2. Recursos acadêmicos: Mauro sabe ler e escrever e fazer contas ou demais atividades exigidas
para seu nível escolar (segunda série). Isso contribui inclusive na variabilidade de jogos que podem
ser utilizados em sessão.
3. Escola: Apesar dos problemas escolares, a diretora e a professora se mostraram dispostas a
receber dicas sobre como lidar com Mauro. A escola é particular e as turmas são pequenas (cerca de
20 alunos) e a professora tem um ótimo conhecimento sobre cada aluno.
3) Quais as informações disponíveis a respeito dos controles ambientais (na família, escola e
outros) associados aos comportamentos queixa do cliente?
1. Comportamento-opositor: ocorre diante da solicitação de atividades menos preferidas (arrumar a
cama, fazer a lição, comer comidas menos preferidas, acordar de manhã, tomar banho, escovar os
dentes, trocar de roupa etc). Sua mãe, não raro, desiste de solicitar e acaba fazendo pelo cliente. Em
outros casos (como na alimentação) passa um longo tempo ao lado dos filhos até que eles terminem
de comer. Seu pai também desiste “quando está de bom humor” mas, na maioria das vezes, obriga-o
a executá-las com ameaças de “surras”. Caso M. ainda manifeste oposição, apanha com cinta nas
pernas ou ouve um longo sermão a respeito da importância da obediência, respeito aos mais velhos
etc. Os pais relatam que a oposição se manifesta de forma cada vez mais grave: gritos mais altos,
birras e respostas cada vez mais desafiadoras.
2. Dificuldades na expressão de sentimentos positivos e competitividade: percebi que o pai de M.
supervaloriza comportamentos do filho que demonstram o quanto ele é “independente” e “esperto”,
atitudes que podem estar relacionadas a esta queixa. O próprio pai se utiliza da questão “ganhar /
perder” para motivar a criança a fazer diversas atividades: estudar para ser o primeiro da classe,
jogar um jogo para ver quem vai ganhar mais pontos.
3. Impulsividade: Alguns relatos dos pais indicam que, provavelmente, estes resolvem os problemas
do filho assim que percebem que M. não consegue ou diz que não quer, o que livra o cliente de tais
tarefas.
* É possível que algumas conseqüências relatadas, embora pareçam aversivas, funcionem como
reforçadores para os comportamentos-queixa, mantendo a alta freqüência.
4) Do que o seu cliente gosta de brincar? Do que não gosta?
1. Gosta: de todo tipo de jogos estruturados. Tem preferência, até o momento (quinta sessão), por
Pebolim, Jogo da Vida e Forca. Escolheu o Jogo dos Sentimentos por causa de sua estrutura
(tabuleiro, peões, dado), mas quando começou a jogar e viu que se tratava dos sentimentos,
mostrou-se menos entusiasmado.
2. Não gosta: de atividades livres, como pintar, desenhar, recortar, brincar com bonecos. Quando
sugiro tais atividades, ele relata que não quer. Até a quinta sessão, elas ainda não foram realizadas.
5) Quais os seus objetivos com este cliente? Que comportamentos seriam CRB2?
1. Estabelecer vínculo com o cliente: Para mim, o primeiro objetivo para esse início de terapia deve
ser o estabelecimento de uma relação agradável com o cliente, que o faça gostar de ir à terapia e se
sentir bem na sessão.
2. Conhecer o cliente: Outro objetivo importante é conhecer o cliente, para conseguir caracterizar
detalhadamente os seus recursos e déficits comportamentais e, assim, estruturar melhor as
atividades e os objetivos posteriores.
3. Promover comportamentos alternativos e incompatíveis com os comportamentos-queixa: Esses
comportamentos podem incluir, por exemplo: ajudar a guardar os brinquedos (colaboração);
expressar carinho (expressão de sentimento positivo); ter “espírito esportivo” quando perder em um
jogo (competitividade); desenvolver o gosto pela brincadeira enquanto processo ao invés de
somente resultado (de “ganhar” para “participar”); reduzir a impulsividade diante de situações
problema e ser bem sucedido devido a tal alteração.