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Adriana de Assis
NOVOS MODELOS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO IDOSO: DESAFIOS E
TENDÊNCIAS DA ARQUITETURA FRENTE AO ENVELHECIMENTO POPULACIONAL
BRASILEIRO.
Dissertação submetida ao corpo docente do
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ,
como parte dos requisitos necessários para
obtenção do grau de Mestre em Ciências em
A
rquitetura, área de concentração em
Racionalização do Projeto e da Construção.
Orientador:
Profª.Ivani Bursztyn, D.Sc.
Co-orientador:
Prof. Mauro César de Oliveira Santos, D.Sc.
Rio de Janeiro
2006
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NOVOS MODELOS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO IDOSO: DESAFIOS E
TENDÊNCIAS DA ARQUITETURA FRENTE AO ENVELHECIMENTO POPULACIONAL
BRASILEIRO.
Adriana de Assis
Dissertação submetida ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação em
Arquitetura da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de
Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de Mestre
em Ciências em Arquitetura, área de concentração em Racionalização do Projeto e da
Construção.
Aprovada em 19 de Abril de 2006
Banca Examinadora
________________________________________________
Profª. Ivani Bursztyn, D.Sc. – Orientadora
PROARQ / NESC / UFRJ
________________________________________________
Prof. Mauro César de Oliveira Santos, D.Sc. – Co-orientador
PROARQ / FAU / UFRJ
_______________________________________________
Prof. José Gustavo Francis Abdalla, D.Sc.
Faculdade de Engenharia e Arquitetura / UFJF
______________________________________________
Profª. Maria Teresa Bustamante Teixeira, D.Sc.
Faculdade de Medicina / UFJF
Rio de Janeiro
2006
2
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Assis, Adriana de,
A848 Novos modelos de assistência à saúde do idoso:
desafios e tendências da arquitetura frente ao enve-
lhecimento populacional brasileiro/ Adriana de Assis.-
Rio de Janeiro: UFRJ/FAU, 2006.
viii, 142f.: il.; 30 cm.
Orientador: Ivani Bursztyn.
Co-orientador: Mauro César de Oliveira Santos.
Dissertação (mestrado) – UFRJ/ PROARQ/
Programa de Pós-graduação em Arquitetura, 2006.
Referências Bibliográficas: f. 113 -119.
1.Arquitetura - Asilos. 2. Casas de Repouso. 3.
Saúde do idoso. I. Bursztyn, Ivani . II. Santos, Mauro
César de Oliveira. III. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo,
Programa de Pós-graduação em Arquitetura. IV. Título.
CDD 725.5
iii
3
Aos idosos, participantes da pesquisa
pela boa vontade em contribuir para
a realização deste trabalho.
iv
4
AGRADECIMENTOS
Aos orientadores Mauro Santos e Ivani Bursztyn pelo aprendizado e pela tranqüilidade que
me conduziram na direção certa do tema pesquisado. Ao Professor Luiz Fernando Tura
pelas dicas no planejamento da pesquisa de campo.
Aos meus pais por serem pessoas tão presentes e especiais na minha vida e pelo apoio
incondicional em todas as etapas da minha formação profissional.
Aos meus irmãos Patrícia e Marco Aurélio, minha vó Alice e meu tio Márcio por estarem
sempre me encorajando como também repreendendo pela extrapolação das horas de
estudo. A todos os familiares que vibraram positivamente.
Ao dr. Jorge Baldi e Marilene Fabri que acreditaram no meu trabalho como arquiteta
colocando o Hospital Universitário à disposição como um campo de trabalho e pesquisa. A
todos os funcionários deste estabelecimento com os quais adquiri conhecimentos durante os
projetos de reforma e construção.
À Waina, colega de trabalho, pela oportunidade de trabalharmos juntas nos projetos
arquitetônicos do Hospital Universitário.
Ao Professor Gustavo Abdala pelo incentivo à minha participação no mestrado e por todas
as contribuições durante esta longa jornada.
Aos professores José Aravena, Maurício Aguilar e Waldir Azevedo pelas orientações e
incentivo à busca incessante do conhecimento durante e após a minha especialização na
Universidade Federal de Juiz de Fora.
Ao geriatra Márcio Borges e à fonoaudióloga Talita pelo intercâmbio de informações e
material bibliográfico.
Ao Gustavo, parceiro e admirador, pelo seu modo divertido de me acalmar nas horas
difíceis.
v
5
À minha prima Claudilene Christina pelas dicas e ajudas na organização dos textos do
mestrado.
Ao professor Marcus Tanure e ao Engenheiro Júlio César Honorato pelo incentivo à
realização do mestrado e apoio na difícil conciliação do trabalho com a vida acadêmica.
À todos os funcionários do Departamento de Saúde da Terceira Idade que me receberam de
braços abertos para a realização da pesquisa de campo.
Aos profissionais entrevistados, cuidadores e em especial aos idosos participantes da
pesquisa que com suas respostas simples mas profundas em significado contribuíram para
a realização desta dissertação. Alguns idosos me agradeceram por ouvi-los quando na
verdade a satisfação era minha. Pude perceber que minutos de atenção trazem felicidade
por representarem carinho, respeito e consideração.
À Deus companheiro de todas as horas.
vi
6
RESUMO
NOVOS MODELOS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO IDOSO: DESAFIOS E
TENDÊNCIAS DA ARQUITETURA FRENTE AO ENVELHECIMENTO POPULACIONAL
BRASILEIRO.
Adriana de Assis
Orientadora: Profª.Ivani Bursztyn, D.Sc.
Co-orientador:Prof. Mauro César de Oliveira Santos, D.Sc.
Com as mudanças do perfil demográfico e epidemiológico brasileiro em conseqüência do
aumento da expectativa de vida da população, torna-se cada vez mais urgente o
planejamento e adequação dos ambientes assistenciais às pessoas idosas. O crescimento
deste grupo etário significa mudanças na vida do indivíduo, na dinâmica familiar e na
estrutura da sociedade. Neste contexto as políticas públicas de amparo ao idoso estimulam
ações que buscam a promoção do envelhecimento saudável e qualidade de vida bem como
a ampliação e renovação dos modelos institucionais de atenção à saúde. Tendo estes
dados como pressuposto o trabalho objetiva identificar os desafios e tendências da
arquitetura frente às novas demandas espaciais dos estabelecimentos de saúde. A pesquisa
apoiou-se na literatura multidisciplinar do tema e no estudo de campo realizado em duas
unidades ambulatoriais da rede municipal e federal do Sistema Único de Saúde de Juiz de
Fora, MG. Nestes locais foram investigados usuários idosos, cuidadores e profissionais. A
análise levantou questões relacionadas à imagem da velhice e da pessoa idosa, condições
de saúde e opiniões sobre os locais ideais de cuidado. Concluiu-se que a criação dos novos
espaços alternativos de assistência à saúde do idoso é um processo progressivo que já está
em construção, mas apresenta como desafio a interface amigável entre poder público,
equipe profissional multidisciplinar e idosos, com respeito e valorização das suas reais
necessidades.
Palavras chave: Idoso, Saúde, Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, Arquitetura.
Rio de Janeiro
2006
vii
7
ABSTRACT
NEW MODELS FOR ELDERLY PEOPLE HEALTH AID: ARCHITECTURE CHALLENGES
AND TENDENCIES RELATED TO THE BRAZILIAN AGING PEOPLE PROCESS
Adriana de Assis
Advisor: Profª.Ivani Bursztyn, D.Sc.
Co-advisor: Prof. Mauro César de Oliveira Santos, D.Sc.
The changes that have happened in Brazil with the profiles: demographic and epidemiologist
claims to an urgent planning and adequacy of the aid places dedicated to elderly people. The
raising number of old aged people causes changes in the person’s life, it affects the family
habits and the society structure. In this context the public actions to support the elderly
people stimulates actions which are set to promote a healthful aging and a good life standard
as well as the enlargement and renewal of institutional models for health care. The present
work goal is to identify the architecture challenges and tendencies to deal with the new
demands of places made to be health establishments supported by the dates detailed in the
previous paragraphs. The research is based on the multidiscipline literature about the subject
and also by study visits at two city clinics: a local one and a federal one. They are part of the
health care system of Juiz de Fora, MG. In these places elderly costumers, their caretakers
and employees where interviewed. The analysis was about matters related to the image of
oldness and of the elderly people, health conditions and opinions about the ideal care places.
The conclusion is that the creation of new alternative places to help elderly people health is a
progressive process which has already been constructed but it still has a challenge: friendly
interaction between the public power, the multidiscipline team and elderly people being
respected the valuation of their real needs.
key words: Elderly people, Health, Health aid establishments, Architecture.
Rio de Janeiro
2006
viii
8
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS.............................................................................................................. v
RESUMO................................................................................................................................vii
ABSTRACT...........................................................................................................................viii
SUMÁRIO...............................................................................................................................09
LISTA DE FIGURAS..............................................................................................................12
LISTA DE TABELAS..............................................................................................................13
LISTA DE QUADROS............................................................................................................14
INTRODUÇÃO........................................................................................................................16
OBJETIVOS...........................................................................................................................18
ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO........................................................................................18
CAPÍTULO 1 – O IDOSO
1.1 – Contextualização...........................................................................................................21
1.1.1 - O idoso nas diferentes culturas........................................................................... 21
1.1.2 - Envelhecimento populacional e transição demográfica...................................... 28
1.1.3 - Transição epidemiológica ...................................................................................36
1.1.4 - Envelhecimento e assistência à saúde no contexto internacional...................... 39
1.2 – Definições.....................................................................................................................45
1.2.1 - Aspectos biológicos, psicológicos e sociais do envelhecimento.........................45
1.3 - Políticas públicas de amparo e assistência à saúde do idoso.......................................52
CAPÍTULO 2 – ARQUITETURA DOS ESTABELECIMENTOS DE ASSISTÊNCIA À
SAÚDE DO IDOSO: NOVOS RUMOS
2.1 - Humanização dos espaços assistenciais..................................................................... 57
2.2 - Arquitetura e interdisciplinariedade na construção de ambientes de saúde................ 61
2.3 - Aspectos gerais das normas vigentes...........................................................................68
CAPÍTULO 3 – PESQUISA DE CAMPO: A SAÚDE DO IDOSO EM JUIZ DE FORA / MG
3.1 – A cidade pesquisada................................................................................................... 74
3.2 - Planejamento da pesquisa........................................................................................... 77
3.2.1 – Introdução......................................................................................................... 77
3.2.2 – Metodologia ........................................................................................................78
3.2.3 – Coleta de dados................................................................................................ 79
3.2.3.1 Campo de estudo....................................................................................... 79
3.2.3.2 Participantes .............................................................................................. 79
3.2.3.3 Instrumentos .............................................................................................. 80
3.2.4 – Resultados ........................................................................................................ 81
9
3.2.4.1 Perfil dos idosos.............................................................................................. 81
3.2.4.2 A imagem de uma pessoa idosa.................................................................... 82
3.2.4.3 A imagem de um pessoa idosa saudável ......................................................84
3.2.4.4 O local ideal para cuidar da saúde do idoso....................................................85
3.2.4.5 Satisfação com o ambulatório........................................................................ 86
3.2.4.6 Hospitalização.................................................................................................87
3.2.4.7 Saúde ............................................................................................................ 89
3.2.4.8 Perfil dos cuidadores e idosos assistidos .......................................................90
3.2.4.9 A imagem de uma pessoa idosa ....................................................................91
3.2.5.0 A imagem de um idoso saudável.....................................................................92
3.2.5.1 O local ideal para cuidar da saúde do idoso....................................................93
3.2.5.2 Experiência de internação ..............................................................................93
3.2.5.3 Grau de dependência do idoso cuidado .........................................................94
3.2.5.4 Problemas mais freqüentes para cuidar da saúde do idoso............................95
3.2.5.5 Outros serviços freqüentados pelos idosos ...................................................95
3.2.5.6. Espaço físico dos estabelecimentos assistenciais de saúde e a influência na
recuperação e bem do paciente................................................................................. 95
3.2.5.7 Perfil dos profissionais.....................................................................................98
3.2.5.8 O atendimento ao idoso como um campo especial de assistência.................99
3.2.5.9 Adequação dos serviços ao atendimento especial do idoso ........................100
3.2.6.0 O espaço construído do ambulatório ............................................................100
3.2.5 Análise dos resultados........................................................................................ 102
CAPÍTULO 4 – RECOMENDAÇÕES E CONCLUSÃO
4.1- Recomendações...........................................................................................................108
4.2- Conclusão.....................................................................................................................110
BIBLIOGRAFIA....................................................................................................................113
APÊNDICES
Apêndice I - Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa ....................................................121
Apêndice II - Questionário – Idosos ...................................................................................122
Apêndice III - Questionário – Cuidadores .......................................................................... 126
Apêndice IV - Roteiro da entrevista – Profissionais............................................................ 129
Apêndice V - Tabela 5 – Um idoso saudável – Resposta dos Idosos ................................130
Apêndice VI - Tabela 6 – Local para cuidar da saúde do idoso – Resposta dos idosos.....136
10
Apêndice VII - Tabela 7 – Local para cuidar da saúde do idoso – Resposta dos
cuidadores............................................................................................................................141
11
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Evolução da pirâmide etária do Brasil.................................................................. 32
Fonte: IBGE (2005)
Figura 2 – Pirâmide etária do Brasil........................................................................................32
Fonte: DATASUS (2005)
Figura 3 – Pirâmide etária da região Sudeste do Brasil.........................................................33
Fonte: DATASUS (2005)
Figura 4 – Pirâmide etária da estado de São Paulo..............................................................34
Fonte: DATASUS(2005)
Figura 5– Pirâmide etária da estado de Minas Gerais...........................................................34
Fonte: DATASUS(2005)
Figura 6 – Pirâmide etária da estado do Rio de Janeiro........................................................35
Fonte: DATASUS (2005)
Figura 7 – Pirâmide etária da cidade de Juiz de Fora/MG ....................................................35
Fonte: DATASUS (2005)
Figura 8 – Sala de terapia ocupacional do hospital –dia do Centro Geriátrico
Júlia Magalhães em Salvador...............................................................................................71
Fonte: http://www.irmadulce.org.br/saude/nucleos/cgjm.htm
(2004)
12
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Fases da vida segundo diferentes autores ..........................................................46
Fonte: CORRÊA (1996)
Tabela 2 – Distribuição percentual da População por idade em Juiz de Fora, Minas Gerais e
Brasil, 1980/ 1991/2000.........................................................................................................74
Fonte: IBGE, Censos Demográficos 1980 / 1991 / 2000; Centro de Pesquisas Sociais
/ Anuário 2004
Tabela 3 – Indicadores de saúde (setor primário e secundário)............................................76
Fonte: Diretoria de Saúde, Saneamento e Desenvolvimento Ambiental/Anuário Estatístico
da UFJF 2001
Tabela 4 – Indicadores de saúde (setor terciário)..................................................................77
Fonte: Diretoria de Saúde, Saneamento e Desenvolvimento Ambiental/Anuário Estatístico
da UFJF 2001
Tabela 8 – Perfil dos profissionais entrevistados....................................................................98
13
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Tópicos de interesse em psicologia ambiental e envelhecimento ..................63
Fonte: NERI (2004)
14
“A velhice é algo que está no futuro mas perto e dentro de nós, pois começamos a envelhecer desde
crianças e jovens.”
James Hillman
INTRODUÇÃO
15
INTRODUÇÃO
O aumento da expectativa de vida do ser humano tem sido objeto de estudo de
diferentes áreas de pesquisa e entidades governamentais. Este fenômeno registrado em
países desenvolvidos e em desenvolvimento é resultado da combinação de vários fatores
como a redução das taxas de natalidade e mortalidade assim como melhorias na qualidade
de vida e saúde pública. O crescimento acentuado do grupo etário idoso traz novas
demandas que repercutem em todos os âmbitos da sociedade, altera as relações
interpessoais e das pessoas daquele grupo com o meio onde vivem.
No Brasil, a preocupação com os mais velhos é recente, uma vez que o número deles
era pequeno se comparado com as demais faixas etárias. Também não havia meios e
informações necessárias para promover a qualidade de vida a estes cidadãos. Nas últimas
décadas, a longevidade da população brasileira está aumentando de forma semelhante à
dos países do primeiro mundo e segundo projeções estatísticas da OMS, Organização
Mundial de Saúde, em 2005, o país terá a sexta população de idosos do mundo.
O processo brasileiro de transição demográfica diferente do ocorrido em países
desenvolvidos vem acontecendo, aceleradamente, em um contexto com graves problemas
sociais, ainda não solucionados, que atingem todas as faixas etárias. Assim, a atenção às
necessidades dos idosos constitui-se uma nova preocupação do Estado e da sociedade.
Neste sentido, o governo já regulamentou várias políticas públicas para assegurar aos
idosos todos os direitos de cidadania. O Estatuto do Idoso, lei nº 10.741 de 01/10/05 coloca
que: ”É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar
ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à
liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.”
As mudanças do perfil epidemiológico da população assinalam um impacto sobre o
sistema de saúde e a necessidade de oferecer aos que envelhecem uma infra-estrutura
adequada que inclui a criação de espaços alternativos de assistência à saúde. Embora
exista um número elevado de pessoas idosas com a capacidade funcional preservada,
ainda encontramos uma parcela relevante de indivíduos portadores de doenças crônico-
degenerativas que, paralelamente, apresentam um acentuado declínio das suas funções
fisiológicas. Essa disfunção os torna dependentes. As doenças crônico-degenerativas,
normalmente, são de longa duração e demandam tratamento prolongado e oneroso ao
sistema de saúde. Este, pelas suas dificuldades históricas, acaba por não atender
adequadamente o segmento idoso da população (Sanchez,2000).
16
A assistência integral ao idoso estimulada pelo ministério da Saúde se estrutura
sobre o conceito ampliado de saúde e busca substituir o atual modelo centrado na doença e
na internação hospitalar. Esta forma de cuidado humanizado valoriza as ações de
prevenção aos agravos, promoção, proteção e recuperação da saúde com vistas ao
envelhecimento saudável. Diante destas considerações, o modelo hospitalar ou asilar
existente mostra-se inadequado como base do sistema. Instâncias intermediárias de
cuidado como: Hospital-dia, centro-dia, centros de convivência, lares abrigados e outros já
se encontram regulamentados por lei.
A construção do novo modelo de atenção integral ao idoso, decorrente dos novos
conceitos de promoção da saúde e qualidade de vida, perpassa por mudanças no “lócus” do
cuidado. Nesse panorama, a arquitetura tem papel fundamental por trabalhar com a
organização dos espaços conferindo a qualquer tipo de edifício uma ambiência humana
coerente com as dimensões físicas, psicológicas e sociais do indivíduo. O arquiteto
comparado ao médico tem a responsabilidade de fazer com que o seu trabalho faça alguém
se sentir melhor (HERTZBERGER,1996).
A valorização das sensações físicas, dos estímulos e signos produzidos por um
determinado ambiente são aspectos relevantes em estabelecimentos de assistência à
saúde, pois diferente de outros locais a maioria das pessoas os procuram por necessidade
e não por vontade própria. Desse modo o espaço construído além de promover o bem estar
dos usuários pode servir como suporte terapêutico.
O recorte teórico que se pretende para o desenvolvimento deste trabalho situa-se em
uma abordagem multidisciplinar que procura articular conhecimentos formais da área de
saúde, da arquitetura e informais da população entrevistada (idosos, cuidadores e
profissionais) como subsídios para o planejamento arquitetônico dos espaços alternativos de
assistência à saúde regulamentados pelas leis governamentais de atenção ao idoso.
Para efeitos dessa dissertação, adotou-se como idosos pessoas com idade
cronológica a partir de 60 anos como determina a Lei nº 8.8842/94, artigo 2 no inciso I. Esta
definição foi estabelecida pela ONU, Organização da Nações Unidas, para países em
desenvolvimento, como o Brasil.
A pesquisa de campo foi realizada em Juiz de Fora, MG. Este município de médio
porte já se mobiliza em busca de novas alternativas de cuidado à saúde do grupo etário
idoso, tendo em vista o elevado percentual da população idosa, cerca de 10,57%, índice
acima do registrado no estado de Minas gerais e no Brasil.
A pesquisa adotada foi de natureza qualitativa com apoio da teoria das
Representações Sociais e teve como instrumentos o uso de entrevistas, questionários semi-
estruturados e observações em campo. A abordagem dos entrevistados se deu em dois
estabelecimentos de assistência à saúde que atendem um número maior de pacientes
idosos, o ambulatório do Hospital Universitário da UFJF e o Departamento de Saúde da
Terceira Idade, órgão do município.
17
O estudo realizado nestes locais não teve como objetivo uma avaliação da estrutura
física, mas uma primeira aproximação entre a assistência atual e a idealizada pelos
entrevistados com o foco principal na percepção dos idosos.
As informações objetivas e subjetivas relativas ao envelhecimento, saúde, doença e
arquitetura obtidas na pesquisa poderão complementar os requisitos estanques das
legislações de infra-estrutura-física dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde e
contribuir para a produção de ambientes humanizados e facilitadores da assistência holística
preconizada na Política Nacional de Saúde do Idoso.
OBJETIVOS
Objetivo Geral
Identificar os novos desafios e tendências da arquitetura hospitalar frente ao
envelhecimento da população brasileira.
Objetivos Específicos
identificar as necessidades de assistência à saúde do idoso;
conhecer a concepção do idoso e da equipe de saúde em relação à velhice e à doença;
demonstrar a relação existente entre ambiente adequado e recuperação do paciente;
servir como material de apoio para futuros projetos de estabelecimentos assistenciais
de saúde;
demonstrar que é possível formar uma equipe participativa entre profissionais da saúde,
arquiteto e idoso.
ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
O presente estudo foi organizado em quatro capítulos objetivando demonstrar o
papel da arquitetura no campo da assistência à saúde dentro de uma sociedade em
envelhecimento. De maneira geral, em arquitetura como nas demais áreas do
conhecimento, o foco da pesquisa recai sobre as crianças e o adulto jovem, o idoso é um
sujeito pouco estudado nas suas particularidades. Deste modo, o trabalho pretende explorar
um pouco mais o universo do idoso como recurso para o planejamento dos novos
estabelecimentos alternativos de assistência à saúde.
O Capítulo 1 apresenta uma visão geral do envelhecimento populacional através de
aspectos históricos e contemporâneos. Discorre sobre as questões culturais, demográficas,
18
epidemiológicas, conceituais e políticas relativas ao idoso assim como o seu impacto na
sociedade.
O Capítulo 2 aborda o conceito de humanização dentro dos espaços assistenciais de
saúde. Enfoca a importância da interdisciplinariedade e complementariedade dos
conhecimentos das diversas áreas da saúde com a arquitetura para a construção de
espaços de saúde holisticamente adequados às necessidades humanas. Também
apresenta as normas que regulamentam os novos estabelecimentos de assistência à saúde
do idoso.
O Capítulo 3 apresenta um estudo de caso em duas instituições de saúde que
prestam atendimento ambulatorial ao paciente idoso na cidade de Juiz de Fora, MG. A
coleta de dados foi obtida por meio de entrevista e questionário aplicados aos idosos,
cuidadores e profissionais, com o objetivo de obter informações de natureza objetiva e
subjetiva aplicáveis ao planejamento físico dos estabelecimentos de cuidado ao idoso.
O Capítulo 4 expõe as recomendações sobre o tema em questão e conclui esse
estudo.
19
“Através da maneira como a sociedade se comporta com seus velhos,
ela desvela sem equívoco a verdade – muitas vezes cuidadosamente
mascarada – de seus princípios e seus fins”
Simone de Beauvoir
CAPÍTULO 1
O IDOSO
20
CAPÍTULO 1 – O IDOSO
1.1 Contextualização
1.1.1 - O idoso nas diferentes culturas
O envelhecimento é um fenômeno que percorre toda a história da humanidade, mas
com características diferenciadas de acordo com os costumes, tempo e espaço. Quando
um tema como este é abordado, torna-se necessário um estudo histórico da velhice nas
diversas culturas para entendermos o status, preconceitos e esteriótipos que são atribuídos
a esta parcela da população. “Cada sociedade reservou para seus idosos uma função e um
lugar determinado – privilegiado ou marginal – segundo suas necessidades e seus valores”
(VARGAS, 1994).
No processo evolutivo do homem, nômade ou sedentário, a situação dos velhos
passa a representar uma questão cultural no momento em que ele se agrupa para formar
um núcleo de relacionamento e de segurança na caverna ou em qualquer outro tipo de
habitação (CANÇADO,1980).
Nas sociedades primitivas instáveis, principalmente as que viviam da caça e coleta,
fatores como o baixo nível cultural, a escassez de alimentos, a falta de abrigo fixo e a
rigidez do sistema patriarcal eram responsáveis por uma série de atitudes violentas contra
os anciãos. De maneira geral, quando estes se tornavam improdutivos e com as forças
diminuídas eram abandonados, repudiados, agredidos e mortos, segundo o costume de
cada grupo. “Quando o clima é duro as circunstâncias difíceis, os recursos insuficientes, a
velhice dos homens assemelha-se muitas vezes à dos bichos” (BEAUVOIR, 1990).
O parricídio era uma prática comum entre os Ainos (Japão), Yakutes (Sibéria),
Sirionos (Bolívia) e Thonga (África do sul) (CANÇADO,1980).O senilicídeo, costume dos
esquimós, consistia no abandono do idoso em um iglu trancado, sujeito ao frio e à fome ou
exposição aos elementos naturais para acelerar a sua morte, se despiam dos casacos de
pele e caminhavam pela gelada região Ártica para serem devorados pelos ursos polares
(SALGADO,2005). Esta última atitude fazia parte da filosofia deles, pois diziam: “Durante a
juventude matei o urso para, com sua carne, alimentar os meus filhos. É justo que, na
minha velhice, entregue a minha carne para alimentar o urso, que continuará alimentando
os meus descendentes”.
O romance Narayama, inspirado em fatos reais, ilustra a situação dos velhos
japoneses em épocas passadas. As aldeias eram tão pobres que por questão de
sobrevivência os velhos eram mortos. A festa dos mortos era um ritual onde cada filho
primogênito apresentava seus velhos para serem sacrificados, conduzidos até o alto de
21
uma montanha, onde eram abandonados para morrerem de fome, frio ou devorados por
algum animal.
A obra narra a história de um filho que mesmo com as festas dos mortos
acontecendo era incapaz de apresentar sua mãe devido ao seu grande amor por ela. Por
sua vez, de acordo com o costume do lugar, a mãe sentia-se envergonhada por estar
próxima dos 70 anos, vigorosa, trabalhando e principalmente com todos os dentes para
devorar o que quer que seja numa aldeia onde havia falta de comida. Moralmente
incomodada e se sentindo inútil após o casamento do neto mais velho, ela quebra os
dentes para parecer mais velha e finalmente na festa seguinte é sacrificada
(BEAUVOIR,1990).
Os índios norte-americanos, Objibwa, que habitavam as margens do lago Michigan
concediam, de acordo com as famílias, tratamento diferenciado para as pessoas com idade
avançada e incapacidade, mas, freqüentemente, eram negligenciadas. O descendente
doente era abandonado numa cabana longe da aldeia ou numa pequena ilha deserta; se
ele merecesse honras por feitos no passado, a tribo promovia uma festa animada com
cânticos, durante a qual, seu filho surgia para lhe tirar a vida a machadadas (JAMES,1986).
Em geral, as sociedades agrícolas sedentárias e as que não possuem linguagem
escrita tratam bem os velhos por considerá-los como uma fonte viva de conhecimentos e
transmissores da cultura do grupo. O homem idoso enquanto sábio, intercessor e protetor
contra os fenômenos sobrenaturais é a figura que assegura ao longo dos tempos a coesão
da comunidade.
No Brasil, a maior parte das tribos indígenas transmitem os seus costumes
oralmente. Os idosos são considerados e valorizados como um arquivo vivo por isso ficam
responsáveis pela transmissão dos saberes tradicionais que envolvem a vida da aldeia, os
processos curativos, fabricação de remédios, rituais xamânicos, cantos e danças
(PASCHOAL,2002). A pesquisadora Nádia Farange, do Departamento de antropologia
social da Unicamp diz que a etnia Wapixana de Roraima considera os velhos como uma
marca do passado no presente, como uma “dobradiça do tempo” e conclui: “A realidade
para eles é só o presente e o passado só existe na linguagem dos velhos” (FARANGE apud
PASCHOAL,2002).
Atualmente o resgate cultural das tradições é também um meio de evitar as
interferências do contato urbano e fortalecer as organizações políticas e sociais da tribo a
fim de exigir o respeito aos direitos indígenas e a demarcação de terras. Nesse processo o
idoso é peça fundamental.
Na África, a velhice é considerada uma fase privilegiada no círculo da vida, o
momento em que a evolução espiritual se intensifica por estabelecer um vínculo entre os
vivos e os mortos. O respeito e o desejo de atingir a longevidade deve-se à visão animista
22
que eles têm do universo, segundo a qual a vida é uma corrente eterna que flui através dos
homens e gerações sucessivas (KABWASA,1982).
Os Ambum, etnia da região de Kwilu no Zaire, consideram as pessoas idosas
quando seus cabelos embranquecem ou se tornam avós, geralmente chamadas de tata
(pai), mbuta (ancião) ou nkuluntu (cabeça velha). Os velhos são vistos como fontes de
sabedoria e ensinamento, perpetuadores da tradição da tribo, assim eles assumem funções
importantes nos domínios jurídico, religioso, médico-mágico, educacional e econômico.
Estes saberes são transmitidos oralmente e através de rituais às novas gerações. Existe um
ditado africano que diz: “Cada vez que um velho morre, uma biblioteca se queima” e uma
crença de que “Uma aldeia sem velhos é como uma cabana roída de cupins”, deste modo
os anciãos são considerados os alicerces da vida na aldeia (KABWASA,1982).
A tarefa de cuidar do idoso debilitado e dependente cabe ao membro mais jovem da
família por este motivo todo homem aspira a uma prole grande que lhe garanta segurança
no futuro. No entanto, hoje, em algumas aldeias africanas, à medida que os jovens vão para
as cidades em busca de trabalho nota-se a desintegração das famílias com o declínio das
tradições em troca dos valores individualistas da vida urbana e o conseqüente abandono
dos seus ancestrais.
