Antero Cícero de Assis, 1876). Em 1877, foram
concedidas autorizações para Leonel de Souza
Lima, Chryspim Ferreira Martins e Candido da
Cruz Montes (Relatório do presidente da
província de Goiás, Antero Cícero de Assis,
1877).
Entre 1879 a 1881, há informações sobre
escolas particulares da Povoação do Saco,
regida por Chryspim Ferreira Martins, da qual
não há nenhuma informação sobre o número de
alunos e do seu aproveitamento; e da Freguesia
de Sant’Anna da capital, uma escola mista
freqüentada por 49 alunos em 1879 e com bom
aproveitamento, regida por Pacifica Josephina de
Castro
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. Em 1880, tinha 47 alunos matriculados
dos quais 38 freqüentes. No ano de 1881 era a
única escola particular da província que
funcionava regularmente com incontestável
aproveitamento, com 54 alunos matriculados dos
quais 48 freqüentes. Na capital da província,
32
Das escolas particulares existentes na província de Goiás, temos um relato da Escola de Pacífica
Josefina de Castro, conhecida como Mestra Inhola. Segundo Brito (1982), a escola era uma casa
modesta transformada em um grande salão e, como a escola era mista, os meninos sentavam de um
lado e as meninas de outro, em bancos toscos encostados na parede, separados por diversas mesas
unidas umas as outras, onde se escrevia de pé. Na escola aprendia-se a ler, escrever e contar, e
preparavam-se os alunos para ingressar no Liceu de Goiás. Na grande casa existia três quintais: o
primeiro era o jardim, os outros dois eram de árvores frutíferas. Num dos quintais protegidos por
espessas folhagens ficavam os “reservados de emergência”, pois em Goiás não havia serviços
sanitários organizados e em muitas casas não havia fossa séptica. Como a escola era mista, e para
ter o controle do uso do “reservado de emergência” sem que o ocupante fosse surpreendido por
outro, Mestra Inhola criou o seguinte “código”, isto é, uma pedra sobre a mesa da professora
significava que o “reservado de emergência” estava livre, pois, ao sair da sala para o usar o
reservado o aluno deveria levar consigo a pedra (Brito, 1982).
Mestra Inhola selecionava monitores entre os alunos mais adiantados para auxiliá-la. A
mestra organizava uma batalha de argüição, na qual os vencedores recebiam como prêmio ser o
auxiliar da mestra, permanecendo como monitores até que outra disputa fosse realizada. O conteúdo
de história e geografia era memorizado através da repetição em voz alta , e para as meninas era
ensinado também crochê, bordados, crivos e outros. No que se refere à rotina escolar, rezava-se no
início e no término das aulas. Cantavam-se cânticos escolares, religiosos e hinos patrióticos. Nos
sábados, no segundo período das aulas, cantava-se a tabuada em voz alta. A orientação religiosa era
entregue ao dominicano francês frei Germano. Inhola exigia dos seus alunos a prática dos deveres
religiosos. Os alunos sabiam de cor os deveres dos cristãos: os dez mandamentos da Lei de Deus, os
dogmas da fé, os pecados mortais e os venais, os vícios capitais e outras obrigações impostas pelo
catolicismo. A professora preparava todo ano a Primeira Comunhão de sua escola, e durante muitos
anos foi frei Germano quem presidiu a solenidade da Primeira Eucaristia (Brito, 1982).
Iniciavam-se as aulas às 10 da manhã (depois do almoço, na época); às 12 horas era o
recreio (café do meio-dia); os alunos lanchavam em suas casas. Às 13 horas, reiniciavam-se as
aulas, que terminavam às 16 horas (Brito, 1982).
Mestra Inhola lecionou durante sessenta anos de sua vida; o seu jubileu de ouro no
magistério foi comemorado em 15 de novembro de 1919. Pela manhã uma missa de ação de graça,
celebrada por d. Prudêncio, bispo de Goiás, e à noite, no salão do Cinema Luso, a professora foi
homenageada em uma sessão lítero-musical, com discurso de ex-alunos que haviam se tornado
padres, jornalistas, médicos, poetas etc. Inhola morreu aos 86 anos em 1
o
de fevereiro de 1932
(Brito, 1982).