.
aureus, Enterococcus sp. e Pseudomonas sp.; nas de Classe II (potencialmente
contaminadas) Enterococcus sp., Pseudomonas sp. e S. aureus; e em Classe III
(contaminadas e infectadas) Pseudomonas sp., Enterococcus sp. e S. aureus. Os dados
sobre microorganismos isolados em caso de infecção hospitalar confirmam as tendências
detectadas atualmente, ou seja , o crescimento da importância do Staphylococcus coagulase
negativo e da Candida albicans (37). Garibaldi (38) nos EUA em 1991, acompanhando ISC
durante quatro anos, identificaram que os microorganismos mais freqüentemente isolados
de culturas intra-operatórias foram Staphylococcus coagulase negativo (73%), Escherichia
coli (11%) e S. aureus (5%). Estudos mais recentes confirmam a identificação desses
mesmos microorganismos; como o de Narong (39) onde os patógenos mais comumente
isolados foram S. aureus (28%), Escherichia coli (16,7%) e Pseudomonas aeruginosa
2
(12%) e de Heruzo-Cabrera (40) que evidencia como de maior frequência o S. aureus
(41%), S. coagulase negativo (15%), Enterobacter sp. (24%), Streptococcus faecalis (5%),
entre outros. Durante 10 anos de pesquisa Arias (41) selecionaram dez microrganismos
mais comumente encontrados nas ISC e concluíram que entre os principais identificados
62,01% eram Gram-positivos e 36,7% Gram-negativos e que em 52,3% das infecções a
contaminação foi polimicrobiana. Geubbels (42) observaram que 29% das ISC eram
polimicrobianas, sendo S. aureus (35%) mais freqüentemente isolado, seguido pela
Escherichia coli (12%) e S. coagulase negativo (9%). Dados similares foram descritos por
Soleto (43) quando 23% das ISC foram consideradas com contaminação polimicrobiana,
sendo o S. aureus isolado em 48%.
O conhecimento da microbiologia das ISC é importante para que a profilaxia e tratamento
com antimicrobianos sejam mais eficazes. O uso indiscriminado de antimicrobianos
provoca alterações na epidemiologia hospitalar favorecendo a emergência de cepas
multirresistentes como S aureus multirresistente , enterobacteriáceas multirresistentes,
Pseudomonas aeruginosa resistente à cefalosporina de terceira geração. A Candida sp. e o
S. coagulase negativo, antes considerados apenas contaminantes comuns da pele, hoje
representam patógenos importantes. Diante da emergência desses patógenos
multirresistentes as comissões e os serviços de infecção têm intensificado a vigilância
epidemiológica com o objetivo de monitoriza-los, incentivando a adoção de medidas de
prevenção e controle e o uso racional de antimicrobianos (44).
II-5 Patogênese das Infecções do Sítio Cirúrgico
O desenvolvimento da ISC deve-se a delicada interação entre o hospedeiro e o patógeno, na
qual o cirurgião e o ambiente podem ter importante papel. A ISC está relacionada com a
ruptura do equilíbrio entre o sistema imunológico do hospedeiro e a concentração e
virulência do agente etiológico (45). A ISC é estabelecida pela presença de carga bacteriana
maior que 10
5
bactérias por grama de tecido, exceto em casos de hematoma, necrose
tecidual e presença de corpo estranho em que 10
2
bactérias por grama de tecido são
suficientes (14).
O risco de infecção varia de acordo com a dose da contaminação bacteriana, a virulência do
agente e a resistência do hospedeiro, portanto, o patógeno deverá ser virulento e o sistema
2
de defesa do hospedeiro comprometido para que se estabeleça uma infecção (10, 45).
Elekand (46), em 1957, demonstraram a importância do grau de contaminação quando
mostraram que 6 milhões de Staphylococcus aureus teriam que ser injetados
intradermicamente para produzirem uma pústula em estudantes de medicina. O número de
bactérias necessárias para estabelecer ISC poderia ser reduzido 10.000 vezes pela presença
do fio de seda da sutura.
Cruse e Foord (10) em 1980, estabeleceram o conceito de que todas as feridas são
necessariamente contaminadas. A extensão da contaminação (que pode ser endógena ou
exógena) depende da presença ou não de corpo estranho e tecido desvitalizado no local da
incisão cirúrgica. Consideração particularmente importante deve ser dada aos
procedimentos invasivos operados pelas equipes de saúde, muitas vezes sem cautelas
técnicas adequadas, e diretamente associadas à ocorrência de infecção (47).
Muitas das ISC são adquiridas no momento da cirurgia; portanto os mais importantes
reservatórios de bactérias causando essas infecções podem estar localizados na sala de
cirurgia; com exceção da ferida que não é fechada primariamente, mas deixada aberta
(fechamento secundário) possibilitando suscetibilidade a uma colonização pós-operatória e
subseqüente infecção (1). Segundo Galvanese (48) as ISC são causadas por vários
microrganismos e os fatores predisponentes variam com a topografia afetada e o agente
envolvido com origem predominantemente endógena. De acordo com essa observação as
fontes para contaminação da ferida cirúrgica agrupam-se em três principais reservatórios:
paciente (reservatório mais importante); profissionais de saúde ( principalmente mãos) e
ambiente(raramente implicado) (5). Smyth (12) acreditam que a possibilidade de se
desenvolver ISC ou não após um procedimento cirúrgico depende da interação entre
hospedeiro, microrganismos e fatores relacionados ao ambiente e à cirurgia. Couto(49)
afirmam que a infecção, geralmente não está associada a um único agente de risco causal,
mas sim a uma complexa interação de fatores relacionados ao hospedeiro, ao agente e ao
ambiente hospitalar.
O entendimento do mecanismo de ocorrência e disseminação das infecções foi modificando
ao longo das últimas décadas. Os agentes causadores das infecções atualmente são
considerados germes oportunistas com baixa capacidade de invasão e que somente por
condições especiais ligadas à baixa defesa do hospedeiro conseguem invadir e multiplicar-
2
se na intimidade dos tecidos. Essa diferença dos agentes determina mudança das relações
agente-meio- hospedeiro (48).
II-6 Fatores de risco associados à Infecção do Sítio Cirúrgico
Os fatores de risco estão associados a maior probabilidade de que a ISC desenvolva nos
pacientes cirúrgicos. Alguns são imutáveis como: idade, sexo, raça, história familiar;
outros, entretanto, são susceptíveis de modificação. Essa correlação, entretanto, não é
indefectível, isto é, a sua presença ou ausência não garante que a infecção ocorra (7).
Fatores relacionados ao paciente:
1- Idade: extremos de idade podem diminuir a imunidade. Observa-se que o tempo de
cicatrização em idosos é maior, o risco de infecção, conseqüentemente, deve ser maior.
Alguns autores como Haley (15), Garibaldi (38), Horan (19) não correlacionaram a idade
com o risco de infecção, porém o estudo do NRC (9) sim, assim como Cruse e Foord (10)
estudando 62.939 cirurgias, verificaram que a chance de desenvolvimento de ISC em
pacientes com mais de 66 anos foi duas vezes comparado com risco semelhante na faixa
etária entre de 21 e 50 anos.
2- Período de hospitalização pré-operatória prolongado: razão para essa associação
pode ser devido à maior permanência hospitalar de pacientes mais graves; o que pode se
associar com a modificação na flora microbiana devido colonização por patógenos
multirresistentes presentes no ambiente hospitalar, gerando maior susceptibilidade à
infecção. A organização deficiente do sistema de admissão pré-operatório pode também
contribuir para aumentar a permanência do paciente devido à falta de agendamento
satisfatório e a admissão desnecessária para realização de exames pré-operatórios. Diversos
estudos demonstraram essa associação como os relatados por Cruse e Foord (10),
Nagachinta (50), Grinbaum (51), embora Ehrenkranz (32), Horan (19), Haley (15) tenham
encontrado resultados discordantes. Estudo do NRC (9) verificou que a taxa de ISC elevou-
se de 6% em pacientes que se internavam no dia anterior ao procedimento cirúrgico, para
14,7% quando a hospitalização pré-operatória era superior a 3 semanas. Cruse e Foord (10)
observaram que a taxa de ISC era de 1,1% quando a hospitalização pré-operatória era de
2
um dia, elevando-se para 2,1% com hospitalização maior que uma semana. Pacientes que
ficaram hospitalizados de 2 a 3 dias e mais que 3 dias demonstraram probabilidade
aumentada de adquirir infecção de 6 e 14 vezes, respectivamente, em relação àqueles que
ficaram hospitalizados somente um dia ou menos ( 25). Geubbels (42) afirmam que as
diferenças na média de hospitalização pré-operatória variam não somente com a presença
de ISC e tipo de procedimentos específicos realizados, mas também com certas
características do paciente e da cirurgia. As características tais como; idosos, escore ASA
de 3 a 5, ferida contaminada ou infectada, duração da cirurgia excedendo o percentil 75,
uso de profilaxia com antibiótico, cirurgia de emergência e período de hospitalização pré-
operatório prolongado, quando analisados univariadamente revelam uma associação entre
todos esses fatores e o aumento da hospitalização pós-operatória e maior risco para
desenvolver ISC (42).
3-Condição do paciente no momento da cirurgia: o fator de risco intrínseco é
considerado dos mais importantes para ISC. O grau de gravidade e o tipo da doença que
motivou a cirurgia , assim como a presença de doenças intercorrentes aumentam o risco
para ISC.
3.1- Os portadores de doenças crônico-degenerativas são mais susceptíveis às infecções
que a população em geral, configurando um grupo de alto risco para ISC (19).
3.2- A presença de infecção mesmo distante do local da cirurgia comporta-se como foco
de disseminação, constituindo fator de risco importante (9), porém não incluído no escore
NNIS (National Nosocomial Infection Surveillance System) porque no estudo SENIC
(Study on the Efficacy of Nosocomail Infection Control), sua associação com ISC não foi
evidenciada (51).
3.3- As condições gerais precárias do paciente, como por exemplo diabetes mellitus e
estado imunológico deficitário, bem como os desequilíbrios nutricionais ( desnutrição ou
obesidade), são fatores que aumentam o risco para ISC por reduzirem a capacidade do
organismo de atender os tecidos operados, tanto do ponto de vista metabólico quanto
imunológico (27).
O paciente diabético descompensado constitui um fator de risco importante para infecção,
devido às complicações vasculares, neuropáticas e imunológicas que dificultam o processo
de cicatrização e facilitam o desenvolvimento de infecção (9). A imunidade pode ser
2
diminuída por várias condições como o uso de corticosteróides e presença de neoplasias
(9). A obesidade pode dificultar a técnica cirúrgica, diminuir o fluxo sanguíneo na ferida
cirúrgica e prolongar o tempo de cirurgia predispondo à infecção (49). Os pacientes com
hipoproteinemia apresentam taxa de ISC aumentada, possivelmente por alteração no seu
sistema de defesa (49).
O objetivo da coleta de fatores de risco na metodologia NNIS constitui-se na obtenção da
medida do risco intrínseco. A vigilância deve ser simples, rápida e pouco onerosa para que
as atividades de controle de infecção se estendam para o maior número de serviços
possível, com implementação de medidas de controle. Não é conveniente que um fator de
risco obtido com tanta dificuldade seja incluído no índice, como estado nutricional e
imunológico. Por isso, a maioria das instituições utiliza como indicador da condição do
paciente o escore ASA (52).
3.4- Risco anestésico: É relativamente padronizado, com pontuação de 1 a 5, estratificando
a gravidade da doença para todo paciente submetido à anestesia geral (52). Essa medida é
feita à princípio para cirurgias e leva em consideração variedade de fatores do paciente que
diretamente relaciona-se ao risco de infecção, incluindo idade, estado nutricional, presença
de doenças sistêmicas (38). Essa classificação segue as seguintes observações, indicando o
estado clínico do paciente como:
1- Higidez .
2- Doença sistêmica discreta, controlada.
3- Doença sistêmica grave que requer assistência médica, com limitação de atividade.
4- Doença sistêmica extremamente grave com risco de vida ou morte, incapacitante.
5- Sem possibilidade terapêutica, moribundo.
A utilização do escore ASA para predizer risco de ISC foi validada por Culver (16) através
de estudo com 84691 procedimentos cirúrgicos realizados em 44 hospitais americanos entre
1987 e 1990. A taxa global de infecções nos pacientes com escore ASA I foi de 1,5%,
ASA II de (2,1%), ASA III de (3,7%), ASA IV de (5,5%) e ASA V de (7,1%). O poder
preditivo do escore ASA também foi comprovado por Garibaldi (38) em estudo prospectivo
com 1.852 pacientes cirúrgicos , encontrando taxa de ISC de acordo com a ASA I em
(3,2%), ASA II em (4,6%), ASA III em (11,4%), ASA IV e V em (18,8%). Verificaram
chance de risco para adquirir infecção 4,2 maior em paciente com ASA III a V quando
2
comparados com os de ASA I e II. Grinbaum (51) encontrou falta de associação entre
ISC e ASA, o que poderia ser explicado, pela possibilidade do índice ser inapropriado para
todos os tipos de procedimentos cirúrgicos na dependência do paciente ter maior
probabilidade para possíveis complicações decorrentes da anestesia e do procedimento
cirúrgico. Não é possível, entretanto afirmar que esse paciente também possua um risco
elevado de ISC. Garibaldi (38) encontraram associação direta entre a ocorrência de ISC e
maior classificação de ASA, maior tempo de hospitalização pré-operatória, presença de
infecção em outro sítio no momento da operação (fatores relacionados ao paciente) e classe
das feridas segundo o potencial de contaminação; resultado positivo de cultura intra-
operatória, maior duração da cirurgia, ocorrência de perfuração nas luvas e procedimentos
de emergência (relacionados à fatores da cirurgia); concluindo que estes fatores têm
contribuído para o aumento de ISC.
4- Riscos relacionados com sexo e raça: são considerados improváveis para ISC (49, 9,
10).
Fatores relacionados ao procedimento cirúrgico
1- Duração prolongada da cirurgia: segundo Couto (49), cirurgias prolongadas
possibilitam maior contaminação da ferida, maior probabilidade de lesão tecidual, maior
possibilidade de ocorrência de tecido eletrocoagulado e conseqüentemente menor
capacidade de defesa do hospedeiro, aumento do risco para infecção. De acordo com
Grinbaum (51) pode-se observar o aumento da duração dos procedimentos cirúrgicos
através de hipóteses como menor destreza do cirurgião ou de maior dificuldade técnica da
cirurgia, bem como características do hospital (se público, privado, de ensino), deficiência
na organização do centro cirúrgico, deficiências materiais e número de pessoal, ou seja,
qualidade do serviço prestado, levando ao aumento nas taxas de ISC. Ehrenkranz (32)
estudando 9.108 cirurgias limpas encontrou diferenças nos índices de ISC de acordo com a
duração da cirurgia. Nos pacientes com duração da cirurgia menor que duas horas
encontrou-se taxa de ISC de 1,5%, comparado com taxa de 10,7% nas cirurgias que haviam
prolongado mais que quatro horas. Cruse e Foord (10) compararam taxas de incidência de
ISC em procedimentos limpos e demonstraram aumento progressivo destas taxas quando
duravam uma, duas e três horas. A taxa de ISC praticamente dobra com o aumento de cada
2
hora na duração da cirurgia. A associação entre duração da cirurgia e ISC pode ser
explicada pelo aumento progressivo da contaminação do campo operatório e da lesão
tecidual associada à retração e manipulação prolongadas, diminuição da resistência local
associada ao aumento de eletrocoagulação, uso de suturas e diminuição das defesas do
hospedeiro associada à perda sanguínea e choque (9).
Garibaldi(38) seguindo 1.852 procedimentos cirúrgicos evidenciou que duração da cirurgia
maior que duas horas estava relacionada a maior incidência de ISC, assim como outras três
variáveis: os resultados da cultura intra-operatória, o potencial de contaminação da ferida e
a classificação ASA. Estas conclusões , com exceção da cultura intra-operatória , são
semelhantes aos estudos de Haley (15) e Culver (16), que o suporte à aplicação da
metodologia NNIS. Outro estudo (50), entretanto, onde foram avaliadas prospectivamente
1009 cirurgias cardíacas, a duração da cirurgia não se mostrou associada com ISC,
explicado pelo autor pela hipótese de que a contaminação da ferida se daria principalmente
no momento da incisão. É possível que em alguns procedimentos a duração não seja um
fator de risco importante. As operações onde essa hipótese é levantada são as de curta
duração como cesariana e amputação de membro (53).
2-Tipo de cirurgia: vários cirurgiões consideram que os procedimentos realizados em
caráter de urgência se infectam com maior freqüência do que as cirurgias eletivas. Isso
pode se dever ao fato de que nas emergências os cuidados pré-operatórios não são
rigorosos, além dos pacientes serem clinicamente mais graves (9).
3-Técnica cirúrgica: deve ser realizada de forma adequada para que não ocorra aumento
na taxa de ISC e não interfira na cicatrização da ferida. Determinados cuidados devem ser
enfatizados durante o procedimento cirúrgico, como (49):
3.1- Os tecidos deverão ser manipulados com cuidado, a fim de diminuir o trauma
cirúrgico.
3.2- A hemostasia deve ser adequada, sem uso abusivo de eletrocautério, evitando o
acúmulo de sangue e outros fluidos que facilitam a formação de hematomas, seromas ou
espaço morto, possibilitando o crescimento bacteriano.
3.3- Deve ser removido o tecido desvitalizado e corpo estranho, pois proporcionam
proliferação microbiana.
3.4- As suturas devem ser realizadas sem grandes pressões evitando isquemia local.
2
3.5- Os drenos são recomendados para situações em que a drenagem de sangue e secreções
não foi completamente realizada durante a cirurgia, e devem ser usados somente quando
necessário e por curto período de tempo (49).
4- Remoção dos pêlos: os pêlos no local da incisão dificultam a técnica cirúrgica. Para
retirá-los ainda é muito comum a tricotomia com mina, porém, é sempre recomendado
preferir a tricotomia elétrica, uso de cremes depilatórios e a tonsura. A raspagem com
lâminas pode provocar microlesões, permitindo a proliferação de microorganismos.
Estudos (49) têm demonstrado que a taxa de ISC relacionada à remoção de pelos é de 3,1%
quando a remoção de pêlos é feita imediatamente antes da cirurgia; 7,1% quando ocorre 24
horas antes da cirurgia e 20% se é feita com mais de 24 horas antes do procedimento.
Cruse e Foord (10) observaram diminuição progressiva de incidência de ISC, comparando a
retirada de pêlos com lâmina (5,6%), depilação (0,6%) e quando os pêlos não foram
removidos (0,6%).
5- Antibioticoprofilaxia: tem como objetivo reduzir os riscos de infecção, em especial as
ISC, porém seu uso deve ser racional visto que sua eficácia está diretamente relacionada
com o momento, a dose e a duração da administração que o nível adequado deve ser
mantido no período per e pós-operatório. A antibioticoprofilaxia deve ser administrada
antes da incisão cirúrgica. O efeito benéfico da antibioticoprofilaxia na prevenção de ISC é
controverso. Pacientes que fizeram uso de antibiótico demonstraram maior probabilidade
para desenvolver ISC com taxa de infecção de 14,4% comparada com 4,4% naqueles que
não a usaram (9). Nas feridas limpas refinadas a taxa de ISC foi quatro vezes maior para os
pacientes com antibioticoprofilaxia e o dobro nas feridas infectadas (9). Explicação para tal
fato foi devido ao uso inadequado de antibióticos (9).
6- Procedimentos múltiplos: realizados de forma concomitante podem prolongar o tempo
de cirurgia e aumentar o risco de ISC (49).
7- Grau de contaminação da ferida: o procedimento invasivo anula as barreiras naturais
às infecções e permite a penetração em tecidos íntimos de microorganismos pertencentes ou
não à flora endógena do paciente. Starling (53) lembra que, intervenções que quebram a
continuidade das estruturas anatômicas em local com flora bacteriana abundante aumentam
a probabilidade de infecção nos tecidos operados. O potencial de contaminação da ferida
cirúrgica é entendido como a quantidade de microorganismos presentes nos tecidos
2
expostos durante a operação. Embora desde o início do século houvesse a subdivisão em
cirurgias limpas e não-limpas, a classificação usada atualmente como cirurgia limpa,
potencialmente contaminada , contaminada e infectada, foi desenvolvida somente em 1964
pelo NRC. A associação entre potencial de contaminação e ISC foi demonstrada em
diversos estudos como de Cruse e Foord (10), Garibaldi (38), Olson e Lee (36), Haley (15),
Culver (16). As taxas de infecção em cirurgias limpas são freqüentemente utilizadas para se
determinar a qualidade da assistência prestada ao paciente; no entanto este índice podeo
ser aplicável a todos os serviços, pois em alguns a freqüência de cirurgias limpas è baixa
(como por exemplo cirurgias de emergência e aquelas onde se manipulam cavidades não
acessíveis à anti-sepsia adequada).
