Download PDF
ads:
Universidade Federal de Minas Gerais
Faculdade de Ciências Econômicas
Departamento de Ciências Administrativas
Centro de Pós-graduação e Pesquisas em Administração
A INFLUÊNCIA DA IDENTIDADE PROJETADA NA REPUTAÇÃO
ORGANIZACIONAL
Ana Luísa de Castro Almeida
Belo Horizonte
Março de 2005
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Ana Luísa de Castro Almeida
A INFLUÊNCIA DA IDENTIDADE PROJETADA NA REPUTAÇÃO
ORGANIZACIONAL
Tese de doutorado apresentada ao Centro de Pós-
graduação e Pesquisas em Administração da
Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade
Federal de Minas Gerais, como requisito para
obtenção do título de Doutor em Administração.
Área de Concentração: Novas Tecnologias Gerenciais
Orientador: Prof. Dr. Reynaldo Maia Muniz
Orientador estrangeiro: Prof. Dr. Cees B.M. van Riel
Belo Horizonte
2005
ads:
ATA DA DEFESA
Para meu avô Clério Olinto de Castro ( in memorian)
Símbolo dos valores e da união de nossa família
Agradecimentos
9 Ao meu orientador, Professor Reynaldo Maia Muniz. Inteligência privilegiada, leitura
crítica, capacidade de sinalizar e indicar caminhos, diálogo e respeito marcaram sua
postura e condução do processo.
9 Ao meu co-orientador estrangeiro, Professor Cees B. M. van Riel. Despertou-me à
atenção sua grande produção na área de comunicação e sua capacidade de
interlocução com outras áreas do conhecimento. A convivência, no entanto, revelou-
me outras grandes qualidades. Sua capacidade de trabalho, sua determinação em fazer
o melhor e exigir o mesmo de seus orientandos, sua disponibilidade para ouvir e
discutir, suas críticas contundente no conteúdo e leve na forma, seu olhar profundo
sobre a pesquisa e seu foco nos resultados, seu entendimento de nossos limites.
Especialmente seu apoio, carinho e amizade.
9 Ao Professor Pe. Geraldo Magela Teixeira que me permitiu sonhar com o doutorado,
abrindo-me passo a passo às portas para sua realização, levando-me a conciliar o que
parecia impossível: muito trabalho e estudo sem fim.
9 Ao professor Emerson de Almeida, presidente da Fundação Dom Cabral, por sua
confiança e crença em algo, que há cinco anos atrás, era apenas uma idéia acalentada.
Ao professor Mozart Pereira pela abertura ampla e irrestrita às informações da FDC e
à sua condução interna, fundamentais para a sustentação do trabalho do pesquisador.
A todos os funcionários e professores da Fundação Dom Cabral, pelo
profissionalismo, atenção e carinho. Reconheço que a viabilidade da pesquisa, no
tempo realizado, deveu-se à boa vontade e colaboração de todos com os quais
trabalhei. Especialmente ao Antonio Batista, Rijane Mont’Alverne, Tereza Goulart,
Silene Magalhães, Lorena Vasconcelos e Marcelo Nacif Rocha a quem tive que
recorrer inúmeras vezes. Às empresas-cliente e aos participantes dos programas da
Fundação que dedicaram seu tempo à pesquisa.
9 Aos colegas da PUC, UFMG e da área de comunicação e especialmente aos amigos,
pelo carinho, amizade e incentivo: Margarida Kunsch, Alexandre Carrieri, Glória
Gomide, Eugênio Faria, Valdemar Sevilha, Georgina Vieira, Janete Lara Bertucci,
Luiz Alberto Bertucci, Cristina Bahia, José Guilherme Araújo, Heloiza Faria, Marilia
Alves, Margarida Ferreira, Tereza Cristina, Léa Souki, Maria Luiza Doyle, Bonifácio
José Teixeira, Márcia Morais, Caio Boschi, Ana Lúcia Marçolla, Denise Pereira,
Patrícia Bernardes, Heloísa Werneck, Ângela Versiani, Marilia de Castro, Mag e
Michel, Nívea, Hasan Hoç, Gleida Naves, Lélio Fabiano, Aléssia Franco, Juliana
Gonçalves. Agradeço também aos profissionais de Comunicação da Puc Minas que à
epóca acompanharam e incentivaram o trabalho. À Ivone de Lourdes Oliveira e Maria
Aparecida de Paula com quem compartilho além da amizade, os interesses pela
mesma área de estudos, as escolhas, caminhos e o convívio familiar. Ao amigo
querido, Mário Lúcio Vieira, por sua especial capacidade de cultivar a esperança,
fortalecer a determinação, acolher a fragilidade, edificar os sonhos, compartilhar a
vida.
9 Ao Mozahir Salomão e aos professores e funcionários da Faculdade de Comunicação
e Artes, do Departamento de Comunicação e do Curso de Gestão da Comunicação
Integrada do São Gabriel. agradeço o apoio e incentivo.
9 Aos amigos do Corporate Comunication Centre, da Erasmus University, Joke van
Oost; Mirdita Elstak; Guido Berens; Mignon van Halderen; Majorie Dijkstra pela
acolhida e carinho de todos, que transformaram meus prováveis dias solitários em
motivo de alegria, compartilhando bons momentos e incluindo-me entre seus amigos e
familiares.
9 Aos colegas do doutorado que compartilharam os sofrimentos, as angústias, desafios,
coragem e esperança durante nosso percurso: Marcus Vinicius Gonçalves da Cruz,
Cleverson Renan da Cunha, Taiane Las Casas, Henrique Cordeiro Martins, Luciano
Zille Pereira, Fernando Gomes de Paiva Júnior e Devanir.
9 A CAPES – Fundação e Coordenação de Pessoal de Nível Superior – pela concessão
da bolsa de estudos no exterior que me permitiu a troca, vivência e experiências com
pesquisadores mundiais.
9 Áqueles que, junto comigo, tornaram possível a realização desta pesquisa em tão
pouco tempo: Graziela Miguel, Miriam D’Ávila e Gustavo Arruda que com
paciência, carinho e competência trabalharam dias e noites, feriados e finais de
semana; sem se importarem com a remuneração ou com a fome no final da noite e a
geladeira vazia. Ao Reginaldo e Adriano que com habilidade administraram minha
ansiedade e incompetência com o universo das análises estatísticas; ao Guilherme e
Ana Luisa, da Casa Dois, que trabalharam gráficos e desenhos, à Lelé na formatação
da ABNT, Antonieta Campos na revisão e Marco Paulo com o toque final.
9 À Iracema que, cuidando de tudo e todos, manteve a paz dentro de casa, e ao Artur
que soube esperar o momento certo para nascer.
9 Aos meus pais, pelo apoio constante e por incentivarem sempre a busca do
aprendizado. Às minhas duas irmãs queridas, Isaura e Rachel, que estiveram presentes
- nos choros, nas raivas, no desânimo, na vontade de largar tudo, no desespero, nos
xingamentos, na vontade de matar uns e outros. E, mais do que isso, tiveram que
trabalhar: ler, criticar, refazer e até mesmo fazer. Aos meus insubstituíveis irmãos:
David por gerenciar minha vida em tudo aquilo que não sei e não gosto de fazer e,
especialmente, no tempo que estive na Holanda, e Olavo que, mesmo longe, esteve
sempre presente. Aos meus irmãos siameses Lúcia, Leda e José Maurício. Ao Júnior
que com sabedoria soube lidar com a mãe ausente, estressada, enfurnada nos livros e
computador, sem tempo e muito menos paciência para crises própria de sua idade. À
Graziella que teve a sorte de estar mais distante, aparecendo somente nas poucas horas
livres. À minha grande família, especialmente, aos tios e primos queridos, impossíveis
de serem citados, às cunhadas e cunhados, Márcia, Sílvia e Mário aos meus sobrinhos
Débora, André, Victor, Ana Paula e Luiz Henrique pelo apoio e compreensão.
“Reputation, reputation, reputation! Oh!
I have lost my reputation.
I have lost the immortal part of myself,
and what remains is bestial.
My reputation, Iago, my reputation!”
(Shakespeare, Othello)
RESUMO
Esta pesquisa avaliou os impactos da identidade projetada sobre a reputação na percepção de
públicos internos e externos, reconhecendo que um maior entendimento deste processo social
pode contribuir para que as organizações lidem melhor em seus relacionamentos com os
stakeholders. Este estudo, foi o primeiro no Brasil, que analisou a relação entre identidade
projetada e reputação, conceitos consolidados nos centros acadêmicos na Europa e Estados
Unidos, e adotou técnicas de mensuração aplicadas em estudos internacionais como o Quociente
de Reputação (RQ); Percepção de Prestígio Externo (PEP), Identidade Projetada (APOI),
Identificação Organizacional ( OID) e Comportamento de Envolvimento Institucional ( CEI).
Reputação tem se tornado um dos ativos intangíveis de grande valor para as organizações na
relação com seu ambiente, tornando-se um desafio a sua criação e sustentação ao longo dos
anos. Com isso, observa-se um maior investimento e profissionalização nos processos de
comunicação objetivando projetar as organizações no espaço público em condições que lhes
assegurem distintividade e atratividade. A comunicação ajuda as organizações a construírem
sentidos sobre “quem somos” e, por sua vez, seus públicos constroem significados “sobre como a
vêem”, estabelecendo a relação entre identidade e reputação. Esta pesquisa foi feita junto a
públicos da Fundação Dom Cabral, instituição brasileira de desenvolvimento de executivos.
Analisou-se como a empresa se auto-apresenta e qual o grau de adesão do público interno e
externo ao que é projetado. Em seguida, foi pesquisada, junto ao público externo a percepção de
sua reputação. Agregando a estes estudos, também foram analisados o impacto da identidade
projetada e da percepção de prestígio externo sobre a identificação e comportamento de
envolvimento do público interno. Os resultados das abordagens qualitativas e quantitativas
indicaram relações significativas entre percepção de prestígio externo, concordância com
atributos projetados, identificação organizacional e comportamento de envolvimento
institucional. Podemos afirmar que quanto melhor a percepção dos funcionários sobre o prestígio
externo da organização, maior é o grau de concordância com o que ela projeta sobre si mesma e
maior a identificação destes. Ou seja, quanto maior for o alinhamento entre o discurso
organizacional e a percepção interna, serão melhores as relações estabelecidas entre organização
e funcionários. A exceção é a variável atratividade dos atributos que, no método de regressão
linear, não se mostrou significativa na relação com identificação e com o comportamento de
envolvimento institucional. Ou seja, não há evidências de que os atributos tenham que ser
atrativos e sim que estes sejam praticados pela organização. A análise empírica da reputação da
FDC alinha-se aos estudos teóricos, mostrando não só a relação existente entre a identidade
projetada e a reputação, mas como a construção de sentido sobre os aspectos simbólicos de sua
reputação está sustentada nas percepções dos atributos divulgados. Destacamos que a
competência organizacional para criar, manter e sustentar uma reputação positiva pode
representar a consolidação de uma vantagem competitiva, diferenciada, não imitável, de valor
significativo e sustentável ao longo dos anos. Esperamos que essa pesquisa contribua com os
estudos sobre temas de forte impactos para a sustentabilidade dos negócios empresariais
Palavras-chave: reputação organizacional, identidade projetada, imagem organizacional,
comunicação organizacional, escolas de negócios
ABSTRACT
This research evaluated the impacts of the projected identity on reputation in the internal and
external publics' perception, recognizing that a better understanding of this social process can
contribute for the organizations to work on their relationships with the stakeholders. This study
was the first in Brazil to analyze the relationship between projected identity and reputation,
concepts consolidated in the academic centers in Europe and United States, and it adopted
measurement techniques applied in international studies such as the Reputation Quotient (RQ);
Perceived External Prestige (PEP), Projected Identity (APOI), Organizational Identification
Degree (OID) and Organizational Citizenship Behavior (OCB). Reputation has become one of
the intangible assets of great value for the organizations in the relationship with their
environment, and its creation and maintenance have become a challenge that needs to be dealt
with over the years. Thus, one can perceive a larger investment and professionalization of the
communication processes aiming at projecting the organizations in the public space in conditions
that assure them distinctiveness and attractiveness. The communication helps the organizations
build the idea of " who we are " and their publics build the idea of "how they see the
organizations", establishing the relationship between identity and reputation. This research was
carried together with the publics of the Dom Cabral Foundation, Brazilian institution for
executive development. We have analyzed how the company presents itself and how adherent the
internal and external publics are to what is projected. Soon after, we have researched the
perception of the eternal public's reputation. Aggregating to those studies, we have also analyzed
the impact of the projected identity and perceived external prestige on the internal public's
identification and citizenship behavior. The results of the qualitative and quantitative approaches
indicated significant relationships among perceived external prestige, agreement with projected
attributes, organizational identification and organizational citizenship behavior. We can affirm
that the better the employees' perception about the external prestige of the organization, the better
the agreement degree with what it projects about itself and the better their identification. In other
words, the better the alignment between the organizational speech and the internal perception, the
better the relationships established between organization and employees will be. The exception is
the variable attractiveness of the attributes which, in the method of linear regression, has not
shown itself as significant in the relationship with identification and with the organizational
citizenship behavior. In other words, there are no evidences saying that the attributes have to be
attractive, but they need indeed to be practiced by the organization. The empirical analysis of
FDC's reputation aligns itself with the theoretical studies, showing not only the existent
relationship between projected identity and reputation, but how the sense building about symbolic
aspects of its reputation are sustained in the perceptions of divulged attributes. We highlight that
the organizational competence to create, maintain and sustain a positive reputation can represent
the consolidation of a competitive advantage, differentiated, non-imitable, of significant and
maintainable value over the years. We hope this research contributes with the studies on themes
that impact strongly the sustainability of the businesses.
Key words: reputation, projected identity, image, organizational communication, and business
schools.
Sumário
RESUMO
ABSTRACT
PARTE I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
I INTRODUÇÃO 16
2. A IDENTIDADE NAS ORGANIZAÇÕES 24
2.1. A Arena Organizacional: o “real” versus o “simbólico 24
2.2 A Relação entre Cultura e Identidade Organizacionais 27
2.3 Os Estudos sobre Identidade nas Organizações 30
2.4 Abordagens dos Conceitos de Identidade 32
2.4.1 Identidade Organizacional 34
2.4.2 Identidade Corporativa 37
2.5. Tipos de Identidade 43
2.5.1 Identidade Projetada 45
2.6 Gerenciamento da Identidade 48
3 O IMPACTO DA REPUTAÇÃO PARA A ORGANIZAÇÃO 53
3.1 Imagem: um Processo de Construção Simbólica 58
3.1.1 Os Caminhos dos Estudos de Imagem Organizacional 65
3.1.2 O que mostram alguns Estudos sobre Imagem das Organizações 70
3.2 A Construção da Reputação Organizacional 75
3.2.1 Gerenciando a Reputação 79
3.2.2 Formas de Mensuração da Reputação 84
3.3 O Papel da Comunicação Organizacional na Construção da Reputação 96
3.3.1 Gerenciamento de Crises 109
4 A INFLUÊNCIA DA REPUTAÇÃO NAS ESCOLAS DE NEGÓCIO 116
4.1. A Fundação Dom Cabral 116
4.1.1 Um pouco de sua história 122
4.2 Análises dos Rankings de Escolas de Negócios 125
4.2. O Contexto das Escolas de Negócio na Europa e EUA 126
4.2.1 Os Rankings na Europa e EUA 130
4.2.2 Os Impactos dos Rankings sobre as Escolas de Negócio na Europa e EUA 132
4.2.3 A Comunicação das Escolas de Negócio sobre os Rankings 139
4.3 O Contexto das Escolas de Negócios no Brasil 141
4.3.1 Os Rankings no Brasil e América Latina 146
4.4 A FDC na Mídia: Posições nos Rankings Nacionais e Internacionais 148
4.4.1 A Cobertura em Mídia Impressa 152
PARTE II – CONCEPÇÃO DO MODELO E RESULTADOS DA
PESQUISA
5 CONCEPÇÃO DO MODELO DE PESQUISA 159
5.1 Conceitos Pesquisados 159
5.1.1 Reputação 161
5.1.2 Identidade Projetada 162
5.1.3 Concordância com Identidade Projetada -APOI 163
5.1.4 Percepção de Prestígio Externo - PEP 164
5.1.5 Identificação Organizacional -OID 165
5.1.6 Comportamento Envolvimento Institucional - CEI 166
5.2 Públicos pesquisados 168
5.3 Estratégia da Pesquisa 172
5.3.1 Procedimentos Qualitativos 173
5.3.2 Procedimentos Quantitativos 179
6 RESULTADOS DA PESQUISA 190
6.1. Identidade Organizacional Projetada: Percepções dos Públicos Internos 190
6.1.1 A Definição dos Atributos Projetados 190
6.2 Identidade Projetada: As Percepções de Funcionários e Professores 198
6.2.1 Pesquisa Qualitativa: Público Interno 198
6.3 Reputação: As Percepções de Empresas-clientes e Executivos 226
6.3.1 Pesquisa Qualitativa: Público Externo – A Reputação da FDC 226
6.3.2 A Reputação de Empresas Brasileiras 238
6.4 A relação entre identidade projetada e reputação 244
6.5 Pesquisa Quantitativa: As Percepções de Funcionários e Professores 250
6.5.1 Resultados do Modelo do Estudo 1 266
6.6 Pesquisa Quantitativa: As Percepções de Empresas-clientes e executivos 270
6.6.1 Resultados do Modelo do Estudo 2 281
6.7. Comparando as Percepções Internas e Externas 282
6.8 Visão geral sobre Reputação 288
PARTE III – CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES 292
7 CONCLUSÕES 292
7.1. Limites e Implicações Teóricas e Práticas da Pesquisa 314
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
318
9 ANEXOS
LISTA DE TABELAS
1. Configuração da Amostra para Público Interno................................................. 180
2. Configuração da Amostra para Público Externo................................................ 181
3. Estatísticas Descritivas das Variáveis do Estudo 1............................................. 251
4. Coeficientes de Correlação Linear de Pearson................................................... 267
5. Reta de Regressão Ajustada para OID – Modelo 1............................................ 267
6. Reta de Regressão Ajustada para CEI – Modelo 2............................................. 268
7. Reta de Regressão Ajustada para CEI incluindo OID – Modelo 3..................... 269
8. Estatísticas Descritivas das Variáveis do Estudo 2............................................. 271
9. Resultados do Modelo de Regressão.................................................................. 281
LISTA DE QUADROS
1. Perspectivas dos Estudos de Imagem nas Organizações.............................. 66
2. Abordagens do Conceitos de Imagem, Identidade e Reputação................... 70
3. As inter-relações entre identidade, cultura, imagem e reputação................. 78
4. Origem e evolução da Fundação Dom Cabral.............................................. 124
5. Matriz de Relacionamento da Organização com seus stakeholders. ........... 171
6. Síntese das Estratégias de pesquisa................................................. 189
7. Definição dos Clusters da Identidade Projetada........................................... 245
LISTA DE GRÁFICOS
1. Dimensões do Modelo – Estudo 1.......................................................... 252
2. Médias dos clusters da dimensão APOI_Concordância......................... 253
3. Médias da Dimensão APOI_C versus Vínculo...................................... 255
4. Médias dos clusters da dimensão APOI_Atratividade 256
5. Médias dos clusters da Dimensão APOI_Atratividade versus Vínculo. 257
6. Médias dos clusters da Dimensão PEP................................................... 258
7. Médias dos clusters da Dimensão PEP versus Vínculo.......................... 260
8. Médias de OID por Unidade e Organização........................................... 261
9. Médias de Identificação Organizacional (OID) versus Vínculo............. 262
10. Média dos Clusters da Dimensão do Comportamento de
Envolvimento Institucional ( CEI) .........................................................
263
11. Médias dos clusters da Dimensão CEI versus Vínculo.......................... 265
12. Dimensão Reputação.............................................................................. 272
13. Comparação entre os clusters da Dimensão APOI_Concordância......... 274
14. Comparação entre os clusters da Dimensão APOI Atratividade............ 276
15. Comparação da Dimensão APOI entre Empresas x Executivo.............. 277
16. Comparação da Dimensão APOI Concordância e Atratividade entre
Público Externo e Público Interno..........................................................
278
17. Análise Conjunta de Reputação e PEP.................................................. 279
18. Dimensão PEP........................................................................................ 280
19. A Reputação na visão de Empresas-Clientes e Executiv........................ 289
20. Fator mais importante para a Reputação -Visão Empresas-clientes e
Executivos...............................................................................................
290
LISTA DE FIGURAS
1. Modelo da Pesquisa................................................................................ 22
2. Foto do Campus Aloysio Faria............................................................... 121
3. Anúncio da Fundação Dom Cabral......................................................... 151
4. Anúncio da Fundação Dom Cabral......................................................... 151
5. Modelo da Pesquisa – Estudo 1 e 2........................................................ 160
6. Estudo 1 – Público Interno – Funcionários e Professores...................... 182
7. Estudo 2 – Público Externo – Empresas-clientes e Executivos.............. 185
8. Modelo da Pesquisa – Siglas ................................................................. 188
9. Foto da primeira página da homepage da FDC...................................... 192
10. Foto da inauguração da primeira sede da FDC, em 1976....................... 196
11. Foto da inauguração do campus Aloysio Faria, em 2001....................... 197
12. Resultados do Estudo 1........................................................................... 266
13. Resultados do Estudo 2........................................................................... 281
16
PARTE I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1 INTRODUÇÃO
Esta pesquisa tem como propósito comparar percepções de públicos internos e externos sobre a
identidade projetada e a reputação da organização, reconhecendo que um maior entendimento
deste processo social pode contribuir para que as empresas lidem melhor, em suas relações, com
os diversos stakeholders.
1
Ter um conhecimento maior e mais específico sobre o que afeta direta
ou indiretamente as percepções de seus públicos prioritários, pode contribuir para que
organizações sejam mais eficazes em suas estratégias de relacionamento e, conseqüentemente,
sustentem uma boa reputação.
Nos dias atuais, destaca-se uma maior pressão no ambiente empresarial, decorrente da aceleração
do ciclo de vida de produtos, desregulamentação, privatização, aumento da competição em todos
os setores, incluindo área pública e organizações não governamentais, globalização e o
estabelecimento de áreas de livre-comércio, fusões e aquisições, crescimento das expectativas
públicas em relação à responsabilidade social corporativa e do crescimento da importância dos
stakeholders para a organização. Esses fatores, por sua vez, têm demandado das organizações um
maior entendimento de sua identidade, reputação e marca corporativa, de forma a gerenciá-los
estrategicamente.
Por outro lado, os distintos segmentos de públicos também estão mudando de perfil e
comportamento, tornando-se cada vez mais exigentes, buscando estabelecer relações mais justas,
exigindo seus direitos, organizando-se em movimentos de consumidores, participando de
1
A definição adotada nesse projeto é a de Freeman (1984, p.79-80) que conceitua stakeholders como “indivíduos e
grupos que podem afetar ou serem afetados pelas organizações através de suas realizações.” Públicos e grupos de
relacionamento também serão utilizados como sinônimos de stakeholders.
17
organizações não governamentais, de movimentos comunitários, procurando defender suas
idéias, manter ou conquistar posições.
Como conseqüência, têm-se ampliado os esforços das organizações no sentido de mostrar àqueles
que adquirem seus produtos e/ou serviços, suas qualidades intrínsecas e extrínsecas; aos
acionistas uma performance mais favorável; aos ambientalistas resultados de ações efetivas; aos
empregados uma relação mais justa e democrática. E, com isso, as organizações têm procurado
estabelecer relações que possam lhes ser mais favoráveis porque na cadeia de relacionamentos, a
percepção que as pessoas têm sobre a organização pode influir em suas decisões. Neste contexto,
a reputação tem se tornado um dos aspectos de grande valor na relação das organizações com a
sociedade, sendo considerada um diferencial competitivo.
A questão central desta pesquisa formula-se em quais são os impactos da identidade projetada
sobre a reputação da organização na percepção dos públicos interno e externo?
Para respondê-la vamos partir dos estudos sobre imagem e reputação que tiveram início,
praticamente na década de 50 (com os estudos clássicos de Boulding em 1956 e Martineau em
1958). Todavia o grande avanço deu-se a partir da década de 90, com diversos estudos,
publicações específicas, pesquisas e livros que ampliaram as discussões para questões sobre
gerenciamento de marca; valor de marca; comunicação corporativa; imagem institucional;
responsabilidade social; marketing institucional; identidade organizacional; identificação
organizacional, dentre vários temas que se relacionam com a reputação de uma organização.
Observa-se na academia, uma distinção entre pesquisadores que se voltaram para os estudos em
reputação, Fombrun; Van Riel (1997, 2004); Rindova e Fombrun (1998); Fombrun e Shanley
(1990); Bromley (2000); Dowling (1986, 2001); Grunig (1984, 1993,1997); Duckerich e Carter
(2000); Fombrun, Gardberg e Sever (2000); Balmer e Greyser (2003); Van Riel (1995, 2003) e
18
aqueles com interesse especial no gerenciamento de marca , Balmer (1998, 2001, 2003); Dacin;
Brown (2002); Davies e Chun (2002); Brown (1994, 1998); Berens (2004).
Embora os autores tenham abordagens distintas, há algumas questões perpassam os interesses de
ambas perspectivas como, por exemplo, em que medida os diversos stakeholders levam em
consideração o comportamento da organização, seja para uma decisão de compra de produto,
para um investimento, para buscar emprego, para recomendar seus serviços ou produtos. Quais
as reações dos stakeholders diante de determinadas informações, ou como se dá o processo de
busca e processamento de informações, qual o grau de persuasão que se consegue com
determinado tipo de informação e que tipo de associação as pessoas fazem diante de informações
diferentes? Em que grau a experiência direta com produto e/ou serviço afeta a percepção no
sentido positivo ou negativo, e até onde o comportamento da organização atua diante da
diversidade de marcas ofertadas?
Questões como estas, consideradas cada vez mais importantes no ambiente organizacional, têm
levado as organizações a se preocuparem e investirem mais no seu processo de comunicação,
como uma das formas de distingui-las de outras organizações. (DAVIES et al., 2003; DOZIER et
al., 1995; VAN RIEL, 2003). Ou seja, há por parte das organizações um interesse maior em se
projetar no espaço público em condições que lhes assegurem distintividade
2
e atratividade.
(FOMBRUN; VAN RIEL, 2004). Como se projetar interna e externamente, quais atributos
devem ser salientados para que se mostre a organização de forma positiva, qual a coerência
necessária entre as ações da organização e os atributos comunicados? Estas escolhas partem da
2
Distintividade, embora ainda não seja abonada pelos dicionários Aurélio e Houaiss, foi adotada nesta tese como
tradução da palavra inglesa distinctiveness, entendida como algo que distingue uma coisa ou pessoa de outra, por
ter estilo ou dar distinção. Demonstra individualidade, particularidade, singularidade.
19
própria identidade organizacional, do entendimento de quem é a organização, o que está por trás
dos produtos e serviços, de quais são seus princípios, a filosofia que orienta suas decisões.
Como objeto de análise definiu-se pela Fundação Dom Cabral, instituição de desenvolvimento de
executivos e empresas que, em seus 28 anos de existência, ocupa hoje uma posição reconhecida
no setor em que atua. Trabalha para as maiores empresas do país, capacitando executivos e
empresas, no desenvolvimento de modelos de gestão que sejam mais eficazes.
Um dos estudos desta pesquisa inclui a análise de sua identidade projetada, entendida como os
sinais explícitos e implícitos através dos quais a organização expressa seus atributos-chave a seus
stakeholders internos e externos, por meio de seu processo de comunicação corporativa. Ou seja,
como a empresa se auto-apresenta e qual o grau de adesão do público interno e externo ao que é
projetado. Mais especificamente, que atributos são definidos e deliberadamente escolhidos pela
alta administração, para enfatizar determinadas características, e qual o nível de concordância e
atratividade na percepção de seus diversos públicos.
As organizações se auto-apresentam externamente, utilizando-se dos processos e meios de
comunicação - jornais internos, discursos da alta administração, site, folhetos institucionais,
vídeos, programas institucionais, campanhas internas e externas, eventos - por intermédio dos
quais estabelecem os atributos que gostariam de realçar.
Empreendem esforços e recursos, visando um posicionamento coerente com sua identidade que
possibilite a construção de uma imagem positiva. Porém, essa é uma intenção que nem sempre
obtém as respostas esperadas por parte de seus públicos. Por exemplo, funcionários podem
considerar que a empresa não seja inovadora, e esta seja uma das características explicitada em
seu material de divulgação. Isso pode afetar diretamente suas atitudes e crenças em relação à
20
organização. Seguindo esse mesmo raciocínio, outros segmentos de públicos podem ter
expectativas diferentes ou reagirem contrariamente ao que a organização espera.
O outro estudo desta pesquisa é sobre a reputação organizacional, entendida como um conjunto
de significados em que a organização é identificada em seu todo, como resultado das interações,
sentimentos, crenças, experiências e impressões construídas pelos indivíduos. Constitui-se por
meio da consolidação das diversas imagens da organização, sustentada ao longo dos anos, nas
percepções de seus distintos stakeholders. A reputação deriva, em grande parte, da identidade
organizacional e, particularmente, de sua identidade projetada .
A relevância deste projeto para os estudos das áreas de administração e comunicação
organizacional podem ser sumarizados em alguns aspectos que justificam o interesse desta
pesquisa. Esse projeto será o primeiro, no Brasil, a adotar metodologias já consolidadas, nos
centros de estudos acadêmicos na Europa e Estados Unidos, sobre reputação e identidade como o
Quociente de Reputação (RQ); Percepção de Prestígio Externo (PEP); Identidade Projetada
(APOI), Identificação Organizacional (OID) e Comportamento de Envolvimento Institucional
(CEI) que se relacionam com os conceitos centrais desta pesquisa.
Os estudos sobre identidade, imagem e reputação vêem ampliando muito, nos últimos anos, como
podemos confirmar nas referências bibliográficas. No entanto, para o interesse específico desta
pesquisa, fizemos algumas escolhas que sustentam sua base teórica, representadas nos trabalhos
realizados pelos seguintes pesquisadores: Alvesson (1990, 1998); Ashforth e Mael, (1989);
Balmer e Wilson, (1998); Balmer e Greyser, (2003) ; Elstak e Van Riel (2004); Carroll e Van
Riel (2001); Cheney e Christensen (1999, 2003); Dowling (1986,1999, 2001); Dutton e Dukerich
(1991); Dutton, Dukerich e Harqual, (1994); Fombrun e Shanley (1990); Fombrun, Gardberg e
21
Sever, 2000; Gioia e Corley (2000); Smidts, Pruyn e Van Riel (2001); Berens e Van Riel (2004);
Grunig (2003); Schultz, Hatch e Larsen (2000); Fombrun (1996); Jonhson e Zinkhan (1990).
Acreditamos que a fundamentação teórica desta pesquisa poderá ser referência para futuras
pesquisas sobre identidade e reputação, conceitos estes reconhecidos como fundamentais nos
processos de gestão e comunicação organizacional. Além disso, essa pesquisa pretende fomentar
discussões com estudos brasileiros sobre cultura e identidade organizacional, e comunicação
organizacional, que embora tenham sido trabalhados com foco em outras perspectivas, ampliam
nossas possibilidades de diálogo, como os estudos de Rodrigues (1991); Carrieri (2001); Silva e
Nogueira (2000); Fleury e Fischer (1989); Caldas e Wood (1997); Kunsch (1997, 2003); Oliveira
(2002); Schuler (2004); Rodrigues, Carrieri e Luz (2003).
Na área gerencial, esperamos que as referências sobre os conceitos e formas de gerenciamento
da identidade projetada e reputação possam auxiliar as organizações na construção de
relacionamentos internos e externos mais consistentes, duradouros e valiosos para ambos os
lados.
Esta pesquisa consta de três partes. A primeira parte, de fundamentação teórica, é formada por
quatro capítulos. O capítulo 1 apresenta a pesquisa. O capítulo 2 discute o conceito de
identidade, a relação entre cultura e identidade, distinções entre identidade organizacional e
corporativa, os tipos de identidade e possibilidades de gerenciamento. Nesse capítulo são
descritos os conceitos e implicações da identidade projetada. O capítulo 3 analisa o conceito de
reputação organizacional, partindo dos estudos sobre construção de imagem até chegar ao
processo de gerenciamento e monitoramento. Contém, ainda, um estudo sobre o papel da
comunicação organizacional na construção e sustentação da reputação e a influência de crises
empresariais. O capítulo 4 direciona-se para uma análise do contexto das Escolas de Negócios;
22
no Brasil, mais especificamente, instituições com programas de especialização, MBAs, mestrados
e programas fechados de desenvolvimento gerencial. Inclui também estudos que descrevem como
as instituições na Europa, EUA e Brasil lidam com os impactos da divulgação de rankings,
considerados indicadores de reputação. Compreende também um histórico da Fundação Dom
Cabral e sua trajetória.
A segunda parte da tese, composta pelos capítulos 5 e 6, contempla a concepção do modelo de
pesquisa, as metodologias adotadas e os resultados de pesquisa. O capítulo 5 apresenta os
conceitos que sustentam a concepção do modelo de pesquisa e a metodologia adotada, os quais
foram desenvolvidos no Corporate Communication Centre, da Erasmus University, dirigido pelo
prof. Dr. Cees B. M. Van Riel. Apresentamos a seguir a figura que dá uma visão geral de como a
pesquisa será desenvolvida.
FIGURA1 – Modelo da Pesquisa
Serão realizados dois estudos, detalhados no capítulo da concepção do modelo (capítulo 5). Para
que se possa ter uma idéia geral, o estudo 1 terá como foco a percepção dos membros da
organização, ou seja, como eles vêem a percepção do prestígio externo da organização; qual o
23
grau de concordância e atratividade da identidade projetada; qual o grau de identificação com a
organização e como isso se reflete no comportamento de envolvimento com a instituição. O
estudo 2, terá como foco os stakeholders externos e consiste da análise de suas percepções sobre
a reputação da Fundação Dom Cabral e da avaliação do grau de concordância e atratividade da
identidade projetada.
O capítulo 6 apresenta os resultados da pesquisa empírica. Particularmente, mostra os resultados
das percepções dos públicos internos e externos sobre a reputação e identidade projetada da
organização, agregando os estudos que lhes são decorrentes - percepção de prestígio externo,
identificação organizacional e comportamento de envolvimento institucional. Nesse capítulo
faremos a análise dos dois estudos que se complementam para responder à questão sobre quais
são os impactos da identidade projetada sobre a reputação da organização na percepção dos
públicos interno e externo.
A terceira parte da tese (capítulo 7), inclui as conclusões, limites da pesquisa, implicações
teóricas e práticas e sugestões para estudos futuros.
24
2 A IDENTIDADE NAS ORGANIZAÇÕES
2.1 A arena organizacional: o “real” versus o “simbólico”
A crise do capitalismo no final dos anos 60 e início dos anos 70, a revolução da tecnologia, os
novos movimentos sociais foram decisivos para formar as bases das mudanças no atual cenário
sócio-econômico e cultural. As mudanças se impõem de forma marcante, significando rupturas,
imposição de novos conceitos, novas leituras e linguagens. São novos mundos que coexistem,
fragmentados e globais, justapostos ou superpostos, efêmeros e universais, estáveis e mutáveis,
reais e virtuais. Convivemos com as possibilidades, a construção e desconstrução dos sentidos, os
textos e hipertextos, o presente determinado pela antecipação do futuro, as representações e
simulacros, o dito e o não-dito.
É um tempo de opções: de unicidade e pluralismo; de combinação de tradições e inovações; de
deslocamento dos indivíduos em relação aos seus referenciais normativos; de carência de
modelos identificatórios; de fragmentação e simbolismos. E, com isso, os meios e as relações de
produção transformam-se cada vez mais culturais, ou seja, o modo de produção econômico está
tornando-se, cada vez mais, uma fonte de significados.
Uma das características importantes desse novo cenário, denominado contemporaneidade, é que
ele apaga as linhas divisórias entre o político-econômico, o social e o cultural, não existindo
nenhuma força que exerça o controle e dê forma e significado à sociedade. As fronteiras se
dissolvem, abrindo espaços para as teorias mais ecléticas, ao mesmo tempo em que, possibilitam
manifestações sintéticas e até mesmo sincréticas.
25
A globalização, responsável pela reconfiguração da economia no final do século passado, vem
afetando diretamente as teorias, os sistemas e os indivíduos, exigindo um novo comportamento
da sociedade. Além disso, com o crescimento dos múltiplos canais de comunicação e informação,
surgem novos tipos de inter-relacionamento e de indeterminação no mundo moderno. Informação
e conteúdo simbólico podem ser transmitidos simultaneamente a lugares diferentes, em tempo
real. E o poder se concentra, cada vez mais, nas redes de trocas de informações e símbolos, nas
relações que se estabelecem entre atores sociais e movimentos culturais.
O que estamos vivendo é uma revolução concentrada nas tecnologias da informação, que está
remodelando a base material da sociedade em ritmo acelerado. As redes globais de intercâmbios
instrumentais conectam e desconectam indivíduos, grupos, regiões e até países, de acordo com
seus objetivos processados, em um fluxo contínuo de decisões estratégicas. (CASTELLS, 1999).
Na nova sociedade, adquirir o controle sobre os fluxos de geração, processamento e distribuição
de informação, determina o poder da economia global, perpassando os limites impostos por
fronteiras sociais e culturais. Informação e conhecimento impõem mudanças no processo
produtivo, gerando uma efetiva reestruturação do capitalismo, levando ao crescimento de novas
formas de movimentos sociais e ao surgimento de diversos modelos organizacionais.
Analisando as mudanças que estão ocorrendo, parece clara a emergência de novas formas de
percepção da realidade, caracterizada pela complexidade e pela fragmentação. As mudanças em
curso têm provocado considerável impacto sobre as organizações; “antes sistemas relativamente
fechados, as organizações implodem e explodem, originando novas formas de divisão e
coordenação do trabalho e novas formas de relacionamento com o ambiente”.(WOOD JÚNIOR,
2001, p. 17).
26
A compreensão dessa nova cena organizacional, carregada de subjetividades, exige novos
conceitos, categorias e abordagens. Para Octávio (1996) quando um sistema social se põe em
movimento e se articula em uma vasta e complexa marcha, o signo por excelência da
modernização parece ser a comunicação. E, é dessa forma que os espaços organizacionais se
caracterizam como um movimento de contínua reinterpretação da realidade e das relações, a
partir de redes subjetivas criadas e recriadas por meio da troca de recursos e informações entre os
membros da organização e da sociedade. As redes organizacionais constituem estados instáveis
mantidos por ações simbólicas, cujos sistemas de significados (subjetividades) são
freqüentemente construídos e destruídos. (WOOD JÚNIOR, 2001).
De um modo geral estaríamos perante um simulacro funcional, onde todos os objetos estão
empenhados no compromisso fundamental de obter um significado, ou seja, conferir a si próprio
um sentido social. Esses objetos não são o lugar da satisfação de necessidade, mas sim o de um
trabalho simbólico, de consagração de um esforço, de uma realização ininterrupta, que visa
fornecer a prova contínua e tangível do valor social. (BAUDRILLARD, 1972).
Hoje, parecer é mais importante do que ter ou ser, e as organizações estão interferindo de forma
crescente e sutil na modelagem do imaginário e da subjetividade dos seus públicos. Elas precisam
mostrar àqueles que adquirem seus produtos e/ou serviços suas qualidades intrínsecas e
extrínsecas; aos acionistas uma performance mais favorável; aos ambientalistas ações efetivas;
aos empregados uma relação mais justa e democrática, enfim, elas procuram estabelecer relações
ao longo da vida que possam ser-lhes mais favoráveis.
Nesse sentido, a reputação, entendida como resultado de um processo de construção simbólica,
torna-se cada vez mais importante no cenário organizacional. Da mesma forma, valoriza-se o
entendimento de conceitos como cultura, identidade e imagem organizacionais, os quais
27
interagem e se inter-relacionam, como expressões sociais, num espaço de criação e renovação de
intercâmbio simbólico. Na trajetória da construção da reputação, iremos buscar compreender
alguns destes conceitos e suas interações.
2.2 A Relação entre Cultura e Identidade Organizacionais
Cultura nas organizações tem sido tema recorrente nos estudos de Teoria Organizacional, sendo
entendida como o conjunto de crenças, valores e significados concebidos, aprendidos e
compartilhados pelos membros de uma organização ou grupo. Tal conjunto propicia sentido e
permite a interpretação da realidade. (SILVA; NOGUEIRA, 2000). Complementando esse
conceito, pode-se afirmar que:
A cultura organizacional é concebida como um conjunto de valores e pressupostos
básicos expressos em elementos simbólicos, que em sua capacidade de ordenar, atribuir
significações, construir a identidade organizacional, tanto age como elemento de
comunicação e consenso, como oculta e instrumentaliza as relações de dominação.
(FLEURY, 1989, p.22).
Os estudos sobre cultura nas organizações, nos últimos anos, têm obtido avanços metodológicos e
teóricos significativos, destacando um interesse maior em três aspectos relevantes que são:1) um
maior entendimento do conceito no contexto organizacional; 2) maior clareza de aspectos
considerados como determinantes para o macro gerenciamento das organizações e 3) uma das
formas de entendimento das organizações através do uso da cultura como metáfora.
(ALVESSON, 1998).
Para o interesse específico desta pesquisa, o foco de análise da cultura se dará no nível de
significados, idéias e símbolos compartilhados, os quais são entendidos como elementos
significativos no processo de como as organizações operam. (ALVESSON, 1998).
28
A cultura organizacional contribui para que as pessoas entendam melhor o sistema social ao qual
pertencem, através de aspectos e práticas do dia-a-dia que definem e sustentam o que o indivíduo
ou particularmente um grupo de pessoas acredita como sendo importante, necessário e de valor.
(FIOL, 1991; FIOL; HUFF, 1992; SMIRCICH, 1983; FIOL et al., 1998). Por outro lado,
observar a linguagem e o comportamento de uma organização pode indicar como as pessoas se
auto-definem em relação ao sistema social mais amplo. Com isso, conclui-se que os preceitos
culturais do contexto institucional trazem em seu bojo conteúdos simbólicos compartilhados em
sociedade, que afetam a formulação e a manutenção da identidade organizacional.
Observa-se, por grande parte dos autores, que os estudos sobre identidade e cultura são inter-
relacionados e interdependentes, na medida em que um necessita do outro como fonte de
significados, de forma que, pelos estudos da identidade, enriquece-se o entendimento das culturas
e pelo estudo da cultura, compreendem-se as identidades. (RODRIGUES, 1996; ALVESSON,
1990; SILVA; NOGUEIRA, 2000; CARRIERI, 2001). Nesse sentido, “na busca por sua
identidade, na interação com o ambiente, os indivíduos, grupos e organizações são induzidos a
introjetarem símbolos, valores, signos, mitos e histórias que vão confirmando ou reforçando uma
cultura e uma identidade”. (CARRIERI, 2001, p.76).
Entender a identidade pode ser uma maneira de construir sentido sobre o que constitui a cultura
nas organizações, uma vez que a identidade reflete como a organização constrói significado sobre
si mesma, o que representa manifestações visíveis da própria cultura. (SCHULTZ et al., 2000). E,
por sua vez, a cultura, através dos mitos, ritos, estórias e visões de mundo, proporciona as bases
para a construção das identidades. (ALVESSON, 1994).
Esta construção de significados responde à questão de “como nos definimos enquanto
organização”, sendo diretamente influenciada por nossas atividades e crenças que são
29
interpretadas através de valores e pressupostos culturais. Fica claro nesse sentido o papel da
identidade: contribuir com o material simbólico que nos permite construir o sentidos sobre o que
é a organização. (BOUCHIKHI; FIOL; GIOIA et al., 1998).
A identidade, sendo clara, contribui para dar sentido à cultura e para dar significado à própria
organização. E esse processo recebe influência não apenas dos membros organizacionais, mas de
outros grupos de relacionamentos da organização, o que num certo sentido, distingue-se da
cultura, que recebe uma influência maior interna. A cultura também sofre influência da
identidade e, se a identidade muda, a cultura também pode ser alterada. (CARRIERI, 2001;
GIOIA; THOMAS, 1996; FIOL et al., 1998).
Contribuindo com essa perspectiva, Fiol et al. (1998), reforçam que a diferença entre identidade e
cultura surge a partir da perspectiva e não do nível de análise, uma vez que identidade existe em
vários níveis e cada nível é definido em relação à cultura ou sistema social que a apoia. Se, por
um lado a cultura fornece o sistema de regras que define o sistema social, a identidade fornece o
contexto para o entendimento destas regras e posiciona os indivíduos em relação ao sistema
social mais amplo.
Para Rindova e Schultz (1998), o conceito de identidade é mais acessível e mais explícito do que
os pressupostos que definem a cultura nas organizações, os quais, por sua vez, são mais tácitos.
Entretanto, as autoras reconhecem que alguns aspectos da identidade podem ser mais profundos
do que determinados níveis tácitos da cultura, da mesma forma que alguns aspectos da cultura
podem ser explícitos como artefatos, princípios e definição de valores. De acordo com Silva e
Nogueira (2000), ao mesmo tempo em que os valores e as crenças podem se expressar pelos
artefatos, estes, por sua vez, podem estar sendo interpretados de modo a inculcar valores e
crenças que se tornarão seus futuros mantenedores. Assim é que os artefatos e as normas são
30
usados pelos membros de uma cultura para expressar sua identidade e para formular e perseguir
seus propósitos.
Outra importante questão são as formas de análises de cultura e identidade, que são distintas e
ocorrem em vários níveis. Por exemplo, uma das formas de análise de cultura se dá pelo
entendimento de como a organização utiliza e preserva sistemas interpretativos, ou seja, parte do
contexto que constrói significados sobre suas atividades. A análise da identidade, por sua vez,
tenta entender como os símbolos e valores organizacionais, em conjunto com influências
externas, são utilizados como recursos na construção da identidade e como esta deve ser
projetada externamente. (HATCH; SCHULTZ, 2000).
Estes argumentos nos levam a refletir que, se por um lado essa ambigüidade contribui para
estreitar os laços dos estudos de ambos os conceitos, por outro lado, em certo sentido, embaça a
tentativa de uma distinção, que muitas vezes o pesquisador tenta fazer em suas análises.
2.3 Os Estudos sobre Identidade nas Organizações
Os estudos sobre identidade apresentam-se em diferentes níveis de análise – o nível pessoal
(particularmente nos campos da psicologia social, interacionismo simbólico e psicodinâmica),
social (principalmente na teoria da identidade social e as várias perspectivas de gênero, raça,
etnia e nacionalidade) e, mais recentemente, o das organizações. (ASFORTH; MAEL, 1989).
De acordo com Machado e Kopittke (2002) a identidade pessoal está ligada a uma construção
individual do conceito de si, enquanto que a identidade social trata do conceito de si a partir da
vinculação da pessoa a grupos sociais. Todas essas formas estabelecidas estão embasadas no
31
comportamento de indivíduos ou grupos. Mesmo a identidade organizacional só pode ser
explicada a partir do comportamento humano nas organizações.
Nas ciências sociais, alguns autores, que trabalham com o conceito de identidade, a consideram
como um processo fenomenológico e seus argumentos convergem para uma definição da
identidade vista como um processo de construção, formado e sustentado através de interações
sociais. (GIOIA, 1998).
A principal base teórica destes estudos é a Teoria Social da Identidade em que os indivíduos
tendem a classificar a si próprios e aos outros em categorias sociais. Nessa teoria, a maneira pela
qual o indivíduo é definido por outros influencia sua auto-identidade de alguma forma e tem
efeitos em seus próprios méritos para associação ao grupo. (NKOMO; COX JÚNIOR., 1998).
Ou seja, as pessoas tendem a se classificar em várias categorias sociais: como membros de uma
empresa, afiliadas a uma associação, membros de uma religião, de uma raça, de um gênero, de
um grupo de idade, de um país, e essa classificação, permite ao indivíduo se localizar ou definir a
si mesmo como parte do ambiente social. (TAJFEL; TURNER, 1985; ASHFORTH; MAEL,
1989). Da mesma forma, em sua relação com a organização, o indivíduo constrói a identidade
não apenas da organização, mas de um determinado grupo de trabalho, de uma unidade,
departamento, de um grupo da mesma idade, de pequenos grupos com características próprias.
(ASHFORTH; MAEL, 1989).
Na verdade, identidade é fundamentalmente um conceito relacional e comparativo considerando
que os indivíduos aprendem a classificar a si próprios através de interações pessoais e simbólicas
com outros, num processo construído socialmente. (TAJFEL; TURNER, 1985; GIOIA, 1998).
32
Embora as raízes dos estudos sobre identidade nas organizações tenha partido da Teoria da
Identidade Social, em sua grande maioria, foram construídos dentro de duas perspectivas
distintas: identidade corporativa e organizacional. Os estudos sobre identidade corporativa
surgiram no campo do marketing e sobre identidade organizacional se originaram no campo dos
estudos organizacionais. Além disso, contaram também com contribuições dos campos de
estratégia e comunicação.(HATCH; SCHULTZ, 2000). Ambos os conceitos, corporativo e
organizacional, incluem análises em vários níveis e tratam de características e comportamentos
das organizações e de seus membros.(GIOIA et al., 2000).
Identidade, como a maioria dos conceitos em estudos organizacionais, incorpora uma noção
relacional, uma vez que há várias ramificações e diferentes abordagens, além de interagir com
uma rede de outros conceitos como cultura, imagem, reputação, comportamento, símbolos e
construção de sentidos.
2.4 Abordagens dos conceitos de identidade
A dificuldade para integrar os conceitos de identidade corporativa e organizacional deve-se em
parte ao fato dos estudos se originarem em campos distintos e de utilizarem diferentes discursos.
Mas, para alguns pesquisadores atuais, os conceitos de identidade corporativa e organizacional,
embora partam de discussões de perspectivas diferentes, não representam fenômenos distintos.
(HATCH; SCHULTZ, 1997, 2000; VAN RIEL; BALMER, 1997; RINDOVA; SCHULTZ,
1998).
Hatch e Schultz (2000) argumentam que, ao invés de escolhermos entre identidade corporativa e
organizacional, deveríamos utilizar ambos os conceitos, agregando todas as contribuições das
33
disciplinas que permitam uma análise da identidade nas organizações. Além disso, para as
autoras, devemos sempre pesquisar a identidade considerando o interesse de todos os
stakeholders.
Se é importante compreender a identidade nas organizações como um só fenômeno, também é
necessário reconhecer alguns pontos que definem e marcam ambos os conceitos, corporativo e
organizacional, para que estas distinções sirvam como referência nas análises.
O conceito de identidade corporativa envolve a comunicação formal e os símbolos, geralmente
definidos pela alta administração e o de identidade organizacional, por sua vez, responde a
pergunta “quem somos”, por meio das crenças e valores compartilhados pela maioria dos
membros da organização. Em geral, esta expressa-se mais pela comunicação informal,
declarações e estórias que revelam a organização. Comparando ambas, a identidade corporativa é
mais articulada e planejada do que a identidade organizacional que é mais percepção e reação dos
membros da organização.
Outro ponto a ser considerado e que mostra as diferenças entre elas é que a identidade
corporativa utiliza-se de um processo mediático, através dos meios de comunicação formais
(televisão, jornais, revistas, vídeos, homepage) direcionados aos diversos stakeholders. A
identidade organizacional, por sua vez, é concebida por meio de um processo de comunicação
interpessoal entre os membros da organização, resultado das experiências do dia-a-dia, construída
pelo comportamento e pela linguagem. Entretanto, a organização não consegue separar o acesso
que ambos os públicos, externos e internos, têm aos diversos meios, o que traz como
conseqüência um compartilhamento das mensagens. (HATCH; SCHULTZ, 2000; GIOIA, 1998;
BOUCHIKHI et al., 1998).
34
Esta pesquisa irá considerar ambos os conceitos, reconhecendo que se trata de apenas um
fenômeno, embora possa ser observado e analisado em apenas uma ou ambas perspectivas. A
seguir, serão abordados os conceitos de identidade organizacional e corporativa.
2.4.1 Identidade Organizacional
Os estudos sobre identidade nas organizações, na sua grande maioria, foram construídos a partir
da Teoria Social da Identidade, com os trabalhos de Albert e Whetten (1985, p.264) que definem
a identidade organizacional como “uma questão de auto-reflexão: quem somos enquanto
organização” .
Para os autores, identidade nas organizações tem como base três características: a centralidade, a
distintividade
3
e a permanência. Nesse sentido, identidade organizacional é o que é considerado
pelos empregados como a essência da organização; o que faz a organização se distinguir de
outras e o que é percebido como estável ao longo do tempo, ou seja, o que faz a ligação entre o
presente e passado e, provavelmente, o futuro.
A primeira característica tem como foco os atributos fundamentais que representam o que a
organização é, seus objetivos e missão. (BARNEY; STEWART, 2000). Asforth e Mael (1996)
referem-se à característica do que é central como um sistema interno de crenças, valores e normas
que constrói o sentido para os empregados sobre o que é a organização e direciona suas ações. É
também denominado como sendo o DNA da organização. A segunda característica,
distintividade, define sua individualidade separando-a do todo, diferenciando-a do grupo,
3
Distintividade, embora ainda não seja abonada pelos dicionários Aurélio e Houaiss, foi adotada nesta tese como
tradução da palavra inglesa distinctiveness, entendida como algo que além de distinguir uma coisa ou pessoa de
outra, é algo que tem ou dá estilo ou distinção. Demonstra individualidade, particularidade, singularidade.
35
promovendo-lhe uma única identidade. (ASFORTH; MAEL, 1989). A distinção é sempre
utilizada pelos empregados para demarcar e sustentar determinadas bandeiras (ASFORTH;
MAEL, 1996). A característica de permanência enfatiza a longevidade da identidade
organizacional, ou seja, os atributos que são mantidos ao longo do tempo sem se modificarem.
Nesse ponto específico, Gioia et al. (2000) discordam da noção da identidade como algo estável e
permanente ao longo do tempo. Eles concordam com os autores citados de que a identidade é a
representação do que os membros da organização consideram que seja a organização. No entanto,
eles questionam estas representações alegando que são variáveis e sofrem interferências do
ambiente.
Pratt e Foreman (2000) acrescentam que as organizações podem ter múltiplas identidades quando
há concepções diferentes sobre o que é central, distintivo e permanente. Da mesma forma que
psicólogos e sociólogos afirmam que o indivíduo tem múltiplas identidades, as organizações têm
sido concebidas como tendo vários “eus”. (PRATT; FOREMAN, 2000; ASFORTH; MAEL,
1996; ELSBACH; KRAMER, 1996).
Gioia et al. (2000), concordam com os autores citados, ao afirmarem que não há uma identidade,
mas várias identidades em uma mesma organização, da mesma forma que não há uma única
cultura, mas várias. Eles reforçam seus argumentos analisando algumas características que
marcam as organizações nos dias atuais, ressaltando o papel que grandes mudanças como
implementação de novas tecnologias, fusões, aquisições, parcerias exercem sobre as mesmas.
Destacam em suas pesquisas como a identidade pode e precisa sofrer adaptabilidade para
sobreviver no ambiente empresarial atual.
Silva e Vergara (2002), neste mesmo enfoque, apontam que as organizações estão sujeitas à
ocorrência cada vez mais freqüente de situações de mudança organizacional, o que tem levado a
36
administração a interessar-se pela questão da identidade nos últimos tempos, considerando que as
mudanças interferem profundamente nas identidades das pessoas, afetando o modo pelo qual os
indivíduos percebem o contexto de suas relações nas organizações. Os autores enfatizam que as
grandes reestruturações organizacionais, por exemplo, tendem a ser uma fonte de mobilização
das identidades dos indivíduos, na medida em que afetam diferentes dimensões de sua relação
com o trabalho e com a organização.
Para as organizações atuais, que vivem em um mundo dominado por mudanças em seu ambiente,
esta questão se torna delicada, colocando em foco como manter o equilíbrio entre o que é estável
e o que é fluido. A organização tem que saber lidar com a mudança, mantendo as características
que determinam o núcleo da identidade. (GIOIA, 1998; SILVA; VERGARA, 2002).
Van Riel (2003), num certo sentido, engloba as definições anteriores afirmando que identidade é
a coleção de atributos vistos como específicos daquela organização por seus membros. E, nesse
sentido, a identidade não é necessariamente comum a todos os membros da organização, mas sim
mantida por grupos específicos. Hall (1992) enfatiza que a identidade não é estável ou fixa, mas
social e historicamente construída, estando sujeita a contradições, revisões e mudanças. Dentro
dessa mesma visão, outros autores, enfatizam que a identidade reside em grupos de indivíduos
assim como papéis, símbolos, políticas, regras e procedimentos. (PRATT; FOREMAN, 2000;
ASFORTH; MAEL, 1996; DUTTON; DUKERICH, 1991).
Dentro de outra perspectiva, alguns autores vêem trabalhando com o atributo de singularidade,
referindo-se a uma só organização, com uma única identidade, mesmo que seja múltipla,
fragmentada ou contraditória. (HATCH; SCHULTZ, 2000; GIOIA; THOMAS, 1996; GIOIA et
al., 2000). Essa abordagem, no entanto, não contradiz a anterior. Na verdade reforça os
argumentos de que a identidade de uma organização não pode ser entendida ou analisada como
37
sendo algo homogêneo e consensado pelos membros da organização. Ela é uma única identidade
por se tratar de uma só organização, mas é vista, vivida e praticada por indivíduos com
percepções, visões e perspectivas distintas, que vão construindo seus significados e
(re)significando-os num ambiente cultural exposto às influências sócio-econômicas e políticas.
Sintetizando, podemos afirmar que há uma convergência na maior parte dos estudos sobre
identidade organizacional, referindo-se a como os membros da organização percebem e entendem
“quem somos como organização” (HATCH; SCHULTZ, 2000, p.15). Nesse sentido, a identidade
de uma organização é resultante de uma representação compartilhada pelos membros da
organização. (SILVA; NOGUEIRA; HATCH; SCHULTZ, 2000).
2.4.2 Identidade Corporativa
Van Riel e Balmer (1997) argumentam que há diferentes e divergentes visões na literatura sobre
o que significa identidade corporativa. De acordo com van Rekom (1998, p.4) “não apenas as
definições do conceito sobre identidade corporativa variam enormemente, mas também os pontos
básicos pelos quais os autores constroem as abordagens sobre esse tema são divergentes”.
Balmer e Wilson (1998) enfatizam que a grande diversidade dos estudos acadêmicos se deve
inicialmente a interdisciplinaridade deste campo de estudo. Pode-se ver essa distinção na própria
definição de seu conceito. Para Moingeon e Ramanantsoa (1997) identidade corporativa significa
as características que representam o todo da organização e lhe dão especificidade, estabilidade,
coerência ao mesmo tempo em que a torna identificável.
Outro autor já define a identidade corporativa como a personalidade e alma da organização (LEE,
1983). Em outra abordagem, significa os símbolos e nomenclaturas utilizadas para identificar a
38
organização, como seu nome, logotipo, slogan. (DOWLING, 1986). Kunsch (2003), por sua vez,
destaca que a identidade não pode se resumir à apresentação visual e à publicidade, pois se trata
de algo mais complexo, depende de vários fatores e de diversas percepções para se criar uma
personalidade diferenciada e coerentemente reconhecida pelos diversos públicos.
Embora não haja um consenso na literatura sobre o que é a identidade corporativa, grande parte
dos autores, foca suas análises na noção de que uma organização tem uma essência que a
distingue de outras e como esta deve ser representada e comunicada a diferentes públicos.
(ABRATT, 1989; MARGULIES, 1977; OLINS, 1989; FOMBRUN, 1996, ALVESSON, 1990;
VAN RIEL; BALMER, 1997).
Da mesma forma que os pesquisadores a vêem de forma distinta, também os executivos não têm
clareza de seu conceito. Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa MORI - Market and
Opinion Research International-, com gerentes de empresas de diversos países, revelou uma
imensa variedade de visões sobre o que é a identidade corporativa. Por exemplo, enquanto 44%
dos gerentes na Inglaterra consideram identidade corporativa como a apresentação visual e o
logotipo da empresa e 4% a considera como uma expressão da cultura, valores e filosofia da
organização; 40% dos alemães, por sua vez, consideram-na como a expressão da cultura e
filosofia empresarial e 33% como representação visual e logotipo. (VAN RIEL, 1995).
Um outro ponto que também gera controvérsia são os elementos que compõem a identidade
(BAKER; BALMER, 1997). O pesquisador italiano, Gagliardi (1990), por exemplo, destaca os
símbolos como parte da identidade, adotando o sentido mais amplo da palavra, incluindo desde a
arquitetura até os uniformes, e também símbolos implícitos tais como linguagem e
comportamento.
39
Olins (1989), por sua vez, afirma que tudo que a organização faz contribui para a formação de
sua identidade. Para o autor, a identidade corporativa engloba quatro grandes áreas: produtos e
serviços; ambiente (considerando o espaço físico); informação e comportamento. Segundo ele, os
produtos e serviços projetam os valores da empresa; o tipo de prédio, a localização da empresa e
móveis representam manifestações da identidade e todo material de comunicação tem
características precisas e claras do que a organização objetiva.
Hatch e Schultz (2000) acrescentam outros elementos a estes argumentos, dizendo que nos
últimos anos, som, cheiro e toque estão incluídos no mix da identidade. Reforçando este ponto de
vista, Schmitt e Simonson (1997) afirmam que o cheiro das lojas da Body Shop, empresa inglesa
de produtos de beleza, fazem parte da sua identidade.
Um outro aspecto considerado como parte da identidade é o comportamento dos empregados;
como estes agem com os diversos públicos da empresa, no dia-a-dia. Pode-se constatar que há
manifestações visíveis e não visíveis da identidade. Mais especificamente, a identidade “dá a
visão de que as ações da empresa representam um todo: como ela se comporta, como ela diz, o
que diz, como trata as pessoas, o que ela faz, como vende seus produtos, tudo faz parte de uma só
empresa e tudo gera um efeito”. (OLINS, 1989, p. 9)
Complementando, Birkigt e Stadler (1986) citado por Van Riel (2003) destacam que a identidade
corporativa inclui comportamento, comunicação e símbolos visuais. Por sua vez, Schmidt (1995)
afirma que o mix de identidade engloba cultura corporativa, comportamento corporativo,
mercado, estratégia, produtos e serviços, comunicação e design.
Numa outra visão, Balmer e Soenen (1998) a vêem composta por mente, alma e vozes. A mente
consiste na visão gerencial, filosofia corporativa, estratégia, performance, arquitetura da marca e
estória organizacional. A alma é formada pelos elementos subjetivos como valores, as diversas
40
culturas, relações dos empregados e imagem interna. A voz representa a comunicação
corporativa, que inclui a comunicação formal e informal, os símbolos, o comportamento dos
empregados, e o que o autor denomina de comunicação indireta, que trata especificamente da
comunicação externa e sobre a qual a empresa não tem controle.
Para Van Riel (2003) há três elementos que englobam o mix da identidade corporativa:
comportamento, comunicação e símbolos. Através desses elementos a organização cria sua auto-
apresentação e seus públicos tomam consciência dos atributos relevantes da organização, como
descrito a seguir:
Comportamento
Para o autor, o comportamento da empresa é o meio mais efetivo através do qual a identidade
corporativa é criada, pois é através dele que os públicos podem julgar as ações da empresa.
Afirma também que é possível destacar características específicas do comportamento empresarial
através do processo de comunicação e do uso de símbolos.
Comunicação
A comunicação, por sua vez, é um elemento mais flexível, através do qual a empresa pode
escolher e direcionar as mensagens a serem transmitidas a cada segmento de público. Por outro
lado, se as mensagens não forem coerentes e consistentes com seu comportamento isso pode
gerar falhas na percepção de seus stakeholders. Num certo sentido, o processo de comunicação
faz as escolhas das características da identidade organizacional e as traduz para os stakeholders
internos e externos. Complementando estes argumentos Abratt (1989) ressalta que a coordenação
e consistência das mensagens (sejam estas formais, informais ou através de comportamentos)
41
resultam das atividades tanto operacionais quanto administrativas da empresa. E, para que as
mensagens sejam eficazes é necessário assegurar-se de que incorporem a filosofia e valores da
organização, sendo compartilhadas tanto pelos empregados operacionais quanto pelo nível
gerencial. (MELEWAR; JENKINS, 2002).
Símbolos
Os símbolos de uma organização consistem de imagens – fotografias, ilustrações, material
gráfico, marcas, logotipos – que de certa forma apóiam e dão suporte às ações e ao processo de
comunicação. Possuem significados específicos; são poderosos por atraírem a atenção para o
processo de comunicação; necessitam harmonizar- se com outras formas de expressão da
identidade corporativa e devem ter indicações implícitas sobre o que a empresa acredita. Além
disso, a identidade visual mantém importantes aspectos da identidade corporativa, sendo que o
nome e o estilo visual muitas vezes podem ser importantes para fazer com que a organização se
posicione como única, dando-lhe a característica de distintividade em relação a outras
organizações. (VAN RIEL, 2003).
Como destacam alguns autores, na identidade corporativa, o símbolo tem seu valor pelo que ele
representa e não como símbolo por si só (BERNSTEIN, 1984; DOWLING, 1986; MELEWAR et
al., 2000). Nesse sentido, ele deve incluir as tradições, os mitos, as estórias, metáforas e ritos que
podem ser direcionados conscientemente para produzir determinados efeitos.
A identidade corporativa pode contribuir também para um maior entendimento de como se
estabelece a relação da organização com suas unidades, subsidiárias, produtos e marcas. Para
Olins (1989) a identidade corporativa pode ser dividida em três categorias: monolítica, de
endosso e de marca.
42
A empresa que adota a categoria monolítica, utiliza o mesmo símbolo, em todos os locais e
produtos e pode ser reconhecida instantaneamente. Como exemplo, podemos citar a Shell,
Phillips, BMW, IBM. As empresas que adotam a categoria de endosso, em geral, são grandes
grupos, com diversas atividades e/ou organizações, que adotam a marca da empresa “mãe” para
dar sustentação as outras. Ou seja, as empresas subsidiárias ou atividades tem sua própria marca e
seu próprio estilo, e a empresa “mãe” pode ser reconhecida por trás da individualidade de cada
uma. Nesse sentido, as atividades ou empresas mantêm sua individualidade, cultura, tradição e/ou
marca. Como exemplo, empresas como General Motors, L’Oreal. No caso de identidade de
marca, ocorre o inverso. A empresa opera com diversas marcas e a empresa “mãe” não é
reconhecida. Como exemplo, a Procter e Gamble que adota nomes diferentes para suas unidades
de negócios e para seus produtos. (OLINS, 1989; VAN RIEL, 2003).
Observa-se que estas três categorias da identidade corporativa estão diretamente associadas às
estratégias organizacionais e a seus posicionamentos externos.
Para Bressan (2001), do ponto de vista dos públicos externos, uma identidade coerente acaba se
tornando um fator diferencial. Num mercado com produtos e serviços cada vez mais similares,
comercializados de maneiras semelhantes e com preços equivalentes, a identidade da organização
pode se tornar um fator importante na mente dos seus públicos. Os indivíduos se defrontam com
a necessidade de escolha entre uma e outra organização e entre produtos e serviços similares.
Essa escolha se baseia “em fatores difíceis de serem quantificados como a identidade da
corporação percebida através da sua imagem.” (BRESSAN, 2001, p.54). Do ponto de vista
interno, os empregados precisam ter a compreensão clara do que é a organização e de seu
negócio.
Alguns autores distinguem o tipo de identidade, como pode se ver a seguir.
43
2.5 Tipos de Identidade
Nos últimos dez anos, Balmer, em conjunto com outros pesquisadores (1997, 1998, 2000, 2003)
através de vários estudos comprovou a impossibilidade de se ter uma única definição do conceito
de identidade, porque esta sempre depende do ângulo pelo qual é analisada. Segundo seus
estudos em empresas americanas e inglesas, há cinco tipos de identidade em qualquer empresa:
identidade atual, comunicada, percebida, ideal e desejada.
A Identidade Atual constitui-se dos atributos atuais da organização, moldados a partir do estilo de
liderança, estrutura organizacional, tipo de negócio, tipo de mercado, produtos e serviços,
desempenho organizacional. Todos estes atributos são envolvidos pelo conjunto de valores
sustentados pelos gerentes e empregados.
A Identidade Comunicada é claramente revelada através do processo de comunicação sobre o
qual a empresa tem controle, como sua propaganda, ações de relações públicas, patrocínios etc.
Já a Identidade Concebida refere-se aos conceitos perceptíveis como imagem corporativa,
reputação corporativa e marca corporativa, sustentados por stakeholders relevantes. O quarto
tipo, a Identidade Ideal, trata sobre o melhor posicionamento da organização no mercado em
determinado tempo. Baseia-se no planejamento estratégico, competências organizacionais e
contexto do negócio. A identidade ideal está sujeita a flutuações decorrentes de fatores externos,
como, por exemplo, as conseqüências da catástrofe de Chernobyl - que afetou todo setor
industrial nuclear - e o ataque ao World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, que afetou
vários setores industriais como transporte, turismo, sistemas de segurança, etc.
44
E o último tipo, Identidade Desejada, está nos corações e mentes da alta administração, na visão
que ela têm da organização. Embora alguns a considerem igual à identidade ideal, elas vêm de
diferentes fontes. A identidade ideal, geralmente, é formada após um período de pesquisas e
análises. A identidade desejada surge mais dos egos e personalidades do que de uma informação
racional.
Estas múltiplas identidades podem co-existir confortavelmente numa mesma organização, desde
que as diferenças não sejam grandes. Por outro lado, a falta de alinhamento entre duas ou mais
identidades geram dissonâncias que podem enfraquecer a organização.
Van Riel (2003), por sua vez, descreve quatro tipos de identidade: percebida; projetada;
desejada e aplicada. A seguir estão descritos os quatro tipos:
1. A identidade percebida significa a coleção de atributos vistos como típicos pelos membros da
organização: o que constitui a essência da organização, o que a distingue de outras e o que
permanece ao longo dos anos.
2. A identidade projetada é a auto-apresentação da organização, ou seja, como a organização
divulga seus atributos-chave a seus públicos internos e externos através da comunicação e de
seus símbolos.
3. A identidade desejada é a “figura dos sonhos” da alta administração, o que ela acredita que a
organização deveria inferir a partir de sua liderança.
4. A identidade aplicada consiste nos sinais emitidos através do comportamento dos membros
da organização, transmitidos conscientemente ou inconscientemente a todos os níveis da
organização.
45
Para delinear o marco desta pesquisa, o foco de análise se dará especificamente na identidade
projetada.
2.5.1 Identidade Projetada
Como descrito anteriormente, o conceito de identidade projetada é entendido como sendo os
sinais explícitos e implícitos pelos quais a organização expressa seus atributos-chave a seus
stakeholders internos e externos através da comunicação e seus símbolos. (VAN RIEL, 2003).
Em outras palavras, a identidade projetada é formulada e divulgada pela alta gerência utilizando
os canais de comunicação e técnicas de gerenciamento de impressões com o intuito de criar a
identidade coletiva da organização. (DUTTON et al., 1994; ELSTAK; VAN RIEL, 2004). Ela se
expressa através da comunicação corporativa, considerada um instrumento gerencial pelo qual a
empresa conscientemente utiliza todas as formas de comunicação para criar uma base de
relacionamento favorável com os grupos de seu interesse. (VAN RIEL, 1995).
No entanto, o processo de comunicação nem sempre é controlado. Kunsch (2003) destaca que as
organizações, como fonte de informações, não devem ter a ilusão de que seus atos comunicativos
produzam os efeitos desejados. Acrescentando, Balmer e Soenen (1998) destacam que a
comunicação informal, sem planejamento e sem “autoridade” é também uma forma de
comunicação que se estabelece na relação da organização com seus stakeholders. Além disso, o
processo de comunicação está diretamente relacionado com a visão e estratégias organizacionais,
que, de certa forma, são a base filosófica que permeia este processo.
Na verdade, os autores citados reconhecem que a comunicação, como processo social, envolve a
participação de diversos atores sociais (nesse caso específico, organização e seus stakeholders)
46
que desenvolvem suas próprias ações e estratégias informacionais. Nesse sentido, “um grupo
social negocia a recepção a partir de sua própria cultura, com o que ela tem de memória social
específica, de conhecimentos armazenados, de expectativas e de recursos simbólicos”. (MIÉGE,
2000, p.85).
Em síntese, o espaço da construção da identidade projetada é um espaço de negociação entre
empresa e seus stakeholders que se consolida a partir de sua legitimação. Estes aspectos
justificam a necessidade de reduzir as possíveis divergências entre a identidade projetada e a
identidade percebida e, como afirmam Christensen e Cheney (2000, p.232) “se há divergência
entre a identidade percebida e a identidade projetada, é difícil para a organização demonstrar um
sentido de auto-coerência, o que é essencial para se obter legitimidade e confiança, interna e
externa”. Além disso, a percepção da audiência externa também é influenciada pela percepção
dos membros internos da organização (ELSTAK; VAN RIEL, 2004).
A atribuição de legitimidade reflete a percepção de congruência entre os comportamentos e
crenças da organização, ou seja, representa uma percepção generalizada do comportamento
organizacional, se este está de acordo com definições compartilhadas de sua cultura sobre o que é
adequado. (SCOTT; LANE, 2000). Ainda, enfatizando a importância deste alinhamento, Dutton
et al. (1994) definem identidade, no nível do indivíduo, como a imagem cognitiva da organização
sustentada pelo empregado, e esta pode intensificar a auto-estima individual quanto mais for
percebida como legítima.
Como se vê, são vários os argumentos de que a consistência entre identidade percebida e
identidade projetada afeta o comportamento tanto dos membros internos quanto dos stakeholders
externos em relação à organização (CHRISTENSEN; CHENEY, 2000; CORLEY; GIOIA, 2000;
FOREMAN; WHETTEN, 2002; ELSTAK; VAN RIEL, 2004) e, conseqüentemente, o
47
entendimento destas percepções pode ser um indicativo para que as organizações direcionem
melhor seus posicionamentos de comunicação.
Quando as crenças sobre os atributos da organização são amplamente aceitas pelos públicos
externos, estas se tornam verdades. (SCOOT; LANE, 2000). Como exemplo, a empresa 3M é
considerada pela população em geral como uma organização inovadora. Nesse caso específico, a
identidade se torna imagem na mente dos públicos externos, da mesma forma que é reforçada na
mente dos gerentes e demais empregados. Esse é um processo dinâmico, recíproco e interativo
em sua natureza e envolve o modo como a organização projeta seus atributos-chave. A definição
dos atributos-chave parte da auto-reflexão feita pela maioria dos membros internos sobre o que
é a essência da organização, quais as características que a tornam única, e a distinguem de outras
do mesmo setor. A identidade constrói os elementos de sua auto-apresentação que, por sua vez,
transformam-se em imagem a partir da interpretação das audiências externas.
Nesse sentido, pode-se constatar que a identidade projetada exerce uma influência na identidade
percebida, o que significa que os membros da organização incorporam atributos corporativos que
são amplamente aceitos e considerados como ‘verdadeiros’ externamente. Ou seja, mesmo sendo
a identidade projetada uma escolha da alta gerência, os membros da organização podem assimilá-
la e incorporá-la no dia-a-dia da vida organizacional. (ELSTAK; VAN RIEL, 2004).
Uma outra discussão trata da relação da identidade projetada com a identidade corporativa.
Embora ambos os conceitos estejam alinhados, o foco da identidade corporativa está nos
elementos visuais que a representam e, a identidade projetada, refere-se aos atributos que
traduzem o que é a essência da organização, a distinguem de outra e permanecem ao longo dos
anos, na percepção gerencial. (ELSTAK; VAN RIEL, 2004; DUTTON et al., 1994).
48
Neste projeto, o conceito de identidade projetada é mais amplo do que identidade corporativa.
Entende-se que a identidade projetada inclui a identidade corporativa, considerada como a
tradução visual do que é a organização, mas também incorpora todo o discurso da alta gerência,
sobre o que é a organização, que pode ser expresso através de folhetos institucionais, cdrom,
homepage, jornais e/ou revistas internos, palestras, intranet, matérias veiculadas na imprensa,
anúncios, campanhas promocionais e institucionais dentre os vários meios e ações de
comunicação adotados pela organização como forma de se posicionar interna e externamente.
Esta pesquisa fará uma comparação entre a percepção da alta administração sobre “o que é a
organização” e o grau de concordância dos empregados e stakeholders externos com o que é
projetado.
Outro aspecto apresentado nos estudos tem sido a discussão sobre o gerenciamento da
identidade.
2.6 Gerenciamento da Identidade
Alguns autores têm mensurado os benefícios de um adequado gerenciamento da identidade e
outros têm focado seus estudos no processo de sua construção (BALMER, 1998). Em vários
trabalhos, uma questão recorrente tem sido “como a identidade pode ser gerenciada”. Mais
especificamente, o foco principal tem sido na análise sob que condições a identidade pode ser
ressaltada, direcionada ou modificada e qual é o papel da alta administração e dos membros da
organização.
