Download PDF
ads:
Universidade Federal de Pernambuco
Pró-Reitoria para Assuntos de Pesquisa e Pós-Graduação
PROPESQ
Centro de Ciências da Saúde
Mestrado em Medicina Tropical
AGANEIDE CASTILHO PALITOT
ASSOCIAÇÃO ENTRE PRESSÃO INTRA-OCULAR
E ESPESSURA CORNEANA CENTRAL EM
HANSENIANOS
RECIFE
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Universidade Federal de Pernambuco
Pró-Reitoria para Assuntos de Pesquisa e Pós-Graduação
PROPESQ
Centro de Ciências da Saúde
Mestrado em Medicina Tropical
AGANEIDE CASTILHO PALITOT
ASSOCIAÇÃO ENTRE PRESSÃO INTRA-OCULAR
E ESPESSURA CORNEANA CENTRAL EM
HANSENIANOS
Orientador
Prof. Dr. Ricardo Arraes de Alencar Ximenes
Co-Orientadora
Profª. Drª. Maria Isabel Lynch Gaete
RECIFE
2006
Dissertação apresentada ao Colegiado do
Programa de Pós-Graduação em Medicina
Tropical do Centro de Ciências da Saúde,
da Universidade Federal de Pernambuco,
como parte dos requisitos para obtenção
do título de Mestre em Medicina Tropical.
ads:
Palitot, Aganeide Castilho
Associação entre pressão intra-ocular e
espessura corneana central em hansenianos /
Aganeide Castilho Palitot. – Recife : O Autor, 2006.
71 folhas : il., tab., gráf.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal
de Pernambuco. CCS. Medicina Tropical, 2006.
Inclui bibliografia, apêndices e anexos.
1. Medicina tropical – Doenças infecciosas e
parasitárias – Hanseníase. 2. Hanseníase ocular –
Pressão intra-ocular e espessura corneana central -
Associação. 3. Tonometria de aplanação de
Goldmann. 4. Paquimetria ultra-sônica. I. Título.
616-002.73 CDU (2.ed.) UFPE
616.998 CDD (22.ed.) BC2006-094
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
REITOR
Prof. Amaro Henrique Pessoa Lins
PRÓ-REITOR PARA ASSUNTOS DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
Prof. Celso Pinto de Melo
DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
Prof. José Tadeu Pinheiro
DIRETOR SUPERINTENDENTE DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS
Profª. Heloísa Mendonça
COORDENADOR DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA
TROPICAL
Profª. Heloísa Ramos Lacerda de Melo
VICE-COORDENADORA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
MEDICINA TROPICAL
Profª. Maria Rosângela Cunha Duarte Coelho
CORPO DOCENTE
Profª. Célia Maria Machado Barbosa de Castro
Profª. Elizabeth Malagueño de Santana
Profª. Heloísa Ramos Lacerda de Melo
Profª. Maria Amélia Vieira Maciel
Profª. Maria de Fátima Pessoa Militão de Albuquerque
Profª. Maria Rosângela Cunha Duarte Coelho
Prof. Ricardo Arraes de Alencar Ximenes
Profª. Sílvia Maria de Lemos Hinrichsen
Profª. Vera Magalhães da Silveira
Profª. Gerusa Dreyer Vieira
Prof. Luiz Cláudio Arraes de Alencar
DEDICATÓRIA
Ao meu amado esposo Petrucci Palitot, por
existir em minha vida, pela inestimável
compreensão e pelo grandioso incentivo.
Aos meus amados e admiráveis pais,
Agamenon Castilho (in memoriam) e
Josineide Castilho, pelo amor incondicional,
pelo estímulo científico e pela solidez em
educar.
Aos meus amados irmãos Anselmo Castilho,
Ansélio Castilho, Anilze Castilho, Adriana
Castilho e Lourdes Horton, pelo apoio e pela
presença sempre carinhosa.
AGRADECIMENTOS
Um agradecimento especial a Agamenon Castilho, meu tão amado pai, homem
íntegro, culto, de pensamentos firmes e atitudes meigas, que plantou em
mim o gosto pela formação acadêmica. Muito obrigada, meu pai, hoje sei
que “tudo tem sua hora”!
Ao Prof. Dr. Ricardo Arraes de Alencar Ximenes, pelo academicismo na
orientação empreendida neste trabalho, ressaltando o equilíbrio e a
abnegação do competente profissional.
A Profª. Drª. Maria Isabel Lynch Gaete, co-orientadora desta pesquisa, pelo
compromisso soberano com a oftalmologia e exemplo de docente dedicada
e perseverante.
Ao Prof. Dr. Fernando Oréfice, professor titular de oftalmologia da Faculdade
de Medicina da Universidade de Minas Gerais, pela colaboração científica
irrestrita.
Ao Prof. Dr. Alvacir Rapôso, professor da graduação e preceptor da pós-
graduação em oftalmologia da Universidade Federal de Pernambuco, pela
sensibilidade do poeta no apoio à conclusão desta pesquisa.
A Profª. Drª. Rosângela Coelho, vice-coordenadora do programa de Pós-
graduação em Medicina Tropical, pelo importante incentivo.
Aos amigos de igual caminhada Danielle, Erlon, Gilson, Maria José e Paula e,
os amigos do doutorado, Antônio Peregrino, Fátima Brito, Francisco
Montenegro, Joaquim Van-Dunem e Virgínia Ribas, pelo convívio alegre e
pela força nos momentos mais difíceis.
A Jupira Pinho e Walter Leite, funcionários da secretaria da Pós-Graduação em
Medicina Tropical, pela atenção constante.
Ao Memorial Santa Luzia – Oftalmologia Avançada - por disponibilizar os
equipamentos utilizados durante o estudo. Agradeço, com carinho especial,
ao oftalmologista Petrucci Palitot (meu amor!) e aos queridos Cleonildo,
Neide, Verônica, Patrícia, Fábio e Wellington, pelo harmonioso trabalho em
equipe.
Ao Dr. Raul da Câmara Costa Filho, diretor geral do Complexo Hospitalar
Clementino Fraga, pela viabilização do local para o desenvolvimento do
estudo.
Aos colegas dermatologistas, destacando a presença amiga de Drª. Luciana
Trindade, e toda equipe profissional da Unidade de Hanseníase do
Complexo Hospitalar Clementino Fraga, pela contribuição em referir os
pacientes.
A Drª. Geisa Cristina Pereira Campos, Chefe do Núcleo de Dermatologia
Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba, pelas informações
sobre a Hanseníase no Estado da Paraíba.
A Drª. Maria Nelange Palitot de Oliveira Galdino, Supervisora Regional de
Clínica Médica e Materno-Infantil do Primeiro Núcleo Regional de Saúde do
Estado da Paraíba, pela contribuição literária prontamente ofertada.
A Cristiano, Sabrina, Luiz Felipe e Danielle, residentes de oftalmologia do
Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, pela
presença sempre solícita.
A todos os familiares e amigos que possibilitaram a realização deste sonho, de
modo relevante, meus amados sobrinhos Anael, Artur, Igor, Ayrsla e
Mateus; meus queridos cunhados Cleó, Jody, Marquinhos, Angélica e
Sandra; meus caríssimos sogros, Lourival Leopoldino de Oliveira e Vilani
Palitot, e a todos os seus que se tornaram meus.
Meu afeto verdadeiro e minha gratidão inconteste.
EPÍGRAFE
E disse Jesus:
“Eu sou a videira, vós os ramos.
Quem permanece em Mim, e Eu nele,
esse dá muito fruto,
porque sem Mim, nada podeis fazer”.
(João, 15:5)
RESUMO
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica que representa grave problema
de saúde pública no Brasil e no mundo. Como complicações oculares, destaca-
se a alteração da espessura corneana central e da pressão intra-ocular, que
podem levar à cegueira. O objetivo foi verificar a associação entre pressão
intra-ocular e espessura corneana central em hansenianos atendidos em
unidade de referência. Constituiu-se em estudo tipo série de casos, com
caráter analítico envolvendo 80 pacientes hansenianos (159 olhos), atendidos
no Complexo Hospitalar Clementino Fraga, em João Pessoa, Paraíba, de junho
a dezembro de 2005. Calculou-se coeficiente de correlação de Pearson e de
regressão entre pressão intra-ocular e espessura corneana central, para olhos
direito e esquerdo, para o conjunto de pacientes e subgrupos específicos, além
do intervalo de confiança de 95% do coeficiente de regressão e valor de p,
usando teste t. Não se observou correlação linear em todos os pacientes (OD:
r=0,104; B=0,006; IC 95%= -0,008–0,021; p=0,359 e OE: r=0,023; B=0,001; IC
95%= -0,013-0,016; p=0,843) e em subgrupos: paucibacilares (OD: r=0,069;
B=0,069; IC 95%=-0,085–0,106; p=0,815 e OE: r=0,033; B=-0,003; IC 95%=-
0,0087–0,060; p=0,911); multibacilares (OD: r=0,121; B=0,007; IC 95%= -0,012
– 0,026; p=0,477 e OE: r=0,082; B=0,004; IC 95%= -0,013–0,022; p=0,688);
em tratamento (OD: r=0,098; B=0,006; IC 95%= -0,011–0,023; p=0,456 e OE:
r=0,001; B=0,0000452; IC 95%= -0,019–0,019; p=0,996); sem tratamento (OD:
r=0,136; B=0,007; IC 95%= -0,019–0,033; p=0,567 e OE: r=0,098; B=0,004; IC
95%= -0,017–0,025; p=0,680); com hipoestesia corneana (OD: r=0,046; B=-
0,002; IC 95%= -0,027–0,024; p=0,881 e OE: r=0,112; B=0,005; IC 95%=
-0,017–0,025; p=0,715). Os resultados encontrados não sugerem correlação
entre pressão intra-ocular e espessura corneana central em hansenianos.
Palavras-chave: Hanseníase; Pressão intra-ocular; Espessura corneana central
ABSTRACT
Hanseniasis, a chronic disease, represents serious public health problem in
Brazil and worldwide. Central corneal thickness and intraocular pressure
alterations are among its important ocular complications, because they can
progress to blindness. The objective was to verify association between
intraocular pressure and central corneal thickness on patients with Hansen
Disease, attempted at a reference service. According to a study type series of
cases, with analytical characteristics, data of 80 Hansen Disease patients (159
eyes), attempted at Complexo Hospitalar Clementino Fraga, João Pessoa,
Paraíba, Brazil, from June to December 2005, were analyzed. Pearson
correlation, regression coefficients as well as regression 95%CI and p value,
between intraocular pressure and central corneal thickness, were calculated for
both eyes, for the sample and for specific subgroups, using t test. There was no
linear correlation on both eyes of all patients (RE: r=0,104; B=0,006; 95%CI=
-0,008-0,021; p=0,359 and LE: r=0,023; B=0,001; 95%CI= -0,013-0,016;
p=0,843); for paucibacilar (RE: r=0,069; B=0,069; 95%CI= -0,085–0,106;
p=0,815 and LE: r=0,033; B=-0,003; 95%CI= -0,0087-0,060; p=0,911);
multibacilar (RE: r=0,121; B=0,007; 95%CI= -0,012–0,026; p=0,477 and LE:
r=0,082; B=0,004; 95%CI= -0,013–0,022; p=0,688); treated patients (RE:
r=0,098; B=0,006; 95%CI= -0,011–0,023; p=0,456 and LE: r=0,001;
B=0,0000452; 95%CI= -0,019–0,019; p=0,996); without treatment (RE: r=0,136;
B=0,007; 95%CI= -0,019–0,033; p=0,567 and LE: r=0,098; B=0,004; 95%CI=
-0,017–0,025; p=0,680); with corneal hypoesthesia (RE: r=0,046; B=-0,002;
95%CI= -0,027–0,024; p=0,881 and LE: r=0,112; B=0,005; 95%CI= -0,017–
0,025; p=0,715). The results suggested no linear correlation between
intraocular pressure and central corneal thickness in Hansen Disease patients.
