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principalmente no inverno, quando “a rua ficava intransitável, os clientes não
conseguiam vir”, resolvem criar uma entidade que representasse seus interesses.
Fundam, assim, a ACOPAC (Associação Comunitária do Parque Residencial São
Carlos). A partir disso, vão buscar, junto a alguns vereadores da época, apoio
econômico para execução do calçamento da via. Num curto período de tempo,
conseguem que sua reivindicação seja acatada e a obra de calçamento com pedra
irregular é executada. Mas, segundo outra versão dos fatos, defendida pelos atuais
membros da direção da Associação de Moradores da Vila Urlândia, o que ocorreu
ali teria sido a tentativa:
de um grupo que queria participar da associação, segundo relatos que eu ouvi, e
como não conseguiram participar da eleição, era um grupo de pessoas que tinham
uma certa posição social, financeira, resolveram fundar uma outra associação. E aí
se deu esse novo grupo dentro da Urlândia, que acabaram fundando essa nova
associação, só que essa nova associação não funciona junto aos meios legais, por
exemplo, quando há a reunião junto a UAC (União das Associações Comunitárias), o
próprio PSF quando faz as reuniões, a prefeitura quando organiza reuniões, eles
não participam com entidade. Eu não sei qual a idéia deles nesse sentido, eles não
participam disso (Valdenei, morador há 36 na parte alta da vila).
Os caras tentaram criar uma entidade, mas tu não pode ter uma entidade de algo
que não existe. Por exemplo, se tu pegares a associação dos moradores da Vila
Urlândia é uma sociedade com registro no cartório de Registros Especiais, tem o
Estatuto registrado, tem sua ata de fundação registrada é filiada à UAC [União das
Associações Comunitárias], portanto é filiada a FRACAB e a Conam [Confederação
Nacional das Associações de Moradores]. Tem toda essa história, quando os caras
fundaram uma associação que não existe, não são filiados a UAC, não tem registros
em lugar nenhum, não são reconhecidos na prefeitura municipal então quer dizer,
não existe. Existe na cabeça de algumas pessoas. Tanto é que a grande maioria dos
moradores da Rua Agostinho Scolari são filiados a associação de moradores da Vila
Urlândia até porque muitas das pessoas de lá foram fundadoras da associação de
moradores da Vila Urlândia(...)“ah, nós não queremos ser da Vila Urlândia. Então
nós somos do Parque Residencial São Carlos” só que de fato e de direito isso não
existe, é mais uma forma de discriminar de não querer dizer que mora na Vila
Urlândia.(Carlos, morador há 25 na parte baixa da vila).
Não obstante as disputas de legitimidade política existente entre as duas
entidades, a atuação da direção da ACOPAC acaba servindo como indicador de
prestígio social de seus moradores, pois revela a capacidade de organização para
buscarem uma solução do problema que enfrentavam na época. Desta forma o ato
de dizer que pertencem a uma outra categoria social – moradores do parque- é
convertido num atributo que os posiciona externamente em relação aos problemas
existentes no restante da vila. Tanto que, afirmam que o único problema de “sua