No oriente, a vida interior foi sempre mais importante do que a exterior. Os
ensinamentos de Confúcio tem como princípio básico a harmonia dos relacionamentos
humanos, enfatizam a piedade filial, o respeito e a obediência que todos os membros da
família devem ter com os familiares idosos. As filosofias Budista, Lamaista, Taoista, Yogue
e outras veneram e consideram os velhos como possuidores de sabedoria.
A China mantém o costume de várias gerações de uma família habitarem a mesma
casa tendo como figura central a pessoa idosa. Os vínculos se tornam mais fortes entre os
diferentes grupos etários, os avós cuidam do lar e dos netos de acordo com suas
possibilidades e os filhos cuidam dos pais (SHUI,1982).
De acordo com a cultura japonesa compete à mulher a organização do lar, o cuidado
dos filhos e dos idosos. A hierarquia prevê que o compromisso do cuidado cabe em
primeiro lugar à esposa, depois à filha mais velha seguida pela viúva e por último à solteira
que vive sozinha (CARVALHO; NERI,2004). Esta responsabilidade recai, principalmente,
sobre as mulheres acima de 40 anos e em algumas situações as casadas assumem os
sogros. Os filhos ou genros se encarregam da assistência material, administração dos
interesses econômicos e das necessidades de deslocamento dos idosos. No Japão tudo é
feito para evitar que se coloque os pais em asilos, até os parentes distantes são acionados.
Nos países muçulmanos os idosos são respeitados e zelados devido à tradição
familiar e à moral islâmica que pode ser resumida na expressão árabe Rida al-walidain que
significa o amor e a afeição dos pais (UNESCO,1982). Segundo a cultura deles a maior
23
desgraça para um jovem é ser repudiado por seus pais. Os ensinamentos do Corão
reforçam estes vínculos,
“O decreto de teu Senhor é que não adoreis senão a Ele; que
sejais indulgentes com vossos pais, mesmo que a velhice alcance um deles ou ambos, em
vossa companhia; não os reproveis, nem os rejeiteis; outrossim, dirigi-lhes palavras
honrosas” (CORÃO, SURATA XVII, v.23).
A problemática que envolve o idoso pode ser encontrada em épocas remotas da
civilização. O primeiro texto relativo à velhice foi escrito no Egito em 2500 a.C., pelo filósofo
e poeta Ptah-Hotep, seu conteúdo representa a visão sombria do ocidental em relação ao
envelhecimento:
“Como é penoso o fim de um velho! Ele se enfraquece a cada dia;
sua vista se cansa, seus ouvidos tornam-se surdos; sua força
declina; seu coração não tem mais repouso; sua boca torna-se
silenciosa e não fala mais. Suas faculdades intelectuais diminuem, e
lhe é impossível lembrar-se de hoje do que aconteceu ontem. Todos
os seus ossos doem. As ocupações que até recentemente causavam
prazer só se realizam com dificuldade, e o sentido do paladar
desaparece. A velhice é o pior dos infortúnios que pode afligir um
homem. O nariz entope, e não se pode mais sentir nenhum odor” (
PTAH-HOTEP apud BEAUVOIR, 1990).
As palavras gregas géra, geron designam a idade avançada, o direito de ancianidade
ou deputação. Na Grécia do séc. III e IV a.C. a idade e sabedoria dos homens eram vistas
como questão de honra, uma qualificação para ocuparem cargos no governo e prestarem
assistência ao rei como conselheiros. Na época, os estados gregos podiam ser divididos em
duas categorias: aqueles que reconheciam o privilégio da idade no comando dos negócios
públicos e os que rejeitavam a gerontocracia. Teoricamente Atenas pertencia ao segundo
grupo o seu “senado” era composto por uma delegação de 500 pessoas tiradas a sorte
entre os cidadãos de 30 anos. Já a constituição espartana de Licurgo é um exemplo de
regime gerontocrático, o poder pertencia a Gerusia, Assembléia de 28 membros vitalícios
com idade de 60 anos (CANÇADO,1980).
Platão e Aristóteles, filósofos marcantes da era clássica grega tinham opiniões
divergentes sobre a velhice. A concepção de Platão era influenciada por suas opções
políticas, acrescia ao critério de idade o do valor. Em A República, criticou severamente o
espírito público da democracia ateniense por não respeitar as competências dos mais
velhos era favorável à “timocracia” de Esparta, mas acreditava que os magistrados
deveriam ser os homens mais sábios e não os formados pela guerra. Ele conclui: “os mais
idosos devem mandar, e os jovens obedecer” (PLATÃO apud BEAUVOIR, 1990).
Aristóteles só via pontos negativos nos idosos e classificava-os como enfraquecidos,
possuidores de mau caráter, pessoas que passaram o decorrer da vida a se enganar e por
este motivo não poderiam ser considerados superiores aos mais jovens que acumularam
menos erros do que eles. Do seu ponto de vista a polícia deveria estar à frente da Polis e o
24
título para o exercício do poder estaria na força dos militares jovens de uma classe média e
não nos intelectuais assim, os idosos deveriam se afastar do governo e se ligar ao
sacerdócio (BEAUVOIR, 1990).
A Bíblia através dos seus escritos sagrados registra uma sociedade patriarcal na
qual os velhos são valorizados como eleitos e porta-vozes de Deus, atingem idades
fabulosas como recompensa de uma vida virtuosa. O Salmo 91 (13,15-16) ilustra este fato e
proclama: “O justo florescerá como a palma e como o cedro do Líbano crescerá. (...) Darão
frutos mesmo na velhice, estarão cheios de seiva e vigor, para anunciar quão reto é o
senhor, minha rocha e que não há nele iniqüidade”. Um exemplo disso foi o profeta Moisés
que realizou grandes obras em favor de Israel na sua velhice. Fiel servo do Senhor, morreu
ainda vigoroso com cento e vinte cinco anos.
No Antigo Testamento, em Deuteronômio (11,21), há uma passagem que diz que o
povo deve obedecer os mandamentos de Deus, amá-lo e servi-lo de todo o seu coração:
“...para que vossos dias sejam numerosos sobre o solo que Javé jurou dar a vossos pais,
tão numerosos quanto os dias dos céus que estão por sobre a terra.” O livro sagrado
registra outros patriarcas que também alcançaram a longevidade. Noé teria vivido 950 anos,
Isaac,180, Abraão 175 e Jacó 140.
“A velhice, portanto, à luz do ensinamento e no léxico próprio da
Bíblia, apresenta -se como ‘tempo favorável’ para levar a bom termo
a aventura humana, e faz parte do desígnio divino a respeito de cada
homem como tempo no qual tudo converge, para que ele possa
compreender melhor o sentido da vida e alcançar a sabedoria do
coração” ( PAULOII,1999).
O patriarcado firma-se não somente em advertências bíblicas mas também na
promessa de terra. Em todas as circunstâncias graves, o rei chama os anciãos das grandes
famílias, submete seus problemas à discussão e ouve seus conselhos. O filho que deixasse
de honrar seu pai e mesmo castigado se recusasse a obedecê-lo seria conduzido aos
anciãos da cidade para ser apedrejado e morto pelo povo a fim de tirar o mal do meio de
todos.
Em Israel o prestígio do ancião fica evidenciado não só na Bíblia como também nas
questões legais. O tribunal dos antigos hebreus, Sinédrio, era constituído por sacerdotes,
anciãos e escribas que tinham a função de julgar as questões criminais e administrativas
relativas à tribo ou à cidade.
A história romana demonstra uma estreita relação entre estabilidade da sociedade e a
posição ocupada pelos velhos ricos, valorizados pelos seus bens. Os proprietários de
terras, casas e ações de companhias financeiras eram respeitados e detinham o poder em
25
uma república conservadora governada por uma oligarquia na qual a magistratura só era
alcançada numa idade avançada (BEAUVOIR, 1990).
A situação dos anciãos abastados era privilegiada. O poder do “paterfamilias” era
quase ilimitado, conferia-lhes os mesmos direitos sobre as coisas, pessoas da comunidade
e familiares, podiam vender, mutilar e matar. O aparente prestígio dos mais velhos não era
compartilhado pelos escritores teatrais e poetas que retratavam em seus trabalhos a
indignação do público com a concessão de privilégios econômicos e políticos às pessoas
degradadas física e moralmente. Tanto na cultura grega como na romana, a velhice era
representada, na maioria das vezes, de forma caricata como objeto de escárnio e desprezo
(BEAUVOIR, 1990).
Plauto, em As Atelanas, retoma dos gregos o personagem do velho ridículo, um pai
que tenta atrapalhar os prazeres de seu filho com sua avareza e rivalidade; utiliza
artimanhas e seu poder econômico para roubar ao filho a mulher que ama, mas suas
maquinações sempre fracassam é desmascarado graças à esperteza de um escravo. Sua
mulher também segue o mesmo esteriótipo, feia, rabugenta e alvo de zombaria de toda
vizinhança.
Terêncio, em suas peças teatrais, tratou com mais seriedade os conflitos entre as
gerações, ensina aos pais como devem se comportar para viverem em harmonia com seus
filhos. Entretanto, a situação do “paterfamilias” persistiu até a decadência do sistema
político oligárquico.
Beauvoir (1990) destaca que a relação de autoridade entre velhos e adultos funda-
se no medo ou no respeito inspirado por aqueles, quando os adultos se libertam os anciãos
perdem o poder. Para a autora “... o estatuto do velho nunca é conquistado por ele, mas lhe
é outorgado” de acordo com os objetivos perseguidos pela coletividade. Em uma tribo
nômade, que busca a sobrevivência dia-a-dia, a manutenção de uma pessoa idosa é
indesejável por significar uma boca inútil, mas em outra sociedade com crenças místicas o
ancião pode ser reverenciado por representar um canal de comunicação entre vivos e
mortos.
Na Idade Média, independente da classe social, a situação dos velhos era
desfavorável em todos os setores da sociedade. Durante este período a valorização da
força física conferiu maior status à juventude e fez dos jovens condutores do mundo. As
mulheres velhas não eram poupadas nem na literatura eram retratadas como feiticeiras
malvadas e perigosas. Nas fábulas satíricas como La male femme qui conchia la prude
femme e a Vellha do Romam de La Rose as idosas eram expulsas ou assassinadas,
simbolicamente, nos campos e burgos para livrar a sociedade da velhice (BEAUVOIR,
1990).
26
Para Beauvoir (1990) a referência negativa da velhice, com poucas exceções, foi
uma constante do Egito antigo ao renascimento. Algumas frases, deste período, identificam
a velhice como “o inverno da vida” em outras, a barba e os cabelos brancos são
associados ao gelo e à neve pela sensação de frieza transmitida pelo matiz ao contrário das
cores vibrantes presentes na primavera relacionadas à juventude.
Observa-se que a situação dos anciãos, nas diferentes sociedades, depende em
grande parte de suas capacidades, prestígio e riqueza assim como do juízo que se faz do
envelhecer. Pode-se dizer que as representações sociais da velhice sofrem influências dos
padrões culturais do lugar. Em alguns contextos, os velhos são reverenciados e ocupam
posições privilegiadas no papel de decanos da política e do governo, magos com poderes
sobrenaturais, sacerdotes, grandes proprietários e transmissores da ciência e dos
costumes. Em outros cenários, eles são marginalizados por serem classificados como
improdutivos, incapazes e senis.
De forma geral, verifica-se que a pessoa com mais anos de vida recebe da
sociedade duas representações tipológicas que evocam idéia de maturação ou desgaste: “o
homem idoso”, figura respeitada pela sabedoria e dignidade e o “velho”, indivíduo
desprezado como símbolo negativo da decadência física, mental e incapacidade para o
trabalho. Esta atitude pode ser ilustrada pelas diferentes classificações que a população,
acima dos 60 anos, recebia na França do século XIX: velho (vieux) ou velhote (vieillard) era
usado para designar o indivíduo que não detinha status social e idoso (personne âgée)
aquele que o possuía. Cabe ressaltar que a palavra velhote não representava um termo
muito pejorativo servia também para indicar o velho rico com imagem associada a “bom
cidadão”, “bom pai”etc (PEIXOTO,1998).
Finalizando, o que sobressai nesta revisão bibliográfica são as diferentes visões
que cada sociedade possui da velhice, claramente, retratadas nas atitudes discriminatórias
ou respeitosas para com seus idosos. O estudo histórico em diferentes épocas e culturas do
grupamento humano nos auxiliam a descobrir como os aspectos relativos ao
envelhecimento são organizados e adquirem significados além de servir como reflexão para
a sociedade do século XXI que enfrenta o fenômeno do envelhecimento populacional.
27
1.1.2 – Envelhecimento populacional e transição demográfica
O envelhecimento humano, entendido como um período da vida, é difícil de ser
delimitado com precisão por envolver variáveis biológicas, psicologias e sociais, mas do
ponto de vista cronológico a Assembléia Mundial sobre o Envelhecimento, ocorrida em
1982, na cidade de Viena, Áustria, definiu a população idosa como o grupo de pessoas com
60 anos ou mais. Em 1985, a Organização das Nações Unidas (ONU), adotou a idade de
65 anos para o indivíduo ser considerado idoso, somente nos países desenvolvidos e 60
anos de idade nos países em desenvolvimento, onde a expectativa média de vida é menor
devido ao nível da qualidade de vida ofertada aos cidadãos.
Hoje, a população mundial é mais velha do que em qualquer outro período da História,
segundo a Organização das Nações Unidas entre os anos de 2000/2050 o número de
pessoas idosas com mais de 60 anos deve triplicar, passando de 600 milhões para 2
bilhões, quase 25% da população do planeta. Diferente de épocas passadas, o mundo já
demonstra preocupação com a questão do envelhecimento e suas implicações nos diversos
âmbitos da sociedade. Neste aspecto, Ângela Maria Gomes de Matos Lacerda (2005),
professora e coordenadora da Universidade Aberta à Terceira Idade da UCG coloca:
“As conseqüências dessas transformações requerem mudanças de
mentalidade e postura, o reconhecimento da primazia de
responsabilidade do Estado na condução das políticas públicas que
assegurem um envelhecer com segurança, dignidade e cidadania
como exercício pleno de direito. Também é importante o
envolvimento da sociedade civil organizada, inclusive das entidades
representativas do seguimento idoso” (
Lacerda, 2005).
A segunda Assembléia Mundial sobre o Envelhecimento da ONU, realizada em Madri
no ano de 2002, elaborou uma Estratégia Internacional de Ação sobre o Envelhecimento
cujo objetivo é responder aos problemas e às realidades que desafiam o envelhecimento no
século XXI, a fim de desenvolver uma sociedade para todas as idades. O documento
recomenda as seguintes ações:
das pessoas idosas para que participem plena e eficazmente da vida social,
econômica e política de suas sociedades, inclusive mediante trabalho remunerado
ou voluntário;
a oportunidade de desenvolvimento, da realização pessoal e do bem-estar do
indivíduo em todo o curso de sua vida, inclusive numa idade avançada, por exemplo,
mediante possibilidades de acesso à aprendizagem durante toda a vida;
28
a garantia dos direitos econômicos sociais e culturais das pessoas idosas, assim
como dos seus direitos civis e políticos, inclusive mediante a eliminação de todas as
demais formas de discriminação por razão de idade;
o compromisso de reafirmar a igualdade de gênero nas pessoas idosas mediante a
eliminação da discriminação por motivo de gênero e das demais formas de
discriminação;
o reconhecimento da importância decisiva que tem para o desenvolvimento social a
interdependência, a solidariedade e a reciprocidade entre as gerações;
a atenção à saúde e o apoio às pessoas idosas, segundo as necessidades;
a promoção de uma parceria entre o governo, em todos os seus níveis, a sociedade
civil, o setor privado a as próprias pessoas idosas em torno do processo de
transformar a Estratégia Internacional em medidas práticas;
a utilização das pesquisas e dos conhecimentos científicos para que sejam
consideradas as conseqüências do envelhecimento desde o ponto de vista das
pessoas, da sociedade e da saúde, em particular nos países em desenvolvimento
(Documento base da 2ª Assembléia Mundial sobre o Envelhecimento da ONU -
Madri, 2002).
A crescente preocupação das sociedades com as questões relativas ao
envelhecimento pode ser atribuída a vários fatores de acordo com suas histórias e
costumes, mas, na opinião de Netto (1997):
“...o verdadeiro motivo responsável por esse boom (aumento
repentino e amplo de algum interesse ou atividade) em torno do
envelhecimento tem muito a ver com a demografia (estudo sobre a
população, nos seus mais variados aspectos) do que com questões
éticas, morais, sentimentais ou afetivas”
(Netto, 1997)
O envelhecimento populacional em demografia é entendido como o crescimento da
população considerada idosa em uma dimensão tal que, de forma sustentada, amplia a sua
participação relativa no total da população (MOREIRA,2001). Para que este quadro se
configure é necessário uma redução do ritmo natural de reprodução da espécie humana, ou
seja, diminuição do grupo etário jovem, resultante da queda da fecundidade
(envelhecimento pela base) em alternância com aumento proporcional do grupo idoso em
razão da queda da mortalidade (envelhecimento pelo topo).
29
A transição demográfica é, principalmente, produto da combinação das taxas de
mortalidade e fecundidade, sendo dividida em quatro etapas. A primeira resulta das altas
taxas de mortalidade e fecundidade, com predominância da população jovem. A segunda
apresenta um declínio da mortalidade e alta da fecundidade. No início desta etapa ocorre
um rejuvenescimento da população pela redução da mortalidade entre as crianças e mais
adiante com maiores probabilidades de sobrevivência elas provocam um crescimento dos
grupos etários adultos. Na terceira etapa ocorre diminuição da fecundidade e mortalidade
acarretando um aumento percentual de adultos e paralelamente do número de idosos. A
última etapa é caracterizada pela contínua queda da fecundidade e mortalidade que
contribui para o aumento expressivo de idosos(ALVES,MONTEIRO,1995).
Na década de 1930 quase metade das causas de óbito nas capitais brasileiras eram
resultantes das doenças infecciosas e parasitárias as quais atingiam, principalmente, os
mais vulneráveis crianças e idosos. Hoje, o Brasil tem conseguido reduzir,
concomitantemente, a fecundidade e a mortalidade o que o coloca na terceira etapa da
transição demográfica. Esta realidade teve início a partir de 1940 com o surgimento dos
antibióticos, investimentos em saneamento básico e conscientização da população em
relação a medidas higiênicas que ajudam a evitar doenças (ALVES,MONTEIRO,1995).
Outro evento significativo foi o movimento migratório iniciado em 1960 pelo processo
de industrialização incentivado pelas políticas de desenvolvimento propiciou maior acesso
da população à serviços de saúde, programas de controle familiar e métodos
anticoncepcionais. A evolução da medicina nos últimos 60 anos através da assepsia,
vacinas, antibióticos, quimioterápicos, exames complementares de diagnóstico, entre
outros, favoreceu a adoção de meios capazes de prevenir ou curar doenças que eram até
então fatais (BRASIL,1994). A situação brasileira demonstra que a longevidade da
população resulta em grande parte dos avanços médicos e farmacológicos, pois ainda não
se verifica evolução equivalente nas condições sócio-econômicas e sanitárias em todo o
país.
O aumento da longevidade nos países desenvolvidos se deu na primeira metade do
século XIX dentro de uma economia forte e com altos investimentos governamentais na
área social e da saúde. Assim, foi ofertado à população melhores condições de vida através
de saneamento básico, alimentação, trabalho estruturado, habitação e orientações sobre
higiene pessoal. Portanto, os países do Primeiro Mundo (Alemanha, França, Inglaterra,
Itália, Suécia, Dinamarca, Holanda, Estados Unidos, Japão, entre outros) tiveram um
período maior para se adaptar à transição demográfica, diferente dos países em
desenvolvimento, que apresentam um ritmo acelerado de envelhecimento e uma situação
sócio-econômica deficiente.
30
Na Inglaterra, a expectativa de vida das pessoas era de apenas 36 anos e nos
Estados Unidos, no início do século XX, beirava, somente, os 47 anos. Nos países pobres a
situação era pior. A expectativa de vida dos brasileiros em 1900 era de 33,7 anos, no início
da década de 1950 atingiu 43,2 anos, em 2000, 68,5. No período 2000/2020 estima-se que
estará próxima de 72 anos. No Brasil a proporção de pessoas maiores de 60 anos para
cada 100 indivíduos menores de 15 anos era 15,9% em 1980, subiu para 21% em 1991 e
atingiu 28,9% em 2000 (IBGE, 2005).
Segundo estatísticas da Organização Mundial de Saúde – OMS, no período de 1950
a 2025, o grupo de idosos no Brasil deverá ter aumentado em 15 vezes, enquanto a
população total em cinco. O país ocupará em 2025 o sexto lugar quanto ao contingente de
idosos com cerca de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade. As projeções
das Nações Unidas, de 1998, também apontam para o mesmo caminho, sinalizam que o
Brasil no período de 1950 – 2050, vai passar para a categoria dos países envelhecidos no
segundo decênio do século XXI.
A Pesquisa Nacional por amostragem de Domicílios (PNAD) de 2001 contabilizou a
população brasileira em cerca de 169 milhões de habitantes dos quais 9,1% possuem mais
de 60 anos. Em 1900 este grupo etário era de 3,3%, em 1940 era de 4,1%, em 1980 de
5,4% e em 1991 de 7,30%. No ano de 2025 estima-se que no universo de 32 milhões de
habitantes acima de 60 anos, 8,1% estará entre 60 e 69 anos e 5,7% com 70 anos ou mais.
(IBGE,2001)
A evolução do envelhecimento brasileiro já provoca alterações visíveis na pirâmide
etária populacional tanto em sua base quanto em seu topo além de indicar uma tendência
à “retangularização” (fig.1 e 2). Segundo dados do IBGE o grupo de pessoas com 60 anos
ou mais em 2000 correspondia a 8,56% do total da população. Veras (1994) coloca que
embora as estruturas etárias do Brasil ainda pareçam ser bastante jovens, o grande
número de pessoas mais velhas chama atenção para as questões gerontológicas e as
colocam numa posição de destaque na política”.
31
Figura 1 – Evolução da pirâmide etária do Brasil
Fonte: IBGE (2005)
Figura 2 – Pirâmide etária do Brasil
Fonte: DATASUS (2005)
32
Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também apontam
que em 2050 o Brasil contará com cerca de 36 milhões de idosos sendo 15 milhões só na
região Sudeste. Esta região além de ser a mais populosa é a que possui a maior proporção
de idosos entre seus habitantes (9,21%)( fig.3). Tomando como exemplo três importantes
estados da região Sudeste é possível identificar variações percentuais no envelhecimento
populacional. A pirâmide etária do Estado de São Paulo e Minas Gerais registram algumas
diferenças na base mas, a percentagem de idosos é semelhante 8,88% e 9,08%
respectivamente (fig.4 e 5). Entre todos os estados brasileiros o do Rio de Janeiro é o que
apresenta a maior concentração de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, cerca
de 10,63% (fig.6). Na cidade de Juiz de Fora, campo de pesquisa da dissertação, este
grupo etário já representa 10,57% do total de seus habitantes (fig.7).
Figura 3 – Pirâmide etária do Sudeste do Brasil
Fonte: DATASUS (2005)
33
Figura 4 – Pirâmide etária do estado de São Paulo
Fonte:DATASUS (2005)
Figura 5– Pirâmide etária do estado de Minas Gerais
Fonte: DATASUS (2005)
34
Figura 6 – Pirâmide etária do estado do Rio de Janeiro
Fonte: DATASUS (2005)
Figura 7 – Pirâmide etária da cidade de Juiz de Fora/MG
Fonte: DATASUS (2005)
35
A tendência provável do idoso brasileiro é se transformar em um novo ator social,
presente nos discursos que envolvem o enfrentamento dos problemas presentes e futuros
da nação. Sua importância não se limita à crescente participação no total da população e no
conseqüente impacto causado nos serviços de assistência médica e Previdência Social.
Apesar dos idosos representarem minoria da população economicamente ativa, muitos
contribuem para a manutenção do lar. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), com base no Censo de 2000, 62,4% dos idosos e 37,6% das idosas são
chefes de família, totalizando 8,9 milhões de pessoas. Além disso, 54,5% destes idosos
vivem com seus filhos e o sustentam. A renda média deste tipo de família é superior
àquelas chefiadas por adultos não idosos.
O envelhecimento da população brasileira apresenta peculiaridades que o torna
desafiador em virtude dos expressivos contrastes geográficos, culturais e educacionais. O
Brasil é um país heterogêneo, permeado por desigualdades sócio-econômicas que
caracterizam a estrutura das suas diversas regiões e cidades.
Por sua vez, o lugar e o cuidado dos idosos no universo familiar é abalado pelas
reconfigurações naturais resultantes dos nascimentos, divórcios, migrações, mortes e
prevalência da família nuclear ( pai, mãe e poucos filhos) sobre a extensa, principalmente
nas áreas urbanas (BRASIL,1994). A inserção da mulher no mercado de trabalho e as
limitações de espaço nas moradias são fatos cada vez mais comuns nos lares brasileiros
que também acarretam conseqüências para os idosos visto que a família continua sendo a
principal fonte de suporte social.
“O processo do envelhecimento no Brasil, apesar de ser um fato concreto, é ainda
pouco estudado” (MOTTA,2004). Neste contexto, a transição demográfica implicará que
sejam alterados os rumos das políticas públicas, bem como que todas estas especificidades
sejam consideradas para assegurar medidas que promovam, na prática, uma existência
digna e qualidade de vida a todos os idosos a curto, médio e longo prazo.
1.1.3 – Transição Epidemiológica
Paralelo à transição demográfica, ocorrem alterações nos índices de mortalidade e
morbidade de uma comunidade com mudanças nos padrões patológicos predominantes,
situação conhecida como transição epidemiológica.
“De uma forma mais abrangente ela incorpora as mudanças dos
padrões de saúde e doença, mortalidade, fecundidade e estrutura
por idades, além dos determinantes socioeconômicos, ecológicos, de
estilo de vida e de suas conseqüências para os grupos
populacionais”
(MEDRONHO et al, 2003).
36
De maneira geral o declínio da mortalidade, inicialmente, beneficia a faixa etária mais
jovem da população e gradualmente as doenças próprias do envelhecimento adquirem
maior proporção na sociedade. Com o aumento da sobrevida do grupo etário mais velho o
perfil epidemiológico se altera, passa das enfermidades agudas para as doenças não
transmissíveis. Os agravos decorrentes das causas externas, provocadas pelo homem
(acidentes, violências, homicídios e envenenamentos) e distúrbios de ordem mental
também são fatores considerados nos índices de morbimortalidade com repercussão na
demanda por serviços de saúde.
No decorrer dos anos os problemas de saúde se modificam e atingem as pessoas de
forma diferenciada. Os acidentes e violências são mais comuns na infância, adolescência e
início da fase adulta. Com o envelhecimento o corpo humano sofre alterações biológicas
que o torna mais vulnerável à ocorrência de patologias, incapacidades e morte. Neste
período da vida há uma propensão para o desenvolvimento de pelo menos uma das
doenças chamadas crônico-degenerativas (câncer, diabetes, doenças renais, reumáticas,
cardíacas, depressão e demências) que em sua maioria requerem tratamento de longa
duração com recuperação mais lenta e complicada, acompanhamento de equipes
multidisciplinares exigindo também contínuas intervenções médico–hospitalares de alto
custo.
A transição epidemiológica foi classificada em cinco estágios, sendo os quatro
primeiros relacionados às mudanças nos padrões de morbidade, mortalidade e fecundidade
e um quinto estágio potencial (OSMARAN apud MEDRONHO, 2003).
Estágio 1 – período das pragas e da fome: níveis de mortalidade e fecundidade
elevados, predominância de doenças infecciosas e parasitárias, desnutrição, problemas de
saúde reprodutiva, crescimento populacional lento, esperança de vida oscilando entre 20 e
40 anos com taxas de natalidade moderada ou alta (em torno de 30 a 40 nascidos vivos por
1.000 habitantes em paises ocidentais).
Estágio 2 – período do desaparecimento das pandemias, mortalidade em declínio,
acompanhada por queda da fecundidade, com variações no espaço e tempo.
Estágio 3 - período das doenças degenerativas e provocadas pelo homem,
mortalidade e fecundidade baixas.
Estágio 4 – período do declínio da mortalidade por doenças cardiovasculares,
envelhecimento populacional, modificações no estilo de vida, doenças emergentes e
ressurgimento de doenças.
Estágio 5 – período de longevidade paradoxal, emergência de doenças enigmáticas e
capacitação tecnológica para a sobrevivência do inapto.
Segundo este mesmo autor, a transição epidemiológica em seus vários estágios nem
sempre acontece de forma linear. As crises sócio-políticas ou econômicas, eventos
37
ambientais, ecológicos e ressurgimento de doenças, ocasionalmente, podem elevar a
mortalidade geral ou de grupos da população.
O Brasil, Colômbia, México e Venezuela são exemplos de países latinos que
apresentam um modelo de transição denominado retardado no qual o declínio significativo
da mortalidade só foi registrado no início do século XX e o da fecundidade,
aproximadamente, após a metade deste século.
A transição epidemiológica brasileira não tem acontecido como na maioria dos países
industrializados, existe uma superposição dos estágios de incidência das doenças
transmissíveis e crônico-degenerativas, ressurgimento da dengue e um agravamento de
outras como a malária, hanseníase e leishmaniose sem contar com a emergência da AIDS.
Esta realidade evidencia um problema de saúde pública de grande complexidade ao
deficiente sistema de saúde por requerer uma reestruturação do atendimento básico e
hospitalar para atuar na prevenção, diagnóstico e tratamento precoce de tais enfermidades.
“Informações sobre as condições de saúde da população idosa e suas demandas por
serviços médicos e sociais, assim como as desigualdades associadas a essas condições,
são fundamentais para o planejamento de atenção à saúde” (COSTA, 2003).