49
Como a identidade pode ser ressaltada, significa como reforçar determinados atributos;
direcionada, como conduzi-la em determinada direção; modificá-la implica em fazer mudanças.
Alguns resultados de pesquisas sobre gerenciamento da identidade estão sumarizados a seguir:
1. Pesquisadores sobre identidade assumem que tanto os indivíduos quanto as organizações
podem alterar suas identidades e, além disso, o relacionamento entre as identidades dos
indivíduos e a identidade da organização, é recíproco - tanto a identidade organizacional
pode influenciar o comportamento individual como o comportamento individual pode
influenciar a identidade organizacional. (PRATT; FOREMAN, 2000; DUTTON;
DUKERICH, 1991).
2. A alta administração pode exercer um papel significativo no gerenciamento da identidade,
transmitindo de forma precisa, suas crenças aos membros da organização. (PRATT;
FOREMAN, 2000). Sob essa questão, Abratt (1989) sugere que a alta administração precisa
entender o que é a empresa, a que propósito ela serve e quais são suas crenças e agir de forma
coerente. Outros estudos mostram que a identidade organizacional é inseparável de seu
fundador ou fundadores, como mostram os exemplos da empresa British Broadcasting
Corporation (BBC) em que a personalidade de seu fundador, Lord Reith, permeia toda a
organização; da IBM em que o presidente Thomas J. Watson deu à empresa o caráter de
distintividade. (BALMER, 1994; OLINS, 1978; BAKER; BALMER, 1997). Outro aspecto
pesquisado mostra que a identidade organizacional pode ser alterada quando uma organização
jovem perde seu fundador ou quando passa por uma experiência drástica de mudança de
proprietários. (ALBERT; WHETTEN , 1985).
3. A falta de alinhamento entre a forma “como a empresa se vê” e “como outros a vêem”, ou
50
entre a identidade organizacional e a imagem externa pode sugerir necessidade de se reavaliar
e/ou mudar alguns aspectos da identidade. Como exemplo, o fato que ocorreu com a empresa
Sheel após o Greenpeace ocupar a plataforma Brent Spar e as conseqüências da cobertura da
imprensa, resultando na conscientização do público, em geral, sobre os efeitos de suas
operações sobre o meio ambiente e na objeção do governo alemão quanto à exploração da
plataforma. As controvérsias e os efeitos negativos levaram a Shell a reconsiderar aspectos
de sua identidade. (GIOIA; SHULTZ; CORLEY, 2000)
4. Mudanças organizacionais podem alterar atributos fundamentais e, como conseqüência,
podem provocar modificações na identidade da organização. Gioia e Thomas (1996)
demonstraram que mesmo os atributos considerados essenciais e permanentes ao longo do
tempo podem ser fluidos e maleáveis. Este estudo sinaliza uma discordância com várias
teorias organizacionais que afirmam a continuidade de atributos essenciais a longo prazo, ao
enfatizar que a identidade pode ser dramaticamente alterada em horizontes de tempo mais
curtos.
5. Outro aspecto do gerenciamento da identidade, mostra que a identidade pode ser alterada
através da construção de uma imagem futura idealizada. Estudos de Gioia e Thomas, (1996)
mostraram que o foco da organização na projeção de uma imagem desejada pode alterar a
identidade atual. Nesse sentido, a orientação da alta administração pode exercer papel
significativo no desenho da imagem ideal e em como projetá-la através de toda a organização.
6. Outro ponto que justifica a razão da mudança ou direcionamento da identidade organizacional
é o que ela pode representar como valor econômico agregado, ou seja, a identidade tem
implicações tanto operacionais quanto nas decisões estratégicas. Para os membros da
organização, a identidade pode orientá-los sobre o ambiente em que estão inseridos e como
51
devem agir (BARNEY; STEWART, 2000). Além disso, a identidade organizacional pode
ajudar os gerentes a perceberem oportunidades e neutralizarem ameaças, nesse sentido,
gerando vantagem competitiva. Ou seja, a identidade ajuda a empresa entender o que é
apropriado, legítimo e adequado. (ELSBACH; KRAMER, 1996). Por outro lado, para que
exerça esse papel, a identidade demanda atributos de distintividade, o que em geral, é difícil
de ser imitado. Nesse sentido, o gerenciamento da identidade demanda um maior
alinhamento entre as metas dos membros da organização com as metas da organização.
(CHENEY, 1983a, 1983b).
7. A aquisição da vantagem competitiva como um dos principais objetivos do gerenciamento da
identidade corporativa, tem como princípio a crença de que um efetivo gerenciamento da
identidade, estreita o relacionamento entre os stakeholders e resulta em uma imagem
corporativa favorável. E, como decorrência, estimula consumidores a usarem seus produtos e
serviços, investidores a comprarem suas ações, empregados a valorizarem o trabalho, governo
a melhorar o entendimento de assuntos legais e comunidade e imprensa a falar bem da
organização. (BALMER; WILSON, 1998; BALMER; STOTVIG, 1997).
8. Vários outros estudos sugerem que a identidade corporativa exerce forte papel na
diferenciação e reposicionamento da organização através do uso adequado de símbolos,
logotipo, slogans e comunicação que são criados e utilizados como instrumentos para gerar
um alto nível de conscientização sobre o que a organização deseja e para expressar a
identidade a grupos internos e externos de seu relacionamento. (ANSPACH, 1983; GRAY;
SMELTZER, 1985; DOWNEY, 1986, 1987). Há uma intenção deliberada na criação destes
artefatos que indicam o estilo da organização e transmitem significados utilizados em sua
comunicação, representando o material simbólico que dá sentido ao propósito da organização.
52
(HATCH; SCHULTZ, 2000).
A revisão da literatura revela que por mais que se saiba sobre gerenciamento da identidade, ainda
são apenas partes de um todo. A exploração de um processo social como gerenciamento da
identidade está relacionado a várias outras questões: o relacionamento entre indivíduo e
organização; os papéis dos gerentes e empregados; a relação entre imagem e identidade; a
influência de mudanças organizacionais; os usos de símbolos e da comunicação, entre vários
outros aspectos que são parte deste quebra-cabeça. Há múltiplas discussões, mas a pergunta
sobre “como a identidade pode ser gerenciada” ainda não encontrou sua resposta. (CHENEY,
1983a; ASHFORTH; MAEL, 1989, PRATT; FOREMAN, 2000; VAN RIEL, 2003; DUTTON;
DUKERICH, 1991; SCHULTZ et al., 2000; WHETTEN; GODFREY, 1998).
No entanto, os autores citados reconhecem a relação entre identidade e reputação.
53
3 O IMPACTO DA REPUTAÇÃO PARA A ORGANIZAÇÃO
Alguns críticos sociais contemporâneos, como Baudrillard, Lyotard, Deleuze, têm reforçado que
vivemos num mundo cada vez mais saturado por imagens e, em seus argumentos, defendem que
a sociedade atual define-se pelo poder de imagens e símbolos que sustentam e apóiam os
“objetos” que fazem parte de nosso dia-a-dia. (DENZIN, 1986).
No mundo do imaginário o valor está na interpretação que se faz dos símbolos que, por sua vez,
dependem do contexto cultural em que estes foram criados e lidos. E, essa leitura dos símbolos se
dá através de um processo de interação consciente e inconsciente, processo este pouco atrelado
aos aspectos racionais, controláveis e previsíveis. (WOOD JÚNIOR, 2001).
Fazendo um recorte da sociedade para as organizações, autores nas áreas de estudos
organizacionais e marketing destacam o valor da imagem, afirmando que esta tem se tornado
cada vez mais importante para as organizações, já que estas dependem de visibilidade e
credibilidade diante de um ambiente cada vez mais confuso e hostil. E, como conseqüência da
pressão que as organizações vivem, o foco da atenção nos aspectos simbólicos de suas atividades
cresceu e continua em processo ascendente. (CHRISTENSEN; ASKEGAARD, 2001; CHENEY;
CHRISTENSEN, 1999).
Ainda mais incisivo, Wood Júnior (2001, p.18) afirma que “pela importância da imagem e pelo
tratamento dramático que os eventos e fenômenos ganham, as organizações contemporâneas
podem ser consideradas cinematográficas”.
Uma outra perspectiva, dentro da mesma linha, afirma que a evolução da teoria da firma em
conjunto com o desenvolvimento da prática empresarial tem ressaltado a importância dos
54
recursos intangíveis
4
como uma das fontes de vantagem competitiva para as organizações.
(HALL, 1992).
Como decorrência desse processo de valorização, observa-se também, nos últimos anos, o
crescimento de pesquisas de diferentes perspectivas teóricas sobre dimensões simbólicas e
recursos intangíveis, destacando-se dentre estes os estudos sobre reputação empresarial. Entende-
se por reputação corporativa uma representação coletiva das ações e resultados da organização,
através da qual demonstra-se sua habilidade em gerar valores para os múltiplos stakeholders.
(FOMBRUN; RINDOVA, 1998).
A reputação corporativa no passado era quase sempre tratada como um assunto que não merecia
nem mesmo entrar na pauta de discussões. Como Chajet (1997) bem observou, os empresários do
passado gostavam que as pessoas tivessem uma atitude positiva em relação a suas empresas, mas
o fato de terem ou não essa atitude positiva não era considerado como relevante para os gestores
da época. Para esses gestores, os investidores só se preocupavam com balancetes, fluxo de caixa
e valor das ações. Os empregados só se preocupavam em ganhar bem e em dia; os consumidores
só queriam um bom custo-benefício; os governos se interessavam nos impostos e os pontos de
vendas queriam receber rápido.
A partir do momento em que se percebeu que a reputação tem impactos profundos sobre a
performance corporativa, não é mais possível ignorar o assunto. Portanto, entender como se
constrói a reputação, como lidar com ela no dia-a-dia da organização, como sustentá-la durante
os anos, como trabalhar as diversas expectativas de diferentes stakeholders tem-se tornado um
dos grandes desafios das organizações na atualidade visto que a maioria das empresas dispõe
4
Recursos intangíveis vão desde direito de patentes, copyright, design registrado até contratos; conhecimento
público de trabalhos científicos até a pessoas que dependem da organização a recursos subjetivos como know-how,
redes, cultura organizacional e reputação de produto e da empresa. (HALL, 1992)
55
muitas vezes de recursos tão similares para competir entre si, que a decisão por uma ou outra
organização, poderá ocorrer levando-se em conta a reputação .
A literatura sobre o assunto, de acordo com Sabaté et al. (2003), revela que a reputação distingue
a qualidade dos produtos (NELSON, 1970; MILGROM; ROBERTS, 1986); e serviços
(WILSON, 1983; DE ANGELO, 1981; EICHENSEHER; SHIELDS, 1985); assegura a garantia
de contratos (CORNELL; SHAPIRO, 1987; SABATÉ et al., 2003); legitima o comportamento da
firma (FOMBRUN, 1998; FOMBRUN et al., 2000; CARUANA; CHIRCOP, 2000); atua como
uma força, inibindo a entrada de novos entrantes no setor (KREPS; WILSON, 1982; MILGROM;
ROBERTS, 1982); e assegura mais do que a honestidade de sua conduta nas transações com os
diversos stakeholders, assegura o respeito a seus interesses. (CORNELL; SHAPIRO, 1987).
Como se sabe, as organizações dependem de fontes de recursos que, por sua vez, são atraídos, em
parte, pelo conteúdo das informações sobre sua reputação, o que em certo sentido, atua como
fator de segurança nos custos de transação, o que permite também que haja maior conhecimento
de que as expectativas sejam garantidas. Nesse sentido, pode-se afirmar que a reputação
posiciona a organização de forma privilegiada no mercado, permitindo-lhe obter melhores
recursos em condições mais favoráveis. (SABATÉ et al., 2003).
Se nos perguntarmos se a reputação de uma organização é importante, provavelmente a resposta
será simplesmente um “sim”, mas, no entanto, a pergunta a ser feita é porque a reputação de
uma empresa é importante? Pesquisas têm demonstrado que uma reputação positiva atua como
um ímã, atraindo investidores, diminuindo custos do capital, trazendo novos consumidores,
retendo atuais compradores, motivando empregados, gerando cobertura favorável da imprensa,
afetando favoravelmente o conteúdo de análises financeiras. (FOMBRUN; VAN RIEL, 2004). A
reputação pode ser entendida como um crédito de confiança adquirido pela organização através
56
de suas ações ao longo dos anos, estando esse crédito associado a um bom nome, familiaridade,
boa vontade, credibilidade e reconhecimento. Uma reputação negativa pode significar crédito
limitado ou até mesmo nenhum crédito na linha de relações com stakeholders e, mais do que uma
ameaça, pode representar uma real ruptura entre empresa e ambiente. (THEVISSEN, 2002).
Resultados de estudos, como os citados a seguir, comprovam que reputação influencia as
decisões de stakeholders da mesma forma que decisões de stakeholders também exercem
influência sobre a reputação. (FOMBRUN; VAN RIEL, 2004, p.8):
1. Reputação afeta a decisão de compra. Estudos mostram que por um mesmo produto ofertado,
se consta de uma marca forte, como Walt Disney, Lâncome, Toyota, o consumidor paga
preço diferente. Ou seja, a marca de uma organização afeta a atratividade do produto,
influenciando nos resultados da venda.
2. Reputação afeta contratação, comprometimento e estabilidade dos empregados. Pesquisas na
Inglaterra, Suécia e Estados Unidos demonstraram que a escolha por empresas que são
consideradas como bom local para se trabalhar atrai mais e melhores candidatos para
empregos; contribui para que permaneçam na empresa e ajuda a internalizarem os valores da
organização.
3. Reputação afeta decisão de investimento. Há dois tipos básicos de investidores: o investidor
individual e o institucional. Em geral, os investidores individuais tendem a examinar o
comportamento dos investidores institucionais e a imitá-lo. Quando investidores
institucionais perdem a confiança na empresa, geralmente pressionam para que haja mudança
na direção da empresa. Nos últimos anos, um número crescente de investidores institucionais
tem focado na governança corporativa, questionando inclusive salários, benefícios e outros
papéis de seus executivos. A visão e liderança geralmente são determinantes na confiança do
57
investidor e a reputação da empresa depende essencialmente destes dois aspectos,
invariavelmente associados a uma maior transparência das ações de seus líderes.
4. Reputação afeta a cobertura da imprensa. Estudos mostram a enorme influência de assuntos
tratados na mídia sobre a percepção dos indivíduos. Ao mesmo tempo, jornalistas tendem a
selecionar suas coberturas e suas pautas de acordo com interesse de seus leitores. Empresas e
executivos que possuem uma reputação positiva exercem maior poder em atrair coberturas
mais favoráveis, além de conseguir maior espaço nas editorias e, conseqüentemente,
conseguem dar maior visibilidade a assuntos de seus interesses.
5. Reputação afeta análises financeiras. Analistas financeiros são afetados por vários fatores,
como resultados financeiros e operacionais, mudanças estratégicas e, principalmente, pela
relação entre eles, sendo difícil mensurar os diversos fatores e analisá-los apenas
racionalmente. O ano de 2002 mostrou os escândalos de empresas como Enron, WorldCom,
Global Crossings, Tyco International e Arthur Andersen revelando que as análises do
mercado financeiro envolvem interesses, oportunismo, etc. Estudos de Rindova e Fombrun
(1999) acerca dos efeitos de uma campanha publicitária demonstram que a comunidade
financeira é altamente influenciada por questões sociais e políticas, além da interpretação do
que as empresas estão fazendo operacionalmente e estrategicamente.
Uma reputação favorável aumenta a distintividade da organização, agregando-lhe vantagem
competitiva, por não ser facilmente copiada (BALMER; GREYSER, 2003). Por outro lado, é um
recurso frágil, que não pode ser comprado e pode facilmente sofrer sérios impactos necessitando
de um gerenciamento adequado. (HALL, 1992).
Embora alguns autores utilizem os conceitos de imagem corporativa e reputação corporativa
como sinônimos, recentes estudos sobre reputação corporativa destacam duas características
58
distintivas: reputação é construída ao longo dos anos e tem como base as ações e comportamentos
da organização. (BALMER; GREYSER, 2003). No entanto, é necessário entender os estudos e
abordagens da imagem para que se possa compreender a reputação. Acrescentando a esse
argumento, Rindova e Fombrun (1998) destacam que estudar identidade, imagem e reputação em
conjunto permite aos pesquisadores compreender melhor as dimensões destes fenômenos e, em
particular, os problemas da estabilidade e mudança nas interações com grupos de
relacionamentos internos e externos.
Sumarizando, essa relação fundamenta-se no princípio de que, “quem somos” (identidade) e
“como os outros nos vêem” (imagem) têm como base o contexto cultural e estão diretamente
relacionadas. Os estudos sobre imagem, apresentados a seguir, pretendem dar uma visão de como
esse caleidoscópio vai se constituindo na formação de uma reputação positiva ou negativa.
3.1 Imagem: um Processo de Construção Simbólica
O foco inicial dos estudos sobre imagem, originou-se no campo do marketing, na década de 50,
com os estudos sobre marca, e, gradualmente, estendeu- se para imagem corporativa. São várias e
distintas as definições de imagem na literatura, sendo considerada uma impressão subjetiva,
como um retrato, gravado em nossas mentes através de experiências e sensações, não sendo
diretamente o resultado da experiência atual. É “projetada” através de um processo em que novas
dimensões vão se agregando, reproduzindo novas imagens, que podem ser mais ou menos
estáveis. (ALVESSON, 1990).
Ampliando esse conceito, pode-se dizer que imagem é o conjunto de significados pelo qual um
objeto conhecido e do qual o indivíduo se utiliza para descrevê-lo, relembrá-lo e se relacionar. É
59
o resultado da interação com as crenças, idéias, sentimentos e impressões do indivíduo sobre o
objeto, o qual pode ser substituído por marca ou organização. Ressalte-se ainda que pessoas
diferentes, podem ter imagens diferentes de um mesmo objeto. (DOWLING, 1986).
A formação da imagem é um processo subjetivo, único, relacionado à experiência individual e,
ao mesmo tempo, somatório de sensações, percepções e inter-relações de atores sociais. Nesse
sentido, pode ser resultado de uma determinada impressão que um emissor deliberadamente
tenta projetar em uma audiência. Ou seja, duas dimensões da imagem, uma como retrato
interno (sensação e percepção) e outra imagem fabricada (construída pela comunicação). Ela
pode ser mais ou menos verdadeira, mais ou menos precisa, mais ou menos saliente, mais ou
menos significante.
Quando se trata da imagem de uma organização, de produtos ou marcas, há um esforço por parte
das organizações em criar uma impressão pública que atraia o público de seu interesse, ou seja,
há uma intencionalidade atrás de sua imagem, que determina seu gerenciamento. Em outras
palavras, a organização, enquanto ator social, pode influenciar a imagem deliberadamente, ou
seja, ela pode ser objeto de uma ação instrumental.
A imagem corporativa refere-se a uma impressão vivida e holística de uma organização,
sustentada por determinado segmento de público; parte, resultado de um processo de construção
de sentido, desenvolvido por esse determinado público e, outra parte, resultado do processo de
comunicação da organização, formal ou informal, com maior ou menor controle, sistematizado
ou não, constante ou esporádico, bem ou mal gerenciado. Desta forma, pode-se supor que a
imagem é um fator inacabado por ser receptivo e mutante, sempre passível de modificações e
adição de novas informações, podendo alterar ou não o seu significado simbólico, dependendo da
forma e constância em que são emitidas novas informações e como estas são recebidas e
60
percebidas. Nesse sentido, a imagem é construída através de um movimento de natureza racional
num universo simbólico, resultante de um processo cognitivo que soma razão e imaginação com
formas lógicas e intuitivas. A imagem é ambígua, flutua entre imaginação e sentido, entre
expectativa e realidade. (ALVESSON, 1990; DOWLING, 1986; BALMER; GREYSER, 2003;
GIOIA, SCHULTZ; CORLEY, 2000; ABRATT, 1989; CHRISTENSEN; ASKEGAARD, 2001;
BOORSTIN,1961).
Outra questão recorrente nos estudos sobre imagem corporativa discute a noção de representação
simbólica, até onde imagem é um retrato ‘real’ da organização, até onde é uma ‘imagem
construída’, o que é verdadeiro ou falso. Alguns estudos ressaltam que uma representação
simbólica reflete apenas uma “parte da organização”, ou uma “falsa” realidade, (ALVESSON,
1990; BERG; GAGLIARDI, 1986) uma “pseudo-realidade” (BOORSTIN, 1961), ou produz uma
“forte realidade” (BERNSTEIN, 1984), ou uma “falsa-representação” através da comunicação.
(ASHFORT; MAEL, 1996).
Weber (1967/1978) e Berger e Luckman (1985) reconheceram, anteriormente, em seus estudos
sociológicos o princípio de que a imagem de uma organização se define como ‘real’ na medida
em que há uma adesão por parte do indivíduo e, como conseqüência, esta exerce um efeito
pragmático sobre ele. Embora a imagem de uma organização possa não ser de todo “verdadeira”,
em determinado sentido, ela não é uma imagem “não real”. (WEBER, 1967/1978). Para
Baudrillard (1981, p.155) a “verdadeira essência da organização não é verdadeiramente uma
realidade, e sim, a imagem, que fazemos desta realidade, sendo esta imagem, a verdade para o
ator social”. Tanto identidade como imagem são processos de construção de sentido, sendo
identidade “uma construção simbólica de si mesma” e imagem “as interpretações de uma dada
61
realidade”, ambas entendidas como construções simbólicas. (CHRISTENSEN; ASKEGAARD,
2001).
A imagem é importante tanto para a fonte da imagem (o objeto em si, seja produto, marca ou
instituição) como para o sujeito que a recebe (receptor). Para a fonte, considerando nesse caso
específico, as organizações, a imagem positiva é uma pré-condição essencial para o
estabelecimento de relações eficazes com os diversos segmentos de público de seu interesse. Para
o sujeito, receptor, a imagem constitui a "verdade" sobre o objeto em termos que podem ser
simplificados em bom ou ruim, utilizável ou não. (VAN RIEL, 1995).
A imagem corporativa é uma fotografia que um indivíduo ou determinado grupo tem da
instituição como conseqüência de informações e interações, sendo esta fotografia complexa,
multifacetada e até mesmo ambígua. (CHRISTENSEN; ASKEGAARD, 2001). Outro importante
aspecto é ressaltado por Boulding (1956) ao afirmar que o ponto básico que sustenta qualquer
sociedade, cultura, subcultura ou organização é sua imagem pública, o que é compartilhado por
indivíduos que participam do mesmo grupo. A imagem organizacional é uma das formas de
conhecimento compartilhado, sendo considerada importante para o funcionamento de uma
organização por duas razões. Primeiro, por estar relacionada às respostas afetivas e de
comportamento dos membros e não membros da organização. Segundo, a imagem informa sobre
as características de uma organização, o que é importante para estimular e manter a aliança com
os membros da organização, potenciais membros e todos aqueles que estão parcialmente
envolvidos (PFEFFER, 1977; TREADWELL, HARRISON,1994).
Dowling (1986) destaca que há duas formas de se alterar a imagem: na primeira, o objeto pode
ser mudado e, na segunda, a comunicação pode tentar mudar as crenças, idéias, sentimentos e
impressões de segmentos dos públicos sobre o objeto. Marken (1990), por sua vez, argumenta
62
que a habilidade de comunicação de uma empresa, criando uma imagem favorável progressiva
diante de seus públicos a coloca à frente de seus concorrentes, exercendo também forte impacto
na relação da empresa com seus empregados.
Pode-se afirmar nesse sentido que o papel da comunicação na construção da imagem de uma
organização é determinante, pela sua capacidade de construir significados, como reforça
Boulding (1956) ao afirmar que a imagem é considerada como estrutura flexível e dinâmica, que
pode ser alterada na medida em que o indivíduo recebe novos estímulos ou informações. Ao ser
atingida por uma mensagem, a imagem pode sofrer reações distintas, como: 1) não ser afetada; 2)
ser alterada por meio da adição de conteúdo; 3) ser colocada em dúvida; e 4) ser reformulada.
Para o autor, as percepções das pessoas sobre as imagens organizacionais são muito resistentes à
mudança, provocando, freqüentemente, uma indiferença em relação a novas informações
relativas à imagem sugerida.
Nesse sentido, quando um indivíduo recebe uma nova informação que contradiz a imagem
previamente formada, ele tende a ignorar o dado recente, mantendo, desta forma, a imagem
inicial. No entanto, se os estímulos emitidos forem coerentes com a imagem original, confirma-se
a segunda opção. A terceira opção, considera que o indivíduo começa a se questionar na medida
em que informações e estímulos intensos e insistentes são emitidos e, a quarta opção, que é mais
difícil de ser conquistada, é constatada quando o receptor percebe que um novo dado emitido,
rompe definitivamente com a imagem inicial.
Complementando esses argumentos, Martins (2001) destaca que as imagens criadas a partir das
próprias organizações são projetadas e lidas de diversos modos, por diferentes grupos, em
diferentes épocas. Para o autor, um dos itens de avaliação da eficácia organizacional na gestão
contemporânea é a capacidade de a organização se projetar e manter uma imagem forte, que
63
possa identificá-la e mantê-la no mercado. E, para isso, é necessário que a empresa conte com um
processo de comunicação estrategicamente definido e implementado, respeitando as
características e demandas de cada segmento de público, priorizando ações e oportunidades de
posicionamento, destacando atributos coerentes com sua identidade, respeitando sua cultura,
valores e crenças.
A organização pode ser retratada de inúmeras formas. Essa escolha, em geral, é determinada em
função daquilo que a organização quer destacar, chamar a atenção para aquilo em que ela é boa, e
num certo sentido, evitar que se mostrem seus pontos negativos e fracos. Ou seja, na construção
da imagem pela organização, há um processo de seletividade, em que, normalmente, as
formulações escolhidas têm conotações positivas. Como o contexto da sociedade atual é marcado
por representações simbólicas, as organizações se vêem diante do desafio de criarem imagens
fortes que consigam diferenciá-las. Nesse sentido, a mensagem que é mais fácil de ser
interpretada, mais criativa e mais receptiva, facilita projetar e formar o “objeto”, tornando sua
“fotografia” mais significativa, mais importante, de maior apelo, mais familiar. O processo de
comunicação contribui para essa construção de sentido, dando significado às mensagens
transmitidas pela organização, reduzindo as incertezas, diante do contexto fragmentado,
complexo e ambíguo. (BERG; GAGLIARDI, 1986; ALVESSON, 1990).
O processo de construção de “impressões” também envolve a experiência direta dos indivíduos
com produtos e serviços, contatos com empregados e a opinião de outras pessoas. Como uma
rede, sucessivamente, as impressões vão sendo criadas num processo contínuo de troca de
informações, de opiniões e influências dos diversos atores sociais. (BROMLEY, 2000). Outra
fonte de informação são os meios de comunicação de massa que fornecem às suas audiências
algum sentido de coerência às forças do sistema social mais amplo que afetam as condições de
64
vida, no dia-a-dia (GAMSON et al., 1992). Os meios de comunicação geram “imagens” do
mundo, usando-as para construir significados aos temas sociais e políticos.
Por sua influência os meios de comunicação têm-se tornado “um espaço onde vários grupos
sociais, instituições e ideologias lutam pela definição e construção da realidade social”.
(GAMSON et al., 1992, p.385). Ou seja, os meios de comunicação atuam como se fossem uma
série de arenas nas quais os contextos simbólicos são transmitidos enquanto vários
“patrocinadores” disputam seus significados. (KELLNER, 1990 apud GAMSON et al., 1992).
Boorstin (1961) destacou que mais importante do que os “reais” eventos, são os “pseudo-
eventos”, considerados por ele algo não espontâneo, mas “criado” com o intuito de ser divulgado
ou reproduzido, incluindo nos pseudo-eventos toda a construção simbólica dos meios de
comunicação.
Resumindo, pode-se afirmar que o processo de construção de imagem de uma organização
envolve a relação direta do indivíduo com seus produtos, serviços; os contatos com os membros
da organização; informações transmitidas pela organização através de seu processo de
comunicação; referências de outras experiências; influência de opiniões de terceiros; mensagens
dos meios de comunicação, inferências e sensações positivas ou negativas que são agregadas
através das relações entre os diversos atores sociais. Fatores como crenças, valores, ideologias
predominantes em determinados segmentos também exercem um papel preponderante nesse
processo. Outro aspecto que também contribui para a imagem de uma organização é a região,
cidade ou país em que está inserido o setor de negócio. Reconhece-se o vinho francês, a moda
italiana, o café brasileiro, os queijos holandeses dentre tantos outros exemplos. A imagem de uma
empresa como a Bennetton poderá vir associada aos significados já incorporados de qualidade,
beleza, inovação, dentre outros atributos que caracterizam a moda italiana.
65
Nesse projeto, o conceito de imagem corporativa é entendido como uma percepção (1), da
organização como um todo (2), sustentada por diferentes segmentos de públicos (3). (JOHNSON;
ZINKHAN, 1990; BERENS, 2004). Como argumenta Berens (2004, p.16) estes três aspectos são
fundamentais para o entendimento da imagem: “primeiro, é uma percepção e não um atributo
físico; segundo, é uma visão do todo, ‘uma fotografia’ ao invés de uma coleção de diversas
características, e terceiro, diferentes grupos de pessoas podem ter diferentes percepções da
empresa, o que pode ou não ter como base diferentes atributos”. Nesse sentido, a imagem é
entendida como um fenômeno no nível individual, como uma percepção que uma pessoa tem da
organização, mas que algumas vezes pode ser compartilhado com um grupo de pessoas, como um
fenômeno coletivo. (BERENS, 2004)
Os estudos sobre imagem organizacional têm se ampliado nos últimos anos, partindo de diversas
e algumas vezes conflitantes abordagens, embora se observe que houve um fortalecimento de
alguns conceitos, encontrando caminhos que têm sido base para uma construção teórica
sustentada, como se vê a seguir.
3.1.1 Os Caminhos dos Estudos de Imagem Organizacional
De acordo com Van Riel (1995), os estudos sobre imagem têm perspectivas diferentes e podem
ser agrupados em três grupos distintos denominados de críticos sociais, orientação analítica e
processo de formação de imagem. O quadro, a seguir, dá uma visão dos principais conceitos e
autores dentro de cada uma das perspectivas.
66
QUADRO 1
Perspectivas dos Estudos de Imagem nas Organizações
Perspectivas
dos Estudos
Principais Conceitos
Principais Autores
Críticos Sociais Analisam a imagem a partir de uma visão macro da
sociedade e das relações sociais.
Buscam entender o papel das organizações e dos atores
sociais no ambiente interno e externo
Consideram imagem como construção social
Imagem é uma representação da realidade
Boorstin (1961),
Alvesson(1990),
Morgan (1986)
Orientação
Analítica
Interesse maior nos significados do termo imagem e nos
métodos de mensuração.
A imagem é formada como resultado de vários estímulos
diretos ou indiretos, do objeto.
A interpretação e avaliação destes estímulos podem ser
influenciadas por diversos fatores, dependendo de como a
informação é processada pelo indivíduo.
A questão central é se a informação produz o efeito desejado
pela fonte
Poiesz apud Van
Riel (1995), Pruyn
(1990), Wierenga e
van Raaij (1987) e
Reynolds e Gutman
apud Van Riel
(1995)
Processo de
Formação de
Imagem
Estudos focados em como a imagem é formada e o que deve
ser feito para construir uma imagem favorável.
A imagem surge como resultado de várias impressões, como
impressões pessoais, comunicação de massa etc que
produzem impressões “reais” e “construídas”.
Fatores como comunicação, experiências interpessoais,
experiência com produtos e serviços, ações de marketing,
cultura organizacional, políticas organizacionais são
importantes no processo de construção da imagem.
Kennedy (1977),
Dowling (1986),
Bernstein (1984),
Gray e Smeltzer
(1985), Olins
(1989), Blauw
(1994)
Treadwell (1994)
FONTE: Adaptado de Van Riel (1995)
O grupo de críticos sociais descreve e analisa o papel das imagens na sociedade contemporânea,
sendo encontrado na literatura de marketing e da comunicação. Dentre suas principais abordagens
destacam-se alguns trabalhos que marcam a construção teórica sobre os estudos de imagem
67
organizacional O primeiro autor que aplicou o conceito de imagem à sociedade foi Boorstin
(1961), ao analisar o que aconteceu com o sonho americano, criticando a influência de pseudo-
eventos sobre a sociedade, em que a realidade “aparente” se sobrepõe à realidade “real”.
Agregando-se a esse ponto de vista, Alvesson (1990) destaca que a realidade da “aparência” tem
maior significado do que a imagem real.
A imagem é a representação da realidade e, nos últimos tempos, a realidade se tornou uma
representação da imagem. Morgan (1986), por sua vez, destaca que, dependendo da forma como
as pessoas vêem a organização, seus julgamentos podem ser distintos. A organização pode ser
vista como máquina, organismo ou pessoa. Olhando as diferentes imagens, pode-se pensar em
organizações de maneiras distintas. Uma organização pode ser vista como algo que possui
cérebro, capaz de auto-regulamentação e aprendizado; como uma cultura, capaz de compartilhar
valores e significados simbólicos; como um sistema político onde diferentes grupos desenvolvem
atividades de acordo com seus interesses; como uma prisão psicológica na qual a irracionalidade
é fundamental; como um rio, em constante transformação, na qual a mudança desempenha
importante papel.
Observa-se que o grupo de críticos sociais parte de uma análise da imagem, seja na sociedade ou
na organização, como algo a ser construído pelas pessoas, dependendo de suas interpretações,
pontos de vista e de suas relações dentro de um contexto social.
O segundo grupo de autores, denominado como de orientação analítica enfatiza o papel da
informação, ressaltando que o indivíduo será mais ou menos receptivo às informações da
organização, dependendo de sua motivação, de informações prévias em sua memória, de seu
envolvimento, de suas características pessoais e do quanto a mensagem é consonante com sua
experiência.
68
Os estudos, dentro desta abordagem, consideram que a imagem da organização depende do grau
de sua elaboração pelo indivíduo, sendo este grau explicado pela distância psicológica e física
entre o sujeito (indivíduo) e o objeto (organização). Para estes autores, quanto maior a distância
entre sujeito e objeto, mais baixo seu grau de elaboração da imagem e vice-versa. Quando o grau
de elaboração é alto, a imagem é complexa, estruturada hierarquicamente, o que permite
identificar a hierarquia de suas características, valores e atributos na memória dos sujeitos.
Quando se estabelece um nível intermediário de elaboração, a imagem é vista como atitudes que
são utilizadas para explicar ou prever comportamentos e, quando se estabelece um baixo grau de
elaboração, a imagem é tratada como impressão geral, difusa, sendo difícil identificar os atributos
que influenciam a percepção do indivíduo em relação ao objeto.
O terceiro grupo de estudos, conceitua o processo de formação de imagem e sua contribuição está
na esquematização e definição de alguns fatores que podem influenciar e criar a imagem da
organização junto a seus stakeholders. Um destes autores, Dowling (1986) destaca que os
stakeholders julgam a organização através de seus produtos e serviços, de seus preços, qualidade,
atitudes dos empregados, publicidade, etc. E estes aspectos, por sua vez, são determinados pelas
políticas formais que incluem a estratégia, estrutura e os controles organizacionais e pela cultura
organizacional que engloba os valores e crenças compartilhados. Afirma também que os meios de
comunicação são mais eficazes para criar conhecimento sobre a organização e a comunicação
interpessoal é mais efetiva na formação de atitudes em relação à organização.
Partindo da análise que privilegia a construção da imagem, Van Riel e Balmer (1997) e Olins
(1989) estudam os elementos da comunicação e símbolos organizacionais que contribuem para a
sua formação, buscando entender o processo de sua construção (que para eles parte da cúpula) e
sua interpretação (os públicos externos e internos). Ambos incluem o conceito de identidade
69
corporativa na construção da imagem. Nesta mesma linha, os estudos de Grunig (1992)
distinguem a imagem “criada pela comunicação” - produzida pela organização - e a “construída
pelos receptores” que lhe dão sentido de acordo com suas observações pessoais. Um dos
principais conceitos que marca os estudos de Berg (1985), Grunig (1992) e Van Riel (1995) é o
entendimento da imagem como uma impressão transitória, formada a partir de uma relação de
compra de um produto, utilização de um serviço, veiculação de uma campanha publicitária,
dentre outras relações. Van Riel (1995) analisa a distinção entre imagem e identidade, pontuando
a imagem como “uma foto de como os públicos vêem a organização” e identidade corporativa
como “a forma pela qual a organização se apresenta aos diversos públicos”.
Embora as abordagens e o foco dos autores dentre as três perspectivas sejam distintos, há uma
concordância quanto ao papel fundamental que a imagem da organização tem na relação com os
diversos stakeholders.
Outro ponto importante, nos estudos sobre imagem, se refere ao próprio conceito, que muitas
vezes é entendido de forma distinta, complementar ou mesmo conflituosa. Alguns autores
chegam a tratar os conceitos de identidade, imagem e reputação como sinônimos o que gera
distorções em análises, pesquisas e na própria literatura. A seguir, estão descritos alguns dos
conceitos de imagem, identidade e reputação na literatura e seus principais autores.
70
Quadro 2
Abordagens do Conceitos de Imagem, Identidade e Reputação
Denominação Definição na Literatura Principais autores
Imagem externa
construída
Percepção dos membros da organização sobre como
o público externo vê a organização.
Dutton ; Dukerich (1991)
Dutton, Dukerich ; Harquail
(1994)
Percepção de
prestígio externo
Percepção dos membros da organização sobre como
o público externo vê a organização. Também
denominada imagem externa construída.
Smidts, Pruyn e Riel (2001);
Carroll e Riel (2001); Elstak e
Riel (2004);Carmeli e Freund
(2002); Carmeli (2004)
Imagem projetada Imagem criada por uma organização para ser
comunicada a seus públicos podendo representar ou
não a realidade.
Alvesson (1990)
Bernstein (1984)
Imagem desejada Como a organização gostaria de ser vista por seus
públicos internos e externos, num dado momento, no
futuro. Trata-se da percepção idealizada de uma
visão da alta administração.
Gioia ; Chittipeddi (1991)
Gioia ; Thomas (1996)
Identidade
corporativa
Representações consistentes e direcionadas da
organização, enfatizadas através do gerenciamento
de símbolos corporativos e logotipos,
estrategicamente planejadas e operacionalmente
aplicadas a seus públicos interno e externo.
Olins (1989)
Van Riel ; Balmer (1997)
Impressão
transitória
Interpretação de curto-prazo construída pelos
receptores através da observação direta ou
interpretação de símbolos fornecidos pela
organização
Berg (1985)
Grunig (1984,1997)
Reputação Julgamento coletivo do público externo de ações e
realizações da organização. Relativamente estável e
de longo prazo.
Fombrun (1996)
Fombrun ; Shanley (1990)
FONTE: Adaptado de Gioia et al.(2000).
3.1.2 O Que Mostram Alguns dos Estudos sobre Imagem das Organizações
O trabalho de Dutton e Dukerich (1991) sobre o Porto de Nova York é considerado um dos mais
importantes para a literatura por sua profundidade de análise, consistência da pesquisa, coerência
nos conceitos e avanço nos estudos. Praticamente, em todos os artigos sobre imagem
71
organizacional produzidos após esta data, há citações e/ou comparações com essa pesquisa. As
autoras analisaram a imagem e a identidade do Porto de Nova York a partir do impacto da
utilização de suas instalações - basicamente os comboios dos trens - pelos sem-tetos, e como a
empresa conduziu o processo diante dos seus diversos stakeholders.
A empresa, ao lidar com o fato, foi severamente criticada pela imprensa, formadores de opinião e
a sociedade como um todo, trazendo sérias conseqüências para a sua relação com os
empregados. Num primeiro momento a empresa tentou transferir a responsabilidade para o
governo municipal, exigindo que policiais agissem para tirar os sem-tetos, desconsiderando os
impactos sociais. Como conseqüência, a diferença entre a percepção interna e externa sobre a
organização foi enorme. Antes do episódio, os funcionários tinham enorme orgulho da
organização e se identificavam com seus valores e ações. Após o ocorrido, os funcionários
começaram a questionar a identidade da organização, perderam a identificação com seus valores,
uma vez que estes não mais correspondiam àquilo que eles acreditavam e se viram, eles próprios,
sendo questionados pelos públicos externos. Se antes era orgulho andar pela cidade com o
logotipo da empresa na camisa, depois do fato, eles sentiam vergonha de dizer onde trabalhavam,
vendo-se diante de situações em que tinham que tentar justificar ações da organização, com as
quais eles não concordavam. Após a crise, a organização precisou assumir a responsabilidade,
negociar com o governo, com as entidades sociais, com a imprensa, com a sociedade até
encontrar uma solução. Como conseqüência, teve que trabalhar enormemente para construir uma
nova identidade.
Um outro estudo, nessa mesma linha, porém com foco distinto, é o de Gioia e Thomas (1996)
que partem da imagem desejada, ou seja, do ideal de uma imagem construída pela alta
administração. Os autores defendem o conceito de que a imagem da organização, pode não ser
72
necessariamente aquilo que ela é, ‘o real’, ‘o verdadeiro’, mas sim uma projeção daquilo que se
deseja que ela seja. Nesse sentido, ela é aquilo que se convém socialmente, partindo de uma
decisão interna da empresa sobre o que se decide comunicar, sendo gerenciada, na medida do
possível, para dar ênfase a determinados aspectos de sua identidade. Neste trabalho, os autores
mostraram como administradores de uma universidade nos EUA, a partir de uma comparação
deliberada com a imagem de seus competidores, posicionados como os dez melhores, decidiram
mudar a visão que os membros da instituição tinham de si próprios.
Ambos os estudos focaram em “como os membros da organização vêem a percepção de outros
sobre a organização” e , como essa percepção afeta a visão que têm de si próprios. (DUTTON;
DUKERICH, 1991; GIOIA; THOMAS, 1996, HATCH; SCHULTZ, 2000). Estes autores
trabalham os conceitos de identidade e imagem organizacional como sendo construídas a partir
de um processo auto-referente, situado internamente. Para estes autores, o conceito de identidade
é privilegiado, sendo a imagem definida secundariamente. (DUTTON; DUKERICH, 1991;
WHETTEN; GODFREY, 1998; BOUCHIKHI; FIOL; GIOIA et al., 1998; RINDOVA;
SCHULTZ, 1998).
Os estudos de Gioia e Thomas (1996) e Gioia et al. (2000) buscam entender a imagem como
resultado da construção dos públicos internos e externos e a relação de interdependência entre
eles. Partem do princípio que se há discrepâncias entre as percepções sobre “quem somos como
organização” e em “como os outros nos vêem” algumas questões precisam ser respondidas pela
organização, tais como: “temos que nos preocupar com a falta de alinhamento entre identidade e
imagem?” “Temos que agir para resolver essa discrepância? O quê e como fazer?” Nesse
processo, percebe-se que a identidade organizacional envolve interações e inter-relações entre os
73
membros da organização e os públicos externos e, especialmente, envolve a percepção que os
empregados têm das percepções de outros segmentos de públicos.
A imagem construída externamente é a chave para o processo de mudança na identidade, já que
age, quase sempre, para desestabilizá-la, levando os membros da organização a revisitarem e
reconstruírem o sentido de “quem somos”. (GIOIA et al., 2000). Observa-se com isso que a
relação entre identidade e imagem cria condições para mudar a identidade, conceito defendido
por Gioia et al. (2000), Gioia e Thomas (1996) e Hatch e Schultz (2000). Ao implementar um
esforço no sentido de mudar a identidade, freqüentemente ela projeta uma imagem futura como
orientação para se atingir. (GIOIA; THOMAS, 1996). Para Gioia et al. (2000), o papel do
gerenciamento não é mais de preservar uma identidade fixa e, sim, ter habilidade para gerenciar a
sua flexibilidade, na medida em que as imagens externas forem se alterando, mantendo sua
consistência.
Em contraposição a estes autores e abordagens que focaram suas análise particularmente no
reflexo da imagem sobre o público interno, pesquisas em marketing e comunicação, em geral,
tendem a situar seus estudos sobre imagem na perspectiva de como os públicos externos
interpretam e percebem a organização. Procuram avaliar as ações que são desenvolvidas pela
organização e os impactos destas sobre sua imagem. Em geral, também se caracterizam por
buscar identificar as diferenças entre as visões de determinados segmentos de públicos como
clientes, comunidade, investidores, imprensa, fornecedores, procurando analisar como cada
segmento percebe e julga a organização
5
. (VAN RIEL, 1995; FOMBRUN, 1996).
5
Autores que trabalham a imagem na perspectiva dos públicos externos vêem a identidade como base para a
construção da imagem, no sentido de que a identidade influencia o que está sendo projetado aos diferentes públicos
e como a organização é interpretada e percebida. Para estes autores, a imagem é privilegiada e identidade tem
importância secundária. (BARICH; KOTLER, 1991; AAKER, 1996; Van RIEL; BALMER, 1997).
74
Com a evolução destes estudos, os caminhos sinalizam que, torna-se necessário, ao estudar a
imagem, compreender também a identidade. Nesse sentido, alguns autores passaram a defender a
perspectiva da análise tanto do ponto de vista dos membros da organização como também dos
públicos externos. Dentre seus argumentos estes autores salientam a quebra de fronteiras entre
estes segmentos. Como dizer que o que afeta os membros da organização não afeta também os
públicos externos? Ou o contrário, o que afeta o público externo pode não afetar internamente?
Qual é a fronteira entre ser apenas funcionário, enquanto se é tamm membro da comunidade,
consumidor e até mesmo investidor? O que é hoje ser público interno ou externo? Qual a
distância ou proximidade entre estes e a organização? Que informação chega a um segmento e
não chega a outro?
Observa-se cada vez mais, que se torna difusa e complexa essa separação entre públicos internos
e externos. Hatch e Schultz (2000) reconhecem as distinções feitas pelos pesquisadores mais
voltados para a perspectiva de estudos das teorias organizacionais e aqueles voltados para as
áreas de marketing, estratégia e comunicação, e defendem a análise de identidade e imagem na
perspectiva de fenômenos complexos, influenciados pelas visões interna e externa. É nessa
perspectiva que esse projeto conduzirá a pesquisa.
Esse projeto de pesquisa considera que identidade e imagem estão diretamente relacionadas e,
por isso mesmo, a análise de um destes fenômenos depende do entendimento e compreensão de
ambos, mesmo que o foco seja em apenas um deles. Adotará o conceito de que imagem é uma
representação da organização em determinado tempo, onde a relação da imagem com a
identidade se estabelece através de uma interdependência contínua, como processo de mão-dupla
das ações e reações dos públicos interno e externo da organização. (GIOIA et al., 2000).
75
Nessa pesquisa serão analisadas a identidade e a reputação, considerando-se como distinção entre
imagem e reputação, que a primeira pode ser uma percepção transitória e a segunda implica em
um processo cumulativo, ao longo dos anos. (FOMBRUN, 1996).
Esta pesquisa propõe-se a analisar alguns aspectos que foram objeto dos estudos citados. Um dos
estudos desta pesquisa irá avaliar como os funcionários percebem a visão de públicos externos
sobre a organização e que impacto isso traz para a identificação destes com a organização. Outro
estudo irá avaliar a reputação da organização, conceito que será analisado a seguir.
3.2 A Construção da Reputação Organizacional
Reputação é um conceito discutido e abordado na academia sob diversas e distintas perspectivas.
Em 1997, no primeiro número da publicação acadêmica Corporate Reputation Review, alguns
dos teóricos sobre o tema apresentaram algumas análises a partir de diferentes perspectivas. A
partir da Teoria das Organizações, professor David A. Whetten; do Marketing, professores Tom
J. Brown e Edwin L. Cox, dos Estudos sobre Responsabilidade Social e Ambiental, professora
Alice Tepper Marlin e de Performance Social, professor Andrew King. Dentre os pontos
abordados nesses estudos, alguns serão citados por serem referência nesse projeto de pesquisa, e
por reforçarem elementos discutidos anteriormente na análise de identidade e imagem.
1. Um dos construtos de reputação assinala que este envolve as ações de comunicação e
interações entre “a própria organização” (self) e “outros” (others). Nesse sentido, reputação
inclui os construtos de identidade (self) e imagem (others), sendo que a reputação pode ser
vista como “o feedback de outros” em relação a coerência, consistência e “força” da
identidade de uma organização. (WHETTEN, 1997).
76
2. Há mais de 40 anos, acadêmicos e profissionais de marketing procuram estudar e entender os
conceitos de imagem ou reputação ou ambos. Buscam compreender melhor o que constrói a
imagem de uma organização, quais os seus atributos, de onde ela parte, como influencia os
consumidores, de que maneira podem utilizar melhor seus recursos. Fazendo uma revisão
dos estudos de 1958 a 1997, observam-se alguns pontos que são comuns: primeiro, a imagem
é um fenômeno individual e os públicos podem ver as empresas de formas mais ou menos
semelhantes; segundo, a imagem não é algo que a empresa possua; terceiro, imagem é
formada por diferentes fontes de informação e quarto, a maioria dos teóricos concorda que é
um processo de descrição e avaliação da organização, baseado em conhecimento e crenças,
em dados atuais e de memória. (BROWN; COX, 1997).
3. Em uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, 54% dos americanos afirmaram que
pagariam mais por um produto que apóie uma causa em que eles acreditem. Em outra, 69%
dos entrevistados declararam que cidadania empresarial faz alguma diferença quando as
pessoas decidem o que comprar e 30% disseram que faz uma grande diferença. (MARLIN,
1997). Observa-se que os consumidores americanos têm demandado alta qualidade de
produtos e serviços, preservação ambiental e distinguem empresas consideradas socialmente
responsáveis. (MARLIN, 1997).
4. Alguns teóricos argumentam que a publicação de rankings sobre o desempenho social de
empresas exerce um efeito nos preços das ações, na reputação e no comportamento das
organizações. Na verdade, o desempenho social deve ser avaliado não apenas na perspectiva
daquilo que é realizado, mas em como pode facilitar a negociação entre partes, ou se os
custos de transação são menores. (KING, 1997).
77
Ao pontuar essas questões, constata-se que as abordagens dos estudos de reputação variam
enormemente em função da linha de interesse do pesquisador, ampliando o debate para fatores
que estes consideram que influenciam na reputação de uma organização ou são influenciados por
ela. Acrescentando a essa visão, Rindova e Fombrun (1998) reforçam que novas questões têm
surgido e ainda não foram adequadamente exploradas e sugerem novas pesquisas dentro de
perspectivas como: “quais são os indicadores empíricos de relacionamentos entre imagem,
reputação e cultura? Quais as implicações da descontinuidade entre identidade, imagem e
reputação? Quais as implicações para a organização do não alinhamento entre as visões de grupos
de relacionamentos internos e externos? Poderia a indefinição de identidade dar mais ênfase a
questão “quem nós não somos”?
Para uma melhor compreensão destes fenômenos, faz-se necessário um entendimento de suas
inter-relações, suas fronteiras, espaços comuns e abordagens que tratam a reputação como um
processo de construção social, em que os diversos atores, como membros da organização e
grupos externos de relacionamento, afetam e são afetados pela cultura, identidade e imagem da
organização. Hatch e Schultz (2000) e Rindova e Fombrun (1998) relacionam alguns aspectos
que interferem na relação da identidade com a imagem e com a cultura, tentando fazer algumas
distinções que podem, em princípio, dar a idéia de algo simplista ou compartimentado, mas que,
no entanto, contribuem para que os estudos possam partir de pontos específicos do entendimento
da formação da cultura, identidade e imagem. O quadro, a seguir, foi criado a partir dos dois
estudos citados e indica algumas abordagens da cultura, identidade, imagem e reputação e pontos
de articulação na teoria entre os três conceitos.
78
Quadro 3
As inter-relações entre identidade, cultura, imagem e reputação
Cultura Identidade Imagem Reputação Entendendo as
inter-relações
Fornece o
universo
simbólico sobre o
qual ocorre a
construção de
sentidos
Formada pelo
público interno
Formada pelos
públicos externos
Mecanismo
através do qual
públicos externos
manifestam suas
expectativas
sinalizando
satisfação ou
insatisfação com
ações e identidade
da organização.
Identidade é
construída pelo
público interno,
mas sofre
interferência das
imagens e vice-
versa
Cultura como
padrão de crenças
e pressupostos
mais ou menos
compartilhados
entre membros e
não membros da
organização
Identidade como
projeção de si
mesma
Imagem como
percepção e
interpretação de
outros
Organizações que
conseguem deixar
sua identidade
mais clara,
geralmente têm
melhor reputação
Quem somos não
pode ser separado
da percepção de
outros sobre nós e
de nossa
percepção sobre
como os outros
nos vêem
Cultura como
produto da
construção de
sentido das
atividades do dia-
a-dia
Identidade
corporativa
envolve uso de
símbolos em sua
comunicação,
artefatos como
logotipo, nome,
slogan, estilo,
estórias
Imagens múltiplas
quando os
públicos são
diversos
Reputação se cria
ao longo do
tempo, como
resultado de
repetidas
interações e
experiências
acumuladas
Múltiplas imagens
referem-se a uma
mesma
organização.
As imagens
cumulativas dos
diversos
stakeholders, ao
longo do tempo,
determinam a
reputação
FONTE: Adaptado de Hatch e Schultz, (2000); Rindova e Fombrun, (1998).
Pode-se observar que identidade, imagem e reputação estão inerentemente relacionadas; a
reputação se constitui nas interpretações e consolidação das identidades e imagens e estas por sua
vez, se retro-alimentam da reputação.
79
3.2.1 Gerenciando a Reputação
Gerenciar a reputação tornou-se uma ação de extrema importância para corporações que
competem no cenário atual. Percebe-se hoje a influência de determinadas forças que colocaram a
reputação corporativa em outro patamar e sua importância e seus impactos não podem mais ser
ignorados. (CHAJET, 1997). Com isso, as empresas sentem uma pressão maior para se
diferenciar e criar políticas, ações e percepções consistentes em seus stakeholders. Está havendo
uma ampliação da importância da reputação empresarial como arma estratégica para
gerenciamento da presença de organizações nos mercados globais. Elas são forçadas a ter uma
avaliação de suas políticas corporativas, ações e interações, em qualquer país onde estejam
atuando. (GARDBERG; FOMBRUN, 2002). Chajet (1997) aponta quatro forças que influenciam
fundamentalmente as empresas atualmente:
1. O público em geral têm um acesso enorme e um apetite voraz por informações, sejam elas
relacionadas a seus interesses ou simplesmente como fonte de entretenimento;
2. A maioria dos governos do mundo decidiu não competir mais através de guerras ou
financiamento de exércitos. A competição se dá mais intensamente na esfera econômica. As
armas utilizadas passaram a ser armas de produção ao invés de armas de destruição. Esse
novo ordenamento produz reflexos expressivos na reputação empresarial, tornando-a uma
arma para competição;
3. As empresas dominantes consolidaram ao longo dos anos, as mesmas técnicas de produção
em massa e de marketing. Além disso, a comoditização de produtos e serviços faz com que
haja uma dificuldade muito grande de diferenciar-se. Uma das poucas formas de ser
percebido fundamenta-se em grande parte na reputação de empresas e de marcas;
80
4. O capitalismo conquistou o mundo e trouxe com ele uma necessidade cada vez maior de
capital. A captação desse capital se dá basicamente através de investimentos diretos e a boa
reputação empresarial faz com que a empresa se torne uma boa opção para o investidor.
Segundo Fombrun e Rindova (1998) o gerenciamento da reputação se justifica tanto pelo efeito
sobre questões econômicas quanto por decisões estratégicas. Há evidências confirmadas sobre os
ganhos financeiros obtidos como resultado de organizações com reputações fortes. Um destes
estudos, de Fombrun e Shanley (1990), mostra o impacto positivo sobre a reputação quando a
organização trabalha de forma eficaz sua propaganda, exerce papéis de responsabilidade social,
apresenta bom desempenho e os impactos negativos, quando os lucros são voláteis e a empresa é
exposta negativamente na mídia. Dados da pesquisa demonstraram que investidores reconhecem
boa reputação ao decidirem pela compra de determinadas ações, consumidores pagam preços
mais altos por produtos e empregados preferem trabalhar em empresas reconhecidas por sua
reputação, o que por sua vez, retorna em ganhos financeiros.
Outro trabalho nesse mesmo sentido é o de Cordeiro e Sambharya (1997) que estudaram, durante
um ano, 303 empresas e suas relações com o mercado financeiro. Constataram que o cálculo de
risco é altamente influenciado pelos indicadores de performance, mas há fortes influências de
fatores não-financeiros que compõem a reputação da organização. Estudo similar foi realizado
em dez empresas e o resultado mostrou que os investidores preferem pagar mais por ações de
empresas com boa reputação ao compararem risco e retorno (SRIVASTAVA et al., 1997). Estes
estudos comprovam que resultados financeiros estão associados à reputação e vice-versa.
Como recurso estratégico, foi comprovado em pesquisas, que uma reputação favorável significa
para uma empresa ser mais atrativa do que outras aos olhos dos stakeholders, já que estes,
geralmente, estabelecem seus relacionamentos com as empresas tendo como base sua reputação.
81
(FOMBRUN; SHANLEY, 1990). Hall (1992) destaca que a reputação pode ser considerada um
fator de vantagem competitiva, uma vez que os competidores têm dificuldades para gerar o
mesmo tipo de afeto, estima e fama criados pela reputação.
Um outro estudo abrangente sobre reputação, conduzido por Greyser (1999) teve como propósito
avançar no entendimento do fenômeno da reputação e na discussão da importância de mensurar
seus efeitos sobre as organizações. Esta pesquisa, realizada em 19 países, durante três anos, com
um total de mais de 10.000 entrevistas com executivos em diferentes posições hierárquicas,
identificou pelo menos três áreas em que se percebe influências da reputação sobre as
organizações:
a preferência em se fazer negócios com a organização quando produtos e serviços são
similares em qualidade e preço;
suporte à organização diante de eventos controversos;
a valorização das ações da organização no mercado financeiro.
Observa-se nos estudos sobre reputação empresarial uma dualidade. De um lado, é considerada
como um recurso próprio, que pode ser gerenciado pelas organizações e, por outro, como sendo
as percepções de observadores, sobre as quais as organizações têm controle limitado. Evidencia-
se que há dois tipos de atores envolvidos em sua formação: a organização e os observadores e,
uma das conseqüências desta dualidade para as organizações é a impossibilidade de saber, de
forma clara e precisa, até onde a reputação está sendo criada e gerenciada através de ações de
comunicação e marketing, políticas formais, qualidade de produtos e serviços, dentre outros
aspectos, e quais as influências e interferências de outras fontes de informação e de inter-relação
de atores sociais. (RINDOVA; FOMBRUN, 1998; GREYSER, 1999; FOMBRUN; SHANLEY,
82
1990; CORDEIRO; SAMHARYA, 1997; SRIVASTAVA et al., 1997, FOMBRUN; RINDOVA,
1998).
Para Fombrun e Shanley (1990), a reputação é consolidada pelos stakeholders através das
atividades da organização e de informações recebidas de diversas fontes. Cada grupo possui
preocupações, interesses e metas específicos e lidam com a organização de formas distintas.
Nesse ambiente complexo de informações, observadores tentam distinguir o que define as
organizações, o que persiste ao longo do tempo através das várias interações e o que é distintivo
de uma organização em relação à outra num mesmo campo organizacional. (RINDOVA;
FOMBRUN, 1998).
Há várias formas de a organização saber como está sendo percebida pelos seus stakeholders, seja
através de instâncias como fóruns públicos, notícias veiculadas na imprensa, comportamento de
compra, etc (DUKERICH; CARTER, 2000). A mídia representa um dos principais meios de
disseminar a reputação. Nos últimos anos, a imprensa, em geral, tem ampliado o espaço de
cobertura de notícias sobre negócios e empresas, reconhecendo o interesse maior da sociedade
por esses temas. Além do tradicional papel de disseminar informações, vem também assumindo a
função de vigiar a reputação das empresas. (CHAJET, 1997).
Observa-se, por exemplo, o surgimento de alguns canais que veiculam notícias relacionadas a
negócios 24 horas por dia e a maioria dos jornais e revistas aumentou suas seções relacionadas
às empresas e assuntos de gestão. Como o espaço dedicado a negócios de forma geral vem
aumentando, crescem também as discussões em torno do tema. A mídia se torna então um fórum
de debates no qual se encontram as empresas e também seus stakeholders. As opiniões e histórias
produzidas e veiculadas são, na verdade, tentativas deliberadas dos meios de comunicação de
83
influenciar os stakeholders e estes, por sua vez, fazem uso dessas informações para avaliar as
empresas. (DEEPHOUSE, 1997).
No entanto, a mídia não se constitui na única fonte de informação. A empresa também dispõe de
outros canais, como folhetos institucionais, serviços de atendimento ao consumidor, campanhas
de publicidade e outras informações que veiculadas podem atingir de forma distinta os segmentos
de seu interesse. Além destes canais de comunicação, políticos, líderes empresariais,
representantes de entidades de classe, de organizações não governamentais, tamm podem se
manifestar sobre os negócios da empresa. Em geral, quando a empresa recebe informações
negativas sobre sua reputação, há um impacto maior sobre os empregados quando se trata de
informações referentes à sua identidade. Ou seja, quando os questionamentos ou motivos são de
natureza sobre valores ou moral da organização, o impacto é diferente de críticas quanto à
qualidade de produtos ou de determinadas políticas empresariais. (DUTTON; DUKERICH,
1991; DUKERICH; CARTER, 2000).
Entre as décadas de 50 e 70, o que se via era uma preocupação muito grande em relação à
imagem que públicos externos tinham da organização e os elementos gráficos e design tinham
um papel de muita importância. (MARTINEAU, 1958; CARUANA; CHIRCOP, 2000).
O que se notou na década de 70 e no início da década de 80, foi uma mudança expressiva na
estratégia corporativa que passou a considerar identidade e cultura organizacional ao invés de
ater-se somente à identificação visual. (CARUANA; CHIRCOP, 2000).
A partir do final da década de 80, o foco muda para a reputação corporativa que leva em conta
não somente a imagem atual da empresa, como também o comportamento ao longo dos últimos
anos. (FOMBRUN; SHANLEY, 1990). Como a organização interage com públicos distintos, que
levam em consideração atributos diferentes e portanto têm uma visão bem diversificada da
84
corporação, é que se faz necessário o gerenciamento da reputação. “Um gerenciamento de
reputação eficiente requer uma forte capacidade de ‘enxergar’- a habilidade de monitorar as
expectativas de cada stakeholder , bem como a capacidade de antecipar eventos inesperados que
podem ameaçar a reputação corporativa” (FOMBRUN; RINDOVA, 1998, p.206). É importante,
também, que a empresa, através de seu gerenciamento, consiga identificar quais os atributos são
realmente importantes para cada um de seus stakeholders, podendo assim trabalhá-los de forma
eficiente através de sua comunicação. (DOWEL et al., 1997).
Uma das formas para fazer com que o gerenciamento da reputação seja feito de maneira mais
assertiva é através dos modelos de mensuração, para ter elementos que possam embasar as
decisões gerenciais. O próximo tópico destina-se a analisar metodologias de mensuração.
3.2.2 Formas de Mensuração da Reputação
Grande parte dos estudos acadêmicos têm sido direcionados para a conceituação e mensuração da
reputação. No entanto, ainda não se estabeleceu a definição de um único construto, como
também não é clara a definição dos tipos de percepções que formam a base da reputação.
(BERENS; VAN RIEL, 2004; CARMELI; FREUND, 2002). Como conseqüência, temos várias
metodologias que mensuram aspectos distintos, dependendo do tipo de associação.
Uma das metodologias consideradas consistentes, desenvolvida por Fombrun, Gardberg e Sever,
em 1999, denominada “Quociente de Reputação”, foi construída tendo como fundamentação a
teoria sobre o tema, o desenho do instrumento e a validação do construto. Com o propósito de
desenvolver uma escala que atendesse a diversos países, nos anos seguintes, foram realizadas
várias pesquisas que avaliaram a “equivalência do construto”, analisando em que grau a
85
reputação organizacional tem o mesmo significado e relevância em países com culturas distintas.
(FOMBRUN, GARDEBERG; SEVER, 2000; GARDBERG; FOMBRUN, 2002, p.303). Após a
realização de diversas pesquisas quantitativas e qualitativas, com estudos abertos e fechados, a
atual metodologia foi validada.
Em 2000, Van Riel e Fombrun (2002), desenvolveram o projeto denominado “Projeto Global de
Quociente de Reputação”, realizando uma série de pesquisas, em 10 países
6
, na Europa, USA,
Canadá, Austrália e África do Sul com o propósito de se definir uma metodologia considerada
global. As discussões sobre os resultados destas pesquisas foram apresentadas em vários artigos
publicados na edição especial da Corporate Reputation Review
7
, com comparações e análises
sobre o processo de condução da pesquisa e as especificidades dos diversos países, a validação
das dimensões propostas na metodologia, critérios e forma de processamento dos dados. (VAN
RIEL; FOMBRUN, 2002; GARDBERG; FOMBRUN, 2002; GROENLAND, 2002;
THEVISSEN, 2002; SCHULTZ et al., 2002; WIEDMANN, 2002; RAVASI, 2002; VAN RIEL,
2002; MACMILLAN et al., 2002; GARDBERG; FOMBRUN, 2002b).
Dando continuidade a essa linha de pesquisa, Groenland (2002) desenvolveu uma ampla pesquisa
qualitativa com o intuito de validar as dimensões do “Quociente de Reputação”, tendo como foco
principal a questão cultural: “em que medida as diferenças culturais podem influenciar o
construto e sua dimensionalidade? Quais as influências culturais sobre as seis dimensões e quais
6
Algumas destas pesquisas já publicaram os primeiros resultados. Na Europa a pesquisa está sendo conduzida na
Bélgica por Frank Thevissen da Free University of Brussels, na Dinamarca por Majken Schultz da Copenhagen
Business School, Kasper Nielsen e Simon Boege do Projektservice; na Alemanha por Klaus-Pieter Wiedmann,
University of Hanover; na Itália por Davide Ravasi da University of Bocconi –Milan; na Holanda por Cees B. M.
Van Riel da Erasmus University Rotterdam, no Reino Unido por Keith MacMillan, Kevin Money e Steve
Downing da Henley Management College e nos EUA por Naomi Gardberg da Rutgers University e Charles J.
Fombrun da Stern Business School of New York.
7
Edição especial da publicação Corporate Reputation Review, Londres, 2002, volume 04, que trata das pesquisas do
projeto “The Global Reputation Quotient (RQ)”.
86
dimensões poderiam ser excluídas ou outras que deveriam ser adicionadas?”. (GROENLAND,
2002, p.308). Esse estudo foi conduzido em Rotterdam, com dois grupos de discussão, com
amplas discussões sobre significados, antecedentes e conseqüências da reputação organizacional,
seguidos dos itens da escala do “Quociente de Reputação”. Os resultados deste estudo
demonstraram, primeiro, que as seis dimensões da escala são sustentados pelos dados levantados
na pesquisa, o que significa que a influência cultural não afeta a dimensão original. O autor, no
entanto, propõe a inserção de dois outros quesitos no instrumento de mensuração “Quociente de
Reputação” que seriam a origem nacional e os representantes carismáticos, por acreditar que
estes itens acrescentariam dimensões mais subjetivas à medição.
Outra relevante pesquisa, realizada por Wiedman (2002), na Alemanha, destaca a análise da
reputação incluindo duas novas dimensões: atratividade social e visibilidade social. Em seus
estudos, conclui-se que uma mesma empresa pode ter alto índice de visibilidade e, no entanto,
sua reputação ser considerada negativa. Em suas pesquisas, os três primeiros lugares de reputação
negativa, foram para as seguintes empresas: 1º lugar, Deutsche Bahan (empresa ferroviária de
transporte público); 2ºs lugares, empatadas, a Deutsche Telekom e a Shell; e o 3º lugar para
McDonald’s. Suas análises demonstram que a imprensa pode ser considerada apenas como uma
variável interveniente. Embora seu papel seja de grande importância, ela não é a razão real da
performance da reputação. Um estudo detalhado das razões que levam as organizações a terem
reputação negativa revela que, em geral, está diretamente relacionada a produtos e/ou serviços; às
relações com os diversos stakeholders, especialmente com empregados; a conflito de valores ou
violação de valores, como questões ambientais, crises empresariais etc.
Os estudos de Van Riel e Fombrun, em conjunto com o grupo de pesquisadores do “Projeto
Global de Quociente de Reputação” demonstram que, mesmo considerando as diferenças entre
87
empresas de distintos setores, cultura de países, segmentos de públicos, dentre outras variáveis,
há alguns atributos específicos que são definidores da reputação.
Outra metodologia reconhecida pelo meio acadêmico, validada e freqüentemente utilizada foi
desenvolvida por Gary Davies, Rosa Chun e o grupo de pesquisadores da Manchester Business
School, na Inglaterra. Os autores desenvolveram a “Escala de Personalidade Corporativa” para
medir perspectivas internas e externas da reputação empresarial. Os autores definem
personalidade corporativa como as características humanas através das quais as pessoas fazem
associações com a organização. (DAVIES et al., 2004). Essa escala, usada para medição de
imagem e identidade, baseou-se nas escalas que medem a personalidade humana e nos estudos
realizados por Aaker (1997) sobre personalidade de marcas.
Os pesquisadores utilizam-se de algumas características presentes na linguagem do dia-a-dia para
caracterizar as organizações, diferenciando-as umas das outras. A escala baseia-se em sete pilares
para definir a personalidade de uma organização: conformidade, empreendedorismo,
competência, estilo, crueldade, masculinidade e informalidade. A conformidade representa uma
das características chave da escala. Assim como nos estudos de personalidade humana, a
conformidade é vista como a antítese da agressividade e da arrogância. O empreendedorismo
corresponde à capacidade de inovar e gerar estímulos. Relaciona-se também com uma imagem
jovem e ousada. A competência constitui-se na segunda característica mais importante e
relaciona-se diretamente com a satisfação de clientes e funcionários. O estilo relaciona-se
diretamente com sofisticação. A crueldade constitui-se numa característica que tem impacto
negativo sobre a satisfação de funcionários e clientes, especialmente para esses últimos. A
masculinidade relaciona-se com dureza e força e a informalidade com casualidade, simplicidade
e facilidade de relacionamento. Os resultados obtidos a partir da aplicação desse modelo são
88
representados em um diagrama que mostra a percepção tanto de funcionários quanto de clientes.
(CHUN et al., 2001; CHUN; DAVIES, 2002; DAVIES et al., 2003; DAVIES et al., 2004).
Como destacamos, várias metodologias de mensuração vêm sendo estudas, analisadas e
implementadas. Um estudo nessa área é o de Bromley (2002) em que analisa alguns métodos de
pesquisa destacando os rankings, quocientes, benchmarks e estudos de caso.
Um dos métodos por ele analisado, é o conhecido ranking sobre reputação de empresas no setor
industrial e comercial, desenvolvido e publicado anualmente, desde 1984, nos EUA, pela revista
Fortune, denominado “The Most Admired Companies”. Em seus resultados, o autor destaca que
estes surveys lidam com empresas grandes e conhecidas, e utiliza amostra heterogênea e ampla de
respondentes. Em sua visão, pode-se dizer que a metodologia da Fortune traça apenas um retrato,
um julgamento, através de uma coleção de pessoas, sobre atributos padronizados. O autor reforça
que a reputação, como resultado de impressões compartilhadas socialmente, não pode basear-se
em “coleção de pessoas heterogêneas”. Também considera que o “quociente de reputação” fica
sujeito aos mesmos riscos.
Van Riel (2003) analisa outras metodologias adotadas e consolidadas através de estudos e
pesquisas como o Kelly Repertory Grid (KRG), o Agrupamento Natural, Q-sort, Photo-sort, a
Escala de Atitude e o Card Sorting Techinique (CS).
O Kelly Repertory Grid (KRG), método desenvolvido por George Kelly, em 1955, é de simples
aplicação e demanda poucos entrevistados. Através deste método os respondentes tipificam a
organização baseando-se em um conjunto de alternativas levantadas pelos respondentes sobre
dimensões da reputação. Os stakeholders respondentes avaliam e/ou fazem uma classificação das
organizações a partir de suas experiências pessoais. Este método pode ser aplicado a stakeholders
com distintos vínculos de relacionamento com a instituição.
89
Um outro método, bem similar ao KRG, é o Agrupamento Natural, que solicita aos entrevistados
que dividam um grande número de objetos em sub-grupos e os sub-grupos em outros sub-grupos
até que não se possa mais subdividir os objetos. Depois da divisão, pergunta-se aos entrevistados
quais foram os critérios adotados para fazer as separações e, baseado na resposta, chega-se a
conclusões sobre características que destacam e agrupam organizações. O método é ideal para
entrevistados que têm baixa capacidade de elaboração, por exemplo, por terem pouca
familiaridade com a organização.
O método Q-sort é um método comparativo de classificação que utiliza informações sobre a
empresa retirados de anúncios ou colhidos em algum tipo de pronunciamento feito por
stakeholders. Essas informações são colocadas em cartões e estes, por sua vez, são apresentados
aos entrevistados que têm como tarefa decidir se essas informações se aplicam ou não à empresa.
O resultado do Q-sort é um ranking de informações e atributos que explicitam o sentimento do
respondente em relação à empresa, seja ele positivo ou negativo. Dentre as vantagem de se
utilizar este método ressaltam o número de respondentes, que não precisa ser muito grande (algo
entre 25 e 30 pessoas), e o nível de relacionamento com a empresa, que pode variar de moderado
a alto.
Um outro exemplo é o método Photo-sort desenvolvido pela agência de publicidade
FHV/BBDO. O Photo-sort utiliza fotos de rostos de pessoas e os respondentes fazem um
julgamento da reputação daquela empresa com a ajuda das fotografias. Esse método configura-se
como indireto e não-verbal. A vantagem de se utilizar esse método é que as pessoas têm uma
tendência maior a expressar suas opiniões sem muita inibição. As emoções são captadas com
mais facilidade.
90
A Escala de Atitude é utilizada para explicar e prever comportamento. Em geral, apresenta-se ao
respondente uma quantidade de afirmações em relação ao objeto em estudo e lhe é pedido, em
seguida, que diga o quanto concorda ou discorda dessas afirmações. Considerando e pesando as
respostas pode se chegar à atitude empresarial. Quando essa atitude, ou reputação, é positiva, há
um aumento significativo na possibilidade de um comportamento mais positivo em relação à
empresa. A grande desvantagem desse método é a possibilidade de respostas neutras que não
levam a uma conclusão satisfatória.
O método CS (card sorting techinique), desenvolvido pelo Instituto Alemão Institut für
Demoskopie, é reconhecido por sua simplicidade e rapidez de aplicação. É apresentada aos
respondentes uma série de atributos, em entrevistas pessoais ou por telefone. Em seguida,
pergunta-se quais dos atributos conseguem descrever a empresa “bem”. Num segundo momento,
os atributos são mostrados novamente e o entrevistado tem que dizer quais dos atributos “não
descrevem a empresa de forma alguma”. Os resultados conseguem mostrar satisfatoriamente a
reputação daquela organização junto àquele público escolhido. A vantagem deste método é a
economia de tempo. Calcula-se que se consegue gastar 25% menos tempo com este método do
que com métodos convencionais.
No Brasil já há alguns estudos sobre imagem e reputação das empresas brasileiras. A professora
Maria Schuler, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, desenvolveu um método para se
avaliar a imagem de uma organização, através da análise de ações de comunicação
organizacional direcionadas para a construção de uma imagem positiva. A pesquisa foi realizada
com público interno e a autora ressalta ser possível aplicá-la a outros segmentos de públicos
(SCHULER, 2004).
91
Outra pesquisa já consolidada e referência no país, são “As empresas mais admiradas do Brasil”,
realizada pela Interscience
8
, em parceria com a revista Carta Capital, há sete anos. A metodologia
utilizada pela pesquisa é similar à utilizada pela revista Fortune nos Estados Unidos, em que são
realizadas entrevistas telefônicas individuais com questionário estruturado. Os entrevistados
elegem as empresas mais admiradas, independentemente do ramo de atuação. Num segundo
momento, os entrevistados têm a chance de eleger as empresas que mais e menos admiram por
ramo de atuação específico, em cada um dos atributos responsáveis pela construção da
respeitabilidade corporativa. Os atributos avaliados são: qualidade de gestão, compromisso com
RH, inovação, notoriedade, compromisso com o país, capacidade de competir globalmente,
solidez financeira, qualidade de produtos e serviços, respeito pelo consumidor, ética e
responsabilidade social. A cada um deles é atribuída uma nota de 0 a 10 e, a partir disso, tem-se
um panorama de quais empresas são mais ou menos admiradas. (INTERSCIENCE).
Durante os setes anos do projeto observa-se uma valorização das empresas nacionais e uma
crescente relevância dos aspectos humanos. Dentre as 13 (houve empates) colocadas entre as 10
empresas mais admiradas, em 2004, apenas três não são brasileiras. Em 2004, a empresa mais
admirada, a Natura
9
, está fortemente associada a fatores humanos, com destaque para
responsabilidade social. Se compararmos com o ano de 1999, a empresa mais admirada foi a
Microsoft, associada fortemente à sua marca, inovação e desempenho financeiro.
Outra pesquisa que também contribui para a reputação das empresas brasileiras, é a que resultou
no ranking das “Melhores Empresas para se Trabalhar”
10
, realizada pelas revistas Exame e Você
8
Empresa brasileira de pesquisa de mercado.
9
Empresa de cosméticos brasileira, fundada em 1969.
10
Dados fornecidos por Regina Yoon, profissional da equipe do Guia EXAME VOCÊ S/A, em 03/12/04.
92
S/A, desde 1997. A pesquisa avalia itens como: credibilidade, respeito, orgulho, imparcialidade,
camaradagem, benefícios, remuneração, ética e cidadania, desenvolvimento profissional e
equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. A empresa interessada em participar faz sua inscrição.
Em 2004, a pesquisa contou com 460 empresas dos mais diversos setores. A metodologia consta
inicialmente de dois questionários: um, com 71 perguntas, a ser respondido pelos funcionários (o
número de respondentes varia de acordo com o número de funcionários.) e o outro, respondido
pelo RH, sobre as políticas e práticas de gestão da empresa. Os questionários são tabulados
dentro dos critérios do Great Place to Work Institute, consultoria americana que apóia o projeto.
Em seguida, a empresa obtém uma nota de pré-classificação. Aquelas que forem qualificadas, na
primeira etapa, participam posteriormente, da metodologia de focus group, com funcionários de
diversos níveis. Na análise final são classificadas 150 empresas, destacadas as 10 melhores, além
das 50 melhores para a mulher trabalhar e as 20 melhores por setor. Alguns números dão a
dimensão desta pesquisa. Em 2004 foram necessários nove meses de trabalho para analisar e
coletar dados em todo o país, contando com o trabalho de uma equipe de 12 jornalistas que
conduziu 1.176 horas de entrevistas com 4.000 profissionais e visitou pessoalmente 196
empresas.
Há ainda organizações internacionais que, anteriormente, trabalhavam em mercados como
Estados Unidos, Europa e Ásia e que agora direcionam suas pesquisas ao mercado brasileiro. É o
caso da Hill & Knowlton
11
, que desenvolve, desde 1997, uma pesquisa denominada Corporate
Reputation Watch, tendo como objetivo avaliar o nível de importância e entendimento que
executivos têm sobre questões relacionadas à forma como a reputação das empresas é construída
e gerenciada. A pesquisa tem como foco empresas com faturamento entre 50 e 500 milhões de
11
Dados fornecidos, via e-mail, por Renata Monte Alegre da Hill and Knowlton, em 30/11/2004. A pesquisa é
conduzida pela Opinion Research Corporation.
93
dólares e os questionários são enviados via internet e fax. Como incentivo, os respondentes
recebem os resultados comparativos entre as regiões.
Esta pesquisa foi realizada, em 2003, pela primeira vez no Brasil, e alguns de seus resultados nos
chamam a atenção. O item responsabilidade social foi altamente valorizado no Brasil. Aqui, 72%
consideram ações nessa área muito importantes para a reputação, ao passo que apenas 26% a
consideram importante nos Estados Unidos, 30% na Ásia e 44% na Europa. Quanto aos
benefícios de uma boa reputação, de acordo com 52% dos executivos brasileiros, contribui para
aumentar as vendas; 73% consideram que melhora o processo de recrutamento, além de ajudar a
manter os atuais empregados e 62% destacam a promoção de transações de parcerias estratégica.
Para 72% dos respondentes brasileiros a reputação da empresa tornou-se mais importante do que
era há cinco anos atrás, uma porcentagem bem mais elevada do que os 60% das outras regiões do
mundo.Quanto aos aspectos internos que contribuem para a reputação de uma empresa,
transparência e comunicação aparecerem nos primeiros lugares, com 67% e 35%
respectivamente. Com relação às influências externas, por outro lado, os clientes estão em
primeiro lugar com 95% de importância no Brasil, contra 74% em média, nos Estados Unidos,
Europa e Ásia. Em segundo lugar vem a imprensa, com 67%, índice este superado apenas pelos
executivos europeus que a colocaram, em primeiro lugar, com 76%, como principal influência
externa sobre a reputação das empresas.
Questionados sobre quais as maiores ameaças à reputação das empresas, as respostas foram
variadas: comportamento antiético por parte da empresa, problemas com produtos e serviços,
reclamações de consumidores e matérias negativas na imprensa foram as principais. Aqui,
novamente, nossos executivos mostraram crescente preocupação com repercussão negativa, em
94
boa parte devido à atuação eficiente do PROCON
12
bem como o Código de Defesa do
Consumidor
13
. Outro dado interessante que a pesquisa mostra é a atribuição da responsabilidade
pela reputação da empresa. No Brasil, ela é dividida em partes quase iguais entre o principal
executivo e sua diretoria, com 47% e 42% dos votos, ao passo que nos Estados Unidos, 80% da
responsabilidade pela reputação da empresa são atribuídos ao número 1 e apenas 7% à diretoria.
(GRAD, 2004).
Observa-se uma maior conscientização por parte dos executivos quanto à importância da
reputação das empresas, o que por sua vez, demanda também a necessidade de ações de
gerenciamento, incluindo de comunicação, que venham a sustentar uma boa reputação.
Estudos como os de Bromley (2002); Schultz et al. (2001); Fombrun et al.(2000); Greyser
(1999); Thevissen (2002); Gardberg e Fombrun (2002); Van Riel e Fombrun (2002); Schultz,
Nielsen e Boege (2002); Davies et al.(2003;2004); Carmeli e Freund (2002); Groenland (2002)
mostram que grande parte dos trabalhos sobre análise de reputação tem se concentrado em
mensuração. Da mesma forma podemos confirmar que os estudos realizados, no Brasil, pela
Interscience/ Carta Capital; Exame/ Você S.A; Hill& Knowlton; Schuler (2004) também adotam
a mensuração. Bromley (2002), por sua vez, enfatiza que a pesquisa qualitativa pode avaliar que
tipos de fatores são importantes na construção da reputação e como estes podem se combinar para
gerar determinado resultado, positivo ou negativo para a empresa. Além disso, como citado
anteriormente, vários estudiosos sobre o tema de imagem e reputação corporativa destacam a
necessidade de se ampliar os estudos teóricos e empíricos sobre o tema.
12
Órgão de governo de proteção e defesa do consumidor
13
É uma lei de ordem pública (8.078/90) que estabelece direitos e obrigações de consumidores e fornecedores, para
evitar que os primeiros sofram qualquer tipo de prejuízo.
95
Em recentes estudos, os autores têm reafirmado a necessidade de buscar compreender melhor a
relação entre identidade, imagem e reputação, e a importância de combinar conhecimento das
disciplinas de comunicação, marketing e estudos organizacionais. (GIOIA et al.2000; PRUZAN,
2001; HATCH; SCHULTZ, 1997; BLACK, 2000; TREADWELL, HARRISON, 1994;
CORNELISSEN, 2000).
Concluindo, podemos destacar que se torna cada vez mais importante para as empresas adotar
sistemas de mensuração que lhes permitam avaliar, de forma sistemática, a percepção de seus
stakeholders sobre aspectos que determinam sua reputação. Criar, manter e sustentar uma
reputação passa pelo entendimento desta como ativo intangível e diferencial competitivo, mas
principalmente, pelo reconhecimento de que a organização pode trabalhar no sentido de definir e
implementar políticas que venham a atender as expectativas e demandas de seus stakeholders. E
o ponto de partida é conhecer melhor o que se passa nas suas relações com funcionários, clientes,
acionistas, ambientalistas, governo e outros segmentos que afetam ou são afetados por suas
políticas.
Este trabalho utilizará como instrumento de pesquisa o “Quociente de Reputação”, sendo esse o
primeiro estudo no Brasil a adotá-lo, além de ser tamm a primeira vez a ser empregado em uma
análise específica de uma Escola de Negócios. Como tradicionalmente os rankings têm sido
adotados como referência de reputação nesse setor, faremos, no capítulo 4, uma análise dos
impactos exercidos por estes sobre as Escolhas de Negócios no Brasil, Europa e EUA.
A seguir apresentamos o papel da comunicação organizacional na construção da reputação.
96
3.3 O Papel da Comunicação Organizacional na Construção da Reputação
Um dos aspectos que marca a contemporaneidade é que, cada vez mais, pessoas e organizações
se ocupam da produção e do intercâmbio de informações e de conteúdo simbólico. E, para buscar
um maior entendimento e gerenciamento de questões situadas num ambiente complexo e
turbulento, as organizações procuram estabelecer sistemas simbólicos que lhes permitam ser
capazes de responder às distintas demandas.
Diante disso, constata-se a crescente necessidade, por parte das organizações, de tentar
administrar da melhor forma possível as informações que circulam sobre si próprias. E, nesse
sentido, as interações que estabelecem e mantém com os diversos atores sociais (inclusive
consigo mesmas, enquanto ator social), determinam sua capacidade de agir para alcançar seus
próprios objetivos ou interesses, a capacidade de intervir no custo dos acontecimentos, e de atuar
no exercício do poder.
Como afirma Fombrun e Rindova (2000, p.95) “as organizações estão cada vez mais preocupadas
sobre como gerenciar suas reputações”. Serem percebidas de forma positiva pelos seus
stakeholders pode contribuir significativamente para seu crescimento no mercado competitivo.
Além disso, a reputação favorável ajuda a minimizar as ameaças de grupos de pressão e a
cobertura negativa da mídia.
Considerando os fatores que interferem para a formação da reputação, Fombrun (1996) destaca
que esta depende de práticas gerenciais que façam com que a empresa se torne um bom local para
se trabalhar, forneça produtos e serviços de qualidade a seus consumidores, seja um bom
investimento para seus acionistas e assuma responsabilidades sociais junto às comunidades
97
locais. Nesse sentido, podemos afirmar que a reputação é uma questão de gestão organizacional,
sendo de responsabilidade de todos na organização.
Somando-se às ações gerenciais, uma política de comunicação eficaz pode contribuir
significativamente para criar e sustentar a reputação. Entendemos o processo de comunicação
organizacional como um fenômeno social que pode ser visto como ações intencionais que
ocorrem em contextos sociais estruturados. “Através da comunicação, a organização desperta a
consciência, promove o entendimento e busca a aceitação de suas metas, idealisticamente
resultando na satisfação dos interesses de ambos: organização e ambiente” (VAN RIEL, 2000,
p.157).
A comunicação organizacional, a cada dia, vem ocupando mais espaço, maior escopo e
intensidade, prevalecendo em quase todos os aspectos das relações da organização com o
ambiente:
a comunicação empresarial evoluiu de seu estágio embrionário, em que se definia como
mero acessório, para assumir, agora, uma função relevante na política das empresas.
Deixa, portanto, de ser atividade que se descarta ou se relega a segundo plano, em
momentos de crise e de carência de recursos, para se firmar como insumo estratégico,
de que uma empresa ou entidade lança mão para idealizar clientes, sensibilizar
multiplicadores de opinião ou interagir com a comunidade. (BUENO, 2000, p.50)
Observa-se que através do processo de comunicação, a organização demonstra suas habilidades,
competências e conhecimentos específicos que poderão lhe garantir uma posição diferenciada.
Mas para que isso realmente ocorra, a comunicação deve ser reconhecida pela alta administração
como campo essencialmente estratégico para a gestão organizacional, alinhada aos objetivos e
metas organizacionais. Incluir a comunicação organizacional nesse novo paradigma tem sido um
grande desafio para as organizações contemporâneas.
98
Faz-se necessário sensibilizar a alta administração da organização e conseguir seu
comprometimento com a comunicação; conceber a comunicação como fator estratégico
na divulgação da missão e dos valores da organização perante todos os seus públicos;
considerar a comunicação como um setor integrado nos processos internos de gestão
estratégica, demonstrando seu papel eficaz nas relações interpessoais,
interdepartamentais e interorganizacionais, na busca da sinergia organizacional para a
consecução dos objetivos globais, a criação de valores, o cumprimento da missão, o
estabelecimento da visão, a melhoria de desempenho etc. (KUNSCH, 2003, p.247)
Como afirma Kunsch ( 2003, p.216) “o planejamento da comunicação torna-se importante
porque permite um redimensionamento contínuo de suas ações presentes e futuras, além de
conduzir esforços para metas pré-estabelecidas, por meio de uma estratégia adequada e uma
aplicação racional dos recursos disponíveis”. Dessa forma, a gestão da comunicação deve ser
abrangente e pró-ativa, no sentido de auxiliar a organização a fazer a leitura das ameaças e das
oportunidades presentes na dinâmica do ambiente; de definir diretrizes, meios, oportunidades e
ações adequadas a cada um de seus grupos de relacionamentos; de otimizar a aplicação dos
recursos; e de monitorar os resultados.
Através de uma comunicação estruturada e bem direcionada a organização deve buscar transmitir
a seus stakeholders “quem somos enquanto organização”, de forma autêntica e convincente, com
o intuito de conquistar a legitimação institucional, cada vez mais necessária no cenário
competitivo. Em geral, os stakeholders, são mais receptivos às mensagens que têm coerência e
credibilidade. Nesse sentido, Van Riel (2000, p.158) reforça que “a comunicação para ser mais
efetiva deve ter como base uma estória corporativa sustentada, como fonte de inspiração para
todos os processos e programas de comunicação junto aos segmentos de públicos internos e
externos”. Esta estória deve ser uma descrição realista e relevante da organização, criada através
de um diálogo com seus stakeholders. Na realidade, a estória corporativa sustentada é a tradução
da identidade organizacional a seus públicos de relacionamento.
99
Cinco dimensões reforçam a importância da comunicação no processo de criação, manutenção e
sustentação da reputação: visibilidade, transparência, distintividade, consistência e autenticidade.
Segundo as pesquisas realizadas pelo Instituto de Reputação, as organizações que possuem alto
índice de “Quociente de Reputação”, aparecem mais bem posicionadas em relação à estas cinco
dimensões que seus concorrentes. (FOMBRUN; VAN RIEL, 2004) . Não há nenhum estudo
acadêmico que demonstre a relação entre estas dimensões e as políticas de comunicação
organizacional. No entanto, uma avaliação do papel da comunicação organizacional e uma
análise de suas atividades indicam uma forte relação entre a comunicação e estas dimensões. A
seguir, serão explicitados os conceitos de cada uma das dimensões propostos por Fombrun e Van
Riel (2003) e como a comunicação pode contribuir, no sentido de posicionar melhor a
organização e, conseqüentemente, melhorar sua imagem com cada segmento de público e
sustentar uma reputação mais forte.
Visibilidade
Não há reputação sem visibilidade. Se a organização atender plenamente aos seis fatores que
constroem a reputação, mas não for reconhecida por isso, ela não terá uma boa reputação. As
pesquisas do Instituto de Reputação demonstram que a familiaridade com a organização
influencia positivamente, na maioria das vezes. As organizações com alto índice de “Quociente
de Reputação”, em geral, comunicam-se mais com seus stakeholders. Dados de uma pesquisa
14
confirmam que organizações que aparecem mais em artigos de revistas e jornais, publicam mais
14
Pesquisa realizada pelo Instituto Leslie Gaines- Ross, através de um survey com 25.000 leitores da Fortune, em
janeiro de 1997, compara o investimento em comunicação de empresas com alto e baixo índice de reputação,
mensurado pela revista Fortune. As empresas com maiores investimentos em comunicação possuem maior índice
de reputação.
100
anúncios e aparecem em programas de televisão, tendem a serem avaliadas com maior índice de
familiaridade.
O presidente da Petrobrás reconhece o alcance que uma campanha pode ter sobre a imagem da
empresa. Para ele, no caso específico da empresa, única estatal entre as 10 empresas mais
admiradas no país
15
, sua mudança de posição nos últimos anos, de 15ª (2002), para 9ª (2003), e
para 3ª (2004) se deve em grande parte, à campanha realizada no ano passado na comemoração
do meio século da empresa. A campanha publicitária, no entanto, não responde sozinha a essa
visibilidade positiva que contou também com a capacidade da empresa em responder às
mudanças ambientais e ao seu bom desempenho financeiro.
Outro exemplo brasileiro positivo é o da Embraer, que privatizada em 1994 passou da insolvência
à participação de 40% no mercado de jatos regionais. Sua política de comunicação direcionada
aos públicos estratégicos, associada à uma gestão ousada e moderna, colocaram-na como número
um no ranking das exportações brasileiras. Seu reconhecimento internacional concedeu-lhe o
prêmio “Encomenda do Ano do Airfinance Journal Awards”, em abril de 2004. Hoje, a empresa
possui visibilidade nacional e internacional, tendo agregado valor à sua marca, se posicionando
como a 11ª mais valiosa
16
, sendo também reconhecida como a 6ª empresa mais admirada do
Brasil
17
. (BLECHER, 2004).
A visibilidade deve estar alinhada à prática organizacional para que haja coerência e consistência
das informações. E isso nem sempre ocorre, como mostram os resultados de uma pesquisa
realizada com 59 empresas filiadas ao Instituto Ethos de Responsabilidade Social. Dentre 131
15
Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa InterScience/ Carta Capital, em 2004.
16
Pesquisa realizada pela Interbrand, sobre valor de marca de empresas brasileiras, em 2004
17
Pesquisa realizada pelo Instituto Interscience / Carta Capital, especial, em 2004.
101
anúncios veiculados na mídia nacional, 36% tratavam de propaganda enganosa; 39% não
apresentavam informações corretas sobre produtos ou serviços; e 10 % ofereciam risco à saúde e
à segurança do consumidor”. (GOVATTO, 2004). Nesses casos, a visibilidade pode contribuir
negativamente tanto para a imagem interna quanto externa.
Outros dados demonstram que a visibilidade pode ser negativa, quando o tipo de exposição
ocorre em função de notícias negativas como das empresas Phillip Morris (tabaco); AOL Time
Warner, Enron, Anthur Andersen, WolrdCom , Exxon e Shell, que vivenciaram crises recentes
junto à opinião pública. Nestes casos, a reputação sofre em função da maior visibilidade negativa.
É importante ressaltar que a visibilidade não depende apenas do espaço publicitário. Pode ser
resultado de um trabalho amplo de várias ações integradas de comunicação, incluindo ações
eficazes de assessoria de imprensa
18
. A mídia espontânea pode contribuir para aumentar a
credibilidade e visibilidade da organização. Como exemplos, a multinacional IBM e a empresa
aérea nacional TAM não figuram entre os principais anunciantes brasileiros, e ambas possuem,
no geral, uma cobertura positiva da imprensa. Por outro lado, a Unilever, uma das maiores
anunciantes do país, possui uma cobertura jornalística discreta. (BUENO, 1999).
Distintividade
A reputação sempre é mais forte quando as empresas ocupam uma posição de distintividade nas
mente de seus stakeholders. Por exemplo, Intel e AMD, são as duas maiores empresas fabricantes
de microprocessadores, ambas oferecendo produtos comparáveis em qualidade, velocidade e
18
O espaço publicitário e editorial são distintos na produção jornalística, pelo menos nos veículos tidos como
independentes. O anúncio se caracteriza como espaço comprado pela empresa para veicular o que é de seu
interesse. A matéria jornalística, por sua vez, é resultado do interesse e da cobertura do veículo. (BUENO, 1999).
102
poder. No entanto, a Intel domina nas percepções dos compradores de computadores. Uma
grande diferença entre as duas empresas no que se refere a comunicação pode ser destacada: a
Intel investiu enormemente em uma campanha “Intel Inside”, colocando seu logo em todos os
computadores com seus processadores, apesar de não vender o computador diretamente ao
consumidor.
Dentro de um processo de comunicação, a construção da história empresarial contribui para
personalizar a organização, dando-lhe uma feição única, assegurando-lhe maior distintividade. O
caminho percorrido, seu passado, o conhecimento acumulado, seus princípios e valores formam o
legado que sustenta sua identidade corporativa. Elementos históricos fortes contribuem para
aumentar o orgulho dos empregados em trabalhar para a organização e para a aprovação de
stakeholders externos.
Empresas como Bunge, Sadia, Avon, Klabin, Bosch, Belgo Mineira, Hospital Albert Einstein,
Ambev, Votorantim, Grupo Camargo Corrêa, Grupo Itaú, GM são alguns exemplos de
organizações que construíram suas histórias. (DAMANTE, 2004). Um outro exemplo, é a história
da Hewlett-Packard que traz uma forte referência da garagem onde dois dos fundadores iniciaram
o império da empresa de tecnologia de informação. São heranças que dão relevância,
distintividade e contribuem para a construção de sentido de “quem é a organização”.
(FOMBRUN; VAN RIEL, 2003)
As empresas que competem em mercados comoditizados necessitam fortemente de um processo
de comunicação que as posicione de forma a distingui-las de outras do mesmo setor na mente de
seus stakeholders. Outros dados das pesquisas do Instituto de Reputação, demonstram que
quando a organização adota um tema específico como foco de sua comunicação, ela tende a ser
mais bem avaliada nessa dimensão. (FOMBRUN; VAN RIEL, 2004).
103
Outro aspecto que colabora para uma maior distintividade é a construção de uma marca
corporativa forte. Através da marca corporativa os indivíduos estabelecem associações que
podem levá-los a inferências no processo de decisão de compra ou de adesão e/ou apoio à
organização. Estudos comprovam que veículos idênticos, produzidos por uma mesma fábrica
19
,
com marcas corporativas distintas, podem ter variações relevantes em seus preços. Ou seja, fortes
links emocionais com as empresas podem levar a maior identificação de seus consumidores com
seus produtos, como demonstram empresas com marcas corporativas fortes como Walt Disney.
Autenticidade
Autenticidade gera apelo emocional e não há reputação sem apelo emocional. As análises
estatísticas das pesquisas de “Quociente de Reputação”, realizadas pelo Instituto de Reputação,
confirmam que a primeira dimensão de reputação, em todos os países
20
, é o grau de apelo
emocional. Kunsch (1997, p.32) afirma que a “qualidade da comunicação (...) passa pela
disposição em abrir as informações e pela autenticidade, tendo a verdade como princípio”.
Uma das empresas consideradas com alto grau de autenticidade é a Johnson & Johnson, cujos
consumidores, a destacam por “fazer o que é correto”, mesmo em tempo de crises. Outro
exemplo é da pequena empresa produtora de sorvetes Ben & Jerry, localizada em Vermont, nos
EUA, que na pesquisa do Instituto de Reputação, em 1999, apareceu entre as cinco primeiras
colocadas, em apelo emocional, junto com empresas como Coca-Cola e Johnson & Johnson. O
que a fazia ter tanto apelo junto a distintos segmentos de públicos, se nem mesmo era uma grande
19
Joint Venture entre General Motors e Toyota (NUMMI)
20
Austrália, Holanda, Bélgica, Inglaterra, Dinamarca, Alemanha, Itália, Japão, Noruega, Suécia, EUA, França,
África do Sul
104
anunciante? Sua reputação tinha como base a percepção que as pessoas faziam da empresa como
autêntica, humana e socialmente responsável. Ben & Jerry tornaram-se conhecidos “por
compartilhar sua riqueza com os pobres e utilizar ingredientes naturais na produção de seus
inacreditáveis sorvetes”. (SMITH, 1994, p.42)
Em 2000, a empresa foi vendida para a empresa holandesa, Unilever, e seus fundadores a
deixaram. Como conseqüência, na pesquisa realizada em 2000, o nome da empresa sequer foi
citado. Esse é um exemplo clássico que mostra a força de uma identidade. Mesmo pertencendo a
um poderoso e forte grupo como a Unilever, investindo em publicidade e relações públicas, a
empresa perdeu, na visão de seus públicos, o que lhe assegurava forte reputação que era a
autenticidade. (FOMBRUN; VAN RIEL, 2003).
Nesse sentido, podemos afirmar que um programa de comunicação precisa, necessariamente,
sustentar-se nos valores e crenças da organização, sendo legitimado pelos empregados. Só assim,
os stakeholders externos se apropriam do que está sendo comunicado, dispondo-se a endossar o
discurso organizacional. Outro exemplo de autenticidade, é o da empresa de alumínio, Alcan do
Brasil, com seu código de conduta, proposto, discutido e implementado em toda organização,
referendado em suas práticas gerenciais com fornecedores, clientes e comunidades onde atua.
Tornou-se um elemento fortemente simbólico, contribuindo significativamente para a construção
de sentido dos empregados, quanto a comportamentos e atitudes no dia-a-dia.
Transparência
A transparência na conduta de seus negócios é outra dimensão com grande impacto na reputação.
Os públicos valorizam as empresas que se comunicam mais e melhor. A transparência ajuda
construir, manter e defender reputação. É um fator fundamental na relação das organizações com
105
seus stakeholders no cotidiano e se torna crucial em momentos de crise. São vários os exemplos
que demonstram como a prática da transparência pode ajudar no gerenciamento de uma crise,
principalmente, no que se refere à credibilidade organizacional. Os acidentes vividos pela
companhia aérea TAM são exemplos de transparência
21
.
A transparência contribui para dar credibilidade aos propósitos e ações da organização,
reduzindo a necessidade de vigilância e de desconfiança. Dentro deste princípio situa-se a
comunicação da Aracruz Celulose, empresa de capital aberto, que exporta 98% da produção e
opera em mais de 100 municípios e em quatro Estados brasileiros. O gerente de comunicação
corporativa da empresa afirma que “sem credibilidade, a comunicação será ineficaz, por mais
brilhantes que sejam o conteúdo e a forma”. Reconhece que ser transparente envolve riscos, mas
é também uma oportunidade de aumentar a credibilidade. (BRANDÃO, 2004, p.14)
A comunicação, para o autor, não se restringe a identificar os públicos e estabelecer canais de
comunicação. Traduz-se nos esforços de entender a comunicação como o elo entre demandas e
percepções de todos os públicos da empresa aos fatores que irão assegurar a sustentabilidade do
empreendimento. E, não bastam informações acessíveis e precisas, necessita também contar
com uma postura de engajamento da organização, principalmente para escutar e entender
diferentes e divergentes pontos de vistas.
Consistência
A consistência das ações organizacionais deve ser alinhada à consistência no processo de
comunicação. Mensagens contraditórias, discursos diferentes das práticas, fragmentação da
comunicação, ações isoladas expressam inconsistências que, na maioria das vezes, são percebidas
21
O tema será abordado a seguir no item sobre gerenciamento de crise.
106
pelos distintos públicos. A credibilidade não se conquista apenas com a abertura da organização
no sentido de informar aos públicos de relacionamento suas políticas, filosofias e atitudes. O
discurso organizacional “tem de ser regido pela integridade, isto é, pela coerência entre o que se
diz e o que se faz no dia-a-dia”. (VIEIRA, 2004, p.33).
Os empregados são os primeiros a perceberem as inconsistências entre o que é dito e feito,
afetando diretamente a identificação destes com a organização. Muitas vezes, as inconsistências
ocorrem entre os departamentos e/ou unidades, dentro da própria organização, que se comportam
de formas distintas, enviam mensagens contraditórias, confundindo os empregados e dando-lhes a
impressão de falta de clareza, coerência e sentido naquilo a que a organização se propõe.
Jack Welch, que foi presidente da General Eletric por mais de 20 anos, da década de 80 ao final
de 2001, era distinguido por sua capacidade de se comunicar com os empregados. Reconhecia
que os 270.000 empregados não absorveriam suas idéias com um simples discurso. Era
necessário ser seletivo na escolha dos meios, definir as principais idéias a serem comunicadas,
quais os valores essenciais que os empregados precisavam incorporar e investir pesadamente nos
esforços de comunicação. (ARGENTI; FORMAN, 2002). E, “influenciar a audiência externa
através dos programas de comunicação, falha a longo prazo, quando estes programas não são
ancorados nos valores essenciais, articulados com as crenças e com a vivência dos empregados”.
(FOMBRUN; VAN RIEL, 2004, p.93).
Um outro aspecto que interfere na reputação, são as diferentes imagens construídas por distintos
públicos, em grande parte, como conseqüência de mensagens contraditórias sobre valores e
direcionamento estratégico, levando-os a várias e contraditórias interpretações de uma mesma
organização. Diante da falta de consistência, geralmente, as organizações não contam com apoio
e suporte de seus stakeholders.
107
Exemplos recentes aconteceram na década de 90 com as empresas ponto.com. Além das lições
nos processos de gestão destas organizações, podemos afirmar que não se consolida uma
imagem lançada como uma bolha que cresce rapidamente aos olhos dos consumidores e
investidores se não houver uma sustentação. Mesmo contando, muitas vezes, com a cumplicidade
da mídia, e tendo visibilidade, grande parte destas empresas foram excluídas da nova economia,
por não atenderem aos pré-requisitos que sustentam uma reputação. O que elas buscavam era um
relacionamento superficial, cuja magia se pautava no imaginário de acesso ao produto ou serviço,
na sua maioria, gratuito; mensagens inconsistentes; promessas de sedução. Mesmo reconhecendo
o fato das empresas “pontocom” terem características distintas das empresas tradicionais e, por
serem, em sua maioria, efêmeras, o posicionamento destas precisa contar com atributos positivos
em sua comunicação com seus principais públicos, como forma de assegurar-lhes credibilidade,
distintividade e coerência. (BUENO, 2000)
Uma reputação positiva é resultado da capacidade de a organização se expressar com
transparência, autenticidade, consistência e distintividade, permitindo-lhe uma visibilidade que
promova o compartilhamento do entendimento, por parte de seus stakeholders, sobre quem é a
organização, o que faz e como faz. Nesse sentido, o processo de comunicação precisa
necessariamente se sustentar na institucionalização e legitimação organizacional.
Segundo Pereira (1988, p.14-21) citado por Kunsch (2003) “o processo de institucionalização
possibilita que uma organização venha a transformar-se em instituição na medida em que assume
compromissos e objetivos relevantes para a sociedade e o mercado.” Sua legitimidade, no
entanto, requer maior conscientização e explicitação do que é a organização e seus propósitos, ou
seja, o que justifica sua existência. Cada vez mais as organizações estão buscando explicitar sua
razão de ser em sua missão, na identificação de seus valores centrais e em seus códigos de
108
conduta. (CHRISTNESEN; CHENEY, 2000). A legitimação não se sustenta apenas com
programas estratégicos de comunicação e sim em ações concretas experimentadas pelos diversos
públicos. Como afirma Kunsch (2003, p. 39) “seria ingênuo pensar que bastaria a organização
valer-se de sofisticadas técnicas de propaganda, relações públicas e marketing, para assumir um
posicionamento institucional reconhecido e valorizado socialmente”.
Uma das raras multinacionais brasileiras, a empresa de cosméticos Natura
22
, vem trabalhando sua
reputação de forma eficaz. Conquistou, em 2004, o primeiro lugar, entre as 10 empresas mais
admiradas, segundo o instituto de pesquisa InsterScience
23
; considerada também como a melhor
empresa para mulheres trabalharem
24
, já que estas representam hoje 62% de sua mão-de-obra.
Fundada em 1969, a empresa optou pela venda direta como a alternativa que viabilizaria o
crescimento da empresa, apoiada na força das relações pessoais, o que a levou a superar a gigante
norte-americana dos cosméticos no Brasil, a Avon.
De acordo com o levantamento Top of Mind, do Datafolha
25
, sua marca é a mais lembrada, no
item cosméticos, pelos entrevistados com escolaridade de nível superior e renda familiar acima
de dez salários mínimos, colocando-se como a terceira marca mais valiosa do país, no valor de
536 milhões de dólares. (BLECHER, 2004).
Recentemente a empresa passou por uma reformulação de sua marca, identificando, através de
pesquisas, os quatro atributos que sustentam a marca Natura: humanismo, equilíbrio,
transparência e criatividade. Como razão de ser da empresa, foi adotada a filosofia do “Bem estar
22
Hoje a empresa atua no Chile, Argentina, Peru e Bolívia, iniciando o processo de entrada no mercado francês.
23
Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa InterScience/Carta Capital, “As Empresas mais admiradas no
Brasil,em 2004”.
24
Pesquisa realizada pela Revista Exame/ Você S/A, “As 150 Melhores Empresas para Você Trabalhar”, em 2004.
25
Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Datafolha, em 2004
109
Bem”, que incorpora seus atributos e se expressa em toda a sua divulgação institucional e de
produtos. Em pouco mais de três décadas, a Natura “conseguiu que seus valores éticos, fossem
compartilhados com funcionários, fornecedores e consultoras, tornando-se tão conhecida do
consumidor quanto seus produtos”. (BLECHER, 2004, p.153). O que se percebe nesse exemplo
são ações de gestão que sustentam as seis dimensões
26
que definem a reputação.
Em depoimento, o presidente executivo da Natura, afirma que “uma das formas de entrar no jogo
é construir relações de qualidade com seus diversos públicos: colaboradores, consultoras,
consumidores, sociedade civil e governo”. Destaca também que “relações de qualidade se
constroem entre pessoas, no dia-a-dia, apoiadas na ética, na transparência e na verdade”.
(BARROS, 1999, p.118 ).
No caso específico da Natura, podemos afirmar que, alinhada à sua gestão organizacional, uma
política de comunicação sustentada na visibilidade, transparência, distintividade, consistência e
autenticidade fortaleceram sua reputação e também sua marca corporativa.
Por outro lado, a falta de uma política de comunicação, principalmente diante de crises
empresariais, pode gerar danos irreparáveis à reputação como veremos a seguir.
3.3.1. Gerenciamento de Crises
O Institute for Crisis Management (ICM) define crise como uma ruptura empresarial significante
que gera grande cobertura da mídia. Os resultados da avaliação feita pelos diversos stakeholders
afeta as operações normais da organização, podendo gerar impactos políticos, legais, financeiros
e até mesmo sobre sua própria sobrevivência. Sua reputação pode sofrer danos enormes.
26
Apelo emocional, produtos e serviços, ambiente de trabalho, responsabilidade social e com meio ambiente,
desempenho financeiro, visão e liderança e seus 20 atributos.
110
“Grandes crises de imagem são capazes de incinerar uma reputação não em questões de anos,
nem em questão de meses, mas em apenas alguns poucos dias”. (ROSA, 2001, p.38)
Crises organizacionais são únicas. As pessoas envolvidas, o tempo e a duração das crises, e a
forma como acontecem também são únicas. Portanto, é importante que crises diferentes sejam
gerenciadas também de maneira diferente. No entanto, quando se começa a observar os fatos
ocorridos ao longo da história, percebe-se que determinados padrões emergem de tempos em
tempos e observar e entender esses padrões pode fazer com que o gerenciamento se dê de forma
mais rápida e eficiente (O’ROURKE, 1997).
Nas duas últimas décadas, centenas de empresas foram atingidas fortemente em suas reputações,
como demonstram alguns exemplos, citados por Dowling (2001). A Nike, por exemplo, sofre as
conseqüências de denúncias da exploração de mão-de-obra barata na Ásia, o que demonstra sua
falta de responsabilidade social. A AT&T foi veementemente criticada, tanto internamente
quanto externamente, quando aumentou o pacote de compensações salariais de seus executivos
após anunciar a demissão de vários empregados. A British Airways gastou milhões de libras
pintando o novo design nas aeronaves enquanto barganhava redução de custos com os
empregados.
Até mesmo uma empresa como a Coca-Cola viveu uma forte crise, em 1999, quando várias
pessoas adoeceram após tomar o refrigerante. Foi feito o primeiro grande recall, após 113 anos, o
que a levou a fechar uma de sua fábricas na Europa, após uma semana. (DUKERICH; CARTER,
2000)
No Brasil, dentre os inúmeros exemplos de crises empresariais, destaca-se o da companhia aérea
TAM, com o acidente com o vôo 402, que resultou na morte de 99 pessoas, em outubro de 1996.
Mesmo enfrentando todas as conseqüências de uma crise como essa, a empresa soube se
111
comunicar de forma ágil, transparente e contou com o respeito da imprensa após a crise (ROSA,
2003) O depoimento do executivo responsável pelo gerenciamento da crise
27
ressalta que dentre
os atributos que distinguem a TAM da concorrência, está a qualidade da prestação de seus
serviços. E esse fato foi reconhecido na hora do acidente como comprovam cerca de 50 mil
mensagens de apoio que receberam. Em suas palavras: “Tínhamos um crédito de confiança e era
hora de usá-lo. Restabelecer o prestígio da empresa era um trabalho a longo prazo”. (ROSA,
2003, p.65).
A crise tem o poder de denegrir a reputação corporativa e os gerentes das organizações sentem-se
muitas vezes compelidos a tentar melhorar a reputação e imagem por meio de ações defensivas.
Dukerich e Carter (2000) analisaram algumas destas ações gerenciais e concluíram que as mais
comuns são o envio de press releases, a publicidade e as contribuições para instituições de
caridade. Ações como estas, em momentos de crises, podem acirrar ainda mais as relações da
empresa com seus públicos, a sociedade em geral e, principalmente, com a imprensa.
Tentar ocultar os fatos ou negar a veracidade dos mesmos traz conseqüências ainda mais sérias.
Esse foi o caso do acidente, ocorrido em 11 de junho de 1996, no Osasco Plaza Shopping, em São
Paulo, devido à explosão por acúmulo de gás entre o piso e o solo, resultando em 40 mortos, mais
de 300 feridos e danificações em mais de 40 lojas. A administração do shopping se viu diante de
um discurso frágil, inconsistente, tentando escamotear as causas do acidente, enquanto a
imprensa, usando outras fontes de informação o desconstruía, mostrando o que veio a ser
comprovado posteriormente.
Uma crise empresarial que não seja bem gerenciada pode gerar a perda de um dos pilares da
reputação que é a confiança de seus stakeholders. Outro exemplo, ocorreu com a Ford e
27
Depoimento de Luiz Eduardo Falco (ROSA, 2003)
112
Firestone
28
, no caso dos pneus do carro Explorer. Do início dos questionamentos sobre os pneus,
em julho de 1996, até o início do recall feito pela Ford nos carros vendidos na Arábia Saudita em
1999, ao grande recall de 6.5 milhões de pneus realizados pela Bridgestone/Firestone, em agosto
de 2000, os consumidores se viram diante de uma falta de clareza e transparência dos fatos. No
total foram 2.200 ações judiciais, 400 acidentes e 103 mortes. Para ambas as empresas os
prejuízos financeiros foram e continuam sendo imensos, o valor das ações no mercado
despencaram e suas reputações foram imensamente abaladas.
O’Rourke (1997) destaca que algumas situações podem fazer com que a crise se torne mais séria
e às vezes bem mais difícil de ser controlada. A primeira situação descrita pelo autor é a surpresa.
A surpresa elimina toda e qualquer possibilidade de antecipação, fazendo com que a crise se
torne mais difícil de ser controlada. Um exemplo ocorreu com a empresa francesa de água
mineral, Perrier, que fez o maior recall de sua história em uma situação que surpreendeu a
organização. Um inspetor sanitário, que tinha como tarefa fiscalizar os suprimentos municipais
de água, decidiu utilizar a água Perrier para calibrar o seu equipamento de teste, visto que a
considerava a mais pura água que poderia utilizar. Descobriu, no entanto, que a água estava
contaminada por benzeno.
A segunda situação é a falta de informação confiável que acomete as empresas no momento
imediatamente posterior a determinados acidentes. Como não sabem tudo sobre a situação,
preferem não dizer nada. As empresas, em geral, consideram que não podem falar sobre o que
não têm certeza e isso deixa o processo de comunicação lento e a opinião pública sem resposta.
A terceira situação é o aumento progressivo de acontecimentos que culminam em situações
extremamente graves. A Exxon reclama que no desastre do transatlântico Valdez, grupos de
28
Dados levantados em pesquisa no banco de dados Lexis-Nexis em abril, 2004.
113
ambientalistas e agências governamentais já estavam presentes no local do acidente muito antes
que seu departamento de comunicação estivesse ciente do acontecido. Quando especialistas
enviados pela empresa chegaram ao local, os ambientalistas já davam entrevistas na mídia
propondo soluções para o problema e punições para a empresa.
A quarta situação é o escrutínio intenso por parte do público externo. Numa situação de crise, o
público externo se dá ao direito de criticar, opinar e mesmo propor determinadas soluções para o
problema sem levar em consideração o fato de que a empresa dispõe de pessoas extremamente
competentes em seus quadros para realizar estas tarefas. Esse escrutínio faz com que a resposta
da empresa tenha que ser rápida, sem muitas vezes permitir que ela responda da melhor forma.
Cheney e Christensen (2003, p.255) ressaltam que “um gerenciamento pró-ativo das crises
empresariais pode permitir às organizações (principalmente, grandes empresas) a definirem
retoricamente seus próprios discursos, o que, de certa forma, torna possível determinar as
respostas mais adequadas”. Quando as respostas das organizações conseguem se antecipar,
atingindo audiências-chave antes de suas opiniões se cristalizarem, a organização tende a
comunicar principalmente dentro de seu próprio universo simbólico.
No gerenciamento pró-ativo de crises gerenciais, as repostas organizacionais podem, em outras
palavras, geralmente preceder o estímulo ambiental. A noção de “resposta” implica num diálogo
com seus stakeholders. O fato de que não se têm o controle das crises ou de que estas não sejam
controláveis pela organização, não reduz a lógica deste argumento:
quanto mais as organizações são pró-ativas em suas respostas às demandas do
ambiente, informando seus stakeholders antecipadamente ou imediatamente após a
ocorrência da crise, maior a possibilidade de se posicionarem dentro de seus próprios
universos de expectativas e preocupações”. (CHENEY; CHRISTENSEN, 2003, p.255)
114
Outro fator que afeta a reputação e que, geralmente, se transforma em crises, são os rumores.
Como um processo social complexo, o gerenciamento da reputação se vê algumas vezes diante de
rumores que podem afetar drasticamente a reputação organizacional. O rumor pode ser entendido
como uma das formas simbólicas que sempre implica um processo contextualizado e criativo de
interpretação, no qual os indivíduos se servem dos recursos que dispõem para dar sentido às
mensagens que recebem. Em alguns poucos casos os rumores atuam positivamente, mas na sua
grande maioria trazem conseqüências devastadoras para a organização. O economista Keynes
reconhecia o potencial dos rumores para o mercado de ações, afirmando que os investidores nem
sempre investiam na empresa na qual acreditassem que lhe traria melhor retorno, mas naquela
que eles acreditavam que outros iriam investir.
Um exemplo de como o rumor pode afetar drasticamente a instituição e seus dirigentes é o
episódio da Escola-Base, de São Paulo, que se tornou referência no assunto. A infundada
acusação de que seus donos abusavam sexualmente de crianças que lá estudavam denegriu a
imagem da instituição e de seus dirigentes.(ROSA, 2001).
Na sociedade contemporânea, com grande influência dos meios de comunicação, observa-se que
as pessoas discutem as mensagens recebidas com outros indivíduos em seus ambientes sociais
imediatos e, os pontos de vista e ações dos outros podem influenciar seu próprio comportamento.
Esse efeito “entre na onda”, gera uma ação responsiva conjunta, que pode ser desde estímulo a
compra de bens à especulação sobre preço de ações, boicotes ou vários outros comportamentos
não previsíveis. (THOMPSON, 1998).
Crises empresariais e rumores são aspectos que afetam diretamente a reputação de uma
organização, podendo, em casos extremos, determinar o fim dos negócios.
115
Concluindo, para Baudrillard (1988), citado por Cheney e Christensen (2003), ao mesmo tempo
que a comunicação passa a prevalecer em quase todos os aspectos da vida dos indivíduos, o
espaço encontra-se cada vez mais saturado, colocando enorme pressão àqueles que querem ser
ouvidos, tornando cada vez mais difícil saber o que queremos e, talvez, o mais importante, “quem
somos”. Por sua vez, essa explosão da comunicação reforça enormemente a importância da
identidade como uma das formas de sustentar externamente uma imagem coerente com o que a
organização é.
Conseguir um posicionamento adequado hoje é, sem dúvida, um dos grandes desafios
empresariais. Além disso, o que as pessoas esperam das organizações varia amplamente de
acordo com o tempo. (CARROL, 1979). Como visto anteriormente, a comunicação
organizacional tem um papel fundamental na construção, manutenção e sustentação da reputação.
Ela pode assegurar à organização um posicionamento distintivo; dar maior visibilidade a seus
projetos, ações, metas, missão; consolidar uma estória corporativa coerente, consistente e
transparente. E, uma comunicação sustentada ao longo dos anos, contribui para consolidar uma
reputação forte. Como conseqüência, fortalece os relacionamentos da organização com seus
principais stakeholders, garantindo-lhe a viabilidade e perpetuidade de seus negócios. No
próximo capítulo, iremos discutir a influência da reputação nas Escolas de Negócios.
116
4 A INFLUÊNCIA DA REPUTAÇÃO NAS ESCOLAS DE NEGÓCIOS
4.1 A Fundação Dom Cabral
Esta pesquisa fez a escolha pela análise de uma Escola de Negócios, no Brasil, por considerar a
grande concorrência que tem se estabelecido nos últimos anos nesse setor e por entender que a
percepção que os stakholders têm sobre estas instituições influencia diretamente seus resultados.
Adotou como objeto de estudo a Fundação Dom Cabral, um centro de desenvolvimento de
executivos e empresas. Sua equipe, composta por núcleos administrativo e técnico, conta com
229 funcionários e 335 professores, com distintos vínculos e níveis de dedicação. Destaca-se que
a maioria de seus professores se enquadra na relação de prestador de serviços.
Com 28 anos de atuação, tornou-se referência nacional no setor de educação para executivos,
tendo entre seus clientes uma parcela significativa das maiores empresas do país. Por ano, a
Fundação Dom Cabral atende a mais de 600 empresas, na sua maioria de grande porte e cerca de
9.000 executivos. Não só o número é expressivo como também representa grande parte do corpo
gerencial das maiores empresas brasileiras. Trabalhar para o segmento das maiores empresas do
país, formar seus executivos, realizar, em conjunto, atividades que visem a sustentação de seus
negócios, traduz, na realidade, um esforço mais amplo que pode ser entendido como a concepção
de um modelo empresarial para um país que busca se posicionar em um cenário de
competitividade internacional.
Em seu portfólio (ANEXO A) destacam-se atividades voltadas para o desenvolvimento
empresarial, parcerias empresariais, desenvolvimento do gestor e pós-graduação:
117
1. Parcerias com empresas: intercâmbio entre e intra-empresas.
2. Pós-Graduação: cursos de especialização (lato sensu); MBA; Mestrado Profissional
em administração (stricto sensu).
3. Programas fechados: desenvolvidos para atender às necessidades especificas das empresas,
direcionados à capacitação de seus executivos.
4. Programas abertos: com foco em temas atuais de gestão empresarial, ofertados ao mercado
para executivos de distintas empresas.
5. Programas em consórcios: realizados para um grupo específico de empresas com interesses
similares.
Pelo perfil de suas atividades não é fácil classificá-la em uma determinada categoria de
instituição, o que por sua vez, também dificulta sua comparação com outras organizações. Ela
não se enquadra especificamente no perfil de uma Instituição de Ensino Superior, mas grande
parte de suas atividades concorre fortemente nesse setor, como os programas de Especialização,
MBAs, Mestrado Profissional. A Fundação Dom Cabral não presta consultoria no sentido de
intervir nos processos de gestão organizacional, mas avalia junto com as empresas seus processos
de gestão e desenha programas voltados para o desenvolvimento da empresa e/ou de seus
executivos. Nessa área concorre com empresas de consultoria de gestão empresarial. Ou seja,
como atua com produtos e serviços distintos, em segmentos e mercados diferentes, sua
concorrência também acaba se formando por área de atuação. Em algumas áreas concorre com
universidades, em outras, mais específicas, com Escolas de Negócios, em outras, com empresas
de consultoria.
Ao analisar suas atividades, perfil de empresas, executivos e mercado pode-se concluir que o
conceito que a define melhor é a de um centro de geração, produção e transmissão de
conhecimento de gestão voltado para o desenvolvimento de executivos e empresas.
118
Um dos aspectos que distingue a atuação da Fundação Dom Cabral são os trabalhos realizados
em parceria com empresas. O conceito de parceria, para a instituição, é entendido e praticado
como um trabalho conjunto, em que, muitas vezes, ela própria pesquisa e gera o conhecimento
para capacitar sua equipe e, conseqüentemente, a das empresas; em outras, busca as tecnologias
adequadas para que as empresas as adotem, ou juntas descobrem a melhor forma de gerir o
conhecimento necessário. Atualmente, a Fundação Dom Cabral desenvolve parcerias, através de
atividades, programas e projetos, no Centro de Tecnologia Empresarial - CTE; Parceria para o
Desenvolvimento de Acionistas – PDA; Parceiros para a Excelência – PAEX e o Global Players.
Como exemplo de parceria destaca-se o Centro de Tecnologia Empresarial, criado há 14 anos,
com participação atual de 24 empresas nacionais e internacionais de grande porte. Algumas
empresas fazem parte do CTE desde sua criação, tendo participado da sua concepção, da
definição de seus objetivos, de suas transformações. Criado para gerar tecnologia empresarial, o
CTE manteve seu foco, sendo um espaço em que as empresas buscam soluções para suas
demandas gerenciais (ANEXO A).
O programa Parceria para o Desenvolvimento de Acionistas - PDA é voltado para sócios e
herdeiros de empresas familiares de vários segmentos de atuação, com foco na gestão familiar,
melhores práticas, soluções de conflitos, desenvolvimento da nova geração de gestores. O
primeiro programa teve início há seis anos e hoje conta com a participação de 39 empresas
(ANEXO A).
O “Parceiros para a Excelência” - PAEX -, implantado desde 1992, visa o desenvolvimento dos
negócios e da competência empresarial, de empresas de médio porte. Esta parceria reúne grupos
de empresas do Chile e Paraguai. Participam do PAEX 25 grupos, compostos por 172 empresas
(ANEXO A).
119
O mais novo programa de parcerias, o Global Players, criado em 2003, tem como objetivo o
intercâmbio de experiências voltadas para a internacionalização(ANEXO A).
Outra forte característica da Fundação Dom Cabral são as alianças com instituições de ensino
consideradas centros de excelência na Europa, Estados Unidos e Canadá. Possui, atualmente, três
alianças: com o Insead - The European Institute of Business Administration, formada a partir de
1990; com a Kellogg School of Management, desde 1993 e com a Sauder School of Business, a
partir de 2002. Alguns de seus programas como o MBA Executivo, o Pós MBA, o Gestão
Estratégica de Pessoas-GEP, o Programa de Gestão Avançada-PGA e o STC Executivo - Skills,
Tolls & Competencies - são realizados parte no Brasil e módulos na França , EUA ou Canadá.
Recebe também alunos de instituições aliadas na etapa latino-americana do Trium Executive
MBA, iniciativa da New York University Stern School of Business, London School of Economics
and Political Science e HEC School of Management Paris.
No Brasil, a Fundação Dom Cabral mantém alianças com a Escola de Marketing Industrial, o
Instituto Ethos e o Conselho Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável – CEBDS. Em 2002,
foi criado o Mestrado Profissional em Administração, primeiro programa de pós-graduação
stricto sensu da Fundação Dom Cabral, em conjunto com a PUC MINAS.
É importante reconhecer que as alianças da Fundação Dom Cabral foram estabelecidas desde sua
criação, como pode ser observado no seu histórico e, portanto, este comportamento não foi
determinado pelo cenário de competitividade ou pelo modismo da contemporaneidade.
Nos últimos anos, algumas questões vêm marcando sua gestão atual. Primeiro, a necessidade de
um quadro de docentes com maior titulação. Até o início dos anos 90, o interesse maior da
instituição era por professores competentes, com boa performance em sala de aula e com
experiência de mercado. Essa era também a demanda das empresas. Com o crescimento da
120
concorrência, novas exigências da legislação no setor de ensino superior, e mudanças das
demandas das empresas, a Fundação Dom Cabral, como a maioria das instituições de ensino
privado do país, viu-se diante do desafio de qualificação do corpo docente. Em 2004, no quadro
de 211 professores que atuaram em seus programas, 32 têm doutorado e 101 mestrado. O desafio
é aumentar a titulação dos professores, mas ao mesmo tempo manter em seu quadro professores
que consigam fazer um equilíbrio entre teoria e prática.
Outro aspecto é a necessidade de geração de conhecimento próprio. Por um lado, a Fundação
Dom Cabral necessita de um maior número de publicações reconhecidas pelo meio acadêmico,
como forma de ter uma melhor avaliação nos rankings de MBA e Mestrado. As parcerias com
instituições internacionais também demandam uma maior produção científica como um dos
requisitos de reconhecimento das Business Schools internacionais. Além disso, cada vez mais, a
divulgação de pesquisas acadêmicas ocupa espaço na mídia nacional e internacional, o que
contribui para maior visibilidade e melhoria da imagem.
A Fundação Dom Cabral tem registrado avanços nesse sentido, embora ainda seja considerada
pequena sua participação nos principais congressos e publicações nacionais e internacionais sobre
administração. O número de trabalhos aprovados em congresso, de 2002 para 2003, saiu de 32
para 47 artigos, o que representa um crescimento de 46,8%.
No esforço de expandir o alcance de seus programas e tornar-se referência como centro
internacional de tecnologia de gestão, a Fundação Dom Cabral investiu em infra-estrutura e no
desenvolvimento de seu corpo técnico. Em 2001, inaugurou sua nova sede, denominada Campus
Aloysio Faria, em uma área de 36.000m
2
no Condomínio Alphaville Lagoa dos Ingleses, em
Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte. Os investimentos, na ordem de R$20
milhões, contaram com a participação de 33 empresas parceiras, recursos do BDMG e
121
contribuição do empresário Aloysio Faria, que foi proprietário do Banco Real/ ABN Amro, atual
presidente do banco Alfa (O Globo, 2001).
Construído sob o conceito de edifício inteligente, com projeto arquitetônico inovador, o campus
localiza-se no entorno da Lagoa dos Ingleses, com uma extensa área verde, num ambiente que
valoriza a qualidade de vida e a concentração necessária aos estudos. O prédio permite adaptação
de lay-outs das salas, adequando o espaço ao tamanho dos grupos; infra-estrutura para
videoconferência, o que possibilita maior integração com as instituições aliadas e concilia as
modalidades dos programas presenciais e a distância. Atualmente possui uma área construída de
7.500m
2
e está em andamento o projeto de expansão previsto para 2006.
FIGURA 2 – Foto da Fachada do Campus Aloysio Faria - Alphaville - Nova Lima - MG
FONTE - Acervo FDC
122
Além do campus, a Fundação Dom Cabral mantém a antiga sede, localizada no bairro Santo
Agostinho, em Belo Horizonte, voltada para os cursos de especialização que acontecem no
período noturno, em geral, para profissionais que trabalham o dia todo. Seus programas são
realizados no campus e, grande parte, em hotéis, na cidade de São Paulo, e outras capitais do
país e no exterior, como também nas sedes das próprias empresas contratantes, no caso dos
programas fechados.
4.1.1 Um Pouco de sua História
A Fundação Dom Cabral teve sua origem, no ano de 1975, no Centro de Extensão da atual
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas - com o objetivo de prestar
serviços educacionais à comunidade além dos limites da universidade.
Com o crescimento de suas atividades, voltando-se para o atendimento ao setor empresarial,
percebeu-se, por um lado, uma oportunidade de ampliação ainda maior de seus serviços e, por
outro, que essa nova demanda não se vinculava ao perfil de uma instituição acadêmica.
Foi um momento interno conflituoso, em que alguns professores defendiam a continuidade da
estreita relação com a Universidade e, outros, que argumentavam a necessidade de uma
autonomia maior, que permitisse novos vôos. Buscava-se, com o fim da chancela da
Universidade, maior liberdade administrativa e financeira; maior poder de sua direção; novos
direcionamentos mais focados para o mercado e, principalmente, que os empresários pudessem
perceber nessa nova instituição uma visão de conhecimentos aplicados às suas necessidades.
Para atender a essa nova configuração, a direção da Sociedade Mineira de Cultura, mantenedora
da PUC Minas, decidiu transferir as atividades do Centro de Extensão para uma Fundação,
123
constituída a partir da Associação Dom Cabral, entidade também pertencente à mantenedora.
(Fato e Contexto,1996).
Neste contexto, em 1976, nasce a Fundação Dom Cabral, instituição jurídica de direito privado,
com autonomia administrativa financeira, sem fins lucrativos e considerada de utilidade pública
pelo governo brasileiro. Seu nome é uma referência a Dom Antônio dos Santos Cabral - Dom
Cabral - primeiro Bispo e Arcebispo de Belo Horizonte. No seu legado de realizações, destaca-se
a criação da Universidade Católica de Minas Gerais, que em 1983 torna-se Pontifícia
Universidade de Minas Gerais, PUC Minas.
Por tratar-se de uma Fundação, é regida por um estatuto que garante a clientes, fornecedores e
parceiros segurança em relação à sua estabilidade uma vez que, de acordo com a legislação
brasileira, é uma instituição subordinada ao Ministério Público a quem tem que prestar contas
regularmente, submetendo à sua apreciação balanços financeiros e relatórios sobre ações
administrativas. Em sua estrutura de deliberação e administração estão o Conselho Curador, a
Diretoria Executiva e o Conselho Fiscal. O Conselho Curador é formado por 15 membros,
profissionais de destaque no meio empresarial que integram, direta ou indiretamente, os círculos
de atuação e desenvolvimento da Fundação
29
e com interesse nos seus resultados. Os
Conselheiros são eleitos por votação pelos integrantes da Diretoria Executiva em exercício;
atuam pelo período de três anos, sem que para isso sejam remunerados. O atual presidente da
Fundação Dom Cabral, professor Emerson de Almeida, está à frente da sua gestão desde a
fundação.
29
BELO HORIZONTE.Consolidação do Estatuto da Fundação Dom Cabral. Averbado sob o n
o
,61.205, no Livro A,
31 de julho de 2002.
124
Atuando inicialmente em Minas Gerais, a Fundação Dom Cabral expandiu sua base de
atendimento para todo o país, atingindo também outros países da América do Sul, assim como
estabeleceu alianças com Escolas na Europa, EUA e Canadá.
O quadro a seguir mostra a evolução da Fundação Dom Cabral.
QUADRO 4
Origem e evolução da Fundação Dom Cabral
ANO
ACONTECIMENTO
1976
Criação da Fundação Dom Cabral como desdobramento do Centro de Extensão
da PUC/MG.
Aliança com o Groupe Hec - Isa, França. Início de cursos fechados para empresas
e cursos de especialização
1980
Parceria com empresas e criação do CEDEX - Centro de Estudos e
Desenvolvimento do Comércio Exterior
1988
Parceria com empresas de grande porte e criação do CTE - Centro de Tecnologia
Empresarial
1990
Aliança com Insead - The European Institute of Business Administration e
realização 1
o
PGA - Programa de Gestão Avançada
1992
Parceria com empresas de médio porte para criar PAEX - Parceiros para
Excelência
1993
Aliança com a Kellogg Scholl of Management
1996
Realização do primeiro MBA Empresarial e adoção da metodologia de educação
a distância
1997
Lançamento do Projeto CITG - Centro Internacional de Tecnologia de Gestão
2001
Fundação Dom Cabral 25 anos - inauguração do Centro Alfa - Campus Aloysio
Faria.
Eleito o melhor MBA do Brasil (segundo a revista Você SA /Exame)
2002
Aliança com a Sauder School of Business - UBC
2003
Criação do Global Players (parceria para a competição global)
2004
A Fundação Dom Cabral conquistou a 39
a
colocação como melhor Escola de
Negócio do mundo em programas para empresas no ranking do Financial Times.
Conquistou também a quarta posição como melhor escola latino-americana, no
primeiro ranking de educação executiva da revista AméricaEconomia, editada no
Chile e com circulação em toda a América Latina.
FONTE: Acervo documental da FDC
125
Nestes 28 anos, sua trajetória demonstra crescimento e expansão dos negócios, consolidação de
atuação no mercado nacional, busca de internacionalização e estreitamento de suas relações com
instituições internacionais.
4.2 A Análise dos Rankings sobre Escolas de Negócios
Observamos no mundo todo o crescimento da importância dos rankings como um dos fatores que
afetam a reputação destas instituições, os quais são objeto de estudos, análises e críticas. No
Brasil, a partir de 2000, iniciaram-se as publicações dos rankings nacionais. Além disso, as
Escolas de Negócios brasileiras também são avaliadas pelos rankings internacionais como
Financial Times, Business Week, AmericaEconomia, dentre outras. E, devido às relações da FDC
com Insead, Kellogg e Sauder, o resultado dos rankings internacionais indiretamente a afetam.
Ressalte-se também o fato de que estas instituições utilizam-se destes resultados em suas
estratégias de divulgação, como elementos para a construção de imagem.
É importante destacar que os programas da Fundação Dom Cabral, que se encaixam na análise
dos rankings das Escolas de Negócio, representam apenas uma parte de suas atividades, não
sendo a mais representativa. No entanto, estes programas têm alta visibilidade e são comparados
com os de outras instituições e, por isso, justifica-se essa análise como parte do processo de
construção da sua reputação.
Diante disso, consideramos necessário contextualizar como as Escolhas de Negócios
internacionais e nacionais lidam com os rankings, apresentando a seguir um estudo de seus
impactos na Europa e Estados Unidos, um panorama das Escolas de Negócios no Brasil e os
rankings nacionais.
126
4.2.1 O Contexto das Escolas de Negócios nos EUA e Europa
A análise da influência que os rankings exercem nas Escolas de Negócios localizadas tanto nos
Estados Unidos quanto na Europa, justifica-se pelo fato de que estes exercem uma influência
importante na reputação das Business Schools, como demonstram vários estudos sobre o tema.
No Brasil, o fenômeno é recente como mostraremos a seguir.
De acordo com Martins (1998, p.293) “os rankings relacionados à reputação podem ser
formalmente definidos como listas de comparação disponíveis ao público de determinado ramo
de negócio ou a públicos de outros setores que tenham algum interesse em determinada
instituição”. Esses rankings acabam se tornando a maneira mais eficiente para alguém que se
relaciona, ou simplesmente se interessa pela organização, saber de sua situação atual. Eles
funcionam como instrumentos comparativos nos quais pessoas diferentes baseiam suas opiniões.
Esta análise tem como base os estudos teóricos e pesquisas realizados que descrevem alguns dos
impactos gerados pelos rankings sobre as Escolas de Negócios. Discutem questões como: que
interferências os rankings têm sobre os processos de tomada de decisão? Em que medida afetam a
definição de estratégias das instituições? Quais as interferências nas relações das Business
Schools com seus alunos, potenciais alunos, funcionários, reitores e profissionais de
recrutamento? (BADEN-FULLER et al., 2000; TRACY, WALDFOGEL,1997; D’AVENI, 1996;
VAN ROON, 2003; MARTINS, L,1998; ELSBACH, KRAMER, 1996; BADEN-FULLER,
ANG, 2001; CORLEY, GIOIA, 2000; DICHEV, 1999).
Nos últimos anos, as Escolas de Negócios têm experimentado uma modificação completa do
ambiente ao qual pertencem. Se, anteriormente, o setor vivia dentro de uma certa lógica e
tranqüilidade, hoje a maior característica do setor é a concorrência acirrada. Recentemente, um
127
fator que tem contribuído para aumentar a concorrência tem sido a publicação dos rankings nos
Estados Unidos e Europa (CORLEY; GIOIA, 2000). A maioria das instituições tem estado à
mercê destes rankings, visto que para elas não é nem um pouco interessante que a reputação
criada ao longo dos anos seja denegrida.
A reputação pode ser considerada um fator de extrema importância para negócios e indústrias que
vendem algo que os consumidores não conhecem ou que prestam algum tipo de serviço do qual
eles também nunca ouviram falar (BADEN-FULLER; ANG, 2002). E esse é realmente o caso
das Escolas de Negócios. É muito complicado para os consumidores, de uma forma geral, julgar
os aspectos importantes na hora de escolher uma instituição de ensino, bem como saber como
eles poderão se beneficiar desta escolha (BADEN-FULLER; ANG, 2002).
Uma boa reputação pode, sem dúvida, fazer com que determinada instituição consiga atrair os
melhores alunos e os melhores professores. Elas podem, também, cobrar mensalidades mais altas,
atrair as doações mais generosas, que facilitam a manutenção da instituição numa posição mais
elevada, ou mesmo melhorar sua atual posição (BADEN-FULLER; ANG, 2002).
Portanto, é mais que natural que os rankings passem a ter um impacto importante nas estratégias
traçadas pelas Escolas de Negócios, especialmente aquelas estratégias que têm algo a ver com os
stakeholders mais importantes. A publicação destes rankings força as instituições a entrarem
num jogo que muitas vezes elas não querem jogar. Como Martins (1998, p.295) observou: “o
processo de classificar as Business Schools tornou-se um sistema de controle muito poderoso que
implicitamente diz o que elas devem ou não fazer.” Além disso, este jogo quase nunca tem regras
claras e os jogadores são obrigados a jogar em um campo que lhes é inteiramente estranho
(CORLEY; GIOIA, 2000).
128
Num certo sentido, a publicação destes rankings acaba influenciando o próprio funcionamento
destas instituições (CORLEY; GIOIA, 2000). E o que pode ser ainda pior, é que algumas
instituições parecem transferir para estas publicações o direito de assumir o controle sobre seus
negócios (MARTINS, 1998). Como colocado por Corley e Gioia (2000, p.320) essa competição é
um pouco estranha “ especialmente por ter levado a uma construção social de uma competição da
qual a maioria dos jogadores preferiria não estar participando”. A maioria dos jogadores também
acredita que estes rankings não podem ser considerados um espelho da realidade, no que se
refere à qualidade de ensino. Não se pode acreditar que nenhum destes rankings seja
completamente isento de más intenções. São vistos, muitas vezes, como uma fórmula mágica
encontrada pelos editores para vender mais revistas (CORLEY; GIOIA, 2000).
Apesar de todos concordarem com o fato de que estes rankings não são completamente
confiáveis, não é possível ignorá-los, visto que muitas pessoas parecem tomar suas decisões
baseando-se no que foi por eles publicado (CORLEY; GIOIA, 2000). A questão central que deve
ser respondida é: por que as pessoas continuam fazendo parte de um jogo do qual prefeririamo
participar? E ainda: quais seriam as possíveis conseqüências de não participar deste jogo?
(CORLEY; GIOIA, 2000).
Jogando o jogo
De acordo com Corley e Gioia (2000), existem quatro regras básicas que não podem ser
ignoradas se a instituição deseja fazer parte deste jogo:
Regra 1: ‘ Você tem que jogar o jogo se quiser ser ranqueado’
129
Não importa se você acha que os rankings fazem jus à qualidade de sua instituição ou não. Se
você quiser ver sua escola ranqueada entre as melhores do país, você tem que jogar o jogo.
Regra 2: ‘ Se começar a jogar, não pode parar’
Se você boicotar os rankings ou as pesquisas que lhe são enviadas, significa remover-se
automaticamente dos rankings e isso pode ser um processo extremamente difícil de ser revertido.
Regra 3: ‘Os critérios para ranqueamento podem mudar sem aviso prévio’
Os critérios mudam completamente de revista para revista e também podem mudar durante o
jogo sem que nenhum dos jogadores seja consultado. Uma reclamação constante por parte dos
jogadores é que nunca sabem que tipo de jogo estão jogando.
Regra 4: ‘Você não ganhará o jogo’
Os rankings não são criados para que alguém vença. Estar no topo da lista não significa que você
ganhou o jogo. Pode haver uma queda abrupta se algum dos critérios passa a não ser satisfeito.
No entanto, você tem que fingir que está tentando vencer, pois pode ser que a mídia lhe dê um
rótulo de vencedor.
Alguns resultados importantes já podem ser vistos. As instituições de ensino estão se tornando
cada vez mais avessas ao risco, preocupadas em manter o status quo e muito tendenciosas a
estandardização, visto que se tornam muito mais ligadas às definições que os rankings tentam
lhes impor (MARTINS, 1998). As inovações foram deixadas de lado, pois ninguém quer ser
deixado de fora na hora do ranqueamento. Como conseqüência clara, podemos notar que as
Escolas de Negócios mergulham num estado de passividade e comodidade em relação aos
rankings, que pode fazer com que sejam envolvidas numa relação perigosa no longo prazo.
130
4.2.1 Os Rankings na Europa e EUA
Nos últimos cinco anos, houve uma proliferação de rankings relacionados às Escolas de Negócios
e cada um utiliza uma metodologia específica e atribui diferentes pesos a atributos distintos.
Metodologias variadas produzem inevitavelmente rankings diversos. Alguns destes rankings dão
ênfase a uma abordagem subjetiva enquanto outros favorecem a coleta de dados. Muitas
abordagens distinguem-se das metodologias de medição de reputação anteriores, incluindo
resultados de pesquisa, medição da produção acadêmica e recall relacionado aos públicos da
instituição. Uma análise dos estudos mais importantes revela que eles adotam métodos diferentes
de medição de reputação, em geral, sendo o mais adotado aquele que identifica os públicos mais
importantes e pede a eles que categorizem as instituições de acordo com critérios próprios.
A revista Business Week, desde 1988, publica a cada dois anos um ranking considerado, pela
população em geral, como um dos mais importantes. Ela categoriza as 20 melhores Escolas de
Negócios nos Estados Unidos usando basicamente dois critérios principais: 1) a satisfação de
alunos recém-graduados em relação à instituição e 2) a satisfação de profissionais de
recrutamento em relação a recém-contratados que estudaram em determinada instituição. Este
ranking funciona como uma referência para a instituição propriamente dita e para qualquer
pessoa que tenha interesse nela. O ranking publicado pela Business Week funciona como uma
medida para se avaliar as Escolas de Negócios localizadas nos Estados Unidos, tentando de
alguma forma quebrar o status quo vivido por estas instituições ao longo dos últimos anos
(ELSBACH e KRAMER, 1996).
O The Financial Times publicou seu primeiro ranking em 1998 e um ranking internacional
completo em 1999. O ranking do FT é calculado tendo como base 20 critérios relacionados a: o
131
progresso profissional de graduados, a diversidade de experiência no MBA e a mobilidade
internacional dos alunos, bem como a geração de idéias e pesquisa. O FT pesquisa tanto os
alunos, três anos após sua graduação, quanto as Escolas de Negócios. Uma avaliação
independente da pesquisa é baseada em 40 publicações acadêmicas.
Apesar de os rankings terem uma importância significativa dentro da instituição de ensino, os
reitores parecem ser os mais relutantes a aceitar seus resultados. É inegável, porém, que mesmo
recebendo os resultados com alguma restrição, os rankings ocasionalmente os ajudam a tomar
decisões estrategicamente importantes. Alunos atuais, potenciais, e profissionais de recrutamento
parecem ser muito mais influenciados pelos resultados do que os reitores. Estes públicos
específicos tendem a tomar suas decisões, baseando-se nos resultados publicados (ELSBACH e
KRAMER, 1996).
Rankings, como os publicados pela Business Week , têm uma força especial, visto que eles têm o
poder de influenciar alunos talentosos e ao mesmo tempo profissionais de recrutamento
importantes, que contratam preferencialmente alunos que tenham estudado em instituições que
gozam de boa reputação (MARTINS, 1998). Os rankings também dão às escolas informações
relacionadas às posições que estas ocupam, comparadas às suas principais concorrentes
(MARTINS, 1998). É importante perceber que estes rankings são produzidos por instituições que
não são neutras aos olhos das escolas, portanto a aceitação dos resultados se faz tão difícil.
Há muitos rankings sobre reputação de Escolas de Negócio nos Estados Unidos e, entre os mais
importantes estão: Business Week, US News & World Report, Forbes, Financial Times, Wall
Street Journal, Economist Intelligence Unit (EIU) e, na Europa, o mais importante é o Financial
Times (MARTINS, L. 1998). Pesquisas anteriores mostraram que rankings publicados pela
Business Week, U.S. News & World Report (EUA) e pelo Financial Times (Europa) são os
132
rankings mais impactantes (ELSBACH e KRAMER, 1996; BADEN-FULLER e ANG, S. H.,
2001. MARTINS, L,1998; CORLEY e GIOIA, 2000).
4.2.2 Os Impactos dos Rankings sobre as Escolas de Negócio nos EUA e na Europa
Antes da publicação dos rankings, as escolas escolhiam quais atributos eram realmente
importantes e com quem deveriam competir (ELSBACH; KRAMER, 1996). Os rankings
assumiram um papel importante, pois passaram a ser uma fonte de informação relevante para as
pessoas que desejam analisar determinadas instituições mais minuciosamente. O que os rankings
fizeram foi simplesmente modificar a estrutura de competição, seja desvalorizando atributos dos
quais as instituições se sentiam orgulhosas, seja confrontando a percepção de determinados
membros em relação à posição por elas ocupadas (ELSBACH; KRAMER, 1996).
O impacto sobre as Escolas de Negócios e como cada uma reage à publicação dos rankings varia
muito, mas Martins (1998) consegue enxergar uma reação que parece muito comum nas escolas
ranqueadas. Sua descoberta mostra que quando uma escola se encontrava bem ranqueada ou
numa posição ascendente, os reitores consideravam os rankings um importante instrumento para
a medição da qualidade de suas instituições. Quando uma escola se encontrava em uma posição
pouco louvável, no entanto, os reitores passavam a não aceitar a validade dos rankings e
menosprezavam sua importância.
Essa reação pode ser considerada uma reposta à característica competitiva dos rankings. Além
disso, as instituições de MBA melhor ranqueadas pela Business Week e pelo Financial Times
cobram as mensalidades mais altas e recebem as melhores doações assim como os melhores
alunos (BADEN-FULLER; ANG, 2001).
133
Há também uma importante diferença na maneira como as escolas nos Estados Unidos e na
Europa reagem aos rankings. Essa diferença de resposta deve ser creditada ao fato de que o
ambiente competitivo nos EUA e na Europa é bem diferente. Nos Estados Unidos, por exemplo,
as escolas estão sempre sobre pressão. Têm sempre que produzir os melhores artigos e preparar
os melhores profissionais para satisfazer à necessidade dos empregadores mais exigentes. As
escolas americanas têm, também, a necessidade de realizar pesquisa de nível internacional para
satisfazer a necessidade de alunos e clientes devido a internacionalização da pesquisa (BADEN-
FULLER; ANG, 2001).
As escolas européias têm uma visão mais acadêmica e menos mercadológica. Ainda assim, nos
últimos anos, observa-se que tem aumentado a necessidade de publicação de artigos juntamente
com a competitividade do ambiente no qual estas instituições estão inseridas. Estas tem sido
algumas das razões pelas quais as universidades européias têm se esforçado para criar uma
reputação internacional forte, que venha a ajudá-las a quebrar a hegemonia americana no mundo
dos negócios (BADEN-FULLER; ANG, 2001).
Tendo essa contextualização como pano-de-fundo, podemos perceber que, mesmo enfrentando
graus de pressão extremamente diferentes, as Escolas de Negócios nos Estados Unidos e Europa
são empurradas em direção umas às outras. As escolas européias, com a necessidade de criar
reputação internacional e publicar em inglês, (lembremos que o inglês é a língua franca em
business) e as escolas americanas com uma necessidade de internacionalização para atender às
necessidades de seus alunos e clientes.
A publicação destes rankings faz com que as escolas busquem construir alianças internacionais
para satisfazer suas necessidades e, essas alianças, podem ser consideradas um fenômeno recente.
Para instituições européias que visam construir uma reputação internacional, uma aliança com os
134
Estados Unidos é obrigatória, pois isso fará com que os trabalhos por elas publicados sejam
reconhecidos. O mesmo desejo de se aliar manifesta-se nas universidades americanas, visto que
estas estão em busca de internacionalização de sua pesquisa (BADEN-FULLER e ANG, 2001).
Hoje em dia, as alianças criadas entre universidades européias e americanas são mais comuns do
que as alianças criadas entre universidades no continente europeu (BADEN-FULLER e ANG,
2001), e isso mostra que as alianças intercontinentais são mais prováveis de acontecer. Estas
alianças, no entanto, não são criadas de maneira aleatória. Universidades de alto nível têm uma
tendência a fazer alianças com instituições de mesmo calibre, tentando sempre se beneficiar do
melhor que sua parceira tem a oferecer. Alianças entre instituições de alto nível contribuem para
que estas tenham a chance de manter-se em suas atuais posições de destaque (BADEN-
FULLER e ANG, 2001). As grandes questões relacionadas às parcerias criadas referem-se a
quando e como as instituições devem se aliar a outras e, principalmente, a quem elas devem se
aliar. É uma questão que deve ser considerada, visto que alianças não são facilmente criadas, nem
mantidas.
Impacto dos rankings em stakeholders importantes:
É muito claro o impacto produzido pelos rankings em stakeholders que mantêm algum tipo de
relação com determinada instituição. No entanto, é importante considerar que a forma com que
estes resultados são percebidos e a reação a eles varia muito e depende fundamentalmente de
como este stakeholder se relaciona com a instituição (CORLEY e GIOIA, 2000). É
imprescindível analisar essas diferenças e entender como elas ocorrem. A seguir apresentamos a
análise dos impactos sobre alguns públicos relevantes:
135
Impactos em reitores e alta administração
Reitores e alta administração devem se preocupar bastante ao reagirem a movimentos que suas
instituições podem experimentar diante dos rankings publicados. Eles não devem se mostrar
extremamente felizes se suas instituições sobem algumas posições nos rankings e devem instruir
membros de suas organizações a não se desesperar caso haja um resultado negativo (CORLEY;
GIOIA, 2000). Eles devem entender também que públicos diferentes reagem distintamente aos
rankings publicados. Uma posição intermediária pode ser vista como ruim por um público
externo, mas poderá ser vista como extremamente positiva por um público interno, visto que
estes vêem essa classificação intermediária como o reconhecimento de um esforço ao longo do
ano.
Reitores e alta administração podem se ver também em uma situação extremamente controversa:
eles têm a plena certeza de que os rankings são uma forma manufaturada de estimular a
competição, mas eles têm também a certeza de que as pessoas os levam consideração. Eles não
podem deixar que os resultados expressos nos rankings definam suas estratégias futuras, mas não
podem ignorá-los completamente. Eles têm a consciência de que devem jogar o jogo, mas têm
que saber até que ponto podem deixar que este jogo os influencie. (CORLEY; GIOIA, 2000).
Martins (1998) usou em seu trabalho diversos depoimentos de reitores e administradores para
tentar ilustrar esta situação controversa que as instituições regularmente são obrigadas a
enfrentar. Um administrador disse o seguinte a respeito da situação: “Nós nos importamos com os
rankings simplesmente porque as outras pessoas se importam com eles. Somos simplesmente
forçados a nos importar”. Um outro administrador acrescentou: “…as pessoas vivem para os
rankings e também morrem por eles.” Os reitores têm também uma reação muito forte aos
rankings publicados. Um deles disse: “ … os rankings orientam nossas decisões estratégicas em
136
relação à escola. Por exemplo, tivemos que desenvolver palestras e trazer executivos que não
conhecem nem se importam com a escola e apresentá-los a todo mundo. Eles estão aqui
simplesmente para fazer bonito nas pesquisas.”
Reitores e administradores têm que focar no equilíbrio entre imagem e conteúdo, que é
extremamente importante para as pessoas que fazem parte da instituição (CORLEY; GIOIA,
2000). Trabalhar somente para satisfazer as pesquisas pode trazer sérios problemas relacionados a
instrução que deveria se basear em qualidade.
Impacto sobre profissionais de recrutamento e comunidade empresarial
As escolas dizem que os rankings publicados têm muito pouco impacto sobre a comunidade
empresarial como um todo, tendo em vista que o relacionamento criado entre empresários e
instituições de ensino são relacionamentos que se desenvolvem no longo prazo e que não são
susceptíveis a se romper de uma hora para outra. O relacionamento é criado através de outros
canais de comunicação, como reuniões, eventos, experiências e vivências nos campi e o seu
objetivo principal é criar laços duradouros. É muito importante que as instituições sejam vistas
pela comunidade empresarial como instituições renomadas e de boa reputação (VAN ROON,
2003).
O impacto sobre profissionais de recrutamento é muito similar àquele produzido sobre a
comunidade empresarial. As escolas, principalmente as pequenas, querem ser vistas pelos
profissionais de recrutamento como instituições capazes de produzir profissionais de qualidade.
O que faz com que os rankings tenham uma influência um pouco menor sobre estes é o fato de
que os profissionais de recrutamento sabem que estes rankings baseiam-se em estudantes que se
137
graduaram três anos atrás, e eles têm uma tendência a basear-se em experiências mais recentes
(VAN ROON, 2003).
Van Roon (2003) percebeu em seu trabalho que algumas escolas acreditam que os rankings têm
um papel fundamental em certas multinacionais, tornando-se um critério de seleção importante.
Algumas multinacionais adotam como critério a contratação de profissionais que venham de
instituições classificadas próximas ao topo. É importante perceber, portanto, que mesmo um
pouco menos influenciados pelos resultados publicados pelos rankings, alguns profissionais de
recrutamento também utilizam as publicações como um guia para tomar determinadas decisões.
Impacto no público interno (professores e funcionários em geral)
A identidade organizacional é muito importante para as pessoas que mantêm um relacionamento
mais próximo com a instituição. Para o público interno, a identidade organizacional representa a
percepção que eles têm em relação à instituição com a qual se relacionam e para a qual
trabalham. Portanto, acontecimentos externos, como os rankings por exemplo, que colocam em
risco a identidade, são vistos como uma ameaça à essa percepção (DUTTON; DUKERICH,
1991). O que os rankings fazem é questionar alguns dos atributos mais celebrados e importantes
de uma instituição, transformando-os num perigo que muitas vezes esse público interno não
gostaria de enfrentar (ESBACH; KRAMER, 1996).
O público interno tem uma tendência a dar uma importância maior à identidade institucional
devido ao fato de que os atributos relacionados a ela, por associação, são transferidos a todos os
indivíduos que lá trabalham Portanto, as pessoas tentarão manter ou mesmo restaurar (se é que
foi perdida) a identidade organizacional, devido ao fato de que ela está intimamente ligada a
conceitos pessoais (DUTTON; PENNER,1993 apud ELSBACH; KRAMER,1996).
138
Para entendermos porque os rankings são vistos como uma ameaça para o público interno, temos
que analisar o que estes rankings representam para eles. De acordo com a pesquisa de Elsbach e
Kramer (1996), todo indivíduo que trabalha para uma certa organização já possui alguns
conceitos pré-existentes e, quando estes conceitos são colocados em risco, eles passam a
experimentar um sentimento de “perigo à vista”: perigo esse que nunca existiu anteriormente à
publicação dos rankings. Atributos centrais, bem como o posicionamento da instituição, são
questionados também. Essa ameaça não é algo que ocorre somente nas instituições que são
ranqueadas em posições inferiores. As instituições que se encontram em posições superiores
também têm que lidar com essa ameaça (ELSBACH; KRAMER, 1996).
Ainda de acordo com a pesquisa de Elsbach e Kramer (1996), podemos ver que os resultados
publicados pelos rankings nunca são aceitos passivamente, nem desconsiderados completamente.
Depois da publicação dos resultados, dois tipos de respostas podem ser encontradas: a
reafirmação por parte da instituição de atributos importantes que foram desconsiderados pelos
rankings e a necessidade de tentar explicar um ranqueamento medíocre. As duas respostas acima
citadas podem ser vistas como um reconhecimento dos resultados, mas ao mesmo tempo podem
ser entendidas como uma resposta à publicação, dizendo que os resultados poderiam ter sido um
pouco mais assertivos, se tivessem considerado determinados atributos importantes.
Como conclusão, podemos dizer que não importa a posição que uma determinada instituição
ocupe no ranking, ela irá ver a publicação dos rankings como algo ameaçador. É claro que o grau
de ameaça vai variar de acordo com a situação na qual a instituição se encontra. Os membros
desta instituição vão, também, buscar mecanismos para evitar danos à imagem corporativa, seja
reenfatizando atributos positivos da identidade organizacional, seja explicando e tentando fazer
com que o mau desempenho faça algum sentido.
139
Impacto sobre alunos potenciais
Não é surpresa que alunos potenciais sejam fortemente influenciados pelos resultados publicados
pelos rankings, uma vez que estes funcionam como referências de qualidade e status. Visto que a
quantidade e variedade de programas de MBA aumentaram muito nos últimos anos, os alunos
potenciais têm usado os rankings para fazer uma lista de instituições de elite nas quais gostariam
de estudar (VAN ROON, 2003). Van Roon (2003) percebeu em seu estudo que, depois que um
aluno potencial faz sua lista de instituições de elite, os rankings passam a não ter nenhuma
influência nos estágios subseqüentes de sua busca. Passam a utilizar outro tipo de material, como
por exemplo folhetos ou mesmo visitas às instituições, para tomarem sua decisão final.
Apesar de os rankings serem vistos com determinada parcimônia por parte das instituições de
ensino, essas mesmas instituições encorajam os alunos a usá-los como forma de facilitar a
escolha dos programas. Van Roon (2003) percebeu também que os alunos são extremamente
preguiçosos no que se refere à coleta de informações sobre os cursos ou programas que melhor
atendam suas necessidades, e que tendem a escolher um programa baseando-se exclusivamente
na posição ocupada por aquela instituição.
4.2.3 A Comunicação das Escolas de Negócios sobre os Rankings
Normalmente, as instituições recebem os resultados de sua classificação antes que estes sejam
publicados para o grande público. Isso dá às instituições um tempo considerável para que possam
preparar uma resposta aos resultados, sejam estes positivos ou negativos. Todas as instituições
vêem como muito importante a necessidade de comunicar esses resultados a seus stakeholders e
cada instituição escolhe a melhor forma de fazê-lo.
140
A necessidade de comunicar esses resultados aos stakeholders foi criada a partir do momento em
que a instituição percebeu a necessidade estabelecer uma comunicação de mão-dupla mais eficaz.
Mas as instituições tendem a comunicar os resultados de duas maneiras completamente
diferentes. Quando o resultado do ranking é positivo, eles comemoram muito, mas quando é
negativo, eles simplesmente os menosprezam (VAN ROON, 2003). Uma outra estratégia
importante, quando os resultados não são tão bons quanto o esperado, é fazer com que satisfaçam
a necessidade da instituição: elas fazem com que aspectos positivos sejam enfatizados e tentam
esconder o que de negativo foi publicado (VAN ROON, 2003).
É importante perceber que essa estratégia não faz com que os aspectos negativos desapareçam
completamente, mas certamente faz com que as pessoas olhem para os resultados sob uma outra
perspectiva. Às vezes, ao invés de usarem essa estratégia, as instituições preferem tentar explicar
os motivos pelos quais o resultado não foi satisfatório. Todas as instituições sabem que atacar os
rankings pode não ser a melhor das idéias, pois o resultado pode se tornar ainda pior na próxima
publicação (VAN ROON, 2003). O público interno, especialmente, recebe os resultados com
muita restrição, porque tem a certeza de que a metodologia não faz justiça e até mesmo
desconsidera aspectos que fazem da instituição algo único (VAN ROON, 2003).
A importância da comunicação tem que ser, portanto, enfatizada. A necessidade de se ter uma
comunicação forte e atuante ao longo do ano pode, sem dúvida, evitar que a instituição sofra
demasiadamente com os resultados publicados. Se a instituição fizer uso da comunicação de
maneira esporádica, ou seja, somente quando os resultados são publicados, pode ser que ela sofra
os impactos da publicação de maneira indesejável. As pessoas que se relacionam com a
instituição têm uma tendência maior a ouvir o que ela tem a dizer, se a comunicação fizer parte
atuante de sua estratégia.
141
Concluindo, podemos enfatizar que os rankings publicados exercem uma influência considerável,
influenciando e direcionando a decisão de stakeholders, especialmente alunos e profissionais de
recrutamento. No entanto, qualquer pessoa envolvida nesse setor sabe que esses resultados não
podem ser considerados uma imagem fidedigna da qualidade de determinada instituição. É por
isso que reitores e funcionários têm se mostrado relutantes em aceitar os resultados publicados.
As escolas, no entanto, reconhecem que embora os rankings não sejam completamente
confiáveis, ignorá-los pode ser um caminho muito perigoso. Não estar entre as instituições
classificadas pode significar a entrada para o esquecimento. Como Corley e Gioia (2000)
observaram os rankings agora têm vida própria. Eles influenciam de alguma forma todos os
públicos relacionados à organização, sejam eles internos ou externos. Podemos dizer, portanto,
que este é um jogo que deve ser jogado. O importante é definir como fazê-lo.
4.3 O Contexto das Escolas de Negócios no Brasil
No Brasil, nos últimos anos, observa-se um crescimento significativo do ensino de gestão
empresarial, com a proliferação de escolas com programas de conteúdos variados e formatos
diversos.Esse crescimento é resultado de um cenário de maior competitividade que exige
mudanças na gestão empresarial, com conseqüentes demandas por profissionais com
competências gerenciais atualizadas e alinhadas ao negócio.
Para os profissionais, a busca por estes cursos torna-se pré-requisito de mercado. Aqueles que
desejam crescer e alcançar posições relevantes nas organizações precisam associar, à formação
técnica obtida na graduação, os conhecimentos da área de gestão, oferecidos por cursos de pós-
graduação e MBAs (SILVA, 2004; FUJITA, 2004).
142
Se por um lado, o comportamento dos profissionais e empresas indica a necessidade da educação
continuada, por outro lado, os resultados de pesquisas demonstram que diplomas não têm sido
determinantes de salário e carreira no mercado de trabalho (JACOMINO, 2002, 2003; PFEFFER;
FONG, 2003).
Além da influência das percepções dos profissionais e empresas estimularem a demanda, o
negócio de educação continuada, tem-se mostrado lucrativo para as instituições de ensino no
Brasil e no exterior. A educação na área de negócios está se tornando um bem material e, as
universidades ocidentais competem, cada vez mais, nos mercados emergentes por oportunidades
lucrativas e por estudantes estrangeiros. (STURDY; GABRIEL, 2000). No Brasil, observamos a
entrada de universidades internacionais como Michigan, Pittsburgh e Thunderbird (JACOMINO,
2002).
Atualmente, grande parte das escolas que oferecem programas de desenvolvimento de
executivos estão espalhadas por todo o país, não se restringindo, como observado em passado
recente, numa concentração no eixo Rio de Janeiro e São Paulo. O perfil dos alunos que buscam
estes programas é, na maioria, do sexo masculino (cerca de 60% das turmas), com idade média de
34 anos e pelo menos seis anos de experiência gerencial (JACOMINO, 2002).
As pesquisas que dão origem aos rankings das Escolas de Negócios no Brasil indicam que o
custeio dos programas também acontece de forma variada. Em alguns casos os alunos arcam com
100% do investimento; em outros contam com a ajuda integral ou parcial das empresas. Registra-
se ainda, por parte das empresas, um movimento em direção aos chamados MBAs in company,
formatados sob medida, com foco nas necessidades específicas das empresas que, para isso,
estabelecem parcerias com as escolas, o que racionaliza custos e direciona conteúdos (GOMES,
2000; JACOMINO, 2003).
143
Fischer (2003) procura mostrar a distinção entre os programas acadêmicos e profissionais. Os
cursos considerados acadêmicos são similares aos de outras áreas de conhecimento, constituindo-
se em programas de mestrado e doutorado. Os programas profissionais incluem os mestrados
profissionais, as especializações e MBAs. Os programas batizados de MBA oferecidos no Brasil
são diferentes dos tradicionais Masters Business Administration americanos e europeus os quais
exigem, na maioria das vezes, dedicação integral do aluno, duração de um a dois anos e integram
teoria e treinamento prático em seu currículo, possibilitando uma formação mais generalista
(GOMES, 2000).
Os programas profissionais de pós-graduação, possuem formatos, currículo e classificação
diversificados, sendo os principais:
Mestrado Profissional em Administração
30
- MPA (pós-graduação stricto sensu) com duração
de 12 a 24 meses, busca dar formação prática com aprofundamento nas questões da gestão
empresarial, preparando o aluno para o mercado de trabalho. Tem grande semelhança com os
MBAs, porém com maiores exigências acadêmicas. Esta modalidade diz respeito aos "MBAs
de verdade(RUAS, 2003, p.56), ou seja, mais próximos aos realizados nos EUA e Europa.
Segundo Fischer (2003, p.122) "está se desenhando como uma fusão entre os cursos
acadêmicos e os MBAs".
MBA Executivo também chamado de Executive MBA (pós-graduação lato sensu) - com
duração em geral de um ano, com currículo generalista, aborda todas as disciplinas da
administração como em um MBA tradicional, porém em um curto espaço de tempo, não
exigindo dedicação integral, o que possibilita ao aluno manter suas atividades profissionais. O
30
Modelo criado, em 1985, pela Capes - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal Nível Superior, reconhecido
pelo Ministério da Educação e Cultura. Na conclusão do curso os alunos fazem a defesa de uma dissertação para
receber o título de Mestre (WOOD JÚNIOR; PAULA, 2002, p. 37).
144
público alvo são alunos que já possuam alguma vivência profissional. Possui legislação
regulamentadora
31
que determina, entre outras coisas, duração mínima de 360 horas, 50% do
corpo docente com título de doutor e obrigatoriedade de apresentação de trabalho de
conclusão de curso. Os cursos recebem as mais variadas denominações, algumas vezes sendo
chamados de especialização em gestão.
Os chamados MBA carregam a sigla e são anunciados no mercado com os mais variados
formatos e durações. Na realidade dizem muito mais respeito a especializações e extensões
em áreas de administração, possuem conteúdos e carga horária das mais variadas, inclusive
programas fechados para empresas. Normalmente, a formação é concentrada em funções da
administração como Recursos Humanos, Finanças, Marketing etc. O currículo não aprofunda
os conteúdos e inclui a apresentação de técnicas gerenciais, possíveis de serem aplicadas
imediatamente (GOMES, 2000; RUAS, 2003; WOOD JÚNIOR; PAULA, 2002; 2004;
FISHER, 2003).
Entender a diversificação destes programas, seus currículos, qualidades e a diferenciação entre
instituições é uma tarefa árdua. Além disso, a oferta tem crescido tanto que fica difícil para os
profissionais fazerem suas escolhas. No Brasil, não existem números oficiais que descrevam um
panorama deste setor, mas as estimativas indicam que o número ultrapasse a 1.000 cursos
anunciados como MBA - Master in Business Administration por centenas de instituições de
ensino, sendo que o número daqueles que se dizem "MBA em alguma coisa" ultrapassa os 6.000
cursos (UTIYAMA, 2003; GIARDINO, 2004; ABARCA, 2004).
31
Regulamentados pela resolução número 1 do Conselho Nacional de Educação - CNE e da Câmara de Ensino
Superior, aprovada em 3 de abril de 2001. Define que estes cursos podem ser oferecidos por instituições
credenciadas, mas não necessitam ser autorizados e reconhecidos (WOOD JÚNIOR; PAULA, 2002, p.34).
145
A partir da década de 1990, o campo da pós-graduação em administração sofreu uma
considerável expansão e diversificação, acompanhada de uma disputa pelo uso do
rótulo MBA. A sigla passou a ser utilizada no âmbito dos cursos de pós-graduação lato
sensu e stricto sensu, embora a carga horária, os conteúdos e objetivos dos programas
sejam diferentes. Foi também empregada com grande liberdade em cursos de extensão,
inclusive in company (WOOD JÚNIOR; PAULA, 2002, p.34).
Ainda não há, por parte do Ministério da Educação, nenhuma avaliação e/ou fiscalização dos
cursos lato sensu, entre eles os cursos de especialização e MBAs. Em novembro de 2004, um
grupo de instituições de ensino criou a Associação Nacional das Escolas de MBA (Anamba) com
o objetivo de reunir as escolas brasileiras cujos programas estejam nos padrões da AACSB -
Association to Advance Collegiate School of Business - que reúne cerca de 400 das melhores
escolas de MBA dos Estados Unidos e Europa, criando um selo de qualidade. A Associação
Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Administração - ANPAD
32
- também pretende criar
um selo de qualidade, porém a sua prioridade é definir critérios de avaliação para os cursos de
pós-graduação e em seguida, para os MBAs (GIARDINO, 2004).
Neste contexto de muita competitividade e pouca regulamentação, as Escolas de Negócios
trabalham para desenvolver diferenciais que agreguem valores como prestígio, qualidade,
distinção, entre alunos e empresas, a fim de que se tornem as melhores opções. Uma de suas
ações tem sido a busca de alianças com escolas internacionais, como forma de intercâmbio de
professores, conteúdos, metodologia e alunos.
As escolas têm feito um investimento maior na qualificação do corpo docente
33
, contratando
professores com formação em mestrado ou doutorado. Também passa a fazer parte das
discussões sobre a qualidade das escolas, a geração de conhecimento próprio, determinando a
32
A ANPAD, criada em 1976, reúne hoje 54 programas de pós–graduação e desenvolve atividades para promover o
desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da criação do conhecimento no campo das ciências administrativas,
tendo fornecido a base para a institucionalização de uma comunidade acadêmica.
33
A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) determina que até 19/12/2004, as instituições de ensino superior deverão
compor pelo menos 1/3 do quadro de docentes com mestres ou doutores (RIBEIRO, 2004).
146
necessidade de investimento em pesquisa. Esse atributo começa a ser observado por potenciais
alunos que vêem na pesquisa, uma porta de entrada para futuros programas de mestrado e
doutorado. A pesquisa atua também como fator de maior visibilidade, na medida em que artigos
são publicados em congressos e/ou publicações específicas e gerais.
Outro fator de diferenciação pode ser a base tecnológica adotada. É fato a tendência de
crescimento do ensino a distância, levando as escolas a desenvolverem programas específicos,
totalmente virtuais, ou em parte de suas atividades na forma presencial e parte virtual. Além
disso, a tecnologia permite maior integração com outras instituições associadas, através da
realização de videoconferências, videoaulas e até mesmo orientação e defesa de projetos via
teleconferências.
Ao mesmo tempo que as escolas buscam estabelecer diferenciais para se apresentar como melhor
opção a seus potenciais alunos, surgem publicações específicas, direcionadas para a publicação
de rankings que avaliam os programas ofertados, através de distintos e variados critérios,
reproduzindo o mesmo movimento já registrado nos EUA e Europa.
4.3.1 Os Rankings no Brasil e América Latina
No Brasil, a primeira publicação a lançar seu ranking foi a revista Você S. A, em 2000, avaliando
os programas denominados MBAs. Nestes quatro anos, a revista manteve suas fontes de
informação que são: 1) ex. alunos; 2)executivos de recursos humanos de empresas de grande
porte; 3) coordenadores de cursos. Em 2004, incluíram também os professores. As versões
recentes do ranking da Você S/A incluíram a distinção entre MBA executivo (pós-graduação lato
sensu) e o mestrado profissional (pós-graduação stricto sensu) e as especializações em Recursos
147
Humanos, Finanças, Marketing e Tecnologia da Informação (pós-graduação lato sensu) (VOCÊ
S.A., 2000/2004).
Os itens avaliados variam conforme o segmento pesquisado. Os ex.-alunos avaliam a qualidade
das aulas, do currículo, professores, método de ensino e os resultados alcançados em relação ao
mercado de trabalho. Os profissionais de recursos humanos avaliam a percepção que têm dos
cursos disponíveis no mercado e o peso que a chancela da instituição tem no momento das
contratações. Os coordenadores dos cursos avaliam os convênios internacionais, disciplinas
optativas, tecnologia disponível, perfil dos alunos, processos de seleção e avaliação, qualificação
do corpo docente
Outra publicação que exerce influência nas escolas brasileiras é a revista AméricaEconomia, que
monitora as Escolas de Negócios da América Latina, desde 1995. Com periodicidade anual, a
publicação do ranking dos Melhores Escolas de Negócio da América Latina utiliza como fontes
de informação as próprias escolas, informações públicas disponíveis e leitores da revista, por
região.
Em 2004, a Revista AméricaEconomia inovou, ao lançar o primeiro ranking que avalia a
Educação Executiva, dentro de um foco mais abrangente que vai além dos tradicionais programas
abertos como MBA’s, incluindo várias outras atividades importantes e fundamentais para o
desenvolvimento profissional na área de gestão. Nessa linha, a avaliação considera a relação da
instituição de ensino com as empresas.
Participaram deste ranking as Escolas de Negócio da América Latina, Europa e Estados Unidos
que desenvolveram programas fechados para empresas que possuem operações na América
Latina. Ou seja, não interessa se a instituição está localizada em outro continente e sim sua
atuação na América Latina. As fontes de informação para a formatação do ranking foram: 1) altos
148
executivos - com relação direta com a escolha ou recomendação de programas - das principais
empresas que contrataram cursos; 2) professores das Escolas de Negócios; 3) executivos leitores
da revista AméricaEconomia na região.
Como critério para a análise, foram considerados os seguintes aspectos: rede empresarial -
percentual de clientes multinacionais e multilatinas; perfil dos participantes em programas
fechados, por níveis hierárquicos; criação de universidade corporativa dentro das empresas, a
partir da demanda de capacitação; internacionalização - percentuais de alunos estrangeiros e de
programas desenvolvidos em outros países; composição e experiência do corpo docente;
expertise em educação e custos.
Como se vê, os rankings no Brasil acompanharam a evolução e o crescimento dos cursos de pós-
graduação, especialização, MBAs e MPAs. No entanto, diferentemente da Europa e EUA, ainda
não há nenhum estudo sobre os impactos destes rankings nas percepções da alta administração e
membros das instituições de ensino; dos alunos e potenciais alunos; de professores e profissionais
responsáveis por recrutamento nas empresas, publicados nos principais meios acadêmicos
34
sobre
administração.
4.4 A Fundação Dom Cabral na Mídia: Posições nos Rankings Nacionais e
Internacionais
Os rankings nacionais e internacionais não avaliam todas as atividades do portfólio da FDC.
Incluem somente as atividades que permitem uma comparação com outras Escolas de Negócios,
no Brasil e exterior, descritas a seguir:
34
Pesquisa realizada nos anais da ANPAD e nas publicações RAE e RAUSP de 2001 a 2004.
149
1) MBA Executivo no formato aberto, com duração de um ano, com módulos presenciais e a
distância; currículo generalista, com foco no indivíduo e visão geral sobre gestão de negócios;
com etapa internacional opcional realizada na Sauder School of Business - UBC, no Canadá.
Esse programa foi lançado em 2002, com a participação de 122 executivos.
2) MBA Empresarial nos formatos aberto, em consórcio ou in company, com duração de um
ano, com módulos presenciais e a distância; currículo generalista com foco no
desenvolvimento do indivíduo e da empresa e com a opção do pós-MBA que dá continuidade
ao programa com módulo de cinco dias na Kellogg, nos EUA, sobre temas avançados em
marketing e liderança. Esse foi o primeiro MBA lançado pela Fundação Dom Cabral, em
1997, tendo participado desse programa até o ano de 2004, um total de 1941 executivos.
3) Mestrado Profissional em Administração – MPA - viabilizado através de parceria com a PUC
Minas, sendo reconhecido pelo MEC. Desenvolvido no formato aberto, tem duração de dois
anos, exige dedicação parcial - um ano para integralização dos créditos e um ano para a
elaboração da tese. Os alunos ex-participantes dos programas de MBA da Fundação Dom
Cabral eliminam créditos, o que reduz a duração total do programa. Em 2004, o programa de
mestrado conta com 57 alunos matriculados.
O ranking da revista Você S.A avalia o MBA Executivo; o MBA Empresarial e o Mestrado
Profissional em Administração - MPA. Nas análises dos rankings de 2000 a 2004, a Fundação
Dom Cabral está entre as cinco primeiras Escolas de Negócio do Brasil, destacando-se em 2001
como o Melhor MBA do Brasil (APÊNCIDE A).
Nos rankings internacionais que citam as instituições de ensino no Brasil, a Fundação Dom
Cabral ocupa posições significativas, se considerarmos que está sendo comparada com
instituições americanas e européias tradicionais, com décadas de existência, como por exemplo o
150
Insead, com 47 anos; a Kellogg , 96 anos; o IMD com 58 anos, a London Business School com
39 anos, entre outras.
No ranking do Financial Times a Fundação Dom Cabral, em 2004, ocupa o 39
o
lugar entre as
melhores Escolas de Negócios do mundo no que se refere aos programas desenvolvidos para
empresas, sendo a única instituição brasileira de ensino citada e a primeira da América do Sul.
A Fundação Dom Cabral é ainda distinguida pelo ranking em alguns indicadores monitorados tais
como:
[...] terceiro lugar em relação ao “follow-up” -capacidade de acompanhar os
participantes durante os programas e na avaliação dos resultados com a direção das
empresas contratantes, quinto em “future use” - empresas que pretendem comprar
novamente programas da instituição, quinto em “consortia” - número de programas
desenvolvidos para consórcio de empresas, e décimo-sétimo em “facilities” - qualidade
das instalações da escola, tecnologias de informação e serviços oferecidos
(FUNDAÇÃO DOM CABRAL, 2004).
As instituições com as quais a Fundação Dom Cabral mantém algum tipo de relacionamento
estão classificadas nas seguintes posições, segundo o ranking do Financial Times, de 2004, que
avalia educação executiva: Insead na 7
a
; a Kellogg na 18
a
, o IMD na 2
a
e o HEC na 16
ª
colocações.
De acordo com o ranking “Melhores Escolas de Negócios da AméricaEconomia” a Fundação
Dom Cabral em 2004 está em 14
o
lugar, sendo possível registrar avanço em relação a 2003
quando ocupava o 18
o
lugar. Já no ranking de “Educação Executiva”, ocupa a 4
a
posição. Essa
colocação é de maior valor para a Fundação Dom Cabral uma vez que avalia não apenas os
programas educacionais, mas a relação da instituição com as empresas, principalmente, sua
capacidade de atender a demandas específicas.
151
As posições alcançadas pela Fundação Dom Cabral nos rankings nacionais e internacionais a
classificam como uma das melhores Escolas de Negócios do Brasil e da América Latina. A
instituição utiliza-se dos resultados dos rankings, através da publicação de anúncios divulgados
em veículos nacionais, para projetar sua imagem externamente, como apresentado a seguir:
FIGURA 3 – Anúncio da FDC
FONTE: Acervo FDC
FIGURA 4 – Anúncio da FDC
FONTE: Acervo FDC
152
Além dos rankings, um dos fatores que contribuem para uma reputação positiva ou negativa é a
cobertura geral feita pela mídia.
4.4.1 A Cobertura em Mídia Impressa
A cobertura de assuntos relacionados à gestão empresarial, na mídia impressa, varia de acordo
com a linha editorial dos veículos. Alguns com páginas e colunas específicas; outros inserida em
cadernos sobre emprego e carreira; e alguns abordam o tema dentro da editoria de negócios.
Duas revistas de circulação nacional, “Exame” e “ Você S. A” podem ser consideradas mídias
especializadas, com coberturas específicas voltadas para assuntos da área de negócios. A revista
“Você S.A”, lançada em 1998, é uma publicação mensal, com tiragem em torno de 300.000
exemplares, focada no indivíduo e sua carreira profissional. Suas matérias abrangem uma
cobertura generalista, que vão de um amplo leque de questões comportamentais a entrevistas e
artigos de “gurus” de management (WOOD JÚNIOR; PAULA, 2002).
A revista “Exame”, lançada em 1968, tem como foco matérias sobre economia nacional,
estratégias de negócios e métodos modernos de administração. Com tiragem de 240.000
exemplares, edições quinzenais, seu público alvo são empresários, executivos de vários níveis
gerenciais, pessoas em torno do mundo de negócios, como consultores, professores, profissionais
de marketing e comunicação (WOOD JÚNIOR ; PAULA, 2002).
A Fundação Dom Cabral considera o trabalho junto à imprensa como uma diretriz estratégica,
incluindo os jornalistas entre seus públicos prioritários, e como veículos estratégicos, as revistas
“Você S.A” e “Exame”; os jornais de circulação nacional “Gazeta Mercantil”, “Valor
Econômico”, “Folha de São Paulo”, “O Estado de São Paulo” e “O Globo”; os jornais regionais
153
“Estado de Minas”, “Diário do Comércio”, “Hoje em Dia”, “Gazeta mercante” e “O Tempo
(Relatório de Análise de Mídia, 1999 - 2003).
Os Relatórios de Análise de Mídia (1999 – 2003)
35
indicam uma evolução da presença da
Fundação Dom Cabral na cobertura geral de assuntos sobre gestão empresarial, além da
publicação de artigos de professores; projetos e pesquisas produzidos pela instituição, tornando-
se fonte para consulta.
Em 1999 observa-se a presença da Fundação Dom Cabral na mídia local, com pequenas e
esporádicas inserções na mídia nacional, principalmente no jornal “Gazeta Mercantil” e revistas
“Você S.A” e “Amanhã”. A partir desta data, começa a se inserir em veículos que até então não
publicavam matérias sobre a Fundação Dom Cabral, destacando os jornais “Hoje em Dia”; “O
Tempo” e “Gazeta Mercantil/MG”.
Em 2000, sua estratégia de divulgar competências e conhecimentos é fortalecida, gerando uma
ampliação na produção de artigos. Um acordo firmado com os jornais “Valor Econômico” e
"Gazeta Mercantil” lhe garante a publicação mensal de artigos. Amplia-se a sua participação em
revistas dirigidas a executivos e em jornais internos de empresas parceiras e tem início a
publicação de matérias em sites de notícias. Mesmo assim, o número de inserções sofre uma
redução – foram 182 inserções contra 240 no ano anterior. No entanto, a avaliação geral é
positiva, uma vez que passou a entrar em veículos nacionais de maior representatividade.
O ano de 2001 é marcado por um crescimento de 48% de sua presença na mídia, com 270
inserções, tendo destaques o projeto de internacionalização e a inauguração do novo campus, que
recebe a cobertura positiva dos veículos de circulação nacional e de maior prestígio editorial
35
Relatórios de Análise de Mídia Da FDC. Belo Horizonte: Fundação Dom Cabral, 1999-2003.Anual.
154
Algumas citações na imprensa local e nacional são exemplos da abordagem da cobertura, na
ocasião da inauguração, identificadas no clipping deste período:
O Presidente Fernando Henrique Cardoso está em Minas para inaugurar o novo
campus da Fundação Dom Cabral, entidade que se tornou um dos mais tradicionais
centros de formação profissional para executivos e empresários no Estado (FHC
INAUGURA..., 2001).
... O encontro acontece em Nova Lima, na inauguração do novo campus da Fundação
Dom Cabral uma das mais respeitadas entidades especializadas em desenvolvimento de
executivos (MOREIRA, 2001).
Emblemático, o Centro Alfa, como foi batizada a nova sede da Fundação Dom Cabral,
inaugurada na última quarta-feira no Alphaville Lagoa dos Ingleses, reflete a tentativa
da instituição de expandir a sua referência fora do país. Para tanto, a Dom Cabral
elaborou um projeto (passo a passo) que culmina em 2006 quando a expectativa é
tornar-se, numa primeira etapa, referência na América Latina, mantendo firmes as
raízes mineiras (D’ANGELO, 2001).
Neste mesmo ano, outros assuntos que receberam destaque foram o posicionamento em 1
o
lugar
do programa MBA Empresarial no ranking dos Melhores MBAs do Brasil da revista “Você S.A
/Exame”, como citado anteriormente; e ainda a entrada da Fundação Dom Cabral no ranking
latino-americano da revista “AméricaEconomia”, ocupando a 20
a
colocação.
Em 2002, continua o processo de fortalecimento de sua cobertura na imprensa, alcançando um
crescimento de 40% de artigos publicados. É registrado também crescimento de 31,8% no
número de inserções, num total de 356. E ainda, três pesquisas
36
desenvolvidas na instituição
recebem ampla divulgação, assim como os estudos sobre competitividade mundial do IMD -
Internacional Institute for Management Development -, na Suíça, e do WEF – World Economic
Fórum, com a colaboração da Fundação Dom Cabral . Também em 2002 receberam destaque a
evolução da Fundação Dom Cabral no ranking da revista “AméricaEconomia”, que passou da 20
a
para o 17
a
posição; e o posicionamento, neste ano, em 2
o
lugar, do programa MBA Empresarial
36
As pesquisas são "Gestão da Cultura Organizacional nos Processos de Fusões e Aquisições"coordenada pela Prof.
Betania Tanure de Barros ; "Global Players - Grau de Internacionalização das Empresas Brasileiras" coordenada
pelos professores Álvaro Cyrino e Moacir de Miranda Oliveira Júnior e “Tendência de Desenvolvimento das
Empresas no Brasil”, coordenada pelo professor Rosseti.
155
no ranking dos Melhores MBAs do Brasil da revista “Você S.A /Exame”. Recebe também
cobertura, com inserções na mídia regional e nacional, o MBA Executivo lançado neste mesmo
ano.
Em 2003 o crescimento registrado foi em torno de 33,7%, atingindo 476 de inserções. A
publicação de artigos na mídia nacional cresceu 110%, compensando a retração no número de
artigos publicados na mídia local que caiu 60% .
Além dos Relatórios de Análise de Mídia (1999 – 2003) que mostram o crescimento da
divulgação da Fundação Dom Cabral, realizamos uma análise do conteúdo e abordagem das
matérias veiculadas nos anos de 2001 a 2003. Observa-se que a cobertura é positiva, dentro de
uma abordagem que valoriza seus produtos e serviços, destaca sua competência, sua capacidade
de inovar e de gerar conhecimentos. Alguns trechos de matérias, identificadas no clipping do
período, mostram o tipo de cobertura que geralmente é feita sobre a Fundação Dom Cabral na
mídia impressa, em geral.
Mulheres precisam provar maior competência.
A aprovação do novo código civil brasileiro na última semana, foi comemorado como
mais um passo para a igualdade de condições entre homens e mulheres. No mercado
corporativo, porém, a realidade é outra. Pesquisa da Fundação Dom Cabral
(...)Fundação Dom Cabral, voltada à educação executiva, em pesquisa, feita
especialmente para a Gazeta Mercantil, revela que as mulheres precisam provar que
são mais competentes que os homens para ocupar o mesmo cargo na hierarquia."[..]
(MADUREIRA; MENEZES, 2001).
Se a economia vai mal, o melhor é estudar.
O reitor da Insead diz que a desaceleração econômica está propiciando o momento
ideal para se aprender. [...] No Brasil, a escola mantém parceria com a Fundação Dom
Cabral (sede em Belo Horizonte), para divulgação do curso.[...] (BONANÇA, 2001).
156
O brilho do aço.
[...]Diante do cenário de acirramento da competição que fez a CSN?Mandou seu
pessoal de volta à sala de aula para aprender a fazer negócios. Contratou a Fundação
Dom Cabral, de Belo Horizonte, uma referência em formação executiva, para formatar
um curso de MBA sob medida para os funcionários. "Ou aprendíamos a focar o
mercado ou não teríamos futuro", diz Pinheiro da Silva. [...] (BLECHER, 2001).
Cabral cruza a fronteira
A Fundação Dom Cabral, uma das mais respeitada escolas de formação de executivos
do Brasil, com sede em Belo Horizonte, levará, neste ano, seu programa de excelência
para médias empresas (PAEX) ao Chile e à Argentina. [...]. (BLECHER, 2001).
A Fundação Dom Cabral celebrou aliança com a UBC Comerce, da University of
British Columbia, de Vancouver, Canadá (RACY, 2002)
Parcerias em Debate
Luiz Fernando Furlan, presidente do Conselho de Administração da Sadia e Horácio
Lafer Piva, da FIESP, participarão do Fórum das Parcerias, promovido pela Fundação
Dom Cabral, terça e quarta, em São Paulo, O tema central "A nova ordem mundial e
seus impactos nas empresas. (FACCIOLI, 2002).
Vale a pena ter trainee?
[...]Segundo uma pesquisa divulgada neste ano pela Fundação Dom Cabral, 89% dos
diretores de recursos humanos têm como preocupação significativa a retenção de jovens
talentos - mas apenas 57% sabem citar práticas específicas de retenção, e só 32%
calculam a rotatividade dos trainees."A maioria das empresas têm grande preocupação
em recrutar talentos, mas na hora de retê-los peca pela desorganização", diz Rosa
Bernhoeft, da consultoria de recursos humanos Alba, de São Paulo. (BLECHER, 2003).
Os herdeiros vão à Escola.
[...]Sem planos de trabalhar na empresa da família, Angela e outros sete herdeiros da
Andrade Gutierrez participaram do programa Parceria para o Desenvolvimento de
Acionistas (PDA), da Fundação Dom Cabral, de Belo Horizonte. É um programa de
dois anos, estendido a pedido dos participantes."Foi importante para que os filhos e os
netos dos fundadores percebessem que há vários caminhos para o acionista fora da
empresa", diz Angela. "Também nos conscientizamos da necessidade de uma estrutura
familiar coesa para que possamos manter e ampliar o capital. (BLECHER, 2003).
Nota-se, pela análise de conteúdo das matérias, no período pesquisado, que o discurso da
Fundação Dom Cabral sempre é mantido, não havendo questionamentos ou contra-argumentos
que venham a contradizê-la, permanecendo sempre seus pontos de vistas. Nas matérias em que a
Fundação Dom Cabral aparece junto com outras instituições, em geral, há um equilíbrio entre o
157
espaço para outras instituições e para suas citações. Não houve nenhuma matéria em que a
Fundação Dom Cabral ou alguns de seus produtos fossem criticados seja por aluno, empresa,
fornecedor ou outro segmento de seu relacionamento. Em geral, seu nome está associado a
grandes empresas nacionais ou multinacionais, seja no desenvolvimento de projetos, pesquisas,
parcerias etc. Outro ponto constatado é que a Fundação Dom Cabral não viveu nenhuma crise
empresarial ou questão que, de alguma forma, gerasse cobertura negativa.
As referências sobre a divulgação da Fundação Dom Cabral nas publicações que cobrem os
assuntos de gestão empresarial mostram uma evolução significativa tanto no espaço adquirido,
como na inserção de artigos e de divulgação de resultados de pesquisas.
Esta análise se justifica, por ser a mídia considerada um dos fatores que gera visibilidade e
impacta fortemente a reputação. Além disso, como mostraram os estudos na Europa e EUA,
muitas vezes a divulgação de um ranking interfere na decisão da escolha pela escola.
Se por um lado, observa-se, no Brasil e no mundo, uma demanda maior para a formação
gerencial de executivos, com o crescimento e proliferação de Escolas de Negócios e,
conseqüentemente, uma maior oferta de cursos e programas, por outro lado, mostrar a diferença
entre um ou outro programa ou escola torna-se mais difícil.
A competitividade tem imposto algumas regras para que as melhores instituições mantenham
suas posições. A busca por maior qualificação de professores, produção de pesquisas e geração
de conhecimento, alianças com instituições que agreguem valor, desenvolvimento de ensino a
distância; maior estreitamento das relações com empresas com intuito de identificar necessidades
do mercado são alguns dos fatores nos quais as instituições melhor posicionadas vêem
empenhando esforços.
158
No entanto, os investimentos nos ativos tangíveis não bastam para assegurar-lhes posição de
destaque na percepção de seus stakeholders. A construção de uma reputação forte pode dar-lhes
a distintividade, o reconhecimento e prestígios almejados.
A teoria permitiu-nos uma análise dos principais fenômenos a serem estudos nesse projeto de
pesquisa que irá adotar a seguinte concepção de modelo.
159
PARTE II – CONCEPÇÃO DO MODELO E RESULTADOS DA PESQUISA
5 CONCEPÇÃO DO MODELO DE PESQUISA
5.1 Conceitos Pesquisados
A questão central desta pesquisa pode ser sintetizada em: quais são os impactos da identidade
projetada sobre a reputação da organização, na percepção dos públicos interno e externo? E,
para responder a essa questão central, foram pesquisados os aspectos, a seguir:
As percepções dos stakeholders externos sobre a reputação da FDC.
A projeção da identidade da FDC no espaço público.
O grau de atratividade e concordância com a identidade projetada da FDC.
Os impactos da identidade projetada e da percepção do prestígio externo na identificação e no
grau de envolvimento institucional de seus empregados e professores.
Analisou-se como os stakeholders externos vêem a organização (reputação), como os membros
da organização percebem a “ visão de outros” sobre a organização (PEP), o grau de concordância
e de atratividade da identidade projetada (APOI) na percepção dos públicos internos e externos; o
nível de identificação (OID) e o comportamento de envolvimento institucional (CEI) do público
interno. A pesquisa teve como base teórica os estudos sobre identidade, imagem e reputação e
suas fronteiras, tendo os seguintes estudos como referência: Albert e Whetten,1985; Ashforth e
Mael, 1996; Whetten e Godfrey, 1998; Hatch e Schultz, 2000; Fombrun, 1996; Dacin e Brown,
2002; Fombrun, Gardberg e Sever, 2000; Johnson e Zinkhan, 1990; Kennedy, 1997; Dowling,
1986; .Olins, 1989; Elstack e Van Riel, 2004; Berens, Guido e Van Riel, 2004; Van Riel e
160
Balmer, 1997; Carroll e Van Riel, 2001; Van Riel et al., 1998; Fombrun; Van Riel, 1997; Gioia e
Thomas, 1996; Alvesson, 1990; Abratt, 1989; Kunsch, 1997, 2003; dentre outros.
Como objeto de estudo, foi analisada a Fundação Dom Cabral, instituição brasileira que atua no
setor educacional há 28 anos, com parcerias internacionais com instituições de ensino como o
Insead (França); Kellogg Graduate School of Management (USA); UBC-University of British
Columbia (Canadá), graduando, em média, 9.000 executivos por ano.
A concepção do modelo desta pesquisa, apresentada a seguir, teve como base teórica e
metodológica pesquisas realizadas por Carroll e Van Riel (2001); Smidts, Pruyn e Van Riel,
(2001); Elstak e Van Riel, (2004), tendo sido desenvolvida em conjunto com a equipe de
pesquisadores do Corporate Communication Centre, dirigido pelo prof. dr. Cees B. M. Van Riel,
na Erasmus University, em Rotterdam.
FIGURA 5 - Modelo da Pesquisa – Estudos 1 e 2
Como pode ser observado no modelo proposto, dois conceitos foram centrais: reputação e
identidade projetada (APOI), sendo ambos definidores do marco teórico e da construção
metodológica. A estes conceitos centrais foram agregados os conceitos de percepção de prestígio
externo (PEP), identificação organizacional (OID) e comportamento de envolvimento
161
institucional (CEI) que, direta ou indiretamente, relacionam-se com a identidade projetada e a
reputação. O estudo 1, foi realizado com o público interno - funcionários e professores e o estudo
2, com o público externo – empresas-clientes e executivos, cuja justificativa de definição será
detalhada após a descrição dos conceitos que fizeram parte do modelo dessa pesquisa,
apresentados a seguir:
5.1.1 Reputação
Esta pesquisa teve como foco a relação entre identidade projetada e reputação, reconhecendo os
estudos teóricos e empíricos que sugerem que reputação e identidade estão diretamente
relacionados, na medida em que a reputação mesmo sendo a percepção de quem está de fora, não
elimina a influência dos membros da organização na construção da identidade. E, por sua vez, a
identidade afeta a reputação. (VAN RIEL, 2003, DUTTON; DUKERICH, 1991; SCHULTZ et
al., 2000; GARDBERG; FOMBRUN, 2002; RINDOVA; FOMBRUN, 1998; GIOIA; THOMAS,
1996).
O foco da análise desta pesquisa, centrou-se em que medida, os públicos internos e externos,
concordam com os atributos utilizados pela organização para divulgar “quem ela é” e qual sua
influência na reputação. Com isso, buscou-se avaliar o grau de alinhamento ou não alinhamento
entre as percepções internas e externas.
Através da identidade projetada, a organização tenta ser mais atrativa aos olhos dos stakeholders.
Como vários autores destacam, a identidade projetada foca-se nos aspectos da identidade
organizacional que são mais atraentes, embora essa possa não ser exatamente uma representação
verdadeira da realidade organizacional. (ELSTAK; VAN RIEL, 2004).
162
Como descrito anteriormente, no capítulo 4, os estudos sobre reputação em Escolas de Negócios
demonstram a ausência de um mesmo critério de avaliação, uma vez que os rankings adotados
como uma das formas de análise, utilizam metodologias e padrões distintos. Indicaram também
que cada instituição define, de acordo com seus objetivos e interesses, quais públicos são
relevantes e quais instituições podem servir como referência para comparações. (ELSBACH;
KRAMER, 1996).
5.1.2 Identidade Projetada
Carroll e Van Riel (2001) argumentam que a maior parte das pesquisas sobre identidade analisa
de que forma os membros da organização percebem sua identidade, não sendo objeto de estudo a
identidade que a organização decide proclamar como sendo “ela própria”. No entanto,
compreender a identidade projetada e o grau de concordância dos stakeholders com o que a
organização diz sobre si mesma pode contribuir para que a organização faça um alinhamento
destas percepções. Ou seja, conhecer os gaps entre o que os membros da organização consideram
como essencial, o que a organização projeta e como os stakeholders externos percebem esses
atributos, fornece elementos para que a organização faça um trabalho direcionado, no sentido de
aproximar essas percepções, construindo uma imagem mais coerente e consistente.
Como descrito anteriormente, a identidade projetada compreende os atributos que na percepção
da alta administração, representam a organização e que são utilizados para projetá-la interna e
externamente. Esta percepção pode não ser necessariamente a mesma do público interno ou de
outros grupos de relacionamento da empresa.
Por outro lado, o nível gerencial reconhece que é difícil projetar uma imagem da empresa, dizer o
que ela é, se os membros da organização não concordam com o que é dito. Além disso, a
163
percepção da audiência externa também é influenciada pela percepção dos membros internos da
organização (ELSTAK; VAN RIEL, 2004).
Nesse sentido, essa pesquisa buscou avaliar como a FDC projeta sua identidade no espaço
público e qual o grau de concordância e atratividade destes atributos na percepção de seus
stakeholders internos e externos.
5.1.3 Grau de Concordância com a Identidade Projetada e de Atratividade (APOI)
A identidade projetada foi analisada considerando-se duas dimensões: o grau de concordância e
de atratividade dos atributos projetados. Concordância com identidade projetada significa o “grau
em que as características da identidade projetada correspondem à percepção dos membros da
organização sobre a identidade organizacional” (ELSTAK; VAN RIEL, 2004, p.13).
Carroll e Van Riel (2001, p.10) sugerem que “quando a identidade organizacional é destacada, a
concordância com a identidade projetada pode ser um fator de mediação entre o processo de
construção da imagem externa e a identificação organizacional”. Ou seja, a maneira como os
empregados percebem a identidade está diretamente relacionado com o grau de concordância
(APOI) que estes fazem dos atributos que a organização projeta como sendo “ela própria”. Na
medida em que os empregados concordam com as características projetadas, aumenta também o
nível de identificação destes com a organização (OID) (CARROLL; VAN RIEL, 2001).
Atratividade avalia a percepção de apelo que o atributo possui. Os atributos de baixa atratividade
dão pouca distintividade à organização e, em geral, tratam-se de características comuns a
organizações de um mesmo setor. Nessa pesquisa, a análise da identidade projetada foi realizada
como parte dos estudos 1 e 2, para que fosse possível comparar as percepções de stakeholders
164
internos e externos. Desta forma foi possível avaliar o alinhamento ou não entre o que a empresa
divulga, e as percepções dos empregados, professores, empresas-clientes e executivos.
5.1.4 Percepção de Prestígio Externo (PEP)
A percepção do prestígio externo refere-se à maneira como os empregados vêem o “olhar de
outros” sobre a organização. Nesse sentido, os membros da organização podem ter uma
impressão distorcida sobre o que “outros” pensam sobre a organização, podendo ser mais positiva
ou negativa do que realmente seja a visão de “outros”. (DUTTON et al., 1994). Vários autores
argumentam que a percepção do prestígio externo afeta a identificação organizacional e que os
membros da organização sentem-se orgulhosos de pertencer a uma organização, quando
acreditam que esta possui características socialmente valorizadas. (MAEL; ASFORTH, 1992;
PRATT, 1998; DUTTON et al., 1994; SMIDTS et al., 2001; CARROLL; VAN RIEL, 2001).
Mael e Ashforth (1992) argumentam que os membros de uma organização se identificam com a
organização, quando esta aumenta sua auto-estima e a percepção de prestígio externo
indiretamente aumenta a auto-estima. Dutton et al.(1994, p.249) afirmam que “a identificação
organizacional é extremamente sensível a como os membros da organização pensam que “outros”
vêem a organização” e denominam percepção de prestígio externo como imagem externa
construída.
No nível individual, a percepção de prestígio externo pode ser formada através de diversas fontes;
opinião de pessoas e/ou grupos que sejam referência, boca a boca, comunicação externa e interna.
A percepção do prestígio externo é como se fosse um espelho da imagem externa que os
stakeholders sustentam sobre a organização, que retorna para os membros da organização e estes
165
a usam como referência para compará-la com suas percepções da identidade. (DUTTON et al.,
1994; GIOIA et al., 2000)
Nesta pesquisa foi feita a análise de como os membros da organização vêem a percepção externa
e como essa percepção afeta a identificação organizacional e o comportamento de envolvimento
institucional. Entender como os empregados percebem a identidade projetada e suas percepções
sobre como os stakeholders externos vêem a organização pode ajudar a organização a prestar
melhor atenção nos atributos que lhe asseguram distintividade e que podem afetar tanto as
respostas dos seus públicos externos de relacionamento como de seu público interno.
(DUKERICH; CARTER, 2000; SMIDTS et al., 2001; DUTTON et al., 1994; ASHFORTH;
MAEL, 1989; ELSBACH; KRAMER, 1996; PRATT, 1998; CARROLL; VAN RIEL, 2001)
5.1.5 Identificação Organizacional (OID)
Outro importante aspecto, analisado no estudo 1, foi identificação organizacional. Por
identificação organizacional entende-se “as percepções de cada pessoa em relação ao sentido de
pertencer a uma organização, o que a leva a definir a si própria em relação à organização
(MAEL ; ASHFORTH, 1992, p.104).
Vários autores têm estudado a relação entre identidade organizacional e identificação e como esta
afeta o comportamento dos membros da organização (FOREMAN; WHETTEN, 2002). Como
previamente descrito, os membros da organização incorporam o feedback das audiências externas
na percepção da identidade, a qual é determinante na identificação destes com a organização,
refletindo-se também no comportamento de envolvimento institucional. (CARROLL; VAN
RIEL, 2001; SMIDTS et al., 2001).
166
Carroll e Van Riel (2001) ressaltam que há vários estudos que analisam o relacionamento entre
identidade e identificação organizacional. Alguns têm como foco a percepção dos membros da
organização sobre a identidade organizacional e os impactos sobre a identificação; outros
enfatizam a distintividade; outros os impactos sobre os resultados, incluindo a interpretação de
questões estratégicas; e, poucos são os trabalhos direcionados para a identidade projetada e suas
implicações na identificação.
Dutton et al.(1994, p.242) descrevem identificação como “uma forma de união psicológica que
ocorre quando os membros adotam as características que definem a organização como sendo as
mesmas características que os definem”. A identificação é um importante objetivo
organizacional, porque contribui para a construção de sentido do processo de decisão.
(CARROLL; VAN RIEL, 2001). Identificação foi incluída nessa pesquisa por sua relação com a
identidade projetada e “por ser um fator essencial no processo de gerenciamento organizacional”
(PRATT, 1998, p.171). A identificação organizacional “fornece elementos sobre como os
indivíduos desenvolvem seus pensamentos, sentimentos e ações no contexto social” (ALBERT et
al., 1998, p. 209).
5.1.6 Comportamento de Envolvimento Institucional (CEI)
O quarto conceito do Estudo 1, Comportamento de Envolvimento Institucional, é definido como
um comportamento relacionado ao trabalho “em que os empregados apóiam os interesses do
grupo ou organização mesmo que não recebam nenhum benefício direto”. (MOORMAN;
BLAKELY, 1995, p.127). Vários autores, em seus estudos, demonstraram que “um alto nível de
identificação com a organização, aumenta a motivação do grupo para se atingir os objetivos,
167
estreita a afinidade entre os membros da organização, aumenta a interação do grupo, desenvolve
comportamentos de cooperação”. (SCOTT; LANE, 2000, p.52).
Os indivíduos que se identificam com a organização, associam-se mais coletivamente e agem
considerando os interesses da organização. (SCOTT et al., 1999). Os conceitos de identificação e
envolvimento institucional descrevem comportamentos dos empregados que contribuem
significativamente para os resultados da organização, mesmo que não sejam formalmente
reconhecidos como parte de suas atividades.
Para o nível gerencial, no entanto, é difícil reconhecer tanto o comportamento de envolvimento
institucional como a identificação organizacional. O comportamento de envolvimento
institucional torna-se cada vez mais importante para as organizações, pois afeta o grau de apoio
que os indivíduos dão à organização, sem necessariamente gerar a estes nenhum benefício
específico, e conseqüentemente, aumenta a eficácia organizacional. (MOORMAN; BLAKELY,
1995; ELSTAK; VAN RIEL, 2004). Além disso, CEI é um indicador do grau de conexão de cada
indivíduo com a organização e pode sinalizar comportamentos que afetam a identificação
organizacional, como também indicar a coerência entre identidade percebida e projetada.
O comportamento de envolvimento institucional trata de como o empregado age, no dia-a-dia,
além do que se espera formalmente no seu contrato de trabalho. Contribui para um melhor
relacionamento entre os grupos, maior motivação para cumprimento dos objetivos e,
conseqüentemente, melhor desempenho. E, por isso, esse é um fator precioso que as
organizações buscam atingir. (SCOTT; LANE, 2000; ELSTAK; VAN RIEL, 2004).
168
O desenho do modelo descreve uma visão de cada fase da pesquisa e as etapas de seu
desenvolvimento. Entretanto, outro importante aspecto nessa pesquisa trata-se da definição de
quais stakeholders foram pesquisados, através de quais metodologias.
5.2 Públicos pesquisados
Um importante conceito nesse modelo de pesquisa é a definição de quem são os stakeholders e
quais os grupos que foram pesquisados e a justificativa desta escolha. A definição de quem são os
públicos, como eles surgem, qual a sua capacidade de influenciar ou ser influenciado pelas ações
da organização, como comunicar de forma mais efetiva com cada segmento são algumas questões
que têm sido base das pesquisas acadêmicas em relações públicas (GRUNIG, 1997).
Michell et al.(1997) destacam que há alguns pontos de concordância na literatura sobre que tipo
de entidade pode ser um stakeholder: pessoas, grupos, comunidades, organizações, instituições,
sociedade. O termo pode ser definido como “qualquer grupo ou indivíduo que pode afetar ou ser
afetado pelas realizações da organização” (FREEMAN, 1984, p. 46).
Os stakeholders estabelecem distintos vínculos com a organização, uma vez que cada grupo
possui necessidades específicas e demandam diferente atendimento. Em algumas situações a
organização é objeto de escrutínio destes grupos. Um outro aspecto a ser destacado é que os
grupos também se distinguem em relação à sua importância para o sucesso da organização.
(GRUNIG, 1997).
Nessa pesquisa, os stakeholders foram analisados de acordo com os critérios propostos por
Grunig e Hunt (1984) e Mitchell et al. (1997). O modelo de relação adotado, definido por Grunig
169
e Hunt (1984), define os grupos de maior relevância para a organização, classificando-os em
quatro tipos de relações:
1. Relação de Capacitação: (Enable linkage) públicos que criam condições necessárias para a
organização operar. Como exemplo, estão nesse grupo os acionistas, órgãos de
financiamento, instituição que gera o conhecimento.
2. Relação Funcional: (functional linkage) grupos que diretamente são afetados pelas atividades
do dia-a-dia de uma organização, da mesma forma que podem facilitar suas operações.
Divide-se em dois grupos: aquele que gera informações de dentro da organização e o outro
que gera informações de fora da organização. Geralmente são os públicos mais visíveis e
incluem empregados, clientes, consumidores, distribuidores, fornecedores, empresas
prestadoras de serviços (agência de publicidade, firmas de advocacia, empresas de
consultoria, etc).
3. Relação Normativa: (normative linkages) grupos que dão autoridade para que a organização
funcione e definem regras e regulamentações para suas atividades. Como exemplo estão os
órgãos de governo, entidades de classe. O conselho de diretores também pode fazer parte
deste grupo pois, muitas vezes eles próprios sancionam as atividades da organização.
4. Relação Difusa: (Diffused linkages) grupos que não possuem uma relação muito bem definida
com a organização, mas afetam a opinião pública. Em algumas situações defendem os
interesses de outros. O grupo mais importante nessa relação é o de jornalistas. Incluem ainda
organizações de defesa do meio ambiente, organizações não governamentais, ministério
público etc.
170
Cada grupo identificado deve ser analisado de acordo com o grau de envolvimento com os
objetivos da organização, o tipo de relacionamento e como esse relacionamento pode afetar as
crenças e sentimentos destes sobre a organização. (VAN RIEL, 2003; DOWLING, 2001).
Grunig (1992) destaca que este sistema de relações é um sistema aberto, em que os grupos podem
mudar de posição conforme as condições e ameaças do ambiente.
Para priorizar os grupos de relacionamento, Michell et al. (1997, p. 854) propõem que “sejam
identificados de acordo com três atributos: poder, legitimidade e urgência”. Poder refere-se a
percepção que a organização tem da capacidade de ação do grupo em afetar seus negócios.
Legitimidade trata-se da medida em que as demandas do grupo são consideradas justificáveis
pela organização.Urgência lida com o grau em que a organização irá atender às demandas do
grupo, ou seja, quão imediata será a atenção dada pela organização aos possíveis conflitos.
Adotando a classificação de Grunig e Hunt (1984) e a priorização de Mitchell et al. (1997) foram
identificados e definidos quatro grupos de stakeholders da FDC, descritos a seguir:
Grupos de Relacionamento Interno:
1. Funcionários Administrativos e Núcleo Técnico
2. Professores – com vínculos distintos.
Grupos de Relacionamento Externo: Clientes divididos em dois distintos grupos, em
função da relação com a FDC.
3. Empresas-Clientes
4. Executivos (
participantes dos programas abertos e fechados; especialização; MBAs, mestrado)
171
Quadro 5
Matriz de Relacionamento da Organização com seus stakeholders
Grupo de
Stakeholder
Relação
com a organização
Poder Legitimidade Urgência
Funcionários
(Administrativos e
Núcleo Técnico)
Relação Funcional
Interna
x x x
Professores Relação Funcional
Interna e Externa
x x x
Empresas -Clientes Relação Funcional
Externa
xx xx xx
Executivos Relação Funcional
Externa
x x x
FONTE: Adaptado de Grunig e Hunt (1984) e Mitchell et al., (1997). O x indica o grau de poder, legitimidade
e urgência com que a empresa considera suas demandas ( x – menor grau; xx – maior grau)
Os quatro segmentos de públicos foram considerados como importantes pela FDC. No entanto,
ao analisarmos o grau de poder, legitimidade e urgência de suas demandas, observa-se distinções
significativas. Funcionários, professores e executivos possuem menor grau de poder, legitimidade
e urgência de suas demandas se comparados com as dos clientes- empresas.
O público interno foi segmentado em funcionários e professores com o intuito de identificar
diferenças nas percepções. Os clientes foram distinguidos em dois grupos: empresas-clientes e
executivos participantes, considerando suas diferenças em função das relações estabelecidas com
a FDC e as características de poder, legitimidade e urgência. Como empresas-clientes
consideramos os profissionais que têm poder de compra de produtos e serviços da FDC, em nome
de suas organizações. Têm maior poder uma vez que podem definir por programas de
172
desenvolvimento para grupos de executivos e, em geral, estabelecem uma relação de longo prazo
e trabalham em conjunto na construção do programa mais adequado às necessidades da empresa.
São representados, na sua maioria, pelo presidente e profissionais da área de recursos humanos.
Os executivos participantes, mesmo estando no grupo de clientes, possuem uma relação diferente
da empresa cliente. Alguns definem pela FDC e pagam seus cursos, outros contam com subsídios
de suas empresas e grande parte dos executivos participa dos programas da instituição a partir da
decisão e compra dos produtos por suas empresas. Como as relações de poder, legitimidade e
urgência mudam, consideramos importante a segmentação. A seguir apresentamos a estratégia da
pesquisa.
5.3 Estratégia da Pesquisa
O modelo desta pesquisa teve como propósito analisar as relações entre organização e seus
stakeholders. O que a organização projeta como sendo “sua verdade” e de que forma as pessoas
se apropriam ou não desta “verdade”; quem ela diz que é, quem as pessoas pensam que ela seja; o
alinhamento entre o seu discurso, suas ações e as percepções de seus stakeholders. Ao conhecer
estas percepções, a organização se capacita melhor para delinear uma política de relacionamento
que sustente de forma mais efetiva uma reputação positiva.
A estratégia de pesquisa adotada, nos estudos 1 e 2, compreendeu as abordagens qualitativa e
quantitativa. Ambos os estudos constaram de duas etapas: etapa um, abordagem qualitativa, e
etapa dois, abordagem quantitativa, descritas a seguir:
173
5.3.1. Procedimentos Qualitativos
Os procedimentos qualitativos foram adotados com o propósito de avaliar as percepções sobre os
dois conceitos centrais da pesquisa – identidade projetada e reputação. Como afirma Bauer e
Gaskell ( 2002, p. 68) “a finalidade real da pesquisa qualitativa não é contar opiniões ou pessoas,
mas ao contrário, explorar o espectro de opiniões, as diferentes representações sobre o assunto
em questão”.
Estudo preliminar
Foi desenvolvido um estudo preliminar por meio da análise documental de todo o material de
divulgação produzido pela FDC, em 2004, com o propósito de identificar os atributos projetados.
Neste estudo, foram analisados os folhetos institucionais; folhetos de cursos e de programas
abertos e fechados; homepage; portal específico para clientes e vídeo institucional ( ANEXO A).
Como a análise de conteúdo é o método prevalente utilizado para análise textual a adotamos
aplicada nas análises da comunicação formal que projeta a identidade organizacional uma vez
que esta revela a identidade projetada e os temas centrais recorrentes historicamente. Esta técnica
consistiu na análise de conteúdo de todas as peças impressas, vídeo institucional, homepage e
portal, comparações entre os discursos utilizados nas peças publicitárias e identificação dos
atributos recorrentes. Foram identificados 56 atributos e, em seguida, a relação destes atributos
foi encaminhada aos membros da alta administração – presidente, diretores e líderes - que
selecionaram os 10 mais representativos, de acordo com suas percepções. Após a tabulação foram
selecionados os atributos citados com maior freqüência.
174
Procurou-se também identificar atributos projetados não revelados por meio do material de
divulgação. Para isso, paralelamente, foi realizado um levantamento junto a dez clientes - todos
compradores de programas em 2004 – de dez atributos que em suas percepções representam a
Fundação Dom Cabral. Após a tabulação de 100 atributos, identificados pelas empresas-cliente,
foram selecionados os cinco atributos citados com maior freqüência.
No total, foram identificados quinze atributos: dez atributos definidos pela alta administração e
cinco pelas empresas-cliente que, posteriormente, foram analisados por meio de abordagens
qualitativas e quantitativas. A adoção deste estudo preliminar justifica-se em função de que a
identidade projetada revela-se na produção do material formal de comunicação e é uma escolha
da alta administração. A inclusão do levantamento de atributos identificados, junto a dez clientes,
justifica-se uma vez que estes podem inferir distintos atributos a partir de suas experiências
diretas e outras fontes de informação. Os 15 atributos identificados foram base para elaboração
dos instrumentos de coleta de dados utilizados tanto na abordagem qualitativa quanto na
quantitativa do conceito de identidade projetada.
Identidade Projetada
A abordagem qualitativa adotada, no Estudo 1, teve dois objetivos: o primeiro, de investigar
detalhadamente o entendimento de cada um dos 15 atributos identificados no estudo preliminar
sobre a identidade projetada para que se definisse a linguagem que melhor representasse o
significado de cada atributo e, o segundo, a percepção em relação à concordância ou não com os
atributos projetados. Como resultado, foi possível elaborar uma listagem dos 15 atributos
175
adotando uma linguagem coerente com os significados consolidados internamente e compreender
o grau de concordância ou não com os atributos projetados.
Estratégia para seleção dos entrevistados:
A estratégia de definição dos entrevistados foi feita por meio de uma amostra intencional, em que
foram selecionados funcionários e professores, por serem estes, os grupos que têm uma relação
direta com a instituição, em condições de fornecer informações mais detalhadas sobre os
atributos projetados e, mais especificamente, em que medida a FDC age ou não de acordo com o
que ela afirma em sua identidade projetada. Os critérios adotados foram os seguintes:
1. Funcionários: foram selecionados de acordo com tempo de casa e funções, uma vez, que
estes dois aspectos interferem nas percepções dos atributos projetados. Funcionários mais
antigos tendem a serem mais críticos e possuem visão histórica podendo comparar a
evolução de mudanças dos atributos. Por outro lado, podem também estar, num certo
sentido “contaminados” pelo discurso, reproduzindo-o como “verdade”, não sendo o que
ocorre na prática. Funcionários com pouco tempo de casa, tendem a ter um
distanciamento maior, podendo perceber gaps entre o discurso e a prática. Por outro lado,
não possuem visão histórica. O segundo critério adotado foi selecionar funcionários em
funções distintas, pois o tipo de trabalho, hierarquia, relações de poder, podem significar
visões distintas da organização.
2. Professores – foram selecionados considerando o tempo de casa e vínculos. Da mesma
forma que funcionários, tempo de casa é fator determinante nos sentimentos e percepções
de professores, uma vez que interfere na relação destes com a instituição. Outro critério
176
considerado foram os vínculos – contratados e prestadores de serviços. Os professores
com contrato formal e/ou funções administrativas podem ter percepções diferentes de um
professor aulista, que presta serviço, uma vez por ano, ministrando aulas em apenas um
curso. Outros professores, embora, sejam prestadores de serviço, atuam exclusivamente
para a FDC, muitas vezes, há vários anos, estabelecendo um vínculo mais estreito.
Os critérios adotados para a seleção dos entrevistados permitiram trabalhar com dois grupos
de stakeholders fundamentais, ambos considerados público interno, mas com papéis,
expectativas e visões distintas, dependendo do “lugar” de cada ator social diante da
organização.
Técnica de Coleta e Análise de Dados
Adotou-se como técnica de coleta de dados, entrevistas individuais com apoio de roteiro semi-
estruturado (Anexo B). Nas entrevistas individuais buscamos através da interação, troca de idéias
e significados, explorar as percepções dos entrevistados na construção de sentidos e sentimentos
sobre os atributos projetados pela FDC.
Como instrumento básico de análise da pesquisa qualitativa, foi adotada a análise de conteúdo,
caracterizada como um método de investigação que permite que se estabeleçam códigos textuais
dentro de categorias conceituais de forma que possamos fazer inferências a uma questão central.
(KRIPPENDORFF, 1980). As teorias sobre os fenômenos simbólicos, incluindo a análise de
conteúdo, são, da mesma forma uma questão entre si mesmas, e em relação com os dados e o
contexto. (KRIPPENDORFF, 1980).
177
Esta etapa foi realizada antes da produção do instrumento de coleta da pesquisa quantitativa, o
que permitiu maior segurança na definição e clareza de cada um dos termos explicitados como
atributo projetado. A abordagem quantitativa, no segundo momento, permitiu confirmar ou não a
pertinência dos atributos identificados, nessa etapa da pesquisa, como representativos da FDC.
Reputação
A abordagem qualitativa, do Estudo 2, foi adotada com dois objetivos. O primeiro, para análise
da percepção dos entrevistados sobre a reputação da Fundação Dom Cabral e, o segundo, a visão
destes sobre fatores que determinam a construção da reputação de empresas no Brasil.
Estratégia para seleção dos entrevistados
Foram entrevistados empresas-clientes e executivos participantes dos programas de
desenvolvimento. Como critério de seleção dos entrevistados foi adotado o seguinte critério:
1. Empresas-clientes : compradores de produtos e serviços em 2004, representados por
profissionais de recursos humanos e/ou presidentes de empresas. Definiu-se por
clientes atuais por estarmos trabalhando com a identidade projetada, no ano de 2004, e
por este segmento de público ter uma visão mais clara da atuação da FDC hoje, uma
vez que há um relacionamento estabelecido. O critério de seleção de profissionais de
recursos humanos e presidentes foi adotado considerando o poder de decisão: compete
a estes profissionais a escolha da FDC ou outra instituição concorrente para a compra
de programas de desenvolvimentos de executivos para suas empresas.
178
2. Executivos participantes dos programas de desenvolvimento: foram selecionados de
acordo com a participação em parcerias, programas abertos, programas fechados ( in
company), MBAs, especialização e mestrado, uma vez, que cada um dos programas e/
ou atividades permite um tipo de relacionamento distinto com a FDC.
Técnicas de Coleta e Análise de dados
Como a teoria sobre reputação, adotada pelo Instituto de Reputação, estava sendo analisada, pela
primeira vez no Brasil, a abordagem qualitativa teve o intuito de clarear quais elementos são
dominantes em relação aos fatores que compõem a reputação nas percepções dos stakeholders
externos da FDC. Como instrumento de coleta de dados foram realizadas entrevistas individuais
com apoio de roteiro semi-estruturado e para realização da análise dos dados foi adotada a análise
de conteúdo que teve como construção referencial de codificação os cinco fatores que definem
reputação, propostos na teoria – produtos e serviços, visão e liderança, ambiente de trabalho,
responsabilidade social, desempenho financeiro. O fator apelo emocional como é considerado
conseqüência dos outros cinco fatores, não foi explicitado na abordagem qualitativa. Além da
análise dos fatores que determinam reputação foram identificados e analisados os fatores, que na
percepção de empresas-clientes e executivos, definem a reputação da FDC; o que consideram
mais importante em sua reputação; pontos críticos ou negativos para sua reputação e sugestões
para melhoria.
179
5.3.2. Procedimentos Quantitativos
Definiu-se também, pela abordagem quantitativa, para se obter um maior grau de formalização e
verificação das relações entre as dimensões, uma vez que esta abordagem permite testar
estatisticamente os diferentes conceitos, suas relações, estrutura e mensuração (ELSTAK; VAN
RIEL, 2004). A técnica estatística adotada foi análise de variância (ANOVA) que possibilita
testar a igualdade entre três ou mais médias e se a variabilidade dentro dos grupos é maior que a
existente entre os grupos. A técnica supõe independência e
normalidade das observações e
igualdade entre as variâncias dos grupos. Nesse estudo, ANOVA será utilizada para comparar as
diversas médias dos clusters que compõem uma determinada dimensão. (BELSLEY et al.,1980.)
Foi utilizado o teste estatístico t de Student (teste-t) cujo objetivo é testar a igualdade entre duas
médias. O teste supõe independência e
normalidade das observações. As variâncias dos dois
grupos podem ser iguais ou diferentes, havendo alternativas de teste para as duas situações. Na
análise em questão, esse teste será utilizado na comparação dos resultados obtidos para
professores e funcionários, bem como empresas e executivos.
Para complementar a análise adotou-se a técnica de Regressão Linear Múltipla, procedimento
que define uma relação funcional linear entre uma variável dependente ou de interesse (aquela
que mede o fenômeno que se estuda e que se quer explicar) e as variáveis independentes
(variáveis candidatas a explicar a variável dependente, cujos efeitos queremos medir entre
variáveis). A relação matemática é expressa pela seguinte equação. Y = a + b1 * X1 + b2 * X2 +
... bn * Xn , em que b1, b2 ... bn são os coeficientes de regressão, ajustados a partir dos dados
experimentais; Y a variável dependente e X1, X2 ... Xn são as variáveis independentes.
180
Esta técnica foi aplicada objetivando verificar, no estudo 1, a existência de efeitos
estatisticamente significativos das dimensões APOI ( Concordância e Atratividade da Identidade
Projetada) e PEP ( Percepção de Prestígio Externo) no grau de Identificação (OID) e no
Comportamento de Envolvimento Institucional (CEI). No estudo 2, foram analisados os efeitos
da dimensão APOI na Reputação, conforme modelo apresentado na Figura 5, do capítulo 6.
Dimensionamento da amostra
O dimensionamento da amostra foi efetuado mediante a utilização da técnicas estatísticas de
amostragem. O número de entrevistados do Público Interno foi determinado utilizando- se um
nível de confiança de 95% e um erro máximo tolerável de 5,8%. Em outros termos, a amostra
dimensionada é capaz de assegurar, com 95% de certeza, que as estimativas obtidas, não se
afastem mais que 5,8% dos seus verdadeiros valores. Com esses requisitos encontra-se um
tamanho de amostra de 193 entrevistados no público interno.
Tabela 1
Configuração da Amostra para Público Interno
PÚBLICO INTERNO População Amostra
Funcionários 229 80
Professores 335 113
TOTAL 587 193
A amostra do público externo foi dimensionada objetivando garantir níveis de certeza e precisão
para os dois segmentos desse público: empresas-clientes e executivos. O número de empresas
componentes da amostra foi determinado utilizando-se um nível de confiança de 95% e um erro
181
máximo tolerável de 5,8%, o gerou uma amostra de 174 empresas. A amostra de executivos na
pesquisa foi de 551, obtida com a utilização de 95% de confiança e erro máximo de 4,1%.
Tabela 2
Configuração da Amostra para Público Externo
População Amostra
Empresas-clientes 425 174
Executivos participantes programas 11851 551
TOTAL 12276 725
Técnicas de Coleta e Análise de Dados
Na abordagem quantitativa, foram aplicados dois questionários distintos, um com o público
interno e outro com o público externo. ( ANEXOS B) No questionário, com o público interno
( Estudo 1) foram pesquisados o grau de concordância e atratividade da identidade projetada, a
percepção de prestígio externo, a identificação organizacional e o comportamento de
envolvimento institucional. No questionário com o público externo ( Estudo 2) foram
pesquisados o grau de concordância e atratividade da identidade projetada e a reputação.
Na etapa dois, do Estudo 1, o questionário foi construído tendo como base os atributos
identificados como resultado da etapa um (abordagem qualitativa), em que foram analisados o
grau de concordância e atratividades destas características (APOI). Nesta etapa foram incluídos
182
os questionários específicos sobre a identificação, o comportamento de envolvimento
institucional e a percepção de prestígio externo, todos estes mensurados e analisados conforme
parâmetros internacionais já estabelecidos, como descritos a seguir. (ANEXO B) O questionário
foi enviado, através de e-mail, a todos os funcionários e professores.
FIGURA 6 – Estudo 1 - (público interno: funcionários e professores)
Concordância e Atratividade com a Identidade Projetada (APOI)
A Concordância e Atratividade com a Identidade Projetada indicam o quanto os públicos
internos consideram as características da identidade projetada de acordo com suas percepções
sobre a identidade da organização. A escala de confiança é de 0.93 (ELSTAK; VAN RIEL,
2004). (ANEXO B)
183
Identificação Organizacional
A escala de Identificação Organizacional desenvolvida, consiste de cinco itens mensurados em
uma escala de cinco pontos, concorda e discorda. Os itens têm como base os estudos de
identidade social, sendo esta escala adotada em vários estudos sobre o tema. Os itens abordados
são, por exemplo, “Eu sinto fortes laços com a FDC”; “Eu experimento forte sentido de pertencer
à FDC”. O fator de análise confirmatória (CFA) mostra que a escala é unidimensional e o grau
de confiabilidade é de 0.84 (SMIDTS et al., 2001, p.1054) (ANEXO B)
Percepção de Prestígio Externo
A mensuração da Percepção do Prestígio Externo tem como base a escala de Mael e Asforth
(1992) e consta de 22 itens a serem mensurados com cinco pontos concorda/discorda. Esse
projeto de pesquisa excluiu o item “X é vista como organização responsável pelo meio
ambiente”, por ser uma instituição do setor educacional, não lidando diretamente com questões
ambientais. Consideramos que a questão “A FDC é vista como organização socialmente
responsável”, engloba uma postura mais ampla., estando mais relacionada a suas atividades.
Também foi excluída a questão “X é vista como organização de baixo risco de investimento”,
por ser a Fundação, uma instituição sem fins lucrativos”.
Esta pesquisa constou, no total, de 20 itens de mensuração que incluíram questões como “A
FDC é vista pela maioria do público externo como uma organização bem administrada”; “A FDC
é considerada externamente como uma boa organização para se trabalhar”, etc. A escala é
unidimensional e o grau de confiança de 0.73 (SMIDTS et al., 2001, p. 1054) (ANEXO B)
184
Comportamento de Envolvimento Institucional – CEI
O Comportamento de Envolvimento Institucional foi pesquisado usando uma escala de quatro
dimensões desenvolvida por Moorman e Blakely (1995), utilizando escala de 1-7 para as
respostas (discorda fortemente a concorda fortemente). As quatro dimensões avaliadas são (1)
ajuda interpessoal, que tem como foco a ajuda que os empregados dão uns aos outros sem serem
demandados; (2) iniciativa individual, que descreve a comunicação entre os empregados para
melhorar o desempenho individual e do grupo; (3) atividade individual que descreve o
desempenho superior na realização de atividades específicas e o quanto o empregado vai além de
suas obrigações e (4) promoção da lealdade que descreve o quanto divulgam a imagem
organizacional para o público externo.
As quatro dimensões incluem questões que descrevem o comportamento de envolvimento
institucional dos empregados e diferem em relação ao grau que representam o comportamento
que vai além da função formal e que não se relaciona com o reconhecimento. Na análise de CEI,
são pesquisados 19 itens com índices confirmatórios de 0.91 (Confirmatory Fit Index – CFI) e
0.90 Tucker Lewis Index (TLI). (MOORMAN; BLAKELY, 1995, p.131). (ANEXO B)
Reputação
Na etapa dois ( abordagem quantitativa), do Estudo 2, foram analisados a reputação e o grau de
concordância e atratividade da identidade projetada, ambos conceitos analisados tendo como base
os dois estudos da etapa um. A etapa um, do Estudo 1 ( abordagem qualitativa), que definiu e
analisou os atributos projetados e a etapa um, do Estudo 2 ( abordagem qualitativa), que avaliou
a percepção dos stakeholders externos sobre fatores que determinam a reputação. (ANEXO B).
185
FIGURA 7 - Estudo 2 (Públicos Externos: Empresas-clientes e executivos)
Para a análise de reputação, adotou-se como técnica de mensuração o “Quociente de Reputação”,
desenvolvido por Fombrun, Gardberg e Sever (2000), consolidado pelo Instituto de Reputação,
em conjunto com o instituto de pesquisa americano Harris Interactive. (ANEXO B)
O instrumento foi validado nos Estados Unidos, Canadá, África do Sul e Austrália e dez países
Europeus (Itália, Inglaterra, Alemanha, Holanda, Dinamarca, França, Áustria, Bélgica, Suécia,
Noruega) (FOMBRUN et al., 2000; FOMBRUN ; VAN RIEL, 2003).
Como afirmam Fombrun e Gardberg (2000, p.14) esse instrumento permite “avaliar como um
grupo representativo de stakeholder percebe a organização através de 20 atributos que compõem
as seis dimensões que constituem os pilares da reputação” . As seis dimensões do construto do
“Quociente de Reputação” estão descritas a seguir:
Apelo Emocional: o quanto as pessoas gostam, admiram e respeitam a organização.
Produtos e Serviços: percepção da qualidade, inovação, valor e credibilidade de produtos e
serviços.
186
Desempenho Financeiro: percepções de resultados, perspectivas e risco
Visão e Liderança: percepção do quanto a organização é bem administrada, tem visão de
futuro e capacidade de captalizar oportunidades de mercado
Ambiente de Trabalho: percepção da organização como bom local para se trabalhar; da
qualidade de seus empregados; da relação da organização com seus empregados.
Responsabilidade Social: percepção sobre o quanto a organização atua com postura de
cidadania empresarial ao lidar com comunidades, empregados e meio-ambiente.
(FOMBRUN; GARDBERG, 2000).
É importante destacar que algumas dimensões são mais importantes para determinado grupo,
como por exemplo, investidores prestam mais atenção no desempenho financeiro que
consumidores e estes, por sua vez, observam mais produtos e serviços.
Como esta técnica de coleta de dados foi aplicada pela primeira vez no Brasil, a pesquisa teve
como propósito validar o instrumento “Quociente de Reputação – RQ”, no país. Para a análise da
concordância e atratividade com a identidade projetada (APOI) adotou-se o mesmo questionário
utilizado na etapa dois ( quantitativa) do Estudo 1.
Análise de Dados
Os dados coletados pelos questionários foram analisados utilizando-se o programa estatístico
SPSS, por meio da técnica multivariada, que tem como objetivo explicar a estrutura de variância
e covariância de um vetor aleatório, composto de um conjunto de variáveis aleatórias, através da
construção de combinações lineares das variáveis originais. (JOHNSON; WICHERN, 1992)
187
Estas combinações denominadas de Componentes Principais, não são correlacionadas. Em geral,
obtém-se uma redução do número de variáveis a serem avaliadas, sendo construída uma
interpretação das combinações lineares. A análise de Componentes Principais pode ser aplicada a
qualquer conjunto de variáveis, independentemente das distribuições de probabilidade das
mesmas.
Na análise de p variáveis, até p Componentes Principais podem ser construídas, em que cada
Componente responde por uma proporção da variância total do dados. Componentes que
explicam uma proporção muito pequena da variação total dos dados não são convenientes para
descrever o comportamento das variáveis analisadas. A viabilidade da utilização de uma
Componente depende também de sua interpretação prática, a qual se dá em função dos
coeficientes das variáveis que compõem essa Componente. O coeficiente de uma variável
representa a importância relativa dessa variável no conjunto e o sinal atribuído a esse coeficiente
indica sua importância, isto é, se positiva ou negativa. Desse modo, podemos dizer que variáveis,
cujos coeficientes têm sinais opostos, estão sendo comparadas. Para cada unidade experimental
avaliada, calculam-se os escores da Componente Principal formada, e tais escores são usados na
comparação entre as unidades experimentais, tomando como referência a interpretação da
Componente.
A comparação entre grupos independentes foi feita por meio de análise de variâncias (ANOVA).
A análise de variâncias consiste em determinar, através do modelo proposto, se as diferenças
observadas entre os níveis dos fatores são significativas ou não. A regra de decisão é baseada no
valor p (probabilidade de significância) do teste de hipóteses construído a partir da estatística F
de Snedecor (teste-F) sobre a significância de cada fator. Em geral, o efeito do fator sobre a
variável resposta é considerado significativo se p<0,05, isto é, pelo menos um dos níveis do fator
188
testado é diferente dos demais. Montgomery (1991). Todos os instrumentos de pesquisa foram
previamente testados com cada um dos segmentos pesquisados.
Nas análises estatísticas os conceitos foram tratados pelas siglas, conforme o modelo abaixo, para
facilitar a montagem das tabelas e quadros:
FIGURA 8 – Modelo da Pesquisa – Siglas
1. Concordância com Identidade projetada – APOI
2. Identificação Organizacional – OID
3. Percepção de Prestígio Externo – PEP
4. Comportamento de Envolvimento Institucional - CEI
Síntese da Estratégia de Pesquisa
O quadro a seguir sintetiza como foi definida a estratégia de pesquisa: o foco de cada estudo; as
abordagens qualitativas e quantitativas; os grupos de stakeholders pesquisados; a forma de coleta
e análise de dados; a definição da amostra ou seleção dos entrevistados.
189
Quadro 6
Síntese das Estratégias de Pesquisa
Foco da Pesquisa Fonte de Informação /
Stakeholders
Abordagem Pesquisa/
Técnica Coleta e Análise
Dados
Amostra e /ou
Seleção
Entrevistados
1. Identidade Projetada Folhetos Institucionais e
de Produtos; Homepage
www.fdc.org.br; Portal
www.fdc.org.br
/parcerias; vídeo
institucional; palestra
Qualitativa: estudo
documental por meio do
material de divulgação –
análise conteúdo
2. Identidade Projetada Funcionários
Professores
Qualitativa: entrevista com
roteiro semi-estruturado /
análise conteúdo
20 entrevistas
3. Reputação
Empresas-Clientes
(compradores de produtos
e serviços)
Executivos (participantes
dos programas de
desenvolvimento)
Qualitativa: entrevista com
roteiro semi -estruturado –
análise de conteúdo
18 entrevistas
4. Concordância e
Atratividade com
Identidade Projetada –
APOI;
Percepção Prestígio
Externo – PEP;
Identificação
Organizacional – OID;
Comportamento de
Envolvimento
Institucional - CEI
Funcionários
Professores
Quantitativa: questionários
APOI; PEP; OID; CEI
enviados por e-mail /
análise estatística
Enviado a todos
os funcionários
(229) e
professores
(335).
Retorno:
80 funcionários e
113 professores
5. Reputação
e Concordância e
Atratividade da
Identidade Projetada (
APOI)
Executivos
Quantitativa: (RQ –
Quociente de Reputação)
APOI (concordância e
atratividade identidade
projetada) - análise
estatística
551 executivos
questionários
aplicados
diretamente
6.Reputação e
Concordância e
Atratividade da
Identidade Projetada
(APOI)
Empresas Clientes
(gerentes de RH ou
outros profissionais
contratantes de serviços
FDC)
Quantitativa: (RQ –
Quociente de Reputação)
APOI (concordância e
atratividade identidade
projetada) - análise
estatística
1524
questionários
enviados por
email.
Retorno: 174
questionários
FONTE: Modelo da pesquisa
190
6 RESULTADOS DA PESQUISA
Estudo 1 – Pesquisa Qualitativa e Quantitativa
6.1 IDENTIDADE ORGANIZACIONAL PROJETADA: PERCEPÇÕES
DOS PÚBLICOS INTERNOS
6.1.1 A Definição dos Atributos Projetados
A pesquisa para a definição dos atributos da Identidade Projetada, foi realizada analisando-se o
material de divulgação utilizado pela FDC, no ano de 2004, para se posicionar institucionalmente
e lançar seus programas abertos, fechados e projetos. As peças publicitárias analisadas foram: o
Portfólio 2004, catálogo que abrange todos os seus programas; o “Folheto Institucional 2004; os
folhetos específicos de seus programas denominados “Programa Avançado em Negócios
Internacionais” ; “MBA Executivo”; “Programa de Gestão Avançada – PGA”; “Gestão
Responsável para a Sustentabilidade”; “Especialização em Gestão: ênfase em Finanças,
Logística, Marketing, Negócios, Pessoas e Projetos”, “MPA – Mestrado Profissional em
Administração”; o vídeo institucional, palestra de apresentação da FDC, a homepage:
www.fdc.org.br; e o portal dirigido a executivos de empresas parceiras www.fdc.org.br/parcerias
que inclui os programas CTE – Centro de Tecnologia Empresarial; PAEX – Parceiros para
Excelência; PDA – Parcerias para o Desenvolvimento de Acionistas e Comunidade Ampliar.
Através da análise de conteúdo, nesta primeira etapa, foram identificados 56 atributos que se
sucediam nos diversos meios, repetidamente, formando um discurso sobre quem era a instituição.
Em seguida, foi feita uma consolidação destes atributos com a alta administração, pois, como
determina a teoria, são os gestores que intencionalmente definem quais os atributos devem ser
191
projetados sobre a organização. Com a lista dos 56 atributos, foi-lhes solicitado que definissem
os dez que melhor representassem a instituição. Ainda, como parte desta etapa, foram
selecionados, aleatoriamente, dez clientes da FDC, e solicitou-se a eles que indicassem dez
características que representassem a FDC, não lhes sendo apresentado nenhum atributo como
referência. De suas definições, listamos cinco que não apareciam no material de divulgação.
Após a identificação dos 15 atributos, foram realizadas entrevistas qualitativas com funcionários
e professores para aprofundar no entendimento dos significados destes atributos, de acordo com
suas visões, e identificar um conceito que traduzisse o sentido de cada atributo para que
pudéssemos construir o questionário a ser utilizado na pesquisa quantitativa. (ANEXO B)
Destacamos nessa análise alguns aspectos que marcam a comunicação corporativa da FDC. Todo
o material de divulgação adota uma mesma linha em sua programação visual, utilizando a mesma
cor (azul) como fundo; a mesma tipologia; e o ambiente de escolas é sugerido em fotos que
mostram sala de aula e discussão em grupos. Na maior parte de seus folhetos, as fotos contribuem
como elemento visual, podendo ser decodificadas como momentos de reflexão, de estudos, num
ambiente em que prevalece o conceito de executivos, na faixa entre 30 e 40 anos.
No folheto “Porfólio 2004”, em português, e nas versões internacionais, a foto de capa é a
fachada do prédio. Também na homepage, a primeira foto de todas as páginas é a fachada do
prédio, com alguns alunos conversando, com livros nas mãos. Como o prédio é novo, ainda
pouco conhecido, a utilização da foto é uma forma de identificá-lo. Juntamente com o texto,
passa uma mensagem de espaço agradável, com área verde, em torno da Lagoa dos Ingleses;
sugere um local que, ao mesmo tempo que é propício ao estudo, tem um ambiente que transmite
calma, paz, sossego, qualidade de vida. Também podemos associar aos elementos visuais e
textuais, a referência de um campus, inclusive na denominação do novo prédio Campus Alfa
192
(homenagem ao empresário Aloysio Faria), o que busca remeter o leitor para um campus
universitário. Há também a comparação com a estrutura das grandes instituições de ensino do
mundo.
No site há um convite para se fazer um visita pelo campus, que permite através de pequenos
vídeos entrar e conhecer virtualmente alguns locais específicos: a fachada do prédio, a lagoa e o
entorno; entrando no prédio é possível conhecer o espaço cultural, a sala de meditação, o
auditório e o pátio central. Em toda a referência do novo campus observa-se o interesse em
mostrar um espaço adequado, com infra-estrutura das mais avançadas, ambiente bonito e
agradável. É importante destacar que sempre há fotos de pessoas colocadas em um contexto de
aprendizado, o que humaniza as peças de divulgação e busca uma identificação com o público de
executivos.
FIGURA 9 – Foto da primeira página da homepage da FDC
FONTE: site da FDC
Algumas das citações textuais, de seus folhetos e sites, ilustram alguns dos aspectos citados:
O campus reflete uma série de aspectos da filosofia da Fundação Dom Cabral uma
instituição de visão internacional que preserva suas raízes mineiras
Ele foi projetado ao redor de uma belíssima lagoa....
... uma estrutura própria das grandes instituições de ensino do mundo
... planejado sob o conceito de edifício inteligente...
193
A marca da FDC é aplicada em todas as capas, junto com o slogan, desenvolvimento de
executivos e empresas, que também faz parte de sua missão de “contribuir para o
desenvolvimento da sociedade, por meio da educação e capacitação de executivos, empresários e
empresas.” Como slogan esta frase reverbera não apenas na capa, mas está colocada claramente
no texto de todos os folhetos, vídeo, site e portal específico para os clientes e parceiros
Nos programas desenvolvidos em conjunto com instituições internacionais, as respectivas marcas
também estão impressas na capa e destacadas no site, com link para os respectivos sites das
escolas, como forma de atrair os clientes e reforçar a parceria. As alianças são destacadas também
com espaço privilegiado no texto, chamando a atenção do leitor para quem são as instituições,
incluindo fotos dos respectivos campus. Podemos constatar uma valorização muito grande da
relação da FDC com Insead, Kellogg e Sauder.
Outro ponto que chama a atenção são as referências às posições conquistadas pelas instituições
parceiras nos rankings da Business Week e The Economist. Da mesma forma, a FDC ressalta
também a sua classificação nos rankings no seu site, destacando sua pontuação na revista
AméricaEconomia, no Financial Times e mais especificamente, uma citação no jornal Folha de
São Paulo que destaca o seu MBA como o mais citado por profissionais de Recursos Humanos,
como podemos comprovar por meio das citações extraídas de seu material de divulgação.
A FDC mantém alianças com a Kellogg School of Management nos EUA (melhor MBA
2003 – ranking The Economist e a primeira business school americana 2002 segundo a
revista Business Week), com o INSEAD, na Europa (melhor MBA fora dos EUA,
segundo o mesmo ranking) e com a Sauder School of Business, no Canadá, maior
centro canadense de formação de executivos.
Estas alianças estratégicas possibilitam o desenvolvimento de pesquisas e programas
conjuntos no Brasil, Europa, Estados Unidos e Canadá, e o intercâmbio de professores,
de trabalhos conjuntos de pesquisas e estudos de casos.
Na divulgação dos Programas, observa-se a distinção do que é realizado para o desenvolvimento
da empresa, do executivo, programas de pós-graduação, desenvolvimento do gestor. Em cada
194
folheto, há uma chamada de capa, distinguindo algum aspecto, como mostram os exemplos, a
seguir:
MBA Executivo – “ Incentivando o espírito empreendedor nas novas lideranças”
PGA – Programa de Gestão Avançada – “ O futuro das organizações discutido pelos
próprios gerentes”
Em geral, a divulgação do programa segue uma linha textual que inclui: a quem se destina;
objetivo, resultados, estrutura do programa, metodologia. Os folhetos promocionais focam nos
programas e cursos e os institucionais buscam dar uma visão mais ampla da FDC .
Outra característica, “soluções educacionais inovadoras”, é destacada como sub-título no
“Portfólio 2004” e várias vezes repetida ao longo do texto :
Propõem soluções inovadoras, que levam aos participantes a realidade do mercado,
debatendo questões do cotidiano das empresas.”
“... é possível formatar soluções educacionais .....”
“.. conciliando, de forma integrada, conceitos e práticas que possibilitam a
aprendizagem coletiva e a busca compartilhada de soluções.”
Outros três atributos ressaltados: a “escuta comprometida”, em que destacam a postura da FDC
de buscar entender a necessidade do cliente, para então definir o que lhe é mais adequado; a
“customização”, como conseqüência do processo de saber ouvir; o trabalhar “com” e não “para”
as empresas, em que reforçam o trabalho realizado em conjunto. Algumas frases demonstram
claramente esses conceitos:
“A Fundação Dom Cabral entende o mundo empresarial porque dá atenção aos
problemas dos clientes, ouvindo o que as empresas têm a dizer”
“ Ouvimos seus anseios e suas opiniões”
“Ao captar as demandas dos indivíduos, constrói-se o caminho para desenvolver
soluções totalmente customizadas...”
“Trabalhar sempre COM e não apenas para as empresas, é essa a filosofia da FDC”
A forma com a qual constrói o conhecimento é destacada em alguns atributos como “professores
195
que utilizam o conhecimento aplicado”; “parcerias com empresas clientes”; “equilíbrio entre
teoria e prática”, “rigor em seus princípios e valores”. Observamos em todo seu material de
divulgação uma ênfase em ter como foco os resultados, em buscar trabalhar o conhecimento
aplicado, em vincular a teoria à prática. Associado a esse “modus operanti”, está o “rigor em seus
princípios e valores” estabelecido como base em suas relações. A seguir algumas frases
selecionadas de seu material de divulgação:
“... pessoas e organizações interagem para discutir processos e métodos de gestão e
suas aplicações no cotidiano.”
“...O programa foi desenvolvido para possibilitar uma nova referência conceitual e
ferramental...”
“... mesclando teoria e prática em perfeita harmonia”
“... a aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos é sempre enfatizada, preservando o
equilíbrio ideal entre consistência teórica e experiência prática.”
“... faz com que o senso de utilidade em todos os seus programas seja uma constante”
“... os professores e gerentes da FDC se diferenciam pela sua alta capacidade e atitude
pró-ativa na construção de soluções em conjunto com as empresas.”
O item “ instituição que é referência em educação para executivos” não aparece no material de
divulgação, mas foi citado pela alta administração, sendo incluído no questionário para que
pudéssemos avaliar a percepção interna e externa deste atributo.
Na análise de sua história, um aspecto que chama a atenção é sua capacidade de posicionar-se
como sendo uma instituição de ensino das mais importantes do país, obtendo o reconhecimento
das maiores autoridades políticas e empresariais do Estado de Minas Gerais e do Brasil. Desde
sua inauguração, em 1976, ainda sem ser conhecida, levou o governador do Estado à época, para
participar das solenidades. O arcebispo de Minas Gerais sempre esteve presente nos momentos
mais importantes da FDC, o que se justifica, por ser uma instituição da Sociedade Mineira de
Cultura, vinculada à arquidiocese.
196
FIGURA 10 – Foto de inauguração da primeira sede, em 1976
FONTE: Acervo FDC
Na inauguração do novo campus, em 2001, a FDC contou com a presença do presidente
Fernando Henrique Cardoso, ministros de estados, autoridades federais, estaduais e municipais.
Participaram também os maiores empresários do país, presidentes de empresas internacionais e
representantes das parcerias internacionais.
197
FIGURA 11 – Foto da inauguração do campus Aloysio Faria, em 2001
FONTE: Acervo FDC
Outros cinco atributos surgiram da pesquisa com clientes e não constam do material de
divulgação. Os atributos “instituição de elite”; “adota padrões e modelos internacionais”; “gera
altos resultados financeiros”; “adota rígido padrão acadêmico”; “atende a grandes empresas”
foram incluídos com o objetivo de avaliar se fazem ou não parte da identidade da FDC nas
percepções de seus funcionários, professores, clientes e executivos participantes de seus
programas. Vale ressaltar que esses cinco atributos não são vistos pela alta administração como
parte de sua identidade. Como foram identificados em estudo preliminar com alguns clientes, não
podemos afirmar que sejam representativos até o resultado da pesquisa quantitativa.
198
6.2 A IDENTIDADE PROJETADA: PERCEPÇÕES DE FUNCIONÁRIOS E
PROFESSORES
A pesquisa qualitativa, realizada com funcionários e professores, teve como propósito avaliar a
concordância com a identidade projetada. Nesse sentido, buscamos por meio de entrevistas
individuais, com roteiro pré-estabelecido, elementos que nos dessem referência sobre o grau em
que estes consideram que a Fundação Dom Cabral age ou não de acordo com os atributos
projetados. (ANEXO B)
Foram analisados os dez atributos definidos e projetados pela alta administração e os cinco
identificados através de estudo preliminar com clientes que são: soluções educacionais
inovadoras; desenvolvimento de executivos e empresas; trabalha com as empresas (e não para
as); parcerias e alianças internacionais; equilíbrio entre teoria e prática; soluções específicas para
cada cliente; professores que utilizam o conhecimento aplicado; rigor em seus princípios e
valores; parcerias e alianças com empresas clientes; instituição que é referência no setor de
educação para executivos; instituição de elite; padrões e modelos internacionais; altos resultados
financeiros; rígido padrão acadêmico; atende a grandes empresas.
6.2.1 Pesquisa Qualitativa: Público Interno
1. Soluções Educacionais Inovadoras
Há concordância nas percepções de funcionários e professores no que diz respeito a soluções
educacionais e divergências no que se refere ao caráter inovador destas soluções. Os funcionários
199
e professores, em sua maioria, afirmam que as soluções são diferenciadas, considerando as
necessidades de cada cliente, mas não necessariamente inovadoras.
A partir da demanda do cliente é que nós montamos uma solução diferenciada para
aquele cliente e esta solução pode acabar sendo utilizada para outros clientes também.
(Depoimento funcionário).
Se a solução já foi usada e testada com sucesso, a FDC adota essa solução.
(Depoimento funcionário).
Inovação é cara. (Depoimento funcionário).
São soluções educacionais porque a Fundação compreende o problema do cliente e cria
modelos de abordagem, ela se envolve mesmo no problema do cliente, procurando
desenvolver uma solução para aquele cliente, não é uma coisa pronta, não é de
prateleira. (Depoimento professor).
Em termos de soluções educacionais eu não tenho a menor dúvida que esse é o foco da
Fundação.(Depoimento professor).
As soluções que a FDC utiliza são eficazes, mas não são inovadoras. Conhecendo
melhor as metodologias de intervenção e as metodologias do curso de pós-graduação e
até mesmo do MBA, são metodologias tradicionais que a maioria das instituições que
têm cursos da mesma natureza praticam. (Depoimento professor).
Entretanto, esta percepção não é unânime. Há entrevistado que afirma:
A gente vê e vivencia essa busca permanente, principalmente pela inovação e
aprimoramento daquilo que está dando certo. A Fundação sabe que precisa estar dando
um passo à frente, não perdendo de vista essa questão da globalização que leva a isso.
(Depoimento funcionário).
Eu vejo que a Fundação está sempre buscando essa inovação, de forma constante, de
forma permanente, sempre atrás dos assuntos, dos temas, dos mercados, dos
profissionais. (...) ela realmente está sempre atrás de soluções inovadoras, temas
inovadores, tudo que surge ela corre atrás, como se diz, para chegar lá. (Depoimento
professor).
Alguns professores ressaltaram a busca conjunta de soluções específicas para cada cliente, a
partir de uma atitude de escuta e entendimento da demanda do cliente:
A FDC é inovadora porque constrói muito conhecimento junto ao cliente (Depoimento
professor)
(...) a partir do momento em que a organização se propõe a construir com, ela acaba
sendo inovadora (
Depoimento professor).
200
Há também uma percepção de que a FDC é inovadora se comparada à atual postura dos
concorrentes.
A FDC se comparada aos seus principais concorrentes ela é inovadora, mas na visão
interna há uma expectativa de que ela seja muito mais inovadora do que realmente é.
Externamente a FDC é uma instituição inovadora, ela busca soluções muito criativas
no geral. Ela tem uma capacidade de se renovar, de renovar o que é inovação, bastante
grande. Com o crescimento, essa inovação tem diminuído. O fato da Fundação estar se
tornando uma instituição maior, com maior número de pessoas, desafios mais densos,
mais fortes, faz com que se repitam determinadas fórmulas, porque a inovação é cara.
Isso é um risco para a Fundação. (Depoimento funcionário).
Alguns professores analisam a inovação dentro de uma perspectiva histórica e acreditam que esta
característica vem diminuindo ao longo do tempo:
Na origem, a FDC foi uma solução educacional inovadora. A FDC foi inovadora ao
buscar um pouco do conhecimento na academia e nas próprias empresas. Mas, hoje a
FDC não tem um nível tão grande de inovação. O próprio sistema interno de avaliações
tem uma baixa tolerância ao risco e normalmente uma solução inovadora pressupõe
uma abertura a um risco maior. (Depoimento professor).
A Fundação tem alguns momentos de muita inovação, eu acho que realmente ela mudou
o ciclo no que se refere a educação de executivos, mais até do que educação de
empresas. (...).Hoje ela está numa fase de escala, numa fase de que não é de inovação.
(Depoimento professor).
A divergência quanto a soluções educacionais inovadoras está presente nos depoimentos de
ambos os públicos internos. Professores e funcionários reconhecem o papel da FDC em
desenvolver soluções educacionais, mas questionam até que ponto estas soluções estão sendo ou
não inovadoras. Percebe-se na análise de seus depoimentos o reconhecimento da importância da
inovação, apontada como necessária para o desenvolvimento e crescimento da FDC. No entanto,
não foi citado espontaneamente, em nenhum depoimento de funcionário e professor, algum
projeto ou ação, desenvolvido ou em desenvolvimento, que direcionasse a percepção destes para
algo inovador.
201
2 Desenvolvimento de executivos e empresas
Todos os entrevistados concordam que a FDC é uma instituição de desenvolvimento de
executivos e empresas:
Este é o nosso negócio da FDC. (Depoimento de funcionário ).
É a razão de ser da Fundação. (Depoimento de funcionário).
É outra meta, reconhecida e perseguida. (Depoimento de funcionário).
A FDC tem programas tanto para os executivos, que são nossos programas abertos,
mas também tem os programas paras empresas, que são customizados de acordo com a
necessidade da empresa. (Depoimento de funcionário).
Ao trabalhar com o programa in company a Fundação desenvolve realmente a empresa,
porque a ensina a fazer. A empresa é capacitada com metodologia, com sistemática,
com processo, para que realmente construa o seu saber. Mesmo no programa aberto,
onde o aprendizado é muito mais individual, mais da pessoa do que da empresa, a
Fundação sempre tem alguma atividade que faz com que esse desenvolvimento do
participante seja revertido para a empresa a qual trabalha. Então tudo faz um link com
a organização. Você desenvolve as duas pontas. (Depoimento de funcionário).
Também na percepção dos professores esse é o principal atributo da Fundação Dom Cabral.
Esse é o DNA da Fundação. (Depoimento de Professor).
Isso é a sua vocação, é o grande valor da Fundação. Ela não possui graduação, por
exemplo, e nem tem a pretensão de ser uma universidade, o seu papel , e o que a
diferencia no mercado é o fato da Fundação se direcionar para o desenvolvimento de
empresas e de executivos. (Depoimento de Professor).
Começa com o desenvolvimento de empresa, primeiro a FDC tenta entender qual é o
momento da empresa, tenta desenvolver soluções de acordo com a estratégia da
empresa, dando suporte para a mudança organizacional, e isso é feito através dos
executivos, o que não é incomum esses executivos falarem o quanto que eles cresceram
e se desenvolveram nesse processo. (Depoimento de Professor).
(...) o conhecimento que ela gera e que pretende ampliar, essa geração não é um
conhecimento qualquer, é um conhecimento que agregue valor a esse seu público:
empresas e executivos. (Depoimento de Professor
).
Ao compararmos todos os depoimentos em relação aos quinze atributos, fica evidente a coerência
em “ser uma instituição de desenvolvimento de executivos e empresas”. Há um alinhamento
entre o que a FDC é, o que ela diz que é, e a percepção dos funcionários e professores. Esse é seu
slogan, está destacado em todas as peças de divulgação e é reconhecido por seus funcionários e
professores.
202
3 Trabalha com empresas (e não para)
A maioria dos funcionários percebe que ocorrem as duas modalidades: trabalha com e para. Há
consenso de que, nos programas fechados, a FDC trabalha com as empresas, enquanto que nos
programas abertos, em geral, é oferecida uma solução menos customizada.
Nos programas fechados, a FDC molda o ‘pacote’ a ser fornecido para empresa de
acordo com as necessidades desta. A empresa está sempre junto com a FDC para estar
desenvolvendo solução para ela. (Depoimento funcionário).
100% no programa fechado e nas parcerias. A Fundação constrói com as empresas, em
função das suas necessidades e junto com elas faz um consenso entre grupos. A FDC
tem muita habilidade em fazer isso. No programa aberto isso é menos evidente, pois a
Fundação não possui produtos de prateleira, mas tem tido uma pressão financeira para
tê-los. Como os programas precisam de um determinado resultado para que a
Fundação cresça, ela tende a buscar coisas prontas, não o produto de prateleira, faz-se
sempre uma customização, os grandes projetos da FDC são customizados. (Depoimento
funcionário).
No caso dos professores as percepções foram distintas: alguns destacam que a FDC trabalha com
e outros percebem a existências das duas modalidades. Os professores que a vêem mais próxima
do discurso dos funcionários, afirmam que:
A FDC tem de tudo, é claro que tem produto de prateleira, mas ela não sabe fazer muito
de prateleira, o forte da Fundação é fazer COM, por isso que ela é cara. Quando ela
desenvolve um modelo para um cliente, sem perceber, já fez um modelo diferente dos
outros já elaborados. (Depoimento professor).
Nas parcerias a Fundação trabalha muito
com. Para soluções in company a FDC
também trabalha
com, porque precisa fazer adequação, apesar de que existem algumas
soluções in company, que são um modelo que deu certo numa empresa e esse modelo
acaba sendo utilizado em outras. (Depoimento professor).
Um modelo que deu certo numa empresa, esse modelo acaba sendo utilizado em outras.
(Depoimento professor).
Para alguns entrevistados, existem situações em que a FDC trabalha para até mesmo por uma
limitação da empresa-cliente que demanda uma ação de “fazer para ela”:
(...), mas, há alguns momentos que a FDC tem que avançar um pouco em fazer, ser mais
para do que com, pois pode ocorrer de uma empresa não estar bem preparada, não ter
uma estrutura. (Depoimento funcionário)
203
Tanto com quanto para. A FDC tem parcerias com empresas onde o trabalho delas é o
trabalho da Fundação. Mas tem tipo de trabalho que a Fundação oferece
para a
empresa; oferece seus serviços prontos para a empresa. Uns ela desenvolve com a
empresa outros ela faz
para a empresa. (Depoimento funcionário).
Ela desenvolve programas específicos, projetos específicos com as especificações que
são colocadas pelas empresas ou por grupos de empresas, isso, ao longo do tempo, vai
tomando um formato mais ou menos comum, porque essas demandas não são tão
diferentes ao longo do tempo. A empresa diz e a Fundação desenvolve, ela não cria
junto com a empresa. (Depoimento professor).
Os professores que concordam com a afirmativa “trabalha com (e não para)”, afirmam que ouvir
o cliente, compreender suas demandas e buscar uma construção conjunta é uma forte
característica da FDC. Para estes professores este é um diferencial da FDC:
Esse é o grande desafio da Fundação, não só no sentido futuro, mas um desafio que ela
tem ao longo da sua história. A questão da escuta tem a ver com as origens da
Fundação. Dentro dela há uma base de psicanalistas muito grande e esse termo escuta é
muito específico na linguagem da psicanálise, de você ouvir, não só ouvir, mas escutar,
compreender o outro e a partir do outro fazer uma construção conjunta . (Depoimento
professor).
Eu percebo isso na medida em que os nossos programas, e eu como professor tenho sido
cada vez mais solicitado, demandado pelos gerentes, que são o braço comercial da
Fundação, as pessoas que vendem a Fundação, para fazer a chamada escuta para ir ao
cliente e ouvir o que ele quer. (...) É um diferencial, a Fundação enxerga isso como um
diferencial, e os clientes no meu ponto de vista enxergam isso como um diferencial..
(
Depoimento professor).
Há professores que abordam o tema dentro de uma perspectiva histórica e percebem mais
dificuldades para trabalhar com nos tempos atuais do que no passado. Desenvolver soluções
customizadas representa um custo, que nem sempre os clientes podem ou estão dispostos a pagar.
O tempo gasto para customizar está sendo cada vez menor, porque representa um custo
e os projetos precisam de uma rentabilidade grande. Quando o cliente está disposto a
pagar um valor maior para o desenvolvimento, a Fundação faz, mas quando não tem
essa flexibilidade a Fundação faz e entrega o que está na prateleira..(Depoimento
professor).
Além disto, o crescimento da FDC trouxe limitações no seu corpo de professores.
Nem sempre os professores que já têm o jeito da FDC estão disponíveis. (Depoimento
professor).
Hoje não existe uma Fundação, existem várias Fundações, então eu acho que tem um
grupo que isto está meio na pele, que foi criado, que foi desenvolvido por essa filosofia,
204
que eu acho que faz isso com mais naturalidade e tem um outro grupo que vem entrando
na casa sem um processo de aculturação, que eu acho que não faz isso
definitivamente.(Depoimento professor).
Esse atributo é destacado em todo o seu material de divulgação como sendo um dos diferenciais
da FDC. No entanto, depreende-se nos discursos que, na percepção de funcionários e professores,
ela trabalha com e para. Isso fica evidente quando estes destacam as diversas situações com as
quais a Fundação lida no seu dia-a-dia. Como afirmamos na teoria, é importante o alinhamento
entre o que é a identidade projetada e a concordância com estes atributos pelos seus stakeholders.
Desta forma, nesse atributo específico, a Fundação deveria divulgar que trabalha com e para as
empresas, dependendo de cada tipo de demanda, alinhando o discurso às percepções dos
professores e funcionários.
4 Parcerias e alianças internacionais
É fato a existência de um relacionamento entre a FDC e as instituições internacionais, Insead,
Kellogg e Sauder, como mostram os depoimentos a seguir:
(...) está pautado na história da Fundação. (Depoimento funcionário).
Temos importantes parceiras como o Insead e a Kellogg e alguns dos programas são
em parceria com eles. (...) e está sempre querendo ampliar esse leque.(Depoimento
funcionário).
A FDC tem parcerias com a Kellogg, com a Insead. Essas instituições têm projetos em
comuns com a Fundação; os seus professores vem para o Brasil e trabalham com a
Fundação, há uma parte dos cursos que é desenvolvida para o exterior, há uma relativa
troca de pessoas da Fundação que vão para os programas dessas
instituições.(Depoimento professor).
Na percepção de alguns professores não há dúvida da importância das parcerias para a FDC, mas
consideram que esta é uma questão que precisa de uma atenção maior.
É um fator fundamental para o avanço da Fundação. É uma questão até para a sua
própria sobrevivência.(Depoimento professor).
No passado, principalmente, essa parceria teve um valor muito grande para a Fundação
em relação à imagem. De uns tempos para cá, as negociações estão sendo mais difíceis,
205
está sendo mais uma relação de fornecedor, são poucos os projetos juntos, assumindo
riscos juntos. Há umas questões que precisam ser revistas. É preciso estar descobrindo
mais possibilidades de parcerias. (Depoimento professor).
A Fundação tem tido um esforço muito grande para a geração do conhecimento, para
criar um núcleo técnico e assim permitir uma interlocução. Até alguns anos atrás, a
Fundação não tinha doutores pertencentes ao seu quadro, ela os trouxe para facilitar
inclusive a geração do conhecimento e ter condições de chegar junto ao INSEAD, à
Kellogg, por exemplo. A base de conhecimento é que vai permitir a FDC ter realmente
parcerias efetivas. (Depoimento professor).
De novo eu vejo alguns ciclos nisso, em relação ao Insead, no início não éramos
parceiros nós buscávamos localmente de uma maneira muito acertada estrategicamente,
na minha visão, uma parceria internacional que pudesse nos dar uma grife que a gente
não tinha. Depois durante um período eu acho que teve uma parceria de fato e
parcerias são construídas com pessoas, não apenas entre instituições, tinham pessoas
envolvidas compartilhando de fato um monte de coisas, destino e tal. Hoje a opção que
a Fundação tomou por fazer múltiplas alianças internacionais acho que tem um
benefício você dilui o risco mas por outro lado você dilui a força da relação. Hoje até
aonde eu consigo enxergar se você tirar uma ou duas pessoas do Insead por um motivo
ou por outro acaba a aliança. Hoje a relação é mais frágil do que já foi. Em relação a
Kellogg eu acho que ela permanece mais ou menos com a mesma intensidade, ela não
teve mudanças significativas. É uma relação hoje de interesse comercial meramente.
Não estão envolvidos em um objetivo comum, mas a gente não diz isso para o
mercado.(Depoimento professor).
Para alguns as alianças internacionais são utilizadas mais como uma ação de marketing, no
sentido de divulgar uma relação com as instituições, como forma de tornar-se mais atrativa aos
olhos de seus clientes.
Isso é mais Marketing. Nós temos parceiros internacionais como Insead, Kellogg. Hoje
eles são parceiros basicamente em programas abertos, temos com Insead o PGA, por
exemplo, mas o que parece é que eles não vêem a FDC como parceira efetivamente.
(Depoimento professor).
A FDC tem essas parcerias como a Kellogg, Insead, mas a Fundação poderia andar
muito mais nessas parcerias, elas são muito mais estratégicas para a FDC do que para
eles. Eles acabam sendo nossos fornecedores. (Depoimento professor).
Isso é mais Marketing do que verdadeiro. A FDC se utiliza muito do nome dos
parceiros, mas não tem uma parceria verdadeira. Usa-se muito a chancela destas
instituições. Não há uma troca de experiências, não há um intercâmbio, não há uma
comunhão de interesses. Em alguns momentos a Fundação é fornecedora deles, em
outros é cliente deles, mas não existe uma parceria. É uma área que a Fundação
deveria investir mais.(Depoimento funcionário).
Observa-se, através dos depoimentos, que mesmo aqueles que fazem ressalvas à forma do
relacionamento, valorizam as alianças internacionais. Os depoimentos que apontam para uma
relação não de parceria, mas de fornecedor, ressaltam a necessidade de um investimento maior
206
por parte da FDC para tornar ainda mais efetivo esse relacionamento. Em suas percepções esse é
um fator crítico para que ela possa ser reconhecida como instituição de padrão internacional.
Reforçam que esse papel não deve se restringir a levar e trazer alunos e professores. Deve-se
buscar um intercâmbio de conhecimento, produção de pesquisa conjunta, projetos mais
sustentados e ousados com o envolvimento da instituição aliada.
Um aspecto citado como restritivo para ampliar esse relacionamento é a visão interna das
instituições aliadas que, na maioria das vezes, não vê numa instituição brasileira possibilidades de
trocas no mesmo patamar. As instituições internacionais se vêem mais como geradoras do
conhecimento e a instituição brasileira como mera repassadora destes. Como são instituições
reconhecidas internacionalmente, com marcas fortes, já posicionadas, não vêem no interlocutor
brasileiro o mesmo peso de suas instituições.
5 Equilíbrio entre teoria e prática
Todos os entrevistados concordam que outra forte característica da FDC é o equilíbrio entre
teoria e prática. Reconhecem um trabalho permanente no sentido de buscar os conhecimentos
associados a práticas gerenciais, através de estudos de casos, projetos aplicativos, professores
com experiências no mercado.
Ensina-se a teoria e depois mostra na prática. (Depoimento funcionário).
Os projetos aplicativos dos programas abertos são exemplos da integração entre teoria
e prática. O aluno tem a possibilidade de fazer o link desse saber, dessa metodologia, do
conceito metodologia com a aplicação.(Depoimento professor).
No final há sempre um projeto aplicativo onde vão estar colocando a teoria e a prática.
Ela sempre trabalha com os dois.(Depoimento funcionário).
A FDC consegue fazer isso muito bem. Ela não trabalha só com professores
acadêmicos, há sempre um misto professor-profissional e profissional-professor na sua
equipe de profissionais que atuam na área. Como os programas têm sempre uma
atividade prática, isso faz com que o conceito seja pensado no dia-a-dia. (Depoimento
funcionário).
207
Alguns professores percebem uma evolução: de um passado que privilegiava mais a prática para
o equilíbrio entre prática e teoria. Reconhecem nessa mudança as conseqüências da globalização
e da competitividade que forçam as empresas a buscar outras competências em seus profissionais:
Anteriormente, quando se falava em teoria as empresas a viam de uma forma muito
distante, elas queriam mesmo era uma boa prática, como se fosse possível uma boa
prática sem uma teoria por trás. (...) Com todo esse processo de globalização e
abertura, da necessidade de inovação e da geração do conhecimento e a criatividade
passando a ser um fator de diferenciação competitiva, as organizações estão começando
a perceber que elas precisam desse perfil,, que traz uma sustância de bagagem, mas que
não se basta aí, ele tem também que transformar conhecimento em tecnologias, em
ações e é esse o perfil que a Fundação busca. Não dá mais para simplesmente trazer
receitas de bolos e ficar reproduzindo, porque a realidade está muito mais complexa. O
foco da Fundação não é uma teoria qualquer, não é uma prática qualquer, é uma
prática atrelada à busca de soluções para empresas e para executivos, não é uma
ciência pura. (Depoimento professor).
Agora a Fundação está encontrando um equilíbrio, porque antes era mais prática do
que teoria. Nos últimos anos, com a presença de professores de tempo integral a
Fundação tem dado um tom de teoria, suportando a prática. (Depoimento professor).
Hoje existe uma preocupação maior com a questão do rigor teórico. Algum tempo atrás
a teoria não era um valor muito grande na Fundação, era mais a prática, e à medida
que a Fundação foi colocando mais professores doutores no seu quadro, essas pessoas
foram introduzindo um rigor pela teoria, e também a própria Fundação começou a
questionar determinados métodos internos que eram muito voltados para a questão da
prática. Essa melhor qualificação do corpo docente da Fundação tem ajudado nesse
processo. (Depoimento professor).
Hoje ela dá mais valor do que no passado. E ela está fazendo isso em função de
demanda mesmo do mercado.(Depoimento professor).
Nesse atributo se sobressaem os depoimentos que ressaltam a transição de um foco maior na
prática para a busca do equilíbrio entre teoria e prática, principalmente entre os professores.
Apontam também para uma mudança de perfil no atual quadro de professores que se fortalece
com a vinda de novos professores com doutorado. Há por parte dos funcionários, principalmente
alguns coordenadores de projetos, uma preocupação para que não ocorra o inverso: uma base de
professores teóricos, mas com pouca vivência de mercado. Segundo eles este é um risco ao qual
a instituição deve ficar atenta, no processo de contratação de novos professores. Outro aspecto
destacado é a mudança da demanda das empresas, que hoje tende a incorporar conhecimentos
208
sustentados em teorias e não apenas modelos simplistas e receitas prontas.
6 Soluções específicas para cada cliente
As percepções tanto entre funcionários quanto entre professores são distintas. Para alguns a
Fundação age de acordo com esse atributo e para outros não é sempre que se trabalha com
soluções criadas especificamente para cada cliente. Um dos aspectos em que há maior
concordância trata-se dos programas in company ou fechados. Percebem que a solução é
construída em conjunto com o cliente, buscando atender à sua necessidade e, neste sentido, a
solução é única e exclusiva.
A customização é o forte. E isso é pesado.(depoimento professor)
Há cursos e projetos que são desenhados e formatados de acordo com uma demanda
específica. Você pode ajustar número de horas, duração do programa de acordo com as
demandas. Você tem uma demanda específica para uma área específica, para um
público de nível gerencial, ou para a alta administração da empresa, então você vai
ajustar o conteúdo em função da especificidade de cada público. (Depoimento
professor)
A FDC é específica para cada cliente no sentido, principalmente, de um mínimo de
customização, mas essa customização hoje, ainda não é uma customização muito
profunda. (Depoimento professor)
Se for programas fechados ou in company aí vamos sentar com a empresa, ouvi-la e
montar a solução de acordo com o que aquela empresa está precisando. (Depoimento
funcionário).
O próprio cliente procura alguma coisa específica, trabalhar com a Fundação para
fazer um trabalho exclusivo para aquela empresa, vendo as necessidades dela.
(Depoimento funcionário).
No entanto, para alguns funcionários e professores trabalhar “soluções específicas” não é algo
que se consegue sempre. Destacam que não há como exercer um “controle” sobre o que o
professor entrega em sala. Para esses, o crescimento da FDC, com professores que não conhecem
bem seu “estilo”, sua forma de trabalhar, acaba comprometendo em alguns momentos. Em
algumas situações acreditam que já houve um investimento grande na construção de um
209
programa e esse pode ser reaplicado a outras instituições. Outro ponto citado é o custo de um
programa customizado. Seu desenvolvimento implica numa demanda maior de horas de
professores, envolvimento mais próximo com a equipe da empresa cliente, dentre alguns aspectos
que levam a um custo maior, nem sempre capaz de ser absorvido pelo cliente. Nesses casos, a
solução já desenvolvida, com pequenos ajustes, pode atender às necessidades da empresa nos
quesitos conteúdo e custo.
A Instituição persegue isso, mas ela não consegue entregar, porque ela depende do
professor que está dentro de sala de aula. Ficamos decepcionados, pois tentamos e não
conseguimos. Na maioria das vezes isso é muito difícil de ser conseguido. (Depoimento
funcionário).
(...) a solução específica para um cliente pode ser aplicada a outros clientes. Você busca
solução, se você já tiver essa solução pronta é até racional e inteligente que você adote
essa solução. (Depoimento funcionário).
A Fundação poderia padronizar mais, porque tem coisa que não precisa ser
customizado. A Fundação poderia aproveitar mais o conhecimento existente e
empacotar mais, para poder agilizar e aumentar a produtividade. (Depoimento
professor)
A Fundação tem produtos que são de prateleira, até por uma questão de viabilização
econômica, mas ela está permanentemente ouvindo os clientes, realizando reuniões
periódicas com os gestores de recursos humanos, fazendo um mapeamento do ambiente.
Agora, nos programas in company, por exemplo, há um processo que é mais
individualizado, é como se a Fundação tivesse um lego, ela tem as diversas peças, mas
não dá para montar essas peças, sem primeiro escutar. Nesse sentido é um processo
customizado. (Depoimento professor)
...então você pega um perfil de um professor que faz um show dentro de sala mas que
não necessariamente vai customizar, aquele professor fala da mesma coisa pra A, B, C,
D ou E não interessa, então eu acho que tem um dilema entre a customização de fato e o
tipo de entrega que está sendo feita. Até porque isso custa tempo, custa fundamentação
teórica, custa um monte de coisa, não é simples não . (Depoimento professor)
Esse atributo, da mesma forma que trabalha com e não para, é percebido de formas diferentes e
até mesmo divergentes. Isso ocorre em função do tipo de programa e/ou demanda da empresa,
mas também, na visão que funcionários e professores têm, da forma como a Fundação trabalha:
para alguns, ela sempre busca ouvir e atender de forma mais personalizada e para outros, a
solução pode ser algo já pronto, com alguns retoques. Observa-se que não há uma percepção
clara e uniforme. Mesmo quando se trata de programas in company, alguns defendem uma maior
210
padronização, “produtos de prateleira” como forma de maximizar o trabalho já realizado; ou de
gerar melhores resultados para a instituição e/ou reduzir os custos para os clientes. Outros, no
entanto, defendem a customização como um diferencial fundamental, que deve ser buscado e/ou
mantido. E outros avaliam que cada situação deve ter um tipo de solução: de “prateleira” ou
customizada.
7 Professores que utilizam o conhecimento aplicado
Os entrevistados também concordam que esta é uma forte característica da FDC. Ter um corpo
docente altamente qualificado e que, ao mesmo tempo, traga a vivência de mercado e um
conhecimento com o foco direcionado à realidade empresarial brasileira, mostra-se, nas
percepções de professores e funcionários, necessário e desafiador.
Hoje a FDC busca esse quadro de professores, que além de possuir um lado acadêmico
tenha também experiências em empresas ou consultorias, para que possa dar exemplos
e não ficar um conhecimento muito alienado. (Depoimento professor).
O perfil dos professores é extremamente específico e isso é um grande desafio para a
Fundação, porque não é um perfil fácil. Não adianta você ter um doutorado, você tem
que possuir uma sólida bagagem acadêmica e ao mesmo tempo uma visualização do
contexto empresarial, e para gerar o conhecimento, gerar críticas, novas abordagens
isso é fundamental. (Depoimento professor).
O professor precisa ter uma vivência empresarial. (Depoimento funcionário).
A FDC tem essa preocupação sempre de manter professores voltados para academia e
vivência de mercado, não necessariamente exigindo essas duas características em um
professor só, pode acontecer de um ser totalmente acadêmico e outro ter tido bastante
experiência de mercado e mesclar os conhecimentos dos dois. (Depoimento
funcionário).
Isso é um outro desafio. Em função do crescimento da Fundação hoje ser acelerado, ela
está selecionando profissionais que nem sempre têm o perfil que ela precisa, mas a
Fundação ainda tem profissionais que em alguns casos são mais do que professores no
sentido do conteúdo, possuem conhecimento inclusive vivenciado. (Depoimento
funcionário).
Há percepções de mudanças da instituição em relação a esse atributo. Na visão de professores e
funcionários, a FDC vêm procurando, nos últimos anos, professores com um perfil mais
211
acadêmico. Em função disso, os próprios professores estão procurando se qualificar com
mestrado e doutorado, sendo a qualificação incorporada como um dos pré-requisitos para novas
contratações.
A Fundação está passando por um momento que ela está buscando um ponto de
equilíbrio entre o conhecimento acadêmico e o conhecimento aplicado. É um momento
de questionamento; o que é melhor e o que é pior, mas o resultado desse conflito está
sendo positivo, porque está permitindo encontrar um ponto de equilíbrio entre o
conhecimento acadêmico e o aplicado. Está trabalhando em função disso. (Depoimento
funcionário).
(...) aqui tinha um pessoal de mercado que dava exemplos práticos, tinha vivência na
empresa. (...)Em função desses convênios com Insead, Kellogg, UBC etc, essas
instituições internacionais primam, prezam também pelo padrão de qualificação dos
professores, então começou a se exigir titulação. Por causa dos convênios e o próprio
MEC. Os próprios gerentes mesmo que não atuem em sala de aula, atuem mais na
venda, a maioria já está fazendo mestrado e quem já tinha o mestrado está fazendo o
doutorado, um movimento global dentro da empresa para essa titulação. É uma questão
de sobrevivência. (Depoimento professor)
(...) a Fundação sempre foi reconhecida como tendo os professores de mercado, da
prática e, tinham o conhecimento muito mais das empresas do que da academia
(...)hoje, um número significativo de professores tem dedicação exclusiva à Fundação. A
preocupação maior da Fundação hoje é a área acadêmica, não igual a universidade,
mas a atividade docente, cursos que se desenvolvem em vários lugares do Brasil, em
várias empresas, em vários lugares diferentes. (Depoimento professor).
Percebe-se que professores com conhecimentos aplicados continuam sendo sua característica,
embora haja uma busca hoje por professores com uma formação acadêmica maior. Nos discursos
há sempre uma coerência de que é necessário a formação acadêmica e a visão de mercado, em
uma busca pelo equilíbrio. A característica de professores com conhecimentos aplicados está
diretamente relacionada à busca do equilíbrio entre teoria e prática. Da mesma maneira que os
entrevistados observam uma tendência forte da FDC hoje em se fundamentar mais nas teorias,
desenvolver pesquisas, voltar-se um pouco mais para o universo acadêmico, isso se reflete no
perfil dos professores. No entanto, tanto professores quanto funcionários, têm uma percepção
clara de que o perfil de seus professores deve direcionar-se mais para o conhecimento aplicado,
traduzido à realidade empresarial.
212
8 Rigor em seus princípios e valores
É interessante observar que a maioria dos funcionários e professores focou o atributo “rigor em
seus princípios e valores” em relação ao ambiente e clima internos. Foram abordadas,
espontaneamente, pelos entrevistados, questões referentes à comunicação interna, gestão de clima
e gestão de pessoas.
Age de acordo mais externamente. Muita coisa que a gente aplica lá fora às vezes não é
aplicado aqui dentro 100%. A FDC age de acordo, mas poderia ser melhor
internamente. De uns tempos pra cá a FDC está desenvolvendo um trabalho de gestão
de pessoas bem amplo, bem melhor. Já começou a trabalhar com a política de cargos e
salários, desenvolvimento de pessoas, neste aspecto, ela tem melhorado muito, mas
ainda existe muita falha nossa, a comunicação interna a gente ainda peca muito, a gente
não sistematizou muito ainda, no corre-corre do dia-a-dia a gente acaba deixando de
comunicar às pessoas da casa sobre alguma coisa importante. (Depoimento
funcionário).
Falta transparência nos critérios de avaliação. (Depoimento funcionário).
(...)como não existe um processo sistetico de avaliar as pessoas, acaba causando
uma percepção de injustiça. (Depoimento funcionário).
De 70 a 75% a Fundação age de acordo. Às vezes dá uma escorregada. A questão
interna dos Recursos Humanos seria uns dos itens que a Fundação escorrega. Isso não
deveria acontecer levando em conta os valores da Fundação. (Depoimento funcionário).
(...) só há uma falha no desenvolvimento das pessoas. (Depoimento funcionário).
Há uma sobrecarga em umas áreas e outras não. Isso cria uma insatisfação salarial,
porque uns trabalham mais outros trabalham menos, uns são mais qualificados e
ganham menos...A cobrança da gerência cria um clima ruim entre as pessoas. A FDC
está começando a mudar a visão paternalista. Mas está começando a mudar.
(Depoimento funcionário).
Alguns entrevistados percebem a preocupação e rigor da FDC em seus princípios e valores, mas
entendem que há um descolamento do discurso com a prática. Atribuem este descolamento ao
crescimento da instituição:
A FDC age 70% de acordo com os seus princípios e valores. A FDC tem um rigor de
uma forma geral. Ela cuida muito da imagem, da questão ética, mas falta um pouco
olhar para o operacional, no dia-a-dia, verificar se esses princípios realmente estão
sendo praticados e ter mecanismos de avaliação e de acompanhamento. No começo da
Fundação todo mundo sabia quais eram os valores da Fundação, hoje em dia não.
Quando a Fundação era menor os valores passados eram muitos, frisava-se muito essa
questão, hoje em dia os funcionários entram e já começam a trabalhar, cada um no seu
213
processo, não tem um treinamento às vezes introdutório onde esses valores possam ser
reforçados e explicados. (Depoimento professor).
Não age de acordo. Ela está engatinhando nisso ainda. Peca muito na comunicação.
Existe a tendência a mudar, isso é uma questão de cultura. Agora, ela está arrumando a
casa, ela cresceu e agora tem que olhar para dentro. É uma instituição centralizadora,
porém há uma abertura, por isso esse ano é de suma importância. Hoje, há uma boa
vontade do Presidente. A maioria das pessoas é pessimista. Nessa tendência, as pessoas
não acreditam. (Depoimento funcionário).
Antes com uma equipe muito menor, uma sede única, onde as pessoas se conheciam
muito mais, estavam muito mais próximas, os valores da FDC eram muito mais fortes.
Atualmente, os princípios e valores são muito fortes para a equipe diretiva, que os
construiu e construiu formalmente, sobretudo na vivência. Com a entrada de pessoas
novas na casa, isso não está sendo trabalhado adequadamente. (Depoimento
funcionário).
Alguns professores a comparam com outras instituições brasileiras ressaltando que a FDC, na
percepção destes, está dentro da média.
Eu acho que o rigor em relação aos princípios e valores a Fundação está
rigorosamente na média da organização brasileira, quer dizer que os valores e
princípios escritos não são necessariamente os valores e princípios praticados.
(Depoimento professor).
(...) mas a Fundação não difere de nenhuma outra empresa na questão dos interesses,
da possibilidade financeira. É como em qualquer outra empresa, não tem uma ética
diferenciada por causa da sua origem ter sido dentro de uma universidade e ela hoje ter
vínculos com a diocese. Não vejo que há práticas significativamente diferentes em
função dessa história da Fundação. (Depoimento professor).
Esse foi o único atributo em que professores e funcionários fizeram ressalvas entre o que a
instituição diz e o que pratica internamente. Em nenhum momento questionaram o rigor em seus
princípios e valores, na relação com alunos e clientes. As questões levantadas tratam
principalmente da gestão interna de recursos humanos e comunicação interna. Apontam que, com
o crescimento da instituição, algumas questões internas de gestão tornaram-se mais críticas como
critérios de avaliação; equiparação salarial; circulação de informação. Outro aspecto apontado
refere-se ao crescimento da instituição, que, num certo sentido, pode dificultar a transmissão de
seus valores e princípios para profissionais novos de casa.
214
9 Parcerias e alianças com empresas-clientes
A maior parte dos entrevistados concorda com a afirmativa e cita como exemplo PAEX, CTE e
PDA.
É um forte também da Fundação criar essas parcerias. A FDC faz isso como ninguém e
é reconhecida por isso. Ela tem o CTE, O PAEX. Nós somos bons articuladores.
(Depoimento professor).
(…) tem o CTE, um negócio que funciona muito bem, tanto é que as maiores empresas
do Brasil estão fazendo parte desse grupo há mais de anos, então se não funcionasse
eles já teriam tirado o corpo fora, já teriam dado uma desculpa qualquer. (Depoimento
professor).
A Fundação fomenta a criação de uma parceria entre as empresas e ela, monitora esse
relacionamento entre as empresas, mas é um relacionamento voltado para a
aprendizagem. A Fundação não é um membro da parceria. Ela tem um papel de
articulação nesse processo. (Depoimento funcionário).
A maioria dos professores percebe ser este um dos pontos fortes da FDC e, alguns afirmam que
as parcerias estão se ampliando e fortalecendo ao longo do tempo.
As parcerias com as empresas estão se ampliando, fortalecendo-se, porque é uma forma
que a FDC lucra, é o radar dela. O PAEX tem crescido muito e isso é muito positivo. O
PAEX tem aumentado inclusive geograficamente, ou seja, não só com grupos mas
também em localidade, inclusive fora do país. (Depoimento professor).
Em termos de parcerias a Fundação tem um trabalho como o CTE, o PAEX.. Voltando a
questão do construir com, não é entregar tão somente, você tem que ouvir, dar alguma
coisa em troca, mas também esperar alguma coisa dessa organização. A Fundação tem
que ir além, sair de alianças e evoluir para rede, onde todos construam com todos. Há
um apetite de entender as pessoas e esse é o grande diferencial da FDC. (Depoimento
professor).
Age de acordo em uns 70 a 80%. Hoje a Fundação está ampliando em muito essa
questão de parcerias com clientes. Parceria pra mim é algo mais do que uma relação
cliente-fornecedor, você entra na intimidade das empresas. Você não pode ter muitos
parceiros senão você não consegue atender a todos eles, você tem que focar mais em
algumas coisas nos parceiros, ou segmentos em parceiros. A parceria é um forte nosso,
mas precisa ser mais bem direcionada. (Depoimento funcionário).
Alguns entrevistados afirmam que a natureza das parcerias são diferentes:
Eu acho que você tem parcerias de naturezas muito diferentes, tipo o PAEX; o CTE é
um bicho, o PAEX é outro completamente diferente, PDA também tem suas diferenças.
(Depoimento professor).
Eu não sei se a gente pode chamar o PAEX de parceria… (Depoimento professor).
215
Há ainda a percepção de que a proximidade com os presidentes das principais empresas do país,
via CTE, está enfraquecida e precisa ser retomada:
No CTE a FDC já foi muito mais forte em termos de proximidade com os dirigentes das
empresas, com os presidentes, hoje essa relação está muito enfraquecida. A FDC,
atualmente, agrega valores para as empresas parceiras, mas aquela proximidade com
os presidentes ela não tem mais. A Fundação tem que resgatar isso, achar uma solução
que seja atrativa para esses executivos, que são muito demandados e que ao mesmo
tempo também gere valor para a Fundação, que não seja simplesmente mais um
encontro, uma reunião, e que a Fundação consiga alavancar outros negócios a partir
dessa proximidade. (Depoimento professor).
Acho que essas parcerias se iniciaram com motivos muito inovadores, na época da sua
concepção, da sua construção e acho que passa por um momento de necessidade de
revisão. Eu acho que por outro lado a motivação da criação do CTE hoje ela já não
existe mais, então eu acho que precisa revigorar nesse sentido, o PAEX pelo princípio
da parceria tem um ciclo, tem um ciclo de PAEX que depois você tem que dar alta, que
nem terapia, então eu acho que são parcerias, com projetos, com premissas, com
desenhos muito diferentes. E acho que esse é um diferencial da Fundação. Essa relação
estreita com empresa parceira, mais do que essa relação estreita, a imagem da relação
estreita. (Depoimento professor).
Nos depoimentos observa-se que há uma clareza quanto ao atributo “parcerias e alianças com
empresas clientes”, reconhecendo a importância de um relacionamento mais estreito com as
empresas para a construção das parcerias. Observa-se nos depoimentos que as parcerias exigem
um trabalho mais intenso e profundo, de conhecimento maior da vida das organizações parceiras,
funcionando como atividade de mão-dupla, de longo prazo, com resultados duradouros.
Há também um entendimento de que as parcerias são distintas, CTE, PAEX, PDA, em função de
seus propósitos, tempo de experiência, perfil de empresas. Dois depoimentos compararam o CTE
hoje e no passado, ressaltando a importância de se resgatar uma proximidade maior com os
presidentes das empresas. Outro aspecto constatado nos depoimentos trata do nível de informação
dos entrevistados, principalmente professores, sobre as parcerias. Aqueles que têm uma relação
menor com a instituição (professores de projetos específicos como MBA, por exemplo) pouco
conhecimento têm das parcerias.
216
10 Instituição que é referência no setor de educação para executivos
Esse atributo, mesmo não sendo explicitado no material de divulgação da Fundação Dom Cabral,
foi citado de forma recorrente pelos seus funcionários e pelos clientes o que levou-nos a incluí-lo
na análise. Na pesquisa qualitativa com professores e funcionários, a maioria dos entrevistados
concorda com a afirmativa:
Quando se fala em FDC as pessoas reconhecem e isso é positivo. O profissional que
trabalha na Fundação fala isso com orgulho, ou seja, há uma diferença em se falar que
sou empregado da FDC, porque a imagem da Fundação é de uma grande empresa, que
ensina o mercado a trabalhar. Não é a mesma coisa do que falar que trabalho na
FUMEC ou na PUC. A sensação que eu tenho quando eu falo que trabalho na FDC é
que há uma repercussão muito grande. (Depoimento funcionário).
Hoje é. Nacional. Se distingue em relação a outras.(…) se você compara
individualmente você compara alguns competidores que são muito mais competentes do
que a Fundação, mas que por outras questões não conseguem fazer com que isso seja
tangibilizado nos seus produtos e serviços. (Depoimento professor).
Isso é muito forte, inclusive, mal explorado por nós. (Depoimento funcionário).
Alguns entrevistados destacam a visibilidade adquirida nos últimos anos não apenas no meio
empresarial, mas também no meio acadêmico.
E as premiações dizem isso. A visibilidade da FDC aumentou ao longo do tempo, ela
está cada vez mais sendo reconhecida, até as escolas de pós-graduação, mestrado,
doutorado estão reconhecendo o trabalho da Fundação. (Depoimento professor).
Essa é a grande marca da Fundação. Qualquer lugar que a gente vai, na ANPAD, meio
acadêmico, em outros estados, a Fundação é uma referência na formação de executivos,
é muito respeitada, as pessoas querem vir em Belo Horizonte conhecer a Fundação,
professores de outras instituições de ensino mencionam freqüentemente a Fundação,
têm um respeito muito grande pela atuação da Fundação. (Depoimento professor).
Alguns entrevistados acreditam que, mesmo tendo imagem e marca fortes, ainda é necessário
trabalhar a divulgação e visibilidade, principalmente considerando a extensão territorial
brasileira:
A Fundação é muito mineira no sentido de não fazer muito alarde. Em Minas mesmo
muita gente não conhece a FDC, já em São Paulo a Fundação já é muito conhecida
pelo fato de ter ganhado 1º lugar no MBA e se manter no ranking entre os primeiros
217
colocados. Isso criou uma visibilidade e uma responsabilidade para a Fundação muito
maior. Hoje ela tem uma boa imagem, ela é reconhecida mas precisa trabalhar mais
esse ponto. A Fundação tem um ponto positivo que é a sua prudência, ela só vai quando
tem condições de ir. (Depoimento professor).
Essa referência em termos de imagem e de marca é muito forte para o público que ela
atinge, mas não no Brasil todo. Nesse aspecto, a FDC tem que focar mais, saber o que
quer. O que se nota é que a Fundação já começa a dispersar, por exemplo, quando
começa a vir demandas pequenas, isso acaba fazendo com que a Fundação perca tempo
para elaborar uma proposta, para fazer um contato. Deveria haver uma comunicação
mais focada no seu público-alvo, no trabalho que é exercido por ela. (Depoimento
professor).
(...) muita gente jovem não sabe o que é (a FDC) e outras pessoas também. Já aconteceu
da FDC ser confundida com instituições de caridade. Mas executivos, pessoas que
trabalham em empresas conhecem. É muito em função do nome. (Depoimento
funcionário).
Apenas um entrevistado entende que a instituição ainda não é referência no setor, mas caminha
para isso.
Agora em 2004 com esse reconhecimento internacional do Financial Times, isso daí
muda de ponto. A FDC está criando uma projeção internacional e na medida em que ela
se projeta lá fora, vem pra dentro, porque aqui nós ainda não somos percebidos em
nível nacional. As pessoas perguntam sempre ‘É a PUC?’, a GV todo mundo sabe quem
é. Até o Ibmec nos outros estados é mais reconhecido. A FDC está estendendo os
tentáculos dela, é questão de curto prazo. O 1º MBA deu uma visibilidade. A FDC está
caminhando com força para ser reconhecida nacionalmente. Há um orgulho nas
pessoas em dizer que trabalham na FDC. Não existe rotatividade. As pessoas acreditam
que a Fundação vai mudar porque tem valor, é uma instituição de valor. É preciso ser
inteligente para estar aqui dentro. (Depoimento funcionário).
Existe uma percepção de que a FDC está adquirindo maior visibilidade nacionalmente através da
divulgação externa, premiações, participação em Congressos como ANPAD etc. No entanto, para
alguns entrevistados a instituição ainda precisa de um posicionamento mais amplo, que lhe dê
maior visibilidade nacionalmente. É importante constatar como esse atributo “ser referência” está
associado ao “orgulho”. Alguns dos depoimentos ressaltaram fortemente o orgulho de “ser uma
instituição de valor”, “de ser reconhecida”, “é preciso ser inteligente para estar aqui”. Na medida
em que a instituição adquire maior visibilidade, funcionários e professores sentem maior orgulho
por pertencer a instituição e esse é um dos fortes atributos para a construção da reputação como
apresentado nos capítulos teóricos.
218
11 Instituição de elite
Os atributos a seguir (de 11 a 15) não constam explicitamente no processo de divulgação da FDC,
tendo sido identificados em levantamento preliminar com dez clientes.
A maioria dos professores e funcionários concorda com a afirmativa. A FDC trabalha para
grandes empresas e com executivos das mesmas, o que por si só já define um público específico
– uma elite.
É de elite e tem uma fala clara do Presidente para que seja de elite. Dentro das
empresas que têm condições de pagar a Fundação, porque o custo é alto, a Fundação
seleciona o tipo de público que quer atingir. (Depoimento professor).
Esse é o foco e esse jeito da Fundação em trabalhar demanda um custo maior e as
empresas têm que estar dispostas a pagar por isto. (Depoimento professor).
O nosso público é A/B. Os valores dos nossos programas são altos em relação ao
mercado. É uma posição que a Fundação quis estar. (Depoimento funcionário).
Ela é uma instituição que atende a elite. Nosso grupo é médias e grandes empresas.
(Depoimento funcionário).
Somos de elite, mas nós temos muita dificuldade de assumir isso. (Depoimento
professor).
Os preços são altos, mas trabalhamos com grandes empresas que pagam para seus
empregados e esses nem sempre são ricos. E há pessoas que conseguem pagar. Olhando
a visão das empresas, elas sim são ricas. (Depoimento funcionário).
...a gente ouve dizer que a Fundação é só para empresa grande, que só empresa grande
é que dá conta de pagar, então nesse sentido aí eu creio que sim. Mas em termos de
conhecimento, de pesquisa não, ela vai aonde tiver o assunto independente do segmento,
do porte. (Depoimento professor).
Um dos entrevistados acredita que estão ocorrendo mudanças em função do tipo de programa,
como por exemplo, o PAEX voltado pra empresas de médio porte.
Não sei se isso hoje é tão forte assim. A Fundação acabou construindo uma linha de
produtos que atende uma outra população mais intermediária, mas houve um tempo em
que isso era muito forte. O próprio PAEX quebra muito isso, tem um público menos
elitista. Essa imagem está menos intensa do que alguns anos atrás. (Depoimento
funcionário).
219
Os depoimentos confirmam a percepção dos clientes, de que a FDC é uma instituição de elite.
Mesmo não sendo considerado um atributo atrativo para o processo de divulgação, essa é uma
característica também reconhecida pelos funcionários e professores. Destacam que a Fundação
trabalha para grandes empresas e seus executivos e os custos de seus programas são considerados
acima da média do mercado, o que a direciona para um atendimento mais específico e exclusivo.
12 Padrões e modelos internacionais
A maioria dos entrevistados concorda com a afirmativa de que a Fundação adota padrões e
modelos internacionais. Os professores entendem que esta é uma exigência do mercado.
Temos sempre em mente padrões e modelos internacionais. (Depoimento funcionário).
O próprio nome MBA tem uma conotação de um modelo americano. Por outro lado,
você hoje está num quadro que é o mundo,se a FDC trata com soluções, então onde elas
estiverem cabe a ela buscar. (Depoimento professor).
A FDC é uma instituição brasileira, atuando no Brasil e ela sabe tirar os benefícios por
transitar nas escolas internacionais. (Depoimento funcionário).
A Fundação tem um modo de fazer as coisas, eventos por exemplo, onde se percebe que
existe um padrão de qualidade, onde ela se destaca muito. A Fundação passa para o
público uma imagem sofisticada, de eventos muito bem organizados, com uma infra-
estrutura impecável, então, esse padrão a Fundação traz da Europa, do Insead, então
eles buscam padrões externos. (Depoimento professor).
Os professores apontam a capacidade de a FDC adaptar os padrões e modelos internacionais à
realidade brasileira:
(...) mas ela tem a capacidade de trazer esses padrões e modelos para o local. A
Fundação tem o seu jeito de fazer as coisas. Por exemplo, esse próprio projeto
aplicativo, temas para excelência, são coisas que foram desenvolvidas na Fundação e
que hoje tem um valor muito grande percebido pelos clientes. (Depoimento professor).
Os padrões e modelos internacionais hoje a rigor estão disseminados pelo mundo
inteiro, então não tem esse negócio de que foi desenvolvido em Havard e depois de três
anos chegou aqui, no dia seguinte está aqui, então eu acho que adota sim, não tem jeito
de não adotar. Eu acho que o diferencial é até ao contrário, é cotejar o modelo
internacional com a realidade do brasileiro, porque copiar o que o Porter fala é fácil,
dá uma aula sobre Porter é fácil, mas como isso se modela na realidade brasileira é um
outro papo. E isso ela faz razoavelmente. (Depoimento professor).
220
(...) a produção do conhecimento e da prodão técnica se dá em grande parte nos
países desenvolvidos. Isso de certa forma a gente acaba reproduzindo. A questão é se a
gente consegue adequar isso pra uma realidade das empresas, atuando no Brasil. Um
papel nosso seja traduzir isso pra uma realidade nacional, mas por outro lado, cabe a
nós também mostrarmos para as empresas que atuam no Brasil, que não dá para
competir globalmente se não estiverem alinhadas com a realidade mundial (Depoimento
funcionário).
Não age de acordo. Do ponto de vista de estrutura como padrão a Fundação age de
acordo. No modelo, a Fundação não age, porque embora ela use nos programas
internacionais muitos modelos, muitas metodologias, muitos cases internacionais, há
uma tentativa em puxar para a realidade brasileira. (Depoimento funcionário).
Também enfatizam a necessidade de se estar atento ao que acontece no mundo:
O que a Fundação procura em padrão internacional é no sentido que o seu
conhecimento seja de ponta, por isso ela procura estar alinhada ao que está
acontecendo no mundo e também a idéia do campus, de ter sido inspirado no Campus
do INSEAD, o trabalho com executivo, isso sim acarreta em padrões e modelos
internacionais. (Depoimento professor).
Observam-se nos depoimentos dois aspectos fortes: o primeiro, que a FDC busca padrões e
modelos internacionais e, segundo, que há uma preocupação em traduzir esse “modelo” para uma
realidade local. A questão colocada é em que medida ela consegue fazer isso de forma eficaz, ou
em que grau as empresas percebem e valorizam esse seu esforço. Para funcionários e professores
a FDC busca o que há de mais avançado na Europa e EUA e, com o processo de globalização, o
que se adota nos países de primeiro mundo imediatamente passa a ser referência para as empresas
brasileiras. Um aspecto a ser observado nesse atributo é o risco de buscar o que é “modismo”,
pouco consistente, de pouco valor para as empresas.
13 Altos resultados financeiros
Em nenhum material de divulgação a FDC fala de resultados e/ou desempenho financeiro. No
entanto, alguns clientes vêem essa característica como sendo um forte atributo. Para eles esse é
um negócio de alta rentabilidade e a FDC apresenta alguns sinais indicativos de altos resultados
221
financeiros: o crescimento nos últimos anos, o número de clientes, o perfil de empresas e
executivos que atende, o custo de seus programas, a quantidade de programas ofertados, o
crescimento do número de professores e o novo campus foram alguns dos itens citados.
Na pesquisa qualitativa constatamos que há divergências nas respostas por parte de professores e
funcionários. Aqueles que concordam mencionam o crescimento da FDC:
A gente percebe grandes saltos. De um ano pro outro, coloca-se uma meta no início do
ano, que já é uma meta arrojada, normalmente as empresas trabalham com metas
arrojadas, e o que percebemos a cada ano, é que no meio do ano nós já atingimos essa
meta e estamos superando, então ela tem dado saltos bem significativos. (Depoimento
funcionário).
É uma instituição que cresce continuadamente desde que foi criada. (Depoimento
funcionário).
Eu imagino que sim. É uma instituição que busca resultados financeiros em todos os
projetos dela. Uma questão essencial para definição de um projeto é o resultado
financeiro, até na negociação isso é percebido. Os sinais que a gente tem de
crescimento e de modernização da Fundação são muito evidentes; a contratação dos
professores, os salários, o campus. (Depoimento professor).
Os entrevistados que discordam, percebem que:
A Fundação tem bons resultados financeiros, mas altos não. (Depoimento de
funcionário).
(...) a grande questão é você achar a busca do equilíbrio entre a busca do resultado
financeiro e a busca do desenvolvimento. È uma instituição que tem que dar conta dela,
ela tem que pagar seus funcionários, tem que pagar o desenvolvimento interno, mas não
há intuito de se ganhar dinheiro para enriquecer alguém. (Depoimento funcionário).
A FDC não é uma empresa de alto resultado. O objetivo não é ganhar dinheiro e sim
deixar o cliente satisfeito. (Depoimento funcionário).
A grande maioria dos entrevistados não concorda com a afirmativa de altos resultados
financeiros. Também fazem a distinção entre receita e lucratividade:
(...) os programas, hoje, têm uma rentabilidade alta, só que a FDC tem um jeito de fazer
que consome muito tempo e isso tem um custo alto para ela. O faturamento da
Fundação tem crescido muito, mas de dois ou três anos para cá é que se está tendo uma
preocupação maior com o lucro líquido. (Depoimento professor).
A FDC tem boa receita, mas não boa lucratividade.
A Fundação não sabe fazer isso, tudo dela é do zero, é perfeito. E ela não sabe ser
diferente, não sabe gerenciar custos. A Fundação não economiza em nada. Isso tudo é
cultura. (Depoimento professor).
222
Se você olhar o nível de rentabilidade dos projetos comparando a outros é muito alto, o
dinheiro se perde na estrutura. (Depoimento professor).
Há a percepção da necessidade de mudança:
O perfil de uma fundação deveria ser focado na busca de recursos não-operacionais e
isso a FDC faz mal. Ela pode estar começando a aprender isso agora, mas ainda não
aprendeu a fazer. Todo crescimento que a Fundação já conquistou até hoje foi muito em
cima de doação das empresas, de participação, mas não sabemos até que ponto isso vai
se sustentar. Toda busca de recursos financeiros pressupõe uma contrapartida e a
Fundação tem que ver o que fazer. (Depoimento professor).
Nesse atributo a pesquisa qualitativa mostrou que não há um consenso. Alguns acreditam que ela
esteja tendo altos resultados e outros avaliam que os resultados até podem ser positivos, mas a
rentabilidade poderia ser melhor.
14 Rígido padrão acadêmico
A grande maioria dos entrevistados discorda da afirmativa e acredita que a ausência deste
academicismo, ao longo do tempo, foi um diferencial da FDC.
Não age de acordo e nem quer. Esse estilo de academia irrita, porque é burocrático,
moroso, lento, cheio de regras. A Fundação tem um modelo teórico para análise, mas
não seguimos as regras da academia. (Depoimento professor). Fundação tem uma
missão que é levar soluções para empresas e para clientes, esse é o grande foco dela. Se
para esse foco é importante um rigor, então ela é rigorosa, mas não é uma universidade
no sentido de geração de conhecimentos puros. (Depoimento professor).
(...) isso foge a nossa filosofia de aplicação. (Depoimento funcionário).
A preocupação dessa turma é muito mais gerar resultado para empresa, de ser
aplicável. Com o crescimento é preciso ter algum limite, alguma norma, alguma prática
organizada. Na Fundação há a maior dificuldade em se seguir normas. Nós somos
contra padrões, mas a FDC não deve ser rígida demais porque pode perder essa
capacidade de juntar teoria e prática. (Depoimento funcionário).
Ressaltam mudanças da instituição nos últimos anos, decorrentes também da legislação na área
de educação superior no Brasil, mas demonstram inquietude com possíveis reações do mercado
empresarial.
Muitos clientes falam que existe um abismo entre a academia e as necessidades das
empresas. A Fundação tem a vocação de ser a ponte entre uma coisa e outra e para
223
isso ela tem que estar permanentemente buscando um equilíbrio senão ela não consegue
se sustentar. A FDC tem fortalecido o lado acadêmico de uns três anos ou quatro anos
para cá, mas ela não pode perder de vista a perspectiva do mercado. (Depoimento
professor).
A Fundação durante muito tempo trabalhou a idéia de que ela não é acadêmica, e sim
gerencial, voltada para o fazer, então, durante algum tempo, ela quis se diferenciar por
causa desse lado mais prático. Hoje, a Fundação está tendo um rigor maior com a
questão acadêmica até porque houve uma mudança na lei que regulamenta os cursos de
pós-graduação lato-sensu, então, ela tem que fazer um processo interno muito mais
criterioso em toda a parte acadêmica. Mas atualmente ela tem muito mais apreço com a
teoria do que já teve no passado. A Fundação está tendo que ter processos mais
formalizados e mais adequados com a exigência da legislação e também pelo fato de ter
professores com a titulação de mestres e doutores, tudo isso está levando a um rigor
mais teórico e metodológico, embora para as empresas o discurso de que a Fundação é
mais prática tem um apelo maior. Isso é até estratégico. (Depoimento professor).
(...) ela tende a ficar mais rigorosa mas ainda não é não, porque não é isso que
visibilidade, que dá zona de conforto para quem está no sistema de poder, o padrão
acadêmico instalado ameaça o poder vigente. (Depoimento professor).
Ela quer ser e está se estruturando pra ser. Nós não tratamos as pessoas como alunos,
participantes, porque aluno tem regra básica. Ainda a Fundação não tem um centro de
pesquisa, mas está correndo atrás para produzir. (Depoimento funcionário).
Há uma clara percepção de que a FDC tem como foco o conhecimento aplicado, inclusive
buscando se distinguir da academia. Nesse discurso verifica-se uma preocupação em atender ao
que acreditam que as empresas esperam de uma instituição de educação para executivos, com
conhecimentos direcionados a algo mais prático e aplicável. Ser identificada com a academia,
num certo sentido, parece mais uma ameaça e, por isso, o atributo “rígido padrão acadêmico” é
algo que seus funcionários e professores não percebem e não consideram que seja um atributo a
ser adquirido. Pelo contrário, alguns deixam claro o receio de que “muita teoria” ou “ foco muito
acadêmico” afaste as empresas. Por outro lado alguns professores reconhecem a necessidade não
de um rígido padrão acadêmico, mas de um rigoroso padrão acadêmico, no sentido de buscar
maior precisão e aprofundamento teórico.
224
15 Atende a grandes empresas
Mesmo não estando explicitado em seu material de divulgação, esse é um atributo reconhecido
por professores e funcionários. Todos os entrevistados concordam que a FDC atende a grande
empresas, ressaltam que esse é seu público e seus programas são formatados tendo em vista este
nicho de mercado.
O público-alvo da FDC são as maiores empresas. Quanto maior a empresa, maior a sua
participação, quanto menor a empresa, menor a sua participação. (Depoimento
funcionário).
A empresas associadas ao CTE são todas empresas grandes nacionais. Até porque as
pequenas empresas não teriam recursos para desenvolver os programas da Fundação.
Devem ter proprietários de pequenas e médias empresas que possuam interesses em
fazer os cursos abertos da Fundação, mas são participações pontuais. (Depoimento
professor).
Alguns entrevistados destacaram que há um programa específico, o PAEX voltado para médias
empresas e que estas empresas não são clientes de outros programas..
As médias empresas, têm um nicho bem definido dentro da Fundação, (...) ela trabalha
de uma forma que não é tão customizada, há um modelo PAEX que é um modelo que
serve a todas, então não se cria uma solução tão individualizada para cada empresa.
(...) É uma ilusão achar que a Fundação vai ser uma instituição que vai dar conta de
atender a pequenas empresas. (Depoimento professor).
A Fundação tem um custo hoje, uma ênfase em qualidade que a direciona para esse
nicho mais específico. Tem algumas entradas como o PAEX, que busca as médias
empresas, mas definitivamente eu não a vejo com pequenas e micro empresas.
(Depoimento professor).
As médias (empresas) a Fundação tem um programa especial para elas, que é o PAEX,
mas é difícil atendê-las fora do PAEX.. (Depoimento professor).
Os depoimentos dos entrevistados revelam que há consenso por parte destes de que o perfil de
clientes da FDC é de grandes empresas, com apenas um programa direcionado às médias
empresas. Fica evidente que, mesmo não sendo esse um atributo declarado em seu material de
divulgação, é percebido por seus funcionários e professores.
225
A pesquisa qualitativa também procurou identificar, dentre os quinze atributos, qual o
entrevistado considerava mais importante para a Fundação e por quê. O resultado demonstra uma
concentração no atributo “desenvolvimento de executivos e empresas”, sendo considerado a
razão de ser da instituição. Em segundo lugar, o atributo “trabalha com empresas (e não para )” -
característica considerada um diferencial forte: saber ouvir para melhor entender as demandas e,
conseqüentemente, poder atender de forma customizada.
No geral, podemos concluir que, na maior parte de seus atributos, existe um alinhamento entre o
que a Fundação Dom Cabral divulga sobre “quem somos” e o que professores e funcionários
percebem daquilo que ela projeta. Como vimos na teoria, quanto maior o grau de concordância
entre aquilo que a empresa projeta sobre si mesma e a percepção interna, maior o grau de
identificação dos stakeholders internos com a organização e, conseqüentemente, maior adesão às
suas políticas e práticas. A concordância com os atributos de sua identidade projetada faz com
que estes sejam legitimados, incorporando-os nos comportamentos e ações do dia-a-dia de
funcionários e professores.
Quando há concordância com os atributos projetados, podemos afirmar que, mesmo partindo de
uma definição da alta administração, existe um senso comum compartilhado em relação a estes
valores. Eles representam um discurso construído pela alta administração para projetar uma
imagem externa e, quando são endossados pelo público interno, reafirmam uma coerência entre o
que se diz e o que se pratica. A concordância com a identidade projetada é um fator essencial
para se construir uma imagem sustentada interna e externamente.
226
6.3 REPUTAÇÃO: PERCEPÇÕES DE EMPRESAS-CLIENTE E
EXECUTIVOS
A pesquisa qualitativa e quantitativa com empresas-clientes e executivos participantes de
programas de desenvolvimento foi realizada com o intuito de validar os itens que compõem o
construto do “Quociente de Reputação”: produtos e serviços; visão e liderança; ambiente de
trabalho; responsabilidade social e com o meio ambiente; desempenho financeiro. Teve também
como propósito aprofundar o entendimento das percepções sobre aspectos relacionados à
construção da reputação da Fundação Dom Cabral.
Como critério de segmentação, consideramos como empresas- clientes os profissionais que
compram os serviços da FDC, em sua maioria da área de recursos humanos e presidentes de
empresas e, como executivos, foram entrevistados representantes de parcerias e participantes de
programas abertos, fechados, especialização, MBA, mestrado.
6.3.1. PESQUISA QUALITATIVA: PÚBLICO EXTERNO - A REPUTAÇÃO DA
FUNDAÇÃO DOM CABRAL
O que determina sua reputação
Essa questão teve como propósito avaliar o que os entrevistados consideram mais importante na
reputação da FDC e o resultado indicou a qualidade de seus produtos e serviços. Esse ponto foi
destacado pela maioria dos profissionais que compra seus produtos e serviços e pelos executivos
participantes de seus programas.
227
Outro item citado com maior freqüência foi visão e liderança. Ele sobressaiu nos depoimentos de
compradores de seus produtos e serviços, o que de uma certa maneira reflete também uma
relação maior com a instituição e um conhecimento mais profundo de seu processo de gestão. Em
relação a produtos e serviços, os depoimentos destacaram a inovação, alinhamento com as
melhores práticas nos Estados Unidos e Europa, o entendimento das necessidades dos clientes, a
adequação do portfólio de produtos, a qualidade do corpo docente, a interface com as empresas, a
forma de atendimento.
A seguir citamos alguns dos depoimentos que afirmam a importância dos produtos e serviços
para a construção de sua reputação:
Bom talvez eu esteja um pouco influenciado porque eu sou um usuário, eu sou um
cliente, eu compro muita coisa da Fundação, e sou muito exigente com muitas coisas. O
que tem feito a diferença para eu continuar comprando da Fundação? Decididamente é
a qualidade dos produtos e serviços. Se não me oferecesse a qualidade que atende a
minha expectativa, provavelmente eu estaria comprando a de um concorrente como a
Fundação Getúlio Vargas ou algum outro. (Depoimento Empresa- Cliente).
Partindo do princípio de que a FDC vende para seus clientes soluções no
desenvolvimento de seus executivos, considero que o mais importante são produtos e
serviços. (Depoimento Empresa- Cliente).
A FDC se distingue pelos seus produtos e serviços em dois elementos que são
fundamentais: a forma como ela interage com as organizações empresariais e a partir
desta visão o que ela faz e como faz. Isso na FDC é medular. (Depoimento Empresa-
Cliente).
O que eu sinto em relação à Fundação é o alinhamento dela com as melhores práticas e
com as melhores escolas, tanto nos EUA quanto na Europa.(Depoimento Empresa-
Cliente).
O que a FDC tem de maior valor é o serviço que ela entrega. É o aprender mais.
(Depoimento Empresa- Cliente).
Quando eu fui escolher uma instituição para fazer um MBA, um dos fatores chave para
essa escolha foi o alinhamento do produto com o que eu almejava para a minha
carreira e com o que eu traria de benefício para a empresa. E o currículo da Dom
Cabral, a formatação do MBA foi o que mais se adequou ao que eu estava buscando.
(Depoimento executivo).
Porque é o que a Fundação vende, é o que o mercado vê, são os produtos e serviços que
ela tem (.......) onde a gente enxerga que ela tem um diferencial Na forma, nas
propostas, no desenho dos programas e dos projetos, na qualidade dos profissionais,
cumpre o que promete na grande maioria das vezes. (Depoimento executivo).
A Fundação para mim se encaixa tranqüilamente em produtos e serviços. ... a equipe
docente da Fundação Dom Cabral é imbatível, a qualidade em relação ao
conhecimento, isso é o diferencial dela. (Depoimento executivo).
228
Alguns entrevistados destacaram a forma como ela conduz o processo, a forma de fazer, “seu
jeito”, que pode ser traduzido no relacionamento.
É a interação. É o que ela faz de melhor. E, com essa “escuta” ela conseguiu identificar
espaços para construir produtos/portfólios bem estruturados. Não apenas na forma e
abordagem, mas na seleção das instituições parceiras e/ou professores que operam os
produtos. É a forma como a FDC consegue encadear esse processo. Ela consegue
cobrir as necessidades das organizações. Ela consegue cobrir desde a necessidade dos
profissionais iniciantes até o desenvolvimento da cúpula. Atende a demanda dos
diversos segmentos “ sem excesso”. (Depoimento Empresa- Cliente).
O aspecto visão e liderança também foi ressaltado pelos entrevistados, que apontam para sua
visão de futuro, indo além do que se espera, buscando inovação, avançando permanentemente na
busca de um processo de gestão empresarial moderno, ousado e compatível com as demandas das
organizações atuais. Também foram destacadas características pessoais do presidente como um
líder forte e carismático.
A FDC tem uma visão de futuro. (Depoimento empresa- cliente)
Com certeza uma empresa que tem um líder forte, um cara justo, carismático, ético, isso
tudo influencia no ambiente de trabalho. (Depoimento empresa- cliente).
Essa visão do negócio em si, que é um negócio muito especial, muito particular . (...)
numa área de executivos, de líderes empresariais e formadores de opinião .... Aí está a
visão que a Direção da Fundação tem para abordar e agir nessa área. (Depoimento
empresa- cliente).
Claramente a visão e liderança. A FDC sabe se cercar de pessoas que contribuem para
sua visão, não só a visão mas para a ação estratégica....O que o Emerson soube e sabe
fazer muito bem é vender a visão da FDC que antes era dele e virou uma visão coletiva.
Eu acho isso muito importante. (Depoimento empresa- cliente).
A Fundação desfruta hoje de um conceito no meio empresarial, no meio acadêmico,
melhor do que anteriormente. Esse sucesso crescente, a sua solidez e a sua constância
de atuação foram plantados há muitos anos. Se a Fundação continuar com essa visão e
liderança, esse trabalho vai continuar crescendo. Eu vejo que tudo o que a Fundação
faz é em função dessa visão e liderança....(Depoimento executivo)
(...) os líderes que eu conheço da Fundação são verdadeiros líderes, eles conseguem nos
convencer, e já somos pessoas com uma certa maturidade, tanto profissional quanto
pessoal. (...) a Fundação está buscando, cada vez mais, líderes com capacidade
gerencial muito forte e com um nível de conhecimento mais profundo (Depoimento
empresa-cliente).
229
Um depoimento distinguiu a inovação alinhada à evolução do meio empresarial em conjunto com
a qualidade do corpo docente.
Duas coisas são importantes, inovação e junto aí eu coloco o alinhamento com a
evolução do meio empresarial, eu acho que isso aí é fundamental e em segundo lugar a
qualidade do corpo docente, eu acho que esses dois pontos são realmente
diferenciadores. (Depoimento empresa- cliente).
Podemos concluir que, na percepção dos entrevistados, o que sobressai na Fundação Dom Cabral
é a qualidade de seus produtos e serviços. Observa-se uma valorização do seu portfólio, com
produtos que atendem desde o desenvolvimento de executivos iniciantes em sua carreira
profissional ao presidente da empresa. Distingue-se a amplitude deste portfólio, mas também sua
adequação. Constata-se um foco na gestão empresarial, cobrindo as principais áreas e as
demandas organizacionais.
Podemos fazer uma ligação entre a percepção externa da adequação de seus produtos ao atributo
por ela projetado de trabalhar com as empresas e com soluções específicas. Na medida em que a
Fundação consegue trabalhar com, ouvir as empresas, estar junto, é possível que ela construa seus
produtos e serviços mais próximos ao que as empresas demandam - aspecto considerado como
um dos mais importante para sua reputação.
Ainda dentro de produto e serviço, os entrevistados relevaram a forma de relacionamento, a
interação, o “modo de ser” da Fundação. Em seus depoimentos eles chamam a atenção para o
fato de a FDC “criar um ambiente diferenciado”. Os profissionais das empresas-clientes e
executivos descrevem desde o prédio do campus, a beleza, tranqüilidade, infra-estrutura
adequada aos estudos, à qualidade do almoço e lanche, ao atendimento personalizado.
Outro ponto recorrente nos depoimentos é a capacitação técnica do corpo docente, fator apontado
pela maioria dos entrevistados, inclusive com a citação de nomes específicos de seus professores.
230
O segundo ponto indicado, visão e liderança, como um dos aspectos que mais influenciam a
reputação da Fundação, descreve o papel de seus líderes e uma visão de futuro. Os entrevistados
ressaltam as especificidades do negócio - desenvolvimento de executivos - como sendo uma
atividade que requer antever demandas. Citam também a capacidade de seus executivos em
“vender uma visão”.
A percepção da FDC hoje
Para avaliarmos um pouco mais as percepções que as Empresas-clientes e Executivos fazem da
Fundação Dom Cabral, fizemos a pergunta aberta “o que chama a sua atenção na Fundação Dom
Cabral?”
Alguns entrevistados sugeriram que sua imagem poderia ser melhor, se houvesse maior
intencionalidade no seu posicionamento externo, considerado acanhado, no sentido de ser uma
instituição com características da cultura mineira, pouco afeita a uma exposição maior. Nessa
linha, um outro depoimento reforça que, ao conhecê-la melhor, a imagem também melhora.
Alguns a compararam com outras instituições, colocando-a num patamar superior por razões
distintas; outros focaram a qualidade de produtos e serviços, corpo docente, ambiente de trabalho,
etc.
Os depoimentos a seguir abordam um pouco sobre sua imagem:
As que não conhecem a FDC não possuem a menor idéia do que seja a Fundação.
Quando você conhece a FDC por dentro, a sua imagem muda radicalmente. A FDC tem
uma filosofia de aprender fazendo, os consultores da Fundação vão até a empresa,
acompanham o trabalho dessa empresa, propõem sugestões e assim, ajudam a empresa
a se formatar..... (Depoimento empresa- cliente).
A Fundação desfruta hoje de um conceito no meio empresarial, no meio acadêmico,
melhor do que anteriormente. Esse sucesso crescente, a sua solidez e a sua constância
de atuação foram plantados há muitos anos. (Depoimento executivo)
231
A FDC possui uma característica do povo que vive nas montanhas, a mineiridade. A
Fundação possui uma tradição de tentar ser reconhecida pelo trabalho. A FGV já tem
um trabalho maior voltado para a valorização da marca, de exposição na mídia, que é
um trabalho que a FDC deveria fazer. (Depoimento empresa- cliente).
Eu não sei se a Fundação tem no mercado brasileiro junto à sociedade brasileira uma
imagem tão maravilhosa quanto ela pode ter, no fundo eu acho que ela não tem, ela
poderia ter. Eu acho ela muito mineira, ela divulga pouco quem ela é, ela é
mineiríssima. Então eu vou te dizer uma frase infeliz, use-a como você quiser, mas se a
Fundação Dom Cabral fosse paulista, ela teria uma imagem muito melhor trabalhada.
Isso é conseqüência da” mineirisse”, não estou falando mineiridade não, estou falando
“mineirisse”. É sim, a visão da montanha, a visão daquele que olha mais para dentro
do que para fora e tem um certo pudor de se mostrar lindo, maravilhoso, eficiente,
competente. É uma coisa muito nossa. Vamos provar que a gente é bom. É melhor do
que falar que a gente é bom. Isso é muito bom sim, mas para o mercado, eu acho que
não é ideal. (Depoimento empresa-cliente)
Hoje pelo o que eu sei da FDC é que ela é líder de mercado nessa área de consultoria e
prestação de serviço, na área de gerenciamento em gestão organizacional. Ela
conseguiu passar a Fundação Getúlio Vargas que era líder nessa área há muitos anos e
durante muitos anos. Então hoje a FDC conseguiu isso.(Depoimento executivo)
Eu acho a Fundação maravilhosa, eu tenho o maior orgulho da Fundação de participar
daquilo ali, eu já vivenciei a Fundação como aluna, como integrante de grupo de
trabalho então eu acho que eu conheço relativamente bem e tenho muito orgulho de
tudo que eu vejo e sinto que acontece ali dentro. (Depoimento empresa-cliente)
Vários respondentes exprimiram aspectos positivos em relação a seus produtos e serviços:
O que chama a minha atenção acho que está embutido na palavra serviços. (...) as
pessoas que a Fundação busca em determinados pontos desse país ou fora do país eu
acho que existe uma preocupação com a qualidade dessas pessoas, do conteúdo
intelectual dessas pessoas, isso é uma coisa que chama muito minha atenção porque eu
sei, eu tenho uma noção do quanto é difícil manter um padrão de qualidade nessa área.
(Depoimento empresa-cliente)
Eu fiz Administração Financeira na PUC, MBA em Marketing na Fundação Getúlio
Vargas e estou fazendo um MBA na FDC e eu posso dizer com tranqüilidade, em
matéria de produto, desde o cuidado dos profissionais que estão dando a matéria, da
forma como a matéria tem sido elaborada, a Fundação se destaca com facilidade. Tanto
que, quando eu fui escolher um MBA, para mim era até mais um pouco confortável ter
feito esse MBA no Rio de Janeiro, porque eu moro no Rio. Aqui é muito importante o
ambiente de trabalho, eles têm uma certa capacidade de organização que é rara nesses
ambientes de cursos e também conseguem integrar as turmas e isso potencializa muito o
conhecimento, na medida em que a turma se relaciona a gente começa a trocar
experiências com uma freqüência maior.(Depoimento executivo)
O que me levou a escolher a FDC foi o grupo PAEXTEC, por oferecer um nicho de
empresas que tinha como objetivo discutir a base tecnológica. Foi o tipo de serviço que
a FDC ofereceu que me chamou a atenção.(Depoimento executivo)
(...) a equipe docente da Fundação Dom Cabral é imbatível, a qualidade em relação ao
conhecimento, isso é o diferencial dela. (Depoimento executivo)
232
Outros depoimentos abordaram como aspecto positivo o ambiente de trabalho, as pessoas e sua
capacidade de organização:
O que eu acho mais positivo é o comportamento da organização e este é reflexo do
comportamento do conjunto de pessoas, da liderança de todos os níveis... O
comportamento da Fundação é ao mesmo tempo profissional com um jeito mineiro que
torna as conversas mais fáceis, mais amigáveis.....Enfim, o somatório dessas duas coisas
aí é um diferencial na Fundação. (Depoimento empresa-cliente)
O ambiente de trabalho. A turma é sensacional, o perfil dos participantes é uma coisa
muito boa, o modelo da Fundação, a troca de experiências, isso tudo é muito
interessante, fora o espaço que é muito bom. (Depoimento executivo)
A partir dos Comitês ou Responsáveis pelas áreas de Empresas ela faz uma “ escuta”
que eu denomino de “Interaction Basement”. É a interação. É o que ela faz de melhor.
E, com essa “escuta” ela conseguiu identificar espaços para construir
produtos/portfólios bem estruturados. Não apenas na forma e abordagem, mas na
seleção das instituições parceiras e/ou professores que operam os produtos. É a forma
como a FDC consegue encadear esse processo. Ela consegue cobrir as necessidades
das organizações. (Depoimento executivo)
A questão de organização, muito mais mesmo de controle/organização. Algumas
instituições pelas quais eu passei, dá aquela sensação de que é um lugar
desorganizado, é muito ruim e a gente fica ali completamente desorientada........ . Eu
acho que isso é importante para quem é aluno.(Depoimento executivo)
Hoje eu tenho uma impressão muito boa da FDC. È o primeiro curso que eu faço aqui
na verdade, é um curso fechado, não sou eu quem paga, mas a impressão que eu estou
tendo é a melhor possível. O curso está muito bom, os professores são de excelente
qualidade, o ambiente é muito bom, propício, é muito adequado para todo tipo de curso
que a gente está tendo, as instalações, as pessoas também, que organizam, claro como
todo lugar, tem sempre algumas falhas, super naturais, no geral eu acho que a
organização está excelente. (Depoimento executivo)
Outros depoimentos indicaram a infra-estrutura, em geral, e mais especificamente apontaram o
campus:
O que chama a minha atenção na FDC é esse campus aqui. Quando o vi pela primeira
vez deu uma impressão de primeiro mundo. A Fundação não deu foi um salto foi um
pulo, aí eu penso o seguinte, será que a Fundação teve tanta grana para construir isso
aqui, será que o Aluisio Faria bancou por generosidade ou isso foi um empréstimo
financeiro?Isso não é claro para o estudante, mas causa uma impressão muito boa esse
ambiente de estudo, esse ambiente de trabalho, a imponência do prédio que mostra uma
instituição igual a gente vê aquele retrato da Kellogg, aquela coisa maravilhosa, a
Fundação está mostrando isso também um prédio muito bonito, num local muito bonito,
salas excelentes, junto com a capacitação de professores e de ambiente de estudo muito
favorável. Ela está dizendo o seguinte, olha eu tenho condições de te capacitar no
mesmo padrão de uma instituição internacional.(Depoimento executivo)
O que chama a atenção é o ambiente de trabalho da FDC, o campus, a sua
história.(Depoimento empresa-cliente)
233
Embora sejam depoimentos com focos distintos, pode-se observar que dois aspectos sobressaem
em seus discursos: produtos e serviços e a forma de a FDC atuar. Ambos englobam vários
aspectos, tornando difícil tentar exprimir um ponto que seja o mais importante. Percebe-se que há
um conjunto de fatores, em torno de produto e forma de atuar, que a distinguem na percepção
dos profissionais que compram seus produtos e serviços, aqui denominados empresas-clientes, e
de executivos participantes de parcerias, programas abertos, fechados, especialização, MBA,
mestrado.
As análises dos depoimentos de empresas-clientes e executivos sugerem que a reputação da FDC
depende significativamente de seus produtos e serviços e da forma como atua. Ambos foram
determinantes nas percepções que distinguem a reputação da Fundação.
Aspectos que podem contribuir para sustentar a reputação da FDC
A questão cinco procurou identificar, especificamente, a percepção de algum aspecto considerado
negativo na reputação da FDC. Como resultado a essa questão todos os entrevistados disseram
não perceber um ponto que considerem negativo na reputação da Fundação. Destacaram que,
como todas as instituições, há pontos críticos e pontos a serem melhorados, mas não há um ponto
que seja considerado negativo ou que exerça impacto negativo em sua reputação.
Complementando, a questão seis, salienta os principais aspectos identificados pelos entrevistados
como merecedores de uma maior atenção por parte da FDC. Alguns entrevistaram ressaltaram a
necessidade de uma maior divulgação de seus produtos e serviços, inclusive comparando-a com
instituições concorrentes, consideradas superiores nesse quesito. Outro ponto com grande
freqüência de citações revelou o interesse por conhecer a atuação da FDC em responsabilidade
social.
234
Eu acho que ela divulga pouco, apesar de que eu tenho visto aí alguns movimentos mais
ousados, tenho visto algumas coisas na Exame, às vezes em alguma outra revista, mas
acho que ela ainda divulga pouco.(Depoimento executivo)
A Fundação poderia trabalhar mais a questão da divulgação do MBA, as empresas e os
executivos top de linha já conhecem a Fundação Dom Cabral, principalmente se nós
estamos falando do eixo São Paulo – Belo Horizonte, mas ela deveria trabalhar mais a
divulgação dos resultados que os profissionais do MBA da Dom Cabral tenham tido aí
fora. Programas, além do MBA, como PGA e STC. A GV fala aos quatro ventos que
25% dos principais líderes de organizações do país foram alunos da GV. A Fundação
precisa trabalhar alguma coisa nesse sentido.(Depoimento executivo)
Eu não sei como é a divulgação dela fora de Minas. Eu fiz a pós-graduação em 88/89 e
nesse período posterior eu não recebi tanta coisa, eu acho que chamar esse pessoal que
passou por aqui, que formou por aqui, manter de vez em quando um grupo de conversa,
isso deve ser uma estratégia de marketing.(....) então eu acho que houve um erro aí de
estratégia.(Depoimento executivo)
A Fundação é muito conhecida pelo marketing boca-a-boca, é a melhor forma de se
conhecer, mas a FDC precisa de uma estratégia de comunicação estruturada com
relação a uma maior promoção, ela tem espaço para isso.(Depoimento executivo)
Falta também um pouco de divulgação na mídia, às vezes as pessoas não sabem o que é
a Fundação Dom Cabral.(Depoimento executivo)
Vários depoimentos abordaram como necessário um trabalho e/ou divulgação do que a FDC faz
como responsabilidade social e ambiental.
Responsabilidade Social e meio ambiente. Tem pouca exposição e é um item de muita
importância para a Fundação até pelo próprio propósito dela. Pode até ser que ela faça
alguma coisa, mas ela divulga muito pouco na minha opinião.(Depoimento empresa-
cliente)
Ela deveria estimular, mostrar aos empresários o trabalho com o Terceiro Setor. Os
empresários podem, discutir e pensar mais no social. Eles (a FDC) está com essa massa
na mão, os empresários juntos têm um poder enorme...... Ter uma visão mais macro e
mais social. Acho que é um momento propício no Brasil e no mundo, mais especialmente
no nosso país, acho que é um momento bom para isso. (Depoimento empresa-cliente)
Como toda empresa hoje, ela precisa focar na responsabilidade social e meio ambiente.
Eu não conheço o trabalho dela nessa área, mas gostaria de conhecer.(Depoimento
empresa-cliente)
Não conheço a questão de responsabilidade social e meio ambiente, qual o trabalho que
ela desenvolve. É fundamental esse trabalho, hoje as empresas não podem mais viver
isoladas da sociedade, dos stakeholders que são os clientes, a comunidade... Eu não sei
se ela tem que focar ou divulgar isso um pouco mais, no mínimo divulgar.(Depoimento
executivo)
Indicaram também a necessidade de um fortalecimento de suas parcerias internacionais e uma
maior divulgação do que existe hoje:
235
A Fundação já tem parcerias interessantes, começou um trabalho muito bom nesse
sentido e eu acho que ela deveria aprofundar essa relação que ela tem com entidades
como Havard, Insead. O Brasil tem espaço para um curso que seja uma extensão de
uma dessas instituições, para executivos que queiram realmente fazer um curso de fora,
mas aqui no Brasil (Depoimento executivo)
Uma empresa que está ligada ao conhecimento ela tem que buscar uma integração com
outras entidades internacionais, porque hoje é difícil estudar um caso que seja
específico do seu país, ele está sempre sendo afetado por uma coisa que está
acontecendo fora. (Depoimento executivo)
Eu desconheço o trabalho da Fundação com a Kellogg e o Insead. Sei que existe uma
parceria...... falta comunicar com os outros.... (Depoimento executivo)
A gente vê lá em baixo, o quadro com as fotos, a gente sabe, sabe que os professores
tem um intercâmbio.... mas a gente não sabe o seguinte, qual é o intercâmbio e quanto
que isso está fazendo com que a Fundação seja mais forte e capacitada? Eu por
exemplo não sei isso. (Depoimento executivo)
Alguns depoimentos apontaram críticas para o curso, corpo docente, a falta de pesquisas e
intercâmbios.
O corpo docente da Fundação é meio fraco. Não estou generalizando, mas num caso ou
outro. O COPPEAD, por exemplo, eu sinto que os professores de lá têm um clima de
pesquisa muito maior do que aqui. Tanto que fiz COPPEAD no Rio. Se você for ver a
reputação da FDC tanto em Minas quanto no Brasil, você vai ver uma expectativa alta
e, em função disso, fica um pouco a desejar. O nome que a Fundação tem encobre esse
desempenho médio dela. (Depoimento empresa-cliente)
A Fundação tem que dar uma alavancada. Ela tem que estruturar os seus processos. Na
sala de aula eu gostaria de trabalhar mais com as pessoas, ter um network maior,
exposições maiores, estar trocando mais, tentando potencializar o máximo das
experiências com os colegas. (Depoimento executivo)
O que eu observei na época foi no projeto do curso, que na época achei muito fraco,
mas a coordenação hoje está mais preparada, o que deixa a desejar são os professores
da casa. Eu tenho a sensação que a FDC está sempre buscando melhorar. Pelo próprio
convívio que os funcionários têm com o pessoal de fora, automaticamente isso faz
mudar. (Depoimento empresa- Cliente).
Há uma expectativa por parte das empresas de que os docentes da FDC consigam fazer
a ponte entre o meio acadêmico e empresarial. É importante um investimento cada vez
maior na capacitação destes profissionais, bem como uma seleção criteriosa, evitando
que prevaleça uma visão meramente acadêmica ou empresarial em detrimento da
integração de conceitos e práticas empresariais. (Depoimento empresa-cliente)
Outro aspecto apontado, por empresas-clientes, são seus preços. Em alguns depoimentos de
profissionais que compram os produtos da FDC há sempre a percepção de que o preço de seus
produtos é superior ao de seus concorrentes. Alguns reconhecem que isso ocorre em função de
um diferencial de produto e serviço. Outros, no entanto, questionam a relação-custo benefício e
236
sugerem a necessidade de uma negociação de custos que seja mais flexível e reconheça o perfil
dos clientes e o tipo de compra.
Agora, o que ela deveria examinar com atenção são seus preços. Na medida que seu
produto tem como diferencial um valor intrínseco, ela realmente tem um valor maior.
Mas ela pratica, muitas vezes, um preço MUITO acima do mercado. (Depoimento
empresa-cliente)
Da mesma forma que ela desenvolve produtos customizados, deveria avaliar melhor a
empresa que demanda em larga escala, o quanto isso representa... O custo é muito
elevado. É uma questão de posicionamento de preço. Não se discute a qualidade de
produto nem o diferencial de valor, mas torna-se difícil às vezes justificar internamente
a decisão pela FDC. (Depoimento empresa-cliente)
Cada vez mais, as grandes empresas públicas precisam prestar contas à sociedade.
Poderia haver um nível de negociação mais “customizado”. Deveria customizar sua
relação comercial. Além do que pode ser um risco se esse grande comprador se
reposicionar.(Depoimento empresa-cliente)
Algumas entrevistas relevaram a necessidade de a FDC ousar mais, inovar, ser mais criativa.
Ela (a FDC) consegue abranger todas as áreas relevantes e atuar de forma adequada.
Sem perder essa linha de atuação séria, muito “3x 4”, no qual a gente não se
surpreende, ela deveria experimentar o novo, ensaiar a experimentação, a
investigação.....Contar com uma área de experimentação do novo poderia trazer
benefícios tanto para a FDC como para seus clientes. (Depoimento empresa-cliente)
Ousar um pouco mais. Mostrar que está antenada. Ela já pode ter espaço para conviver
com esse outro lado da criação, inovação... (Depoimento empresa-cliente)
A FDC tem uma liderança clara, uma liderança consolidada, tem uma visão de futuro,
mas ela se arrisca pouco. A FDC tem uma estratégia de execução conservadora, isso de
uma certa forma é bom porque nos momentos de crise o conservadorismo traz uma
estabilidade, mas ela deveria arriscar um pouco mais.(Depoimento empresa-cliente)
Alguns entrevistados sugeriram um foco maior em visão e liderança:
Eu sei, por exemplo, que para os empregados da Fundação há uma percepção muito
clara da figura do Dr. Emerson e dos gestores e coordenadores de projetos. Para nós
clientes isso não é passado e eu acho que isso seria importante. Eventualmente seria
legal trazê-lo, eu acho que isso aumenta a credibilidade e a confiança, a gente sabe
quem está na frente disso aqui. (Depoimento executivo)
A FDC tem como grande desafio estar a frente das discussões do mundo
organizacional, para poder contribuir no desenvolvimento das pessoas e das
organizações. Em função disto, acredito que visão e liderança é algo que precisa ser
cada vez mais trabalhado e perseguido para dar sustentação as ações desenvolvidas por
esta Instituição. (Depoimento empresa- cliente).
No caso da Fundação, considerando o tipo de instituição e de negócio, eu acho que ela
poderia investir mais em visão e liderança. Estou falando de liderança no sentido de
237
atuação institucional, da organização ser referência no setor em que atua. Eles têm
trabalhado nisso, mas deveriam investir mais, isso poderia dar-lhe uma distintividade
em relação aos outros. (Depoimento empresa- cliente).
Na análise dos depoimentos constatamos uma freqüência maior de citações em dois aspectos: um
que aponta para a necessidade de maior divulgação e outro para o desconhecimento de uma
atividade da FDC voltada para responsabilidade social. Em relação à divulgação, observa-se que
existe uma demanda por uma maior exposição da FDC. Alguns falam de sua “mineiridade”,
como se a cultura de Minas ditasse sua estratégia de comunicação. Utilizando a metáfora das
montanhas que nos cercam, sugerem que seu olhar ultrapasse os horizontes.
Ao aprofundarmos nas análise dos pontos a serem melhorados, podemos observar que além dos
depoimentos que explicitamente falam da divulgação, aqueles que tratam de responsabilidade
social, de alianças internacionais e de visão e liderança também estão associados à informação
e/ou presença de seus executivos. No item responsabilidade social não há, por parte desta
pesquisa, como inferir se o que falta é o trabalho ou a divulgação deste.
As críticas direcionadas a produtos e serviços, corpo docente, pesquisas e intercâmbios mostram
que, ao mesmo tempo que esses aspectos determinam sua reputação positiva, podem vir a ser os
mais vulneráveis. A demanda por informações e/ou maior estreitamento das relações com
instituições internacionais foi explicitada nos depoimentos de executivos e as críticas quanto ao
preço partiram das empresas-clientes, ou seja, dos compradores de programas e projetos para suas
instituições.
Na pesquisa qualitativa podemos afirmar que as críticas foram muito menores do que as
referências positivas. Além disso, observamos que as citações positivas foram várias, em um
mesmo depoimento, enquanto que, ao perguntarmos em que a FDC deveria melhorar, o
238
entrevistado, muitas vezes, dizia não identificar nenhum aspecto e, ao identificar, foram poucos
os que citaram mais de um.
6.3.2. – A REPUTAÇÃO DE EMPRESAS BRASILEIRAS
O que é valorizado no Brasil
Nesta análise, buscou-se identificar, dentre os cinco itens que definem a reputação de uma
instituição - produtos e serviços; visão e liderança; ambiente de trabalho; responsabilidade social
e com o meio ambiente; desempenho financeiro –, se algum aspecto tem um valor maior na
formação da reputação das empresas brasileiras e porque. Deixamos claro para os entrevistados
que o objetivo desta questão era ter uma percepção de como eles vêem a reputação das empresas
no Brasil, no geral, e não aquilo que eles, individualmente consideram como importante.
Dentre os cinco aspectos, ambiente de trabalho não foi citado por nenhum entrevistado, como
sendo, em suas percepções, o aspecto de maior valor, no Brasil, para a construção da reputação
de uma organização. Todos os outros quatro aspectos foram citados pelo menos por dois
entrevistados como sendo o mais importante. Mesmo contando com uma diversidade grande
entre os depoimentos, observamos que dois aspectos foram os mais citados: desempenho
financeiro e produtos e serviços.
Os entrevistados acreditam que desempenho financeiro, no Brasil, é um aspecto muito importante
para que a empresa seja percebida como tendo uma boa reputação. Associam desempenho
financeiro a sucesso, boa administração, bons produtos ou serviços, satisfação dos clientes.
Destacam que, sempre que se “fala bem” de uma empresa, aponta-se para seus resultados.
239
Ressaltaram também que a mídia em geral faz uma cobertura maior do desempenho financeiro
das empresas.
A realidade brasileira continua muito presa à questão do desempenho financeiro. É o
que eu sinto do governo, do setor financeiro, dos fundos de investimento. Se a
instituição tiver um bom desempenho financeiro, ela consegue alavancar os outros itens
e chamar a atenção do mercado.
A grande razão de ser das empresas é remunerar seus acionistas e aí você vai
trabalhando o desempenho financeiro que tem que ser rastreado, baseado em toda essa
questão de ética, de responsabilidade e de comportamento. (Depoimento de executivo).
Desempenho financeiro. Porque é o que as pessoas entendem como uma empresa
estável e uma empresa boa para trabalhar. (Depoimento de executivo).
(...) a mídia divulga bastante o desempenho financeiro da empresas; as maiores e
melhores. Hoje isso é um peso para a construção da imagem e reputação da empresa no
Brasil. (Depoimento de executivo).
Alguns entrevistados argumentam que para se atingir um resultado financeiro satisfatório é
preciso trabalhar em conjunto com outros fatores.
(...) Dentro desse aspecto, fazer com que a empresa tenha esse desempenho financeiro
perpetuado você tem que trabalhar com produtos e serviços, liderança, ambiente de
trabalho. (Depoimento de executivo).
É um pensamento geral, nele há a concretização de uma série de outros desempenhos,
até mesmo porque, no ponto de vista empresarial, se todo o restante estiver bem, mas
não tiver o desempenho financeiro, não adianta. (Depoimento de executivo).
O segundo aspecto mais destacado foi qualidade de produtos e serviços, considerado base para a
imagem organizacional, seja na relação empresa-consumidor ou na relação business to business.
Salientaram que qualidade de produtos e serviços é ponto básico para “entrar no jogo” e que as
pessoas inicialmente focam na relação custo-benefício.
Acho que é impossível construir uma reputação se não houver produto e serviço de
qualidade e que tenha uma proposta de valor direcionada para um determinado
segmento de mercado. ((Depoimento Empresa- Cliente).
Eu diria que isso é o ticket de entrada em um jogo, isso não garante ganhar o jogo, mas
é o ticket de entrada. (Depoimento Empresa- Cliente).
...ainda vejo que produtos e serviços é para a grande maioria das pessoas o atributo
mais importante. Entendo este movimento como uma evolução, já que até pouco tempo
atrás não tínhamos tantas opções , conseqüentemente, poucas eram as exigências em
relação às ofertas de mercado. (Depoimento Empresa- Cliente).
240
Ainda que uma empresa tenha uma boa reputação, uma boa situação financeira, ter
bons produtos e serviços é fundamental. (Depoimento de executivo).
A população brasileira é muito menos sensível à questão da responsabilidade social,
preocupa-se pouco com a parte financeira das empresas, ela é muito focada no produto,
quando eu digo produto é no valor do produto e no valor do serviço. (Depoimento de
executivo).
Produtos e Serviços. São muito importantes, porque é o que chega ao público, é o que
você oferece. (Depoimento de executivo).
Visão e Liderança também foi citado como sendo um dos aspectos importantes para a reputação
das empresas, no Brasil. No entanto, esse fator foi mencionado mais vezes nas entrevistas com
gestores de recursos humanos e presidentes.
Se você tem um líder, de visão, com liderança, com carisma, com entusiasmo,
obviamente o produto dele vai ser bom e o serviço também. (Depoimento Empresa-
Cliente).
E o desempenho financeiro é um negócio chave, quer dizer, as Empresas têm obrigação
de dar lucro para se sobreviver, para crescer, para continuar existindo, mas só o
desempenho financeiro não resolve, então eu volto a achar que visão e liderança é o
que sustenta mais. (Depoimento Empresa- Cliente).
Visão e liderança viria em primeiro lugar, depois produtos e serviços, desempenho
financeiro está em terceiro, depois o ambiente de trabalho. Hoje já existe uma
consciência bem maior da necessidade de uma ação social e ambiental, mas isso vem no
final de uma lista. (Depoimento Empresa- Cliente).
Eu acho que visão e liderança talvez seja o que mais tenha peso numa primeira reação.
Porque aquilo que aparece mais perante os stakeholders de uma empresa; cliente
fornecedor, funcionário, governo, sociedade geral, é um diferencial que algumas
empresas têm e que não necessariamente essas empresas têm melhor produto, melhor
serviço, mas ela conseguiu se posicionar no mercado de uma forma diferenciada, de
uma forma que remete ao conceito de reputação
. (Depoimento Empresa- Cliente).
...é o nome, é a marca ,ela pode até não ser boa, mas se tem um nome conceituado,
aqui se encaixa visão e liderança, eu acho que você vai atrás sem questionar. As
empresas no Brasil que estão melhor posicionadas, faz a fama e deita na cama. Pelo
que eu vi dos itens aqui eu acho que visão e liderança é o que se encaixa nessa de fazer
a fama, você deixa até de ser questionado. (Depoimento de executivo).
Alguns destacaram o crescimento da importância da responsabilidade ambiental e social
colocando-a como principal aspecto para a reputação.
Acredito que hoje a responsabilidade social seja um dos atributos mais fortes para
consolidar a reputação de uma organização, na sociedade como um todo. Isso se deve,
em grande parte, ao papel da mídia que tem mostrado e enfatizado o trabalho das
empresas nesta área. A população, de acordo com sua percepção, nível de
241
conhecimento, perfil sócio-econômico, etc consegue decodificar/depreender o sentido de
responsabilidade social a partir do que é divulgado. (Depoimento empresa-cliente).
Responsabilidade social e meio ambiente, (...) pois isso passa a ser uma nova estratégia
para as organizações em termos de mudança cultural.(Depoimento de executivo).
Está acontecendo uma revolução nas organizações, de maior conscientização, até
mesmo para perpetuar no futuro, ter sustentabilidade, essa questão da responsabilidade
social. Essa questão deve ser trabalhada pela FDC junto com as organizações, até
porque o Brasil tem visibilidade e condições de apresentar trabalhos interessantes em
nível internacional. (Depoimento de executivo).
A maioria, no entanto, ainda vê responsabilidade social de forma pouco significativa:
Responsabilidade Social é uma coisa muito nova no Brasil e está tendo cada vez mais
um peso maior em relação à reputação, mas isso é minha opinião, e eu acho que é um
negócio que vai ter um peso crescente no futuro mas que hoje ainda bate com empresas
líderes, aquelas empresas que conseguiram ganhar um certo grau de reputação e que
estão melhorando essa reputação com responsabilidade social, mas não faz parte ainda
da massa, não é cultura de massa. (Depoimento empresa- cliente).
...responsabilidade social ainda se apresenta de uma forma tímida no país: (...) na
minha visão no Brasil ainda ela não é determinante. (Depoimento empresa- cliente).
Responsabilidade social e com o meio ambiente acho que aqui viria lá no final de uma
lista (Depoimento empresa- cliente).
Agora existe uma outra questão aí que é a responsabilidade social e o meio ambiente
que tem se tornado cada vez mais importante, mas na minha visão no Brasil ainda ela
não é, mas ela tem cada vez mais aparecido como um fator digamos assim que completa
esse mosaico aí. (Depoimento empresa- cliente).
Para um entrevistado os cinco atributos são importantes.
Para você conseguir ter uma reputação você tem que conseguir uma soma desses
atributos. A empresa tem que construir uma base para poder ter um desempenho
financeiro, e essa base vai fazer com que a empresa venha a ter uma reputação. Toda
reputação vem de longo prazo. (Depoimento de executivo).
O aspecto ambiente de trabalho, embora não seja considerado como de maior valor, foi citado
como sendo importante para a reputação, principalmente para atrair e manter empregados. Como
resultado dos depoimentos, observamos que há uma valorização muito grande do desempenho
financeiro. É provável que essa resposta esteja atrelada às questões econômicas vividas pela
maioria das empresas nos últimos anos como conseqüência da abertura de mercado, privatização,
crescimento da concorrência, globalização. Em função disso, vivenciamos uma preocupação
242
maior, por parte da maioria das empresas, com os resultados. O fato da imprensa também dar um
destaque grande aos resultados positivos ou negativos mostram o grande impacto desse atributo
na reputação das empresas brasileiras.
O segundo aspecto, qualidade de produtos e serviços, responde também à necessidade das
empresas de serem competitivas, conquistar e manter mercado. Como citado pelos entrevistados,
qualidade de produtos e serviços é determinante para a empresa estar no mercado, sendo a base
para a conquista de clientes e percepção de valor.
O aspecto visão e liderança é percebido no sentido de melhor posicionar a organização, sendo
esse aspecto considerado um diferencial. Já responsabilidade social foi o item em que se
observou maior divergência, embora sempre seja ressaltado como importante para a reputação.
Para alguns a responsabilidade social é hoje o fator de maior valor para a reputação e para outros
as empresas ainda não percebem ou trabalham nesse sentido.
O que é valor na percepção dos entrevistados
Nessa questão procurou-se avaliar qual dos itens citados o entrevistado considera mais
importante para a reputação de uma instituição. Para a maioria dos entrevistados visão e
liderança é o aspecto mais importante para a construção da reputação. Ressaltaram a importância
do papel da liderança como um todo, não apenas do presidente, e a necessidade de uma visão que
mostre os caminhos a serem seguidos. Os quatro outros itens foram citados, mas não houve uma
concentração de respostas em um ou outro aspecto.
O cara que tem espírito de liderança ele projeta a empresa, faz um bom trabalho, trás
para junto dele pessoas competentes. (Depoimento Empresa- Cliente).
Ela tem que ter uma visão de onde ela quer chegar e alinhar toda a sua força de
trabalho, assim ela consegue potencializar uma energia muito forte e começa a
caminhar. A percepção das pessoas muda. (Depoimento Empresa- Cliente).
243
Não adianta você ter uma empresa que está com um desempenho excelente agora, mas a
sua capacidade de se reinventar esteja esgotada. Então, imagina-se que, uma empresa
com esse perfil, ela vá num curto prazo perder valor e deixar de existir. Enquanto que
numa empresa que tem uma visão bem definida, uma liderança bem trabalhada você já
consegue visualizar o resultado mais a longo prazo. (Depoimento de Executivo).
Se você olhar para o Brasil, de um modo em geral, como um país de futuro, que é
normalmente a forma como o Brasil costuma ser enxergado externamente, é um país
que, se até agora não teve um sucesso muito grande, tanto na competição internacional
quanto na organização de toda a sua estrutura interna, eu acho que ele falhou nessa
questão de visão e liderança. .... isso a gente vê refletido nas empresas, mas é difícil
você ver uma combinação de visão e liderança numa empresa e quando tem é a minoria
que tem sucesso. (Depoimento de Executivo).
Alguns entrevistados citaram o ambiente de trabalho como o atributo mais importante para a
reputação de uma empresa:
Porque um bom ambiente de trabalho traz todos os outros. Na verdade, se você trabalha
num ambiente que você considera agradável, de acordo com a sua concepção, você
consegue perceber visão e liderança, você trabalha com produtos melhores, você cria
um senso de cidadania e isso tudo vem traduzir naturalmente num desempenho
financeiro.(Depoimento executivo)
Acredito que o ambiente de trabalho traduz um pouco do processo utilizado para a
obtenção de resultados em uma organização e cada vez mais percebo que a forma
como se obtém é mais valiosa do que o quê se obtém.Um ambiente de trabalho saudável
e harmônico possibilita a organização oferecer bons produtos e serviços, afetando
diretamente seu desempenho financeiro e sua imagem junto ao mercado. (Depoimento
Empresa- Cliente).
Responsabilidade social também foi ressaltada
Hoje eu vejo esse negócio (responsabilidade social) disseminado por ai em um grau
enorme. A cultura de responsabilidade social hoje já mudou. Mudou também a cultura
em relação ao meio ambiente, ou seja a agressão ao meio ambiente era um negócio no
passado aceito normalmente pela cultura, não só empresarial mas pela sociedade como
um mal necessário..... (Depoimento Empresa- Cliente).
Apenas um dos entrevistados destacou desempenho financeiro e outro produtos e serviços
Nós estamos no regime capitalista e o capital é o que puxa os investimentos, é o que
puxa tudo, eu particularmente conheço organizações que tem um péssimo ambiente de
trabalho, que os produtos e serviços às vezes não são tão bons assim, mas que tem um
ótimo desempenho financeiro e são organizações vistas como organizações de ponta do
mercado. (Depoimento Empresa- Cliente).
Produtos e serviços são a base sob a qual se constrói o negócio (Depoimento executivo)
Ao compararmos as questões sobre o que é mais importante para a reputação das empresas, no
244
Brasil, e o que os entrevistados consideram mais importante, observamos uma mudança de foco.
Enquanto reconhecem a valorização do desempenho financeiro e a qualidade de produtos e
serviços como sendo os itens de maior peso na construção da reputação, para eles, o que tem
maior valor é visão e liderança. Destacam que uma visão permite a empresa ir além, acreditar,
fazer a diferença, projetar o futuro. E reconhecem na liderança o papel de sensibilizar as pessoas,
mostrar o rumo.
Alguns entrevistados consideram o ambiente de trabalho como o mais importante, o que não
ocorre quando se analisa reputação no contexto do país. E responsabilidade social aparece
também aqui como sendo importante para uma minoria dos entrevistados. Outro ponto que
chama a atenção é desempenho financeiro, considerado muito importante para a reputação,
quando a pergunta é sobre o que é valorizado na reputação das empresas brasileiras, na visão
geral da sociedade, mas na percepção individual esse item não é determinante.
6.4 A RELAÇÃO ENTRE A IDENTIDADE PROJETADA E A
REPUTAÇÃO DA FDC
Podemos constatar, por meio das pesquisas qualitativas, uma relação direta entre a identidade
projetada e a reputação. Como observado na análise de sua identidade projetada, os atributos
projetados pela FDC afetam tanto seu público interno - funcionários e professores - como
também a percepção que as empresas-clientes e executivos formam da instituição. Na análise da
identidade projetada, trabalhamos com 15 atributos; os dez identificados em seu material de
divulgação e consolidados pela alta administração, e cinco indicados em estudo preliminar com
dez empresas-clientes.
245
Ao analisarmos seus atributos através da decodificação das mensagens que constituem os
discursos dos entrevistados, identificamos uma inter-relação entre estes, permitindo-nos
identificar cinco clusters, que englobam os quinze atributos, objeto de análise na pesquisa
quantitativa com funcionários, professores, empresas-clientes e executivos, descrito a seguir:
QUADRO 7
Definição dos Clusters da Identidade Projetada
1. RAZÃO DE SER
Desenvolvimento de executivos e empresas;
2. ESCUTA COMPROMETIDA
Trabalha com as empresas (e não para );
Soluções específicas para cada cliente;
Parcerias e alianças com empresas clientes;
Rigor em seus princípios e valores ;
3. CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
Soluções educacionais inovadoras
Equilíbrio entre teoria e prática
Professores que utilizam o conhecimento aplicado
Adota padrões e modelos internacionais
Rígido padrão acadêmico
4. DIFERENCIAÇÃO
Parcerias e alianças internacionais
Instituição de elite
Atende a grandes empresas
É referência no setor de educação para executivos
5. DESEMPENHO FINANCEIRO
Altos resultados financeiros
FONTE: dados da pesquisa qualitativa
246
O primeiro cluster inclui um único atributo - a razão de ser da FDC - que é o “desenvolvimento
de executivos e empresas”, atributo esse reconhecido interna e externamente, como o principal.
Há consenso de que essa é sua principal atividade e que a FDC trabalha igualmente tanto para o
desenvolvimento de executivos quanto de empresas, direcionando esforços para atender às
especificidades e demandas de cada segmento. Esse tamm é seu slogan, projetado em todas as
peças de divulgação.
O segundo cluster, denominado escuta comprometida, engloba quatro atributos (trabalha com as
empresas e não para ; soluções específicas para cada cliente; parcerias e alianças com empresas
clientes; rigor em seus princípios e valores) traduzindo, nesse conjunto, a forma pela qual a FDC
interage na sua relação com empresas e executivos.
Na pesquisa qualitativa, observamos que há uma forte percepção por parte de professores e
funcionários de que a FDC trabalha tanto com como para as empresas, dependendo da situação,
da mesma forma que algumas soluções são customizadas e outras podem vir a atender a mais de
uma empresa. Em relação a parcerias com empresas clientes, observa-se uma grande valorização
destas, sendo distinguida como um diferencial da instituição, com recomendações para se buscar
um maior estreitamento no relacionamento com presidentes de empresas. Explicitam as
distinções entre as parcerias, reconhecendo perfis e atividades voltados para cada uma.
Outro aspecto contido nos depoimentos revela a característica de longo prazo das parcerias,
consolidando relações entre empresas e a Fundação. O atributo, rigor em seus princípios e
valores, pode ser analisado dentro de duas perspectivas: na relação Fundação e clientes; e na
relação Fundação, funcionários e professores. Na relação FDC e clientes há concordância, por
parte de funcionários e professores, de que o rigor em seus princípios e valores baliza ações e
comportamentos. Alguns depoimentos fazem ressalvas ao risco de que o processo de
247
crescimento atual da instituição possa interferir nesse atributo, enfraquecendo-o. Recomendam
que estes sejam explicitados de forma clara e constante a novos funcionários e professores. Na
relação da Fundação com professores e funcionários foram apontados pontos críticos no processo
de gestão de pessoas, comunicação e clima interno.
O terceiro cluster, compreende os itens relacionados à construção do conhecimento (soluções
educacionais inovadoras; equilíbrio entre teoria e prática; professores que utilizam o
conhecimento aplicado; adota padrões e modelos internacionais; rígido padrão acadêmico) que
indicam a maneira como a FDC lida com o processo de geração e transmissão de conhecimento.
Os depoimentos indicam concordância quanto a ser uma instituição de soluções educacionais,
mas alguns questionam a inovação, apontando para uma necessidade de ousar mais, buscar o
novo, criar e não apenas ser uma repassadora de conhecimentos. Esse aspecto também foi citado
pelas empresas-clientes e executivos, que consideram relevante um maior investimento da
instituição nesse sentido.
Os atributos, equilíbrio entre teoria e prática e professores que utilizam o conhecimento aplicado,
mostraram uma tendência hoje pela busca da teoria, embora a maioria tenha clareza de que o foco
da FDC é o conhecimento aplicado. Sobressaíram os depoimentos que sugerem uma evolução,
principalmente em relação ao perfil de seus professores, que hoje buscam uma maior
qualificação, uma formação acadêmica mais consistente. Os padrões e modelos internacionais
também foram descritos como importantes, considerados por alguns como exigência do mercado,
reconhecendo a necessidade de adequá-los à realidade das empresas brasileiras.
O atributo, rígido padrão acadêmico, identificado na pesquisa preliminar com clientes, não é
percebido por professores e funcionários, sendo inclusive negado pela maior parte dos
entrevistados. Alguns, no entanto, sugerem a necessidade não de um rígido, mas rigoroso padrão
248
acadêmico, no sentido de fortalecer metodologias e teorias. Esse atributo foi identificado na
pesquisa prévia com clientes e a pesquisa qualitativa indica que não faz parte dos atributos da
Fundação.
O quarto cluster, inclui aspectos que contribuem para uma diferenciação da FDC (parcerias e
alianças internacionais; instituição de elite; atende a grandes empresas; é referência no setor de
educação para executivos). Dentre estes aspectos, três foram citados pelos clientes, não
aparecendo em seu material de divulgação: instituição de elite; atende a grandes empresas; é
referência no setor de educação para executivos. Os três foram reconhecidos pela maioria dos
entrevistados, indicando-os como parte de sua identidade projetada. Afirmam que seu perfil de
clientes são as grandes empresas (com exceção do PAEX - Parceiros para Excelência) e seus
executivos, o que, de certa forma, a direciona para ser uma instituição de elite.
Há também concordância de que a FDC é referência no setor de educação para executivos,
apontando que nos últimos anos ela adquiriu maior visibilidade e projeção. Mesmo considerando
sua imagem e marcas fortes, há vários depoimentos que sugerem a necessidade de uma maior
divulgação.
O atributo parcerias e alianças internacionais é considerado distintivo, sendo citado como muito
importante. No entanto, alguns depoimentos consideram que não há uma parceria efetiva e sim
uma relação de fornecedor. Ou seja, as instituições internacionais enviam seus professores para
darem aula na FDC ou a FDC envia seus alunos em atividades específicas. Ressaltam que a
parceria deveria ser construída de forma mais sólida, com projetos conjuntos, pesquisas,
intercâmbios, numa relação de mão dupla.
O quinto cluster, altos resultados financeiros, não é percebido por funcionários e professores.
Pelo contrário, estes destacam que nos últimos anos ela tem conseguido receita positiva, mas não
249
boa lucratividade. Apontam para algumas características específicas do tipo de negócio e
reconhecem a necessidade de melhorarem nesse aspecto. Alguns depoimentos destacaram os
investimentos que permitiram seu crescimento nos últimos anos.
Dos cinco atributos identificados nos estudos preliminares com clientes (instituição que atende
grandes empresas, instituição de elite, referência no setor de educação para executivos, rígido
padrão acadêmico, altos resultados financeiros) constatamos, por meio da pesquisa qualitativa
com professores e funcionários, que três fazem parte de sua identidade: instituição que atende
grandes empresas, instituição de elite, referência no setor de educação para executivos e dois
atributos não são reconhecidos como constitutivos do que é a FDC: rígido padrão acadêmico e
altos resultados financeiros.
A pesquisa qualitativa sobre reputação, com empresas-clientes e executivos, ressaltou dois
aspectos como base na construção de sua reputação: produtos e serviços e visão e liderança.
Existe um forte reconhecimento da qualidade de seus produtos e da forma de entrega de seus
produtos. Como descrito anteriormente, há por parte da grande maioria dos entrevistados uma
percepção de produtos e serviços customizados, com uma escuta voltada para o entendimento e
adequação destes, a busca do alinhamento com as melhores escolas internacionais, a qualidade do
corpo docente, a forma diferenciada do atendimento, a visão de futuro, o estreito relacionamento
com as empresas.
Podemos afirmar, com base na da pesquisa qualitativa, que há um alinhamento entre o que a
Fundação diz sobre si mesma e a percepção de seus públicos internos e externos. A identidade
que a instituição projeta é percebida interna e externamente como verdadeira. Seus
comportamentos e ações são direcionados no sentido de fazer do discurso uma prática e isso é
percebido e reconhecido.
250
Quando há discordância entre a identidade projetada e a percepção dos funcionários, a empresa se
vê diante de uma situação de pouca identificação e envolvimento destes com a instituição. Há
uma quebra entre os valores da instituição e de seus funcionários.
Quando há alto grau de concordância entre a identidade projetada e a percepção dos funcionários,
há uma maior identificação destes com as políticas e práticas da organização, reforçando a
confiança e o sentimento de pertencer.
Na percepção externa, a identidade projetada contribui para a construção da imagem e reputação.
Quando não há alinhamento entre aquilo que a instituição projeta e o que seus stakeholders
externos vêem, pode-se gerar diversas e difusas imagens e, conseqüentemente, uma reputação
negativa.
6.5 Pesquisa Quantitativa: As Percepções de Funcionários e Professores
Como apresentado no modelo da pesquisa, o estudo
1, consta da análise da identidade projetada (APOI),
identificação organizacional (OID), percepção de
prestígio externo (PEP) e o comportamento de
envolvimento institucional (CEI) junto a funcionários
e professores.
Como vimos anteriormente na definição da amostra, trabalhamos com 80 questionários de
funcionários e 113 de professores, de um total de 229 funcionários e 335 professores. No total,
251
trabalhamos com 193 questionários, numa população de 587. A tabela 3 descreve os resultados
da média, desvio padrão e coeficiente de variação para cada dimensão estudada e seus respectivos
clusters. O gráfico 1 apresenta as médias para todas as dimensões analisadas.
TABELA 3:
Estatísticas Descritivas das Variáveis do Estudo 1
Descrição do Modelo
Média
Desvio
Padrão
Coeficiente
de Variação
(%)
1. Grau de Identificação - OID 4,02 0,83 20,53
1.1. UNIDADE 4,01 0,84 21,00
1.2. ORGANIZAÇÃO 4,03 0,81 20,10
2. Concordância com a Identidade Projetada - APOI_C.
4,10 0,76 18,47
2.1. Construção do Conhecimento - CC 3,91 0,62 15,75
2.2. Razão de Ser - RZS 4,49 0,62 13,82
2.3. Escuta Comprometida - EC 4,15 0,59 14,26
2.4. Diferenciação - DI 4,45 0,49 11,07
2.5. Desempenho Financeiro - DF 3,49 0,91 26,08
3. Atratividade da Identidade Projetada - APOI_Att 4,31 0,83 19,21
3.1. Construção do Conhecimento - CC 4,44 0,42 9,37
3.2. Razão de Ser – RZS 4,74 0,68 14,34
3.3. Escuta Comprometida - EC 4,48 0,39 8,65
3.4. Diferenciação – DI 4,46 0,43 9,55
3.5. Desempenho Financeiro – DF 3,41 1,18 34,53
4. Percepção de Prestígio Externo - PEP 4,12 0,67 16,32
4.1. Ambiente de Trabalho - AT 4,27 0,47 11,12
4.2. Desempenho Financeiro - DF 3,87 0,59 15,20
4.3. Visão e Liderança - VL 4,03 0,60 14,90
4.4. Produtos e Serviços – PS 4,22 0,53 12,56
4.5. Apelo Emocional - AE 4,59 0,47 10,32
4.6. Responsabilidade Social - RS 3,76 0,91 24,28
5. Comportamento de Envolvimento Institucional - CEI
3,67 0,77 20,85
5.1. Disposição para Colaborar - DC 3,52 0,76 21,60
5.2. Estímulo e Encorajamento - EE 3,34 0,78 23,24
5.3. Desempenho Pessoal - DP 3,79 0,69 18,29
5.4. Lealdade - LE 4,03 0,64 15,84
FONTE: dados da pesquisa
252
GRÁFICO 1
Dimensões do Modelo
4,31
4,12
4,10
4,02
3,67
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
5,00
APOI_ATT PEP APOI_C OID CEI
Média
FONTE: dados da pesquisa
Os resultados do gráfico 1 mostram que todas as dimensões do modelo apresentaram resultados
altamente significativos para a FDC (escala de referência: 1 a 5). Os resultados revelam que o
público interno considera, atrativos, os atributos projetados (APOI_ATT) e também é altamente
significativo o grau de concordância com a identidade projetada (APOI_C). Em APOI_C
averiguamos em que grau o público interno considera que a FDC age de acordo com o que ela
projeta. Os resultados descrevem um forte alinhamento entre o que a empresa diz sobre si mesma
e como ela age, na percepção de funcionários e professores.
Os números indicam que a percepção do prestígio externo (PEP) é alta, o que revela que,
professores e funcionários, consideram que a imagem externa da FDC é muito positiva. De
acordo com suas percepções, a instituição é vista pelo olhar externo como uma instituição de
visão de futuro, bem administrada, boa para se trabalhar, com perspectivas de crescimento, que
desenvolve soluções de qualidade, de confiança e admirada, dentre outros aspectos.
253
Podemos também constatar uma forte identificação organizacional (OID) o que significa uma
ligação entre as características pessoais e da instituição. A identificação auxilia também na
construção de sentido das decisões organizacionais.
Os resultados da dimensão comportamento de envolvimento institucional (CEI) apontam para um
moderado envolvimento. A análise de variância mostrou que a média obtida para CEI é
significativamente inferior (p<0,05) às demais médias das outras dimensões, indicando que a
percepção dos itens que compõem esta dimensão é menor que os demais.
Já a média obtida para a atratividade dos atributos da identidade projetada é estatisticamente
superior a todas as demais dimensões. A atratividade é importante para dar distintividade à
instituição.
GRÁFICO 2:
Médias dos clusters da dimensão APOI_Concordância
5,00
4,49
4,45
4,50
4,15
4,10
3,91
4,00
3,49
3,50
3,00
2,50
Média
2,00
1,50
1,00
0,50
0,00
RZS DI CC EC APOI_C DF
FONTE: dados da pesquisa
254
A dimensão da Identidade Projetada (APOI) foi avaliada em dois quesitos: em que grau
funcionários e professores consideram que a FDC age de acordo com os atributos e qual o grau
de atratividade de seus atributos. Suas percepções indicam uma forte concordância com a
identidade projetada.
O Gráfico 2 apresenta as médias referentes aos clusters que compõem a dimensão APOI
Concordância. A análise de variância mostrou que as médias dos clusters da dimensão
“Concordância da Identidade Projetada – APOI_C” do público interno (professores e
funcionários) se diferem estatisticamente (p=0,00).
A análise de comparações múltiplas mostrou que a média do clusters Razão de Ser e
Diferenciação são significativamente superiores às médias dos demais clusters (p<0,05). Isso
indica que “desenvolvimento de empresas e executivos” é considerado pelo público interno como
o atributo com o qual a FDC age em maior grau de concordância . O cluster Diferenciação avalia
os atributos “é referência no setor de educação para executivos”; “atende a grandes
organizações”; “possui alianças e parcerias internacionais”; “é uma instituição de elite”. Este é o
segundo cluster mais significativo.
O cluster Escuta Comprometida apresentou média significativamente superior (p<0,05) a
Construção do Conhecimento e a Desempenho Financeiro. Escuta Comprometida (“trabalha
com as organizações e não para”; “desenvolve soluções específicas para cada cliente”; “age com
rigor em seus princípios e valores”; possui parcerias com empresas clientes) apresentou média
4.15, numa escala de 5.0. Podemos afirmar que é significativo o número de funcionários e
professores que consideram que a FDC age de acordo com esses atributos.
O cluster Construção do Conhecimento (“adota soluções inovadoras”; “busca o equilíbrio entre
teoria e prática”; “ professores que utilizam o conhecimento aplicado”; “adota padrões e modelos
255
internacionais”) indica moderada concordância e o cluster Desempenho Financeiro apresenta
grau de concordância significativamente inferior aos demais, apontando que professores e
funcionários não percebem a instituição como sendo de “altos resultados financeiros”.
GRÁFICO 3:
Médias Dimensão APOI_C versus vínculo
4,44
4,33
4,20
3,88
3,34
4,53
4,54
4,11
3,93
3,64
4,04
4,15
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
5,00
RZS DI EC APOI_C CC DF
Clusters
Média
Funcionários
Professores
FONTE: dados da pesquisa
Os resultados do teste-t mostraram que as médias dos clusters Diferenciação e Desempenho
Financeiro são estatisticamente superiores (p<0,05) para o grupo de professores (Gráfico 3),
indicando que esse grupo concorda em maior grau que os funcionários. Esses números revelam
que os professores concordam mais com os atributos que compõem o cluster Diferenciação e
consideram, em maior grau que os funcionários, que a FDC possui altos resultados financeiros.
256
Nenhuma outra diferença significativa foi encontrada na comparação entre professores e
funcionários.
GRÁFICO 4:
Médias dos clusters da dimensão APOI_Atratividade
5,00
4,74
4,31
4,46
4,48
4,44
4,50
4,00
3,50
3,41
3,00
2,50
Média
2,00
1,50
1,00
0,50
0,00
RZS APOI_A EC DI CC DF
FONTE: dados da pesquisa
As médias referentes aos cinco clusters componentes de APOI Atratividade estão apresentadas no
Gráfico 4. A análise de variância (ANOVA) mostrou que as médias dos clusters da dimensão
“Atratividade da Identidade Projetada – APOI_Att” do público interno da FDC se diferem
estatisticamente (p=0,00). A análise de comparações múltiplas de FISHER mostrou que a média
do cluster Razão de Ser é significativamente superior às médias dos demais clusters (p<0,05),
257
sugerindo que o público interno considera “desenvolvimento de empresas e executivos” um
atributo atrativo.
Em segundo lugar aparece o cluster Escuta Comprometida, com média estatisticamente superior
aos clusters restantes (p<0,05), apontando que professores e funcionários consideram seus
atributos com alto grau de atratividade.
O cluster Desempenho Financeiro apresenta grau de atratividade significativamente inferior aos
demais, indicando que o público interno não considera altos resultados financeiros como atrativo.
Gráfico 5:
Médias dos clusters da dimensão APOI_Atratividade versus vínculo
5,00
4,80 4,80
4,47
4,45
4,50
4,48
4,47
4,46
4,44
4,35
4,31
4,00
3,54
3,38
3,50
3,00
2,50
Média
Funcionários
2,00
Professores
1,50
1,00
0,50
0,00
RZS DI CC EC APOI_A DF
FONTE: dados da pesquisa
258
Os resultados do teste-t não evidenciaram nenhuma diferença estatisticamente significativa
(p>0,05), em nenhum dos clusters da dimensão APOI_Att, entre as médias de professores e
funcionários, o que indica não haver diferença no grau de atratividade percebido por esses dois
grupos (Gráfico 5).
GRÁFICO 6:
Médias dos clusters da dimensão PEP
5,00
4,59
4,50
4,27
4,22
4,12
4,03
3,87
4,00
3,76
3,50
3,00
2,50
Média
2,00
1,50
1,00
0,50
0,00
AE A
T
DF PS PEP V
L
RS
FONTE: dados da pesquisa
A pesquisa quantitativa indicou um valor significativo em sua pontuação, chegando a uma média
de 4,12 em 5,0. A dimensão da percepção do prestígio externo é avaliada em 20 questões, e todas
elas obtiveram uma média superior a três, o que mostra alto grau de percepção positiva. As
259
médias obtidas para os clusters da dimensão Percepção do Prestígio Externo estão apresentadas
no Gráfico 6. Os resultados demonstram que o público interno vê o “olhar de outros” sobre a
FDC de maneira muito positiva, visto apresentarem alto grau de concordância (escala de
referência: 1 a 5) com as afirmativas constantes nos quesitos dessa dimensão.
A análise de variância mostrou que a média do cluster Apelo Emocional é superior (p<0,05) às
demais, indicando que funcionários e professores consideram que as pessoas, externamente, a
admiram e respeitam, além de confiarem nela. Em segundo lugar aparecem Ambiente de
Trabalho e Produtos e Serviços, cujas médias não diferem entre si (p>0,0), e são
significativamente (p<0,05) superiores às médias dos clusters Visão e Liderança, Desempenho
Financeiro e Responsabilidade Social.
Os dados revelam que, na visão de funcionários e professores, a FDC é reconhecida externamente
como uma empresa boa para se trabalhar, com equipe de alta qualificação técnica, que oferece
soluções inovadoras e dá suporte a seus produtos e serviços. Uma avaliação positiva do PEP
indica que há uma forte percepção de que a instituição é bem vista externamente. No caso da
FDC, constatamos que professores e funcionários consideram que a percepção de prestígio
externo é altamente favorável. Em sua opinião o olhar externo é positivo e isso influencia o seu
comportamento.
260
Gráfico 7:
Médias dos clusters da Dimensão PEP versus Vínculo
4,66
4,32
4,33
4,09
3,89
3,73
4,55
4,24
4,16
3,98
3,87
3,80
4,17
4,10
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
5,00
AE AT PS PEP VL DF RS
Média
Funcionários
Professores
FONTE: dados da pesquisa
A comparação efetuada entre professores e funcionários (Gráfico 7) evidenciou que a única
diferença significativa entre esses dois grupos é no cluster Produtos e Serviços. O teste-t mostrou
que a média referente a esse cluster é estaticamente superior (p<0,05) para o grupo de
funcionários, indicando que para esse grupo a imagem externa em relação à qualidade, inovação
e ao valor de produtos e serviços da FDC é maior do que na percepção dos professores.
261
GRÁFICO 8:
Médias de OID por unidade e organização
5,00
4,50
4,03
4,01
4,02
4,00
3,50
3,00
2,50
Média
2,00
1,50
1,00
0,50
0,00
Unidade Geral Organização
FONTE: dados da pesquisa
A dimensão identificação organizacional (OID) analisa o grau de identificação de cada indivíduo
com a organização e com sua unidade de trabalho. Na relação dos funcionários e professores da
FDC com a unidade na qual trabalham e a instituição como um todo, praticamente não há
diferença. (p=0.80). A identificação com a organização obteve um índice de 4,01 e com a unidade
4.03, na escala 5.0. Podemos afirmar que ambos são altos, o que assegura forte identificação de
seus funcionários e professores. (Gráfico 8)
262
GRÁFICO 9:
Identificação Organizacional (OID) versus vínculo
.
5,00
4,50
4,34
4,17
4,26
3,91
4,00
3,81
3,86
3,50
3,0
Média
0
2,50
Funcionários
2,00
Professores
1,50
1,00
0,50
0,00
Organização Unidade Geral
FONTE: dados da pesquisa
O Gráfico 09, apresenta as médias de OID segundo os dois grupos estudados. Os resultados do
teste-t mostraram que tanto em relação à unidade, quanto em relação à organização, as médias de
professores e funcionários se diferem estatisticamente (p<0,05). Os resultados mostraram que, em
todos os casos, os professores apresentaram média estatisticamente inferior à dos funcionários,
indicando que a identificação organizacional é superior para este grupo
263
GRÁFICO 10:
Média dos Clusters da Dimensão do Comportamento de Envolvimento Institucional (CEI)
5,00
4,50
4,03
4,00
3,79
3,67
3,52
3,50
3,34
3,00
2,50
Média
2,00
1,50
1,00
0,50
0,00
LE DC DP CEI EE
FONTE: dados da pesquisa
O Gráfico 10 apresenta as médias referentes aos clusters que compõem a dimensão
Comportamento de Envolvimento Institucional – CEI. Nesta dimensão funcionários e professores
avaliam como vêem o comportamento, considerando a média dos membros da equipe. Observa-
se moderados níveis de concordância com as afirmativas sobre o envolvimento de funcionários e
professores com a organização. A análise de variância mostrou que as médias dos clusters da
dimensão CEI se diferem estatisticamente (p=0,00).
A análise de comparações múltiplas mostrou que a média do cluster Lealdade é
significativamente superior às médias dos demais clusters (p<0,05), obtendo maior índice as
264
questões que avaliam “defendem a organização quando outros empregados a criticam”;
“estimulam amigos e parentes a adquirirem produtos e serviços”; “defendem a instituição quando
pessoas de fora a criticam”.
Em segundo lugar, a média de Desempenho Pessoal apresenta superioridade significativa sobre
Disposição para Colaborar e Estímulo e Encorajamento. No cluster Desempenho Pessoal
avaliam-se questões como: “desempenha suas funções com cuidado especial”; “sempre cumpre
ou adianta o prazo de execução de suas atividades”; “raramente falta ao trabalho, mesmo tendo
uma razão para isso”.
Disposição para Colaborar obteve índice moderado, 3,52, revelando que nem sempre há uma
percepção de que os colegas se dispõem a ajudar uns aos outros, a integrar funcionários novos,
dentre outros quesitos. E o menor índice refere-se ao cluster Estímulo e Encorajamento, com
questões como: “incentiva outros colegas a tentar novas formas e caminhos mais efetivos para
realizar suas atividades”; “estimula colegas a expressem suas idéias e opiniões”, dentre outros
itens. Se compararmos com Desempenho Pessoal e Lealdade, observamos que há maior
comprometimento destes com a instituição e com as atividades específicas de cada funcionário ou
professor, do que com o trabalho e a relação em equipe.
265
GRÁFICO 11:
Médias dos clusters da Dimensão CEI versus Vínculo
4,15
3,80
3,63
3,17
3,95
3,78
3,70
3,46
3,40
3,60
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
5,00
LE DP CEI DC EE
Clusters
Média
Funcionários
Professores
FONTE: dados da pesquisa
A comparação efetuada entre professores e funcionários (Gráfico 9), realizada através do teste-t,
evidenciou haver diferenças significativas, entre esses dois grupos, nas médias dos clusters
Lealdade e Estímulo e Encorajamento. O teste mostrou que a média de Lealdade para o grupo de
funcionários é estatisticamente superior (p<0,05) à média do grupo de professores, demonstrando
que os funcionários defendem a FDC com maior intensidade que os professores. No que diz
respeito a Estímulo e Encorajamento, a média dos professores supera com significância (p<0,05)
a média dos funcionários, demonstrando que professores são mais suscetíveis de prestar ajuda
uns aos outros sem serem demandados.
266
6.5.1. Resultados do Modelo do Estudo 1:
FIGURA 12: Resultados dos Estudo 1
O estudo 1 mostra uma forte influência de PEP em OID (coef.0.75), indicando que a percepção
de prestígio externa afeta a identificação organizacional. Da mesma forma, podemos afirmar que
PEP afeta CEI, revelando que a percepção de prestígio externo afeta o comportamento de
envolvimento institucional. E APOI_Concordância exerce influência em OID, confirmando que
quanto maior o grau de concordância com a identidade projetada, maior a identificação
organizacional. A dimensão APOI_ATT demonstra que a atratividade dos atributos não interfere
267
no comportamento de envolvimento institucional. Os dados a seguir explicitam detalhes do
modelo:
TABELA 4:
Coeficientes de Correlação Linear de Pearson
VARIÁVIES PEP APOI_C APOI_A CEI
Correlação 0,531
APOI_C
Valor-p 0,000
Correlação 0,202 0,261
APOI_A
Valor-p 0,005 0,000
Correlação 0,549 0,432 0,133
CEI
Valor-p 0,000 0,000 0,064
Correlação 0,555 0,438 0,156 0,650
OID
Valor-p 0,000 0,000 0,030 0,000
FONTE: dados da pesquisa
TABELA 5:
Reta de Regressão Ajustada para OID – Modelo 1
Preditor
Coeficiente Estatística T Valor-p
Constante -0,55 -1,04 0,298
PEP 0,75 6,41 0,000
APOI_C 0,34 2,79 0,006
APOI_ATT 0,02 0,23 0,821
R
2
ajustado = 32,6%
FONTE: dados da pesquisa
O coeficiente de correlação de Pearson apresentou-se significativo entre todas as variáveis do
modelo (p=0,00). Com isso, podemos afirmar que há uma relação direta entre todas as variáveis.
No âmbito multivariado, os resultados da análise de regressão do modelo 1 (Tabela 3) mostraram
que a concordância com a identidade projetada (APOI_C) e o prestígio externo (PEP) são
preditores significativos da identificação organizacional (OID). Os efeitos da concordância com a
268
identidade projetada (coef = 0,34 e p=0,00) e bem como o PEP (coef = 0,75 e p=0,00), exercem
influências significativas na OID.
Encontraram-se evidências estatísticas para afirmar que, aumentando-se o grau de concordância
com a identidade projetada e/ou com o prestígio externo, aumenta-se significativamente o grau
de identificação organizacional. Cumpre destacar que a atratividade dos atributos da identidade
projetada não exerce influência significativa na OID (coef=0,02 e p=0,82).
TABELA 6:
Reta de Regressão Ajustada para CEI – Modelo 2
Preditor
Coeficiente Estatística T Valor-p
Constante 0,18 0,43 0,666
APOI_C 0,27 2,79 0,006
APOI_ATT -0,01 -0,15 0,883
PEP 0,59 6,35 0,000
R
2
ajustado = 31,8%
FONTE: dados da pesquisa
No modelo 2 (Tabela 4), verifica-se qual o efeito de APOI_C, APOI_ATT e PEP no
comportamento de envolvimento institucional (CEI). Os resultados mostraram, também nesse
caso, que a concordância com a identidade projetada (coef=0,27 e p=0,00) e a percepção de
prestígio externo (coef=0,59 e p=0,82) exercem efeito significativo no CEI. Encontraram-se
evidências estatísticas para se afirmar que ações, que acarretem aumentos em APOI_C e PEP,
provocarão, na organização, crescimento significativo no comportamento de envolvimento
institucional . A dimensão APOI_ATT não se mostrou significativa (coef=-0,01 e p=0,88) na
predição de CEI.
269
TABELA 7:
Reta de Regressão Ajustada para CEI incluindo OID – Modelo 3
Preditor
Coeficiente Estatística T Valor-p
Constante 0,39 1,05 0,296
APOI_C 0,14 1,63 0,106
APOI_ATT -0,02 -0,29 0,773
PEP 0,31 3,39 0,001
OID 0,38 7,45 0,000
R
2
ajustado = 47,0%
FONTE: dados da pesquisa
A Tabela 7 (modelo 3) inclui OID como preditora de CEI. Os resultados da análise de regressão
mostraram que, neste caso, tanto concordância com a identidade projetada (coef=-0,14 e p=0,11)
como atratividade (coef=-0,02 e p=0,77) não exercem influência significativa em CEI. Na
verdade, isto significa que o impacto do APOI_C em CEI é incorporado por OID (coef=-0,38 e
p=0,00). Em síntese, foram encontradas evidências para afirmar que aumentos gerados no grau de
percepção do prestígio externo (coef=-0,31 e p=0,00) e no nível de identificação organizacional
acarretarão aumentos significativos no nível de comportamento de envolvimento institucional.
No estudo 1, confirmamos o que é apresentado na teoria sobre identidade projetada, percepção de
prestígio externo, identificação organizacional e comportamento de envolvimento institucional.
No caso específico da FDC, constatamos que o público interno considera que seus atributos
divulgados externamente são atrativos. Isso demonstra que, na visão dele, a FDC tem procurado
fortalecer atributos que lhe assegurem distintividade. Há também um alto índice de concordância
com os atributos projetados, apontando expressivo alinhamento entre ações e comportamentos
internos e sua divulgação. Isso contribui de forma significativa para maior identificação, como
podemos comprovar no modelo. Na medida em que cresce o grau de concordância com os
atributos projetados, cresce também a identificação com a organização.
Os resultados descrevem também que a atratividade dos atributos não interfere no
comportamento de envolvimento institucional. O que o público interno considera significativo é
se a FDC age de acordo com seus atributos.
270
Outro aspecto que afeta diretamente a identificação organizacional é a percepção de prestígio
externo, cujos números demonstraram que, na visão de funcionários e professores, a FDC tem
uma imagem forte e positiva externamente. O modelo indica que há uma forte influência da
percepção do prestígio externo (PEP) na identificação organizacional (OID). Isso demonstra que
o grau de percepção que os funcionários têm de sua reputação exerce forte influência na sua
relação com a organização.
6.6 Pesquisa Quantitativa: As Percepções de Empresas-Clientes e Executivos
Estudo 2
A pesquisa quantitativa, no estudo 2, com
empresas-clientes e executivos teve como
propósito avaliar a reputação da FDC e a
influência que a identidade projetada exerce sobre
ela. O modelo de pesquisa constou da análise do
grau de concordância e atratividade com os
atributos projetados e a reputação da FDC.
Na definição da amostra, trabalhamos com uma amostra de 174 questionários para empresas-
clientes e 551 de executivos, num total de 725. A tabela 8 apresenta as estatísticas descritivas das
variáveis do modelo: resultados da média, desvio padrão e coeficiente de variação para cada
dimensão da reputação, concordância e atratividade da identidade projetada e seus respectivos
clusters.
271
TABELA 8
Estatísticas Descritivas das Variáveis do Estudo 2
Dimensão Média
Desvio
Padrão
Coeficiente
de Variação
(%)
1. Reputação 6,29 0,46 7,25
3.1 Apelo Emocional - EA 6,59 0,58 8,75
3.2 Desempenho Financeiro - DF 6,16 0,53 8,66
3.3 Produtos e Serviços – PS 6,19 0,62 10,01
3.4 Visão e Liderança – VL 6,26 0,57 9,06
3.5 Ambiente de Trabalho – AT 6,33 0,58 9,08
3.6 Responsabilidade Social - RS 6,23 0,60 9,56
2. Concordância com a Identidade Projetada – APOI_C 4,18 0,43 10,22
1.1 Construção do Conhecimento - CC 4,14 0,52 12,62
1.2 Razão de Ser - RZS 4,54 0,62 13,57
1.3 Escuta Comprometida - EC 4,21 0,55 13,06
1.4 Diferenciação - DI 4,39 0,50 11,40
1.5 Desempenho Financeiro 3,60 0,72 19,92
3. Atratividade da Identidade Projetada – APOI_Att 4,33 0,46 10,59
1.1 Construção do Conhecimento - CC 4,39 0,51 11,67
1.2 Razão de Ser - RZS 4,76 0,55 11,59
1.3 Escuta Comprometida - EC 4,43 0,53 11,93
1.4 Diferenciação - DI 4,38 0,54 12,42
1.5 Desempenho Financeiro 3,66 0,93 25,38
Verifica-se que, na dimensão reputação, a média obtida foi de 6,29 (escala de referência: 1,0 a
7,0), revelando ser significativamente alto o grau de reputação percebido pelo público externo em
relação a FDC.
Os resultados apontam também que é significativamente alto o grau de concordância e
atratividade da identidade projetada junto aos stakeholders externos, apresentando uma média
superior a 4,0 (escala de referência: 1,0 a 5,0).
272
Podemos afirmar que empresas-clientes e executivos demonstram um alto grau de concordância
com a identidade projetada, além de considerá-la atrativa. O teste-t mostrou que a média de
atratividade (4,33) é estatisticamente superior (p=0,00) à média de concordância (4,18),
indicando que o grau de atratividade da identidade projetada, para o público externo, é superior à
concordância.
GRÁFICO 12
Dimensão Reputação
7,00
6,59
6,33
6,19
6,29
6,26
6,23
6,16
6,00
5,00
4, 0 0
Média
3,00
2,00
1,00
0,00
AE A
T
PS Reputação V
L
RS DF
FONTE: Dados da pesquisa
As médias obtidas para cada cluster dessa dimensão estão apresentadas no Gráfico 12. A análise
de variância mostrou que as médias dos clusters da dimensão Reputação se diferem
estatisticamente (p=0,00). As comparações múltiplas de FISHER mostraram que o cluster Apelo
Emocional (mede o quanto as pessoas gostam, admiram e respeitam a organização) possui média
273
significativamente superior (p<0,05) aos demais. Ambiente de Trabalho (bom local para
trabalhar, bons empregados, justiça em relação aos empregados) aparece significativamente
(p<0,05) em segundo lugar, mostrando que os quesitos desse cluster destacam-se em relação aos
restantes.
O cluster Desempenho Financeiro apresentou média significativamente inferior (p<0,05) aos
demais. Os seis clusters (apelo emocional, ambiente de trabalho, visão e liderança,
responsabilidade social, produtos e serviços e desempenho financeiro) apresentam índice superior
à 6.0, o que demonstra uma reputação altamente positiva na visão de empresas-clientes e
executivos. Observa-se um equilíbrio entre as percepções, o que nos leva a concluir que, em
todos os aspectos que direcionam para a construção de uma reputação, a FDC tem atendido às
expectativas das empresas-clientes e executivos, sobressaindo-se significativamente. È
importante destacar que a análise da reputação da FDC, na pesquisa quantitativa, difere da
qualitativa. Na pesquisa quantitativa analisamos várias questões dentro de cada um dos clusters, o
que justifica, por exemplo, um valor menor para produtos e serviços. Na qualitativa, as perguntas
possibilitaram aos entrevistados apresentar mais de uma resposta e/ou comparar fatores.
Com relação à comparação do nível de reputação percebida entre empresas (6,30) e executivos
(6,29), não se encontrou evidência estatística (p=0,87) para se afirmar que a percepção de
reputação difere entre esses dois grupos.
GRÁFICO 13
Comparação entre os clusters da dimensão APOI_Concordância
5,00
4,54
4,39
4,50
4,14
4,21
4,18
4,00
274
FONTE: Dados da pesquisa
As médias referentes aos cinco clusters do APOI_ Concordância estão descritas no Gráfico 13. A
análise de variância (ANOVA) mostrou que as médias dos clusters da dimensão “Concordância
com a Identidade Projetada – APOI_C” dos stakeholders externos diferem-se estatisticamente
(p=0,00).
A análise de comparações múltiplas de FISHER revelou que a média do cluster Razão de Ser é
significativamente superior à média dos demais clusters (p<0,05), indicando que o maior grau de
concordância dos stakeholders externos é com o fato de que a FDC age predominantemente no
sentido de desenvolver executivos e organizações.
Em segundo lugar aparece o cluster Diferenciação, com média estatisticamente superior aos
clusters restantes (p<0,05), sugerindo que o segundo maior grau de concordância dos públicos
externos dá-se em relação aos atributos de diferenciação (parcerias e alianças internacionais;
instituição de elite; atende a grandes empresas; e referência no setor de educação para
275
executivos). Podemos afirmar que empresas-clientes e executivos reconhecem na FDC uma
instituição que é referência no setor, com foco em grandes empresas, sendo considerada de elite,
tendo parcerias e alianças internacionais.
O cluster Escuta Comprometida obteve o terceiro índice, com uma pontuação 4,21 numa escala
de 5.0, o que confirma a percepção de clientes e empresas em relação aos aspectos “trabalha com
organizações e não para ”; “desenvolve soluções específicas para cada cliente”; “age com rigor
em seus princípios e valores”; “possui parcerias e alianças com empresas clientes”. Os números
descrevem que empresas-clientes e executivos reconhecem uma postura de escuta comprometida.
Em relação à Construção do Conhecimento - cluster que avalia “ adota soluções educacionais
inovadoras”; “busca o equilíbrio entre teoria e prática”; “professores que utilizam o
conhecimento aplicado”; “adota padrões e modelos internacionais”- a percepção também é
altamente significativa, com índice de 4.14 na escala de 5.0
O cluster Desempenho Financeiro apresenta grau de concordância significativamente inferior aos
demais, indicando que os stakeholders externos não consideram que a
FDC seja uma instituição de altos lucros o que reafirma o índice de desempenho financeiro da
reputação.
GRÁFICO 14
Comparação entre os clusters da dimensão APOI Atratividade
5,00
4,76
4,33
4,50
4,39
4,43
4,38
4,00
366
276
FONTE: dados da pesquisa
O Gráfico 14 apresenta as médias referentes aos clusters que compõem a dimensão
APOI_Atratividade. A análise de variância mostrou que as médias dos clusters da dimensão
“Atratividade da Identidade Projetada – APOI_ATT” dos stakeholders externos se diferem
estatisticamente (p=0,00).
A análise de comparações múltiplas mostrou que, também nessa dimensão, a média do cluster
Razão de Ser é significativamente superior às médias dos demais clusters (p<0,05), indicando
que empresas-clientes e executivos consideram atrativo o atributo “desenvolvimento de empresas
e executivos”. Escuta Comprometida, Construção do Conhecimento e Diferenciação não
apresentaram diferenças estatisticamente significativas, indicando que o grau de atratividade
desses clusters não se diferem.
277
O cluster Desempenho Financeiro apresenta grau de atratividade significativamente inferior aos
demais, indicando que os públicos externos não percebem a atratividade desse quesito.
GRÁFICO 15
Comparação da dimensão APOI entre Empresas x Executivo
5,00
4,43
4,50
4,16
4,30
4,25
4,00
3,50
3,00
2,50
Média
Executivos
Empresas
2,00
1,50
1,00
0,50
0,00
APOI_AT
T
APOI_C
FONTE: Dados da pesquisa
O teste-t mostrou que a diferença observada entre as médias de executivos e empresas (Gráfico
15), tanto na dimensão APOI_C quanto na APOI_ATT são estatisticamente significativas, p=0,02
e p=0,00 respectivamente. Esses resultados revelam o fato de que tanto a concordância, como a
atratividade, na percepção das empresas, é significativamente superior à concordância e
atratividade na percepção dos executivos. Isso chama a atenção, uma vez que as empresas-
clientes possuem um relacionamento mais estreito com a instituição, o que nos leva a concluir
278
que, na medida em que as pessoas conhecem melhor a instituição, maior será o grau de
concordância com seus atributos e melhor a análise de sua atratividade.
GRÁFICO 16
Comparação da dimensão APOI Concordância e Atratividade
entre Público Externo e Público Interno
O Gráfico 4
apresenta as média obtidas para a dimensão APOI nos públicos interno e externos.
5,00
4,50
4,31
4,38
4,18
4,10
4,00
3,50
3,00
FONTE: dados da pesquisa
Os resultados do teste t-student mostraram que o grau de concordância com a identidade
projetada é superior no público externo (p=0,03). Isto é, as empresas e os executivos
demonstraram maior grau de concordância com os quesitos da identidade projetada do que o grau
de concordância manifestado pelo público interno. Com relação à atratividade, não encontraram-
se evidências estatísticas para afirmar haver diferenças significativas entre os públicos interno e
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
Média
Externo
Interno
APOI_C APOI_A
279
externo (p=0,11). Cumpre ressaltar que, tanto no público interno, quanto no externo, foram
observados alto grau de concordância e de atratividade com a identidade projetada (médias
superiores a 4,0).
GRÁFICO 17
Análise Conjunta de Reputação e PEP
7,00
6,59
6,33
6,19
6,29
6,26
6,23
6,16
6,00
5,00
4,00
Média
3,00
2,00
1,00
0,00
AE A
T
PS Reputação V
L
RS DF
FONTE: dados da pesquisa
GRÁFICO 18
Dimensão PEP
280
4,66
4,32
4,33
4,09
3,89
3,73
4,55
4,24
4,16
3,98
3,87
3,80
4,17
4,10
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
5,00
AE AT PS PEP VL DF RS
Média
Funcionários
Professores
FONTE: dados da pesquisa
Não há como fazer uma comparação entre reputação e PEP uma vez que tratam-se de fenômenos
distintos: reputação avaliou as percepções consolidadas da FDC, ao longo dos anos, e PEP
analisou como o público interno acha que seja essa reputação. Nesse sentido, faremos uma leitura
conjunta, embora independente. A escala da reputação é de 7.0 e de PEP 5.0. Na reputação e no
PEP os maiores índices foram para Apelo Emocional e Ambiente de Trabalho. Isso significa que
o público externo avalia melhor a FDC nesses dois clusters e o público interno considera que
esses são os dois clusters em que o público externo avalia melhor a FDC. Ou seja, o público
interno sabe exatamente em que aspectos o público externo avalia melhor a FDC. Na análise de
reputação, os quatro clusters seguintes não apresentam índices que revelem uma diferença
significante. Para estes, a FDC tem uma reputação avaliada entre 6.16 e 6.26. Na análise de PEP,
281
o público interno considerou que a dimensão responsabilidade social deveria ter o menor índice
na percepção externa.
6.6.1 Resultados do Modelo do Estudo 2:
Coef: 0,36
P-value: 0,00
Coef: 0,23
P-value: 0,00
Reputação
APOI_ATT
APOI_C
FIGURA 13: Resultados dos Estudo 2
FONTE: dados da pesquisa
TABELA 9
Resultados do Modelo de Regressão
282
Preditores Coeficientes T P
Constante 3,79 23,03 0,00
APOI_C 0,36 9,11 0,00
APOI_ATT 0,23 6,15 0,00
R2-ajustado = 24,3%
Os coeficientes de correlação de Pearson entre APOI_C e Reputação (45,3%) e APOI_Att e
Reputação (49,7%) mostraram-se estatisticamente significativos (p=0,00). No âmbito
multivariado, os resultados da análise de regressão (Tabela 9 e Figura 13) mostraram que os
efeitos da concordância (coef = 0,36 e p=0,00) com a identidade projetada, e com a atratividade
(coef = 0,23 e p=0,00), exercem influências significativas na reputação. Encontraram-se
evidências estatísticas para se afirmar que aumentos ocorridos no grau de concordância e/ou
atratividade com a identidade projetada acarretarão aumentos significativos no nível da reputação
percebida.
6.7 Comparando as Percepções Internas e Externas
As análises dos estudos 1 e 2 permitem-nos algumas conclusões sobre os fenômenos da
identidade projetada e reputação, comparando-se os resultados das pesquisas qualitativas,
quantitativas e o que mostram as perspectivas teóricas.
No estudo 1, trabalhamos com os conceitos de identidade projetada, percepção de prestígio
externo, identificação organizacional e comportamento de envolvimento institucional, na
percepção do público interno. No estudo 2, analisamos identidade projetada e reputação, na visão
dos públicos externos.
283
Na etapa de consolidação dos dez atributos mais representativos, de acordo com as visões da alta
administração, o presidente destacou alguns que não constam da lista de 56 atributos explicitados
no material que projeta a identidade da FDC, mas que, na sua percepção, são atributos que
definem a instituição. Para ele, o principal atributo da FDC é ser útil, servir a sociedade.
Destacou também espírito de cooperação; capacidade de buscar atingir o que lhe parece
impossível (citado em apenas um dos materiais pesquisados); autonomia dos funcionários,
criando sentimento de propriedade em relação à instituição; capacidade de leitura do ambiente,
permitindo à instituição efetuar mudanças necessárias, e audácia.
Os outros quatro atributos indicados coincidiram com o que aparece no material de divulgação e
com os que foram distinguidos por outros membros da alta administração.(rigor em seus
princípios e valores; trabalha com e não para as empresas, equilíbrio entre teoria e prática,
alianças com instituições internacionais). Além desses, o presidente destacou internacionalização,
flexibilidade, valorização das pessoas e compartilhamento de conhecimento, que constam do
material de divulgação, fazendo parte dos 56 atributos, mas não foram elencados como os mais
significativos.
A teoria indica que, em geral, a visão do presidente, em relação aos atributos que definem a
identidade, são os mesmos explicitados no material de divulgação. Nesta pesquisa não foi
possível avaliarmos se essa é apenas a visão do presidente, se outros membros identificam esses
atributos, se estes fazem ou não parte da identidade da organização. Podemos afirmar que não
fazem parte da identidade projetada através dos seus meios de divulgação.
Na pesquisa qualitativa para análise dos atributos com o público interno - professores e
funcionários - evidenciamos o alto grau de concordância com os atributos projetados, o que foi
confirmado posteriormente na pesquisa quantitativa, tanto com o público interno, quanto com o
284
público externo. Existe uma percepção muito significativa de que o comportamento e ações da
instituição são coerentes com o que ela divulga sobre si mesma. Esse alinhamento é importante
em vários aspectos.
Do ponto de vista interno, quando é forte a concordância com os atributos projetados, os
funcionários se identificam mais com a organização, aumentando também o seu grau de
envolvimento. No estudo 1, comprovamos pelo modelo que, quando a concordância com a
identidade aumenta, isso gera um impacto expressivo na identificação organizacional No caso da
FDC há uma forte concordância, tanto de funcionários, quanto de professores. Como
conseqüência constatamos que há, por parte de ambos, uma forte identificação com a instituição.
Os dados demonstraram também que não há alteração significativa entre a identificação com a
Unidade e com a Organização. Em ambos os casos os números se equivalem, sendo
representativos. Podemos afirmar que o resultado positivo nessas dimensões indica também que
há, por parte de ambos os segmentos, sentimentos de que os atributos institucionais se
assemelham aos individuais, como apresentado nos estudos teóricos. Existe uma tendência maior
de as pessoas concordarem mais com os atributos que elas, individualmente, considerem
semelhantes às suas próprias características. Há tamm uma concordância maior, quando
percebem que os atributos têm maior valor social.
Em relação ao público externo, podemos afirmar que, quanto maior a concordância com os
atributos projetados, melhor é a reputação da instituição. Na medida em que as pessoas percebem
que há uma “verdade” entre aquilo que a empresa divulga e o que ela “faz”, isso contribui
significativamente para a melhoria de sua imagem e, conseqüentemente, de sua reputação. Na
análise dos dados, constatamos que empresas-clientes e executivos não diferem em suas
percepções sobre a identidade projetada da FDC. Em relação à atratividade dos atributos
285
projetados, tanto o público interno quanto o externo consideram que eles têm apelo externamente,
o que contribui para assegurar à instituição maior distintividade.
Os dados demonstraram, também, que o público externo (4.18) tem um índice de concordância
com os atributos projetados um pouco superior ao do público interno (4.10). Um aspecto que
pode influenciar este resultado é a constatação de um senso crítico maior por parte de
funcionários e professores que, por participarem do dia-a-dia da instituição, têm uma expectativa
de um maior alinhamento. Na análise da pesquisa qualitativa com funcionários e professores
foram apontados alguns aspectos nos quais eles consideram ser preciso um alinhamento maior
entre o projetado e as ações e comportamentos implementados. (capítulo 6.3.)
A análise da dimensão de percepção de prestígio externo é muito importante para se comparar
com a reputação. Ou seja, qual é a visão do público interno sobre o “olhar externo” e qual é
realmente o “olhar externo”? Os dados de PEP revelam que o público interno considera que a
FDC é bem vista externamente, o que foi confirmado com a pesquisa de reputação. Nos estudos
teóricos observamos uma forte influência da reputação na auto-estima do público interno, que
sente orgulho quanto a instituição é bem vista na percepção externa. Vários autores argumentam
que a percepção do prestígio externo afeta a identificação organizacional e que os membros da
organização sentem-se orgulhosos de pertencer a uma organização, quando acreditam que esta
possui características socialmente valorizadas. No caso da FDC, os dados indicam que há uma
forte percepção de que a instituição é considerada de forma positiva externamente e nas análises
constatamos um índice de 0.75 de interferência de PEP na identificação organizacional,
considerado altamente significativo.
Podemos afirmar que quanto melhor a percepção da imagem externa, maior a identificação do
público interno. Isso ficou evidente nos depoimentos da pesquisa qualitativa: “as pessoas
286
consideram que quem trabalha na FDC é inteligente”, “falar que é da FDC dá status”. Os
discursos revelam que a percepção do prestígio externo impacta fortemente a identificação com a
instituição, ao mesmo tempo que contribui para valorizá-los. Nesse sentido podemos afirmar que
quanto maior a reputação e a percepção de prestígio externo, maior o fortalecimento das relações
funcionários e professores com a instituição.
Na análise da dimensão reputação, junto ao público externo, os dados demonstraram índices
altamente significativos, no geral, obtendo-se 6.29, numa escala de 7.0. Os dados revelam que os
entrevistados consideram que a FDC tem forte apelo emocional, sendo admirada, respeitada e de
confiança; é percebida como instituição que tem qualidade de produtos e serviços, visão e
liderança, bom ambiente de trabalho e responsabilidade social. Todos os fatores obtiveram
índices superiores a 6.0.
Na pesquisa qualitativa, o aspecto considerado mais importante para a formação de sua reputação
foi produtos e serviços, seguido por visão e liderança. O aspecto a respeito do que demonstraram
menor conhecimento foi responsabilidade social. Na pesquisa quantitativa responsabilidade
social obteve um índice alto. Podemos inferir que as questões do “quociente de reputação” focam
em uma visão mais genérica: “é uma instituição que atua com responsabilidade social”, sem
explicitar o que e como se concretiza. Já na pesquisa qualitativa deu-se mais espaço para que os
participantes demonstrassem pouca informação sobre as atividades da FDC em responsabilidade
social, embora reconheçam este quesito como fator importante para sua imagem.
A dimensão identificação organizacional, pesquisada junto ao público interno, foi considerada
significativa, com 4.02. Como apresentado no marco teórico, a concordância com a identidade
projetada pode ser um fator de mediação entre o processo de construção da imagem externa e a
identificação organizacional. No caso específico da FDC, podemos concluir que a concordância
287
com identidade projetada é fator mediador entre a construção da imagem e a identificação
organizacional. Como afirmamos, na medida em que funcionários concordam com as
características projetadas, aumenta também o nível de identificação destes com a organização.
Aumentando o nível de identificação, os funcionários integram-se mais com a organização,
aumenta o seu comportamento de envolvimento institucional e eles valorizam mais a
organização. Quando os funcionários têm maior identificação, eles contribuem para projetar uma
imagem externa favorável que reflete na reputação a qual, por sua vez, retorna à organização na
percepção do prestígio externo. Na FDC, professores e funcionários possuem forte identificação
com a instituição.
A dimensão comportamento de envolvimento institucional obteve resultado moderado de 3.67.
Essa dimensão avalia o comportamento de funcionários e professores em relação às atividades
que não fazem parte do contrato formal de trabalho e para as quais não há recompensas
estabelecidas. Embora os dados revelem que há uma lealdade por parte deles, em relação à defesa
da instituição, os itens relacionados a trabalho cooperado e interação de equipe não
demonstraram os mesmos índices das outras dimensões do modelo. A pesquisa realizada não nos
permite analisar as razões para esses resultados.
O aspecto mais importante deste estudo foi a comprovação da existência de uma forte relação
entre a identidade projetada e a reputação, mostrando a importância de uma maior concordância,
por parte dos stakeholders com o que a empresa divulga, uma vez que isso gera efeitos na
percepção que eles constroem sobre a organização.
Outro aspecto fundamental é que haja um alinhamento entre a percepção interna e externa sobre a
instituição, o que revelaram os estudos sobre a FDC, demonstrando que um claro balizamento
entre ambas as percepções colabora para a construção de uma reputação positiva.
288
6.8 Visão Geral sobre Reputação
Mesmo não sendo parte do modelo de pesquisa, incluímos duas questões, na pesquisa qualitativa,
sobre fatores que constroem reputação nas percepções de empresas-clientes e executivos. A
primeira, pedia que avaliassem, entre os cinco fatores - produtos e serviços, ambiente de trabalho,
visão e liderança, responsabilidade social - quais seriam mais importantes para a reputação de
uma organização. (Apelo emocional não entrou porque só pode ser considerado a partir das
questões compõem a análise sobre admiração, confiança e respeito). A segunda questão, pedia
que indicassem apenas uma dimensão que considerassem mais importante. Os gráficos, a seguir,
demonstram suas percepções:
GRÁFICO 19
289
A Reputação na visão de Empresas-Clientes e Executivos
6,09
6,14
6,28
6,31
6,73
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
5,00
5,50
6,00
6,50
7,00
7,50
Produtos e servos Visão e liderança Desempenho financeiro Responsabilidade social e
com meio ambiente
Ambiente de trabalho
fatores
Grau médio de importância
FONTE: dados da pesquisa
A análise de comparações entre os cinco fatores revelam que todos foram considerados
significativamente importantes, com índices superiores a 6.0. Os dois primeiros fatores -
produtos e serviços e visão e liderança - foram os mesmos destacados na pesquisa qualitativa da
FDC. Não há como compararmos os resultados destes fatores com a análise quantitativa da
reputação da FDC, porque nesta pergunta, o entrevistado avalia o fator específico, sem analisar as
questões que compõem cada cluster, o que é feito na avaliação da reputação da FDC, utilizando a
metodologia do “Quociente de Reputação”.
GRÁFICO 20
290
Fator mais importante para a Reputação
Visão Empresas-clientes e Executivos
4,37
10,92
11,94
17,61
55,17
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
40,00
45,00
50,00
55,00
60,00
Produtos e serviços Visão e liderança Responsabilidade social e
com meio ambiente
Desempenho financeiro Ambiente de trabalho
fatores
Percentual (%)
Nesta questão os entrevistados apontam, dentre os cinco fatores, qual consideram mais
importante para a reputação. Para 55,17% dos entrevistados o item produtos e serviços ressalta-se
em relação a todos os demais. Na visão das empresas e clientes e executivos, o segundo fator,
visão e liderança, obteve 17.61% de respostas. Se somarmos os dois fatores vamos observar que
produtos e serviços e visão e liderança, representam 72.78%, o que os coloca como determinantes
para a reputação. Os fatores responsabilidade social (11.94%) e desempenho financeiro(10.92%)
embora sejam considerados fatores que influenciam a reputação, (gráfico 19), não são
considerados como os mais importantes. Ambiente de trabalho (4.37%) foi o que obteve a menor
291
média de indicação como fator mais importante para a construção da reputação. Também nesse
fator podemos considerar que, embora afete a reputação, na visão dos entrevistados o ambiente
de trabalho é o fator que obteve a menor pontuação.
Os números dos gráficos 19 revelam que os cinco fatores são considerados altamente
significativos para a construção da reputação e o gráfico 20 permite-nos avaliar, num certo
sentido, a ordem de importância dada a cada um dos fatores.
292
PARTE III – CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
7 CONCLUSÕES
Para analisarmos os conceitos simbólicos de identidade e reputação fizemos escolhas
epistemológicas no sentido de analisá-los como fenômenos performáticos limitados ao contexto
organizacional. O recorte revelado no espaço organizacional, restringe ambos os conceitos mas,
por outro lado, permite-nos examiná-los em uma leitura de discursos, sem rótulos incisivos. Em
nossa pesquisa consideramos somente uma categorização: a da organização e seu
relacionamento no ambiente social, com públicos denominados prioritários.
Como questão principal centramos em quais são os impactos da identidade projetada sobre a
reputação da organização, na percepção dos públicos internos e externos?
Entendemos a reputação como resultado de um processo de construção simbólica, entre diversos
atores sociais, destacadamente a organização e seus principais públicos de relacionamento. A
reputação representa para as organizações um crédito de confiança adquirido através de suas
ações ao longo dos anos, estando esse crédito associado a um bom nome, familiaridade, boa
vontade, credibilidade e reconhecimento. E hoje, cada vez mais, as organizações procuram ser
percebidas de forma positiva, distintiva e de valor, diante de grupos sociais, com os quais, direta
ou indiretamente, mantêm relações em seu ambiente social.
A identidade projetada compreende os sinais explícitos e implícitos através dos quais a
organização expressa seus atributos-chave a seus stakeholders internos e externos por meio de
seu processo de comunicação corporativa.
A identidade projetada e a reputação de uma organização, como processo de construção social,
estabelecem-se através da relação entre organização e seus públicos, que operam em espaços de
disputas de criação de sentido. Espaços sociais e políticos em que os diversos atores engendram a
representação de uma realidade ou de um simulacro da organização. Não importa quão “real”
seja, o valor está na percepção.
Uma pergunta que antecede o entendimento da relação identidade projetada e reputação é qual a
sua importância para as organizações? Ou de que forma isso afeta o desempenho organizacional?
293
Numa visão simplista, podemos afirmar que uma das principais mudanças da contemporaneidade
tem sido a valorização do simbólico. Só para ilustrar, a marca Coca-Cola, considerada a mais
valiosa do mundo, foi avaliada pela Interbrand, em 2004, no valor de U$ 67.39 bilhões. Como a
marca de um produto, a reputação de uma organização é um recurso intangível que assegura
vantagem competitiva, fortalece seus relacionamentos e garante sustentabilidade ao negócio.
Nos últimos anos temos visto grande parte das organizações investirem recursos e tempo em suas
funções técnicas, transformando estruturas organizacionais, trabalhando processos de
reengenharia, implantando balanced scored card, dentre várias tecnologias gerenciais que
contribuem para lhes dar maior efetividade.
No entanto, poucas são as organizações que de forma efetiva vêm transformando seus aspectos
humanos e relacionais. Algumas aderiram ao discurso e não à prática. Outras definiram estes
aspectos como tarefas e transferiram a responsabilidade de cuidar destes assuntos às áreas de
Recursos Humanos, Comunicação, Marketing. Um número pequeno de organizações
incorporou-os como essenciais ao processo de gestão.
O cenário de maior competitividade, de aumento de oferta de produtos e serviços, de tecnologias
semelhantes, dentre outros fatores, de certa forma, torna difícil a percepção de valor,
distintividade e unicidade das organizações. E, como conseqüência dessa pressão, as
organizações dependem ainda mais de maior visibilidade e credibilidade, reforçando o foco da
atenção nos aspectos simbólicos de suas atividades.
Na sociedade atual, as organizações precisam contar com vantagens competitivas sustentáveis,
resultado do que possuem de relevante, capaz de lhes assegurar diferenciação. Produtos e
serviços, relação custo e benefício, tecnologias, processo de gestão, estruturas organizacionais,
alianças e parcerias podem representar diferenças significativas entre organizações. São recursos
294
concretos, fáceis de serem demonstrados, perceptíveis na relação direta com stakeholders e, na
grande maioria das vezes, imitáveis ou passíveis de serem comprados ou trocados. E, por isso
mesmo, têm-se mostrado frágeis e difíceis de serem mantidos como fator de sustentabilidade a
longo prazo. Nesse sentido, os recursos intangíveis vêm se transformando em um dos principais
aspectos no processo de gestão organizacional. Estudos recentes apontam dois destes recursos
como fundamentais: o conhecimento dos funcionários e a reputação.
As pesquisas demonstram que uma boa reputação afeta decisão de compra, facilita negociações,
melhora desempenho financeiro, inibe a entrada de novos entrantes, influencia decisão de
investimentos, afeta contratação, comprometimento e estabilidade dos empregados, reduz o custo
de transações, dentre outros aspectos. Observamos que não apenas uma área ou setor se beneficia
de uma forte reputação; os reflexos são para a empresa como um todo. E esta é uma via de mão
dupla: reputação melhora a relação da empresa com seus stakeholders e, na medida em que a
instituição fortalece seu relacionamento com públicos prioritários, isso afeta diretamente sua
reputação. A reputação posiciona a organização de forma privilegiada no mercado, permitindo-
lhe obter melhores recursos em condições mais favoráveis
E por isso, torna-se essencial que as organizações adotem comportamentos e desenvolvam ações
estratégicas que, intencionalmente, contribuam para criar e consolidar uma reputação, ao longo
dos anos. No entanto, como reputação é resultado de percepções coletivas e a organização é
apenas um dos atores deste processo, ela tem controle limitado de um recurso que lhe é próprio.
A ela compete gerenciar, da forma mais efetiva, o seu papel dentro deste contexto.
Dentro do mesmo espaço simbólico da reputação, inclui-se a identidade projetada, que é uma das
formas utilizadas pela organização para construção de sentido acerca de quem é, como atua, o
que lhe é distintivo, quais são suas competências, quais são seus valores, sua missão. E, nesse
processo, ela pode e deve atuar de forma deliberada, intencional e pró-ativa.
295
Reputação e identidade projetada interagem e se inter-relacionam com cultura, identidade e
imagem organizacionais, as quais, como expressões sociais, atuam num mesmo espaço de criação
e renovação de intercâmbio simbólico.
Como pontos de discussão desta pesquisa, muito mais do que de conclusão, pretendemos indicar
alguns elementos que demonstram como a compreensão, análise e gestão da identidade e
reputação podem significar relevantes desafios e resultados na relação da organização com seu
ambiente social.
Nos estudos sobre identidade, marca, imagem e reputação, algumas discussões são recorrentes
nas áreas de marketing, comunicação e estratégia. Entre elas, enumeram-se as seguintes: em que
medida os diversos stakeholders levam em consideração o comportamento da organização, seja
para uma decisão de compra de produto, para um investimento, para buscar emprego, para
recomendar seus serviços ou produtos? Quais são as reações dos stakeholders diante de
determinadas informações, ou como se dá o processo de busca e processamento de informações?
Qual o grau de persuasão que se consegue com determinado tipo de informação e que tipo de
associação as pessoas fazem diante de informações diferentes? Em que grau a experiência direta
com produto e/ou serviço afeta a percepção no sentido positivo ou negativo e até onde o
comportamento da organização atua diante da diversidade de marcas ofertadas?
As respostas não são simples e as evidências indicam caminhos diversos. No entanto, podemos
afirmar que há, por parte das organizações, uma preocupação em projetar-se no espaço público
em condições que lhes assegurem distintividade e atratividade. E a escolha dos atributos da
identidade e sua projeção tornam-se fatores determinantes e estratégicos. Como se projetar
interna e externamente, quais atributos devem ser salientados para que se mostre a organização de
forma atrativa, qual a coerência necessária entre as ações da organização e os atributos
comunicados?
296
Quando falamos de atributos projetados, estamos tratando do entendimento de quem é a
organização, o que está por trás dos produtos e serviços, quais são seus princípios, qual a
filosofia que orienta o processo decisório. Em geral, as organizações, definem como gostariam de
ser apresentadas externamente, que atributos desejariam realçar, como gostariam de ser vistas,
fazendo suas auto-apresentações, através dos processos e meios de comunicação (jornais internos,
discursos da alta administração, homepage, folhetos institucionais, vídeos, programas
institucionais, campanhas internas e externas, eventos etc) em que divulgam “quem é a
organização”, a seus grupos internos e externos de relacionamento.
Definir os atributos que representam a organização e projetá-los, pode parecer aparentemente
fácil de ser realizado. A teoria e o estudo empírico na Fundação Dom Cabral mostraram-nos
exatamente o inverso. É um processo extremamente complexo que envolve definições
estratégicas de comunicação, ações e comportamentos organizacionais coerentes.
Descreveremos, a seguir, alguns dos aspectos indicados na pesquisa que mostram a interface dos
atributos projetados com o comportamento organizacional e com seus processos de comunicação
interna e externa:
1. Observamos que as organizações têm investido mais em seus processos de comunicação e
marketing, como uma das formas de distingui-las de outras organizações. No entanto,
estudos indicam que grande parte destes investimentos (campanha publicitária, anúncios,
folhetos institucionais, balanços sociais, site, palestras e discursos, portfólios) nem sempre
refletem os resultados esperados. As organizações empreendem esforços e recursos para
obter maior visibilidade, aumento de vendas, posicionamentos adequados, construção de
uma imagem positiva etc. e, quase sempre, as atitudes esperadas por parte de seus
públicos não ocorrem na medida ou expectativa desejadas. As razões para isso podem
297
ser várias e diversificadas. Uma razão clara, e que interfere diretamente na relação
identidade e imagem, é a falta de alinhamento entre os atributos que representam a
organização e o que ela projeta.
2. Inicialmente vamos analisar o que ocorre na relação identidade projetada e os públicos
internos. O comportamento organizacional, na prática do dia-a-dia, deve refletir aquilo
que os atributos transmitem, pois os membros da organização são os primeiros a aderir,
rejeitar, criticar ou negar essa construção de sentido. E isso eles fazem não apenas em
seus discursos, mas em ações e atitudes diárias, com clientes, fornecedores, parceiros, e
toda rede de relacionamento da organização e deles próprios. Apropriam-se do discurso
organizacional e o transformam criando sua própria “realidade”. É o que ocorre numa
instituição que se diz “inovadora”, “moderna”, “criativa” e, ao mesmo tempo, seus
produtos ou serviços mantêm-se os mesmos há anos; seu lay-out interno transmite
imagens de uma repartição pública dos anos 60; a criatividade é expressa no jargão
“manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Os funcionários apropriam-se do discurso
e criam metáforas como empresa “dinossauro” e o chefe criativo é “representado pelo
humor do Dilbert”. Exageramos nos exemplos, com o intuito de dar maior ênfase. As
organizações precisam alinhar os atributos projetados a seus comportamentos e ações para
que haja maior identificação por parte de seus funcionários, como apresentam os estudos
teóricos e empíricos desta pesquisa.
3. Os estudos indicam, também, que campanhas publicitárias, anúncios, site, folhetos,
enfim, todo material de divulgação promocional e institucional não se sustenta na melhor
dupla de criação, na qualidade da produção gráfica, na construção de textos emocionais
ou informativos bem elaborados, na mídia mais adequada. Todos esses aspectos são
298
necessários, imprescindíveis, e devem fazer parte da realização de uma adequada
estratégia de comunicação. Só que antes disso, a organização deve construir um
posicionamento corporativo sustentado, com base nas características que a define,
compartilhado pela maioria de seus funcionários.
Além disso, estudos sobre a relação entre cultura organizacional e identidade, descritos no
capítulo 2, indicam que na busca por sua identidade, os grupos são levados a introjetarem
símbolos, valores, signos, mitos e histórias que vão confirmando, reforçando ou desconstruíndo
suas percepções em relação à organização. Entender a identidade é uma forma de entender a
cultura de uma organização e, por isso, os atributos de hoje, precisam ser revisados, analisados e
discutidos, no entendimento de seus significados, passíveis de serem mudados e de sofrerem os
impactos de alterações do ambiente interno. Outro importante aspecto, indicado nos estudos
teóricos e práticos e confirmado nesta pesquisa, trata da percepção do público externo, ou seja, a
construção da reputação relaciona-se diretamente com a identidade projetada
A arena organizacional é um espaço constituído de “real” e “simbólico”; construções e
descontruções de sentido; fluxos de informações contínuos, disputados e compartilhados;
diversidade e heterogeneidade de interlocutores; variedade de relações e interações;
complexibilidade e imprevisibilidade de ações e eventos. Construções de sentido a que, a cada
dia, somam-se novas experiências, informações, valores, percepções. Imagens são formadas:
isoladas, frágeis, retratos mal-formatados, destorcidos, ambíguos, estraçalhados; ou poderosas,
fortes, consistentes, coerentes, valorosas e valiosas. Imagens individuais que se tornam coletivas.
Representações que dão forma às “realidades”. Percepções construídas, reconstruídas,
reconhecidas, que transformam-se em reputação.
299
No espaço de construção simbólica, a relação entre ‘ser’ e ‘parecer’ é tênue, frágil, indistinta,
como dois lados de uma moeda, com um mesmo valor. O valor está na percepção e essa se
constrói em bases individuais, através de fontes diversas e variadas, considerando passado e
presente, experiências, fatos, boatos, valores, crenças, realidade e fantasia. Os contextos de
produção, transmissão e recepção de significados simbólicos, são múltiplos - mediados ou
interativos – e os atributos sociais que os indivíduos trazem para estes contextos são vários e
específicos.
As organizações, como outros atores sociais, utilizam-se de recursos de vários tipos, com o
propósito de criar e determinar as informações e os conteúdos simbólicos, a serem disseminados
em seu ambiente social. Consideramos sua produção, metamorfoseada no discurso
organizacional. A apropriação dos discursos organizacionais deve ser vista como um processo
contínuo e socialmente diferenciado, dependente das várias características sociais dos indivíduos
que os recebem. Os público-receptores, tanto podem responder de maneiras semelhantes, criando
uma visão coletiva numa ação conjunta, como podem reagir de múltiplas e variadas maneiras,
sem relação entre elas. Na prática, as ações discursivas tendem a ser produzidas com algum grau
de coordenação do processo de elaboração e transmissão, na tentativa de modelar e influenciar a
construção do sentido pretendido. No entanto, nas circunstâncias reais, há uma pluralidade de
canais e fontes de informação. Os indivíduos podem ser simultaneamente produtores e receptores
de informações e pontos de vistas e ações de outros atores podem influenciar o fluxo discursivo.
Nesse novo cenário, em parte devido à novidade relativa da maior valorização do simbólico, as
organizações estão se defrontando com quatro questões fundamentais.
300
1. O momento é de transição e de maior valor simbólico e isso requer auto-reflexão - demanda
tempo para as organizações repensarem sobre si próprias e fazerem os alinhamentos
requeridos.
2. Prevalece a necessidade de uma “monitoração social”, como forma de antever movimentos e
tendências de grupos sociais.
3. Podemos acrescentar também, um “radar aos riscos”, associado ao alto grau de riscos e
situações controversas criadas pela sociedade moderna – questões como poluição ambiental,
produção de alimentos transgênicos, bioética, testes em produtos farmacológicos,
experiências genéticas, que podem, levar a crises gerenciais, difíceis de serem administradas.
4. Por último, reposicionar-se na relação dos espaços públicos e privados, reconhecendo a não
existência de fronteiras claras e delimitadas.
No entanto, esse é um processo que, em geral, demanda das organizações mudanças na forma de
entender e lidar com expectativas de seus stakeholders, interfere em sua cultura organizacional,
altera políticas e práticas já estabelecidas, modifica comportamentos, atitudes e maneiras de ver e
atuar nos ambientes interno e externo.
Esse novo ordenamento produz reflexos expressivos nas relações das organizações com seu
ambiente social. E, com isso, a competência organizacional para criar, manter e sustentar uma
reputação positiva pode representar a consolidação de uma vantagem competitiva, diferenciada,
não imitável, de valor significativo, sustentável ao longo dos anos. Como vimos nos capítulos
teóricos, reputação é um processo estratégico de gestão, não sendo tarefa ou responsabilidade de
uma área ou setor. Envolve a organização como um todo por tratar de produtos e serviços,
301
ambiente de trabalho, visão e liderança, responsabilidade social, desempenho financeiro e apelo
emocional, esse último, conseqüência dos outros fatores citados.
Por isso torna-se essencial a compreensão de “quem somos”, para entendermos “como somos
vistos”. E, nesse processo, um efetivo de trabalho de comunicação que contribua para criar,
manter e sustentar uma reputação positiva deve considerar os aspectos de visibilidade,
autenticidade, transparência, consistência e distintividade. Pesquisas realizadas pelo Instituto de
Reputação, em 10 países na Europa, EUA e Austrália, indicam que as organizações que possuem
melhor índice de reputação, são mais bem avaliadas em relação às seis dimensões. (capitulo 3).
Outro ponto determinante são os processos de monitoramento da identidade, imagens e
reputação, atividade necessária e imprescindível no direcionamento das estratégias de gestão e,
principalmente, de comunicação e marketing.
No gerenciamento da reputação reconhece-se que a mídia não é a única ou principal fonte de
informação sobre a organização. No entanto, exerce um papel relevante, tanto para disseminar
informações empresariais, como também para vigiar comportamentos e ações que ameacem ou
prejudiquem a sociedade. Uma política de relacionamento com a imprensa pode ser uma
oportunidade de posicionamento adequado, aumentando sua visibilidade e distintividade. Os
estudos sobre reputação apontam a mídia como um dos principais meios de disseminação de
informações organizacionais e de forte influência na reputação. Constata-se também o
crescimento da cobertura da imprensa para assuntos relacionados a negócios e empresas.
As organizações buscam interferir de forma crescente e sutil na modelagem do imaginário e da
subjetividade dos seus públicos. Da mesma forma, crescem exponencialmente as demandas e
interferências de funcionários, clientes, fornecedores, ONGs, movimentos sociais, imprensa,
órgãos regulamentadores na vida organizacional. Estabelecer relações transparentes, éticas, de
302
mão-dupla, definindo de forma clara papéis, expectativas e compromissos, pode revelar uma
enorme diferença, num mercado cada vez mais complexo, volúvel e imprevisível. Reconhecer
que o gerenciamento destas relações, no que compete às organizações, é apenas uma pequena
parcela de um processo social mais amplo, e que o espaço entre o “real” e o “simbólico” é uma
simbiose em que o ilusório não imita mais o real, torna-se o “real”, é o princípio para vislumbrar
melhores condições relacionais entre os atores sociais- organizações e seus públicos.
O estudo sobre a projeção da identidade da Fundação Dom Cabral no espaço público é um
exemplo de como a organização pode atuar na construção de sentido sobre “quem é a
organização”. A análise do material de divulgação, adotado pela Fundação Dom Cabral, em
2004, direcionado às grandes empresas e executivos, permitiu-nos algumas reflexões sobre o
discurso institucional, criado e transmitido através de seus meios de comunicação. Alguns
aspectos da linguagem e dos atributos foram apresentados no capítulo 6, dos resultados da
pesquisa. Embora tenhamos detalhado os pontos mais relevantes, consideramos importante
resgatar algumas referências como indicadores para outras organizações que venham a trabalhar a
projeção de sua identidade.
Os folhetos produzidos pela Fundação Dom Cabral seguem uma mesma linha editorial e gráfica,
utilizando-se de unidade nos padrões de fonte e uniformidade de linguagem o que permite, após a
leitura do material, ter uma única e homogênea visão da instituição. São peças bem elaboradas,
sem excessos, sóbrias, elegantes e modernas. Na análise de conteúdo, observamos que os mesmos
atributos são referenciados em todas as peças de divulgação, com uma linguagem empresarial,
sem adjetivos e auto-elogios. As peças institucionais e promocionais procuram mostrar uma
instituição de porte, com corpo técnico competente, alinhada ao que há de mais avançado em
gestão empresarial, com produtos e serviços direcionados a demandas específicas. Os folhetos
303
procuram sempre utilizar fotos de pessoas jovens, modernas, felizes como forma de humanizar e
criar identificação com os executivos. O site e o portal seguem a mesma linha, atendendo pré-
requisitos de navegabilidade e padronização visual, conteúdos atualizados e artigos de interesse
por área.
A marca da FDC é colocada em todas as capas, junto com o slogan, “desenvolvimento de
executivos e empresas”, que também faz parte de sua missão de “contribuir para o
desenvolvimento da sociedade, por meio da educação e capacitação de executivos, empresários e
empresas.” Nas pesquisas qualitativas e quantitativas esse foi o atributo que obteve maior índice
de concordância.
Há uma valorização do espaço físico – o campus e a área do entorno da Lagoa dos Ingleses.
Como as instalações são novas e ainda pouco conhecidas, consideramos que esta seja uma
estratégia de apresentação e valorização do que consideram um de seus diferenciais, inclusive
percebido e ressaltado nos depoimentos de executivos.
Outro ponto que chama a atenção em sua identidade projetada é a valorização das empresas
parceiras. Em todos os folhetos, programas específicos, site , as marcas das instituições (Insead,
Kellogg e Sauder) são bem posicionadas. Nos resultados das pesquisas, os entrevistados revelam
que consideram importantes as alianças, embora alguns façam ressalvas do pouco conhecimento
que têm sobre o que oferece estas alianças.
Outro aspecto revelado é a valorização da divulgação dos resultados dos rankings de publicações
nacionais e internacionais. A FDC tem-se apropriado do discurso, até aqui favorável à instituição,
produzindo anúncios e outras peças institucionais, com o objetivo claro de ampliar sua
repercussão. No capitulo 4, analisamos a influência dos rankings nas Escolas de Negócios, nos
EUA, Europa e Brasil. No Brasil, embora o fenômeno seja mais recente, podemos demonstrar
304
que já existem efeitos sobre as instituições, apesar de não contarmos ainda com nenhum estudo
que avalie em que grau os rankings as estejam afetando. Estudos internacionais demonstram que
eles exercem forte impacto na reputação das instituições.
Na análise da história da Fundação Dom Cabral, verificamos um direcionamento no sentido de
associar seus momentos mais marcantes à presença de personalidades representativas do mundo
político e empresarial. A inauguração do novo campus teve a presença do Presidente da
República, dentre inúmeras autoridades e contou também com ampla cobertura da imprensa. São
fatos que podem passar despercebidos, mas trazem consigo alto valor simbólico. Que Escolas de
Negócios conseguem levar o presidente do país para a inauguração de um campus? A FDC
conseguiu transformar a inauguração de seu campus no grande fato do dia, com cobertura
nacional da imprensa, estando presentes à solenidade os principais e mais influentes empresários
do país. Isto sem dúvida alguma é resultado de uma reputação construída ao longo dos anos.
Outro aspecto com o qual a FDC consegue trabalhar de forma eficaz e procura capitalizar
positivamente são suas relações com os presidentes de empresa. Esse é um desafio, mesmo para
as grandes escolas internacionais. Elas procuram estabelecer vínculos com as grandes empresas,
buscam contar com o apoio destas para a realização de suas atividades, patrocínio para seus
projetos, mas não conseguem sustentar um vínculo direto e estreito, como a FDC têm
conseguido, principalmente, com o CTE – Centro de Tecnologia Empresarial – que há mais de
20 anos conta com a participação de grandes empresas.
Se, por um lado, a organização tem como definir e gerenciar a definição e projeção de seus
atributos, por outro lado, a forma como estes são percebidos depende de vários fatores que vão
desde o contexto social, características e expectativas de cada stakeholders em relação à
instituição, experiências diretas com produtos e serviços, influência de outros atores sociais,
305
papel dos meios de comunicação dentre outros. Nos estudos teóricos vimos a importância de um
alinhamento entre o que a instituição projeta e as percepções internas e externas.
O estudo sobre a projeção da identidade da FDC mostrou-nos um forte alinhamento entre o que a
instituição divulga e a percepção de seus stakeholders internos e externos. Identificamos e
analisamos os quinze atributos definidos e projetados pela FDC: soluções educacionais
inovadoras; desenvolvimento de executivos e empresas; trabalha com as empresas (e não para
elas); parcerias e alianças internacionais; equilíbrio entre teoria e prática; soluções específicas
para cada cliente; professores que utilizam o conhecimento aplicado; rigor em seus princípios e
valores; parcerias e alianças com empresas clientes; instituição que é referência no setor de
educação para executivos; instituição de elite; padrões e modelos internacionais; altos resultados
financeiros; rígido padrão acadêmico; atende a grandes empresas. O estudo foi realizado através
de pesquisas qualitativas e quantitativas, com funcionários e professores, e quantitativas com
empresas-cliente e executivos. Iremos ressaltar os pontos considerados mais relevantes na relação
entre a base teórica deste estudos e algumas sinalizações que os resultados da pesquisa empírica
nos revelaram. (capítulo 6)
1. Como questão central desta pesquisa, os resultados empíricos mostraram uma relação
direta entre a identidade projetada e a reputação da FDC. Os públicos internos e externos
concordam, em grau altamente expressivo, com o discurso da instituição sobre quem ela
é, como atua, seus diferenciais, sua relação com clientes, etc. Há um reconhecimento, por
parte destes, de que a FDC age de acordo com o que divulga, o que lhe assegura
confiabilidade e credibilidade.
2. Os resultados das pesquisas qualitativas e quantitativas demonstraram que o público
externo concorda mais que o interno. Uma das razões para isso pode ser o fato de o
306
público interno conhecer melhor a instituição, sendo mais exigente na cobrança de uma
coerência maior entre o discurso, seu comportamento e ações. Os aspectos indicados
pelos funcionários e professores sinalizam pontos de transição no atual momento da FDC,
seja em função de seu crescimento, do mercado, de mudanças em seus processos de
gestão, que estão afetando as percepções de algumas de suas características. Como
dissemos anteriormente, os atributos embora representem a essência da instituição, lhe
confiram distintividade e permaneçam ao longo dos anos, sofrem interferências do
ambiente interno e externo, necessitando serem revistos e consolidados, na medida em
que se transformam.
3. O crescimento da FDC é apontado em alguns depoimentos como razão para que se
observe o rigor com seus princípios e valores, de forma que estes se tornem conhecidos e
praticados por novos funcionários e professores. Existe também uma preocupação com o
perfil de novas contratações de professores para que a balança não pese para os teóricos,
sem interação com o mercado. Outro aspecto refere-se às alianças internacionais. Alguns
depoimentos indicaram a necessidade de um estreitamento destas relações, através da
realização de projetos conjuntos, pesquisas, etc.
4. Outro aspecto citado é a necessidade de uma maior divulgação. Alguns depoimentos, do
público interno e externo, pontuaram, que pelo porte e papel da FDC, ela deveria ampliar
sua divulgação nacional. Observa-se, nos discursos, que a demanda é por uma maior
exposição nacional, com maior freqüência e abrangência. Alguns executivos também
consideraram que, após terminar um curso, ou um relacionamento mais estreito,
permanecem por longo tempo sem receber novas informações.
307
Os estudos realizados pelo Instituto de Reputação sobre a relação da comunicação com reputação
revelam que as organizações que possuem maior pontuação em sua reputação, em geral, contam
com um processo estratégico de comunicação, em que trabalham de forma efetiva as dimensões
de autenticidade, consistência, distintividade, transparência e visibilidade (capítulo 3). Nesta
pesquisa não avaliamos o processo de comunicação da FDC. No entanto, reconhecemos, pela
análise do material e suas ações, que o foco maior está centrado na comunicação dirigida aos
públicos com os quais se relaciona. Essa pode ser sua definição estratégica, o que não
compromete a formação de uma reputação positiva junto a seus stakeholders. O importante é que
haja um processo de comunicação bem definido, ancorado em seus valores e sustentado por suas
estratégias organizacionais.
Em relação à atratividade, pesquisamos o apelo de cada um dos atributos projetados. Essa análise
se justifica, uma vez que grande parte das instituições do mesmo setor acaba adotando um
discurso pasteurizado, destacando as mesmas características, como uma das formas de tornarem-
se parecidas, fazerem parte de um mesmo campo organizacional, sustentadas por um
isomorfismo institucional. Se, por um lado, o grau de similaridade entre o conjunto de
organizações é um componente-chave do processo de institucionalização, o grau de
distintividade, muitas vezes, é o que garante, a uma dada organização, atratividade do ponto de
vista simbólico, nas percepções dos stakeholders. Nesta pesquisa, não foi possível compararmos
os atributos da FDC com outras instituições do mesmo setor. No entanto, nas percepções de seus
públicos internos e externos, seus atributos são considerados de alta atratividade. Para o público
externo destacam-se os atributos do cluster de diferenciação (parcerias e alianças internacionais,
atende a grandes empresas, é referência no setor de educação para executivos, é uma instituição
de elite).
308
E, finalmente, apontamos alguns aspectos que demonstram o processo de construção da
reputação da Fundação Dom Cabral. A análise da reputação da FDC consegue explicar grande
parte dos pontos abordados na teoria, mostrando a forte relação existente entre a identidade
projetada e a reputação, reforçando que a construção de sentido sobre os aspectos simbólicos de
sua reputação está sustentada nas percepções dos atributos divulgados. O papel da comunicação
no processo de formação de imagem e reputação também foi objeto de análise, reforçando
indicações expressas na teoria. Os resultados das pesquisas qualitativas e quantitativas levam-nos
a afirmar que a reputação da Fundação Dom Cabral é altamente positiva.
Na pesquisa quantitativa realizada através do instrumento “quociente de reputação”, mensuramos
os seis fatores que determinam a reputação: apelo emocional, visão e liderança, produtos e
serviços, ambiente de trabalho, responsabilidade social e desempenho financeiro. A pesquisa
revelou que o maior índice formador da reputação da FDC sustenta-se no fator apelo emocional,
que se traduz em confiança, respeito e admiração. Esse é um valor intangível que não tem preço,
não é possível de ser imitado e é de difícil substituição. Como recurso estratégico torna-se uma
forte vantagem competitiva. Todos os outros fatores – visão e liderança, produtos e serviços,
ambiente de trabalho, desempenho financeiro e responsabilidade social também foram avaliados
de forma altamente positiva, na percepção dos stakeholders externos, indicando uma forte e
consistente reputação. Os estudos do Instituto de Reputação indicam que apelo emocional é
conseqüência dos outros cinco fatores e, na medida em que estes são significativos, aumenta o
seu valor.
Os estudos sobre comunicação e marketing indicam também que confiança, admiração e respeito
corporativo também agregam valor à marca, aumentam índices de fidelização e facilitam
lançamentos de novos produtos e serviços. Em gerenciamento de crises, a teoria demonstra que
309
estes fatores são ativos de alto valor, por assegurar credibilidade e dar à organização crédito
suficiente para administrar eventuais crises. No entanto, não podemos desconsiderar que são
frágeis e fáceis de serem solapados, como vimos no capítulo de gerenciamento de crises.
Na pesquisa qualitativa buscamos avaliar qual o fator mais importante para a reputação da FDC.
Foram ressaltados: seus produtos e serviços; a forma como ela atua, o “jeito de ser” e o
atendimento personalizado. Os entrevistados distinguem a adequação de seu portfólio,
qualificação do corpo técnico, o atendimento às necessidades específicas das empresas, ambiente
de trabalho, espaço físico e as relações estabelecidas. Constatamos uma forte relação do fator –
produtos e serviços- com alguns dos atributos projetados como alianças internacionais; parcerias
com clientes, equilíbrio entre teoria e prática, os quais, por sua vez, contribuem para dar valor e
distinguir seus produtos e serviços.
Os depoimentos indicaram também que produtos e serviços são fatores altamente susceptíveis a
críticas quando não atendem às expectativas. Por isso, possíveis alterações em alguns de seus
atributos podem interferir na percepção, alterando sua reputação.
Na pesquisa qualitativa, constatamos que as expectativas em relação aos atributos projetados são
altas. Mais especificamente, na medida em que a FDC projeta-se como uma instituição que é
referência no setor de educação para executivos, que customiza produtos e serviços, possui
atendimento diferenciado, representa o que há de mais inovador em gestão empresarial, dentre
outros atributos, criam-se expectativas cada vez maiores, aumentando também o risco de
frustrações. Um dos pontos importantes observados na pesquisa é que há, por parte de seus
públicos externos, um mesmo nível de entendimento do significado de seus atributos, tornando a
construção de sentido mais racional e lógica. Não há dispersão de sentido e/ou interpretações
diversas e confusas sobre um mesmo atributo. Atribuímos esse entendimento à freqüência,
310
coerência e unidade dada às informações que são transmitidas através de seu processo de
comunicação, formal e informal.
Os aspectos indicados para melhoria de sua reputação, em sua maioria, estão focados em
divulgação (já abordado no item anterior) e alguns depoimentos indicam falta de conhecimento
de suas atividades em responsabilidade social. Em produtos e serviços, as criticas foram em
relação ao preço, considerado acima do mercado e com pouca margem de negociação;
capacitação técnica de alguns professores e falta de pesquisa. Alguns entrevistados sugerem que
ela seja mais ousada e criativa, faça experimentos, invista em pesquisa para desenvolvimento da
gestão empresarial.
Outros aspectos avaliados na pesquisa foram como a identidade projetada e a percepção de
prestígio externo afetam a identificação e o envolvimento do público interno. Nesta análise foram
pesquisados três outros conceitos: percepção de prestígio externo; identificação organizacional e
comportamento de envolvimento institucional, que se relacionam com reputação, identidade
projetada e impactam diretamente a relação da organização com seu público interno.
Percepção de prestígio externo analisa o “olhar” do público interno sobre o “olhar externo”. Ou
seja, como funcionários e professores avaliam a percepção dos públicos externos da FDC. A
teoria demonstra que a visão do prestígio externo interfere no comportamento e auto-estima dos
funcionários. Os resultados da pesquisa da FDC, com funcionários e professores, identificou um
forte sentimento de orgulho, por considerarem que a instituição é bem vista externamente.
Constatamos que estes se apropriam do reconhecimento e valorização da FDC, para reforçarem
características e aspectos pessoais. Como exemplo, citamos dois depoimentos: “as pessoas que
trabalham aqui são consideradas inteligentes” , “falar que dá aula na Fundação dá status”. Se esta
é uma instituição considerada referência em desenvolvimento de executivos; reconhecida pela
geração de conhecimentos, com corpo técnico altamente qualificado, o indivíduo, enquanto
membro da instituição, incorpora estas características.
311
A identificação organizacional dos funcionários com a instituição aumenta na medida em que
cresce o prestígio externo e a concordância com os atributos projetados. Ou seja, se os
funcionários concordam que a organização age de acordo com o que ela divulga externamente e
se a imagem externa é considerada, por eles, como positiva, conseqüentemente, isso afeta
diretamente a relação destes com a organização, aumentando o nível de identificação. A
identificação gera maior envolvimento, participação e adesão às políticas, tomada de decisões e
implementação de mudanças, favorecendo as relações e o ambiente interno. Os dados sobre a
FDC comprovam que a percepção de prestígio externo e a concordância com os atributos
influenciam positivamente a identificação com a instituição.
Outro conceito pesquisado, o indicador de comportamento de envolvimento institucional, avalia
atividades realizadas por funcionários, as quais não fazem parte do contrato formal e não há
recompensa e/ou benefício direto decorrente deste comportamento. Inclui atividades como
desempenho pessoal, iniciativa, estímulo e encorajamento a outros colegas, espírito de
colaboração, dentre outras atividades que contribuem para melhorar a eficácia organizacional.
Estudos internacionais demonstram uma demanda cada vez maior, por parte das organizações,
em incorporar manifestações de envolvimento institucional por parte de seus funcionários, sendo
este um grande desafio para todas as organizações. Na FDC observa-se que estes aspectos,
embora estejam na média, podem ser melhor trabalhados.
No resultado geral da pesquisa sobre a Fundação Dom Cabral, constatamos que sua reputação é
forte, positiva, com alto grau de distintividade e visibilidade no setor em que atua. Como
construção simbólica, estas representações não são únicas ou unificadas, têm uma estreita relação
com a sua “dinâmica” atual, sendo um artefato que exprime de forma direta parte do
funcionamento de suas relações sociais. O resultado da reputação é uma percepção, nesse caso,
de parte de alguns de seus stakeholders. Com isso não podemos afirmar que a FDC seja um
modelo de organização. Nem tão pouco que não haja percepções negativas, opiniões contrárias ao
que ela divulga como sendo representação de sua realidade e pontos que sejam considerados
críticos.
O que a pesquisa demonstrou é que a instituição soube trabalhar na criação de um artefato que se
beneficia de um forte poder de atração pelas ações e comportamentos empreendidos e pelo
simbolismo que difunde. Os motivos são vários e, aqui, trata-se de uma reflexão em que os
fundamentos epistemológicos mostram-nos, incontestavelmente, que as imagens são várias, se
não contraditórias, pelo menos complexas e diversificadas. Ao analisarmos a reputação,
buscamos nos fenômenos de simbolização das imagens, a consolidação destas ao longo dos anos,
traduzidas no conceito de reputação. Sabemos não ser possível representar todas as suas
dimensões e pluralidades, mas, no entanto, a escolha por esse campo científico e metodológico
nos indica alguns caminhos e aponta proposições que, como pesquisadores, buscamos investigar,
na tentativa de obtermos algumas explicações para parte de fenômenos que envolvem
organizações e sua relação com o ambiente social.
Esta pesquisa demonstra que os conceitos estudados, aparentemente difíceis de serem
identificados e até mesmo gerenciados, podem ser mensurados e seus resultados fornecem dados
que contribuem para que a organização conheça e compreenda melhor a sua relação com seus
stakeholders.
312
Os resultados desta pesquisa revelam que a relação entre quem é a organização e a percepção de
seus grupos de relacionamento levam a construção de um posicionamento, que é resultado dos
olhares internos e externos. Como afirmam os teóricos contemporâneos, o momento atual é um
cenário de rupturas de modelos, quebra de fronteiras entre os espaços sócio-econômico e cultural,
convivência de opostos e paradoxos, do real e virtual, de tradições e inovações, de local e global,
de fragmentações e simbolismos. Espaços sociais reais ou imaginários, em que as construções e
descontruções criam sentido, formam conceitos, impõem linguagens, numa tecelagem de leituras
e releituras. Como diz Foucault o que vemos é o que existe, visto não existirem essências que
possamos descortinar.
7.1 Limites e Implicações Teóricas e Práticas da Pesquisa
Os limites impostos a uma pesquisa acadêmica iniciam-se, muitas vezes, na própria escolha do
escopo da investigação e das metodologias adotadas. O recorte, necessário em todo tipo de
pesquisa, muitas vezes é o limitador, ou pelo menos, como o próprio significado da palavra nos
remete, leva-nos a cortar, reduzir, talhar. Ao definirmos pelos conceitos de identidade projetada e
reputação, essa escolha, por si só, impôs um limite à pesquisa. Não se avaliou a identidade
313
organizacional como um todo e, sim, apenas o que é explicitado, definido pela alta administração
e projetado pelos meios de comunicação.
Por outro lado, esse mesmo limite, aparentemente restritivo, ampliou as oportunidades de um
maior aprofundamento nas questões que, direta ou indiretamente, estão relacionadas ao processo
de divulgação da empresa. Muitas vezes a organização considera seu processo de comunicação,
como algo que parte, quase que exclusivamente, de seus interesses, necessidades, visão de
mercado, dando pouca atenção aos reflexos que essa comunicação externa exerce na relação com
seu público interno. Esse recorte permitiu-nos mostrar como a divulgação externa impacta a
identificação organizacional e o comportamento de envolvimento institucional, fatores essenciais
para o ambiente interno e os resultados organizacionais.
Outro aspecto demonstrado nesta pesquisa é a importância do alinhamento entre o que a empresa
diz e suas ações e comportamentos, o que sustenta a reputação. As análises dos atributos
projetados, interna e externamente, revelaram o grau de inter-relação entre o discurso e práticas
organizacionais. Foi a escolha destes conceitos, de suas relações e as percepções internas e
externas, que nos permitiram avaliar e comparar como ocorre o processo de projeção da
identidade e, a partir desta projeção,verificar como isto afeta a construção da reputação.
A escolha metodológica optou pelo estudo com quatro segmentos de públicos distintos:
professores, funcionários, empresas-cliente e executivos. Esse limite mostrou-se racional ao
escopo da pesquisa e estratégico por serem esses os stakeholders considerados prioritários para
instituição. Reconhecemos ser recomendável, num próximo estudo, avaliar as percepções de
outros segmentos de seu relacionamento, como empresas não-clientes e imprensa.
Os instrumentos de coleta de dados adotados, roteiro para entrevistas qualitativas e questionário
para as pesquisas quantitativas permitiram-nos trabalhar com informações e dados de qualidade,
314
consistentes e abrangentes em relação a todos os conceitos pesquisados. As análises de conteúdo,
das pesquisas qualitativas, deram elementos e referências para a construção dos questionários,
além de possibilitar contextualizar e construir os elementos textuais e interpretativos das questões
analisadas. As pesquisas quantitativas deram maior segurança ao permitir trabalhar com um
maior número de respondentes, fornecendo dados que indicam correlações, dão significância,
descartam e/ou relativizam os aspectos de cada questão.
Ainda no escopo desta pesquisa, procuramos trabalhar com conceitos e métodos que permitissem
uma leitura mais específica da relação entre reputação e as interdependências com o contexto
social mais amplo, como os impactos que a mídia exerce atualmente e os riscos de uma crise
empresarial. Estas análises colaboraram no sentido de ampliar o espaço organizacional, inserindo
elementos do contexto social mais amplo, que também atuam na formação das percepções
internas e externas.
Ao avaliarmos as implicações teóricas e práticas que esta pesquisa demonstra observamos
mudanças que nos levam a refletir sobre as relações das organizações com seus públicos na
sociedade contemporânea e, principalmente, o papel que os estudos da área de comunicação
organizacional têm a contribuir. Os estudos teóricos sobre os conceitos de identidade projetada,
imagem e reputação mostram-nos que estes têm adquirido impulso e abrangência, contando hoje
com grupos que direcionam o foco de seus interesses para as áreas de teoria das organizações,
comunicação, marketing e sociologia. As referências bibliográficas desta pesquisa indicam como
grande parte dos estudos sobre estes conceitos são recentes e como se movem por vários espaços
teóricos. Observamos um movimento recorrente de buscar uma maior interligação dos saberes,
fazendo com que não mais vejamos o conhecimento limitado a uma área ou escola, permitindo-
nos buscar maior diálogo, olhares distintos, experiências ousadas.
A área da comunicação social, sempre se permitiu uma fluidez e interconexão maior nos estudos
das teorias da comunicação, do papel dos meios de comunicação e suas relações no contexto
social. No entanto, os estudos da área específica da comunicação organizacional ainda buscam
referências teóricas e metodológicas que venham contribuir para um avanço na compreensão do
processo de comunicação social dentro do contexto das organizações. Grande parte dos estudos
da comunicação organizacional encontram-se ancorados nos estudos de marketing e da
administração. Esta pesquisa apresenta para a comunicação organizacional novas questões a
serem investigadas, principalmente, na discussão, que há algum tempo vimos fazendo, de torná-la
alinhada às estratégias organizacionais. Os dois conceitos, de identidade projetada e de reputação,
315
estão diretamente associados à gestão organizacional, sendo estratégicos e de resultados
concretos para orientar as ações dos gestores da comunicação organizacional.
Os estudos sobre reputação ainda são pouco conhecidos no Brasil. E essa é a primeira vez no país
em que se realiza uma pesquisa mostrando a relação entre a identidade projetada e a reputação. A
criação de um grupo de estudo que tenha interesse nessa área poderá contribuir para a construção
teórica e crítica da comunicação organizacional.
A partir desta pesquisa, apresentamos algumas sugestões de estudos que podem complementar
e/ou contestar estas discussões:
1. Uma pesquisa que mostre a relação entre identidade percebida e a projetada. Nesse trabalho
analisamos a identidade projetada, mas ela pode ser diferente da identidade percebida, que
significa a coleção de atributos tidos como típicos pela maioria dos empregados, que
constituem a essência da organização, a distinguem de outra e permanecem ao longo dos
anos.
2. Um outro estudo interessante seria uma análise que comparasse a percepção de prestígio
externo e reputação entre duas ou mais instituições de um mesmo setor. Esse estudo poderia
confirmar a relação entre percepção interna e externa e os efeitos positivos e/ou negativos na
reputação.
3. Um terceiro estudo proposto seria analisar a influência da comunicação interna na
identificação organizacional e no comportamento de envolvimento institucional.
4. E um projeto maior seria desenvolver pesquisas recorrentes que avaliassem a reputação das
empresas brasileiras, como o Reputation Institute tem feito em 11 países da Europa, EUA,
Austrália e África do Sul.
Na área acadêmica são vários os estudos e as possibilidades de pesquisas que podem contribuir
para uma maior compreensão dos fenômenos da identidade, reputação, comunicação
organizacional e seus reflexos sobre a gestão organizacional. Do ponto de vista prático, os
estudos de identidade e reputação poderão contribuir com os processos de comunicação interna e
externa, visando um alinhamento maior entre as estratégias organizacionais e resultados que
contribuam para a sustentabilidade dos negócios empresariais.
316
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AAKER, J.L. Dimensions of brand personality. Journal of Marketing Research, v.34, p.347-56,
1997.
ABARCA Z., Felipe. O que o aluno ganha com isso? AméricaEconomia, Edição Brasil, v.284,
p.38-41, 2004.
ABARCA Z., Felipe. A empresa é o Cliente. AméricaEconomia, Edição Brasil, v.289, p.47-52,
2004.
ABRATT, R. A New Approach to the corporate image management process. Journal of
Marketing Management, v. 5, n.1, p. 63-76, 1989.
ANSPACH, R.R. Shaping your bank’s corporate identity, The International Journal of Bank
Marketing. v.15, n.10, p.20-30, 1983
ALBERT, S.; WHETTEN, D. Organizational identity. In: CUMMINGS, L. L.; STAW, B. M.
(Ed.). Research in organizational behavior. Greenwich: JAI Press, 1985. p. 179-229.
ALBERT, S. et al. Identification with organizations. In: WHETTEN, A; GODFREY, P. C. (Ed.)
Identity in organizations: building theory through conversations. Thousand Oaks: Sage
Publications, 1998. p.209-212.
ALVESSON, M. Organization: from substance to image?. Organization Studies, v.11, n. 3,
p.373-94, 1990.
ALVESSON, M. The business concept as a symbol. International Studies of Management &
Organization, v. 28, n.3, p.86-108, 1998.
ALVESSON, M Talking in organizations: managing identity and impressions about an
advertising agency. Organization Studies, v.15, n.4, p.535-563, 1994.
ARGENTI, Paul A.; FORMAN, Janis. The power of corporate communication: crafting the
voice and image of your business. New York: McGraw-Hill, 2002.
ARGENTI, P. Branding b-schools: reputation management for MBA Programs. Corporate
Reputation Review, v.3, n.2, p.171-178, 2000.
ASHFORTH, Blake E. Role transitions in organizational life: an identity-based perspective.
Mahwah: Lawrence Erlbaum Associates, 2001.
ASHFORT, B.; MAEL, F. Organizational identity and strategy as a context for the individual. In:
BAUM, J. A. C.; DUTTON, J. E. (Ed.). The embeddedness of strategy.
Greenwich: JAI Press,
1996. p.19-64. Advances in Strategic Management, v.13.
317
ASHFORTH, B.; MAEL, F. Social identity theory and the organisation. Academy of
Management Review, v.14. n.1, p.20-39,1989
BADEN-FULLER, C.; ANG, S.H. Building reputations: the role of alliances in the european
business school scene. Long Range Planning, v.34, n.6, p.741-755, 2001.
BADEN-FULLER, C; RAVASSOLO, F. Making and measuring reputations. Long Range
Planning, v.33, n.5, p.621-650, 2000.
BAKER, M.J.; BALMER, J.M.T. Visual identity: trappings or substance? European Journal of
Marketing, Bradford, v. 31, n. 5-6, p. 366, 1997.
BALMER,J. M.T.; SOENEN, G. A new approach to corporate identity management.
Strathclyde: International Center for Corporate Identity Studies, 1998. Working Paper Series.
BALMER, J. M. T. The BBC’s corporate identity: myth, paradox and reality. Journal of General
Management. v. 19, n.3, p.33-49,1994.
BALMER, J.M.T.; STOTVIG, S. Corporate identity and private banking: a review and case
study. The International Journal of Bank Marketing. Bradford, v.15, n. 5, p.169-184, 1997.
BALMER, J.M.T.; WILSON, A.
Corporate identity: there is more to it than meets the eye.
International Studies of Management & Organization, White Plains, v.28, n.3, p.12-32.,1998.
BALMER, J. M. T. Corporate identity and the advent of corporate marketing. Journal of
Marketing Management, v.14, p.963-996, 1998.
BALMER, J.M.T; GRAY, E. Corporate identity and corporate communications: creating a
competitive advantage. Industrial and Commercial Tranining, v.32, n.7, p.256-261, 2000.
BALMER, J.M.T., GREYSER, S. A. Revealing the corporation: perspectives on identity, image,
reputation, corporate branding, and corporate-level marketing. Londres: Routledge, 2003.
BALMER, J.M.T. Corporate identity and corporate marketing. European Journal of Marketing.
v.35, n. 3/4, edição especial, 2001.
BALMER, J.M.T. Corporate and service brands. European Journal of Marketing. v.37, n.7/8,
edição especial, 2003.
BARICH, H.; KOTLER, P. A framework for marketing image management. Sloan Management
Review, v.32, n.2, p.94-104,1991.
BARNEY, J. B.; STEWART, A. C. Organizational identity as moral philosophy: competitive
implications for diversified corporations. In: SCHULTZ, M.; HATCH, M.J.; LARSEN, M.H.
The expressive organization: linking Identity, Reputation and the Corporate Brand. New York:
Oxford University Press, 2000. p.36-47.
BARROS, Betânia T. (Coord). Gestão empresarial: do sonho à realidade. Belo Horizonte:
CTE/Fundação Dom Cabral, 1999.
318
BAUDRILLARD, J. For a critique of the political economy of the sign. St. Louis: Telos Press,
1981.
BAUDRILLARD, J. Para uma crítica da economia política do signo. Portugal: Martins Fontes,
1972.
BAUER, M. W.;GASKELL, G.(edts) Pesquisa Qualitativa com Texto, Imagem e Som.
Petrópolis,RJ: Vozes, 2002.
CHRISTENSEN, L. T; CHENEY, G. Self-absorption and self-seduction in the corporate
identity game. In: SCHULTZ, M.; HATCH, M.J.; LARSEN, M.H. The expressive organization:
linking Identity, Reputation and the Corporate Brand. New York: Oxford University Press, 2000.
p.246-270.
BECKER, H.S. Métodos de pesquisa em ciências sociais. 4. ed. São Paulo: Hucitec, 1999.
BELSLEY, D.A.; KUH, E.; WELSCH, R.E. Regression diagnostics, New York: John Wiley &
Sons, 1980.
BERENS, Guido A. J.M. Corporate branding: the development of corporate associations and
their influence on stakeholder reactions. Rotterdam: Erasmus Research Institute of Management,
2004.
BERENS, Guido A. J. M.; VAN RIEL, Cees B. M. Corporate associations in the academic
literature: three main streams of thought in the reputation measurement literature. Corporate
Reputation Review, v.7, n, p.161-178, 2004.
BERG, P.O. Organization change as a symbolic transformation process. In: FROST, P et al.
Reframing organizational culture. Beverly Hills: Sage, 1985.
BERG, P.O., GLAGLIARDI, P. Corporate images: a symbolic perspective of the organization
environment interface. Sweden: University of Lund, Sweden, 1986. Working Paper
BERGER, P. L.; LUCKMANN, T. A construção social da realidade: tratado de sociologia do
conhecimento. Petrópolis: Vozes, 1985.
BERNSTEIN, D. Company image & reality: a critique of corporate communications.
Eastbourne: Holt, Rinehart & Winston, 1984 .
BIRKIGT, K.; STADLER, M.M. Corportate identity: grundlagen, funktionen, fallspielen.
Landsberg am Lech.: Verlag Moderne Industrie . 1986.
BLACK, Susan. The influence of identity and image on organizational legislative management
processes. 2000. Tese (Doctor of Philosophy) - York University, North York.
BLAUW, E. Het corporate image, vierde geheel herziene duk. De Viergang: Amsterdam. 1994.
BLECHER, Nelson. O brilho do aço. Exame, São Paulo, n.744, p. 43-51, jul. 2001.
319
BLECHER, Nelson. Os herdeiros vão à escola. Exame, São Paulo, n.801 , p.12-14, set. 2003.
BLECHER, Nelson. Muito além dos balanços. Exame: Melhores e Maiores, São Paulo, p.152-
154, jul. 2004.
BONANÇA, Mouteira. Se a economia vai mal, o melhor é estudar.Valor, São Paulo, 08 ago.
2001. Eu & Investimentos, p.D4.
BOORSTIN, D. The Image: a guide to pseudo- events in America. Atheneum: New York, 1961.
BOUCHIKHI, H. et al. The identity of organizations. In: WHETTEN, David A.; GODFREY,
Paul C. Identity in organizations: building theory through conversations. Califórnia: Sage
Publications, 1998.
BOULDING, K.E. The image. Ann Arbor: University of Michigan Press, 1956.
BRANDÃO, Luis Fernando. A alma do negócio. Revista Brasileira de Comunicação
Empresarial, São Paulo, Ano 14, n.51, 2. trim. 2004.
BRESSAN, Flávio. A administração da identidade corporativa. Revista de Administração
CREUPI, São Paulo, v.1, n.1, p. 53-60, jan./jun. 2001.
BROMLEY, Dennis. Comparing corporate reputations: league tables, quotientes, benchmarks or
case studies? Corporate Reputation Review. London, v.5, n.1, p.35-50, 2002.
BROMLEY, D.B. Psychological aspects of corporate identity, image and reputation. Corporate
Reputation Review, London, v.3, n.3, p.240-252, 2000.
BROWN, T.J. The Company and the Brand: the link between corporate-level associations and
consumer brand responses. Madison: Madison School of Business, 1994.
BROWN, T.J. Corporate associations in marketing: antecedents and consequences. Corporate
Reputation Review, London, v.1, n.3, p. 215-233, 1998.
BROWN, T. J.; COX, E. L. Corporate associations in marketing and consumer research: a
review. Corporate Reputation Review, London, v.1, n.1, jan.1997.
BUENO, Wilson C. A auditoria de imagem na mídia como estratégia de inteligência empresarial.
Comunicação & Sociedade, São Paulo, n.32, jul. 1999.
BUENO, Wilson da Costa. A comunicação como espelho das culturas empresariais. Revista
IMES – Comunicação. São Paulo, Ano 1, n.1, jul./dez. 2000.
CALDAS, M. P.; WOOD, T. J. Identidade organizacional. Revista de Administração de
Empresas, São Paulo, v 37, n.1, p.6-17, 1997.
CARLEY, K. Coding choices for textual análisis: a comparasion of content análisis and map
análisis. Sociological Methodology. v.23, p.75-126, 1993.
320
CARMELI, A.; FREUND, A. The relationship between work and workplace attitudes and
perceived external prestige. Corporate Reputation Review, London, v.5, n.1, p.51-68, Londres,
2002.
CARMELI, Abraham. The link between organizational elements, perceived external prestige and
performance. Corporate Reputation Review, London, v.6, n.4, p.314-331, 2004.
CARRIERI, A de P. O fim do “mundo Telemig”: a transformação das significações culturais em
uma empresa de telecomunicações. 2001. Tese (Doutorado em Administração) - Universidade
Federal de Minas Gerais, Faculdade de Ciências Econômicas, Belo Horizonte.
CARROLL, A. B. A three-dimensional conceptual model of corporate performance. Academy of
Management Review, v.4, p.497-505, 1979.
CARROLL, C. E.; VAN RIEL, C. B. M. . We who are many form one body: organizational
identification and the impact of multiple perceptions of identity and image in a global policy-
setting organization. In: THE ACADEMY OF MANAGEMENT’S ANNUAL CONFERENCE,
2001, Washington. Proceedings of… Washington: European Academy of Business in Society
2001.
CARUANA, A.; CHIRCOP, S. Measuring corporate reputation: a casa example. Corporate
Reputation Review, London, v.3, n1, 43-57, 2000.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
CHAJET, Clive. Corporate reputation and the bottom line. Corporate Reputation Review,
London, v.1, n.1/ 2, p.19-23, 1997.
CHENEY, G. On the various and changing meanings of organizational membership: a field study
of organizational identification. Communication Monographs, v.50, p.342-62, 1983a.
CHENEY, G. The rhetoric of identification and the study of organizational communication.
Quarterly Journal of Speech, n.69, p.143-158, 1983b
CHENEY, G.; CHRISTENSEN, L. T. Identity at issue: linkages between internal and external
organizational communication. In: JABLIN, F. M.; PUTNAM, L.L. (Ed.) New handbook of
organizational communication. Newbury Park: Sage Publications, 1999.
CHENEY, G.; CHRISTENSEN, L. T. Organizational identity: linkages between internal and
external communication. In: JABLIN, F. M.; PUTNAM, L. L. (Ed.). The new handbook of
organizational communication: advances in theory, research, and methods. Thousand Oaks:
Sage, 2001. p. 231-269.
CHERNATONY, L. Brand management through narrowing the gap between brand identity and
brand reputation. Journal of Marketing Management, v. 15, n. 1-3, p. 157-179, 1999.
321
CHRISTENSEN, L. T; ASKEGAARD, S. Corporate identity and corporate image revisited: a
semiotic perspective. European Journal of Marketing, Bradford, v. 35, n.3/4, 2001.
CHRISTENSEN, Lars T.; CHENEY, George, E. Self-absortion and self-seduction in the
corporate identity game. In: SCHULTZ, M.; HATCH, M.J; LARSEN, M.H. The expressive
organization: linking identity, reputation and the corporate brand. Londres: Oxford University
Press, 2000.
CHUN, R.; Davies G.; SILVA R.; ROPER S. The personification metaphor as a measurement
approach for corporate reputation. Corporate Reputation Review, London, v.4, n.2, p.113-127,
2001.
CHUN, R.; DAVIES G. Gap between internal and external perception of the corporate brand.
Corporate Reputation Review, London, v. 5, n. 2/3, 2002.
CLEGG, Stewart R.; HARDY, Cynthia; NORD, Walter R. Handbook de estudos
organizacionais: modelos de análise e novas questões em estudos organizacionais. São Paulo:
Atlas, 1998.
CORLEY, Kevin; GIOIA, Dennis. The rankings game: managing business school reputation.
Corporate Reputation Review, London, v.3, n.4, p.319-333, 2000.
CORDEIRO, J.; SAMBHARYA, R.B. Do corporate reputations influence security analysis
earnings forecasts? Corporate Reputation Review, London, v. 1, p. 94-98, 1997.
CORNELL, B.; SHAPIRO, A. C. Corporate stakeholders and corporate finance. Financial
Management. v.16, p.5-14, 1987.
CORNELISSEN, Joep. Corporate image: an audience centred model. Corporate
Communications, Bradford, v.5, n.2, 2000.
CORNELISSEN, J., THORPE, R. Measuring a business school’s reputation: perspectives,
problems and prospects. European Management Journal, v.20, n.2, p.172-178, 2002
.
CRESWELL, John W. Research design: quantitative & qualitative approaches. Londres: Sage
Publication, 1994.
CRESWELL, John W. Qualitative inquiry and research design: choosing among five traditions.
Londres: Sage Publications, 1997.
DACIN, P. A.; BROWN, T.J. Corporate identity and corporate associations: a framework for
future research. Corporate Reputation Review, London, v.5, n.2/3, p.254-263, 2002.
DAMANTE, Nara. Conhece-te a ti mesmo. Revista Comunicação Empresarial. São Paulo, Ano
14, n.52, 3. trim. 2004.
D'ANGELO, Ana Cristina. Dom Cabral quer ser referência na América Latina. Jornal O Tempo,
Belo Horizonte, 02 de ag. 2001. p.4.
322
DAVIES, G.; CHUN, R. Gaps Between the internal and external perceptions of the corporate
brand. Corporate Reputation Review, London, v.5, n.2/3, p.144-158, 2002.
DAVIES, G. et al. Corporate reputation and competitiveness. Londres: Routledge, 2003
DAVIES, G. et al. A corporate character scale to assess employee and customer views of
organization reputation. Corporate Reputation Review, London, v.7, n.2, 2004.
D’AVENI, Richard. A multiple-constituency, status based approach to interorganizational
mobility of faculty and input-output competition among top business schools. Organization
Science, v.7, n.2, p.166-189, 1996.
DE ANGELO, L. Auditor size and auditor quality. Journal of Accounting and Economics, v.3,
p.183-200, 1981.
DEEPHOUSE, D.L. The effect of financial and media reputations on performance. Corporate
Reputation Review, London, v.1, n.1/2, 1997.
DENZIN, Norman K. Post modern social theory. Sociological Theory, v. 4, n 2, 1986.
DESPHANDE, R.; WEBSTER, F. Organizational culture and marketing: defining the research
agenda. Journal of Marketing, v. 53, p.3-15, 1989.
DICHEV, Ilia D. How good are business school rankings? The Journal of Business, v.72, n.2,
p.201-213, 1999.
DINIZ, Daniela. Vale a pena ter trainee? Exame, São Paulo, n.796, p.87-89, jul. 2003.
DOWEL, G. et al. Corporate environment reputation: comparing two industries. Corporate
Reputation Review, London, v.1, n.1/2, 1997.
DOWLING, G.R. Managing your corporate image. Industrial Marketing Management. v.15,
p.109-15,1986.
DOWLING, G.R. Developing your company image into a corporate asset. Long Range
Planning, v.26, n.2, p.101-109, 1993.
DOWLING, G.R. Creating corporate reputations: identity, image and performance. Oxford:
University Press, 2001.
DOWNEY, S.M. The relationship between corporate culture and corporate identity. Public
Relations Quartely, v.31, n.4, p.7-12, 1986/1987.
DOZIER, D.M.; GRUNIG, L.A.; GRUNIG, J.E. Managers’s guide to excellence in public
relations and communication management. New Jersey: Lawrence Erlbaum Associates, 1995.
DUKERICH, J. M.; CARTER, S. M. Distorted images and reputation repair. In: SCHULTZ, M.;
HATCH, M.J., LARSEN, M.H. The Expressive organization: linking identity, reputation and
the corporate brand. New York: Oxford University Press, 2000.
323
DUTTON, J. E.; DUKERICH, J.M. Keeping an eye on the mirror: image and identity in
organizational adaptation. Academy of Management Journal, v.34, p.517-554, 1991.
DUTTON, J. E., DUKERICH, J.M, HARQUAIL,C.V. organizational images and member
identification. Administrative Science Quartely, Ithaca, v.39, n.2, p.239-263, 1994.
EICHENSEHER, J; SHIELDS, D. Corporate director liability and monitoring preferences.
Journal of Accounting and Public Policy, v.4, p.13-31, 1985.
ELSBACH, K.D.; KRAMER, R.M. Members’ responses to organizational identity threats:
encountering and countering the business week rankings. Administrative Science Quarterly,
v.41, n.3, p. 442-476, 1996.
ELSTAK, Mirdita, N.; VAN RIEL, C. B. M. the impact of identity congruence on organizational
identification and citizenship behavior. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON
CORPORATE REPUTATION, IDENTITY AND COMPETITIVENESS, 8, 2004, Flórida.
Proceedings of… Flórida: Fort Lauderdale, 2004.
FACCIOLI, César. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 12 dez. 2002. p. A10.
FARIA, A.A.M; LINHARES, P.T.F.S. O preço da passagem no discurso de uma empresa de
ônibus. In: MACHADO, Ida L.V.(Org.) Análise de discursos: sedução e persuação. Belo
Horizonte: Núcleo de Assessoramento à Pesquisa / Faculdade de Letras UFMG, 1993. Cadernos
de Pesquisa, v.10. p.32-38.
AGENDA para o futuro: anotações sobre fatores que geraram o desenvolvimento da instituição.
Belo Horizonte: Fato de Contexto. Projeto e Consultoria em História, 2001.
FHC inaugura campus de fundação mineira. O Estado de São Paulo, 09 de agosto, 2001.
FIOL, M.C.; HUFF A . Maps for managers: where are we? Where do we go from here? Journal
of Management Studies, Oxford, v.3, n. 29, p.267-85, 1992.
FIOL, M.C.; HATCH, M.J.; GOLDEN-BIDDLE, K. Organizational culture and identity: what’s
the diference anyway? In: WHETTEN, David A.; GODFREY, Paul C. Identity in organizations:
building theory through conversations. Califórnia: Sage Publications, 1998.
FIOL, M.C. Managing culture as a competitive resource: an identity based view of sustainable
competitive advantage. Journal of Management, v.17, p.191-211, 1991.
FIORIN, J. L. Elementos de análise do discurso. São Paulo: Contexto, 2001.
FIORIN, J. L. Linguagem e ideologia. São Paulo: Ática, 1988.
FISCHER, T.; MACALLISTER, M. Nota técnica: jogando com cultura organizacional. In:
CALDAS, M.; FACHIN, R.; FISCHER, T. (Org.). Handbook de estudos organizacionais:
reflexões e novas direções. São Paulo: Atlas, 2001. v.2.
324
FISCHER, Tânia. Seduções e riscos: a experiência de mestrado profissional. Revista de
Administração de Empresas, São Paulo, v.43, n.2, p.119-123, abr./jun. 2003.
FLEURY, M. T. L; FISCHER, R.M. Cultura e poder nas organizações. São Paulo: Atlas, 1989.
FOMBRUN, C. J. Reputation: realizing value from the corporate image. Boston: Harvard
Business School Press, 1996.
FOMBRUN, C. J.; RINDOVA, Violina. reputation management in global 1000 firms: a
benchmarking study. Corporate Reputation Review, London, v.1, n.3, p.205-212, 1998.
FOMBRUN, C.J; VAN RIEL, C.B.M. The reputational landscape. Corporate Reputation
Review, London, v.1, n.1/2, p-5-13, 1997.
FOMBRUN, C.J.; VAN RIEL, C.B.M. Fame & fortune: how successful companies build
winning reputations. USA: Prentice Hall, 2004.
FOMBRUN, C.J. Indices of corporate reputation: an analysis of media rankings and social
monitors’ratings. Corporate Reputation Review, London, v.1, n.4, p.327-340, 1998.
FOMBRUN, C.J.; SHANLEY, M. What's in a name? Reputation building and corporate strategy.
Academy of Management Journal, Mississippi, v.33, n.2, p.233-58, 1990.
FOMBRUN, C.J.; GARDBERG, N.; SEVER, J. The reputation quotient: a multi stakeholder
measure of corporate reputation. The Journal of Brand Management, v.7, n.4, p. 241-255, 2000.
FOMBRUN, C.J.; GARDBERG, N. Who’s top in corporate reputation? Corporate Reputation
Review, London, v.3, n.1, p.13-17, 2000.
FOMBRUN, C.J.; RINDOVA, V.P. The road to transparency: reputation management at royal
dutch/shell. In: SCHULTZ, Majken; HATCH, M.J.; LARSEN, M.H. The expressive
organization: linking identity, reputation and the corporate brand. New York: Oxford University
Press, 2000.
FOMBRUN, C.J.; RINDOVA, V.P. Reputation management in global 1000 firms: a
benchmarking study. Corporate Reputation Review, London, v.1, n.3, p.205-212, 1998.
FOREMAN, P; WHETTEN, D.A. Members´ identification with multiple-identity organizations.
Organization Science, v.13, n.6, p.618-635, 2002.
FREEMAN, R.E. Strategic management: a stakeholder approach. Boston: Pitman, 1984.
FRIGA, Paul N.; BETTIS, Richard A.; SULLIVAN, Robert S. Mudanças no ensino em
administração: novas estratégia para o século XXI. Revista de Administração de Empresas, São
Paulo, v.44, n.1, p.96-115, jan./mar. 2004.
FROST, P. J. et al. (Eds) Reframing organizational culture. Londres: Sage: 1991.
325
FUJITA, Fábio. Nas vantagens da educação continuada. Guia de Pós-Graduação & MBA, São
Paulo, n.3, p.8-12, 2004.
FUNDAÇÃO Dom Cabral é a única escola brasileira no ranking internacional de programas
fechados do Financial Times. FDC em notícias, Belo Horizonte, ed. especial, 24 de maio 2004.
FUNDAÇÃO se especializa em gerenciamento. O Globo, Rio de Janeiro, 10 de agosto, 2001.
GAINESS-ROSS, Leslie. Leveraging corporate equity. Corporate Reputation Review, London,
v. 1, n.1/2, p.51-56, 1997.
GAGLIARDI, P. The creation and change of organizational cultures: a conceptual framework.
Organizational Studies, v.7, p.117-134, 1986.
GAGLIARDI, P. (Ed.). Symbols and artifacts: views of the corporate landscape. Berlin: Walter
de Gruyter, 1990.
GAMSON, W.A et al. Media images and the social construction of reality. Annual Review of
Sociology, v.18, p.373-393, 1992.
GARDBERG, N. A; FOMBRUN, C.J. The global reputation quotient project: first steps towards
a cross-nationally valid measure of corporate reputation. Corporate Reputation Review, London,
v. 4, n.4, 2002.
GARDBERG, N. A; FOMBRUN, C.J. USA: for better or worse: the most visible american
corporate reputation. Corporate Reputation Review, London, v. 4, n.4., 2002b.
GIARDINO, Andrea. MBAs brasileiros terão controle rígido e selo de qualidade. Valor, São
Paulo, 10 de novembro, 2004. p.6.
GIOIA, D.A ., CHITTIPEDDI, K. Sensemaking and sense-giving in strategic change initiation.
Strategic Management Journal. v.12, p.443-448, 1991.
GIOIA, D.A , THOMAS, J. B. Identity, image, and issue interpretation: sensemaking during
strategic change in academia. Administrative Science Quarterly. Ithaca, v.41, n.3, p.370-403,
1996.
GIOIA, D. A.; SCHULTZ, M.; CORLEY, K. Organizational identity, image and adaptive
instability. Academy of Management Review, v.25, n.1, p.63-81, jan. 2000.
GIOIA, D. A. From individual to organizational identity. In: WHETTEN, David A.; GODFREY,
Paul C. Identity in organizations: building theory through conversations. Califórnia: Sage
Publications, 1998.
GLASER, B. G.; STRAUSS, A. L. The discovery of grounded theory. Chicago: Aldine, 1967.
GLYNN, M.A. When cymbals becomes symbols: conflict over organizational identity within a
symphony orchestra. Organization Science, v.11, 2001.
326
GOLDEN-BIDDLE, K.;RAO, H. Breaches in the boardroom: organisation identity and conflict
of commitment in a non-profit organisation. Organisation Science, v. 8, p.593-611, 1997.
TREADWELL, D.F., HARRISON, T. M. Conceptualizing and assessing organizational image:
model images, commitment and communication. Communication Monographs. Annandale:
1994.
GOMES, Maria Tereza. Mas que confusão! MBA virou uma sigla usada até para seminário de
um dia. Saiba como identificar os verdadeiros cursos de formação de executivos. Revista Você
S.A, n.29, p.06-14, nov. 2000.
GOVATTO, Ana. C. Empresas-cidadãs deixam a desejar na comunicação com o consumidor.
Disponível em:
<http://www.abac.org.br/Responsabilidade_Social_site/biblioteca03.asp> Acesso
em 16 set.2004.
GRAD, Robert. Boa reputação vende. Disponível em: <http://www.cl-a.com>.Acesso em: 12
novembro 2004
GRANOVETTER, M. Economic action and social structure: the problem of embeddedness.
American Journal of Sociology. v.91, n.3, p.481-510, 1985.
GRAY, J. Managing the corporate image. Londres: Quorum Books, 1986.
GRAY, E.R.; SMELTZER, L.R. SRM forum: corporate image: an integral part of strategy. Sloan
Management Review, v.24, n.4, p.73-78, 1985.
GREYSER, Stephen A. Advancing and enhancing corporate reputation. Corporate
Communications, Bradford, v.4, n.4, p.177, 1999.
GROENLAND, Edward. Qualitative research to validate the RQ-dimensions. Corporate
Reputation Review, London, v. 4, n.4, 2002 .
GRUNIG , J. E. Image and substance: from symbolic to behavioral relationships, 1993. In:
BALMER, J.M.T., GREYSER, S. A. Revealing the corporation: perspectives on identity, image,
reputation, corporate branding, and corporate-level marketing. Londres: Routledge, 2003.
GRUNIG, J. E.; HUNT, T. Managing public relations. Fort Worth: Holt, Rinehart & Winston,
1984.
GRUNIG, J. E. A situational theory of publics: conceptual history, recent challenges and new
research. In: MOSS, D.; MACMANUS, T; VERCIC, D. Public relations research: an
international perspectives. UK: International Thomson Business Press, 1997.
GRUNIG, J. E.; DOZIER, D. M. Excellence in public relations and communication
management. Hillsdade: Lawrence Erlbaum, 1992.
GUIA de pós-graduação & MBA. São Paulo: Segmento, 2003.
GUIA de pós-graduação & MBA. São Paulo: Segmento, 2004.
327
GUREVICH, M.; LEVY, M. R. Mass communication. California: Sage, 1985. Review
Yearbook, v. 5.
HAGUETTE, T. M. F. Metodologias qualitativas na sociologia. Petrópolis: Vozes, 1995.
HALL, Richard. The strategic analysis of intangible resources. Strategic Management Journal.
v. 13, n 2, p. 135-144, 1992.
HATCH, M. J.; SCHULTZ. M. Relations between organizational culture, identity and image.
European Journal of Marketing. v. 31, 1997.
HATCH, M.J.; SCHULTZ, Majken. Scaling the tower of babel: relational differences between
identity, image and culture in organizations. In: SCHULTZ, Majken; HATCH, M.J.; LARSEN,
M.H. The expressive organization: linking identity, reputation and the corporate brand. New
York: Oxford University Press, 2000. 272p.
JACOMINO, Dalen. Você precisa mesmo de um MBA? Você S.A, n.53, p.58-62, nov.2002.
JACOMINO, Dalen. Eles dizem que vale a pena. Você S.A, n.65, p.50-54, nov. 2003.
JENCKS, C. What is post-modernism? Londres: Academy Editions, 1989.
JOHNSON, R. A.; WICHERN, D. W. Applied multivariate statistical analysis. 3.ed. New
Jersey: Prentice Hall, 1992.
JOHNSON, M.; ZINKHAN, M. G. Defining and measuring company image. In: ANNUAL
CONFERENCE OF THE ACADEMY OF MARKETING SCIENCE, 30, 1990, New Orleans.
Proceedings of… New Orleans: Academy of Marketing Science, 1990.
KELLNER, D. Television and the crisis of democracy. Boulder: Westview, 1990.
KENNEDY, S.H. Nurturing corporate images: total communication or ego trip? European
Journal of Marketing, v. 11, n.1, p.120-64, 1977.
KING, Andrew. The social performance uncertainty principle. Corporate Reputation Review,
London, v.1, n.1, 1997.
KITCHEN, P.J.; SCHULTZ, D. E. Raising the corporate Umbrella: corporate communications
in the 21
st
century. NewYork: Palgrave, 2001.
KREPS, D; WILSON, R. Reputation and imperfect information. Journal of Economic Theory,
v.27, p.253-279, 1982.
KRIPPENDORFF, Klaus. Content analysis: an introduction to its methodology. Londres: Sage
Publications, 1980.
KUNSCH, M. M. K. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. São Paulo:
Summus, 2003.
328
KUNSCH, M.M.K. Relações públicas e modernidade: novos paradigmas da comunicação
organizacional. São Paulo: Summus, 1997.
KRIPPENDORFF, KLAUS. Content analysis: an introduction to its methodology. Londres: Sage
Publications, 1980.
LARCON, J. P.; REITTER, R. Structures de pouvoir et identite de l’entreprise. Nathan, Paris,
1979.
LEE, R. Shaping your bank’s corporate identity. Bank Marketing. v.15, n.10, p.21-24, 1983.
LINSTEAD, S.;GRAFTON-SMALL, R. On reading organizational culture. Organization
Studies, Berlin, v.13, n. 3, p.331-335, 1992.
LOKE, Karen. Grounded theory in management research. Londres: Sage Publications, 2001.
MADUREIRA, Daniele; MENEZES, Berenice. Mulheres precisam provar maior competência.
Gazeta Mercantil, São Paulo, 21 de agosto, 2001. Empresas e Carreiras, p.C2.
MACHADO, H. V.; KOPITTKE, B. A identidade no contexto organizacional: perspectivas
múltiplas de estudo. In: ENCONTRO DE ESTUDOS ORGANIZACIONAIS, 2002, Recife.
Anais. Recife: ANPAD, 2002., 1CD.
MAcMILLAN, K; MONEY, K; DOWNING, S. United Kingdom: best and worst corporate
reputations – nominations by the general public. Corporate Reputation Review, London, v.4, n.4,
2002.
MAEL, F.; ASHFORTH, B.E. Alumni and their alma mater: a partial test of the reformulated
model of organizational identification. Journal of Organization Behavior, n.13, p.103-123,
1992.
MARGULIES, W. Make the most of your corporate identity: a well-managed program involves
more than just changing a name. Harvard Business Review, p.66-72, jul./ago. 1977.
MARKEN, G.A. Corporate image: we all have one, but few work to protect and project it. Public
Relations Quarterly, v.35, p.21-23, 1990.
MARLIN, Alice T. Social and environmental rationg of companies. Corporate Reputation
Review, London, v.1,n.1, 1997.
MARQUES, Maria Raquel Grassi Ferreira. Competências essenciais para o futuro da FDC.
Projeto Aplicativo - Fundação Dom Cabral, Belo Horizonte, 2004.
BALMER, J.M.T.; GREYSER, S.A. Revealing the corporation: perspectives on identity, image,
reputation, corporate branding and corporate-level marketing. Londres: Routledge, 2003.
MARTINS, L.L. The very visible hand of reputational rankings in US business schools.
Corporate Reputation Review, London, v.1, n.3, p.293-298, 1998.
329
MARTINS, P.E.M. A reinvenção do serão: estratégia organizacional de Canudos. Rio de
Janeiro: FGV Editora, 2001.
MARZILIANO, Nicola. Corporte image and identity management. International Studies of
Management & Organization, New York, v. 28, n.3, 1998.
MBA com selo de qualidade. AméricaEconomia, 13 de outubro, 2003.
MELEWAR, T. C.; JENKINS, E. Defining the corporate identity construct. Corporate
Reputation Review, London, v.5, n.1, p. 76-90, 2002.
MELEWAR, T. C; SAUNDERS, J; BALMER, J. The saliency of Olins’ visual identity structure
in relation to UK companies operating in Malaysia. Corporate Reputation Review, London, v.3,
n.3, p.194-200, 2000.
MIÈGE, Bernard. O pensamento comunicacional. Petrópolis: Vozes, 2000.
MILGROM, P; ROBERTS, J. Predation, reputation and deterrence. Journal of Economic
Theory. v. 27, p.280-312, 1982.
MILGROM, P.; ROBERTS, J. Price and advertising signals of product quality. Journal of
Political Economy. v.94, p.796-821, 1986.
MINTZBERG, Henry; GOSLING, Jonathan. Educando Administradores além das fronteiras.
Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v.43, n.2, p.29-43, abr/ jun, 2003.
MITCHELL, R. K.; AGLE, B. R.; WOOD, D.J. Toward a theory of stakeholder identification
and salience: defining the principle of who and what really counts. Academy of Management
Review. v.22, n.4, p.853-86, 1997.
MOINGEON, B.; RAMANANTSOA, B. Understanding corporate identity: the french school of
thought. European Journal of Marketing. Bradford: v..31, n.5/6, p.383, 1997.
MONTGOMERY, D. C., Desing and analysis of experiments. 3. ed. New York: John Wiley &
Sons, Inc. 1991
MOREIRA, Ivana. Andrea. Executivos discutem globalização. Valor, Belo Horizonte, 09 de
agosto de 2001.
MORGAN, G. Imagens da organização. São Paulo: Atlas, 1986.
MOORMAN, R.H.; BLAKELY, G.L. Individualism-collectivism as an Individual Difference
Predictor of Organizational Citizenship Behavior. Journal of Organization Behavior, v.16,
p.127-142, 1995.
NADLER, Davis A.; TUSHMAN. Michael L. A organização do futuro. HSM Management.
Barueri, n.18, p.58-84, jan./fev. 2000.
330
NKOMO, S.M.; COX, JÚNIOR. T. Diversidade e identidade nas organizações. In: CALDAS,
M.;FACHIN, R.; FISCHER, T. (Org.) Handbook de estudos organizacionais. São Paulo: Atlas,
1998.
NELSON, P. Information and consumer behavior. Journal of Political Economy, v. 78, p.311-
329, 1970.
NICOLINI, Alexandre. Qual será o futuro das fábricas de administradores? Revista de
Administração de Empresas, São Paulo, v.43, n.2, p.44-54, abr./jun. 2003.
OCTÁVIO, Ianni. Teorias da globalização. 2.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 996.
OLINS, W. The corporate personality: an inquiry into the nature of corporate identity. London:
Design Council, 1978.
OLINS, W. Corporate identity: making business strategy visible through design. Boston: Havard
Business School Press, 1989.
OLINS, W. The new guide to identity: how to create and sustain change through managing
identity. Londres: Gower House, 1995.
OLIVEIRA, Ivone de Lourdes. Dimensão estratégica da comunicação no contexto
organizacional contemporâneo: um paradigma de interação comunicacional dialógica. Rio de
Janeiro, UFRJ, 2002.
O’ROURKE, Ray. Managing in times of crisis. Corporate Reputation Review, London, v.1, n.1
e 2, p. 120-125, 1997.
PEREIRA, Maria José L. B. Mudança nas instituições. São Paulo: Nobel, 1988.
PFEFFER, J. The ambiguity of leadership. Academy of Management Review. v. 2, p.104-112,
1977.
PFEFFER, J.; SALANCIK, G. R. The external control of organizations. New York: Harper &
Row, 1978.
PFEFFER, Jeffrey; FONG, Cristina F. O fim das escolas de negócio? Revista de Administração
de Empresas, São Paulo, v.43, n.2, p.11-28, abr/ jun, 2003.
PIERRE, Bourdieu. A economia das trocas simbólicas: introdução, organização e seleção. 3.ed.
São Paulo: Perspectiva, 1992.
VAN RIEL, C. B. M. Principles of corporate communication. Londres: Academic Service and
Prentice Hall, 1995. 239p.
PONDY, L. R. et al. Organizational symbolism. Londres: Jai Press, 1983
FUNDAÇÃO DOM CABRAL. Disponível em: <http:www.fdc.org.br>.Acesso em: 12 jan. 2005
331
FUNDAÇÃO DOM CABRAL. Portifólio. Belo Horizonte. Fundação Dom Cabral, 2004.
PRATT, M.G.; FOREMAN, P. O. Classifying managerail responses to multiple organizational
identities. Academy of Management Review, v.25, n.1, p.18-42, jan. 2000.
PRATT, M.G.;RAFAELI, A. Organizational dress as a symbol of multilayered social identitis.
The Academy of Management Journal. v.40, n. 4, p.862-898,1997.
PRATT, M.G. To be or not to be? central questions in organizational identification. In:
WHETTEN, D.A. ; GODFREY, P. C. (Ed.). Identity in organizations: building theory trough
conversations. Thousand Oaks: Sage Publications, , 1998. p.171-207.
PRUZAN, Peter. Corporate reputation: image and identity. Corporate Reputation Review,
London, v.4, n.1, p. 50-64, 2001.
PRUYN, A.T.H. Imago: een analytische benadering van het begrip en de implicaties daarvan
voor onderzoek In: VAN RIEL, C.B.M.; NIJHOF, W.H. (Ed.). Handboek Corporate
Communication. Deventer: Loghum Slaterus, 1990.
RACY, Sônia. O Estado de São Paulo, São Paulo, 27 abril 2002. p. B2.
RAGIN, C.C.; HOWARD, S.B. What is a case? exploring the foundations of social inquiry.
Cambridge: Cambridge University Press, 1992.
RAVASI, Davide. Italy: Analysing reputation in a cross-national setting. Corporate Reputation
Review, London, v. 4, n.4, 2002.
REITTER, R.; RAMANANTSOA, B. Pouvoir et politique: au dela de la culture d’entreprise.
Paris: McGraw-Hill, 1985.
VAN RIEL, C. B. M. Principles of corporate communication. Londres: Academic Service and
Prentice Hall, 1995. 239p.
RIBEIRO, Camila. Novas regras de avaliação. Guia de Pós-Graduação & MBA, São Paulo, n. 3,
p.35 - 37, 2004.
RINDOVA, V.P.; FOMBRUN, C. J. Constructing competitive advantage: the role of firm-
constituent interactions. Strategic Management Journal, v.20, p.691-710, 1999.
RINDOVA, V.P.; FOMBRUN, C. J. The eye of the beholder: the role of corporate reputation in
defining organizational identity. In: WHETTEN, David A., GODFREY, Paul C. Identity in
organizations: building theory through conversations. Thousand Oaks, Califórnia: Sage
Publications, 1998.
RINDOVA, V. P., SCHULTZ, M. Identity within and identity without: lessons from corporate
and organizational identity. In: WHETTEN, David A.; GODFREY, Paul C. Identity in
organizations: building theory through conversations. Thousand Oaks, Califórnia: Sage
Publications, 1998.
332
RODRIGUES, Suzana Braga. O chefinho, o telefone e o bode: autoritarismo e mudança cultural
no setor de telecomunicações. 1991. Tese (Concurso de Professor Titular) – Universidade Federal
de Minas Gerais, CEPEAD, Belo Horizonte.
RODRIGUES, S. B. Corporate culture and de-institucionalization: implications for identity in a
brazilian telecomunications company. constituting management markets, meanings and identities.
Berlin: Gruyter, 1996.
RODRIGUES, S.B.; CARRIERI, A. P.; LUZ, T.R. Tempos de desconstrução: evolução e
transformação nas empresas. Belo Horizonte: UFMG/ Face/ Cepead, 2003.
ROSA, Mário. A Síndrome de Aquiles. São Paulo: Gente, 2001.
ROSA, Mário. A era do escândalo: lições, relatos e bastidores de quem viveu as grandes crises
de imagem. São Paulo: Geração, 2003.
RUAS, Roberto. Mestrado modalidade profissional: em busca da identidade. Revista de
Administração de Empresas, São Paulo, v.43, n.2, p.55-63, abr./ jun. 2003.
SABATÉ, J. M. de la; FUENTE; PUENTE, E.Q. The concept and measurement of corporate
reputation: an aplication to spanish financial intermediares. Corporate Reputation Review,
London, v.5, n. 4, p. 280-301, 2003.
SAMPSON, Peter. Qualitative research and motivation research. In: WORCESTER, Robert.
Consumer market research handbook. 3.ed. Amsterdam: Esomar, 1991.
SCHMITT, B.; SIMONSON, A. Marketing aesthetics: the strategic management of brands,
identity, and image. New York: Free Press, 1997.
SCHMIDT, K. The quest for identity. Cassell: Londres, 1995.
SCHULER, Maria. Management of the organizational image: a method for organizational image
configuration. Corporate Reputation Review, London, v.7, n.1, p.37-53, 2004.
SCHULTZ, M.; MOURITSEN, J.; GABRIELSEN, G. Sticky reputation: analyzing a ranking
system. Corporate Reputation Review, London, v.4, n.1, p.24-41, 2001.
SCHULTZ, Majken, HATCH, M.J., LARSEN, M.H. The expressive organization: linking
Identity, Reputation and the corporate brand. New York: Oxford University Press, 2000. 272p.
SCHULTZ, M., NIELSEN,K.U., BOEGE, S. Nominations for the most visible companies for the
Danish RQ. Corporate Reputation Review, London, v.4, n.4, 2002.
SCOTT, W. R. Symbols and organizations: from Barbard to the institutionalists. In:
WILLIAMSON, O. (Ed.). Organization theory. Oxford: Oxford University Press, 1995a.
SCOTT, S.G.; LANE, V.R. A stakeholder approach to organizational identity. Academy of
Management Review, n.25, p.43-62, 2000.
333
SCOTT, C.R.et al. The impacts of communication and multiple identifications on intent to leave:
a multimethodological investigation. Management Communication Quarterly, n.12, p. 400- 435,
1999.
SCHMITT, B.; SIMONSON, A. Marketing aesthetics: the strategic management of brands,
identity, and image. New York: Free Press, 1997.
SCHMIDT, K. The quest for identity. Cassell, Londres: 1995.
SCOTT, S.G.; LANE, V.R. A stakeholder approach to organizational identity. Academy of
Management Review,. n.25, p.43-62. 2000
SCOTT, C.R. et al. The impacts of communication and multiple identifications on intent to leave:
a multimethodological investigation. Management Communication Quarterly. n.12, p. 400- 435,
1999.
SELAME, E ; SELAME, J. Developing a corporate identity: how to stand out in a crowd. New
York: Chain Store, 1975.
SILVA, J. R.G.; VERGARA, S. C. Mudança organizacional e as múltiplas relações que afetam a
reconstrução das identidades dos indivíduos. In: ENCONTRO DA ANPAD 26, 2002. Salvador.
Anais.Salvador: ANPAD, 2002. (CD- ROM.)
SILVA, C.L. Machado da; FONSECA, V. S. D.A. Competitividade organizacional: uma tentativa
de reconstrução analítica. Organizações & Sociedade. v.4, n.7, p.97-114, 1996.
SILVA, C.L. Machado da; NOGUEIRA, E.E.S. Instituições, cultura e identidade organizacional.
In: ENCONTRO DE ESTUDOS ORGANIZACIONAIS, 2000, Curitiba. Anais. Curitiba:
ANPAD, 2000.
SILVA, Estela. Competição gera novas exigências. Guia de Pós-Graduação & MBA, São Paulo,
n.3, p. 52 -56, 2004.
SMIDTS, A.; PRUYN, H.; VAN RIEL, C. B. M. The impact of employee communication and
perceived external prestige on organizational identification. Academy of Management Journal.
v.49, n.5, p.1051-1062, 2001.
SMIRCICH, L. Organizations as shared meanings. In. PONDY, L. R.et al. (Ed.) Organizational
symbolism. Greenwich: CT, 1983.
SMITH, Geoffrey. Life won´t be just a bowl of Cherry Garcia. Business Week, p. 42.,18 Jul.
1994.
SRIVASTAVA, R. K. et al. The value of corporate reputation: evidence from equity markets.
Corporate Reputation Review, London, v.1, p.62-68, 1997.
334
STABLEIN, R. Dados em estudos organizacionais. In: CALDAS, M., FACHIN, R., FISCHER,
T. (Org.). Handbook de estudos organizacionais: reflexões e novas direções. São Paulo: Atlas,
2001. v.2.
STAKE, R.E. The art of case study research. Thousand OaksSage Publications, Inc.,1995.
STAKE, R.E. Case Studies. In: DENZIN, N. K; LINCOLN, Y.S. (Ed). Handbook of quality
research. Thousand Oaks: Sage Publications, 1994.
STURDY, A.; GABRIEL, Y. Missionaires, nercenaires or car salesmen? MBA teaching in
Malaysia. Journal of Management Studies. v.37, n.7, p.979-1002, 2000.
TAJFEL, H.;TURNER, J. C. The social identity theory of intergroup behaviour. In: WORCHEL,
Steven; AUSTIN, William. G. (Ed.). Psycology of intergroup relations. 2.ed. Chicago: Nelson –
Hall. 1985. p.7-24.
THEVISSEN, Frank. Belgium: corporate reputation in the eye of the Beholder. Corporate
Reputation Review, London, v. 4, n.4. 2002.
THOMPSON, John. B. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. Petrópolis: Vozes,
1998.
TOPALIAN, A. Corporate identity: beyond the visual overstatements. International Journal of
Advertising. v.3, n.1, p.55-62, 1984.
TRACY, Joseph; WALDFOGEL, Joel. The best business schools: a market-based approach. The
Journal of Business, v.70, n.1, p.1-31, 1997.
TREADWELL, D.F.; HARRISON, T. Conceptualizing and assessing organizational image:
model images, commitment, and communication. Communication Monographs, Annandale,
v.61, n.1, p.63-85, Mar. 1994
TRIVINÖS, A N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: pesquisa qualitativa em
educação. São Paulo: Atlas, 1997.
UTIYAMA, Cassio H. Controle de qualidade. Revista Você S.A, n.65, p.65, nov. 2003.
VAN REKOM, J. Corporate identity: development of the concept and a measurement
instrument. 1998. Tese (Ph.D.) - Erasmus University, Rotterdam.
VAN RIEL, C. B. M. ; BALMER, J.M.T. Corporate identity: the concept, its measurement and
management. European Journal of Marketing. v.31, n.5-6, p.340-56, 1997.
VAN RIEL, C. B. M. Principles of corporate communication. Londres: Academic Service and
Prentice Hall, 1995. 239p.
VAN RIEL, C. B. M. Corporate communication orchestrated by a sustainable corporate story. In:
.SCHULTZ, M.; HATCH, M.J.; LARSEN, M.H. The expressive organization: linking identity,
reputation and the corporate brand. New York: Oxford University Press, 2000. 272p.
335
VAN RIEL, C.B.M. Essentials of corporate communication: building and implementing
corporate stories using reputation management. Londres, Routledge, 2003. No prelo.
VAN RIEL, C. B. M. The Netherlands: top of mind awareness of corporate brands among the
dutch public. Corporate Reputation Review, London, v. 4, n.4, 2002.
VAN RIEL, C. B. M; STROEKER, N; MAATHUIS, O. Measuring corporate images. Corporate
Reputation Review, London, v.1, p.313-336, 1998.
VAN RIEL,C. B. M.; FOMBRUN, C. J. Which company is most visible in your country? An
introduction to the special issue on the global RQ: project nominations. Corporate Reputation
Review, London, v.4, n.4, 2002.
VAN ROON, I. Strength from within: how european business schools buffer the effect of
rankings on identity and reputation. 2003. Tese (Master’s) - Rotterdam School of Management.
VASCONCELOS, Carlos. Cabral Cruza a fronteira. AméricaEconomia, São Paulo, jan. 2001.
VIEIRA,ROBERTO F. Comunicação organizacional: gestão de relações públicas. Rio de
Janeiro: Mauad, 2004
VERÓN, E. a produção de sentido. São Paulo: Cultrix, 1980.
VOCÊ S.A: Os melhores MBAs do Brasil. São Paulo: Abril, 2000-2004. Anual.
WARTICK, Steve. Measuring corporate reputation: definition and data. Business and Society,
v.41, n.4, dez. 2002.
WEBER, M. Economy and society. Berkeley: University of California Press, 1967/1978.
WHETTEN, David A., GODFREY, Paul C. (Ed.) Identity in organizations: building theory
through conversations. Thousand Oaks: Sage Publications, 1998.
WHETTEN, David A. Theory development and the study of corporate reputation. Corporate
Reputation Review, London, v. 1, n.1, p.15-23, 1997.
WIEDMANN, Klaus-Peter. Germany: analyzing the german corporate reputation landscape.
Corporate Reputation Review, London, v. 4, n.4, 2002
WIERENGA, B., RAAIJ, W.E. Van. Consumentengedrag, theorie, analyse en toepassingen.
Stenfert Kroese: Leiden, 1987.
WILSON, R. Auditing: Perspectives from multiperson decision theory. Accounting Review.
v.58, p.305-318, 1983.
WOOD, JR., T. Organizações espetaculares. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2001.
336
WOOD JÚNIOR, Thomaz; PAULA, Ana Paula Paes de. O Fenômeno dos MPA's Brasileiros:
Hibridismo, diversidade e tensões. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v.44, n.1,
p.116-129, jan/mar. 2004.
WOOD JÚNIOR, Thomaz; PAULA, Ana Paula Paes de. Pop management: MBA's no Brasil.
São Paulo, 2002. <http://www.fgvsp.br/institucional/pesquisas/index.htm>. Acesso em: 13
out.2004.
WOOD JÚNIOR, Thomaz; PAULA, Ana Paula Paes de. Pop management: a literatura popular
de gestão Brasil. São Paulo, 2002. <http://www.fgvsp.br/institucional/pesquisas/index.htm>.
Acesso em: 09 dez.2004.
YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2001.
337
ANEXOS
338
ANEXO A - RELAÇÃO DOS FOLHETOS PRODUZIDOS PELA FDC
EM 2004
QUADRO 1
- Portifólio 2004 ( Soluções Educacionais Inovadoras );
- Gestão Estratégica da Cadeia de Suprimentos ( A Gestão Logística sob uma visão
estratégica );
- Gestão Estratégica de Pessoas – GEP ( Os resultados estratégicos de uma empresa
passam necessariamente pelas pessoas ). PROGRAMA INTERNACIONAL;
- MBA Empresarial ( Desenvolvendo competências, formando líderes );
- Especialização em Gestão
Ênfase em Finanças, Logística, Marketing, Negócios, Pessoas e Projetos.
( A qualidade FDC com flexibilidade na forma de estudar );
- Perfil da Instituição ( Em Inglês , Espanhol e Chinês );
- Programa Avançado em Negócios Internacionais ( A Primeira fronteira a ser conquistada
é a do conhecimento );
Programa com certificação Especialização / Pós Graduação Lato-Sensu
- MBA Executivo ( Incentivando o espírito empreendedor nas novas lideranças );
- Gestão Responsável para a Sustentabilidade ( Gerir com responsabilidade é a melhor
forma de garantir o futuro );
- Programa de Capacitação para Resultados – PCR ( Sedimentando o caminho na busca
pelos melhores resultados );
- Programa de Desenvolvimento de Executivos – PDE ( Da Teoria à Prática : estratégias
implementadas com sucesso );
- STC Executivo: Skills Tools & Competencies ( Líderes construindo o futuro ) Kellogg;
- Programa de Gestão Avançada – PGA ( O futuro das organizações discutido pelos
próprios dirigentes ) INSEAD;
339
ANEXO A - PORTFÓLIO FDC
QUADRO 2
Programas FDC
Educação continuada com programas de Pós-Graduação Lato sensu e Stricto sensu e
MBA
Especialização em Gestão (Ênfase em Finanças, Logística, Marketing, Negócios, Pessoas,
Projetos);
Programa Avançado em Negócios Internacionais;
MBA Executivo;
MBA Empresarial;
Pós-MBA;
Mestrado Profissional em Administração - MPA.
Desenvolvimento para executivos com foco no indivíduo e sua atuação na empresa
Gestão Geral :
STC - Executivo Skills, Tools & Competences;
Programa de Gestão Avançada -PGA ;
Fórum pela Excelência
Programa de Desenvolvimento de Executivos - PDE ;
Programa de Capacitação para Resultados -PCR;
Programa de Aperfeiçoamento das Competências Técnico Organizacionais;
Programa de Capacitação para Novos Gestores - CNG;
Desenvolvimento de Trainees.
Temáticos:
Estratégia de Negociação;
Finanças para não Financeiros;
Gestão Avançada da Cadeia de Suprimentos;
Gestão da Performance;
Gestão de Capital de Valor;
Gestão de Projetos;
Gestão Estratégica de Pessoas - GEP;
Gestão Estratégica do Cliente;
Industrial Marketing Management;
Liderança Transformadora;
Marketing Corporativo Avançado
Desenvolvimento empresarial foco no aprendizado coletivo
Alinhamento Estratégico;
Desenvolvimento das Competências de Liderança;
Desenvolvimento de Equipes;
Desenvolvimento Gerencial;
Empreendedorismo;
Estratégia Competitiva para Exportação;
Gestão Baseada em Valor;
Gestão da Mudança e Revisão de Processos;
Gestão de Processos;
Gestão Estratégica da Inovação;
340
Gestão Responsável para a Sustentabilidade;
Gestão por Competências;
Governança Corporativa;
Planejamento Estratégico;
RH como Agente Estratégico de Gestão;
Universidade Corporativa - Gestão Integrada de Conhecimento;
Administração Pública - Modernização da Gestão Pública.
Parcerias Empresariais
Centro de Tecnologia Empresarial - CTE;
Global Players - Competição Global;
Parceria para Desenvolvimento de Acionistas - PDA;
Parceiros para Excelência - PAEX
FONTE - Portfólio FDC, 2004, p.13.
341
ANEXO A - PORTFÓLIO FDC
QUADRO 3
Empresas parceiras no CTE
ABB Ltda
Accor Brasil S.A
Acesita S.A
Andrade Gutierrez
Alcan Alumínio do Brasil S.A
Banco ABN AMRO Real S.A
Companhia Energética de Minas Gerais - CEMIG
Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira
Credicard S.A Administradora de Cartões de Crédito
Natura Cosméticos
Petrobras - Petróleo Brasileiro S.A
Philips do Brasil Ltda
RBS - Rede Brasil Sul
Rhodia Brasil Ltda
Sadia S.A
Samarco Mineração S.A
Siemens Ltda
Telefônica
TV Globo
Usiminas - Usina Siderúrgicas de Minas Gerais S.A
Varig S.A ( Viação Aérea Rio Grandense)
Votorantim
WEG S.A
Xerox do Brasil Ltda
FONTE - <www.fdc.org.br>Acesso em 18 jan 2005
342
ANEXO A - PORTFÓLIO FDC
QUADRO 4
Empresas parceiras no PDA
MG I
Construtora Andrade Gutierrez S.A
Construtora Pavisan Ltda
Grupo Nog
Itatiaia Imóveis S.A
Líder Taxi Aéreo
Nansen S.A
Via Brasil
Sindi
MG II
Cedro Cachoeira Cia de Fiação e Tecidos
Construtel Projetos e Construções Ltda
Cotochés
Granasa - Granitos Nacionais
Lamil - Lage Minérios Ltda
Orguel - Organizações Guerra Lage Ltda
Séculos da Amazônia Jóias e Relógios
MG III
Cedro Cachoeira Cia de Fiação e Tecidos
Construtora Melo Azevedo Ltda
Franco Matos Tintêxtil Ltda
Instituto Cultural Newton Paiva Ferreira Ltda
Plantar S.A
Soldering Comércio e Indústria Ltda
Unipart - Univale Participações Ltda
MG IV
Vila da Serra
Instituto Efigênia Vidigal
Viação Anchieta
Farmácia Santa Marta
Transpedrosa
SP I
Construtora Beter
Etel Engenharia Montagens e Automação Ltda
Grupo Ligna
Mecanopack Embalagens Ltda
MTE Thomson Indústria e Comércio Ltda
Springer S.A
Peralta Comércio e Indústria - Rede Paulistão
SP II
Multi-tek
Banco Santos
Guper/Levy
Makenji
Viação Santa Cruz
FONTE - <www.fdc.org.br> . Acesso em 18 de janeiro
343
ANEXO A - PORTFÓLIO FDC
QUADRO 5
Empresas parceiras do PAEX
DF
Autotrac
Casa Park Valença Empreendimentos Imobiliários
COOPERFORTE
CPA - Companhia de Promoção Agrícola
HOB Hospital Oftalmológico de Brasília Ltda
Só Frango Produtos Alimentícios Ltda
Policentro - Consulprev Informática Associados Ltda
ES
Dalla
Estel Máquinas e Serviços Industriais Ltda
Fortes Engenharia Ltda
Gaia Importação e Exportação Ltda
Imetame Metalmecânica Ltda
Morar Construtora
MULTISCAN
Time-now Engenharia
Tommasi
RJ
Atend Tecnologia Ltda
Exmarc
GDTEL Telecomunicações Ltda
Hitel Teleinformática Ltda
LGB
MCC
SE
Banese Card
Hospital São Lucas
Fiação Itabaiana Ltda
Norcon Sociedade Nordestina de Construções S.A
Sergifil
SP
COOPERCARGA
CSI
Grace Brasil Ltda
INPEV - Instituto Nacional de Processamento de Embalagens
Vazias
Leonardi Construção Industrializada Ltda
VIDATIS - Sistemas de Informação em Saúde
PAEX TEC MG
344
Akwan S.A
Arte Informática Ltda
Biocod
Biominas
Core Synesis Ltda
Instituto Arte Visão
Instituto Hartmann Regueira
Internacional Syst S.A
Labtest
Mediphacos Ophthalmic Professionais Ltda
Solution Engenharia de Automação Ltda
TEKNISA
FONTE - <www.fdc.org.br>.Acesso em 18 jan.2005.
345
ANEXO A - PORTFÓLIO FDC
QUADRO 5.1
Empresas parceiras do PAEX
Chile
Aserraderos Rio Colorado Ltda
Danton Bravo Ing. Y Contrucción
Diario El Sur S.A
Generacorp
Gracel S.A
Modas Evita
Molinos Bío-Bío
Seguridad Y Serv. Industriales
Soc. Distribuidora Merino
Jess
Soc. Maestranza Arbal Gracel S.A
Paraguai
Casa Centro
Century Systems
Interfin
Mercotec
Record Electric
Tecnoservice
FONTE - <www.fdc.org.br>.Acesso em 18 jan 2005
346
ANEXO A - PORTFÓLIO FDC
QUADRO 6
Empresas parceiras Global Players
Embraco - Empresa Brasileira de Compressores S.A
Gerdau
Multibrás S.A - Eletrodomésticos
Natura Comésticos
Petrobras - Petroleo Brasileiro S.A
Tigre S.A - Tubos e Conexões
Votorantim Comentos Ltda
WEG S.A
FONTE - <www.fdc.org.br>.Acesso em 18 jan 2005
347
ANEXO B
Pesquisa Qualitativa - Público Interno
IDENTIDADE PROJETADA - Roteiro de Entrevistas - FDC
Identidade Projetada
Age de
acordo
Não Age Porque
Soluções Educacionais
Inovadoras
Desenvolvimento de
executivos e empresas
Trabalha com empresas ( e não
para)
Parcerias e Alianças
Internacionais
Equilibrio entre teoria e prática
Soluções específicas para cada
cliente
Professores que utilizam o
conhecimento aplicado
Rigor em seus princípios e
valores
Parcerias e alianças com
empresas clientes
Instituição que é Referência no
setor de educação
Instituição de elite
Padrões e Modelos
internacionais
Altos resultados financeiros
Rígido padrão acadêmico
Atende a grandes empresas
2. Dentre estes atributos, há algum específico que você considere que seja mais
forte/representativo da FDC.? Por que?
3. Dentre estes atributos, há algum específico que você considere mais importante para a FDC.
? Por que?
348
ANEXO B - PESQUISA QUALITATIVA - PÚBLICO EXTERNO
Roteiro de Entrevistas
Reputação
Segundos pesquisas do Instituto de Reputação, na Europa e EUA, os itens que definem a
reputação de uma instituição são os seguintes:
1. Produtos e Serviços
2. Visão e Liderança
3. Ambiente de Trabalho
4. Responsabilidade Social e com o Meio Ambiente
5. Desempenho Financeiro
1. No Brasil, você considera que um dos atributos citados tenha um valor maior na
construção da reputação de uma empresa? Qual? Por quê?
2. Na sua opinião, qual o item mais importante para a reputação de uma empresa. Por quê?
3. No caso específico da FDC, qual o item que você considera mais importante para a sua
reputação?
4. O que chama a sua atenção na reputação da Fundação Dom Cabral?
5. Há algum aspecto que você considere negativo na reputação da FDC?
6. Você considera que a FDC deva investir mais em algum aspecto para melhorar sua
reputação? Se sim, qual e porque?
349
ANEXO B - PESQUISA QUANTITATIVA – PÚBLICO EXTERNO
Reputação e Concordância e Atratividade da Identidade Projetada
Reputação
Itens que compõem a metodologia de análise do Quociente de Reputação ( Fombrun, Gardberg,
Sever, 2000)
1. Familiaridade
Eu tenho muita familiaridade com os produtos e serviços da FDC
Recentemente, não vi ouvi nada sobre a FDC
Eu conheço bastante sobre os resultados financeiros da FDC
Eu conheço muita gente que trabalha para a FDC
2. Capacidade Operacional
A FDC é bem administrada
A FDC possui uma equipe altamente qualificada
A FDC é ineficiente e não produtiva
A FDC é dirigida por um presidente inteligente e competente
3. Posicionamento Estratégico
A FDC vende serviços de alta qualidade
A FDC é uma empresa inovativa
Os preços de produtos e serviços da FDC não são justos
A FDC proporciona excelente valor para o consumidor
4. Liderança no setor
A FDC possui valiosos recursos
A FDC tem muito poder
A FDC é lider no setor educacional
A FDC me parce muito fraca
5. Distintividade
A FDC não possui nada que seja único para oferecer
A FDC se distingue na forma de fazer as coisas
Eu realmente me identifico com a FDC
Eu tenho um sentimento positivo em relação a FDC
6. Credibilidade
Eu sempre acredito no que a FDC diz
Do que eu sei, a FDC nunca cumpre o que promete
Eu posso confiar na FDC
A FDC é honesta e direta na sua comunicação com seus públicos
350
7. Influência
Os produtos e serviços da FDC são importantes para a sociedade
A FDC realmente faz diferença para pessoas como eu
A FDC contribui muito pouco com a economia do país
A FDC contribui para tornar o mundo melhor
8. Cuidados / Atenção / Preocupação
Esta é uma empresa que realmente se preocupa / cuida de seus empregados
Esta empresa contribui com as comunidades com as quais se relaciona
Esta é uma empresa que cuida do meio ambiente
Essa empresa cuida muito pouco / se preocupa pouco com seus clientes e empregados
Observação: o questionário do Quociente de Reputação não foi disponibilizado por fazer parte
de um acordo de confidencialidade entre a pesquisadora e o Instituto de Reputação.
Concordância e Atratividade da Identidade Projetada
Mesmas questões do questionário utilizado na pesquisa quantitativa com público interno
( ANEXO B -Pesquisa Quantitativa -Público Interno)
351
ANEXO B - PESQUISA QUANTITATIVA – PÚBLICO INTERNO
PESQUISA SOBRE IDENTIDADE E REPUTAÇÃO
DA FUNDAÇÃO DOM CABRAL
Estamos realizando uma pesquisa sobre a identidade reputação da FDC e gostaríamos de contar com sua
colaboração, respondendo ao questionário abaixo. As perguntas foram elaboradas de forma a facilitar a
leitura, permitindo que a pessoa possa responder a todas as questões no máximo em 20 minutos. Esse
estudo é parte da tese de doutorado da prof. Ana Luisa de Castro Almeida e está sendo desenvolvido em
conjunto pelo CEPEAD- Universidade Federal de Minas Gerais e pelo Corporate Communication Centre,
da Erasmus University, em Rotterdam. Agradecemos sua participação.
I - PERCEPÇÃO DE PRESTÍGIO EXTERNO
Abaixo estão citadas algumas frases sobre o prestigio externo da FDC. Gostaríamos de saber como Você
pensa que Outros vêem a FDC. Ou seja, marque abaixo como você considera que seja a opinião de
públicos externos da FDC. Marque o numero que considera apropriado
1 = Discorda Totalmente
2 = Discorda
3 = Não concorda e nem discorda
4 = Concorda
5 = Concorda Totalmente
352
1 A FDC é vista pela maioria do público
externo como uma organização bem
administrada
2 A FDC é considerada como uma boa
organização para se trabalhar
3 A FDC é vista como uma organização que
possui bons empregados
4 A FDC é vista como uma organização
com desempenho superior a seus
concorrentes
5 A FDC é vista como organização de alta
lucratividade
6 A FDC é vista como organização que tem
um bom relacionamento com as pessoas
7 A FDC é vista como organização com
perspectivas de crescimento futuro
8 A FDC é vista como organização que dá
suporte em seus produtos e serviços
9 A FDC é vista como organização que
desenvolve soluções inovadoras
10 A FDC é vista como organização que traz
soluções de alta qualidade
11 A FDC é vista como organização cujos
serviços asseguram uma justa relação
custo/benefício
12 A FDC é reconhecida por ter excelência
em sua liderança interna.
13 A FDC é vista como organização que têm
uma visão clara de seu futuro.
14 A FDC é vista como organização que
reconhece e utiliza as oportunidades de
mercado
15 As pessoas têm um sentimento positivo
em relação a FDC
16 As pessoas admiram e respeitam a FDC
17 As pessoas confiam na FDC
18 A FDC é vista como organização
socialmente responsável
19 FDC é vista como organização que possui
funcionários bem preparados
20 FDC é vista como organização que
acredita nas pessoas
353
354
II - IDENTIDADE PROJETADA
Esse quadro avalia o grau de concordância e atratividade da identidade da organização. Favor
marcar o numero apropriado.
Quadro 1
1. Não age totalmente de acordo com a característica
2. Não age de acordo com a característica
3. Neutra
4. Age de acordo com a característica
5. Age totalmente de acordo com a característica
Quadro 2
1. Totalmente sem apelo (atratividade)
2. Fraca em apelo (atratividade)
3. Não é atrativa mas também não desagrada
4. Médio apelo
5. Forte apelo
355
Em que grau você
considera que a FDC
age de acordo com a
característica citada.
Em que grau você
considera que a
característica
citada é atrativa /
tem apelo
Características de
identidade
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
1
Adota Soluções
Educacionais Inovadoras
2
Desenvolve executivos e
organizaçãos
3
Trabalha com as
organizaçãos ( e não para
as)
4
Possui parcerias e
alianças internacionais
5
Busca o equilíbrio entre
Teoria e Pratica
6
Desenvolve soluções
específicas para cada
cliente
7
Seus professores
utilizam o conhecimento
aplicado
8
Age com rigor em seus
princípios e valores
9
Possui parceria e alianças
com organizaçãos clientes
10
É referência no setor de
educação para executivos
11 É uma instituição de elite
12
Adota padrões e modelos
internacionais
13
Gera altos resultados
financeiros
14
Possui rígido padrão
acadêmico
356
15
Atende a grandes
organizaçãos
357
III – ENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL
Nessa etapa, gostariamos de ter sua opinião sobre o comportamento típico dos empregados de sua
unidade. Como você vê o comportamento, considerando a média, dos empregados de sua
unidade . Favor marcar o número apropriado. ( Favor observar que aqui não incluímos o seu
comportamento e sim de seus colegas)
1. Discorda Totalmente
2. Discorda
3. Não concorda e nem discorda
4. Concorda
5. Concorda totalmente
A maioria dos empregados de sua
Unidade/ Célula…….
1 2 3 4 5
1.
Está disponível para ajudar
colegas com problemas
relacionado a seu trabalho
2.
Voluntariamente ajuda novos colegas a
se adaptarem ao ambiente de trabalho.
3.
Frequentemente ajusta sua
agenda para obter tempo para
atender demanda de outros
funcionários.
4.
Oferece ajuda para fazer com que
novos colegas sintam-se
integrados à equipe.
5.
Demonstra preocupação e
cortesia com os colegas, mesmo
estando sobre pressão de trabalho
ou de situações pessoais
6.
Em questões que podem trazer
sérias consequências, sempre
expressa opiniões honestamente,
mesmo sabendo que pode
desagradar a outros
7.
Sempre estimula outros a
expressarem suas idéias e
opiniões
358
8.
Incentiva outros colegas a tentar
novas formas e caminhos mais
efetivos para fazer seus trabalhos
9.
Encoraja colegas quietos ou
hesitantes a expressarem suas
opiniões quando geralmente eles
não falariam
10.
Frequentemente dá sugestões aos
colegas sobre como o grupo pode
melhorar
11.
Raremente falta ao trabalho,
mesmo quando tem razão para
isso
12.
Desempenha suas funcões com
raros erros
13.
Desempenha suas funções com
cuidado especial
14.
Sempre cumpre ou adianta o
prazo de execução de suas
atividades
15.
Defende a organização quando
outros funcionários a criticam
16
Estimula amigos e familiares a
utilizarem os serviços da
organização
17.
Defende a organização quando
pessoas de fora a criticam
18.
Demonstra orgulho quando
representa a organização em
público
19
Promove ativamente os produtos
e seviços da organização a
potenciais consumidores
359
IV – IDENTIFICACÃO ORGANIZACIONAL
O quadro abaixo consta de algumas frases relacionadas com o grau de identificação de cada individuo
com a organizacão e com sua unidade de trabalho. Favor indicar o grau de concordância ou discordância
em cada uma das citações marcando o numero apropriado.
6. Discorda Totalmente
7. Discorda
8. Não concorda e nem discorda
9. Concorda
10. Concorda totalmente
Minha Unidade Organização
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
1.
Eu sinto fortes
laços com
2.
Eu experimento
forte sentimento
de pertencer a
3.
Eu sinto orgulho
de trabalhar para
4.
Eu sinto que as
pessoas me
apoiam
5.
Tenho
conhecimento
suficiente sobre
6.
Sou feliz por ser
membro da
360
V – Dados Demográficos
1.Sexo: M ___ F______
2. Idade:
3. Vínculo com a Instituição:
FUNCIONÁRIOS
- Funcionário Núcleo Administrativo:
- Funcionário Núcleo Técnico ( inclusive professor tempo integral)
PROFESSORES
- Professor Nacional
- Professor Internacional
4. Tempo de relacionamento com a instituição:
( )menos de 1 ano
( ) de 1 a 3 anos
( ) de 3 a 5 anos
( ) de 5 a 10 anos
() acima de 10 anos
5. Nível de Formação
o médio
o superior
o especialização
o mestrado
o doutorado
361
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo