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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
CARACTERIZAÇÃO DA DIETA E AVALIAÇÃO DE MÉTODOS
DE ESTIMATIVA DE CONSUMO EM CAPRINOS SUPLEMENTADOS
NA CAATINGA
AREIA – PB
FEVEREIRO-2006
VALDI DE LIMA JÚNIOR
Zootecnista
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ii
VALDI DE LIMA JÚNIOR
CARACTERIZAÇÃO DA DIETA E AVALIAÇÃO DE MÉTODOS
DE ESTIMATIVA DE CONSUMO EM CAPRINOS
SUPLEMENTADOS NA CAATINGA
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Zootecnia, do Centro
de Ciências Agrárias, da Universidade
Federal da Paraíba, como parte das
exigências para obtenção do Título de
Mestre em Zootecnia, na área de
concentração em Produção Animal.
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Ariosvaldo Nunes de Medeiros – Orientador Principal
Profª. Drª. Ângela Maria Vieira Batista
Prof. Dr. Divan Soares da Silva
AREIA – PB
FEVEREIRO-2006
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iii
Ficha Catalográfica elaborada na Seção de Processos Técnicos da Biblioteca
Setorial de Areia-PB, CCA/UFPB.
Bibliotecária: Márcia Maria Marques CRB4 – 1409
L732c Lima Júnior, Valdi de
Caracterização da dieta e avaliação de métodos de estimativa de consumo em
caprinos suplementados na caatinga / Valdi de Lima Júnior. – Areia, PB:
PPGZ/CCA/UFPB, 2006. 81f.: il.
Dissertação (Mestrado em Zootecnia) pelo Centro de Ciências Agrárias da
Universidade Federal da Paraíba.
Orientador: Ariosvaldo Nunes de Medeiros.
1. Caprinos - estimativa de consumo. 2. Caprinos -
caatinga. 3. Métodos de
II. Título.
CDU: 636.3:626.875(043.3)
VALDI DE LIMA JÚNIOR
CARACTERIZAÇÃO DA DIETA E AVALIAÇÃO DE MÉTODOS
DE ESTIMATIVA DE CONSUMO EM CAPRINOS
SUPLEMENTADOS NA CAATINGA
Dissertação Aprovada pela Comissão Examinadora em: 28/02/06
Comissão Examinadora:
_______________________________________
Prof. Dr
a
Patrícia Mendes Guimarães Beelen
Examinadora
Universidade Federal Alagoas
__________________________________
Prof. Dr
a
Adriana Guim
Examinadora
Universidade Federal Rural de Pernambuco
____________________________________
Prof. Dr. Ariosvaldo Nunes de Medeiros
Presidente
Universidade Federal da Paraíba/CCA
AREIA – PB
FEVEREIRO-2006
v
Aos meus pais Maria da Guia Soares de Lima e Valdi de Lima;
Aos meus irmãos Sandra, Sheyla, Wanessa e Diego;
A minha namorada Aline Torres;
Ao professor Ariosvaldo Nunes de Medeiros.
DEDICO...
vi
AGRADECIMENTO
Ao professor Dr. Ariosvaldo Nunes de Medeiros pela oportunidade, ensinamentos,
apoio, confiança, amizade e exemplo de dedicação e profissionalismo.
A professora Ângela Maria Vieira Batista, Divan Soares da Silva e Professor Walter
Esfrain pela contribuição importantíssima a minha dissertação.
As professoras Patrícia Beelen e Adriana Guim pelas sugestões.
A minha namorada Aline Torres pelo amor, cumplicidade e dedicação.
Aos meus cunhados Eli, Leonardo, Ítalo e Albino pelo companheirismo e amizade.
A todos os funcionários do PPGZ, D. Graça, D. Jacilene, D. Carmen e Sr. Damião.
A todos os funcionários do laboratório de Nutrição Animal, em especial a Charlys e
José Alves.
Aos companheiros do Cariri, Ellio, Carlos Alan, Marcos Jácome, Ítala Viviane, Carlo
e Jacira.
Aos funcionários da Estação Experimental de São João do Cariri, na representação de
José Morais.
Aos meus amigos de Pós-Graduação: Daniel Magalhães, Tobyas Mariz, Felipe
Cartaxo, Maurício Leite, Carol, Severino do Ramo, Viviane, Elisanie, Raul, Fernanda,
Hemmannuelle, Ana Sancha, Araken, Alexandre, Maria do Socorro, Leilane Rocha,
Leonardo Pascoal, Jordão Filho, José Fabio, Rosinha, Darklê, Fabiana Dantas, Bárbara,
Jailma, Geocleber.
Aos meus grandes amigos de longas datas e os conquistados recentemente: Ellio
Celestino (Negão), Josimar Torres, Genildo Fonseca, Cicília Maria, Marcelo Ferreira,
André Tinoco (Peteu), Edgar Manso, Leonardo Tinoco, Marcel Lopes, Cláudio Adriano,
Carlos Alan, Marcos Jácome (Jaca), Fernanda, Daniel Magalhães, Ana Cristina, Tiago
Araújo, Rayana, Emilson, Tobyas Mariz, Felipe Cartaxo, Maurício Leite, Francisco
Helton, José Hemanuel e Maria Verônica.
vii
BIOGRAFIA DO AUTOR
VALDI DE LIMA JÚNIOR – Nascido em 11 de junho de 1980, na cidade de Natal – RN
e residente no município de Ceará-Mirim RN, onde concluiu o ensino fundamental em
1994. Em 1995, ingressou no ensino médio, com conclusão em 1997. Em março de 1998,
ingressou no ensino superior no curso de Química, em 1999 no curso de Zootecnia e assim
concluindo em fevereiro de 2004, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Quando acadêmico do curso de Zootecnia, desenvolveu pesquisa na área de Nutrição de
Ruminantes e forragicultura, sendo bolsista do Programa de Iniciação Científica (Conselho
Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico CNPq), durante 12 meses. Em
março de 2004, ingressou no curso de mestrado em Zootecnia da Universidade Federal da
Paraíba (UFPB), no qual foi bolsista do (Centro de Apoio a Pesquisa do Ensino Superior
CAPES), desenvolveu pesquisa na área de Nutrição de Ruminantes.
viii
SUMÁRIO
Páginas
Lista de Tabelas..........................................................................................................
ix
Lista de Figuras..........................................................................................................
xi
Resumo Geral.............................................................................................................
xii
Abstract.......................................................................................................................
xiii
Capítulo 1 - Refencial Teórico..................................................................................
Referências Bibliográficas..........................................................................................
2
15
Capítulo 2 Caracterização nutricional da dieta de caprinos suplementados
na Caatinga.......................................................................................
21
Resumo....................................................................................................................... 22
Abstract. .....................................................................................................................
23
Introdução................................................................................................................... 24
Material e Métodos..................................................................................................... 27
Resultados e Discussão...............................................................................................
31
Conclusão................................................................................................................... 42
Referências Bibliográficas..........................................................................................
43
Capítulo 3 - Uso de indicadores para estimar consumo de nutrientes em
caprinos suplementados na Caatinga.............................................
50
Resumo....................................................................................................................... 51
Abstract. .....................................................................................................................
52
Introdução................................................................................................................... 53
Material e Métodos..................................................................................................... 56
Resultados e Discussão. .............................................................................................
62
Conclusão................................................................................................................... 77
Referências Bibliográficas..........................................................................................
78
ix
LISTA DE TABELAS
Capítulo 2
Páginas
Tabela 1 Médias, coeficientes de variação (CV), equação de regressão para a
composição química da extrusa em matéria seca (MS), matéria
orgânica (MO), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra
em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA),
nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN), nitrogênio
insolúvel em detergente ácido (NIDA), lignina e tanino total, em
função dos níveis de suplementação concentrada..............................
34
Tabela 2 Coeficientes de digestibilidade da matéria seca (CDMS) e da
matéria orgânica (CDMO), estimados pelos métodos digestibilidade
in vitro e fibra em detergente ácido indigestível e digestibilidade da
fibra em detergente neutro (DFDN), em caprinos Moxotó
suplementados na Caatinga..................................................................
39
x
LISTA DE TABELAS
Capítulo 3 Páginas
Tabela 1 - Médias para as taxas de bocados (Tx) (bocados/minuto) e tamanhos
dos bocados (TMB) (g) de caprinos Moxotó suplementados na
Caatinga.............................................................................................
62
Tabela 2 – Consumos de matéria seca total (CT) e de forragem (CF) em
percentagem do peso vivo (% PV.) estimados pelos métodos
comportamento ingestivo, digestibilidade in vitro da matéria seca
e fibra em detergente ácido indigestível, em caprinos Moxotó
suplementados na caatinga................................................................
64
Tabela 3 – Consumos de matéria seca total (CT), de forragem (CF) e de
concentrado (CC), em gramas por dia (gMS/dia) e em gramas por
cada kg de peso metabólico (g/kgPV
0,75
)estimados pelos métodos
comportamento ingestivo (CI), digestibilidade in vitro (DIVMS)e
fibra em detergente ácido indigestível (FDAI), em caprinos
Moxotó suplementados na Caatinga.................................................
66
Tabela 4 Consumo da dieta total em nutrientes (concentrado + forragem) de
matéria orgânica (CMO), proteína bruta (CPB) e fibra em
detergente neutro (CFDN), estimados a partir do comportamento
ingestivo (CI), digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) e
fibra em detergente ácido indigestível (FDAI), por caprinos
Moxotó suplementados na Caatinga.................................................
72
Tabela 5 – Comparação entre os métodos de estimativa de consumo de matéria
seca (MS) em gramas por dia (gMS/dia), através dos métodos
digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS), comportamento
ingestivo (CI), fibra em detergente ácido indigestível (FDAI) em
caprinos suplementados na Caatinga. ..............................................
73
xi
LISTA DE FIGURAS
Capítulo 2
Páginas
Figura 1 Freqüência das forrageiras (%) mais consumidas por caprinos
Moxotó suplementados na Caatinga...................................................
31
Figura 2 – Freqüências dos tipos de estrato em (%) mais consumidas por
caprinos Moxotó suplementados na Caatinga....................................
32
xii
RESUMO GERAL
CARACTERIZAÇÃO DA DIETA E AVALIAÇÃO DE MÉTODOS DE
ESTIMATIVA DE CONSUMO EM CAPRINOS SUPLEMENTADOS NA
CAATINGA
Resumo – Objetivou-se caracterizar a dieta e avaliar os métodos de estimativa de consumo
em caprinos suplementados na Caatinga. Foram utilizados oito animais fistulados no
esôfago portando bolsas coletoras. Os animais tinham acesso ao pasto no início da manhã,
e no final da tarde eram recolhidos para o centro de manejo onde recebiam a
suplementação concentrada. Os tratamentos consistiam de quatro níveis de suplementação
concentrada de 0%; 0,5%; 1,0% e 1,5% em relação ao peso vivo. Os animais foram
distribuídos em quadrado latino duplo e os dados foram submetidos à análise conjunta de
variância. Os métodos de estimativa de consumo utilizados foram: comportamento
ingestivo (CI), digestibilidade in vitro MS (DIVMS) e fibra em detergente ácido
indigestível (FDAi). A composição química da extrusa na base da matéria seca para MS,
MO, MM, PB, FDN, FDA, NIDN, NIDA e lignina foram em média de 21,51; 88,74;
11,25; 10,51; 49,27; 36,41; 0,59; 0,48; 9,76%, respectivamente. A digestibilidade da MS
(CDMS) e matéria orgânica (CDMO) aumentaram linearmente à medida que se elevou o
nível de suplementação, sendo: CDMS de 41,80 para 61,34% e CDMO de 46,98 para
69,46%, respectivamente para o vel 0 e 1,5% de suplementação. O método de estimativa
pelo comportamento ingestivo subestimou o consumo em MS em relação ao método da
DIVMS tanto em relação à percentagem do PV, como também em gramas por dia (g/dia).
Os métodos de DIVMS e fibra em detergente ácido indigestível mostram-se adequados
para a estimativa de consumo de MS. A composição química da extrusa selecionada por
caprinos não é influenciada pela suplementação concentrada. A suplementação influencia a
digestibilidade da dieta selecionada na Caatinga por caprinos Moxotó.
Palavras Chaves: marcadores internos, suplementação, pastagem nativa
xiii
ABSTRACT
CHARACTERIZATION OF THE DIET AND EVALUATION OF ESTIMATE
METHODS OF INTAKE IN GOAT SUPPLEMENTED IN THE CAATINGA.
Abstract - It was aimed at to characterize the diet and to evaluate the estimate methods of
intake in goat supplementation in the Caatinga. Eight Moxotó goats were used esophagus
cannulated. They had access to the pasture in the beginning of the morning and in the end
of the afternoon they were collected where they received the concentrated
supplementation. The sampling of the diet was made through the animals esophagus
cannulated, where they had access to the picket for forty minutes carrying specific collect
bags. The cannulated animals were submitted to a previous fast of approximately 12 hours
before sampling. The treatments consisted of four supplementation levels 0%; 0,5%; 1,0%
and 1,5% in relation to the live weight. In the experiment a double Latin square design,
with four treatments was used. The data were submitted to the united analysis of variance.
The methods of intake estimate used were: feeding behavior, dry matter in vitro digestible
and indigestive acid detergent fiber (IADF). All the results of the chemical composition of
the diet selected by the bovid ones didn't have significant differences in function of the
supplementation. The chemical composition of the extrusa in the base of the dries matter
for DM, OM, MM, CP, NDF, ADF, NIDN, NIDA and lignin were on average of 21,51;
88,74; 11,25; 10,51; 49,27; 36,41; 0,59; 0,48; 9,76, respectively. The digestibility of DM
(DMDC) and organic matter (MODC) they increased the measure that rose the
supplementation level lineally, being: DMDC 41,80 for 61,34% and MODC 46,98 for
69,46%, respectively for the level 0 and 1,5% of supplementation. The method of estimate
ingestive behavior underestimated the intake estimate in DM in relation to the DDMIV so
much in relation to the percentage of BW, as well as for grams a day (g/day). The method
of DDMIV and IADF are shown appropriate for the estimate of consumption of MS. The
chemical composition of the extrusa selected for goat is not influenced by the concentrated
supplementation. The supplementation influences the digestibilidade of the diet selected in
the Caatinga by Moxotó goat.
Key words: internal markers, supplementation, native pasture
CAPÍTULO I
Referencial Teórico
Caracterização da Dieta e Avaliação de Métodos de Estimativa de Consumo em
Caprinos Suplementados na Caatinga
2
Capítulo I - Referencial Teórico
Caracterização da Caatinga
O Semi-árido, que no Nordeste se constituí num subconjunto dentro do que se
entende por bioma Caatinga, foi e continua’ sendo o maior desafio em termos de
desenvolvimento sustentável para a região. Absorve cerca de 36,3% da população regional,
um contingente de 19,4 milhões de pessoas. A maior parte dessa população já é urbana
(56,5%), tendo migrado da zona rural para a urbana dentro do próprio Semi-árido (Mendes,
1997).
Essa região é diversa do ponto de vista biológico, ambiental, físico, climático e
também econômico. Nesta última dimensão convive a agricultura de sequeiro de baixa
produtividade com lavouras irrigadas que produzem para exportação ou que destinam sua
produção para transformação industrial. A área vem perdendo importância relativa do
ponto de vista econômico uma vez que o seu PIB que constituía 28,4% do produto regional
em 1970, declinou para 21,6% em 1998. É no Semi-árido que se manifesta com maior
intensidade, o hiato entre a base econômica e o peso demográfico. O contínuo
estreitamento dessa base econômica em um contexto de um lento, mas persistente
crescimento demográfico (0,89% a.a. no período 1991- 2000) conduziu o Semi-árido a
uma queda no seu produto per capita, relativamente ao do Nordeste como um todo, de
74,7% para 53,2%, entre o início da década de 1970 e o final da de 1990 (Galvão, 2003).
Albuquerque (2002) sugere que as causas desse declínio aconteceram em razão da
crise do chamado complexo gado/algodão/lavouras alimentares e da economia mineral que
se manteve, precariamente, até o final da década de 1970. A desestruturação dessa frágil
base econômica foi o resultado da praga do bicudo do algodoeiro e da importação do
3
algodão a preços mais competitivos, potencializada pelo longo período de estiagem que se
estendeu de 1979 a 1983.
Valor Nutritivo e Digestibilidade de Forrageiras Nativas
O valor nutritivo de uma pastagem depende basicamente da composição química
desta, da quantidade de nutrientes ingeridos pelo animal e da digestibilidade de tais
nutrientes (Silva, 1996).
Os animais escolhem sua dieta pela palatabilidade e o pela disponibilidade da
mesma. A composição química é o principal fator que afeta a palatabilidade das plantas
(Bishop et. al., 1972). Com isso torna-se difícil determinar a composição da dieta do
animal já que a seletividade constitui um fator limitante para essa determinação.
Animais fistulados no esôfago têm sido extensamente utilizados para a determinação
da dieta e digestibilidade da forragem e qualidade do material selecionado pelo animal
(Coleman, 1973). O uso de método que envolve animais fistulados permite vantagens
consideráveis, por obter a dieta selecionada pelo animal (Holechek, 1982), cujos resultados
são mais confiáveis do que aqueles obtidos por amostragem direta da pastagem. Apesar de
algumas dificuldades que interferem nessa estimativa, como as mudanças químicas que
ocorrem nas amostras em função da mastigação, contaminação da saliva e perda de
compostos orgânicos solúveis por lixiviação (Langlands, 1968; Lesperance, et al., 1960;
Little, 1972; Cohen, 1979).
A digestibilidade dos nutrientes da ração fornece uma idéia da capacidade do
alimento em ser aproveitado pelo animal, sendo influenciada por vários fatores, entre os
quais se podem citar os níveis de proteína bruta (PB) da dieta (Minson, 1982). Contudo
determinar o consumo é mais difícil que avaliar a digestibilidade, por estar submetido às
inúmeras outras variáveis relacionadas ao meio (Burns et al., 1994). Como também, a
4
mensuração do consumo de animais alimentados a pasto não pode ser realizada
diretamente como em confinamento (Silva e Leão, 1979; Minson, 1990), exigindo, assim,
o uso de metodologias alternativas para sua determinação. De uma forma geral, maiores
progressos no entendimento dos fatores básicos que afetam o consumo têm sido impedidos
pela nossa dificuldade de medi-lo acuradamente, o que possibilita separar melhor as
influências de animal e dieta (Mertens, 1994) e traçar estratégicas e medidas com vistas à
ampliação do processo produtivo da caprinocultura.
Quando os animais estão em pastejo, as estimativas de consumo tornam-se mais
complexas, devido à ação e interação dos fatores relacionados ao animal, à planta e ao
meio ambiente (Penning et al., 1991). Com o aumento do valor nutritivo, um aumento
no consumo, até que o ponto estabelecido pela demanda nutricional e fisiológica seja
alcançado. Aumentos posteriores no valor nutritivo do alimento ou da dieta o
acompanhados de redução no consumo, para ajustar a ingestão de energia.
Sistema de Produção da Caatinga
A estratégia de desenvolvimento sustentável para o semi-árido tem de ser centrada
em atividades produtivas que possam conviver com a seca. O fato de a maior parte da
população do Semi-árido ser urbana, aponta na direção de alternativas econômicas que
independam da instabilidade climática (Albuquerque, 2002).
A baixa produtividade dos rebanhos e suas pequenas taxas de crescimento
geométrico geram expectativa de déficit na oferta de carne nos mercados internos e
externos em um futuro próximo (Sousa Neto, 1987). Por outro lado, deve-se levar em
consideração que o maior rebanho de caprinos no Nordeste é composto por animais do tipo
nativo e Sem Raça Definida (SRD), de notável rusticidade, porém com baixa produção de
leite e carne (Fernandes et al., 1985; Silva et al., 1993).
5
Suplementação em Regime de Pastejo
Para atender o crescimento e ganho de peso, as exigência nutricionais do animal em
pastejo o continuas e alcançadas através do consumo diário de matéria seca da pastagem
(MS). Entretanto, à medida que a pastagem vai perdendo qualidade, maior tem que ser o
consumo de MS para compensar essa perda de nutrientes. Como o consumo depende da
taxa de digestão e, conseqüentemente da taxa de fluxo de MS para fora do rúmen, e ambos
os processos são limitados pela qualidade da forragem, o consumo total acaba ficando
bastante abaixo do consumo exigido. O resultado é baixo desempenho animal. O equilíbrio
da curva sazonal de oferta de alimentos com a demanda de nutrientes do animal, será
possível por meio do uso da suplementação alimentar.
Segundo Paulino (1998), a suplementação com fontes protéicas que melhoram a
digestibilidade da forragem e aumenta o seu consumo, até certo limite. Isto se explica pelo
fato de que a microbiota ruminal (quando suplementada) utiliza melhor a fibra,
melhorando a digestibilidade da forragem e aumentando também a sua taxa de passagem,
influenciando positivamente no consumo pelo animal.
Seguindo este raciocínio, o ganho animal vai estar intimamente relacionado com a
quantidade de suplemento e de forragem consumido pelo animal, e dessa forma, quanto
maior o consumo, maior o ganho observado.
Quantidades de energia e N prontamente solúveis podem aumentar a digestão da
forragem de baixa qualidade e, em alguns casos, o seu consumo. Da mesma forma,
alimentos contendo proteína de baixa degradação ruminal podem estimular o metabolismo
nos tecidos e o consumo de forragem.
Por outro lado, se a suplementação for a grande quantidade, um efeito
substitutivo do consumo da forragem pelo consumo do suplemento, diminuindo o consumo
de forragem pelo animal. Dessa forma necessidade de estabelecer uma relação entre o
6
consumo individual e o desempenho animal, relacionando-se com os requerimentos
nutricionais, para proceder à suplementação adequada. Se a suplementação for feita no
período seco e houver quantidade suficiente de forragem, ainda que seca, os animais
poderão então manter o peso ou mesmo ganhar, dependendo dos objetivos da criação e da
quantidade de suplemento e de forragem consumida. Desse modo, animais em pastejo
durante o período da seca, com dieta com baixa energia, deveriam apresentar bons
resultados à suplementação, porém nem sempre isso acontece, pois o principal limitante é
sem dúvida a proteína da dieta.
Consumo de Matéria Seca em Caprinos em Regime de Pastejo
O consumo voluntário é tido como uma característica do alimento, porém, os
valores de consumo não estão geralmente disponíveis devido à complexidade das variáveis
que estão envolvidas na regulação do consumo do animal. A alimentação em condições do
pasto deve diferir daquela onde o capim é cortado e fornecido no cocho, situação primeira
onde se considera a qualidade da forragem ingerida e o efeito do pastejo seletivo, a
quantidade consumida e a necessidade adicional de energia para os animais se deslocarem
em busca do alimento (Cardoso, 1977).
Devido à relação direta entre degradação e ingestão de MS, é importante o
conhecimento dessa taxa de degradação para estimar a ingestão voluntária de forragem
pelos ruminantes. Em geral, quanto maior a taxa de degradação, maior a velocidade de
esvaziamento do retículo-rúmen, o que proporciona maior consumo (Mertens, 1987).
Segundo Oliveira (1997), o volume da digesta no rúmen-retículo determina o limite
de consumo de forrageiras de baixa qualidade, o qual pode ser explicado por um dos
mecanismos de controle do consumo de Mertens (1992), onde se aumentando o teor de
FDN na ração resulta num decréscimo do consumo voluntário do animal. Os principais
7
fatores que afetam o consumo de alimentos são: o peso vivo do animal, o nível de
produção, características do clima e dieta.
Devido às dificuldades para se determinar o consumo de matéria seca diretamente,
usando-se animais em pastejo, vários métodos indiretos o utilizados, considerando a
produção fecal e a digestibilidade da matéria seca consumida. A produção fecal dos
animais, nestes casos, pode ser determinada baseando-se na relação entre a quantidade de
um indicador administrado ao animal e sua concentração nas fezes. Em contraste com
dosagem de um indicador empregado diariamente, a utilização do cromo mordante pode
ser uma alternativa, sendo administrado em única dose (dose pulso), seguido por coletas
sucessivas das fezes para se caracterizar a concentração de marcador encontrado nas
mesmas fezes (Pond et al., 1989).
Fatores de Regulação de Consumo a pasto
Uma importante ferramenta na nutrição é o consumo MS por constituir o primeiro
ponto determinante do ingresso de nutrientes necessários ao atendimento das exigências de
mantença e produção animal e alta correlação com a produção animal (Noller et al. 1996).
Diferentemente da digestibilidade e da composição com características inerentes ao
alimento (Silva e Leão, 1979), o consumo e sua intensidade assumem particular
importância nos sistemas de produção. Portanto, o consumo é de fundamental à nutrição,
pois determina o nível de nutrientes ingeridos pelo animal, portanto, a resposta animal
(Van Soest, 1994).
O controle da ingestão dos alimentos é influenciado por vários fatores. Segundo
Rodrigues (1998), existem dois mecanismos básicos de regulação de consumo,
denominados de curta e longa duração. Mecanismos de controle de curta duração referem-
8
se a eventos diários que afetam a freqüência, tamanho e padrão de alimentação e estão
relacionados aos estímulos que iniciam o processo de fome e saciedade, enquanto a
regulação de longa duração se refere ao consumo dio diário, por extenso período de
tempo, durante o qual o equilíbrio de peso é atingido e mantido.
Van Soest (1994) relata que algumas substâncias tóxicas influenciam no consumo
voluntário de forragens através da alteração no metabolismo animal diretamente ou através
da modificação no conteúdo ou nos constituintes da parede celular, influenciando a taxa e a
extensão da degradação, reduzindo a utilização deste material pelo animal.
Mertens (1992) afirmou que os pontos críticos para se estimar o consumo são as
limitações relativas ao animal, ao alimento e às condições de alimentação. Quando a
densidade energética da ração é alta (baixa concentração de fibra), em relação às
exigências do animal, o consumo será limitado pela demanda energética. Para rações de
densidade energética baixa (alto teor de fibra), o consumo será limitado pelo efeito de
enchimento. Se houver disponibilidade limitada de alimentos, o enchimento e a demanda
de energia não seriam importantes para predizer o consumo. A fibra em detergente neutro
(FDN) é uma medida do conteúdo total de fibra insolúvel do alimento, incluindo a
celulose, a hemicelulose e lignina (Allen, 1995). E constitui-se no parâmetro mais usado
para o balanceamento de rações, que fornece medidas quantitativas das diferenças entre
gramíneas e leguminosas, de estações frias ou quentes, alimento volumoso ou concentrado,
estando relacionada com a modulação do consumo, a densidade energética do alimento, a
mastigação, a taxa de passagem e a digestibilidade (Van Soest et al., 1991; Mertens, 1997).
A qualidade das forragens deve ser considerada, pois seu conteúdo de FDN varia
amplamente, dependendo da espécie, da maturidade e do crescimento da planta. Outro
parâmetro que também deve ser considerado é a digestibilidade da FDN, pois possui
9
degradabilidade ruminal variada, o que pode, conseqüentemente, influenciar o desempenho
do animal (Oba e Allen, 1998).
Métodos de Estimativa de Consumo em pastejo
Nesse contexto, os métodos de estimativa de consumo são ferramentas essências para
a determinação do nível adequado de consumo de MS, sejam eles métodos diretos, como o
comportamento ingestivo, ou indiretos, que utilizam indicadores internos, (fibra em
detergente ácido indigestível - FDAI, fibra em detergente neutro indigestível - FDNI e
cinza insolúvel em detergente ácido - CIDA) ou externos (óxido de cromo-Cr
2
O
3
e Itérbio).
Ao longo dos anos vem se trabalhando com vários marcadores em experimentos de
metabolismo animal (Owens e Hanson, 1992), dentre esses, os marcadores internos
apresentam vantagens por estarem presentes no alimento, não tendo a necessidade de
adaptação prévia. Como por exemplo, os componentes indigestíveis da parede celular da
fibra em detergente neutro (FDN) e a fibra em detergente ácido (FDA), têm sido usados
(Ítavo et al., 2002; Zeoula et al., 2002), sendo obtidos através da incubação in vitro em
líquido ruminal (Freitas et al., 2001).
No entanto a estimativa do consumo voluntário de pasto a partir da relação entre a
produção fecal e da indigestibilidade da forragem, com a utilização da extrusa na
determinação da digestibilidade, aumenta a exatidão dos resultados por considerar a
seletividade da dieta ingerida pelos animais (Aroeira, 1997).
Devido à facilidade comparativa e aos resultados confiáveis, os todos indiretos
de estimação do consumo a pasto, que se baseiam nas estimativas de digestibilidade do
pasto ingerido e da quantidade de fezes excretadas, tem sido bastante usados (Cardoso,
1977). Neste caso, o consumo é obtido a partir de estimativas da digestibilidade do
material ingerido e da produção fecal do animal, a partir da fórmula:
10
Consumo de MS = Produção fecal x 100/ (1-DIVMS).
A produção fecal pode ser determinada diretamente, usando-se sacolas para
colheitas totais ou indiretamente, com auxílio de marcadores. Vários indicadores têm sido
usados, como cortiça, sulfeto de prata, óxido férrico, cromogênio, itérbio, fibra em
detergente ácido e fibra em detergente neutro indigestíveis, óxido crômico e alguns
elementos raros (Van Soest, 1994). Destes o óxido crômico é o mais usado. Os problemas
associados ao uso de indicadores consistem na recuperação incompleta e a variação diurna
na excreção, além de problemas pertinentes a análises laboratoriais.
A relação entre a dose diária do indicador e sua concentração nas fezes fornece uma
estimativa da produção fecal, conforme a seguinte fórmula:
PF / DIA = g de Cr2 O3 / g de Cr2 O3 por g de fezes
Em relação à digestibilidade, esta é geralmente determinada nas amostras
provenientes de fistula esofágica, pelo método de digestibilidade in vitro, ou com uso de
indicadores internos, como lignina, sílica e o cromogênio vegetal, FDA e FDN
indigestíveis. Porém, vale ressaltar que ocorrem problemas de recuperação nas fezes da
lignina e cromogênio. Com relação à lignina, as falhas na recuperação podem ser
atribuídas a alguns fatores tais como: em gramíneas jovens a lignina possui menor grau de
polimerização, a lignina bruta pode sofrer contaminação com material não lignificado,
formação de material fenólico solúvel, além de frações muito pequenas perdidas no
processo de filtragem.
Um procedimento bastante utilizado para determinação da digestibilidade é o
procedimento "in vitro", onde mensura-se a digestibilidade da matéria orgânica, oriunda de
amostras coletadas por animais fistulados introduzidos para pastejar na área experimental,
ou por amostras coletadas manualmente, de forma similar ao material selecionado pelos
animais. Pode-se fazer em um ou dois estágios Outro método indireto é a utilização de
11
equações relacionando o consumo e as características do animal e da planta. Segundo
Mertens (1987), a forma tradicionalmente usada para a predição do consumo é através de
equações empíricas, por meio de variáveis ajustadas e selecionadas estatisticamente para
consumos observados em uma população mensurada. Ellis (1978) sugeriu que o consumo
voluntário pode ser mensurado pela relação entre a matéria seca indigestível, taxa de
passagem e taxa de digestão do material ingerido, o que sugere que os modelos
matemáticos para estimar consumo, provavelmente, apresentam alta precisão em uma
determinada condição.
Em contrapartida apesar do método do comportamento animal ser trabalhoso, por
exigir observações diárias, porém se torna simples por o requererem análises
laboratoriais complexas. Mas, em termos absolutos, observa-se nítida superestimação do
consumo, devido a provável superestimação do tamanho do bocado (TB) por animais
esôfagos-fistulados (Brâncio, 2000).
No comportamento animal, as dimensões do bocado de animais em pastejo são
importantes tanto para a planta quanto para o animal (Carvalho, 1997). No caso da planta
elas definem a profundidade e a área da forragem removida, definindo, portanto a
intensidade e o padrão espacial de desfolhação (Edwards et al., 1995). A relação entre a
intensidade de desfolhação e sua freqüência determina o quanto de folhas é colhido pelo
animal e o quanto o crescimento da planta será afetado pelo efeito no seu suprimento de
energia. Para o animal, a dimensão do bocado junto com a densidade do estrato pastejado,
define o peso do bocado que é a variável mais determinante do consumo animal (Coleman,
1992).
A seletividade exercida pelo animal é o principal fator que influencia no tamanho
do bocado (Forbes, 1988; Pereira, 1991). Em condições de baixa disponibilidade de
forragem uma dificuldade do animal em conseguir tamanhos de bocados grandes o
12
suficiente para que o animal possa consumir o máximo que sua capacidade permite em
termos de enchimento de rúmen ou satisfação da exigência de energia do animal (Stobbs,
1973).
O método de determinação do consumo baseado no comportamento animal em
pastejo, envolve estimativa do consumo diário de forragem por meio do produto de três
variáveis do comportamento ingestivo: o tempo de pastejo, a taxa de bocado e o tamanho
dos bocados.
O tempo de pastejo pode ser estimado com monitoração contínua ou pelo uso de
técnicas de amostragem em intervalos. Para o registro em intervalos de tempo, deve-se
assumir que cada registro é representativo da atividade. Hodgson (1985), não encontraram
diferenças significativas entre as estimativas do tempo de pastejo de observações a
intervalos de 1, 15, 30 e 45 minutos. O tempo de pastejo pode ser registrado manual ou
automaticamente.
O número de bocados por minuto pode ser medido visualmente ou
automaticamente. A contagem por observação direta do animal é melhor executada com o
uso de binóculos (Forbes, 1988). O número de bocados pode ser medido em intervalos de 5
min (Stobbs, 1975), ou em várias sessões de 1 a 2 min de observação ao dia (Erlinger et al.,
1990). O número total de bocados de pastejo (B), nas 24 horas, ou de um intervalo menor
de tempo pode ser medido diretamente, ou calculado como produto da taxa média de
bocado (RB) pelo tempo de pastejo (GT), B = RB * GT.).
O tamanho de bocado (TB) pode ser medido utilizando animais esôfago-fistulados,
com coleta total de extrusa, registrando-se o número de bocados durante a coleta. O
tamanho do bocado (TB) é o produto do peso seco da extrusa (E) dividido pelo número de
bocados (B), TB = E * B. Consequentemente, o tamanho do bocado pode ser determinado
13
dividindo a ingestão diária de forragem (I) pelo número de bocados diários (B), TB = I/B
(Jamieson e Hodgson, 1979).
O tamanho do bocado, segundo Forbes (1988), é aumentado pelo período de
restrição alimentar que o animal é submetido na noite anterior à coleta, em conseqüência
do maior apetite e menor seleção. Outra maneira de se estimar o tamanho do bocado,
segundo Erlinger et al. (1990), consiste na técnica pesagem-pastejo-pesagem, onde o
animal é pesado utilizando-se uma balança plataforma-portátil, em pequenos intervalos de
tempo, suficientes para aproximadamente 1000 bocados.
A taxa de pastejo (GR) pode ser estimada por meios manuais ou automáticos. A
média da taxa de bocado em 24 horas ou por um período total de pastejo pode ser
calculada dividindo-se o número total de bocado (B), pelo tempo total de pastejo (GT).
GR = B / GT (Hodgson, 1985).
Jamieson e Hodgson (1979) desenvolveram um método para registro manual, do
tempo despendido pelo animal para efetuar 20 bocados consecutivos, descartando os
registros em que o animal elevava a cabeça antes de completar os 20 bocados. Verificando
média superior em 16% às estimativas do número total de bocados registrados no intervalo
de 2 min, sendo desprezado o registro em que o animal deixava de abocanhar por mais de 1
min. O primeiro registro foi tomado como indicativo de taxa máxima de bocados. Em
procedimentos manuais, utilizam-se períodos de 0,5 a 3 min, ou 20 a 150 bocados.
O consumo de forragem de um animal em pastejo (I) é o produto de três variáveis:
o tempo de pastejo (GT), a taxa de bocado no pastejo (RB) e o consumo de forragem por
bocado (IB), assim: I = GT * RB * IB (Hodgson, 1985).
De acordo com Hodgson (1985), a taxa de consumo da forragem (RI), peso por
unidade de tempo, é calculada como o valor médio diário estimado do consumo diário (I)
(g MS/dia) dividido pelo tempo de pastejo diário (GT) (h/dia), RI = I/GT.
14
Estimativas de consumo por bocado (IB) são obtidas dividindo-se o consumo (I)
pelo número de bocados de pastejo (B), IB = I/B, registrados em um intervalo de tempo
apropriado (Hodgson, 1985).
Mais recentemente têm sido utilizadas metodologias novas, como por exemplo, o n-
alcanos. Encontra-se presente nas ceras cuticular das plantas que essas em sua composição
possuem hidrocarbonetos alifáticos saturados (n-alcanos), o uso de alcanos como indicador
pode fornecer estimativas de ambos, digestibilidade e produção fecal, para o cálculo do
consumo. Os alcanos das plantas se consistem de cadeias de 25 a 35 carbonos. Estas ceras
são relativamente indigestíveis e, com o aumento do comprimento da cadeia, aumenta a
percentagem recuperada nas fezes.
O consumo pode ser calculado a partir da seguinte fórmula:
I = (Fi/Fj x Dj)/(Hi-Fi/Fj x Hj)
Onde:
Hi e Fi são as concentrações de cadeia impar de n-alcanos na forrageira e nas fezes,
respectivamente;
Hj e Fj o as concentrações de mesma cadeia de n-alcanos na forrageira e fezes,
respectivamente;
Dj é a dose diária de mesma cadeia de n-alcano
Oró et al. (1965) relataram a existência de grande similaridade entre o perfil de n-
alcanos extraídos das fezes de bovinos e o da forragem consumida (Medicago arabica, L.).
Em ambos os materiais, n-alcanos de C18 a C35 foram encontrados, predominando C29,
C31 e C33, destes o C31 aparece em maior quantidade.
15
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21
Capítulo II
Efeito da suplementação alimentar sobre a composição química e
digestibilidade da dieta de caprinos em pastejo na caatinga
22
EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR SOBRE A COMPOSIÇÃO
QUÍMICA E DIGESTIBILIDADE DA DIETA DE CAPRINOS EM PASTEJO
NA CAATINGA
RESUMO - Objetivou-se avaliar o efeito da suplementação concentrada sobre a
composição química e digestibilidade in vitro da extrusa de caprinos Moxotó sob pastejo
na Caatinga. Foram utilizados oito animais fistulados no esôfago portando bolsas coletoras.
Os animais tinham acesso ao pasto no início da manhã e no final da tarde eram recolhidos
para o centro de manejo onde recebiam a suplementação concentrada. Os tratamentos
consistiam de quatro níveis de suplementação concentrada de 0%; 0,5%; 1,0% e 1,5% em
relação ao peso vivo. Os animais foram distribuídos em quadrado latino duplo e os dados
foram submetidos à análise conjunta de variância. Todos os resultados da composição
química da dieta selecionada pelos caprinos não tiveram diferenças significativas em
função da suplementação. A composição química da extrusa na base da matéria seca para
MS, MO, MM, PB, FDN, FDA, NIDN, NIDA e lignina foram em média de 21,51; 88,74;
11,25; 10,51; 49,27; 36,41; 0,59; 0,48; 9,76% respectivamente. A suplementação reduziu
linearmente a concentração de tanino do pasto consumido de 1,54 para o tratamento sem
suplementação para 1,06 no tratamento com 1,5% de suplementação. A digestibilidade da
MS (CDMS) e matéria orgânica (CDMO) aumentaram linearmente a medida que se elevou
o vel de suplementação, sendo: CDMS de 41,80 para 61,34% e CDMO de 46,98 para
69,46%, respectivamente para o nível 0 e 1,5% de suplementação.
Palavras Chaves: Extrusa, animais fistulados, composição química.
23
EFFECT OF ALIMENTARY SUPLEMENTATION ON THE CHEMICAL
COMPOSITION AND DIGESTIBILITY OF THE DIET OF GOAT PASTURE
REGIME IN THE CAATINGA.
ABSTRACT- It was aimed at to evaluate the effect of the supplementation on the
chemical composition and digestibility in vitro of the extrusa of Moxotó goat under pasture
regime. The experiment was carried ant in the unit of research in small ruminant belonging
to experimental station S.J.C. Eight Moxotó goat were used esophagus cannulated. They
had access to the pasture in the beginning of the morning and in the end of the afternoon
they were collected where they received the concentrated supplementation. The sampling
of the diet was made through the animals esophagus cannulated, where they had access to
the picket for forty minutes carrying specific collect bags. The cannulated animals were
submitted to a previous fast of approximately 12 hours before sampling. The treatments
consisted of four supplementation levels 0%; 0,5%; 1,0% and 1,5% in relation to the live
weight. In the experiment a double Latin square design, with four treatments was used. The
data were submitted to the united analysis of variance. All the results of the chemical
composition of the diet selected by the bovid ones didn't have significant differences in
function of the supplementation. The chemical composition of the extrusa in the base of
the dries matter for DM, OM, MM, CP, NDF, ADF, NIDN, NIDA and lignin were on
average of 21,51; 88,74; 11,25; 10,51; 49,27; 36,41; 0,59; 0,48; 9,76, respectively. The
supplementation reduced the concentration of tannin of the consumed pasture of 1,54
lineally for the treatment without supplementation for 1,06 in the treatment with 1,5% of
supplementation. The digestibility of DM (DMDC) and organic matter (MODC) they
increased the measure that rose the supplementation level lineally, being: DMDC 41,80 for
61,34% and MODC 46,98 for 69,46%, respectively for the level 0 and 1,5% of
supplementation.
KEY-WORDS: Extrusa, animals fistulated, chemical composition.
24
Introdução
O animal quando em pastejo, principalmente em áreas de pastagens nativas, tem
acesso a uma grande diversidade de espécies vegetais e a partir delas seleciona sua dieta.
Na pastagem, mudanças na qualidade da forragem disponível é função não da variação
entre os gêneros, espécies e cultivares de forrageiras presentes como também, devido as
diferentes partes da planta e ao seu estádio de desenvolvimento, da fertilidade do solo e das
condições ambientais de cada local (Reid e Klopfenstein, 1983; Kirmse, 1984; Araújo
Filho, 1986).
O valor nutritivo de uma pastagem depende basicamente da composição química
desta, da quantidade de nutrientes ingeridos pelo animal e da digestibilidade de tais
nutrientes (Silva, 1996).
O conhecimento do habito de pastejo e preferências alimentares de ruminantes é
fundamental para se planejar sistemas eficientes de pastejo, para estabelecer programas de
suplementação alimentar.
Os animais escolhem sua dieta pela palatabilidade e o pela disponibilidade dos
seus constituintes. a composição química é o principal fator que afeta a palatabilidade das
plantas (Bishop et. al., 1972). Portanto, numa comunidade vegetal muito diversificada, é
difícil estimar a composição da dieta do animal, já que a seletividade constitui um fator
limitante para essa determinação.
Animais fistulados no esôfago têm sido extensamente utilizados para a
determinação da dieta e digestibilidade da forragem e qualidade do material selecionado
pelo animal (Coleman, 1973). O uso de método que envolve animais fistulados permite
vantagens consideráveis, por obter a dieta selecionada pelo animal (Holechek, 1982), cujos
resultados são mais confiáveis do que aqueles obtidos por amostragem direta da pastagem,
25
apesar de algumas dificuldades que interferem nessa estimativa, como as mudanças
químicas que ocorrem nas amostras em função da mastigação, contaminação com saliva e
perda de compostos orgânicos solúveis por lixiviação (Langlands, 1968; Lesperance, et al.,
1960; Little, 1972; Cohen, 1979).
Inúmeros trabalhos têm demonstrado a importância de se conhecer a qualidade da
dieta selecionada pelos ruminantes em pastejo, a qual possui características químicas e
botânicas diferentes da forragem disponível no pasto, uma vez que os animais consomem
as folhas, em preferência aos caules e forragens verdes, em detrimento do material morto.
Conseqüentemente, a dieta selecionada pelos animais, em geral, possui maior valor
nutritivo que a forragem disponível (Euclides et al., 1992). E mais especialmente por se
tratar de plantas da caatinga, cuja composição é pouco conhecida, como também pela
grande diversidade florística e de compostos químicos, como os compostos fenólicos
presentes na maioria das leguminosas nativas, que dependendo do tipo, provocam
interferência na utilização dos nutrientes pelos ruminantes (Makkar, 2003).
Entre os todos de coleta de extrusa e do pastejo simulado, são apresentadas
discrepâncias como os elevados teores de proteína bruta (Hafley et al. 1993; Detmann et al.
1999) e de cinzas para a extrusa (Detmann et al.1999; Kabeya, 2000). Porém, estas
diferenças são atribuídas à contaminação pela saliva, que, além de possuir nitrogênio,
possuem minerais (Minson et al. 1976). Morais et al. (1998) relataram que o método de
pastejo simulado é eficaz, quando possui grande quantidade de forragem disponível. Porém
a digestibilidade in vitro, obtida com o método de coleta esofágica apresentou maiores
valores de digestibilidade em relação ao pastejo simulado, devido à seletividade
apresentada pelos animais (Berchielli et al. 1998).
26
Objetivou-se caracterizar a dieta selecionada por caprinos e o efeito da
suplementação sobre a composição química e digestibilidade do pasto consumido na
caatinga.
27
Material e Métodos
O experimento foi realizado na Unidade de Pesquisa em Pequenos Ruminantes da
Estação Experimental de São João do Cariri, pertencente ao Centro de Ciências Agrárias
da Universidade Federal da Paraíba, município de São João do Cariri PB. A cidade de
São João do Cariri está localizada na microrregião do Cariri Oriental paraibano, entre as
coordenadas 29’ 34” de Latitude sul e 36° 4153” de Longitude Oeste. Classifica-se
biologicamente como sub-desértica quente de tendência tropical, com médias variando
entre mínima e xima de 25,0 a 30,C, respectivamente. Os índices pluviométricos
durante os meses experimentais (outubro 2004 a fevereiro 2005) foi de 102,6mm.
Foram utilizados oito caprinos, machos, da raça Moxotó, fistulados no esôfago, com
idade entre 12 e 24 meses e peso médio de 18 kg. Os animais foram distribuídos em quatro
tratamentos, com fornecimento de suplementação (concentrada) nos níveis de 0%; 0,5%;
1,0% e 1,5 % em relação ao peso vivo (PV). Os animais tiveram acesso a pastagem nativa
às 06:00h e recolhidos às 16:00h, quando foram alojados em baias individuais e receberam
a suplementação. Semanalmente foram pesados para os reajustes da suplementação.
O suplemento foi composto de farelo de milho, farelo de soja, farelo de trigo, melaço,
calcário e suplemento mineral, nas proporções 60,0; 20,5; 15,0; 2,0; 1,0 e 1,5% MS,
respectivamente, com 18,5% de PB e 2,72 de EM/kg de MS.
As amostragens de extrusa foram realizadas em quatro períodos, nos meses de
outubro e novembro de 2004 e janeiro e fevereiro de 2005. Cada período teve duração de
vinte e oito dias (20 dias de adaptação à suplementação e 8 dias de coleta). As coletas
foram efetuadas em oito dias consecutivos, tendo-se alternado os horários de coleta, ou
seja, um dia pela manhã e outro à tarde, de modo que foram efetuadas quatro coletas pela
manha e quatro à tarde. Nas coletas da manhã, os animais fistulados foram submetidos a
28
um jejum prévio de aproximadamente 12 horas antes da amostragem, permanecendo em
baias, com água e sal mineral à vontade. Pela manhã 5:00-6:00 horas as cânulas foram
retiradas e acopladas as bolsas coletoras confeccionadas de napa com fundo de malha de
náilon para diminuir o excesso de saliva. O período de pastejo foi de aproximadamente 40
minutos. Após a amostragem, os animais eram conduzidos novamente para o centro de
manejo, para a retirada das bolsas e colocação das nulas, sendo então soltos nos
respectivos piquetes. Para a coleta da tarde, os animais eram retiradas da pastagem quatro
horas antes da amostragem, para evitar regurgitação, com isso as contaminações das
amostras experimentais, em seguida eram feitos os mesmos procedimentos da manhã.
Após a colheita, a extrusa foi homogeneizada na própria bolsa de colheita, para a
realização da pré-secagem a 55
0
C durante setenta e duas horas, moídas em peneiras de
1mm e analisadas para composição química e digestibilidade da MS.
Durante o período de pastejo, os observadores que acompanhavam os animais,
preencheram um questionário sobre a sua alimentação. O questionário continha perguntas
relacionadas à planta de maior preferência dos animais e os tipos de estratos herbáceos.
As análises da composição química e digestibilidade in vitro foram realizadas no
Laboratório de Nutrição Animal e Avaliação de Alimentos do CCA/UFPB. As análises da
dieta selecionada pelos animais foram as seguintes: Matéria Seca (MS), Matéria Orgânica
(MO), Cinzas ou Matéria Mineral (MM), Proteína Bruta (PB), Extrato etéreo (EE), Energia
(EB). Também foram determinados os valores de Fibra em Detergente Neutro (FDN),
Fibra em Detergente Ácido (FDA), Nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA) e
Nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN), descrita por (Silva e Queiroz, 2002).
A determinação da fibra em detergente ácido (FDA) e fibra em detergente neutro
(FDN) foram realizadas de acordo com o método de Van Soest et al. (1991), utilizando-se
o aparelho ANKON
200
(Ankon Technology Corp., Fairport, NY, USA), com a modificação
29
em relação aos sacos, onde utilizou-se sacos de tecido não tecido (TNT), confeccionados
no próprio laboratório. Para a determinação da lignina foi utilizada a metodologia descrita
por Van Soest (1967), onde o resíduo da análise da FDA foi submetido à solução de ácido
sulfúrico a 72%.
O nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) foi estimado como nitrogênio
total no resíduo de FDN, e o nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA) no resíduo
de FDA.
O teor de fibra em detergente ácido indigestível (FDAi) foi obtido incubando-se as
amostras da extrusa e fezes com liquido ruminal e saliva artificial por 144 horas em uma
única etapa e extraindo-se o FDA do resíduo indigestível após a incubação, de acordo com
a metodologia proposta por (Cochran et al. 1986).
Os níveis de tanino condensado solúvel e ligado ao resíduo sólido da amostra, foram
determinados pelo método butanol - HCL descrito por Terril et al. (1992).
Amostras de 10mg, em duplicata, tiveram seus taninos condensados extraídos por
uma mistura de 2,5mL de acetona aquosa a 70% com ácido ascórbico a 0,1% e 2,5mL de
dietil éter. Após a remoção dos solventes por evaporação, o extrato foi ajustado para 5mL
com água destilada, centrifugado e separado do resíduo sólido.
Em seguida foi adicionado 1,8mL de butanol-HCL a 5% em alíquotas de 0,5mL do
extrato e levado ao banho-maria a 95°C por 70 minutos.
As amostras de tanino solúvel e ligado tiveram suas absorbâncias lidas a 550nm em
espectrofotômetro e o resultado convertido em % de tanino condensado com base na
equação de regressão da curva-padrão de uma espécie referência, neste caso jurema preta.
A concentração total de taninos condensados foi obtida pela soma das frações solúvel e
ligados ao resíduo (Mupangwa et al., 2000).
30
A digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) das amostras foi obtida conforme
a metodologia proposta por Tilley e Terry (1963), adaptada por Silva (1990).
Para avaliar a composição química e a digestibilidade da extrusa, utilizou-se um
delineamento experimental quadrado latino duplo, com quatro tratamentos (quatro veis
de suplementação e dois animais por tratamento) e quatro períodos. Onde foram utilizados
dois quadrados simultâneos, onde os animais foram distribuídos aleatoriamente.
Para os dados de composição química da extrusa procedeu-se análise de regressão,
em função dos diferentes níveis de suplementação.
31
Resultados e discussão
Os resultados obtidos da freqüência das forrageiras mais consumidas por caprinos
Moxotó recebendo suplementação na caatinga, encontram-se na Figura 1.
Apesar de o quantificada, uma predominância, em termos de freqüência, o capim
panasco teve a maior participação na dieta dos caprinos seguida da herbácea malva, com
percentagem de 38 e 27% respectivamente, da dieta selecionada pelos caprinos.
Corroborando com Araújo Filho (1996) que deu ênfase à seletividade dos caprinos em
termos das espécies de gramíneas ao longo do período experimental, encontrou o capim
panasco com a maior participação com o percentual de 61,2% na dieta. E também nas
demais épocas com preferência absoluta no consumo do capim panasco em relação à
demais espécies de gramíneas. Na época de transição da estação úmida para a seca houve
predominância da malva-branca, como da catingueira na estação seca na dieta dos
caprinos.
12,35
4,94
27,16
6,17
37,04
2,47
1,23
8,64
0
5
10
15
20
25
30
35
40
C
a
tin
gue
ir
a
L
it
u
s
M
a
lva
Marmel
e
iro
Pana
s
co
Pe
r
ei
r
o
T
r
o
n
co
Va
r
ia
d
o
Escies Forrageiras
Percentagem (%)
Figura 1 Freqüência das forrageiras (%) mais consumidas por caprinos Moxotó
suplementados na Caatinga
32
A Fig. 2 mostra-se a freqüência dos estratos mais consumidos por caprinos Moxotó
suplementados na Caatinga.
O estrato mais consumido pelos caprinos foi às ervas com 48% , isso foi observado
no período de transição do período chuvoso para o seco entre outubro e dezembro.
Contudo houve predominância do litter com o avançar do período seco, isso possivelmente
devido à diminuição presença das ervas nesse período, seguido dos arbustos e por último
os troncos de árvores. Mostrando que os caprinos têm grande preferência pelas ervas, no
entanto tem grande flexibilidade alimentar com o avançar do período seco, pois na falta de
algum estrato, uma substituição dos estratos e sem nenhum prejuízo da dieta
selecionada na pastagem, haja visto que não houve diferença na composição química da
extrusa selecionada pelos caprinos na Caatinga. Figura 2.
43
33
48
3
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Litter Arbustos Ervas Tronco de
árvores
Estratos herbáceos
Percentagem (%)
Figura 2 Freqüências dos tipos de estrato em (%) mais consumidas por caprinos Moxotó
suplementados na Caatinga.
Os valores médios da composição química da extrusa de caprinos em regime de
pastejo na Caatinga recebendo suplementação estão na Tabela 1.
A composição química da dieta selecionada pelo animal o sofreu influencia
(P>0,05) dos níveis de suplementação, exceto tanino total.
33
Os resultados de matéria seca (MS) encontrada nesse trabalho foram em média
21,51%, muito acima dos encontrados por Detmann (2001) que variou de 11,35 a 13,76%.
Entretanto ficaram muito próximos aos valores encontrados em termos de matéria orgânica
(MO) que foi em média de 88,74% em relação ao mesmo trabalho que foi de 89,98%.
Mostrando-se valores aceitáveis para forrageira tropicais. Os teores de cinzas ficaram em
média 11,29%, podendo ter tido uma contaminação através da saliva, já que a saliva tem na
sua composição minerais e conseqüentemente alterando os teores de cinzas do material em
estudo.
Os valores dios encontrados de proteína bruta foram de 10,51% na matéria seca,
mostrando como bons resultados em se tratando de pastagem nativa em época de escassez
de chuvas, mas que possivelmente pode ter tido uma contaminação pela saliva proveniente
da reciclagem de nitrogênio. Corroborando com esses valores de PB encontrados, Kirmse
(1984) em experimento realizado na região semi-árida de CE com caprinos avaliando a
extrusa encontrou valores variando de 10,9 a 15,6% de PB no período seco e chuvoso
respectivamente. Como também aos encontrados por Pfister (1983) trabalhando com
caprinos na caatinga natural, encontraram nessas pastagens sempre teores de proteína bruta
acima de 11% na dieta de ovinos, mesmo durante o período seco do ano, com teores de
14,6% e 17,7% na época chuvosa. Araújo Filho (1996) encontrou valores ao longo do ano,
nas épocas secas e transição chuvosa/seca e seca/chuvosa, valores de 9,3; 12,6 a 17,1% PB
respectivamente.
A variação no percentual de proteína bruta na caatinga é conseqüência de sua enorme
diversidade florística. Araújo Filho (1982) relata valores de 6 a 12% durante o período
chuvoso e em torno de 3% no período seco do ano. Por outro lado, algumas espécies do
estrato herbáceo possuem 15% de PB nas folhas, durante o período chuvoso.
34
Corroborando com esses valores de PB encontrados, Kirmse (1984) em experimento
realizado na região semi-árida de CE com caprinos avaliando a extrusa encontrou valores
variando de 10,9 a 15,6% de PB no período seco e chuvoso respectivamente. Como
também aos encontrados por Pfister (1983) trabalhando com caprinos na caatinga natural,
encontraram nessas pastagens sempre teores de proteína bruta acima de 11% na dieta de
ovinos, mesmo durante o período seco do ano, com teores de 14,6% e 17,7% na época
chuvosa. Araújo Filho (1996) encontrou valores ao longo do ano, nas épocas secas e
transição chuvosa/seca e seca/chuvosa, valores de 9,3; 12,6 a 17,1% PB respectivamente.
Tabela 1 – Médias, coeficientes de variação (CV), equação de regressão para a composição
química da extrusa em matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), matéria
mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em
detergente ácido (FDA), nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN),
nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA), lignina e tanino total, em
função dos níveis de suplementação concentrada.
TRATAMENTOS
Variáveis
(%)
Variable (%)
0%
0,5%
1%
1,5%
CV
(%)
Equação
Equation
MS 22,82 21,56 22,37 19,28 21,13 ŷ= 21,51
MO 88,93 88,88 88,77 88,37 1,20 ŷ = 88,74
MM 11,07 11,11 11,22 11,63 9,52 ŷ = 11,25
PB 10,42 10,60 10,38 10,65 10,84 ŷ = 10,51
FDN 49,08 49,40 49,17 49,42 8,76 ŷ = 49,27
FDA 35,37 38,19 36,40 35,70 8,72 ŷ = 36,41
NIDN 17,45 16,39 18,23 18,37 20,58 ŷ = 17,61
NIDA 9,51 11,32 11,65 11,95 27,32 ŷ = 11,11
Lignina 8,75 9,79 9,54 9,68 11,65 ŷ = 9,44
Tanino Total 1,54 1,69 1,33 1,06 27,61 ŷ = 1,68-0,3638*x
*Significativo ao nível de 5% (*significative at level 5% of probability)
Embora o percentual de PB pareça adequado para atendimento das exigências
mínimas dos microrganismos ruminais, pois, é superior aos 7% preconizados por Minson
(1990) como limitante para a síntese microbiana, deve-se considerar a participação de
folhas das espécies arbustivas-arbórea na forma de litter no período seco do ano (Figura 1).
35
Essas plantas contêm compostos secundários que indisponibilizam pelo menos em parte a
proteína presente na dieta (Mould e Robrins, 1981; Barros et al. 1990).
Sankhyan et al. (1999) trabalhando com ovinos em pastos de Cenchrus ciliaris na
Índia em região semi-árida, comparando os métodos de coleta e variação no consumo de
matéria seca entre as estações do ano, encontrou valores de PB, FDN, FDA, cinzas através
da coleta de extrusa de 13,12; 62,45; 49,73; 15,35% na época seca, respectivamente.
As percentagens de fibra em detergente neutro e em detergente ácido foram em
média 49,27 e 36,42% respectivamente, não havendo diferença significativa entre os
tratamentos (p>0,05). Esses valores são considerados adequados para forrageiras nativas,
não interferindo na digestibilidade dos outros nutrientes e assim contribuindo para a
ruminação, conseqüentemente maior salivação, o que resulta melhor ambiente ruminal,
pois mantém o pH, devido o efeito tamponante da saliva, favorecendo o pleno
desenvolvimento da flora ruminal. Contudo o excesso desse nutriente pode acarretar em
prejuízos na digestibilidade do alimento. Contudo foram abaixo dos 53,8% encontrados
por Araújo Filho (1996), trabalhando com caprinos na caatinga na época seca. Mostrando
que o caprino tem adequado aproveitamento da vegetação da caatinga e grande
flexibilidade alimentar de acordo com a qualidade da forragem disponível.
De acordo com Kirmse (1984); Pfister (1983) e Shacht et al. (1986) com o avançar da
estação seca, o teor de FDN se comporta de forma linear crescente em dietas selecionadas
por caprinos. No entanto Pimentel et al. (1992b) verificaram efeitos contrários,
encontrando teores de FDN maiores no período chuvoso, provavelmente devido a maior
participação de gramíneas neste período.
A quantidade de FDN na dieta para ruminantes não está definida para caprinos em
pastejo na Caatinga e pode variar em função do nível de produção do animal e do tipo de
36
forragem utilizada. É desejável que o teor de FDN na ração exceda 25% da MS (Mertens,
1992) e 70 a 75% dessa FDN seja fornecida na forma de volumosos para manter as
condições ideais dentro do rúmen (pH, proporção de ácidos graxos voláteis, população
microbiana) e não deprimir a digestibilidade.
O nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) e nitrogênio insolúvel em
detergente ácido (NIDA) não houve diferença significativa com o aumento do nível de
suplementação (P>0,05), com valores médios de 0,59 e 0,48% na MS. O aumento desse
componente indica a formação de um complexo de nitrogênio com os constituintes da
parede celular, tornando-a menos digestível ou indisponível para o animal,
conseqüentemente o aumento de PB ligada no FDA.
O NIDN representa a parte do nitrogênio total que esta ligada à parede celular (só
encontrada nos vegetais e subprodutos). Essa fração é composta pela parte nitrogenada
mais lentamente disponível, fração B
3
e pela parte indisponível (NIDA). Geralmente se
determina o NIDN no intuito de se encontrar a fração B
3.
O NIDA denominado como
fração C. Fração considerada indigestível, uma vez que ela esta intimamente ligada à
lignina, ou ao tanino, ou são produzidos por reação de Maillard, tornando-se, portanto,
resistentes a enzimas microbianas e dos mamíferos. (Teixeira, 1992).
A lignina não teve diferença significativa (p>0,05), tendo como média de 9,76%. O
excesso deste componente interfere na eficiência de outros componentes da dieta, pelo fato
da lignina ser o principal componente químico da parede celular, limita assim a
digestibilidade dos outros nutrientes e conseqüentemente das forrageiras. Os efeitos
negativos advêm de ligações da lignina com os polissacarídeos da parede celular,
notadamente hemicelulose, que impede o acesso de enzimas fibrolíticas ao centro da
reação dos carboidratos. Contudo se a verdadeira lignina age como inibidor, depende do
37
isolamento de uma lignina, não degradada suficientemente e possuindo a atividade
anticelulase. A maioria da lignina isolada que tem sido adicionada às dietas tem sido
severamente degradada e parece ser nutricionalmente inerte; entretanto, o esclarece o
papel da lignina no tecido de plantas nativas. A estrutura celular das plantas pode ser
encoberta ou protegida por lignina, de modo que as bactérias o podem atacar os
nutrientes no interior das células. A hemicelulose e a celulose ocorrem em estreita relação
e podem ter um coeficiente de digestibilidade de 80%, mas com o aumento do ciclo
vegetativo da planta e conseqüentemente a elevação no teor de lignina, este coeficiente
pode decrescer para 50% e até menos. A lignina é ligada firmemente a polissacarídeos das
plantas, dando uma forte estrutura, e isto tem uma conseqüência drástica para a
digestibilidade da fibra pelos microorganismos do rúmen (Teixeira, 1992).
Os resultados dos teores de lignina e FDN deste experimento corroboram com os
encontrados por Burritt et al. (1988) avaliando a composição química das dietas de
caprinos e ovinos na Caatinga, observaram que o houve diferença com os teores de
lignina e FDN na época seca. No entanto na época chuvosa encontraram diferenças e
sugerem que teve influencia devido o crescimento da planta.
As dietas selecionadas pelos animais (extrusa) não continham tanino solúvel,
valores relativos à curva padrão de planta referência (Jurema Preta). E não tendo diferença
significativa (P>005) em função dos níveis de suplementação. Contudo continham tanino
total, valores esses relativos à jurema preta e sofreu influência do aumento dos níveis de
suplementação (p< 0,05). Sendo observado uma diminuição do teor de tanino com o
aumento do nível de suplementação. Provavelmente isso pode ter acontecido devido à
diminuição da participação das forrageiras na dieta dos caprinos, causado
conseqüentemente pelo aumento do nível de suplementação e assim a diminuição no
38
consumo das forrageiras ricas nesse composto. diminuição de 0,36% do teor de tanino
para cada unidade percentual de aumento do nível de suplementação em relação à
percentagem peso vivo.
O tanino é um composto fenólico que provoca queda na digestão ou na utilização
metabólica da proteína, porém o mais sério problema causado pelo tanino nas plantas é a
habilidade de reagir com proteína no sistema digestivo do ruminante. Como também tem
correlação negativa no consumo de alimentos pelos ruminantes e é influenciada pela
adstringência dos taninos. As plantas são rejeitadas pelos animais a partir 20 mg/g de
matéria seca. Os taninos são inibidores potenciais das enzimas digestivas devido a sua
capacidade de limitar proteínas enzimáticas, conseqüentemente a digestão ruminal. A
presença de altos níveis de tanino afeta a palatabilidade, reduz a ingestão e alimentos, afeta
a degradabilidade da celulose, a digestibilidade da proteína e matéria seca, influenciando
dessa forma, nos desempenhos dos animais (Teixeira, 1992).
Por outro lado o teor de tanino condensado encontrado nesse experimento pode ser
considerado baixo, valores entre 3 - 4% de tanino favorecem a proteína by pass”, pois
diminuem a degradabilidade ruminal e aumentando a digestibilidade intestinal,
conseqüentemente não afetando a digestibilidade dos nutrientes, pois permaneceu abaixo
dos 5% considerado prejudicial à digestibilidade em ovinos (Narjisse et al., 1995).
Mas também existem formas de minimizar ou até melhorar os efeitos causados
pelos taninos, o polietileno glicol (PEG), é um exemplo. Beelen et al. (2006) trabalhando
com plantas nativas do semi-árido na alimentação de caprinos, com presença de taninos
nas mesmas, observou um aumento no consumo voluntário quando se adicionou o (PEG).
Kumar e Vaithianathan (1990) sugeriu que altas concentrações de taninos poderiam
reduzir o consumo do seguinte modo. (1) Distensão física do rúmen, resultando em uma
39
diminuição na digestão da matéria seca. (2) Resposta hormonal devido à ligação dos
taninos na parede ruminal. (3) redução na palatabilidade da dieta causada por sua
adstringência. (4) Ligando o tanino com a proteína da saliva e da mucosa.
As médias referentes à digestibilidade in vitro da matéria seca (MS), matéria orgânica
(MO) e digestibilidade da fibra em detergente neutro (DFDN) da extrusa coletada pelos
caprinos encontram-se na Tabela 2.
Tabela 2 Coeficientes de digestibilidade da matéria seca (CDMS) e da matéria orgânica
(CDMO), estimados pelos métodos digestibilidade in vitro e fibra em
detergente ácido indigestível e digestibilidade da fibra em detergente neutro
(DFDN), em caprinos Moxotó suplementados na Caatinga.
TRATAMENTOS
Digestibilidade in vitro CV Equação r
2
0% 0,5% 1% 1,5% (%) Equation (%)
CDMS
(%)
48,33 55,75 58,46 63,48 10,48 ŷ= 49,11+ 9,78x 0,98
CDMO
(%)
54,35 62,72 65,85 71,83 9,78 ŷ= 55,04+11,03x 0,97
FDAi
CDMS
(%)
41,80 46,46 53,72 61,34 13,89 ŷ= 40,95+13,17**x 0,99
CDMO
(%)
46,98 52,24 60,54 69,46 14,47 ŷ= 45,94+15,15 **x 0,98
DFDN
(%)
47,91 55,37 60,77 66,60 15,93 ŷ= 48,446+ 12,291x 0,99
**Significativo ao nível de 1% (**significative at level 1% of probability)
A suplementação influenciou (P<0,05) a DIVMS nem a DIVMO, onde com o
aumento da suplementação observa-se o incremento nas digestibilidades. Como também
digestibilidade através do FDAI sofreu um incremento com o aumento dos níveis de
suplementação. Os valores da DIVMS em todos os tratamentos ficaram abaixo de 65%
considerados como limite, pois abaixo deste valor o consumo voluntário passa a ser
regulada pela distensão física do rúmen, taxa de digestão e taxa de passagem (Conrad,
1966).
40
Pimentel et. al. (1992a) encontrou coeficiente de correlação positiva com a
participação de gramíneas e folhas e negativo para as plantas arbustivas-arbóreas com a
DIVMO. A depressão da digestibilidade pode ter sido mais intensa devido à determinação
da digestibilidade in vitro, uma vez que não existe mais a interação do animal x dieta.
Esses mesmos autores encontraram DIVMO variando de 31,6% em outubro e 57,3% em
fevereiro em dietas selecionadas por ovinos na caatinga na região de Sobral - CE.
A baixa digestibilidade encontrada nesse trabalho pode ter ocorrido devido à baixa
disponibilidade de fitomassa pastável com o avançar da época de escassez de chuvas, e
conseqüentemente diminuição da seletividade dos caprinos e aumento do consumo de
forrageiras de menor qualidade. Como também pelo aumento crescente dos níveis de
concentrados, apesar de não ter sido significativo, onde Andrade (1992), Tibo et. al. (1997)
e Dias (1999) afirmaram que este comportamento pode ocorrer devido à redução nos
valores de pH ruminal, que possivelmente prejudicaria a digestão da fibra. Por
conseqüência, da baixa qualidade da forragem consumida pelos animais, além do limite
físico do rúmen, o consumo pode ser limitado pela deficiência em proteína na dieta (Dove,
1996).
A suplementação influenciou a digestibilidade da FDN, tendo um comportamento
linear com o aumento da suplementação. Isso pode ser explicado pela maior aporte de
nutrientes provenientes da suplementação, favorecendo um correto balanceamento dos
carboidratos e compostos nitrogenados disponível no rúmen, contribuindo para o
desenvolvimento dos microrganismos celulolíticos, responsáveis pela degradação dos
componentes da parede celular, conseqüentemente o incremento na digestibilidade.
Em rações desbalanceadas, com baixa disponibilidade de compostos nitrogenados
(N) e ricas em FDN, suprimento de proteína degradável no rúmen (PDR) é limitante para o
41
crescimento microbiano, a digestão da parede celular fica comprometida e a ingestão de
alimento é diminuída. Pois a digestibilidade da forragem determina o desaparecimento dos
nutrientes no rúmen. Em dietas com taxas de digestão dos nutrientes acima de 66% de
digestibilidade aparente total, menor resíduo ruminal e rápida renovação de material no
rúmen; forragens de melhor qualidade atingem rapidamente os pontos finais de digestão,
minimizando a limitação de consumo pelo “enchimento” (Paterson et. al., 1994).
42
Conclusão
A composição química da extrusa selecionada por caprinos não é influenciada pela
suplementação concentrada.
A suplementação influencia a digestibilidade da dieta selecionada na Caatinga por
caprinos Moxotó.
43
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51
Capítulo III
Uso de métodos para estimar o consumo de matéria seca de caprinos
suplementados na Caatinga.
