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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
CRIAÇÃO DE EMPRESAS COMO MECANISMO DE COOPERAÇÃO
UNIVERSIDADE-EMPRESA: OS SPIN-OFFS ACADÊMICOS
Lucelia Borges da Costa
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Produção da
Universidade Federal de São Carlos,
como parte dos requisitos para a
obtenção do título de Mestre em
Engenharia de Produção.
Orientadora: Profa. Dra. Ana Lúcia Vitale Torkomian
SÃO CARLOS
2006
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http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária da UFSCar
C837ce
Costa, Lucélia Borges da.
Criação de empresas como mecanismo de cooperação
universidade-empresa: os spin-offs acadêmicos / Lucélia
Borges da Costa. -- São Carlos : UFSCar, 2006.
127 p.
Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São
Carlos, 2006.
1. Alianças estratégicas (Negócios). 2. Empresa de base
tecnológica. 3. Cooperação universidade e empresa. 4.
Gestão do conhecimento. 5. Empreendedorismo. I. Título.
CDD: 658.042 (20
a
)
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ii
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Carlos e Nelsina,
ao meu irmão João Carlos
e aos meus avós.
“O que você acha que pode ... você pode.
O que você acha que não pode ... você não pode.
De qualquer maneira, você está certo”.
(Henry Ford)
iii
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me dado forças e me acompanhado em mais este trajeto.
Aos meus pais, Nelsina e Carlos, e ao meu irmão João Carlos que com carinho sempre
me apoiaram para que meus sonhos e ideais se concretizam.
Aos meus avós, Rita (Dete), João (in memorian), Zilda e Izael, que com seus exemplos
de vida me inspiraram a batalhar e lutar para alcançar meus objetivos.
A todos familiares que ao me transmitirem carinho e afeto faziam com que eu tivesse
mais força para realizar este trabalho com esmero.
Aos amigos que com palavras de incentivo me davam força e ânimo para seguir em
frente.
À Profa. Dra. Ana Lúcia Vitale Torkomian, minha orientadora, pela atenção dedicada
neste percurso e pelas valiosas contribuições para a execução desta pesquisa.
Ao Prof. Dr. Alceu Gomes Alves Filho, membro da Banca de Qualificação, pelas
valiosas contribuições dadas durante o exame.
Ao Prof. Dr. Marcelo Silva Pinho, também membro da Banca de Qualificação, pelas
valiosas contribuições dadas durante o exame.
A todos os docentes do DEP que durante a graduação e a pós-graduação me forneceram
uma “bagagem” de conhecimento que me auxiliou na execução deste trabalho.
À Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior pela
concessão de bolsa de estudo.
iv
RESUMO
Atualmente, o desenvolvimento dos países é baseado na ciência,
tecnologia e inovação.Por causa disto, a sociedade está demandando que a universidade,
uma das mais importante fonte destes recursos, aja transferindo os resultados de suas
pesquisas para o mercado. Existem diversas maneiras de transferi-los para o setor
empresarial. Uma delas, que está emergindo com um destaque relevante, é a criação de
empresas a partir de resultados de pesquisas geradas nas universidades (spin-offs
acadêmicos). Entretanto, no Brasil há poucos estudos sobre este tipo de mecanismo de
cooperação universidade-empresa. Buscando melhorar esta situação, o presente estudo
objetiva apresentar o perfil dos spin-offs acadêmicos brasileiros, mostrando suas
características, motivações, dificuldades e a opinião dos sócios destas empresas. A
metodologia usada foi a pesquisa quantitativa e os dados foram coletados através de
questionários enviados a 33 spin-offs de 9 universidades. Um importante resultado
obtido mostra que, apesar de serem oriundas do meio acadêmico, somente três empresas
têm patentes licenciadas pelas universidades.
Palavras-chave: Spin-offs Acadêmicos; Empreendedorismo; Cooperação Universidade-
Empresa; Ciência, Tecnologia e Inovação.
v
ABSTRACT
Nowadays, the countrys’ development is based on science, tecnology and
inovation. Because of this, the society is demanding that the university, one of the most
important sources of that resources, acts transfering the results of its researches to the
market. There are several ways to transfer the tecnology from university to the industry.
One of them, that is emerging as an important mechanism, is the creation of firms from
results of researches generated in the university (the academic spin-offs). Therefore, in
Brasil there are few studies about this mechanism of university-company cooperation.
Indenting to improve this situation, the present study mains to exihibit the profile of
academic spin-offs from Brazil, showing its characteristics, motivations, difficulties and
the opinion of spin-off owners. The methodology used was the quantitative research
and the data was collected through questionnaires sent to 33 spin-offs companies from 9
universities. One important result obtained shows that just three companies have
university’s patents.
Key words: Academic Spin-offs; Entrepreneurship; University-company Cooperation;
Science, Tecnology and Inovation.
vi
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................1
2. UNIVERSIDADE, TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA E
EMPREENDEDORISMO..............................................................................................4
2.1 Pilares do desenvolvimento econômico...................................................................4
2.1.1 Conhecimento Científico...................................................................................5
2.1.2 Tecnologia .........................................................................................................6
2.1.3 Inovação ............................................................................................................7
2.2 Cooperação universidade-empresa ..........................................................................9
2.2.1 O Papel da Universidade.................................................................................10
2.2.2 Modelos de Representação da Cooperação Universidade-Empresa ...............11
2.2.3 Características da Cooperação Universidade-Empresa ...................................15
2.2.4 Benefícios / Vantagens da Cooperação Universidade-Empresa .....................18
2.2.5 Barreiras à Cooperação Universidade-Empresa..............................................21
2.3 Transferência de tecnologia das universidades para a indústria ............................24
2.3.1 Transferência de Tecnologia ...........................................................................25
2.3.2 Modelo de Transferência de Tecnologia das Universidades para as
Empresas...................................................................................................................27
2.3.3 Mecanismos de transferência ..........................................................................31
2.4 Empreendedorismo ................................................................................................37
vii
3. SPIN-OFFS ACADÊMICOS ...................................................................................43
3.1 Conceituação..........................................................................................................43
3.2 Aspectos do processo de formação de spin-off.....................................................49
3.3 Modelos de geração de firmas spin-offs ................................................................51
3.4 Spin-offs acadêmicos em diversos países ..............................................................53
3.5 Spin-offs acadêmicos no Brasil .............................................................................55
4. METODOLOGIA DA PESQUISA..........................................................................58
4.1 Tipos de pesquisa...................................................................................................59
4.2 Objetivo da Pesquisa..............................................................................................60
4.3 Questão de Pesquisa e Proposições........................................................................60
4.4 Pesquisa de Campo: método de pesquisa e coleta e obtenção de dados...............61
4.4.1 Método de Pesquisa.........................................................................................61
4.4.2 Mecanismos de coleta de dados ......................................................................63
4.4.3 Obtenção dos dados.........................................................................................69
4.5 Formas de Análise dos Resultados ........................................................................71
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS........................................72
5.1 Caracterização das empresas e dos sócios .............................................................72
5.2 Cooperação universidade-empresa ........................................................................86
5.3 Criação de spin-offs acadêmicos: motivações e dificuldades antes e pós
fundação.......................................................................................................................88
5.4 Opinião dos sócios dos spin-offs acadêmicos........................................................92
5.5 Análise da correlação de algumas variáveis ..........................................................95
viii
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................100
6.1 Considerações Baseadas nos Resultados .............................................................102
6.2 Sugestões de Pesquisas Futuras ..........................................................................104
6.3 Limitações da Pesquisa ........................................................................................105
6.4 Considerações Finais ...........................................................................................106
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................108
ANEXO I: Questionário para a pesquisa de campo ................................................122
ANEXO II: Coeficiente de correlação linear............................................................127
ix
LISTA DE QUADROS
Quadro 2.1 Características da Pesquisa........................................................................5
Quadro 3.1 Algumas definições existentes para spin-offs acadêmicos.......................47
Quadro 6.1 Consolidação dos principais resultados obtidos na pesquisa.................101
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 4.1 Dados sobre os questionários enviados.....................................................70
Tabela 5.1 Localização dos spin-offs acadêmicos.......................................................73
Tabela 5.2 Universidade de origem.............................................................................74
Tabela 5.3 Ano de fundação da empresa.....................................................................75
Tabela 5.4 Tamanho dos spin-offs acadêmicos SEBRAE........................................76
Tabela 5.5 Tamanho dos spin-offs acadêmicos Estatuto das Micro e Pequenas
Empresas..........................................................................................................................77
Tabela 5.6 Escolaridade dos funcionários. .................................................................79
Tabela 5.7 Investimento em tecnologia. ......................................................................79
Tabela 5.8 Existência de patentes depositadas............................................................81
Tabela 5.9 Origem das patentes...................................................................................81
Tabela 5.10 Mercado de atuação.................................................................................82
Tabela 5.11 Fontes de financiamento..........................................................................83
Tabela 5.12 Quantidade de sócios...............................................................................83
Tabela 5.13 Formação acadêmica dos sócios..............................................................84
Tabela 5.14 Faixa etária dos sócios.............................................................................85
Tabela 5.15 Tempo de experiência empresarial..........................................................85
Tabela 5.16 Tempo de experiência acadêmica............................................................86
Tabela 5.17 Apoio recebido das universidades de origem.........................................87
Tabela 5.18 Distância entre a universidade e o spin-off acadêmico............................87
Tabela 5.19 Tipos de cooperação entre os spin-offs e o meio acadêmico...................88
Tabela 5.20 Fatores que motivaram o surgimento dos spin-offs acadêmicos.............89
Tabela 5.21 Fatores que dificultaram o surgimento dos spin-offs acadêmicos...........91
Tabela 5.22 – Problemas enfrentados depois do estabelecimento dos spin-offs............92
Tabela 5.23 Spin-offs como meio eficiente de transferência de tecnologia................93
Tabela 5.24 Existência de programas governamentais................................................93
Tabela 5.25 Avaliação do meio acadêmico brasileiro.................................................94
Tabela 5.26 Escolaridade dos funcionários X Tamanho da Empresa..........................96
Tabela 5.27 Escolaridade dos funcionários X Localização.........................................96
Tabela 5.28 Investimento em tecnologia X Idade da Empresa...................................97
xi
Tabela 5.29 Investimento em tecnologia X Tamanho da Empresa.............................97
Tabela 5.30 Investimento em tecnologia X Avaliação................................................98
Tabela 5.31 Idade da empresa X Tamanho da empresa..............................................98
Tabela 5.32 Idade da empresa X Existência de patentes depositadas.........................99
Tabela 5.33 Tamanho da empresa X Existência de patentes depositadas...................99
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 Representação esquemática dos assuntos abordados na pesquisa...............3
Figura 2.1 Triângulo de Sábato. ................................................................................12
Figura 2.2 Modelo estático das relações entre universidades, indústria e governo....13
Figura 2.3 Modelo “laissez-faire” das relações entre universidades, indústria e
governo............................................................................................................................14
Figura 2.4 Modelo Hélice Trípice das relações entre universidades, indústria e
governo............................................................................................................................14
Figura 2.5 Fatores motivacionais da interação............................................................18
Figura 2.6 Modelo de transferência tecnológica.........................................................27
Figura 2.7 Mecanismos de transferência de tecnologia entre universidade e
empresas..........................................................................................................................31
Figura 3.1 Modelo de geração de spin-offs.................................................................52
Figura 5.1 Ano de fundação dos spin-offs acadêmicos...............................................76
Figura 5.2 Investimento em tecnologia.......................................................................80
Figura 5.3 Avaliação do meio acadêmico brasileiro...................................................94
1
1. INTRODUÇÃO
Segundo SANTOS (1985:10), “o nível de desenvolvimento econômico e
social de uma nação está associado ao poder de geração de riquezas internas dos setores
produtivos de sua economia. Assim, os países mais desenvolvidos são aqueles
possuidores de um parque industrial organizado e competitivo, um setor de serviços
dinâmico e uma agricultura de alta produtividade. Embora, nem sempre, algumas
nações desenvolvidas o sejam em igual nível nos três setores todas se destacam por
possuir uma indústria pujante em termos tecnológicos e produtivos”.
Para imprimir a um país alto nível de desenvolvimento sócio-econômico,
é necessário que a sociedade lance mão de tecnologias cada vez mais adequadas às suas
matérias-primas, aos seus recursos humanos e às suas necessidades locais. Além disso,
em decorrência da velocidade das inovações tecnológicas, é importante que uma
atenção especial seja direcionada à pesquisa básica (MARCOVITCH, 1991; STAL,
1999).
Segundo VOGT & CIACCO (1998), o alicerce que proporciona
desenvolvimento econômico e social para um país é formado pelo governo, a iniciativa
privada e as instituições de pesquisa.
E uma destas instituições de pesquisa que vêm agindo de forma
cooperativa com as empresas privadas e proporcionando desenvolvimento aos países é a
universidade. Esta instituição tinha anteriormente como objetivos exclusivos a formação
de mão-de-obra qualificada e a geração de conhecimento científico, mas foi solicitada a
expandir seu papel através de uma maior interação com outros segmentos sociais,
aumentando o retorno para a sociedade (MARCOVITVH, 2002; STAL, 1995; REIS,
2004).
Devido a essas transformações, o meio acadêmico passou a interagir de
maneira diferente com a sociedade, e o que antes era feito através de um modelo linear
de fluxo único foi dando espaço para um modelo espiral multidirecional (ETZKOWITZ
& WEBSTER, 1998).
Esta interação vem ocorrendo via transferência de tecnologia e existe
ampla gama de mecanismos passíveis de serem utilizados para este fim. Entre eles
2
destacam-se: a consultoria, os estágios, as pesquisas contratadas e a formação de spin-
offs.
Um dos mecanismos que vêm ganhando destaque nos últimos anos são
os spin-offs acadêmicos, pois eles criam uma nova dinâmica para o processo de
desenvolvimento de um país, trazendo à sociedade conhecimentos que muitas vezes
ficavam restritos as “paredes” do meio acadêmico, gerando avanços sociais por meio da
criação de empregos e proporcionando melhorias econômicas ao produzir divisas para o
Estado.
De acordo com GRYNSZPAN (1999), os spin-offs, empresas criadas a
partir de resultados de pesquisas, têm sido tema de debate há muito tempo, mas observa-
se que os resultados obtidos pelo Brasil ainda são ínfimos se comparados com os
obtidos pelos Estados Unidos e alguns países da Europa.
Buscando compreender melhor este mecanismo de cooperação
universidade-empresa, o presente estudo tem como objetivo analisar como se
caracterizam as empresas criadas a partir de resultados de pesquisas geradas em
universidades, ou seja, buscar entender qual é o perfil dos spin-offs acadêmicos
brasileiros.
As justificativas para a realização desta pesquisa são:
- o processo de inovação e consequentemente todo o seu movimento
anterior, geração de conhecimento básico e desenvolvimento de
tecnologia, são indispensáveis para que o país atinja um patamar
melhor de desenvolvimento sócio-econômico;
- as pesquisas realizadas dentro das universidades devem, além de estar
focadas no conhecimento básico, ter ligações com o cotidiano da
sociedade para que possam ser exploradas por esta;
- a criação de spin-offs acadêmicos possibilita geração de empregos
altamente qualificados, gera divisas para o governo e cria uma maior
dinâmica inovativa dentro da indústria nacional;
- por fim, a transferência de tecnologia da universidade para a indústria
através do processo spin-off, pode trazer benefícios tanto econômicos
quanto intelectuais para o meio acadêmico brasileiro.
3
Este trabalho está estruturado em três grandes áreas: emprendedorismo,
cooperação universidade-empresa, e ciência, tecnologia e inovação (Figura 1.1). O
capítulo 2 aborda assuntos referentes à universidade, à transferência de tecnologia e ao
empreendedorismo. Ele é dividido em quatro grandes tópicos que discutem os seguintes
aspectos: (a) pilares do desenvolvimentos econômico; (b) cooperação universidade-
empresa; (c) transferência de tecnologia das universidades paras as indústrias e (d)
empreendedorismo.
No capítulo 3 há uma ampla discussão sobre os spin-offs acadêmicos,
abordando os conceitos, os aspectos de formação, alguns modelos de geração de spin-
offs e uma breve caracterização do que ocorre em alguns países.
Posteriormente, o capítulo 4 apresenta a metodologia utilizada na
execução deste trabalho. Onde é feita uma exposição dos tipos de pesquisa, do objetivo,
questão e proposições que nortearam o trabalho; e dos métodos que foram utilizados na
execução da pesquisa.
A apresentação e análise dos resultados são feitas no capítulo 5. Em
seguida as considerações finais são apresentadas no capítulo 6. E fechando o trabalho,
no capítulo 7 são listadas as referência bibliográficas utilizadas.
Ciência, Tecnologia e Inovação
Empreendedorismo Cooperação
Universidade-
Empresa
Empreendedorismo
Tecnológico
Produção e
Transferência
Tecnológica
Universidade
Empreendedora
Spin-offs
Acadêmicos
Figura 1.1: Representação esquemática dos assuntos abordados na pesquisa.
4
2. UNIVERSIDADE, TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA E
EMPREENDEDORISMO
Por muito tempo a universidade esteve com suas portas fechadas à
sociedade e pouco se sabia a respeito do que ocorria dentro de suas “paredes”.
Entretanto, esta situação começou a mudar no final do século XIX, onde o meio
acadêmico passou a atuar cooperativamente com as diversas indústrias.
Durante este período as universidades passaram por duas grandes
revoluções acadêmicas. Primeiro, foram solicitadas a incluir as pesquisas em suas
atividades e depois foram requisitadas a agirem em cooperação com as empresas para
que trouxessem benefícios sócio-econômicos para toda a sociedade.
Hoje, percebe-se a existência de diversos mecanismo de transferência de
conhecimento e tecnologia, e um que vêm ganhando destaque, principalmente nas
universidades empreendedoras, é a criação de empresas a partir de resultado de
pesquisa.
Este capítulo teórico inicial objetiva fornecer os pilares que darão suporte
a todas as informações que serão transmitidas nos próximos capítulos. No primeiro
tópico são apresentados os pilares do desenvolvimento econômico; no segundo são
abordados os princípios da cooperação universidade-empresa; no terceiro é feita uma
breve discussão sobre a transferência de tecnologia das universidades para as indústrias
e por fim são apresentados alguns aspectos do empreendedorismo.
2.1 Pilares do desenvolvimento econômico
Após o deslocamento do paradigma da sociedade industrial para a
sociedade do conhecimento percebe-se que a competitividade das empresas e dos países
tem como fatores primordiais o conhecimento e sua gestão (FUJINO et al,1999).
Para MOTTA (1994), no mundo contemporâneo, o desenvolvimento
econômico e, consequentemente, o poder das nações, estão diretamente relacionados
com o nível de conhecimento científico acumulado pelos países e seus graus de
desenvolvimento tecnológico.
Este tópico visa apresentar, mesmo que de forma sucinta, os três pilares
do desenvolvimento econômico: o conhecimento científico, a tecnologia e a inovação.
5
A breve explanação que se segue servirá de base para os futuros tópicos a serem
apresentados.
2.1.1 Conhecimento Científico
O conhecimento científico constitui um dos pilares que sustentam o
desenvolvimento industrial, sendo considerado por alguns a matéria-prima mais
importante na geração de desenvolvimento econômico (ETZKOWITZ &
LEYDESDORFF, 2000; CHIESA & PICCALUGA, 2000).
Segundo CHIESA & PICCALUGA (2000), o conhecimento pode ser
codificado ou tácito. O primeiro é produzido principalmente em laboratórios de
pesquisa, publicado em revistas científicas e amplamente difundido. O outro também é
produzido em laboratórios de pesquisa, mas não somente lá, pois pode ser gerado nas
fábricas, por meio inúmeros contextos industriais, como por exemplo, através do
processo aprender-fazendo.
Apesar do conhecimento poder ser gerado em diversos tipos de
organizações, como as universidades e as empresas, elas o fazem com diferentes
processos e objetivos, conforme apresentado Quadro 2.1.
Quadro 2.1 - Características da Pesquisa
pesquisa
Esforço na difusão
Esforço na exploração
Universidades Longo prazo Alto Baixo
Empresas Curto e médio prazo Baixo Alta
Fonte: Adaptado de Chiesa & Piccaluga (2000)
As companhias privadas almejam especialmente a exploração e aplicação
dos resultados de pesquisa (através de patentes, segredos etc.) e muito raramente elas
produzem o conhecimento com o único propósito de difundi-lo. Já as universidades têm
como principal função a difusão, mas geralmente não têm como preocupação a
aplicação /exploração. Outra característica que as distingue é o tempo: a primeira foca
em pesquisas de curto e médio prazo enquanto a segunda desenvolve mais pesquisas de
longo prazo (CHIESA & PICCALUGA, 2000).
6
Para KRIEGER & GALEMBECK (1996:3), algumas dessas diferenças
estão se extinguindo, pois “a crescente interação entre produtores e usuários de
conhecimento transformou a pesquisa básica em um elemento fundamental da estratégia
de grandes empresas no mundo todo, fazendo com que os cientistas ficassem atentos à
questão da apropriação dos resultados dos seus trabalhos e às implicações econômicas,
sociais, ambientais e políticas desses mesmos resultados”.
Outro aspecto do conhecimento científico a ser apresentado é que ele
constitui um dos principais insumos da tecnologia, mas que além dele outros
conhecimentos, como os empíricos, também contribuem para o desenvolvimento
tecnológico (VEDOVELLO & PLONSKI, 1990).
2.1.2 Tecnologia
MARCOVITCH (1991:16), utilizando uma definição de SILVA (1972),
afirma que “tecnologia é o conhecimento específico, detalhado e exato de processos e
produtos, obtido através do estudo sistemático e da experimentação, e através da
aplicação do conhecimento e da metodologia científica aos problemas de produção”.
Complementando essa definição, LARANJA et al. (1997) citados por
REIS (2004) classificam a tecnologia quanto à sua disponibilidade. Segundo os autores,
ela pode ser materializada, documentada ou imaterial. O primeiro caso abrange os
equipamentos, os artefatos que constituem os produtos finais com um determinado
conjunto de atributos como, por exemplo, funcionalidade, qualidade, durabilidade,
preço, confiança ou design e que podem ser utilizados imediatamente.
Quando a tecnologia é materializada, ela pode ser adquirida mas,
conforme alerta MARCOVITCH (1991), a sociedade que opta apenas por comprar
tecnologias prontas, sem ao menos buscar absorvê-las, corre o risco de possuir um
conhecimento limitado de seu ambiente e tornar-se dependente de seus fornecedores.
A tecnologia documentada, como o próprio conceito diz, é aquela que
surge sob a forma de documentação, isto é, quaisquer documentos que descrevam e
expliquem a solução de problemas, como manuais, plantas layouts, memórias
descritivas, livros técnicos, revistas especializadas, páginas na internet, etc.
7
Finalmente, há a tecnologia imaterial, ela diz respeito ao conjunto de
conhecimentos teóricos e práticos (experiência acumulada na resolução de problemas)
necessários para conceber, fabricar e utilizar bens e serviços. Esses conhecimentos
normalmente não são explícitos e não estão livremente disponíveis.
O desenvolvimento de novas tecnologias, tanto as materializadas quanto
as documentadas e imateriais, necessita que esforços públicos e privados ajam
conjuntamente na promoção da capacitação tecnológica de um país (TERRA, 2001).
Um aspecto a ser ressaltado são as constantes mudanças que ocorrem na
sociedade por meio da evolução tecnológica, impondo às organizações que estas sejam
capazes de se renovar no mesmo ritmo das transformações que ocorrem no seu
ambiente, ou se antecipar a elas sendo os próprios agentes de mudanças, ou seja, é
importante que as empresas sejam capazes de selecionar, absorver e desenvolver novas
tecnologias (RODRIGUES et. al.,1994; GUIMARÃES, 1994).
Entretanto, acompanhar ou antecipar as mudanças tecnológicas constitui
uma tarefa árdua, pois ao longo dos anos a complexidade e a abrangência das pesquisas
científicas necessárias para dar suporte ao desenvolvimento tecnológico aumentaram,
assim como sua profundidade e seus custos (SANT’ANNA, 1994).
Destaca-se ainda que a tecnologia só atinge o seu objetivo fim quando ela
é transferida ao mercado e torna-se uma inovação. E segundo TERRA (2001:1), “a
transferência de tecnologia é a máquina da inovação”.
2.1.3 Inovação
A inovação tecnológica é um dos pilares da competitividade das
empresas (SBRAGIA & BARRA, 1994) e junto com o conhecimento científico e a
tecnologia formam a base para o desenvolvimento econômico das nações.
TERRA (2001:1), ao conceituar inovação afirma que ela “se inicia com a
concepção de uma idéia e de seu movimento em direção à criação de um produto ou
processo comercialmente bem-sucedido e que seja competitivo”. Corroborando
ROBERTS & PETERS (1981), afirmam que inovação constitui na conquista de novas
idéias para a estrutura econômica e na sua introdução no mercado.
Uma importante característica da inovação tecnológica é que seu foco é a
estrutura produtiva, pois é nesta estrutura que as diversas contribuições para a mudança
8
tecnológica se solidificam e passam a frutificar, gerando impactos econômicos e sociais
(VEDOVELLO & PLONSKI, 1990).
A inovação pode ser classificada como incremental ou radical. Para REIS
(2004:49), “as inovações incrementais são introduzidas continuamente na produção
como resultado da formação tecnológica, muito pouco exigentes em termos de novos
conhecimentos tecnocientíficos. As inovações radicais são compreendidas nas
tecnologias de ponta, muito mais densas e inovadoras em relação aos seus conteúdos
tecnocientíficos”.
MACHADO & PLONSKI (2002:2) complementam afirmando que “as
inovações incrementais ou contínuas reforçam o paradigma tecnológico vigente,
mantendo a mesma trajetória, enquanto as descontínuas ou radicais rompem com o
paradigma vigente de resolução dos problemas de engenharia, produção e
comercialização, iniciando uma nova trajetória”.
Segundo GRYNSZPAN (1999), a qualificação da mão-de-obra e a
capacidade de pesquisa científica e tecnológica de um país são fatores essenciais para o
estabelecimento de uma inovação. Isto faz com que a universidade, como um dos
agentes responsáveis por estas tarefas, torne-se muito importante para o
desenvolvimento econômico e social de uma nação.
Além disso, devido à crescente necessidade de conhecimento científico
para o alcance do progresso técnico, ao encurtamento do ciclo tecnológico das
inovações e ao fenômeno da globalização dos mercados faz-se necessário que os atores
envolvidos no processo de geração e difusão de inovações atuem no sentido de
intensificar as práticas de cooperação entre eles (FUJINO et. al. 1999).
Para FAVA-DE-MORAES (2000), a universidade constitui o principal
centro de produção de conhecimento de todo o mundo, e por isso a integração entre ela
e o meio empresarial vem conquistando ao longo dos anos uma importância estratégia
para o desenvolvimento econômico das nações (SANT’ANNA, 1994 e VOGT &
CIACCO, 1998).
De acordo com ETZKOWITZ & LEYDESDORFF (2000), isto pode ser
notado através de casos de destaque como os que ocorreram no Vale do Silício e na
Rota 128 e que atualmente vem ocorrendo em diversas partes do mundo, ou seja, o
surgimento de conglomerados de empresas high-tech que tiveram suas origens
9
relacionadas com a universidade ou que se mantêm atualmente devido aos
conhecimentos gerados nesta.
Finalizando, TEIXEIRA (1985) afirma que em uma sociedade onde haja
desencontros entre a necessidade social e os outputs das universidades, o resultado é
danoso para o crescimento da economia, por isso torna-se preeminente a necessária e
desejada cooperação entre as universidades e as empresas.
2.2 Cooperação universidade-empresa
Desde do início da década de 80 o debate entre os acadêmicos e os
responsáveis pelas políticas sobre a exploração dos resultados de pesquisa tem se
intensificado. Este assunto é muito importante, não somente pela relevância da
universidade como um ator econômico que está tendo uma ampliação em suas tarefas
institucionais, mas também pelas implicações em termos da economia da ciência, como
por exemplo, a capitalização dos resultados das pesquisas científicas (CHIESA &
PICCALUGA, 2000).
Nos últimos tempos está havendo um maior questionamento sobre a
potencial contribuição que as universidades podem proporcionar ao desenvolvimento
econômico dos países. Anteriormente, as instituições acadêmicas tinham como missão a
geração de conhecimento científico e a formação de mão-de-obra qualificada para a
sociedade. Hoje, observa-se que por meio de estímulos, o governo está buscando
ampliar a missão das universidades e fazer com que estas atuem em cooperação com o
setor empresarial realizando a transferência de tecnologia (FUJINO et al, 1999).
Além disso, em muitos países, como por exemplo os da América Latina,
o modelo de desenvolvimento adotado baseava-se e em alguns ainda baseia-se na
importação de tecnologias prontas. E cabia às universidades apenas o papel de
formadora de recursos humanos. A situação começou a mudar com a criação das pró-
reitorias de extensão, entretanto, suas ações ficavam restritas apenas à questões culturais
e assistenciais (STAL, 1995).
Atualmente as universidades desempenham um papel importante
originando e promovendo a difusão do conhecimento e de técnicas que contribuam para
as inovações industriais. Em algumas áreas, como a biotecnologia, a pesquisa
10
acadêmica leva ao desenvolvimento de indústrias completamente novas, e em outras, as
pesquisas acadêmicas e a transferência de tecnologia têm estado ligadas às necessidades
da indústria local (MANSFIELD & LEE, 1996; SHANE, 2002). Percebe-se, portanto,
que as universidades tornaram-se importantes máquinas de desenvolvimento
tecnológico e crescimento econômico (KLOFSTEN & JONES-EVANS, 2000).
Para PLONSKI (1994), a cooperação entre universidades e empresas
pode ocorrer de diversas maneiras, desde formas mais tênues, como o oferecimento de
estágios profissionalizantes, até vínculos extensos e intensos, como nos grandes
programas de pesquisa cooperativa.
2.2.1 O Papel da Universidade
A universidade tem sido transformada de uma instituição de ensino para
uma que combina ensino com pesquisa. Além disso, nota-se que, atualmente, está em
progresso uma revolução no meio acadêmico (ETZKOWITZ & LEYDESDORFF,
2000).
Antes as universidades tinham seu papel limitado a preparar pessoas para
capacitação profissional. Hoje, esta situação está mudando, percebe-se que este papel
foi ampliado através do estabelecimento de novas relações com as empresas e os
governos em torno da realização de atividades de pesquisas de extensão (TERRA,
2001).
Segundo ETZKOWITZ et. al. (2000), com o conhecimento tornando-se
uma parte crescentemente importante da inovação, a universidade, como uma produtora
de conhecimento e instituição de disseminação, vem desempenhando um grande papel
na inovação industrial, provendo capital humano e gerando novas firmas.
Para HRIVNÁK (1994), cabe à universidade encorajar pesquisas sobre
seleção, adoção e desenvolvimento de novas tecnologias e sobre os efeitos delas sobre o
volume e estrutura de emprego. Estas tecnologias devem ser apropriadas às condições
específicas da região onde a universidade se situa.
A pesquisa no Brasil é realizada quase exclusivamente nas universidades
públicas (CHAIMOVICH, 1999), por isso é importante que com o incentivo
governamental estas universidades ajam de maneira a contribuir com o desenvolvimento
11
das indústrias, através de seus departamentos de transferência de tecnologia, com a
formação de novas firmas, fornecendo assistência para o crescimento de pequenas
companhias, colaborando com grandes empresas baseadas em ciência, e dando
assistência às indústrias em declínio (HRIVNÁK, 1994).
2.2.2 Modelos de Representação da Cooperação Universidade-Empresa
Os modelos lineares são muito utilizados para representar o
desenvolvimento tecnológico e consequentemente a seqüência em que a interação entre
as empresas e as universidades ocorrem. Existem dois modelos lineares que representam
estas interações, os demand pull (puxado pela demanda) e os technology push
(empurrados pela tecnologia). No primeiro modelo a empresa vai até às universidades
em busca de uma solução para seus problemas. No segundo, o processo é inverso,
através de descobertas científicas a universidade oferece novos serviços e produtos para
o mercado.
Segundo ROGERS et. al. (2001), o desenvolvimento de uma inovação
tecnológica é freqüentemente descrita como um processo linear, da pesquisa básica, à
pesquisa aplicada, ao desenvolvimento, à difusão, e para as conseqüências da inovação.
Entretanto, um modelo linear do processo de desenvolvimento da inovação pode não
levar em conta completamente os fatores do ambiente externo, como a demanda de
mercado ou as mudanças regulatórias, que podem influenciar o processo de inovação.
Corroborando, REIS (2004:55) afirma que a inovação não é um processo
linear e que “a idéia de que a pesquisa fundamental dá origem à pesquisa aplicada, que
por sua vez resulta em um protótipo que finalmente, após uma fase de engenharia,
resulta em um produto comercial é apenas uma aproximação grosseira”.
A partir do final da década de 60, os modelos lineares de inovação
perderam força com o surgimento do Triângulo de Sábato (Figura 2.1). Segundo este
modelo, o desenvolvimento tecnológico é resultado da ação múltipla e coordenada de
três elementos fundamentais da sociedade contemporânea: o governo, a estrutura
produtiva e a infra-estrutura tecnocientífica (SÁBATO & BOTANA,1968 em REIS,
2004) .
12
Figura 2.1 Triângulo de Sábato
Fonte: Reis (2004)
Em cada vértice do Triângulo de Sábato convergem múltiplas
instituições, por isso as relações que se estabelecem entre elas podem ser classificadas
de três maneiras: as intra-relações, as inter-relações e as extras-relações.
As intra-relações são as que se estabelecem dentro de cada vértice e têm
como objetivo básico capacitar as instituições a criar, incorporar e transformar
necessidades em um produto final, que é a inovação tecnológica. Essa capacidade para
criar, incorporar ou transformar necessidades é considerada uma qualidade que
hipoteticamente é atribuída às instituições em cada um dos vértices e que, logicamente,
terá uma conotação particular de acordo com o vértice considerado.
Relações estabelecidas entre os três vértices são denominadas de inter-
relações e elas podem ser classificadas em horizontais e verticais. As primeiras referem-
se às relações que ocorrem entre a infra-estrutura tecno-científica e a estrutura
produtiva, e a segunda as estabelecidas entre o governo e a infra-estrutura tecno-
científica, ou entre o governo e a estrutura produtiva.
O último tipo de classificação são as extra-relações, que ocorrem entre
cada um dos vértices com o contorno externo do espaço onde se situam. A compra de
tecnologia pronta constitui um exemplo deste tipo de relação bastante vivenciado pelos
países não desenvolvidos.
Ainda de acordo com REIS (2004:113), “as inter-relações horizontais
são as mais difíceis de se estabelecer e ao mesmo tempo as mais interessantes de ser
exploradas, porque evidenciam o fato de que o esforço de aprimorar as inter-relações
verticais (com o governo) é uma condição necessária, porém insuficiente, para o
Governo
Empresa
Universidade
13
desenvolvimento da sociedade. Em outras palavras, não basta, por exemplo, somente
aumentar os recursos destinados à P&D nas universidades e institutos de pesquisa sem
que haja melhoria nas relações de cooperação entre os vértices da base do triângulo”.
Nos últimos anos, observa-se que o Triângulo de Sábato não representa
mais todas as possíveis relações estabelecidas entre as universidades, o governo e as
empresas, pois as relações bilaterais se expandiram e agora freqüentemente tem incluído
mais um parceiro, formando então uma Hélice Tríplice (TERRA, 2001).
Segundo TERRA (2001), a diferença principal entre os dois modelos é
grau de poder estabelecido pelo Estado nas relações. “Na Hélice Tríplice as esferas
científica, produtiva e governamental trabalham de forma independente, assumindo
papéis diferenciados, a cada instante” (TERRA, 2001:8) .
De acordo com ETZKOWITZ & LEYDESDORFF (2000), o
relacionamento universidade-empresa-governo vem sendo transformado e
historicamente pode ser classificado em três versões da Hélice Tríplice .
A Hélice Tríplice I, é um modelo estático e ilustra o relacionamento entre
a universidade e a indústria sendo manobrada pelas diretrizes governamentais, ou seja, o
Estado circunda a academia e a indústria e direciona as relações entre eles (figura 2.2).
Como exemplo forte da atuação do governo pode-se citar o que ocorria na União
Soviética sob o sistema socialista e de forma mais branda o que ocorreu e vem
ocorrendo em alguns países da América Latina.
Figura 2.2 Modelo estático das relações entre universidades, indústria e governo.
Fonte: ETZKOWITZ & LEYDESDORFF (2000).
Indústria
Universida
Governo
14
O segundo modelo (figura 2.3) que ilustra o relacionamento entre as três
organizações mostra uma forte separação das esferas institucionais com fronteiras
dividindo-as e relações altamente limitadas entre as esferas. Por fim, surgiu a Hélice
Tríplice III, que descreve um relacionamento onde há uma sobreposição das esferas
institucionais, com cada organização exercendo o papel da outra e com o surgimento de
organizações híbridas nas interfaces (figura 2.4).
Indústria Universidade
Governo
Figura 2.3 Modelo “laissez-faire” das relações entre universidades, indústria e
governo.
Fonte: ETZKOWITZ & LEYDESDORFF (2000).
Indústria
Governo
Universidade
Figura 2.4 Modelo Hélice Trípice das relações entre universidades, indústria e
governo.
Fonte: ETZKOWITZ & LEYDESDORFF (2000).
15
Atualmente muitos países buscam atingir o terceiro modelo da Hélice
Tríplice, com o objetivo de realizar um ambiente inovativo constituído de spin-offs
acadêmicos, iniciativas tri-laterais para o desenvolvimento de economias baseadas em
conhecimento, alianças estratégicas entre firmas (grandes e pequenas, operando em
diferentes áreas, e com diferentes níveis de tecnologia), laboratórios governamentais, e
grupos de pesquisa acadêmicos. Estes arranjos são freqüentemente encorajados, mas
não controlados pelo governo, quer através de ‘novas regras do jogo’ ou assistência
financeira direta e indireta.
Segundo ETZKOWITZ et. al. (2000), na Hélice Tríplice III percebem-se
quatro processos importantes: o primeiro é a transformação interna em cada uma das
hélices, assim como o desenvolvimento de ligações laterais entre as companhias através
de alianças estratégicas e uma apropriação da missão do desenvolvimento econômico
pelas universidades. O segundo é a influência de uma esfera institucional sobre a outra
produzindo transformações. O terceiro é a criação de um nova ‘camada’ das ligações
tri-laterais, redes e organizações entre as três hélices, servindo para institucionalizar e
reproduzir interfaces assim como estimular criatividade institucional e uma natureza
regional coesiva. Um quarto processo é o efeito dessas redes inter-institucional
representando a academia, a indústria e o governo sobre suas esferas originais e sobre
toda a sociedade.
2.2.3 Características da Cooperação Universidade-Empresa
Segundo SUTZ (2000), as relações entre universidade-empresa-governo,
no âmbito latino-americano, podem ser vistas sob duas abordagens: a bottom-up e a
top-down. A primeira é orientada para identificar relacionamentos entre certos atores
que necessitam de conhecimento para solucionar um problema e a outra é capaz de
traduzir o problema em termos conhecidos e, posteriormente, conduzir a pesquisa, o
desenvolvimento ou ambas para encontrar a solução.
As experiências bottom-up exibem alguns aspectos comuns, a seguir são
apresentados os mais representativos: (a) elas ocorrem porque um problema bem
definido é claramente identificado por alguns atores os acadêmicos, os empresários e
eventualmente um “terceiro” ator agindo como uma ponte entre eles, (b) os atores
16
podem relatar o problema de diferentes formas, a maneira clássica é quando o problema
é identificado pelo ator produtivo que procura um acadêmico com conhecimento
necessário para solucioná-lo, mas ele também pode ser identificado por um ator
acadêmico que se considera capaz de solucioná-lo e cuja solução poderia ter utilidade
para alguns atores produtivos, e (c) os atores envolvidos devem ser capazes de dialogar
sobre a natureza do problema e sobre a natureza da solução técnica. Isto não significa
que o ator produtivo deva ter conhecimento para entender como a solução é construída,
mas ele deve entender porque ela será a solução.
O modelo institucional das relações universidade-indústria-governo,
geralmente, segue uma abordagem top-down, onde se nota que agências são projetadas
para administrar as relações entre as universidades e as empresas, definindo e
oferecendo diferentes tipos de esquemas para cooperação, estabelecidos por algumas
leis nacionais e sujeitos a algumas regras determinadas no âmbito regional.
PLONSKI (1999) apresenta as características destas relações de maneira
diferente. Segundo o autor, a cooperação entre o meio acadêmico e o empresarial pode
ser bilateral quando uma universidade age cooperando com uma empresa ou
multilateral como nos centros de pesquisa cooperativa. Além disso, ela pode ocorrer
apenas regionalmente, como por exemplo, uma universidade auxiliando um cluster no
sul do país ou internacionalmente por meio de redes de cooperação.
Outra característica da cooperação entre estas instituições é que ela
pode ser pontual ou constituir um programa de longo prazo, em que projetos são
concebidos conjuntamente à medida que outros vão sendo finalizados, demonstrando
um elevado grau de maturidade nas relações entre os cooperantes.
Além disso, PLONSKI (1999) afirma que os recursos envolvidos na
cooperação podem variar de dezenas de milhões de Reais até apenas trocas de materiais
de consumo, como reagentes. Vale ressaltar que esta modalidade de escambo é muito
realizada no território brasileiro. Outro ponto a ser levantado é que a relação pode
ocorrer de forma espontânea e sem recursos externos ou ser estimulada por programas
governamentais ou incentivos fiscais.
Uma importante característica da cooperação universidade-empresa é que
ela pode ocorrer através de diferentes interfaces, como por exemplo, escritórios
17
universitários de transferência de tecnologia, incubadoras de empresas e parques
tecnológicos (PLONSKI, 1999).
De acordo com TERRA (2001), existem alguns requisitos básicos da
universidade que precisam ser avaliados para que a cooperação entre o meio acadêmico
e o empresarial ocorra. Primeiro, deve-se considerar a política institucional da
universidade. E segundo, é necessário que os dirigentes universitários estejam convictos
que esta atividade também representa um item de produtividade acadêmica. Um fator
relevante é que o recebimento de remuneração por um trabalho complementar realizado
pelos acadêmicos deve obedecer regras claras e conhecidas por todos para que não crie
um clima de inimizade no meio universitário.
Segundo PLONSKI (1999), o gerenciamento adequado da interface entre
as duas esferas institucionais, abrangendo desde a percepção que cada um tem dos
objetivos da relação até a gestão das atividades necessárias para atingir os resultados
esperados, é um aspecto crítico para que a cooperação entre a universidade e a empresa
ocorra com êxito.
Entretanto, duas importantes ressalvas devem ser feitas a respeito da
cooperação universidade-empresa. Esta relação não deve só gerar produtos
competitivos, mas também referenciais de qualidade para as universidades, ou seja,
deve ser uma via de mão-dupla, trazendo benefícios tanto para o meio empresarial
quanto para o acadêmico (VOGT & CIACCO, 1998). Além disso, conforme apresenta
PLONSKI (1998:19), “a idéia que a cooperação empresa-universidade é a ‘salvação da
lavoura’, quer para o orçamento das universidades públicas como para a necessidade
crescente de inovação tecnológica, é apenas uma manifestação de ingenuidade ou
expressão ideológica, que transpira uma agenda bem definida”.
A discussão sobre os efeitos da interação entre as universidades e as
empresas é ampla. Alguns argumentam que ela possibilita o desenvolvimento social e
econômico das regiões onde se sucede. Outros são contra e afirmam que a cooperação
faz com que haja “uma canalização excessiva de recursos humanos altamente
qualificados a temas que são do interesse de uma só empresa, uma divisão injusta de
custos (públicos) e benefícios (privados) e o conflito inerente entre a difusão do
conhecimento (objetivo da universidade) e o segredo industrial (requisito empresarial)”
(PLONSKI, 1994:365).
18
2.2.4 Benefícios / Vantagens da Cooperação Universidade-Empresa
Para BRISOLLA (1998:95), “a interação universidade-empresa tem
imenso potencial de alavancar o crescimento econômico, principalmente quando se
pode enquadrá-la dentro de um projeto de recuperação que passe pelo estudo detalhado
dos processos inovativos, procurando traçar o emaranhado de redes necessário para
levar adiante um plano nacional de desenvolvimento”.
Os benefícios proporcionados pela relação universidade-empresa-
governo podem ser reunidos em cinco grupos: os educacionais, os políticos, os
estratégicos, os financeiros e os tecnológicos. Entre os educacionais destaca-se a
possibilidade de melhorar a qualificação dos cientistas, já entre os benefícios políticos,
ressalta-se a possibilidade de integrar as políticas científica, tecnológica e industrial do
país. O aumento das competências das indústrias constitui um importante benefício
tecnológico da interação. Já a capacidade de explorar novas fontes financeiras para
pesquisa é um fator motivacional muito forte para as universidades. E por fim, a
colaboração possibilita às indústrias prepararem-se estrategicamente para inovações
radicais a longo prazo (adaptado de AUTIO et al., 1996).
Figura 2.5 Fatores motivacionais da interação
Fonte: Adaptado de AUTIO et. al., 1996.
Segundo GONZÁLVEZ et. al. (1994), a cooperação entre o meio
acadêmico e o empresarial possibilita a elaboração de grandes projetos de
desenvolvimento nacional. Além disso, proporciona uma redução considerável nos
custos industriais, permite atender de maneira mais efetiva as demandas do mercado, e
aumenta o prestígio das instituições de educação superior.
19
Para REIS (2004), um dos grandes benefícios da transferência de
tecnologia das universidades para as companhias privadas é a possibilidade de
complementar os recursos financeiros governamentais destinados às pesquisas, pois
estes estão cada vez mais escassos nas instituições públicas.
DAGNINO & GOMES (2003), identificaram , por meio de um estudo de
caso, alguns benefícios gerados pela cooperação universidade-empresa. Segundo os
autores, para os professores, cria-se a possibilidade de obterem novos conhecimentos e
de repassá-los aos alunos, aumenta-se o volume de recursos financeiros e possibilita a
renovação das linhas de pesquisa existentes. E para os técnicos das empresas, o
principal benefício gerado é contribuição no desenvolvimento de know-how próprio.
De acordo com ALVIM (1998:100), existem três grandes vantagem na
cooperação universidade-empresa:
1. “a oportunidade que surge para a universidade de captar recursos
(financeiros, físicos e humanos) adicionais e complementares para o desenvolvimento
das pesquisas básica e aplicada, mantendo a pesquisa de vanguarda em seu ambiente,
além de conservar em seus quadros os pesquisadores mais capacitados, oferecendo um
ensino vinculado aos avanços tecnológicos e contribuindo efetivamente para o
desenvolvimento econômico e social;
2. a vantagem que se apresenta para as empresas é a de desenvolver
tecnologia com menor níveis de investimento financeiro e em menor tempo e risco, que
se soma à capacidade de acessar e usar laboratórios e unidades de informação, de
utilizar-se de recursos humanos altamente qualificados, além de ser possível ter uma
sistemática de atualização tecnológica permanente;
3. a condição que se propicia para os governos de, com menor nível
de investimento na infra-estrutura e capacidade instalada de PD&E, conseguir fomentar
e obter melhores resultados no desenvolvimento de programas de caráter econômico,
social, tecnológico e estratégico, que se somam ao esforço de gerar, difundir e apoiar o
uso do conhecimento em prol da sociedade nacional”.
Como fatores favoráveis à cooperação entre universidade e empresa
VOGT & CIACCO (1980) citam, em ordem de importância crescente para os reitores e
empresários, a necessidade de profissionalização da administração empresarial e
20
universitária, a busca de atualização tecnológica pelas empresas e, por fim, as
dificuldades do Estado em continuar mantendo o padrão orçamentário das
universidades.
Segundo STAL (1999), a ameaça de redução de verbas públicas para
pesquisa está fazendo com que as universidades busquem outras fontes de recursos,
como por exemplo, através da cooperação com o meio empresarial. Esta cooperação
possibilita às empresas, por meio de pequenos investimentos, manter-se a par de
avanços científicos em suas áreas de atuação, complementar os seus esforços próprios
de P&D, fortalecer suas bases científicas e contribuir para que elas sejam capazes de
identificar e explorar eficazmente as oportunidades de aplicação.
Além disso, STAL (1999) afirma que no Brasil, devido à falta de tradição
em investir em desenvolvimento tecnológico, poucas empresas possuem estruturas
próprias de P&D. Desta forma, a aproximação entre a academia e estas empresas torna-
se uma alternativa viável, mais rápida e menos dispendiosa do que a montagem de
laboratórios e a contratação de profissionais especializados. Já para as universidades, a
cooperação além de trazer novas possibilidade de financiamento para as pesquisas,
aumenta a relevância do trabalho dos pesquisadores, pois coloca-os em contato direto
com problemas concretos da sociedade.
Sintetizando pode-se afirmar que os principais fatores e benefícios que
atuam em favor da cooperação entre universidades e empresas são (CHIESA &
PICCALUGA, 2000):
1. dentro das fontes de recursos financeiros para universidade, o
peso dos fundos públicos está decrescendo. Paralelamente a este decréscimo nos fundos
para a educação e para a pesquisa, as universidades começaram a procurar fontes
alternativas;
2. a autonomia das universidades em um cenário altamente
competitivo (onde a competição entre as universidades tem se estendido ao estudantes,
professores, fundos de pesquisa, etc) determina a adoção de um comportamento
dinâmico também na exploração dos resultados de pesquisa. Universidades são agora
freqüentemente classificadas também de acordo com a eficiência de seus escritórios de
patentes, suas relações com as empresas, renda das vendas dos direitos de propriedade
etc;
21
3. existe também um aumento da pressão social com relação ao
sistema universitário como um todo, na qual é questionado não somente ser mais
eficiente no treinamento (ensino) e realizar mais produção científica, mas também
mais e mais freqüentemente ser diretamente ativa na difusão e na exploração dos
resultados e no desenvolvimento regional;
4. em alguns setores industriais caracterizados pela relevância dos
processos científicos, alguns resultados de pesquisa são facilmente utilizados pelas
firmas como ‘componentes/produtos que estão prontos para o uso’ e não como ‘matérias
primas’ que deverão sofrer longas e incertas fases de transformação;
5. a ampliação do mercado do conhecimento e seu crescimento
complexo constitui o mais importante tópico de recrutamento dos melhores
pesquisadores e ilumina a questão da estrutura de incentivos para as pesquisas deles.
2.2.5 Barreiras à Cooperação Universidade-Empresa
Apesar dos diversos benefícios que a cooperação universidade-empresa
acarreta, deve-se entender que “nem tudo são flores” (GRYNSZPAN, 1999), pois os
dois setores possuem dinâmica e objetivos bem distintos, que criam barreiras a serem
superadas.
Corroborando, BRISOLLA (1998) afirma que entre o meio acadêmico e
o empresarial percebe-se que há “dois mundos, duas culturas”. De acordo com a autora,
a universidade é marcada por sua linguagem esotérica, seus rituais, seus mecanismos de
legitimação e reconhecimento. Já as empresas caracterizam-se pelo pragmatismo na
limpidez dos objetivos ditados pelo mercado concorrencial.
Para MARCOVITCH (1999), há dois mitos que atrapalham o convívio
ideal entre a academia e as companhias privadas. Para muitos empresários, o
pesquisador é um ser etéreo, descolado da realidade. Já entre os acadêmicos existe o
mito de que os empresários desprezam a ciência.
Ainda segundo este autor, uma barreira no relacionamento universidade-
empresa é a questão do prazo de entrega de resultados. Geralmente as pesquisas
científicas realizadas pelos acadêmicos são de longo prazo, enquanto a demanda das
indústrias por resultados abrange um horizonte de um a três anos. Isto ocorre porque as
22
universidades freqüentemente priorizam as pesquisas que favoreçam a resolução de
problemas e o avanço global do conhecimento. O outra questão é que o professor
universitário, além de ser pesquisador, tem outras tarefas a cumprir, como por exemplo,
a carga didática, o planejamento de aulas, as provas a corrigir, a orientação dos alunos e
as publicações em revistas científicas internacionais.
O grande dilema da cooperação encontra-se na interface do meio
acadêmico com o empresarial, pois enquanto as empresas esperam que as universidades
desempenhem papéis que não cabem a elas, como alguns projetos de curtíssimo prazo, a
academia deseja que as empresas financiem seus projetos de longo prazo
(MARCOVITCH, 1999).
Para VOGT & CIACCO (1998), os maiores entraves ao relacionamento
entre as esferas acadêmicas e as empresariais são: o desconhecimento recíproco das
possibilidades de cooperação tecnológica, a inexistência de mecanismos adequados para
sua operacionalização e a falta de autonomia financeira por parte das universidades na
gestão de seus recursos orçamentários.
De acordo com ASSAD (1998), existem algumas diferenças tradicionais
entre o âmbito universitário e o empresarial, como a confidencialidade dos resultados de
pesquisa e os prazos de suas execuções, que dificultam o relacionamento. Normalmente,
os acadêmicos divulgam os resultados de pesquisa através de publicações em revistas
indexadas, pois isto é um elemento importante na aferição da produtividade acadêmica.
Já os empresários geralmente buscam proteger os resultados de pesquisa para que estes
fiquem restritos a eles. Quanto aos prazos, pode-se dizer que as pesquisas possuem
tempo diferenciados para as duas esferas em questão. No caso da universidade,
normalmente, é de longo prazo e visa à ampliação do conhecimento, enquanto para as
empresas, na maioria das vezes, é de curto prazo e voltada à solução de problemas mais
imediatos.
Segundo AZEVEDO (1983), uma barreira existente entre os acadêmicos
e os empresários é a falta de confiança recíproca, pois cada um considera que o outro
não tem condições de entender perfeitamente o seu problema. Além disso, muitas vezes
há um desconhecimento recíproco no que diz respeito a interesse, necessidade e
capacitações do potencial parceiro.
23
Ainda de acordo com AZEVEDO (1983), o pesquisador é visto pela
empresa como alguém que se envolve com assuntos não relacionados com a realidade
empresarial, e os membros da academia imaginam que os problemas da empresa não
representam atrativo para eles por serem muito específicos e resolvidos de maneira
primária. Deve-se ressaltar também que muitas vezes as empresas criticam ferreamente
a academia por esta não cumprir os prazos estipulados para a execução da pesquisa.
Outro forte obstáculo à cooperação universidade-empresa é que a falta de
um relacionamento comercial entre estas esferas faz com que elas não se enxerguem
como parceiras, mas sim como concorrentes, desejando um explorar o outro para
conseguir vantagens unilaterais (STAL, 1995).
Para CHIESA & PICCALUGA (2000), os fatores que impedem a
exploração, por parte das empresas, dos resultados de pesquisa gerados nas
universidades são:
1. uma atenção muito forte em direção à exploração pode determinar
um impacto negativo sobre a pesquisa básica: se todo pesquisador desejasse fazer coisas
que podem ser vendidas, e já que as coisas que podem ser vendidas são aquelas que
estão imediatamente prontas e “empacotadas”, pesquisa básica poderia ser severamente
esgotada/empobrecida, e que é o tipo de pesquisa que é mais genérica, que cria
variedade, e portanto alimenta as atividades que geram resultados com potencial de
mercado;
2. similarmente, alguns pesquisadores podem estar preocupados com
o fato de que conseguir os objetivos econômicos pode evitar a publicação de artigos
científicos, e assim remover a fonte de reconhecimento, prestígio e melhoria na carreira
deles;
3. disparidades podem surgir dentro das universidades entre estes
pesquisadores/departamentos cujos resultados de pesquisa podem ser vendidos e
aqueles sem eles;
4. a questão ética relacionada com estas questões é delicada e
algumas vezes é argumentado que a exploração direta não é compatível com a missão
da universidade. De fato, todo o cidadão financia a universidade pública sendo um
pagador de imposto então não seria correto que uma empresa específica se tornasse
24
um proprietário exclusivo de alguns resultados da universidade. É verdade, contudo, que
parte do trabalho de alguns pesquisadores é financiado por organizações externas;
5. particularmente por causa das dificuldades derivadas do último
ponto e por razões administrativas e burocráticas, existem problemas legais nas
universidades que ainda não foram solucionados e isso representa um obstáculo para
promover o processo de exploração;
6. a falta de competências específicas assim como qualidades
complementares na universidade para atividades comerciais também atua
contrariamente à cooperação. Em outras palavras, a exploração é uma tarefa na qual as
universidades não são capazes ou não podem realizar e que elas normalmente não
querem arriscar dinheiro para tentar e aprender;
7. o crescimento do uso de fundos privados pode empurrar as
universidades para vender pesquisa a seus custos marginais, sem administrar para cobrir
custos fixos como a biblioteca, os laboratórios, etc.
Após a exposição de todas estas barreiras percebe-se que a relação entre
estes dois mundos é um fenômeno complexo, pois eles se movem com quadros de
referência muito distintos (CASSIOLATO & ALBUQUERQUE, 1998).
2.3 Transferência de Tecnologia das Universidades para a Indústria
A transferência de tecnologia das universidades para o setor privado
contribui significativamente para a criação de novos negócios e de novos empregos,
promove avanços tecnológicos e leva ao aumento da riqueza social. Isto porque o
conhecimento só gera valor e benefícios sociais quanto é transferido de seu meio de
produção para a sociedade (HARMON et. al., 1997).
Segundo CARAYANNIS et. al (1998), a transferência de tecnologia da
universidade para as empresas ocorre através de uma variedade de canais de
comunicação, como publicações, conferências, licenciamento de direitos de
propriedade intelectual, e movimento de pessoas.
25
Neste tópico serão abordados: o conceito de transferência de tecnologia,
modelos representando todo o processo de transferência de tecnologia das universidades
para as empresas e os mecanismos que são utilizados para isso.
2.3.1 Transferência de Tecnologia
A transferência de tecnologia consiste no movimento da tecnologia via
algum canal de comunicação de um indivíduo ou organização para outro (ROGERS et.
al., 2001), ou seja, a transferência ocorre quando uma invenção é desenvolvida por uma
organização (A) e a exploração da invenção fica a cargo de outra organização (B),
sendo que isto geralmente ocorre por meio de uma licença (HUYLEBROECK, 1999).
ROGERS et. al. (2001) afirmam que uma inovação tecnológica idéia,
prática ou objeto que é percebido como novo por um indivíduo ou alguma outra unidade
só é plenamente transferida quando ela é comercializada em um produto que é
vendido no mercado.
Segundo PRYSTHON & SCHMIDT (2002:87), “a verdadeira
transferência de tecnologia ocorre quando o receptor absorve o conjunto de
conhecimento que lhe permite inovar, isto é, a transferência se completa quando o
comprador (cliente/usuário) domina o conhecimento envolvido, transpõe barreiras e fica
em condições de criar novas tecnologias, gerando mais conhecimentos, transformando,
inovando, criando”.
Para SOUZA NETO (1983), a transferência de tecnologia consiste no
deslocamento de um conjunto de conhecimento e práticas tecnológicas de uma entidade
para a outra. Ainda segundo o autor, há dois tipos de abordagem para transferência: a
horizontal e a vertical. Sob a denominação de transferência horizontal de tecnologia,
estudam-se os mecanismos de permuta e utilização de conhecimentos tecnológicos entre
entidades semelhantes, como por exemplo, entre os institutos de pesquisas ou empresas
industriais. Já a expressão transferência vertical de tecnologia refere-se àquela que
ocorre entre instituições integradas verticalmente na economia, como entidades de
P&D, de engenharia básica, de engenharia de detalhe, de fabricação de equipamentos,
de produção, etc.
26
Complementando, CAMPOMAR (1983) afirma que a transferência
horizontal ocorre através da adaptação de uma aplicação de certa tecnologia para outra
atividade que não a original. E a vertical diz respeito à transferência de tecnologia ao
longo da linha, indo do mais geral para o mais específico, e que em particular, é o
processo pelo qual o conhecimento científico novo é transformado em tecnologia e o
novo “estado da arte” é introduzido no sistema existente. Para o autor, a análise destes
dois tipos de transferência de tecnologia mostra que geralmente a horizontal é um
processo entre organizações, enquanto a vertical envolve atividades intra-organizações.
É importante ressaltar que a transferência entre universidades e empresas
é uma das formas de transferência vertical de tecnologia que começou a ganhar
destaque a partir da década de 80. Deste então, estas duas esferas institucionais estão
agindo cooperativamente e proporcionando maior desenvolvimento aos países.
O processo de transferência de tecnologia pode ser classificado em duas
fases: invenção e inovação. A fase da invenção resulta freqüentemente de pesquisa
básica e aplicada (e às vezes pesquisa exploratória) e culmina no patenteamento de
idéias e descobertas, publicações em revistas científicas ou apresentações em encontros
técnicos internacionais. A outra fase envolve o desenvolvimento de uma inovação para
uma aplicação prática e, preferivelmente, o licenciamento para uma empresa para sua
possível exploração comercial. A fase da inovação freqüentemente resulta em projeto de
produto, desenvolvimento de protótipo, estudo de campo e teste piloto (BHANEJA et.
al., 1982).
Segundo SIEGEL et. al. (2004), existem três stakeholders chave no
processo de transferência de tecnologia das universidades para as indústrias: (a) os
pesquisadores universitários, que descobrem novas tecnologias, (b) os “administradores
de tecnologia”, como por exemplo, os escritórios de transferência de tecnologia, que
servem como uma ponte entre os pesquisadores acadêmicos e a indústria, e (c) as
firmas/empreendedores, que comercializam as tecnologias surgidas nas universidades.
Para FUJINO et. al. (1999), um ponto a ser destacado é que a
transferência de tecnologia das universidades não traz apenas bons retornos
econômicos, mas também proporciona a retroalimentação de informações e
questionamentos da sociedade em relação à universidade. Isso possibilita o surgimento
27
de novas linhas de pesquisa e de melhores critérios para a seleção de temas para a
pesquisa aplicada.
2.3.2 Modelo de Transferência de Tecnologia das Universidades para as Empresas
Segundo GODIN & GINGRAS (2000), as universidades estão no
“coração” do sistema de produção de conhecimento. Seguindo esta linha de
pensamento, GOLDHOR & LUND (1983) apresentam um modelo de transferência de
tecnologia destas instituições para as indústrias (figura 2.6). A seguir há uma
explanação de cada um dos agentes envolvidos neste processo, os objetos de
transferência e os passos necessários para que ela se suceda.
Figura 2.6 Modelo de transferência tecnológica.
Fonte: Adaptado de GOLDHOR & LUND (1983).
Há dois importantes objetos envolvidos na transferência tecnológica: a
tecnologia fonte e a tecnologia alvo. Para que o processo ocorra de forma ideal a
tecnologia fonte deve ser revolucionária, extensiva, preparada, defensável e
desmontável/portátil.
Para uma indústria, uma tecnologia revolucionária é mais valiosa do que
uma evolucionária. Com relação à extensão da tecnologia fonte pode-se dizer que
quanto maior ela for, mais ampla será a variedade de tecnologias alvo que se basearão
nela e maior a probabilidade dela ser estendida às pesquisas próprias dos receptores.
Tecnologia Fonte
Tecnologia Alvo
28
A tecnologia preparada é aquela em que a pesquisa básica foi
suficientemente completada para permitir que a exploração comercial se inicie, e para
qual os meios técnicos para exploração comercial existem .
Para que o provedor de tecnologia transfira-a para o receptor é necessário
que ela seja defensável, ou seja, é importante que o provedor possa oferecer ao receptor
alguma forma de proteção contra a aquisição pelos competidores, como por exemplo,
uma patente ou uma forma de licença exclusiva.
Por fim, a tecnologia fonte deve ser desmontável/portátil, isto é, deve
permitir que ela seja removida da universidade e transferida fisicamente para a indústria
sem um esforço extraordinário.
O outro objeto, a tecnologia alvo, é apropriado quando satisfaz uma
necessidade específica, tem um mercado suficientemente amplo, pode ser protegido, e
tem uma razoável expansão potencial.
Satisfazer necessidades específicas fornece um ótimo método para
manter a transferência tecnológica no rumo (PEAKE & GOLDEN, 1979 em
GOLDHOR & LUND, 1983).
Com relação ao mercado, é importante que ele seja amplo por causa dos
custos e das dificuldades da transferência. Além disso, a tecnologia alvo tem que ter
uma expansão potencial, pois o real pagamento pela transferência pode vir apenas a
partir da segunda e terceira geração de produtos. Outro ponto relacionado com o
mercado é a competitividade, então para evitar que os concorrentes adquiram/copiem de
uma forma livre e fácil a tecnologia alvo é importante que ela possa ser protegida.
Para que o processo de transferência de tecnologia ocorra são
necessários, além dos objetos apresentados anteriormente, alguns atores: o provedor de
tecnologia, o receptor e o agente de transferência.
Normalmente na transferência de tecnologia de uma universidade para a
indústria o provedor mais próximo é o grupo de pesquisa que desenvolve a tecnologia
fonte. Segundo os autores, para que o processo ocorra de maneira ótima é ideal que o
provedor seja um bom comunicador, tenha experiência em desenvolvimento industrial e
seja fortemente motivado a realizar a transferência de tecnologia. No entanto, observa-
se que a realidade do ambiente universitário freqüentemente entra em conflito com estes
ideais.
29
A experiência com inovação industrial, administração e transferência de
tecnologia é uma característica ideal para o provedor, entretanto é mais importante que
ele tenha habilidade de comunicação, pois a parte mais valiosa que está sendo
transferida é o conhecimento.
Uma característica chave que deve existir no provedor, como já foi dito
anteriormente, é a motivação, mas observa-se que na maioria dos ambientes
universitários de pesquisa existem poucas recompensas para o engajamento na
transferência de tecnologia.
Quanto ao receptor, percebe-se que boa parte da responsabilidade pelo
sucesso da transferência de tecnologia da universidade para a indústria cabe a ele, que
muitas vezes é uma empresa de alta tecnologia. Entre as habilidades que este ator deve
ter destacam-se uma familiaridade básica com a tecnologia a ser transferida; experiência
acadêmica com inovação e com transferência de tecnologia; a meta de adquirir
conhecimento em tecnologia; recursos suficientes para finalizar a transferência; e uma
forte motivação para fazer com que a transferencia se suceda.
Para que o receptor negocie eficientemente com o provedor e assegure a
qualidade da tecnologia recebida é primordial que ele possua uma familiaridade com
esta tecnologia. Além disso, experiências anteriores com organizações acadêmicas e
com inovação e processos de transferência de tecnologia o capacitarão a administrar a
transferência.
Um ponto importante, mas muitas vezes esquecido, é a disponibilidade
de recursos para efetivar a transferência da tecnologia e transformá-la em uma inovação,
ou seja, uma tecnologia com sucesso no mercado.
Motivação, novamente, é o ingrediente chave na transferência
tecnológica. No caso da transferência da universidade para a indústria, a indústria
receptora muitas vezes tem mais a ganhar com o sucesso da transferência, e assim deve
estar mais fortemente motivada do que o provedor.
Outro ator importante neste processo é o agente de transferência.
Geralmente, quando é eficiente, ele pode corrigir muitas deficiências dos outros
participantes, como por exemplo, a falta de experiência. Um agente de transferência
ideal é independente do provedor e do receptor, tem o suporte de uma organização
forte, e é um parceiro ativo no processo de transferência.
30
Nos estágios iniciais do esforço de transferência de tecnologia, o agente
de transferência pode servir como um “igualador”, não somente igualando as
capacidades da tecnologia fonte com os requerimentos da tecnologia alvo visada, mas
também educando o provedor e o receptor quanto à natureza da transferência de
tecnologia, e ajudando-os a desenvolver um contrato formal ou informal que represente
as necessidades e comprometimento de ambas as partes. Na fase de aprendizado, o
agente de transferência fornece conhecimento técnico, e em todas as fases pode servir
como um tradutor entre as duas culturas, provendo consultoria, ajudando a solucionar
problemas legais, encontrando apoio financeiro de agências governamentais ou
privadas, e provendo encorajamento geral quando, como inevitavelmente acontece, a
transferência tecnológica enfrentar alguns obstáculos.
De acordo com GOLDHOR & LUND (1983), o modelo apresenta quatro
passos necessários para “caminhar sobre a ponte da transferência tecnológica”: a
pesquisa, o aprendizado, a adaptação e a utilização. A seguir há uma breve explanação
de cada uma destas etapas:
1. pesquisa não somente envolve encontrar uma tecnologia fonte e
alvo que se adeqüem, mas também uma organização provedora e uma receptora que
possam trabalhar juntas, e que tenham as características requisitadas. Idealmente, um
esforço suficiente será gasto pelo provedor e pelo receptor para ter certeza que eles terão
as habilidades, a motivação e os recursos para fazer a transferência alcançar o sucesso;
2. aprendizado é o segundo estágio vital para a transferência. É o
mais importante mecanismo de transferência. Curiosamente, é uma atividade em que a
universidade deveria ser expert. Contudo, provedores, receptores e financiadores
devem perceber que isto é custoso tanto em relação ao tempo quanto ao dinheiro;
3. adaptação é o terceiro estágio da transferência de tecnologia. Uma
vez que a organização receptora tenha internalizado o conhecimento relevante sobre a
tecnologia inicial, ela deve iniciar a adaptação para suas próprias necessidades;
4. a utilização da tecnologia alvo é o último teste de sucesso do
esforço da transferência e é, infelizmente, o passo no processo de transferência que
parece ser mais freqüentemente deixado de ser realizado.
31
2.3.3 Mecanismos de Transferência
Segundo estudos realizados por SENKER et. al. (1998), a academia
contribui com o processo inovativo de três maneiras distintas: (a) através do treinamento
de cientistas qualificados e engenheiros, com conhecimentos formais de campos
especializados; (b) como uma potente fonte de novos conhecimentos nestes campos; e
(c) como uma fonte de ajuda prática e assistência.
Para que haja uma contribuição efetiva da universidade com a sociedade
é necessário que ocorra a transferência de tecnologia e esta pode acontecer através de
diversos mecanismos, como os expostos na figura 2.7. Nesta ilustração é possível
observar os mecanismos formais e informas de transferência, sendo que os situados no
topo do “iceberg” são considerados formais.
Figura 2.7 Mecanismos de transferência de tecnologia entre universidade e empresas.
Fonte: Adaptado de OCDE (2000)
Segundo KRIEGER & GALEMBECK (1996), existem três formas
principais de cooperação entre as universidades e as empresas:
- consultoria constitui uma forma simples e muito efetiva de
interação dos meios acadêmico e empresarial. No entanto, existe um mito de que a
consultoria é “uma via de mão única, em que o pesquisador se exaure para contribuir
para a empresa. Na realidade, muitos pesquisadores já tiveram a oportunidade de,
durante um trabalho de consultoria, perceberem algum problema básico, cuja solução
não estava na literatura e que podia, portanto, gerar pesquisa fundamental de boa
32
qualidade. Por sua vez, profissionais de empresas freqüentemente detêm conhecimentos
que são transmitidos ao consultor e podem ser usados em aulas ou em sua pesquisa”;
- projetos conjuntos há poucos casos de projetos conjuntos bem-
sucedidos, pois estes requerem um grau de mobilização que entra em conflito com a
compartimentalização, pulverização e falta de avaliação científica das atividades na
maioria dos departamentos universitários no Brasil;
- formação de recursos humanos o fluxo de graduados, pós-
graduados e mesmo de docentes é um mecanismo absolutamente natural de interação.
GONÇALVES NETO (1988), realizou uma pesquisa em sete
universidades do Reino Unido e identificou as seguintes formas de colaboração entre
universidades e empresas: consultoria, contrato de pesquisa, projeto de pesquisa
desenvolvido por alunos, cursos, desenvolvimento de protótipo, testes e análises de
laboratório. Ainda como resultado da pesquisa ele identificou que as últimas formas de
colaboração apresentadas são menos importante que as três formas citadas inicialmente.
Segundo SBRAGIA (2003:1), “há diversas maneiras de se levar um
projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) realizado em ambiente acadêmico a uma
produção em escala comercial. Pode ser feito por meio do licenciamento e/ou venda de
resultados, por meio da associação com empresas inovadoras ou por meio da criação de
empresas. Esta última alternativa, a criação de uma empresa surgida do ambiente
universitário, deve-se ao fato de que as empresas já estabelecidas poucas vezes estão
dispostas a correr os riscos associados ao desenvolvimento tecnológico”.
Para GUARANYS (1994), a cooperação entre universidade e empresas
pode se dar através de diversos mecanismos. A assessoria do pesquisador à empresa é
um destes mecanismos. Outro é a contratação pela empresa que recebe a tecnologia dos
estudantes que integraram a equipe de pesquisa. A cooperação também se dá quando
pesquisadores das empresas fazem parte dos grupos de pesquisas acadêmicos. Para o
autor, um dos mecanismos mais conhecidos da participação de pessoas na transferência
de tecnologia é o spin-off acadêmico uma empresa criada pelos pesquisadores a partir
de produtos desenvolvidos em pesquisa tecnológica realizada em laboratórios
universitários.
33
De acordo com STANKIEWICZ (1998), a transferência de conhecimento
e tecnologia da academia para a indústria pode ser levada por diversas rotas, sendo que
quatro são particularmente importantes:
1. a transferência direta da academia para a indústria de idéias
tecnológicas e conhecimento, na qual são então desenvolvidos dentro de uma firma
estabelecida. A transferência pode ou não envolver o movimento de
cientistas/engenheiros individualmente ou em grupo;
2. a provisão por cientistas acadêmicos de certos serviços altamente
especializados baseados em conhecimentos gerados dentro da academia, por exemplo,
consultorias;
3. a formação de firmas spin-offs , que têm um produto com
potencial de mercado bem definido e um genuíno potencial de crescimento. Algumas
dessas firmas podem necessitar de um período de incubação na vizinhança da
universidade;
4. a formação de “proto-firmas”, que significa uma atividade
motivada comercialmente na qual é feito investimento na criação de ativos
tecnológicos, mas que por um tempo considerável não poderá gerar fluxo de caixa para
se auto-sustentar. Inicialmente, a “proto-firma” é simplesmente um projeto de P&D.
Para PLONSKI (1999), a amplitude de possíveis meios de interação entre
universidade e empresa é elevada, entre eles destacam-se: trabalho de formatura
supervisionado em empresa elaborado por estudante último-anista; patrocínio de cátedra
por empresas, como é comum em algumas universidades estrangeiras; cursos de
extensão, fechados (in company) ou abertos; apoio e participação de empresas em
eventos acadêmicos; ensaios e análises; consultoria técnica ou gerencial; pesquisa
contratada; desenvolvimento tecnológico conjunto; e participação de docentes em
conselhos empresariais ou de executivos em conselhos acadêmicos.
Segundo ETZKOWITZ (1998), a transferência de tecnologia da
universidade para a empresa é um fluxo de mão dupla e ele pode ocorrer com diferentes
graus e formas de envolvimento acadêmico:
- produto é originado na universidade, mas é desenvolvido em uma
empresa já existente;
34
- um produto comercial é originado fora da universidade, mas são
requeridos conhecimentos acadêmicos para melhorá-lo; e
- a universidade é fonte de um produto comercial e o inventor
acadêmico torna-se diretamente envolvido em sua comercialização através do
estabelecimento de uma nova empresa.
ROGERS et. al. (2001) apresentam cinco mecanismos de transferência
tecnológica entre a academia e a indústria:
- os contratos de cooperação em P&D que ocorrem por meio do
compartilhamento de pessoas envolvidas com pesquisas, equipamentos e direitos de
propriedade intelectual;
- encontros que envolvem a interação pessoa a pessoa na qual a
informação técnica é trocada. Existem diversas redes e associações que promovem estes
encontros;
- as publicações científicas também podem ser um meio de
transferência tecnológica. No entanto, elas geralmente são escritas para parceiros
cientistas, em vez de serem direcionados aos usuários potenciais da pesquisa
tecnológica;
- licenciamento que consiste em transferir os direitos para fazer,
usar e/ou vender um certo produto, design ou processo, ou para efetuar uma quantidade
de outras ações, por uma parte que tem o direito para dar tal permissão (ANON, 1995
citado por ROGERS et. al., 2001); e
- spin-off acadêmico, ou seja, uma nova companhia que é formada
(1) por indivíduos que antigamente eram empregados de uma organização de origem e
(2) de onde a “core tecnology” foi transferida (ROGERS & STEFFENSEN, 1999).
Uma forma de cooperação universidade-empresa pouco citada é o
financiamento empresarial na pesquisa universitária. Entretanto, de acordo com FAVA-
DE-MORAES (2000), deve-se ter muita cautela ao utilizar este mecanismo para que
não ocorra sigilo e privatização do saber.
Ampliando o que já foi apresentado, REIS (2004) afirma que uma
verdadeira parceria entre empresas e universidades só é estabelecida quando são
superadas três fases, a do conhecimento, a da confiança e da consolidação. E segundo o
autor existem mecanismos adequados para suplantar cada uma destas fases.
35
Primeiramente deve-se utilizar mecanismos de aproximação, como
visitas dos dirigentes universitários às empresas e vice-versa, comemoração do dia da
indústria, feira de empresas, encontros com a indústria etc, pois essa é uma fase de
conhecimento mútuo. A seguir a uma breve descrição destes mecanismos:
Dia da Indústria, do Comércio ou da Agricultura. Promove uma
aproximação entre os empresários e os membros da acadêmica. Para complementar,
pode-se realizar a entrega de títulos premiando os melhores empresários do ano em seus
ramos de atuação. Isso ao longo do tempo pode criar uma expectativa por parte dos
possíveis concorrentes ao título demonstrando a importância da universidade.
Visitas dos dirigentes universitários às empresas. Este é um mecanismo
importante para a transmissão informal das necessidades e interesses de ambas as
partes.
Feira de empresas nas universidades. Possibilita às empresas uma
oportunidade de demonstrar à comunidade acadêmica seus produtos e serviços. Além
disso, permite à universidade a verificação do estado atual de determinadas tecnologias.
Feira de estágio/emprego. Em áreas que há menos profissionais que o
necessário este é um mecanismo muito importante, pois possibilita às empresas
apresentarem-se ao público acadêmico, mostrando seus atrativos e qual é sua atuação no
mercado.
Programa de acompanhamento de ex-alunos. Este mecanismo pode ser
utilizado para melhorar os conteúdos programáticos da disciplinas e as metodologias de
ensino a partir da experiências dos ex-alunos.
Visitas técnicas de alunos às empresas. Isto permite colocar os alunos em
contato com a realidade industrial e possibilita comparar os conhecimentos apreendidos
nas universidades aos observados na prática.
Encontros com a empresa. O gestor de uma empresa pode através de uma
apresentação relatar aos alunos sua experiência profissional e a trajetória da empresa a
qual pertence.
Para superar a segunda fase e consequentemente obter confiança mútua é
necessário a utilização de mecanismos de interação como, os estágios de estudantes e
professores, participação em cursos de formação, prestação de serviços, mesas-redonda
etc., conforme descritos abaixo:
36
Presença de um representante da indústria (comércio ou agropecuária) no
Conselho diretivo máximo da universidade. A escolha do representante deve ser feita
com muito critério, como por exemplo, a escolha de presidentes de federações de
grande influência na região na qual a universidade está inserida. Este mecanismo indica
à sociedade que a universidade está predisposta a interagir como o meio que a circunda.
Conselho empresarial. Consiste na criação de um órgão consultivo que
possibilite a interação da universidade com o meio acadêmico, com o objetivo de
aperfeiçoar o ensino por meio de sugestões de quem vive o dia-a-dia empresarial.
Mesas-Redondas. Deve-se reunir ex-alunos, empresários e acadêmicos
para discutir a formação acadêmica dos profissionais formados pela universidade.
Encontros com responsáveis por recursos humanos das empresas. Os
responsáveis pelos recursos humanos da empresa podem fornecer uma visão muito boa
da situação de ingresso do recém-licenciado.
Estágio curricular dos estudantes. Constitui um dos melhores
mecanismos de interação universidade-empresa, pois permite aos alunos conciliar a
teoria adquirida na universidade com as práticas empresariais.
Estágio de professores nas empresas. Promove a troca de experiências,
melhorando a qualidade de ensino e abrindo um canal de informação e de novos
projetos.
Cursos extraordinários de extensão universitária. Por meio deste
mecanismo é possível melhorar o desempenho dos quadros das empresa, mas é
necessário ficar atento para não prejudicar o andamento normal das atividades
curriculares.
Prestação de serviço. Consiste na utilização da infra-estrutura da
universidade como equipamentos, laboratórios e oficinas para a realização de serviços
externos (metrologia, ensaios, produção de peças, testes físicos etc.).
Programa “A Empresa no Ensino”. A empresa fornece gratuitamente ou a
preço de custo equipamentos para que os estudantes sejam treinados. Além disso, pode
haver uma parceria para a universidade treinar também os funcionários da empresa.
Finalmente, na terceira fase são empregados mecanismos de integração
como a pesquisa por contrato ou em conjunto, os cursos fechados objetivando
37
necessidades específicas de uma empresa etc. Essa fase se caracteriza pela consolidação
efetiva da parceria. Os mecanismos desta fase são descritos a seguir.
Pesquisa por encomenda ou por contrato. Este é um dos mecanismos
mais tradicionais da integração universidade-empresa. A empresa delega à universidade
a responsabilidade de realizar uma determina pesquisa. Constitui um contrato de risco
como qualquer pesquisa científica e em alguns casos prevê-se o pagamento royalties ou
outra forma de remuneração.
Incubadoras de empresas. Propicia aos estudantes e professores com
perfil empreendedor condições favoráveis para abrir uma empresa. Isto permite que o
conhecimento destes seja transferido para a atividade produtiva.
Programa “disque-tecnologia”. É um meio ágil e desburocratizado de
colocar as empresas em contato com as tecnologias já desenvolvidas. Por telefone, fax,
e-mail ou correio os empresários entram em contato com a universidade e uma equipe
buscará identificar as melhores soluções para a questão apresentada por ele. Outra
vantagem deste programa é que ele permite um feedback para as universidades sobre as
necessidades da sociedade.
Empresa júnior. Este mecanismo têm duas funções básicas: a
transferência de tecnologia e a melhora no processo de formação dos estudantes. Ele
pode ser utilizado conjuntamente com o “disque-tecnologia” para melhorar sua
dinâmica, pois isto permitiria uma maior contato com a sociedade.
Programa “Balcão de Teses”. Deve haver uma base de dados com todas
as pesquisas desenvolvidas pela universidade, não só as teses, mas também os projetos,
protótipo e ensaios realizados por alunos e professores. Isto permitiria à sociedade um
maior acesso ao conhecimento gerado no meio acadêmico.
2.4 Empreendedorismo
O empreendedorismo constitui uma máquina significativa de criação de
empregos e crescimento econômico (FRIAR & MEYER, 2003). E segundo
DOLABELA (1999:28), hoje o empreendedor é “‘motor’ da economia, um agente de
mudanças”.
38
Entretanto, antes de compreender o papel que o empreendedor
desempenha na economia mundial, é necessário entender o seu conceito. Para isto,
DORNELAS (2001), citando HISRISH (1986), apresenta uma breve evolução história
deste conceito, de acordo com o autor:
- na Idade Média o termo empreendedor estava relacionado às
pessoas que gerenciavam grandes projetos de produção, mas que não assumiam grandes
riscos, pois geralmente os recursos proviam do governo;
- no século XVII o empreendedor passou a assumir riscos. Ele
estabelecia contratos com o governo para realizar serviços ou fornecer produtos e os
lucros ou prejuízos cabiam apenas a ele;
- no século XVIII houve uma clara separação entre os termos
capitalista e empreendedor, talvez em decorrência da industrialização que iniciava-se no
mundo;
- nos séculos XIX e XX os empreendedores passaram a serem
vistos como pessoas que organizavam as empresas a serviço dos capitalistas como, por
exemplo, os gerentes.
Nos dias atuais os empreendedores são vistos com “heróis populares da
moderna vida empresarial. Eles fornecem empregos, introduzem inovações e estimulam
o crescimento econômico. (...) Eles são vistos como energizadores que assumem riscos
necessários em uma economia em crescimento, produtiva.” (LONGENECKER et. al.,
1997:3)
Para HISRICH & PETERS (2002), o empreendedorismo constitui um
método para transpor a lacuna que existe entre a ciência e o mercado. No entanto,
muitos empreendedores enfrentam dificuldades para superar esta lacuna e criar uma
firma. Entre as barreiras enfrentadas destacam-se: a falta de talentos gerenciais, de
conhecimento do mercado e/ou de recursos financeiros. Além disso, freqüentemente os
empreendedores não sabem como interagir com os outros atores, como bancos,
fornecedores, consumidores, capitalista de risco, distribuidores, e agências de
publicidade.
Apesar de todas essas dificuldades, o empreendedorismo ainda é o mais
efetivo método para superar esta lacuna, criando novas empresas, e trazendo novos
produtos e serviços para o mercado (HISRICH & PETERS, 2002).
39
De acordo com DORNELAS (2001), no Brasil só a partir da década de
90 que a questão do empreendedorismo começou a ser tratada com mais profundidade.
Isto iniciou-se com a criação do SEBRAE e da Softex, o primeiro visa dar suporte para
quem quer iniciar uma empresa e o último tem o intuito de levar as empresas brasileiras
de software ao mercado internacional.
Destacando o papel da universidade e da Softex, o autor afirma que “foi
com os programas criados no âmbito da Softex em todo o país, junto a incubadoras de
empresas e a universidades/cursos de ciências de computação/informática, que o tema
empreendedorismo começou a despertar na sociedade” (DORNELAS, 2001:25).
O empreendedorismo nas universidades ganhou impulso e passou a se
destacar mais a partir da década de 80. Segundo ETZKOWITZ (2004), o
empreendedorismo acadêmico é, de um lado, uma extensão do ensino e da atividade de
pesquisa e, de outro lado, a internalização das capacidades de transferência tecnológica,
levando a universidade a um papel tradicionalmente desempenhado pela indústria, isto
é, a universidade por meio da capitalização do conhecimento torna-se uma instituição
empreendedora.
Complementando, JACOB et. al. (2003) afirmam que a universidade
empreendedora é um novo termo que vem sendo usado para referir-se a universidades
que possuem diversos mecanismos de suporte infra-estrutural para manter o
empreendedorismo dentro destas organizações e que conclui a atividade empreendedora
com a geração de produtos.
Além disso, uma universidade empreendedora também pode ser baseada
no ensino, pela introdução do treinamento empreendedor no curriculum (ETZKOWITZ,
2004). DOLABELA (1999: 53), cita dez motivos para que haja o ensino do
empreendedorismo nas universidades:
- a alta taxa de mortalidade das empresas que ainda estão nos
estágios iniciais, de cada três empresas criadas, duas fecham as portas.
- a mudança nas relações de trabalho impõe aos novos profissionais
que eles tenham uma visão global do processo e que saibam identificar e satisfazer as
necessidades dos clientes;
- mesmos para aqueles que almejam ser empregados exige-se que
estes sejam intra-empreendedores e que se tornem colaboradores melhores;
40
- a tradicional metodologia de ensino não possui uma forma
adequada para habilitar empreendedores;
- é importante que as instituições de ensino se aproximem das
empresas, órgão governamentais, financiadores, associações de classe tornando relações
menos incipientes;
- os valores que permeiam o ensino brasileiro não apontam para o
empreendedorismo;
- poucos percebem a importância das pequenas e médias empresas
para o desenvolvimento econômico do Brasil;
- os cursos profissionalizantes e universitários geralmente
enfatizam a busca de emprego nas “grandes empresas”;
- devido à grande importância dos empreendedores na sociedade e
na economia, faz-se necessário que eles sejam guiados pela ética;
- a sala de aula deve proporcionar ao aluno a possibilidade de
tornar-se um empreendedor comprometido com o meio ambiente.
Segundo VESPER & GARTNER (1997), nos Estados Unidos, até 1970,
pouquíssimas universidades ofereciam cursos de empreendedorismo. A Harvard
Business School introduziu um curso em 1945, aparentemente em resposta aos
estudantes que estavam retornando do serviço militar prestado na Segunda Guerra
Mundial para uma economia que estava em transição. O curso cresceu em popularidade
embora no início os membros da universidade responsáveis por ele não previam um
futuro acadêmico promissor.
De acordo com FINKLE & DEEDS (2001), a pesquisa norte-americana
sobre empreendedorismo começou em 1958 com um programa de três anos apadrinhado
pela Small Business Administration. E culmimou com a publicação da série “The Small
Business Research Series”. E em 1963 o Journal of Business Management” foi
fundado como a primeira revista científica acadêmica dedicada a publicações de
pesquisa sobre pequenos negócios e empreendedorismo.
No início da década de 70, o empreendedorismo começou a emergir
como a principal corrente na imprensa de negócios. O surgimento do Silicon Valey e
Silicon Entrepreneurs abasteceram o desenvolvimento de livros populares, artigos, e
revistas sobre empreendedorismo. A criação de revistas populares dirigidas ao
41
empreendedorismo, como a Entrepreneur (1977) e a Inc. (1979) e seus crescimentos em
circulação através da década de 80 deu nova proeminência ao empreendedorismo. E
finalmente, nos anos 80
começou o desenvolvimento de estruturas para suportar o
crescimento e desenvolvimento deste campo de pesquisa. Em 1981, a primeira Babson
Conference sobre empreendedorismo foi apresentada. Esta conferência tornou-se
instrumento no desenvolvimento e disseminação da pesquisa sobre emprendedorismo
no mundo (FINKLE & DEEDS, 2001).
A despeito do significativo crescimento e desenvolvimento deste campo
através das décadas de 50, 60, 70 e 80, existiam poucos departamentos formais de
empreendedorismo dentro das universidades norte-americanas. Até o início da década
de 90, apesar deste campo de pesquisa ter atraído significativa atenção, ele ainda estava
distante de ser institucionalizado dentro das escolas de negócio e administração
(FINKLE & DEEDS, 2001).
Entretanto, foi possível observar que o número de universidades
oferecendo cursos de empreendedorismo nos Estados Unidos mudou drasticamente, em
1970 havia 16 e em 1995 este número cresceu acima dos 400 (VESPER & GARTNER,
1997).
Já em relação as universidades européias, nota-se que elas têm
estabelecidos programas de empreendedorismo, projetados para criar firmas assim como
para educar estudantes na nova disciplina. Vale ressaltar que, apesar da atenção que tem
sido dirigida ultimamente ao empreendedorismo acadêmico, o papel dos estudantes no
empreendedorismo acadêmico europeu não é novo. Isto pôde ser observado na fundação
de firmas químicas e ópticas na metade do século XIX por estudantes que deixaram a
pesquisa acadêmica. Estas firmas tipicamente mantinham contato com a academia
através de relações de consultoria que persistiam através das gerações (ETZKOWITZ,
2004 ).
Nas universidades do Brasil o foco sobre o empreendedorismo começou
mais tarde. SILVA (2001) faz uma breve exposição das ações realizadas no meio
acadêmico brasileiro para incentivar/estimular o empreendedorismo:
42
- FEA/ USP - em 1984 começou a oferecer o ensino de
empreendedorismo na graduação e em 1985 na pós-graduação. Já em 1992 criou o
Programa de Formação de Empreendedores;
- UFRGS começou em 1984 a ser ministrada no Departamento de
Ciência da Computação a disciplina “ Ensino de criação de empresas”;
- FGV foi criado em 1989 o Centro Integrado de Gestão
Empreendedora (CIAGE);
- UFMG - criou-se no início do sanos 90 o Grupo de Estudos da
Pequena Empresa (GEPE) que visava estudar o empreendedorismo. Iniciou-se também
o ensino do empreendedorismo no curso de graduação do Departamento de
Computação;
- UFSC em 1992 foi fundada a Escola de Novos Empreendedores
(ENE), que hoje constitui um significativo mecanismo no ensino de empreendedorismo
ao meio acadêmico;
- UFPE com o intuito de aproveitar industrialmente os resultados
acadêmicos foi criado em 1992 o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife
(CESAR);
- UNB foi criada em 1995 a Escola de Empreendedores, que
passou a ter um importante papel na sensibilização e ensino do empreendedorismo;
- PUC-RIO em 1997 houve a inauguração do Instituto Gênesis
para a Inovação e Ação Empreendedora, cujo objetivo era incentivar o
empeendedorismo;
- UFSCar com o objetivo de viabilizar a cooperação
universidade-empresa foi criado em 1998 o Núcleo de Extensão UFSCar-Empresa.
43
3. SPIN-OFFS ACADÊMICOS
Nos últimos anos, as instituições acadêmicas têm sido associadas ao
crescimento das empresas de alta tecnologia (UPSTILL & SYMINGTON, 2002). Uma
das mais importantes contribuições das universidades são as empresas spin-offs, nas
quais acadêmicos individualmente ou suas instituições como um todo formam uma
companhia separada para explorar e comercializar o P&D interno (WEBSTER &
ETZKOWITZ, 1998).
Há 20 anos, em alguns países, as universidades começaram a encorajar o
desenvolvimento de empresas spin-offs como sendo uma rota alternativa para a
comercialização de suas tecnologias. Um dos pioneiros nesta “empreitada” foi o MIT,
com uma média de 25 empresas surgidas dele a cada ano na década de 80 (BRAY &
LEE, 2000).
Segundo SÁNCHEZ & PÉREZ (2000), as empresas criadas pelos
acadêmicos constituem um importante elemento dinamizador de uma economia, não
tanto pelo emprego direto que podem chegar a criar, mas porque supõem o
desenvolvimento de novos setores industriais ou de serviços e porque com sua
transferência de tecnologia contribuem para melhorar a competitividade de outros
setores.
Inicialmente a universidade transfere a tecnologia para os spin-offs e
depois estes transferem para seus consumidores, completando o fluxo de transferência e
beneficiando toda a sociedade (PÉREZ & SÁNCHEZ, 2003).
Cabe ressaltar que apesar do empreendedorismo acadêmico ser um
efetivo meio para realizar a transferência de tecnologia, ele não é o melhor em todas as
circunstâncias (GOLDFARB & HENREKSON, 2003), por isso se faz necessário que
haja melhor compreensão deste mecanismo para que ele possa ser empregado
corretamente.
3.1 Conceituação
Inicialmente, é importante destacar que alguns fundadores de empresas
spin-offs reagem negativamente ao termo “spin-off”, pois eles sentem que há a ênfase na
dependência da organização de origem e que não há o reconhecimento dos sacrifícios
44
em dinheiro, tempo e esforços geralmente requeridos para estabelecer uma nova
empresa (STEFFENSEN et. al, 1999).
Além disso, há alguns autores que fazem distinção entre os termos spin-
off e spin-out, mas para a maioria não existem diferenças reais entre eles
(STEFFENSEN et. al, 1999). Uma das exceções são DUFF & HILTON (1999),
segundo os autores:
- spin-off é uma empresa que surge de uma outra organização, mas
que permanece possuída e administrada por seus geradores, e
- spin-out é uma empresa que surge de uma outra organização, mas
seu gerador não permanece como dono majoritário e portanto não
exerce controle gerencial.
Para HUYLEBROECK (1999), uma empresa spin-off é uma empresa que
não existiria se uma atividade de pesquisa específica não tivesse sido conduzida em uma
organização baseada em conhecimento. Ainda de acordo com o autor, outras definições
do termo são mais restritas, como é o caso da definição apresentada anteriormente, e
limitam empresas spin-offs àquelas companhias que são criadas por empregados que
deixam seus antigos empregadores para explorar o conhecimento que eles adquiriram
enquanto trabalhavam para aqueles empregadores.
De acordo com STEFFENSEN et. al. (1999), spin-off é uma empresa
que surge de uma outra organização e que geralmente um empregado (ou empregados)
deixa(m) a organização levando juntamente uma tecnologia que serve como ticket de
entrada da nova empresa na indústria de alta tecnologia.
Ainda segundo o autor, o spin-off pode ser planejado ou espontâneo. O
primeiro é uma empresa que resulta de um esforço realizado pela organização de
origem. O outro é uma firma que resulta do esforço do empreendedor ao identificar uma
oportunidade e onde há um encorajamento relativamente pequeno (e talvez um
desencorajamento) da organização de origem.
Para PÉREZ & SÁNCHEZ (2003), um empreendimento spin-off surge
quando um empreendedor deixa uma organização para começar sua própria firma. Além
disso, é necessário que ocorra a transferência de alguns direitos de uma organização
existente para uma nova empresa.
45
CARAYANNIS et. al (1998) e ROGERS et. al. (2001) definem spin-off
como sendo uma empresa que foi estabelecida pela transferência de “core technology”,
pesquisadores, ou outros insumos de uma organização de origem. Ainda segundo
CARAYANNIS et. al (1998), um spin-off pode ser considerado um mecanismo de
transferência de tecnologia porque ele geralmente é formado para comercializar uma
tecnologia que foi originada em um laboratório público de P&D, uma universidade ou
uma empresa privada.
Para CARAYANNIS et. al, (1998), há quatro papéis principais
envolvidos no processo de spin-off, sendo que um mesmo indivíduo ou organização
pode desempenhar mais do que um papel:
- gerador da tecnologia quem traz a inovação tecnológica através
de um processo de desenvolvimento inovativo até o ponto na qual a transferência desta
tecnologia pode ser iniciada;
- empreendedor quem se esforça para criar um novo negócio que
é centrado na inovação tecnológica. O papel da empreendedor é comercializar a
tecnologia em um produto ou serviço que é vendido em um mercado;
- a organização de origem onde as atividades de P&D para criar a
inovação tecnológica ocorrem e que provêem aos spin-offs assistência em
patenteamento da inovação, licenciamento tecnológico, etc.;
- investidor quem fornece os recursos financeiros para estabilizar
o spin-off e que pode fornecer alguns conhecimentos administrativos.
Uma característica importante dos spin-offs é que eles podem ser
categorizados de acordo com a organização da qual eles se originaram e de onde o
empreendedor obteve suas experiências (PÉREZ & SÁNCHEZ, 2003), e uma das
categorias que vem ganhando destaque nos últimos anos é a acadêmica.
RAPPERT et. al (1999) afirmam que spin-offs acadêmicos são firmas
cujos produtos ou serviços foram desenvolvidos de uma idéia tecnológica ou
conhecimento técnico/científico originado em uma universidade por um membro da
academia sendo que este é quem cria a empresa. Complementando, GOLDFARB &
HENREKSON (2003) apontam que os acadêmicos não precisam abandonar
permanentemente suas posições nas universidades para poderem criar uma empresa.
46
A definição apresentada por GRANDI & GRIMALDI (2004) possui uma
pequena diferença. Segundo os autores, a empresa spin-off também pode ser criada por
alguém de fora da universidade, desde que seja licenciado para isto.
Para BRISOLLA (1998:83), “o spin-off é um processo mediante o qual
pesquisadores acadêmicos, geralmente como fruto de uma atividade de pesquisa que
lhes parece promissora do ponto de vista prático, aventuram-se a assumir o papel de
empresário ou associam-se a empresários interessados em assumir o risco de
transformar sua idéia ou o resultado de sua pesquisa em produto. Geralmente isso é
acompanhado pelo afastamento do cientista das universidades de origem ou pela
redução de sua dedicação ao trabalho acadêmico”.
Segundo NICOLAOU & BIRLEY (2003), estas empresas podem ser
divididas em três categorias:
- spin-off ortodoxo envolve o inventor acadêmico e a tecnologia
originada na instituição;
- spin-off híbrido envolve a transferência da tecnologia da
universidade e o acadêmico mantém sua posição na universidade, mas faz parte da
empresa;
- spin-off tecnológico envolve o trasbordamento da tecnologia,
mas o acadêmico não mantém nenhuma conecção com a nova empresa.
Para PIRNAY et. al (2003), um spin-off acadêmico é uma firma criada
para explorar comercialmente algum conhecimento, tecnologia ou resultado de pesquisa
desenvolvido dentro de uma universidade. Além disso, de acordo com os autores, para
ser considerado um spin-off genuíno a empresa deve ser criada por um pesquisador que
deixe a empresa.
Através de uma pesquisa bibliográfica, PIRNAY et. al (2003) levantaram
as principais definições para spin-offs acadêmicos, conforme pode ser observado no
quadro a seguir:
47
48
SANT’ANNA (1994), ao conceituar o termo spin-off, aponta uma
característica importante destas empresas. Para o autor, um spin-off acadêmico é uma
empresa de base tecnológica criadas por pesquisadores oriundos das universidades.
Empresas de base tecnológica, segundo MARCOVITCH et. al (1986),
são aquelas criadas para fabricar produtos ou serviços que utilizam alto conteúdo
tecnológico e que embora as tecnologias empregadas não sejam totalmente inovadoras,
costumam incorporar princípios e processos de aplicações recentes mesmo a nível
mundial.
Apresentando de uma maneira mais detalhada, SANTOS & PEREIRA
(1989) afirmam que empresas de base tecnológicas são aquelas que:
- envolvem, em seu corpo de colaboradores, pesquisadores com
alta capacitação técnica em suas respectivas áreas de competência;
- onde a tecnologia agregada aos produtos tem peso relativamente
mais importante no seu custo final do que a matéria-prima neles incorporada; e
- que investem constantemente em P&D visando a inovação ou
atualização tecnológica de sua linha de produtos.
Um estudo de caso realizado por SANT’ANNA (1994:389) identificou a
existência de dois tipos distintos de acadêmicos criadores de empresas de base
tecnológica. “O primeiro tipo, é o pesquisador que concebe o empreendimento
objetivando enriquecer sua atividade acadêmica, suprindo limitações das próprias
universidades. Estes acadêmicos manifestam explicitamente sua vocação e sua intenção
de permanecerem na universidade. As empresas criadas funcionam como apêndices das
atividades acadêmicas, como fontes de informações que subsidiam o desenvolvimento
de trabalhos científicos de cunho aplicado. O segundo tipo de acadêmico que cria
empresa de base tecnológica é aquele que realmente encontra sua vocação na área
empresarial e tende a se desligar da universidade ”. Um resultado importante do estudo
é que as empresas que alcançaram o sucesso comercial e tecnológico pertencem aos
pesquisadores que se enquadram na segunda categoria.
49
3.2 Aspectos do Processo de Formação de Spin-off
A criação de empresas de base tecnológica constitui uma forma eficiente
de valorizar as tecnologias disponíveis nos centros de produção de conhecimento, como
as universidades. Além disso, gera produtos novos ou inovadores para substituir artigos
importados, dinamizando a indústria nacional e até mesmo permitindo a competição em
mercados externos (MARCOVITCH et. al., 1986).
Corroborando, SANTOS (1984) afirma que os principais benefícios
decorrentes da criação de empresas de base tecnológica são: a geração de novos
empregos, a autonomia tecnológica, a substituição de importações e o desenvolvimento
de setores produtivos incipientes no país.
De acordo com FONTES (2004), as oportunidades para formação de
spin-offs acadêmicos são relacionadas à necessidade de transformar o conhecimento
gerado em pesquisas e à habilidade de algumas pessoas de dentro do ambiente de
pesquisa ou associadas a ele.
Os spin-offs de universidades desempenham um papel muito importante
na rede de inovação, pois a maioria surge para materializar, aplicar, difundir ou
aproveitar os resultados de um projeto de pesquisa ou do conhecimento tecnológico
acumulado na atividade de pesquisa do pessoal universitário (SÁNCHEZ & PEREZ,
2000).
Entretanto, para que se obtenha os benefícios oriundos da criação destas
empresas é importante superar algumas dificuldades inerentes do processo de formação
de spin-off. De acordo com AZEVEDO (1983:385), embora os criadores dos spin-offs
“sejam profissionais de grande competência na área técnica para a qual foram treinados,
na área empresarial são amadores e, em geral, não têm condição de sobrevivência na
competição. Isto origina um situação cada vez mais comum: o empresário oriundo da
área universitária cria uma empresa de tecnologia de ponta e é empresário de ‘produto
único’. Ao fim do processo de industrialização daquele produto ele não tem recursos
para novos desenvolvimentos associando-se a capitalistas ou sendo absorvido,
interrompendo o processo”.
Corroborando esta afirmação, SANTOS (1984) afirma que a dimensão
das dificuldades de criação de empresas em setores de tecnologia avançada são maiores
50
devido ao obsoletismo acelerado dos produtos, exigindo das novas empresas
investimentos contínuos no esforço de pesquisa para conservar seu grau de
competitividade face aos concorrentes.
Para VOHORA (2004), similarmente a outros empreendimentos high-
tech, os spin-offs acadêmicos enfrentam consideráveis dificuldades em atingir retornos
sustentáveis e vantagem financeira. Entretanto, os spin-offs acadêmicos enfrentam duas
dificuldades fundamentalmente diferentes. Primeiro, enfrentam obstáculos e desafios
para desenvolver uma idéia inicial em um ambiente não comercial e torná-la
estabelecida como uma firma competitiva. Segundo, o conflito entre os stakeholders
chave pode afetar negativamente a habilidade do empreendedor em fazer a empresa se
desenvolver.
Outra dificuldade de acordo com ETZKOWITZ (1998), é que as
relações com a indústria têm se tornado-se mais complicadas, pois as empresas estão
vendo a universidade como potencial competidora devido ao seu novo papel em criar
firmas.
Com relação ao sucesso do processo de formação de spin-off é possível
dizer que ele depende tanto de uma invenção com potencial mercadológico quanto da
organização e capacidade para negócios do pesquisador. Segundo CHAMAS (2004), os
empreendedores-pesquisadores possuem relativa vantagem sobre os empreendedores
externos à instituição, pois estes têm de realizar procedimentos de busca para o
investimento, enquanto aqueles foram responsáveis pelo desenvolvimento do objeto a
ser comercializado, conhecendo mais intimamente as possibilidades de êxito. Ainda de
acordo com a autora, os capitalistas de risco têm, em geral, preferência por
pesquisadores-inventores, podendo contribuir não só com capital, mas também com o
suporte gerencial necessário.
Um aspecto importante do processo de formação de spin-offs é que
algumas universidades geram mais empresas do que outras. Segundo DI GREGÓRIO &
SHANE (2003), existem algumas razões a ocorrência deste fato:
- universidades localizadas em áreas geográficas ricas em capital de
risco podem gerar mais spin-offs, pois é mais fácil para os
empreendedores obterem recursos financeiros;
51
- universidades que possuem maior contato com indústria podem gerar
mais spin-offs, pois são mais orientadas para descobertas comerciais
do que outras universidades;
- universidades que são mais eminentes intelectualmente podem gerar
mais empresas, pois a eminência intelectual permite aos acadêmicos
produzirem novas tecnologias; e
- as políticas adotadas por certas universidades criam maiores
incentivos para as atividades empreendedoras.
3.3 Modelos de Geração de Firmas Spin-offs
Segundo CLARYSSE & MORAY (2004) e CLARYSSE et. al. (2005), a
formação de um spin-off acadêmico pode ser visto como um processo com três
diferentes estágios: invenção, transição e inovação.
A primeira fase é o período em que prevalece a incerteza técnica. Na fase
seguinte, a incerteza técnica torna-se mais limitada e a idéia de negócio é validada. E
por fim, há o desenvolvimento da idéia. Segundo os autores, esse processo pode ser
representado por um funil, pois somente poucas idéias da fase inicial serão validadas
comercialmente.
MIT (2005) também propõe que os spin-offs podem ser gerados em três
etapas: origem, conceituação e teste, e suporte. Inicialmente ocorre a gênese do
processo de criação de spin-offs, nesta etapa as oportunidades são identificadas e
selecionadas. Na etapa seguinte, a oportunidade é testada e caso se verifique sua
viabilidade ela é materializada. Então entra-se na última etapa, onde a oportunidade de
negócio é explorada.
Para o processo de geração de spin-offs acadêmicos, NDONZUAU et. al.
(2002) propõem um modelo composto por quatro estágios. O primeiro gera e avalia as
idéias considerando a possível comercialização; o segundo considera estas idéias e
traduz as mais promissoras delas em genuínos projetos empreendedores; o seguinte
estágio executa os melhores projetos pela criação de novas firmas spin-offs; e o último
consolida e fortalece o valor criado por estas firmas. A figura abaixo ilustra o modelo
proposto e em seguida há uma maior explanação de cada um desses estágios:
52
Figura 3.1 Modelo de geração de spin-offs
Fonte: NDONZUAU et. al. (2002).
Estágio 1: gerar idéias de negócio
O propósito do primeiro estágio é produzir idéias de negócio, sugestões e
propostas dentro da comunidade científica para a exploração comercial. Nesse estágio
as duas maiores dificuldades sofridas pelas universidades são: (a) a cultura acadêmica, e
(b) a identificação interna. Quanto à cultura, há três aspectos que dificultam o processo:
a publicação que impera no meio acadêmico, o ponto de visto dos atores envolvidos (os
pesquisadores vêem o dinheiro como o meio para a pesquisa e os homens de negócio
vêem a ciência como o meio para obter dinheiro) e o fato de muitas pesquisas realizadas
pelos acadêmicos serem consideradas desinteressante sob o ponto de vista econômico.
Além disso, muitas universidades não possuem pessoas capacitadas para identificar
boas oportunidades de negócio.
Estágio 2: finalizar projetos de novas empresas
A proposta do segundo estágio é transformar a idéia mal estruturada que
foi escolhida no primeiro estágio em um projeto coerente e estruturado. O primeiro
passo é a proteção das idéias e em seguida o desenvolvimento das idéias de negócio,
abordando o desenvolvimento tecnológico, o comercial e o financeiro.
Estágio 3: lançar firmas spin-offs
O terceiro estágio consiste na criação de uma nova firma para explorar
uma oportunidade administrada por uma equipe profissional e apoiada por recursos
tangíveis (dinheiro e material) e intangíveis (humano). Além disso, deve-se levar em
consideração o relacionamento com a universidade tanto a nível institucional (entre
universidade e spin-off) quanto a nível pessoal (entre universidade e pesquisador).
Gerar
Finaliza
r
Lança
r
Fortalecer
Projeto de novas firmas
Idéias de negócio Spin-offs
Resultados
de pesquisa
Criação
de valor
econômico
53
Estágio 4: fortalecer a criação de valor econômico
Nesta etapa a empresa consolida as anteriores, gerando para a economia
local vantagens tangíveis (empregos, investimento, impostos etc.) e vantagens
intangíveis (renovação da economia, dinamismo empreendedor, constituição de centros
de excelência etc).
3.4 Spin-offs Acadêmicos em Diversos Países
No campo da produção e exploração do conhecimento existem muitas
oportunidades para pequenas empresas de alta tecnologia, e atenção relevante é
direcionada aos spin-offs de universidades e de institutos de pesquisa. CHIESA &
PICCALUGA (2000), a partir do levantamento de uma série de publicações, fazem uma
ilustração sobre os spin-offs acadêmicos em diversos países :
França. No início dos anos oitenta muitos pesquisadores construíram
empresas de alta tecnologia, principalmente de biotecnologia, inteligência artificial e
robótica. Através de pesquisas realizadas em 1988 e 1994 verificou-se que na França
cerca de um terço das novas empresas de alta tecnologia tem sido criadas por
pesquisadores do setor público. Além disso, perceberam que o sucesso dos spin-offs
depende especialmente da capacidade deles de estabelecer ligações com diferentes
atores: laboratórios de pesquisa, autoridades locais, clientes, outras empresas,
instituições de financiamento etc.
Suécia. Observa-se que a maioria dos spin-offs acadêmicos é fundado por
apenas 1 pessoa, somente um terço contém fundadores não acadêmicos e que menos de
um terço tinha um produto bem definido quando a empresa foi fundada. Além disso, a
maior parte dos fundadores é representada por pesquisadores com Ph.D. e que
interromperam suas ligações com as universidades.
Escócia. Muitos spin-offs têm sidos fundados com vagas motivações
comerciais e somente poucas foram iniciadas com o objetivo de um crescimento
relevante. Uma das motivações dos fundadores é simplesmente continuar com a
atividade de pesquisa deles e/ou providenciar algum trabalho para seus colaboradores.
Entre as motivações da universidade inclui a geração de rendimentos para financiar
departamentos ou o desejo de manter a motivação pessoal com maior espírito
empreendedor.
54
Holanda. No final da década de 70 a universidade técnica inicia a
implantação de políticas para os spin-offs, ajudando professores e outros a fundarem
companhias baseadas em tecnologia. Este programa até 2000 já havia apoiado a criação
de empregos de alta qualificação.
Itália. O sucesso dos spin-offs acadêmicos parece estar relacionados com
dois fatores maiores: (1) se o pesquisador/empreendedor tem a possibilidade de usar os
recursos da instituição de pesquisa de origem e/ou (2) se o produto já esta na etapa de
protótipo quando a universidade é abandonada. O status acadêmico italiano atua neste
processo influenciando os pesquisadores à escolha de soluções empreendedoras mais
leves, ao invés de mudanças radicais como o abandono das universidades, atitude típica
que ocorre sistema acadêmico norte-americano. O modelo italiano é caracterizado por
baixo nível de risco, juntamente com modestas taxas de crescimento.
Segundo BANK BOSTON (1997), o MIT (Massachusetts Institute of
Technology) tem impactado a economia dos Estados Unidos com seus spin-offs. Um
estudo realizado por ele identificou 4.000 empresas spin-offs do MIT que empregavam
1,1 milhão de pessoas, e geravam $232 bilhões de vendas anuais. Segundo a pesquisa,
desde 1990, 150 novas firmas têm surgido do MIT por ano. E se fosse constituída uma
economia com as 4.000 empresas spin-ffs do MIT ela seria a 24ª maior economia
nacional do mundo.
Outra importante descrição foi apresentada por SÁNCHEZ & PÉREZ
(2000). Segundo eles, em Aragón, Espanha, na Universidad de Zaragoza observa-se
que há poucos spin-offs. Isto ocorre devido às dificuldades experimentadas pelos
professores universitários em desenvolver alguma atividade empresarial permanecendo
na academia. Outra informação relevante é que os spin-offs acadêmicos existentes na
região de Aragón dedicam uma porção superior a 10% de seus faturamento a atividades
de P&D. Em 1997, com o objetivo de atuar facilitando o desenvolvimento de empresas
que surjam a partir de projetos universitários, surgiu na Espanha a “Red Entreprenari
Spin-off Académico”. No período de 1997 a 1999, percebe-se que esta organização deu
bons frutos, pois a “Red” contribuiu para a criação de 38 empresas inovadoras na
Espanha.
3.5 Spin-offs Acadêmicos no Brasil
55
Segundo TORKOMIAN (1997), os spin-offs acadêmicos têm se tornado
um caminho cada vez mais natural para o aproveitamento de resultados de pesquisas. Os
motivos que levam à sua formação são: a possibilidade de colocar no mercado uma
tecnologia gerada que é difícil ser transferida via universidade; e a expectativa de obter
ganhos financeiros.
Os dados de uma pesquisa realizada pela autora em duas universidades
públicas brasileiras mostraram que nenhum pesquisador-empreendedor deixou suas
atividades nas universidades para se aventurarem na criação de uma empresa, isso
porque essas instituições lhes garantem estabilidade, proporcionam liberdade de
trabalho e os colocam em contato com a elite intelectual do mundo inteiro. Além disso,
os acadêmicos que tiveram que optar entre a empresa criada e a carreira universitária
decidiram pela última. Em decorrência disso acredita-se que o estímulo à formação de
novos empreendimentos empresariais não cause perdas aos quadros de pesquisadores
das universidades.
Uma questão que tem sido vista com bons olhos junto à comunidade
acadêmica é a participação de alunos de graduação e pós-graduação na criação de
empresas a partir de resultados de pesquisa. Entretanto, para que isso se torne factível é
necessário capacitar esses alunos oferecendo à eles disciplinas que os instruam
gerencialmente, além de fornecer ferramentas para busca de recursos financeiros
(TORKOMIAN, 1997).
Através de um estudo de caso realizado em uma universidade pública
brasileira a Universidade Federal de São Carlos AZEVEDO (2005) fez as seguintes
considerações sobre a criação de empresas a partir de resultados de pesquisas:
1. Para o surgimento dos spin-offs acadêmicos é necessário que haja
a presença de entidades produtoras de conhecimento, de pesquisadores com perfil
empreendedor, de organizações de apoio e de programas de financiamento.
2. As responsabilidades e os riscos inerentes à criação de empresas
fica a cargo dos pesquisadores e alunos que tomaram estas iniciativas. A universidade
não faz qualquer tipo de investimento além do conhecimento transmitido a esses
empreendedores.
56
3. A criação de spin-offs beneficia toda a sociedade ao oferecer a
ela produtos e serviços cujo conhecimento e tecnologia são frutos de pesquisas
realizadas nas universidades.
4. As empresas criadas geram empregos onde prevalece o alto nível
de qualificação. Em decorrência do ramo de atividade dessas firmas, geralmente elas
empregam pouca mão-de-obra.
5. As relações entre as universidades e os spin-offs surgidos delas
são intensas e tendem a aumentar com a evolução das empresas.
6. Geralmente os pesquisadores, apesar de formarem uma empresa,
mantêm seus vínculos empregatícios com a universidade. Desta forma, a ligação das
empresas com as universidades tende a permanecer forte ao longo do tempo.
7. A satisfação em colocar a disposição da sociedade os resultados
de suas pesquisas e a possibilidade de obter bons retornos financeiros são as principais
motivações para a criação de empresas pelos pesquisadores.
8. Há poucos incentivos no meio acadêmico para a formação de
spin-offs, seja pelo excesso de burocracia como também pela falta de uma legislação
mais clara quanto à propriedade intelectual.
9. Geralmente, para se constituírem, os spin-offs necessitam de
suporte, isso pode ocorrer via instalação em uma incubadora ou por meio de programas
públicos de incentivos .
10. Os pesquisadores consideram que é importante existir programas
no meio acadêmico que incentivem o empreendedorismo. Entretanto observa-se que há
poucas ações nesse sentido.
11. As principais barreiras encontradas são: a necessidade de um
contínuo desenvolvimento tecnológico, a falta de capacitação gerencial por parte dos
pesquisadores que decidem criar uma empresa, e as pressões sofridas no ambiente
acadêmico em decorrência da cultura dessa instituição.
Além disso, AZEVEDO (2005) quebra alguns mitos existentes em
relação a criação de empresas por pesquisadores acadêmicos, de acordo com o autor:
- a perda de pesquisadores pela universidades é remota, pois
geralmente esses afirmam que não possuem nenhum interesse em abandonar suas
carreiras universitárias para trabalhar nas respectivas empresas;
57
- sempre houve a possibilidade de ocorrer a priorização da pesquisa
aplicada em detrimento da básica, ou seja, isso não decorre da aproximação da
universidade com a empresas por meio da criação de novos empreendimentos;
- é possível aliar publicação com proteção e não causar prejuízos a
sociedade, para isso basta atrasar um pouco a publicação até que a patente seja
depositada;
- os departamentos universitários que geram mais spin-offs não se
tornam mais fortes devido a isso, pois eles são os mesmos que já recebiam maiores
investimentos para a realização de pesquisa em decorrência da transferência de
tecnologia por meio dos mecanismos tradicionais;
- é difícil mensurar a dedicação que um pesquisador tem com sua
atividade acadêmica, pois da mesma forma que ele pode estar utilizando a estrutura
física da universidade pode também estar através de sua empresa trazendo novos
conhecimentos para a academia.
58
4. METODOLOGIA DA PESQUISA
Segundo BARBOSA FILHO (1980:11), “ o mundo, na sua infinita
grandeza e dinâmica de evolução, tem estimulado e desafiado a inteligência humana
para estudar-lhes os vários aspectos, acontecimentos, fenômenos etc. (...). No entanto,
não é possível entender e conhecer o mundo por magia, adivinhação, truque ou sonho.
Entende-se pelo estudo sistemático, pelo trabalho, utilizando-se instrumentos
apropriados.”
Com isso percebe-se a necessidade da realização de uma pesquisa para
que haja uma compreensão dos fenômenos que ocorrem no mundo. Para
MARCOVITCH (1991:17), uma pesquisa “consiste em coligir atos acerca de problema
específico, na mensuração desses fatos, na sua comparação com outros fatos ou com
verdades geralmente aceitas e, finalmente, na determinações de conclusões”.
Neste sentido faz-se necessário determinar uma metodologia de pesquisa
que estabeleça os métodos e técnicas apropriadas para se possa obter melhor
compreensão dos aspectos que circunscrevem o objeto de estudo.
Entende-se por método um conjunto de procedimentos que serve de
mecanismo para alcançar os fins da investigação e por técnicas, os instrumentos
auxiliares que concorrem para estes mesmos fins. É importante ressaltar que de forma
alguma os métodos e as técnicas asseguram o êxito da pesquisa, mas afastam do
caminho os empecilhos que podem prejudicar sua execução (ASTI VERA, 1979).
Outro ponto a ser ressaltado é que a metodologia de pesquisa pode ser
classificada como senso comum (espontânea) ou científica. O senso comum consiste na
fase inicial de uma pesquisa, onde os fatos são tratados de maneira casual, sem nenhum
sistema de controle. Já a metodologia científica é feita através de uma observação
sistemática e os dados são tratados racionalmente por meio de uma argumentação lógica
(BARBOSA FILHO, 1980).
Para realização desta pesquisa foi estabelecida uma metodologia
científica e isto se deu por meio da determinação do objetivo e da questão de pesquisa,
do método a ser utilizado, e da pesquisa de campo. A seguir estes assuntos serão
abordados com mais propriedade.
59
4.1 Tipos de Pesquisa
A pesquisa científica pode ser classificada em três categorias: a
bibliográfica, a descritiva e a experimental, sendo que geralmente as duas últimas são
precedidas da primeira. A pesquisa bibliográfica tem como premissa principal explicar
um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos. A experimental
possui como característica básica a manipulação direta das variáveis relacionadas com o
objeto de estudo. E a descritiva é realizada com o intuito de observar, registrar, analisar
e correlacionar fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los (CERVO &
BERVIAS, 1996).
O leque de formas assumido pela pesquisa descritiva é amplo, como
apresentado a seguir:
- estudo exploratório tem por objetivo familiarizar-se com o
fenômeno ou obter nova percepção do mesmo e descobrir novas idéias. É recomendável
quando há poucos conhecimentos sobre o problema a ser estudado;
- estudo descritivo refere-se ao estudo e à descrição das
características, propriedades ou relações existentes na comunidade, grupo ou realidade
pesquisada;
- pesquisa de opinião busca conhecer as atitudes e preferências
que as pessoas têm a respeito de algum assunto, com o objetivo de tomar decisões;
- pesquisa de motivação objetiva conhecer as razões
inconscientes e ocultas que levam as pessoas a certos comportamentos e atitudes;
- estudo de caso é uma pesquisa sobre indivíduos, família, grupo,
comunidade ou instituições para verificar e analisar alguns aspectos de suas existências;
- pesquisa documental é realizada uma investigação em
documentos com o objetivo de descrever e comparar usos, costumes, tendências,
diferenças e outras características.
O presente estudo constituiu uma pesquisa descritiva, pois objetiva
analisar e correlacionar fatos sem manipulá-los e a forma assumida por ele é um estudo
exploratório, já que há pouco conhecimento sobre spin-offs acadêmicos, ou seja, é uma
base teórica ainda em construção.
60
4.2 Objetivo da Pesquisa
A pesquisa científica consiste em buscar maior conhecimento dos
fenômenos do meio, que constituem o ambiente do homem (MARCOVITCH, 1991).
Um dos fenômenos que vêm se destacando nas últimas décadas é a cooperação entre a
universidade, o governo e as empresas.
Nesta linha de ações de cooperação destaca-se o surgimento dos spin-offs
acadêmicos, que são empresas que não existiriam caso uma determinada pesquisa não
houvesse sido realizada dentro da universidade.
Estas empresas são extremamente importantes para o cenário nacional,
pois criam empregos, geram divisas e proporcionam a difusão das tecnologias geradas
no meio acadêmico e que anteriormente muitas vezes ficavam restritas à universidade.
O objetivo principal deste trabalho é caracterizar os spin-offs acadêmicos
do Brasil, mas para isso será necessário atingir os seguintes objetivos secundários:
- obter a descrição da firma;
- verificar quais são os problemas enfrentados pelos spin-offs
acadêmicos;
- obter o ponto de vista dos fundadores dos spin-offs sobre a
transferência de tecnologia;
- verificar qual é o tipo de relação que os spin-offs mantêm com as
organizações de origem;
- verificar os fatores motivadores e inibidores do surgimento dos
spin-offs acadêmicos.
4.3 Questão de Pesquisa e Proposições
A questão de pesquisa que sintetiza o que está sendo buscado neste
trabalho é a seguinte: qual é o perfil dos spin-offs acadêmicos brasileiros?
Para orientar as atividades da pesquisa foram elaboradas algumas
proposições. A seguir elas são apresentadas:
1. Os spin-offs acadêmicos localizam-se próximos as universidades,
pois seus sócios ainda mantêm ligações com o meio acadêmico.
61
2. Acredita-se que por serem empresas constituídas a partir de
resultados de pesquisas, todos os spin-offs tenham patentes depositadas.
3. Geralmente os spin-offs acadêmicos são empresas de base
tecnológica, pois têm suas origens ligadas ao desenvolvimento de pesquisas.
4. No Brasil os spin-offs acadêmicos são formados sem a
participação de capitalistas de risco assim como ocorre com a maioria das empresas
fundadas no país.
5. Espera-se que todos os sócios tenham experiência acadêmica, já
que os spin-offs têm forte ligações com as universidades.
6. Acredita-se que a maioria dos spin-offs acadêmicos sejam micro e
pequenas empresas.
4.4 Pesquisa de Campo: método de pesquisa e coleta e obtenção de dados
Para LAKATOS & MARCONI (1991: 186), “pesquisa de campo é
aquela com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um
problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira
comprovar, ou ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles.”
4.4.1 Método de Pesquisa
Em uma compra de supermercado assim como em uma votação as
pessoas fazem as escolhas baseadas em suposições de como o mundo é e do que se pode
fazer para mudá-lo. Suposições são parte de interpretações pessoais sobre o mundo,
permeadas por boatos, experiências limitadas ou estudos casuais, tornando-as desta
forma ilegítimas (BACKSTROM & HURSH-CÉSAR, 1981). Para que uma pesquisa
científica não se valha de suposições faz-se necessário a utilização de um método
científico, pois ele fornece informações precisas, cuja validade pode ser checada.
Entre os métodos científicos passíveis de serem utilizados destaca-se o
survey (da palavra latina supervidere, observar), onde o pesquisador observa o objeto de
estudo e faz inferências sem disturbá-lo (JESSEN, 1978).
Segundo BACKSTROM & HURSH-CÉSAR (1981), a pesquisa survey
baseia-se em uma série de procedimentos ordenados que especificam quais informações
62
devem ser obtidas, de quem e como. Geralmente é utilizada quando as pessoas de quem
se necessita as informações são muitas e estão dispersas. Ainda de acordo com o autor a
pesquisa survey é:
- sistemática ela segue uma série de regras especificas, uma
lógica de operações formal e ordenada;
- imparcial ela seleciona unidades da população sem preconceitos
ou preferência;
- representativa ela inclui unidades que juntos são representativos
de um problema sob estudo e que a população é afetada por ela;
- baseada na teoria suas operações são guiadas por princípios
relevantes do comportamento humano e por leis matemáticas de probabilidade;
- quantitativa ela designa valores numéricos para características
não numéricas do comportamento humano de maneira que permite a interpretação
uniforme dessas características;
- possui monitoramento próprio seus procedimentos podem ser
projetados para revelar algumas distorções não planejadas ou quistas que podem
ocorrer;
- contemporânea permite obter dados atuais;
- replicável outras pessoas usando os mesmos métodos na mesma
maneira podem chegar essencialmente aos mesmos resultados.
Para FREITAS et. al (2000:109), “os dados obtidos com a pesquisa
survey devem ser analisados por meio de ferramental estatístico para a obtenção das
informação desejadas, devendo-se, para tanto, considerar o tipo de análise estatística
aplicável às variáveis em estudo”.
Entretanto, para que as técnicas estatísticas sejam utilizadas de maneira
apropriada é necessário que se estabeleça uma amostra representativa da população.
PERRIEN et. al (1984) e FINK (1995) citados por FREITAS et. al. (2000) afirmam
que a amostra utilizada na realização do survey pode ser de dois tipos: a probabilística e
a não probabilística. A primeira possui como característica principal o fato de todos os
elementos de uma população possuírem a mesma chance de serem escolhidos. Com
relação a amostra não probabilística pode-se dizer que é ela é obtida por meio de algum
63
tipo de critério e que os resultados obtidos com a pesquisa não podem ser
generalizáveis, pois todos os elementos da população não têm a mesma chance de ser
selecionado.
Segundo FREITAS et. al (2000:105-106), “a pesquisa survey é
apropriada como método de pesquisa quando:
- se deseja responder questões do tipo ‘o quê?’, ‘por quê?’, ‘como?’
e ‘quanto?’, ou seja, quando o foco de interesse é sobre ‘o que está acontecendo’ ou
‘como e por que isso está acontecendo’;
- não se tem interesse ou não é possível controlar as variáveis
dependentes e independentes;
- o ambiente natural é a melhor situação para estudar o fenômeno
de interesse;
- o objeto de interesse ocorre no presente ou no passado recente”.
Finalizando, é importante destacar que o survey é um procedimento
formal de coletar informação que é mais ou menos desligado da personalidade
valores, crenças, predisposição do pesquisador. Os valores pessoais são, naturalmente,
importantes para decidir quais problemas devem ser pesquisados e por qual método.
Entretanto, após a delimitação do método, o survey pode ser realizado razoavelmente
livre de inclinações pessoais. Isto permite produzir informações que são mais confiáveis
para tomada de decisões do que as opiniões e suposições do pesquisador
(BACKSTROM & HURSH-CÉSAR, 1981).
4.4.2 Mecanismos de Coleta de Dados
Independente do tipo da pesquisa, ela é realizada a partir da obtenção de
dados primários e/ou secundários. Os coletados pelo investigador da fonte original são
chamados de primários. Já os que haviam sido coletados por terceiros e que agora estão
disponíveis são conhecidos como dados secundários. Deve-se utilizar os dados
secundários com cautela, pois eles podem conter erros resultantes da transcrição da
fonte primária (SINGH & MANGAT, 1996).
64
Segundo RUIZ (1976), em uma pesquisa científica há três técnicas
principais para a realização da coleta dos dados primários: a entrevista, o questionário e
o formulário. Através da entrevista o pesquisador busca obter de forma direta com o
pesquisado as informações que lhe são pertinentes. Em relação ao questionário pode-se
dizer que ele possibilita a aplicação da pesquisa a um grande número de informantes,
pois estes são os responsáveis por escrever as respostas que julgam serem corretas. Por
último, há o formulário que aparentemente é similar ao questionário, mas que permite
maiores esclarecimentos pelo pesquisador já que é este que o preenche.
Complementando o que foi apresentado, CERVO & BERVIAN (1996)
apresentam as principais vantagens de cada uma das técnicas de coleta de dados. Para os
autores, a entrevista possibilita complementar a pesquisa através da aparência, do
comportamento e das atitudes do entrevistado. A aplicação de questionário permite
atingir simultaneamente um grande número de informantes e possibilita medir com
maior exatidão o que se deseja. Com relação ao formulário, destacam-se a possibilidade
de prestação de assistência pelo pesquisador e a garantia de uniformidade na
interpretação dos dados.
De acordo com SINGH & MANGAT (1996), os dados primários podem
ser coletados através de entrevista pessoal direta, questionário, entrevista por terceiros e
entrevista por telefone, sendo que o método a ser seguido tem que ser decidido
mantendo em vista os custos envolvidos e a precisão que se almeja.
No caso da entrevista pessoal direta o pesquisador contata o pesquisado
pessoalmente e o entrevista. O investigador pergunta as questões pertinentes ao objetivo
fim do survey e a informação é transcrita. Geralmente, este método possui uma taxa de
resposta boa e as informações obtidas são mais confiáveis. No entanto, maiores gastos e
tempo são requeridos para contatar todos.
O envio de questionários é mais adequado quando os objetos de estudo
encontram-se dispersos em uma ampla área. Embora o método seja menos custoso,
normalmente ele tem uma baixa taxa de retorno. O sucesso deste método depende do
talento na qual o questionário é projetado e a extensão na qual a cooperação dos
pesquisados é assegurada.
65
O outro método consiste na nomeação de terceiros para que perguntem
aos “respondentes” as questões contidas no questionário e o preenche. Eles devem ser
instruídos para serem pacientes e educados.
Por fim há a entrevista por telefone. Este modo de coletar dados também
pode prover economia. Entretanto, é desejável que o entrevistador conduza a entrevista
de forma curta e mantenha o interesse do pesquisado.
Neste trabalho a pesquisa de campo foi realizada por meio de aplicação
de questionários estruturados enviados via e-mail. Segundo CERVO & BERVIAN
(1996), o questionário é a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita medir
com melhor exatidão o que se deseja. Além disso, tem a vantagem de poder ser aplicado
simultaneamente a um grande número de informantes.
O questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma
série de perguntas, que devem ser respondidas sem a presença do entrevistador.
Geralmente, o pesquisador envia o questionário ao informante e este depois de
preenchido devolvê-o, mas observa-se que em média apenas 25 % dos questionários são
devolvidos. A seguir são apresentadas as vantagens e desvantagens de utilizar o
questionário como mecanismo de pesquisa (LAKATOS & MARCONI, 1991).
As vantagens são:
Economiza tempo, viagens e obtém grande número de dados.
Atinge maior número de pessoas simultaneamente.
Abrange uma área geográfica mais ampla.
Obtém respostas mais rápidas e mais precisas.
Há menos risco de distorção, pela não influência do pesquisador.
Há mais tempo para responder e em hora mais favorável.
Há mais uniformidade na avaliação, em virtude da natureza impessoal do
instrumento.
Obtém respostas que materialmente seriam inacessíveis.
E as desvantagens do uso do questionário são as seguintes:
Percentagem pequena dos questionários que voltam.
Grande número de perguntas sem resposta.
66
Impossibilidade de ajudar o informante em questões mal compreendidas.
A dificuldade de compreensão, por parte dos informantes, leva a uma
uniformidade aparente.
Na leitura de todas as perguntas, antes de respondê-las, pode uma questão
influenciar a outra.
A devolução tardia prejudica o calendário ou sua utilização. O desconhecimento
das circunstâncias em que foram preenchidos torna difícil o controle e a
verificação.
Nem sempre é o escolhido quem responde ao questionário, invalidando,
portanto, as questões.
Exige um universo mais homogêneo.
Os questionários foram enviados à empresas que poderiam ter surgido de
pesquisas desenvolvidas em treze universidades brasileiras. A seguir há uma breve
caracterização de cada uma destas universidades:
Universidade de São Paulo (USP)
A Universidade de São Paulo foi criada em 25 de janeiro de 1934 por
decisão do então governador do estado, Armando de Salles Oliveira. Hoje ela está
distribuída ao longo de seis campi universitários: um na capital e cinco no interior do
estado, nas cidades de São Carlos, Bauru, Piracicaba, Pirassununga e Ribeirão Preto.
Segundo dados do anuário estatístico da USP de 1999, havia 617 cursos,
sendo 130 de graduação, 257 de mestrado e 230 de doutorado. Além disso, a
universidade é formada por cerca de 40.000 discentes e 4.705 docentes.
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Em 5 de outubro de 1966 nascia oficialmente a Universidade Estadual de
Campinas, e ao longo dos anos tornou-se uma das referências acadêmicas do país.
Atualmente a UNICAMP compõe-se de 20 unidades de ensino e pesquisa, divididos em
10 institutos e 10 faculdades, possui 29.741 alunos e 2.050 professores distribuídos por
215 cursos.
67
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Em 7 de setembro de 1920 o então presidente do Brasil, Epitácio Pessoa,
criou a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Hoje ela é uma das maiores
universidades do país, abriga 60 unidades acadêmicas e institucionais.
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
A história da fundação da Universidade Federal do Paraná se consolida
em 1912. Após sua criação ela expandiu-se pelo estado e hoje possui campi em
Curitiba, no interior e litoral do Paraná, facilitando o acesso à educação e integrando
culturalmente o estado. Possui 272 cursos, 29.720 discentes e 2.039 docentes.
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
A Universidade Federal de Minas Gerais foi fundada em 1.927 mas
adquiriu este nome apenas em 1.965. Hoje ela conta com 243 cursos que são
ministrados a 34.421 alunos por 2.446 professores.
Universidade Federal do Pará (UFPA)
Foi criada em 2 de julho de 1957 por uma lei promulgada pelo Juscelino
Kubitscheck. Atualmente oferece 207 cursos, sendo 176 de graduação, 23 de mestrado e
8 de doutorado, possuindo 2.170 docentes e 35.378 discentes.
Universidade Federal do Ceará (UFC)
A Universidade Federal do Ceará foi fundada em dezembro de 1954.
Hoje ela é sediada em Fortaleza e possui uma área urbana de 233 hectares distribuídos
em três campi: Campus Benfica, Campus de Pici e Campus do Porangabussu.
Universidade Federal do Pernambuco (UFPE)
A historia desta universidade tem início em 11 de agosto de 1946 com a
fundação da Universidade de Recife. Hoje ela se tornou uma das maiores universidades
do Norte/Nordeste, fornecendo 238 cursos de graduação, mestrado, doutorado e
especialização a 34.586 alunos, cuja instrução cabe a 2.118 professores.
68
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
A criação da Universidade Federal de Santa Catarina ocorreu em 18 de
dezembro de 1960 com o intuito de reunir as faculdades existente no estado. Nos dias
atuais a UFSC possui 57 departamentos e 2 coordenadorias especiais, os quais integram
11 unidades universitárias. São oferecidos 39 cursos de graduação com 52 habilitações
nos quais estão matriculados 38.323 alunos. Há também 26 cursos de doutorado, 104
cursos de mestrado e 88 especializações.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Inicia-se em 1895 a história da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul com a fundação da Escola de Farmácia, mas ela só se consolida como UFRGS em
1947. Hoje a universidade é formada por 31.365 discentes e 2.615 docentes distribuídos
por 301 cursos de graduação e pós-graduação.
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
Fundada em 1968, a Universidade Federal de São Carlos ainda hoje é
única instituição federal de ensino superior localizada no interior do estado de São
Paulo, possuindo dois campi um em São Carlos e outro em Araras. As atividades da
UFSCar abrangem cerca de 7.600 alunos em cursos de graduação e programas de pós-
graduação.
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)
A PUC-RIO é uma instituição privada de ensino fundada em 1941 e
reconhecida em 1946. Possui cerca de 15.900 alunos distribuídos em 23 departamentos
e instruídos por 1.000 professores.
Universidade de Brasília (UNB)
Em 21 de abril de 1962 foi inaugurada a UNB de forma precária assim
como ocorreu com a capital brasileira que foi inaugurada em meio as construções. Já em
2004 a Universidade de Brasília contava com 396 laboratórios, 51 departamentos, 22
institutos e faculdades, 14 centros, cinco decanatos, cinco órgãos complementares, três
secretarias e um hospital veterinário, com duas unidades: uma de pequeno e outra de
69
grande porte. Toda esta infra-estrutura era para dar suporte aos seus 30.672 discentes e
1.293 docentes que ministravam em 200 cursos.
4.4.3 Obtenção dos Dados.
Como já foi dito anteriormente, o objetivo inicial da pesquisa de campo
era obter informações sobre spin-offs de treze universidades brasileiras. Com o intuito
de atingir este objetivo foram enviados questionários para empresas que estavam
incubadas ou associadas às incubadoras destas universidades e em alguns casos foram
enviados para empresas que possuíam estas mesmas relações com incubadoras próximas
às universidades.
Inicialmente foram enviados 547 e-mail, destes somente 452 puderam ser
considerados válidos, pois 95 voltaram devido a erros no endereço eletrônico ou porque
a caixa postal estava cheia.
Após a primeira chamada foram respondidos apenas 30 questionários,
gerando a necessidade de fazer a segunda chamada. Nesta etapa foram reenviados 422
e-mail e obteve-se a resposta de 57 empresas, perfazendo um total de 87 questionários
respondidos.
Considerando que o total de e-mail válidos foi de 452 e que os
respondidos totalizaram 87, obtém-se que a taxa de resposta foi de 19,25 %.
Entretanto, ao realizar a análise dos dados verificou-se que do total de
questionários respondidos 51 não eram spin-offs acadêmicos, ou seja, apenas 36
afirmaram ser spin-offs.
Além disso, três empresas que deram uma afirmativa como resposta não
puderam ser incluídas na amostra pesquisada, pois advinham de outras instituições
acadêmicas (Mackenzie, CEFET-MG e Southampton University).
Portanto, as informações apresentadas ao longo do próximo capítulo são
referentes a 33 spin-offs oriundos de 9 universidades brasileiras. A seguir, a Tabela 4.1
condensa todas estas informações.
70
71
4.5 Formas de Análise dos Resultados
Os dados obtidos pelo survey foram analisados conforme o modelo
proposto por MATTAR (1996) em RIBEIRO (2000). Seguindo o modelo a análise dos
dados foi feita em quatro fases:
1ª Fase: verificação foi feita uma inspeção impondo aos “dados brutos”
um padrão mínimo de qualidade. Os questionários dos spin-offs que não tinham origem
ligada às universidades apresentadas anteriormente foram retirados da amostra;
2ª Fase: codificação os dados foram categorizados através de um
procedimento técnico. Os dados foram codificados transformando informações
qualitativas em quantitativas para que pudessem ser analisadas;
3ª Fase: digitação houve a transferência dos dados obtidos para
planilhas eletrônicas. Estes dados obtidos através dos questionários foram transferidos
para planilhas do Excel e do SPSS ;
4ª Fase: tabulação após a inserção dos dados, foram utilizadas as
ferramentas do programa de estatística para auxiliar no processo de análise dos dados.
Acredita-se que o conhecimento obtido através da revisão bibliográfica,
os dados primários coletados por meio da pesquisas de campo e o aparato estatístico
proporcionou uma sólida base de conhecimento que permitiu realizar a análise dos
dados.
72
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos com o survey
realizado junto a 33 empresas, através do envio de questionários. Vale ressaltar que este
método de coleta de dados foi utilizado porque os objetos de pesquisa estão dispersos
pelo Brasil.
Os dados foram coletados durante o segundo semestre de 2005 e buscou-
se com as informações obtidas responder: qual o perfil dos spin-offs acadêmicos
brasileiros?
Para a realização da pesquisa, a definição de spin-offs acadêmicos
apresentada às empresas teve que ser simples e direta , pois a pesquisadora não poderia
ser contatada para tirar possíveis duvidas a respeito do questionário.
Portanto, estabeleceu-se que spin-offs acadêmicos são empresas que
surgiram a partir de resultados de pesquisas desenvolvidas em universidades. Esta
definição não restringe os spin-offs às empresas que tenham acadêmicos com sócios e
não é tão abrangente para incluir as empresas que foram criadas a partir do
conhecimento adquirido na universidade sem a execução de pesquisas.
As informações apresentadas mantém o sigilo das empresas, sendo que
em nenhum momento alguma delas foi nomeada. Além disso, o objetivo da pesquisa ao
identificar as universidades não é denegrir a imagem delas, mas sim dar um
direcionamento para as que encontram-se em situações críticas orientem-se pelas que
estão melhores.
Para responder a questão de pesquisa, este capítulo esta dividido em 5
tópicos: caracterização das empresas e dos sócios, cooperação universidade-empresa,
criação de spin-offs acadêmicos, opinião dos sócios e análise da correlação de algumas
variáveis.
5.1 Caracterização das Empresas e dos Sócios
Inicialmente serão apresentadas as características das empresas e logo em
seguida as dos sócios. O primeiro será mais amplo, pois se objetiva ao final do trabalho
73
apresentar um perfil destas empresas e o segundo, apesar de ser menor, possui respostas
a questões fundamentais sobre os sócios.
Empresa: localização e universidade de origem
Um fator que acaba por delimitar algumas características de todas as
empresas é o local onde elas se localizam, pois geralmente é nele que elas buscarão a
mão-de-obra, a tecnologia e o aporte financeiro inicial. No caso dos spin-offs
acadêmicos, a universidade de origem também tem uma importância significativa, isto
porque, ela proverá boa parte do conhecimento científico e tecnológico utilizado pelas
empresas como um “gatilho” inicial de suas atividades.
Nesta pesquisa buscou-se analisar spin-offs acadêmicos de diversas
partes do país, para que fosse possível elaborar um panorama, mesmo que parcial, do
cenário brasileiro.
Entretanto, devido às limitações da pesquisa, que serão expostas
posteriormente, não foi possível, abarcar empresas de todas as regiões do Brasil e nem
mesmo manter a uniformidade na quantidade de empresas analisadas de cada região.
Conforme pode ser observado na Tabela 5.1, a maior parte dos spin-offs
estudados, cerca de 61%, situa-se na região Sudeste, e o restante localiza-se na região
Sul, Centro-Oeste e Nordeste, representando respectivamente 24,2%, 9,1% e 6,1% da
amostra.
Tabela 5.1 Localização dos spin-offs acadêmicos.
Região (i) fi pi(%)
Sudeste 20
60,6
Sul 8
24,2
Nordeste 3
9,1
Centro-Oeste 2
6,1
Total 33
100,0
Inicialmente, havia a intenção de analisar spin-offs surgidos de 13
universidades de destaque no cenário nacional e até mesmo internacional. Entretanto,
não foram obtidos questionários de duas instituições acadêmicas e de outras duas os
74
questionários apontavam que as empresas, apesar de possuírem algum tipo de ligação
com as universidades, não eram spin-offs acadêmicos.
A distribuição das empresas entre as nove instituições restantes segue
como mostrado na Tabela 5.2 , onde é possível notar que as quantidades de spin-offs
da USP, UNICAMP e UFSC são as mais representativas da amostra. Observando a
tabela, verifica-se que estas universidades são representadas por 21,2 % da amostra,
cada uma. E que as outras são representadas por menos de 40 % da amostra.
Tabela 5.2 Universidade de origem.
Universidade (i) fi pi(%)
UFSC 7
21,2
UNICAMP 7
21,2
USP 7
21,2
UFC 3
9,1
UFRJ 3
9,1
PUC 2
6,1
UNB 2
6,1
UFPR 1
3,0
UFSCar 1
3,0
Total 33
100,0
Além de conhecer o espaço físico em que os spin-offs se localizam,
também é importante ter ciência das outras características destas empresas para que elas
possam ser melhor estudadas. A partir de agora, serão apresentadas as seguintes
informações sobre os spin-offs acadêmicos da amostra:
- Idade;
- Tamanho;
- Área de atuação;
- Escolaridade dos funcionários;
- Investimento em tecnologia;
- Patentes;
- Mercado de atuação; e
- Fontes de financiamento.
75
Empresa - Idade
O tempo de existência de uma empresa é um dado relevante, pois
geralmente ele influencia as outras características da empresa como, por exemplo, o
tamanho e o mercado de atuação. É senso comum que as empresas nascem menores e
tendem a crescer com o passar do tempo e que os mercados onde elas atuam tendem a
ser ampliados.
A amostra pesquisada registra uma maior incidência de empresas com
idades inferiores a 5 anos. Cerca de 61 % dos spin-offs estudados foram criados a partir
de 2000, conforme pode ser observado na Tabela 5.3.
Tabela 5.3 Ano de fundação da empresa.
Fundação (i) Fi pi(%)
1985 a 1990 2
6,1
1991 a 1995 4
12,1
1996 a 2000 7
21,2
2001 a 2005 20
60,6
Total 33
100,0
A baixa idade das empresas da amostra pode estar relacionada a dois
fatores: (a) as empresas foram buscadas em incubadoras e (b) o processo de formação
de spin-offs acadêmicos no Brasil é recente.
Não existe no país uma base de dados que identifique, quais empresas
são spin-offs e onde foram desenvolvidas as pesquisas que deram origem a elas. Em
decorrência deste fato, fez-se necessário buscar as empresas em locais próximos as
universidades e isto deu-se através dos sites de incubadoras situadas dentro das
instituições acadêmicas ou próximas a elas.
Nos sites das universidades há listagens de empresas incubadas,
graduadas ou associadas às incubadoras. Crê-se que a maioria das empresas que
responderam o questionário pertenciam a primeira categoria e que portanto, eram muito
jovens.
Por outro lado, deve-se considerar o fato de que por muito tempo a
legislação brasileira e a cultura acadêmica do país atrapalharam e até mesmo impediram
76
a criação de empresas a partir de resultados de pesquisas desenvolvidas em
universidades, o que já vinha acontecendo há décadas nos Estados Unidos e em alguns
países da Europa.
Acredita-se que isto está diretamente relacionado com o tempo de
existência destas empresas, fazendo com que a maioria dos spin-offs acadêmicos da
amostra tenha menos de cinco anos (Figura 5.1).
Figura 5.1 Ano de fundação dos spin-offs acadêmicos.
Fundação das empresas.
1980
1985
1990
1995
2000
2005
2010
0 5 10 15 20 25 30 35
Empresas
Ano
Empresa - Tamanho
Quando é feita uma análise do tamanho das empresas pesquisadas
percebe-se que a classificação varia conforme mudam os parâmetros. Seguindo o
critério do SEBRAE, todas as empresas são consideradas micro e pequenas (Tabela
5.4), já pelo critério do Estatuto das Micro e Pequenas Empresas (Lei Federal 9.841/99
atualizada pelo decreto 5.028/04), 12,1 % são classificadas como médias ou grandes
(Tabela 5.5).
Tabela 5.4 Tamanho dos spin-offs acadêmicos SEBRAE.
Tamanho (i) fi Pi
Micro 20
60,6
Pequena 11
33,3
Não responderam 2
6,1
Total 33
100,0
77
Tabela 5.5 Tamanho dos spin-offs acadêmicos Estatuto das Micro e Pequenas
Empresas.
Tamanho (i) fi pi(%)
Micro 21
63,7
Pequena 4
12,1
Média ou grande 4
12,1
Não responderam 4
12,1
Total 33
100,0
Para o SEBRAE, o tamanho de uma empresa é avaliado pelo número de
empregados que ela possui e pelo tipo de empresa que ela é (comércio ou indústria).
Uma característica positiva deste critério é que as informações são facilmente obtidas e
geralmente as empresas não passam dados distorcidos, já que a divulgação do número
de empregados não causa nenhum impacto negativo sobre a empresa.
Já a classificação das empresas pelo critério do Estatuto das Micro e
Pequenas Empresas possui algumas dificuldades, pois este requer que o faturamento da
empresa seja informado para que ela possa ser classificada. Entretanto, há algumas
empresas que temem informar o faturamento e outras que ao informar passam dados
errôneos. Um ponto positivo deste mecanismo de classificação é que as empresas que
atuam em áreas que demandam pouca mão-de-obra, mas que faturam muito e têm uma
grande expressão no mercado possam ser categorizadas corretamente como médias e
grandes empresas.
Estas diferenças entre os critérios implicam políticas públicas que se
adeqüem melhor a cada empresa, pois apesar de possuírem um número de funcionários
que as classificam de uma maneira e que portanto segundo as pesquisas demandam
determinado conjunto de ações do Estado, através de outros requisitos, como o
faturamento, nota-se que suas necessidades podem estar além daquelas apresentadas em
um primeiro momento.
78
Empresa - Área de atuação
A área em que atua a empresa serve como indicador de várias
características da empresa como, por exemplo, mercado alvo, necessidade de
investimento em tecnologia e necessidade de mão-de-obra.
No caso da amostra pesquisada verifica-se que a maior parte atua em
áreas tecnológicas, mas que se diferenciam quando pensadas em relação a matriz
tecnológica utilizada em cada uma.
Além disso, observa-se que algumas dessas áreas são mais demandantes
de investimento e outras mais dependentes de mão-de-obra. A seguir são listadas as 6
pricipais áreas em que as empresas analisadas se enquadram:
- Eletrônica;
- Tecnologia da informação;
- Ciência dos alimentos;
- Tecnologia ambiental;
- Biotecnologia; e
- Óptica.
Empresa Escolaridade dos funcionário
A qualificação do empregado envolvido nas atividades da empresa está
diretamente relacionada com a área em que ela atua e com a qualidade do produto ou
serviço que espera fornecer ao cliente.
Quando a empresa atua em uma área mais tecnológica, exige-se que ela
seja capaz de acompanhar o ritmo das transformações ocorrida no ambiente em que
está inserida, pois só desta maneira ela será capaz de perpetuar-se ao longo do tempo.
Além disso, quanto mais inovativo é o ambiente concorrencial onde o
spin-off atua, maior é a formação exigida dos empregados. De acordo com a Tabela 5.6,
os funcionários de 63,6 % das empresas pesquisadas têm pelo menos o ensino superior,
indicando a alta qualificação da mão-de-obra empregada por elas.
79
Tabela 5.6 Escolaridade dos funcionários.
Nível de escolaridade (i) fi pi(%)
Ensino Superior 16
48,5
Ensino Médio 5
15,2
Mestrado 4
12,1
Ensino Fundamental 3
9,1
Doutorado 1
3,0
Não responderam 4
12,1
Total 33
100,0
Empresa - Investimento em tecnologia
A constante transformação tecnológica e consequentemente o rápido
obsoletismo a que estão sujeitos os spin-offs acadêmicos que atuam em áreas
consideradas de alta tecnologia, impõem que estes permanentemente invistam em
tecnologia.
Isso pode ser verificado a partir dos dados apresentados na Tabela 5.7,
onde observa-se que 66,8 % da amostra realizaram algum tipo de investimento em
tecnologia em 2004 e que em média estas empresas investiram 27,9 % do faturamento.
Tabela 5.7 Investimento em tecnologia.
Investimento fi pi(%)
0 % 3
9,1
1 % a 20 % 10
30,3
21 % a 40 % 6
18,2
41 % a 60 % 4
12,1
61 % a 80 % 1
3,0
81 % a 100 % 1
3,0
Não responderam 8
24,2
Total 33
100,0
80
Entretanto, é importante visualizar a Figura 5.2 e observar que há uma
grande dispersão entre os dados como, por exemplo, entre uma empresa que investiu
100 % e outra que não investiu nada. Em decorrência disto, faz-se necessário realizar
uma análise sem considerar as empresas que estão no extremo, ou seja, aquelas que
investiram acima de 60 % do faturamento. Calculando a média do investimento das 23
empresas restantes, obtém-se que elas investiram em média 22,5 % do faturamento em
tecnologia.
Figura 5.2 Investimento em tecnologia.
Investimento em tecnologia.
0
20
40
60
80
100
120
0 5 10 15 20 25 30 35
Empresas
% do faturamento investido
Empresa - Patentes
Possuir uma patente própria ou obter o licenciamento de uma permite às
empresas se protegerem contra eventuais cópias de produtos (serviços) ou processos,
principalmente quando estes são inovativos e lucrativos.
Entretanto, a maioria dos spin-offs estudados não possui patentes
(próprias ou licenciadas), perfazendo um total de 60,6 % da amostra (Tabela 5.8). Isto
pode ser decorrente da burocracia existente no país para conseguir depositar uma
patente ou devido à inexperiência das universidades brasileiras com o processo de
patenteamento dos resultados de pesquisa.
Além disso, acredita-se que, por serem originadas de resultados de
pesquisas, estas empresas oferecem ao mercado um produto (serviço) altamente
inovativo e que portanto precisariam ser protegidas.
81
Tabela 5.8 Existência de patentes depositadas.
Categoria (i) fi Pi(%)
Não 20
60,6
Sim 13
39,4
Total 33
100,0
Outro fator importante é que mesmo sendo originários do meio
acadêmico, a maior parte da amostra pesquisada, detentora de patentes depositadas, as
tem por meios próprios, isto é, apenas 23,1 % das empresas com patentes têm a origem
destas nas universidades (Tabela 5.9).
Esperava-se que entre os spin-offs acadêmicos a porcentagem de patentes
depositadas pertencentes às universidades fosse maior, já que a maioria deles surgiu de
universidades públicas e portanto utilizou-se de recursos públicos para a geração de
benefícios privados.
Tabela 5.9 Origem das patentes.
Origem das patentes (i) fi pi(%)
Próprias 10
76,9
Universidades 3
23,1
Outras instituições 0
0,0
Total 13
100,0
Empresa - Mercado de atuação
Ao serem questionadas quanto ao principal mercado de atuação da
empresa, 54,5 % da amostra responderam o nacional. E para o internacional e o regional
obteve-se a resposta de 12,1 % e 27,3 %, respectivamente (Tabela 5.10).
Um ponto positivo observado a partir destes dados, é que mesmo a
pesquisa sendo desenvolvida em uma universidade, o impacto que ela gera é nacional,
pois seus produtos (serviços) são ofertados para todo o país. Além disso, mesmo em
82
uma proporção menor, algumas empresas exportam seus produtos, gerando divisas para
o Brasil.
Acredita-se que a maior parte da carteira de produtos destes spin-offs
sirva como substitutos aos importados, e que as empresas que atuam regionalmente
tendem a expandir suas atuações para o mercado nacional e posteriormente o
internacional.
Tabela 5.10 Mercado de atuação.
Mercado (i) fi pi(%)
Nacional 18
54,5
Regional 9
27,3
Internacional 4
12,1
Não responderam 2
6,1
Total 33
100,0
Empresa - Fontes de recursos financeiros
Para que a empresa se solidifique no mercado e perpetue-se ao longo do
tempo é necessário que haja recursos financeiros que permitam investir em tecnologia e
fidelizar o mercado.
Segundo os dados apresentados na Tabela 5.11, 84,8 % da amostra
utilizaram e utilizam recursos próprios. Entretanto, ressalta-se que a importância do
governo é significativa, pois muitas empresas utilizaram o dinheiro público através do
CNPq, da FINEP e das Fundações de apoio à pesquisa.
Vale destacar que no Brasil, diferentemente do ocorre em outros países,
pouco ou nenhum recurso é investido pelos capitalistas de risco nas empresas start-ups.
Isto pôde ser verificado nas empresas estudas, pois nenhum dos spin-offs acadêmicos
recebeu algum tipo de apoio financeiro destas instituições.
83
Tabela 5.11 Fontes de financiamento.
Fontes (i) fi pi(%)
Próprios 28
84,8
Fundação de apoio à pesquisa:
Fapesp, Faperj, Fapdf, etc.
13
39,4
CNPq 11
33,3
FINEP 7
21,2
Bancos Comuns 3
9,1
BNDES 0
0,0
Capital de Risco 0
0,0
Outros 3
9,1
Não responderam 2
6,1
Observação: havia a possibilidade de serem escolhidas até 3
alternativas para este item, por isso a porcentagem de cada
opção é calculada individualmente.
Sócios características gerais
Os resultados obtidos indicam que a maior parte das empresas
pesquisadas possui três ou mais sócios, o que representa 60,6 % da amostra (Tabela
5.12). Talvez este dado esteja relacionado com o fato das pesquisas acadêmicas serem
realizadas por um grupo de pesquisa.
Além disso, destaca-se que uma quantidade de sócios maior permite à
empresa aumentar a capitalização inicial e cria a possibilidade de complementação entre
as habilidades deles.
Tabela 5.12 Quantidade de sócios.
Quantidade (i) fi pi(%)
Dois 13
39,4
Três 10
30,3
Quatro 6
18,2
Cinco 4
12,1
Total 33
100,0
84
Os dados apresentados sobre os sócios são referentes a um total de 100,
que foi obtido multiplicando a primeira coluna da tabela anterior pela segunda e
somando os valores.
Uma característica de destaque observada nos spin-offs acadêmicos é que
eles são criados por pessoas de elevado nível educacional. Muitos, 45 %, têm pós
graduação, sendo que, 24 % fizeram doutorado, 17 % mestrado, 3 % MBA e 1 % pós-
doutorado (Tabela 5.13). Esta alta qualificação dos sócios reforça a ligação existente
entre eles e o meio acadêmico.
Tabela 5.13 – Formação acadêmica dos sócios.
Formação (i) fi pi(%)
Ensino Superior 31
31,0
Doutorado 24
24,0
Mestrado 17
17,0
Ensino Médio ou Técnico 5
5,0
MBA 3
3,0
Pós-doutorado 1
1,0
Não responderam 19
19,0
Total 100
100,0
Quanto à faixa etária dos sócios das empresas pesquisadas pode-se dizer
que há um equilíbrio. A Tabela 5.14 mostra que 30 % dos sócios possuem entre 21 e 30
anos, 30 % entre 31 e 40, e 26 % entre 41 e 50 anos. Os dados indicam que não são só
os mais experientes em pesquisas que “se aventuram” em criar uma empresa, pois
alguns sócios ao término da graduação fundaram os spin-offs acadêmicos.
85
Tabela 5.14 Faixa etária dos sócios.
Idade (i) fi pi(%)
Até 20 1
1,0
21 a 30 30
30,0
31 a 40 30
30,0
41 a 50 26
26,0
51 a 60 5
5,0
61 a 70 7
7,0
Não responderam 1
1,0
Total 100
100,0
A maioria dos sócios (54%) afirmou que possui entre 1 e 5 anos de
experiência empresarial (Tabela 5.15). Acredita-se que isto ocorra porque a maior parte
das empresas pesquisadas possui menos de 5 anos de existência.
É importante destacar que talvez os sócios não tenham compreendido que
a experiência empresarial referia-se tanto ao período anterior a formação do spin-off
acadêmico quanto ao posterior. Este fato pôde ser observado porque 5 sócios afirmaram
não possuir nenhuma experiência em empresas apesar de possuírem no mínimo o tempo
de existência da empresa como experiência.
Ainda de acordo com os dados obtidos, 41 sócios pesquisados possuem
apenas experiência empresarial por meio dos spin-offs acadêmicos, o que representa 41
% da amostra.
Tabela 5.15 Tempo de experiência empresarial.
Experiência empresarial (anos)
fi pi(%)
Nenhuma 5
5,0
1 a 5 54
54,0
6 a 10 20
20,0
11 a 15 6
6,0
16 a 20 8
8,0
21 a 25 2
2,0
acima de 25 4
4,0
Não responderam 1
1,0
Total 100
100,0
86
Reforçando a forte ligação dos sócios dos spin-offs com o meio
acadêmico, a Tabela 5.16 mostra que 36 % têm mais de seis anos de experiência como
pesquisador ou como professor e que apenas 14 % não possui nenhuma experiência
deste tipo na academia.
Tabela 5.16 Tempo de experiência acadêmica.
Experiência acadêmica (anos) fi pi(%)
Nenhuma 14
14,0
1 a 5 32
32,0
6 a 10 11
11,0
11 a 15 11
11,0
16 a 20 8
8,0
acima de 20 6
6,0
Não responderam 18
18,0
Total 100
100,0
5.2 Cooperação universidade-empresa
Segundo os dados apresentados na Tabela 5.2, quase 94 % das empresas
pesquisadas vêm de universidades públicas. Portanto, esperava-se que houvesse um
amplo apoio destas instituições no processo de formação dos spin-offs acadêmicos, já
que estes criam novos empregos, geram divisas ao Estado e consequentemente
dinamizam a economia local.
Entretanto, a Tabela 5.17 aponta que menos de 40 % da amostra
receberam algum tipo de apoio das universidades. Além disso, a maioria das empresas
que recebeu apoio afirmou que estes eram referentes a infra-estrutura física e cursos.
Crê-se que isto esteja diretamente relacionado com o fato dos questionários terem sido
enviados a empresas que tinham algum tipo de ligação com incubadoras e que portanto
ofereciam a elas cursos de aprimoramento e espaço físico.
É importante destacar que duas empresas que afirmaram não terem
recebido nenhum tipo de apoio da universidade localizam-se dentro delas.
87
Tabela 5.17 Apoio recebido das universidades de origem.
Apoio (i) fi pi(%)
Não 18
54,5
Sim 13
39,4
Não responderam 2
6,1
Total 33
100,0
Apesar da maioria das empresas não ter recebido nenhum tipo de apoio,
69,6 % dos spin-offs localizam-se próximos às universidades e distam delas até 5
quilômetros. Além disso, 24,2 % da amostra situam-se nas universidades,
provavelmente dentro das incubadoras.
Estes dados podem ser vistos na Tabela 5.18 e sugerem que a maioria dos
spin-offs localiza-se próxima às universidades porque estas são fontes contínuas de
informação e devido à relação existente entre os sócios das empresas e as instituições
acadêmicas. Além disso, como dito anteriormente, as universidades que possuem
incubadoras oferecem incentivos às empresas.
Tabela 5.18 Distância entre a universidade e o spin-off acadêmico.
Distância fi pi(%)
Dentro da universidade 8
24,2
1 a 5 km 15
45,4
6 a 10 km 2
6,1
11 a 15 km 2
6,1
16 a 20 km 2
6,1
acima de 20 3
9,1
Não responderam 1
3,0
Total 33
100,0
Outra informação importante é que a maioria das empresas estudadas
mantém ações de cooperação com a universidade da qual ela se originou. Conforme a
Tabela 5.19, 54,5 % realizam pesquisa em cooperação, 42,4 % utilizam os laboratórios
88
e serviços técnicos e 36,4 % possuem relações informais com integrantes do meio
acadêmico.
Entre as empresas que realizam pesquisa em cooperação, estão dois dos
três spin-offs que possuem patentes depositadas cuja propriedade é da universidade de
origem da pesquisa acadêmica.
Já entre os que utilizam os laboratórios e serviços técnicos das
universidades, quatro estão localizadas dentro das incubadoras das universidades. E
nove empresas que possuem relações informais com os integrantes do meio acadêmico
distam menos de 5 quilômetros das universidades.
Tabela 5.19 Tipos de cooperação entre os spin-offs e o meio acadêmico.
Tipo de cooperação fi pi(%)
Pesquisa em cooperação 18
54,5
Utilização dos laboratórios e
serviços técnicos
14
42,4
Relações informais 12
36,4
Consultoria 6
18,2
Contratação de recursos humanos 5
15,2
Nenhuma 5
15,2
Não responderam 1
3,0
Observação: havia a possibilidade de serem escolhidas até 3
alternativas para este item, por isso a porcentagem de cada opção
é calculada individualmente.
5.3 Criação de Spin-offs Acadêmicos: motivações e dificuldades antes e pós
fundação.
Os dados mostram que 84,8 % dos spin-offs acadêmicos foram criados a
partir da identificação de oportunidades de mercado (Tabela 5.20). Isso indica que as
pesquisas que deram origem a elas tinham um forte aspecto prático e possuíam valor de
mercado para serem transferidas. Corroborando com esta afirmação, 48,5 % das
empresas estudadas apontaram que elas foram criadas devido à necessidade de aplicar o
conhecimento em questões práticas.
89
Um fato a ser destacado é que apenas 6,1 % das empresas apontaram a
necessidade de interação com o mercado para enriquecer a atividade acadêmica como
uma das motivações para a criação dos spin-offs. Este fato merece destaque porque
muitos que defendem a utilização do dinheiro público em pesquisas que possam dar
origem a empresas usam este argumento.
As razões financeiras também merecem destaque entre as motivações,
pois foram citadas por um terço da amostra. Estas razões podem englobar tanto a
necessidade de aumentar os rendimentos quanto a fuga ao desemprego.
A necessidade de obter retorno sobre a qualidade de trabalho realizado e
a aversão à burocracia existente nas universidades para atender clientes externos são
fatores do meio acadêmico que fizeram com que algumas empresas fossem criadas.
Tabela 5.20 – Fatores que motivaram o surgimento dos spin-offs acadêmicos.
Motivações (i) fi pi(%)
Identificação de oportunidades de mercado 28
84,8
Necessidade de aplicar o conhecimento acadêmico
em questões práticas
16
48,5
Razões financeiras 11
33,3
Obtenção de sucesso pessoal 7
21,2
Necessidade de obter retorno sobre a qualidade do
trabalho realizado
6
18,2
Necessidade de ser mais independente 5
15,2
Necessidade de explorar a experiência (não
necessariamente acadêmica)
3
9,1
Necessidade de interação com
o mercado para
enriquecer a atividade acadêmica
2
6,1
Aversão à burocracia existente nas universidades
para atender clientes externos
1
3,0
Outros 2
6,1
Não responderam 3
9,1
Observação: havia a possibilidade de serem escolhidas até 3 alternativas para
este item, por isso a porcentagem de cada opção é calculada individualmente.
90
Com exceção da “falta de capacitação gerencial”, da “aversão ao risco” e
da “estabilidade no emprego”, todas as principais barreiras citadas são referentes a
fatores ambientais. Isto mostra que para diminuir as barreiras que existem para a
formação de um spin-off acadêmico é necessária a ação do Estado através de programas
governamentais.
Cerca de 52 % da amostra responderam que a principal barreira para o
surgimento das empresas foi a falta de capacitação gerencial (Tabela 5.21). Acredita-se
que isto seja resultado do meio em que os sócios estavam inseridos, o meio acadêmico.
Onde por muito tempo não foram transmitidos aos seus integrantes conhecimentos
administrativos que os capacitassem a gerir uma empresa.
A “reação dos colegas de trabalho” e as “restrições impostas pela
universidade” são barreiras impostas pelo ambiente da universidade e apesar do baixo
peso atribuídos a elas é importante que políticas institucionais sejam elaboradas para
que as instituições acadêmicas possam contribuir mais efetivamente como o processo de
formação de spin-offs.
As outras barreiras referem-se a fatores do macro ambiente brasileiro que
dificultam o surgimento de qualquer tipo de empresa como, por exemplo, a taxação
excessiva e a instabilidade econômica do país, citadas respectivamente por 51,5 % da
amostra e 21,2 %.
91
Tabela 5.21 Fatores que dificultaram o surgimento dos spin-offs acadêmicos.
Barreiras (i) fi pi(%)
Falta de capacitação gerencial 17
51,5
Taxação excessiva 17
51,5
Falta de recursos financeiros 15
45,5
Burocracia excessiva para criar uma empresa 8
24,2
Falta de apoio público 7
21,2
Instabilidade econômica do país 7
21,2
Reação dos colegas de trabalho 2
6,1
Restrições impostas pela universidade 2
6,1
Aversão ao risco 1
3,0
Estabilidade no emprego 1
3,0
Outros 3
9,1
Não responderam 2
6,1
Observação: havia a possibilidade de serem escolhidas até 3 alternativas para
este item, por isso a porcentagem de cada opção é calculada individualmente.
Depois de constituídos, os spin-offs acadêmicos ainda enfrentam diversos
problemas, e o principal para 60,6 % da amostra é a falta de recursos financeiros
(Tabela 5.22). Talvez este problema esteja relacionado com os dados apresentados na
Tabela 5.11, onde é possível verificar que geralmente os fundadores das empresas
utilizam capital próprio e que não há investimento por parte dos capitalistas de risco.
Os outros problemas enfrentados pelas empresas são referentes à falta de
capacitação gerencial dos sócios, representados pelas dificuldades nas áreas de
desenvolvimento, produção, distribuição, estimação da demanda, etc.
É importante destacar que cerca de 18 % da amostra escolheu a
alternativa “outros” , o que a coloca na quarta posição empatada com outras duas
alternativas, por isso faz-se necessário citar quais foram os problemas apresentados
pelas empresas. A seguir são listadas os 5 problemas apontados pelas 6 empresas:
- Taxação excessiva;
- Dificuldade em encontrar mão-de-obra especializada;
- Falta de capacitação gerencial;
92
- Divulgação; e
- Falta de um sistema nos centros de pesquisa que permita a participação
de pesquisadores no desenvolvimento de empresas às quais tenham
algum tipo de vínculo.
Tabela 5.22 Problemas enfrentados depois do estabelecimento dos spin-offs.
Problemas (i) fi pi(%)
Falta de recursos financeiros 20
60,6
Questões comerciais 17
51,5
Problemas técnicos no desenvolvimento e
produção
10
30,3
Uma estimação errada da demanda de mercado 6
18,2
Problemas entre os proprietários 6
18,2
Problemas na administração de recursos humanos 5
15,2
Dificuldade com a distribuição 3
9,1
Problemas de relacionamento com o grupo de
pesquisa que obteve o resultado que deu origem a
empresa
1
3,0
Problemas com patentes 1
3,0
Problemas contratuais 0
0,0
Outros 6
18,2
Não responderam 1
3,0
Observação: havia a possibilidade de serem escolhidas até 3 alternativas para
este item, por isso a porcentagem de cada opção é calculada individualmente.
5.4 Opinião dos sócios dos spin-offs acadêmicos
As empresas foram questionadas sobre a eficiência dos spin-offs
acadêmicos como mecanismo de transferência de tecnologia das universidades para a
sociedade e verificou-se que 94 % deram uma resposta afirmativa (Tabela 5.23).
Apenas uma empresa não considerou que os spin-offs constituem um
meio eficiente de transferência. A resposta surpreende não apenas pelo fato da empresa
93
ser um spin-off, mas também porque ela possui uma forte ligação como a universidade,
utilizando os laboratórios, realizando pesquisa em cooperação e buscando consultoria.
Além disso, a empresa está fortemente estabelecida no mercado regional, possuindo
mais de 10 anos de existência e faturando em 2004 acima de R$ 2.133,222,00.
Tabela 5.23 Spin-offs como meio eficiente de transferência de tecnologia.
Categoria (i) fi pi(%)
Sim 31
94,0
Não 1
3,0
Não responderam 1
3,0
Total 33
100,0
Observa-se a partir dos dados da Tabela 5.24, que 60,6 % da amostra
considera que não há ações e programas governamentais que incentivem a formação de
empresas a partir de resultados de pesquisas do meio acadêmico.
Isto pode indicar que os sócios dos spin-offs desconhecem as ações
como, por exemplo, a nova lei da inovação, ou que consideram tais movimentos
insuficientes para incentivar a formação de mais empresas.
Além disso, apesar de 60,6 % da amostra dizerem que não existem ações
governamentais de incentivo, 50 % destes utilizaram dinheiro público através do CNPq,
FINEP e Fundações de Apoio à Pesquisa.
Tabela 5.24 Existência de programas governamentais
Existência de incentivo (i) fi pi(%)
Não 20
60,6
Sim 12
36,4
Não responderam 1
3,0
Total 33
100,0
Outro dado relevante é a avaliação que as empresas, por meio de seus
sócios, fazem dos incentivos ofertados pelo ambiente acadêmico à formação de spin-
offs. Observa-se que a maioria das empresas (60,6 %) deu nota igual ou abaixo de 5 e
que a média da avaliação foi baixa, resultando em uma nota de 4,23 (Tabela 5.25 e
Figura 5.3). Talvez isto tenha relação com os dados apresentados anteriormente na
94
Tabela 5.17, pois muitos não receberam nenhum tipo de apoio da universidade de
origem após sua fundação.
Além disso, confrontando os dados observa-se que mesmo as empresas
que não avaliaram positivamente o ambiente universitário brasileiro quanto aos
incentivos possuem algum tipo de relacionamento/cooperação com a universidade de
origem e que todas as que não possuem nenhuma ligação deram notas abaixo de 5,
sendo que nestas a média é de 1,8.
Tabela 5.25 Avaliação do meio acadêmico brasileiro.
Avaliação (i) fi pi(%)
0 a 5 20
60,6
6 a 10 11
33,3
Não responderam 2
6,1
Total 33
100,0
Figura 5.3 Avaliação do meio acadêmico brasileiro
Avaliação do meio acadêmico.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0 5 10 15 20 25 30 35
Empresas
Nota
95
5.5 Análise da Correlação de Algumas Variáveis
A partir dos dados obtidos e já apresentados é possível fazer um
“confronto” entre as variáveis e observar se existe correlação linear entre elas
1
. A
análise da correlação linear é feita através do cálculo do coeficiente (r) e é avaliado de
acordo com os seguintes parâmetros (FRANCISCO, 1995):
- Se –0,3 < r < 0,3: correlação muito fraca;
- Se –0,6 < r < 0,3 ou 0,3 < r < 0,6: correlação relativamente baixa;
- Se –1,0 < r < 0,6 ou 0,6 < r < 1,0: correlação forte;
- Se r = 0 : não há correlação; e
- Se r = 1 ou r = -1: correlação perfeita.
Através do “confronto” dos dados de 9 variáveis foi possível identificar 8
casos onde ocorre uma correlação relativamente baixa, 26 onde a correlação é muito
fraca e que portanto pouco pode ser concluído sobre as relações e 2 casos onde não
correlação (Anexo 2). A seguir serão apresentados os nove casos onde foi possível
identificar algum nível de correlação e será feita uma análise em cada um.
A Tabela 5.26 mostra a relação que há entre a escolaridade dos
funcionários e o tamanho da empresa. Nota-se que as empresas cujos funcionários
possuem menor escolaridade são as que possuem um porte maior. Talvez isto decorra
do fato destas empresas atuarem no setor industrial, enfatizando mais a área de
produção do que a de desenvolvimento e consequentemente demandando um outro tipo
de mão-de-obra.
1
Ressalta-se que para utilizar esta ferramenta estatística foi necessário transformar alguns dados
qualitativos em quantitativos, por exemplo, os dados referentes ao grau de escolaridade dos funcionários
foram transformados em 6 faixas de categoria e numeradas de 1 a 6, separadas em Ensino Fundamental,
Ensino Médio, Ensino Superior, Mestrado, Doutorado e Pós-doutorado. Uma implicação importante da
utilização deste mecanismo é que muitas informações foram perdidas ao agrupar os dados em faixas, no
exemplo anterior não há uma separação clara entre as empresas cuja a maioria dos funcionários tenham
terminado o Ensino Fundamental e os que cursaram apenas 1 ou 2 anos do Ensino Fundamental, isto faz
com que ambos os casos se enquadrem na faixa 1.
96
Tabela 5.26 Escolaridade dos funcionários X Tamanho da Empresa.
1 1 1 3
3,0% 3,0% 3,0% 9,1%
3 1 1 5
9,1% 3,0% 3,0% 15,2%
10 3 2 1 16
30,3% 9,1% 6,1% 3,0% 48,5%
4 4
12,1% 12,1%
1 1
3,0% 3,0%
2 2 4
6,1% 6,1% 12,1%
21 4 4 4 33
63,6% 12,1% 12,1% 12,1% 100,0%
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
Ensino Fundamental
Ensino Médio
Ensino Superior
Mestrado
Doutorado
Não responderam
Escolaridade
dos funcionários
Total
Micro Pequena
Média ou
grande
Não
responderam
Tamanho da empresa
Total
A escolaridade dos funcionários dos spin-offs acadêmicos está
diretamente relacionada com a localização da empresa. Observando a Tabela 5.27,
percebe-se que a maioria dos empregados da região Nordeste possui apenas o Ensino
Fundamental enquanto que na região Sudeste a maioria possui o Ensino Superior.
Tabela 5.27 Escolaridade dos funcionários X Localização.
3 3
9,1% 9,1%
3 2 5
9,1% 6,1% 15,2%
1 11 4 16
3,0% 33,3% 12,1% 48,5%
3 1 4
9,1% 3,0% 12,1%
1 1
3,0% 3,0%
1 3 4
3,0% 9,1% 12,1%
3 2 20 8 33
9,1% 6,1% 60,6% 24,2% 100,0%
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
Ensino Fundamental
Ensino Médio
Ensino Superior
Mestrado
Doutorado
Não responderam
Escolaridade
dos funcionários
Total
Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul
Região onde se localiza a empresa
Total
As variáveis da Tabela 5.28 possuem uma correlação negativa, ou seja,
variam inversamente, quanto mais nova a empresa maior o investimento em tecnologia
realizado por ela. Acredita-se que nos primeiros anos de vida a exigência em tecnologia
seja maior para poder superar as barreiras impostas pelas empresas que já atuam a mais
tempo e para fidelizar o consumidor.
97
Tabela 5.28 Investimento em tecnologia X Idade da Empresa.
1 1 2 4
3,0% 3,0% 6,1% 12,1%
1 3 4 2 10
3,0% 9,1% 12,1% 6,1% 30,3%
1 5 6
3,0% 15,2% 18,2%
4 4
12,1% 12,1%
1 1
3,0% 3,0%
1 1
3,0% 3,0%
1 1 5 7
3,0% 3,0% 15,2% 21,2%
2 4 7 20 33
6,1% 12,1% 21,2% 60,6% 100,0%
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
0 %
1% a 20%
21 % a 40 %
41 % a 60 %
61 % a 80 %
81 % a 100 %
Não responderam
Porcentagem
do faturamento
investido em
tecnologia
Total
1985 a
1990
1991 a
1995
1996 a
2000
2001 a
2005
Ano de fundação
Total
Reforçando o que foi apresentado anteriormente, observa-se que quanto
menor a empresa maior será o investimento em tecnologia realizado por ela. Crê-se que
isto esta relacionada com o fato das empresas menores geralmente atuarem em áreas
mais demandantes de tecnologias e também pelo fato de serem mais novas e
consequentemente necessitarem de um maior investimento em tecnologia para se
firmaram no mercado (Tabela 5.29).
Tabela 5.29 Investimento em tecnologia X Tamanho da Empresa.
1 1 1 1 4
3,0% 3,0% 3,0% 3,0% 12,1%
5 1 3 1 10
15,2% 3,0% 9,1% 3,0% 30,3%
5 1 6
15,2% 3,0% 18,2%
4 4
12,1% 12,1%
1 1
3,0% 3,0%
1 1
3,0% 3,0%
4 1 2 7
12,1% 3,0% 6,1% 21,2%
21 4 4 4 33
63,6% 12,1% 12,1% 12,1% 100,0%
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
0 %
1% a 20%
21 % a 40 %
41 % a 60 %
61 % a 80 %
81 % a 100 %
Não responderam
Porcentagem
do faturamento
investido em
tecnologia
Total
Micro Pequena
Média ou
grande
Não
responderam
Tamanho da empresa
Total
As empresas que melhor avaliam o ambiente acadêmico brasileiro são
aquelas que mais investem em tecnologia. Isto pode indicar que elas tenham uma
relação maior com as universidades com o propósito de realizar os investimento de que
98
necessitam, buscando nestas novos conhecimentos e parcerias para a realização de
pesquisas (Tabela 5.30).
Tabela 5.30 Investimento em tecnologia X Avaliação.
3 1 4
9,1% 3,0% 12,1%
7 3 10
21,2% 9,1% 30,3%
5 1 6
15,2% 3,0% 18,2%
2 2 4
6,1% 6,1% 12,1%
1 1
3,0% 3,0%
1 1
3,0% 3,0%
3 3 1 7
9,1% 9,1% 3,0% 21,2%
20 11 2 33
60,6% 33,3% 6,1% 100,0%
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
0 %
1% a 20%
21 % a 40 %
41 % a 60 %
61 % a 80 %
81 % a 100 %
Não responderam
Porcentagem
do faturamento
investido em
tecnologia
Total
0 a 5 6 - 10
Não
responderam
Avaliação do ambiente universitário brasileiro
Total
Uma correlação clássica observada é que geralmente as empresa menores
são as mais novas. Isto pode ser notado através dos dados apresentados na Tabela 5.31,
onde se percebe que quase 100 % das empresas com menos de 5 anos são micro-
empresas.
Tabela 5.31 Idade da empresa X Tamanho da empresa.
1 1 2
3,0% 3,0% 6,1%
1 2 1 4
3,0% 6,1% 3,0% 12,1%
4 1 2 7
12,1% 3,0% 6,1% 21,2%
15 1 4 20
45,5% 3,0% 12,1% 60,6%
21 4 4 4 33
63,6% 12,1% 12,1% 12,1% 100,0%
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
1985 a 1990
1991 a 1995
1996 a 2000
2001 a 2005
Ano de
fundação
Total
Micro Pequena
Média ou
grande
Não
responderam
Tamanho da empresa
Total
Os dados da Tabela 5.32 mostram que, proporcionalmente, as empresas
que mais possuem patentes depositadas são as que foram criadas há mais tempo. Isto
pode ser uma indicação de que depois de se estabelecerem, as empresas buscam
proteger suas idéias para não permitirem cópias e para dificultarem a entrada de novas
empresas no mercado.
99
Tabela 5.32 Idade da empresa X Existência de patentes depositadas.
2 2
6,1% 6,1%
2 2 4
6,1% 6,1% 12,1%
3 4 7
9,1% 12,1% 21,2%
6 14 20
18,2% 42,4% 60,6%
13 20 33
39,4% 60,6% 100,0%
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
1985 a 1990
1991 a 1995
1996 a 2000
2001 a 2005
Ano de
fundação
Total
Sim Não
Existência de
patentes depositadas
Total
A Tabela 5.33 indica que o depósito de patentes está diretamente
relacionado com o tamanho da empresa, ou seja , existe uma correlação positiva entre as
duas variáveis. As empresas maiores e que estão estabelecidas há mais tempo no
mercado buscam proteger seus produtos (serviços) e processos para manterem a posição
que galgaram ao longo do tempo.
Tabela 5.33 Tamanho da empresa X Existência de patentes depositadas.
7 14 21
21,2% 42,4% 63,6%
1 3 4
3,0% 9,1% 12,1%
4 4
12,1% 12,1%
1 3 4
3,0% 9,1% 12,1%
13 20 33
39,4% 60,6% 100,0%
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
fi
pi
Micro
Pequena
Média ou grande
Não responderam
Tamanho
da empresa
Total
Sim Não
Existência de
patentes depositadas
Total
100
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo buscou obter maior compreensão a respeito dos spin-offs
acadêmicos. E isto deu-se através de uma pesquisa survey realizada junto a 33 empresas
oriundas de 9 universidades.
De forma resumida, pode-se dizer que a maioria das empresas foi criada
a partir de 2001 e que é caracterizada pela alta qualificação tanto dos sócios quanto dos
empregados, isto porque as áreas em que atua, geralmente são demandantes de alto
potencial tecnológico.
Além disso, a maior parte das empresas possui um porte micro, atua
nacionalmente e é formada por mais de dois sócios. Uma característica importante dos
spin-offs estudados é que apesar de serem oriundos de instituições acadêmicas e de
terem desenvolvido nelas pesquisas que deram origem às empresas, poucas possuem
patentes próprias ou licenciadas pelas universidades.
Com relação ao envolvimento das universidades com estas empresas,
percebe-se que ele permanece forte, apesar da maioria não ter recebido apoio para a
fundação dos spin-offs. Observa-se também que mais da metade das empresas situam-se
próximas às universidades de origem e que apenas 15,2 % afirmaram não realizar
nenhum tipo de cooperação com as instituições acadêmicas.
Quanto a principal motivação para a criação das empresas destaca-se a
identificação de oportunidades de mercado, isto indica que as pesquisas tinham forte
orientação prática e que os acaêmicos estavam capacitados a identificar estas
oportunidades.
Entretanto, percebe-se que semelhante a que ocorre com a maioria das
empresas brasileiras, muitos spin-offs tiveram dificuldades com a falta de capacitação
gerencial, a taxação excessiva e a falta de recursos financeiros.
Por fim, nota-se que a maioria dos sócios não está satisfeita com a
situação encontrada no Brasil em relação aos incentivos à formação de spin-offs
acadêmicos, pois 60,6 % disseram que não há apoio governamental e 54,5 % avaliaram
o ambiente acadêmico com notas abaixo de 5.
O Quadro 6.1 apresenta de forma consolidada os principais resultados
obtidos com a pesquisa de campo, a primeira coluna apresenta as características
101
analisadas, a segunda os resultados e a última, a base em que foram calculadas as
porcentagem obtidas na coluna anterior.
Quadro 6.1: Consolidação dos principais resultados obtidos na pesquisa
Característica Resultado Observação
Idade 60,6 % das empresas têm menos de 5 anos Base=33 spin-offs
Tamanho 63,7 % são micro-empresas Base=33 spin-offs
Escolaridade dos
funcionários
A maioria dos funcionários de 63,7 % da amostra têm pelo
menos o ensino superior
Base=33 spin-offs
Investimento em
tecnologia
66,8 % das empresas realizaram algum investimento em
tecnologia em 2004 e em média investiram 27,9 % do
faturamento
Base=33 spin-offs
Patentes depositadas 60,6 % não têm patentes próprias ou de terceiros Base=33 spin-offs
Mercado de atuação O principal mercado de atuação para 54,5 % das empresas é o
nacional
Base=33 spin-offs
84,8 % utilizaram recursos próprios para financiar a empresa Base=33 spin-offs
Mais do que uma
opção poderiam
ser escolhidas
Fonte de recursos
financeiros
Menos de 50 % utilizaram o dinheiro público como fonte de
recursos financeiros
Base=33 spin-offs
Mais do que uma
opção poderiam
ser escolhidas
Quantidade de sócios 60,6 % das empresas possuem 3 ou mais sócios Base=100 sócios
Experiência
empresarial
Apenas 5 % afirmaram não possuir nenhuma experiência
empresarial
Base=100 sócios
Experiência
acadêmica
68 % têm experiência acadêmica como pesquisador ou
professor
Base=100 sócios
Apoio da
universidade
54,5 % não receberam nenhum tipo de apoio da universidade
para a criação da empresa
Base=33 spin-offs
Distância da
universidade
69,6 % distam até 5 km da universidade de origem Base=33 spin-offs
Cooperação com a
universidade
Apenas 15,2 % não realizam atividades de cooperação com a
universidade de origem
Base=33 spin-offs
Mais do que uma
opção poderiam
ser escolhidas
Principal motivação
para a criação da
empresa
A identificação de oportunidade de mercado foi a principal
motivação para a criação de 84,8 % das empresas
Base=33 spin-offs
Mais do que uma
opção poderiam
ser escolhidas
Principal barreira
para a criação da
empresa
A falta de capacitação
gerencial e a taxação excessiva foram
as principais dificuldades encontradas por 51,5 % das
empresas para o seu estabelecimento
Base=33 spin-offs
Mais do que uma
opção poderiam
ser escolhidas
Principal dificuldade
encontrada depois da
criação da empresa
P
ara 60,6 % a falta de recursos financeiros é o principal
problema enfrentado pela empresa depois de sua criação
Base=33 spin-offs
Mais do que uma
opção poderiam
ser escolhidas
Spin-offs acadêmicos
e a transferência de
tecnologia
94,0 % das empresas consideram que os spin-offs acadêmicos
constituem um mecanismo eficiente de transferência de
tecnologia das universidades para a sociedade
Base=33 spin-offs
Incentivos
governamentais
60,6 % das empresas consideram que não há incentivos
governamentais para a criação de spin-offs acadêmicos
Base=33 spin-offs
Avaliação do
ambiente acadêmico
brasileiro
54,5 % deram notas abaixo de 5 ao ambiente universitário
brasileiro em relação aos incentivos à formação de spin-offs
Base=33 spin-offs
102
6.1 Considerações Baseadas nos Resultados
Para executar a pesquisa partiu-se de 6 proposições. Este tópico apresenta
algumas considerações baseadas nestas proposições.
Seguindo as informações da primeira proposição verificou-se, com os
dados do survey, que os spin-offs tendem a se situar próximos às universidades e que
mantêm diversas formas de relacionamento com elas, como por exemplo, pesquisa em
cooperação, utilização de infra-estrutura e relações informais entre os sócios e os
acadêmicos.
Ressalta-se que a maioria das empresas estudadas foi contatada a partir
de informações de incubadoras de universidades ou situadas próximas a elas. Portanto, a
pequena distância entre os spin-offs da amostra e as universidades pode estar
relacionada a este fato.
Além disso, deve-se levar em consideração que a proximidade permite
que os spin-offs mantenham-se atualizados, já que atuam em uma área onde as
mudanças são constantes e o rápido obsoletismo dos produtos (serviços) é inevitável.
Esperava-se, de acordo com a segunda proposição, que todos os spin-offs
analisados tivessem patentes depositadas ou licenciadas. No entanto, verificou-se que
isto não pode ser corroborado, pois apenas 39,4 % da amostra possuem patentes
próprias ou licenciadas pelas universidades.
Dentre as 33 empresas estudadas, 31 advêm de universidades públicas.
Isto significa que foram utilizadas verbas do Estado para a execução da pesquisa e que,
portanto, era de se esperar que elas trouxessem benefícios financeiros às universidades
via pagamento de royalties.
Entretanto, para cobrar destas empresas o direito pelo uso dos resultados
de pesquisa é necessário que as universidades estejam capacitadas a patentear os
resultados e instruir os grupos de pesquisas sobre seus direitos e deveres quanto às
pesquisas realizadas dentro das universidades.
Além disso, é necessário que exista uma legislação nacional e normas
acadêmicas que normalizem os procedimentos para que todos os envolvidos tenham
ciência de como deve ser executado o processo de formação de um spin-off.
103
A terceira proposição expõe que geralmente os spin-offs acadêmicos são
empresas de base tecnológica (EBTs). Adaptando o que foi apresentado por SANTOS
& PEREIRA (1989), é possível selecionar três aspectos que caracterizam as EBTs:
- alta capacitação dos envolvidos na atividade empresarial, tanto os
sócios quanto os funcionários;
- dinâmica tecnológica na área de atuação; e
- elevada porcentagem do faturamento investido em tecnologia.
Quando se fala em empresa de base tecnológica, a formação acadêmica
dos que a compõe é logo lembrada, isto porque esta característica indica a capacidade
que as empresas possuem para atuarem em uma área baseada em constantes inovações
tecnológicas. A alta qualificação dos sócios e funcionários pôde ser verificada nos spin-
offs estudados.
Além disso, as áreas em que as EBTs atuam são marcadas por uma
dinâmica própria, onde o que hoje é considerado totalmente inovador, amanhã pode ser
completamente obsoleto. Uma destas áreas onde os spin-offs da amostra atuam é a da
biotecnologia, as outras estão citadas no capítulo anterior.
Por fim, não se pode esquecer do investimento em tecnologia. A maior
parte das empresas estudadas investiu mais de 20 % do faturamento de 2004 nesta área.
Isto mostra a preocupação e a compreensão que os sócios destas firmas têm em relação
a importância de se manterem à frente ou pelo menos acompanharem os avanços
tecnológicos.
Os dados obtidos com a pesquisa de campo corroboram os dizeres da
quarta proposição, pois observou-se que nenhum spin-off acadêmico estudado obteve
recursos financeiros de capitalistas de risco. Talvez isto deva-se a distância que existe
no Brasil entre a academia e os capitalistas de risco, fazendo com que estes
desconheçam o real potencial destas empresas.
A quinta proposição é referente a experiência acadêmica dos sócios. É
possível perceber que quase todos possuem alguma experiência na academia como
pesquisador ou professor. Isto indica que possivelmente os spin-offs foram criados pelas
pessoas que participaram das pesquisas que deram origem aos spin-offs, ou que pelo
menos, devido ao fato de estarem inseridos no meio acadêmico, possuíam contato com
os profissionais que a desenvolveram.
104
Os spin-offs acadêmicos estão há pouco tempo na agenda de pesquisa das
universidades brasileiras, diferente dos Estados Unidos que já pesquisam isto há muitos
anos. Talvez isto justifique o fato da maioria dos spin-offs estudados serem de porte
micro, como citado pela sexta proposição, pois como o debate no território nacional
ainda é incipiente poucos vêem a criação de empresas com mecanismo de transferência
de tecnologia e poucos vislumbram a possibilidade de criar uma empresa a partir de
resultado de pesquisa.
6.2 Sugestões de Pesquisas Futuras
Com o intuito de aprofundar o conhecimento sobre spin-offs acadêmicos
obtido neste estudo serão apresentados alguns direcionamentos para novas pesquisas.
A primeira sugestão é referente a relação existente entre as políticas e
programas acadêmicos de incentivo à formação de spin-offs e o desempenho
econômico e tecnológico destas empresas. Poderia ser feita uma análise que busca-se
compreender como diferentes universidades, com suas características, influenciam o
desenvolvimento dos spin-offs.
Ainda neste sentido poderia ser feita uma análise que investigasse como
o macro-ambiente onde a universidade está inserida interfere na criação de empresas a
partir de resultados de pesquisas, buscando identificar seus fatores motivacionais e as
barreiras.
Outra sugestão é a busca pela compreensão das razões que fazem com
que os spin-offs acadêmicos não sejam licenciados pelas universidades, já que
geralmente foram gastos dinheiro público para o incentivo e a realização das pesquisas
que deram origem a estas empresas.
Verificar como os spin-offs acadêmicos interferem na matriz tecnológica
de um país pode ser objetivo de um outro estudo. Isto porque muitas vezes estas
empresas estão relacionadas ao desenvolvimento de tecnologias incrementais que
podem substituir as importações e tecnologias radicais que criam novas indústrias para o
país.
Outra sugestão é realizar uma comparação entre os spin-offs acadêmicos
do Brasil e de outros países, por exemplo, os da Suécia e da Escócia. A maioria dos
105
spin-offs suecos possuem só um proprietário, no Brasil nenhuma das empresas
pesquisadas foi criada apenas por uma pessoa. Com relação à Escócia, observa-se que
poucas empresas foram criadas com motivações comerciais, já no caso brasileiro
verificou-se que quase 85 % das empresas foram criadas devido a identificação de uma
oportunidade de mercado.
Por último, mas não menos importante, há a possibilidade de comparar os
spin-offs acadêmicos às outras empresas e verificar se as políticas públicas demandadas
por eles são semelhantes.
6.3 Limitações da Pesquisa
Apesar deste trabalho ter sido realizado através de um survey, suas
conclusões não podem ser generalizadas, pois a amostra utilizada não era
probabilística. Isto porque, com foi dito anteriormente, este estudo é exploratório e
portanto não havia nenhum banco de dados ou alguma outra referência que indicasse
quais empresas eram spin-offs, para que elas pudessem ser analisadas.
Outra limitação decorrente deste fato foi a identificação dos spin-offs
acadêmicos. Foi necessário enviar 547 e-mail e reenviar 422 para obter uma amostra
com 33 empresas.
Além disso, por ser o Brasil um país com dimensões continentais e
possuir um meio acadêmico disperso, necessitou-se selecionar apenas algumas
universidades para que fosse realizada a busca de seus spin-offs. Isto fez com que
houvesse a interferência da pesquisadora na determinação da amostra.
Um fato importante é que a coleta de dados foi obtida através do envio
de questionários, por isso foi necessário que as questões fossem fechadas e mais
abrangentes para que houvesse um maior número de respostas, fazendo com que as
informações obtidas fossem simples e diretas.
Além disso, a coleta de dados desta maneira pode ter levado a obtenção
de erros, pois não é possível assegurar que quem respondeu o questionário foi um dos
sócios da empresas e que houve uma completa compreensão do que estava sendo
questionado.
106
Por fim, outro problema encontrado foi a impossibilidade, devido ao
tamanho da amostra, de utilizar algumas ferramentas estatísticas, como por exemplo, o
Teste Qui-quadrado.
6.4 Considerações Finais
Conclui-se que o trabalho atingiu seu objetivo fim, pois foi capaz de
responder a questão de pesquisa e apresentar o perfil dos spin-offs acadêmicos do
Brasil. Além disso, foi possível verificar as proposições apresentadas inicialmente.
A principal contribuição do estudo foi aumentar o conhecimento sobre
spin-offs acadêmicos contribuindo para a ampliação deste campo teórico que no Brasil
ainda está em construção.
A criação de empresas como mecanismo de transferência de tecnologia
das universidades para a sociedade proporciona avanços tecnológicos (ampliação do
aporte tecnológico do país), econômicos (geração de divisas ao Estado), sociais (criação
de novos empregos) e acadêmicos (difusão do conhecimento) para os países.
Entretanto, para que estes benefícios sejam gerados é necessário que haja
a ação conjunta de diversos atores, tais como, bancos, poder público, capitalistas de
risco, incubadoras e institutos de pesquisa.
Cabe ressaltar que muitas transformações ainda são necessárias para que
deste o início da vida acadêmica os alunos vislumbrem a possibilidade de aproveitar
diversas “tecnologias de prateleiras”, ou seja, aproveitar as muitas tecnologias que estão
disponíveis nas universidades e que permanecem arquivadas por muito tempo.
Uma destas transformações é o ensino e a preparação dos discente e dos
docentes para sejam capazes de identificar oportunidades de mercado e para que estejam
capacitados a gerir uma empresa.
Outra mudança deve ocorre na cultura e nas normas institucionalizadas
dentro do ambiente acadêmico, pois muitos professores ainda consideram que a
atividades das universidades devem estar desligadas das empresariais.
É possível observar que a formação de spin-offs acadêmicos constitui
uma forma eficiente de transferir para a sociedade o conhecimento gerado nas
universidades, por isso este mecanismo precisa ser debatido e algumas de suas
107
pendências, como a faltas de patentes, devem ser resolvidas para que mais benefícios
possam ser gerados por ele.
Por fim, acredita-se que com o passar do tempo e com uma maior
discussão sobre as potencialidades dos spin-offs acadêmicos, mais empresas surgirão e
maior será o impacto que elas trarão à sociedade, pois com o esclarecimento dos atores
envolvidos muitas das barreiras que hoje impedem seus crescimentos deixarão de
existir.
“If you can’t explain
it simply, you don’t
understand it well
enough”.
(Albert Einstein)
108
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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122
ANEXO I: Questionário para a pesquisa de campo
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
1. Em que ano a empresa foi fundada?
2. Qual é o ramo de atividade da empresa?
3. A empresa é formada por quantos sócios?
( ) 1 .
( ) 2 .
( ) 3.
( ) 4 .
( ) 5.
( ) acima de 5.
4. Quais são as características dos sócios?
Formação Acadêmica Idade
Experiência acadêmica
como
professor/pesquisador
(anos)
Experiência
empresarial
(anos)
Sócio 1
Sócio 2
Sócio 3
Sócio 4
Sócio 5
5. Qual é a quantidade de empregados que a empresa possui?
Se for indústria:
( ) até 19.
( ) de 20 a 99.
( ) de 100 a 499.
( ) 500 ou mais.
Se for comércio e serviço:
( ) até 9.
( ) de 10 a 49.
( ) de 50 a 99.
( ) 100 ou mais.
123
6. Qual é o grau de escolaridade da maioria dos empregados?
( ) Ensino fundamental.
( ) Ensino médio.
( ) Ensino superior.
( ) Mestrado.
( ) Doutorado.
( ) Pós-doutorado.
7. Qual foi o faturamento da empresa no ano passado?
( ) até R$ 433.755,14.
( ) acima de R$ 433.755,14 até R$ 2.133.222,00.
( ) acima de R$ 2.133.222,00.
8. Qual foi a percentagem do faturamento investido em tecnologia no ano
passado?
9. A empresa tem patente depositada? (Escolha mais de uma opção se for
necessário.)
( ) Não.
( ) Sim, patente própria. Quantas?..................
( ) Sim, patente oriunda de universidades. Quantas?..................
( ) Sim, patente oriunda de outras instituições. Quantas?..................
10. Qual o mercado de atuação da empresa?
( ) Regional.
( ) Nacional.
( ) Internacional.
11. Quais foram as principais fontes de recursos financeiros utilizados pela
empresa? (Priorizar as três principais.)
( ) Próprios.
( ) CNPq.
( ) FINEP.
( ) BNDES.
( ) Bancos Comuns.
( ) Capital de Risco.
( ) Fundação de apoio a pesquisa: Fapesp, Faperj etc.
( ) Outros.
124
12. A empresa é um spin-off acadêmico, ou seja, surgiu a partir de alguma
pesquisa desenvolvida em uma universidade? (Ir para a questão 17 caso a
resposta seja não.)
( ) Sim.
( ) Não.
13. A pesquisa acadêmica que serviu de base para a geração da empresa foi
desenvolvida em qual universidade?
14. A universidade ofereceu algum tipo de apoio para a formação da empresa?
( ) Sim. Que tipo de apoio?..................
( ) Não.
15. Que tipo de relação/cooperação há entre a empresa e a universidade da qual ela
se originou? (Priorizar as três principais enumerando-as.)
( ) Nenhuma.
( ) Utilização dos laboratórios e serviços técnicos.
( ) Consultoria.
( ) Contratação de Recursos Humanos.
( ) Pesquisa em cooperação.
( ) Relações Informais.
16. A empresa localiza-se próxima à universidade? Qual é a distância?
( ) Não. A distancia é:
( ) Sim. A distância é:
17. Quais foram os fatores que motivaram a criação da empresa? (Priorizar as três
principais enumerando-as.)
( ) Identificação de oportunidades de mercado.
( ) Necessidade de aplicar o conhecimento em aplicações práticas.
( ) Razões financeiras.
( ) Necessidade de explorar a experiência.
( ) Aversão à burocracia.
( ) Obter sucesso pessoal.
( ) Necessidade de ser mais independente.
( ) Necessidade de interação com o mercado para enriquecer a atividade acadêmica.
( ) Necessidade de um retorno sobre a qualidade do trabalho.
( ) Outros. Quais? .........................................
125
18. Quais foram as principais barreiras para a fundação da empresa? (Priorizar as
três principais enumerando-as.)
( ) Falta de capacitação gerencial.
( ) Aversão ao risco.
( ) Burocracia excessiva para criar uma empresa.
( ) Estabilidade no emprego.
( ) Reação dos colegas de trabalho.
( ) Restrições impostas pela universidade.
( ) Taxação excessiva.
( ) Instabilidade econômica do país.
( ) Falta de apoio público.
( ) Falta de recursos financeiros.
( ) Outros. Quais?.......................................
19. Quais foram os principais problemas enfrentados pela empresa depois que ela
já estava estabelecida? (Priorizar as três principais enumerando-as.)
( ) Falta de recursos financeiros.
( ) Questões comerciais.
( ) Uma estimação errada da demanda de mercado.
( ) Dificuldade com a distribuição.
( ) Problemas técnicos no desenvolvimento e produção.
( ) Problemas na administração de recursos humanos.
( ) Problemas entre os proprietários.
( ) Problemas contratuais.
( ) Problemas de relacionamento com o grupo de pesquisa que obteve o resultado
que deu origem a empresa.
( ) Problemas com patentes.
( ) Outros. Quais?...........................................
20. Você acredita que a formação de spin-offs acadêmicos (empresas surgidas a
partir de resultados de pesquisas desenvolvidas em universidades) constitui um
meio eficiente de transferência tecnológica da universidade para a sociedade?
( ) Sim.
( ) Não.
126
21. Você considera que os programas governamentais incentivam a formação de
spin-offs acadêmicos?
( ) Sim.
( ) Não.
22. Com relação aos incentivos à formação de spin-offs acadêmicos, que nota você
daria para o ambiente universitário brasileiro ?
( ) 0
( ) 1
( ) 2
( ) 3
( ) 4
( ) 5
( ) 6
( ) 7
( ) 8
( ) 9
( ) 10
127
ANEXO II: Coeficiente de correlação linear
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