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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
MOISÉS BASTOS NETO
ESTUDOS DE CICLOS DE CARGA E DESCARGA DE
RESERVATÓRIOS PARA ARMAZENAMENTO DE GÁS
NATURAL ADSORVIDO
FORTALEZA-CE
2005
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Moisés Bastos Neto
ESTUDOS DE CICLOS DE CARGA E DESCARGA
DE RESERVATÓRIOS PARA ARMAZENAMENTO
DE GÁS NATURAL ADSORVIDO
Dissertação apresentada junto à
Coordenação do Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Química para
obtenção do grau de Mestre em
Engenharia Química pela Universidade
Federal do Ceará.
FORTALEZA-CE
2005
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B329e Bastos Neto, Moisés
Estudos de ciclos de carga e descarga de reservató-
rios para armazenamento de gás natural adsorvido /
Moisés Bastos Neto.
149f.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do
Ceará. Centro de Tecnologia. Departamento de Enge-
nharia Química. Fortaleza,2005.
Orientador: Prof. Dr. Célio Loureiro Cavalcante Jr.
1. Eng. Química. 2. Gases-Absorção e Adsorção. I.
Título
C.D.D. 660
Aos meus queridos
pais Onofre e Ana
Meus sinceros agradecimentos
ao mestre Eurico Belo Torres pelos contínuos ensinamentos, pela persistência e grande
confiança na minha capacidade, pela amizade e por tantas horas a mim dedicadas;
à amiga orientadora Diana Azevedo por todos os esclarecimentos que necessitei, pela
imensa disponibilidade que me concedeu, pelos conselhos e conversas e por toda
credibilidade;
ao orientador Célio Cavalcante Jr. pelas preciosas dicas, incentivos, ensinamentos,
compartilhamento de suas experiências e inúmeras oportunidades concedidas;
a todos os professores do Departamento de Eng. Química que contribuíram para o meu
crescimento intelectual e humano;
à Neuma Buarque que me proporcionou o primeiro contato direto com a pesquisa, me
incentivou e acompanhou meus passos iniciais;
aos antigos e recentes colegas de trabalho Moisés Teles, Josy, Daniel e Zuzi pelo
companheirismo e grande auxílio na obtenção dos dados experimentais dessa pesquisa;
à FUNCAP pelo apoio financeiro;
à FINEP e PETROBRAS pelo apoio ao projeto;
ao CTGás – Natal/RN por conceder espaço para realização de parte dos experimentos;
aos meus queridos colegas da UFC e todos os integrantes do GPSA pela amizade,
conforto e força durante os momentos difíceis;
aos inúmeros e grandes amigos que estiveram presentes nos momentos de descontração e
lazer;
e minha eterna gratidão
a meus pais e avós
a minhas irmãs Karine e Karol,
ao meu cunhado Robson
à minha querida noiva Lourdes
pelo apoio, estímulo, paciência e o amor que demonstraram durante esta etapa da minha
vida;
a Deus.
O degrau de uma escada não serve simplesmente para que alguém
permaneça em cima dele, destina-se a sustentar o pé de um homem
pelo tempo suficiente para que ele coloque o outro um pouco mais
alto.
(Thomas Henry Huxley, 1825-1895)
vi
BASTOS NETO, Moisés – Estudos de Ciclos de Carga e Descarga de Reservatórios para
Armazenamento de Gás Natural Adsorvido, UFC, Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Química, Área de Concentração: Adsorção, Fortaleza/CE, Brasil.
Orientadores: Dr. Célio Loureiro Cavalcante Jr. e Dra. Diana Cristina Silva de Azevedo
Co-orientador: Prof. Antônio Eurico Belo Torres
RESUMO. Este estudo apresenta análises de dados experimentais de ciclos de carga e
descarga em um vaso protótipo de armazenamento de gás natural adsorvido (GNA) em um
leito de carvão ativado, comparados com simulações obtidas com um modelo matemático
proposto para prever o comportamento da pressão, temperatura média e massa armazenada e
disponibilizada de gás natural num dado recipiente. Para validar o modelo, cada parâmetro de
entrada foi calculado independentemente através de análises das características texturais da
amostra de carvão utilizada e do levantamento de isotermas de equilíbrio de adsorção de
metano no mesmo carvão. Também foram determinadas as isotermas de adsorção de etano,
propano e butano, constituintes do gás natural (GN) em menores proporções, para avaliação
da influência da composição na eficiência do processo de armazenamento. As análises das
características texturais foram conduzidas num aparato volumétrico através da obtenção de
isotermas de nitrogênio a 77 K. Os dados de equilíbrio de adsorção dos componentes do GN
foram adquiridos com auxílio de uma balança de suspensão magnética. Numa etapa inicial
foram utilizados experimentos com gás natural e simulações com metano puro. Os resultados
mostraram discrepâncias nas previsões do modelo, conduzindo-nos à conclusão de que é
inadequado assumir que o gás natural apresenta comportamento semelhante ao de seu
componente em maior proporção, o metano, para este caso. A partir deste fato, as simulações
foram comparadas com experimentos usando metano puro e uma boa concordância foi
observada nas comparações dos resultados. A pressão e a massa armazenada foram preditas
satisfatoriamente bem e, apesar dos efeitos térmicos não precisamente levados em conta no
modelo, foi observada uma concordância razoavelmente boa entre simulação e experimento
para a temperatura média dentro do recipiente. Conclusivamente, o modelo foi satisfatório
para a previsão dos fenômenos envolvidos num processo de armazenamento de GNA.
vii
ABSTRACT. This study presents experimental data analyses of charge and discharge cycles
in a prototype vessel of adsorbed natural gas (ANG) storage in a bed of activated carbon,
compared with simulations obtained with a mathematical model proposed to foresee the
behavior of pressure, average temperature and stored mass and delivery of natural gas in a
given reservoir. To validate the model, each input parameter was independently calculated
through analyses of the used carbon sample’s textural characteristics and the acquirement of
adsorption equilibrium isotherms of methane in the same carbon sample. It was also obtained
the adsorption isotherms of ethane, propane and butane, constituent of the natural gas (NG) in
smaller proportions, for evaluation of the composition influence in the storage process
efficiency. The textural characteristics analyses were run in a volumetric apparatus through
the obtaining of nitrogen isotherms at 77 K. The adsorption equilibrium data of the NG
components were acquired with the support of a magnetic suspension balance. In an initial
stage, it was used experiments with natural gas and simulations with pure methane. The
results showed discrepancies in the model prediction, leading to the conclusion that it is
inadequate to assume that the natural gas presents behavior similar to the one of its larger
proportion component, methane, for this case. Consequently, in another stage, simulations
were compared with experiments using pure methane and a good agreement was observed in
the results comparisons. Histories of pressure and stored mass were satisfactorily well
predicted and, despite heat effects, not precisely taken into account in the model, there was a
reasonably good agreement between simulation and experiment for the average temperature
inside the vessel. Conclusively, the model was suitable for the prediction of the phenomena
involved in an ANG storage process.
viii
LISTA DE FIGURAS
Capítulo II
Figura II. 1 – Diagramas esquemáticos dos perfis de densidade e composição da fase
adsorvida real e de Gibbs .......................................................................................................... 06
Figura II. 2 – Ilustração típica da relação entre a pressão da fase fluida e a quantidade
adsorvida, num conjunto de isotermas de equilíbrio de adsorção ............................................. 07
Figura II. 3 – Indústria de gás natural adsorvido ..................................................................... 13
Figura II. 4 – Densidade energética relacionada à gasolina .................................................... 15
Figura II. 5 – Ilustração comparativa da eficiência de armazenamento de GNA e GNC num
mesmo reservatório ................................................................................................................... 15
Figura II. 6 – Carga e descarga de um vaso de adsorção de gás natural ................................. 19
Figura II. 7 – Ilustração das isotermas de adsorção monocomponente dos cinco principais
alcanos constituintes do gás natural em carvão ativado à 25 °C ............................................... 23
Figura II. 8 – Variação da densidade de um gás adsorvível com a variação da distância
entre suas moléculas e a superfície sólida. (a) Representação da camada hipotética que
delimita a fase adsorvida. (b) Representação de Gibbs .............................................................
26
Capítulo III
Figura III. 1 – Equipamento para medição de área superficial, volume e distribuição de
poros ..........................................................................................................................................
33
Figura III. 2 – Equipamento de medida de adsorção com suspensão magnética. Posição de
medida com a amostra conectada à balança (esquerda) e posição “zero point” com a amostra
desconectada da balança para procedimento de calibração e tara da balança (direita) .............
34
Figura III. 3 – Sistema para estudos gravimétricos de equilíbrio de adsorção, composto de
balança termogravimétrica (A), linha de gases (B), computador (C), interface de aquisição
de dados (D), bomba de vácuo (E), cilindro de metano (F) e banho termostático (G) .............
36
Figura III. 4 – Cilindro para armazenamento de GNA ...........................................................
38
Figura III. 5 – Detalhes do vaso e posicionamento dos sensores ............................................
38
Figura III. 6 – Esquema de disposição do sistema piloto de adsorção de GNA .....................
39
ix
Figura III. 7 – Desenho esquemático da microbalança de suspensão magnética e sistema de
gases ..........................................................................................................................................
45
Figura III. 8 – Ilustração geométrica do modelo .....................................................................
56
Capítulo IV
Figura IV. 1 – Isoterma de adsorção de N
2
no carvão ativado WV1050 a 77 K......................
64
Figura IV. 2 – Número de mols de N
2
adsorvido ajustado conforme a equação linearizada
de BET da amostra WV1050 ....................................................................................................
65
Figura IV. 3 – Gráfico DR da amostra WV1050 .....................................................................
67
Figura IV. 4 – Seleção da porção correspondente aos microporos para determinação do
coeficiente linear do gráfico DR da amostra WV1050 .............................................................
67
Figura IV. 5 – Experimento com hélio para determinação do volume suspenso ....................
68
Figura IV. 6 – Ajuste dos pontos fornecidos pela balança para adsorção de metano no carvão
WV1050 nas temperaturas de10, 20, 30, 40, 60 e 80 °C ..............................................................
71
Figura IV. 7 – Ajuste dos pontos fornecidos pela balança para adsorção de etano no carvão
WV1050 nas temperaturas de 10, 20, 25 e 30 °C .........................................................................
72
Figura IV. 8 – Ajuste dos pontos fornecidos pela balança para adsorção de propano no
carvão WV1050 nas temperaturas de 20 e 30 °C ......................................................................
72
Figura IV. 9 – Ajuste dos pontos fornecidos pela balança para adsorção de butano no
carvão WV1050 na temperatura de 30 °C ................................................................................
73
Figura IV. 10 – Isotermas de massa adsorvida absoluta de metano no carvão WV1050 nas
temperaturas de10, 20, 30, 40, 60 e 80 °C ................................................................................
74
Figura IV. 11 – Isotermas de massa adsorvida absoluta de etano no carvão WV1050 nas
temperaturas de10, 20, 25 e 30 °C ............................................................................................
74
Figura IV. 12 – Isotermas de massa adsorvida absoluta de propano no carvão WV1050 nas
temperaturas de 20 e 30 °C .......................................................................................................
75
Figura IV. 13 – Isoterma de massa adsorvida absoluta de butano no carvão WV1050 na
temperatura de 30 °C .................................................................................................................
75
Figura IV. 14 – Isotermas de massa adsorvida em excesso de metano no carvão WV1050
nas temperaturas de10, 20, 30, 40, 60 e 80 °C ..........................................................................
76
Figura IV. 15 – Isotermas de massa adsorvida em excesso de etano no carvão WV1050 nas
temperaturas de10, 20, 25 e 30 °C ............................................................................................
76
x
Figura IV. 16 – Isotermas de massa adsorvida em excesso de propano no carvão WV1050
nas temperaturas de 20 e 30 °C .................................................................................................
77
Figura IV. 17 – Isoterma de massa adsorvida em excesso de butano no carvão WV1050 na
temperatura de 30 °C .................................................................................................................
77
Figura IV. 18 – Massa adsorvida absoluta de metano versus pressão relativa no carvão
WV1050 nas temperaturas de10, 20, 30, 40, 60 e 80 °C ..........................................................
78
Figura IV. 19 – Comparativo das massas adsorvidas absolutas dos gases no carvão
WV1050 ....................................................................................................................................
79
Figura IV. 20 – Comparativo das massas adsorvidas em excesso dos gases versus pressão
relativa no carvão WV1050 na temperatura de 30 °C ..............................................................
79
Figura IV. 21 – Comparações dos dados obtidos diretamente pela balança (Δm) com os
corrigidos (massa em excesso) para o propano e butano a 30 °C ............................................
80
Figura IV. 22 – Isotermas de quantidade adsorvida absoluta de metano plotadas de acordo
com as coordenadas exigidas pela equação do Virial nas temperaturas de 10, 20, 30, 40, 60 e
80 °C .........................................................................................................................................
81
Figura IV. 23 – Quantidade adsorvida absoluta dada pelo ajustes de Unilan (pontos) e pela
equação do Virial (linhas) .........................................................................................................
82
Figura IV. 24 – Densidade de armazenamento e disponibilidade de metano a 20 °C .............
83
Figura IV. 25 – Densidade de armazenamento e disponibilidade de metano a 30 °C .............
83
Figura IV. 26 – Isotermas de adsorção em excesso de metano ...............................................
84
Figura IV. 27 – Isosteras de adsorção de metano ....................................................................
85
Figura IV. 28 – Calor isostérico de adsorção de metano .........................................................
85
Figura IV. 29 – Quantidade de gás natural armazenada no cilindro como função do tempo
durante um ciclo de carga, calculada segundo o modelo e medida experimentalmente ...........
87
Figura IV. 30 – Quantidade de gás natural armazenada no cilindro como função do tempo
durante um ciclo de descarga, calculada segundo o modelo e medida experimentalmente .....
88
Figura IV. 31 – Pressão no cilindro como função do tempo durante um ciclo de carga,
calculada segundo o modelo e medida experimentalmente ......................................................
88
Figura IV. 32 – Pressão no cilindro como função do tempo durante um ciclo de descarga,
calculada segundo o modelo e medida experimentalmente ......................................................
89
Figura IV. 33 – Temperatura Média no cilindro como função do tempo durante um ciclo de
carga, calculada segundo o modelo e medida experimentalmente ........................................... 89
Figura IV. 34 – Temperatura Média no cilindro como função do tempo durante um ciclo de
descarga, calculada segundo o modelo e medida experimentalmente ...................................... 90
xi
Figura IV. 35 – Temperatura Média no cilindro como função do tempo durante um ciclo de
descarga, calculada segundo o modelo com parâmetros modificados e medida
experimentalmente ....................................................................................................................
92
Figura IV. 36 – Dados experimentais e simulados para a pressão no interior do cilindro
com função do tempo durante um ciclo de carga ...................................................................... 95
Figura IV. 37 – Dados de temperatura para o ciclo de carga . (a) Experimentos e
simulações para a temperatura média dentro do cilindro. (b) Dados experimentais de
temperatura dentro do cilindro medidas com os quatro termopares ......................................... 97
Figura IV. 38 – Dados experimentais e simulados para a quantidade armazenada com
função do tempo durante um ciclo de carga .............................................................................. 98
Figura IV. 39 – Dados experimentais e simulados para a pressão no interior do cilindro
com função do tempo durante um ciclo de descarga ................................................................ 98
Figura IV. 40 – Dados de temperatura para o ciclo de descarga . (a) Experimentos e
simulações para a temperatura média dentro do cilindro. (b) Dados experimentais de
temperatura dentro do cilindro medidas com os quatro termopares ......................................... 99
Figura IV. 41 – Dados experimentais e simulados para a quantidade armazenada com
função do tempo durante um ciclo de descarga ........................................................................ 100
Figura IV. 42 – Simulações de massa armazenada com o tempo para os carvões SRD-21 e
WV1050 .................................................................................................................................... 101
Figura IV. 43 – Isotermas de equilíbrio de adsorção para os carvões na temperatura de 30
ºC ............................................................................................................................................... 104
Figura IV. 44 – Massa armazenada para os carvões na temperatura de 30 ºC ........................ 104
Figura IV. 45 – Volume armazenado para os carvões na temperatura de 30 ºC ..................... 105
Figura IV. 46 – Quantidade adsorvida de gás a 35 bar e 30 ºC em relação à área superficial
específica de cada amostra ........................................................................................................ 105
Figura IV. 47 – Quantidade adsorvida de gás a 35 bar e 30 ºC em relação ao volume de
microporos de cada amostra ...................................................................................................... 106
Figura IV. 48 – Quantidade adsorvida de gás a 35 bar e 30 ºC em relação ao diâmetro
médio de poros de cada amostra ............................................................................................... 106
xii
LISTA DE TABELAS
Capítulo II
Tabela II. 1 – Exemplos de isotermas derivadas da equação de Gibbs ................................... 08
Tabela II. 2 – Propriedades físicas do metano ......................................................................... 09
Tabela II. 3 – Condições e propriedades de diferentes modos de armazenamento de metano 12
Tabela II. 4 – Projeção de vendas de gás natural para 2005 no Brasil .................................... 12
Tabela II. 5 – Densidade de energia (MJ/litro) para combustíveis usados em transporte ....... 17
Tabela II. 6 – Propriedades de alguns adsorventes .................................................................. 20
Tabela II. 7 – Valores de calor de adsorção de metano em carvão ativado disponíveis na
literatura .................................................................................................................................... 28
Capítulo III
Tabela III. 1 – Características dos gases utilizados como adsorbatos .....................................
32
Tabela III. 2 – Componentes e respectivas composições do gás natural utilizado nos
experimentos .............................................................................................................................
32
Tabela III. 3 – Informações Técnicas da microbalança Rubotherm ........................................
33
Tabela III. 4 – Informações técnicas sobre o vaso de armazenamento ...................................
37
Capítulo IV
Tabela IV. 1 – Dados extraídos do relatório do Autosorb-1 MP .............................................
66
Tabela IV. 2 – Conjunto de dados obtidos com um experimento em branco, a regeneração
do carvão e o experimento com hélio .......................................................................................
69
Tabela IV. 3 – Sumário das propriedades da amostra de carvão WV1050 utilizada no
protótipo ....................................................................................................................................
69
Tabela IV. 4 – Sumário das propriedades do leito da amostra WV1050 no protótipo ............
70
Tabela IV. 5 – Coeficientes da equação do Virial para metano ...............................................
82
xiii
Tabela IV. 6 – Parâmetros de entrada do modelo para os experimentos com GN ......................
92
Tabela IV. 7 – Dados de caracterização química do gás natural antes da carga e após o
equilíbrio de adsorção ter sido atingido ........................................................................................
93
Tabela IV. 8 – Cálculo da massa adsorvida pela diferença entre a massa inicial e a massa no
equilíbrio. O percentual indica quanto da massa inicial foi adsorvida .....................................
94
Tabela IV. 9 – Parâmetros de entrada do modelo para os experimentos com metano ............
95
Tabela IV. 10 – Características texturais dos carvões utilizados .............................................
102
Tabela IV. 11 – Densidade de empacotamento teórica dos carvões ........................................
102
Tabela IV. 12 – Dados para massa adsorvida, massa armazenada e volume armazenado a
35 bar .........................................................................................................................................
107
xiv
NOMENCLATURA
LETRAS _
Símbolo Descrição Unidade SI _
a
área superficial molar m
2
.mol
-1
a
BET
área superficial BET m
2
.g
-1
A
potencial de adsorção de Polanyi J.mol
-1
b parâmetro das isotermas empíricas dm
3
.g
-1
ou (dm
3
.g
-1
)
α
C
parâmetro da equação de BET -
C
w
capacidade térmica da parede do vaso J.m
-3
.K
-1
c
concentração da fase fluida g.cm
-3
, kg.m
-3
pg
c
calor específico do gás J.kg
-1
.K
-1
ps
c
calor específico do sólido (carvão) J.kg
-1
.K
-1
k
1
, k
2
, k
3
, k
4
parâmetros da equação virial -
d
parâmetro da equação DA -
d
P
diâmetro médio de poros Å
D
constante empírica da equação DR/DA -
D
arm
disponibilidade de armazenamento m
3
.m
-3
E
energia característica de um sistema adsorbato-
adsorvente
J.mol
-1
e
w
espessura da parede do vaso m
G
r
fluxo mássico do fluido kg.m
-2
.s
-1
ads
ΔΗ
calor isostérico de adsorção kJ.mol
-1
h
w
coeficiente de transferência de calor por convecção W.m
-2
.K
-1
L
constante de Avogrado mol
-1
L
b
comprimento do leito m
m
massa de gás g, mg
M
massa molar g.mol
-1
, kg.mol
-1
m
A
massa adsorvida absoluta g/g
m
arm
massa de gás armazenado no reservatório kg.kg
-1
M
arm
massa de gás armazenado no reservatório kg.m
-3
m
ex
massa adsorvida em excesso g.g
-1
m
G
massa de gás na fase fluida g.g
-1
m
ana
massa adsorvida calculada pelas isotermas
empíricas
g.g
-1
m
T
massa total do porta-amostra g
mΔ
variação de massa registrada pela balança mg, g
xv
m
parâmetro das isotermas empíricas g.g
-1
n
número de moles de nitrogênio adsorvido mol
n
m
número de moles adsorvidos numa monocamada mol.g
-1
n
mic
número de moles adsorvidos em microporos mol.g
-1
p
pressão parcial do sorbato na fase fluida bar
p
c
pressão crítica bar
p
0
pressão de saturação do sorbato bar
p
0
pressão de referência bar
p
i
pressão inicial de um ciclo bar
p
cg
pressão de carga bar
p
dg
pressão de descarga bar
q
quantidade adsorvida g.g
-1
r
raio do vaso m
R
constante dos gases J.mol
-1
.K
-1
R
p
raio da partícula m
R
i
raio externo do cilindro interno m
R
o
raio interno do cilindro externo m
t
tempo s
T
temperatura K
T
c
temperatura crítica K
T
0
temperatura de referência K
T
i
temperatura inicial de um ciclo K
T
amb
temperatura ambiente K
T
w
temperatura da parede externa do vaso K
v
r
velocidade superficial do fluido m.s
-1
v
m
volume adsorvido na monocamada cm
3
.g
-1
V
volume total por massa de carvão cm
3
.g
-1
V
arm
volume de gás armazenado m
3
.m
-3
V
A
volume da fase adsorvida cm
3
.g
-1
V
b
volume do branco cm
3
.g
-1
V
G
volume da fase fluida cm
3
.g
-1
V
m
volume específico de macro e mesoporos cm
3
.g
-1
V
mic
volume específico de microporos cm
3
.g
-1
V
in
volume específico interpartículas cm
3
.g
-1
V
0
volume total que pode ser adsorvida no carvão cm
3
.g
-1
V
P
volume total de poros específico cm
3
.g
-1
V
s
volume específico de sólidos cm
3
.g
-1
V
v
volume específico de vazios cm
3
.g
-1
W
0
massa total que pode ser adsorvida no carvão g.g
-1
xvi
mic
W
0
massa total adsorvida nos microporos da amostra g.g
-1
W
massa adsorvida na pressão p g.g
-1
LETRAS GREGAS ______
Símbolo Descrição Unidade SI _
parâmetro das isotermas empíricas -
α
relação entre viscosidade e permeabilidade do leito kg.m
-3
.s
-1
β
coeficiente de afinidade adsorbato-adsorvente -
β
parâmetro da equação de Ergun m
-1
σ
área ocupada por uma molécula adsorvida nm
2
b
ε
porosidade do leito adsorvente -
c
ε
porosidade da partícula -
T
ε
porosidade total -
λ
condutividade térmica do leito W.m
-1
.K
-1
μ
viscosidade do gás kg.m
-1
.s
-1
θ
fração de cobertura na superfície do adsorvente -
ads
ρ
densidade da fase adsorvida g.cm
-3
ρ
b
densidade de empacotamento g.cm
-3
ρ
pellet
densidade aparente de um pellet de carvão g.cm
-3
ρ
Hg
densidade do carvão obtida por imersão em
mercúrio
g.cm
-3
2
N
ρ
densidade do nitrogênio líquido a 77 K e 1 bar g.cm
-3
Ω
massa reduzida de adsorbato g.g
-1
Siglas
CNTP Condições Normais de Temperatura e Pressão (0
o
C, 1atm)
STP Condições Padrões de Temperatura e Pressão (20
o
C, 1atm)
GN Gás Natural
GNA Gás Natural Adsorvido
GNC Gás Natural Comprimido
GNL Gás Natural Liquefeito
GNV Gás Natural Veicular
SUMÁRIO
Resumo ...............................................................................................................................
.
vi
Abstract ............................................................................................................................... vii
Lista de Figuras ................................................................................................................... viii
Lista de Tabelas ..................................................................................................................
.
xii
Nomenclatura ...................................................................................................................... xiv
Capítulo I - Introdução
I. 1. Relevância .......................................................................................................
.
02
I. 2. Objetivos do Presente Trabalho ....................................................................... 03
I. 3. Descrição dos Conteúdos da Dissertação ........................................................
.
03
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
II. 1. Fundamentos e Aspectos Gerais da Adsorção de Gases ................................
.
05
II. 2 Gás Natural ...................................................................................................... 08
II. 2.1. Transporte e Armazenamento de Gás Natural ................................
.
10
II. 2.2. Materiais para a Tecnologia GNA ..................................................
.
13
II. 2.3. Aplicações da Tecnologia GNA ...................................................... 16
II. 2.4. Desafios da Tecnologia GNA .........................................................
.
17
II. 2.5. Adsorção de Metano em Outros Adsorventes ................................. 19
II. 2.6. Efeito da Densidade do Adsorvente na Capacidade de
Armazenamento ..............................................................................
.
20
II. 2.7. Ciclos de Carga e Descarga em Vasos de GNA .............................. 22
II. 3. Medição da Quantidade Adsorvida: Quantidade Absoluta x Quantidade em
Excesso ..........................................................................................................
.
24
II. 4. Isotermas Empíricas de Equilíbrio de Adsorção ............................................ 27
II. 5. Calor de Adsorção .......................................................................................... 28
II. 6. Características Texturais de Sólidos Adsorventes .......................................... 29
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
III. 1. Materiais .......................................................................................................
.
31
III. 1.1. Adsorvente .....................................................................................
.
31
III. 1.2. Adsorbatos ..................................................................................... 31
III. 1.3. Aparato Experimental ....................................................................
.
32
III. 1.3.1. Caracterizador de Adsorventes (Autosorb-1 MP) ........... 32
III. 1.3.2. Balança de Suspensão Magnética ................................... 33
III. 1.3.3. Vaso Protótipo de Armazenamento de GNA .................. 36
III. 2. Métodos ......................................................................................................... 40
III. 2.1. Propriedades da Partícula Adsorvente ...........................................
.
40
III. 2.1.1. Determinação da Área Superficial Específica ................
.
40
III. 2.1.2. Determinação do Volume Total de Poros ....................... 41
III. 2.1.3. Determinação do Volume de Microporos ....................... 42
III. 2.1.4. Determinação do Tamanho Médio de Poros ................... 43
III. 2.1.5. Porosidade da Partícula ................................................... 43
III. 2.2. Propriedades do Leito Adsorvente ................................................. 43
III. 2.2.1. Densidade de Empacotamento ........................................ 43
III. 2.2.2. Porosidade do Leito e Porosidade Total .........................
.
44
III. 2.3. Determinação do Equilíbrio de Adsorção Monocomponente ........ 45
III. 2.3.1. Método Gravimétrico ...................................................... 45
III. 2.3.2. Tratamento dos Dados de Equilíbrio ..............................
.
47
III. 2.4. Determinação dos Coeficientes do Virial ......................................
.
51
III. 2.5. Densidade de Armazenamento e Disponibilidade .........................
.
52
III. 2.6. Calor Isostérico de Adsorção ......................................................... 53
III. 2.7. Ensaios de Carga e Descarga no Vaso Protótipo ........................... 54
III. 2.8. Modelagem e Simulação do Sistema ............................................. 54
III. 2.8.1. Modelo Matemático de Simulação .................................
.
56
III. 2.8.2. Parâmetros do Modelo ....................................................
.
61
Capítulo IV – Resultados e Discussões
IV. 1. Determinação das Propriedades da Partícula Adsorvente ............................
.
64
IV. 1.1. Determinação da Área Superficial Específica ...............................
.
64
IV. 1.2. Determinação do Volume Total de Poros ...................................... 66
IV. 1.3. Determinação do Volume Microporos ..........................................
.
66
IV. 1.4. Cálculo do Volume Específico de Sólidos (V
s
) e da Porosidade
(ε
c
) ................................................................................................
68
IV. 1.5. Sumário das Propriedades Texturais do Adsorvente ..................... 69
IV. 2. Determinação das Propriedades do Leito ..................................................... 70
IV. 3. Tratamento dos Dados de Equilíbrio de Adsorção ....................................... 70
IV. 3.1. Isotermas de Quantidade Adsorvida Absoluta e em Excesso ........ 73
IV. 3.2. Comparativos ................................................................................. 78
IV. 3.3. Análise da Correção do Empuxo ...................................................
.
80
IV. 4. Determinação dos Coeficientes do Virial ..................................................... 81
IV. 5. Densidade de Armazenamento e Disponibilidade ........................................ 82
IV. 6. Calor Isostérico de Adsorção ........................................................................ 84
IV. 7. Carga e Descarga ..........................................................................................
.
86
IV. 7.1. Experimentos com Gás Natural ..................................................... 87
IV. 7.1.1. Composição da Fase Adsorvida após Um Ciclo de
Carga .............................................................................
93
IV. 7.2. Experimentos com Metano Puro ...................................................
.
94
IV. 7.3. Simulação com Outro Carvão Ativado .......................................... 100
IV. 8. Estudo dos Efeitos das Características Texturais .........................................
.
101
Capítulo V – Conclusões e Sugestões
V. 1. Conclusões .....................................................................................................
.
110
V. 2. Sugestões para Trabalhos Futuros ................................................................. 112
Capítulo VI – Referências Bibliográficas
VI. 1. Referências Bibliográficas ............................................................................ 114
CAPÍTULO I
Introdução
Capítulo I – Introdução
Bastos Neto, Moisés
2
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO
I. 1. Relevância
A instabilidade no mercado de combustíveis derivados do petróleo, além do aumento
dos interesses pelas questões ambientais, estimulou novas pesquisas em busca de
combustíveis alternativos (Matranga et al., 1992). Neste âmbito, ressalta-se o gás natural
(GN) como um recurso natural não-renovável ainda disponível em grandes quantidades, sub-
utilizado em seu potencial energético e ecologicamente mais atrativo devido à sua queima
mais limpa.
De fato, o Brasil e o mundo passaram a investir mais no consumo de GN, mas para
que sua utilização em larga escala seja factível, é necessário que o mesmo seja armazenado de
forma segura, prática e econômica. Um sistema bastante promissor prevê o armazenamento de
gás natural em baixas pressões (< 40 bar) na sua forma adsorvida (GNA), a qual é capaz de
estabelecer boa relação entre custo de compressão e capacidade de armazenamento (Mota et
al., 1997a).
Como a eficiência de um sistema desses depende essencialmente do material poroso
utilizado, grande parte das pesquisas nesta área está voltada para o desenvolvimento de novos
materiais com maiores potenciais de armazenamento de GN. No entanto, sabe-se que os
fenômenos envolvidos no processo de armazenamento também exercem grande influência na
eficiência do mesmo. Daí surge a importância do estudo em escala adequada para prever a
viabilidade do sistema e direcionar os caminhos da tecnologia de armazenamento de GNA.
Alguns estudos em relação a vasos de armazenamento de GNA foram realizados ao
longo dos últimos anos, sendo que na grande maioria apenas estimativas e simulações foram
utilizadas para a previsão de comportamentos. Poucos apresentaram dados experimentais com
estes vasos e destes, a maioria visava aplicações veiculares.
Este trabalho pretende estudar resultados obtidos experimentalmente e validar um
modelo de previsão do comportamento de ciclos de carga e descarga de um vaso de
armazenamento de GNA com o propósito de transporte para uso em regiões remotas não
servidas de gasodutos.
Capítulo I – Introdução
Bastos Neto, Moisés
3
I. 2. Objetivos do Presente Trabalho
Este trabalho tem como objetivo geral avaliar o desempenho de um sistema de
armazenamento e transporte de gás natural na sua forma adsorvida através da realização de
ciclos de carga e descarga. Para tanto, é necessário seguir os seguintes passos:
a) Selecionar uma amostra de adsorvente para ser utilizada num vaso protótipo de
armazenamento de GNA e realizar as análises de características texturais e de
equilíbrio de adsorção para esta amostra;
b) Levantar dados de equilíbrio de adsorção para os componentes individuais do gás
natural, além do metano, através da aplicação de metodologias de tratamento de
dados obtidos a partir de ensaios de adsorção em uma balança de suspensão
magnética;
c) Simular o comportamento dos ciclos de carga e descarga de gás natural em um
leito de carvão ativado através da resolução dos modelos fenomenológicos, por
meio da implementação de aplicativo computacional;
d) Obter dados experimentais de pressão, temperatura e quantidade armazenada para
um vaso protótipo de GNA e compará-los com os dados de simulação;
e) Analisar efeitos da composição do gás natural e dos contínuos ciclos de carga e
descarga sobre a eficiência de um reservatório de GNA;
I. 3. Descrição dos Conteúdos da Dissertação
Neste capítulo foi apresentada a relevância deste estudo e os objetivos que se pretende
alcançar. No Capítulo II serão abordados os conceitos e fundamentos necessários para um
melhor entendimento do que será descrito ao longo desta dissertação. O Capítulo III traz
vários detalhes acerca das metodologias experimentais utilizadas para se chegar aos resultados
almejados. No Capítulo IV os resultados e as discussões são lançados para que as devidas
conclusões possam ser tiradas no Capítulo V, juntamente com sugestões para futuros
trabalhos. Finalmente, no Capítulo VI estão expostas todas as referências bibliográficas
utilizadas neste trabalho.
CAPÍTULO II
Revisão Bibliográfica
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
Bastos Neto, Moisés
5
CAPÍTULO II – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
II. 1. Fundamentos e Aspectos Gerais da Adsorção de Gases
A adsorção é fundamentalmente um fenômeno termodinâmico espontâneo, que
ocorre quando uma superfície sólida é exposta a um fluido. O desequilíbrio eletrostático
originado pela irregularidade, a nível molecular, de uma superfície é capaz de gerar um
campo de força no ambiente ao seu redor. Desta forma, de acordo com sua definição, a
adsorção consiste no aumento da densidade de um fluido nas vizinhanças de uma interface.
Conforme a natureza das forças que regem o fenômeno, podemos classificá-la como física
(fisissorção) ou química (quimissorção).
Conhecida desde a antiguidade, a adsorção ainda exerce importante papel na área
tecnológica. Amplamente utilizada nas áreas de catálise, purificação de água, dessalinização,
remoção de odores, dentre vários processos de separação de misturas; ganhou notoriedade
dentro do conjunto de processos unitários, especialmente como uma alternativa em situações
onde a destilação convencional se revela ineficiente e/ou onerosa.
Denomina-se de adsorvente, o sólido sobre o qual ocorre o fenômeno; adsortivo, o
fluido em contato com o adsorvente; e adsorbato, a(s) espécie(s) química(s) retida(s) pelo
adsorvente.
Quando um gás é contatado com um sólido adsorvente, as forças de atração
intermoleculares gás-sólido criam uma região próxima à superfície sólida onde a densidade
local e composição do adsorbato são diferentes daquelas na fase gasosa (bulk). A região é
chamada de fase adsorvida e pode se estender a uma distância de vários diâmetros de
moléculas de adsorbato da superfície sólida. A criação de tal fase gera a base prática de todos
os processos de separação e purificação de gases por adsorção (Sircar, 1999).
Infelizmente, o tamanho e estrutura da fase adsorvida assim como os valores de
densidade e composição do adsorbato dentro da fase adsorvida não podem ser medidos
experimentalmente. Estas propriedades são funções desconhecidas da pressão, temperatura e
composição da fase gasosa.
O equilíbrio de adsorção representa a chave mais importante para o entendimento de
um processo adsortivo. Os dados de equilíbrio de adsorção de componentes puros são
fundamentais para a determinação de quanto destes componentes podem ficar retidos no
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
Bastos Neto, Moisés
6
sólido adsorvente. A partir dessas informações, podemos definir a cinética monocomponente
e, posteriormente, o equilíbrio e cinética de um sistema multicomponente (Do, 1998).
Para melhor compreender as características do equilíbrio de adsorção, muitos
esforços foram voltados para a procura de explicações fenomenológicas que pudessem
expressar de forma eficaz as relações entre diversos sistemas adsorvente/adsorbato em
condições distintas. Vários modelos baseados na termodinâmica foram sendo propostos,
evoluindo dentro de uma escala de complexidade desde sistemas monocomponentes em
sólidos homogêneos a sistemas multicomponentes em sólidos heterogêneos.
A interpretação do equilíbrio gás/sólido é, em muitos aspectos, bastante similar ao
equilíbrio líquido/vapor (ELV). No entanto, a presença do campo de força do sólido, que tem
sua magnitude diminuída com o aumento da distância, influencia diretamente na rápida
variação das propriedades da fase gasosa imediatamente adjacente. Mesmo não havendo
descontinuidade nesta variação, a grande problemática da abordagem do fenômeno se
encontra na falta de precisão para se determinar a distância para dentro da fase gasosa, na qual
os efeitos do sólido são sentidos (Figura II.1).
ρ
ρ
Y
Y
1
1
Y
Y
2
2
F
F
A
A
S
S
E
E
F
F
L
L
U
U
I
I
D
D
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V
V
O
O
L
L
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M
M
E
E
D
D
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A
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I
I
D
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G
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I
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B
B
B
B
S
S
V
V
O
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M
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V
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D
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L
D
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O
A
A
D
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S
S
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R
R
B
B
A
A
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T
O
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S
S
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P
P
E
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C
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F
A
A
C
C
E
E
D
D
E
E
G
G
I
I
B
B
B
B
S
S
Figura II. 1 – Diagramas esquemáticos dos perfis de densidade e composição da fase adsorvida real e
de Gibbs (Adaptação de Sircar, 1999).
Diante deste problema, J. Willard Gibbs idealizou uma superfície matemática que
representasse a interface entre a fase adsorvida e a fase gasosa e fosse tratada como uma fase
bidimensional com propriedades termodinâmicas singulares. Isto facilitaria a abordagem do
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
Bastos Neto, Moisés
7
sistema e a determinação precisa de suas fases e interface. Nesta idealização, o sólido é
considerado inerte e o equilíbrio de adsorção ocorre entre as fases gás/adsorbato (Smith et al.,
2000).
Normalmente, os dados de equilíbrio de adsorção de gases são apresentados na
forma de isotermas, relacionando a pressão parcial do adsorbato na fase fluida com sua
concentração na fase sólida (Figura II.2). Com a modelagem do equilíbrio sugerida por Gibbs,
equações que representassem uma isoterma foram sendo propostas com embasamento
termodinâmico, utilizando-se de considerações e simplificações matemáticas. A lei de Henry
da adsorção é um exemplo bastante simples e limitado que surge neste contexto.
-10 0 10 20 30 40 50 60 70 80
-0,02
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
20 °C - Adsorção
30 °C - Adsorção
40 °C - Adsorção
60 °C - Adsorção
80 °C - Adsorção
10 °C - Desorção
30 °C - Desorção
40 °C - Desorção
80 °C - Desorção
m (g/g)
P (bar)
Figura II. 2 – Ilustração típica da relação entre a pressão da fase fluida e a quantidade adsorvida, num
conjunto de isotermas de equilíbrio de adsorção.
Baseada na equação de estado do gás “lattice-ideal”, desenvolvida especificamente
para um adsorbato, a isoterma de Langmuir é um exemplo clássico que, apesar de ser limitada
à cobertura de superfícies por apenas uma camada (monocamada) de adsorbato, ainda
encontra aplicações em diversos ramos da ciência. Foi o primeiro modelo coerente para
adsorção em uma superfície plana e homogênea sob o ponto de vista cinético.
As isotermas de maior utilidade prática são geralmente extensões empíricas a três
parâmetros da isoterma de Langmuir. A Tabela II.1 sumariza alguns exemplos de isotermas
de equilíbrio de adsorção derivadas da equação de Gibbs.
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
Bastos Neto, Moisés
8
Tabela II.1 Exemplos de isotermas derivadas da equação de Gibbs (Do, 1998).
Equação de Estado Isoterma Nome
RT
=
πσ
θ
=
bP
Lei de Henry
σσ
σ
σ
σ
=πσ
00
lnRT
θ
θ
=
1
bP
Langmuir
()
RT=σσπ
0
θ
θ
θ
θ
=
1
exp
1
bP
Volmer
σ
σ
σσ
σ
σ
σ
=πσ
0
00
2
ln
cw
RT
θ
θ
θ
=
RT
cw
bP exp
1
Fowler-Guggenheim
()
RT
a
=σσ
σ
+π
0
2
()
θ
θ
θ
θ
θ
= cbP exp
1
exp
1
Hill-deBoer
Diversas publicações têm demonstrado que a maioria dos modelos de isotermas
utilizados para o equilíbrio gás/sólido apresenta inconsistências termodinâmicas. Este fato tem
sido motivo para a transformação dos modelos existentes e busca por outros que sejam
consistentes (Tóth, 1995; Tóth, 2003).
Embora várias tentativas tenham sido feitas para estimar teoricamente os dados de
equilíbrio de adsorção, utilizando técnicas de Monte Carlo (Vuong e Monson, 1996; Yin et al.
2000; Steele, 2002) e dinâmica molecular, a determinação experimental das isotermas é,
ainda, um primeiro e fundamental passo em qualquer estudo para um novo sistema
adsorbato/adsorvente.
Da informação obtida a partir da isoterma de adsorção, é possível estimar a
quantidade total de adsorvente necessária para um determinado processo e,
conseqüentemente, as dimensões dos equipamentos a serem utilizados considerando os efeitos
do processo adsortivo. Assim, a determinação acurada dos dados de equilíbrio no início de
quaisquer estudos visando o uso comercial da adsorção constitui um procedimento de
fundamental importância.
II. 2. Gás Natural
O Gás Natural (GN) é um recurso natural não-renovável ainda disponível em
grandes quantidades e sub-utilizado em seu potencial energético. Suas reservas, para o nível
de demanda atual são estimadas em 60 anos, o dobro dos cerca de 30 anos, estimados para o
petróleo líquido. É uma mistura constituída em sua maior parte de metano. Tem normalmente
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
Bastos Neto, Moisés
9
pouco enxofre, que pode ser facilmente removido. Como conseqüência, é um combustível
ecologicamente preferível aos demais combustíveis fósseis.
No Brasil, a descoberta tardia de reservas fez do uso do GN uma prática bem
recente. Somente nos últimos 20 anos, a produção e a oferta interna dessa fonte de energia
vêm apresentando um crescimento mais significativo, em boa parte, por conta de uma série de
vantagens que ele apresenta, como por exemplo: é um combustível ecologicamente preferível,
sua disponibilidade é ampla e crescente, possibilita maior vida útil dos equipamentos, entre
outras.
Para fins práticos, o GN pode normalmente ser representado por seu componente de
maior concentração (geralmente superior a 90% em volume), o metano, cujas propriedades
são mostradas na Tabela II.2. Dos compostos parafínicos, o metano é o de menor temperatura
normal de ebulição (-161 ºC) e é também aquele mais difícil de ser adsorvido. Sua
temperatura crítica é relativamente baixa (-82 ºC), de forma que apresenta comportamento
semelhante ao de um gás ideal em temperatura ambiente, mesmo em pressões elevadas. Sua
molécula é esfericamente simétrica e não tem momento dipolo ou quadrupolo, ao contrário de
adsorbatos comumente estudados como N
2
e CO
2
, que têm apreciáveis momentos
quadrupolos. Em virtude disto, as forças de van der Waals, responsáveis por sua adsorção em
suportes apolares, fazem com que o metano não tenha preferência por sítios de adsorção.
Tabela II. 2 – Propriedades físicas do metano (Lozano-Castelló et al., 2002a).
Ponto Normal de
Ebulição (K)
Temperatura
Crítica (K)
Pressão
Crítica (kPA)
Densidade
Crítica (g/cm
3
)
112 191 4,6 0,16
Além de ser bem mais barato, o GN é um combustível ecologicamente preferível aos
demais combustíveis fósseis, como a gasolina e o diesel, por apresentar queima relativamente
mais limpa. Como conseqüência, sua queima pode reduzir algumas emissões prejudiciais ao
meio ambiente, entre as quais podemos incluir (Carslaw and Fricker, 1995):
vapores tóxicos como o benzeno em até 100%,
compostos orgânicos voláteis em até 92%,
dióxido de enxofre em até 83%,
monóxido de carbono em até 25%,
NOx em até 10% e
partículas sólidas em até 90% quando comparado ao diesel
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
Bastos Neto, Moisés
10
O aumento na utilização do GN como combustível tem, portanto, potencial
capacidade de diminuir emissões, especialmente em áreas urbanas onde a qualidade do ar se
tornou motivo de preocupação com a saúde pública.
