Download PDF
ads:
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA
CELSO SUCKOW DA FONSECA – CEFET/RJ
DIRETORIA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
COORDENADORIA DE CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO
DISSERTAÇÃO TECNOLÓGICA
CONTRIBUIÇÕES DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO DO DESEMPENHO NA
REESTRUTURAÇÃO DA FUNÇÃO MANUTENÇÃO: UM ESTUDO DE CASO
Helton Luiz Alves Costa
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE PESQUISA
E PÓS-GRADUAÇÃO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A
OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM TECNOLOGIA.
Lílian Martins da Motta Dias, D.Sc.
José Antônio Assunção Peixoto, D.Sc.
Orientadores
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
16/05/2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ii
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 1
Objetivo do Trabalho
4
Metodologia Utilizada
5
Organização do Texto
6
I - A REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E O DESEMPENHO OPERACIONAL 8
I.1 - Contextualização
8
I.2 - A Gestão do Desempenho Operacional
10
O Balanced Scorecard
10
O Modelo de Sistemas Gerenciais
11
I.3 - Os Sistemas de Informação Baseados na Tecnologia da Informação
15
I.4 - A Gestão do Desempenho Apoiada na Tecnologia da Informação
17
I.4.1 - A Implementação de um Sistema de Informação
18
I.4.2 - Visões Diferenciadas na Dimensão do Desempenho com o uso da TI
21
II - A MANUTENÇÃO INDUSTRIAL 25
II.1 - A Evolução da Manutenção
25
II.2 - A Função Manutenção e sua Missão
27
II.3 - As Diferentes Formas de Ação da Manutenção
30
II.3.1 - A Manutenção Corretiva
31
II.3.2 - A Manutenção Preventiva
32
II.3.3 - Preparação das Ações da Manutenção
36
II.3.4 - Centralizar ou Descentralizar a Manutenção ?
37
II.4 - A Utilização da Teoria das Taxas de Falha
38
II.5 - Novas Ferramentas de Apoio à Manutenção
42
Surgimento de Softwares de Apoio à Manutenção
42
II.6 - Os Números da Manutenção Industrial
43
II.6.1 - Introdução
43
II.6.2 - Os Tempos Dentro de uma Oficina
43
II.7 - Os Indicadores Classe Mundial
46
II.7.1 - O MTBF
46
II.7.2 - O MTTR
47
II.7.3 - A Disponibilidade
47
II.7.4 - O TMPF
47
ads:
iii
II.8 - Outros Indicadores de Interesse
48
II.9 - Comentários sobre Indicadores
49
II.10 - Quadro de Referência Teórica
51
III - ESTUDO DE CASO 56
III.1 - Por Quê Mudar a Manutenção?
56
III.2 - A Manutenção Antes da Mudança
58
Estrutura Organizacional
58
Descrevendo as Atribuições de Cada Parte
59
III.3 - A Nova Estrutura Organizacional da Manutenção
60
Descrevendo as Atribuições de Cada Parte
61
III.4 - Diagrama em Blocos do Processo de Manutenção de Equipamentos
65
III.5 - Descrição do Processo de Manutenção de Equipamentos
67
III.6 - A Obtenção de Resultados
69
III.7 - A Implantação de um Novo Software de Manutenção
70
O Processo de Escolha da Ferramenta
71
O Processo de Implantação na Fábrica
72
A Preparação da Base de Dados
74
A Formação dos Profissionais
75
A Implantação em um Setor Específico de Manutenção
76
III.8 - Os Indicadores Escolhidos para Acompanhamento
77
III.9 - A Exploração do Software e Análise de Resultados em uma Oficina de
Manutenção
79
III.9.1 - Características do Parque de Máquinas do Setor Analisado
79
III.9.2 - A Máquina Estudada
80
III.9.3 - O Efetivo Disponível
81
III.9.4 - A Exploração dos Indicadores Implantados pela Manutenção
82
Indicadores de Indisponibilidade de Máquinas
84
A Visão da Manutenção Quanto a Indisponibilidade
87
A Visão da Produção Quanto a Indisponibilidade
88
Indicador de Número de Falhas
89
Indicador de Tempo Médio entre Falhas (TMEF)
90
Indicador de Tempo Médio para Reparo (TMPR)
90
Indicador de Tempo Médio de Carga de Depanagem
91
Ocupação do Efetivo com Manutenção Corretiva
92
Ocupação do Efetivo com Manutenção Programada
93
Ocupação do Efetivo com Manutenção Preventiva
94
iv
Ocupação do Efetivo com Modificações
95
Ocupação do Efetivo com Outras Atividades
96
III.9.5 - Explorando a Base de Dados do Software
97
Melhor Entendendo as Paradas por Manutenção Corretiva
97
Avaliando a Atuação do Efetivo da Manutenção
100
Média de Profissionais Envolvidos nas Corretivas
102
Percentual de Ocupação dos Profissionais no Equipamento Estudado
102
Percentual de Horas de Ocupação dos Profissionais
103
Fazendo Avaliações Diárias
105
Fazendo Avaliações Mensais
106
IV - Considerações Finais 108
V - Conclusão 112
Bibliografia 115
Anexos
Anexo 1 - Análise das Áreas de Aplicação de Dados de Performance
118
Anexo 2 - A Manutenção no Brasil
122
Anexo 3 - O Software MP2
134
v
FICHA CATALOGRÁFICA
.
C837 Costa, Helton Luiz Alves
Contribuição de um sistema de informação do desempenho na reestruturação
da função manutenção: um estudo de caso / Helton Luiz Alves Costa. –2006.
xvi, 151f., il. (algumas color.), grafs, tabs; enc.
Dissertação (Mestrado) Centro Federal de Educação Tecnológica Celso
Suckow da Fonseca, 2006
Bibliografia: f. 115-117
Anexos
1. Tecnologia da informação 2. Sistemas de informação gerencial 3. Fábricas –
Manutenção - Estudo de casos I. Título
CDD 658.4038
vi
À minha esposa Cláudia e aos
meus filhos Nathália e Helton.
vii
AGRADECIMENTOS
À minha família, pela compreensão quanto ao tempo que precisei dedicar para a
realização do curso de mestrado, bem como pelo incentivo que nunca deixou de ser dado;
Ao corpo docente do Departamento de Pesquisa e Pós-Graduação do CEFET/RJ, que
me deu a oportunidade de ingressar neste curso, acreditando na possibilidade de levarmos à
frente o estudo proposto. Agradeço também pela contribuição dada na realização de cada uma
das disciplinas;
Aos meus Orientadores, Professora Lílian Martins da Motta Dias e Professor José
Antônio Assunção Peixoto, por contribuir de maneira importante para a realização deste
trabalho, disponibilizando seus conhecimentos, experiência e competência, sem deixar faltar
motivação na condução deste longo caminho;
A todos os Profissionais de Apoio do Departamento de Pesquisa e Pós-Graduação do
CEFET/RJ, pelo suporte dado em cada um dos momentos em que se fez necessário;
A todos os amigos de curso que colaboraram com seu conhecimento e experiência, me
ajudando a superar os obstáculos;
Aos amigos do trabalho, que me incentivaram todo o tempo, e que me possibilitaram
realizar este curso;
À professora Janete Fonseca da Cruz de Castro, pelo tempo dedicado à leitura e
proposição de sugestões para melhorar o entendimento do texto aqui apresentado;
O meu Muito Obrigado a todos que, de alguma forma, torceram por mim e me ajudaram
neste caminho.
viii
Resumo da dissertação submetida ao DEPPG / CEFET-RJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Tecnologia (M.T.).
CONTRIBUIÇÕES DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO DO DESEMPENHO NA
REESTRUTURAÇÃO DA FUNÇÃO MANUTENÇÃO: UM ESTUDO DE CASO.
Helton Luiz Alves Costa
Maio / 2006
Orientadores: Lílian Martins da Motta Dias, D.Sc.
José Antônio Assunção Peixoto, D.Sc.
Departamento: DEPPG
O objetivo deste trabalho é estudar a implantação de um sistema de informação para a
manutenção industrial, como parte de um processo de reestruturação desta atividade, tendo a
finalidade de avaliar seu desempenho. Isto ocorre dentro de um ambiente industrial cada vez
mais integrado por sistemas de informação, onde as empresas buscam estabelecer indicadores
que possam retratar, de forma clara, o desempenho operacional de cada uma de suas
atividades. A manutenção industrial vem fazendo parte deste contexto, de maneira cada vez
mais intensa, guiando o seu caminho, através do “Painel de Controle” que seus indicadores
representam. A definição dos indicadores a serem utilizados, assim como seus significados, é
de suma importância para que se possa obter os resultados esperados. O estudo realizado
contempla: uma revisão bibliográfica no que se refere à reestruturação produtiva e o
desempenho operacional, sistemas de informação baseados na TI, a função manutenção e sua
missão e, visões diferenciadas agregando valor para a medida de desempenho nas
organizações; assim como, um estudo de caso realizado em uma empresa multinacional de
artefatos de borracha, com a finalidade de observar o transcorrer de todo este processo de
implantação, observando, ao final, o resultado da utilização de indicadores para avaliação do
desempenho e condução dos rumos da atividade de manutenção.
Palavras Chave: Sistemas de Informação, Gestão e Avaliação de Desempenho, Manutenção
Industrial, Confiabilidade, Indicadores.
ix
Abstract of dissertation submitted to DEPPG / CEFET-RJ as partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master in Technology (M.T.).
CONTRIBUTIONS OF AN INFORMATION SISTEM OF PERFORMANCE IN THE
RESTRUCTURATION OF THE MAINTENANCE FUNCTION: A CASE STUDY.
Helton Luiz Alves Costa
May / 2006
Supervisors: Lílian Martins da Motta Dias, D.Sc.
José Antônio Assunção Peixoto, D.Sc.
Department: DEPPG
The objective of this work is to study the implantation of an information system for the
industrial maintenance, as part of a reorganization process of this activity, having the purpose to
evaluate its performance. This occurs in an industrial environment, each time more integrated
by information systems, where the companies try to establish indicators that can show clearly,
the operational performance of each one of its activities. The industrial maintenance comes
being part of this context, in a more intense way, trying to guide its way through the "Control
Panel" that its indicators represent. The definition of the indicators to be used, as well as its
meanings, is of utmost importance to get the expected results. The study contemplates: a
bibliographical revision about productive reorganization and the operational performance,
information systems based in TI, the maintenance function and its mission and, differentiated
points of view adding value to the performance measure in the organizations; as well as, a
study of case carried through in a multinational company of rubber devices, with the purpose of
observing the development of this implantation process, finally, observing, the result of the use
of indicators for the performance evaluation and the conduction of maintenance activity’s routes.
Keywords: Information Systems, Performance Management and Evaluation, Industrial
Maintenance,
Reliability
, Indicators.
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Modelo de Sistemas Gerenciais (Sink e Tuttle, 1993) 12
Figura 2 O Sistema Organizacional e as Definições Operacionais dos Sete 13
Critérios de Performance (Sink e Tuttle, 1993)
Figura 3 Exemplo de Árvore de Decisão para a Criação de uma Inspeção 35
Preventiva (BRANCO FILHO E LIMA NETO, 2000)
Figura 4 Curva de Taxa de Falha B 38
Figura 5 Curva de Taxa de Falha A, ou “Curva da Banheira” 38
Figura 6 Curva de Taxa de Falha C 39
Figura 7 Curva de Taxa de Falha D 40
Figura 8 Curva de Taxa de Falha E 40
Figura 9 Curva de Taxa de Falha F 41
Figura 10 Célula Fundamental da Divisão de Tempos em uma Oficina de 44
Produção
Figura 11 Estrutura Organizacional Antiga da Manutenção na Empresa 59
Observada
Figura 12 Nova Estrutura Organizacional da Manutenção na Empresa 61
Observada
Figura 13 Diagrama em Blocos do Processo de Manutenção na Empresa 66
Observada
Figura 14 Diagrama em blocos do equipamento, dividido em módulos 81
Figura 15 Tela Inicial do MP2 134
Figura 16 Tela Inicial para Acesso às Ordens de Serviço 135
Figura 17 Tela Referente à Pasta Exibir Registro 136
Figura 18 Tela Referente à Pasta Equipamentos e Detalhes 137
Figura 19 Tela Referente às Observações Efetuadas Quanto ao que Foi 138
Realizado
Figura 20 Tela de Programação de Uma Ordem de Serviço 140
Figura 21 Tela Referente à Documentação Técnica 140
Figura 22 Tela de Acesso aos Dados do Almoxarifado 142
Figura 23 Tela Referente à Consulta aos Equipamentos Cadastrados 143
Figura 24 Tela que Exibe os Registros dos Equipamentos 143
Figura 25 Tela Referente aos Dados Financeiros dos Equipamentos 144
Figura 26 Tela Referente às Peças de Reposição Cadastradas para Cada 144
Equipamento
xi
Figura 27 Tela Referente às Peças que Constituem o Equipamento Analisado 145
Figura 28 Tela Referente às Regras de Segurança que Devam ser Respeitadas 146
Figura 29 Tela Referente às Medidas que Possam ser Registradas Quanto ao 146
Equipamento
Figura 30 Tela Referente aos Componentes Existentes em Cada Equipamento 147
Figura 31 Tela Referente ao Histórico de Ordens de Serviço dos Equipamentos 148
Figura 32 Tela Referente aos Campos Definidos pelo Usuário 148
Figura 33 Tela Referente à Geração de Gráficos de Equipamentos 149
Figura 34 Tela Referente à Geração de Resumos Simples de Ordens de Serviço 150
Figura 35 Tela com a Possibilidade de Seleção de OS’s Abertas, Fechadas ou 150
ambas
Figura 36 Tela Referente aos Critérios de Seleção do Relatório Desejado 151
xii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Análise das Áreas de Aplicação de Dados de Performance Adotadas 22
no Estudo
Tabela 2 % de Componentes de aeronaves Classificados em Cada uma das 41
Curvas de Taxa de Falha com a Idade
Tabela 3 Tabela de Dados Referentes ao Departamento 100
Tabela 4 Tabela de Dados Referentes ao Equipamento Estudado 101
Tabela 5 Cálculo da Média de Profissionais Envolvidos em Intervenções 102
Corretivas
Tabela 6 Cálculo do Percentual de Ocupação dos Profissionais no Equipamento 103
Estudado
Tabela 7 Cálculo do Percentual de Ocupação dos Profissionais 104
Tabela 8 Cálculo do Percentual de Horas Dedicadas a Corretiva pelas 104
Equipes de Corretiva
Tabela 9 Análise das Áreas de Aplicação de Dados de Performance (Anexo 1) 118
xiii
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Percentual de Indisponibilidade de Máquina Devido a Manutenção 84
Gráfico 2 Percentual de Indisponibilidade de Máquina por Pane 85
Gráfico 3 Comparativo do % de Indisponibilidade de Máquina 86
Produção X Manutenção
Gráfico 4 Comparativo do % de Indisponibilidade de Máquina por Pane 86
Produção X Manutenção
Gráfico 5 Indicador do Número de Falhas 89
Gráfico 6 Tempo Médio entre Falhas 90
Gráfico 7 Indicador de Tempo Médio Para Reparo (TMPR) 91
Gráfico 8 Tempo Médio de Carga de Depanagem (TMCD) 92
Gráfico 9 Ocupação do Efetivo com Manutenção Corretiva 93
Gráfico 10 Ocupação do Efetivo com Manutenção Programada 93
Gráfico 11 Ocupação do Efetivo com Manutenção Preventiva 95
Gráfico 12 Ocupação do Efetivo com Modificações 96
Gráfico 13 Ocupação do Efetivo com Outras Atividades 97
Gráfico 14 Percentual de Distribuição da Indisponibilidade em Relação aos 98
Módulos do Equipamento Estudado
Gráfico 15 Percentual de Distribuição das Paradas Referentes ao Módulo 3 98
Distribuídas em Subconjuntos
Gráfico 16 Formas de Atuação da Manutenção 122
Gráfico 17 Níveis Hierárquicos da Manutenção 123
Gráfico 18 Efetivo Próprio da Manutenção em Relação ao Nº Total de 124
Empregados
Gráfico 19 % de Qualificação dos Profissionais de Manutenção 125
Gráfico 20 “Turnover” Anual do Pessoal de Manutenção 126
Gráfico 21 % de Pessoal Contratado na Manutenção 127
Gráfico 22 Composição dos Custos da Manutenção 128
Gráfico 23 Relação % entre o Custo Total da Manutenção e o Faturamento Bruto 129
Gráfico 24 Percentual de Disponibilidade Operacional dos Equipamentos no Brasil 130
Gráfico 25 Percentual de Indisponibilidade dos Equipamentos Devido à 130
Manutenção
Gráfico 26 Idade Percentual dos Equipamentos / Instalações nas Empresas no 131
Brasil
xiv
Gráfico 27 Percentual das Empresas que Utilizam Diferentes Formas de 132
Qualificação do Pessoal
Gráfico 28 Percentual de Questionários Respondidos 133
Gráfico 29 Principais Atividades de Empresas que Responderam ao Questionário 133
xv
LISTA DE ABREVIATURAS
ABRAMAN Associação Brasileira de Manutenção
AFNOR Associação Francesa de Normas Técnicas
CEO Chief Executive Officer
DISP Disponibilidade
DN2003 Documento Nacional de Manutenção, ano 2003
DOS Disk-operating system - Sistema Operado por Discos
h Horas
h.h. Total de horas trabalhadas por todos os profissionais envolvidos em uma
intervenção
I Indisponibilidade
IP Indisponibilidade por Pane
ISO 14001 International Organization for Standardization -14001 - Norma
desenvolvida para certificação de respeito a questões ambientais.
JDE J.D. Edwards
M
(x)
Módulos que compõe o equipamento estudado ( de 1 à 13 )
MTBF Média dos Tempos de Bom Funcionamento
MTTR Média dos Tempos Técnicos de Reparo
MP2 Software de Manutenção desenvolvido pela empresa Datastream
OS Ordem de Serviço
PIB Produto Interno Bruto
QS-9000 Quality System Requirements - 9000 - Norma desenvolvida pela
Chrysler, Ford e GM, como uma interpretação da ISO-9000 para o setor
automotivo
SAP Sistemas, Aplicações e Produtos para Processamento de Dados -
Empresa que atua no ramo de processamento de dados
SC
(x)
Subconjuntos que compõe o Módulo M3 do equipamento estudado ( de 1
à 15 )
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SI Sistema de Informação
TAF Tempo de Parada dos Equipamentos devido à Operação
TAM Tempo de Parada dos Equipamentos devido à Manutenção
TBF Tempo de Produção Efetiva
TCD Tempo de Carga de Depanagem
xvi
TI Tecnologia da Informação
TMCD Tempo Médio de Carga de Depanagem
TMEF Tempo Médio entre Falhas
TMPF Tempo Médio para Falha
TMPR Tempo Médio para Reparo
TO Tempo Requerido, Tempo de Abertura ou Tempo de Abertura Potencial
TPM Manutenção Produtiva Total
TTR Tempo Técnico para Reparo
1
INTRODUÇÃO
Com o advento do processo de globalização, as empresas buscam cada vez mais a
conquista de novos mercados gerando, em decorrência, uma luta acirrada entre a
concorrência. Antes do desenrolar deste processo, as empresas possuíam mercados cativos,
bem como mão de obra e equipamentos diferenciados. Com o desenvolvimento dos
transportes e da tecnologia da informação, produtos e serviços passaram a ser acessíveis a
todos, não importando o local onde estejam disponíveis, ou mesmo onde estes sejam
necessários. Desta forma, matéria-prima e equipamentos deixaram de ser um diferencial
importante dentro do processo de competitividade das empresas concorrentes. Assim, para
melhor atender ao cliente e buscar um diferencial frente à concorrência, as empresas
começaram a pronunciar, cada vez mais, quatro expressões que passaram a definir as
condições necessárias para a sobrevivência dentro do mercado: qualidade do produto, custo
competitivo, disponibilidade no mercado e atendimento ao cliente.
A partir daí, as empresas vêm partindo em busca destes objetivos, empunhando a
bandeira por um melhor desempenho em todas as suas atividades. As palavras desempenho
e produtividade, sempre precedidas de “melhoria de”, passaram a ser faladas pela alta
administração de todas as instituições e retransmitidas até chegarem ao chão de fábrica. Para
tal, inúmeros processos de reestruturação se desencadearam, com a típica formatação em
cadeia de: traçar objetivos, adotar ações, avaliar os resultados e fazer uma análise crítica do
processo. Outro ponto que não pode deixar de ser ressaltado dentro deste processo é a
utilização da tecnologia da informação. Essa vem se dando de maneira cada vez mais intensa,
tanto como ferramenta específica para as diversas atividades existentes na instituição, quanto
como ferramenta global para a disponibilização das informações geradas, sendo essas
utilizadas para a tomada de decisão nos diversos níveis hierárquicos das instituições.
A função manutenção industrial não é uma exceção dentro deste contexto. Neste tipo
de atividade a questão referente ao desempenho sempre foi tratada de maneira muito
particular, baseada no sentimento do cliente final, em função das ocorrências observadas a
cada dia, sem dados concretos para que se pudesse avaliar a contribuição do trabalho de
manutenção para a atividade da empresa como um todo. De uma forma geral, se a produção
estivesse indo bem a manutenção era considerada boa, caso contrário a manutenção era
considerada ruim. Com o passar do tempo, vislumbrou-se a importância da atividade de
manutenção como um grande administrador de custos no chão de fábrica. Cabe à manutenção
a decisão final quanto à substituição de peças no parque de máquinas, bem como a melhoria
da sua vida útil. Também não se pode deixar de salientar o seu papel fundamental na melhoria
da produtividade da função produção, trabalhando na redução da indisponibilidade dos
2
equipamentos, para que estes possam ser utilizados por mais tempo para a sua atividade fim.
Pode-se observar a conseqüência desta descoberta no despertar das empresas para a
necessidade de direcionar seu olhar, com um foco mais apurado, para a função manutenção.
Daí deu-se início a processos de reestruturação e modernização da atividade de manutenção,
visando ganhos ainda maiores dos que já haviam sido obtidos dentro da atividade de produção.
Para se ter uma idéia do que vem se desenvolvendo no Brasil, com base em dados do
ano de 1994 da ABRAMAN ( Associação Brasileira de Manutenção ), citado por BETING
(2000), os investimentos em manutenção no Brasil movimentaram 3,4% do PIB. Já no ano
2000, este número subiu para 6%. Com a retomada econômica esboçada, o setor espera um
crescimento da ordem de 7% ao ano, podendo dobrar de tamanho até 2010.
Na busca por utilizar todo o potencial disponível na atividade de manutenção, as
empresas vêm procurando adotar a configuração mais acertada para planejar e implementar a
função manutenção. Não existe uma regra rígida e irrefutável para este trabalho, cada caso é
um caso. De uma forma individualizada, as empresa encontrarão o modelo mais adequado à
sua realidade, independente do ramo de atividade ou setor industrial em que esteja inserida.
Porém, de uma forma geral, observa-se que existem vários fatores a serem considerados
nesse processo de tomada de decisão, tais como:
9 Formas possíveis de hierarquização da manutenção;
9 Tipos de ações a serem desenvolvidas;
9 Definição do perfil dos profissionais que se deseja utilizar;
9 Definição da origem do efetivo a ser utilizado;
9 Utilização de tecnologia da informação;
9 Maneiras de quantificar a efetividade da ação da manutenção.
Cada tipo de atividade tem um parque fabril característico que influencia diretamente na
maneira de trabalhar da função manutenção. Outro ponto a ser considerado neste processo de
reestruturação, são características preexistentes, de valores pregados anteriormente pela
empresa, que dão aos setores e pessoas uma característica única na realização de suas
3
atividades. A chegada de algo novo e diferente do que já existe muitas vezes é instintivamente
repelido, como uma forma de manter a sobrevivência. Num processo de mudança deve-se
considerar as dificuldades de adaptação, quando o novo se contrapõe, de forma radical, ao que
se praticava anteriormente.
Para garantir que tudo o que vem sendo feito nos diversos departamentos dentro das
empresas, esteja de acordo com o que se deseja, a utilização de indicadores numéricos vem
marcando a sua presença no processo de avaliar resultados e informá-los aos diversos níveis
de hierarquia nas empresas. Segundo SINK e TUTTLE (1993, p.140), é lógico e natural que
“devem medir a performance dos departamentos antes das intervenções de melhoria ou, pelo
menos, logo após essas intervenções, para estarem realmente gerenciando”. Vale ressaltar
que o número apresentado no indicador cumprirá plenamente o seu papel, se acompanhado de
comentários que apresentem o seu real significado. Visto com os olhos críticos de quem
vivencia o chão de fábrica
*
, um número pode falar muito mais do que o valor absoluto que
representa.
Quanto à utilização de indicadores, a manutenção não é uma exceção. Com base em
TAVARES (1999, p.82) existem alguns indicadores que são considerados “classe mundial”
para a atividade de manutenção. MONCHY (1989, p.20) também faz referência a tais índices.
Outros que se façam necessários, podem ser desenvolvidos a critério de cada instituição.
Segundo SINK e TUTTLE (1993, p.149), “o processo de medição consiste em decidir o que
constitui a performance e, em seguida, comparar os indicadores com nosso conceito de
performance”. Através do conjunto de indicadores, as empresas podem comparar o
desempenho da função manutenção de diferentes locais, desde que mantenham as mesmas
características no que se refere ao chão de fábrica, isto é, equipamentos, efetivo e as
características que compõe a definição dos indicadores. Desta forma, possibilita a realização
de um trabalho de benchmarking, buscando um aprendizado com os locais que detém os
melhores resultados. Dentro deste processo, no caso de empresas multinacionais, deve-se
levar em consideração, para efeito comparativo, questões como: característica e qualificação
da mão de obra utilizada (produção e manutenção), característica do produto que é produzido,
característica tecnológica dos equipamentos e qualidade e disponibilidade de atividades de
apoio.
Um dos fatores preponderantes para que se possa coletar dados e transformá-los em
informações, é a definição e implantação de um sistema de informação para tal finalidade.
Deve-se avaliar todas as necessidades quanto a coleta, processamento e disponibilização das
*
Expressão que representa tudo o que se passa no dia a dia das oficinas de uma fábrica.
4
informações, em função dos objetivos que se deseja atingir. Um passo em falso, nesta fase do
processo, pode representar a frustração das expectativas quanto ao resultado final. Outro
ponto importante é a análise das informações geradas, procurando sempre considerar as
diversas visões existentes no ambiente fabril, para que se possa bem interpretar o que se
passa no chão de fábrica.
Ter a oportunidade de acompanhar um processo de implantação desta natureza,
precedido da pesquisa e identificação de base teórica para avaliar cada um dos passos,
constitui-se em um pomar de generosos frutos, para que se observe os percalços e benefícios
da utilização da tecnologia da informação para medir performance, transformando tais
informações em uma ferramenta decisiva na condução dos rumos do sistema gerencial em
questão.
OBJETIVO DO TRABALHO
A elaboração deste trabalho teve como base o processo de reestruturação da atividade
de manutenção industrial em uma empresa multinacional de artefatos de borracha. O objetivo
desta empresa com tais mudanças, consiste em melhorar o seu desempenho, aumentando a
confiabilidade dos equipamentos e sua disponibilidade para o setor produtivo. O trabalho da
manutenção baseia-se em conceitos de manutenção centrada na confiabilidade.
Como ferramenta para a avaliação da performance da manutenção, implantou-se um
novo software para auxiliar na gestão desta atividade, possibilitando a criação de indicadores
de performance, disponibilizados através de um sistema de informação.
Dentro deste contexto, o objetivo deste trabalho é avaliar a contribuição do referido
software de manutenção na gestão da performance operacional da manutenção industrial,
dentro de uma planta fabril. Procura-se observar, no decorrer deste estudo: as dificuldades
encontradas na implantação da nova ferramenta; o relacionamento da manutenção com a
operação no que diz respeito à integração de informações de ambas as áreas, quando da
identificação de visões diferenciadas em relação ao mesmo objeto; e, a utilização dos
indicadores acompanhados como gerador de valor no processo de condução da atividade de
manutenção.
Observa-se, de uma forma mais ampla, os reflexos de todo este processo na maneira
de trabalhar da manutenção, causando de certa forma, uma quebra da identidade que esta
possuía.
5
A identidade da empresa será preservada por respeito aos princípios da instituição
porém, o caso a ser tratado, bem como os números apresentados neste trabalho, retratam a
realidade observada na referida empresa.
METODOLOGIA UTILIZADA
A metodologia utilizada para a condução deste trabalho, contempla dois pontos de
base: busca de referencial teórico em quatro eixos principais; e, elaboração de um estudo
empírico, com base no processo de reestruturação da atividade de manutenção em uma
empresa multinacional de artefatos de borracha.
Num primeiro momento, aborda-se os seguintes eixos:
9 Reestruturação Produtiva e o Desempenho Operacional - Neste eixo procura-se
identificar os motivos que levam os administradores a, periodicamente, repensar a
condução das organizações para melhorar a competitividade. Dentro deste
contexto, gerenciar o desempenho operacional é um fator decisivo para enxergar,
claramente, o que se passa nas organizações, como auxílio para a tomada de
decisão;
9 Os Sistemas de Informação Baseados na TI - Tal eixo apresenta que os sistemas
de informação constituem-se em uma poderosa ferramenta para transformar dados
em informações de desempenho, assim como poder disponibilizá-los para as
diversas hierarquias dentro das organizações. Porém, deve-se ter o cuidado de
bem definir o que se deseja, para que as expectativas não sejam frustradas durante
ou após à implantação da nova ferramenta;
9 A Manutenção Industrial - Sendo este o ambiente de análise focado neste trabalho,
cabe apresentar uma reflexão sobre o desenvolvimento desta atividade, bem como
qual é a missão que dela se espera. Vale também ressaltar as formas de ação
consolidadas para a atividade; assim como os números que fazem parte do seu dia
a dia, principalmente os indicadores “classe mundial”. Tais indicadores são os mais
utilizados na atividade de manutenção, possibilitando comparações numéricas entre
empresas que dispõem de equipamentos com as mesmas características em suas
instalações;
6
9 Visões Diferenciadas - Por fim, este eixo apresenta as diferentes visões que cada
observador pode ter do mesmo objeto. O incentivo à discussão entre os atores para
o entendimento das diferentes visões, é um fator que agrega valor no processo de
entendimento do fenômeno observado.
Num segundo momento, relata-se um estudo de caso, tendo como base a implantação
de um software, como parte do processo de reestruturação da atividade de manutenção na
empresa em questão. Toma-se como objeto de observação empírico para a pesquisa, o banco
de dados do software de manutenção implantado, especificamente no que se refere ao
principal equipamento de um determinado departamento de produção. Tais dados originaram
indicadores para o período de janeiro de 2003 a dezembro de 2004 (os dois primeiros anos de
implantação do software em questão), servindo como base para a avaliação da performance e
condução da atividade de manutenção.
Também se utiliza indicadores elaborados pela operação no mesmo período, com a
finalidade de apresentar as visões diferenciadas dos dois departamentos, no que diz respeito a
um mesmo objeto.
Desta forma, procura-se avaliar a contribuição desta nova ferramenta para o processo
de gestão do desempenho da manutenção, bem como os transtornos que surgiram em
decorrência desta nova implantação, no chão de fábrica. Observou-se as dificuldades
encontradas no processo de implantação e na obtenção da mudança desejada no
comportamento do setor e dos profissionais de manutenção.
ORGANIZAÇÃO DO TEXTO
Tal relato encontra-se dividido em cinco capítulos, com a finalidade de apresentar uma
pesquisa bibliográfica que mostre: as características e ferramentas disponíveis para a função
manutenção; a mudança implementada na empresa observada; as observações feitas no
processo de implantação do software; a análise dos resultados de alguns indicadores
referentes ao recorte utilizado, tudo com a finalidade de avaliar a contribuição desta nova
ferramenta no sentido de melhorar o desempenho da atividade de manutenção.
No Capítulo I apresenta-se uma visão da reestruturação produtiva com o objetivo de se
obter os resultados desejados. Dentro deste contexto, tomando-se como base um modelo dos
sistemas gerenciais das organizações, verifica-se a necessidade de medir a performance da
organização em cada um dos passos, para que se possa conduzir uma organização no
7
caminho desejado. Para auxiliar neste processo de condução, conhecer alguns conceitos são
de grande importância para entender o que venha a ser performance, assim como tomar
conhecimento da existência de sistemas de gestão, como o Balanced Scorecard, que auxiliam
os executivos no andamento deste processo. Para finalizar, chega-se ao conhecimento dos
sistemas de informação, baseados na TI, para auxiliar como uma ferramenta na gestão do
desempenho dentro das organizações. Vale também ressaltar as visões distintas que se
podem adotar neste processo de gestão de desempenho baseado na TI.
No Capítulo II apresenta-se a evolução da manutenção industrial, bem como o que vem
a ser a missão da função manutenção dentro do contexto industrial. Para tal, é importante que
se conheçam as formas de ação da manutenção, assim como a incorporação do sistema de
informação, baseado na TI, nesta atividade. Esta ferramenta contribui para a definição de
indicadores de performance para permitir a condução deste sistema de gestão dentro das
organizações. Ao final, apresenta-se um resumo das referências teóricas, até então
apresentadas, que servirão como base para o estudo desenvolvido.
No Capítulo III descreve-se um estudo de caso em uma grande empresa de artefatos de
borracha, onde se pode observar todo o processo de reestruturação da função manutenção,
utilizando como base para o processo de avaliação de desempenho, um software específico
para esta atividade. Finalizando, apresenta-se a análise dos dados referentes aos dois
primeiros anos de funcionamento do novo sistema, focado em um equipamento específico de
um dado departamento de produção.
No Capítulo IV efetuam-se os comentários referentes ao que foi observado, tendo como
pano de fundo a bibliografia estudada, buscando avaliar as contribuições do sistema de
informação baseado na TI, utilizado pelo departamento de manutenção, com a finalidade de
medir e melhorar o seu desempenho. Vale salientar que o assunto não se esgota neste
trabalho, deixando-se algumas sugestões para trabalhos futuros.
Para finalizar, no Capítulo V relatam-se as conclusões observadas no decorrer de todo
este processo de implantação e utilização da referida ferramenta para avaliação do
desempenho da atividade de manutenção. Utilizam-se, como base, as referências teóricas
apresentadas.
8
CAPITULO I
A REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E O DESEMPENHO OPERACIONAL
I.1- Contextualização
Dentro do atual contexto de constantes desafios a serem enfrentados pelas empresas,
seja na disputa caseira dentro de grandes grupos, ou mesmo no âmbito global do mercado em
que estas estão inseridas, a alta direção das organizações devem estar atentas para operar
mudanças na estrutura organizacional, visando manter a empresa em condições de competir
no mercado em que se situa.
Uma empresa é constituída de pessoas que executam cada qual o seu trabalho, dando
origem a inter-relacionamentos individuais ou mesmo em grupos. Administrar e influenciar o
comportamento organizacional de todo este contingente, constitui-se em uma das missões dos
altos escalões das organizações. Neste aspecto, a estrutura organizacional é um fator decisivo
na obtenção dos resultados desejados, bem como os sistemas de informação empregados.
Desta forma, “o instrumento com a maior influência potencial é o projeto da organização,
inclusive os sistemas, as estruturas e os processos pelos quais o trabalho é feito” (NADLER e
TUSBMAN, 1993, p.29).
A reestruturação produtiva é um processo dinâmico, que obriga os executivos a operar
mudanças na organização, sempre que se observe uma possibilidade de melhor combinar os
seus elementos, para melhorar a sua produtividade. A manutenção industrial tem um papel
importante neste processo, pois é a responsável por permitir que o parque de máquinas
instalado possa ser utilizado pela atividade produtiva, de forma integral, assegurando a sua
perenidade e garantindo o melhor custo possível. Trata-se de um importante trabalho de
bastidores, permitindo que se possa obter os resultados desejados pela empresa.
Segundo NADLER e TUSBMAN (1993, p.30), existem duas questões a serem
consideradas na tomada de decisão, quanto ao projeto organizacional, que podem ser
aplicadas à interação das áreas operacionais. A primeira delas diz respeito, única e
exclusivamente, à maneira pela qual “permitirá à organização executar suas várias estratégias
e realizar o trabalho exigido”. A outra diz respeito à adequação do projeto organizacional, que
está sendo pensado, aos indivíduos que integram a organização. De uma forma abrangente,
os indivíduos são as principais ferramentas para que a organização possa obter os resultados
desejados.
9
A necessidade de constante revisão das estruturas organizacionais se dá pela
necessidade de melhorar, ou simplesmente manter, a competitividade da empresa, com foco
nos padrões de concorrência exigidos pela sua área de atuação.
Buscando melhor entender o significado de competitividade encontra-se, segundo
FERRAZ, KUPFER e HAGYENAUER (1995, p.1), “a competitividade como um fenômeno
diretamente relacionado às características de desempenho ou de eficiência técnica e alocativa,
apresentadas por empresas e produtos e, a considerar a competitividade das nações, como a
agregação desses resultados”.
Tais autores identificam duas famílias para que se possa conceituar a competitividade.
A primeira delas apresenta a competitividade como uma visão de desempenho. Denomina-se
esta visão como a competitividade revelada, que resume os fatores de “preço” e “não-preço”,
assim definidos pelos autores. Segundo FERRAZ, KUPFER e HAGYENAUER (1995, p.2),
para os fatores “preço”, pode-se citar fatores numéricos, geralmente apresentados por
indicadores, como a eficiência na utilização de recursos produtivos. Já para fatores “não-
preço”, pode-se citar fatores subjetivos tais como: qualidade do produto, qualidade do processo
de fabricação e atendimento ao mercado.
Na segunda família, FERRAZ, KUPFER e HAGYENAUER (1995, p.2) denominam a
competitividade potencial, isto é, vista como eficiência. Para melhor compreender esta família,
os autores a definem como “a capacidade da empresa de converter insumos em produtos com
o máximo de rendimento”. Os autores sinalizam que, para esta família, “indicadores são
buscados em comparativos de custos e preços, coeficientes técnicos (de insumo-produto ou
outros) ou produtividade dos fatores, em termos das best-practices verificadas na indústria
internacional”.
Procurando apresentar uma visão dinâmica do processo de concorrência, FERRAZ,
KUPFER e HAGYENAUER (1995, p.2), definem competitividade como “a capacidade da
empresa formular e implementar estratégias concorrenciais, que lhe permitam ampliar ou
conservar, de forma duradoura, uma posição sustentável no mercado”.
Tais autores enfatizam que a eficiência produtiva das empresas, bem como seu
desempenho no mercado, são frutos da capacitação da empresa. Definir se uma empresa tem
ou não capacitação, é o reflexo das “estratégias competitivas adotadas em função de suas
percepções quanto ao processo concorrencial e ao meio ambiente econômico onde estão
10
inseridas”.
Entende-se assim, que a identificação de uma defasagem da organização em relação
ao meio ambiente no qual está inserida, é motivo suficiente para repensar a sua estrutura
organizacional, visando capacitar a empresa para manter-se viva no mercado. Pode-se dizer
que os sucessos colhidos hoje são frutos de uma correta leitura das tendências que se
apresentavam, no ambiente empresarial, há alguns anos atrás.
I.2- A Gestão do Desempenho Operacional
Dentro da visão atual de gestão das organizações, medir o desempenho operacional
através de indicadores é fator imperativo para medir, avaliar e corrigir os rumos da
organização. Uma das referências no que se refere à gestão estratégica é o Balanced
Scorecard. Outra forma de abordagem para o mesmo tema é o Modelo de Sistemas
Gerenciais, apresentado por SINK e TUTTLE (1993).
O Balanced Scorecard
Tem-se o Balanced Scorecard como um sistema de gestão estratégica que, segundo
KAPLAN e NORTON (1997, p.2), “traduz a missão e a estratégia das empresas num conjunto
abrangente de medidas de desempenho que serve de base para um sistema de medição e
gestão estratégica”. O Balanced Scorecard adota quatro perspectivas de apoio para a medida
do desempenho organizacional, são elas: a perspectiva financeira, do cliente, dos processos
internos da empresa e do aprendizado e crescimento. É fato que tal sistema continua dando
natural atenção às questões financeiras porém, contempla em paralelo, a medida de
desempenho de outros fatores que dão suporte aos resultados financeiros.
A necessidade de se dar atenção a outros fatores, que não unicamente os financeiros, se
deve a uma transformação que vem ocorrendo no ambiente empresarial. Segundo KAPLAN e
NORTON (1997, p.3), a competição da era industrial que data de 1850 até cerca de 1975, está
dando lugar à competição da era da informação, que surge com supremacia nas últimas
décadas do século XX. Tais autores apresentam os fatores que caracterizam e diferenciam
cada uma destas eras. Na era industrial “o sucesso das empresas era determinado pela
maneira como se aproveitavam dos benefícios das economias de escala e do escopo”.
Despontavam as empresas que “incorporavam as novas tecnologias aos ativos físicos que
permitiam a produção em massa eficiente de produtos padronizados”. Porém, com a chegada
da era da informação, “a capacidade de mobilização e exploração dos ativos tangíveis ou
11
invisíveis tornou-se muito mais decisiva do que investir e gerenciar ativos físicos tangíveis”.
Ainda segundo KAPLAN e NORTON (1997, p.8), existem alguns “ativos e capacidades
fundamentais para o sucesso no ambiente competitivo de hoje e amanhã”. Como exemplo,
podemos citar: novos produtos em fase de pré-produção; processos inovadores; habilidades,
motivação e flexibilidade dos funcionários; lealdade dos clientes; banco de dados e sistemas.
Pode-se dizer que as medidas definidas na implantação de um Scorecard são um reflexo da
visão e estratégia da empresa. Assim sendo, cada caso é um caso, visto que cada empresa
tem suas particularidades quanto à visão e estratégia. De uma forma geral, a perspectiva
financeira preserva o interesse no desempenho de curto prazo, enquanto “o Balanced
Scorecard revela claramente os vetores de valor para um desempenho financeiro e competitivo
superior a longo prazo” (KAPLAN e NORTON, 1997, p.8). Para tanto, é de vital importância
que tais medidas estejam acessíveis a todos os níveis hierárquicos da organização, através do
sistema de informação utilizado. Isso se faz necessário visto que “os funcionários da linha de
frente precisam compreender as consequências financeiras de suas decisões e ações; os altos
executivos precisam reconhecer os vetores do sucesso a longo prazo” (KAPLAN e NORTON,
1997, p.9). Esta filosofia vem sendo utilizada por empresas inovadoras no que tange à gestão
estratégica.
O Modelo de Sistemas Gerenciais
Traçar os caminhos de uma organização e mantê-la no rumo certo é a missão da
equipe de direção. Para tal, se faz necessário observar constantemente o que o mercado
espera da organização e como ela está respondendo aos objetivos anteriormente traçados.
Um perfeito sincronismo destes dois fatores, com as devidas ações de correção que se façam
necessárias, irá determinar a sobrevivência da organização.
Com base nos estudos de SINK e TUTTLE (1993), as organizações são compostas de
diversos departamentos que, de uma forma geral, constituem os chamados sistemas
gerenciais da organização. Apresenta-se em seguida, na Figura 1, página 12, o modelo que
representa tais sistemas.
Baseado no referido modelo, para que a equipe gerencial possa assegurar-se do bom
cumprimento da sua missão, bem como munir-se de informações para a tomada de decisão e
elaboração de ações que se façam necessárias, é preciso que seja feita a medição da
performance do sistema organizacional. Dentro do modelo proposto pelos autores, pode-se
observar que se faz necessária a coleta de dados para que, em seguida, se possa apresentar
12
informações que representem adequadamente o que se passa no sistema avaliado. Para tal, é
preciso que se manipulem os dados coletados de forma a fazer com que os mesmos possam
fazer algum sentido. Essas informações servem como base para a equipe de direção fazer
suas avaliações, e embasar a utilização dos recursos disponíveis para que possam seguir os
caminhos de maior benefício para a organização.
Percepção das
Informações
Representação
das Informações
Gerente
Eq. Gerencial
Empregados
Output /
Visibilidade
Sistemas de
Medição e
Avaliação
Ferramentas e técnicas
de medição e avaliação
Processo de
Manipulação de dados
Intervenções
e técnicas
de melhoria
Técnicas e sistemas
de medição
Processo de coleta
de dados
Sistemas a
montante: clientes,
fornecedores,
vendedores, etc...
Sistema
Organizacional
Sistemas
a jusante:
clientes
Medição
Ações
Dados Decisão
Figura 1 – Modelo de Sistemas Gerenciais (SINK e TUTTLE, 1993, p.140 )
Medir os resultados de performance de um sistema organizacional é a maneira que se tem
de avaliar se as intervenções implantadas no processo deram ou não o resultado esperado.
Encontra-se em HAYES, WHEELWRIGHT e CLARK (1995, p.153), que “tais medidas podem
gerar informações úteis aos administradores, na tentativa de identificar a fonte de seus
problemas ou de seus sucessos”. Ainda segundo SINK e TUTTLE (1993), para que se possa
ter uma visão concreta do que venha a ser performance em um sistema operacional, deve-se
considerar sete critérios de performance, a saber: eficácia, eficiência, qualidade, produtividade,
qualidade de vida de trabalho, inovação e budgetabilidade. Os mesmos são apresentados na
Figura 2, página 13.
13
Qualidade
Sistemas
a
montante
Input
Processos
de
Transformação
Output
Sistemas
a
j
usante
Inovação
Eficiência
Eficácia
Qualidade
da vida de
trabalho
Produtividade
Lucratividade /
Budgetabilidade
Figura 2 – O Sistema Organizacional e as Definições Operacionais dos Sete Critérios de Performance
(SINK e TUTTLE, 1993, p.141)
Para cada um desses critérios, deve-se definir os seus atributos, isto é, o seu significado
prático dentro do processo em questão. SINK e TUTTLE (1993, p.141) enfatizam que “não se
começa a construir um painel de instrumentos no segundo ou terceiro nível de detalhes, mas
sim no primeiro nível”. Para que se tenha a noção exata da importância desta colocação, eles
complementam afirmando que “é nesse ponto que muitos esforços de medição se perdem –
começam pelo nível de detalhes e não têm um nível de compreensão conceitual para orientá-
los”. Para finalizar resumem que, “não se pode medir aquilo que não se pode definir
operacional e conceitualmente”.
Ainda com base em SINK e TUTTLE (1993, p.176-191), apresenta-se abaixo as definições
para cada um dos sete critérios de performance.
Eficácia – O grau em que os outputs conduzem ao resultado desejado. No caso de sistemas
de resultados diretos, os outputs são imediatamente visíveis. Para sistemas de resultados
indiretos, os mesmos são diversos e deve-se avaliar qual será o mais indicado para a avaliação
da eficácia. Também pode-se dizer que é a realização efetiva das coisas “certas”,
pontualmente e com os requisitos de qualidade especificados.
14
Eficiência – Diz respeito a consumo de recursos. É o consumo previsto de recursos dividido
pelo consumo efetivo de recursos.
Qualidade – No que se refere a qualidade, conforme apresentado na Figura 2, não existe um
ponto exato como referência para que esta seja avaliada. Na verdade, a qualidade é
importante em todas as etapas do sistema organizacional. Quanto aos sistemas a montante,
pode-se citar projeto e desenvolvimento de produtos e serviços, seleção de fornecedores e
respeito às necessidades dos clientes. Já no que diz respeito aos inputs, deve-se cuidar para
que seja disponibilizado para o processo de transformação tudo o que se necessite. Caso
identifique-se que isso não está ocorrendo, cabe imediatamente uma ação corretiva para que
não seja prejudicado o trabalho que será executado. No processo de transformação deve-se
cuidar para que se observem critérios de qualidade para o produto ou serviço que se execute.
Ao final deste processo, no que se denomina outputs, a qualidade deve contemplar a garantia
de que o que acabou de ser produzido satisfaz as especificações que foram estabelecidas. No
sistema a jusante, deve-se avaliar a satisfação do cliente em relação ao que lhe foi entregue,
bem como buscar perceber seus desejos e anseios, para que se possa buscar atendê-los
mesmo que não se apresentem de maneira explícita. De uma maneira geral SINK e TUTTLE
(1993, p.185) apresentam que “a qualidade é um aspecto difuso da performance de um
sistema organizacional, e deve ser medida e gerenciada em todos os pontos de verificação”.
Produtividade – Esta é definida operacionalmente como a relação entre o que é gerado por
um sistema organizacional e o que entra nesse sistema. A colocação de SINK e TUTTLE
(1993, p.187) é de que “a produtividade é um importante critério de performance porque,
quando a medimos bem, acabamos aprendendo algo sobre eficácia, eficiência e qualidade”.
Qualidade da Vida de Trabalho – Descreve-se aqui a definição apresentada pelos autores,
que dizem que esta é
“a resposta ou reação afetiva das pessoas do sistema organizacional a
determinados fatores, como: remuneração, condições de trabalho, cultura,
liderança, relacionamento com colegas, feedback, autonomia, variedade de
aptidões, identidade de tarefas, significância das tarefas, o chefe, o grau de
envolvimento no planejamento, solução de problemas, tomada de decisões,
etc. ” (SINK e TUTTLE, 1993, p.188-189).
Como justificativa para a importância deste critério, eles descrevem que “a opinião
predominante é de que os sentimentos podem ser uma medida do grau em que os sistemas
organizacionais recompensam os esforços dos empregados”.
Inovação – É a capacidade que a organização tem de reagir com mudanças, nas mais
15
diversas áreas de atuação, visando aproveitar oportunidades, desafios e ameaças internos ou
externos, bem como superar pressões que possam vir a ser exercidas.
Lucratividade / Budgetabilidade – Lucratividade é “uma medida, ou conjunto de medidas,
que relacionam receita a custos”. Já budgetabilidade, é “uma medida ou conjunto de medidas
da relação entre orçamentos, metas, entregas e prazos combinados, e custos, cumprimento e
prazos efetivos” (SINK e TUTTLE, 1993, p.191).
Para cada tipo de ramo de atividade ou mesmo para cada departamento dentro de uma
organização, os critérios apresentados poderão ser explorados de maneiras completamente
diferentes, caracterizando a particularização do conceito geral.
Também, segundo SINK e TUTTLE (1993, p.195), “os sete critérios de performance não
representam os mostradores e indicadores específicos. Nossa tarefa é identificar os
mostradores, instrumentos e indicadores específicos para cada critério”.
I.3- Os Sistemas de Informação Baseados na Tecnologia da Informação
Vive-se o momento do conhecimento e da informação. No mundo empresarial de hoje, não
se pode negar que a informação é um fator determinante para o bom andamento das tomadas
de decisão em todos os níveis das instituições. As empresas se tornam transnacionais com o
aproveitamento de oportunidades de negócio onde quer que elas se apresentem. A
globalização é uma realidade e, juntamente com o desenvolvimento dos sistemas de
comunicação, trazem a reboque a utilização da tecnologia da informação para a
disponibilização de informações a tempo e a hora para os diversos níveis das organizações.
Pode-se dizer que a tecnologia da informação nos permite trabalhar com mais inteligência e
eficiência, modificando o modo como são estruturadas e administradas as organizações e os
processos. Segundo CASSIOLATO (1999, p.169), “a computarização de toda função dentro da
empresa (...) tem levado a um novo tipo de organização e a um novo estilo de administração”.
Para que se possa melhor compreender o contexto da tecnologia da informação, deve-se
conhecer o significado de alguns termos constantemente utilizados. Tomando como referência
as definições adotadas por TURBAN, RAINER e POTTER (2003, p.17), apresenta-se abaixo os
principais termos utilizados:
Sistema de Informação (SI)“Um sistema de informação coleta, processa, armazena,
analisa e dissemina informações com um propósito específico”. O mesmo “processa entradas
16
(dados) e gera saídas (relatórios, cálculos) que são enviadas para o usuário ou outros
sistemas”.
Dados“Dados são fatos puros ou descrições básicas de coisas, eventos, atividades e
transações que são capturados, registrados, armazenados e classificados, mas não
organizados para transmitir qualquer significado”.
Informação“É um conjunto de fatos (dados), organizados de modo a fazer sentido para o
destinatário”. Pode-se dizer que as informações são um reflexo dos dados processados.
Conhecimento“Consiste em informações organizadas e processadas para transmitir
discernimento, experiências, aprendizagem acumulada ou habilidade, se aplicável a um
problema ou processo empresarial atual”.
Conhecimento Organizacional“Informações que são processadas para extrair
implicações críticas e refletir experiências e habilidades anteriores”.
Tecnologia da Informação“É um componente particular de um sistema (por exemplo, um
computador pessoal, uma impressora ou uma rede)”.
Uma base de dados confiável é o ponto de partida para o bom desempenho de um sistema
de informações. TURBAN, RAINER e POTTER (2003, p.17) enfatizam que “para ser útil para
os gerentes e para a organização, a informação deve atender a várias características. Deve
ser precisa, completa, flexível, confiável, relevante, pontual, verificável, acessível e segura”.
A utilização da tecnologia da informação nas atividades das empresas vem se intensificando
com o passar do tempo. Os computadores habitam todos os escritórios, assim como o chão de
fábrica. A parceria dos computadores com o desenvolvimento dos softwares de automação
industrial, vem contribuindo consideravelmente para uma melhoria da produtividade e
qualidade dos produtos que saem das linhas de produção.
Porém, o processo de desenvolvimento não para por aí. Não basta, simplesmente,
utilizar a tecnologia da informação para facilitar a realização das tarefas antes realizadas
manualmente. O passo seguinte é a disponibilização destas informações para todos os níveis
hierárquicos das instituições, onde se faça necessária a sua utilização. Para a realização desta
tarefa, surgem os sistemas de informação que vêm sendo utilizados no ambiente empresarial,
com diversas formas possíveis de abrangência. Conforme apresentado por TURBAN, RAINER
17
e POTTER (2003, p.42-43), os sistemas de informação podem ser divididos segundo a
estrutura organizacional da instituição. Tomando-se como base esta possibilidade, cita-se
abaixo algumas possibilidades de aplicação dos sistemas de informação.
9 Sistemas de Informação Departamentais - Este tipo de sistema tem a finalidade
de gerenciar as atividades do departamento em questão (pode ser de produção,
manutenção, recursos humanos, contabilidade, compras, vendas etc). Facilita as
atividades dos profissionais da área, bem como possibilita o acesso às informações
armazenadas nos respectivos bancos de dados. Os aplicativos utilizados podem ter
uma abrangência local, bem como possibilitar a troca de informações com outros
sistemas existentes na empresa.
9 Sistemas de Informação Fabris - Tais sistemas visam possibilitar o
relacionamento dos diversos sistemas departamentais, organizando as informações
individuais, dando possibilidade para que se tenha uma visão global das atividades
fabris da empresa. Outra possibilidade é a passagem de informações de interesse
entre os diversos departamentos. Dentro de um processo produtivo, planejar a
produção em cada um dos departamentos requer a obtenção e geração de
informações do seu fornecedor e para o seu cliente. Possibilita à direção da fábrica
acesso a todas as informações geradas nos diversos departamentos.
9 Sistemas de Informação Divisionais - Conecta todos os sistemas fabris de uma
determinada divisão, possibilitando a troca de informações entre fábricas.
9 Sistemas de Informação Corporativos - O sistema corporativo conecta todas as
divisões de uma organização.
9 Sistemas de Informação Interorganizacionais - Tal sistema conecta duas ou
mais organizações. É possível a sua utilização para facilitar o trabalho de
organizações parceiras em uma determinada área de atividade, sejam estas
participantes do mesmo ramo de atividade ou mesmo ramos diferentes. Pode-se
exemplificar esta interação através do contato de clientes e fornecedores para a
emissão automática de um pedido de compra, assim que o estoque do cliente chega
a um nível preestabelecido.
I.4- A Gestão do Desempenho Apoiada na Tecnologia da Informação
18
Medir desempenho nas mais diversas áreas de todas as organizações passou a ser
uma tarefa indispensável para melhorar a competitividade das empresas. Segundo ECCLES
(2000, p.31-32), “as novas tecnologias e os bancos de dados mais sofisticados tornaram
possível e economicamente viável a mudança para sistemas não-financeiros de mensuração
do desempenho”.
De fato, periodicamente as empresas traçam suas estratégias, que são desmembradas
em objetivos a serem atingidos por cada um dos departamentos que a constituem. Esses
objetivos são numéricos e, para acompanhar o andamento das atividades, as organizações
utilizam os sistemas de informação para tratar os dados coletados e transformá-los em
conhecimento das atividades departamentais da instituição. Desta forma, é possível que se
disponibilize o acesso a essas informações para as diversas hierarquias da empresa, que
precisam delas para avaliar os esforços despendidos pela instituição, bem como servir de base
para a tomada de decisão quanto aos rumos a serem tomados. Se tais indicadores são
padronizados, tomando-se como base os mesmos critérios para a sua geração, possibilitam
uma comparação entre diferentes empresas do mesmo grupo, permitindo assim a descoberta
de pontos de excelência, que servirão de referência dentro de um trabalho de benchmarking
para o desenvolvimento das outras partes do grupo.
I.4.1- A Implementação de um Sistema de Informação
Com o surgimento da tecnologia da informação, assim como os sistemas que vem se
desenvolvendo a reboque, as empresas podem acreditar que para atender à necessidade de
avaliar desempenho basta implantar um desses sistemas, isto é, seguir o caminho de registrar
e armazenar dados, tratá-los, transformando-os em informações e disponibilizá-las sob a forma
de relatórios, gráficos ou tabelas. Porém, esta não é uma regra básica e infalível.
De acordo com estudo de ANDERSEN e HENRIKSEN (2004, p.27), que cita outros
autores, definir e implantar um sistema de informação não é garantia da obtenção dos
resultados desejados. Tais autores prosseguem afirmando que “outros pesquisadores
sinalizam que 70% das tentativas de implementação de sistemas de medida de performance
falham”. De acordo com BOURNE et al. (2003), “apud” ANDERSEN e HENRIKSEN (2004,
p.27), ‘existem evidências de que nem todas as iniciativas de medida de performance resultem
em sucesso’. Vários fatores têm que ser pensados antes da tomada de decisão, para evitar
surpresas durante a implantação.
ANDERSEN e HENRIKSEN (2004), citam como referência alguns autores que
19
desenvolveram estudos no que diz respeito à implementação de sistemas de medida de
performance.
Como parte de uma dissertação de PhD, NUDURUPATI ( 2003 ), “apud” ANDERSEN e
HENRIKSEN (2004, p.27), estudou quatro casos de implementação de sistemas de medida de
performance, baseados na TI, cujo insucesso pode ser enquadrado em uma das três
categorias a seguir: 1) Aspectos da implementação; 2) Fatores técnicos, e 3) Fatores humanos.
Para ECCLES (1991), “apud” ANDERSEN e HENRIKSEN (2004, p.27), cujo trabalho
baseia-se na implementação de sistemas de medida de performance nas organizações,
existem 3 fatores importantes para o sucesso dos sistemas de medida de performance; 1)
Desenvolvimento de uma arquitetura de informação com tecnologia de suporte, 2) Alinhamento
de incentivos com o novo sistema de medida, e 3) O exemplo dado pelo CEO.
Já KAPLAN e NORTON (1996), “apud” ANDERSEN e HENRIKSEN (2004, p.27), que
realizaram estudos no sentido de desenvolver métodos modernos para avaliação do
desempenho empresarial, identificaram 4 barreiras para a implementação de sistemas de
medida de performance; 1) Visão e estratégia não factível, 2) A estratégia não está ligada ao
departamento, equipe e ações individuais, 3) A estratégia não está ligada à alocação de
recursos, e 4) Os ganhos são táticos e não estratégicos.
O estudo desenvolvido por ANDERSEN e HENRIKSEN (2004), tem a finalidade de
abordar um fator que não foi referenciado em nenhuma das pesquisas desenvolvidas nesta
área. Trata-se de definir as especificações do sistema de medida de performance a ser
implantado, alinhadas com o real objetivo da organização. Uma possível explicação para as
falhas de implementação de tais sistemas, consiste no fato de que a medida de performance
oferece inúmeras possibilidades de áreas de aplicação. Desta forma, procura-se agrupar em
um mesmo sistema a possibilidade de se atender às diversas áreas de aplicação vislumbradas
pela organização. O resultado final são sistemas híbridos, incapazes de fornecer os resultados
esperados para várias áreas de aplicação no ambiente organizacional.
Para reforçar o foco escolhido, ANDERSEN e HENRIKSEN (2004, p.27) relatam não
haver na literatura, ênfase em falhas de implementação de sistemas de medida de
performance. Ainda referente a este ponto, segundo BOURNE et al (2003), “apud”
ANDERSEN e HENRIKSEN (2004, p.27), ‘trabalhos foram relatados com foco no sucesso do
processo de implantação’.
20
Dando continuidade a sua pesquisa, ANDERSEN e HENRIKSEN (2004) identificaram
uma relação de áreas de atuação, sendo elas possíveis utilizadoras de sistemas de medida de
performance, com base na TI, dentro das organizações. Tais áreas são genéricas e
independem da atividade da empresa. Para atender a cada uma delas, observa-se a
necessidade de diferentes características quanto ao sistema a ser implantado. Os autores
salientam que existem três pontos a serem observados, são eles: a característica dos dados de
performance; a característica do sistema de medida de performance e, a forma desejada de
apresentação dos resultados.
ANDERSEN e HENRIKSEN (2004) apresentam que o propósito desta análise é,
meramente, para testar a hipótese de que a falta de sucesso em sistemas de medida de
performance são causados pela concepção dos mesmos, tentando atender a diversas áreas de
aplicação ao mesmo tempo. Ao final, os autores apresentam uma tabela superficial com as
características encontradas para cada uma das aplicações relacionadas, a mesma encontra-se
no Anexo 1,
Tomando-se como base o estudo em questão, apesar de tais critérios não terem sido
observados pela empresa quando da escolha do sistema, observa-se que esta tem como
objetivo principal, atender as áreas de atuação descritas nos ítens 1, 2, 10, 13 e 14, da Tabela
9 que integra o Anexo 1, a saber:
9 Ítem 1 – Monitorar o Nível Global de Performance da Organização;
9 Ítem 2 – Definição de Estratégia e Utilização da Medida de Performance para
buscar Engajamento na Decisão Tomada;
9 Ítem 10 – Utilização da Medida de Performance para Determinar Quais
Processos Necessitam de Melhorias;
9 Ítem 13 – Os Dados de Medida de Performance podem ser Disponibilizados
Para Clientes, como uma forma de Documentar que a Performance é
Levada a Sério;
9 Ítem 14 – Medida de Performance como base para Benchmarking.
Para facilitar o entendimento, efetua-se uma redução da tabela original, mantendo o
foco nos itens identificados como principais para o estudo em questão. Desta forma, origina-se
21
a Tabela 1, página 22, apresentada a seguir. Para cada um dos itens nela apresentados na
referida tabela, observa-se os critérios relacionados como necessários para que se possa
atender as expectativas para cada uma das áreas de aplicação. Posteriormente, cada uma
das áreas de atuação serão melhor esclarecidas, no que diz respeito a sua aplicação no âmbito
da manutenção industrial.
I.4.2- Visões Diferenciadas na Dimensão do Desempenho com o Uso da TI
Conforme colocado anteriormente, a informação não é simplesmente um conjunto de
dados. Esse conjunto de dados tem que ser organizado de tal forma a fazer sentido para quem
irá analisar o que está sendo apresentado. O resultado final é fruto de diversas operações
matemáticas que relacionam os dados disponíveis. É a definição desse conjunto de operações
matemáticas que dá significado aos números tratados. Este processo promove a
transformação de dados em informação, resumindo-se na interpretação dos dados.
Dentro deste contexto, é natural que se obtenham diferentes resultados, quando da
observação de um mesmo fenômeno, em função deste ser analisado através de visões
diferenciadas. Porém, é interessante ressaltar que tais diferenças não devem ser consideradas
com o intuito de rotulá-las como sendo certas ou erradas, verdadeiras ou falsas, procedentes
ou não procedentes. Na realidade, tais diferenças devem ser observadas como fontes
agregadoras de valor para um melhor entendimento do fenômeno que está sendo observado.
Pode-se citar diversos aspectos como responsáveis pela diferenciação da visão, quando da
observação de um mesmo fenômeno ou objeto:
9 Aspectos culturais e sociais;
9 Aspectos de interesse pessoal;
9 Experiência e aspectos de interesse profissional;
9 Experiência de vida;
9 Novidades tecnológicas;
9 Geração de novas realidades através da interação.
22
22
Dados de Performance Necessários
Necessidades do Sistema de Medida
de Performance
Apresentação das Informações dos
Resultados de Performance
Áreas de Aplicação
Tipo e abrangência
dos dados
Avaliação dos
d rmos de ados em te
tempo e
acertividade
Avaliação dos
d ados e como são
coletados
Opções de coleta de
dados e capacidade
de integra-los com
outros sistemas ou
coleta manual
Arquivamento de
dados e sistemas
de segurança
Capacidade de
efetuar cálculos
avançados /
manipulação de
dados / simulação
Capacidade de
acesso dos dados
de performance
pelos usuários
Opções de
apresentação e
formatos dos
resultados de
performance
nteratividade para
servir como suporte
para decisão
1
Monitorar o Nível Global de
Performance da Organização.
Variedade dos
dados de
performance de
toda a
organização
Medidas
contínuas e
freqüentes,
tendência mais
importante do que
o valor real
Devem ser
coletados de
maneira
automática e
disponibilizado
eletronicamente
O sistema deve
habilitar
automaticament
e a coleta de
dados e troca de
dados com
outros sistemas
Base de dados
centralizada em
formato
recuperável,
com
dispositivos de
segurança
Necessidade de
análise dos
dados,
especialmente
correlações e
análise de
tendência
Níveis de acesso
diferenciado
para os usuários
dentro da
organização
Acesso aos
dados através
de diversos
canais, como
dados
numéricos e
gráficos
Necessidade
para
comparações
(questionamento
s) e relatórios
específicos
2
Definição de Estratégia e
Utilização da Medida de
Performance para Buscar
Engajamento na Decisão
Tomada.
Que todos
estejam alinhados
com a estratégia.
São requeridas
medidas com
baixa frequência
e precisão.
Podem ser
coletados
manualmente.
Não é requerido
rigor na coleta e
modificação dos
dados e deve
poder aceitar
dados manuais.
Aceivel
armazenagem
central de dados
e rígido sistema
de segurança.
Não precisa
realizar muitos
cálculos,
análises simples
de tendência são
suficientes.
Cenário pouco
complexo,
acessível
somente à alta
gerência.
Pouco
acessado, dados
simplesmente na
forma numérica
e gráficos.
Pouco exigida.
10
Utilização da Medida de
Performance para Determinar
Quais Processos Necessitam de
Melhorias.
Variedade de
dados de
performance.
Medidas com
baixa
frequência,
tendência mais
importante do
que precisão.
Coleta manual
de dados,
devendo estar
disponível em
meio eletrônico.
O sistema deve
habilitar
integração com
outros sistemas.
Existência de
uma base única
de dados, com
um formato de
fácil aquisição,
com alto grau de
segurança.
Cálculos
simples.
Cenário pouco
complexo,
acessível
somente à alta
gerência.
Pouco
acessado, dados
simplesmente na
forma numérica
e gráficos.
Alguns pedidos
de informação e
relatórios
personalizados.
13
Os Dados de Medida de
Performance podem ser
Disponibilizados para Clientes,
como uma forma de Documentar
que a Performance é Levada a
Sério.
Dados de
performance
como informação
chave para os
clientes.
Contínua,
medida com
baixa
frequência,
sendo requerida
acertividade
média.
Coleta de dados
automática ou
manual, pode
ser armazenada
eletrônicamente
ou em papel.
Deve estar
preparado para
coleta de dados
tanto automática
quanto manual.
Existência de
uma base única
de dados, com
um formato de
fácil aquisição,
com alto grau de
segurança.
Cálculos
simples.
Cenário pouco
complexo,
acessível
somente por
meio de senha
pessoal..
Pouco
acessado, dados
simplesmente na
forma numérica
e gráficos.
Necessidade de
relatórios
personalizados.
14
Medida de Performance como
base para Benchmarking
Variedade de
dados de
performance
utilizando
definições
padrão de
indicadores, de
uma natureza
não
confidencial.
Medida baseada
em projeções de
média precisão.
Podem ser
coletados
manualmente e
armazenados em
papel.
Deve estar
preparado para
coleta de dados
tanto automática
quanto manual.
Dados
armazenados
localmente, com
grau médio de
segurança.
Deve possibilitar
cálculos
normalizados,
correlações e
possivelmente
outras análises.
Necessário
acesso de
usuários em
geral.
Possibilidade de
ser muito
acessado, dados
simplesmente na
forma numérica
e gráficos.
Alguns pedidos
de informação e
relatórios
personalizados.
Tabela 1 – Análise das Áreas de Aplicação de Dados de Performance Adotadas no Estudo.
Construída com 1 (ANDERSEN e HENRIKSEN, 2004, p.30-32).
23
Esta também é uma realidade dentro do ambiente organizacional, quando se fala em
avaliação de desempenho. Aspectos comuns a vários departamentos, constituídos de
profissionais dos mais diversos níveis e bases de formação, são comumente fontes de
impasses e discussões, em função das visões diferenciadas que cada um manifesta a seu
respeito. A alternativa mais enriquecedora para as organizações encontra-se na motivação
dos participantes, quanto a troca de opiniões e experiências, contribuindo de maneira
importante para a obtenção de uma avaliação mais rica quanto ao entendimento do que se
passa e busca de alternativas e soluções para os problemas.
Nos estudos de PEIXOTO (2002), encontra-se referência às visões diferenciadas na
avaliação de desempenho. Os dados numéricos procuram representar o desempenho nos
seus mais diversos aspectos. Porém, não se pode deixar de registrar que os números ou
questões pretensamente objetivas, estejam impregnados de aspectos subjetivos, aspectos
estes que irão impor diferenciação ao resultado apresentado. No que diz respeito a essas
diferentes visões, observa-se a participação das mais diversas competências, representativas
das mais diversas áreas da organização, procurando contribuir com seus conhecimentos,
experiências e individualidades, na interpretação dos resultados que vêm sendo obtidos.
Também, segundo AGOSTINHO (2003, p.19), deve-se buscar o aproveitamento das
qualidades emergentes. “Estas não surgem de regras superiores nas quais já esteja embutido
o resultado esperado. Ao contrário, resultam da interação de partes ou indivíduos movidos
segundo algumas poucas e simples regras locais”.
Mesmo com a chegada da TI, que contribui no processo de avaliação de desempenho,
as diferentes visões se fazem presentes dentro do sistema, desde o momento da observação
do ocorrido e inserção dos dados no mesmo, passando por toda a condução do
processamento, até a apresentação do resultado numérico.
Transportando esta visão diferenciada na avaliação de desempenho para o caso
estudado, observa-se que a manutenção estabelece os critérios para os cálculos dos seus
indicadores de desempenho, em função das características e informações necessárias a esta
atividade. No caso específico do indicador de indisponibilidade de máquina, a operação
também tem interesse em acompanhá-lo, porém sua visão é diferente da visão da
manutenção, estabelecendo diferentes critérios para manipular os dados. O resultado é a
obtenção de números diferentes para o mesmo indicador. Não existem informações certas ou
erradas, tratam-se de informações complementares que devem ser consideradas na avaliação
do desempenho.
24
Avaliar desempenho não pode ser simplesmente comparar o número obtido com o
objetivo que se deseja atingir. Deve-se procurar bem entender o que houve, fugindo da visão
exclusivamente cartesiana, mantendo-se aberto à pluralidade de visões existentes na
organização. Segundo PEIXOTO (2002, p.8), desempenho “pode ser considerado como um
operador de apoio à reflexividade, com poder ilimitado de captação de sentidos, quando
adotado como um lugar na mediação de significados, na interpretação e representação da
realidade observada, em diferentes graus de discriminação”.
Com base na teoria aqui apresentada, nos parece bem claro que as empresas precisam
estar atentas ao mercado do qual participam. Definir objetivos, traçar estratégias e efetuar
mudanças devem ser cada vez mais, expressões comuns no vocabulário da alta administração
das instituições em geral. Dentro deste contexto, se faz necessário medir e melhorar cada vez
mais o desempenho em cada uma das atividades desenvolvidas pelas empresas, com a
finalidade de otimizar a utilização dos recursos disponíveis, melhorando assim a
competitividade no duelo frente a concorrência. Como ferramenta para auxiliar neste processo,
a TI já é uma companhia indispensável em todos os segmentos do ambiente fabril.
No processo de manutenção industrial, o contexto aqui descrito já é uma realidade.
Trata-se de uma atividade que vem se desenvolvendo com o passar do tempo, apresentando-
se como um aliado importante para a atividade produtiva, principalmente no que se refere à
melhoria da confiabilidade do parque de máquinas e administração de custos.
25
CAPÍTULO II
A MANUTENÇÃO INDUSTRIAL
II.1- A Evolução da Manutenção
A evolução da manutenção se deu da mesma maneira que a evolução dos processos
industriais. Conforme BRANCO FILHO e LIMA NETO (2000) e TAVARES (1999), antes da
revolução industrial, a produção de bens era feita em oficinas de artesãos. Estes, de uma
forma geral, sabiam construir suas próprias máquinas e cuidavam da sua manutenção quando
ocorria algum problema. Neste período, não havia as equipes de manutenção e, entendia-se
por manutenção, simplesmente a substituição de peças de desgaste
*
. De uma maneira ainda
primitiva, instintivamente praticava-se ações preventivas, através da aplicação de gordura
animal nas peças que apresentavam quebras constantes, entendendo-se que esta ação
aumentaria o tempo entre quebras.
Com a revolução industrial, surgiram as centrais geradoras de força mecânica e as
máquinas eram conduzidas por operadores devidamente treinados. Estes operadores também
eram responsáveis pela troca de pequenas peças de desgaste e lubrificação das mesmas.
Ainda não existiam equipes de manutenção e, intervenções de maior porte eram efetuadas
pelo fabricante dos equipamentos.
O surgimento dos grupos de manutenção se deu através do agrupamento de pessoas
que apresentavam vocação, ao auxiliar os colegas em intervenções de recolocação em
estado
**
. Assim, por volta do início do século XX, as indústrias tiveram uma grande
necessidade de ampliar a produção, por se aproximar a primeira guerra mundial. Essa
necessidade levou-as a organizarem equipes com a finalidade de manter os equipamentos em
funcionamento, para que pudessem atingir os objetivos que se faziam necessários. Com o
surgimento da energia elétrica e, conseqüentemente dos motores, os eletricistas foram
integrados a estas equipes.
Após a primeira guerra, entre 1914 e fim da década de 30, a atividade de manutenção
passou a existir em grande parte das unidades fabris, atuando quando da interrupção do
processo produtivo, em função da parada de uma máquina. Assim, surgiu o que hoje
conhecemos por manutenção corretiva.
* Peças que se desgastam com o uso e devem ser substituídas periodicamente.
**
Reparar um equipamento danificado, possibilitando que este retorne ao seu funcionamento normal.
26
Com a chegada da segunda grande guerra, mais uma vez houve a necessidade de
aumento de produção com metas estipuladas. Desta forma, a parada de determinados
equipamentos comprometia significativamente os objetivos a serem atingidos. Assim, as
equipes de manutenção eram forçadas a agilizar os reparos e agir de forma preventiva,
aumentando assim a disponibilidade dos equipamentos à disposição da equipe de operação.
Porém, a manutenção preventiva que hoje conhecemos surgiu com o avanço da indústria
aeronáutica, procurando garantir a realização dos vôos sem a ocorrência de falhas.
Ainda com base em BRANCO FILHO e LIMA NETO (2000) e TAVARES (1999), por
volta das décadas de 50 e 60 vieram a surgir os estudos de confiabilidade dos equipamentos.
Para tal, criou-se o que se denomina Engenharia de Manutenção, com a incorporação de
profissionais de nível superior a esta atividade. O objetivo principal destes profissionais não é
a primeira atuação, isto é, a recolocação do equipamento em funcionamento após a ocorrência
de uma falha, mas sim, ações de médio e longo prazo que possam evitar e/ou minimizar a
ocorrência de falhas.