O perfil de mortalidade do Brasil apresenta maiores taxas entre os menores de 01
ano de idade e idosos com predominância masculina em todas as faixas etárias, tendo
como conseqüência a feminização do envelhecimento. Dados do Ministério da Saúde e
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2000) apontam as doenças
cardiovasculares, as neoplasias e as do aparelho respiratório como responsáveis por 60%
do total de óbitos entre homens e mulheres.
No Brasil, a insuficiência de ações preventivas de saúde, o baixo nível sócio-
econômico e educacional dos idosos aliado às possíveis falhas na avaliação dessas
pessoas nas unidades hospitalares produz sérias repercussões sobre os sistemas de
saúde, na vida dos pacientes e familiares. O diagnóstico e tratamento focado em uma
queixa principal ou na doença aguda pode refletir em altas precoces sem a devida atenção
às múltiplas doenças coexistentes gerando um número maior de reinternações e agravos
da saúde sem a devida tentativa de reabilitação.
Segundo o propósito da OMS, Organização Mundial de Saúde, a promoção da
qualidade de vida através da preservação da capacidade funcional e autonomia é o meio
para se atingir o envelhecimento saudável. “Do ponto de vista da saúde pública, a
capacidade funcional surge como um novo conceito de saúde, mais adequado para
instrumentalizar e operacionalizar a atenção à saúde do idoso “(ESPÍNDOLA et al, 2001).
Vale salientar que a Política Nacional de Saúde do Idoso, aprovada pela portaria nº 1.395,
em 1999, também compartilha com estas idéias e menciona o uso da epidemiologia para o
38
estabelecimento de prioridades focadas na melhoria dos níveis de saúde da população
idosa.
1.1.4 - Envelhecimento e assistência à saúde no contexto internacional
O envelhecimento populacional é um fato mundial e irreversível com implicações
diretas em todos os setores da sociedade: econômicos, sociais, ambientais, previdenciários,
de saúde e outros. Isso faz com que as nações se empenhem em desenvolver pesquisas
gerontológicas e políticas públicas adequadas para enfrentar esta realidade. Esta questão
de extrema complexidade demanda soluções diferenciadas para cada lugar por envolver
variáveis culturais e estrutura sócio-financeira.
Os países do primeiro mundo encontram-se em posição privilegiada porque primeiro
enriqueceram e depois envelheceram em um ritmo mais lento, além disso há maior
destinação de verbas para pesquisa na área do envelhecimento e implantação de políticas
assistenciais.
Com o aumento da expectativa de vida da população os paises desenvolvidos vem
realizando profundas reformulações em seus modelos de assistência à saúde a fim de
reduzir o impacto financeiro e atender com mais eficácia as necessidades dos idosos.
Neste sentido o Canadá, por exemplo, vem procurando caminhos para promover o
envelhecimento saudável. Este país, nos próximos 30 anos, irá experimentar um
crescimento acelerado do grupo etário idoso, principalmente pela chegada dos “baby
boomers”, pessoas nascidas depois da II guerra mundial. A proporção de pessoas acima de
65 anos passará de 13% em 2002 para 22% em 2031. No início do século 20, 01 em cada
20 canadenses estavam na faixa dos 85 anos na metade dos anos 90 esta proporção
passou de 01 em cada 10 (HTAC,2005).
No início dos anos 70 o sistema de saúde canadense era voltado para a cura das
doenças através dos serviços médicos e hospitalares. As pessoas com deficiências ou
doenças crônicas tinham tratamento assegurado em instituições de longa permanência
(casas geriátricas, hospitais para doenças crônicas e outros). Com o decorrer dos anos, as
províncias concluíram que tal modelo assistencial não era apropriado para a crescente
população idosa com problemas funcionais (NACA,1995).
Ao final dos anos 70, com aquisição de novos recursos, as províncias do Canadá
implementaram programas de serviços baseados na comunidade que funcionavam através
da combinação do setor formal de assistência à saúde e serviços sociais parcialmente
cobertos pelo Plano de Assistência do país. Nas décadas seguintes fatores como redução
das verbas federais para a saúde, alto custo dos sistemas assistencial, pressões
demográficas, pressão dos idosos e pesquisas demonstrando a viabilidade financeira dos
39
serviços alternativos conduziram à revisões e novos planejamentos na área da saúde em
todas as regiões (NACA,1995).
Segundo a NACA, National Advisory Council on Aging (1995), o sistema de saúde
canadense é orientado para a cura, institucionalização e uso de alta tecnologia quando as
necessidades típicas dos idosos requerem acompanhamento assistencial prolongado para
controle da saúde e doenças crônicas. A proposta deste instituto é que os idosos recebam
uma assistência holística com suporte multidimencional e sempre que possível prover
cuidado através das organizações comunitárias em parceria com os setores institucionais e
informais.
Para Réjean Hérbert, diretor científico do CIHR Isntitute of Aging (2002) “um dos
caminhos para promover a melhora e eficiência do sistema de saúde é reduzir a duplicação
e fragmentação dos serviços e melhorar a continuidade da assistência”. De maneira geral
os planos de reforma da saúde em todas as províncias canadenses estão fundamentados
neste princípio. Neste aspecto o Canadá tem testado na prática alguns modelos de serviços
integrados em rede com suporte dos Institutos de pesquisa. Os resultados têm sido
positivos e na opinião dos pesquisadores já poderiam ser aplicados oficialmente no sistema
de saúde (HÉRBERT,2002).
Os Estados Unidos ainda é considerado um país relativamente jovem junto com a
Irlanda, Áustria e Canadá, mas o crescimento do grupo etário com idade igual ou superior a
65 anos é bastante significativo em 1900 eram cerca de 3 milhões de pessoas, em 2000 foi
estimado em 35 milhões cerca de 13% do total da população e para 2030 espera-se que ele
atinja 70 milhões (NATIONAL CENTER FOR HEALTH STATISTC,1999).
A população na faixa dos 85 anos vem apresentando um crescimento acelerado em
comparação com as outras faixas etárias de idosos como resultado do declínio das mortes
entre os octagenários. Estima-se que entre 2010 e 2030 este grupo irá aumentar mais do
que 4 milhões de pessoas (U.S CENSUS BUREAU, 2002). Segundo o Federal Interagengy
Fórum on Aging (2002) este aspecto é relevante para o futuro do sistema de saúde dos
americanos porque estes indivíduos tendem a ter uma saúde debilitada, maior
predisposição a doenças crônicas, usam mais medicamentos e necessitam com mais
freqüência dos serviços de saúde.
Para os idosos americanos, especialmente os de baixa renda, portadores de
doenças crônicas ou incapacidades, os gastos com assistência à saúde referentes aos
custos dos serviços médicos, cuidados em casa, institucionalização, medicamentos e outros
recursos para prevenção e tratamento das doenças podem ser uma grande despesa
(FEDERAL INTERAGENGY FÓRUM ON AGING ,2002).
Cerca de 96% dos idosos nos Estados Unidos são assegurados pelo Medicare ,
programa governamental destinado as pessoas a partir de 65 anos, doentes renais crônicos
40
e indivíduos de qualquer idade com algum tipo de invalidez (FEDERAL INTERAGENGY
FÓRUM ON AGING ,2002).
O programa apresenta duas versões:
Medicare parte A – cobre serviços hospitalares e internação. Os usuários pagam por
este plano enquanto estão trabalhando.
Medicare parte B – cobre despesas com profissionais e outros serviços médicos não
cobertos pela parte A, mas os usuários pagam uma mensalidade para serem beneficiados
(APA,2005).
Também existe o Medicaid plano que beneficia apenas as pessoas classificadas
como baixa renda.
Algumas pesquisas americanas apontam que a promoção da saúde e qualidade de
vida dos cidadãos idosos se tornará uma questão crítica da política internacional durante
este século. Na visão de Bennett e Flaherty-robb (2003), atualmente, as quatro questões
que afetam a vida dos cidadãos mais velhos são: a insuficiência de recursos para ajudar
indivíduos e familiares administrarem as múltiplas doenças deste grupo etário, a falta de
centros preparados para a atenção geriátrica ampla, o alto custo do sistema de saúde e a
pouca atenção dispensada às necessidades dos idosos.
No sistema de valor e na cultura americana o entendimento emocional e cognitivo
da doença e saúde, freqüentemente, não são congruentes. Este aspecto se reflete no
modelo de assistência do país focado no diagnóstico e tratamento da doença e na pequena
atenção dispensada às diversas implicações da doença na vida dos idosos, familiares e
cuidadores (BENNETT;FLAHERTY-ROBB,2003).
“O atual sistema de saúde enfatiza a saúde física como o principal
componente da qualidade de vida criando, em parte, um modelo
artificial e disfuncional de examinar quais são as necessidade de
atenção. O melhor meio de promover qualidade de vida seria
aumentar o foco de interesse na compreensão do significado das
questões da vida em casa que afetam o físico, social, emocional e
financeiro da saúde”
(BENNETT;FLAHERTY-ROBB,2003).
Devido às mudanças demográficas, algumas ações de apoio estão sendo
implementadas com intuito de promover uma vida mais saudável e independente para os
idosos que vivem em comunidade. A rede Estadual do Envelhecimento dos Estados Unidos
oferece uma série de serviços que inclui a entrega de refeição em casa, transporte,
orientação sobre seguro de saúde, hospital-dia e prevenção contra maus tratos. Além disso,
implementa vários programas de prevenção de doenças e promoção da saúde (AOA,2005).
O Japão é um dos países do primeiro mundo que se destaca na longevidade da
população, seu envelhecimento é principalmente marcado pelo aumento da expectativa de
41
vida e decréscimo do número de filhos. Em 1996 as pessoas com idade a partir dos 65
anos representavam 15% do total da população, em 2020 estima-se que ela atingirá
25,2%(WEB-JAPAN,2005). O país já vem, ao longo dos anos, tomando algumas medidas
para lidar com as necessidades destes cidadãos. Particularmente, alguns aspectos da
cultura dos japoneses são relevantes como a família, reconhecida como a principal
responsável pelos idosos cabendo aos filhos o dever de respeitá-los e cuidá-los na velhice.
Deste modo o sistema de valores da sociedade japonesa exerce influência nos debates
sobre políticas de saúde e bem estar para o envelhecimento (AUSTRÁLIA
GOVERNMENT,2005).
O governo japonês tem como princípio básico a oferta dos serviços de assistência à
saúde à todas as pessoas em qualquer tempo e lugar independente do nível sócio-
econômico. Este sistema proporciona cobertura universal e livre acesso a todos os hospitais
públicos e privados com direito a escolher o estabelecimento preferido (WHO,2005).
O modelo eqüitativo da saúde já apresenta sinais de ineficiência devido a alta
demanda pelos serviços e o aumento dos gastos médicos para atendimento ao idoso. Com
o livre acesso à assistência os pacientes com doenças relativamente comuns tendem a
procurar diretamente os hospitais. Vale destacar que o tempo médio de estadia de uma
pessoa idosa no hospital japonês é cerca de 95 dias, enquanto nos Estados Unidos é de 9
dias (TAKACS,1997).
O cuidado do idoso no seu lar está sendo afetado por diversos fatores como
transformações da estrutura familiar que tende a ser nuclear, o número crescente de
mulheres no mercado de trabalho, o próprio envelhecimento dos cuidadores e o declínio de
pessoas idosas morando com seus filhos. Estes fatos somados à carência de serviços de
apoio como os asilos faz com que os idosos que necessitam mais de assistência em casa
do que tratamentos médicos sejam hospitalizados por tempo prolongado (WHO,2005).
No Japão, após décadas de debates e planejamento, o sistema de seguridade para
assistência prolongada passou a operar em abril de 2000 com o objetivo de diminuir os
custos do tratamento médico e melhorar a qualidade da assistência aos idosos. Tal
programa tem como preceito respeitar a escolha dos usuários de acordo com suas
necessidades e desejos independente do nível sócio-econômico e situação familiar. Este
tipo de assistência proporciona às pessoas a partir de 65 anos, que estão acamadas, e as
que requerem cuidados prolongados, uma variedade de serviços institucionais ou de base
comunitária com a opção de serem atendidas em casa (AUSTRÁLIA
GOVERNMENT,2005).
Para Mikkio Eto (2001), o sistema de seguridade para assistência prolongada,
baseado no conceito de assistência socializada, representa um marco na política japonesa
por reconhecer que os cuidados dos idosos não devem ser de responsabilidade exclusiva
42
da família, mas deve ser sustentado por toda sociedade por meio de maior oferta de
serviços dentre os quais este é indispensável (ETO apud AUSTRÁLIA
GOVERNMENT,2005).
Na rede européia as discussões promovidas pela Care and Management of
Services for Older Peolple deixam claro a necessidade de enfrentar holisticamente as
complexas questões relativas ao envelhecimento populacional. Acreditam que é preciso
mudanças no modo como as pessoas idosas e seus cuidadores são escutados e nos tipos
de serviços ofertados a eles.Tais serviços incluem saúde, assistência social, moradia,
transporte, seguridade social, educação, lazer e outras facilidades na comunidade que
devem ser coordenados e integrados de maneira a proporcionar boas oportunidades para
que as pessoas, independente da idade, continuem vivendo como desejarem.
Atualmente, os governos europeus se deparam com três grandes desafios:
envelhecimento populacional, assistência à saúde cada vez mais eficiente e
proporcionalmente dispendiosa e um maior nível de cobrança por parte dos
pacientes/clientes. Face a esta realidade o cuidado integrado tem sido o caminho para
amenizar este cenário. Segundo a Comissão das Comunidades Européias (2001) ele se
apóia em três pontos chaves:
Acessibilidade – Para os europeus, o acesso aos cuidados de saúde é um direito
fundamental que deve ser garantido a todos. A acessibilidade das pessoas de baixa renda
aos meios de assistência à saúde pode ser melhorada através da sua gratuidade e conexão
com a assistência social, moradia, transporte e demais serviços prestados pela
comunidade. Estas medidas contribuem para o escoamento do atendimento e previnem
admissões desnecessárias em hospitais e asilos;
Qualidade – A garantia da qualidade depende de ações governamentais que
procurem estabelecer uma relação ponderada entre os benefícios para a saúde e os custos
gerados pelos produtos ou tratamentos. O cuidado integrado pautado na abordagem
holística das múltiplas necessidades dos idosos e na coordenação e continuidade dos seus
cuidados oferece melhores resultados;
Sustentabilidade financeira – A disponibilidade de cuidados de saúde de qualidade,
integrando os progressos científicos e técnicos acessíveis à população, exige um certo nível
de financiamento. A abordagem integrada das complexas necessidades das pessoas
idosas promove maior eficiência e soluções para o custo efetivo dos sistemas de saúde e
assistência social.
O modelo de cuidado integrado não é um modelo único de caráter universal, pode
ser obtido de várias formas através da combinação das diferentes organizações de suporte,
grupos profissionais e comunitários e nível sócio econômico do lugar. Alguns exemplos
demonstram como cada país da Europa dentro do seu contexto está estruturando seu
43
modelo de assistência social e de saúde para enfrentar as necessidades da população
idosa.
Inglaterra
O Sistema Nacional de Serviços para pessoa idosa segue o padrão nacional. Oferece
assistência à saúde e serviços sociais a todos os idosos que estão sendo cuidados em
casa, no asilo ou no hospital. O foco principal desta política está em:
erradicar a discriminação de idade;
prover cuidados centrados na pessoa;
ofertar serviços adequados às necessidades das pessoas idosas;
promover a saúde e independência das pessoas idosas (DEPARTAMENT OF
HEALTH, 2001).
Itália
Na província italiana de Belluno, mais de 70 organizações voluntárias são
coordenadas através de um comitê (comitato d’intesa) o qual atua como o único ponto de
referência para as atividades relativas à saúde e assistência social, combate à segregação
de grupos desfavorecidos e pessoas socialmente excluídas inclusive pessoas idosas. Nos
27 anos de atuação, o comitê trabalhou para desenvolver cooperação e sinergia entre o
setor público, privado e filantrópico como também criar novos modelos de serviços
(PAGAMIM, 2003).
Suécia
Um dos mais importantes princípios da política sueca para as pessoas idosas está
nas iniciativas da sociedade estruturadas de tal forma a permitir que este grupo etário possa
continuar vivendo em suas próprias casas pelo maior tempo possível até mesmo quando
eles necessitarem de grandes cuidados e assistência social. De acordo com os objetivos da
política nacional para o envelhecimento uma sociedade acessível com boa moradia,
serviços de transporte e serviços de assistência em casa são exemplos de importantes
medidas para promover a independência e qualidade de vida das pessoas idosas
(MINISTRY OF HEALTH AND SOCIAL AFFAIRS, 2001).
44
Irlanda
O governo irlandês tem adotado como política nacional a nova estratégia de saúde
intitulada Bem Estar. Isto inclui a busca por uma abordagem integrada do conceito das
questões relativas ao envelhecimento e do que as pessoas idosas irão precisar para sua
saúde e qualidade de vida. O Departamento de Saúde da Criança em parceria com os
departamentos do meio ambiente, governos locais, comunidade, assuntos da família e
empresas públicas tem tomado as necessidades das pessoas idosas como uma prioridade
para desenvolver um plano de ação coordenado(DEPARTAMENT OF HEALTH AND
CHILDREN, 2001).
Os vários institutos de pesquisas em envelhecimento das nações desenvolvidas
sinalizam os problemas e apontam os caminhos a serem adotados pelas políticas públicas.
Estas análises, baseadas na realidade local, vão de encontro às recomendações do Madrid
Internacional Plan of Action on Aging, realizada em 2002. Com destaque para a Prioridade
II - Promoção da saúde e bem estar no envelhecimento, item 61:
“O aumento da necessidade por cuidado e tratamento de uma
população em envelhecimento requer políticas adequadas. A
ausência destas políticas pode causar aumento dos custos. Políticas
que promovam vida longa saudável, incluindo promoção da saúde e
prevenção de doenças, assistência tecnológica, cuidados na
reabilitação, serviços de saúde mental quando indicados, promoção
de estilo de vida saudável e ambientes de apoio, podem reduzir
níveis de incapacidade associados com a idade avançada e efeitos
no déficit orçamentário”(UNITED NATIONS,2002).
Observa-se que mesmo em países do primeiro mundo, que experimentaram o
envelhecimento gradual da população antes dos países em desenvolvimento, existem
caminhos de erros e acertos, mas de maneira geral há uma constante busca pelo
aprimoramento do sistema para atender às reais necessidades dos idosos e familiares.
1.2 - Definições
1.2.1 - Aspectos biológicos, psicológicos e sociais do envelhecimento
A definição de envelhecimento abrange vários aspectos da vida humana e recebe
diferentes enfoques dependendo do campo de pesquisa e objeto de interesse.
Cronologicamente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera idoso indivíduos a
partir de 65anos nos países desenvolvidos e 60 anos nos em desenvolvimento. Esta
definição é utilizada quando se quer agrupar as pessoas mais velhas de uma sociedade
para determinados estudos estatísticos (epidemiológicos, demográficos, etc.), concessão de
benefícios específicos através de leis e ações governamentais e oferta de atividades
sociais.
45
Vários autores estudaram o processo de desenvolvimento da personalidade humana
ao longo da vida e classificaram a velhice em diferentes níveis por faixa etária como mostra
a tabela 1.
Tabela 1 – Fases da vida segundo diferentes autores
Fonte:CORRÊA (1996)
English (1967) Perlmutter (1992) Vargas (1994)
1- Puerícia (1º ano de vida)
2-Infância (dos 2 aos 12
anos)
3-Adolescência (dos 12 aos
21 anos)
4-Maturidade (dos 21 aos
65anos)
5-Velhice (dos 65 anos em
diante)
1-Infância
2-Adolescência
3-Maturidade
a-Maturidade precoce
(18-30 anos)
b-Maturidade mediana
(30-50 anos)
c-Maturidade tardia
(50-65 anos)
4-Maturidade
a-Velhice jovem
(65-80 anos)
b-Velhice avançada
(>80 anos)
1ª. idade: infância e
adolescência (de 0 a
19anos)
2ª. idade: maturidade (de 20
a 59anos)
3ª. idade: velhice incipiente
(de 60 a 80anos)
4ª. idade: senescência(de
80 a 100 anos)
5ª. idade: pós-senescência
(acima de 100anos)
Vale destacar que, de acordo com a cultura das sociedades, existem diferenças na
contagem cronológica dos anos. Algumas estabelecem o período desde a concepção até a
morte, outras incluem etapas em que o indivíduo apesar de morto biologicamente continua
vivo socialmente. Os calendários adotados também são diversificados, o greco-romano é o
utilizado pela civilização euro-americana.
Veras (1994) salienta a imprecisão do início da velhice e a dificuldade de se perceber
quando uma pessoa entra neste ciclo, aos 50, 60, 65 ou 70 anos? Portanto, é difícil
estabelecer conceitos universalmente válidos sem incluir outras variáveis. Deduz-se que
para melhor entendimento do processo de envelhecimento a idade cronológica é um
aspecto insuficiente na medida em que ele é vivenciado de forma heterogênea pela
população.
46
Motta (1998) aponta que o fato dos indivíduos serem ao mesmo tempo semelhantes e
diferentes é a questão que dificulta a delimitação da velhice. Pertencer a um determinado
grupo etário ou à mesma geração não significa similaridade das características
constitucionais (resistência física, saúde, inteligência) nem garantem a qualidade de vida
que a condição de classe enseja (acesso a conforto material, cuidados médicos, desgaste
no trabalho).
“...as alterações causadas pelo envelhecimento desenvolvem-se em
ritmo diferente para cada pessoa e dependem de fatores externos e
fatores internos. Interessante perceber que a relação entre idade
biológica e idade cronológica não varia só de um indivíduo para
outro, mas também, na mesma pessoa, de um órgão para outro.
Portanto, o envelhecimento pode ser visto como um processo
diferencial e multifacetado”
(SANTOS, 2001).
No livro A Velhice, a autora Simone Beauvoir, aponta que quando se trata da
espécie humana a velhice é uma realidade difícil de ser circunscrita por ser um fenômeno
biológico, por apresentar conseqüências psicológicas típicas e modificar a relação do
indivíduo com o mundo e com a sua história pessoal. “Por outro lado, o homem não vive
nunca em estado natural; na sua velhice, como em qualquer idade, seu estatuto lhe é
imposto pela sociedade à qual pertence”
(BEAUVOIR, 1990).
As ciências que estudam o envelhecimento não possuem uma explicação única para
a velhice, mas existem conhecimentos acerca dos vários aspectos que a influenciam os
quais contribuem para o entendimento do conjuntos de alterações experimentadas nesta
fase da vida humana.
Aspectos biológicos
Do ponto de vista biológico o envelhecimento é caracterizado como um fenômeno
natural e irreversível resultante do desgaste natural das estruturas orgânicas que sofrem
transformações com o avanço da idade. Tais alterações ocorrem desde a célula-ovo até a
fase adulta passando pelas etapas de multiplicação, maturação e diferenciação celulares
(NETTO,1997).
Na velhice o processo é, predominantemente, regressivo ou degenerativo com o seu
final marcado pela morte. O organismo, naturalmente, sofre perdas biológicas (diminuição
dos sentidos, redução do cálcio ósseo e da defesa orgânica etc.), passa alterações por
morfologias (aparecimento de rugas, cabelos brancos, diminuição da estatura pelo desgaste
das vértebras e outros) modificações fisiológicas (diminuição do funcionamento dos órgãos
internos) e modificações bioquímicas que alteram a atividade glandular (CALDAS,1998).
47
Hoje, existe unanimidade entre estudiosos da geriatria e gerontologia que a velhice
não é sinônimo de doença, mas apenas uma fase na qual o ser humano fica mais
vulnerável às patologias e apresenta dificuldades de adaptar-se ao meio em que vive. As
perdas orgânicas e funcionais apresentam ritmo e intensidade variável nos indivíduos de
acordo com as influências genéticas e ambientais, hábitos pessoais, alimentação, fatores
psicossociais e doenças (PY,2004).
Algumas pesquisas que estudam as causas do envelhecimento humano
desenvolveram teorias explicativas para os reais mecanismos desse processo (CUNHA;
JECKEL-NETO,2002). Dentre estas teorias a das “proteínas alteradas” parte do princípio
da deterioração dos mecanismos de síntese protéica realizada pelas células do corpo,
processo indispensável para a manutenção das células orgânicas.
A teoria que trabalha com a hipótese do “relógio biológico” considera que as células
humanas são geneticamente programadas para reproduzir e viver por um período
determinado de acordo com o seu tipo e depois morrem. Assim, dependendo do
funcionamento do “relógio biológico” individual, hipoteticamente, o ser humano poderia
chegar a idade de 120 anos ou mais desde que a sua capacidade orgânica fosse respeitada
através de um estilo de vida compatível e as condições ambientais mantidas
(NETTO,1997).
Uma terceira proposta para a causa do envelhecimento é a chamada “Homeostase”
que compreende um conjunto de mecanismos fisiológicos essenciais para regular e
estabilizar o meio interno do corpo humano. Através dela a temperatura do corpo é
regulada, a acidez do sangue é controlada, a quantidade de cálcio é mantida. Em outras
palavras os mecanismos homeostáticos são fundamentais para nossa adaptação fisiológica
às exigências impostas pelo esforço físico, às mudanças de temperatura e para combater
os processos infecciosos entre outros(NETTO,1997).
A partir desta constatação verificou-se que os desequilíbrios fisiológicos contribuem
para a aceleração do próprio envelhecimento e aparecem de forma mais intensa à medida
que a pessoas ficam mais velhas.
“É importante também assinalar que, embora em repouso a medida
homeostática não apresente diferenças significativas entre os
diversos grupos etários, quando as pessoas são submetidas a
situações de alterações bruscas de temperatura, a esforços físicos
ou a tenções psicossociais, o retorno a um estado de equilíbrio é
bem mais lento entre os idosos do que entre os jovens. Isso ocorre
porque os jovens sentem menos as conseqüências negativas do
descontrole fisiológico”
(NETTO,1997).
48
Netto (1997) aponta que na perspectiva gerontológica, a teoria da Homeostase é a
explicação mais abrangente para as causas do envelhecimento por trabalhar com os
aspectos fisiológicos, psicológicos e sociais do processo.
Aspectos psicológicos
A partir do começo do século XX o envelhecimento passou a ser mais amplamente
estudado considerando não só os fatores orgânicos e fisiológicos como também os
condicionantes psicológicos e sociais. Segundo esta abordagem, as pessoas apresentam
concomitantemente, transformações corporais, mudanças de comportamento, de papeis,
valores, status e crenças de acordo com as diferentes fases da vida e grupos etários a que
pertencem assim como em função de suas escolhas e adaptações individuais
(SANTOS,2001).
A idade não é um condicionante para que o homem seja considerado
psicologicamente velho, contudo o homem idoso possui características psicológicas
generalizáveis empiricamente (AMANCIO;CAVALCANTI,1975). Zimermam (2000) aponta
que os aspectos do envelhecimento estão relacionadas com a hereditariedade, com a
história e atitudes de cada indivíduo. Assim, as pessoas mais otimistas e saudáveis
convivem melhor com as transformações do envelhecer. Segundo a autora, o
envelhecimento pode ser responsável por uma série de mudanças psicológicas que
resultam em:
dificuldade de se adaptar a novos papéis;
falta de motivação e dificuldade de planejar o futuro;
necessidade de trabalhar as perdas orgânicas, afetivas e sociais;
dificuldade de se adaptar às mudanças rápidas, que têm reflexos dramáticos nos
velhos;
alterações psíquicas que exigem tratamento;
depressão, hipocondria, somatização, paranóia, suicídios;
baixas auto-imagem e auto-estima.
A ênfase das primeiras abordagens psicológicas do envelhecimento estava sobre a
necessidade das sucessivas adaptações que as pessoas eram submetidas no decorrer do
49
seu ciclo de vida a fim de se enquadrarem aos padrões comportamentais estabelecidos
pelo sistema social para as “pessoas de idade”. Neste enfoque, se ao envelhecer a pessoa
não se adaptar às normas que o sistema lhe impõe, poderá ser julgada pelo seu
comportamento “disfuncional” ou “inadequado”para sua faixa etária e ser classificada pela
sociedade como “desajustada”, “problemática” ou “inadaptada” (NETTO,1997).
O idoso, na tentativa de adaptar-se à situação que lhe parece insuportável, pode utilizar
a negação como um mecanismo para lidar com a angústia. Em outros casos, o isolamento
e a limitação do campo psicológico e de ação é a alternativa adotada por ele para lidar com
as suas perdas, conflitos e dores. Os sentimentos de desadaptação deste grupo etário
podem conduzir a processos de somatização, transformando seus medos em problemas de
saúde como diabetes, colites ulcerativas, asma brônquica e outros. “Inconscientemente
assume o papel que lhe é oferecido pelo meio, afastando-se dos contatos sociais, festas,
reuniões, relacionamentos afetivos e sexuais, identificando-se com o seu suposto agressor,
a velhice” (DUARTE,2005).
A tese da adaptação individual, ainda defendida por psicólogos representantes das
correntes clássicas das teorias psicológicas, vem sendo contestada pelo autores da linha
progressista por acreditarem que a velhice apresentada como uma crise deve ser
enfrentada e não ser superada através da adaptação(NETTO,1997).
Os progressistas pregam que o indivíduo não deve servir às necessidades da
sociedade, ele precisa questionar a sua estrutura e funcionamento, lutar pela sua
transformação a fim de evitar a continuidade das injustiças e exclusão social dos
grupamentos humanos que predominam, de forma especial, nas sociedades
contemporâneas capitalistas.
“Todavia, independentemente da adoção de uma ou de outra forma
de abordagem do assunto, a verdade é que o envelhecer de cada
um, psicológica e socialmente falando, dependerá muito da maneira
pela qual a pessoas, agindo como indivíduo ou condicionada pelo
meio, adaptando-se à realidade ou confrontando-a, vai viver as
diferentes situações encontradas ao longo do seu ciclo de vida”
(NETTO,1997).
Para Teixeira (1998), grande parte dos sofrimentos físicos, econômicos e psicológicos
das pessoas durante o envelhecimento são conseqüências da estruturação da sociedade
que acabam por influenciar negativamente as condições de vida destes indivíduos.
