demais por sorte, cabendo a cada contemplado uma aérea proporcional ao número de
escravos que se apresentasse. “Desde que estava feita a distribuição das datas, os mineiros
poderiam comprar, vender, trocar ou amalgamar, através de negociações mútuas”.
105
A descobertas de novas minas, o aumento da população que acabava por ocasionar
o surgimento de novos arraiais, a arrecadação dos impostos sobre o ouro, levou El-Rei a
criar a capitania de São Paulo e Minas do Ouro, com governo separado da do Rio de
janeiro. “Realmente, a situação nas Minas era tal que dificilmente poderia um governo,
com sede no Rio de Janeiro dar assistência aos seus moradores. Assim, a carta régia de
nove de novembro de 1709 criou a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro”.
106
Essas
duas regiões permaneceram unidas sob a mesma jurisdição até 1720, quando foram
definitivamente separadas em capitanias autônomas.
Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho foi nomeado para o cargo de primeiro
governador da nova capitania.
107
Fixando residência em Ribeirão do Carmo, que se tornou
a primeira capital da capitania recém-criada. Segundo as ordens do Monarca, o novo
governador deveria criar vilas, elegendo igualmente paulistas e emboabas para o governo
dos senados e da câmara, desta maneira buscava-se apaziguar os ânimos destes dois
grupos.
108
Abria-se um novo período, norteado pela ação mais racional do Estado,
105
BOXER, Charles, A idade do ouro do Brasil..., p, 74-75.
106
BARBOSA, Waldemar de Almeida. História de Minas. Belo Horizonte: Editora Comunicação, 1979, p,
98. Volume 1.
107
Para um maior conhecimento sobre os governadores de Minas Gerais ver a obra de Laura de Mello e
Souza. Norma e conflito: aspectos da história de Minas no século XVIII. Belo Horizonte: Editora UFMG,
1999, em especial o artigo intitulado: Os nobres governadores de Minas: mitologias e histórias familiares, p,
175-199.
108
Nos núcleos mineiros “viviam indivíduos das mais variadas procedências, e que logo se definiram em dois
grupos principais: o dos paulistas, formado pelos descobridores dos primeiros ribeirões auríferos e por seus
descendentes; o dos ‘emboabas’, que agrupava os portugueses do Reino e os colonos vindo de regiões outras
que São Paulo, sobretudo da Bahia. Os paulistas, primeiros habitantes das Minas, julgavam-se detentores de
vantagens e de direitos especiais, considerando a zona mineradora como propriedade sua; hostilizavam
abertamente os que chegavam, como demonstra o nome que usavam para designa-los: ‘emboabas’, palavra
que para alguns significava ‘forasteiro’, e que para outros queria dizer ‘aves de pés cobertos’, numa alusão
clara às botas usadas pelos portugueses, e em oposição aos pés descalços dos mamelucos paulistas. Era
grande a hostilidade que mutuamente se votavam essas duas facções, tornando tensa a vida cotidiana nos
arraiais mineradores, longe das autoridades e da justiça. (...) tudo indica ter sido um dos motivos da
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