Key-words: Hansen Disease, Intraocular pressure, Central corneal thickness.
LISTA DE ABREVIATURAS
AO – Ambos os olhos
B – Coeficiente de regressão
ECC – Espessura corneana central
IC 95% – Intervalo de confiança de 95%
MHD – Hanseníase dimorfa
MHI – Hanseníase indeterminada
MHT – Hanseníase tuberculóide
MHV – Hanseníase virchowiana
mm Hg – milímetro de mercúrio
µm – Micrômetro
OD – Olho direito
OE – Olho esquerdo
OMS – Organização Mundial de Saúde
p – valor de p
PIO – Pressão intra-ocular
PQT – Poliquimioterapia
r – Coeficiente de correlação
SPSS – Statistical Package for Social Sciences
WHO – World Health Organization
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Distribuição das características demográficas de 80 hansenianos atendidos
no Complexo Hospitalar Clementino Fraga – junho/dezembro 2005........................... 34
Tabela 2 – Distribuição das características socioeconômicas de 80 hansenianos
atendidos no Complexo Hospitalar Clementino Fraga – junho/dezembro 2005 .......... 35
Tabela 3 – Distribuição das características da história de contato de 80 hansenianos
atendidos no Complexo Hospitalar Clementino Fraga – junho/dezembro 2005 .......... 36
Tabela 4 – Distribuição das características clínicas, terapêuticas e laboratoriais de
hanseníase de 80 hansenianos atendidos no Complexo Hospitalar Clementino Fraga –
junho/dezembro 2005................................................................................................... 36
Tabela 5 – Distribuição das características oftalmológicas dos 80 hansenianos
atendidos no Complexo Hospitalar Clementino Fraga – junho/dezembro 2005 .......... 38
Tabela 6 – Correlação entre pressão intra-ocular e espessura corneana central em
olho direito, de todos os pacientes e de subgrupos quanto à classificação
baciloscópica, instituição de tratamento e hipoestesia corneana de 80 hansenianos
atendidos no Complexo Hospitalar Clementino Fraga – junho/dezembro 2005 .......... 39
Tabela 7 – Correlação entre pressão intra-ocular e espessura corneana central em
olho esquerdo, de todos os pacientes e subgrupos quanto à classificação
baciloscópica, instituição de tratamento e hipoestesia corneana de 80 hansenianos
atendidos no Complexo Hospitalar Clementino Fraga – junho/dezembro 2005 .......... 42
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Diagrama de dispersão de espessura corneana central e pressão intra-
ocular de olho direito, segundo classificação baciloscópica de 80 hansenianos
atendidos no Complexo Hospitalar Clementino Fraga – junho/dezembro 2005 .......... 40
Gráfico 2 - Diagrama de dispersão de espessura corneana central e pressão intra-
ocular de olho direito, segundo instituição de tratamento de 80 hansenianos atendidos
no Complexo Hospitalar Clementino Fraga – junho/dezembro 2005........................... 40
Gráfico 3 - Diagrama de dispersão de espessura corneana central e pressão intra-
ocular de olho direito, segundo hipoestesia corneana de 80 hansenianos atendidos no
Complexo Hospitalar Clementino Fraga – junho/dezembro 2005................................ 41
Gráfico 4 - Diagrama de dispersão de espessura corneana central e pressão intra-
ocular de olho direito dos 80 hansenianos atendidos no Complexo Hospitalar
Clementino Fraga – junho/dezembro 2005 .................................................................. 41
Gráfico 5 - Diagrama de dispersão de espessura corneana central e pressão intra-
ocular de olho esquerdo, segundo classificação baciloscópica de 80 hansenianos
atendidos no Complexo Hospitalar Clementino Fraga – junho/dezembro 2005 .......... 42
Gráfico 6 - Diagrama de dispersão de espessura corneana central e pressão intra-
ocular de olho esquerdo, segundo instituição de tratamento de 80 hansenianos
atendidos no Complexo Hospitalar Clementino Fraga – junho/dezembro 2005 .......... 43
Gráfico 7 - Diagrama de dispersão de espessura corneana central e pressão intra-
ocular de olho esquerdo, segundo hipoestesia corneana de 80 hansenianos atendidos
no Complexo Hospitalar Clementino Fraga – junho/dezembro 2005........................... 43
Gráfico 8 - Diagrama de dispersão de espessura corneana central e pressão intra-
ocular de olho esquerdo dos 80 hansenianos atendidos no Complexo Hospitalar
Clementino Fraga – junho/dezembro 2005 .................................................................. 44
SUMÁRIO
RESUMO........................................................................................................................................X
ABSTRACT ...................................................................................................................................XI
LISTA DE ABREVIATURAS ........................................................................................................XII
LISTA DE TABELAS ...................................................................................................................XIII
LISTA DE GRÁFICOS.................................................................................................................XIV
1 1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 15
2 2 OBJETIVO................................................................................................... 25
3 3 PACIENTES E MÉTODOS.......................................................................... 26
3.1 Desenho do estudo ........................................................................................................... 26
3.2 População e local de estudo............................................................................................. 26
3.3 Tamanho da amostra........................................................................................................ 27
3.4 Definição das variáveis ..................................................................................................... 27
3.5 Método de coleta e processamento de dados.................................................................. 30
3.6 Padronização das técnicas ............................................................................................... 30
3.7 Processamento e análise dos dados ................................................................................ 32
3.8 Considerações éticas........................................................................................................ 33
4 4 RESULTADOS ............................................................................................ 34
4.1 Caracterização geral da amostra...................................................................................... 34
4.2 Manifestações oftalmológicas ........................................................................................... 37
4.3 Correlação entre pressão intra-ocular e espessura corneana central.............................. 39
5 5 DISCUSSÃO................................................................................................ 45
6 6 CONCLUSÃO.............................................................................................. 54
7 7 RECOMENDAÇÕES ................................................................................... 55
8 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 56
9 9 APÊNDICES................................................................................................ 62
9.1 Apêndice 1 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido............................................. 63
9.2 Apêndice 2 – Protocolo de coleta de dados ..................................................................... 65
10 10 ANEXOS....................................................................................... 68
10.1 Anexo 1 – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da
Paraíba.............................................................................................................................. 69
10.2 Anexo 2 – Classificação de classe econômica – Brasil.................................................... 70
1 INTRODUÇÃO
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, causada pelo
Mycobacterium leprae, que pode evoluir com apresentações clínicas variadas,
afetando, entre outras estruturas, a pele, os nervos periféricos e os olhos
(BRITTON; LOCKWOOD, 2004).
A eliminação da hanseníase constitui grave problema de saúde
pública em vários países do mundo e no Brasil, país onde a prevalência tem
declinado significativamente, mas a incidência continua elevada nos últimos
anos. Esse declínio da prevalência pode ser atribuído ao sub-registro após a
mudança na definição de “caso” para inclusão no registro ativo de prevalência,
o qual consta somente de pacientes com infecção ativa em curso da
poliquimioterapia, sendo excluídos os pacientes já com tratamento finalizado,
mas, ainda em evolução de complicações ou incapacidades. Ao passo que, a
incidência elevada pode ser resultante do aumento no número de casos
detectados pelos programas de controle da hanseníase (ARAÚJO, 2003;
BEERS; WIT; KLASTER, 1996; LOCKWOOD, 2002; MOSCHELLA, 2004;
WHO/OMS, 2005).
Em 2000, a Índia contribuiu com 64% de todos os casos de
hanseníase detectados globalmente, alcançando prevalência de 3,8/10.000
habitantes e coeficiente de detecção de 55,2/100.000 habitantes (BRITTON;
LOCKWOOD, 2004). O Brasil se destacou como o segundo país do mundo em
número de casos, em 2004, com prevalência de 4,6 casos para 10.000
16
habitantes, registrando 79.908 casos de hanseníase, número menor apenas
que a Índia, onde ocorreram 265.781 casos, no mesmo período (WHO, 2005).
Em todo o Brasil, no período de 1997 a 2002, a taxa de
prevalência era muito alta nas Regiões Norte e Centro-Oeste (entre
10,0:10.000 e 20,0:10.000) e média nas Regiões Nordeste, Sul e Sudeste
(entre 1,0:10.000 e 5,0:10.000). Dentre sete Estados da Região Nordeste,
durante o mesmo período, o estado da Paraíba ocupou o quarto lugar, com
taxa de prevalência igual a 2,17 e aumento do número de casos registrados
entre 2001 e 2002 (BRASIL, 2005).
O diagnóstico da hanseníase está primordialmente focado nas
lesões dermatológicas, provavelmente por serem mais evidentes e porque,
historicamente, as manifestações cutâneas têm sido empregadas na detecção
da doença (ARAÚJO, 2003; BRASIL, 2002; FOSS, 1999; PETRI, 2002).
Porém, as manifestações oculares são também relevantes, devido ao impacto
sócio-econômico que a perda de visão acarreta e, especialmente, a
possibilidade do portador de hanseníase tornar-se extremamente desprotegido
com a ausência de sensibilidade tátil acompanhada da falta da visão, sentido
do qual se vale para buscar a proteção quando da ocorrência de problemas no
tato (BRASIL, 2002).
O exame ocular, na hanseníase, tem sido valorizado ainda mais
após a proposta da Organização Mundial de Saúde, em 1982, para adotar a
classificação operacional, a fim de alocar os pacientes nos esquemas de
poliquimioterapia, principalmente em áreas de alta prevalência (DURRHEIM;
SPEARE, 2003). Com a introdução da multidrogaterapia, houve redução da
cegueira causada por hanseníase, entretanto merece destaque a
17
recomendação da colaboração do exame oftalmológico completo no programa
de controle da hanseníase, para contemplar o diagnóstico precoce das
manifestações oftalmológicas da doença e prover tratamento adequado,
especialmente, diante da necessidade cirúrgica de algumas complicações
oculares da enfermidade (HOGEWEG, 2001).
A predileção pela pele e pelos nervos periféricos confere
características peculiares à hanseníase, facilitando o seu diagnóstico, na
maioria dos casos, por conseguinte o dano neurológico responsabiliza-se pelas
seqüelas que podem surgir (ARAÚJO, 2003; WHITCHER; SRINIVASAN;
UPADHYAY, 2001), dentre as quais aquelas que acometem o olho
(LEWALLEN et al., 2000; SOUZA et al., 2005).
No olho, quase todas as estruturas podem sofrer injúria, sendo as
pálpebras, a córnea, o sistema lacrimal, a íris e o corpo ciliar, as mais
freqüentemente envolvidas, tanto pela invasão direta do bacilo quanto por
alterações secundárias às inflamações das reações hansênicas (COHEN,
1998; COSTA et al., 1999; KONDO, 2004). Apesar destas complicações
oculares se manifestarem cerca de cinco a dez anos após o início da infecção
pelo Mycobacterium leprae
(ORÉFICE; BORATO, 1989), podem estar
presentes em pacientes recém-diagnosticados (MONTEIRO et al., 1998). Além
disso, o acometimento das estruturas do segmento anterior e dos anexos
oculares facilita o diagnóstico por identificação das lesões primárias da
hanseníase ocular ainda no início do exame oftalmológico, por meio da
ectoscopia e biomicroscopia (HOGEWEG, 2001).
As manifestações oftalmológicas da doença de Hansen têm sido
largamente estudadas em virtude de suas conseqüências, destacando-se que
18
mais de 70% dos portadores de hanseníase apresentam algum tipo de
envolvimento ocular, em curto ou em longo prazo, incluindo a cegueira, que é
estimada afetar cerca de 5% a 10% de todos os hansenianos (LYNN;
LIGHTMAN, 2004; ORÉFICE; BORATTO, 1998; WHITCHER; SRINIVASAN;
UPADHYAY, 2001). Assim sendo, o conhecimento das alterações oculares da
hanseníase é de especial importância, tanto para o paciente como para a
coletividade em geral, porque pode auxiliar no diagnóstico e, sobretudo,
prevenir as seqüelas, reduzindo o custo social ocasionado pelas incapacidades
derivadas da doença (COSTA et al., 1999).
Uma das principais características sociais da hanseníase é a
incapacidade, temporária ou permanente, que pode alcançar 75,4% dos
portadores da doença (AQUINO et al., 2003), cuja avaliação, incluindo os
dados oftalmológicos, é empregada como um dos indicadores dos programas
de controle em hanseníase, porque se associa positivamente com o tempo de
evolução da infecção, em relação ao agravamento do quadro clínico (COSTA
et al., 1999).
Na avaliação do grau de incapacidade relacionada ao
acometimento do olho pela hanseníase, estão citadas as seguintes
manifestações da doença: diminuição ou perda da sensibilidade; lagoftalmo,
comprometimento da completa oclusão palpebral, ou ectrópio, eversão da
pálpebra inferior; triquíase, alteração da direção com inversão ciliar; opacidade
corneana central e acuidade visual menor que 0,1 ou a incapacidade de contar
dedos a uma distância de seis metros (BRASIL, 2002).
A fisiopatologia das complicações oculares assemelha-se a das
complicações gerais da hanseníase, ou seja, deriva do dano neural, com lesão
19
dos V (trigêmeo) e VII (facial) nervos cranianos, acometendo a sensibilidade
corneana; da reação imunológica, que pode causar iridociclite com ou sem
aumento da pressão intra-ocular; ou da infiltração por invasão bacilar direta
com atrofia secundária, produzindo lesões no canal nasolacrimal, conjuntiva,
corpo ciliar, íris, enfim, lesões extra e intra-oculares (BRITTON; LOCKWOOD,
2004; EBENEZER; DANIEL, 2004; HOGEWEG, 2001).
Geralmente, a hanseníase ocular inicia-se com dano neural do
ramo oftálmico do nervo trigeminal, acometendo a sensibilidade da córnea e da
conjuntiva, resultando numa hipoestesia gradual, que pode evoluir para
anestesia (BRITTON; LOCKWOOD, 2004). A hipoestesia requer especial
consideração, porque a sensibilidade é, sobretudo, um mecanismo de defesa
ocular, cuja redução expõe o paciente ao risco aumentado de trauma corneano
e de infecções. A hipoestesia corneana pode derivar de dois mecanismos: o
dano direto da bactéria ao nervo trigêmeo, na fase neural da doença, ou o dano
indireto secundário a longa exposição da córnea, principalmente nos pacientes
multibacilares (HOGEWEG, 2001).
O dano dos ramos zigomático e temporal do nervo facial acarreta
paresia do músculo orbicular da pálpebra, cujas manifestações clínicas são o
lagoftalmo e o ectrópio (BRITTON; LOCKWOOD, 2004; HOGWEG, 2001). O
lagoftalmo, mantém a córnea e a conjuntiva expostas com ineficiência para
renovação do filme lacrimal, levando a ressecamento e infecções secundárias.
O relaxamento do músculo orbicular causa ectrópio, dificultando a oclusão da
fenda palpebral, tal como o lagoftalmo (LYNN, LIGHTMAN, 2004).
A triquíase e a madarose, perda ciliar, parecem derivar da perda
de suporte dos folículos pilosos, secundária à infiltração do Mycobacterium
20
leprae no epitélio. Todavia, foi demonstrado que ptose palpebral associada à
lassitude dos tecidos pré-tarsais pode ser causa de triquíase. Essa
diferenciação é importante porque o tratamento da hanseníase impede a
evolução da ptose palpebral e da triquíase por infiltração bacteriana, mas não
interfere sobre a fraqueza orbicular que leva à triquíase (LEWALLEN et al.,
2000).
A hipoestesia e a exposição continuada da córnea a fatores
agressivos, decorrentes da manutenção da abertura da fenda palpebral e da
ação traumática secundária à triquíase e ao ectrópio, predispõem à ceratite de
exposição e facilitam o surgimento de úlceras corneanas, as quais, contribuem
para o aparecimento de opacidade central da córnea, ou seja, leucoma central,
e até mesmo a cegueira (LYNN; LIGHTMAN, 2004). O leucoma, por ser um
processo cicatricial, promove modificação na espessura corneana central
(ECC) (FOSS, 1992; GUIMARÃES, AUGUSTO, CRUZ, 1998; MVOGO et al.,
2001).
A evolução do quadro clínico das lesões oculares hansenianas
pode desencadear outros processos patológicos secundários, tal como a
redução ou o aumento da pressão intra-ocular (PIO).
A redução da PIO pode ser encontrada em pacientes com doença
de Hansen, mas, em estudo caso-controle com pacientes hansenianos sem
patologias clinicamente aparentes do segmento anterior do olho e controles
saudáveis, Daniel et al. (1994) expressaram que a ocorrência de hipotensão
ocular, na hanseníase, pode não ser um fenômeno tão comum como se
acreditava. Em contrapartida, na presença de inflamação do segmento anterior,
como na irite e iridociclite, pode haver diminuição da PIO por produção
21
reduzida de humor aquoso (líquido que preenche o segmento anterior do olho),
devido ao acometimento do corpo ciliar, cuja falência pode culminar com atrofia
bulbar (COURTRIGHT; LEWALLEN, 1998).
Na evolução de longa duração da hanseníase, pode estar
presente a irite crônica, uma condição característica da hanseníase, ainda mal
compreendida, que resulta em miose extrema, formação de sinéquias
posteriores, atrofia da íris e catarata secundária (LEWALLEN et al., 2000).
Essa inflamação contribui para a alteração do equilíbrio homeostático do humor
aquoso e, conseqüentemente da PIO.
Além disso, alguns estudos relataram que pacientes hansenianos
apresentam alterações significantes da PIO devido às mudanças posturais,
especulando que esse fato seja secundário à disfunção autonômica do
segmento anterior do olho, pela infiltração bacilar dos nervos ciliares
(HUSSEIN et al., 1992; LEWALLEN et al., 1990).
Acerca da elevação da PIO pode-se salientar que é o principal
fator de risco para o desenvolvimento de glaucoma, doença crônica insidiosa
que cursa com lesão progressiva do nervo óptico e perda característica do
campo visual, podendo levar à cegueira (HEWITT; COOPER, 2005; KONDO,
2004). Na doença de Hansen, é mais provável aparecer como glaucoma
secundário, no qual a cronicidade e a reação imune favorecem a deposição de
material amilóide no corpo ciliar, esclera e malha trabecular, dificultando a
drenagem do humor aquoso (BRASIL, 2003).
Desse modo, o conjunto de manifestações clínicas oculares da
hanseníase tanto pode contribuir para o espessamento central corneano, como
para a alteração da PIO (LEWALLEN et al., 1990; MVOGO et al., 2001).
22
Mesmo tendo verificado possível ausência ou escassez de
trabalhos sobre a associação entre as alterações da PIO e as variações da
ECC em portadores de mal de Hansen, é admissível investigar essa
associação, uma vez que a correlação entre essas variáveis tem sido tema de
diversos trabalhos em glaucoma (DOUGHTY; ZAMAN, 2000; SAKATA et al.,
2000; SHIH et al., 2004) e em outras patologias corneanas (BROWNING et al.,
2004; KITAGAWA; HAYASAKA; NAGAKI, 2003).
A PIO e ECC têm sido estudadas desde 1957, quando Goldmann,
aferindo a pressão ocular, comprovou que o espessamento da região central
da córnea oferece maior resistência à aplanação, promovendo um falso
aumento do valor da pressão ocular. Assim, córneas espessadas acarretam
superestimação da PIO e córneas delgadas promovem subestimação da PIO
(CRONEMBERGER et al., 2005; TONNU et al., 2005).
A espessura central da córnea é um importante indicador do
estado da córnea e de sua rigidez, com influência na acurácia da mensuração
da PIO pela tonometria de aplanação, porque essa aferição quantifica a força
necessária para aplanar uma área da córnea (HAHN et al., 2003; MUIR; JIN;
FREEDMAN, 2003). A espessura da córnea normal, na região central, varia de
500 µm a 570 µm, apresenta variação diurna, com maior espessura à noite e
ao amanhecer, afilando-se gradualmente até o entardecer (17h), parece estar
relacionada ao nível sérico de corticosteróide e apresenta aumento no decorrer
da gravidez (MILANI; KARA-JOSÉ, 1996).
No que diz respeito a PIO, a média populacional é de
aproximadamente 15,5 ± 2,6 mm Hg e também ocorre variação circadiana
(SHIELDS, 1989), com a possibilidade de instituição de terapêutica inadequada
23
diante da inobservância do ajuste pressórico pela aferição da ECC,
especialmente em circunstâncias de PIO elevada (EYSTEINSSON et al., 2002;
HERNDON; DURHAM, 2002; MEDEIROS; SAMPLE; WEINREB, 2003;
SHIMMYO et al., 2003).
A partir dessa apreciação, diversos autores têm buscado
quantificar a variação da PIO em função da ECC, para corrigir a PIO aferida
pela tonometria de aplanação de Goldmann.
Em meta-análise, envolvendo 133 trabalhos, publicados entre
1968 e meados de 1999, foi demonstrado que uma diferença de 10% na ECC
resulta em uma variação significante de 3,4 ± 0,9 mm Hg na PIO, a partir da
espessura corneana central de 535 µm (DOUGHTY; ZAMAN, 2000).
Conforme relatadas por Doughty e Zaman (2000), as variações da
associação entre PIO e ECC, referidas nos diversos artigos publicados, devem
ser analisadas cautelosamente, porque os autores estudaram grupos
oftalmologicamente distintos, avaliando olhos normais, olhos com doenças
agudas e olhos com doenças crônicas e identificaram comportamento
discrepante da associação entre PIO e ECC nos diversos grupos.
A afirmação de Doughty e Zaman (2000) pode ser ratificada ao
verificar que Li et al., em 2002, por meio de análise de regressão linear,
identificaram que um aumento em ECC de 10 µm se associou a um incremento
de 4,9 mm Hg na PIO. Enquanto, Ko, Liu e Hsu (2005) encontraram que cada
modificação de 10 µm na ECC pode resultar em variação de 0,29 a 0,98 mm
Hg na mensuração da PIO por diferentes tonômetros.
Outro estudo desenvolvido com o objetivo de determinar o risco
de evolução da alteração da PIO a glaucoma, no período de seis anos,
24
considerou que a cada 10 µm de variação da espessura corneana central, a
PIO sofre variação no mesmo sentido de 1,5 mm Hg (DIAZ ALEMÁN et al.,
2005).
Ademais, investigação realizada na Inglaterra, analisando ambos
os olhos de 105 indivíduos de ambos os sexos, com aumento da PIO e sem
tratamento, constatou variação de 0,28 mm Hg na PIO para cada 0,010 µm de
variação da ECC (TONNU et al., 2005).
Em sua grande maioria, os estudos comentados foram realizados
em pacientes sem alteração ocular ou em portadores de glaucoma e de
anormalidades corneanas. Destarte, é plausível averiguar a associação entre
pressão intra-ocular e espessura corneana central em pacientes hansenianos,
para proporcionar melhor compreensão de ambos os parâmetros na
hanseníase ocular, especialmente no que concerne a manifestações
abrangendo anormalidades da córnea e da pressão ocular.
25
2 OBJETIVO
Verificar a associação entre pressão intra-ocular e espessura
corneana central em pacientes hansenianos, atendidos em unidade de
referência para hanseníase do Complexo Hospitalar Dr Clementino Fraga, em
João Pessoa - PB.
26
3 PACIENTES E MÉTODOS
3.1 Desenho do estudo
O estudo constitui-se em uma série de casos, porém com caráter
analítico, uma vez que o objetivo do estudo foi verificar a associação entre
pressão intra-ocular e espessura corneana central.
3.2 População e local de estudo
A população do estudo esteve constituída por pacientes atendidos
no Centro de Referência de Hanseníase do Complexo Hospitalar de Doenças
Infecto-Contagiosas Dr. Clementino Fraga, localizado em João Pessoa -
Paraíba, com diagnóstico de hanseníase, firmado no período de junho a
dezembro de 2005, nas formas paucibacilar ou multibacilar, sem tratamento
inicial ou com até 30 dias de tratamento, independente de faixa etária. Foram
excluídos pacientes que informaram estar gestante ou em uso de
corticosteróide.
27
3.3 Tamanho da amostra
O cálculo do tamanho da amostra foi baseado no estudo de Ko,
Liu e Hsu (2005), que encontraram coeficientes de correlação de 0,650 e 0,496
entre pressão intra-ocular e espessura corneana central.
Foi utilizado o Sample power do Statistical Package for Social
Sciences (SPSS) versão 13.0 e o resultado foi uma amostra de 70 pacientes,
correspondendo a coeficiente de correlação (r) de 0,650, ou de 120 pacientes,
quando r=0,496. Usando este parâmetro e considerando possível inexistência
ou escassez de estudos sobre associação entre pressão intra-ocular e
espessura corneana central em hansenianos, decidiu-se por trabalhar com,
pelo menos, 70 pacientes.
3.4 Definição das variáveis
Admitiu-se a pressão intra-ocular (PIO) como variável dependente
e a espessura corneana central (ECC), como variável independente, assim
como os dados demográficos, referentes a sexo e idade.
A PIO foi categorizada como (ASSIS JÚNIOR et al., 1997;
SHIELDS, 1989):
baixa: menor que 10 mm Hg;
normal: entre 10 e 17 mm Hg;
28
sugestiva de hipertensão ocular: entre 18 e 20 mm Hg;
hipertensão ocular: maior que 20 mm Hg;
glaucoma: PIO normal ou elevada associada a dano em disco óptico,
detectado através de fundoscopia, promovido por neuropatia óptica
progressiva com conseqüente perda de campo visual;
A ECC foi categorizada como (MILANI; KARA-JOSÉ, 1996):
reduzida: menor que 500 µm.
normal: entre 500 µm e 570 µm;
elevada: maior que 570 µm ;
A variável sexo foi categorizada em: feminino e masculino.
Para a variável idade, considerou-se a categorização em faixas
etárias avaliadas em anos completos de vida (BRASIL, 2002): 0 – 14 anos; 15
– 19 anos; 20 – 34 anos; 35 – 49 anos; 50 – 64 anos e igual ou maior que 65
anos.
Foram consideradas variáveis de descrição amostral, as
informações referentes a:
forma clínica ao diagnóstico, categorizada em: indeterminada (MHI),
tuberculóide (MHT), dimorfa(MHD) , virchowiana(MHV), dimorfa virchowiana
(MHDV) e dimorfa tuberculóide (MHDT) (WHO, 1982);
classificação baciloscópica, na qual os pacientes foram categorizados em:
paucibacilar, quando portadores das formas clínicas indeterminada,
tuberculóide e a maioria daqueles na forma dimorfa-tuberculóide, com
baciloscopia negativa, ou multibacilar, incluídos os pacientes com as formas
29
clínicas dimorfa, dimorfa-virchowiana e virchowiana, com baciloscopia
positiva (WHO, 1982);
esquema de tratamento, categorizado como: sem tratamento, em esquema
PQT/PB em seis doses ou PQT/MB em 12 doses (BRASIL, 2002);
achados ao exame oftalmológico, compreendendo a descrição de sintomas
e sinais de alterações em supercílios e cílios, pálpebras, conjuntiva, córnea
e cristalino, identificados por biomicroscopia, assim como das alterações
vítreo-retinianas diagnosticadas por fundoscopia;
acuidade visual, considerada como a melhor visão, com a melhor correção
visual. Foi categorizada em intervalos: 20/20 – 20/30, 20/40 – 20/200 e
menor que 20/200.
Para caracterização socioeconômica dos pacientes, foram
consideradas:
escolaridade, categorizada como: sem letramento (não saber ler ou
escrever), ensino fundamental, ensino médio, ensino superior, pós-
graduação;
condições habitacionais referentes a: tipo de habitação, número de
cômodos, número de pessoas residentes, fornecimento e distribuição
residencial de água;
classe econômica com base nos critérios da Associação Brasileira de
Empresas de Pesquisa (Anexo 2), dos quais foram excluídos os itens:
número de banheiros da residência, existência de empregada mensalista e
posse de aspirador de pó.
30
3.5 Método de coleta e processamento de dados
Os pacientes hansenianos, que procuraram a Unidade de
Hanseníase do Complexo Hospitalar de Doenças Infecto-Contagiosas Dr
Clementino Fraga, para tratamento, no período do estudo, e preenchiam os
critérios de inclusão, foram convidados a participar do estudo, após a
explicação dos objetivos. Aqueles que concordaram, por meio de assinatura do
Termo de Consentimento Livre Esclarecido (Apêndice 1), foram submetidos,
pela pesquisadora, ao exame oftalmológico, incluindo acuidade visual para
longe, biomicroscopia, teste de sensibilidade corneana, tonometria de
aplanação de Goldmann, fundoscopia e paquimetria ultra-sônica em ambos os
olhos.
3.6 Padronização das técnicas
As aferições oftalmológicas foram realizadas na seguinte ordem:
acuidade visual, biomicroscopia, teste de sensibilidade corneana, tonometria de
aplanação, fundoscopia e paquimetria ultra-sônica.
A acuidade visual para longe foi realizada utilizando-se os
optotipos da tabela de Snellen. Posicionando o paciente, sentado, a seis
metros de distância da tabela de Snellen, procedeu-se à oclusão de cada olho,
isoladamente, solicitando ao paciente que lesse os optotipos. Anotou-se a
acuidade visual correspondente à medida estática, subjetiva, com a melhor
correção óptica (HERZOG; YAMAME, 1990).
31
A biomicroscopia foi realizada por meio da lâmpada de fenda,
modelo Haag-Streit
®
, equipamento ao qual estava acoplado o tonômetro de
aplanação de Goldmann, modelo Haag-Streit
®
, empregado para a mensuração
da pressão intra-ocular. O tonômetro de aplanação de Goldmann estima a
pressão intra-ocular, quantificando a força necessária para aplanar uma área
da superfície corneana (GOLDMANN; SCHMIDT, 1957; SAKATA et al., 2002).
Posicionado o paciente, sentado, com o queixo apoiado no
suporte da lâmpada de fenda, foi avaliada a sensibilidade da córnea, tocando-
se a ponta afilada de um cotonete no centro da córnea. A sensibilidade
corneana foi considerada: normal, quando o paciente piscou imediatamente
após o contato do cotonete na córnea; diminuída, quando o paciente demorou
a piscar e ausente, quando o paciente não piscou (REGENSTEINER; KARA-
JOSÉ, 1996; BRASIL, 2001).
Para realizar a tonometria, foram instilados o colírio anestésico
(cloridrato de proximetacaína 0,5%) e o colírio de fluoresceína (fluoresceína
sódica 1%), procedendo-se a uma aferição da pressão intra-ocular
(WHITACRE; STEIN, 1993).
Para a avaliação das estruturas vítreo-retinianas, realizou-se
fundoscopia com poder da lente de +20 dioptrias e +78 dioptrias, marca Volk
®
(SPALTON; HITCHINGS; HUNTER, 1992).
A avaliação da espessura corneana central foi realizada com o
emprego de paquímetro ultra-sônico Accutome
®
. A paquimetria utiliza o
princípio da ultra-sonografia modo A e o instrumento mede o tempo necessário
para que o som passe pela espessura corneana e retorne ao transdutor
(MILANI; KARA-JOSÉ, 1996). Após a instilação de colírio anestésico ocular,
32
colocou-se a sonda no sentido perpendicular à superfície corneana, em
contato, sem comprimi-la, realizando-se três aferições sucessivas. Considerou-
se para a espessura corneana central, a média dessas aferições.
O paquímetro ultra-sônico converteu a pressão intra-ocular aferida
em pressão intra-ocular ajustada pela espessura corneana central média.
Todas as aferições oftalmológicas foram realizadas no período
das 10:00 h às 16:00 h, no qual a variação da pressão intra-ocular está em
consonância com a variação da espessura corneana central e as aferições não
seriam tão díspares (CRONEMBERGER et al., 2005).
3.7 Processamento e análise dos dados
Após terem sido registrados em protocolo (Apêndice 2), elaborado
especificamente para esta pesquisa, os dados foram codificados e
armazenados, em banco de dados utilizando o programa EPI INFO, versão
6.04d, e analisados pelo uso do Statistical Package for Social Sciences
(SPSS), versão 13.0. Foi realizada dupla entrada de dados e comparação entre
ambos os arquivos para identificação de possíveis erros na digitação.
As variáveis contínuas, pressão intra-ocular e espessura
corneana central, obedeceram à curva de distribuição normal.
Foram estimados coeficiente de correlação e coeficiente de
regressão entre pressão intra-ocular e espessura corneana central,
separadamente para olho direito e olho esquerdo, para o conjunto de pacientes
33
e para subgrupos específicos (multibacilares e paucibacilares, sem tratamento
e em tratamento, com hipoestesia corneana). Calculou-se também intervalo de
confiança de 95% do coeficiente de regressão e o valor de p, por meio do teste
de t para coeficiente de regressão. Valores de p menores que 0,05 foram
considerados como estatisticamente significantes.
3.8 Considerações éticas
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do
Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba, sob
protocolo nº 101/05 (Anexo 1).
Os hansenianos estudados assinaram termo de consentimento
livre e esclarecido (Apêndice 1).
Todos os pacientes com diagnóstico de alterações oftalmológicas
foram tratados.
34
4 RESULTADOS
4.1 Caracterização geral da amostra
Dentre as características demográficas dos 80 pacientes
pesquisados, não houve predomínio de sexo e de estado civil. No entanto foi
mais freqüente a faixa etária de 20 a 49 anos (50%) (Tabela 1).
Tabela 1 – Distribuição das características demográficas de 80 hansenianos atendidos
no Complexo Hospitalar Clementino Fraga – junho/dezembro 2005
CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS freqüência
percentual
Sexo
Masculino 42 52,5
Feminino 38 47,5
Faixa etária (anos)
0 - 14 11 13,8
15 - 19 5 6,2
20 - 34 23 28,8
35 - 49 17 21,2
50 - 64 15 18,8
65
9 11,2
Estado civil
Casado 35 43,8
Solteiro 39 48,8
Divorciado 2 2,5
Viúvo 1 1,3
Outros 3 1,3
Quanto às características socioeconômicas, identificou-se terem
sido mais freqüentes: classe econômica E (63,8%); habitação em imóvel
próprio (82,5%), tendo de um a cinco cômodos (75%), na qual residiam mais de
três pessoas (78,8%), com água proveniente de rede geral (90%) e canalizada
apenas na propriedade ou no terreno (65%). Quanto à escolaridade, 55% dos
pacientes pesquisados declararam ter cursado, no máximo, até o 1º grau, dos
35
quais 10% não sabiam ler ou escrever, ou seja, não tinham letramento (Tabela
2).
Tabela 2 – Distribuição das características socioeconômicas de 80 hansenianos
atendidos no Complexo Hospitalar Clementino Fraga – junho/dezembro 2005
CARACTERÍSTICAS SOCIOECONÔMICAS freqüência
percentual
Classe econômica*
C 2 2,5
D 27 33,8
E 51 63,8
Tipo de imóvel
Imóvel próprio 66 82,5
Imóvel alugado 12 15,0
Outros 2 2,5
Número de cômodos
1 a 5 60 75,0
6 a 10 19 23,8
10 1 1,2
Número de pessoas residentes
Uma 1 1,2
Duas 6 7,5
Três 10 12,5
Mais de três 63 78,8
Fornecimento de água
Rede geral 72 90,0
Poço ou nascente 7 8,8
Outra 1 1,2
Distribuição da água na residência
Canalizada só na propriedade ou terreno 52 65,0
Canalizada em pelo menos 1 cômodo 24 30,0
Não canalizada 4 5,0
Escolaridade
Sem letramento 8 10,0
Ensino fundamental ou 1º grau 53 66,3
Ensino médio ou 2º grau 18 22,5
Superior-Graduação 1 1,2
NOTA:
*
– Classificação de classes econômicas segundo a Associação Brasileira de Empresas de
Pesquisa
Quanto à história de contato de hanseníase, 22 (27,5%) pacientes
responderam ter convivido com portador, cujas características mais freqüentes
foram: estavam doentes à época da pesquisa (54,5%) ou há mais de um ano
(27,3%), tinham laço de parentesco com o paciente (50%), não dormiam na
mesma casa que o paciente (77,3%), mas conviviam há meses (50%) ou anos
(50%) (Tabela 3).
36
Tabela 3 – Distribuição das características da história de contato de 80 hansenianos
atendidos no Complexo Hospitalar Clementino Fraga – junho/dezembro 2005
CARACTERÍSTICAS DA HISTÓRIA DE CONTATO freqüência
percentual
Você conhece alguém com hanseníase?
Sim 22 27,5
Não 58 72,5
Tempo de doença do contato
Agora está doente 12 54,5
Há menos de 1 ano 1 4,5
Há mais de 1 ano 6 27,3
Há mais de 5 anos 3 13,6
Grau de parentesco com o contato
Parente 11 50,0
Amigo 7 31,8
Outro 4 18,2
A pessoa com hanseníase dormia na sua casa?
*
Sim 5 22,7
Não 17 77,3
Tempo de convivência com o contato
*
Meses 10 50,0
Anos 10 50,0
NOTA:
*
– Total variável pela recusa do paciente em responder à questão
À época do diagnóstico, a forma clínica mais freqüente foi a MHT,
acometendo 37 (46,5%) pacientes, assim como a classificação baciloscópica
paucibacilar (57 casos 71,3%). Sessenta pacientes (75%) estavam em
tratamento, mais freqüente no esquema PQT/PB em seis doses (47 casos
58,8%) (Tabela 4).
Tabela 4 – Distribuição das características clínicas, terapêuticas e laboratoriais de
hanseníase de 80 hansenianos atendidos no Complexo Hospitalar Clementino Fraga –
junho/dezembro 2005
CARACTERÍSTICAS DA DOENÇA ATUAL freqüência
percentual
Forma clínica ao diagnóstico
indeterminada (MHI) 14 17,5
tuberculóide (MHT) 37 46,3
dimorfa (MHD) 15 18,8
virchowiana (MHV) 6 7,5
dimorfa virchowiana (MHDV) 2 2,5
dimorfa tuberculóide (MHDT) 6 7,5
Classificação baciloscópica
multibacilar 23 28,8
paucibacilar 57 71,3
Tratamento
Sim 60 75,0
Não 20 25,0
Esquema de tratamento
PQT/PB 6 doses 47 58,8
PQT/MB 12 doses 27 33,8
Outros 6 7,5
NOTA: PQT/PB – poliquimioterapia para paucibacilares e PQT/MB – poliquimioterapia para multibacilares
37
4.2 Manifestações oftalmológicas
Ao exame oftalmológico, as queixas principais mais freqüentes
foram: ardor em olho (12,6% em olho direito e 13,9% em olho esquerdo), baixa
de acuidade visual para longe (13,9% em olho direito e 10,1% em olho
esquerdo), e para perto em ambos os olhos (7,5%) (Tabela 5).
Ao exame oftalmológico foram diagnosticados: madarose ciliar
parcial bilateral (1 caso 1,3%), presença de nódulo em supercílio (1 caso
1,3%), ectrópio em três olhos, sendo 1 (1,3%) direito e 2 (2,5%) esquerdos. Na
córnea, diagnosticou-se diminuição da sensibilidade, em 13 (16,4%) olhos
direitos e 13 (16,4%) esquerdos. No cristalino, a anormalidade foi catarata,
presente em 4 (5,1%) olhos direitos e 4 (5,1%) olhos esquerdos. A fundoscopia
esteve normal em 92,3% dos olhos direitos e 93,7% dos olhos esquerdos.
As alterações fundoscópicas encontradas foram: disco óptico
glaucomatoso em ambos os olhos de três pacientes; degeneração macular
relacionada à idade em ambos os olhos de um paciente; atrofia óptica em olho
direito de um paciente; hialose asteróide bilateral em um paciente e
fundoscopia impraticável em um paciente, pois apresentava phitisis bulbi em
olho esquerdo.
A acuidade visual esteve reduzida em 11 (13,8%) olhos direitos,
sendo nove variando entre 20/40 e 20/200 e dois com valor inferior a 20/200.
Em olhos esquerdos, 10 (11,4%) apresentavam redução de acuidade visual,
38
dos quais seis variando entre 20/40 e 20/200 e quatro inferior a 20/200 (Tabela
5).
Tabela 5 – Distribuição das características oftalmológicas dos 80 hansenianos atendidos
no Complexo Hospitalar Clementino Fraga – junho/dezembro 2005
olho direito olho esquerdo
CARACTERÍSTICAS OFTALMOLÓGICAS
n % n %
QUEIXA PRINCIPAL
baixa de acuidade visual para longe 11 13,9 8 10,1
baixa da acuidade visual para perto 6 7,5 6 7,5
ardor 10 12,6 11 13,9
olho seco 1 1,3 1 1,3
olho vermelho 2 2,5 2 2,5
prurido 6 7,6 5 6,3
dor 3 3,8 3 3,8
Outras queixas - - 1 1,3
SUPERCÍLIOS E CÍLIOS
Presença de nódulos em supercílios 1 1,3 - -
Madarose ciliar parcial 1 1,3 1 1,3
PÁLPEBRAS
Ectrópio 1 1,3 2 2,5
Meibomite 1 1,3 - -
Blefarite 1 1,3 1 1,3
Outras alterações 1 1,3 1 1,3
CONJUNTIVA
Pterígio 10 12,6 10 12,6
Outras alterações 4 5,1 4 5,1
CÓRNEA
Diminuição da sensibilidade 13 16,4 13 16,4
Outras alterações 4 5,1 2 2,5
CRISTALINO
Transparente 75 94,9 75 94,9
Catarata 4 5,1 4 5,1
FUNDOSCOPIA
Presença de alterações 6 7,7 5 6,3
ACUIDADE VISUAL
20/20 a 20/30 69 86,2 70 87,5
20/40 a 20/200 9 11,3 6 7,5
< 20/200 2 2,5 4 5,0
39
4.3 Correlação entre pressão intra-ocular e espessura
corneana central
A espessura corneana central média igualou-se a 550,9 ± 34,5
µm em olho direito, e 548,6 ± 43,1 µm em olho esquerdo. Identificou-se ECC
normal em 58 (72,5%) pacientes, e alterada em 22 (27,5%) casos, dos quais
esteve reduzida em 3 (13,6%) e aumentada em 19 (86,4%).
Quanto à pressão intra-ocular, teve valor médio igual a 12,2 ± 2,2
mm Hg, em olho direito, e 12,2 ± 2,7 mm Hg, em olho esquerdo, estando
normal em 74 (92,5%) pacientes. Os 6 (7,5%) casos com alteração da PIO,
distribuíram-se igualmente entre hipotensão e hipertensão ocular.
Não se identificou correlação linear estatisticamente significante,
entre PIO e ECC, em ambos os olhos (Tabelas 6 e 7 e Gráficos 1 a 8).
Tabela 6 – Correlação entre pressão intra-ocular e espessura corneana central em olho
direito, de todos os pacientes e de subgrupos quanto à classificação baciloscópica,
instituição de tratamento e hipoestesia corneana de 80 hansenianos atendidos no
Complexo Hospitalar Clementino Fraga – junho/dezembro 2005
SUBGRUPOS r B IC 95% p
Paucibacilares 0,069 0,110 -0,085 – 0,106 0,815
Multibacilares 0,121 0,007 -0,012 – 0,026 0,477
Com tratamento 0,098 0,006 -0,011 – 0,023 0,456
Sem tratamento 0,136 0,007 -0,019 – 0,033 0,567
Com hipoestesia corneana 0,046 -0,002 -0,027 – 0,024 0,881
Todos os pacientes 0,104 0,006 -0,008 – 0,021 0,359
NOTA: r – coeficiente de correlação, B – coeficiente de regressão, IC95% intervalo de confiança de 95%
p – valor de p
40
Paucibacilar
ECC (OD)
600580560540520500
PIO (OD)
30
20
10
0
Multibacilar
ECC (OD)
700600500400
PIO (OD)
22
20
18
16
14
12
10
8
Gráfico 1 - Diagrama de dispersão de espessura corneana central e pressão intra-ocular
de olho direito, segundo classificação baciloscópica de 80 hansenianos atendidos no
Complexo Hospitalar Clementino Fraga – junho/dezembro 2005
Pacientes com tratamento
ECC (OD)
700600500400300
PIO (OD)
30
20
10
0
Pacientes sem tratamento
ECC (OD)
640620600580560540520500480
PIO (OD)
18
16
14
12
10
8
Gráfico 2 - Diagrama de dispersão de espessura corneana central e pressão intra-ocular
de olho direito, segundo instituição de tratamento de 80 hansenianos atendidos no
Complexo Hospitalar Clementino Fraga – junho/dezembro 2005
41
Hipoestesia corneana
ECC (OD)
620600580560540520500
PIO (OD)
15
14
13
12
11
10
9
Gráfico 3 - Diagrama de dispersão de espessura corneana central e pressão intra-ocular
de olho direito, segundo hipoestesia corneana de 80 hansenianos atendidos no
Complexo Hospitalar Clementino Fraga – junho/dezembro 2005
Todos os pacientes
ECC (OD)
700600500400300
PIO (OD)
30
20
10
0
Gráfico 4 - Diagrama de dispersão de espessura corneana central e pressão intra-ocular
de olho direito dos 80 hansenianos atendidos no Complexo Hospitalar Clementino Fraga
– junho/dezembro 2005
42
Tabela 7 – Correlação entre pressão intra-ocular e espessura corneana central em olho
esquerdo, de todos os pacientes e subgrupos quanto à classificação baciloscópica,
instituição de tratamento e hipoestesia corneana de 80 hansenianos atendidos no
Complexo Hospitalar Clementino Fraga – junho/dezembro 2005
SUBGRUPOS r B IC 95% p
Paucibacilares 0,033 - 0,003 -0,087 – 0,060 0,911
Multibacilares 0,082 0,004 -0,013 – 0,022 0,688
Com tratamento 0,001 0,000 -0,019 – 0,019 0,996
Sem tratamento 0,098 0,004 -0,017 – 0,025 0,680
Com Hipoestesia corneana 0,112 0,005 -0,017 – 0,025 0,715
Todos os pacientes 0,023 0,001 -0,013 – 0,016 0,843
NOTA: r – coeficiente de correlação, B – coeficiente de regressão, IC95% intervalo de confiança de 95%
p – valor de p
Paucibacilar
ECC (OE)
580560540520500480
PIO (OE)
22
20
18
16
14
12
10
8
Multibacilar
ECC (OE)
700600500400
PIO (OE)
22
20
18
16
14
12
10
8
Gráfico 5 - Diagrama de dispersão de espessura corneana central e pressão intra-ocular
de olho esquerdo, segundo classificação baciloscópica de 80 hansenianos atendidos no
Complexo Hospitalar Clementino Fraga – junho/dezembro 2005
43
Pacientes com tratamento
ECC (OE)
700600500400
PIO (OE)
22
20
18
16
14
12
10
8
Pacientes sem tratamento
ECC (OE)
660640620600580560540520500
PIO (OE)
16
15
14
13
12
11
10
9
8
Gráfico 6 - Diagrama de dispersão de espessura corneana central e pressão intra-ocular
de olho esquerdo, segundo instituição de tratamento de 80 hansenianos atendidos no
Complexo Hospitalar Clementino Fraga – junho/dezembro 2005
Hipoestesia corneana
ECC (OE)
620600580560540520500
PIO (OE)
16
15
14
13
12
11
10
9
Gráfico 7 - Diagrama de dispersão de espessura corneana central e pressão intra-ocular
de olho esquerdo, segundo hipoestesia corneana de 80 hansenianos atendidos no
Complexo Hospitalar Clementino Fraga – junho/dezembro 2005
44
Todos os pacientes
ECC (OE)
700600500400
PIO (OE)
22
20
18
16
14
12
10
8
Gráfico 8 - Diagrama de dispersão de espessura corneana central e pressão intra-ocular
de olho esquerdo dos 80 hansenianos atendidos no Complexo Hospitalar Clementino
Fraga – junho/dezembro 2005
45
5 DISCUSSÃO
As alterações presentes no bulbo ocular e nos anexos oculares
em portadores de hanseníase são responsáveis pela redução da visão, sendo,
portanto, de relevante impacto social e emocional. Dentre outras alterações, as
complicações corneanas, como a opacidade central, e as complicações intra-
oculares, como a irite com conseqüente desequilíbrio homeostático do humor
aquoso e da pressão ocular, contribuem para causar a cegueira, incapacidade
física considerada evitável na doença de Hansen (LEWALLEN et al., 1990,
2000; SOUZA et al., 2005; TORÍBIO et al., 2001).
Assim sendo, a presente pesquisa se propôs a estudar a
associação entre pressão intra-ocular (PIO) e espessura corneana central
(ECC) em hansenianos, esperando contribuir com melhor elucidação dessa
associação na hanseníase.
Em relação à análise das características gerais da hanseníase no
estudo em questão, pode-se inferir que a doença de Hansen não apresentou
predomínio por gênero masculino ou feminino (Tabela 1), concordando com os
dados gerais de hanseníase informados pelo Núcleo Hospitalar de
Epidemiologia do Complexo Hospitalar Clementino Fraga, local da pesquisa,
onde, no ano de 2005, foram diagnosticados 244 casos de hanseníase, dos
quais 114 eram do sexo feminino (47%) e 130 eram do sexo masculino (53%)
(PARAIBA, 2005).
Os dados do presente estudo foram discordantes quanto a
gênero, dos apresentados por Costa et al. (1999), Aquino et al. (2003), Moreno
46
et al. (2003) e Souza et al. (2005), os quais identificaram acometimento mais
freqüente do gênero masculino. Uma provável explicação para esse fato é a
informação divulgada pela Organización Panamericana de la Salud (OPAS)
(2003), quando revelou, em seu relatório de monitoramento da eliminação da
hanseníase, que a proporção de mulheres entre os casos novos, na Paraíba,
foi maior que 50,0% no período de 2000 a 2002 e contribuiu com o
comportamento ascendente da detecção.
Já no que concerne à faixa etária, os resultados encontrados
corroboram os dados gerais de hanseníase do Núcleo Hospitalar de
Epidemiologia do Complexo Hospitalar Clementino Fraga e de outros trabalhos,
ou seja, predomínio em adultos jovens em idade produtiva (AQUINO et al.,
2003; COSTA et al., 1999; MORENO et al., 2003; SOUZA et al., 2005). Este
fato, acrescido do baixo nível socioeconômico, com maior percentual da classe
econômica E e baixa escolaridade (Tabela 2), bem como história de contato da
doença (Tabela 3), pode influenciar na atividade laboral e no bem-estar do
núcleo familiar .
No que diz respeito às formas clínicas dos hansenianos
estudados (Tabela 4), identificou-se maior percentual de pacientes
diagnosticados na forma tuberculóide, contrastando com os resultados de
Moreno et al. (2003) e Souza et al. (2005), nos quais predominou a forma
virchowiana. Quanto à classificação operacional, a predominância foi da
hanseníase paucibacilar (71%), mas não se equiparou aos dados gerais de
hanseníase registrados no Complexo Hospitalar Clementino Fraga, que
demonstraram percentual menor de paucibacilares (54%) durante o ano de
2005. Por outro lado, o percentual dos pacientes multibacilares foi menor que
47
os 35,8% do período de 2005, constantes das Informações de Saúde do
Ministério da Saúde (BRASIL, 2005).
Pode-se especular que o maior percentual das formas polares da
doença, nesse estudo, sugere que o diagnóstico, na maioria dos casos, está
ocorrendo tardiamente ou que os pacientes só estão procurando os serviços de
saúde após a definição para as formas mais graves e contagiosas da doença, o
que pode contribuir para a manutenção do ciclo de transmissão (AQUINO et
al., 2003).
Dentre as manifestações oftalmológicas encontradas (Tabela 5),
merece ser ressaltada a constatação de que 16,3% dos pacientes
apresentavam redução da sensibilidade corneana, que predispõe à úlcera de
córnea, sendo esta referida como uma das principais causas de cegueira por
hanseníase, constituindo-se num dos fatores de incapacidade pela doença
(HOGEWEG, 2001; LYNN; LIGHTMAN, 2004; MVOGO et al., 2001). Assim,
pode-se supor que os pacientes do presente estudo, que apresentavam
hipoestesia corneana, tiveram diagnóstico tardio da hanseníase, com
complicações oftalmológicas passíveis de predispor à cegueira.
A ECC é de fundamental importância, dentre as variáveis que
podem influenciar na medida da PIO. Córneas espessas podem resultar em
pressões intra-oculares falsamente aumentadas e córneas delgadas, em
valores falsamente diminuídos (SAKATA et al., 2000; SHIELDS, 1989; SHIH et
al., 2004; TONNU et al., 2005). Por este motivo, vários estudos têm mostrado a
relação entre PIO e ECC em olhos normais ou com anormalidades corneanas,
e em outras doenças oculares, (BROWNING et al., 2004; CRONEMBERGER,
48
et al., 2005; SHIH et al., 2004), mas possivelmente raros ou inexistentes
estudos abordaram esta associação em pacientes hansenianos.
Nos resultados obtidos por esta pesquisa, não foi observada
correlação linear entre PIO e ECC em todos os pacientes hansenianos
estudados e em subgrupos específicos: multibacilares, paucibacilares, em
tratamento, sem tratamento, com hipoestesia corneana (Tabelas 6 e 7;
Gráficos 1 a 8).
Mesmo existindo limitações nas comparações entre os resultados
encontrados na presente investigação, no que concerne à associação entre
PIO e ECC em hanseníase, com os achados de outros estudos envolvendo
diferentes metodologias e doenças oculares, é importante destacar que as
comparações são válidas desde que essas diferenças sejam analisadas.
Embora os pacientes que completam o tratamento sejam
considerados curados de hanseníase, por serem bacteriologicamente
negativos, as incapacidades manifestas antes do tratamento ainda estarão
presentes e podem progredir em virtude do dano neural, que não reverte com o
tratamento. No entanto pouco se conhece sobre a evolução das manifestações
oculares em pacientes tratados. Em estudo envolvendo 193 pacientes
previamente tratados com dapsona ou clofazimina, Walton, Ball e Joffrion
(1991) identificaram que 10% desses apresentavam glaucoma primário e 5,7%,
glaucoma secundário a uveíte, diagnosticado, em todos os casos após um ano
do tratamento. Os autores concluíram que o processo inflamatório crônico da
hanseníase se mantém e evolui a glaucoma secundário, mesmo após
tratamento monoterápico efetuado (WALTON; BALL; JOFFRION, 1991).
49
No presente trabalho, não se observou associação entre PIO e
ECC em pacientes com tratamento e sem tratamento, mas com base nos
achados de Walton, Ball e Joffrion (1991), pode-se supor que a presença da
relação entre PIO e ECC seja encontrada, em pacientes em tratamento, e que
novas investigações sejam necessárias com maior número de hansenianos em
esquema poliquimioterápico.
Para determinar a relação entre ECC medida pela paquimetria
ultra-sônica e PIO aferida pelo tonômetro de aplanação, vários estudos foram
realizados e obtiveram conclusões divergentes.
Em concordância com os resultados do presente estudo,
sugerindo não haver correlação entre PIO e ECC, ressalta-se o estudo de
Nemesure et al. (2004), o qual teve como objetivo avaliar a relação entre PIO e
ECC na população negra do Barbados Eye Studies. Estes autores analisaram
1142 indivíduos e concluíram que, embora outros estudos tenham reportado
uma correlação positiva entre ECC e PIO, a pressão intra-ocular não estava
associada com a espessura corneana central na população negra do Barbados
Eye Studies.
Sakata et al. (2002), em estudo para avaliar a existência de
diferença da ECC em grupos de pacientes com glaucoma de pressão normal
(GPN), glaucoma crônico simples (GCS) e controles normais, ao estudarem a
associação entre PIO e ECC, igualmente não encontraram correlação
estatisticamente significante nos três grupos estudados (grupo GPN: r=0,25875
e p=0,10692; grupo controle: r=0,13283 e p=0,37344; e grupo GCS: r=0,29455
e p=0,18331).
50
Cabe destacar que uma limitação do presente estudo pode ter
sido a falta de uniformidade quanto ao horário de realização do exame
oftalmológico. No entanto, a variação da espessura corneana central ao longo
do dia tem sido tema controverso. Alguns estudos concluíram que a espessura
corneana apresenta ciclo circadiano dia-noite, afilando-se até o entardecer e
espessando-se à noite, em decorrência de edema, embora não se relacione
com o ciclo do sono. (EDMOND; LA COUR, 1986; MILANI, KARA-JOSÉ, 1996;
SHAH et al., 2000). Diversos autores já expressaram também considerações
para as flutuações da PIO ao longo do dia, caracterizando ritmo circadiano
(CRONEMBERGER; YAMANE, 2005; DOUGHTY; ZAMAN, 2000; SHIELDS,
1989; SUSANNA JR; VESSANI, 2005).
Em estudo realizado em 2005, envolvendo 73 pacientes em curva
diária de pressão intra-ocular acompanhada de mensuração de ECC (às 6 h, 9
h, 18 h e 22:30 h), Cronemberger et al. (2005) concluíram não haver variação
significativa da ECC em pacientes suspeitos de glaucoma e em
glaucomatosos, em diferentes horários, revelando que apenas uma medida da
ECC seria suficiente; e também não evidenciaram diferença estatisticamente
significante na ECC entre pacientes suspeitos de glaucoma e glaucomatosos.
Esses resultados foram similares aos de Sampaolesi et al. (1968), que também
não encontraram correlação estatisticamente significante entre as aferições de
PIO e ECC em pacientes suspeitos de glaucoma.
Doughty e Zaman (2000), em meta-análise de estudos
publicados, desde 1968 a 1999, abordando a possível associação entre ECC e
medida da PIO, revelaram uma correlação estatisticamente significante, e uma
diferença de 10% na ECC resultaria em 3,4 ± 0,9 mm Hg de diferença na PIO
51
(p 0,001, r=0,419). Este fenômeno observado foi menor em olhos designados
como saudáveis (1,1 ± 0,6 mm Hg para cada diferença de 10% na ECC,
p=0,023, r=0,450) e a variação na associação foi substancialmente maior
quando verificada em olhos com doenças agudas (aproximadamente 10,0 ± 3,1
mm Hg para uma diferença de 10% na ECC). Tais resultados se contrapõem
aos resultados da presente investigação em hansenianos.
No entanto, Ytteborg e Dohlman (1965) pesquisaram apenas
córneas ditas intactas, em olhos sem anormalidades, destacando-se a
ausência de edema epitelial clinicamente evidente e, por meio de análise de
regressão linear, revelaram não ter ocorrido modificação nos valores aferidos
de PIO por tonômetro de aplanação em associação às variações nos valores
de ECC (r=0,023 e p=0,898). Ao considerar os resultados descritos por estes
autores, pode-se presumir que, na presente pesquisa, os achados foram
coincidentes em decorrência do predomínio de olhos considerados normais e,
portanto, com ECC e PIO dentro da normalidade.
Os achados do presente trabalho discordaram de outros estudos.
Ko, Liu e Hsu (2005) compararam PIO aferida por tonômetro de aplanação de
Goldmann, tonômetro de não contato e tonômetro de fluxo sanguíneo ocular,
para avaliar os efeitos da variação das leituras de ECC. Independente do tipo
de tonômetro, os autores encontraram resultados discordantes do atual estudo,
pois identificaram correlação estatisticamente significante entre PIO e ECC
(p<0.001), para as aferições em tonômetro de aplanação de Goldmann
(B=0,037, r=0,496). Os autores ainda sugeriram que a ECC é uma variável
essencial a ser considerada na interpretação de leituras de PIO, corroborando
outros estudos que ressaltaram a importância da paquimetria (DAVE et al.,
52
2004; FOSTER et al., 1998; KIM; CHEN, 2004), especialmente em alguns
casos específicos quando do diagnóstico de alterações da PIO (HENRIQUES
et al., 2004; SAKATA et al., 2002).
Ainda enfatizando a relevância destes parâmetros no diagnóstico
e seguimento de pacientes com anormalidades da PIO, Yagci et al. (2005)
estudaram 125 sujeitos para determinar a relação entre ECC e PIO em
hipertensos oculares, em olhos glaucomatosos e em olhos normais, e
concordaram que ECC aumentada pode levar a falsos valores elevados de
PIO, aferida com tonômetro de aplanação de Goldmann.
Para justificar a ausência de correlação entre PIO e ECC
encontrada em pacientes com hanseníase, cabe ainda salientar a possibilidade
de pacientes com hanseníase apresentarem redução da pressão ocular,
independente da variação da ECC (HUSSEIN et al., 1992), derivada da
hipofuncionalidade do sistema adrenérgico, quando comparado ao colinérgico
(DABHOLKAR; GAITONDE, 1982).
Embora Lewallen et al., em 1989, tenham comprovado a
existência de disfunção autonômica ocular na hanseníase, não puderam
afirmar que essa disfunção fosse a causa primária da redução da PIO, mas não
abandonaram essa hipótese. Em 1990, Lewallen et al., mantendo a mesma
linha de pesquisa, admitiram que as anormalidades da inervação autonômica
do segmento anterior do olho podem estar relacionadas a alterações da
pressão ocular, sugerindo a necessidade de novos estudos para compreender
a fisiopatologia da hanseníase e os mecanismos que regulam a homeostase da
PIO. Em 1996, Katoch, estudando a afecção dos nervos autonômicos na
hanseníase, afirmou que os sinais de denervação da íris e a redução da PIO
53
são complicações permanentes do envolvimento autonômico ocular. Assim,
embora a hipótese aventada ainda não esteja confirmada, parece plausível.
Apesar de suas limitações, deve-se ressaltar que a presente
pesquisa contribuiu para o enriquecimento da compreensão da associação
entre PIO e ECC em portadores de hanseníase, tema ora pouco investigado.
54
6 CONCLUSÃO
Os resultados encontrados não sugerem correlação linear entre
pressão intra-ocular e espessura corneana central em ambos os olhos de todos
os hansenianos estudados e em subgrupos específicos (paucibacilares,
multibacilares, em tratamento, sem tratamento e com hipoestesia corneana).
55
7 RECOMENDAÇÕES
Como contribuição ao Programa de Controle da Hanseníase na
Paraíba, sugerem-se:
Implementação do exame oftalmológico completo como
procedimento de rotina para pacientes no início do diagnóstico,
durante o tratamento e após a finalização do mesmo, objetivando
prevenção, detecção precoce e tratamento das alterações
oftalmológicas da hanseníase e de suas complicações;
Realização de novos estudos enfocando a associação entre pressão
intra-ocular e espessura corneana central em hansenianos
multibacilares, com amostras maiores que a do presente estudo.
56
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AQUINO, D. M. C.; CALDAS, A. J. M.; SILVA, A. A. M.; COSTA, J. M. L. Perfil
dos pacientes com hanseníase em área hiperendêmica da Amazônia do
Maranhão, Brasil. Rev Soc Bras Med Trop, v. 36, p. 57-64, 2003.
ARAÚJO, M. G. Hanseníase no Brasil. Rev Soc Bras Med Trop, v. 36, n. 3, p.
373-382, 2003.
ASSIS JUNIOR, R. et al. Estudo de 52 casos com lesões ativas supostamente
toxoplasmáticas (biomicroscópio, morfológico, topográfico e terapêutico). Rev
Bras Oftalmol, v. 56, n. 8, p. 569-584, 1997.
BEERS, S. M.; WIT, M. Y. L.; KLASTER, P. R. The epidemiology of
Mycobacterium leprae: recent insight. FEMS Microbiol Letters, v. 136, p. 221-
230, 1996.
BRASIL. Ministério da Saúde. DATASUS. Informações de saúde,
epidemiologia, morbidade e hanseníase desde 1997 – Paraíba. 2005.
Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?hans. Acesso em:
17/01/2006.
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Centro Nacional
de Epidemiologia. SINAN/Banco de Dados. Brasília. 2002.
BRASIL. Ministério da Saúde. Hanseníase. Atividades de controle e Manual de
Procedimentos. Brasília. 2001.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.
Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de condutas para
complicações oculares. 1. ed. Brasília: Ministério da Saúde. 2003. 60p.
BRITTON, W.; LOCKWOOD, D. N. J. Leprosy. Lancet, v. 363, 1209-1219,
2004.
BROWNING, A. C. et al. The effect of corneal thickness on intraocular pressure
measurement in patients with corneal pathology. Br J Ophthalmol, v. 88, n. 11,
p. 1395-1399, 2004.
COHEN, J. M. Oftalmopatias tropicais (atualização continuada). Arq Bras
Oftalmol SP, v. 61, n. 3, p. 371-376, 1998.
COSTA, M. S.; GALLO, M. E. N.; NERY, J. A. C.; BENCHIMOL, E. Avaliação
oftalmológica em hanseníase multibacilar. Arq Bras Oftalmol, v. 62, n. 6, p.
701’-703, 1999.
57
COURTRIGHT, P. LEWALLEN, S. Ocular manifestations of leprosy. In:
JOHNSON, G. J.; MINASSIAN, D. C.; WEALE, R. (eds). The epidemiology of
eye disease. London: Chapman and Hall, 1998.
CRONEMBERGER, S.; CALIXTO, N.; COSTA, L. T.; SOARES, F. M. Corneal
thickness and daily curve of intraocular pressure in suspected and
glaucomatous patients. Arq Bras Oftalmol, v. 68, n. 2, p. 185-188, 2005.
CRONEMBERGER, S.; YAMANE, R. Quando devemos realizar uma curva
tensional de 24 horas? In: SUSSANA JR, R.; WEINREB, R. N. Glaucoma:
perguntas e respostas. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2005. cap. 29, p.
133135.
DABHOLKAR, V. R.; GAITONDE, B. B. A study of autonomic finctions in
leprosy. Lepr India, v. 54, n. 2, p. 303-317, 1982.
DANIEL, A. E. et al. Intraocular pressure in leprosy patients without clinically
apparent anterior segment pathology. Indian J Lepr, v. 66, n. 2, p. 165-172,
1994.
DAVE, H.; KUTSCHAN, A.; PAUER, A.; WIEGAND, W. Measurement of
corneal thickness in glaucoma patients. Ophthalmologie, v. 109, n. 9, p. 919-
924, 2004.
DÍAZ ALEMÁN, V. T. et al. Nomogram for ocular hypertension progression risk
based on the ocular hypertension treatment study. Arch Soc Española, n. 3,
2005.
DOUGHTY, M. J.; ZAMAN, M. L. Human corneal thickness and its impact on
intraocular pressure measures: a review and meta-analyses approach. Survey,
v. 44, p.367-408, 2000.
DURRHEIM, D. N.; SPEARE, R. Global leprosy elimination: time to change
more than the elimination target date. J Epidemiol Comm Health, v. 57, p.
316-317, 2003.
EBENEZER, G. J.; DANIEL, E. Expression of protein gene product 9.5
lepromatous eyes showing ciliary body nerve damage and a “dying back”
phenomenon in the posterior ciliary nerves. Br J Ophthalmol, v. 88, p. 178-
181, 2004.
EDMUND, C.; LA COUR, M. Some components affecting the precision of
corneal thickness measurement performed by optical pachimetry. Acta
Ophthalmol (Copenh), v. 64, n. 5, p. 499-503, 1986.
EYSTEINSSON, T. et al. Central corneal thickness, radius of the corneal
curvature and intraocular pressure in normal subjects using non-contact
techniques: Reykjavik Eye Study. Acta Ophthalmol Scand, v. 80, n. 1, p. 11-
15, 2002.
58
FOSS, N. T. Hanseníase: aspectos clínicos, imunológicos e terapêuticos.
Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 74, n. 2, p. 113-119, 1999.
FOSS, N. T. Problemas da pele e mucosas. In:RODRIGUES, M. L. V.
Oftalmologia clínica. cap. 26 E. Rio de Janeiro: Cultura Médica. 1992. p. 458-
469.
FOSTER, P. J. et al. Central corneal thickness and intraocular pressure in a
Mongolian population. Ophthalmol, v. 105, v. 6, p. 969-973, 1998.
GOLDMANN, H.; SCHMIDT, T. Über Applanationstonometrie.
Ophthalmológica, v. 134, p. 221-242, 1957.
GUIMARÃES, F. C. AUGUSTO, A.; CRUZ, V. Eyelid changes in long-standing
leprosy. Ophthalmic Plastics Reconstruct Surg, v. 14, p. 239-243, 1998.
HAHN, S. et al. Central corneal thickness in latinos. Disponível em:
http://www.iovs.org/cgi/content/full/44/4/1508. Acesso em: 05/11/2004.
HENRIQUES, M. J. et al. Corneal thickness in congenital glaucoma. J
Glaucoma, v. 13, n. 3, p. 185-188, 2004.
HERNDON, L.; DURHAM, N. C. Rethinking pachymetry and intraocular
pressure. Glaucoma Management, v. 7, p. 88-90, 2002.
HERZOG, G.; YAMAME, R. Sentido da forma, sentido cromático e sentido
luminoso. In:______.______. Semiologia ocular. Rio de Janeiro: Cultura
Médica, p. 1-12, 1990.
HEWITT, A. W.; COOPER, R. L. Relationship between corneal thickness and
optic disc damage in glaucoma. Clin Experimental Ophthalmol, v. 33, p. 158-
163, 2005.
HOGEWEG, M. Ocular leprosy. Int J Lepr Other Mycobac Dis, 2001.
HUSSEIN, N.; CHIANG, T.; EHSAN, Q.; HUSSAIN, R. Intraocular pressure
decrease in household contacts of patient with Hansen’s disease and endemic
control subjects. Am J Ophthalmol, v. 114, n. 4, p. 479-483, 1992.
KATOCH, K. Autonomic nerve affection in leprosy. Ind J Lepr, v. 68, n. 1, p.
49-54, 1996.
KIM, J. W.; CHEN, P. P. Central corneal pachymetry and visual field
progression in patients with open-angle glaucoma. Ophthalmol, v. 111, n. 11,
p. 2126-2132, 2004.
