palavra de Deus, sobre o caminho do Cristo. Jesus mesmo disse aos
apóstolos: “Quem vos ouve, a mim ouve; quem vos despreza, a mim
despreza”. E tanto Paulo quanto Pedro dizem que as Escrituras Sagradas
não são de interpretação particular, somente pessoal. Mas homens
inspirados por Deus é que escreveram as escrituras e é justamente quem é
escolhido por Deus, do magistério, do ensino, é que vai nos indicar o
caminho. Caso contrário, nós fundamos religiões, religiões cada um
falando o que quer e julgando que está com o Espírito de Deus. É claro,
não vamos julgar as boas intenções, mas objetivamente falando, nós
vimos que temos que obedecer a parâmetros, a orientações que nos
ajudam a interpretar as escrituras de acordo com o que Deus nos ensina e
não apenas com o gosto pessoal. Hoje nós estamos na era, na sociedade da
subjetividade, em que cada um julga que deve escolher o que quer, não
obedecendo a parâmetros, a normas, orientações. Até outro dia, eu estava
participando de um congresso internacional com peritos no assunto,
especialistas falando justamente das religiões pentecostais e
neopentecostais e até do pentecostalismo católico, isto é, a RCC que surge
do pentecostalismo protestante dos Estados Unidos. Mas, felizmente a
nossa RCC ela tem obedecido aos parâmetros da nossa Igreja e, claro,
exageros às vezes há, e que é preciso ser reorientados para uma
comunhão autêntica como Igreja. E na nossa diocese felizmente temos
boas orientações de coordenações desse mesmo Movimento
Carismático (grifo do autor). Mas o pentecostalismo, principalmente
protestante, neopentecostalismo faz com que a interpretação subjetiva seja
regra absoluta de conduta. E aí é preciso discernimos aquilo que é
caminho mais justo a seguir apesar de toda boa vontade e da reta intenção
de tantos. Outros, pelo contrário, usam o movimento neopentecostal para
ganhar dinheiro às custas da boa fé do povo. Precisamos saber discernir
isso para não nos deixarmos enganar.
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Esse discurso conciliador deixa entrever críticas a posturas enfrentadas pela
diocese. Os dilemas aqui referidos, apesar de remeterem para todas as novas religiões
e seitas, têm endereço certo, a RCC de Uberlândia. Aqui se denunciam práticas
escusas, exploração da fé, falta de preparação teológica, o individualismo e a
subjetividade que caracterizam certas práticas religiosas.
Na convivência próxima com a Renovação Carismática percebe-se uma estratégia
de domínio, de contenção,
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tendo em vista que a Igreja Católica local não deposita
total confiança no ideal carismático:
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MOURA , Dom José Alberto .Programa Oração da Manhã .Uberlândia : Rádio América, 29/09/2005.
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Nossa pesquisa tem apurado que o temor da Igreja Católica de cisão e surgimento de mais seitas
provenientes de movimentos católicos possui fundamento . O informativo Vagalume de dezembro de 1997
estampou em suas páginas notícia de que um padre chamado Amasino Martins dos Santos , de Minas Gerais ,
desligou-se da Igreja e fundou uma nova igreja denominada Igreja Católica Carismática de Jesus Cristo , da
qual se declarou presidente e bispo primaz . Levantamos também que em Uberlândia pelo menos mais duas
igrejas evangélicas foram fundadas no final da década de 1990 com os seguintes nomes Renovação
Carismática e Igreja Carismática ou Santuário da Graça .
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