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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA
Avaliação de um Sistema de Reúso de Água: O caso de um
Parque Temático
Caio Tucunduva Philippi
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Saúde Pública para obtenção do
título de Mestre em Saúde Pública.
Área de concentração: Saúde Ambiental
Orientador: Prof. Dr. Pedro Caetano Sanchez Mancuso
São Paulo
2006
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É expressamente proibida a comercialização deste documento tanto na sua forma
impressa como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é permitida
exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que na reprodução figure
a identificação do autor, título, instituição e ano da tese/ dissertação.
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3
RESUMO
Empreendimentos imobiliários, em nível mundial, vem experimentando mudanças
tecnológicas, a fim de melhorar sua compatibilidade com o meio ambiente. Diminuição e
reaproveitamento dos efluentes são aspectos importantes, uma vez que estão relacionados
diretamente com a saúde da população. Entretanto, essa preocupação não se aplica apenas à
diminuição da emissão de esgotos, mas também a boa operação do sistema, destacando-se o uso
da água para limpeza, rega de jardim e sanitários.
Nesse sentido, escolheu-se como estudo de caso um parque temático onde procurou –se
desenvolver e implantar de forma racional o uso dos recursos naturais locais levando em
consideração o conceito de desenvolvimento sustentável. Assim, os fatores que levaram a
empresa a investir no sistema de reúso de água foram: a preocupação com a utilização intensiva
dos recursos hídricos e política de qualidade e ambiental da empresa.
Este projeto então tem como objetivo demonstrar e analisar a viabilidade técnica de
sistemas de captação, tratamento e reúso de efluentes estabelecendo uma proposta para reúso de
água em empreendimentos imobiliários, tecnica e legalmente compatível com as condições
internacionais, diagnosticando o atual sistema de tratamento dos esgotos domésticos do
empreendimento estudado, especificando a qualidade da água para as diversas modalidades de
reúso de água.
Como conclusão comparou-se os limites estipulados pelo empreendedor com os limites
impostos pela legislação internacional recomendando assim um monitoramento intensivo no
sistema de desinfecção assim como a implantação de um sistema de gerenciamento ambiental
eficiente voltado para o controle operacional do sistema de reúso.
Descritores: Reúso de Água, Gestão Ambiental, Parques Temáticos
4
ABSTRACT
Technological changes in real estate developments have been taking place across the
world so as to improve their compatibility with the environment. Effluent reduction and reuse are
critical issues, as they are directly related to the population’s health. However, such concern not
only applies to the reduction of sewage discharge, but also to the proper system operation. The
use of water for cleaning, garden watering and restrooms stands out.
In that sense, a theme park in which efforts were made to develop and implement in a
streamlined manner the use of local natural resources while taking into account the sustainable
development concept has been selected as a case study. Thus, the factors that led the company
to invest in the water reuse system include: the concern about the intensive use of water resources
and the company’s quality and environmental policy.
Therefore, the purpose of this project is to demonstrate and assess the technical feasibility
of waste catchment, treatment and reuse systems as well as to put forward a proposal
technically and legally consistent with international standards for water reuse in real estate
development, while evaluating the current domestic waste treatment system of the venture under
consideration and determining the water quality for the various water reuse methods.
As a conclusion, the limits set by the developer have been compared with those imposed
by the international law; intensive monitoring of the disinfection system and the implementation
of an effective environmental management system focused on the operational control of the reuse
system are recommended.
Key words: Water Reuse, Environmental Management, Thematic Park
5
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Membranas usadas no estudo de caso..............................................................16
Figura 2: Membrana utilizada no empreendimento estudado.......................................17
Figura 3: Propaganda de um edifício com projeto de reuso...........................................21
Figura 4: Esquema de funcionamento das membranas..................................................25
Figura 5: Cartucho de membranas sujo retirado para limpeza....................................26
Figura 6: Cartucho com 6 módulos de membranas do empreendimento sendo
lavados..................................................................................................................................27
Figura 7: Balanço hídrico e número médio mensal de visitantes desconsiderando
perdas...................................................................................................................................28
Figura 8: Bico para irrigação dos jardins do parque......................................................29
Figura 9: Container que abriga o sistema de membranas..............................................30
Figura 10: Estação de tratamento vista aérea..................................................................30
Figura 11: Esquema do funcionamento da estação de tratamento.................................31
Figura 12: Lixeiras para separação de resíduos espalhadas pelo parque......................32
Figura 13: O caminho que o lixo percorre no parque.....................................................33
6
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Sistema de reúso, dimensionado com base em informações fornecidas pelos
empreendedores................................................................................................................23
Tabela 2: Parâmetros do sistema....................................................................................34
Tabela 3: Valores Máximos referentes ao período entre 1999/2001 (número de amostras
coletadas n = 56)..............................................................................................36
Tabela 4: Valores Máximos, Médios e Mínimos referentes à 2005 (número total de amostras
coletadas n = 25)..............................................................................................38
Tabela 5: Parâmetros para reúso agrícola....................................................................41
7
ÍNDICE
1.INTRODUÇÃO................................................................................................................01
2.REVISÃO DA LITERATURA.......................................................................................09
2.1. Reúso de Águas Residuárias.......................................................................................12
2.2. Reúso Potável Direto....................................................................................................10
2.3. Reúso Potável Indireto.................................................................................................10
2.4. Reúso Não Potável........................................................................................................11
2.5. Processo de Separação por Membranas....................................................................15
2.6. Reator Biológico com Membrana (MBR)..................................................................16
3. OBJETIVOS....................................................................................................................18
3.1. Objetivo Geral..............................................................................................................18
3.2. Objetivos Específicos...................................................................................................18
4. MÉTODOS......................................................................................................................19
5. RESULTADOS................................................................................................................21
5.1. Caracterização do Parque Temático..........................................................................22
5.2. Parâmetros do Projeto.................................................................................................34
5.3. Parâmetros da Qualidade da Água para reúso.........................................................34
5.3.1. Parâmetros Físicos e Químicos................................................................................34
5.3.2. Parâmetros Inorgânicos............................................................................................35
5.3.3. Parâmetros Microbiológicos....................................................................................35
6. DISCUSSÃO....................................................................................................................36
7. CONCLUSÕES...............................................................................................................43
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................53
8
9. RECOMENDAÇÕES.....................................................................................................55
10. REFERÊNCIAS............................................................................................................56
9
1. INTRODUÇÃO
O Brasil é marcado pela visível desigualdade social e pela dependência econômica e
tecnológica dos países industrializados. Todavia, não obstante o fato de ser subdesenvolvido e
pertencer ao denominado Terceiro Mundo, é classificado como uma nação industrializada e
urbanizada. Nesse sentido, não foi dada, por quem de direito, a devida atenção as prováveis
mudanças dos quadros: físico, biótico e abiótico das regiões agredidas pelo processo de
industrialização (SOUZA)
(1)
.
A tese dos limites do crescimento defendida pelo Clube de Roma, a Conferência de
Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano, ocorridas em 1972, e posteriormente a Declaração
de Cocoyok (SACHS)
(2)
, contribuíram, sobremaneira, para o surgimento da utopia do conceito de
“Sustainable Development”o chamado desenvolvimento sustentável . Esse conceito vem sendo
assimilado por segmentos da população, aparecendo, inclusive, em discursos e documentos
oficiais que tratam de questões do meio ambiente e da qualidade de vida em geral (SACHS)
(2)
.
Entretanto, não é possível discutir o desenvolvimento e a qualidade de vida pensando
apenas em questões locais e regionais. O estancamento econômico é um problema mundial que,
possivelmente, seja conseqüência de modelos econômicos desenvolvidos e aplicados pelos
setores que detêm os meios de produção.
Segundo SACHS
(2)
, o desenvolvimento compreende a busca de alternativas para o uso de
recursos específicos em cada eco-região na tentativa de satisfazer necessidades de subsistência da
população, tais como alimentação, saúde, habitação e educação.
O desenvolvimento sustentável gravita sobre cinco principais pilares que interagem
simultaneamente, quais sejam: social, econômico, ecológico, geográfico e cultural (VIEIRA)
(3)
.
10
No entanto, a ausência de uma política de distribuição de renda, a presença inerte e
submissa do Estado nas leis de mercado e os complexos processos de privatização podem
contribuir para o aumento da pobreza das camadas populares marginalizadas da sociedade.
Entende-se que essa estrutura de desenvolvimento existente apresenta, entre outras, três grandes
preocupações: crescente índice de pobreza; veemente degradação do meio ambiente e
desigualdade social. Admitir o Produto Interno Bruto (PIB) e a renda per capita (rpc) como
parâmetros mensuráveis de desenvolvimento é considerar novas tecnologias e concentrações de
bens materiais como desenvolvimento (VIEIRA)
(3)
. Esse desenvolvimento, no tocante ao
homem, significa que o país apresenta uma economia que atende as necessidades básicas da
população. Portanto, uma forma de se medir tal desenvolvimento é a avaliação da qualidade de
vida de sua população, o que representa possibilidade de acesso às condições básicas necessárias,
dos quais destacam-se: alimentação, saneamento, saúde, vestuário, moradia, transporte, segurança
pública e social, identidade cultural e familiar, educação de qualidade e uma forte interação com
a natureza(SOUZA)
(1)
.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define “saúde pública como a ciência e a arte de
promover, proteger e recuperar a saúde, por meio de medidas de alcance coletivo e de motivação
da população”. Portanto a saúde pública deve ter como objetivo o estudo e a busca de soluções
para problemas que levam ao agravo da saúde e da qualidade de vida da população, considerando
para tanto os sistemas sócio-cultural, ambiental e econômico. Assim, a prática da saúde blica
necessita do conhecimento científico de diversos campos, como a engenharia, medicina, biologia,
sociologia, direito, entre outras (ALPHAVILLE)
(23)
.
O Relatório de Gestão dos Problemas da Poluição no Brasil aponta uma lista de
problemas de poluição, que causam danos reais, em termos de saúde humana, qualidade de vida e
perdas ecológicas. Entre eles, e em ordem de importância, são descritos os principais problemas
11
de poluição no Brasil: o agravo à saúde, causado pela falta de abastecimento de água potável e
falta de coleta, tratamento e disposição segura de esgotos; poluição atmosférica; a poluição das
águas superficiais em áreas urbanas, com impactos visuais, odor e restrição às atividades de lazer,
tão imprescindíveis na busca da melhoria da qualidade de vida do meio urbano; gestão
inadequada dos resíduos sólidos, e finalmente a poluição localizada acentuada, que inclui zonas
industriais com baixos níveis de controle de poluição, com impactos na população do entorno e
nos sistemas naturais (BANCO MUNDIAL)
(24).
A fixação do homem em qualquer região do planeta tem acontecido, geralmente, em
função das disponibilidades de alimento, luz solar, ar e água, necessários à sua sobrevivência.
Nesse sentido, a água é a forma de energia essencial à vida e à manutenção dos ecossistemas.
Sabe-se que a água cobre três quartos da superfície terrestre. Todavia, do total de água
existente no planeta, 97% corresponde à água salgada, imprópria para a maioria das necessidades
humanas; 2,2% encontram-se sobre as superfícies das regiões polares e, apenas, 0,8%
correspondem à água doce. Dos 0,8% de águas doces existentes, 97% são subterrâneas, sendo
que apenas 3% correspondem às superficiais (CORSE)
(4)
. O Brasil possui cerca de 11,6% da
água doce disponível nos mananciais superficiais do planeta. Essa quantidade, no entanto, está
distribuída de forma muito heterogênea. A região sudeste, com 46,65% da população do país,
possui apenas 6% dos recursos hídricos, enquanto a região norte, com cerca de 6,98% da
população, possui 68,50% dos recursos hídricos.Mesmo nas regiões com disponibilidade de água,
as regiões metropolitanas vêm enfrentando problemas de escassez, devido à poluição dos
mananciais próximos as áreas urbanas. Para abastecimento da região metropolitana de São Paulo,
cerca da metade da água é captada no sistema a cinqüenta quilômetros da área urbana, no Sistema
Cantareira. O mesmo ocorre na região metropolitana de Florianópolis, onde 80% da água é
captada a cerca de trinta quilômetros da área urbana (PHILIPPI)
(25)
.
12
Para evitar o desperdício de água e conservar os mananciais, desde 1934 o Brasil possui
uma legislação para regulamentação do uso dos recursos hídricos, baseada no Decreto Federal
n.24.643, conhecido como Código das Águas. Esse código já previa a cobrança pelo uso da água
conforme a carga poluidora e contemplava vários princípios, posteriormente estabelecidos na Lei
n.9.433 de 08/01/1997, que estabelece a Política Nacional de Recursos Hídricos. Entretanto,em
virtude da sensação de fartura de água, o Código de Águas nunca foi colocado em prática. As
políticas voltadas para a preservação dos recursos hídricos, já implementadas nos países
desenvolvidos, são baseadas nos princípios de crime ambiental para os casos de poluição e
consumidor-pagador, poluidor-pagador. Esses também são os princípios da Política Nacional de
Recursos Hídricos consolidada pela Lei n. 9.433.
Em geral, as represas, açudes e reservatórios de acumulação de águas enfrentam
considerável depreciação da qualidade de suas águas devido aos processos de eutrofização,
assoreamento, salinização e contaminação fecal. Dessa forma, a escassez cada vez mais
acentuada de mananciais de águas de qualidade, adequadas ao abastecimento público, mesmo
aquelas que necessitam de tratamentos convencionais, somando-se ao crescente consumo dos
centros urbanos, são os fatores determinantes que despertam o interesse para o reúso de água,
notadamente nestas duas últimas décadas (CORSE)
(4)
.
A água constitui um elemento essencial à vida animal e vegetal. Seu papel no
desenvolvimento da civilização é reconhecido desde a mais remota antigüidade. O homem tem
necessidade de água de qualidade adequada e em quantidade suficiente para todas suas
necessidades, não para a proteção da saúde, como também para seu desenvolvimento
econômico.
Através de seu ciclo hidrológico, a água está em permanente contato com os constituintes
da atmosfera e da crosta terrestre, dissolvendo as mais diversas substâncias químicas e carreando
13
outras que se encontram em suspensão além daquelas em que o homem, por suas múltiplas
atividades, introduz nos sistemas hídricos. Assim, pode-se classificar os poluentes em naturais e
artificiais. Os naturais constituem-se de substâncias minerais e orgânicas, dissolvidas ou em
suspensão, além de gases provenientes da atmosfera ou de transformações microbianas da
matéria orgânica, sem que tenham sido gerados por fontes antropogênicas.
Quanto aos artificiais, são provenientes de ações humanas, como por exemplo, os
produtos químicos empregados no tratamento de água, tais como sulfato de alumínio, cal, entre
outros.Quando utilizados em excesso durante o tratamento convencional de água, podem
provocar sua contaminação; o uso inadequado e crescente de herbicidas, carrapaticidas,
inseticidas, raticidas, largamente empregados no combate as pragas da agricultura e aos vetores
de doenças humanas e animais são também carregados, através das chuvas, para os cursos
d’água.
Os biocidas são compostos orgânicos sintéticos que podem poluir as águas subterrâneas
ou superficiais. Outras fontes de poluição são os despejos de indústrias que envolvem uma
variedade de produtos; os esgotos sanitários que, além da matéria orgânica descartada pelo
homem, contém, entre outras substâncias, detergentes, cujas transformações microbianas revelam
grande importância no balanço de oxigênio dos cursos d’água.
No tocante a emissão de gases de fábricas, incineradores, entre outros, algumas dessas
substâncias acabam por precipitar diretamente na água ou para ela são carreadas pelas chuvas,
contribuindo com a degradação da qualidade dos recursos hídricos disponíveis.
Todos os poluentes admitem concentrações ambientais que podem ser inofensivas aos
seres vivos mas, se aumentadas, podem começar agir deleteriamente sobre os mesmos, podendo
levar até a morte.
14
Água pura, na acepção da palavra, não existe na natureza, pois sendo um ótimo solvente,
nunca é encontrada em estado de absoluta pureza. Possui uma série de impurezas que vão
imprimir características físicas, químicas e biológicas à sua qualidade. A água destinada ao uso
doméstico deve ser desprovida de gosto, odor, entre outras características, ao passo que a
destinada para usos menos nobres, não necessita apresentar as mesmas características nem os
mesmos cuidados. Portanto, a qualidade da água desejável é função da qualidade da água do
manancial e do sistema de tratamento adotado.
A água destinada ao consumo domiciliar deve ser potável, livre de substâncias tóxicas,
não conter quantidades excessivas de substâncias minerais ou orgânicas, não estar contaminada
com agentes capazes de infectar o consumidor através da transmissão de qualquer moléstia de
veiculação hídrica, conforme preconiza o Decreto 8.468 da Secretaria do Meio Ambiente do
Estado de São Paulo (ESTADO DE SÃO PAULO)
(5)
.
SANTOS
(6)
relata que os problemas de saúde, devido ao reúso de águas provenientes do
esgoto bruto ou insuficientemente tratados, decorrem do precário controle de microorganismos
patogênicos e dos contaminantes físicos e químicos.
Quanto a palatabilidade, a água deve ser agradável aos sentidos, pela sua “limpidez”,
portanto livre de cor e turbidez, pela ausência de sabor e odor e pela adequada temperatura. Para
tanto, sua composição deverá atender aos padrões de qualidade estabelecidos às que são
destinadas ao abastecimento. Esses padrões são representados particularmente pelos de
potabilidade que prevêm quantidades máximas de espécies químicas que podem ser toleradas nas
águas de abastecimento, quantidades essas fixadas através de Leis, Decretos ou regulamentos
regionais (PEREIRA)(ABREU)
(7,8)
. Nesse sentido, procura-se despertar a preocupação com a
preservação do meio ambiente, não obstante a necessidade de se propiciar um desenvolvimento,
porém de forma que não comprometa os recursos naturais.
15
Com esse intuito, empreendimentos imobiliários, em vel mundial, vem também
experimentando mudanças tecnológicas, a fim de melhorar sua compatibilidade com o meio
ambiente. Diminuição e reaproveitamento dos efluentes, uso de combustíveis alternativos e
adoção de rotinas de controle de manutenção são aspectos importantes, uma vez que estão
relacionados diretamente com a saúde da população. Entretanto, essa preocupação não se aplica
apenas à diminuição da emissão de esgotos, mas também aos insumos ou recursos utilizados
para a boa operação do sistema, destacando-se o uso da água para limpeza, rega de jardim e
sanitários.
No Brasil, assim como em outros países em desenvolvimento, os empreendimentos
imobiliários vêm provocando danos ao ambiente com diversos tipos de poluição ambiental. Entre
eles destaca-se a geração significativa de efluentes provenientes da emissão de esgoto. Daí a
utilização de água potável mineral de outras fontes úteis para a alimentação e consumo humano,
descartando no meio ambiente uma grande quantidade de poluentes provenientes desses
processos.
Uma das alternativas que se tem apontado para o enfrentamento do problema é o reúso de
água, importante instrumento de gestão ambiental do recurso água e detentor de tecnologias
consagradas para a sua adequada utilização. Critérios e padrões de qualidade a serem aplicados
em um sistema de reúso de água são de suma importância ressaltando-se a questão da saúde
pública, a aceitação da água pelo usuário, a preservação do ambiente, a qualidade da fonte da
água para reúso e a adequação da qualidade ao uso pretendido.
Nesse sentido, no Brasil destaca-se o pioneirismo de um parque temático. O
empreendimento localiza-se junto a um córrego classificado como de classe 2 pelo Decreto
Estadual n. 8.468 de setembro de 1976 e pela resolução 20 do CONAMA. De acordo com este
dispositivo legal, esse corpo de água pode servir como manancial para abastecimento público
16
após tratamento convencional. Nessas condições, quando o empreendimento foi projetado, a pré-
condição imposta pela agência paulista de meio ambiente, a Companhia de Tecnologia em
Saneamento Ambiental CETESB, foi a de “descarte zero” do efluente líquido no corpo receptor
(MANCUSO)
(15)
.Além das restrições de lançamento, foram impostas rigorosas medidas de
proteção aos funcionários e freqüentadores, na maioria crianças.
A idéia central da presente dissertação é a possibilidade de ampliação da experiência
desse empreendimento, como ação afirmativa para promoção da saúde e sugestões de resolução
de problemas semelhantes para o reúso da água.
17
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Reúso das Águas Residuárias
Nas últimas décadas, o reúso das águas residuárias para fins não potáveis vem sendo
implantado em todo o mundo. Esse fato é devido a crescente dificuldade de atendimento à
demanda de água para os centros urbanos; escassez cada vez maior de mananciais próximos e
qualidade inadequada das águas de abastecimento público e que necessitam de tratamento não
convencional. Com essa tendência de reúso, importantes volumes de águas potáveis poderão ser
poupados, usando-se as de menor qualidade, geralmente efluentes secundários pós-tratados, para
atendimento de finalidades que podem prescindir da potabilidade (MANCUSO)
(15)
.
As imagens mais comuns associadas ao reúso das águas estão normalmente ligadas ao
abastecimento doméstico, industrial e agrícola. Entretanto, a reutilização de águas afeta outros
usos dos recursos hídricos, tais como a diluição dos despejos nos cursos d’água receptores, o uso
de mananciais para abastecimento, navegação, atividades recreacionais, pesca e até mesmo para
geração de energia elétrica. Assim torna-se imprescindível que o reúso das águas seja abordado
sob a ótica do uso múltiplo dos recursos hídricos.
São muitas as formas e configurações de reúso das águas. A seleção de uma determinada
alternativa deve considerar seus efeitos locais e regionais, em termos atuais e estimados para o
futuro. Os impactos sociais, ambientais e econômicos, positivos e/ou negativos, causados pelo
reúso planejado devem ser criteriosamente avaliados para que a proposta se aproxime dessa
otimização hídrica. A forma de reúso pode ocasionar importantes alterações na qualidade e na
quantidade de água, bem como na morfologia dos corpos d’água devido às mudanças no regime
de transporte da descarga sólida nesses recursos.
A transposição do recurso hídrico entre bacias hidrográficas pode, às vezes, gerar
conflitos entre as necessidades dos usuários das bacias afetadas, trazendo para a bacia
18
importadora, com é o caso da Região Metropolitana de São Paulo, por exemplo, a necessidade de
captar mananciais adequados cada vez mais distantes do polo consumidor. Por outro lado, a bacia
exportadora do recurso hídrico tem sua oferta para consumo local diminuída, com eventuais
prejuízos para a manutenção de sua qualidade de vida. O reúso das águas surge como forma de
minimizar, ou mesmo evitar esses conflitos (MANCUSO)
(15)
. O reúso pode ser classificado de
três formas: potável direto, potável indireto e não potável.
2.2. Reúso potável direto
MANCUSO
(16)
denomina reúso potável direto como a prática em que o esgoto, tratado
por meio de processo avançado é injetado numa adutora de água potável. Atualmente, não se
recomenda o reúso potável direto pelo fato da tecnologia disponível ser de custo proibitivo, da
inexistência de adequados conhecimentos, necessários, acerca do rol de poluentes e
contaminantes do reúso hídrico e da dificuldade em se controlar a flutuação da água processada,
podendo trazer riscos inaceitáveis à população. Mesmo em países desenvolvidos, tal prática não é
usual em virtude dessas dificuldades. Em uma escala de prioridades de problemas do saneamento
básico brasileiro, o reúso potável direto não deve ser o primeiro da lista.
A conceituação do reúso potável tem sido também vista sob um enfoque mais amplo. A
prática é utilizada sempre que o efluente tratado é reutilizado pelo mesmo usuário, com ou sem
diluição; todavia, se lançados em cursos d’água, propicia a autodepuração natural para purificá-
lo, antes da captação para novo uso (MANCUSO)
(16)
.
2.3 – Reúso potável indireto
O esgoto tratado, quando lançado em corpos d‘ água ou infiltrado no terreno, reforça a
disponibilidade das águas superficiais ou subterrâneas, configurando o reúso natural, onde fatores
como a diluição e a reaeração, no caso das águas de superfície, promovem a purificação natural
19
do recurso hídrico, viabilizando sua captação, tratamento e consumo como água potável. Podendo
ocorrer de forma planejada ou não.
No caso de águas superficiais, podem ser planejadas obras para descargas intencionais a
montante do ponto de captação. A diluição é dependente do volume de água disponível no corpo
receptor e a reaeração da velocidade das águas no rio. No caso de águas subterrâneas, recargas
planejadas de esgoto tratado podem ser feitas por infiltração, percolação no solo ou por injeção
pressurizada. Ambas modalidades reforçam o aqüífero.
Recomenda-se que tal forma de reúso seja estudada e otimizada no Brasil, através do
gerenciamento competente das bacias hidrográficas regionais e da consideração de seus efeitos
sobre o uso planejado para o aqüífero.
2.4. Reúso não potável
Na agricultura assim como na pecuária, o reúso ocorre quando o efluente das Estações de
Tratamento de Esgotos (ETE), convenientemente condicionado, é utilizado para irrigação da
plantação de sustento ou forrageira e/ou para a dessendentação de animais. Como conseqüência
dessa modalidade de reúso, na maioria das vezes, ocorre à recarga do lençol freático. Assim
sendo, a qualidade da água para esse tipo de reúso deve ser avaliada, observando-se os limites
normalizados para poluentes permitidos em águas de irrigação.
No caso do efluente destinar-se à recarga de solos de textura fina, neutros ou alcalinos,
com alta capacidade de remoção dos diferentes poluentes, sua aplicação pode ser realizada em
períodos, antes que o destinado ao cultivo de plantas mais sensíveis a determinados poluentes, em
solos arenosos, e que tenham baixa capacidade de reação e capacidade de remoção do poluente
em questão, sua reutilização deve ser feita em períodos mais prolongados que os anteriores.
Na indústria quando necessário, os efluentes das ETEs, convenientemente condicionados
por tratamento posterior, destinados às torres de resfriamento, caldeiras, água de processamento,
20
construções civis ou fins menos nobres, que possam prescindir da qualidade da água potável
(LAVRADOR FILHO)
(17)
. Alguns processos industriais podem exigir qualidade superior da água
potável, o que deve ser objeto de estudo e negociação.
Por outro lado, são freqüentes os casos em que as indústrias estudam a conveniência de
captar seus próprios despejos. Nesse caso, recomenda-se atenção prioritária para essa modalidade
de uso, pois as indústrias são grandes consumidoras, favorecendo a viabilidade econômica do
empreendimento por se tratar de adução para consumo localizado. Em São Paulo, foi estimado
que dos 55 m
3
/s de água potável distribuída, 13% são consumidos pela indústria
(MANCUSO)
(16)
.
LEVY e PLONSKY
(18)
estimaram que os grandes consumidores cresceriam sua demanda
de 2,4 m
3
/s para 16,8 m
3
/s até a primeira década do século 21. Grande parte dessa água de
excelente qualidade poderia ser poupada se a SABESP fornecesse o efluente de suas ETEs para
esse segmento de consumo. Em algumas situações, como ocorre em algumas cidades
industrializadas paulistas, o efluente das ETEs pode se constituir de uma alternativa natural para
o suprimento de água para várias atividades dessa área.
O Rio Tamanduateí tem suas vazões de estiagem quase inteiramente formada pelos
esgotos da Região Metropolitana. Tal vazão diminuirá quando a ETE/ABC da Companhia
Estadual de Saneamento Básico - SABESP começar a operar, pois os coletores marginais às
calhas dos rios farão a interceptação dos esgotos, atualmente seus tributários diretos. A SABESP
distribuindo seu efluente tratado, de melhor qualidade para as indústrias, do que a água hoje
captada nos rios mencionados(LAVRADOR FILHO)
(17)
.
Considerando a importante parcela de água potável que é consumida em todas as
metrópoles brasileiras, o Conselho Econômico e Social das Nações Unidas vem endossando a
política:
21
“Nenhuma água de qualidade superior à requerida para um determinado fim deve ser
utilizada, salvo se encontra-se em excesso, se o fim pretendido tolerar uma água de qualidade
inferior”.
Outra forma de reúso industrial é praticada dentro da própria indústria, obedecendo o
princípio de economicidade, segundo o qual a água deve ser reutilizada o maior número de vezes
possível, antes de ser finalmente descartada. Esse processo de reciclagem interno às instalações
industriais normalmente requer alternativa, devendo ser levados em consideração, dentre outros
fatores, a elevação da temperatura, nutrientes, pH, sólidos em suspensão, cargas orgânicas, metais
pesados e tóxicos (HAMANN)
(19)
.
O reúso das águas, convenientemente tratadas, tem sido empregado com sucesso mesmo
com aquelas destinadas à reposição nas torres de resfriamento, com altos ciclos de evaporação e
recirculação. Nesses casos os requisitos de qualidade são severos, devido ao possível acúmulo de
contaminantes durante os ciclos (HAMANN)
(19)
.
As instalações de reciclo de água industrial são de iniciativa da própria indústria, cabendo
ao Estado controlar a qualidade e a quantidade do efluente descartado.
No tocante aos fins recreacionais e/ou públicos, essa prática é voltada para o reúso do
efluente das ETEs convenientemente condicionado por tratamento posterior, para irrigação de
parques e campos de esporte, rega de jardins, lagos ornamentais e/ou recreacionais, postos de
serviço para lavagem de automóveis.
A remoção de nutrientes é desnecessária quando o reúso for praticado para a irrigação
urbana, havendo inúmeros exemplos em outros países (MANCUSO)
(15)
.
Para fins domésticos, o reúso das águas de efluentes das ETEs convenientemente
condicionados por tratamento específico, é praticada na rega de jardins residenciais, lavagem de
carros, águas verdes de condomínios, descargas de vasos sanitários.
22
No Japão, as normas da construção civil recomendam que condomínios, hotéis e hospitais
sejam construídos com sistemas particulares de reaproveitamento de águas servidas. Por
exemplo, a água proveniente do ralo do chuveiro ou da banheira é conduzida por canos
independentes até um pequeno reservatório que abastece os vasos sanitários do edifício. Só
depois desse ciclo, essas águas são consideradas esgoto e, em algumas cidades, é tratado e
reutilizado em processos industriais.
No que se refere à manutenção de vazões mínimas de cursos de água, o efluente de ETEs
pode garantir a diluição dos esgotos, de fontes pontuais ou não. (MANCUSO)
(15)
recomenda que
tal modalidade seja utilizada.
Uma outra possibilidade do emprego do reúso é na aquacultura. Esgotos
convenientemente condicionados podem alimentar reservatórios destinados à produção de peixes
e plantas aquáticas, a fim de obter alimentos e/ou energia da biomassa aquática. (MANCUSO)
(15)
recomenda que tal modalidade seja utilizada quando demonstrada sua viabilidade econômica.
A recarga de aqüíferos subterrâneos, pode ser feito pelo reúso das águas efluentes das
ETEs convenientemente condicionados por tratamento posterior a fim de estabilizar o aqüífero,
ou para evitar a intrusão de águas salinas em cidades à beira mar. A recarga permite a redução
dos custos de bombeamento, uma vez que o nível da água subterrânea aumenta após a recarga.
Essa operação pode ser feita por injeção pressurizada ou por meio do uso da água
superficial, cuja vazão de base tenha sido reforçada pela recarga do aqüífero alimentador. No
primeiro caso a qualidade da água deve ser tal que não acarrete o entupimento do poço de injeção
e/ou do aqüífero de retorno desse poço.
23
2.5. Processo de Separação por Membrana
Observando-se os tecidos vegetais e animais, a engenharia conseguiu fabricar as
membranas semipermeáveis. Desta forma, pode-se entender que essas membranas desempenham
uma função parecida com os processos naturais que ocorrem nos intestinos dos animais e nas
raízes vegetais para a transferência de nutrientes e remoção de materiais indesejáveis. Assim, a
separação por membrana age como uma barreira seletiva entre duas fases. A força através das
membranas gera componentes que são transportados em direção à superfície da membrana
enquanto outros passam por ela. Nessas condições, a força motriz que comanda o processo,
separa parte das impurezas originais na forma de concentrado.
Nas primeiras aplicações de membranas, a aglomeração de materiais biológicos ou não
(fouling), e a degradação da própria membrana, bem como os custos dos sistemas que
empregavam esses dispositivos e a disposição do concentrado faziam com que essa tecnologia
fosse somente viável quando as impurezas removidas tivessem valor comercial. Com o
desenvolvimento tecnológico dessas membranas, os processos de separação tornaram-se mais
práticos, de tal forma que hoje são encontradas em instalações de sistemas de obtenção de águas
ultrapuras, em dessalinização e em tratamento de efluentes (MANCUSO)
(21)
.
O processo pode ser utilizado para inúmeras aplicações, cada uma com sua própria
característica de separação, como por exemplo: (LAUTENSCHLAGER)
(22)
Processos orientados pela pressão: microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração e
osmose reversa;
Processos orientados pela concentração: separação de gases, pervaporação e
diálise;
Processos orientados pela temperatura: destilação por membranas;
Processos orientados pela eletricidade: eletrodiálise.
24
O processo utilizado no presente estudo é o de ultrafiltração, classificado como uma
operação de clarificação e desinfecção por membranas, que são meios porosos que permitem a
rejeição de solutos maiores (macromoléculas) e de vários tipos de microorganismos como vírus e
bactérias. A maioria das membranas utilizadas no tratamento de água são membranas orgânicas
fabricadas com polímeros, poliamida aromática, acetato celulose ou filme fino composto (thin-
film composite – TFC).
Figura 01: Membranas usadas no estudo de caso.
Fonte: Parque Temático
2.6. Reator Biológico com Membrana (MBR)
O reator biológico com membrana (MBR) é um conceito relativamente novo para o
tratamento de efluentes. No MBR a separação sólido líquido é feita por um processo combinado
físico e biológico usando um sistema de membranas. A membrana é usada na corrente de
recirculação ou submersa no reator ou em outro tanque separado. Desta forma a membrana atua
como uma barreira que retém colóides e macromoléculas incluindo bactérias. O efluente tratado
25
por este processo tem características similares a efluentes de ETEs dotadas de posterior
tratamento por ultrafiltração. Porém o MBR tem vantagem especial para sistemas de tratamento
pequenos, onde sistemas compactos e uma alta qualidade do efluente é requerida
(LAUTENSCHLAGER)
(22)
. As figuras 01 e 02 mostram detalhes dos módulos das membranas.
Figura 02: Membrana utilizada no empreendimento estudado
Fonte: Parque Temático
26
3. OBJETIVOS
3.1. Geral:
Demonstrar a viabilidade técnica de sistemas de captação, tratamento e reúso de efluentes
em empreendimentos imobiliários, tendo como estudo de caso um parque temático.
3.2. Específicos:
1- Identificar, na literatura especializada, os principais tipos de reúso de água.
2- Identificar, na literatura especializada, os processos e operações unitárias a serem
empregados no tratamento de esgotos para atender a modalidade de reúso de água
empregada no estudo de caso.
3- Avaliar o desempenho de um sistema de reúso equivalente ao que poderia ser
empregado em um empreendimento imobiliário como um loteamento, condomínio,
vila, etc.
27
4. MÉTODOS
A pesquisa foi efetuada por meio das seguintes metodologias:
1ª - Caracterização do empreendimento estudado.
O empreendimento foi caracterizado de forma geral. Não foram objeto de estudo as atividades
recreacionais e os brinquedos existentes no parque.
- Descrição do atual sistema de interceptação, coleta, tratamento, reúso dos efluentes e
disposição final do lodo gerado.
O sistema de interceptação, coleta, tratamento, reúso dos efluentes e disposição final do lodo
gerado foi descrito de forma mais profunda na fase do tratamento e disposição final do lodo
gerado. A intercepção e coleta desses esgotos, não foram objeto de descrição por dizerem
respeito a um particular sistema, não sendo útil para seu emprego em situações diferentes,como
no caso dos empreendimentos equivalentes. Pelo mesmo motivo o sistema de captação,
tratamento, reservação e distribuição de água potável também não são estudados.
3ª - Levantamento bibliográfico sobre tipos de reúso e do tratamento por membranas.
A inexistência de material bibliográfico específico, concentrou a pesquisa bibliográfica nas
bibliotecas da Universidade de São Paulo e da Companhia Estadual de Saneamento Básico
SABESP. Pelo fato de reúso ser uma área do saneamento ambiental relativamente nova, foi
possível considerar todo material existente nessas instituições.
- Especificação da qualidade da água para as diversas modalidades de reúso em
empreendimentos imobiliários equivalentes.Foram feitas considerações e adaptações às normas
internacionais, com base no estudo de caso.
- Avaliação do sistema de reúso de água do empreendimento com base na legislação existente,
nos dados do projeto e nos dados operacionais.
28
Importante fase do trabalho foi feita mediante observações “in loco”, consultas com operadores
do sistema, com participantes do projeto e análise crítica dos dados laboratoriais analíticos.
29
5. RESULTADOS
A idéia do emprego do reúso de água em empreendimentos imobiliários vem ganhando adeptos
no Brasil.
Foi divulgado em panfletos de divulgação o lançamento de um edifício em São Paulo em que o
apelo comercial foi feito em cima do reúso de água. Nas descargas sanitárias desse prédio, seria
utilizada água de reúso. Apresenta-se em anexo a referida matéria publicitária.
Figura 03: Propaganda de um edifício com projeto de reúso
O CenterVale Shopping em São José dos Campos também tem empregado essa tecnologia.
(LIMA)
(21)
, em suas torres de resfriamento.
30
Entretanto, em loteamentos residenciais a inexistência de equipamentos que demandem
grandes vazões de água apontam para três principais possibilidades de reutilização de água:
descargas sanitárias, rega de jardins e lavagens de pisos.
Assim sendo, adotou-se o estudo de um caso de um empreendimento equivalente que
utiliza exatamente essas três formas de reúso.
5.1. Caracterização do Parque Temático
O parque localiza-se em Vinhedo-SP, as margens da Rodovia dos Bandeirantes Km 72. A
área do terreno ocupada é de 760.000m². O abastecimento de água do parque é feito por poço
profundo. O número de empregados varia em função da operação do parque. Em geral, são
empregados 100 funcionários em dia de parque fechado (administrativo e manutenção).
Em funcionamento, o parque utiliza cerca de 800 funcionários (100 da manutenção e
administração e 700 da operação) e durante os fins de semana permanecem os 700 funcionários
da operação. A média histórica diária de visitantes é de 8.000 pessoas .
A média do número de refeições servidas nos restaurantes do parque, varia de 8.000 a
10.000/dia, e a média das refeições servidas aos funcionários é de 680/dia. O Projeto inicial do
parque previa um recebimento de até trinta mil visitantes por dia, em condições de pico.
Dependendo da época do ano, a freqüência pode oscilar e, como conseqüência, a vazão do
efluente apresenta um comportamento equivalente. A tabela 1 apresenta os valores máximos para
os parâmetros estabelecidos.
O Parque possui capacidade de atender cerca de 5.000 pessoas por hora na parte de
alimentos e bebidas gerando entre 2 toneladas (com 4 mil visitantes) de lixo por dia e 9 toneladas
(com 18 mil visitantes).
Como foi mencionado no capítulo introdutório, em razão das restrições ambientais legais,
o projeto do sistema de captação, tratamento e distribuição de água, bem como o de coleta e
31
tratamento dos esgotos gerados, foi concebido tendo como objetivo alcançar o desafio do
descarte zero nos corpos de água superficiais.
Tabela 1 : Sistema de reúso, dimensionado com base em informações fornecidas pelos empreendedores.
Demanda de água (m³/d)
Uso Unidade
Taxa
L/un/d
Quantidade
máxima
Total Potável Reúso
Esgoto
gerado
m³/d
Sanitário de
visitantes
Pessoa 40 14.750 590 147,5 442,5 578,2
Sanitário de
funcionários
Pessoa 57 1.161 66,2 16,55 49,65 64,9
Alimentação
Pessoa 7 15.911 111,4 111,4 0 66,8
Lavagem de
pisos
4 9.000 36,0 0 36,0 0
Irrigação 3 90.000 270,0 0 270,0 0
Brinquedos --- --- --- 90,0 90,0 0 88,2
Total m³/d --- --- 1.163,6 365,4 798,2 798,1
Fonte: Dados fornecidos pelos empreendedores
Para abastecimento de água potável, o Parque Temático utiliza águas subterrâneas. São
dois poços profundos, com aproximadamente 200 metros de profundidade e vazão média de 40
m³/hora.
A água dos poços é de excelente qualidade, necessitando apenas de desinfecção, não sendo
preciso passar por uma estação de tratamento. O processo de desinfecção é realizado por meio da
adição de hipoclorito de sódio na água.
32
Após desinfetada, a água abastece bebedouros, torneiras, fontes e todas as atrações
aquáticas com brinquedos do Parque. O Empreendimento possui 234 vasos sanitários e a caixa
d'água possui 3 milhões de litros, tendo comparativamente mais água que uma piscina olímpica e
sendo maior até mesmo que o volume de água de um parque aquático.
Toda a água é armazenada em um reservatório com capacidade para 3.000 m³, localizado
no ponto mais alto do Parque, sendo esta água armazenada também como reserva de incêndio.
O sistema distribuidor de água potável é composto por:
900 metros de rede de adução e
4.360 metros de rede de distribuição.
O esgoto gerado nos sanitários, bares e restaurantes é captado em uma rede que conduz a
um tanque de homogeneização, aerado, que age como um “pulmão”, alimentando o tratamento de
acordo com a quantidade de efluente gerado. A seguir, o esgoto é conduzido ao tanque de aeração
onde a separação da biomassa é feita por membranas com forma de filetes ocos, montados em
pacotes, denominados quadros pelo fabricante.
Cada quadro contém 6 módulos de membranas “zeewed 500”. Como existem dois tanques,
são quatro os cartuchos no sistema estudado (figuras 1 e 2).
As membranas são agrupadas por módulos submersos no tanque de aeração e as fibras ocas
ficam diretamente em contato com o efluente e com o lodo. Vácuo é criado nas fibras ocas,
através da sucção da bomba de permeado, permitindo que o efluente tratado passe pela
membrana, penetre em seu interior e, a seguir, seja bombeado para fora do tanque de aeração. A
introdução de ar no fundo do módulo cria turbulência que limpa a superfície das membranas e
mantém sua taxa de filtração. O efluente tratado é constituído do material filtrado que tem
características ideais para reutilização. A figura 4 apresenta um desenho esquemático do sistema
33
de separação da biomassa do efluente tratado, enquanto que a figura 05 mostra os quadros sendo
retirados para limpeza e na figura 06, é mostrada a operação de lavagem das membranas.
Figura 4: Esquema de funcionamento das membranas.
Fonte: Parque temático
De acordo como os dados cedidos pelo parque, a porosidade das membranas é de 0,1 µm, o
que faz com que sejam retidos tanto materiais insolúveis (bactéria, colóides, sólidos suspensos)
como materiais de alto peso molecular (moléculas de óleo e sólidos pequenos); obtendo-se uma
qualidade excelente do material filtrado com características ideais para reutilização.
O material retido no container é periodicamente descartado (lodo), e a freqüência do
descarte depende das condições de operação e da quantidade de efluente gerado.
O lodo gerado (parte sólida do efluente) é encaminhado para uma usina de compostagem.
Nessa usina o lodo é transformado de forma a ser usado como condicionador de solo, que i
auxiliar o desenvolvimento de plantas e vegetais. A operação da estação de tratamento é
totalmente automatizada, controlada por um computador central. Em um painel de controle, são
registrados todos os dados, valores, válvulas abertas ou fechadas, entre outras informações que
irão ajudar o operador a controlar o tratamento.
34
O efluente tratado ao sair da estação passa a se chamar “água de reúso”. Por ser de boa
qualidade, o Parque reutiliza essa água para fins como lavagem de pisos, irrigação de áreas
verdes e vasos sanitários, atividades consideradas menos nobres. Em nenhum momento desse
ciclo a água tratada pela ETE entra em contato com pessoas. Todos as atrações aquáticas do
Parque usam água potável para o seu funcionamento.
O Parque implantou um plano de controle de qualidade, onde amostras da água são
coletadas nas várias fases do sistema de captação, tratamento e reúso dos efluentes, e submetidos
à exames físicos, químicos e microbiológicos. Os resultados desses exames são apresentados nas
tabelas 3 e 4.
Figura 5: Cartucho de membranas sujo retirado para limpeza.
Fonte: Parque Temático
35
Figura 6: Cartucho com 6 módulos de membranas do empreendimento sendo lavados.
Fonte: Parque Temático
Os produtos utilizados no tratamento do efluente são:
Sulfato de alumínio: dosado na entrada da estação. Ajuda no processo de coagulação
dos sólidos, facilitando a separação do efluente.
Soda caústica: corrige o pH na entrada do tratamento.
Cloreto férrico: dosado no lodo agindo como coagulante, facilitando sua prensagem.
Cal hidratada: corrige o pH do lodo.
Hipoclorito de sódio: dosado na água tratada. Age como desinfectante, combatendo agentes
patogênicos.
36
O efluente do tratamento biológico, após a desinfecção com hipoclorito de sódio e correção
de pH, é recalcado para um reservatório central de água de reúso. Em seguida, por meio de um
sistema duplo de distribuição, parte desse efluente é conduzido aos reservatórios dos sanitários
para uso em descargas sanitárias. A outra parte vai para reservatórios separados destinados à rega
dos jardins e gramados do parque por meio de aspersões (figura 8).
O dimensionamento da estação de tratamento de esgotos, dos reservatórios de equalização
da água de reúso segundo (MANCUSO)(21),foi feito com otimização conjunta, resultando em
uma unidade de tratamento com capacidade nomimal de operação de 600 m³/dia. Essa instalação
admite picos de vazão de até 1.000 m³/dia sendo essa uma característica operacional de
biorreatores com membranas.
O reservatório de equalização, de 1.300 m³, conta com um sistema de injeção de ar difuso
que visa eliminar eventuais problemas de odor. Existem ainda dois reservatórios de água de
reúso, em série, de 600m³ cada um.
Figura 7: Balanço hídrico e número médio mensal de visitantes desconsiderando perdas.
Fonte: (MANCUSO)(21).
37
A figura 7, apresentada por (MANCUSO)(21), mostra o esquema de funcionamento do
sistema hidráulico do parque, com as vazões estimadas na fase do projeto e esquema de
funcionamento da ETE na figura 11.
Pela abundância de área ajardinada (aproximadamente 150.000 m²), o descarte zero no
corpo receptor é garantido pela rega dessa área. A possibilidade do contato do blico do parque
com a água de reúso não pode ser descartada. Desta forma, os projetistas assumiram que
ingestões acidentais desta água poderiam ocorrer, porém essas ingestões não poderiam
representar riscos à saúde. Optou-se por vegetação salino resistente, pela possibilidade também
de sanilização do solo, tendo em vista que o descarte final se faz nos jardins e gramados do
parque.
Figura 8: Bico para irrigação dos jardins do parque.
Fonte: O Autor
38
Figura 9: Container que abriga o sistema de membranas
Fonte: O Autor
Figura 10: Estação de tratamento vista aérea.
Fonte: O Autor
39
Figura 11: Esquema do funcionamento da estação de tratamento.
Fonte: Parque Temático
No sentido de acompanhar operacionalmente o sistema de tratamento, são realizadas
análises físico-químicas e bacteriológicas na água de reúso a fim de garantir a qualidade do
tratamento.
O Parque Temático tem como preocupação além dos seus efluentes, também os seus
resíduos sólidos. Assim sendo, foi criado um centro de triagem para separar e processar todos os
resíduos gerados pelos visitantes e pelos funcionários.
As lixeiras do Parque são identificadas, auxiliando e incentivando os visitantes a
participarem da coleta seletiva.
40
Figura 12: Lixeiras para separação de resíduos espalhadas pelo parque.
Fonte: O Autor
O Centro de Triagem é operado por funcionários que realizam a separação dos resíduos
gerados nas atividades do parque, classificados em: recicláveis, orgânicos e inertes.
Os recicláveis são formados por plástico, papel, papelão, vidro, alumínio, metal e
embalagem longa vida. Após a separação, esses materiais voltam para o mercado para se
tornarem novos produtos.
Os orgânicos são as sobras de alimentos e o lodo (parte sólida) que saiu da ETE (Estação de
Tratamento de Esgotos). Esses materiais são enviados para uma Usina de Compostagem e
transformam-se em adubo orgânico, que vão auxiliar no desenvolvimento de flores, árvores e
outros vegetais.
Os inertes que são os resíduos sólidos (lixeiras, gomas de mascar, resíduos de varrição,
filtros de cigarro e isopor) seguem para um aterro sanitário e formam a menor parcela entre todos
os resíduos do parque.
41
As lixeiras no parque encontram-se disponíveis em locais estrategicamente escolhidos
(figura 12) e a figura 13 ilustra, de forma esquemática, todo o processo, desde a captação até a
disposição final dos resíduos sólidos.
Figura 13: O caminho que o lixo percorre no parque.
Fonte: Parque temático
O Caminho do Lixo
no Parque
42
5.2. Parâmetros de Projeto
A tabela 2 apresenta os dados de projeto obtidos com os empreendedores, e os
parâmetros do sistema :
USO UNIDADE TAXA
(l/un/d)
QUANTIDADE
Sanit. Visitante pessoas 40 0 a 30.000
Sanit.
Funcionários
pessoas 57 500 a 1.300
Alimentação pessoas 7 500 a 31.300
Piso m2 10 0 a 45.000
Jardins m2 3 0 a 150.000
Brinquedos m3/d - 90
Perdas % - 1 a 5
Tabela 02: Parâmetros do sistema
Fonte: Parque temático
5.3. Parâmetros de Qualidade de Água para Reúso
A ausência de uma classificação específica para reúso de água em parques temáticos, na
literatura especializada, conduziu à adoção da mesma classificação de água para fins urbanos e
domésticos, compatível também com o uso em descargas sanitárias, lavagem de pátios e rega de
jardins encontrada na Water Environment Research Foundation ( Assessment Report, Water
Reuse. USA, 1994) e a Environmental Protection Agency EPA. (Manual Guidelines for Water
Reuse. Washington, 1992).
Assim sendo, foram considerados os seguintes parâmetros:
5.3.1. Parâmetros Físicos e Químicos
•Cor 15 UC
•Odor: Ausentes
•Turbidez: 5,0 NTU
•pH: 6,5 – 8,3
•OD (oxigênio dissolvido): Aeróbica (não restritivo)
43
•DQO (demanda química de oxigênio): 60 mg/L (não restritivo)
5.3.2. Parâmetros Inorgânicos
•ATA (agentes tenso ativos): 0,2 mg/L
•SST (sólidos totais em suspensão): <5,0 mg/L
•Cloretos: não prejudicial a plantas cloreto sensíveis (<600 mg/L)
•Sólidos sedimentáveis: ausentes
•Materiais flutuantes e espuma: ausentes
•Óleos e graxas: ausentes
5.3.3. Parâmetros Microbiológicos
•Patógenos: ausentes
•Coliformes totais: 2,2/100 mL
•Coliformes fecais: ausentes
•Nematodos intestinais: 1 ovo/L em toda amostra analisada.
44
6. DISCUSSÃO
A água de reúso deve ter alto grau de tratamento e desinfecção, não podendo ter a presença
de patógenos por causa de sua acessibilidade ao público.Pesquisando as literaturas especializadas
conclui-se que para emprego do reúso de água em empreendimentos equivalentes, segundo
(MANCUSO)(21),devem também ser evitadas as ligações cruzadas (cross conections) como em
sistema de água potável, sendo absolutamente necessário o emprego de sistemas duplos de
distribuição para a água de reúso e para a água potável.
A tabela 3 apresenta os resultados dos valores máximos dos parâmetros controlados, desde
o início da implantação do parque em 1999 até 2001.
Tabela 3: Valores Máximos referentes ao período entre 1999/2001 (número de amostras coletadas n = 56).
(Salvo indicações, todos valores em mg/L)
Parâmetros Bruta
(saída tanque de
homog.)
Tratada
(saída da estação)
Xmáx
Limite (Item 5.3)
PH 7,16 7,9 6,5 – 8,3
Cor (UC) __ 10 15 UC
Turbidez (NTU) __ 0,5 5 NTU
Cloretos __ __ 600
Cloro residual __ __ 0,5
Odor __ ausente Ausente
OD
(Oxigênio dissolvido)
__ __ Aeróbia
DQO
(Deman. Quím. de O2)
620 40 60
45
Tabela 3: Valores Máximos referentes ao período entre 1999/2001 (continuação)
DBO
(Demanda Bioquím.de
O2)
403 3,2 __
ATA
(Agentes Tensoativos)
0,2 < 0,1 0,2
Materiais Flutuantes presença ausente Ausente
Espumas ausência ausente Ausente
Óleos e Graxas 350 < 0,1 Ausente
N-NH3 (Amônia) 4,15 0,96 __
NKT (Nitrogênio
Kjeldahl total)
5,04 1,12 __
SST
(Sólidos Suspensos
Totais)
__ __ 5
SS
(Sólidos sedimentáveis)
__ __ Ausente
Potássio __ 22,4 __
Fósforo total 3,71 1,0 __
Ortofosfato 0,67 0,62 __
Coliformes totais __ ausente 2,2/100 mL
Coliformes fecais __ ausente Ausente
Ovos de helmintos __ ausente __
Cistos de protozoários __ ausente __
46
Tabela 3: Valores Máximos referentes ao período entre 1999/2001 (continuação)
Pesquisa de larvas __ ausente __
Nematodos intestinais __ ausente 1 ovo/L
Fonte: Parque Temático
Ao longo da pesquisa sentiu-se necessidade de confrontar os dados de 1999/2001 com
dados mais atuais para avaliar realmente a eficácia do sistema assim como seu desempenho.
Foram escolhidos os dados das análises feitas durante o ano de 2005.
Tabela 04:Valores Máximos, Médios e Mínimos referentes à 2005 (número total de amostras coletadas n = 25).
(Salvo indicações, todos valores em mg/L)
Bruta (saída tanque de
homogeneização)
Tratada (saída da estação de
tratamento)
Parâmetros
Xmin X(média)
Xmáx Xmin X(média) Xmáx
Taxa de
remoção (%)
(valor máx.)
Limite
(ver item
6.3)
PH 5,9 7,19 9,6 6,1 7,5 8,5 __ 6,5 – 8,3
Cor (UC) __ __ __ 7,5 10 15 __ 15 UC
Turbidez
(NTU)
__ __ __ 2,5 5,0 10 __ 5 NTU
Cloretos __ __ __ 95,25 138,45 182,44 __ 600
Cloro
residual
__ __ __ 0,0 1,42 5,0 __ 0,5
Odor __ __ __ ausente ausente ausente __ ausente
OD
(Oxig.
dissolvido)
__ __ __ __ __ __ __ Aeróbia
47
Tabela 04:Valores Máximos, Médios e Mínimos referentes à 2005 (continuação)
DQO
(Demanda
Quím. de
O2)
150,00 337,38 826 4,00 22,13 58,00 93,44 60
DBO
(Demanda
Bioquím.de
O2)
2,30 120,42 324 0,10 1,98 3,30 98,36 __
ATA
(Agentes
Tensoativos)
__ __ __ __ __ __ __ 0,2
Materiais
Flutuantes
presença presença presença ausente ausente ausente __ ausente
Espumas ausente ausente ausente ausente ausente ausente __ ausente
Óleos e
Graxas
ausente 16,08 116,00 ausente 9,23 75,00 42,60 ausente
N-NH3
(Nitrogênio
Amoniacal)
0,0 34,94 48,00 0,00 1,92 15,05 94,50 __
Nitrogênio
Nitrito
0,0 5,93 48,00 0,00 0,006 0,034 99,90 __
48
Tabela 04:Valores Máximos, Médios e Mínimos referentes à 2005 (continuação)
Nitrogênio
Nitrato
0,0 20,72 117,50 0,00 45,88 99,00 (54,84) __
NKT
(Nitrogênio
Kjeldahl
total)
3,0 65,6 189,75 0,83 49,79 99,75 24,10 __
SST
(Sólidos
Suspensos
Totais)
1,04 159,04 374,00 ausente 7,33 48,00 95,34 5
SS (Sólidos
Sedimentáv
eis)
__ __ __ __ __ __ __ ausente
Potássio __ __ __ 9,40 18,74 26,60 __ __
Fósforo
total
__ __ __ __ __ __ __ __
Ortofosfato 0,52 3,16 9,90 0,0 1,38 2,86 56,33 __
Coliformes
totais
__ __ __ 0,0 5,0 90,0 __ 2,2/100
mL
Coliformes
fecais
__ __ __ 0,0 0,25 5,0 __ ausente
49
Tabela 04:Valores Máximos, Médios e Mínimos referentes à 2005 (continuação)
Ovos de
helmintos
__ __ __ ausente ausente ausente __ __
Cistos de
protozoários
__ __ __ ausente ausente ausente __ __
Pesquisa de
larvas
__ __ __ ausente ausente ausente __ __
Nematodos
intestinais
__ __ __ ausente ausente ausente __ 1ovo/L
Sódio __ __ __ 82,9 183,10 396,8 __
Fonte: Parque Temático
A seguir (MANCUSO)(21), apresenta os limites recomendados para constituintes em
águas de reúso para irrigação agrícola de acordo com a USEPA (US Environmental Protection
Agency).
Tabela 05: Parâmetros para reúso agrícola
Constituintes
Limite
Recomendado
Constituintes Limite
Recomendado
Alumínio (mg/L) 5,0 Molibdênio (mg/L) 0,01
Arsênio (mg/L) 0,10 Níquel (mg/L) 0,2
Berílio (mg/L) 0,10 Selênio (mg/L) 0,02
Boro (mg/L) 0,75 Estanho, ungstênio,
titânio
__
50
Tabela 05: Parâmetros para reúso agrícola (continuação)
Cádmio (mg/L) 0,01 Vanádio 0,1
Cromo (mg/L) 0,10 Zinco 2,0
Cobalto (mg/L) 0,05 pH 6,0 – 8,5
Cobre (mg/L) 0,2 STD (Sólidos totais
dissolvidos) (mg/L)
500 – 2000
Fluoretos (mg/L) 1,0 SS (Sólidos em
suspensão) (mg/L)
Máx. 30
Ferro (mg/L) 5,0 Cloro residual livre
(mg/L)
Max. 1,0
Chumbo (mg/L) 5,0 Cloretos (mg/L) 100 – 350
Lítio (mg/L) 2,5 Sódio absorção
foliar (mg/L)
Max. 70,0
Manganês (mg/l) 0,2 Sódio absorção
pela raiz (mg/L)
SAR:3 – 9
Fonte: USEPA (US Environmental Protection Agency).
51
7. CONCLUSÕES
Inexiste legislação específica para reúso de água em loteamentos, bairros, conjuntos
residenciais, condomínios.como foi dito no item 5.3, Assim sendo, estudou-se um
empreendimento considerado equivalente, ou seja, onde reúso para descargas sanitárias, rega de
jardins e lavagem de pisos fossem empregados.
Apresentou-se uma análise ao sistema de controle de qualidade implantado no parque,
tendo em conta o significado sanitário e operacional de cada parâmetro, de acordo com
(PIVELI)(27) e (SPERLING)(28). É importante destacar que os comentários tem como objetivo a
adequação do sistema de controle de qualidade do parque a um empreendimento equivalente.
pH: O pH representa a atividade do íon hidrogênio na água, de forma logaritimizada,
resultante inicialmente da dissociação da própria molécula da água e posteriormente acrescida
pelo hidrogênio proveniente de outras fontes, como efluentes industriais (ácido sulfúrico,
clorídrico, nítrico, etc.), dissociação de ácidos orgânicos como o ácido acético, que resulta da
“fase ácidada decomposição anaeróbia da matéria orgânica, bom como outras substâncias que
venham a representar reação ácida com o solvente (água).
No intervalo estudado, a variação entre o valor máximo e mínimo do pH atendeu os padrões
impostos pela USEPA (US Environmental Protection Agency). Entretanto em relação aos limites
impostos pelo parque, observou-se que o valor máximo registrado estava fora do limite
estipulado.
Cor: A cor de uma amostra de água está associada ao grau de redução de intensidade que a
luz sofre ao atravessá-la devido à presença de sólidos dissolvidos, principalmente material em
estado coloidal orgânico e inorgânico.
52
O parâmetro cor em todo período analisado esteve abaixo do limite imposto pelo parquee
pela legislação citada. A cor é importante na descarga sanitária não representando grande
importância para rega de jardins.
Turbidez: A turbidez de uma amostra de água é o grau de atenuação de intensidade que um
feixe de luz sofre ao atravessá-la devido à presença de sólidos em suspensão, tais como partículas
inorgânicas e de detritos orgânicos, algas e bactérias, plâncton em geral, etc.
Verifica-se que o valor máximo é superior aos limites impostos pelo parque. Chama-se a
atenção para o fato de que na legislação citada, esse parâmetro não é considerado, entretanto,
pelo fato de existir uma correlação íntima entre sólidos suspensos e turbidez, recomenda-se sua
manutenção como um controle adicional, para prevenção do entupimento dos bicos do sistema de
aspersão.
Cloretos: O cloreto se apresenta nas águas subterrâneas através de solos e rochas. Nas
águas superficiais são fontes importantes as descargas de esgotos sanitários, sendo que cada
pessoa expele através da urina cerca de 6g de cloreto por dia, o que faz com que os esgotos
apresentem concentrações de cloreto que ultrapassam a 15mg/L. Diversos são os efluentes
industriais que apresentam concentrações de cloreto elevadas, como os da indústria do petróleo,
algumas indústrias farmacêuticas e cortumes. Nas águas tratadas, a adição de cloro puro ou em
solução leva a uma elevação do nível de cloreto, resultante das reações de dissociação do cloro na
água.
O limite imposto pelo parque é bem mais tolerante ( 600) do que o limite adotado por
(MANCUSO)(21) (100 350). Não houve um acompanhamento desde o efluente bruto até o
tratado uma vez tratar-se de um parâmetro importante pelo fato de que valores superiores a 100
53
mg/L podem causar problemas de adsorção foliar e em menor grau, absorção pela raiz. Acima de
350 mg/L podem acarretar problemas ainda mais graves. Uma explicação à essa omissão é que as
plantas usadas no paisagismo do parque são salino-resistentes. Entretanto cuidados com a
salinização do solo também não foram implementados.
Cloro residual: Define-se cloro residual como sendo o cloro presente na água, após a ão
oxidante na ETA, nas formas do ácido hipocloroso ou do íon hipoclorito.Do cloro aplicado no
tratamento desses efluentes, parte é consumida satisfazendo a sua ação oxidante, o que é
chamado cloro consumido ou demanda de cloro, e parte permanece como residual.
Não existem limites para o cloro residual de águas de reúso para fins agrícolas. Entretanto
pelo fato de que no parque são feitos outros tipos de reúso, adotou-se o valor de 0,5 mg/L de
cloro residual livre como sendo o valor mínimo desejável no ponto mais distante do sistema
distribuidor. Observando os dados da tabela 02, constata-se a ausência de cloro residual como
valor mínimo detectado. Porém, chama a atenção pelo fato de que a média observada (1,42 mg/L)
confere bastante segurança à água.
Odor: Uma das principais fontes de odor nas águas naturais é a decomposição biológica da
matéria orgânica. No meio anaeróbio, isto é, no lodo de fundo de rios e de represas e, em
situações críticas, em toda a massa líquida, ocorre a formação do gás sulfúrico que representa
odor típico de ovo podre, de mercaptanas e amônia, este último ocorrendo também em meio
aeróbio. Águas com floração excessiva de algas também podem manifestar odor.
A questão da formação de odores no sistema de tratamento e reúso de água do parque
constitui-se em problema sério. No ínicio da operação do sistema, a exalação de odores de gás
sulfídrico era extremamente alta devido ao longo período de detenção dos esgotos brutos no
54
tanque de homogeneização. O problema foi solucionado com a implantação de um sistema de
aeração por ar difuso nesses tanques,mas houve uma grande influência no teor das diversas
formas de nitrogênio.
OD (Oxigênio dissolvido): OD é o oxigênio que se dissolve nas águas naturais proveniente
da atmosfera devida a diferença de pressão parcial. Este mecanismo é regido pela Lei de Henry,
que define a concentração de saturação de um gás na água, em função da temperatura.
A ausência de limites para OD deve-se ao fato de que não é um parâmetro restritivo para os
reúsos aplicados.
DQO (Demanda química de oxigênio): A demanda química de oxigênio consiste em uma
técnica utilizada para a avaliação do potencial de matéria redutora de uma amostra, através de um
processo de oxidação química em que se emprega o dicromato de potássio. Neste processo, o
carbono orgânico de um carboidrato, por exemplo, é convertido em gás carbônico e água.
O sistema de tratamento em termos de remoção de DQO tem trabalhado de maneira
bastante eficiente observando-se valores de remoção de DQO de 93,44% em valores médios. A
imposição de um limite de 60 mg/L para esse parâmetro pelo parque, deve-se ao fato de que a
eventual presença de material não biodegradável seria indesejável.
DBO (Demanda bioquímica de oxigênio): A DBO corresponde à fração biodegradável
dos compostos presentes na amostra. Da mesma forma que o DQO , os dados apontam para uma
remoção de até 99,01% considerando-se os valores máximos. Entretanto, não uma limitação
de seus valores nem por parte do parque nem pela legislação internacional.
55
ATA (Agente tenso ativo) e Espumas: Também conhecido como detergente ou
surfactante.São definidos como compostos que reagem com o azul de metileno sob certas
condições especificadas. Os detergentes podem exercer efeitos tóxicos sobre os ecossistemas
aquáticos e responsabilizados também pela aceleração da eutrofização. Além de a maioria dos
detergentes comerciais empregados ser rica em fósforo, sabe-se que exercem efeito tóxico sobre
zooplâncton, predador natural das algas. Segundo este fator, não bastaria apenas a substituição
dos detergentes superfosfatados para o controle da eutrofização. Existem correntes atuais de
pesquisadores que têm preferido o controle das fontes de nitrogênio para barrar processos de
eutrofização, considerando que existem poucas espécies de algas fixadoras do nitrogênio
atmosférico.
A imposição de um limite para ATA deve-se ao fato de que seria inadmissível a presença
de espuma no sistema de descarga sanitária bem como de irrigação por aspersão. Observou-se
que o parque não monitora esse parâmetro.
Materiais Flutuantes: A presença de materiais flutuantes seria indesejável pelo fato de ser
um parâmetro de ordem estética na medida em que sua presença na bacia sanitária seria
indesejável, mas também um parâmetro operacional pois em excesso poderia entupir os bicos
aspersores do sistema de irrigação. Ao longo do período examinado não se observou sua
existência.
Óleos e Graxas: Os óleos e as graxas são substâncias que um determinado solvente
consegue extrair da amostra e que não se volatilizam durante a evaporação do solvente.
Embora não haja limitação para este parâmetro na legislação internacional para reúso
agrícola, sua ausência foi imposta nos limites definidos pelo parque por entender que sua
56
presença poderia causar problemas de ordem estética nos aparelhos sanitários. Os dados
observados mostram que sua remoção não tem sido satisfatória pelo sistema de tratamento,
havendo uma taxa de remoção de 35,34% em relação aos valores máximos correspondendo à 75
ppm o valor máximo observado.
Nitrogênio: Dentro do ciclo do nitrogênio na biosfera, este se alterna entre várias formas e
estados de oxidação. No meio aquático, o nitrogênio pode ser encontrado nas seguintes formas:
nitrogênio molecular escapando para a atmosfera , nitrogênio orgânico dissolvido ou em
suspensão, amônia livre e ionizada, nitrito e nitrato.
O nitrogênio é um elemento indispensável para o crescimento de algas e, quando em
elevadas concentrações em lagos e represas, pode conduzir a um crescimento exagerado desses
organismos (eutrofização). Os processos bioquímicos de conversão da amônia a nitrito e a
nitrato, implicam no consumo de oxigênio dissolvido do meio.
Em um corpo d’água, a determinação da forma predominante de nitrogênio pode fornecer
informações sobre o estágio da poluição. Quando recente a poluição, o nitrogênio apresenta-se na
forma orgânica ou de amônia, enquanto uma poluição mais remota está associada ao nitrogênio
na forma de nitrito.
Nos esgotos domésticos brutos as formas predominantes do nitrogênio são o orgânico e
amoniacal. Em laboratório, essas duas formas são determinadas em conjunto, constituindo o
denominado Nitrogênio Total Kjedahl (NKT). Por outro lado o Nitrogênio Total é a soma do
NKT, nitrogênio de nitritos e nitrogênio de nitratos.
Em uma estação de tratamento, o nitrogênio amoniacal transforma-se em nitrito e
posteriormente em nitrato caracterizando assim o processo de nitrificação. Esse processo pode
ainda ser aprofundado reduzindo os nitratos à nitrogênio gasoso (processo de desnitrificação).
57
Os resultados das análises efetuadas mostram uma média de 34,95 mg/L de nitrogênio
amoniacal no esgoto bruto e uma média de 1,92 mg/L no efluente tratado, indicando uma
transformação do nitrogênio amoniacal em outras formas de nitrogênio em grande parte na forma
de nitrato cujo valor dio é aumentado em mais de 100% considerando-se o esgoto bruto e o
tratado.
No caso estudado, a interpretação das análises relativa às formas de nitrogênio, é
extremamente complicada pois o tanque de homogeneização é dotado de insuflação de ar para
redução de odores. Essa aeração dificulta o entendimento de onde realmente as reações aeróbicas
estão se iniciando, haja vista a presença de nitratos no esgoto bruto em valores de até 177,50
mg/L.
SST ( Sólidos Suspensos Totais): Os sólidos nas águas correspondem a toda matéria que
permanece como resíduo, após evaporação , secagem ou calcinação da amostra a uma
temperatura pré-estabelecida e durante um tempo fixado.
O sistema não está operado de forma conveniente no que diz respeito a remoção de SST. O
valor máximo recomendado pelo parque (5mg/L) não está sendo respeitado, uma vez que tanto o
valor máximo como o médio foram superiores ao limite definido pelo parque. Da mesma forma
que materiais flutuantes, a inobservância desse parâmetro pode comprometer o sistema de
irrigação.
SS (Sólidos Sedimentáveis): É a porção dos sólidos em suspensão que se sedimenta sob a
ação da gravidade durante um período de uma hora, a partir de um litro de amostra.
Embora o limite para sólidos sedimentáveis seja severo pois exige ausência, a análise
referente à este parâmetro não foi feita no período observado.
58
Potássio: Não há limitação para potássio tanto na legislação internacional quanto nos
limites impostos pelo parque. Pelo fato do potássio ser um nutriente importante para o
metabolismo das plantas, seu acompanhamento é feito de forma sistemática pelo parque.
Fósforo: O fósforo na água apresenta-se principalmente nas formas de ortofosfato,
polifosfato e fósforo orgânico. Os ortofosfatos o diretamente disponíveis para o metabolismo
biológico sem necessidade de conversões a formas mais simples. As formas em que os
ortofosfatos se apresentam na água dependem do pH.
Conforme se esperava, houve uma redução de até 71% de ortofosfatos após tratamento, se
considerado os valores máximos de fósforo na sua fórmula. Considerando que o efluente é
disposto no jardim do parque, este é um aspecto positivo em termos de fornecimento de
nutrientes às plantas, uma vez que os ortofosfatos estão diretamente disponíveis para o
metabolismo biológico sem necessidade de conversões à formas mais simples.
Coliformes Totais e Fecais: Os coliformes apresentam-se em grande quantidade nas fezes
humanas. De um terço a um quinto do peso das fezes humanas é constituído por bactérias do
grupo coliforme. Os coliformes totais poderiam ser entendidos como coliformes “ambientais”,
dada a sua possível incidência em águas e solos não contaminados, representando, portanto,
outros organismos de vida livre, e não intestinais. Os coliformes fecais são um grupo de bactérias
indicadoras de organismos originários predominantemente do trato intestinal humano e de outros
animais.
A presença desses indicadores biológicos é incompatível com os teores de cloro residual
mantidos no sistema de distribuição de água de reúso. Embora os dados disponíveis mostrem em
59
alguns momentos a ausência de cloro residual, a média verificada (1,42mg/L) é mais do que
suficiente para justificar a eliminação desses organismos.
Ovos, Cistos, Larvas e Nematodos: Embora o parque tenha estipulado como única
limitação os nematodos intestinais em sua rotina de análises, são verificados a presença de ovos,
cistos e larvas. Em nenhuma determinação no período observado foi constatada a presença de
qualquer um dos indicadores.
Sódio: Os íons mais importantes quando se utilizam águas recuperadas de esgotos
domésticos são sódio, boro e os cloretos. O excesso de sódio em relação ao cálcio e magnésio
diminui a permeabilidade do solo, provocando uma redução nas taxas de infiltração de água, e em
conseqüência, a absorção de água pelas plantas. O efeito potencial do dio para solos pode ser
avaliado pela taxa de adsorção de sódio (sodium adsortion ratio SAR ou taxa de adsorção de
sódio). Cloretos quando em concentrações excessivas podem causar uma redução nas taxas de
crescimento das plantas irrigadas e queima das folhas.
Para o cálculo da SAR são considerados três íons: Sódio, Cálcio e Magnésio. O controle
dessa taxa é importante para a preservação do solo em termos de sua permeabilidade, no entanto,
o parque apesar de controlar o teor de sódio, não o faz para cálcio e magnésio, componentes
fundamentais para obtenção da taxa.
Segundo (MANCUSO)(21), os limites recomendados para a SAR variam entre 3 e 9, sendo
que valores inferiores a 3 não causam nenhum prejuízo, entre 3 e 9 podem ocorrer prejuízos
moderados e acima de 9 os prejuízos ao solo podem ser graves.
Em águas de reúso para fins agrícolas, as recomendações internacionais indicam o controle
de alguns parâmetros adicionais além dos citados (tabela 4). No caso estudado, por se tratar de
60
reúso doméstico, a presença desses parâmetros o foi detectada em análises anteriores, portanto
não são verificados de forma sistemática.
61
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto de Saneamento Ambiental dessa empresa procurou desenvolver e implantar de
forma racional o conceito de desenvolvimento sustentável, levando em consideração os usos dos
recursos naturais locais. Na verdade, o desenvolvimento baseou-se na possibilidade de
recuperação e reúso das águas, de forma a utilizá-las racionalmente. Assim, os fatores que
levaram a empresa a investir no sistema de reúso de água foram: a preocupação com a utilização
intensiva dos recursos hídricos; os problemas ambientais provocados com a falta de adequação de
processos e utilização inadequada dos insumos envolvidos; os custos elevados das águas;
necessidade da empresa em inovar no setor, procurando alternativas tecnológicas adequadas e
política de qualidade e ambiental da empresa.
O levantamento de dados foi feito no período de janeiro a dezembro de 2005. Entretanto,
foram usados também dados já existentes do arquivo do parque referentes aos anos de 1999 à
2001. No entanto os valores dos parâmetros só faziam referência aos valores máximos não
existindo valores médios e mínimos.
Para a avaliação dos dados de 2005 tomou-se o cuidado de registrar os valores máximos e
mínimos além dos médios, mas não foi possível estabelecer os mesmos parâmetros para efluentes
brutos e tratados. As análises feitas no efluente bruto referentes às coletas efetuadas na saída do
tanque de equalização são aeradas devido ao sistema do tanque de homogeneização.
Os limites apresentados na última coluna da tabela 02, são limites impostos pelo parque aos
projetistas por ocasião da elaboração do projeto. Entretanto (MANCUSO)(21) citando (USEPA
1999) apresenta em seus trabalhos uma série de parâmetros, sendo que para cada parâmetro
aponta um limite para o uso da água por longos períodos (acima de 20 anos) que não foram
considerados pelo empreendimento.É importante lembrar que as diferenças de critérios devem-se
62
ao fato de que (MANCUSO)(21) refere-se à reúso para irrigação agrícola, enquanto no parque o
reúso de água é feito para irrigação de jardins, descarga sanitária e lavagem de pisos.
Como consideração final, é importante frizar que o caso estudado materializa de forma
pioneira as recomendações de vários autores sobre a viabilidade do reúso em empreendimentos
dessa natureza. Entretanto pelo fato de ser um parque temático onde não existe uma tradição
operacional de sistemas de tratamento e reúso de esgotos domésticos, existem falhas apontadas
nos itens anteriores que poderiam ser facilmente solucionadas. Além disso, o fato de a empresa
não ter disponibilizado elementos que tornassem possível considerações a cerca de custos diretos
e indiretos do sistema de tratamento e reuso, não permitiu que pudesse ser realizado uma análise
global do sistema empregado, em termos gerenciais e de resultados operacionais. A continuação
de estudos dessa natureza seria útil para os empreendedores e traria contribuição para o
estabelecimento de um sistema de reuso integrando projeto, operação, manutenção, controle e
gerenciamento empresarial.
63
9. RECOMENDAÇÕES:
As recomendações foram feitas vizando o aprimoramento do controle operacional e de
qualidade do sistema de captação, tratamento e reúso do parque temático e, sobretudo, tendo em
vista a implantação de um sistema similares em empreendimentos imobiliários equivalentes.
1 – Controlar os mesmos parâmetros no esgoto bruto e no tratado final.
2 Estabelecer a periodicidade da lavagem das membranas uma vez observada a presença
de SST.
3 Controlar sólidos sedimentáveis (SS) e agentes tenso ativos (ATA), indicadores cujos
limites foram impostos pelo próprio parque.
4 – Monitorar o sistema de desinfecção, pois a utilização dessa água para rega de gramados
é incompatível com a presença de coliformes, considerando, principalmente, a presença do
público infantil que freqüenta o parque ou empreendimentos equivalentes.
5 – Complementarmente, controlar os seguintes parâmetros : ATA (agentes tensoativos), SS
(sólidos sedimentáveis), Fósforo Total, Nitrogênio Orgânico, Polifosfatos, Cálcio e Magnésio.
6 – Calcular e controlar periodicamente a SAR ( taxa de adsorção de sódio ).
7 Implantar um sistema de gestão ambiental eficiente voltado para o controle operacional
do sistema de reúso.
Finalmente, sugere-se como recomendação de caráter geral, que seja estudado
complementarmente o gerenciamento integrado do sistema em termos de custos e seus reflexos
ambientais e financeiros na gestão empresarial do empreendimento.
64
10. REFERÊNCIAS
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Manual global de ecologia. São Paulo, cap. 9, 1995. p. 155-174.
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08/09/76 que regulamenta a Lei 997, de 31/05/79, criadora do sistema de prevenção e
controle da poluição do Meio Ambiente – São Paulo.
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n. 41, v. 1, 1990. p. 36-43.
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167, set/out 1992.
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Ivanildo Hespanhol. WHO/UNEP,1997
13 - ESPANHOL I. Esgotos como recurso hídrico.Parte I – Dimensões políticas,
institucionais, legais econômico-financeiras e sócio-culturais. Rev. Engenharia, 523,
1997
14 - FIGUEIREDO FERRAZ: CONSULTORIA E ENGENHARIA DE PROJETOS
LTDA. Consolidação do Plano Diretor de Abastecimento de água da RMSP. Relatório
técnico, São Paulo, 1990.
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Santiago do Chile, 16/01/1990. SABESP.
16- _____________ O reúso da água e sua possibilidade na região metropolitana de
São Paulo. Tese de Doutorado, Faculdade de Saúde Pública, USP, 1992.
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fins industriais na Região Metropolitana de São Paulo. Revista Bio, n. 31, v.2, 1989, p.
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27- PIVELI,ROQUE P. Qualidade das Águas e Poluição: Aspectos Físico-Químicos.
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28- SPERLING, MARCOS,V. Introdução à Qualidade das Águas e ao Tratamento de
Esgotos. DESA – Universidade Federal de Minas Gerais, 2005.
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