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SARAH COSTA DRUMOND
VALORES DE REFERÊNCIA DE PAMETROS
ESPIROMÉTRICOS EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES COM DIFERENTES ÍNDICES DE
MASSA CORPORAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
BELO HORIZONTE
2006
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SARAH COSTA DRUMOND
VALORES DE REFERÊNCIA DE PAMETROS
ESPIROMÉTRICOS EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES COM DIFERENTES ÍNDICES DE
MASSA CORPORAL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Medicina, Área de concentração:
Saúde da Criança e do Adolescente, da
Faculdade de Medicina da Universidade Federal
de Minas Gerais, como requisito parcial para
obtenção do grau de Mestre em Medicina.
Orientadora: Dra. Maria Jussara Fernandes
Fontes
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE MEDICINA
BELO HORIZONTE
2006
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Drumond, Sarah Costa
D795e Estudo dos valores de referência de parâmetros espirométricos
em crianças e adolescentes com diferentes índices de massa
corporal/Sarah Costa Drumond. Belo Horizonte, 2006.
84f.
Dissertação.(Mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais.
Faculdade de Medicina.
Área de concentração: Saúde da Criança e do Adolescente
Orientadora: Maria Jussara Fernandes Fontes
1.Espirometria/métodos 2.Espirometria/tendências 3.Valores de
referência 4.Índice de massa corporal 5.Circunferência braquial
6.Testes de função respiratória 7.Criança 8.Adolescente I.Título
NLM: WS 280
CDU: 616.24-053.2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE MEDICINA
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO SAÚDE DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Reitor: Prof. Ronaldo Tadêu Pena
Vice-Reitora: Heloisa Maria Murgel Starling
Pró-Reitor de Pós-Graduação: Prof. Jaime Arturo Ramirez
FACULDADE DE MEDICINA
Diretor: Francisco José Penna
Vice-diretor: Tarcizo Afonso Nunes
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO SAÚDE DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
Coordenador: Prof. Joel Alves Lamounier
Subcoordenador: Prof. Eduardo Araújo de Oliveira
Colegiado:
Prof. Eduardo Araújo de Oliveira
Profª Ivani Novato Silva
Prof. Marco Antônio Duarte
Prof. Marcos Borato Viana
Profª. Regina Lunardi Rocha
Prof. Roberto Assis Ferreira
Rute Maria Velásquez Santos (Representante Discente)
Aos meus pais, que nunca mediram esforços para
minha formação, pelo incentivo e apoio sempre.
Ao Marcelo, pela paciência e compreensão,
Ao meu filho, Vítor, razão da minha existência, por
todas as horas tomadas do nosso convívio
.
AGRADECIMENTOS
A Deus, onipresente;
À Professora Maria Jussara F Fontes, pela calma, sensibilidade e apoio,
mostrando-se amiga e preocupada em todos os momentos;
À Maria da Glória Rodrigues Machado, pelo exemplo, pelo suporte científico
durante a elaboração desta dissertação e pelo tempo gasto com a leitura da
mesma;
Ao Dr. Marco Antônio Duarte, pela disponibilidade e pelas trocas de idéias;
À Dra. Irmingard de Assis, pela colaboração e incentivo;
Ao Dr. Joel Lamounier, sempre prestativo no esclarecimento de dúvidas;
Às crianças e seus familiares, que aderiram e participaram dos testes e das
entrevistas;
Aos colegas, pelos momentos de companheirismo;
A todos aqueles que contribuíram para a efetivação desta dissertação;
Ao Departamento de Pediatria, que proporcionou a mudança no programa de pós-
graduação tornando-se multi profissional, permitindo assim a minha entrada;
A meus pais e irmãos, obrigada pelo amor, apoio e incentivo.
Ao Marcelo, obrigada pelo carinho, estímulo e compreensão pela minha ausência
em vários momentos, durante o longo tempo dedicado à concretização desta
empreitada.
Ao meu filho, Vítor, por me dar forças para finalizar este trabalho.
RESUMO
A espirometria, considerada padrão ouro para a identificação e acompanhamento
de pacientes com doenças pulmonares, é uma técnica de medida da função
pulmonar muito utilizada em estudos sobre fisiologia respiratória. Para a análise
das medidas espirométricas obtidas, recomenda-se a comparação com valores de
referência. Entretanto, muitas vezes, a escolha de determinada equação de
referência poderá acarretar falhas e resultar na caracterização ou não de
determinado distúrbio ventilatório em certos indivíduos, por inadequação da
equação à população estudada.
O estado nutricional tem papel fundamental na integridade do sistema
respiratório. A obesidade e a desnutrição podem afetar a parede torácica (tórax,
abdome e os músculos respiratórios), determinando alterações na função
pulmonar. Por esse motivo, as equações de referência para a espirometria utilizam
variáveis antropométricas, para explicar a função pulmonar.
Devido à impossibilidade de aferir o peso e a altura em determinados grupos
de pacientes, a análise da função pulmonar torna-se prejudicada, pois as
equações de referência existentes utilizam essas medidas antropométricas como
variáveis explicativas para a função pulmonar. Visto que o uso da circunferência
do braço, que reflete o estado nutricional, é uma medida alternativa para casos em
que não é possível obter o peso, a estatura e a envergadura, resolvemos propor
uma equação de referência, que utilizasse a circunferência do braço como variável
explicativa nas equações de referência para CVF e VEF
1
. Foram propostas duas
equações de referência finais para CVF e VEF
1
, uma utilizando-se idade e
circunferência do braço e a outra utilizando-se altura e peso como variáveis
independentes, em crianças e adolescentes com diferentes índices de massa
corporal (IMC). Essas equações foram comparadas com as de POLGAR e
PROMADHAT, HSU et al e MALLOZI, a partir de dados coletados em 122
crianças e adolescentes saudáveis.
A amostra constituiu de crianças e adolescentes, 61 do sexo feminino
(10,54 ± 2,26 anos) e 61 do sexo masculino (10,26 ± 2,26 anos), classificados
segundo o IMC em baixo peso (GBP, IMC/idade Percentil < 5, n = 20); eutrófico
(GE, IMC/idade Percentil 5 a < 85, n=52); sobrepeso (GSP, IMC/idade Percentil
85 a <95, n=27) e obeso (GO, Percentil 95, n=23). Os voluntários eram não-
fumantes e sem doença respiratória.
O espirômetro VITATRACE VT 130 foi utilizado, para realizar as medidas
espirométricas CVF e VEF
1
. As medidas antropométricas aferidas foram peso,
altura, circunferência do braço e prega cutânea triciptal.
Foi realizada a análise descritiva através de medidas de tendência central
(média e mediana) e de variabilidade (desvio padrão) para todas as variáveis
observadas. Para determinar a associação entre a performance espirométrica e as
medidas antropométricas, utilizou-se o coeficiente de correlação linear de
Pearson. Para determinar os modelos preditivos, buscou-se a combinação das
medidas antropométricas que melhor explicasse a performance espirométrica. A
escolha do modelo de regressão apropriado foi feita com base no maior
coeficiente de determinação (R
2
) da variável dependente. A análise de variância
(ANOVA) foi utilizada para as comparações das médias dos valores
espirométricos entre as equações.
A comparação dos valores de VEF
1
e CVF, calculados pelas equações
propostas no presente estudo, com os valores previstos por HSU et al, e POLGAR
e PROMADHAT mostrou diferenças significativas para crianças e adolescentes
eutróficos e com baixo peso, demonstrando que essas equações são de uso
limitado, quando aplicadas à amostra utilizada neste estudo. Os valores de CVF e
VEF
1
, previstos por Mallozi e pelas equações propostas neste estudo, não
diferiram dos valores medidos nas crianças com diferentes índices de massa
corporal.
Este estudo confirma resultados de trabalhos anteriores, que preconizam a
utilização de equações padronizadas para cada população, e apresenta uma
equação alternativa com utilização da circunferência do braço como variável
dependente, possibilitando avaliar a função pulmonar, em situações em que o
peso e a altura não são possíveis de serem avaliados.
ABSTRACT
Spirometry is held as a golden standard for the diagnosis and follow-up of patients
with lung diseases. It is a technique for measuring pulmonary function largely used
in studies on respiratory physiology. For analysis purposes, it is recommended the
comparison of spirometric measures obtained with the reference values. However,
choosing a certain reference equation may frequently result in failures and
characterize or not a certain ventilatory disturbance in some subjects, due to
inadequacy of the equation applied to the studied population.
The nutritional state plays a fundamental role in the integrity of the respiratory
system. Obesity and undernutrition may affect the thoracic wall (thorax, abdomen
and respiratory muscles) leading to alterations in the pulmonary function. Thus, the
reference equations to spirometry use anthropometric variables to explain the
pulmonary function.
Due to impossibility of measuring weight and height in some groups of patients, the
analysis of pulmonary function is affected since the existing reference equations
use these anthropometric measures as explanatory variables to the pulmonary
function. Given that the use of arm circumference, which reflects the nutritional
state, is an alternative measure in cases in which it is not possible to obtain the
weight, height and skeletal size, we decided to suggest a reference equation which
used arm circumference as an explanatory variable in the reference equations for
FVC and FEV
1
. Two final reference equations were suggested for FVC and FEV
1
,
the first using age and arm circumference, and the other using height and weight
as dependent variables, in children and adolescents with different body mass
indexes (BMI). These equations were compared to those used by POLGAR &
PROMADHAT, HSU et al and MALLOZI using the data collected from 122 healthy
children and adolescents.
The sample consisted of children and adolescents, 61 females (10.54 ± 2.26 yo)
and 61 males (10.26 ± 2.26 yo), classified according to BMI into Low Weight
(LWG, BMI /age Percentile < 5, n=20); Eutrophic (EG, BMI /age Percentile 5 to <
85, n=52); Overweight (OWG, BMI/age Percentile 85 to <95, n=27) and Obese
group (OG, Percentile 95, n=23). The volunteers were non-smokers and had no
respiratory disease.
The spirometer VITATRACE VT 130 was used in order to obtain the spirometric
measures FVC and FEV
1
. The
anthropometric measures
registered were weight,
height, arm circumference and tricipital cutaneous fold.
The
descriptive analysis was carried out by using measures of central tendency (mean and
median) and of variability (standard deviation) for all the variables considered. In order to assess
the association between spirometric performance and the anthropometric measures, the Pearson’s
linear correlation coefficient was applied.
In order to determinate the predictive models, a
combination of anthropometric measures which better explain spirometric performance was
attempted.
The selection of an appropriate regression model was made based on
the highest coefficient of determination (R
2
) of the dependent variable. The
variance
analysis (ANOVA) was applied for comparing mean spirometric values among the equations.
The comparison of values for FEV
1
and FVC, calculated by equations suggested
by the present study, with the values predicted by HSU et al, and POLGAR &
PROMADHAT, showed significant differences for eutrophic and low weight children
and adolescents, evidencing that these equations are of limited use when applied
to the sample of this study. The values of FVC and FEV
1
predicted by MALLOZI
and by equations suggested by this study did not differ from the values obtained for
children with different body mass indexes.
This study is in accordance with results of previous works which advocate the use
of standardized equations for each population. It also presents an alternative
equation which uses the arm circumference as a dependent variable, allowing for
the assessment of pulmonary function, when weight and height cannot be
assessed.
LISTA DE ABREVIATURAS
ATS – American Thoracic Society
ATPS – Temperatura e pressão ambientais, saturada com vapor de água
nas condições citadas.
BTS - British Thoracic Society
BTPS – Condições corporais. Temperatura corporal, pressão ambiente,
saturada com vapor de água.
CI – Capacidade inspiratória
CPT – Capacidade pulmonar total
CRF – Capacidade residual funcional
CV – Capacidade vital
CVF – Capacidade vital forçada
FC – Freqüência cardíaca
FEF max – Fluxo expiratório forçado máximo
FEF
25-75%
- taxa média do fluxo expiratório forçado entre 25% e 75% da
capacidade vital forçada
FR – Freqüência respiratória
GAP – Guidance, action, progress Conference Committee
GBP – Grupo baixo peso
GE – Grupo eutrófico
GS – Grupo sobrepeso
GO – Grupo obeso
IMC – Índice de massa corporal
ISAAC – The international study of asthma and allergies in childhood steering
committe
NCHS – National Center for Health Statistics
NHANES III – National Health and Nutrition Examination Survey III
OMS – Organização Mundial de Saúde
SpO
2
Saturação periférica de oxigênio
VEF
1
Volume Expiratório Forçado de primeiro segundo da capacidade
vital forçada
VEF
1
/CVF – Índice de Tiffeneau – Relação entre o volume expiratório forçado de
1º segundo e capacidade vital forçada
VR – Volume Residual
VRE – Volume de Reserva Expiratório
VRI – Volume de Reserva Inspiratório
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Curvas fluxo-volume e volume-tempo................................................ 22
FIGURA 2 - Comparação entre os valores medidos de CVF e VEF
1
com os
valores previstos pelas 5 equações, nos grupos masculino e
feminino ............................................................................................. 55
FIGURA 3 - Representação dos valores de CVF medidos e previstos pelas
equações de Polgar et al, 1971 , Hsu et al, 1979, de Mallozi,
1995, Equação proposta 1, 2006 e Equação proposta 2, 2006
nos grupos com diferentes IMC......................................................... 57
FIGURA 4 - Representação dos valores de VEF
1
medidos e previstos pelas
equações de Polgar et al, 1971, Hsu et al, 1979, de Mallozi, 1995,
Equação proposta 1, 2006 e Equação proposta 2, 2006 nos
grupos com diferentes IMC ................................................................... 58
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - Equações de normalidade para a espirometria em crianças e
adolescentes, propostas por Polgar e Promadhat (1971).................. 45
QUADRO 2 - Equações de normalidade para a espirometria em crianças e
adolescentes, propostas por Hsu et al. (1979)................................... 45
QUADRO 3 - Equações de normalidade para a espirometria em crianças e
adolescentes, propostas por Mallozi (1995) ...................................... 46
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Dados antropométricos...................................................................... 49
TABELA 2 - Caracterização da amostra do sexo masculino nos grupos com
diferentes IMC.................................................................................... 50
TABELA 3 - Caracterização da amostra do sexo feminino nos grupos com
diferentes IMC.................................................................................... 50
TABELA 4 - Caracterização dos parâmetros da função pulmonar das
crianças e adolescentes do sexo feminino e masculino nos
diferentes IMC.................................................................................... 51
TABELA 5 - Coeficiente de correlação linear de Pearson e respectivo valor
p* entre pares de variáveis no grupo feminino................................... 51
TABELA 6 - Coeficiente de correlação linear de Pearson e respectivo valor
p* entre pares de variáveis no grupo masculino................................ 52
TABELA 7 - Equação de regressão para VEF
1
e CVF, de acordo com o
Sexo Circunferência do Braço e Idade como variáveis
explicativas (Equação proposta 1)..................................................... 53
TABELA 8 - Equação de regressão para VEF
1
e CVF, de acordo com o
Sexo, Peso e Altura como variáveis explicativas (Equação
proposta 2)......................................................................................... 53
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................... 19
2 REVISÃO DA LITERATURA................................................... 21
2.1 Espirometria........................................................................... 21
2.1.1 Indicações dos testes de função pulmonar .............................. 23
2.1.2 Contra-indicações.................................................................... 23
2.1.3 Interpretação da espirometria .................................................. 24
2.1.4 Fatores que interferem na função pulmonar............................. 25
2.1.5 Valores e equações de referência............................................ 26
2.2 Efeitos do estado nutricional sobre a função pulmonar..... 32
2.3 Avaliação nutricional............................................................. 35
2.3.1 Antropometria .......................................................................... 36
3 OBJETIVOS ............................................................................ 39
3.1 Geral........................................................................................ 39
3.2 Específicos............................................................................. 39
4 CASUÍSTICA E MÉTODOS..................................................... 40
4.1 Amostra .................................................................................. 40
4.2 Avaliação................................................................................ 41
4.3 Medidas antropométricas...................................................... 41
4.4 Espirometria........................................................................... 42
4.5 Equações de referências....................................................... 45
4.6 Determinação de modelos preditivos................................... 46
5 ANÁLISE ESTASTICA......................................................... 48
6 RESULTADOS ........................................................................ 49
7 DISCUSSÃO............................................................................ 59
8 CONCLUSÃO.......................................................................... 66
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................ 67
ANEXOS.................................................................................... 75
1 INTRODUÇÃO
A Espirometria é uma técnica antiga de medida da função pulmonar, muito
utilizada nos estudos sobre fisiologia respiratória. Esse exame é considerado
padrão ouro para a identificação e acompanhamento de pacientes com doenças
pulmonares obstrutivas e restritivas (PEREIRA, 2002).
De acordo com Rodrigues et al. (2002), é o exame que mede capacidades
e fluxos pulmonares, a partir de manobras respiratórias padronizadas e os
compara com padrões de referência para altura, sexo e idade.
Embora as técnicas de mensuração da função pulmonar tenham se iniciado
mais de um século, somente nas duas últimas décadas, esses testes tiveram
maior importância na área de pediatria. Publicações recentes m recomendado
alguns cuidados na seleção dos equipamentos a serem utilizados, critérios para a
escolha de valores referenciais e normatização da execução e da interpretação
dos testes funcionais (RODRIGUES et al., 2002).
A partir dos seis anos de idade, as técnicas de avaliação da função
pulmonar podem ser utilizadas para fornecer informações precisas para o padrão
de crescimento das funções fisiológicas do pulmão (POLGAR; WENG, 1979).
A análise das medidas espirométricas de cada indivíduo exige comparação
com valores espirométricos obtidos para uma população padrão, aos quais se
denomina valor de referência ou valor teórico (BUIST, 1983; COTES, 1979;
DYBKAER; GRASBECK, 1973). Devido a mudanças nas populações ao longo do
tempo, inovações tecnológicas nos equipamentos, mudanças nas padronizações
para obtenção das curvas e conceitos estatísticos mutáveis, os valores de
referência devem ser periodicamente derivados (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA - SBPT, 1996).
Muitos autores consideram que, devido a diferenças nos valores de
referência publicados para a função pulmonar, não há um conjunto de equações
recomendáveis que possam ser aplicadas a todas as populações de pacientes
(CLAUSEN, 1982; CRAPO; MORRIS, 1989). Essas diferenças entre as equações
em relação aos valores teóricos são tão importantes que a American Thoracic
Society (ATS), em revisão de normas em 1991, recomenda que para cada grupo
populacional sejam escolhidas equações próprias para melhor adequar à sua
realidade.
Tentativas devem ser feitas para padronizar os métodos de realização e
interpretação da espirometria. Numerosos relatos sobre valores de referência e
equações de predição têm sido publicados, mas poucos estudos utilizam
equipamentos e técnicas sugeridos pela ATS (CRAPO; MORRIS; GARDNER,
1981).
As equações de predição mais utilizadas são baseadas em estudos
realizados mais de 20 anos e podem não representar os achados obtidos na
população de hoje (BAUR; ISRINGHAUSEN-BLEY; DEGENS, 1999).
A maioria dessas equações de predição utiliza a idade e a altura como
variáveis independentes. Outras utilizam o peso. A análise da função pulmonar
torna-se prejudicada em determinados grupos de pacientes, devido à
impossibilidade de aferir o peso e a altura. Não se sabe se outras variáveis
antropométricas podem refletir a função pulmonar.
A relevância do presente estudo está fundamentada no questionamento da
aferição da função pulmonar nessas crianças e adolescentes com alguma
limitação de aferir peso e altura, na tentativa de testar se as equações de
referência já existentes o capazes de predizer a função pulmonar de crianças e
adolescentes com diferentes índices de massa corporal, e na criação de novas
equações de referência.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Espirometria
A espirometria surgiu no século XIX, através de um trabalho pioneiro de
Hutchinson, que planejou o espirômetro, definiu e mediu a capacidade vital em
1775 homens considerados saudáveis. Concomitantemente, esse autor descreveu
sua relação com o peso corporal, estatura e idade (HUTCHINSON, 1846 apud
PEREIRA, 1992). Segundo Pereira (1992), o espirograma foi introduzido por
Tiffeneau; Pinelli, em 1947.
Proveniente do latim spirare = respirar + metrum = medida, espirometria,
é um exame que mede o volume de ar que o indivíduo inspira ou expira em função
do tempo (ATS 1995). É uma manobra esforço-dependente que necessita de
certos cuidados e condições básicas como a compreensão e colaboração do
paciente (que deve ser bem instruído), equipamentos devidamente calibrados e
aferidos, emprego de técnicas padronizadas e aplicadas por pessoal
especialmente treinado. Auxilia na prevenção, diagnóstico, quantificação e
acompanhamento das doenças respiratórias, e os valores obtidos devem ser
comparados a valores previstos adequados para a população avaliada (ATS,
1995).
Os aparelhos utilizados são os espirômetros, que podem ser de dois tipos:
os que medem volume (selo d’água, pistão e fole) e os que medem fluxo de gás
(pneumotacógrafos ou pneumotacômetros, termístores, turbinômetros e ultra-
sônicos). Podem ainda ser abertos, quando o paciente inspira fora do sistema,
antes de se iniciar o teste, e fechados, quando a manobra é realizada totalmente
dentro do circuito do aparelho (RODRIGUES et al., 2002). Todos os espirômetros
devem seguir os padrões de qualidade aprovados pela ATS ou pela British
Thoracic Society (BTS).
Os fluxos e os volumes expirados e inspirados são apresentados em dois
formatos: gráficos de fluxo-volume e volume-tempo (FIGURA 1). Ambos são úteis
para controle de qualidade; o primeiro para avaliar a magnitude do esforço no
início da manobra e o segundo para mostrar o término da manobra, duração do
esforço e verificação do platô (PEREIRA, 2002).
FIGURA 1 - Curvas fluxo-volume e volume-tempo
PEREIRA. (2002).
Através da espirometria é possível a determinação da CV, capacidade
inspiratória (CI), volume de reserva inspiratório (VRI), volume de reserva
expiratório (VRE), CVF e os volumes e fluxos dela originados. As técnicas
recomendadas para obtenção dos vários parâmetros espirométricos em crianças
foram normatizadas pela ATS e pelo GAP Conference Committee (Guidance,
action, progress).
A complexidade da espirometria deve-se, especialmente, a três fatores:
determinação do valor previsto, multiplicidade de parâmetros avaliados e
determinação do tipo de distúrbio. Entretanto, com apenas três parâmetros – CVF,
VEF
1
e relação VEF
1
/CVF – consegue-se um resultado satisfatório (DIAS, 1990).
2.1.1 Indicações dos testes de função pulmonar
A medida da função pulmonar deve ser realizada, para confirmar ou
esclarecer hipóteses diagnósticas e acompanhar a evolução e determinação do
envolvimento do sistema respiratório em certas doenças pulmonares. Constituem
um importante instrumento para a avaliação da resposta à terapêutica, ao risco de
desenvolver doença pulmonar, à exposição a agentes nocivos e às reações
adversas às drogas com toxicidade pulmonar conhecida.
Os testes de função pulmonar servem a muitos propósitos clínicos
(CLAUSEN, 1982). Podem monitorizar o prognóstico e o estado de saúde, antes
de se iniciarem programas de atividade física, além de avaliarem o risco de
procedimentos cirúrgicos. Outra aplicação está na utilização em saúde pública,
nas pesquisas epidemiológicas e clínicas e na derivação de equações de
referência (MILLER et al., 2005; PEREIRA, 2002; RODRIGUES et al., 2002).
2.1.2 Contra-indicações
As contra-indicações para a realização dos testes de função pulmonar
incluem hemoptise de causa desconhecida, pneumotórax, instabilidade
cardiocirculatória, crise hipertensiva, angina ou infarto do miocárdio recente,
tromboembolismo pulmonar, aneurismas cerebral, torácico ou abdominal, cirurgia
ocular recente, descolamento da retina, náusea ou vômitos, cirurgia torácica ou
abdominal recentes, e qualquer outra situação que limite a adequada técnica do
exame, como, por exemplo, a diminuição do nível do sensório (RODRIGUES et
al., 2002).
2.1.3 Interpretação da espirometria
Padronização
Vários fatores interferem na função pulmonar. Portanto, para a
interpretação da espirometria existem alguns passos necessários, para alcançar a
padronização, tais como, o desempenho do equipamento, a validação e o controle
de qualidade, o desempenho do sujeito, o procedimento de medida, para
determinar a aceitabilidade e a reprodutibilidade, os valores de referência e
interpretação (MILLER et al., 2005). Existe uma grande variabilidade na
interpretação dos dados espirométricos entre os autores. Alguns sugerem que o
melhor padrão para comparar um indivíduo seria ele próprio, antes de adoecer
(MILLER; PINCOCK, 1988; QUANJER et al., 1983).
Critérios de reprodutibilidade
Os critérios de reprodutibilidade são úteis para determinar a necessidade da
realização de mais de três manobras da CVF. Recomenda-se, conforme normas
da ATS, que cada teste seja repetido no mínimo três vezes e no máximo oito.
Não são utilizados para excluir resultados ou sujeitos do estudo. Todos os
valores das manobras aceitáveis devem ser analisados. Para que se tenha maior
confiabilidade nos dados, devem ser obtidos pelo menos três testes aceitáveis e
dois reprodutíveis com valores bem semelhantes. Em adultos, a ATS preconiza
que as duas maiores medidas de CVF e VEF
1
devam ter diferença máxima de 150
mL entre si. Os três maiores picos de fluxo expiratório das curvas selecionadas
devem diferir menos que 0,5 L/seg. Em crianças, devido aos menores volumes
pulmonares, aceita-se que a diferença máxima seja de 5%. Se esses critérios não
forem obtidos após oito tentativas ou se o sujeito não pode ou não consegue
continuar, deve-se interromper o teste e utilizar as três melhores curvas para
escolha dos parâmetros. A CVF e o VEF
1
selecionados devem ser os maiores
obtidos de qualquer curva e não necessariamente serem provenientes da mesma
curva.
2.1.4 Fatores que interferem na função pulmonar
Os fatores que interferem na função pulmonar são os técnicos e os
biológicos.
Os fatores técnicos estão relacionados aos instrumentos de medida, à
postura do indivíduo, ao observador, ao procedimento, aos programas
computadorizados, à temperatura e à altitude (ATS, 1991).
Os fatores biológicos relacionam-se às variações intra-indivíduos,
interindivíduos e interpopulacional (ATS, 1991).
As principais fontes de variação intra-indivíduos nos testes de função
pulmonar são a posição corporal, a posição da cabeça, o esforço máximo para
gerar fluxo e o ritmo circadiano.
A posição corporal altera os valores dos volumes pulmonares (HUTCHISON
et al., 1981), principalmente a CVF e a CV, que são 7 a 8% menores em supino,
quando comparadas com a posição ortostática e 1 a 2% menores na posição
sentada, quando comparadas com a posição ortostática.
A posição da cabeça interfere no FEF máx. A flexão do pescoço diminui o
fluxo expiratório máximo e aumenta a resistência de vias aéreas. O efeito da
posição do pescoço é menor do que a posição do corpo para os pacientes
acamados (ATS, 1991).
As manobras respiratórias devem ser realizadas com esforço máximo. O
VEF
1
pode ser 100 a 200ml maior, quando o esforço máximo é comparado com o
esforço submáximo (KROWKA et al., 1987).
Variações nos testes de função pulmonar em um período de 24 horas estão
bem documentadas. Em sujeitos saudáveis, o VEF
1
é maior 0,15 litros pela manhã
e menor 0,05 litros pela tarde (MINETTE, 1987).
Os principais fatores interindividuais que influenciam as variáveis funcionais
incluem fatores pessoais e ambientais. Os fatores pessoais em ordem
decrescente de importância são: sexo, estatura, raça, idade, peso e atividade
física (PEREIRA et al., 1992). Nos fatores ambientais, estão a fumaça do tabaco,
fatores ocupacionais, tipo de residência, poluição do ar e fatores sócio-
econômicos (ATS, 1991).
Os fatores interpopulacionais incluem todos os aspectos citados
anteriormente, acrescidos dos critérios que determinam inclusão ou exclusão dos
indivíduos (seleção da população) em estudos populacionais (ATS, 1991).
2.1.5 Valores e equações de referência
As medidas espirométricas devem ser analisadas em comparação com os
valores obtidos para uma população padrão, com amostra representativa da
população considerada normal, os quais se denomina valor de referência ou valor
teórico (BUIST, 1983; COTES, 1979; DYBKAER; GRASBECK, 1973).
Vários critérios de exclusão têm sido sugeridos como os baseados em
antecedentes pessoais, na história clínica, no exame físico e achados
radiológicos, que indicam comprometimento do sistema respiratório (por exemplo,
presença de sintomas respiratórios tais como tosse, produção de secreção e
chieira torácica; na presença de doença respiratória, tais como, asma, bronquite,
enfisema, ou tuberculose; na história de hospitalização anterior por condições
pulmonares ou torácicas; na presença de doença cardíaca, exposição à poluição e
tabagismo). É importante ressaltar que a população de referência deve,
idealmente, ser estatisticamente representativa da população geral (ATS, 1991).
O termo “valores de referência” foi introduzido para evitar dificuldades que
circundam o termo valores normais” (PEREIRA et al., 1992). Os valores de
referência são usualmente baseados na análise de fatores ambientais e pessoais
pertinentes, em populações julgadas saudáveis, de acordo com critérios
especificados, os quais podem variar de estudo a estudo (BECKLAKE, 1986).
Devem ser periodicamente derivados devido a mudanças nas populações ao
longo do tempo (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA -
SBPT, 1996). Glindmeyer e Tockman (1982), analisando várias equações
publicadas, demonstrou que a CVF e o VEF
1
previstos podem variar em até 20%,
porém essas variações podem ser eliminadas através da utilização de valores
previstos, baseados em populações saudáveis.
Não existem equações recomendáveis que sejam aplicadas a todas as
populações de pacientes devido a diferenças nos valores de referência para a
função pulmonar (CLAUSEN, 1982; CRAPO; MORRIS, 1989).
Em revisão das normas, em 1991, a ATS recomenda que cada região
defina equações próprias para obtenção dos valores teóricos dos parâmetros
espirométricos, que traduzam a realidade funcional para a população local.
Muitos estudos têm publicado os valores de referência de função pulmonar
para vários grupos, observando a raça, a etnia e a idade. Hsu et al. (1979),
descreveram a função ventilatória em crianças e adultos jovens pertencentes aos
grupos branco, negro e mexicano-americanos, com idade entre 7 a 20 anos e
propuseram equações de regressão diferentes para esses grupos. SCHWARTZ et
al. (1988b), geraram equações de predição, baseados nas coletas de dados de
afro-americanos e caucasianos, participantes do estudo NHANES II, com idade
entre 6 a 24 anos
.
Wang et al. (1993), estudaram a função pulmonar em crianças
brancas e negras, com idade entre 6 e 18 anos, e sugeriram o modelo logarítmico
de regressão, com uma equação para cada idade separada, concluindo que essa
seria a melhor forma de explicar o complexo período da adolescência. Coultas et
al. (1988), desenvolveram equações de predição espirométricas para um grupo de
crianças hispânicas e adultos no Novo México. Hsi et al., 1983, encontraram
valores menores de VEF
1
e CVF na raça negra. As diferenças raciais nos volumes
pulmonares e taxas de fluxo descritas podem ser explicadas, se o recolhimento
elástico do pulmão de crianças negras for maior que o de crianças brancas. O
recolhimento elástico do pulmão aumentado pode resultar em decréscimo na CPT
e CV (BINDER et al., 1976). Chinn e Rona, 1992, estudaram, em Londres,
crianças caucasianas e negras, de origem caribenha e hindu, e observaram que
os valores de CVF, VEF
1
e FEF
25-75%
eram mais elevados para os brancos,
seguidos dos caribenhos e, finalmente, dos negros. No mesmo trabalho, os
autores fazem comparações entre crianças inglesas e escocesas, residentes na
cidade de Londres. Eles encontraram valores significativamente mais elevados
para as escocesas, o que mostra que pode haver variação dentro de um mesmo
grupo étnico. Esse fato reforça a idéia de Schoenberg et al., 1978, de que as
variações encontradas entre os diversos grupos étnicos são devidas a fatores
genéticos.
Malozzi, 1995, após levantamento de população infantil em São Paulo,
propôs equações de referência que expressam o padrão normal para uma
população miscigenada e, portanto, geneticamente diferenciada, como a
brasileira. Devido a essa miscigenação, não foi encontrada diferença dos valores
espirométricos avaliados em indivíduos da raça branca e negra. Nos modelos
foram utilizadas as variáveis peso, idade e altura.
As equações de referência freqüentemente utilizadas para crianças são as
de Polgar e Promadhat, 1971, e Hsu et al., 1979. Essas equações utilizam apenas
a estatura como variável independente, por modelos de potência, numa larga faixa
de idade pediátrica. Em 1971, Polgar e Promadhat reuniram dados de estudos,
publicados entre 1922 e 1969, para produzir equações de referência para uso
pediátrico. Eles derivaram uma nova equação preditiva a partir da média das
equações de referência publicadas previamente. A resultante das equações tem
sido amplamente utilizada desde então.
A comparação entre os valores obtidos no Brasil (MALLOZZI, 1995), em
crianças de idade até 14 anos e os valores obtidos por Hsu et al. (1979) e Polgar e
Promadhat (1971) demonstraram que os valores encontrados para o VEF
1
, tanto
feminino como masculino, foram inferiores aos obtidos por Polgar e Promadhat e
Hsu et al. Para a CVF no grupo masculino, os valores foram semelhantes aos de
Polgar e Promadhat (1971), e ambos inferiores ao de Hsu et al. (1979). Para CVF,
no grupo feminino, os valores foram inferiores aos encontrados por Hsu et al e
Polgar e Promadhat, e os de Polgar e Promadhat inferiores aos de Hsu et al.
(MALLOZI, 1995).
Em 1979, Hsu et al. forneceram valioso material para preencher lacunas e
estabelecer valores de referência mais confiáveis. Equações exponenciais,
derivadas de gráficos curvilíneos, são mais recomendáveis que equações lineares
simples, derivadas de retas. Isso ocorre devido à grande aceleração do
crescimento na adolescência. Assim, um traçado curvilíneo da CVF, em relação à
altura em indivíduos mais altos, permite a previsão da CVF em toda a faixa de
altura, nessas crianças maiores.
Em nosso meio, Mallozi, 1995, observou que a regressão linear das
variáveis dependentes da função pulmonar, para ambos os sexos, apresentou
coeficientes de determinação semelhantes aos coeficientes de determinação da
função logarítmica, exponencial ou de potência. A regressão linear foi, então, o
modelo escolhido.
Existem grandes discrepâncias entre as várias predições. Além da seleção
do paciente, a padronização das técnicas para realizar a espirometria e também
os testes estatísticos aplicados na descrição dos dados, freqüentemente, não são
adequados (QUANJER et al., 1989). Outro fato relevante diz respeito à transição
da criança para a adolescência, complicando a relação entre a função pulmonar e
a estatura, pois na adolescência, o crescimento pulmonar atrasa em relação à
altura, um problema não resolvido no modelo (BORSBOOM et al., 1993; JAEGER-
DENAVIT; ALPHONSE, 1990).
É importante padronizar o equipamento usado, para reunir novas
informações sobre o crescimento funcional e medidas laboratoriais da função
pulmonar. O conceito de padronização deve ser também estendido ao tratamento
estatístico dos dados obtidos em estudos dos parâmetros fisiológicos relacionados
com a idade. Isso deve resultar na padronização de expressões matemáticas para
a correlação dos valores medidos com vários índices de crescimento relacionados
à idade. O mais importante, uma expressão confiável uniforme dos limites de
confiança deve ser desenvolvida para determinar a normalidade ou anormalidade
das medidas individuais (POLGAR; WENG 1979).
Alguns investigadores argumentam que os coeficientes de correlação entre
equações lineares ou exponenciais não têm diferença significativa. Isso,
entretanto, somente prova que a variabilidade das medidas é ainda grande. As
mesmas incertezas prevalecem no número de variáveis usadas nas equações de
regressão. Novamente, para simplificar os problemas no uso prático dos
resultados descartam-se os coeficientes de correlação múltipla em favor de
apenas um, mais freqüentemente, a altura.
Para descobrir o verdadeiro princípio governante do crescimento da função
pulmonar, utilizam-se muitas variáveis necessárias para obter as melhores
correlações com menor margem de variação (POLGAR; WENG, 1979). As
variáveis conhecidas que influenciam a função pulmonar, em ordem de
importância, são sexo, estatura, idade e peso.
Um aspecto de relevância para a avaliação da função pulmonar é verificar o
estado nutricional do indivíduo, que pode ser obtido pela antropometria, com
informações básicas de peso, altura, sexo e idade. A Organização Mundial de
Saúde (OMS) recomenda a utilização de índices antropométricos a partir da
combinação de duas ou mais informações. Os valores desses índices são
comparados com os dados de uma pessoa ou população de referência (WHO,
1995).
O estudo National Health and Nutrition Examination III (NHANES III) foi o
terceiro de uma série de estudos designados, para avaliar a saúde e o estado de
nutrição de adultos e crianças dos EUA, com uma amostra de probabilidade
multicêntrica, estratificada da população. O estudo foi conduzido pelo National
Center for Health Statistics (NCHS), realizado no período de 1988 a 1994, e
compreendia uma amostra randomizada, selecionada de famílias de 81 áreas dos
EUA, que incluíam afro-americanos e mexicano-americanos (KUCZMARSKI et al.,
2000). Os dados da espirometria foram coletados de 20.627 participantes com
idade superior a oito anos. Como os dados foram computados de maneira
padronizada para todos os participantes, comparações válidas entre diferentes
grupos étnicos e de raça foram possíveis. Essas análises dos dados
espirométricos NHANES III foram conduzidos, para desenvolver as equações de
referência, para descrever a função pulmonar normal nos três grupos principais de
raça e etnia: caucasianos, afro-americanos e mexicano-americanos.
Os participantes (crianças, pais ou responsáveis) também completaram um
questionário detalhado, que reuniram informações sobre sexo, raça, etnia, saúde e
história ocupacional. As medidas corporais foram avaliadas, incluindo a altura de
pé e sentado, e o peso.
Um aspecto significante do NHANES III foi o uso do equipamento e
procedimento recomendados pela ATS (1991) para espirometrias, e avaliação da
qualidade durante a performance do teste. Em 1994, com base nos dados do
NHANES III, a ATS revisou suas recomendações de 1987 e incluiu as alterações
do volume extrapolado de 200 mL para 150 mL. Recomendou-se, também, que
três manobras aceitáveis e reprodutíveis fossem realizadas, ao contrário de cinco
manobras usadas no protocolo de coleta de dados NHANES III.
A inclusão ou não do peso nas equações de referência da função pulmonar
pode depender das características de cada população específica (SCHOENBERG
et al., 1978).
2.2 Efeitos do estado nutricional sobre a função pulmonar
O estado nutricional de um indivíduo relaciona-se com seu estado de saúde
e tem papel fundamental na integridade do sistema respiratório (FUNG et al.,
1990).
Em adultos, as anormalidades do sistema respiratório relacionadas às
complicações da obesidade são redução dos volumes pulmonares: VRE, VR e
VEF
1
; das capacidades: CRF, CV, CPT e CVF e das taxas de fluxo expiratório
(LUCE, 1980; RUBINSTEIN et al., 1990; SURATT et al., 1984). Dados similares na
população pediátrica são limitados e conflitantes (Li et al., 2003).
Schoenberg et al., 1978, observaram que, inicialmente, ocorria aumento na
função pulmonar com o ganho de peso devido ao aumento na força muscular,
porém, secundariamente, ocorria redução na função pulmonar devido ao
comprometimento da mobilidade da parede torácica.
Dontas et al., 1984, e Chen et al., 1993, demonstraram que as elevações do
IMC podem determinar redução na função pulmonar. Entretanto, Fung et al., 1990,
e Dockery et al., 1983, relataram que crianças com aumento do IMC têm aumento
nas medidas espirométricas.
A obesidade pode afetar o tórax e o diafragma, determinando alterações na
função respiratória, mesmo quando os pulmões estão normais, devido ao aumento
do esforço respiratório e comprometimento do sistema de transporte dos gases
(CARO et al., 1960; KOLLIAS et al., 1972; LOURENÇO, 1969; NAIMARK;
CHERNIAK, 1960; VAUGHAN et al. 1981).
Com a deposição crescente de gordura, revestindo a cavidade torácica,
tanto dentro como sobre a cavidade abdominal, alterações progressivas podem
ocorrer na função pulmonar (FUNG et al., 1990). A alteração mais importante em
adultos envolve a diminuição da CRF (SAHEBJAMI; GARTSIDE, 1996), causada
pelo processo mecânico de compressão da cavidade torácica e uma redução nas
dimensões anatômicas pela massa de tecido adiposo de revestimento (LUCE,
1980; SURATT et al., 1984), o que também leva à redução da complacência do
sistema respiratório total (NAIMARK; CHERNIAK, 1960; SURATT et al., 1984).
Estudos realizados em indivíduos obesos sem outras enfermidades sugeriram que
a complacência pulmonar e da parede do tórax estavam diminuídas devido à
deposição de tecido adiposo no tórax e abdome, o que determina conseqüente
aumento da retração elástica e redução da distensibilidade das estruturas
extrapulmonares (SHARP et al., 1964).
Outra alteração respiratória importante em indivíduos obesos é o aumento
no trabalho mecânico da respiração. Os músculos intercostais movimentam uma
massa aumentada de revestimento do rax, e com isso, o músculo diafragma irá
atuar contra a pressão de um abdome distendido, aumentando o trabalho (ZERAH
et al., 1993).
Mallory Jr. et al., 1989, observaram déficit pulmonar em crianças obesas,
sendo a anormalidade obstrutiva o principal problema detectado. Diferentemente,
Inselman et al., 1993, observaram que crianças obesas apresentavam distúrbio
ventilatório restritivo. Entretanto, Bosisio et al., 1984, e Chaussain et al., 1977, não
encontraram anormalidade significativa da função pulmonar no seu estudo com
crianças obesas.
Outro distúrbio de nutrição é a desnutrição proteico-calórica, conseqüência
de um aporte nutricional inadequado para as necessidades do organismo, que
ocasiona uma alteração na composição corporal. Como resultado dessa situação,
produz-se uma diminuição na massa corporal e alterações minerais e iônicas,
acompanhadas de uma deterioração multiorgânica, que pode afetar, entre outros,
o sistema respiratório (CLAPES ESTAPA, 1994).Um dos efeitos da desnutrição
sobre o sistema respiratório é a redução da capacidade de manter níveis
adequados de ventilação, devido aos efeitos da depleção nutricional sobre os
músculos respiratórios. A desnutrição pode comprometer o parênquima pulmonar,
o comando ventilatório e os músculos respiratórios, sendo estes os principais
responsáveis pelo declínio da função pulmonar (BARROS et al., 2003). A força
dos músculos respiratórios, mensurados em estado de desnutrição, poderá
detectar quadros de debilidade muscular, que comprometem a dinâmica
ventilatória (DUREIL; MATUSZCZAK, 1998; PIVA et al., 1996). Se a perda da
massa muscular inspiratória for considerável nos estados catabólicos, pode-se
esperar uma redução na força e endurance dos músculos respiratórios que deve
levar a um aumento do risco de fadiga da musculatura inspiratória (KELLY et al.,
1984).
No Brasil, os valores espirométricos derivados para adultos não se
relacionaram com o peso (PEREIRA et al., 1992). Em crianças, embora a
contribuição do peso tenha sido pequena, houve influência significativa na função
pulmonar (MALLOZI, 1995).
2.3 Avaliação nutricional
A avaliação do estado nutricional tem por objetivo verificar o crescimento e
as proporções corporais em um indivíduo ou em uma comunidade, visando a
estabelecer atitudes de intervenção (SIGULEM et al., 2000).
Diferentes métodos podem ser utilizados para avaliar o estado nutricional. A
escolha deve ser direcionada ao objetivo do estudo, assim como as possibilidades
locais, os custos para sua utilização, o nível de habilidade pessoal requerido para
aplicá-los adequadamente, a reprodutibilidade do método, o tempo necessário
para executá-lo, a receptividade por parte da população estudada e os possíveis
riscos para a saúde (SIGULEM et al., 2000).
2.3.1 Antropometria
A antropometria, que consiste na avaliação das dimensões físicas e da
composição global do corpo humano, tem-se revelado como o método isolado
mais utilizado para o diagnóstico nutricional, tanto em estudos clínicos quanto
populacionais (VEIGA; SIGULEM, 1994).
Sua utilização, na infância e adolescência, apresenta características
importantes como a simplicidade na execução, avaliação rápida e freqüentemente
imediata, por ser de baixo custo (ALMEIDA, 1997; ENGSTROM, 2002; SIGULEM
et al., 2000), e também por predizer fatores de risco ou doenças na idade adulta
(WHO, 1995). Apesar de suas limitações, a antropometria tem sido o método mais
utilizado universalmente e também o proposto pela OMS (WHO 1995).
As medidas mais freqüentemente utilizadas têm por objetivo determinar a
massa corporal expressa pelo peso; as dimensões lineares, especialmente a
estatura; a composição corporal e as reservas de energia e proteínas, que podem
ser estimadas pela gordura subcutânea e pela massa muscular (SIGULEM et al.,
2000).
Índice de massa corporal (IMC)
O IMC ou índice de Quetelet é obtido dividindo-se o peso em quilogramas,
pela estatura ao quadrado, em metros (GARROW; WEBSTER, 1985). Foi
desenvolvido, no culo passado, por Lambert Adolphe Jacques Quetelet,
matemático Belga. Seu uso em adolescentes é recomendado pela OMS
(ABRANTES et al., 2002). A validade do IMC é baseada na boa correlação que
esse apresenta com a gordura corporal, principalmente a gordura interna, que, por
sua vez, está associada a fatores de risco para desenvolvimento de doença
crônica (ANJOS, 1992; HIGGINS et al., 1988).
A utilização do IMC para avaliação nutricional de crianças e adolescentes
tornou-se mais comum após Must et al., 1991, publicarem valores de percentis de
acordo com o sexo e idade, considerados pela OMS como valores de referência,
para classificar adolescentes com sobrepeso e obesidade (ABRANTES et al.,
2002). Cole et al., 2000, foram um dos primeiros autores a apresentar os valores
de corte do IMC para crianças e adolescentes baseados em critérios estatísticos
de mortalidade e de continuidade com a idade adulta. Eles propuseram pontos de
corte diferentes daqueles recomendados pela OMS. Os valores dos pontos de
corte para sobrepeso e obesidade, de acordo com Cole et al. (2000), foram
desenvolvidos a partir dos pontos de corte na idade adulta (IMC 25 e 30),
apresentando continuidade entre infância, adolescência e idade adulta
(ABRANTES et al., 2002). Os valores propostos por Must et al. (1991) são IMC
igual ou acima do percentil 85 e menor que o percentil 95 para sobrepeso, e IMC
igual ou acima do percentil 95 para obeso. Abrantes et al., 2002, compararam os
valores propostos por Cole et al., 2000, e Must et al., 1991, para a classificação do
estado nutricional de crianças e adolescentes brasileiros, e encontraram uma boa
concordância dos valores de IMC para crianças e adolescentes, indicando assim a
utilização de ambos.
Embora o IMC não seja capaz de fornecer a composição corporal, deve-se
considerar sua facilidade de mensuração, que utiliza dados antropométricos de
peso e estatura que são de fácil obtenção. Outra vantagem refere-se a sua boa
reprodutibilidade (ANJOS, 1992; GARROW; WEBSTER, 1985).
Prega cutânea tricipital
A mensuração da espessura da prega cutânea é outro método que oferece
uma medida direta da gordura subcutânea, sendo considerada como uma técnica
razoável, quando correlacionada com a gordura corporal (DIETZ; BELLIZZI, 1999).
Em crianças, a prega cutânea tricipital é a mais utilizada (MASCARENHAS et al.,
1998). Essa medida pode ajudar a determinar se o aumento do peso é devido a
uma quantidade excessiva de gordura ou de tecido magro (hipertrofia muscular). A
prega do tríceps apresenta melhor correlação com o percentual de gordura
corporal, especialmente no sexo masculino. É a prega cutânea de maior validade,
sendo um bom indicador de reserva energética e correlaciona-se bem com a
gordura corporal. Ela dispõe de referências para todas as idades (MARSHALL et
al.,1991; ZEMEL et al.,1997).
Circunferência do braço:
A medida da circunferência do braço é um método que pode ser utilizado
em crianças para estimativa da área de gordura e da área muscular do braço, a
ser analisada em percentis para idade e sexo, segundo padrão de medidas
utilizado como referência (ENGSTROM, 2002; FRISANCHO, 1981; GERVER,
1988 apud VOORHOEVE, 1990). É um método simples, pido e relativamente
independente da idade. O uso da circunferência do braço é recomendado pela
OMS como uma medida alternativa para os casos em que não é possível obter
outras medidas como o peso, a estatura e a envergadura
1
, para acrescentar
informações a outras medidas ou realizar triagem na população devido às suas
limitações (BARROS; VICTORA 1998; ENGSTROM, 2002). A circunferência do
braço é um indicador que pode ser utilizado sozinho ou associado com a prega
cutânea tricipital, para avaliar a composição corporal (SIGULEM et al., 2000).
1
Envergadura: medida do comprimento entre a ponta dos dedos mais longos (direito e esquerdo) com os
braços estendidos horizontalmente. Em crianças, a envergadura estima com precisão a estatura.
3 OBJETIVOS
3.1 Geral
Avaliar o VEF
1
, CVF e o índice de Tiffeneau (VEF
1
/CVF %) em crianças e
adolescentes e propor novas equações preditivas para a espirometria, em
crianças e adolescentes com diferentes índices de massa corporal (IMC).
3.2 Específicos
Avaliar a função pulmonar de crianças e adolescentes com diferentes IMC.
Propor equações de referência a partir dos dados coletados de crianças e
adolescentes com diferentes IMC.
Comparar os parâmetros de VEF
1
e a CVF, calculados a partir das
equações de Polgar e Promadhat (1971) e Hsu et al. (1979) e Mallozi
(1995), com as equações propostas, em crianças e adolescentes com
diferentes IMC.
4 CASUÍSTICA E MÉTODOS
4.1 Amostra
Constituiu-se de um estudo transversal sobre a função respiratória de
crianças e adolescentes saudáveis, com diferentes índices de massa corporal.
A amostra foi constituída de 122 estudantes (61 do sexo masculino e 61 do
sexo feminino), de 7 a 14 anos, estudantes de três escolas de Belo Horizonte:
Escola Estadual Professor Bolívar de Freitas, Escola Estadual Professor Mares
Guia e Colégio Batista Mineiro, no período de agosto de 2004 a maio de 2005. Os
critérios usados para seleção dos voluntários saudáveis foram a idade de 7 a 14
anos, o índice de massa corporal, história negativa de doença pulmonar prévia, o
questionário The international study of asthma and allergies in childhood steering
committe (ISAAC) normal (ANEXO 1) e o consentimento livre e esclarecido,
assinado pelos pais ou responsáveis (ANEXO 2).
O cálculo da amostra que determinou um N de 122 foi realizado pela
equação:
N = λ (1 - R
2
)
R
2
onde α = 0,05; R
2
= 0,70; λ = valor tabelado, que equivale a um poder de teste de
80%.
O questionário ISAAC e o consentimento livre e esclarecido foram enviados
aos pais dos participantes. O questionário ISAAC contém 12 perguntas sobre
presença de sinais e sintomas de asma, alergias, fumo, bronquite, cujo objetivo foi
excluir as crianças e adolescentes com doença pulmonar prévia.
Os critérios de exclusão considerados foram distúrbios pulmonares agudos
ou crônicos (bronquiectasia, asma, fibrose cística, tuberculose, etc.), crise
alérgica, síndromes genéticas, pós-operatório recente de cirurgia de tórax ou
abdome, deformidades torácicas importantes, disfunções metabólicas,
cardiopatias, doenças neuromusculares, distúrbios psíquicos, déficits cognitivos e
utilização regular de medicamentos.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de
Minas Gerais – UFMG (ANEXO 3).
4.2 Avaliação
Todas as crianças e adolescentes foram submetidos a uma avaliação do
sistema respiratório que constava de história clínica e exame físico completo
(Dados vitais: FC, FR, SpO
2,
inspecções geral, estática e dinâmica, palpação,
percussão e ausculta respiratória) (ANEXO 4).
4.3 Medidas antropométricas
Para avaliar o estado nutricional das crianças e adolescentes, que
compreenderam a amostra, foram mensurados o peso, a altura, a circunferência
do braço e a prega cutânea tricipital. Essas medidas foram avaliadas com o
voluntário em posição ortostática, com os braços pendentes ao lado do corpo,
cabeça em posição neutra, sem sapatos e vestindo-se um avental padronizado.
As medidas foram realizadas sempre pelo mesmo examinador.
Os instrumentos utilizados foram uma fita métrica para a medida da altura e
da circunferência do braço; uma balança digital marca Filizola, com capacidade de
0 a 150 Kg para a medida do peso; um plicômetro da marca The Body Caliper,
com precisão de 0,5 mm para a medida da prega cutânea tricipital.
As medidas da circunferência do braço e da dobra cutânea triciptal foram
realizadas no ponto médio do braço direito, entre o ponto acromial da escápula e o
olécrano da ulna, segundo recomendações de Frisancho (1974 e 1981),
respectivamente. Foram realizadas de 2 a 3 mensurações. Para análise final, foi
considerada a média das medidas, que apresentavam diferença menor que 1 mm
entre si.
O IMC por idade foi calculado pela divisão do peso em quilos, pela altura,
em metros, elevada ao quadrado (kg/m
2
). O resultado encontrado foi traçado em
gráficos específicos, utilizados para classificar a criança e o adolescente quanto à
sua composição corporal, de acordo com o padrão de referência do National
Center for Health statistics (NCHS) (KUCZMARSKI et al., 2000): baixo peso
(IMC/idade < percentil 5); eutrófico (IMC/idade percentil 5 a < percentil 85);
sobrepeso (IMC/idade do percentil 85 a <95); obesidade (IMC/idade percentil
95) (ANEXO 5).
4.4 Espirometria
Os testes de espirometria foram realizados através do espirômetro
VITATRACE VT 130 (Pro Medico Ltda.), que é um sistema de fole que permite
traçar curvas de expiração forçada e ciclos respiratórios basais, a partir das quais
são determinados os valores dos parâmetros referentes à função do sistema
respiratório. O aparelho é considerado adequado segundo os critérios da ATS,
para avaliação das provas de função pulmonar.
A espirometria foi realizada nas escolas, no período da manhã, com
temperatura em torno de 27º C. Para realização do teste, o estudante permaneceu
em posição ortostática, com a cabeça em posição neutra e fixa, utilizando clipe
nasal, com o objetivo de evitar vazamento de ar durante a expiração. Observações
cuidadosas foram realizadas para o posicionamento adequado do bocal a fim de
evitar vazamento de ar ou obstrução do mesmo.
As crianças e os adolescentes, de 7 a 14 anos, foram instruídos para a
execução do teste através da demonstração da técnica adequada. Os testes
foram realizados de acordo com a padronização da ATS. Os critérios de
aceitabilidade da CVF considerados foram: início satisfatório do teste, com um
volume retro-extrapolado menor que 5% da CVF ou 150 mL e ausência de tosse,
fechamento da glote, esforço insuficiente, manobra de valsalva, vazamento de ar e
obstrução do bucal, que pudesse comprometer a análise da curva. O tempo de
exalação teve duração de seis segundos, com um platô mínimo de um segundo. O
critério de reprodutibilidade da curva de CVF considerado foi a diferença máxima
de 150 mL entre as medidas de duas curvas, contendo os maiores valores. Esse
mesmo critério foi aplicado para a análise do VEF
1
.
Um mínimo de três curvas aceitáveis da CVF foi realizado com o objetivo de
assegurar que o esforço máximo e a cooperação da criança fossem obtidos, para
permitir a inclusão na análise final. Em presença de grande variabilidade entre as
curvas, um limite de oito manobras expiratórias foi realizado para preencher o
critério de reprodutibilidade. Durante o teste, as crianças e os adolescentes foram
encorajados verbalmente, para exalar o volume máximo de ar, a partir de uma
inspiração máxima, com máximo esforço.
O registro da curva no papel é realizado pelo deslocamento de uma pena
em movimento, que esdiretamente acoplada a um sistema pneumático a fole, o
qual é inflado proporcionalmente ao volume de ar exalado pelo paciente.
O registro gráfico da espirometria foi feito em papel apropriado, o qual
apresenta divisões de volume (divisões horizontais) graduadas em litros, tendo
subdivisões de 0,1 litro, representados na escala BTPS e tempo (divisões
verticais) em segundos. Cada subdivisão corresponde a um segundo em
velocidade baixa, e quatro subdivisões correspondem a um segundo em
velocidade alta.
Todas as medidas foram corrigidas de acordo com a pressão barométrica
local e com a temperatura do dia em que foram realizados os testes.
As variáveis espirométricas aferidas no trabalho foram a capacidade vital
forçada (CVF), que é o volume máximo de ar exalado com máximo esforço, após
uma inspiração máxima (ATS, 1995) e o volume expiratório forçado no primeiro
segundo (VEF
1
), que é o volume de ar expirado no primeiro segundo da manobra
de expiração forçada. Foi solicitado à criança inspirar profundamente até o
máximo possível e, a seguir, exalar todo o ar com o máximo esforço.
Para a análise dos resultados, foram considerados os maiores valores de
CVF e VEF
1
, registrados a partir de curvas aceitáveis, mesmo tendo sido
selecionados de curvas diferentes. Para calcular os valores de VEF
1,
foi utilizada
uma régua de cálculo, contendo escala de tempo em segundos. A leitura da CVF
foi realizada diretamente no gráfico na parte mais alta da curva onde ocorreu a
estabilização da mesma.
Para o cálculo do VEF
1,
foi utilizado o método de retro-extrapolação (ATS
1995), com o objetivo de diminuir a possibilidade de influências inerciais no início
do traçado. Foi traçada uma reta no ponto mais linear da curva de expiração
forçada até cruzar a linha de base. O ponto de cruzamento dessa reta com a linha
de base foi considerado volume zero, a partir do qual foi contado o tempo. Para a
leitura do VEF
1,
foi colocada a régua de cálculo sobre o papel de registro, de modo
que o ponto zero da escala de tempo da régua fosse coincidente com o volume
zero, calculado a partir do método de retro-extrapolação.
A relação dos valores medidos quanto aos normais foi obtida usando a
expressão: % teórico = valor medido / valor normal x 100.
4.5 Equações de referências
Para o cálculo dos valores teóricos de cada indivíduo, foram utilizadas as
equações de Mallozi (1995), Hsu et al. (1979) e Polgar e Promadhat (1971)
especificadas nos quadros 1, 2 e 3:
QUADRO 1
Equações de normalidade para a espirometria em crianças e adolescentes,
propostas por Polgar e Promadhat (1971)
Sexo VEF
1
CVF
Feminino
2,1 x 10
-6
x Hc
2,80
3,3 x 10
-6
x Hc
2,72
Masculino
2,1 x 10
-6
x
Hc
2,80
4,4 x 10
-6
x Hc
2,67
Hc = altura em centímetros. Valores de VEF
1
e CVF em litros
QUADRO 2
Equações de normalidade para a espirometria em crianças e adolescentes,
propostas por Hsu et al. (1979)
Sexo VEF
1
CVF
Feminino
3,79 x 10
-6
x Hc
2,68
2,57 x 10
-6
x Hc
2,78
Masculino
7,74 x 10
-7
x
Hc
3,00
3,58 x 10
-7
x Hc
3,18
Hc = altura em centímetros. Valores de VEF
1
e CVF em litros
QUADRO 3
Equações de normalidade para a espirometria em crianças e adolescentes,
propostas por Mallozi (1995)
Sexo VEF
1
CVF
Feminino
Estatura (cm) x 0,02336 + idade 0,0499
+ peso x 0,008 – 2,1240
limite inferior = previsto – 0,429
Estatura (cm) 0,02417+ idade x 0,0561
+ peso x 0,010 – 2,2197
limite inferior = previsto – 0,477
Masculino
2,7183
(log n estatura (cm) x 2,5431 – 11,8832)
limite inferior = previsto x 0,8
2,7183
(log n estatura (cm) x 2,7093 – 12,6205)
limite inferior = previsto x 0,79
4.6 Determinação de modelos preditivos
Nesse estudo, foram consideradas como variáveis independentes as
medidas antropométricas (altura, peso, IMC, circunferência do braço, prega
cutânea tricipital), assim como idade e sexo. As variáveis dependentes (ou
variáveis resposta) foram CVF e VEF
1
, que avaliam a performance espirométrica.
Foi realizada a análise descritiva através de medidas de tendência central
(média e mediana) e de variabilidade (desvio padrão) para todas as variáveis
observadas.
Para determinar a associação entre a performance espirométrica e as
medidas antropométricas, utilizou-se o coeficiente de correlação linear de
Pearson.
Para determinar os modelos preditivos, buscaram-se as combinações das
medidas antropométricas que melhor explicassem a performance espirométrica.
Foi utilizada a técnica de regressão linear múltipla, cujas variáveis independentes
foram escolhidas com base no maior coeficiente de determinação R
2
da variável
dependente. Foram propostas duas equações de referência finais para CVF e
VEF
1
, uma utilizando idade e circunferência do braço e outra utilizando altura e
peso, como variáveis independentes (TABELAS 9 e 10).
Para análise de regressão, foi utilizado o modelo de regressão linear
múltipla ajustado pelo método passo a passo descendente. Dessa forma,
primeiramente ajusta-se o modelo completo (com todas as variáveis
independentes), e avalia-se o modelo após a exclusão de cada variável
independente, considerada no estudo, selecionadas de acordo com o nível de
significância do coeficiente da variável.
A equação final é aquela, contendo apenas variáveis independentes
significativas.
Após a determinação da equação de regressão, os resíduos foram
avaliados quanto às suposições de independência, variabilidade constante e
normalidade.
Os modelos finais apresentados atenderam a todas as suposições dos
resíduos.
5 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Para a análise dos resultados, foram utilizados os seguintes testes/técnicas
estatísticos:
1- Teste t de Student para duas amostras independentes, com o objetivo
de comparar os sexos masculino e feminino, em relação aos valores
médios das variáveis estudadas.
2- Análise de variância (ANOVA), para as comparações das médias dos
valores espirométricos, calculados entre as equações, descritas na
literatura, e os modelos propostos.
3- Coeficiente de Pearson para as correlações entre as variáveis
espirométricas e antropométricas.
4- Regressão linear múltipla, para modelar as equações de referência
propostas e fazer previsões.
Em todas as análises, o nível de significância considerado foi 5%.
O software estatístico, utilizado para análise, foi o Minitab for Windows,
versão 14.1.
6 RESULTADOS
Foram avaliadas 122 crianças e adolescentes, de 07 a 14 anos. A
distribuição referente ao sexo foi de 50% masculino e 50% feminino. A média de
idade foi de 10,5 anos para o grupo feminino (desvio padrão de 2,3 anos) e de
10,3 anos para o masculino (desvio padrão de 2,3 anos).
A tabela 1 mostra a distribuição da população estudada segundo sexo, faixa
etária e índice de massa corporal.
TABELA 1
Distribuição das crianças e adolescentes segundo faixa etária, sexo e IMC
Faixa
etária
Masculino
Feminino
GBP GE GSP GO
GBP GE GSP GO
7 |-| 9
2 15 3 6
1 12 5 4
10 |-| 12
5 6 2 6
7 10 1 8
13
4 4 5 1
1 5 5 4
GBP: grupo baixo peso; GE: grupo eutrófico; GSP: grupo sobrepeso; GO: grupo obeso.
Foi avaliado um maior número de crianças (7 a 12 anos) em relação aos
adolescentes (
13 anos).
Os dados antropométricos dos grupos masculino e feminino estão
sumarizados na Tabela 2.
TABELA 2
Características antropométricas da população estudada
Grupos
Idade
(anos)
Peso
(Kg)
Altura
(m)
IMC
(kg/m
2
)
Circunferência
do braço
(cm)
Prega
cutânea
tricipital
(cm)
Feminino
10,5 ± 2,3
42,9 ± 19,4
1,45 ± 0,1 19,6 ± 5,6 22,7 ± 4,4 12,0 ± 5,0
Masculino
10,3 ± 2,3
40,9 ± 18,2
1,44 ± 0,1 19,0 ± 4,6 22,5 ± 3,9 11,8 ± 5,2
Dados foram expressos em média ± desvio padrão.
Não foram encontradas diferenças estatísticas entre os grupos masculino e
feminino em relação a nenhuma variável apresentada.
As Tabelas 3 e 4 apresentam os parâmetros avaliados nas crianças e
adolescentes com diferentes IMC, nos grupos masculino e feminino,
respectivamente. A distribuição das crianças e adolescentes em relação ao IMC
nos grupos masculino e feminino, respectivamente, foi: Grupo Baixo peso 18%e
14,7%, Eutrófico 41% e 44%, Sobrepeso 20% e 24,6% e obeso 21,3% e 16,4%.
TABELA 3
Caracterização da amostra do sexo masculino nos grupos com diferentes IMC
PARÂMETRO
BAIXO PESO
n = 11
(18%)
EUTRÓFICO
n = 25
(41%)
SOBREPESO
n = 12
(20%)
OBESO
n = 13
(21,3%)
IDADE (ANOS)
11,4 ± 1,9 9,8 ± 2,3 9,7 ± 1,7 10,7 ± 2,7
ALTURA (CM)
146,7 ± 14,7 140 ± 13,1 142,2 ± 11,5 151,5 ± 18,2
PESO (Kg)
31,8 ± 8,5 34,1 ± 10,3 42,2 ± 10,1 60,5 ± 26,4
IMC (Kg/m
2
)
14,5 ± 1,1 17 ± 1,9 20,5 ± 1,7 25,1 ± 5,2
CIRCUNFERÊNCIA
DO BRAÇO (CM)
19,3 ± 1,2 20,6 ± 2,3 23,7 ± 2,1 27,7 ± 3,6
PREGA CUTÂNEA
TRICIPITAL (CM)
6,9 ± 2,5 9,3 ± 2,2 13,7 ± 3,5 19,1 ± 3,8
Valores expressos em média ± desvio padrão. Os números em parênteses representam a
freqüência dos indivíduos estudados de acordo com os percentis do Índice de Massa
Corporal – IMC/idade.
TABELA 4
Caracterização da amostra do sexo feminino nos grupos com diferentes IMC
PARÂMETRO
BAIXO PESO
n = 9
(14,7%)
EUTRÓFICO
n = 27
(44%)
SOBREPESO
n = 15
(24,6%)
OBESO
n = 10
(16,4%)
IDADE (ANOS)
10,7 ± 1,7 10,3 ± 2,1 10,7 ± 2,3 10,7 ± 3,2
ALTURA (CM)
137,1 ± 8,3 145,2 ± 14,6 147,3 ± 14,3 151± 16,7
PESO (Kg)
26,3 ± 4,5 35,9 ± 9,4 49,4 ± 14,4 67± 27,6
IMC (Kg/m
2
)
13,9 ± 1,0 16,8 ± 1,4 22,3 ± 2,8 28,1 ± 6,4
CIRCUNFERÊNCIA
DO BRAÇO (CM)
17,9± 0,8 20,8 ± 2,1 25,0 ± 2,8 28,5 ± 4,6
PREGA CUTÂNEA
TRICIPITAL (CM)
7,7 ± 2,2 9,9 ± 2,3 13,6 ± 3,8 19,4 ± 5,1
Valores expressos em média ± desvio padrão. Os números em parênteses representam a
freqüência dos indivíduos estudados de acordo com os percentis do Índice de Massa Corporal
– IMC/idade.
Pode-se observar que as variáveis peso, circunferência do braço e prega
cutânea tricipital aumentam com o aumento do IMC. Os valores da circunferência
do braço, no grupo baixo peso masculino, foram significativamente maiores que o
grupo feminino correspondente (p = 0,007).
A Tabela 5 apresenta os parâmetros VEF
1
, CVF e o Índice de Tiffeneau,
avaliados nas crianças e adolescentes dos grupos baixo peso, eutrófico,
sobrepeso e obeso.
TABELA 5
Caracterização dos parâmetros da função pulmonar das crianças e adolescentes
do sexo feminino e masculino nos diferentes IMC
Sexo Feminino
(n=61)
Sexo Masculino
(n=61)
CVF(L) VEF
1
(L) IT(%) CVF(L) VEF
1
(L) IT(%)
GBP
1,8 ± 0,61* 1,6 ± 0,5 86,88 ± 2,12 2,09 ± 0,31* 1,84 ± 0,36 87,20 ± 5,66
GE
2,2 ± 0,69 2,0 ± 0,64 90,64 ± 3,95 2,13 ± 0,63 1,87 ± 0,49 88,24 ± 6,95
GSP
2,4 ± 0,67 2,1 ± 0,66 87,50 ± 6,2 2,32 ± 0,51 2,0 ± 0,46 85,93 ± 6,39
GO
3,0 ± 1,0 2,6 ± 0,92 87,40 ± 5,051 2,96 ± 1,19 2,5 ± 1,03 83,67 ± 4,68
Valores expressos em média ± o desvio padrão. GBP: grupo baixo peso; GE: grupo eutrófico; GSP: grupo
sobrepeso; GO: grupo obeso. CVF: capacidade vital forçada; VEF
1
: volume expiratório forçado nosegundo
da CVF; IT: índice de Tiffeneau.
*: p<0,05 em relação à CVF no GBP entre o sexo masculino e feminino.
Houve diferença significativa em relação a CVF entre os grupos GBP e GO
e entre os grupos GE e GO nos sexos masculino e feminino. Em relação ao VEF
1
houve diferença entre os grupos GE e GO no sexo masculino.
Os valores de CVF tanto no grupo masculino quanto no feminino foram
significativamente superiores no grupo obeso, em relação ao grupo baixo peso
e
ao grupo eutrófico. Em relação ao VEF
1
, os valores também foram maiores no
grupo obeso, em relação ao grupo baixo peso no sexo feminino e em relação ao
grupo eutrófico no sexo masculino.
As correlações entre as variáveis estão representadas nas Tabelas 6 e 7,
para o grupo feminino e masculino, respectivamente.
TABELA 6
Coeficiente de correlação linear de Pearson e respectivo valor p* entre pares de
variáveis no grupo feminino
Variável Idade Altura Peso IMC
Cir.
Braço
Prega
cut.
CVF
Altura
0,799
0,000
Peso
0,614 0,781
0,000 0,000
IMC
0,385 0,504 0,922
0,002 0,000 0,000
Cir.
Braço
0,428 0,604 0,923 0,949
0,001 0,000 0,000 0,000
Prega
cut.
0,267 0,315 0,692 0,806 0,785
0,038 0,013 0,000 0,000 0,000
CVF
0,709 0,847 0,842 0,678 0,720 0,456
0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
VEF1
0,715 0,844 0,818 0,644 0,695 0,435 0,989
0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
* valor p do teste de significância do coeficiente de correlação.
TABELA 7
Coeficiente de correlação linear de Pearson e respectivo valor p* entre pares de
variáveis no grupo masculino
Idade Altura Peso IMC
Cir.
Braço
Prega
cut.
CVF
Altura
0,892
0,000
Peso
0,670 0,823
0,000 0,000
IMC
0,402 0,563 0,917
0,001 0,000 0,000
Cir.
Braço
0,492 0,638 0,895 0,934
0,000 0,000 0,000 0,000
Prega
cut.
0,152 0,314 0,610 0,764 0,752
0,243 0,014 0,000 0,000 0,000
CVF
0,738 0,832 0,846 0,699 0,777 0,437
0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
VEF1
0,736 0,848 0,840 0,669 0,752 0,396 0,965
0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,002 0,000
* valor p do teste de significância do coeficiente de correlação.
A CVF e o VEF
1
mostraram correlação forte com altura, idade,
circunferência do braço e peso, correlação moderada com o IMC e correlação
fraca com a prega cutânea tricipital. No geral, as correlações observadas para o
sexo feminino foram próximas às do sexo masculino.
