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Jos.: Não, não. Mas eu, na minha opinião. Mas se o cara ro(u)ba, tem que fuzila(r). Porque se
você ro(u)bo(u) o bujão de gás, se ele for primário, dá uma chance pra esse cara.
Ben.: Se o meu filho for rouba(r), você que(r) que mate?
Jos.: Inclusive ele. Então é o seguinte: o cara ro(u)bo(u) o bujão de gás. É primário? É. Então
dá uma chance pra ele ( ) mas de olho nele, se ele ro(u)ba(r), fuzila ele. Agora o cara estupra
quatro ou cinco vezes, ro(u)ba, seqüestra, mata e quando o cabra fica comendo com o dinheiro
que a gente paga imposto, eu não concordo. A minha idéia é essa. Me desculpa, Benedita. Eu
vo(u) vota(r) a favor de fica(r) o armamento porque o bandido pode usa(r) a arma.
Ben.: (Es)tá certo, porque desarma o povo, desarma os pais de família.
P.: Então você acha que não pode desarma(r) a população?
Ben.: Eu acho que não, professora, porque se os bandidos s(o)uberem que os pais de família
(es)tão sem revólver... (.) Eu não tenho porque eu creio, Deus me guarda ( ) mas se os ladrão
s(o)ube(r) que a gente tá desarmado vão faze(r) o que quise(r) com a gente. ( ) Não acho certo
desarma(r) a humanidade, mas também, mata(r) eu não acho certo porque quem tem direito de
tirar a vida da gente é Deus. Porque muitos bandido(s) que matava(m), ro(u)bava(m). O
apóstolo Paulo mesmo, lá no tempo da lei. Ele era um (preceptor), ele maltratava o povo e nem
por isso Jesus não salvo(u) ele. A bíblia fala que Deus coloca o arrependimento em nosso
coração, por exemplo, um bandido que matando e roubando, mas se a gente pode prega(r) pra
ele e ele pode percebe(r) que [aquilo não é certo, pode se arrepende(r) e Deus pode perdoa(r)
ele [...]
Jos.: [Eu sei, Benedita!
P.: O que José quis dizer, Benedita, é que tem gente que vive fazendo e não se arrepende do
que faz e que não tá nem aí.
((A aluna continua argumentando.))
...
A.: Professora, você quer que desarme?
P.: E você, o que acha? (.) Nem sabe do que se trata.
((Os alunos José e Benedita continuam discutindo e apresentando seus argumentos. José
conta três histórias para reforçar sua posição. Uma das histórias é sobre sua própria vida:
quando tinha dezessete anos, envolveu-se em uma situação no Acre que poderia levá-lo ao
mundo do crime. Conta como foi honesto e recusou uma oportunidade de roubar uma pasta
repleta de dinheiro. Benedita argumenta com José que muitos roubam porque a situação
econômica está difícil; há muitos desempregados que se desesperam e roubam para alimentar
a família. José discorda da opinião da esposa dizendo que há casos e casos. Nesse momento,
a professora diz:))
Prof.: Calma, aí gente! Nós (es)tamo(s) fugindo do assunto! (.) Vamo(s) volta(r) pro assunto!
Então, qual é a questão que está sendo discutida? Se a população tem que ser desarmada ou
não. Se a gente é a favor ou não.
((Benedita responde à professora com os mesmos argumentos apresentados anteriormente. E
finaliza afirmando, novamente, que é contra o desarmamento e a pena de morte.))
...
P.: E todo mundo tem que votar? ((Alguns alunos respondem que votam porque é obrigatório.))
P.: ((Chama alguns alunos.)) Vamo(s) lá , quem mais quer dar a opinião?
((Os alunos respondem e justificam a escolha que fizeram.))
...
((Ao final do debate, a professora diz:))
P.: Então, gente, eu acho assim: tem que pensa(r) bem antes de vota(r). Tem que pensa(r)
direitinho.
...
((A professora encerra o debate dizendo para os alunos pensarem mais uma vez sobre a
questão:))
P.: Eu vou trazer direitinho a pergunta pra gente pensa(r) de novo. Daí a gente volta a
conversa(r). Daí vejam se vocês têm alguma dúvida, prestem atenção na televisão, tanto a
campanha do sim quanto a do não. Aí, a gente conversa mais um pouco.
...
((Novamente a professora pede para os alunos prestarem atenção na propaganda, “pra ver o
que eles falam”.))
A princípio, essa proposta se destaca por ser a única atividade que aborda um gênero
oral na escola, durante as observações realizadas. Ao escolher comentar sobre essa