A adenite eqüina é uma doença contagiosa aguda caracterizada por inflamação
mucopurulenta do trato respiratório superior dos eqüinos, conhecida popularmente como
garrotilho, devido às manifestações clínicas de aumento de volume na região do pescoço,
formando um “garrote” no animal afetado (SHILD et al., 2001). Possui distribuição mundial e
é responsável por perdas econômicas importantes, considerando-se os custos com tratamento,
medidas de controle e eventuais perdas de animais (WALLACE et al., 1995). Dentre os casos
de enfermidade infecciosas de eqüinos que são notificadas ao International Collating Centre,
30% são casos de adenite eqüina (CHANTER et al., 1997a). A enfermidade é conhecida
desde 1251 e o agente causal foi identificado pela primeira vez em 1873, sendo
posteriormente utilizado para a reprodução da doença em eqüinos, em 1888 (WILKENS,
1994). A infecção é fatal em apenas 10% dos casos, e a morte ocorre por disseminação dos
abscessos ou por púrpura hemorrágica, causada pelo acúmulo de complexos formados por
anticorpos e a proteína M (CHANTER et al., 2000).
O período de incubação varia de 3 a 14 dias e os animais apresentam febre, apatia,
descarga nasal, inicialmente mucosa progredindo para mucopurulenta, tosse, anorexia,
dificuldade de deglutição e edema submandibular, dificultando a respiração (TIMONEY et
al., 1993b). O curso clínico é de duas a quatro semanas, com recuperação espontânea da
maioria dos animais após drenagem do conteúdo dos abscessos (SCHILD, 2001). A
transmissão ocorre por contato direto nasal ou oral, ou indireto, através de aerossóis, fômites
contaminados e insetos. Alguns fatores podem aumentar o risco de infecção, como o frio, falta
de higiene nas instalações e o excesso de animais (TIMONEY et al., 1993a).
S. equi penetra pela boca ou narinas e a bactéria se adere a receptores específicos em
células das criptas das tonsilas e linfonodos adjacentes. Em poucas horas, o organismo atinge
os linfonodos regionais, onde se multiplica no meio extracelular. O peptidoglicano da parede
celular ativa o componente C3 do complemento que atrai neutrófilos para o local. A falha
destas células em fagocitar e destruir estas bactérias parece ser devido a uma combinação da
cápsula de ácido hialurônico e a proteína M. A ação antifagocítica da proteína M ocorre pela
inibição do fator H do complemento e pela ligação com o fibrinogênio, o que impede o
reconhecimento da bactéria como estranha pelo sistema imune do hospedeiro (TIMONEY,
1993a).
Outros fatores como estreptolisina e estreptoquinase contribuem para a formação dos
abscessos. À medida que estes progridem, há formação de edema submandibular devido à