De lá para cá, surgiram diversos métodos de trabalho de manutenção, culminando com
a mudança do seu paradigma. O que hoje se pratica na atividade de manutenção é
desenvolver e focar suas energias para manter o processo produtivo disponível à sua atividade
fim. Anteriormente, a preocupação era com os equipamentos, independente da função que
estes desempenhavam na oficina de produção. Hoje, realiza-se um trabalho de mãos dadas
com os profissionais de fabricação, fazendo parte da discussão dos objetivos a serem definidos
para a oficina como um todo, bem como para cada equipamento relevante em particular.
Segundo KARDEC, ARCURI e CABRAL ( 2002, p.5 ):
“a manujtenção, para ser estratégica, precisa estar voltada para os resultados
empresariais da organização. É preciso, sobretudo, deixar de ser apenas
eficiente para se tornar eficaz; ou seja, não basta, apenas, reparar o
equipamento ou instalação tão rápido quanto possível mas é precdiso,
principalmente, manter a função do equipamento disponível para a operação
reduzindo a probabilidade de uma parada de produção ou o não fornecimento
de um serviço”.
Para que se possa verificar como vem se desenhando os caminhos da manutenção no
Brasil, nos últimos anos, observemos no Anexo 2 um retrato do período de 1995 à 2003, de
acordo com o estudo feito por SEIXAS e SANTANA (2003), denominado Documento Nacional
de Manutenção, que é divulgado pela ABRAMAN. Com base neste estudo, cabem alguns
comentários e algumas conclusões podem ser feitas a esse respeito.
27
II.2- A Função Manutenção e sua Missão
A produção é sempre o objetivo prioritário das empresas e a manutenção serve como
um suporte para tal. Um fator importante dentro deste contexto é o fato de, com a evolução
tecnológica dos equipamentos e automação dos processos produtivos, a ação da manutenção
ter uma influência direta em fatores como produtividade da oficina e qualidade dos produtos.
Segundo MONCHY (1989, p.5), de uma forma geral, pode-se dizer que uma indústria
tem três funções técnicas:
9 Estudos ( do produto e do processo );
9 Produção;
9 Manutenção ( do parque ).
Ainda segundo MONCHY (1989, p.9), a missão da manutenção é “a gerência otimizada
do parque de equipamentos”, também chamado de dispositivo de produção.
Para tal, deve-se definir objetivos, levando em consideração três fatores:
9 Fator econômico: menores custos da falha, de prestação de serviço, de energia etc.
9 Fator humano: condições de trabalho, segurança, qualificação etc.
9 Fator técnico: disponibilidade, durabilidade e confiabilidade das máquinas.
Segundo ADAMATTI e LOURENÇO (2002, p.47), “a manutenção começa muito antes
do dia da primeira pane. Deve atuar desde a concepção do equipamento através dos
conceitos de manutenabilidade, confiabilidade, disponibilidade e durabilidade”.
MONCHY (1989, p.2) efetua uma comparação da atividade de manutenção com a
atividade médica, apresentando que “a manutenção é a medicina das máquinas”. Fazendo um
paralelo entre as duas atividades, clareia o entendimento se pensarmos na relação homem de
manutenção máquina como sendo a relação médico paciente. No que diz respeito aos
profissionais, assim como na área médica, eles precisam ter uma boa formação acadêmica,
com conhecimentos técnicos de base e constantes atualizações para acompanhar o caminho
28
de desenvolvimento dos equipamentos. Na manutenção atuam profissionais de diversas
especialidades ( mecânica, elétrica, eletrônica, automação, lubrificação, hidráulica, pneumática,
instrumentação etc ), porém, vem se tornando cada vez mais desejado o desenvolvimento da
polivalência, principalmente para os profissionais que dão o primeiro atendimento quando da
ocorrência de uma falha. Desta forma, dispõe-se de competência abrangente para a correta
identificação do que está acontecendo. No caso de um problema de simples resolução, o
próprio profissional que o identificou pode solucioná-lo, já no caso de um assunto mais
complexo, busca-se o auxílio de um especialista. Pode-se comparar à atividade de pronto
socorro dos hospitais, principalmente executada por clínicos gerais onde, posteriormente,
encaminha-se o paciente para um especialista.
A atuação diária dos profissionais de manutenção no parque de máquinas sob seus
cuidados, gera uma quantidade significativa de informações quanto as falhas mais constantes
e as soluções adotadas. Cada vez mais, estas informações são registradas em um banco de
dados informatizado, facilitando a consulta para análise e tomada de decisão quanto a ações
preventivas. É o que se pode chamar de dossiê de máquina, que contém o histórico do
referido equipamento. Através destas informações, pode-se conhecer melhor o equipamento e
prever a relação de ação e reação, numa via de mão dupla. É um paralelo da relação do
médico de família com os seus pacientes.
Outro ponto que vem se desenvolvendo intensamente na atividade de manutenção é a
utilização de ferramentas, cada vez mais sofisticadas para analisar o estado de funcionamento
dos equipamentos e a predisposição destes à ocorrência de falhas. Desta forma, pode-se
postergar uma longa intervenção, identificando-se que esta ainda não se faz necessária. É tal
e qual a realização de um exame antes de se definir o diagnóstico do paciente.
A modernização dos equipamentos, bem como os componentes que os constituem,
avança cada vez mais depressa. Desta forma, a constante preocupação que os profissionais
de manutenção devem ter, em relação a perenizar o funcionamento do parque de máquinas
sob sua responsabilidade, nos leva ao conceito de obsolescência. É o momento em que se
deve optar pela modernização de um equipamento, pelo fato do mesmo estar ultrapassado
tecnologicamente e, em caso de uma falha, não será possível restabelecer o seu
funcionamento. O risco para a atividade produtiva passa a ser muito grande.
Para melhor entender o significado de expressões hoje muito utilizadas na manutenção,
volta-se à analogia apresentada por MONCHY (1989, p.2), dos equipamentos com os seres
humanos. Assim, pode-se fazer as seguintes equivalências: a entrada em operação de um
29
equipamento o nascimento de uma pessoa; a durabilidade do equipamento a longevidade
de um ser humano; a confiabilidade do equipamento a boa saúde de um ser humano; e, a
obsolescência e sucateamento de um equipamento a morte de um ser humano. Guardadas
as devidas proporções, bem serve como abordagem didática.
A partir daí cabe à manutenção, não só a conservação dos equipamentos existentes
mas, além disso, mantê-los. Entenda-se por mantê-los, dominar o seu comportamento e
gerenciar meios necessários ao seu trabalho, mesmo que seja a definição de sua substituição.
Existem objetivos a ser atingidos e entende-se que tais ações também fazem parte das
regras do jogo. A única coisa que não se pode admitir em uma empresa é ser pego de
surpresa e correr o risco de ter a sua posição, no mercado, ameaçada por não ter reagido no
tempo justo da evolução tecnológica.
Considerando-se todas essas exigências quanto à atividade de manutenção, seria
oportuno a dedicação de instituições de ensino, aqui no Brasil, à formação de profissionais de
nível médio e superior com vistas a preencher vagas nesta atividade. Não se trata de formar
profissionais que, eventualmente pudessem exercer esta função, mas sim profissionais
específicos para tal. Sabe-se da existência de cursos específicos - como o de Engenharia de
Manutenção - em nível de extensão. Talvez fosse oportuno uma pesquisa quanto à
existência desses cursos em instituições em nosso território. O que se observa na prática, no
mercado de trabalho, é a formação dos profissionais dentro das próprias empresas, com cursos
internos ou não, dando-lhes o conhecimento necessário para bem entender os novos requisitos
que a atividade tanto exige. Deveria ser uma tendência natural, em função das necessidades
de mercado e especificidade da atividade que, da mesma forma que ocorreu com a atividade
de produção, as instituições de ensino viessem a instituir a chamada Engenharia de
Manutenção, da mesma forma que ocorreu com a Engenharia de Produção.
Um outro ponto observado é a dificuldade de contratação de profissionais que se
disponham a trabalhar nesta área. Por um lado, recai no ponto tratado acima, pois é grande a
dificuldade de se obter profissionais com boa formação e experiência no mercado. Por outro
lado, a visão que os novos profissionais têm da manutenção ainda se encontra baseada no
passado. É uma atividade relegada a segundo plano dentro das empresas, quando comparada
com atividades equivalentes nas áreas técnica e de produção. Historicamente, a média salarial
destes profissionais está aquém dos mesmos nas áreas de produção, projeto e qualidade. Em
face da nova realidade da atividade, faz-se necessária uma rápida mudança de visão nesse
sentido, visto que para se ter um parque de equipamentos sob domínio, necessita-se de
30
profissionais cada vez melhor formados e, a experiência e tempo de atuação na função são de
vital importância para que se chegue a um desempenho satisfatório. Infelizmente somos
obrigados a concordar com a colocação de MONCHY (1989, p.7), “a manutenção é uma tarefa
ingrata. Se os seus êxitos são pouco visíveis e naturais, suas dificuldades são, por outro lado,
gritantes: a interrupção da produção”.
II.3- As Diferentes Formas de Ação da Manutenção
Espera-se da manutenção o cumprimento da sua missão, por mais ingrata que ela seja.
Para tal, se faz necessário prever, agir, provar e, avaliar a sua atuação através de resultados,
para que se possa fazer melhor da próxima vez. Há alguns anos atrás, dentro do setor de
manutenção de uma grande empresa, ouviu-se o responsável por ele dizer a seguinte frase: “a
manutenção consiste em 95% de transpiração e 5% de inspiração”. Esta frase ficou na
lembrança pelo fato de, já naquela época, demonstrar ser este um caminho a não ser seguido.
Agora então, com o desenvolvimento das novas técnicas de manutenção, arquivamento e
análise de dados, planejamento de ações preventivas, melhoria da confiabilidade, preocupação
com a manutenabilidade e obsolescência e busca de maior disponibilidade e produtividade,
torna-se mais claro que a discordância desta afirmação vem se tornando cada vez mais
avalizada pela fotografia que se apresenta desta atividade. Não se pode afirmar quais devam
ser os percentuais corretos mas, uma coisa é certa, a manutenção que estabelecer como
objetivo somente a ação, sem planejamento e preparação, no decorrer do tempo passará por
momentos muito difíceis e deixará a empresa numa situação ainda pior.
De fato, no que se refere a eficácia, existem duas formas diferentes de visão que podem
ser transportadas para a realidade da manutenção industrial. A primeira se caracteriza pelo
foco na obtenção de resultados imediatos. Ela está presente nos países ocidentais, os
mesmos que hoje lideram o processo de globalização imposto ao resto do mundo. Se a
trouxermos para o nosso dia a dia, pode-se justificar a adoção de uma forma de gestão voltada
para a ação imediata. É o que se conhece no chão de fábrica como “trabalho de apagar
incêndio”. A segunda visão vai no sentido de uma obtenção de resultados a médio e longo
prazo, através do fortalecimento de pontos chave que, após serem consolidados, levarão a
organização aos resultados desejados. São ações pensadas, planejadas, visando a
perenização dos resultados. É uma característica dos países orientais. Aliás, a grande maioria
das novas técnicas adotadas na atividade de manutenção, e mesmo fabricação, são oriundas
de países do oriente, num momento em que esses sobrepujaram o mundo ocidental. Como
exemplo pode-se citar: 5S’s, TPM ( Manutenção Produtiva Total ) etc. Porém, não são visões
excludentes. O grande segredo da obtenção dos melhores resultados passa, certamente, pela
31
prescrição de uma fórmula específica para cada instituição, em função do seu tipo de atividade
e da característica do seu parque de máquinas, bem como os objetivos almejados pela
empresa. Tudo deve começar com uma ação muito bem pensada.
Fixando o contexto nas formas de ação da manutenção industrial, o que se estabelece
como responsabilidade da manutenção é permitir que a operação possa se servir do parque de
máquinas disponível, o maior tempo possível. Paradas são admissíveis, desde que
previamente planejadas. As paradas inesperadas ou inoportunas, prejudicam o planejamento
da produção e demonstram fragilidade na “saúde” dos equipamentos, que se traduz em
ausência do domínio que se deve ter sobre eles. Porém, a realidade é que o desejo tão
sonhado, por todas as empresas, da obtenção de 0% de interrupções não planejadas tem um
custo muito elevado. Historicamente, baseado na experiência de profissionais de manutenção,
uma relação saudável entre disponibilidade efetiva para produção e indisponibilidade total, está
na ordem de 80% e 20%, para a maior parte das indústrias de bens de consumo.
Considerando os números apresentados pela ABRAMAN no Anexo 2, observa-se no Gráfico
24, página 130, um percentual de disponibilidade dos equipamentos no Brasil, chegando à
casa dos 90%. Já no Gráfico 25, página 130, é apresentado o percentual de indisponibilidade
dos equipamentos, devido à manutenção, chegando à cerca de 5,5%. Considerando o Gráfico
29, página 133, pode-se observar que os números divulgados pela ABRAMAN considera
primordialmente empresas das áreas de transportes e predial. De fato, a disponibilidade nas
indústrias de bens de consumo fica um pouco aquém dos dados da ABRAMAN porém, o valor
de 5,5% de indisponibilidade devido à manutenção é coerente para tal atividade. Cerca de
14,5% de indisponibilidade ficam por conta de outros fatores inerentes à atividade de produção.
A obtenção destes números se mostra factível, a um custo competitivo e aceitável. A realidade
é que, com as limitações econômicas impostas ao parque fabril, os equipamentos param e
continuarão parando de maneira inoportuna durante sua jornada de trabalho. Para tal, se faz
necessário a disponibilização de profissionais de manutenção para dar o devido atendimento a
essas situações, fazendo com que essas interrupções se dêem no menor tempo possível.
II.3.1- A Manutenção Corretiva
Denomina-se manutenção corretiva, o tipo de intervenção que restabelece um
equipamento ao seu estado de funcionamento após uma parada. Essa pode se dar de duas
maneiras. O ideal é que, o problema encontrado seja solucionado imediatamente, o que
caracteriza a manutenção corretiva definitiva. Porém, quando o reparo não pode ser efetuado
imediatamente, seja por indisponibilidade dos recursos ideais ou mesmo por requerer um
tempo de que não se dispõe no momento, restabelece-se o equipamento de forma provisória,
32
caracterizando assim a manutenção corretiva paliativa. Ela, certamente, dará origem a um
terceiro tipo de manutenção corretiva, para que se possa solucionar definitivamente o “gatilho”
que foi realizado, nomeando-se, então, manutenção corretiva programada que, difere das
anteriores no que tange ao tipo de interrupção do processo produtivo. Esta é preparada e
realizada em uma parada programada porém, não deve ser postergada por muito tempo, em
função do risco de parada não prevista que o equipamento continua correndo. Deve-se
enfatizar que, apesar de ser uma ação programada, não se trata de uma ação preventiva, pois
tem a finalidade, simplesmente, de recolocar o equipamento em perfeito estado de
funcionamento.
A equipe de manutenção corretiva é a “tropa de choque” que se dedica a manter o
parque de máquinas em funcionamento, deixando para segundo plano ações de médio e longo
prazo. Os objetivos de disponibilidade, ou o seu complementar admissível por interferência da
manutenção é o grande pesadelo desses profissionais, pois são tomados como referência para
medir não só a eficiência da manutenção como um todo porém, mais diretamente, medem o
desempenho da parcela que se destina à manutenção corretiva. Os fatores, por trás de um
bom ou mau resultado, são os mais diversos. Inicia-se no alicerce com o engajamento,
motivação e responsabilidade. Estrutura-se na capacidade técnica, constante reciclagem e
experiência profissional e tem, por acabamento, o bom relacionamento da equipe, desta com
os integrantes da fabricação e a capacidade de liderança para a correta tomada de decisão no
momento oportuno. Desta forma, constrói-se uma equipe de primeiro combate, vencedora, que
trará como consequência bons resultados no que se refere a desempenho.
II.3.2- A Manutenção Preventiva
Como já mencionado anteriormente, o desejável na atividade industrial é que a ação da
manutenção seja planejada e que possa prevenir a ocorrência de falhas, que levem os
equipamentos a paradas inoportunas, caracterizando uma pane. Esse tipo de ação é chamado
de manutenção preventiva. A grande dificuldade para a programação desse tipo de atividade é
a escolha de onde e quando agir, procurando atrapalhar o mínimo possível no que diz respeito
a tempo e gastos no que se refere à utilização de mão de obra, seja ela própria ou terceirizada.
De fato, o que se observa na prática, é que esta é uma tomada de decisão dinâmica. Toma-se
como referência informações dos fabricantes dos componentes quanto a sua vida útil, ou
mesmo efetua-se uma avaliação de um ponto de interesse, seja esta através da ação dos
homens ou de equipamentos sofisticados, para a definição de uma intervenção. A experiência
profissional também é um fator de suma importância para este tipo de definição. Desta forma,
definem-se dois grandes grupos de intervenções preventivas: por tempo e por estado.
33
Quanto à manutenção preventiva por tempo, como o nome já diz, efetua-se a
substituição, lubrificação ou limpeza de um equipamento com base em um fator numérico
definido. Este pode ser tempo, atrelado ou não à operação do equipamento, ou mesmo uma
outra base numérica imposta pelos fabricantes. Com o decorrer da realização destas
intervenções, efetua-se uma avaliação das condições em que o equipamento foi encontrado no
momento da intervenção e decide-se quanto a real necessidade da realização da manutenção
ou mudança da base numérica estabelecida como referência. Outra informação de vital
importância para este processo é a análise das intervenções corretivas, isto é, a frequência de
ocorrência de panes neste ponto de interesse. A sua avaliação auxilia a definir não só a base
numérica mas também a tomada de decisão quanto a eliminação da intervenção que se via
como indispensável, assim como a criação de uma nova inspeção que, anteriormente, não se
apresentava como necessária. A ação preventiva demanda a utilização de mão de obra
especializada, bem como a necessidade de peças de reposição para eventuais substituições.
Uma avaliação bem feita pode representar a redução de custos, através da eliminação de
tarefas que não estão agregando valor, assim como criando outras para evitar a ocorrência de
panes.
Já com a manutenção preventiva por estado, busca-se otimizar os recursos para a
realização de uma intervenção. Desta forma, antes da programação de uma grande ação
preventiva, pode-se efetuar uma pequena intervenção, com máquina parada ou não, para
observar o real estado do equipamento. A partir daí, procura-se avaliar quando se fará
necessário uma intervenção, levando-se em consideração uma margem de risco mínima para a
ocorrência de uma quebra, antes de se fazer a operação. A produção se programa para a
parada e a situação de risco que estava se desenhando é eliminada. Hoje em dia, para
diversos tipos de avaliação de estado são utilizados equipamentos sofisticados. Pode-se citar
como exemplo:
9 Termografia infravermelha na avaliação do estado de painéis elétricos;
9 Análise de óleo para grandes redutores;
9 Análise de vibração para rolamentos de equipamentos pesados;
9 Sondas de temperatura para mancais e motores de grande porte;
9 Medidores de resistência de isolamento em grandes motores.
34
Muitas dessas intervenções são denominadas de manutenção preditiva, sempre que
baseadas em tecnologia. Fazendo mais uma vez a comparação com a área médica, é como
examinar um paciente antes de prescrever um tratamento ou mesmo definir uma cirurgia.
Em muitos casos, criar ações preventivas não melhora em nada a confiabilidade do
equipamento. Nestes casos, via de regra, nos deparamos com um problema inerente à
concepção do equipamento. Com base em KELLY e HARRYS (1978), “apud” BRANCO FILHO
e LIMA NETO (2000, p.16), encontra-se um exemplo de árvore de decisão para a criação de
uma ação preventiva que contempla este tipo de situação, muito comum na atividade industrial.
A referida árvore de decisão encontra-se na Figura 3, página 35.
A primeira pergunta que se deve fazer é se a falha potencial pode ser identificada com o
equipamento em operação. Em caso positivo, estabelece-se uma inspeção com máquina
funcionando, sem interferência de interrupção da atividade produtiva.
Em caso negativo, a reflexão passa para uma ação com máquina parada. Deve-se
observar uma sutil diferença entre as duas primeiras perguntas. Quando, na segunda, utiliza-
se a expressão “...na operação?”, deve-se entender que diz respeito a operação direta dos
homens de manutenção sobre o equipamento parado. Em caso positivo, a inspeção a ser
estabelecida necessita de uma interrupção no funcionamento da máquina. Isso se dá pelo fato
da necessidade de uma avaliação mais criteriosa, podendo chegar até à desmontagem de um
subconjunto do equipamento.
Em caso negativo, deve-se avaliar se a referida falha diz respeito à segurança. Em
caso afirmativo, estabelece-se uma inspeção.
Caso não seja esta contemplada, busca-se verificar se o ítem tem uma função oculta.
Para melhor entendimento; função oculta é aquela que somente se pode observar quando da
sua necessidade de utilização. Como exemplo pode-se citar um dispositivo de segurança, que
só será usado em caso de uma emergência - sirene de incêndio, botões de acionamento. Em
tal situação, se faz necessário uma parada para simulação do funcionamento destes
equipamentos. Desta forma, pode-se confiar neles.
A última questão a ser avaliada é a relação adversa entre o tempo de operação e a
confiabilidade. Caso afirmativo, deve-se estabelecer uma inspeção preventiva por tempo,
conforme citado anteriormente. Em caso negativo, não há o que se possa fazer,
antecipadamente, para identificar a redução de resistência à falha. Se tal falha continua
35
ocorrendo e não se enquadra em nenhuma destas alternativas, apresenta-se-nos um problema
de projeto e não um problema de manutenção. Qualquer ação de manutenção neste caso
trata-se de “jogar dinheiro fora”. Deverá passar por uma análise de viabilidade econômica,
para que se possa decidir se vale a pena o reprojeto e/ou modificação, ou se devemos tratar
tais paradas como um imperativo, por ser uma limitação do equipamento.
Não
Sim
a) A redução da resistência à
falha pode ser detectada em
operação ?
Melhorar a confiabilidade,
aqui, é sinônimo de
reprojeto ou modificação
no ítem.
Liste as ações ( manutenção
a intervalos prefixados, por
exemplo ).
Liste as ações.
Identifique as causas e liste
as ações.
Liste as ações.
Liste as ações.
Não
Sim
Não
Sim
b) A redução da resistência à
falha pode ser detectada na
operação ?
c) A falha afeta a segurança ?
Não
Sim
Não
Sim
d) O ítem tem uma função
oculta ?
e) Há alguma relação adversa
entre o tempo de operação e
a confiabilidade ?
Nenhuma ação de
manutenção preventiva
será eficaz. Caso seja
econômico, melhore a
confiabilidade.
Figura 3 - Exemplo de Árvore de Decisão para a Criação de uma Inspeção Preventiva
(BRANCO FILHO E LIMA NETO, 2000, p.16).
Para entender melhor o que esta significa, comenta-se cada um dos pontos
36
estabelecidos sequencialmente pelos autores.
II.3.3- Preparação das Ações da Manutenção
Quando se tem como objetivo “atrapalhar” o mínimo possível a atividade produtiva, a
preparação das ações de manutenção se apresentam como um ponto fundamental para
melhor aproveitar o tempo disponível. Consiste em se ter, no momento da parada, o
profissional mais capacitado para a intervenção, com as peças que podem ser necessárias
para troca, bem como as ferramentas que se fazerem necessárias, o mais próximo possível do
local a ser atendido. Deve-se ter, no local destinado ao setor de manutenção, uma área bem
determinada para a colocação do material preparado para cada uma das intervenções que
estão programadas. Todos devem estar bem identificados e acessíveis aos profissionais.
Podem ser correspondentes a ações preventivas ou mesmo corretivas programadas que,
habitualmente, são executadas quando da programação de uma parada específica a esta ou
não.
Cada parque fabril tem suas características com relação a paradas. Em setores que
possuam equipamentos muito pesados e, principalmente, configurados em forma de linha de
produção, a parada de uma máquina pode nos impor um longo tempo para a correção da falha,
bem como a parada de outros equipamentos que são impedidos de produzir. Neste momento,
outros profissionais podem ser mobilizados para a realização de ações preventivas, ou mesmo
corretivas programadas que já tenham sido preparadas, enquanto os profissionais da equipe
de manutenção corretiva executam o seu trabalho. Faz parte da preparação bem avaliar o
tempo necessário para a sua realização. Dessa forma, pode-se evitar a realização de uma
outra parada, específica para tais ações. É a manutenção atenta e flexível para atender o
cliente com o mínimo possível de interrupção da atividade produtiva.
II.3.4 – Centralizar ou Descentralizar a Manutenção ?
Segundo MONCHY (1989, p.14), “a proporção da centralização-descentralização deve
ser adaptada à dimensão e à natureza da empresa”. Também são apresentados por este
autor, alguns critérios que podem ser usados para avalizar a centralização ou descentralização
da atividade, com base em empresas de consultoria.
Para a Centralização:
9 “uma otimização do emprego de meios;
37
9 um melhor domínio dos custos (orçamento, acompanhamento e responsabilidade);
9 uma padronização dos processos e meios de comunicação;
9 um acompanhamento homogêneo dos materiais e de suas falhas;
9 o reagrupamento dos investimentos pesados de materiais de conservação, na
oficina central, à disposição das sessões setoriais;
9 uma melhor gerência de todo o pessoal que diz respeito à conservação”.
Para a Descentralização:
9 “a delegação da responsabilidade aos chefes de equipe;
9 melhorar as relações com o “produtor” (contato permanente);
9 a vantagem do trabalho em equipes reduzidas e polivalentes;
9 a eficácia e rapidez das intervenções sobre um material bem conhecido”.
Fazendo uso do Gráfico 16, Anexo 2, página 122, apresentado pela ABRAMAN,
observa-se que no Brasil, predominam as formas de atuação centralizada e mista, com cerca
de 40% cada uma delas. Já a forma de atuação descentralizada fica com os restantes 20%.
Tais números são representativos dos tipos de atividade das empresas que participaram da
pesquisa.
II.4- A Utilização da Teoria das Taxas de Falha
Para que se defina um plano de manutenção preventiva sobre os equipamentos de
maneira eficiente e racional, deve-se avaliar a real necessidade de cada um dos componentes
que são utilizados no parque de máquinas e que possam exigir uma atenção maior da equipe
de manutenção. Conforme apresentado por SMITH (1993), “apud” BRANCO FILHO e LIMA
NETO (2000, p.54-59),existem algumas curvas características de taxas de falhas que podem
ser utilizadas como referência para orientar os profissionais de manutenção quanto à
programação de ações preventivas que possam prevenir a ocorrência de falhas, ou mesmo
deixar que sejam tratadas corretivamente quando da sua ocorrência. A citação acima se dá
para o tratamento de aeronaves, porém pode ser estendida a outros tipos de instalações.
No período do início dos anos 40 ao fim dos anos 50, se estabelece a primeira geração
da manutenção, em que se tem a ação da manutenção quando da ocorrência de uma falha.
Desta forma surge a curva de taxa de falha apresentada na Figura 4, utilizando-se a definição
utilizada por BRANCO FILHO e LIMA NETO (2000, p.54-59).
38
Figura 4 - Curva de Taxa de Falha B (BRANCO FILHO e LIMA NETO, 2000, p.56)
tempo
Os equipamentos que se enquadram neste tipo de comportamento, caracterizam-se por
uma taxa de falha aleatória constante, ou com pequeno aumento no tempo, terminando com o
início de uma fase de desgaste que o leva rapidamente ao fim de sua vida útil. Pode-se utilizar
como exemplo motores a explosão, compressores, motores elétricos que utilizem escovas e
componentes sujeitos a leve desgaste com o tempo.
Esses tipos de equipamentos devem sofrer manutenção preventiva por tempo,
procurando ajustá-lo para que ocorra no princípio da fase de início de degradação, isto é, na
fase em que o risco da ocorrência de falha começa a se apresentar.
No período que vai dos anos 50 ao fim dos anos 80, estabelece-se a segunda geração
da manutenção, cuja preocupação com maior disponibilidade da planta e redução dos custos
se faz presente. Neste período, apresenta-se a chamada “curva da banheira”, representada na
Figura 5. Esta difere da anterior com a presença de um período inicial de alto risco de
ocorrência de falhas, chamado “mortalidade infantil”. Este período caracteriza falhas na
montagem do componente ou mesmo amaciamento inicial. Em seguida comporta-se tal e qual
a curva B.
tempo
Figura 5 - Curva de Taxa de Falha A , ou “Curva da Banheira” (BRANCO FILHO e LIMA NETO, 2000,
p.55)
39
Para este tipo de componente a manutenção preventiva por tempo aplica-se da mesma
forma que os que se enquadram na curva B. Como exemplo pode-se apresentar todo e
qualquer componente que sofra desgaste com o tempo e necessite de cuidados específicos no
momento da sua montagem, cuidados esses que, se negligenciados ou mau realizados, podem
comprometer o funcionamento imediato do componente, bem como a sua vida útil.
A partir dos anos 80 chega-se à terceira geração da manutenção e com ela apresenta-
se uma maior preocupação com disponibilidade e confiabilidade, maior vida útil dos
equipamentos, maior preocupação com custos e novos fatores como segurança, qualidade do
produto e meio ambiente. Junto com este período desembarca no ambiente industrial o
processo de automação, valendo-se de maneira cada vez mais forte da utilização de
componentes eletrônicos nas novas instalações. Neste período, além da utilização das curvas
A e B representadas anteriormente, surgem outras quatro curvas que se apresentam em
seguida.
Na Figura 6, observa-se uma característica de falha que é semelhante a curva B,
diferenciando-se dela no que se refere a identificação do ponto em que se inicia fortemente a
possibilidade de ocorrência de falhas, isto é, o momento em que entra na fase de desgaste.
São componentes que envelhecem mas não demonstram claramente a sua fraqueza. Como
exemplo pode-se citar motores elétricos de corrente alternada sem a utilização de escovas. A
verificação periódica da sua resistência de isolamento pode nos mostrar o momento certo de
sua troca. Desta forma, um reparo simples com baixo custo restabelece o seu estado normal
sem que ocorra a queima. Dependendo do porte do motor, seu ciclo de uso e consequências
de sua parada no processo, pode-se optar por utilizá-lo até a queima. Outro componente que
se enquadra nesta categoria são os rolamentos a esfera ou cilindro.
Figura 6 - Curva de Taxa de Falha C (BRANCO FILHO e LIMA NETO, 2000, p.56)
tempo
40
As curvas que se seguem têm a mesma característica de falha aleatória, isto é, que
pode ocorrer a qualquer instante sem que demonstre sinal claro. A diferença existente entre
elas se dá no período inicial da vida dos componentes.
Na Figura 7 apresenta-se uma, com pequena probabilidade de falha no início de sua
vida útil, estabilizando-se em seguida na característica de falha aleatória. Esta curva
caracteriza componentes que se ajustem às condições iniciais de funcionamento sem que
sofram desgaste com o tempo.
Figura 7 - Curva de Taxa de Falha D (BRANCO FILHO e LIMA NETO, 2000, p.58)
tempo
Na Figura 8 apresenta-se uma característica de falha aleatória por todo o seu tempo de
vida no parque fabril.
tempo
Figura 8 - Curva de Taxa de Falha E (BRANCO FILHO e LIMA NETO, 2000, p.58)
Na Figura 9 apresenta-se a característica de falha aleatória com forte possibilidade de
mortalidade infantil, isto é, possibilidade de falha logo que este seja colocado em
funcionamento.
41
tempo
Figura 9 - Curva de Taxa de Falha F (BRANCO FILHO e LIMA NETO, 2000, p.59)
Estas três últimas características de taxa de falha caracterizam muito fortemente
equipamentos eletrônicos, painéis e interligações elétricas. O procedimento ideal para esses
tipos de componentes, bem como os caracterizados pela curva C, é a adoção de ações
preditivas para identificar o risco de ocorrência de falha, principalmente se esses puderem
representar problemas quanto à segurança, qualidade ou meio ambiente. Para componentes
puramente eletrônicos nenhuma ação surtirá efeito, a não ser que o mesmo esteja sujeito às
intempéries no ambiente fabril. Neste caso, providenciar abrigo com refrigeração e limpeza
periódica garantirá a manutenção do comportamento das curvas.
Os autores citados apresentam um percentual de equipamentos enquadrados em cada
uma das curvas acima para o caso de aeronaves. Para cada tipo de atividade isso se dará de
forma diferente. Esses percentuais são apresentados na Tabela 2.
Tabela 2 - % de Componentes de aeronaves Classificados em Cada uma das Curvas de Taxa de Falha
com a Idade (BRANCO FILHO e LIMA NETO, 2000, p.61)
Tipo de
Curva
% de componentes
em aeronaves
A 4%
B 2%
C 5%
D 7%
E 14%
F 68%
Vale a pena ressaltar que apenas os componentes enquadrados nas curvas A, B e C
42
podem se beneficiar, claramente, com a realização de ações preventivas definidas por unidade
de tempo. Os que se enquadram nas demais curvas não devem ser foco deste tipo de
atividade. Neste caso trata-se de alocação de recursos sem retorno garantido. No caso de
equipamentos eletrônicos, muitas vezes o fim da vida útil se dá mais por obsolescência e
conseqüente falta de manutenabilidade, do que por ocorrência de falhas.
De posse dessas informações e, sendo conhecedores do parque de máquinas a que se
precisa garantir a confiabilidade, da-se início a um trabalho minucioso e incessante de pesar
recursos, disponibilidade, confiabilidade e riscos.
II.5- Novas Ferramentas de Apoio à Manutenção
Para poder fazer frente às exigências de competitividade e evolução técnica, novas
ferramentas, cada vez mais sofisticadas, vêm surgindo para auxiliar nos trabalhos de
manutenção. Como exemplo cita-se: instrumentos mais modernos e precisos, possibilidade de
inspecionar de maneira eficiente e segura máquinas em pleno funcionamento, aplicação de
computadores cada vez mais no “chão de fábrica” e softwares para a gestão da atividade de
manutenção.
Surgimento de Softwares de Apoio à Manutenção
Um dos pontos que se deseja ressaltar é a adoção cada vez maior, por parte das
empresas, de softwares dedicados à atividade de manutenção, como mais uma ferramenta de
apoio, auxiliando na gestão da função manutenção. Esses softwares têm a finalidade de servir
como um grande banco de dados das atividades de manutenção, possibilitando, através da sua
análise, a tomada de decisão quanto a ações visando redução de custos e melhoria da
disponibilidade dos equipamentos, bem como gestão de material e pessoal, chegando também
a análise dos custos das intervenções de manutenção. Segundo TAVARES (1999, p.30), “as
exigências atuais de confiabilidade e disponibilidade são de tal ordem que se impõe, aos
gerentes de manutenção, responsabilidades que só podem ser executadas com ferramentas
adequadas de gestão”.
Desta forma, diversas empresas de software disponibilizam no mercado, produtos
visando atender a este público alvo que, apesar de grandes diferenças aparentes, segue o
mesmo caminho. Para procurar contemplar a maior parte das necessidades das empresas, no
desenvolvimento desses aplicativos procura-se, através de consultas a clientes em potencial,
identificar as suas necessidades fazendo com que se produza uma ferramenta de vasta
43
abrangência dentro do mercado, tendo sempre a possibilidade da realização de customizações
para aspectos que não tenham sido contemplados.
Ainda segundo TAVARES (1999, p.31), “desta forma, os gerentes devem se preocupar
na seleção do sistema que realmente atenda suas necessidades, não só baseados nas
demonstrações feitas pelos fornecedores como também com uma investigação consciente das
conseqüências que virão com sua aquisição”. Assim sendo, a escolha quanto a utilização de
um destes softwares, se dá em função da sua adequação aos pontos que a empresa considera
imprescindíveis para a gestão da sua atividade de manutenção. Isso inclui, além do seu
conteúdo, a sua forma de acesso amigável, passando pela base do seu banco de dados e
chegando à possibilidade de troca de informações com outros bancos de dados existentes na
empresa, como exemplo pode-se citar: setor de pessoal, estoque de peças de reposição etc.
II.6- Os Números da Manutenção Industrial
II.6.1- Introdução
A palavra chave nos dias de hoje, no âmbito da manutenção industrial, é Confiabilidade.
É o que se espera dos equipamentos produtivos. De maneira semelhante cobra-se a
Disponibilidade dos equipamentos ou, acompanha-se o seu complementar, a Indisponibilidade.
Certamente existem outros fatores que são exigidos para retratar um bom desempenho da
atividade produtiva e da função manutenção. Mantendo o nosso foco na manutenção
industrial, o seu desempenho não pode mais ser medido pelo sentimento de seus clientes e
integrantes. Anteriormente, esta avaliação ficava no âmbito da opinião, só podendo ser
discutida de maneira mais abalizada por especialistas mais experientes. Para as mais altas
hierarquias das empresas, compostas, habitualmente, por profissionais não oriundos da
manutenção, ficava difícil bem entender e avaliar o quanto a manutenção estava contribuindo,
ou prejudicando, para a obtenção dos objetivos estabelecidos.
Da mesma forma que se procurava medir os resultados da atividade produtiva através
de números, o procedimento foi estendido à atividade de manutenção, com o intuito de definir
critérios para a geração de números que possam auxiliar a equipe de direção na tomada das
decisões.
II.6.2- Os Tempos dentro de uma Oficina
Analisando a atividade produtiva segundo as diversas possibilidades de ocorrência,
44
definem-se alguns tempos que serão de vital importância para o entendimento de como os
indicadores foram criados e quais os seus significados para quem os analisa. Tomando como
base as terminologias da norma A.F.N.O.R. x 60015 (AFNOR), “apud” MONCHY (1989, p.17),
estabelece-se, as diversas ocorrências possíveis no âmbito temporal da atividade produtiva.
Na Figura 10, apresenta-se um esquemático com as diversas terminologias envolvidas.
TAF TAM TBF
Figura 10 - Célula Fundamental da Divisão de Tempos em uma Oficina de Produção
Para que se possa melhor entender o que isso significa, explica-se o que é
representado por cada uma dessas definições para as unidade de tempo:
TBF - Esta sigla representa o tempo de produção efetiva do equipamento. É muito
comum que se tenha visualmente ou embutido no automatismo dos equipamentos,
um marcador de horas e suas frações, habitualmente chamado de “horímetro”.
