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Universidade de São Paulo
Escola de Comunicações e Artes
Eric Aversari Martins
A Viola Caipira, a Modinha e o Lundu
São Paulo, 2005
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Universidade de São Paulo
Escola de Comunicações e Artes
Eric Aversari Martins
A Viola Caipira, a Modinha e o Lundu
Dissertação apresentada à Área de
Concentração: Musicologia da Escola de
Comunicações e Artes da Universidade de
São Paulo, como exigência parcial para
obtenção do Título de Mestre em Artes, sob
a orientação do Prof. Dr. Fernando Corvisier.
São Paulo, 2005
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Eric Aversari Martins
A Viola Caipira, a Modinha e o Lundu
Dissertação apresentada à Área de Concentração: Musicologia da Escola de Comunicações e
Artes da Universidade de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do Título de Mestre
em Artes, sob a orientação do Prof. Dr. Fernando Corvisier.
Comissão Julgadora
Data: _____/_____/_____
_________________________________
_________________________________
_________________________________
RESUMO
A modinha e o lundu foram os dois gêneros musicais mais importantes
do séc. XVIII e XIX no Brasil. Tais músicas eram usualmente acompanhadas
por viola de arame, a ancestral da atual viola caipira. Com base nas partituras
publicadas pelos viajantes Spix e Martius, com arranjos originais para piano e
voz, este trabalho apresenta transcrições dos acompanhamentos para serem
executados na viola caipira.
ABSTRACT
The modinha and the lundu were the two most populars musical genres
during the 18th and 19th centuries in Brazil. Such music were accompanied by
the instrument viola de arame, an ancestor of the contemporary viola caipira.
Based on the musical scores published by the travelers Spix e Martius,
originally written for piano and voice, this dissertation presents transcriptions of
the accompaniments to be performed on the viola caipira.
Ao Lucas
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais Eliseu e Débora, sem os quais nada é possível.
À minha esposa Kátia pelo amor me dispensado em todos os momentos.
Aos Profs. Drs. Fernando Corvisier e Régis Duprat por muito mais que a
orientação, pela amizade; por muito mais que os ensinamentos musicais, pelos
ensinamentos de vida.
Ao Prof. Diósnio Machado Neto, pela confiança, auxílio e
companheirismo.
Ao Prof. Edilson de Lima, por todas as oportunidades que me deu e
especialmente pela amizade.
Ao meu irmão Vinícius e minha cunhada Sofie e família, por tudo.
Aos meus sogros Célio e Anna, pela linda filha ...
Ao Prof. Dr. Rubens Ricciardi pela oportunidade dada.
À Prof. Fátima Corvisier e a linda Camila.
À Profa. Yuka de Almeira Prado, “minha diva”.
Aos meus amigos de Ribeirão Preto Waldyr, Célia, Marcel, Lucinéia,
Alexandre, Fernanda e Juliana, por tornarem minhas viagens mais agradáveis.
À turma toda do Lira d´Orfeo, Rose, Fabi, Maria Eugênia, Celso e
Edilson, pela amizade e pela música.
Aos meus amigos Paulo, Vivian e Thiago, Trolha e Trolhinha, pela
amizade incondicional.
Ao meu amigo Visconde, sem o qual ainda estaria na graduação.
À barbuda Capitu, pelo companheirismo.
Sumário
1. Introdução...............................................................................................................1
1.1 - Justificativa do tema..................................................................................................1
1.2 - Objetivo da dissertação.............................................................................................2
1.3 - Processo investigativo...............................................................................................3
2. Os viajantes no Brasil ..........................................................................................4
2.1 - Os naturalistas Spix e Martius ...................................................................................5
3. A música nos escritos de Spix e Martius........................................................9
3.1 - A modinha e o lundu nos séculos XVIII e XIX .............................................................9
4. A viola, a modinha e o lundu............................................................................15
4.1 - Uma breve origem da viola......................................................................................15
4.2 - A viola na tradição musical brasileira........................................................................17
4.3 - A relação da viola com a modinha e o lundu.............................................................19
5. A metodologia para a elaboração das transcrições..................................22
5.1 - A viola atual............................................................................................................22
5.2 - A técnica atual da viola aplicada nas transcrições .....................................................24
5.2.1 - O paralelismo..............................................................................................24
5.2.2 - As cordas soltas ..........................................................................................27
5.2.3 - Os arrastes .................................................................................................29
5.3 - As afinações utilizadas ............................................................................................31
6. O arranjos originais e as transcrições...........................................................34
6.1 - Os arranjos originais ...............................................................................................34
6.2 - As transcrições .......................................................................................................36
6.2.1 - Acaso são estes ..........................................................................................37
6.2.2 - Qual será o feliz dia .....................................................................................42
6.2.3 - Perdi o rafeiro..............................................................................................45
6.2.4 - Prazer igual ao que eu sinto.........................................................................46
6.2.5 - No regaço da ventura ..................................................................................50
6.2.6 - Foi-se Josino...............................................................................................51
6.2.7 - Escuta formosa Márcia ................................................................................56
6.2.8 - Uma mulata bonita.......................................................................................59
6.2.9 - Lundum, brasilian volkstanz .........................................................................60
6.3 - A grafia das letras nas transcrições..........................................................................69
7. Conclusões...........................................................................................................70
8. Bibliografia e discografia ..................................................................................73
Apêndice I....................................................................................................................80
Índice de Exemplos Musicais
Exemplo 1 Escalas Duetadas.......................................................................................................................................................... 25
Exemplo 2 - Coã.............................................................................................................................................................................. 25
Exemplo 3 Ingrisia na Folia............................................................................................................................................................. 25
Exemplo 4 - Toque de Viola. Transcrito a partir do CD Almir Sater ao Vivo. .............................................................................................. 26
Exemplo 5 Pagode em Brasília Transcrito a partir do CD Pagodes Vol 2................................................................................................ 27
Exemplo 6 - Sertão do Canto (Deghi, 2001, 53).................................................................................................................................... 28
Exemplo 7 - Armorial ........................................................................................................................................................................ 29
Exemplo 8 - Minha viola e Eu. Transcrito a partir da Coletânea do Núcleo de Estudos Caipiras ................................................................... 30
Exemplo 9 Boiada Cubana. Transcrito a partir da Coletânea do Núcleo de Estudos Caipiras .................................................................... 30
Exemplo 10 - Início de Acaso são estes (Parte A)................................................................................................................................. 37
Exemplo 11 Acaso são estes (Parte B)............................................................................................................................................. 38
Exemplo 12 Ah! Nerina .................................................................................................................................................................. 39
Exemplo 13 Alteração do compasso 15 de Acaso são esses................................................................................................................ 40
Exemplo 14 - Qual será o feliz dia ...................................................................................................................................................... 42
Exemplo 15 - Qual será o feliz dia ...................................................................................................................................................... 43
Exemplo 16 - Qual será o feliz dia ...................................................................................................................................................... 44
Exemplo 17 - Perdi o rafeiro .............................................................................................................................................................. 45
Exemplo 18- Solo de Prazer igual ao que eu sinto ................................................................................................................................ 47
Exemplo 19 - Prazer igual ao que eu sinto........................................................................................................................................... 48
Exemplo 20 - Alterações em Prazer igual ao que sinto........................................................................................................................... 49
Exemplo 21 - Trecho de No regaço da ventura ..................................................................................................................................... 50
Exemplo 22 - Trecho de Foi-se Josino ................................................................................................................................................ 53
Exemplo 23 - Parte B de Foi-se Josino................................................................................................................................................ 54
Exemplo 24 - Trecho de Foi-se Josino ................................................................................................................................................ 55
Exemplo 25 - Trecho de Escuta formosa Márcia ................................................................................................................................... 58
Exemplo 26 Trecho de Uma Mulata Bonita........................................................................................................................................ 60
Exemplo 27- Ganinha, minha ganinha................................................................................................................................................. 61
Exemplo 28 - Esta Noite................................................................................................................................................................... 62
Exemplo 29 - Menina, você que tem................................................................................................................................................... 62
Exemplo 30 - Trecho de Lundu das Mulatinhas .................................................................................................................................... 63
Exemplo 31 - Trechos de Lundu, brasilian volkstanz.............................................................................................................................. 64
Exemplo 32 - Compassos 18 a 20 e 100 a 102 do Lundum, brazilian volkstanz ......................................................................................... 65
Exemplo 33 - Início do arranjo do Lundum, brazilian volkstanz................................................................................................................ 66
Exemplo 34 - Compasso 7 de Lundum, brasilian volkstanz..................................................................................................................... 66
Exemplo 35 - Som real do compasso 7............................................................................................................................................... 67
Exemplo 36 - Escrita original ............................................................................................................................................................. 67
Exemplo 37 - Som real ..................................................................................................................................................................... 67
Exemplo 38 - Compassos 10 e 11...................................................................................................................................................... 68
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 - JUSTIFICATIVA DO TEMA
A viola caipira (que será chamada ao longo deste trabalho simplesmente por viola) é
um dos instrumentos mais representativos da cultura brasileira. Ela pode ser
encontrada nas mais diversas manifestações culturais populares ao longo do
território brasileiro, como por exemplo, a música de repente nordestina, o cateretê, a
cana verde, as folias de reis e do divino e tantas outras (Corrêa, 2000).
Atualmente a viola tem tido também um papel importantíssimo na cena
musical brasileira, deixando de ser um instrumento tipicamente popular, onde é
primordialmente utilizado para acompanhamento, para fazer parte do movimento da
música “séria” do país, como instrumento solista. Nos dias de hoje existem inúmeros
concertistas com formação acadêmica equivalente aos músicos eruditos realizando
concertos, gravações e estudos mais aprofundados sobre a viola.
Frente à situação atual da viola, conforme acima exposto, cabe aos
pesquisadores a realização de estudos relacionados às mais diversas facetas deste
instrumento na cultura nacional.
Vem corroborar o acima dito o fato de ter sido aberto, no ano de 2005, o
primeiro curso universitário com bacharelado em viola caipira no Departamento de
Música de Ribeirão Preto da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de
São Paulo. Mais ainda, esse curso foi aberto juntamente com os demais cursos de
bacharelado em instrumento dentro da música erudita, e não popular! Nesse
sentido, o tema desta dissertação, qual seja uma análise do envolvimento desse
instrumento na cena musical e cultural nos séculos XVIII e XIX, justifica-se pela
ampla aceitação popular da viola ao longo de toda a história da música brasileira e
2
sua crescente valorização por parte não só do público em geral como dos
pesquisadores e estudiosos da atualidade, seja nas universidades ou fora delas.
1.2 - OBJETIVO DA DISSERTAÇ ÃO
O objetivo da presente dissertação é apresentar subsídios para o entendimento da
relação da viola com a cultura e a música existente no final do século XVIII e início
do século XIX. A contribuição deste trabalho está voltada para a utilização do
instrumento em estudo no acompanhamento e execução de modinhas e lundus no
período supramencionado.
A dissertação será subdividida na análise dos estilos musicais objeto do
presente estudo e sua relação com a viola, e na apresentação de transcrições de
músicas para serem executadas na viola.
Como resultado final da pesquisa pretende-se não somente apresentar a
relação do instrumento com a época e os estilos sob análise, mas também fornecer
material atualizado para que músicos possam ter acesso a uma parte do repertório
das modinhas e lundus devidamente arranjados para viola. Ainda, tais arranjos
serão elaborados de acordo com a técnica corrente de se tocar viola, com base nas
afinações atualmente utilizadas e nos instrumentos atuais. Isto tudo com o objetivo
de se permitir um amplo acesso aos arranjos, não somente para estudiosos ou
instrumentistas de época.
3
1.3 - PROCESSO INVESTIGATIVO
No sentido de alcançar os objetivos anteriormente propostos, e levando em
consideração que as músicas transcritas para viola foram obtidas do relato das
viagens de Spix e Martius, inicialmente estaremos apresentando uma visão geral da
importância dos viajantes estrangeiros, que exploravam as colônias obtendo as mais
variadas informações sobre a natureza e sociedade existentes. Serão discutidas as
razões que levavam essas pessoas a empreender expedições ao redor do mundo,
considerando os aspectos por eles considerados mais relevantes. Ênfase será dada
aos viajantes que vieram para o Brasil, especialmente aos bávaros Spix e Martius
que recolheram diversas músicas, ao longo de sua expedição (músicas essas objeto
da presente dissertação).
Posteriormente, estaremos apresentandoapresentaremos um estudo sobre os
escritos musicais encontrados nos relatos dos naturalistas bávaros, buscando
apresentar os gêneros musicais por eles recolhidos, sua relação com a sociedade da
época e suas origens.
Expostas tais idéias, procederemos à apresentação das técnicas utilizadas
para se elaborar as transcrições das modinhas e lundus para viola. Serão
demonstradas as técnicas atuais de execução do instrumento mais difundidas na
música para viola, quais sejam, os paralelismos, as cordas soltas e os arrastes
através de exemplos musicais. Também será discutida a questão da afinação
utilizada. Por fim, serão apresentadas as partituras finais das transcrições, com a
explicação dos principais problemas e respectivas soluções encontradas ao longo do
trabalho de adaptação do acompanhamento de piano para viola.
4
2. OS VIAJANTES NO BRASIL
Com os descobrimentos de novos continentes e a conseqüente criação de
colônias dos países europeus ao redor mundo, surgiu, a partir do século XV, um
gênero literário amplamente difundido na Europa: os relatos de viagens. Tais relatos
nasciam da realização de expedições realizadas pelos mais variados países com o
sentido de se ampliar o conhecimento acerca dessas novas terras que estavam
sendo descobertas. Segundo Mendes (s.d.) a expansão do capital mercantil que
ocorria com
“os descobrimentos marítimos, a conquista e ocupação militar de
importantes entrepostos nas Índias, o estabelecimento de feitorias
nas costas da África, o domínio dos povos americanos e o início da
colonização moderna estimulou o surgimento de uma `nova´
literatura: a de viagens”.
Essa ampliação das fronteiras do mundo gerou um grande interesse na
Europa pelos novos descobrimentos. Basta ver as primeiras palavras do relato de
Spix e Martius (1981):
“A América, essa nova parte do mundo apenas conhecida de poucos
séculos atrás, tem sido, desde a época de seu descobrimento, objeto
de admiração e predileção da Europa”.
E os relatos das pessoas que viajavam por essas “novas” terras vinham suprir
esse crescente interesse. Desde o descobrimento do Brasil, um extenso número de
viajantes percorreu as terras desse país (assim como de outros países) com o intuito
de ampliar seus conhecimentos a respeito dos mais variados aspectos do Novo
Mundo.
Somente no período de 1808 a 1822, estiveram viajando pelo país Luccock,
Mawe, Koster, Tollenare, Spix, Martius, Pohl, Maximiliano, Saint-Hilaire, Freireyss,
Debret, Eschwege, Leithold e Rango (Mendes, s.d.) entre outros.
5
Vamos, entretanto, nos concentrar nos naturalistas bávaros Spix e Martius,
uma vez que eles publicaram, no relato de sua viagem, partituras de oito modinhas,
um lundu e diversos cantos indígenas. Tais modinhas e o lundu são parte essencial
da presente pesquisa. Os cantos indígenas não serão objeto de pesquisa no
presente trabalho.
2.1 - OS NATURALISTAS SPIX E MARTIUS
No ano de 1815, o Rei da Baviera ordenou à Academia de Ciências de Munique que
providenciasse uma “viagem científica ao interior da América do Sul” (Spix e Martius,
1981). Ocorreram desde tal ordem do rei inúmeros imprevistos que atrasaram a
realização da expedição. Tempos depois do pedido inicial feito pela corte bávara, S.
A. Real D. Carolina Josefa Leopoldina, Arquiduquesa da Áustria, contraiu matrimônio
com S. A. Real D. Pedro de Alcântara, Príncipe herdeiro de Portugal e futuro
Imperador do Brasil D. Pedro I. Presente em Viena no momento dessa união, o Rei
da Baviera providenciou que fosse enviado juntamente com o séqüito da noiva um
grupo de cientistas austríacos. Nesse momento passa a idéia inicial de uma
expedição através da América do Sul ser restrita a uma expedição no Brasil.
Para comandar esta expedição foram escolhidos o zoólogo Dr. Johann Baptist
von Spix (Höchstaedt, 1781 - Munique, 1826), e o botânico Dr. Carl Friedrich Philipp
von Martius (Erlangen, 1794 - Munique, 1868). Também fizeram parte da comitiva
de cientistas enviados para o Brasil os zoólogos J. C. Mikan, John von Natterer e
Giuseppe Raddi e o botânico Emmanuel Pohl. Estes últimos, entretanto, seguiram
caminhos diferentes de Spix e Martius, permanecendo inclusive menos tempo no
país. Excetuando-se o trabalho de Spix e Martius, segundo Olivério, o mais
6
importante deles foi Natterer, considerado um dos maiores zoólogos-colecionadores,
coletando 1.146 exemplares de mamíferos e 12.295 de aves (Spix e Martius, 1981).
Dada a ordem de seguir viagem, em janeiro de 1817, os naturalistas
passaram aos preparativos finais. Para se ter uma idéia da quantidade de
informação que eles vinham pesquisar no Brasil, Spix se encarregou de estudar
todo o reino animal, como por exemplo a morfologia e anatomia de todas as
espécies, seus hábitos, distribuição geográfica e migrações, incluindo também tudo
o possível sobre o homem, tanto indígenas como imigrados: as diversidades,
conforme os climas, o seu estado físico e espitirual, etc. Já Martius, como botânico,
assumiu o encargo de pesquisar o reino da flora tropical em toda sua extensão.
Além dessas pesquisas relacionadas com suas especialidades, tinham a
responsabilidade de verificar inúmeros outros dados requeridos por colegas da
Academia. Dados esses que variavam desde a análise da mineralogia, de
declinações magnéticas de bússolas, fenômenos elétricos, filologia, folclore, moedas
e tantos outros aspectos relacionados com topologia, geografia, filosofia, história etc.
(Spix e Martius, 1981). Em outras palavras, a quantidade de informações que Spix e
Martius deveriam levantar era enorme. Vieram para o Brasil para analisar
praticamente todos os aspectos do país, seja relacionado à sua natureza ou aos
seus habitantes.
Partiram de Trieste em 10 de abril de 1817. Após algumas poucas escalas
aportam no Rio de Janeiro na manhã do dia 15 de julho do mesmo ano. Chegando
no Rio de Janeiro, iniciaram uma investigação sobre a civilização que encontraram.
Começam com a descrição física da cidade, casas, monumentos, praças, ruas,
tamanho, população etc.. P, passam para a estrutura do incipiente sistema
educacional, a importância das artes na sociedade carioca, a dieta da população, as
7
doenças que acometiam as pessoas, suas curas e estruturas médico/hospitalares,
mercados existentes, mercadorias comercializadas nacionais e importadas e suas
origens, mercadorias exportadas e produção agrícola. Passam então a percorrer os
arredores da cidade levantando informações sobre as espécies da flora e da fauna
que encontravam no caminho, descrevendo fazendas, paragens, paisagens naturais
e comportamento das pessoas encontradas pelo caminho, com uma grande riqueza
de detalhes.
Esse tipo de pesquisa realizada no Rio de Janeiro foi repetida ao longo de
todo o percurso por eles realizado. Foram a São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia,
Pernambuco, Piauí, Maranhão, Pará e Amazonas, retornando para a Europa,
partindo de Belém do Pará, em abril de 1820.
Publicaram o relato da sua expedição na obra Viagem pelo Brasil, (original
Reise in Brasilien) em três volumes em 1823, 1828 e 1831. Tal relato da viagem foi
praticamente elaborado na sua totalidade por Martius, uma vez que Spix faleceu
após a publicação do primeiro volume. Trechos do texto original em alemão foram
publicados em português no Brasil, pela primeira vez, em 1916 com o título de
Através da Bahia (com tradução de Manuel Pirajá da Silve e Paulo Wolf
).
Posteriormente, em 1938, foi publicada a primeira versão integral do relato traduzida
para português (com tradução de Lúcia Furquim Lahmeyer, revisão de Ramiz
Galvão e Basílio Magalhães; Promoção do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro).
Além do relato da viagem, Martius publicou diversas outras obras sobre a
flora brasileira, apresentando estudos ilustrados. Também idealizou um compêndio
de todas as informações obtidas ao longo da viagem chamada de Flora Brasilensis.
8
Ao falecer, com 74 anos de idade, havia publicado 46 fascículos dessa obra, com
cerca de 10.000 espécies descritas e 1.100 gravuras.
9
3. A MÚSICA NOS ESCRITOS DE SPIX E MARTIUS
Durante o longo percurso por eles percorrido dentro do Brasil, Spix e Martius
levantaram 8 modinhas, 1 lundu e 14 cantos indígenas, todos publicados em forma
de Apêndice musical na obra Viagem pelo Brasil. Era comum os viajantes
escreverem sobre as músicas e danças que encontravam ao longo do seu caminho.
Entretanto, o que diferencia Spix e Martius dos demais viajantes é a anotação em
partitura dessas músicas (Kieffer, Revista USP nº 30), especialmente no que tange a
músicas diferentes de cantos indígenas, que já haviam sido anotadas por outros
viajantes, incluindo-se entre eles Jean de Lerry (séc XVI). Ou seja, eles não se
limitaram a discutir e descrever o que viram, e sim tiveram o cuidado de grafar em
notação musical algumas das músicas com as quais se depararam.
Excluindo-se desse trabalho os cantos indígenas, que não são foco da
presente pesquisa, uma importante questão se apresenta: se os naturalistas
viajaram por três anos pelo Brasil, qual a razão de somente terem anotado modinhas
e lundus? Não encontraram outras formas de música? Se encontraram outros
gêneros musicais, porquê não os anotaram? Tentaremos responder a essas
questões no item seguinte onde passaremos a discutir os gêneros em questão.
3.1 - A MODINHA E O LUNDU NOS SÉCULOS XVIII E XIX
Não pretendemos aqui fazer um levantamento profundo das origens da
modinha nem do lundu, uma vez que tal assunto é amplamente discutido por
inúmeros autores. Somente apresentaremos um breve arrazoado sobre sua
existência e popularidade no Brasil.
10
Segundo Rui Vieira Nery (2000)
“Ao longo da segunda metade do século XVIII assistiu-se por toda a
Europa a um desenvolvimento da canção como forma de expressão
musical urbana a que Portugal naturalmente não poderia ficar alheio”
Este processo de desenvolvimento da canção urbana se deve ao de fato que
as classes médias urbanas, que tinham seu poder econômico crescente, passaram a
ter mais acesso aos tipos de produção cultural antes associadas somente à classe
aristocrática. Assim, as classes médias urbanas passaram a ser um crescente
mercado consumidor de espetáculos, e edições literárias e musicais, capaz de
competir com os circuitos tradicionais da Corte e da Igreja.
Por sua vez,
“A sociedade luso-brasileira da segunda metade do século XVIII tinha
condições específicas para que este processo comum como se
disse, a toda a Europa ocidental e central se revestisse de
características próprias marcantes.” (Nery, 2000)
Assim, como um fenômeno semelhante ao da canzonetta italiana ou da ballad
inglesa, surge, em Portugal um repertório musical
“a partir de meados do século XVIII, sob a forma de um tipo de
canção escrito para uma ou duas vozes solistas e um
acompanhamento instrumental elementar, em que à semelhança
daqueles gêneros característicos de outros países europeus, a
frescura da canção popular tradicional se cruza com os recursos
técnicos da escrita erudita [...]. Só que este novo gênero lírico a
modinha é entre nós condicionado e marcado de forma indelével,
como sucede com generalidade das práticas artísticas urbanas em
Portugal e no Brasil, pela natureza multiétnica, multicultural e
eminentemente mestiça de que se revestem todos os aspectos do
quotidiano das grandes cidades luso-brasileiras de então”. (Nery,
2000)
Em suma, a sociedade luso-brasileira apresentava as condições necessárias
para o surgimento de um estilo de canção semelhante aos que surgiam em outros
11
países europeus, mas devido à sua mestiçagem cultural e étnica, a música surgida
desta nesta sociedade possuía características próprias.
Diversos autores já elaboraram estudos com ênfase na tentativa de se apurar
um nome para o “inventor” desta nova modalidade de canção urbana (como Mozart
de Araújo, Bruno Kiefer, Gerhard Doderer, Manuel Morais, José Ramos Tinhorão
entre outros). Entretanto, não há consenso entre eles sobre qual seria o criador da
modinha. Há, por outro lado, um entendimento comum de que o mulato brasileiro
Domingos Caldas Barbosa (1740-1800) tenha sido, se não o inventor da modinha, o
maior disseminador deste tipo de música na sociedade luso-brasileira.
“Filho de pai branco e mãe preta. Estudou com os jesuítas. Já
no colégio chamava a atenção com suas poesias; sua veia satírica,
que não poupava pessoas gradas, acarretou-lhe, como punição, a
vida militar e o conseqüente afastamento para a distante Colônia do
Sacramento, onde permaneceu até 1762. Voltando ao Rio, deu baixa.
Ao redor de 1770 deixou o Brasil, rumo a Portugal, onde passaria a
gozar da proteção dos irmão do vice-rei do Brasil. Com isto teve
acesso às altas rodas sociais, as quais impressionava com as suas
modinhas e lundus, cantados ao som da viola. As ordens sacras que
recebeu lá não modificaram sua atividade de trovador.” (Kiefer, 1977)
Adotando o nome de Lereno Selinuntino, como poeta árcade, publicou sua
coletânea de poesias sob o nome de Viola de Lereno, em dois volumes, que já em
1798 circulavam em Portugal. E foi assim que a modinha
“teve repercussão ampliada a partir do sucesso alcançado na corte
portuguesa por um poeta tocador de ‘viola de arame’, o mulato
Domingos Caldas Barbosa. (Tinhorão, 1986)
Ocorre que não se pode falar de modinha sem falar de lundu. Apesar de
origens e características formais diferentes, esses dois gêneros musicais acabaram,
em alguns momentos, por se fundir. Tanto que existem algumas “modinhas que são
quase lundus. E lundus que são quase modas ou modinhas“ (Araújo, 1963). Nery
segue o mesmo raciocínio, classificando o lundu como um subgênero da modinha:
12
“Um subgênero no seio da modinha, e aquele de que forma mais
inequívoca evidencia uma componente intercultural luso-africana, é o
lundum, uma dança de pares, por vezes cantada, com um ritmo
fortemente sincopado, em que os dois dançarinos alternadamente se
aproximavam tocando os ventres ao encontrarem-se pelo
movimento ondulado das ancas (a chamada ‘umbigada’)”.(Nery,
2000).
Apesar de questionável a classificação do lundu como subgênero da
modinha, uma vez que existem características fortes que os diferenciam
1
, essa
classificação dada por Nery vem a corroborar com Araújo, anteriormente citado.
Inicialmente conhecido como dança, o lundu recebeu letra, o que gerou o
lundu-canção:
“Lundu canto e dança populares no Brasil durante o séc. XVIII,
introduzidos provavelmente pelos escravos de Angola. [...] No início
era uma dança cuja coreografia descrita como tendo certa influência
espanhola pelo alteamento dos braços e estalar dos dedos
semelhantes ao uso de castanholas, tendo no entanto, a umbigada
característica.” (Andrade, 1999)
Ainda, segundo Tinhorão (1986), o lundu, em comparação com as outras
danças existentes no terceiro quartel dos oitocentos, estava destinado
“a perfazer um caminho mais longo, pois de dança de terreiro iria
passar não apenas a número de teatro mas, por artes de seus
estribilhos cantados, a transformar-se, inclusive em canção de sabor
humorístico.
Esse chamado lundu, muito mais preso que a fofa aos batuques dos
negros de onde se destacara como dança autônoma ao casar a
umbigada dos rituais de terreito africanos com a coreografia
tradicional do fandango (tanto na Espanha quanto em Portugal
caracterizado pelo castanholar dos dedos dos bailarinos que se
desafiavam em volteios no meio da roda)-, apresentava ainda um
traço destinado a determinar sua evolução: o estribilho marcado
pelas palmas dos circunstantes, que fundiam ritmo e melodia no
canto de estilo estrofe-refrão mais típico da África negra.”
1
A modinha apresenta uma melodia usualmente mais lírica, e seus temas quase sempre referem-se
ao amor. Já o lundu possui melodia e acompanhamento mais sincopados, usualmente com
andamentos mais rápidos do que as modinhas, e seus temas são mais jocosos, muitas vezes até
críticos em relação à sociedade da época. O andamento do lundu também se apresenta, de modo
geral, mais rápido do que o da modinha. (estrofe refrão)?
13
E tão popular se tornou o lundu que rapidamente absorvido pela sociedade
portuguesa “a ponto de transformar-se em número quase obrigatório no teatro de
entremezes em Lisboa, para finalmente chegar aos salões tão estilizada que podia
ser incluída entre as ´modinhas do Brasil´” (Tinhorão, 2001). Assim sendo, não se
pode falar em modinha e não falar em lundu.