KITAGAWA, K.; HAYASAKA, S.; NAGAKI, Y. Falsely elevated intraocular
pressure due to an abnormally thick cornea in a patient with Nevus of Ota.
Japanese J Ophthalmol, v. 47, n. 2, p. 142-144, 2003.
59
KO, Y. C.; LIU, C. J.; HSU, W. M. Varying effects of corneal thickness on
intraocular pressure measurements with different tonometers. Eye, v. 19, n. 3,
p. 327-332, 2005.
KONDO, S. Ocular impairment in leprosy. Feb, v. 73, n. 1, p. 23-35, 2004.
LEWALLEN, S. et al. Intraocular pressure and iris denervation in Hansen’s
disease. Int J Lepr Other Mycobact Dis, v. 58, n. 1, p. 39-43, 1990.
LEWALLEN, S.; COURTRIGHT, P.; LEE, H. S. Ocular autonomic dysfunction
and intraocular pressure in leprosy. Br J Ophthalmol, v. 73, n. 12, p. 946-949,
1989.
LEWALLEN, S.; TUNGPAKORN, N. C.; KIM, S. H.; COURTRIGHT, P.
Progression of eye disease in cured leprosy patients: implications for
understanding the pathophysiology of ocular disease and for addressing
eyecare needs. Br J Ophthalmol, v. 84, p. 817-821, 2000.
LI, Q.; LI, M.; FAN, Z.; WANG, N. The influence of central corneal thickness and
corneal curvature and axial length on the measurement of intraocular pressure.
Yan Ke Xue Bao, v. 18, n. 3, p. 176-180, 2002.
LOCKWOOD, D. N. Leprosy elimination: a virtual phenomenon or a reality?
BMJ, v. 324, p. 1516-1519, 2002.
LYNN, W. A.; LIGHTMAN, S. The eye in systemic infection. Lancet, v. 364, p.
1439-1450, 2004.
MEDEIROS, P. A.; SAMPLE, P. A.; WEINREB, R. N. Corneal thickness
measurements and frequency doubling technology perimetry abnormalities in
ocular hypertensive eyes. Ophthalmology, v. 110, p. 1903-1908, 2003.
MILANI, J. A. A.; KARA-JOSÉ, N. Paquimetria. In: BELFORT JR. Córnea
clínica – cirúrgica. São Paulo: Roca, 1996. p. 135-138.
MONTEIRO, L. G.; CAMPOS, W. R.; OREFICE, F.; GROSSI, M. A. Study of
ocular changes in leprosy patients. Indian J Lepr, v. 70, n. 2,p. 197-202, 1998.
MORENO, R. D. et al. Alterações oculares na hanseníase, observadas em
pacientes ambulatoriais do serviço de referência da cidade do Rio de Janeiro,
Acre – Brasil. Arq Bras Oftalmol, v. 66, p. 755-764, 2003.
MOSCHELLA, S. L. An update on the diagnosis and treatment of leprosy. J Am
Acad Dermatol, v. 51, n. 3, p. 417-426, 2004.
MUIR, K. W.; JIN, J.; FREEDMAN, S. F. Central corneal thickness and its
relationship to intraocular pressure in children. Am Acad Ophthalmol, 2003.
MVOGO, C. E. et al. Ocular complications of leprosy in Cameroon. Acta
Ophthalmol Scandinavica, p. 31-33, 2001.
60
NEMESURE, B. et al. Corneal thickness and intraocular pressure in the
Barbados eye studies. Arch Ophthalmol, v. 122, n. 3, p. 425, 2004.
ORÉFICE, F.; BORATTO, L. M. Biomicroscopia e gonioscopia. Biblioteca
Brasileira de Oftalmologia, Rio de Janeiro: Cultura Médica, v. 4, p. 121-123,
1989.
ORÉFICE, F.; BORATTO, L.M. Clinical ocular study in leprosy patients at a
Sanitary Dermatological Hospital in Brazil. Indian J Lepr, v.70, n.2, p. 189-195,
1998.
ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD. Monitoramento da
eliminação da hanseníase: manual dos monitores do LEM Multicêntrico Brasil,
2003.
PARAIBA. Investigação de hanseníase – SINAN. Hospital Clementino Fraga.
Núcleo de Epidemiologia Hospitalar. 2005.
PETRI, V. Hanseníase. Rev Compacta (São Paulo), v. III, n. 3, p. 1-18, 2002.
REGENSTEINER, D. B. W.; KARA-JOSÉ, N. Sensibilidade corneana. In:
BELFORT JÚNIOR, R. Córnea clínica – cirúrgica. São Paulo: Rocca, 1996,
cap. 11, p. 117-127.
SAKATA, K. et al. Estudo da correlação entre pressão intra-ocular e espessura
corneana central (Projeto Glaucoma). Arq Bras Ophthalmol, v. 63, p. 355-358,
2000.
SAKATA, K. et al. Glaucoma de pressão normal e espessura corneana central.
Arq Bras Ophthalmol, v. 65, p. 619-622, 2002.
SAMPAOLESI, R. et al. Diurnal variation of intraocular pressure in healthy,
suspected and glaucomatous eyes. Bibl Ophthalmol, v. 74, p. 1-23, 1968.
SHAH, S. et al. Assessment of the diurnal in central corneal thickness and
intraocular pressure for patients with suspected glaucoma. Ophthalmol, v. 107,
n. 6, p. 1191-1193, 2000.
SHIELDS, M. B. Glaucoma. 2. ed. São Paulo: Panamericana, 1989. 596p.
SHIH, C. Y. et al. Clinical significance of central corneal thickness in the
management of glaucoma. Arch Ophthalmol, v. 122, p. 1270-1275, 2004.
SHIMMYO, M.; ROSS, A. J.; MOY, A.; MOSTAFAVI, R. Intraocular pressure,
Goldmann applanation tension, corneal thickness, and corneal curvature in
Caucasians, Asians, Hispanics, and Africans Americans. Am J Ophthalmol, v.
136, p. 603-613, 2003.
SOUZA, F. S. et al. Freqüência das alterações oftalmológicas em pacientes
com hanseníase residentes em hospital-colônia. Arq Bras Oftalmol, v. 68, n.
3, p. 369-372, 2005.
61
SPALTON, D. J.; HITCHINGS, R. A.; HUNTER, P. A. Atlas de Clínica
Oftalmológica. São Paulo: Manole, p. 1-14, 1992.
SUSSANA JR, R.; VESSANI, R. M. Qual é a importância da flutuação da PIO
no glaucoma? In: SUSSANA JR, R.; WEINREB, R. N. Glaucoma: perguntas e
respostas. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2005. cap. 28, p. 129-131.
TONNU, P. A. et al. The influence of central corneal thickness and age on
intraocular pressure measured by pneumotonometry, non-contact tonometry,
the tono-pen XL, and Goldmann applanation tonometry. Br J Ophthalmol, v.
89, n. 7, p. 851-854, 2005.
TORÍBIO, R. C et al. Alterações oculares e incapacidade visual em pacientes
com hanseníase – um estudo no Distrito Federal. An Bras Dermatol, v. 76, p.
543-550, 2001.
WALTON, R. C.; BALL, S. F.; JOFFRION, V. C. Glaucoma in Hansen’s
disease. Br J Ophthalmol, v. 75, n. 5, p. 270-272, 1991.
WHITACRE, M. M.; STEIN, R. Sources of error with the goldmann type
tonometers. Surv Ophthalmol, v. 38, p. 1-30, 1993.
WHITCHER, J. P.; SRINIVASAN, M.; UPADHYAY, M. P. Corneal blindness: a
global perspective. Bulletin of the WHO, v. 79, p. 214-221, 2001.
WHO. World Health Organization. Study Group on Chemotherapy of Leprosy
for Control Programmes. Chemotherapy of leprosy for control programmes:
report of a WHO study group. Geneva: WHO, 1982.
WHO. World Health Organization. Weekly epidemiological record. WHO, n.
34, p. 289-296, 2005.
WHO/OMS. Leprosy today. 2005.
YAGCI, R. et al. Central corneal thickness in primary open angle glaucoma,
pseudoexfoliative glaucoma, ocular hypertension, and normal population. Eur J
Ophthalmol, v. 15, n. 3, p. 324-328, 2005.
YTTEBORG, J.DOHLMAN, C. H. Corneal edema and intraocular pressure. II.
Clinical results. Arch Ophthalmol, v. 74, p. 477-484, 1965.
9 APÊNDICES
63
9.1 Apêndice 1 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Federal de Pernambuco
Centro de Ciências da Saúde
Programa de Pós Graduação em Medicina Tropical Mestrado e Doutorado
Nome do Estudo: Associação entre Pressão Intra-Ocular e espessura corneana em
Hansenianos
Pesquisadora responsável: Aganeide Castilho
CRM-PB: 4906
Endereço: Av. Rui Carneiro,860, Miramar ,João Pessoa – PB
Fone/Fax: 83 – 3226 7000 Email:memori[email protected]
Orientador: Prof. Ricardo Ximenes
Co-Orientador: Prof ª. Isabel Lynch.
Departamento: Medicina Tropical-Mestrado e Doutorado-UFPE
Você está sendo convidado para participar de uma pesquisa clínica. A ser realizada na
Unidade de Hanseníase do Complexo Hospitalar Dr.Clementino Fraga, com objetivo de estudar
alguns aspectos do olho de pessoas acometidas por hanseníase (doença também conhecida
por lepra). Caso você concorde em participar, será feito exame oftalmológico para medida da
pressão do olho e medida da espessura da córnea para um melhor entendimento científico
sobre a associação entre pressão ocular e espessura corneana na hanseníase, beneficiando a
comunidade com novos estudos sobre hanseníase ocular e pressão intra-ocular. Caso haja
necessidade de controle clínico de alguma doença diagnosticada (como por exemplo,
glaucoma, ametropia, catarata, doenças da retina e etc.), você terá tratamento oftalmológico
específico aos cuidados da pesquisadora responsável sem gastos com consulta e/ou cirurgia.
Você deve saber, ainda, que a sua participação é voluntária e, portanto, você está livre
para aceitar ou não a sua inclusão, bem como retirar a sua participação a qualquer momento,
sem sofrer dano e sem que isso altere em nada o seu tratamento e vínculo com o seu médico e
com a instituição (ambulatório ou hospital) que você procurou para tratar-se.
O risco que você corre ao participar deste estudo é de apresentar ardor nos olhos
durante e/ou após o exame, pois os equipamentos para medir a pressão ocular e a espessura
da córnea tocam no olho. Antes do exame será usado colírio anestésico em cada olho
(pingando 01 gota em cada olho). Muito raramente são observadas complicações decorrentes
do exame, mas, ocorrendo, você será adequadamente tratado sem qualquer despesa.
Solicito sua permissão para as anotações no questionário da pesquisa, como também
sua autorização para apresentar os resultados deste estudo em eventos científicos e publicar
em revista cientifica. Por ocasião da publicação dos resultados, seu nome será mantido em
sigilo.
O projeto desse estudo foi avaliado por um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) que
segue padrões internacionais de aprovação de estudos que envolvem seres humanos.
A pesquisadora responsável estará a sua disposição para qualquer esclarecimento que
considere necessário em qualquer etapa da pesquisa.
Eu, ___________________________________________________________________,
declaro que fui devidamente esclarecido (a) e dou o meu consentimento para participar da
pesquisa e para publicação dos resultados. Estou ciente que receberei uma cópia deste
documento.
64
João Pessoa,___ de _____________ de ___.
_____________________________________________
Assinatura do Participante da Pesquisa
ou Responsável Legal
_____________________________________________
Testemunha (em caso de analfabeto)
____________________________________________
Assinatura da Pesquisadora
Impressão digital
9.2 Apêndice 2 – Protocolo de coleta de dados
66
67
10 ANEXOS
69
10.1 Anexo 1 – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal da Paraíba
70
10.2 Anexo 2 – Classificação de classe econômica – Brasil
71
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo