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CRITÉRIO DE PROJETO BASEADO EM CONFIABILIDADE PARA O SISTEMA
DE TENDÕES DE UMA TLP
Federico Barranco Cicilia
TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS
PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS
EM ENGENHARIA CIVIL.
Aprovada por:
______________________________________________
Prof. Edison Castro Prates de Lima, D.Sc.
______________________________________________
Prof. Luís Volnei Sudati Sagrilo, D.Sc.
______________________________________________
Prof. Gilberto Bruno Ellwanger, D.Sc.
______________________________________________
Dr. Marcos Queija de Siqueira, D.Sc.
______________________________________________
Dr. Paulo Mauricio Videiro, D.Sc.
______________________________________________
Prof. Ney Roitman, D.Sc.
______________________________________________
Dr. Márcio Martins Mourelle, D.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
JUNHO DE 2004
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CICILIA, FEDERICO BARRANCO
Critério de Projeto Baseado em Confiabili-
dade para o Sistema de Tendões de uma TLP
[Rio de Janeiro] 2004
X, 188 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, D.Sc.,
Engenharia Civil, 2004)
Tese – Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPE
1. Plataformas de Pernas Atirantadas
2. Tendões
3. Critério de Projeto
4. Confiabilidade Estrutural
I. COPPE/UFRJ II. Título (série)
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Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)
CRITÉRIO DE PROJETO BASEADO EM CONFIABILIDADE PARA O SISTEMA
DE TENDÕES DE UMA TLP
Federico Barranco Cicilia
Junho/2004
Orientadores: Edison Castro Prates de Lima
Luís Volnei Sudati Sagrilo
Programa: Engenharia Civil
Este trabalho apresenta um critério de projeto baseado em fatores parciais de
segurança (LRFD) para o dimensionamento dos tendões de uma plataforma de pernas
atirantadas do tipo TLP na sua condição intacta. O critério de projeto é desenvolvido
para o estado limite último de qualquer seção ao longo do comprimento dos tendões,
levando em conta a interação dinâmica dos esforços e a estatística da sua resposta
extrema. Os fatores parciais de segurança são calibrados através de uma metodologia
baseada em confiabilidade para as condições ambientais de tempestade típicas nas águas
profundas da Baia de Campeche, México, para um período de tempo de 100 anos. Na
análise de confiabilidade são incluídas as incertezas das cargas, da resistência dos
tendões e dos modelos analíticos. Os resultados mostram que os fatores parciais de
segurança obtidos refletem o nível de incerteza e a importância das variáveis aleatórias
na análise de confiabilidade. Ao redimensionar os tendões segundo o critério de projeto
proposto neste trabalho é obtida maior uniformidade na sua confiabilidade do que antes
de se fazer a calibração da fórmula de verificação.
iv
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)
RELIABILITY-BASED DESIGN CRITERIUM FOR A TLP TENDON SYSTEM
Federico Barranco Cicilia
June/2004
Advisors: Edison Castro Prates de Lima
Luís Volnei Sudati Sagrilo
Department: Civil Engineering
This work presents a load and resistance factor design (LRFD) criterium applied
to the tendon system of tension leg platforms (TLPs) in its intact condition. The design
criterium is developed for the ultimate limit state of any section along tendon length
taking into account both dynamic interactions of load effects and the statistics of its
extreme response. The partial safety factors are calibrated through a reliability based
methodology for storm environmental conditions in deep waters of the Campeche Bay,
Mexico, considering a 100-year return period. In the reliability analysis, randomness of
loads, resistance of tendons and analytic models are included. The results show that
safety factors reflect both uncertainty content and the importance of the random
variables in structural reliability analysis. When tendons are redesigned through the
proposed criterium, a greater uniformity in the reliability of structural members is
obtained.
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Dedicatórias
A minha mãe:
Por viver para iluminar nossa vida e pelos múltiplos exemplos de coragem para
enfrentar os desafios na busca de alcançar um objetivo. Milhões de palavras são poucas
para exprimir o que a senhora significa para mim. Obrigado mãe Gloria, muito
obrigado.
A Lola, Andrés, Rodrigo e aquela estrela que está aparecendo em nosso céu:
Por ser o complemento da luz que necessitava para percorrer o mundo. Por seu
amor sem limites que me abraça em todo momento. Pelo sucesso de vocês.
A meus irmãos:
Por nossos sorrisos e choros, sempre unidos.
Em memória do meu pai e do meu irmão.
________________________________________________________________
Aí onde estão as nossas aspirações, o nosso trabalho, os nossos amores- aí está o
lugar de nosso encontro cotidiano com Cristo.
São José Maria Escrivá
vi
Agradecimentos
Quero expressar meu profundo agradecimento a meus orientadores, os Professores
Edison Castro Prates de Lima e Luís Volnei Sudati Sagrilo, por todos os conhecimentos
adquiridos durante minha estada na UFRJ e por sua amizade. Sem os professores este
trabalho não existiria.
Aos Doutores Gilberto Bruno Ellwanger, Marcos Queija, Paulo Mauricio Videiro, Ney
Roitman e Márcio Martins Mourelle pelos valiosos comentários e contribuições à tese.
Agradeço o suporte financeiro do Instituto Mexicano del Petróleo para fazer meu curso
de doutorado na COPPE/UFRJ. Durante o desenvolvimento de meus estudos foi muito
importante para mim o apoio e a motivação do Doutor Ernesto Heredia Zavoni e dos
Engenheiros Oscar Valle Molina, Jorge Silva Ballesteros e Roberto Ortega Ramirez.
Agradeço a ajuda do Mestre Alberto Soriano com as informações oceanográficas da
Baía de Campeche.
Meu agradecimento à DNV e ao MARINTEK, em especial ao Doutor Rolf Baarholm,
pela licença acadêmica para o uso dos programas DeepC e WADAM.
Aos meus colegas do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia
(LAMCE) por estes quatro anos de amizade, em especial a Jorge Sánchez por seus
conselhos sempre certos.
vii
Índice
Página
1 Introdução ...................................................................................................... 1
1.1 Conceito Estrutural TLP................................................................................ 3
1.2 Revisão Bibliográfica.................................................................................... 8
1.3 Objetivos da Tese.......................................................................................... 14
1.4 Escopo do Trabalho....................................................................................... 15
2 Análise Dinâmica de TLPs ............................................................................ 17
2.1 Introdução...................................................................................................... 17
2.2 Equações do Movimento................................................................................ 18
2.3 Ações Ambientais.......................................................................................... 22
2.3.1 Forças de Onda....................................................................................... 24
2.3.1.1 Forças de Onda de Primeira Ordem............................................... 26
2.3.1.2 Forças de Onda de Segunda Ordem............................................... 28
2.3.2 Forças de Corrente................................................................................. 30
2.3.3 Forças de Vento...................................................................................... 31
2.4 Processo Ambiental de Curto Prazo.............................................................. 34
2.5 Processo Ambiental de Longo Prazo............................................................. 35
2.6 Estatística de Eventos Ambientais de Tempestade........................................ 37
2.7 Simulação de Séries Temporais..................................................................... 39
2.8 Comentários................................................................................................... 40
viii
Página
3 Filosofias Existentes para Projeto dos Tendões .......................................... 41
3.1 Introdução...................................................................................................... 41
3.2 Critérios de Projeto........................................................................................ 42
3.2.1 Filosofia de Projeto baseada em Tensões Admissíveis.......................... 45
3.2.2 Filosofia de Projeto baseada em Fatores Parciais de Segurança............ 52
3.3 Formulações de Fatores de Utilização para Tendões..................................... 58
3.4 Comentários................................................................................................... 65
4 Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos
da Resposta dos Tendões................................................................................ 66
4.1 Introdução...................................................................................................... 66
4.2 Processos Aleatórios...................................................................................... 67
4.3 Variáveis Aleatórias....................................................................................... 71
4.4 Múltiplas Variáveis Aleatórias...................................................................... 74
4.5 Distribuições de Valores Máximos Observados da
Resposta de Curto Prazo ............................................................................... 76
4.6 Ajuste de Funções à Distribuição de Valores Máximos da
Resposta de Curto Prazo ............................................................................... 80
4.6.1 Modelo de Rayleigh............................................................................... 81
4.6.2 Modelo de Weibull................................................................................ 82
4.6.3 Modelo de Hermite................................................................................ 84
4.7 Distribuição de Valores Extremos da Resposta de Curto Prazo.................... 87
4.8 Distribuição de Valores Extremos da Resposta num Evento devida a
Eventos Ambientais de Tempestade.............................................................
91
4.9 Comentários................................................................................................... 93
5 Análise de Confiabilidade Estrutural dos Tendões .................................... 94
5.1 Introdução...................................................................................................... 94
5.2 Probabilidade de Falha Dependente e Independente do Tempo.................... 95
ix
Página
5.3 Probabilidade de Falha numa Condição Ambiental de Tempestade............. 97
5.4 Fator de Utilização dos Tendões para Análise de Confiabilidade................. 100
5.5 Metodologia para Análise de Confiabilidade baseada na Estatística de
Extremos da Resposta dos Tendões em Condições de Tempestade............. 104
5.6 Comentários................................................................................................... 108
6 Calibração do Critério LRFD para Projeto dos Tendões ....................... 109
6.1 Introdução...................................................................................................... 109
6.2 Metodologia para Calibração do Critério de Projeto..................................... 110
6.3 Escopo do Critério de Projeto........................................................................ 112
6.4 Conjunto de Casos para Calibração............................................................... 114
6.5 Probabilidade de Falha Alvo ......................................................................... 115
6.6 Formato do Critério de Projeto ..................................................................... 117
6.7 Método Numérico para Calibração dos Fatores Parciais de Segurança........ 120
6.8 Comentários................................................................................................... 124
7 Aplicações para TLPs em Águas Profundas da
Baía de Campeche, México .......................................................................... 125
7.1 Introdução...................................................................................................... 125
7.2 Modelos Estruturais....................................................................................... 127
7.3 Condições Ambientais de Tempestade em Águas Profundas da
Baía de Campeche.......................................................................................... 131
7.4 Análise Dinâmica Acoplada das TLPs.......................................................... 133
7.5 Resposta Extrema do Fator de Utilização dos Tendões................................. 139
7.6 Análise de Confiabilidade.............................................................................. 146
7.7 Calibração dos Fatores Parciais de Segurança do Critério de Projeto........... 153
7.8 Comentários................................................................................................... 157
x
Página
8 Comentários Finais ........................................................................................ 158
8.1 Conclusões..................................................................................................... 163
8.2 Recomendações para Trabalhos Futuros....................................................... 168
Referências.......................................................................................................... 170
Apêndice A. Método de Confiabilidade de Primeira Ordem, FORM ......... 182
Capítulo 1
Introdução
A perfuração de poços para a busca e/ou explotação de petróleo no mar continua
com avanços surpreendentes, atingindo lâminas d’água superiores a 2000 metros. Estas
profundidades estão associadas com grandes efeitos hidrodinâmicos e grandes
carregamentos nas estruturas, resultando finalmente em maiores quantidades de
materiais de construção e, com isto, no acréscimo do custo das facilidades. Esta situação
tem significado a necessidade de inovar sistemas estruturais que apresentem um melhor
comportamento em tais profundidades, como as plataformas do tipo complacente.
Os conceitos estruturais utilizados na atualidade para a explotação de
reservatórios de hidrocarbonetos no mar incluem as plataformas fixas ou jaquetas, as
torres complacentes e os sistemas flutuantes. Dentro do último grupo de estruturas
encontram-se as plataformas semi-submersíveis, os navios de produção, armazenamento
e descarga FPSOs (do inglês Floating Production, Storage and Offloading), as
plataformas de pernas atirantadas TLPs (do Inglês Tension Leg Platforms) e as
plataformas do tipo SPAR . Estes sistemas de produção offshore são resentados na
Figura 1-01.
As plataformas fixas estendem-se até o leito marinho e permanecem na locação
por meio de seu peso próprio ou pela colocação de estacas enterradas no solo.
Usualmente, as plataformas fixas são utilizadas em lâminas d’água de até 300 m. Além
desta profundidade, o desenvolvimento dos campos petrolíferos é efetuado com as
estruturas flutuantes ou com as torres complacentes. As plataformas marinhas do tipo
flutuante têm uma resposta dinâmica maior às forças ambientais e os seus movimentos
são controlados por suas propriedades de flutuação e pelo conjunto de linhas de
Capítulo 1
Introdução
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_____________________________________________________________________________
2
ancoragem. A idéia chave numa plataforma do tipo flutuante é minimizar a sua
resistência ante as ações ambientais através da flexibilidade da estrutura. As torres
complacentes são estruturas que combinam as características das plataformas fixas e dos
sistemas flutuantes. Elas, como as jaquetas, se estendem até o leito marinho e sua
flexibilidade faz que elas sejam complacentes com as cargas ambientais. Este conceito
tem sido muito pouco usado em explorações offshore.
SISTEMAS
SUBMARINOS
Plataforma
Fixa
Torre
Complacente
Mini Plataforma de
Pernas Atirantadas
Plataforma
Semi-Submersível
Plataformas de
Pernas Atirantadas TLP
Plataforma
SPAR
Navio de Produção
FPSO
SISTEMAS
SUBMARINOS
Plataforma
Fixa
Torre
Complacente
Mini Plataforma de
Pernas Atirantadas
Plataforma
Semi-Submersível
Plataformas de
Pernas Atirantadas TLP
Plataforma
SPAR
Navio de Produção
FPSO
Figura 1-01. Sistemas estruturais para a explotação de petróleo no mar.
Capítulo 1
Introdução
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3
Dentro das diversas alternativas para a explotação de petróleo em águas
profundas, as plataformas de pernas atirantadas do tipo TLP aparecem como uma opção
estrutural viável e promissora (CHANDRASEKARAN e JAIN, 2002). A TLP é uma
estrutura híbrida que com relação aos graus de liberdade horizontais é complacente
como um sistema flutuante e nos graus de liberdade verticais é rígida como uma
plataforma fixa. Essas características apresentam vantagens técnicas e econômicas,
como a substituição de alguns equipamentos submarinos por superficiais e a intervenção
dos poços desde o convés da plataforma. Porém, a escolha da melhor alternativa do
sistema estrutural para explotar um campo petrolífero depende das características
próprias do reservatório, da lâmina d’água e das condições ambientais da locação, da
existência de outras infra-estruturas, bem como dos requerimentos técnicos e
econômicos de cada situação.
1.1 Conceito Estrutural TLP
Como ilustrado na Figura 1-02, as plataformas de pernas atirantadas são muito
parecidas com as plataformas semi-submersíveis exceto no seu sistema de ancoragem e
na sua fundação. Uma semi-submersível é usualmente ancorada através de linhas em
catenária ou taut-legs inclinadas, apresentando forças de restauração no plano horizontal
e rigidez quase desprezível no plano vertical. As linhas de ancoragem de uma TLP são
tubos de aço verticais e são comumente referenciadas como tendões. Outra das
características diferenciais das TLPs é que a sua flutuação é maior do que seu peso.
Com isto, o equilíbrio vertical da plataforma é obtido ligando-a a sua fundação no fundo
do mar através dos tendões. Os tendões fornecem ao sistema alta rigidez no plano
vertical e são pré-tracionados pelo excesso de flutuação do casco.
Capítulo 1
Introdução
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heave
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Convés
Casco de Flutuação
Tendões
Risers de Produção
Conexão com a Fundação
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Convés
Casco de Flutuação
Tendões
Risers de Produção
Conexão com a Fundação
Figura 1-02. Componentes principais de uma TLP.
Uma plataforma de pernas atirantadas do tipo TLP é constituída dos seguintes
componentes principais:
Convés. O convés de uma TLP de produção e perfuração é similar ao de uma
plataforma convencional fixa ou flutuante. Muitas das plataformas de produção
são fixas e seus conveses não têm que suportar a carga dos risers. Mas no caso
Capítulo 1
Introdução
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5
de uma TLP com risers verticais, o seu convés tem de suportar toda a carga dos
risers e dos equipamentos necessários para tracioná-los. A área do convés
fornece principalmente o espaço para alojamento e necessidades funcionais,
incluindo área de trabalho, sala de controle, facilidades de processamento, a
torre de perfuração, ar condicionado, bomba de lamas, guindaste, queimador e
heliporto, entre outros.
Casco de flutuação. O casco de flutuação é a estrutura que suporta o convés e a
tração dos tendões. Geralmente, o casco é constituído por colunas, pontões e
alguns elementos diagonais de reforço. A seção transversal dos pontões e das
colunas pode ser de forma circular, retangular ou quadrada. O espaço no interior
das colunas é usado para se colocar elevadores, escadas, o sistema de
sustentação dos tendões e para lastro, se for necessário. Os compartimentos
dentro dos pontões podem ser utilizados para lastro e para a colocação de
algumas máquinas.
Sistema de tendões. O sistema de ancoragem é composto por elementos de
tendão (tubos de aço), conectores intermediários, juntas flexíveis (flex joints) nas
suas extremidades de conexão com o casco da plataforma e a fundação, e
equipamentos para seu manuseio. Os tendões podem ser dimensionados com
uma relação diâmetro/espessura em torno de 30 para se gerar elementos com
flutuação neutra, ou seja, com seu peso igual ao empuxo. Esta característica
possibilita a verticalização do tendão num único tramo durante a instalação. Para
águas profundas são necessárias relações diâmetro/espessura menores que 30
para resistir à pressão hidrostática. Os tendões podem ser fabricados num único
trecho para profundidades de até 500 m ou em trechos de 50 a 70 m conectados
entre si durante a instalação para águas mais profundas (ALVES, 1996). O
Capítulo 1
Introdução
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6
sistema de tendões constitui um componente básico e crítico de uma TLP, já que
eles fornecem a força de restauração horizontal e a restrição vertical aos
movimentos, facilitando a conexão dos risers e demais operações de produção e
manutenção dos poços.
Risers. O sistema de risers pode ser descrito como o cordão umbilical ou como a
extensão do poço de produção à plataforma flutuante. Atualmente, dois são os
tipos de risers utilizados em TLPs (HOWELLS, 1995): risers rígidos verticais e
risers de aço em catenária SCR (do inglês Steel Catenary Risers). Os
componentes principais dos sistemas de risers verticais são os tubos de
condução do fluido, uma junta articulada (Flex Joint) inferior, uma Flex Joint
superior e uma junta telescópica. As articulações têm como objetivo absorver as
rotações do sistema devidas ao deslocamento lateral do sistema flutuante,
enquanto que a junta telescópica tem a função de absorver os movimentos
verticais. No caso dos risers do tipo SCR, a Flex Joint inferior e a junta
telescópica são excluídas.
Fundação. A estrutura da fundação é necessária para manter a plataforma no seu
local de operação. A fundação atua como uma âncora para o sistema de tendões
e é fixada no leito marinho através de estacas ou de grandes blocos de concreto.
Devido a sua natureza complacente no plano horizontal, as plataformas de
pernas atirantadas têm a liberdade de se movimentar com as ações ambientais e como
um resultado disto a resposta apresenta uma grande gama de freqüências. Uma
característica particular e muito atraente da TLP é a capacidade de evitar qualquer
ressonância com a energia das ondas (MEKHA, 1994). As suas freqüências naturais nos
graus de liberdade surge, sway e yaw estão bem abaixo das freqüências de primeira
Capítulo 1
Introdução
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_____________________________________________________________________________
7
ordem das ondas reduzindo o movimento horizontal e por conseguinte o carregamento
no sistema de ancoragem. Na Figura 1-03 são mostrados os períodos naturais de
diferentes conceitos estruturais para a explotação de petróleo no mar. Por exemplo, os
períodos naturais em surge, sway e yaw, das estruturas ancoradas como os FPSOs, as
TLPs e as semi-submersíveis, são geralmente maiores que 70 s. Os períodos naturais em
heave, roll e pitch, de plataformas semi-submersíveis são maiores que 25 s, enquanto
que para as TLPs estes períodos estão próximos de 3 s, onde a energia do mar de
primeira ordem é geralmente menor.
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Período (s)
TLP Plataforma Fixa Torre Complacente TLP Semi-submersível FPSO
Heave Surge
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Espectro de Onda
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Heave Surge
Pitch Sway
Roll Yaw
Espectro de Onda
100
Figura 1-03. Períodos de vibração típicos de estruturas offshore.
Capítulo 1
Introdução
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8
1.2 Revisão Bibliográfica
O conceito da plataforma de pernas atirantadas apareceu nos anos setenta e
desde então tem sido publicada uma vasta quantidade de estudos sobre sua filosofia de
projeto, seu comportamento estrutural, a avaliação de carregamentos, a análise de
modelos reduzidos e, mais recentemente, sobre a confiabilidade dos seus componentes.
Os resultados desta série de estudos culminaram na instalação com sucesso de 13 TLPs
e 8 mini-TLPs. As datas de instalação, a lâmina d’água e os deslocamentos das 13 TLPs
são indicados na Tabela 1-01.
Tabela 1-01. Características principais das TLPs em operação.
Nome da TLP
Ano de
Instalação
Locação
Lâmina d’água
(m)
Deslocamento
(tons)
Hutton 1984 Mar do Norte 150 63300
Jolliet 1989 Golfo do México 536 16600
Snorre 1992 Mar do Norte 309 106500
Auger 1993 Golfo do México 872 66200
Heidrun 1995 Mar do Norte 350 288000
Mars 1996 Golfo do México 894 48000
Ram Powell 1997 Golfo do México 980 48000
Ursa 1998 Golfo do México 1219 97500
Marlin 1999 Golfo do México 1051 26000
Brutus 2000 Golfo do México 915 48000
Sunday 2001 Golfo do México 450 12000
Kizomba A 2003 Angola 1250 58000
Magnólia 2004 Golfo do México 1425 19000
Capítulo 1
Introdução
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9
A seguir são apresentados breves resumos de alguns dos trabalhos mais
relevantes na análise e projeto de plataformas de pernas atirantadas do tipo TLP:
PAULING e HORTON (1970) publicaram uma metodologia para a simulação
numérica dos movimentos da unidade flutuante e das forças nos tendões devido a ondas
regulares. Foi utilizada uma análise hidrodinâmica linearizada. Cada elemento estrutural
do casco foi considerado como sendo de forma cilíndrica, com uma seção transversal
pequena em comparação tanto ao seu próprio comprimento quanto ao comprimento da
onda. Os resultados deste estudo tiveram uma boa correlação com os resultados de
modelos experimentais. Também foi observado que os movimentos e as trações devidas
a ondas regulares apresentam uma variação linear com respeito à amplitude da onda.
CHOU et al. (1983) descreveram o processo para o projeto conceitual de uma
TLP. Neste trabalho apresentam-se as principais considerações que devem ser levadas
em conta nas várias etapas de projeto, bem como a descrição das metodologias de
análise.
FAULKNER et al. (1983) delinearam o desenvolvimento de um código, baseado
no estado da arte da confiabilidade, para o projeto estrutural do casco de uma
plataforma de produção do tipo TLP. O trabalho teve como objetivo incluir as melhores
técnicas tanto de projeto quanto de confiabilidade estrutural disponíveis na literatura.
GUENARD (1984) aplicou as técnicas de confiabilidade para análise e projeto
de estruturas offshore. Ele mostrou como estas ferramentas podem ser utilizadas na
etapa de pré-dimensionamento para efetuar análises paramétricas comparativas de
modelos idealizados, com o objetivo de pesquisar e entender a influência dos diferentes
parâmetros na confiabilidade das estruturas. Também, ele apresentou como a análise de
Capítulo 1
Introdução
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
10
confiabilidade pose ser usada na etapa final de projeto de sistemas estruturais
complexos sob a ação de condições de carregamento ambiental extremo. Estes conceitos
foram de grande valor para o desenvolvimento deste trabalho.
STAHL e GEYER (1985) estudaram a resistência estrutural na análise de
confiabilidade do sistema de tendões. A probabilidade de falha foi calculada através de
uma metodologia simplificada utilizando a função densidade de probabilidades das
cargas e a função cumulativa de probabilidades da resistência. A falha dos tendões foi
considerada quando os efeitos das cargas excedessem a sua resistência.
PAULLING e WEBSTER (1986) apresentaram um procedimento não linear
para a predição dos movimentos de grande amplitude do sistema acoplado unidade
flutuante - tendões devidos à ação do vento, das ondas e corrente marinha.
PETRAUSKAS e LIU (1987) analisaram a resposta de uma TLP submetida a
forças de onda de segunda ordem com altas freqüências (springing). Foram utilizadas
análises numéricas e experimentais. Os cálculos teóricos mostraram que podem ocorrer
cargas nos tendões de grande amplitude devido à ressonância em pitch. Os
experimentos de TLPs em escala reduzida confirmaram a existência do efeito de
springing e a baixa quantidade de amortecimento hidrodinâmico do sistema para
freqüências altas.
BANON e HARDING (1989) efetuaram a análise de confiabilidade dos tendões
para as condições de tração máxima e mínima. Eles mostraram que o risco da falha do
sistema de ancoragem de uma TLP é de 4 a 5 ordens de grandeza menor do que a
probabilidade de falha de uma plataforma fixa típica do Golfo do México.
Capítulo 1
Introdução
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11
BANON et al. (1991) fizeram um estudo sobre os efeitos de uma onda bater no
convés de uma TLP, levando em conta uma combinação probabilística das forças nos
tendões. Eles concluíram que a possibilidade de que as ondas batam no convés diminui
de maneira considerável a confiabilidade de uma TLP.
LOTSBERG (1991) estabeleceu uma metodologia probabilística para o projeto
dos tendões. O procedimento foi utilizado para determinar a probabilidade de falha dos
tendões na condição intacta e sem um deles, para os casos de tração máxima e mínima.
MEKHA (1994) pesquisou a importância de vários efeitos não lineares na
resposta de TLPs. Esses efeitos incluíram a avaliação da cinemática das ondas até a
superfície livre d’água, o cálculo das forças hidrodinâmicas na posição deslocada do
casco de flutuação e a variação temporária das forças nos tendões. Foi observado que a
força máxima de primeira ordem num grupo de tendões aumenta linearmente com o
acréscimo da altura de onda, mas diminui com o aumento da freqüência da mesma. Ele
também mostrou a presença de forças de segunda ordem quando a análise é feita com a
TLP na posição deslocada e/ou quando outros efeitos não lineares são considerados. Foi
demonstrado que as forças num grupo de tendões são totalmente influenciadas pelos
movimentos de heave e pitch. Ele conclui que a avaliação da cinemática das ondas até a
superfície livre do mar influencia de forma considerável a resposta em pitch mas não o
movimento em heave.
BANON et al. (1994) desenvolveram equações preliminares baseadas em
confiabilidade para o projeto de TLPs. As equações são baseadas na resposta da TLP no
domínio da freqüência. Quatro formas da falha da estrutura foram consideradas: (1)
falha dos tendões sob combinação de cargas axiais, de flexão e hidrostáticas; (2) a
condição dos tendões ficar frouxos; (3) a excursão lateral (offset) máxima da TLP
Capítulo 1
Introdução
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
12
exceder um valor limite e (4) a perda da altura livre entre a superfície do mar e o convés
da plataforma (air gap) durante uma tormenta extrema. Foram propostos formatos de
verificação para estes estados limites baseados em fatores parciais de segurança de
carga e resistência.
MATHISEN et al. (1994) estabeleceram fórmulas para a verificação de
elementos cilíndricos do casco de flutuação de TLPs baseadas em fatores parciais de
segurança. Os fatores de segurança foram calibrados utilizando análises de
confiabilidade do nível III. Foram apresentados resultados preliminares para o estado
limite de flambagem dos elementos estruturais.
ESTEFEN et al. (1994) revisaram várias formulações de estado limite aplicáveis
a tubos com características, geométricas e de materiais, típicas de tendões e risers.
Foram consideradas condições de carregamento de pressão externa, flexão longitudinal
e tração axial, atuando isoladamente ou combinadas. Foi observado que existem
diferenças significativas nas formulações de resistência para cargas de pressão,
principalmente devido ao tratamento da deformação inicial da seção transversal do tubo;
e para a capacidade a flexão, dependendo se é utilizada a resistência plástica ou de
escoamento.
SENGUPTA e AHMAD (1996) desenvolveram uma metodologia, baseada em
confiabilidade, para determinar a vida esperada de uma TLP e estabeleceram uma
aproximação de projeto envolvendo a avaliação da tensão de escoamento ótima dos
tendões. A probabilidade de falha foi calculada com o método de simulação numérica
Monte Carlo.
Capítulo 1
Introdução
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
13
SIDDIQUI e AHMAD (2000) efetuaram a análise de confiabilidade de uma TLP
com o sistema de ancoragem completo e na condição de um tendão rompido. O critério
de falha de Von Mises foi adotado para se definir a falha do tendão sob tração máxima.
A análise de confiabilidade foi feita com o método FORM. Probabilidades de falha do
sistema foram obtidas para diferentes estados de mar e depois utilizadas para calcular a
probabilidade de falha anual e a vida útil do sistema.
VIDEIRO et al. (2002) propuseram um critério de projeto para estruturas
offshore considerando a variação de longo prazo dos estados de mar e a correlação entre
os efeitos das cargas ambientais. O critério é baseado em fatores parciais de segurança
de carga e resistência. A viabilidade do critério foi demonstrada mediante a calibração
dos fatores parciais de segurança para membros cilíndricos, como os componentes do
casco de flutuação de uma plataforma semi-submersível ou de uma TLP.
ORMBERG et al. (2003) apresentaram uma comparação entre os resultados
obtidos da análise numérica acoplada de uma TLP em 1870 m e de ensaios
experimentais com modelos reduzidos. Foi avaliada a capacidade do modelo numérico
para reproduzir a resposta observada, incluindo os efeitos de primeira e segunda ordem
das ondas. Os resultados experimentais serviram para ajustar os coeficientes
hidrodinâmicos utilizados no simulador numérico.
GOULART et al. (2003) fizeram uma análise de confiabilidade comparativa
entre duas opções de projeto para o número de tendões (8 e 12) de uma TLP numa
lâmina d’água de 870 m. A comparação entre as duas plataformas foi feita através da
análise de risco levando em conta a probabilidade de falha e os custos de instalação dos
sistemas de ancoragem. Foi identificado que reduzindo-se um tendão por coluna, para o
mesmo nível de risco, os custos do sistema de tendões são menores em 25%.
Capítulo 1
Introdução
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
14
1.3 Objetivos da Tese
Nos últimos anos tem se observado uma tendência crescente na modelagem
probabilística das variáveis de projeto, tanto das cargas quanto da resistência dos
elementos estruturais, e o uso da teoria de confiabilidade estrutural para o projeto e
avaliação das TLPs. De igual maneira, as técnicas de risco e confiabilidade estão sendo
utilizadas para o desenvolvimento de critérios de projeto baseados em fatores parciais
de segurança LRFD (do inglês Load and Resistance Factors Design) para se atingir
uma maior uniformidade no nível de confiabilidade dos elementos estruturais. Porém,
pouca pesquisa tem sido divulgada sobre critérios de projeto, baseados em
confiabilidade, dos tendões da TLP levando em conta de forma conjunta a ocorrência de
múltiplos estados de mar durante a sua vida útil, a inclusão das forças de onda de
segunda ordem (slow drift e springing) e a interação dinâmica dos esforços no tendão
devidos às cargas ambientais.
O presente trabalho tem como objetivos:
1. O desenvolvimento de uma metodologia para a analise de confiabilidade dos
tendões de uma TLP levando em consideração a estatística da sua resposta
extrema em eventos ambientais extraordinários (tormentas ou furacões); e
2. O estabelecimento de um critério de projeto do tipo LRFD para o
dimensionamento dos tendões de uma TLP. A calibração dos fatores parciais de
segurança será feita para o Estado Limite Último (ELU) de qualquer seção ao
longo do comprimento dos tendões para as condições de tempestade típicas nas
águas profundas da Baía de Campeche, México.
Capítulo 1
Introdução
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
15
1.4 Escopo do Trabalho
No Capítulo 2 é feita uma revisão da análise dinâmica de TLPs levando em
conta o acoplamento entre a plataforma flutuante e o sistema de ancoragem. As
propriedades mecânicas do sistema são revistas bem como os carregamentos
permanentes, variáveis e ambientais. Ênfase é dada na descrição das forças devidas à
corrente marinha, vento e ondas (primeira e segunda ordem), assim como dos processos
aleatórios de curta e longa duração destas variáveis ambientais.
As filosofias existentes para o projeto dos tendões são brevemente descritas no
Capítulo 3. São revistos os critérios baseados em tensões admissíveis WSD (do inglês
Working Stress Design) e em fatores parciais de segurança (LRFD). Neste capítulo é
definida a formulação do fator de utilização IR (do inglês Interaction Ratio) de uma
seção transversal de tendão que é usada no desenvolvimento do trabalho.
No Capítulo 4 é descrita a análise estatística dos valores máximos e extremos da
resposta dos tendões. Uma breve revisão é apresentada dos conceitos básicos dos
processos aleatórios, das variáveis aleatórias, das suas propriedades e de vários dos
modelos probabilísticos existentes na literatura para representação de valores máximos e
extremos. Finalmente, são revistos procedimentos para ajustar as distribuições de
probabilidades às realizações do IR dos tendões.
No Capítulo 5 é desenvolvida uma metodologia para a análise de confiabilidade
dos tendões levando em conta a estatística da sua resposta extrema em eventos
ambientais extraordinários (tempestades). Nesta seção é descrita a função de estado
Capítulo 1
Introdução
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
16
limite adotada e as variáveis aleatórias associadas às cargas, às resistências e aos
modelos analíticos de cálculo.
O formato do critério de projeto LRFD adotado e o processo de calibração dos
fatores parciais de segurança são descritos no Capítulo 6. A probabilidade de falha alvo
é definida nesta seção através dos valores apresentados em códigos e trabalhos de
pesquisa relacionados com estruturas similares.
No Capítulo 7, as metodologias desenvolvidas nos capítulos anteriores são
aplicadas para o estabelecimento do critério de projeto para os tendões de TLPs nas
condições ambientais extraordinárias nas águas profundas da Baía de Campeche,
México. Neste capítulo são descritos os modelos estruturais, a estatística dos estados de
mar de tormenta, os valores adotados para as variáveis aleatórias e os resultados obtidos
no processo de calibração dos fatores parciais de segurança.