Através deste, observa-se o tempo em que o equipamento se mantém produzindo
ininterruptamente, até a ocorrência de algo que determine a sua parada.
TA - Entenda-se por TA, o tempo de parada dos equipamentos, seja ele de
responsabilidade da manutenção ou mesmo da operação. A letra seguinte define
esta diferença: M para o tempo devido à manutenção e F para o tempo devido à
operação. Dentro de cada um destes campos pode haver subdivisões conforme
definição dos respectivos departamentos, subdivisões essas que possibilitarão
compreender melhor o que vem ocorrendo na oficina.
Atribui-se à junção destes tempos, o nome de célula fundamental pois durante o tempo
total de disponibilidade do equipamento, ocorrem várias sequências desta célula fundamental.
Desta forma, MONCHY (1989) representa este tempo total, caracterizado por várias células
fundamentais, por TO, chamado de “tempo requerido”. Este é muito conhecido nas oficinas de
produção como “tempo de abertura” ou mesmo “tempo de abertura potencial”, e é totalizado
pela unidade de avaliação escolhida ( semanal, mensal ou anual ). Assim, o TO é definido
através da expressão matemática apresentada abaixo.
++= ........... FATMATFBTOT
45
Detalhando um pouco mais o T.A.M., visto que o nosso foco é a manutenção, observa-
se que em cada uma das intervenções, dentro deste tempo, existe uma parte que se constitui
no “tempo técnico para reparo” ( T.T.R. ), assim chamado por MONCHY (1989). Este tempo é
variável em função do tipo de intervenção que se faz necessário realizar. Porém, via de regra,
existem dois tempos relativamente previsíveis que, somados ao T.T.R., compõe o T.A.M.. Um
deles surge antes da atuação e pode-se chamar de tempo de espera. Constitui-se no tempo
entre a parada efetiva do equipamento e o real início da intervenção da manutenção. O outro
surge após o término da ação da manutenção e caracteriza-se pela inércia natural da equipe
de operação para recolocar o equipamento em funcionamento, apesar de já estar em
condições para tal. A variação destes tempos se dá em função da dimensão e características
dos equipamentos em questão, bem como o tamanho e estrutura organizacional da equipe de
manutenção. Para o primeiro, a existência de uma integração de funções operação x
manutenção faz com que este tempo seja bastante reduzido ou até inexistente, visto que
assim que a falha se apresente e o equipamento pare de funcionar a intervenção logo se inicia.
Caso não exista esta integração, esse tempo será função de uma complexa relação: número
de profissionais x número médio de intervenções x tempo médio gasto para cada
intervenção x número médio de profissionais necessários para cada intervenção. Para
estabelecer o número ideal é preciso partir da experiência e ajustá-lo em função de avaliações
com o tempo. Outro ponto a ser considerado é a geografia da oficina. Oficinas muito grandes
contribuem para o aumento deste tempo podendo chegar a uma tomada de decisão quanto ao
posicionamento de alguns profissionais em locais chave quando não estão participando de
uma intervenção. Quanto ao segundo tempo de espera, este varia em função do tamanho dos
equipamentos e da integração dos profissionais de operação com os de manutenção. É muito
comum observar-se uma atuação em conjunto, com os profissionais da operação procurando,
até, auxiliar aos de manutenção. Desta forma eles já iniciam a preparação para a retomada de
fabricação assim que vislumbram estar chegando ao fim a intervenção da manutenção.
Também é muito comum se observar o contrário, os profissionais de operação literalmente
somem, sendo até difícil reuni-los para a recolocação em operação do equipamento; aliado a
isso apresenta-se contra a redução deste tempo, o tamanho da oficina. Inclui-se o tempo entre
a liberação do equipamento e a real colocação em funcionamento como um T.A.F..
Outro aspecto que é de real interesse durante uma intervenção da equipe de
manutenção é o chamado “tempo de carga de depanagem” ( T.C.D. ). Esse se caracteriza pelo
T.T.R. multiplicado pelo número de operadores que participaram da intervenção, ou mesmo a
soma do tempo de atuação de cada interventor, isto é, se não houve a participação deles
durante o T.T.R.. Isso nos mostra a característica das intervenções que se apresentam no
parque de máquinas atendido quanto à necessidade de ocupação de mão de obra.
46
II.7- Os Indicadores Classe Mundial
Tomando como base TAVARES (1999, p.81), “para facilitar a avaliação das atividades
de manutenção, permitir tomar decisões e estabelecer metas, devem ser gerados relatórios
concisos e específicos, formados por tabelas de índices...”. Os índices citados por TAVARES
(1999, p.81), também são conhecidos como indicadores e, dando prosseguimento a sua
colocação, ele enfatiza que “a primeira etapa recomendada para desenvolvimento dos
Relatórios Gerenciais deve ser a de Gerência de Equipamentos...”. Isso nos coloca novamente
no campo de ação da manutenção; o domínio que se deve ter dos equipamentos, tê-los sob
controle. Ainda segundo TAVARES (1999, p.82), com relação aos equipamentos existem os
chamados Índices Classe Mundial. Esses foram definidos com a intenção de possibilitar
tratamento comparativo, dentro de uma mesma empresa ou mesmo entre outras instituições.
Esses índices constituem-se nos números da manutenção.
TAVARES (1999, p.82) apresenta a existência de seis índices que se enquadram nesta
denominação, e acrescenta que “quatro se referem a análise da gestão de equipamentos e
dois se referem a gestão de custos”. Atendo-nos, neste momento, aos quatro índices
referentes a equipamentos, vale ressaltar que também encontramos citação de três deles em
MONCHY (1989, p.20). Abaixo serão tecidos comentários para cada um desses indicadores,
baseado na terminologia apresentada por MONCHY (1989, p.20) e TAVARES (1999, p.82-85).
II.7.1- O MTBF
O M.T.B.F. ( Média dos Tempos de Bom Funcionamento ), também é conhecido como
T.M.E.F. ( Tempo Médio entre Falhas ).
O M.T.B.F. é calculado através da soma de todos os T.B.F. ocorridos durante um
período tomado como referência, dividido pelo número de períodos de bom funcionamento ou
número de falhas, representado por n. O ideal é que tenhamos este indicador o mais alto
possível, representando assim poucos períodos de longa duração de bom funcionamento, isto
é, um reduzido número de falhas. Este indicador está ligado a uma expressão muito utilizada
na área industrial; confiabilidade, ou probabilidade de bom funcionamento. A expressão que o
representa é:
n
iFBT
FBTM
n
=
0
...
....
47
II.7.2- O MTTR
O M.T.T.R. ( Média dos Tempos Técnicos de Reparo ), também é conhecido como
T.M.P.R. ( Tempo Médio para Reparo ).
O M.T.T.R. é calculado através da soma de todos os T.T.R. necessários para cada uma
das intervenções em que o equipamento ou subconjunto que entrou em falha foi recuperado,
dividido pelo número de falhas, isto é, o número de intervenções, representado por n. O que
se deseja é que este seja o menor possível, representando que as intervenções sejam o mais
breve possíveis e que sejam em pequeno número também. O número de intervenções não é
determinante para a redução do resultado deste indicador porém, atenua possíveis
intervenções isoladas de grande duração. Não existe um valor padrão a ser tomado como
referência. A realidade é que este se constrói com a experiência e observação, caracterizando
o parque de máquinas em questão, bem como o tamanho, experiência e qualificação do
efetivo. A este indicador está ligada a expressão Manutenibilidade, ou seja, capacidade de
sofrer manutenção ou probabilidade de duração de manutenção.
II.7.3- A Disponibilidade
A Disponibilidade ( DISP ) ou, probabilidade de assegurar um serviço requerido.
A disponibilidade, também chamado de Performance ou Desempenho de
Equipamentos, representa a relação entre o tempo total de disponibilidade do equipamento por
parte da manutenção e o tempo total do período - calendário, também chamado de abertura
potencial. É calculada dividindo-se o tempo de bom funcionamento ( T.B.F. ) pela abertura
potencial ( T.O. ). Observa-se também a utilização do complementar deste, isto é, a
Indisponibilidade de Equipamentos, que representa o quanto do tempo de produção foi
ocupado por intervenções da manutenção. A indisponibilidade em função da manutenção, é
levada em conta excluindo-se os tempos referentes a operação, isto é, os T.A.F..
II.7.4- O TMPF
T.M.P.F. ( Tempo Médio para Falha ).
O T.M.P.F. tem uma diferença conceitual em relação ao M.T.B.F. ou T.M.E.F.. A
diferença é que, neste caso, o equipamento em questão teve de ser substituído. Através da
análise destes dados, pode-se definir intervenções sistemáticas para a substituição do
48
equipamento antes da ocorrência da falha.
Na verdade, o que se observa na prática é a não utilização deste último indicador. Para
instalações fabris de mecânica pesada com grandes equipamentos, são poucos os
componentes em que se pode prever uma substituição sistemática com respaldo do fator
econômico. Se houver uma generalização da substituição preventiva de todos os
componentes que não podem ser reparados, chegar-se-ia a um custo elevado, aliado à
necessidade de paradas preventivas constantes que inviabilizariam este processo. O que
ocorre, na prática, é um estudo de característica de falha dos componentes utilizados na planta
em questão e definido o plano de manutenção preventiva que se estabeleça como necessário.
Para os demais, vale a pena correr o risco de não tratá-los preventivamente, buscando meios
para que possam ser rapidamente substituídos no caso de uma falha. Vale a pena ressaltar
que o que se estabelece neste caso como falha, não necessariamente é uma falha do
componente e sim do processo como um todo. Muitas vezes um problema com o produto ou
mesmo uma manobra incorreta dos operadores, pode causar danos à instalação com a quebra
de componentes que estavam funcionando perfeitamente. Desta forma, trata-se o M.T.B.F.
considerando-se todo tipo de intervenção indistintamente. Caso algum componente, não
contemplado na primeira avaliação, chame a atenção dos profissionais de manutenção com
uma constância de falhas previsíveis e com alto fator de prejuízo para a operação, este é
incluído no plano de manutenções sistemáticas.
II.8- Outros Indicadores de Interesse
Tomando-se como base uma empresa de artefatos de borracha, cuja realidade foi
analisada, também tem sido acompanhado em que tipo de atividade os profissionais de
manutenção vêm ocupando o seu tempo de trabalho. Estabeleceu-se uma série de códigos
para serem aplicados a cada tipo de atividade, para que se possa ter uma idéia do que vem
acontecendo dentro da oficina, bem como o reflexo desta distribuição de diferentes tipos de
atividade na indisponibilidade, ou disponibilidade dos equipamentos da oficina. Procurando
agrupar estas atividades de acordo com a necessidade para uma primeira análise, foram
criados cinco grupos para a totalização do tempo despendido pelos diversos profissionais na
oficina, tanto os que se dedicam ao primeiro combate da manutenção corretiva quanto aos
profissionais de apoio e terceiros. Abaixo, serão descritos cada um destes grupos.
9 Manutenção Corretiva Paliativa ou Definitiva - Ação dos profissionais para
recolocar em funcionamento um equipamento que estava produzindo e passou a
estar indisponível para a operação em função da ocorrência de uma falha. É uma
49
parada imprevista;
9 Manutenção Corretiva Programada - Ação dos profissionais de apoio para corrigir
definitivamente, uma ação paliativa efetuada anteriormente ou a correção de uma
disfunção observada, que não implica em uma parada imprevista do equipamento.
É efetuada, como o nome já diz, de forma programada, sem “atrapalhar” a atividade
produtiva;
9 Inspeções Preventivas e Manutenções Sistemáticas - Ações previstas e
planejadas para manter a confiabilidade dos equipamentos, conforme plano de
manutenção preventiva elaborado pela equipe de manutenção e avalizado pela
operação;
9 Modificações - Ações programadas efetuadas pela manutenção ou mesmo pelo
setor de projeto, com o apoio e acompanhamento posterior do pessoal de
manutenção;
9 Outras - Dentro deste grande grupo, encontram-se diversas ações que ocupam o
tempo dos profissionais porém, não dizem respeito a solução de problemas nas
máquinas, tais como: formação, auxílio à produção, trabalhos administrativos,
realização de exames médicos periódicos etc.
II.9- Comentários Sobre Indicadores
Para que se possa entender o motivo do acompanhamento destes tempos, vale
ressaltar que não existe uma fórmula para se definir o efetivo necessário para a ação corretiva,
bem como estabelecer qual deve ser o tempo despendido com manutenção preventiva para
garantir a confiabilidade desejada ao parque de equipamentos em questão. Esses fatores
variam em função do tipo de equipamento utilizado no parque de máquinas em questão.
Quando se deu início ao processo de restruturação da manutenção, no que tocava às ações
que visavam melhorar a produtividade do efetivo, não se tinha certeza de que as mudanças
que se iniciavam seriam um casamento perfeito entre otimização do efetivo e manutenção da
disponibilidade dos equipamentos a níveis aceitáveis. Desta forma, observar os percentuais de
tempo gasto em cada uma dessas atividades e cruzar essas informações com a conseqüente
indisponibilidade dos equipamentos, permite que se tenha uma visão do bom andamento das
ações da manutenção. É comum observar-se um aumento das horas de manutenção corretiva,
e conseqüente aumento da indisponibilidade da oficina, após impossibilidade de se cumprir o
50
plano de manutenção preventiva conforme previsto. Nem sempre a reação é imediata, pode
levar um, dois ou três meses para que esse reflexo possa ser observado. Mais uma vez se faz
necessário apresentar que isso é uma função das características do parque de máquinas em
questão. Quanto a modificações, é possível observar a ocorrência da implantação de uma
modificação e sua conseqüência sobre a indisponibilidade do equipamento que a sofreu. O
que se espera é que uma modificação se realize com o intuito de solucionar um problema
identificado, que dificulte a atividade produtiva. Muitas vezes o resultado é positivo porém, é
possível que este não se apresente como previsto e, como se diz dentro do ambiente da
oficina, “o tiro saia pela culatra”. Assim sendo, serão observadas diversas horas de trabalho da
equipe de manutenção dedicadas à realização de intervenções ligadas à modificação que foi
inserida no processo. É de real interesse dos gestores de uma dada atividade, observar o
número de horas dedicadas à formação dos profissionais, sejam em sala de aula ou mesmo
sobre os equipamentos. A melhoria da qualificação dos profissionais é um processo de médio
e longo prazo mas, é possível que se observe uma melhoria na disponibilidade dos
equipamentos, através do aumento do M.T.B.F., redução do número de intervenções e do
M.T.T.R.. É um reflexo da melhoria da qualificação do efetivo.
Desta forma, observa-se que passa a ser de suma importância o registro dos tempos de
parada dos equipamentos para manutenção corretiva, preventiva, programada, modificações,
etc... E mais, tudo o que diz respeito às atividades de manutenção deve ser registrado, para
possibilitar o surgimento de um retrato fiel das condições da oficina, através dos indicadores, e
possibilitar uma correta análise da atividade de manutenção.
O conjunto de registros e indicadores são ferramentas importantes para a gestão da
manutenção, sendo possível análises tais como:
9 Os indicadores TMEF, TMPR e TMCD, bem como o percentual de
indisponibilidade, quando tomados com abrangência a todos os equipamentos,
podem apresentar uma radiografia da eficiência da atuação dos profissionais de
manutenção. Uma deriva destes indicadores em um equipamento em especial,
pode indicar, por exemplo, a necessidade de reciclagem na formação dos
profissionais;
9 Considerando-se somente as intervenções para manutenção corretiva com
máquina parada e, efetuando-se uma análise do tempo de parada, o motivo de
avaria e os códigos de falha e solução, pode-se estabelecer qual foi o subconjunto
do equipamento que mais vezes falhou, o que impediu o funcionamento do
51
equipamento por mais tempo, bem como o que ocorreu mais vezes ( denominado
pane repetitiva ). Desta forma, pode-se direcionar as atividades de manutenção
programada, ou mesmo modificações, para solucionar estes problemas que mais
e/ou mais vezes prejudica o funcionamento dos equipamentos;
9 Quanto às horas trabalhadas, pode-se totalizar a chamada produtividade do
empregado. Desta forma, calcula-se o percentual de horas registradas de cada
profissional em relação a carga horária dele no intervalo de tempo desejado. Dessa
forma, pode-se avaliar a ociosidade dos profissionais dentro do horário de trabalho,
seja individualmente ou por especialidade;
9 Outro fator que pode ser avaliado é o tempo médio de espera para o atendimento
de intervenções. Se este é muito longo, dentro de valores pré estabelecidos, pode-
se concluir que o efetivo disponível para atendimento aos equipamentos está
insuficiente, principalmente se a produtividade do efetivo está dentro do esperado.
II.10- Quadro de Referência Teórica
No estudo ora apresentado, os principais fundamentos teóricos utilizados são
referenciados em:
9 NADLER e TUSBMAN (1993) e FERRAZ, KUPFER e HAGYENAUER (1995), no
que se refere ao processo de reestruturação produtiva, tendo a competitividade
como a capacidade de formular estratégias;
9 SINK e TUTTLE (1993) com o Modelo de Gestão do Desempenho Organizacional;
9 TURBAN, RAINER e POTTER (2003) quanto aos conceitos do que venha a ser
Tecnologia e Sistemas de Informação;
9 ANDERSEN e HENRIKSEN (2004) pela avaliação da integração dos resultados
provenientes do processamento de dados, com os diversos níveis da organização;
9 PEIXOTO (2002), no que diz respeito a influência de visões diferenciadas na
dimensão do desempenho;
9 BRANCO FILHO e LIMA NETO (2000), TAVARES (1999) e MONCHY (1989), assim
52
como KELLY e HARRYS (1978) e SMITH (1993), sendo ambos “apud” BRANCO
FILHO e LIMA NETO (2000), no que diz respeito aos aspectos específicos da
função manutenção, assim como sua missão, formas de ação e indicadores de
desempenho.
Segundo NADLER e TUSBMAN (1993), a identificação da necessidade de reestruturar
uma organização, é um sinal claro da possibilidade de melhorar a sua produtividade, melhor
combinando os recursos existentes. É um processo dinâmico na busca de manter a
competitividade frente ao mercado em que atuam. É extremamente natural que empresas
competitivas, líderes em suas áreas de atuação, estejam atentas quanto a identificação de tais
necessidades. Para melhor entender o que venha a ser competitividade, recorre-se a
FERRAZ, KUPFER e HAGYENAUER (1995), que apresentam a competitividade sob o foco de
duas visões distintas: desempenho e eficiência. Tais autores complementam a visão de
NADLER e TUSBMAN (1993) quando relacionam competitividade com a capacidade de
formular e implementar estratégias. São os objetivos da organização mudando, em função do
que se enxerga como tendência para o futuro.
SINK e TUTTLE (1993) apresentam o Modelo de Sistemas Gerenciais. Neste modelo,
os autores apresentam a forma como se processa a transformação de dados coletados, em
informações a serem usadas como um aliado no processo de avaliação de performance e
correção do rumo do sistema organizacional. Também definem sete critérios de performance,
a serem considerados, para avaliar a acertividade das ações corretivas implantadas no cíclico
processo de avaliação da condução dos sistemas organizacionais. Tal modelo permite um
melhor entendimento das medidas que se devem implementar e o que elas representam. No
que diz respeito aos critérios de performance, auxilia na identificação do significado dos
indicadores escolhidos para acompanhamento.
TURBAN, RAINER e POTTER (2003) apresenta de maneira clara o que vem a ser
Tecnologia da Informação e Sistemas de Informação, para que se possa melhor entender tais
ferramentas que, cada vez mais, encontram-se presentes na vida das organizações. Isso se
faz necessário pelo fato de ser esta a principal ferramenta utilizada neste processo de
reestruturação apresentado por este estudo.
Já ANDERSEN e HENRIKSEN (2004) distinguem três eixos para a avaliação da
integração de informações sobre performance. Tais eixos contemplam a analise de: (i)
requisitos para a seleção dos dados de performance, (ii) requisitos da avaliação de sistemas de
performance e gestão, (iii) apresentação das informações dos resultados de performance. A
53
decisão quanto ao sistema de informação a ser implementado requer uma reflexão rigorosa
quanto ao que se deseja obter da base de dados que se vai constituir. Através da tabela
apresentada no Anexo 1, página 118, os autores relacionam algumas áreas de aplicação para
a base de dados, descrevendo cada um dos eixos apresentados acima. No que diz respeito a
este estudo, o foco se dá aos ítens 1, 2, 10, 13 e 14, identificados como áreas de aplicação dos
dados da manutenção na empresa em questão. Os mesmos foram apresentados na Tabela 1,
que encontra-se no Capítulo 1, página 22. Os ítens utilizados no estudo em questão são:
9 Ítem 1 – Monitorar o Nível Global de Performance da Organização;
É natural que este seja um dos objetivos da empresa, fazendo com que os dados
escolhidos para serem acompanhados estejam disponíveis em relação a cada um dos
departamentos, dando uma idéia geral da manutenção dentro da organização, sobre vários
aspectos.
9 Ítem 2 – Definição de Estratégia e Utilização da Medida de Performance para
Buscar Engajamento na Decisão Tomada;
Trata-se da Análise Crítica da atividade de manutenção. Periodicamente deve-se
avaliar a atividade e corrigir o rumo quando se fizer necessário. As informações disponíveis
são de vital importância para dissipar qualquer dúvida dos colaboradores quanto as decisões
tomadas, elas não podem surgir apenas do sentimento.
9 Ítem 10 – Utilização da Medida de Performance para Determinar Quais
Processos Necessitam de Melhorias;
A definição de estratégia, da qual trata o ítem anterior, certamente contempla a melhoria
de processos que sejam identificados como pontos que possam melhor contribuir para a
obtenção dos resultados esperados. No caso específico da manutenção pode-se citar: ações
de melhoria em equipamentos que apresentem alta indisponibilidade, mudança da abordagem
quanto as formas de ação utilizadas pela manutenção, priorização da formação do pessoal em
novas tecnologias etc.
9 Ítem 13 – Os Dados de Medida de Performance podem ser Disponibilizados
para Clientes, como uma forma de Documentar que a Performance é
Levada a Sério;
54
Nos dias de hoje, as normas de certificação estão cada vez mais presentes no dia a dia
das indústrias. O não atendimento a normas de qualidade, ou mesmo ambientais, pode
simplesmente fazer com que uma empresa possa ficar fora do mercado em que atua. No caso
da empresa em questão, a situação não é diferente. A mesma é certificada
ISO/TS 16949
(ISO/TS 16949:2002)
e ISO 14001 (
ABNT NBR ISO 14001:2004)
e a manutenção é um
dos pontos a serem avaliados em ambos os casos. Ter um banco de dados consistente, com
possibilidade de fácil acesso em busca das mais variadas informações é certamente desejável
por qualquer empresa e satisfatório para qualquer cliente.
9 Ítem 14 – Medida de Performance como base para Benchmarking.
Por fazer parte de um conceituado grupo internacional, a empresa em questão passa
periodicamente por processos de benchmarking nas mais diversas áreas, incluindo aí a
manutenção. A adoção dos indicadores “classe mundial” é parte deste processo para
identificar pontos de excelência dentro do grupo, podendo assim servir como referência para as
demais fábricas buscarem melhorias em suas estruturas de manutenção.
Fazendo uma análise das colocações dos autores ressaltadas na Tabela 1, página 22,
pode-se ter uma idéia clara das características do sistema que se faz necessário para atender
a tais necessidades. Vale salientar que, no estudo ora apresentado, a empresa não utilizou os
critérios apresentados por ANDERSEN e HENRIKSEN (2004) como base para a definição do
sistema a ser implantado, em função das áreas de aplicação que desejava contemplar. Porém,
procura-se utilizar tal tabela como base para avaliar se o sistema implantado contempla as
condições apresentadas pelos autores.
Nos estudos de PEIXOTO (2002), encontra-se referência às visões diferenciadas que
se pode identificar na manutenção e na produção, com relação a um mesmo indicador, mais
especificamente o indicador de indisponibilidade de máquina.
Através de BRANCO FILHO e LIMA NETO (2000), TAVARES (1999) e MONCHY
(1989), assim como KELLY e HARRYS (1978) e SMITH (1993), sendo ambos “apud” BRANCO
FILHO e LIMA NETO (2000), apresenta-se: como a atividade de manutenção industrial vem
evoluindo no decorrer do tempo, o que vem a ser a função manutenção e qual é a sua missão.
Também estão presentes no estudo desses autores, as diferentes formas de ação da
manutenção, assim como a importância da utilização de softwares específicos para tal
atividade e a apresentação dos indicadores de desempenho que são considerados “classe
mundial”. Tais indicadores podem ser considerados como padrão para comparação entre
55
organizações.
Ao finalizar este capítulo, pode-se ter uma visão clara do processo de evolução da
manutenção industrial, assim como suas diversas maneiras de atuar, no sentido de melhorar a
confiabilidade do parque fabril sob sua responsabilidade.
Desta forma, fazendo uso também da teoria abordada no capítulo 1, pode-se avaliar um
estudo de caso referente a utilização de um sistema de informação para análise de
desempenho na manutenção industrial. Tal ferramenta é parte integrante de um processo de
reestruturação da atividade de manutenção na empresa estudada.
56
CAPÍTULO III
ESTUDO DE CASO
O estudo ora apresentado, diz respeito à implantação de um sistema de informação
para a manutenção industrial, como parte do processo de reestruturação da atividade de
manutenção de uma grande empresa. Tal processo tem como objetivo principal, possibilitar a
avaliação de desempenho da atividade de manutenção, tendo o seu início efetivo no chão de
fábrica, ocorrido no meio do ano de 2002, restando ainda alguns pontos a serem
implementados.
Com relação à empresa em questão, trata-se de uma grande indústria multinacional de
artefatos de borracha, que conta com 71 fábricas em todo o mundo, assim distribuídas: 40 na
Europa, 16 na América do Norte, cinco na América do Sul, duas na África e oito na Ásia. A
mesma dispões de três Centros de Tecnologia e representação comercial em 170 países do
mundo. Avaliando-se o seu principal mercado de atuação, a mesma detém uma fatia de cerca
de 20%, destacando-se como um dos líderes deste mercado.
Em função do porte da referida empresa, é natural que se procure padronizar a
utilização de sistemas de informação, nas suas mais diversas atividades. Desta forma, a
atividade de manutenção também faz parte deste contexto, havendo uma recomendação
quanto a ferramenta a ser utilizada. O processo de escolha desta nova ferramenta por parte da
organização será apresentado posteriormente.
III.1- Por Quê Mudar a Manutenção?
Tomou-se a decisão de dar andamento a um processo de reestruturação da
manutenção na fábrica em questão, contemplando a completa revisão da organização e
maneira de agir desta atividade. Tais mudanças visam contribuir para o fortalecimento da
empresa, tornando-a apta a enfrentar os desafios vislumbrados para o futuro. Tais desafios
englobam tanto a competitividade da empresa como um todo, dentro do seu mercado de
atuação, quanto da fábrica em questão frente às outras dentro do grupo. Tal tomada de
decisão quanto à definição de um caminho a ser seguido pela organização, é um exemplo claro
da estratégia apontada por NADLER e TUSBMAN (1993) e FERRAZ, KUPFER e
HAGYENAUER (1995), no que diz respeito a garantir a competitividade através da formulação
de estratégias. Ao primeiro sinal de novos desafios para o futuro, as empresas que pretendem
garantir a sua competitividade dentro do mercado em que atuam, devem formular estratégias e
57
implementar mudanças, para que não sejam apanhadas no contrapé e não tenham tempo para
esboçar uma reação.
Dentro da estratégia adotada, pode-se resumir o objetivo principal como sendo: reduzir
os custos, melhorar a produtividade da atividade de manutenção e melhorar a confiabilidade
dos equipamentos. Encontra-se como referência teórica, no capítulo II, os três fatores
apresentados por MONCHY (1989), que devem ser considerados para a gerência otimizada de
um parque de equipamentos. São estes os fatores: econômico, humano e técnico.
Quando se fala em custos na atividade de manutenção, estes se subdividem em peças
de reposição e mão de obra. Reduzir os custos das peças utilizadas no parque fabril,
pressupõe o aumento da vida útil do parque instalado, bem como a gestão das peças de
reposição. Quanto à mão de obra, busca-se o desenvolvimento de empresas prestadoras de
serviço, as quais possam ser usadas para a realização de atividades em que,
comprovadamente, torne-se mais viável a utilização deste tipo de mão de obra. Na verdade,
pode-se dizer que é o desenvolvimento de empresas parceiras. Por um lado estas devem
apresentar disponibilidade para atender a solicitações previstas e emergenciais e, em
contrapartida, a empresa que contrata deve proporcionar-lhes condições contratuais mínimas
para que possam garantir o atendimento a tempo e a hora. A parceria é um caminho natural
para a sobrevivência de todos, sendo todos ganhadores.
No que se refere à produtividade, pode-se dizer que se trata de melhor administrar a
distribuição do efetivo próprio, atendo-se única e exclusivamente às atividades julgadas
essenciais. Todo e qualquer trabalho que não seja considerado essencial ou que se trate de
um trabalho eventual, deve ser realizado através de recursos de terceiros.
Antes de serem definidas as mudanças a serem efetuadas e, conseqüentemente, a
nova forma que a manutenção assumiria, realizou-se um processo de benchmarking,
utilizando-se a colaboração de outras empresas do grupo, bem como algumas outras de áreas
de atividades diferentes da que esta atua. O resultado foi uma visão ampla de como as
manutenções atuam em função da característica do parque de máquinas que lhes são
confiados, bem como a observação de experiências já realizadas. Tais informações serviram
de auxilio para a tomada de decisão quanto ao caminho a ser seguido.
Fazendo uso da teoria apresentada por MONCHY (1989) para analisar a estrutura que
foi definida, pode-se observar que se trata de uma organização hierárquica mista,
contemplando uma parte central, que dá suporte a toda a fábrica, bem como uma parte
58
dedicada ao atendimento de cada departamento de produção, com a responsabilidade focada
na manutenção corretiva.
Com base no Modelo de Sistemas Gerenciais, apresentado pela Figura 1, página 12, a
utilização da tecnologia da informação foi definida como uma ferramenta importante, para dar
suporte ao corpo técnico na sua incumbência de ter uma visão clara do que está ocorrendo no
parque de máquinas e propor ações de melhoria. Esta ferramenta estará presente no processo
de coleta e manipulação dos dados, procurando transformá-los em informações relevantes, a
serem utilizadas na fase de tomada de decisão quanto a ações de correção de rumo, que irão
realimentar o sistema que rege a função manutenção.
Em seguida, apresenta-se uma descrição dos dois momentos da manutenção dentro
deste processo: antes e depois da mudança. É possível observar que as principais mudanças
na nova estrutura foram as seguintes:
9 Criação de um corpo técnico central para a manutenção, utilizando os técnicos
anteriormente dedicados a cada um dos setores de manutenção;
9 Fortalecimento do corpo de apoio à manutenção com profissionais deslocados de
cada um dos setores de manutenção;
9 Utilização sistemática de trabalho terceirizado, através de contratos de parceria com
algumas empresas especializadas;
9 Definição de uma nova estratégia para garantir a confiabilidade dos equipamentos,
garantindo apoio logístico aos setores, assim como avaliando o seu desempenho e
formulando ações de progresso, conforme apresentado por SINK e TUTTLE (1993)
no Modelo de Sistemas Gerenciais, representado na Figura 1, página 12.
III.2- A Manutenção Antes da Mudança
Estrutura Organizacional
Antes da mudança proposta, a estrutura organizacional da manutenção era uma
estrutura descentralizada, com os setores que atendem a cada um dos departamentos de
produção subordinados a estes e, independentes para tomar as suas decisões. Pode-se
observar através da Figura 11, apresentada a seguir.
59
Gerência do
Departamento
Técnico
Corpo de
Apoio à
Manutenção
Armazém de
Peças de
Reposição
Corpo de
Manutenção
Setorial
Gerência dos
Departamentos
de Produção
Figura 11 – Estrutura Organizacional Antiga da Manutenção na Empresa Observada
Descrevendo as Atribuições de Cada Parte
Corpo de Manutenção Setorial
O corpo de manutenção setorial era composto de um chefe, dois técnicos (um elétrico e
um mecânico) e os profissionais de manutenção.
Os técnicos tinham a responsabilidade de dar suporte aos profissionais e efetuar
estudos e propostas de trabalho para médio e longo prazo, bem como efetuar a formação dos
profissionais no que se refere ao parque de máquinas instalado.
Aos profissionais cabia a incumbência de cuidar da manutenção corretiva e da
preventiva. Os profissionais eram subdivididos em dois grupos. O primeiro grupo, dividido em
quatro equipes, incumbia-se da chamada manutenção corretiva, atuando no parque de
máquinas 24 horas por dia, com o intuito de tratar as panes que interrompiam o funcionamento
dos equipamentos. O outro grupo, trabalhava no horário administrativo e se preocupava em
realizar a manutenção preventiva, manutenções corretivas programadas, pequenas
modificações e dar apoio às equipes de rotação no caso de grandes intervenções.
Armazém de Peças de Reposição
O armazém de peças de reposição tinha a função de apoiar os setores de manutenção,
disponibilizando as peças que são consideradas indispensáveis para a manutenção do parque
de máquinas, impedindo a sua longa interrupção.
60
Corpo de Apoio à Manutenção
Este setor tinha a finalidade de efetuar pequenos reparos em alguns equipamentos e,
trabalhos de emergência na área de usinagem. Este também atuava na montagem de novos
equipamentos, bem como em grandes modificações de equipamentos existentes. Neste grupo,
existia um setor que se incumbia da manutenção de equipamentos de instrumentação e
eletrônicos. Em caso de grandes intervenções nas manutenções setoriais, este grupo podia
ser solicitado para dar um suporte.
A utilização de serviço de terceiros já era uma realidade, porém ainda de forma muito
tímida para as atividades de manutenção. Os terceiros atendiam mais fortemente aos setores
de projeto, quando da implantação de novas instalações ou grandes modificações, juntamente
com o setor de apoio.
Dentro desta filosofia, não existia um grupo central que procurasse enxergar a
manutenção fabril como um bloco único, disponibilizando seus potenciais a serviço de todos e
dando a cada um dos setores um tratamento igual, principalmente no que se refere ao
desenvolvimento de formações e disponibilização de recursos. Cada departamento adotava a
política que bem entendesse quanto a sua equipe de manutenção.
III.3- A Nova Estrutura Organizacional da Manutenção
Observa-se que a estrutura organizacional adotada para o processo de manutenção,
contempla uma mistura das manutenções centralizada e descentralizada, bem como a
hierarquização funcional. Uma parte é subordinada a cada um dos setores de produção e a
outra parte é subordinada ao departamento técnico. Mesmo o efetivo que é subordinado
funcionalmente aos setores de produção, respondem tecnicamente ao departamento técnico.
Trata-se de uma dupla subordinação.
A utilização do trabalho terceirizado vem se tornando uma realidade cada vez mais
presente no dia a dia da manutenção, principalmente em atividades de médio e longo prazo,
bem como no apoio às atividades de curto prazo, como mão de obra atuante. As atividades
extremamente técnicas que necessitam de profissionais com especialização específica e,
pouco disponíveis no mercado, são atividades nas quais a terceirização vem se consolidando
fortemente. Apresenta-se na Figura 12, um quadro que representa a atual estrutura
organizacional da manutenção.
61
Gerência do
Departamento
Técnico
Corpo Técnico
da Manutenção
Corpo de
Apoio à
Manutenção
Armazém de
Peças de
Reposição
Corpo de
Manutenção
Setorial
Terceiros
Gerência dos
Departamentos
de Produção
Figura 12 - Nova Estrutura Organizacional da Manutenção na Empresa Observada
Descrevendo as Atribuições de Cada Parte
Corpo de Manutenção Setorial
Este grupo é constituído por um chefe, subordinado funcionalmente ao gerente de
produção do setor em questão e, subordinado tecnicamente ao gerente técnico. A ele estão
subordinados os profissionais responsáveis pela efetiva manutenção dos equipamentos
existentes no setor. Uma parte deles constitui equipes que trabalham em horário de rodízio,
disponibilizando ao setor de produção um atendimento 24 horas por dia, para sanar os
problemas que venham a ocorrer nos equipamentos, durante o seu funcionamento. É a
chamada equipe de manutenção corretiva. Estes profissionais também se encarregam de
parte da manutenção preventiva dos equipamentos, limitando-se a inspeções que possam ser
efetuadas com máquina funcionando, as chamadas inspeções audiovisuais. Cada uma destas
equipes tem um de seus profissionais com a função de liderança sobre os demais. Isso o
habilita a tomar decisões pela equipe e ser o interlocutor no caso da necessidade de discutir
prioridades com a equipe de produção. Deve-se considerar que em determinados horários e
dias da semana, a chefia dos setores e todo o pessoal de apoio não se encontram na fábrica.
Existe também um grupo de profissionais trabalhando no horário administrativo,
composto de um planejador e alguns profissionais. A função do planejador é a organização
das atividades do setor e distribuição das tarefas para os profissionais deste horário. Isso inclui
o planejamento das paradas de produção, destinadas à manutenção preventiva e corretiva
programada, participação em reuniões para discussão de problemas e previsão de ações, bem
62
como avaliação prévia das ações solicitadas, sejam estas geradas pela produção ou mesmo
pelo pessoal de manutenção. Este grupo de profissionais se destina à cobertura de férias dos
profissionais do horário de rodízio, apoio às equipes no caso de necessidade e atuação nas
manutenções preventivas, principalmente com parada de máquina, seja realizando-as ou
mesmo orientando profissionais do corpo de apoio e terceirizados, que venham a atuar nestas
operações.
O corpo de apoio à manutenção deve ser acionado para fornecer mão de obra
qualificada para os setores nas seguintes condições: no caso de grandes intervenções
(programadas ou não), para inspeções preventivas, manutenções corretivas programadas ou
modificações. Pode-se, também, utilizar profissionais terceirizados, visto que se realiza um
planejamento antecipado da atuação destes profissionais em toda a fábrica que, via de regra,
não deve ser desrespeitado. Neste caso, os profissionais servem somente como mão de obra,
pois o planejamento e eventuais orientações técnicas quanto à intervenção devem ser de
responsabilidade do setor de manutenção.