Aspectos Sociais
O crescimento mundial da população idosa em paralelo com o aumento da
expectativa de vida faz com que a velhice, até então vivida de forma particular e individual
passe a ser encarada como uma realidade social a ser enfrentada.
50
A dimensão social do envelhecimento possui vinculações com as questões políticas-
econômicas em sociedades capitalistas onde o homem é mais valorizado enquanto faz
parte da população economicamente ativa e atua no ciclo produção-consumo. Para
Assis(1998) o término do ciclo de trabalho é a aposentadoria; uma fase onde o indivíduo
perde sua identidade profissional que lhe confere status e lugar na engrenagem social e
adquire o rótulo de aposentado “que a todos iguala e que pode gerar questionamentos
sobre como sentir-se útil e produtivo fora do mercado de trabalho”. A mesma autora
completa:
“A própria definição de inativos atribuída aos aposentados já traz em
si uma conotação pejorativa. Numa sociedade que valoriza
intensamente o trabalho e a produção , bem como as qualidades da
juventude abre-se um campo para preconceitos sobre o potencial e a
capacidade da população que se aposenta
” (ASSIS,1998).
A aposentadoria representa uma conquista dos trabalhadores e funciona como um
mecanismo de prevenção dos riscos sociais, mas, por outro lado, no setor informal é um
nível cada vez mais difícil de ser atingido pela realidade do desemprego, pelo processo de
marginalização dos mais velhos e a concorrência com os mais jovens.
A chamada “Revolução Técnico-Informacional” presente nas sociedades
industrializadas exige um novo perfil de trabalhador, pessoas dinâmicas, versáteis e em
constante atualização profissional para que possam acompanhar o ritmo acelerado das
mudanças e inovações tecnológicas presentes em todos os campos de trabalho
(GOLDMAN,2005).
Atualmente, a experiência e a maturidade profissional dos mais velhos em uma
mesma atividade são requisitos pouco valorizados para permanência ou acesso ao
mercado de trabalho. Neste cenário, um indivíduo de 40 ou 50 anos que perde seu
emprego dificilmente consegue uma reinserção por ser considerado velho. Esta situação
serve para ilustrar as muitas idades que o homem possui e nem sempre a velhice
cronológica equivale à social.
Santos(2001) define a aposentadoria como “uma espécie de atestado oficial do
envelhecimento do sujeito”, por esta condição que lhe confere o estigma de inativo terá sua
velhice decretada como agente produtivo e ator social. Além da perda do status o
aposentado passa a conviver com a redução financeira, com a sensação do declínio do
prestígio e poder decisório dentro e fora da família.
A falta de preparação psicológica, indefinição de como ocupar o tempo ocioso
associada a outros fatores da vida cotidiana pode conduzir os aposentados ao caminho do
isolamento social. No âmbito familiar, situações como o sentimento provocado pela viuvez
51
ou independência dos filhos, perda de autoridade para os mais novos por circunstância
econômica podem, em combinação com possíveis deficiências da saúde (perdas
sensoriais, problemas articulares e cognitivos) interferir na autonomia e independência dos
idosos (FRANÇA;SOARES,1997).
A rápida mudança dos valores sociais e transformações tecnológicas tendem a criar
barreiras entre as gerações onde as diferenças sócio-culturais, muitas vezes, é apontada
como justificativa para a “falta de assunto” entre jovens e velhos. O papel do idoso como
transmissor de experiências e tradição também vem perdendo espaço para as outras
formas de informações (livros, tv e Internet). Por outro lado Netto(2002) destaca que a
integração dos idosos à sociedade fica mais difícil devido a rejeição deles aos novos
tempos e a supervalorização dos grupos etários mais novos.
O envelhecimento social é responsável pela mudança de status do idoso e do
relacionamento dele com outras pessoas em função de:
crise de identidade pela falta de papel social;
mudanças de papeis na família no trabalho e na sociedade;
aposentadoria;
perdas diversas relativas à condição econômica, poder de decisão, perda de
parentes e amigos, da independência e autonomia;
Diminuição dos contatos sociais em função das distâncias, vida agitada, falta de
tempo, circunstâncias financeiras e situação de violência nas ruas
(ZIMERMAN,2005).
Desse modo verifica-se que o aspecto social do envelhecimento causa um forte
impacto na vida do idoso pois ao mesmo tempo em que ele é conhecido como aquele que
não mais produz, muitas vezes, a sociedade e a própria família tira-lhe a liberdade por tratá-
lo como incapaz, doente e dependente(FRANÇA;SOARES,1997)
1.3 - Políticas públicas de amparo e assistência à saúde do idoso
Há um século, no Brasil, a expectativa de vida das pessoas girava em torno dos 40
anos de idade. Este fato pode ser uma das justificativas para a pequena preocupação que
existia com a situação do grupo etário idoso, especialmente na esfera pública. O
envelhecimento da população brasileira ficou mais evidente a partir dos anos 60 com o
processo de transição demográfica resultante do aumento absoluto e relativo das
populações adulta e idosa. Paz (2004) coloca que até a década de 80 esse assunto foi
52
tratado quase exclusivamente pelos especialistas da área de demografia e das ciências
médico-sociais, dando origem a reflexões, estudos sobre envelhecimento e ações com
idosos.
Para melhor compreensão das políticas públicas, é válido observar a evolução do
conceito de saúde em função das mudanças sociais, econômicas e culturais do mundo. Em
1948, a Organização Nacional das Nações Unidas (ONU) adotou a seguinte definição:
“Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência
de afecção ou doença” (WHO,1952). Mais tarde a VIII Conferência Nacional de Saúde
realizada em Brasília no ano de 1986 estabeleceu um conceito mais amplo da saúde com
a frase: “Saúde é resultado das condições de alimentação, habitação, renda, ambiente,
trabalho, emprego, lazer, liberdade, acesso à posse de terra e acesso aos serviços de
saúde; é assim, antes de tudo, o resultado das formas de organização social”.
Em 1982, foi realizado em Viena (Áustria) a I Assembléia Mundial sobre o
Envelhecimento onde os países em desenvolvimento e os desenvolvidos firmaram o
compromisso de executar e implantar políticas de atenção ao idoso. O evento resultou na
elaboração de um Programa Internacional de Ação que propõe políticas sociais baseadas
no conceito positivo e ativo do envelhecimento com o objetivo de oferecer qualidade de
vida. Estas políticas devem ser construídas por ações do governo, da família, da sociedade
e dos próprios idosos como protagonistas.
“Essa compreensão se fez indispensável para que se criasse uma consciência
coletiva de valorização do envelhecimento e para que as políticas públicas direcionadas aos
idosos fossem consideradas investimento social, e não gasto” (ABIGAIL;COSTA et al,2004).
Nos anos 80, o processo de abertura e redemocratização do Brasil favoreceu a
participação de diversos movimentos sociais que objetivavam a garantia dos seus direitos
na Constituição Federal de 1988. Este documento representa a lei básica do Estado e
estabelece direitos e deveres das pessoas e da administração. Face à expansão
demográfica idosa, a constituição brasileira incorporou algumas orientações da Assembléia
de Viena com o intuito de garantir o mínimo de dignidade e qualidade de vida aos idosos e
dispõe no capítulo VII, Artigo 229: “os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos
menores , e os filhos maiores têm o dever de ajudar amparar os pais na velhice, carência
ou enfermidade”. No artigo 230: “ a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar
pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade
e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida”. Contudo, mesmo com esse aparato
constitucional, a velhice no Brasil ainda é sinônimo de desamparo, segregação social e
marginalização (GAZETA,2001).
A Constituição Federal também estabeleceu medidas relevantes no campo da
assistência à saúde como a implantação do Sistema Único de Saúde – SUS de forma
53
regionalizada, hierarquizada, descentralizada e integral, contando com a participação
comunitária.
A Política Nacional do Idoso, Lei 8.842, aprovada em 4 de janeiro de 1994
representa um esforço do governo no sentido de reconhecer a importância desse segmento
populacional e uma tentativa de assegurar atenção integral às pessoas idosas e àquelas
em processo de envelhecimento. Lembra, ainda que “o processo de envelhecimento diz
respeito à sociedade em geral, devendo ser objeto de conhecimento e informação para
todos”. Para todos os efeitos desta Lei, considera-se idoso a pessoa com idade igual ou
superior a 60 anos.
O foco central desta política está na promoção do envelhecimento saudável e
manutenção da capacidade funcional do indivíduo que envelhece pelo maior tempo
possível. O Art.4º da Política Nacional do Idoso estabelece 9 diretrizes:
I – viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso,
que proporcionem sua integração às demais gerações;
II – participação do idoso, através de suas organizações representativas, na
formulação, implementação e avaliação das políticas, planos, programas e projetos a serem
desenvolvidos;
III – priorização do atendimento ao idoso através de suas próprias famílias, em
detrimento do atendimento asilar, à exceção dos idosos que não possuam condições que
garantam sua própria sobrevivência;
IV – descentralização político-administrativa;
V - capacidade e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria,
gerontologia e na prestação de serviços;
VI – implementação de sistema de informações que permita a divulgação da política
dos serviços oferecidos, dos planos, programas e projetos em cada nível do governo;
VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações
de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais do envelhecimento;
VIII - priorização do atendimento ao idoso em órgãos públicos e privados
prestadores de serviços quando desabrigados e sem família;
IX – apoio a estudos e pesquisas sobre as questões relativas ao envelhecimento.
A portaria nº 1.395 de 09 de dezembro de 1999, assinada pelo Ministério da saúde,
instituiu a Política Nacional de Saúde do Idoso. Esta Lei propõe reestruturações nos órgãos
e entidades que desenvolvem ações relacionadas com a Política Nacional do Idoso a fim de
que os seus planos, programas, projetos e atividades fiquem em conformidade com as
novas regulamentações da política. O Ministério da Saúde coloca que “o grande desafio do
momento é a operacionalização de suas diretrizes dentro do contexto atual” (BRASIL,2002).
54
O Estatuto do Idoso aprovado em setembro de 2003, fruto do projeto de Lei nº
3561/1997, em vigor desde janeiro de 2004 é resultado de muitos anos de trabalho de
grupos da terceira idade e de entidades de aposentados e pensionistas (PAIM apud
SIQUEIRA, 2004). O Estatuto é destinado a regular os direitos assegurados às pessoas
com idade igual ou superior a 60 anos e coloca como obrigação da família, da comunidade,
da sociedade e do Poder Público o compromisso com o idoso para garantir a efetivação do
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao
trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e
comunitária.
Vale destacar dois artigos do capítulo IV deste documento que dispõe sobre o Direito
à Saúde:
Art. 15.
“É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema
Único de Saúde – SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto
articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e
recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam
preferencialmente os idosos”.
Art. 16. “Ao idoso internado ou em observação é assegurado o direito a acompanhante,
devendo o órgão de saúde proporcionar as condições adequadas para a sua permanência
em tempo integral, segundo o critério médico”.
Art. 18. “As instituições de saúde devem atender aos critérios mínimos para o atendimento
às necessidades do idoso, promovendo o treinamento e a capacitação dos profissionais,
assim como orientação a cuidadores familiares e grupos de auto-ajuda”.
Motta (2004) coloca que o envelhecimento no Brasil está protegido do ponto de vista
da normatização legal, existindo muitas diretrizes a serem seguidas e implementadas, mas
ainda não se observa ações completas, havendo muito a ser trabalhado. Assim, cabe à
sociedade um trabalho conjunto e permanente com os idosos e seus Conselhos através da
realização de Fóruns para discussão das formas de atender às demandas do
envelhecimento populacional. Este mecanismo de controle social inclui avaliação de
alternativas, acompanhamento e fiscalização da execução das políticas públicas.
55
“As nossas idéias sobre a velhice estão precisando ser substituídas.
Como um joelho que já não consegue suportar nosso peso ou um
cristalino que perde a transparência e já não nos permite enxergar,
precisamos levar nossas idéias para a sala de cirurgia.”
James Hillman
CAPÍTULO 2
ARQUITETURA DOS ESTABELECIMENTOS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO IDOSO:
NOVOS RUMOS
56
CAPÍTULO 2 – ARQUITETURA DOS ESTABELECIMENTOS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE
DO IDOSO: NOVOS RUMOS
2.1- Humanização dos espaços assistenciais
A história dos estabelecimentos de assistência á saúde revela que os templos,
conventos e mosteiros foram as primeiras instituições a receber doentes e a lhes
providenciar atenções especiais (ANTUNES,1991). Em geral os doentes eram pessoas
marginalizadas pela sociedade, pobres, mulheres desamparadas e velhos. Ficavam
acamados em área de acesso restrito onde recebiam mais assistência social e religiosa do
que terapêutica. Estes locais funcionavam também como instrumento de separação e
exclusão social.
A partir do século XVIII os novos conhecimentos adquiridos pela medicina colocaram
o médico na posição de maior destaque técnico e administrativo dentro do hospital, lugar
até então ocupado pelos monges e religiosos. Com o surgimento do hospital médico os
princípios da assistência caritativa foram substituídos pela finalidade de tratamento e
recuperação do paciente.
“Nesse período, o saber médico proclamou a necessidade de se
estabelecer um rígido controle sobre tudo que envolvesse o doente:
a qualidade do ar, a temperatura ambiente, o regime alimentar etc.
Além das aplicações farmacêuticas e cirúrgicas passou-se a valorizar
a ação do meio sobre o doente como instrumento para debelar sua
enfermidade”
(ANTUNES,1991).
Neste novo conceito do hospital como espaço de cura sob a responsabilidade do
médico, Foucoult (1979) coloca que a disciplina hospitalar teve como função “...assegurar o
esquadrinhamento, a vigilância, a disciplinarização do mundo confuso do doente e da
doença, como também transformar as condições do meio em que os doentes são
colocados”.
Para Nunes (1991) na medida em que o espaço hospitalar se torna estratificado,
fragmentado e burocratizado ele acaba centralizando-se na doença e coloca o paciente em
segundo plano. No século XXI observa-se o avanço tecnológico da área da saúde que
permite a visualização externa e interna do corpo do paciente através de exames
sofisticados e técnicas cirúrgicas de última geração. Todos estes fatores possuem a sua
importância e o lado positivo, mas não se deve esquecer das outras esferas do ser humano,
o campo das emoções, das relações pessoais e das representações sociais.
Os estabelecimentos assistenciais de saúde como instituições prestadoras de
serviços à comunidade tem como funções a prevenção, promoção e tratamento da saúde.
Além disso, espera-se que eles ofereçam um atendimento de qualidade baseado no
57
significado de Hospitalidade e Humanização em seus múltiplos aspectos. A palavra
hospitalidade considerada como um atributo de pessoas e espaços é um conceito antigo
praticado pela maioria das civilizações através do acolhimento aos estranhos. Esse termo
reconhecido como necessidade humana fundamental está relacionado com a oferta de
bem-estar, aconchego e conforto às pessoas (REVISTA HOSPITAIS BRASIL,2005).
O Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa define humanização como o ato ou efeito
de humanizar que por sua vez significa tornar humano, tratável, civilizar, humanar. No
campo da assistência à saúde esta palavra é difícil de ser definida com precisão, porque é
uma questão de natureza subjetiva e personalizada pressupõe que se compreenda
,primeiro, o significado da vida do ser humano. “Entender a vida e decifrá-la ;é tarefa das
mais difíceis, uma vez que a Humanização precisa ser sentida e percebida” (BETTINELLI;
ERDMANN; WASKIEVICZ, 2003).
De forma sintética a humanização dos serviços de saúde permeia por diversas
aspectos cotidianos deste local, vão desde o modo como se concebe o paciente (objeto
passivo ou sujeito ativo), a atenção aos familiares, a qualidade do atendimento oferecido, a
satisfação das necessidades dos usuários, as condições de trabalho dos profissionais, a
política administrativa até as condições da infra-estrutura física do estabelecimento. O
tratamento humanizado, portanto não se concretiza se estiver centralizado unicamente no
paciente” (SELLI,2003).
A humanização se faz necessária considerando que nos serviços de saúde há
situações desumanizantes. “A desumanização ou despersonalização simboliza estados
negativos que pacientes ou profissionais experienciam” (HOWARD,1975). De acordo com
estudos sistemáticos de despersonalização, o conceito de desumanização surge a partir de
diferentes formas de considerar as pessoas:
pessoas como coisas – pessoas percebidas como objeto insensíveis;
pessoas como máquinas: desumanização pela tecnologia – devido aos avanços
tecnológicos os pacientes com problemas agudos podem ser vistos como extensão
das máquinas;
pessoas como cobaias: desumanização pela experimentação – conceitos de
desumanização são adotados em algumas pesquisas médicas com seres humanos;
pessoas como problemas – as questões de fragmentação e especialização da área
da saúde contribuem para a redução do paciente à sua doença;
pessoas como inferiores – diferenças no tratamento pela discriminação de minorias
étnicas sociais e econômicas;
58
pessoas marginalizadas – isolamento físico e psicológico de pessoas considerados
“sem possibilidade de recuperação” situação comum com pacientes mentais e
geriátricos;
pessoas como recebedoras de assistência subpadronizada – prática assistencial de
baixa qualidade em vista dos conhecimento e tecnologia disponível;
pessoas sem opções: a ausência de controle sobre a própria vida causa frustração e
sentimento de impotência;
pessoas interagindo com ”icebergs”frieza e ausência de sentimento nas relações
entre profissionais e pacientes;
pessoas em ambientes estáticos e estéreis – planejadores de saúde e arquitetos
vêem este tipo de desumanização como uma falha para responder às
compreensíveis mudanças dos seres humanos. “Se crianças andam, deverá existir
áreas para andar; se adolescentes necessitam da companhia dos seus pares, áreas
devem ser projetadas para interação destes grupos; se os idosos querem
privacidade, deverá existir meios para que eles escapem da multidão;
pessoas com a preservação da vida negada - esta conotação da desumanização diz
respeito à morte (aborto, eutanásia) e à responsabilidade da preservação da vida e
implica em questões éticas e teológicas.
Estas variáveis da desumanização são dados relevantes na busca da humanização
dos estabelecimentos que trabalham para a preservação da vida e redução dos sofrimentos
das pessoas. Também é importante lembrar que existem as questões subjetivas, as
representações que os usuários tem deste lugar a partir das suas experiências ou pela
própria história dos hospitais.
“O paciente ao entrar no hospital encontra-se frente a uma instituição
repleta de simbolismos históricos que produz no imaginário do
indivíduo sensações e sentimentos que se confundem com o próprio
processo do adoecer: o medo de entrar e não sair, a exclusão de seu
meio, a imagem da morte, a perda de sua identidade, de sua função
no mundo e, fundamentalmente, a perda de sua liberdade”
(FILHA;MONTEIRO, 2003).
Diante das mudanças demográficas e epidemiológicas do Brasil observa-se a
necessidade de novos olhares sobre o crescente grupo etário idoso e suas demandas. No
campo da saúde, busca-se alternativas de assistência para a promoção do envelhecimento
saudável e ativo priorizando a permanência do idoso junto à família, na sua residência e em
59
contato com a comunidade. De acordo com este princípio, a institucionalização e a
hospitalização tradicional somente devem ser adotadas em casos extremos como último
recurso (SOBRAL,1996).
Atualmente, uma variedade de serviços comunitários, sociais e médicos foram
regulamentados pelas políticas públicas visando o acolhimento das pessoas idosas como o
atendimento domiciliar, os centros de convivência, os hospitais-dia geriátrico, os centros-dia
e serviços voltados para o fortalecimento da reabilitação. A interligação destes espaços de
assistência com os sistemas existentes de serviços sociais, habitação, de seguridade
social, alimentação, lazer, transporte e outros permite respostas rápidas e adequadas às
necessidades de atenção progressiva do idoso (SOBRAL,1996).
“Os pressupostos desse novo olhar e escuta na atenção à saúde da
pessoa idosa centram-se na criação desses novos lugares, ou seja,
na desterritorialização dos tradicionais ‘locus’ de intervenção,
cobrindo necessidades sociais reais insatisfeitas que os territórios
tradicionais de atenção não dão conta, pois em muitos casos temos
trocas sociais zero entre profissionais e comunidade usuária dos
serviços geronto-geriátricos”
(SOBRAL,1996).
O hospital-dia geriátrico, um exemplo de espaço alternativo de saúde, é uma forma
intermediária de atendimento entre a internação hospitalar e a assistência domiciliar. A
portaria nº 249 de 12/04/2002 define que o objetivo desta modalidade é viabilizar a
assistência global à saúde do idoso com necessidades terapêuticas que não justifiquem sua
permanência contínua em ambiente hospitalar. Também se presta à orientação dos
cuidadores e auxílio às famílias que não apresentam condições adequadas para assistir o
seu idoso (BRASIL,2002).
A construção deste novo modelo de cuidado humanizado para o idoso deverá ser
fruto do compromisso social de cada cidadão e profissionais de saúde assim como da
consideração da opinião dos principais interessados sob pena de criar padrões de uso e
consumo distorcidos da realidade construídos sob a ótica dos especialistas envolvidos. Este
trabalho conjunto e interdisciplinar pode contar também com a arquitetura enquanto área do
conhecimento que cria espaços de vivência para o ser humano considerando as suas
peculiaridades físicas e psíquicas.
“A arquitetura não pode ser outra coisa senão o interesse pela vida
cotidiana, tal como vivida por todas as pessoas...A arte da
arquitetura não consiste apenas em fazer coisas belas – nem em
fazer coisas úteis, mas em fazer ambas ao mesmo tempo – como um
alfaiate que faz roupas bonitas e que servem. E se possível, roupas
que todas possam usar, não apenas o Imperador” (HERTZBERGER,
1996).
60
A contribuição da arquitetura nos diversos contextos da sociedade ainda é vista de
forma deturpada e pouco compreendida, principalmente, em estabelecimentos de
assistência à saúde, onde é essencial que se estabeleça uma relação amigável entre
usuário e espaço. Algumas vezes, neste local,o campo de intervenção concedido à
arquitetura se resume aos aspectos puramente estéticos (cores, mobiliários) e à distribuição
dos ambientes conforme recomendações das normas vigentes com o objetivo de conferir
beleza e adequação técnica para o lugar. “O essencial é que , seja lá o que se faça, onde
quer que se organize o espaço e de que maneira, ele terá inevitavelmente certo grau de
influência sobre a situação das pessoas” (Hertzberger, 1996).
2.2 - Arquitetura e Interdisciplinariedade na construção de ambientes de saúde
Os edifícios têm um grande impacto sobre a saúde e a qualidade de vida das pessoas
que o utilizam. Com diferentes finalidades abrigam ambientes de moradia, trabalho,
serviços, lazer e outros, proporcionam uma interação constante entre indivíduos, espaços e
atividades. Perracini (2002) define o ambiente como “um conjunto de atributos físicos,
sensoriais, cognitivos, afetivos, espirituais, climáticos e funcionais que nos circundam no
dia-a-dia e do qual fazemos parte”. A essência do espaço arquitetônico encontra-se na
ambiência que ele proporciona para envolver ou condicionar o exercício de determinadas
atividades humanas.
Quando profissionais de outras áreas do conhecimento interferem na estrutura física
dos ambientes de assistência à saúde, surgem resultados inesperados e significativos que
progressivamente quebram paradigmas obsoletos e estabelecem novas verdades e
contribuições. A arquitetura é uma dessas áreas, que ao se inserir nos estabelecimento
assistenciais de saúde, com seus princípios focados no homem, tende a conferir uma
ambiência mais agradável e “humana” à estes locais.
“A questão do projeto de arquitetura hospitalar é, hoje,
declaradamente, assunto multidisciplinar. Talvez mais que qualquer
outra invenção tecnológica humana, a edificação, dada a
multiplicidade de usuários e variantes, é resultado da conjugação
cuidadosa entre compreensão, concepção, construção e gestão e,
em um momento em que recursos naturais, humanos e clima são
objeto de preocupação, precisa ser repensada pelos seus diversos
atores” (KRAUSE,2004).
O cuidado com o ambiente de saúde como fator e instrumento de cura já era uma
preocupação no final do século XVIII, quando acreditava-se que a correta distribuição do
espaço era um meio terapêutico. Hoje, ainda buscamos o aperfeiçoamento deste ideal
através das constantes mudanças médicas e sociais a respeito das doenças, tratamentos,
61
formas de promoção da saúde e reestruturações da área física dos estabelecimentos
assistenciais.
Em espaços de uso público, percebe-se uma simplificação das complexas
necessidades dos seres humanos sob a justificativa da inviabilidade de elaborar um projeto
que atenda individualmente a diversidade de usuários (COSTI,2002). Quando a finalidade
deste local é a assistência à saúde torna-se relevante se atentar ao processo de interação
que se estabelece entre pessoas e o ambiente construído assim como as conseqüentes
reações físicas e emocionais desta relação. Neste aspecto, as orientações de Lynch (1999)
sobre a “boa forma” urbana fornecem um elenco de dimensões de desempenho que
adotadas na fase projetual da arquitetura dos ambientes assistenciais de saúde podem
contribuir para o estabelecimento da qualidade desse lugar:
vitalidade: grau em que o ambiente apóia o bem estar físico e as funções vitais
humanas;
legibilidade: grau de legibilidade (percepção, compreensão e estruturação mental)
do ambiente;
compatibilidade: grau de compatibilidade entre as características físicas do ambiente
e as ações e comportamentos que ali desenvolvem;
acessibilidade: grau de acesso dos indivíduos aos espaços e elementos físicos do
ambiente;
controle: grau de controle, pela população, da produção e apropriação do ambiente;
eficiência: grau de eficiência, em termos de custo-benefício, da produção e
manutenção do ambiente;
justiça: grau de distribuição dos benefícios do ambiente.
A arquitetura dos estabelecimentos de saúde transmitem mensagens de naturezas
diversas (funcional, estética,psicológica e outras) correspondentes ao universo de aspectos
encontrados em qualquer edificação. A avaliação positiva ou negativa dos elementos e
arranjos espaciais vai estar condicionada ao grau de satisfação que eles possam oferecer
às necessidades dos seus usuários (BRASIL,1995).
Sommer (1973) em seus estudos sobre a significação do espaço para o
comportamento dos usuários aponta que os projetos arquitetônicos demonstram pouca
ênfase às atividades que acontecem dentro da estrutura. Tal comportamento, segundo ele,
justifica-se pelo fato do arquiteto em sua formação teórica e prática aprender a ver os
edifícios sem pessoas no seu interior, aconselha que os edifícios devem ser estudados no
seu plano presente e do ponto de vista do comportamento do usuário. “A arquitetura pode
62
ser bela, mas deve ser mais do que isso; deve conter espaço em que algumas atividades
possam ser realizadas de maneira cômoda e eficiente” (SOMMER ,1973).
A Psicologia é uma disciplina de cunho humanista que também se interessa pelo
envelhecimento e planejamento de ambientes físicos (quadro 1). Seus conhecimentos
relativos a estudos da percepção, satisfação, motivação e atitudes do indivíduo contribuem
para a arquitetura criar espaços para os idosos em diferentes condições físicas.
“Programar o ambiente residencial, o ambiente de trabalho, os asilos
e as casas de repouso, o bairro e a cidade, os hospitais, os
ambulatórios, os centros-dia e os centros de saúde e os locais de
lazer e de convivência é vital à prevenção da incompetência
comportamental, da dependência, da depressão, da insegurança, do
isolamento, do abandono, da negligência e dos maus tratos”
(NERI,2004).
Quadro 1 – Tópicos de interesse em psicologia ambiental e envelhecimento
Fonte: NERI (2004)
1) A avaliação dos contextos gerontológicos, como, por exemplo, o
lar e os asilos, com base em teorias psicológicas e sociológicas;
2) O controle ambiental como base para a segurança e a
competência física e psicossocial dos idosos;
3) Características psicossociais dos ambientes gerontológicos. O
papel da organização, da beleza, do conforto e da novidade;
4) Os ambientes de lazer, educação e sociabilidade como contextos
de desenvolvimento;
5) Fatores ambientais de risco para abandono, maus-tratos e
violência em relação aos idosos, na cidade, nas instituições e em
casa.
Miller e Swensson (1995) indicam que o desafio do arquiteto e do design na área
hospitalar voltada para o grupo etário idoso está na mudança de foco - ao invés de criar,
meramente, estruturas satisfatórias do ponto de vista estético elas devem ser estruturas
livres de barreiras a fim de proporcionar caminhos claros facilitadores do mapa cognitivo.
Segundo Okamoto (1996) “o corpo está sempre em diálogo com o meio ambiente: natural
ou artificial” assim, ao projetarmos qualquer ambiente e particularmente os específicos para
os idosos estas questões não podem ficar em segundo plano sob o risco de criarmos
verdadeiros obstáculos à vida deles.
63
A interdisciplinariedade na construção de ambientes de saúde implica na integração
dos profissionais das áreas da saúde, psicólogos, assistentes sociais e arquitetos, cada um
contribuindo com suas experiências e informações específicas. A OPAS, Organização Pan-
Americana de Saúde, recomenda que quaisquer que sejam as atividades de promoção
planejadas de saúde, deverão incluir atuações no campo biológico, psicossocial, político e
legal, e que a promoção da saúde do idoso deverá estar a cargo de uma equipe
interdisciplinar.
O arquiteto que trabalha neste contexto precisa conhecer não só as necessidades
específicas de cada profissional da saúde, mas acima de tudo se atentar às
particularidades dos pacientes/usuários que serão atendidos naquele lugar. No caso
específico de assistência à idosos a compreensão do processo do envelhecimento e suas
implicações físicas, psicológicas e sociais são fundamentais.
Zimerman (2000) aborda em seu livro, Velhice Aspectos Biopsicossociais, que as
pessoas tem dificuldades de se colocarem no lugar dos velhos. Vê-los é insuficiente, é
preciso senti-los e entender a forma como eles sentem. E sobre isto ela descreve algumas
atitudes para quem quer aprender a entender, respeitar e valorizar os idosos:
respeitar as individualidades, evitando as generalizações;
não infantilizá-los;
não tratá-los como doentes;
não tratá-los como incapazes;
oferecer-lhes cuidados específicos para sua faixa etária;
preservar sua independência e autonomia;
ajudá-lo a desenvolver suas aptidões;
ter paciência, pois seu tempo é outro, são mais lentos;
trabalhar suas perdas e seus ganhos;
promover muita estimulação biopsicossocial.
Estes conselhos podem ser estendidos à área de arquitetura como informações
básicas para lidar com este novo cliente a fim de evitar atitudes estereotipadas, conceitos
pré-concebidos e soluções projetuais inadequadas que discriminam ou subestimam a
capacidade dos idosos.
O Hospital-dia geriátrico, dentre outros modelos alternativos de atenção à saúde do
idoso, deve ser projetado segundo a filosofia da política que o regulamenta e de acordo
com os aspectos acima mencionados. Cabe ao arquiteto a compreensão desses novos
requisitos e valores como também conhecer a sociedade onde vive, a realidade sócio-
64
econômica e cultural do grupo etário idoso deste lugar e a partir destas informações
conceber um espaço arquitetônico distante da imagem negativa de depósito de velhos
doentes com uma atmosfera impregnada de esperança, vitalidade e estimuladora da
convivência social.
À medida que as pessoas envelhecem, geralmente, vão apresentando alterações na
visão , audição, tato e paladar assim como rigidez das articulações, diminuição dos reflexos
e da resistência física. Também pode ocorrer maior dificuldade para interpretar cenários
complexos ou com grande quantidade de informações. O corpo sofre importantes
modificações no aparelho locomotor, diminuindo a amplitude dos movimentos alterando a
marcha que passa a ser caracterizada por passos lentos e curtos e até mesmo pelo arrastar
dos pés (FREITAS;MIRANDA;NERY, 2002).
As alterações físicas e sensoriais podem comprometer a independência e a mobilidade
dos idosos. A capacidade de adaptação, nesta fase da vida, diminui tornando-o mais
vulnerável à ambientes inadequados às suas limitações. Estas questões alteram a relação
das pessoas com o ambiente construído tornado-os dependentes dos diversos elementos
facilitadores de acessibilidade (corrimãos, rampas etc.). Se o local não satisfaz às
necessidades dos idosos, apresenta elementos que exijam um esforço físico excessivo ou
riscos de acidentes o resultado é o “stress” e a sensação de impotência. Ribeiro (2003)
observa que a percepção do espaço com todos os sentidos é o que leva que as pessoas
experimentarem satisfação ou não com um determinado lugar.
A concentração excessiva nos itens de funcionalidade do ambiente sem considerar as
especificidades de alguns usuários pode ser prejudicial. Por exemplo, os pacientes com
Alzheimer e outras doenças semelhantes têm dificuldade de lembrar a localização dos
ambientes arquitetônicos que eles não possam ver fisicamente assim, situar o banheiro em
local de fácil acesso e com boa identificação é um exemplo de como a saúde pode ser
promovida pelo projeto. Se o paciente não encontra rapidamente o banheiro a probabilidade
de incontinência aumenta e com isso o senso de dignidade e independência é diminuído
A escolha dos materiais de acabamento dos ambientes também podem prejudicar ou
beneficiar as deficiências dos usuários. Por exemplo, o brilho provocado por uma
iluminação inadequada ou revestimentos de piso e paredes com esta característica pode
desencorajar a livre mobilidade de um idoso devido à maior sensibilidade dos seus olhos à
claridade e redução da capacidade de acomodação da visão às mudanças de claro /escuro
- escuro /claro. A quantidade de luz que chega à retina de uma pessoa aos 60 anos sofre
uma redução aproximada de 66%. por este motivo até mesmo os idosos com boa acuidade
visual apresentam dificuldades em discriminar sombras, cantos e contrastes
(PERRACINI,2002).
65
O mesmo cuidado deve ser tomado em relação às cores, porque com avanço da idade
as pessoas podem apresentar dificuldade de distingui-las como exemplo dos tons de
violeta, azul e degradações do verde os mais fáceis são o vermelho, laranja e amarelo. Os
tons mais fortes podem ser utilizados quando se quer criar um ambiente encorajador, de
fácil identificação e acima de tudo que promova bem estar (MILLER; SWENSSON, 1995
).
Para Bosi (1979) o indivíduo velho sente-se diminuído e luta para continuar sendo um
homem. As atividades rotineiras adquirem um índice maior de adversidade: as escadas
ficam mais duras de subir, as distâncias mais longas a percorrer, as ruas mais perigosas de
atravessar, os pacotes mais pesados para carregar. O mundo apresenta-se como uma
fonte de ameaças e ciladas onde qualquer distração pode resultar em conseqüências
penosas para o idoso.
As áreas dos estabelecimentos assistenciais destinadas ao atendimento dos idosos
devem ser projetadas levando em consideração as possíveis dificuldades de locomoção,
vulnerabilidade e ocorrência de quedas a fim de prevenir que o mesmo não seja vítima do
seu local de tratamento.Tais cuidados visam evitar acidentes que podem contribuir para a
chamada iatrogenia que se refere às doenças ou resultados adversos produzidos por
qualquer forma de intervenção ou atuação da equipe que atende em qualquer nível
assistencial. Também valem para os novos modelos de assistência à saúde do idoso as
mesmas recomendações para estabelecimentos de saúde como normas de acessibilidade,
largura e sentido de abertura de portas, revestimento de piso, tipo de mobiliário, largura de
corredor, itens de segurança nos banheiros e outros.
O local deverá ter uma ambiência que estimule as aptidões e capacidades individuais
dos idosos, melhore a comunicação entre pessoas, seja legível, seguro e proporcione bem
estar para que eles se sintam em um ambiente familiar, como de suas casas. A integração
entre ambiente interno e externo através da observação da paisagem, pessoas, pássaros,
chuva, sol , dia e noite é um fator que permite a orientação temporal, climática e distração.
Estas preocupações podem ser auxiliares para o tratamento terapêutico assim como o
cuidado com as mensagens e sensações que o local pode transmitir através das variações
de iluminação, temperatura, ventilação bem como dos aromas e sons . “As percepções do
espaço consistem não só no que vemos, como também no que cheiramos – assim como
nas associações que despertam” (HERTZBERGER, 1996).
A arquitetura é, de alguma maneira, um ordenar o ambiente que nos
rodeia, um oferecer melhores possibilidades para as agrupações
humanas; por isso, as relações que deve estabelecer são múltiplas e
integrantes; referem-se ao controle do ambiente físico, à criação de
certas possibilidades de circulação, à organização das funções, de
seu englobamento ou segregação e de suas relações”
(GREGOTTI,1975).
66
De acordo com este pensamento, o ambiente físico deve estimular ao máximo a
mobilidade e autonomia de forma que os idosos não encontrem dificuldades em identificar e
utilizar banheiros, campainhas, interruptores, corredores e outros. O espaço adaptado às
suas incapacidades cria um sentimento de auto-estima pelo simples fato de praticarem,
sozinhos, ações rotineiras e indiretamente é uma forma de terapia que evita a imobilização
e seus efeitos nocivos à saúde.
Para Perracini (2002) o ambiente planejado para os idosos deve ser calmo, previsível
e acolhedor e salienta alguns aspectos básicos que o local deve contemplar para dar
suporte à autonomia e independência:
acessibilidade e uso;
facilidade de circulação, especificamente no que diz respeito ao conforto,
conveniência e possibilidade de escolha;
conservação de energia;
comunicação: aspectos sensoriais e integração social;
segurança: sem riscos de lesões e acidentes;
proteção: que não cause medo ou ansiedade e que seja previsível (confiável);
privacidade.
Outra questão a ser considerada são os sistemas de controle ambiental nos
estabelecimentos de saúde representados pelas dimensões: endógena, que considera o
edifício em sua finalidade de criar condições desejáveis de salubridade através do
distanciamento das pessoas das variáveis ambientais externas e a exógena que se refere
aos aspectos de implantação das construções no meio externo e suas implicações no meio
ambiente externo regulamentados pelos instrumentos legais da maioria dos municípios
brasileiros. Também torna-se relevante compatibilizar as demandas ambientais de
temperatura, umidade e qualidade do ar, acústicas e luminosas relativas às características
das atividades e equipamentos com as necessidades de conforto e bem-estar dos usuários.
Os idosos são, particularmente, sensíveis a estes elementos ambientais.
Para Hertzberger (1996), em todas as intervenções construtivas o objetivo único não
deve ser a função, mas fazer com que o objeto construído tenha possibilidade de atender
mais de um propósito, que seja capaz de representar tantos papeis quanto possíveis em
benefício dos diversos usuários individuais. Também acredita que “O projeto definitivo deve
estar harmonizado com todos os dados intelectuais e emocionais que o arquiteto possa
imaginar, e deve relacionar-se com todas as percepções sensoriais do espaço”.
67
Diante do exposto, podemos observar que a intervenção da arquitetura na Infra-
estrutura do Hospital - dia geriátrico é uma questão séria que vai além das preocupações
estéticas, um fator que juntamente com os recursos humanos e técnicos pode contribuir
terapeuticamente para a assistência ao paciente idoso visto que o bem estar físico e
psicológico deste grupo também está intimamente associado às características físicas do
espaço arquitetônico.
2.3 - Aspectos Gerais das Normas vigentes
As normas vigentes dos espaços alternativos de assistência à saúde do idoso
representam um avanço da sociedade em relação à visão da velhice, tradicionalmente,
associada à doença. Tal ponto de vista, em décadas passadas, pode ter contribuído para a
criação de asilos, hospícios e hospitais geriátricos que funcionavam mais como locais de
segregação e cuidados paliativos do que atenção integral ao idoso.
Atualmente as modalidades ou serviços direcionados para pessoas idosas podem
ser divididos em serviços sociais e de saúde. Estes últimos se organizam por níveis
crescentes de complexidade, o primeiro classificado como atenção primária oferece
assistência através das Unidades Básicas de Saúde (UBS), no nível seguinte encontra-se o
atendimento ambulatorial e domiciliar, a nível institucional existe uma alternativa
intermediária que é o hospital –dia geriátrico e por último, a internação hospitalar de média
e longa permanência (DIOGO,2002).
“Entre os diferentes modelos de assistência ao idoso, o hospital-dia
geriátrico vem se afirmando como uma alternativa para a não
institucionalização total do idoso dependente ou com
comprometimento da sua capacidade funcional. Uma vez
dependente total, o idoso estará mais sujeito a internações
prolongadas, reinternações sucessivas e a pior prognóstico”
(DIOGO,2002).
A portaria nº 73 de 10 de maio de 2001, da Secretaria de Estado de Assistência
Social estabelece normas de funcionamento de serviços de atenção ao idoso no Brasil,
propõe mudanças nas várias modalidades de acordo com a realidade de cada município,
define parcerias com organizações governamentais, não-governamentais e ministérios
setoriais assim como co-responsabilidade do governo, da sociedade e da família. Esta lei
dispõe as diferentes formas de atenção ao idoso:
Família natural;
Família acolhedora;
68
Residência temporária;
Centro-dia;
Centro de Convivência;
Casa-lar;
República;
Atendimento integral institucional;
Assistência domiciliar / atendimento domiciliar
A portaria GM/MS nº702 de 12/04/2002 preocupada com a necessidade de reduzir o
número de internações e o tempo de hospitalização do idoso, estimular ações e iniciativas
que visem a mudança do modelo assistencial à saúde, privilegiando a atenção integral de
forma mais humanizada, cria mecanismos para a organização e implantação de Redes
Estaduais de Assistência à saúde do Idoso e a inserção nas mesmas de Hospitais Gerais e
Centros de Referência à Saúde do Idoso.
Os Centros de Referência em Assistência à saúde do Idoso são hospitais cadastrados
como tal, responsáveis pela assistência integral e integrada aos pacientes idosos nas
modalidades de internação hospitalar, atendimento ambulatorial especializado, hospital-dia
e assistência domiciliar.
O anexo 1 da portaria SAS/MS nº249 de 12 de abril de 2002 , dispõe que o hospital
para ser cadastrado como Centro de Referência em Assistência à Saúde do Idoso deve
entre outros aspectos desenvolver programas de desospitalização de idosos: Hospital–dia
geriátrico, Assistência Domiciliar de curto, médio ou longo prazo. A permanência
prolongada do idoso no hospital é um fator de deterioração de sua independência funcional
e autonomia, além de sua exposição aos riscos inerentes ao ambiente hospitalar.
A Política Nacional de Saúde destaca a importância da criação do Hospital - Dia
Geriátrico por ser uma forma intermediária de atendimento entre a internação hospitalar e a
assistência domiciliar. Esta modalidade de atenção foi contemplada pelas portarias
publicadas pelo Ministério da Saúde em abril de 2002, na parte que trata da criação das
redes estaduais de assistência ao idosos, destina-se aos idosos que, após avaliação
multiprofissional e indicação médica, estiverem enquadrados nos seguintes casos:
pós-alta hospitalar de origem clínica ou cirúrgica, em fase de recuperação, ainda
necessitando de acompanhamento médico, intervenções de enfermagem e/ou
reabilitação físico-funcional por um período de até 30 dias;
apresentando perda ou incapacidade funcional média ou grave, decorrentes de
transtorno físico ou cognitivo com potencial para a reabilitação;
69
necessitando de procedimentos técnicos específicos, que não justifiquem uma
internação e cuja realização em domicílio possa não ser a mais indicada como por
exemplo quimioterapia, hemodiálise, etc;
não apresentam apoio familiar contínuo e adequado às demandas identificadas
podendo levá-lo à reinternação ou à institucionalização.
De acordo com a portaria SAS/MS nº249/2002 o hospital-dia geriátrico deve funcionar
diariamente, no mínimo por cinco dias por semana, em um ou dois turnos de 6 horas com
uma equipe multiprofissional e interdisciplinar capacitada em gerontologia composta por
médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais,
assistentes sociais e outros. Também deverá estar integrado a um serviço de urgência /
emergência, de funcionamento ininterrupto em casos de intercorrências.
O estabelecimento deve dispor de instalação física adequada, livre de barreiras
arquitetônicas de acordo com os critérios e normas estabelecidos pela legislação em vigor
ou outros ditames legais que venham a substituí-los ou complementá-los:
Portaria GM/MS nº 810/1989 – Normas e padrões para funcionamento de casas de
repouso, clínicas geriátricas e outras instituições destinadas ao atendimento de
Idosos;
ABNT NBR 9050 /1994 – Normas de Acessibilidade às Pessoas Portadoras de
Deficiências;
Resolução nº50, de 21 de fevereiro de 2002 – Dispõe sobre o regulamento técnico
para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de
estabelecimentos de assistência à saúde , da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária – ANVISA;
Resolução nº 05, de 05 de agosto de 1993, do CONAMA – Conselho Nacional de
Meio Ambiente.
A área física deverá ser composta , no mínimo, por:
Recepção com sala de espera própria;
Vestiário masculino e feminino;
Sanitários masculinos e femininos para pacientes acompanhantes e
funcionários;
Sala para trabalho em grupo;
Sala de refeições (não é necessário ser exclusiva);
70
Área externa para atividades ao ar livre;
Sala de repouso; Sala para atividades de reabilitação;
Sala de procedimentos;
Posto de enfermagem;
Sala de estar e recreação.
No Brasil, a lei que regulamenta a criação deste modelo assistencial é recente, de
2002. Em Salvador o Centro Geriátrico Júlia Magalhães, fruto da preocupação de Irmã
Dulce em garantir assistência integral com estímulo à cidadania, socialização e qualidade
de vida na terceira idade, inaugurou em 2003 o sistema de hospital-dia, em meio turno,
para cerca de 50 idosos da comunidade onde participam de atividades de promoção à
saúde, reabilitação física, cognitiva e socialização (fig.8).
Figura 8 - Sala de terapia ocupacional do hospital-dia
do Centro Geriátrico Júlia Magalhães em Salvador
Fonte:
http://www.irmadulce.org.br/saude/nucleos/cgjm.htm (2004)
A organização dos serviços geriátricos no Brasil ainda está na fase inicial, porém o
momento é oportuno para reflexões sobre a qualidade dos serviços e infra-estrutura física
oferecida aos idosos. Ainda que se possa inspirar em sociedades que defrontam há mais
tempo com esta questão, é preciso modelar a nossa experiência. Resultados positivos de
diferentes modelos assistenciais poderiam ser considerados e adaptados às especificidades
do nosso sistema de saúde.
As leis que regulamentam a implementação e funcionamento dos serviços de atenção
à saúde do idosos cumprem o seu papel enquanto conjunto de regras a serem atendidas.
Elas estabelecem as condições mínimas que o local deve dispor em relação aos tipos de
assistência, recursos humanos, equipamentos e necessidades físico-espaciais para
funcionar em condições dignas. Neste aspecto Barreto (2002) acrescenta que os modelos
normativos brasileiros federais e municipais que tratam dos diversos tipos de edificação
apresentam certas limitações para produção de arquiteturas devido ao seu aspecto
funcionalista. Tais normas, raramente, incluem outras dimensões qualitativas da arquitetura
71
como as variáveis psicológicas relativas ao uso e percepção do espaço, as questões
estéticas e expressivas e as referentes à gestão do espaço construído.
O sucesso deste modelo humanizado depende também da sensibilidade da equipe
multidisciplinar de saúde e da arquitetura em captar e incorporar ao seu campo de atuação
profissional os requisitos objetivos e subjetivos do ator principal para que as necessidades e
percepções dos idosos sejam contempladas de alguma forma nestes espaços de saúde.
72
“Na velhice, o interesse se desloca da informação para a compreensão. Isto significa que a
informação traz notícias, ao passo que a compreensão procura ‘insigts’ nela. Os dados dizem
que a nossa audição, a nossa visão e as nossas articulações não são mais o que eram.
Não estão durando. Que compreensão se pode colher desta informação?.“
James Hillman
CAPÍTULO 3
PESQUISA DE CAMPO: A SAÚDE DO IDOSO EM JUIZ DE FORA / MG
73
CAPÍTULO 3 – PESQUISA DE CAMPO: A SAÚDE DO IDOSO EM JUIZ DE FORA / MG
3.1 – A Cidade Pesquisada
Juiz de Fora, cidade da Zona da Mata Mineira, com 501.153 habitantes é referência
no sistema de saúde para uma vasta região de entorno. Sua Administração Estadual de
Saúde (DADS) agrega 37 cidades, mas no Sistema único de Saúde (SUS) ela abrange
mais de 180 cidades, configurando uma população de aproximadamente 2 milhões de
habitantes.
O último censo demográfico realizado pelo IBGE (2000), em Juiz de Fora, registrou
mais de 10% de idosos no total da população o que representa 52.961 pessoas com 60
anos ou mais. Esta porcentagem de idosos é superior à media registrada no Estado de
Minas Gerais e no Brasil (Tab.2). A previsão deste instituto é que em 2025 este número
suba para 15%. A expectativa de vida ao nascer na cidade é de 82 anos para as mulheres e
73 anos para os homens. A proporção entre Mulheres e Homens aos 70 anos é de 10 para
8 e aos 85 anos de 10 para 3 (PJF,2002).
Tabela 2 - Distribuição percentual da População por idade em Juiz de Fora, Minas Gerais e Brasil,
1980 / 1991 / 2000
Fonte: IBGE, Censos Demográficos 1980 / 1991 / 2000; Centro de Pesquisas Sociais / Anuário 2004
A estrutura administrativa da cidade funciona de forma regionalizada, porque a
Prefeitura Municipal de Juiz de Fora entende que este modelo facilita a identificação das
peculiaridades locais e possibilita planejar a partir do reconhecimento dos grupos sociais
mais carentes e dependentes dos serviços públicos. Tal modelo permite atender as
demandas reais de cada região individualmente, evitando soluções arbitrárias e pré-
estabelecidas (PJF,2004).
Para a configuração regionalizada foram aplicados os critérios de extensão
geográfica, acessibilidade e comunicação viária, perfil sócio-econômico, característica
74
s da ocupação, delimitação e bacias hidrográficas, densidade demográfica, problemas
sociais e intervenções já realizadas ou previstas. Deste modo estabeleceu-se oito regiões
Administrativas, a saber: Centro, Leste, Norte, Nordeste, Oeste, Rural, Sul e Sudeste.
A região Centro, onde se encontram os estabelecimentos pesquisados, integra 19
bairros e apresenta o maior contingente populacional do município que representa 21,3%
ou seja, 95.760 pessoas. A pirâmide demográfica desta região demonstra uma forte
concentração na distribuição por faixa etária próxima da curva normal, com leve tendência
para o grupo etário de 19 a 24 anos. A aparente descontinuidade nas faixas etárias que vão
de 24 a 34 anos pode ser um reflexo do êxodo de estudantes após o período de formação
profissional. A concentração de idosos acima de 70 anos é superior às demais regiões da
cidade (PJF, 2004).
As pesquisas realizadas para o PDL, Plano de Desenvolvimento Local, detectaram
nos setores de urbanismo, economia, educação, assistência social e saúde algumas
tendências específicas para cada região e, conseqüentemente, para a cidade (PJF, 2004).
No campo da saúde a região Centro apresenta a seguinte situação:
Tendências específicas para a região Centro:
Atenção Primária
tendência ao crescimento da demanda pelos serviços de atenção primária;
implementação do programa Saúde da Família, incorporando-se ao sistema de
atendimento da atenção primária.
Atenção Secundária
Desconcentração da Atenção secundária do PAM-Marechal para a região Norte e
demais regiões.
Tendências específicas para a cidade:
Atenção Terciária
retração contínua da oferta de serviços hospitalares para a população dependente
do SUS para procedimentos de média complexidade e urgência emergência;
mudança de vocação dos conveniados prestadores para serviços de alta
complexidade;
mudança da composição de faixa etária, com maior demanda dos serviços de
terceira idade, com suportes terapêuticos necessários;
encarecimento dos serviços de saúde pela mudança do perfil da população (mais
idosa) com predominância das doenças degenerativas;
75
pressão crescente sobre o sistema de saúde local (público e privado) das regiões vizinhas
pela deterioração da capacidade instalada da macroregião;
saturação local do mercado para profissionais de saúde formados na cidade;
tendência à ampliação do atendimento do Hospital Municipal, tanto qualitativo quanto em
complexidade dos serviços.
Atualmente o idoso de juiz de fora, usuário do SUS, recebe atendimento primário através
do PSF - Programa de Saúde da Família, das UBSs - Unidades Básicas de Saúde distribuídas
nas regiões administrativas da cidade e também do Departamento de Saúde da Terceira Idade –
DSTI que atende exclusivamente a população da região Centro. O terciário é ofertado pelos
Hospitais Públicos e Filantrópicos (tab.3 e 4).
Tabela 3 - Indicadores de saúde (setor primário e secundário).
Fonte: Diretoria de Saúde, Saneamento e Desenvolvimento Ambiental/Anuário Estatístico da UFJF
2001
Unidades Básicas de Saúde/ 2003
Local Número
Zona Rural
14
Zona Urbana
41
Policlínicas
2
Departamento de Clínicas Especializadas
1
Pronto Socorro
1
Departamento da Criança e do Adolescente
1
Departamento da Mulher
1
Departamento de Saúde do Trabalhador
1
Departamento de Saúde Mental
1
Departamento de Saúde da Terceira Idade
1
Departamento de Saúde Bucal
1
Departamento de Zoonoses
1
Total
66
76
Tabela 4 - Indicadores de saúde (setor terciário).
Fonte: Diretoria de Saúde, Saneamento e Desenvolvimento Ambiental/Anuário Estatístico da UFJF 2001
Rede SUS (Sistema Unificado de Saúde) - 2003
Pública
Categoria
Mun . ic Outros
Filantrópica Privada Total
Hospi is
ta 01
03
03
10
17
Leitos
48
449
403
1.033
1.933
Diante do perfil populacional de Juiz de Fora, diversos setores da cidade já estão
implementando programas e serviços para atender às demandas de educação, assistência
social e saúde para o grupo etário idoso. O Conselho Municipal do Idoso já estuda uma
proposta para implantação de um Centro de Referência do município especializado no
atendimento ao idoso que funcionará no regime de Centro-Dia com o objetivo de prestar
assistência à saúde secundária baseada nas diretrizes da Política Nacional de Saúde do
Idoso.
3.2 - Planejamento da pesquisa
3.2.1 – Introdução
O objetivo principal desta pesquisa é identificar os novos desafios e tendências da
arquitetura hospitalar frente ao envelhecimento da população brasileira. No Brasil, observa-
se, principalmente no campo da assistência à saúde, que o crescimento quantitativo do
grupo etário idoso não foi acompanhado por uma efetiva implementação das políticas
públicas igualitárias e universais e sim por intervenções parciais, descontínuas e
compensatórias que atendem de forma precária as necessidades desta população.
Para Freitas (2004) cuidar de uma população de mais de 32 milhões de idosos, em sua
maioria com baixo nível socioeconômico e educacional é um dos grandes desafios do
século XXI. Este cuidado deve promover uma maior expectativa de vida com boa qualidade
para que os anos vividos sejam plenos de significado e de dignidade, e não de sofrimento
para os indivíduos e suas famílias.
O “Plano de Ação Internacional de Madri sobre o Envelhecimento 2002” apresenta três
prioridades a serem implementadas em âmbito mundial. Uma delas é a promoção da saúde
e do bem estar para todo o ciclo de vida. Dentro deste item, merece destaque a questão
que aborda o acesso universal e eqüitativo aos serviços de saúde onde algumas ações
sugeridas vieram ao encontro das pretensões desta pesquisa.
77
“... incluir os idosos no planejamento, implementação e avaliação dos
cuidados de saúde e programas de reabilitação; encorajar os
profissionais de saúde a incluir os idosos nas decisões relacionadas
com seu próprio cuidado de saúde e integrar as necessidades e
percepções dos idosos no planejamento de políticas de saúde”
(UNITED NATIONS,2002).
No campo da arquitetura hospitalar a compreensão do envelhecimento humano a
partir do próprio idoso e dos demais atores envolvidos, familiares, cuidadores e profissionais
da saúde é um elemento chave para uma contribuição mais eficaz do arquiteto na área da
saúde. Deste modo, dentro de um determinado contexto, a investigação sobre as
qualidades e deficiências do atual modelo de assistência à saúde, as necessidades dos
idosos bem como as representações sociais que existem em torno da velhice, saúde,
doença e hospital pode fornecer informações de importância científica e social.
3.2.2 – Metodologia
Tendo em vista a elaboração de uma pesquisa sobre modelos alternativos de
estabelecimentos assistenciais de saúde para idosos com uma abordagem humano-
ambiental, preocupou-se inicialmente em levantar uma bibliografia multidisciplinar no campo
da arquitetura, psicologia e medicina a fim de conhecer um pouco melhor o universo desta
população e fundamentar o trabalho.
Adotou-se a abordagem qualitativa por ser um modelo de pesquisa que permite obter
dados que auxiliam a compreensão das crenças, atitudes, valores e motivações em relação
aos comportamentos das pessoas em contextos sociais específicos (GASKELL,2002).
Devido à temática do estudo, velhice – saúde – arquitetura, buscou-se apoio na teoria das
Representações Sociais como meio de obter as necessidades e expectativas de assistência
à saúde do idoso sentidas e idealizadas pelos diferentes participantes da pesquisa.
O objetivo desta teoria é descobrir como os indivíduos e grupos inseridos em um
contexto heterogêneo de pessoas, atitudes e fenômenos podem construir um mundo
estável e previsível (MOSCOVICI ,2003).
O conceito das representações sociais é sempre relacional com um caráter dinâmico e
explicativo da realidade social, física e cultural. A ele estão ligados aspectos culturais,
cognitivos e valorativos presentes nos meios e nas mentes (GUARESCHI,1995). Deste
modo este suporte metodológico favorece estudar a questão não apenas por meio do
conhecimento teórico-científico mas também do saber prático socialmente elaborado e
partilhado por grupos sociais de pertença.
78
3.2.3 – Coleta de Dados
3.2.3.1 - Campo de estudo
A pesquisa foi realizada no município de Juiz de Fora / MG em duas unidades de
atendimento ambulatorial, situadas em diferentes bairros da região central, no período de
novembro de 2005 à janeiro de 2006.Como a cidade ainda não possui um modelo
alternativo de assistência à saúde do idoso, buscou-se estabelecimentos públicos com
maior concentração desta população.
O Departamento de Saúde da Terceira Idade é um órgão municipal que presta
assistência médica e social exclusiva à população acima de 60 anos moradora da região
centro. O programa oferece consultas médicas nas especialidades de geriatria e clínica
geral mediante pré-agendamento. Também realiza verificação de peso e pressão arterial,
orientação e dispensação de medicamentos, aplicação de vacinas, assistência social e
palestras educativas para grupos de promoção de saúde na 3º idade (hipertensão, diabetes
e oficina de memória). Conta com uma equipe técnica de saúde composta por 03 médicos,
02 assistentes sociais e 02 técnicos em enfermagem.
O ambulatório do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora –
UFJF oferece atendimento em todas as especialidades médicas à população da cidade e
municípios vizinhos. A equipe técnica de saúde é constituída por um grupo multidisciplinar
de médicos, enfermeiros, assistentes sociais, nutricionista, dentista (biopsias e cirurgias
bucomaxilofacial), fisioterapeutas, fonoaudiólogos e acadêmicos. O hospital está planejando
para o ano de 2006 a implantação de um serviço exclusivo para o atendimento ao idoso
devido ao aumento da demanda registrada no setor ambulatorial e de internação.
3.2.3.2 - Participantes
Os participantes desta pesquisa foram selecionados com base no seguinte critério:
pessoas com o perfil semelhante ao dos usuários e profissionais de um hospital-dia
geriátrico que em hipótese, de acordo com suas experiências pessoais e profissionais,
poderiam fornecer informações interessantes à representação da velhice, saúde e
ambientes assistenciais. O grupo etário idoso, prioridade da pesquisa, foi constituído por
pessoas com idade igual ou superior a 60 anos (critério etário estabelecido pela ONU para
países em desenvolvimento como o Brasil) sem incapacidade mental.
Os sujeitos do estudo foram 52 idosos de ambos os sexos (58% feminino e 42%
masculino) usuários do SUS – Sistema Único de Saúde com idades entre 60 e 87 anos
(média de idade de 69 anos), 20 cuidadores (80% feminino e 20% masculino) na faixa
79
etária de 19 a 70 anos (média de idade de 47 anos) e 07 profissionais (médicos,
enfermeiros e assistentes sociais) que atendem a clientela idosa.