As Tabelas 8 e 9 mostram as equações de regressão encontradas neste
estudo.
TABELA 8
Equações de regressão propostas para VEF
1
e CVF, de acordo com o Sexo –
Circunferência do Braço e Idade como variáveis explicativas
Sexo Feminino Sexo Masculino
Resposta Variável
Coeficiente
Valor
p
R
2
Coeficiente
Valor
P
R
2
VEF
1
Idade 0,1642 0,000 70% 0,1102 0,000 82,8%
Circ. Braço
0,0792 0,000 0,0859 0,000
Constante -1,4480 0,000 -1,0271 0,000
CVF
Idade 0,1737 0,000 71,5% 0,1364 0,000 86,8%
Circ. Braço
0,0937 0,000 0,1042 0,000
Constante -1,6190 0,000 -1,3893 0,000
EQUAÇÕES PROPOSTAS 1:
Sexo feminino
VEF
1
= - 1,45 + 0,164 Idade + 0,0791 Circunferência do braço
CVF = - 1,62 + 0,174 Idade + 0,0937 Circunferência do braço
Sexo Masculino:
VEF
1
= - 1,03 + 0,110 Idade + 0,0859 Circunferência do braço
CVF = - 1,39 + 0,136 Idade + 0,104 Circunferência do braço
TABELA 9
Equações de regressão propostas para VEF
1
e CVF, de acordo com o Sexo -
Peso e Altura como variáveis explicativas
Sexo Feminino Sexo Masculino
Resposta
Variável
Coeficiente
Valor
p
R
2
Coeficiente
Valor
p
R
2
VEF
1
Peso 0,0153 0,000 77,7% 0,0162 0,000 78,2%
Altura 0,0265 0,000 0,0221 0,000
Constante -2,4310 0,000 -1,8126 0,000
CVF
Peso 0,0192 0,000 80,1% 0,0183 0,000 81,5%
Altura 0,0269 0,000 0,0211 0,000
Constante -2,4081 0,000 -1,4824 0,000
EQUAÇÕES PROPOSTAS 2:
Sexo feminino
VEF
1
= - 2,43 + 0,0153 Peso + 0,0265 altura
CVF = - 2,41 + 0,0192 Peso + 0,0269 altura
Sexo Masculino:
VEF
1
= - 1,81 + 0,0162 Peso + 0,0221 altura
CVF = - 1,48 + 0,0183 Peso + 0,0211 altura
Nota-se que os coeficientes de determinação R
2
foram altos, significando
que as variáveis dependentes que entraram no modelo, “explicam” de maneira
direta, quase toda a variação da variável dependente.
.
Houve uma boa explicação
para as duas equações para CVF e VEF
1
, tanto para o sexo masculino como para
o feminino.
A Figura 2 mostra as comparações entre os valores de CVF e VEF
1
,
medidos nas crianças e adolescentes nos grupos masculino e feminino, com os
valores previstos pelas equações de Hsu et al. (1979), Polgar e Promadhat (1971),
Mallozi (1995), Equações propostas 1 e 2.
Variá-
veis
MASCULINO FEMININO
CVF
real Mallozi Hsu Polgar
Equação 1
Equação 2
0
1
2
3
*
* p<0,05
em relação ao real
CVF(L)
Figura 2A: CVF real e previstos pelas
5 equações no grupo masculino
real Mallozi Hsu Polgar Equação 1 Equação 2
0
1
2
3
*
* p<0,05
em relação ao real
CVF(L)
Figura 2B: CVF real e previstos pelas 5
equações no grupo feminino
VEF
1
real Mallozi Hsu Polgar Equação 1 Equação 2
0
1
2
3
*
*
* p<0,05
em relação ao real
VEF
1
(L)
Figura 2C: VEF
1
real e previstos pelas
5 equações no grupo masculino
real Mallozi Hsu Polgar Equação 1 Equação 2
0
1
2
3
*
*
* p<0,05
em relação ao real
VEF
1
(L)
Figura 2D: VEF
1
real e previstos pelas
5 equações no grupo feminino
FIGURA 2 - Comparação entre os valores medidos de CVF e VEF
1
com os valores
previstos pelas 5 equações, nos grupos masculino e feminino
Os valores de VEF
1
previstos pelas equações de Hsu et al. (1979) e de
Polgar e Promadhat (1971), para os grupos masculino e feminino, foram
significativamente superiores aos valores reais. As equações propostas não
diferiram em relação à equação da Mallozi (1995).
Os valores de CVF, previstos pelas equações de Hsu et al. (1979), tanto
para o sexo masculino como para o feminino, foram significativamente superiores
aos valores medidos.
As Figuras 3 e 4 mostram as comparações entre os valores de CVF e VEF
1
,
medidos nas crianças e adolescentes, com diferentes IMC, com os valores
previstos pelas equações de Hsu et al. (1979), Polgar e Promadhat (1971), Mallozi
(1995), Equações propostas 1
e 2.
Variá-
veis
MASCULINO FEMININO
BAIXO
PESO
real Mallozi Hsu Polgar Equação 1 Equação 2
0
1
2
3
4
*
* p<0,05
em relação ao real
CVF(L)
Figura
3A
:
Comparação dos valores de CVF
medidos no grupo masculino baixo peso (GBP)
com os valores obtidos nas 5 equações.
real Mallozi Hsu Polgar Equação 1 Equação 2
0
1
2
3
CVF (L)
Figura
3B: Comparação dos valores de CVF
medidos no grupo feminino baixo peso (GBP)
com os valores obtidos nas 5 equações.
EUTRÓ-
FICO
real Mallozi Hsu Polgar Equação 1 Equação 2
0
1
2
3
CVF(L)
Figura
3C: Comparação dos valores de CVF
medidos no grupo masculino eutrófico (GE) com
os valores obtidos nas 5 equações.
real Mallozi Hsu Polgar Equação 1 Equação 2
0
1
2
3
*
* p<0,05 em relação ao real
CVF (L)
Figura
3D: Comparação dos valores de CVF
medidos no grupo feminino baixo peso (GBP)
com os valores obtidos nas 5 equações.
SOBRE
PESO
real Mallozi Hsu Polgar Equação 1 Equação 2
0
1
2
3
CVF (L)
Figura
3E: Comparação dos valores de CVF
medidos no grupo masculino sobrepeso (GSP)
com os valores obtidos nas 5 equações.
real Mallozi Hsu Polgar Equação 1 Equação 2
0
1
2
3
CVF (L)
Figura
3F: Comparação dos valores de CVF
medidos no grupo feminino sobrepeso (GSP) com
os valores obtidos nas 5 equações.
OBESO
real Mallozi Hsu Polgar Equação 1 Equação 2
0
1
2
3
4
CVF (L)
Figura
3G: Comparação dos valores de VEF
1
medidos no grupo masculino obeso (GO) e os
valores obtidos nas 5 equações.
real Mallozi Hsu Polgar Equação 1 Equação 2
0
1
2
3
4
CVF (L)
Figura
3H: Comparação dos valores de CVF
medidos no grupo feminino obeso (GO) com os
valores obtidos nas 5 equações.
FIGURA 3 - Representação dos valores de CVF medidos e previstos pelas
equações de Polgar et al, 1971, Hsu et al, 1979, de Mallozi, 1995,
Equações propostas 1 e 2, nos grupos com diferentes IMC
GRUPOS
MASCULINO FEMININO
BAIXO
PESO
real Mallozi Hsu Polgar
Equação 1
Equação 2
0
1
2
3
*
*
* p<0,05
em relação ao real
VEF
1
(L)
Figura
4A: Comparação dos valores de VEF
1
medidos no grupo masculino baixo peso
(GBP) e os valores obtidos nas 5 equações.
real Mallozi Hsu Polgar Equação 1Equação 2
0
1
2
3
*
*
* p<0,05
em relação ao real
VEF
1
(L)
Figura
4B: Comparação dos valores de VEF
1
medidos no grupo feminino baixo peso (GBP) e
os valores obtidos nas 5 equações.
EUTRÓ-
FICO
real Mallozi Hsu Polgar Equação 1Equação 2
0
1
2
3
4
VEF
1
(L)
Figura
4C: Comparação dos valores de VEF
1
medidos no grupo masculino eutrófico (GE) e os
valores obtidos nas 5 equações.
real Mallozi Hsu Polgar Equação 1 Equação 2
0
1
2
3
4
*
* p<0,05
em relação ao real
VEF
1
(L)
Figura
4D: Comparação dos valores de VEF
1
medidos
no grupo feminino eutrófico (GE) e os valores obtidos
nas 5 equações.
SOBRE
PESO
real Mallozi Hsu Polgar
Equação 1
Equação 2
0
1
2
3
4
VEF
1
(L)
Figura
4E: Comparação dos valores de VEF
1
medidos no grupo masculino sobrepeso (GSP)
e os valores obtidos nas 5 equações.
real Mallozi Hsu Polgar Equação 1 Equação 2
0
1
2
3
4
VEF
1
(L)
Figura
4F: Comparação dos valores de VEF
1
medidos no grupo feminino sobrepeso (GSP) e os
valores obtidos nas 5 equações.
OBESO
real Mallozi Hsu Polgar Equação 1Equação 2
0
1
2
3
4
VEF
1
(L)
Figura
5G: Comparação dos valores de
VEF
1
medidos no grupo masculino obeso (GO)
e os valores obtidos nas 5 equações.
real Mallozi Hsu Polgar Equação 1Equação 2
0
1
2
3
4
VEF
1
(L)
Figura
5H: Comparação dos valores de VEF
1
medidos no grupo feminino obeso (GO) e os valores
obtidos nas 5 equações.
FIGURA 4 - Representação dos valores de VEF
1
medidos e previstos pelas equações
de Polgar et al, 1971 , Hsu et al, 1979, de Mallozi, 1995, Equações
propostas 1 e 2, nos grupos com diferentes IMC
Os valores de CVF, previstos pela equação de Hsu et al, foram
significativamente superiores aos valores medidos no grupo eutrófico feminino e
baixo peso masculino. Não houve diferença entre os valores de CVF medidos e os
valores previstos pelas 5 equações, nos grupos feminino baixo peso, sobrepeso e
obeso e nos grupos masculino eutrófico, sobrepeso e obeso.
Os valores de VEF
1
nos grupos baixo peso feminino e masculino, previstos
pelas equações de Hsu et al. (1979) e Polgar e Promadhat (1971), foram
significativamente superiores aos valores medidos. No grupo feminino eutrófico, os
valores, segundo Polgar e Promadhat, também foram significativamente
superiores aos valores medidos. Não houve diferença entre os valores de VEF
1
medidos e os valores previstos pelas cinco equações, nos grupos feminino
sobrepeso e obeso e nos grupos masculino eutrófico, sobrepeso e obeso.
7 DISCUSSÃO
No presente estudo, foram analisados e comparados os valores da
espirometria, VEF
1
e CVF, calculados a partir de três equações de referência, em
crianças e adolescentes saudáveis, do sexo feminino e masculino. As equações
de POLGAR e PROMADHAT, 1971, HSU et al., 1979 e MALLOZI, 1995 são
utilizadas na literatura, para analisar a espirometria em crianças e adolescentes.
A crescente importância dos testes de função pulmonar no diagnóstico de
doenças pulmonares requer uma definição mais precisa dos valores de referência
(PEREIRA et al., 1992).
Os valores de referência para a espirometria o usualmente baseados na
análise de fatores ambientais e pessoais pertinentes, em populações julgadas
saudáveis, de acordo com critérios especificados, os quais podem variar de
estudo a estudo (BECKLAKE, 1986). Os valores de referência devem ser
periodicamente derivados devido a mudanças nas características das populações
ao longo do tempo (SBPT, 1996).
A escolha de determinada equação de referência, para avaliar a
espirometria na prática clínica, é feita por critérios variados, como exemplo, boa
seleção da população e igualdade da técnica empregada. Porém, muitas vezes
poderá ocorrer falha nessa escolha e resultar na caracterização ou não de
determinado distúrbio ventilatório.
O estado nutricional de um indivíduo relaciona-se com seu estado de saúde
e tem papel fundamental na integridade do sistema respiratório (FUNG et al.,
1990). Crianças com aumento do peso corporal e do índice de massa corporal
(IMC) têm aumento nas medidas espirométricas (FUNG et al., 1990). No presente
estudo, foi observado aumento gradual nas medidas espirométricas das crianças
com aumento do IMC. O aumento foi significativo em relação a CVF para os
grupos eutrófico e obeso (p<0,05) e entre obeso e baixo peso (p<0,05) no sexo
masculino e feminino. Para o VEF
1
, o aumento foi significativo entre os grupos
obeso e baixo peso (p<0,05) para os sexos masculino e feminino, e entre os
grupos eutrófico e obeso (p<0,01) para o sexo masculino (TABELA 4).
Os testes espirométricos foram realizados na posição ortostática com a
finalidade de obter os maiores valores de CVF e VEF
1
. Sabe-se que a
espirometria pode ser executada tanto na posição sentada quanto de (ATS,
1995). Por questões de segurança, a posição sentada é recomendada por Miller et
al. (2005). Entretanto, a capacidade vital forçada (CVF) e a capacidade vital (CV)
são 1 a 2 % menores na posição sentada, quando comparadas com a posição
ortostática.
As variações dos parâmetros expiratórios em crianças levaram à criação de
equações de “valor teórico” (VT), que os normatizassem, tornando as
comparações possíveis (HSU et al., 1979), permitindo, assim, diferenciar função
respiratória normal de alterada. Em 1971, Polgar e Promadhat reuniram dados de
estudos publicados entre 1922 e 1969, para produzir equações de referência para
uso pediátrico. A partir dos dados de 12 publicações foi derivada uma equação
preditiva, pela média das equações de referência publicadas previamente. Essas
equações são utilizadas especialmente na Europa e Estados Unidos
.
Hsu e
colaboradores descreveram a função ventilatória em crianças e adultos jovens
com idade entre 7 a 20 anos em brancos, negros e méxico-americanos e
encontraram para estes últimos valores significativamente menores que os do
grupo branco e superiores aos do negro. As equações de Hsu et al. (1979) e
Polgar e Promadhat (1971) utilizam apenas a estatura como variável
independente, por modelos de potência, numa larga faixa de idade pediátrica.
Mallozi (1995) propôs equações de referência que expressam o padrão normal
para uma população miscigenada e, portanto, geneticamente diferenciada, como a
brasileira. Essas equações utilizam o peso, a idade e a altura como variáveis nos
modelos.
As três equações comparadas, ainda que distintas, geraram valores
semelhantes para CVF e VEF
1
em 122 crianças e adolescentes de Belo Horizonte,
com diferentes índices de massa corporal. A diferença, entretanto, foi em relação
às crianças e adolescentes eutróficos e com baixo peso. A CVF e o FEV
1
medidos
nessa população foram menores do que os valores previstos pelas equações de
Hsu et al. e de Polgar e Promadhat. Os valores previstos pelas equações de
Polgar e Promadhat para CVF e VEF
1
, de crianças do sexo feminino, eutróficas e
com baixo peso e os valores de VEF
1
de crianças do sexo masculino, com baixo
peso, apresentaram-se superestimados. Os valores de CVF previstos por Hsu et
al. (1979), em crianças e adolescentes eutróficas do sexo feminino e baixo peso
do sexo masculino, e para VEF
1
, de crianças com baixo peso do sexo feminino,
também demonstraram uma superestimação dos valores.
Existem poucos estudos para comparar e contrastar os resultados. Porém,
ao comparar os valores previstos pelas equações de Mallozi (1995) e pelas
equações propostas no presente estudo, observou-se que não houve diferença
entre os valores de CVF e VEF
1
(Figs. 4A a 4H e 5A a 5H). Isso sugere que as
equações propostas sejam adequadas para avaliar a função pulmonar, assim
como as equações da Mallozi.
Os fatores técnicos, biológicos e os modelos de análise aplicados aos
dados, podem explicar a variação encontrada entre as equações.
As variáveis funcionais que influenciam a função pulmonar, em ordem de
importância são:
1) Sexo: Segundo Pereira, 2002, a diferença entre os sexos masculino e
feminino responde por 30% da variação da função pulmonar. De acordo
com Dirksen e Groth (1986), essa diferença entre os sexos é
independente de idade, altura e peso. Outros trabalhos confirmaram o
dimorfismo sexual para a CVF e para o VEF
1
, sendo os valores para o
sexo masculino sistematicamente superiores aos do sexo feminino
(CHEHREH et al., 1973; DICKMAN et al., 1971; ENRIGHT et al., 2000;
JOSEPH et al., 2000; SEELY et al., 1974; SCHOENBERG et al.,1978;
SCHWARTZ et al., 1988b). O presente estudo, não foram observadas
diferenças estatísticas entre os sexos (VEF
1
, p = 0,7285 e CVF,
p=0,9782) (TABELA 4). Ao comparar as crianças e adolescentes do
sexo masculino com sexo feminino, nos diferentes índices de massa
corporal, observou-se que a CVF foi significativamente maior no grupo
baixo peso masculino (2,09 ± 0,31 versus 1,8 ± 0,61) (TABELA 4). Nos
demais grupos, e em relação aos valores do VEF
1,
não houve diferença
entre os grupos masculino e feminino.
2) Altura: A função pulmonar aumenta em função do crescimento corporal.
A altura é o determinante isolado mais importante da função pulmonar,
após o dimorfismo sexual. No presente estudo também foi encontrada
correlação positiva entre a altura e os valores de VEF
1
(R
2
=0,85) e CVF
(R
2
=0,84), nas crianças e adolescentes.
3) Idade: A função pulmonar aumenta exponencialmente dos 6 aos 14
anos de idade, sendo essa faixa etária grandemente influenciada pela
estatura. Nos adolescentes, a variação é complexa e influenciada pela
estatura, idade e peso. Este último reflete o ganho muscular nessa faixa
etária. A função pulmonar atinge valores máximos aos 20 anos, no sexo
feminino, e aos 25 anos, no sexo masculino. O pulmão deixa de crescer
antes, porém, a força muscular se eleva no sexo masculino, o que eleva
a capacidade vital. Após o máximo, a função pulmonar permanece
estável até os 35 anos de idade aproximadamente, quando começa a
decair gradualmente ao longo da vida (PEREIRA et al., 1992). A faixa de
idade avaliada neste trabalho foi 7 a 14 anos. Houve correlação positiva
entre idade e CVF (R
2
=0,74; R
2
= 0,71) e entre idade e VEF
1
(R
2
=0,74;
R
2
=0,71), nos grupos masculino e feminino, respectivamente. De acordo
com os estudos de Binder et al. (1976) e DOCKERY et al. (1983), foi
observado, nesse estudo, aumento dos valores de CVF e VEF
1
com o
aumento da idade para os sexos feminino e masculino (TABELAS 5 e
6). Binder et al. (1976) estudaram a função pulmonar, especialmente as
medidas da CVF e o VEF
1
em crianças brancas e negras, entre 9 e 17
anos. Esses autores observaram que os parâmetros diferiam entre si, de
acordo com a raça e, dentro da mesma raça, evoluíam com a idade e
altura. Dockery et al. (1983) também descreveram o aumento da CVF e
do VEF
1
com a idade. Os valores aumentam com a idade até os 17 ou
18 anos (LEBOWITZ et al., 1987), quando atingem um platô e, a seguir,
começam a decair.
4) Raça: Vários trabalhos têm demonstrado diferenças entre as raças.
Tabelas de valores previstos derivadas da população norte-americana
revelam que os valores são em média 15% inferiores para a raça negra.
Esse fator de correção não se aplica aos valores publicados para a
população brasileira, em que os valores previstos são semelhantes. Os
negros norte-americanos têm menor proporção entre o tronco e os
membros, o que não ocorre na população brasileira (PEREIRA et al.,
1992; MALLOZZI, 1995). Neste trabalho, as crianças e adolescentes
não foram divididos pela raça, devido à grande miscigenação da nossa
população.
5) Passado e presente de doença: Doenças respiratórias e seus
sintomas têm impacto negativo na função pulmonar (LEBOWITZ et al.,
1987).
6) Peso: O peso também tem um efeito significante sobre os valores da
função pulmonar em adultos e em adolescentes. O aumento do peso
primeiramente aumenta a função pulmonar (efeito muscular) e depois
diminui (efeito da obesidade).
A partir das diferenças encontradas dos valores medidos e previstos para a
CVF e o VEF
1
, entre as três séries de equações de predição utilizadas nesse
estudo (Hsu et al, Polgar e Promadhat e Mallozi), observou-se a necessidade de
criar novas equações, para refletir melhor a função pulmonar de crianças e
adolescentes com diferentes índices de massa corporal.
Quanjer et al. (1989) realizaram uma extensa revisão bibliográfica e
verificaram que vários autores utilizam a regressão linear em equações de
referência. Neste trabalho, também foi utilizado o modelo de regressão linear, para
gerar as equações preditivas para CVF e VEF
1.
Para determinar os modelos
preditivos, foram examinadas as combinações das medidas antropométricas, que
melhor explicassem a performance espirométrica. A CVF e o VEF
1
mostraram uma
forte correlação com altura, idade, circunferência do braço e peso. No geral, não
houve diferença nos coeficientes de correlação para o sexo masculino e feminino
(TABELAS 5 e 6). A prega cutânea tricipital mostrou uma fraca correlação com a
CVF e com o VEF
1
, portanto não foi incluída no modelo de regressão. O IMC
mostrou uma correlação moderada, provavelmente por refletir a massa gorda e a
massa magra em conjunto. Talvez, a bio-impedância elétrica que distingue a
massa gorda da massa magra, mostraria um resultado diferente.
Devido à impossibilidade de aferir o peso e a altura em determinados
grupos de pacientes, a análise da função pulmonar torna-se prejudicada, pois as
equações de referência existentes utilizam essas medidas antropométricas como
variáveis explicativas para a função pulmonar. Visto que o uso da circunferência
do braço, que reflete o estado nutricional, é uma medida alternativa para casos em
que não é possível obter o peso, a estatura e a envergadura, resolvemos propor
uma equação de referência que utilizasse a circunferência do braço como variável
explicativa nas equações de referência para CVF e VEF
1
. Foram propostas duas
equações de referência finais para CVF e VEF
1
, uma utilizando-se altura e peso, e
a outra utilizando-se idade e circunferência do braço como variáveis
independentes, em crianças e adolescentes, com diferentes índices de massa
corporal (IMC). Essas equações foram comparadas com as de Polgar e
Promadhat (1971), Hsu et al. (1979) e Mallozi (1995), a partir de dados coletados
em 122 crianças e adolescentes saudáveis.
As equações preditivas, obtidas para CVF e VEF
1
, para o sexo masculino e
feminino, estão mostradas nas Tabelas 7 e 8. Elas foram comparadas com
aquelas existentes na literatura. Foram calculados os valores previstos para VEF
1
e CVF, pelos quatro autores, para o sexo masculino e feminino, e submetidos a
estudo estatístico, através do teste one way ANOVA.
A comparação dos valores de CVF e VEF
1
calculados pelas equações
propostas neste estudo, com os valores previstos pelas equações de Hsu et al.
(1979), e Polgar e Promadhat (1971), mostrou diferenças significativas para
crianças e adolescentes eutróficas e com baixo peso, demonstrando que essas
equações são de uso limitado quando aplicadas à população deste estudo. Esse
fato não ocorreu com as equações de Mallozi (1995), geradas na população
brasileira, pois, provavelmente, refletem melhor a nossa realidade étnica.
8 CONCLUSÃO
A partir das diferenças encontradas dos valores medidos e previstos para
CVF e VEF
1
, entre as três séries de equações, observou-se a necessidade de
criar novas equações, para melhor refletir a função pulmonar desta população.
A circunferência do braço, considerada indicativa do estado nutricional,
apresentou-se como variável independente adequada no modelo proposto,
mostrando uma correlação forte e direta com a CVF e VEF
1
, podendo ser útil na
impossibilidade de se obterem as medidas de peso, altura e envergadura de
crianças e adolescentes.
Diferentemente das equações de Hsu et al. (1979), e Polgar e Promadhat
(1971), os valores de CVF e VEF
1
previstos por Mallozi, 1995, e pelas equações
propostas neste estudo não diferiram entre os valores medidos nas crianças com
diferentes índices de massa corporal, confirmando que as equações de referência
devem ser padronizadas para cada população, para refletir melhor os parâmetros
da função pulmonar.
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C.A.C. Valores de referência para a espirometria em uma amostra da
população brasileira adulta. 113f. Tese (Doutorado em Pneumologia)
Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo,
1992.
46. HUTCHISON, A.A. et al. Intrasubject variability of pulmonary function testing in
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predict the vital capacity of boys both before and during puberty? Eur. Respir.
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asthma among middle-class children. Chest, Park Ridge, v.117, n.5, p.1336-
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51. KELLY, S.M. et al. Inspiratory muscle strength and body composition in
patients receiving total parenteral nutrition therapy. Am. Rev. Respir. Dis.,
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59. MALLORY Jr., G.B.; FISER, D.H.; JACKSON, R. Sleep-associated breathing
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Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 1995.
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95th percentiles of body mass index (wt/ht
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pulmonary function in healthy blacks and whites. Respir. Physiol.,
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82. SCHWARTZ, J.D. et al. Analysis of spirometric data from a national sample of
healthy 6- to 24-year-olds (NHANES II). Am. Rev. Respir. Dis., New York,
v.138, n.6, p.1405-1414, 1988.
83. SEELY, J.E.; GUZMAN, C.A.; BECKLAKE, M.R. Heart and lung function at
rest and during exercise in adolescence. J. Appl. Physiol., Bethesda, v.36,
n.1, p.34-40, 1974.
84. SHARP, J.T. et al. The total work of breathing in normal and obese men. J Clin
Invest., v.43, p. 728-39, 1964.
85. SIGULEM, D.M.; DEVINCENZI, M.U.; LESSA, A.C. Diagnóstico nutricional da
criança e do adolescente. J. Pediatr., Rio de Janeiro, v.76, n.3, p.275S-284S,
2000. Suplemento.
86. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA - SBPT. I
Consenso Brasileiro de Espirometria. J. Pneumol., Brasília, v.22, n.3, p.105-
164, 1996.
87. SURATT, P.M. et al. Compliance of chest wall in obese subjects. J. Appl.
Physiol., Bestheda, v.57, n.2, p.403-407, 1984.
88. TIFFENEAU, R.; PINELLI, A. Air circulant et captif dans Ièxploration de la
fonction ventilatrice pulmonaire. Paris Médical, v.37, p.624-628, 1947. apud
PEREIRA, C.A.C. Valores de referência para a espirometria em uma
amostra da população brasileira adulta. 113f. Tese (Doutorado em
Pneumologia) Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São
Paulo, São Paulo, 1992.
89. VAUGHAN, R.W.; CORK, R.C.; HOLLANDER, D. The effect of massive weight
loss on arterial oxygenation and pulmonary function tests. Anesthesiology,
Philadelphia, v.54, n.4, p.325-328, 1981.
90. VEIGA, G.V.; SIGULEM, D.M. Avaliação da composição corporal através de
medidas antropométricas, de adolescentes obesas e eutróficas de dois níveis
sócio-econômicos. J. Pediatr., Rio de Janeiro, v.70, n.4, p.206-214, 1994.
91. VOORHOEVE, H.W. A new reference for the mid-upper arm circumference?
J. Trop. Pediatr., London, v.36, n.5, p.256-262, 1990.
92. WANG, X. et al. Pulmonary function between 6 and 18 years of age. Pediatr.
Pulmonol., New York, v.15, n.2, p.75-88, 1993.
93. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Expert Committee. Physical status: the
use and interpretation of anthropometry. Geneva: WHO, 1995. 452p. (WHO
Technical Report Series, 854).
94. ZEMEL, B.S.; RILEY, E.M.; STALLINGS, V.A. Evaluation of methodology for
nutritional assessment in children: anthropometry, body composition, and
energy expenditure. Ann. Rev. Nutr., Palo Alto, v.17, p.211-235, 1997.
95. ZERAH, F. et al. Effects the obesity on respiratory resistance. Chest, Park
Ridge, v.103, n.5, p.1470-1476, 1993.
ANEXOS
Anexo 1: QUESTIONÁRIO ISAAC
NOME= NASC.___/___/___
MASC. FEM.
ESCOLA: SÉRIE:
1.
Alguma vez na vida a criança teve sibilos (chiado no peito)? ( ) SIM ( ) NÃO
se você respondeu NÂO, passe para a pergunta n
o
6.
2.
Nos últimos 12 meses ele/ela teve sibilos (chiado no peito)? ( ) SIM ( ) NÃO
3.
Nos últimos 12 meses quantas crises de sibilos (chiado no peito) ele/ela teve?
nenhuma crise
1
a 3 crises
4 a 12 crises
mais de 12 crises
4.
A)Ele dorme mal? Acorda muito à noite?
B)Nos últimos 12 meses com que freqüência ele/ela teve seu sono perturbado por sibilos
(chiado no peito) ?
nunca acordou com chiado
menos de uma noite por semana
uma ou mais noites por semana
5.
Nos últimos 12 meses o chiado foi tão forte a ponto de impedir que ele/ela conseguisse dizer
mais do que 2(duas) palavras entre cada respiração? ( ) SIM ( ) NÃO
6.
A)Alguma vez na vida ele/ela teve asma ou bronquite? ( ) SIM ( ) NÃO
B)Já teve que ir ao médico por apresentar falta de ar? ( ) sim ( )não
7.
A)O seu filho(a) se cansa com facilidade? ( ) sim ( ) não
B)Você já percebeu se ele/
ela tem dificuldade de fazer alguma atividade física por falta de ar?
( ) sim ( ) não
C)Nos últimos 12 meses ele/ela teve sibilos (chiado no peito) após exercícios físicos?
( ) SIM ( ) NÃO
8.
Nos últimos 12 meses ele/ela teve tosse seca à noite sem estar gripado ou com infecção
respiratória?
( ) SIM ( ) NÃO
9.
A)A criança fuma ou já fumou? ( ) SIM ( )NÃO
B) Ele/ela tem alguma alergia? ( )NÃO ( ) SIM A que?
10.
A)Alguma pessoa que mora com a criança é fumante?
( ) SIM ( ) NÃO
B)Quem ------------------------------------------------------
11.
A)Na sua casa alguma pessoa tem animal de estimação?
( ) SIM ( ) NÃO
B)Qual? -------------------------------------------------------
12.
A)Alguma pessoa da família da criança tem ou teve asma ou bronquite?
( ) SIM ( ) NÃO
B)Quem?
pai mãe irmão irmã
FONTE: INTERNATIONAL STUDY OF ASTHMA AND ALLERGIES IN CHILDOOD - ISAAC, 1998
Anexo 2 - FORMULÁRIOS DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO DESTINADO AOS RESPONSÁVEIS E ÀS
CRIANÇAS E ADOLESCENTES:
1 ) Prezados pais e responsáveis:
A pesquisa ESTUDO DOS VALORES DE REFERÊNCIA DE PARÂMETROS ESPIROMÉTRICOS
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DIFERENTES ÍNDICES DE MASSA CORPORAL será
realizada com o objetivo comparar os valores da função pulmonar com os dados antropométricos
em crianças e adolescentes saudáveis de 3 escolas de Belo Horizonte, ou seja: serão feitas
medidas para avaliar se as crianças e adolescentes estão respirando bem e essas medidas
serão comparadas com o estado de nutrição de cada participante.
RESPONSÁVEIS:
Profª Maria Jussara Fernandes Fontes - Departamento de Medicina da Universidade
Federal de Minas Gerais, CPG, Saúde da Criança e do Adolescente – fone: 3225-7441.
Sarah Costa Drumond, Fisioterapeuta, Mestranda em Ciências da Saúde, área de atuação
em Saúde da Criança e do Adolescente pela UFMG – Telefone: 9941-5253.
PROCEDIMENTO: Inicialmente todas os participantes serão submetidos a uma avaliação
fisioterápica contendo identificação (nome, idade, data de nascimento, endereço, etc), história
clínica e exame físico completo (dados vitais, peso, altura, etc). Será aplicado um questionário aos
pais e às crianças e adolescentes para identificar se o participante tem alguma doença respiratória.
Será feita a medida de peso e altura dos participantes e o resultado encontrado será utilizado para
classificar a criança e o adolescente quanto à sua composição corporal. Então, observando as
medidas obtidas, será realizado um teste simples que avalia a respiração.
- Espirometria: Teste para avaliar a função pulmonar. O participante ficará de pé, com a
cabeça em posição neutra e utilizará clipe no nariz. Ele(a) será orientado(a) a encher o
peito de ar e a seguir soltar todo o ar pelo bucal do aparelho chamado espirógrafo
VITATRACE VT 130, em um sopro único e prolongado com esforço máximo. A boca ficará
ao redor do bucal evitando vazamentos. Estímulos verbais para soltar o ar com força até o
final da manobra serão dados pelo instrutor e o procedimento deverá ser interrompido com
a permissão do mesmo.
FORMA DE ACOMPANHAMENTO E ASSISTÊNCIA: Caso seja observada alguma alteração
durante os testes, seu filho receberá toda atenção e tratamento de fisioterapia respiratória
adequados, que consta de exercícios respiratórios. Neste caso ele seencaminhado para um
tratamento gratuito de fisioterapia respiratória no Centro Universitário de Belo Horizonte - UNI/BH
na Faculdade de Fisioterapia que dispõe de uma clínica muito bem equipada, onde os alunos
prestam atendimento gratuito à população em geral, com a supervisão de professores.
BENEFÍCIOS: Os testes que seu filho vai realizar e a comparação dos resultados com o estado de
nutrição poderão contribuir para identificar precocemente possíveis alterações dos músculos
respiratórios.
Caso seja identificada alguma alteração ele(a) será encaminhado a um tratamento gratuito de
fisioterapia respiratória no Centro Universitário de Belo Horizonte - UNIBH para prevenir
complicações futuras.
OBSERVAÇÃO:
As crianças e adolescentes são livres para recusar a participarem ou retirarem seu consentimento
em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo.
Você pai ou responsável tem o direito de receber uma cópia do termo de consentimento e de
consultar qualquer pessoa de sua confiança antes de assiná-lo (se assim o desejar).
Os testes serão realizados na própria escola em horário de aula.
O estudo terá duração de Fevereiro a Outubro de 2005.
CONFIDENCIALIDADE: As informações obtidas através deste estudo serão divulgadas sem, no
entanto, revelar a identidade da criança ou do adolescente.
DESCONFORTOS E RISCOS:
Durante estes testes, como qualquer situação de esforço, poderá causar mal-estar como tonteira
ou cansaço. Caso a criança ou o adolescente tenha algum sintoma deverá informar à
pesquisadora e o teste será interrompido. O participante será instruído a não ignorar este sintoma
e não continuar os testes.
É fundamental que os participantes respondam corretamente as perguntas que serão feitas, com
sinceridade, a fim de eliminar algum risco eventual.
DECLARAÇÃO:
Diante dessas informações, se for da vontade de seu filho participar do trabalho com seu
consentimento, por favor, preencha a declaração abaixo:
Eu li e entendi todas as informações passadas sobre a pesquisa, sendo os objetivos,
procedimentos e linguagem técnica satisfatoriamente explicados. Eu tive tempo suficiente para
considerar as informações acima e tive a oportunidade de tirar todas as minhas dúvidas. Estou
assinando este termo voluntariamente e tenho o direito de agora ou mais tarde discutir qualquer
outra dúvida que eu venha ter em relação ao estudo com: Sarah Costa Drumond.
Telefone: 3223-0511 9941-5253
Assinando este termo de consentimento, eu estou indicando que concordo que
_____________________________, série _________ do Colégio
_____________________participe deste estudo.
Endereço:
Rua_____________________________________N/________Apto/_______
Bairro:______________________
Telefone res.:___________________________
Telefone cel:___________________________
Responsável:_____________________________________________
Assinatura do responsável:__________________________________
Assinatura do pesquisador: __________________________________
Belo Horizonte, ___ de _________________ de 2005.
2) Formulário do termo de consentimento a ser submetido às crianças e adolescentes:
TERMO DE CONSENTIMENTO
Investigadora: Sarah Costa Drumond
Orientadora: Maria Jussara Fernandes Fontes
Título do estudo: ESTUDO DOS VALORES DE REFERÊNCIA DE PARÂMETROS
ESPIROMÉTRICOS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DIFERENTES ÍNDICES DE
MASSA CORPORAL
Informações:
Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa a ser desenvolvida pelo Departamento
de Pediatria da Universidade Federal de Minas Gerais para comparar os valores da função
pulmonar com medidas de peso, altura e massa corporal, em crianças e adolescentes saudáveis
de 3 escolas de Belo Horizonte.
Detalhes do estudo:
Você será incluído no estudo por estudar em uma dessas escolas em Belo Horizonte, se tiver
idade entre 7 e 14 anos e se assinar este termo de compromisso, concordando em participar do
nosso estudo.
Procedimento:
Inicialmente você será submetido a uma avaliação fisioterápica, ou seja, um fisioterapeuta irá fazer
algumas perguntas a você como, por exemplo, o seu nome completo, o dia que você nasceu ou se
você ficou doente. Se você não souber responder tudo, não tem problema, porque também
serão encaminhadas a seus pais estas perguntas. É importante sabermos se você teve ou tem
alguma doença respiratória (nos pulmões).
Também serão necessárias as medidas de seu peso e altura, ou seja, os dados antropométricos.
Em seguida será realizado o teste abaixo especificado:
- Espirometria (teste para avaliar a função pulmonar): Você ficará de pé, com a cabeça em
posição neutra e utilizará clipe no nariz. Você será orientado a encher o peito de ar e a seguir
soltar todo o ar pelo bucal do aparelho chamado espirógrafo VITATRACE VT 130, em um
sopro único e prolongado com esforço máximo. A boca ficará ao redor do bucal evitando
vazamentos.
Durante estes testes você poderá sentir um pouco de tonteira ou cansaço. Caso você
tenha algum sintoma deverá informar à pesquisadora e o teste se interrompido e você será
examinado. Você não deve ignorar estes sintomas e tentar continuar os testes.
Confidencialidade:
As informações obtidas através deste estudo serão divulgadas, mas seu nome não será revelado.
Natureza voluntária do estudo / Liberdade para se retirar:
Você é livre para não querer participar ou se retirar do estudo por qualquer razão, em qualquer
momento. Seus pais ou responsáveis, receberão uma cópia deste termo de consentimento e têm o
direito de consultar qualquer pessoa de sua confiança antes de assina-lo (se assim desejar).
Este termo terá validade após a assinatura de seu pai, mãe ou alguém que seja responsável por
você.
O estudo terá duração de Fevereiro a Outubro de 2005.
Pagamento:
Você, seus pais ou responsável, não receberão nenhuma forma de pagamento.
Declaração e assinatura:
Necessitamos de sua autorização, por escrito, para que possamos realizar os testes. Se você não
quiser participar do trabalho agora ou se mesmo após assinar esta declaração você não quiser
continuar, não tem problema. Estaremos a disposição para esclarecer qualquer dúvida durante o
trabalho.
Eu li e entendi todas as informações e tive tempo suficiente para esclarecer todas as
minhas dúvidas. Assinando este termo de consentimento, juntamente com meu pai, minha
mãe ou meu responsável, eu estou indicando que concordo em participar deste estudo.
Responsável pelo projeto: Sarah Costa Drumond - Fisioterapeuta
Telefone: 3223-0511 e 9941-5253
_____________________________ _____________________
Assinatura do Participante Local e Data
Assinatura do pai, mãe ou responsável: _________________________________
Anexo 4: FICHA DE AVALIAÇÃO EM FISIOTERAPIA
RESPIRATÓRIA PEDIÁTRICA
DATA DA AVALIAÇÃO: ____/____/____
IDENTIFICAÇÃO:
Nome:
Sexo: Idade: Data de nascimento:
Endereço: Número:
Bairro: Cidade: UF:
Telefone: Escola: Série:
Peso: Altura: IMC:
EXAME FÍSICO
Dados vitais:
PA: FC: Temperatura: SAT. O
2
:
INSPEÇÃO GERAL:
INSPEÇÃO ESTÁTICA:
Via de entrada de ar: ( ) Nasal ( ) Oral ( ) Mista
Tórax: ( ) Simétrico ( ) Assimétrico ( ) Pectus excavatum
( ) Normolíneo ( ) Tórax em barril ( ) Costelas inferiores elevadas e
evertidas
Abdome: ( ) Normal
( ) Globoso ( ) Tenso
INSPEÇÃO DINÂMICA:
Tipo de Respiração:
Rítimo: ( ) Regular
Freqüência Respiratória:
( ) Irregular
Amplitude: ( ) Normal ( ) Aumentada ( ) Diminuída
Esforço:
PALPAÇÃO:
EDEMA:
( ) Não ( ) Sim/Local:
SENSIBILIDADE:
( ) Normal ( ) Alterada/Local:
FLEXIBILIDADE:
( ) Normal ( ) Alterada/Local:
EXPANSIBILIDADE:
Lobo Superior: ( ) Simétrico-
( )
Assimétrico
Lobo Médio/Língula: ( ) Simétrico ( ) Assimétrico
Lobo Inferior: ( ) Simétrico
( )
Assimétrico
FRÊMITOS:
Frêmito brônquicos: ( ) Não ( ) Sim Local:
Frêmito pleural: ( ) Não ( ) Sim Local:
Frêmito tóraco vocal: ( ) Aumentado ( ) Diminuído Local:
MÚSCULOS RESPIRATÓRIOS:
Diafragma:
Intercostais:
Abdominais:
PERCURSSÃO:
( ) Som claro pulmonar:
( ) Timpanismo Local:
( ) Macicez Local:
AUSCULTA:
EXAMES COMPLEMENTARES:
ANTECEDENTES PESSOAIS
Doenças da mãe durante a gravidez : ( ) Sim Qual?
Condições de nascimento da criança:
- Necessidade de reanimação na sala de parto: ( ) Sim ( ) Não
- Necessidade de oxigênio após o parto: ( ) Não ( ) Sim . Por quanto tempo?
- Necessidade de Ventilação Mecânica: ( ) Não ( ) Sim . Por quanto tempo?
NUTRIÇÃO:
A Criança teve Aleitamento Materno? ( ) Não ( ) Sim. Por quanto tempo?
A criança come :
Verdura, frutas e legumes? ( ) Sim ( ) Não
Pães/bolos/biscoitos? ( ) Sim ( ) Não
Leite/Iogurte / Queijos? ( ) Sim ( ) Não
Carne / Ovos? ( ) Sim ( ) Não
Doces, balas? ( ) Sim ( )Não
ATIVIDADE FÍSICA:
A Criança pratica algum esporte? ( ) SIM ( ) NÃO Qual?
Quantas vezes por semana?
Há quanto tempo?
LAZER:
A Criança assiste televisão? ( ) SIM ( ) NÃO Quantas horas por dia?
Joga vídeo game?
Usa computador?
Joga futebol?
HISTÓRIA SOCIAL
A criança vive com os pais? ( ) Sim ( ) Não . Com quem?
Quantos cômodos tem a casa?
Quantas pessoas dormem no quarto com a criança?
Quantas pessoas vivem na casa?
Renda total da família:
Anexo 5: CURVA DE PERCENTIL DO IMC/IDADE NO SEXO
MASCULINO
Ref.: NCHS, 2000.
Anexo 6: CURVA DE PERCENTIL DO IMC/IDADE NO SEXO
FEMININO
Ref.: NCHS 2000.
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