Finalmente, no Capítulo 8 estabelecem-se os comentários finais, as principais
conclusões do trabalho e algumas recomendações para trabalhos futuros.
Capítulo 2
Análise Dinâmica de TLPs
2.1 Introdução
Devido a sua natureza complacente, as TLPs apresentam grandes deslocamentos
no seu plano horizontal com componentes de alta e baixa freqüência. Quando as TLPs
são excitadas dinamicamente sua resposta é altamente não-linear e as forças de inércia
são predominantes. Dentro das principais fontes de não linearidade na resposta de uma
TLP sob ações ambientais podem-se mencionar: (1) as forças de segunda ordem das
ondas (efeitos destas forças são o slow drift e o springing), (2) a rigidez geométrica dos
tendões devida ao deslocamento lateral (offset) e vertical descendente (setdown) da
plataforma e (3) o termo de arrasto, com variação quadrática da velocidade das
partículas d’água, na equação de Morison para avaliar a parcela viscosa das forcas de
onda. Para incluir as não linearidades do sistema é necessário efetuar análises estruturais
passo a passo no domínio do tempo.
Baseada nas características dinâmicas de uma TLP, a análise estrutural do casco
e dos tendões (e risers) pode ser feita de várias maneiras. Em águas rasas e
intermediárias, inicialmente os movimentos da plataforma, considerando-a como um
corpo rígido, são avaliados sem levar em conta a dinâmica tanto dos tendões quanto dos
risers. Depois disto, os risers e tendões são avaliados um a um através de uma análise
dinâmica separada. Esta análise é feita usando o método dos elementos finitos,
considerando os movimentos calculados da plataforma como deslocamentos prescritos
no topo destes componentes estruturais. Essa metodologia é conhecida como análise
desacoplada (SONG e KAREEM, 1994). Em águas profundas, o comprimento e as
dimensões dos tendões e risers são tais que suas massas e os carregamentos atuando
Capítulo 2
Análise Dinâmica de TLPs
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
18
sobre eles são de grandeza significativa quando comparadas com a massa e as forças
atuantes na plataforma. Além disso, esses elementos com grande flexibilidade
apresentam deformações, axiais e laterais (curvaturas), significativas. A importância
relativa da dinâmica dos tendões aumenta com a profundidade da locação de instalação
da TLP. Portanto, nestes casos é recomendável efetuar uma análise acoplada da
plataforma-tendões-risers. Nesta filosofia, a análise do sistema estrutural é feita
simultaneamente, levando-se em conta as propriedades dinâmicas das linhas esbeltas
(tendões e risers), as forças hidrodinâmicas atuantes sobre elas e sua interação com o
corpo flutuante. Desta forma, os movimentos da plataforma e as forças nos tendões são
obtidas conjuntamente.
O propósito deste capítulo é revisar brevemente a análise dinâmica acoplada não
linear de uma TLP no domínio do tempo. Inicialmente, são apresentadas as equações
diferenciais que governam o movimento dinâmico do sistema estrutural e as
considerações principais para a montagem das matrizes de massa, de amortecimento e
de rigidez do sistema e do vetor de forças de excitação. Depois, são apresentadas as
formulações para o cálculo das forças ambientais (onda, vento e corrente). No caso das
ondas, são incluídas as forcas devidas aos efeitos de segunda ordem (slow drift e
springing). Finalmente, são comentados os processos ambientais de curto prazo e a
caracterização estatística de um evento ambiental extraordinário (furacão).
2.2 Equações do Movimento
A configuração geral do modelo estrutural de uma TLP é apresentada na Figura
2-01. A plataforma flutuante é considerada como um corpo rígido com 6 graus de
Capítulo 2
Análise Dinâmica de TLPs
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
19
liberdade (GDL), três translações (surge, sway e heave) nas direções dos eixos X, Y e Z,
respectivamente, e três rotações (roll, pitch e yaw) em torno dos mesmos eixos. A
unidade flutuante é conectada aos tendões que por sua vez são modelados através de
elementos finitos tridimensionais (3D) do tipo pórtico não linear. A ligação entre os
tendões tanto com a plataforma quanto com a fundação no leito marinho é feita através
de uma junta flexível (flex joint) que permite rotações nos três eixos.
Nível Médio do Mar
Vento
Tendões
modelados com
Elementos Finitos
Onda
+
Corrente
Calado
mina d’água
s
u
r
g
e
X
s
w
a
y
Y
p
i
t
c
h
r
o
l
l
h
e
a
v
e
Z
y
a
w
Nível Médio do Mar
Vento
Tendões
modelados com
Elementos Finitos
Onda
+
Corrente
Calado
mina d’água
s
u
r
g
e
X
s
w
a
y
Y
p
i
t
c
h
r
o
l
l
h
e
a
v
e
Z
y
a
w
Figura 2-01. Modelo acoplado para a análise estrutural de uma TLP.
Capítulo 2
Análise Dinâmica de TLPs
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
20
A aplicação do método dos elementos finitos ao sistema estrutural resulta num
sistema 3D de equações não lineares que descrevem o equilíbrio dinâmico entre as
forças de inércia, de amortecimento, de restauração e das ações atuantes sobre a TLP.
Estas equações do movimento podem ser estabelecidas em forma matricial
genericamente como:
(
)
t,,, XXXFXKXCXM
&&
r
&
rrrrt
&
r
t
&&
rt
=++
Eq. 2-01
onde:
X
r
é o vetor de deslocamentos dos GDL da estrutura,
X
&
r
é o vetor de velocidades dos GDL da estrutura,
X
&&
r
é o vetor de acelerações dos GDL da estrutura,
M
t
é a matriz de massa do sistema,
C
t
é a matriz de amortecimento do sistema,
t
é a matriz de rigidez do sistema, e
()
.F
r
é o vetor das forças atuantes na TLP.
Deve ser observado que as matrizes
M
t
,
C
t
,
t
e o vetor
()
.F
r
incluem duas
parcelas (SAGRILO et al., 2002): a primeira relacionada ao corpo rígido da unidade
flutuante e a segunda às estruturas esbeltas dos tendões e risers. Desta forma, esses
termos matriciais podem ser expressos como:
Capítulo 2
Análise Dinâmica de TLPs
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
21
() () ()
EP
EP
EP
EP
... FFF
KKK
CCC
MMM
rrr
ttt
ttt
ttt
+=
+=
+=
+=
Eq. 2-02
onde: o índice P faz referência aos elementos da plataforma flutuante e
o índice E refere-se aos membros esbeltos (
risers
e tendões).
O corpo rígido da plataforma, constituído por colunas e pontões, gera os
seguintes termos: a massa estrutural,
PE
M
t
, e a massa adicionada,
PA
M
t
, compõem a
matriz de massa 3D da plataforma flutuante,
PAPEP
MMM
t
t
t
+= .
PE
M
t
deve levar em
conta também os equipamentos permanentes e variáveis. Os termos de massa
adicionada podem ser avaliados com as formulações apresentadas por HOOFT (1971)
ou através de uma análise de difração de ondas;
P
C
t
é o amortecimento devido ao
potencial linear das ondas (FALTINSEN, 1993); a matriz de rigidez
P
K
t
representa as
forças de restauração hidrostáticas (CHOU
et al.
, 1983); e o vetor de forças sobre a
plataforma é composto pelas forças hidrodinâmicas devidas à onda e à correnteza
marinha,
(.)
POeC
F
r
, e pelo vetor de cargas de vento, (.)
PV
F
r
, (.)(.)(.)
PVPOeCP
FFF
rr
r
+= .
Estas forças serão descritas mais adiante neste capítulo.
A modelagem dos tendões e
risers
através de elementos finitos produz os
seguintes componentes: as matrizes de massa estrutural,
EE
M
t
, e de massa adicionada
Capítulo 2
Análise Dinâmica de TLPs
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
22
não linear,
EA
M
t
,
EAEEE
MMM
t
t
t
+=
; a matriz de amortecimento,
E
C
t
; a matriz de
rigidez não linear,
E
K
t
; e o vetor de forças nos nós, (.)
E
F
r
, incluindo o peso próprio, as
cargas de onda e corrente (normalmente calculadas com a fórmula de Morison) e o
empuxo dos elementos.
O número de equações contidas na expressão matricial (Eq. 2-01) é definido
principalmente pela malha de elementos finitos utilizada na modelagem das linhas
esbeltas. Na análise estrutural do sistema deve se levar em conta o comportamento não-
linear dos tendões e risers (MATHISEN, 1990) através de um método de integração das
equações de movimento passo a passo, como por exemplo o método de Runge Kuta de
quarta ordem (PAULLING, 1992) ou o método de Newmark com o esquema Newton-
Rapson (MOURELLE, 1993).
Como é descrito no Capítulo 7, as análises dinâmicas acopladas das TLPs
utilizadas no processo de calibração do critério de projeto desenvolvido neste trabalho
são efetuadas com o programa DeepC
©
(MARINTEK-DNV, 2002). As matrizes de
massa adicionada e de amortecimento hidrodinâmico da unidade flutuante são avaliadas
através de uma análise de difração de ondas feita com o programa WADAM
©
(MARINTEK-DNV, 2002).
2.3 Ações Ambientais
As estruturas
offshore
estão sujeitas a diferentes tipos de cargas durante sua vida
útil: cargas funcionais (permanentes e variáveis), cargas ambientais, cargas devidas a
eventos acidentais e cargas temporárias devidas aos processos de construção,
Capítulo 2
Análise Dinâmica de TLPs
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
23
montagem, transporte, instalação e desmonte. As cargas ambientais geralmente são as
excitações dinâmicas mais importantes aplicadas nas estruturas marinhas e resultam da
ação das ondas, do vento, das correntes marinhas, do gelo, da neve e dos sismos. Neste
trabalho, na análise estrutural da TLP são consideradas somente cargas dinâmicas
devidas às ondas, ao vento e à correnteza marinha, e cargas funcionais da plataforma já
instalada na sua locação.
As forças ambientais devem ser calculadas em quatro faixas distintas de
freqüências para se avaliar seus efeitos sobre o sistema (ELLWANGER, 1988; API,
1997). Estas bandas de freqüências são:
a)
Forças estáticas devidas ao vento, à corrente e à deriva de onda (
wave drift
) com
ordem de grandeza e direção constantes para a duração da análise;
b)
Cargas cíclicas de baixa freqüência que podem excitar a TLP nos seus períodos
naturais em
surge
,
sway
e
yaw
, com variação entre 60 e 180 s. Estas forças são
devidas ao efeito de segunda ordem das ondas, conhecido como de
slow drift
, e à
parcela dinâmica do vento;
c)
Cargas cíclicas nas freqüências das ondas que constituem a principal fonte de
forças sobre a plataforma e no sistema de ancoragem. Estas forças são
calculadas considerando métodos de primeira ordem. Os períodos de onda
típicos encontram-se na faixa de 5 a 20 s; e
d)
Cargas cíclicas de alta freqüência que podem excitar a TLP nos seus períodos
naturais em
pitch
,
roll
e
heave
, com variação entre 1 e 5 s. Estas forças são
devidas ao efeito de segunda ordem das ondas conhecido como
springing.
Capítulo 2
Análise Dinâmica de TLPs
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
24
2.3.1 Forças de Onda
Em águas profundas, a cinemática das partículas d’água pode ser avaliada
utilizando-se a teoria linear de Airy. Esta teoria considera que a altura da onda é
pequena em comparação tanto ao comprimento da onda quanto à lâmina d’água. As
principais características da cinemática das ondas, para uma profundidade d’água
infinita, segundo a teoria linear são dadas na Tabela 2-01 (FALTINSEN, 1993).
Tabela 2-01. Cinemática das partículas d’água segundo a teoria linear de Airy.
Parâmetro Profundidade d’água Infinita
Potencial de velocidades
()
kxtcose
g
kz
a
ω
ω
η
=φ
Freqüência circular da onda
T/2
π
=
ω
Número da onda
λ
π
=
/2k
Relação entre
keω
gk
2
=ω
Relação entre o comprimento da onda
λ
e o período da onda T
2
T
2
g
π
=λ
Perfil de elevações da onda
(
)
kxtsen
a
ω
η
=
η
Pressão dinâmica
(
)
kxtsinegp
kz
aD
ωηρ=
Velocidade na direção X
(
)
kxtsineu
kz
a
ωωη=
Velocidade na direção Z
(
)
kxtcose
kz
a
ωωη=ϖ
Aceleração na direção X
(
)
kxtcoseu
kz
a
2
ωηω=
&
Aceleração na direção Z
(
)
kxtsine
kz
a
2
ωηω=ϖ
&
a
η =Amplitude da onda, g=Aceleração da gravidade, t=Variável do tempo,
ρ =Densidade d’água do mar, x=Direção de propagação da onda, z=Coordenada
vertical (positiva para cima, z=0 para o nível médio do mar).
Capítulo 2
Análise Dinâmica de TLPs
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
25
O espectro de alturas de onda é a representação do conteúdo de energia dos
diferentes harmônicos que compõem um trem de ondas com duração típica de 3-horas.
Na literatura existem diversas formulações dos espectros de onda como o Bretschneider,
o JONSWAP e o Pierson-Moskowitz, entre outros. Por exemplo, o espectro Pierson-
Moskowitz de dois parâmetros para um mar totalmente desenvolvido pode ser expresso
como sendo uma função da altura significativa de onda
s
H e do período de cruzamento
ascendente de zero
z
T (HALLAM
et al.
, 1978):
()
()
()
π
π
=
ηη
4
z
5
z
z
2
s
Tf
1
exp
Tf4
TH
fS
Eq. 2-03
onde:
)f(S
ηη
é o espectro de um lado só (freqüências positivas) das
elevações da superfície do mar e
f é a freqüência da onda em Hz.
Na Figura 2-02 mostra-se a densidade espectral para
s
H =9.02 m e
z
T
=9.40 s,
correspondente ao estado de mar de curto prazo com a maior altura significativa de onda
durante o furacão Roxanne numa locação com uma lâmina d’água de 1000 m na Baía de
Campeche, México.
Uma vez conhecida a cinemática das partículas d’água, as forças hidrodinâmicas
são calculadas em cada grau de liberdade integrando-se as cargas distribuídas ao longo
dos elementos estruturais. As cargas hidrodinâmicas serão descritas a seguir.
Capítulo 2
Análise Dinâmica de TLPs
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
26
0
30
60
90
120
0 0.125 0.25 0.375 0.5
f(Hz)
()
(
)
Hz/mfS
2
ηη
Figura 2-02. Espectro de onda Pierson-Moskowitz para
s
H =9.02 m e
z
T
=9.40 s.
2.3.1.1 Forças de Onda de Primeira Ordem
As forças de onda de primeira ordem atuando sobre uma estrutura podem ser
calculadas através da equação de Morison ou pela teoria de difração. Quando o tamanho
da estrutura é comparável ao comprimento da onda, a presença da estrutura modifica o
campo da onda incidente na sua vizinhança. Neste caso, a difração das ondas na
superfície dos elementos estruturais deve ser levada em consideração. As forças de onda
resultantes são avaliadas através de análises numéricas da equação de Laplace que
exprime o potencial de velocidades com as condições de contorno associadas à
superfície do corpo, à superfície livre do mar e ao leito marinho (FALTINSEN, 1993).
Capítulo 2
Análise Dinâmica de TLPs
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
27
A solução linear do problema de difração fornece estimativas adequadas das
forças de ondas de primeira ordem,
i.e.
, forças com as mesmas freqüências das ondas
(CHAKRABARTI, 1987). Por outro lado, a equação de Morison é aplicável quando a
força de arrasto é significativa, o que usualmente corresponde ao caso quando a
estrutura é pequena comparada com o comprimento da onda. A equação de Morison
considera que a força de onda é o resultado da soma linear das parcelas da força de
inércia e da força de arrasto. Estas parcelas envolvem coeficientes de inércia e arrasto
que devem ser avaliados experimentalmente.
De acordo com a formulação de Morison, a intensidade das forças
hidrodinâmicas devidas a onda e corrente por unidade de comprimento dos elementos
da plataforma é dada por:
() ()
()
x1CD
4
1
uCD
4
1
xuxuDC
2
1
t,xf
mw
2
mw
2
dw
&&
&&&&&&
ρπ
ρπ+ρ=
Eq. 2-04
onde:
w
ρ
é a densidade d’água do mar,
u
&
é a velocidade horizontal das partículas d’água na direção
perpendicular ao elemento,
u
&&
é a aceleração horizontal das partículas d’água,
d
C
é o coeficiente de arrasto,
m
C
é o coeficiente de inércia e
D é o diâmetro do elemento estrutural.
Capítulo 2
Análise Dinâmica de TLPs
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
28
Os parâmetros da cinemática das partículas d’água podem ser calculados através
da teoria linear de Airy para o caso de águas profundas. Expressões para avaliar esses
parâmetros são dados na Tabela 2-01.
2.3.1.2 Forças de Onda de Segunda Ordem
A solução da componente linear do potencial de velocidades das partículas
d’água de um campo de ondas constitui somente uma aproximação de primeira ordem
de um problema não linear complexo. Quando o estado de mar incidente é irregular e
pode ser representado através da superposição de ondas regulares, a solução da segunda
ordem do potencial de velocidades gera componentes de forças com freqüências “soma”
e “diferença” das freqüências das ondas regulares. Estas forças de segunda ordem
cobrem uma faixa ampla de freqüências e geralmente são de uma ordem de grandeza
menor que as forças lineares (FALTINSEN, 1993).
As forças de onda de segunda ordem com freqüências “diferença” são
responsáveis pelo movimento de deriva lenta (
slow
drift
) das estruturas flutuantes
ancoradas. No caso das TLPs com períodos naturais grandes em
surge
,
sway
e
yaw
(vide Figura 1-03), as forças de segunda ordem podem provocar ressonância nestes
graus de liberdade. Por outro lado, devido à grande rigidez dos tendões, a TLP apresenta
freqüências naturais altas nos graus de liberdade
heave
,
pitch
e
roll
, podendo se tornar
ressonante sob a ação das forças de segunda ordem com freqüências “soma”. Este efeito
é denominado
springing
.
Capítulo 2
Análise Dinâmica de TLPs
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
29
As forças de onda devidas aos efeitos de
slow
drift
e
springing
podem ser
avaliadas através da seguinte expressão (CHAKRABARTI, 1990):
() ( )
[]
()
[]
{}
()()()
nmnmnm
N
1m
N
1n
nm
i
nm
i
nm
i
2
xkkt
sen,Qcos,Paat,xf
ξ±ξ±ω±ω=Θ
Θωω+Θωω=
∑∑
==
±±±
Eq. 2-05
onde: o sinal (-) faz referência às forcas devidas ao efeito “diferença” de
freqüências
,
o sinal (+) refere-se às forcas devidas ao efeito “soma” de freqüências
,
)t,x(f
i
2
±
é a intensidade de força associada ao i-ésimo grau de liberdade
do corpo flutuante,
m
a
e
n
a
são as amplitudes das ondas discretas do espectro de mar nas
freqüências
m
ω
e
n
ω
, respectivamente,
m
k e
n
k
são os correspondentes números das ondas,
x é a distância do ponto aonde são avaliadas as funções de
transferência quadráticas, ),(P
nm
i
ωω
±
e ),(Q
nm
i
ωω
±
, até o
centro de movimentos da plataforma no referencial das ondas, e
m
ξ
e
n
ξ
são as fases aleatórias uniformemente distribuídas entre 0 e 2
π
.
As funções de transferência quadráticas são obtidas através de análises
numéricas do problema de difração/radiação de ondas em corpos flutuantes e o seu
cálculo representa um alto custo computacional. Para N componentes de onda são
obtidas matrizes de funções de transferência com tamanho NxN para cada grau de
liberdade.
Capítulo 2
Análise Dinâmica de TLPs
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
30
As funções de transferência também podem ser escritas em função de uma
amplitude
i
mn
T
±
e de uma fase
i
mn
±
ρ
dadas por:
()
[]
()
[]
()
()
ωω
ωω
=ρ
ωω+ωω=
±
±
±
±±±
nm
i
nm
i
1i
mn
2
nm
i
2
nm
ii
mn
,P
,Q
tan
,Q,PT
.
Eq. 2-06
Incluindo as equações (2-06) na equação (2-05), obtém-se:
[]
{}
∑∑
==
±±±
ρΘ=
N
1m
N
1n
i
mn
i
mnnm
i
2
cosTaaf
Eq. 2-07
2.3.2 Forças de Corrente
Na ausência de movimentos d’água induzidos pelas ondas, a força de arrasto
exercida pela corrente marinha sobre um elemento estrutural é proporcional ao
quadrado da sua velocidade. A força de arrasto atua na direção da componente da
corrente perpendicular ao eixo do membro. A força de arrasto,
c
f , por unidade de
comprimento do elemento estrutural pode ser avaliada com a expressão (API, 1997):
Capítulo 2
Análise Dinâmica de TLPs
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
31
2
cdwc
uDC
2
1
f
&
ρ=
Eq. 2-08
onde:
c
u
&
é a velocidade da correnteza marinha e as demais variáveis
já foram definidas juntamente com a equação (2-04).
Na situação onde as ondas e a corrente ocorrem simultaneamente, a predição da
cinemática das partículas d’água pode ser complexa. O caminho mais simples é a
combinação vetorial das parcelas de velocidades das ondas e da corrente. Aplicando-se
este critério,
i.e., combinando-se as expressões (2-04) e (2-08) as forças hidrodinâmicas
devidas à onda e à corrente marinha podem ser obtidas como:
() ()
()
x1CD
4
1
uDC
4
1
uxuuxuDC
2
1
t,xf
m
2
w
2
mwccdw
&&
&&&&&&&&
πρ
πρ+++ρ=
Eq. 2-09
2.3.3 Forças de Vento
A parte da plataforma acima do nível médio do mar está sujeita às ações do
vento devidas à velocidade normal às áreas expostas. A formulação básica para se
avaliar as forças dinâmicas do vento é expressa como a força de arrasto por unidade de
área projetada sobre o plano normal à velocidade do vento:
Capítulo 2
Análise Dinâmica de TLPs
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
32
() () () ( ) ( ) () ( ) ( )
()
t,zxt,zuzut,zxt,zuzuAzC
2
1
t,zf
'
aa
'
aaSav
&&&&&&
++ρ=
Eq. 2-10
onde:
a
ρ
é a densidade do ar,
()
zC
S
é o coeficiente de arrasto na elevação z,
()
zu
a
&
é a velocidade média do vento,
()
t,zu
'
a
&
é a parcela dinâmica da velocidade do vento e
()
t,zx
&
é a velocidade da estrutura na direção considerada.
O perfil para a velocidade média do vento
(
)
zu
a
&
na elevação z pode ser
aproximado por (API, 1997):
()
125.0
Ha
H
z
uzu
=
&&
Eq. 2-11
onde:
H
u
&
é a velocidade média do vento na elevação de referência
H=10 m.
A componente dinâmica da velocidade do vento
(
)
t,zu
'
a
&
pode ser avaliada
através da metodologia descrita na seção 2.7 utilizando-se o seguinte espectro de vento
proposto pela API (1997):
Capítulo 2
Análise Dinâmica de TLPs
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
33
() ()
()
3/5
p
p
2
uu
f/f5.11
f/f
zfS
+
σ=
Eq. 2-12
onde:
)f(S
uu
é a densidade espectral da velocidade do vento na elevação z,
f é a freqüência em Hz,
)z(σ
é o desvio padrão da velocidade do vento e
p
f
é a freqüência associada com o pico espectral.
O desvio padrão da velocidade do vento é dado pela seguinte expressão:
()
()( )
()( )
>
=σ
s
275.0
sa
s
125.0
sa
zzparaz/zzu15.0
zzparaz/zzu15.0
z
&
&
Eq. 2-13
onde:
m20z
s
=
é a espessura da camada superficial do vento.
Medições de campo indicam uma grande dispersão da freqüência
p
f . A média e
o intervalo de variação de
p
f
são dados como
025.0)z(u/zf
ap
=
&
e
10.0)z(u/zf01.0
ap
&
, respectivamente. Na Figura 2-03 apresenta-se o espectro para
uma velocidade média
H
u
&
=30.89 m/s, uma elevação z=25.2 m e uma freqüência
z/)z(u05.0f
ap
&
= . Essa velocidade do vento corresponde ao valor máximo observado
durante a passagem do furacão Roxanne na Baía de Campeche.
Capítulo 2
Análise Dinâmica de TLPs
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
34
0
2
4
6
00.511.52
f(Hz)
()
(
)
(
)
22
uu
sHz/mfS
Figura 2-03. Espectro de velocidades de vento API para
H
u
&
=30.89 m/s e z=25.2 m.
2.4 Processo Ambiental de Curto Prazo
As características ambientais, como as alturas de onda e a velocidade do vento,
numa locação específica, constituem processos aleatórios estritamente não estacionários
com variações lentas nas suas propriedades estatísticas. Não obstante, os processos
ambientais podem ser divididos em distintos períodos de curto prazo, geralmente com
uma duração de 3 horas, onde são aproximadamente estacionários (VIDEIRO, 1998).
Cada processo ambiental de curto prazo é chamado de estado de mar.
Cada estado de mar de curto prazo é normalmente definido pelos parâmetros de
onda, vento, corrente e maré, contidos no vetor
Y
r
:
Capítulo 2
Análise Dinâmica de TLPs
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
35
{}
T
mccvvops
H,,V,,V,,T,H θθθ=Y
r
Eq. 2-14
onde:
s
H
é a altura significativa das ondas,
p
T
é o período pico das ondas,
o
θ
é a direção de incidência das ondas,
v
V
é a velocidade do vento,
v
θ
é a direção do vento,
c
V
é a velocidade da corrente marinha superficial,
c
θ
é a direção da corrente e
m
H
é a altura da maré (maré astronômica,
ma
H , mais maré
devida ao estado de mar,
ms
H).
As variáveis na expressão (2-14) constituem os dados principais de cada
condição ambiental necessários para avaliar os carregamentos dinâmicos nos elementos
estruturais de uma estrutura
offshore
qualquer.
2.5 Processo Ambiental de Longo Prazo
Em períodos longos de tempo, os estados de mar apresentam variação e
constituem processos não estacionários. Geralmente, para obter as características dos
parâmetros ambientais de longo prazo são feitas amostragens durante pelo menos um
ano várias vezes por dia. Por exemplo, a medição das alturas de onda é feita
Capítulo 2
Análise Dinâmica de TLPs
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
36
normalmente a cada 3 horas durante um período de 10 a 20 minutos para se produzir um
registro não tendencioso (
unbiased
) do comportamento das ondas do mar.
Um processo ambiental de longo prazo é completamente definido pela função
densidade de probabilidades (FDP) conjunta dos seus parâmetros,
()
y
Y
r
r
f . Devido ao
fato de que essa distribuição conjunta é raramente disponível, a informação estatística
de longo prazo é estabelecida através de um conjunto de distribuições condicionadas.
Por exemplo, BITNER GREGERSEN e HAVER (1991) propuseram a seguinte função
de probabilidades, condicionada à variável de direção
i
θ
=
Θ
, para uma dada locação do
Mar do Norte na costa da Noruega:
()
() ()
() ()
()
isp
,HT
isms
,HH
isv
,HV
isc
,HV
is
H
imsvcpsH,V,V,T,H
,htf,hhf,hvf
,hvfhfh,v,v,t,hf
spsmssv
scs
msvcps
θθθ
θθ=θ
ΘΘΘ
ΘΘ
Eq. 2-15
onde:
(
)
isc
,HV
,hvf
sc
θ
Θ
é a FDP da velocidade de corrente condicionada às
alturas significativas de onda,
(
)
isv
,HV
,hvf
sv
θ
Θ
é a FDP da velocidade de vento condicionada às
alturas significativas de onda,
()
isms
,HH
,hhf
sms
θ
Θ
é a FDP da altura da maré devida ao estado de mar
condicionada às alturas significativas de onda,
(
)
isp
,HT
,htf
sp
θ
Θ
é a FDP dos períodos pico condicionada às alturas
significativas de onda, e
()
is
H
hf
s
θ
Θ
é a FDP das alturas significativas das ondas
condicionada à direção de incidência do estado de
mar
i
θ
=
Θ
.
Capítulo 2
Análise Dinâmica de TLPs
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
37
As funções que definem o estado de mar de longo prazo são obtidas através do
ajuste de modelos de probabilidades a tabelas de freqüência de ocorrência conjunta dos
parâmetros ambientais. A escolha dos modelos é uma função do comportamento
estatístico dos dados registrados. Geralmente, as funções de alturas significativas de
onda e de velocidades de vento condicionadas às alturas de onda seguem uma
distribuição de Weibull, enquanto que a função condicionada dos períodos de onda é
aproximada por uma do tipo Lognormal. Detalhes sobre os modelos e o procedimento
de ajuste podem ser revistos no trabalho de BITNER GREGERSEN e HAVER (1991).
2.6 Estatística de Eventos Ambientais de Tempestade
A caracterização de longo prazo dos estados de mar nem sempre pode
representar adequadamente todos os fenômenos ambientais de uma dada locação. Por
exemplo, no Golfo do México, estados de mar extremos são gerados por eventos
ambientais excepcionais com baixa taxa anual de ocorrência, tais como furacões e
tormentas de inverno. Desta forma, a população dos estados de mar de tempestade pode
ser caracterizada também por uma distribuição de probabilidades conjunta dos
parâmetros ambientais
()
y
Y
r
r
f , similar à equação (2-15), ajustada a dados referentes a
estes eventos ambientais extraordinários.
Neste trabalho assume-se que a falha da estrutura poderá ocorrer durante uma
condição ambiental de tempestade e, portanto, a probabilidade de falha será avaliada
com base na distribuição de probabilidades
(
)
y
Y
r
r
f para tais condições.
Capítulo 2
Análise Dinâmica de TLPs
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
38
A probabilidade de ocorrência de uma tempestade pode ser caracterizada pela
distribuição de Poisson (vide por exemplo ANG e TANG, 1975):
()
()
TA
y
e
!y
TA
yYP
υ
υ
==
Eq. 2-16
onde:
()
yYP
=
é a função discreta de probabilidades da variável Y
(número de ocorrências de tormentas),
υ
é a taxa média de ocorrência das tormentas e
TA
é o período de tempo considerado na análise.
Geralmente, as tormentas têm uma duração de várias horas ou até dias e
apresentam uma ampla gama de variação dos seus parâmetros ambientais. Neste
trabalho, para representar uma tormenta é somente considerado o estado de mar extremo
de curto prazo (com três horas de duração) durante uma tormenta. O estado de mar
extremo é definido como aquele que apresenta a maior altura significativa de onda
(GUENARD, 1984).
Assim, a função
()
y
Y
r
r
f utilizada no processo de calibração do critério de projeto
dos tendões é composta por NF estados de mar de curto prazo,
Y
r
(Eq. 2-14), cada um
representando um evento ambiental extraordinário (furacão ou tormenta de inverno). No
Capítulo 7 é descrita a população mais importante de tormentas que aconteceram no
Golfo do México durante o século passado e que formam a base deste trabalho.
Capítulo 2
Análise Dinâmica de TLPs
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
39
2.7 Simulação de Séries Temporais
Na análise dinâmica de uma TLP torna-se necessário o cálculo das forças
ambientais no domínio do tempo. As forças hidrodinâmicas são dependentes da
elevação da superfície do mar,
(
)
tη , enquanto as forças aerodinâmicas dependem da
velocidade do vento,
()
tu
'
a
&
. Os valores da elevação da onda e da velocidade do vento,
em cada instante de tempo, podem ser avaliados através do somatório dos componentes
harmônicos contidos nas suas respectivas densidades espectrais (itens 2.3.1 e 2.3.3).
Uma realização de
()
tη ou de
(
)
tu
'
a
&
é definida por:
() ( )
()
iii
N
1i
iii
S2A
tcosAt
ωω=
φ+ω=ζ
ζζ
=
Eq. 2-17
onde:
()
t
ζ
corresponde à realização de
(
)
t
η
ou de
(
)
tu
'
a
&
,
N é o número de componentes harmônicos,
i
A
é a amplitude do i-ésimo componente com freqüência
i
ω
,
i
ω é o intervalo de freqüências representado pelo harmônico
i
ω e
i
φ
é o ângulo de fase aleatória uniformemente distribuído entre 0 e
π
2 .
Diferentes valores de
i
φ
fornecem diferentes realizações do evento
()
t
ζ
. A
expressão (2-17) gera processos Gaussianos estritamente quando
N
(SHINOZUKA, 1987).
Capítulo 2
Análise Dinâmica de TLPs
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
40
2.8 Comentários
Devido à importância da interação dinâmica entre a plataforma flutuante e os
tendões e risers com o aumento na lâmina d’água, neste trabalho é utilizada uma análise
acoplada do sistema estrutural de uma TLP. A análise dinâmica é feita no domínio do
tempo para incluir as principais não linearidades, tais como: a rigidez geométrica das
linhas esbeltas, as forças de onda de segunda ordem (
slow drift
e
springing
) e o termo
de arrasto na equação de Morison. No cálculo das ações sobre o casco das TLPs são
incluídas as forcas geradas pela difração do campo de ondas e pelo efeito viscoso. Para
as linhas esbeltas é utilizado o modelo de Morison para o cálculo das forças
hidrodinâmicas. No Capítulo 7, as análises de difração do casco de flutuação são feitas
com o programa WADAM
©
(MARINTEK-DNV, 2002) e as análises acopladas das
TLPs com o programa DeepC
©
(MARINTEK-DNV, 2002).
A caracterização estatística do ambiente oceânico, utilizada para a análise
dinâmica das TLPs, é baseada numa série de tempestades (furacões e tormentas de
inverno) que aconteceram durante o século passado no Golfo do México. De cada
tormenta, o estado de mar mais intenso é identificado como aquele com a maior altura
significativa de onda. Desta forma, cada estado de mar extraordinário de curto prazo é
definido pela maior altura significativa de onda durante todo o período de duração da
tormenta juntamente com os demais parâmetros de vento, corrente e maré, associados a
este estado de mar.
Capítulo 3
Filosofias Existentes para Projeto dos
Tendões
3.1 Introdução
Um critério de projeto estrutural pode ser visto como uma ferramenta de
predição no sentido de que o engenheiro, tendo seguido os requerimentos do código,
espera que a estrutura resultante tenha suficiente segurança e ofereça um
comportamento adequado durante sua vida útil (MELCHERS, 2000). No caso das
estruturas marítimas, por exemplo, as recomendações de projeto como a API-RP-2A
(API, 2000) para plataformas fixas, a API-RP-2T (API, 1997) para plataformas de
pernas atirantadas do tipo TLP ou a DNV-OS-F201 (DNV, 2001) para risers metálicos,
representam um consenso da indústria, baseado na teoria e na prática (experiência), que
uma vez estabelecido num documento deverá ser considerado pelos projetistas nas suas
atividades do dia a dia.
Os códigos de projeto têm sido modificados numa maneira quase Bayesiana
(STAHL, 1985). Este fato é notável quando se observa o decréscimo nos fatores de
segurança, por exemplo em vigas de aço, que aconteceu nas décadas passadas. Estes
decréscimos refletem a baixa ocorrência de falha desses componentes. De maneira
similar, o acréscimo nos fatores sísmicos refletem o dano ocorrido durante alguns
tremores.
A diferença principal entre a evolução Bayesiana dos critérios de projeto e a
orientação atual baseada em confiabilidade é a formulação de todos os componentes do
problema de decisão de segurança como parte de um abrangente escopo de trabalho.
Estes componentes incluem vários tipos de cargas como as de peso próprio, as de
Capítulo 3
Filosofias Existentes para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
42
operação e as ambientais, as análises de incertezas, as propriedades dos materiais, os
modelos de análise estrutural e as conseqüências de falha, entre outros. A finalidade é o
tratamento coerente de todas as incertezas para se gerar um critério de projeto com
níveis aceitáveis de confiabilidade.
Neste capítulo são revistos os dois principais formatos de projeto estrutural, a
dizer, o critério baseado em tensões admissíveis WSD (do inglês Working Stress
Design) e o critério baseado em fatores parciais de segurança de carga e resistência
LRFD (do inglês Load and Resistance Factor Design), fazendo-se referência às
indicações para o sistema de ancoragem das TLPs. Também, são revistas várias
formulações de fatores de utilização (IR) que refletem a capacidade de resistência de
elementos estruturais cilíndricos de aço sob a ação conjunta de tração, flexão e pressão
hidrostática externa.
3.2 Critérios de Projeto
A análise e projeto de uma TLP e os seus subsistemas associados requerem o
estabelecimento de uma série de casos de projeto. Na definição de um caso de projeto é
necessária a seleção dos seguintes parâmetros (API, 1997): fase de projeto (construção,
transporte, instalação ou operação), condição do sistema, condições ambientais e
critério de segurança. A Tabela 3-01 mostra as recomendações da API (1997) para a
combinação desses parâmetros na definição dos casos de projeto. Nesta tabela, o critério
de segurança é dividido em A, B e C. A categoria A faz referência a condições do dia a
dia, a categoria B a condições de projeto com ocorrência rara e a categoria C ao projeto
da estrutura contra a falha por fadiga.
Capítulo 3
Filosofias Existentes para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
43
Tabela 3-01. Casos de Projeto de uma TLP (API, 1997).
Caso de
Projeto
Fase de Projeto
Condição do
Sistema
Condição
Ambiental
Critério de
Segurança
1 Construção Vários Estados - A
2 Carregamento na Barcaça Intacta Calma A
3 Montagem do Casco/Convés Intacta Montagem B
4 Transporte até a Locação Intacta/Avariada Navegação B
5 Instalação Intacta Instalação A
6 Na Locação Intacta Normal A
7 Na Locação Intacta Extrema B
8 Na Locação Avariada Extrema Reduzida B
9 Na Locação Tendão Removido Normal A
10 Na Locação Tendão Removido Extrema Reduzida B
11 Na Locação Intacta Sísmica B
12 Na Locação Intacta Fadiga C
Este trabalho tem como alvo a análise dos tendões de uma TLP no seu local de
operação, na condição intacta, sob condições ambientais de tempestade. Para esta
condição de projeto, os tendões de uma TLP devem ser dimensionados de forma que a
probabilidade de que suas respostas extremas excedam a capacidade resistente dos
mesmos seja menor que um valor alvo.
Existem diversas maneiras, umas mais simples outras mais complexas, para se
caracterizar a resposta extrema de uma estrutura no mar. Na Figura 3-01 são
apresentadas as diferentes aproximações indicadas pela API (1997) para se avaliar as
respostas extremas de projeto. Os percursos alternativos mostrados nessa figura são
similares no sentido de que todos incluem dois componentes: 1) a análise da resposta
sob a condição ambiental e 2) a análise probabilística dos extremos. As diferenças
correspondem na ordem na qual essas operações são desenvolvidas e na quantidade de
cálculo investida. A direção A corresponde à análise probabilística, a direção B à
análise semi-probabilística enquanto a direção C faz referência à análise determinística.
Capítulo 3
Filosofias Existentes para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
44
Conjunto de
Condições Ambientais
Tormenta
Extrema
Onda
Extrema
Análise Estatística
Resposta sob
Tormenta Extrema
Resposta
Extrema
Montagem da
Resposta
A
C
B
A
n
á
l
i
s
e
d
a
R
e
s
p
o
s
t
a
Conjunto de
Condições Ambientais
Tormenta
Extrema
Onda
Extrema
Análise Estatística
Resposta sob
Tormenta Extrema
Resposta
Extrema
Montagem da
Resposta
A
C
B
A
n
á
l
i
s
e
d
a
R
e
s
p
o
s
t
a
Figura 3-01. Percursos para se obter a resposta extrema de projeto (API, 1997).
A metodologia determinística envolve como primeiro passo a análise estatística
das condições ambientais. Nesta fase é identificado um evento extremo (onda
determinística e correspondentes parâmetros de vento e corrente) que se espera produza
a resposta mais severa. O segundo passo é o cálculo da resposta da estrutura sob essa
condição ambiental extrema. Uma análise probabilística completa envolve o cálculo da
resposta da estrutura para todas as condições ambientais possíveis de acontecer no local.
Então, um tratamento estatístico dessas respostas é efetuado para se chegar aos seus
valores extremos. A análise semi-probabilística é uma aproximação intermediária entre
a determinística e a probabilística. Esta metodologia envolve uma análise estatística dos
dados ambientais para identificar um estado de mar (de curto prazo) extremo. A
resposta de curto prazo da estrutura é determinada para esta condição de carregamento e
com ela é avaliado seu valor extremo. Maior detalhe destas metodologias pode ser
obtido na API-RP-2T (API, 1997).
Capítulo 3
Filosofias Existentes para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
45
O critério de projeto desenvolvido neste trabalho segue a direção A apresentada
na Figura 3-01 considerando um conjunto de estados de mar de tempestade (furacões e
tormentas de inverno).
3.2.1 Filosofia de Projeto baseada em Tensões Admissíveis
Os métodos mais antigos de projeto de estruturas offshore estão baseados no
critério das tensões admissíveis (WSD). Neste formato, a soma dos esforços máximos
de projeto devido às cargas aplicadas é restrita a ser igual à resistência nominal do
elemento estrutural dividida por um fator global de segurança, isto é,
...EE
FS
R
CACP
++=
Eq. 3-01
onde: R é a resistência nominal do componente estrutural,
CP
E
é o efeito devido às cargas permanentes,
CA
E
é o efeito devido às cargas ambientais e
FS é o fator de segurança.
Esta aproximação tende a contradições óbvias. Por exemplo, as cargas
ambientais têm naturalmente maiores incertezas que as cargas permanentes, e todas elas
são cobertas por somente um fator de segurança.
Capítulo 3
Filosofias Existentes para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
46
A API-RP-2T (API, 1997) contém uma série de recomendações para o projeto
de TLPs no formato WSD. Para o caso dos tendões, é estabelecido que devem ser
analisados quanto à tensão máxima admissível, ao colapso hidrostático, à tração efetiva
mínima e quanto a sua vida à fadiga. A seguir são estabelecidas as formulações básicas
para a primeira verificação. Maiores detalhes sobre a verificação dos tendões através do
critério API podem ser encontrados em ALVES (1996). Estas recomendações de projeto
serão aplicadas no dimensionamento inicial dos tendões de três TLPs (vide Capítulo 7)
utilizadas na calibração do critério de projeto alvo deste trabalho.
As recomendações de projeto API-RP-2T estabelecem as seguintes tensões
admissíveis para as tensões máximas de Von Mises na seção mais carregada do tendão:
Critério de Segurança A (vide Tabela 3-01)
[]
[]
LocaisFlexãodeTensõesF7.0,F9.0min
LíquidaSeçãonaTensõesF5.0,F6.0min
uys
uyp
=σ
=σ
Eq. 3-02
Critério de segurança B (vide Tabela 3-01)
[]
[]
LocaisFlexãodeTensõesF9.0,F2.1min
LíquidaSeçãonaTensõesF6.0,F8.0min
uys
uyp
=σ
=σ
Eq. 3-03
onde:
y
F
é a tensão de escoamento e
u
F
é a tensão de resistência última do material do tendão.
Capítulo 3
Filosofias Existentes para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
47
A tensão de Von Mises pode ser avaliada com a seguinte expressão:
() ()
0
sva
HB
s
T
HBT
2
H
2
BTeq
t2
Dh
f,
W
M
f,
A
F
f
ffffff
γ
===
++++=σ
Eq. 3-04
onde:
eq
σ
é a tensão equivalente de Von Mises,
T
f
é a tensão axial devida à força de tração F,
s
A
é a área da seção transversal do tendão,
B
f
é a tensão de flexão devida ao momento M,
W é o módulo resistente da seção transversal do tendão,
H
f
é a tensão de compressão devida à pressão hidrostática,
a
γ
é o peso específico d’água de mar,
sv
h
é a profundidade da seção que está sendo verificada,
D é o diâmetro do tendão e
0
t
é a espessura do tendão.
Os seguintes componentes devem ser considerados na determinação da tração
máxima,
máx
F , no tendão:
Trações Quasi-Estáticas
0
T .- Pré-tração no nível médio do mar.
m
T
.- Força devida à variação da maré e à deriva (
offset
) média da unidade.
l
T
.- Força devida ao lastro, à variação dos pesos e erros de instalação.
Capítulo 3
Filosofias Existentes para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
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48
f
T .- Tração devida ao erro no posicionamento da fundação.
vc
T .- Força devida ao momento de tombamento pelas forças de vento e corrente.
s
T .- Tração causada pelo assentamento (
setdown
) da TLP.
Trações induzidas pelas ondas
w
T .- Variação dinâmica da tração devida às forças de onda e aos movimentos da
TLP em torno do passeio médio (incluindo-se o efeito
slow drift
).
r
T
.- Forças devidas à vibração nas freqüências naturais de
heave
,
pitch
e
roll
(efeito de
springing
).
Trações devidas a efeitos individuais nos tendões
cg
T
.- Força induzida pela diferença na distribuição das cargas entre os tendões
devido a erro no posicionamento do C.G. da plataforma e tolerâncias iniciais.
v
T .- Tração devida à formação de vórtices ao redor dos tendões.
A tração
máx
F pode ser avaliada através da superposição linear das forças
descritas anteriormente,
vcgrfwsvclm0máx
TTTTTTTTTTF +++++++++=
.
Eq. 3-05
O valor de
máx
F corresponde à tração máxima esperada durante o período de
recorrência de projeto e deve ser avaliado a partir de uma análise estatística dos
componentes da expressão (3-05).
Capítulo 3
Filosofias Existentes para Projeto dos Tendões
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_____________________________________________________________________________
49
De forma semelhante à tração máxima, a tração mínima no tendão menos
carregado da TLP pode ser determinada através da superposição linear da pré-tração e
das forças devidas às cargas ambientais:
()
cgrfwsvclm0mín
TTTTTTTTTF ++++++= .
Eq. 3-06
Embora a forma da equação (3-06) seja similar à (Eq. 3-05), os valores dos
componentes podem ser diferentes. Por exemplo, os termos positivos de deriva e maré
serão diferentes dos termos negativos, e a tração mínima está associada ao mínimo mais
do que ao máximo passeio da TLP na condição ambiental considerada.
Um outro método alternativo às fórmulas de superposição (Eq. 3-05) e (Eq. 3-
06) é fazer uma análise dinâmica da TLP considerando as forças das ondas, de primeira
e segunda ordem, as forças de corrente, as forças do vento, e depois desenvolver uma
análise estatística da resposta para obter a tração máxima do tendão mais carregado e a
tração mínima do tendão menos solicitado. Esta metodologia é recomendada pela API
se as capacidades de análise dinâmica são disponíveis.
Para efetuar a análise aleatória dos valores máximos extremos dos tendões da
TLP, no Capítulo 7 se efetuará uma análise dinâmica acoplada do sistema flutuante-
risers
-tendões submetido às condições de tempestade típicas na Baía de Campeche,
México. Nos esforços resultantes da análise estrutural se incluirão as mudanças de
tração nos tendões devidas aos efeitos quasi-estáticos descritos a seguir (ALVES, 1996):
Capítulo 3
Filosofias Existentes para Projeto dos Tendões
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50
a)
Tração nos tendões devida à variação da maré:
L
AE
K,
n
A
K
K
1
K
1
T
s
v
ca
h
vh
m
m
=
γ
=
+
δ
=
Eq. 3-07
onde:
m
T é a tração nos tendões devida à variação da maré
m
δ (valor
positivo para aumento e valor negativo para redução de tração),
h
K
é a constante de restauração hidrostática associada a cada
tendão de uma dada coluna da TLP,
v
K
é a constante de rigidez axial de um tendão,
c
A
é a área da base de cada coluna da TLP,
n é o número de tendões por coluna e
L é o comprimento do tendão. As outras variáveis já foram
definidas nas expressões (3-04).
b)
Tração nos tendões devida à pressão hidrostática no topo do tendão:
ttttap
AhT γ=
Eq. 3-08
onde:
p
T
é a tração devida à pressão hidrostática no topo do tendão,
tt
h
é a distância do topo do tendão até a superfície d’água e
Capítulo 3
Filosofias Existentes para Projeto dos Tendões
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_____________________________________________________________________________
51
tt
A
é a área do topo do tendão.
Os valores máximo e mínimo de
p
T
são obtidos considerando
respectivamente os valores máximo e mínimo de
tt
h . No primeiro caso,
máx,tt
h
é calculado quando a crista da onda está passando, enquanto no segundo,
mín,tt
h
é calculado considerando que o cavado da onda está passando.
c) Tração nos tendões devida ao posicionamento do C.G. da plataforma fora do
seu centro geométrico:
dKCT
vTcg
cg
=
Eq. 3-09
onde:
cg
T
é a tração no tendão mais afastado do centro da plataforma,
cg
T
C
é uma constante que depende da capacidade de restauração ao
tombamento da TLP e
d é a distância do C.G. ao centro do tendão.
A constante
cg
T
C foi calculada para as TLPs com 2 e 3 tendões por coluna,
descritas no Capítulo 7, considerando que o C.G. das plataformas estão afastados
1 m do seu centro geométrico na direção diagonal, gerando-se um momento de
tombamento que é equilibrado pelas forças nos tendões e pela restauração
hidrostática do casco de flutuação. Para a TLP com 12 tendões resulta
cg
T
C =0.001255 e para a TLP com 8 tendões
cg
T
C =0.001118.
Capítulo 3
Filosofias Existentes para Projeto dos Tendões
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52
c)
Tração nos tendões devida ao erro no posicionamento da fundação:
()
traçãodereduçãopara
L
X
etraçãodeaumentopara
L
XX
K
1
K
1
T
2
er
z
later
z
vh
z
f
=δ
+=δ
+
δ
=
Eq. 3-10
onde:
f
T
é a tração nos tendões devida à inclinação da plataforma por
efeito do erro no posicionamento da fundação
er
X
(geralmente é considerado m0.1X
er
=
) e
lat
X
é o passeio lateral (
offset) máximo da TLP.
3.2.2 Filosofia de Projeto baseada em Fatores Parciais de Segurança
A filosofia de projeto baseada em Estados Limites (ELs) pode ser utilizada para
se fornecer uma base teórica para o projeto de sistemas estruturais seguros e funcionais,
incluindo-se as incertezas e variações das variáveis básicas que afetam o projeto
(HUANG e BAI, 2001). Cada elemento estrutural, assim quanto a estrutura, deve ser
Capítulo 3
Filosofias Existentes para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
53
projetado visando atingir segurança com relação a certos ELs. Estes Estados Limites são
classificados em:
Estado Limite de Serviço (ELS);
Estado Limite Último (ELU);
Estado Limite de Colapso Progressivo (ELCP) e
Estado Limite de Fadiga (ELF).
A confiabilidade estrutural tem sido utilizada para a calibração de critérios de
projeto baseados em fatores parciais de segurança de carga e resistência (LRFD) para
estruturas
offshore, vide por exemplo API (1993), DNV (2001) e VIDEIRO et al.
(2002). Em geral, estes critérios estabelecem fórmulas de interação (fatores de
utilização) para se avaliar o ELU dos componentes estruturais.
O formato básico do critério LRFD pode ser escrito como,
...EER
CACACPCPR
+γ+γ=α
Eq. 3-11
onde:
R
α
é o fator parcial de segurança associado à resistência do elemento
estrutural,
CP
γ
é o fator parcial de segurança aplicado ao efeito das cargas
permanentes e
CA
γ
é o fator parcial de segurança aplicado ao efeito das cargas
ambientais.
Capítulo 3
Filosofias Existentes para Projeto dos Tendões
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54
Os demais parâmetros guardam a mesma definição que na equação (3-01).
Geralmente, os fatores parciais de segurança aplicados à resistência são menores que 1.0
e os fatores aplicados às cargas são maiores que 1.0.
Na verificação de um elemento estrutural existem mais de uma combinação de
cargas utilizada no lado direito da expressão (3-11), por exemplo: peso próprio, peso
próprio mais onda, vento e correnteza, e peso próprio mais sismo, entre outros. Neste
aspecto, o critério LRFD é similar ao critério WSD. Por outro lado, ao invés de utilizar
somente um fator de segurança como na filosofia WSD, o LRFD considera diferentes
fatores parciais de segurança tanto para as resistências quanto para os efeitos das cargas.
Até a presente data, pelo conhecimento do autor, nenhum código ou norma de
projeto específico para dimensionamento dos componentes estruturais de uma TLP está
disponível no formato LRFD. Alguns dos esforços nessa direção são os trabalhos de
FAULKNER
et al. (1983), MATHINSEN et al. (1994) e BANON et al. (1994). Os
primeiros dois trabalhos propõem critérios de projeto baseados em confiabilidade para a
estrutura do casco de flutuação de TLPs, enquanto o terceiro apresenta resultados
parciais das equações de projeto global (passeio máximo, trões máxima e mínima nos
tendões e
Air-Gap) que estão sendo calibradas para TLPs. Mais recentemente, a Det
Norske Veritas disponibilizou para a indústria as recomendações de projeto DNV-OS-
F201 (DNV, 2001) para risers rígidos metálicos sob carregamentos dinâmicos. Devido à
semelhança entre risers e tendões, tanto em geometria quanto em tipos de
carregamentos, esse último código é utilizado a seguir para exemplificar um critério de
projeto do tipo LRFD.
Capítulo 3
Filosofias Existentes para Projeto dos Tendões
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55
A norma DNV-OS-F201 estabelece que os elementos cilíndricos sujeitos à ação
conjunta de flexão, a tração efetiva e a pressão externa (maior do que pressão interna),
devem ser verificados utilizando a seguinte equação:
()
() ()
00cyk0
2
0cyk
2
0C
míne
2
2
k
ed
k
d
2
msc
ttDFT,ttDFM
0.1
)t(p
pp
T
T
M
M
πα=α=
+
+γγ
Eq. 3-12
onde:
sc
γ
é o fator parcial associado à classe de segurança,
m
γ
é o fator parcial de segurança associado à resistência do material,
d
M
é o momento fletor de projeto,
ed
T
é a tração efetiva de projeto,
k
M
é o momento plástico da seção,
k
T
é a capacidade axial da seção,
c
α
é um fator para levar em conta a relação diâmetro/ espessura do
tubo e o endurecimento do material (
strain hardening
),
e
p
é a pressão externa atuante na seção,
n
p
é a pressão interna mínima de trabalho e
)t(p
0C
é a pressão externa de flambagem local da seção.
Capítulo 3
Filosofias Existentes para Projeto dos Tendões
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56
Os valores dos fatores
sc
γ
e
m
γ
são dados nas Tabelas 3-02 e 3-03,
respectivamente. O valor de )t(p
0C
é obtido resolvendo-se a seguinte equação cúbica:
()()
()
[]
()
faby
0
0p
2
3
0
0el
0
00p0el0C
2
0p
2
0C0el0C
F
D
t
2)t(p,
1
D/tE2
)t(p
t
D
)t(p)t(p)t(p)t(p)t(p)t(p)t(p
α=
ν
=
δ=
Eq. 3-13
onde:
)t(p
0el
é a pressão de colapso elástico,
)t(p
0p
é a pressão de colapso plástico,
E é o módulo de elasticidade,
ν
é o coeficiente de Poisson,
y
F
é a tensão de escoamento do material,
D é o diâmetro nominal,
o
δ
é a ovalização inicial (
initial ovality
) da seção transversal do tubo e
fab
α
é um parâmetro para levar em conta no projeto o processo de
fabricação do elemento estrutural.
Tabela 3-02. Fator parcial de segurança
sc
γ
(DNV, 2001).
Classe de Segurança
Baixa Média Alta
1.04 1.14 1.26
Capítulo 3
Filosofias Existentes para Projeto dos Tendões
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57
Tabela 3-03. Fator parcial de segurança
m
γ
(DNV, 2001).
Estado Limite
Último e Acidental Operacional e Fadiga
1.15 1.0
Na equação (3-12) os valores de projeto da tração efetiva e do momento de
flexão são definidos por
EEFFd
eEEeFFed
MMM
TTT
γ+γ=
γ+γ=
Eq. 3-14
onde:
F
γ
é o fator parcial de segurança associado aos efeitos das cargas
funcionais ou permanentes (vide Tabela 3-04),
E
γ
é o fator parcial de segurança associado aos efeitos das cargas
ambientais (vide Tabela 3-04),
FeF
MeT
são os esforços devidos às cargas funcionais e ao
posicionamento nominal da unidade flutuante e
EeE
MeT
são os esforços devidos às ações ambientais.
Tabela 3-04. Fatores parciais de segurança
EF
e
γ
γ
(DNV, 2001).
Tipo de Carga
Estado Limite
Funcional
F
γ
Ambiental
E
γ
Último 1.1 1.3
Operacional 1.0 1.0
Fadiga 1.0 1.0
Capítulo 3
Filosofias Existentes para Projeto dos Tendões
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58
3.3 Formulações de Fatores de Utilização para Tendões
A análise de confiabilidade e o critério de projeto do sistema de tendões de
plataformas TLPs, que constituem o alvo deste trabalho, estão baseados no ELU dos
tendões representado através de um fator de utilização (IR) dinâmico que leva em conta
os esforços de tração e flexão e a pressão hidrostática externa.
MOAN
et al.
(1994) analisaram diversas formulações de resistência disponíveis
para tubos cilíndricos com dimensões similares a aquelas de tendões de TLPs e
propuseram um novo fator de utilização que leva em conta a ação conjunta de tração,
flexão e pressão externa. Dentro das equações de verificação analisadas foram incluídas:
a API-
Bulleting
-5C3 (API, 1989), a API-RP-2A-LRFD-
Draft
(API,1989), o código BSI
para tubulações submarinas (BSI, 1990), a norma DNV para tubulações submarinas
(DNV, 1982), o código NPD para estruturas metálicas (NPD, 1990), a Batelle (JOHNS
e McCONNELL, 1984), a proposta pela Universidade Técnica da Dinamarca (JENSEN
e PEDERSEN, 1985), a Shell (MURPHEY e LANGNER, 1985), a
Nippon Steel
(TAMANO
et al.
, 1983) e a TNO (WINTER
et al.
, 1985). As resistências previstas
pelas equações de verificação foram comparadas com dados experimentais e resultados
numéricos de análises com elementos finitos, denominadas como resistências
verdadeiras. Os resultados da análise estatística das incertezas da relação (valor
verdadeiro)/(valor previsto) feita no trabalho de MOAN
et al.
(1994) são apresentados
na Tabela 3-05 para os casos isolados de pressão e flexão.
Os resultados na Tabela 3-05 mostram que no caso de pressão a API-5C3, a
API-RP-2A-LRFD e a NPD fornecem valores de resistência a favor da segurança e as
demais formulações apresentam resistências superiores às verdadeiras, porém estas
normas mostram os maiores índices de dispersão. As equações que mostram maior
Capítulo 3
Filosofias Existentes para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
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59
aproximação à unidade (valores previstos muito próximos aos verdadeiros) são as
propostas por API-RP-2A-LRFD, Shell, Batelle, Universidade da Dinamarca, NPD e
MOAN
et al.
Já para o caso de flexão, unicamente a BSI e a NPD fornecem valores de
resistência menores que os verdadeiros (a favor da segurança) e a fórmula de
verificação proposta por MOAN
et al.
apresenta a melhor precisão.
Tabela 3-05. Incertezas das equações de resistência (MOAN
et al.
, 1994).
Pressão Flexão
Equação de Resistência
Média CoV Média CoV
API-5C3 1.129 0.168 ---- ----
API-RP-2A-LRFD (Draft) 1.051 0.163 0.886 0.074
Batelle 0.964 0.137 0.935 0.130
BSI 0.938 0.124 1.117 0.063
DNV 0.862 0.145 0.941 0.067
Nippon Steel 0.769 0.155 ---- ----
NPD 1.025 0.153 1.158 0.070
Shell 0.976 0.141 0.976 0.118
TNO 0.876 0.120 0.819 0.122
Universidade da Dinamarca 0.956 0.137 0.909 0.111
MOAN et al. 0.960 0.137 0.998 0.073
Para os casos de carga mais complexos, como tração axial e flexão longitudinal
sob diferentes níveis de pressão externa, MOAN
et al.
mostraram que para pressões
baixas há uma interação linear entre tração e flexão e que todas as formulações, exceto a
proposta pela Shell, apresentam uma boa correlação. Quando a pressão aumenta e a
tração é alta, há um desvio importante da linha reta e todas as equações apresentam
resultados contra a segurança. Os valores de resistência previstos mais próximos aos
“reais” são obtidos pelo fator de utilização de MOAN
et al.
Com a finalidade de identificar a formulação que será utilizada ao longo do
presente trabalho para a calibração do critério de projeto dos tendões de TLPs, a seguir
Capítulo 3
Filosofias Existentes para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
60
são revistas três equações de fator de utilização para elementos estruturais cilíndricos
submetidos à ação conjunta de tração, flexão e pressão externa. As formulações
analisadas são:
i)
IR da última versão da API-RP-2A-LRFD (1993),
ii)
IR proposto por MOAN
et al.
(1994), e
iii)
IR da DNV-OS-F201 (DNV, 2001), já descrito anteriormente no item 3.2.2.
A API-RP-2A-LRFD (API, 1993) estabelece que os elementos estruturais
cilíndricos sob tensões de tração longitudinais, devidas à tração axial e flexão, e tensões
de compressão radiais devidas à pressão hidrostática, devem satisfazer o seguinte fator
de utilização:
y
HC
HCH
H
yT
HBT
22
F
F4
5,
F
f
B,
F
f5.0ff
A
0.1BA2BA
=η
φ
=
φ
+
=
ν++
η
Eq. 3-15
onde:
ν
é o coeficiente de Poisson do material,
T
f
é a tensão de tração axial devida às cargas fatoradas,
B
f
é a tensão de flexão devida às cargas fatoradas,
H
f
é a tensão circunferencial devida à pressão hidrostática externa,
95.0
T
=φ
é o fator parcial de segurança associado à resistência a tração,
80.0
H
=φ
é o fator parcial de segurança associado à resistência ao colapso
hidrostático do elemento estrutural,
Capítulo 3
Filosofias Existentes para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
61
y
F
é a tensão de escoamento do material e
HC
F
é a tensão nominal resistente ao colapso hidrostático.
É importante salientar que o fator de utilização na expressão (3-15) é válido para
tubulações com uma espessura mm6t
0
, uma relação 300t/D
0
<
e para tensões de
escoamento do material menores que 414 MPa.
MOAN
et al.
(1994) propuseram um fator de utilização que usa uma capacidade
de tração dada pela tensão de escoamento do material, uma capacidade para pressão
externa segundo a aproximação de Timoshenko e uma capacidade a flexão determinada
através do ajuste com dados experimentais. A equação de verificação é expressa como:
0.1
p
p
F
f
F
f
CBC
B
TC
T
+
+
κ
Eq. 3-16
()
()
()
D
t
3001e
t
D
023.02
,
F/fF/f
F/f
F/fF/f
F/f
,
t
D
006.0
D
t
1
4
FF
,FF
0
b
0
a
7.1
BCBTCT
7.1
BCB
b
7.1
BCBTCT
TCT
a
0
0
yBC
yTC
+=κ+=κ
+
κ+
+
κ=κ
+
π
=
=
Eq. 3-17
Capítulo 3
Filosofias Existentes para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
62
onde:
T
f
é a tensão atuante de tração,
B
f
é a tensão atuante de flexão,
p
é a pressão externa atuante,
TC
F
é a tensão resistente à tração,
BC
F
é a tensão resistente à flexão e
C
p
é a pressão de colapso hidrostático do elemento estrutural.
A pressão de colapso hidrostático é dada pela seguinte equação:
()
()
δ=
0
0elCpCelC
t
D
3pppppp
.
Eq. 3-18
A pressão de colapso elástico
el
p e a pressão de colapso plástico
p
p da seção
são definidas nas equações (3-13) sem incluir o parâmetro
fab
α
. Todas as outras
variáveis têm as mesmas definições apresentadas anteriormente.
A seguir, devido à carência de resultados experimentais de elementos estruturais
submetidos conjuntamente a tração, flexão e pressão externa, os IRs recomendados pela
API-RP-2A-LRFD, pela DNV-OS-F201 e por MOAN
et al.
são comparados na análise
de um único elemento estrutural em diferentes condições de carregamento. Os dados
experimentais foram obtidos do trabalho de MOAN
et al.
(1994).
Na Figura 3-02 são apresentadas envoltórias de resistências últimas para
combinações de tração e flexão, considerando diferentes níveis de pressão externa, para
um elemento cilíndrico com uma relação 26t/D
0
=
, uma ovalização inicial da seção
transversal %5.0
0
=δ , uma tensão de escoamento do material Fy=514 MPa e um
Capítulo 3
Filosofias Existentes para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
63
coeficiente de Poisson 3.0=ν . Para esta comparação, todos os fatores parciais de
segurança nos IRs foram considerados como sendo iguais a 1.0. Nas Figuras 3-02 (a),
(b), (c) e (d) são mostradas as envoltórias das relações
yB
F/f
no eixo horizontal e
yT
F/f no eixo vertical, para valores de 4.0e3.0,2.0,0p/p
p
=
, respectivamente.
Os resultados apresentados na Figura 3-02 mostram que, em geral, o IR proposto
por MOAN
et al.
prevê combinações de resistências últimas mais próximas às dos
dados experimentais e a formulação da DNV-OS-F201 fornece combinações de tensões
superiores, valores contra a segurança. Para o caso da ação conjunta de tração e flexão
com baixa pressão externa, as três formulações apresentam pouca dispersão com relação
aos dados experimentais. É importante observar que neste caso a equação proposta pela
DNV-OS-F201 apresenta valores levemente superiores à unidade no eixo vertical
devido à inclusão do fator
c
α no cálculo das capacidades axial e a flexão da seção do
elemento estrutural (vide equações 3-12). Para os casos de níveis maiores de pressão
externa e tensões de tração altas, a API-RP-2A-LRFD e a DNV-OS-F201 fornecem
valores de resistência mais afastados dos dados experimentais do que a formulação de
MOAN
et al.
As dispersões apresentadas no exemplo de comparação pelas formulações do IR
da API-RP-2A-LRFD e da DNV-OS-F201 podem ser um resultado das características
geométricas e dos materiais dos âmbitos de aplicação para os quais elas foram
desenvolvidas, a primeira para elementos estruturais de jaquetas e a segunda para
risers
.
Devido a estes fatos, ao longo do processo de calibração do critério de projeto, a
resposta dos tendões será caracterizada pelo IR proposto por MOAN
et al.
(1994).
Capítulo 3
Filosofias Existentes para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
64
(a)
0
0.25
0.5
0.75
1
1.25
0 0.25 0.5 0.75 1 1.25
f
B
/Fy
f
T
/Fy
API-RP-2A-LRFD DNV-OS-F201
MOAN et al. Experimentais
(b)
0
0.25
0.5
0.75
1
1.25
0 0.25 0.5 0.75 1 1.25
f
B
/Fy
f
T
/Fy
API-RP-2A-LRFD DNV-OS-F201
MOAN et al. Experimentais
(c)
0
0.25
0.5
0.75
1
1.25
0 0.25 0.5 0.75 1 1.25
f
B
/Fy
f
T
/Fy
API-RP-2A-LRFD DNV-OS-F201
MOAN et al. Experimentais
(d)
0
0.25
0.5
0.75
1
1.25
0 0.25 0.5 0.75 1 1.25
f
B
/Fy
f
T
/Fy
API-RP-2A-LRFD DNV-OS-F201
MOAN et al. Experimentais
Figura 3-02. Envoltórias de resistências últimas de tração e flexão para diferentes níveis
de pressão externa: (a)
0.0p/p
p
= , (b) 2.0p/p
p
=
, (c) 3.0p/p
p
=
e (d) 4.0p/p
p
= .
Capítulo 3
Filosofias Existentes para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
65
3.4 Comentários
Neste capítulo foram revistos os formatos básicos dos critérios WSD e LRFD
para projeto estrutural. A filosofia WSD considera um fator de segurança global
enquanto o LRFD utiliza vários fatores parciais de segurança de acordo com a incerteza
das variáveis de projeto. O critério de projeto para tendões, para as condições
ambientais das águas mexicanas, desenvolvido nos Capítulos 6 e 7 será do tipo LRFD
com seus fatores parciais de segurança calibrados através da análise de confiabilidade.
