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Michael Frederico Manzolli Basso
ESTUDO COMPARATIVO DA ELEVAÇÃO DO RAMO
SUPERIOR DO ARTICULADOR, APÓS O PROCESSAMENTO,
DE PRÓTESES TOTAIS COM OCLUSÃO LINGUALIZADA E
COM OCLUSÃO CONVENCIONAL
ARARAQUARA
2005
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Michael Frederico Manzolli Basso
ESTUDO COMPARATIVO DA ELEVAÇÃO DO RAMO
SUPERIOR DO ARTICULADOR, APÓS O PROCESSAMENTO,
DE PRÓTESES TOTAIS COM OCLUSÃO LINGUALIZADA E
COM OCLUSÃO CONVENCIONAL
Dissertação apresentada à Faculdade de
Odontologia de Araraquara, da Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, para
obtenção do Título de Mestre em Reabilitação
Oral – Área de Concentração em Prótese.
Orientador: Prof. Dr. Sergio Sualdini Nogueira
ARARAQUARA
2005
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Basso, Michael Frederico Manzolli
Estudo comparativo da elevação do ramo superior do
articulador, após o processamento, de próteses totais com oclusão
lingualizada e com oclusão convencional. – Araraquara : [s.n.],
2005.
138 f. ; 30 cm.
Dissertação (Mestrado) Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Odontologia.
Orientador: Prof. Dr. Sergio Sualdini Nogueira
1. Prótese total 2. Oclusão dentária 3. Oclusão dentária
balanceada 4. Dimensão vertical I. Título
Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Marley Cristina Chiusoli Montagnoli CRB 8/5646
Serviço de Biblioteca e Documentação da Faculdade de Odontologia de Araraquara / UNESP
Dados Curriculares
Michael Frederico Manzolli Basso
Nascimento 20 de novembro de 1980
Filiação José Antonio Basso e Leila Mara Manzolli Basso
1999/2002 Curso de Graduação – Faculdade de Odontologia de Araraquara /
UNESP
2000/2002 Bolsista de iniciação científica do CNPq – PIBIC, Disciplina de
Bioestatística – Faculdade de Odontologia de Araraquara
2001 Estágio de Treinamento na Disciplina de Patologia Geral e Bucal –
Faculdade de Odontologia de Araraquara
2002 Estágio de Iniciação Científica na Disciplina de Patologia Geral e
Bucal – Faculdade de Odontologia de Araraquara
2002 Estágio de Iniciação Científica na Disciplina de Prótese Total –
Faculdade de Odontologia de Araraquara
2002 Bolsista de iniciação científica da FAPESP, Disciplina de Prótese
Total – Faculdade de Odontologia de Araraquara
2003/2005 Curso de Pós-Graduação em Reabilitação Oral – Área de
Concentração em Prótese, Nível Mestrado – Faculdade de
Odontologia de Araraquara
2003/2005 Bolsista de mestrado do CNPq, Pós-Graduação em Reabilitação Oral
– Área de Concentração em Prótese – Faculdade de Odontologia de
Araraquara
Agradeço a DEUS pelas oportunidades
concedidas, por toda a proteção e amparo
nas horas difíceis e pela luz nos momentos
de decisão.
Dedico este trabalho
Aos meus pais, José Antonio Basso e Leila Mara Manzolli
Basso, pelo incentivo e apoio em todos os momentos da minha vida.
Agradeço toda a dedicação e todo o sacrifício, para que eu pudesse
crescer e chegar até aqui. Vocês tiveram um papel fundamental na
minha formação. Sem vocês nada seria possível.
Ao meu irmão, Bruno Alessandro Manzolli Basso, pela amizade
e bom humor, que sempre me fizeram relaxar.
À minha tia, Regina Helena Manzolli, por ser um exemplo em
minha vida e pela grande ajuda, sempre que eu precisei.
Às minhas tias, Ieda Maria Manzoli e Alexandra Manzoli, por
todo carinho e cumplicidade.
Aos meus avós maternos, Waldir Manzolli e Daisy Borghi
Manzolli, por toda a sabedoria e amor, que sempre me transmitiram, e
por estarem presentes em todos os momentos da minha vida.
Aos meus avós paternos Antonio Rocco Constantino Basso (in
memoriam) e Giusepina Alevi Basso, por todo cuidado e dedicação.
À minha namorada, Karina Antunes Neves, pelo amor,
companheirismo, dedicação, incentivo e inestimável ajuda, sempre
que eu necessitei. Sua bondade e dinamismo são exemplos a seguir.
AGRADECIMENTO MUITO ESPECIAL
Ao Prof. Dr. Sergio Sualdini Nogueira, pela orientação completa
e humana. Agradeço todos os ensinamentos, não somente acadêmicos,
mas, também, de vida. Sua capacidade, profissionalismo e honestidade
foram essenciais à minha formação e à conclusão deste trabalho.
Obrigado pela oportunidade de realizar o curso de Mestrado, através
da sua orientação. Ao professor e, acima de tudo, AMIGO, serei
sempre grato.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
À minha grande amiga, Gabriela Antunes Vargas, pela ajuda e
pelos momentos agradáveis proporcionados, durante a fase de
confecção deste trabalho.
Ao meu amigo, Marcelo Antoniali Del’Acqua, pela convivência
e companheirismo.
Ao Prof. Dr. Francisco de Assis Mollo Júnior, por toda a
consideração e atenção, demonstradas em todos os momentos em que
precisei.
Ao Prof. Dr. João Neudenir Arioli Filho, por todos os
ensinamentos e pelo bom humor característico com que trata todas as
pessoas.
Ao Prof. Dr. Sergio Russi, por toda a sabedoria transmitida e
pela sua simplicidade e honestidade.
AGRADECIMENTOS
À coordenadoria do curso de Pós-Graduação em Reabilitação Oral – Área
de concentração em Prótese, pela dedicação e incentivo ao crescimento.
À Profª. Drª. Leonor de Castro Monteiro Loffredo, pela minha iniciação no
meio científico. Sempre serei grato por tudo o que a senhora fez por mim.
Aos docentes, Prof. Dr. Luís Carlos Spolidório e Profª. Drª. Denise
Madalena Palomari Spolidório, pela oportunidade de estágio, durante a
graduação, contribuindo para minha formação científica.
Ao protético, Jurandir Sualdini Nogueira, por todo o apoio e ensinamentos,
durante a execução da metodologia deste trabalho.
Ao técnico da disciplina de Oclusão, José Cláudio Lunardi, pela amizade e
preciosa ajuda, durante o curso de Mestrado.
Aos professores da disciplina de Materiais Dentários, Prof. Dr. Carlos
Alberto dos Santos Cruz, Prof. Dr. Gelson Luís Adabo, Profª. Drª. Renata Garcia
Fonseca e Prof. Dr. Luís Geraldo Vaz, pelos ensinamentos e consolidação na
formação.
Aos professores da disciplina de Oclusão, Profª. Drª. Cinara Maria
Camparis e Prof. Dr. Francisco Guedes Pereira de Alencar Júnior, por todos os
conhecimentos transmitidos.
Aos professores da disciplina de Prótese Parcial Fixa, Prof. Dr. José
Cláudio Martins Segalla, Profª. Drª. Regina Barbosa Tavares da Silva e Profª.
Drª. Lígia Antunes Pereira Pinelli, por todos os ensinamentos.
Aos professores da disciplina de Prótese Parcial Removível, Profª. Drª. Ana
Lúcia Machado, Profª. Drª. Ana Cláudia Pavarina, Prof. Dr. Carlos Eduardo
Vergani e Profª. Drª. Eunice Teresinha Giampaolo, pela dedicação e significativa
contribuição na minha formação.
Aos professores da disciplina de Prótese Total, Prof. Dr. Francisco de Assis
Mollo Júnior, Prof. Dr. João Neudenir Arioli Filho, Prof. Dr. Marco Antonio
Compagnoni, Prof. Dr. Sergio Sualdini Nogueira e Prof. Dr. Sergio Russi, pela
amizade, experiência e conhecimentos transmitidos.
Aos técnicos de laboratório, Moacir, Mané, Zé Carlinhos, Angela, João
Vitto e Júnior, às secretárias, Lúcia e Marta, e aos demais funcionários do
Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese, Malu, Sílvia, Inês, Cida,
Adelaide e Adelaidinha, pela amizade, atenção e boa convivência.
Aos meus colegas da turma de Mestrado, Ana Carolina, Ana Paula, Anelise,
Andrea, Anne, Daniela, Ewerton, João Gustavo, José Maurício, Juliana, Karina,
Luciano (Zeca), Marcelo, Mariana, Matheus e Roberta, pelo companheirismo,
amizade e momentos felizes juntos.
A todos os amigos da turma de Doutorado, especialmente ao Raphael e à
Biba, por todo incentivo e aconselhamento.
Aos amigos da 74ª turma de odontologia, Angela, Fer Paixão, Luís Gustavo,
Murilo, Nancy, Paola, Pedro, Rodrigo Andrade, Ronaldo, Thales e Johnny, pela
agradável convivência e carinho.
Aos amigos, Maria Inês Antunes, Eraldo Neves, Assma Azem Antunes e
Antonio Antunes (in memoriam), pela acolhida e por toda a ajuda.
Aos meus velhos amigos, Samuel Eduardo dos Santos Martins, Lee Yun
Feng, Renato Oliveira de Paula, Daniel Kawakami, Mariana Santoro de
Camargo e Cynthia Bonilha da Silva, pelo bons momentos compartilhados.
Às funcionárias do setor de Pós-Graduação, Mara, Rosângela, Vera e Sílvia,
pela atenção.
A todos os funcionários da Biblioteca, especialmente à Maria Helena
Matsumoto Komasti Leves, por toda ajuda e atenção.
Ao CNPq, pela bolsa de Mestrado concedida (Processo: 131167/2003-0), e
à PROAP, pela concessão de parte da verba necessária à realização deste trabalho.
Enfim, agradeço a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram
para a concretização deste estudo!
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INTRODUÇÃO....................................................................................................13
REVISÃO DA LITERATURA...........................................................................20
PROPOSIÇÃO.....................................................................................................73
MATERIAL E MÉTODO...................................................................................75
RESULTADO.....................................................................................................107
DISCUSSÃO.......................................................................................................111
CONCLUSÃO....................................................................................................120
REFERÊNCIAS.................................................................................................122
APÊNDICE A.....................................................................................................130
RESUMO............................................................................................................133
ABSTRACT........................................................................................................136
Introdução
As principais decisões a serem tomadas na definição de um
esquema oclusal, em prótese total, estão relacionadas à escolha do tipo de dente
artificial e às características de montagem dos mesmos.
Os dentes artificiais podem ser classificados, de acordo com suas
formas oclusais, nos seguintes tipos
7, 9, 14, 28, 30, 32
: (1) dentes anatômicos, com
inclinação cuspídea de 30 ou 33 graus; (2) dentes semi-anatômicos, os quais
possuem 20 graus de inclinação de cúspides; e (3) dentes não anatômicos, com
zero grau de inclinação.
O arranjo dos dentes artificiais pode ser observado de um ponto de
vista estático, em oclusão cêntrica, ou dinâmico, nos movimentos excêntricos.
Em cêntrica, a oclusão em prótese total pode ser classificada como:
(1) convencional
7
, possuindo contatos cêntricos nas cúspides de contenção, tanto
dos dentes superiores quanto dos inferiores; (2) lingualizada
7
, na qual existem
contatos somente nas cúspides de contenção dos dentes superiores; (3)
monoplana
1
, que, pela ausência de qualquer altura cuspídea, apresenta áreas de
contato, ao invés de pontos, nos dentes posteriores; e (4) linear
22
, na qual as
superfícies mastigatórias dos dentes artificiais posteriores mandibulares têm uma
forma estreita, longa e reta, articulando com dentes antagonistas em monoplano.
Levando em consideração os movimentos excursivos, a oclusão em
prótese total pode ser classificada em: (1) oclusão balanceada
1
, apresentando
contatos oclusais posteriores e anteriores, bilaterais e simultâneos, durante os
Introdução -
15
movimentos da mandíbula; e (2) oclusão não balanceada (guia anterior)
1
, na qual
ocorre a desoclusão dos dentes posteriores, guiada pelos anteriores, durante os
movimentos excêntricos.
Segundo Becker et al.
7
, a literatura odontológica possui discussões
sobre as vantagens e desvantagens dos vários tipos de formas oclusais e esquemas
de montagem dos dentes artificiais posteriores, para próteses totais, buscando uma
oclusão ideal, que promova eficiência mastigatória e estabilidade máximas, sem
comprometer a saúde dos tecidos de suporte. No entanto, muitas das afirmações
não são suportadas por investigações cuidadosas
7
e os artigos que versam sobre
oclusão em prótese total, infelizmente, têm produzido limitada evidência
científica, existindo algumas questões que permanecem não respondidas
29
.
Essa realidade pôde ser observada na significativa conclusão do
“International Prosthodontic Workshop on Complete Denture Occlusion” (EUA –
1972), exposta nos artigos de Lang
28, 30
:
“a pesquisa científica falha em
identificar, para os dentes artificiais, formas e tipos de oclusão superiores aos
demais, portanto, parece ser lógica a utilização de um esquema que seja o menos
complicado e que preencha as necessidades do paciente”. O significado do que
seja o “esquema menos complicado” é uma questão aberta e sujeita à discussão.
Já as “necessidades do paciente” são aceitas
28, 29
como sendo o conforto, a
função, a estética e a manutenção, a longo prazo, dos tecidos de suporte.
A situação acima descrita é atual, tendo em vista que a pesquisa
científica, relativa aos tipos de oclusão e às formas oclusais dos dentes artificiais
Introdução -
16
para próteses totais, nas últimas décadas, é escassa e, assim, muito pouco foi
acrescentado ao tema.
Na busca de um esquema que “preencha as necessidades do
paciente” deve-se levar em consideração que os dentes não anatômicos não são
estéticos
7, 29, 40, 43
e, portanto, em princípio, não contemplam a conclusão do
“International Prosthodontic Workshop on Complete Denture Occlusion”
28, 30
.
Apesar do que seja o “esquema menos complicado” ser uma
questão aberta e sujeita à discussão, observam-se citações ponderadas na literatura
odontológica, as quais orientam em relação ao fato desse esquema requerer ou não
uma oclusão balanceada. Nesse sentido Lang
29
, em essência, cita que, apesar de
haver falta de provas que suportem a validade da oclusão balanceada, durante a
mastigação, a mesma parece ser importante para promover máxima estabilidade
da base da prótese total, durante os movimentos parafuncionais mandibulares. Já
Ortman
40
comenta que a necessidade da oclusão balanceada bilateral, para
próteses totais, não é universalmente aceita pelos dentistas, porém, poucos
levantaram algum tipo de objeção à mesma.
Muitos autores
6, 14, 15, 26, 27, 39, 46, 48
têm recomendado a oclusão
balanceada, para prevenir báscula e rotação das próteses totais, melhorando a
estabilidade e minimizando o trauma sobre os tecidos de suporte.
Nesse contexto, emergem dois tipos básicos de oclusão balanceada:
a oclusão balanceada convencional e a oclusão balanceada lingualizada. De uma
maneira resumida, a oclusão balanceada convencional
7
utiliza dentes anatômicos
para obter os contatos cêntricos nas cúspides de contenção dos dentes posteriores
Introdução -
17
superiores e inferiores. Já a oclusão balanceada lingualizada
7, 9, 32, 34, 41
utiliza, na
maioria das vezes, dentes anatômicos, na prótese superior, e dentes com uma
superfície oclusal mais simples, com inclinações oclusais discretas, na prótese
inferior, mantendo contatos cêntricos somente nas cúspides de contenção dos
dentes superiores.
A oclusão lingualizada apresenta-se como uma tentativa de
preservação da estética e penetração no bolo alimentar, dos dentes anatômicos,
enquanto procura manter a liberdade mecânica, dos dentes não anatômicos
7
. Para
Parr e Ivanhoe
41
, a oclusão lingualizada incorpora a maioria das vantagens dos
diferentes esquemas oclusais, ao mesmo tempo que neutraliza muitas das
desvantagens de qualquer outro esquema oclusal, que possa ser considerado para
uma situação em particular.
Vários autores recomendam a oclusão lingualizada para próteses
totais
7, 9, 13, 20, 21, 24, 28, 30, 32, 34, 38, 41, 45
, sendo essa, aparentemente, uma excelente
indicação. Entretanto, conforme citado anteriormente nessa introdução, muitas
questões, relativas à oclusão para próteses totais, permanecem não respondidas.
Esse fato real pode ser observado nos vários pontos obscuros existentes, quando
se procura estabelecer correlações concretas entre a oclusão convencional e a
oclusão lingualizada, situação essa que justifica e demonstra a necessidade de
novos estudos nessa área.
Durante a confecção das próteses totais, muitas alterações são
geradas pelos procedimentos laboratoriais
2, 4, 51
e estão relacionadas às
Introdução -
18
características intrínsecas dos materiais, às técnicas de processamento e aos erros
potenciais, cometidos pelo protético.
Essas distorções de processamento podem afetar a oclusão das
próteses totais, pela geração de contatos prematuros, resultando no aumento da
dimensão vertical de oclusão, após a prensagem e polimerização, o qual é
visualizado pela abertura do pino incisal do articulador
5, 16, 17, 23, 35, 36, 47, 50, 51, 52
.
Para eliminar esses contatos prematuros, a remontagem das
próteses totais no articulador, após o processamento, deve ser realizada como
procedimento de rotina
10
. No entanto, uma grande abertura do pino incisal leva a
ajustes oclusais que consomem muito tempo, para serem efetuados, e que,
freqüentemente, alteram a anatomia oclusal dos dentes artificiais. Sob essa ótica,
técnicas que gerem uma menor abertura do pino incisal são de grande interesse à
odontologia.
Muitas pesquisas
3, 5, 11, 16, 17, 23, 31, 35, 36, 47, 50, 51, 52
, nessa área, buscam
identificar os melhores materiais e técnicas de processamento, com o intuito de
minimizar os ajustes laboratoriais e clínicos, proporcionando economia de tempo.
A oclusão balanceada convencional apresenta um maior número de
contatos oclusais cêntricos, os quais estão presentes nas cúspides vestibulares dos
dentes inferiores e palatinas dos dentes superiores e, com isso, existe uma maior
proximidade entre as superfícies oclusais dos dentes antagonistas. Distintamente,
quando os dentes artificiais são montados em oclusão balanceada lingualizada,
existem contatos cêntricos somente das cúspides palatinas dos dentes superiores
Introdução -
19
com a região central dos dentes inferiores, apresentando uma menor proximidade
entre as superfícies oclusais dos antagonistas.
Assim, é de se supor que, mantidas as mesmas técnicas e condições
laboratoriais, pequenas alterações na posição dos dentes, decorrentes do
processamento, gerem contatos prematuros com menor intensidade em próteses
totais confeccionadas com oclusão lingualizada do que em próteses totais
confeccionadas com oclusão convencional. Como conseqüência provável, um
menor aumento da dimensão vertical de oclusão deve ser observado em próteses
totais com o esquema oclusal lingualizado, não havendo, entretanto, comprovação
científica desse fato.
Mediante esse quadro, considerou-se pertinente a realização de
estudo comparativo entre próteses totais confeccionadas com oclusão balanceada
lingualizada e com oclusão balanceada convencional, buscando determinar qual
dos esquemas oclusais gera menor aumento da dimensão vertical de oclusão no
articulador, após o processamento de próteses totais.
Revisão da literatura
Os artigos apresentados nessa revisão da literatura foram
organizados em ordem cronológica e subdivididos em dois tópicos: (1) Oclusão
em Prótese Total e (2) Influência do processamento laboratorial nas alterações
oclusais em Prótese Total.