Este índice também não permite a análise de cirurgias em outras categorias que não a
limpa, onde problemas específicos podem ocorrer (53). Em estudo onde foram avaliadas
prospectivamente 1009 cirurgias cardíacas (50), os autores sustentam a hipótese de que a
contaminação da ferida se daria principalmente no momento da incisão. Portanto a anti-
sepsia, a degermação e o preparo pré-operatório da área a ser operada com a finalidade de
reduzir a flora endógena do paciente devem ser realizados adequadamente (7).
8- Entre os prováveis riscos para infecção se encontram a não utilização de EPI
(Equipamento de Proteção Individual); processos de esterilização inadequados; ausência de
Vigilância Epidemiológica; falta de anti-sepsia adequada das mãos (49).
9- Entre os riscos possíveis devem ser citados os problemas na técnica cirúrgica , tais
como cirurgião inexperiente, falhas em fechamento de espaços mortos, hemostasia
insuficiente e presença de corpos estranhos, todos fatores que favorecem a proliferação de
microrganismos. Pode-se citar também o excesso de pessoas na sala cirúrgica; ausência de
banho/higiene pré-operatória; cirurgia de emergência e furos em luvas (9, 10).
9- A Transfusão sanguínea é considerada um risco improvável para ISC, apesar de tal
procedimento causar depressão imunitária e, geralmente, associa-se com a presença de
choque e piores condições clínicas do paciente (49).
Os fatores acima relacionados continuam sendo estudados para diferentes tipos de cirurgia.
Embora estudos realizados ao longo dos anos tenham associado as infecções cirúrgicas às
condições do hospedeiro, o conhecimento científico também nesta área varia à medida que
novas pesquisas vão sendo realizadas. Estudos recentes realizados em pacientes pediátricos
3
vêm demonstrando que as características do procedimento cirúrgico são muito mais
importantes do que os aspectos do hospedeiro (54, 55, 56). Assim, tendo conhecimento dos
fatores de risco para infecção torna-se necessária a prevenção e o controle destes riscos para
evitar esta complicação.
Constitui-se importante parte dos programas de controle e prevenção de infecção a
determinação de fatores de risco para infecção durante procedimentos cirúrgicos
específicos. Baseado nesta visão o CDC tem estabelecido escores específicos para infecção,
como NNIS e SENIC, baseados na presença de fatores de risco específicos (57). Arjona
(58) analisando pacientes de cirurgias de trauma identificaram como principais fatores de
risco para ISC imunodeficiência (OR=8,3); mais de uma intervenção (OR=3,5); classe de
cirurgia (OR=4,8- cirurgias infectadas em relação a limpas); uso incorreto de profilaxia
com antibiótico (OR=6,3). Considerando que muitos desses fatores são variáveis pré-
operatórias, e portanto, passíveis de serem controladas no paciente. Novas medidas de
avaliação e controle de risco das ISC precisam ser definidas e implementadas. Alguns
fatores tendem a diminuir o risco de infecção como redução na hospitalização ; diminuição
das cirurgias em pacientes hospitalizados; mudanças no seu cuidado; maior adesão às
medidas de precaução universal. Outros fatores aumentam o risco para infecção como
aumento na expectativa de vida, contribuindo com pacientes mais idosos e para aqueles que
apresentam doenças mais críticas requerendo cuidados mais complexos (59). Também no
Brasil a diminuição do risco de adquirir infecção durante a hospitalização é a principal meta
dos programas de controle de infecção como estabelecido na lei 2616/1998 do Ministério
da Saúde, que requer um ativo controle de infecção e registro de dados, infelizmente nem
todas as instituições conseguiram implantar e implementar tal programa de maneira eficaz
(60).
II-7 Prevenção das Infecções do Sítio Cirúrgico
A prevenção das infecções pós-operatórias representa uma prioridade para os programas de
controle de infecção. Além de disponibilidade de recursos (financeiros, número de
funcionários, equipamentos), outras características como motivação, mudança de
comportamento, características organizacionais de cada instituição podem gerar impactos e
variações diferentes na efetividade das intervenções e na redução das taxas de infecção. À
3
medida que programas de prevenção e controle de infecção são implantados aumenta-se o
conhecimento e a percepção de problemas gerados pelas infecções, como conseqüência, as
taxas de ISC podem ser diminuídas com mudanças na prática de cuidado ao paciente como,
por exemplo, uso adequado de antibióticos e de drenos, cateteres, sondas.
Pode ser observado também o contrário, como aumento nas taxas devido a melhoria na
forma de detecção da ocorrência de infecções (61). Nos serviços cirúrgicos onde as taxas de
infecção são altas e os cuidados ao paciente estão fora dos padrões aceitos, pode-se
conseguir redução significativa nas taxas de ISC pela implementação de medidas
preventivas e de controle eficazes desde que se leve em consideração as características
específicas de cada instituição. As intervenções devem ser modeladas de acordo com as
necessidades de cada instituição e principalmente a adesão as recomendações-padrão
precisam ser monitoradas e as boas práticas de cuidado ao paciente continuamente
reforçadas (61).
Na década de 80, o CDC (62) publicou um guia para prevenção das infecções do sítio
cirúrgico categorizando as recomendações em três grupos, sendo as de nível I consideradas
mínimas e obrigatórias; as de nível II, medidas adicionais recomendáveis; a categoria III
relacionava medidas ainda não comprovadas ou ineficazes. Em 1999, o CDC publicou nova
versão das ações para prevenção de ISC (14) apresentadas de acordo com o grau de
efetividade e relacionadas com o preparo do paciente; incluindo o cuidado com as mãos e
antebraços da equipe cirúrgica; relativas ao pessoal infectado ou colonizado; à
antibioticoprofilaxia; relacionadas à ventilação do ambiente; à limpeza e desinfecção de
superfícies; à esterilização de materiais; às roupas cirúrgicas e coberturas; à anti-sepsia e
técnica cirúrgica; aos cuidados com a incisão no pós-operatório e à vigilância
epidemiológica. Essas medidas preventivas foram classificadas em categorias de
recomendação, sendo:
- Categoria IA fortemente recomendada para implantação e sustentada por estudos
experimentais, clínicos ou epidemiológicos bem estruturados.
- Categoria IB - fortemente recomendada para implantação e sustentada por alguns estudos
experimentais, clínicos ou epidemiológicos e por forte base teórico racional.
- Categoria II - sugerida para implantação e sustentada por estudos clínicos ou
epidemiológicos sugestivos ou base teórica racional.
3
- Sem recomendação ou tema não resolvido - evidência insuficiente ou ausência do
consenso em relação à eficácia da técnica.
II.8- Vigilância Epidemiológica das Infecções do Sítio Cirúrgico
A implementação de vigilância epidemiológica rigorosa juntamente com a determinação
real da taxa de incidência das infecções e a divulgação dos resultados encontrados para os
serviços de cirurgia, têm sido apontados como fatores decisivos na redução da ocorrência
de infecções. Para se obter a redução máxima possível na freqüência e gravidade das
infecções relacionadas à assistência à saúde , o programa de controle de infecção deve ser
pautado por sistema de vigilância epidemiológica baseado na busca ativa de dados, capaz
de produzir informações e gerar conhecimento, embora a coleta de dados passivamente
também possa ser utilizada (63). A busca ativa pode ser feita de maneira prospectiva ou
retrospectiva; a primeira apresenta a vantagem de detectar a incidência, e, portanto, avaliar
o risco de infecção. A vigilância epidemiológica estabelecida no projeto SENIC reduz a
incidência de infecção por meio de: atividades de vigilância e de controle organizados,
número adequado de pessoas envolvidas na atividade e a informação de taxas de infecção
aos cirurgiões (15, 61). A vigilância é também efetiva para detectar surtos, identificar
fatores e população de risco, indicar e avaliar a eficácia de medidas de controle das
infecções, reduzir custos, atender às exigências legais e proteger as instituições e
profissionais dos processos judiciais quando da ocorrência de infecção hospitalar e,
conseqüentemente, melhorar a qualidade da atenção ao paciente (49). O universo coberto
pela vigilância pode ser todo o hospital (global), ou se limitar a uma área física ou
topográfica de infecção (unidades de tratamento intensivo, pacientes cirúrgicos, berçários,
etc) ou cobrir um período de tempo definido considerando as necessidades e recursos
materiais das instituições (64). Na década de 70, com o sistema NNIS iniciou-se a
vigilância global que resolvia problemas metodológicos de iniciativas anteriores baseado na
padronização de critérios de diagnósticos, treinamento de pessoal para vigilância e
disponibilidade de exames laboratoriais para diagnóstico de infecções hospitalares (16). Até
1986 utilizou-se protocolo de vigilância global, onde todas as infecções hospitalares, em
todas as topografias, eram notificadas utilizando-se, para identificação de taxas, como
denominador o número de saídas (altas e óbitos) no período. A partir dessa data, com o
3
objetivo de obter taxas mais fidedignas e relacionadas aos procedimentos cirúrgicos,
desenvolveu-se protocolo específico para pacientes submetidos a estas intervenções (o
componente cirúrgico-NNIS) (16).
As taxas de incidência de ISC dependem, portanto, de fatores relacionados ao risco
intrínseco do paciente, ao risco extrínseco, forma de conduzir a vigilância epidemiológica e
da definição diagnóstica (49). Assim pode-se supor que a inexistência de um programa de
vigilância epidemiológica das ISC seja um fator de risco presente no ambiente hospitalar.
II.9- Vigilância após a alta em pacientes cirúrgicos
As infecções cirúrgicas, com freqüência se manifestam após a alta hospitalar ou a saída do
ambulatório, por isto os pacientes devem ser acompanhados a longo prazo, quando estão
em seu domicílio (67). Estima-se que altos percentuais de ISC se tornam evidentes após a
alta, levando a acreditar que sem vigilância pós-alta as taxas de infecção podem ser
subestimadas, mascarando a verdadeira taxa de infecção, como os percentuais 10
a 50%
encontrados por Starling (53), 19 a 65% de Ferraz (65) e Manian (50) e 14 a 71% de
Macbeth(66). As taxas detectadas após a alta foram de 13,5% de Medina-Cuadros (67),
13,8% de Manian (50), em 1990 e 14,2% de Noy (69). Essas taxas são muito mais baixas
que os 71% registrados por Reimer (70) e os 40 a 60 de Fields (71). O CDC (16) sugere
que o paciente deve ser contatado 30 dias após a cirurgia , quando é possível identificar
praticamente todas as infecções do sítio cirúrgico; o que é confirmado pelo estudo de Ferraz
(65) quando aproximadamente 95% das ISC se manifestam em torno do vigésimo primeiro
dia após a cirurgia . Weigelt (72) elegeram também como momento ideal para detecção de
ISC pós-alta o vigésimo primeiro dia de pós-operatório quando 90% das infecções tornam-
se evidentes e, melhor ainda, em torno do trigésimo dia quando aproximadamente 100%
das infecções se manifestaram. Olson e Lee (36) encontraram média de 29,5% de ISC
detectadas após a alta e resultados semelhantes foram registrados por outros autores (70,
73). Em estudo realizado no Brasil por Oliveira (74), em 2004, 73,7% das ISC foram
diagnosticadas após a alta. As diferentes formas de buscar e obter as informações sobre
infecções no acompanhamento pós-alta variam de instituição para instituição. Portanto,
3
cada instituição deve determinar o método mais fácil de ser realizado e com melhor custo
benefício de acordo com os recursos disponibilizados pela instituição, seja contato
telefônico; carta resposta; busca ativa; ambulatório de egressos ou outro método (75).
Com o avanço da técnica cirúrgica aliado ao interesse de diminuir os custos com
hospitalização algumas instituições têm encorajado a realização de cirurgias sem internação
ou com alta o mais breve possível, no entanto, isso pode contribuir para aumentar o
número de ISC não identificadas neste período, subestimando a verdadeira taxa de infecção
e os riscos de infecção (76, 77). Em alguns hospitais aproximadamente metade dos
procedimentos cirúrgicos são realizados em ambulatório (78). Era esperado a partir de
2000, que 80% das irurgias realizadas nos EUA fossem feitas sem hospitalização.
Com o aumento do número de procedimentos cirúrgicos em ambulatórios é necessária
revisão dos métodos de estudo das ISC, sua freqüência e os fatores de risco associados. O
impacto dessa transição ainda é pouco conhecido. Alguns autores (77, 78, 79) sugerem que
a freqüência de ISC em cirurgias ambulatoriais ou com curta permanência hospitalar seja
menor do que a encontrada dentro dos hospitais, uma vez que tais procedimentos podem ser
considerados de menor risco. Segundo Flanders (79) é possível que a freqüência de ISC
para cirurgias ambulatoriais esteja entre 1 e 5%.
II.10- Importância da identificação de fatores de risco para infecção do sítio cirúrgico
As infecções cirúrgicas são importantes seja por morbimortalidade, seja como marcador da
qualidade da assistência dispensada pelas organizações hospitalares e seus profissionais
(80). A complexidade dos procedimentos médicos (entre eles as cirurgias) têm aumentado
muito nos últimos vinte anos e a complexidade dos fatores de risco também, sendo assim,
tão importante como os princípios de assepsia e anti-sepsia, perseguir a diminuição das
infecções (entre elas as cirúrgicas) torna-se importante. Daí o grande valor dos programas
de controle de infecção. No final dos anos 70 e início dos 80 o CDC, baseado no estudo
SENIC, demonstrou redução de 32% nas taxas de infecção associada com a análise,
interpretação e comunicação de dados e taxas de ISC às equipes cirúrgicas (81). No Brasil ,
após a instituição do Programa Nacional de Controle de Infecção, em 1992, a taxa de ISC
diminuiu de 29% para 10% e a de infecção em cirurgias limpas de 16% para 6% (65). Para
realizar esforços de melhoria e redução da incidência de ISC, é necessária a comparação da
3
ocorrência dessas infecções com dados similares do passado ou com outras instituições.
Esses dados permitem avaliar a adequação do nível de infecção em cada instituição
específica e, para melhor definir as medidas para seu controle, se necessário (49).
Tem sido usado para isso a estratificação de risco por potencial de contaminação ou os
escores de risco desenvolvidos pelo CDC dos EUA, pelos modelos SENIC e NNIS, onde
para cada paciente deve-se registrar variáveis associadas com risco aumentado de infecção
como potencial de contaminação das feridas operatórias, classificação de gravidade do
paciente pelo anestesista (ASA) e duração da cirurgia. Essas variáveis são utilizadas para
estratificação do risco de ISC dos pacientes a fim de que possam ser feitas comparações de
taxas de infecções entre os cirurgiões, as instituições e diferentes períodos de tempo (82).
A incidência de infecção do sítio cirúrgico na visão de Haley (15) depende da técnica de
vigilância epidemiológica, dos critérios de diagnóstico e dos fatores de risco presentes. Os
fatores de risco (FR) podem ser divididos em:
- extrínsecos; quando estiverem relacionados com a estrutura, ou seja, com o conjunto de
recursos materiais à disposição do trabalhador para que ele possa prestar assistência; com
as agressões ao hospedeiro e com a qualidade do processo de trabalho, que compreende o
cuidado ao paciente dispensado pela equipe de assistência.
- intrínsecos; que representam as características orgânicas do paciente associadas com a
predisposição para desenvolver infecção.
Para comparação de taxas de infecção entre instituições e cirurgiões é muito importante
estratificar o risco intrínseco dos pacientes e promover comparações em um mesmo estrato
de risco o que facilita a observação de taxas e/ou situações preocupantes com relação às
ISC (11). A importância da medida adequada do risco intrínseco é devido ao fato que,
levando em consideração esses riscos e os controlando, uma variação adicional nas taxas de
ISC poderia ser devido às mudanças na qualidade do atendimento ao paciente, permitindo
melhor uso das taxas de infecção como indicador de qualidade do serviço (83).
A idéia de controle de risco intrínseco para infecções cirúrgicas é antiga. Brewer (8) em
1915 relatou taxas de infecções em cirurgias limpas para seus colegas cirurgiões e observou
redução de 95% das taxas, devido a possível mudança na técnica operatória. Goff (84),
entre 1920 e 1930, analisou a cicatrização das incisões cirúrgicas após o parto, usando uma
classificação pessoal de feridas operatórias e que serviu de base para o desenvolvimento de
3
cinco categorias de classificação de provável contaminação da ferida proposta no estudo
realizado pelo National Research Council (NRC) e National Academy of Science (NAS),
durante o ano de 1964, em cinco hospitais universitários para avaliar a eficácia da
utilização da luz ultra violeta na sala de operação para a prevenção de infecções em feridas
operatórias. Estas categorias foram definidas como sendo:
1- Limpas: cirurgias não traumáticas, não inflamadas, nenhuma penetração nos tratos
respiratório, gastrointestinal e geniturinário, consideradas contaminadas por fonte
endógena. Subdividida em:
1.1- Refinadas: compreendendo as cirurgias eletivas, não drenadas e fechadas
primariamente;
1.2- Outras limpas: os outros casos limpos excluídas as limpas refinadas, cirurgias não
eletivas, não fechadas primariamente e drenadas mecanicamente pela incisão ou por dreno.
2- Potencialmente-contaminadas: quando ocorre penetração controlada dos: tratos
gastrointestinal, respiratório, geniturinário na presença de urina infectada, trato biliar na
presença de bile infectada, ou diante de falha menor na técnica asséptica.
3- Contaminadas: quando ocorre falha maior na técnica operatória, contaminação
grosseira a partir do intestino, inflamação bacteriana aguda sem pus, ferida aberta fresca ou
traumática de uma fonte relativamente limpa.
4- Infectadas: quando ocorre presença de pus ou perfuração de vísceras (antes da cirurgia),
feridas traumáticas antigas ou de uma fonte infectada (9).
Essa classificação posteriormente foi condensada em quatro grupos para utilização geral,
sem a divisão da categoria limpa.
Vários estudos (1, 9, 10, 15, 36, 16) têm encontrado uma nítida correlação entre a
classificação da cirurgia segundo o potencial de contaminação e a taxa de infecção do sítio
cirúrgico conforme demonstrado na tabela I (vide tabelas).
Essa classificação segundo o potencial de contaminação foi validada por Cruse e Foord
(10), em 1965, quando decidiram utilizar a classificação da ferida cirúrgica por potencial
de contaminação para estratificar o risco de infecção em serviços cirúrgicos. Eles revisaram
retrospectivamente casos de infecção registrados e encontraram uma total falta de acurácia
em relação às infecções pós-operatórias. Iniciaram, em 1967, estudo prospectivo de 10
anos acompanhando todos os pacientes cirúrgicos do Foothills Hospital em Calgary, cujos
3
objetivos eram: registrar a acurácia das taxas mensais de infecção (que poderiam ser usadas
como medida de eficiência dos serviços cirúrgicos e salas de operação), criar um banco de
dados para futuras comparações estatísticas, descobrir os fatores que influenciavam a
incidência de infecções e finalmente reduzir esta incidência. Foram utilizadas as definições
de 1964 do estudo do NRC-NAS e todas as feridas cirúrgicas foram classificadas em quatro
categorias, de acordo com o grau de contaminação, sendo: limpa, potencialmente
contaminada, contaminada e infectada. Das 62.939 cirurgias estudadas, 2960 tornaram-se
infectadas, com incidência de ISC de 4,7%. Essa taxa foi aceitável em comparação com
estudos da época como pode ser observado na tabela II (vide tabelas). Esses autores
observaram a influência da contaminação da cirurgia nas taxas de ISC. A taxa de infecção
de cirurgias limpas poderia representar a medida mais útil para comparações entre
departamentos específicos ou cirurgiões, uma vez que nesta categoria o risco intrínseco de
adquirir ISC é mínimo. As informações dos resultados desse estudo foram repassadas para
cirurgiões e discutidas com o comitê de controle de infecção e seguindo estes passos,
juntamente com o controle de alguns fatores de risco observados nesse estudo conseguiu-se
redução da taxa de infecção das cirurgias limpas de 2,5% em 1968 para 0,6% em 1977 (10,
15).
De acordo com Condon (85) através de retorno de relatórios regulares com dados de ISC
para a equipe cirúrgica e melhoria na prática cirúrgica devido à programas de controle de
infecção conseguiu-se reduzir a taxa de ISC de 3,5% para 1%. Mead (86) em 18 meses de
estudo documentaram redução de 42% nas ISC em cirurgias limpas. Olson e Lee (36)
relataram redução semelhante nas taxas de infecção sendo de 43% em cirurgias limpas, de
54% em potencialmente contaminadas e de 38% em cirurgias infectadas.