Quanto à formação de base, os profissionais da manutenção setorial são mecânicos e
eletricistas com formação profissionalizante ou mesmo formação técnica de nível médio.
Corpo Técnico da Manutenção
Este grupo é formado por profissionais oriundos de todos os setores de manutenção da
fábrica. Estes profissionais são engenheiros ou técnicos com grande experiência na fábrica,
que têm a função de dar suporte técnico ao corpo de manutenção setorial, tendo seu principal
foco em garantir a confiabilidade dos equipamentos. Este grupo tem um responsável, cuja
função é dar homogeneidade ao tratamento dos diversos setores, assim como ter uma visão
geral quanto às necessidades da fábrica. Este suporte é bastante abrangente no que se refere
às possibilidades:
9 Apoio na atuação da manutenção setorial em caso de necessidade;
9 Elaboração e manutenção do plano de inspeções preventivas;
9 Realização da formação e reciclagem dos profissionais da manutenção setorial, no
que se refere aos equipamentos a eles confiados;
9 Análise periódica dos registros de manutenção para ações de médio e longo prazo,
63
visando melhorar a confiabilidade e manutenabilidade dos equipamentos;
9 Procurar unificar as ferramentas e metodologias de ação da manutenção em todos
os setores da fábrica, procurando não ter diferenças sensíveis de base entre as
manutenções setoriais;
9 Estudo da obsolescência dos equipamentos do parque;
9 Acompanhamento dos indicadores definidos para avaliar a eficiência dos setores de
manutenção e definição de ações corretivas.
Por ser um novo setor dentro da estrutura da manutenção, os profissionais ainda
desenvolvem seu trabalho direcionado para o seu setor de origem porém, acredita-se que no
futuro, em função do relacionamento entre eles e eventuais participações em outros setores,
estes profissionais poderão ampliar o seu campo de atuação, chegando até a ser um suporte
para toda a fábrica. Em parte este intercâmbio já vem sendo realizado pois, cada um tem uma
característica diferente no que se refere a habilidades e estes atributos são colocados à
disposição de todos.
Como acessoria, dentro deste corpo técnico, existe um profissional com a finalidade de
coordenar e organizar a formação dos profissionais da manutenção, sejam estas de base ou
específicas dos equipamentos. Este profissional tem um contato direto com os chefes das
manutenções setoriais, avaliando as necessidades de formação e reciclagem dos profissionais.
Outro ponto que cabe a este membro do corpo técnico é a avaliação técnica anual dos
profissionais, em função das formações recentemente realizadas e aspectos de segurança. Um
ponto que vem sendo visado cada vez mais no processo de melhoria das competências é a
polivalência dos profissionais de manutenção, levando-se em conta a função que cada um hoje
ocupa.
Também existe um profissional que se encarrega da gestão da ferramenta de registro
de intervenções utilizada pela manutenção. Esta se refere ao software específico para esta
atividade, que serve como um grande banco de dados das intervenções da manutenção. Estas
informações são utilizadas para a elaboração de indicadores, que são acompanhados com o
objetivo de avaliar o desempenho da manutenção em cada um dos setores existentes. Estes
também servem como base para a definição de ações que venham a melhorar a confiabilidade
dos equipamentos, em face de se poder ter uma visão bastante clara dos equipamentos e
subconjuntos que mais penalizam o setor de produção, bem como os que mais ocupam os
64
profissionais de manutenção. A sua implantação se deu junto com as mudanças adotadas.
Quanto maior o tempo, mais clara será esta visão que se poderá ter do parque de máquinas,
dando à manutenção, condições de ter sob controle o estado dos equipamentos. Pode-se
dizer que é como um médico de família, que bem conhece os seus pacientes e seu histórico de
vida.
Outra função deste profissional é a auditoria dos planos de manutenção, no que diz
respeito a sua aplicação e efetiva realização, emitindo um relatório, sinalizando deficiências e
possibilidades de evolução.
Corpo de Apoio à Manutenção
Constitui-se de um grupo de profissionais à disposição das manutenções setoriais para
trabalhos urgentes. Neste contexto inclui-se também a gestão de contratos com empresas
terceirizadas para a realização de tarefas que não sejam urgentes e não façam parte da
atividade fim da empresa. Através desses contratos, as tarefas podem ser realizadas nas
instalações da empresa contratada, ou mesmo internamente nas instalações da contratante (
com contingente de profissionais disponível 100% do tempo ). Pode-se citar as seguintes
tarefas:
9 Trabalhos de pintura e carpintaria;
9 Trabalhos de serralheria para reparo de estruturas;
9 Usinagem de peças;
9 Avaliação e pequenos reparos de motores elétricos;
9 Teste e reparos urgentes de equipamentos hidráulicos e pneumáticos;
9 Apoio à manutenção preventiva, corretiva programada e modificações nas
manutenções setoriais.
Armazém de Peças de Reposição
Este setor tem a finalidade de administrar e disponibilizar para a manutenção as peças
de reposição consideradas importantes e/ou de desgaste, passíveis de substituição. O
65
trabalho de codificação destes componentes é fruto de uma avaliação em conjunto dos setores
de projeto e manutenção, quando da implantação de um novo equipamento na planta. Outro
papel importante deste setor é a homologação de fornecedores e o processo constante de
nacionalização de componentes importados que possam ser encontrados no mercado
nacional.
No que diz respeito a componentes recuperáveis, também é da competência deste setor
a gestão da recuperação de peças e homologação de prestadores de serviço, bem como a
verificação da qualidade dos reparos após a sua realização.
Uma ação experimental que está sendo desenvolvida na área de materiais e peças de
reposição, é a parceria com distribuidores de famílias de materiais que tenham um consumo
regular dentro da empresa. Encontra-se instalado na fábrica um posto avançado de um
distribuidor de materiais elétricos, disponibilizando uma família de materiais para uso quando
necessário. Periodicamente, efetua-se um balanço do que foi consumido, sendo faturado para
a empresa. Desta forma, a empresa reduz o montante investido em estoque, dando à empresa
parceira exclusividade no fornecimento e garantia de um valor médio mensal de consumo.
Caso o material desejado não exista em estoque, existe o compromisso da empresa parceira
de providenciar a sua entrega no menor tempo possível.
III.4- Diagrama em Blocos do Processo de Manutenção de Equipamentos
O processo de manutenção de equipamentos na empresa observada envolve
basicamente os setores de produção, manutenção setorial, corpo técnico da manutenção e
corpo de apoio à manutenção setorial. Quando se refere ao corpo de apoio à manutenção
setorial, inclui-se também a possibilidade de utilização de mão de obra terceirizada.
Na Figura 13, pode-se observar de maneira global, como se desenvolve todo esse
processo. Cada uma das linhas horizontais compreende uma das partes do processo e, no
interior delas é mostrada, em diagrama de blocos, a parcela de envolvimento de cada um em
cada fase do processo.
66
Sim
Setores de
Produção
Manutenção
Setorial
Manutenção
Central
Corpo
Técnico
Entrada
Saída
Ordem de
Serviço Emitida
pela Produção
Relatório de
Análise
Crítica da
Manutenção
Aceitação da
Intervenção
Avaliação do
Pedido de
Intervenção
Realização
da
Intervenção
Registro da
Intervenção
Gerenciamento
das
Intervenções
Realizadas
Análise da
Satisfação
Cliente
Programação de
Apoio
Apoio Não
Programado
Plano de
Manutenção
Elaborado
Análise
Técnica
Solicitação da
Criação de
Plano de
Manutenção
Recepção
do
Equipamento
Auditoria do
Plano de
Manutenção
Planejamento
de Paradas de
Produção
Plano de
Ação de
Manutenção
Relatório de
Análise
Crítica
Não
Relatório
Mensal de
Manutenção
Figura 13 - Diagrama em Blocos do Processo de Manutenção na Empresa Observada
67
III.5- Descrição do Processo de Manutenção de Equipamentos
A manutenção setorial é acionada através de uma ordem de serviço oriunda do setor de
produção, ou mesmo através do relatório de auditoria das atividades de manutenção. Este
acionamento diz respeito ao atendimento de uma necessidade de intervenção que foi
observada pelo setor de produção ou algum desvio e/ou irregularidade de atuação, observada
durante o processo de auditoria interna ou externa, com a finalidade de servir como uma
análise crítica da atividade de manutenção, corrigindo o seu curso. Cada uma das ações
possíveis por parte da manutenção, encontram embasamento em MONCHY (1989), TAVARES
(1999) e BRANCO FILHO e LIMA NETO (2000), apresentadas no capítulo II.3.
Inicialmente a manutenção setorial avalia o pedido de intervenção. Essa avaliação
consiste inicialmente na procedência ou não da elaboração de um plano de manutenção, ou
seja, se cabe a adoção de uma ficha de inspeção preventiva que possa evitar a ocorrência do
problema observado. Se esse for o caso, solicita-se ao corpo técnico da manutenção a
elaboração do referido plano. Dentro do próprio corpo técnico da manutenção efetua-se a
validação do plano que foi criado, até que este se enquadre dentro dos critérios formais que
balizam este processo. A tarefa de criação cabe a um grupo de profissionais e a de validação
cabe a um único profissional que é uma espécie de consultor de métodos e processos dentro
do corpo técnico.
Caso não proceda a necessidade de elaboração de um plano de manutenção, a
questão seguinte a ser respondida é: trata-se de manutenção preventiva? Caso afirmativo, é
avaliada a necessidade de reforço da mão de obra do corpo de apoio à manutenção ou não.
Em ambos os casos elabora-se o planejamento de uma parada do equipamento para
manutenção programada.
Caso não caiba a manutenção preventiva, o próximo passo é avaliar a necessidade de
uma manutenção corretiva de emergência, isto é, avaria que impossibilite o funcionamento de
algum dos equipamentos de produção que deveriam estar funcionando, comprometendo desta
forma os resultados de produção a serem obtidos pelo processo como um todo. Em caso
negativo, avalia-se a necessidade ou não de apoio do setor competente e passa-se para a
programação de uma manutenção corretiva programada.
Caso se trate de uma ação de manutenção corretiva de emergência, a equipe de
manutenção setorial é acionada – pessoal que trabalha em turno, destinado a manutenção
corretiva emergencial, ou seja, a chamada intervenção de primeiro nível - e avalia a
68
necessidade ou não de apoio emergencial, este pode ser oriundo do próprio setor de
manutenção - pessoal do horário administrativo - ou mesmo do corpo de apoio.
Em seguida, o serviço é realizado - tanto para esta alternativa quanto para as
alternativas anteriores - e solicita-se ao setor de produção a avaliação e aceitação do trabalho
realizado, que se dá através da verificação do perfeito funcionamento do equipamento. Em
caso positivo, a produção “recebe” o equipamento, reiniciando assim o processo de fabricação
que havia sido interrompido. Caso contrário, o processo retorna até que o cliente esteja
satisfeito com a atuação do corpo de manutenção.
Ao terminar a intervenção, efetua-se o seu registro em software dedicado às atividades
de manutenção. Desta forma, se processa o enriquecimento de um banco de dados com as
intervenções de manutenção, contemplando todos os equipamentos de responsabilidade do
setor em questão. Diariamente, o responsável pela manutenção setorial realiza o
gerenciamento destas intervenções através de consulta ao banco de dados, tomando
conhecimento do que ocorreu no período anterior e corrigindo eventuais distorções no que foi
descrito pelos interventores. Periodicamente, por parte do corpo técnico da manutenção,
efetua-se a análise deste banco de dados para um período determinado - normalmente um
mês - avaliando as ocorrências e o que pode ser feito para que as mesmas não mais ocorram,
isto é, se couber alguma ação para tal. Caso se entenda que não há o que fazer para evitar a
ocorrência, fica o registro e, em caso de reincidência, isto pode vir a determinar a geração de
uma ação preventiva, sistemática ou não, onde se defina a substituição de um conjunto, antes
da ocorrência da pane. De fato, o resultado desta análise se constitui no fechamento do
processo de avaliação do plano de manutenção existente, contribuindo para a sua melhoria.
Entendendo-se que alguma ação possa ser elaborada para melhoria da confiabilidade, será
gerado um plano de ação de manutenção, que irá conter todas essas ações.
Faz-se necessária a elaboração periódica de um relatório das ações da manutenção
setorial, bem como os seus resultados efetivos em relação aos objetivos estabelecidos, para
que seja disponibilizado para o setor de produção - cliente direto da manutenção - para que
seja avaliada a sua satisfação em face do trabalho realizado.
O profissional do corpo técnico da manutenção, responsável por métodos e processos,
periodicamente efetua uma auditoria de todo este processo, em cada um dos setores de
manutenção, buscando evidenciar desvios que possam estar ocorrendo na atuação da
manutenção e que possam comprometer a parcela de responsabilidade da manutenção dentro
dos objetivos traçados para a empresa como um todo. Considera-se também, neste processo
69
de auditoria, o atendimento a critérios estabelecidos por normas de certificação, às quais
devem ser seguidas e, segundo às quais sofre-se auditorias periódicas tanto internas quanto
por órgãos externos de avaliação, para que se possa manter a chancela da referida
certificação. A manutenção destas certificações é de suma importância para a atividade das
empresas pois são uma exigência do mercado para que se continue fazendo parte deste. O
fruto deste processo de auditoria é um relatório - que se pode denominar como de análise
crítica da atividade de manutenção - que servirá para a avaliação e implantação de ações
corretivas na filosofia de atuação da manutenção.
Observando-se o descrito acima, quanto ao processo de manutenção dos
equipamentos, pode-se identificar claramente a aplicação dos estudos de SINK e TUTTLE
(1993), no que diz respeito ao Modelo de Gestão do Desempenho Organizacional. Trata-se do
corpo técnico transformando os dados coletados em informação, para dar início a uma análise
que irá gerar definições importantes para o melhor desempenho da atividade de manutenção.
III.6- A Obtenção de Resultados
A manutenção industrial encontra-se, cada vez mais, comprometida com os objetivos
estabelecidos para manter a competitividade das empresas no mercado em que atuam. Cabe
a ela administrar uma considerável parcela dos custos envolvidos no processo de fabricação.
Estes encontram-se embutidos nas seguintes tarefas:
9 Definição da substituição de componentes dos equipamentos;
9 Definição e gestão da contratação de terceiros;
9 Atenção constante quanto à obsolescência do parque de máquinas e;
9 Manter o parque de máquinas em funcionamento o maior tempo possível,
permitindo que a operação possa extrair o melhor resultado possível dos ativos que
encontram-se a sua disposição.
Hoje a palavra chave na relação produção x manutenção é a garantia da confiabilidade
dos equipamentos.
Medir o desempenho da manutenção sempre foi uma árdua tarefa. A avaliação se dava
no campo do “sentimento”, em função do que representaria um bom desempenho para cada
70
um dos avaliadores. Para tornar mais claro e mensurável o que venha a ser um bom
desempenho, definiu-se indicadores numéricos para facilitar o processo de avaliação. Desta
forma, é possível que se faça uma comparação entre diversas empresas dentro de um mesmo
grupo ou mesmo entre empresas diferentes que atuam no mesmo segmento de mercado.
Assim sendo, as empresas podem traçar objetivos para um determinado período de
tempo, avaliar os resultados obtidos e, em função destes, prever ações de curto, médio ou
longo prazo para perenizar e/ou até mesmo melhorar os objetivos desejados.
Ao constatar as circunstâncias de um mercado cada vez mais globalizado e,
conseqüentemente competitivo, observa-se uma preocupação muito grande das empresas em
traçar estratégias para melhoria do desempenho e obtenção dos resultados desejados. O
resultado final deste processo de busca de resultados reflete a eficácia da atividade produtiva.
Trazendo esta visão para o dia a dia da manutenção industrial, observa-se que foram
definidos os indicadores de classe mundial que são tomados como base para a avaliação e
comparação das equipes de manutenção. Buscar a obtenção destes indicadores é uma
questão de sobrevivência para as empresas, visto que hoje os investimentos podem migrar de
um lado ao outro do mundo em um espaço de tempo muito curto. O capital se dirige no sentido
de bons resultados e maior lucratividade. Perenizar estes resultados também é um desejo
presente na gestão da manutenção industrial porém, são ações que demandam um longo
tempo para que os frutos sejam colhidos.
III.7- A Implantação de um Novo Software de Manutenção
A empresa já utilizava um software dedicado a atividade de manutenção, desenvolvido
por ela mesma, não sendo utilizado em todas as suas unidades. Havia a necessidade de
manter uma estrutura especializada, que não faz parte da atividade fim da empresa, destinada
a atualização periódica deste, assim como outros softwares desenvolvidos para outras áreas
de atuação.
Com a necessidade cada vez mais presente de reduzir custos e dedicar-se
prioritariamente à sua atividade fim, decidiu-se que a ação mais coerente seria buscar no
mercado um software, desenvolvido por uma empresa especializada, sendo constantemente
atualizado para se manter em fase com as evoluções naturais dos equipamentos e sistemas
operacionais existentes.
71
A utilização de um software para a manutenção passou a ser considerado um fator
fundamental para a atividade de manutenção, em função da necessidade da análise de
informações por parte do corpo técnico para a tomada de decisões no chão de fábrica, geração
de indicadores para o acompanhamento e melhor entendimento dos resultados da própria
manutenção, bem como os resultados da produção. Com a geração destes indicadores,
padronizados dentro do grupo, as diversas unidades podem ter suas atuações comparadas,
com a finalidade de efetuar uma avaliação de desempenho. Essas informações devem ser
disponibilizadas em meio informático para as diversas hierarquias dentro da empresa.
O Processo de Escolha da Ferramenta
A escolha da ferramenta a ser utilizada se deu através do trabalho de um grupo
multidisciplinar, que efetuou uma pesquisa no mercado, procurando identificar os softwares que
se encontravam disponíveis, bem como todo um conjunto de características embarcado para
suportar as necessidades da empresa. Isso se torna necessário pelo fato destes softwares
serem desenvolvidos com foco no mercado como um todo, procurando abranger a um número
maior possível de empresas que atuam na área de manutenção. Sabe-se, contudo, que cada
tipo de atividade de manutenção e cada grupo de empresas têm as suas características
peculiares, bem como características individuais. Pode-se citar como exemplo as seguintes
características:
9 Ser um software “for Windows”;
9 Ter a base de dados compatível com a dos softwares corporativos utilizados pela
empresa, possibilitando troca de informações entre eles;
9 Possibilidade de interfaceamento com uma central telefônica digital;
9 Disponibilidade de recursos de acordo com as necessidades da atividade de
manutenção da empresa, sem que sejam necessárias grandes customizações;
9 Possibilidade de customizar expressões e textos para melhor ajustá-los à
linguagem consagrada no dia a dia da empresa;
9 Disponibilidade da empresa fornecedora em ter representação e/ou dar suporte em
grande parte dos países do mundo, por tratar-se de uma empresa que tem
abrangência mundial.
72
Ao término desta pesquisa, três softwares foram selecionados para que se pudesse
efetuar um pequeno teste de funcionamento. Após esta fase, foi escolhido o software chamado
MP2, cujo fabricante é a Datastream, e implantado em uma unidade, para que se pudesse
fazer uma avaliação real, em campo, procurando aprender quanto a sua utilização e observar o
que seria preciso tratar a nível de customização. Durante dois anos de convivência com o
novo software, as arestas foram aparadas, e a decisão de adotá-lo como a ferramenta comum
a ser utilizada pela empresa foi tomada. Não significa que todas as unidades tenham que
implantá-lo, imediatamente, ou mesmo que tenham de implantá-lo. As diversas unidades tem
autonomia para decidir quanto as suas necessidades e o melhor momento, porém a
recomendação já é uma realidade.
O Processo de Implantação na Fábrica
A empresa em questão estava prestes a iniciar este processo de reestruturação da
manutenção quando da divulgação desta informação. Mesmo sabendo da recomendação
corporativa, a empresa efetuou uma pesquisa de outros fornecedores para avaliar as
alternativas disponíveis no mercado. Para que se pudesse balizar este processo de procura,
definiu-se que o software teria que ter as seguintes características, além das consideradas no
processo de escolha da organização como um todo:
9 Que o mesmo tenha uma posição consolidada no mercado, sendo utilizado por
grandes empresas;
9 Que o seu fabricante tenha uma sólida representatividade geográfica para garantir
suporte técnico no continente como um todo;
9 Que o seu fabricante seja uma empresa sólida, vislumbrando-se assim segurança
quanto a tomada de decisão.
Pode-se citar dois outros softwares dedicados a atividade de manutenção que foram
consultados, com reais possibilidades de serem utilizados, são eles:
9 Modulo de Manutenção do Sistema de Informação JDE ( J. D. Edwards), utilizado
pela empresa como plataforma para gerenciamento das informações;
9 Software denominado SAP, desenvolvido pelo fabricante de mesmo nome.
73
Após avaliar as duas principais alternativas de concorrência encontradas e, levando-se
em consideração a opção corporativa, tomou-se a decisão de efetuar a implantação do
software MP2 como parte componente das modificações a serem efetuadas.
Além dos critérios definidos inicialmente, também devem ser considerados, no processo
de escolha, critérios que dizem respeito a viabilidade de utilização da ferramenta para atender
plenamente às necessidades vislumbradas quanto ao uso das informações geradas dentro
deste processo. Deve-se responder a perguntas tais como:
9 Com que finalidade as informações geradas serão utilizadas?
9 O sistema tem capacidade de colher os dados que se precisa?
9 O sistema tem as características que se deseja?
9 E, por fim, o sistema fornece as informações que se deseja, no que diz respeito a
tipo e forma?
Esta tomada de decisão tem como base teórica a tabela do Anexo 1, apresentada por
ANDERSEN e HENRIKSEN ( 2004 ), tomando-se como foco principal os ítens 1, 2, 10, 13 e 14,
que são destacados na Tabela 1 do Capítulo I, página 22, e descritos no Capítulo II.
Desta forma, verificando-se cada uma das condições para que o sistema possa atender
aos principais pontos apresentados e, comparando-as com as características do software
recomendado pelo grupo, pode-se concluir que o mesmo atende plenamente às colocações
apresentadas por ANDERSEN e HENRIKSEN (2004), para atender às necessidades
acentuadas nos cinco ítens que foram ressaltados, possibilitando que se possa melhor
enxergar a atividade de manutenção. Assim sendo, deu-se andamento ao processo de
implantação do novo sistema.
O processo de implantação iniciou-se com a criação de uma equipe, composta de
pessoas da manutenção e do setor de informática, para discutir com a empresa fabricante do
software o processo de implantação da ferramenta, principalmente no que diz respeito ao
interfaceamento com as aplicações utilizadas na rede ora existente. Também ficou definido
que seria utilizado um servidor dedicado a aplicação da manutenção. Para partir o processo,
foram definidas as seguintes interfaces:
74
9 Com o software do setor de pessoal, buscando as informações sobre os
funcionários, principalmente no que diz respeito ao nome, registro e horário de
trabalho;
9 Com o software do armazém de peças de reposição, possibilitando a consulta do
código das peças por parte dos profissionais.
Outras interfaces desejadas poderiam ficar para depois pois sabia-se que demandaria
algum tempo até se ter a ferramenta completamente implantada na fábrica, as pessoas
plenamente formadas e conscientizadas quanto a sua utilização e, conseqüentemente, um
banco de dados confiável para retratar fielmente a situação da manutenção. Pode-se citar,
como exemplo, as interfaces de requisição de materiais ao armazém e comunicação com a
central telefônica para informar aos profissionais de manutenção a abertura de uma nova
ordem de serviço. Consultando o Anexo 3, pode-se ter uma visão geral das principais telas do
referido aplicativo.
O projeto estava assim elaborado e cada um dos passos foram definidos para
transformar uma base de dados em informações numéricas que possam apresentar uma visão
clara do desempenho da manutenção industrial. A boa ferramenta capaz de gerar as
informações desejadas foi adquirida, têm-se profissionais experientes, será dada a formação
necessária, foram definidos os indicadores de desempenho e, existirá um setor para realizar a
análise das informações e transformá-las em ações corretivas.
A Preparação da Base de Dados
Para que se pudesse implantar a ferramenta no chão de fábrica, verificou-se a
necessidade de carregamento de uma quantidade mínima de informações para que os
profissionais pudessem efetuar o registro das suas intervenções. Outro ponto importante
quanto ao carregamento desta base de dados, é prepará-la para possibilitar a exploração no
futuro pelo corpo técnico da manutenção, visto que algumas expressões tem que ser
padronizadas para que se possa utilizar o recurso de filtro na exploração dos dados. Tais
informações foram:
9 Codificação do parque de máquinas da fábrica, dividido pelos setores onde se
encontram. Isso inclui um pacote grande de informações, no qual se encontra
também o centro de custo de cada uma delas;
75
9 Codificação de expressões que representarão o sintoma do problema observado, a
falha que efetivamente ocorreu e, a solução adotada pelo profissional;
9 Nome e registro dos funcionários;
9 Codificação para os tipos de intervenção possíveis, incluindo trabalhos
administrativos, formação etc.
Esta tarefa foi confiada a um técnico de cada um dos setores de manutenção,
aproveitando a experiência que cada um já possuía nos referidos setores. Um ponto que foi
considerado neste processo foi o aproveitamento das expressões já utilizadas pelo pessoal do
chão de fábrica, com base no software anteriormente utilizado, procurando facilitar a vida dos
profissionais no dia a dia.
Em paralelo com este processo, tais profissionais passaram por um treinamento
referente ao uso desta ferramenta. Num primeiro momento, o objetivo principal era permitir que
pudessem manuseá-la para o carregamento dos dados, bem como, no futuro, auxiliar no
treinamento dos profissionais de manutenção e dar suporte às dúvidas que porventura vierem
a ocorrer na fase inicial da implantação.
A Formação dos Profissionais
Antes da colocação em funcionamento do novo software, programou-se uma formação
para todos os profissionais que iriam fazer uso do mesmo. A formação contemplou
exclusivamente os pontos necessários para o preenchimento das “Ordens de Serviço”
referentes às intervenções realizadas.
Alguns profissionais da produção também receberam esta formação, em função da
intenção de fazer a abertura das “Ordens de Serviço” pelos operadores de produção. A
finalidade deste expediente seria utilizar um recurso existente no software, de medir o tempo
de espera para atendimento.
Durante o processo de formação, foram encontradas dificuldades maiores do que o
esperado. O software utilizado anteriormente era muito simples, base DOS, com uma
sequência pré-definida durante a inserção das informações. Sendo o novo software base
Windows, utilizando uma série de “janelas” para a mudança de áreas de inserção de dados.
76
Muitos profissionais tiveram uma grande dificuldade no manuseio da nova ferramenta.
É perfeitamente compreensível esta dificuldade. Boa parte dos profissionais carregam
uma larga experiência, bem como tempo de casa, e ainda não estavam muito bem
familiarizados com o manuseio de um computador, assim como o processo de paginação da
nova ferramenta.
Apesar de terem sido dados todos os esclarecimentos quanto a finalidade da utilização
da nova ferramenta, e a sua utilidade para a análise dos dados registrados, outro ponto
observado foi uma certa desconfiança dos profissionais quanto a esta finalidade. O fato do
software permitir diversos tipos de análise de dados, inclusive no que diz respeito ao tempo
despendido por cada um dos profissionais durante um dia de trabalho, em cada uma das
atividades, fez com que alguns profissionais o olhassem como um vigia, um “dedo-duro”.
Com base nos estudos apresentados por ANDERSEN e HENRIKSEN ( 2004 ), deve-se
ter cautela no processo de implantação. Alguns cuidados devem ser tomados antes e durante
tal processo. Outro ponto que cabe perfeitamente ressaltar neste momento, é a presença da
subjetividade apresentada por PEIXOTO (2000) e (2004), e PEIXOTO, DIAS e XAVIER (2003),
no que tange ao imponderável. Não se poderia imaginar que tais dificuldades pudessem
surgir, apesar de tentarmos entendê-las após o seu surgimento. Porém, não se sabe ao certo
se foram limitações que afloraram ou mesmo se tratou-se de uma manifestação figurada de
algum tipo de insatisfação ou incerteza. Dentro do relato do que foi observado, podemos
observar outros aspectos que ilustram tal subjetividade.
A Implantação em um Setor Específico de Manutenção
Tomando-se como foco um setor específico de manutenção, a implantação se deu de
forma conturbada. Apesar de todo suporte necessário ter sido dado, as observações efetuadas
durante o processo de formação se concretizaram na prática. As pessoas tiveram uma
dificuldade grande para transferir os dados para o sistema, tanto os profissionais de
manutenção como os de produção.
O resultado mais imediato foi a interrupção da utilização por parte dos profissionais de
produção, retardando a utilização da medida do tempo de espera. Não foi simplesmente uma
dificuldade de utilização do sistema, também ocorreu uma falha na comunicação e organização
das equipes de manutenção e produção. O resultado foi um grande número de “Ordens de
Serviço” abertas erradamente e não finalizadas pelos profissionais de manutenção.
77
Por parte dos profissionais de manutenção a solução foi buscar um pouco mais de
paciência e disponibilização de tempo para tirar suas dúvidas. Foi efetuado, inclusive, um novo
processo de formação junto a eles. Com o passar do tempo, os profissionais passaram a
ganhar mais confiança na utilização da ferramenta, entendendo-a melhor.
Logo em seguida à partida, houve o carregamento do sistema com as tarefas de
manutenção preventiva. A definição das tarefas a serem programadas representam uma ação
criteriosa, onde se deve levar em consideração a real necessidade de cada uma delas pois,
para tal, existe todo um comprometimento de efetivo e disponibilização de máquina parada por
parte da operação. Na Figura 3 (Exemplo de Árvore de Decisão para a Criação de uma
Inspeção Preventiva) apresentada no capítulo II, página 35, encontram-se fundamentos
teóricos para auxiliar nesta tomada de decisão, otimizando-se ao máximo os recursos
existentes. Esta teoria diz respeito aos estudos de BRANCO FILHO e LIMA NETO (2000), e é
complementada pela teoria das taxas de falha, também apresentada por estes autores.
O sistema gerencia a geração destas tarefas, que são transformadas em “Ordens de
Serviço”, e disponibilizadas para serem realizadas pelos profissionais. Para efetuar o
gerenciamento da programação destes trabalhos, surgiu a figura do planejador junto aos
profissionais. Este profissional planeja e distribui todos os trabalhos para os profissionais de
manutenção, desde que não sejam de manutenção corretiva imediata.
III.8- Os Indicadores Escolhidos para Acompanhamento
Com a finalidade de avaliar o desempenho e possibilitar o benchmarking dentro da
atividade de manutenção, foram estabelecidos indicadores, que podem ser identificados como
integrantes do grupo “classe mundial”. Tais indicadores são apresentados na teoria de
MONCHY (1989) e TAVARES (1999), como pontos a serem acompanhados pelo corpo da
manutenção. Outros indicadores também foram definidos para melhor retratar os passos que
estão sendo dados pela manutenção. São eles:
9 Número de Falhas;
9 Tempo Médio entre Falhas ( TMEF );
9 Tempo Médio para Reparo ( TMPR );
78
9 Tempo Médio de Carga de Depanagem ( TMCD );
9 Indisponibilidade ( I );
9 Indisponibilidade por Pane ( IP );
9 Horas Gastas com Manutenção Corretiva;
9 Horas Gastas com Manutenção Corretiva Programada;
9 Horas Gastas com Manutenção Preventiva ( Inspeções e Sistemáticas );
9 Horas Gastas com Modificações;
9 Horas Gastas com Outras Atividades ( Formação, Auxílio a Produção, etc... ).
Para que se possa gerar e disponibilizar os resultados de tais indicadores, partiu-se
para o desenvolvimento de um programa que buscasse estas informações na base de dados
do software de manutenção, disponibilizando-as para os usuários diretamente sob a forma de
gráficos, ou mesmo possibilitando o acesso às tabelas que eles representam. Apresenta-se
esses indicadores para cada uma das máquinas existentes na planta fabril, bem como um total
geral referente ao setor como um todo.
O processo de escolha e definição de indicadores, nos remete à Figura 2 do capítulo 1,
página 13, bem como a teoria apresentada por SINK e TUTTLE (1993). Deve-se ter uma visão
clara do sistema organizacional que se tem como foco, para que possamos bem definir o que
se pretende medir e avaliar. Bem retratar os sete critérios de performance apresentados pelos
autores dentro da atividade em questão, é o início de um bom caminho nesta fase do processo.
Porém, no caso ora estudado, nos parece que não foram considerados os critérios presentes
na teoria para definir qual o objetivo de cada um dos indicadores escolhidos. É como se
fossem escolhidos instrumentos para serem colocados em um painel, sem que os mesmos
tenham sido agrupados de maneira coerente, procurando dar um significado mais abrangente
às informações individualizadas.
Voltando aos estudos de PEIXOTO (2002), pode-se dizer que os indicadores procuram
materializar, através de números, a avaliação de desempenho de uma atividade. Porém, este
processo de materialização é cercado de visões diferenciadas. A escolha dos indicadores a
79
serem acompanhados já reflete a estratégia adotada pela organização. Eles serão a
ferramenta para que o desenrolar dos rumos traçados seja observado. Outro ponto a ser
salientado, diz respeito aos indicadores “classe mundial”. Mesmo sendo indicadores
nominalmente padrão, pode existir todo um significado diferente para os números que estes
apresentam. Cada organização pode definir os critérios desejados para a obtenção dos
números a serem apresentados. Essas definições, de certo são carregadas de aspectos que
podem fazer parte da cultura da atividade ou mesmo da organização, bem como trabalhar em
defesa de interesses políticos que permeiam a vida das organizações, sejam estes pessoais ou
mesmo institucionais.
Os dados são atualizados diariamente, com base nos novos dados introduzidos pelos
profissionais de manutenção. Desta forma, pode-se ter uma visão clara do andamento dos
trabalhos na oficina a qualquer momento. Também desenvolveu-se um outro programa que
apresenta a relação de todas as “Ordens de Serviço” preenchidas num determinado intervalo
de tempo. É uma forma prática para que os profissionais que trabalham em horário de rodízio,
isto é, no trabalho de manutenção corretiva, saibam dos trabalhos que foram realizados pela
equipe que eles estão substituindo, bem como quais deles ainda estão pendentes. Também
serve de ferramenta para o responsável pelo setor de manutenção e o corpo técnico que, todas
as manhãs, pode se informar quanto aos trabalhos realizados no período noturno, ou mesmo
nas últimas 24 horas.
III.9- A Exploração do Software e Análise de Resultados em uma Oficina de Manutenção
III.9.1- Características do Parque de Máquinas do Setor Analisado
O parque de máquinas em questão é composto de alguns equipamentos que são
responsáveis pela fabricação de subprodutos para a composição do produto final fabricado
pela empresa, porém este é considerado o produto final do departamento em que estes
equipamentos se encontram. Passaremos a denominar estes equipamentos de Equipamentos
Principais. Dentro dos objetivos de produção da empresa, existe a necessidade de um
determinado volume de produção para o bom andamento do trabalho como um todo.
Na verdade, tais equipamentos podem ser considerados como grandes máquinas,
compostas por diversos módulos independentes, interligados uns aos outros, dentro de uma
seqüência funcional. Observa-se a existência de um caminho crítico dentro do referido
processo. Desta forma, a parada de um módulo que faz parte da referida máquina pode, ou
não, representar uma parada da máquina como um todo. Se este fizer parte do caminho
80
crítico, o processo é interrompido até o seu restabelecimento. Caso este não faça parte do
caminho crítico, o processo produtivo tem seu rítimo comprometido mas não é interrompido.
Tais equipamentos são conduzidos por um sistema sofisticado de automação porém,
existe a presença de operadores em alguns pontos do equipamento, onde esta presença se faz
necessária, para algumas intervenções e tomadas de decisão durante o processo de
fabricação.
Existem também alguns equipamentos que fazem parte do processo de produção, cuja
tarefa é o beneficiamento de matérias-primas, que são utilizadas no processo pelos
Equipamentos Principais. Passaremos a denominar estes equipamentos de Equipamentos de
Preparação. No caso destes, uma parada pode não interferir em nada na produção dos
Equipamentos Principais.
Quanto à característica física dos equipamentos que compoem o parque em questão,
os Equipamentos Principais são equipamentos de grande porte, e têm a característica de uma
mecânica pesada e, como já foi mencionado acima, são controlados por uma automação
sofisticada, com diversos níveis de supervisão. Já os Equipamentos de Preparação são de
menor envergadura, tendo contudo alguns componentes que têm características de uma
mecânica pesada. Mesmo tendo menores dimensões, não dispensam a aplicação do controle
automático.
Em função das características de mecânica pesada do parque de máquinas, é natural
que algumas intervenções que se façam necessárias sejam demoradas e comprometam a
produção dos Equipamentos Principais. Desta forma, é mantido um estoque estratégico do
produto final, bem como “pulmões” intermediários para a produção de responsabilidade dos
Equipamentos de Preparação. Desta forma, eventuais paradas longas, têm seus reflexos no
compromisso final do departamento com a produção da fábrica absorvidos pelo estoque médio
estabelecido para esta fase do processo.
III.9.2- A Máquina Estudada
Os indicadores que foram utilizados para a condução deste estudo, dizem respeito a um
dos Equipamentos Principais. Este equipamento é responsável por cerca de 60% da produção
final do departamento em que se encontra. Tal equipamento já se encontra em operação há
cerca de 12 anos, e é composto por 13 módulos, que executam as diversas tarefas que
compoem o processo como um todo.
81
Conforme pode ser observado na Figura 14, utilizando-se uma visão de caminho crítico,
a parada de um dos módulos M1 à M4 e M10 à M13, interrompe imediatamente o
funcionamento do equipamento, enquanto a parada de um dos módulos de M5 à M9 apenas
reduz o ritmo de produção do equipamento podendo inclusive, em função do produto que
estiver sendo produzido no momento, não acarretar problema algum para a produção.
Fluxo do Produto
M1 M2 M3 M4 M7
M6
M8
M5
M9
M10 M11
M12
M13
Figura 14 - Diagrama em blocos do equipamento, dividido em módulos.
III.9.3- O Efetivo Disponível
A oficina de manutenção estudada tem disponível um efetivo de 22 profissionais, entre
eletricistas e mecânicos, além de um chefe, responsável pela gestão do efetivo, o qual é
distribuído em quatro equipes de rotação e uma equipe de apoio. As equipes de rotação
possuem três profissionais em cada uma delas, sendo dois eletricistas e um mecânico. Um
desses profissionais é denominado líder de manutenção. Tais profissionais trabalham em
horário de rodízio, com três equipes trabalhando oito horas diárias, e uma equipe de folga.
Tais profissionais têm sob sua responsabilidade as atividades de manutenção corretiva. Os
demais profissionais (10 no total) trabalham no horário administrativo e, têm sob sua
responsabilidade as atividades de manutenção preventiva, corretiva programada e apoio às
equipes de rotação, inclusive no que se refere à cobertura de férias. Um desses profissionais,
o que desempenha a função de líder de manutenção, responsabiliza-se pela programação das
atividades dos demais integrantes da equipe, bem como o contato com o setor de produção
para o planejamento de paradas para as atividades de manutenção. Este negocia também o
apoio da equipe central, bem como empresas terceirizadas.
Vale ressaltar que antes do desenvolvimento de todo este processo de reestruturação
da manutenção da fábrica, esta oficina dispunha de um grupo maior de profissionais. Além de
oito profissionais a mais, existiam também três técnicos de manutenção para dar suporte em
caso de necessidade. Os profissionais deixaram o setor de manutenção para integrar o grupo
82
de manutenção central, que foi constituído para dar suporte aos trabalhos de manutenção
preventiva e grandes intervenções em toda a fábrica. A utilização destes profissionais tem que
ser muito bem planejada, para que nenhuma das oficinas de manutenção venha ficar
prejudicada, com a redução de efetivo que todas elas sofreram. Já os técnicos, continuam
dando suporte à oficina sempre que solicitados, porém alocados no corpo técnico central,
podendo atuar em toda a fábrica.
Outro ponto de real importância é o início da melhoria da qualificação dos profissionais
da oficina de manutenção, através de um programa de formação. Tal programa foi
desenvolvido baseado em dois pontos principais. O primeiro trata da revisão do conhecimento
dos profissionais no que se refere a formações específicas dos equipamentos. Muitos
profissionais manifestaram-se, quanto a existência de dúvidas no que diz respeito a novos
equipamentos implantados na oficina, cuja formação inicial não existiu, ou mesmo se deu de
maneira insatisfatória. Quanto aos equipamentos antigos, também evidenciou-se algumas
deficiências quanto aos conhecimentos. Desta forma, os técnicos de manutenção
organizaram-se, no sentido de programar tal reciclagem para todos os profissionais. O
segundo ponto baseia-se no desenvolvimento de novas formações de base (elétrica ou
mecânica), assim como revisão de outras já efetuadas. Neste caso, através de um convênio
com instituições conceituadas (por exemplo, o SENAI), desenvolveu-se um programa de
formação para os mecânicos e eletricistas quanto a formações de base de suas áreas, que
encontravam-se “adormecidas” na memória dos profissionais. Como exemplo pode-se citar:
hidráulica, pneumática, desenho técnico, circuitos de comando, linguagens de programação
etc. Objetivando a obtenção de um ganho quanto à disponibilidade do efetivo de rotação no
atendimento às paradas de máquina, buscou-se também o desenvolvimento de novos
conhecimentos para todos esses profissionais. Os profissionais com formação de base elétrica
receberam também algumas formações da área mecânica, passando em seguida a atuarem
nas equipes, auxiliando aos mecânicos ou, até mesmo, realizando pequenas tarefas nesta
área. O mesmo se deu quanto aos profissionais com formação de base mecânica, dentro da
área elétrica. Desta forma, buscou-se o desenvolvimento da polivalência nos profissionais de
manutenção, principalmente para os que atuam nas equipes de rotação. Isso se deu pelo fato
de 70 à 80% dos problemas que ocorrem no parque de máquinas serem tarefas de simples
solução.
III.9.4- A Exploração dos Indicadores Implantados pela Manutenção
Quando da implantação do novo software de manutenção, foram definidos alguns
indicadores a serem acompanhados. Tais indicadores têm a finalidade de acompanhar o
83
resultado do trabalho da manutenção e, através desta análise, buscar informações importantes
para a realização de ações que venham a melhorar a confiabilidade dos equipamentos. Alguns
desses indicadores surgem da teoria apresentada por TAVARES (1999) e MONCHY (1989),
que dizem respeito aos indicadores “classe mundial”. Os demais foram simplesmente
escolhidos pela equipe que pilotou tal implantação. Cabe ressaltar que, as Definições
Operacionais dos Sete Critérios de Performance apresentadas por SINK e TUTTLE (1993),
podem, e devem, servir de balizamento para identificar os indicadores a serem escolhidos para
acompanhamento, bem como qual critério eles auxiliam a avaliar. Observa-se que no estudo
de caso em questão, a escolha não foi conduzida desta forma.
Com o intuito de identificar os Critérios de Performance apresentados por SINK e
TUTTLE (1993), inseridos em cada um dos indicadores “classe mundial”, estabelecidos para a
manutenção, descreve-se as seguintes análises:
9 Disponibilidade ou Indisponibilidade de Máquina - Tal indicador possibilita que se
avalie o critério da Eficácia. O que se espera da manutenção dentro da cadeia
produtiva, é permitir que a operação tenha os equipamentos disponíveis o maior
tempo possível. Objetivos são traçados para cada equipamento e são considerados
no momento do cálculo da capacidade de produção da empresa. Em função disso,
compromissos são assumidos com os clientes;
9 TMEF ( Tempo Médio Entre Falhas ) e TMPF ( Tempo Médio para Falha ) - Tais
indicadores dão uma visão do critério de Qualidade em suas mais diversas áreas de
abrangência. O ideal é que não existam as falhas porém, elas se fazem presentes e
ocorrem de maneira diferenciada em cada um dos equipamentos. Com o passar do
tempo, determinam-se médias históricas que servirão de base para comparações no
futuro. Os fatores determinantes para a definição destes tempos encontram-se na
qualidade do projeto realizado, na qualidade dos equipamentos adquiridos e/ou
fabricados, na qualidade do reparo interno e/ou externo dos equipamentos que se
danificam, na qualidade dos planos de manutenção que são elaborados, e na
qualidade dos profissionais de manutenção que executam as ações sobre os
equipamentos, incluindo aí as formações por eles realizadas. Após a caracterização
de um valor histórico, pode-se avaliar a Eficácia da equipe em manter-se dentro dos
objetivos, ou mesmo realizar ações de melhoria para aumentar tais valores;
9 TMPR ( Tempo Médio para Reparo ) - Neste caso, também observa-se o Critério
da Qualidade e o da Eficácia à reboque. Quanto à qualidade, considera-se: a
84
capacidade dos profissionais de atuarem com rapidez e certeza na solução do
problema, o bom funcionamento de toda uma logística para a obtenção do material
e peças necessárias, e existência de equipes de apoio para o caso de intervenções
que se projetem além da capacidade da equipe de manutenção corretiva. Da
mesma forma, após a caracterização de um valor histórico, pode-se avaliar a
Eficácia da equipe em manter-se dentro dos objetivos, ou mesmo realizar ações de
melhoria para reduzir tais valores.
Vale ressaltar que o Critério de Qualidade da Vida de Trabalho é possível de ser
avaliado sob uma visão global do conjunto de indicadores implementados pela organização.
Indicadores de Indisponibilidade de Máquina
Quando se fala em confiabilidade, fala-se em manter os equipamentos disponíveis para
a atividade produtiva o maior tempo possível, e que o número de paradas inesperadas seja
reduzido, limitando-se se possível, apenas a paradas programadas, de comum acordo com a
produção. Desta forma, de maneira semelhante ao que é feito pela produção, o indicador de
percentual de indisponibilidade de máquina foi logo definido como essencial para a condução
do trabalho da manutenção.
Na definição, por parte da manutenção, do indicador de indisponibilidade de máquina,
foram considerados dois indicadores: Indisponibilidade global de máquina por parte da
manutenção (incluindo paradas para corretiva, corretiva programada e preventiva) e,
Indisponibilidade por pane (incluindo somente as paradas para manutenção corretiva).
Apresenta-se abaixo, nos Gráficos 1 e 2, os resultados observados no período de 2003 e 2004.
Indisponibilidade de Máquina (%)
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
INDISP
Média Indisp.
Linear (INDISP)
Gráfico 1 - Percentual de Indisponibilidade de Máquina Devido a Manutenção
85
Indisponibilidade por Pane (%)
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Ind_Pane
Média Indisp. Pane
Linear (Ind_Pane)
Gráfico 2 – Percentual de Indisponibilidade de Máquina por Pane
Os gráficos de Indisponibilidade de Máquina e Indisponibilidade por Pane encontram-se
acompanhados das respectivas curvas de média e tendência no referido período. No primeiro
caso, a média calculada para o período é de 6,47%, já para o segundo caso a média calculada
é de 5,00%.
Fazendo a leitura do significado destes valores médios, aliado ao que representam cada
uma das curvas, pode-se concluir que 77,28% da indisponibilidade de máquina devido a
manutenção se deu em função de panes. O restante fica por conta de paradas para
manutenção preventiva ou mesmo corretivas programadas. Porém, o sinal mais preocupante é
revelado pelas curvas de tendência. Pode-se observar que existe um leve crescimento no
percentual de Indisponibilidade de Máquina e, revela-se bem mais acentuado quando se trata
de Indisponibilidade por Pane. É visível na comparação dos dois gráficos uma presença mais
forte do trabalho preventivo e programado no início do período estudado, sendo sensivelmente
reduzido no período final. O resultado natural foi a tendência apresentada na curva de
Indisponibilidade por Pane.
Os resultados obtidos passaram a ser comparados com os resultados levantados pela
operação, observando-se diferenças entre eles. Abaixo, nos Gráficos 3 e 4, apresenta-se um
comparativo dos resultados da operação com os da manutenção.
86
Comparativo Indisponibilidade de Máquina Produção
X Manutenção (%)
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415161718192021222324
Prod.
M anut.
Gráfico 3 – Comparativo do % de Indisponibilidade de Máquina Produção X Manutenção
Comparativo Indisponibilidade de Máquina por Panes
Produção X Manutenção (%)
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
Prod.
M anut.
Gráfico 4 – Comparativo do % de Indisponibilidade de Máquina por Pane Produção X Manutenção
As diferenças que se apresentam dizem respeito a dois aspectos principais; a fase de
implantação da ferramenta de manutenção e, a influência da subjetividade no processo de
definição dos indicadores por parte da produção e por parte da manutenção. Cada um dos
setores têm uma visão diferente quanto ao indicador de indisponibilidade. Tais visões serão
detalhadas mais à frente.
O primeiro é muito mais sensível na fase inicial de coleta de dados, diz respeito ao início
da implantação do software de manutenção, onde observou-se uma dificuldade de utilização
por parte dos profissionais, bem como um certo receio quanto aos objetivos de utilização da
ferramenta. Apesar de toda formação preparada para os profissionais, esperava-se alguma
dificuldade inicial porém, o tempo foi além do previsto, sem que se saiba ao certo se foi uma
87
questão de “saber” ou de “querer”. A ferramenta utilizada pela produção é uma ferramenta
consolidada quanto a coleta de dados.
O segundo ponto diz respeito a definição da expressão matemática utilizada para
transformar as diversas informações existentes em um número denominado indisponibilidade.
Reportando-se aos estudos de PEIXOTO (2000) e (2004), e PEIXOTO, DIAS e XAVIER
(2003), identifica-se a presença clara da tentativa de retratação dos interesses particulares de
cada uma das atividades, em indicadores numéricos. As visões de cada uma das atividades
devem ser levadas em consideração no momento de se tentar entender o que representam
cada um dos números apresentados, é o que se pode denominar como cultura de cada um dos
departamentos. Tal comparação foi abordada por COSTA, DIAS e PEIXOTO (2005). De uma
maneira geral, deve-se considerar também que, em ambos os casos, as definições desses
indicadores podem diferir de empresa para empresa, em função dos seus valores e objetivos
traçados, assim como em função das características do parque de máquinas.
A Visão da Manutenção Quanto a Indisponibilidade
Por tratar-se de um equipamento de grande porte, subdividido em módulos que chegam
a ser maiores do que muitas máquinas individuais, a visão da manutenção quanto a
indisponibilidade desce um nível dentro da subdivisão do equipamento, chegando aos
módulos. A intenção da manutenção é disponibilizar todos os equipamentos para a atividade
produtiva o maior tempo possível. Desta forma, toda e qualquer parada, devido a manutenção,
de qualquer um dos módulos é considerada integralmente no somatório da indisponibilidade do
equipamento. É interessante para a manutenção fazer uma análise das ocorrências em cada
um dos módulos de maneira independente, sem que se perca os tempos reais das
intervenções que foram realizadas.
Outro ponto a ser considerado é a existência de equipamentos de preparação que
beneficiam matérias-primas para serem utilizadas pelo equipamento estudado (equipamento
principal). Desta forma, a ocorrência de um problema em um desses equipamentos pode vir a
representar uma parada do equipamento estudado porém, a manutenção considera que esta é
uma falta de matéria-prima para o equipamento em questão. A indisponibilidade por parte da
manutenção deve ser contabilizada na base de dados do equipamento onde efetivamente a
manutenção necessitou intervir.
88
Também deve-se considerar a base de tempo total utilizada pela manutenção. Esta é
denominada abertura potencial e, como o equipamento fica em operação 24 horas por dia,
tomando-se como base um mês para a contabilização dos resultados, este tempo será 720
horas ou 43200 minutos para meses de 30 dias e 744 horas ou 44640 minutos para meses de
31 dias.
A Visão da Produção Quanto a Indisponibilidade
Considerando que o objetivo da produção é a saída do produto final, a sua visão quanto
a indisponibilidade do equipamento é um pouco diferente da visão da manutenção. Para a
produção, toda e qualquer intervenção da manutenção em qualquer um dos módulos do
equipamento, que interrompa ou prejudique o rítimo normal de fabricação é considerado como
indisponibilidade. Porém, caso a manutenção atuem em um dos módulos que não faz parte do
caminho crítico do produto no equipamento, esta intervenção será considerada parcialmente ou
até mesmo pode não vir a ser considerada no cálculo da indisponibilidade.
Outro ponto a ser considerado é a possibilidade da operação não precisar do
equipamento para produzir. Neste caso, ela considera como sendo sobrecapacidade. Caso a
manutenção faça alguma intervenção preventiva ou corretiva programada aproveitando este
tempo, a produção não considera como sendo indisponibilidade por parte da manutenção.
Além disso, a produção abate os tempos referentes a sobrecapacidade da abertura potencial
total, reduzindo assim o tempo utilizado como base 100 para cálculo da indisponibilidade.
Desta forma, todo mês em que houver sobrecapacidade, aumenta o peso das paradas de
produção devidas a manutenção no cálculo da indisponibilidade.
Não se pode deixar de citar outra característica interessante que diz respeito aos
equipamentos de preparação. Caso haja uma parada do equipamento principal por falta de
matéria-prima, em função de uma intervenção da manutenção em um dos equipamentos de
preparação, a produção contabiliza como sendo indisponibilidade devido a manutenção,
mesmo sabendo que o equipamento principal está em perfeitas condições para o seu
funcionamento.
As diferenças conceituais para os cálculos de indisponibilidade são tantas que fica difícil
se fazer uma comparação global dos resultados sem um detalhamento dos números mês a
mês. O único paralelo que pode ser traçado é visualmente quanto ao formato das curvas.
89
Indicador de Número de Falhas
Tal indicador apresenta o número de interrupções indesejáveis que ocorreram no
equipamento, e que demandaram a atuação das equipes destinadas a manutenção corretiva.
Pode-se observar no Gráfico 5, o registro do número deste tipo de ocorrências
referentes ao equipamento estudado.
Com base no gráfico apresentado, observa-se claramente que o número de falhas
passou a ter uma tendência mais estável a partir do 16º mês registrado. O período do 5º ao 9º
mês, representa o período em que foi iniciada a utilização do software da manutenção pelos
operadores de produção, com a finalidade de realizarem a abertura das ordens de serviço,
possibilitando que fosse medido o tempo de espera para o atendimento por parte da
manutenção. Porém, não foi possível dar continuidade a este processo em função do que o
gráfico nos apresenta; tivemos uma quantidade grande de ordens de serviço que não foram
fechadas pelos profissionais da manutenção. Algumas delas até se apresentaram de forma
duplicada, tendo sido abertas também pelos profissionais de manutenção.
Número de Falhas
0
20
40
60
80
100
120
Gráfico 5 – Indicador do Número de Falhas
Pode-se observar a dificuldade que foi para os profissionais adaptarem-se a utilização
do novo software, bem como confiarem na utilização dos dados que estavam sendo
introduzidos no sistema. Foram precisos 15 meses para que se pudesse chegar a valores mais
condizentes com a realidade.
90
Indicador de Tempo Médio entre Falhas (TMEF)
O tempo médio entre falhas surge como uma conseqüência do número de falhas que
ocorreram no decorrer da abertura potencial definida. O desejável é que este seja o mais alto
possível. O Gráfico 6 apresenta do resultado do período observado, em relação ao
equipamento em questão.
Pode-se observar que, assim como o número de falhas, assumiu um valor mais próximo
da realidade a partir do 16º mês apurado. A manutenção necessita atuar de maneira corretiva
neste equipamento a cada sete ou oito horas, conforme se pode constatar na parte final do
referido gráfico. Neste caso não se trata de falta de manutenção preventiva, como poderá ser
observado mais à frente, porém, um número coerente com o tamanho e complexidade do
referido equipamento.
Tempo Médio Entre Falhas (TMEF) (h)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415161718192021222324
Gráfico 6 – Tempo Médio entre Falhas
Indicador de Tempo Médio Para Reparo (TMPR)
O TMPR deve retratar o grau de dificuldade que as equipes de manutenção encontram
para efetuar os reparos necessários, assim como o grau de conhecimento do efetivo para
realizar tais tarefas. Não é uma avaliação que possibilite conclusões imediatas mas, pode nos
apresentar sinais de que o efetivo tem algum tipo de dificuldade para tal. Pelo fato de não se
ter um histórico anterior, fica difícil avaliar se os valores que se apresentam nestes três últimos
indicadores são bons ou não. Certamente servirão como referência para que sejam traçados
objetivos para o futuro.
91
Tempo Médio Para Reparo (TMPR) (h)
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Gráfico 7 – Indicador de Tempo Médio Para Reparo (TMPR)
Por tratar-se de um equipamento com características de mecânica pesada, é razoável
que se imagine que as falhas registradas sejam de longa duração porém, avaliando os
resultados apresentados no Gráfico 7, pode-se concluir que estas ocorreram em pequeno
número, sendo superadas em sua maioria por outras que foram solucionadas rapidamente.
Outro ponto que pode ser observado é uma razoável coerência dos valores a partir do
segundo mês de coleta de dados. Mesmo com as dificuldades encontradas pelos profissionais
que os fez registrar um número menor de intervenções do que o real, tudo que foi registrado
apresentou coerência com a realidade.
Indicador de Tempo Médio de Carga de Depanagem (TMCD)
O TMCD representa o número de horas x homem (h.h.) disponibilizado em média para
cada intervenção. Vale ressaltar que existem dois valores de tempo diferentes que são
imputados pelos interventores em uma ordem de serviço. Um deles é o tempo de parada do
equipamento. O outro é o tempo gasto pelo interventor, ou interventores, no tratamento do
referido problema. Invariavelmente este é maior do que o tempo de parada. Isso se deve ao
fato de o profissional de manutenção permanecer acompanhando a recolocação em marcha do
equipamento após o fim da intervenção. Considera-se também como parte integrante da
intervenção o tempo gasto para retornar ao setor, guardar as ferramentas utilizadas, dar
tratamento adequado a peças de reposição substituídas e mesmo efetuar o registro da sua
intervenção no software de manutenção. Muitas vezes não participa somente um interventor.
O Gráfico 8 apresenta os resultados do TMCD para o equipamento estudado.
92
Tempo Médio de Carga de Depanagem (TMCD) (h)
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Gráfico 8 – Tempo Médio de Carga de Depanagem (TMCD)
Ocupação do Efetivo com Manutenção Corretiva
O Gráfico 9 apresenta o tempo total em h.h. despendido pelos profissionais de
manutenção para o tratamento de problemas referentes a manutenção corretiva. Vale ressaltar
que, na maior parte dos casos, estas horas são devidas aos profissionais que atuam nas
equipes de rotação. Em alguns casos, podem ser agregadas horas de profissionais do horário
administrativo que auxiliaram na intervenção. Outro ponto a ser considerado, é que no efetivo
de produção deste equipamento, existe um profissional com formação em mecânica, que
realiza o primeiro atendimento em caso de pane no equipamento. Este profissional é oriundo
da equipe de manutenção e contribui fortemente no auxílio aos profissionais da equipe de
manutenção.
Observa-se uma tendência de crescimento dos valores registrados em função do
amadurecimento da boa utilização da ferramenta de registros de manutenção.
93
Ocupação do Efetivo com Manutenção Corretiva (h)
0,0
100,0
200,0
300,0
400,0
500,0
600,0
700,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415161718192021222324
Gráfico 9 – Ocupação do Efetivo com Manutenção Corretiva
Ocupação do Efetivo com Manutenção Programada
A manutenção programada contempla toda intervenção que é tratada previamente com
a produção. Neste tipo de equipamento que se caracteriza por uma mecânica pesada, existem
diversas situações anormais que são observadas e não impedem o funcionamento do
equipamento, porém, sabe-se que é uma anormalidade. Assim sendo, prepara-se a
intervenção a ser realizada e programa-se uma parada com a produção. Muitas vezes, tais
intervenções são oriundas do resultado de inspeções preventivas ou mesmo de manutenções
corretivas que são efetuadas de maneira paliativa para não prejudicar ainda mais a
indisponibilidade do equipamento. Adia-se a solução definitiva do problema para um momento
mais oportuno. O Gráfico 10 apresenta os resultados das horas gastas com este tipo de
manutenção.
Ocupação do Efetivo com Manutenção Programada (h)
0,0
100,0
200,0
300,0
400,0
500,0
600,0
700,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Gráfico 10 – Ocupação do Efetivo com Manutenção Programada
94
Comparando-se os gráficos de Manutenção Programada e Manutenção Corretiva,
observa-se a característica de uma carga maior de Manutenção Programada em relação à
Corretiva. Uma das explicações para tal característica encontra-se no Tratado da Eficácia,
JULLIEN (1998). Os objetivos traçados para a produção se transportam para uma luta diária
contra a indisponibilidade de máquina. É vital para a empresa honrar os compromissos
assumidos com seus clientes quanto à disponibilização dos produtos no tempo certo. É o
imediatismo da busca de resultados postergando ações de perenização dos mesmos.
O banco de dados deste tipo de intervenção representa, na verdade, o banco de dados
de pendências do setor de manutenção. Através do software, pode-se filtrar as ordens de
serviço que se encontram cadastradas, porém não concluídas. Desta forma pode-se avaliar a
carga de trabalho que se tem pendente, sendo estas ações importantes a serem realizadas,
porém com prioridades a serem avaliadas.
Ocupação do Efetivo com Manutenção Preventiva
O trabalho de manutenção preventiva é o esforço da equipe de manutenção para
identificar antecipadamente condições indesejáveis nos equipamentos que possam ocasionar a
ocorrência de panes em momentos indesejáveis. O Gráfico 11 apresenta os valores das horas
despendidas para este tipo de atividade.
Observa-se através do gráfico que dedica-se entre 60 e 100 horas mensais para
manutenção preventiva e que os resultados se mantém coerentes a partir do terceiro mês de
utilização do sistema informatizado. Isso se dá pelo fato de tais inspeções serem geradas
automaticamente pelo sistema, sendo realizadas e preenchidas pelos profissionais.
O número reduzido de horas se dá em função de uma avaliação criteriosa das
inspeções com base na Teoria das Taxas de Falha. No que diz respeito as inspeções
elétricas, pelo fato do equipamento ter um alto grau de automação, muitos de seus
componentes são eletrônicos e, para tal, a realização de uma inspeção não nos agrega
nenhuma informação que possa nos fazer identificar a proximidade da ocorrência de uma falha.
Desta forma, as inspeções limitam-se aos motores elétricos. Para os motores equipados com
escovas o intervalo para a realização das inspeções pode variar de quatro a 26 semanas,
dependendo do porte e grau de importância do motor no processo de fabricação. Para os
demais, o intervalo chega a ser de 52 semanas.
95
Ocupação do Efetivo com Manutenção Preventiva (h)
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
140,0
160,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415161718192021222324
Gráfico 11 – Ocupação do Efetivo com Manutenção Preventiva
Eventualmente, em função das diversas periodicidades das inspeções, pode-se
observar um diferencial, para mais ou para menos, nas horas destinadas a este tipo de
manutenção. No caso do gráfico apresentado, isso se torna claro no resultado do 23º mês.
Ocupação do Efetivo com Modificações
A manutenção tem a missão de manter o parque instalado em funcionamento e cuidar
da perenidade deste funcionamento.
Via de regra, modificações não são da competência do pessoal de manutenção.
Porém, pelo fato de ter em seu quadro pessoal tecnicamente qualificado e, muitas vezes
identificar pequenas modificações como condições necessárias para o bom funcionamento dos
equipamentos, a equipe de manutenção também as prepara e realiza.
O Gráfico 12, apresenta a ocupação do efetivo de manutenção neste equipamento com
pequenas modificações.
96
Ocupação do Efetivo com Modificações (h)
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415161718192021222324
Gráfico 12 – Ocupação do Efetivo com Modificações
Pelo número de horas registrado pode-se constatar que se trata efetivamente de
pequenas modificações. Vale ressaltar que a fábrica interrompe a sua produção somente três
vezes ao ano. Isso ocorre no dia de Natal, no dia de Ano Novo e na semana de carnaval,
porém não necessariamente ocorrem intervenções em todos os equipamentos neste período.
No equipamento estudado, pode-se observar uma correspondência nos meses 12 e 13 que
representam dezembro de 2003 e janeiro de 2004. Já no mês 16, correspondente a abril de
2006, pode-se observar modificações fora dos períodos mais propícios.
Ocupação do Efetivo com Outras Atividades
O Gráfico 13 apresenta as horas de ocupação do efetivo nas diversas outras atividades
possíveis de serem realizadas.
Vale salientar neste caso o desenvolvimento do plano de formação e reciclagem dos
profissionais que foi citado anteriormente.
É visível o crescimento da dedicação de horas de trabalho para este conjunto de
atividades. De uma maneira geral, as atividades que se enquadram neste caso têm
comprometimento relativamente constante para o efetivo. A única situação que justifica a
tendência apresentada no gráfico é o plano de formação que teve o seu início junto com a
implantação do software de manutenção e outras ações do plano de reestruturação da
manutenção.
97
Ocupação do Efetivo com Outras Atividades (h)
0,0
100,0
200,0
300,0
400,0
500,0
600,0
700,0
800,0
900,0
1000,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415161718192021222324
Gráfico 13 – Ocupação do Efetivo com Outras Atividades
III.9.5- Explorando a Base de Dados do Software
A base de dados do sistema informático da manutenção é muito rica em informações.
Uma série de análises podem ser realizadas não só com foco em um equipamento mas quanto
ao trabalho de manutenção no departamento como um todo. Observa-se que este tipo de
trabalho ainda não é desenvolvido pelo corpo técnico da manutenção mas, sendo realizado,
poderá trazer informações importantes para a chefia das equipes de manutenção, com a
finalidade de melhor administrar o seu efetivo. Também podem ser importantes para a
definição das ações a serem priorizadas.
Melhor Entendendo as Paradas por Manutenção Corretiva
Os indicadores nos apresentam somente o percentual de indisponibilidade porém, para
que se possa melhor entender o que vem ocorrendo com o equipamento, se torna necessária
uma pesquisa mais apurada para que se conheça as principais fontes de origem dos
problemas. Para tal, se faz necessário uma pesquisa mais apurada na base de dados, que
permita que melhor se entenda o que ocorreu.
O software utilizado permite que se exporte as tabelas de dados, aplicando alguns filtros
que se façam necessários, para aplicativos de base windows, e trabalhar com elas da forma
que seja necessária para a obtenção das informações que se deseja.
98
No que se refere às intervenções para manutenção corretiva, a análise dos dados nos
leva ao Gráfico 14, apresentado abaixo.
Percentual de Distribuição da Indisponibilidade em
Relação aos Módulos do Equipamento Estudado
M3
19%
M4
8%
M5
8%
M6
6%
M8
1%
M9
5%
M7
9%
M10
5%
M11
14%
M12
0%
M2
4%
M1
8%
Geral
5%
M13
8%
Gráfico 14 – Percentual de Distribuição da Indisponibilidade em Relação
aos Módulos do Equipamento Estudado
Com base no gráfico acima, pode-se constatar que os dois módulos que mais
contribuíram para indisponibilidade do equipamento foram os módulos M3 e M11. Analisando
a composição do referido equipamento, apresentada na Figura 14, página 81, pode-se
observar que a parada de apenas um dos módulos M5, M6, M7, M8 ou M9, não é um fator
imperativo para a parada do equipamento. Desta forma, o percentual de indisponibilidade
imposto ao indicador por estes módulos, não impediu o funcionamento do equipamento,
apenas reduziu a sua vazão de produção.
Fazendo uma análise ainda mais apurada quanto ao módulo M3, pode-se chegar aos
subconjuntos que constituem o módulo. Desta forma, chega-se ao Gráfico 15, que apresenta
tal distribuição.
99
Percentual de Distribuição das Paradas Referentes ao
Módulo 3 Distribuido em Subconjuntos
Geral
43%
SC1
2%
SC2
8%
SC12
14%
SC15
2%
SC14
1%
SC13
4%
SC11
1%
SC10
4%
SC9
5%
SC3
5%
SC5
9%
SC4
0%
SC8
1%
SC6
1%
SC7
0%
Gráfico 15 – Percentual de Distribuição das Paradas Referentes ao Módulo M3
Distribuídas em Subconjuntos
O resultado desta análise indica o subconjunto SC12 como o mais penalizante. Porém,
também revela uma informação muito relevante para todo este processo. Observa-se que 43%
do tempo passado não correspondem a nenhum dos subconjuntos cadastrados no sistema.
Existem duas possibilidades para justificar tal desvio. A primeira indica a necessidade de uma
reavaliação dos subconjuntos cadastrados, sendo necessário que sejam incluídos os que
porventura estejam faltando. Já a segunda significa que os profissionais não estão nos
municiando com as informações necessárias para uma análise mais assertiva, isto é,
selecionam a opção “geral” para não terem o trabalho de procurar pelo subconjunto correto.
Neste caso, os mesmos devem ser orientados a melhorar a qualidade das informações e,
deve-se avaliar a possibilidade de não disponibilizar a opção “geral” para evitar tais desvios.
Não se pode também, descartar a possibilidade de tratar-se de um momento passageiro, em
função de contemplar a fase inicial de implantação do sistema.
Além disso, pode-se separar as intervenções de cada um dos subconjuntos em função
de códigos que dizem respeito ao “Motivo da Parada” e a “Solução”. Desta forma pode-se
avaliar a ocorrência de panes repetitivas que mais afetem a disponibilidade do equipamento e
avaliar a possibilidade de efetuar uma ação que minimize a sua ocorrência.
Vale a pena ressaltar que o fato de se saber o ponto mais penalizante do equipamento
nem sempre significa que o problema será solucionado em curto prazo. No caso analisado, o
módulo mais penalizante é o principal módulo do referido equipamento. Passando ao
subconjunto mais penalizante, observa-se que não é possível a sua substituição
individualmente. Em função da característica específica deste módulo, ações paliativas podem
100
ser adotadas, porém, para a solução definitiva, deve-se efetuar a substituição do referido
módulo. O custo do mesmo é muito elevado e trata-se de uma intervenção bastante
demorada. Como a situação não traz prejuízo para a qualidade do produto fabricado, optou-se
por contornar a situação com constantes ações paliativas por parte da manutenção, enquanto
aguarda-se o momento da substituição programada deste módulo, em função de fim de vida
útil.
Avaliando a Atuação do Efetivo de Manutenção
Com base no banco de dados existente no software de manutenção, pode-se fazer uma
avaliação de como está sendo distribuída a carga horária dos profissionais disponíveis no
setor.
Como ponto de partida, nas Tabelas 3 e 4, apresenta-se alguns dados extraídos do
sistema de informação da manutenção, para que se possa fazer algumas reflexões quanto a
atuação do efetivo da manutenção.
Tabela 3 – Tabela de Dados Referentes ao Departamento
Dados Totais Referentes ao Departamento ( em horas )
Mês
TMPR
TMCD
Corretiva
Corretiva
Program.
Inspeções
Modif.
Outras
Total
1 0,53 1,88 598,78 293,25 41,80 44,20 341,23
1319,26
2 0,45 2,22 1044,10 526,10 91,54 17,80 576,02
2255,56
3 0,46 2,17 890,35 534,53 225,59 72,70 609,30
2332,47
4 0,39 2,54 792,97 686,74 124,00 102,00 277,95
1983,66
5 0,33 3,01 799,35 847,96 231,78 66,96 444,42
2390,47
6 0,28 3,56 981,71 765,62 197,26 21,00 412,45
2378,04
7 0,30 3,33 873,43 884,65 179,66 19,00 577,85
2534,59
8 0,62 1,60 1312,50 1060,20 163,10 37,13 528,54
3101,47
9 0,56 1,77 1007,80 1434,50 283,92 32,60 544,20
3303,02
10 0,54 1,84 725,83 1382,80 303,09 13,00 686,48
3111,20
11 1,05 0,96 574,51 1029,10 314,50 42,40 982,07
2942,58
12 0,58 1,71 327,58 1337,70 214,05 50,80 787,60
2717,73
13 0,65 1,55 741,27 1372,40 218,65 86,44 687,30
3106,06
14 0,49 2,03 689,60 1225,80 142,06 33,00 777,07
2867,53
15 0,58 1,73 1027,20 1312,50 193,24 11,80 946,59
3491,33
16 0,49 2,05 1341,30 1265,50 241,40 305,93 641,95
3796,08
17 0,63 1,59 1456,50 1135,40 234,78 280,30 874,95
3981,93
18 0,43 2,32 1225,90 1184,70 174,40 62,80 1491,60
4139,40
19 0,6 1,66 1462,90 1112,00 176,40 36,00 905,44
3692,74
20 0,68 1,47 1474,60 914,65 170,76 13,00 652,86
3225,87
101
21 0,42 2,36 1466,70 1138,40 125,33 35,00 727,21
3492,64
22 0,39 2,56 1672,80 774,96 231,70 52,33 1283,30
4015,09
23 0,51 1,96 1178,00 677,88 1274,90 32,00 906,89
4069,67
24 0,68 1,47 1291,90 870,91 162,55 26,00 642,39
2993,75
Média 0,53 2,06 1039,90 990,34 238,19 62,26 721,07 3051,76
Tabela 4 - Tabela de Dados Referentes ao Equipamento Estudado
Dados Totais Referentes ao Equipamento Estudado ( em horas )
Mês
TMPR
TMCD
Corretiva
Corretiva
Program.
Inspeções
Modif.
Outras
Total
1
2,03 0,49 87,33 161,68 21,30 4,00 43,96
318,27
2
0,40 2,47 241,93 139,44 29,80 6,00 70,40
487,57
3
0,91 1,10 216,60 155.96 100,28 14,30 280,30
611,48
4
0,36 2,77 80,31 179,10 73,80 0,00 84,02
417,23
5
0,60 1,67 250,85 391,38 71,00 23,96 106,58
843,77
6
0,53 1,89 381,55 433,42 82,36 0,00 128,66
1025,99
7
0,30 3,32 242,07 378,46 66,43 17,00 172,08
876,04
8
0,55 1,83 511,59 504,58 65,40 26,13 181,10
1288,80
9
0,74 1,35 137,04 391,03 96,48 4,00 241,61
870,16
10
0,50 2,01 164,75 654,16 96,80 13,00 199,27
1127,98
11
0,49 2,04 75,68 406,39 98,70 26,40 420,19
1027,36
12
0,55 1,81 87,70 331,46 78,90 36,80 267,08
801,94
13
0,49 2,03 164,20 620,18 101,00 47,44 244,45
1177,27
14
0,27 3,66 138,30 464,28 60,80 0,00 259,26
922,64
15
1,02 0,98 155,46 488,58 74,33 2,00 405,28
1125,65
16
0,60 1,65 385,00 366,04 87,90 56,00 389,50
1284,44
17
0,40 2,53 291,03 401,10 79,60 12,00 474,50
1258,23
18
0,45 2,23 284,18 397,07 52,80 31,00 925,18
1690,23
19
0,63 1,58 239,18 407,14 75,00 0,00 589,07
1310,39
20
1,02 0,98 391,59 479,34 52,00 5,00 389,65
1317,58
21
0,30 3,39 232,49 275,23 55,50 2,00 396,55
961,77
22
0,51 1,96 619,61 369,18 102,00 17,33 584,81
1692,93
23
0,46 2,18 325,72 289,82 141,41 0,00 567,10
1324,05
24
0,71 1,41 259,08 309,80 73,30 11,00 377,70
1030,88
Média 0,62 1,97 248,47 384,30 76,54 14,81 324,93 1033,03
Tomando-se como base, para efeito de cálculo, os valores médios do período estudado,
de cada um dos conjuntos de dados apresentados, pode-se chegar a algumas conclusões.
102
Média de Profissionais Envolvidos nas Corretivas
Dividindo-se o valore médio do TMCD pelo valor médio do TMPR, chega-se ao número
médio de profissionais envolvidos em cada uma das intervenções para manutenção corretiva.
Na Tabela 5, pode-se observar os valores encontrados.
Tabela 5 – Cálculo da Média de Profissionais Envolvidos em Intervenções Corretivas
TMCD
TMPR
Média de
Profissionais por
Intervenção para
Corretiva
Departamento
2,06 0,53
3,89
Equipamento
Estudado
1,97 0,62
3,18
Conforme já apresentado neste estudo, o efetivo da manutenção dedicado a
manutenção corretiva corresponde a três profissionais em cada uma das equipes porém, na
equipe de produção do equipamento estudado, existe um profissional dedicado ao primeiro
atendimento das ações de manutenção; o mesmo é um mecânico. Desta forma, é de se
esperar que em boa parte das intervenções, principalmente as da área mecânica, haja o
envolvimento deste profissional.
Observa-se que o Tempo Médio para Reparo (TMPR) está cerca de 17% acima da
média do departamento e, o Tempo Médio de Carga de Depanagem (TMCD) está cerca de
4,4% abaixo da média do departamento. Assim sendo, pode-se admitir que a maior parte das
intervenções no equipamento estudado são rápidas e não envolvem todos os membros da
equipe porém, algumas destas intervenções são longas e absorvem mão de obra da equipe de
apoio. Observa-se que é uma característica razoável para um equipamento de mecânica
pesada, com vários componentes de grande porte, e automação em larga escala.
Pode-se extrapolar esta afirmativa para o departamento como um todo, visto que o
número médio de profissionais é bem superior aos três existentes nas equipes.
Percentual de Ocupação dos Profissionais no Equipamento Estudado
Na Tabela 6, pode-se observar as horas trabalhadas pelos profissionais no
departamento como um todo, bem como no equipamento estudado. De posse desses dados,
103
pode-se calcular o percentual de ocupação em cada uma das atividades no equipamento
estudado.
Tabela 6 – Cálculo do Percentual de Ocupação dos Profissionais no Equipamento Estudado
Corretiva Corretiva
Programada
Inspeções Modificações Outras
Departamento 1039,90 990,34 238,19 62,26 721,07
Equipamento
Estudado
248,47 384,30 76,54 14,81 324,93
Percentual 23,89% 38,80% 32,13% 23,78% 45,06%
Como este é o equipamento responsável pela maior parcela de produção do produto
final do departamento, é natural que se dê a ele uma atenção diferenciada. Pelas suas
características construtivas, observa-se que 24% da ocupação do efetivo com manutenção
corretiva se deu neste equipamento, assim como para modificações. Porém, no que se refere
a trabalhos programados, isto é, corretiva programada, a ocupação da mão de obra chega
quase aos 40%. Isso se dá pelo fato da necessidade de produzir e, consequentemente, a
solução definitiva dos problemas observados é postergada. Isso também se faz necessário em
função de serem, normalmente, intervenções demoradas que demandam uma preparação
adequada. Em função dessa necessidade de manter o equipamento em funcionamento,
justifica a dedicação de quase 1/3 das horas gastas com inspeções neste equipamento. No
que se refere a outras atividades, 45% das horas se passaram neste equipamento. Isso
engloba formação, auxílio à produção etc.
Percentual de Horas de Ocupação dos Profissionais
Tomando como base o efetivo do setor de manutenção, sabe-se que são 22
profissionais. Desses, 12 trabalham em horário de rodízio e 10 no horário administrativo.
Fazendo um cálculo aproximado, considera-se que dos 12 profissionais do rodízio existem
sempre três em horário de trabalho. Desta forma, chega-se a 2160 horas de mão de obra em
um mês. Para os profissionais que trabalham em horário administrativo, considera-se nove
profissionais que trabalham 22 dias por mês, 8,80 horas por dia. Não serão considerados os
10 profissionais, pois admiti-se que um deles esteja gozando férias. Desta forma, chega-se a
1742,4 horas. Assim sendo, o total de horas de mão de obra disponíveis em um mês, será
próximo de 3902,4 horas. Observa-se na Tabela 7 o resultado percentual da ocupação.
104
Tabela 7 – Cálculo do Percentual de Ocupação dos Profissionais
Horas Teóricas
Departamento
3902,4
Horas Médias
Registradas
Departamento
3051,76
Percentual 78,20%
Observa-se que em média, 78% do tempo de mão de obra disponível dos profissionais
foi ocupado. É possível que parte dos 22% restantes não tenham sido registrados ou façam
parte de um percentual admissível para relaxar a tensão do trabalho entre uma intervenção e
outra. Por outro lado, é de se esperar que uma pequena parte dos tempos registrados exceda
a realidade. Fazem parte da natureza humana estas pequenas derivas no registro das horas
trabalhadas.
Ao se fazer a mesma avaliação para a equipe dedicada a manutenção corretiva, chega-
se aos valores apresentados na Tabela 8.
Tabela 8 – Cálculo do Percentual de Horas Dedicadas a Corretiva pelas Equipes de Corretiva
Horas Teóricas
Equipe Corretiva
2160
Percentual
Horas Médias
Registradas
Equipe Corretiva
Departamento
1039,9
48,14%
Horas Médias
Registradas
Equipe Corretiva
Equipamento
Estudado
248,47
11,50%
Observa-se que os profissionais dedicados a manutenção corretiva não executam
somente manutenção corretiva. Deve-se considerar que os mesmos podem executar algumas
inspeções que se façam necessárias realizar com máquina funcionando, pequenas
modificações, bem como, no que se refere a outras atividades, participar de períodos de
formação ou mesmo auxílio a produção quando se faça necessário. Em média, eles dedicaram
no período observado, 30% da sua ocupação para tal.
105
Fazendo Avaliações Diárias
O sistema de informação da manutenção também é utilizado para avaliações diárias
efetuadas pelo responsável do setor de manutenção, bem como os técnicos de apoio da
engenharia de manutenção. Também é utilizado pelos líderes de manutenção no início do
horário de cada equipe, verificando as últimas ocorrências registradas pela equipe anterior.
O sistema se presta perfeitamente para este fim pois, elaborou-se um aplicativo que
acessa a base de dados e filtra as informações que foram definidas como suficientes para este
fim. O aplicativo apresenta as seguintes informações:
9 Número da ordem de serviço;
9 Tipo de ordem de serviço;
9 Equipamento;
9 Tempo de parada;
9 Registro dos profissionais que atuaram;
9 Comentários redigidos sobre a intervenção.
A principal finalidade desta consulta é tomar conhecimento do que ocorreu entre o fim
do horário administrativo do dia anterior e a manhã do dia de trabalho que se inicia. No
primeiro dia útil da semana é ainda de maior importância para melhor entender as ocorrências
do final de semana. Habitualmente, logo cedo, se faz necessário responder a uma série de
indagações que partem da chefia de produção, quanto a indisponibilidade que ocorreu neste
período. Deve-se avaliar o ocorrido, bem como o trabalho que foi realizado, de forma a saber
se foi aplicada a melhor solução ou se deve-se programar uma ação corretiva para
complementar o que foi feito.
106
Fazendo Avaliações Mensais
Mensalmente, os técnicos do corpo da engenharia de manutenção utilizam o sistema de
informações para fazer uma avaliação das ações da manutenção no decorrer do mês anterior.
Para cada departamento, definiu-se um conjunto de equipamentos considerados
relevantes, isto é, equipamentos que devem ser acompanhados prioritariamente quanto a
indisponibilidade, em função da sua importância dentro do processo produtivo do referido
departamento. Pode-se selecionar o período desejado e observar o conjunto de indicadores
definidos para acompanhamento, bem como o percentual de indisponibilidade dos
equipamentos relevantes para o período definido.
A partir dos resultados observados, chega-se aos equipamentos que ultrapassaram os
objetivos estipulados e, para esses, apresenta-se as principais ocorrências, comentando-as
uma a uma, principalmente quanto as ocorrências que ressaltaram problemas que
necessitaram que se elaborasse ações para evitar que voltem a ocorrer. Uma simples troca de
um componente que falhou no fim de sua vida útil ou pelo fato de ter sido uma ocorrência
considerada normal, não é de grande importância que se perca tempo para comentá-la. Neste
caso, só se considera importante o tratamento do problema caso observe-se que seja uma
ocorrência repetitiva. O principal interesse desta filosofia é buscar evolução através da
implantação de ações, bem como divulgar a todo corpo técnico da fábrica um problema que
ocorreu em um departamento e que, a sua solução pode servir de espelho para os outros
departamentos da fábrica. Para exemplificar este tipo de colocação pode-se citar:
9 Quando, durante uma intervenção, um profissional da manutenção tenha precisado
substituir um componente de uma máquina e o mesmo não encontrava-se
aprovisionado no armazém, ou mesmo encontrava-se aprovisionado erradamente.
A ação que se faz necessária é o contato com o pessoal do armazém de peças de
reposição, sinalizando o ocorrido e cobrando que a situação seja normalizada;
9 O surgimento de uma dificuldade técnica por parte de um ou mais profissionais que,
após uma consulta a todo o grupo, faz com que se decida preparar um módulo de
reciclagem do pessoal. O primeiro passo sempre é a elaboração de uma “nota
técnica” aos profissionais envolvidos para sanar a dúvida encontrada;
9 A constatação da necessidade de se preparar uma modificação no equipamento
para evitar que ocorra o problema que foi identificado. Efetua-se uma avaliação do
107
porte da modificação que se faça necessária, avaliando se é possível que seja feita
pelo pessoal de manutenção ou, em caso de ser de grande porte, se faz-se
necessário o seu encaminhamento para o setor de projeto ou mesmo a contratação
de uma empresa terceirizada para este fim;
9 A identificação de um problema que seja avaliado como de fabricação, em um
componente instalado no parque de máquinas, que exija o contato com o fabricante
para que seja melhor avaliado. Neste caso, se o problema não for bem esclarecido,
pode-se chegar à procura de um novo fornecedor para o referido componente e o
pedido para a substituição do mesmo no armazém de peças de reposição.
Apresenta-se também um retrato do banco de pendências do setor de manutenção.
Isso se refere ao conjunto de ações que se previu realizar e, avalia-se quantas delas já foram
solucionadas. Não existe uma avaliação através do acompanhamento do tempo que se leva
para executar uma pendência, a partir do dia que esta foi inserida no referido banco.
Neste momento, acompanha-se também o indicador de indisponibilidade gerado pela
produção, com a finalidade de acompanhar a visão do cliente quanto ao desempenho dos
principais equipamentos com os quais eles preocupam-se, isto é, os equipamentos que
produzem o produto final.
Basicamente, pode-se dizer que esta análise mensal se prende ao indicador de
indisponibilidade dos principais equipamentos e a elaboração de ações de melhoria.
108
CAPÍTULO IV
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em um mundo industrial cada vez mais globalizado, estar atento para medidas de
desempenho nas mais diversas atividades, é uma questão de sobrevivência. A definição de
objetivos factíveis para cada um dos indicadores estabelecidos, aliado à disponibilização dos
recursos necessários, se traduz em motivação para se fazer mais e melhor o trabalho que se
tem como responsabilidade. Trata-se do fechamento de um ciclo. Define-se um objetivo,
realiza-se ações, mede-se periodicamente o resultado e faz-se a revisão dos objetivos e ações
para o novo período que se inicia. É a constatação da visão dos sistemas de gestão das
organizações. Ao mesmo tempo, a utilização da tecnologia da informação nas suas mais
diversas formas, vem se tornando uma companhia constante em grande parte das
organizações, independente da sua área de atuação.
No ramo de prestação de serviços, no qual se pode incluir a área da manutenção
industrial, medir desempenho é uma tarefa árdua, pois existem uma série de variáveis para a
realização de um bom trabalho. O resultado final é a disponibilização dos equipamentos para a
atividade de produção. Confiabilidade e manutenabilidade são as palavras chave.
No estudo de caso na área de manutenção ora apresentado, é possível identificar os
conceitos do modelo de sistemas gerenciais, proposto por SINK e TUTTLE (1993), na maneira
de trabalhar definida e implantada pela empresa em questão. Acredita-se que tal modelo não
tenha sido utilizado como base para a tomada de decisão quanto a reestruturação da atividade
de manutenção, porém observa-se que o mesmo é factível, apesar das dificuldades naturais
para o processo de implantação.
O trabalho de adoção e implantação de um modelo como o estudado, requer um
planejamento delicado e criterioso, assim como recursos disponíveis para fazer frente às
necessidades que o sistema impõe. Quanto aos recursos citados, deve-se considerar a
aquisição das ferramentas necessárias, assim como a preparação do contingente humano que,
de fato, será o responsável por levar este trabalho à cabo. Dentro desta filosofia, observa-se
que a empresa em questão, procurou não deixar de lado os fatores que possibilitarão o
sucesso neste intrincado processo, são esses:
9 Qualificação dos profissionais existentes em seu quadro;
109
9 Aquisição de um sistema de informação adequado à gestão de ações preventivas,
registro de intervenções e avaliação do desempenho da atividade de manutenção,
conforme encontrado no estudo de ANDERSEN e HENRIKSEN (2004);
9 Definição de um conjunto de indicadores, com o intuito de gerar informações
necessárias para a avaliação dos resultados. Tais informações referem-se a alguns
dos sete critérios de performance apresentados por SINK e TUTTLE (1993);
9 Um corpo técnico experiente e qualificado para, periodicamente, analisar os
resultados obtidos e traçar ações corretivas;
9 Toda uma logística de recursos materiais e humanos para a realização das ações;
9 Canal aberto com a produção para a discussão das ações necessárias e
planejamento em conjunto de suas realizações;
9 Considerar o fator tempo como necessário para o amadurecimento da nova
identidade desenhada para a manutenção.
Assim sendo, as observações feitas neste estudo de caso nos apontam que o processo
encontra-se já implantado e em fase de consolidação. Existe toda uma infra-estrutura de base,
implantada e funcionando. De certo, se não houver uma mudança de rumo, o tempo será um
forte aliado para o amadurecimento do processo de condução da manutenção, com base na
confiabilidade e com suporte da tecnologia da informação.
Também vale a pena ressaltar que, no processo de interlocução entre manutenção e
produção, observam-se diferentes visões que cada uma das atividades têm em relação a um
mesmo objeto. Tal observação torna-se clara quando da comparação dos resultados gerados
por cada um dos departamentos, no que diz respeito ao percentual de indisponibilidade de
máquina. Tais diferenças encontram-se nos critérios adotados para dar significação aos
números gerados. Conforme apresentado nos estudos de PEIXOTO (2002), torna-se
importante incentivar o diálogo entre os profissionais das duas atividades, procurando integrar
as suas visões, enriquecendo assim toda e qualquer análise que se possa fazer. Apresentar
as razões da manutenção e entender as necessidades do cliente é um passo seguro para a
obtenção de bons resultados.
Para todos os profissionais envolvidos, e aí me incluo neste contexto, identifica-se uma
110
oportunidade única de evolução, tanto no campo profissional quanto no campo pessoal. Não é
toda hora que se tem a oportunidade de participar de um processo desta envergadura,
principalmente quando este é conduzido de maneira estruturada, procurando-se fornecer
subsídios para cada um dos pontos a serem tratados. Apesar de todo processo de formação e
informação dos profissionais envolvidos, infelizmente nem todos conseguiram enxergar o
trabalho como um todo, dando a oportunidade de se aplicar toda uma base teórica nos
bastidores de cada uma das ações executadas. Porém, é possível observar que grande parte
dos profissionais que, inicialmente, remavam contra as mudanças, estão sendo “levados pela
onda” que vem tomando conta das oficinas.
Dentro da necessidade imperativa de diálogo entre departamentos que se observa
neste processo, ainda verifica-se uma tendência muito forte da defesa dos interesses pessoais
e departamentais. Enquanto o diálogo se dá no campo das sugestões e opiniões, as visões
diferentes são perfeitamente compreendidas. Quando o assunto a ser tratado diz respeito a
perdas, a postura adotada é a de “defender o seu território”. Acredita-se que com o passar do
tempo, as pessoas venham a amadurecer, participando de maneira transparente em todos os
momentos de discussão.
Quanto aos indicadores, é possível observar que a adoção de alguns outros, além dos
considerados “classe mundial”, pode contribuir com informações bastante relevantes para o
bom andamento da condução do processo de avaliação de performance. O número final a ser
observado para cada um dos equipamentos atendidos pela manutenção é o percentual de
indisponibilidade que, dará origem a informações quanto à confiabilidade de cada um deles.
Em paralelo, os demais indicadores contribuem para que se responda: o equipamento é
confiável?; o que se deve/pode fazer para melhorar a sua confiabilidade?; a estratégia que vem
sendo adotada é a melhor para este tipo de equipamento?; o efetivo disponível está adequado
às necessidades: e, qual o custo relativo desta confiabilidade? São perguntas que, cada vez
mais, terão que ser respondidas pelos profissionais de manutenção.
Comparando as figuras 11 (página 59) e 12 (página 61), constata-se que as principais
mudanças no organograma da manutenção da empresa estudada, dizem respeito à criação do
corpo técnico e à utilização mais intensa do trabalho de terceiros.
O trabalho do corpo técnico da manutenção vem atraindo a atenção da empresa dentro
deste processo, pelo fato de haver a intensão de difundir tal idéia para outras unidades do
grupo. O que se deseja deste setor é sua participação na análise dos resultados, buscando
identificar pontos a serem melhorados e implementar tais melhorias. Espera-se que este
111
trabalho, de médio e longo prazo, venha a trazer um resultado financeiro considerável.
O processo de utilização do trabalho de terceiros, passou por um período de incentivo
por parte da empresa, porém, vem sendo repensado para os próximos anos. Três aspéctos
são os principais responsáveis por esta reavaliação. São eles a qualificação dos profissionais
contratados pelos terceiros, a qualidade do serviço prestado e o preço que vem sendo pago.
Essa tendência na reavaliação da utilização de terceiros, também podem ser observadas na
pesquisa da ABRAMAN, apresentada no Anexo 2, gráficos 18 (página 124) e 21 (página 127).
No início deste ano, a empresa em questão deu início a realização de mudanças no seu
organograma, para atender aos objetivos na zona geográfica América do Sul. Uma dessas
mudanças diz respeito a subordinação de parte do departamento de manutenção à Gerencia
do Departamento Técnico. O Departamento Técnico terá outras tarefas a cumprir e, desta
forma, instituiu-se a função de Gerente de Manutenção para conduzir os passos desta
atividade. Ao meu ver, além das necessidades de mudança apresentadas, tal ação vem
ratificar a importância que a empresa vem dando ao departamento de manutenção, revelando
a expectativa que existe quanto a obtenção de resultados positivos e significativos.
Por tudo o que foi observado no estudo de caso e pela seriedade e determinação com
que a empresa em questão vem tratando este processo de reestruturação, acredita-se que
esta faça parte de um grupo seleto de empresas que colherá frutos com a adoção e
implantação de um modelo de sistema de manutenção apoiada na confiabilidade.
Pode-se considerar que o trabalho de manutenção é um trabalho de bastidores, porém
as mudanças implementadas estão dando a ela a oportunidade de subir ao palco, e ter sobre si
um refletor apontado. Os profissionais de manutenção tem a oportunidade de, fazendo bom
uso das ferramentas disponíveis, colocar este departamento em uma posição de destaque na
organização. Pode deixar de ser um grupo de profissionais que, simplesmente, recoloca
equipamentos em estado, para ser um departamento que, além disso, prevê, planeja, realiza e
mede os resultados. O resultado final para a atividade produtiva será a garantia da
confiabilidade dos equipamentos.
Utilizando as palavras de F. MONCHY (1989), “A manutenção é uma tarefa ingrata. Se
os seus êxitos são pouco visíveis e naturais, suas dificuldades são, por outro lado, gritantes: a
interrupção da produção”.
112
CAPÍTULO V
CONCLUSÃO
Ao concluir o estudo proposto, constata-se que o mesmo é inteiramente relevante em
face dos desafios que as empresas vem enfrentando dentro de mercados cada vez mais
concorridos. Seja qual for o sistema gerencial adotado, medir performance vem se
desenhando como uma maneira efetiva de procurar entender como a organização vem
trilhando o seu caminho, assim como dar pistas do que deve ser feito para corrigir o rumo,
levando-a à obtenção dos resultados desejados. Monitorar cada uma das etapas do sistema
organizacional da empresa, representa procurar entender bem cada uma delas, respeitando
suas características e como cada uma pode contribuir para o desenvolvimento do todo.
O grande desafio para os responsáveis pelas organizações, é conseguir bem identificar,
dentro dos seus ambientes específicos, como medir performance em cada uma das etapas do
sistema organizacional desenhado. Trata-se da fase de definição dos indicadores que trazem,
à reboque, os critérios individuais que caracterizam os valores e peculiaridades do ambiente da
atividade desenvolvida por cada uma das partes da organização. Para a condução destas
informações no interior da organização, os sistemas de informação com base na TI, vem se
tornando, cada vez mais, uma companhia inseparável dentro de todas as organizações, com
graus de abrangência variáveis.
Para que se consiga transformar a necessidade de medir performance em resultados
palpáveis, a utilização de softwares específicos para cada atividade torna amigável o contato
entre o ambiente do chão de fábrica e a base de dados dos sistemas de informação. É uma
via de mão dupla. Alimenta-se o sistema com dados, para permitir que ele nos informe se os
objetivos foram ou não atingidos. Para dar vida aos números, respondendo a: “como isso
aconteceu?” e, “o que deve ser feito para melhorar?”, deve-se acrescentar uma pitada de
conhecimento e uma dose de experiência, descritas pela linguagem vigente em cada um dos
ambientes da organização. Neste processo de avaliação de desempenho, deve-se também
abrir espaço para que os participantes desse processo possam contribuir com suas visões
subjetivas, de mãos dadas com a tradicional visão cartesiana da atividade técnica. Se nenhum
dos ingredientes for deixado de lado, o resultado final é um mapa rumo as ações a serem
desenvolvidas para a melhoria do desempenho da organização.
Achar que a adoção de um sistema de informação baseado na TI e a aquisição de
softwares especializados e sofisticados serão a solução para resolver todos os problemas das
113
organizações, é um ledo engano. Tratam-se, única e exclusivamente, de ferramentas que,
para apresentarem os resultados esperados, devem ser bem escolhidas, aceitas e exploradas,
servindo como aval numérico para despertar o sentimento que floresce diariamente no chão de
fábrica. Servem também para mostrar fatos que passaram despercebidos na correria do dia a
dia. No que se refere a atividade de manutenção, todos os pontos citados acima são válidos.
Quanto ao caso analisado, observa-se uma arquitetura no processo de manutenção,
condizente com a base teórica apresentada por SINK e TUTTLE (1993), possibilitando o
desenvolvimento das condições necessárias para a condução da atividade de manutenção.
No que diz respeito a escolha do software utilizado como ferramenta, não foi possível
identificar com certeza se a teoria de ANDERSEN e HENRIKSEN (2004) foi utilizada como
base para tal, porém, nos parece claro que o período utilizado para testar a ferramenta – cerca
de dois anos – serviu para sanar dúvidas, e mostrar que o mesmo é capaz de dar conta das
etapas de coleta, tratamento e disponibilização das informações necessárias, atendendo assim
às expectativas quanto a sua utilização. A compatibilidade do referido software com a base de
dados do sistema de informações utilizado pela empresa, consolida-se como um ingrediente a
mais para sanar qualquer problema quanto a disponibilização das informações que se façam
necessárias.
Em relação às modificações realizadas no organograma da manutenção, identifica-se
três pontos que são marcantes. Em primeiro lugar, observa-se a mudança de uma estrutura
descentralizada para uma forma mixta, com a centralização de algumas atividades. A criação
do corpo técnico e o fortalecimento do grupo de apoio deram corpo a esta parcela da atividade,
que tem como missão atender a toda a fábrica. A empresa entende que, desta forma, é
possível otimizar a utilização dos recursos técnicos disponíveis, com abrangência a todo o
parque fabril. Outro fator importante é retirar tais profissionais da “linha de frente”, para que
possam se dedicar a análise técnica e às ações de médio e longo prazo. Tal corpo técnico
constitui-se no segundo ponto marcante da mudança implementada. Na verdade, tais
profissionais experientes são os responsáveis por avaliar o desempenho da função
manutenção, propor e implementar as ações corretivas.
O terceiro ponto constitui-se na utilização do trabalho de terceiros. Dentro da visão da
empresa, nos parece ser um caminho sem volta, principalmente para atividades que possam
ser programadas, assim como trabalhos com alto grau de especialização. O início se deu de
maneira impetuosa e certa de ser a melhor alternativa em todos os aspectos. Com o passar do
tempo, surgiram dificuldades na gestão de inúmeros contratos de prestação de serviços, assim
114
como o questionamento quanto a qualidade do serviço prestado e o preço que vem sendo
pago. O meomento é de reflexão, fazendo uso da experiência adquirida para ajustar-se a esta
nova realidade.
Como parte integrante de todo este processo, chega-se aos indicadores “classe
mundial” que foram adotados. Os mesmos estão se consolidando como uma ferramenta
concreta para análise de desempenho, ao mesmo passo que vem se dando o amadurecimento
da base de dados. Ainda não se tem notícia de uma comparação sistemática dos resultados
obtidos com os de outras empresas do mesmo grupo. No que se refere ao equipamento
estudado, existe uma comparação com outros semelhantes, no que diz respeito ao percentual
de indisponibilidade de máquina. Porém, a comparação se dá segundo os critérios utilizados
pela produção e não quanto aos dados da manutenção.
Outro ponto a ser ressaltado, é a dificuldade que profissionais experientes têm para
fazer uma análise um pouco mais abrangente e consistente dos dados que estão sendo
armazenados. Apresentar gráficos, relatar o que ocorreu e mostrar algumas ações de melhoria
que foram feitas, não nos parece ser uma contribuição eficiente para fazer girar o sistema
gerencial da manutenção. Contagem de mortos não nos levará a lugar algum. Trata-se de um
sinal claro de que os profissionais ainda não conseguiram operar uma completa mudança de
perfil, em face da alteração que se encontra em andamento no departamento.
A identificação de base teórica por trás das ações que compõe todo o processo de
reestruturação observado, reforça, cada vez mais, a certeza e esperança da viabilidade de um
relacionamento mais estreito entre empresas e instituições acadêmicas de pesquisa. É uma
oportunidade de trocar experiências e conhecimentos, na busca da solução de problemas,
onde todos só tem a ganhar.
115
BIBLIOGRAFIA
ABNT NBR ISO 14001:2004; Sistemas de Gestão Ambiental – Requisitos com Orientação para
Uso, Segunda Edição, 2004.
ADAMATTI, G. A.; LOURENÇO, J. T.; Análise Econômica Aplicada à Manutenção, NTT, 2002.
AFNOR; Recueil dês Normes Françaises X06, X50, X60, AFNOR.
AGOSTINHO, M. E.; Complexidade e Organizações – Em Busca da Gestão Autônoma, São
Paulo, Editora Atlas, 2003.
ANDERSEN, B.; HENRIKSEN B.; “Performance Measurement System Success Depends on
Design Alignment with the Core Purpose of its Implementation”. In: Proceeding of PMA –
Performance Management Association Conference, Vol. 1, pp.27-34, Edinburg, UK, 2004.
BETING, J., Engenharia de Musculação. Faróis de Neblina: tendências, cenários e previsões,
Disponível em: <http://www.globo.com/joelmirbeting>. Acesso em: 1 dez. 2000.
BRANCO FILHO, G.; LIMA NETO, A. C.; Apostila do Curso de Manutenção Centrada em
Confiabilidade, Abraman, 2000.
BOURNE, M.; NEELY, A.; MILLS, J.; and PLATTS, K.; “Implementing Performance
Measurement Systems: A Literature Review”, International Journal of Business Performance
Management, Vol.5, Nº 1, pp. 1-24, 2003.
CASSIOLATO, J.E.; “A Economia do Conhecimento e as Novas Políticas Industriais e
Tecnológicas”. In: Lastres H.M.M., Albagli S. (eds), Informação e Globalização na Era do
Conhecimento, capítulo 7, Brasil, Editora Campus, 1999.
COSTA, H.L.A.; DIAS, L.M.M.; PEIXOTO, J.A.A.; “Aspects of Performance Information
Integration in the Industrial Maintenance”. In: Proceedings of 18
th
International Congress of
Mechanical Engineering, Ouro Preto, MG, November 2005.
ECCLES, R.G.; The Performance Measurement Manifesto, Harvard Business Review, January-
February, page 131-137, 1991.
116
ECCLES, R.G.; “Manifesto da Mensuração do Desempenho”. In: Serra, A.C.C., Medindo o
Desempenho Empresarial, Harvard Business Review, Rio de Janeiro, Brasil, Editora Campus,
2000.
FERRAZ, J.C.; KUPFER, D.; HAGUENAUER, L.; Made in Brazil – Desafios Competitivos para
a Indústria, Editora Campus, 1995.
HAYES, R.H.; WHEELWRIGHT, S.C.; CLARK, K.B.;, “Measuring Manufacturing Performance”.
In: Holloway, J., Lewis, J., Mallory, G. (eds), Performance Measurement an Evaluation, part 2,
chapter 8, New Delhi, London, SAGE Publications, 1995.
ISO/TS 16949:2002; Quality Management Systems – Particular Requirements for the
Application of ISO 9001:2000 for Automotive Production and Relevant Service part
Organizations, Second Edition, 2002.
JULLIAN, F.; Tratado da Eficácia, 1ª Edição, São Paulo, Editora 34, 1998.
KAPLAN, R.S.; NORTON, D.P.; The Balanced Scorecard: Translating Strategy into Action,
Boston, USA, Harvard Business School Press, 1996.
KAPLAN, R.S.; NORTON, D.P.; A Estratégia em Ação – Balanced Scorecard, 4ª Edição, Rio de
Janeiro, Editora Campus, 1997.
KARDEC, A.; ARCURI, R.; CABRAL, N.; Gestão Estratégica e Avaliação do Desempenho –
Coleção Manutenção, Rio de Janeiro, Editora Qualitymark, 2002.
KELLY, A.; HARRYS, M.J.; A Administração da Manutenção Industrial, Rio de Janeiro, Instituto
Brasileiro do Petróleo, 1978.
MONCHY, F.; A Função Manutenção – Formação para a Gerência da Manutenção Industrial,
São Paulo, Editora DURBAN Ltda / EDBRAS – Editora Brasileira Ltda, 1989.
NADLER, D.A.; TUSBMAN, M.L.; “Projetos de Organizações com Boa Adequação: Uma
Moldura para Compreender as Novas Arquiteturas”. In: Arquitetura Organizacional – A Chave
para a Mudança Empresarial, Rio de Janeiro, Editora Campus, pp. 29-45, 1993.
117
NUDURUPATI, S.; Management and Business Implications of IT-Supported Performance
Measurement System, University of Strathclyde, Glasgow, Scotland, 2003.
PEIXOTO, J.A.A.; Análise Organizacional na Perspectiva do Desempenho: Uma Abordagem
Contemporânea, Tese de Doutorado, Rio de Janeiro: COPPE/UFRJ, Programa de Engenharia
de Produção, 2000.
PEIXOTO, J.A.A.; A Interação de Significados da Organização Através do Desempenho, Texto
de Apoio à Disciplina Sistemas de Interação Homem-Máquina, Rio de Janeiro: CEFET-RJ,
Programa de Mestrado em Gestão em Engenharia, 2002.
PEIXOTO, J.A.A.; “Organization Analysis Applying Performance Conception as Support for
Reflexivity”. In: Proceeding of PMA – Performance Management Association Conference, Vol.1,
pp. 51-58, Edinburgh, UK, 2004.
PEIXOTO, J.A.A.; DIAS, L.M.M.; XAVIER, L.S.; “How to Interact Rationality and Reflexivity in
Engineering Education”. In: Proceeding of 32th Brazilian Congress of Engineering Education,
Brasília, Brazil, 2003.
SEIXAS, E.S.; SANTANA, S.V.; A Situação da Manutenção no Brasil 2003 - Documento
Nacional. Associação Brasileira de Manutenção - ABRAMAN, Rio de Janeiro, 2003.
SINK, D.S.; TUTTLE, T.C.; Planejamento e Medição para a Performance, Rio de Janeiro,
Qualitymark Editora, 1993.
SMITH, A.M.; Reliability Centered Maintenance, New York, McGraw-Hill, 1993.
TAVARES, L. A.; Administração Moderna da Manutenção, Rio de Janeiro, Novo Polo
Publicações e Assessoria Ltda, 1999.
TURBAN, E.; RAINER JR., R.K.; POTTER, R.E.; Administração de Tecnologia da Informação,
2ª Edição, Rio de Janeiro, Editora Campus, 2003.
118
ANEXO 1
118
Performance data requirements
Performance measurement system
requirements
Presentation of the resulting
performance information
Application area
Types and exten of data
T bility of data in he availa
terms of timin nd g a
accuracy
The availability of data
and how they are
collected
Data capture options and
c lities for apabi
integration with other
systems or manual data
feed
Data storage and security
abilities
Abilities for supporting
a utations/ dvanced calc
data
manipulation/simulation
Performance data user
access handling
capabilities
Presentation channels
a ats fnd form or
performance results
Int ctivity for active era
decisio rt n suppo
1
Monitoring the overall performance
levels of the organization.
Variety of
performance data
from the entire
organization.
Continuous and
frequent
measurements,
trend more
important than
absolute accuracy
Must be collected
automatically and
be electronically
available.
System must
enable automatic
data collection
and data
exchange with
other systems.
Central data
storage in easily
retrievable format,
high security
demands.
Data analysis
required,
especially
correlation and
trend analysis.
Differentiated
user access for all
levels and
members of the
organization.
Data accessible
through multiple
channels, both as
numerical data
and graphs.
Some demands
for querying and
tailored reports.
2
Setting strategic direction and using
performance measurement to
ensure adherence to this direction.
Relevant for most industries, but in
some parts of the public sector
there is less focus on traditional
strategy issues.
KPIs in line with
strategy
Less frequent KPI
measurements
with less accuracy
requirements
Can be collected
manually
Less stringent
requirements for
data collection
and exchange,
must be able to
accept manual
data
Central data
storage
acceptable, high
security demands
Less calculation
needs, simple
trend analysis
sufficient
Less complex
setting, user
access mainly for
top management
Less access
requirements,
data both as
simple numerical
data and graphs
Less
requirements
3
Using average or absolute
performance levels to perform
detailed operational planning of
activities and processes.
Examples are hospitals, the
transport sector, airlines, and other
industries providing services as na
important part of their production,
the oil and gas industry (extraction),
the construction industry, and most
manufacturing industries
Operational data
from the entire
organization
Continuous and
frequent
measurements,
accuracy
essential
Must be
automatically
collected and
electronically
available
System must
enable automatic
data collection
and data exchage
with other
systems
Central data
storage in easily
retrievable format,
high security
demands
Medium
advenced time
analysis required,
possibly more
advanced
simulation
Broad user
access required,
key aspect to
allow each user
group tidy access
to most relevant
data
Instant access
required, mainly
numerical data
Must allow
interactive
decision support
to be rendered
4
Developing cost estimates for
products or services based on past
performance history
Relevant for most industries in the
private sector
Detailed historical
cost data from
relevant parts of
the organization
Less frequent
measurements,
accuracy
important
Can be collected
manually
Less stringent
requirements for
data collection
and exchange
Central data
storage in easily
retrievable format,
high security
demands
Simple cost
aggregation
calculations
Broad user
access required,
key aspect to
allow each user
group tidy access
to most relevant
data
Instant access
required, mainly
numerical data
Some demands
for querying and
tailored reports.
Tabela 9 – Análise das Áreas de Aplicação de Dados de Performance (ANDERSEN e HENRIKSEN, 2004, p.30-32)
119
Performance data requirements
Performance measurement system
requirements
Presentation of the resulting
performance information
Application area
Types and exten of data
T ility of data in he availab
terms of timin nd g a
accuracy
The availability of data
and how they are
collected
Data capture options and
c lities for apabi
integration with other
systems or manual data
feed
Data storage and security
abilities
Abilities for supporting
a utations/ dvanced calc
data
manipulation/simulation
Performance data user
access handling
capabilities
Presentation channels
a ats fnd form or
performance results
Inte ctivity for active ra
decisio rt n suppo
5
Basing production planning on up-
to-date performance data
Relevant for companies in well-
defined value cheins
Detailed capacity
utilization and
lead-time data
Continuous and
frequent
measurements,
accuracy
essential
Highly dependent
on the indended
use
System must
enable automatic
data collection
and data
exchange along
the chain
Central/local data
storage in easily
retrievable format,
high security
demands
Advanced
analyses
required, possibly
advanced
simulation
Broad user
access requires,
key aspect to
allow each user
group tidy access
to most relevant
data
Data accessible
through multiple
channels, both as
numerical data
and graphs
Must allow
interactive
decision support
to be rendered
6
Establishing foresight and early
warning of negative trends through
monitoring leading performance
indicators
Relevant for most industries, but in
some parts of the public sector
there is less focus on traditional
strategy issues
Performance data
of a leading
nature for key
aspects of the
operations
Continuous and
frequent
measurements,
trend more
important than
absolute accuracy
Manual data
collection
acceptabele
System must be
able to integrate
with other
systems
Central/local data
storage in easily
retrievable format,
medium security
demands
Fairly simple
trend analysis
required, could be
conbined with
correlation
analysis
Simple user
access
environment
Complex access
requirements,
data simply in the
form of “alarms”
Standard alarm
formats sufficient
7
Exploiting performance
measurement for altering the
behavior of individuals, groups, or
whole organizations, and thus used
to promote desired changes
Relevant form “human capital
intensive”industries such as the
public sector, hospitals, education,
consulting industry,
finace/insurance, etc
Performance data
that much of the
organization
relates to and can
impact
Less accuracy
required, less
frequent
measurements
Manual or
automatic data
collection both OK
System must
accept manual
input, less need
for data sharing
and system
integration
Local data
storage, medium
security demands
Main requirement
is for visualization
Differentiated
user access for all
levels and
members of the
organization
Multiple data
access channes,
mainly
visualizations
No requirements
for interactivity
8
Undertaking continuous and regular
supplier assessments
Relevant for companies in value
cheins such as manufacturing
industry companies,
construction/building industries
Delivery
performance data
for inbound
products or
services
Continuous
measurements,
trend more
important than
absolute accuracy
Can be collected
manually
Less integration
requirements,
must be able to
handle manual
data
Local data
storage
acceptable, high
security demands
Fairly simple
trend analysis
required
Less complex
seting, access
mainly for
procurement
personnel
Less access
requirements,
data both as
numerical data
and graphs
Some demands
for querying and
tailored reports
119
Continuação Tabela 9 – Análise das Áreas de Aplicação de Dados de Performance (ANDERSEN e HENRIKSEN, 2004, p.30-32)
120
Performance data requirements
Performance measurement system
requirements
Presentation of the resulting
performance information
Application area
Types and exten of data
T bility of data in he availa
terms of timin nd g a
accuracy
The availability of data
and how they are
collected
Data capture options and
c lities for apabi
integration with other
systems or manual data
feed
Data storage and security
abilities
Abilities for supporting
a utations/ dvanced calc
data
manipulation/simulation
Performance data user
access handling
capabilities
Presentation channels
a ats fnd form or
performance results
Int ctivity for active era
decisio rt n suppo
9
Establishing incentives through
focusing on certain performance
parameters and using performance
data as a basis for bonuses or other
rewards.
