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Outro ponto destacado no relatório refere-se ao Programa Nacional de Alimentação
Escolar - PNAE, que busca suprir parcialmente as necessidades nutricionais dos alunos, com
vistas a melhorar o desempenho escolar e reduzir a evasão escolar e a repetência. Em relação
à merenda escolar no exercício 2003, constatou-se aquisição de alimentos que não foram
efetivamente distribuídos às escolas ou consumidos pelos alunos, tais como: carne bovina,
maça, abacaxi, laranjas, banana da terra, banana prata, mamão
31
.
Além disso, houve um atraso no fornecimento da merenda escolar em 2004
32
e indicio
de desvio de finalidade de gêneros da merenda escolar para produção e programa sociais
desenvolvidos pelo município
33
. Ainda de acordo com o relatório da CGU (2004):
[...] os fatos apresentados e as denuncias recebidas de populares,
demonstram que há indícios de utilização de gêneros alimentícios da
merenda escolar para a distribuição á pessoas carentes do município
(Relatório da CGU, 2004).
31
O objeto da fiscalização da CGU (2004) foi verificar a aquisição de gêneros alimentícios para escolas,
fornecimento da merenda aos alunos e atuação do controle social. O montante de recursos passados diretamente
á prefeitura (fundo a fundo) no exercício de 2003 e 2004 foi de R$ 320.554,00 (2003) e R$ 61.042,80 (2004).
Tanto as merendeiras da Unidade Produtora de Alimentos, UPA (fornece alimentos prontos para as escolas da
sede do município) quanto às merendeiras das escolas visitadas na zona rural, declararam que os alimentos acima
relacionados não foram utilizados na merenda escolar no exercício 2003.
32
O calendário escolar do município no exercício 2004 indica que o ano letivo teve inicio em 09/02/2004. Os
recursos federais foram regularmente liberados para a prefeitura em 26/02 e 23/03/2004, no valor total de R$
61.042,80. Entretanto, a atual diretora da Unidade Produtora de Alimentos (UPA) declarou que a distribuição de
alimentos na zona urbana somente ocorreu em meados do mês de março e na zona rural no final de março em
algumas escolas e em outras somente no inicio de abril. Já em visita a algumas escolas na zona rural, a exemplo
da Escola de Primeiro Grau São Vicente e a Escola Municipal Poço Dantas constatou-se que a merenda escolar
só foi servida em 04/04/04 e em 12/04/04 respectivamente. Portanto, com base no calendário escolar e em visitas
“in loco”, constatou-se que as escolas da zona urbana ficaram 10 dias letivos sem merenda escolar e as escolas
da zona rural chegaram a ficar até 37 dias sem merenda. A diretora da UPA declarou que tal atraso se deu em
função do atraso da realização dos processos licitatórios, fato não justificado.
33
observa –se na entrada da cidade de Itaberaba um “out door” contendo os seguintes dizeres: “ITABERABA
JÁ COMBATE A FOME DESDE 2001, alimentando 10.000 pessoas diariamente.” Tal cartaz refere-se aos
programas municipais “projeto amigos da sopa”, “projeto feijão na mesma” os quais visão a distribuição de
alimentos preparados às famílias carentes do município. Os alimentos de tais programas, feijão em calda (pronto
para o consumo) e sopa, em 2003 eram preparados na Unidade Produtora de Alimento (UPA), onde era
produzida a merenda escolar destinada á zona urbana do município e efetuava-se a distribuição de gêneros
alimentícios para a merenda da zona rural. Os produtos da merenda escolar e os destinados ao programa social
do município eram armazenados no mesmo local, no depósito da UPA.
Ressalte-se que o cardápio utilizado
para o exercício 2003, na zona urbana, não continha alimentos fabricados á base de feijão e esta zona
concentra 73,38% dos alunos do município, ou seja, 8. 139 alunos (base censo do município/2003-
FNDE). Somas-se a este fato, a declaração de grupo de merendeiras da UPA que, no exercício 2003,
não foram produzidos alimentos à base de feijão para a merenda escolar da zona urbana, a exemplo de
feijão tropeiro, (feijão com arroz) etc. Entretanto, segundo elas, para o programa feijão na mesa
utilizava-se em média 70 KG de feijão por dia, três vezes por semana.