O grau de contaminação do sítio cirúrgico mostrou-se fator preditivo importante para ISC,
entretanto a duração das cirurgias e outros fatores associados às condições do paciente
mostraram-se igualmente importantes na identificação de pacientes com risco para infecção
(33). Em 1974, nos EUA, o CDC iniciou o Estudo sobre Eficácia e Controle de Infecção
Nosocomial-SENIC, com objetivo de determinar a eficácia e o custo-benefício das medidas
de prevenção de infecções nosocomiais. Numa amostra representativa de hospitais gerais
dos EUA, verificou-se que , durante o período de 1970 a 1976, o estabelecimento de
programas intensivos de vigilância epidemiológica e controle de infecções estava
3
implicitamente associado à redução das taxas de infecção do trato urinário, infecções em
feridas cirúrgicas, pneumonias e bacterimias. Os componentes essenciais desses programas
incluíam a condução de atividades organizadas de vigilância epidemiológica e ações de
prevenção, a presença de um médico ou enfermeira especificamente envolvidos nessas
atividades para cada 250 leitos e um sistema de divulgação das taxas de infecção para os
profissionais diretamente envolvidos na assistência. Demonstrou-se que a vigilância
epidemiológica pós-operatória e o retorno dessas informações aos cirurgiões diminuíam as
taxas de ISC em 19% a 35%, em todas as categorias de grau de contaminação, variando
com a intensidade do sistema de vigilância, o tipo de paciente e da instituição (15).
Sendo assim, a identificação de pacientes com maior risco para adquirir ISC é de extrema
importância.
Para predizer a probabilidade de um paciente desenvolver infecção do sítio cirúrgico a
partir de vários fatores de risco, Haley (15) desenvolveram um índice de risco multivariado
simples utilizando informações coletadas de 58.498 pacientes que foram submetidos à
cirurgia de 1970 a 1974. Analisando 10 fatores de risco com a técnica de regressão logística
múltipla eles desenvolveram um modelo combinando informações de quatro dos fatores de
risco para predizer a probabilidade do paciente desenvolver infecção do sítio cirúrgico.
Noutro momento, com informações coletadas de 59.352 pacientes cirúrgicos admitidos de
1975 a 1976, foi verificada e validada a predição desta mensuração de risco de desenvolver
ISC. Considerando que o risco de infecção é determinado, preponderantemente, pela
condição clínica do paciente e da ferida no momento da cirurgia, a inclusão de variáveis
medindo o risco tanto para a susceptibilidade do paciente quanto para o nível de
contaminação das feridas ao índice simplificado, mostrou-se mais adequado para identificar
pacientes com risco para infecção do sítio cirúrgico que a tradicional classificação pelo
potencial de contaminação das feridas (87). A utilização desse novo índice permitiu
aumentar substancialmente a eficiência do controle das infecções do sítio cirúrgico,
principalmente ao fornecer taxas de infecções específicas para os cirurgiões, levando a
redução da taxa global de ISC em aproximadamente 35% (15). A medida do risco de ISC
do SENIC considerou quatro fatores sendo: cirurgias envolvendo o abdômen; cirurgias com
duração superior a duas horas; cirurgias classificadas como contaminadas ou infectadas e
presença de três ou mais diagnósticos na alta (excluindo aqueles relacionados com a ISC ou
3
suas complicações). A presença de cada fator de risco conferia um ponto na escala, sendo o
risco de adquirir infecção classificado de 0 a 4 (procedimentos de menor para maior risco).
Comparando o poder preditivo para ISC da escala SENIC com o tradicional sistema de
classificação por potencial de contaminação das feridas o primeiro mostrou-se com melhor
capacidade para estratificar pacientes em grupos com diferentes níveis de risco para ISC
(tabela III- vide tabelas).
Um dos objetivos do projeto SENIC foi identificar diferenças ou mudanças nas taxas de
infecção que não são devidas às diferenças ou mudanças em circunstâncias inalteráveis, isto
é, como o grau de contaminação intrínseca da ferida, mas também calcular a incidência de
infecção dentro de cada categoria de risco, permitindo aos cirurgiões a realização de
comparações, com maior precisão, com as taxas de outros cirurgiões e também para os
hospitais compararem suas taxas com as de outras instituições similares (82).
Essa escala, entretanto mostrou limitações, principalmente na dificuldade de coletar os
fatores de risco de todos os pacientes, em especial, o número de diagnósticos à alta e de ser
aplicável somente em hospitais gerais que possuem múltiplos procedimentos como os
usados para desenvolver a escala. Outro fator dificultador foi a estratificação do tempo de
cirurgia em menor ou maior que duas horas, uma vez que a dificuldade dos procedimentos
operatórios varia muito de acordo com a complexidade da cirurgia (11, 43).
A preocupação com o controle da infecção hospitalar levou o CDC a se envolver mais uma
vez com o estudo do problema, desenvolvendo na década de 80 a metodologia NNIS,
quando passaram a ser coletadas informações de rias instituições para a criação de um
banco de dados nacional multicêntrico sobre infecções hospitalares. A análise desses dados
possibilitou diminuição significativa nas infecções, principalmente, em CTI e em pacientes
cirúrgicos (especialmente nos hospitais que compõem o NNIS) (88). A partir de 1986, foi
proposta importante mudança nessa metodologia, pela introdução de componentes
específicos de vigilância epidemiológica, pelo aprimoramento da identificação de fatores de
risco em populações específicas, a fim de fornecer parâmetros para melhor comparação
entre instituições e flexibilizar o sistema de vigilância. O hospital poderia escolher qual
componente iria desenvolver, concentrando esforços em áreas comprovadamente
prioritárias, de acordo com a análise de seus dados históricos, visando melhor desempenho
de suas atividades de prevenção (37). O sistema NNIS desenvolveu vários componentes,
4
neste trabalho interessa o componente cirúrgico, em que são avaliados os pacientes que
foram submetidos a um procedimento operatório NNIS, ou seja, realizados em Centro
Cirúrgico ou Obstétrico onde é feita uma incisão em pele ou mucosa seguida de sutura, cuja
duração é o tempo que vai da incisão inicial à sua sutura final (16, 89).
Na década de 90, foram publicados os primeiros resultados do projeto criado pelo CDC, o
NNIS, que modificou a estratificação do risco cirúrgico do SENIC baseando em dados mais
facilmente obtidos no momento da cirurgia, na tentativa de superar as limitações do
SENIC. O projeto NNIS desenvolveu um escore para medir o risco de se ter infecção no
sítio cirúrgico observando variáveis que contemplam riscos intrínsecos e extrínsecos (81).
No escore NNIS a presença de três ou mais diagnósticos à alta do escore SENIC foi
substituída pela gravidade três, quatro ou cinco segundo a classificação de risco da
American Society of Anesthesiologists (ASA). O tempo de duração de cirurgia maior que
duas horas foi substituído pelo tempo maior que o percentil 75 de duração para
determinado tipo de procedimento cirúrgico e foram mantidos como fatores de risco
cirurgias contaminadas e infectadas. O fator de risco representado pela cirurgia abdominal
foi excluído. Os procedimentos cirúrgicos foram divididos por tipo de procedimento (ex:
cesariana, cirurgia cardiovascular, etc) e a presença de cada fator de risco conferia um
ponto na escala ; portanto, o risco de se adquirir infecção do sítio cirúrgico apresentava
quatro categorias de risco (0, 1, 2, 3) sendo cada categoria de risco progressivamente maior
(16). O estudo NNIS utiliza o caminho mais fácil, mas menos preciso, revelando,
infelizmente, a incapacidade de categorização em faixas de risco inicialmente planejadas
(82). Assim sendo, cada paciente tem seu índice de risco individual, que pode ser de zero
até três, dependendo do total de fatores de risco presentes, denominado Índice de Risco de
Infecção Cirúrgica – IRIC (37, 90).
Os resultados obtidos pela metodologia NNIS mostraram melhor valor preditivo para
infecção cirúrgica que simplesmente o potencial de contaminação da ferida cirúrgica,
conforme os dados apresentados na tabela IV (vide tabelas), onde a presença de cada fator
de risco adicional, aproximadamente, dobrou o risco de ISC, o que não foi observado para o
potencial de contaminação (67). Dados semelhantes foram observados por Pishori (100) em
estudo de três anos sobre a ISC em que a diferença de taxa de infecção foi significativa nas
categorias de risco do escore NNIS. Não conseguiu, entretanto, estratificar de acordo com o
4
potencial de contaminação, que apresentaram taxas relativamente similares em cada estrato.
Seguindo essa mesma linha, Haley (15) e Culver (16), observaram que em cada categoria
da tradicional classificação, segundo o potencial de contaminação, as taxas de ISC
aumentavam dramaticamente com a presença de fatores de risco do escore NNIS. Nas
cirurgias limpas houve aumento de 1,0 para 5,4% nas taxas de infecção, demonstrando que
as feridas limpas não possuem necessariamente o mesmo risco. Os pacientes com o mesmo
número de fatores de risco possuem, aproximadamente, o mesmo risco de ISC,
independente da classificação da ferida.
Várias dificuldades têm impedido que o componente cirúrgico da metodologia NNIS atinja
seu potencial. A maioria das informações sobre o ato cirúrgico é obtida por métodos
passivos, comprometendo sua fidedignidade; como o diagnóstico de ISC, que
freqüentemente, depende do julgamento clínico dos cirurgiões, o que torna quase inevitável
a introdução de algum grau de viés e subjetividade (68) . Outro problema é que estima-se
que de 19 a 77% das infecções do sítio cirúrgico se manifestam após alta do paciente (33),
tornando necessário algum sistema de vigilância pós-alta. A notificação de infecção
hospitalar s-alta, entretanto, não é prática habitual em hospitais comunitários, que
possuem dificuldades adicionais para sua implantação (91). O índice NNIS tem mostrado
boa correlação com a ISC, mas sua adequação para estratificar risco com relação à
procedimentos específicos tem sido questionada (43).
Finalmente, o próprio ajuste do risco cirúrgico proposto tem sido questionado, sendo
propostas adaptações metodológicas que tornam cada vez mais complexa e dispendiosa a
sua execução. Disso tudo resta uma dúvida: serão os dados obtidos significativos para
justificar tal esforço metodológico? (37).
A metodologia NNISS trouxe grande contribuição para o controle das infecções
hospitalares; a possibilidade de obtenção de indicadores que permitem melhor comparação
entre instituições distintas e, mais do que isso, possibilitem a análise de populações
diferentes, aprimora o poder de interpretação dos dados obtidos, permite melhor
estruturação das medidas de controle de infecção (37) e conseqüente diminui os custos para
as instituições hospitalares. Segundo Starling (92) em estudo realizado em hospitais
brasileiros, a relação custo-benefício de programas de controle de infecção constitui
aspecto importante, uma vez que para cada dólar investido houve uma economia de oito
4
dólares, sendo a implantação e implementação de programas, estudos e pesquisas nessa
área, altamente vantajosos para a melhoria da qualidade da assistência e praticamente
sustentados pela economia nos custos de controle das infecções hospitalares. Concluíram
que a metodologia NNIS é aplicável em hospitais brasileiros, independente do tamanho ou
características de cada instituição e da disponibilidade de recursos financeiros, desde que o
objetivo seja a redução das taxas de infecção.
Os escores utilizados na epidemiologia das infecções hospitalares sofrem problemas de
desenvolvimento, acrescidos dos limites que lhe são peculiares (a avaliação real dos fatores
de risco para ISC é muito difícil). A metodologia NNIS se vale de preciosos instrumentos
no componente cirúrgico (IRIC), mas sua metodologia de desenvolvimento ainda é baseada
no consenso de especialistas (37). Segundo Brandt (81) nem todas as variáveis do índice de
risco NNIS (IRIC) são fatores de risco para todo tipo de procedimento cirúrgico, um
exemplo disso é que em sessão de cesariana somente o ASA maior ou igual a três foi
considerado fator de risco significativo para ISC, o que não acontece para duração da
cirurgia e potencial de contaminação das feridas. Concluíram que um método de estudo que
considere fatores de risco, independentes para cada procedimento individualmente, pode
encontrar alto poder preditivo para infecção, podendo realmente produzir melhores
resultados na prevenção e controle de infecção. Neste caso, a coleta de dados torna-se um
processo complexo e sua utilização pode ser confusa, quando fatores de risco diferentes são
considerados para análise em procedimentos diferentes. Segundo Haley (11) mais
experiências são necessárias para determinar se o benefício da análise de riscos
independentes para procedimentos específicos é justificado pela dificuldade na coleta de
dados e análise estatística proporcionados pela inclusão de todos os procedimentos
cirúrgicos em uma análise estratificada por índice de risco específico para cada um desses
procedimentos. É necessário, portanto, maior investimento no desenvolvimento desses
instrumentos de avaliação de riscos. Ao se revelar e discutir os seus limites metodológicos
para averiguação de riscos, obtêm-se a implantação de melhorias. Assim, índices de riscos,
como SENIC e NNIS, são modelos úteis que podem ser adotados para ISC que eleso
refinados e validados, permitindo melhoria na utilização de medidas de controle de
infecção e maior qualidade no atendimento ao paciente. A importância destes modelos é
4
que podem ajudar a identificar pacientes de risco e fornecer resultados das taxas de
infecção para os médicos e, conseqüentemente, reduzir as taxas de ISC (33).
Outro tipo de estratificação de risco para ISC usada tem sido com relação ao tipo de
hospital e serviço cirúrgico. O sistema NNIS do CDC, entre 1980 e 1982, categorizou os
hospitais participantes pelo tamanho e associação com escola médica, sendo: o
universitários, universitários pequenos (<500 leitos) e universitários grandes (> 500 leitos)
e o sistema NNIS registrou as taxas de ISC de 4,6; 6,4 e 8,2 por mil altas, respectivamente
(33). Essas foram taxas brutas, não ajustadas para diferentes tipos de pacientes admitidos
para cada categoria do NNIS. As taxas de ISC também variam com o tipo de serviço
cirúrgico, sendo encontradas maiores taxas de infecções em cirurgias cardíacas (2,5
infecções por 100 altas), seguido pela cirurgia geral (1,9 infecções por 100 altas) e cirurgias
de queimados/trauma (1,1 infecções por 100 altas) (33).
4
II-
III- OBJETIVOS
III.1- Objetivo principal
- Reavaliar a estratificação de risco intrínseco para infecções do sítio cirúrgico segundo o
potencial de contaminação proposta pela National Academy of Sciences (NAS) e National
Research Council (NRC) (9) dos EUA em 1964, e validada pelos estudos de Cruse e Foord
(10) nas condições de assistências atuais.
III.2- Objetivos secundários
- Avaliar a contribuição das diversas estratégias de vigilância epidemiológica para o
diagnóstico de ISC.
- Comparar os resultados aqui encontrados com os de estudos anteriores.
- Registrar a incidência de infecção encontrada para estabelecer uma referência que
possibilite comparações futuras.
4
IV- MÉTODO
IV.1- Desenho metodológico
Este é um estudo epidemiológico observacional, uma coorte histórica aberta, onde foram
estudados pacientes submetidos à procedimentos cirúrgicos, todos considerados o
portadores do evento estudado, no caso, infecção do sítio cirúrgico no início da coleta de
dados. A variável de exposição considerada para estudo foi, portanto, o potencial de
contaminação das feridas cirúrgicas e a variável de interesse (ocorrência do evento) o
desenvolvimento de ISC até 30 dias após a cirurgia. Neste estudo , o processo de
recrutamento dos pacientes foi considerado aberto permitindo a entrada de pacientes em
fluxo contínuo, mesmo após início do estudo. Foi considerado não-concorrente ou histórico
uma vez que os dados da exposição e do evento eram conhecidos antes do início do estudo
pelos registros previamente existentes. A seleção e a classificação dos pacientes tiveram o
início e a finalização do seu acompanhamento antes do início da pesquisa, ou seja, o
desenvolvimento da pesquisa e a evolução dos fatos que a motivaram ocorreram em
momentos diferentes.
IV.2- Local
Trata-se de um estudo multicêntrico, pela análise de um banco de dados de pacientes
cirúrgicos submetidos a vigilância epidemiológica para prevenção de infecção nas
instituições participantes. A pesquisa foi realizada em quatro hospitais de Belo Horizonte e
região metropolitana, todos categorizados como hospitais não-universitários pequenos (33)
e que prestam serviços médicos à uma clientela particular e conveniada. Após anuência
4
destas instituições o serviço de controle de infecção cedeu cópia dos registros eletrônicos
relativos às cirurgias realizadas para utilização neste estudo.
IV.3- População e amostra
A pesquisa foi realizada com dados coletados de janeiro de 1993 a julho de 2006, pelo
Serviço de Controle de Infecção Hospitalar das instituições participantes do estudo. Foram
incluídos todos os pacientes admitidos em cada instituição participante durante esse período
do estudo e submetidos a procedimento cirúrgico NNIS.
A unidade de análise utilizada foi cada procedimento cirúrgico realizado, que um
paciente pode ter sido submetido a mais de um procedimento cirúrgico durante a
hospitalização. O tamanho da amostra estudada foi considerado representativo da
população e suficiente para dar consistência às análises efetuadas e generalizações para
populações similares.
IV.4- Vigilância Epidemiológica
Os pacientes cirúrgicos foram acompanhados durante a internação hospitalar com visitas
periódicas realizadas por médicos e enfermeiras treinados nos critérios usados neste estudo.
Criou-se um banco de dados com as informações contidas no Protocolo de Denominador
Cirúrgico utilizado pelo serviço de controle de infecção (Anexo I).
A vigilância intra-hospitalar baseou-se nas “pistas de ISC” obtidas :
- nos protocolos de resultado de cultura (Anexo II), enviados rotineiramente pelo
laboratório de microbiologia à CCIH.
- nos protocolos de pedido de antimicrobianos (Anexo III), preenchidos obrigatoriamente
pelo médico assistente toda vez que um paciente utilizou estas drogas e diariamente
encaminhados à CCIH para auditoria do uso de antimicrobianos. Os pedidos de antibiótico
foram avaliados pela auditoria de antimicrobianos visando a sua adequação e uso racional.
Mediante as suspeitas de ISC, realizou-se a leitura do prontuário do paciente e a inspeção
direta da ferida cirúrgica para confirmação do diagnóstico de ISC. Como forma adicional
de detecção de casos utilizou-se a comunicação informal dos profissionais que assistem o
paciente, possibilitada pela constante presença da equipe da CCIH nas diversas clínicas
cirúrgicas.
4
A vigilância extra-hospitalar se deu através do contato telefônico domiciliar com
informações cedidas pelo paciente ou familiar. Sendo o primeiro contato telefônico feito no
trigêsimo dia após a cirurgia. Durante o contato telefônico foram feitas várias perguntas
relacionadas à recuperação do paciente e estado da ferida cirúrgica (direcionadas
principalmente à cicatrização e sinais de infecção) para identificação de casos de infecção.
Em caso de resposta afirmativa , classificou-se o caso como infecção. Caso o paciente não
tivesse sido contatado após três tentativas ou não pôde ser localizado (casos de telefone
errado, caixa postal, etc) considerou-se como acompanhamento perdido e o caso foi
encerrado. Para poucos casos a notificação de ISC foi feita por carta resposta endereçada ao
paciente.
As ISC foram detectadas através do uso concomitante de diversas estratégias de vigilância
epidemiológica, utilizando-se métodos passivos ou ativos, prospectivos e diários, durante a
hospitalização ou readmissão hospitalar do paciente (vigilância intra-hospitalar) e após a
alta do paciente (vigilância extra-hospitalar). A detecção de ISC, realizada através da
vigilância epidemiológica, foi feita por busca ativa, por membro da Comissão de Controle
de Infecção Hospitalar (CCIH) ou de forma passiva (por pessoa o ligada à CCIH). A
notificação de ISC foi realizada por meio do Protocolo de Notificação de Infecção (Anexo
IV). As variáveis de interesse, exceto ISC, foram preenchidas no bloco cirúrgico, durante o
ato operatório, pelo cirurgião e/ou anestesiologista. A enfermeira da CCIH confrontou os
dados do protocolo de denominador cirúrgico (Anexo I) com os registros do prontuário do
paciente avaliando a consistência dos dados e complementando as lacunas existentes.
IV.5- Critérios de inclusão e exclusão
Foram elegíveis para o estudo pacientes submetidos à procedimentos cirúrgicos NNIS
realizados sob regime de internação hospitalar, considerando o procedimento que o
paciente:
- é levado ao bloco cirúrgico;
- sofre incisão em pele ou mucosa e a incisão, que é fechada antes do paciente deixar o
bloco cirúrgico;
- pode ser incluído em uma das categorias de procedimentos NNIS (Anexo V).
Foram excluídos os procedimentos diagnósticos, de aspiração ou cateterização.
4
IV.6- Definições
IV.6.1- Definição de Infecção do Sítio Cirúrgico
Foram utilizados os critérios do CDC (1992) (19) padronizados nas instituições
participantes deste estudo, segundo os seguintes critérios:
- Diagnóstico de infecção incisional superficial
Constituído por dois critérios principais mais um secundário.
Critério Principal:
1- Infecção que ocorre nos primeiros 30 dias de pós-operatório;
2- Infecção que envolve somente a pele ou tecido celular subcutâneo da incisão cirúrgica.
Critérios Secundários:
1- drenagem purulenta da incisão superficial;
2- cultura positiva de secreção ou biópsia da incisão superficial;
3- abertura deliberada da incisão superficial pelo cirurgião e presença de pelos menos um
dos seguintes sinais ou sintomas de infecção: dor ou hipersensibilidade local, tumefação
localizada, eritema, calor local . Não considera se a cultura for negativa;
4- diagnóstico de infecção superficial feito pelo cirurgião ou médico assistente.
Não foram consideradas como infecções superficiais: inflamação restrita aos pontos de
sutura e à incisão de drenos; infecção de episiotomia ou de circuncisão no recém-nascido
(desconsideradas procedimento cirúrgico NNIS) ; queimaduras e infecção da cicatriz
conseqüente extensa aos planos mais profundos.
- Diagnóstico de infecção incisional profunda
Constituída por dois critérios principais mais um secundário
Critério Principal:
1- Infecção que ocorre nos primeiros 30 dias de s-operatório e se houver implante, até
um ano após a cirurgia;
2- Infecção que envolve tecidos moles e estruturas profundas da parede, a fáscia e a camada
muscular,
4
Critérios Secundários:
1- Drenagem purulenta de origem profunda no local da incisão, não relacionada a órgão ou
cavidade associado ao sítio cirúrgico;
2- Deiscência espontânea ou abertura deliberada da incisão pelo cirurgião, diante de pelo
menos um dos sinais ou sintomas: febre (> 38,0°C), dor ou hipersensibilidade local. Não
considerar quando a cultura da incisão for negativa;
3- Presença de abscesso ou outra evidência de infecção de tecidos profundos, observado ao
exame direto, durante a reoperação ou através de exames histopatológicos ou radiológicos;
4- Diagnóstico de infecção incisional profunda feito pelo cirurgião ou médico assistente.
- Diagnóstico da infecção em órgão ou cavidade
Constituído de dois critérios principais mais um secundário.
Critério Principal:
1- Infecção nos primeiros 30 dias de pós-operatórios e até um ano após implante.
2- Infecção que envolve qualquer parte da anatomia do corpo (excluindo incisão da pele,
fáscia ou músculos) aberta ou manipulada durante o procedimento cirúrgico.
Critérios Secundários:
1- Drenagem purulenta proveniente de dreno colocado dentro do órgão / cavidade;
2- Cultura positiva de secreção ou biópsia de tecido do órgão ou cavidade;
3- Presença de abscesso ou outra evidência de infecção envolvendo o órgão / cavidade pelo
exame direto, durante uma reoperação ou pelos exames histológicos ou radiológicos;
4- Diagnóstico de infecção feito pelo cirurgião ou médico assistente.
As infecções de órgão e cavidade são classificadas quanto ao sítio envolvido (Anexo VI).
IV.6.2- Diagnóstico extra-hospitalar de Infecção do Sítio Cirúrgico
O diagnóstico de ISC feito após a alta hospitalar foi realizado através de contato telefônico,
por enfermeiras treinadas para esta atividade, sendo utilizados os mesmos critérios da
vigilância intra-hospitalar (11). Durante a entrevista com o paciente foram questionadas
situações relativas à presença de: drenagem purulenta pela incisão; dor ou sensibilidade
local, tumefação, rubor ou calor; estado de cicatrização da ferida (i.e., fechamento sem
complicações, deiscência espontânea ou abertura deliberada pelo cirurgião por suspeita de
ISC); febre constatada por termômetro; se o paciente foi reinternado ou recebeu diagnóstico
5
e/ou tratamento com antibiótico por diagnóstico de ISC feito pelo médico assistente durante
seguimento pós-operatório. Não sendo observada a presença desses critérios registrou-se o
caso como ausência de ISC. Em caso de reinternação na mesma instituição onde a cirurgia
foi realizada, o paciente foi acompanhado pela equipe da CCIH para definição da
profundidade da infecção (i.e., incisional profunda ou órgão/cavidade). Em caso de
reinternação em outra instituição, foi tentado o contato telefônico com o médico ou
instituição assistente para confirmação do diagnóstico e encerramento do caso, apesar da
dificuldade da realização sistemática de tais contatos.
IV.6.3- Classificação ASA
A classificação da condição do paciente de acordo com a American Society
Anesthesiologists-ASA é padronizada com pontuação de 1 a 5 de acordo com o estado de
saúde do paciente, estratificando a gravidade da doença para todo paciente submetido à
anestesia geral. Essa medida é feita à princípio para cirurgias e leva em consideração uma
variedade de fatores do paciente que estão diretamente relacionados ao risco de infecção,
incluindo idade, estado nutricional, presença de doenças sistêmicas (38). Esta classificação
considera o estado clínico do paciente, de acordo com a presença de:
1- higidez .
2- doença sistêmica discreta, controlada.
3- doença sistêmica grave que requer assistência médica, com limitação de atividade.
4- doença sistêmica extremamente grave com risco de morte, incapacitante.
5- impossibilidade terapêutica, paciente moribundo.
IV.6.4- Classificação segundo o potencial de contaminação
1- Limpa, se a cirurgia for: eletiva; primariamente fechada; não traumática e nem
infectada; sem inflamação; não drenada; sem falha da técnica asséptica; nem penetração
nos tratos respiratório, gastrointestinal, geniturinário ou cavidade orofaríngea;
2- Potencialmente contaminada, se a cirurgia ocorrer com: penetração controlada dos
tratos respiratório, gastrointestinal ou genitunário e sem contaminação não-usual; casos de
apendicectomia (sem necrose ou perfuração); penetração em orofaringe, trato biliar, vagina
sem evidência de infecção; quando, em cirurgias limpas, ocorrem falhas menores na técnica
asséptica; presença de dreno;
5
3- Contaminada, quando apresenta: feridas traumáticas, abertas, recentes (menos de 6
horas); contaminação grosseira da ferida cirúrgica a partir do trato gastrointestinal;
penetração em trato geniturinário ou trato biliar infectados; falha maior na técnica
asséptica;
4- Infectada, quando há: ferida traumática, aberta, antiga (mais de 6 horas); presença de
tecidos desvitalizados, corpos estranhos, contaminação fecal e pus.
Neste estudo, além da definição acima citada, usou-se o potencial de contaminação
considerado ideal, definido como grau de contaminação prévio à cirurgia e sem levar em
conta possíveis quebras da técnica asséptica (14). O grau de contaminação bacteriana
utilizado na metodologia NNIS é definido após a cirurgia, contemplando assim quebras
na técnica asséptica provocadas pelo cirurgião durante a cirurgia (16).
IV.6.5- Índice de Risco de Infecção Cirúrgica (IRIC)
É formulado com base na duração da cirurgia, na condição geral do paciente (ASA) e no
potencial de contaminação da ferida operatória. O IRIC varia de 0 a 3 e corresponde ao
número de fatores de risco presentes e indica, em ordem crescente, o grau de risco de
desenvolvimento de infecção. Para determinação do IRIC o procedimento cirúrgico recebe
um ponto em cada uma das situações especificadas:
a) cirurgia com duração maior que o percentil 75 especificada na tabela de duração das
cirurgias proposta pelo NNIS;
b) paciente com ASA 3, 4 ou 5;
c) cirurgia classificada como contaminada ou infectada (90).
IV.6.6- Procedimentos múltiplos e infecções múltiplas
O mesmo paciente pode ter sido submetido a mais de um procedimento cirúrgico, neste
caso os procedimentos cirúrgicos múltiplos simultâneos podem utilizar a mesma incisão ou
incisões distintas. No caso de incisões distintas o potencial de contaminação considerado
foi aquele próprio do procedimento. No uso da mesma incisão considerou-se aquele
potencial de maior contaminação. Com relação à infecção, quando esta envolveu mais de
um plano anatômico (incisional superficial, incisional profundo ou órgão/cavidade), foi
considerada a infecção mais profunda e que, freqüentemente era de maior gravidade.
5
IV.7- Variáveis coletadas e instrumentos de coleta
O planejamento do sistema de vigilância epidemiológica das CCIHs das instituições
estudadas baseou-se nas recomendações do NNIS/CDC e a base de dados utilizada neste
estudo foi derivada deste sistema, incluindo as variáveis indicadas para vigilância do
componente cirúrgico. Foram utilizados como instrumento de coleta de dados os Protocolo
de denominador cirúrgico (Anexo I), Protocolo de resultado de cultura (Anexo II), Registro
de controle de uso de antibióticos (Anexo III), Protocolo de notificação de infecção
hospitalar (Anexo IV). Foram coletados os dados abaixo relacionados:
1- Número de procedimentos: quantidade de procedimentos cirúrgicos realizados em cada
paciente..
2- Idade: idade do paciente em anos (A), meses (M) e dias (D).
3- Sexo: categorias: M (masculino) e F (feminino)
4- Tipo de cirurgia: foi classificada de acordo com a premência ou não da sua realização
(agendamento), considerando como cirurgia eletiva aquela na qual foi possível um preparo
pré-operatório adequado (ótimo) do paciente. Categoria: eletiva (E), trauma (T) e urgência
(U).
5- Tipo de ferida: classificada por seu potencial de contaminação com base no grau de sua
contaminação antes da cirurgia (o considerando possíveis falhas das técnicas assépticas)
e realizada por membro da CCIH; sendo: limpa (L), potencialmente contaminada (PC),
contaminada (C) e infectada (I).
6- Risco cirúrgico (ASA): correspondeu a classificação da condição geral do paciente que
se submeteu à cirurgia (estado clínico e gravidade da doença de base), avaliado por ocasião
do período pré-operatório imediato, feita pelo anestesista, utilizando os critérios propostos
pela American Society of Anesthesiologists (ASA), sendo utilizado ASA 1, ASA 2, ASA 3,
ASA 4 e ASA 5 (com números arábicos para facilidade de análise).
7- Infecção: sua classificação obedeceu aos critérios do CDC, segundo a metodologia
NNIS descrita anteriormente, definindo a presença ou não de infecção. Foi categorizada
como: S (sim) e N (não).
5
8- Método de detecção da infecção (intra e extra-hospitalar): foi determinada pela forma
como o diagnóstico foi realizado, seja por: telefone, carta resposta, pedido de antibiótico,
resultado de cultura, aviso do médico.
9-Contato telefônico: se houve contato domiciliar por telefone ou não. Categoria: S (sim) e
N (não).
10- Índice de Risco de Infecção Cirúrgica (IRIC): formulado com base na duração da
cirurgia, na condição geral do paciente (ASA) e no potencial de contaminação da ferida
operatória. Categorias: nenhum fator presente (Grau 0), um dos fatores presentes (Grau 1),
dois fatores presentes (Grau 2) e três fatores presentes (Grau 3).
11- Procedimento cirúrgico realizado: correspondeu à categorização estabelecida de
acordo com os procedimentos realizados e registrados no boletim operatório (Anexo V).
12- Classificação das infecções por sítio cirúrgico: conforme o item IV.6.1 e Anexo IV.
13- Foram coletados também dados relativos ao paciente e ao ato operatório como tipo de
anestesia, código do cirurgião e do anestesista, número no Conselho Regional de Medicina,
data da cirurgia, data de nascimento do paciente, tempo de duração da cirurgia e outros
dados que não foram utilizados neste estudo.
IV.8 Práticas de controle de infecção hospitalar
Os pacientes submetidos à procedimentos cirúrgicos, quando necessário, receberam
profilaxia antibiótica, conforme prescrição do dico assistente ou seguindo esquema
profilático sugerido pelas instituições (Anexo VII). Nas instituições aqui estudadas as
rotinas de controle de infecção encontram-se formalmente definidas e implantadas através
de rotinas escritas e também treino da equipe multidisciplinar e garantidas por auditoria
regular (49).
IV.9- Análise Estatística
Os programas utilizados nas análises estatísticas foram o SPSS 11.0 e Epi Info 6.0.
Foi comparado risco entre a população exposta e a probabilidade de ocorrência de um
evento particular. Procurou verificar se o risco de ISC em toda população de pacientes
submetidos à cirurgia no mesmo estrato de potencial de contaminação (sendo feridas
5
limpas, potencialmente contaminadas, contaminadas e infectadas) é igual, independente do
grau de contaminação da ferida.
Com o objetivo de verificar a existência de diferença entre duas proporções, utilizou-se o
teste qui-quadrado. Foram também calculadas razões de chances para verificar o risco de
um grupo de paciente sobre o outro, pois além de avaliar a existência de associação entre
ISC e o potencial de contaminação da ferida, permite quantificá-la. Para todos os testes foi
utilizado um nível de significância de 5%, com confiança desejada de 95%.
IV.10- Concordância para realização da pesquisa e aspectos éticos
Este projeto de pesquisa foi submetido à avaliação pelas instituições hospitalares
envolvidas, através do Comitê de Ética em Pesquisa ( quando existente) ou da Diretoria
Clínica. Contou com a anuência da Câmara Departamental da Clínica Médica e do
Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde: Infectologia e Medicina
Tropical da Faculdade de Medicina da UFMG, recebendo aprovação do Comitê de Ética
em Pesquisa da UFMG (COEP-UFMG). Trata-se de banco de dados multicêntrico de
pacientes submetidos a vigilância epidemiológica para prevenção de infecção nas
instituições participantes, sendo analisados dados secundários. Este tipo de atividade é
obrigação legal dos hospitais, regida pela Portaria 2616/GM, de 12/05/1998, do Ministério
da Saúde que expede diretrizes e normas para prevenção e controle de infecções
hospitalares (IH) e seus anexos (AnexoII- Conceitos e Critérios para Diagnósticos das
Infecções Hospitalares e Classificação de Cirurgias por Potencial de Contaminação da
Incisão Cirúrgica). O Programa de Controle de Infecção Hospitalar deve compor-se das
ações mínimas necessárias para a redução da incidência e gravidade das infecções
hospitalares. Os pesquisadores se comprometem a respeitar todas as normas da resolução
196, de 10 de outubro de 1996 do Conselho Nacional de Saúde que regulamenta as
pesquisas envolvendo seres humanos.
5
V- RESULTADOS
Neste primeiro momento fez-se análise descritiva das variáveis coletadas no banco de
dados. Os resultados foram dispostos em tabelas de freqüência absoluta e porcentagens
A Tabela 1 descreve a participação de cada um dos hospitais neste estudo.
Tabela 1. Distribuição dos pacientes por instituição participante do estudo.
HOSPITAL
FREQUÊNCIA PORCENTAGEM(%)
1 122695 50,1
2 75287 30,7
3 26076 10,6
4 20821 8,6
TOTAL 244879 100,0
Os dados relativos à idade se encontravam incompletos no banco de dados da CCIH,
ficando difícil a complementação dos dados inexistentes. Isto explica o alto percentual de
perda de dados nesta amostra (58,4%). Na Tabela 2 as idades foram categorizadas por
décadas para simplificar e facilitar o entendimento, observando-se maior número de
pacientes cirúrgicos entre 20 e 49 anos, com percentuais de 20 a 29 anos (20,5%), 30 a 39
anos (27,9%) e de 40 a 49 anos (18,5%), totalizando 66,9% dos pacientes. Na Tabela 3
nota-se pequeno percentual de pacientes cirúrgicos pediátricos (3,8%) em relação ao total
da amostra.
_________________________________________________________________________
Tabela 2. Distribuição dos pacientes conforme a faixa etária, estudados quanto ao
risco de ISC em vários hospitais de Belo Horizonte, Minas Gerais, no período entre
janeiro de 1993 e julho de 2006.
5
IDADE FREQUÊNCIA PORCENTAGEM(%)
0 a 9 anos 2826 2,8
10 a 19 anos 6479 6,4
20 a 29 anos 20878 20,5
30 a 39 anos 28361 27,9
40 a 49 anos 18880 18,5
50 a 59 anos 11150 11,0
60 a 69 anos 7112 7,0
70 a 79 anos 4274 4,2
80 a 89 anos 1490 1,5
90 ou mais 211 0,2
TOTAL 101661 100,0
Perda 143218 58,4
Tabela 3. Distribuição da freqüência de pacientes pediátricos e adultos.
IDADE FREQUÊNCIA PORCENTAGEM(%)
Menor ou igual 12 anos 3856 3,8
Maior de 12 anos 97805 96,2
TOTAL 101661 100,0
Perda 143218 58,4
Neste estudo houve predominância de pacientes do sexo feminino (75,4%) em relação ao
masculino (24,6%), conforme observado na Tabela 4. A variável sexo estava incompleta
no banco de dados, havendo grande perda amostral de 55,2%.
Tabela 4. Distribuição dos pacientes quanto ao sexo
SEXO FREQUÊNCIA PORCENTAGEM(%)
Feminino 82901 75,4
Masculino 27001 24,6
TOTAL 109902 100,0
Perda 134977 55,2
A Tabela 5, classifica as feridas segundo o potencial de contaminação, revela percentual
elevado de cirurgias (95,6%), considerado como tendo menor grau de contaminação,
englobando as classificadas como limpas (36,1%) e potencialmente contaminadas (59,5%).
As cirurgias contaminadas contribuíram com 3,5% e as infectadas com 0,9%. Houve perda
amostral pequena, 119 casos (0,0%), devido ao fato desta classificação ser realizada pela
equipe da CCIH, baseando no potencial de contaminação “ideal”.
Tabela 5. Distribuição quanto ao potencial de contaminação das feridas operatórias.
TIPO DE FERIDA FREQUÊNCIA PORCENTAGEM(%)
Limpa 90024 36,1
5
Potencialmente Contaminada 148294 59,5
Contaminada 8727 3,5
Infectada 2293 0,9
TOTAL 249338 100,0
Perda 119 0,0
Nos procedimentos cirúrgicos estudados foram identificados 8568 casos de infecção
durante o período estudado, gerando uma taxa de infecção global de 3,4% (Tabelas 6 e 7).
Das infecções detectadas, 6641 foram ISC, representando 77,5% das infecções, produzindo
taxa de ISC de 2,7%. As demais infecções ocorreram em outros sítios (22,5%), produzindo
uma taxa de 0,8%.
Tabela 6. Distribuição quanto a presença de infecção.
INFECÇÃO FREQUÊNCIA PORCENTAGEM(%)
Presente 8568 3,8
Ausente 218823 96,2
TOTAL 227391 100,0
Perda 22066 8,8
Tabela 7. Distribuição das infecções quanto ao sítio envolvido.
SÍTIO FREQUÊNCIA PORCENTAGEM(%)
Infecção do sítio cirúrgico 6641 77,5
Infecção em outros sítios 1927 22,5
TOTAL 8568 100,0
Foram encontradas taxas de ISC em 2,4% das cirurgias limpas, 2,6% em potencialmente
contaminadas, 4,9% em contaminadas e 8,2% em infectadas (Tabela 8).
Tabela 8. Taxa de Infecção do sítio cirúrgico por potencial de contaminação.
TIPO DE FERIDA NÚMERO DE ISC Nº DE PROCEDIMENTOS TAXA DE ISC
Limpa 2139 90024 2,4
Potencialmente 3883 148294 2,6
Contaminada
Contaminada 430 8727 4,9
Infectada 189 2293 8,2
Total 6641 249338
A maior parte das ISC foi diagnosticada como incisional superficial (79,2%) e as infecções
incisionais profundas e de órgão/cavidade foram pouco freqüentes contribuindo, com 8,0%
e 12,8%, respectivamente (tabela 9). Das 6641 ISC diagnosticadas, envolveram: um único
5
sítio, 6586 (99,2%); um segundo sítio, 55 (0,8%) e em 2 casos (0,0%) um terceiro sítio
(Tabela 10).
Tabela 9. Distribuição das ISC segundo a topografia.
TOPOGRAFIA FREQUÊNCIA PORCENTAGEM(%)
Superficial incisional 5261 79,2
Superficial profunda 530 8,0
Órgão/cavidade 850 12,8
TOTAL 6641 100,0
Tabela 10. Distribuição das ISC quanto a quantidade de sítios envolvidos.
Número de sítios Número de ISC Percentual(%)
Um único sítio 6584 99,2
Dois sítios 55 0,8
Mais de dois sítios 02 0,0
Total 6641 100,0
Dos métodos utilizados para detecção de infecção (Tabela 11) o contato telefônico foi o
mais usado contribuindo com 70,4% dos diagnósticos e a carta-resposta somente com
0,3%. Esses métodos são considerados como forma de detecção de infecção extra-
hospitalar. Com relação à forma de detecção de infecção intra-hospitalar, a análise das
pistas como pedido de antibióticos e resultado de cultura, contribuíram com 10,3% e 2,4%,
respectivamente. A leitura de prontuário (9,4%), aviso médico (3,7%) e outra forma de
detecção não especificada (3,5%) foram outros métodos usados para identificar infecções
enquanto o paciente estava internado. Houve perda amostral destas informações de 0,8%.
Do total dos diagnósticos de ISC, 29,4% foram feitos enquanto o paciente estava
hospitalizado (intra-hospitalar) e 70,6% após a alta hospitalar do paciente (extra-hospitalar)
(Tabela 12). O contato telefônico foi o principal método de detecção de ISC (68,4%),
seguido pela busca ativa (10,4%) e pedido de antibiótico (10,1%) (Tabelas 13 e 14).
Observou-se, novamente, maior percentual de detecção de ISC extra-hospitalar, quando
68,6% das ISC foram detectadas após a alta (extra-hospitalar) e 31,4% durante a
hospitalização do paciente (intra-hospitalar). Houve perda amostral de 1,2%.
Tabela 11. Distribuição pelo método de detecção das infecções do sítio cirúrgico ...
Método Freqüência Porcentagem(%)
5
Telefone 5983 70,4
Carta-resposta 24 0,3
Pedido de antibiótico 876 10,3
Resultado de cultura 205 2,4
Busca ativa 803 9,4
Aviso médico 316 3,7
Outro 296 3,5
TOTAL 8503 100,0
Perda 65 0,8
Tabela 12. Distribuição pela forma de detecção das infecções intra e extra-hospitalar.
Detecção Freqüência Porcentagem(%)
Intra-hospitalar 2496 29,4
Extra-hospitalar 6007 70,6
TOTAL 8503 100,0
Perda 65 0,8
Tabela 13 Distribuição do método de detecção para as ISC ...
Método Freqüência Porcentagem(%)
Telefone 4484 68,4
Carta-resposta 22 0,3
Pedido de antibiótico 665 10,1
Resultado de cultura 149 2,3
Busca ativa 682 10,4
Aviso médico 278 4,2
Outro 284 4,3
TOTAL 6564 100,0
Perda 77 1,2
Tabela 14 . Distribuição da detecção das ISC (intra e extra-hospitalar) ...
Detecção Freqüência Porcentagem(%)
Intra-hospitalar 2058 31,4
Extra-hospitalar 4506 68,6
TOTAL 6564 100,0
Perda 77 1,2
A detecção de ISC extra-hospitalar e intra-hospitalar para cirurgias limpas, potencialmente
contaminadas, contaminadas e infectadas foi de 19,0 e 13,6%; 46,1 e 12,2%; 3,0 e 3,6% e
0,8 e 2,0%, respectivamente(Tabelas 15, 16 e 16-A).
6
Tabela 15. Contribuição de cada método de detecção segundo o potencial de
contaminação para o total de infecções .
Detecção
Tipo de ferida
Limpa
Pot. Com-
taminada
Conta-
minada
Infectada
Total
(%)
Telefone 1381 4341 206 57
5985
(70,3)
Carta resposta 5 15 3 1 22(0,3)
Pedido de antibiótico 409 322 92 55
878
(10,4)
Resultado de cultura 87 69 33 16
205
(2,4)
Busca ativa 322 347 96 37
802
(9,4)
Aviso médico 145 125 29 16
315
(3,7)
Outro 118 150 16 12
296
(3,5)
Total
2465
(29,0%)
5369
(63,1%)
475
(5,6%)
194
(2,3%)
8503
(100,0)
Perda: 65 casos.
Tabela 16. Contribuição de cada método por potencial de contaminação para ISC
Detecção
Tipo de ferida
Limpa
Pot. con-
taminada
Conta-
minada
Infectada
Total
Telefone 1235 3010 187 52
4484
(68,3)
Carta resposta 5 13 3 1 22(0,3)
Pedido de antibiótico 313 225 78 49
665
(10,2)
Resultado de cultura 67 35 31 16 149
6
(2,3)
Busca ativa 261 302 83 37
682
(10,4)
Aviso médico 138 95 29 16
278
(4,2)
Outro 112 144 16 12
284
(4,3)
Total
2131
(32,5%)
3824
(58,2%)
427
(6,6%)
183
(2,7%)
6564
(100,0)
Perda: 77 casos
Tabela 16-A. Contribuição de cada método por potencial de contaminação em
ISC(intra e extra-hospitalar).
Tipo de ferida ISC Total
Nº ISC detectada Nº ISC detectada
Intra-hospitalar(%) extra-hospitalar(%)
Limpa 891(41,8) 1240(58,2) 2131
Potencialmente 801(21,0) 3023(79,1) 3824
contaminada
Contaminada 237(55,5) 190(44,5) 427
Infectada 130(71,0) 53(29,0) 183
Total 2058(31,4) 4506(68,6) 6564
O método extra-hospitalar detectou 62,7% das ISC incisionais superficiais, 2,9% das
incisionais profundas e 3,0% das ISC de órgão/cavidade. O método intra-hospitalar
diagnosticou 16,6% das infecções superficiais, 5,0% das profundas e 9,8% em
órgão/cavidade (Tabelas 17 e 17- A).
Tabela 17. Contribuição de cada método de detecção de ISC por topografia.
Detecção
Sítio
Superficial Profunda
Órgão/
Cavidade
Total
Telefone 4096 191 197 4484
Carta resposta 22 0 0 22
Pedido de antibiótico 292 121 251 664
Resultado de cultura 59 22 68 149
Busca ativa 333 113 237 683
Aviso médico 132 65 81 278
Outro 267 8 9 284
6
Total 5201 520 843 6564
Perda: 77 casos
Tabela 17-A. Contribuição de cada método de detecção de ISC por topografia( intra e
extra-hospitalar).
Detecção
Sítio
Superficial Profunda
Órgão/
Cavidade
Total
Extra-hospitalar 4118(79,2) 191(36,7) 197(23,4) 4506
Intra-hospitalar 1083(20,8) 329(63,3) 646(76,6) 2058
Total 5201(79,2) 520(8,0) 843(12,8) 6564
Devido a importância de uma vigilância após a alta para obtenção de taxas de ISC
fidedignas, evitando a subestimação de taxas de infecção, todas as instituições estudadas
utilizaram o contato telefônico domiciliar após 30 dias da realização da cirurgia como
principal método de detecção de infecção extra-hospitalar. O contato telefônico após a alta
foi realizado em 52,0% dos pacientes, pelas enfermeiras das CCIHs. Em 48,0% dos casos
esse contato não pôde ser efetivado (Tabela 18).
Tabela 18. Distribuição dos pacientes contatados por telefone após a alta hospitalar.
Contato telefônico Freqüência Porcentagem(%)
Sim 127298 52,0
Não 117581 48,0
TOTAL 244879 100,0
Os procedimentos cirúrgicos realizados foram classificados nas categorias de
procedimentos NNIS, juntamente com o percentual de participação de cada um no conjunto
de cirurgias realizadas (Tabela 19).
6
Tabela 19. Distribuição quanto às categorias dos procedimentos.
Procedimento Freqüência de Freqüência
Procedimentos(%) em pacientes(%)
AMP(amputação) 532(0,2) 528(0,2)
APC(apendicectomia) 3022(1,2) 2992(1,2)
BILI(fígado, via biliar) 253(0,1) 195(0,1)
CARD(cirurgia cardíaca) 770(0,3) 763(0,3)
CES(cesareana) 64469(25,8) 64455(26,3)
COL(colecistectomia) 2761(1,1) 2600(1,1)
COLO(cirurgia de colon) 1589(0,6) 1561(0,6)
CP(cabeça e pescoço) 760(0,3) 758(0,3)
CRAN(craniotomia) 1548(0,6) 1547(0,6)
CV(cirurgia vascular) 16738(6,7) 16719(6,8)
ESPL(esplenomegalia) 12(0,0) 12(0,0)
EXP(enxerto de pele) 657(0,3) 606(0,3)
FUSE(fusão espinhal) 110(0,0) 97(0,00
GAST(cirurgia gástrica) 3040(1,2) 2998(1,2)
HER(herniorrafia) 8007(3,2) 7738(3,2)
HIST(histerectomia) 9598(3,8) 9535(3,9)
HISTA(histerectomia abdominal) 2539(1,0) 2528(1,0)
HISTV(histerectomia vaginal) 946(0,4) 940(0,4)
ID(intestino delgado) 392(0,1) 331(0,1)
LAM(laminectomia) 902(0,4) 796(0,4)
LAP(laparotomia) 2326(0,9) 2202(0,9)
MAST(mamoplastia, excisão de lesão de mama) 11691(4,7) 11618(4,6)
NEF(nefrectomia) 338(0,1) 323(0,1)
OACV(outras do sist. Cardiovascular) 701(0,3) 697(0,3)
OART(artroplastias não de quadril e joelho) 607(0,2) 475(0,2)
OGU(outras do sist. Geniturinário) 23335(9,4) 21275(8,7)
OLH(outras do sist. linfático e hematopoético) 605(0,2) 424(0,2)
OME(outras do sist. muscoesquelético) 12367(4,9) 11753(4,9)
OO(outras do olho) 1743(0,7) 1732(0,7)
OONBFG(outras ouvido,boca,far.,garganta) 5542(2,2) 5494(2,2)
OPO(outros proced. Obstétricos) 244(0,0) 239(0,0)
OSE(outras do sist. endócrino) 585(0,2) 578(0,2)
OSN(outras do sist. nervoso) 3376(1,4) 3324(1,4)
6
OSR(outras do aparelho respiratório) 99(0,0) 96(0,0)
OST(outras do sist. tegumentar) 13946(5,6) 13597(5,6)
OTGI(outras do trato digestivo) 977(0,4) 885(0,4)
PRO(prótese) 170(0,0) 170(0,0)
PROJ(joelho) 99(0,0) 99(0,0)
PROQ(quadril) 218(0,0) 216(0,0)
PRST(prostatectomia) 1127(0,4) 1091(0,4)
PV(parto vaginal) 26535(10,6) 26480(10,6)
RAF(redução aberta de fratura) 185(0,0) 184(0,0)
RVM(revascularização do miocárdio) 1180(0,5) 1154(0,5)
SV(shunt ventricular) 450(0,2) 449(0,2)
TOR(cirurgia torácica) 601(0,2) 593(0,2)
TXO(transplante de órgão) 45(0,0) 45(0,0)
VIDEOLAPAROSCOPIA
VARTR(videoartroscopia) 997(0,4) 995(0,4)
VAPC(videoapendicectomia) 580(0,2) 579(0,2)
VART 4237(1,7) 4160(1,7)
VBILI (via biliar,fígado) 2(0,0) 2(0,0)
VBRON(broncocospia) 4(0,0) 4(0,0)
VCIS(cistoscopia) 2253(0,9) 2224(0,9)
VCOL(videocolecistectomia) 3638(1,4) 3547(1,5)
VCOLO(colon) 184(0,0) 181(0,0)
VGAST(gástrica) 77(0,0) 76(0,0)
VGIN(ginecológica) 2201(0,8) 2188(0,9)
VHER (videoherniorrafia) 42(0,0) 41(0,0)
VHHI(videoherniorrafia iatal) 147(0,0) 138(0,0)
VHIS(videohisterectomia) 2368(0,9) 2364(0,9)
VID(intestino delgado) 2(0,0) 2(0,0)
VLAP(videolaparoscopia) 4686(1,9) 4633(1,9)
VOSE(outras do sist. endócrino) 2(0,0) 2(0,0)
VOSGU(outras do sist. geniturinário) 167(0,0) 166(0,0)
VOSN (outras do sist. nervoso) 2(0,0) 2(0,0)
VTOR(torácica) 107(0,0) 107(0,0)
Código não identificado 22(0,0) 22(0,0)
TOTAL 249457(100,0) 244326(100,0)
_________________________________________________________________________
Perda 553(0,2) 553(0,2)
Resultado dos testes estatísticos
Neste estudo observou-se que a taxa global de ISC foi de 2,7% e as taxas segundo o
potencial de contaminação das feridas operatórias foram de 2,4% para cirurgias limpas,
2,6% para potencialmente contaminadas, 4,9% para contaminadas e 8,2% para as
infectadas.
6
Realizou-se testes estatísticos para avaliar a influência do potencial de contaminação das
feridas operatórias na ocorrência de ISC. Foram comparados grupos independentes quanto
à proporção da ocorrência de ISC. No caso foi avaliado se as proporções de pacientes com
ISC diferiam significativamente entre os grupos com potencial de contaminação diferentes.
Todas as tabelas usadas para identificar as associações estatisticamente significantes ou não
estão disponibilizadas nas Tabelas 20 a 23.
Foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre a proporção de feridas
limpas com ISC e a proporção de feridas potencialmente contaminadas (p = 0,000). Feridas
potencialmente contaminadas têm 1,10 (RC) vez mais chance de ter ISC do que feridas
limpas (I.C. = [1,05;1,17]). Entre feridas potencialmente contaminadas e contaminadas (p =
0,000), RC=1,92, I.C. = [1,74;2,13]. Entre feridas contaminadas e infectadas (p = 0,000),
RC=1,74, I.C. = [1,45;2,08].
Tabela 20- Taxa de ISC por potencial de contaminação (tipo de ferida).
Tipo de ferida
ISC
Não Sim Total
N % n % N %
Limpa 87885 97,6 2139 2,4 90024 100,0
Potencialmente contaminada 144412 97,4 3882 2,6 148294 100,0
Contaminada 8298 95,1 429 4,9 8727 100,0
Infectada 2104 91,8 189 8,2 2293 100,0
Total 242699 97,3 6639 2,7 249338 100,0
Tabela 20-A Comparação entre as incidências de ISC nos diferentes estratos,
segundo a classificação pelo potencial de contaminação.
Tipo de ferida Razão de chance Valor de p I.C. Diferença estatística
L/PC 1,10 0,000 (1,05;1,17) Sim
L/C 2,12 0,000 (1,91; 2,36) Sim
L/I 3,69 0,000 (3,16; 4,31) Sim
PC/C 1,92 0,000 (1,74; 2,13) Sim
PC/I 3,34 0,000 (2,87; 3,89) Sim
C/I 1,74 0,000 (1,45; 2,08) Sim
L= Limpa; PC= Potencialmente contaminada; C= contaminada; I= Infectada.
6
Tabela 21- Razão de chances entre feridas limpas e potencialmente contaminadas.
Tipo de ferida
ISC
Não Sim Total
N % N % N %
Limpa 87885 97,6 2139 2,4 90024 100,0
Potencialmente contaminada 144412 97,4 3882 2,6 148294 100,0
Total 232297 97,5 6021 2,5 238318 100,0
Tabela 22- Razão de chances entre feridas potencialmente contaminadas e
contaminadas.
Tipo de ferida
ISC
Não Sim Total
N % N % N %
Potencialmente contaminada 144412 97,4 3882 2,6 148294 100,0
Contaminada 8298 95,1 429 4,9 8727 100,0
Total 152710 97,3 4311 2,7 157021 100,0
Tabela 23- Razão de chances entre feridas contaminadas e infectadas.
Tipo de ferida
ISC
Não Sim Total
N % N % N %
Contaminada 8298 95,1 429 4,9 8727 100,0
Infectada 2104 91,8 189 8,2 2293 100,0
Total 10402 94,4 618 5,6 11020 100,0
Foram também realizados testes para verificar a associação entre ISC segundo o potencial
de contaminação e o método de detecção das ISC ( intra-IH e extra-hospitalar-EH)
(Tabelas de 24 a 31). Foram encontradas: a taxa global para ISC detectada IH, 0,8% e para
EH, de 1,8%. Para ISC detectadas de forma IH: a taxa de ISC detectada em cirurgias
limpas = 1,0%; em cirurgias potencialmente contaminadas = 0,5%; em contaminadas =
2,7%; em infectadas = 5,7%. Foram encontradas diferenças estatisticamente significantes
entre a proporção de feridas limpas e potencialmente contaminadas (p = 0,000), RC=1,83,
I.C. = [1,67;2,02]. Entre feridas potencialmente contaminadas e contaminadas (p = 0,000),
RC=5,13 , I.C. = [4,43;5,94]. Entre feridas contaminadas e infectadas (p = 0,000), RC=2,14
, I.C. = [1,72;2,67]. Para ISC detectadas de forma EH: a taxa de ISC em cirurgias limpas
6
foi de 3,2%; em cirurgias potencialmente contaminadas de 3,6%; em contaminadas de
5,8%; em infectadas de 8,0%.
Nos testes realizados foi verificada diferença estatisticamente significante entre a proporção
de feridas limpas e potencialmente contaminadas (p = 0,002), RC=1,11, I.C. = [1,04;1,19).
Entre feridas potencialmente contaminadas e contaminadas (p = 0,000), RC=1,66 , I.C. =
[1,43;1,93]. Entre feridas contaminadas e feridas infectadas (p =0,032), RC=1,41,I.C. =
[1,03;1,94].
Tabela 24- Taxa de ISC por potencial de contaminação e forma de detecção(intra-
hospitalar)
Tipo de ferida
ISC
Não Sim Total
N % N % N %
Limpa 89131 99,0 893 1,0 90024 100,0
Potencialmente contaminada 147488 99,5 806 0,5 148294 100,0
Contaminada 8489 97,3 238 2,7 8727 100,0
Infectada 2163 94,3 130 5,7 2293 100,0
Total 247271 99,2 2067 0,8 249338 100,0
Tabela 24-A Comparação entre as incidências de ISC nos diferentes estratos de
classificação pelo potencial de contaminação, segundo forma de detecção intra-
hospitalar.
Tipo de ferida Razão de chance Valor de p I.C. Diferença estatística
L/PC 1,83 0,000 (1,67;2,02) Sim
L/C 2,80 0,000 (2,40;3,23) Sim
L/I 6,0 0,000 (4,97;7,25) Sim
PC/C 5,13 0,000 (4,43;5,94) Sim
PC/I 11,0 0,000 (9,09;13,30) Sim
C/I 2,14 0,000 (1,72;2,67) Sim
L= Limpa; PC= Potencialmente contaminada; C= contaminada; I= Infectada.
Tabela 25- Razão de Chances por potencial de contaminação e forma de
detecção(intra-hospitalar) entre feridas limpas e potencialmente contaminadas.
Tipo de ferida
ISC
Não Sim Total
N % N % N %
Limpa 89131 99,0 893 1,0 90024 100,0
Potencialmente contaminada 147488 99,5 806 0,5 148294 100,0
Total 236619 99,3 1699 0,7 238318 100,0
6
Tabela 26- Razão de Chances por potencial de contaminação e forma de
detecção(intra-hospitalar) entre feridas potencialmente contaminadas e
contaminadas.
Tipo de ferida
ISC
Não Sim Total
N % N % N %
Potencialmente contaminada 147488 99,5 806 0,5 148294 100,0
Contaminada 8489 97,3 238 2,7 8727 100,0
Total 155977 99,3 1044 0,7 157021 100,0
Tabela 27- Razão de Chances por potencial de contaminação e forma de
detecção(intra-hospitalar) entre feridas contaminadas e infectadas.
Tipo de ferida
ISC
Não Sim Total
N % N % N %
Contaminada 8489 97,3 238 2,7 8727 100,0
Infectada 2163 94,3 130 5,7 2293 100,0
Total 10652 96,7 368 3,3 11020 100,0
Tabela 28- Taxa de ISC por potencial de contaminação e forma de detecção(extra-
hospitalar).
Tipo de ferida
ISC
Não Sim Total
N % N % N %
Limpa 37248 96,8 1240 3,2 38488 100,0
Potencialmente contaminada 81781 96,4 3029 3,6 84810 100,0
Contaminada 3101 94,2 191 5,8 3292 100,0
Infectada 609 92,0 53 8,0 662 100,0
Total 122739 96,5 4513 3,5 127252 100,0
Tabela 28-A Comparação entre as incidências de ISC nos diferentes estratos de
classificação pelo potencial de contaminação, segundo forma de detecção extra-
hospitalar.
Tipo de ferida Razão de chance Valor de p I.C. Diferença estatística
L/PC 1,10 0,002 (1,04;1,19) Sim
L/C 1,85 0,000 (1,58;2,16) Sim
L/I 2,61 0,000 (1,96;3,48) Sim
PC/C 1,66 0,000 (1,43;1,93) Sim
PC/I 2,35 0,000 (1,77;3,12) Sim
C/I 1,41 0,032 (1,03;1,94) Sim
L= Limpa; PC= Potencialmente contaminada; C= contaminada; I= Infectada.
6
Tabela 29- Razão de Chances por potencial de contaminação e forma de detecção
(extra-hospitalar) entre feridas limpas e potencialmente contaminadas.
Tipo de ferida
ISC
Não Sim Total
N % N % N %
Limpa 37248 96,8 1240 3,2 38488 100,0
Potencialmente contaminada 81781 96,4 3029 3,6 84810 100,0
Total 119029 96,5 4269 3,5 123298 100,0
Tabela 30- Razão de Chances por potencial de contaminação e forma de detecção
(extra-hospitalar) entre feridas potencialmente contaminadas e contaminadas.
Tipo de ferida
ISC
Não Sim Total
N % N % N %
Potencialmente contaminada 81781 96,4 3029 3,6 84810 100,0
Contaminada 3101 94,2 191 5,8 3292 100,0
Total 84882 96,3 3220 3,7 88102 100,0
Tabela 31- Razão de Chances por potencial de contaminação e forma de detecção
(extra-hospitalar) entre feridas contaminadas e infectadas.
Tipo de ferida
ISC
Não Sim Total
N % N % N %
Contaminada 3101 94,2 191 5,8 3292 100,0
Infectada 609 92,0 53 8,0 662 100,0
Total 3710 93,8 244 6,2 3954 100,0
Com relação à incidência de ISC por topografia foram observadas: taxa de ISC incisional
superficial = 79,2%, incisional profunda = 8,0% e órgão/cavidade = 12,8%. Analisou-se a
associação entre topografia da ISC e classificação da ferida por potencial de contaminação.
Para facilitar a análise da diferença de risco entre os grupos, agregou-se as ISC incisionais
(superficial + profunda) em um único estrato.
Para incisionais: (Tabela 32)
Taxa de ISC superficial/profunda limpa = 2,0%
Taxa de ISC superficial/profunda potencialmente contaminada = 2,4%
Taxa de ISC superficial/profunda contaminada = 3,5%
Taxa de ISC superficial/profunda infectada = 5,8%
7
Existe diferença estatisticamente significante(Tabelas 33 e 34) entre
a proporção de feridas limpas superficial/profunda e a proporção de
feridas potencialmente contaminadas superficial /profunda (p =
0,000), RC=1,19, I.C. = [1,12;1,26]. Entre feridas potencialmente
contaminadas superficial/profunda e feridas contaminadas
superficial/profunda (p = 0,000), RC=1,49, I.C. = [1,33;1,68]. Entre
feridas contaminadas superficial/profunda e feridas infectadas
superficial/profunda (p = 0,000), RC=1,69, I.C. = [1,37;2,08].
Tabela 32- Taxa de ISC por tipo de ferida e topografia.
Tipo de
Ferida
Topografia
Superficial +
Profunda
Órgão/
Cavidade
Total
Total
n % N % N % N %
Limpa 1814 2,0 325 0,4 2139 2,4 90024 100,0
Potencialmente
contaminada
3536 2,4 346 0,2 3882 2,6 148294 100,0
Contaminada 307 3,5 122 1,4 429 4,9 8727 100,0
Infectada 133 5,8 56 2,4 189 8,2 2293 100,0
Total 5790 2,3 849 0,3 6639 2,7 249338 100,0
Tabela 32-A Comparação das incidências de ISC por potencial de contaminação e
topografia superficial + profunda nos diferentes estratos.
Tipo de ferida Razão de chance Valor de p I.C. Diferença estatística
L/PC 1,20 0,002 (1,12;1,26) Sim
L/C 1,70 0,000 (1,57;2,01) Sim
L/I 2,99 0,000 (2,50;3,59) Sim
PC/C 1,49 0,000 (1,33;1,68) Sim
PC/I 2,52 0,000 (2,11;3,01) Sim
C/I 1,69 0,032 (1,37;2,08) Sim
L= Limpa; PC= Potencialmente contaminada; C= contaminada; I= Infectada.
Tabela 32-B Comparação das incidências de ISC por potencial de contaminação e
topografia órgão/cavidade nos diferentes estratos.
Tipo de ferida Razão de chance Valor de p I.C. Diferença estatística
7
L/PC 1,55 0,000 (1,33;1,80) Sim
L/C 3,91 0,000 (3,17;4,82) Sim
L/I 6,91 0,000 (5,19;9,20) Sim
PC/C 6,06 0,000 (4,93;7,46) Sim
PC/I 10,70 0,000 (8,05;14,24) Sim
C/I 1,77 0,000 (1,28;2,43) Sim
L= Limpa; PC= Potencialmente contaminada; C= contaminada; I= Infectada.
Tabela 33-Razão de chances entre ISC incisionais e feridas limpas e potencialmente
contaminadas.
Tipo de ferida
Superficial+Profunda
Não Sim Total
n % N % N %
Limpa 88210 98,0 1814 2,0 90024 100,0
Potencialmente contaminada 144758 97,6 3536 2,4 148294 100,0
Total 232968 97,8 5350 2,2 238318 100,0
Tabela 34- Razão de chances entre ISC incisionais e feridas potencialmente
contaminadas e infectada e entre feridas contaminadas e infectadas.
Tipo de ferida
Superficial+Profunda
Não Sim Total
n % N % N %
Potencialmente contaminada 144758 97,6 3536 2,4 148294 100
Contaminada 8420 96,5 307 3,5 8727 100
Total 153178 97,6 3843 2,4 157021 100,0
Tipo de ferida
Superficial/Profunda
Não Sim Total
N % N % N %
Contaminada 8420 96,5 307 3,5 8727 100
Infectada 2160 94,2 133 5,8 2293 100
Total 10580 96,0 440 4,0 11020 100,0
Para órgão/cavidade (Tabela 32)
Taxa de ISC órgão/cavidade limpa = 0,4%
Taxa de ISC órgão/cavidade potencialmente contaminada = 0,2%
Taxa de ISC órgão/cavidade contaminada = 1,4%
Taxa de ISC órgão/cavidade infectada = 2,4%
7
Existe diferença estatisticamente significante (Tabela 35 a 37) entre
a proporção de feridas limpas órgão/cavidade e a proporção de
feridas potencialmente contaminadas órgão/cavidade (p = 0,000),
RC=1,55, I.C. = [1,33;1,80]. Entre feridas potencialmente
contaminadas órgão/cavidade e contaminadas órgão/cavidade (p =
0,000), RC=6,06, I.C. = [4,93;7,46]. Entre contaminadas
órgão/cavidade e infectadas órgão/cavidade (p = 0,000),RC=1,77,
I.C. = [1,28;2,43].
Tabela 35- Razão de chances entre ISC de órgão/cavidade e feridas limpas e
potencialmente contaminadas.
Tipo de ferida
Órgão/Cavidade
Não Sim Total
n % N % N %
Limpa 89699 99,6 325 0,4 90024 100,0
Potencialmente contaminada 147948 99,8 346 0,2 148294 100,0
Total 237647 99,7 671 0,3 238318 100,0
Tabela 36- Razão de chances entre ISC de órgão/cavidade e feridas potencialmente
contaminadas.
Tipo de ferida
Órgão/Cavidade
Não Sim Total
N % N % N %
Potencialmente contaminada 147948 99,8 346 0,2 148294 100
Contaminada 8605 98,6 122 1,4 8727 100
Total 156553 99,7 468 0,3 157021 100,0
Tabela 37- Razão de chances entre ISC de órgão/cavidade e feridas contaminadas e
infectadas.
Tipo de ferida
Órgão/Cavidade
Não Sim Total
N % N % N %
Contaminada 8605 98,6 122 1,4 8727 100
Infectada 2237 97,6 56 2,4 2293 100
Total 10842 98,4 178 1,6 11020 100,0
Comparação de proporções
Foram comparadas em um mesmo estrato de classificação se havia diferença de risco para
ISC, por potencial de contaminação, nas diferentes topografias. Sendo para as feridas
7
limpas: existe diferença estatisticamente significante entre a proporção de feridas limpas
superficial/profunda e órgão/cavidade (p = 0,000). Entre sup/profunda e o total de limpas
(p = 0,000). Entre feridas limpas órgão/cavidade e a proporção de total de feridas limpas (p
= 0,000). Potencialmente contaminadas: existe diferença estatisticamente significante
entre a proporção de feridas potencialmente contaminadas sup/profunda e a proporção de
feridas potencialmente contaminadas órgão/cavidade (p = 0,000). Entre a proporção de
feridas potencialmente contaminadas sup/profunda e a proporção de feridas potencialmente
contaminadas total (p = 0,000). Entre a proporção de feridas potencialmente contaminadas
órgão/cavidade e a proporção de feridas potencialmente contaminadas total (p = 0,000).
Contaminadas: Existe diferença estatisticamente significante entre a proporção de feridas
contaminadas sup/profunda e a proporção de feridas contaminadas órgão/cavidade (1,4%)
(p = 0,000). Entre a proporção de contaminadas sup/profunda e a proporção de
contaminadas total (p = 0,000). Entre a proporção de feridas contaminadas órgão/cavidade
e a proporção de contaminadas total (p = 0,000).
Infectadas: Existe diferença estatisticamente significante entre a proporção de feridas
infectadas sup/profunda e a proporção de infectadas órgão/cavidade(p = 0,000). Entre a
proporção de infectadas sup/profunda e a proporção de infectadas total (p = 0,001). Entre a
proporção de infectadas órgão/cavidade e a proporção de infectadas total (p = 0,000).
Foram realizados testes para verificar a existência de diferença de risco para infecção entre
as cirurgias com diferentes potenciais de contaminação e idade do paciente( categorizados
em pediátricos- 12 anos ou menos e adultos- acima de 12 anos). Foram encontradas as
seguintes taxas de ISC (Tabela 38): para feridas limpas na faixa etária de 12 anos ou menos
= 1,6% e faixa etária de mais de 12 anos = 2,4%; taxa ISC potencialmente contaminadas
na faixa etária de 12 anos ou menos = 1,5% e na faixa etária de mais de 12 anos = 2,6%;
taxa ISC contaminadas na faixa etária de 12 anos ou menos = 4,7% e na faixa etária de
mais de 12 anos = 4,9%; taxa ISC infectadas na faixa etária de 12 anos ou menos = 6,4% e
na faixa etária de mais de 12 anos = 8,3%. De acordo com os resultados das Tabelas 39 a
42, observou-se diferença estatisticamente significante entre a proporção de feridas limpas
com ISC em pacientes com 12 anos ou menos e a proporção de feridas limpas com ISC em
pacientes com mais de 12 anos (p = 0,010). Para as feridas limpas, pacientes com mais de
7
12 anos apresentaram 1,51 vez mais chance de ter ISC do que pacientes com 12 anos ou
menos (I.C. = [1,10;2,07]).Não foram encontradas evidências suficientes para concluir
sobre a diferença entre a proporção de feridas potencialmente contaminadas em pacientes
com 12 anos ou menos e a proporção de feridas potencialmente contaminadas em pacientes
com mais de 12 anos (p = 0,05), RC=1,80. No entanto, não existem evidências suficientes
para determinar se essa chance pode ser considerada estatisticamente significante (I.C. =
[0,99;3,27]). O mesmo acontece entre a proporção de feridas contaminadas em pacientes
com 12 anos ou menos e a proporção de feridas contaminadas em pacientes com mais de
12 anos (p = 0,793), RC=1,05. No entanto, essa chance não pode ser considerada
estatisticamente significante (I.C. = [0,71;1,57]). Não existe diferença estatisticamente
significante entre a proporção de feridas infectadas em pacientes com 12 anos ou menos e a
proporção de feridas infectadas em pacientes com mais de 12 anos (p = 0,441), RC=1,33.
No entanto, essa chance não pode ser considerada estatisticamente significante (I.C. =
[0,64;2,77]).
Tabela 38- Taxa de ISC por tipo de ferida e idade (12 anos ou menos e mais que 12
anos)
Tipo de ferida
ISC
Não Sim Total
n % N % N %
12 anos ou menos
Limpa 2458 98,4 40 1,6 2498 100,0
Potencialmente contaminada 736 98,5 11 1,5 747 100,0
Contaminada 549 95,3 27 4,7 576 100,0
Infectada 117 93,6 8 6,4 125 100,0
Total 3860 97,8 86 2,2 3946 100,0
Mais de 12 anos
Limpa 85427 97,6 2099 2,4 87526 100,0
Potencialmente contaminada 143676 97,4 3871 2,6 147547 100,0
Contaminada 7749 95,1 402 4,9 8151 100,0
Infectada 1987 91,7 181 8,3 2168 100,0
Total 238839 97,3 6553 2,7 245392 100,0
Tabela 38-A Comparação das incidências de ISC por potencial de contaminação e
idade (12 anos ou mais e mais de 12 anos) nos diferentes estratos.
Tipo de ferida Razão de chance Valor de p I.C. Diferença estatística
L 1,51 0,010 (1,10;2,07) Sim
PC 1,80 0,050 (0,99;3,27) Não
7
C 1,05 0,793 (0,71;1,57) Não
I 1,33 0,441 (0,64;2,77) Não
L = Limpa; PC = Potencialmente contaminada; C = contaminada; I = Infectada.
Tabela 38-B Comparação das incidências de ISC por potencial de contaminação e
idade (12 anos ou menos) nos diferentes estratos.
Tipo de ferida Razão de chance Valor de p I.C. Diferença estatística
L /PC 0,92 0,804 (0,47;1,80) Não
PC/C 3,29 0,001 (1,62;6,69) Sim
C/I 1,39 0,426 (0,62;3,14) Não
Tabela 39-Razão de chances entre feridas limpas e idade.
Feridas Limpas
ISC
Não Sim Total
n % N % N %
12 anos ou menos 2458 98,4 40 1,6 2498 100,0
Mais de 12 anos 85427 97,6 2099 2,4 87526 100,0
Total 87885 97,6 2139 2,4 90024 100,0
Tabela 40- Razão de chances entre feridas potencialmente contaminadas e idade.
Feridas Potencialmente
contaminadas
ISC
Não Sim Total
N % N % N %
12 anos ou menos 736 98,5 11 1,5 747 100,0
Mais de 12 anos 143676 97,4 3871 2,6 147547 100,0
Total 144412 97,4 3882 2,6 148294 100,0
Tabela 41- Razão de chances entre feridas contaminadas e idade.
Feridas Contaminadas
ISC
Não Sim Total
N % n % N %
12 anos ou menos 549 95,3 27 4,7 576 100,0
Mais de 12 anos 7749 95,1 402 4,9 8151 100,0
Total 8298 95,1 429 4,9 8727 100,0
Tabela 42- Razão de chances entre feridas infectadas e idade.
7
Feridas Infectadas
ISC
Não Sim Total
n % n % N %
12 anos ou menos 117 93,6 8 6,4 125 100,0
Mais de 12 anos 1987 91,7 181 8,3 2168 100,0
Total 2104 91,8 189 8,2 2293 100,0
VI- DISCUSSÃO
Os sítios das infecções hospitalares e os patógenos responsáveis pelas mesmas variam em
incidência, freqüência relativa, morbidade e mortalidade (92). Torna-se aceitável que
avanços tecnológicos na medicina tanto reduzem complicações infecciosas como também
produzem nova população de pacientes de alto risco para infecção. Ao longo dos anos
vários fatores tem contribuído para o controle, ou mais apropriadamente, para prevenir a
ISC, como aprimoramento das técnicas cirúrgicas, seleção e preparação pré-operatória dos
pacientes, controle das doenças não relacionadas à cirurgia, utilização de medidas
preventivas recomendadas pelo CDC, retorno de taxas de infecção para os cirurgiões,
adequada profilaxia antimicrobiana, juntamente com vigilância sistemática. Também o
melhor entendimento dos fatores de risco associados à ISC pode ajudar a melhorar os
esforços para reduzir essas ocorrências (15, 16). Apesar dos avanços na prática de controle
e prevenção as ISC ainda continuam causa substancial de morbidade e mortalidade entre os
pacientes submetidos à procedimentos cirúrgicos. Isso pode ser parcialmente explicado pela
emergência de patógenos resistentes a antibióticos e pelo aumento da expectativa de vida
da população, contribuindo com grande número de pacientes idosos ou possuindo maior
variedade de doenças crônicas, debilitantes ou que provocam imunossupressão. Tem
também aumentado o número de cirurgias para colocação de próteses e transplantes de
órgãos, juntamente com agentes para prevenir e tratar a rejeição, resultando em
imunossupressão (11, 39). Por causa da constante mudança nesse padrão de infecção
cirúrgica é fundamental a realização de estudos periódicos visando a documentação do
perfil epidemiológico das infecções nesses pacientes bem como a reavaliação nos fatores de
risco para infecção (81). Para reduzir o risco de ISC, vigilância sistemática deve ser
aplicada, de forma realista e prática, sabendo-se que o risco de ISC é influenciado pelas
características do paciente, da cirurgia, da equipe assistencial e do hospital (11).
7
A identificação do risco, nesse sentido, é componente essencial dos programas de controle
de infecção, permitindo a avaliação das medidas de prevenção. Os coeficientes de
incidência de ISC são importantes indicadores de resultado do procedimento cirúrgico,
assim o sistema de vigilância desses eventos interessa aos pacientes, àqueles diretamente
envolvidos na assistência, aos profissionais de controle de infecção, aos administradores
hospitalares e aos financiadores da assistência médico-hospitalar (51). Desde a implantação
organizada dos programas de controle de infecção hospitalar é recomendada a vigilância
desses eventos. A Comissão Mista para Credenciamento de Organizações de Serviços de
Saúde (Joint Commission on Acreditation of Healthcare Organizations), entidade
responsável pelo credenciamento de hospitais nos EUA, recomenda a vigilância das ISC
(49).
De acordo com a Tabela 1, a contribuição com pacientes em cada instituição relaciona-se
com características estruturais das mesmas: como tamanho, volume de cirurgias, recursos
humanos e financeiros disponíveis, tipo de clientela , entre outros.
Observa-se maior número de jovens ,entre 20 e 59 anos ( 77,9%), em detrimento dos
pediátricos (3,8%) e dos idosos, maiores de 60 anos, 12,9% (Tabela 3).
Alguns autores como Haley (15), Garibaldi (38), Horan e Gaynes (19) não conseguiram
fazer correlação da idade com o risco de infecção, ao contrário do estudo do NRC (9), bem
como Cruse e Foord (10) que estudando 62.939 cirurgias, verificaram que a chance de
desenvolvimento de ISC em pacientes com mais de 66 anos foi duas vezes maior que
aqueles entre 21 e 50 anos. A inclusão da idade num modelo preditivo de ISC é ainda
duvidosa, necessitando mais estudos para sua utilização em índices de medida de risco
intrínseco. A perda amostral (58,4%) relativa a esta variável pode ter introduzido
importante viés na análise .
Segundo a tabela 4, na população estudada houve predominância de pacientes do sexo
feminino, possivelmente devido às características da clientela de cada instituição, algumas
delas com muitos dos seus serviços direcionados para a saúde da mulher (como
maternidade, por exemplo).
Um percentual elevado de cirurgias do estudo (95,6%), foi considerado como tendo um
menor grau de contaminação da ferida, englobando as cirurgias classificadas como limpas
(36,1%) e potencialmente contaminadas (59,5%). As cirurgias contaminadas contribuíram
7
com um percentual de 3,5% e as infectadas com 0,9% (Tabela 5). Houve perda amostral
muito pequena, 119 casos(0,0%).
A ISC constitui a principal complicação infecciosa do pós operatório, (Tabelas 6 e 7).
Analisando-se o diagnóstico de ISC de acordo com o potencial de contaminação das
feridas operatórias foi encontrada incidência de 2,4% em cirurgias limpas, 2,6% em
potencialmente contaminadas, 4,9% em contaminadas e 8,2% em infectadas (Tabelas 8).
Essas taxas são aceitáveis considerando especialmente a recomendação do CDC (16), onde
são referidos respectivamente valores de 1 a 5%; 3 a 11%; 10 a 17%; e superior a 27%,
para cirurgias limpas, potencialmente contaminada, contaminada e infectada. As taxas
encontradas foram inferiores a grande parte das taxas citadas na literatura (Tabela V)(vide
tabelas).
Com base em dados agregados de vários hospitais o ACHS (Australian Council on
Healthcare Standards) considera aceitável taxas de ISC variando de 1,4 a 4% para cirurgias
limpas (foram consideradas cirurgias realizadas em campo estéril, sem contaminação por
bactéria) e de 1,4 a 7,9% para cirurgias contaminadas (incluindo procedimentos com
penetração no trato gastrintestinal, urinário e respiratório; feridas traumáticas e aquelas
cirurgias em que ocorrem falhas na técnica asséptica) (66). Segundo Culver (16) e
Garibaldi (38), a incidência de ISC pode variar de 1 a 4% para cirurgias limpas e de 3 a
12% para contaminadas e infectadas.
A identificação de ISC envolve interpretação de achados clínicos e laboratoriais e para isso
é essencial que os programas de vigilância das infecções usem definições consistentes e
padronizadas, senão taxas de ISC sem acurácia e mal interpretadas podem ser computadas e
relatadas. O sistema NNIS do CDC tem desenvolvido critérios de vigilância padronizados
para ISC. Por esses critérios as ISC são classificadas em incisionais ou de órgão/cavidade.
As infecções incisionais são subdivididas em superficiais, se envolve somente pele e
tecidos subcutâneos ou profundas, se envolve tecidos mais profundos (fáscia e músculos).
ISC de órgão/cavidade envolve outros planos anatômicos que foram abertos ou
manipulados durante a cirurgia. Falhas no uso dos critérios para definir ISC podem afetar
substancialmente taxas de infecção. As definições do NNIS-CDC de ISC tem sido
aplicadas consistentemente pela vigilância epidemiológica e equipes cirúrgicas em muitas
instituições. Estudos identificaram que aproximadamente dois terços das ISC são
7
incisionais( superficiais e profundas) e um terço envolvem órgão/cavidade manipulados
durante a cirurgia (12, 20). Noy (69), em 2002, encontraram em seu estudo taxa de ISC de
17%, desta infecções 14,2% foram detectadas pós-alta e das ISC diagnosticadas 64,3%
foram incisionais superficiais, 14,3% profundas e 21,4% de órgão/cavidade. Conforme a
Tabela 9, a maior parte das complicações infecciosas foram consideradas de menor
importância clínica pois 79,2%
(5261 casos) das ISC foram incisionais superficiais de
pequena gravidade. Somente 12,8% (850 casos) foram de órgão ou cavidade que, em geral,
são graves e 8% (530 casos) foram incisionais profundas que, embora menos graves que a
anterior quanto ao risco de morte, são acompanhadas de elevada morbidade e aumento do
custo hospitalar. Os sítios múltiplos foram raros tendo ocorrido em 57 pacientes (0,8%)
(Tabela 10).
Dos métodos utilizados para detecção do conjunto de infecções pós operatório (Tabela 11)
a detecção de infecção extra-hospitalar por contato telefônico foi o método com maior
contribuição para o diagnóstico , 70,4% , e a carta-resposta contribuiu somente com 0,3%.
A detecção de infecção intra-hospitalar contribuiu com 29,4% dos diagnósticos (Tabela
12), sendo que o pedido de antibióticos e resultado de cultura, contribuíram com 10,3% e
2,4%, respectivamente, leitura de prontuário (9,4%), aviso médico (3,7%) e outra forma de
detecção não especificada (3,5%).
Considerando os dados somente para ISC, nas Tabelas 13 e 14 novamente se confirma a
importância da vigilância pós-alta para dados fidedignos sobre ISC, quando 68,6% das ISC
foram detectadas após a alta (extra-hospitalar) e 31,4% durante a hospitalização do paciente
(intra-hospitalar) sendo o contato telefônico o principal método de detecção de ISC
(68,4%). Na busca intra hospitalar a leitura de prontuário contribuiu com (10,4%) e pedido
de antibiótico (10,1%).
A maioria das ISC de cirurgias contaminadas (55,5%) e infectadas (71,0%) foram
identificadas durante a hospitalização .O pós alta teve especial contribuição nas cirurgias
limpas (58,2%) e potencialmente contaminadas (79,1%) (Tabelas 16 e 16-A).
Neste estudo seria encontrada a taxa de ISC de 0,8% se o seguimento do paciente após a
alta não fosse realizado. Com a vigilância pós-alta, obteve-se uma taxa de ISC mais
acurada, de 2,7% (Tabela 16).
8
diminuição na capacidade de detecção da vigilância epidemiológica após a alta
hospitalar a medida que aprofunda a ISC. O diagnóstico das infecções incisionais
superficiais foram feitos durante o acompanhamento pós alta em 79,2% dos casos. Das ISC
profundas, 36,7% foram detectadas por telefone e as de órgão ou cavidade, 23,4% foram
diagnosticadas após a alta (Tabelas 17 e 17-A).
Nas infecções cirúrgicas, quanto mais profunda ela for maior a necessidade de terapêutica
em regime hospitalar. Tal fato explica este gradiente de contribuição da vigilância
epidemiológica extra hospitalar que foi encontrado nas ISC superficiais.
Dados similares foram encontrados no estudo de Oliveira (102); com taxa de ISC de 7,9%
para o grupo hospitalizado e 34,8% para o grupo pós-alta . Segundo Weigelt (72), no
acompanhamento somente de pacientes hospitalizados a taxa de ISC estimada foi de 5,8%
quando a verdadeira taxa foi de 8,9% (quando considerado o acompanhamento após a alta).
Estes autores observaram também que as infecções que se manifestam após a alta têm
características diferentes daquelas que ocorrem no hospital, as primeiras são mais prováveis
de ocorrer em procedimentos limpos, de curta duração e em pacientes com período de
internação mais curto. Mannien (107) observaram que o número de ISC registradas após a
alta depende da classificação segundo o potencial de contaminação da ferida, sugeriram que
isto pode ser parcialmente explicado porque pacientes com maior contaminação da ferida
têm período de hospitalização maior e o tempo para manifestação da ISC em cirurgia com
maior grau de contaminação foi menor. É provável que contaminação durante a cirurgia
contribui para a infecção pós-operatório, então, infecções seguindo procedimentos
classificados como infectados m mais risco de desenvolver infecção rapidamente, ao
passo que em cirurgias limpas maior probabilidade de demora na ocorrência da ISC,
usualmente, após a alta do paciente.
Muitas infecções ocorrem após a alta, particularmente em pacientes que sofreram
procedimentos invasivos e tiveram um período de hospitalização curta (67). Com o avanço
da técnica cirúrgica aliado ao interesse de diminuir os custos com hospitalização, algumas
instituições têm encorajado a realização de cirurgias sem internação (hospital-dia) ou com
alta o mais breve possível ou cirurgias realizadas em ambulatórios, no entanto isso pode
contribuir para aumentar o número de ISC não identificadas nesse período (caso não seja
8
realizado um efetivo seguimento pós-alta), subestimando a verdadeira taxa de infecção e os
riscos de infecção (76, 77).
Segundo Flanders (79) é possível que a freqüência de ISC para cirurgias ambulatoriais
esteja entre 1 e 5%, uma vez que tais procedimentos podem ser considerados de menor
risco para ISC que aqueles realizados dentro do hospital. Manian (77) em estudo de
seguimento pós-alta comparando pacientes cirúrgicos hospitalizados com pacientes
ambulatoriais, utilizando questionário enviado aos cirurgiões como forma adicional de
detecção de ISC, encontraram o percentual de detecção de 16% para o primeiro grupo e
66% para as cirurgias ambulatoriais, confirmando o risco da subestimação de taxas de
infecção nos pacientes operados ambulatorialmente se não utilizar outros métodos de
vigilância epidemiológica. Lecuona (76) relataram taxa de ISC pós-alta de 22,1% em seu
estudo sobre fatores de risco para infecção pós-alta. Concluíram que fatores normalmente
considerados de risco para infecção intra-hospitalar não se aplicam para ISC pós-alta, como
por exemplo, os escores SENIC e NNIS. Medina-Cuadros (67) não encontrou associação
entre classificação das feridas segundo o potencial de contaminação e ISC pós-alta. Vilar-
Compte (78) analisou vários fatores de risco considerados importantes para pacientes
hospitalizados. Observaram que somente o uso de antibiótico (OR=7,5) e a duração da
cirurgia acima de 35 min (OR=2,4) estavam estatisticamente associados com ISC em
cirurgias ambulatoriais. Delgado-Rodriguez (97) encontrou o uso de antibióticos, idade e
IMC (índice de massa corporal) associados à ISC pós-alta. Segundo Oliveira (102),
diferenças significativas foram também encontradas em relação à classificação segundo o
potencial de contaminação das feridas, enquanto a maioria das cirurgias infectadas
manifestaram ISC durante a hospitalização, a maior incidência de infecção pós-alta foi
relacionada à procedimentos classificados como limpos.
Com relação aos fatores de risco, Weigelt (72) identificaram que o percentual de ISC
ocorridas pós-alta foi inversamente associado com a contaminação da classe da ferida
( sendo que a ocorrência de ISC pós-alta em cirurgia limpa foi em torno de 5 vezes mais
que nas infectadas) e a duração da hospitalização(em pacientes cujo período de
hospitalização foi mais curto a probabilidade de ocorrência de infecção após o paciente ter
recebido alta foi maior). Confirma-se a necessidade de acompanhamento de pacientes
cirúrgicos pós-alta para aumentar a acurácia das taxas de incidência de ISC, uma vez que
8
observou-se que 35% destas ocorreram após a alta. Se fosse considerada somente a busca
ativa intra-hospitalar a taxa de ISC seria de 5,8%, quando a verdadeira taxa foi de 8,9%,
após a busca extra-hospitalar(72). Olson e Lee (36) encontraram média de 29,5% de ISC
detectadas após a alta e vários autores registraram resultados semelhantes (70, 73). Em
estudo realizado no Brasil por Oliveira (74), em 2004, 73,7% das ISC foram diagnosticadas
após a alta.
Somente 52% dos pacientes foram contatados após a alta por telefone (Tabela 18).A
extrapolação do diagnóstico de infecção desses contatos para toda a população geraria um
total de 11324 infecções ao contrário das 8503 relatadas neste estudo (Tabela 12).
Em algumas situações o método de detecção de ISC por contato telefônico domiciliar aos
pacientes consegue obter bons resultados em outros não. Por isso, devem ser estudadas
outras alternativas, como cartas aos médicos ou aos pacientes. Novas alternativas irão
depender da forma de encorajamento, características do corpo clínico, tipo de paciente, etc.
Assim uma busca pelo modelo ideal ainda continua (91). Segundo Noy (69) a combinação
de questionário ao paciente e contato telefônico resultaram em maior taxa de resposta que a
utilização de um dos métodos sozinho, embora o contato telefônico tenha tido obtido bom
retorno. Em países com poucos recursos para pesquisa e assistência médica o
acompanhamento pós-alta é dificultado pela indisponibilidade de recursos humanos e
financeiros. O contato telefônico é inviável para muitos pacientes que moram longe do
hospital, em áreas rurais e freqüentemente não retornam para seguimento e avaliação (96).
Manian (77) acredita que o contato telefônico seja um bom método para detecção de ISC
após a alta, com razoável sensibilidade e especificidade, porém acha este método trabalhoso
demandando muito tempo para a sua execução. É também limitação a busca ativa baseada
em exames microbiológicos que depende da boa qualidade do laboratório e da solicitação s
de exames pela equipe médica.
A distribuição de procedimentos cirúrgicos na população em estudo mostra predominância
da cesariana (25,8%), parto vaginal (10,6%), outras cirurgias do sistema geniturinário
(9,4%), cirurgia vascular (6,7%), outras cirurgias do sistema tegumentar (5,6%) e justificam
os dados de idade (jovens) e sexo (mulheres) encontrados (Tabela 19).
8
Neste estudo a taxa global de ISC foi de 2,7% e as taxas segundo o potencial de
contaminação das feridas operatórias foi de 2,4% para cirurgias limpas, 2,6% para as
potencialmente contaminadas, 4,9% para contaminadas e 8,2% para infectadas.
A análise estatística confirmou a capacidade da classificação por potencial de contaminação
estratificar, ainda nos dias de hoje, o risco para ISC. Houve aumento progressivo do risco à
medida que aumentou o grau de contaminação da cirurgia (Tabelas 20 a 23).
Foram também realizados testes para verificar se o potencial de contaminação se mantinha
como fator de risco, não só para as ISC no geral, mas também quando separávamos as ISC
diagnosticadas de forma intra-hospitalar das diagnosticadas extra-hospitalar (Tabelas 24 a
31). As taxas de ISC encontradas foram: para ISC detectada IH, 0,8% e EH, de 1,8%.
A classificação por potencial de contaminação não manteve a capacidade de estratificar o
risco progressivamente maior nas ISC diagnosticadas de forma intra-hospitalar. As
cirurgias limpas mostraram incidência de infecção maior que as potencialmente
contaminadas quando se levou em consideração somente as ISC detectadas em ambiente
hospitalar (Tabelas 25, 26, 27). Ao considerar somente aquelas ISC detectadas em
ambiente extra-hospitalar a classificação manteve sua capacidade de estratificação
(Tabelas 29, 30, 31).
A capacidade de estratificação de risco do potencial de contaminação foi analisada para as
diferentes topografias da ISC (Tabelas 32 a 37). Para facilitar a análise da diferença de
risco entre os grupos, agregou-se as ISC incisionais (superficial + profunda) em um único
estrato. A análise revelou a capacidade da classificação estratificar o risco nas ISC
incisionais (Tabelas 33 e 34).
Quando foram avaliadas as infecção de órgão ou cavidade não foi
observado um aumento progressivo do risco para ISC à medida que o
potencial de contaminação aumentou. As feridas limpas
apresentaram maior risco de infecção de órgão ou cavidade que as
potencialmente contaminadas (Tabelas 35, 36, 37).
Esses dados explicam porque o potencial de contaminação não
estratifica bem as infecções diagnosticadas em ambiente intra-
hospitalar. A maioria das infecções de órgão ou cavidade são de
diagnóstico intra-hospitalar. Esse tipo de sítio necessita
8
obrigatoriamente de internação para realização da terapêutica
(Tabela 32). As cirurgias limpas tiveram menor incidência de ISC
incisionais (2,0%) e totais (2,4%) que as potencialmente
contaminadas(2,4 e 2,6%, respectivamente). Porém, essas cirurgias
limpas apresentaram maior incidência de infecção de órgão ou
cavidade (0,4%) que as potencialmente contaminadas (0,2%)
(Tabela 32). Esse viés de seleção determina a incapacidade de
classificação em risco progressivo as ISC de diagnóstico intra-
hospitalar à medida que aumenta o potencial de contaminação da
ferida.
A probabilidade de infecção do sítio cirúrgico está diretamente afetada pelo potencial de
contaminação da cirurgia (1, 12, 13, 14, 15, 16); porém; ao longo dos anos a medicina vem
passando por modificações( novas técnicas cirúrgicas, novos medicamentos, pacientes
imunossuprimidos, etc); tornando necessário reavaliar a correlação do potencial de
contaminação das feridas com infecção das feridas operatórias (12), bem como reavaliar se
atualmente esta classificação ainda é útil para medir o risco da complicação infecciosa das
cirurgias.
Segundo Fernandes (37) a probabilidade de infecção do sítio cirúrgico é diretamente
afetada pelo potencial de contaminação da cirurgia. Essa associação foi demonstrada por
pesquisadores gregos (20) em que cirurgias classe II (potencialmente-contaminada), classe
III (contaminadas) e classe IV (infectadas) apresentaram respectivamente 2,4; 6,9 e 5,9
vezes mais probabilidade de desenvolverem ISC que as cirurgias classe I (limpas). Já
Kamp-Hopmans (4) observou risco relativo 2,2 vezes menor entre cirurgias limpas e
potencialmente contaminadas em relação as contaminadas e infectadas.
Segundo Valls (87) a probabilidade do paciente submetido a uma cirurgia potencialmente
contaminada adquirir ISC é 4,6 vezes maior do que aquele submetido a uma cirurgia limpa.
Na cirurgia contaminada o risco é 12,2 vezes maior e numa cirurgia infectada 33 vezes
quando comparada com uma cirurgia limpa. Lizán-Garcia (94) encontrou os seguintes
riscos de ocorrer ISC: cirurgias potencialmente contaminadas em relação às limpas
(OR=6,41); contaminadas em relação às limpas (OR=3,65); infectadas em relação às
contaminadas (OR=9,33). O risco de infecção deveria aumentar com o aumento do
8
potencial de contaminação, entretanto esse risco foi maior para o grupo de feridas
potencialmente contaminadas em relação às contaminadas, sugerindo dificuldade de
classificação acurada entre as classes. No estudo de Velasco (93) cirurgias contaminadas e
infectadas mostraram risco três vezes maior de infecção que cirurgias limpas.
Foi avaliada a influência da idade na ocorrência de ISC. Observou-se diferença
estatisticamente significativa entre a proporção de feridas limpas com ISC em pacientes
com 12 anos ou menos e a proporção de feridas limpas com ISC em pacientes com mais de
12 anos (p = 0,010). Para as feridas limpas, pacientes com mais de 12 anos têm 1,51 vez
mais chance de ter ISC do que pacientes com 12 anos ou menos (I.C. = [1,10;2,07]). Nos
outros estratos de potencial de contaminação a idade do paciente não foi significativamente
associada ao risco de desenvolver ISC (Tabelas 38 a 42).
Foi avaliado se o potencial de contaminação estratifica risco em menor que 12 anos. Não
houve diferença entre feridas limpas e potencialmente contaminadas (p=0,804) e feridas
contaminadas e infectadas (p=0,426). Houve diferença somente entre as feridas
potencialmente contaminada e infectada (p=0,001) (Tabela 38-B). Este resultado não pode
ser generalizado devido ao tamanho reduzido da amostra.
Poucos estudos têm avaliado a ISC em pacientes pediátricos. As taxas de ISC nesses
pacientes variam de 2,5 a 20% (55); uma vez que esses estudos tem variado em definições,
metodologia e análise estatística dos fatores de risco. As taxas de ISC pediátricas nos EUA
variam de 2,5 a 4,4% (108). Horwitz (54), em estudo multicêntrico prospectivo realizado
nos EUA, em pacientes cirúrgicos pediátricos, registrou taxa de ISC de 4,4% e sugeriu que,
quando se avalia o risco de desenvolver ISC nesses pacientes, as características
relacionadas à cirurgia (como duração da cirurgia, o uso de dispositivos invasivos pós-
operatórios, quantidade de contaminação da ferida cirúrgica) são mais importantes do que
as relacionadas ao estado fisiológico do paciente (como ASA, estado nutricional, presença
de infecção remota). Com relação às medidas de prevenção de ISC, em geral, todas
medidas efetivas para o cuidado com pacientes adultos são indicadas para pacientes
cirúrgicos pediátricos. Em contraste com os estudos de ISC entre adultos, os estudos em
crianças são raros e o CDC-SENIC especificamente excluiu os serviços pediátricos e de
recém-nascidos. Os centros médicos com grandes serviços de cirurgia pediátrica,
entretanto, têm publicado suas taxas de infecção, com taxas de ISC variondo de 3,4 por
8
1000 admissões no Children’s Hospital em Buffalo, para 5,5 por 1000 admissões no
University of Virgínia e para 11,9 por 1000 admissões no Children’s Hospital em Boston
(33). Diferentemente do SENIC, o NNIS inclui hospitais com serviço pediátrico em sua
avaliação. De 1980 a 1982, as taxas de ISC pediátrica para hospitais não universitários,
universitários pequenos e universitários grandes foram respectivamente de 0,6; 0,8 e 1,6
infecções para 1000 altas. Para recém-nascidos, as taxas de ISC para as mesmas categorias
de hospitais foram de 0,2; 0,4 e 0,7 infecções por 1000 altas, respectivamente. Essas taxas
comparadas com as de adultos são aproximadamente 10 vezes menores (33).
VII- CONCLUSÃO
1- A ISC se constitui na principal complicação infecciosa do pós operatório.
2-A maior parte das complicações infecciosas são de menor importância clínica pois
79,2% (5261 casos) das ISC são incisionais superficiais
3- As diversas estratégias de busca ativa trazem diferente contribuição ao diagnóstico das
complicações infecciosas do pós operatório. A escolha de uma dessas estratégias por cada
organização dependerá de diversas variáveis locais. O presente estudo permite antecipar as
consequências das opções realizadas. Indiscutivelmente a busca após a alta hospitalar é
imprescindível.
4- A busca ativa após a alta diminui sua contribuição para o diagnóstico de ISC em feridas
contaminadas ou infectadas. O mesmo ocorre à medida que aumenta a profundidade de
ISC, sendo menos relevante para ISC de órgão ou cavidade.
5- A análise revelou a capacidade da classificação por potencial de
contaminação de estratificar as ISC totais , incisionais e
diagnosticadas após a alta hospitalar.
8
6- A análise o revelou a capacidade da classificação por potencial de contaminação
estratificar as ISC de órgão ou cavidade e as diagnosticadas na busca ativa intra-hospitalar.
7- Os pacientes pediátricos possuem menor risco de ISC em cirurgias limpas do que os
adultos.
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9
TABELAS DA REVISÃO DE LITERATURA
_________________________________________________________________________
Tabela I. Taxa de ISC segundo o potencial de contaminação relatada por várioa
trabalhos no período compreendido entre 1960 a 1991.
Tipo de ferida NRC/NAS Cruse e Foord Haley et al Olson e Lee Culver et
1960-62 1967-77 1975-76 1987-86 1991
N:15613 N:62939 N:59352 N:36439 N:84691
(%) (%) (%) (%) (%)
Limpa 10,7* 1,5 2,9 1,3 2,1
Potencialmente 10,8 7,7 3,9 2,4 3,3
Contaminada
Contaminada 16,3 15,2 8,5 7,9 6,4
Infectada 28,6 40,0 12,6 - 7,1
* Foram somados os valores de 3,3% da limpa refinada com 7,4 das outras limpas.
Fonte: Cruse e Foord.
Tabela II- Comparação entre taxas de infecção encontradas por diversos autores
entre 1958 e 1977.
Autor Ano País Nº de cirurgias Taxa de ISC(%)
Robertson 1958 Canadá 1917 9,3
9
Willians et al 1959 Inglaterra 722 4,7
Public Healt 1960 Inglaterra 3276 9,4
Laborat. Service
Rountree 1960 Austrália 198 14,0
Myburgh 1964 África do Sul NI 17,0
Clarke 1967 Inglaterra 382 13,6
NRC/NAS 1964 EUA 15613 7,5
Cruse e Foord 1967 Canadá 23649 4,8
Cruse e Foord 1977 Canadá 62939 4,7
Fonte: Cruse e Foord
_________________________________________________________________________
Tabela III- Taxas de ISC entre 59352 pacientes selecionados aleatoriamente e
hospitalizados entre 1975-1976, caracterizados pela classificação tradicional das
feridas e pelo índice de risco multivariado simplificado- SENIC
Tipo de Ferida SENIC Total
Baixo Médio Alto risco
Risco Risco
______________________________________________
0 1 2 3 4
Limpa 1,1 3,9 8,4 15,9 - 2,9
Potencialmente 0,6 2,8 8,4 17,7 - 3,9
Contaminada
Contaminada 4,5 8,3 11,0 23,9 8,5
Infectada 6,7 10,9 18,8 27,4 12,6
Fonte:Haley et al(SENIC)
_________________________________________________________________________
Tabela IV- Comparação entre o valor preditivo do risco de infecção cirúrgica pelo
potencial de contaminação e pelo índice elaborado pela metodologia NNIS.
Fator de risco Percentual de cirurgias Taxa de ISC
POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO(Tipo de ferida)
9
Limpa 58,0 2,1
Potencialmente Contaminada 36,0 3,3
Contaminada 4,0 6,4
Infectada 2,0 7,1
ÍNDICE NNIS
0 47,0 1,5
1 41,0 2,9
2 11,0 6,8
3 1,0 13,0
Fonte:Culver et al (NNIS).1991.
Tabela V Taxas de ISC segundo o Potencial de Contaminação das Feridas encontradas por diversos
autores entre 1964 e 2006.
Autor Ano Local Classificação da Ferida Estudo pós- Amostra(N)
________(%)________________________ Alta
L PC C I T
NRC/NAS(9) 1964 EUA 10,7* 10,8 16,3 28,6 7,4 Sim 15613
Cruse-Foord(10) 1980 Canadá 1,5 7,7 15,2 40,0 4,7 Sim 62939
Haley et. Al(15) 1985 EUA 2,9 3,9 8,5 12,6 4,1 Não 59352
Olson e Lee(36) 1990 EUA 1,4 2,8 8,4** 2,5 Sim 40915
Culver et.al(16) 1991 EUA 2,1 3,3 6,4 7,1 2,6 Não 84691
Garibaldi (38) 1991 EUA 2,6 8,0 28,0 41,2 6,5 Sim 1852
Grinbaum(51) 1994 Brasil 12,7 9,0 8,9 15,3 11,1 Não 739
Velasco e Al(93) 1996 Brasil 12,5 21,4 32,9 61,6 32,6 NI 236
Arjona et. Al(58)1996 Espanha 2,7 - 14,5 NI Não 5260
Machado(7) 1997 Brasil 5,5*** 11,2 6,7 NI 5607
Lizán-Garcia(94)1997 Espanha 2,7 12,3 12,7 21,3 11,4 Não 2237
Blasco et al(95) 2000 Espanha 4,2 11,0 30,0 34,0 21,8 Não 1476
Nguyen et al(96) 2001 Vietnan 8,3 8,6 12,2 43,9 10,9 Não 697
Vilar-Comp(78) 2001 México 2,4 4,7 0,0 11,5 2,8 Sim 1350
Delgado-Ro(97) 2001 Espanha 6,4 6,0 13,3 20,9 - Não 2989
Campos e Al(98) 2001 Brasil 3,5 6,8 8,0 13,5 6,8 Não 9322
Malone e. Al(22)2002 EUA 2,4 2,5 4,6 1,8 3,2 NI 5031
Creamer e al(99) 2002 Holanda 2,4 2,5 10,5 4,5 Não 59335
Soleto et. Al(43) 2003 Bolívia 6,9 13,7 15,8 14,3 12,0 Sim 376
Pishori e Al(100)2003 Paquistão 3,4 2,6 3,9 - Sim 3314
Narong e. Al(39) 2003 Tailândia 2,3 4,8 14,9 26,0 4,6 Sim 4193
Arias et. Al(41) 2003 Colômbia 1,3 3,9 15,4 38,4 2,6 Sim 33027
Eriksen Al(101) 2003 Tansânia 15,6 17,7 37,0 50,0 19,4 Sim 388
Herruzo-Cab(40) 2004 Espanha 2,0 - - 9,2 2,2 Sim 7301
Oliveira Al(102)2004 Brasil 32,4 38,0 37,0 33,3 - Sim 630
Saito et. Al(103) 2005 Japão 0,5 3,7 2,4 1,0 7,6 Sim 210
Hernadez(106) 2005 Peru 13,9 15,9 13,5 47,2 26,7 Sim 468
1
ESTUDOS PEDIÁTRICOS
Doig/Wilk(104) 1976 Inglaterra 3,5 16,0 37,0 13,6 NI 329
Davis e Al(105) 1984 EUA 3,1 7,8 17,0 10,0 4,2 NI 1045
Sharma e Sh(31) 1986 Índia 1,8 5,8 27,0 5,4 NI 1325
Battacchary(31) 1990 EUA 1,0 2,9 7,9 6,3 2,5 Sim 676
Davemport(31) 1993 Inglaterra 11,1 20,9 20,5 16,6 NI 1094
Horwitz e Al(54) 1998 EUA 3,1 5,8 12,9 4,5 4,4 Sim 846
Duque-Estra(44) 2003 Brasil 2,7 10,5 13,5 14,6 6,7 Sim 575
Porraz-Her(108) 2003 México 12,4 24,4 14,3 32,4 18,7 Sim 428
CDC (Garner) 1986 EUA 1 a 5 3 a 11 10 a 27 >27
L = Limpa
PC = Potencialmente Contaminada * Soma Limpa refinada + outras limpas
C = Contaminada ** Considerou-se C + I como um único estrato
I = Infectada ***Considerou-se L + PC com um único estrato
T = Total
NI = Não Informado
ANEXOS
Anexo I. Protocolo de denominador cirúrgico
Data: ______/______/______
Registro: Idade: Sexo:
Cirurgiões: CRM:
CRM:
CRM:
Anestesiologista: CRM:
Tipo de anestesia: geral local bloqueio
Procedimento cirúrgico:
Tipo de procedimento: urgência eletiva
Tempo de cirurgia: ______hs ______min
Risco cirúrgico ASA: ______
Tipo de ferida: limpa potencialmente contaminada contaminada
infectada
Infecção: Sítio: ______________________________
Contato telefônico: sim não
Método/s de detecção: telefone resultado de cultura* carta resposta
pedido de antibióticos† comunicação médica
* Vide Anexo II
† Vide Anexo III
1
Anexo II. Protocolo de resultado de culturas
Registro: Idade:
Clínica: Leito:
Data da coleta: ______/______/______
Material:
Tipo de infecção: comunitária hospitalar colonização sem
infecção
Sítio:
Antibiograma: S= sensível R= resistente
1 2 3 1 2 3
Ácido nalidíxico Clindamicina
Ácido pipemídico Cloranfenicol
Amicacina Eritromicina
Amoxicilina Gentamicina
Ampicilina Imipenem
Aztreonam Lincomicina
Carbenicilina Nitrofurantoína
Cefalexina Amoxicilina/clavulanato
Cefalotina Teicoplanina
Ceftazidima Norfloxacina
Ceftriaxona Ofloxacina
Cefoperazona Oxacilina
Cefotaxima Perfloxacina
Cefoxitina Penicilina G
Ciprofloxacina Vancomicina
Microscopia:
1
N° de colônias/ml:
Germes isolados: 1-
2-
3-
Anexo III. Registro de controle de uso de antibióticos
Registro: Idade:
Clínica: Leito:
Data: ______/______/______
Médico: CRM:
Antibióticos Posologia (dose, via,
intervalo)
Tempo de uso
Indicação: profilático terapêutico
Infecção: hospitalar comunitária
Tipo de ferida: limpa potencialmente contaminada contaminada
infectada profilaxia clínica
Diagnósticos clínicos e/ou microbiológicos (sítio de infecção, denominação da cirurgia),
justificativa:
1
Anexo IV. Protocolo de notificação de infecção hospitalar (numerador), incluindo
Componente cirúrgico
Clínica: Procedimento:
Registro: Período:
Data de admissão: ______/______/______
Peso:
Infecção do trato urinário
IUA – infecção urinária assintomática IUS – infecção urinária sintomática
OIU – outras infecções urinárias (abscesso perinefrético ou retroperitonial, outras
infecções do
ureter, uretra e rins)
Relacionada a sonda vesical de demora: sim não
PNEU – pneumonia
Relacionada a ventilação mecânica: sim não
Sepse relacionada a uso de cateter venoso central
dissecado puncionado/umbilical
ISC – infecção do sítio cirúrgico
INC – sítio cirúrgico incisional superficial
PROF – sítio cirúrgico incisional profundo
INT – sítio cirúrgico interno (órgão ou cavidade – especificar)
BRON – bronquite, traqueíte,
bronquiolite
PUL – abscesso de pulmão, empiema
OR – oral (língua, boca, gengiva)
SEI – sinusite
VAS – faringite, laringite, epiglotite
CONJ – conjuntivite
OL – outras infecções do olho
OUE – otite externa
OUM – otite média
ENDO – endocardite
MIOC – miocardite ou pericardite
MED – mediastinite
IC – intracraniana (abscesso)
MEN – meningite, ventriculite
AE – abscesso espinhal sem meningite,
sem
osteomielite
EN – enterocolite necrosante
IAB – intra-abdominal não especificada
1
OUI – otite interna
MAST – mastoidite
PEL – pele
PM – partes moles (celulite, fasciíte,
gangrena, linfadenite, linfangite,
miosite)
UD – úlcera de decúbito
QU – queimadura
ONF – onfalite
PUST – pústula
CIRC – circuncisão
MM – abscesso de mama, mastite
SPSL – septicemia primária laboratorial
SPSC – septicemia primária clínica
VASC – arterial ou venosa
TGI – trato gastrointestinal, exceto
gastroenterite e apendicite
HEP – hepatite
GE – gastroenterite
ENT – endometrite
EPIS – episiotomia
OUTRA – outras infecções do aparelho
reprodutor
VAG – cuff vaginal
OS – osteomielite
IT – intervertebral
JB – junta ou bursa
IDS – infecção disseminada
NE – não especificado
Anexo V. Categorias de procedimentos cirúrgicos NNIS (CDC)
Categorias de
procedimentos Descrição
Percentil
75 (horas)
Cirurgia cardíaca Cirurgia de tórax aberto nas válvulas ou septo. Não inclui
revascularização miocárdica, cirurgia vascular, implante de
marcapasso, ou transplante cardíaco
5
Cirurgia de ponte
coronariana-tórax e
sítio doador*
Cirurgia de colocação de ponte coronariana, com incisão no
tórax e no sítio doador (e.g., usando safena, etc.)
5
Cirurgia de ponte
coronariana-apenas
tórax*
Cirurgia de colocação de ponte coronariana, com incisão
apenas no tórax (e.g., usando mamária ou gastro-epiplóica)
4
Cirurgia torácica Cirurgia torácica não cardíaca, não vascular. Inclui
pneumectomia e correção de hérnia hiatal e diafragmática
3
Apendicectomia Remoção de apêndice. Não inclui a que aproveita a
laparotomia de outro procedimento
1
Cirurgia de fígado,
via biliar, pâncreas
Excisão de via biliar (exceto vesícula biliar), ou cirurgia sobre
fígado ou pâncreas 5
Colecistectomia Remoção da vesícula biliar por laparotomia ou laparoscopia 2
Cirurgia de cólon Incisão, ressecção ou anastomose. Inclui anastomose cólon-
intestino delgado 3
Cirurgia gástrica
Incisão ou excisão do estômago. Inclui vagotomia e
piloroplastia 3
Cirurgia de intestino
delgado
Incisão ou excisão do intestino delgado. Não inclui
anastomose intestino delgado-cólon
3
Laparotomia Laparotomia exploratória 2
Nefrectomia Remoção total ou parcial do rim, com ou sem estruturas
adjacentes e relacionadas
4
1
Prostatectomia Remoção da próstata suprapúbica, retropúbica, ou perineal 4
Cabeça e pescoço Incisão ou excisão de laringe, traquéia e dissecção radical de
pescoço
7
Herniorrafia Correção de hérnia inguinal, femoral, umbilical ou da parede
anterior do abdome, exclui qualquer outro tipo
2
Cirurgia de mama Mastectomia parcial ou total, biopsia, e mamoplastia 3
Craniotomia Incisão para excisão, reparação ou exploração do encéfalo.
Não inclui punções
4
Shunt ventricular Shunt extracraniano ventricular. Inclui revisão e retirada 2
Cesárea Parto por cesárea, por qualquer incisão abdominal 1
Histerectomia
abdominal
Remoção do útero com ou sem tubas e ovários por incisão
abdominal
2
Histerectomia
vaginal Retirada do útero e/ou colo, trompas ou ovários pela vagina
ou incisão do períneo
2
Amputação de
membros
Amputação total ou parcial ou desarticulação de membro(s)
inferior(es) e/ou superior(es), incluindo dedo(s)
2
Fusão espinhal Fusão espinhal 4
Redução aberta de
fratura
Redução aberta de fratura ou deslocamento de ossos longos
com fixação interna ou externa. Não inclui prótese articular
2
Prótese de quadril† Artroplastia do quadril com colocação de prótese articular 2
Prótese de joelho† Artroplastia de joelho com colocação de prótese articular 2
Laminectomia‡ Exploração ou descompressão da medula espinhal por incisão
ou excisão das estruturas vertebrais
2
Enxerto de pele Inclui doador e receptor 3
Esplenectomia Retirada total ou parcial do baço 3
Transplante de
órgãos Transplante de coração, fígado, pulmão, rins, pâncreas, ou
baço. Não inclui córnea ou medula óssea
6
Cirurgia vascular Operação envolvendo artérias e veias. Inclui aneurisma da
aorta. Cirurgia em carótida, ilíaca, femoral, poplítea
3
Outros procedimentos do sistema linfático e hematopoiético 3
Outras do sistema cardiovascular 2
Outras do ouvido, nariz e garganta 3
Outras do sistema endócrino 3
Outras do olho 3
Outras do trato digestivo 2
Outras do sistema geniturinário 2
1
Outras do sistema músculo esquelético 3
Outras do sistema nervoso 4
Outros procedimentos obstétricos 1
Outras próteses articulares† 3
Outros do sistema respiratório 2
Outros procedimentos tegumentares 2
*Na descrição original do índice NNIS esta distinção não era feita
†Na descrição original, todas as cirurgias com colocação de prótese eram colocadas na mesma
categoria
‡Esta categoria não estava incluída na descrição original do índice NNIS
Anexo VI.Classificação das ISC de órgão/cavidade segundo o sítio envolvido, CDC, 1992.
-Infecção arterial ou venosa
-Abscesso mamário ou mastite
-Cavidade do disco inter-vertebral
-Ouvido, mastóide
-Endocardite
-Endometrite
-Olho, diferente de conjuntivite
-Trato gastrintestinal
-Intra-abdominal, não incluído em outra
-Intracraniano, abscesso encefálico
-Articulação ou bursa
-Mediastinite
-Meningite ou ventriculite
-Miocardite ou pericardite
-Cavidade oral (boca, língua ou gengiva)
-Osteomielite
-Outras infecções do trato respiratório inferior (e.g., abscesso ou empiema)
-Outras do trato reprodutor masculino ou feminino
-Sinusite
-Abscesso espinhal sem meningite
-Trato respiratório superior
-Cuff vaginal
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1
Anexo VII. Requisição de antibiótico profilático
_______________________________________________________
Requisição de Antibiótico Profilático
Cardiovascular
-somente em implante de prótese valvar, revascularização doMiocárdio: abertura do coração Esquema 3 – cefalotina 1g. i.v.,
de 6 em 6 horas, por 24 horas (4 doses).
-somente em aorta abdominal; artérias de extremidades inferiores: amputação por doença isquemia Esquema 1 – cefalotina 1g i. v., na
indução anestésica (1 dose).
Cirurgia geral
-cabeça e pescoço:somente com abordagem pela mucosa oral ou faríngea - Esquema 6 – Amoxicilina + Sulbactam 1.500 mg
Ev de 8 em 8 horas por 24 horas (3 doses).
-Esôfago – Esquema 9 – gentamicina – 80 mg i. v., de 8 em 8 horas (3 doses) + Metronidazol 500mg i.v., de 8 em 8 horas
(3 doses).
-Gastro duodenal:somente em caso de hemorragia Gatroduodenal: obstrução por ulcera duodenal. Úlcera gástrica,
Câncer gástrico, uso de antiácidos – Esquema 1 – cefalotina 1g i.v., na indução anestésica (1 dose).
-trato biliar: somente para maior de 70 anos: colecistite aguda Icterícia ostrutiva, cirurgia anterior trato biliar, litiase do ducto
comum, cirurgia de urgência – Esquema 1 – cefalotina – 1g. i.v., na indução anestésica (1 dose).
- suspeita apendicite aguda – antes dea incisão – Esquema 8 – Gentamicina – 80 mg i.v., + Metronidazol 500 mg na indução
Anestésica (1 dose).
- Apendicite gangrenado ou perfurado– continuação de profilaxia - Esquema 10 – Gentamicina 80mg i.v, de 8 em 8 horas
(8 doses) + Metronidazol 500mg i.v., de 8 em 8 horas (3 doses)
-Cirurgia do colo retal – esquema 9 – Gentamicina – 80 mg i.v., de 8 em 8 horas (3 doses) + Metronidazol 500mg de 8 em
8 horas (3 doses).
pneumectomia; lobetomia pulmonar – Esquema 1 – cefalotina - 1g. i.v na indução anestésica (1 dose).
Ginecologia
Obstetrícia
-somente em histerectomia: correção de cistocele/ retocele; Reconstrução de trompas de falópio - Esquema 1, cefalotina –
1g. i.v na indução anestésica (1 dose).
Neurologia
-somente em craniotomia: ventrículo perioncal – Esquema 12 - Slufametoxazol 400mg + Trimetoprim 80mg – 2 amp .i.v,
de 12 em 12 horas por 48 horas (4 doses, 8 ampolas).
Ortopedia
-somente em colocação de prótese, material de fixação – Esquema 1, cefalotina 1g. i.v., na indução anestésica (1 dose).
Plástica
-cirurgia cabeça e pescoço: somente com abordagem pela mucosa oral ou faríngea - Esquema 6 – Amoxicilina
sulbactam 1.500mg i. v., de 8 em 8 horas por 24 horas (3 doses)
-Amputação por Esquêmia – Esquema 6 – Amoxicilina – Sulbacatam 1.500mg i.v., de 8 em 8 horas por 24 horas
(3 doses).
Urologia
-somente em prostatectomia; nefreetomia; litotomia; nefrostomia com molde renal; derivação urimária com ou sem sonda
Esquema 1 – cefalotina 1g i.v., na indução anestésica (1 dose)
Traumas e
fraturas
-fraturas expostas Esquema 5 – cefalotina 1g. i.v ., de 4 cm] 4 horas por 72 horas ( 18 doses)
-fratura de nariz, face; mandíbula com abordagem pela mucosa - Esquema 6 – Amoxicilina + Sulbactam – 1500mg de 8/8 hs
Por 24 horas (3 doses).
fratura com exposição para o interior da boca – Esquema 7 – Amoxicilina, + Sulbactam 1.500mg e.v., de 8 em 8 horas, por
72 horas (09 doses).
-trauma com penetração de articulação – Esquema 4 – Cefalotina 1g. i, v.de 6 em 6 horas por 24 horas (4 doses).
-trauma abdominal- antes de incisãoEsquema 8 - Gentamicina 80mg i. v, + metronidazol 500 mg 1. v, na
Indução anestesia (1 dose).
-continuação de profilaxia para trauma abdominal: somente em caso de perfuração de vísceras oca – Esquema 10 –gentamicina
80mm i. v., de 8 em 8 horas (8 doses) + Metronidazol 500 mg i.v., de 8 em 8 horas (8 doses) por 72 horas.
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Após a ultima dose avaliar a nessecidade do tratamento.
-trauma tora cio aberto – Esquema 4 – cefalofina 1 g. i.v, de 6 em 6 horas por 24 horas ( 4 doses).
-trauma com penetração de crânio – Esquema 13 – Sulfametoxazol 400mg. + trimetoprim 80 mg. – 2 amp. i. v .,
de 12 em 12 horas por 72 horas ( 6 doses, 12 ampolas) + cloranfericol 1 g. i.v., de 6 em 6 horas por 72 ( 12 doses).
-Laceroções externas perda de substancia – Esquemas 4 cefalotina 1g. i.v., de 6 em 6 horas por 24 (4 doses).
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