52
USO DE MÉTODOS PARA ESTIMAR O CONSUMO DE MATÉRIA SECA DE
CAPRINOS SUPLEMENTADOS NA CAATINGA
RESUMO - O consumo de forragem por animais em pastejo não pode ser medido
diretamente, necessitando de metodologias especificas para sua estimativa, que envolvem,
em geral, o uso de marcadores. Objetivou-se testar as metodologias de estimativas de
consumo de matéria seca (MS) e o efeito da suplementação em caprinos em regime de
pastejo. Foi realizada na região do Cariri Paraibano, com chuvas mal distribuídas. Foram
utilizados oito animais esôfagos-fistulados em regime da pastejo na caatinga que
receberam suplementação à base de concentrado nos níveis de 0; 0,5; 1,0 e 1,5 % do peso
vivo (PV). Os métodos de estimativa de consumo utilizados foram: comportamento
ingestivo (CI), digestibilidade in vitro MS (DIVMS) e fibra em detergente ácido
indigestível (FDAi). Os dados foram submetidos à análise conjunta de variância, análise de
variância e regressão (Análise de regressão somente para o efeito da suplementação). Os
valores dios do consumo de matéria seca obtida através dos métodos de estimativa
foram submetidos aos testes de comparação de médias. As estimativas de consumo total de
matéria seca em relação ao peso vivo através dos todos comportamento ingestivo (CI),
digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) e fibra em detergente ácido indigestível
(FDAi) foram 1,47; 3,24; 2,96% PV, respectivamente. O consumo de forragem não sofreu
influência com o aumento dos níveis de suplementação obtida através dos todos CI,
DIVMS e FDAI com valores médios de 143,56; 513,61; 475,60 gMS/dia, respectivamente.
Os métodos de estimativas de consumo de MS obtida pelo comportamento ingestivo
subestimaram o valor da estimativa de consumo em MS em relação à (DIVMS) tanto em
relação à percentagem do PV, como também para gramas por dia (g/dia). O método de
DIMS e fibra em detergente ácido indigestível mostram-se adequados para a estimativa de
consumo de MS.
Palavras chaves: Marcadores internos, FDA indigestível, método in vitro
53
USE OF METHODS TO ESTIMATE DRY MATTER (DM) INTAKE
OF GOAT SUPPLEMENTATED IN THE CAATINGA.
ABSTRACT- The forage intaked by the animals on pasture can’t be directly measured,
needing specifies methodologies to them estimate, which they involve, in general, the use
of markers. It was aimed at to test the methodologies of estimates of dries matter intake
(DM) and the effect of the supplementation in goat in pasture regime. It was carried out in
the area from Cariri Paraibano, with rains badly distributed. Eight animals was used
esophagus-cannulated on Caatinga that pasture which they received supplementation
concentrated in the levels of 0; 0,5; 1 and 1,5% of the body weight (BW). The methods of
intake estimate used were: feeding behavior, dry matter in vitro digestible and indigestive
acid detergent fiber (IADF). The intake estimates were smaller when estimated by (IADF)
and ingestive behavior and they didn't differ amoung themselves, when compared with the
dry matter in vitro digestible. The data were submitted to the united analysis of variance,
variance analysis and regression (regression Analysis only for the effect of the
supplementation). The medium values of the dry matter intake obtained through the
estimate methods were submitted to the tests of comparison of averages. The estimates of
total intake of dry matter in relation to the a live weight through the methods ingestive
behavior (IB), digestibilidade in vitro of the dry matter (DDMIV) and fiber in detergent
acid indigestible (IADF) they were 1,47; 3,24; 2,96% BW, respectively. The forage
consumption didn't suffer influence with the increase of the supplementation levels
obtained through the methods IB, DDMIV and IADF with medium values of 143,56;
513,61; 475,60 gDM/day, respectively. The methods of estimates of intake of DM obtained
by the ingestive behavior underestimated the value of the intake estimate in DM in relation
to the total collection (DDMIV) so much in relation to the percentage of BW, as well as for
grams a day (g/day). The method of DDMIV and IADF are shown appropriate for the
estimate of consumption of MS.
Key words: internal markers, indigestible ADF, in vitro incubation
54
Introdução
O consumo de matéria seca (MS) constitui o primeiro ponto determinante do ingresso
de nutrientes necessários ao atendimento das exigências de mantença e produção animal e,
portanto, é considerado o parâmetro mais importante na avaliação de pastagem devido a
sua alta correlação com a produção animal (Noller et al. 1996). Diferentemente da
digestibilidade e da composição com características inerentes ao alimento (Silva & Leão,
1979), o consumo e sua intensidade assumem particular importância nos sistemas de
produção.
Existem vários fatores envolvidos no controle da ingestão de alimentos em
ruminantes, os quais podem ser classificados em três mecanismos: o psicogênico, que
envolve a resposta animal a fatores inibidores ou estimuladores relacionados ao alimento a
ao ambiente; o fisiológico, no qual o controle é feito pelo balanço nutricional da ração,
relacionado à manutenção do equilíbrio energético; e o físico, associado a capacidade de
distenção do rúmen e ao teor de FDN da ração (Mertens, 1994; Sniffen, et al., 1993).
Em situações onde os animais estão em pastejo, com a redução de disponibilidade de
forragem, em especial na escassez de forragem que ocorrem normalmente nas regiões
semi-áridas podem afetar de forma severa o comportamento ingestivo, e
conseqüentemente, a produção animal (Chacon & Stobbs, 1976). Com isso o animal
procura manter o consumo e ajusta o comportamento ingestivo em resposta a alguma
mudança no meio (Demment & Greenwood, 1988). O consumo parece ser afetado ou
influenciado pela temperatura (Silva & Leão, 1979), valor nutritivo (Wilson e Ford, 1973;
Wilson et al., 1976) e a disponibilidade de forragem (Mota et al., 1981) são os mais
importantes.
55
Nesse contexto, os métodos de estimativa de consumo são ferramentas essências para
a determinação do nível adequado de consumo de MS, sejam eles métodos diretos, como o
comportamento ingestivo, ou indiretos, que utilizam indicadores internos, (fibra em
detergente ácido indigestível-FDAI, fibra em detergente neutro indigestível-FDNI e cinza
insolúvel em detergente ácido-CIDA) ou externos (óxido de cromo-Cr
2
O
3
e Itérbio). Ao
longo dos anos vem se trabalhando com vários marcadores em experimentos de
metabolismo animal (Owens & Hanson, 1992), dentre esses, os marcadores internos
apresentam vantagens por estarem presentes no alimento, não tendo a necessidade de
adaptação prévia. Os componentes indigestíveis da parede celular, como a fibra em
detergente neutro (FDNI) e a fibra em detergente ácido (FDAI), têm sido usados (Ítavo et
al., 2002; Zeoula et al., 2002), sendo obtidos através da incubação in vitro em líquido
ruminal (Freitas et al., 2001).
Trabalhos comparando o uso desses indicadores (Berchielli et al., 1998) observaram
que a FDAI e FDNI mostraram menores variações e não diferiram entre si a
digestibilidade, enquanto os indicadores externos a superestimaram.
Saliba et al. (1999) comparando FDAI, lignina isolada, óxido de cromo e cloreto de
Itérbio, verificaram que o coeficiente de digestibilidade estimado pela FDAI foi o mais
próximo daquele obtido pela coleta total de fezes (42,6 vs 49,7%), observaram também que
o valor de recuperação fecal da FDAI foi 114,1%, comparado a coleta total de fezes.
A suplementação assume um papel importante para animais em condições de baixa
disponibilidade de forragem e/ou com pastagens de baixa composição química, em
especial em épocas de escassez de chuvas. Com isso atende a deficiência em nutrientes e
assim, as exigências tanto de mantença quanto de produção. Nessa condição, a
56
suplementação supre a deficiência em nutrientes e atende as exigências tanto de mantença
quanto de produção.
O consumo é de fundamental à nutrição, pois determina o nível de nutrientes
ingeridos pelo animal, portanto, a resposta animal (Van Soest, 1994). Aliado a isso quando
se objetiva o aumento na eficiência da utilização da vegetação caatinga é fundamental o
conhecimento do nível de consumo voluntário dos animais.
Objetivou-se testar as metodologias de estimativas de consumo de matéria seca
(MS) e o efeito da suplementação em caprinos em regime de pastejo
57
Material e Métodos
O experimento foi realizado na Unidade de Pesquisa em Pequenos Ruminantes da
Estação Experimental de São João do Cariri, pertencente ao Centro de Ciências Agrárias
da Universidade Federal da Paraíba, município de São João do Cariri PB. A cidade de
São João do Cariri está localizada na microrregião do Cariri Oriental paraibano, entre as
coordenadas 29’ 34” de Latitude sul e 36° 4153” de Longitude Oeste. Classifica-se
biologicamente como sub-desértica quente de tendência tropical, com média das mínimas
de 25
o
c e das máximas de 30,2
o
c, índices pluviométricos durante os meses experimentais
(outubro 2004 a fevereiro 2005) de 102,6mm, com uma freqüência média de oito meses de
escassez de chuvas e umidade relativa do ar em torno de 68% (Dados da Bacia Escola de
São João do Cariri/UFCG).
Foram utilizados oito caprinos, machos, da raça Moxotó, com fistula permanente no
esôfago, com idade entre 12 e 24 meses. Distribuídos em quatro tratamentos, com
fornecimento de suplementação (concentrada) nos níveis de 0; 0,5; 1,0 e 1,5 % do peso
vivo (PV). Tiveram acesso ao pasto de pastagem nativa às 06:00h e foram recolhidos às
16:00h, quando foram alojados em baias individuais e receberam a suplementação.
Semanalmente foram pesados para os reajustes da suplementação.
As amostragens da estimativa de consumo de matéria seca foram realizadas em
outubro e novembro de 2004 e janeiro e fevereiro de 2005. A estimativa de consumo de
forragens nativas pelos animais foi feita em quatro períodos, sendo cada um de vinte e oito
dias (20 dias de adaptação à suplementação e 8 dias de coleta). Os métodos de estimativa
de consumo foram: comportamento animal, fibra em detergente ácido indigestível (FDAI),
e digestibilidade in vitro da MS.
58
O suplemento foi composto de farelo de milho, farelo de soja, farelo de trigo, melaço,
calcário e suplemento mineral, nas proporções 60; 20,5; 15; 2; 1 e 1,5 % MS,
respectivamente, com 18% de PB e 2,72 Mcal.
Durante o período de amostragem os observadores que acompanhavam os animais no
momento do pastejo, preencheram um questionário sobre o comportamento do animal e a
sua alimentação. O questionário continha perguntas relacionadas ao comportamento
ingestivo dos animais, como por exemplo, a planta de maior preferência dos animais.
Para avaliar os tamanhos dos bocados, foram utilizados oito caprinos da raça Moxotó
fistulados no esôfago, com peso variando de 18 a 25 kg, realizando-se amostragens durante
oito dias consecutivos e alternando-se o horário de coleta, um dia pela manhã e outro à
tarde. A ordem dos animais para a seqüência da observação foi mediante o sorteio.
Os animais fistulados eram submetidos a um jejum prévio de aproximadamente 12
horas antes da amostragem, com o objetivo permanecendo em baias sem vegetação, com
água e sal mineral à vontade. No início da manhã, as 5:00 6:00 horas, as nulas foram
retiradas e as bolsas coletoras foram acopladas nos animais. O período de pastejo foi de
aproximadamente 40 minutos, e os animais foram acompanhados de perto por
observadores, um observador para cada animal, que registravam todos os bocados e os
tempos de pastejos realizados. Após a amostragem, os animais eram conduzidos
novamente para o centro de manejo, para a retirada das bolsas e colocação das cânulas,
sendo em seguida soltos nos respectivos piquetes de sete e oito hectares compostos de
vegetação caatinga.
A estimativa de consumo de MS foi feita através da multiplicação das estimativas de
tempo de pastejo (TP), taxa de bocados (TX) e tamanho do bocado (TB).
59
De acordo com essa metodologia, o consumo foi estimado pela seguinte equação
(MINSON, 1990; ALLDEN e WHITTAKER, 1970):
CMS = TP x TxB x TmB
Em que:
CMS = Consumo de matéria seca (g/dia);
TP = Tempo dispendido em pastejo (minutos/dia ou horas/dia);
TxB = Taxa de bocados (bocados/minuto ou bocados/hora); e
TmB = Tamanho do bocado (gMS/bocado).
Os tamanhos dos bocados foram estimados na ocasião da amostragem da dieta obtida
através da fistula dos animais, quando foram registrados todos os bocados de preensão de
forragem. O tamanho do bocado consistiu no peso da matéria seca total do material colhido
pelo animal fistulado, dividido pelo número de bocados de preensão realizados pelo animal
ao recolher a forragem.
Sendo o TB estimado por:
TB = Peso da amostra colhida / Número de bocados durante o período
N° de bocados = Taxa de bocados x Tempo de pastejo (min.).
Após a colheita, as extrusas foram homogeneizadas na própria bolsa de colheita e
divididas em duas partes, uma para a realização da pré-secagem a 50
0
c durante setenta e
duas horas, moídas em peneiras de 1 mm e analisadas para composição química e
digestibilidade in vitro da MS (DIVMS) e a outra para congelamento - 10°C, servindo de
reserva para possível necessidade análises.
O Tempo de pastejo (TP) foi determinado por observadores, os quais foram treinados
antes do experimento para diminuir o erro entre os observadores, e foi realizado em três
momentos de 10 minutos, por observador por período.
60
A taxa de bocados (TX) foi determinada visualmente, pela manhã e à tarde, por um
observador para cada animal, em três intervalos de um minuto cada. O bocado
correspondia aquele de preensão do alimento.
Foi estimada a percentagem de recuperação de forragem pela fístula, utilizados para
corrigir os erros decorrentes da recuperação incompleta na estimativa do tamanho do
bocado, durante o período experimental. Foram colocadas as bolsas coletoras nos animais e
fornecido 100g de feno de maniçoba e em seguida pesado o material recuperado
encontrado na bolsa. Assim a quantidade forragem consumida consistiu na diferença entre
a quantidade fornecida e a recuperada na bolsa, em termos de matéria seca. A forragem
encontrada na bolsa coletora foi secada e pesada, sendo a percentagem de recuperação pela
fístula estimada da seguinte maneira:
Recuperação (%) = [Ext
r
* 100] / [F
f
– F
r
]
Em que: Recuperação (%) = percentagem de recuperação do material pela fístula;
Ext
r
(g MS) = peso da matéria seca da forragem encontrada na bolsa coletora; F
f
(g MS)
=
peso da matéria seca ofertada aos animais; F
r
(g MS) = peso da matéria seca recusada pelos
animais.
A colheita total de fezes foi feita através de bolsas coletoras de napa especiais
adaptadas aos animais, em cada período, por quatro dias. No início e no final de cada
período experimental, os animais foram pesados, tomando-se o peso médio para o lculo
do peso metabólico (PV
0,75
). As fezes das sacolas eram retiradas duas vezes ao dia para
propiciar melhor conforto para os animais, após a homogeneização do material eram
retiradas uma alíquota de 20% do total excretado durante 24 horas, para formação de uma
amostra composta por animal e por período, as quais foram acondicionadas em sacos
plásticos devidamente identificados e armazenadas sob refrigeração a -10
o
C. Após o
61
período experimental, as amostras eram descongeladas pesadas e postas a secar em estufa
de ventilação forçada a 55ºC, por 72 horas, e então moídas passando por peneiras de 1 mm,
para a determinação do FDAI.
A determinação da fibra em detergente ácido (FDA) foi realizada de acordo com o
método de Van Soest et al. (1991), utilizando-se o aparelho ANKON
200
(Ankon
Technology Corp., Fairport, NY, USA).
Para a determinação da FDAI, foi realizada a digestão in vitro, incubando-se as
amostras com liquido ruminal e saliva artificial por um período de 144 horas em uma única
etapa e extraindo o FDA do resíduo indigestível após a incubação, de acordo com
metodologia descrita por Cochran et al. (1986).
Para estimar o consumo através do FDAI, utilizou-se a equação a seguir:
Kg MS consumida = kg MS fecal excretada x % FDAI nas fezes / % de FDAI na
forragem
No experimento foi utilizado o delineamento estatístico de quadrado latino duplo,
com quatro tratamentos (quatro níveis de suplementação e dois animais por tratamento) e
quatro períodos, para avaliar o efeito da suplementação sobre o consumo.
Os dados foram submetidos à análise conjunta de variância, análise de variância e
regressão. (Análise de regressão somente para o efeito da suplementação). E o modelo
matemático usado foi:
Yijk = µ + tk + pj + ai + eijk
Em que, Yijk = Consumo de matéria seca, período j e tratamento k; µ = dia geral;
tk = efeito do tratamento (k = 0; 0,5; 1; 1,5% do peso vivo em suplementação); pj = efeito
do período de coleta (1, 2, 3, 4); Ai = efeito do animal; eijk = erro aleatório associado a
cada observação.
62
Os valores médios do consumo de matéria seca obtida através dos métodos de
estimativa foram submetidos aos testes de comparação de médias (Tukey a 5%).
63
Resultados e Discussão
Os valores obtidos para a taxa de bocados (Tx) e tamanho de bocados (TmB) são
expressos na Tabela 1. Os valores encontrados para a Tx e TmB mantiveram-se constantes
durante todo o período experimental, não havendo diferenças significativas (P>0,05), entre
tratamentos.
Tabela 1 - Médias para as taxas de bocados (Tx) (bocados/minuto) e tamanhos dos bocados
(TMB) (g) de caprinos Moxotó suplementados na Caatinga
0,0% 0,5% 1,0% 1,5%
CV
(%)
Média
TxB
(bocados/min)
(mouthful/ minute)
21,87
23,00
23,25
21,25
19,95
22,34
TmB (gMS)
size mouthful
0,28 0,21 0,23 0,23 50,12 0,24
Conforme apresentado na Tabela 1, os tamanhos de bocados (Tmb) não apresentaram
diferenças significativas entre os tratamentos, tendo como média 0,240g MS/bocado.
Mesmo não havendo diferença significativa, observa-se tendência de maior tamanho de
bocado no tratamento sem suplementação, mostrando que o animal para atender suas
exigências em matéria seca, tendeu a aumentar os tamanhos dos bocados.
Forbes (1988) determinou em ovelhas tamanhos de bocado variando de 0,58 a 1,69
mg MO/bocado e em vacas de 0,34 a 1,69 mg MO/bocado. Burlison et al. (1991)
encontraram tamanhos de bocados de 0,040 a 0,330 g MS, com diferentes alturas da
pastagem.
Outro fator que pode ser considerado consiste na utilização de animais nativos, os
quais são poucos afetados pelas altas temperaturas, devido sua adaptabilidade ao meio.
64
Os valores encontrados para a Tx mantiveram-se constantes durante todo o período
experimental, com média de 22,34 bocados por minuto o interferindo sobre o consumo
de matéria seca (MS).
A taxa de bocados, ou seja, o número de bocados que o animal realiza por minuto,
tendeu a ser maior nos níveis de suplementação de 0,5 e 1 % do PV, apesar de não ter
havido diferença estatística (P>0,05). Os resultados encontrados nesse experimento
corroboram com Brâncio et al. (2003), que afirmam haver pouca variação nas taxas de
bocados, por ela constituir uma ferramenta ineficaz para compensar mudanças no tamanho
do bocado. Tendo como média de 22 bocados/minuto todos os tratamentos. Apesar desse
experimento o ter estudado as correlações entre o tamanho de bocados e taxa de
bocados.
As taxas de bocados têm altas correlações com a altura do dossel da forrageira.
Segundo Sarmento (2003), à medida que se aumentava à altura do dossel forrageiro houve
um aumento linear na taxa de bocados.
Os valores encontrados nesse experimento corroboram com a afirmativa de que
dificilmente animais em pastejo conseguem realizar mais de 4000 bocados por hora
(Stobbs, 1973). Em que nesse experimento foi encontrado o valor de em média de 1320
bocados por hora.
Os consumos de matéria seca (MS) por caprinos em percentagem do peso vivo
(%PV), estimados pelos métodos comportamento ingestivo (CI), digestibilidade in vitro da
matéria seca (DIVMS) e fibra em detergente ácido indigestível (FDAI) são apresentados na
Tabela 2. O consumo de forragem (CF) e consumo total (CT) em % PV estimado através
do método de comportamento ingestivo (CI) o tiveram diferenças significativas com
média de 0,73 e 1,47 % PV, respectivamente.
65
Tabela 2 Consumos de matéria seca total (CT) e de forragem (CF) em percentagem do
peso vivo (% PV.) estimados pelos métodos comportamento ingestivo,
digestibilidade in vitro da matéria seca e fibra em detergente ácido
indigestível, em caprinos Moxotó suplementados na caatinga.
TRATAMENTOS
Comportamento Ingestivo CV Equação r
2
0% 0,5% 1% 1,5%
(%) Equation (%)
CF (%PV)
0,82 0,86 0,73 0,50 50,56 ŷ= 0,73 -
CT (%PV)
0,82 1,35 1,68 2,01 26,28 ŷ= 1,47 -
DIVMS
CF (%PV)
2,26 2,80 2,29 2,45 43,58 ŷ= 2,45 -
CT (%PV)
2,26 3,36 3,27 3,95 34,45 ŷ= 2,46+0,99*x 0,84
FDAI
CF (%PV)
2,11 2,15 2,33 2,29 34,11 ŷ= 2,22 -
CT (%PV)
2,11 2,65 3,34 3,73 26,40 ŷ = 2,12+ 1,10*x
0,98
*Significativo ao nível de 5% (P<0,05) (*significative at level 5% of probability)
CF = Consumo de forragem em % PV
CT= Consumo total (forragem + suplementação) em % PV
A estimativa de consumo de forragem não foi influenciada pelo método da
digestibilidade in vitro da MS (DIVMS), porém o consumo total foi influenciada pelos
tratamentos em relação à percentagem do peso (% PV). Observa-se tendência de aumento
no consumo total quando se aumenta o nível de suplementação, obtendo-se um aumento de
0,99% no consumo a cada ponto percentual de aumento da suplementação.
Os valores obtidos para o consumo de matéria seca (MS) total através do indicador
interno fibra em detergente ácido indigestível (FDAI), semelhantemente a DIVMS sofreu
influencia do nível de suplementação.
Corroborando com os valores encontrados, Galina et al. (2004) avaliando o efeito da
suplementação sobre o consumo em cabritos em pastos mexicanos, encontrou valores
variando 2,8 a 3,2 % PV.
66
A exigência caprina em MS pressuposto pelo NRC (1981) para mantença e ganho
de 100g/dia/PV é de 3,78% PV em MS, sendo atendido essa exigência apenas quando o
animal recebia o maior nível de suplementação. Sugerindo que o animal exclusivamente
em regime de pastejo, não conseguiria atender sua exigência em MS, sem o incremento
proporcionado pelo suplemento.
No geral, houve uma subestimação do consumo de MS pelos caprinos, quando esse
foi estimado a partir do método CI. Porém os consumos de forragem e total quando
estimados pelo FDAI e DIVMS ficaram bem próximos dos preconizados pelo NRC
(1981). Os valores encontrados pelo CI foram à metade do valor estimado através da FDAI
e DIVMS, com médias de 1,47%PV, contra 2,96 e 2,72% PV, respectivamente. Observa-se
o efeito de cada método, dentro de cada tratamento, constata-se que a FDAI e DIVMS
foram superiores em todos os níveis de suplementação.
O consumo de matéria seca (MS) expressos em gramas, através das metodologias
de estimativa de consumo, comportamento ingestivo (CI), digestibilidade in vitro
(DIVMS) e fibra em detergente ácido indigestível (FDAI) e suas respectivas regressões,
coeficientes de variação e determinação encontram-se Tabela 3.
O consumo de forragem em gramas (gMS/dia) estimado através dos métodos CI e
DIVMS não tiveram diferença significativa (P>0,05), exceto para o FDAI. Porém havendo
uma pequena tendência a diminuir com o a elevação do nível suplementar no CI e DIVMS.
Contudo não houve efeito substitutivo do suplemento nos consumos dos animais.
Detmann et al. (2001a) concluíram que a suplementação não influi no consumo de
forragem, sobretudo o melhor desempenho dos animais advêm das alterações na
digestibilidade ou eficiência de utilização dos nutrientes, incluindo os efeitos da proteína
degradada e não-degradada no rúmen, e por isso não devido a mudanças no consumo.
67
Tabela 3 – Consumos de matéria seca total (CT), de forragem (CF) e de concentrado (CC),
em gramas por dia (gMS/dia) e em gramas por cada kg de peso metabólico
(g/kgPV
0,75
)estimados pelos métodos comportamento ingestivo (CI),
digestibilidade in vitro (DIVMS)e fibra em detergente ácido indigestível
(FDAI), em caprinos Moxotó suplementados na Caatinga.
TRATAMENTOS
Comportamento Ingestivo CV Equação r
2
0% 0,5% 1% 1,5% (%) Equation (%)
CF (g/dia) 153,62 163,37 147,25 110,00 39,28 ŷ= 143,56 -
CC (g/dia) 0 105,5 224,1 334,8 28,34 ŷ =-4,2638+230,6**x
0,99
CT (g/dia) 153,62 266,62 352,87 459,37 20,07 ŷ= 157,6+ 200,7**x 0,99
CF (PV
0,75
) 17,02 17,95 15,46 10,77 47,28 ŷ = 15,30 -
CC (PV
0,75
) 0 10,66 21,63 32,74 7,99 ŷ= - 0,11 +21,83 **x
0,99
CT (PV
0,75
) 17,02 28,39 35,96 43,88 23,02 ŷ = 18,09+17,62**x 0,99
Digestibilidade in vitro
CF (g/dia) 455,32 555,20 489,77 554,13 49,03 ŷ= 513,60
CC (g/dia) 0 105,5 224,1 334,8 28,34 ŷ =-4,2638+230,6**x
0,99
CT (g/dia) 455,32 661,19 707,02 899,13 39,82 ŷ=474,08+275,45**x 0,95
CF (PV
0,75
) 47,70 60,23 49,15 53,22 44,35 ŷ = 52,58 -
CC (PV
0,75
) 0 10,66 21,63 32,74 7,99 ŷ=- 0,11 +21,83 **x 0,99
CT (PV
0,75
) 47,70 71,71 70,35 85,98 34,45 ŷ = 51,94+ 22,66**x 0,85
FDAI
CF (g/dia) 430,38 456,65 498,30 517,1 41,00 ŷ= 293,07+ 70,253x 0,89
CC (g/dia) 0 105,5 224,1 334,8 28,34 ŷ =-4,2638+230,6**x
0,99
CT (g/dia) 430,38 562,36 723,25 844,4 33,70 ŷ =429,64+ 280,65*x
0,99
CF (PV
0,75
) 44,60 45,92 50,00 49,78 47,57 ŷ = 47,58 -
CC (PV
0,75
) 0 10,66 21,63 32,74 7,99 ŷ= - 0,11 +21,83 **x
0,99
CT (PV
0,75
) 44,60 56,58 71,71 81,08 26,14 ŷ = 44,81+ 24,91*x 0,99
** Significativo ao nível de 1% (P<0,01) (**significative at level 1% of probability)
*Significativo ao nível de 5% (P<0,05) (*significative at level 5% of probability)
CF = Consumo de forragem em gMS/dia.
CT= Consumo total (forragem + suplementação) em gMS/dia.
CC = Consumo de concentrado em gMS/dia.
68
Houve efeito dos veis crescente de suplementação (P<0,05) sobre o consumo em
gramas pelos métodos do CI e FDAI expressos em peso vivo e em peso metabólico, onde a
cada ponto percentual de aumento na suplementação, havia um incremento de 200,7;
280,65; 17,62 e 24,91 g MS no consumo total dos animais, respectivamente.
Tal fato, provavelmente é devido à elevação da digestibilidade das dietas consumidas
pelos animais, acarretado pelo aumento de N suplementar para os microorganismos no
rúmen e o suprimento de aminoácidos que podem ser absorvidos nos tratos inferiores
(Vilela et al., 1980). Contudo quando a disponibilidade de forragem é alta, o fornecimento
de suplemento energético aumenta o consumo total, mas diminui a ingestão de forragem.
Se a diminuição no consumo de forragem for igual à quantidade de concentrado
consumido, o coeficiente de substituição será igual a um (1) e o suplemento teria pouco
efeito na produção. Ao contrário, se o suplemento não tem efeito no consumo de forragem,
o coeficiente de substituição será zero e se observará benefício integral do seu uso (Reis et
al., 1997).
O valor de consumo total de MS encontrado através da DIVMS em gramas por dia
teve diferença significativa (P<0,05) quando foi expresso (g MS/dia) em relação ao peso
vivo metabólico, com aumentos de 275,45g MS/dia e 22,66kg/PV
0,75
, respectivamente.
Nesse experimento não houve aumento no consumo de forragem, contudo ocorrendo
aumento no consumo total, ocasionado pelo aumento do nível de suplementação, com isso
o coeficiente de substituição foi zero, indicando um benefício integral do uso do
suplemento. Sugerindo que houve efeito aditivo do suplemento, razão pela qual o consumo
de forragem o diminuiu com o aumento do nível de suplementação, mantendo-se
constante. O efeito aditivo é antagônico ao efeito de substituição que é definido como a
razão do decréscimo de CMS da forragem e CMS do suplemento e é medido pelo
69
coeficiente de substituição (CS) que tem influência do tipo qualidade e quantidade do
suplemento, características do relvado, características do animal, por época e manejo da
suplementação (Moore et al., 1997). E segundo Reis et al. (1997), o valor do CS varia de
0,25 a 1,67; porém pode assumir valores negativos quando o suplemento estimula o
consumo de forragem.
O aumento no consumo voluntário de ruminantes, com a suplementação protéica
pode ser atribuído o aumento na taxa de passagem e digestão da forragem, resultando em
um aumento do consumo de energia pelo animal. Entretanto, se o aumento é devido à
melhoria das condições de fermentação ruminal, ao efeito metabólico promovido pelo
fornecimento de proteína sobrepassante (“by pass”) (Haddad e Castro, 1998; Reis et al.,
1997; Paulino et al., 1982; Cardoso, 1997). A suplementação também fornece N para a
síntese microbiana, onde segundo o preconizado por Minson (1990), tem que se ter no
mínimo de 7% PB na dieta para não deprimir a síntese microbiana. Com isso não houve
depressão na síntese microbiana nesse trabalho, pois a forragem fornecia 10% de PB na
dieta.
Os consumos de concentrado em todos os métodos de estimativa de consumo de MS
tiveram o mesmo comportamento, linear crescente (P<0,05).
Mertens (1994) que afirma que o consumo não é expresso na mesma base para os
mecanismos físicos e fisiológicos de controle. Para rações de baixa qualidade, em que a
ingestão é limitada pelo “enchimento” do rúmen, é ideal expressá-los em %PV, por se
encontrar mais relacionado ao tamanho e a capacidade do trato digestivo. Quando o
consumo é limitado pela demanda fisiológica de energia, a melhor forma de expressá-lo
com base no peso metabólico.
70
Na estimativa de consumo em gramas por dia (g MS/dia), os métodos de estimativa
obtiveram o mesmo comportamento que a estimativa de consumo em relação ao (%P.V),
onde os métodos FDAI e DIVMS obtiveram valores bem próximos, contudo valores
subestimados através do método CI.
Os consumos de forragens e consumo total em g MS/dia foram semelhantes aos
encontrados por Galina et al. (2004), onde o autor avaliando efeito da suplementação com
caprinos em pastagens naturais no México obteve um consumo em gramas por dia de
forragem e consumo total variando em torno de 292 a 586g/dia e com média de 446g/dia;
592 a 886g/dia com média 747g/dia para consumo total, respectivamente. Entretanto o
consumo de forragem obtido nesse experimento variou de 475,63 a 513,61 g/dia e de
consumo total 640,09 a 680,66 estimados através da FDAI e DIVMS.
Semelhantemente, Castro et al. (2002) avaliando o efeito da suplementação
concentrada sobre o consumo voluntário e digestibilidade da forragem por ovinos, onde o
fornecimento da suplementação concentrada não afetou o consumo de forragem, nem da
dieta total, que foram e média de 11,83; 18,06 g/kg PV.
O consumo total de MS expressos em gramas por kg de massa corporal metabólica
obtido pelos métodos CI, DIVMS, FDAI tiveram influência dos níveis crescentes de
suplementação (P<0,01). Entretanto o consumo de forragem não sofreu influencia do nível
de suplementação, com médias de 15,30; 52,58 e 47,58 g/(kg de PV)
0,75
.
Os valores obtidos pelo método CI ficou abaixo do preconizado por Minson (1990)
de 50g/(kg de PV)
0,75
. Entretanto nos métodos DIVMS e FDAI tiveram valores
semelhantes ao nível proposto e dentro da faixa sugerida por esse autor.
Ferret et al. (1999) avaliando o consumo estimado e o consumo mensurado,
constatou consumos em média 70 e 69,9 g/kg
0,75
/dia. Ramírez et al. (1995) avaliando o
71
consumo de nutrientes por ovinos em pastagens de buffel (Cenchrus Ciliaris), obtiveram
valores para consumo em média de 53,7g/kg
0,75
/dia. Pimentel (1992) trabalhando com
ovinos em área de caatinga, encontrou valor de 65 (g MO/kgPV
0,75
) e que ficaram
coerentes com os encontrados por (Langland e Bowles, 1974; Van Dyne e Meyer, 1964)
também trabalhando com ovinos.
Entretanto Sankhyan et al. (1999), encontrou valores para consumo de MS de 53,2
g/kg
0,75
/dia, trabalhando com ovinos em região semi-árida da Índia, inferiores aos
encontrados nesse experimento de 68,95g/kg
0,75
/dia obtida pela DIVMS.
Houve regularidade no consumo de forragem, sem apresentar diferenças, apesar da
forragem selecionada apresentar baixas digestibilidades com valores abaixo de 60%, o que
deveria ter regulado o consumo pelo enchimento do rúmen (Van Soest, 1965; Mertens,
1985). Contudo a maior participação de folhas de espécies arbustivas e arbóreas e por essas
apresentarem uma maior taxa de passagem pode ter resultado nesse comportamento do
consumo.
A eficácia dos métodos de estimativa de consumo foi observada por outros
pesquisadores. Zeola (2002) observou que o FDAI superestimou a produção de fezes e por
conseqüência a estimativa de consumo. Piaggio et al. (1991), também não obtiveram bons
resultados com FDAI como indicador. Os resultados de recuperação variaram de 92,90 a
104,97%, e os autores observaram que a baixa recuperação do FDAI, pode ter relacionado
aos problemas de filtragem durante a análise.
Contudo, Berchielli et al. (2000); Ítavo et al. (2001) e Berchielli et al. (2005)
chegaram à conclusão que apresentaram bons resultados, sendo esses semelhantes aos
encontrados pela coleta total, na estimativa da digestibilidade.
72
Alguns autores relatam que boa parte da variabilidade dos resultados obtidos com
marcadores internos indigestíveis pode ser atribuída à falta de padronização no método de
determinação.
A suplementação tem influencia direta no consumo de matéria seca, o efeito aditivo
é definido quando o suplemento causa melhoria nas condições ruminais e assim
aumentando o consumo total e o tendo interferência no consumo de forragem, por outro
lado pode desencadear o efeito de substituição, causando o decréscimo do CMS da
forragem. Aliado a isso causa alterações denominadas efeitos associativos, que se
manifestam: no consumo de forragem; digestibilidade real e aparente; degradabilidade
ruminal; nos locais de digestão da dieta; nos produtos da fermentação e no ganho de peso
(Moore et al., 1997). Porém Ruas et al. (2000) concluiu que a suplementação protéica não
influenciou o consumo de matéria seca da forragem.
Existe também segundo Forbes (1995) uma forte interação entre a digestibilidade e
o consumo, especialmente para o nível de consumo, uma relação inversamente
proporcional, ou seja, quanto menor o nível de consumo, maior é a digestibilidade do
alimento, evento que envolve fenômenos como a redução da taxa de passagem ruminal
(Merchen, 1988).
Contudo o suplemento pode garantir aumento na concentração adequada de amônia
ruminal, garantindo uma eficiente fermentação dos alimentos fibrosos (Santos et al., 2004).
Diante disso foi observado nesse experimento que o suplemento conduziu a 13 a 17% de
incremento no consumo total MS em relação ao tratamento testemunha, ou seja, sem
suplementação. Contudo só foi observado efeito positivo do suplemento no consumo neste
experimento, possivelmente devido à baixa disponibilidade de forragem existente na época
seca, observada no período experimental, caso contrário com a alta disponibilidade de
73
forragem Detmann et al. (2001a), concluíram que haveria possibilidade de seleção e que o
uso de suplementos reduziu o consumo total de matéria seca e forragem em 21,02 e 33,6%,
respectivamente.
Os valores médios do consumo de nutrientes, matéria orgânica (MO), proteína
bruta (PB) e fibra em detergente neutro (FDN) da dieta total encontram-se na Tabela 4.
O consumo de nutrientes MO, PB e FDN sofreram influência dos níveis de
suplementação, onde à medida que aumentava o nível, houve um incremento no consumo
dos nutrientes. Isso pode ser justificado pelo fato de que a suplementação promoveu um
maior aporte de nutrientes para o animal, conseqüentemente um maior consumo desses.
Tabela 4 Consumo da dieta total em nutrientes (concentrado + forragem) de matéria
orgânica (CMO), proteína bruta (CPB) e fibra em detergente neutro (CFDN),
estimados a partir do comportamento ingestivo (CI), digestibilidade in vitro
da matéria seca (DIVMS) e fibra em detergente ácido indigestível (FDAI),
por caprinos Moxotó suplementados na Caatinga.
Tratamentos
CI
0% 0,5% 1% 1,5% CV(%)
Equação r
2
(%)
CMO 136,27 316,18 516,85 710,41 12,51 ŷ = 31,47+384,62**x 0,99
CPB 13,92 44,30 73,10 105,96 15,66 ŷ = 13,58+60,99**x 0,99
CFDN 72,76 136,75 202,90 273,17 15,93 ŷ = 70,49+133,88**x 0,99
DIVMS
CMO 404,09 690,96 831,54 1099,20 32,05 ŷ = 422,56+ 445,18**x 0,98
CPB 53,87 91,43 112,88 154,36 33,30 ŷ = 54,70+64,58**x 0,98
CFDN 229,85 340,43 381,22 489,25 42,50 ŷ = 237,341+63,8*x 0,97
FDAI
CMO 353,87 539,84 702,75 1050,37 35,05 ŷ =200,55+450,3**x 0,99
CPB 45,90 77,58 104,45 150,26 33,59 ŷ = 26,19+66,252**x 0,99
CFDN 199,65 255,22 310,13 463,02 46,67 ŷ = 112,18+168,77*x 0,99
** Significativo ao nível de 1% (P<0,01) (**significative at level 1% of probability)
*Significativo ao nível de 5% (P<0,05) (*significative at level 5% of probability)
74
Ramírez et al. (1995) trabalhando com ovinos observaram consumo de variando de
640,6 a 1069,8g MO/dia, com média de 818,6g MO/dia.
Segundo o preconizado pelo NRC (1981), um caprino de 20 kg em regiões áridas
com acesso a vegetação escassa tem exigência para mantença em proteína bruta de 64g e
para um ganho de 100g/dia/PV de 28g, totalizando numa exigência diária de 92g. Com isso
os animais do tratamento sem suplementação estavam recebendo um nível de proteína
abaixo do preconizado para mantença. O nível em que o animal atendia suas exigências de
mantença e produção foi a partir do vel de 1% do PV em suplementação, mostrando a
importância da suplementação dos caprinos nessas condições de pastejo.
Conseqüentemente os animais não conseguiriam suprir suas necessidades em nutrientes
exclusivamente com a pastagem, tendo a necessidade da suplementação concentrada para
atender sua demanda.
As comparações de médias entre os métodos de estimativa: digestibilidade in vitro
da matéria seca (DIVMS), comportamento ingestivo (CI), fibra em detergente ácido
indigestível (FDAI) estão expressos na Tabela 5.
Tabela 5 Comparação entre os métodos de estimativa de consumo de matéria seca (MS)
em gramas por dia (gMS/dia), através dos métodos digestibilidade in vitro da
matéria seca (DIVMS), comportamento ingestivo (CI), fibra em detergente
ácido indigestível (FDAI) em caprinos suplementados na Caatinga.
CI DIVMS FDAI
CF (gMS/dia)
143,25b 513,61a 475,60a
CT (gMS/dia)
352,87b 680,67a 640,09a
CT (gMS/kg
0,75
)
31,31b 68,95a 63,49a
As médias seguidas de letras iguais, minúscula na linha não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (p>0,05)
A estimativa de consumo de forragem foi semelhante entre os métodos DIVMS e
FDAI, entretanto o CI obteve a menor média.
75
Não houve diferença na comparação entre médias da estimativa de consumo total de
MS em gramas para o DIVMS e FDAI, com médias de 680,87 e 640,09 g MS/dia,
respectivamente.
No geral, tomando como base a DIVMS, onde é o método que mais se aproxima da
estimativa real do consumo em MS. Houve uma subestimação por parte do método CI,
possivelmente isso pode ter acontecido devido a grande variabilidade dos dados para a
estimativa de consumo de matéria seca através desse método, ou seja, houve grandes
diferenças entre os observadores nas observações das taxa de bocados e tempo de pastejo
que são usados no cálculo do consumo. Apesar de ter ocorrido um treinamento prévio dos
observados.
Contudo foram iguais nas estimativas de consumo de forragem, total e por kg de peso
metabólico (gMS/kg
0,75
) obtida pelo FDAI e DIVMS, em todos as unidades de medida.
Sugerindo que são ótimas alternativas de metodologias na estimativa de consumo de MS
em caprinos na Caatinga.
Contudo Detmann et al. (2001b) concluíram que a DIVMS, amplamente utilizada
leva a superestimação do consumo a pasto, por intermédio da falta de estabelecimento de
relações causa: efeito entre o alimento e o trato gastrintestinal.
Entretanto Saliba et al. (1999) comparando a DIVMS com o FDAI, encontrou alta
recuperação fecal do FDAI, com isso concluíram que houve superestimação da
digestibilidade e por conseqüência subestimando o consumo. Porém Berchielli et al. (2000)
e Ítavo et al. (2001) obtiveram resultados semelhantes do FDAI com a coleta total para a
estimativa da digestibilidade.
Holechek et al. (1986) concluíram que o consumo não foi estimado corretamente,
avaliando nove espécies de forrageiras, atribuíram à ineficácia da DIVMS. Como também
76
Soares et al. (1999) avaliando o consumo através do óxido de cromo e do emprego da
DIVMS, constataram que houve superestimação do consumo.
77
Conclusão
O método da digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) e fibra em detergente
ácido indigestível (FDAI) mostram-se adequados para a estimativa de consumo de MS.
O aumento dos níveis de suplementação ocasiona o aumento no consumo de
nutrientes.
A suplementação tem efeito aditivo sobre o consumo de MS em caprinos na
caatinga.
78
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