Resumo
Campos JLG. Fatores de atraso no diagnóstico de neoplasias de cabeça e pescoço.
Curso de Pós-Graduação em Ciências da Saúde do Hospital Heliópolis – HOSPHEL
– São Paulo, 2006. IX, 87 f.
A mortalidade por câncer ocupa o segundo lugar em importância nos países
ocidentais, entre eles o Brasil, e as neoplasias de cabeça e pescoço representam 5%
de sua incidência. Atrasos do início dos sintomas ao diagnóstico clínico são comuns,
apesar de a doença ser localizada numa região anatômica que apresenta facilidade
para o exame. Idealmente, o diagnóstico deve ser feito tão cedo quanto possível, pois
minimizar o atraso em diagnosticar a doença, depois do início dos sintomas, melhora
o prognóstico. Na prática, isso não é encontrado com freqüência e o atraso no
diagnóstico consiste em dois elementos: o atraso do paciente em se apresentar ao
clínico e o atraso devido ao profissional consultado. OBJETIVO: Este estudo tem
como objetivo estabelecer fatores que motivaram atraso entre o reconhecimento dos
sintomas iniciais e o diagnóstico formal em uma amostra de 64 pacientes
diagnosticados com neoplasias de cabeça e pescoço. CASUÍSTICA E MÉTODOS:
Utilizando um questionário, 49 homens e 15 mulheres foram entrevistados e os dados
foram relacionados com achados clínicos e sócio- demográficos. RESULTADOS: A
idade média por época do diagnóstico foi de 56,16 anos, com um desvio padrão de
13,05. As queixas principais dos pacientes foram dor, nódulo no pescoço, úlcera,
disfagia e disfonia. Dos pacientes, 73,02% procuraram primeiramente cuidados
médicos, 20,63% automedicaram-se e apenas 6,35% procuraram primeiramente um
dentista. O tempo do paciente, contado desde os primeiros sintomas até o
diagnóstico, apresentou uma média de 273,19 dias. O atraso foi significantemente
associado com a interpretação cognitiva dos sintomas. Pacientes que sabiam ou
suspeitavam do câncer tiveram um maior atraso. O tempo do profissional, contado
desde a primeira consulta até o diagnóstico apresentou uma média de 198,09 dias.
DISCUSSÃO: Comparando o tempo médio de diagnóstico encontrado com trabalhos
anteriores, nossos dados alertam para a necessidade de campanhas de esclarecimento
sobre os sinais precoces do câncer entre a população leiga e os profissionais de
saúde. CONCLUSÕES: As variáveis que influíram para aumentar o atraso do tempo
profissional foram a solicitação de exames subsidiários e o número de outros
profissionais a quem o paciente foi encaminhado. As variáveis sócio-demográficas
(gênero, idade, escolaridade, número de familiares e renda familiar) não mostraram
influência sobre o atraso no diagnóstico.
Palavras chave:
1. Neoplasias de Cabeça e pescoço. 2. Carcinoma de células escamosas
2. Câncer bucal.