Estes dois gêneros musicais, modinha
2
e lundu, foram desde meados do
século XVIII até aproximadamente o terceiro quartel do século seguinte largamente
compostos e tocados tanto no Brasil quanto em Portugal. Segundo Mário de
Andrade (1980)
“As Modinhas de salão tiveram desde a segunda metade do século
XVIII, aceitação tamanha que dominaram a musicalidade burguesa
de Brasil e Portugal. Em nossa terra o vagalhão foi imenso,
inundando tudo, compositores, festas e impressores, só vindo o
maremoto morrer aos nossos pés republicanos, com os últimos dias
do Segundo Império”.
Um sintoma dessa grande popularidade da modinha e do lundu pode ser visto
em Tinhorão (1967):
“A crescente popularidade da modinha e do lundu-canção permitiu,
em fins do século XIX, o aparecimento de um tipo novo de menestrel
urbano: o vendedor de livretos ou jornais de modinhas”.
Ora, tão popular eram a modinha e o lundu que acabou nascendo uma
profissão especializada na comercialização de partituras e letras desses gêneros
musicais! Entretanto, devemos frisar que desde final do século XVIII já existiam
publicações especializadas, como por exemplo, o Jornal de Modinhas da Real
Fábrica e Impressão de Música, primeiro periódico musical editado em Portugal
apresentando o repertório de modinhas e lundus (Biblioteca Nacional, 1996).
2
A modinha é considerada gênero musical por Mário de Andrade, Mozart de Araújo, Ruy Vieira Nery,
Manuel Moraes e tantos outros. Por essa razão não vamos entrar na discussão se a modinha é
gênero ou forma musical por já estar amplamente discutido e sedimentado.
14
No mesmo sentido da popularidade da modinha citamos Nery (2000):
“A modinha depressa se converteu num dos ingredientes
fundamentais da vida musical portuguesa, que os principais
compositores de Ópera e Música sacra da Corte - de João de Sousa
Carvalho e João Cordeiro da Silva a António Leal Moreira e Marcos
Portugal, só para mencionar os mais importantes - não desdenhavam
cultivar”.
Ainda, cita o mesmo autor
“O gosto majoritário dos portugueses parece ter sido dominado, aliás,
pelo gênero muito difundido da canção sentimental [...] que entre nós
recebeu a designação genérica de «modinha» (diminutivo de «moda»
ou canção). Todos os autores estrangeiros que sobre o assunto
escreveram são unânimes em testemunhar a imensa popularidade,
em todas as camadas da população (incluindo os salões
aristocráticos), desse gênero fácil [...]”
Pode-se assim verificar com um bom grau de certeza a grande popularidade
da modinha. E o lundu vem junto com a modinha. Citamos um dos principais
estudiosos sobre modinhas e lundu no Brasil, Mozart de Araújo (1963):
“O Lundu e a Modinha representam, por assim dizer, os pilares
mestres sobre os quais se ergueu todo o arcabouço da música
brasileira. E nem seria necessário salientar o que significam na
gênese e na evolução da música brasileira esses gêneros que,
aglutinando outras formas de cantigas e de danças que os colonos
trazem, tiveram também a virtude de condensar em si, por quase
século e meio, o poder criador e a musicalidade da nação que ia
crescer e se formar”. (Araújo, 1963)
Pode-se notar, com o acima exposto, a tamanha popularidade nos sécs. XVIII
e XIX e a importância da modinha e do lundu para a música brasileira. Entendemos
que por essa razão os viajantes Spix e Martius anotaram somente modinhas e
lundus uma vez que perceberam o tamanho de sua importância para a cultura que
visitavam.
15
4. A VIOLA, A MODINHA E O LUNDU
Para podermos entender a relação entre a viola e a modinha e o lundu, faz-se
necessária a apresentação de uma visão geral sobre a trajetória deste instrumento,
desde sua origem européia até o período em análise. Procederemos, assim, à
apresentação de um breve histórico da viola, bem como a uma análise da sua
importância na cultura brasileira.
4.1 - UMA BREVE ORIGEM DA VIOLA
Para se entender a relação da viola com a modinha e o lundu é necessária
uma visão mais ampla da utilização deste instrumento ao longo de sua história.
Ocorre que aA viola é muitas vezes confundida com a guitarra ou com a vihuela.
Vamos aqui tentar esclarecer esta dúvida da identidade dos três instrumentos,
especialmente da primeira.
Em linha geral, havia dois instrumentos da mesma família na península
ibérica entre os séculos XIV e XVI: a guitarra e a vihuela. A primeira possuía quatro
ordens de cordas
3
e era mais utilizada para o acompanhamento de danças e
romances com toque de rasgado. Já a vihuela tinha seis ordens e era mais utilizada
para o toque ponteado, sendo instrumento mais palaciano e da música erudita.
Ambos os instrumentos herdaram a forma da guitarra latina das Cantigas. (Oliveira,
1986)
3
Vale dizer que nesse momento histórico a forma dos instrumentos não era tão bem definida como
nos dias atuais. Assim como até mesmo nos dias de hoje existem violões com 6, 7, 8 cordas, sem
falar no violão de 12 cordas duplas, existiam instrumentos que fugiam à regra. Poder-se se-ia
encontrar guitarras e vihuelas com um número diferenciado de ordens do que o padrão.
16
Ao final dos quinhentos a vihuela apresenta uma decadência, ao passo que
surge um novo instrumento,
“que conserva a mesma forma da ‘vihuela’ e da ‘guitarra’ anteriores,
mas que agora tem cinco ordens de cordas, isto é uma a menos que
a ‘vihuela’ e uma a mais que a ‘guitarra’ popular e mais comum até
então [...] que será designada, daí em diante, em Espanha e demais
partes por ‘guitarra espanhola’”. (Oliveira, 1986)
Segundo o mesmo autor esta é,
“na realidade, a forma inicial da actual viola”
Ocorre que, apesar desta estabilização da forma da viola no final do século
XVI, já se encontram menções à viola. Em comunicação às Cortes de Lisboa de
1459, os procuradores da Ponte de Lima se queixam de que os
“’males por causa da viola se sentiam por todo o país pelas gentes
que delas se serviam para, tocando e cantando, mais facilmente
escalarem as casas e roubarem os homens de suas fazendas, e
dormirem com as suas mulheres, filhas ou criadas, que ‘como ouvem
tanger a viola, vamlhes desfechar as portas’” (Oliveira, 1986)
Por sua vez, na obra de Gil Vicente a viola é sempre utilizada como
instrumento para galanteios, como por exemplo, na obra Quem tem farelos? em que
“Um escudeiro pobre, mas presumido de trovador e galante, Aires
Rosado, pede a viola a seu moço, Apariço [...] decidido a cantar à
porta da amada certamente já recolhida”. (Tinhorão, 1998)
Assim sendo, como saber qual instrumento era este? Neste sentido cabe citar
o grande pesquisador José Ramos Tinhorão (1998):
“O que todos os exemplos de cantigas urbanas entoadas a solo por
aqueles inícios do século XVI revelam em comum [...] era o
acompanhamento ao som de viola. É bem verdade que tais
indicações, tiradas principalmente de textos do teatro vicentino e pós-
vicentino, não chegam a fornecer pormenores sobre o instrumento,
mas, por certas particularidades das situações descritas, pode supor-
se com boa probabilidade de acerto [...] a velha guitarra latina dos
antigos trovadores do século XIII ter-se-ia transformado pela virada
dos séculos XIV-XV na vihuela espanhola, que era afinal a mesma
17
viola usada em Portugal por tocadores palacianos como Garcia de
Resende, com suas seis ordens de cordas [...]. Pois, ao lado desta
[...] apareceriam então as violas mais simples, chamadas às vezes de
guitarras, menores no tamanho e com número de cordas reduzido,
geralmente a quatro ordens”
Ora, desta maneira fica clara a confusão entre viola, guitarra e vihuela: em
determinado período histórico eram sinônimos! Somente no final do séc. XVI, com o
surgimento da guitarra espanhola, começa a viola a adotar a sua forma atual com
cinco ordens.
4.2 - A VIOLA NA TRADIÇÃO MUSICAL BRASILEIRA
Segundo o português Oliveira,
“Nos fins do século XVIII, esta ‘guitarra’ é, por toda a Europa,
substituída pelo instrumento a que aí hoje se dá esse nome que é o
nosso violão , com seis cordas de tripa simples [...]; a velha viola
extingue-se por quase toda a Europa, e nosso instrumento é uma das
suas raras sobrevivências”. (Oliveira, 1986)
Ao mencionar o “nosso instrumento”, Oliveira refere-se à viola portuguesa que
sobrevive naquele país até os dias de hoje, sendo ainda utilizada nas ilhas da
Madeira, Porto Santo e Açores, bem como em Cabo Verde. Mas o que realmente
nos interessa é a viola no Brasil “onde constitui uma espécie fundamental do
instrumento popular” (Oliveira, 1986).
No mesmo sentido, Vanucchi menciona que
“No século XVIII, [a viola] tornou-se bem menos expressiva em
Portugal. Seu uso recrudesceu, acompanhando uma intensificação
do emprego do violão recém surgido naquele país e da guitarra
portuguesa. Na colônia, ao contrário, a viola estava enraizada e só
perderia espaço para o violão dois séculos depois. As danças
populares incluíam obrigatoriamente a viola, seja nas práticas
profanas do catira, da cana-verde, do lundu e do fandango, seja em
práticas religiosas como a Dança de São Gonçalo e a Folia de Reis”.
(Vanucchi, 2001)
18
Ainda, segundo o brasileiro Corrêa,
“A viola no Brasil, além de manter inalteradas as principais
características do instrumento português, preservou seu forte caráter
popular. Ainda hoje é instrumento muito difundido encontrado em
todas as regiões brasileiras e presente em várias de nossas
manifestações tradicionais”.(Corrêa, 2000)
A viola no Brasil sempre esteve presente. Segundo Ferrete (1985), “acredita-
se que a viola tenha sido o primeiro instrumento de cordas que o Brasil conheceu”.
Apesar de não haver relatos de que a viola tenha sido trazida pelos portugueses da
esquadra de Cabral
4
, e. Em carta escrita pelo padre jesuíta Fernão Cardim em
missão ao Brasil em 1583, este relata que os jesuítas ensinavam os nativos a tocar
viola, cravo e flauta (Vanucchi, 2001), dentro de um processo chamado divinização,
na qual os jesuítas se utilizavam de cantos populares para a catequização dos
índios.
Ainda, segundo o mesmo Fernão Cardim, ao chegarem ao Brasil foi realizada
uma festa de recepção ao padre visitador Cristóvão de Gouveia, de cuja comitiva
Cardim fazia parte como responsável pela escrita da “narrativa epistolar”, quando foi
representado um auto pastoril que permitia aos atores apresentar
“uma dança de escudos à portuguesa, fazendo muitos trocados e
dançando ao som da viola, pandeiro e tamboril e frauta, e juntamente
representavam um breve diálogo, cantando algumas cantigas
pastoris” (Tinhorão ,1986)
Ou seja, desde os primórdios do Brasil a viola já fazia parte da cultura
brasileira. Cabe aqui o comentário de Tinhorão sobre a mais antiga referência a
versos cantados por um personagem de uma comédia encenada em 1580 ou 1581,
presente nas Denunciações de Pernambuco, de 1593:
4
Na carta de Pero Vaz de Caminha consta a descrição detalhada dos primeiros festejos, onde a
tripulação de Cabral comemorava tocando trombetas, gaitas e tamborins, mas não comenta a
existência de viola.
19
“Em denúncia apresentada perante o visitador do Snto Ofício, Heitor
Furtado de Mendonça, em 5 de novembro de 1593, o tabelião [...]
declarou saber pelo irmão Anttonio Rosa que ‘cantando-se hum dia
perante Bento Teixeira cristão novo mestre de moços e de leer e
screver nesta villa a cantiga seguinte, trino sollo e uno, uno solo e
trino, no es otro alguno, sino Dios devino, ho ditto Bento Teixeira
dixera que esta proposição era falsa’.
Pois ao averiguar-se esta denúncia seis meses depois, o próprio
cantor da música, Antônio da Rosa, não apenas confirmopu o
episódio, mas esclareceu ter acontecido o fato quando ele ensaiava a
composição acompanhando-se à viola.” (Tinhorão, 1986)
Posteriormente, pode-se ressaltar Gregório de Mattos no final dos seiscentos,
o Boca do Inferno. Era poeta e músico compositor de coplas e romances, muitos
deles declaradamente para serem acompanhados pela viola e que veio a influenciar
fortemente a cultura nacional em sua época.
Nesse sentido, quase todas as principais manifestações culturais brasileiras
até início do séc. XIX eram acompanhadas pela viola. Fossem elas danças ou
cantos, religiosas ou profanas, lá estava presente a viola. Tanto que a menção a
este instrumento é encontrada no relato de inúmeros viajantes, como por exemplo
por Henry Koster em sua viagem ao nordeste do Brasil, em 1809:
“Essas festas são sempre precedidas por nove noites com cantos de
hinos e música, em honra à Virgem ou do Santo cujo dia lhe é
dedicado. A orquestra dessa novena consistia num piano, tocado
pela senhora de um negociante, numa viola [...] e nalguns
instrumentos de sopro, tocados por pessoas respeitáveis” (Koster,
1936)
4.3 - A RELAÇÃO DA VIOLA COM A MODINHA E O LUNDU
Dentro desse contexto em que a viola era, se não o mais, um dos mais
importantes e populares instrumentos, surge a modinha e o lundu. E a viola era o
20
acompanhamento mais utilizado para essas músicas, não só no Brasil como em
Portugal. O relato dos viajantes Spix e Martius traz à tona essa realidade:
“O brasileiro tem, tal como o português, uma boa sensibilidade para
modulações agradáveis e seqüências regulares, dando assim ao seu
canto um maior apoio graças ao acompanhamento simples da viola.
A viola é aqui, como no sul da Europa, o instrumento preferido, ao
passo que o piano é uma muito rara peça imobiliária que se encontra
apenas nas casas ricas. As canções populares são acompanhadas
pela viola e têm sua origem, tanto em Portugal como no próprio
paispaís.” (Spix e Martius, 1981)
No mesmo sentido, Oliveira diz que
“era à viola que, em Lisboa, no século XVIII e até meados do século
XIX, se cantavam as ‘modinhas’ e ‘lundus’, tanto ao gosto da época.”
(Oliveira, 1986)
Mas certamente a maior demonstração do vínculo dos gêneros musicais em
tela com a viola seja o fato de que Domingos Caldas Barbosa, por muitos
considerado como se não o criador, o maior disseminador das modinhas e lundus
brasileiros em Portugal, era conhecido por cantar suas músicas se acompanhando
pela viola:
“E não havendo, igualmente, notícia de que outro brasileiro
contemporâneo de Caldas Barbosa cantasse em Portugal esse
gênero de cantigas, lícito é concluir que no bojo da sua viola o nosso
Caldas levou para a metrópole portuguesa a primeira manifestação
da sensibilidade e do sentimento musical do povo brasileiro o lundu
e a modinha” (Araújo, 1963)
Tão forte este fato que o pesquisador José Ramos Tinhorão nomeou sua obra
bibliográfica de Domingos Caldas Barbosa de “O Poeta da viola, da modinha e do
lundu”. Encontra-se, inclusive, neste livro uma transcrição de um trecho do primeiro
biógrafo de Caldas Barbosa, Adolfo de Varnhagen:
“sua presença se tornou quase uma necessidade em quase todas as
festas, [...] sociedade onde não se achava o fulo Caldas com sua
viola não se julgava completa” (Tinhorão, 2004)
21
Pode-se também encontrar diversas edições de modinhas que apresentam
acompanhamento para viola, como por exemplo na obra Modinhas, Lundus e
Cançonetas com acompanhamento de viola e guitarra inglesa de Manuel Morais
(Morais, 2000).
No seu trabalho de edição do manuscrito anônimo denominado Modinhas do
Brazil, (mantido na Biblioteca Nacional em Lisboa sob o nº 1596), contendo 30
modinhas, Edilson de Lima opta por muitas vezes realizar o acompanhamento para
viola, por se tratar de instrumento muito usado tanto no Brasil quanto em Portugal no
século XVIII. (Lima, 2000)
Ainda, Manoel da Paixão Ribeiro publicou, em 1789, um método de viola
denominado “Nova Arte de Viola”, onde ensina a tocar viola. Sintomaticamente, uma
das partituras que utiliza para ilustrar sua obra é uma modinha de José Maurício
(compositor português homônimo do padre brasileiro).
Por sua vez, o famoso compositor brasileiro padre José Mauricio Nunes
Garcia (1767-1830), também compositor de modinhas, como por exemplo a modinha
Beijo a mão que me condena, era possuidor de uma viola:
“Numa viola de arame ele mesmo estudara na classe do seu
professor Salvador José, como também estudaram os mais célebres
alunos de José Maurício, como Cândido Ignácio da Silva e Francisco
Manuel da Silva, o autor do Hino Nacional” (Taborda, 2001)
Não é de estranhar que os dois “alunos” citados acima também tenham sido
compositores de modinhas. Diante do exposto acima não há como negar a
importância da viola para a modinha e o lundu.
22
5. A METODOLOGIA PARA A ELABORAÇÃO DAS TRANSCRIÇÕES
Conforme exposto na introdução deste trabalho, um dos objetivos é a transcrição
dos arranjos originais das músicas recolhidas por Spix e Martius para serem
acompanhados não por piano, mas sim por viola. Ainda, a intenção é de se efetuar
transcrições dos arranjos para que possam ser executadas pelos “violeiros” atuais,
sem a preocupação de se utilizar instrumentos ou afinações de época.
Nesse sentido, buscamos realizar as transcrições com base nas técnicas
atualmente utilizadas pelos tocadores de viola e nas características mais difundidas
nas músicas por eles executadas. Ao se utilizar o estilo atual na elaboração das
transcrições, se promove a aproximação desse repertório antigo aos músicos atuais,
permitindo uma maior facilidade de acesso a esse gênero musical.
Antes, porém, faremos uma breve descrição de algumas características
específicas da viola de forma a facilitar o entendimento das técnicas apresentadas.
5.1 - A VIOLA ATUAL
A viola atual, ou seja, a viola atualmente construída pelas fábricas e luthiers e
amplamente divulgada, possui dez cordas agrupadas em pares, portanto, cinco
pares ou ordens. Tais pares são dispostos e afinados da seguinte forma: os três
pares superiores, mais graves (pares 3, 4 e 5) são oitavados, ou seja, suas cordas
possuem uma oitava de diferença; já os dois pares inferiores, mais agudos (pares 1
e 2) possuem notas em uníssono.
Isso pode parecer óbvio, mas trás implicações especialmente quando se está
transcrevendo de um instrumento que não possui esta característica para a viola.
23
Vejamos, então, como é a escrita da afinação da viola (a afinação Rio Abaixo que
optamos por utilizar nas transcrições a seguir) na pauta e como é a sonoridade desta
afinação:
A pauta acima indica as notas que são utilizadas na notação da viola. Para se
grafar as notas são somente consideradas as cordas mais graves de cada par.
Ocorre que as três notas mais graves acima indicadas são aquelas dos pares
oitavados, portanto se ouve tanto a nota indicada quanto sua oitava acima. Assim,
ao tocarmos a afinação Rio Abaixo com todas as cordas soltas ouvimos um acorde
de sol maior com as seguintes notas (note-se que as três primeiras notas são
oitavadas e as duas últimas são em uníssono):
Uma interessante característica que ocorre com a viola é que quando os
pares oitavados são tangidos com o polegar (de cima para baixo) a nota aguda do
par (que fica acima da nota grave), soa com mais intensidade do que se o par for
tangido com o dedo indicador (ou médio ou anular de baixo para cima). Desta forma,
pode-se dar mais ou menos intensidade para a corda que se quiser alterando o dedo
com que o par será tocado. O mesmo pode ser efetuado dependendo da inclinação
24
que se dá ao dedo em relação ao par tangido, seja o polegar seja oou o indicador
(ou médio ou anular).
As implicações de tal característica da viola, quando importantes, serão
comentadas adiante, junto com as transcrições.
5.2 - ACNICA ATUAL DA VIOLA APLICADA NAS TRANSCRIÇÕES
Passaremos então a seguir a analisar quais as principais técnicas aplicadas
atualmente na viola caipira que foram utilizadas na execução das transcrições das
músicas em estudo. Tais técnicas não são as únicas a serem utilizadas nas
transcrições, mas por serem as mais tradicionais serão amplamente usadas.
Quando da utilização de alguma outra técnica aqui não descrita em trechos
pontuais, esta será discutida no momento próprio.
5.2.1 - O PARALELISMO
A utilização de terças e sextas paralelas na música atualmente executada na viola é
uma das principais características do chamado “toque de viola”, do som
característico desse instrumento. É tão grande a utilização desse tipo de paralelismo
que um dos mais básicos estudos da viola é o relacionado às chamadas “escalas
duetadas”, ou seja, escalas tocadas em dueto, tanto em terça como quanto em
sexta. Um exemplo desse tipo de exercício aplicado na viola pode ser encontrado no
método do Braz da Viola (1999). Apresentamos um exemplo desse tipo de toque
5
:
5
Os exemplos musicais desse item estão todos grafados para serem executados na afinação cebolão
em ré, exceto quando indicado ao contrário. Essa afinação apresenta as seguintes notas, do par mais
grave para o mais agudo: lá, ré, fá#, lá, ré.
25
Exemplo 1 Escalas Duetadas
Os números 3 e 4 dentro do círculo indicam que as notas devem ser tocadas
respectivamente nos pares 3 e 4 da viola. E a linha tracejada indica quais notas
devem ser tocadas nesses pares, ou seja, todas. Pode-se notar que as notas são
todas tocadas em terças e nos mesmos pares, isto é, no sentido horizontal do braço
do instrumento.
Uma vez que um número inquantificável de músicas utiliza esse recurso,
diversas escalas duetadas, em terças e em sextas são ensinadas aos aprendizes da
viola. Um primeiro exemplo de utilização dessa técnica pode ser vista em Corrêa
(Corrêa, 2000), no estudo Coã, o primeiro de uma série de 25 estudos por ele
publicados. Note-se o paralelismo em sextas:
Exemplo 2 - Coã
No segundo estudo desse mesmo método também pode ser verificada a
utilização do paralelismo, nesse caso em terças (trecho simplificado de Ingrisia na
Folia). Note-se o paralelismo em terças nos compassos 2 e 3:
Exemplo 3 Ingrisia na Folia
26
A moda de viola, um dos gêneros mais tradicionais na música caipira
brasileira, é quase sempre cantada a duas vozes em terças paralelas, cujos versos
da letra são intercalados por pequenos interlúdios instrumentais normalmente
executados na viola. Quando as vozes são acompanhadas, uma vez que em
diversas músicas as vozes não possuem acompanhamento algum, quem
acompanha é a viola, dobrando a melodia em terças (ou sextas) paralelas
6
.
Esses paralelismos podem ser encontrados em inúmeros compositores. O
próximo exemplo apresenta uma mostra disso, onde transcrevemos os primeiros
compassos de uma composição de um dos principais violeiros da atualidade, Almir
Sater, chamada não coincidentemente Toque de Viola. Note-se que esse trecho é
praticamente todo executado em terças:
Exemplo 4 - Toque de Viola. Transcrito a partir do CD Almir Sater ao Vivo.
Se analisarmos o pagode, um dos ritmos prediletos dos tocadores de viola e
apreciadores da música caipira, em diversas situações pode-se verificar o uso do
paralelismo. Como exemplo citamos uma das mais conhecidas músicas desse
gênero, Pagode em Brasília de Tião Carreiro e Pardinho. Vejamos o trecho inicial
dessa música:
6
Exemplos desse tipo de gênero musical podem ser amplamente verificados no repertório da música
caipira. Citamos, como exemplo, Rei do Gado, interpretada por Tonico e Tinoco e CanoeiroO Mineiro
e o Italiano, interpretada por Carreiro e CarreirinhoTião Carreiro e Pardinho.
27
Exemplo 5 Pagode em Brasília Transcrito a partir do CD Pagodes Vol 2.
Note-se as constantes terças paralelas desenvolvendo a melodia. Esse tipo
de exemplo pode ser largamente encontrado nas músicas para viola, desde das
mais tradicionais até as mais contemporâneas.
Assim sendo, nas transcrições iremos utilizar esse tipo de técnica sempre que
possível, no sentido de dar ao acompanhamento da viola uma sonoridade próxima à
que é atualmente conhecida.
5.2.2 - AS CORDAS SOLTAS
Uma outra técnica amplamente difundida na viola caipira é o emprego de
cordas soltas. Pelo fato das afinações mais tradicionais da viola caipira serem
acordes abertos, isto é, as cordas soltas do instrumento formam acordes perfeitos,
muito se emprega tal técnica na música executada na viola, normalmente como
notas pedal.
Se voltarmos ao Exemplo 5, podemos notar que existe uma nota lá sempre
executada no tempo fraco, funcionando como uma nota pedal. Essa nota é
executada no quinto par solto da viola na afinação cebolão em ré, para qual a
música foi originalmente escrita. Ainda, podemos verificar a existência de uma
repetição das notas lá e ré sendo executadas ao mesmo tempo, funcionando como
uma espécie de apojatura às terças paralelas. Essas duas notas são também
executadas em cordas soltas, a saber, pares 1 e 2 da viola.
28
Um outro exemplo da utilização das cordas soltas pode ser encontrado na
obra de Fernando Deghi Sertão do Canto. No trecho que apresentamos abaixo se
pode notar a nota sol se repetindo constantemente. No intuito de utilizar esse
recurso, Deghi cria uma nova afinação de forma que os pares 1, 3 e 4 estejam
afinados todos na nota sol. Essa modificação da afinação será tratada com mais
detalhes posteriormente no item 5.3. Nesse momento se deve prestar atenção ao
fato de que essa nota sol que se repete é tocada nos três pares, conforme indicado
no trecho a seguir:
Exemplo 6 - Sertão do Canto (Deghi, 2001, 53)
Esse tipo de repetição de nota pode, a primeira vista, parecer estranha, mas
devemos sempre lembrar que os pares 1 e 2 da viola são em uníssono, e os pares
3, 4 e 5 são oitavados, de forma que ao se tocar, por exemplo, a nota sol no par 1,
ela soa diferente de quando tocada no par 4, uma vez que nesse último par ela irá
soar tanto na altura escrita na partitura quanto uma oitava acima. Dessa maneira, no
exemplo anterior, existe um jogo de oitavas que não pode ser percebido somente
pela leitura desatenta da partitura, deve-se sempre levar em conta em quais os
pares as notas escritas estão sendo executadas.
Outro exemplo do uso das cordas soltas pode ser encontrado na composição
Armorial de Ivan Vilela
7
:
7
Ivan Vilela Paisagens. Transcrição cedida pelo autor.
29
Exemplo 7 - Armorial
Nesse exemplo, podemos notar que o ré no par 1 solto (o ré das
semicolcheias) funciona como uma nota pedal, ao passo que as colcheias
pontuadas são indicadas para serem tocadas no par 2. Essas colcheias descem um
tom de um compasso para o outro, mas a nota ré continua sendo executada no par
1 solto.
Com esses três exemplos procuramos mostrar algumas maneiras diferentes
de se utilizar o par solto na viola. Não temos aqui a intenção de apresentar todos os
exemplos possíveis, uma vez que essa técnica é tão amplamente utilizada que seria
impraticável esgotar as músicas que se utilizam dessa característica.
5.2.3 - OS ARRASTES
Uma outra técnica amplamente utilizada na viola caipira é a dos arrastes,
especialmente os ascendentes. Usualmente eles são executados em terças ou
sextas paralelas, mas também podem ser tocados em uma corda só ou com outro
tipo de paralelismo (como quartas ou quintas).
No exemplo 4 do item 5.2.1 apresentado anteriormente, pode-se notar que ,
além do paralelismo indicado, também pode ser verificado o uso de arrastes. Logo
no primeiro compasso já é utilizado um arraste. No terceiro compasso, essa técnica
é utilizada juntamente com apojaturas. Naquele trecho transcrito ainda aparecem
arrastes no sexto e sétimo compasso.
30
Um outro exemplo de utilização de arrastes pode ser encontrado na
composição Minha Viola e Eu do lendário violeiro Zé Coco do Riachão:
Exemplo 8 - Minha viola e Eu. Transcrito a partir da Coletânea do Núcleo de Estudos Caipiras
Note-se que em ambos os exemplos apresentados os arrastes são
executados em terças paralelas. Isso é largamente utilizado, mas não é a única
maneira em que essa técnica é aplicada. Uma maneira também bastante comum é a
aplicação do arraste em acordes inteiros, principalmente quando da dominante da
dominante para a dominante. Vejamos o seguinte trecho retirado de Boiada Cubana,
de Roberto Corrêa:
Exemplo 9 Boiada Cubana. Transcrito a partir da Coletânea do Núcleo de Estudos Caipiras
Sendo que esta composição está escrita em ré maior, no quarto compasso
desse trecho transcrito podemos notar o arraste do acorde de mi maior (dominante
da dominante, na tonalidade de ré) para o acorde de lá maior (dominante de ré).
Ainda, podemos ver o paralelismo que aqui ocorre também. No quinto compasso o
arraste vem de uma apojatura do acorde de lá maior. Essa seqüência harmônica (da
dominante da dominante para a dominante) é muito utilizada, especialmente no
pagode de viola; em praticamente quase todas as composições que se baseiam
nesse ritmo utilizam essa progressão.
31
5.3 - AS AFINAÇÕES UTILIZADAS
A viola caipira se utiliza de diversas afinações diferentes, com denominações
diferentes, como por exemplo, cebolão, rio abaixo, rio acima, boiadeira, natural e
tantas outras
(Corrêa, 2000). Algumas afinações são conhecidas por nomes
diferentes em regiões diferentes, outras são encontradas em diversos locais, outras
são mais raras. Ainda, existem afinações que são criadas pelos próprios violeiros
para satisfazerem suas necessidades, e são utilizadas somente por eles. É muito
comum a alteração de uma ou mais cordas da viola para se executarem
determinadas músicas. Um exemplo dessas modificações das afinações pode ser
encontrado no livro de partituras de Fernando Deghi, Violeiro Andante, onde se
encontram músicas com diversas afinações, sendo algumas delas amplamente
utilizadas no Brasil (como rio abaixo e cebolão) e outras modificadas pelo compositor
de forma a obter o efeito desejado na sua música (como é o caso do Exemplo 6 -
Sertão do Canto (Deghi, 2001, 53)Exemplo 6 - Sertão do Canto (Deghi, 2001, 53)
apresentado anteriormente, em que a afinação da viola foi totalmente modificada
pelo compositor e a nova afinação obtida foi por ele batizada de bandola).
Assim sendo, optamos por escolher somente uma afinação para se efetuar as
transcrições no sentido de facilitar a execução das músicas. Dois critérios foram
utilizados para a escolha: a ampla utilização e conhecimento da afinação e a
tonalidade original das músicas. A realização de transcrições em afinações que não
são amplamente conhecidas pelos público instrumentistas causaria um problema
para a execução, indo contra o objetivo desse trabalho. Já a tonalidade das músicas
foi levada em conta de forma a se ter as notas mais importantes das tonalidades
(tônica, terça e quinta) nas cordas soltas, de forma que se possa utilizar os recursos
técnicos e estilísticos do instrumento de uma maneira mais adequada.
32
Nesse sentido, foram escolhidas primeiramente as afinações cebolão e rio
abaixo, por serem as mais utilizadas. Certamente a afinação cebolão é a mais
utilizada, sendo encontrada na grande maioria das músicas para viola
8
. Entretanto,
essa afinação iria exigir, para se obter uma transcrição adequada, que as músicas
fossem, na sua maioria, transpostas para outra tonalidade que não a original
9
, o que
poderia causar transtornos para execução da linha vocal. A utilização dessa
afinação na sua forma original iria fazer com que não se tivesse, na maioria das
músicas, as notas anteriormente mencionadas nas cordas soltas. Poder-se ia dizer
que a afinação cebolão, em ré maior, poderia ter seu quinto par abaixado um tom,
obtendo-se assim a afinação boiadeira; mas isso somente resolveria o problema da
tônica que estaria no baixo, mas a terça e a quinta não estariam em cordas soltas.
Por outro lado, a afinação rio abaixo é também muito conhecida
10
e também
largamente utilizada; não com a mesma popularidade da cebolão, mas pode-se dizer
que é a segunda afinação mais utilizada, e a maioria dos violeiros a conhecem. Uma
vez que a quase todas as músicas em estudo são compostas em sol maior, e
considerando que a afinação rio abaixo é formada por um acorde aberto de sol
maior, optamos por utilizá-la na elaboração das transcrições. Ela apresenta as
seguintes notas nos pares da viola, do grave para o agudo: sol, ré, sol, si e ré. Assim
sendo, a utilização da afinação rio abaixo, por ser conhecida pela maioria dos
8
Para se verificar essa ampla utilização da afinação cebolão, basta se verificar que todos os métodos
de viola atualmente publicados são feitos para essa afinação, apesar de alguns apresentarem
dicionários de acorde para outras afinações. Ainda, pode-se verificar a popularidade dessa afinação
se verificando que a grande maioria dos músicos a utilizam em suas gravações, como Tonico e
Tinoco, Ivan Vilela, Roberto Corrêa, Almir Sater, Renato Andrade, Adauto Santos e inúmeros outros.
9
Como se verá adiante, a maioria das músicas está em sol maior.
10
A afinação rio abaixo não tem a mesma popularidade da afinação cebolão, mas também pode ser
encontrada facilmente nas músicas existentes. Paulo Freire, por exemplo, um dos principais violeiros
da atualidade grava todas suas músicas com base na afinação rio-abaixo. Fernando Degui, Vinícius
Alves, Almir Sater, e Pereira da Viola são outros exemplos de violeiros que se utilizam (não
exclusivamente) dessa afinação.
33
violeiros e por ser a mais próxima da maioria das músicas, foi escolhida para se
efetuar as transcrições.
No capítulo seguinte se verá que, com essa afinação escolhida, somente
duas músicas tiveram suas tonalidades alteradas, sendo uma delas instrumental
(Lundu), portanto sem causar problemas para a linha vocal, e a outra (Escuta
Formosa Márcia), alterada de ré menor para mi menor. Assim foi possível utilizar os
recursos das cordas soltas de uma forma mais adequada sem promover grande
alteração na tessitura da linha vocal. Em somente uma das músicas (Uma mulata
bonita) foi alterada uma corda da afinação (o quarto par foi baixado de ré para dó).
Como esta música está em dó maior, tal alteração permitiu se obter a tônica no
baixo e em um par solto. Optamos por realizar esta alteração para permitir uma
melhor sonoridade na transcrição, e em se tratando de somente um par alterado
cremos não causar nenhum problema para o instrumentista, uma vez que os
violeiros estão acostumados com a troca constante de afinações.
34
6. O ARRANJOS ORIGINAIS E AS TRANSCRIÇÕES
No presente capítulo serão apresentadas as transcrições dos acompanhamentos
das músicas do Apêndice musical de Spix e Martius para a viola caipira. Assim
sendo, será apresentada, a seguir, uma análise das músicas envolvidas na sua
forma original e a apresentação da técnica utilizada ao se elaborar a transcrição.
6.1 - OS ARRANJOS ORIGINAIS
Ao se estudar as músicas recolhidas por Spix e Martius não pode deixar de ser
observada uma importante questão. Conforme mencionam ao longo do seu relato,
as modinhas e lundus (bem como outros gêneros por eles comentados) eram
acompanhados por viola (vide item 4.3). Entretanto, ao elaborarem a partitura para
publicação eles apresentam um acompanhamento para piano. Ora, comentam sobre
a raridade do piano no Brasil, existindo somente nas casas mais abastadas. Cremos
que, uma vez que a literatura de viagem era extremamente popular, como já
anteriormente mencionado no capítulo 3, os viajantes optaram por publicar os
arranjos baseados no instrumento em que as pessoas que fossem alvo de sua
publicação pudessem utilizar para tocar as músicas. Caso eles houvessem
publicado as partituras para viola, como essas músicas seriam executadas pelos
leitores da época na Europa, especialmente na região de onde os viajantes eram
originários?
Dessa maneira, ao adequarem o acompanhamento para a realidade dos
leitores, nada impede que eles também tenham adequado a maneira como os
acompanhamentos eram executados. Em outras palavras, uma vez que
35
supostamente eles possam ter alterado o instrumento do acompanhamento, nada
indica que eles também não alteraram a forma com que o acompanhamento era
composto. Ao se contrapor o estilo de acompanhamento de algumas músicas, como
por exemplo Uma mulata bonita, com o estilo mais largamente encontrado nas
modinhas, pode-se supor uma eventual alteração do acompanhamento original. Por
outro lado, na música Acaso são estes o acompanhamento publicado se dá dentro
do estilo que mais se utilizava nas modinhas: a simplicidade harmônica e,
principalmente, os arpejos repetidos.
Até o presente momento não foi possível verificar a autoria dos
acompanhamentos; se eles foram feitos no Brasil ou se foram somente anotadas as
linhas melódicas e letras e, posteriormente, foi a parte do piano elaborada quando
de seu retorno à Baviera. Dessa maneira, não existe a possibilidade de afirmação se
os acompanhamentos publicados refletem o que era originalmente tocado no Brasil
quando da época da viagem de Spix e Martius. Também não se pode provar o
contrário. E também não há como não se aventar a possibilidade de ter ocorrido
ambas as coisas, ou seja, alguns acompanhamentos foram os originais, outros
foram arranjados.
Em suma, existem indícios que apontam em direção à alteração da maneira
original como as modinhas eram executadas, como o caso da apresentação da
partitura para piano e o elaborado estilo de acompanhamento utilizado em algumas
músicas. Por outro lado, outros indícios fazem com que seja também possível que
as músicas realmente eram executadas com o estilo apresentado no Apêndice
musical da Viagem pelo Brasil, como por exemplo o envolvimento de músicos de alto
gabarito nos gêneros em análise, como Marcos Portugal, Padre José Maurício
36
Nunes Garcia e Cândido Ignácio da Silva entre outros que poderiam ter realmente
escrito acompanhamentos mais complexos do que os tradicionalmente encontrados.
6.2 - AS TRANSCRIÇÕES
Passaremos a comentar adiante os problemas encontrados e soluções adotadas na
realização das transcrições do original para viola caipira. Apresentamos, no
Apêndice I, as partituras completas das transcrições. Tais partituras são
apresentadas no que chamamos de “versão comparativa”. Ou seja, constam na
mesma partitura tanto a versão original quanto a transcrição, de forma a facilitar a
leitura do texto (que sempre se remeterá ao Apêndice I), bem como para facilitar a
comparação entre o original e a transcrição.
Por fim, comentaremos as músicas na mesma ordem em que elas se
encontram no Apêndice musical da Viagem pelo Brasil, lembrando que serão
analisadas as principais características das transcrições. A explicação de cada um
dos compassos das transcrições se faz desnecessária, uma vez que em muitos
momentos não houve alteração significativa do original, seja pelo fato de terem sido
mantidas as notas originais, seja por se tratar de simples acordes verticais ou
arpejos em posições alteradas, seja por alterações semelhantes a outras explicadas
no texto. Ressalta-se aqui que as partituras completas apresentando tanto as
transcrições quanto as versões originais, interessantes para a leitura dos itens que
seguem, se encontram no Apêndice I ao final do trabalho.
37
6.2.1 - ACASO SÃO ESTES
A primeira das músicas apresentadas por Spix e Martius no Apêndice musical
de seu livro é Acaso são estes. Com música anônima e letra de Tomás Antônio
Gonzaga (Lira V de sua obra Marília de Dirceu), apresenta um tema de amor lírico,
onde o autor anuncia sua tristeza pela ausência de sua amada Marília.
Dividida em duas partes, (parte A do compasso 1 ao 26 e parte B do
compasso 27 ao 40), Acaso são estes apresenta uma alteração de andamento entre
as duas partes: a parte A é um larghetto e a parte B é um Allegro assai, estando
ambos os andamentos indicados na partitura original.
O acompanhamento original da música é extremamente simples, consistindo
basicamente de arpejos dos acordes da harmonia. Na parte A o acompanhamento
segue o seguinte padrão, que pode ser verificado nos três primeiros compassos
abaixo transcritos:
Exemplo 10 - Início de Acaso são estes (Parte A)
Já na segunda parte há uma pequena variação, coincidindo com a
modificação do andamento, onde surgem acordes verticais como se sugerindo uma
valsa. Mas logo após quatro compassos a característica inicial de acordes arpejados
38
retorna e continua assim até o final da música (só que agora em arpejos de
colcheias e não mais de semicolcheias como na primeira parte). Pode-se verificar
tal fato abaixo, sendo que o padrão do último compasso abaixo transcrito se repete
até o final da música:
Exemplo 11 Acaso são estes (Parte B)
Assim sendo, nota-se uma grande simplicidade no acompanhamento, que se
apresenta somente como um suporte harmônico, sem nenhuma característica de
diálogo com a melodia, tais como contracantos ou dobramentos.
Esse tipo de acompanhamento é comumente encontrado em modinhas deste
período. Veja-se, por exemplo, a modinha Ah! Nerina (Morais, 2000), editada por
Manuel Morais, contendo acompanhamento com repetição de arpejos dos acordes
da harmonia. Damos aqui somente este exemplo, mas inúmeros outros podem ser
encontrados. (Vale frisar que esta música apresenta acompanhamento originalmente
editado para viola.)
39
Exemplo 12 Ah! Nerina
Quando analisamos a harmonia da peça em questão verificamos uma grande
simplicidade, consistindo basicamente de seqüências de dominante tônica, muito
pouca utilização do acorde de subdominante e somente três compassos
apresentando a dominante da subdominante. Somente isto. O que se encontra em
abundância são as inversões de tais acordes, bem como a omissão de algumas
notas do acorde, sendo algumas vezes a quinta e outras vezes a terça. Tais
inversões ocorrem pois o compositor
11
optou por realizar movimentos no baixo do
acompanhamento. Já a omissão ocorre também pela mesma razão. Ao colocar, por
exemplo, a terça no baixo, na mão esquerda do acompanhamento, o compositor não
a coloca na mão direita; quando esta terça no baixo vai para a fundamental do
acorde, o compositor não coloca a terça na mão esquerda, ficando assim omitida por
um breve espaço de tempo. Tanto as inversões quanto as omissões de notas podem
ser verificadas no Exemplo 11 acima.
Desta forma, ao realizar a transcrição, adotamos o mesmo estilo apresentado
no original, qual seja, a utilização de arpejos e a constante alteração da nota do
11
Não se tem a informação se os acompanhamentos das músicas apresentadas por Spix e Martius
foram elaborados pelos seus reais compositores ou se foram arranjos elaborados por terceiros, ou se
ainda há a ocorrência de ambos os casos. Assim, sempre iremos nos referir ao acompanhamento
como sendo feito pelo compositor, para que não haja confusão para o leitor.
40
baixo. Entretanto, em alguns momentos não é possível utilizar exatamente as
mesmas notas apresentadas na versão original na viola caipira devido às
características técnicas do instrumento e da dificuldade de execução que isso
causaria. Todavia, sempre que possível foram mantidas as características originais.
Digno de nota é a alteração efetuada no compasso 15, onde originalmente o
acompanhamento dos arpejos é mantido durante um longo melisma na voz. Nesse
compasso optou-se por colocar, no acompanhamento, somente um acorde em
mínimas pontuadas de forma a dar ao cantor liberdade na execução de sua difícil
linha melódica:
Exemplo 13 Alteração do compasso 15 de Acaso são esses
A melodia da Acaso são esses apresenta uma grande quantidade de
melismas e apojaturas, ficando assim evidente seu caráter lírico. Aliado ao tema da
letra, tratando da falta que sente o autor por sua amada Marília, encontramos nessa
peça as duas características primordiais da modinha: o lirismo e o tema de amor.
Todavia, ao se executar o acompanhamento original para piano ou a
transcrição apresentada, nota-se que o mesmo não combina muito bem com a
melodia. Os arpejos são demasiadamente rápidos para uma melodia lenta e triste.
41
Os melismas da linha vocal tendem a ficar “presos” ao acompanhamento original,
não permitindo ao cantor uma execução adequada de sua parte. Vejamos:
Uma das características da modinha é o improviso no acompanhamento. Isso
pode ser verificado em Nery (Nery, 2000), que menciona que algumas descrições
das execuções de modinhas e lundu “quando acompanhados à guitarra e em
contextos de execuções populares, teriam um componente de improvisação”.
12
Outro forte indício da improvisação do acompanhamento pode ser verificado nas
modinhas depositadas na Biblioteca da Ajuda, em Lisboa, sob o número 1596. No
seu trabalho de edição e publicação dessas modinhas, Edilson de Lima (2001)
apresenta a versão editada e os fac-símiles das peças. Podemos claramente ver nas
versões originais que muitas das modinhas apresentam como acompanhamento
uma linha de baixo cifrado, sendo quase que mandatório o improviso por parte do
executante do acompanhamento, que deveria realizar o baixo indicado
13
.
Resumidamente temos: o acompanhamento original apresenta uma
seqüência de arpejos muito simples; esse acompanhamento indicado não combina
(ao nosso ver) com a melodia; e as modinhas estavam envolvidas, muitas vezes, em
improvisações. Por essas razões a peça em questão se apresenta como um
exemplo típico em que o instrumentista pode se utilizar do improviso para realizar o
acompanhamento da forma que bem lhe convier. Sugerimos que, no caso da
improvisação do acompanhamento, seja utilizada preferencialmente a harmonia
indicada na partitura original de forma a não descaracterizar a intenção original do
compositor.
12
Nesse texto Nery menciona o acompanhamento das modinhas e lundus por guitarra, mas logo
anteriormente afirma que “nem sempre é evidente se os autores se referem à viola ou à guitarra
portuguesa”. Dessa forma, entendemos que a improvisação não acontecia somente na guitarra, e sim
também à viola.
13
Vide, por exemplo, as modinhas de nº 9, 10, 13, 14, 15, 18, 21, 24 e 26, todas com
acompanhamento de baixo cifrado.
42
6.2.2 - QUAL SERÁ O FELIZ DIA
Ao contrário da Acaso são esses, essa música apresenta um arranjo muito bem
elaborado, com uma harmonia um pouco mais complexa. Assim como a música
anterior, não apresenta modulação. Nessa música, como pode ser verificado na
versão comparativa no Apêndice I, o acompanhamento não é baseado
exclusivamente em arpejos dos acordes da harmonia, mas utiliza notas de
passagens, dominantes secundárias e ritmos variados dependendo da melodia.
Essa música exigiu, para se realizar a transcrição, um esforço de adaptação para a
viola, mas uma vez que o original apresenta diversas características que puderam
ser adaptadas para a viola e utilizadas com as técnicas atuais do instrumento, o
resultado final da adaptação é muito positivo.
Logo nos primeiros compassos podemos verificar algumas características no
acompanhamento original que puderam ser transportadas para a viola. Vejamos os
primeiros compassos da música:
Exemplo 14 - Qual será o feliz dia
Note-se que nesses quatro compassos existe uma nota ré que sempre se
repete. Essa nota foi transcrita para ser tocada no primeiro par solto da viola, de
43
forma a ressaltar a repetição da nota. Nos compassos 1 e 3 podemos verificar a
necessidade da inversão de alguns intervalos de sextas para terça. Isso foi muito
efetuado ao longo de toda a transcrição da música como veremos mais adiante.
Logo no segundo compasso podemos notar outra característica do arranjo
original que pode ser muito bem adaptado para viola: as terças paralelas. Na
transcrição as terças foram mantidas e receberam a indicação para serem
executadas com arrastes. A união das cordas soltas com as terças paralelas em
arrastes, indicada pelo próprio acompanhamento original, dão uma característica
tímbrica bem típica da viola. Ainda, no quarto compasso optamos por eliminar o
arpejo, mantendo somente o acorde vertical de forma a dar mais liberdade para a
execução da linha vocal, pelas mesmas razões que foram apresentadas em situação
similar na música anterior.
Vejamos agora os próximos compassos:
Exemplo 15 - Qual será o feliz dia
Nos compassos 4 e 5 o acompanhamento para piano apresenta uma voz
descendente do sol ao si, que dobra a melodia. A intenção original de se dobrar o
acompanhamento com a melodia foi mantida, mas na transcrição essa voz foi
44
passada para o baixo. Uma vez que é executada nos pares oitavados e com o
polegar, ela é destacada na execução (vide item 5.1). O movimento em terças do
baixo original foi excluído de forma a permitir que esse trecho dobrado da melodia
fosse mantido. Nos demais compassos até o final da primeira parte não houve
significantes alterações que mereçam comentários, somente alguns acordes
verticais que tiveram notas invertidas.
Vejamos agora a um trecho da segunda parte da música, onde ocorrem
diversas notas de passagens e paralelismos:
Exemplo 16 - Qual será o feliz dia
No compasso 14 foram aproveitadas as terças paralelas e acrescidos arrastes
a elas. Nos compassos 15, 16 e 17 as sextas paralelas foram invertidas para sextas
de forma a permitir que essas notas fossem executadas na viola. Note-se nesses
três compassos que os arrastes não foram acrescentados simplesmente a todas as
terças paralelas existentes, e sim, somente naquelas que o transcritor entendeu
como esteticamente agradável de serem executadas. As terças paralelas resultantes
das inversões das sextas não receberam a indicação de arrastes por essa razão.
45
Na segunda metade do compasso 18, os intervalos também foram invertidos
de forma a permitir uma melhor execução das mesmas no braço da viola. Não
iremos transcrever aqui os compassos restantes por se tratarem basicamente de
acordes verticais. Lembramos que a íntegra da versão comparativa dessa música
pode ser encontrada no Apêndice I.
6.2.3 - PERDI O RAFEIRO
Essa música apresenta um acompanhamento muito parecido com o da Acaso são
esses, ou seja, baseado praticamente o tempo inteiro em arpejos dos acordes da
harmonia. Entretanto, ao contrário do que ocorre com aquela peça, o
acompanhamento original desta combina muito bem com o ritmo da melodia.
Vejamos os primeiros compassos:
Exemplo 17 - Perdi o rafeiro
Pode-se verificar nesses compassos iniciais, que as notas dos arpejos foram
mantidas; foram somente modificadas, em alguns casos, as distâncias entre o baixo
46
e o arpejo. Na viola a utilização do polegar versus o dedos indicador, médio ou
anular, assim como o uso dos pares oitavados ou dos pares em uníssono produz
uma significante alteração no resultado sonoro (de acordo com o comentado no item
5.1. Dessa forma, conforme pode ser visto no último compasso do trecho acima
transcrito, algumas indicações de pares de cordas e dedos da mão direita foram
acrescentadas de forma a garantir o efeito desejado. A transcrição dessa música é
muito simples, de forma que não há necessidade de comentários adicionais.
Lembramos que a partitura completa da versão comparativa pode ser vista no
Apêndice I.
6.2.4 - PRAZER IGUAL AO QUE EU SINTO
A música Prazer igual ao que eu sinto é possui duas partes distintas que contém
canto. Entretanto, o que mais chama a atenção nessa peça é o solo instrumental
que ocorre entre as duas partes com linha vocal. Esse tipo de intervenção
instrumental, quando encontrada em modinhas, usualmente se trata de introdução,
como pode ser visto nas peças Dueto novo (Araújo, 1963), Se dos males que eu
padeço e Quem d´amor tenta esquivar-se (Biblioteca Nacional, 1996) entre tantas
outras.
Entretanto, na obra analisada a intervenção instrumental se caracteriza
claramente como um solo (originalmente para piano) que separa as partes A e B.
Neste trecho pode ser verificada uma melodia que não é utilizada na linha vocal em
nenhum local da música, bem como apresenta uma estrutura harmônica diferente de
música como um todo. Vejamos:
47
Exemplo 18- Solo de Prazer igual ao que eu sinto
No exemplo acima se encontra o solo instrumental, já com a devida
transcrição para viola. Uma vez que a música está na tonalidade de sol maior, a
estrutura harmônica do solo é digna de nota. Em um pequeno trecho que inicia com
o acorde de sol se verifica uma cadência de engano (primeiro compasso do solo
indo da dominante para a dominante da tônica relativa), vai para a tônica relativa
(segundo compasso), volta para a dominante, segue para a dominante da dominante
(terceiro compasso) e termina, finalmente na dominante (compasso final). Essa
estrutura harmônica não ocorre em nenhum momento na música.
A harmonia dessa peça é também muito simples, excetuando-se o solo. Na
primeira parte somente se encontram os três acordes das funções principais (tônica,
subdominante e dominante). Na segunda parte (solo) já comentamos acima. Na
última parte há a utilização de dominantes individuais e acordes relativos (dominante
da subdominante relativa e a própria subdominante relativa) mas sem nenhuma
complexidade adicional, não merecendo comentários mais profundos.
48
Outra característica da Prazer igual ao que sinto que salta aos olhos é o fato
de ela ser uma “modinha que é quase lundu”
14
. Logo no primeiro compasso da
música podemos verificar a utilização de tercinas na melodia que se repetem
constantemente ao longo da música, tanto nas partes vocais quanto no solo
instrumental. Pode-se verificar que quando há tais tercinas na linha vocal o
compositor optou por não contrapor o acompanhamento em forma binária, optando
somente por colocar o acorde no tempo inicial da tercina, conforme pode ser
verificado no exemplo abaixo com os primeiros compassos da música:
Exemplo 19 - Prazer igual ao que eu sinto
Tal fato pode ter sido feito para não dificultar a execução da linha vocal, ou
com a intenção de não realçar o contraste da tercina com o tempo binário.
Entretanto, como pode ser visto no Exemplo 18, no solo foi mantida a contraposição
da tercina com o acompanhamento binário. Essa característica é típica de lundus.
No que diz respeito à realização da transcrição do acompanhamento para
viola não foram efetuadas grandes modificações. Os acordes foram todos mantidos
14
Conforme comentado em Araújo, 1963.
49
de acordo com a partitura original, não tendo sido incluída ou excluída nenhuma
nota, a não ser nos compassos 18 a 20 onde foram excluídas as semínimas por
questões de impossibilidade de serem tocadas na viola. Uma outra pequena
alteração realizada, a exemplo da efetuada na modinha Acaso são estes, foi no
compasso 20 onde substituiu-se os arpejos em semicolcheias durante o melisma da
linha vocal por um acorde vertical de forma a dar mais liberdade ao cantor para a
execução de sua parte. O exemplo abaixo contempla os compassos 18 a 20 onde
foram efetuadas as alterações acima comentadas.
Exemplo 20 - Alterações em Prazer igual ao que sinto
Na transcrição do solo houve a necessidade de se realizar uma “redução” do
acompanhamento (mão esquerda) com a linha melódica (mão direita), ou seja, o
acompanhamento foi, quando necessário, executado uma oitava acima do original,
sem a exclusão de partes, como pode ser visto no Exemplo 18.
50
6.2.5 - NO REGAÇO DA VENTURA
No regaço da ventura é uma modinha típica, apresentando um tema de amor
onde a letra demonstra a tristeza de quem ama a “quem não sabe amar”. Sua
melodia lírica e singela, com muitos saltos, apresenta uma leveza que casa muito
bem com o acompanhamento apresentado na partitura original.
Dividida em duas partes, apresenta modulação entre elas, estando a primeira
parte está em sol maior e a segunda em sol menor. Sua harmonia não apresenta
grande complexidades, sendo os acordes menos usuais uma tônica menor na
primeira parte e um acorde diminuto (dominante com sétima e nona sem
fundamental) na segunda parte.
Para a realização da transcrição, em muitos casos as posições dos acordes
foram alteradas para permitir a execução na viola (especialmente nos casos dos
arpejos de semicolcheira) sem se alterar as notas existentes e/ou funções dos
mesmos. Entretanto, sempre que possível foram mantidas as posições originais,
desde que não interferissem na possibilidade de serem tocados. Também sempre foi
evitada a alteração da inversão do acorde. Assim, sempre que possível se buscou a
manutenção dos movimentos dos baixos. Vejamos um exemplo:
Exemplo 21 - Trecho de No regaço da ventura
51
No exemplo acima se pode notar, logo no compasso 7, que foi alterada a
posição do acorde de mi maior com sétima, mas os demais acordes arpejados foram
mantidos. O mesmo ocorre com os acordes do compasso 12, que tiveram sua
posições alteradas de forma a ficarem executáveis na viola. Quanto aos baixos,
nota-se nos compassos 9 a 12 que foram mantidos conforme o original. Por fim, no
compasso 9 foi acrescentada uma nota ao acorde de sol maior; uma vez que esse
acorde é tocado com as cordas soltas na viola sua sonoridade fica melhor da forma
escolhida na transcrição.
Ademais não foi realizada nenhuma alteração mais significativa do que as já
comentadas acima. Lembramos que a partitura completa para a análise da
transcrição encontra-se no Apêndice I deste trabalho.
6.2.6 - FOI-SE JOSINO
Foi-se Josino também se trata de uma modinha típica, cantando sobre a dor
do amado que partiu. Apesar de não haver indicação na partitura original, como por
exemplo a colocação de barras duplas, esta música apresenta claramente duas
partes na mesma tonalidade. Pode-se verificar a existência de tais partes claramente
pela alteração do acompanhamento. Tanto a melodia quanto o acompanhamento
existentes do compasso 1 ao 4 se repetem, com alteração somente da letra, nos
compassos 5 ao 8. Já da metade do oitavo compasso em diante há uma alteração
brusca na acompanhamento e na linha melódica. No trecho inicial (parte A do
compasso 1 ao 8) o acompanhamento se baseia em uma repetição de notas do
acorde da harmonia com uma movimentação melodiosa do baixo, como que criando
um contraponto com a melodia. Já no segundo trecho (parte B compasso 8 ao fim)
o acompanhamento passa a dobrar a melodia em alguns momentos. Também
52
apresenta movimentos do baixo em semicolcheias, ao contrário do movimento em
colcheias da primeira parte.
Alia-se ao acima comentado a observação da letra da modinha:
Foi-se Josino e deixou-me
Foi-se com ele o prazer
Eu que cantava ao lado
Hoje me sinto morrer
Amor que pode
Não quer valer
Não ha remédio
Se não morrer
Na parte A encontra-se a partida do amante e o sentimento de que fica. Já na
parte B há o lamento pela perda. E a música retrata claramente estes dois
momentos da letra.
Sendo assim, uma vez que a parte B se inicia na metade do compasso 8,
acrescentamos na edição da partitura uma fermata no acorde que encerra a parte A.
Veremos mais detalhes adiante.
Para a transcrição do acompanhamento de Foi-se Josino, algumas alterações
de posição dos acordes foram efetuadas do mesmo modo como vem sido
demonstrado em várias das músicas anteriormente apresentadas. Entretanto, a
principal característica desta parte, qual seja, a movimentação do baixo, foi mantida
como no original. A seguir os primeiros três compassos da música:
Primeiros 8 compassos
(parte A)
Restante da música
(parte B)
53
Exemplo 22 - Trecho de Foi-se Josino
Logo nos primeiros compassos pode-se verificar as duas principais
características do acompanhamento da parte A: o baixo caminhante (que nada mais
é do que um arpejo do acorde da harmonia) e a nota ré pedal. Também se nota que
houve uma alteração da posição das notas dos acordes na transcrição, efetuada de
forma a auxiliar na execução do acompanhamento. Isto ocorre em todos os
compassos, entretanto alguns têm um agravante (como por exemplo nos compassos
2 e 3 acima): a nota fá sustenido, terça do acorde sendo tocado, foi suprimida. Isso
foi necessário pois, não havendo possibilidade de se tocar tal nota e manter as duas
características mencionadas acima, quais sejam, o baixo e a nota pedal, optou-se
por manter a essência do acompanhamento, até porquê o baixo passa em
determinado momento pela nota fá sustenido.
Para a parte B algumas alterações maiores foram realizadas e serão
apresentadas a seguir:
54
Exemplo 23 - Parte B de Foi-se Josino
O início da parte B se encontra na metade do compasso 8. Pode-se dizer que
ela começa no si da linha vocal da palavra amor, assim a parte A se encerra na
cabeça do segundo tempo do compasso 8. Optamos por incluir uma fermata
(conforme já aludido anteriormente) no acorde de sol maior de encerramento da
parte A para frisar esta mudança. Com isso se permite uma pequena pausa entre as
partes causando uma melhor distinção entre elas bem como facilitando a execução
tanto do instrumentista acompanhante quanto da voz.
Outra alteração significativa é a transformação de terças em sextas que
ocorre nos compassos 8 e 9. Tomemos como exemplo a primeira terça transformada
em sexta na transcrição, no compasso 8, composta pelas notas sol e si. Ao se
executar as notas si e sol da transcrição tem-se que o si é executado em um par
oitavado, e o sol é executado em um par uníssono (ver item 5.1). Assim, temos que
soa , ou seja, houve-se a terça do acompanhamento
original. Assim, ao se alterar as terças para sextas, desde que elas sejam
55
executadas nesses pares, as terças continuam a ser ouvidas. Isso ocorre tanto no
compasso 8 quanto no 9.
Já no compasso 9 houve uma pequena alteração no baixo, tendo sido o
primeiro ré do baixo transposto uma oitava abaixo das demais notas. Por sua vez, no
compasso 10 foi efetuada uma mudança na posição dos acordes pelos motivos já
amplamente discutidos nas transcrições anteriores: a possibilidade de execução na
viola. Por fim, nos compassos 8 e 9 foram excluídas as indicações de staccato na
transcrição, uma vez que no original elas se encontram faltando em parte e em
nossa opinião a música soa melhor sem elas.
Nos compassos finais também foram feitas algumas alterações que valem ser
comentadas:
Exemplo 24 - Trecho de Foi-se Josino
No compasso 11 excluídas as notas mais graves da linha da mão esquerda.
O mesmo foi feito no compasso 12, onde foi excluído o ré mais grave. Em ambos os
casos tais exclusões foram realizadas de forma a tanto realçar quanto permitir a
execução na viola da linha melódica cromática realizada na mão esquerda do piano.
56
Por fim, nos três compassos acima transcritos foram efetuadas alterações nas
posições dos acordes de forma a permitir que os mesmos fossem tocados na viola.
6.2.7 - ESCUTA FORMOSA MÁRCIA
Escuta formosa Márcia é uma modinha claramente dividida em três partes,
apresentando rittornello na parte B. O acompanhamento dessa peça, assim como o
da parte A de Qual será o feliz dia, se baseia na utilização de terças paralelas,
especialmente nas partes A e B. Ao ser transcrito para viola, esse tipo de
acompanhamento adquire uma sonoridade especial, típica deste instrumento.
Em termos de harmonia, a parte A está em ré menor e as partes B e C em fá
maior. Com cadências muito simples, a estrutura harmônica da Escuta formosa
Márcia não apresenta nenhuma complexidade para seu entendimento. Entretanto, a
tonalidade em que se encontra trás alguns problemas para a realização da
transcrição.
Como já comentado anteriormente no item 5.3, a afinação que foi escolhida
para ser utilizada na realização das transcrições é a Rio Abaixo, que forma com suas
cordas soltas um acorde de Sol maior. Realizar a transcrição de uma música em ré
menor (e em fá maior) para essa afinação não é ideal, uma vez que nenhuma das
notas mais importantes da escala estão nas cordas soltas, o que trás um prejuízo
tanto para a sonoridade do acompanhamento (que não estará se utilizando deste
recurso) quanto para a execução, dificultando-a.
Assim sendo, optamos por transpor um tom acima a música em análise, de
forma que a parte A passou para mi menor e as duas partes finais passaram para
sol maior. Obtivemos assim a relativa menor da afinação das cordas soltas da
afinação Rio Abaixo e o próprio sol maior, não só facilitando a transcrição como
57
também permitindo uma melhor sonoridade e por conseqüente, uma melhor
execução.
Antes de realizar a transposição foi analisada a alteração na tessitura que tal
procedimento provocaria na linha vocal. Verificamos que a nota mais aguda que se
atingiria seria um lá na linha primeira suplementar superior em duas apojaturas nos
compassos 12 e 14. Excetuando-se tais apojaturas, a música atinge no máximo o
sol. Uma vez que todas as demais músicas (com exceção de Uma mulata bonita)
atingem, no máximo, até o sol, a nota mais aguda aumentaria em um tom em
relação às notas mais agudas das outras músicas aqui comentadas. Uma mulata
bonita, por sua vez, possui como nota mais aguda o mesmo lá obtido com a
transposição de Escuta formosa Márcia. Estamos cientes de que tal nota se
encontra já em uma região que pode causar alguns problemas de inteligibilidade da
letra, mas ela ocorre em somente dois compassos e em apojaturas muito breves.
Por outro lado, esta nota não é demasiadamente difícil para ser alcançada por
sopranos ou tenores. Cremos assim, que o aumento de um tom na música trás mais
benefícios do que prejuízos.
Desta feita, procedemos à transposição da música um tom acima, o que
engrandeceu a qualidade da transcrição para viola. Uma outra solução seria a busca
da utilização de uma afinação mais adequada para as tonalidades de ré menor e fá
maior. Mas de acordo com o item 5.3, optou-se por não utilizar diversas afinações, e
sim somente uma (com exceção da música seguinte que terá uma corda afinada em
dó). Poder-se-ia questionar o fato de que se abaixando um tom a nota mais grave
desta afinação se teria um fá solto. Entretanto, tal procedimento causa um problema
de tensão na corda, que ficaria muito baixa e conseqüentemente sem brilho e
projeção. Também faz com que o intervalo do par mais grave para o segundo se
58
transforme em uma sexta, o que dificultaria mais ainda a realização da transcrição. E
trocar mais notas da afinação da viola acaba por ir contra o propósito da escolha da
afinação sendo utilizada neste trabalho.
Para se realizar a transcrição desta música foram alterados, a exemplo das
anteriores, algumas posições de acordes e pequenas alterações nos baixos devido
aos problemas já mencionados de possibilidade do instrumento. Todavia, vale
comentar uma alteração realizada no compasso 7, a seguir:
Exemplo 25 - Trecho de Escuta formosa Márcia
No compasso 7, como pode ser visto acima, o intervalo de trítono composto
pelas notas fá sustenido e dó não foi utilizado na transcrição por não ser possível
colocar estas duas notas e ainda manter a nota ré pedal, que além de ser
característica deste trecho do acompanhamento soa extremamente bem na viola,
por ser executada em um par solto. Desta forma, foi utilizada a terça formada entre o
lá e o dó, mantendo a sétima do acorde de ré com sétima. Já o baixo que
originalmente seria um lá e um ré passou a ser um fá sustenido e um ré, de forma a
não deixar de ser colocada a terça do acorde. Ainda, a seqüência original do baixo,
que é de dois intervalos descendentes seguidos, foi alterado para dois intervalos
59
ascendentes. Este procedimento foi adotado pois, uma vez que o trítono que soava
verticalmente foi retirado, a linha do baixo passou a ser realizar a sensível da tônica
(fá sustenido para sol) na transição do compasso 7 para o 8, na tentativa de
amenizar a ausência do trítono.
Nos demais trechos somente pequenas alterações menos importantes foram
efetuadas.
6.2.8 - UMA MULATA BONITA
Esta modinha é composta em duas partes, estando a primeira em dó maior e
a segunda em dó menor. Apresenta o acompanhamento mais bem elaborado de
todas as músicas analisadas neste trabalho. Se utiliza grandemente de síncopas,
dobramentos da melodia, baixos cantantes, dominantes individuais, dissonâncias e
ausência de fundamentais nos acordes.
Para realizar a transcrição desta música, optamos por alterar uma das cordas
da afinação Rio Abaixo, passando o ré do quarto par para dó (conforme já
comentado no item 5.3). Com esta pequena alteração na afinação foi possível
realizar uma transcrição mais fiel à original. Ao se ter a fundamental da tônica e da
dominante (sol maior) de ambas as partes (em dó maior e dó menor) em cordas
soltas as possibilidades para a realização da transcrição sem a necessidade de
grandes alterações foram aumentadas.
Desta feita, a transcrição desta música se apresenta a mais fiel dentre todas,
tendo sido poucas as alterações realizadas. Além da alteração de oitavas de
algumas notas e da adição da articulação indicativa de arrastos, a exemplo de várias
outras músicas que sofreram o mesmo processo, portanto sem necessidade de
maiores aprofundamentos, ressaltamos somente uma alteração importante realizada
60
no compasso 12, onde a posição de algumas notas foram alteradas para permitir a
execução do acompanhamento na viola:
Exemplo 26 Trecho de Uma Mulata Bonita
Note-se que no compasso 12 as notas mi, fá e fá sustenido foram alteradas
para uma oitava acima, invertendo o intervalo. Tal alteração exigiu também a
modificação da posição dos acordes do compasso 13, de forma a não se perder a
condução de voz realizada pelo compositor. Por fim, aproveitamos o mesmo
exemplo para indicar uma alteração nas oitavas das notas, como pode ser visto no
compasso 16, mas sem inversão de intervalos.
6.2.9 - LUNDUM, BRASILIAN VOLKSTANZ
Lundum, brasilian volkstanz é o título da música apresentada no Apêndice
musical de Spix e Martius e não sofre tradução para a publicação em língua
portuguesa naquela publicação: significa Lundum, Dança popular brasileira.
(Adotamos nesta dissertação a nomenclatura mais comum, lundu, e não lundum
como originalmente chamada pelos naturalistas bávaros).
61
Trata-se da única peça instrumental do conjunto de obras apresentada na
obra dos viajantes. E ainda mais, foi publicada somente a linha melódica sem
acompanhamento algum, portanto, sem harmonia nenhuma. Tal fato trouxe uma
dificuldade adicional na realização da transcrição desta peça para viola, uma vez
que tocar uma linha melódica qualquer sem nenhum tipo de acompanhamento em
um instrumento harmônico como a viola fica extremamente monótono e vazio. Desta
maneira optamos por não realizar uma transcrição propriamente dita, e sim um
arranjo para esta música.
Para realizar tal arranjo dois problemas tiveram que ser resolvidos: 1) Qual o
ritmo do acompanhamento que será adotado? 2) Qual a harmonia que será
utilizada?
Ao se analisar a literatura musical sobre os lundus, pode-se claramente
verificar alguns tipos de acompanhamento que são mais comumente utilizados
(Lima, 2005). O primeiro se trata do composto por arpejos de semicolcheias, como
pode ser visto na música Ganinha, minha ganinha encontrado no manuscrito “As
Modinhas do Brasil”, depositado na Biblioteca d´Ajuda, em Lisboa e editado e
publicado por Edilson de Lima, 2001:
Exemplo 27- Ganinha, minha ganinha
Outro tipo de acompanhamento amplamente encontrado nos lundus é o que
utiliza o padrão de uma colcheia, duas semicolcheias e duas colcheias, conforme
62
pode ser visto na música Esta Noite, de J. F. Leal, publicado por Gerhard Doderer
(Doderer, 1985), entre outras publicações:
Exemplo 28 - Esta Noite
Note-se que no exemplo acima colocamos o resultado rítmico das duas mãos
do piano tocando juntos. Por fim, no exemplo a seguir, o lundu Menina você que tem
de J. F. Leal, Gerhard Doderer (Doderer, 1985) entre outras publicações, apresenta
um padrão de semicolcheia pontuada, fusa e duas semicolcheias:
Exemplo 29 - Menina, você que tem
O que no exemplo acima nos interessa é justamente a opção pelo padrão do
acompanhamento com ritmos pontuados. Na edição realizada por Manuel Morais, a
63
fórmula de compasso foi alterada para dois por dois, mas o padrão é o mesmo
que em valores aumentados, resultando o seguinte: colcheia pontuada +
semicolcheia + colcheia + colcheia ( ), resultando num padrão que será repetido
dentro do compasso.
Um outro lundu que apresenta o mesmo padrão de acompanhamento, é a
peça instrumental o Lundu das Mulatinhas, de Caetano Filho, depositado na
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, só que com a célula rítmica do exemplo
anterior ampliada:
Exemplo 30 - Trecho de Lundu das Mulatinhas
Vale ressaltar que acima somente transcrevemos alguns exemplos, sendo
possível serem encontrados inúmeros outros exemplos de lundus com os mesmos
ritmos no acompanhamento. Em suma, os lundus apresentam três tipos básicos de
acompanhamento: , e .
Ao se verificar o Lundu, brasilian volkstanz, temos que o padrão é
sugerido pela linha melódica em diversos momentos, tais como logo no início da
música, e também mais adiante:
64
e
Exemplo 31 - Trechos de Lundu, brasilian volkstanz
Desta forma, aliando ao fato de que o padrão rítmico é amplamente
utilizado em lundus com a sugestão da linha melódica, optamos por utilizar tal
padrão como base rítmica para a realização do arranjo da música em tela.
Ainda, dada a utilização da afinação Rio abaixo, em sol maior, optamos
também por transpor a música, originalmente na tonalidade de lá maior, para sol
maior de forma a poder utilizar as já tão citadas características das cordas soltas da
viola. Como se trata de música instrumental não há implicações em linhas vocais
que possam gerar problemas de tessituras.
No que diz respeito à harmonia, podemos verificar em todos os exemplos de
lundu anteriormente apresentados que a harmonia se baseia na alternância de
dominante e tônica. No Exemplo 27 e no Exemplo 28 temos a alternância entre fá
maior (tônica) e dó maior com sétima (dominante). No Exemplo 29 vê-se a relação
entre mi menor (tônica) e si maior com sétima (dominante). O mesmo ocorre no
Exemplo 30, onde os acordes de sol menor (tônica) e sol maior (dominante) se
alternam. Isto ocorre como regra geral nos lundus.
Ao se harmonizar a linha melódica do lundu em discussão se percebe que
isso também é válido para ele, ou seja, há uma combinação perfeita da melodia com
a alternância dos acordes de dominante e tônica. Exceção feita a somente seis
compassos na música: os compassos 18 e 20, onde claramente a tônica passa de
maior para menor, com o surgimento do dó natural na linha melódica (passando
65
assim o lá maior para lá menor); e os compassos 100 a 102 onde a melodia sugere
o uso da tônica e da subdominante dentro de cada um deles, dado ao fato que as
notas ré e fá sustenido aparecem como notas fortes da melodia:
e
Exemplo 32 - Compassos 18 a 20 e 100 a 102 do Lundum, brazilian volkstanz
Assim sendo, transcrevemos abaixo os primeiros compassos do arranjo para
o lundu já com o acompanhamento. Nos compassos abaixo somente os baixos dos
acordes foram acrescentados à melodia, de acordo com o ritmo escolhido. Como
pode ser verificado já no início da música, nem sempre todas as notas do
acompanhamento serão utilizadas, sendo o ritmo algumas vezes alterado por opção
do arranjador no sentido de criar uma variação rítmica. Ressaltamos que doravante
todos os exemplos serão apresentados já devidamente transpostos para a
tonalidade de sol maior.
66
Exemplo 33 - Início do arranjo do Lundum, brazilian volkstanz
Logo no compasso 7, no início da música, temos a utilização de um recurso
muito utilizado na viola, chamado por Braz da Viola (Viola, 1999) de “troca de pares”,
ou seja, onde uma melodia é tocada com notas intercaladas dos pares oitavados e
dos pares em uníssono (ver item 5.1). Vejamos o compasso 7
Exemplo 34 - Compasso 7 de Lundum, brasilian volkstanz
Ao se comparar a linha melódica original e a linha do arranjo pode-se achar
que a melodia foi alterada, incluindo-se saltos de oitava. Entretanto, como a linha
inferior do arranjo é tocada nos pares oitavados, a melodia soa exatamente como
escrita. No exemplo abaixo colocamos as notas agudas dos pares oitavados como
quadrados vazios para facilitar o entendimento:
67
Exemplo 35 - Som real do compasso 7
Daí o nome “troca de pares”, ou seja, a melodia está soando em pares
alternados, trocados. O mesmo ocorre nos compassos 22 e 23, só que com a
melodia soando uma oitava acima do escrito originalmente para que pudesse ser
adaptado à viola:
Exemplo 36 - Escrita original
Exemplo 37 - Som real
68
Com a utilização da técnica de “troca de pares” tem-se a melodia soando
normalmente mais um baixo que toca, uma oitava abaixo, nota sim e nota não da
melodia dando um interessante efeito na audição da música.
A seguir podemos verificar outro compasso em que foram efetuadas
alterações significativas:
Exemplo 38 - Compassos 10 e 11
Logo na cabeça do primeiro compasso temos a inclusão de uma outra técnica
característica da viola, chamada de “matada seca” por Roberto Corrêa onde o som é
obtido
“ferindo-se as cordas de cima para baixo, com um ou mais dedos da
mão direita, abafando-se o som com a borda interna da mão direita.”
(Corrêa, 2000)
Ao invés de ser utilizada somente a nota si da melodia, foi colocado um
acorde de sol maior executado utilizando-se a “matada seca”, amplamente usada
pelos tocadores de viola. Ainda, logo após este acorde, temos novamente a “troca
de par” com as notas ré mi ré que “se juntam” às notas dó sustenido ré uma
oitava acima, formando a melodia original. Por fim, neste mesmo acorde podemos
verificar a adição de articulações indicando uma ligadura descendente e um arraste
ascendente.
69
Cabe aqui também ressaltar que em alguns momentos (como por exemplo no
compasso) foram retiradas algumas articulações, em especial os staccatos, por
entendermos mais adequada ao estilo da música e do arranjo a não utilização das
mesmas. Também foi utilizado o recurso de harmônicos, como pode ser visto nos
compassos 54 a 57. Entretanto, nenhuma destas alterações são muito significativas
a ponto de necessitarem de merecerem comentários adicionais.
Por fim, frisamos que, devido ao fato dos pares oitavados como comentado
no item 5.1, é imprescindível que seja seguida à risca as indicações de dedos da
mão direita quando indicado na partitura, de forma a realçar as notas que precisam
ser realçadas.
Desta maneira cremos ter apresentado as principais alterações e os recursos
utilizados para a realização do arranjo para o Lundum, brasilian volkstanz.
Lembramos que a partitura completa do arranjo se encontra no Apêndice I desta
dissertação.
6.3 - A GRAFIA DAS LETRAS NAS TRANSCRIÇÕES
Vale comentar que nas transcrições realizadas as grafias das palavras foram
atualizadas para a suas formais atuais. Como exemplo podemos citar a palavra anos
que na música Acaso são esses se apresenta originalmente escrita com dois enes
(de annos para anos); na transcrição colocamos com somente um ene. Outro
exemplo encontrado na mesma peça é a palavra um, que originalmente se
apresenta com um agá; na transcrição utilizamos a grafia atual (hum para um). Isso
vale para todas as oito músicas transcritas que contém letra.
70
7. CONCLUSÕES
No final do séc. XVIII e início do séc. XIX podia-se verificar um movimento de
viajantes partindo da Europa para as colônias com o intuito de conhecer a riqueza
natural e a cultura destes “novos” povos distantes. Tais viajantes muito contribuíram
para o conhecimento dos países visitados, assim como no Brasil. Diversos europeus
realizaram expedições para as mais diversas regiões do país e seus relatos servem
como uma importante fonte de informação histórica. Destacam-se, entre tantos
outros, os naturalistas bávaros Spix e Martius, que cá estiveram entre 1817 e 1821.
Ao publicarem o relato de sua viagem anexaram oito partituras de modinhas
com linhas vocais e uma partitura de lundu instrumental. Nesta época, estes dois
gêneros musicais figuravam entre os mais populares, tanto no Brasil quanto em
Portugal. Dessa popularidade surgiu um sem número de publicações voltadas para a
disseminação de partituras dessas obras, dentre as quais se incluem com destaque
as dos naturalistas citados, visto que foi a primeira anotação musical realizada em
partituras por viajantes.
Originada das antigas guitarras e vihuelas, a viola era parte importante da
cultura luso-brasileira, se apresentando como um dos instrumentos mais utilizados à
época. E continua sendo até os dias de hoje parte significativa da tradição musical
brasileira. Por sua vez, as modinhas e lundus eram acompanhados pela viola. Foram
assim realizadas transcrições das músicas publicadas por aqueles viajantes
(originalmente para piano e voz) para viola.
Durante o processo de transcrição das músicas alguns problemas foram
encontrados. Entre os mais recorrentes está a grande diferença de tessitura dos
instrumentos: o piano apresenta um alcance muito superior ao da viola. Neste
71
sentido, em diversas ocasiões tiveram que ser realizadas reduções da distância das
vozes, especialmente dos baixos, diminuindo assim o tamanho dos intervalos.
Outras vezes trechos inteiros tiveram que ser transpostos em uma oitava. Tal
diferença entre os instrumentos, aliado ao fato de que no piano todas as notas estão
disponíveis para o instrumentista, o que não ocorre com a viola devido à disposição
das cordas, também exigiu que algumas vezes as posições das notas dos acordes
fossem alteradas, e em alguns casos até suprimidas.
Ainda, a peça instrumental exigiu a realização de um acompanhamento, dado
que ela somente apresentava a linha melódica. Foi assim adotado um padrão rítmico
comumente utilizado nos lundus da época, bem como foi realizada a harmonização
da melodia original.
Na realização das transcrições foram utilizadas as técnicas atuais do
instrumento, tais como a utilização de terças paralelas, arrastes e cordas soltas com
o objetivo de permitir uma sonoridade mais próxima da atualmente conhecida deste
instrumento. Dado que as partituras publicadas apresentam, em diversas músicas,
terças paralelas e notas pedais, tais características foram extremamente propícias
para a transcrição para a viola.
Por fim, uma vez que a grande maioria das músicas foram publicadas na
tonalidade de sol maior, foi utilizada a afinação Rio Abaixo na viola exigindo que
somente duas músicas fossem transpostas (sendo uma delas instrumental), não
gerando problemas para a linha vocal.
A relação deste instrumento com aqueles gêneros musicais é muito forte, fato
que demonstra que a viola não somente possui o caráter quase que rural que adotou
a partir do século XX, tendo sido parte importante da vida urbana brasileira desde
sua descoberta até finais do século XIX. A realização de tais transcrições vem
72
ampliar o acervo musical disponível para ser executado na viola, ampliando as
possibilidades de estudo do instrumento que nos dias de hoje tem demonstrado um
movimento de “retorno” aos meios culturais urbanos brasileiros.
73
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APÊNDICE I
Partituras completas das transcrições
&
&
?
&
#
#
#
#
4
3
4
3
4
3
4
3
Canto
Viola
Piano
Larghetto
Larghetto
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A -
·
·
·
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ca - so são
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1 - Acaso São Estes
Afinação Viola Caipira: G D G B D - Rio Abaixo
Transcrição : Eric Aversari Martins
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No. I do Anexo Musical de
"Viagem pelo Brasil" de Spyx e Martius
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1 - Acaso São Estes
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1 - Acaso São Estes
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Minha alma que tinha
Liberta a vontade
Agora já sente
Amor e Saudade
Os sítios formosos
Qua já me agradarão
Ah! não se mudaram
Mudaram-se os olhos
De triste que estou
São estes etc.
5
Mas como discorro?
Acaso podia
Já tudo mudar-se
No espaço de um dia
Existem as fontes
E os feixos copados
Dão Flores os prados
E corre a cascata
Que nunca secou
São estes etc.
4
Aqui um regato
Corria sereno
Por margens cobertas
De flores e feno
À esquerda se erguia
Um bosque fechado
E o tempo apressado
Que nada respeita
Já tudo mudou
São estes etc.
3
Meus versos alegre
Aqui repetia
O eco as palavras
três vezes ao dizia
Se chamo por ele
Já não me responde
Parece se esconde
Cansado de dar-me
Os ais que lhe dou
São estes etc.
2
Daquele Penhasco
Um rio caia
Ao som do sussurro
Que vezes dormia
Agora não cobrem
Espumas nevadas
As pedras quebradas
Parece que o rio
O curso voltou
São estes etc.
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2 - Qual Será o Feliz Dia
ANÔNIMO PAULISTA
No. II do Anexo Musical da
"Viagem pelo Brasil" de Spyx e Martius
Afinação Viola Caipira: G D G B D
Transcrição: Eric Aversari Martins
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ANÔNIMO PAULISTA
No. III do Anexo Musical da
"Viagem pelo Brasil" de Spyx e Martius
Afinação Viola Caipira: G D G B D
Transcrição: Eric Aversari Martins
3 - Perdi o Rafeiro
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4 - Prazer Igual Ao Que Eu Sinto
ANÔNIMO MINEIRO OU BAIANO
No. IV do Anexo Musical da
"Viagem pelo Brasil" de Spyx e Martius
Afinação Viola Caipira: G D G B D
Transcrição: Eric Aversari Martins
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5 - No Regaço da Ventura
ANÔNIMO MINEIRO
No. V do Anexo Musical da
"Viagem pelo Brasil" de Spyx e Martius
Afinação Viola Caipira: G D G B D
Transcrição: Eric Aversari Martins
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6 - Foi-se Josino
ANÔNIMO BAIANO
No. VI do Anexo Musical da
"Viagem pelo Brasil" de Spyx e Martius
Afinação Viola Caipira: G D G B D
Transcrição: Eric Aversari Martins
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7 - Escuta, Formosa Márcia
ANÔNIMO PAULISTA
No. VII do Anexo Musical de
"Viagem pelo Brasil" de Spyx e Martius
Afinação Viola Caipira: G D G B D
Transcrição: Eric Aversari Martins
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8 - Uma Mulata Bonita
Afinação Viola Caipira: G C G B D
Transcrição: Eric Aversari Martins
ANÔNIMO MINEIRO OU GOIÂNO
No. VIII do Anexo Musical da
"Viagem pelo Brasil" de Spyx e Martius
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ANÔNIMO
No. IX do Anexo Musical da
"Viagem pelo Brasil" de Spyx e Martius
Afinação Viola Caipira: G D G B D
Arranjo: Eric Aversari Martins
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