1- Oclusão em Prótese Total
Segundo Stansberry
46
(1938), oclusão balanceada em prótese total
envolve um arranjo definido dos contatos dentais em harmonia com os
movimentos mandibulares, que visa eficiência mastigatória com mínimo trauma
sobre os tecidos de suporte. Cita que o relacionamento da mandíbula com a
maxila é determinado por três pontos, dois desses são os côndilos, em suas
posições, e o outro é a guia incisal. Afirma, também, que todas as facetas oclusais
devem estar em harmonia com a posição determinada por esses três pontos. Além
disso, segundo ele, existem três direções de movimentos, duas laterais e uma
protrusiva, e as facetas dos dentes devem estar em contato durante a realização
desses movimentos, mantendo o equilíbrio com os contatos condilares.
Kurth
27
(1954) citou em seu artigo que o conceito de oclusão
balanceada era baseado, primariamente, em geometria e movimentos de
articulador e que vários grupos de pesquisadores tinham diferentes ideais
geométricos como um guia da oclusão de dentes naturais e artificiais, baseados,
Revisão da literatura -
22
principalmente, na suposição de que os instrumentos usados nesses estudos
seguiam os movimentos mandibulares normais. A importância da relação cêntrica
foi realçada como o único ponto em comum entre movimentos funcionais e não-
funcionais e que, se a relação cêntrica fosse corretamente registrada, a maioria dos
ideais geométricos de oclusão funcionaria para o paciente. Comentou ainda que a
direção das forças oclusais varia, dependendo do plano de projeção, mas nunca é
perpendicular, em uma direção axial, a um dente natural ou perpendicular às
superfícies oclusais de uma prótese. O autor descreveu um método para ajustar a
oclusão de dentes naturais, eliminando interferências, e um método para montar
dentes artificiais, seguindo o padrão de desgaste fisiológico dos dentes naturais e
visando a estabilização da prótese total inferior.
O estudo de Trapozzano
49
(1960) comparou a reação de pacientes e
a eficiência relativa de uma oclusão balanceada e de uma não balanceada. Bases
de próteses totais teste, com encaixes intercambiáveis, seguindo oclusão do tipo
balanceada e do tipo não balanceada foram feitas para 12 pacientes. Ambos os
tipos de oclusão foram construídos no mesmo registro de relação cêntrica.
Segundo o autor, a oclusão balanceada mostrou uma eficiência maior, baseada na
finura dos resíduos da mastigação, quando cenouras estavam sendo mastigadas.
Quando amendoins foram mastigados, a diferença na eficiência das oclusões não
foi claramente definida. Isso indicou que a eficiência mastigatória de ambas as
formas oclusais varia com os tipos de alimento. As conclusões desse estudo foram
as seguintes: (1) A preferência dos pacientes não é um modo confiável na
avaliação da oclusão, entretanto, o fator preferência não pode ser totalmente
Revisão da literatura -
23
ignorado; (2) Entre os 12 pacientes estudados, 2 preferiram a oclusão balanceada,
3 a não balanceada e 7 não tiveram preferência; (3) Os traçados mastigatórios
feitos no plano frontal indicaram que os pacientes faziam movimentos
excêntricos, durante a mastigação, em graus variados, se a oclusão permitisse esse
movimento; (4) Dez pacientes dessa investigação adaptaram seus movimentos
mandibulares à falta de condição para movimentos livres, em posições excêntricas
(oclusão não balanceada), durante a função; (5) Nove pacientes mastigaram com
maior eficiência com a oclusão balanceada do que com a não balanceada; (6)
Nenhum tipo de oclusão produziu um grau de ferimento maior do que o outro; (7)
Existem alguns pacientes que usam movimentos excêntricos, durante a
mastigação, mas esse estudo indicou que o percentual que precisa deles é
pequeno. Segundo o autor, um simples teste da função mastigatória deveria ser
inventado para indicar, antes da construção das próteses totais ser iniciada, se os
pacientes utilizam ou não movimentos excêntricos durante a mastigação, para
avaliar a necessidade ou não de balanceamento bilateral.
Em 1972, Beck
6
afirmou que as formas oclusais e suas funções
resultantes são de preocupação do dentista, para que a perda dos tecidos bucais
remanescentes, a qual pode ser atribuída à oclusão, possa ser minimizada.
Considera, ainda, ser esse assunto de difícil abordagem, pois engloba as mudanças
teciduais e as várias tolerâncias fisiológicas. Segundo o autor, mais investigações
estatísticas de longo período são necessárias para comparar as várias formas, com
o intuito de que mais linhas de conduta possam ser desenvolvidas, e, até tais
linhas serem avaliadas, o dentista deve confiar em sua experiência e julgamentos
Revisão da literatura -
24
clínicos para selecionar a forma oclusal ou formas de sua escolha, no tratamento
de pacientes usuários de próteses totais. Comentou que uma variedade de formas
oclusais tem sido aceita, sem investigações a longo prazo e análises estatísticas
das vantagens que podem ser atribuídas a cada uma. Segundo o autor, próteses
totais em harmonia funcional devem exibir contatos oclusais harmoniosos em
relações maxilo-mandibulares cêntricas e excêntricas, estar em harmonia com o
sistema neuromuscular e com as articulações temporomandibulares, na fala,
mastigação e deglutição, e com os movimentos parafuncionais, incluindo
movimentos exploratórios e não-funcionais. Desse modo, definiu oclusão
balanceada como uma condição em que existem contatos simultâneos dos dentes,
em ambos os lados dos arcos dentais opostos, podendo ser aplicada para posição
cêntrica bem como para contatos oclusais excêntricos. Segundo ele, os contatos
devem ser simultâneos nos dentes superiores e inferiores, nos lados direito e
esquerdo e nas superfícies oclusais anteriores e posteriores. Além disso, essa
oclusão deve ser desenvolvida para prevenir báscula ou rotação da base da prótese
total em relação às estruturas de suporte. Argumentou que a oclusão não
balanceada não preenche as condições de contatos simultâneos dos dentes
superiores e inferiores, em posições excêntricas, e ponderou sobre a influência que
diferentes tipos de oclusão desenvolvidos devem exercer sobre os tecidos moles e
duros. Em seu artigo, dez conceitos oclusais, com arranjos diferentes para próteses
totais foram revisados, sendo os cinco primeiros de oclusão balanceada e os outros
cinco de oclusão não balanceada. No conceito 1, utilizam-se cúspides com forma
definida, representando as configurações anatômicas, sendo a cúspide de 33 graus,
Revisão da literatura -
25
definida por Gysi, a forma mais comum. Por esse conceito, o movimento lateral é
clássico, onde cúspides contatam bilateralmente, para melhorar a estabilidade das
próteses. Preconiza que contatos deflexivos, em posições laterais, podem
desestabilizar as bases. O conceito 2 estabelece a redução da mesa oclusal dos
dentes posteriores inferiores, para aumentar a estabilidade das próteses totais,
como definido por French. Dessa maneira, os dentes posteriores superiores
apresentam leve inclinação oclusal lingual de 5 graus, para os primeiros pré-
molares, 10 graus, para os segundos pré-molares, e 15 graus, para os primeiros e
segundos molares, possibilitando o desenvolvimento da oclusão balanceada
lateralmente, bem como ântero-posteriormente, pelo arranjo dos dentes no plano
oclusal curvado. No conceito 3, utilizam-se dentes não anatômicos e a oclusão
balanceada pode ser desenvolvida por um plano oclusal curvado ântero-
posteriormente e lateralmente ou pelo uso de um segundo molar inclinado. O
autor cita que Sears foi um dos maiores expoentes das formas dentais não
anatômicas. O conceito 4 emprega uma curvatura lateral reversa (contrária à curva
de Wilson), exceto para o segundo molar, o qual é ajustado com curvatura lateral
padrão (curvatura de Wilson). O autor cita que Pleasure racionalizou essa forma
especial de oclusão devido à instabilidade da prótese total inferior. Nesse
conceito, as forças resultantes deveriam ser direcionadas verticalmente e/ou
lingualmente e as forças de corte e cisalhamento, com a redução do deslocamento
das bases, foram consideradas mais importantes do que a eficiência de trituração,
para avaliar a forma do dente posterior, em termos de manutenção das estruturas
de suporte. O conceito 5 emprega uma articulação balanceada arbitrária, seguida
Revisão da literatura -
26
por correções intra-orais, para se obter o balanceamento adequado e ilustra uma
oclusão linear, a qual é destinada a dar um contato unidimensional entre os dentes
posteriores opostos, como defendido por Frush. Segundo esse conceito, uma
lâmina de dentes posteriores inferiores contata, essencialmente, superfícies planas
dos dentes superiores, seguindo um leve ângulo para horizontal, com objetivo de
eliminar contatos deflexivos e dar melhor estabilização às próteses totais. O
conceito 6 é defendido por Pound, o qual reforça as posições dos dentes anteriores
para preservar ou restabelecer os valores fonéticos do paciente, em harmonia com
o aumento da estabilidade das próteses e eficiência nos ciclos mastigatórios. Suas
características são: a incorporação de cúspides linguais superiores afiladas em
oposição a fossas ampliadas dos dentes inferiores, em oclusão cêntrica; a redução
das cúspides vestibulares dos dentes posteriores inferiores; e a eliminação de
contatos deflexivos pelo uso de cera de ajuste oclusal nas próteses totais. Através
desse conceito, a oclusão é lingualizada, pela eliminação dos contatos nas
cúspides vestibulares e pelo arranjo ântero-posterior dos dentes posteriores
inferiores, para que suas superfícies linguais estejam sobre ou dentro do lado
lingual de um triângulo da área mesial da cúspide inferior para os lados da papila
retromolar. Além disso, segundo o autor, inlays metálicas oclusais podem ser
usadas para diminuir o desgaste dos dentes e ajudar a manter a dimensão vertical
de oclusão. O conceito 7 (Aull) utiliza forma de cúspide de 33 graus, com
superfície oclusal de ouro. O autor cita que os dentes anteriores são ajustados
seguindo os requerimentos de valores fonéticos e trespasses verticais extremos, o
que produz uma guia anterior, resultando em desoclusão dos dentes posteriores,
Revisão da literatura -
27
fora da oclusão cêntrica. No conceito 8, são usados, comumentemente, dentes não
anatômicos em um plano oclusal reto, geralmente horizontal. Além disso, dentes
posteriores, todos de porcelana ou todos plásticos, podem ser usados, ou
combinações de dentes posteriores de porcelana superiores e dentes inferiores
plásticos, ou lâminas metálicas incorporadas em um bloco de dentes posteriores
superiores, ocluindo contra dentes de porcelana inferiores (Hardy). No conceito 9,
os pivôs oclusais foram defendidas por Sears. Os objetivos primários foram
colocar a mandíbula em equilíbrio, por manter a carga na região de molares,
proteger as articulações temporomandibulares de injúria e reduzir as forças na
região anterior dos rebordos, para a manutenção dos tecidos. No conceito 10, os
modelos e o plano oclusal são montados de forma horizontal, em um instrumento
sem rampa posterior, o que resulta em uma oclusão não balanceada, em posições
excêntricas. Segundo o autor, Kurth desenvolveu um tipo desse padrão oclusal,
baseado em blocos de dentes posteriores, em séries de quatro dentes, os quais
eram arranjados em um plano oclusal ântero-posterior reto, com uma curvatura
lateral reversa (contrária à curva de Wilson). As conclusões desse artigo foram:
(1) Forças de contato variam conforme o esquema oclusal; (2) A eficiência dos
dentes, na trituração de alimentos, necessita de avaliação, para a manutenção dos
tecidos de suporte; (3) Mais do que formas oclusais satisfatórias são necessárias
para gerar próteses totais satisfatórias.
Em 1974, Murrel
34
sugeriu um protocolo para o tratamento bem
sucedido com próteses totais, o qual poderia ser usado como guia para antecipar e
evitar problemas. Nesse protocolo, o esquema oclusal indicado para as próteses
Revisão da literatura -
28
foi a oclusão posterior lingualizada, a qual, segundo ele, aumenta a estabilidade e
o conforto. Esse esquema é aconselhado, pelo autor, por concentrar as forças
mastigatórias nas cúspides linguais dos dentes posteriores superiores, as quais vão
funcionar sobre as fossas centrais dos dentes posteriores inferiores, com ajuste
padronizado. Comenta, ainda, que dentes posteriores superiores de 33 graus
podem ser usados contra dentes posteriores inferiores de 20 graus. Segundo
Murrel, uma oclusão cêntrica “justa” não pode existir em dentes situados sobre
tecidos moles flácidos, rebordos esponjosos ou rebordos mandibulares
extremamente inclinados.
O estudo de Koyama et al.
25
(1976) avaliou a preferência dos
usuários e a eficiência mastigatória da oclusão lingualizada, oclusão balanceada e
oclusão orgânica (guia anterior), em três pacientes portadores de próteses totais,
denominados A, B e C. Os métodos para obtenção da dimensão vertical e da
relação central foram os mesmos, para todos os indivíduos. Registros interoclusais
protrusivos e laterais foram usados, para ajustar um articulador Hanau. Dentes de
porcelana de 30 graus foram selecionados e foram confeccionados conjuntos de
dentes posteriores intercambiáveis, proporcionando os três padrões de oclusão.
Seguindo a colocação de cada prótese total, a eficiência mastigatória foi
mensurada em intervalos de 3 dias, através do método da peneira, no qual uma
malha 10 foi usada. Pasta de peixe cozido (kamaboko), de 2,0 g, foi mastigada 50
vezes e, então, o material mastigado passado na peneira. As mensurações foram
realizadas 3 vezes, sob condições similares. Na consulta final cada indivíduo
relatou o esquema oclusal de sua preferência. Os autores chegaram aos seguintes
Revisão da literatura -
29
resultados: (1) O paciente A escolheu ou a oclusão balanceada ou a lingualizada,
sendo a oclusão com guia anterior a segunda opção; (2) A primeira escolha do
paciente B foi a oclusão com guia anterior; (3) O paciente C preferiu a oclusão
balanceada, seguida pelas oclusões lingualizada e com guia anterior; (4) A
oclusão lingualizada proporcionou a maior eficiência mastigatória, seguida pela
balanceada, e a oclusão com guia anterior proporcionou a menor, para os
pacientes A e C, havendo diferença significativa somente para o paciente A; (5) A
eficiência mastigatória foi maior para a oclusão com guia anterior, seguida pela
oclusão balanceada, e a menor eficiência foi atribuída à oclusão lingualizada, para
o paciente B. Os autores concluíram que esse estudo não suporta nenhum conceito
oclusal como superior, no tratamento com próteses totais.
Becker et al.
7
(1977) citam que oclusão lingualizada é uma
tentativa de manter as vantagens estéticas e de penetração nos alimentos dos
dentes anatômicos, enquanto mantém a liberdade mecânica dos dentes não
anatômicos. Segundo os autores, o conceito de oclusão lingualizada utiliza, na
maioria das vezes, dentes anatômicos, para a prótese total maxilar, e dentes não
anatômicos ou semi-anatômicos, para a prótese total mandibular. Além disso, a
oclusão lingualizada pode ser usada em muitas combinações protéticas e não deve
ser confundida com a colocação de dentes mandibulares para a lingual da crista do
rebordo. Ressaltam, ainda, que esse conceito é particularmente útil quando o
paciente tem alta prioridade estética, mas um esquema oclusal não anatômico é
indicado, pelas condições orais, tais como severa reabsorção alveolar, um
relacionamento mandibular classe II ou tecido de suporte deslocável. Nesse caso,
Revisão da literatura -
30
se o esquema oclusal não anatômico for utilizado, a estética na região de pré-
molares fica comprometida e se a oclusão lingualizada for empregada, a estética é
amplamente melhorada, mantendo as vantagens do sistema não anatômico. Além
disso, os autores comentam que a oclusão lingualizada também pode ser usada
efetivamente quando uma prótese total se opõe a uma prótese parcial removível e
que a meta da oclusão bilateral balanceada, com oclusão lingualizada, deve ser
alcançar contatos bilaterais uniformes em movimentos excursivos de 2 a 3 mm
fora da relação central. Segundo o artigo, os princípios da oclusão lingualizada
são: (1) Dentes anatômicos posteriores (30 ou 33 graus) utilizados nas próteses
maxilares; (2) Dentes não anatômicos (0 grau) ou semi-anatômicos (20 graus)
utilizados nas próteses mandibulares. Além disso, uma mesa oclusal estreita é
preferível, quando houver reabsorção severa do rebordo residual; (3) Desgastes
seletivos dos dentes mandibulares são necessários para criar uma concavidade
leve da superfície oclusal; (4) Cúspides linguais maxilares devem contatar os
dentes mandibulares em oclusão cêntrica. As cúspides vestibulares mandibulares
não devem contatar os dentes superiores em oclusão cêntrica. É útil rotacionar
levemente os dentes posteriores superiores para vestibular, o que permite uma
desobstrução das cúspides vestibulares, na posição de trabalho, e reduz a
necessidade de desgaste extenso; (5) Contatos de trabalho e balanceio devem
ocorrer somente em cúspides linguais maxilares; (6) Contatos protrusivos
balanceados, nos dentes posteriores, devem ocorrer somente entre as cúspides
linguais maxilares e os dentes inferiores. Redução das interferências ântero-
posteriores dos dentes mandibulares pode ser necessária para gerar uma faixa
Revisão da literatura -
31
(trajeto) de oclusão balanceada, na posição protrusiva. Desgastes seletivos, para os
movimentos protrusivos, devem ser feitos somente nos dentes mandibulares, para
que os contatos laterais em balanceio e a dimensão vertical de oclusão não sejam
modificados. Esse artigo enumera também as vantagens da oclusão lingualizada:
(1) A maioria das vantagens atribuídas para ambas as formas anatômicas e não
anatômicas são conservadas; (2) A forma de cúspide é mais natural, em aparência,
quando comparada à forma dental não anatômica; (3) Boa penetração do bolo
alimentar é possível; (4) Oclusão balanceada bilateral é facilmente obtida, para
uma região ao redor da relação central; (5) Forças verticais são centralizadas nos
dentes mandibulares.
Segundo Folz e Byars
18
(1981), quanto mais individualizados
forem os articuladores, menores serão os ajustes pós-inserção, principalmente em
movimentos excursivos. Desse modo, os articulares totalmente ajustáveis levam a
menos ajustes pós-inserção do que os semi-ajustáveis, os quais levam a menos
ajustes do que os fixos. Segundo os autores, os articuladores fixos permitem
movimentos excursivos, mas as únicas calibrações possíveis são a dimensão
vertical e a relação central. Sendo esses articuladores muito difundidos e
argumentando que: (1) o arranjo dental convencional trava as cúspides linguais
dos dentes posteriores maxilares e as cúspides vestibulares dos dentes posteriores
mandibulares em uma oclusão cêntrica justa, impedindo movimentos de cêntrica
longa, nos movimentos excursivos e (2) o arranjo dental lingualizado emprega
somente as cúspides linguais maxilares como cúspides de apoio central,
possibilitando movimentos de cêntrica longa, nos movimentos excursivos, o que
Revisão da literatura -
32
reduz o número de contatos prematuros excêntricos; Folz e Byars descreveram
uma técnica de obtenção de uma oclusão balanceada bilateral lingualizada, com o
objetivo de diminuir os ajustes pós-processamento e pós-inserção de próteses
totais confeccionadas em articuladores fixos. A seqüência técnica consistia em:
(1) Montar os dentes anteriores maxilares na estética desejada; (2) Montar os
dentes posteriores maxilares da maneira convencional, usando dentes de 33 graus
de inclinação de cúspides; (3) Abrir a dimensão vertical do articulador 1 mm; (4)
Montar os dentes posteriores mandibulares (33 graus) em oclusão cêntrica justa
com os maxilares; (5) Reduzir as cúspides vestibulares maxilares
aproximadamente 1 mm; (6) Reduzir as cúspides vestibulares e linguais
mandibulares, também, aproximadamente 1 mm; (7) Usar papel de articulação
para identificar os contatos de oclusão cêntrica nos posteriores mandibulares; (8)
Aprofundar a fossa de cada dente posterior mandibular, com uma pedra rotatória,
aproximadamente 1 mm, até a dimensão vertical ser restaurada, e desgastar os
contatos cêntricos que aparecerem nas cúspides dos dentes posteriores
mandibulares; (9) Alargar a fossa dos posteriores mandibulares aproximadamente
meio milímetro para vestibular, lingual e distal do ponto de contato cêntrico (os
limites da fossa alargada devem ser inclinados levemente para cima, o que
proporciona um deslocamento lateral imediato nos movimentos laterais e uma
posição de cêntrica longa); (10) Manter as próteses totais de prova em oclusão
protrusiva e montar os dentes anteriores inferiores, com as incisais contatando os
superiores; (11) Após a prova na boca e o processamento, as próteses devem
voltar ao articulador, para as correções oclusais.
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33
Segundo Clough et al.
9
(1983), existe uma busca contínua de
formas dentais posteriores e arranjos dentais que satisfaçam as expectativas dos
pacientes, em relação a requerimentos estéticos, conforto e eficiência
mastigatória. Além disso, os autores citam que os três maiores grupos de formas
oclusais avaliados são: (1) dentes anatômicos – 33 ou 30 graus de cúspides; (2)
dentes semi-anatômicos – 20 graus de cúspides; e (3) dentes não anatômicos ou
sem cúspides – zero grau de cúspides – e que a oclusão lingualizada é uma
combinação de dentes anatômicos, para a prótese total maxilar, e dentes não
anatômicos modificados, para a prótese total mandibular. Nesse presente estudo,
dois esquemas oclusais, sem interferências, foram comparados: (1) oclusão
lingualizada, usando a combinação de dentes citada anteriormente e (2) oclusão
em monoplano, utilizando dentes não anatômicos (zero graus), para ambas as
próteses maxilar e mandibular. A comparação foi feita pela construção de dois
pares de próteses totais maxilares e mandibulares, para cada um dos 30 pacientes
edêntulos, permitindo a eles usar ambas e, então, pedindo a cada um para relatar a
preferência e dar razões para a escolha. Um par seguiu o padrão de oclusão
lingualizada e o outro a oclusão em monoplano. Um dos pares foi inserido
primeiro, em uma escolha aleatória. Os pacientes foram questionados a observar a
eficiência mastigatória, conforto e aparência das próteses totais. Cada par de
próteses foi usado por três semanas, antes da avaliação e dos ajustes serem
concluídos, quando necessários. Segundo os autores, os trinta pacientes
requisitaram um pouco mais de ajustes enquanto usavam as próteses em
monoplano do que quando elas eram em oclusão lingualizada, mas não houve
Revisão da literatura -
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diferença estatística. Dezesseis pacientes já tinham usado próteses totais com
oclusão em monoplano ou com um esquema oclusal indefinido. Somente quatro
desses (25%) preferiram a oclusão em monoplano. Dos onze remanescentes, que
já tinham usado previamente dentes anatômicos, todos os que tiveram uma
preferência (8) escolheram a oclusão lingualizada. Dezoito pacientes nunca
tinham usado próteses totais ou tinham usado somente um par. Desses, doze
(66,67%) preferiram a oclusão lingualizada, três a monoplana e três não tiveram
preferência. Os outros (12) já tinham usado dois ou mais pares de próteses
previamente. O mesmo percentual desse grupo (66,67%) selecionou a oclusão
lingualizada. Haviam quinze pacientes com 65 anos ou mais e quinze pacientes
com menos de 65 anos. Daqueles com 65 anos ou mais, 46,67 % preferiram a
oclusão lingualizada, 33,33% a oclusão em monoplano e 20% não tiveram
preferência. Do grupo mais jovem, todos que expressaram uma preferência
optaram pela oclusão lingualizada. Dos dezesseis homens, dez escolheram a
oclusão lingualizada (62,50%), cinco (31,25%) a oclusão em monoplano e um
(6,25%) não teve preferência. Das quatorze mulheres, 28,57% não tiveram
preferência e 71,43% escolheram a oclusão lingualizada. Vinte dos 30 pacientes
(66,67%) expressaram preferência pela oclusão lingualizada, 5 (16,67%)
preferiram a monoplana, enquanto que o mesmo número não teve preferência. Os
autores concluíram que a preferência pela oclusão lingualizada deu-se pela
melhora da habilidade mastigatória, conforto e estética.
O artigo de Curtis et al.
13
(1988) expôs quatro conceitos básicos,
que devem ser considerados no desenvolvimento da oclusão protética de pacientes
Revisão da literatura -
35
classe II esquelética: (1) Relação cêntrica deve ser usada como uma posição de
referência para relacionar a mandíbula com a maxila; (2) Os dentes posteriores
devem ser situados próximos à posição que os dentes naturais ocupavam; (3)
Liberdade deve ser criada em movimentos excêntricos; e (4) Múltiplos contatos
oclusais devem ser dados em posições cêntricas e excêntricas. Os autores
ressaltam a importância de se usar um método que incorpora esses conceitos e
fornece um arranjo oclusal harmônico, para pacientes classe II edêntulos ou
parcialmente edêntulos, e citam, também, que bons resultados têm sido alcançados
com a utilização da oclusão lingualizada. Além disso, argumentam que uma outra
alternativa seria criar a oclusão com dentes não anatômicos e usar uma curva de
compensação, com mínima guia incisal.
No estudo de Brudvik e Howell
8
(1990), três pacientes edêntulos
foram avaliados, usando a cinesiografia e um programa de computador
especialmente designado para identificar a extensão dos contatos excêntricos,
entre suas próteses totais, quando mastigavam alimentos teste (amendoim,
cenoura, bife fatiado e biscoito). Três diferentes arranjos oclusais intercambiáveis
foram construídos e testados (oclusão balanceada convencional, lingualizada e
monoplano). Cada um dos arranjos dentais foi usado pelos pacientes por duas
semanas, antes dos testes. Durante os testes, os movimentos bordejantes foram
registrados com as próteses em contato oclusal leve, para estabelecer os contatos
bordejantes máximos, nos planos frontal e sagital. Nesse momento, realizaram-se
as amostras de mastigação e deglutição, com os quatro alimentos. Os resultados
da avaliação de mais de 1400 ciclos mastigatórios mostraram que 25% dos
Revisão da literatura -
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contatos mastigatórios eram excêntricos e que a grande maioria deles estava
dentro de uma distância de 1 mm da oclusão cêntrica. Além disso, mais contatos
excêntricos ocorreram na fase de abertura do que podia ser esperado e a forma
dental posterior não pareceu afetar o alcance dos contatos excêntricos. As
conclusões desse trabalho foram: (1) A cinesiografia, combinada com um
programa de análise e armazenamento de dados sofisticado, pode ser um método
de pesquisa de grande valor no estudo dos contatos funcionais em próteses totais;
(2) Um em cada quatro contatos, entre as próteses, foi excêntrico; (3) Mais
contatos excêntricos ocorreram na fase de abertura do ciclo mastigatório do que
havia sido relatado previamente; (4) A maioria dos contatos excêntricos das
próteses totais, durante a mastigação de alimentos básicos, foi encontrada a 1mm
ou menos da oclusão cêntrica; (5) Nos pacientes estudados, a forma dental
posterior e o arranjo não pareceram ter qualquer efeito no alcance dos contatos
excêntricos, ou seja, na distância dos mesmos da oclusão cêntrica.
Motwani e Sidhaye
33
(1990) citam que muitos protesistas
consideram oclusão balanceada, em cêntrica e em relações excêntricas, essencial
para o sucesso das próteses totais. No entanto, alguns consideram que somente o
balanceamento em relação cêntrica é essencial. Os autores argumentam que essa
controvérsia permanece por não existirem provas diretas da validade da oclusão
balanceada em relações excêntricas, durante os movimentos funcionais, e que a
oclusão balanceada pode não ser necessária para a mastigação, entretanto, durante
os movimentos não funcionais, pode ter um papel importante na estabilização das
próteses. O presente estudo teve o objetivo de determinar o efeito da oclusão
Revisão da literatura -
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balanceada em cêntrica e excêntrica, na eficiência mastigatória, em comparação
com próteses balanceadas apenas em cêntrica. Para isso, 30 pacientes com
contatos balanceados em cêntrica e excêntrica (grupo A) foram comparados com
igual número de pacientes com contatos balanceados somente em cêntrica (grupo
B). Após a instalação, correções da extensão das bases das próteses totais e outros
ajustes foram feitos, quando necessários. No décimo quarto dia, após inserção, os
pacientes foram chamados e a performance mastigatória de cada grupo foi
abordada por médias do teste de desempenho mastigatório. A média de
desempenho mastigatório do grupo A foi 30,62% (±2,53%) e do grupo B foi
29,20% (±4,43%), não havendo diferença estatística. Segundo os autores, esse
estudo falhou em mostrar qualquer diferença significativa no desempenho
mastigatório dos dois grupos e existe a possibilidade de que, com contatos
interferindo em posições excêntricas, o paciente possa, subconscientemente, evitar
contatos prematuros, por não fazer movimentos laterais da mandíbula. Além
disso, outras investigações são necessárias para determinar se o padrão
mastigatório é diferente nos dois tipos de oclusão e se as diferenças têm qualquer
efeito no sistema estomatognático.
Tamaki et al.
48
(1991) realizaram uma revisão da literatura sobre o
número de contatos em oclusão (estáticos) e em articulação (dinâmicos), em
prótese total. Suas conclusões foram: (1) Os valores numéricos dos contatos em
oclusão, encontrados pelos autores, são discrepantes entre si. Considerando os
toques computados em um dos arcos, no geral, os valores variam de 24 a 32
pontos; (2) Há consenso na afirmação de que o balanceio em articulação ou
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contato bilateral é uma necessidade na estabilização funcional das próteses totais;
(3) No balanceio da articulação, os autores tendem a considerar a multiplicidade
de contatos de trabalho e de balanceio como desejáveis, uma vez que, aumentando
a intimidade de contato entre as bases das próteses e a mucosa, favorece, além da
estabilização, a retenção, a performance mastigatória e o conforto; (4) O
estabelecimento da curva de compensação funcional e a utilização de um
articulador ajustável, programado individualmente, são recursos para obtenção da
articulação balanceada com múltiplos contatos; (5) No movimento de Bennett, o
número de contatos no lado de trabalho é sempre maior do que no de balanceio.
Lang
28
(1996) define, em seu artigo, os conceitos oclusais mais
comuns em prótese total, que são, segundo ele, articulação balanceada, articulação
monoplana e articulação lingualizada. Ele descreve a articulação balanceada como
sendo os contatos oclusais dos dentes maxilares e mandibulares, inicialmente em
máxima intercuspidação, e seus contatos contínuos, durante movimentos dessa
posição inicial ao longo dos caminhos protrusivo, de trabalho e de balanceio
específicos, desenvolvidos na superfície oclusal dos dentes. Já a articulação
monoplana é marcada, segundo o autor, por contatos oclusais, inicialmente em
máxima intercuspidação, e a desoclusão dos dentes posteriores, como resultado da
disposição das superfícies oclusais em um plano único, com ausência de qualquer
altura cuspídea, e os contatos dos dentes anteriores, durante movimentos
mandibulares. A articulação monoplana de forma balanceada é menos utilizada,
pois exige ângulo de guia incisal zerado, o que pode comprometer a estética. Por
fim, o autor caracteriza a articulação lingualizada pela presença de contatos das
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cúspides linguais dos dentes maxilares posteriores com as superfícies oclusais e
cristas marginais dos dentes mandibulares posteriores, em máxima
intercuspidação, e os contatos contínuos dessas cúspides linguais maxilares com
os dentes mandibulares, durante os movimentos da mandíbula. Cita, também,
quatro formas dentais: (1) Anatômica (com inclinações de cúspides maiores do
que zero graus, que tentam copiar a anatomia dos dentes naturais); (2) Não
anatômica (fogem ao padrão dos dentes naturais); (3) Zero grau (com ângulo de
cúspides de zero grau); e (4) Sem cúspides (sem proeminência cuspídea). Outro
ponto abordado nesse artigo foi o “International Prosthodontic Workshop on
Complete Denture Occlusion”, realizado em 1972, para tratar do conhecimento
corrente de oclusão em prótese total. Uma das conclusões desse evento, segundo
Lang, foi que as pesquisas disponíveis falham em identificar formas ou arranjos
dentais superiores, no entanto, parece ser lógico o uso da abordagem menos
complicada para preencher os requerimentos do paciente (conforto, função,
estética e manutenção a longo prazo dos tecidos de suporte) e que a articulação
balanceada parece ser mais apropriada, devido aos contatos dentais observados
durante atividades não funcionais (no período de não mastigação) dos pacientes.
O autor cita, também, cinco fatores que têm uma influência significativa na
abordagem da reabilitação oclusal de pacientes desdentados: (1) Arranjo dos
dentes anteriores maxilares e mandibulares com uma guia incisal baixa; (2)
Desenvolvimento de máxima intercuspidação em posição de relação cêntrica; (3)
Ausência de contatos deflexivos entre dentes maxilares anteriores e posteriores e
seus antagonistas mandibulares, quando os pacientes movem a mandíbula em
Revisão da literatura -
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excursões laterais e protrusivas; (4) Altura de cúspide disponível, em dentes
posteriores selecionados para o esquema oclusal, que permita recontorno oclusal,
para alcançar liberdade nos movimentos, com ausência de deflexão; (5) oclusão
estética e natural em aparência. Para o autor, o conceito de articulação
lingualizada, usando moldes dentais especialmente designados, parece ser a
abordagem mais lógica e menos complicada na reabilitação de pacientes
desdentados, promovendo mais liberdade durante os movimentos excursivos da
mandíbula.
Parr e Ivanhoe
41
(1996) citam, em seu artigo, que a busca por um
esquema oclusal ideal, em prótese total, continua, mas a probabilidade de que seja
encontrado é baixa, porque as características que constituem cada um dos
esquemas não são todas complementares. Segundo eles, embora não ideal, a
oclusão lingualizada é um conceito valioso, por ser adaptável a muitas situações
clínicas diferentes e por misturar muitos dos ideais das escolas de pensamento
anatômica e mecânica. Consideram essa característica totalmente apropriada, pois
uma prótese total é uma peça rígida de acrílico, que deve ser anatomicamente
aceitável, enquanto funciona sob leis físicas e mecânicas do meio oral, o qual
muda constantemente. Para os autores, a oclusão lingualizada também tem grande
aplicação no ensino da graduação, sendo um esquema simples para ensinar e para
aprender. Argumentam que ela pode ser modificada para se ajustar a muitas
diferentes situações, incluindo algumas em que dentes anatômicos totalmente
balanceados podem ser usados e em todas as situações em que dentes não
anatômicos são usados, em esquemas balanceados ou não balanceados (tipo
Revisão da literatura -
41
monoplano). O artigo apresenta a utilização mais comum da oclusão lingualizada,
através do esquema balanceado, em que são usados dentes posteriores maxilares
anatômicos e dentes posteriores mandibulares com uma mesa oclusal menos
complicada e com inclinações rasas. Além disso, comentam que qualquer dente
posterior (anatômico ou não anatômico) pode ser padronizado, por desgaste
seletivo, e esse esquema oclusal pode ser usado com próteses totais e parciais,
sobredentaduras, próteses imediatas e transicionais, possuindo, também, um
excelente papel em pacientes com relacionamentos entre os arcos classe II e classe
III, por proporcionar maior liberdade de movimento. Outro conceito, citado pelos
autores, é o de oclusão neutrocêntrica, que usa dentes em monoplano com ângulo
de guia incisal zerado, para conduzir a um esquema balanceado, no entanto, a
estética é um grande problema para se alcançar esse conceito, o que leva à
utilização do esquema monoplano de forma não balanceada, em casos onde se
usam exclusivamente dentes não anatômicos posteriores. Para Parr e Ivanhoe, a
oclusão lingualizada incorpora a maioria das vantagens dos diferentes esquemas
oclusais, ao mesmo tempo que neutraliza muitas das desvantagens de qualquer
outro esquema oclusal, que pudesse ser considerado para uma situação em
particular.
O estudo de Inoue et al.
20
(1996) teve por objetivo comparar os
valores de pressão, nos tecidos de suporte sob próteses totais laboratoriais, usando
dois diferentes esquemas oclusais: oclusão completamente balanceada e oclusão
lingualizada. Utilizaram simuladores, os quais eram compostos por modelos
edêntulos maxilares e mandibulares, com transdutores de pressão. Borracha de
Revisão da literatura -
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polissulfeto de 2 mm de espessura foi usada para formar os tecidos moles. Os
simuladores foram montados em um articulador semi-ajustável, com um plano
oclusal padrão. Essas simulações de rebordo residual foram duplicadas e as
próteses experimentais, com dentes posteriores intercambiáveis, foram fabricadas.
Os segmentos posteriores intercambiáveis foram montados em oclusão
completamente balanceada e oclusão lingualizada, alcançando contatos bilaterais
na relação cêntrica e em relações excêntricas. A pressão das estruturas de suporte
foi mensurada: (1) com os dentes em oclusão cêntrica; (2) com um pedaço de
borracha, de 3 mm de espessura, colocado entre os dentes posteriores direitos,
enquanto as esferas condilares do articulador estavam travadas; e (3) com um
pedaço de borracha, de 3 mm de espessura, colocado entre os dentes posteriores
direitos, em posição excêntrica, quando o pino incisal do articulador foi 5 mm
para a lateral, à esquerda da oclusão cêntrica. Um peso de 50 N foi aplicado no
centro do articulador. Os autores concluíram que: (1) Em oclusão cêntrica, os
valores de pressão maxilares, na área palatina, foram maiores do que aqueles da
área vestibular. A maior pressão foi registrada na vertente palatal da região de pré-
molar. Na região molar mandibular, os valores de pressão, na vertente vestibular,
foram duas vezes aqueles da vertente lingual, independente do esquema oclusal.
Não houve diferença estatística das pressões encontradas em oclusão cêntrica,
entre os esquemas oclusais; (2) Na mastigação unilateral simulada (cêntrica),
nenhuma pressão foi registrada na vertente vestibular da maxila, no lado de
balanceio. Já na prótese total mandibular, valores de pressão foram observados em
todos os pontos de mensuração. Os registros de pressão foram significativamente
Revisão da literatura -
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maiores nas vertentes lingual e vestibular, do lado de balanceio, o qual serviu
como uma área de suporte da prótese, durante a mastigação simulada.
Comparando os dois esquemas oclusais, nenhuma diferença significativa existiu
nos registros das pressões maxilares. Já na mandíbula, os valores de pressão
registrados mostraram diferença significativa em alguns pontos de mensuração;
(3) Com a mastigação simulada em posição excêntrica, diferenças nos valores de
pressão foram encontradas entre a oclusão completamente balanceada e a oclusão
lingualizada, nas regiões vestibulares maxilares, nos lados de trabalho e de
balanceio. Na mandíbula, os valores de pressão registrados, na vertente vestibular
da região molar do lado de trabalho, foram significativamente menores com a
oclusão lingualizada e, na vertente vestibular da região molar do lado de
balanceio, foram significativamente maiores, o que indica que a oclusão
lingualizada promoveu uma força lingual resultante para a crista do rebordo, para
aumentar a estabilidade da prótese mandibular; (4) A oclusão lingualizada tende a
aumentar a estabilidade da prótese total mandibular e distribuir a força oclusal
para as estruturas de suporte do lado de balanceio.
Komasa e Gonda
24
(1996) citam, em seu artigo, que as superfícies
oclusais dos dentes posteriores, de próteses totais que estão em harmonia com os
movimentos mandibulares, contribuem para a eficiência mastigatória e
estabilidade. Nesse relato clínico, dentes artificiais constituídos por duas partes,
foram utilizados (Two-piece teeth, G-C Corp., Tokyo, Japan). Segundo os autores,
uma parte corresponde à resina oclusal, que pode ser usada, diretamente, como um
padrão para inclusão e posterior fundição, e a outra parte corresponde à base do
Revisão da literatura -
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dente. Paciente do sexo feminino, 75 anos, desdentada total há 12 anos,
apresentando acentuada reabsorção dos rebordos e queixa de instabilidade das
próteses totais maxilar e mandibular, prestou-se à realização desse caso. Os
autores consideraram impossível manter a estabilidade das próteses, se os
princípios de articulação balanceada convencional fossem utilizados, desse modo,
a oclusão lingualizada foi aplicada para reduzir as forças laterais. Após a entrega
das próteses, ajustes foram feitos por período de um mês e o sistema T-Scan foi
usado para verificação dos contatos e do balanceamento das forças oclusais.
Terminado esse período, a oclusal metálica foi confeccionada, através da
conversão da camada de resina oclusal em metal. Os autores comentam que a
aplicação de dentes artificiais de duas camadas, para alcançar oclusão
lingualizada, produziu forças mastigatórias suficientes, estabilidade e resultou em
satisfação para a paciente.
Dubojska et al.
15
(1998) afirmam, em seu artigo, que pacientes com
próteses totais confeccionadas sem balanceamento oclusal, após um período de
tempo, acostumam-se com elas e são capazes de controlá-las, durante a
mastigação. Segundo os autores, alguns pacientes, no entanto, não atingem esse
controle, especialmente com a prótese mandibular, apesar da longa perseverança.
Além disso, muitos indivíduos que conseguiam usar, de maneira adequada, suas
próteses sem balanceamento oclusal, passam a ter problemas com a reabsorção
dos tecidos de suporte, pois as forças de deslocamento, geradas pela falta de
balanceamento, assumem significância maior. O objetivo do presente estudo foi
avaliar a importância do balanceamento oclusal no controle de próteses totais,
Revisão da literatura -
45
durante a função. As próteses de 5 pacientes, que estavam tendo dificuldades de
controlá-las, foram acuradamente duplicadas. Os autores citam que elas não
possuíam oclusão balanceada e que os dentes artificiais foram substituídos para
proporcionar esse balanceamento. Nenhuma outra mudança foi feita. Adaptação,
extensão periférica e erros possíveis nos relacionamentos maxilo-mandibulares, se
aparentes ou não, foram ignorados. Os pacientes relataram suas experiências com
as novas próteses, após uma semana, três semanas e seis semanas. Os resultados
mostraram que, após uma semana, 2 pacientes relataram maior estabilidade e
conforto na mastigação e 3 pacientes não citaram diferenças. Após três semanas, 4
pacientes notaram maior estabilidade e conforto. Após seis semanas, todos os
participantes relataram as melhoras. Além disso, a redução da mesa oclusal teve
um forte efeito na estabilização, o que podia ser demonstrado por cargas oclusais
aplicadas, com a ponta de um dedo, nos dentes molares mandibulares mais distais.
A pressão deslocava as próteses totais, quando esses dentes estavam montados
sobre a porção inclinada do rebordo. Os autores concluíram que o balanceamento
oclusal e a remoção dos movimentos das próteses totais, induzidos pela oclusão,
são tão importantes para o controle eficiente da prótese quanto adaptação acurada,
extensão periférica e registro correto da relação cêntrica.
Olivieri et al.
39
(1998) relatam que uma distribuição equilibrada de
forças de carga, nos tecidos de suporte, é um dos fatores mais significativos,
afetando estabilidade, conforto do paciente e aceitação das próteses totais.
Comentam que uma versão melhorada do sistema T-Scan (T-Scan II) tem sido
usada para analisar a distribuição de carga oclusal, em pacientes com próteses
Revisão da literatura -
46
totais. Além disso, o novo programa do T-Scan II tem oferecido várias vantagens
na análise da oclusão e distribuição de carga sobre a versão anterior, incluindo
análise do centro de força, trajetória do centro de força e cor codificando os
contatos oclusais de acordo com a magnitude. Os autores descreveram esse novo
programa através de um relato clínico e concluíram que o mesmo oferece
informações anteriormente indisponíveis para avaliação, ajuste e monitoramento
da distribuição da carga oclusal, em próteses totais, sendo um meio eficiente para
o clínico melhorar a estabilidade das próteses.
O estudo de Ohguri et al.
38
(1999) comparou os valores de pressão,
nos tecidos de suporte abaixo de uma prótese total mandibular, quando triturava
alimento com três esquemas oclusais diferentes: oclusão totalmente balanceada,
oclusão lingualizada, com contatos bilaterais da relação cêntrica para todas as
posições excêntricas, e oclusão monoplana. O objetivo foi estimar qual esquema
oclusal fornecia melhores condições de distribuição de pressão, nas estruturas de
suporte abaixo de uma prótese total. Próteses mandibulares e maxilares simuladas,
com os três diferentes esquemas oclusais posteriores, foram fabricadas. Oito
transdutores de pressão foram colocados na superfície basal da prótese
mandibular, nas vertentes vestibular e lingual. A distribuição de pressão, em um
modelo de boca edêntula mandibular, com tecido artificial de 1,5 mm de
espessura, foi registrada, durante a trituração de três alimentos diferentes:
alimento mole (kamaboko, bolo ou peixe a vapor), amendoim e cenoura crua. Os
simuladores foram montados em uma máquina de testes universais (AG-100,
Shimadzu), usando um arco oclusal padrão. O pico dos valores de pressão, nas
Revisão da literatura -
47
estruturas de suporte, e a força requerida, na mastigação dos alimentos teste,
foram mensurados sob as seguintes condições: (1) oclusão cêntrica foi empregada
e uma força de 98 N foi aplicada, para simular a força usada na mastigação, por
usuários de próteses totais; e (2) uma porção de tamanho padronizado de alimento
foi mastigada entre os dentes posteriores mandibulares e maxilares esquerdos. A
máquina de testes universais foi usada para aplicar cargas uniformes no simulador
maxilar, no plano vertical, a uma taxa de 500 mm/min, baseada no ciclo
mastigatório de um paciente edêntulo com próteses totais. Os registros foram
repetidos 5 vezes, em cada condição. Os resultados demonstram que com a
oclusão totalmente balanceada e com a oclusão lingualizada, uma força oclusal
maior não é necessária para triturar alimentos duros e o estresse nos tecidos de
suporte é menor do que com a oclusão em monoplano.
Grubwieser et al.
19
(1999) citam a existência de um relacionamento
entre a oclusão e o comportamento neuromuscular dos músculos mastigatórios. O
objetivo desse estudo foi obter dados quantitativos de registros eletromiográficos,
utilizando sinais brutos de 16 pacientes. A atividade muscular do masséter e do
temporal foi registrada, utilizando eletromiografia superficial, na posição postural,
na máxima intercuspidação e em uma seqüência de movimentos mandibulares
diferentes (protrusão e laterotrusão), em pacientes usando próteses totais com guia
anterior canina, antes e após a adaptação de dois diferentes aparelhos às próteses
superiores. Os dois aparelhos oclusais diferentes foram fabricados em
articuladores programados individualmente e a dimensão vertical foi aumentada
exatamente a mesma altura. O aparelho 1 promovia uma guia anterior, levando a
Revisão da literatura -
48
desoclusão imediata dos dentes posteriores, durante qualquer movimento
mandibular, e o aparelho 2 proporcionava uma oclusão balanceada bilateral.
Baseado nos resultados obtidos, não houve diferença estatística entre os dois
aparelhos, com relação à posição de atividade postural e à atividade muscular
integrada, durante a máxima intercuspidação. Nos movimentos protrusivo e
laterotrusivos, o aparelho 2 mostrou aumento altamente significativo na atividade
muscular. Os autores concluíram que pacientes, utilizando próteses totais com
guia anterior, apresentam menos atividade muscular do que aqueles com oclusão
balanceada. Argumentando ser a função neuromuscular de pacientes edêntulos
similar à função de pessoas com dentes naturais, citaram que o uso de próteses
totais com guia anterior pode ajudar a evitar o desenvolvimento de disfunção
craniomandibular, atividade muscular aumentada patologicamente, com dor
muscular, destruição ou desordens da articulação temporomandibular, além de
minimizar pontos doloridos e reabsorção do rebordo.
Segundo Kumagai et al.
26
(1999), oclusão balanceada bilateral é
considerada a oclusão ideal para próteses totais. O objetivo desse estudo foi
observar a incidência de contatos oclusais, realizados por um usuário de próteses
totais, durante a mastigação, usando um sistema telemétrico de seis canais
modificado, o qual utiliza interruptores especiais, inseridos na superfície oclusal
dos primeiros molares inferiores, para mensurar os movimentos excursivos,
durante a mastigação. Um homem edêntulo de 64 anos, com rebordo residual e
relacionamento inter-rebordos normais, foi selecionado como paciente desse
estudo. Seu lado de mastigação habitual era o direito. As próteses totais
Revisão da literatura -
49
experimentais foram fabricadas e desenvolvidas em oclusão balanceada bilateral e
ajustadas pela técnica de remontagem. O paciente foi instruído a mastigar
alimentos teste (amendoim, cenoura crua e kamaboko - pasta de peixe cozido), no
lado direito e esquerdo, respectivamente. Os autores observaram contatos
excursivos em 36,0-71,1% dos fechamentos, quando mastigando no lado direito, e
em 4,9-20,9%, quando no lado esquerdo. A incidência dos contatos excursivos foi
maior em ambos os lados, quando mastigando amendoim. A incidência dos
fechamentos excursivos, com deslizamentos que terminavam na posição oclusal
cêntrica, vindo de posições excêntricas, foi o mais comum, exceto na mastigação
de amendoim, do lado esquerdo. Excursões cruzadas, sem parada em posição
oclusal cêntrica, dificilmente ocorreram, quando mastigando no lado direito, e
nunca foram encontradas, quando mastigando no esquerdo. A conclusão desse
estudo piloto foi que a amplitude dos deslizamentos, na superfície oclusal do
primeiro molar inferior, foi, principalmente, de 0,2 a 1,2 mm e a maioria dos
movimentos excursivos terminou na posição oclusal cêntrica. Além disso, que
maior número de pacientes deve ser selecionado para elucidar o equilíbrio oclusal
das próteses totais.
Massad e Conelly
32
(2000) citam que prematuridades oclusais são
influências destrutivas e desestabilizantes, em próteses totais. Descrevem o uso de
um aparelho de ponto de apoio central intra-oral, em uma oclusão lingualizada,
para alcançar equilíbrio efetivo e simplificado. Segundo os autores, na oclusão
lingualizada, cúspides linguais maxilares proeminentes ocluem com superfícies
oclusais mandibulares simples e relativamente planas. Comentam que as três
Revisão da literatura -
50
formas oclusais contemporâneas mais comuns são dentes anatômicos, semi-
anatômicos e não anatômicos (ou planos) e que qualquer uma dessas pode ser
usada em uma oclusão lingualizada. Citam, ainda, como vantagem da oclusão
lingualizada, que, virtualmente, qualquer dente artificial anatômico pode ser
utilizado, se modificado por desgaste seletivo. Além disso, esse esquema oclusal,
segundo eles, promove uma função mastigatória muito efetiva; possui uma
aplicação simples e facilmente adaptável; proporciona facilidade no
posicionamento dos dentes em contato, nos movimentos excursivos, com inerente
liberdade de movimento; resulta em ajustes oclusais mínimos; otimiza a estética,
pelo uso de dentes anatômicos maxilares, que têm sido modificados para oclusão
lingualizada; resulta em vetores de forças laterais desestabilizantes e destrutivos
mínimos; e promove grande satisfação e aceitação pelos pacientes. Segundo os
autores, checando os contatos diretamente na boca, com papel carbono, não se
consegue detectar as prematuridades, as quais são compensadas pela resiliência
dos tecidos subjacentes, desse modo, uma das abordagens mais simples e fáceis,
para balancear a oclusão das próteses totais, na hora da entrega, é usar um
balanceador de ponto de apoio central intra-oral, o qual promove para os pacientes
completamente desdentados, que têm suas próteses equilibradas com esse
dispositivo, maior conforto, fácil adaptação, maior efetividade mastigatória e
menos pontos doloridos de pressão do que aqueles cujas próteses totais foram
remontadas, usando registros de mordida, e equilibradas no articulador. Um
aparelho de apoio central estabiliza as próteses maxilar e mandibular, em seus
respectivos rebordos, através do pino de apoio maxilar em contato com o prato
Revisão da literatura -
51
mandibular, o que promove a desoclusão dos dentes. Isso resulta em um arranjo
tripoidal, com as articulações temporomandibulares sendo duas pernas do trípodo
e o contato do ponto de apoio a terceira perna. O ponto de apoio central é, então,
ajustado em incrementos, até que ocorra o primeiro contato oclusal. Esse primeiro
contato é reduzido por desgaste. Mais retrações incrementais do ponto de apoio
central são realizadas, seguidas dos respectivos ajustes oclusais, até se conseguir
uma uniformidade de contatos cêntricos e excêntricos bilaterais. Os autores
concluíram que a função e o conforto das próteses totais podem ser otimizados, de
maneira rápida, simples e fácil, pela utilização da oclusão lingualizada e do
aparelho de apoio central intra-oral.
Srna et al.
45
(2001), realizaram uma revisão da literatura sobre
oclusão lingualizada e concluíram que: (1) Na oclusão lingualizada, só as cúspides
linguais maxilares estarão em contato com a fossa central e cristas marginais dos
dentes mandibulares; (2) As forças verticais estão mais centralizadas nos dentes
inferiores, permitindo uma maior estabilidade e conforto para os pacientes, o que
possibilita uma maior eficiência mastigatória; (3) Obtêm-se uma oclusão
satisfatória, tanto em oclusão cêntrica como em excêntrica, assim como uma
redução do tempo no ajuste oclusal, por desgaste seletivo; (4) A oclusão pode ser
utilizada para reabilitação de pacientes edêntulos portadores de implantes, como
também em prótese total convencional.
Jameson
22
(2001) abordou o conceito de oclusão linear, que é
definido como um arranjo dental no qual as superfícies mastigatórias dos dentes
Revisão da literatura -
52
artificiais posteriores mandibulares têm uma forma estreita, longa e reta,
parecendo com uma linha e articulando, normalmente, com dentes monoplanos.
No conceito original, essa lâmina estreita, reta e longa é posicionada sobre a crista
do rebordo residual mandibular, para proporcionar estabilidade mecânica, durante
a função. Segundo o autor, dependendo do relacionamento do rebordo posterior,
funciona igualmente bem se usada no arco maxilar, opondo-se a dentes
monoplanos no arco mandibular, onde uma articulação reversa é considerada
apropriada. Para Jameson, os procedimentos para confecção de uma prótese total,
em oclusão linear, consomem menos tempo e são mais previsíveis do que
qualquer outra técnica. Além disso, menos ajustes pós-inserção são necessários e a
satisfação do paciente é alta.
O artigo de Davies et al.
14
(2001) discorre sobre as características
de uma “oclusão ideal”, em próteses removíveis (parciais e totais) e sobre a
interferência dessa oclusão na estabilidade, além de introduzir algumas técnicas
para alcançar esses objetivos. Segundo os autores, o nível mínimo de oclusão que
qualquer dentista deveria prescrever, para próteses totais, é a oclusão balanceada
(conceito de oclusão estática), com contatos bilaterais equilibrados na relação
cêntrica. Comentam, também, que o padrão de movimento mandibular engloba,
além da movimentação vertical, deslocamentos protrusivos e laterais, suportando
a indicação da articulação balanceada (conceito de oclusão dinâmica), na qual os
dentes da prótese maxilar mantêm contatos harmoniosos com os dentes da prótese
mandibular, em todos os movimentos excursivos. Além disso, prematuridades
unilaterais, mesas oclusais muito largas e posicionamento injurioso de dentes
Revisão da literatura -
53
podem comprometer a estabilidade das próteses totais, a qual está intimamente
relacionada com o suporte e a retenção. Os autores preconizam que a “oclusão
ideal” dos pacientes com próteses totais difere da “oclusão ideal” dos pacientes
dentados e que, para alguns indivíduos, com um padrão de mastigação,
essencialmente, vertical, sem o uso de movimentos laterais e protrusivos, pode-se
cogitar a aplicação somente da oclusão balanceada, sem uma articulação
balanceada. Na opinião deles, a prescrição oclusal deve levar em consideração os
tecidos de suporte das próteses totais e o padrão mastigatório e, em pacientes que
necessitam de uma articulação balanceada, a forma cuspídea é essencial, existindo
os seguintes tipos de dentes: (1) anatômicos (cujas formas típicas apresentam 30 a
40 graus, de angulação cuspídea, e as formas modificadas 20 graus); (2) não
anatômicos; (3) zero grau; e (4) sem cúspides. Argumentam que, se os rebordos
são amplos, dentes anatômicos devem ser suficientes, no entanto, se os rebordos
são rasos ou próteses implanto-suportadas se opõem a próteses totais maxilares,
dentes não anatômicos podem ser indicados. Como conclusão, foi apresentado que
uma “oclusão ideal” em próteses removíveis é aquela que reduz as forças
desestabilizantes a um nível menor ou igual à capacidade retentiva das próteses.
O artigo de Ivanhoe et al.
21
(2002) revisa os compromissos dos
dentistas para com os pacientes contemporâneos, usuários de próteses totais,
técnicas, materiais e oclusão. As referências usadas foram primariamente da
“literatura clássica” e um esforço foi feito para averiguar se essas recomendações
de tratamento são apropriadas para os pacientes mais difíceis, de hoje.
Comentaram que, quando a “literatura clássica” foi desenvolvida, o paciente
Revisão da literatura -
54
típico de prótese total perdia os dentes mais cedo, geralmente antes dos 30 anos.
Esses pacientes, na maioria das vezes, podiam ser caracterizados como jovens e
saudáveis, com rebordo alveolar residual amplo, coberto com mucosa firme e
saudável, capaz de resistir a forças funcionais maiores. Eles mantinham boa
estética e função confortável por longo período de tempo, com pouca manutenção.
Já os pacientes de prótese total de hoje, segundo os autores, têm uma média de
idade maior e o número de adultos cognitivamente impedidos, em instituições,
está crescendo. Clinicamente, muitos dos pacientes atuais têm rebordo residual e
tecidos moles pouco satisfatórios, menos destreza e reduzida consciência oral
(capacidade de sentir a mandíbula em relação à maxila). Os autores argumentam
que a possibilidade de estabelecer uma estética natural e criar reconstruções
oclusais complexas diminui proporcionalmente à idade, por isso, o compromisso
estético deve ser discutido antes de iniciar o tratamento. Além disso, esquemas
oclusais, tais como oclusão neutrocêntrica (monoplana, sem qualquer inclinação
de guia incisal) ou oclusão lingualizada, são desejáveis, pois permitem uma
liberdade aumentada, em relação cêntrica, e o uso de várias posições de
fechamento mandibular, compensando a dificuldade do clínico de realizar um
registro de relação mandibular acurado. Citam, também, que a habilidade
mastigatória não é influenciada pelo esquema oclusal. As seguintes
recomendações finais foram apresentadas pelos autores: (1) Os pacientes devem
retornar anualmente ao consultório, para manter suas próteses totais bem
adaptadas; (2) O dentista deve utilizar um esquema oclusal simples, em pacientes
idosos, nos quais a falta de habilidade para cooperar, devido ao pobre controle
Revisão da literatura -
55
neuromuscular ou devido ao movimento das bases das próteses, resultado da
severa reabsorção alveolar, dificulta os registros mandibulares; (3) É importante
utilizar uma técnica de fabricação das próteses que leve a mínimos problemas; (4)
Deve-se educar o paciente, quanto ao uso e limitações das próteses totais, desde a
primeira consulta, e sempre reforçar.
O artigo de Compagnoni et al.
12
(2002) teve por objetivo observar o
comportamento, quanto à função, de pacientes portadores de próteses totais
duplas, frente a dois tipos de desoclusão lateral, oclusão balanceada bilateral e
oclusão não balanceada bilateral, com desoclusão pelo canino. Foram
confeccionadas próteses totais em oclusão balanceada bilateral, nas posições
cêntrica e excêntricas da mandíbula, para 15 pacientes desdentados totais. Após a
instalação e quando os pacientes já se sentiam adaptados às próteses, realizou-se
acréscimo de resina composta na face palatina dos caninos superiores, sem
informar aos indivíduos, até se obter desoclusão lateral pelo canino, dos lados
direito e esquerdo. Após 30 dias, cada paciente foi avaliado por meio de um
questionário, que abordava seis itens: (1) Diferença em relação à mastigação; (2)
Possibilidade de alimentação diferente da habitual; (3) Alimentação e mastigação
de carne; (4) Dificuldade na mastigação de folhas de alface; (5) Diferença no
conforto das próteses; (6) Alguma diferença em relação ao mês anterior.
Realizada a avaliação, retornava-se o padrão de desoclusão para oclusão
balanceada bilateral. Os pacientes permaneciam por mais 30 dias dessa maneira,
quando respondiam novamente ao questionário. Os procedimentos de alteração da
oclusão foram realizados até que quatro avaliações, com intervalos iguais de 30
Revisão da literatura -
56
dias, foram realizadas. Através dos resultados, os autores observaram que a
maioria dos pacientes não notou diferença na mudança do padrão de desoclusão.
Apenas três pacientes relataram piora ao se modificar a desoclusão lateral,
independente do tipo de desoclusão. O tipo de desoclusão lateral, em próteses
totais, segundo os autores, não interferiu no tipo de alimentação ou na função
desempenhada pelo paciente e a maioria deles não notou diferença, quanto ao
conforto das próteses, entre um encontro de avaliação e outro. Os autores
concluíram, então, que a desoclusão pelo canino pode ser uma opção alternativa
na desoclusão lateral, em pacientes portadores de próteses totais duplas.
Peroz et al.
42
(2003) estudaram parâmetros subjetivos e objetivos
em vinte e dois pacientes tratados com novas próteses totais, confeccionadas com
dois esquemas oclusais diferentes, guia canina e oclusão balanceada. À metade
dos pacientes, as próteses foram confeccionadas com oclusão balanceada e, à
outra metade, com guia canina. Após um período de observação de 3 meses, com
exames após 8 dias, 4 semanas, 8 semanas e 3 meses, o esquema oclusal foi
trocado. Nas próteses balanceadas, novos caninos, dando guia canina, substituíram
os caninos maxilares e, nas próteses totais com guia canina, realizou-se desgaste
seletivo, para estabelecer balanceamento completo, em movimentos excêntricos.
Após a mudança do esquema oclusal, os exames foram realizados novamente,
após 8 dias, 4 semanas, 8 semanas e 3 meses. Os dados subjetivos foram
coletados, usando uma escala análoga visual (0-100), que descreveu a satisfação
dos pacientes com a aparência estética, a habilidade de falar e a retenção das
próteses. Os dados objetivos foram coletados por examinadores, os quais
Revisão da literatura -
57
obtiveram o número de úlceras protéticas, o número de contatos oclusais em
relação cêntrica e a retenção da prótese total, durante os movimentos excêntricos.
Os autores apresentam os resultados sob os seguintes itens: (1) Parâmetros
subjetivos - Todos os pacientes tiveram melhoras significativas em todos os
parâmetros subjetivos, comparando suas novas próteses com as antigas. O
esquema oclusal não teve influência significativa na habilidade de falar. Uma
melhora significativa na aparência estética foi notada, entre os pacientes que
receberam primeiro próteses balanceadas, através da mudança para guia canina.
Isso não foi observado na mudança de guia canina para oclusão balanceada. A
habilidade mastigatória foi melhorada significativamente pelas próteses totais com
guia canina e melhorada, ainda mais, com a troca para oclusão balanceada.
Oclusão balanceada alterada para guia canina não teve influência significativa na
habilidade mastigatória. A retenção da prótese maxilar não foi influenciada pelo
esquema oclusal. A retenção da prótese mandibular foi significativamente
melhorada, durante o período no qual próteses totais com guia canina estavam
sendo usadas. Foi melhorada ainda mais, após os caninos serem desgastados para
dar oclusão balanceada. Começando com oclusão balanceada e trocando para guia
canina não teve influência significativa na retenção da prótese mandibular; (2)
Parâmetros objetivos - Não houve diferença entre os esquemas oclusais, com
relação ao número de contatos em cêntrica. Guia canina produziu
significativamente mais úlceras do que as próteses balanceadas. As próteses
maxilares balanceadas tiveram retenção significativamente melhor do que as
próteses com guia canina. Em 7 pacientes, as próteses totais com guia canina
Revisão da literatura -
58
perderam retenção, durante movimentos laterotrusivos e protrusivos, enquanto
somente 3, usando próteses com oclusão balanceada, tiveram perda de retenção.
Entretanto, as próteses mandibulares com guia canina foram mais estáveis,
durante movimentos excêntricos, do que as balanceadas. Como a guia canina e a
oclusão balanceada tiveram efeitos similares na satisfação dos pacientes e como a
guia canina, além de ser mais facilmente estabelecida, parece estabilizar as
próteses mandibulares, os autores concluíram que ela pode ser recomendada como
conceito oclusal não somente em dentição natural, mas também em próteses
totais.
Lang
30
(2004) discursa sobre o conceito de articulação
lingualizada, o qual, segundo ele, já tem sido defendido por muitos dentistas, nos
últimos 60 anos. Menciona que esse esquema oclusal pode ser alcançado usando
uma variedade de moldes dentais, arranjados de inúmeras maneiras, as quais
parecem fornecer a abordagem menos complicada, para a reabilitação oclusal e a
satisfação das necessidades dos pacientes edêntulos. Para o autor, a experiência
clínica suporta o uso da articulação lingualizada, durante atividades tanto
funcionais quanto não funcionais, e os dentes artificiais, com formas cuspídeas
que travam contra os antagonistas, são contra-indicados aos pacientes com
controle muscular comprometido, nos quais fica difícil obter uma relação cêntrica
confiável e reproduzível. Desse modo, o esquema oclusal lingualizado é sugerido,
proporcionando maior liberdade de movimento. Segundo o autor, as diferentes
combinações de moldes dentais disponíveis de um fabricante particular e novos
moldes, específicos para a articulação lingualizada, de outros fabricantes
Revisão da literatura -
59
permitem ao dentista melhorar a probabilidade de obter máxima intercuspidação,
evitar contatos oclusais deflexivos, determinar a altura cuspídea suficiente, para a
reformulação oclusal seletiva, e alcançar uma aparência natural e favorável.
Argumenta, também, que a articulação e o arranjo dos dentes posteriores no
conceito lingualizado, utilizando moldes dentais específicos, assegura uma
disposição padronizada. Lang concluiu que o esquema oclusal lingualizado,
através do arranjo de seus dentes posteriores, permite a adaptação a diferentes
rebordos, melhora a eficiência mastigatória e elimina interferências laterais,
resolvendo a falta de balanceamento bilateral, causada por interferências
cuspídeas. Além disso, promove melhora no conforto, função e aparência,
requisitos almejados tanto por clínicos quanto por pacientes.
2- Influência do processamento laboratorial nas alterações
oclusais em Prótese Total
Em 1960, Woelfel et al.
51
estudaram a acurácia relativa da
adaptação de 186 próteses totais (73 clínicas e 113 laboratoriais), seguindo vários
parâmetros, entre eles, a comparação da posição do pino guia incisal, de uma
articulador Hanau, antes e após a polimerização, de próteses confeccionadas com
diferentes materiais, através das técnicas recomendadas por cada um dos
fabricantes. Observando os resultados, o aumento na altura do pino incisal variou
de 0,00 a 1,49 mm. A menor alteração média na altura do pino (de 0,00 a 0,33
mm) foi encontrada nas próteses confeccionadas com resina acrílica, processadas
Revisão da literatura -
60
por prensagem hidráulica direcional, ou com resina epóxica, a qual era vazada no
interior do molde. A maior média de alteração do pino incisal (1,49 mm) foi
observada em próteses totais feitas com resina acrílica processada em alta
temperatura e vácuo. As resinas especiais e os métodos especiais de
processamento não causaram uma acurácia maior na dimensão vertical de oclusão
do que as resinas acrílicas e os métodos de prensagem convencionais.
O estudo de Wesley et al.
50
(1973) teve como objetivos determinar
se mudanças nos contatos dentais, após o processamento de próteses totais de
resina acrílica, seguiam algum padrão identificável e se existia alguma correlação
entre os contatos dentais e a quantidade de abertura do pino incisal do articulador,
após o processamento. Nenhum registro dos contatos oclusais foi feito após a
remoção das próteses totais dos modelos de processamento. Próteses totais
maxilares e mandibulares foram construídas para 50 pacientes, mantendo as
mesmas condições, em todas as fases laboratoriais. Antes dos modelos e das
próteses enceradas serem removidos do articulador, os contatos dentais, em
relação cêntrica, foram marcados, com fita de articulação, e fotografados. Os
modelos possuíam três entalhes, em suas bases, para que pudessem voltar ao
articulador, após o processamento. Após a polimerização, esperou-se o
resfriamento por uma hora, realizou-se a demuflagem e remontou-se os modelos
no articulador. Os contatos em relação cêntrica foram marcados novamente e
fotografados. A abertura do pino incisal foi mensurada e fotografada, também. A
maior abertura foi de 1,00 mm e a menor 0,25 mm, com uma média de 0,56 mm.
Os contatos dentais fotografados, antes e após o processamento, foram analisados
Revisão da literatura -
61
e registrados em um diagrama. Os contatos dos primeiros pré-molares não foram
considerados, pois muitas próteses não possuíam esses dentes. Os resultados
indicaram uma redução significativa dos pontos de contato, após o processamento.
A média de pontos de contato, antes do processamento, foi 9,59 e, após o
processamento, foi 4,33. Todas as correlações entre abertura do pino incisal e
mudanças no número de contatos não foram significativas. Os autores concluíram
que a quantidade de abertura do pino incisal não está relacionada com o número
ou localização dos contatos dentais e que a magnitude da abertura parece
depender da quantidade de movimento dental mais do que da direção.
O objetivo do estudo de Zakhari
52
(1976) foi investigar o
relacionamento de meios de inclusão com mudanças oclusais e com a quantidade
de abertura vertical, na técnica de prensagem. Oitenta pares de próteses totais teste
enceradas, construídas para pacientes, foram selecionados aleatoriamente e usados
para o estudo. Cada par de próteses foi designado aleatoriamente para um dos
quatro grupos, de 20 pares cada, sendo eles: Grupo I- próteses totais incluídas com
camada de 1 a 1,5 mm de borracha de silicone, reforçada por pedra artificial;
Grupo II- próteses incluídas com camada de 1 a 1,5 mm de borracha de silicone,
com as superfícies oclusais dos dentes cobertas por pedra artificial; Grupo III-
próteses totais incluídas em pedra artificial; Grupo IV- próteses incluídas em
gesso comum, com as superfícies oclusais cobertas com gesso pedra artificial.
Realizou-se mensuração da altura do pino incisal com as próteses enceradas e
após o processamento, sendo a diferença dessas medidas indicativa da alteração
na dimensão vertical de oclusão. Matrizes, de gesso pedra, das superfícies oclusais
Revisão da literatura -
62
foram posicionadas sobre as próteses polimerizadas, após a demuflagem, para
verificar as discrepâncias oclusais. As médias de abertura do pino incisal para os
grupos de I a IV foram, respectivamente, 0,550 mm; 0,445 mm; 0,395 mm e 0,285
mm. No grupo I, mudanças oclusais foram observadas em 40% das próteses
totais. No grupo II, em 10% das próteses. E os grupos III e IV não tiveram
mudanças oclusais. O autor concluiu que o movimento dental e a abertura vertical,
em próteses totais processadas, podem ser minimizados pela inclusão em gesso
comum com uma matriz de gesso pedra artificial, cobrindo as superfícies oclusais,
e que procedimentos inadequados de inclusão contribuem para abertura vertical e
discrepâncias oclusais.
O estudo de Antonopoulos
3
(1978) avaliou próteses totais
processadas pela técnica da resina fluída, em uma mufla recém desenvolvida, com
modificações da técnica padrão. O autor construiu 22 próteses totais maxilares ou
mandibulares e classificou-as nos três seguintes grupos: (1) Grupo A, constituído
de 12 próteses totais laboratoriais (6 maxilares e 6 mandibulares), processadas
pela técnica da resina fluída; (2) Grupo B, constituído de 5 próteses totais (3
maxilares e 2 mandibulares), construídas para três pacientes e processadas pela
técnica de prensagem, com resina acrílica termopolimerizável; e (3) Grupo C, com
5 próteses totais (3 maxilares e 2 mandibulares), construídas para os pacientes do
grupo B e processadas pela técnica da resina fluída. As próteses de resina fluída
laboratoriais (Grupo A) e clínicas (Grupo C) foram construídas com ajuda de uma
nova mufla, procedimentos de alimentação modificados (canal de alimentação e
de ventilação) e imobilização dos dentes, através da cimentação dos mesmos em
Revisão da literatura -
63
índices oclusais de gesso, incorporados ao molde. Foram realizadas mensurações
de molar a molar, para determinar mudanças dimensionais lineares, e da altura de
cúspides, para determinar as mudanças oclusais. O autor concluiu que as próteses
totais de resina fluída sofrem mais alterações do que as próteses
convencionalmente processadas, porém as alterações observadas nesse estudo
foram indetectáveis clinicamente. Além disso, que foi possível controlar as
mudanças oclusais, que ocorrem durante a polimerização das próteses de resina
fluída, através das modificações técnicas propostas.
O trabalho de Dukes et al.
16
(1983) avaliou a precisão de materiais
comumente usados como meios de inclusão, para o processamento de próteses
totais. Cinqüenta pares de próteses foram processados com diferentes meios de
inclusão. O aumento da dimensão vertical de oclusão foi mensurado por um
aparelho medidor Starret, o qual foi anexado ao pino incisal de um articulador
Hanau. As próteses totais foram divididas em cinco grupos, cada um com 10
próteses maxilares e 10 mandibulares. As próteses do Grupo I foram incluídas em
gesso pedra artificial e borracha de silicone Vescote. Após o primeiro vazamento,
em gesso pedra artificial, os dentes foram cobertos com fina camada de borracha
de silicone e a inclusão foi completada com gesso pedra artificial. No Grupo II, as
próteses foram incluídas inteiramente com gesso pedra artificial. No grupo III, a
inclusão foi feita com gesso pedra de inclusão. No grupo IV, a primeira e a
segunda parte da inclusão foram feitas com gesso Paris e a terceira parte em pedra
artificial. No Grupo V, usou-se somente gesso Paris. As mudanças na dimensão
vertical de oclusão dos grupos de I a V foram, respectivamente, 0,016 pol. (0,406
Revisão da literatura -
64
mm); 0,025 pol. (0,635 mm); 0,03 pol. (0,762 mm); 0,034 pol. (0,864 mm) e 0,04
pol. (1,016 mm). Os autores concluíram que o meio de inclusão de gesso pedra
artificial com borracha de silicone foi o mais acurado, na manutenção da
dimensão vertical de oclusão, e o meio de inclusão somente com gesso Paris foi o
que proporcionou o maior erro. No entanto, todos os resultados obtidos estão
dentro de uma faixa aceitável de ajuste, por desgaste seletivo, após o
processamento.
O estudo de Compagnoni et al.
11
(1983) teve a finalidade de
verificar possíveis alterações da dimensão vertical, nas bases de próteses totais,
estudando comparativamente duas técnicas de isolamento do gesso, durante a
inclusão: (1) isolamento com isolante à base de alginato (Cel-Lac); (2) isolamento
com lâmina de cera azul Barbosa, com espessura de 0,29 mm. Utilizaram-se 15
corpos de prova para cada técnica de isolamento. Foram realizadas mensurações
de altura, nas fase encerada e pós-processamento, com um micrômetro digital
posicionado sobre referências metálicas, incorporadas nas regiões de molar e
canino, bilateralmente, em bases de prótese total construídas sobre modelos
maxilares desdentados. As alterações da dimensão vertical foram inferidas a partir
da diferença entre essas medidas. Na técnica do Cel-Lac, a alteração média
encontrada foi 0,194 mm e, na técnica da cera, foi 0,062 mm. Os autores
observaram que a técnica do Cel-Lac promoveu alteração vertical
significativamente maior do que a técnica da cera (nível de 0,1%). Segundo eles, a
técnica da cera, após a sua eliminação, deixa o espaço correspondente a sua
Revisão da literatura -
65
espessura, para a acomodação da resina, no momento da prensagem, gerando
menor alteração da dimensão vertical.
McCartney
31
(1984) investigou a combinação dos efeitos
associados com a distorção de processamento, de próteses totais maxilares de
resina acrílica, fabricadas para 40 pacientes, na adaptação de flanco, distorção
palatal e maloclusão induzida. Metade delas foi polimerizada a 165º F, por 15
horas (ciclo longo), e a outra metade a 165º F, por 1 hora e meia, e a 212º F, por
30 minutos (ciclo curto). As distâncias de molar a molar e de flanco a flanco
foram mensuradas, após o processamento, com um compasso micrométrico,
quando as próteses ainda estavam nos modelos, depois da remoção dos modelos e
após estocagem em água, por 3 horas, 24 horas, 3 dias e 1 semana. Além disso,
tentou-se correlacionar a espessura da base das próteses, na região posterior, e o
grau de inclinação palatal (relação da largura do arco com a altura do palato) com
a distorção palatal, resultante do processamento. Os resultados desse estudo
indicaram que, mesmo conhecendo o índice de inclinação palatal e a espessura da
base da prótese, na área posterior, é impossível predizer, com qualquer grau de
acurácia, a distorção da base palatal, para próteses totais maxilares. Além disso,
distorção adicional da base da prótese e efeitos na estabilidade oclusal ocorreram
dentro de 24 horas, após a remoção da prótese do modelo. Acima desse tempo,
existiu mais distorção causada pela sorpção de água e libertação do estresse
continuada, mas isso não foi comprovado estatisticamente. Segundo o autor, os
ajustes oclusais devem ser feitos somente após os pontos de pressão nos tecidos
moles estarem ajustados e a base das próteses ter alcançado contato íntimo com os
Revisão da literatura -
66
tecidos de suporte alveolares. O autor contra-indica a remontagem laboratorial,
para ajuste oclusal, com as próteses nos modelos mestres, e indica a remontagem
clínica, para correção dos erros oclusais induzidos pelo processamento. O ciclo
curto, que incluiu levar a resina acrílica à temperatura de ebulição, resultou em
25% de aumento na quantidade de distorção da base palatal e em um aumento de
50% na indução de maloclusão, quando comparado com um ciclo longo, à
temperatura mais moderada.
O estudo de Dukes et al.
17
(1985) avaliou as mudanças na dimensão
vertical de oclusão de próteses totais, comparando a técnica de prensagem com a
técnica da resina fluída. Trinta pares de próteses foram processados com a técnica
de prensagem e trinta pares com a técnica da resina fluída. Mudanças na dimensão
vertical foram mensuradas por um aparelho de mensuração Starrett, anexado ao
pino incisal de um articulador Hanau, com precisão de 0,001 pol. (0,025 mm). O
aumento médio da dimensão vertical foi de 0,005 pol. (0,127 mm), no grupo de
prensagem, e de 0,033 pol. (0,838 mm), no grupo da resina fluída. Os autores
concluíram que o aumento da dimensão vertical, na técnica da resina fluída, foi
6,5 vezes maior do que na técnica de prensagem.
O objetivo do trabalho de Strohaver
47
(1989) foi comparar
mudanças na dimensão vertical de próteses totais, processadas pelo método de
prensagem e pelo método de injeção. Próteses maxilares e mandibulares foram
feitas para 30 pacientes. Quinze pares foram processados em resina Microlon-LW,
usando o método convencional de prensagem. Os outros quinze pares foram
Revisão da literatura -
67
processados com o sistema de injeção SR-Ivocap (Ivoclar). Observou-se que o
aumento médio da dimensão vertical, obtido a partir das leituras de um relógio
comparador com precisão de 0,001 pol. (0,025 mm), no método de prensagem, foi
0,025 pol. (0,635 mm), com um desvio padrão de 0,010 pol. (0,254 mm),
enquanto que, no método de injeção, o aumento médio na dimensão vertical foi
0,001 pol. (0,025 mm), com desvio padrão de 0,003 pol. (0,076 mm). A diferença
entre os dois métodos foi altamente significativa, pelo teste t. O autor concluiu
que a superioridade do método de injeção, antes da remoção das próteses totais
dos modelos, é indiscutível e que os resultados sugerem que o procedimento de
remontagem laboratorial pode ser desnecessário, quando esse sistema é usado.
Nelson et al.
35
(1991) avaliaram mudanças na dimensão vertical de
próteses totais, comparando a polimerização por microondas com a polimerização
em banho de água convencional. Trinta pares de próteses laboratoriais foram
confeccionados pelo método de prensagem. Os 15 pares do Grupo 1 foram
processados com banho de água convencional (9 horas, 165º F) e os 15 pares do
Grupo 2 foram processados com irradiação de microondas (5 minutos, 500 W). A
média de aumento da dimensão vertical de oclusão, para o processamento
convencional, foi 0,146±0,068 mm. Para o processamento em microondas, a
média de aumento da dimensão vertical de oclusão foi 0,628±0,128 mm. Foi
encontrada diferença estatística, pelo teste t, entre os dois grupos. O aumento da
dimensão vertical de oclusão foi, aproximadamente, 5 vezes maior, usando a
técnica de microondas. Porém, em ambos os métodos, esse aumento foi menor do
que 1 mm. Os autores concluíram que mais desgastes seletivos são necessários,
Revisão da literatura -
68
para remover alterações de processamento, no método de polimerização por
microondas.
Segundo Compagnoni e Nogueira
10
(1997), a remontagem consiste
no retorno ao articulador, das próteses totais, com seus respectivos modelos, após
a polimerização, através de entalhes realizados nas bases dos modelos, que
servirão como guias. A finalidade principal é eliminar contatos prematuros,
através do ajuste oclusal, recuperando a estabilidade oclusal e a dimensão vertical,
as quais são alteradas pelas técnicas de processamento e materiais utilizados. Esse
artigo apresenta um caso clínico, no qual foi feita uma avaliação
computadorizada, usando o sistema T-Scan de análise oclusal, para se comprovar
as alterações oclusais que ocorrem nas várias fases de confecção das próteses
totais. Os autores concluíram que: (1) A remontagem das próteses totais, durante a
confecção, deve ser feita como rotina; (2) Durante a remontagem, deve-se
restabelecer a estabilidade oclusal e a dimensão vertical de oclusão; (3) A
remontagem das próteses totais não elimina o ajuste oclusal, na instalação das
mesmas, mas facilita muito tal procedimento.
Nogueira et al.
36
(1999) compararam a abertura do pino incisal, a
precisão dimensional e o tempo de trabalho laboratorial de próteses totais
fabricadas pelo método da injeção com próteses fabricadas pela técnica de
prensagem convencional. Para isso, a amostra foi dividida em dois grupos de seis
próteses maxilares e seis próteses mandibulares, cada um. No grupo 1 (controle),
as próteses totais foram confeccionadas com resina Lucitone 199, pelo método de
Revisão da literatura -
69
prensagem (sem prensagem de prova), e polimerizadas por um ciclo longo de
temperatura (165º F, por 9 horas). No grupo 2, também foi utilizada a resina
Lucitone 199, o método de acrilização foi a técnica de injeção, usando o sistema
Success da Dentsply, e o ciclo de polimerização foi o longo (165º F, por 9 horas).
Através da análise dos resultados, uma diferença significativa foi notada no
levantamento do pino incisal, entre os grupos. As médias e desvios padrões da
técnica de prensagem e de injeção foram, respectivamente, 1,16±0,23 mm e
0,31±0,06 mm. Os autores concluíram que o método de injeção produziu um
levantamento do pino incisal significativamente menor do que a técnica de
prensagem padrão e que não existiu diferença apreciável, no tempo de trabalho
laboratorial, entre as duas técnicas de acrilização. No entanto, o método de
injeção, segundo eles, diminui o tempo de ajustes pós-processamento, por gerar
próteses totais com menor abertura do pino incisal.
Salvador et al.
44
(2001) avaliaram as alterações da dimensão
vertical de oclusão, em próteses totais, por meio do processamento em
microondas. Foram confeccionados 30 corpos de prova e utilizados três diferentes
tipos de resinas acrílicas termopolimerizáveis: (1) Onda Cryl (própria para
microondas); (2) Clássico (resina para polimerização em banho de água
convencional), saturada no líquido da Onda Cryl; (3) Acron MC (própria para
microondas). As leituras foram obtidas através de relógio micrométrico, com
ponteiro calibrador, e micrômetro digital, ambos acoplados ao pino guia de um
articulador Dentatus, possibilitando o registro da dimensão vertical de oclusão,
antes e após o processamento. O ciclo de polimerização, em microondas,
Revisão da literatura -
70
utilizado, para todos os corpos de prova, foi de: (a) 3 minutos a 320 W; (b) 4
minutos em pausa e (c) 3 minutos a 720 W. As alterações de dimensão vertical
médias, obtidas pelo micrômetro digital e pelo ponteiro calibrador,
respectivamente, foram, para a resina Onda Cryl, 1198 µm e 1,110 mm; para a
resina Clássico, 1097 µm e 1,078 mm e, para a resina Acron MC, 166 µm e 0,190
mm. Pela comparação dos resultados, verificou-se que, na análise das amostras,
não houve diferença significativa entre a resina Onda Cryl e a Clássico, saturada e
polimerizada com o líquido da Onda Cryl. Houve diferença estatística
significativa das resinas Onda Cryl e Clássico, quando confrontadas com a Acron
MC, a qual sofreu a menor alteração. Todas as amostras sofreram alteração da
dimensão vertical de oclusão e o método de polimerização sugerido apresentou
facilidade e rapidez, o que o torna favorável ao uso em laboratórios de prótese.
O objetivo do estudo de Barbosa et al.
5
(2002) foi determinar a
influência de diferentes ciclos de polimerização, em microondas, nas alterações da
dimensão vertical de oclusão, de próteses totais, registradas, através de um
paquímetro digital, pela distância entre os membros superior e inferior do
articulador, quando o pino incisal estava em contato com a mesa incisal. Quatro
grupos experimentais, com 12 próteses maxilares cada, foram avaliados. O grupo
1 foi polimerizado por 3 minutos a 500W. O grupo 2 por 13 minutos a 90W, com
a mufla na posição vertical, e por 90 segundos a 500W, com a mufla posicionada
horizontalmente. O grupo 3 foi polimerizado por 3 minutos a 320W, 4 minutos a
0W (pausa) e 3 minutos a 720W. E o grupo 4, que foi o controle, foi
polimerizado, em banho de água, por 9 horas a 74º C. Os grupos de 1 a 3 foram
Revisão da literatura -
71
polimerizados em forno de microondas (Continental) e o grupo controle em
unidade polimerizadora (Termotron). Todas as próteses totais foram obtidas pela
técnica de prensagem. Duas diferentes marcas de resina acrílica foram usadas:
Onda-Cryl (para microondas) e Clássico (para polimerização em banho de água).
As médias de abertura do pino incisal foram, em milímetros, 0,400±0,217, para o
grupo 1, 0,276±0,141, para o grupo 2, 0,496±0,220, para o grupo 3, e
0,294±0,163, para o grupo 4. O grupo 2 teve a menor média e o grupo 3 a maior
média. Nenhuma diferença estatística foi encontrada entre o grupo controle e os
demais grupos, polimerizados por microondas. No entanto, o grupo 2 teve
abertura do pino incisal significativamente menor do que o grupo 3. Os autores
concluíram que mais estudos são necessários para indicar as combinações de
potência e tempo que levam a próteses totais mais acuradas.
Em 2003, Keenan et al.
23
investigaram a estabilidade dimensional,
durante a polimerização, e as mudanças na dimensão vertical de oclusão,
comparando estatisticamente a técnica de prensagem convencional com a
acrilização por injeção e o emprego da polimerização por calor convencional e por
microondas. Todas as próteses totais maxilares foram articuladas em um plano de
metal, montado no membro mandibular de um articulador Dentatus. Mensurações
da distância intermolar e dimensão vertical de oclusão foram feitas com as
próteses em cera, após o processamento e após estocagem em água, por 28 dias.
No grupo 1, as próteses foram acrilizadas pela técnica de prensagem
convencional, utilizando a resina Trevalon, e polimerizadas com ar quente
convencional. Os espécimes do grupo 2 foram processados pelo sistema de
Revisão da literatura -
72
injeção Success (Dentsply), com a resina Trevalon, e polimerizados da maneira
convencional, com ar quente. No grupo 3, as próteses totais foram acrilizadas pelo
sistema de injeção Acron MC, com a resina Acron MC, e polimerizadas, em
microondas, a 600 W por 3 minutos. Os espécimes do grupo 4 foram processados
pelo sistema de injeção Success (Dentsply), utilizando a resina Microbase, e
polimerizados, em microondas, a 600 W por 6 minutos. Os percentuais médios de
contração de polimerização, avaliados através da distância intermolar, não
diferiram estatisticamente, entre os grupos. O aumento médio da dimensão
vertical de oclusão foi de 0,74 mm, para o grupo 1, 0,63 mm, para o grupo 2, 0,61
mm, para o grupo 3, e 0,41 mm, para o grupo 4. Todos os métodos de injeção
mostraram um aumento da dimensão vertical de oclusão menor do que a técnica
de prensagem, mas somente os espécimes confeccionados em Microbase
apresentaram diferença estatística. Após a estocagem em água, por 28 dias, todos
os espécimes sofreram aumento na dimensão vertical de oclusão, variando de
0,10% a 0,16%. Os autores concluíram que ambos os métodos de polimerização
por microondas produziram próteses totais maxilares com maior contração de
polimerização, no entanto, não houve diferença estatística, entre os grupos. Todos
os métodos de injeção produziram próteses com um aumento levemente menor da
dimensão vertical de oclusão, quando comparados com o método convencional.
Segundo os autores, do ponto de vista clínico, existem poucas vantagens do
método de injeção sobre o método de prensagem convencional.
Proposição
O objetivo do presente estudo foi realizar experimento laboratorial
comparativo entre próteses totais confeccionadas com oclusão balanceada
lingualizada e com oclusão balanceada convencional, buscando determinar qual
dos esquemas oclusais produz menor elevação do ramo superior do articulador,
indicando o aumento da dimensão vertical de oclusão, após o processamento.
Material e método
Dois grupos, cada um com 15 próteses totais maxilares e 15
mandibulares foram avaliados. Utilizou-se resina acrílica Lucitone 550 e dentes
artificiais de resina acrílica Trubyte Biotone, em ambos os grupos. O
processamento foi pela técnica de prensagem, com a realização de uma prensagem
de prova, antes da prensagem definitiva (1,25 ton.). A polimerização foi realizada
em banho de água a 72º C, durante 9 horas. No Grupo 1 (Controle), as próteses
foram ajustadas em oclusão balanceada convencional (Figura 1A). O Grupo 2
(Experimental) teve as próteses ajustadas em oclusão balanceada lingualizada
(Figura 1B).
FIGURA 1– Esquemas oclusais em prótese total. A: Oclusão balanceada
convencional; B: Oclusão balanceada lingualizada (Adaptado de Becker et
al.
7
).
Material e método -
77
1- Materiais de consumo utilizados
Resina acrílica termopolimerizável Lucitone 550, Dentsply Indústria e
Comércio Ltda, Petrópolis, RJ (Figura 2);
FIGURA 2- Resina acrílica Lucitone 550.
Dentes artificiais de resina acrílica Trubyte Biotone, modelos 3N (anteriores)
e 30M (posteriores), Dentsply Indústria e Comércio Ltda, Petrópolis, RJ
(Figura 3);
FIGURA 3- Dentes artificiais Trubyte Biotone – 3N anteriores e 30M posteriores.
Material e método -
78
Cera número 7 Wilson, Polidental Indústria e Comércio Ltda, Cotia, SP;
Gesso tipo II, gesso comum Rio, distribuído por Orlando Antonio Bussioli -
ME, Rio Claro, SP;
Gesso tipo III, gesso pedra Herodent, Vigodent S/A Indústria e Comércio,
Rio de Janeiro, RJ;
Gesso tipo IV, gesso especial Velmix, Kerr Corporation, CA, EUA.
Importado por Pró-Dent Produtos Odontológicos, Poa, RS;
Adesivo instantâneo universal, Super Bonder, Loctite, Henkel Ltda, Itapevi,
SP;
Silicone RTV 3120, Dow Corning do Brasil Ltda, Hortolândia, SP.
Distribuído por D’Altomare Química Ltda, São Paulo, SP;
Resina acrílica autopolimerizável Jet, Artigos Odontológicos Clássico Ltda,
São Paulo, SP;
Silicona de condensação, Zetaplus (massa) e Indurent Gel (catalisador),
Zhermack, S. p. A., Badia Polesine (Rovigo), Itália. Distribuído por
Labordental Ltda, São Paulo, SP;
Isolante para resina acrílica Cel-Lac, S. S. White Artigos Dentários, Rio de
Janeiro, RJ;
Vaselina sólida, Tec-Lab, Jundiaí, SP;
Fita Crepe Scotch, 3M do Brasil Ltda, Campinas, SP;
Material e método -
79
Folha de articulação Arti-Fol, 12 µm, BK28 – Vermelho/Preto. Produzido por
Dr. Jean Bausch KG, Alemanha. Importado por Arti-Dente CIE Ltda, São
Paulo, SP. Distribuído por Ziex CIE Ltda, São Paulo, SP.
2- Equipamentos utilizados
Articulador semi-ajustável, não-arcon, tipo ARL, Dentatus, Sweden (Figura 4
A);
Mesa de mensuração de granito, com haste para fixação do relógio
comparador (Figura 4 B);
Relógio comparador (com 0,001 mm de exatidão) Tesa, Renens+Lausanne,
Breveté, Switzerland (Figuras 4 C e D);
FIGURA 4- A: Articulador semi-ajustável Dentatus; B: Mesa de mensuração de
granito; C: Relógio comparador Tesa fixo na haste da mesa de mensuração;
D: Detalhe do relógio comparador Tesa.
A
B
C
D
Material e método -
80
Micromotor e peça reta, Dabi Atlante S/A Indústrias Médico Odontológicas,
Ribeirão Preto, SP;
Vibrador de gesso, VH – Grupo Midas Dental Products Ltda, Araraquara, SP;
Caneta pneumática, VH – Grupo Midas Dental Products Ltda, Araraquara, SP;
Prensa hidráulica de bancada, Delta Máquinas Especiais, Vinhedo, SP (Figura
5 A);
Mufla metálica número 6, com parafusos de fixação, DCL – Dentária
Campineira Ltda, Campinas, SP (Figuras 5 B e C);
FIGURA 5- A: Prensa hidráulica Delta; B: Mufla metálica DCL nº 6, com
parafusos, sendo prensada; C: Detalhe da mufla DCL.
Unidade polimerizadora P100, Termotron do Brasil Ltda, Piracicaba, SP.
As recomendações dos fabricantes foram seguidas para todos os
materiais e equipamentos utilizados nesse estudo e as técnicas foram
padronizadas.
A
C
B
Material e método -
81
3- Instrumentais utilizados
Gral de borracha flexível;
Espátula para gesso;
Faca para gesso;
Pote de vidro, para resina acrílica, com tampa;
Recipiente de alumínio para o derretimento da cera;
Lamparina a álcool metálica;
Lamparina de chama horizontal – tipo Hanau;
Martelo de borracha para auxiliar na demuflagem;
Espátula número 7;
Espátula número 36;
Buril de Le Cron número 5;
Sonda milimetrada tipo Williams / 23;
Lâmina de bisturi número 15;
Ponta metálica Maxi-Cut número 1507;
Ponta metálica Mini-Cut número 1520;
Pontas diamantadas de peça reta, para ajuste oclusal, números 3, 710, 720F
(K. G. Sorensen, Alphaville, São Paulo);
Tira de lixa Norton número 220, Saint-Gobain Abrasivos Ltda, SP, MG e PE;
Pincéis (Tigre S. A. Tubos e Conexões) números 815/8 e 815/12;
Pincéis (Pincéis Castelo Ltda – ME, Ribeirão Pires, SP) números C510/2 E
C520/20.
Material e método -
82
4- Obtenção dos modelos de gesso padronizados
Utilizando-se de modelos mestres de gesso (Figura 6), maxilar e
mandibular, edêntulos e anatomicamente normais, obtidos a partir dos modelos
laboratoriais, utilizados na disciplina de Prótese Total, da Faculdade de
Odontologia de Araraquara, foram confeccionadas matrizes de silicone RTV 3120
(Figura 7), para o posterior vazamento dos modelos padronizados, utilizados na
pesquisa, em gesso tipo IV.
FIGURA 6- Modelos mestres de gesso. A: Maxilar; B: Mandibular.
FIGURA 7- Matrizes de silicone RTV 3120, dos modelos maxilares (A) e
mandibulares (B).
B
B
Material e método -
83
5 - Confecção dos corpos amostrais
A metodologia a ser seguida para a confecção dos corpos amostrais
(próteses totais maxilares e mandibulares), foi basicamente a mesma desenvolvida
e descrita no estudo de Nogueira et al.
36
(1999).
Trinta e um pares de modelos maxilares e mandibulares idênticos
foram obtidos, em gesso tipo IV, através das matrizes de silicone RTV 3120. Para
a confecção das próteses totais mestres, maxilar e mandibular, bases de prova,
com arcos de articulação e plano oclusal arbitrários, foram confeccionadas em um
par de modelos. Esses foram unidos em um relacionamento intermaxilar, também,
arbitrário e montados em articulador semi-ajustável Dentatus. Os dentes artificiais
de resina acrílica foram arranjados (Figuras 8 e 9), proporcionando uma oclusão
balanceada convencional (Figura 10). A espessura do palato da prótese mestre
maxilar encerada foi de, aproximadamente, dois a três milímetros.
FIGURA 8- Próteses mestres enceradas. A: Montagem em articulador; B: Detalhe
frontal do arranjo dental.
A
Material e método -
84
FIGURA 9- Vistas oclusais das próteses mestres maxilar (A) e mandibular (B)
enceradas.
FIGURA 10- Vistas laterais da montagem dental em oclusão balanceada
convencional.
Para reproduzir as próteses totais experimentais na mesma posição
espacial ocupada, no articulador, pelas próteses mestres e, também, com o mesmo
contorno das bases e posições dentais, moldes e jigs especiais foram
confeccionados, tendo as próteses mestres montadas no articulador, como guias:
A
Material e método -
85
I. Jig A e Jig A’ – confeccionados em resina acrílica autopolimerizável,
fixada, com gesso tipo III, em placas de montagem do articulador, para
guiar a posição de montagem dos modelos maxilares (Figura 11) e
mandibulares (Figura 12).
FIGURA 11- Jig A, para montagem dos modelos maxilares em articulador.
FIGURA 12- Jig A’, para montagem dos modelos mandibulares em articulador.
Material e método -
86
II. Jig B e Jig B’ - constituídos por moldes, de gesso tipo IV, das superfícies
oclusais das próteses mestres maxilar (Figura 13) e mandibular (Figura
14), fixados, com gesso tipo III, em placas de montagem do articulador e
constituídos, ainda, por moldes, de silicona de condensação, das
superfícies vestibulares e linguais dos dentes artificiais, das próteses
mestres, fixados em retenções confeccionadas ao redor dos moldes de
gesso das oclusais.
FIGURA 13- Jig B, para montagem dos dentes maxilares.
FIGURA 14- Jig B’, para montagem dos dentes mandibulares.
Material e método -
87
III. Moldes para enceramento maxilar e mandibular – moldes, de silicona
de condensação, das superfícies enceradas das próteses mestres maxilar e
mandibular. Para a confecção dos mesmos, cilindros de cera nº 7 foram,
previamente, fixados nas próteses mestres maxilar e mandibular, em suas
regiões posteriores, com o objetivo de criar, em cada molde, um canal de
alimentação e um de escape (Figura 15). Os dentes foram, então,
cuidadosamente removidos das próteses mestres, deixando os soquetes
intactos (Figura 16) e os moldes de enceramento foram obtidos (Figura
17).
FIGURA 15- Cilindros de cera fixados nas próteses mestres maxilar (A) e
mandibular (B), para criação dos canais de alimentação e de escape.
FIGURA 16- Remoção dos dentes das próteses mestres maxilar (A) e mandibular
(B), deixando os soquetes intactos.
Material e método -
88
FIGURA 17- Moldes para enceramento maxilar (A) e mandibular (B), cada um
com um canal de alimentação e um de escape.
Cada prótese total experimental maxilar e mandibular foi
construída, primeiramente, montando-se os modelos no articulador, pela técnica
de “split-cast” preconizada por Nogueira et al.
37
(2004). Para tanto, as bases dos
modelos foram indexadas (Figura 18), através da realização de entalhes,
vaselinadas e fita crepe foi colocada ao redor das mesmas, antes do vazamento do
gesso de montagem (tipo II). Os jigs A e A’ orientaram o posicionamento dos
modelos maxilar e mandibular (Figuras 19 e 20).
FIGURA 18- Base do modelo maxilar (A) e do mandibular (B) indexadas, com
três entalhes.
Material e método -
89
FIGURA 19- Montagem em articulador do modelo maxilar. A: Modelo indexado
sendo posicionado sobre o Jig A; B: Fita Crepe ao redor do modelo, para
posterior vazamento com gesso tipo II.
FIGURA 20- Montagem em articulador do modelo mandibular. A: Modelo
indexado sendo posicionado sobre o Jig A’; B: Fita Crepe ao redor do
modelo, para posterior vazamento com gesso tipo II.
A
B
A
B
Material e método -
90
Após a montagem em articulador, os moldes de enceramento foram
posicionados sobre os modelos e cera nº 7 foi liquefeita e vazada lentamente pelo
canal de alimentação (Figura 21). Depois do resfriamento, removeram-se os
moldes e os canais de cera foram cortados na posição apropriada (Figuras 22 e
23). O jig B ou B’ foi fixado no ramo oposto ao modelo encerado que estivesse no
articulador (maxilar ou mandibular). O pino incisal do articulador foi mantido 0,5
mm acima do zero, para que, somente após a montagem dos dentes, o zero fosse
alcançado por ajuste oclusal. Os dentes foram posicionados em seus locais por
segmentos, primeiros os posteriores de cada lado e depois os anteriores. Para cada
segmento, o articulador foi fechado e, com isso, a superfície oclusal dos dentes foi
orientada contra o jig B ou B’, até o pino incisal fazer contato com a mesa incisal
(Figuras 24 e 25). Os dentes foram fixados, em suas posições, com uma espátula
aquecida, os colos foram recortados e foi dado acabamento com uma lamparina de
chama horizontal. Com as próteses totais experimentais, maxilar e mandibular,
posicionadas no articulador e mantendo o pino incisal agora na posição zero
(Figura 26), ajustes oclusais foram realizados para a correção dos pontos de
contato prematuros e obtenção do esquema oclusal desejado de cada grupo. Após
os ajustes, o pino incisal contatou a mesa incisal.
Material e método -
91
FIGURA 21- Moldes de enceramento posicionados sobre os modelos maxilar (A)
e mandibular (C) e cera nº 7 liquefeita sendo vazada pelo canal de
alimentação. B e D: Aspecto após o vazamento da cera.
C
D
A
B
Material e método -
92
FIGURA 22- Enceramento das próteses experimentais maxilar (A) e mandibular
(B), após o resfriamento.
FIGURA 23- Enceramento das próteses experimentais maxilar (A) e mandibular
(B), após corte dos canais de alimentação e de escape.
B
B
A
Material e método -
93
FIGURA 24- Seqüência de montagem dos dentes maxilares. A: Posicionamento
do Jig B no ramo oposto do articulador; B: O pino incisal foi mantido 0,5mm
acima do zero; C e D: Montagem do dente 14 ao 17; E e F: Montagem do
dente 24 ao 27; G e H: Montagem do dente 13 ao 23.
AB
CD
E
F
GH
Material e método -
94
FIGURA 25- Seqüência de montagem dos dentes mandibulares. A:
Posicionamento do Jig B’ no ramo oposto do articulador; B: O pino incisal
foi mantido 0,5mm acima do zero; C e D: Montagem do dente 44 ao 47; E e
F: Montagem do dente 34 ao 37; G e H: Montagem do dente 43 ao 33.
AB
CD
E
F
GH
Material e método -
95
FIGURA 26- Próteses totais experimentais no articulador (A) e pino incisal
travado na posição zero (B).
No grupo 1 (controle), realizou-se o ajuste para obtenção de uma
oclusão balanceada convencional, a qual apresentava contatos oclusais cêntricos
nas cúspides vestibulares dos dentes posteriores inferiores e palatinas dos dentes
posteriores superiores. O ajuste oclusal foi efetuado pelo simples desgaste dos
contatos prematuros, com as fresas diamantadas nº 3, 710 e 720F. No grupo 2
(experimental), ajustou-se em oclusão balanceada lingualizada, ou seja, somente
as cúspides palatinas dos dentes posteriores superiores contatavam a região
oclusal central dos dentes posteriores inferiores. Para tanto, foi necessária a
realização de uma transformação para oclusão lingualizada. Essa transformação
foi efetuada, de maneira semelhante à realizada por Folz e Byars
18
, pela
diminuição da inclinação das cúspides dos dentes posteriores inferiores, com a
fresa Mini-Cut, gerando uma superfície oclusal mais plana, e eliminação dos
contatos cêntricos das cúspides vestibulares inferiores, com as fresas diamantadas
nº 3, 710 e 720F. Utilizou-se folha de articulação Arti-Fol de 12 µm e os ajustes
oclusais obtidos seguiram o seguinte padrão:
Material e método -
96
GRUPO 1 - Na oclusão balanceada convencional foram obtidos, pelo menos,
10 pontos de contato cêntrico de cada lado, sendo, no mínimo, 5 desses nas
cúspides de contenção dos dentes posteriores superiores e 5 nas cúspides de
contenção dos dentes posteriores inferiores (Figura 27);
FIGURA 27- Pontos de contato obtidos na oclusão balanceada convencional.
GRUPO 2 - Na oclusão balanceada lingualizada foram obtidos pelo menos 5
pontos de contato cêntrico de cada lado, sendo referentes às cúspides de
contenção dos dentes posteriores superiores (Figura 28).
FIGURA 28- Pontos de contato obtidos na oclusão balanceada lingualizada.
Material e método -
97
6 – Mensuração inicial da dimensão vertical de oclusão
Todos os procedimentos para a mensuração da dimensão vertical
de oclusão foram realizados como descrito no artigo de Nogueira et al.
36
(1999).
Após o ajuste oclusal ser completado e imediatamente antes da
remoção de cada par de prótese totais enceradas do articulador, realizou-se o
primeiro registro da dimensão vertical de oclusão, no aparelho de mensuração,
pela obtenção da altura do ramo superior do articulador.
Essa altura foi mensurada através de um relógio comparador, com
exatidão de 0,001 mm, em um ponto específico do ramo superior do articulador.
Esse relógio ficava acoplado e fixo em um aparelho de mensuração, o qual
permitia a colocação do articulador sempre na mesma posição. Desse modo, o
local onde a haste do relógio comparador tocava no ramo superior do articulador
foi padronizado. Jigs, feitos com gesso tipo IV, permitiam o preciso
reposicionamento do articulador, na mesa de mensuração, durante os registros da
dimensão vertical de oclusão (Figura 29). As leituras realizadas no relógio
comparador foram anotadas em ficha apropriada e todos os registros foram feitos
em triplicata, para obtenção de médias.
Material e método -
98
FIGURA 29- Aparelho de mensuração, com relógio comparador acoplado e fixo,
e articulador posicionado e travado, através dos jigs, na plataforma de granito,
para a mensuração inicial da dimensão vertical de oclusão.
7 – Processamento Laboratorial
Realizada a mensuração inicial da dimensão vertical de oclusão
cada par de próteses em cera foi retirado do articulador e foi iniciada a seqüência
de processamento laboratorial.
A inclusão foi subdividida em três etapas. Na primeira etapa, cada
modelo foi vaselinado e incluído, em mufla metálica, com gesso tipo II. Na
segunda, após a presa desse gesso, realizava-se o isolamento superficial, com
isolante para resina acrílica (Cel-Lac), e procedia-se o vazamento de gesso tipo
III, na contra-mufla, até a oclusal dos dentes. Terminada a reação do gesso, a
Material e método -
99
superfície era vaselinada e realizava-se a terceira etapa, na qual a contra-mufla era
completada com gesso e a tampa encaixada (Figura 30).
FIGURA 30- Etapas da inclusão das próteses totais. A: Preenchimento da mufla;
B: Preenchimento da contra-mufla até a oclusal dos dentes; C: Preenchimento
completo da contra-mufla e colocação da tampa.
Para eliminação de cera, cada mufla foi colocada em recipiente
contendo água em ebulição. Após período de 5 minutos, as muflas eram abertas e
a cera plastificada retirada com uma faca para gesso. Água em ebulição era
despejada, para completar a eliminação de cera, e o molde era lavado com
detergente líquido, para ser totalmente desengordurado. Ainda com a mufla
morna, realizava-se o isolamento do gesso com duas camadas de isolante para
resina acrílica (Cel-Lac) (Figura 31).
A
B
C
Material e método -
100
FIGURA 31- Aspecto interno das muflas, após eliminação de cera e isolamento
com Cel-Lac.
Após o total resfriamento das muflas, executava-se a manipulação
da resina acrílica termopolimerizável. Na fase plástica, a resina era inserida no
interior da mufla (Figura 32), para uma prensagem de prova, realizada com um
papel celofane, umedecido em água, entre as partes da mesma. Realizava-se,
então, o fechamento inicial, com pouca pressão, e, logo depois, a prensagem, em
uma prensa hidráulica, até as bordas se tocarem, deixando extravasar o excesso de
material (Figura 33). Em seguida, a mufla era reaberta (Figura 34), para o recorte
dos excessos (Figura 35), quando, então, a prensagem definitiva era realizada de
Material e método -
101
forma lenta. Aumentava-se gradualmente a pressão, até chegar no valor limite
desejado de 1,25 ton. (Figura 36).
FIGURA 32- Inserção da resina no interior dos moldes maxilar (A) e mandibular
(B).
FIGURA 33- Extravasamento da resina acrílica, durante a prensagem de prova.
A B
Material e método -
102
FIGURA 34- Reabertura das muflas, após prensagem de prova.
FIGURA 35- Aspecto interno das muflas, após a prensagem de prova e recorte
dos excessos de resina.
Material e método -
103
FIGURA 36- Aumento gradual da pressão, durante a prensagem definitiva.
A polimerização foi realizada em polimerizadora automática, logo
após a estabilização da prensagem e contenção das partes da mufla com parafusos.
Utilizou-se ciclo em banho de água de 72º C, durante 9 horas.
Após o término da polimerização e resfriamento natural da mufla,
executava-se a demuflagem (Figura 37). Os modelos, com as próteses totais, eram
desincluídos, através de uma caneta pneumática, e os resíduos de gesso retirados
da base dos modelos e das superfícies oclusais.
Para a remontagem em articulador (Figura 38), realizava-se a
readaptação dos modelos no gesso de montagem, através dos entalhes, e fixação
com adesivo instantâneo universal.
A
B
C
D
Material e método -
104
FIGURA 37- Demuflagem das próteses totais polimerizadas.
FIGURA 38- Remontagem das próteses totais polimerizadas, após a demuflagem
e limpeza da base dos modelos e superfícies oclusais.
8 – Mensuração final da dimensão vertical de oclusão
Imediatamente após a remontagem das próteses totais maxilar e
mandibular, no articulador, o conjunto foi reposicionado na mesa do aparelho de
Material e método -
105
mensuração (Figura 39). Os procedimentos para mensuração final da dimensão
vertical de oclusão foram os mesmos da mensuração inicial e todos os registros
foram realizados, também, em triplicata, para obtenção de médias.
O aumento da dimensão vertical de oclusão de cada caso, após o
processamento, foi obtido subtraindo-se o valor da mensuração inicial do valor da
mensuração final.
Os dados obtidos foram, então, tabulados para posterior análise.
FIGURA 39- Aparelho de mensuração, com relógio comparador acoplado e fixo,
e articulador posicionado e travado, através dos jigs, na plataforma de granito,
para a mensuração final da dimensão vertical de oclusão.
Material e método -
106
9 - Forma de análise dos resultados
Para cada esquema oclusal, obteve-se um grupo de dados amostrais
relativo ao aumento da dimensão vertical de oclusão, após o processamento. Os
valores obtidos seguiram distribuição normal.
A análise estatística utilizada foi o teste t de Student. A hipótese
(H
0
) foi de que a oclusão balanceada lingualizada proporciona o mesmo aumento
de dimensão vertical da oclusão balanceada convencional, após o processamento
de próteses totais.
Resultado
Foram confeccionados 15 pares de próteses totais para cada uma
das condições experimentais. Cada registro da dimensão vertical de oclusão foi
realizado três vezes, para a obtenção de uma média aritmética. Os valores obtidos
estão nas Tabelas A1 e A2, do Apêndice A. As diferenças entre as mensurações
finais da dimensão vertical, após o processamento e remontagem, e as
mensurações iniciais, com as próteses totais ainda em cera, correspondem ao
aumento da dimensão vertical de oclusão e podem ser observadas na Tabela 1.
Tabela 1- Aumento da dimensão vertical de oclusão (mm), após o processamento
de cada um dos casos de próteses totais, enquadrados em seus
respectivos grupos (Grupo 1: oclusão balanceada convencional / Grupo
2: oclusão balanceada lingualizada).
CASO O. B. Convencional O. B. Lingualizada
1 0,827 0,717
2 0,745 0,609
3 0,633 0,777
4 1,171 0,820
5 1,010 0,935
6 0,995 1,265
7 0,786 1,210
8 1,010 0,803
9 0,783 0,732
10 0,724 0,959
11 0,807 1,404
12 0,824 0,701
13 0,487 0,396
14 1,346 1,155
15 0,935 0,969
MÉDIA 0,872 0,897
DESV. PAD. 0,214 0,271
Resultado -
109
O grupo 1 (controle), constituído por próteses totais confeccionadas
com oclusão balanceada convencional, teve aumento médio da dimensão vertical
de oclusão de 0,872±0,214 mm. O grupo 2 (experimental), constituído por
próteses confeccionadas com oclusão balanceada lingualizada, teve aumento
médio da dimensão vertical de oclusão de 0,897±0,271 mm.
Os valores obtidos nesses dois grupos seguiram uma distribuição
normal e houve homogeneidade de variância. O teste t-Student foi utilizado para
testar a hipótese H
0
de que os dois tipos de oclusão levaram a aumentos da
dimensão vertical de oclusão semelhantes (Tabela 2).
Tabela 2- Resultado do teste t-Student, realizado para confrontar os valores
obtidos pelos dois grupos amostrais.
RESULTADO GRUPO 1 GRUPO 2
Média 0,8722 0,89677778
Variância 0,045587441 0,07346111
Observações 15 15
t
0
-0,2758838
p (T crítico t
0
)
0,784663316
T crítico 2,048409442
Nota-se, pelos valores observados na Tabela 2, que não houve
diferença estatística entre o aumento da dimensão vertical de oclusão, após o
processamento, entre os grupos amostrais, ao nível de 5 %. Na Figura 40, é
possível observar as barras de erros, representando os intervalos de confiança.
Resultado -
110
FIGURA 40- Aumento médio da DVO observado nas próteses totais, após o
processamento e remontagem. As barras de erros representam os intervalos de
confiança (α = 0,05).
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
Convencional Lingualizada
Oclusão
Aumento da DVO (mm)
Discussão
Observa-se, na literatura odontológica, que a necessidade de um
balanceamento oclusal, em cêntrica e nos movimentos excursivos, é recomendada
na maioria dos artigos
6, 14, 15, 26, 27, 39, 46, 48, 49
. Entre eles, Stansberry
46
cita que a
oclusão balanceada em prótese total é importante para conseguir eficiência
mastigatória, com o mínimo trauma sobre os tecidos de suporte. Beck
6
afirma que
a oclusão balanceada previne báscula ou rotação das próteses, em relação às
estruturas de suporte. Trapozzano
49
, comparando a reação de pacientes e a
eficiência relativa de uma oclusão balanceada e de uma não balanceada, concluiu
que 75% deles apresentaram maior eficiência mastigatória com a oclusão
balanceada do que com a não balanceada. Dubojska et al.
15
, avaliando a
importância de uma oclusão balanceada, no controle de próteses totais, durante a
função, concluíram que o balanceamento oclusal e a remoção de movimentos da
prótese, induzidos pela oclusão, são tão importantes, para o controle eficiente pelo
paciente, quanto a adaptação acurada aos tecidos, a extensão periférica e o registro
correto da relação cêntrica. Olivieri et al.
39
citam que uma oclusão balanceada, em
cêntrica e excêntrica, melhora a estabilidade das próteses. Segundo Kumagai et
al.
26
, oclusão bilateral balanceada é considerada uma oclusão ideal para próteses
totais, sendo obtida primeiro em articulador e depois nos ajustes finais, realizados
durante a instalação. Davies et al.
14
afirmaram que uma oclusão ideal, em próteses
totais, é aquela que reduz as forças desestabilizantes a um nível que esteja dentro
Discussão -
113
da capacidade retentiva das próteses e que, por isso, a oclusão balanceada, em
cêntrica e nos movimentos excêntricos, deveria ser a indicação dos dentistas.
Existem, também, autores que defendem a possibilidade de uso de
uma oclusão não balanceada, na confecção de próteses totais
12, 19, 33, 42
, porém, são
em menor número.
A oclusão balanceada lingualizada, que foi aplicada no grupo
experimental desse estudo, é recomendada por muitos autores
7, 9, 13, 20, 21, 24, 28, 30,
32, 34, 38, 41, 45
. Entre eles, Becker et al.
7
comentaram ser a oclusão lingualizada uma
tentativa de manter as vantagens estéticas e de penetração de alimentos, dos
dentes anatômicos, enquanto mantém a liberdade mecânica, dos dentes não
anatômicos. Murrel
34
indicou a oclusão posterior lingualizada, como esquema
oclusal de escolha, por proporcionar aumento na estabilidade das próteses e
conforto para o paciente. Clough et al.
9
compararam a preferência de 30 pacientes
edêntulos por dois tipos de esquema oclusal (oclusão lingualizada e oclusão em
monoplano), sendo a oclusão lingualizada a opção de escolha da maioria dos
pacientes, pela melhora da habilidade mastigatória, conforto e estética. Curtis et
al.
13
consideraram a oclusão lingualizada excelente no desenvolvimento da
oclusão protética de pacientes classe II esquelética, usuários de prótese total. Em
1996, Lang
28
afirmou que as pesquisas disponíveis falham em identificar formas
ou arranjos dentais superiores e que o conceito de articulação lingualizada parece
ser a abordagem mais lógica e menos complicada, na reabilitação de pacientes
desdentados, promovendo mais liberdade, durante os movimentos excursivos da
Discussão -
114
mandíbula, e preenchendo os requerimentos do paciente (conforto, função,
estética e manutenção, a longo prazo, dos tecidos de suporte). Para Parr e
Ivanhoe
41
, a oclusão lingualizada incorpora a maioria das vantagens dos diferentes
esquemas oclusais, ao mesmo tempo, e neutraliza muitas das desvantagens de
qualquer outro arranjo oclusal, que possa ser considerado para uma situação em
particular. Inoue et al.
20
, comparando os valores de pressão, nos tecidos de
suporte, sob próteses totais simuladas, observaram que, nos movimentos
excursivos, a oclusão lingualizada tende a aumentar a estabilidade da prótese
mandibular e distribuir a força oclusal para as estruturas de suporte do lado de
balanceio. Komasa e Gonda
24
, em um relato clínico, recomendaram a confecção
de próteses totais maxilares e mandibulares, em um arranjo oclusal lingualizado, o
qual reduziu as forças laterais e melhorou a estabilidade das próteses, trazendo
satisfação a uma paciente, com severa reabsorção alveolar. Ohguri et al.
38
demonstraram que, com a oclusão totalmente balanceada e com a oclusão
lingualizada, uma menor força oclusal foi necessária para triturar alimentos duros
e o estresse, nos tecidos de suporte, foi menor do que com a oclusão em
monoplano. Massad e Conelly
32
recomendaram a construção de próteses totais em
oclusão lingualizada, para proporcionar um balanceamento efetivo e simplificado.
Segundo eles
32
, a oclusão lingualizada promove excelente função mastigatória,
possui uma aplicação simples, é facilmente adaptável e apresenta inerente
liberdade de movimento, resultando em ajustes oclusais mínimos e poucos vetores
de forças laterais desestabilizantes. Srna et al.
45
realizaram uma revisão de
literatura sobre a oclusão lingualizada e concluíram que esse esquema oclusal é
Discussão -
115
extremamente satisfatório, proporcionando maior estabilidade e conforto para os
pacientes, o que possibilita uma maior eficiência mastigatória e uma redução do
tempo necessário para o ajuste oclusal. Ivanhoe et al.
21
comentaram que a oclusão
neutrocêntrica (monoplana com ângulo de guia incisal zerado) ou a oclusão
lingualizada são desejáveis, pois permitem uma liberdade aumentada em relação
cêntrica e o uso de várias posições de fechamento mandibular, compensando
eventuais dificuldades do clínico em realizar um registro de relação mandibular
acurado. Segundo o artigo mais recente de Lang
30
, a utilização da articulação
lingualizada permite a adaptação a diferentes rebordos, melhora a eficiência
mastigatória e elimina interferências cuspídeas laterais, que poderiam levar à
perda do balanceamento bilateral, além de promover melhora no conforto, na
função e na aparência dos pacientes.
A diminuição dos ajustes laboratoriais, após o processamento, e
dos ajustes clínicos, durante e após a inserção de próteses totais, levando a um
ganho de tempo, é o objetivo de grande parte dos estudos relacionados à fase de
confecção das próteses totais. Várias pesquisas têm procurado identificar os
melhores materiais e métodos de inclusão
11, 16, 52
, de acrilização
3, 17, 23, 36, 47
e de
polimerização
5, 23, 31, 35, 44
, com o objetivo de minimizar discrepâncias oclusais e
dimensionais das próteses, e têm buscado identificar um padrão de distorção de
processamento
31, 50
, para controlar os fatores influentes. Em 1960, Woelfel et al.
51
já buscavam avaliar, entre outros parâmetros, o comportamento de diferentes
materiais, utilizados para a confecção de próteses totais, e suas respectivas
Discussão -
116
técnicas de processamento, nas discrepâncias oclusais, notadas pelo aumento na
altura do pino guia incisal do articulador, após a polimerização.
Nesse contexto, devido à oclusão balanceada lingualizada
apresentar um menor número de contatos cêntricos e menor proximidade entre as
superfícies oclusais das cúspides antagonistas, em relação à oclusão balanceada
convencional, levantamos a suposição de que, mantidas as mesmas técnicas e
condições laboratoriais, a probabilidade de ocorrerem contatos prematuros e a
intensidade dos mesmos, decorrentes do processamento, diminuiriam,
proporcionando menor aumento da dimensão vertical de oclusão nas próteses
totais confeccionadas com oclusão balanceada lingualizada do que nas
confeccionadas com oclusão balanceada convencional.
Esse menor aumento esperado, na dimensão vertical de oclusão,
aliado à simplicidade do esquema oclusal lingualizado, levariam a ajustes oclusais
pós-processamento minimizados, acarretando em ganho de tempo laboratorial.
Entretanto, no presente estudo, o valor médio de aumento da
dimensão vertical de oclusão, após processamento pela técnica de prensagem, foi
de 0,872±0,214 mm (mínimo de 0,487 mm e máximo de 1,346 mm), para as
próteses totais confeccionadas em oclusão balanceada convencional. Para as
próteses confeccionadas em oclusão balanceada lingualizada, o valor médio de
aumento da dimensão vertical de oclusão foi 0,897±0,271 mm (mínimo de 0,396
mm e máximo de 1,404 mm). Não houve diferença estatística significativa entre
os dois tipos de oclusão, assim, os resultados desse estudo não validaram a
suposição inicial, o que vai de encontro ao estudo de Wesley et al.
50
.
Discussão -
117
Wesley et al.
50
, avaliando se as mudanças nos contatos dentais,
após o processamento de próteses totais, seguiam algum padrão identificável e se
existia alguma correlação entre os contatos dentais e a quantidade de abertura do
pino incisal do articulador (aumento da dimensão vertical de oclusão), após a
remontagem das próteses polimerizadas, constataram que existiu uma redução
significativa dos pontos de contato, após o processamento, e que todas as
correlações entre abertura do pino incisal e mudanças no número de contatos não
foram significativas. Concluíram, então, que a quantidade de abertura do pino
incisal não está relacionada com o número ou localização dos contatos dentais e
que a magnitude da abertura parece depender da quantidade de movimento dental
mais do que da direção.
O aumento médio da dimensão vertical de oclusão, encontrado em
nosso experimento, obtido pela prensagem das próteses maxilar e mandibular
simultaneamente, está próximo dos resultados encontrados pelos seguintes
autores: Wesley et al.
50
, que obtiveram abertura do pino incisal de 0,56 mm, em
média; Dukes et al.
16
, que, avaliando a acurácia relativa de materiais comumente
usados como meios de inclusão, para o processamento de próteses totais,
apresentaram alteração média da dimensão vertical de oclusão de 0,762 mm, para
o grupo incluído em gesso pedra; Strohaver
47
, que, comparando mudanças na
dimensão vertical de próteses totais, processadas pelo método de prensagem e
pelo método de injeção, conseguiu aumento médio da dimensão vertical, pelo
método de prensagem, de 0,635 mm; e Nogueira et al.
36
, que, comparando a
abertura do pino incisal, acurácia dimensional e o tempo de trabalho laboratorial
Discussão -
118
de próteses, confeccionadas pelo método da injeção e pela técnica de prensagem
convencional, apresentaram levantamento médio do pino incisal, após o
processamento, para a técnica de prensagem, de 1,16 mm.
Outros autores citam aumentos da dimensão vertical de oclusão
menos próximos dos encontrados nesse estudo: Zakhari
52
, investigando o
relacionamento de meios de revestimento com mudanças oclusais e com a
quantidade de abertura vertical, na técnica de prensagem, obteve média de
abertura do pino incisal, no grupo de próteses totais incluídas com gesso pedra
artificial, de 0,395 mm. Dukes et al.
17
, checando as mudanças na dimensão
vertical de oclusão de próteses totais, através da comparação entre a técnica de
prensagem e a técnica da resina fluída, obtiveram, para o grupo de prensagem, um
aumento médio da dimensão vertical de 0,127 mm. Nelson et al.
35
, avaliando
mudanças na dimensão vertical de próteses totais, através da comparação entre a
polimerização por microondas e a polimerização em banho de água convencional,
obtiveram média de aumento da dimensão vertical de oclusão, para o
processamento convencional, de 0,146 mm.
Existem ainda os trabalhos que apresentaram aumentos da
dimensão vertical de oclusão baseados no processamento da prótese maxilar
somente: Barbosa et al.
5
, objetivando determinar a influência de diferentes ciclos
de polimerização em microondas, nas alterações da dimensão vertical de oclusão,
de próteses totais, obtiveram, em seu grupo controle, polimerizado em banho de
água, média de 0,294 mm de abertura do pino incisal. Keenan et al.
23
,
investigando a estabilidade dimensional, durante a polimerização, e as mudanças
Discussão -
119
na dimensão vertical de oclusão, através da comparação entre a técnica de
prensagem convencional e a acrilização por injeção, com ambos os tipos de
polimerização, por calor convencional e por microondas, expuseram um aumento
médio da dimensão vertical de oclusão de 0,74 mm, para o grupo de prensagem e
polimerização convencional.
Constata-se, assim, que os valores obtidos em nosso estudo estão
em harmonia com as observações da literatura, o que valida a metodologia
empregada.
Apesar das próteses com oclusão lingualizada não apresentarem, no
presente estudo, um aumento médio da dimensão vertical de oclusão
estatisticamente diferente do aumento obtido com a oclusão convencional,
devemos considerar que, na oclusão balanceada convencional, foram obtidos, pelo
menos, dez pontos de contato cêntrico de cada lado, sendo metade desses nas
cúspides de contenção dos dentes posteriores superiores e a outra metade nas
cúspides de contenção dos dentes posteriores inferiores. Já na oclusão balanceada
lingualizada, foram obtidos, no mínimo, cinco pontos de contato cêntricos de cada
lado, referentes às cúspides de contenção dos dentes posteriores superiores.
Devido ao menor número de contatos cêntricos, a oclusão
lingualizada, provavelmente, proporcionará maior simplicidade aos ajustes pós-
processamento, com potencial diminuição do tempo de trabalho, o que, aliado à
versatilidade e às vantagens para os pacientes, citadas na literatura, confirma esse
esquema oclusal, para próteses totais, como uma excelente opção de escolha.
Conclusão
Com base na metodologia aplicada e nos resultados obtidos,
puderam ser tiradas as seguintes conclusões:
1. próteses totais confeccionadas em oclusão balanceada lingualizada tiveram
elevação do ramo superior do articulador, indicando o aumento da dimensão
vertical de oclusão, após o processamento laboratorial, semelhante a próteses
totais confeccionadas em oclusão balanceada convencional;
2. apesar dos dois esquemas oclusais estudados apresentarem aumentos da
dimensão vertical de oclusão semelhantes, a oclusão balanceada lingualizada
geraria ajustes oclusais pós-processamento mais simples, por apresentar menor
número de contatos cêntricos. Sob esse aspecto o tempo de trabalho deve ser
avaliado pelos profissionais da área.
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Apêndice A
Tabela A1- Valores obtidos nos registros da dimensão vertical de oclusão, antes e
após o processamento, dos casos de oclusão balanceada
convencional, e o cálculo do aumento da dimensão vertical de
oclusão (DVO 2-DVO 1).
Caso Dimensão Vertical antes (DVO 1) Dimensão Vertical depois (DVO 2) DVO 2-DVO 1
Medida 1 Medida 2 Medida 3 Média Medida 1 Medida 2 Medida 3 Média Média
1 1,595 1,594 1,572
1,587
2,433 2,408 2,402
2,414
0,827
2 1,660 1,668 1,678
1,669
2,421 2,422 2,399
2,414
0,745
3 1,039 1,054 1,040
1,044
1,658 1,702 1,671
1,677
0,633
4 0,442 0,469 0,468
0,460
1,635 1,626 1,630
1,630
1,171
5 0,974 0,960 0,977
0,970
1,994 1,981 1,965
1,980
1,010
6 0,991 1,000 1,007
0,999
2,002 1,980 2,000
1,994
0,995
7 1,197 1,212 1,213
1,207
1,975 2,005 2,000
1,993
0,786
8 1,521 1,554 1,514
1,530
2,556 2,535 2,527
2,539
1,010
9 1,160 1,135 1,166
1,154
1,943 1,935 1,933
1,937
0,783
10 1,721 1,703 1,701
1,708
2,430 2,425 2,441
2,432
0,724
11 1,265 1,257 1,258
1,260
2,072 2,056 2,074
2,067
0,807
12 1,585 1,592 1,581
1,586
2,410 2,405 2,414
2,410
0,824
13 1,441 1,465 1,455
1,454
1,939 1,954 1,928
1,940
0,487
14 1,232 1,24 1,221
1,231
2,572 2,575 2,585
2,577
1,346
15 1,365 1,357 1,359
1,360
2,295 2,298 2,293
2,295
0,935
Apêndice A -
132
Tabela A2- Valores obtidos nos registros da dimensão vertical de oclusão, antes e
após o processamento, dos casos de oclusão balanceada lingualizada,
e o cálculo do aumento da dimensão vertical de oclusão (DVO 2-
DVO 1).
Caso Dimensão Vertical antes (DVO 1) Dimensão Vertical depois (DVO 2) DVO 2-DVO 1
Medida 1 Medida 2 Medida 3 Média Medida 1 Medida 2 Medida 3 Média Média
1 0,352 0,332 0,331
0,338
1,052 1,053 1,061
1,055
0,717
2 0,367 0,375 0,362
0,368
0,981 0,962 0,987
0,977
0,609
3 0,510 0,521 0,514
0,515
1,287 1,290 1,300
1,292
0,777
4 0,423 0,430 0,416
0,423
1,252 1,230 1,248
1,243
0,820
5 0,511 0,525 0,517
0,518
1,445 1,457 1,455
1,452
0,935
6 0,271 0,256 0,288
0,272
1,522 1,543 1,546
1,537
1,265
7 0,260 0,263 0,278
0,267
1,474 1,497 1,459
1,477
1,210
8 0,245 0,231 0,221
0,232
1,012 1,050 1,045
1,036
0,803
9 0,221 0,253 0,236
0,237
0,971 0,973 0,963
0,969
0,732
10 0,693 0,701 0,672
0,689
1,649 1,651 1,642
1,647
0,959
11 0,477 0,507 0,496
0,493
1,895 1,896 1,902
1,898
1,404
12 0,200 0,203 0,196
0,200
0,896 0,915 0,890
0,900
0,701
13 0,567 0,558 0,555
0,560
0,949 0,961 0,957
0,956
0,396
14 0,42 0,428 0,412
0,420
1,571 1,572 1,583
1,575
1,155
15 0,175 0,171 0,172
0,173
1,134 1,145 1,147
1,142
0,969
BASSO, M. F. M. Estudo comparativo da elevação do ramo superior do
articulador, após o processamento, de próteses totais com oclusão
lingualizada e com oclusão convencional. 2005. 138f. Dissertação (Mestrado em
Reabilitação Oral) – Faculdade de Odontologia, Universidade Estadual Paulista,
Araraquara, 2005.
Resumo
Foi objetivo deste estudo realizar experimento laboratorial comparativo da
elevação do ramo superior do articulador, após o processamento, entre próteses
totais confeccionadas com oclusão balanceada lingualizada e com balanceada
oclusão convencional. Para isso, foram confeccionados, pela técnica da
prensagem e polimerização em banho de água a 72º C, durante 9 horas, 30 pares
de próteses totais padronizados, divididos em dois grupos: Grupo 1 (controle) -
próteses com oclusão convencional, as quais apresentavam contatos oclusais
cêntricos nas cúspides vestibulares dos dentes posteriores inferiores e palatinas
dos dentes posteriores superiores e Grupo 2 (experimental) - próteses com oclusão
lingualizada, as quais apresentavam contatos cêntricos somente nas cúspides
palatinas dos dentes posteriores superiores. Os registros da dimensão vertical de
oclusão foram obtidos em aparelho de mensuração, com relógio comparador
micrométrico posicionado sobre ponto específico do ramo superior do articulador,
imediatamente antes e após o processamento das próteses. Todas as mensurações
foram feitas em triplicata, para obtenção de médias. O aumento médio da
Resumo -
135
dimensão vertical de oclusão, após o processamento, foi de 0,872±0,214mm, para
o grupo 1, e de 0,897±0,271mm, para o grupo 2. Realizado o teste t, não houve
diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Conclui-se que: (1) as
próteses totais confeccionadas em oclusão lingualizada tiveram um aumento da
dimensão vertical de oclusão no articulador, após processamento laboratorial,
semelhante às próteses totais confeccionadas em oclusão convencional; (2) apesar
dos dois esquemas oclusais estudados apresentarem aumentos da dimensão
vertical de oclusão semelhantes, a oclusão lingualizada geraria ajustes oclusais
pós-processamento mais simples, por apresentar menor número de contatos
cêntricos. Sob esse aspecto, o tempo de trabalho deve ser avaliado pelos
profissionais da área.
Palavras-chave: Prótese total; oclusão dentária, oclusão dentária balanceada;
oclusão lingualizada; dimensão vertical; processamento.
BASSO, M. F. M. Comparative study of articulator opening after processing
between complete dentures made with lingualized occlusion and with
conventional occlusion. 2005. 138f. Dissertação (Mestrado em Reabilitação
Oral) – Faculdade de Odontologia, Universidade Estadual Paulista, Araraquara,
2005.
Abstract
The aim of this study was to compare articulator opening after processing for
complete dentures having balanced lingualized occlusion with complete dentures
having balanced conventional occlusion. Thirty sets of standard compression
molded complete dentures – maxillary and mandibular – were obtained by
polymerization in water bath at 72º C for 9 hours and distributed as follows:
Group 1 (control) – complete dentures with conventional occlusion. In this group,
the mandibular buccal cusps were occluding in the maxillary central fossae and
the maxillary lingual cusps were occluding in the mandibular central fossae;
Group 2 (experimental) – complete dentures with lingualized occlusion. In this
group, only the maxillary lingual cusps were occluding in the mandibular central
fossae. The vertical dimension of occlusion was measured always at the same
point of the upper member of articulator. The measurements were recorded with a
micrometer, immediately before and after processing of the complete dentures.
All measurements were made in triplicate. The mean increase in vertical
dimension of occlusion, after processing, was 0,872±0,214 mm, for group 1, and
Abstract -
138
0,897±0,271 mm, for group 2. A t test was performed and a statiscally significant
difference was not found. Conclusions: (1) After processing, complete dentures
made with lingualized occlusion showed an increase in vertical dimension of
occlusion similar to complete dentures made with conventional occlusion; (2)
Despite the two occlusal concepts had leaded to similar increases in the vertical
dimension of occlusion, the lingualized occlusion could result in easier occlusal
adjustments, after processing, because of the smaller number of centric contacts.
Of this point of view, the laboratory working time should be considered by
professionals who work in this area.
Key words: Complete denture; dental occlusion; balanced dental occlusion;
lingualized occlusion; vertical dimension; processing.
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