No processo de calibração do critério de projeto, a resposta dos tendões será
representada através de um fator de utilização (IR) que leva em conta a ação conjunta de
tração, flexão e pressão externa. Das diversas formulações existentes na literatura, neste
trabalho será utilizado o IR proposto por MOAN
et al.
(1994) devido ao mesmo
apresentar uma melhor aproximação entre os valores calculados e os observados em
ensaios experimentais.
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de
Extremos da Resposta dos Tendões
4.1 Introdução
Devido à variação temporal randômica das ações ambientais, as incertezas nas
propriedades de resistência dos elementos estruturais, e outras, qualquer parâmetro de
resposta de uma estrutura marinha constitui-se num processo aleatório. Neste trabalho o
parâmetro de resposta de interesse é o fator de utilização (IR) dos tendões da TLP que
leva em conta a interação dinâmica dos efeitos das cargas (força axial, momentos de
flexão e pressão hidrostática) e os parâmetros de resistência estrutural.
A análise de confiabilidade e o critério de projeto dos tendões da TLP
investigados neste trabalho estão baseados nos valores extremos do seu fator de
utilização condicionados à ocorrência de um evento ambiental extraordinário. As
distribuições dos valores máximos e dos extremos do IR de curto prazo (estado de mar
de 3-h) são obtidas em função dos parâmetros estatísticos de uma realização da resposta
através do método dos momentos. Neste capítulo são revistas diversas funções de
probabilidades disponíveis na literatura e usualmente utilizadas na análise aleatória de
estruturas offshore. Estas funções incluem os modelos de Rayleigh, de Weibull, de
Hermite, de Gumbel e de Poisson. Os modelos probabilísticos serão ajustados a
realizações de valores máximos e extremos do IR do tendão mais carregado durante
uma tempestade para se identificar a distribuição que melhor represente o
comportamento dos valores observados. Inicialmente, são definidos os conceitos
básicos dos processos e das variáveis aleatórias utilizadas no cálculo dos parâmetros
associados com as distribuições de probabilidades da resposta.
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
67
4.2 Processos Aleatórios
Um processo aleatório é uma família de variáveis randômicas que por sua vez
são funções de um ou vários parâmetros, conforme Figura 4-01. Por exemplo, )t(IR é o
processo aleatório do fator de utilização do tendão sendo uma função do tempo t,
),t(IR Y
r
é dependente do tempo e dos parâmetros ambientais contidos no vetor Y
r
e
),,,t(IR zXY
r
r
r
depende adicionalmente das variáveis aleatórias
X
r
e dos parâmetros
estruturais determinísticos
z
r
. O processo
)t(IR
é composto por suas realizações
)t(ir
.
Assim, uma realização ),,t(ir zxXyY
r
r
r
r
r
== do processo ),,t(IR zxXyY
rr
r
r
r
== é obtida
através de uma análise dinâmica da TLP para um estado de mar de curto prazo
condicionada às propriedades estruturais dos tendões.
0.25
0.5
500 750
0.25
0.5
1100 1350
0.25
0.5
1500 1750
Realização NR
ir
NR
(t)
Realização No. 2
ir
2
(t)
Realização No. 1
ir
1
(t)
t
1
t
2
t
3
t
4
τ
τ
Figura 4-01. Realizações do processo aleatório IR(t).
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
68
Um processo aleatório se diz estacionário se suas propriedades estatísticas são
independentes do tempo para as distribuições de probabilidades de primeira ordem e
dependentes somente da diferença de tempo (
τ
) para as distribuições de ordem superior
(NEWLAND, 1984). Isto significa que a média, a variância e os coeficientes de
skewness e kurtosis, não têm mudança ao longo do processo:
()
[]
()
()
[]
()
IR
NR
1i
i
2
2
NR
1i
i
1
1
...
NR
tir
tIRE
NR
tir
tIRE µ=====
==
Eq. 4-01
()
()()
()
()()
2
IR
NR
1i
2
IR
i
2
2
2
IR
NR
1i
2
IR
i
1
1
2
IR
...
NR
tir
t
NR
tir
t σ==
µ
=σ=
µ
=σ
==
Eq. 4-02
()
()()
()
()()
IR
NR
1i
3
IR
3
IR
i
2
2IR
NR
1i
3
IR
3
IR
i
1
1IR
...
NR
tir
t
NR
tir
t ς==
σ
µ
=ς=
σ
µ
=ς
==
Eq. 4-03
()
()()
()
()()
IR
NR
1i
4
IR
4
IR
i
2
2IR
NR
1i
4
IR
4
IR
i
1
1IR
...
NR
tir
t
NR
tir
t κ==
σ
µ
=κ=
σ
µ
=κ
==
Eq. 4-04
() ()()()()() ()()()
τ+=== tIR,tIRCOV...tIR,tIRCOVtIR,tIRCOV
4321
Eq. 4-05
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
69
onde: NR é o número de realizações do processo aleatório IR(t),
[]
)t(IRE
é o valor esperado do processo IR(t),
2
IR
σ
é a variância do processo IR(t),
IR
ς
é o coeficiente de
skewness
do processo IR(t),
IR
κ
é o coeficiente de
kurtosis
do processo IR(t) e
() ( )()
τ+tIR,tIRCOV
é a covariância do processo aleatório IR(t).
Os processos aleatórios de interesse para o projeto das estruturas marinhas,
como por exemplo as alturas de onda, as velocidades do vento ou as velocidades de
corrente, não são expressamente estacionários (VIDEIRO, 1998). As ações ambientais
apresentam variações nos seus parâmetros estatísticos em períodos longos de tempo.
Uma prática comum é dividir as suas séries temporais em períodos de poucas horas e
considerar cada um deles como processos estacionários. Como já dito anteriormente,
estes eventos ambientais de curto prazo são denominados estados de mar. Além disto,
assume-se que os processos são ergódigos,
i.e.
, os seus parâmetros estatísticos
calculados ao longo de uma realização são iguais aos valores calculados ao longo de
várias realizações (NEWLAND, 1984). Desta forma uma única realização do processo é
suficiente para descrever os seus parâmetros estatísticos, como descrito a seguir.
Realizações do processo aleatório IR(t) podem ser geradas como uma seqüência
de N valores discretos de
)t(ir
nos tempos
N21
tt...,,tt,tt
=
=
=
, separados por um
intervalo de tempo
t . A seqüência
(
)
ii
tirir
=
, para
N...,,2,1i
=
, é chamada de
realização discreta ou série temporal discreta. O valor médio, a variância, e os
coeficientes de
skewness
e
kurtosis
de uma série temporal podem ser calculados com as
seguintes expressões:
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
70
=
=
N
1i
iIR
ir
N
1
m
Eq. 4-06
()
=
=
N
1i
2
IRi
2
IR
mir
1N
1
v
Eq. 4-07
=
=
N
1i
3
IR
IRi
IR
v
mir
N
1
s
Eq. 4-08
=
=
N
1i
4
IR
IRi
IR
v
mir
N
1
k
Eq. 4-09
onde: N é o número total de valores discretos na série temporal,
IR
m
é a média da realização do processo aleatório IR(t),
2
IR
v
é a variância da realização do IR(t),
IR
s
é o coeficiente de
skewness
da realização do IR(t) e
IR
k
é o coeficiente de
kurtosis
da realização do IR(t).
Com o aumento do número de valores discretos,
i.e.
, com o aumento da duração
da série temporal, obtém-se uma melhor precisão para os parâmetros estatísticos.
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
71
O desvio padrão
IR
dp e o coeficiente de variação
IR
CoV são medidas da
dispersão da série temporal com relação a seu valor médio. O primeiro parâmetro é
calculado como a raiz quadrada da variância e o segundo como o quociente entre o
desvio padrão e a média:
IRIR
vdp =
Eq. 4-10
IR
IR
IR
m
dp
CoV =
Eq. 4-11
A distribuição de probabilidades de um processo aleatório ergódigo pode ser
caracterizada ajustando-se uma função à amostra dos valores observados de sua
realização,
i.e.
, trata-se esta amostra como uma realização de uma variável aleatória.
4.3 Variáveis Aleatórias
Uma variável aleatória IR é caracterizada por sua Função Densidade de
Probabilidades (FDP) )ir(f
IR
e sua Função Cumulativa de Probabilidades (FCP)
]irIRPr[)ir(F
IR
=
. O valor ir é considerado um valor específico da variável
randômica IR. A função )ir(f
IR
está diretamente relacionada com a freqüência de
ocorrência da variável IR ao longo de uma seqüência de realizações ir. )ir(F
IR
indica a
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
72
probabilidade da variável IR assumir valores menores ou iguais a ir. Por exemplo, a
FDP de uma variável aleatória que segue uma distribuição Normal é definida como:
()
σ
µ
πσ
=
2
IR
IR
IR
IR
ir
2
1
exp
2
1
irf
Eq. 4-12
onde:
IR
µ
é a média da variável aleatória IR e
IR
σ
é o desvio padrão da variável aleatória IR.
Os parâmetros
IRIR
e σµ
são definidos nas expressões (4-15) e (4-16). A FCP
é calculada através da seguinte expressão:
() ()
=
ir
IRIR
dirirfirF
Eq. 4-13
No caso de variáveis aleatórias discretas,
i.e.
, variáveis que somente podem
assumir determinados valores específicos, a representação probabilística é feita através
de uma função discreta de probabilidades
(
)
yYPr)y(p
=
=
. A função discreta de
probabilidades do número de ocorrências num intervalo de tempo t de um fenômeno
que segue as hipóteses de Poisson,
i.e.
, os eventos são independentes no tempo e entre si
mesmos, é dada por (ANG e TANG, 1975):
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
73
()
()
t
y
e
!y
t
yYPr)y(p
υ
υ
===
Eq. 4-14
onde:
υ
é a taxa média de ocorrência da variável Y.
Para as variáveis randômicas contínuas, o valor médio (também chamado de
valor esperado)
IR
µ
, a variância
IR
Var
e os coeficientes de
skewness
IR
ς
e
kurtosis
IR
κ são definidos a partir das suas funções densidade de probabilidades como:
==µ dir)ir(fir)IR(E
IRIR
Eq. 4-15
()
[]
()
µ=µ=σ= dir)ir(firIREVar
IR
2
IR
2
IR
2
IRIR
Eq. 4-16
()
[]
()
µ
σ
=µ
σ
=ς dir)ir(fir
1
IRE
1
IR
3
IR
3
IR
3
IR
3
IR
IR
Eq. 4-17
()
[]
()
µ
σ
=µ
σ
=κ dir)ir(fir
1
IRE
1
IR
4
IR
4
IR
4
IR
4
IR
IR
Eq. 4-18
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
74
A média é um indicador central dos dados de uma amostra. A variância e o
desvio padrão,
σ , medem o grau de dispersão dos dados com relação à média. O
coeficiente de
skewness
indica a falta de simetria da função densidade de probabilidades
com relação à média. O coeficiente de
skewness
de uma função simétrica é zero. O
coeficiente de
kurtosis
é uma medida da suavidade da função densidade de
probabilidades. Uma distribuição de Gauss tem um coeficiente de
kurtosis
igual a 3. A
média é chamada de primeiro momento da função de probabilidades, a variância de
segundo e os numeradores dos coeficientes de
skewness
e
kurtosis
de terceiro e quarto
momentos, respectivamente.
4.4 Múltiplas Variáveis Aleatórias
Os conceitos de uma variável aleatória e a sua distribuição de probabilidades
podem ser estendidos para duas ou mais variáveis. Por exemplo, se
21
YeY são duas
variáveis aleatórias contidas no vetor
Y
r
de parâmetros ambientais, a sua distribuição de
probabilidades é descrita através da FDP conjunta:
()( )
2222111121Y,Y
dyyYy,dyyYyPry,yf
21
+<+<=
.
Eq. 4-19
Então, a FCP conjunta é obtida como:
() ()
21
yy
21Y,Y21Y,Y
dydyy,yfy,yF
12
2121
∫∫
−∞
= .
Eq. 4-20
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
75
A função densidade de probabilidades de
1
Y condicionada à situação onde
22
yY =
é dada por:
()
()
()
2Y
21Y,Y
21
YY
yf
y,yf
yyf
2
21
21
= .
Eq. 4-21
Se
21
YeY
são estatisticamente independentes
(
)
()
1Y21
YY
yfyyf
1
21
=
e
()()()
2Y1Y21Y,Y
yfyfy,yf
2121
= .
Eq. 4-22
Uma medida do grau de inter-relação (linear) entre as duas variáveis é expressa
através do coeficiente de correlação
21
Y,Y
ρ
:
()
()
[][][]
[]
()
∫∫
=
=
ρ
σσ
=ρ
2121YY2121
212121
Y,Y
YY
21
Y,Y
dydyy,yfyyYYE
,YEYEYYEY,YCOV
0.10.1
Y,YCOV
21
21
21
21
Eq. 4-23
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
76
onde
()
21
Y,YCOV é chamada de covariância entre as duas variáveis. Se as variáveis
são estatisticamente independentes a sua covariância é igual a 0.
4.5 Distribuição de Valores Máximos Observados da Resposta de Curto Prazo
Cada realização de curto prazo do fator de utilização ir(t) apresenta uma série de
valores máximos (picos) e uma série de valores mínimos (cavados), como mostra a
Figura 4-02. Devido a que o trabalho tem como alvo a calibração de um critério de
projeto para o Estado Limite Último dos tendões, no que segue se fará referência
somente aos valores máximos da resposta estrutural.
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
2950 2960 2970 2980 2990 3000
Tempo (s)
ir(t)
Máximo Global
Máximo Local
IR
m
IR
m
Mínimos
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
2950 2960 2970 2980 2990 3000
Tempo (s)
ir(t)
Máximo Global
Máximo Local
IR
m
IR
m
Mínimos
Figura 4-02. Máximos locais e globais de uma série temporal ir(t) com média
IR
m.
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
77
Um processo de banda estreita apresenta um único máximo para cada
cruzamento ascendente do seu nível médio (NEWLAND, 1984). Um processo de banda
larga pode ter vários máximos entre dois cruzamentos ascendentes consecutivos, o
maior desses valores é denominado como máximo global e os demais como de máximos
locais (vide Figura 4-02). Como é bem conhecido, um processo de banda estreita é um
processo aleatório com uma densidade espectral concentrada numa faixa pequena de
freqüências, enquanto um processo de banda larga tem um espectro espalhado sobre
uma ampla faixa de freqüências. O parâmetro
ε
é uma medida da largura de banda de
um processo aleatório (CHAKRABARTI, 1990):
10;
T
T
1
2
Z
2
m
ε=ε
Eq. 4-24
onde:
ε
é o parâmetro de largura de banda do processo aleatório (0-banda
estreita, 1-banda larga),
m
T
é o período médio entre máximos consecutivos e
Z
T
é o período médio de cruzamentos ascendentes de zero.
Z
T e
m
T podem ser avaliados com as seguintes expressões:
mg
Z
N
T
T
Eq. 4-25
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
78
máx
m
N
T
T
Eq. 4-26
onde: T é o tempo total da realização,
mg
N
é o número de máximos globais (número de cruzamentos
ascendentes) e
máx
N
é o número total de máximos (locais e globais) da série.
Identificando-se e ordenando-se os valores máximos de uma realização de IR(t)
de forma ascendente
máx
N,m2,m1,m
ir...irir
<
<
< , a FCP de valores máximos
individuais e independentes pode ser aproximada por:
()
1N
i
irF
ˆ
máx
i,mIR
máx
+
=
Eq. 4-27
onde:
()
i,mIR
irF
ˆ
máx
é a função cumulativa dos máximos observados da
realização ir(t).
Na Figura 4-03 são apresentadas as funções cumulativas de probabilidades dos
valores máximos observados de uma realização do fator de utilização
),,t(IR zxXyY
r
r
r
r
r
== da seção na base do tendão mais carregado de uma TLP
dimensionada para operar na Baía de Campeche, México, numa lâmina d’água de 1000
m. O vetor de parâmetros ambientais
yY
r
r
=
corresponde ao estado de mar de curto
prazo com a maior altura significativa de onda do furacão Roxanne que aconteceu no
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
79
ano 1995 no Golfo do México, o vetor xX
r
r
=
contém as médias das variáveis aleatórias
independentes do tempo (vide Tabela 7-09) e o vetor
z
r
as características geométricas
do tendão e outros parâmetros considerados como determinísticos na análise. Detalhes
sobre o modelo estrutural e os parâmetros ambientais são dados no Capítulo 7 deste
trabalho. É utilizada a formulação do IR proposta por MOAN
et al. (1994) (vide item
3.3).
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
0.25 0.30 0.35 0.40 0.45 0.50
Máximos Máximos Globais
(
)
i,mIR
irF
ˆ
má x
i,m
ir
Figura 4-03. FCPs dos valores máximos observados de uma realização do processo
),,t(IR zxXyY
r
r
r
r
r
==
.
Da série temporal
),,t(ir zxXyY
r
r
r
r
r
== com 7000 pontos (correspondentes a
3500 s de análise estrutural com um intervalo de tempo de 0.5 s) foram identificados um
total de 1200 máximos e 1080 máximos globais. Os parâmetros estatísticos da série
temporal e das amostras de valores máximos e de máximos globais são apresentados na
Tabela 4-01. O período médio dos máximos, o período médio dos cruzamentos
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
80
ascendentes do nível médio do fator de utilização e o parâmetro de largura de banda são,
respectivamente: 44.0es24.3T,s92.2T
Zm
=
ε
=
= .
Tabela 4-01. Parâmetros estatísticos do
),,t(ir zxXyY
r
r
r
r
r
== .
Amostra
Parâmetro ir() Máximos de
ir()
Máximos Globais de
ir()
Tamanho da Amostra 7000 1200 1080
Média 0.344 0.372 0.375
Desvio Padrão 0.0248 0.0251 0.02454
Coeficiente de Skewness 1.224 1.648 1.815
Coeficiente de Kurtosis 6.547 8.584 9.277
Valor Máximo 0.549 0.549 0.549
Na Figura 4-02 podem ser observadas diferenças entre os inícios das
distribuições dos valores máximos e dos valores máximos globais. Isto se deve ao fato
de que a segunda amostra contém somente os valores maiores em cada cruzamento
ascendente do nível médio do fator de utilização.
4.6 Ajuste de Funções à Distribuição de Valores Máximos da Resposta de Curto
Prazo
Nesta seção são revistos os modelos de Rayleigh, de Weibull e de Hermite para
a sua aplicação na distribuição de valores máximos do fator de utilização dos tendões.
Estas funções serão ajustadas através do Método dos Momentos utilizando-se os valores
estimados dos parâmetros estatísticos (média, variância,
skewness e Kurtosis) das
amostras de máximos das realizações
)t(ir
de curto prazo dos tendões.
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
81
4.6.1 Modelo de Rayleigh
Como foi observado por LONGUET-HIGGINS (1952), a distribuição dos
valores máximos globais de um processo aleatório Gaussiano com banda estreita tende
para uma distribuição de Rayleigh. A função cumulativa de probabilidades de Rayleigh
é definida pela seguinte equação:
()
r
2
r
r
IR
uirpara
uir
2
1
exp0.1irF
máx
α
=
Eq. 4-28
onde:
r
u
é o parâmetro de locação da distribuição e
r
α
é o parâmetro de escala.
A média e o desvio padrão da distribuição são dados por:
2
u
rrIR
máx
π
α+=µ
Eq. 4-29
2
4
rIR
máx
π
α=σ
Eq. 4-30
Os parâmetros
r
r
eu α
para ajustar a distribuição de Rayleigh aos valores
observados são obtidos utilizando-se nas expressões (4-29) e (4-30) os valores
estimados da média e do desvio padrão, respectivamente, da amostra de valores
máximos da realização
)t(ir
.
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
82
4.6.2 Modelo de Weibull
A distribuição de probabilidades de Weibull é o modelo mais simples usado para
representar processos não-Gaussianos. A distribuição de Weibull com três parâmetros é
definida como:
()
w
w
w
IR
uirpara
uir
exp0.1irF
w
máx
α
=
λ
Eq. 4-31
onde:
w
u
é o parâmetro de locação,
w
α
é o parâmetro de escala e
w
λ
é o parâmetro de forma da distribuição.
A média, o desvio padrão e os coeficientes de
skewness
e
kurtosis
da
distribuição são definidos respectivamente como (BURY,1975):
,
1
1u
w
wwIR
máx
λ
+Γα+=µ
Eq. 4-32
,
1
1
2
1
w
2
w
wIR
máx
λ
+Γ
λ
+Γα=σ
Eq. 4-33
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
83
,
1
1
2
1
1
12
2
1
1
13
3
1
2
3
w
2
w
w
3
www
IR
máx
λ
+Γ
λ
+Γ
λ
+Γ+
λ
+Γ
λ
+Γ
λ
+Γ
=ς
Eq. 4-34
2
w
2
w
w
4
ww
2
2
w
2
w
www
IR
1
1
2
1
1
13
2
1
1
16
1
1
2
1
3
1
1
14
4
1
máx
λ
+Γ
λ
+Γ
λ
+Γ
λ
+Γ
λ
+Γ
+
λ
+Γ
λ
+Γ
λ
+Γ
λ
+Γ
λ
+Γ
=κ
Eq. 4-35
onde:
()
Γ
é a função Gamma.
Como pode ser visto nas equações (4-32) a (4-35) todos os parâmetros
estatísticos da distribuição estão relacionados através do fator de forma
w
λ . Então, o
primeiro passo para ajustar o modelo de Weibull aos valores máximos observados é o
cálculo de
w
λ usando o valor estimado do coeficiente de
skewness
na (Eq. 4-34) ou o
valor estimado do coeficiente de
kurtosis
na (Eq. 4-35). Devido ao fato de que a
incerteza nos parâmetros estatísticos aumenta com a ordem dos momentos (PASSANO,
1994), neste trabalho é utilizado o coeficiente de
skewness
da amostra de valores
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
84
máximos para calcular o parâmetro de forma. Uma vez conhecido
w
λ
, os parâmetros
de locação
w
u e de escala
w
α são determinados com as expressões (4-32) e (4-33)
utilizando a média o e desvio padrão da amostra )t(ir
máx
, respectivamente.
A distribuição de Weibull tem como fronteira inferior o parâmetro de locação,
w
u , enquanto que uma amostra de máximos de uma simulação não tem limite algum
pré-definido. FARNES (1990) aponta que utilizando-se séries de máximos globais
obtém-se uma classe com mais valores que podem ser previstos pelo modelo de
Weibull.
4.6.3 Modelo de Hermite
WINTERSTEIN (1988) desenvolveu uma aproximação para a distribuição de
probabilidades de processos não-Gaussianos baseada em séries de Hermite de um
processo aleatório normal padrão. O modelo de Hermite é expresso como:
() ()
[]
irirF
IR
ϑΦ=
Eq. 4-36
onde:
[]
.Φ
é a FCP normal padrão e
()
irϑ
é uma variável normal padrão relacionada ao processo
)t(IR
através de uma transformação polinomial de Hermite.
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
85
O modelo é formado por duas partes, para coeficientes de
kurtosis
inferiores a 3,
3
IR
<κ , e para coeficientes de
kurtosis
superiores a 3, 3
IR
>
κ
. Para cada caso
()
irϑ é
calculada com as seguintes equações:
()
()( )
o
3
o4
2
o3o
IR
ir3irc1ircirir
3para
=ϑ
<κ
Eq. 4-37
() ( ) () () ()
airqirirqirir
3para
3
1
oo
2
3
1
oo
2
IR
ξ+ξ
ξ++ξ=ϑ
>κ
Eq. 4-38
onde
() ( )
()
3
2
44
3
3
oo
IR
IR
o
a1bqe
c3
1
b,
c3
c
a
,airab5.1ir,
ir
ir
===
+=ξ
ψσ
µ
=
Eq. 4-39
Os coeficientes
ψ
, dados na Tabela 4-02, dependem dos momentos de Hermite
43
heh que podem ser avaliados através dos coeficientes de
skewness
(
IR
ς
) e
kurtosis
(
IR
κ
) de todo o processo IR(t):
24
3
he
6
h
IR
4
IR
3
κ
=
ς
=
Eq. 4-40
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
86
Tabela 4-02. Coeficientes das séries de Hermite (WINTERSTEIN, 1988)
.
Kurtosis
3
c
4
c
ψ
3
IR
<κ
4
3
c61
h
+
18
1h361
4
+
2
4
2
3
c6c21
1
++
3
IR
>κ
4
3
c241
h
+
2
24
h27h
2
4
2
3
c42c101
1
++
A distribuição de valores máximos de IR(t) para o caso de
3
IR
>κ pode ser
calculada com a seguinte expressão (S
¯DAHL, 1991):
()
() () ()
ε
ϑ
Φ
ϑ
ε
ϑε
Φε=
ir
2
ir
exp
ir1
10.1irF
2
2
2
IR
máx
Eq. 4-41
onde:
ε
é o parâmetro de largura de banda do processo IR(t).
Para ajustar o modelo de Hermite aos dados observados, os coeficientes de
skewness e kurtosis da realização ir(t) são utilizados nas equações (4-40) para avaliar os
momentos de Hermite, e os valores da média e do desvio padrão nas expressões (4-37)
ou (4-38) para obter a variável normal padrão
(
)
ir
ϑ
.
Na Figura 4-04 são apresentadas as caudas (
tails) das distribuições cumulativas
de probabilidades de Rayleigh, de Weibull e de Hermite ajustadas à amostra de valores
máximos globais da realização do fator de utilização
),,t(IR zxXyY
rr
r
r
r
== descrita no
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
87
item 4.5. Nessa figura pode ser visto que o modelo de Weibull segue de uma maneira
mais próxima os dados observados.
0.95
0.96
0.97
0.98
0.99
1
0.425 0.45 0.475 0.5 0.525
Máx. Glob. Observados Modelo de Rayleigh
Modelo de Weibull Modelo de Hermite
ir
()
irF
má x
IR
Figura 4-04. FCPs ajustadas a valores máximos globais de uma realização do IR(t).
4.7 Distribuição de Valores Extremos da Resposta de Curto Prazo
Como foi discutido no item anterior, cada realização do fator de utilização
)t(IR
tem um conjunto de valores máximos. O maior de todos estes valores máximos é
chamado de valor extremo. O valor extremo de cada realização é diferente e, portanto,
se constitui numa variável aleatória com uma distribuição de probabilidades própria. O
valor extremo de uma amostra de máximos de tamanho n é definido como:
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
88
[]
n
máx
2
máx
1
máxext
IR...,,IR,IRmáxIR = .
Eq. 4-42
Assumindo-se que os n valores coletados de
i
máx
IR são independentes e
identicamente distribuídos, a função cumulativa de valores extremos resulta pode ser
expressa como:
() ()
[]
n
IRIR
irFirF
máxext
=
Eq. 4-43
onde:
()
irF
ext
IR
é a FCP de valores extremos de
)t(IR
e
()
irF
máx
IR
é a FCP de valores máximos (distribuição parente).
A equação (4-43) é conhecida como Estatística de Ordem (vide por exemplo
ANG e TANG, 1984). Devido a que a amostra de máximos globais contem um único
valor entre dois cruzamentos ascendentes consecutivos, estas séries satisfazem ainda
mais do que as amostras com todos os máximos a condição de independência estatística
entre os valores observados.
As distribuições de probabilidades de valores extremos tendem a funções
assintóticas quando n tende para infinito. A forma da distribuição assintótica depende
basicamente do comportamento da extremidade direita (
tail
) da distribuição de valores
máximos. Esses modelos de valores extremos são classificados como do Tipo I, II e III
(vide BURY, 1975). Por exemplo, quando a distribuição de máximos é uma Weibull a
distribuição de extremos converge para uma função do Tipo I.
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
89
A forma assintótica do Tipo I, também conhecida como a distribuição de
Gumbel, é definida como:
()
()
[]
{}
+∞<<α=
irparauirexpexpirF
ggIR
ext
Eq. 4-44
onde:
g
u
é o parâmetro de locação e
g
α
é o parâmetro de escala da distribuição.
Os parâmetros da distribuição de Gumbel estão relacionados com os parâmetros
da distribuição de valores máximos do modelo de Weibull através das seguintes
expressões (BURY, 1975):
[]
w
1
)nln(uu
ww
wg
λ
α+=
Eq. 4-45
[]
w
1
w
)nln(
w
w
wg
λ
λ
α
λ
=α
Eq. 4-46
onde:
w
u
é o parâmetro de locação,
w
α
é o parâmetro de escala e
w
λ
é o parâmetro de forma da distribuição de Weibull ajustada a uma
amostra de n valores máximos.
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
90
Na Figura 4-05 são apresentadas as funções cumulativas de probabilidades de
valores extremos calculadas com a Estatística de Ordem e com o modelo de Gumbel,
partindo da distribuição parente de valores máximos de Weibull. As funções são
ajustadas para a amostra de valores máximos globais de 3-horas (n=3332) da realização
),,t(ir
zxXyY
rr
r
r
r
==
utilizada como exemplo no item 4.5. Como pode ser observado
nessa figura, as funções de probabilidades obtidas com ambas as formulações
apresentam uma diferença mínima. Este fato é devido a que na teoria da Estatística de
Ordem, para valores grandes do expoente n, a distribuição de valores extremos tende
para o modelo de Gumbel quando a função parente de valores máximos é do tipo
Weibull.
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
0.00 0.25 0.50 0.75 1.00
FCP de Máximos (parente)
FCP de Extremos - Estatística de Ordem
FCP de Extremos - Gumbel
()
irF
IR
i
r
Figura 4-05. Distribuições de valores extremos de uma realização do IR(t)
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
91
4.8 Distribuição de Valores Extremos da Resposta devida a Eventos Ambientais de
Tempestade
A distribuição de extremos apresentada anteriormente corresponde a um período
de curto prazo (3-h), ou seja, esta distribuição está condicionada a uma realização dos
parâmetros ambientais
yY
r
r
=
, a valores dos parâmetros estatísticos independentes do
tempo
xX
r
r
=
e aos valores determinísticos do modelo estrutural
z
r
.
Na análise de confiabilidade desenvolvida neste trabalho assume-se que a falha
dos tendões poderá ocorrer somente durante um evento ambiental de curto prazo com a
maior altura significativa de onda durante uma tempestade. Desta forma, torna-se
necessário estabelecer a distribuição de extremos do IR para um evento ambiental
extraordinário genérico qualquer que leve em conta a contribuição das tormentas
incluídas na análise. A função cumulativa de probabilidades desta distribuição,
condicionada a valores específicos das propriedades de resistência estrutural e das
variáveis que levam em conta incertezas nos modelos de análise,
i.e.
,
xX
r
r
=
é dada por:
() ()
====
===
yyyYzxXzxX
Y
yYzxXzxX
rrr
r
rr
r
rr
r
r
r
r
rr
r
rr
r
d)(f,,irF,irF
cp
,,IR,IR
extext
Eq. 4-47
onde
(
)
yYzxX
yYzxX
r
r
rr
r
r
r
rr
r
==
==
,,irF
cp
,,IR
ext
é a distribuição de valores extremos da resposta
de curto prazo para cada estado de mar
yY
r
r
=
, determinada com os procedimentos
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
92
indicados no item anterior, e
(
)
y
Y
r
r
f
é a FDP conjunta dos parâmetros ambientais de
furacões.
Se considerarmos que os furacões ou tormentas de inverno constituem um
conjunto de eventos independentes entre si e o número de ocorrências ao longo do
tempo segue uma distribuição de Poisson (Eq. 4-14), a FCP e a FDP de valores
extremos da resposta para um período de tempo TA podem ser avaliadas através das
seguintes expressões (GUENARD, 1984):
() ()
=υ==
==
zxXzxX
zxXzxX
rr
r
rr
r
rr
r
rr
r
,irF0.1TAexp,irF
,IR
F
)TA(
,IR
extext
Eq. 4-48
()
() ()
zxXzxX
zxX
zxXzxX
zxX
rr
r
rr
r
rr
r
rr
r
rr
r
rr
r
,irf,irF
TA,irf
,IR
)TA(
,IR
F
)TA(
,IR
extext
ext
==
υ==
==
=
Eq. 4-49
onde
F
υ é a taxa média de ocorrência dos eventos ambientais extraordinários. O tempo
de análise TA pode ser escolhido como sendo igual a 1 ano, a 100 anos ou à vida útil da
plataforma, entre outros. Geralmente, a análise de confiabilidade das estruturas
offshore
é feita para um período de tempo de 1 ano (DNV, 1992).
Capítulo 4
Análise Estatística de Valores Máximos e de Extremos da Resposta dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
93
4.9 Comentários
Neste capítulo foram apresentadas as metodologias para o ajuste de funções de
probabilidades à distribuição de valores máximos e de extremos do fator de utilização
dos tendões levando em conta escalas de curto prazo e a ocorrência de eventos
ambientais de tempestade durante um tempo de referência TA.
Devido à natureza não-Gaussiana da resposta dos tendões, o modelo de Weibull
é escolhido para representar a distribuição de probabilidades dos valores máximos. A
distribuição de Weibull é freqüentemente utilizada na análise de valores extremos por
ser um modelo simples e com capacidade de ajustar-se à maioria das distribuições
probabilísticas dos parâmetros de resposta das estruturas
offshore
. Os valores extremos
de curto prazo do IR são modelados através da distribuição assintótica do Tipo I
(Gumbel).
A distribuição de valores extremos do IR para um evento ambiental
extraordinário qualquer é determinada através da integração das contribuições das
funções de curto prazo. A distribuição de extremos de IR para um período de tempo
mais longo TA é calculada considerando que as tormentas constituem um conjunto de
eventos discretos com ocorrências independentes entre si e seguindo uma distribuição
de Poisson.
Capítulo 5
Análise de Confiabilidade Estrutural dos
Tendões
5.1 Introdução
Os procedimentos tradicionais de projeto utilizam informações determinísticas
da estrutura, tanto no que se refere às propriedades dos materiais quanto aos
carregamentos atuantes. Porém, as flutuações das cargas, a variabilidade das
propriedades dos materiais e as incertezas associadas aos modelos analíticos contribuem
para a probabilidade de que o comportamento real da estrutura não seja o esperado. Esta
probabilidade é definida como probabilidade de falha e pode ser avaliada usando
metodologias para a análise de confiabilidade estrutural como o FORM (do inglês First
Order Reliability Method), o SORM (do inglês Second Order Reliability Method) e o
método de simulação numérica Monte Carlo (Vide por exemplo SAGRILO, 1994). A
confiabilidade estrutural é uma ferramenta que permite considerar as incertezas nas
variáveis de projeto através das suas distribuições de probabilidades e assim obter, entre
outros resultados, a probabilidade de falha da estrutura, constituindo-se numa
informação fundamental na tomada de decisões.
Um dos passos mais importantes dentro do processo de calibração do critério de
projeto dos tendões é a análise de confiabilidade dos mesmos. A análise de
confiabilidade é feita para o ELU de qualquer seção de interesse dos tendões levando
em conta a interação dinâmica dos efeitos das cargas e as propriedades relacionadas à
resistência estrutural, através do fator de utilização IR(t), assim quanto a estatística de
extremos da resposta.
Capítulo 5
Análise de Confiabilidade Estrutural dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
95
Neste capítulo, inicialmente são descritos os conceitos básicos da análise de
confiabilidade dependente e independente do tempo e é estabelecida a formulação para
o cálculo da probabilidade de falha dos tendões considerando a ocorrência de eventos
ambientais extraordinários. Depois, é apresentada a expressão do fator de utilização do
tendão incluindo as variáveis aleatórias básicas relacionadas à resistência estrutural e
aos parâmetros de modelagem. Finalmente, é descrita a metodologia para a análise da
confiabilidade dos tendões levando em conta as variáveis randômicas associadas ao
problema.
5.2 Probabilidade de Falha Dependente e Independente do Tempo
Devido ao fato de que o fator de utilização do tendão
(
)
zXY
r
rr
,,tIR apresenta
variação ao longo do tempo e o estado limite último do elemento estrutural é atingido
quando
(
)
0.1,,tIR zXY
r
rr
, a seguinte margem de segurança pode ser estabelecida:
()
()
zxXyY
rr
r
r
r
,,tIR0.1tS === .
Eq. 5-01
O tempo no qual
()
tS assume um valor negativo pela primeira vez é chamado de
“tempo para a falha” e constitui uma variável aleatória. A probabilidade de ocorrência
de
()
0tS
durante um tempo de análise TA é chamada de “probabilidade da primeira
passagem” e pode ser considerada como a probabilidade de falha do elemento
estrutural.
Capítulo 5
Análise de Confiabilidade Estrutural dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
96
Para o caso de passagens raras e independentes, seguindo uma distribuição de
Poisson, a probabilidade da primeira ocorrência pode ser obtida como (MELCHERS,
2002):
() ()
[]
TA
e0pf0.10.1TApf
ϑ
=
Eq. 5-02
onde:
()
0pf
é a probabilidade de falha no tempo inicial da análise, t=0, e
ϑ
é a taxa média de cruzamentos da margem de segurança.
Para valores pequenos de
TA
ϑ
e
(
)
TA0pf
ϑ
<
< , a expressão (5-02) pode ser
reduzida para
()
TATApf ϑ .
Eq. 5-03
Uma outra alternativa para o cálculo da probabilidade de falha do tendão é
avaliar a probabilidade de que o valor máximo extremo do
(
)
zXY
r
r
r
,,tIR , durante o
período TAt0 , seja igual ou maior do que 1.0:
()
[]
0.1,IRPrpf
)TA(
ext
===
zxXyY
rr
r
r
r
Eq. 5-04
Capítulo 5
Análise de Confiabilidade Estrutural dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
97
onde o valor
(
)
zxXyY
r
r
r
r
r
,IR
)TA(
ext
== pode ser obtido diretamente da função de
probabilidades ajustada aos valores extremos do fator de utilização do tendão. O
procedimento para ajustar uma distribuição de valores extremos ao IR do tendão é
apresentado detalhadamente no Capítulo 4 deste trabalho.
O critério estabelecido na equação (5-04) elimina indiretamente a dependência
do tempo da análise de confiabilidade e constitui uma das metodologias utilizadas com
freqüência na análise de estruturas
offshore
(MELCHERS, 2002). Esse método,
chamado de aproximação “integrada no tempo”, permite incluir na análise de
confiabilidade a resposta extrema da estrutura considerando um conjunto de tormentas
observadas no passado. A metodologia integrada no tempo, descrita nos seguintes itens,
será utilizada neste trabalho para efetuar a análise de confiabilidade dos tendões.
5.3 Probabilidade de Falha numa Condição Ambiental de Tempestade
A probabilidade de uma seção transversal de um tendão falhar numa condição
ambiental extraordinária dentro de um intervalo longo de tempo TA, condicionada a um
conjunto de valores específicos
z
r
das propriedades estruturais e das variáveis
xX
r
r
=
independentes do tempo associadas às incertezas de modelagem de análise, pode ser
calculada como:
()
()
zxXx
zxX
rr
r
r
rr
r
,0.1irF0.1pf
)TA(
,IR
ext
===
=
Eq. 5-05
Capítulo 5
Análise de Confiabilidade Estrutural dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
98
onde
(
)
zxX
zxX
r
v
r
r
v
r
,0.1irF
)TA(
,IR
ext
==
=
é a FCP do fator de utilização extremo do tendão
avaliada no valor do IR que indica a falha do elemento estrutural, ou seja, em ir=1.0.
Estes conceitos são apresentados esquematicamente na Figura 5-01.
0
10
20
30
40
0.70 0.80 0.90 1.00 1.10
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
(
)
zxX
zxX
r
r
r
rr
r
,0.1irF
,ext
IR
==
=
(
)
zxXx
zxX
r
r
r
v
rr
r
,0.1irF1)(pf
,ext
IR
===
=
()
irf
ext
IR
()
irF
ext
IR
i
r
)(pf x
r
Figura 5-01. Probabilidade de falha do tendão condicionada a
xX
r
r
=
.
A probabilidade de falha do tendão incluindo as incertezas das variáveis
aleatórias
X
r
é então dada por
() ()
=
X
X
xxx
r
r
rrr
dfpfpf
Eq. 5-06
onde:
()
x
X
r
r
f
é a FDP conjunta das variáveis X
v
.
Capítulo 5
Análise de Confiabilidade Estrutural dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
99
Geralmente, o cálculo da expressão (5-06) é efetuado através de métodos para
análise de confiabilidade como o FORM e o Monte Carlo.
No método de simulação numérica Monte Carlo é necessário gerar NS vetores
de variáveis aleatórias X
v
, seguindo a função
(
)
x
X
r
r
f
, e para cada conjunto xX
r
v
= é
calculada a probabilidade de falha
(
)
x
r
pf
utilizando-se a equação (5-05). Então, a
probabilidade de falha total do tendão é obtida como:
()
=
=
NS
1i
i
pf
NS
1
pf x
r
.
Eq. 5-07
Devido à grande quantidade de trabalho computacional necessário para obter
cada valor de
()
x
r
pf , WEN e CHEN (1987) propuseram avaliar a expressão (5-06)
através do método FORM utilizando a seguinte função de estado limite:
() ()
[]
{}
UU
rr
11
1n1n
TpfUU,g
++
Φ=
Eq. 5-08
onde:
(
)
XU
r
r
T=
é o vetor de variáveis normais padrão equivalentes obtidas
da aplicação da transformação T(.) às variáveis básicas
X
r
,
1n
U
+
é uma variável auxiliar normal padrão e
(.)
Φ
é a FCP normal padrão.
Capítulo 5
Análise de Confiabilidade Estrutural dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
100
O método de confiabilidade de primeira ordem FORM, aplicado para a margem
de segurança definida na equação (5-08), é utilizado no estabelecimento do critério de
projeto para avaliar a probabilidade de falha dos tendões. O método FORM é descrito
no Apêndice A deste trabalho.
5.4 Fator de Utilização dos Tendões para Análise de Confiabilidade
O cálculo da probabilidade de falha
(
)
x
r
pf para cada conjunto de variáveis
aleatórias
xX
r
v
= independentes do tempo é baseada na determinação da FCP de valores
extremos do fator de utilização do tendão,
(
)
zxX
zxX
r
r
r
rr
r
,irF
)TA(
,IR
ext
=
=
. Como foi comentado
no Capítulo 4, esta distribuição é obtida a partir da combinação das FCPs de valores
extremos ajustadas aos valores observados do fator de utilização de curto prazo,
),,t(IR zXY
r
rr
, correspondente a cada evento ambiental extraordinário.
O fator de utilização dos tendões que será usado na análise de confiabilidade é
expresso como (vide item 3.3):
() ()
CB
B
p
p
F
tf
F
tf
),,t(IR +
+=
κ
Τ
Τ
zXY
r
rr
,
Eq. 5-09
com
Capítulo 5
Análise de Confiabilidade Estrutural dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
101
()
(
)
() ()
D
t
X2p,
1
D
t
E
2p,
t
D
31ppp
pp4p
2
1
p
2
1
Xp
hp
t
D
023.02
t
D
006.0
D
t
14
XXF
XXF
tfXfXtf
tfXfXtf
0
Fyo
2
3
0
el
0
0
elooel
elo
2
oeloelIRC
vsam
0
0
0
FyIRB
FyIRT
CA,BCACE,BCEB
CA,CACE,CE
p
B
=
ν
=
δ
++=
=
γ=
+=κ
π
+
=
=
+=
+
=
Τ
ΤΤΤ
Eq. 5-10
onde:
()
tf
Τ
é a tensão dinâmica na seção transversal do tendão devida à força
de tração,
CE,
f
Τ
é a tensão de tração devida às ações estáticas,
()
tf
CA,Τ
é a tensão devida à tração dinâmica por efeito das ações ambientais,
()
tf
B
é a tensão dinâmica na seção transversal do tendão devida ao
momento fletor,
Capítulo 5
Análise de Confiabilidade Estrutural dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
102
CE,B
f
é a tensão devida ao momento fletor por efeito das ações estáticas,
()
tf
CA,B
é a tensão devida ao momento fletor dinâmico por efeito das ações
ambientais,
Τ
F
é a tensão axial resistente do tendão,
B
F
é a tensão resistente à flexão,
p
é a pressão hidrostática externa na seção que está sendo verificada,
C
p
é a resistência ao colapso hidrostático do tendão,
CE
X
é a variável aleatória para levar em conta a incerteza de modelagem
dos esforços devidos aos carregamentos estáticos,
CA
X
é a variável aleatória para levar em conta a incerteza de modelagem
dos esforços devidos aos carregamentos ambientais,
Τ
IR
X
é a variável aleatória para levar em conta a incerteza da parcela da
resistência axial do tendão prevista pelo modelo numérico do IR,
B
IR
X
é a variável aleatória para levar em conta a incerteza da parcela da
resistência à flexão do tendão prevista pelo modelo numérico do IR,
p
IR
X
é a variável aleatória para levar em conta a incerteza da parcela da
resistência do tendão ao colapso hidrostático prevista pelo modelo
numérico do IR e
Fy
X
é a variável aleatória para levar em conta a incerteza da tensão de
escoamento (Fy) do material do tendão.
Todas as outras variáveis seguem a mesma definição apresentada no item 3.3.
Nos carregamentos do tipo estático é incluída a pré-tração inicial dos tendões e a
variação nos esforços devida aos efeitos quasi-estáticos descritos no item 3.2.1. Nos
efeitos quasi-estáticos são considerados a variação da maré, a pressão hidrostática no
topo do tendão, a locação do C.G. da plataforma fora do seu centro geométrico e o erro
Capítulo 5
Análise de Confiabilidade Estrutural dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
103
no posicionamento da fundação. Nas cargas ambientais são incluídos os efeitos das
ondas, do vento e da corrente, com os seus parâmetros definidos no vetor
Y
r
. Devido ao
fato de que na análise estrutural da TLP são incluídas as forças de onda tanto de
primeira quando de segunda ordem (
slow drift
e
springing
), a variável aleatória
CA
X
deve levar em conta a incerteza no cálculo destes efeitos.
É importante salientar que o expoente
κ
foi considerado neste trabalho como
sendo um valor constante e não variável no tempo como na formulação original descrita
no Capítulo 3. Esta simplificação foi feita devido ao fato de que no caso dos tendões de
uma TLP, as tensões de tração são dominantes e de uma ordem de grandeza muito
maior do que as tensões de flexão, para o qual
(
)
a
t
κ
κ
. Na Figura 5-02 é mostrada
uma comparação entre a variação temporal do expoente
)t(
κ
=
κ
e
a
κ=
κ
, calculados
para a seção na base do tendão mais carregado do modelo da TLP em 1000 m sob as
condições ambientais do furacão Roxanne no Golfo do México (vide Capítulo 7).
2.00
2.25
2.50
2.75
3.00
1000 1250 1500 1750 2000
tempo (t)
a
κ
=
κ
(
)
t
κ
=
κ
(s)t
2.00
2.25
2.50
2.75
3.00
1000 1250 1500 1750 2000
tempo (t)
a
κ
=
κ
(
)
t
κ
=
κ
(s)t
Figura 5-02. Variação temporal do expoente
κ
do ),,t(IR
zXY
r
r
r
.
Capítulo 5
Análise de Confiabilidade Estrutural dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
104
Como pode ser visto nas expressões (5-09) e (5-10), o fator de utilização do
tendão depende dos vetores
X
r
,
Y
r
e
z
r
. O vetor
X
r
é formado pelo conjunto de
variáveis aleatórias independentes do tempo utilizadas para se incluir a incerteza dos
efeitos das cargas, da resistência estrutural e dos modelos de análise, como foi descrito
nas equações (5-10). Assim, o vetor de variáveis aleatórias
X
r
é definido como:
{}
T
FyIRIRIRCECA
X,X,X,X,X,X
pBT
=X
r
Eq. 5-11
O vetor
Y
r
contém os parâmetros ambientais que definem cada estado de mar
extraordinário incluído na análise da TLP. A composição do vetor de parâmetros
ambientais é descrita no Capítulo 2 (item 2.4). E o vetor
z
r
contém todos os demais
parâmetros determinísticos utilizados na análise, como por exemplo as propriedades
geométricas dos tendões, as propriedades de resistência consideradas como não
aleatórias e as características d’água de mar. Os valores de todos estes parâmetros
considerados na análise de confiabilidade são estabelecidos no Capítulo 7.
5.5 Metodologia para Análise de Confiabilidade baseada na Estatística de
Extremos da Resposta dos Tendões em Condições de Tempestade
Nesta seção é apresentado um resumo da metodologia desenvolvida neste
trabalho para a análise de confiabilidade dos tendões de uma TLP baseada na sua
resposta extrema em eventos ambientais extraordinários. Todas as formulações
Capítulo 5
Análise de Confiabilidade Estrutural dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
105
utilizadas na metodologia já foram descritas detalhadamente nos capítulos precedentes,
pelo qual nos seguintes parágrafos são somente referenciadas.
A metodologia para a análise de confiabilidade dos tendões consta das seguintes
etapas:
a)
Definição dos dados para a análise:
a.1) Modelo estrutural da TLP (parâmetros do vetor
z
r
).
a.2) Período de tempo para análise (TA).
a.3) Número de tormentas (NF) que serão incluídas na análise da resposta
extrema.
a.4) Vetor
Y
r
com os parâmetros ambientais de cada tormenta de curto prazo.
a.5) Descrição probabilística das variáveis aleatórias
X
r
.
b)
Para cada evento ambiental de curto prazo,
b.1) Efetua-se a análise estrutural dinâmica da TLP acoplada com seu sistema de
ancoragem e os risers (vide Capítulo 2).
b.2) Calcula-se as variações na força de tração nos tendões devidas aos efeitos
quasi-estáticos ( vide item 3.2.1).
c)
Cálculo da probabilidade de falha do tendão pf (Eq. 5-06) utilizando o
procedimento descrito a seguir.
c.1) Para cada conjunto de variáveis aleatórias
xX
r
r
=
:
c.1.1) Para cada evento ambiental de curto prazo
yY
r
r
=
:
Capítulo 5
Análise de Confiabilidade Estrutural dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
106
c.1.1.1) Determina-se a realização do fator de utilização dinâmico
),,t(IR
zxXyY
r
r
r
r
r
==
(Eq. 5-09) condicionado aos parâmetros
z
r
do modelo estrutural.
c.1.1.2) Ajustam-se as distribuições de probabilidades de valores
máximos
(
)
yYzxX
yYzxX
r
r
r
r
r
r
r
rr
r
==
==
,,irF
cp
,,IR
máx
e de valores
extremos
(
)
yYzxX
yYzxX
r
r
r
r
r
r
r
rr
r
==
==
,,irF
cp
,,IR
ext
aos valores
observados do fator de utilização de curto prazo. O modelo de
Weibull (Eq. 4-31) para a distribuição de valores máximos e o
modelo de Gumbel (Eq. 4-44) para valores extremos são
utilizados para esta finalidade (vide itens 4.6 e 4.7).
c.1.2) Através das funções de probabilidades de curto prazo, determinam-se
as distribuições de valores extremos característica de tempestades do
fator de utilização
(
)
zxX
zxX
r
r
r
rr
r
,irF
,IR
ext
=
=
e
(
)
zxX
zxX
r
r
r
rr
r
,irF
)TA(
,IR
ext
=
=
,
incluindo o tempo de análise TA (vide item 4.8). A primeira FCP é
obtida com (Eq. 4-47) e a segunda com (Eq. 4-48).
c.1.3) Calcula-se a probabilidade de falha
(
)
x
r
pf através da equação (5-05).
c.2) Avaliação da probabilidade de falha total do tendão, pf. A probabilidade de
falha pode ser avaliada através do método de Monte Carlo, utilizando a
expressão (Eq. 5-07), ou através do método FORM com a função de estado
limite (Eq. 5-08). Devido ao menor esforço computacional oferecida pela
segunda alternativa de cálculo, no Capítulo 7 é utilizado o método FORM
para a análise de confiabilidade dos tendões.
A metodologia para o a análise de confiabilidade estrutural dos tendões é
mostrada esquematicamente na Figura 5-03.
Capítulo 5
Análise de Confiabilidade Estrutural dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
107
Realizações do IR de Curto Prazo
Realizações
do Estado de Mar
0 50 100 150 200 250
-15
-10
-5
0
5
10
15
t (sec)
η(t)
0 50 100 150 200 250
-15
-10
-5
0
5
10
15
t (sec)
η
(t)
0 50 100 150 200 250
-10
-5
0
5
10
15
t (sec)
η
(t)
Nível Médio do Ma r
X
Z
Nível Médio do Ma r
X
Z
0
1
Tempo (s)
IR(t)
0
1
Tempo (s)
IR(t)
0
1
Tempo (s)
IR(t)
Realizações
do IR(t)
Estabelecimento dos Dados da Análise
•Modelo Estrutural da TLP (vetor )
•Estados de Mar de Curto Prazo (vetores )
•Descrição Probabilística das Variáveis
Aleatórias
z
r
Y
r
X
r
Para uma Tormenta Qualquer
Para um Tempo de Análise TA
Distribuição de Extremos do IR em Condições
de Tormenta
() ()
====
===
yyyYzxXzxX
Y
yYzxXzxX
rrr
r
rr
r
rr
r
r
r
r
rr
r
rr
r
d)(f,,irF,irF
cp
,,IR,IR
extext
() ()
=υ==
==
zxXzxX
zxXzxX
rr
r
rr
r
rr
r
rr
r
,irF0.1TAexp,irF
lp
,IR
F
)TA(
,IR
extext
Distribuições de Extremos do IR de Curto Prazo
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
0.00 0.25 0.50 0.75 1.00
mi
ir
()
irF
IR
()
zxX
zxX
rr
r
rr
r
,irF
cp
,IR
=
=
()
zxX
zxX
rr
r
rr
r
,irF
cp
,IR
máx
=
=
()
zxX
zxX
rr
r
rr
r
,irF
cp
,IR
ext
=
=
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
0.00 0.25 0.50 0.75 1.00
mi
ir
()
irF
IR
()
zxX
zxX
rr
r
rr
r
,irF
cp
,IR
=
=
()
zxX
zxX
rr
r
rr
r
,irF
cp
,IR
máx
=
=
()
zxX
zxX
rr
r
rr
r
,irF
cp
,IR
ext
=
=
Probabilidade de Falha Total
() ()
=
X
X
xxx
r
r
rrr
dfpfpf
Probabilidade de Falha Condicionada a
X
r
0
10
20
30
40
0.70 0.80 0.90 1.00 1.10
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
(
)
zxX
zxX
r
r
r
rr
r
,0.1irF
,ext
IR
==
=
(
)
zxXx
zxX
r
r
r
v
rr
r
,0.1irF1)(pf
,ext
IR
===
=
()
irf
ext
IR
()
irF
ext
IR
ir
)(pf x
r
Realizações do IR de Curto Prazo
Realizações
do Estado de Mar
0 50 100 150 200 250
-15
-10
-5
0
5
10
15
t (sec)
η(t)
0 50 100 150 200 250
-15
-10
-5
0
5
10
15
t (sec)
η
(t)
0 50 100 150 200 250
-10
-5
0
5
10
15
t (sec)
η
(t)
Nível Médio do Ma r
X
Z
Nível Médio do Ma r
X
Z
0
1
Tempo (s)
IR(t)
0
1
Tempo (s)
IR(t)
0
1
Tempo (s)
IR(t)
Realizações
do IR(t)
Realizações do IR de Curto Prazo
Realizações
do Estado de Mar
0 50 100 150 200 250
-15
-10
-5
0
5
10
15
t (sec)
η(t)
0 50 100 150 200 250
-15
-10
-5
0
5
10
15
t (sec)
η
(t)
0 50 100 150 200 250
-10
-5
0
5
10
15
t (sec)
η
(t)
0 50 100 150 200 250
-15
-10
-5
0
5
10
15
t (sec)
η(t)
0 50 100 150 200 250
-15
-10
-5
0
5
10
15
t (sec)
η
(t)
0 50 100 150 200 250
-10
-5
0
5
10
15
t (sec)
η
(t)
Nível Médio do Ma r
X
Z
Nível Médio do Ma r
X
Z
0
1
Tempo (s)
IR(t)
0
1
Tempo (s)
IR(t)
0
1
Tempo (s)
IR(t)
0
1
Tempo (s)
IR(t)
0
1
Tempo (s)
IR(t)
0
1
Tempo (s)
IR(t)
Realizações
do IR(t)
Estabelecimento dos Dados da Análise
•Modelo Estrutural da TLP (vetor )
•Estados de Mar de Curto Prazo (vetores )
•Descrição Probabilística das Variáveis
Aleatórias
z
r
Y
r
X
r
Estabelecimento dos Dados da Análise
•Modelo Estrutural da TLP (vetor )
•Estados de Mar de Curto Prazo (vetores )
•Descrição Probabilística das Variáveis
Aleatórias
z
r
Y
r
X
r
Para uma Tormenta Qualquer
Para um Tempo de Análise TA
Distribuição de Extremos do IR em Condições
de Tormenta
() ()
====
===
yyyYzxXzxX
Y
yYzxXzxX
rrr
r
rr
r
rr
r
r
r
r
rr
r
rr
r
d)(f,,irF,irF
cp
,,IR,IR
extext
() ()
=υ==
==
zxXzxX
zxXzxX
rr
r
rr
r
rr
r
rr
r
,irF0.1TAexp,irF
lp
,IR
F
)TA(
,IR
extext
Para uma Tormenta Qualquer
Para um Tempo de Análise TA
Distribuição de Extremos do IR em Condições
de Tormenta
() ()
====
===
yyyYzxXzxX
Y
yYzxXzxX
rrr
r
rr
r
rr
r
r
r
r
rr
r
rr
r
d)(f,,irF,irF
cp
,,IR,IR
extext
() ()
=υ==
==
zxXzxX
zxXzxX
rr
r
rr
r
rr
r
rr
r
,irF0.1TAexp,irF
lp
,IR
F
)TA(
,IR
extext
Distribuições de Extremos do IR de Curto Prazo
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
0.00 0.25 0.50 0.75 1.00
mi
ir
()
irF
IR
()
zxX
zxX
rr
r
rr
r
,irF
cp
,IR
=
=
()
zxX
zxX
rr
r
rr
r
,irF
cp
,IR
máx
=
=
()
zxX
zxX
rr
r
rr
r
,irF
cp
,IR
ext
=
=
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
0.00 0.25 0.50 0.75 1.00
mi
ir
()
irF
IR
()
zxX
zxX
rr
r
rr
r
,irF
cp
,IR
=
=
()
zxX
zxX
rr
r
rr
r
,irF
cp
,IR
máx
=
=
()
zxX
zxX
rr
r
rr
r
,irF
cp
,IR
ext
=
=
Distribuições de Extremos do IR de Curto Prazo
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
0.00 0.25 0.50 0.75 1.00
mi
ir
()
irF
IR
()
zxX
zxX
rr
r
rr
r
,irF
cp
,IR
=
=
()
zxX
zxX
rr
r
rr
r
,irF
cp
,IR
máx
=
=
()
zxX
zxX
rr
r
rr
r
,irF
cp
,IR
ext
=
=
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
0.00 0.25 0.50 0.75 1.00
mi
ir
()
irF
IR
()
zxX
zxX
rr
r
rr
r
,irF
cp
,IR
=
=
()
zxX
zxX
rr
r
rr
r
,irF
cp
,IR
máx
=
=
()
zxX
zxX
rr
r
rr
r
,irF
cp
,IR
ext
=
=
Probabilidade de Falha Total
() ()
=
X
X
xxx
r
r
rrr
dfpfpf
Probabilidade de Falha Total
() ()
=
X
X
xxx
r
r
rrr
dfpfpf
Probabilidade de Falha Condicionada a
X
r
0
10
20
30
40
0.70 0.80 0.90 1.00 1.10
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
(
)
zxX
zxX
r
r
r
rr
r
,0.1irF
,ext
IR
==
=
(
)
zxXx
zxX
r
r
r
v
rr
r
,0.1irF1)(pf
,ext
IR
===
=
()
irf
ext
IR
()
irF
ext
IR
ir
)(pf x
r
Probabilidade de Falha Condicionada a
X
r
0
10
20
30
40
0.70 0.80 0.90 1.00 1.10
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
(
)
zxX
zxX
r
r
r
rr
r
,0.1irF
,ext
IR
==
=
(
)
zxXx
zxX
r
r
r
v
rr
r
,0.1irF1)(pf
,ext
IR
===
=
()
irf
ext
IR
()
irF
ext
IR
ir
)(pf x
r
Figura 5-03. Metodologia para a análise de confiabilidade dos tendões.
Capítulo 5
Análise de Confiabilidade Estrutural dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
108
5.6 Comentários
Neste capítulo foi apresentada uma metodologia para a análise de confiabilidade
dos tendões de uma TLP baseada na estatística da sua resposta em eventos ambientais
extraordinários (furacões ou tormentas de inverno). A resposta do elemento estrutural é
caracterizada através de um fator de utilização que leva em conta a interação dinâmica
entre os efeitos das cargas e as resistências. A análise de confiabilidade é aplicada ao
ELU da seção de interesse do tendão. É utilizada uma análise “integrada no tempo”
onde a probabilidade de falha do elemento estrutural, condicionada a um conjunto de
valores das variáveis aleatórias, é obtida através da função cumulativa de probabilidades
de valores extremos do fator de utilização. Para o cálculo de cada valor da probabilidade
de falha condicionada é necessário avaliar para cada estado de mar de curto prazo o
fator de utilização dinâmico do tendão e ajustar FCPs de valores extremos aos dados
observados. Devido ao alto esforço computacional envolvido na avaliação da
probabilidade de falha total, a análise de confiabilidade dos tendões será efetuada
utilizando o método FORM.
Capítulo 6
Calibração do Critério LRFD para Projeto
dos Tendões
6.1 Introdução
O projeto das estruturas marítimas convencionais geralmente segue regras,
recomendações ou códigos que têm evoluído através do tempo e refletem tanto os
projetos bem sucedidos quanto as falhas das estruturas (BHATTACHARYA et al.,
1999). Tais metodologias são difíceis de se aplicar no caso de conceitos estruturais
novos, com poucos projetos e pouca experiência operacional, como é o caso das TLPs.
Nestas situações, os procedimentos baseados em confiabilidade constituem ferramentas
valiosas para o projeto já que permitem um tratamento sistemático das incertezas e o
estabelecimento das margens de segurança requeridas pela indústria.
Como foi revisto no Capítulo 3, na atualidade existem duas filosofias para o
projeto estrutural: o critério WSD e o critério LRFD. A metodologia LRFD gera
projetos com uma confiabilidade mais homogênea através do uso de vários fatores
parciais de segurança tanto para os carregamentos quanto para a resistência.
Geralmente, os fatores parciais são utilizados para majorar as cargas ou os efeitos das
cargas e para diminuir as resistências nominais dos elementos estruturais. Esses fatores
parciais refletem a incerteza das variáveis e são calibrados através da análise de
confiabilidade para atingir o nível de segurança estrutural desejado. Neste trabalho, foi
adotado o formato LRFD para o desenvolvimento do critério de projeto do sistema de
ancoragem (tendões) das TLPs baseado na sua resposta extrema em condições de
tempestade.
Capítulo 6
Calibração do Critério LRFD para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
110
O capítulo começa com a descrição do procedimento padrão utilizado para
calibrar um critério de projeto baseado em confiabilidade. Depois, são estabelecidos a
abrangência de aplicação do critério, o formato da equação de verificação e a
probabilidade de falha alvo. Finalmente, é apresentada uma metodologia baseada em
estratégias evolutivas para a calibração numérica dos fatores parciais de segurança. A
aplicação desta metodologia e os resultados obtidos são discutidos no Capítulo 7.
6.2 Metodologia para Calibração do Critério de Projeto
Atualmente existe uma metodologia bem fundamentada para efetuar a calibração
de critérios de projeto do tipo LRFD baseados em confiabilidade (MELCHERS, 2002).
Os primeiros procedimentos e aplicações foram desenvolvidos por ALLEN (1975),
CIRIA (1977), RAVINDRA e GALAMBOS (1978) e ELLINGWOOD (1980). As
principais etapas utilizadas neste trabalho são as seguintes:
a) Definição do Escopo
No escopo é delimitada a aplicabilidade do critério de projeto. Assim, é
definido o tipo de estrutura, os materiais, o estado limite para verificação, os
carregamentos considerados e o tempo de análise, entre outros. O escopo do
critério de projeto desenvolvido neste trabalho é descrito no item 6.3.
b) Seleção e Dimensionamento do Conjunto de Casos para o Processo de
Calibração
Dentro do universo de aplicação do critério de projeto são escolhidas várias
estruturas e para cada uma delas vários elementos estruturais para efetuar a
Capítulo 6
Calibração do Critério LRFD para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
111
calibração do novo critério. Nesta etapa, os elementos estruturais
selecionados são dimensionados de acordo com recomendações de projeto
existentes aceitas pela indústria. Os casos selecionados para calibração a
serem utilizados neste trabalho são descritos no item 6.4.
c) Estabelecimento da Confiabilidade Alvo
Para efetuar a calibração do critério de projeto é necessário o estabelecimento
do nível de segurança aceitável do elemento estrutural. A confiabilidade alvo
é expressa geralmente através de uma probabilidade de falha ou seu índice de
confiabilidade associado. A probabilidade de falha alvo utilizada neste
trabalho para calibrar o critério de projeto dos tendões é definida no item 6.5.
d) Análise de Confiabilidade
A análise de confiabilidade é feita para redimensionar os elementos
estruturais dos casos selecionados para calibração de tal forma que atendam a
probabilidade de falha alvo. Nesta etapa é definido o estado limite e a
caracterização probabilística das variáveis aleatórias envolvidas na análise. A
metodologia para efetuar a análise de confiabilidade dos tendões de uma TLP
baseada na estatística da sua resposta é descrita no Capítulo 5.
e) Formato do Critério de Projeto
A essência do novo critério de projeto é expressa pela equação para verificar
o elemento estrutural. No formato do critério devem ser indicados os fatores
parciais de segurança, γ
r
, tanto para majorar as cargas quanto para reduzir as
resistências estruturais. Junto com a equação de verificação são estabelecidos
os valores característicos dos materiais, os carregamentos e os tipos de
análises que devem ser executados. O formato do critério para o
Capítulo 6
Calibração do Critério LRFD para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
112
dimensionamento dos tendões de uma TLP proposto neste trabalho é descrito
no item 6.6.
f) Calibração dos Fatores Parciais de Segurança
Os elementos estruturais redimensionados para atender a confiabilidade alvo
são utilizados dentro de um processo iterativo de variação dos fatores parciais
de segurança até se obter os valores que minimizem o erro no critério de
projeto estabelecido na etapa (e). Neste trabalho é utilizado um método
numérico baseado no algoritmo básico das Estratégias Evolutivas para
calibrar os fatores parciais de segurança (vide item 6.7).
Na Figura 6-01 é mostrado esquematicamente o processo para a calibração dos
fatores parciais de segurança utilizado neste trabalho.
6.3 Escopo do Critério de Projeto
O critério de projeto estabelecido no item 6.5 é aplicável para qualquer seção de
qualquer tendão do sistema de ancoragem de uma plataforma de pernas atirantadas do
tipo TLP na sua condição intacta, i.e., sem nenhum tendão faltando. O material do
elemento estrutural é aço. A fórmula de verificação corresponde ao valor esperado do
fator de utilização extremo baseado na estatística dos eventos ambientais de tempestade
para o Estado Limite Último (ELU) da seção. O fator de utilização do tendão leva em
conta a interação dinâmica da força axial de tração, do momento de flexão e da pressão
hidrostática externa. Os fatores parciais de segurança são calibrados (vide Capítulo 7)
para a resposta extrema dos tendões durante um período de tempo de 100 anos.
Capítulo 6
Calibração do Critério LRFD para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
113
Conjunto de Casos para Calibração
Formato do Critério de Projeto
Definição do Escopo do Critério
•Tipo de Estrutura
•Materiais
•Cargas
•Estado Limite, …
Confiabilidade Alvo
Análise de Confiabilidade
Calibração de Fatores Parciais de Segurança
•Escolha de ntlp plataformas e ns Elementos
de Cada Plataforma como Representativos
•Dimensionamento com Código Existente
•Estabelecimento da Probabilidade de Falha
Alvo (Pf
alvo
)
•Formulação do Estado Limite
•Caracterização Probabilística de Variáveis
Aleatórias
•Redimensionamento dos ntlpxns Casos de
Calibração para atender a Pf
alvo
[]
0.1IRE
)TA(
ext
()
()
()
C
p
B
B
F
p
p
)(
F
tf
F
tf
),t(IR γ+
+γ=
κ
Τ
Τ
κ
zY
r
r
() ()
() ()
tfftf
tfftf
CA,BCACE,BCEB
CA,CACE,CE
γ+γ=
γ+γ=
ΤΤΤ
Equação de Verificação do IR
IR de Curto Prazo
γ
r
Fatores Parciais de Segurança
[]
()
=
∑∑
==
ntlp
1i
ns
1j
ij
2
ij
)TA(
ext
WIRE0.1minErC
Encontrar o vetor que otimiza a função
γ
r
Conjunto de Casos para Calibração
Formato do Critério de Projeto
Definição do Escopo do Critério
•Tipo de Estrutura
•Materiais
•Cargas
•Estado Limite, …
Confiabilidade Alvo
Análise de Confiabilidade
Calibração de Fatores Parciais de Segurança
•Escolha de ntlp plataformas e ns Elementos
de Cada Plataforma como Representativos
•Dimensionamento com Código Existente
•Estabelecimento da Probabilidade de Falha
Alvo (Pf
alvo
)
•Formulação do Estado Limite
•Caracterização Probabilística de Variáveis
Aleatórias
•Redimensionamento dos ntlpxns Casos de
Calibração para atender a Pf
alvo
[]
0.1IRE
)TA(
ext
()
()
()
C
p
B
B
F
p
p
)(
F
tf
F
tf
),t(IR γ+
+γ=
κ
Τ
Τ
κ
zY
r
r
() ()
() ()
tfftf
tfftf
CA,BCACE,BCEB
CA,CACE,CE
γ+γ=
γ+γ=
ΤΤΤ
Equação de Verificação do IR
IR de Curto Prazo
γ
r
Fatores Parciais de Segurança
[]
()
=
∑∑
==
ntlp
1i
ns
1j
ij
2
ij
)TA(
ext
WIRE0.1minErC
Encontrar o vetor que otimiza a função
γ
r
Figura 6-01. Etapas do processo para calibração dos fatores parciais de segurança.
Capítulo 6
Calibração do Critério LRFD para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
114
6.4 Conjunto de Casos para Calibração
Para calibrar os fatores parciais de segurança serão utilizados vários modelos de
TLPs, com diferente número de tendões, em lâminas d’água de 1000 m e 500 m. As
plataformas utilizadas são descritas no Capítulo 7. Devido ao fato de que o critério
desenvolvido neste trabalho é relacionado com o ELU dos tendões sob a ação conjunta
de tração, flexão e pressão hidrostática, de cada plataforma será considerado só o tendão
mais carregado. O tendão mais carregado é identificado como aquele que apresenta a
maior probabilidade de falha.
Casos de Calibração
Topo
Meio
Fundo
Nível Médio do Mar
Leito Marinho
Momento de Flexão
Tração
Pressão Hidrostática
Esforços ao Longo do Tendão
Casos de Calibração
Topo
Meio
Fundo
Nível Médio do Mar
Leito Marinho
Momento de Flexão
Tração
Pressão Hidrostática
Esforços ao Longo do Tendão
Figura 6-02. Casos (seções de tendão) utilizados no processo de calibração.
Capítulo 6
Calibração do Critério LRFD para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
115
Geralmente, os tendões de uma TLP apresentam uma variação de esforços ao
longo do seu comprimento como mostra esquematicamente a Figura 6-02. Os maiores
esforços ocorrem no topo e a maior pressão hidrostática na base, porém ambas as seções
devem ser verificadas. Como o critério de projeto deve ser aplicável para qualquer seção
do tendão, as seções no topo, no meio e na base da linha mais carregada de cada
plataforma são consideradas como casos de calibração (vide Figura 6-02).
Para o dimensionamento inicial dos tendões são utilizadas as recomendações da
API RP-2T (API, 1997) para atender os requerimentos de tensão combinada de Von
Mises na seção líquida e de colapso hidrostático (vide Capítulo 3).
6.5 Probabilidade de Falha Alvo
O estabelecimento da confiabilidade alvo para a calibração dos fatores parciais
de segurança de um critério de projeto não é uma tarefa simples, já que além dos
aspectos estruturais devem ser levados em conta aspectos econômicos, sociais, políticos
e ambientais. A confiabilidade admissível para um critério de projeto deve levar em
conta as conseqüências de falha da estrutura em questão. As possíveis conseqüências de
falha incluem os prejuízos ou perda de vidas, as perdas econômicas diretas e indiretas
(como por exemplo a restituição ou concerto das instalações, pagamentos por danos a
terceiros, perdas na renda por parada da produção, etc.) e os danos ao meio ambiente,
entre outros. BHATTACHARYA et al. (1999) desenvolveram uma metodologia
baseada em risco para obter a confiabilidade alvo de estruturas offshore.
Capítulo 6
Calibração do Critério LRFD para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
116
As estruturas convencionais, como as plataformas fixas ou os navios de aço, que
têm uma história de serviço bem sucedida podem ser consideradas como
suficientemente seguras e seus níveis de confiabilidade podem ser utilizados como alvos
para estruturas do mesmo tipo. No caso dos tendões de uma TLP, um valor preliminar
do nível de confiabilidade pode ser obtido avaliando-se a probabilidade de falha de
vários elementos dimensionados com recomendações de projeto reconhecidas pela
indústria como seguras. A Tabela 6-01 apresenta níveis de confiabilidade, implícitos ou
explícitos, estabelecidos em códigos e recomendações de projeto para estruturas
offshore (BHATTACHARYA et al., 1999).
Tabela 6-01. Níveis de confiabilidade de alguns códigos para estruturas offshore.
Probabilidade de Falha Alvo
Código ou Recomendação de Projeto
Conseqüência de
Falha menos Séria
Conseqüência
de Falha Séria
Tempo de
Análise
ABS para a estrutura de navios
(MANSOUR et al., 1990)
1x10
-3
-1x10
-6
Vida Útil
API-RP-2A-LRFD para jaquetas
(API, 1993)
4x10
-4
1 Ano
NRF-003-PEMEX-2000 para jaquetas
(PEMEX, 2000)
5x10
-4
2x10
-4
1 Ano
Canadian Standards Association para
estruturas offshore (CSA, 1992)
1x10
-3
1x10
-5
1 Ano
DNV para estruturas (redundantes) offshore
(DNV, 1992)
1x10
-3
1x10
-4
1 Ano
Comitê V.6 Structural Design of Floating
Production System (ISSC, 1997)
Navios
Semi-submersíveis
Casco
Linhas de ancoragem
TLPs
Casco
Tendões
1x10
-3
-1x10
-5
1x10
-3
-1x10
-4
1x10
-2
-2x10
-3
1x10
-3
-1x10
-4
1x10
-4
-1x10
-5
1 Ano
Capítulo 6
Calibração do Critério LRFD para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
117
Como pode ser visto na Tabela 6-01, a probabilidade de falha anual especificada
pelos códigos e recomendações de projeto variam entre 1x10
-3
e 1x10
-5
. Devido ao fato
de que o estabelecimento de uma confiabilidade alvo através de uma metodologia
baseada em risco não faz parte do escopo deste trabalho, na calibração dos fatores
parciais de segurança do critério de projeto dos tendões será utilizada uma probabilidade
de falha
4
alvo
10x1pf
= .
6.6 Formato do Critério de Projeto
Qualquer seção do tendão deve ser dimensionada para atender a seguinte
condição:
[]
0.1IRE
)TA(
ext
Eq. 6-01
onde:
[
]
)TA(
ext
IRE
é o valor esperado do fator de utilização extremo para um tempo
de referência TA da seção condicionada à estatística dos eventos
ambientais de tempestade. No Capítulo 7, os fatores de
segurança incluídos na fórmula de verificação (6-01) serão
calibrados TA=100 anos.
As distribuições FCP e FDP de valores extremos do fator de utilização são
avaliadas com a expressão (4-48) e com a (4-49), respectivamente, levando em conta as
Capítulo 6
Calibração do Critério LRFD para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
118
distribuições ajustadas a cada realização do ),t(IR zY
r
r
de curto prazo. O procedimento
de ajuste das distribuições de probabilidades a valores observados do IR é descrito no
Capítulo 4.
Cada realização do fator de utilização de curto prazo ),t(IR zY
r
r
, para a
tormenta caracterizada pelos parâmetros no vetor
Y
r
(vide item 3.3) e condicionada ao
modelo estrutural descrito pelo vetor
z
r
, deve ser avaliada com a seguinte expressão:
()
()
()
C
p
B
B
F
p
p
)(
F
tf
F
tf
),t(IR γ+
+γ=
κ
Τ
Τ
κ
zY
r
r
Eq. 6-02
com
() ()
() ()
tfftf
tfftf
CA,BCACE,BCEB
CA,CACE,CE
γ+γ=
γ
+
γ
=
ΤΤΤ
Eq. 6-03
onde:
0.1
CE
γ
é o fator parcial de segurança para majorar as tensões devidas
às cargas estáticas (pré-tração e esforços devidos aos efeitos
quasi-estáticos descritos no item 3.2.1),
0.1
CA
γ
é o fator parcial de segurança para majorar as tensões devidas
às cargas ambientais (onda, vento e corrente),
0.1
F
γ
é o fator parcial de segurança para majorar o termo que faz a
soma das relações entre as tensões de tração e flexão atuantes e
suas respectivas tensões resistentes, e
Capítulo 6
Calibração do Critério LRFD para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
119
0.1
p
γ
é o fator parcial de segurança para majorar a relação entre a
pressão hidrostática atuante e a resistência da seção ao colapso
hidrostático.
Todas as outras variáveis têm a mesma definição como apresentado no item 3.3.
Os valores inversos dos fatores
F
γ
e
p
γ
,
0.1/1
FF
γ
=
φ
e 0.1/1
pp
γ
=φ
,
respectivamente, podem ser considerados como fatores parciais de segurança para
diminuir as resistências nominais da seção.
Desta forma, o vetor de fatores parciais de segurança é definido como:
{}
T
pFCACE
,,, γγγγ=γ
r
.
Eq. 6-04
A parcela estática das tensões é calculada com a pré-tração e os esforços devidos
aos efeitos quasi-estáticos. A parcela dinâmica das tensões é calculada com os esforços
na seção do tendão, resultantes da análise estrutural, descontando-se o valor resultante
da pré-tração mais os carregamentos estáticos iniciais. Na análise estrutural devem ser
levadas em conta as forças de onda de primeira (
wave
frequency
) e segunda ordem
(
slow drift
e
springing
) assim quanto a variação dinâmica do vento (vide Capítulo 2). A
variação da maré pode ser considerada como um efeito quasi-estático (vide item 3.2.1).
O cálculo das tensões resistentes da seção à tração, à flexão e ao colapso
hidrostático é feito utilizando o valor mínimo da tensão de escoamento (Fy) do material
dos tendões estabelecido pelo fabricante.
Capítulo 6
Calibração do Critério LRFD para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
120
6.7 Método Numérico para Calibração dos Fatores Parciais de Segurança
O conjunto de fatores parciais de segurança, contidos no vetor
γ
r
, que melhor
uniformizam a confiabilidade alvo de todo o conjunto de casos incluídos no processo de
calibração é obtido minimizando a seguinte função de erro:
()
[]
()
∑∑
==
=
ntlp
1i
ns
1j
ij
2
ij
)TA(
ext
wIRE0.1ErCal
γ
r
Eq. 6-05
onde: ntlp é o número de TLPs consideradas na análise,
ns é o número de seções do tendão mais carregado de cada
TLP incluídas no processo de calibração e
w
ij
é o fator de “peso” de cada caso de calibração; o somatório
dos fatores de peso deve satisfazer a condição
∑∑
==
=
ntlp
1i
ns
1j
ij
0.1w.
Neste trabalho, a otimização da função (Eq. 6-05) é efetuada através do
algoritmo básico das Estratégias Evolutivas descrito a seguir.
As Estratégias Evolutivas são métodos computacionais, baseados no processo
natural de evolução das espécies, com alta eficiência quando usados como mecanismos
de busca (LAGAROS
et al.
, 2002). Nesses algoritmos, cada geração (iteração) pega a
população de indivíduos (soluções potenciais) e aleatoriamente modifica (mutação) o
Capítulo 6
Calibração do Critério LRFD para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
121
material genético (parâmetros do problema) para produzir uma nova descendência. O
principio das Estratégias Evolutivas é mostrado na Figura 6-03 (GREENWOOD, 1997).
Algoritmo das Estratégias Evolutivas
Gerar aleatoriamente uma população inicial com µ indivíduos
Avaliar a população
Enquanto o critério de interrupção não seja atingido, Fazer:
Aplicar os operadores genéticos para se produzir λ
descendentes (mutação)
Avaliar os descendentes
Escolher os µ melhores indivíduos com aptidão para se
sobreviver
Fim do Enquanto
Fim do Algoritmo
Figura 6-03. Principio do algoritmo das Estratégias Evolutivas.
Para a busca do conjunto de fatores parciais de segurança que minimizem a
função objetivo (Eq. 6-05) será utilizado o algoritmo básico das estratégias evolutivas
com um único indivíduo (
1=µ
e 1
=
λ
) submetido apenas à operação de mutação
durante o processo evolutivo. Cada indivíduo é representado pelo par de variáveis reais
γ
r
e σ
r
, onde o vetor γ
r
indica um conjunto de fatores parciais de segurança no espaço
de busca e σ
r
é o vetor dos desvios padrões das mutações. As mutações são
representadas por distribuições de probabilidades do tipo Normal com média zero e
desvio padrão
σ .
Capítulo 6
Calibração do Critério LRFD para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
122
O algoritmo de busca do vetor de fatores parciais de segurança
γ
r
utilizado neste
trabalho é o seguinte:
1.
Estabeleça o indivíduo inicial da população
0j,
j
=
γ
r
. Como é imposta a
condição de que os fatores parciais de segurança sejam maiores ou iguais a 1.0,
o vetor inicial pode ser adotado como
{
}
T
0
0.1,0.1,0.1,0.1=γ
r
.
2.
Calcule o valor da função objetivo (Eq. 6-05),
(
)
j
ErCal γ
r
, correspondente ao
indivíduo
j
γ
r
.
3.
Obtenha a descendência do indivíduo
j
γ
r
através da seguinte operação de
mutação,
[]
()
{}
σ+=
+
,0
j1j
Nγγ
r
t
rr
Eq. 6-06
onde:
()
σ,0N
r
é um vetor de números aleatórios estatisticamente
independentes, gerados a partir de uma
distribuição Normal de média zero e desvio
padrão
σ
e
t
é uma matriz diagonal com os coeficientes de
importância dos fatores parciais de segurança. Por
exemplo, o elemento
11
é o coeficiente de
importância do
CE
γ
, o elemento
22
é o
Capítulo 6
Calibração do Critério LRFD para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
123
coeficiente de importância do
CA
γ
e assim
sucessivamente. Os coeficientes
ii
podem ser
estabelecidos em função dos fatores de
importância (sub-produto do FORM, vide
apêndice A) das variáveis aleatórias associadas
aos
i
γ
.
Uma primeira estimativa do desvio padrão
i
σ
, da variável
i
γ
, pode ser adotada
como sendo igual a
(
)
6/
ii
bai
γ
γ
=σ
, para se garantir a procura do ponto de
projeto em toda a região de interesse. Os termos
i
a
γ
e
i
b
γ
indicam os limites
inferior e superior, respectivamente, do espaço de pesquisa na i-ésima direção.
Como é de se esperar que os fatores parciais estejam situados entre 1.0 e 2.0,
esses valores podem ser considerados como os limites inferior e superior,
respectivamente. Em iterações posteriores, os valores de
i
σ
podem ser
reajustados para melhorar a precisão de busca do algoritmo.
4.
Calcule o valor da função objetivo (Eq. 6-05),
(
)
1j
ErCal
+
γ
r
, correspondente ao
novo indivíduo
1j+
γ
r
. O descendente
1j+
γ
r
será aceito como membro da
população, em substituição do seu genitor
j
γ
r
, se ele fornecer um resultado
melhor para a função objetivo,
i.e.
, se
(
)
(
)
j1j
ErCalErCal γγ
r
r
<
+
. Caso contrário o
novo indivíduo gerado é eliminado, permanecendo o seu genitor como membro
da população.
5.
Continue com os passos 3 e 4 até se atingir a margem de tolerância pré-
estabelecida.
Capítulo 6
Calibração do Critério LRFD para Projeto dos Tendões
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
124
6.8 Comentários
Neste capítulo foi estabelecido o critério de projeto do tipo LRFD para o projeto
dos tendões de uma TLP fabricados de aço. A equação de verificação corresponde ao
ELU das seções dos tendões submetidos à ação conjunta de tração, flexão e pressão
hidrostática externa. A seção verificada é considerada aceitável se o valor médio do seu
fator de utilização extremo, para um período de análise de 100 anos, é menor ou igual a
1.0.
A equação de verificação tem quatro fatores parciais de segurança, dois para
majorar as tensões atuantes e dois para majorar as relações entre as tensões atuantes e as
tensões resistentes do elemento estrutural. Na calibração dos fatores parciais de
segurança serão utilizadas várias TLPs com diferentes sistemas de tendões e em
diferentes lâminas d’água. De cada plataforma será identificado o tendão mais
carregado e as seções no topo, no meio e na base serão utilizadas como casos de
calibração.
A busca dos fatores parciais de segurança que uniformizem a confiabilidade alvo
dos casos de calibração será feita através do algoritmo básico das Estratégias
Evolutivas. A aplicação desta metodologia e os resultados obtidos são apresentados no
Capítulo 7.
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas
da Baía de Campeche, México
7.1 Introdução
A Baía de Campeche está situada no sul do Golfo do México e nela estão
localizados os reservatórios de hidrocarbonetos mais importantes até agora descobertos
nas águas rasas mexicanas. Essa região, indicada na Figura 7-01, contribui atualmente
com 75% da produção total do país e espera-se que num futuro próximo sejam
incorporados reservatórios em locações comminas d’água superiores a 200 m.
Área
de
Produção
Área
de
Produção
Figura 7-01. Área atual de produção petrolífera na Baía de Campeche, México.
Devido a sua posição geográfica, o Golfo do México é freqüentemente atingido
por tempestades (furacões e tormentas de inverno) que constituem condições ambientais
extremas que devem ser levadas em conta no projeto das estruturas marítimas. A Figura
7-02 apresenta imagens de satélite de dois furacões acontecendo no Norte e no Sul do
Golfo do México. A tempestade mais intensa sobre as plataformas mexicanas aconteceu
no ano 1995 com a passagem do furacão Roxanne, gerando ventos com velocidade
média horária de 140 km/hr e alturas de onda de até 16 m. Foram relatados danos em
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
126
estruturas menores (escadas, suportes de equipamento e tubulações) e em tubulações
submarinas (SORIANO et al., 1998). Em outras situações ainda mais críticas, os
furacões podem gerar o colapso das estruturas como foi o caso da plataforma Unical
durante a passagem do furacão Hilda na costa oriental dos Estados Unidos (BEA, 1997).
Figura 7-02. Imagens de satélite de furacões no Norte e Sul do Golfo do México.
A constante ameaça dos eventos climáticos extremos sobre as estruturas offshore
na Baía de Campeche, levou a PEMEX (Petróleos Mexicanos) e ao IMP (Instituto
Mexicano do Petróleo) a desenvolver normas baseadas em risco para o projeto de
jaquetas e tubulações submarinas em locações de águas rasas (PEMEX, 200, 2001).
Com o avanço na exploração e explotação de petróleo para águas profundas no Golfo do
México, as plataformas complacentes e flutuantes serão utilizadas como sistemas de
produção e deverão ser estabelecidos critérios de projeto para atender as novas
condições locais de operação.
Neste capítulo é efetuada a calibração do critério de projeto do tipo LRFD dos
tendões de TLPs para as condições ambientais extremas predominantes na região de
águas profundas da Baía de Campeche, México. Inicialmente, são apresentados os
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
_____________________________________________________________________________
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127
modelos estruturais das TLPs utilizadas no processo de calibração. Depois, são descritos
os parâmetros ambientais da população de tormentas que aconteceram no século
passado no Golfo do México. Para um dos casos de estudo são apresentadas as
distribuições de valores máximos e extremos das realizações do fator de utilização do
tendão tanto de curto prazo quanto considerando a estatística das tempestades. A análise
de confiabilidade dos tendões é efetuada e o redimensionamento dos casos de calibração
é feita para atender a probabilidade de falha alvo. Finalmente, é aplicado o processo de
calibração dos fatores parciais de segurança e, então, o formato final do critério de
projeto do ELU dos tendões é estabelecido.
É importante salientar que a análise de confiabilidade estrutural é feita para um
período de análise de 1 ano, enquanto que os fatores parciais de segurança são
calibrados para a resposta extrema dos tendões num tempo TA=100 anos. Estes
períodos de análise correspondem aos critérios comumente adotados pela indústria
offshore para o projeto das estruturas.
7.2 Modelos Estruturais
No desenvolvimento do critério de projeto são consideradas 3 plataformas de
pernas atirantadas do tipo TLP. A seguir estas plataformas serão identificadas como
TLP-01, TLP-02 e TLP-03. As três plataformas têm o mesmo convés, o mesmo casco
de flutuação e o mesmo sistema de risers, sendo diferenciadas apenas pela lâmina
d’água e pelo sistema de tendões. Os modelos estruturais foram estabelecidos a partir da
TLP projetada para operar na Bacia de Campos numa lâmina d’água de 870 m
(GOULART et al., 2003).
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
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128
O casco de flutuação é composto por 4 colunas e por 4 flutuadores horizontais
(pontões) que se conectam com as colunas. O deslocamento da plataforma é de 314500
kN (32070 ton) que tem correspondência com um calado de 27.3 m. As características
da plataforma flutuante são descritas na Figura 7-03 e na Tabela 7-01.
Nível Médio do Mar
X
Z
27.30m
35.25 m
16.20 m
7.35 m
43.52 m
Elevação do Casco
X
Y
51.45 m
51.45 m
CG
16.20 m
8.4 m
Mesa do Casco
2x6.096 m
3x6.096 m
12
1
2
34
5
6
7
8
9
10
11
Ponto de Conexão
dos Tendões
1.2 m
Risers
Tendões
Nível Médio do Mar
X
Z
27.30m
35.25 m
16.20 m
7.35 m
43.52 m
Elevação do Casco
X
Y
51.45 m
51.45 m
CG
16.20 m
8.4 m
Mesa do Casco
2x6.096 m
3x6.096 m
12
11
22
3344
55
66
77
88
99
10
11
Ponto de Conexão
dos Tendões
1.2 m
Risers
Tendões
Figura 7-03. Geometria do casco de flutuação padrão das TLPs de análise.
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
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129
Tabela 7-01. Características principais do casco de flutuação das TLPs de análise.
Parâmetro Valor
Colunas
Número
Diâmetro
Altura
Espaçamento (entre eixos)
4
16.20 m
43.52 m
51.45 m
Pontões
Número
Seção Transversal
4
8.4m x 7.35 m
Calado 27.3 m
Deslocamento 32070 ton
Posição Vertical do C.G. com Relação ao
Nível Médio do Mar
5.95 m
Raio de Giração em roll 30.44 m
Raio de Giração em pich 30.44 m
Raio de Giração em yaw 31.74 m
Área Exposta ao Vento 3000 m
2
Posição do Centróide da Área de Vento
com Relação à Base do Casco
52.5 m
O sistema de risers é composto por um grupo de 12 elementos rígidos verticais
dispostos em forma simétrica com relação aos eixos horizontais X e Y no plano d’água.
As características do sistema de risers são apresentadas na Tabela 7-02.
Tabela 7-02. Características do sistema de risers padrão das TLPs de análise.
Parâmetro Valor
Número de Risers 12
Diâmetro 0.261 m
Área da Seção Transversal 0.02668 m
2
Espaçamento (entre eixos) 6.096 m
Peso Seco 2.054 kN/m
Peso Específico do Óleo 8.34 kN/m
3
Peso do Riser cheio de Óleo 2.277 kN/m
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
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130
A plataforma TLP-01 está concebida para operar numa lâmina d’água de 1000 m
com um sistema de ancoragem composto por 3 tendões em cada coluna, resultando num
total de 12 tendões. A posição dos tendões é indicada na Figura 7-01 com os numerais 1
a 12. A plataforma TLP-02 também está situada numa lâmina d’água de 1000 m com
um sistema de 8 tendões, 2 em cada coluna, correspondentes com os números 1, 3, 4, 6,
7, 9, 10 e 12 na Figura 7-01. A plataforma TLP-03 está localizada numa lâmina d’água
de 500 m com um sistema de ancoragem com 12 tendões. Nos três modelos, os tendões
são conectados pelo exterior das colunas numa profundidade de 26.1 m com relação ao
nível médio do mar. As características dos tendões das três plataformas são dadas na
Tabela 7-03. O material foi considerado como sendo aço do tipo API especificação 2W
grau 60, com uma tensão de escoamento (Fy) com variação entre 415 MPa e 550 MPa e
uma tensão de resistência última (Fu) com um valor mínimo de 517 MPa (API, 1997).
Tabela 7-03. Características dos tendões das TLPs de análise.
Valor
Parâmetro
TLP-01 TLP-02 TLP-03
Número de Tendões 12 8 12
Comprimento 973.9 m 973.9 m 473.9 m
Diâmetro Exterior 0.6604 m 0.8128 m 0.6604
Diâmetro Interior 0.5906 m 0.7239 m 0.60325
Peso Seco 5.30 kN/m 8.29 kN/m 4.39 kN/m
Rigidez Axial (EA) 14249407 kN 22278261 kN 11780000 kN
Rigidez à Flexão (EI) 699002 kN.m
2
1649531 kN.m
2
588900 kN.m
2
Pré-tração 8826 kN 13239 kN 7500 kN
O sistema de tendões foi inicialmente dimensionado para atender os
requerimentos da API com relação à tensão máxima de Von Mises na seção líquida, ao
colapso hidrostático e à tração efetiva mínima (vide item 3.2.1). Procurou-se fazer com
que as relações entre as tensões atuantes e as resistentes dos tendões ficassem em torno
de 1.0.
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
131
7.3 Condições Ambientais Extremas em Águas Profundas da Baía de Campeche
A análise dinâmica acoplada das TLPs é efetuada para os 31 estados de mar
extremos de curto prazo descritos pelos parâmetros ambientais na Tabela 7-04. As
variáveis guardam a mesma definição como no item 2.4. Cada conjunto de parâmetros
ambientais compõem o vetor Y
r
utilizado ao longo do processo de calibração do critério
de projeto. Os ângulos
o
θ ,
v
θ e
c
θ
, indicam a direção para onde se dirigem as ondas, o
vento e a corrente marinha, respectivamente, com relação ao Norte geográfico. A
variação da maré astronômica (
ma
H ) é considerada como sendo igual a 0.76 m.
Os dados oceanográficos e meteorológicos foram obtidos de simulações do
desenvolvimento das tormentas (hindcast) através de modelos numéricos calibrados
com medições efetuadas dentro da Baía de Campeche (OCEANWEATHER, 1996). No
estudo de hindcast foram incluídos 47 furacões e 22 tormentas de inverno que
aconteceram no século passado durante um período de observação de 65 anos (1931-
1995). Na Tabela 7-04 são listados os estados de mar extremos de cada tormenta que
apresentaram alturas de onda significativas (Hs) máximas maiores do que 3.5 m para
uma locação na Baía de Campeche com uma lâmina d’água de 1000 m. Os parâmetros
das ondas, do vento, da corrente e da maré, são os associados à altura de onda
significativa máxima de cada tormenta. As condições ambientais para lâminas d’água de
500 m apresentam características similares, sendo esses dados utilizados na análise de
curto prazo das três TLPs.
Na Tabela 7-04 pode se observar que os estados de mar têm uma incidência
dominante do Norte para o Sul, sendo o furacão Roxanne aquele que apresenta maior
altura significativa de onda e maior velocidade de vento. O espectro de ondas do tipo
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
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132
Pierson-Moskowitz e o espectro de velocidades de vento do tipo API para esse estado
de mar são mostrados nas Figuras 2-02 e 2-03 do Capítulo 2, respectivamente.
Tabela 7-04. Parâmetros oceanográficos e meteorológicos das tormentas em águas
profundas da Baía de Campeche.
Tormenta Onda Vento Corrente Sup. Maré
No.-Nome
Data
(a/m/d)
s
H
(m)
P
T
(s)
o
θ
(graus)
v
V
(m/s)
v
θ
(graus)
c
V
(m/s)
c
θ
(graus)
ms
H
(m)
01-Hurdat31 1931/09/15 5.86 9.40 248.6 28.04 255.5 0.027 274.4 0.16
02-Hurdat44 1944/09/21 6.10 10.58 189.1 26.91 172.9 0.013 232.5 0.18
03-Hilda55 1955/09/17 3.77 11.85 147.7 16.34 62.3 0.010 111.8 0.14
04-Janet55 1955/09/28 8.04 10.73 248.1 34.3 246.0 0.033 250.1 0.24
05-TI58 1958/01/02 4.37 10.78 198.8 14.99 208.1 0.018 259.5 0.01
06-TI60 1960/02/13 5.95 11.67 153.5 16.21 154.8 0.016 330.6 0.02
07-TI62 1962/01/11 4.77 11.01 178.3 15.18 169.6 0.011 267.1 0.09
08-TI6302 1963/02/04 4.24 10.44 158.3 13.75 170.1 0.007 284.9 0.08
09-TI6311 1963/11/11 3.51 9.69 151.5 11.04 137.6 0.002 315.8 0.01
10-Inez66 1966/10/08 4.08 12.36 140.5 16.34 47.6 0.011 115.3 0.13
11-TI71 1971/03/04 5.05 11.32 179.0 15.95 201.6 0.016 258.9 0.10
12-TI7301 1973/01/12 5.80 11.68 157.8 14.01 150.6 0.012 24.2 0.05
13-TI7302 1973/02/09 4.90 11.03 167.2 14.95 163.5 0.010 263.2 0.01
14-Brenda73 1973/08/21 5.80 10.01 200.1 25.45 184.0 0.027 234.3 0.15
15-Carmen74 1974/09/04 3.95 9.20 175.1 15.66 155.7 0.008 241.6 0.06
16-TI78 1978/01/20 3.69 10.39 165.7 9.22 186.9 0.004 34.3 0.10
17-Henri79 1979/09/17 3.80 7.31 301.4 19.69 305.7 0.012 8.3 0.07
18-TI8003 1980/03/03 5.80 11.87 178.3 18.04 196.5 0.008 257.0 0.13
19-Hermine80 1980/09/23 4.25 8.19 264.1 21.42 260.9 0.011 264.4 0.09
20-TI8011 1980/11/27 5.25 12.06 151.5 12.47 160.0 0.013 289.3 0.07
21-TI82 1982/01/14 4.93 10.73 155.2 15.34 146.1 0.007 326.1 0.02
22-TI84 1984/02/28 3.70 10.65 169.9 10.36 170.6 0.002 205.8 0.14
23-TI86 1986/12/31 3.73 10.01 169.5 9.91 148.1 0.001 355.0 0.03
24-TI88 1988/02/06 4.64 11.44 198.0 14.35 214.3 0.014 274.2 0.07
25-Gilbert88 1988/09/15 6.75 11.00 112.7 26.30 65.3 0.018 89.0 0.17
26-TI91 1991/11/04 5.19 11.67 202.8 17.55 222.3 0.024 260.6 0.01
27-TI92 1992/02/06 5.39 11.85 150.6 14.45 140.1 0.003 34.6 0.01
28-TI9301 1993/01/25 4.40 10.49 156.0 13.89 151.1 0.007 330.4 0.03
29-TI9303 1993/03/13 6.07 12.17 146.9 16.41 133.2 0.010 293.2 0.11
30-Gert93 1993/09/19 3.93 8.54 214.6 17.92 203.5 0.024 246.3 0.14
31-Roxanne95 1995/10/16 9.02 13.23 158.2 30.89 137.6 0.103 55.9 0.19
TI = Tormenta de Inverno
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
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133
7.4 Análise Dinâmica Acoplada das TLPs
A análise estrutural das TLPs é feita utilizado um modelo acoplado entre a
unidade flutuante, os tendões e o sistema de risers (vide Capítulo 2). A plataforma
flutuante é modelada como um corpo rígido com seis graus de liberdade e as linhas de
ancoragem e risers através de elementos finitos do tipo pórtico 3D. A análise dinâmica
é do tipo não linear, no domínio do tempo, considerando-se a variação irregular das
forças ambientais e as forças de onda de primeira e segunda ordem (slow drift e
springing). As análises acopladas das três TLPs utilizadas para a calibração do critério
de projeto dos tendões foram feitas com o programa DeepC
©
(MARINTEK-DNV,
2002). Na Figura 7-04 é apresentado o modelo acoplado da TLP-03 gerado com esse
programa.
X
Z
Y
X
Z
Y
Figura 7-04. Modelo acoplado da TLP-03 para análise estrutural com DeepC
©
.
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
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_____________________________________________________________________________
134
Na modelagem dos tendões e risers foram utilizados elementos finitos com um
comprimento de 10 m nos extremos e de 20 m na região central, para as plataformas
TLP-01 e TLP-02, e de 5m nos extremos e de 10 m no centro para a plataforma TLP-03.
Nos extremos inferiores e superiores dos tendões foram modeladas as flex joints através
de molas lineares com uma rigidez rotacional de 4200 kN.m/rad (ALVES, 1996).
As cargas consideradas nas linhas esbeltas (tendões e risers) incluem o peso, a
flutuação e as forças hidrodinâmicas. Para o cálculo das forças hidrodinâmicas é
utilizado o modelo de Morison com os coeficientes apresentados na Tabela 7-05 para os
diferentes elementos estruturais. O conjunto de 12 risers é modelado através de uma
única linha com propriedades equivalentes para se obter o mesmo peso, a mesma
flutuação e as mesmas forças hidrodinâmicas.
Tabela 7-05. Coeficientes hidrodinâmicos para o modelo de Morison.
Unidade Flutuante
Parâmetro
Tendões
Riser
Equivalente
Colunas Pontões
Diâmetro Hidrodinâmico Diâmetro Externo 0.904 m 16.200 m 4.603 m
Coeficiente de Arrasto
Cd
1.6
3.464
0.7
1.831
Coeficiente de Inércia
Cm
2.0
2.0
---
---
Os efeitos da interação entre a unidade flutuante e as ondas são considerados
através de coeficientes, dependentes da freqüência, de inércia (massa adicionada),
amortecimento e das forças de excitação nos seis graus de liberdade. Foram calculados
os coeficientes das forças de onda de primeira e segunda ordem (slow drift e springing).
Todos esses coeficientes foram obtidos através de uma análise de difração de ondas
utilizando o programa WADAM
©
(MARINTEK-DNV, 2002). Na análise de difração
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
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_____________________________________________________________________________
135
foi utilizado um modelo do casco de flutuação da TLP composto de 1012 painéis por
quadrante (vide Figura 7-05). Na solução dos potenciais de primeira e segunda ordem
foram aproveitados os planos de simetria da unidade com relação aos dois eixos
horizontais. As cargas de onda sobre o casco de flutuação (colunas e pontões) devidas
aos efeitos viscosos foram incluídas utilizando o termo de arrasto da fórmula de
Morison, conforme Tabela 7-05.
X
Z
Y
(a) Casco de Flutuação Completo (b) Malha de Elementos Finitos
X
Z
Y
X
Z
Y
(a) Casco de Flutuação Completo (b) Malha de Elementos Finitos
Figura 7-05. Modelo do casco da TLP para análise de difração com WADAM
©
.
As análises dinâmicas aleatórias tiveram uma duração de 3600 s com um
intervalo de tempo de 0.125 s. Uma rampa inicial de 100 s foi considerada em todas as
análises. Foi considerado para todas as tormentas um espectro de alturas de onda do tipo
Pierson-Moskowitz e do tipo API para as velocidades do vento. O perfil da corrente
marinha foi considerado com uma variação linear, com seu valor máximo na superfície
d’água e velocidade nula no fundo do mar. A título de exemplo, na Figura 7-06 são
apresentadas alguns históricos da resposta da TLP-01 sob a ação do furacão Roxanne.
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
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136
São incluídos os deslocamentos dX, dY e dZ do sistema flutuante na direção dos eixos
X, Y e Z, respectivamente, e a força de tração na base do tendão no. 4. Na Figura 7-07
são apresentados os espectros para cada uma das quantidades de resposta.
-25
-20
-15
-10
-5
100 600 1100 1600 2100 2600 3100 3600
)m(dY
)s(t
2.5
5
7.5
10
100 600 1100 1600 2100 2600 3100 3600
)s(t
)
m
(dX
-0.5
-0.25
0
0.25
0.5
100 600 1100 1600 2100 2600 3100 3600
)s(t
)
m
(dZ
0
5000
10000
15000
20000
100 600 1100 1600 2100 2600 3100 3600
)s(t
)kN(F
X
Figura 7-06. Séries temporais de resposta da TLP-01 sob o furacão Roxanne.
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
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137
0
20
40
60
80
00.20.40.60.81
()
ω
YY
S
)s/rad(
ω
0
1.5
3
4.5
6
00.20.40.60.81
)s/rad(ω
()
ω
XX
S
0
0.01
0.02
0.03
0.04
00.511.522.53
)s/rad(ω
()
ω
ZZ
S
0.0E+00
6.0E+06
1.2E+07
1.8E+07
2.4E+07
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
)s/rad(
ω
()
ω
XX
FF
S
Figura 7-07. Espectros de resposta da TLP-01 sob o furacão Roxanne.
Na Figura 7-06 pode ser visto que a TLP apresenta deslocamentos máximos nos graus
de liberdade surge, sway e heave em torno de dX=7.4 m, dY=22 m e dZ=-0.45 m,
respectivamente. A tração na base do tendão apresenta valores máximos de F
X
=20000
kN. Por outro lado, na Figura 7-07 pode ser observado que as quantidades de resposta
apresentam duas faixas principais de freqüências com contribuições significativas: a
primeira em torno de suas freqüências naturais de vibração (
ω
=0.047 rad/s para os
graus de liberdade horizontais e
ω
=2.1 rad/s para o grau de liberdade vertical, vide
Tabela 7-06) e a segunda em torno da freqüência pico do estado de mar
ω
=0.47 rad/s.
Outras contribuições que aparecem nos espectros são devidas aos efeitos de segunda
ordem (slow drift e springing) levados em conta na análise estrutural.
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
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138
Na Tabela 7-06 são mostrados os períodos naturais de vibração nos seis graus de
liberdade das três TLPs de análise. Para o cálculo dos períodos foram consideradas as
matrizes de restauração hidrostática do casco de flutuação, a matriz de rigidez do
sistema de tendões e as matrizes de massa estrutural e adicionada do sistema flutuante.
A formulação geral dessas matrizes pode ser encontrada em CHOU et al. (1983). Nas
matrizes de massa (estrutural e adicionada), além da unidade flutuante, foram incluídas
as contribuições dos tendões e dos risers: 25% dos valores totais para os graus de
liberdade horizontais e 33% no grau de liberdade vertical. Os coeficientes de
restauração hidrostática e de massa adicionada do casco de flutuação foram obtidos da
análise de difração de ondas.
Tabela 7-06. Períodos naturais de vibração das TLPs.
Grau de Liberdade TLP-01 TLP-02 TLP-03
Surge
132.66 s 132.76 s 101.20 s
Sway
132.66 s 132.76 s 101.20 s
Heave
3.06 s 3.01 s 2.38 s
Pitch
2.70 s 2.69 s 2.16 s
Roll
2.70 s 2.69 s 2.16 s
Yaw
91.96 s 93.41 s 71.72 s
Na Tabela 7-06 pode ser observado que os períodos de vibração das plataformas TLP-
01 e TLP-02, ambas na mesma lâmina d’água, apresentam valores similares para os seis
graus de liberdade. Estes resultados são devidos a que os tendões das duas TLPs foram
dimensionados para se obter sistemas com rigidez equivalente, ou seja, para que a área
de aço e a pré-tração total dos tendões por coluna fossem aproximadamente as mesmas.
A diferença no período de yaw é devida à variação na rigidez rotacional do sistema
gerada pelo número de tendões e sua posição com relação ao centro das plataformas.
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
139
7.5 Resposta Extrema do Fator de Utilização dos Tendões
Uma vez feitas as análises estruturais das TLPs sob cada estado de mar extremo
e conhecidos os históricos dos esforços ao longo dos tendões, procede-se o cálculo das
realizações de curto prazo do fator de utilização das seções de interesse. Por exemplo,
na Figura 7-08 são apresentados os históricos da força axial de tração (
X
F), do
momento de flexão resultante (
2
Z
2
YYZ
MMM += ) e o ),t(IR
31
zyY
r
r
r
= para a seção
na base do tendão número 4 da TLP-01 sob a ação do furacão Roxanne (estado de mar
no. 31). No cálculo do fator de utilização são consideradas as propriedades geométricas
do tendão dadas na Tabela 7-03, uma tensão de escoamento F
Y
=449.56 MPa, um
coeficiente de Poisson
3.0=υ
e uma ovalização inicial da seção %25.0
0
=
δ
. Também
foram consideradas as médias das variáveis aleatórias descritas no item 7.6. As
seguintes trações devidas aos efeitos quasi-estáticos foram calculadas para esse tendão:
(a) tração devida à variação da maré T
m
=373.98 kN, (b) tração devida à pressão
hidrostática no topo do tendão T
p
=-61.79 kN, (c) tração devida ao posicionamento do
C.G. da plataforma fora do centro geométrico T
cg
=781.98 kN, e (d) tração devida ao
erro no posicionamento da fundação T
f
=15.75 kN.
Como pode ser visto na Figura 7-08, a força de tração na base do tendão
apresenta valores máximos na ordem de 20000 kN e momentos de flexão máximos de
130 kN.m. A mesma ordem de grandeza na diferença entre os esforços foi encontrada
em todos os tendões analisados, o qual indica que a resposta do tendão é grandemente
dominada pelas tensões devidas à força axial. A variação dinâmica dos esforços, junto
com a pressão hidrostática, geram uma série temporal do fator de utilização com uma
média de 0.344 e um valor máximo de 0.549. Outros parâmetros estatísticos dessa
mesma realização do IR podem ser consultados na Tabela 4-01.
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
140
0
5000
10000
15000
20000
100 600 1100 1600 2100 2600 3100 3600
t (s)
0
50
100
150
100 600 1100 1600 2100 2600 3100 3600
t (s)
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
100 600 1100 1600 2100 2600 3100 3600
t (s)
Figura 7-08. Esforços e fator de utilização da seção na base do tendão no. 4 da TLP-01
sob a ação do furacão Roxanne.
Para fazer o ajuste das distribuições de probabilidades de valores máximos e
extremos para cada realização do
),t(IR
zY
r
r
de curto prazo, inicialmente são
identificados os máximos globais e depois é feita a análise estatística dessas novas
amostras. Com os valores da média, do desvio padrão e do coeficiente de
skewness,
são
ajustadas funções de Weibull para os valores máximos e de Gumbel para os valores
extremos. As metodologias para a análise estatística de séries temporais e o ajuste de
funções de probabilidades a dados observados são detalhadas no Capítulo 4. A título de
exemplo, na Tabela 7-07 são apresentados os dados estatísticos das séries de valores
máximos globais e os parâmetros das distribuições de Weibull e de Gumbel ajustadas ao
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
141
),t(IR
zyY
rr
r
= de curto prazo (3-h) da seção na base do tendão no. 4 da TLP-01 para as
31 tormentas. Nas Figuras 7-09(a) e 7-09(b) são mostrados seus respectivos gráficos.
Tabela 7-07. Parâmetros das distribuições de Weibull e de Gumbel para a seção na base
do tendão mais carregado da TLP-01.
Máximos Globais Observados
Distribuição de
Máximos
Weibull
Distribuição de
Extremos
Gumbel (3-h)
Tormenta
No.
máx
IR
m
máx
IR
dp
máx
IR
k
w
u
w
α
w
λ
g
u
g
α
01-Hurdat31 3891 0.342 0.008 1.171 0.331 0.012 1.420 0.383 226.0
02-Hurdat44 3894 0.352 0.010 1.259 0.338 0.015 1.357 0.409 156.7
03-Hilda55 3452 0.335 0.004 0.847 0.328 0.008 1.720 0.354 531.9
04-Janet55 3780 0.352 0.011 1.028 0.335 0.019 1.538 0.408 172.9
05-TI58 3752 0.338 0.005 0.733 0.328 0.011 1.857 0.362 455.1
06-TI60 3641 0.344 0.009 0.831 0.329 0.016 1.738 0.384 257.6
07-TI62 3736 0.340 0.007 0.754 0.328 0.013 1.831 0.370 355.9
08-TI6302 3826 0.337 0.005 0.942 0.329 0.009 1.619 0.362 395.6
09-TI6311 3690 0.334 0.004 0.901 0.327 0.008 1.661 0.354 496.4
10-Inez66 3422 0.336 0.005 0.864 0.328 0.009 1.701 0.358 467.6
11-TI71 3755 0.341 0.007 0.818 0.329 0.014 1.753 0.375 309.6
12-TI7301 2551 0.334 0.004 1.430 0.329 0.005 1.250 0.358 346.4
13-TI7302 3739 0.340 0.007 0.764 0.328 0.014 1.819 0.372 340.0
14-Brenda73 3958 0.350 0.011 1.227 0.335 0.016 1.379 0.408 157.4
15-Carmen74 3921 0.337 0.005 0.802 0.328 0.010 1.772 0.362 435.4
16-TI78 3780 0.334 0.004 0.971 0.328 0.007 1.591 0.354 492.3
17-Henri79 4202 0.337 0.007 1.047 0.327 0.011 1.522 0.372 280.7
18-TI8003 3678 0.345 0.010 1.110 0.332 0.015 1.468 0.395 189.0
19-Hermine80 4116 0.335 0.004 0.641 0.327 0.009 1.986 0.353 628.2
20-TI8011 3554 0.340 0.007 1.070 0.329 0.012 1.502 0.376 259.1
21-TI82 3690 0.340 0.007 1.095 0.329 0.012 1.481 0.379 245.0
22-TI84 3773 0.335 0.004 0.833 0.328 0.008 1.736 0.354 549.0
23-TI86 3804 0.334 0.005 1.051 0.327 0.008 1.518 0.358 411.9
24-TI88 3709 0.339 0.006 0.936 0.328 0.011 1.626 0.370 321.8
25-Gilbert88 3786 0.346 0.009 0.993 0.332 0.016 1.570 0.392 216.6
26-TI91 2727 0.330 0.002 1.103 0.327 0.003 1.474 0.339 968.8
27-TI92 3570 0.340 0.007 0.933 0.329 0.013 1.629 0.376 282.8
28-TI9301 3675 0.338 0.006 1.139 0.329 0.010 1.445 0.371 284.8
29-TI9303 3536 0.345 0.010 1.026 0.330 0.016 1.540 0.392 202.7
30-Gert93 3662 0.331 0.001 0.784 0.328 0.003 1.794 0.337 1624.5
31-Roxanne95 3332 0.375 0.025 1.815 0.348 0.027 1.067 0.539 45.3
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
142
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Hurdat31
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Hurdat44
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Hilda55
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Janet55
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI58
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI60
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI62
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI6302
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI6311
0
0.25
0.5
0.75
1
00.250.50.751
i
r
Inez66
0
0.25
0.5
0.75
1
00.250.50.751
i
r
TI71
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI7301
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI7302
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Brenda73
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Carmen74
0
0.25
0.5
0.75
1
00.250.50.751
i
r
TI78
(
)
irF
máx
IR
(
)
irF
ext
IR
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Hurdat31
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Hurdat44
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Hilda55
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Janet55
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI58
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI60
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI62
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI6302
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI6311
0
0.25
0.5
0.75
1
00.250.50.751
i
r
Inez66
0
0.25
0.5
0.75
1
00.250.50.751
i
r
TI71
0
0.25
0.5
0.75
1
00.250.50.751
i
r
TI7301
0
0.25
0.5
0.75
1
00.250.50.751
i
r
TI7302
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Brenda73
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Carmen74
0
0.25
0.5
0.75
1
00.250.50.751
i
r
TI78
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Hurdat31
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Hurdat44
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Hilda55
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Janet55
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI58
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI60
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI62
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI6302
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI6311
0
0.25
0.5
0.75
1
00.250.50.751
i
r
Inez66
0
0.25
0.5
0.75
1
00.250.50.751
i
r
TI71
0
0.25
0.5
0.75
1
00.250.50.751
i
r
TI7301
0
0.25
0.5
0.75
1
00.250.50.751
i
r
TI7302
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Brenda73
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Carmen74
0
0.25
0.5
0.75
1
00.250.50.751
i
r
TI78
(
)
irF
máx
IR
(
)
irF
ext
IR
Figura 7-09(a). FCPs de valores máximos e extremos de curto prazo do IR da seção na
base do tendão mais carregado da TLP-01. Tormentas (1) a (16).
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
143
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Henri79
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI8003
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Hermine80
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI8011
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI82
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI84
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI86
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI88
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Gilb e rt 88
0
0.25
0.5
0.75
1
00.250.50.751
i
r
TI91
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI92
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI9301
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI9303
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Ge rt 93
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Roxanne95
(
)
irF
máx
IR
(
)
irF
ext
IR
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Henri79
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI8003
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Hermine80
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI8011
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI82
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI84
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI86
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI88
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Gilb e rt 88
0
0.25
0.5
0.75
1
00.250.50.751
i
r
TI91
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI92
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI9301
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
TI9303
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Ge rt 93
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Roxanne95
(
)
irF
máx
IR
(
)
irF
ext
IR
Figura 7-09(b). FCPs de valores máximos e extremos de curto prazo do IR da seção na
base do tendão mais carregado da TLP-01. Tormentas (17) a (31).
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
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144
Devido a que atualmente não existe disponível nenhum modelo da função
densidade de probabilidades conjunta
(
)
y
Y
r
r
f
dos parâmetros ambientais de tempestades
(furacões e tormentas de inverno) para as condições locais da Baía de Campeche, para
se incluir a contribuição do conjunto de estados de mar de curto prazo à resposta
extrema do fator de utilização, através da Equação (4-47), neste trabalho foi utilizada a
seguinte aproximação:
() ()
=
===
===
NF
1i
i
i,cp
,,IR,IR
,,irF
NF
1
,irF
iextext
yYzxXzxX
yYzxXzxX
r
r
rr
r
rr
r
r
r
rr
r
rr
r
.
Eq. 7-01
onde
(
)
i
i,cp
,,IR
,,irF
iext
yYzxX
yYzxX
r
r
rr
r
r
r
rr
r
==
==
é a distribuição de valores extremos da
resposta de curto prazo para cada estado de mar
i
yY
r
r
=
e NF é o número de estados de
mar extraordinários incluídos na análise, neste caso NF=31.
Continuando com o exemplo de aplicação, na Figura 7-10 é mostrada a
distribuição de valores extremos do fator de utilização incluindo a contribuição das 31
tormentas através da Equação (7-01) e a distribuição de extremos da resposta do tendão
para um período de TA=100 anos avaliada com a Equação (4-48). As tormentas têm
uma taxa média de ocorrência anual 477.065/31
F
=
=
υ
.
Nas Figuras 7-09(a) e 7-09(b) pode ser observado que as FCPs de valores
extremos do IR de curto prazo estão localizadas numa faixa do fator de utilização entre
0.3 e 0.4, exceto para o furacão Roxanne que ultrapassa o valor de 0.65. Por outro lado,
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
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145
na Figura 7-10 pode ser visto que as FCPs de valores extremos para TA=100 anos
refletem a contribuição das primeiras 30 tormentas nos valores do IR menores a 0.5 e a
contribuição isolada da tormenta Roxanne nos IR superiores a 0.5. A FCP de valores
extremos da resposta do tendão para um período TA=100 anos apresenta valores
máximos na ordem de 0.7.
(
)
irF
ext
IR
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Valor Esperado de Longo Prazo
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Longo Prazo para TA=100 Anos
Extremos para TA=100 anos
Valor Esperado dos Furacões
(
)
irF
ext
IR
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Valor Esperado de Longo Prazo
0
0.25
0.5
0.75
1
0 0.25 0.5 0.75 1
i
r
Longo Prazo para TA=100 Anos
Extremos para TA=100 anos
Valor Esperado dos Furacões
Figura 7-10. FCPs de valores extremos para TA=100 anos da seção na base do tendão
mais carregado da TLP-01.
A FCP de valores extremos para TA=100 anos é utilizada na análise de
confiabilidade para avaliar a probabilidade de falha dos elementos estruturais (vide item
7.6), enquanto que a FDP (Eq. 4-49) é utilizada para o cálculo do valor esperado do
fator de utilização no processo de calibração dos fatores parciais de segurança do
critério de projeto para os tendões (vide item 7.7).
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
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146
7.6 Análise de Confiabilidade
Para efetuar a análise de confiabilidade é necessária a caracterização
probabilística das propriedades geométricas do tendão, das propriedades mecânicas do
material, dos efeitos (esforços) devidos aos carregamentos e dos modelos de análise.
Neste trabalho, baseando-se na referência (DNV, 1995a), assume-se que os
tendões são fabricados com processos de alta precisão pelo qual as propriedades
geométricas, como o diâmetro e a espessura, são consideradas como quantidades
determinísticas e com uma ovalização inicial (
initial ovality
) máxima %25.0
0
=δ .
Sob a mesma hipótese de alta qualidade do processo de fabricação dos tendões,
o módulo de elasticidade (E) e o coeficiente de Poisson (
υ
) do material são
considerados como determinísticos. A tensão de escoamento (Fy) é considerada como
uma variável aleatória do tipo Lognormal com média de 482.5 MPa e coeficiente de
variação de 6% (HART
et al.
, 1985). Para levar em conta a variação da resistência do
tendão devida a sua montagem através de diferentes elementos (segmentos de tubo de
aço) conectados em série, a tensão de escoamento do material é modelada com a
seguinte distribuição de valores mínimos:
() ()
[]
NE
FymínFy
fyF0.10.1fyF =
Eq. 7-02
onde:
()
fyF
mínFy
é a FCP de valores mínimos da tensão de escoamento do
material dos tendões,
()
fyF
Fy
é a distribuição parente (Lognormal) de Fy do material e
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
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_____________________________________________________________________________
147
NE é o número de elementos de tendão com influência na seção de
análise.
Para o estabelecimento dos valores de NE foi considerado que 25% do
comprimento total do tendão tem influência para uma seção na base ou no topo do
mesmo, enquanto que para uma seção central do tendão foi considerado 50% do
comprimento. Neste trabalho foi considerado que os elementos do tendão são fabricados
com um comprimento de 50 m. Para os tendões das TLP-01 e TLP-02, NE=5 para as
seções na base ou no topo e NE=10 para as seções da parte central do tendão. Para a
TLP-03, NE=3 para as seções na base ou no topo e NE=4 para a seção central do
tendão. Para esses números de elementos de tendão e a FDP parente de Fy do tipo
Lognormal (
µ=482.5 MPa e CoV=6%), a função de mínimos (Eq. 7-02) tem as médias
e desvios padrões apresentados na Tabela 7-08.
Tabela 7-08. Parâmetros estatísticos da função de valores mínimos do Fy.
Número de
Elementos de Tendão
Média
(MPa)
Desvio Padrão
(MPa)
3 458.27 20.46
4 453.21 18.95
5 449.56 17.93
10 439.46 15.35
A pré-tração nos tendões é o resultado das cargas na TLP em águas tranqüilas
como o peso do convés e o peso próprio dos componentes estruturais, pressão
hidrostática no casco de flutuação e nos
risers
e tendões. Os parâmetros que governam
esse tipo de carregamento são cuidadosamente controlados, sendo razoável considerá-lo
como uma quantidade determinística (DNV, 1995b). Então, a variação nos
carregamentos estáticos é determinada com base na variação nas cargas funcionais e na
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
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_____________________________________________________________________________
148
sua distribuição no convés. Neste trabalho, para levar em conta a incerteza nos
carregamentos estáticos e quasi-estáticos nos tendões é utilizada uma variável aleatória
normal com média 1.0 e coeficiente de variação de 5% (LOTSBERG, 1991).
MARTHINSEN (1989) comparou a resposta média em
surge
de uma TLP num
estado ambiental extremo com resultados de ensaios experimentais. Foi encontrado um
desvio de 12% da resposta calculada numericamente com relação à obtida com os
ensaios quando foram incluídas as forças de vento, ondas e corrente. MARTON e
MATHISEN (1993) compararam o
offset
médio de uma TLP devido ao vento e as ondas
com resultados experimentais de modelos reduzidos em duas condições ambientais, e
foram observadas variações de 1 a 12%. BANON
et al.
(1994) recomendam uma
variável aleatória com média 1.0 e coeficiente de variação de 10% para representar as
incertezas no cálculo da resposta dos tendões sob carregamentos de primeira ordem das
ondas (
wave frequency loads
) e um coeficiente de variação de 21% no caso de forças de
onda com freqüência baixa (
low frequency loads
). A DNV (1995b) recomenda um
coeficiente de variação de 10% na resposta dos tendões sob
wave frequency loads,
de
20% a 30% para
low frequency loads
e de 30% para
high frequency loads
(cargas com
freqüências altas). Neste trabalho é utilizada uma variável aleatória do tipo normal com
média 1.0 e um coeficiente de variação de 25% para modelar a incerteza nos esforços
devidos à ação conjunta de todas as forças ambientais.
O modelo numérico do fator de utilização do tendão (Eq. 5-08) apresenta uma
tendência (
bias
) nas resistências calculadas com relação aos valores experimentais (vide
Capítulo 4). As incertezas da tensão resistente ao colapso axial, da tensão resistente ao
colapso por flexão e do colapso hidrostático são modeladas através de variáveis normais
com médias 1.2, 1.0 e 0.95 e coeficientes de variação de 8%, 7% e 13%,
respectivamente, conforme descrito na referência (MOAN
et al.
, 1994).
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
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149
Na Tabela 7-09 é apresentado um resumo da caracterização probabilística das
variáveis aleatórias utilizadas na análise de confiabilidade das seções na base, no meio e
no topo dos tendões das TLPs. A definição dessas variáveis é dada com maior detalhe
no Capítulo 5 (item 5.4).
Tabela 7-09. Variáveis aleatórias independentes do tempo.
Parâmetros
Variável Aleatória
Tipo de
Distribuição
µ
CoV
Referência
CE
X
Incerteza nos esforços devidos
às cargas estáticas
Normal 1.00 5% LOTSBERG (1991)
CA
X
Incerteza nos esforços devidos
às cargas ambientais
Normal 1.00 25% BANON et al.(1994)
DNV (1995b)
T
IR
X
Incerteza na resistência ao
colapso axial no modelo
numérico do IR
Normal 1.20 8% MOAN et al. (1994)
B
IR
X
Incerteza na resistência ao
colapso por flexão no modelo
numérico do IR
Normal 1.00 7% MOAN et al. (1994)
p
IR
X
Incerteza na resistência ao
colapso hidrostático no
modelo numérico do IR
Normal 0.95 13% MOAN et al. (1994)
Distribuição Parente
(Lognormal)
Fy
X
Incerteza na tensão de
escoamento do material
Mínimos
(Eq. 7-02)
482.5 MPa 6%
HART
et al. (1985)
A análise de confiabilidade das seções dos tendões, baseada na estatística de
extremos do fator de utilização IR, para um período de 1 ano é feita segundo a
metodologia descrita no Capítulo 5. No método FORM foi considerada uma tolerância
para convergência de 1x10
-4
no índice de confiabilidade. Devido ao fato de que o
critério de projeto desenvolvido neste trabalho tem a ver com o ELU de qualquer seção
ao longo do tendão, inicialmente a análise de confiabilidade é aplicada para se
identificar o tendão mais carregado de cada TLP. Depois, a mesma metodologia é
utilizada para redimensionar os tendões para atingir a probabilidade de falha alvo.
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
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150
Na Tabela 7-10 são apresentadas as probabilidades de falha anuais e seus
respectivos índices de confiabilidade para as seções na base de todos os tendões das três
TLPs. Nessa tabela, pode se observar que a seção do tendão número 4 apresenta a maior
probabilidade de falha para as três plataformas. Esse fato é congruência da incidência
dominante das ondas e o vento das tormentas na Baía de Campeche descritas na Tabela
7-04. A maior probabilidade de falha foi obtida para o tendão mais carregado da TLP-
01, apresentando um valor levemente superior à probabilidade de falha alvo (1x10
-4
)
que será considerada no processo de calibração do critério de projeto. Com base nestes
resultados, pode ser considerado que as três plataformas analisadas apresentam uma
segurança aceitável dentro dos requerimentos estabelecidos para as estruturas
offshore
(vide Tabela 6-01).
Tabela 7-10. Probabilidades de falha anuais das seções na base dos tendões.
TLP-01 TLP-02 TLP-03
Tendão No.
(vide Figura 7-03)
Pf
β
Pf
β
Pf
β
1 3.01632 x10
-5
4.012 1.40657 x10
-5
4.188 1.49910x10
-5
4.174
2 8.03763x10
-5
3.774 --- --- 1.99784x10
-5
4.108
3 1.23979x10
-4
3.664 6.64056x10
-5
3.821 2.61248x10
-5
4.045
4 1.50537x10
-4
3.614 8.30646x10
-5
3.766 3.25639x10
-5
3.993
5 1.04014x10
-4
3.709 --- --- 2.69054x10
-5
4.038
6 3.96108x10
-5
3.947 1.75301x10
-5
4.138 1.78018x10
-5
4.134
7 6.13203x10
-7
4.851 1.70861x10
-7
5.099 6.77945x10
-6
4.351
8 1.09944x10
-6
4.734 --- --- 8.91677x10
-6
4.290
9 1.82610x10
-6
4.630 5.03280x10
-7
4.890 9.74225x10
-6
4.271
10 1.36149x10
-6
4.691 4.40647x10
-7
4.916 7.08402x10
-6
4.341
11 2.58132x10
-6
4.558 --- --- 7.80390x10
-6
4.320
12 4.99537x10
-6
4.417 3.65775x10
-6
4.484 9.49617x10
-6
4.276
Na Tabela 7-11 são apresentadas as probabilidades de falha anuais para as
seções na base, no meio e no topo dos tendões mais carregados das três TLPs. As seções
correspondem respectivamente a profundidades de 1000 m, 511 m e 51 m, com relação
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
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151
ao nível médio do mar, para os modelos TLP-01 e TLP-02, e de 500 m, 261 m e 51 m
para a TLP-03. As seções na base e no topo dos tendões são aquelas que apresentam,
respectivamente, as maiores e menores probabilidades de falha. Estes resultados são
devido à pouca variação dos esforços de tração e flexão ao longo dos tendões e ao maior
efeito da pressão hidrostática com o aumento da profundidade. As nove seções (para
ntlp=3 e ns=3) assinaladas na Tabela 7-11 constituem os casos considerados no
processo de calibração do critério de projeto que será desenvolvido no item seguinte.
Tabela 7-11. Probabilidades de falha anuais das seções dos casos para calibração.
TLP-01 TLP-02 TLP-03
Seção do
Tendão
Pf
β
Pf
β
Pf
β
Base 1.50537x10
-4
3.614 8.30646x10
-5
3.766 3.25639x10
-5
3.993
Meio 7.84507x10
-5
3.780 6.61093x10
-5
3.822 2.11482x10
-5
4.095
Topo 2.91542x10
-5
4.020 2.12800x10
-5
4.093 1.47631x10
-5
4.177
Na Tabela 7-12 são apresentados os fatores de importância (sub-produto do
FORM) das variáveis aleatórias utilizadas na análise de confiabilidade para as nove
seções consideradas. Nesta tabela pode ser observado que as variáveis associadas à
incerteza nos esforços devido às cargas ambientais
CA
X
e à resistência do tendão ao
colapso axial
Τ
IR
X
apresentam maior “importância” na confiabilidade, enquanto que a
variável
p
IR
X
associada à resistência ao colapso hidrostático da seção é mais relevante
na base que no topo do tendão. As variáveis aleatórias com menor influência na
confiabilidade são aquelas relacionadas com a resistência das seções à flexão
B
IR
X
e ao
carregamento estático
CE
X
. Como será mostrado na calibração do critério de projeto
dos tendões, os fatores parciais de segurança associados com as variáveis aleatórias
“mais importantes” apresentam uma maior ordem de grandeza.
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
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152
Tabela 7-12. Fatores de importância das variáveis aleatórias na análise de confiabilidade
dos casos para calibração.
TLP-01 TLP-02 TLP-03
V. A.
Base Meio Topo Base Meio Topo Base Meio Topo
CE
X
6.2x10
-3
7.0x10
-3
5.5x10
-3
6.3x10
-3
6.7x10
-3
5.2x10
-3
9.9x10
-3
8.8x10
-3
8.2x10
-3
CA
X
2.3x10
-1
3.1x10
-1
2.6x10
-1
2.5x10
-1
3.3x10
-1
2.7x10
-1
2.3x10
-1
2.1x10
-1
2.3x10
-1
Τ
IR
X
1.7x10
-1
2.1x10
-1
1.8x10
-1
1.9x10
-1
2.1x10
-1
1.9x10
-1
2.0x10
-1
2.1x10
-1
2.0x10
-1
B
IR
X
5.0x10
-5
1.1x10
-5
1.5x10
-4
8.5x10
-6
4.2x10
-5
1.7x10
-4
7.1x10
-5
6.6x10
-5
2.6x10
-4
p
IR
X
1.4x10
-2
2.7x10
-3
2.1x10
-5
1.3x10
-2
2.5x10
-3
2.0x10
-5
5.9x10
-3
1.1x10
-3
4.3x10
-5
Fy
X
8.1x10
-2
5.5x10
-2
7.0x10
-2
8.6x10
-2
5.8x10
-2
7.4x10
-2
1.4x10
-1
1.0x10
-1
1.2x10
-1
Na Tabela 7-13 são apresentadas as espessuras das 9 seções de tendão (casos para
calibração) que atendem a probabilidade de falha alvo
4
alvo
10x1pf
= . No processo de
redimensionamento dos tendões foi considerado que as variações nas espessuras dos
elementos estruturais não modificam os esforços obtidos na análise estrutural.
Tabela 7-13. Espessuras das seções para atender a probabilidade de falha alvo.
Seções Originais Seções Redimensionadas
Seção
D
(m)
t
0
(m)
Pf
β
t
0
(m)
Pf
β
Base 0.6604 0.0349 1.50537x10
-4
3.614 0.03566 1.00421x10
-4
3.718
Meio 0.6604 0.0349 7.84507 x10
-5
3.780 0.03451 1.00341x10
-4
3.718
TLP-01
Topo
0.6604 0.0349 2.91542x10
-5
4.020 0.03280 1.00409x10
-4
3.718
Base 0.8128 0.0445 8.30646x10
-5
3.766 0.04405 1.00752x10
-4
3.717
Meio 0.8128 0.0445 6.61093x10
-5
3.822 0.04342 1.02000x10
-4
3.714
TLP-02
Topo
0.8128 0.0445 2.12800x10
-5
4.093 0.04091 1.00411x10
-4
3.718
Base 0.6604 0.0286 3.25639x10
-5
3.993 0.02716 1.00956x10
-4
3.717
Meio 0.6604 0.0286 2.11482x10
-5
4.095 0.02644 1.00125x10
-4
3.719
TLP-03
Topo 0.6604 0.0286 1.47631x10
-5
4.177 0.02584 1.00464x10
-4
3.718
D: diâmetro, T
0
: espessura
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
153
7.7 Calibração dos Fatores Parciais de Segurança do Critério de Projeto
A calibração do critério de projeto para o ELU dos tendões é feita segundo a
metodologia apresentada no Capítulo 6. O critério de projeto é aplicável a qualquer
seção ao longo do comprimento dos tendões. No processo de calibração é considerado
que os esforços nos elementos estruturais não são modificados com pequenas variações
nas propriedades geométricas dos tendões. É considerado como valor característico da
tensão de escoamento o valor mínimo especificado para o material, Fy=415 MPa.
Para conduzir o processo de calibração é utilizado o critério de projeto
estabelecido na equação (6-01) para um período de análise de 100 anos. Os fatores
parciais de segurança
{}
T
pFCACE
,,, γγγγ=γ
r
são calibrados de maneira que ao se
fazer o dimensionamento dos elementos estruturais a condição
alvo
pfpf seja
plenamente atendida. Como foi definido no item 6.5, para a calibração dos fatores de
segurança é utilizada uma probabilidade de falha alvo anual
4
alvo
10x1pf
=
( 719.3
alvo
=β ).
Para se obter os fatores parciais de segurança é utilizado o método numérico
descrito no item 6.7. No algoritmo das Estratégias Evolutivas foi utilizado um vetor
inicial
{}
T
0.1,0.1,0.1,0.1=γ
r
, um desvio padrão 01.0
=
σ
e uma matriz de coeficientes
de importância com os seguintes elementos na sua diagonal principal: 35.0
11
=
,
0.1
22
=
, 75.0
33
=
e 35.0
44
=
. Os elementos da matriz
t
foram estabelecidos
em função dos fatores de importância das variáveis aleatórias (vide Tabela 7-12)
partindo de um valor unitário para a variável mais significativa na análise de
confiabilidade. Para satisfazer o critério de convergência do processo de calibração (Eq.
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
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_____________________________________________________________________________
154
6-05) foi considerada uma tolerância de erro de 1x10
-4
. Os fatores de peso
ij
w dos
casos de calibração foram considerados como sendo da mesma ordem de grandeza
(
9/1)nsntlp/(1 =
).
Na Tabela 7-14 são apresentados os fatores parciais de segurança calibrados
para cada TLP de maneira independente. Para cada plataforma foram considerados três
casos de calibração correspondentes às seções na base, no meio e no topo do tendão
mais carregado, com as espessuras indicadas na Tabela 7-13 que atendem a
probabilidade de falha alvo.
Tabela 7-14. Fatores Parciais de Segurança para cada TLP, para TA=100 anos.
Fator Parcial de Segurança TLP-01 TLP-02 TLP-03
CE
γ
1.008 1.004 1.002
CA
γ
1.215 1.211 1.180
F
γ
1.095 1.095 1.081
p
γ
1.039 1.037 1.034
Na Tabela 7-14 pode ser observado que os fatores calibrados para as três
plataformas são da mesma ordem de grandeza e mostram o mesmo padrão de valores: o
fator de segurança
CE
γ
para majorar as tensões devidas às cargas estáticas apresenta um
valor em torno de 1.005, o fator
CA
γ
para majorar as tensões devidas aos
carregamentos ambientais apresenta um valor em torno de 1.20, o fator
F
γ
para majorar
a relação entre as tensões atuantes e resistentes de tração e flexão tem um valor próximo
a 1.09 e o fator de segurança
p
γ
para majorar a relação entre a pressão externa e a
resistência ao colapso hidrostático apresenta um valor em torno de 1.035. O mesmo
padrão de valores dos fatores parciais de segurança é obtido ao se considerar os 9 casos
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
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155
de calibração (vide Tabela 7-15). O fator parcial de segurança com a maior ordem de
grandeza corresponde a
CA
γ
e com a menor para
CE
γ
. Os valores dos fatores parciais
de segurança resultantes da calibração refletem o nível da incerteza e a importância das
variáveis aleatórias na análise de confiabilidade.
Tabela 7-15. Fatores Parciais de Segurança para as três TLPs, TA=100 anos.
CE
γ
CA
γ
F
γ
p
γ
1.003
1.223 1.081 1.043
Utilizando os fatores apresentados na Tabela 7-15, os tendões foram
redimensionados para atender o critério de projeto estabelecido na expressão (6-01).
Depois, a confiabilidade de cada elemento estrutural foi novamente avaliada. As
probabilidades de falha e os índices de confiabilidade obtidos são comparados na Tabela
7-16 com aqueles valores calculados antes de aplicar o processo de calibração. A
mudança dos índices de confiabilidade é mostrada graficamente na Figura 7-11.
Tabela 7-16. Probabilidades de falha das seções de tendão antes e depois da calibração.
Antes da Calibração Depois da Calibração
Seção
D
(m)
t
0
(m)
Pf
β
t
0
(m)
Pf
β
Base 0.6604 0.0349 1.50537x10
-4
3.614 0.03573 9.67186x10
-5
3.727
Meio 0.6604 0.0349 7.84507 x10
-5
3.780 0.03445 1.03712x10
-4
3.710
TLP-01
Topo
0.6604 0.0349 2.91542x10
-5
4.020 0.03280 1.00409x10
-4
3.718
Base 0.8128 0.0445 8.30646x10
-5
3.766 0.04415 9.61955x10
-5
3.729
Meio 0.8128 0.0445 6.61093x10
-5
3.822 0.04315 1.10756x10
-4
3.693
TLP-02
Topo
0.8128 0.0445 2.12800x10
-5
4.093 0.04091 1.00411x10
-4
3.718
Base 0.6604 0.0286 3.25639x10
-5
3.993 0.02760 7.19851x10
-5
3.801
Meio 0.6604 0.0286 2.11482x10
-5
4.095 0.02690 7.11175x10
-5
3.804
TLP-03
Topo 0.6604 0.0286 1.47631x10
-5
4.177 0.02650 6.36735x10
-5
3.832
D: diâmetro, T
0
: espessura
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
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_____________________________________________________________________________
156
3.00
3.25
3.50
3.75
4.00
4.25
4.50
Base Meio Topo Base Meio Topo Base Meio Topo
Índice de Confiabilidade
Antes da Calibração Depois da Calibração Confiabilidade Alvo
TLP-01 TLP-02 TLP-03
Figura 7-11. Índices de confiabilidade das seções de tendão antes e depois da
calibração.
Os resultados mostram como os elementos dimensionados segundo o novo
critério de projeto apresentam uma confiabilidade com uma baixa dispersão em torno do
valor alvo. Os parâmetros estatísticos dos índices de confiabilidade antes e depois da
calibração, apresentados na Tabela 7-17, complementam esta observação. As seções de
tendão antes da calibração mostram um desvio padrão quase 4 vezes maior do que
depois da calibração.
Tabela 7-17. Estatística dos índices de confiabilidade antes e depois da calibração.
Índice de Confiabilidade
β
Parâmetros
Estatísticos
Antes da
Calibração
Depois da
Calibração
Média 3.929 3.748
Desvio Padrão 0.190 0.050
CoV (%) 4.827 1.336
Capítulo 7
Aplicações para TLPs em Águas Profundas da Baía de Campeche, México
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157
7.8 Comentários
Neste capítulo foram calibrados os fatores parciais de segurança do critério
LRFD para o projeto dos tendões de TLPs para as condições ambientais de tempestade
predominantes nas águas profundas da Baía de Campeche, México. O critério de projeto
corresponde ao ELU dos tendões caracterizado por um fator de utilização que leva em
conta a interação dinâmica entre os esforços de tração, flexão e pressão hidrostática
externa. O critério de projeto desenvolvido tem aplicação para qualquer seção ao longo
dos tendões. A tensão de escoamento do material a ser utilizada corresponde ao valor
mínimo especificado pelo fabricante. Deve-se observar que o processo de calibração
basea-se numa probabilidade de falha anual, porém o critério de projeto usa um período
de referência de 100 anos para a resposta extrema.
Os fatores parciais de segurança foram calibrados de forma que o critério de
projeto implicitamente atenda a probabilidade de falha alvo adotada. No processo de
calibração foram consideradas as seções na base, no meio e no topo do tendão mais
carregado de três TLPs localizadas em lâminas d’água de 1000 m e 500 m e com
arranjos de 2 e 3 tendões por coluna. Os fatores parciais de segurança assim obtidos são
os seguintes: fator para majorar as tensões devidas as cargas estáticas
CE
γ
=1.003, fator
para majorar as tensões devidas aos carregamentos ambientais
CA
γ
=1.223, fator para
majorar a relação entre as tensões atuantes e resistentes de tração e flexão
F
γ
=1.081 e
fator de segurança para majorar a relação entre a pressão externa e a resistência ao
colapso hidrostático
p
γ =1.043. Esses valores refletem o nível de incerteza e a
importância das variáveis aleatórias na análise de confiabilidade. Ao se aplicar o novo
critério de projeto no redimensionamento dos elementos estruturais é obtida uma
confiabilidade mais uniforme em torno do valor alvo.
Capítulo 8
Comentários Finais
Neste trabalho foi estabelecido um critério de projeto baseado em fatores
parciais de segurança (LRFD) para o dimensionamento dos tendões de plataformas
flutuantes do tipo TLP na condição intacta. Como parte fundamental do processo de
calibração do critério foram desenvolvidas duas metodologias: uma para a análise de
confiabilidade dos tendões baseada na estatística de extremos da resposta em eventos
ambientais extraordinários (furacões e tormentas de inverno) e outra para a calibração
numérica dos fatores parciais de segurança baseada no algoritmo básico das estratégias
evolutivas.
O critério de projeto foi desenvolvido para o estado limite último (ELU) de
qualquer seção ao longo do comprimento dos tendões para as condições ambientais de
tempestade dominantes nas águas profundas da Baía de Campeche, México. A resposta
dos elementos estruturais foi caracterizada por um fator de utilização (IR) que leva em
conta a interação dinâmica entre os esforços de tração, flexão e pressão hidrostática
externa. Entre diversas formulações de IRs disponíveis na literatura, foi utilizada aquela
que apresenta uma melhor aproximação entre os valores calculados e os observados em
ensaios experimentais.
A calibração dos fatores parciais de segurança foi efetuada considerando as
seções na base, no meio e no topo dos tendões mais carregados de três TLPs. A primeira
TLP foi dimensionada para operar numa lâmina d’água de 1000 m com um arranjo de 3
tendões por coluna (12 no total), a segunda também para uma lâmina d’água de 1000 m
mas com 2 tendões por coluna (8 no total) e a terceira para uma lâmina d’água de 500 m
com 3 tendões por coluna (12 no total).
Capítulo 8
Comentários Finais
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
159
Devido à importância da interação dinâmica entre a plataforma flutuante e os
sistemas de tendões e risers com o aumento da lâmina d’água, foram efetuadas análises
acopladas do sistema estrutural. A unidade flutuante foi modelada como um corpo
rígido com seis graus de liberdade e as linhas esbeltas como elementos finitos de pórtico
3D. As análises dinâmicas para cada estado de mar de curto prazo foram feitas no
domínio do tempo para se incluir as principais não linearidades, como as devidas à
rigidez geométrica das linhas esbeltas, as forças de onda de segunda ordem e o termo de
arrasto da equação de Morison. Análises de difração de ondas do casco de flutuação
foram feitas para avaliar os coeficientes de massa adicionada, de restauração
hidrostática, de amortecimento e das forças de onda de primeira e segunda ordem (slow
drift e springing).
A caracterização das condições ambientais da locação foi composta por uma
série de 31 tormentas (furacões e tormentas de inverno) que aconteceram durante o
século passado no Golfo do México. Cada tormenta foi representada pelo estado de mar
de curto prazo (3-h) que apresentou a maior altura significativa de onda. Do conjunto de
tempestades, o furacão Roxanne é o estado de mar com a maior intensidade, com alturas
significativas de onda de 9.02 m e velocidades de vento de 30.89 m/s. Foi considerado
que a resposta extrema da TLP pode acontecer durante esses estados de mar de curto
prazo.
Devido à natureza não Gaussiana da distribuição do IR dos tendões, o modelo de
Weibull foi utilizado para representar a sua função de probabilidades dos valores
máximos. A função assintótica do Tipo I (modelo de Gumbel) foi utilizada para a
distribuição de valores extremos do IR de curto prazo. A distribuição de valores
extremos do IR para um período de tempo maior foi determinada através da integração
Capítulo 8
Comentários Finais
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
160
das contribuições de curto prazo considerando-se que as tormentas constituem um
conjunto de eventos discretos, com uma ocorrência independente entre si e com o
número de ocorrências seguindo uma distribuição de probabilidades de Poisson. A
distribuição de valores extremos da resposta dos tendões para um período de tempo
igual a 100 anos inclui uma contribuição significativa do IR devido ao furacão Roxanne.
A análise de confiabilidade foi efetuada com um esquema “integrado no tempo”
onde a probabilidade de falha do elemento estrutural, condicionada a um conjunto de
valores das variáveis aleatórias, é obtida através da distribuição cumulativa de valores
extremos (para o período de tempo adotado) avaliada no fator de utilização que
representa a falha (ir=1.0). Devido ao alto esforço computacional para se calcular a
probabilidade de falha total, a análise de confiabilidade foi feita com o método FORM.
Foram incluídas as incertezas dos efeitos das cargas estáticas, dos carregamentos
dinâmicos, da tensão de escoamento do material e das parcelas de resistência da
formulação do IR. Foi assumido que a fabricação dos tendões é de alta qualidade pelo
que as propriedades geométricas foram consideradas como determinísticas com uma
ovalização inicial (initial ovality) da sua seção transversal de 0.25%. Para levar em
conta a variação da resistência dos tendões devido a sua montagem através de diferentes
elementos conectados em série, a tensão de escoamento do material foi modelada
através de uma distribuição de valores mínimos.
Durante o processo de calibração do critério de projeto, a análise de
confiabilidade foi utilizada para dois objetivos: (a) para identificar o tendão mais
carregado de cada TLP (aquele com maior probabilidade de falha) e (b) para o
redimensionamento das seções dos tendões para atender a probabilidade de falha alvo.
Para as três plataformas, os tendões com a maior probabilidade de falha corresponderam
a aqueles na direção dominante das condições ambientais. Devido à pouca variação nos
Capítulo 8
Comentários Finais
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
161
esforços ao longo do comprimento dos tendões e ao acréscimo da pressão hidrostática
com a profundidade, as seções na base apresentaram a maior probabilidade de falha e as
seções no topo apresentaram os menores valores. Dos nove casos utilizados na
calibração, unicamente um deles apresentou uma probabilidade de falha levemente
superior ao valor pf=1x10
-4
estabelecido pela DNV (1992) como margem de segurança
para estruturas com conseqüências de falha sérias. Devido a este fato, as TLPs incluídas
na calibração do critério de projeto foram consideradas como estruturas “seguras”.
As variáveis aleatórias associadas à incerteza nos esforços devida às cargas
ambientais e à resistência do tendão ao colapso axial apresentaram os fatores de
importância com maior ordem de grandeza. As variáveis com menor influência na
análise de confiabilidade foram as relacionadas com a resistência à flexão e ao
carregamento estático. Estes fatores de importância refletem os valores obtidos na
calibração dos fatores parciais de segurança.
Para conduzir o processo de calibração dos fatores parciais de segurança foi
estabelecido como critério de projeto a não ultrapassagem da unidade pelo valor
esperado do IR extremo da resposta para um período de referência de 100 anos. Um
resumo do critério de projeto proposto neste trabalho é apresentado no item 8.1. O
método de calibração consistiu na definição do conjunto de fatores parciais de
segurança de forma que ao se projetar um tendão segundo o critério de projeto proposto,
a condição
alvo
pfpf fosse automaticamente satisfeita. Devido ao fato de que o
estabelecimento de uma confiabilidade alvo através de uma metodologia baseada em
risco não fez parte do escopo deste trabalho, foi utilizada uma probabilidade de falha
alvo
4
alvo
10x1pf
= . Os fatores parciais de segurança assim calibrados são mostrados
na Tabela 8-01.
Capítulo 8
Comentários Finais
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_____________________________________________________________________________
162
Tabela 8-01. Fatores parciais de segurança calibrados para o critério de projeto dos
tendões de TLPs (vide item 7.7).
CE
γ
CA
γ
F
γ
p
γ
1.003
1.223
1.081
1.043
Os valores obtidos para os fatores de segurança refletem o nível de incerteza e a
importância das variáveis aleatórias na análise de confiabilidade. Por exemplo, o fator
de segurança
CE
γ
que apresenta uma ordem de grandeza próxima de 1.0 indica a baixa
incerteza na pré-tração dos tendões e o fator de segurança
CA
γ
com o maior valor
mostra a alta incerteza associada com as ações ambientais.
Ao se redimensionar os elementos estruturais segundo o novo critério de projeto
é obtida uma dispersão na confiabilidade 4 vezes menor do que antes de se fazer a
calibração dos fatores parciais de segurança.
É importante salientar que os fatores parciais de segurança calibrados para o
critério de projeto proposto neste trabalho não podem ser considerados como
definitivos. Esses fatores devem ser ainda ajustados através da inclusão de uma maior
variedade de TLPs tanto em geometrias (do casco e tendões) quanto de materiais, bem
como da atualização do número de tormentas e os seus parâmetros ambientais.
Capítulo 8
Comentários Finais
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
163
8.1 Conclusões
De acordo com os resultados obtidos neste trabalho estabelecem-se as seguintes
conclusões:
O critério de projeto proposto, baseado em confiabilidade, para o
dimensionamento dos tendões de plataformas TLP representa uma contribuição
no desenvolvimento de tecnologias para otimizar o projeto deste tipo de
estruturas. Nele são utilizados conceitos usuais para os engenheiros de projeto
como fator de utilização, estados de mar extremos, fatores parciais de segurança
e valor esperado da resposta extrema, o qual facilitará sua incorporação na
prática. Embora, este procedimento de projeto envolve um alto esforço
computacional.
As metodologias desenvolvidas para a análise de confiabilidade e para a
calibração de fatores parciais de segurança são genéricas, i.e., elas podem ser
aplicadas para TLPs em qualquer lâmina d’água e para qualquer outro tipo de
representação estatística de condições ambientais. Por exemplo, para locações
onde a estatística das condições ambientais é representada por distribuições de
longo prazo (vide item 2.5), tais como a costa Brasileira e o Mar do Norte, quase
nenhuma modificação é necessária nas metodologias apresentadas.
Capítulo 8
Comentários Finais
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164
O critério de projeto melhora a confiabilidade do sistema estrutural
devido ao fato de que os tendões são projetados através da sua resposta extrema
gerada pela combinação de múltiplos estados de mar durante um período longo
de tempo que pode incluir a sua vida útil.
A confiabilidade estrutural permite um tratamento sistemático das
incertezas e o estabelecimento das margens de segurança requeridas pela
indústria. A caracterização probabilística das variáveis e a confiabilidade alvo
têm um papel fundamental na calibração dos fatores parciais de segurança.
A metodologia para análise de confiabilidade desenvolvida pode ser
utilizada de maneira isolada para se avaliar sistemas de ancoragem existentes ou
em processos de otimização estrutural. É importante salientar que a avaliação da
probabilidade de falha baseada na estatística das tempestades envolve um grande
esforço computacional (usando um microcomputador Pentium III a 800 MHz,
cada análise dinâmica acoplada da TLP com 1-hr de duração realizada neste
trabalho consumiu na ordem de 5-hr de tempo CPU).
Os valores calibrados para os fatores parciais de segurança sugerem que
as tensões geradas pelas cargas estáticas podem ser consideradas como
determinísticas e maior ênfase deve ser dada na modelagem dos efeitos dos
carregamentos ambientais, sobretudo o referente aos ressonantes de segunda
ordem.
Capítulo 8
Comentários Finais
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_____________________________________________________________________________
165
O critério de projeto desenvolvido neste trabalho para os tendões de uma
TLP na condição intacta, para uma resposta extrema de TA=100 anos, é o
seguinte (maiores detalhes são dados no Capítulo 6):
Qualquer seção do tendão deve ser dimensionada para atender a seguinte
condição:
[]
0.1IRE
100
ext
Eq. 8-01
onde:
[
]
100
ext
IRE
é o valor esperado do fator de utilização extremo da
seção de tendão para um tempo de referência de 100
anos.
Cada realização do fator de utilização de curto prazo
),t(IR Y
r
, para a tormenta
caracterizada pelos parâmetros ambientais no vetor
Y
r
, deve ser avaliada com a
seguinte expressão:
()
()
()
C
p
B
B
F
p
p
)(
F
tf
F
tf
),t(IR γ+
+γ=
κ
Τ
Τ
κ
Y
r
Eq. 8-02
Capítulo 8
Comentários Finais
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
166
com
() ()
() ()
tfftf
tfftf
CA,BCACE,BCEB
CA,CACE,CE
γ+γ=
γ+γ=
ΤΤΤ
Eq. 8-03
onde:
CE
γ
é o fator parcial de segurança para majorar as tensões
de tração
CE,T
f
e flexão
CE,B
f
devidas às cargas
estáticas (pré-tração e esforços devidos aos efeitos
quasi-estáticos),
CA
γ
é o fator parcial de segurança para majorar as tensões
de tração
(
)
tf
CA,T
e flexão
()
tf
CA,B
devidas às
cargas ambientais (onda, vento e corrente),
F
γ
é o fator parcial de segurança para majorar o termo
que faz a soma das relações entre as tensões de tração
e flexão atuantes (
(
)
(
)
tfetf
BT
) e suas respectivas
tensões resistentes (
BT
FeF
), e
p
γ
é o fator parcial de segurança para majorar a relação
entre a pressão hidrostática atuante p e a resistência da
seção ao colapso hidrostático p
C
.
Capítulo 8
Comentários Finais
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
167
Os valores dos fatores parciais de segurança calibrados para as condições
ambientais de tempestade dominantes nas águas profundas da Baía de
Campeche, México, são estabelecidos na Tabela 8-01. Ao se utilizar estes
fatores de segurança, o valor esperado da resposta extrema da seção do tendão
deve incluir as contribuições das 31 tormentas (vide Tabela 7-04) utilizadas no
processo de calibração.
Na determinação da resposta dos tendões devem ser levadas em conta as
seguintes considerações:
(a) A parcela estática das tensões é calculada com a pré-tração e os esforços
devidos aos efeitos quasi-estáticos estabelecidos no item 3.2.1.
(b) A parcela dinâmica das tensões é calculada com os esforços na seção do
tendão obtidos na análise estrutural descontando-se os valores da pré-tração e
carregamentos estáticos iniciais.
(c) Na análise estrutural devem ser levadas em conta as forças de onda de
primeira (
wave
frequency
) e segunda ordem (
slow drift
e
springing
) assim
quanto a variação dinâmica do vento. A variação da maré pode ser considerada
como um efeito quasi-estático.
(d) O cálculo das tensões resistentes da seção à tração, à flexão e ao colapso
hidrostático é feito utilizando o valor mínimo da tensão de escoamento (Fy) do
material dos tendões estabelecido pelo fabricante.
Capítulo 8
Comentários Finais
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
168
8.2 Recomendações para Trabalhos Futuros
O critério de projeto desenvolvido neste trabalho ainda tem alguns aspectos que
devem ser incluídos e/ou melhorados em trabalhos futuros, como por exemplo:
1.
Acrescentar a diversidade de TLPs, tanto em características estruturais e de
materiais quanto em lâminas d’água, para a calibração de fatores parciais de
segurança definitivos.
2.
Estabelecer modelos probabilísticos que descrevam a variação conjunta dos
parâmetros ambientais do estado de mar de tempestade para locações em águas
profundas da Baía de Campeche. Assim como atualizar a base de dados das
tormentas através de medições em campo novas e já existentes.
3.
Através de uma análise de risco, definir probabilidades de falha alvo, para
diferentes estados limite, compatíveis com as condições de segurança,
econômicas, sociais, políticas e de cuidados ao meio ambiente do âmbito de
aplicação do critério.
4.
Efetuar mais análises experimentais de elementos cilíndricos sujeitos
simultaneamente a cargas de tração, flexão e pressão externa para melhorar o
modelo numérico do fator de utilização dos tendões.
Capítulo 8
Comentários Finais
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
169
5.
Efetuar um estudo detalhado da influência de pequenas mudanças nas
propriedades geométricas dos tendões (diâmetro e espessura) na resposta
estrutural.
6.
Verificar a possibilidade de usar uma metodologia mais simplificada para o
projeto dos tendões, como por exemplo, baseada unicamente no estado de mar
(3-h) de tempestade centenária.
7.
Incluir no critério de projeto outros estados limites, também de alta importância
para o projeto dos tendões, como a condição de um tendão rompido durante uma
tormenta, a falta de uma linha de ancoragem por manutenção e a vida à fadiga
dos tendões, entre outros.
8.
E ainda com objetivos mais ambiciosos, pode se estabelecer um critério global
para o projeto dos diferentes componentes estruturais de TLPs, como o convés, o
casco de flutuação e a fundação.
Referências
AHMAD, S., 1996, “Stochastic TLP Response under Long Crested Random Sea”,
Computer and Structures, Vol. 61, No. 6, Pergamon, pp. 975-993.
ALLEN, D.E., 1975, “Limit States Design – a Probabilistic Study”, Canadian Journal of
Civil Engineering, Vol. 2, No. 1, pp. 36-49.
ALVES, L.H.M., 1996, Análise Dinâmica dos Tendões de uma Plataforma de Pernas
Atirantadas, Tese de Mestrado, COPPE-UFRJ.
ANG, A.H.S, TANG, W.H., 1975, Probability Concepts in Engineering Planning and
Design, Volume I Basic Principles, John Wiley & Sons, New York, USA.
ANG, A.H.S, TANG, W.H., 1984, Probability Concepts in Engineering Planning and
Design, Volume II Decision, Risk and Reliability, John Wiley & Sons, New
York, USA.
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Apêndice A
Método de Confiabilidade de Primeira
Ordem, FORM
A confiabilidade estrutural é definida como uma medida da capacidade de uma estrutura
atender satisfatoriamente os requisitos de desempenho ao longo da sua vida útil. A
confiabilidade, C, de uma estrutura é calculada como o complemento da probabilidade
da estrutura falhar, pf,
pf1C = .
Eq. A-01
A essência do problema de confiabilidade estrutural é a integral múltipla de
probabilidade
∫∫
== XXX
X
X
rrr
r
r
d)(f...]0)(G[obPrpf
0)(G
Eq. A-02
onde )(f X
X
r
r
é a função densidade de probabilidades conjunta do vetor
{}
T
n21
x...,,x,x=X
r
das n variáveis aleatórias contidas na função de estado limite
)(G X
r
. A função de estado limite constitui a relação analítica entre as resistências e as
solicitações e nos indica para que combinações das variáveis a estrutura fica no domínio
de segurança ou no domínio de falha. A função de estado limite é definida de maneira
Apêndice A
Método de Confiabilidade de Primeira Ordem, FORM
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
183
que
)(G X
r
=0 separe a região de falha ( )(G X
r
0) da região de segurança ( )(G X
r
>0).
Estes conceitos são ilustrados na Figura A-01.
fxy
)x(f
x
s
r
0)x(G >
r
0)x(G
r
Domínio de integração
Região de segurança
Região de falha
0)x(G =
r
fxy
)x(f
x
s
r
0)x(G >
r
0)x(G
r
Domínio de integração
Região de segurança
Região de falha
0)x(G =
r
Figura A-01. Domínio de integração (
)(G X
r
0) para se obter a probabilidade de falha.
A avaliação da expressão (A-02) não é muito simples, uma vez que ela envolve o
cálculo de uma integral n-dimensional num domínio complexo (
)(G X
r
0). Mesmo com
o desenvolvimento de técnicas modernas de integração numérica e com o uso de
computadores cada vez mais eficientes, na prática, a avaliação da expressão (A-02) tem-
se restringido a problemas com até 5 ou 6 variáveis aleatórias.
Por tais motivos, para se obter uma aproximação para a probabilidade de falha foram
desenvolvidos métodos analíticos como o FORM e o SORM, e métodos de simulação
numérica como o Monte Carlo (vide por exemplo SAGRILO, 1994). A principal idéia
destas técnicas é transformar o problema de confiabilidade do espaço
X
r
ao espaço das
Apêndice A
Método de Confiabilidade de Primeira Ordem, FORM
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
184
variáveis Normais estatisticamente independentes U
r
(variáveis reduzidas) para se
aproveitar as vantagens oferecidas por este tipo de distribuições. No espaço reduzido, a
equação (A-02) fica expressa como:
()
∫∫
=
φ==
UU
U
rr
r
du...]0)(g[obPrpf
n
1i
iU
0)(g
i
]Eq. A-03
onde
()
iU
u
i
φ
é a função densidade de probabilidades marginal da variável aleatória
Normal padrão U
i
.
Existem diferentes metodologias para a transformação das variáveis aleatórias
X
r
quaisquer em variáveis Normais estatisticamente independentes U
r
, dependendo do
grau de conhecimento da informação probabilística das variáveis. Se a informação
probabilística é completa, em outras palavras, sendo as distribuições de probabilidades
conjuntas conhecidas a transformação de Rosenblatt (ANG e TANG, 1984) é a mais
indicada para se transformar as variáveis
X
r
em U
r
. Por outro lado, se a informação
probabilística das variáveis é incompleta, ou seja, quando somente são conhecidas as
distribuições marginais e os coeficientes de correlação entre as variáveis, pode-se usar a
transformação de Nataf (DER KIUREGHIAN e LIU, 1986). A transformação de Nataf
considera que as variáveis
X
r
são Normais correlacionadas, pelo qual é necessária uma
transformação inicial das variáveis
X
r
quaisquer em Normais equivalentes.
No método de confiabilidade de primeira ordem, FORM, uma aproximação à
probabilidade de falha é obtida através da linearização da superfície de estado limite (a
Apêndice A
Método de Confiabilidade de Primeira Ordem, FORM
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
185
fronteira do domínio de falha) no ponto de projeto. O ponto de projeto é o ponto na
superfície de falha mais próximo à origem no espaço das variáveis Normais
estatisticamente independentes U
r
. A distância entre este ponto e a origem é
denominado como o índice de confiabilidade (
β
). A idéia básica do FORM é ilustrada
na Figura A-02 para o caso de duas variáveis aleatórias.
β
1
u
2
u
)u,u(f
21
U
r
ponto de projeto
superfície de falha
plano tangente
(limite de integração)
(
)
0Ug
r
(
)
0Ug =
r
Região de segurança
(
)
0Ug >
r
Região de falha
(
)
0Ug
r
*
U
r
β
1
u
2
u
)u,u(f
21
U
r
ponto de projeto
superfície de falha
plano tangente
(limite de integração)
(
)
0Ug
r
(
)
0Ug =
r
Região de segurança
(
)
0Ug >
r
Região de falha
(
)
0Ug
r
*
U
r
Figura A-02. Aproximação da região de falha no espaço reduzido pelo método FORM.
O ponto de projeto, denotado como
*
U
r
, é a solução do problema de otimização restrita
()
{}
,0gmin
=
UU
rr
Eq. A-04
Apêndice A
Método de Confiabilidade de Primeira Ordem, FORM
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
186
onde U
r
é o vetor das variáveis Normais padrão obtido através da transformação das
variáveis aleatórias originais
X
r
e
(
)
U
r
g é a função de estado limite definindo o
problema de confiabilidade no espaço transformado.
Para se resolver a equação (A-04) utiliza-se uma aproximação baseada no gradiente da
função de falha. Assim, o algoritmo inicia com o ponto
0
U
r
, correspondente ao ponto
0
X
r
composto usualmente pelas médias das variáveis originais, e depois é gerada uma
seqüência de pontos
,...,2,1i,
i
=
U
r
em concordância com a seguinte regra:
iii1i
dUU
rrr
λ+=
+
,
Eq. A-05
onde
i
d
r
é o vetor de procura de direção e
λ
i
é o tamanho do acréscimo. Os algoritmos
existentes diferem na escolha de
i
d
r
e
λ
i
. Por exemplo, o método iHL-RF desenvolvido
por ZANG e DER KIUREGHIAN (1994) utiliza
()
() ()
[]
()
iiii
T
2
i
i
ggg
g
1
UUUUU
U
d
rrrrr
r
r
=
Eq. A-06
onde
(
)
i
g
U
r
é o gradiente da função de estado limite.
(
)
i
g
U
r
e
(
)
i
g
U
r
são avaliadas
usando as seguintes expressões:
Apêndice A
Método de Confiabilidade de Primeira Ordem, FORM
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
187
)(G)()(g
i
T1
i
XJU
rtr
=
.
Eq. A-07
)(G)(g
ii
XU
rr
Eq. A-08
onde J
t
é o jacobiano da transformação das variáveis
X
r
a U
r
.
Este algoritmo é globalmente convergente, é dizer, a seqüência é garantida a convergir
para o ponto
*
U
r
na superfície de falha com a mínima distância à origem
*
U
r
=β
,
baixo a premissa de que
(
)
U
r
g é continua e diferenciável.
O ponto de projeto,
*
U
r
, é identificado e o algoritmo interrompido quando o erro entre o
valor do índice de confiabilidade,
β, em duas iterações consecutivas é menor do que um
adequado valor de tolerância,
, geralmente na ordem de 1x10
-4
:
β
ββ
+
+
1i
i1i
.
Eq. A-09
É possível demonstrar que as coordenadas do ponto de projeto
*
U
r
no espaço das
variáveis reduzidas são dadas por
Apêndice A
Método de Confiabilidade de Primeira Ordem, FORM
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
188
n,...,1j,u
j
*
j
=βα= ,
Eq. A-10
onde
j
α
é a componente do vetor normal à superfície de falha, calculada no ponto de
projeto e definida por
)(g
)u(g
*
*
j
j
U
r
=α
.
Eq. A-11
Em outras palavras,
j
α
é o cosseno diretor do vetor que liga o ponto de projeto com a
origem em relação ao eixo da variável u
i
. O parâmetro
2
j
α
constitui o chamado fator de
importância da variável aleatória j envolvida na análise de confiabilidade.
Uma vez que o índice de confiabilidade β tem sido determinado, a probabilidade de
falha (pf) pode ser calculada como
)(pf βΦ= .
Eq. A-12
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