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Veronica Aparecida Pereira
A CONTAMINAÇÃO POR CHUMBO EM CRIANÇAS:
SUBSÍDIOS PARA AÇÃO EDUCATIVA EM
ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA
BAURU - 2006
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“Júlio de Mesquita Filho”
FACULDADE DE CIÊNCIAS
Programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência
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Veronica Aparecida Pereira
A CONTAMINAÇÃO POR CHUMBO EM CRIANÇAS: SUBSÍDIOS PARA
AÇÃO EDUCATIVA EM ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA
Dissertação apresentada à Faculdade
de Ciências da Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho”,
Campus de Bauru, para obtenção do
Título de Mestre em Educação para a
Ciência - Área de Concentração: Ensino
de Ciências.
Orientadora: Profª. Drª. Ana Maria Lombardi Daibem
Co-orientadora: Profª. Drª. Olga Maria Piazentin Rolim Rodrigues
BAURU- 2006
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DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO
UNESP – BAURU
Ficha catalográfica elaborada por Diva de Oliveira Campos – CRB 1902
Pereira, Veronica Aparecida
A contaminação por chumbo em crianças :
subsídios para ação educativa em alfabetização
científica / Veronica Aparecida Pereira, 2006.
190 f..
Orientador: Ana Maria Lombardi Daibem.
Dissertação (Mestrado) – Universidade
Estadual Paulista. Faculdade de Ciências, Bauru,
2006.
1. Chumbo – Contaminação - Criança. 2.
Ciência – Estudo e Ensino. 3. Formação de
Professores. I Universidade Estadual Paulista.
Faculdade de. II - Título.
Veronica Aparecida Pereira
A CONTAMINAÇÃO POR CHUMBO EM CRIAAS: SUBSÍDIOS PARA
AÇÃO EDUCATIVA EM ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação para a
Ciência, da Faculdade de Ciências, da Universidade Estadual Paulista, Campus de
Bauru.
BANCA EXAMINADORA
Presidente e Orientadora: Profª. Drª. Ana Maria Lombardi Daibem
Instituição: UNESP, Campus de Bauru
Co-orientadora: Profª. Drª. Olga Maria Piazentin Rolim Rodrigues
Instituição: UNESP, Campus de Bauru
Titular: Profª. Drª. Vera Lúcia Messias Fialho Capellini
Instituição: UFSCar – São Carlos
Titular: Profª. Drª. Marília de Freitas Campos Tozoni Reis
Instituição: UNESP, Campus de Botucatu
Bauru, 23 de fevereiro de 2006.
DEDICATÓRIA
Aos meus filhos, Jonathan e Lucas, que acompanharam o
desenvolvimento deste trabalho, muitas vezes, até abrindo mão,
involuntariamente, do tempo que lhes era de direito,
tempo de carinho, dedicação e afeto.
Ao meu esposo, Rogério, por acreditar no meu trabalho durante
todo o tempo, incentivar e participar dos momentos felizes e difíceis desta
caminhada.
A amiga e companheira, Olga, que me ensina a cada dia a alegria de
aprender e ensinar.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por abençoar minhas escolhas e fortalecer-me frente aos
desafios.
À Maria Dias de Pádua, por ter acreditado em mim e me ajudado a
permanecer na escola em momentos difíceis.
Às minhas mães, Josefa, Aurora e Hortência
(in memoriam)
, que
embora não estejam presentes também foram geradoras deste trabalho.
Às minhas orientadoras, Ana Maria Lombardi Daibem e Olga Maria
Piazentin Rolim Rodrigues, que sempre estiveram presentes, me
incentivaram, acreditaram e me ensinaram muito, sempre com muita
dedicação e carinho.
A Jair Lopes Junior, professor e amigo, que me orientou durante os
primeiros passos da pesquisa científica.
Às professoras que, com grande empenho, participaram do estudo,
demonstrando interesse, assiduidade nas atividades propostas,
comprometimento e respeito.
À Ana Lúcia Grijo Crivellari e Andressa Ferraz Castro, pelo apoio e
colaboração sempre presente.
Aos amigos e familiares que acompanham dos bastidores, sempre
dando “aquela força”.
À CAPES, pelo apoio financeiro, que possibilitou a realização deste
trabalho.
A todos, o meu muito obrigada!
GABRIEL
Por que você é Flamengo, e meu pai Botafogo?
O que significa impávido colosso?
Por que os ossos doem, enquanto a gente dorme?
Por que os dentes caem, por onde os filhos saem?
Por que os dedos murcham quando estou no banho?
Por que as ruas enchem quando está chovendo?
Quanto é mil trilhões vezes infinito?
Quem é Jesus Cristo, onde estão meus primos?
Uel, uel, uel, Gabriel
Uel, uel, uel
Por que o fogo queima, por que a lua é branca?
Por que a Terra roda, por que deitar agora?
Por que as cobras matam, por que o vidro embaça?
Por que você se pinta, por que o tempo passa?
Por que que a gente espirra, por que as unhas
crescem?
Por que o sangue corre, por que que a gente morre?
Do que é feita a nuvem, do que é feita a neve?
Como é que se escreve?
Reveillon
Uel, uel, uel, Gabriel
Uel, uel, uel, Gabriel
Adriana Calcanhoto
i
Resumo
_____________________________________________________________________
PEREIRA, V. A. A Contaminação por chumbo em crianças, subsídios para
ação educativa em alfabetização científica, 2006. Dissertação (Mestrado em
Educação para a Ciência). Faculdade de Ciências, Unesp, Bauru, 2006.
A literatura tem indicado que o ensino tem maior significado quando se parte de temas
presentes na realidade do aluno. No entanto, um fato pode fazer parte do cotidiano e
não se tornar ponto de partida para o ensino, mesmo sendo importante. Diante disso,
esta pesquisa buscou investigar como quatro escolas públicas de uma região
contaminada por chumbo trabalhavam esta temática. Nestas escolas encontravam-se
matriculadas mais de 300 crianças com histórico de contaminação por este metal, e as
demais, em condições de exposição, por morarem em uma área de risco no interior
paulista. Considerou-se portanto que a temática fazia parte da realidade desta
população. A pesquisa foi desenvolvida em três diferentes etapas: 1
a
Etapa -
diagnóstico: entrevistas com 36 professoras para identificar (i) concepções sobre o
processo de ensino-aprendizagem, (ii) trabalhos realizados com a temática da
contaminação por chumbo, pela escola e pelo docente em sala de aula, (iii) relações
estabelecidas entre a contaminação por chumbo e o desenvolvimento infantil, (iv)
possíveis diferenças entre o desempenho escolar de crianças contaminadas por
chumbo e não contaminadas e, (v) descrição de práticas educativas possíveis frente a
esta questão; 2
a
Etapa intervenção Programa de capacitação pautado em
necessidades apontadas na etapa 1, com 15 participantes; 3
o
Avaliação: re-entrevista
com 13 participantes de ambas etapas anteriores, mediante o mesmo instrumento
inicial, para comparar dados do momento inicial da pesquisa e após a capacitação. Os
dados foram analisados segundo análise de conteúdo. Na Etapa 1 foi possível
identificar que as professoras partiam de diferentes concepções de ensino para a
prática docente e apenas 25% delas trabalharam com a questão da contaminação por
chumbo, de forma assistemática. Relataram desconhecimento sobre as implicações
da contaminação por chumbo e referendaram a necessidade de capacitação. A Etapa
2 possibilitou reflexões sobre a prática docente, informações específicas sobre a
contaminação e planejamentos mais abrangentes sobre saúde, ambiente e
responsabilidade social, pautadas em necessidades específicas de cada escola. A
Etapa 3 revelou a efetividade do programa de capacitação para professores. De modo
geral, verificou-se que, temas factuais podem ser ponto de partida para o ensino,
desde que o professor esteja capacitado para lidar com estratégias e conteúdos
envolvidos. Do contrário, será necessário capacitá-lo. O tema da contaminação por
chumbo, apesar da relevância, sem a capacitação docente, correria o risco de não
ser abordado pela escola. O apoio dos órgãos governamentais, foi e será importante
para promover condições para formação permanente de professores, partindo de
suas necessidades.
Palavras chave: contaminação por chumbo em crianças, educação científica,
alfabetização Científica, práticas educativas.
ii
Abstract________________________________________________________________
PEREIRA, V. A. Lead Contamination in children, subsidies to teaching
action in science literacy, 2006. Dissertação (Mestrado em Educação para a
Ciência). Faculdade de Ciências, Unesp, Bauru, 2006.
Literature has indicated that teaching has greater significance when it comes
from the student´s reality. However, a fact can be part of the daily life and not
become a starting point for teaching, even being very important. Before this, this
research tries to investigate how four public schools of a region contaminated
by lead worked this subject. In these schools more than 300 children were
registered with description of contamination by this metal, and the others in
conditions of exposition to the metal for living in a risk area in São Paulo
interior. It was considered, therefore, that the subject contamination by lead -
was part of this population´s reality. The research was developed in three
different stages: 1
st
Stage - diagnostic: interviews with 36 teachers to identify (i)
the teaching and learning conceptions, (ii) works related to the subject of
contamination by lead, done by the school and by the teacher in case, in the
classroom (III) relations established between the contamination by lead and
child development, (IV) possible differences between the school performance of
children contaminated by lead and those not contaminated and, (v) description
of possible educative practices in regard to this question; 2
nd
Stage -
intervention qualification program based on the necessities pointed out in
stage 1, with 15 participants; 3
rd
- Evaluation: re-interview with 13 participants of
both previous stages, by means of the same initial instrument, to compare data
from the initial stage of research and data from after the qualification. The data
were analyzed according to content analysis. In Stage One it was possible to
identify that the teachers relied on different conceptions of education for the
teaching practice and only 25% of them worked with the subject of
contamination by lead, in a non-systematic way. They reported unfamiliarity to
the implications of lead contamination and authenticated the qualification
necessity. Stage Two made possible reflections on the teaching practice,
specific information on contamination and more including planning on health,
environment and social responsibility, based on specific necessities of each
school. Stage Three disclosed the effectiveness of the qualification program for
teachers. In general, it was verified that factual subjects can be a starting point
for teaching, since the teacher is able to deal with strategies and involved
contents. Otherwise it will be necessary to enable him/her. The subject of
contamination by lead, although relevant, without the teachers´ qualification,
runs the risk of not being adopted by the school. The support of the
governmental bodies was and will always be important to promote conditions for
permanent qualification of teachers, starting from their necessities.
Key words: contamination by lead in children, scientific education, scientific
literacy, teaching practices.
SUMÁRIO
RESUMO ......................................................................................................... i
ABSTRACT ...................................................................................................... ii
LISTAS ............................................................................................................ iv
APRESENTAÇÃO ........................................................................................... 17
INTRODUÇÃO
A contaminação por chumbo como elemento de reflexão .........................
Implicações da contaminação por chumbo ................................................
Desafios para a promoção da alfabetização científica subsídios para a
prática docente ...........................................................................................
24
30
36
2. DESENVOLVIMENTO da Pesquisa-Intervenção ........................................
Método .......................................................................................................
Participantes ...........................................................................................
Materiais e Local de Coleta ....................................................................
Condições Éticas de Pesquisa ...............................................................
Procedimento ..........................................................................................
Análise de Dados ....................................................................................
44
45
46
47
48
49
58
3. Resultados e Discussões
Etapa 1 – Diagnóstico (Entrevista) .............................................................
Etapa 2 – Intervenção (Programa de Capacitação Docente) .....................
Etapa 3 – Avaliação .......................................................................
60
Considerações Finais .......................................................................... 127
REFERÊNCIAS ................................................................................. 133
ANEXOS ........................................................................................... 139
LISTAS iv
Lista de Figuras
Figura 1 - Avaliação Assistemática e Sistemática – subcategorias da avaliação ...........
63
Figura 2 - Procedimentos do professor que contribuem para a aprendizagem do aluno ...
66
Figura 3 – Ações educativas possíveis frente à problemática da contaminação ...........
78
Figura 4 – Filme 1: A turma do Charlie Brown em – Não tem choro..........................
95
Figura 5 – Filme 2: Erin Brockovich – uma mulher de talento ...................................
97
Figura 6 – Objetivos propostos pelas professoras durante atividade de planejamento .....
112
Figura 7 – Conteúdos propostos pelas professoras durante atividade de planejamento ...
113
Figura 8 –Procedimentos propostos pelas professoras durante atividade de planejamento 114
Figura 9 – Avaliações propostas pelas professoras durante atividade de planejamento ...
115
Figura 10 Subcategorias dos relatos de professores sobre ações envolvidas na
aprendizagem efetiva do aluno ..................................................................
117
Figura 11 – Relatos de professores sobre avaliação dos alunos ................................
118
Figura 12 – Relatos de professores sobre avaliação dos alunos ................................
118
Figura 13 – Procedimentos do professor para aprendizagem efetiva do aluno ...............
119
Figura 14 – Ações da escola em relação à contaminação por chumbo ......................
120
Figura 15 – Ações das professoras em relação à contaminação por chumbo ..............
121
Figura 16 – Planejamento das professoras de conteúdos sobre a contaminação por
chumbo ............................................................................................
122
Figura 17 – Relações entre a contaminação por chumbo e o desenvolvimento infantil ....
123
Figura 18 – Diferenças entre crianças contaminadas por chumbo e não contaminadas ....
125
Figura 19 – Diferenças entre crianças contaminadas por chumbo e não contaminadas ....
126
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Número de docentes participantes das diferentes fases do estudo. ..........
47
Tabela 2 – Exemplos de agrupamento de frases sínteses de participantes do estudo ..
51
Tabela 3: Categoria - ações voltadas para aprendizagem do aluno em geral ...........
52
Tabela 4: Categoria: relatos de fatores externos à escola que favorecem a ação do
professor ........................................................................................
52
Tabela 5: Categoria: ações que relatam estratégias ............................................
53
Tabela 6 – Modelo de formulário utilizado durante atividade ..................................
101
Lista de Quadros
Quadro 1 – Folder de divulgação do Programa de Capacitação ..........................
82
Quadro 2 – Planejamento do 1º Encontro do Programa de Capacitação ................
84
Quadro 3 – Planejamento do 2º Encontro do Programa de Capacitação ................
88
Quadro 4 – Planejamento do 3º Encontro do Programa de Capacitação ................
92
Quadro 5 – Planejamento do 4º Encontro do Programa de Capacitação ................
98
Quadro 6 – Planejamento do 5º Encontro do Programa de Capacitação ................
106
Lista de Anexos
Anexo 1 – Autorização do Comitê de Ética da Faculdade de Ciências para realização do projeto
.............................................................................................................
139
Anexo 2 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .............................................
140
Anexo 3 - Roteiro para entrevista ...............................................................................
141
Anexo 4 – Estruturação das Frases sínteses e categorias de análise – Diagnóstico ..............
142
Anexo 5– Material utilizado para reflexões sobre práticas educativas, durante o terceiro
Encontro
do Programa de Capacitação Docente. .....................................................
179
Anexo 6 - Frases sínteses da Etapa 3 – avaliação ..................................................
182
"Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o
mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo,que eu brigo para que a justiça social
se implante antes da caridade."
Paulo Freire
17
APRESENTAÇÃO
Em uma cidade do interior paulista, uma região foi seriamente
contaminada por chumbo. Constatou-se, mediante análise do solo da região,
índices superiores ao permitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Análises ambientais realizadas pela CETESB evidenciaram uma fábrica de
baterias como responsável pela emissão inadequada de resíduos líquidos,
sólidos e gasosos, bem como resíduos de chumbo, diretamente na atmosfera.
A fábrica foi interditada, mas as conseqüências da poluição ainda assolam a
população (AMARAL, 2005).
Em atendimento a solicitação da Secretaria de Meio Ambiente do
Estado de São Paulo, realizou-se um estudo sobre a população da área
contaminada, avaliando o índice de chumbo de 850 crianças, menores de 13
anos, moradoras em um raio de 1 km da fábrica. O estudo epidemiológico foi
realizado pela Secretaria Municipal de Saúde – Vigilância Sanitária, no início de
março de 2002, mediante coleta e exames hematológicos feitos pelo Instituto
Adolfo Lutz. Para que a criança fosse considerada contaminada foi considerado
o índice igual ou superior a 10 μg Pb/dL (micrograma de chumbo por decilitro)
sangue. Este índice, estabelecido pela OMS, indica a necessidade de atividade
de prevenção e cuidados. As crianças foram contaminadas por exposição a
níveis elevados de chumbo no ar que respiram, na poeira de suas áreas de
moradia e até em suas dietas (AMARAL, 2005)
Foi solicitado ao Centro de Psicologia Aplicada (CPA), Unesp-Bauru,
que organizasse uma equipe de profissionais para avaliação psicológica das
crianças, e uma equipe multiprofissional composta por médicos,
fonoaudiólogos e dentistas, atuantes junto ao Centrinho USP/Bauru e
18
Faculdade de Medicina da Unesp/Botucatu avaliou outros aspectos da saúde
das mesmas. Para que se estabelecessem critérios de avaliação e
encaminhamento das crianças foi formado um grupo de estudos, compostos
por profissionais das diferentes unidades envolvidas, organizando-se normas e
condições éticas de pesquisa.
Além da avaliação das crianças, foi exigido pelo Ministério Público a
tomada de providências, no raio de um quilômetro da fábrica. Entre as medidas
providenciadas, Padula (2005) descreveu a cimentação de piso no interior de
três residências, raspagem de 5cm de solo superficial em 80 ruas de terra e
quintais de 270 residências, aspirações de interiores de residências, limpeza e
vedação de 82 caixas d’água. O lixo originado pelas raspagens de ruas e
quintais fechado junto à fábrica, que terá responsabilidade sobre o mesmo.
Embora a fábrica se encontrasse instalada mais de quarenta anos,
somente depois da veiculação da notícia de sua interdição, no ano de 2002, é
que foi possível tomar-se providências relativas ao adoecimento de crianças
residentes desta região.
A avaliação psicológica das crianças foi realizada considerando as
diferentes áreas do desenvolvimento, como a área motora, social, cognitiva, de
linguagem, auto-cuidados e conhecimentos formais vinculados a fase escolar
em que se encontravam. Considerando o número de crianças e as
especificidades da avaliação, o período de realização estendeu-se de maio de
2002 a dezembro de 2004.
Entre as avaliações realizadas, alguns resultados podem ser
destacados.
19
Almeida (2005) desenvolveu um trabalho que associou a avaliação
do desenvolvimento geral de crianças de um a três anos de idade,
contaminadas por chumbo, com avaliação das condições de estimulação
presentes em seus domicílios através de entrevistas realizadas com mães e
observações da rotina da casa. Os dados, comparados com o de crianças não
contaminadas, mostraram resultados abaixo do esperado em relação a idade
em que se encontram.
Os estudos de Rodrigues, Almeida e Ribeiro (2003); Alves,
Rodrigues, Troijo, Kusumi e Ribeiro (2004); Alves, Rodrigues, Figueiredo,
Kusumi, Ribeiro (2004) apontaram que o desempenho geral de crianças em
idade pré escolar podem ter efeitos da contaminação por chumbo,
principalmente no seu desempenho cognitivo e de linguagem. Kusumi,
Rodrigues, Valle, Alves, Capellini (2004); Rodrigues, Capellini, Alves, Kusumi,
Ribeiro (2004), Rodrigues, Troijo, Baldivia, Ribeiro, (2004) verificaram que a
contaminação por chumbo, aliada à falta de escola ou a condições de ensino
deficitárias podem acarretar prejuízos nestes desempenhos. Isto sugere que,
embora seja inegável os prejuízos da contaminação, outros fatores de
desenvolvimento também devam ser levados em conta.
Ao destacar outras variáveis relacionadas à contaminação por
chumbo, fez-se necessário ampliar a investigação de outros fatores relativos ao
desempenho das crianças durante as avaliações, tais como o contexto familiar
e escolar. Desta forma, Amaral (2005) avaliou o desempenho intelectual e
escolar de crianças contaminadas por chumbo. Identificou em seu trabalho,
qual a concepção que a professora tinha de crianças com ou sem histórico de
contaminação. Além da visão da professora, realizou testes com as crianças
20
com a Escala de Inteligência para crianças de David Wechsler (WISC III R).
Seus resultados mostraram um desempenho pior entre as crianças
contaminadas, tanto nos testes como na visão das professoras. O impasse
desta questão recai sobre a discussão de Rosenthal e Jacobson (1968), sobre
a profecia auto-realizadora. Será que o chumbo seria responsável pelo
fracasso das crianças, ou por não acreditar que elas sejam capazes, as
professoras deixariam de prover um ensino adequado para as mesmas? Esta
questão repercute no ambiente escolar toda vez que uma criança apresenta
algum dificultador para a aprendizagem, seja por deficiência, dificuldade de
aprendizagem ou qualquer outra necessidade especial de ensino.
Estudos como os supramencionados, forneceram subsídios para a
realização de projetos de intervenção tanto junto aos pais, como a proposta de
acompanhamento e intervenção longitudinal com crianças e familiares
(RIBEIRO, 2005) e o presente estudo, direcionado aos educadores das
crianças contaminadas.
Ao delimitar um estudo no contexto escolar, algumas questões foram
importantes, tais como: quais disciplinas contemplariam, em seu conteúdo
programático, questões relativas à contaminação por chumbo e que princípio
seria fundamental para o trabalho docente.
O Ensino de Ciências foi compreendido como possibilitador de temas
que abordassem essa questão. Os Parâmetros Curriculares Nacionais:
ciências naturais (PCN’s), apresentam um princípio norteador para a prática
docente. Indicam que o ensino possa ser significativo, quando o professor parte
de temas factuais, presentes na realidade do aluno.
21
A problemática da contaminação por chumbo, que foi um fato
presente na realidade do aluno e do professor, teria se tornado um ponto de
partida para a transposição de conteúdos da série em que o aluno se encontra,
possibilitando um ensino significativo, tal como proposto pelos PCN’s? Em caso
afirmativo, como se estruturam as estratégias de ensino? Em caso negativo,
quais as dificuldades e necessidades verificadas?
Para responder a estas questões, foram propostos os seguintes
objetivos:
- Investigar quais são as concepções, de um grupo de professores
da rede pública, acerca do processo de ensino-aprendizagem e
as principais influências dessas concepções na prática
pedagógica.
- Verificar como a temática da Contaminação Ambiental por
Chumbo, tem sido abordada por professores do Ensino
Fundamental, em Escolas Públicas de regiões que vivenciam esta
problemática, tendo em vista a possibilidade de uma prática social
diferenciada do Educador e, conseqüentemente, do Educando,
diante da questão objeto de estudo.
Como objetivos específicos do trabalho foram delimitados os
seguintes:
- Caracterizar concepções e métodos de ensino-aprendizagem
empregados durante as aulas, bem como as respectivas formas de
avaliação.
22
- Investigar a ocorrência da temática da contaminação ambiental por
chumbo no conteúdo programático de ciências descrito pelos
professores das escolas envolvidas.
- Analisar as dificuldades metodológicas e/ou de conteúdo, em relação a
temática, bem como a compreensão do professor sobre o processo de
ensino-aprendizagem, para viabilizar o planejamento e execução de um
Programa de Capacitação Docente.
- Avaliar se o acervo apresentado no Programa de Capacitação Docente
contribuiu para: a) elaborar um planejamento de ensino que parta da
problemática da contaminação por chumbo para questões mais
abrangentes em relação à degradação ambiental, b) identificar
processos de ensino-aprendizagem e; c) compreender a
responsabilidade social e política do Educador, propondo intervenções
no âmbito da comunidade na qual localizam-se as escolas das crianças
avaliadas.
Diante do exposto, o presente estudo foi estruturado da seguinte
forma: (1) Introdução - organizada em três tópicos, sendo: A contaminação por
chumbo como elemento de reflexão; implicações da contaminação por chumbo
e desafios para a promoção da alfabetização científica subsídios para a
prática docente. Nesta seção pretendeu-se apresentar ao leitor aspectos que
justificam a relevância do presente estudo, bem como sua repercussão social e
científica; (2) Método - desenvolvimento da Pesquisa-Intervenção, descrição
das três diferentes etapas do estudo: Diagnóstico, Intervenção e Avaliação; (3)
Resultados e Discussões; (4) Considerações Finais, com alguns apontamentos
23
sobre a contribuição deste estudo, limites e possibilidades de promoção da
Alfabetização Científica.
24
Introdução
A contaminação por chumbo como elemento de reflexão
A Revolução Industrial trouxe o sonho do progresso, do
desenvolvimento, do lucro e da diminuição do trabalho, visto que uma série de
processos manuais passou a ser industrializada. Sem dúvida, era um sonho de
muitos, mas a realidade da maioria se fez diferente. O trabalho aumentou, pois
os trabalhadores deveriam evidenciar maiores lucros aos proprietários.
Aumentou a exploração do homem pelo homem e de nação para nação, visto
que as grandes potências buscaram nos países de terceiro mundo mão de
obra farta e barata, além de um local distante para exercício de atividades de
alta periculosidade (MANACORDA, 1986).
Manacorda (1986), descreveu o caráter filosófico dos textos de Marx
e relacionou-os à educação, no âmbito das relações sociais de produção.
Contextualizou o fato da utilização das máquinas eletrônicas mais avançadas,
tais como computadores e robôs, fato não vivenciado por Marx, e suas
relações com a vida em geral. Observou que, não as grandes fábricas e
centros industriais estão presentes em uma parte específica do mundo (o norte
capitalista ou socialista), mas, também, a produção do conhecimento científico.
As populações dos países de terceiro mundo, em sua maioria, não participam
da produção do conhecimento científico, recebendo restolhos da Técnica da
Ciênciados países desenvolvidos. Para reverter este quadro, seria necessário
que os países subservientes à tecnologia externa, promovessem uma
educação transformadora, que possa promover o acesso à cultura científica,
25
que é patrimônio da humanidade. Ao tornarem-se detentores do conhecimento
tecnológico, em todo o seu processo, os homens estariam armados de saber,
de tal modo que pudessem participar concretamente da criação de uma vida
mais rica, de uma maior capacidade produtiva, com maior participação
democrática” (MANCACORDA, p.60). É esse tipo de educação, que parte da
promoção da cultura como condição para o desenvolvimento da capacidade
humana, que neste trabalho será designada como Educação Científica.
Vale (1998) descreveu princípios importantes para que um
conhecimento seja considerado científico, sendo estes: a) a caracterização de
um objeto que possa contribuir para o avanço do conhecimento, b) a
diferenciação do conhecimento científico de crenças, sabedoria ou opiniões,
respaldando-se em observações e/ou descobertas indicadas pelo pesquisador
que possam também ser confirmadas por outros pesquisadores, c) a condição
de ser mais que uma coletânea de dados ou informações agrupadas de
maneira aleatória, possuindo, portanto, uma estrutura sistemática e
instrumentos específicos, d) o uso científico de conceitos abstratos, parte de
constatações existentes rumo a novas descobertas e, e) a articulação dialética
de métodos e instrumentos num processo criativo de construção intelectual e
material, síntese de ciência e técnica. Sem estes princípios, o risco do culto
mágico à tecnologia, que daria origem a concepções ingênuas sobre os
eventos: “quando acendemos a luz elétrica, apertando o interruptor e não
sabemos bem o que ocorre, estamos vivendo de modo mágico (VALE, 1998,
p.4). Isto implica na necessidade de se aliar Ciência e Técnica em função de
exigências sociais contemporâneas.
26
Para que os princípios da Educação Científica descritos por Vale
(1998) sejam contemplados, dever-se-á, desde a Educação Infantil, estimular a
curiosidade da criança em seu insistente “por quê?, promovendo condições de
observação, descrição, questionamento e busca de novas respostas. Diante
deste desafio, o autor descreveu que os objetivos da Educação Científica
devem estar pautados em: ensinar Ciência e Técnica de modo significativo e
interessante a todos, centrando o ensino na compreensão do fato científico; ter
a prática social como ponto de partida e de chegada da Educação Científica,
tomando o contexto como norteador dos conteúdos e o professor como
mediador; criar condições para o desenvolvimento de habilidades importantes
para o fazer científico, como observar, coletar dados, organizá-los de modo
sistemático, prático e preciso, avaliar de modo crítico e questionador, capaz de
construir novos conhecimentos, associando-os a conhecimentos produzidos.
Este é um dos grandes desafios da escola pública, na busca de propiciar o
conhecimento historicamente acumulado pela humanidade, garantindo a todos,
igualdade de direitos e realizações. O professor, neste contexto, possibilita a
valorização da curiosidade da criança incentivando-a a entender o mundo
através da ciência e entendendo que a mesma se faz através de um
movimento histórico.
Partindo dessa concepção de Educação Científica, faz-se necessário
uma séria reflexão sobre a implementação de currículos do ensino de ciências,
de forma a atender tais exigências. Contribuem para esta reflexão, trabalhos
como os de Santos e Mortimer (2001), que relataram sobre ações sociais em
busca de uma organização responsável no ensino de ciências e consideraram
que o objetivo do currículo de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) seria o
27
letramento
1
científico e tecnológico, pautado em decisões políticas, inclusive,
no âmbito da formação de professores, e em um plano de desenvolvimento
responsável e plausível, que analise criticamente as conseqüências das
tomadas de decisões que envolvam a sociedade. Outra contribuição está
atrelada a uma proposta emancipadora de Educação Ambiental.
Uma proposta emancipadora de Educação Ambiental, segundo
Loureiro (2004), busca problematizar o debate ambiental em suas dimensões
políticas, sociais e econômicas, como ponto de partida para a transformação
social. Para tanto, ao se planejar currículos na área de Educação em Ciência,
Tecnologia e Sociedade, é essencial a reflexão sobre o conceito de ambiente e
implicações éticas em Educação Ambiental.
O conceito de ambiente na educação formal durante muito tempo foi
veiculado com a idéia de natureza. Compreendê-lo como um sistema ecológico
e social, abrangendo, também, questões políticas e econômicas, tornam as
decisões ambientais mais plausíveis. Torna factual a discussão de problemas
mais visíveis como a degradação ambiental, a contaminação dos recursos
naturais, o manejo do lixo e a deposição de dejetos industriais, bem como as
decisões políticas e sociais envolvidas. Para tanto, é necessário que o próprio
homem sinta-se como integrante deste ambiente, em uma abordagem
sistêmica, na qual todas as ações e projetos estão inter-relacionados (LEFF,
2002).
Segundo Leff (2002) há uma emergência da filosofia da natureza
(ecofilosofias) e uma ecologia social, as quais imprimem valores ecológicos e
democráticos à reorganização da sociedade a partir dos princípios de
1
Santos e Mortimer (1998) consideram letramento o exercício da alfabetização que tem por objetivo o
cultivo de práticas sociais.
28
autonomia, convivência, solidariedade, integração e criatividade em harmonia
com a natureza. De tal forma, a ética ecológica, aquém das visões
sobrenaturais e religiosas, busca enfatizar o sentido da existência no mundo
em suas bases naturais.
Para Loureiro (2004), pensar em uma Educação Ambiental ética e
transformadora, pressupõe o desvelamento de uma realidade em suas
condições objetivas e históricas, modificando-a. De acordo com esse ponto de
vista, é necessário que o Educador, ao trabalhar com temas ambientais, esteja
constantemente relacionando-os a realidade complexa que os forma, buscando
um posicionamento autônomo, político e reflexivo em seus projetos, evitando
ações que estejam centradas em si mesmas. As ações políticas, decorrentes
de projetos em Educação Ambiental, devem culminar em transformação social,
estimulando a solidariedade e o respeito aos direitos humanos, valorizando a
diversidade do conhecimento e ajudando a desenvolver consciência ética em
relação a todas as formas de vida existentes no planeta.
Neste trabalho, a reflexão sobre o conceito de ambiente e suas
implicações éticas foi ressaltada, para que, ao atuar em uma questão factual
(como a contaminação por chumbo), atenha-se à necessidade de uma
discussão de caráter político e econômico, uma vez que, o descaso com o
manejo de dejetos industriais, não é algo recente na história da humanidade e,
normalmente, é a população menos favorecida que sempre paga um alto preço
por tais irresponsabilidades. Para tanto, o planejamento de currículos em
Ensino de Ciências, devem estar atentos a esse compromisso.
29
Ao buscar na realidade de uma determinada comunidade, um tema
factual, toma-se como pressuposto as afirmações de Freire (1997) de que os
conteúdos de ensino podem ser trabalhados a partir de temas geradores, que
são sempre extraídos da problematização da prática de vida dos educandos.
Desta forma, o educador deve buscar temas a serem trabalhados na realidade
social de seus alunos. O importante, nesta concepção, não é a transmissão de
conteúdos específicos, mas encorajar uma nova visão e uma nova forma de
relação dos discentes, com a experiência vivida:
“Quando entro em uma sala de aula, devo estar sendo um ser aberto a
indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, às suas inibições; um
ser crítico e inqueridor, inquieto em face da tarefa que tenho - a de ensinar e
não a de transferir conhecimento” (FREIRE, 1997, p. 52).
Para Paulo Freire, aprender é um ato de conhecer a realidade
concreta, em sua situação real, experienciada pelo educando, tendo sentido
quando resulta de uma aproximação crítica desta realidade social. O que é
aprendido não são conteúdos impostos a serem memorizados, mas antes de
tudo, são conhecimentos que chegam ao aluno pelo processo da compreensão
e da reflexão crítica. (FREIRE, 1997). Desta forma, a contaminação por
chumbo, fato presente na realidade de mais de 300 escolares, em uma cidade
do interior paulista, foi escolhida como tema gerador, elemento para reflexão de
docentes que atuam diretamente no cotidiano escolar destas crianças.
30
Implicações da contaminação por chumbo
Como exposto, em geral, é a população menos favorecida que
sofre pelas conseqüências do manejo inadequado dos dejetos industriais, visto
que muitas vezes, residem nas proximidades de re-aproveitamento do metal,
ou mesmo, trabalham com o sucateamento deste. Pelo fato do chumbo ser um
metal de baixo custo e fácil manipulação, é usado em larga escala, podendo
ser encontrado em cabos elétricos, chapas para pias, tintas, vidros, projéteis
bélicos, baterias, combustíveis, cigarros, alimentos enlatados, cosméticos,
entre outros. Na indústria de baterias ele é comumente reaproveitado, sendo o
processo de re-utilização rentável, mas de alta toxidade para quem o manipula.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera como aceitável
no organismo humano cerca de 10 µg Pb/dL no organismo infantil e 40 µg
Pb/dL no organismo adulto. Crianças e gestantes absorvem maior quantidade
de chumbo que os adultos, 40 e 15% respectivamente, sendo, portanto, mais
vulneráveis à contaminação. No caso de gestantes, o chumbo pode ultrapassar
a barreira placentária e após o nascimento, continua presente no leite da mãe
contaminada. A absorção do chumbo dá-se por meio do trato gastrointestinal
ou pelo sistema respiratório, raramente por via cutânea (somente o chumbo
tetraetila). Após absorção pela corrente sanguínea, deposita-se nos rins,
fígado e ossos e uma pequena quantidade se acumula no cérebro. Sua
excreção dá-se principalmente por via renal e gastrointestinal. A eliminação
deste metal do organismo é extremamente lenta, demorando até 10 anos para
sua total eliminação, ainda que o tratamento e a ausência de chumbo no
ambiente sejam providenciados. Entre os exames realizados para análise, o
31
mais confiável tem sido o exame de sangue (MALTA, TRIGO E CUNHA, 2000).
É comum a ocorrência de contaminação de trabalhadores em indústrias de
baterias que re-aproveitam o chumbo, ou de pessoas que fornecem material re-
aproveitado a essas indústrias.
Alguns estudos têm apontado as conseqüências da contaminação
por metais pesados, em especial com crianças, dada à sua vulnerabilidade.
Entre estes, destacam-se os trabalhos de Bergomi et. al. (1989), Wasserman
(1995), Okada et. al. (1997), Demarchi et. al. (1999), Malta; Trigo e Cunha
(2000), Marçal et. al. 2000, Nunes, Agostinho e Gragnani (2002) e Silva
(2002).
Bergomi et. al. (1989) escreveram sobre a relação entre indicadores
de exposição ao chumbo e desenvolvimento infantil. Para tanto, avaliaram 237
crianças, escolares, com idade entre sete e oito anos de idade, residentes de
uma área industrial no norte da Itália, mediante a comparação entre
indicadores biológicos de presença de chumbo e desempenho das crianças no
teste WISC-R. Os resultados indicaram correlação no quoeficiente de
inteligência (Q.I), com escores menores nos critérios Total, Verbal e
Execução, havendo maior discrepância entre crianças com níveis de chumbo
mais alto nos dentes. O autor considera que variáveis relativas ao gênero,
idade e escolaridade distintos, bem como diferentes indicadores de
contaminação por chumbo (sangue, dentes ou cabelos) são fontes de variação
que devem ser controladas com grupos mais homogêneos e com apenas um
tipo de indicador de chumbo.
A contaminação por chumbo em crianças implica em possíveis
déficits no desenvolvimento infantil. Wasserman (1995), em estudo de revisão
32
bibliográfica, apontou que crianças de até dois anos de idade, contaminadas
por chumbo, apresentam déficits nas áreas de linguagem, e crianças com mais
de dois anos, apresentam prejuízo na área de coordenação viso-motora. Além
disso, podem apresentar distúrbios do comportamento (como por exemplo, a
Hiperatividade e Síndrome de Atenção Deficitária Infantil HSADI); distúrbios
da audição; rebaixamento do Quociente de Inteligência (QI);retardo do
crescimento; anemia e perda de peso.
Okada et. al. (1997) ressaltaram que, em crianças, a absorção do
chumbo é maior que nos adultos, como indicado por Malta, Trigo e Cunha
(2000), no entanto, outras variáveis que podem interferir, como tipo de dieta
alimentar e condições nutricionais do indivíduo. O efeito da contaminação é
maior em um indivíduo que está em fase de crescimento, por ocasionar
mobilidade dos ossos, local em que o chumbo fica depositado no organismo. A
mobilidade leva o chumbo para a corrente sanguínea. A concentração do
chumbo nos ossos, segundo Demarchi et. al. (1999), pode permanecer por até
20 anos.
Demarchi et. al. (1999), apontou o chumbo como objeto de estudo
tanto no aspecto toxicológico como ambiental. Indicou como variáveis
importantes a serem consideradas para análise de sua ação tóxica, o tempo de
exposição, à forma física ou química do elemento e ação tóxica no organismo.
Quanto ao tempo de exposição, diferenças individuais que justificam
intoxicações diferentes em um mesmo ambiente, tais como: histórico de
doenças, nutrição, hábitos de higiene e outros fatores. Isto pode fazer com que,
indivíduos possam ter uma intoxicação aguda (em curto período de tempo, alta
absorção pelo organismo), intoxicação crônica (longo período de período de
33
tempo, pequenas quantidades absorvidas) ou mesmo, apresentar um fator de
resiliência. Quanto à forma física do chumbo, pode apresentar-se em poluentes
atmosféricos ou micro-resíduos, resultantes, por exemplo, do processo de
sucateamento de baterias. Este mesmo componente atmosférico pode
contaminar o solo, bem como alimentos dele derivados, vindo a fazer parte da
cadeia alimentar. Após a absorção, a ação tóxica do chumbo no organismo
atua nos sistemas: hematológico, renal, digestivo e nervoso central.
Com o decorrer dos anos, tem sido crescente a preocupação em
relação a tomadas de decisões sobre o progresso tecnológico no Brasil.
Talvez, uma das mais importantes, esteja relacionada aos danos ambientais
decorrentes do processo industrial. Diante disso, alguns estudos têm apontado
as inadaptações de processos industriais quanto ao destino de resíduos
líquidos, sólidos e gasosos, frente às determinações legais, não atendendo às
exigências do controle de qualidade e segurança e, conseqüentemente,
contaminando o ambiente. Entre os principais poluentes que as indústrias
emitem na atmosfera, destacam-se os compostos de carbono, enxofre,
nitrogênio e resíduos de metais pesados, em especial o chumbo (MARÇAL et.
al., 2001; NUNES, AGOSTINHO e GRAGNANI, 2002). Ao implementar
medidas de controle e segurança, busca-se estabelecer normas para a
utilização responsável da tecnologia.
Segundo Marçal et. al. (2001) a opção pela utilização de metais
pesados e substâncias radiativas no processo industrial é conseqüência da
busca de ingredientes mais baratos para a produção. Isto faz com que
compostos químicos estejam presentes em alimentos, produto final, vindo a
fazer parte de uma cadeia alimentar inadequada. Esta seria uma das graves
34
conseqüências do processo de produção que ignora os custos sociais do
desenvolvimento.
Silva (2002) ressalta que medidas ambientais, no Brasil, foram
tomadas para que não se verificasse mais a utilização do tetraetila de chumbo
na gasolina, nas pilhas domésticas, brinquedos, eletroeletrônicos e tintas.
Devido a inexistência natural do chumbo no solo no Brasil, faz-se necessário
sua importação ou reciclagem, principalmente, de baterias automotivas.
Como a segunda opção é mais barata, grande incidência dessa atividade,
de alta periculosidade, que leva vários trabalhadores ao adoecimento.
Apesar das tentativas de controle, é possível identificar ocorrências
de contaminação por chumbo no Brasil, tais como apontam alguns estudos
sistematizados, com o objetivo de alertar a comunidade e órgãos competentes
para busca de forma que possam controlar ou minimizar os efeitos da
contaminação ambiental. Entre estes estudos, destacam-se os estudos de
Silvany-Neto et. al. (1996), Okada et. al. (1997) e Demarchi et. al. (1999).
Silvany-Neto et. al. (1996) descreveram e compararam os dados da
contaminação na cidade de Santo Amaro, Bahia, nos anos de 1980, 1985 e
1992. Entre os principais sintomas observados em crianças, houve prevalência
de agitação e irritabilidade. Como, durante este período não foram
comprovadas ações que pudessem reverter o quadro, a empresa responsável
pela contaminação foi fechada.
Okada et. al. (1997) escreveram sobre a avaliação da contaminação
ambiental com chumbo e cádmio no Vale do Paraíba. Apontaram efeitos na
produção do leite produzido pelo gado que ingeriu gramíneas e águas
contaminadas. Apesar do teor final de chumbo analisado no leite estar dentro
35
do limite de tolerância, apontado como seguro pelo Ministério da Saúde (0,05
mg/kg), este estudo apontou a necessidade de monitorização da qualidade do
leite produzido na região, ressaltando a importância de uma vigilância
constante junto às indústrias poluidoras do meio ambiente.
Demarchi et. al. (1999) escreveu sobre a exposição ao chumbo em
trabalhadores das indústrias de baterias automotivas, propondo uma avaliação
da área de Saúde Ocupacional. O estudo apontava dados preocupantes em
relação à saúde dos trabalhadores, os quais estavam diretamente expostos à
contaminação por chumbo. Este trabalho chamou atenção, também, para o
considerável número de moradores próximos á região contaminada por
chumbo. Nas proximidades desta área industrial estão localizadas algumas
unidades públicas, loteamentos e núcleos habitacionais, com uma população
estimada em mais de 50 mil habitantes, que se encontram expostos à
contaminação. A princípio, a avaliação do solo e exames de sangue dos
moradores da região, foi realizada em um raio de até um quilômetro da área
industrial. Diante desta problemática, crianças e gestantes passaram a ser
atendidas por uma equipe multidisciplinar, no Centrinho (USP/Bauru), Centro
de Psicologia Aplicada (Unesp/Bauru) e Hospital Universitário
(Unesp/Botucatu) sob a coordenação da Diretoria Regional do Estado de
Saúde e Secretaria Municipal de Saúde, com o propósito de realizar o
diagnóstico da intoxicação por chumbo e avaliação dos efeitos. São poucos os
estudos brasileiros de exposição ambiental ao chumbo relacionados ao
desenvolvimento infantil.
Além do atendimento clínico, foi necessário pensar em providências,
no âmbito de pesquisa e intervenção. Partindo do pressuposto de que a
36
contaminação por chumbo, em sua gravidade e impacto, é uma retratação da
degradação ambiental resultante do processo industrial, foi importante refletir
sobre quais seriam as estratégias de controle da comunidade em questão, que
tem seus alicerces construídos (trabalho, moradia, escola e outros) em uma
região afetada por esse problema, bem como, quem seriam os agentes
promotores de tais estratégias. Neste trabalho, reconheceu-se como agente, o
educador, e, entre suas estratégias, a possibilidade de realizar a alfabetização
científica.
Desafios para a promoção da alfabetização científica subsídios para a
prática docente
Segundo Stromquist (2001) os conceitos de alfabetização e
letramento, sua medida e avaliação de potencial para construção de uma
sociedade mais justa, passaram por mudanças radicais nas duas últimas
décadas. O autor identificou três diferentes perspectivas, sendo: 1) para
governantes, agentes governamentais e agências internacionais: é papel da
alfabetização produzir mão-de-obra mais preparada e cidadãos mais
informados; 2) para acadêmicos, principalmente das áreas de lingüística e
antropologia: considera que o letramento uma prática social que apresenta
pluralidades; 3) para educadores populares e classes minoritárias: o letramento
é uma ferramenta para indivíduos que precisam capacitar-se e tornar-se
agentes de sua própria luta por justiça social e cidadania.
O autor afirmou que a alfabetização deve criar condições para o
empoderamento do indivíduo e da coletividade. É importante considerar o
37
progresso na definição do letramento, em suas variações, bem como sua
busca por desenvolvimento de hábitos duradouros de leitura e escrita. No
entanto, nem governos nem organizações humanitárias têm demonstrado o
tipo de comprometimento necessário para tornar o letramento acessível.
Neste estudo, acreditou-se que o educador pode assumir esse
desafio, e seu papel é veicular um conhecimento sistematizado, que possa vir
ao encontro das questões contemporâneas, ou seja, apresentar a Ciência
dentro do contexto em que o aluno está envolvido e favorecer práticas sociais
transformadoras. Para tanto, fez-se necessário uma reflexão sobre como se
hoje, dentro da prática do Ensino de Ciências, a veiculação sobre questões de
contaminação ambiental por chumbo e formas de controle que possam
viabilizar à comunidade a possibilidade de transformação do meio em que se
encontra.
A partir das orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs), subsídio organizado pelo Ministério da Educação e do Desporto e
Secretaria de Educação Fundamental (BRASIL, 1997), pode-se verificar a
trajetória do educador da área de Ensino de Ciências nas últimas décadas. A
princípio, buscou-se um modelo conteudista, baseado nos pressupostos da
neutralidade científica. Críticas a este modelo deram margem a uma postura
extremista, que retirou do educador o seu papel ativo na educação, visto que
este deveria dar plena liberdade ao aluno no processo de construção do
conhecimento. Como toda atitude extremada pode incorrer em erros, esta
última não foi diferente.
Nas condições atuais de Ensino de Ciências, sugerida pelos PCNs,
em especial nos primeiros anos do Ensino Fundamental, o educador tem o
38
papel de propiciar uma compreensão do mundo e suas transformações,
buscando conhecer o homem como parte do universo e como indivíduo. Nesta
perspectiva, ele deve pontuar reflexões que promovam o exercício crítico e
consciente da cidadania. Ao trabalhar com crianças, ele deve promover
condições que possibilitem que estas, desde os primeiros anos de
escolarização formal, exerçam o seu papel na sociedade e se sintam
integrantes do meio em que se encontram, conhecendo, atuando e
reestruturando novos conhecimentos.
Os PCNs apresentam uma proposta de conteúdo através de blocos
temáticos, tanto para o primeiro quanto para o segundo ciclo. São propostos
três blocos: Ambiente, Ser Humano e Saúde e Recursos Tecnológicos.
Ressaltam que os conteúdos devem se constituir em fatos, compatíveis com o
desenvolvimento do aluno. Devem ser relevantes, passíveis de construção de
significado correto, tanto do ponto de vista social quanto cultural, possibilitando
maior compreensão da ação do homem na natureza, bem como a mediação da
tecnologia. Tal conhecimento deve superar as concepções ingênuas
(alternativas) sobre ciência (Brasil, 1997).
Diniz (1998) aponta que as concepções “ingênuas”, as quais ele
denomina como Alternativas ou Espontâneas, não acometem apenas crianças,
mas, também, seus educadores. O autor discorre sobre dificuldades que,
durante décadas, têm permeado o Ensino de Ciências, no que se refere a
conceitos inconscientes do conhecimento científico. Ressalta que, uma
contribuição importante para a prática pedagógica do professor é a realização
de trabalhos que possibilitem um aprofundamento do conhecimento que os
39
alunos e os professores dominam sobre os conteúdos a serem
apresentados, buscando sempre uma reflexão sobre a prática.
Partindo desta perspectiva de compromisso do Educador diante da
realidade social, o presente estudo tem como objetivo construir, junto ao
docente, subsídios que partam da realidade de uma comunidade, que sofre
diretamente as conseqüências do dano ambiental ocasionado pela
contaminação por chumbo.
Pautado nas considerações de Vigotski (2001), ao se avaliar as
condições do processo de ensino-aprendizagem, pelo menos dois critérios
precisam estar suficientemente esclarecidos. O primeiro deles está
relacionado diretamente a atividade humana, que tem sua base fundamentada
no trabalho, tanto material quanto intelectual. No contexto desse estudo, faz-se
necessário a reflexão sobre o local de moradia das crianças e as condições
objetivas de cada família na organização social, pontos de partida para uma
reflexão sobre o processo de desenvolvimento tecnológico, sua organização
social, ações e finalidades. Neste exercício, o fenômeno do adoecimento de
trabalhadores e, em especial, das crianças, não deve centrar-se apenas na
aparência, ou seja, nos aspectos emergenciais e imediatos, mas deve ser
analisado de acordo com as relações dinâmico-causais subjacentes que se
processam ao longo da história.
O segundo critério tem como eixo de análise a educação da criança
que traz consigo as conseqüências desse processo tecnológico. Tal análise
deve contribuir para a compreensão da importância do papel do educador,
como aquele que estabelece condições para a aprendizagem, garantindo
condições para a apropriação do conhecimento. Nesta perspectiva, o educador
40
é aquele que tem como ponto de partida o conhecimento prévio de cada
criança, sua cultura e suas condições de desenvolvimento e, como ponto de
chegada, o desafio de promover a humanização. O educador deverá sempre
partir da zona real de desenvolvimento infantil, para a zona do próximo
desenvolvimento, compreendendo que o que a criança faz em determinado
momento com apoio, posteriormente, é capaz de fazer sozinha (VIGOTSKI,
2001). Neste processo de apropriação do conhecimento, deve se considerar a
necessidade da construção do sentido, ou seja, que a criança se aproprie de
determinados significados, convencionalmente estabelecidos, relacionando-os
a sua realidade, sendo capaz de generalizá-los em situações distintas. Para
tanto, a contaminação por chumbo, servirá como uma unidade de análise,
tendo a característica não apenas de conteúdo específico, mas de toda uma
totalidade envolvida (social, política e econômica).
Saviani (1983) ressalta duas preocupações marcantes da Pedagogia
Histórico Crítica que devem ser consideradas ao se avaliar ou planejar
processos de transmissão/assimilação do conhecimento: (1) o pressuposto de
que é possível a articulação da escola com os interesses das classes
populares: política e educação pois, embora sejam práticas distintas, são
perfeitamente articuláveis; (2) a escola e o professor são elementos
mediadores entre o conhecimento científico e o estudante, o qual se esforça
para apropriar-se do saber sistematizado, organizado, gerado pela humanidade
no processo de criação da existência mediante o trabalho.
A escolha de atuar junto a essa população, parte dos resultados da
avaliação em um Centro de Psicologia Aplicada para qual as crianças, oriundas
da região que enfrenta a problemática da contaminação, foram encaminhadas
41
para uma avaliação psicológica. um conjunto de dados, obtidos através de
testes e entrevistas com pais e/ou responsáveis, que retrata as condições
atuais das crianças frente à situação da contaminação, elencando
características do desenvolvimento infantil e das condições sócio-econômicas
de cada uma delas. Através da avaliação, pode-se observar que, embora
determinadas crianças apresentem alguns déficits frente ao desenvolvimento
esperado para a idade, outras, superam este desenvolvimento. Tais dados
levantam uma série de questões relativas aos determinismos do sucesso ou do
fracasso escolar.
Segundo Patto (1999), historicamente, uma tendência de
centralizar no indivíduo a responsabilidade pelo fracasso escolar. As avaliações
de crianças, muitas vezes, em torno de testes psicométricos, não
consideravam o contexto no qual a criança estava inserida, nem as condições
que poderiam favorecer ou não a aquisição de determinadas habilidades. Isso
favorecia explicações deterministas como: carência cultural e social,
marginalidade, deficiências individuais e tantos outros determinismos que não
explicavam o fracasso, mas apontavam um “culpado”. Com isso, era grande o
número de repetências escolares, pois se a culpa era do indivíduo, ele deveria
ser exposto inúmeras vezes ao mesmo conteúdo, da mesma forma. Evasões
eram freqüentes, por parte desses alunos, visto que o sistema não oferecia
condições para o sucesso.
Em pesquisa com profissionais da área da Saúde e da Educação,
Moysés e Collares (1997) constatou que, independentemente de sua área de
atuação e/ou de sua formação, estes ainda centram as causas do fracasso
escolar nas crianças e suas famílias. A instituição escolar é, na fala destes
42
profissionais, praticamente isenta de responsabilidades. O sistema escolar
como causa é considerado em um plano mais que secundário. Os
profissionais referem-se a problemas biológicos como determinantes do não-
aprender na escola, alegando que os problemas de saúde das crianças
constituem uma das principais justificativas para a situação educacional
brasileira. Dentre os problemas citados, merecem destaque a desnutrição,
referida por todos, tanto da Educação como da Saúde, e as disfunções
neurológicas, referidas por 92,5% das 40 professoras e 100% dos 19
profissionais de saúde (médicos, psicólogos e fonoaudiólogos).
Diante do exposto, sendo as crianças contaminadas por chumbo
oriundas, em sua maioria, de famílias de baixa renda, podendo apresentar
também índices de desnutrição, anemia ou outros problemas de saúde,
relacionadas ou não ao chumbo, poderiam ser facilmente julgadas como
determinadas ao fracasso escolar. Neste sentido, uma condição profética
que pode se realizar, pois, ao não acreditar que a criança possa aprender, o
professor deixa de promover ações que a estimulem, possibilitando, desta
maneira, a realização da profecia-realizadora, tal como descrevem Rosenthal e
Jacobson (1968).
Para que não se estabeleça uma relação deficitária e profética entre
a contaminação por chumbo e o desempenho escolar, buscando ressaltar o
papel ativo do professor diante do processo de ensino-aprendizagem, o
presente estudo buscou elucidar o quanto práticas educativas diferenciadas
podem promover o sucesso escolar na diversidade, por mais que haja
determinismos sociais, políticos e econômicos envolvidos.
43
“Gosto de ser gente porque, inacabado, sei que sou um ser condicionado
mas, consciente do inacabamento, sei que posso ir mais além dele. Esta é
a diferença profunda entre o ser condicionado e o ser determinado” (Freire,
1997, p. 59).
Desta forma, pode-se partir desta problemática, que se constitui em
fato presente na realidade do aluno, buscando investigar em que medida ela
poderá ser relevante a ponto de buscar-se medidas que envolvam uma prática
social, do educador e, conseqüentemente, do educando e outros envolvidos.
Os PCNs pressupõe que o professor deva partir de temas factuais,
presentes na realidade do aluno, para que o ensino seja significativo.
Considerando-se a contaminação por chumbo um tema que atende a esses
quesitos, pretende-se analisar se este tema tornou-se ponto de partida para
trabalhar os conteúdos da série em que o professor atua.
44
2 - Desenvolvimento da Pesquisa-Intervenção
Um dos desafios do pesquisador consiste em olhar para o seu objeto
de estudo e buscar definir caminhos e trajetórias, bem como, quais serão os
pressupostos teóricos e filosóficos que nortearão sua prática. Acreditando que
não é possível uma neutralidade científica, cada vez mais as pesquisas
apontam para relatos que descrevem em que medida o pesquisar intervém em
resultados, corrobora com eles ou mesmo, ajuda a construí-los, sendo
integrante do processo.
Este estudo tem a função de desvelar situações e necessidades, a
medida que aponta caminhos a serem percorridos. Tais caminhos são
assumidos em uma parceria, na qual a universidade e a escola assumem
juntas a tarefa de buscar novos rumos e possibilidades.
Partindo do pressuposto filosófico e da concepção de homem
presente no Materialismo Histórico Dialético, busca-se compreender em que
situações objetivas e concretas a problemática é apresentada: quem são os
professores das crianças envolvidos, quantos são, onde estão e o que
acontece com os mesmos no cotidiano escolar; o que colaborou na história das
participantes para que elas fizessem parte desse cenário: opções, escolhas,
condições sociais, decisões políticas e oportunidades; e como os
multideterminantes do processo educativo podem estar relacionados, de modo
a construir-se uma prática transformadora.
Realizar pesquisar com intervenção é um desafio, principalmente
considerando o curto período de elaboração e estruturação do mestrado. Mas é
condição necessária para que o construto investigado possa ter sentido, tanto
45
para o pesquisador, comunidade envolvida e academia científica em geral.
Pesquisar, intervir e avaliar a sua prática, é condição necessária para saber-se
em que medida a práxis pode ser de fato transformadora e, quando transforma,
o que transforma, para que e para quem.
Não é um caminho fácil, mas é, sobretudo, necessário. Diante deste
desafio, a seguir, encontra-se a descrição dos passos trilhados, resultados
alcançados e limites apontados durante a caminhada, na qual, o pesquisador é
aquele que proporciona a informação sobre o fato, a reflexão e a possibilidade
da mudança.
MÉTODO
Participantes
No primeiro semestre do ano de 2004 foi realizado o levantamento
das escolas envolvidas para seleção dos participantes, sendo estas, escolas
próximas a região contaminada, tendo, portanto, crianças contaminadas
inscritas. Foram identificadas três escolas estaduais e uma municipal. Após a
caracterização das escolas, tendo sido aprovada a realização da pesquisa pelo
Comitê de Ética da Faculdade de Ciências Unesp-Bauru, foi solicitada
autorização para pesquisa aos órgãos competentes (Diretoria Regional e
Secretaria Municipal de Ensino), os quais manifestaram-se favoravelmente.
Em seguida, o projeto foi apresentado à Diretoria e Coordenação de
cada escola, sendo autorizada a Hora de Trabalho e Pedagógico Coletivo
(HTPC) para convite às professoras para participação nas diferentes fases do
estudo. As participantes assinaram um termo de consentimento livre e
46
esclarecido, conforme as normas do Conselho Nacional de Pesquisa (CONEP)
– (Anexo 2).
Participaram do presente estudo as respectivas professoras de
crianças do 1
o
e 2
o
ciclos do ensino fundamental, que foram avaliadas no
Centro de Psicologia Aplicada durante o ano de 2002 e 2003, por ocasião do
desenvolvimento da pesquisa denominada: “Atendimento emergencial de
crianças contaminadas por chumbo”
2
. O convite foi feito a todas as 46
professoras atuantes nas quatro escolas públicas localizadas na região que
enfrenta a problemática da contaminação por chumbo, das quais, 36 aceitaram
participar do projeto durante a etapa 1 (entrevista). Para a etapa 2,
intervenção, foram convocadas 15 docentes para realização de um programa
de capacitação, e convidados todos os dirigentes e coordenadores, dos quais,
apenas uma coordenadora compareceu. As docentes convocadas tiveram por
parte dos órgãos competentes, Diretoria de Ensino e Secretaria Municipal, a
contratação de professoras substitutas, para que o curso pudesse ser oferecido
no horário de trabalho. Para tanto, houve a exigência de distribuição
proporcional a participação de cada escola, havendo um limite de 15 vagas.
Como critério de convocação, foram privilegiadas as docentes que:
participaram da etapa 1 e eram professoras efetivas na ocasião do curso. Das
15 participantes, 13 obedeceram aos critérios. Houve abertura para uma
professora novata que demonstrou interesse pelo curso e adesão de uma
coordenadora. Uma das docentes convocadas não compareceu por motivo de
saúde. O fato do curso (etapa 2) ser oferecido em ano letivo diferente da
2
O referido Projeto foi desenvolvido sob a coordenação da Profª. Drª. Olga Maria Piazentin Rolim
Rodrigues.
47
entrevista (etapa 1) ocasionou o desencontro de algumas participantes da
etapa 1 que assumiram aulas em outras escolas. Como a preocupação original
do projeto era com a região envolvida, as mesmas não foram contatadas. Para
a etapa 3 (re-entrevista), houve o aceite das 13 docentes que participaram das
etapas anteriores, conforme representado na Tabela 1.
TABELA 1 - NÚMERO DE DOCENTES PARTICIPANTES DAS DIFERENTES FASES DO ESTUDO.
Escolas professoras
atuantes
participantes da
etapa 1
participantes da
etapa 2
participantes da
etapa 3
E1 10 9 2 2
E2 20 20 8* 7
E3 10 6 4 4
E4 6 1 1 1
Total 46 36 15 13
* sete docentes e uma coordenadora.
Materiais e Local
Para realização do estudo foram utilizados os seguinte instrumentos:
Etapa 1 – Diagnóstico (Entrevista)
a) Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (anexo 2)
b) Roteiro para entrevista (anexo 3)
c) Gravador e Fita K7.
d) Software SPSS versão 11.
Local: nas escolas respectivas.
Etapa 2 – Intervenção (Programa de Capacitação)
a) Retroprojetor
b) Projetor de multimídia
c) Televisor e vídeo Cassete
d) Filmes em VHS.
48
e) Microcomputadores
Locais: Anfiteatro e Laboratório de Informática da Pós-Graduação da
Faculdade de Ciências – Unesp-Bauru.
Etapa 3 – Avaliação (Re-entrevista)
a) Roteiro para entrevista (anexo 3)
b) Gravador e Fita K7.
c) Microcomputador
Local: nas escolas respectivas.
Condições éticas de pesquisa
O projeto originou-se de estudos provenientes do GRUPO DE
ESTUDO E PESQUISA DA INTOXICAÇÃO POR CHUMBO EM CRIANÇAS DE
BAURU (GEPICCB) e, especificamente do grupo de pesquisa que tem
desenvolvido, no Centro de Psicologia Aplicada, da Faculdade de Ciências, da
Unesp-Bauru, o projeto “Avaliação do desenvolvimento geral e intelectual de
crianças de um a 10 anos de idade contaminadas por chumbo (CONIC)”.
Desde o início do trabalho, a Comissão de Ética da Faculdade de Ciências,
julgou os critérios máximos destinados aos dados coletados durante as
avaliações, assegurando condições de respeito e sigilo aos participantes, em
conformidade com a Resolução 196/96 do CNS/MS. Desta forma, o presente
projeto obrigou-se a respeitar as mesmas condições estabelecidas, garantindo
também sigilo em relação às escolas e profissionais envolvidos, de acordo com
49
a aprovação do Comitê de Ética da Faculdade de Ciências Unesp/Bauru.
(Anexo 1)
Procedimento
O estudo foi realizado organizado em três diferentes etapas, sendo:
diagnóstico, intervenção e avaliação.
Etapa 1 - Diagnóstico
Esta etapa foi realizada através de entrevistas individuais que foram
gravadas e transcritas. O roteiro de entrevista foi pautado nos seguintes eixos:
1) identificação do docente; 2) relação entre a sua prática educativa e o
processo de aprendizagem; 3) caracterização de práticas educativas, da escola
e do docente, em relação à contaminação por chumbo e; 4) relação que o
docente estabelece entre a contaminação por chumbo e o desenvolvimento
infantil. Após a transcrição, as entrevistas impressas foram apresentadas aos
docentes entrevistados, para conhecimento, havendo possibilidade de
alteração tanto da forma como do conteúdo. Em seguida, as respostas foram
organizadas em frases sínteses, identificadas e organizadas. Segundo Bardin
(1996) a organização das categorias pode anteceder a pesquisa ou partir dos
dados obtidos. Optou-se pela segunda forma, nesta etapa do procedimento, na
tentativa de aproximar-se das respostas apresentadas.
Entre as questões apresentadas no roteiro de entrevistas, logo após
a caracterização da docente, três perguntas compunham um eixo de análise do
processo de ensino aprendizagem. A seguir, tem-se a apresentação da
resposta, na íntegra, de uma das participantes, seguida de decomposição em
50
frases sínteses e posteriores categorias de análise. Para este exemplo, foi
selecionada a primeira delas, a qual era assim formulada:
1.a) Em sua experiência docente, que ações educativas você considera
essenciais para aprendizagem efetiva do aluno?
A participante 05 (P 05) apresentou a seguinte resposta:
“Se a gente tomar como premissa que o aluno é um ser humano, que tem cada um a
sua individualidade, identidade, são vários os aspectos a serem levados em
consideração. Primeiro, a questão da base familiar, onde o aluno tem estímulo da
família, não importa se é o pai ou a mãe, nem se eles estão juntos ou não,
considerando hoje, na sociedade moderna, a estrutura familiar que se tem. Mas o
importante é que tenha uma pessoa, na família, em casa, no lar, que estimule essa
criança no processo de ensino-aprendizagem. Neste caso, o aluno estaria muito
mais preparado para estar adquirindo o conhecimento que ele vai estar
desenvolvendo de forma sistemática na sala de aula. Então, esta questão estrutural
do aluno, psicologicamente falando, a questão da auto-estima... isso daí contribui
muito para que avance esse processo de ensino-aprendizagem. Uma outra questão é
a questão orgânica. Se a criança foi bem gerada, no sentido de alimentação, a mãe
teve todo o cuidado gestacional, a criança foi bem”. alimentada nos primeiros anos
de vida e tudo mais, a tendência é que a criança também tenha um bom rendimento
dentro de sala de aula, porque, fisiologicamente, ela vai estar preparada para isso.
Então estes pontos são fundamentais para que ocorra o processo de ensino-
aprendizagem, associado dentro da escola a estímulo que o professor vai estar
dando. No processo de ensino-aprendizagem a gente sente hoje que a se entra
também em uma questão educacional mesmo, entra no conceito de educação, no
processo de educação, hoje como ele ocorre dentro da sala de aula, com toda
tecnologia, com todos os meios de comunicação, tratar de conteúdos que a gente
tem que seguir um conteúdo programático em todas as séries, então é preciso ter
bastante criatividade para estar competindo com todo esse mundo que está presente
na nossa sociedade. E o aluno traz também isso de casa, todo esse repertório, essa
bagagem. A gente tem que instrumentalizar isso e utilizar também como forma para
o amadurecimento dessa criança. A criança precisa que o professor a estimule,
dentro de uma sala de 35 alunos que não é fácil, é muito aluno para a gente
trabalhar essa questão construtiva, do método construtivista, mas a gente tenta.
Então a criança, a partir do momento que a gente estimula e a gente sente que o
processo de acomodação e assimilação de conteúdo, ela interioriza, a gente percebe
uma segurança por parte dela, um confiança nela perante os outros colegas,
estímulo para estar aprendendo cada vez mais, de estar fazendo cada vez mais, de
estar buscando o conhecimento. Eu acredito que isso seja muito importante.”.
(Participante 05, grifos da pesquisadora).
Por ser uma pesquisa qualitativa, um trecho como esse daria
margem para inúmeras interpretações e análises. Neste estudo, foram
selecionadas as seguintes frases sínteses:
Considerar o aluno como um ser humano, que tem a sua individualidade
e identidade.
51
Considerar a base familiar, onde o aluno tem estímulo da família,
A questão da auto-estima contribui muito para que avance esse
processo de ensino-aprendizagem.
A questão orgânica: alimentação e cuidados.
O professor estimula a aprendizagem.
É preciso ter bastante criatividade para competir com tanta tecnologia
presente na nossa sociedade.
O aluno traz de casa uma bagagem, a gente tem que instrumentalizar
isso e utilizar também como forma para o amadurecimento dessa
criança.
A criança precisa que o professor a estimule.
A criança precisa sentir confiança em si mesma, perante os outros
colegas.
As frases sínteses de P 05 foram agrupadas às frases sínteses de
outras participantes que respondem dentro de contextos semelhantes,
conforme apresentado na Tabela 2:
TABELA 2 – EXEMPLOS DE AGRUPAMENTO DE FRASES SÍNTESES DOS PARTICIPANTES
Participante
Nº da frase
Respostas
frase síntese
9 A participação da família é essencial
P2
9 A ajuda dos pais em casa é fundamental, e o nível de econômico e cultural dos
pais influencia.
P5
9 Base familiar, onde o aluno tem estímulo da família.
P11
9 Os pais motivarem seus filhos. São crianças que não tem carinho em casa, são
revoltadas... Então o essencial é amor, carinho e apoio dos pais.
P16
9 Há condições que dificultam o trabalho: ausência de pré-escola, condição sócio
econômica, analfabetismo dos pais, falta de acesso à leitura.Precisa de apoio
P21
9 É preciso resgatar o papel da família. É preciso a participação dos pais.
frase síntese
10 A criança precisa estar bem alimentada
P2
10 A criança precisa estar bem alimentada
P5
10 A questão orgânica: alimentação e cuidados.
frase síntese
16 Considerar a identidade e a individualidade do aluno.
P5
16 Considerar o aluno como um ser humano, que tem a sua individualidade e
identidade.
P10
16 A criança precisa acreditar que é importante e que é capaz. Todo ser humano
aprende, dentro do limite dele, mas ele aprende, principalmente a criança.
P35
16 Considerar a criança em sua individualidade.
P36
16 O professor precisa conhecer o aluno.
frase síntese
17 Incentivar e promover a auto-estima
52
P5
17 A questão da auto-estima contribui muito para que avance esse processo de
ensino-aprendizagem.
P10
17 É preciso resgatar a auto-estima dos alunos.
P23
17 A gente tem que trabalhar com a auto-estima, trabalhar com espelho,
levantando a imagem deles.
frase síntese
18 Estimular a aprendizagem
P5
18 O professor estimula a aprendizagem. / A criança precisa que o professor a
estimule.
frase síntese
19 O professor precisa ser criativo para concorrer com a tecnologia
P5
19 É preciso ter bastante criatividade para competir com tanta tecnologia presente
na nossa sociedade.
frase síntese
20 O aluno tem conhecimentos prévios, o professor deve instrumentalizá-lo
P5
20 O aluno traz de casa uma bagagem, a gente tem que instrumentalizar isso e
utilizar também como forma para o amadurecimento dessa criança.
P21
20 Estimular participação do aluno, considerando o conteúdo que ele apresenta
durante as aulas.
P25
20 Considerar o conhecimento prévio da criança.
P26
20 Considerar o conhecimento prévio da criança.
P35
20 Considerar o conhecimento, a bagagem que a criança traz.
P36
20 É necessário fazer um diagnóstico dos conhecimentos dos alunos.
frase síntese
21 A criança precisa sentir-se confiante perante os outros colegas
P5
21 A criança precisa sentir confiança em si mesma, perante os outros colegas.
As frases sínteses semelhantes foram agrupadas em categorias.
Neste exemplo, conforme Tabela 3, as categorias são apresentadas na
totalidade, estando em negrito as frases sínteses advindas da fala de P05 e
demais docentes que apontam para contextos semelhantes.
TABELA 3: CATEGORIA - AÇÕES VOLTADAS PARA APRENDIZAGEM DO ALUNO EM GERAL
Nº da frase
Frases sínteses Freqüência
6 orientar a aprendizagem 2
18 estimular a aprendizagem 1
46 preocupar-se c/ o processo/não com uma habilidade específica 1
Total 4
TABELA 4: CATEGORIA - RELATOS DE FATORES EXTERNOS À ESCOLA QUE FAVORECEM A
AÇÃO DO PROFESSOR
Nº da frase
Frases sínteses Freqüência
8 a criança tem que estar disposta a aprender 1
9 a participação da família é essencial 5
10 a criança precisa estar bem alimentada 3
32 a criança precisa saber: ler, entender e compreender 1
33 a criança precisa saber ler, entender e compreender 2
34 trabalhar com temas atuais, presentes na realidade do aluno 7
42 o professor deve ter experiência 1
44 atenção e participação do aluno 1
Total 20
53
TABELA 5: CATEGORIA - AÇÕES QUE RELATAM ESTRATÉGIAS
Nº da frase
Frases sínteses Freqüência
3 estabelecer limites 2
5 estimular o aluno a pensar, questionar, levantar problemas 1
11 uso de atividades lúdicas 1
12 uso de diversos materiais e métodos 2
13 uso de diversos recursos 1
14 promover atividades de interesse da criança: jogos,música... 8
16 considerar a identidade e a individualidade do aluno 4
17 incentivar e promover a auto-estima 2
19 ser criativo para concorrer com a tecnologia 1
20 instrumentalizar o aluno considerando conhecimentos prévios 6
21 promover a confiança da criança perante os colegas 1
22 desenvolver palestras, projetos 3
23 conduzir o aluno aquilo que o professor quer que ele aprenda 1
24 promover um relacionamento de confiança e respeito 3
25 promover trocas entre professor e aluno 1
26 sondar dificuldades de aprendizagem e/ou distúrbios 3
27 realizar um trabalho individual com o aluno 6
28 trabalhar diversificadamente 10
29 promover atividades significativas/com sentido p/o aluno 4
30 o importante é a metodologia apresentada pelo professor 1
31 trabalhar com projetos motivadores/que envolvam o aluno 1
34 trabalhar com temas atuais, presentes na realidade do aluno 7
35 trabalhar de forma multidisciplinar 1
36 planejar as aulas de forma processual 1
37 conhecer a realidade dos alunos 2
38 trabalhar com textos informativos, científicos,reescritas... 2
39 trabalhar individualmente, em duplas e grupos 1
40 ensinar o essencial: a leitura, a escrita e as 4 operações 2
41 Planejar 2
43 repetir a explicação com clareza, até que o aluno entenda 1
47 fazer experiências/trabalhar ciências interdisciplinarmente 1
48 ter cuidado ao avaliar pois pode afetar a auto-estima da criança 1
Total 84
Desta forma, pôde-se observar que, apesar de serem 36
participantes, mais de uma resposta a ser considerada por docente. Para
esta questão, foram analisadas 120 respostas, agrupadas em 51 frases
sínteses e distribuídas em 04 categorias. No exemplo supramencionado, não
apareceu a categoria ações que relatam conteúdo, pelo fato de não ter sido
54
selecionada nenhuma fala da participante 05 que estivesse relacionada a esta
categoria.
Os demais dados da entrevista compuseram o segundo e terceiro
eixo de análise, sendo, atuações da escola e das docentes frente a
problemática da contaminação e relações entre o desenvolvimento infantil e a
contaminação por chumbo, respectivamente.
O segundo eixo foi composto por questões mais objetivas,
caracterizando a princípio se houve ou não ações educativas relacionadas a
contaminação. Em caso afirmativo, tais ações foram descritas. Quanto à prática
docente, quando a professora afirmava ter feito algo, investigava-se, também, a
ocorrência de planejamento e avaliação. Apesar de não ter sido previsto,
quando a docente não havia realizado nenhuma ação frente a questão
apresentada, na maioria das vezes, apresentava justificativas, as quais
também foram organizadas, muitas delas referendando a necessidade de
formação.
O terceiro eixo, seguiu a mesma forma de categorização do primeiro,
pois as questões apresentadas deram margem para respostas mais abertas.
As frases sínteses e categorização dos três eixos estão detalhadas no Anexo
4.
Intervenção
Alguns autores, tais como Brandi e Gurgel (2002) e Chassot (2003)
têm apontado sobre a necessidade de programas de Formação Continuada
para professores, em especial, para professores das séries iniciais de ensino.
55
Brandi e Gurgel (2002), apontou uma preocupação ainda mais
marcante relacionada ao Ensino de Ciências nas séries iniciais de ensino,
reconhecendo que o educador, apesar de ser polivalente, muitas vezes, não
apresenta capacitação adequada para introduzir o aluno neste ensino, ficando
esta tarefa, na maioria das vezes, a mercê do livro didático. Esta prática requer
do aluno a habilidade de leitura e escrita, que muitas vezes é feita de forma
mecânica, favorecendo o predomínio de um modelo reprodutivista de ensino.
Conforme afirmou Chassot (2003), um dos principais desafios na
formação de professores em Ensino de Ciências consiste em estabelecer uma
Ciência da Escola, a qual não se restrinja a um saber da escola ou para a
escola e sim, envolva a reelaboração de outros saberes sociais, visando o
atendimento das finalidades sociais da escolarização, que são diferentes da
Ciência da Universidade saber acadêmico (grifos do autor). Isto aponta para a
dificuldade de realizar a transposição dos conteúdos do Ensino Superior para o
Ensino Médio e Fundamental.
Para realizar a transposição dos conteúdos didáticos, um
movimento necessário e muito reivindicado pela escola, que aponta para
necessidade que reconhecidamente os docentes apresentam, tanto no que se
refere a conteúdo, práticas educativas e recursos materiais.
Para tanto, a escola não pode mais ser um lugar onde apenas se
identificam problemas. Muitas vezes, os resultados são apresentados apenas a
uma sociedade de intelectuais, que nem sempre estão envolvidos com
tomadas de decisões que interfiram na problemática apresentada. De outra
forma, Chassot (2003) apontou para a necessidade de promoção da
Alfabetização Científica e, esta será possível quando, em qualquer nível de
56
ensino, houver uma contribuição para a construção de conhecimentos,
procedimentos e valores que possibilitem aos estudantes a tomada de
decisões e a percepção das utilidades e aplicações da ciência na melhoria da
qualidade de vida, bem como suas limitações e conseqüências negativas de
seu desenvolvimento. Antes de tudo, o educador deverá perguntar-se sobre o
sujeito e finalidade da educação a que se propõe defender.
A pesquisa-intervenção consiste em movimentos de diagnóstico-
ação-avaliação, de modo que o participante tenha condições de rever sua
prática, compartilhar com seus pares, avaliar e buscar novas possibilidades de
atuação. Alguns autores como Mizukami et. al. 2003, têm defendido a
importância deste modelo como condição para construção de sentido e
significado daquilo que se produz na Universidade.
Diante dos resultados apresentados na etapa de diagnóstico,
constatou-se a necessidade de capacitação docente. Esta capacitação não
consistia em tornar o docente um perito no assunto, mas sim, ajudá-lo a
realizar uma transposição de conteúdos previstos no Ensino de Ciências a
partir de um fato presente no cotidiano das crianças. Nos termos postulados
por Freire (1997), a contaminação por chumbo seria um tema gerador. Entre
outras formas de intervir junto ao docente, buscou-se a organização de um
espaço de formação para as professoras envolvidas, com o objetivo de
promover uma reflexão crítica sobre as implicações ambientais da
contaminação por chumbo e a responsabilidade social do professor para
buscar medidas de intervenção através de práticas educativas diversificadas.
Este espaço foi constituído mediante insistentes reivindicações
junto aos órgãos públicos (Diretoria de Ensino e Secretaria Municipal da
57
Educação), buscando garantir às docentes envolvidas, em horário de trabalho,
a possibilidade de capacitar-se. Diante da relevância apresentada pelo estudo,
para as educadoras daquela região, houve liberação dos órgãos competentes,
com devida contratação de professoras substitutas. Este fato possibilitou que
parte das docentes tivesse acesso garantido a capacitação, embora não
pudesse ser estendido a todas, visto a dificuldade de se disponibilizar
professoras substitutas para todas as docentes.
A capacitação docente foi formalizada em cinco encontros semanais,
de seis horas/aula, totalizando 30 horas/aula. Diferente de um curso formal, em
que se planeja inicio, meio e fim, foram organizadas algumas temáticas
principais, em função do conteúdo analisado das entrevistas, sendo:
Contaminação por chumbo; Ciência, Tecnologia e Sociedade; Processo de
Ensino Aprendizagem; Educação Ambiental e Planejamento de Ensino,
Intervenção e Avaliação. Os tópicos principais de cada dia foram apresentados
no início do programa de capacitação, havendo flexibilidade para alterações
e/ou complementações. A organização dos temas possibilitou o convite aos
palestrantes e estruturação de materiais e equipamentos. No entanto, o
planejamento era semanal, de acordo com o desenvolvimento e interesse das
docentes. A cada dia era realizada uma breve retomada das discussões,
avaliando o ritmo e a metodologia proposta. Os palestrantes envolvidos tinham
acesso ao conteúdo das palestras anteriores, organizando a sua temática em
uma seqüência dinâmica.
58
Avaliação
Um mês após o encerramento do programa de capacitação, foi
realizada visita às escolas para entrega do certificado e re-entrevista. Foram re-
entrevistadas 13 docentes, as quais participaram das etapas anteriores
(diagnóstico e intervenção). Utilizou-se do mesmo instrumento descrito no
Anexo 3. O conteúdo das entrevistas foi analisado seguindo os mesmos
critérios da primeira entrevista, salvo, no que se refere à constituição das
categorias. Para que pudesse realizar um comparativo do momento inicial da
pesquisa e após a intervenção, foram mantidas as mesmas categorias da
primeira etapa, havendo acréscimo de outras quando necessário.
Análise de dados
O conteúdo das entrevistas, tanto de diagnóstico quanto da
avaliação, foi categorizado, em aspectos quantitativos e qualitativos, seguindo
as orientações metodológicas de Bardin (1966), nas seguintes fases:
1) Leitura e organização de frases sínteses da Etapa 1,
2) Categorização das frases sínteses da Etapa 1.
3) Representação das categorias em tabelas e gráficos para análise e
discussão.
Diante dos resultados diagnosticados na Etapa 1, constatou-se a
necessidade de capacitação docente. Iniciou-se, a partir de então, a busca de
recursos, materiais e humanos. Durante o programa de capacitação, Etapa 2,
foram analisados os seguintes critérios: a) participação, comprometimento,
59
envolvimento e motivação das docentes. Na apresentação das principais
temáticas, mencionadas na seção de procedimentos, houve espaço para
solicitações e complementação. Ao final da capacitação, as docentes
planejaram ações educativas que possibilitaram, em grupo, refletir sobre sua
prática atual e planejar conteúdos de ensino que contemplem a problemática
vivenciada pelas crianças.
A avaliação dos planejamentos realizados pelas professoras, durante
a Fase 2 (Intervenção), seguiu os seguintes critérios: i) verificação de
indicativos de práticas que poderiam minimizar ou eliminar possibilidades de
contaminação; ii) apontamento de práticas em sala de aula que poderiam
representar estimulações específicas e globais de habilidades motoras e
cognitivas, em especial para alunos com desempenhos abaixo do previsto; iii)
descrição de práticas educativas que poderiam garantir e ampliar a atuação e o
exercício da cidadania em defesa do ambiente.
Após a aplicação da re-entrevista, Etapa 3, foram comparados os
conteúdos dos resultados da entrevista de diagnóstico e da entrevista de
avaliação.
60
3 - Resultados e Discussões
Esta seção está organizada em função das três etapas da pesquisa-
intervenção. A opção de apresentar descrição e discussão juntas tem por
objetivo facilitar a compreensão do processo como um todo.
Etapa 1 – Diagnóstico (Entrevista)
Para realização da primeira etapa, tendo aprovação do Conselho de
Ética e dos Órgãos envolvidos, não houve dificuldade de acesso às escolas e,
uma vez apresentado o projeto, houve grande interesse de participação por
parte das docentes, coordenadores e diretores, tanto que, das 46 docentes
atuantes, 36 participaram desta etapa.
O primeiro eixo da entrevista propôs uma investigação sobre
concepções das docentes sobre o processo de ensino aprendizagem, mais
especificamente, sobre ações educativas importantes para aprendizagem,
procedimentos envolvidos e avaliação. Não se centrou, nestas questões, a
temática do chumbo ou qualquer outro conteúdo específico, ou disciplina,
acreditando que sejam processos comuns às diversas áreas do ensino.
Dessa forma, a primeira questão investigava sobre as ações
educativas que o docente considera essenciais para aprendizagem efetiva do
aluno. Para esta questão foram observadas mais de uma frase síntese por
docente, num total de 120 respostas, categorizadas em: a) ações que relatam
conteúdo; b)ações voltadas para a aprendizagem do aluno em geral; c) ações
61
que relatam estratégias e d)relatos de fatores externos a escola que favorecem
a ação do professor. Para se chegar a estas categorias, houve uma dificuldade
em caracterizar a fala, pois nem sempre a docente descrevia ações, mas falava
sobre processos importantes, relacionados a sua prática.
Entre as ações descritas, houve uma maior concentração de
respostas que envolviam estratégias (87%), sendo estas relacionadas à: ações
centradas nos recursos disponíveis, tais como: uso de atividades lúdicas (8%),
uso de materiais diversificados (4%), uso de métodos diversificados (30%),
promoção de atitudes facilitadoras da aprendizagem (13%), relatos de
possibilidades de ações (sem descrevê-las) (17%). ainda, o relato de
fatores externos, relacionados à características da criança (4), aspectos
externos à criança (6) e características do professor (1).
Considerando que para estas docentes, uma aprendizagem efetiva
está diretamente relacionada a estratégias de ensino, tais como o uso de
métodos diversificados, aparece constantemente a necessidade de um
atendimento mais individualizado, diferenciado, para o aluno que não consegue
acompanhar a classe. No entanto, um avanço em considerar-se que o
método precisa ser alterado quando não funciona, pois historicamente, muitas
vezes o fracasso da aprendizagem era atribuído ao aluno, destituindo do
docente a necessidade de mudar sua metodologia de ensino. Também pode
ser considerado positivo o baixo índice de respostas que buscam em fatores
externos a condição para a aprendizagem, tais como a família, condições
sociais precárias, não que eles não sejam importantes, mas não devem ser
determinantes do fracasso escolar, caso contrário, o professor estaria
62
totalmente desobrigado frente à clientela dessa região que apresenta
condições sociais limitadas.
O índice de 4% para o uso de materiais diferenciados pode
apresentar diferentes análises, pois pode denunciar a falta de recursos da
escola (materiais de áudio, vídeo, computadores, brinquedos e materiais
didáticos) ou, quando estes existem, o despreparo do professor em utilizá-los.
Este é um dado importante para a capacitação de professores, no sentido de
identificar que recursos e subsídios podem favorecer aulas mais dinâmicas,
participativas e diferenciadas.
A segunda questão do eixo de ensino-aprendizagem refere-se à
avaliação. Todas as docentes afirmaram que conseguem avaliar seus alunos e,
apenas uma não descreveu como a avaliação ocorre. Os relatos foram
organizados em três categorias, sendo: a) avalia assistematicamente (67%), b)
avalia sistematicamente (32%) (c) não respondeu (1%).
Para maior detalhamento das categorias, houve uma subdivisão,
apresentada na Figura 1.
63
10
29
28
2
25
4
1
1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
A.1.1 A.1.2 A.2.2 B.1 B.2.1 B.2.2 B.2.3 C
Categorias
%
Legenda
A.1.1 – relata
comportamentos
pontuais,
A.1.2 – relata
aspectos subjetivos do
comportamento da
criança;
A.2.1 – relata
comportamentos
pontuais,
A.2.2 – relata
aspectos subjetivos do
seu comportamento;
(B.1) relata
comportamentos da
criança;
(B.2.1) descrição das
atividades realizadas;
B.2.2 –relato de
possibilidades de
avaliação;
(B.3) estratégias com
outras possibilidades
de ensino
Figura 1 - Avaliação Assistemática e Sistemática – subcategorias da avaliação.
Observando os dados apresentados na Figura 1, no que se refere à
avaliação assistemática, houve uma maior incidência de relatos de
comportamentos subjetivos, tanto da criança (A.1.2) quanto do professor
(A.2.2). um avanço quando o professor descreve que outras formas de
avaliação além da prova escrita e que precisa estar atento a diferentes formas
de avaliação. A docente que foi considerada como não respondente, apontou
uma preocupação, quando disse que:
“Avaliar é é um termo meio complicado, porque o que a gente até hoje,
avaliação por prova, por nota, por comportamento, tudo isso está sendo mudado,
mas muitas pessoas só mudam no discurso”. (P14)
A: Avaliação Assistemática (A1 – Comportamentos da criança; A2 Comportamentos
do professor)
B: Avaliação Sistemática (B1 – Comportamentos da criança , B2 – Comportamentos
do professor)
C:o respondeu
64
Quando as docentes, deste estudo, descrevem atividades
relacionadas a avaliação sistemática, falam sobre:
Avaliação através de atividades e das questões apresentadas: passa de
carteira em carteira, verifica o processo de realização da atividade, senta
com aquele que tem mais dificuldade.
Avaliação individual: olha para o coletivo sem esquecer que as pessoas
aprendem de modo e tempo diferentes.
Avaliação através das atividades extraclasse (tarefa): reconhece quando
houve ajuda e participação dos pais (ou cuidadores), incentiva, elogia e
ajuda a fazer melhor.
Avaliação no final de cada projeto: retomando objetivos propostos.
Testa conhecimentos prévios, apresenta o tema e testa de novo:
avaliação gradual, considera o conhecimento prévio do aluno, ensina e
re-avalia, podendo refletir sobre sua prática.
Avaliação oral e escrita: em diferentes momentos, contemplando a
diferentes possibilidades de expressão.
um receio de que se confunda a diversidade das formas de
avaliação com uma avaliação informal, que aceita todo e qualquer
comportamento do aluno sem retomar os objetivos. O contrário também pode
ser confundido. A avaliação sistemática não se restringe a avaliação formal e
escrita, embora possa contempla-la. Como avaliação sistemática pode-se
considerar aquela que retoma os objetivos propostos e prepara atividades em
função dos mesmos. Desta maneira, podem ser considerados tanto uma tarefa
extraclasse, uma prova escrita, redação ou desenho, desde que se tenham
claro os objetivos de onde se quer chegar e que este diagnóstico possibilite o
65
planejamento de futuras práticas educativas. Vigotski (2001) afirma ser
essencial para o planejamento de ensino conhecer o que a criança sabe
(zona do conhecimento real) para programar atividades que a auxiliem na
conquista da zona de desenvolvimento imediato. Embora seja difícil avaliar e
planejar individualmente em um contexto de sala de aula de 35 alunos ou mais,
há atividades em grupo que podem facilitar o trabalho do professor,
favorecendo habilidades de cooperação entre os alunos, dando ao docente
uma idéia da sala como o todo e do aluno em sua diversidade.
Ao refletir sobre sua prática, foi importante que o professor
considerasse que ao avaliar o aluno também avalia a si próprio e o resultado
desta avaliação pode favorecer o planejamento de novos conteúdos e
estratégias de ação.
Tendo verificado quais seriam as ações importantes para
aprendizagem efetiva do aluno e as formas de avaliação, restava saber, dentro
do processo de ensino-aprendizagem, que aspectos dos procedimentos da
docente ela considera que tenham contribuído para aprendizagem efetiva.
Para esta questão foram apresentadas 107 respostas, organizadas
em categorias conforme Figura 6. Os relatos indicaram maior incidência de
respostas para ações do professor referente a metodologia utilizada,
condições favoráveis ao ensino estruturas materiais e recursos humanos, e,
relação professor-aluno, principalmente no que se refere a conhecer a
realidade na qual o aluno se encontra.
66
27
21
33
13
2
2
2
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Condões
favoveis ao
ensino
Relação
professor aluno
ações do
professor
requisitos que
favorecem o
ensino
condões
favoveis à
aprendizagem
apresentação
dos conteúdos
não soube
responder
Figura 2 - Procedimentos do professor que contribuem para a aprendizagem do aluno.
De acordo com o resultado apresentado, pôde-se observar que os
professores reconheceram condições e requisitos favoráveis para o ensino,
descreveram suas ações e valorizaram a relação professor aluno. Embora não
se tenha descrito necessariamente aspectos procedimentais, foram
identificadas variáveis que podem contribuir para a aprendizagem, e neste
contexto, eles reconheceram a sua importância como educadores, não como
simples detentores do saber, mas como possibilitadores de condições para
aprendizagem.
O segundo eixo das questões de estudo, refere-se a ações coletivas
(da escola) e individuais (do docente em sala de aula), no período de 2002 a
2004 relacionadas ao conhecimento sobre a contaminação por chumbo.
67
Quando se verificou sobre o desenvolvimento de algum trabalho
sobre a problemática do chumbo, observou-se que a maioria dos participantes
(58%) relatou que não houve nenhuma ão relacionada ao tema da
contaminação por chumbo ou que, por estar há pouco tempo na mesma (25%),
desconheciam qualquer ação neste sentido. O relato que indicou a condução
de palestra explicativa aos pais (14%) referiu-se a somente uma das escolas-
alvo da pesquisa. Três por cento das docentes não responderam. As docentes
relataram que, na escola que se realizou uma palestra, esta aconteceu a
pedido dos pais, que, a princípio estavam muito preocupados com a situação
dos filhos, mas, no dia da palestra, houve pouca participação dos mesmos. No
entanto, não foi verificado o horário de disponibilidade dos pais, fator este que
pode ter dificultado a participação.
Para caracterização da atuação das professoras durante as aulas,
observou-se que, em relação a problemática da contaminação por chumbo, a
maioria (75%) relatou que não trabalhou com o tema. Justificaram o fato,
alegando o despreparo para lidar com este conteúdo, que é específico, bem
como com os sentimentos das crianças perante o adoecimento. Uma das
professoras contou que ficou muito constrangida quando uma das crianças
perguntou em voz alta na sala se iria morrer por estar com chumbo no corpo. A
professora desviou o assunto, pediu silêncio na sala e não respondeu, pois não
sabia o que dizer. Este, entre outros relatos, foi indicativo para a capacitação
dos professores, tanto em termos de conteúdo e procedimentos como em
relação à acolhida do aluno, como lidar com situações difíceis do cotidiano
escolar.
68
Para as docentes que apontaram algum trabalho com o tema em
questão (25%), foi verificada a ocorrência de planejamento e avaliação. Quanto
ao planejamento, 76% delas indicaram ocorrência, não necessariamente em
função da contaminação por chumbo, mas por esta fazer parte de outros
conteúdos (contaminação ambiental) ou por ser notícia na mídia. No entanto,
não houve aprofundamento sobre o assunto, sendo que, algumas delas,
alegavam que as crianças não estavam preparadas para aprender esse
conteúdo (embora estivessem contaminadas).
Verificou-se que a maioria dos professores não abordou o tema em
questão. Entre os que trabalharam, a maioria planejou, mas não avaliou, ou o
fez de maneira assistemática. Segundo relato das professoras, os conteúdos
foram abordados por estarem presentes na mídia no ano de 2002, e, após este
período, deixaram de ser abordados por não ser mais foco de atenção, não
havendo, portanto, nenhum aprofundamento sobre o assunto. Quanto à
avaliação, 56% das professoras não avaliaram o conteúdo, e as demais, o
fizeram de modo assistemático e informal.
Ainda que a mídia explorasse o tema em diversas ocasiões, desde
2002, observou-se pouco envolvimento das escolas com esta problemática da
comunidade. Apenas uma delas empenhou-se em uma ação para tentar a
conscientização dos pais. A temática do chumbo pode ser considerada como
um tema factual presente na realidade do aluno e, no entanto, não serviu como
ponto de partida para o Ensino de Ciências, de acordo com a proposta dos
PCNs.
Quanto á ausência da temática nas ações desenvolvidas pelos
professores na sua sala de aula, talvez se justifique pela falta de políticas
69
públicas que garantam a possibilidade de atualização em função das
necessidades identificadas no seu contexto escolar. Apesar do professor, nas
séries iniciais de ensino, ser polivalente, carece constantemente de
capacitação, visto que o conhecimento é dinâmico e mutável. Para o Ensino de
Ciências, há ainda mais dificuldade, pois na maioria das vezes, o professor não
tem formação específica para lidar com os conteúdos programados para estas
séries, limitando-se ao uso do livro didático, o que dificulta um conhecimento
reflexivo e crítico.
O terceiro e último eixo de análise refere-se a relações estabelecidas
(ou não) entre a contaminação por chumbo e o desenvolvimento infantil. As
questões apresentadas buscaram investigar se o professor relacionava a
contaminação por chumbo a possíveis déficits do desenvolvimento infantil, bem
como as implicações no desempenho escolar. Verificou-se ainda, quais seriam
as práticas educativas pertinentes a este quadro.
Nos relatos sobre os efeitos da contaminação por chumbo sobre o
desenvolvimento infantil observou-se que 58% das professoras deduziram que
o chumbo, como qualquer outro agente estranho ao organismo, deveria
acarretar algum prejuízo ao aluno, seja relacionado a sua aprendizagem ou a
prejuízos físicos. São exemplos de suas falas:
“Bom, deve ter alguma complicação, porque existe a contaminação. Mas eu não
tenho conteúdo sobre esse tema, mas acredito que deva ter alguma influência na
criança”. (P 19)
“Eu acredito que deve ter, pois se está contaminado, se é um corpo estranho no
organismo, vai ter muitas transformações que talvez não permitam um
desenvolvimento normal. Vai fazer com que alguma coisa fique deficiente”. (P 20)
“Eu acredito que, a partir do momento que exista uma contaminação, alguma coisa
deve afetar. Então, se ela está contaminada, alguma conseqüência deve vir por aí.
Agora, se você me perguntar que conseqüências, eu não saberia responder”. (P 25)
70
Das professoras, 36% não perceberam nenhum atraso ou qualquer
outra conseqüência que pudesse ser atribuída ao chumbo e 6% preferiram não
responder.
“Eu não percebi nada, tanto que, as crianças que estavam com alto índice de
chumbo, eu ficava sabendo quando a Secretaria da Saúde mandava um bilhetinho
convocando os alunos para os testes, porque na aprendizagem eu não percebi
nada”. (P4)
“A única preocupação minha é em relação a saúde da criança, em relação a
aprendizagem não. Nunca relacionei, ou achei que tivesse diferença”. (P18)
Olha, é difícil, porque tinha criança que tinha problema com o chumbo e tinha
muita dificuldade para aprender a ler e escrever. E tinha criança que não, que não
tinha dificuldade, embora estivesse com bastante chumbo. Eles contavam a quantia
de chumbo que estavam, pois foi feito exame e eles sabiam. (P26)
Análises mais refinadas, em outros momentos da entrevista,
apontaram que pode haver outros fatores envolvidos na dificuldade de
aprendizagem das crianças:
“Eu já não sei. A gente pensa no chumbo como causa porque sabe que ele afeta um
pouco. Mas tem também outros fatores envolvidos, como a família, o estímulo que
vem de casa, então, tem outras coisas junto, não é o chumbo”. (P 01 eixo 3, 2
a
questão)
“(...) Tem outras crianças na sala que apresentam também a mesma dificuldade que
esse menino de quem lhe falei, que é a dificuldade de leitura. São outras crianças
que não moram naquela região, mas que conseguem produzir bons textos, eles são
apáticos e até distraídos. A impressão que se tem é que eles vivem em outro mundo,
pelo aspecto familiar também, que eles têm menos condições” (P 25 eixo 3, 2
a
questão)
Embora pareçam divergentes, houve um ponto comum nas respostas
das docentes - nenhuma conhecia as conseqüências do chumbo no organismo
e isso precisou ser esclarecido (durante o programa de capacitação). No
entanto, houve uma preocupação, a priori, relativa a concepções de
desempenho de crianças contaminadas, como se a criança fosse a única
responsável pela aprendizagem e a contaminação por chumbo um
71
determinante de seu fracasso escolar. Foi muito adequada e oportuna a fala da
participante 26, quando conseguiu identificar que crianças contaminadas
com e sem problemas de aprendizagem, assim como tantas outras crianças.
Isso fez com que a docente tivesse que olhar a sua prática e atender a
diversidade, a partir das necessidades individuais do aprendiz, que são sempre
diversas. O processo de ensino-aprendizagem é um par dialético inseparável
não há ensino sem aprendizagem e nem aprendizagem sem ensino.
Vigotski (2001), apontou que a aprendizagem é motriz do
desenvolvimento, a medida que gera condições para o surgimento de
habilidades e competências necessárias a todo e qualquer indivíduo. Como
afirma Leontiev (1978) O que o cérebro encerra virtualmente não são tais ou
tais aptidões especificamente humanas, mas apenas a aptidão para a
formação destas aptidões (LEONTIEV, 1978, p.257). Não para esperar que
exista uma sala com crianças homogêneas, prontas para serem ensinadas.
Aprender é um processo dinâmico que envolve professor e aluno em
habilidades e competências diretamente relacionadas. Diante da diversidade,
cabe ao docente descobrir o que, de fato, precisa ser alterado ou mantido em
sua prática pedagógica, daí a importância da reflexão.
Capellini (2005), ao referendar a necessidade de formação do
professor, afirmou que este, para desenvolver sua prática no atendimento à
diversidade, precisa refletir, acima de tudo, sobre o processo de inclusão
escolar e as modificações ocasionadas nas escolas. Desta forma, precisará
criar meios para reformular sua prática e adaptá-la as situações de ensino que
se fizerem necessárias.
72
Quanto aos demais resultados, sobre as implicações do chumbo no
desempenho das crianças, as docentes apontaram o seguinte:
a) 28% das docentes não souberam descrever ou avaliar
os efeitos do chumbo. Algumas nem sabiam se tinham
ou não alunos contaminados na sala.
“Acho que isso vai depender da criança. Mas eu gostaria de saber mais no que
interfere para ter condições de avaliar. Pode ser que interfira, mas eu não sei como
e nem como agir”. (P 04)
“Eu não sei, porque tenho um monte de crianças que tinham a mesma dificuldade
desse aluno que estava com esse problema, tinha contaminação. E tinha alunos com
dificuldades muito piores que a dele, que não tinha nada a ver com contaminação
do chumbo. Então, é difícil saber se tem alguma coisa a ver”. (P 14)
“Eu gostaria de saber onde o chumbo atinge, pois dependeria de onde ele atinge”.
(P 30)
“Agora não sei se a dificuldade dela era devido a contaminação, pois havia
vários alunos com problemas, como aqui na escola, mas nós não sabemos se é
influência do chumbo”. (P24)
“Olha, eu tenho alunos daquela região, mas não sei se estão contaminados e
também não sei identificar as conseqüências para a criança”. (P33)
Em geral, as docentes identificavam as crianças contaminadas pelas
constantes solicitações para ausentar-se da escola para exames, avaliações ou
tratamento. Mas havia também aqueles alunos que faltavam
indiscriminadamente, sem nenhum aviso, o que dificultava a identificação, pela
docente, de quais seriam de fato as crianças contaminadas, em sua totalidade.
A necessidade de que a docente conheça as implicações da
contaminação está relacionada a medidas e providências que possam ser
tomadas para que se busque minimizar o contato das crianças com situações
de contaminação, tais como: brincar na terra, manusear sucatas de bateria,
consumir alimentos que possam estar contaminados, entre outras situações
73
corriqueiras que estão diretamente vinculadas à contaminação por chumbo, ou
até mesmo a outras doenças. O grande desafio foi fazer isso, sem gerar um
movimento explicativo como: ‘Ah, vendo, bem que eu sabia que tinha alguma
coisa errada, ele não aprende porque está chumbadinho, coitado!’. Essa foi uma das
falas que surgiu em um momento informal de contato com as docentes para a
entrevista. Como não dava para esperar a intervenção, logo depois que a
docente respondeu as questões da entrevista, a pesquisadora esclareceu
que, ainda que a criança tivesse um alto índice de contaminação, não seria
justificativa para que ela não aprendesse. Do contrário, teria-se uma profecia
auto-realizadora, pois se ele está chumbadinho”, nem adianta ensinar. Mas é
um longo caminho para que se esclareça que o sucesso escolar está muito
mais aliado a práticas educativas diferenciadas do que a outros determinantes,
sejam esses sociais, econômicos, orgânicos ou outros mais.
b) Em relação a possíveis diferenças entre crianças com e
sem histórico de contaminação por chumbo, 27%
responderam taxativamente que diferenças, estando
estas relacionadas principalmente a lentidão, tristeza e
dificuldades de aprendizagem. São exemplos de falas:
“Sim, é diferente. É lento, até o pensamento parece que é mais lento. Estas duas
crianças apresentavam um raciocínio lento em relação às outras, eram tristes,
apesar que eu também não sei como era na casa deles (...)” (P11)
“(...) eu ouvi falar dessa contaminação por chumbo, ela interfere um pouco na
questão da atenção, concentração, memorização e estes são fatores que, se a
criança tiver algum problemas nestes três fatores que eu citei pode prejudicar na
aprendizagem”. (P 09)
“Eu acho que eles podem apresentar mais dificuldade, porque eles estão fazendo
o tratamento, não estão? Então eles ficam preocupados, porque eles estão
contaminados com o chumbo. Aí vai acarretando mais dificuldade”. (P 32)
“Sim, pelo conhecimento que eu tenho, afeta o cérebro da pessoa, e o aprendizado
dele comparado ao de uma criança normal seria muito diferente”. (P34)
74
“Olha, aí a gente tem que usar raciocínio matemático. Se essa contaminação atinge
o sistema nervoso central e o sistema nervoso central é que comanda tudo, até a
aprendizagem, o que você conclui? Que pode. Eu acho que pode”. (P36)
A fala das docentes reportou à idéia de que se o chumbo, como
qualquer outro agente agressor ao organismo, pode causar alguma
complicação orgânica. Desta forma, seria possível que interferisse no
desempenho do aluno.
A participante 11, em sua fala, apontou indicativos de que possam
existir outros fatores relacionados à tristeza e lentidão da criança. Pareceu
refletir sobre isso no momento em que fala. Isto faz pensar que, mesmo
quando o pesquisador não intervem imediatamente diante de uma
problemática, o falar sobre o assunto possibilita ao respondente refletir sobre a
sua ação, atividade esta que muitas vezes não consegue fazer sozinho. Daí a
importância da estruturação do instrumento de entrevista, principalmente com
questões abertas. O pesquisador precisa saber ouvir, mesmo quando o
respondente parece não falar diretamente do que se pretende investigar. À
medida que fala, várias reflexões se tornam, em um emaranhado de idéias que
precisam tomar corpo. Também o gravador é um instrumento que precisa ser
usado com devido cuidado, buscando torná-lo o mais discreto possível. Houve
situações em que a docente começou a falar justamente quando o gravador
era desligado. Em uma dessas situações uma docente relatou o seguinte:
“Eu não sei o que fazer. Os alunos daquela região são muito tristes e difíceis. Os da
minha turma estão todos na primeira série, pois têm sete anos completos. que
eles não freqüentaram pré-escola, pois no bairro onde moravam não havia escola e
75
teriam que atravessar a rodovia para chegar até a escola mais próxima.
Normalmente, ficavam em casa com os irmãos mais velhos, que também eram
crianças. Brincavam na rua, ficavam o dia todo sozinhos, pois os pais precisavam
trabalhar. Desta forma, não aprenderam muita coisa que eu precisaria que
soubessem nesta fase. O ensino da leitura e escrita está totalmente impossível, mas
sou cobrada por isso, pois tenho um currículo a cumprir. Estou sozinha, pois os
demais fingem que o problema não existe. Os pais, nunca comparecem às reuniões,
também, de alguns deles, tenho até medo, prefiro que nem venham. Tem um menino
na minha sala, precisa ver que tristeza. Ele vive cabisbaixo, nunca me olha, não faz
nada, fica acuado na carteira, parece ter medo de tudo. A pouco tempo soube que
ele presenciou o pai bater na irmãzinha de seis meses até matá-la. O pai fugiu, a
mãe não sabe o que fazer, mas também não comparece a escola. Os demais, são
agitados, não sei se é por causa do chumbo, que você está pesquisando... só sei que
não se envolvem em nada, está um caos. Tenho vontade de tirar licença médica, me
afastar, deixar a ‘bomba’ na mão de outra pessoa, mas ao mesmo tempo, me sinto
culpada, tenho pena deles. Se você estivesse no meu lugar, o que faria?
Diante deste relato, a afirmação de Chassot (2003) de que a Ciência
da Universidade está distante da Ciência da Escola é a verdade mais dolorosa.
A transposição de toda a teoria pedagógica, como fazer, quando fazer e para
quem, se mistura em um emaranhado de sentimentos e emoções que deixa
tanto a docente quanto a pesquisadora, com um sentimento de impotência
diante de tamanha violência. Violência esta que é primeiramente social, pois as
pessoas que passaram a viver em um bairro distante de tudo, sem mínimas
condições garantidas (escola, asfalto, posto de saúde, mercado, farmácia,
entre outros) não o faz por opção, mas sim, por determinações sociais muito
injustas. É violento também, pensar que a Educação, que é um direito de
76
todos, dever do Estado e da Família, muitas vezes não conta com infra-
estrutura necessária, enquanto tanto dinheiro público é desviado ou aplicado
indevidamente. É violento olhar para estas crianças e considerá-las como
incapazes, ou acreditar de fato que o problema é só delas ou da professora.
A pesquisadora, sensibilizada com a questão, procurou orientar a
professora sobre a importância da socialização entre as crianças, mediante a
inclusão de atividades lúdicas em sala de aula, sem exigência inicial de leitura
e escrita, mas que pudesse garantir algumas habilidades necessárias para o
início de alfabetização, tais como: estruturação de coordenação motora global
e fina, orientação espacial, temporal e esquema corporal. Aos poucos, poder-
se-ia incluir letras e números, com uma preocupação inicial de discriminação
visual e reconhecimento de formas. A preocupação principal seria de investigar
o que a criança apresenta em seu universo de conhecimento, através de
brincadeiras e jogos, para que ela possa, a partir do seu cotidiano, se apropriar
dos conhecimentos científicos, partilhar idéias e emoções. Implementar um
currículo de leitura e escrita para crianças que não conquistaram habilidades
anteriores seria um fracasso, mas este, deveria permanecer como meta, à
medida que as crianças vão se sentindo mais seguras e capazes de atribuir
algum significado a linguagem escrita, que, a principio, é totalmente arbitrária.
Nos pressupostos de Freire (1997), o cotidiano infantil pode fornecer elementos
que sirvam como temas geradores, favorecendo a tradução do mundo arbitrário
da leitura e escrita. Embora não se trate de uma receita, com início, meio e fim,
a pesquisadora criou um espaço de diálogo com a docente, colocando-se a
disposição para escuta e apoio. Quanto à criança, a docente foi orientada para
encaminhá-la para atendimento psicológico, indicando serviços públicos para
77
esta atividade. Esta situação não estava prevista no estudo, mas foi uma das
mais marcantes, no sentido de apresentar uma das facetas mais dolorosas que
o educador enfrenta, que é o sentimento de impotência diante da dor do outro.
Não se sabe se naquela sala havia ou não crianças contaminadas por chumbo.
Talvez até houvesse, em função do lugar que moravam. Mas ali, com certeza,
havia alguém ‘gritando’ socorro.
Em relação às demais respostas apresentadas pelas docentes, no
que se refere às diferenças de desempenho entre crianças contaminadas por
chumbo e não contaminadas 14% das docentes negaram qualquer implicação
direta da contaminação por chumbo na aprendizagem, justificando que, em
alguns casos, eles são justamente os melhores alunos. Entre as que não
souberam responder, o índice foi de 17% e 14% das docentes não
responderam a esta questão.
Sendo a contaminação por chumbo um fato presente na realidade
dos alunos, foram investigadas práticas educativas possíveis frente a esta
problemática, independente de se estabelecer ou não alguma diferença entre
as crianças. Os resultados estão representados na Figura 3.
78
31
14
25
8
8
14
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Ações que
dependem da
capacitação do
professor
Ações que
dependem do
auxílio de outros
profissionais
Ações que
podem ser
implementadas
junto ao aluno
Ações voltadas
para todos, não
somente para os
contaminados
Não sabe como o respondeu
Figura 3 – Ações educativas possíveis frente à problemática da contaminação.
Entre as ações apontadas, tiveram destaque aquelas que podem ser
implementadas diretamente com o aluno (33%, 3
a
e 4
a
colunas), em um
atendimento individualizado, diferenciado, sem que, contudo o aluno seja
discriminado ou rotulado. um destaque para a necessidade de capacitação
do professor frente a esta questão (31%).
Ainda que a maioria dos professores (58%) tenha relatado que a
contaminação por chumbo interfere no desenvolvimento infantil, apenas 27%
deles o associou ao desempenho escolar. Este foi um dado relevante para a
capacitação docente, buscando elucidar práticas educativas que possam ser
implementadas tanto junto a crianças contaminadas como não contaminadas
mesmo porque, três das quatro escolas e a maioria das residências das
crianças encontra-se próximo à área de risco, havendo necessidade de
implementar medidas de prevenção por parte de todos. Em uma das escolas,
durante as entrevistas, houve questionamento inclusive sobre a origem da
água consumida, alegando que não seria de fonte confiável.
79
Etapa 2 – Intervenção (Programa de Capacitação Docente)
De acordo com os resultados obtidos na entrevista, pôde-se observar
que maioria dos professores não trabalhou com o tema e, como justificativa,
alegaram despreparo para lidar com as questões relacionadas a contaminação
por chumbo. Diante desta questão, foi proposto um programa de capacitação,
visando subsidiá-los e favorecer condições para que se possa pensar em uma
educação comprometida com práticas sociais.
Foi encaminhada aos órgãos competentes, uma justificativa para
realização do programa de capacitação, visto que este movimento, envolveria a
contratação de professores substitutos, com verba do estado e do município.
Nesta justificativa, foram apresentados os seguintes argumentos:
- Ao considerar a descrição dos PCNs, sobre a relevância de temas
passíveis de construção de significado concreto, tanto do ponto de vista
social quanto cultural, deve-se levar em conta que, muitas vezes, o
docente não possui formação adequada para trabalhar com temas
específicos, ainda que relevantes socialmente. Além de retratar esta
realidade do ensino, o presente estudo tem como desafio, a partir das
necessidades apontadas nas entrevistas com os docentes, organizar um
programa de capacitação docente, através da Diretoria de Ensino e
Secretaria Municipal de Educação, oferecendo aos professores a
oportunidade de refletir o seu papel como educador, o espaço de
construção da cidadania a partir da realidade social e a utilização de
temas factuais no Ensino de Ciências, bem como em outras disciplinas,
partindo da problemática do chumbo.
80
- A necessidade de reflexão sobre o processo histórico da atividade
humana, conseqüências do trabalho e avanços tecnológicos, buscando
compreender o fenômeno do adoecimento de trabalhadores, e em
especial, das crianças. Esta reflexão, relacionada ao processo de
ensino-aprendizagem, pode favorecer a compreensão do papel ativo de
educador em sala de aula como um possibilitador do desenvolvimento
de habilidades, buscando o estabelecimento de condições de
apropriação do conhecimento e de práticas sociais que interfiram no
ambiente em que vivem.
- A importância de se garantir, em horário de trabalho, espaço para a
atualização e formação permanente do professor, que, ao ser
denominado polivalente, é constantemente desafiado por questões das
quais não têm absoluto domínio, tanto no aspecto do conteúdo quanto
de procedimentos envolvidos. Sendo o conhecimento passível de
mudança e novas construções, faz-se extremamente importante a
construção de espaços para reflexão e estudo, em uma aprendizagem
constante da docência.
As justificativas foram aceitas, ainda que para tanto tenha sido
necessário um extenso trâmite burocrático. Foram autorizadas quinze vagas
para as quatro escolas, com a condição de que as docentes participantes
partilhassem as discussões e materiais apropriados, durante o programa de
capacitação, com as demais docentes, tornando-se assim, multiplicadoras do
saber.
A pesquisadora visitou as escolas para identificar quais eram as
docentes interessadas em participar do programa de capacitação, bem como o
81
horário que tinham disponível (levando-se em conta que havia professoras do
período matutino e vespertino). Como o número de vagas oferecido era menor
que o de interessadas, optou-se pelo oferecimento no período da manhã, às
segundas feiras, dia e horário em que mais se coincidiam as disponibilidades.
A definição de alguns temas principais possibilitou a organização de cinco
encontros, para os quais foram convidados profissionais especializados que
trariam a sua contribuição. A organização inicial está representada no Quadro
01, o qual se constituiu em um folder de divulgação do programa de
capacitação.
As temáticas apresentadas no folder representado no Quadro 01
serviram como ponto de partida para tomada de providências relacionadas ao
convite dos palestrantes e planejamento do primeiro dia do programa de
capacitação.
82
QUADRO 1 – FOLDER DE DIVULGAÇÃO DO PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO.
Práticas Educativas em Ensino de Ciências:
A contaminação por chumbo como elemento de reflexão
Local: Prédio da Pós-Graduação em Educação para Ciência – Unesp-Bauru. Sala 2.
Duração: 30 horas
Datas previstas: 18 e 25 de abril, 02, 09 e 16 de maio de 2005.
Horário: 07:30 às 12:30 horas
Público Alvo: Professores do Ensino Fundamental – Rede Pública Estadual e Municipal.
Data
Programação Docente responsável
18/04 Palestra de abertura.
Apresentação do Histórico sobre Contaminação
por chumbo.
Implicações da contaminação por chumbo no
Desenvolvimento Infantil.
Profª. Drª. Ana Maria Lombardi Daibem
Mestranda: Veronica A. Pereira
Profª. Drª. Olga Maria Piazentin Rolim Rodrigues
25/04 A contaminação por chumbo: principais
implicações para saúde.
Formas de contaminação - histórico e tratamento.
Profª. Drª.Mara Alice Fernandes de Abreu
Dr. Plínio Ferraz
02/05
Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente.
Contribuições da Educação Ambiental.
Mestranda: Veronica A. Pereira
16/05
Desenvolvimento Infantil e Práticas Educativas
em alfabetização Científica.
Profª. Drª. Vera Lúcia Messias Fialho Capellini
16/05
Planejamento e Avaliação. Mestranda: Veronica A. Pereira
Coordenação:
Profª. Drª. Ana Maria Lombardi Daibem
Profª. Drª. Olga Maria Piazentin Rolim Rodrigues
Mestranda Veronica Aparecida Pereira
Apoio:
Pós-Graduação em Ensino de Ciências - Faculdade de Ciências - Unesp Bauru
CAPES
Secretaria Municipal da Educação
Diretoria de Ensino
83
Os cinco encontros encontram-se apresentados nesta seção da seguinte
forma: 1) planejamento dos encontros: objetivos, materiais, procedimentos,
recursos humanos e avaliação; 2) Descrição do desenvolvimento das
atividades.
1º Encontro
TEMA 1: Integração dos participantes.
TEMA 2: Justificativa e apresentação do curso.
OBJETIVO GERAL:
Acolher e propiciar condições de Integração das participantes, contextualizar
ocorrências de contaminação por metais pesados, justificar o curso, apresentar
a proposta de programação dos demais encontros para possíveis alterações e
complementações.
Planejamento: apresentado no Quadro 2, a seguir.
84
QUADRO 2 – PLANEJAMENTO DO PRIMEIRO ENCONTRO.
Objetivo Conteúdo Procedimento Tempo Materiais Colaborador Avaliação
1. Acolher as
participantes e
propiciar um
ambiente de
trabalho.
Valorização da
formação do
professor e
importância de se
promover
espaços de
formação e
reflexão da
docência.
Comunicação
dialogada.
20
minutos
- Profª. Drª. Ana
Maria
Lombardi
Daibem
1
.
Participação
das
docentes.
2. Justificar a
relevância social
do projeto bem
como o vínculo da
universidade com
a comunidade
A Realidade das
crianças
contaminadas; a
importância do
apoio dos órgãos
públicos para a
formação docente
em horário de
trabalho,
Compromisso da
Universidade com
a comunidade.
Comunicação
dialogada.
20
minutos
- Profª. Drª. Ana
Maria
Lombardi
Daibem
1
Participação
das
docentes.
3. Promover a
apresentação das
participantes e
levantar
expectativas sobre
o curso
Relações
interpessoais; a
realidade da
escola, em
especial das
professoras e das
crianças frente à
problemática da
contaminação,
expectativas
iniciais.
Apresentação
individual
60
minutos
Papel
sufite/
pincel
Veronica
Aparecida
Pereira
2
Participação
das
docentes.
Intervalo - - 20
minutos
- - -
4. Contextualizar a
problemática da
contaminação por
metais pesados.
Ocorrências de
contaminação –
histórico.
Implicações da
contaminação por
chumbo no
desenvolvimento
infantil.
Exposições
dialogadas
02 horas projetor
de
multimídi
a.
Profª. Drª.
Olga Maria
Piazentin
Rolim*
Rodrigues
3
apresenta-
ção de
dúvidas e
comentários
das docentes
5. Apresentar a
programação do
curso e
estabelecer horário
para os encontros
Conteúdo
programático do
curso (Quadro 1)
Exposição
Dialogada
60
minutos
Folder do
curso
Veronica
Aparecida
Pereira
Apreciação
das
participantes
pela
contempla-
ção das
expectativas.
Identificação dos Colaboradores
1.Pedagoga, Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência, Secretária Municipal da
Educação de Bauru
2. Psicóloga, Mestranda, Pesquisadora Responsável.
3. Psicóloga, Professora do Curso de Psicologia - Departamento de Psicologia – Unesp-Bauru.
85
Neste encontro foi importante acolher as participantes, propiciar um
ambiente agradável para desenvolvimento das atividades e realizar o
levantamento das expectativas, comparando-as com a programação. Foi
realizada uma palestra de abertura com a Secretária Municipal da Educação,
que ressaltou a importância de espaços de formação para a docência com
apoio de políticas públicas e agradeceu pela disposição das participantes em
realizar o curso.
Na seqüência, foram contratados os horários de intervalo, início e
término de cada módulo, de modo participativo, criando condições
democráticas de estabelecimento de regras e contratos, que passaram a ser
um acordo coletivo. Outra preocupação esteve relacionada às relações
interpessoais do grupo. Desta forma, houve espaço para apresentações e
comentários pessoais das participantes, visto que vinham de uma mesma
região, mas de diferentes escolas. Também foi apresentado o Folder do
Programa de Capacitação, com comentários sobre os módulos e as
expectativas das docentes. Esta atividade estava prevista para o final do dia,
mas este momento pareceu mais adequado. Ao analisar a programação, as
docentes reconheceram entre os temas as dificuldades apresentadas durante a
entrevista e, referendaram a importância de conhecer a realidade do docente
antes de oferecer qualquer curso. Após um breve intervalo, deu-se início ao
conteúdo proposto para o primeiro módulo, através de duas exposições
dialogadas, sendo: 1) Histórico da contaminação por chumbo e 2) As
implicações no desenvolvimento infantil.
A exposição foi realizada com os recursos do projetor de multimídia,
explorando imagens e palavras chaves, as quais originavam um diálogo e
86
esclarecimento de dúvidas relacionadas à contaminação por chumbo. As
docentes ficaram alarmadas ao saberem da quantidade de produtos que
contêm chumbo e são utilizados constantemente, tais como cosméticos, tintas,
enlatados, solventes, brinquedos ‘importados’, entre outros. Ressaltaram que
algumas destas informações poderiam ser organizadas para o trabalho com
as crianças, alertando sobre o uso de mercadorias e a manipulação de
sucatas, muito comum na região.
No histórico de contaminações, foi apresentado um estudo dos anos
de 2000 e 2001, com coleta de amostras de água de 100 escolas de São
Paulo. Entre as escolas pesquisadas, onze delas apresentaram índices
superiores ao considerado como tolerável pela OMS, que é de 10 µg por litro
de água, sendo que, em duas delas, este índice foi superior a 50 µg por litro de
água (ECOLNEWS, 2005).
O relato deste estudo fez ressurgir a questão presente na realidade
das docentes, visto que em uma das escolas elas receiam a origem da água
que consomem. Até que a água tratada chegue às residências, na maioria das
cidades, passa por uma série de dutos e manilhas que ainda têm em sua
composição o chumbo, visto que esse deixou de ser utilizado a partir de
1960. Como a noite à utilização da água costuma ser menor, é possível que o
chumbo existente na tubulação se deposite na água, que segue de manhã para
as residências. Uma medida de prevenção é deixar que a água da torneira
escoe por dois minutos antes de ser utilizada para alimentação. Para evitar
também o desperdício, esta água pode ser usada para a limpeza, cuidados de
plantas ornamentais ou outras atividades não relacionadas diretamente com a
alimentação.
87
Uma das docentes apresentou uma dúvida sobre o Banco de Leite
Materno, visto que entre os exames obrigatórios, não se verifica a presença de
chumbo no sangue. Esta questão ficou pendente para esclarecimento no
próximo encontro, que teria profissionais ligados à área respondendo a esta ou
outras questões que surgissem.
Ao avaliar o primeiro encontro, disseram que sentiram-se acolhidas e
que perceberam abertura para participação, apresentação de dúvidas e
dificuldades. Solicitaram um material por escrito, visto que eram muitas
informações novas e dificilmente anotariam tudo.
2
o
Encontro
TEMA: A contaminação por chumbo e suas implicações para a saúde humana.
OBJETIVO GERAL: Conhecer e refletir sobre os efeitos da contaminação por
chumbo na saúde humana, formas de absorção, prevenção e tratamento
visando identificar ações possíveis por parte do educador.
88
QUADRO 3 – PLANEJAMENTO DO 2º ENCONTRO.
Objetivo Conteúdo Procedimento Tempo Materiais Colaborador Avaliação
1. Conhecer e
refletir sobre as
implicações do
chumbo no
período pré e
pós-natal.
A
contaminação
pelo chumbo
e o
desenvolvi-
mento pré e
pós-natal
Avaliação:
participação
das docentes
Exposição
dialogada
2 horas Multimídia,
CD-ROM:
Enciclopédia
Multimídia do
Corpo
Humano,
Editora
Planeta e
Agostini do
Brasil,
volumes 2,3 e
4.
Profª. Drª.
Mara Alice
Fernandes
de Abreu
4
Participaç
ão das
docentes
Intervalo 20
minutos
2. Conhecer as
principais formas
de
contaminação
por chumbo,
prevenção e
tratamento.
Formas de
contaminação
por chumbo -
histórico e
tratamento
Exposição
Dialogada.
2 horas Multimídia Dr. Plínio
Ferraz
5
Participaç
ão das
docentes
Identificação dos Colaboradores:
4. Bióloga, Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência -Unesp-Bauru.
5. Neuropediatra, Centrinho/USP-Bauru.
No segundo encontro as atividades tiveram como foco central os
conteúdos relacionados diretamente à contaminação por chumbo e suas
implicações para saúde. O início das atividades deu-se mediante uma
avaliação do primeiro dia, em termos de metodologia e andamento dos
trabalhos. Todas as docentes disseram estar satisfeitas tanto quanto a forma
como com o conteúdo apresentado, indicando que os trabalhos deveriam
prosseguir no mesmo ritmo e qualidade. Disseram ainda que expuseram
algumas informações em sala de aula, e que tinham algumas dúvidas como:
“exames para detecção da contaminação por chumbo em leite materno”,
“excreção de chumbo durante o ato sexual”. A pesquisadora apontou que tais
conteúdos seriam objeto de explanação dos palestrantes, e que ao final, se
ainda houvesse alguma dúvida, poderia ser esclarecida. Os trabalhos
89
prosseguiram com a primeira palestrante, com o tema: A contaminação pelo
chumbo e o desenvolvimento pré e pós-natal. A palestra ocorreu por meio de
exposição dialogada, com imagens animadas do corpo humano, no aparelho
de multimídia, que possibilitaram às docentes a visualização do processo de
absorção, distribuição e excreção do chumbo no organismo.
na primeira palestra as dúvidas das docentes foram esclarecidas,
ficando claro que a excreção do chumbo não se dá por meio da relação sexual,
visto que as formas de excreção do chumbo são via suor e saliva, urina e
fezes, leite materno e barreira placentária. Quanto aos bancos de leite, ainda
não se tem como rotina a realização de exames para detecção de níveis de
chumbo em leite materno, salvo se comprovada a situação de risco de
exposição da mãe ao metal. Com a animação do corpo humano através de
recursos audiovisuais, as docentes digrediram por diversos assuntos, tais como
cirurgias de redução de estômago, intestino e outras mais. A palestrante
respondeu prontamente as questões apresentadas, atrelando sempre que
possível ao tema em questão. Isto faz com que se perceba que, mesmo os
adultos têm interesses diferentes do que aqueles preparados pelo docente, e
no momento que surge a dúvida, não adianta deixar para depois ou dizer que
não faz parte do conteúdo, e sim, fazer com que este interesse possa estar
atrelado a um fator motivacional para novas descobertas e reflexões.
Como a comunicação foi seguida de intervalo, algumas docentes
ainda permaneceram na sala, conversaram com a palestrante, trocaram e-
mails e a cumprimentaram, agradecendo pela contribuição apresentada.
Logo após o intervalo, houve a apresentação do trabalho de um
médico neurologista, responsável pelo atendimento das crianças contaminadas
90
por chumbo. Ele retomou alguns conteúdos e esclareceu as formas de
tratamento, dando grande ênfase ao papel do professor como aquele que
possibilita mudanças ambientais muito importantes para o tratamento, tais
como: hábitos de higiene, informações sobre alimentação, auto-cuidados,
cidadania e políticas públicas.
A apresentação resgatou aspectos históricos da utilização do
chumbo, alertando que, com o avanço da tecnologia, dificilmente, hoje. alguém
pode estar isento da absorção do chumbo pelo organismo, pois, como um
metal reciclável em grande escala, de fácil modelagem e baixo custo, ele está
cada vez mais presente nos produtos que consumimos. Das formas de
absorção, citadas neste trabalho, ressaltou que a principal delas é a via trato
digestivo, e que isso faz com que, crianças sejam mais vulneráveis, pois o
contato da mão com a boca e com a terra é muito freqüente. Cabe lembrar que
na região de moradia das crianças, apesar de ter sido realizada a raspagem
das ruas, estas continuam sem asfalto, e o contato das crianças com a terra é
freqüente. Por isso, condutas de higiene são o principal instrumento contra a
contaminação. Daí a importância do educador, pois, ao tratar de hábitos
importantes para a saúde humana (alimentares e de higiene, principalmente)
está tratando da prevenção da contaminação por chumbo e outras possíveis
contaminações ao mesmo tempo. Também cabe aos órgãos públicos, a
garantia de condições mínimas de infra-estrutura nos bairros envolvidos, mas
isto precisa ser cobrado, e para tanto, as pessoas precisam estar cientes que
têm esse direito. O palestrante apontou que medidas de higiene são tão
importantes que seria o principal tratamento para cerca de 90% das crianças
contaminadas. Afirma que, felizmente, apenas 10% das crianças
91
contaminadas, neste estudo, precisam de hospitalização para tratamento com
quelantes, por apresentarem índices acima de 25 µg Pb/dL de sangue. Abaixo
deste nível, o monitoramento ambiental é suficiente, seguido de hábitos de
higiene. Para tanto, chamou atenção das docentes para a grande contribuição
relacionada ao fator higiene, visto que, se a escola trabalhar essa questão,
minimiza não futuras contaminações por chumbo como também outros
adoecimentos. Ressaltou a importância dessa parceria, que envolve
profissionais de diversas áreas, e destacou que o professor é um dos que mais
pode contribuir, pois, de todos, é o que passa maior parte do tempo com a
criança.
Ressaltou ainda que, no caso da população do presente estudo, a
principal fonte de contaminação foi a criação e consumo de animais e o plantio
de legumes e verduras em áreas contaminadas, bem como o contato com
sucata de baterias. Desta forma, a subsistência e o subemprego, tornam-se os
grandes vilões da história, e a mudança de comportamento é muito difícil, pois,
em geral, as pessoas desta região não têm muitas outras alternativas de
sobrevivência. Isto faz com que seja necessária uma série de medidas no
âmbito político e econômico.
3
o
Encontro
TEMAS: Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente, Contribuições da
Educação Ambiental.
OBJETIVO GERAL: Refletir sobre o impacto das questões da saúde humana
no ambiente escolar para uma busca de práticas sociais, compreendendo a
importância de se aliar Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente.
92
QUADRO 4 – PLANEJAMENTO DO 3º ENCONTRO
Objetivo Conteúdo Procedimen
to
Tempo Materiais Colaborad
or
Avaliação
1. Retomar os
conteúdos
apresentados
nos encontros
anteriores para
esclarecimento
de possíveis
dúvidas e
ampliar a
discussão em
relação a
questões
sociais e
políticas
envolvidas no
processo de
adoecimento.
Histórico da
contaminaçã
o por
chumbo
Dinâmica:
Tempestade
de idéias
01 hora
Lousa e
giz
Veronica
Aparecida
Pereira
Participação
das
docentes
2. Ampliar a
discussão sobre
contaminação
ambiental,
refletindo sobre
a utilização da
ciência e da
tecnologia –
para que e
para quem”.
Ciência e
Tecnologia
- Trabalho
em grupo.
- Plenária.
30
minutos
papel e
caneta
Veronica
Aparecida
Pereira
Participação
das
docentes.
3. Refletir sobre
o processo de
adoecimento
infantil para
compreender a
importância da
conscientização
da criança
sobre os
procedimentos
envolvidos para
a cura e
recuperação de
doenças
graves.
Câncer
Infantil
assistir a um
filme, com
questões
dirigidas.
Filme –
20
minutos /
reflexão
– 30
minutos.
Filme: A
turma do
Charlie
Brown
em – Não
tem
choro
Veronica
Aparecida
Pereira
Analogias
apresenta-
das pelas
docentes.
Intervalo 20
minutos.
93
4. Refletir sobre
a
predominância
dos meios de
produção em
detrimento da
saúde humana,
para verificar
em que medida
a Ciência pode
ajudar a
implementar
tomadas de
decisões em
defesa da
saúde pública.
Contaminaç
ão por
Cromo
assistir a um
filme, com
questões
dirigidas,
verificando
possíveis
analogias
com a
contaminaçã
o por
chumbo e
pertinência
do mesmo
como
recurso
didático.
1 hora e
40
minutos
(filme)
30
minutos
de
reflexão
e
discussã
o.
Filme:
Erin
Brockovic
h: uma
mulher
de
talento.
Mestranda
Veronica
Aparecida
Pereira
Analogias
produzidas
pelas
professoras.
Apresenta-
ção de
cartazes
O primeiro e segundo encontros foram expositivos, em função de
conteúdos que precisavam ser tratados por profissionais especializados e do
tempo que dispunham. Ainda assim, as docentes garantiram um espaço de
participação, apresentando suas dúvidas ou exemplificando falas dos
expositores em seu cotidiano escolar, o que leva a crer que o conteúdo estava
condizente com a realidade do docente.
Para o encontro, não foi convidado nenhum palestrante,
privilegiando atividades que levem o professor a refletir suas experiências e
concepções sobre saúde, ciência e tecnologia. O primeiro momento do
encontro foi considerado como uma revisão de conteúdos, com revisão de
informações e partilha de anotações realizadas até então. As professoras
apontaram que compreenderam as implicações do chumbo na saúde humana,
formas de absorção, tratamento, importância da higiene, mas ainda não sabiam
sobre as implicações diretamente relacionadas à aprendizagem. Sem que a
pesquisadora respondesse a questão, uma das docentes apresentou o
paradoxo da existência de crianças contaminadas em sala de aula com
94
excelente desempenho escolar. Outra docente apontou uma das falas do Dr.
Plínio que identificava os órgãos atingidos pela contaminação, e que, quando a
contaminação atingisse regiões corticais relacionadas a memória, por exemplo,
haveria um comprometimento tão grande que fatalmente a criança nem
estaria freqüentando a escola, e que, felizmente, as crianças em sua maioria
(90%) apresentam índices entre 10 de 25 µg por decilitro de sangue, o que não
ocasionaria esse quadro. De tal maneira, não seria o chumbo mais uma
justificativa para não-aprendizagem.
Na seqüência, foi possível ampliar a discussão para outras fontes de
contaminação, sendo as mais citadas: poluentes em geral, cádmio, mercúrio,
cromo e zinco. A conscientização do uso correto de metais pesados, o destino
do lixo produzido pelas indústrias e as conseqüências que podem provocar na
saúde humana, são conteúdos importantes para que se possa pensar em
tomadas de decisões políticas e ambientais, bem como a fiscalização do
cumprimento de Leis, que muitas vezes existem no papel, mas que são
constantemente desrespeitadas, haja visto, os constantes relatos de
contaminação em diferentes regiões do mundo.
Uma vez que as docentes estabeleceram as relações necessárias
entre o seu cotidiano escolar e o conteúdo exposto, foram convidadas a refletir
sobre o processo do adoecimento infantil. Para esta atividade, foi utilizado o
filme Charlie Brown: Não tem choro, que apresenta a história de criança vítima
de Leucemia e as implicações de seu adoecimento no ambiente escolar
relações interpessoais, posicionamento dos colegas e professores, dúvidas
sobre a doença, o tratamento, a doença, a manifestação dos sintomas e a
compreensão e acolhimento dos amigos.
95
Após a exibição do filme, as docentes apresentaram suas
observações. Começaram apontando que o tema saúde é constantemente
trabalhado no ambiente escolar. No filme apresentado, a aluna Janice
apresenta uma doença grave (leucemia). O quadro apresentado pela
personagem possibilitou a análise de algumas relações possíveis com a
contaminação por chumbo, tais como: a) a descoberta da doença presença
dos sintomas, b) exames necessários, c) conceituação da doença pela criança
conhecimento do processo de tratamento e das conseqüências e d) uma
atitude positiva frente à hospitalização, que é raro observar, mesmo em
adultos. Também a compreensão e carinho dos amigos foram muito
valorizados, mostrando que as crianças são sensíveis a isso, pois parecem ter
uma condição inata de empatia, que parece se perder a medida que tornam-se
adultos, como uma cristalização do sofrimento.
Figura 4 – Filme 1: A turma do Charlie Brown em – Não tem choro.
96
As participantes consideraram o vídeo um excelente instrumento
para se falar sobre saúde com as crianças, configurando-se em um tema
gerador para se abordar outras questões de saúde-doença presentes no
cotidiano da criança. A contaminação por chumbo, por exemplo, poderia surgir
como um tema a ser discutido pela classe, assim como várias outras doenças.
O diálogo do filme também foi analisado como de fácil acesso e de conteúdo
pertinente. Como o tratamento do câncer, no filme, foi demorado, houve a
apresentação das estações do ano, diferente em outro país, mas nítida para
evidenciar a percepção temporal da criança, possibilitando algumas relações.
Uma das docentes falou sobre a dificuldade de se trabalhar com vídeos na
escola por falta de equipamento. Isto também foi verificado na entrevista,
quando as docentes relatam que, entre as estratégias de ensino, valem-se
mais de métodos diferenciados do que de materiais. Foi sugerida a
organização de passeios em bibliotecas ou universidades que possam ceder
tais espaços, enquanto este problema não é resolvido localmente.
Reivindicações precisam ser feitas no sentido de ampliar possibilidades de
ação.
Após o intervalo, foi exibido o segundo filme, que situou a contaminação
por cromo em uma comunidade dos Estados Unidos, apresentando ocorrências
muito próximas à comunidade em questão: exposição ao metal, desinformação
sobre a intoxicação e formas de prevenção, interesse da empresa de promover
o tratamento sem, contudo, mobilizar políticas éticas a longo prazo. Como
políticas éticas, esperava-se que, uma empresa autuada por degradação
ambiental investisse em práticas que possibilitassem uma nova postura em
97
relação aos rejeitos de sua produção, buscando promover a saúde pública. No
entanto, comumente, não é o que têm ocorrido.
Figura 5 – Filme 2: Erin Brockovich – uma mulher de talento.
O filme foi assistido e foram apresentadas as questões seguintes
questões de análise:
Principais dificuldades encontradas pela personagem Erin.
Causas do sucesso da personagem.
Semelhanças entre o caso apresentado e a problemática da população.
Como enfrentar com a comunidade de nossa região as questões de:
desnutrição, falta de higiene e subemprego.
Em razão do horário avançado, as questões foram levadas para casa, como
atividade extra, devendo ser respondidas individualmente e retomadas em
atividade coletiva no próximo encontro.
98
4
o
Encontro
TEMA 1: Ciência, Tecnologia e Sociedade – continuação / Educação Ambiental
TEMA 2: Desenvolvimento Infantil e Práticas Educativas em alfabetização
Científica.
OBJETIVO GERAL: Refletir criticamente sobre as implicações da Ciência e da
Tecnologia na Sociedade atual, para vislumbrar práticas educativas que
promovam conscientização e participação comunitária.
QUADRO 5 – PLANEJAMENTO DO 4º ENCONTRO
Objetivo Conteúdo Procedimento Tempo Materiais Colaborador Avaliação
1. Retomar a
discussão sobre
Ciência Tecnologia
e Sociedade,
enfatizando
principais tópicos
relacionados à
práticas sociais.
Um caso de
contaminação
por cromo.
discussão sobre o
filme Erin
Brockovich –
uma mulher de
talento, em
grupo, com
questões
dirigidas.
40
minutos
Folha de
questões
entregue no
último
encontro.
Veronica
Aparecida
Pereira
Exposição
oral e
entrega de
material
construído
pelas
professoras
2. Refletir sobre o
processo de
ensino-
aprendizagem
para analisar
práticas
educativas
vigentes.
Síntese das
respostas das
entrevistas das
professoras.
Análise de
conteúdo das
entrevistas, em
grupo, seguida
de discussão,
confecção de
cartazes e
plenária.
30
minutos
para
análise
e
discuss
ão e 30
minutos
para
plenária
Fichas das
entrevistas
(Anexo 7),
cartolina e
pincel
atômico.
Veronica
Aparecida
Pereira
Exposição
oral e
fichas das
entrevistas.
3. Conhecer o
panorama das
escolas, detectado
em pesquisa
realizada, para
traçar metas de
mudança,
transformação e
troca de práticas
educativas.
conteúdo
verificado nos
eixos 2 e 3 das
entrevistas
(atuação da
escola e do
docente frente a
problemática da
contaminação
por chumbo e
relações
estabelecidas
com o
desenvolvimento
infantil).
Apresentação
dos dados em
tabelas e
gráficos para
posterior
discussão.
30
minutos
de
apresen
tação /
30
minutos
de
discuss
ão.
Slides /
projetor de
multimídia.
Veronica
Aparecida
Pereira
Participa-
ção das
docentes.
Intervalo 20
minutos
99
4. Refletir sobre
práticas
educativas
diferenciadas para
buscar-se
subsídios para
atuação docente.
Pesquisa
desenvolvida
pela Profª. Drª.
Vera Lúcia
Messias Fialho
Capellini e Profª.
Drª. Olga Maria
Piazentin Rolim
Rodrigues.
Exposição
dialogada
60
minutos
Projetor de
multimídia
Profª. Drª.
Olga Maria
Piazentin
Rolim
Rodrigues
Diálogo
com as
docentes.
5. Debater práticas
educativas
(vigentes e
vislumbradas) para
planejar ações
educativas
comprometidas e
conscientes do
papel social da
escola.
Palestra
apresentada em
momento anterior
e conteúdo das
entrevistas.
Debate 60
minutos
- Profª. Drª.
Olga Maria
Piazentin
Rolim
Rodrigues e
Veronica
Aparecida
Pereira.
Participa-
ção das
docentes.
As questões pertinentes ao filme foram discutidas em quatro grupos,
de até quatro integrantes, sendo cada grupo responsável por uma questão.
Após a discussão, cada grupo confeccionou um cartaz para apresentação dos
resultados, que foram os seguintes:
1) Em relação às principais dificuldades encontradas por Erin,
personagem central do filme, foram sinalizadas algumas semelhanças com a
questão da problemática da contaminação por chumbo, principalmente quanto
à falta de recursos financeiros para custear os processos e o descaso da
população vitimizada, em função do desconhecimento das reais conseqüências
da contaminação. No Brasil, a causa é assumida pelo Ministério Público, no
entanto, é um processo demorado e muitas famílias desistem de esperar por
algum retorno, mudam-se e não acreditam que a justiça seja possível.
2) Como causas do sucesso da personagem foram apontados os
seguintes fatores: perseverança, confiança, senso de justiça, esforço e
solidariedade. Em uma fala emocionada, uma das docentes disse reconhecer
tais qualidades também no trabalho docente.
100
3) Em relação ao enfrentamento da comunidade da região frente às
questões de desnutrição, falta de higiene e subemprego, foi apontado o papel
do professor como mediador de mudanças ambientais importantes para a
saúde, desde hábitos de higiene, condições de moradia, luta por direitos e
exercício consciente de cidadania. Tais ações estão diretamente relacionadas
à Alfabetização Científica, pois o educar culmina diretamente em práticas
sociais. Ainda que isso esteja presente apenas na fala, já é um primeiro passo.
4) Entre as semelhanças entre o caso apresentado e a problemática
da população foram apontados o fator sócio-econômico e cultural. As
semelhanças denunciaram o uso irresponsável do metal e o desconhecimento
das vítimas.
O encadeamento da próxima atividade estava contextualizado,
pois as comparações entre a postura e busca da personagem por justiça e
transformação social, proporcionaram às docentes uma reflexão sobre a sua
prática, tornando-se o foi principal foco de atenção neste encontro. Diante
disso, foi realizado um exercício contendo as frases sínteses das questões do
primeiro eixo da entrevista realizada na Etapa 1, sendo estas: 1) Ações
educativas essenciais para aprendizagem efetiva do aluno, 2) Avaliação do
Aluno, 3) Procedimentos que favoreceram a aprendizagem. As docentes
trabalharam em grupos, divididos por escolas. Cada grupo recebeu uma folha
contendo as frases sínteses do momento de diagnóstico, acrescidos de duas
colunas nas quais deveriam assinalar C, quando concordassem e D quando
discordassem. As folhas utilizadas estão representadas na Tabela 6, estando
completas no Anexo 5 .
101
TABELA 6 – MODELO DE FORMULÁRIO UTILIZADO DURANTE ATIVIDADE
ações educativas para aprendizagem efetiva do aluno C D
apresentação dos conteúdos
formação geral
estabelecer limites
formar cidadãos
estimular o aluno a pensar, questionar, levantar problemas
O primeiro momento do exercício foi individual, seguido de espaço de
discussão em grupo para troca de argumentações. As docentes valorizaram o
fato de refletir sobre a sua prática, e não sobre uma teoria desvinculada de seu
contexto.
Para a primeira questão, referendaram a maior parte das respostas.
Discutiram algumas questões que estavam evasivas, tais como:
- Formação geral e apresentação dos conteúdos: por não descreverem
ações do professor,
- Ensinar o essencial: a leitura, a escrita e as quatro operações: visto que
os objetivos dos dois primeiros ciclos do Ensino Fundamental não se
restringem a apenas estes conteúdos,
- Preocupar-se com o processo e não com uma habilidade específica:
destacaram ser o processo importante mas sem abrir mão de
habilidades e necessidades individuais.
Em relação à avaliação, sugeriram que algumas questões poderiam
ser condensadas, tais como: avaliar no dia-a-dia, observando o crescimento
dos alunos e avaliação do desempenho em sala de aula. Referendaram as
respostas, valorizando que a avaliação ultrapassa a prova escrita, mas
considera o aluno como um todo.
102
Quanto aos procedimentos envolvidos no processo de ensino-
aprendizagem, as docentes apontaram descontentamento em relação à
resposta não sei, nunca pensei nisso”, alegando que é praticamente
impossível uma professora não pensar no procedimento que emprega para
ensinar. A pesquisadora minimizou a questão, alegando que talvez, naquele
momento da entrevista, a docente não conseguisse elaborar a resposta.
Ressaltaram o uso de práticas diferenciadas e a necessidade de sempre
sondar o conhecimento prévio da criança para planejar estratégias de ensino
de novos conteúdos, bem como a necessidade de partir sempre do interesse
da criança.
Na seqüência, a pesquisadora perguntou às docentes o quanto elas
ouviram afirmações sobre a necessidade de se trabalhar com a realidade do
aluno. Unanimemente, a resposta foi inúmeras vezes, em constantes cursos,
reuniões de HTPC ou mesmo em leituras. Encadearam a idéia de que não é
fácil fazê-lo, principalmente diante da diversidade que se encontram. A
pesquisadora referendou a fala das docentes, valorizando espaços como estes,
de reflexão, análise e estudo, visto que o conhecimento requer em um
processo de constante transformação. Desta forma, a formação docente deve
ocorrer em um processo contínuo, principalmente para atender às
necessidades diversas da realidade do escolar, que é sempre mutável. Esta
formação, deve favorecer a transposição dos conteúdo curriculares de modo
que, atrelada a realidade do aluno, a aprendizagem de conceitos possa ser
passível de construção de significado e sentido. Na seqüência, a pesquisadora
apresentou os dados referentes ao eixo 2 e 3 da entrevista. Quanto a prática
da escola e do docente frente à contaminação por chumbo, ressaltou o quanto
103
o despreparo para lidar com questões factuais pode fazer com que um fato,
embora importante, passe sem maior atenção. Quanto às relações
estabelecidas entre a contaminação por chumbo e o desenvolvimento infantil,
ressaltou, diante dos dados, a importância de não se fazer desse fator uma
nova barreira para a aprendizagem, mas que se possa, a priori, olhar para
prática educativa buscando mudanças. Ressaltou que ali, naquele grupo,
algumas docentes enfrentavam este desafio, conforme verificado na fase de
diagnóstico. Desta forma, a pesquisadora buscou valorizar ações
implementadas pelo grupo.
Após um breve intervalo, foi realizada uma exposição dialogada
sobre práticas educativas referente a fase de diagnóstico (entrevista inicial). A
palestrante convidada não pode comparecer, por não conseguir liberação junto
a Diretoria de Ensino que estava vinculada. Para sua substituição, foi
convidada a Profª. Drª. Olga Maria P. R. Rodrigues, que se prontificou a
realizar exposição intitulada: Avaliação acadêmica de crianças contaminadas
(CAPELLINI e RODRIGUES, 2004), relacionada a um estudo comparativo
envolvendo: 25 crianças com nível de chumbo entre 14,40 a 43,82 µg/dl de
sangue - Grupo 1, 25 crianças da mesma faixa etária/série do Grupo 1, da
mesma região (com nível de chumbo zero) - Grupo 2, 25 crianças com as
mesmas idades/séries, moradores de um bairro distante da fonte
contaminadora - Grupo 3. As crianças foram avaliadas através do Teste de
Desempenho Escolar - TDE (STEIN,1994), composto pelos subtestes de
escrita, aritmética e leitura. Se a contaminação por chumbo poderia piorar o
desempenho das crianças era de se esperar que os desempenhos dos Grupos
2 e 3 fossem semelhantes, no entanto, houve uma diferença nos
104
desempenhos, principalmente nos subtestes Aritmética e Escrita. Observou-se
que, em relação à escola de origem das crianças, houve forte influência da
prática pedagógica em uma escola municipal, na qual as crianças, mesmo com
histórico de contaminação, apresentaram bom desempenho.
A palestrante apontou os estudos de Berry (2002) que relatam uma
ligação clara entre qualidade ambiental de escolas e desempenho educacional.
No seu estudo o desempenho de crianças contaminadas por chumbo melhorou
muito quando houve:
o gestão participativa;
o integração com a comunidade;
o atitudes positivas para a aprendizagem; respeito as
diferenças individuais;
o reconhecimento e valorização da diversidade, como
elemento natural e enriquecedor do processo escolar;
o professores conscientes do modo como atuam, para
promover a aprendizagem de todos os alunos;
o cooperação entre os implicados no processo educativo
dentro e fora da escola;
o valorização do processo sobre o produto da
aprendizagem; tempo para aprender;
o enfoques curriculares, metodológicos que visam e
propiciam a construção coletiva do conhecimento.
Tais apontamentos trouxeram uma contribuição para a realidade em
que as docentes se encontram, principalmente porque, as crianças
105
participantes do estudo mencionado eram alunos das respectivas escolas onde
atuam.
Terminada a exposição dialogada, as docentes puderam discutir
sobre suas práticas, dificuldades e desafios superados. Ressaltaram o
potencial da escola pública e o quanto esta, apesar da falta de recursos
materiais, tem se esforçado em oferecer um ensino de qualidade. Valorizaram
o trabalho coletivo em sala de aula, considerando o aluno como participante
ativo no processo de ensino-aprendizagem, alegando que, em muitas vezes,
nos trabalhos em grupo, as crianças conseguiam exemplificar um conceito com
fatos simples, realizando a transposição didática que o professor tanto procura.
Isso é possível por falarem uma mesma linguagem, composta por significados
relacionados à lógica infantil.
Diante disso, considerar os exemplos cotidianos que a criança traz
para a sala de aula torna-se essencial, para que se possa ampliar a rede de
significações apresentada e estruturar novos conceitos. A professora que havia
afirmado, durante a entrevista, que não conseguia acolher a criança em sua
dúvida sobre o medo da morte pela contaminação por chumbo, disse que,
atualmente, lidaria com tranqüilidade com esta questão, uma vez que passou a
conhecer as implicações, responderia que a morte acontece para todos, mais
cedo ou mais tarde, mas que quanto ao chumbo, muito poderia ser feito para
evitá-la, não para criança com histórico de contaminação, como também
para todos da sala. Segundo a professora, esta seria uma boa oportunidade
para introduzir assuntos como higiene, saúde, desemprego, responsabilidade
social, cidadania, entre outros. As demais docentes também afirmaram que se
sentem mais seguras quanto ao conteúdo e que, inclusive, iniciaram a
106
exposição de algumas temáticas em sala de aula, principalmente o que se
refere à alimentação, brinquedos, tintas e sucatas de bateria.
Ao final deste encontro as docentes foram avisadas que no na
próxima semana, último dia do programa de capacitação, haveria uma
atividade de planejamento. Para tanto, seria importante que, durante a semana,
pensassem em práticas educativas possíveis frente à realidade em que se
encontram, para vislumbrar um planejamento que partisse da realidade de
cada escola.
5
o
Encontro
TEMA 1: Educação, Ambiente e Educação (Ambiental)
TEMA 2: Planejamento e avaliação
OBJETIVO GERAL: Reconhecer a importância de atuar no ambiente do qual
faz parte, para melhorá-lo, planejando e avaliando constantemente as ações
educativas.
QUADRO 6 – PLANEJAMENTO DO 5º
ENCONTRO
Objetivo Conteúdo Procedimento Tempo Materiais Colaborador Avaliação
1. Refletir sobre
princípios da
Educação
Ambiental,
alguns
pressupostos
para práticas
transformadoras,
buscando
configurar que
modelo de
escola se quer
construir e para
quem
Conceitos e
Princípios sobre
Educação,
Ambiente, -
Pressupostos
para um
modelo de
Escola
Transformadora
e
Comprometida.
Dinâmica:
Tempestade de
idéias,
exposição
dialogada.
60
minutos.
Lousa, Giz,
Projetor de
Multimídia.
Veronica
Aparecida
Pereira
Participa-
ção das
docentes.
107
2. Planejar
ações,
contextualizadas
na realidade
escolar em que
se encontram,
para buscar a
promoção de
ações
educativas que
possam culminar
em práticas
sociais.
Planejamento e
Avaliação
Discussão
coletiva (por
escola);
produção de
texto no
Laboratório de
computação;
apresentação
em plenária
com exposição
dialogada.
3 horas.
Conteúdo do
Programa de
Capacitação e
Vivências das
docentes no
cotidiano
escolar
Veronica
Aparecida
Pereira
Participa-
ção das
docentes,
produção
do texto e
debates.
Apresenta
ção
coletiva
O quinto e último encontro teve seu início contextualizando a Educação
Ambiental. Para tanto, houve um momento de reflexão sobre o que é a
Educação e a que/quem se destina. As professoras, ao definir educação,
elencaram frases como:
“Educar é promover no aluno o gosto pelo conhecimento”.
“Educar é compreender que o processo de ensino e aprendizagem é
dinâmico, contando com uma participação ativa do aluno, que também tem
algo a dizer”.
”Educar é preparar para a vida, é estabelecer um exercício de atitudes
conscientes e cidadãs”.
”Educar é preparar para a cidadania”.
”Educar é formar pessoas, a partir de conhecimentos, valores e atitudes
éticas”.
”Educar é transmitir ao aluno os conhecimentos que ele precisa, é ser
mediador de algo que ele não pode conhecer sozinho”.
Diante de tais apontamentos, a pesquisadora questionou, também,
sobre a concepção de ambiente que as docentes apresentavam, em um
esforço para conceituá-lo além das concepções naturalísticas, mas em um
contexto sócio, político, econômico e educacional, no qual a escola é uma de
suas dimensões.
108
Tendo refletido sobre o conceito de Educação, refletiram também
que ela não possa ocorrer fora de determinado ambiente. Nos pressupostos
de Loureiro (2004), ressaltou a importância de se promover uma Educação
Emancipatória, que apresente mudanças significativas e transformadoras no
ambiente. Neste sentido, para que haja transformação, será necessário refletir
em que, para que e para quem.
Neste contexto de reflexão, ao constatar-se a necessidade de mudanças no
ambiente escolar, foi de crucial importância a apresentação dos trabalhos de
Gadotti (1993), que acresceu uma reflexões sobre concepções que
fundamentam práticas educativas para uma nova escola e indicativos de
referenciais para observar e planejar práticas pedagógicas para a escola
existente.
Gadotti (1993), apontou que para buscar-se um novo modelo, é
necessário refletir sobre suas origens, pois o novo parte de uma reformulação,
negação ou refutação de um modelo anterior. Para tanto, é preciso identificar
os sinais do novo no velho, e trabalhar permanentemente as contradições
internas. Na escola, um bom exemplo de espaço para esta reflexão seriam os
conselhos de escola. Como características essenciais, apontou que esta nova
escola deverá ser: democrática, autônoma, libertadora (pautada em uma
concepção progressista), dialógica (o diálogo entre os pares é princípio para as
tomadas de decisões), pluralista (atenta a diversidade) e auto-governável
capaz de identificar e atender suas necessidades peculiares.
109
Nos pressupostos de Gadotti (1993) o professor deverá ainda,
priorizar conteúdos do saber universal, atento ao processo do conhecimento e
suas finalidades, favorecendo condições de equidade. Ao realizar sua função
educativa, jamais poderá perder os parâmetros de uma escola alegre, que
supera a tristeza, a disciplina exterior da educação tradicional e a mera
inovação metodológica da escola nova. Sua alegria deverá estimular a
expressão de sentimentos, a compreensão, a ação, o avanço em direção à
verdade e o crescimento em direção à totalidade da vida. Em contrapartida,
negará a tristeza que restringe, a incoerência, a indecisão, buscando a cultura
da satisfação, necessária à audácia da escola em assumir sua especificidade.
Neste desafio, deverá valorizar os conteúdos. Estes devem contemplar o saber
universal, tendo como ponto de partida o contexto do aluno, no local em que se
encontra e o intercultural, como ponto de chegada. Para que a qualidade de
ensino seja assegurada, o ensino deverá ser centrado no aluno, com
participação comunitária, ligada à vida, à natureza, à comunidade. E como
realizar esse ensino, que assegure os conteúdos necessários e parte da
realidade do aluno?
O autor afirma que o ensino deverá partir da cultura inicial,
apresentada por fatores como desejo, satisfação, curiosidade e alegria da vida
cotidiana, rumo à cultura elaborada, sistematizando os conceitos,
progressivamente e favorecendo processos de significação. Para tanto, as
atividades devem mesclar liberdade e compromisso, partindo de regras
construídas no coletivo. importância do planejamento, que atende ao
currículo mínimo, previsto para a fase de ensino em que se encontra. A
avaliação é fundamental para diagnosticar o ponto de partida para o ensino.
110
Neste processo, o aluno deverá ter condições de controlar suas atividades,
realizar registros individuais e coletivos e auto-avaliar-se. Será importante a
realização de um trabalho diversificado e cooperação no trabalho coletivo, e o
professor assume o papel de coordenador, orientador e mediador do processo
educativo. (GADOTTI, 1993)
À medida que os conceitos de Gadotti (1993) foram apresentados,
em exposição dialogada, as professoras foram se identificando, partilhando
exemplos e contextualizando sua prática. Após esta exposição, houve um
intervalo.
Durante o intervalo, houve um momento de confraternização entre as
docentes, com agradecimento pela oportunidade oferecida pela Universidade.
Em seguida, as docentes reuniram-se em grupos, por escolas,
buscando organizar o material do curso que lhes fosse significativo e pertinente
para o planejamento. Depois de discutirem, foram para o Laboratório de
Informática para organização e estruturação do planejamento, de modo a
possibilitar a partilha com as demais.
Os planejamentos foram organizados para exposição, em arquivo do
Microsoft Power Point, projetados em multimídia. As professoras, divididas por
escola, tiveram cerca de quinze minutos para apresentação e, durante a
exposição, houve a participação de todos, com sugestões e idéias.
Para proposição dos planejamentos as docentes elencaram as
seguintes justificativas:
111
Importância do tema da contaminação por chumbo e possibilidade de
inserção em conteúdos de Ciências (Higiene – Saúde e Meio Ambiente),
História e Geografia.
A problemática ambiental gerada pela contaminação por chumbo, na
região em que a escola se localiza, gerou a necessidade de conhecer e
estudar sobre o assunto e orientar a respeito de como manter a saúde
através de cuidados básicos de higiene.
A contribuição da Educação Ambiental, para evidenciar a necessidade
de ações vinculadas aos princípios da dignidade do ser humano, na
participação, da co-responsabilidade, da solidariedade.
Necessidade de implementação de práticas educativas que promovam o
desenvolvimento de posturas éticas em relação ao ambiente em que
vivemos, através do conhecimento da própria realidade que nos cerca.
A partir das justificativas, foram elaborados os objetivos, que se
encontram apresentados na Figura 6.
112
7
14
21
14
14
30
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
A B C C E F
Legenda
A Identificar os prejuízos do
chumbo ao organismo e ao
ambiente
B Identificar as formas/fontes
de contaminação e absorção
C Favorecer ações que
levem à mudança de hábito
D Favorecer ações que
levem à mudança de atitudes
e comportamento
E Promover conscientização
sobre os danos do chumbo
F Promover ações
educativas que transcendem a
problemática do chumbo
Figura 6 – Objetivos propostos pelas professoras durante atividade de planejamento.
Observando os objetivos apresentados pelas escolas (Figura 6),
verificou-se que partem da questão conceitual da contaminação por chumbo,
identificando formas de contaminação, absorção e prejuízos ao meio
ambiente, identificam práticas necessárias, desde a conscientização do
problema até mudanças comportamentais, de atitude ou hábito, e ampliaram
esta discussão para questões mais amplas, na categoria F, que tratou da
contaminação por chumbo e outras ações importantes no ambiente que
podem ter uma implicação direta com a saúde. Foram exemplos destas falas
os seguintes objetivos:
Identificar as formas de contaminação e sua relação com o
ambiente.
Socializar os conhecimentos individuais.
Perceber as modificações e transformações ambientais.
Observar formas de interação do homem com o ambiente.
Quanto aos dados pertinentes ao item conteúdo (Figura 7), verificou-
se, através das categorias A e B, maior incidência de conteúdos diretamente
relacionados à contaminação por chumbo. As categorias C e D apontaram uma
113
preocupação com questões mais abrangentes, relacionadas no âmbito da
Educação Ambiental.
35
29
12
24
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
A B C D
Legenda
A Conteúdos
diretamente
relacionados a
contaminação por
chumbo
B Conteúdos
relacionados ao
chumbo, à saúde e
ao ambiente
C Conteúdos que
descrevem
comportamentos e
atitudes que visam
um ambiente
cuidado, limpo e
saudável
D Conteúdos que
descrevem
posturas éticas e
cidadãs
Figura 7 – Conteúdos propostos pelas professoras durante atividade de planejamento.
Em relação aos procedimentos que foram indicados (Figura 8),
houve uma ênfase sobre atividades e materiais diversificados que dependem
do trabalho do professor. As atividades que requerem apoio de outros
profissionais foram relacionadas à palestras aos pais e comunidade em geral.
Pôde-se considerar como um indicativo de que, dentro de sala de aula, o
professor passou a sentir-se seguro para trabalhar com os conteúdos
planejados.
114
45
41
14
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
A B C
Legenda
A Uso de
materiais
diversificados
B Atividades
diversificadas
do professor
C Atividades
que
requerem
apoio de
outros
profissionais
Figura 8 – Procedimentos propostos pelas professoras durante atividade de planejamento.
Os materiais relacionados para execução das atividades foram
acessíveis à escola, constituindo-se basicamente de: livros, jornais, revistas,
cartolinas, pincéis, gravuras e vídeos. Isto faz com que o planejamento seja
exeqüível, além de apontar que não é nenhum material específico, alheio ao
cotidiano escolar, que irá garantir uma prática educativa diferenciada.
Os professores se colocaram como principais agentes, aliando ao
seu trabalho a equipe escolar como um todo, os alunos e a comunidade.
As avaliações foram representadas, em sua maioria, em
desempenho dos alunos, as quais representam habilidades e hábitos que
podem ser desenvolvidos mediante uma prática educativa diferenciada,
conforme observado na Figura 9. Tais ações, não se restringiram apenas à
sala de aula, mas propuseram também, embora em menor proporção,
atuações do coletivo.
115
40
30
10
20
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Atras de
observações do
com portam ento do
aluno: (4)
Através das
habilidades de
observar, class ificar,
es tabelecer relações e
buscar inform ações:
(3)
Em atividades
coletivas que
prom ovam mudanças
de com portamento: (1)
Em atividades
sis temáticas
individuais
Figura 9 – Avaliações propostas pelas professoras durante atividade de planejamento.
Etapa 3 – Avaliação (Re-entrevista)
Como exposto, das 36 professoras que fizeram a primeira
entrevista e, entre as 15 participantes do Programa de Capacitação, 13
realizaram a entrevista final, um mês após o curso, respondendo novamente as
mesmas questões da entrevista inicial. As professoras não foram avisadas
antecipadamente desse procedimento, para evitar que se preparassem ou
buscassem informações muito prontas. O objetivo era verificar as contribuições
ou mudanças propostas através do curso. No momento em que foram
convidadas a participar de nova entrevista, receberam o certificado de
participação do Programa de Capacitação e um CD-Rom, com os conteúdos
116
das exposições dialogadas. As professoras tinham liberdade de não
participarem desse momento da pesquisa. Todas participaram.
Os dados a seguir foram extraídos dos conteúdos respondidos na
entrevista, pelas respectivas docentes, pareados aos dados da 2ª entrevista.
Em relação ao Processo de Ensino-Aprendizagem, as docentes
descreveram (na primeira entrevista) ações relacionadas à aprendizagem
efetiva do aluno, centrando-se em ações que relatavam estratégias (79%),
seguidas de conteúdos (13%), relatos externos a escola (5%) e ações voltadas
para aprendizagem do aluno em geral (3%). Na re-entrevista, o quadro se
reverte, pois houve maior ênfase em ações voltadas para a aprendizagem do
aluno em geral (42%), foram mantidas as descrições de ações que relatam
estratégias (55%), diminuíram os relatos de ações que sobre conteúdos (3%) e
desapareceram os relatos de fatores externos à escola (tais como pobreza e
desnutrição dos alunos). Tais resultados parecem indicar que o professor
passou a descrever e discriminar mais ações educativas no processo de
ensino-aprendizagem, principalmente, ações desenvolvidas junto ao aluno.
Considerando o todo da entrevista, as respostas são menores, pois o professor
tem mais claro do que se trata a questão, sendo menor o número de
digressões. Talvez isso justifique o fato de diminuir as ações relativas à
conteúdo, pois o professor descreve melhor o que ele faz e não o que ele
ensina.
Ao se analisar as subcategorias de relatos de ações, também
diminuíram os relatos de possibilidades de ações, as quais passam a ser mais
117
descritas, concentrando-se em ações voltadas para aprendizagem geral,
conforme Figura 10.
3
10
3
5
3
37
8
26
5
3
0
43
0
0
39
6
9
0
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
A B C D E F G H I
%
entrev.
entrev.
LEGENDA
A - ações que relatam conteúdos específicos
B - ações que relatam conteúdos gerais
C - ações voltadas para aprendizagem geral
D - estratégias - uso de atividades lúdicas
E - estratégias - uso de materiais diversificados
F - estratégias - uso de métodos diversificados
G - estratégias- promover atitudes facilitadoras da aprendizagem
H - relatos de possibilidades de ações (sem descrevê-las)
I - relatos de fatores externos a escola
Figura 10 – Subcategorias dos relatos de professores sobre ações envolvidas na aprendizagem
efetiva do aluno.
Em relação à avaliação do aluno, o quadro de avaliações assistemática e
sistemática (Figura 11) apresentou uma assimetria em seus resultados, com
um aumento do número de avaliações sistemáticas na re-entrevista. Como
avaliação sistemática estão compreendidas ações planejadas de conteúdos a
serem verificados, tais como tarefas, avaliação escrita e oral ou mesmo
desenhos.
118
68
41
32
59
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1a entrev. 2a entrev.
avaliação
as sis tem ática
avaliação
sistem ática
Figura 11 – Relatos de professores sobre avaliação dos alunos
Quando as avaliações foram subcategorizadas, conforme Figura 12,
verificou-se que os comportamentos subjetivos da criança diminuíram
consideravelmente, enquanto os do professor desapareceram. Houve o
predomínio de relatos de comportamentos da criança, ainda que de modo
informal, bem como descrições mais detalhadas de ações do docente e
possibilidades de avaliação.
11
27
3
27
24
8
27
5
9
0
27
18
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
A B C D E F
1a entrev.
2a entrev.
LEGENDA
A - assistemática - relata
comportamentos pontuais
da criança
B - assistemática - relata
comportamentos subjetivos
da criança
C - assistemática - relata
comportamentos pontuais
do professor
D - assistemática - relata
comportamentos subjetivos
do docente
E - sistemática - descreve
atividades realizadas
F - sistemática - relata
possibilidades de avaliação
Figura 12 – Subcategorias de relatos de professores sobre avaliação dos alunos
Quando o professor consegue descrever mais sistematicamente,
tanto as suas ações quanto as dos alunos, consegue ter mais parâmetro para
119
planejar estratégias futuras de ação, bem como, dados mais objetivos para
avaliação do aluno. Ao avaliar se o aluno aprendeu, avalia também a sua
prática, podendo pensar em estratégias diferenciadas de ensino.
Em relação aos procedimentos utilizados, houve, na segunda
entrevista, maior ênfase em ações do professor, sem queixar-se das condições
estruturais necessárias, elencando ainda condições favoráveis à
aprendizagem. Tendo como princípio que ensino quando se verifica
aprendizagem, o professor parece relacionar mais facilmente características de
suas ações envolvidas neste processo. Tais resultados foram organizados na
Figura 13.
14
21
21
35
2
2
5
15
15
58
0
12
0
0
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
A B C D E F G
entrev.
entrev.
LEGENDA
A. requisitos que favorecem o ensino
B. relação professor aluno
C. ações do professor que favorecem o ensino
D. condições favoráveis para o ensino
E. condições favoráveis para a aprendizagem
F. conteúdo
G. não soube responder
Figura 13 – Procedimentos do professor para aprendizagem efetiva do aluno
No tópico pertinente as ações da escola e do docente, foram
considerados, na re-entrevista, os três últimos anos, incluindo a fase delimitada
como inicial na primeira entrevista e o ano posterior a sua realização. O quadro
120
não foi muito diferente nos dois momentos de entrevista, salvo a justificativa
que as docentes apresentaram, de que ainda é possível fazer algo e que
estavam sentindo-se mais preparadas. Os dados foram apontados na Figura
14.
15
15
85
85
0
20
40
60
80
100
1ª entrevista 2ª entrevista
sim - orientação dos pais e
palestra com um m édico
não houve nenhum trabalho
Figura 14 – Ações da escola em relação à contaminação por chumbo.
Entre as 13 respondentes, duas delas, na re-entrevista, apontaram
que apesar do assunto estar um pouco esquecido, ainda pode ser feito algo,
por parte da escola. Uma delas apontou que, o fato da escola autorizar a
realização do projeto e a participação das professoras pode ser considerado
um avanço.
Em relação a este fato, percebeu-se facilmente a influência dos
meios de comunicação, pois, em 2002, de certo modo, como a notícia era
veiculada pela mídia, ainda que não se fizesse nada, conversava-se sobre o
assunto. O fato de ter sido descoberta a contaminação em 2002, não implica
que não houvesse contaminação antes, apenas não se conhecia o fato.
Atualmente, apesar de conhecido e ainda não resolvido, um descaso, como
se o assunto não existisse e não influenciasse a vida das pessoas. Talvez isso
121
justifique a ocorrência de tantas outras contaminações por metais, em
localidades diferentes, mesmo que exista legislação que assegure normas, a
fiscalização e cobrança de responsabilidade social é muito limitada.
Quando perguntadas especificamente em sala de aula, as
professoras, embora em curto período após o curso, relataram ações
educativas relacionadas à contaminação por chumbo, partindo de temas
geradores como saúde, ambiente, higiene e outros conteúdos. Ressaltaram o
fato de sentirem-se mais preparadas para lidar com o tema. As professoras que
disseram que não trabalharam com o tema, alegaram que o mesmo fará parte
dos conteúdos do segundo semestre. Os resultados foram apresentados nas
Figuras 15 e 16.
38
85
62
15
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1ª entrevista 2ª entrevista
sim
não
Figura 15 – Ações das professoras em relação à contaminação por chumbo.
122
8
31
61
0
54
23
0
23
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
inseriu o conteúdo
em temas mais
abrangentes como
ambiente..
através do cotidiano
dos alunos
implementa os
conteúdos
partiu do interesse
da criança
trabalhará no
semestre, junto a
outros contdos
1ª entrevista
2ª entrevista
Figura 16 – Planejamento das professoras de conteúdos sobre a contaminação por chumbo.
Embora o tema não estivesse mais diretamente relacionado com o
interesse manifestado pela criança em sala de aula, conforme apontado na
Figura 16, ele faz parte do cotidiano da mesma, levando-se em consideração o
local de moradia e o tempo necessário para que o chumbo seja eliminado pelo
organismo, visto que, segundo Malta, Trigo e Cunha (2000), a eliminação é
extremamente lenta, demorando até 10 anos, ainda que tratamento e a
ausência de chumbo no ambiente sejam providenciados, de forma que as
crianças que estavam contaminadas em 2002 provavelmente ainda estejam,
embora possam apresentar índices diferentes da avaliação inicial. Também o
fato de ser inserido em temas mais abrangentes, garante-lhe a característica
de unidade de análise, uma vez que possibilita o reconhecimento de
propriedades do todo.
123
Em relação à avaliação, a maior parte das docentes (46%) disse que
ainda não houve um momento específico de avaliação dos conteúdos,
diminuindo a ocorrência de relatos de avaliação informal (de 62 para 30%).
O último eixo das entrevistas estava voltado para investigação da
relação entre a contaminação por chumbo e o desenvolvimento infantil. Entre
as respostas verificadas, houve uma preocupação de não enfatizar uma
relação entre a contaminação por chumbo e déficits no desempenho de alunos,
principalmente por reconhecer uma série de outros fatores envolvidos. Os
resultados foram organizados e apresentados na Figura 17.
46
8
0
31
15
0
0
8
69
0
0
23
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
A B C D E F
entrevista
entrevista
LEGENDA
A. sim, dificuldades relacionadas ao desempenho escolar
B. sim, dificuldades relacionadas à prejuízos físicos/sociais
C. não estabelece relação
D. não percebeu nada
E. não respondeu
F. não, há outros fatores envolvidos
Figura 17 – Relações entre a contaminação por chumbo e o desenvolvimento infantil.
Sendo o chumbo prejudicial, principalmente para as crianças, é
possível sim o estabelecimento de prejuízos físicos e sociais. O fato da maioria
das docentes não ter estabelecido nenhuma relação, pode ser resultante da
124
ênfase durante o curso em não rotular, discriminar ou aceitar o chumbo como
determinante do fracasso escolar.
Questionadas sobre as diferenças entre crianças contaminadas e
não contaminadas, a maioria das professoras ressaltou que não diferença
(53%), enquanto 31% alegou dificuldades em avaliar, visto que não souberam
identificar em sala de aula quem eram os alunos contaminados. Este pode ser
um dado importante, pois, se estes alunos tivessem um desempenho inferior,
provavelmente, tal justificativa seria apontada. A dificuldade em reconhecer
quem são as crianças contaminadas também pode estar relacionada à
ausência de sintomas, conforme apontado na palestra do Dr. Plínio Ferraz, que
ressaltou que mesmo as crianças com alto índice podem não apresentar
sintoma algum. Se um dos meios de reconhecê-los era a justificativa de falta
por motivo de exame ou tratamento, nos anos de 2004 e 2005 tornou-se cada
vez menor a realização de exames e avaliações e são poucas as crianças que
precisaram de hospitalização. Há ainda aqueles que mudaram de bairro, escola
ou mesmo de cidade, sem falar nos alunos que faltam e não justificam.
15
15
22
15
31
1
8
53
0
31
0
8
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
A B C D E F
entrevista
entrevista
125
LEGENDA
A. sim
B. não
C. não sei
D. desconhece os efeitos e como avaliar
E. não respondeu
F. desconhece os alunos que estão contaminados
Figura 18 – Diferenças entre crianças contaminadas por chumbo e não contaminadas.
Entre as ações educativas possíveis frente à problemática da
contaminação por chumbo, foram indicados um maior número de práticas que
podem ser implementadas junto ao aluno, diminuindo a incidência de delegar a
outros profissionais essa responsabilidade. Desaparecem as falas que
solicitam capacitação ou que dizem não saber como fazer e, um indicativo, ao
menos verbal, que o programa de capacitação tenha atendido às necessidades
das docentes frente a esta questão. Os dados estão representados na Figura
19.
15
23
31
8
23
0
8
77
15
0
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
A B C D E
entrevista
entrevista
LEGENDA
A. ações que dependem de capacitação do professor
B. ações de dependem de outros profissionais
C. ações que podem ser implementadas junto ao aluno
D. ações voltadas para todos os alunos, ind. da contaminação
E. não sabe como
Figura 19 – Diferenças entre crianças contaminadas por chumbo e não contaminadas.
Ao delimitar estudos que envolvam pesquisa-intervenção, analisar os
resultados, compará-los, quantificá-los e apresentá-los percebe-se que se trata
126
de um grande desafio, principalmente quando se busca um estudo que
apresente relevância social e que possa apresentar alguma contribuição à
comunidade. Parece ficar uma sensação de ser possível ir além, que nem tudo
foi feito ou alcançado. Neste trabalho, ficou o desejo de acompanhamento da
implementação das práticas mencionadas, para colaborar com a docente na
difícil realização da transposição didática dos conteúdos. Neste anseio, um
limitador temporal, que acaba por determinar o início e até onde se deva ir.
Diante desse tempo, fica a alegria de que, desta vez, a escola não ficou
falando sozinha de seus problemas ou dificuldades e que algumas diretrizes
foram traçadas em direção á Alfabetização Científica, buscando a promoção de
práticas sociais inclusivas e transformadoras (para melhor) no meio escolar.
127
Considerações Finais
Retomando o ponto de partida do presente estudo, a preocupação
inicial era de verificar se a problemática da contaminação por chumbo, fato
presente na realidade do aluno e do professor, seria um elo para a
transposição de conteúdos da série em que o aluno se encontra, possibilitando
um ensino significativo, pautado na realidade do aluno, tal como proposto pelos
PCN’s.
Apesar de estar presente na realidade, tanto do professor como do
aluno, esta temática não serviu como ponto de partida para o Ensino. Verificou-
se que, não basta que o tema faça parte do cotidiano do aluno, se o professor
não estiver preparado para lidar dinamicamente com tais conteúdos em sala de
aula. Sendo constatada a necessidade de instrumentalização do professor,
buscou-se neste estudo, um modelo de pesquisa-intervenção.
Neste modelo de pesquisa-intervenção, o primeiro passo foi dado no
momento do diagnóstico, ao se buscar conhecer a realidade do professor. O
diagnóstico não se restringiu a como ele trabalhava (ou não trabalhava) com a
temática da contaminação, e sim, buscou investigar as concepções sobre
processos de ensino e aprendizagem e as influências na prática pedagógica.
Para tanto, foi necessário descrever ações educativas, formas de avaliação do
aluno e reconhecimento de procedimentos que tenham contribuído para
aprendizagem.
O processo de ensino-aprendizagem envolveu uma série de
discussões, sobre métodos empregados, procedimentos e conteúdos. Norteou
desta forma, a reflexão de práticas educativas, vigentes e possíveis, em busca
128
de uma Educação que, dentro da diversidade da realidade do escolar, possa
lhe garantir condições de apropriação do conhecimento que deve ser universal.
Vasquez (1977, citado por Daibem 1997) ao definir pressupostos para a práxis
humana, afirmou que esta tem primazia sobre a teoria, mas com uma íntima
vinculação a elementos teóricos. Apontou para a importância de se conhecer a
realidade e transformá-la, descobrir meios para transformação, refletir sobre a
prática acumulada em forma de teoria e predizer resultados do que se pretende
alcançar. Neste exercício, conforme afirmou Chassot (2003), deve se buscar o
encontro entre o saber da escola e o saber da universidade. A Profª. Drª. Ana
Maria Lombardi Daibem, em palestra de abertura do programa de capacitação
docente, afirmou às professoras que, se um dia, a Universidade fechasse as
portas e ninguém sentisse falta, alguma coisa estaria errada. De fato, se o
conhecimento produzido não puder contribuir, de alguma forma, para melhoria
das condições do que se propõe a investigar, a pesquisa não tem razão em si
mesma. Desta maneira, tem sido cada vez mais valorizada a realização de
pesquisa-intervenção, na qual o pesquisador aponte caminhos e não somente
critique o que existe, buscando estabelecer a práxis humana.
Conforme resultados do presente estudo, descritos, na Etapa 1,
observou-se que o falar sobre as questões, que envolviam a problemática da
contaminação por chumbo, promoveu uma atitude reflexiva, que pode culminar
em tomadas de decisões e atitudes para a mudança, ainda que em um primeiro
momento, individual. Quando estas reflexões foram levadas para um grupo
maior, na Etapa 2, promoveram a certeza de que o professor não se encontra
sozinho em suas dificuldades e acertos, mais ainda, que a capacitação não
129
pretendia formar peritos sobre a contaminação por chumbo, mas discutir
princípios norteadores para a Alfabetização Científica.
O segundo passo, presente no eixo dois da Etapa 1, contou com
questões mais pontuais sobre a Contaminação por Chumbo, no que tange a
ações da escola e da docente. Mesmo contando com um alto índice de alunos
contaminados, não houve uma ação sistemática da escola ou mesmo do
docente, salvo, uma palestra e alguns comentários sobre a mídia. Ao
reconhecer que esse assunto teria pertinência para a realidade dos alunos, os
professores referendaram a necessidade da capacitação, principalmente
quando, ao responder as questões do eixo 3 da Etapa 1, sobre influências da
contaminação no desenvolvimento infantil, não conseguiam descrever as reais
conseqüências e formas de controle.
Durante a Etapa 2, programa de capacitação, foi possível oferecer às
docentes um espaço diferenciado de formação, em horário de trabalho,
reconhecendo, por parte do poder público, a relevância do estudo e a
importância de se investir na formação docente. O programa foi pautado em
conteúdos específicos, planejados a partir dos resultados da Etapa 1, e de
atividades que promoveram a reflexão sobre a prática educativa atual e o
planejamento de práticas futuras. O planejamento das docentes, realizado em
função da realidade de cada escola, partiu da problemática da contaminação
por chumbo para questões mais abrangentes, como saúde, higiene, educação,
ambiente, cidadania e ética. Descreveram procedimentos pautados no uso de
materiais diversificados, acessíveis, e atividades diversificadas do professor.
Continuaram a requerer apoio de outros profissionais, para palestras e
atividades de orientação aos pais, mas em menor escala que no momento
130
inicial do estudo. Isto sugeriu que tenham passado a se sentir mais seguras e
agentes da ação educativa. Ao promover um ensino pautado não apenas em
conteúdo, mas também com reflexões sobre atitudes éticas e práticas cidadãs,
assumiram uma responsabilidade social e política do Educador, ainda que,
neste primeiro momento, apenas no discurso. Este pode ser um avanço no
âmbito da busca por Alfabetização Científica. Houve uma ênfase no papel do
professor, no que diz respeito a ser mediador de mudanças ambientais, como
uma fase importante do tratamento das crianças.
Das crianças que se encontravam em tratamento, segundo o Dr.
Plínio Ferraz, em sua palestra, 90% apresentavam índices de contaminação
entre 10 e 25 μg/dl de sangue, não necessitando de tratamento com quelantes
nem hospitalização. Para tais crianças, bem como familiares, práticas
educativas que minimizem a contaminação, principalmente pelo trato digestivo,
se apresentaram como a melhor forma de tratamento. Para tanto, questões
como higiene e saúde, apontadas nas justificativas 1 e 2 dos planejamentos,
são essenciais para a promoção de práticas que possam minimizar as
conseqüências do dano ambiental.
Ao se investigar sobre processos de capacitação de professores, em
especial no Ensino de Ciências, pareceu adequado a utilização de temas
pertinentes à realidade na qual alunos e docentes encontram-se inseridos. Nos
pressupostos de Freire (1997), estes temas assumiriam a função de temas
geradores, sendo ponto de partida para uma série de discussões. A
contaminação por chumbo, neste estudo, pôde assim ser considerada.
Promoveu a reflexão sobre a realidade do aluno e do professor, práticas
educativas envolvidas no processo de ensino-aprendizagem e, como ponto de
131
chegada, não se obteve apenas um conteúdo específico, mas uma série de
debates importantes no âmbito da Educação Científica, principalmente, ao se
pensar na utilização e nos fins a que se destina a Ciência e a Tecnologia, as
tomadas de decisões envolvidas, que conseqüências elas trazem e para quem.
Considerando a necessidade de investir-se em condições para
melhoria do Ensino de Ciências, em especial das séries iniciais do Ensino
Fundamental, conforme aponta Chassot (2003), uma das formas indicadas tem
sido investir em recursos humanos, mais diretamente, na capacitação do
professor. No entanto, ao se preparar conteúdos específicos para programas
de capacitação docente, deve-se sempre ter o cuidado de não simplesmente
formar “peritos” em temas específicos, garantindo a possibilidade de
generalização de tais conteúdos a outras esferas do conhecimento científico. A
Alfabetização Científica, tarefa desafiadora, que pode ter seu início no Ensino
Fundamental, ou mesmo antes, deve contribuir para a formação de docentes e
alunos críticos, conhecedores do contexto no qual estão inseridos, ávidos por
desvendar conceitos já postulados e criativos o suficiente para transformá-los.
Quanto a terceira questão, em relação às práticas que possam
garantir o exercício da cidadania em defesa do ambiente, se este é
compreendido em um contexto mais amplo, no qual a própria criança, sua
casa, comunidade e escola são compreendidas como tais, é possível que os
conteúdos verificados durante a capacitação, contribuam para práticas sociais
mais conscientes.
Para ações que possam se desdobrar efetivamente em Alfabetização
Científica faz-se necessário, com toda a comunidade escolar e outros
envolvidos (pais e cuidadores) uma reflexão critica sobre Ciência, Tecnologia e
132
Sociedade, buscando compreender a responsabilidade social e política diante
das conseqüências da ão humana na natureza, visando desenvolver
processos de letramento que cultivem o exercício de práticas sociais cidadãs.
O papel da educação é de desmascarar a ideologia dominante e
recuperar a cidadania. Nessa busca, será crucial a importância da formação
política do educador, e que este seja comprometido com a construção de uma
sociedade justa, onde o conhecimento seja compartilhado e posto a serviço
das populações.
Paulo Freire teve uma profunda convicção no poder e na importância
da prática, a qual não se confundiria com simples ativismo, mas seria
constantemente revista e avaliada pela reflexão, orientada de forma consciente
no sentido da transformação da realidade social e humana (FREIRE, 1997).
Uma educação verdadeira é justamente aquela que se fundamenta na unidade
entre teoria e a prática, entre o trabalho manual e o trabalho intelectual e que,
por isso, incentiva o educando a pensar certo. Fora da prática social as idéias
carecem de sentido transformador, do mesmo modo que a prática sem idéias
carece de objetividade e racionalidade. Essas, quando incorporadas ou
assumidas por uma prática social, adquirem o poder efetivo de transformação
da realidade e este poder pressupõe uma sintonia entre o pensar e o agir,
exemplificada pelo trabalho humano (síntese de meio e fim). Quanto menos às
idéias são assumidas pela prática, mais cresce o seu poder de alienação e
manipulação (VALE, 1998).
133
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139
ANEXOS
140
Anexo 2 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Nome da pesquisa: A contaminação por chumbo em crianças: subsídios para ação
educativa em alfabetização científica
Pesquisadora responsável: Verônica Aparecida Pereira Figueiredo
Orientadoras: Profª. Drª. Ana Maria Lombardi Daibem e Profª. Drª. Olga Maria
Piazentin Rolim Rodrigues.
Informações dadas aos respondentes: Estamos realizando uma pesquisa com
educadores do Ensino Fundamental, a qual tem como objetivo investigar a ocorrência
da temática “Contaminação por Chumbo” no conteúdo das aulas, bem como possíveis
dificuldades relacionadas a este assunto. Também se investigará qual é a concepção dos
professores sobre o processo de Ensino-Aprendizagem e Implicações da Contaminação
sobre o Desenvolvimento Infantil. Para levantamento de tais dados, faz-se necessário
uma entrevista aos professores, os quais tem liberdade de recusar a participar, de não
responder a alguma pergunta e de retirar seu consentimento, a qualquer momento, caso
alguma coisa lhes desagrade, sem qualquer problema para eles. Esta pesquisa fornecerá
dados para mapeamento de necessidades específicas dos professores, os quais poderão
ser beneficiados através de Projetos de Formação Continuada. Nós, as pesquisadoras,
estamos comprometidas com a Comissão de Ética da Faculdade de Ciências
Unesp/Bauru, assegurando total sigilo quanto aos dados obtidos durante a pesquisa.
Eu ____________________________________________, RG ________________,
abaixo assinado, estou ciente de que faço parte de uma amostra de pesquisa sobre
Ensino de Ciências. Contribuirei com dados através de entrevistas. Declaro estar ciente:
a) do objetivo do projeto; b) da segurança de que não seremos identificados e de que
será mantido caráter confidencial das informações relacionadas com nossa privacidade e
c) de ter a liberdade de recusar a participar da pesquisa.
Bauru, _______ de ________________ de 2004.
Assinatura do responsável pelas informações
Assinatura da pesquisadora responsável
141
Anexo 3 - Roteiro para entrevista
Identificação
Nome do docente:
Formação:
Escola:
Tempo de magistério:
Ciclo e ano do Ensino Fundamental em que atua:
EIXO 1 – Ensino Aprendizagem
1. Em sua experiência docente, que ações educativas você considera essenciais na
aprendizagem efetiva do aluno?
2. Você consegue avaliar se o aluno aprendeu? Como?
3. Quando seu aluno realmente aprende, que aspectos dos seus procedimentos de
ensino teriam contribuído de forma significativa?
EIXO 2 Ações da escola e da docente frente a problemática da Contaminação por
chumbo
1. Nestes dois últimos anos houve uma crescente preocupação em relação à
contaminação por chumbo em moradores desta região, na qual está localizada a
escola que você atua. Você identificou neste período alguma ação da escola, de
modo geral?
2. E especificamente em suas aulas, este tema foi trabalhado? (Em caso afirmativo,
descrever como a temática foi trabalhada verificando os itens: planejamento,
metodologia e avaliação).
EIXO 3 - Contaminação por chumbo x desenvolvimento infantil
1. Você estabelece alguma relação entre a contaminação por chumbo e o
desenvolvimento infantil?
2. Acredita que as crianças contaminadas possam apresentar desempenho diferente
das demais? Por quê?
3. Que intervenções poderiam ocorrer para minimizar possíveis conseqüências da
contaminação?
142
Anexo 4 – Estruturação das Frases sínteses e estruturação das categorias de análise -
Diagnóstico
EIXO 1 – ENSINO APRENDIZAGEM
1) a. Em sua experiência docente, que ações educativas você considera essenciais na aprendizagem
efetiva do aluno?
Participante respostas
frase
síntese
1 Apresentação dos conteúdos
P1 1 Trabalhar com todas as matérias
P10 1 A outra parte da aprendizagem seria o conteúdo.
P26 1 É preciso transmitir todos os conteúdos que ele necessita para a série, mas
sempre, partindo do princípio do que o aluno já sabe.
frase
síntese
2 Formação geral
P1 2 formação geral deles, desde a educação, da forma de se comportar.
P2 2 Tem que ter todo um conjunto de coisas para a criança aprender.
P6 2 Tudo que a gente faz na escola acaba sendo essencial para o processo educativo.
P13 2 Eu acho que tem que ser trabalhado no global, tudo. Entrar em aspectos de saúde,
educação etc.
P15 2 Trabalhar no sentido global: cidadania, cultura...
P20 2 Eu acho que tudo, toda a informação para eles é essencial.
P33 2 De tudo o aluno tem que saber um pouco. Tudo que o rodeia, tudo que ele viva.
frase
síntese
3 Estabelecer limites
P1 3 Estabelecer limites
P11 3 Precisa ensinar o que é certo, o que é errado, o que pode o que não pode... porque
no vocabulário deles não tem não.
frase
síntese
4 Formar cidadãos
P1 4 Formar cidadãos
P21 4 Formar para a cidadania.
frase
síntese
5 Estimular o aluno a pensar, questionar, levantar problemas
P1 5 Então os ajudo a pensar, questionar, levantar problemas
frase
síntese
6 Orientar a aprendizagem
P2 6 O professor orienta a aprendizagem
P6 6 O professor é o orientador, mas quem faz a ação é o aluno, eu só oriento.
frase
síntese
7 Estimular descobertas e percepções
P2 7 Provoca situações para descobertas e percepções.
P11 7 O professor tem que achar um meio de despertar o interesse deles.
P23 7 As crianças precisam ser estimuladas, pois chegam desmotivados.
frase
síntese
8 A criança tem que estar disposta a aprender
P2 8 A criança tem que estar disposta a aprender.
frase
síntese
9 A participação da família é essencial
P2 9 A ajuda dos pais em casa é fundamental, e o nível de econômico e cultural dos
pais influencia.
P5 9 Base familiar, onde o aluno tem estímulo da família.
P11 9 Os pais motivarem seus filhos. São crianças que não tem carinho em casa, são
revoltadas... Então o essencial é amor, carinho e apoio dos pais.
P16 9 Há condições que dificultam o trabalho: ausência de pré-escola, condição sócio
143
econômica, analfabetismo dos pais, falta de acesso à leitura.Precisa de apoio
P21 9 É preciso resgatar o papel da família. É preciso a participação dos pais.
frase
síntese
10 A criança precisa estar bem alimentada
P2 10 A criança precisa estar bem alimentada
P5 10 A questão orgânica: alimentação e cuidados.
frase
síntese
11 O lúdico interfere na aprendizagem
P2 11 O fato de brincar, o desenvolvimento motor deles, também pode interferir.
frase
síntese
12 Diversidade de materiais e métodos
P3 12 Trabalhar com diversos materiais, de diversas formas para estar atingindo cada
um em sua necessidade.
P23 12 A gente tem que trabalhar tudo. Além da matéria, trabalhar a parte social...
P32 12 Eu acho que os alunos necessitam de mais materiais e de atenção.
frase
síntese
13 Diversidade de recursos
P3 13 Precisa de vários recursos para ensinar, só passar na lousa, por exemplo, não leva
a nada.
frase
síntese
14 Promover atividades de interesse da criança: jogos, atividades concretas,
brincadeiras, recortes, música etc.
P3 14 Jogos, brincadeiras, recortes, música, atividades que ele a criança tenha interesse
e que atraiam cada um deles nas atividades podem ajudar.
P12 14 Uso de jogos, atividades concretas.
P16 14 Trabalhar com materiais concretos
P25 14 Trabalhar com atividades concretas
P36 14 Adaptar o conteúdo da escola às necessidades da criança. O professor precisa de
um Plano diretor.
P36 14 Depois eu passei pelo concreto. Textinhos curtinhos. entendimento oral e faço as
habilidades ortográficas. livro bem tradicional.
frase
síntese
15 Desenvolver atividades desafiadoras
P4 15 Atividades desafiadoras, que levem a pensar e refletir.
P25 15 Trabalhar com atividades desafiadoras,
frase
síntese
16 Considerar a identidade e a individualidade do aluno.
P5 16 Considerar o aluno como um ser humano, que tem a sua individualidade e
identidade.
P10 16 A criança precisa acreditar que é importante e que é capaz. Todo ser humano
aprende, dentro do limite dele, mas ele aprende, principalmente a criança.
P35 16 Considerar a criança em sua individualidade.
P36 16 O professor precisa conhecer o aluno.
frase
síntese
17 Incentivar e promover a auto-estima
P5 17 A questão da auto-estima contribui muito para que avance esse processo de
ensino-aprendizagem.
P10 17 É preciso resgatar a auto-estima dos alunos.
P23 17 A gente tem que trabalhar com a auto-estima, trabalhar com espelho, levantando
a imagem deles.
frase
síntese
18 Estimular a aprendizagem
P5 18 O professor estimula a aprendizagem. / A criança precisa que o professor a
estimule.
frase
síntese
19 O professor precisa ser criativo para concorrer com a tecnologia
P5 19 É preciso ter bastante criatividade para competir com tanta tecnologia presente
na nossa sociedade.
frase 20 O aluno tem conhecimentos prévios, o professor deve instrumentalizá-lo
144
síntese
P5 20 O aluno traz de casa uma bagagem, a gente tem que instrumentalizar isso e
utilizar também como forma para o amadurecimento dessa criança.
P21 20 Estimular participação do aluno, considerando o conteúdo que ele apresenta
durante as aulas.
P25 20 Considerar o conhecimento prévio da criança.
P26 20 Considerar o conhecimento prévio da criança.
P35 20 Considerar o conhecimento, a bagagem que a criança traz.
P36 20 É necessário fazer um diagnóstico dos conhecimentos dos alunos.
frase
síntese
21 A criança precisa sentir-se confiante perante os outros colegas
P5 21 A criança precisa sentir confiança em si mesma, perante os outros colegas.
frase
síntese
22 Palestras, projetos
P6 22 Palestras, projetos...
P7 22 Atividades diferenciadas: projetos...
P12 22 Trabalho com projetos.
frase
síntese
23 O professor conduz o aluno aquilo que ele quer que ele aprenda
P6 23 O professor conduz o aluno aquilo que quer que ele aprenda.
frase
síntese
24 O professor deve partir do interesse do aluno
P7 24 O professor deve sempre procurar partir do interesse do aluno.
frase
síntese
25 O professor sonda o interesse dos alunos, o que eles querem saber, e trabalha em
cima disso.
P7 25 Sondagem dos interesses dos alunos, o que eles querem saber, e trabalha em
cima disso.
P11 25 O interesse do aluno.
frase
síntese
26 O relacionamento professor-aluno deve ser de confiança, amor e respeito
P8 26 O relacionamento professor aluno, baseado na confiança, respeito.
P10 26 A criança precisa ser respeitada para que se valorize.
P17 26 Nós temos que tratar as crianças com amor e com respeito.
frase
síntese
27 Deve haver trocas entre professor e aluno.
P8 27 Deve haver trocas entre professor e aluno.
frase
síntese
28 O professor deve sondar e diagnosticar dificuldades de aprendizagem e/ou
distúrbios
P8 28 Verificar se há alguma disfunção, algum distúrbio ou alguma dificuldade de
aprendizagem/ Descobrir porquê o aluno não aprende.
P19 28 No primeiro momento é necessário um diagnóstico dos alunos, e a partir daí,
começo a aplicar a metodologia em cima do diagnóstico de cada aluno.
P21 28 Primeiro eu faço um diagnóstico, para ver quem é o meu aluno, como é cada um
deles.
frase
síntese
29 O professor deve realizar um trabalho individual com os alunos.
P8 29 Realizar um trabalho mais individual.
P12 29 O trabalho individual: passar a atividade, e passar um por um vendo se alguém
tem dificuldade. E daí senta perto, ajuda, faz ler...
P14 29 Trabalho individualizado, sentar junto com o aluno que tem mais dificuldade.O
trabalho é difícil porque são muitos alunos por sala.
P16 29 È preciso um trabalho individual.
P17 29 Trabalho individualizado com crianças que têm mais problemas.
P19 29 A aula é bem individualizada.
frase
síntese
30 A aula deve ser diversificada
P8 30 O professor deve diversificar a aula.
P10 30 Trabalho com atividades diversificadas.
145
P15 30 Atividades diversificadas: cartazes, vídeos, jogos, brincadeiras.
P17 30 Deve ser feito um trabalho diversificado, para que essas crianças consigam
aprender.
P19 30 A aula é bem diversificada
P24 30 Trabalho com as situações problemas em lousa - uso de materiais como: jornais e
propagandas.
P25 30 Uso de atividades diversificadas, buscando atender, todos os tipos de dificuldade
da criança, de acordo com os níveis em que ele se encontra.
P30 30 Dialogar muito e mostrar coisas diferentes.
P33 30 Trabalho com cartazes, conversas...
P34 30 Trabalhar diversificadamente.
P12 31 A atividade precisa ter sentido para o aluno.
frase
síntese
31 A atividade deve ser significativa para o aluno / ter sentido para o aluno
P8 31 A atividade deve ser significativa para o aluno.
P18 31 A atividade deve ser significativa para os alunos, partir da vida deles.
P31 31 Para que aluno aprenda de verdade, aquilo que está sendo passado para ele
precisa ter um significado na vida dele.
frase
síntese
32 O importante é a metodologia apresentada pelo professor
P9 32 A metodologia apresentada pelo professor.
frase
síntese
33 O projeto deve ser motivador, envolver o aluno.
P9 33 A motivação, o projeto que envolva o aluno pode gerar uma aprendizagem mais
eficaz.
frase
síntese
34 O aluno precisa de afeto
P10 34 É necessário que o professor também mostre a sua parte afetiva para o aluno /
Trabalhar com amor.
frase
síntese
35 Para acompanhar o conteúdo, a criança precisa saber: ler, entender e
compreender
P10 35 Para que a criança acompanhe o conteúdo, é necessário que ela saiba ler,
entender e compreender.
P24 35 Trabalho com interpretação de texto, noções gramaticais.
frase
síntese
36 Trabalho com temas atuais, factuais
P12 36 Para a alfabetização é mais fácil que o aluno aprenda uma palavra que ele está
vendo por todos os lados, como agora é Olimpíadas.
P16 36 Trabalhar com o dia-a-dia das crianças
frase
síntese
37 Trabalho multidisciplinar
P15 37 Trabalho multidiciplinar.
frase
síntese
38 Trabalhar com o cotidiano
P18 38 Trabalhar com textos diferenciados, que envolvam nome, família, o bairro...
P20 38 Partir de informações da vivência da criança.
P26 38 Partir da realidade da criança.
P28 38 Trabalhar com o dia-a-dia, com a realidade. Ensinar coisas mais da realidade do
aluno.
P31 38 O conteúdo deve estar relacionado com a realidade do aluno.
frase
síntese
39 Planejar as aulas de acordo com o desenvolvimento das mesmas
P21 39 Preparar as aulas e rever o conteúdo de acordo com o desenvolvimento das
mesmas, de acordo com o que os alunos trazem, com o que está acontecendo.
frase
síntese
40 Conhecer a realidade dos alunos
P21 40 É preciso conhecer a realidade dos alunos. Eles vêem de muita violência, eles
não estão sabendo o que respeitar.
146
P35 40 Tem que conversar bastante com eles para poder realmente participar da vivência
da criança. Trabalhar a partir da vivência da criança.
frase
síntese
41 Trabalho com textos informativos, científicos, reescritas, coletivas
P22 41 Trabalho através de textos informativos, textos científicos, reescritas, coletivas.
P30 41 Eu também faço muita leitura com eles.
frase
síntese
42 Desenvolvimento de trabalhos individuais, em grupos ou duplas
P22 42 Desenvolvimento de trabalhos individuais, em grupos, duplas... Nos grupos,
considero as dificuldades que cada um apresenta.
P32 42 Precisa ter muita experiência para trabalhar com os alunos.
frase
síntese
43 O essencial é a leitura, a escrita e as quatro operações
P24 43 Eu penso que a parte mais interessante para o aluno na aprendizagem seria ler,
escrever, e o essencial na matemática – as quatro operações.
P29 43 Aprender a ler, escrever, ajuda-los a entender o que estão lendo, realizar as
quatro operações,
frase
síntese
44 Planejamento
P27 44 Planejamento.
frase
síntese
45 O professor deve ter experiência
frase
síntese
46 Repetir a explicação com clareza, até que o aluno entenda
P32 46 Ser clara, explicar a atividade por várias vezes, para que o aluno possa entender.
frase
síntese
47 Atenção e participação do aluno
P34 47 O aluno precisa ter atenção e participar nas aulas.
frase
síntese
48 Passar valores morais e religiosos
P36 48 E eu tento passar para as crianças valores morais e religiosos.
frase
síntese
49 Preocupar-se com o processo e não com uma habilidade específica
P36 49 Matemática é basicamente o cálculo, mas eu considero assim: se a criança
entendeu o processo da adição eu considero que ela saiba somar.
frase
síntese
50 No estudo de Ciências, fazer experiências e considerá-lo como interdisciplinar
P36 50 E no estudo de Ciências, precisa ser interdisciplinar e está baseado em
experiências
frase
síntese
51 A avaliação afeta a auto-estima da criança
P36 51 O professor pode dar nota (8) ao aluno para levantar a auto-estima da criança
147
Frases sínteses organizadas, com respectiva freqüência
Número Frase síntese Freqüência
1 apresentação dos conteúdos 4
2 formação geral 7
3 estabelecer limites 2
4 formar cidadãos 2
5 estimular o aluno a pensar, questionar, levantar problemas 1
6 orientar a aprendizagem 2
7 estimular descobertas e percepções 3
8 a criança tem que estar disposta a aprender 1
9 a participação da família é essencial 5
10 a criança precisa estar bem alimentada 2
11 uso de atividades lúdicas 1
12 uso de diversos materiais e métodos 2
13 uso de diversos recursos 1
14 promover atividades de interesse da criança: jogos,música... 8
15 promover atividades desafiadoras 2
16 considerar a identidade e a individualidade do aluno 4
17 incentivar e promover a auto-estima 3
18 estimular a aprendizagem 1
19 ser criativo para concorrer com a tecnologia 1
20 instrumentalizar o aluno considerando conhecimentos prévios 6
21 promover a confiança da criança perante os colegas 1
22 desenvolver palestras, projetos 3
23 conduzir o aluno aquilo que o professor quer que ele aprenda 1
24 promover um relacionamento de confiança e respeito 3
25 promover trocas entre professor e aluno 1
26 sondar dificuldades de aprendizagem e/ou distúrbios 3
27 realizar um trabalho individual com o aluno 6
28 trabalhar diversificadamente 10
29 promover atividades significativas/com sentido p/o aluno 4
30 o importante é a metodologia apresentada pelo professor 1
31 trabalhar com projetos motivadores/que envolvam o aluno 1
32 a criança precisa saber: ler, entender e compreender 1
33 a criança precisa saber ler, entender e compreender 2
34 trabalhar com temas atuais, presentes na realidade do aluno 7
35 trabalhar de forma multidisciplinar 1
36 planejar as aulas de forma processual 1
37 conhecer a realidade dos alunos 2
38 trabalhar com textos informativos, científicos,reescritas... 2
39 trabalhar individualmente, em duplas e grupos 1
40 ensinar o essencial: a leitura, a escrita e as 4 operações 2
41 planejar 2
42 o professor deve ter experiência 1
43 repetir a explicação com clareza, até que o aluno entenda 1
44 atenção e participação do aluno 1
45 passar valores morais e religiosos 1
46 preocupar-se c/ o processo/não com uma habilidade específica 1
47 fazer experiências/trabalhar ciências interdisciplinarmente 1
48 ter cuidado ao avaliar pois pode afetar a auto-estima da criança 1
Total 120
148
Ações educativas organizadas em categorias, através do agrupamento das frases sínteses. As tabelas a
seguir indicam o nome da categoria e as frases sínteses agrupadas. O número que antecede a frase refere-
se a codificação estabelecida na tabela anterior.
Categoria: ações que relatam conteúdo
Frases sínteses Freqüência
1 apresentação dos conteúdos 4
2 formação geral 7
4 formar cidadãos 2
40 ensinar o essencial: a leitura, a escrita e as 4 operações 2
45 passar valores morais e religiosos 1
Total 12
Categoria: ações voltadas para aprendizagem do aluno em geral
Frases sínteses Freqüência
6 orientar a aprendizagem 2
18 estimular a aprendizagem 1
46 preocupar-se c/ o processo/não com uma habilidade específica 1
Total 4
Categoria: ações que relatam estratégias
Frases sínteses Freqüência
3 estabelecer limites 2
5 estimular o aluno a pensar, questionar, levantar problemas 1
11 uso de atividades lúdicas 1
12 uso de diversos materiais e métodos 2
13 uso de diversos recursos 1
14 promover atividades de interesse da criança: jogos,música... 8
16 considerar a identidade e a individualidade do aluno 4
17 incentivar e promover a auto-estima 2
19 ser criativo para concorrer com a tecnologia 1
20 instrumentalizar o aluno considerando conhecimentos prévios 6
21 promover a confiança da criança perante os colegas 1
22 desenvolver palestras, projetos 3
23 conduzir o aluno aquilo que o professor quer que ele aprenda 1
24 promover um relacionamento de confiança e respeito 3
25 promover trocas entre professor e aluno 1
26 sondar dificuldades de aprendizagem e/ou distúrbios 3
27 realizar um trabalho individual com o aluno 6
28 trabalhar diversificadamente 10
29 promover atividades significativas/com sentido p/o aluno 4
30 o importante é a metodologia apresentada pelo professor 1
31 trabalhar com projetos motivadores/que envolvam o aluno 1
34 trabalhar com temas atuais, presentes na realidade do aluno 7
35 trabalhar de forma multidisciplinar 1
36 planejar as aulas de forma processual 1
37 conhecer a realidade dos alunos 2
38 trabalhar com textos informativos, científicos,reescritas... 2
39 trabalhar individualmente, em duplas e grupos 1
40 ensinar o essencial: a leitura, a escrita e as 4 operações 2
41 Planejar 2
43 repetir a explicação com clareza, até que o aluno entenda 1
47 fazer experiências/trabalhar ciências interdisciplinarmente 1
48 ter cuidado ao avaliar pois pode afetar a auto-estima da criança 1
149
Total 84
Categoria: relatos de fatores externos à escola que favorecem a ação do professor
Frases sínteses Freqüência
8 a criança tem que estar disposta a aprender 1
9 a participação da família é essencial 5
10 a criança precisa estar bem alimentada 3
32 a criança precisa saber: ler, entender e compreender 1
33 a criança precisa saber ler, entender e compreender 2
34 trabalhar com temas atuais, presentes na realidade do aluno 7
42 o professor deve ter experiência 1
44 atenção e participação do aluno 1
Total 20
1) b. Você consegue avaliar se o aluno aprendeu? Como?
Participant
e
respostas
frase
síntese
1 Há outras formas de avaliação além da prova
P1 1 Consigo, e não é só como provinhas não.
P12 1 Não só no papel, mas até no olhar, no dia a dia, o que está fazendo, se está atento ou
não.
P15 1 Não só através de uma atividade, mas de várias atividades.
P25 1 No momento que você convida essa criança para vir a lousa, resolver uma situação
problema, ou que você pede para uma criança recontar uma história, ou reproduzir
um texto ou dramatizar com um colega, você consegue avaliar o desempenho dela.
P26 1 Tem um dia de prova, que o aluno tem que se acostumar com essa forma de
avaliação que ainda existe hoje em dia, mas a avaliação é feita todo dia.
P28 1 Claro! A avaliação não é só aquela bimestral, além disso, no dia-a-dia,
P34 1 Sim, sem prova, sem nada.
P4 1 Através da produção escrita e de diferentes atividades como pintura, cruzadinha, em
várias atividades eu avalio o aluno.
P7 1 Não só nas atividades, que são várias, mas também, no momento que você está tendo
uma conversa, deu um assunto, conversou...
P7 1 Não só na hora da prova, porque antigamente a gente procurava ter esse retorno na hora
da prova, e de repente, hoje não é tão significativo assim.
frase
síntese
2 No dia-a-dia, observando o crescimento dos alunos
P1 2 No dia-a-dia mesmo a gente vê o crescimento deles.
P12 2 Não só no papel, mas até no olhar, no dia a dia, o que está fazendo, se está atento ou
não.
P18 2 É no dia-a-dia, pelo que você passou, você pede o retorno e verifica se ele aprendeu.
P2 2 No dia a dia, avaliação contínua.
P25 2 Olha, nós avaliamos no dia-a-dia.
P26 2 A avaliação é feita no dia a dia.
P27 2 sim. Avalio de várias formas, principalmente no dia-a-dia,
P27 2 como a gente trabalha com a progressão continuada, a avaliação tradicional a gente
até usa, mas o principal é no dia-a-dia, pois você vai vendo o progresso do aluno,
aspecto importante na progressão.
P30 2 Eu avalio o aluno no dia-a-dia,
P34 2 Não precisa ter prova para avaliar, a avaliação é no dia-a-dia dele.
P35 2 Eu acredito que sim, através da observação,
P9 2 Na verdade a avaliação é dia-a-dia.
frase
síntese
3 Observando se o aluno está interiorizando o conteúdo / se ficou alguma coisa para
ele.
150
P1 3 A gente verifica aquilo que a gente está ensinando se ele está interiorizando, se está
fazendo parte dele.
P7 3 o que eles aprenderam é o que realmente ficou para eles. Alguma coisa, sem essa
cobrança que tem que ter decorado, é o que realmente ficou.
frase
síntese
4 Através das atividades e das questões apresentadas
P1 4 Através das atividades e das questões apresentadas.
P11 4 Eu consigo avaliar porque: você passa as atividades e depois você vai tomar a
leitura, você dá as atividades para que a criança responda.
P15 4 Consigo, através das atividades que são dadas
P18 4 Sim. Na prática, o que você vai pedindo para eles você vai percebendo se ele
aprendeu ou não.
P21 4 na maneira como ele procede, da maneira como ele apresenta, quando ele questiona,
ele participa, eu já estou avaliando.
P29 4 eu corrijo todos os cadernos, eu chamo na lousa e ajudo quem está com dúvida.
P32 4 Eu consigo. Através de exercícios.
P32 4 Quando eu vou dar a atividade, se ele fizer, eu sei que ele aprendeu.
P33 4 Ah! Consigo tranqüilamente. pelo que ele faz, pelo que ele aprende e consegue fazer
dentro da sala de aula
P35 4 através da atividade que você apresenta para ele.
P35 4 a avaliação acontece através de atividades que a gente apresenta, pode ser uma
cruzadinha, um ditado, ou qualquer tipo de atividade que a criança apresente alguma
dificuldade a gente vai acompanhando,
frase
síntese
5 Através das relações estabelecidas
P17 5 Sim, é fácil verificar quando um aluno realmente aprendeu, porque ele aprende
aplicar aquilo que ele está recebendo em outras atividades.
P17 5 quando a criança aprende, ela realmente transporta o conhecimento, aquilo que ela
recebeu, para outras atividades, outras matérias, tanto Português quanto Matemática,
Ciências, História, Geografia... ela transporta aquilo que ela aprendeu.
P2 5 Quando ele começa a fazer relações com aquilo que ele já aprendeu.
frase
síntese
6 Através das questões apresentadas pelos alunos
P1 6 Através do vocabulário, as questões, as perguntar que eles fazem.
P2 6 Você acaba fazendo certas intervenções e o aluno responde aquilo. Dependendo da
forma com que ele responde é que você vai fazer.
frase
síntese
7 Através de atividades e exercícios o professor pode avaliar e prever o que irá ensinar
depois
P19 7 Através do diagnóstico sim.
P2 7 Existem pequenos exercícios, pequenas atividades dá para você avaliar, saber o que ele
aprendeu e saber o que falta para você poder intervir e dar alguma outra coisa para ele
continuar o seu desenvolvimento.
P26 7 Quando a gente acaba de apresentar um conteúdo, observa o que o aluno fez, o que
ele não fez, por que isso? Para sempre estar retomando.
frase
síntese
8 É quando o aluno consegue fazer a atividade sozinho
P3 8 É quando ele consegue fazer algo sozinho.
P3 8 Quando ela consegue caminhar sozinha, não sem a professora, mas quando ela
consegue chegar a um raciocínio sem tanta dependência. A gente fica como
orientadora.
frase
síntese
9 É quando a criança consegue pensar sozinha sem recorrer ao concreto
P3 9 Quando a criança consegue deixar os materiais concretos e consegue pensar sozinha,
sem estar olhando, é uma forma dela ter compreendido.
frase
síntese
10 Através da participação das aulas
151
P20 10 Ah, eu acho que sim. Através do retorno que eles me dão.
P21 10 na maneira como ele procede, da maneira como ele apresenta, quando ele questiona,
ele participa, eu já estou avaliando.
P31 10 em sua participação dentro da sala,
P4 10 Sim, através da participação dele nas aulas
frase
síntese
11 A avaliação é processual
P20 11 é muito gratificante perceber o processo de alfabetização, como ele chega e como
ele sai.
P23 11 No começo do ano ele não sabia, aí você vai observando... você vai dando
informação, de repente, dá uma luzinha e ... ele aprende.
P5 11 Mas a avaliação é uma coisa dinâmica.
P5 11 Você vê o resultado dentro de um semestre, de um ano. O processo, como o próprio
nome diz, é um processo, é dialético, uma coisa está ligada a outra.
P8 11 Teria como ter indício se o aluno aprendeu ou não, por exemplo: uma avaliação,
paralela, contínua, individual com cada criança.
frase
síntese
12 O comportamento da criança muda
P22 12 acho que a auto-estima é essencial, porque a partir do momento que ele percebe que
está sendo elogiado, elevado a auto-estima dele, é porque ele aprendeu realmente.
Então ele consegue trabalhar inclusive ajudando outros coleguinhas que ainda estão
com dificuldade.
P22 12 O resgate da auto-estima, é muito importante. O trabalho diversificado, que é esse
trabalho que a gente faz com eles em grupos, coletivos e separados.
P24 12 Eu acredito que sim, porque você percebe, o aluno que tem mais interesse, que tem
mais dedicação em sala de aula, tem muito mais facilidade de adaptar-se com a
matéria, ou mesmo com o professor, ele participa.
P5 12 o próprio comportamento da criança, ela se modifica. Se ela tinha um comportamento
de desinteresse, a partir do momento que ela percebe que é importante, que ela
consegue aprender, que ela tem essa capacidade, ela tem um outro perfil dentro da sala
P6 12 Quando ele é capaz de fazer aquilo que eu ensinei. Quando muda o comportamento do
aluno.
frase
síntese
13 A criança faz as atividades espontaneamente
P5 13 Ela começa a fazer por livre espontânea vontade.
frase
síntese
14 Avaliar é complicado, algumas pessoas mudam o discurso, mas na prática são
tradicionais
P8 14 Avaliar já é um termo meio complicado, porque o que a gente vê até hoje, avaliação
através de prova, de nota, de comportamento, tudo isso está sendo mudado, mas há
muita gente que tem o discurso, mas faz a mesma coisa na prática.
frase
síntese
15 Avaliação paralela
P8 15 Teria como ter indício se o aluno aprendeu ou não, por exemplo: uma avaliação,
paralela, contínua, individual com cada criança.
frase
síntese
16 Avaliação individual
P29 16 Tenho poucos alunos na sala, vinte e três, então dá tempo de dar atenção para cada
um.
P8 16 Teria como ter indício se o aluno aprendeu ou não, por exemplo: uma avaliação,
paralela, contínua, individual com cada criança.
P8 16 não dá para avaliar todo mundo ao mesmo tempo, isso é impossível.
frase
síntese
17 Avaliação do desempenho em sala de aula
P13 17 A gente consegue, através de observação em sala de aula.
P30 17 através da atividade que ele faz dentro de sala de aula.
P31 17 Eu avalio o aluno no geral, no que ele é na sala,
P9 17 Eu consigo avaliar pelo desempenho na sala de aula,
frase 18 Avaliação através das tarefas (extraclasse)
152
síntese
P9 18 pelas atividades extraclasse, que são as tarefas,
frase
síntese
19 Avaliação escrita
P5 19 Nós trabalhamos sim na parte da linguagem escrita, porque é fundamental para o ser
humano.
P9 19 pelas avaliações escritas
frase
síntese
20 Avaliação ao final de cada projeto
P15 20 nos projetos que foram feitos, junto com o planejamento do início do ano.
P9 20 e no momento de finalização de projetos.
frase
síntese
21 O professor apoio à fase inicial da atividade
P10 21 quando a criança está começando a desenvolver uma atividade que eu percebo que ela
já está indo, eu ajudo.
frase
síntese
22 O professor considera a produção da criança e a incentiva a fazer melhor
P10 22 Eu nunca consigo falar para uma criança que ela não é capaz, sempre digo que ela faz
melhor, que ela é capaz.
P31 22 no seu desenvolvimento como um todo, alguém que já tem um conhecimento prévio
daquilo.
frase
síntese
23 O professor elogia a produção da criança, contribuindo para a sua auto-estima
P10 23 Então eu acho assim, é importante desenvolver a auto-estima para que a criança
desenvolva as suas atividades / elogio
P36 23 Eu não participo mais daquela avaliação do “ótimo”, “bom” e do “péssimo”.
A avaliação pode comprometer a auto-estima da criança.
P36 23 tem que valorizar muito mais, mesmo que ele não saiba tanto. Porque aí está
embutida a pedagogia do amor.
frase
síntese
24 Testa conhecimentos prévios, apresenta o tema e testa novamente, fazendo um
comparativo.
P12 24 Se eu vou trabalhar um tema faço antes uma avaliação do que eles conhecem.
P12 24 então depois que eu trabalho tudo eu faço a mesma atividade do início para ver a que
tanto ele está aprendendo.
frase
síntese
25 Avaliação oral e escrita
P12 25 Tem criança por exemplo, que sabe na oralidade tudo o que eu perguntar, mas na hora
de armar uma operação, seja adição, seja subtração, comigo olhando, então ele não faz.
P12 25 Então eu faço os dois tipos: oral, para ver se ele aprendeu e a escrita.
P21 25 Participação. Não digo tanto no papel. Tem criança que tem facilidade no papel, tem
criança que tem facilidade na oralidade. Então é desde que ele está falando, mesmo
a criança calada, quieta, faz pelo papel, algo ela apresenta.
frase
síntese
26 Avaliação oral
P14 26 Eu consigo. Às vezes eu pergunto alguma coisa e ele responde de repente, às vezes eu
penso que ele não sabe, mas eu vou perguntar assim e ele acaba respondendo.
P21 26 Consigo, porque é mais oralidade e mais participação da criança.
P21 26 questionando, perguntando deles agente percebe a evolução, não fica só no papel, é
mais no diálogo mesmo.
P21 26 Na oralidade, quando você questiona o aluno e pede que ele reproduza o que ele
prestou atenção, você já está avaliando
P28 26 eu trabalho oralmente, é com a participação diária do aluno que eu vejo se ele está
aprendendo ou não.
frase
síntese
27 Avaliação a partir dos objetivos propostos
P15 27 Através dos objetivos que foram traçados
frase 28 Avaliação segundo as hipóteses de Piaget
153
síntese
P16 28 então nós estamos avaliando de acordo com as hipóteses de Piaget, o silábico, o
silábico sonoro, então são nessas partes que a gente está avaliando as crianças.
frase
síntese
29 Porque o professor conhece o aluno
P21 29 Você tem que estar observando e conforme o tipo do acontecimento da ação, da
atitude, eu trabalho em cima disso. E eu consegui melhorar bastante o
comportamento
P24 29 Eu sei certinho, aqueles que têm facilidade e aqueles que têm dificuldade,
principalmente aquele que fica assim, desligado, sem prestar muita atenção na aula.
P28 29 A gente conhece o aluno da gente.
P29 29 Consigo, na mesma hora!
Porque a gente tem contato ali direto com o aluno, então...
P35 29 toda criança aprende, às vezes num ritmo diferente, tem aquelas que apresentam
alguma dificuldade que tem que ser melhor trabalhada.
Frases sínteses organizadas, com respectiva freqüência
Número Frase síntese Freqüência
1 de outras formas além da prova escrita 12
2 no dia-a-dia, observando o crescimento dos alunos 17
3 observando se o aluno interiorizou o conteúdo 2
4 através de atividades e das questões apresentadas 10
5 através das relações estabelecidas 3
6 através das questões apresentadas pelos alunos 2
7 as atividades e exercícios ajudam a prever o que irá ensinar 2
8 observando se o aluno consegue fazer atividade sozinho 2
9 observando se a criança consegue abstrair/sem o concreto 1
10 através da participação das aulas 5
11 de modo processual 4
12 observando mudanças no comportamento da criança 4
13 a criança passa a fazer as atividades espontaneamente 1
14 avaliar é complicado, muitos só mudam o discurso 1
15 avaliação paralela 1
16 avaliação individual 2
17 através das atividades extraclasse (tarefa) 1
18 avaliação escrita 1
19 avalio ao final de cada projeto 1
22 elogia a produção da criança contribuindo para a auto-estima 3
23 testa conhecimentos prévios,apresenta o tema e testa de novo 1
24 avaliação oral e escrita 2
25 avaliação oral 5
26 avaliação a partir dos objetivos propostos 1
27 avaliação segundo as hipóteses de Piaget 1
28 avalia porque conhece o aluno 5
A avaliação foi categorizada em: avaliação assistemática e sistemática. Também houve um item
identificado como não respondeu. Em seguida, houve uma subdivisão das categorias principais. As
154
tabelas a seguir indicam o nome da categoria e as frases sínteses agrupadas. O número que antecede a
frase refere-se a codificação estabelecida na tabela anterior.
Categoria A.) Avalia assistematicamente:
Frases sínteses Freqüência
1 de outras formas além da prova escrita 12
2no dia-a-dia, observando o crescimento dos alunos 17
3observando se o aluno interiorizou o conteúdo 2
5através das relações estabelecidas 3
6através das questões apresentadas pelos alunos 2
9observando se a criança consegue abstrair/sem o concreto 1
10através da participação das aulas 5
11de modo processual 4
12observando mudanças no comportamento da criança 4
13a criança passa a fazer as atividades espontaneamente 1
22elogia a produção da criança contribuindo para a auto-estima 3
27avaliação segundo as hipóteses de Piaget 1
28avalia porque conhece o aluno 5
Total 60
Categoria B) Avalia sistematicamente
Frases sínteses Freqüência
4através de atividades e das questões apresentadas 10
7as atividades e exercícios ajudam a prever o que irá ensinar 2
8observando se o aluno consegue fazer atividade sozinho 2
15avaliação paralela 1
16 avaliação individual 2
17 através das atividades extraclasse (tarefa) 1
18avaliação escrita 1
19avalio ao final de cada projeto 1
23testa conhecimentos prévios,apresenta o tema e testa de novo 1
24 avaliação oral e escrita 2
25 avaliação oral 5
26avaliação a partir dos objetivos propostos 1
Total 29
155
Categoria: Não respondeu
Frase síntese Freqüência
14avaliar é complicado, muitos só mudam o discurso 1
total 1
As categorias avaliação assistemática e sistemática foram subdividas da seguinte forma:
Subcategorias da avaliação assistemática
Subcategoria A1: relata comportamentos da criança
A.1.1 Comportamentos Pontuais
Frases sínteses Freqüência
6através das questões apresentadas pelos alunos 2
9observando se a criança consegue abstrair/sem o concreto 1
10através da participação das aulas 5
Total 8
A.1.2 Comportamentos Subjetivos
Frases sínteses Freqüência
2no dia-a-dia, observando o crescimento dos alunos 17
3observando se o aluno interiorizou o conteúdo 2
5através das relações estabelecidas 3
12observando mudanças no comportamento da criança 4
Total 26
Subcategoria A2: relata comportamentos próprios
A.1.2 Comportamentos Pontuais
Frases sínteses Freqüência
22elogia a produção da criança contribuindo para a auto-estima 3
1de outras formas além da prova escrita 12
11de modo processual 4
27 avaliação segundo as hipóteses de Piaget 1
28 avalia porque conhece o aluno 5
Total 22
Subcategorias da avaliação sistemática
Subcategoria B.1. Relata comportamentos da criança:
Frases sínteses Freqüência
8 observando se o aluno consegue fazer atividade sozinho 2
Total 2
Subcategoria B.2.Relata comportamento próprio
B.2.1 – Identifica ações
Frases sínteses Freqüência
4através de atividades e das questões apresentadas 10
16avaliação individual 2
17através das atividades extraclasse (tarefa) 1
18 avaliação escrita 1
19 Avalio ao final de cada projeto 1
23 testa conhecimentos prévios,apresenta o tema e testa de novo 1
24 avaliação oral e escrita 2
25 avaliação oral 5
Total 23
156
Subcategoria B.2.2. Através do relato de possibilidades de avaliação: 7,26
Frases sínteses Freqüência
7 as atividades e exercícios ajudam a prever o que irá ensinar 2
26 avaliação a partir dos objetivos propostos 1
Total 3
Subcategoria B.2.3. Relatando estratégias com outras possibilidades de ensino
Frases sínteses Freqüência
15 avaliação paralela 1
Total 1
1) c. Quando seu aluno realmente aprende, que aspectos dos seus procedimentos de ensino teriam
contribuído de forma significativa?
Participante respostas
frase síntese 1 Estimular a curiosidade e a participação do aluno
P1 1 “cutucar o aluno, é aguçar a curiosidade deles” e deixa-los curiosos para que eles se
interessem.
P19 1 Eu penso que seja a parte da atenção, estimular bastante a aula, a parte de motivação do
aluno.
P21 1 Ultrapassando os conceitos expressos nos livros didáticos, explorando o interesse dos
alunos.
frase síntese 2 Trabalhar com a realidade do aluno
P1 2 O que está acontecendo com eles é o que eles mais assimilam se a gente tocar nesse
assunto, então, é a realidade deles mesmo.
P3 2 A gente trabalha com um procedimento que tenham coisas mais próximas da criança,
coisas mais reais. Trabalha com rótulos, coisas mais reais para a criança estar
aprendendo.
frase síntese 3 Orientação e intervenção
P2 3 O fato de orientar/intervir é fundamental.
P25 3 Eu faço as intervenções necessárias.
frase síntese 4 Atividades diversificadas
P10 4 Trabalho com atividades diversificadas,
P11 4 Atividades diversificadas, como o recorte, uma palavra chave, a memorização do
alfabeto...
P16 4 Olha, o que realmente eles estão aprendendo e que deu bastante resultado foi o alfabeto
móvel,
P21 4 Através de atividades como leitura, questionamentos, cobranças, intervenções e mesmo
na oralidade.
P21 4 Pesquisando materiais que sirvam como incentivo (gibi, por exemplo).
P22 4 O trabalho diversificado, que é esse trabalho que a gente faz com eles em grupos,
coletivos e separados.
P24 4 trabalho com o aluno na lousa, mostro o processo, tomo leitura e faço perguntas.
P27 4 O material usado, também ajuda muito.
P3 4 As atividades diferentes que você oferece para criança
P3 4 Agora a gente não, trabalha hoje com jogos, coisas diferentes.
P4 4 As próprias atividades que levaram ele a chegar a tal conhecimento. não são apenas as
atividades escritas, mas tudo aquilo que envolve a aula em si.
P9 4 Eu propus atividades para ser realizadas em sala de aula, pesquisas, filmes, biblioteca,
livros didáticos e paradidáticos, é isso.
frase síntese 5 Atividade em grupo
P14 5 Colocar o aluno em grupo com outro aluno que sabe um pouquinho mais, não muito
mais, porque senão esse outro aluno vai querer fazer rapidinho a parte dele e vai deixar
o outro pra trás.
P14 5 Então ele fazendo um pouco mais devagar ele vai ter mais paciência e ajudar aquele que
não sabe.
157
P22 5 Então ele consegue trabalhar inclusive ajudando outros coleguinhas que ainda estão
com dificuldade.
P25 5 O trabalho em equipe, o trabalho com o colega facilita muito, porque eles trocam entre
eles muitas informações, e isso enriquece o trabalho da criança.
P4 5 Atividade em grupo que não é escrita, mas que leva a conhecimento, não teórico,
mas conhecimento até das coisas da vida mesmo.
frase síntese 6 Mediação do professor
P5 6 O professor não é simplesmente o transmissor do conhecimento, mas ele é um
mediador, ele está entre o sujeito e o objeto, o conteúdo conhecimento e o sujeito
que é o aluno.
P5 6 O professor está sendo ali um estimulador, ele seria uma ‘antena’ dentro da sala de aula
para estar observando todos os passos que os alunos estão dando nesse processo de
ensino-aprendizagem.
frase síntese 7 Troca de conhecimentos entre professor e aluno
P5 7 Há uma troca, uma relação dialética.
frase síntese 8 Rever o conteúdo e retomar as dificuldades
P33 8 Procuro retomar os conteúdos.
P5 8 Eu trabalho numa linha construtivista onde o conteúdo é revisto, ele sempre retorna.
frase síntese 9 Estabelecer pré-requisitos para que o aluno aprenda coisas novas.
P15 9 Avalio as atividades, retomo o que não foi entendido e uso outras estratégias para
atingir o objetivo.
P5 9 é um processo que a gente vai desenvolvendo que, para o próprio conhecimento do
aluno, para que ele obtenha pré-requisito para o processo seguinte.
Frase
síntese
10 Metodologia do professor
P13 10 Seria a metodologia que eu apliquei... Forma de como ensinar...
P17 10 Então eu penso que o procedimento do professor deve ser um trabalho criativo.
P17 10 O professor deve criar condições para que a criança aprenda, mesmo aquela criança que
tem dificuldade.
P24 10 é o meu método, que talvez seja um pouco mais antigo, o modo que eu explico...
P27 10 Eu acho que a forma como foi explicado, o método que eu usei para explicar aquilo ali.
P29 10 Eu sei que às vezes eu tento ensinar de um jeito e eu vejo que eles estão com
dificuldade, então eu mudo e dá certo.
P32 10 A maneira que eu expliquei.
P33 10 Eu procuro ver o que foi que eu fiz, onde eu errei.
P36 10 Eu acho que a maneira de passar.
P6 10 Acho que a maneira de estar ensinando, a metodologia que eu uso.
P6 10 Acho que é mais a minha forma de ensinar.
Frase
síntese
11 Propiciar condições para que o aluno goste do que ele faz
P28 11 Trabalho com arte, a medida que eu passo o que eu gosto eles também passam a gostar
do que eu gosto, isso é interessante. Quando eu passo uma matéria que eu não
demonstro muito interesse, eles também não se interessam. Então a forma que o
professor passa é essencial.
P6 11 ele gosta do que ele está fazendo. A partir do momento que tem aquele objetivo de
querer aprender, querer aprender aquilo que eu estou ensinando, acho que é mais
significativo.
frase síntese 12 Trabalhar próximo ao aluno
P12 12 É esse efetivo papel do lado da criança. É ficar perto, fazer de novo, é ficar junto, ir
na carteira...
P20 12 É a parte mais afetiva, de procurar estar junto com o aluno e procurar passar
informações.
P21 12 Procurar saber sobre o que acontece na vida da criança – contato com familiares.
P21 12 Buscar informação sobre a saúde das crianças.
P7 12 Acredito que o fato de trabalhar próximo
frase síntese 13 Questionar o aluno, conhecer as suas dúvidas.
P7 13 A gente questiona bastante, procura tirar deles as dúvidas.
158
frase síntese 14 Sondar o conhecimento prévio do aluno para ensinar coisas novas.
P31 14 Valorizar o que o aluno já sabe, o que ele traz.
P7 14 Fazendo uma sondagem do que ele já sabe, o que precisa ser acrescentado.
frase síntese 15 Relação professor aluno.
P8 15 Para mim, para o aluno aprender deve ter uma boa relação entre professor e aluno.
frase síntese 16 Possibilitar condições de participação do aluno
P8 16 O aluno deve ter uma abertura para que quando ele tenha dúvida possa discutir
frase síntese 17 Utilização de procedimentos lúdicos.
P8 17 é mais fácil a criança aprender a partir da parte lúdica do que de outra maneira.
frase síntese 18 Resgate da auto-estima do aluno
P10 18 eu tive esse trabalho de resgatar a auto-estima da criança
P16 18 Quando eles aprendem, a gente incentiva bem eles, a auto-estima...
P21 18 Contribuir para a auto-estima da criança, elogiar, valorizar em cada momento, que eles
estão crescendo, eles se sentem como super-heróis, ao perceberem que estão acertando.
P22 18 O resgate da auto-estima, é muito importante.
P22 18 Sendo elogiado, o aluno tem sua a auto-estima elevada, é porque ele aprendeu
realmente.
P31 18 Quando o aluno é valorizado a auto estima se eleva e ele tem mais vontade de aprender.
frase síntese 19 Estabelecimento de limites
P10 19 Estabelecimento de limites
frase síntese 20 Respeito ao aluno
P10 20 Respeitar a criança.
frase síntese 21 Trabalho individual com o aluno
P12 21 Apoio individual.
P13 21 o aluno praticamente faz tudo sozinho. Agora, o aluno que tem dificuldade, a gente faz
um trabalho diversificado.
P13 21 Um acompanhamento ali com ele, para ver se realmente ele tá aprendendo ou não. É um
trabalho bem individual.
P14 21 Trabalhar com o aluno individualmente.
P23 21 Para um você fala de bicho, ele quer, para outro é aniversário, é bem individual.
frase síntese 22 Formação do professor
P16 22 o “Letra e Vida” também está ajudando bastante, porque a gente está aprendendo.
P16 22 O IESB, também, está ajudando, ensinando bastante como trabalhar com as crianças.
frase síntese 23 Trabalho com materiais concretos
P16 23 Trabalhar com os materiais concretos, listas com mesmo valor semântico, estas coisas.
frase síntese 24 Trabalho coletivo e individual
P17 24 O procedimento tem que se com a classe toda e também individual.
P23 24 No primeiro momento é tudo junto, primeira série, mas depois você vai separando.
frase síntese 25 Propiciar condições de segurança e aceitação da criança
P17 25 A criança precisa sentir-se segura. Nós temos que incentivá-las, aceitar aquilo que ela
sabe fazer e acrescentar aquilo que ela está tendo dificuldade.
frase síntese 26 Trabalhar informações do dia-a-dia, ligados a realidade do aluno
P18 26 Principalmente, a informação que você dá no dia-a-dia mesmo.
P21 26 Trabalhando temas da realidade dos alunos.
P30 26 Eu acho que é aquilo que eu já lhe falei, o dia-a-dia.
P31 26 O que o assunto tratado vai ajudar na casa do aluno, no bairro... o porquê e o para quê
de se aprender determinado conteúdo.
frase síntese 27 Uso da oralidade
P18 27 Acho que é falar muito, é o que o professor mais usa é a sua voz, através de exercícios,
da oralidade, pedindo participação...
P21 27 Quando conto histórias, tenho criança que consegue reproduzir perfeitamente, mesmo
com algumas dificuldades ortográficas, mas posso considerar praticamente que tenho
crianças ortograficamente perfeitas.
P21 27 Eu leio muito para eles.
frase síntese 28 Trabalho global
P19 28 Trabalho global, textos ao invés de palavras específicas.
159
P25 28 Eu acho que de forma geral, tudo.
P35 28 Talvez o trabalho em si, o conjunto, a vivência.
frase síntese 29 Incentivar o aluno
P20 29 Incentivar o aluno.
frase síntese 30 Respeitar as diferenças individuais
P20 30 Considerar que cada criança tem um desenvolvimento, um ritmo de aprender.
P21 30 Considerar as diferenças individuais dos alunos.
frase síntese 31 Observação do processo de aprendizagem durante o ano
P21 31 eu vejo a diferença do primeiro dia até hoje.
P35 31 Às vezes você olha um todo, a criança começa a ler...
frase síntese 32 Estimular a participação dos pais
P21 32 Estimular a participação dos pais demonstrando interesse pela criança.
P21 32 Orientar os pais de que é preciso ter um compromisso da família com a escola.
frase síntese 33 Religiosidade/Espiritualidade
P21 33 Passo a palavra de Deus, todo dia.
frase síntese 34 Descobrir o interesse do aluno
P23 34 Você tem que trabalhar com um monte de temas porque você não sabe o que que a
criança quer.
P23 34 fala de uma coisa, fala de outra. Até encontrar uma situação que desperte a leitura,
no caso da primeira série.
P28 34 Eu preciso pesquisar muito para dar uma matéria interessante.
P33 34 Das coisas que eu fiz, que eu acho que ajudaram, eu considero as pesquisas, que eu faço
muitas.
frase síntese 35 Uso da oralidade e da escrita
P24 35 Trabalho no oral e depois na escrita.
P34 35 A leitura. Bastante leitura, a reescrita, o debate.
frase síntese 36 Atribuir sentido às disciplinas/ ao conhecimento assimilado
P24 36 Oriento como o conteúdo das disciplinas será importante no futuro.
P26 36 Você que ele aprendeu e que ele está vivendo aquilo que ele aprendeu. Então
para perceber que o conhecimento é significativo para ele.
P31 36 Conduzir os alunos a um aprendizado significativo.
frase síntese 37 Propiciar condições de desequilíbrio
P25 37 Para que o aluno aprenda ele tem que entrar numa situação de desequilíbrio, ele tem que
sentir a importância e a necessidade de desenvolver o seu potencial, os conhecimentos
que ele já tem, e crescer.
frase síntese 38 O conhecimento transmitido pelo professor deve gerar mudança de
comportamento/atitude
P26 38 Geralmente quando o aluno aprende há uma mudança de comportamento.
P26 38 Você percebe que o aluno mudou de atitude.
Frase
síntese
39 Não sei / nunca pensei nisso
P29 39 Sabe que eu nem sei... Nunca pensei sobre isso.
P35 39 Não sei...
Frase
síntese
40 Transmitir definições/conceitos
P36 40 Passo definições para o aluno.
160
Frases sínteses organizadas, com respectiva freqüência
Número Frase síntese Freqüência
1 estimula a curiosidade e a participação do aluno 3
2 trabalha com a realidade do aluno 2
3 Orientação e intervenção 2
4 Atividades diversificadas 12
5 atividade em grupo 5
6 mediação do professor 2
7 troca de conhecimentos entre professor e aluno 1
8 rever o conteúdo e retomar as dificuldades 2
9 estabelece pré-requisitos para que o aluno aprenda o novo 2
10 metodologia do professor 11
11 propicia condições para que o aluno goste do que faz 2
12 trabalha próximo do aluno 5
13 questiona o aluno, conhece as suas dúvidas 1
14 sondar o conhecimento prévio do aluno para ensinar 2
15 relação professor aluno 1
16 possibilita condições de participação do aluno 1
17 utiliza procedimentos lúdicos 1
18 resgate da auto-estima do aluno 6
19 estabelece limites 1
20 respeita o aluno 1
21 trabalho individual com o aluno 5
22 formação do professor 2
23 trabalho com materiais concretos 1
24 trabalho coletivo e individual 2
25 propicia condições de segurança e aceitação da criança 1
26 trabalha informações do dia-a-dia, da realidade do aluno 4
27 uso da oralidade 3
28 trabalho global 3
29 incentivo ao aluno 1
30 respeita as diferenças individuais 2
31 observa o processo de aprendizagem durante o ano 2
32 estimula a participação dos pais 2
33 religiosidade/espiritualidade 1
34 descobre o interesse do aluno 4
35 uso da oralidade e da escrita 2
36 busca atribuir sentido às disciplinas/ao conhecimento 3
37 propicia condições de desequilíbrio 1
38 o conhecimento transmitido de gerar mudança de comportamento 2
39 não sei/nunca pensei nisso 2
40 transmitir definições/conceitos 1
Total 107
161
As tabelas a seguir indicam o nome da categoria e as frases sínteses agrupadas, indicando procedimentos
relatados pelas docentes. O número que antecede a frase refere-se a codificação estabelecida na tabela
anterior.
Categoria: Requisitos que favorecem o ensino
Frases sínteses Freqüência
2 trabalha com a realidade do aluno 2
22 formação do professor 2
26 trabalha informações do dia-a-dia, da realidade do aluno 4
30 respeita as diferenças individuais 2
34 descobre o interesse do aluno 4
Total 14
Categoria: Relação professor-aluno
Frases sínteses Freqüência
1 estimula a curiosidade e a participação do aluno 3
7 troca de conhecimentos entre professor e aluno 2
13 questiona o aluno, conhece as suas dúvidas 1
14 sondar o conhecimento prévio do aluno para ensinar 2
15 relação professor aluno 1
16 possibilita condições de participação do aluno 1
18 resgate da auto-estima do aluno 6
36 busca atribuir sentido às disciplinas/ao conhecimento 3
37 propicia condições de desequilíbrio 1
38 o conhecimento transmitido de gerar mudança de comportamento 2
Total 22
Categoria: Ações do professor
Frases sínteses Freqüência
3 orientação e intervenção 12
4 atividades diversificadas 5
5 atividade em grupo 2
6 mediação do professor 1
8 rever o conteúdo e retomar as dificuldades 2
9 estabelece pré-requisitos para que o aluno aprenda o novo 2
10 metodologia do professor 11
Total 35
162
Categoria: Condições favoráveis para o ensino
Frases sínteses Freqüência
12 trabalha próximo do aluno 5
17 utiliza procedimentos lúdicos 1
19 estabelece limites 1
20 respeita o aluno 1
21 trabalho individual com o aluno 5
23 trabalho com materiais concretos 1
24 trabalho coletivo e individual 2
25 propicia condições de segurança e aceitação da criança 1
27 uso da oralidade 3
28 trabalho global 3
29 incentivo ao aluno 1
31 observa o processo de aprendizagem durante o ano 2
32 estimula a participação dos pais 2
35 uso da oralidade e da escrita 2
Total 30
Categoria: Condições favoráveis para a aprendizagem
Frases sínteses Freqüência
11 propicia condições para que o aluno goste do que faz 2
Total 2
Categoria: Apresentação de conteúdos
Frases sínteses Freqüência
33 religiosidade/espiritualidade 1
40 transmitir definições/conceitos 1
Total 2
Categoria: não soube responder
Frases sínteses Freqüência
39não sei/nunca pensei nisso 2
total 2
163
EIXO 2
2) a. Nestes dois últimos anos houve uma crescente preocupação em relação à contaminação por chumbo
em moradores desta região, na qual está localizada a escola que você atua. Você identificou neste período
alguma ação da escola, de modo geral? E especificamente em suas aulas, este tema foi trabalhado? (Em
caso afirmativo, descrever como a temática foi trabalhada verificando os itens: planejamento,
metodologia e avaliação).
Ações da escola
Categoria - sim - orientação dos pais e palestra com um médico
Participante Categoria Frases Sínteses
P1 1 Bastante. A escola aqui ficou bastante envolvida com esta questão do chumbo, até médico
para dar palestra para os pais para esclarecer o que era o chumbo, o que acontecia com a
contaminação, o que eles precisavam fazer...
P4 1 Na época em que foi identificada a questão da contaminação os pais ficaram bem
preocupados, então pediram ajuda a escola. Como a gente não tinha conhecimento, pois é
um assunto muito técnico, foi solicitado à Secretaria da Educação que um profissional
viesse para esclarecer as dúvidas dos pais. Esse profissional veio, só que a participação foi
mínima.
P6 1 Houve uma palestra aberta para a comunidade inteira.
P7 1 Houve uma palestra para os pais, aliás, a pedido deles.
P9 1 Houve palestra aqui na escola, para a comunidade, esclarecendo a questão do chumbo e os
males que ele causa para as crianças.
Categoria - não percebi porque cheguei este ano na escola
Participante Categoria Frases Sínteses
P3 2 Da escola não, porque eu também sou nova aqui, faz seis meses que estou aqui. A única
coisa que eu sei foi de um aluno que participou de algum acompanhamento, eu nem vi
direito o bilhete, só sei que ele estava sendo acompanhado por causa do chumbo.
P5 2 Esse assunto para mim é novidade, não tive assim, necessidade, pelas próprias
contingências dos locais onde trabalhei nunca teve esse problema. Quando eu entrei este
ano nessa escola, ouve-se comentários, ouve-se pessoas...
P8 2 Olha, fica difícil responder porque faz pouco tempo que estou aqui.
P11 2 Bom, eu cheguei aqui na escola este mês, está com duas semanas., faz pouco tempo. Então
o que eu acompanhei foi pela televisão, de ouvir falar, mas não da escola.
P16 2 Olha, eu escutei no rádio falando sobre o chumbo quando teve lá o caso da empresa, mas
não me aprofundei nessa parte, porque eu dava aula em outra escola. Da escola, não.
P17 2 Olha, faz apenas um mês e alguns dias que eu estou aqui.
P24 2 Eu, que eu tenha percebido...não. Este é o primeiro ano que estou trabalhando aqui.
P30 2 Eu não estava aqui na escola... eu voltei o ano passado, mas neste período, que eu tenha
visto, ninguém falou nada.
164
Categoria - não houve nenhum trabalho
P2 3 Olha, o que eu tenho percebido é que várias vezes vieram pessoas, aqui na escola, fazer uma
avaliação com os alunos. Tanto que eu tive que responder um questionário a respeito do
desenvolvimento da criança dentro de sala de aula. Agora, efetivamente, o que isso pode
causar, eu não tenho claro.
P10 3 Agora na escola, pelo menos a tarde, não houve nenhum trabalho.
P12 3 Pelo menos que eu tenha percebido, não.
P13 3 Por parte da escola, ainda não.
P14 3 Já houve, às vezes vem algum recado da diretora dizendo: “Olha esse aluno faltou porque foi
ao médico por causa da contaminação por chumbo”. Mas, assim da escola fazer algum
programa ou alguma coisa assim... não.
P15 3 Olha, poucos alunos foram identificados. Eu não sei se foi, talvez por falta de não saber até
que ponto essa contaminação poderia prejudicar os alunos. Acho que os pais não relataram isso
a escola.
P18 3 Não, nenhuma.
P19 3 Não, em relação ao chumbo eu não tenho nenhuma informação.
P20 3 Para falar a verdade, eu acho que não.
P21 3 Olha, eu li uma reportagem no jornal, logo que surgiu o problema. Quando eu vi eu pensei que
na minha escola deveriam ter crianças que moram nessa região. Mas até agora, na escola, eu
não vi nada.
P22 3 Não.
P23 3 Tinha alguma coisa... tinham aqueles alunos que iam na Unesp. Mas aqui na escola eu acho que
não.
P25 3 Olha, especificamente no caso do chumbo não. Eu, particularmente, não recebi nenhuma
informação científica a esse respeito nós sabemos das coisas que se comenta.
P26 3 Não. Se eu já tive alunos eu não fui informada. Eu fiquei sabendo pela televisão, pelo rádio,
ouvindo bastante, inclusive eu moro em uma região em direção à fábrica, mas nunca algum pai
veio falar que o aluno tinha e eu nem sei também como agir se ele falasse, não tenho noção do
que fazer.
P27 3 Não.
P28 3 Não.
P29 3 Não.
P31 3 Da escola, naquela época, nós não tivemos nenhuma informação. Nós tivemos informação dos
próprios alunos, que começaram a faltar, começamos a questiona-los e eles diziam que estavam
fazendo a avaliação do chumbo.
P32 3 Eu não percebi nada, nenhuma palestra... a não ser você agora, não percebi nada, e faz cinco
anos que eu estou aqui.
P33 3 Não, infelizmente, acho que foi uma falha nossa.
P34 3 Não, nesse momento não. Mas há três anos atrás ouvi comentários no ensino médio, com
palestras e tudo mais. Mas para nós, aqui na escola, não foi passado nada.
P35 3 Não. O que foi feito é que, as mães muitas vezes vinham avisar que a criança estava indo para
alguns exames, mas nunca foi dado nenhum retorno pra gente.
P36 3 Não.
Ação da escola em relação à contaminação por chumbo desde 2002.
Respostas Freqüência
sim - orientação dos pais e palestra com um médico 5
Não percebi porque cheguei este ano na escola 8
não houve nenhum trabalho 23
Total 36
165
Categoria: Ações do docente em sala de aula
Participante Nº da
Categoria
Frases Sínteses
1 sim
P1 1 Sim. Explicava para a classe sobre a contaminação de crianças que saiam para tratamento.
Não houve planejamento específico, trabalhava de forma oral com as questões
apresentadas pelos alunos.
A avaliação ocorreu de modo informal, mediante conversas. Creio que o conteúdo é muito
complexo para as crianças, são muito pequenos para entender. Com os pais um
profissional veio dar palestra.
P4 1 Sim. De modo bem simples, nada de termos técnicos, e qualquer dúvida pedi para os pais
procurarem um especialista, um médico ou profissional da saúde.
Planejamento
Para as crianças, falou-se do que tinha acontecido, que havia prejuízo para a saúde, mas
que isso deveria ser analisado por um profissional.
Avaliação:
Não mencionou
P6 1 Sim. Através das notícias de jornal, a gente comentava sobre os sintomas e eu ia
orientando os trabalhos.
Planejamento:
O chumbo era um dos assuntos que poderia surgir, como outros assuntos da atualidade.
Avaliação
Avaliação em grupo, oral, a partir da produção dos cartazes.
P13 1 Sim. Só trabalhei com um texto de jornal em 2000.
P20 1 Sim. No inicio, eu trabalhava com jornal em uma outra primeira série, pois como eu
falei, a gente trabalha a realidade com a criança. Depois a mídia deixou de falar, embora
não tenha resolvido.
P23 1 Sim. Através de relatos dos alunos
Em 2001, eu tinha um monte de alunos contaminados na turma. Eles comentavam,
falavam para a sala, se não a gente nem ia saber.
P27 1 Sim. Há dois anos atrás, a partir dos relatos de alunos.
P29 1 Sim, a partir dos relatos de alunos.
Planejamento:
Trabalhei com recortes de jornal.
Avaliação:
Não, avaliação mesmo eu acho que não.
P31 1 Sim. Pesquisei sobre o saturnismo, trouxe material para os alunos e trabalhei como
melhorar o meio onde vivem.
Planejamento:
Pesquisa e recortes de jornal. Foi incluído no conteúdo de ciências sobre a contaminação
do solo e a preservação do meio ambiente.
Foi possível avaliar esse conteúdo com os alunos?
foi avaliado, não pelo formal, mas através de conversas e desenhos.
P34 1 Sim, através de reportagens, no jornal... eu lia para as crianças.
Planejamento:
Seleção de acontecimentos do momento.
Houve oportunidade de avaliação desta prática?
Não, só foi comentado.
2 Não
P2 2 Não. Trabalhamos como doenças, mas com doenças diferentes, não houve nada
relacionado.
P3 2 Não. A pouco tempo soube desse problema na região. Gostaria de saber mais.
P5 2 Não, eu não trabalhei em nenhum momento, mas não está descartada essa possibilidade.
P7 2 Não, trabalhar esse assunto especificamente não.
P8 2 Não. Nas minhas aulas, eu trabalhei com outros temas, dengue, meio ambiente, água,
mas contaminação não.
166
P9 2 Nas aulas não.
P10 2 Não. Percebi a dificuldade de duas crianças, estavam inibidas, mas não trabalhei com a
sala toda.
P11 2 Não, pois estou a pouco tempo na escola. Mas posso até fazer projetos pois tudo que é
novo as crianças gostam.
P12 2 Não.
P14 2 Não.
P15 2 Não, não foi trabalhado. Porque foi um só caso detectado e não houve um
esclarecimento sobre o que estava causando à população.
P16 2 Não, eu preciso ter um conhecimento maior para eu trabalhar. Nessa parte eu não me
inteirei eu preciso ler mais, me atualizar mais.
P17 2 Bom, eu ainda não trabalhei, mas pretendo trabalhar.
P18 2 Não também, porque eu não tenho conhecimento sobre o assunto.
P19 2 Não.
P21 2 Não. Eu nem toco nesse assunto, porque acho muito complicado
P22 2 Não, porque na minha classe não tem ninguém contaminado.
P24 2 Não, mas ainda está em tempo.
P25 2 Não, em nenhum momento trabalhamos a questão do chumbo especificamente. Nós
trabalhamos a questão da higiene, da limpeza, do ambiente, do lixo, que são
contaminações que a criança adquire, por exemplo, contaminação por doenças.
P26 2 Não, nunca trabalhei.
P28 2 Não. Na classe, nós apensas conversamos sobre, mas eles é que passaram alguma
informação para mim, sabiam mais que eu. E eu digo para eles que durante as aulas eu
aprendo também.
P30 2 Não, sinceridade... sobre esse negócio do chumbo foi você que reacendeu, porque nós nem
estávamos mais falando disso.
P32 2 Não, porque na minha sala eu não tive ninguém com esse problema.
P33 2 Não, mas ainda pretendo.
P35 2 Não.
P36 2 Não, porque eu falei pra você eu não tinha conhecimento sobre ela, então fica complicado
você trabalhar com uma coisa que não domina.
Freqüência
Respostas Freqüência
Sim 10
Não 26
36
Como trabalharam ou porque não trabalharam?
Respostas Freqüência
trabalhamos com outras doenças, outros temas 3
falta conhecimento sobre o assunto 5
ainda acredita que possa trabalhar 5
através de notícias de jornais - atualidades 4
não justificou 10
acho muito complexo para as crianças 1
na minha sala não tem ninguém contaminado 2
através de relatos de alunos 4
nós já não falávamos mais sobre isso 1
pesquisei sobre o saturnismo/trouxe material para os alunos 1
36
167
Em tendo trabalhado, como ocorreu o planejamento?
Respostas Freqüência
não houve planejamento específico 2
pesquisa de assuntos da atualidade na mídia 7
não trabalhou diretamente com o tema 27
Total 36
Em tendo trabalhado, como ocorreu a avaliação?
Respostas Freqüência
avaliação informal – conversando com os alunos 1
não mencionou 1
avaliação em grupo – técnica dos cartazes 1
não houve avaliação 5
conversas e desenhos 1
não trabalhou com o tema 27
36
Participante Nº da frase Frases Sínteses
1 apresentam um bloqueio - dificuldade em reter a informação
P1 1
Então, é o que eu já falei para você, parece que eles têm um bloqueio. Coincidência ou não,
as crianças que estavam contaminadas e que a gente sabia, estava provado, eles tinham
bloqueio de aprendizagem, eles não retinham informação, por mais que a gente explicasse,
mudasse o método tudo...
2 talvez influencie, mas não tenho conhecimento sobre o assunto
P2 2
Eu não tenho muito conhecimento sobre o assunto, acredito que deva ter alguma influência,
pois as pessoas estão preocupadas com isso, mas eu não tenho conhecimento e acho que
isso para mim seria importante.
P8 2
Eu sei que existe, que é lógico que prejudica a criança, mas eu não sei dizer como porque,
pode até ser que faça o exame e não saia depois de alguns anos que aparece a contaminação,
tal... mas eu não sei muita coisa a respeito não.
P19 2
Bom, deve ter alguma complicação, porque existe a contaminação. Mas eu não tenho
conteúdo sobre esse tema, mas acredito que deva ter alguma influência na criança.
P20 2
Eu acredito que deve ter, pois se está contaminado, se é um corpo estranho no organismo,
vai ter muitas transformações que talvez não permitam um desenvolvimento normal. Vai
fazer com que alguma coisa fique deficiente.
P36 2
Não, assim relação. Não porque eu não conheço muito. Eu acho que pode até ser, mas
entre o “achismo” e a comprovação tem uma distância muito grande.
3 afeta o desenvolvimento/aprendizagem,mas não sei especificar
P3 3
... eu acredito que afete no desenvolvimento da criança, na aprendizagem, mas eu não sei
falar o quê.
P9 3 A relação, é que prejudica o desenvolvimento da criança.
P11 3 11 Eu creio que prejudique o desenvolvimento da criança.
P13 3
eu tenho total desconhecimento. Não sei se afeta alguma coisa na criança no seu
desenvolvimento infantil. Eu acho que deva afetar a parte de inteligência, alguma coisa. Eu
não sei.
168
P26 3 Eu acredito que deva causar prejuízos para quem tem essa contaminação, não sei lhe dizer
o que, mas acredito que de alguma forma deve afetar e com certeza a criança deve trazer
para a escola, problema de aprendizagem, relacionamento, alguma coisa assim.
P27 3 Olha, eu não saberia responder. Na minha sala, como eu disse, eu tenho dez alunos
daquela região. Por sinal, estes dez alunos são alunos bem fraquinhos, estão no reforço.
Mas eu não sei se pode ser por isso, mesmo porque eu não sei se eles têm algum problema
de contaminação.
P32 3 Eu acho que prejudica a aprendizagem, talvez eles tenham mais dificuldade.
P35 3 Olha, eu ouvi falar que a criança contaminada apresenta alguma dificuldade na
aprendizagem, mas não posso afirmar isso porque nesse dois anos eu não trabalhei com
nenhuma criança.
4 não percebi nada em relação à aprendizagem
P4 4 Eu não percebi nada... na aprendizagem eu não percebi nada.
P14 4 Não sei, eu não vi nenhuma diferença na aprendizagem não.
P18 4 A única preocupação minha é em relação a saúde da criança, em relação a aprendizagem
não. Nunca relacionei, ou achei que tivesse diferença.
P24 4 Olha, nesta escola eu ainda não tive a oportunidade de trabalhar e nem estou sabendo de
nenhum caso. Mas trabalhei em outras escolas que eu tive aluno com problema da
contaminação, sem problemas de aprendizagem.
5 não tenho conhecimento sobre o assunto
P5 5 Olha, eu iria pelo ‘achômetro’ se falasse alguma coisa. Eu não tenho nenhum
conhecimento científico para falar sobre o assunto.
P7 5 Olha, eu não tenho muito conhecimento sobre esse assunto.
P15 5 Não. Não tenho nenhum conhecimento profundo pra fazer essa relação.
P17 5 Olha, em todas as classes eu acho que existem crianças que apresentam dificuldades na
aprendizagem. Agora, pela contaminação por chumbo, eu não posso responder, pois não
tive ainda algum aluno com esse tipo de problema.
P28 5 Como eu não tenho caso na minha classe eu não sei nada a respeito.
P29 5 Olha, é difícil, porque tinha criança que tinha problema com o chumbo e tinha muita
dificuldade para aprender a ler e escrever. E tinha criança que não, que não tinha
dificuldade, embora estivesse com bastante chumbo. Eles contavam a quantia de chumbo
que estavam, pois foi feito exame e eles sabiam.
P30 5 30 Não, pois eu não conheço ninguém com contaminação, e fica meio difícil,
meio vago, pois eu não sei as conseqüências. Não adianta responder se tem ou não a
relação.
P33 5 Eu não sei o que causa na criança, essa contaminação. Eu preciso saber para trabalhar, e
para isso, eu preciso de orientação. Vou procurar também na Internet.
6 acho que prejudica a visão da criança
P6 6 Eu acho que a parte visual da criança.
7 prejudica a interação social
P10 7 ... eu percebi que estas crianças eram bem inibidas. Assim, de até pensar em não entrar
num grupinho social por achar que eu estou contaminada por outra coisa que não fosse o
chumbo, mas outro tipo de doença.
8 as crianças contaminadas são mais lentas, têm dores na cabeça e barriga
P16 8 Então, essas crianças são um pouco mais lentas. A mãe falou para mim que ela sente muita
dor de cabeça, na barriga, embora eles, também, não tenham feito o pré.
9 Não
P22 9 Não, até o momento não.
10 percebi desânimo, falam muito, são tristes, apáticos...
P23 10 ... eles tinham dificuldade de aprender, agora eu não sei se é por causa do chumbo. Eles
ficavam meio desanimados, faltavam muito, eram crianças bem tristes. Eram apáticas, não
seguiam a classe.
11 percebi sonolência, dificuldade de aprendizagem, apatia
P25 11 Eu acredito que, a partir do momento que exista uma contaminação, alguma coisa deve
afetar. (...) tenho hipóteses, suposições. Por exemplo, um aluno da minha sala, que mora
naquela região, ele tem uma dificuldade grande para aprender, ele tem sonolência, ele
freqüentou reforço muito tempo, ele era apático, e depois que eu relacionei muitas coisas,
isso me passou pela cabeça. Questionando o garoto, ele disse que está contaminado.
169
12 percebi hiperatividade, dificuldade no tratamento e RMM*
P31 12 Um aluno tinha uma hiperatividade, eu percebi e a mãe também relatou que foi
acentuado depois que ele teve essa contaminação. Eletinha uma certa “hiperatividade”,
que é muito amplo, e a mãe sentiu que depois desse fato ele ficou mais agitado. Não sei
também se por conta, não tanto da contaminação, como também por ir ao hospital, ficar
alguns dias internado, ter que tirar sangue... todo o processo que envolveu esse fato.
13 pode ser que influencie no psicológico ou mental
P34 13 Pode ser que a contaminação afete no desempenho e na aprendizagem do aluno, mas não
sei em qual momento. Talvez psicológico ou mental.
14 não respondeu
P12 14 -
P21 14 -
Frases sínteses organizadas, com respectiva freqüência
Frases sínteses Freqüência
1 apresentam um bloqueio - dificuldade em reter a informação 1
2 talvez influencie, mas não tenho conhecimento sobre o assunto 5
3 afeta o desenvolvimento/aprendizagem,mas não sei especificar 8
4 não percebi nada em relação à aprendizagem 5
5 não tenho conhecimento sobre o assunto 7
6 acho que prejudica a visão da criança 1
7 prejudica a interação social 1
8 as crianças contaminadas são mais lentas, têm dores na cabeça e barriga 1
9 Não 1
10 percebi desânimo, falam muito, são tristes, apáticos... 1
11 percebi sonolência, dificuldade de aprendizagem, apatia 1
12 percebi hiperatividade, dificuldade no tratamento 1
13 pode ser que influencie no psicológico ou mental 1
14 não respondeu 2
36
Categorização das frases sínteses relativas a relações estabelecidas pelas docentes entre a contaminação
por chumbo e o desenvolvimento infantil.
Categoria: Dificuldades diretamente relacionadas ao desempenho escolar
Frases sínteses Freqüência
1 apresentam um bloqueio - dificuldade em reter a informação 1
2 talvez influencie, mas não tenho conhecimento sobre o assunto 5
3 afeta o desenvolvimento/aprendizagem,mas não sei especificar 8
11 percebi sonolência, dificuldade de aprendizagem, apatia 1
12 percebi hiperatividade, dificuldade no tratamento 1
13 pode ser que influencie no psicológico ou mental 1
17
170
Categoria: Dificuldades relacionadas à prejuízos físicos / ou sociais
Frases sínteses Freqüência
6 acho que prejudica a visão da criança 1
7 prejudica a interação social 1
8 as crianças contaminadas são mais lentas, têm dores na cabeça e barriga 1
10 percebi desânimo, falam muito, são tristes, apáticos... 1
04
Categoria: Não percebeu nada
Frases sínteses Freqüência
4 não percebi nada em relação à aprendizagem 5
5 não tenho conhecimento sobre o assunto 7
9 Não 1
13
Categoria: não respondeu
Frases sínteses Freqüência
14 não respondeu 2
Total 2
b.) Acredita que as crianças contaminadas possam apresentar desempenho diferente das demais?
Participante Nº da
frase
Frases Sínteses
1 não sei, pois há outros fatores envolvidos
P1 1 Eu já não sei. A gente pensa no chumbo como causa porque sabe que ele afeta um pouco.
Mas tem também outros fatores envolvidos, como a família, o estímulo que vem de casa,
então, tem outras coisas junto, não é só o chumbo.
P2 1 (...) não sei lhe dizer se é o chumbo, acredito que existam outros fatores, pois se todos
eles tivessem o mesmo problema, mas não, não tem. Então é por isso que eu não consigo
identificar.
P14 1 Eu não sei, porque tenho um monte de crianças que tinham a mesma dificuldade desse
aluno que estava com esse problema, tinha contaminação. E tinha alunos com
dificuldades muito piores que a dele, que não tinha nada a ver com contaminação do
chumbo. Então, é difícil saber se tem alguma coisa a ver.
P25 1 Tem outras crianças na sala que apresentam também a mesma dificuldade que esse menino
de quem lhe falei, que é a dificuldade de leitura. São outras crianças que não moram
naquela região, mas que conseguem produzir bons textos, eles são apáticos e até
distraídos. A impressão que se tem é que eles vivem em outro mundo, pelo aspecto
familiar também, que eles têm menos condições.
2 pode ser que sim, mas não tenho condições de avaliar
P3 2 Acho que isso vai depender da criança. Mas eu gostaria de saber mais no que interfere
para ter condições de avaliar. Pode ser que interfira, mas eu não sei como e nem como
agir.
P11 2 Eu acho que sim, mas é complicado dizer porque, pois eu ouvi falar muito por cima
sobre o assunto. Por isso acho que seja importante ter palestras, ou ensinar o professor
como lidar com esta situação.
P18 2 Não sei. Eu tive crianças, mas nunca percebi nada, não sei. Eu tenho crianças que não
aprendem, mas não posso dizer que é por isso. Pode até ser que seja, mas tem que outro
profissional dar esse veredicto.
171
P33 2 Olha, eu tenho alunos daquela região, mas não sei se estão contaminados e também não sei
identificar as conseqüências para a criança. Então, eu não consigo, sem informação, fazer
essa relação. No entanto, se ele causou tanta polêmica, como aquela contaminação de
Goiânia, eu acredito que possa haver alguma interferência na criança.
3 não constatei / não saberia responder
P4 3 Eu não constatei.
P5 3 Não identifiquei em minha sala se existem crianças contaminadas, gostaria de saber. Sem
essa referência, fica difícil supor.
P16 3 Olha, eu já ouvi falar que elas apresentam, agora eu nunca tive... e nunca li nada. A minha
colega de trabalho que leu uma reportagem e estava falando que elas apresentam.
P17 3 Isso eu não saberia responder.
P26 3 Eu tenho dúvidas, não sei lhe dizer ao certo. Não sei se depende da contaminação... não sei
mesmo.
4 não, tenho crianças contaminadas com bom desempenho escolar
P6 4 Não, a única coisa que eu notei é em relação à visão, porque aprendizagem, as minhas
crianças que eu tenho aqui são até melhores do que as de lá. Não sei se é o ambiente, mas
as daqui são melhores.
P7 4 Bom, observando, eu tinha um aluno que ele era super alegre, tirava as melhores notas da
sala, participava de tudo e era justamente um dos alunos que estava tendo
acompanhamento por causa do chumbo. Mas ele era o melhor aluno da sala, então, se o
desempenho é diferente, no caso dele, que eu observei, não o prejudicou.
P28 4 Eu acho que sim, pois tudo mexe.
5 supõe-se que o desempenho seja inferior
P8 5 Ouve-se dizer que pode apresentar desempenho inferior às outras... mas eu não sei
explicar direito.
6 sim, pq o chumbo prejudica a atenção, concentração e memória
P9 6 Sim. Pelo que eu ouvi falar dessa contaminação por chumbo, ela interfere um pouco na
questão da atenção, concentração, memorização e estes são fatores que, se a criança tiver
algum problemas nestes três fatores que eu citei pode prejudicar na aprendizagem.
7 sim, têm raciocínio lento, são tristes e inquietas
P10 7 Sim, é diferente. É lento, até o pensamento parece que é mais lento. Estas duas crianças
apresentavam um raciocínio lento em relação às outras, eram tristes, apesar que eu
também não sei como era na casa deles, mas eram crianças assim, difíceis de dar um
sorriso e tinha muita dificuldade de pensar. (...) Ela é muito inquieta, mas de como ela
estava no começo do ano, sem nada, e agora lê, apesar da dificuldade na escrita,
acho que ela é dispersa .
8 sim, acredito que afeta a inteligência
P13 8 Ele não tá acompanhando fácil. Por isso, que eu acho que deva afetar a inteligência.
9 não dá para avaliar pelo desempenho de uma só criança
P15 9 Olha, eu acho que através de alguma pesquisa profunda, de uma análise. Não pra
saber através de uma só criança dar um resultado.
172
10 sim, como outro problema de saúde,pode prejudicar a motivação
P19 10 Acho que sim, porque qualquer fator que cause algum problema de saúde, sempre
algum problema para o aluno. Não que totalmente um problema de aprendizado, mas
que fique um pouco a desejar eu creio que sim. Em relação a motivação, o desejo de
participar das atividades, se a criança está fraca ou não, eu não sei se o chumbo pega nessa
parte de anemia ou não...
11 nunca relacionei as dificuldades da criança ao chumbo
P20 11 Como eu faço um trabalho diversificado na sala, dependendo do ritmo da criança, eu
nunca pensei que a criança poderia demorar mais, por exemplo, por causa do chumbo. Eu
vou trabalhando de acordo com o ritmo de cada criança. Nunca relacionei as dificuldades
ao chumbo.
12 sim, as crianças contaminadas ficam apáticas
P22 12 Acredito que sim, porque eu não entendo muito, eu sei bem pouquinho. Eu sei que é uma
doença, uma contaminação que ataca o sangue, então as crianças ficam mais apáticas...
elas vão ter uma série de problemas devido a essa contaminação por chumbo sim, eu
acredito.
13 não sei, mas os alunos daquela região estão no reforço
P27 13 Não sei. A única coisa que eu sei é que, justamente os alunos dessa região estão no
reforço. Mas eu não saberia dizer se há alguma relação.
15 Não sei, tenho alunos contaminados com e sem dificuldade
P29 15 Olha, eu acho que até pode. Eu não sei porque, pois as crianças daquela região têm
dificuldade mesmo para aprender, mas também tem uns que são ótimos, mesmo
contaminados. Eles falavam ‘eu estou com tanto de chumbo’, chegavam aqui e
contavam.
16 Não sei, pois não conheço as conseqüências da contaminação
P30 16 Eu gostaria de saber onde o chumbo atinge, pois dependeria de onde ele atinge.
17 percebi um caso de hiperatividade, mas não acompanhei
P31 17 Na nossa realidade, eu sei deste aluno que eu lhe escrevi, em relação a hiperatividade, mas
não sei se por conta dessa contaminação física ou do processo psicológico que ele
enfrentou.
18 sim, acho que têm mais dificuldade,talvez pelo tratamento...
P32 18 Eu acho que eles podem apresentar mais dificuldade, porque eles estão fazendo o
tratamento, não estão? Então eles já ficam preocupados, porque eles já estão contaminados
com o chumbo. Aí vai acarretando mais dificuldade.
19 sim, a cont. atinge o SNC,podendo interferir na aprendizagem
P34 19 Sim, pelo conhecimento que eu tenho, afeta o cérebro da pessoa, e o aprendizado dele
comparado ao de uma criança normal seria muito diferente.
P36 19 Olha, a gente tem que usar raciocínio matemático. Se essa contaminação atinge o
sistema nervoso central e o sistema nervoso central é que comanda tudo, até a
aprendizagem, o que você conclui? Que pode.
20 não respondeu
P12 20
P21 20
173
P23 20 -
P24 20 -
P35 20 -
Frases sínteses organizadas, com respectiva freqüência
Frases sínteses Freqüência
1 não sei, pois há outros fatores envolvidos 4
2 pode ser que sim, mas não tenho condições de avaliar 4
3 não constatei / não saberia responder 5
4 não, tenho crianças contaminadas com bom desempenho escolar 3
5 supõe-se que o desempenho seja inferior 1
6 sim, pq o chumbo prejudica a atenção, concentração e memória 1
7 sim, têm raciocínio lento, são tristes e inquietas 1
8 sim, acredito que afeta a inteligência 1
9 não dá para avaliar pelo desempenho de uma só criança 1
10 sim,como outro problema de saúde,pode prejudicar a motivação 1
11 nunca relacionei as dificuldades da criança ao chumbo 1
12 sim, as crianças contaminadas ficam apáticas 1
13 não sei, mas os alunos daquela região estão no reforço 1
14 não sei, tenho alunos contaminados com e sem dificuldade 1
15 não sei, pois não conheço as conseqüências da contaminação 1
16 percebi um caso de hiperatividade, mas não acompanhei 1
17 sim, acho que têm mais dificuldade,talvez pelo tratamento... 1
18 sim, a cont. atinge o SNC,podendo interferir na aprendizagem 2
19 não respondeu 5
36
Categorização das frases sínteses relativas a concepções das docentes entrevistas em relação ao
desempenho das crianças contaminadas por chumbo e as demais.
Categoria: Sim, interfere em comportamentos importantes para a aprendizagem
Frases sínteses Freqüência
5 supõe-se que o desempenho seja inferior 1
6 sim, pq o chumbo prejudica a atenção, concentração e memória 1
7 sim, têm raciocínio lento, são tristes e inquietas 1
8 sim, acredito que afeta a inteligência 1
10 sim,como outro problema de saúde,pode prejudicar a motivação 1
12 sim, as crianças contaminadas ficam apáticas 1
16 percebi um caso de hiperatividade, mas não acompanhei 1
17 sim, acho que têm mais dificuldade,talvez pelo tratamento... 1
18 sim, a cont. atinge o SNC,podendo interferir na aprendizagem 2
10
174
Categoria: não
Frases sínteses Freqüência
4 não, tenho crianças contaminadas com bom desempenho escolar 3
9 não dá para avaliar pelo desempenho de uma só criança 1
11 nunca relacionei as dificuldades da criança ao chumbo 1
5
Categoria: Pode haver outros fatores envolvidos
Frases sínteses Freqüência
1 não sei, pois há outros fatores envolvidos 4
04
Categoria: Não sei, mas os alunos da região estão no reforço.
Frases sínteses Freqüência
13 não sei, mas os alunos daquela região estão no reforço 1
01
Categoria: Tenho alunos contaminados com e sem dificuldades
Frases sínteses Freqüência
14 não sei, tenho alunos contaminados com e sem dificuldade 1
01
Categoria: Desconhece os efeitos e como avaliar
Frases sínteses Freqüência
2 Pode ser que sim, mas não tenho condições de avaliar 4
3 não constatei / não saberia responder 5
15 não sei, pois não conheço as conseqüências da contaminação 1
10
Categoria: Não respondeu
Frases sínteses Freqüência
19 não respondeu 5
Total 5
c.)Que intervenções poderiam ocorrer para minimizar as conseqüências?
Participante Nº da
Categoria
Frases Sínteses
1 apoio pedagógico da escola e outros: psicólogos, fonoaudiólogos...
P1 1 Bom, além do apoio pedagógico da escola, teria que haver a ajuda dos pais em casa e a
ajuda de profissionais até, psicólogos... e a gente encaminha essas crianças, para
psicólogos, fonoaudiólogos... e os pais que estão mais interessados eles dão um jeito e
levam.
P4 1 (...) não seria a parte pedagógica, mas um profissional, um médico, no caso, nos
orientando como fazer. que como eu não sei ao certo o que pode provocar, precisaria
me informar mais.
175
P18 1 Eu acredito que ele poderia atuar junto a outros profissionais. Sozinho não, tendo um
acompanhamento.
P28 1 Trabalhar junto com a família, orientar a mãe para procurar um médico, avisar a direção e
pedir a direção para encaminha-la para tratamento. Na sala de aula, precisaria de um
trabalho diversificado.
P34 1 Estar prevenindo, através de informações e encaminhando para atendimento.
Informações adicionais ao momento da gravação:
A entrevistada apresentou uma grande preocupação em relação a origem da água potável
na escola, que é servida tanto aos professores quanto aos alunos. Segundo ela, a água é
retirada diretamente da torneira. Estando esta escola próxima à área de contaminação, a
professora teme pela qualidade da água.
2 auxiliar o aluno em suas dificuldades
P2 2 Eu acho que se o educador tem condições e sabe como lidar com isso ele vai auxiliar o
aluno a sanar parte dessas dificuldades, assim como as outras questões que nós intervimos.
3 acredito que sim, mas não sei como
P3 3 Eu acredito que tenha, mas eu desconheço.
4 não saberia dizer
P5 4 Não saberia dizer.
5 o professor pode ajudar, mas precisa de capacitação
P7 5 Acredito que sim, desde que nós fôssemos capacitados para isso, tivéssemos clareza sobre
como o chumbo prejudica e como nós poderíamos ajudá-lo.
P11 5 Eu penso que sim, pois a união faz a força. Eu acho que uma pessoa capacitada sobre
aquele assunto só tende a melhorar, e saber como lidar com essa situação.
P15 5 Eu acho que desde que seja esclarecido para o professor ajudar o aluno, eu acho que ele
pode conseguir, mas eu acho que não é uma coisa milagrosa, eu acho que deve ser uma
coisa a longo prazo.
P19 5 Bom, quando a gente sabe as conseqüências, tem como a gente trabalhar isso com a
família, e até com a criança, sem que ele seja rotulado, mas indiretamente tem como a
gente trabalhar. A partir do momento que você sabe como trabalhar.
P20 5 Acredito que seria esse trabalho diversificado.
P22 5 Eu creio que é você abordar o assunto, trabalhar... Mas não sei se isso ajudaria na
aprendizagem pois eu não conheço as conseqüências disso, qual é a complicação dessa
contaminação.
P27 5 A gente teria que buscar mais informações, porque, eu particularmente, não tenho essas
informações. Se tivesse que trabalhar de uma forma diferenciada com estes alunos eu acho
que eu não saberia como.
P32 5 Eu acho que o professor deveria orientar o aluno, ver como ele iria abordar esse assunto.
Antes, ele teria que ter uma palestra, orientação, como você está propondo, para depois
transmitir ao aluno.
176
P33 5 O professor tem que procurar saber se esse chumbo na água atrapalha o desenvolvimento
da criança. Então o professor tem mais é que procurar.
P36 5 você sempre enxergar nas crianças o que poderia ser seu filho, então você vai querer o
melhor. Então, eu acho que tem que ter bastante ajuda de pessoas capacitadas que tragam
uma luz... que acendam uma luz.
6 acredito que sim, mas não sei como
P8 6 Deve existir, mas eu também não estou a par.
7 atividades diversificadas que desenvolvem a concentração,memória,at.
P9 7 reunir essas crianças, trabalhando de forma diversificada para sanar... por exemplo, se a
criança apresenta problema de concentração, então teria uma atividade específica para
desenvolver a concentração, memorização, atenção... eu sugiro então atividades para
sanar as dificuldades das crianças.
8 sim, percebendo as dificuldades da criança, p.ex. a audição
P10 8 Eu acredito que a professora possa intervir, porque eu estou sempre intervindo, quando
você trabalha com uma classe, você, só com o passar dos dias você já consegue identificar
a criança que tem dificuldade.
9 sim, trabalho diversificado
P13 9 Esse aluno está sendo trabalhado diversificadamente. E ele apresentou até um progresso.
Mas, a única intervenção que eu posso fazer é trabalhar diversificadamente com ele.
10 sim, pois a dificuldade existe independente da contaminação
P14 10 Se tem dificuldade, eu vou agir do mesmo jeito, ele estando com contaminação ou não.
Vou tentar ensinar e explicar do mesmo jeito, eu faço o máximo que eu posso.
11 sim, analisando as dificuldades, trabalhando individualmente
P16 11 As crianças que eu estou te falando, eu estou trabalhando separado com eles. Eles estão
tendo um acompanhamento no reforço e todo dia do meio-dia e quinze ao meio-dia e
meia eu trabalho com eles, levo na lousa vejo a dificuldade que eles estão, tentando usar
as intervenções de acordo com “Letra e Vida”, é o que tem me ajudado bastante.
12 sim, a criança é normal, deve ser atendida sem discriminação
P17 12 Eu acho que o professor tem que fazer tudo que estiver ao seu alcance. A criança é um ser
especial, necessita de atenção especial. Ele poderia conversar com ela, separar essa
criança, não da classe, mas para conversar, para receber instruções, auxiliá-la mais nas
suas atividades, caso ela tenha alguma dificuldade, aplicar algum método diferente.
P26 12 Mas como um aluno como qualquer outro. É claro que se precisar de alguma atenção
especial, alguma coisa assim, até a gente faz, mas para mim ele é um aluno normal, um
aluno comum.
13 trabalho diversificado, desafiador, em grupo,no ritmo da criança
P25 13 Diversificando as minhas atividades, criando atividades desafiadoras, colocando essa
criança junto a outras, em trios ou duplas que possam facilitar o seu desenvolvimento.
Então eu procuro ajudá-lo a desenvolver o seu potencial. Eu respeito o ritmo da criança,
mas nem por isso eu vou abandoná-la.
14 trabalho individual
P29 14 Bom, a gente quando tem algum problema na sala, sempre procura trabalhar separado,
fazer alguma coisa que possa ajudar.
15 sim, mas o professor precisa inteirar-se do assunto
177
P30 15 Bom, primeiro lugar teria que saber o que está acontecendo, conversar com os pais, a
escola, para depois tentar fazer alguma coisa.
16 não exigir muito, trabalhar diversificado,envolver a família
P31 16 No caso como desse menino, o hiperativo, eu procurei compreender o lado dele. Eu levei
mais para o lado psicológico, pensando: ‘não vamos exigir demais dele, vamos pegar leve,
pois ele tem sofrido todo esse processo, vai para o hospital, volta, fica internado’...
então, procurei fazer um trabalho diversificado com ele, para que ele não perdesse as
oportunidades de aprender o que eu trabalhava com os demais enquanto ele estava
afastado.
17 sim, auxiliar a criança em sua dificuldade
P35 17 Com certeza o professor poderia fazer algo, a partir do momento que receba orientação,
algum curso, alguma coisa. Eu acho que é importantíssimo, pois eu poderia auxiliar essa
criança em sua dificuldade.
18 Não respondeu
P6 18 -
P12 18 -
P21 18 -
P23 18 -
P24 18 -
Frases sínteses organizadas, com respectiva freqüência
Frase síntese Freqüência
1 apoio pedagógico da escola e outros: psicólogos, fonoaudiólogos... 5
2 auxiliar o aluno em suas dificuldades 1
3 acredito que sim, mas não sei como 1
4 não saberia dizer 1
5 o professor pode ajudar, mas precisa de capacitação 10
6 acredito que sim, mas não sei como 1
7 atividades diversificadas que desenvolvem a concentração,memória,at. 1
8 sim, percebendo as dificuldades da criança, p.ex. a audição 1
9 sim, trabalho diversificado 1
10 sim, pois a dificuldade existe independente da contaminação 1
11 sim, analisando as dificuldades, trabalhando individualmente 1
12 sim, a criança é normal, deve ser atendida sem discriminação 2
13 trabalho diversificado, desafiador, em grupo,no ritmo da criança 1
14 trabalho individual 1
15 sim, mas o professor precisa inteirar-se do assunto 1
16 não exigir muito, trabalhar diversificado,envolver a família 1
17 sim, auxiliar a criança em sua dificuldade 1
18 Não respondeu 5
Total 36
Categorização das frases sínteses relativas a ações educativas que possam minimizar possíveis
conseqüências da contaminação por chumbo.
Categoria: Ações que dependam da capacitação do professor
Frase síntese Freqüência
5 o professor pode ajudar, mas precisa de capacitação 10
15 sim, mas o professor precisa inteirar-se do assunto 1
Total 11
Categoria: Ações que dependem do auxílio de outros profissionais
178
Frase síntese Freqüência
1 apoio pedagógico da escola e outros: psicólogos, fonoaudiólogos... 5
Total 5
Categoria: Ações que podem ser implementadas junto ao aluno
Frase síntese Freqüência
2 auxiliar o aluno em suas dificuldades 1
7 atividades diversificadas que desenvolvem a concentração,memória,at. 1
8 sim, percebendo as dificuldades da criança, p.ex. a audição 1
9 sim, trabalho diversificado 1
11 sim, analisando as dificuldades, trabalhando individualmente 1
13 trabalho diversificado, desafiador, em grupo,no ritmo da criança 1
14 trabalho individual 1
16 não exigir muito, trabalhar diversificado,envolver a família 1
17 sim, auxiliar a criança em sua dificuldade 1
Total 9
Categoria: Ações voltadas para todos os alunos, não somente os contaminados
Frase síntese Freqüência
10 sim, pois a dificuldade existe independente da contaminação 1
12 sim, a criança é normal, deve ser atendida sem discriminação 2
Total 3
Categoria: Não sabe como
Frase síntese Freqüência
3 acredito que sim, mas não sei como 1
4 não saberia dizer 1
6 acredito que sim, mas não sei como 1
Total 3
Categoria: Não respondeu
Frase síntese Freqüência
18 Não respondeu 5
Total 5
179
Anexo 5 – Material utilizado para reflexões sobre práticas educativas,
durante o 4
o
Encontro do Programa de Capacitação Docente.
ações educativas para aprendizagem efetiva do aluno C D
apresentação dos conteúdos
formação geral
estabelecer limites
formar cidadãos
estimular o aluno a pensar, questionar, levantar problemas
orientar a aprendizagem
estimular descobertas e percepções
a criança tem que estar disposta a aprender
a participação da família é essencial
a criança precisa estar bem alimentada
uso de atividades lúdicas
uso de diversos materiais e métodos
uso de diversos recursos
promover atividades de interesse da criança: jogos,música...
promover atividades desafiadoras
considerar a identidade e a individualidade do aluno
incentivar e promover a auto-estima
estimular a aprendizagem
ser criativo para concorrer com a tecnologia
instrumentalizar o aluno considerando conhecimentos prévios
promover a confiança da criança perante os colegas
desenvolver palestras, projetos
conduzir o aluno aquilo que o professor quer que ele aprenda
promover um relacionamento de confiança e respeito
promover trocas entre professor e aluno
sondar dificuldades de aprendizagem e/ou distúrbios
realizar um trabalho individual com o aluno
trabalhar diversificadamente
promover atividades significativas/com sentido p/o aluno
o importante é a metodologia apresentada pelo professor
trabalhar com projetos motivadores/que envolvam o aluno
a criança precisa saber: ler, entender e compreender
a criança precisa saber ler, entender e compreender
trabalhar com temas atuais, presentes na realidade do aluno
trabalhar de forma multidisciplinar
planejar as aulas de forma processual
conhecer a realidade dos alunos
trabalhar com textos informativos, científicos,reescritas...
trabalhar individualmente, em duplas e grupos
ensinar o essencial: a leitura, a escrita e as 4 operações
planejar
o professor deve ter experiência
repetir a explicação com clareza, até que o aluno entenda
atenção e participação do aluno
passar valores morais e religiosos
preocupar-se c/ o processo/não com uma habilidade específica
fazer experiências/trabalhar ciências interdisciplinarmente
ter cuidado ao avaliar pois pode afetar a auto-estima da criança
como avalia se o aluno aprendeu C D
180
de outras formas além da prova escrita
no dia-a-dia, observando o crescimento dos alunos
observando se o aluno interiorizou o conteúdo
através de atividades e das questões apresentadas
através das relações estabelecidas
através das questões apresentadas pelos alunos
as atividades e exercícios ajudam a prever o que irá ensinar
observando se o aluno consegue fazer atividade sozinho
observando se a criança consegue abstrair/sem o concreto
através da participação das aulas
de modo processual
observando mudanças no comportamento da criança
a criança passa a fazer as atividades espontaneamente
avaliar é complicado, muitos só mudam o discurso
avaliação paralela
avaliação individual
através das atividades extraclasse (tarefa)
avaliação escrita
avalio ao final de cada projeto
auxilia a fase inicial da atividade
considera a produção da criança e auxilia a fazer melhor
elogia a produção da criança contribuindo para a auto-estima
testa conhecimentos prévios,apresenta o tema e testa de novo
avaliação oral e escrita
avaliação oral
avaliação a partir dos objetivos propostos
avaliação segundo as hipóteses de Piaget
avalia porque conhece o aluno
181
aspectos dos procedimentos do professor que contribuem para aprendizagem
C D
estimula a curiosidade e a participação do aluno
trabalha com a realidade do aluno
orientação e intervenção
atividades diversificadas
atividade em grupo
mediação do professor
troca de conhecimentos entre professor e aluno
rever o conteúdo e retomar as dificuldades
estabelece pré-requisitos para que o aluno aprenda o novo
metodologia do professor
propicia condições para que o aluno goste do que faz
trabalha próximo do aluno
questiona o aluno, conhece as suas dúvidas
sondar o conhecimento prévio do aluno para ensinar
relação professor aluno
possibilita condições de participação do aluno
utiliza procedimentos lúdicos
resgate da auto-estima do aluno
estabelece limites
respeita o aluno
trabalho individual com o aluno
formação do professor
trabalho com materiais concretos
trabalho coletivo e individual
propicia condições de segurança e aceitação da criança
trabalha informações do dia-a-dia, da realidade do aluno
uso da oralidade
trabalho global
incentivo ao aluno
respeita as diferenças individuais
observa o processo de aprendizagem durante o ano
estimula a participação dos pais
religiosidade/espiritualidade
descobre o interesse do aluno
uso da oralidade e da escrita
busca atribuir sentido às disciplinas/ao conhecimento
propicia condições de desequilíbrio
o conhecimento transmitido de gerar mudança de comportamento
não sei/nunca pensei nisso
transmitir definições/conceitos
182
Anexo 6 - Frases sínteses da Etapa 3 – reavaliação.
183
Anexo 6 - Frases sínteses da Etapa 3 – reavaliação.
Participante Em sua experiência docente, que ações educativas você
considera essenciais para aprendizagem significativa do aluno?
Você consegue avaliar se o aluno aprendeu? Como? Quando seu aluno aprende, que aspectos dos seus
procedimentos contribuíram?
4 A atividade deve ser de acordo com o interesse de cada um e ao
mesmo tempo com o coletivo.
Atividades que levem à reflexão, a pensar...
Avaliação individual, através de atividades escritas e
através de mudanças de comportamento.
O próprio ‘como fazer’, o procedimento de
preparar as atividades, buscando atividades
diversificadas que levem eles à aprendizagem.
6 ...trabalhar bem o raciocínio da criança.
...trabalhar com as situações problemas: ex. mapas para ele se
localizar, parto do planeta, continentes, países... até chegar na
casinha dele.
...muita leitura. Eu pego o livro e passo para a classe inteira.
Eu acho que sim.
Eu comparo muito como ele começou e depois, como
está após a exposição do assunto. Eu vejo que tem
bastante avanço.ee
Acho que todos os aspectos. Para uma criança é
um procedimento que funciona, para outra é
outra coisa que fiz, mas de modo geral, tudo
contribui.
12 eu descobri que se a gente não mudar mesmo, trabalhando em
cima do que interessa, não adianta.
...descobri que vocë leva o aluno a pensar, pensar sobre a
resposta e aquilo tem que ser importante.
Aquilo tem que ter sentido, tudo eles perguntam porque.
...eu acho que está cada vez mais difícil. Muita coisa eu estou
aprendendo, até por causa da classe. É a prática.
o curso foi legal porque, quando eu fui falar tinha criança que
já tinha ouvido e aí se envolveram, começaram a participar...
...então eu percebo isso, se aquilo que você vai fazer interessa,
vai que vai “tinindo”, eles adoram.
Aí foi aquela participação, eles interagem, participam.
Precisa fazer todo aquele esquema: do conhecimento prévio,
pesquisas e depois aquilo que você tem para passar que ainda
não é do conhecimento deles.
A gente avalia oralmente, nas tarefas de casa e na
classe, enquanto os outros fazem um trabalho, eu
chamo no individual.
Na hora da intervenção, vejo quem faz e quem
não faz e esclareço as dúvidas, dou dicas para
ajudar a encontrar as respostas.
18 O professor serve como modelo para ações educativas.
Desenvolve diariamente atividades de leitura.
Sim.
Quando por exemplo, a gente pede uma reescrita, na
Língua Portuguesa, quando eles continuam a história
contando o meio e o fim.
Tudo isso precisa de criatividade, mas para que o
acompanhamento diário, pontual.
Avalio mensalmente o material produzido e faço
um novo planejamento.
acompanhamento individual, a longo prazo, e o
184
aluno consiga, você precisa ter dado repertório,
contando histórias, mostrando que o aluno é capaz de
pensar e reproduzir coisas importantes.
Eu até brinco com eles, citando artistas famosos como
modelos. Valorizo o sonho, o planejamento de coisas
para o futuro.
planejamento pautado no que a criança precisa.
paciência, a vontade de vê-los aprender, a
dedicação e o amor pelo que faz.
atividades diferenciadas contribuem para atingir
cada um em sua individualidade.
20 Trabalhar com o aluno num todo.
Sonda o que o aluno já sabe e busca aprofundar..
Eu acredito que sim.
Às vezes o aluno até tem dificuldade de passar no
papel, mas até em uma conversa eu consigo perceber
se ele assimilou alguma coisa.
Eu acredito que o meu jeito de passar para ele.
Eu procuro partir do que o aluno faz, é um
trabalho meio individualizado.
Considero a contribuição da criança para o
desenvolvimento.
21 o professor deve incentivar o aluno, dialogar com a criança
toda vez que ela vier com uma situação problema
fazer um diagnóstico da dificuldade, partilhar com os os pais
trabalhar com atividades rotineiras: textos, leituras, oralidade,
compreensão,
trabalho projetos, como o projeto da Água Meio Ambiente,
alimentação...
Acho que a atividade é normal, independente da criança estar
contaminada ou não.
Consigo!
A minha avaliação não é punitiva, considera a
produção da criança ao longo do ano. É contínua,
diagnóstica e paralela.
Não é o documento, a prova em si, mas a própria
sala de aula no dia a dia é uma avaliação, você vai
vendo a evolução.
Considero as diferenças individuais.
Em uma situação problema, considero a
participação do aluno, não através do escrito,
mas da própria participação.
25 o trabalho vai sendo desenvolvido por um acompanhamento, e
a criança vai construindo o seu conhecimento.
eu procuro trabalhar muito a questão da higiene, dos hábitos, da
mão na boca... e eles param, os cadernos têm vindo mais
limpos
Então eu observo mudanças de comportamento, como
eu disse sobre os cadernos mais limpos, lavar as
mãos, retira-la da boca... eu sei que não é uma coisa
de hoje para amanhã, mas até os calçados estão mais
limpos.
Respeito o limite da criança.
Eu acredito que a criança constrói o
conhecimento e eu não posso colocar nada na
cabeça dela.
Mas eu ofereço condições de descoberta.
É difícil mensurar uma criança, mas para
perceber cópias, até de comportamentos. Avalio
até por construções de desenhos.
26 Considera todo o processo.
Aluno e professor têm ação conjunta na aprendizagem.
Considera o conhecimento inicial do aluno e aprofunda.
Busca conhecer a realidade do aluno para a partir daí planejar o
Consigo, porque, eu acho que em tudo...
a gente vê a mudança de hábito do aluno em relação a
alguns comportamentos, como por exemplo higiene,
quando é trabalhado em Ciências, você um aluno
Eu acredito que sejam todos, pois não para
trabalhar separado, é um conjunto.
185
que vai ser trabalhado. lavando a fruta, você o aluno lavando a mão antes
de comer, então, houve uma mudança.
E, na questão de alfabetização, que é o que eu
trabalho mais, você o aluno lendo, escrevendo...
a gente vai avaliando todo dia, o crescimento, todo
dia.
O que não aprendeu precisa ser retomado...
29 Trabalho com a Alfabetização e valorizo bons comportamentos.
Trabalho diferenciado quando não aprende, com aquele aluno
que tem dificuldade.
Consigo.
Eu avalio corrigindo tudo que é passado, se não
entendeu, na hora eu vou explicando, corrijo todos
os cadernos.
Minha explicação
30 Procura se inteirar da realidade do aluno para planejar a partir
do dia a dia.
Olha, ta um pouco complicado porque eles estão
trazendo muito pouco, o repertório é muito pequeno.
Eu avalio no dia a dia.
diálogo, apesar deles não trazerem muito, tenho
conversado, feito leituras e daí eu vou tentando
tirar o que ele consegue entender e levar para a
família, pois não adianta viver só aqui dentro.
31 É o carinho que a gente tem que ter com eles, e a partir daí,
verificar as dificuldades que o aluno tem.
Eu consigo, não totalmente.
Mas observo as atitudes, mudanças de
comportamento da criança. Às vezes não é imediato,
mas no dia a dia, o aluno vai aprendendo aos poucos.
Eu acho que o jeito de falar, a atitude com eles
ajuda na mudança de comportamento deles.
34 Desperto o interesse do aluno a partir de temas do cotidiano,
coisas que tenham significado para ele.
Sim.
Quando ele mostra, tem uma resposta daquilo que eu
ensinei.
trabalho diversificado, individual.
35 Trabalho individual, a partir de trabalhos concretos
Parto do conhecimento que eles têm e depois acrescento
informações.
Formação geral, ações como higiene, tudo mais que para a
gente trabalhar...
Sim. Através da observação da participação do aluno.
A avaliação não é um referencial para identificar o
que o aluno não sabe, mas sim, é uma referência para
saber de onde eu tenho que retomar.
Se o aluno não assimilou, se não aprendeu, a gente
retoma com outra metodologia, até perceber que todos
dominam o assunto.
a intervenção do professor é importante,
o planejamento. O planejamento precisa ser bem
organizado, ter um objetivo, planejar as
atividades.
trabalhar com o concreto, com o conhecimento
prévio da criança, expor o conteúdo e avaliar.
Participante Ações da escola: Especificamente em suas aulas:
4 Palestra com um profissional,
mas com participação
mínima dos pais.
Sim. A gente trabalha o ano inteiro o meio ambiente, e sempre está voltando, chamando atenção para determinado tópico. Por exemplo,
agora nós trabalhamos com o solo, então citei também a contaminação.
Planejamento: alguns conteúdos já estão previstos para a segunda série, outros, surgem. Então a gente dá uma linha geral, e os fatos que vão
186
surgindo, a gente se prepara e transmite com maior segurança.
Avaliação: avaliação oral, por exemplo, as crianças queriam saber se jogar uma latinha no chão iria contaminar, sobre a queimada... então
eles mesmos foram associando o conteúdo e explorando através das dúvidas.
6 Agora parece que está mais
esquecido, não estou notando
nada.
Pretendo no segundo semestre, porque é quando está previsto meio ambiente e corpo humano. Eu até citei dentro das transformações o
chumbo, mas é no segundo semestre que está previsto.
12 Não, eu acredito que vai
começar agora, no segundo
semestre. A partir do curso,
passamos para os demais
professores, mas como
estávamos encerrando o
semestre, ficou para o
planejamento do próximo.
Comecei com a conversa e trabalhei dentro da temática do Meio Ambiente – tudo que tem que ser feito para preservar a saúde das pessoas.
Planejamento: já estava previsto meio ambiente neste semestre, então, foi só adaptar.
Avaliação: oral e desenhos, pois é primeira série. A pesquisa foi difícil pois não tem mais nada nos jornais. Passei também entrevistas no
bairro, e eles trouxeram para a sala as histórias da comunidade, contando as visitas ao médico, a Unesp... coisas assim.
18 Nenhuma. o que eu trabalho que é importante nessa questão, não em relação ao chumbo, é a higiene, os cuidados necessários. Não sei, orientações
sobre o ambiente eu acho que eles receberam. A higiene pode ser importante não só para evitar a contaminação como também para não ficar
doente mesmo.
20 Não. Esse ano eu tenho uma aluna com nível alto de contaminação, mas que aprende muito bem. Inclusive ela não tem mãe. Com tudo que
aprendi no curso que eu vi como trabalhar com ele.
Neste ano ainda não trabalhei. Quando surgiu o problema, trabalhei com noticiários de jornais e televisão. Como eu não tinha o curso, não
tinha condições de aprofundar o assunto.
21 Não. Eu estou aqui seis
anos, e só acompanhei pelo
jornal e a localização que
percebi que a nossa clientela
estava dentro da área.
Esse ano, depois do curso, até porque as crianças perguntaram porque eu estava ausente, então eu justificava e ia falando sobre o que eu
estava estudando. Não falava tudo, para não assustar.
Planejamento: eu selecionei informações importantes, como: índices de contaminação, formas de contaminação etc. trabalhei apenas na
oralidade, sem passar na íntegra a escrita. Falei sobre as sucatas de bateria, a reciclagem, os conteúdos da semana. Falei sobre os cosméticos,
batom, esmalte, bloqueador solar, higiene... selecionei os conteúdos relacionados aos cotidiano deles. Eles se assustaram, disseram que não
iam passar mais batom nem sombra. Então orientei que isso é sério, que tem que lavar bem o rostinho antes de dormir. Falei dos alimentos...
Pretendo selecionar alguns conteúdos para eles verem no laboratório. Também quero trabalhar o filme do Charlie Brown.
Avaliação: não tive o compromisso de ficar cobrando, mas tudo que eu trago de novidade eles aguardam com uma certa ansiedade e eles
abraçam, recebem com entusiasmo. Para eles o que você falar é lei. Então eu avalio pelo interesse, pelas questões apresentadas.
25 Não, nenhum movimento,
nem aqui nem na outra
escola.
Noções de higiene e auto-cuidados.
Planejamento: eu não preparei nada específico, trabalhei dentro de outros conteúdos a questão da contaminação: contaminação da água, do
solo, meio ambiente de modo geral. Higiene: da casa, do corpo, da escola. O ar como é o vento, como se forma poluição o chumbo
187
como agente poluente.
Avaliação: através de trabalhos durante as aulas, trabalhos no caderno – que chegam também até as famílias.
26 Não. Como na primeira
entrevista, soube quando
você falou, apesar de
acompanhar pela imprensa.
Quando eu terminei o curso eu entrei de licença, então ainda não tive oportunidade de trabalhar, mas está nos meus planos.
29 Não. A gente aprendeu
bastante coisa no curso,
agora sim, vai ser possível
fazer alguma coisa, antes
não.
Na classe, conversamos com as crianças, mas ultimamente a gente não tem mais ouvido eles falar sobre o chumbo. Pois agora
trabalhamos com alunos do bairro.
Planejamento: Eu vou trabalhar sempre, envolvendo outros temas já presentes no plano de ensino, como meio ambiente, água, higiene
Avaliação: Por escrito não, só através de perguntas orais.
30 Pelo que vi não, apesar de
pegar o barco caminhando.
Em minhas aulas, identifiquei quem morava perto da área de risco, verifiquei se estão tendo plantações e informei sobre as conseqüências de
se consumir alimentos contaminados daquela área. Também com crianças que estavam brincando nos arredores da fábrica, chamei a atenção
e expliquei sobre as formas de contaminação. Então é isso, eu tenho passado informações do cotidiano deles.
Planejamento: não fiz nenhum planejamento, apenas comentei aspectos do cotidiano.
Avaliação: ainda não. Só sei que, pela fala deles, eles ainda continuam plantando e criando galinhas para consumo próprio.
31 Não Sim. Selecionei das palestras aspectos importantes para eles.
Planejamento: através de atividades orais, não dei ainda por escrito. No segundo semestre está previsto um planejamento em Ciências,
focando principalmente a higiene.
Avaliação: Oral.
34 Não, pois a gente não está
sabendo de nenhum caso.
Trabalho de higiene pessoal, da água ...
Planejamento: como eu já tinha que trabalhar sobre a água, introduzi a questão dos encanamentos e das formas de contaminação.
Avaliação: ainda não.
35 Não. Apenas o apoio da
escola para participarmos do
curso.
Agora sim. Eu não sabia quase nada do assunto, e através desse curso nós temos mais respaldo para trabalhar, dirigir ações com as crianças.
Planejamento: atividades, na área de saúde, orientando cuidados básicos de higiene, tudo que a gente puder orientar sobre o lugar que eles
moram, tudo que se refere, não precisa falar diretamente da criança sobre o chumbo, mas a gente pode oferecer o necessário para que ela
possa não cuidar dela mas também da casa, do quintal, cuidados o lixo, o material reciclável, tudo que envolve a vidinha dela a gente
pode ajudar, orientar.
A partir do segundo semestre, isso vai ser incluído no planejamento, tende a ser um trabalho contínuo, até o final do ano, a gente não vai
abandonar.
Avaliação:.Penso que a avaliação será oral e observando mudanças gerais em relação à própria higiene, mudando o visual da escola,
observando mesmo o comportamento do aluno.
188
Participante Você estabelece alguma relação entre a contaminação por
chumbo e o desenvolvimento infantil?
Acredita que as crianças contaminadas possam
apresentar desempenho diferente das demais?
Caso seja diferente, qual é o papel do professor?
4 Olha, é como foi falado no próprio curso: uma relação mesmo
não tem, ainda não foi provada. O que acontece, é que a criança
pode se sentir diferente, pelo fato de estar indo ao médico,
fazendo o tratamento médico, perguntando porque ela tem que
ir. Mas com a aprendizagem eu não vejo ainda.
Eu acredito que não, pois eu nem tem conhecimento
de quais são as minhas crianças que estão
contaminadas, e nós já estamos na metade do ano e eu
vi progresso em todas as crianças, cada um na sua
individualidade.
conversar com os pais, que é muito importante
para saber se eles estão tendo um
acompanhamento com profissionais,
dar mais atenção através de atividades,
fazer um acompanhamento mais individualizado
independente dela estar contaminada.
6 A gente não sabe quais são os alunos contaminados, eu não sei.
Tem uns alunos na sala que são difíceis, mas não que
necessariamente seja por isso, nem sei se eles têm problema de
saúde, pois para bagunçar eles têm um pique enorme. Acho que
relação mesmo, eu não consigo ver.
Foi o que eu lhe disse, como não sei quem são, fica
difícil avaliar.
Diante de qualquer criança que não aprende,
contaminada ou não, o professor deve buscar
uma maneira mais adequada de alcança-lo,
trabalhar mais individualmente, de forma
diferenciada, pedir apoio no reforço... mas isso
para qualquer criança.
12 No meu caso, mesmo tendo apenas uma menina na sala, ela não
tinha problemas de aprendizagem. Eu não acompanhei muito
na época para saber o quanto ela estava contaminada, mas ela
não era uma menina com problema de aprendizagem. Hoje não
tenho mais nenhum caso na sala. Eu acho que outros fatores
interferem mais, como a falta de estímulo, a anemia, outras
questões, ou tudo junto.
Uma criança contaminada mas bem estimulada, não
vai ter problema de desempenho escolar.
O professor deve possibilitar condições de
aprendizagem, oferecer materiais, estimular,
ficar em cima da criança, insistindo, orientando
ás vezes até para apontar o lápis.
18 Não sei, no começo parecia que sim, que a criança não aprendia
por causa do chumbo. Mas ficou mais claro com a palestra
do Dr. Plínio que para haver alguma interferência que a criança
teria que ter um índice muito alto, e ainda assim, ele disse que
os neurônios podem estabelecer outras conexões diferentes da
área afetada.
Acredito que sim. Eu acho que, em termos de saúde, é
lógico, se a criança está anêmica, se atingiu o osso,
tudo isso influi com certeza.
se alguma coisa de errado, como a
contaminação, eu penso que a minha função é
chamar os pais, conversar, falar com a direção e
orientar para possíveis encaminhamentos.
Dentro da sala de aula eu vou ter paciência,
porque eu preciso respeitar o tempo individual
do aluno, pois eles têm ritmos diferentes.
20 Sim e não.
Penso não, por causa da minha aluna, mas sim, por causa de
tudo que a gente viu que o chumbo pode acarretar.
outros fatores. Vai depender muito da estimulação, da
Elas até podem, mas eu não posso falar que é por
causa da contaminação, pois eu não posso correr o
risco de rotular ou deixar a criança de lado por
acreditar que por causa do chumbo ela não vai
Trabalhar diversificado com a criança, usar da
bagagem que o aluno traz, fazer um trabalho
diferenciado com o aluno, melhorando o
aprendizado daquela criança.
189
família, do ambiente e da mudança de hábito. aprender, pelo contrário, como as outras crianças,
tenho que atendê-la em suas necessidades.
21 Se eu tivesse uma criança hoje, depois do que eu aprendi, o
procedimento dela, a própria manifestação dela, acho que
para perceber independente de estar contaminada ou não. A
aluna que eu tinha o ano passado, tinha problema de surdez,
lembra que na primeira vez eu levantei esta questão, e nem
sabia do chumbo. Juntou a surdez e a contaminação, mas isso
não interferiu na aprendizagem. Por isso, eu lhe diria que não
dá para estabelecer uma relação.
Não, como eu lhe disse, tive uma aluna com muita
dificuldade, até pela surdez. Ela ficou um ano com a
gente, esse ano se mudou, e a mãe me alertou. Mas
esta experiência me mostrou que, apesar da
contaminação, ela atingiu os objetivos.
Através de jogos, estímulos, trabalhos com os
pais... sem se preocupar tanto com a
contaminação, trata-la normalmente.
Não rotular, tratar normalmente.
25 Ainda é difícil, pois eu ainda observo crianças com uma
contaminação alta e com bom rendimento, enquanto outras,
com índices menores, apresentam dificuldade, parece que não
tem memória, num dia aprendem, no outro, parece que vocë
apagou tudo da cabecinha dela. É uma lentidão muito grande,
não sei se é desinteresse ou outro problema, mas não posso
afirmar que é pelo chumbo.
Não, tenho crianças contaminadas com bom
desempenho.
buscar soluções alternativas. Não é porque essa
criança está contaminada que isso justifique a
não aprendizagem. Tem que buscar uma nova
forma de trabalhar, textos diferentes, conteúdos
significativos, nada jogado.
trabalhos em grupo, pois as crianças ajudam
umas as outras, e qualquer mínimo que a criança
oferece eu elogio.
26 Pelo que a gente viu, em algumas crianças sim, em outras não.
Não para falar, pelo que eu entendi, que a criança é daquela
forma por causa da contaminação, porque não é. Algumas têm
manifestações e outras não.
Como nunca tive aluno, pelo que ouvi de outras
professoras, em alguns casos sim e outros não. Foi
falado lá no curso que algumas crianças eram
contaminadas e eram ótimos alunos, outros
apresentavam algum problema, então não para
afirmar.
trabalho diversificado.
Com os outros, não tem necessidade de separar.
Não é por causa da contaminação ou por causa
da deficiência que ele não vai aprender.
tem criança que vai junto com a classe, tem
criança que tem que estar trabalhando sempre
separadamente, diversificadamente.
29 Não. Eu acho que tinha criança que apesar de estar
contaminada, tinha o mesmo desempenho das outras.
E tinham algumas que não eram e tinha muita dificuldade. Na
minha classe não tinha esse problema não.
Não. Conversar com a mãe, saber se está sendo
tratado, dar um atendimento individual para essa
criança,
Trabalhar da mesma forma que a gente faz com
outra criança que não está entendendo.
30 Não. Também não. Eu penso que seria orientar as crianças e os pais,
encaminhar para profissionais e buscar
conscientizar sobre as formas de contaminação,
190
seria um trabalho de prevenção.
31 Não. Teria que fazer um levantamento para saber se tem
alguém contaminado. Eu acho que tem vários outros fatores
influenciando, não só o chumbo.
Às vezes. Como a gente viu no curso, tem criança
com problema com e sem contaminação.
Fazer um diagnóstico e procurar conversar com a
família sobre o que está acontecendo com a
criança.
34 Não, pois a gente não sabe detectar o problema, apesar de saber
dos prejuízos do chumbo, não identifiquei no comportamento
da criança.
Não. Conscientização da família sobre o perigo da
contaminação e busca de encaminhamentos para
profissionais.
35 Em relação a aprendizagem eu acho que não. A gente viu
que pode atrasar um pouquinho o crescimento, coisas assim,
mas eu acredito que na sala de aula, não.
Eu não tive a oportunidade de acompanhar nenhum
aluno. Mas crianças não contaminadas também
apresentam dificuldade. Eu penso que não.
Trabalhar com atividade mais dirigida para o
aluno, um acompanhamento mais pessoal do
professor, mas dentro do grupo,
sem diferenciar das demais crianças.
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