KPI data at the
relevant level.
Less frequent
measurements,
accuracy,
especially in
terms of
"fairness",
important.
Can be collected
manually, but
must be
electronically
available.
System cam
accept manual
input, but should
also be able to
integrate with
other systems.
Local data
storage
acceptable, high
security demands
for data at the
individual level.
Relatively simple
calculations.
Differentiated
user access for all
levels and
members of the
organization.
Differentiated
access, data both
as numerical data
and graphs.
No requirements
for interactivity.
10
Using performance measuremnt to
determine what processes need
improvement.
Variety of
performance data.
Less frequent
measurements,
trend more
important than
absolute
accuracy.
Manual data
collection, must
be electronically
available.
System must
enable titht
integration with
other systems.
Central data
storage in easily
retrievable format,
high security
demands.
Simple
calculations.
Less complex
setting, access
mainly for top
management.
Less access
requirements,
data both as
numerical data
and graphs.
Some demands
for querying and
tailored reports.
11
Performance measurement for
improvement project evaluation, to
monitor whether improvement
projects deliver their promise.
"Before" and
"after" process
measures.
"Before" and
several "after"
measurements,
medium accuracy
requirements.
Manual data
collection
expected, can be
stored on paper.
Low data
collection and
integration
requirements.
Local data
storage, medium
security demands.
Simple
calculations.
Local user
access,
requirements for
general
experience data
to be ahared.
Simple access
requirements,
quntitative data.
Some demands
for querying and
tailored reports.
12
Exploting performance data for
marketing purposes
Relevant for most industries in the
private sector, e.g., retail
High-level
performance data
for key customer
dimensions
Less frequent
measurements
with less accuracy
requirements
Can be collected
manually, but
must be
electronically
available
Low data
collection and
integration
requirements
Local data
storage
acceptable, low
security demands
Relatively simple
calculations
Less complex
setting, access
mainly for
marketing people
Less access
requirements,
data both as
numerical data
and graphs
Tailored reports
required
120
Continuação Tabela 9 – Análise das Áreas de Aplicação de Dados de Performance (ANDERSEN e HENRIKSEN, 2004, p.30-32)
121
Performance data requirements
Performance measurement system
requirements
Presentation of the resulting
performance information
Application area
Types and exten of data
T bility of data in he availa
terms of timin nd g a
accuracy
The availability of data
and how they are
collected
Data capture options and
c lities for apabi
integration wit r h othe
systems or manual data
feed
Data storage and security
abilities
Abilities for supporting
a utations/ dvanced calc
data
manipulation/simulation
Performance data user
access handling
capabilities
Presentation channels
a ats fnd form or
performance results
Inte tivity for active rac
decisio rt n suppo
13
Performance measurement data
can be shared with customers, e.g.,
as an approach to documenting that
performance is taken seriously
Relevant for companies in value
chins such as manufacturing
industry companies,
construction/building
Performance data
for key concerns
for customers
Continuous, but
less frequent
measurements
with medium
accuracy
requirements
Automatic or
manual data
collection, can be
stored both
electronically and
on paper
Can have
requirements for
both automatic
and manual data
capture
Central data
storage in easily
retrievable format,
high security
demands
Relatively simple
calculations
Less complex
setting, access
mainly for key
personnel
Less access
requirements,
data both as
numerical data
and graphs
Tailored reports
required
14
Performance measurement as a
basis for benchmarking
Relevant in most “transparent
industries” exposed to (a minimum
of) competition, e.g., airlines, car
manufacturing, hospitals,
banks/insurance, etc.
Variety of
performance data
using
standardized
indicator
definitions and of
a non-confidential
nature
Project-based
measurements of
medium accuracy
Can be collected
manually and
stored on paper
Can have
requirements for
both sutomatic
and manual data
capture
Local data
storage
acceptable,
medium security
demands
Must support
normalization
calculations,
correlation, and
possibly other
analyses
Broad user
access required
Higher access
requirements,
data both as
numerical data
and graphs
Some demands
for querying and
tailored reports
121
Continuação Tabela 9 – Análise das Áreas de Aplicação de Dados de Performance (ANDERSEN e HENRIKSEN, 2004, p.30-32)
122
ANEXO 2
A MANUTENÇÃO NO BRASIL
Introdução
Tirar um retrato da situação da manutenção no Brasil não é uma tarefa fácil. Assim
como muitas outras áreas de trabalho e atuação, a manutenção também tem uma instituição
que a representa, aqui em nosso País. Trata-se da ABRAMAN - Associação Brasileira de
Manutenção. Esta edita a cada dois anos o chamado Documento Nacional de Manutenção
(SEIXAS e SANTANA, 2003), que procura retratar a realidade da manutenção no Brasil. A
última edição se deu no ano de 2003 e nos apresenta uma série de dados que nos permite tirar
algumas conclusões de como anda esta atividade.
Análise dos Resultados 2003
Procurando ordenar as diversas informações apresentadas neste Documento Nacional,
apresenta-se em primeiro lugar a Forma de Atuação da Manutenção. Observa-se na realidade
que esta é uma forma que vem sendo trabalhada pelas empresas com a intenção de otimizar a
sua mão de obra e melhorar o serviço prestado aos seus clientes. O resultado apresentado
encontra-se no Gráfico 16.
Forma de Atuação da Manutenção
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
1995 1997 1999 2001 2003
Ano
%
Centralizada Descentralizada Mista Unidade de Negócio
Gráfico 16 - Formas de Atuação da Manutenção ( fonte: SEIXAS e SANTANA, 2003 )
123
Observa-se que no ano de 1995 algumas empresas ainda tratavam a atividade de
manutenção como unidade de negócio, situação que não mais constou nas pesquisas a partir
de 1997. De uma forma clara, a preferência recai na atuação da manutenção de forma
centralizada e mista. Observa-se que de 1995 à 2001 observa-se uma leve queda da forma
centralizada e um leve crescimento da forma descentralizada. Esse foi um período em que
muitas empresas passaram por uma fase de adoção da estratégia de aproximação da
manutenção à atividade produtiva, compartilhando responsabilidades e objetivos, subordinados
diretamente à chefia de produção. Essa estratégia produz alguns ganhos, porém, impõe sem
sombra de dúvidas, uma diferenciação na gestão em cada um dos setores. Desta forma,
acaba-se obtendo uma heterogeneidade dos setores e do pessoal de manutenção. No ano de
2003 já se observa uma estabilização da forma descentralizada com crescimento da forma
centralizada. A forma mista se mantém, entre altos e baixos, em um nível comparável à forma
centralizada. Com as formas centralizada e mista, procura-se utilizar o efetivo da manutenção
em toda a empresa, sem “engessar” territorialmente os profissionais. Para empresas pequenas
a forma centralizada pura é viável em função da pequena diversidade de tarefas. Já no caso
de grandes empresas, a forma mista deve ser a ideal pois, muitas vezes, não se pode evitar a
setorização de alguns profissionais.
Apresenta-se abaixo, através do Gráfico 17, a que níveis hierárquicos de tomada de
decisão e representação a manutenção vem chegando.
Níveis Hierárquicos da Manutenção
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
1995 1997 1999 2001 2003
Ano
%
Diretoria
Superintendência
Gerencial
Outros
Gráfico 17 - Níveis Hierárquicos da Manutenção ( fonte: SEIXAS e SANTANA, 2003 )
124
Observa-se claramente uma redução dos percentuais de representatividade da
manutenção em Diretorias e Superintendências. Por outro lado, vem crescendo muito a
representatividade a nível Gerencial. Essa característica pode representar o enxugamento de
níveis hierárquicos que vem ocorrendo nos últimos anos nas empresas. O surgimento de
grupos semi-autonomos vem reduzindo as atividades da chefia direta podendo, em alguns
casos, determinar a sua extinção. Outro comentário pertinente diz respeito ao tamanho das
empresas. Grandes instituições estatais, representadas na pesquisa principalmente pelos
setores de petróleo e energia elétrica – ver Gráfico 29, página 133 -, ainda permanecem com
diversas diretorias e superintendências, porém, empresas constituídas basicamente de
fábricas, se constituem de uma diretoria e diversas gerências subordinadas. Em muitos casos,
nem existe uma gerência exclusiva para a manutenção. Esta, ou a parte centralizada desta, se
reporta a uma gerência técnica, enquanto a parte descentralizada reporta-se às diversas
gerências de produção. Essa característica de representatividade na hierarquia das empresas
pode ser a responsável pela grande necessidade de indicadores claros e representativos, que
possam auxiliar a alta direção na sua tomada de decisão.
Outro dado importante é o percentual de profissionais de manutenção em relação ao
efetivo total das empresas, apresentado no Gráfico 18.
% do Efetivo Próprio da Manutenção em Relação ao Nº Total de
Empregados
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
1995 1997 1999 2001 2003
Ano
%
Gráfico 18 - Efetivo Próprio da Manutenção em Relação ao Nº Total de Empregados ( fonte: SEIXAS e
SANTANA, 2003 )
A chegada da terceirização e concentração das atenções somente nas atividades fins
nas empresas também bateu à porta da manutenção. Porém, com o crescimento da
importância dada à manutenção pelas instituições, nos parece claro que este fantasma não
125
bateu no que se pode chamar de sua “porta social”. Atividades de bastidores puderam ser
terceirizadas, porém, a atuação no dia a dia da atividade produtiva, principalmente nas
atividades de manutenção corretiva, pode, e deve, ser considerada uma atividade fim e de real
importância para a empresa. Dois reflexos de um mesmo fator nos parece serem os
responsáveis deste crescimento percentual a partir de 2001: o crescimento dos parques
industriais com alto grau de automação se reflete na redução do número de operadores de
produção e, em contrapartida, necessita de pessoal qualificado e profundo conhecedor dos
programas de máquina. Estes, cada vez mais, vêm representando o segredo industrial das
empresas. Os equipamentos físicos não são os responsáveis pela diferença entre os
concorrentes, e sim a forma de utilizá-los, contida nos programas. Desta forma, a manutenção
torna-se uma atividade importante e conhecedora de parte do sigilo do processo produtivo.
Voltando à questão da tecnologia, cada vez mais a qualificação dos profissionais vem
se tornando uma necessidade na atividade de manutenção. O Gráfico 19 nos apresenta os
percentuais de qualificação dos profissionais dentro das empresas brasileiras.
Qualificação dos Profissionais de Manutenção ( % )
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
1995 1997 1999 2001 2003
Ano
%
Nível Superior Técnico Nível Médio o de Obra Qualificada
Mão de Obra Não Qalificada Não Classificado
Gráfico 19 - % de Qualificação dos Profissionais de Manutenção ( fonte: SEIXAS e SANTANA, 2003 )
Observa-se claramente um aumento no percentual dos profissionais de mão de obra
qualificada em detrimento dos profissionais não classificados. Esses são os profissionais que
realmente executam as tarefas de manutenção. As demais categorias, basicamente de
supervisão, mantêm seu percentual constante em relação ao efetivo da manutenção. Ainda é
grande o número de profissionais sem qualificação atuando na manutenção. Geralmente são
profissionais que aprenderam na prática e militam na atividade há muito tempo. Tal estudo diz
126
respeito a valores relativos a diversas empresas, podendo-se observar no Gráfico 29, página
133, que os maiores percentuais de resposta ao questionário dizem respeito a empresas de
transporte e predial. Neste caso justifica-se a presença, ainda considerável, de mão de obra
não qualificada e não classificada. Vale ressaltar que quanto maior o nível de tecnologia do
parque a ser mantido maior a necessidade da qualificação do pessoal.
Em função dessas características, as empresas procuram manter o seu pessoal
especializado em função da dificuldade de se obter pessoal qualificado para a manutenção.
Trata-se de uma atividade muito sacrificante, de dedicação integral e que muitos profissionais
recém formados, ao ingressar no mercado de trabalho, não se mostram desejosos de ingressar
neste tipo de atividade. Desta forma, o “turnover” se mostra com tendência inicial de queda e,
mais recentemente, estabilização na faixa de 2,4%, conforme apresentado no Gráfico 20. É
óbvio que esse gráfico diz respeito ao pessoal próprio.
Turnover Anual do Pessoal de Manutenção( % )
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
1995 1997 1999 2001 2003
Ano
%
Gráfico 20 - “Turnover” Anual do Pessoal Próprio de Manutenção ( fonte: SEIXAS e SANTANA, 2003 )
Com relação à contratação, foi colocada anteriormente a questão da terceirização.
Apresenta-se a seguir, o Gráfico 21, que nos mostra o percentual de contratação por parte das
empresas, dentro da atividade de manutenção.
127
% de Pessoal Contratado na Manutenção
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
1995 1997 1999 2001 2003
Ano
%
Gráfico 21 - % de Pessoal Contratado na Manutenção ( fonte: SEIXAS e SANTANA, 2003 )
Como se pode observar, o percentual de contratação deu um salto de cerca de 23%
para quase 39% no período de 1997 à 2001. Já o resultado da pesquisa realizada em 2003
mostra uma leve queda de cerca de 4%. A explicação mais plausível para estes resultados é o
fato das empresas terem se lançado à terceirização “indiscriminada” sem uma análise mais
detalhada da real necessidade e favorecimento na adoção desta estratégia. Passado o ímpeto
momentâneo e avaliados os resultados e os custos, muitas vezes houve a reversão parcial do
processo. Outro ponto de interesse a ser focado é a questão da qualificação dos profissionais
que são oferecidos pelas empresas que terceirizam tais atividades. Para poder apresentar um
preço atraente, dentro da expectativa das empresas que enxergam a terceirização apenas
como uma redução de custos, os terceiros buscam, com freqüência, profissionais de baixa
qualificação e até sem qualificação, que aceitem baixos salários. Porém, o resultado é um
trabalho sem qualidade trazendo problemas, e custos, ainda maiores para as empresas que
pensavam apenas em economizar. A inexperiência das empresas com este tipo de
contratação também provocou a assinatura de contratos, juridicamente mau, ou até não
avaliados, provocando sérios problemas no futuro. O resultado de tudo isso foi o
amadurecimento da visão das empresas no que se refere à terceirização provocando em
muitas áreas de atuação, a redução e até extinção das contratações, retornando à situação
anterior.
O resultado final desta matemática de perde e ganha se reflete no Gráfico 22,
apresentado a seguir. Neste pode-se observar, dentro do total de custos realizados pela
manutenção, qual o percentual que se atribui a cada uma das despesas.
128
Composição dos Custos da Manutenção
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
1995 1997 1999 2001 2003
Ano
%
Pessoal Material Serviços Contratados Outros
Gráfico 22 - Composição dos Custos da Manutenção ( fonte: SEIXAS e SANTANA, 2003 )
Observa-se que no levantamento global apresentado, as despesas com pessoal próprio
ainda são maiores que as devidas ao pagamento de pessoal contratado. O que vale ressaltar
é que vem havendo uma pequena queda do percentual das despesas com pessoal próprio e,
em contrapartida, um leve aumento do percentual gasto com terceiros. Torna-se difícil uma
análise clara, visto que esses dados contemplam empresas de diversas atividades, com
características completamente diferentes umas das outras.
Para completar as informações sobre os custos de manutenção, apresenta-se no
Gráfico 23, a seguir, o percentual dos custos de manutenção em relação ao Faturamento
Bruto.
129
Relação % entre o Custo Total da Manutenção e o
Faturamento Bruto
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
1995 1997 1999 2001 2003
Ano
%
Gráfico 23 - Relação % entre o Custo Total da Manutenção e o Faturamento Bruto ( fonte: SEIXAS e
SANTANA, 2003 )
Observa-se uma situação estável com o resultado de 2003 de 4,27%, pouco maior que
a média mundial que está na casa dos 4,12%.
O resultado final da ação da manutenção reflete-se na disponibilidade dos
equipamentos, permitindo que a operação faça bom uso deles, produzindo bens em
quantidade e com qualidade. O Gráfico 24 apresenta o percentual médio de disponibilidade
operacional dos equipamentos nas empresas no Brasil.
O que se pode observar é um salto na disponibilidade dos equipamentos no período de
1997 a 2001. Isso ocorre em função da mudança de paradigma que se desenvolve na
atividade de manutenção, bem como na atividade produtiva como um todo. Melhorar a
disponibilidade passou a ser a palavra chave no “chão de fábrica”. Com isso seria possível
melhorar a produtividade, distribuindo melhor os custos fixos e, em conseqüência, reduzindo o
custo dos bens produzidos e melhorando o retorno da atividade produtiva, bem como o preço
final. As empresas e os clientes agradecem. Neste período, observa-se claramente que o
crescimento da disponibilidade justifica-se em função do crescimento da utilização de mão de
obra qualificada, apresentada no Gráfico 19, página 125, principalmente no período de 1995 a
1997. No período de 2001 a 2003, observa-se uma queda da disponibilidade dos
equipamentos. Pode-se observar no Gráfico 26, página 131, o crescimento de instalações
industriais com menos de 10 anos de existência. Isso pressupõe a utilização de novas
tecnologias, não ocorrendo na mesma proporção o crescimento da utilização de mão de obra
qualificada. Pode-se observar no Gráfico 19, página 125, os mesmos percentuais do ano de
2001.
130
Disponibilidade Operacional ( % )
83,0
84,0
85,0
86,0
87,0
88,0
89,0
90,0
91,0
92,0
1997 1999 2001 2003
Ano
%
Gráfico 24 - Percentual de Disponibilidade Operacional dos Equipamentos no Brasil ( fonte: SEIXAS e
SANTANA, 2003 )
Complementando esta informação, apresenta-se no Gráfico 25 a evolução do
percentual de indisponibilidade dos equipamentos, devido à manutenção. Com um
crescimento da ordem de 1% de 1997 a 2003, justifica-se a importância desta atividade na
atividade produtiva, em face da sofisticação tecnológica que se apresenta nos novos
equipamentos. Porém, a manutenção não é o único vilão nesta história.
Indisponibilidade Devido à Manutenção ( % )
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
1997 1999 2001 2003
Ano
%
Gráfico 25 - Percentual de Indisponibilidade dos Equipamentos Devido à Manutenção ( fonte: SEIXAS
e SANTANA, 2003 )
131
Outra informação de grande importância que nos é apresentada pelo trabalho da
ABRAMAN, é em relação à idade do parque de equipamentos e instalações nas empresas no
Brasil. Tal informação pode ser observada no Gráfico 26, e complementa as informações
anteriores sobre a disponibilidade dos equipamentos.
% da Idade Média dos Equipamentos / Instalações nas Empresas
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
1995 1997 1999 2001 2003
Anos
%
0 - 5 Anos
6 - 10 Anos
11 - 20 Anos
21 - 40 Anos
Mais de 40 Anos
Gráfico 26 - Idade Percentual dos Equipamentos / Instalações nas Empresas no Brasil ( fonte: SEIXAS
e SANTANA, 2003 )
O resultado desses números é uma média aproximada de 16 anos do parque industrial
brasileiro. Observa-se nos últimos anos uma elevação de equipamentos com até 10 anos de
existência e queda nas demais idades. Desta feita, comprova-se o crescimento de novas
instalações nos últimos cinco anos, principalmente no período de 2001 a 2003, que se
mantiveram estáveis de 1995 à 1999. Novos equipamentos representam novas tecnologias e,
consequentemente exigem melhores qualificações.
Para fazer frente a essas necessidades, as empresas precisam melhor qualificar os
seus profissionais, e efetuar uma seleção rigorosa quando da contratação de um novo talento
para os seus quadros. No Gráfico 27, apresenta-se a forma preferida pelas empresas para a
qualificação dos seus profissionais.
O que se pode observar nos dados apresentados é que cerca de 43% das empresas
investem na formação dos seus profissionais, sejam internamente ou mesmo com a
contratação de formações externas. Empresas que não tenham uma estrutura destinada à
formação ou mesmo que esta atividade não faça parte da sua visão estratégica, preocupam-se
132
com a qualificação na hora da contratação. Cerca de 53% das empresas que responderam o
questionário, declaram a sua preocupação com a formação e experiência dos profissionais a
serem contratados, através de entrevistas, avaliação da carteira de trabalho e currículo. O
menor percentual apresentado é de empresas que se preocupam em exigir o PNQC -
Programa Nacional de Qualificação e Certificação de Pessoal na Área de Manutenção. Trata-
se de uma espécie de avaliação e certificação das qualidades dos profissionais de
manutenção. É uma estratégia que vem no bom caminho mas ainda não sensibilizou boa parte
das empresas.
% das Empresas que Utilizam Formas de Qualificação de
Pessoal
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
1997 1999 2001 2003
Anos
%
Análise de Carteira de Trabalho Entrevista e Análise do Currículo
Qualificação Interna
Qualificação por Terceiros
PNQC
Gráfico 27 - Percentual das Empresas que Utilizam Diferentes Formas de Qualificação do Pessoal
( fonte: SEIXAS e SANTANA, 2003 )
Com relação a esta pesquisa realizada pela ABRAMAN, verifica-se que a maioria das
empresas que receberam os questionários não o respondeu. O percentual ainda é muito
baixo, porém já nos traz informações muito importantes para apresentar um “retrato” da
atividade. Esses percentuais são apresentados no Gráfico 28 e, no Gráfico 29 aparecem as
atividades que mais colaboraram percentualmente.
133
% de Questionários Respondidos
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
18,0
1995 1997 1999 2001 2003
Anos
%
Gráfico 28 - Percentual de Questionários Respondidos ( fonte: SEIXAS e SANTANA, 2003 )
% das Principais Atividades que Responderam ao
Questionário
80%
67%
43%
41%
30%
Principais Atividades das Empresas Que Responderam o Questionário
%
Transportes Predial Aeronáutica Petóleo Energia Elétrica
Gráfico 29 - Principais Atividades de Empresas que Responderam ao Questionário ( fonte:
SEIXAS e SANTANA, 2003 )
134
ANEXO 3
O SOFTWARE MP2
Para que se possa ter uma visão geral deste aplicativo, procura-se utilizar algumas telas
do MP2, com a finalidade de tentar cumprir esta missão. Na Figura 15, pode-se observar a tela
inicial onde se tem acesso a ícones de acesso rápido, bem como uma barra de ferramentas
para complementar as possibilidades de acesso.
Figura 15 – Tela Inicial do MP2
Pode-se observar claramente a existência de ícones com o nome de Almoxarifado e
Equipamentos. O primeiro permite que se tenha acesso às peças de reposição que
encontram-se disponíveis no almoxarifado, possibilitando que seja efetuada a requisição dos
ítens que se façam necessários para a realização de uma intervenção. Já o segundo, permite
que se consulte a relação de todos os equipamentos cadastrados no sistema, apresentando os
seus respectivos códigos e descrições, bem como outras informações importantes tais como
setor em que se encontra instalada e centro de custo a ser debitado para cada despesa que se
realize com o referido equipamento.
135
Pode-se observar também a existência de ícones com o nome de OS’s e Histórico.
Neste caso, dizem respeito às ordens de serviço que encontram-se na base de dados de
trabalho e na base de dados armazenada para futuras consultas. As ordens de serviço da
base de trabalho podem estar concluídas ou não porém, para que sejam transferidas para o
histórico, é necessário que estejam concluídas no momento da solicitação do arquivamento.
Outro ícone disponível para acesso rápido é o que contempla o acesso às tarefas que
encontram-se cadastradas no sistema. Entenda-se por tarefa as atividades de manutenção
preventiva ou sistemática que se deseja efetuar periodicamente, assim que o sistema às
transforme em ordens de serviço.
Tomando-se como base o ícone que diz respeito às ordens de serviço, ao acessá-lo
apresenta-se a tela da Figura 16 que apresenta a relação das ordens de serviço que
encontram-se na área de trabalho. A partir desta tela, pode-se visualizar uma das ordens de
serviço, bem como criar uma nova. Pode-se observar uma nova barra de ferramentas onde
encontra-se sete pastas, a saber: Editar Lista, Exibir Registro, Equipamento e Detalhes,
Programação, Documentação Técnica, Campos Definidos pelo Usuário e Observações Reparo.
A pasta referente a Editar Lista é a que se apresenta na figura abaixo.
Figura 16 – Tela Inicial para Acesso às Ordens de Serviço
136
Passando-se para a próxima pasta, Exibir Registro, pode-se identificar no exemplo
apresentado na Figura 17, os dados de uma ordem de serviço existente no sistema estudado.
Figura 17 – Tela Referente à Pasta Exibir Registro
Pode-se observar que existem alguns campos sombreados em vermelho. Isso se dá
pelo fato de serem campos de preenchimento obrigatório para uma ordem de serviço. Eles
dizem respeito à Solicitação (que representa o motivo que levou à abertura da referida ordem
de serviço), Tipo de OS (que identifica, através de uma ou mais letras, o tipo de ação que a OS
representa; manutenção corretiva, manutenção preventiva, formação, modificação etc) e setor
em questão. O setor se faz necessário pois o banco de dados para tal software é único e este
serve para identificar os dados que cada usuário do sistema terá acesso, em função do setor
ao qual pertence. Existem outros campos que podem ser preenchidos com a finalidade de
melhorar a qualidade das informações registradas.
Passando à pasta Equipamentos e Detalhes, pode-se observar na Figura 18,
apresentada a seguir, as informações que encontram-se disponíveis, com a finalidade de
melhor detalhar o que foi realizado, onde os profissionais atuaram, quais foram os
responsáveis pela intervenção, e quais as consequências para o parque de máquinas.
137
Figura 18 – Tela Referente à Pasta Equipamentos e Detalhes
Na metade superior da tela, encontram-se os campos referentes ao Equipamento, se
houve ou não Parada de Máquina, o Tempo de Parada se esta ocorreu, o Motivo da Parada, o
Código da Falha e a Solução. Para esses últimos três pontos, utilizam-se códigos
preestabelecidos para representá-los. Essa característica do aplicativo permite que se possa
efetuar pesquisas, fazendo uso desses códigos. Dessa forma dificulta que os profissionais
possam utilizar várias formas para representar a mesma coisa, dificultando assim o trabalho de
agrupamento dos dados e futuras pesquisas. Existem outras informações disponíveis além
das que são visíveis na tela.
Na metade inferior da tela, encontram-se disponíveis cinco pastas para consulta; são
elas: Mão-de-Obra, Contratados, Peças, Observações e Medidores. Na pasta referente a Mão-
de-Obra, são disponibilizadas as informações referentes aos profissionais que efetuaram o
trabalho, qual foi o dia que se deu o trabalho e quanto tempo o profissional despendeu para tal.
Existem outras informações a respeito de cada um dos profissionais que atuaram no trabalho.
Na pasta referente a Contratados, o procedimento é o mesmo, sendo indicado porém apenas o
nome da empresa que forneceu os profissionais é sinalizado. Na pasta referente a Peças,
relacionam-se as peças utilizadas na execução da tarefa.
138
Uma das informações mais importantes no preenchimento das ordens de serviço
encontra-se na pasta referente a Observações. Apresenta-se tal tela na Figura 19.
Figura 19 – Tela Referente às Observações Efetuadas Quanto ao que Foi Realizado
Trata-se de uma pasta de preenchimento bastante simples. É um campo aberto para a
digitação de texto, explicando detalhadamente o que foi realizado. Não existe uma limitação de
campo para este relato, devendo este ser o mais rico possível.
A pasta referente a Medidas destina-se ao registro de medidas que sejam necessárias
de serem realizadas para acompanhamento futuro. Podem ser de diversas naturezas, tais
como: resistência de isolamento de motores, desgaste de componentes mecânicos, avaliação
de vibração em grandes equipamentos etc.
Passando a tela referente a Programação, pode-se observar na Figura 20, página 140,
as datas e horários importantes para marcar princípio e fim da Ordem de Serviço em questão.
Pode-se observar no canto superior direito, um campo que informa o Status da OS. No caso
exemplificado a mesma encontra-se concluída. Os demais campos são:
9 Atribuído a – No caso de uma OS programada, deve conter o registro do profissional
139
que se deseja que realize a intervenção;
9 Atribuído por – Deve conter o registro do profissional que planejou a intervenção
programada. No caso apresentado, por ter sido uma intervenção de manutenção
corretiva, a mesma não foi programada;
9 Data de Solicitação – Trata-se da data corrente no momento em que a Ordem de
Serviço foi gerada;
9 Hora de Solicitação – Também surge automaticamente no momento da geração da
Ordem de Serviço;
9 Data Início Programada – No caso de uma atividade programada, a mesma pode
ser planejada antecipadamente porém, esta data deve corresponder ao dia em que
se deseja que o trabalho seja realizado. No caso de intervenções não programadas,
deve conter a data em que esta foi realizada;
9 Hora Início Programada – Este campo deve ser tratado da mesma forma que o
anterior;
9 Data Fim Programada – Deve receber o mesmo tratamento do campo Data Início
Programada, sendo que deve-se considerar o seu fim;
9 Duração Estimada (dias) – Para longas intervenções programadas deve-se indicar o
número de dias que se prevê serem necessários. Para intervenções de curta
duração preencher com o valor 1;
9 Data de Conclusão – Este campo deve conter a data em que a intervenção foi
concluída.
9 Hora de Conclusão – Este campo complementa o anterior informando-se o horário
em que se deu a conclusão da intervenção. Ao preencher esta hora, a intervenção
que encontrava-se com o Status de “Aberta”, passa automaticamente para o Status
de “Concluída”.
No grande campo a direita da tela, pode-se sinalizar as Especialidades dos profissionais
que deverão executar a intervenção, bem como uma previsão do tempo de duração, o tamanho
140
da equipe, isto é, o número de profissionais daquela especialidade e, pode-se atribuir a esta
uma prioridade. Essa se efetua através de um número.
Figura 20 – Tela de Programação de Uma Ordem de Serviço
Passando em seguida para a pasta Documentação Técnica, pode-se observar que é
possível anexar a uma ordem de serviço um arquivo eletrônico com algum tipo de informação
considerada importante para a realização do trabalho ora descrito. Pode-se anexar fotos,
textos descritivos, referenciais técnicos, filmes que apresentem um modo operatório para a
realização de uma tarefa etc. Pode-se observar a tela referente a esta pasta na Figura 21,
apresentada na página seguinte.
141
Figura 21 – Tela Referente à Documentação Técnica
As pastas referentes a Campos Definidos pelo Usuário e Observações Reparo não são
utilizados no caso estudado.
Desta forma apresentou-se, de uma forma genérica, as informações que se apresentam
para cada uma das Ordens de Serviço, podendo estes campos serem utilizados como
referência para que se possa efetuar uma pesquisa no banco de dados do sistema.
A seguir, na Figura 22, apresenta-se a tela que é apresentada pelo aplicativo no
momento em que utiliza-se o ícone referente a Almoxarifado. O sistema efetua troca de
informações com a base de dados do almoxarifado da empresa, apresentando o código dos
diversos componentes codificados, bem como uma série de outras informações a respeito de
cada um deles. Como exemplo pode-se citar: Descrição, Tipo de Peça, Unidade de Medida,
etc.... Nesta tela é possível identificar o código do componente que se deseja utilizar, bem
como efetuar a requisição do referido componente.
142
Figura 22 – Tela de Acesso aos Dados do Almoxarifado
Utilizando-se o ícone referente a Equipamentos, chega-se a tela apresentada na Figura
23, página 143, onde é possível observar-se os campos utilizados para descrever os
equipamentos cadastrados. É feito um filtro com relação a cada usuário, com a finalidade de
permitir que este visualize apenas os equipamentos cadastrados para o departamento onde ele
trabalhe. Pode-se observar que são mostrados o código do Equipamento, o Local onde este
se encontra instalado, o Tipo de Equipamento, a sua Descrição etc. Existem outras
informações disponíveis que não podem ser visualizadas na figura apresentada. Pode-se
observar também, na sequência de pastas que se apresentam, várias formas de consultar as
diversas informações existentes quanto aos equipamentos. São pastas criadas com a
finalidade de agrupar informações afins, repetindo outras que são consideradas vitais a cada
mudança de pasta. São elas: Exibir Registro, Dados Financeiros, Peças, Notas de Segurança,
Medidores, Documentação Técnica, Componentes, Histórico etc.
Em seguida, apresenta-se cada uma dessas telas referentes aos dados sobre os
equipamentos. Na Figura 24, observa-se a pasta Exibir Registro. Nesta pode-se encontrar
diversas informações sobre a fabricação do equipamento, local onde encontra-se implantado e
responsável pela sua utilização.
143
Figura 23 – Tela Referente à Consulta aos Equipamentos Cadastrados
Figura 24 – Tela que Exibe os Registros dos Equipamentos
144
Já na Figura 25, apresenta-se os Dados Financeiros relativos ao equipamentos em
questão.
Figura 25 – Tela Referente aos Dados Financeiros dos Equipamentos
Figura 26 – Tela Referente às Peças de Reposição Cadastradas para Cada Equipamento
145
Na Figura 26, na página anterior, apresenta-se as Peças utilizadas no referido
equipamento, podendo serem agrupadas em Kits, facilitando assim a vida dos profissionais de
manutenção no momento da realização de um reparo.
Nas Figuras 27, 28 e 29, apresentam-se em seguida as telas referentes a Notas de
Segurança, Medidores e Documentação Técnica. Para a primeira, observa-se que esta
permite que sejam relatadas precauções que devam ser tomadas, quanto a segurança, no
momento de intervir no referido equipamento. Na segunda, pode-se registrar valores de
medições que mereçam ser efetuadas periodicamente, para serem acompanhadas no decorrer
do tempo, podendo indicar uma tendência a ocorrência de uma pane no mesmo. Na terceira,
conforme já relatado com relação às Ordens de Serviço, pode-se manter armazenados
arquivos referentes a desenhos e demais documentos técnicos de interesse em relação ao
equipamento.
Figura 27 – Tela Referente às Peças que Constituem o Equipamento Analisado
146
Figura 28 – Tela Referente às Regras de Segurança que Devam ser Respeitadas
Figura 29 – Tela Referente às Medidas que Possam ser Registradas Quanto ao Equipamento
147
Para completar, apresenta-se as Figuras 30, 31 e 32, que apresentam as pastas
referentes a Componentes, Histórico e Campos Definidos Pelo Usuário. Na primeira, é
possível que seja descrita a estrutura dos equipamentos com os subconjuntos que o compõe.
Na segunda figura, é possível que sejam encontradas todas as Ordens de Serviço efetuadas,
nas quais constem o referido equipamento. Na terceira figura, o usuário pode definir campos
que sejam do seu interesse e que não constem nas pastas anteriores. Vale ressaltar que para
que esta seja utilizada, faz-se necessário a intervenção de um técnico do fabricante do
software para adequá-lo às necessidades do usuário. Conforme já apresentado anteriormente,
esta pasta não é utilizada pela empresa estudada.
Figura 30 – Tela Referente aos Componentes Existentes em Cada Equipamento
148
Figura 31 – Tela Referente ao Histórico de Ordens de Serviço dos Equipamentos
Figura 32 – Tela Referente aos Campos Definidos pelo Usuário
Passando do campo da inserção de dados no sistema para o campo da análise da base
149
de dados, o sistema possibilita que se faça consultas através da geração de gráficos ou
relatórios. Para cada um deles, disponibiliza-se uma série de alternativas para que sejam
efetuadas essas consultas. No caso dos gráficos, pode-se observar na Figura 33, as
alternativas que são apresentadas. Utilizou-se como exemplo o Resumo de Falhas de
Equipamentos, para o qual se pode escolher uma das três opções apresentadas: Agrupar Por
Número de Equipamento, Agrupar Por Tipo de Equipamento e Agrupar por Motivo de Parada.
Para cada uma das possibilidades apresentadas no primeiro e no segundo quadro,
contempladas com uma seta no final, existem algumas alternativas conforme apresentado para
os Equipamentos.
Figura 33 – Tela Referente à Geração de Gráficos de Equipamentos
Para o caso em que se necessite da geração de um relatório, também são
apresentadas uma série de alternativas, conforme apresentado na Figura 34, página 150. Para
fazer uso de um exemplo, apresenta-se o caminho para a geração de um relatório que
contemple Resumos Simples de Ordens de Serviço. Para que se possa fazer a escolha dos
critérios utilizados para tal, chega-se até a Figura 35, página 150, onde se tem a possibilidade
de selecionar se o relatório dirá respeito a Ordens de Serviço Abertas, Fechadas ou a ambas.
Em seguida passa-se ao próximo passo que pode ser observado na Figura 36, página 151.
150
Figura 34 – Tela Referente à Geração de Resumos Simples de Ordens de Serviço
Figura 35 – Tela com a Possibilidade de Seleção de OS’s Abertas, Fechadas ou Ambas
151
Figura 36 – Tela Referente aos Critérios de Seleção do Relatório Desejado
Através das cinco pastas disponíveis, pode-se selecionar os campos que serão
apresentados no relatório (pasta Campos), os critérios de seleção das Ordens de Serviço que
estarão contidas no mesmo são selecionados na pasta Selecionar. Na pasta Ordenar,
seleciona-se a forma desejada para que sejam ordenados os dados apresentados. Na pasta
Cabeçalho/Rodapé se faz a preparação dos mesmos. Por fim, na pasta Destino (que aparece
na tela apresentada), pode-se selecionar se o relatório vai ser Impresso, Exportado ou enviado
por E-mail. Também é possível se fazer a Visualização da Impressão ou do que será
Exportado.
É importante ressaltar que também pode-se consultar a base de dados do MP2 através
da elaboração de um aplicativo que se preste para esta finalidade. Desta forma, identifica-se
as tabelas de dados que se deseja consultar e busca-se os dados que se façam necessários.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo