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hoje, por exemplo, a palavra de ordem do DCE da UFRJ é a palavra de ordem do PSTU,
que é "Fora Todos", então o DCE decidiu em reunião de diretoria fechada que essa seria a
palavra de ordem. Isso é um exemplo claro do que seria aparelhamento. Não tem reunião
de diretoria, quase. As reuniões não são divulgadas, assembléia estudantil nem se fala,
teve uma, numa gestão de dois anos.
Em relação à forma como decidem as lutas principais, o militante do ML esclareceu
que:
por exemplo, se eu tenho a pauta mais geral, por mais verbas, está de acordo com a
minha posição estar construindo com os estudantes, vendo qual são os problemas
principais. Às vezes a questão de ouvir os estudantes não é algo formal, somente numa
assembléia, por exemplo. Mas sim , na conversa do dia-a-dia, e depois a gente vai ver se
essa é a pauta principal na prática".
Para o militante do MEL :
infelizmente, na prática, as lutas principais são definidas pelo critério da despolitização,
pelo que as pessoas despolitizadas estão conseguindo ver.(...) As reivindicações são
uma piada mesmo (...) tem se pautado pela miséria do meio estudantil.
Com base nos critérios através dos quais decidiam quais as lutas que deveriam ser
colocadas como principais, em cada momento, pedimos aos militantes que avaliassem
como era a adesão dos estudantes às mesmas:
Organização Avaliação sobre adesão dos estudantes à chamada para as lutas
PSOL
Depende do momento, (...) a gente está num momento de refluxo claramente, nunca vi um
momento pior, de não adesão, de não mobilização, de individualismo, de descrença total, e o
governo contribui para isso, por isso a adesão é muito pequena, os grupos que se mobilizam hoje,
são reduzidíssimos
PC do B
(...) existe muito preconceito entre os estudantes que não tem partido [em relação aos militantes],
que são a maioria absoluta. Eles acham 'ah, você quer cargo, quer subir na vida política' e aí tem
pessoas que querem isso mesmo, tem outras que partidarizam
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o movimento estudantil. (...) A
descrença nas instâncias e discussões políticas é grande, a crise política. Mas essa rixa de partido
no movimento estudantil de base é muito mais prejudicial, porque o cara vê na televisão e na
realidade.
PSB
(...) as reuniões do CA e as próprias assembléias pecam pela participação, agora eu acho que a
culpa não é de nenhuma força, não é de quem compõe o CA, é exatamente a dificuldade que você
tem de mostrar para o estudante que aquilo é fundamental para a vida acadêmica dele. E as vezes
tem a visão pessimista do movimento estudantil, várias vezes fui taxado de político profissional (...)
PT (...) muitos não tem a paciência de ir na reunião, mas acho que nessa gestão uma coisa está
sendo muito mais dividida, porque mesmo os estudantes não indo à reunião, estão se organizando,
está gerando um debate. Por exemplo, essa coisa da xerox gerou grande debate, tem estudante se
organizando para boicotar a xerox.
ML
É muito boa. Às vezes você não tem adesão nas assembléias, por exemplo, na questão da
biblioteca, a gente teve assembléias cheias, com várias pessoas participando, dando opiniões, e
teve assembléia com 20 pessoas. Mas a adesão as vezes estava nos atos, estava em diferentes
formas de ajuda, aí a gente vê que é a questão principal do momento, e essa adesão conseguiu
260
Explicou que partidarizar é priorizar o crescimento partidário em detrimento do crescimento do movimento estudantil, no
caso. Segundo o militante, ao priorizar o debate nacional conseguem mostram mais o que é o partido do que a luta pelo
bandejão, por exemplo. "então priorizar a ação do seu partido, exclusivamente, prejudica o movimento".