Do grupo dos idosos 31 são freqüentadores do Departamento de saúde da Terceira
Idade (15 homens e 16 mulheres) e 21 são pacientes do ambulatório do Hospital
Universitário (07 homens e 14 mulheres). No primeiro estabelecimento foram entrevistados
13 cuidadores (04 homens e 09 mulheres), 01 médica geriatra e 02 assistentes sociais e no
segundo 07 cuidadores do sexo feminino, 01 médica geriatra, 01 assistente social e 02
enfermeiras.
3.2.3.3 - Instrumentos
Optou-se por uma investigação semi-estruturada para evitar fuga ao tema proposto e ao
mesmo tempo permitir a liberdade de expressão do entrevistado e inclusão de assuntos não
previstos. Este trabalho foi realizado de acordo com os preceitos éticos estabelecidos pela
Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre “Investigação Envolvendo
Seres Humanos”. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do
Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva – UFRJ (RJ) (Apêndice I). Os dados foram coletados
após o entrevistado tomar conhecimento dos objetivos da pesquisa e concordar com a
mesma de acordo com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Adotou-se questionários e entrevistas para coleta das informações em situação
individual (Apêndice II,III e IV). Antes do trabalho de campo realizou-se entrevistas-piloto
com alguns idosos para adequação prévia do instrumento. A primeira parte do questionário
é constituída por questões relativas às representações sociais da velhice saúde, a segunda
apresenta itens referentes à identificação sócio-demográfica: sexo, idade, escolaridade,
bairro de moradia, coabitação e situação econômica. A terceira e última parte do
questionário investiga dados relativos ao estado físico e assistência à saúde dos idosos. As
principais perguntas do estudo objetivam identificar:
Quem são estes idosos?
Que representações se faz da velhice e do idoso?
Quais limitações e doenças com que lidam em seu cotidiano?
Quais as necessidades de assistência dos idosos?
Qual a imagem que as pessoas tem do hospital?
Qual o grau de satisfação com o serviço de saúde ofertado?
Como a arquitetura pode contribuir para uma assistência mais adequada?
80
Os idosos e cuidadores abordados individualmente pela pesquisadora responderam o
questionário durante o tempo de espera da consulta ambulatorial. Também responderam
questionários os cuidadores presentes nas enfermarias clínicas do Hospital Universitário.
Os profissionais foram entrevistados mediante agendamento prévio. Suas falas foram
registradas com uso de gravador com a devida autorização dos mesmos. A identidade dos
colaboradores foi resguardada, os mesmos receberam identificação alfa-numérica: I
1
a I
52
idosos, C
1
a C
20
– cuidadores e P
1
a P
7 –
profissionais. Além dos instrumentos de coleta
descritos acima, complementou-se o estudo com anotações em um caderno de campo
sobre as observações acerca do cotidiano dos entrevistados nos ambulatórios, descrições
dos locais e falas surgidas na sala de espera antes e após a entrevista.
3.2.4 – Resultados
Para organização da exposição dos dados coletados, inicialmente serão
apresentados aqueles referentes aos pacientes idosos, cuidadores e por último os relativos
aos profissionais.
3.2.4.1 - Perfil dos idosos
No grupo dos idosos entrevistados 58% das pessoas eram do sexo feminino e 42% do
sexo masculino com idade média de 69 anos. A freqüência encontrada nas faixas etárias
de 60-70 anos, 71-80 anos e 81-87 anos foi de 63,46%, 32,69% e 3,85% respectivamente.
E relação à procedência dos idosos 46,15% eram oriundos de bairros da Região
Centro, 42,31% de outras regiões da cidade e 11,54% moradores de municípios vizinhos de
Juiz de Fora que se deslocam em busca de um atendimento com mais recursos. Este último
percentual corresponde a pacientes atendidos no ambulatório do Hospital Universitário.
Geralmente o transporte destas pessoas é realizado por veículos oficiais das localidades
de origem que chegam à cidade nas primeiras horas da manhã, distribuem os pacientes
nos diversos estabelecimentos de saúde e retornam ao final da tarde. Apenas uma minoria
se desloca por conta própria.
O nível de instrução entre os idosos é baixo, de acordo com os dados coletados
11,54% das pessoas identificaram-se como analfabetos, 61,54% não completaram o 1º
grau, 15,38% concluíram o 1º grau, 7,70% possuem o 2º incompleto, 1,92% com superior
incompleto e apenas uma pessoa (1,92%) finalizou o curso superior.
As respostas sobre coabitação revelaram que 13,46% dos idosos moram sozinhos,
23,08% somente com o cônjuge, 23,08% com os filhos e 40,38% vivem em outros arranjos
familiares, residindo com:
81
mãe;
mãe e irmão;
cônjuge e filhos;
cônjuge, filhos e netos;
irmãos;
irmãos, cunhados e sobrinhos.
Em relação a situação econômica, observa-se que 65,38% dos idosos são
independentes financeiramente da família, 13,46% tem a sua família como dependente,
neste grupo 71% das pessoas são do sexo masculino. O percentual de dependentes da
família, 13,46%, foi representado exclusivamente por mulheres e apenas 7,70% disseram
existir uma dependência mútua entre os habitantes da casa devido aos baixos salários
recebidos.
3.2.4.2 - A imagem de uma pessoa idosa
Uma parcela dos entrevistados (11,54%) possui duas imagens de uma pessoa idosa. A
positiva formada pelas características mais apreciados em um ancião presentes naqueles
que são felizes, saudáveis e experientes e a negativa exemplificada pelos indivíduos
ranzinzas, tristonhos e acabados como também os que sofrem a ação de outras pessoas, os
abandonados e sofredores. Na fala dos entrevistados I
11
e
I
49
observa-se que a visão
positiva do idoso é a sua auto-imagem.
“A pessoa sendo igual a mim tenho uma boa imagem. Quando ela é abandonada
pelos filhos a imagem é negativa. Eu gosto muito de ajudar os outros”. (I
11
,73 anos)
“Tem pessoas que passam imagem boa que são satisfeitas e tem outras que
reclamam demais”. (I
31
,64anos)
“Depende, vejo pessoas idosas como um trapo e vejo pessoas idosas bonitas e com
vitalidade”. (I
33
,75 anos)
“Varia, tem pessoas idosas que são felizes e tem pessoas idosas tristes. Gosto da
minha idade, gosto do que eu faço, tenho amor pela vida”. (I
49
,67 anos)
As respostas dos entrevistados (32,69%) que retratam negativamente a pessoa idosa
evidenciam que tal imagem é construída, basicamente, por 03 aspectos distintos. Um deles
82
resulta dos atos praticados por terceiros contra os anciãos como o desrespeito, a exclusão
e os maus tratos dentro e fora da família. O segundo se refere às características pessoais e
debilidades naturais da idade verificado pelos termos esclerosado, cansada, carentes e
outros. Medo, pena e tristeza são algumas palavras que exemplificam o último aspecto ou
seja os sentimentos despertados pela imagem do idoso.
“Acham que a pessoa idosa é mole, fraca que atrapalha principalmente no ônibus.
Fico só observando, faço de bobo, mas estou vendo toda falta de educação que as
pessoas fazem com o idoso”. (I
2
,65 anos)
“Uma pessoa um pouco cansada pela idade”. (I
4
,66 anos)
“O medo”. (I
5
,67 anos)
“É quando a pessoa descontrola o cérebro e a gente sente muito com isso. A sogra
do meu cunhado não conhece ninguém, faz tudo na roupa. É muito triste”. (I
10
,80anos)
“Eu lembro de pessoas judiadas no hospital e nas famílias” (I
18
,60 anos)
“Tristeza, porque a velhice é tristeza”. (I
19
,85 anos)
“As pessoas idosas são excluídas (algumas) os familiares colocam no asilo e não vão
visitá-las. Uma pessoa idosa é sofredora”. (I
42
,64 anos)
A maioria dos entrevistados (55,77%) possuem uma imagem positiva da pessoa
idosa. Neste grupo os vocábulos mais freqüentes para nomear as principais virtudes de
alguém que atingiu este estatuto foram “acho bonito”, “experiência” , “vitoriosa” e “vivida”.
“De uma pessoa vencedora, a pessoa tem que vencer os obstáculos desde o
nascimento até a velhice”. (I
1
,63anos)
“Eu acho bonito, é bom para a gente, é uma segurança de vida.Me sinto bem de ver
uma pessoa com 80 e 100 anos me dá segurança”. (I
14
,74anos)
“Pessoas experientes com as quais tenho muita coisa para aprender. Aprendi muito
com a minha vó”. (I
17
,61anos)
83
“Pessoa vitoriosa, pessoa com idade e saúde”. (I
27
,69anos)
“Pessoa vivida, sábia”. (I
35
,63anos)
3.2.4.3 - A imagem de um idoso saudável
As respostas da questão Nesta fase da vida o que você considera ser saudável?
revelaram uma visão multidimensional do conceito de saúde por parte dos idosos que
possibilitaram identificar sete elementos indispensáveis para este estado. Saúde,
relacionamentos, lazer, autocuidado, religiosidade, trabalho e outros aparecem nesta ordem
de importância como aspectos responsáveis para uma pessoa ser saudável. A tabela 5, do
Apêndice V, apresenta estas informações de forma mais detalhada.
A saúde está relacionada à capacidade de se manter bem fisicamente e
emocionalmente. Os relacionamentos estão ligados à importância da manutenção dos laços
familiares e comunicação interpessoal entre idosos, amigos e pessoas da comunidade. O
lazer é identificado como os momentos de prazer que a própria pessoa pode se
proporcionar quando aproveita a vida, procura distrações e faz o que gosta.
A categoria do autocuidado inclui medidas de iniciativa própria que repercutem
positivamente na saúde, na auto-imagem e auto-estima do idoso como a caminhada, prática
de esportes, abstenção do fumo, cuidado com a alimentação e com o sono ou seja, são os
hábitos saudáveis. A religiosidade é representada pela crença em Deus como aquele que
protege e providencia as bênçãos, um porto seguro para o enfrentamento das adversidades
da vida. O trabalho significa a capacidade de realizar as atividades domésticas e serviços
voluntários. Na última categoria identificada como outros estão os valores relacionados ao
caráter e condições sociais básicas.
“Ter uma cabeça boa , trabalhar, ser honesta, ter um Deus, fazer as coisas certas,
porque tem um Deus te vigiando.” (I
5
,67 anos)
“Estar bem comigo, gosto muito de mim, me cuido, faço pé, mão, cabelo, gosto de
andar arrumadinha. Só vou pra a missa, mas me arrumo.” (I
11
,73 anos)
“Ter uma boa alimentação, fazer muito esporte eu caminho 6km por dia. Se não
fizermos nada por nós, ninguém faz. É dançar para quem gosta”. (I
25
,64 anos)
“Minha saúde, alegria. Sou muito feliz. Só de não tomar 01 comprimido, eu já acho
que sou vitoriosa”. (I
27
,69 anos)
84
“Ter saúde, poder passear, viajar, ficar satisfeito com a vida”. (I
31
,64 anos)
“Eu ter saúde, poder sair e participar na Igreja, na horta e lavar roupa. Boa
alimentação.” (I
43
,71anos)
“Deus em primeiro lugar. Só dele me dar saúde estes anos todos não é?” (I
52
, 76
anos)
3.2.4.4 - O local ideal para cuidar da saúde do idoso
O teor das informações sobre o local idealizado pelos entrevistados para cuidar da
saúde do idoso permitiu a fragmentação das respostas em quatro categorias que revelaram
a tipologia do local, as características do mesmo, a forma de cuidado e os tipos de
atividades a serem desenvolvidas ali. Os dados referentes à esta questão podem ser melhor
visualizados na tabela 6, do Apêndice VI.
Dos 34 idosos que conseguiram identificar o local desejado, 35,30% acham que a
assistência à saúde deveria acontecer em um estabelecimento de saúde; 23,53%, em um
asilo ou casa de repouso; 17,65%, em um estabelecimento rural; 11,76%, no lar junto da
família e 11,76% disseram que deveria ocorrer em um ambiente com características
residenciais.
As principais características destes locais foram identificadas por meio das palavras
mais repetidas nas frases dos idosos. Assim, os atributos são:
limpeza;
área de lazer;
tranqüilidade;
amplitude;
conforto;
atmosfera positiva e saudável;
acessibilidade;
contato com a natureza (área verde e criação);
proximidade de casa.
Para os idosos a forma ideal de cuidado é aquela onde as pessoas são tratadas com
respeito, amor e carinho e ainda podem contar com o apoio familiar e um serviço de saúde
aprimorado com uma equipe profissional capacitada. Alguns entrevistados acreditam que o
85
estabelecimento imaginado deveria estimular a prática de esportes e atividades de lazer
para manter mente e corpo saudável.
3.2.4.5 - Satisfação com o ambulatório
Os entrevistados foram interrogados sobre o que eles gostariam que o ambulatório
tivesse para melhorar o bem-estar e facilitar a vida deles e, de acordo com as respostas,
pode-se dizer que a maioria expressou satisfação com a área física do serviço e com a
atenção da equipe de saúde.
Na opinião dos idosos a prioridade é conseguir a consulta. Em um primeiro momento
eles declararam que tudo está dentro das expectativas, porque os demais ambulatórios
existentes na rede pública oferecem um serviço que deixa a desejar em comparação com o
prestado por estes dois estabelecimentos. Também acreditam na dificuldade de
implementação de melhorias devido a crise do sistema público de saúde. Deste modo 27
pessoas apenas elogiaram o serviço prestado e 25 além dos elogios sugeriram algumas
melhorias que se existisse possibilidade seriam “bem vindas”:
- Departamento de Saúde da Terceira Idade
realização de exames complementares no próprio ambulatório;
ampliação do quadro de médicos;
transporte até o ambulatório;
extensão do serviço à idosos moradores fora da região centro;
maior oferta de medicamentos e que não ocorresse interrupções no fornecimento;
maior número de recepcionistas;
redução do tempo de espera na recepção;
pontualidade dos médicos;
mais acomodações na sala de espera.
- Hospital Universitário
ampliação do quadro de profissionais para maior fluidez do atendimento;
contratação de médicos substitutos no período de greve dos servidores públicos
federais;
acomodações mais confortáveis na sala de espera ( troca dos bancos de madeira);
maior atenção dos médicos na hora da consulta;
86
redução do tempo de espera na recepção;
transporte e fornecimento de lanche para as pessoas que moram em bairros mais
afastados e cidades vizinhas;
Uma área adequada de descanso para as pessoas que possuem dificuldades
locomotoras.
3.2.4.6 - Hospitalização
Quanto ao processo de hospitalização 41 pessoas (78,85%) já passaram por esta
experiência e 11 (21,15%) nunca internaram. Problemas do sistema respiratório, circulatório,
digestivo, gênito-urinário e acidentes entre outros são algumas justificativas da internação. O
tempo de permanência no hospital variou de 03 dias a 01 ano de acordo com o tipo e
gravidade da doença. As internações registradas ocorreram no período compreendido entre
a década de 60 e o ano de 2005 com as seguintes freqüências:
1960 a 1969 – 01 pessoa;
1970 a 1979 – 06 pessoas;
1980 a 1989 – 06 pessoas;
1990 a 1999 – 07 pessoas;
2000 a 2005 – 21 pessoas.
Dentre as 41 pessoas, 19 já eram, cronologicamente, idosas e apenas 02 estavam com
59 anos na data informada.
Entre as pessoas que já foram hospitalizadas 33 (80,49%) destacaram somente
aspectos positivos desta experiência, elogiaram o tratamento de saúde e a atenção da
equipe do hospital.
“O tratamento foi muito bom não tenho o que reclamar, tive muita cortesia, queria ficar
mais tempo internado. Minha filha é enfermeira e trabalha na Santa Casa, os enfermeiros
sempre perguntavam se eu estava precisando de alguma coisa”. (I
2
,65 anos)
“Fui bem tratada e agradeço por estar viva, pois naquela época a medicina não era
avançada como hoje”. (I
9
,87anos)
“Fui muito bem tratada e comida caseira, gostosa. Adorei. Não queria ir embora para
casa, gosto destes lugares”.(I
13
,73anos)
87
“Somente coisas positivas, as moças tocaram violão no meu quarto. Teve teatro e
missas. O tratamento de toda equipe foi ótimo”. (I
40
,64anos)
“Eu nunca vivi 21 dias tão felizes como vivi aqui no HU, fui bem atendido. Quando
fiquei internado parecia que eu estava vivendo uma outra parte da minha vida, fiz muitos
amigos, ajudava os outros doentes e atendia telefone”.(I
49
,67anos)
04 pessoas (9,75%) descreveram apenas fatos negativos ocorridos no período de
hospitalização relativos à intercorrências na enfermaria, mal-estar e não solução do
problema de saúde.
“Negativo foi o atendimento. Entrou com um problema e saiu com o mesmo problema
e atendimento particular!” (I
78
,64anos)
“Tinha um leito que uma vovozinha faleceu e a outra teve que amputar a perna
(pontos negativos)”. (I
12
,65anos)
“Passei mal no dia que foi permitida a alimentação. Quase morri.” (I
38
,69anos)
“Foi tudo ruim, porque senti muita dor”. (I
46
,64anos)
03 idosos (7,32%) fizeram uma dupla avaliação da experiência de internação. Os
entrevistados I
32,
I
35 e
I
45
apontaram como ponto positivo a recuperação da saúde e o bom
atendimento e o negativo ficou por conta do cardápio do hospital, sofrimento pela doença e
necessidade de ficar entubada.
“Negativo: sofrimento pela doença. Positivo: recuperação da saúde”. (I
32
,62anos)
“Negativo: alimentação todos os dias o mesmo cardápio (carne moída, arroz, feijão e
abóbora, algumas vezes a abóbora era substituída por chuchu. Positiva: um ótimo
atendimento. Todos os funcionários.” (I
35
,63anos)
“Ficar entubada foi muito ruim ficar com os aparelhos na boca. Fui bem atendida,
tenho plano de saúde, mas hospital é muito ruim mesmo com todo o conforto o melhor
lugar é sua casa.” (I
45
,63anos)
88
A idosa I
51
teve uma experiência de internação diferente dos demais. Em virtude de
uma crise nervosa, ela foi internada em um hospital psiquiátrico na década de 70 e ficou
neste processo durante 08 anos. O depoimento dela revela o que era viver em um
estabelecimento desta natureza naquela época.
“Eu aprendi a conviver com a vida, você só conhece o mundo quando entra no
‘Hospital’, porque você convive com drogados e pessoas de todo tipo, é aí que você
conhece o mundo. Tinha vez que eu colocava a cama encostada atrás da porta por causa
das ‘maria-homem”que queriam entrar no quarto.” (I
51
,63anos)
Quando terminou a entrevista a idosa relembrou mais uma vez o fato ocorrido e
narrou em tom de mágoa: “Quando era mais nova passei mal em casa falaram que era
problema de nervo, então meu pai mandou me internar num hospital. Tomava muito
remédio até que um dia quando saí do hospital fui na Catedral e pedi a Deus para nunca
mais voltar lá, parei de tomar remédios e até hoje não tomo mais”. (I
51
,63anos)
3.2.4.7 - Saúde
O motivo das consultas ambulatoriais se diferenciam em cada um dos
estabelecimentos pesquisados devido à maior ou menor oferta de serviços de diagnóstico e
terapia. No Departamento de Saúde da Terceira Idade que conta com uma equipe médica
pequena, 01 geriatra e dois clínicos, os idosos procuram atendimento, basicamente, para
controle da hipertensão, coração, diabetes, colesterol, triglicérides e recebimento gratuito
de medicamentos receitados.
De maneira geral, as consultas no ambulatório do Hospital Universitário são para
controle de alguma doença e acompanhamento pré e pós cirúrgico. Deste modo as
especialidades procuradas pelos entrevistados foram a ginecologia, dermatologia,
gastroenterologia, oftalmologia, hematologia, endocrinologia, reumatologia, pneumologia e
também consulta com o profissional de nutrição.
Entre os idoso, s apenas 04 pessoas não possuem problema algum de saúde se
dirigem aos consultórios por medida preventiva. Os demais apontaram a existência de uma
ou mais patologias (pluripatologia). A hipertensão é a doença mais freqüente entre os idosos
seguida por diabetes, coração, problemas respiratórios, ortopédicos e outros.
Dentre o grupo de 48 pessoas, que alegou possuir algum problema de saúde, 14
(29,17%) disseram que a doença interfere na sua vida diária impossibilitando-os de executar
as tarefas domésticas, dificultando a locomoção e provocando cansaço devido a falta de ar.
89
As principais enfermidades limitantes estão relacionadas à problemas ortopédicos,
respiratórios, circulatórios, renais e visuais.
Observa-se que nos dois estabelecimentos pesquisados a maioria dos idosos vão
sozinhos à consulta, supõe-se que seja devido às boas condições físicas e cognitivas dos
mesmos ou pela inexistência de uma pessoa disponível para acompanhá-los. Os
compromissos domésticos e profissionais dos familiares são as justificativas de alguns
entrevistados para a ausência do acompanhante, mas, em caso de um tratamento
específico que necessitasse de uma pessoa para acompanhá-los, 33 idosos responderam
que poderiam contar com a colaboração de um familiar e 19 não teriam ninguém.
O ambulatório do Hospital Universitário e do Departamento de saúde da Terceira Idade
são os serviços mais procurados pelos idosos. O PAM Marechal – Posto de Assistência
Médica, UBSs – Unidades Básicas de Saúde, Hospital Oncológico, Palácio da Saúde,
Clínica de Fisioterapia e consultório particular são estabelecimentos freqüentados pelos
entrevistados para complementação da assistência.
3.2.4.8 - Perfil dos cuidadores e idosos assistidos
O perfil dos cuidadores participantes da pesquisa é, predominantemente, de pessoas
do sexo feminino (80%) que, em geral, cuidam dos seus próprios pais e se desdobram para
conciliar os compromissos domésticos, familiares e atividades profissionais com a atenção
ao idoso. Vale destacar, no entanto, que entre os 04 cuidadores do sexo masculino 02
assumiram o papel de cuidador principal, o C
3
,de 23 anos, que cuida da sua mãe
deficiente visual e o C
17,
de 70 anos, que cuida da esposa com Mal de Alzheimer.
Os entrevistados se enquadram na categoria informal, ou seja, são membros da família
ou da comunidade que prestam cuidado aos idosos de forma não profissional. As maiores
freqüências de idade registradas encontram-se entre 51-60 anos e 41-50anos
correspondendo a 30% e 25% ,respectivamente, representando uma média de idade igual a
47 anos. A maioria dos cuidadores são eventuais, estão na faixa etária adulta, pertencem
ao universo familiar (90%).
Dentre os 20 entrevistados, 12 pessoas (60%) se identificaram como filha. As
categorias de filho, marido, esposa, genro, nora, cunhado, vizinha e amiga tiveram cada
uma um representante totalizando 40%. A colaboração de outros membros da família, que
nem sempre é alcançada voluntariamente, é apontada pelos cuidadores como
indispensável para minimizar a sobrecarga e o desgaste físico e emocional resultante do
cuidado de um idoso dependente ou com algum tipo de demência.
A média de idade dos idosos acompanhados por cuidadores é de 75 anos, as doenças
mais freqüentes entre eles são em primeiro lugar a Hipertensão, em segundo Coração e em
90
terceiro problemas de Memória e Mal de Alzheimer. A incidência de mais de uma patologia
foi de 50%.
3.2.4.9 - A imagem de uma pessoa idosa
A imagem de uma pessoa idosa assume diferentes conotações para os cuidadores.
Assim, 60% deles a associam à questões positivas, 25% fazem uma distinção entre
exemplos positivos e negativos e apenas 15% possuem uma visão ,totalmente, negativa. As
representações positivas retratam o idoso como uma pessoa vivida merecedora de respeito,
carinho e atenção. A experiência de vida, a sabedoria e a capacidade de continuar ativo e
saudável nesta fase da vida são as características que mais destacam nas respostas da
pergunta: Qual a imagem que você tem de uma pessoa idosa?
“A melhor, porque a pessoa idosa já foi tudo o que somos hoje. Eu acho lindo, a pessoa
já viveu bastante.” (C
3
,54 anos, filha)
“Diversos tipos de coisa: tem idosos que procuram se entregar. Tem aqueles do meu
tipo, faço tudo, brinco.Hoje já fiz até um pouco de massa (obra). Tem idosos que só comem
e dormem, a vida não é isso. Eu sento no meu portão falo com todo mundo, não tem preto,
branco, mulher, homem e criança, falo com todo mundo até xingo !”. (C
8
,70 anos, esposo)
“É uma pessoa que tem coisas boas para transmitir para os outros”. (C
12
,54 anos,
cunhado)
“Tem que ter muito respeito, eles tem muito que ensinar para os jovens. Fico
revoltada quando um filho coloca um pai no asilo”. (C
17
,70 anos, esposa)
“De uma pessoa batalhadora. Que batalhou muito, estou falando olhando para a
minha mãe ela agüentou muita coisa que eu não agüentaria.” (C
20
,42 anos, filha)
A imagem negativa do idoso foi traduzida por palavras que representam sentimentos
de pena, sofrimento e desprezo como também esteriótipos de velho, pessoa triste, confusa
e doente.
A imagem que a gente normalmente tem é da pessoa velha e doente. Quando a
gente vê um idoso saudável a gente admira.” (C
5
,41 anos, filha)
“Na maioria das vezes é uma pessoa triste, confusa”. (C
6
,53 anos, filha)
91
“Uma pessoa muito sofrida é a hora que eles procuram mais carinho das pessoas ,
mas eles são desprezados. Tem muita família que coloca os idosos no asilo. (C
16
,37 anos,
vizinha)
O aparecimento de frases com vocábulos no diminutivo,comumente, adotados na
comunicação infantil evidenciam um processo de infantilização do idoso. Este fato talvez
seja resultado da inversão de papeis onde o idoso se torna um filho para o cuidador.
“...O velhinho se torna uma criança, não aceita as coisas que a gente fala”. (C
1
,53
anos, filha)
“... sou contra os abrigos, temos que reservar um quartinho para os idosos dentro
de casa”. (C
15
,51 anos, filha)
“Eu acho que na velhice... a gente nasce como um bebê, cresce bonito se torna velho
e vira criança, mas mesmo assim merece respeito.” ” ...Os parentes devem ter cuidado para
eles não se machucarem. Não deixar eles na rua e estar sempre atento ao que eles vão
fazer porque eles se tornam crianças.” (C
19
,44 anos, filha)
3.2.5.0 - A imagem de um idoso saudável
A avaliação que os cuidadores fazem de um idoso saudável não se limita à ausência
de doenças, mas também considera as múltiplas dimensões da qualidade de vida, ou seja,
a física, a psicológica e social. De acordo com os questionários, os principais modelos de
idoso saudável são de pessoas ativas e independentes. Outros apresentam um conceito
mais amplo que inclui a relação interpessoal, boa saúde física, mental, emocional e prática
de atividades sociais.
“É aquele que não tem problema de saúde, pode locomover sozinho, aquele que
cuida da sua casinha bonitinho, raciocina direito e não toma remédios”. (C
3
,54 anos, filha)
“Pessoa ativa, mentalmente saudável, mais contato com mais pessoas, fazer
caminhada, hidroginástica, ser ativo em casa e cuidar dos netos”. (C
4
,51 anos, filha)
“É aquele que apesar da idade ele anda, ouve, tem boa parte física e mental”. (C
6
,53
anos, filha)
92
“Bem humorado, bom humor é essencial para mim. Sendo bem humorado ele é
automaticamente feliz (pelo menos eu penso assim) e assim ele vai saber lidar melhor com
as situações da vida”. (C
13
,49 anos, filha)
“Acho que é aquele que não está sentindo dor. Sem dor a pessoa passeia, pula, faz
tudo!”. (C
15
,51anos, filha)
“Que não depende da gente para nada. Aquele senhor na enfermaria que está
acompanhando a sua esposa, que já foi desenganada pelo médico, é um exemplo disso.
Ta aí todo dia e não depende de ninguém”. (C
18
,39 anos, filha)
3.2.5.1 - O local ideal para cuidar da saúde do idoso
As respostas da questão Se você pudesse construir um local para cuidar da saúde do
idoso, como seria? apresentaram pistas valiosas que permitiram identificar 04 tipos de
informação: a tipologia do local imaginado, as características deste local, a forma de
cuidado que o idoso deveria receber e as atividades complementares a serem
desenvolvidas neste lugar. Estas informações encontram-se na tabela 7 do Apêndice VII.
A partir da opinião de 15 cuidadores, conseguiu-se identificar 05 tipos de locais ideais
para cuidar da saúde do idoso: área de lazer (33,33%), casa (20%), estabelecimento de
saúde (20%), estabelecimento rural (13,33%), asilo (6,66%) e o próprio lar (6,66%).
Tranqüilidade, alegria,conforto, limpeza, adequação e tamanho foram elementos citados
como características destes locais assim como a existência de área verde na forma de
horta e jardim.
Quanto a forma de cuidado, idealizada pelos entrevistados, observa-se que o
tratamento deveria ser pautado no carinho e respeito ao idoso com a participação efetiva da
família e um grupo de profissionais de saúde capacitados. Nestes espaços assistenciais
deveriam ser desenvolvidas atividades que estimulassem a interação entre as pessoas e
promovessem a saúde física, mental e emocional do idoso através de ginástica, dança,
leitura, trabalhos manuais, passeios e outros.
3.2.5.2 - Experiência de internação
Em relação ao processo de hospitalização, 25% dos idosos assistidos por cuidadores
nunca precisaram de internação e 75% já passaram por este processo. Na maioria dos
casos esta experiência foi positiva sob a justificativa de recuperação da saúde e atenção
recebida pela equipe de saúde conforme alguns depoimentos:
93
“Positivo. O tratamento de saúde foi bem melhor na internação do que em casa.” (C
5
,41
anos, filha)
“Somente coisas boas, senti segura pelo serviço dos médicos e enfermeiros. Entrou
doente e saiu boa.” (C
15
,51 anos, filha)
“Somente coisas positivas, não tenho nada a reclamar do hospital, tanto dos médicos
dos enfermeiros, faxineiros e porteiros. Sempre me trataram bem e a minha mãe também.
São muito educados”. (C
19
,44 anos, filha)
“No começo foi ruim, porque ela nunca tinha ficado internada. Mas agora está
gostando, porque os enfermeiros tratam ela bem. Ela até disse que ficaria aqui (HU) mais
tempo porque ‘aqui eu tenho carinho’”.(C
20
,42 anos, filha)
Uma cuidadora (C
13
,49 anos, filha) relatou que o aspecto positivo da internação da
mãe foi a reunião de toda a família inclusive dos desaparecidos em torno dela, mas depois
todos sumiram. Segundo esta entrevistada a conseqüência negativa da hospitalização foi
que a sua mãe se tornou mais debilitada e consciente das suas limitações.
3.2.5.3 - Grau de dependência do idoso cuidado
A escala de incapacidade física da Cruz Vermelha, adotada para avaliação em geriatria,
estabelece parâmetros e graus de 0 a 5 que determinam o nível de máxima independência e
dependência do idoso. De acordo com este instrumento a pesquisa revela que 45% dos
idosos assistidos cuidam totalmente de si próprio, são Independentes (grau 0); 10%
realizam as atividades da vida diária, deambulam com alguma dificuldade (grau 1); 20%
possuem alguma dificuldade para as atividades da vida diária,deambulam com a ajuda de
bengala ou similar;15% apresentam dificuldade grave para realizar as atividades da vida
diária,deambulam com dificuldade. Incontinência ocasional (grau 3) e 10% necessitam de
ajuda para quase todas as atividades da vida diária. Incontinência habitual (grau 4). Pode-se
concluir que 55% dos idosos apresentam algum nível de dependência e /ou dificuldade
locomotora.
94
3.2.5.4 - Problemas mais freqüentes para cuidar da saúde do idoso
A atividade de cuidador pode gerar dois tipos de estressores: os primários,
associados às necessidades e exigências do idoso, à intensidade e à dificuldade das
tarefas e à reestruturação das relações interpessoais que a dependência do idoso impõe ao
cuidador” e os secundários, gerados pela intensificação dos primários e relacionados ao
conflito de papéis entre os âmbitos familiares, sociais, profissionais e de cuidado; problemas
financeiros e redução da vida social. Dentro desta categoria existem os de natureza
intrapsíquica relacionados aos sentimentos de quem cuida do idoso e que em situação de
desequilíbrio pode afetar o bem estar do cuidador (CARVALHO; NÉRI, 2004).
Estes estressores ficam evidentes nas falas dos entrevistados quando responderam a
pergunta sobre os problemas mais freqüentes que encontram para cuidar da saúde do
idoso:
“A teimosia. A dificuldade de conseguir remédios, dificuldade de conseguir médicos.”
(C
1
, 53 anos, filha)
“As medicações são muito fortes a gente tem medo de dar por causa dos efeitos
colaterais.” (C
5
, 41 anos, filha)
“Problema para trocar de roupa e tomar banho, eles são resistentes. Às vezes a
teimosia querem sair de casa mesmo armando chuva.” (C
6
, 53 anos, filha)
“O maior problema, minha filha, é o financeiro, porque eu ganho 300reais e a minha
esposa também, são 600 reais no total. Pago a mulher que me ajuda com a esposa 240
reais, com o resto pago água, luz, telefone e faço compras. Também tem os remédios da
esposa (91 reais o remédio p/ Alzheimer) sem contar os meus remédios.” (C
8
,70 anos,
esposo)
“Tempo. Tem hora que fica difícil porque eu estudo.” (C
9
,23 anos, filho)
3.2.5.5 - Outros Serviços freqüentados pelos idosos
Segundo os cuidadores o Departamento de Saúde da Terceira Idade e o Ambulatório
do HU são as principais referências para assistência à saúde dos idosos. O HPS- Hospital
de Pronto Socorro, PAM Marechal – Posto de Assistência Médica, UBSs – Unidades
Básicas de Saúde, Médico de família e consultório particular foram citados como serviços
auxiliares para controle básico da saúde e casos de urgência.
95
3.2.5.6
-
Espaço físico dos estabelecimentos assistenciais de saúde e a influência na
recuperação e bem estar do paciente
A maioria dos acompanhantes entrevistada concordou que o espaço físico dos
estabelecimentos assistenciais de saúde influencia na recuperação e bem estar do
paciente. As respostas ressaltam algumas características subjetivas e objetivas do
ambiente responsáveis por torná-lo mais ou menos humanizado. Saudável, bom,
confortável, agradável, aconchegante, bonito, informal, colorido e limpo foram palavras
adotadas para caracterizá-lo.
“Com certeza, se fosse um lugar mais saudável seria melhor um atendimento
aprimorado. Tendo um atendimento melhor. O paciente espera até uma hora a consulta.”
(C
4
,51 anos, filha)
“Influencia, porque tendo um lugar bom para cuidar tudo ajuda quando o espaço é
pequeno apertado fica mais difícil.” (C
5
,41 anos, filha)
“O ambiente agradável é tudo para o paciente.” (C
8
,70 anos, marido)
“Não tendo recurso para construir um prédio novo este aqui tá bom, poderia ser mais
confortável, mas o atendimento aqui é bom é o mais importante. Na clínica particular que eu
trato lá tudo é bonito, confortável, tem televisão, mas é para quem tem plano.” (C
10
,62
anos, amiga)
“Aqui é um lugar bem aconchegante. Parece uma casa de família, eu gostei daqui.
Minha mãe também gostou ela nem queria vir aqui antes, agora está gostando.” (C
11
,62
anos, filha)
“Eu acho. Se o lugar for legal com cadeiras mais confortáveis seria melhor. O ambiente
é tudo.” (C
15
,51 anos, filha)
Duas cuidadoras, C
13 e
C
16
,
conseguiram descrever com riqueza de detalhes a
percepção que possuem dos ambientes de saúde e sugeriram algumas melhorias no
espaço físico destes locais.
96
“Os locais de saúde até são bons, mas o ambiente em volta é deprimente.Você fica
cercado de doença, o lugar é morno. A pessoa acorda vê o branco das paredes e pensa
que já está no céu. Deveria ser igual as novelas, um ambiente bonito. Deveria ser um lugar
com flores mais colorido. A parte das crianças é mais alegre.Tem que ter um tema de
alegria. O ambiente é muito triste sem vida. O ambiente deveria ser informal.” (C
13
,49 anos,
filha)
“Com certeza o paciente tem recuperação melhor em um ambiente limpo. Aqui na
enfermaria deveria ter uns vasinhos de flor, quadro na parede e uma pintura Lilás na
parede.” (C
16
,37 anos, vizinha)
Algumas respostas demonstram que a recuperação e bem estar do paciente também
está associada às características do atendimento prestado pelo estabelecimento. Na
opinião de alguns cuidadores tais questões podem afetar de forma positiva ou negativa o
paciente idoso.
“Sendo bem tratado é bem melhor. Eu acho que influencia.” (C
1
,53 anos, filha)
“(...) Atraso dos médicos porque o idoso fica impaciente e geralmente os idosos
almoçam cedo.” (C
6
,53 anos, filha)
“Na minha opinião o espaço físico não é tão importante, o maior problema é o tempo de
espera para conseguir fazer o exame médico.” (C9
,23anos, filho)
“Eu acho. Os enfermeiros tratando bem as pessoas, elas se recuperam mais rápido.
Quando o Hospital é mais limpo é melhor.” (C
14
,42anos, nora)
A cuidadora C
7
,53 anos, filha, destacou todos os pontos negativos de um determinado
estabelecimento de saúde da cidade que, embora não faça parte do campo de pesquisa,
exemplifica as situações precárias às quais certos usuários são submetidos.
“Acho que influencia. Falta de acomodação, não tem um lugar direito para o paciente
sentar, local abafado. É difícil encontrar água no banheiro. Os atendentes deveriam ser
mais pacientes com os idosos e explicar com mais calma. O horário da marcação de consulta.
O ideal é marcar menos pessoas e atender melhor.”
97
Em contrapartida, o atendimento prestado pela equipe de saúde dos ambulatórios
pesquisados foi elogiado. “Sim porque eles dão carinho, afeto e amor. Por parte de todos os
funcionários.” (C
19
,44anos, nora) “Eu acho que sim por causa da limpeza, da dedicação dos
enfermeiros no modo de cuidar dos pacientes e da paciência dos profissionais.” (C
20
,42anos,
filha)
A distribuição dos leitos das enfermarias, por faixa etária e nível de gravidade do enfermo,
é um ponto que contribui para o bem estar dos acompanhantes e pacientes na visão da
cuidadora C
18
,39anos, filha.
“Eu acho que aqui deveria haver uma separação entre pacientes mais graves e menos
graves porque tem aquela senhora que está desenganada. Eu nem durmo direito à noite.
Aquela menina de 14 anos deveria estar na pediatria e não na enfermaria junto com pessoas
mais velhas.”
3.2.5.7 - Perfil dos profissionais
Os sujeitos deste grupo foram 07 profissionais funcionários dos estabelecimentos
pesquisados que possuem alguma experiência com paciente idoso. As informações referentes
ao perfil dos participantes da pesquisa estão apresentadas na tabela 8.
Tabela 8 – Perfil dos profissionais
Ident. Sexo Profissão / função exercida Instituição Tempo de trabalho
P1 Fem. Assistente social
Dep. de Saúde da
Terceira Idade
03 anos
P2 Masc. Assistente social
Dep. de Saúde da
Terceira Idade
17 anos
P3 Fem. Assistente social
Hospital
Universitário
18 anos
P4 Fem. Enfermeira / Diretora de enfermagem
Hospital
Universitário
22 anos
P5 Fem. Enfermeira / Chefe de setor Amb.
Hospital
Universitário
05 anos e meio
P6 Fem. Médica geriatra
Dep. de Saúde da
Terceira Idade
24 anos
P7 Fem. Médica geriatra / Coord. de serviço
Hospital
Universitário
09 anos
98
O objetivo da entrevista foi conhecer a opinião deles a respeito do campo especial de
assistência ao idoso e a situação dos locais de trabalho onde eles atuam para atendimento
a esta clientela. As perguntas foram:
Em que medida o atendimento ao idoso constitui um campo especial de assistência?
Este serviço está adequado a este atendimento? Por quê ?
Do ponto de vista do espaço construído:
Quais os principais problemas?
Quais as principais qualidades?
3.2.5.8 - O atendimento ao idoso como um campo especial de assistência
Todos os profissionais concordaram que o atendimento ao idoso constitui um campo
especial de assistência, porque este individuo tem certas especificidades físicas, sociais e
psicológicas que demandam um atendimento diferenciado.
A assistente social P
1
acredita que embora o envelhecimento seja um processo natural
que ocorre desde o nascimento, ele afeta de forma mais intensa a vida da pessoa adulta
devido às questões cronológicas, biológicas e sociais “...então é todo um processo que ele
vai modificar não só o jeito da pessoa ver o mundo, mas também do mundo ver a pessoa
né”. Por sua experiência profissional no ambulatório, ela exemplifica que o atendimento
desta clientela é mais demorado porque além do exame físico é preciso explicar a forma
correta de tomar a medicação e desmistificar certos mitos relacionados à velhice e doença.
O aumento da expectativa de vida deste grupo etário já produz reflexos nos
atendimentos do Hospital Universitário que progressivamente registra um aumento de
pacientes idosos nas enfermarias e ambulatório. Na opinião da enfermeira P
5
a partir do
momento em que o idoso apresenta limitações, patologias e dependência ele deve ser
atendido de forma especial. A assistência não deve se restringir ao diagnóstico e tratamento
da enfermidade, mas se preocupar com o processo de reintegração deste idoso na família
que em alguns casos o rejeita.
“...então você tem que reeducar a família a trabalhar com o idoso, muitas das vezes,
entendeu? ... de... de... de entender e compreender suas limitações entendeu? De questões
físicas, psicológicas, então você tem que reeducar até a família a esse nível pra que fique
mais leve esse acompanhamento esse tratamento, porque se você não buscar compreender
, entender é um desgaste pro idoso e pra família, porque ele quer uma coisa, a família quer
outra, então não chega num acordo, então o stress é muito grande.” (P
5,
Enfermeira
)
99
A médica P
7
também compartilha destas idéias e ressalta que o idoso, normalmente,
tem mais de uma patologia e usa vários medicamentos. Deste modo, faz parte da consulta
observar se os remédios estão sendo tomados de forma correta, os efeitos colaterais da
interação das drogas , a auto-medicação e a higiene pessoal. Para que o tratamento seja
eficaz é indispensável informações sobre o nível de instrução do paciente, se ele mora
sozinho, se tem suporte da família e se existe alguém que possa auxiliá-lo.
3.2.5.9 - Adequação dos serviços ao atendimento especial do idoso
Departamento de Saúde da Terceira Idade
O serviço deste ambulatório é recente e toda equipe está empenhada em realizar o
melhor trabalho possível. Existem estudos para ampliação e melhorias do atendimento, mas
já esbarra nos obstáculos da inadequação da área física atual, dificuldade de encontrar um
imóvel em condições ideais na região central da cidade e falta de profissionais capacitados
para atender. Na opinião dos profissionais, mesmo com os problemas citados, o
ambulatório funciona a contento para um estágio inicial.
Hospital Universitário
Segundo os profissionais o serviço não está adequado, mesmo porque não existe um
atendimento específico para o idoso. Atualmente, um grupo do hospital estuda para 2006 a
implantação de um atendimento geriátrico a nível ambulatorial com uma equipe
multidisciplinar da própria Universidade (médico, enfermeiro, fisioterapeuta, fonoaudiólogo,
psicólogo, nutricionista, assistente social e educador físico). Posteriormente esta assistência
holística se entenderá ao setor de internação e assistência domiciliar.
3.2.6.0 - O espaço construído dos ambulatórios
Do ponto de vista do espaço construído os dois ambulatórios apesar de serem
tipologicamente diferentes apresentam vários problemas de área física. O Departamento de
Saúde da Terceira Idade funciona em uma casa alugada no centro da cidade, uma
construção antiga do tipo geminada com pé direito alto, grandes janelas de madeira, piso
em tábua corrida, iluminação artificial precária e acesso através de escadas.
100
O prédio ocupado pelo Hospital Universitário, inicialmente, foi construído para abrigar
um salão de jogos e ao longo dos anos foi reformado e ampliado para se adequar aos fins
hospitalares. O ambulatório funciona nos dois primeiros andares de um bloco de três
pavimentos projetado para esta finalidade mas, mesmo assim apresenta problemas de fluxo
interno e externo. Vale ressaltar a topografia acidentada tanto do bairro como do terreno do
hospital como um elemento que dificulta a acessibilidade. Assim, os principais problemas e
qualidades das áreas físicas identificados pelos profissionais foram:
Departamento de Saúde da Terceira Idade
Problemas:
improviso dos espaços de natureza residencial para fins assistenciais;
acesso por meio de escadas;
inexistência de rampa;
Iluminação artificial insuficiente para realização de um exame físico e para conforto
visual dos usuários;
portão de acesso estreito;
banheiros sem adaptações para o idosos e cadeirantes;
sala de espera inadequada e cadeiras desconfortáveis;
falta de espaço para realização de trabalhos em grupo;
impossibilidade de implantação de novos serviços na atual área física;
Qualidades:
arejado;
localização na região central da cidade;
fácil acesso externo ( área plana da cidade);
O aluguel de outro imóvel já esta em estudo pela direção do setor, porque o maior
problema do ambulatório é a área física. Assim, para os profissionais a principal qualidade
está no atendimento humanizado que eles conseguem prestar mesmo com um espaço
deficitário que não supre todas as necessidades de crescimento do serviço e bem estar dos
usuários.
101
Hospital universitário
Problemas:
espaço físico muito reaproveitado;
problemas de acessibilidade, rampas íngremes para acesso aos setores de exames
(Imagem e laboratório de análises clínicas) e escadas para a seção de
documentação do paciente (SAME).
Qualidades:
Consultórios espaçosos.
O ambulatório do Hospital Universitário também apresenta deficiências na área física
que são compensadas, na opinião dos profissionais, com a prestação de um serviço de
qualidade e com o trabalho da equipe de saúde, continuamente instruída para prestar um
atendimento humanizado. A fala da enfermeira P
5
ilustra esta questão:
“Agora as questões das principais qualidades eu acho que o Hospital Universitário de uma
certa forma presta um atendimento de boa qualidade, isso faz com que os usuários queiram
vir tratar aqui entendeu? Por isso né (são colocações deles), eles comentam que aqui tem
muito carinho, muita atenção, então isso faz com que eles queiram vir né internar aqui, tratar
aqui e também de uma certa forma o pessoal do Hospital Universitário, a resolutividade de
muitas patologias de muitos anos né eles conseguem é... resolver aqui, talvez nem mais
rápido mas, a resolutividade pelo médico tá ensinado, tá pesquisando pelo ato da forma da
consulta eles preferem aqui porque aqui eles falam que aqui o médico os vira de avesso
entendeu? porque busca toda a orientação né e de uma certa forma descobrir realmente um
diagnóstico. Então isso faz com que eles busquem um atendimento aqui.”
3.2.5 – Análise dos resultados
Os sujeitos principais do estudo foram idosos com idade média de 69 anos,
predominantemente, do gênero feminino (58%) que, apesar da presença de alguma doença
crônica degenerativa, demonstraram viver de forma independente e autônoma.
A baixa escolaridade entre os entrevistados foi justificada como resultado da história de
vida deles na maioria pessoas de origem humilde, oriundas da zona rural, que precisaram,
desde cedo, abrir mão dos estudos para trabalhar e ajudar a família. Algumas idosas
102
contaram que na época delas as mulheres não eram incentivadas a estudar, suas
obrigações se resumiam às atividades dentro do lar e compromissos com as tarefas
domésticas. Havia uma preocupação em prepará-las para o casamento e torná-las donas
de casa exemplares. Os pais diziam que não era bom as filhas estudarem, porque senão
elas poderiam escrever cartas para o namorado.
Entre os pacientes entrevistados registrou-se uma parcela (11,54%) de idosos
moradora de municípios vizinhos que recorrem à assistência do Hospital Universitário. Uma
grande parcela dos idosos (86,54%) não mora sozinha, vive em diferentes arranjos
familiares, de acordo com a dinâmica da vida de cada um.
A situação econômica em que eles se enquadram reflete a realidade da sociedade
brasileira onde alguns idosos vivem apenas com o benefício da aposentadoria e mesmo
assim são os principais responsáveis pela manutenção do lar e ajuda aos filhos. Na
pesquisa 65,38 se declararam independentes financeiramente, 13,46% sustentam a família
e 13,46% dependentes da família. Este último percentual é representado exclusivamente
por mulheres.
O grupo dos cuidadores é constituído basicamente por familiares do sexo feminino
(80%) na faixa etária dos 47 anos que cuidam de seus parentes mais velhos em sistema de
revezamento em suas casas ou nos lares dos idosos. Os problemas mais freqüentes que os
cuidadores enfrentam são a difícil conciliação entre a tarefa de cuidar e os compromissos
domésticos e profissionais, a escassez de recursos financeiros e a falta de orientação para
o exercício desta nova função como também pela carência de sistemas eficientes de
suporte social.
Verificou-se que algumas famílias estabelecem um sistema informal de revezamento a
partir da disponibilidade de cada parente para atender as diversas demandas de cuidados
dos idosos. Carvalho e Néri (2004) colocam que a assistência aos idosos mais dependentes
e aos mais pobres se dá por meio de arranjos complexos que envolvem as várias
categorias de parentes, amigos e vizinhança, provavelmente pela co-residência e
necessidades de sobrevivência dos cuidadores.
Pode-se observar que a escolha do cuidador é baseada não só na relação de
proximidade física, mas também em vínculos afetivos mais fortes com destaque para a
categoria filha (60%). A relação de cuidados entre pais e filhos é uma questão prevista no
Artigo 229 da constituição federal de 1988 que dispõe: “os pais têm o dever de assistir, criar
e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar amparar os pais na
velhice, carência ou enfermidade”. Além da obrigatoriedade legal, observa-se entre os
entrevistados o ato de cuidar dos pais como uma forma de retribuição à dedicação deles no
passado.
103
A idade média dos idosos que recebem cuidado é de 75 anos e 55% deles
apresentam algum nível de dependência ou dificuldades de locomoção de acordo com a
escala de incapacidade física da Cruz Vermelha. As doenças prevalentes entre eles são a
hipertensão, coração, problemas de memória e mal de Alzheimer.
Verificou-se que 92,31% dos idosos entrevistados apresentam uma ou mais
patologias sendo a hipertensão, diabetes, coração, problemas respiratórios e ortopédicos as
cinco mais freqüentes nesta ordem. As dificuldades de locomoção e falta de ar decorrentes
das doenças crônicas degenerativas foram relatadas por 14 pessoas como limitadores da
realização das atividades cotidianas. Este último dado serve de alerta para a necessidade
de uma assistência adequada às patologias já estabelecidas com o objetivo de impedir o
comprometimento futuro da capacidade funcional do idoso.
A imagem positiva da pessoa idosa apresenta um percentual semelhante entre os
idosos (55,77%) e cuidadores (60%). Os aspectos valorizados nas pessoas deste grupo
etário foram a experiência, a sabedoria, as conquistas na vida e a capacidade de se manter
ativo e saudável. Muitas das características citadas retratavam o próprio entrevistado que
se sentia como exemplo para as pessoas que os desvalorizam e para os idosos
desanimados com a vida.
A visão negativa do idoso é maior entre os mesmos (32,69%) do que entre os
cuidadores (15%), as representações são praticamente as mesmas, são relacionadas aos
esteriótipos do velho como esclerosado, triste, sofredor e desprezado. O índice maior entre
os mais velhos pode ser resultado das experiências ruins vividas por eles.
O idoso saudável na opinião dos dois grupos é equivalente, não é simplesmente
aquele isento de doenças, mas o que possui um equilíbrio da saúde física, mental e
emocional. A preocupação com o autocuidado através da manutenção de hábitos
saudáveis, diversão e preservação das relações interpessoais com a família, amigos e
comunidade também foram citadas como elementos que fazem parte do conceito de
pessoa saudável.
Este conceito holístico parece refletir as transformações das sociedades em razão do
envelhecimento populacional e o aumento da expectativa de vida. O idoso de hoje não é
mais aquele que ficava preso em casa, doente esperando o fim da vida , atualmente, ele
procura se manter ativo, tem mais acesso às informações educativas, pode freqüentar
grupos específicos de saúde e participar de núcleos de valorização da 3º idade como os
centros de convivência.
O local ideal para cuidar da saúde do idoso é representado por diferentes espaços na
visão dos entrevistados. Para um percentual de 35,30% dos idosos seria em um
estabelecimento hospitalar, mas com algumas características não encontradas nos serviços
da rede pública, ou seja , tranqüilidade, amplitude, conforto, acessibilidade como também
104
contato com a natureza e área de lazer. O tratamento humanizado da equipe de saúde e o
apoio da família são os requisitos idealizados de cuidado.
A área de lazer foi o local escolhido por 33,33% dos cuidadores para a assistência à
saúde com características e formas de cuidado semelhantes às descritas pelos
entrevistados idosos. Historicamente, o asilo é conhecido como um espaço de segregação
dos indivíduos indesejáveis e sem utilidade social. Tal visão é compartilhada pelos
cuidadores e apenas 6,66% deles mencionaram este tipo de instituição, mas em
contrapartida foi o segundo local mais citado entre os idosos (23,53%). Alguns justificam
esta escolha por ser o único estabelecimento de assistência específica ao idoso que eles
conhecem outros pela falta de paciência dos filhos, medo de ficar sozinho e escassez de
recursos financeiros.
A maioria dos usuários declarou satisfação com os ambulatórios do Departamento de
Saúde da Terceira Idade e do Hospital Universitário tanto que se constituem nas principais
referencias de assistência. A área física é um fator secundário na visão dos idosos, a
principal necessidade é conseguir consulta e receber um bom atendimento e isso eles
encontram nestes dois estabelecimentos. As melhorias desejadas por alguns dizem
respeito mais às questões operacionais e administrativas. As relativas à área física são
mais modestas e pontuais como por exemplo acomodações mais confortáveis na sala de
espera e área de descanso para pessoas com dificuldade locomotoras.
Durante o período de realização da pesquisa, no Departamento de Saúde da Terceira
Idade, obervou-se entre os pacientes um estreitamento das relações interpessoais e um
sentimento de pertencimento. O dia da consulta torna-se uma oportunidade para fazer
novas amizades, troca de experiências sobre a vida pessoal e saúde. Esta boa convivência
também se estabelece entre usuários e funcionários.
O processo de hospitalização para a maioria dos idosos foi uma experiência positiva
devido ao restabelecimento da saúde e o bom atendimento dos profissionais do hospital. As
principais justificativas das experiências negativas estão ligadas ao sofrimento pela própria
doença.
Os cuidadores reconhecem que um espaço físico saudável do ponto de vista de
higiene, beleza e conforto pode influenciar a recuperação e bem estar dos pacientes, mas
a ênfase maior relaciona o restabelecimento da saúde com a maneira como a equipe do
hospital trata o paciente.
Durante a aplicação dos questionários nos dois ambulatórios, registrou-se um alto
índice de idosos desacompanhados. Esse fato pode ter como principais justificativas o bom
estado físico e mental destes indivíduos, a indisponibilidade de tempo das pessoas que
poderiam acompanhá-los e até mesmo a inexistência desses sujeitos, como afirmaram 19
entrevistados.
105
O aumento da clientela idosa já é uma realidade nos dois serviços ambulatoriais
fazendo com que cada um à sua maneira busque alternativas para atender as novas
demandas mesmos com as restrições de área física e pessoal. As declarações dos
profissionais revelam a urgente necessidade de uma assistência à saúde específica para o
idoso com ações no campo físico, psicológico e social além da participação familiar.
Os resultados da pesquisa não se constituem em constatações generalizáveis a
outros grupos e cidades do Brasil. Este estudo pode contribuir para as iniciativas de
assistência à saúde do idoso por mostrar a opinião dos principais atores envolvidos sobre o
tema. O idoso é um novo cliente, leigo em ciências da saúde e arquitetura hospitalar, mas
que do alto da sua experiência de vida sabe muito bem a melhor maneira de se manter
saudável e onde este cuidado deve acontecer.
106
“Pode-se dizer que, aos poucos, a velhice ultrapassa os limites das vidas particulares de cada um e
de cada família, para, com outras tantas questões, atrair a atenção de nossa sociedade.”
Deborah Stucchi
CAPÍTULO 4
RECOMENDAÇÕES E CONCLUSÃO
107
CAPÍTULO 4 -
RECOMENDAÇÕES E CONCLUSÃO
4.1 - Recomendações
Com base nas questões demonstradas neste estudo, apresento algumas
recomendações como subsídios para elaboração de futuros projetos na área da saúde do
idoso:
para eficácia das intervenções no campo de assistência à saúde do idoso, torna-se
indispensável um esforço conjunto das diversas áreas do conhecimento e mudanças
de paradigmas em relação à pessoa idosa e à velhice. Há necessidade de se
provocar maior interesse nesta área que passa pela formação acadêmica, pesquisa
científica e capacitação dos profissionais existentes;
os estabelecimentos de saúde devem valorizar e buscar as contribuições da
arquitetura no planejamento da sua área física não só para cumprir as normas da
Vigilância Sanitária mas também para que o espaço arquitetônico atue em
consonância com o bem estar dos usuários e com as atividades terapêuticas
desenvolvidas;
de acordo com a opinião dos idosos e cuidadores entrevistados, os locais ideais de
assistência ao idoso devem incorporar aos ambientes tradicionais de cuidado a
integração com a natureza, áreas de diversão e de atividades físicas. Esses
requisitos merecem estudos mais detalhados para complementar os breves tópicos
contemplados nas portarias que regulamenta o funcionamento de serviços
geriátricos;
com os resultados das entrevistas e questionários constatou-se que a humanização
do atendimento está vinculado à visão integral do paciente como corpo-mente-
espírito que vive em um determinado contexto. Essa colocação ainda inclui a relação
de respeito, carinho e atenção entre profissionais de saúde e paciente idoso e a
participação da família como suporte às ações de saúde;
as ferramentas da pesquisa qualitativa são instrumentos eficientes neste tipo de
pesquisa onde se procurou um conhecimento da problemática da saúde, do
envelhecimento e da arquitetura hospitalar sob o ponto de vista dos principais atores.
108
em especial, a participação entusiasmada dos idosos mostrou que estes estão
dispostos a colaborar, é só criar oportunidade. Ouvir os seus anseios, aflições e
história de vida é uma prática essencial para qualquer concepção de projetos na
área geriátrica sob o risco de estereotipar o usuário e suas necessidades;
109
4.2 - Conclusão
A velhice, nas diferentes culturas e épocas da história da humanidade, sempre esteve
em condições extremas com representantes idosos na classe dominante e dominada. Pelos
fatos históricos, verifica-se nas diferentes sociedades uma ideologia da velhice baseada no
estatuto da produtividade, fundamentada na teoria da inclusão e exclusão. Em posições
privilegiadas e protegidos da desvalorização se encontravam os velhos nas categorias de
grandes proprietários, políticos, sacerdotes e sábios. À margem da sociedade, estavam os
pobres e os considerados inúteis ao sistema produtivo e muitas vezes eram afastados do
convívio social em hospitais e asilos.
Na nossa sociedade capitalista, o velho ainda sofre opressão pelo isolamento social,
psicológico e cultural. Nessa situação respeitar e valorizar o cidadão idoso como ser
humano implica no dever de colocá-lo como coadjuvante na busca de novos caminhos que
reduzam os obstáculos ao bem estar e qualidade de vida na fase da velhice e garantam o
suporte necessário às demandas do envelhecimento.
A longevidade tão rara durante as décadas passadas representa, hoje, um triunfo,
mas ao mesmo tempo requer uma reestruturação de todos os níveis da sociedade para
atender as demandas específicas da terceira idade. A mudança do perfil demográfico e
epidemiológico da população brasileira produz reflexos diretos nos órgãos públicos
formuladores de políticas sociais e nas ações das áreas das ciências de saúde, humanas e
exatas.
Para os profissionais que trabalham de alguma forma com a saúde dos idosos é vital
aumentar seus conhecimentos a respeito do envelhecimento populacional, e da real
situação vivida por estes indivíduos. Também é importante o despertar para a relevância do
ambiente físico de um estabelecimento assistencial como recurso terapêutico e facilitador
das atividades da equipe multiprofissional de assistência.
Nos países desenvolvidos, mais experientes com o público idoso, já existem
suportes assistenciais mais estruturados, planejados sobre o conceito de qualidade de vida.
De maneira geral, o cuidado integrado é a forma de abordagem do paciente idoso adotada
nos sistemas de atenção à saúde dos paises do primeiro mundo. A organização se faz em
torno de três pontos chaves, da acessibilidade aos serviços de saúde e demais redes de
apoio da comunidade, da oferta de atendimento contínuo e de qualidade e da
sustentabilidade financeira.
Em geral, vivemos em um meio planejado, principalmente, para o jovem
adulto e pessoas sem limitações, mas, hoje, com a evidência na mídia e na sociedade
brasileira das questões da população idosa, com a exposição dos seus problemas e
potencialidades, já encontramos algumas iniciativas específicas para esta clientela na
110
maioria das instituições sociais. No campo da saúde e da arquitetura o desenvolvimento de
programas e locais que contribuem para a qualidade de vida demonstram uma
sensibilização a respeito das mudanças relativas à idade.
No Brasil, os novos modelos de assistência à saúde, preconizados pelas leis,
buscam acertar o descompasso existente entre a dinâmica da sociedade, a atual
abordagem da saúde e as diferentes necessidades de cuidado dos idosos. Nessa questão
os usuários dos ambulatórios pesquisados corroboram com estas idéias e reforçam a
necessidade de um estabelecimento de saúde diferente do tradicional onde a área física
além de atender ao fim a que se destina deve ser capaz de proporcionar outras formas
auxiliares de terapia e bem estar através de uma área externa estimulante com jardins,
hortas, animais, espaços de sociabilidade, atividades físicas e entretenimento.
As constatações do estudo demonstram a crença dos entrevistados na existência da
relação entre ambiente adequado e bem estar do paciente. Desse modo, os locais de cura
devem ser revistos de modo a oferecerem um ambiente alegre, dinâmico e motivador com
atributos que reduzam o estresse e a sensação de controle social.
A escolha dos estabelecimentos de saúde como locais de cuidado por 35,30% dos
idosos e o registro de um percentual alto, 80,49%, de experiências positivas daqueles que já
foram hospitalizados mostra que estas instituições representam para eles um ambiente de
apoio e segurança onde podem ser assistidos, receber cuidados médicos, atenção afetiva e
oportunidade de socialização.
A decisão pela pesquisa de campo como parte da metodologia para essa dissertação
possibilitou avaliar na prática as questões teóricas do envelhecimento e fundamentar a
contribuição da arquitetura no trabalho interdisciplinar da atenção à saúde do idoso.
Também levantou informações que justificam a necessidade de adequação dos serviços de
saúde à população idosa.
Juiz de Fora, como a maioria das cidades do país, ainda dá os primeiros passos em
relação aos novos serviços geriátricos. O hospital-dia-geriátrico, modelo assistencial
evidenciado nesse trabalho, configurou-se como uma alternativa a ser implementada em
uma fase posterior como conseqüência da evolução das experiências iniciais.
A proposta do Departamento de Saúde da Terceira Idade para implantação do centro-
dia e do Hospital Universitário para o funcionamento do ambulatório geriátrico representa o
reconhecimento das demandas reprimidas nestes estabelecimentos e a importância de uma
atenção especial a este grupo etário.
Os novos modelos de atenção à saúde do idoso se configuram para o arquiteto como
um campo de trabalho que não se resume a projetar um lugar onde estão presentes todos
os itens de conforto e acessibilidade. É acima de tudo uma responsabilidade social
111
assumida em favor dos idosos com o propósito de criar espaços que contribuam para a
qualidade de vida, promoção da cura, bem estar físico, mental e emocional.
Constatamos a impossibilidade de considerar este estudo finalizado, porque a
assistência à saúde do idoso brasileiro configura-se, atualmente, como um campo complexo
de trabalho a ser explorado. Assim, a dissertação, como material científico, pode contribuir
para o desenvolvimento de outras pesquisas e para o planejamento dos novos espaços de
saúde preconizados na Política Nacional de Saúde do Idoso.
112
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119
APÊNDICES
120
Apêndice I
121
Apêndice II
Questionário – Idosos
Data: _______/_________/ 2005 Questionário nº._________
Pesquisador: ______________________ Questionário - Idoso
Instituição: _________________________________________ Setor:_________________
1. Representações sociais:
1.1 Cite 04 (quatro) primeiras palavras que passam em sua cabeça quando ouve falar em
velhice?
1. _____________________
2. _____________________
3. _____________________
4. _____________________
1.2 Marque as 02 (duas) palavras que você julga mais importantes. Justifique sua resposta.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
1.3 Qual a imagem que você tem de uma pessoa idosa?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
1.4 Nesta fase da vida, o que você considera ser saudável?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
122
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
1.5 Se pudesse construir um local para cuidar da saúde do idoso, como seria?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
1.6 Na sua opinião, o que você gostaria que este ambulatório tivesse para melhorar o seu
bem estar e facilitar a sua vida?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
1.7 Já esteve internado alguma vez ?
( ) sim ( ) não
Quando?__________________________________________________________________
Quanto tempo e por quê ?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Quais os aspectos positivos e negativos desta experiência?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
123
2. Identificação:
Sexo: ( ) masculino ( ) feminino Idade:_______________
Escolaridade:
1º grau ( ) completo ( ) incompleto
2º grau ( ) completo ( ) incompleto
Superior ( ) completo ( ) incompleto
Outros: _______________________________________________________
Bairro onde mora:___________________________________________________________
Você mora:
( ) sozinho ( ) com o marido / esposa ( ) com os filhos
Outros:________________________________________________________
Situação econômica:
( ) é independente da família
( ) a família depende de você
( ) depende da família
3. Saúde:
3.1Você teve algum problema de saúde nos últimos 15 (quinze) dias que precisou de ir ao
médico?
( ) sim ( ) não
Qual:_____________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
124
3.2 Você tem algum outro problema de saúde?
( ) sim ( ) não
Qual Como trata/ acompanha Onde Última visita
( ) coração
( ) diabetes
( ) ortopédico
( ) pressão alta
( ) respiratório
( ) reumatismo
( ) sistema nervoso
( )
( )
( )
( )
( )
( )
3.3 Este(s) problema(s) interfere (m) no seu dia a dia?
( ) sim , como?_____________________________________________________________
__________________________________________________________________________
( ) não
3.4 Em caso de continuidade do tratamento da saúde (fisioterapia, psicólogo ou visitas
periódicas p/ controle) você precisa de pessoa para acompanhá-lo?
( ) não
( ) sim Tem esta pessoa___________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
125
Apêndice III
Questionário – Cuidadores
Data: _______/_________/ 2005 Questionário nº._________
Pesquisador: ______________________ Questionário - Cuidador
Instituição: _________________________________________ Setor:_________________
1. Representações sociais:
1.1 Cite 04 (quatro) primeiras palavras que passam em sua cabeça quando ouve falar em
velhice?
5. _____________________
6. _____________________
7. _____________________
8. _____________________
1.2 Marque as 02 (duas) palavras que você julga mais importantes. Justifique sua resposta.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
1.3 Qual a imagem que você tem de uma pessoa idosa?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
126
1.4 De acordo com o seu cotidiano de cuidador, o que você considera um idoso saudável?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
1.5 Se pudesse construir um local para cuidar da saúde do idoso, como seria?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
1.6 A pessoa que você cuida já precisou de internação alguma vez?
( ) sim ( ) não
Quais os aspectos positivos e negativos desta experiência?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
2. Identificação:
Sexo: ( ) masculino ( ) feminino Idade:_______________
Cuidador: ( ) profissional ( ) familiar – grau de parentesco:________________________
Onde cuida do idoso:_________________________________________________________
Há quanto tempo cuida deste idoso:____________________________________________
Problema de saúde do idoso:__________________________________________________
Idade do idoso:_____________
3. Saúde:
3.1 Qual o grau de dependência da pessoa que você cuida?
( ) Cuida totalmente de si próprio. Independente.
__________________________________________________________________________
( ) Realiza as atividades da vida diária. Deambula com alguma dificuldade.
127
__________________________________________________________________________
( ) Alguma dificuldade para as atividades da vida diária. Deambula com a ajuda de bengala
ou similar.
________________________________________________________________________
( ) Dificuldade grave para realizar as atividades da vida diária. Deambula com dificuldade,
ajudado por outra pessoa. Incontinência ocasional.
________________________________________________________________________
( ) Necessita de ajuda para quase todas as atividades da vida diária. Incontinência habitual.
________________________________________________________________________
( ) Imobilizado na cama ou em cadeira de rodas. Dependente total. Necessita de cuidados
contínuos de um enfermeiro.
________________________________________________________________________
3.2 Quais são os problemas mais freqüentes que encontra para cuidar da saúde do idoso?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
3.3 Qual o motivo desta consulta? ( ) controle de rotina ( ) algum problema agudo
Quando foi a última consulta? _________________________________________________
Qual o motivo da última consulta? ______________________________________________
3.4 Além deste serviço, que outros freqüenta ? Motivos?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
3.5 Na sua opinião o espaço físico dos estabelecimentos assistenciais de saúde influenciam
na recuperação e bem estar do paciente?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
128
Apêndice IV
Roteiro da entrevista – Profissionais
Data: _______/_________/ 2005 Questionário nº._________
Pesquisador: ______________________ Entrevista - Profissional
Instituição: _________________________________________ Setor:_________________
1. Identificação:
Sexo: ( ) masculino ( ) feminino Idade:_______________
Cargo / função que exerce na instituição:_________________________________________
Local de trabalho:___________________________________________________________
Há quanto tempo trabalha com idoso:____________________________________________
Perguntas:
1 – Em que medida o atendimento ao idoso constitui um campo especial de assistência?
2 – Este serviço está adequado a este atendimento? Por quê?
3 – Do ponto de vista do espaço construído:
Quais os principais problemas?
Quais as principais qualidades?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
129
Apêndice V
Tabela 5 – Um idoso saudável – Resposta dos idosos
Ident. Saúde Autocuidado Trabalho Lazer Religiosidade Relacionamentos Outros
I
1 Viver.
Agradeço a Deus todos
os dias pela vida.
Viver honestamente sem
prejudicar ninguém.
I
2
Poder fazer uma
caminhada...
... jogar uma bolinha com
as crianças.
I
3
Viver bem...
... aproveitar a vida.
Torcer pelo time de
futebol.
I
4
Caminhada.
I
5
Ter uma cabeça boa ... trabalhar
... ter um Deus, fazer as
coisas certas porque tem
um Deus te vigiando.
...ser honesta...
I
6
...sorrir Divertir... ...e fé em Deus.
... estar próximo das
pessoas alegres, bem
humoradas... Não
conversar com pessoas
que conversam sobre
doença...
I
7
Gosto de trabalhar...
...dançar, aproveitar a
vida.
I
8
Ouvir música, dançar.
Ter Jesus no coração,
buscar bastante a Jesus.
I
9
Gostar de tudo na vida,
cozinhar para as
pessoas, faço tudo por
amor e gosto de
trabalhos manuais.
Folha : 01/06
Idosos
Nesta fase da vida o que você considera um idoso saudável?
Respostas
130
Apêndice V
Tabela 5 – Um idoso saudável – Resposta dos idosos
Ident. Saúde Autocuidado Trabalho Lazer Religiosidade Relacionamentos Outros
I
10
Considero a saúde
que tenho. tenho
artrose, é coisa de
velho mas, está bom.
I
11
Estar bem comigo,
gosto muito de mim...
... me cuido, faço pé,
mão, cabelo, gosto de
andar arrumadinha.
vou para a missa
mas, me arrumo.
I
12
Tudo que eu faço,
trabalhar em casa,
costuro bordo, sou
voluntária na Igreja
Batista. Ser útil, doar
o que você aprendeu
a alguém. Ensino
bordado para as
meninas da igreja
(meninas de 50 anos).
I
13
Viver com os filhos
em paz é uma
maravilha ter bons
filhos.
I
14
Caminhada,
alimentação...
... boa convivência
com todos isso traz
saúde.
I
15
Não tenho problema
de corão apenas
faço controle da
pressão arterial.
Não fumo mais à 10
anos.
Folha : 02/06
Idosos
Nesta fase da vida o que você considera um idoso saudável?
Respostas
131
Apêndice V
Tabela 5 – Um idoso saudável – Resposta dos idosos
Ident. Saúde Autocuidado Trabalho Lazer Religiosidade Relacionamentos Outros
I
16
Viagens, Música
(
eu
sou músico) mais
otimismo e alegria
p
ara as
p
essoas.
I
17
A prática de esportes
que eu gosto muito...
Praticamos
hidroginástica e
caminhada juntos
(esposa). Corrida e
futebol eu faço
sozinho.
... e viver b em com a
família,
principalmente, com a
minha esposa.
I
18
A família é importante
o idoso ter aconchego
da família e dos filhos
(tenho um filho longe,
sinto muita falta dele)
I
19
Ter boa saúde como
eu tenho, graças a
Deus é uma coisa
rara, ando bem,
alimento bem...
... e tenho uma
companheira muito
boa.
I
20
Tudo
é
bom
,
estar
com o povo,
conversar com um e
com outro, não
conversar sobre
política e futebol
I
21
Não sentir nada.
I
22
Boa alimentação,
dormir mais de 8
horas, fazer
caminhada...
... ter diversões.
I
23
Ter saúde, alegria e
felicidade. Ter paz.
Folha : 03/06
Idosos
Nesta fase da vida o que você considera um idoso saudável?
Respostas
132
Apêndice V
Tabela 5 – Um idoso saudável – Resposta dos idosos
Ident. Saúde Autocuidado Trabalho Lazer Religiosidade Relacionamentos Outros
I
24
Eu penso que a gente
tem que viver até
quando Deus quiser,
temos que ter
confiança nele...
... e manter as b oas
amizades.
I
25
Ter uma boa
alimentação, fazer
muito esporte, eu
caminho 6km por dia.
Se não fizermos nada
por nós ninguém faz.
É dançar pare quem
gosta.
I
26
Ter saúde...
... poder cuidar da
casa, fazer o
necessário.
I
27
Minha saúde, alegria.
Sou muito feliz. Só de
não tomar 01
comprimido eu já
acho que sou
vitoriosa.
I
28
Ter saúde... ... e família.
...condição social
(não é riqueza)
I
29
Dormir cedo, levantar
cedo...
... procurar distrair,
uma boa leitura.
I
30
Ter saúde
I
31
Ter saúde...
... poder passear,
viajar, ficar satisfeito
com a vida.
I
32 Dormir cedo.
Folha : 04/06
Idosos
Nesta fase da vida o que você considera um idoso saudável?
Respostas
133
Apêndice V
Tabela 5 – Um idoso saudável – Resposta dos idosos
Ident. Saúde Autocuidado Trabalho Lazer Religiosidade Relacionamentos Outros
I
33
Apesar de todos os
problemas de saúde
que tenho eu sou feliz
de estar como estou.
Apesar de ser longe
onde moro o ar é puro
me sinto bem.
I
34
Ser feliz ... ... Passear...
...religião, vou sempre
à igreja sou
evan
g
élica.
Passear na casa dos
filhos.
I
35
Uma pessoa que não
depende de nada (
Hospital, bengala e
de outras pessoas).
I
36
...
le
v
ar
a
v
ida
alegre
,
ir para a frente,
levantar a caba
para cima e deixar
rolar.
Ter minha falia
criada...
I
37
Ter alegria apesar de
todos os problemas,
me sinto feliz.
I
38
O que eu já passei e
estou vivo hoje (na
e cirurgia perdi 30
quilos) quase morri.
I
39
É ter alegria, paz e
saúde na vida.
Frequentar um
ambiente bom, uma
festa.
I
40
Sentir alegre.
Se sentir amada por
todos.
I
41
Es tar bem c om a
f amília. Missão
cumprida, filhos
criados.
Folha : 05/06
Idosos
Nesta fase da vida o que você considera um idoso saudável?
Respostas
134
Apêndice V
Tabela 5 – Um idoso saudável – Resposta dos idosos
Ident. Saúde Autocuidado Trabalho Lazer Religiosidade Relacionamentos Outros
I
42
A pessoa ter saúde.
I
43
Eu ter saúde... Boa alimentação.
...na horta e lavar
roupa.
...poder sair e...
... Participar na
Igreja...
I
44
Dor nos sentimos,
não podemos não
podemos passear tem
que ficar em casa.
Alimentação.
I
45
Ter saúde.
I
46
Penso na minha
saúde...
... nos meus filhos e
nos meus netos.
I
47
Fazer minhas
viagens...
... fazer amigos,
colegas.
I
48
Ter alegria... ... boa amizade.
I
49
Ser feliz para ser
saudável.
I
50
Ter saúde... Eu sou evangélica.
... e amizade com os
meus vizinhos,
parentes e irmãos da
igreja.
I
51
Brincar, passear,
viajar, fazer o que
gosta sem se
preocupar com o
outro a gente vive
muito bem.
I
52
Deus em primeiro
lugar. Só dele me dar
saúde estes anos
todos não é?
Folha : 06/06
Idosos
Nesta fase da vida o que você considera um idoso saudável?
Respostas
135
Apêndice VI
Tabela 6 – Local para cuidar da saúde do idoso – Resposta dos idosos
Ident. Forma de cuidado
I
1
Um local onde existisse
amizade, confiança...
cuidado e tudo o que o
idosos necessitam e
acima de tudo o AMOR.
I
2
I
3
I
4
I
5
Pagar um plano para
poder ser atendido pelos
dicos e voluntários.
I
6
...com muita
alegria...com muito amor
carinho e cui-los como
se fossem meus pais.
I
7
I
8
Um local que fale
somente de coisas boas,
trabalhar Deus no
coração das pessoas
I
9
Todos com atividade, ter
vaidade (pentear o
cabelo dos idosos).
I
10
Folha: 01/05
...higiene...
Idosos
Se pudesse construir um local para cuidar da saúde do idoso, como seria?
Respostas
Local Características do local Tipos de atividades
Uma quadra e uma piscina para os idosos
exercitarem...
...atividades para sacudir o corpo, animar.
Um hotel fazenda. Lazer.
Um alojamento.
Um hospital.
Um local como muita água (Serra de Ibitipoca) com
água que vem com força, muita sujeira que o velho
faz. Trazer tudo limpo. Lugar afastado e tranquilo.
Um sítio... ...com festas, alegrar com todos os meios...
Posto de saúde para atender as pessoas.
Um lugar muito positivo porque a velhice acolhe
muitas coisas negativas.
Seria um sítio...
...com muito verde, flores, jardins com
criação....quartos arrumados, simples e bonitos...
As pessoas tem que ter atividade, todos
trabalharem na terra...
Uma casa... ...com quintal, criação e horta.
136
Apêndice VI
Tabela 6 – Local para cuidar da saúde do idoso – Resposta dos idosos
Ident. Forma de cuidado
I
11
...estou muito
satisfeita são todos
amáveis, educados,
nós ganhamos
remédios as médicas
são boas.
I
12
...com atividades que
não ficassem parados
sem atividade.
I
13
...que as pessoas
pudessem andar não
pode ficar preso.
I
14
...alimentão
adequada.
I
15
I
16
... porque lá tem um
atendimento mais
aprimorado, o nível de
tratamento é de
mundo.
I
17
I
18
Eu gostaria que
f
osse
um lugar que eu
pudesse dar tudo a
eles, carinho, amor
que não faltasse
nada.
I
19
I
20
Folha: 02/05
M
a
i
s no cen
t
ro
é
f
ac
il
d
e c
h
egar a
o
l
oca
l
sem prejudicar ninguém. No Sus o local é
terrível.
Um hospital específico para cuidar de idosos.
Seria um local como o Hospital Albert
Sabin...
Um sítio... ...com muito verde.
...com recurso de distração, cinema, praticar
es
p
ortes, lazer com atividade
p
ara fazer.
Ter um centro médico... ...diversão...
Um lugar igual a esse (Depto. de Saúde da 3º
idade)porque aqui é bom.
Um lugar bonito, saudável com verde e com
espaço para cada um...
Seria um lugar bonito bem amplo com muitas
plantas com um jardim bonito. Área de lazer
bacana.
Seria aqui no ambulatório...
Idosos
Se pudesse construir um local para cuidar da saúde do idoso, como seria?
Respostas
Local Características do local Tipos de atividades
137
Apêndice VI
Tabela 6 – Local pra cuidar da saúde do idoso – Resposta dos idosos
Ident. Forma de cuidado
I
21
I
22
Tratado com muito
amor, carinho,
respeitando o idoso.
I
23
...acho que filho não
vai ter muita
paciência.
I
24
I
25
Eu queria construir
um lugar que eu
pudesse cuidar do
idoso. O idoso
precisa ter muito
carinho e respeito.
I
26
I
27
I
28
...com um apoio como
existe na Europa.
(minha irmã mora na
França lá a coisa é
bem diferente.
I
29
Q
ue pu
d
esse
d
ar o
melhor para o idoso,
um lugar saudável em
todos os setores na
vida social e
amorosa.
Folha: 03/05
Um sítio...
...em contato com a natureza, ar livre, sem
muita escada, com liberdade e tranquilidade.
Idosos
Se pudesse construir um local para cuidar da saúde do idoso, como seria?
Respostas
Local Características do local Tipos de atividades
Seria um lugar bem calmo em um lugar
tranquilo.
A minha vontade é quando ficar mais velha é
ir para um asilo...
Lá onde a gente mora a gente precisa de um
posto para os idosos...
...per
t
o
d
a casa para n
ã
o
t
er que
i
r para ou
t
ro
bairro porque o idoso ir sozinho é ruim, nem
sempre tem companhia.
Eu abriria uma clínica para cuidar dos
velhinhos doentes "isto é sonho".
Uma casa de repouso... ...com piscina, cadeiras bonitas e lazer.
Uma moradia digna...
138
Apêndice VI
Tabela 6 – Local para cuidar da saúde do idoso – Resposta dos idosos
Ident. Forma de cuidado
I
30
I
31
Prestar caridade...
Comdicos e
dentistas tudo que
pudesse fazer de bom
para ele.
I
32
...boa alimentação.
I
33
...com pessoas
carinhosas que
tratassem bem as
pessoas.
I
34
Local com bom
atendimento...
Pessoas capacitadas
para atender os
idosos.
I
35
I
36
I
37
O médico do SUS
deveria ser bem pago
para poder atender
melhor.
I
38
I
39
...onde recolhe as
pessoas com tudo,
tratamento e
alimentação.
I
40
Muito amor para dar,
carinho e que tivesse
compreeno
Folha: 04/05
Casa... ...bem grande espaçosa...
...com umas brincadeiras (o idoso vira
crian
ç
a
)
.
Na roça um lugar tranquilo.
Lugar alegre, arejado, lugar vivo.
...com rampa para subir por causa da cadeira
de rodas e muleta.
Lugar com bastante higiene...
Lugar sossegado, tranquilo...
Local limpo...
Idosos
Se pudesse construir um local para cuidar da saúde do idoso, como seria?
Respostas
Local Características do local Tipos de atividades
Construiria um asilo... ...um lugar bom...
Seria uma casa...
...
b
em gran
d
e para a
b
r
i
gar ma
i
s
d
e
200
pessoas. Uma coisa com todo o conforto
p
ossível.
...casa...
Um lugar perto de casa é mais fácil olhar o
idosos. Confortável. Tenho que fazer um local
bom para depois se eu precisar posso ir para
.
Seria uma clínica, um hospital...
139
Apêndice VI
Tabela 6 – Local pra cuidar da saúde do idoso – Resposta dos idosos
Ident. Forma de cuidado
I
41
O idoso deveria ter
um plano de saúde,
trabalhou durante
muitos anos e o SUS
deixa a desejar.
I
42
...junto com a família
que os filhos tenham
considera
ç
ão.
I
43
...ter dentista, posto
para um atendimento
com
p
leto.
I
44
I
45
...ter o carinho da
famíla e não ficar
internado sem visita.
I
46
Fazer tudo de bom
para eles. (é o que eu
conheço para cuidar
dos velhos, só tem
isso em Santos
Dumont.
I
47
...vivenciar com a
família em casa.
I
48
I
49
I
50
...e não deixar eles
sofrerem tanto como
sofrem.
I
51
I
52
Folha: 05/05
O idoso deveria ficar na família...
Em casa...
Idosos
Se pudesse construir um local para cuidar da saúde do idoso, como seria?
Respostas
Local Características do local Tipos de atividades
Eu construiria um posto de saúde no Bairú ou
no Manoel Honório...
...proximidade da comunidade...
Fi
car com os
filh
os.
O
s a
b
r
i
gos e repousos
nos vemos muita coisa ruim. Hoje as falias
não são como anti
g
amente.
Seria uma coisa muito boa.
Um asilo para os pobres.
Uma casa de repouso, um lar...
Um tipo de um sítio, uma fazenda
abandonada, fazia um galo... Eu tenho
pavor de asilo.
...co
l
ocar
i
a os presos para
f
azer as co
i
sas,
móveis e comida ao invés do governo ficar
sustentando eles à toa. Lugar calmo tranquilo
em contato com a natureza.
Abrigo dos velhos
Hoje uma pessoa que não tem recursos deve
viver em um abrigo.
Um lugar tipo Hospital para cuidar dos
idosos...
140
Apêndice VII
Tabela 7 – Local para cuidar da saúde do idoso – Resposta dos cuidadores
Quest. nº Forma de cuidado
C
1
... que pudesse cuidar com carinho,
cuidar deles direitinho.
C
2
...que eles não ficassem presos.
C
3
...daria tudo o que eles pudessem
com toda assistência.
C
4
Um local que a família pudesse
participar.
C
5
Um lugar em que as pessoas idosas
saudáveis pudessem cuidar dos
idosos doentes porque estes idosos
são mais experientes e tem mais
paciência do qu os mais novos.
C
6
...com a presença assídua dos
familiares e que respeitasse as
manias que o idoso geralmente tem
(guardar coisas por exemplo).
C
7
...e que as famílias fossem lá ajudar
como voluntários e fossem visitar e
não colocar lá.
C
8
O idoso é uma parte muito
milindrosa.
C
9
C
10
...e médico para cuidar das pessoas.
Folha: 01/02
Local Características do local Tipos de atividades
Uma clínica...
...com atividades de lazer, esportes e
religião de acordo com a sua
crença...
...e algumas horas "violentas"de
agitação. Ter muita palhaçada
porque faz parte da vida.
...com sala de recreão, aulas de
ginástica, esportes. Incentivo à
leitura.
...com muita brincadeira...
...que pudesse plantar, lidar com
animais, com interação com outras
Tranquilo...
...com tudo que eles tem direto..
Um local adequado.
Eu teria um local alegre, direitinho com
um ambiente sossegado...
Seria como a AMAC...
Construiria uma área de lazer... Não seria
um Hospital nem uma clínica.
Seria um clube campestre com chalé para
passar final de semana com quem quiser...
Teria que ser tipo uma clínica...
Cuidadores
Respostas
Se pudesse construir um local para cuidar da saúde do idoso, como seria?
...com conforto, um lugar limpinho com
jardim...
Um local idêntico ao local (ambiente) que
ele vive...
Um sítio...
141
Apêndice VII
Tabela 7
– Local para cuidar da saúde do idoso – Resposta dos cuidadores
Quest. nº Forma de cuidado
C
11
Não pode ficar quieto pelos cantos é pior
a doença aparece e a depressão pega.
C
12
...e com muitas pessoas para ajudar as
p
essoas melhorarem.
C
15
Com um corpo técnico capacitado
(psicólogo, enfermeiro e médico) para lidar
com os idosos.
C
14
C
15
... Juntar o idoso com a criança porque um
completa o outro...com muitos
profissionais para ajudar. Todos produtivos
C
16
Enfermeiros e psicólogos cxapacitados
para cuidar e ouvir os idosos.
C
17
O carinho em casa é fundamental.
C
18
...muito bem cuidado e tratado (idosos). Eu
exigiria muito dos funcionários.
C
19
...medicação acima de tudo, carinho dos
enfermeiros e acompanhantes. Não
maltratar os idosos e que todos tenham a
humildade de levar o carinho para eles.
Não é porque estão indefesos que eles
não precisam de carinho, afeto. Os
parentes deveriam estar sempre
presentes.
C
20
... Porque o idoso precisa de muitas coisas
diferentes como fisioterapia, hemodiálise e
outras coisas.
Folha: 02/02
Local Características do local Tipos de atividades
...fazer trabalhos manuais, um livro para
ler, um filme adequado para a idade com
música e dança para quem gosta.
Devia juntar tudo que é idoso em um mesmo
lugar...
..com lazer, atividade física e passeios.
...sala de jogos, lazer com bastante
atividades para eles. Reuniões e almoço
com a família.
...e com alguns eventos para distrair a
cabecinha deles.
...porque o idoso gosta de passear...
Um lugar com muito verde...com jardim,
horta...
Um lugar alegre com verde...
Um local bonito que as pessoas
possam sentar embaixo de um pé de
laranja.
Seria um lugar pequeno mas muito
limpo...
...onde eles pudessem fazer tudo o que
eles gostam de fazer, dança, baralho.
Área de lazer...
Arrumava uma casa... Como aqui no Dept. de
Saúde da 3º idade
Uma casa ampla estilo suíço...
Seria uma fazenda...
Tinha que ser uma coisa muito grande... Poderia
ser tipo um Hospital ...
Cuidadores
Respostas
Se pudesse construir um local para cuidar da saúde do idoso, como seria?
...deveria ter um jardim.
Uma área de lazer...
O idoso deveria ficar no lar e não em um asilo.
Seria uma coisa assim tipo um asilo...
142
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