II. 2.1. Transporte e Armazenamento de Gás Natural
Apesar das diversas vantagens, o GN tem uma característica desvantajosa bem
destacada – o elevado custo de transporte – que se dá por conta da dificuldade em se
armazenar o GN em recipientes. Atualmente existem duas alternativas práticas para o
transporte de GN, restringindo grandemente sua versatilidade em relação ao petróleo. Estas
duas formas de transporte são através de gasodutos ou mediante tanques metaneiros. Ambas
as formas de transporte requerem tecnologia específica e geralmente de alto custo, pois, para
escoar GN nos dutos é preciso manter uma pressão constante ao longo da linha mediante
estações de compressão. Além disso, gasodutos requerem diâmetros maiores para movimentar
a mesma quantidade de energia equivalente em petróleo (um oleoduto pode transportar 15
vezes mais energia que um gasoduto do mesmo diâmetro). Quanto ao transporte por tanques
criogênicos, esta é uma tecnologia muito cara por requerer estações de liquefação e
regaseificação nos pontos de envio e recepção, respectivamente. Trata-se do transporte de gás
natural liquefeito (transporte por metaneiros), onde a construção de estações de pressurização
nos pontos de embarque e desembarque, além da necessidade de tanques de armazenamento
eleva o seu custo.
Mesmo nos países com uma rede de gasodutos mais ampla e desenvolvida, tanto o
carvão quanto o petróleo (concorrentes diretos do GN) beneficiam-se de escalas de produção
e transporte com dimensões planetárias (suas infra-estruturas são antigas). No caso do
petróleo, apesar de mais complexa, a atividade de refino resulta em uma gama de produtos
ainda mais diversificada do que aquela obtida pelo processamento do GN e, além disso, seus
derivados podem ser condicionados em botijões, barris e tanques, vendidos seja por litro ou
por tonelada, com uma flexibilidade que lhes permite atender a praticamente qualquer
demanda, onde ela ocorrer, ou seja, o custo de distribuição é extremamente baixo comparado
ao do GN. Isso explica, de certa forma, a ainda baixa utilização do GN na matriz energética
brasileira e também mundial.
Outro ponto a se destacar é que, o investimento na construção de gasodutos é
extremamente elevado, só se justificando para grandes demandas, o que impede atualmente a
entrada do GN em mercados com uma demanda reduzida, porém potencial.
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
Bastos Neto, Moisés
11
Além dos problemas envolvidos pelos custos relacionados ao transporte, em
condições normais de temperatura e pressão (CNTP), a densidade energética (definido como o
calor de combustão por unidade de volume) do gás natural é somente 0,038 MJ/L (0,11% da
gasolina) (Lozano-Castelló et al., 2002a). Sob o ponto de vista energético, isto também é um
fator negativo para a ampliação do seu mercado.
Ainda com todos estes problemas, a preocupação atual com emissões de veículos
movidos a combustíveis fósseis e o intenso aumento dos preços destes combustíveis vêm
estimulando um notável crescimento da procura por gás natural comprimido (GNC) em
pressões da ordem de 20 MPa.
Nessas condições, sua densidade é cerca de 230 vezes a do GN em CNTP,
geralmente referida como 230 v/v. Isto implica que o GNC a 20 MPa e 25 ºC tem uma
densidade energética de cerca de 8,8 MJ/L (25% da gasolina). Apesar disso, a tecnologia
GNC também apresenta desvantagens. O peso do cilindro de GNC (aproximadamente 1 kg/L
para vasos de aço), suas restrições de geometria (tipicamente cilíndricos) e seu custo de
confecção, além do elevado custo das instalações e operação de compressão a alta pressão,
são fatores determinantes para o uso ainda pouco disseminado do gás natural.
O Gás Natural Liquefeito (GNL) é geralmente armazenado à sua temperatura normal
de ebulição (112 K) em um vaso criogênico à pressão de 0,1 MPa. O GNL pode atingir
densidade de armazenamento bastante significativa (cerca de 600 vezes maior que o GN em
condições padrões de temperatura e pressão, 25
o
C e 1 atm), conforme mostrado na Tabela
II.3, porém com altos custos operacionais.
Uma alternativa relativamente recente para o transporte de GN que está sendo
amplamente estudada é transportá-lo na forma adsorvida em materiais porosos (como o
carvão ativado, por exemplo). A adsorção é um fenômeno físico em que as moléculas de um
fluido são atraídas pela superfície dos poros e fendas de um sólido. A utilização desta
tecnologia pode possibilitar o armazenamento de maiores quantidades de GN no mesmo
volume de recipiente do que o volume comprimido armazenado na mesma pressão e que
possam atender justamente a esses mercados emergentes.
Se o gás natural for armazenado na forma adsorvida (GNA), a pressão atingida no
reservatório pode ser consideravelmente menor (cerca de 3,5 MPa), o que implica em menor
custo com materiais de confecção do vaso e com a compressão, além de maior segurança
(Wegrzyn e Gurevich, 1996). Outro uso potencial da tecnologia GNA é como forma de
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
Bastos Neto, Moisés
12
transporte para regiões não servidas por gasodutos, onde há um enorme mercado potencial de
consumo de gás natural.
Tabela II. 3 – Condições e propriedades de diferentes modos de armazenamento de metano (Lozano-
Castelló et al., 2002a).
Temperatura
(K)
Pressão (MPa)
Densidade
(g/cm
3
)
Densidade
relativa
GNL
113 0,1 0,4 600
GNC
298 20 0,15 230
GNC
298 3,5 0,0234 36
GNA
298 3,5 0,13 150
Gás
298 0,1 0,00065 1
Tendo em vista esses novos mercados e a tendência mundial de crescimento da
utilização de GN (Tabela II.4), buscou-se elaborar um modelo com a metodologia de cálculo
de custos, desde a compressão do gás nos cilindros de armazenamento até sua distribuição ao
consumidor final, para o Gás Natural Adsorvido (GNA), considerando suas características
particulares e diferentes modais de transporte.
Tabela II. 4 – Projeção de vendas de gás natural para 2005 no Brasil (Rede Gás Energia, 2003).
Setores
2002
MMm
3
/dia
2005
MMm
3
/dia
Crescimento ao
ano %
Transporte automotivo 2,40 4,80 28,0
Redutor siderúrgico 0,42 0,80 24,0
Petroquímico 0,90 1,40 15,9
Residencial & comercial 0,91 3,60 58,2
Industrial 16,00 28,00 20,5
Térmico 6,37 41,40 86,6
Total 27,00 80,00 43,6
Desde a fase de exploração até o consumo final, o gás passa por uma série de etapas
que compõem sua cadeia, conforme a Figura II.3. Diante desses aspectos, a aplicação do GN
como combustível dependerá essencialmente da eficiência de seu armazenamento, que deverá
apresentar relação custo/benefício desejável. Os custos envolvidos estão normalmente ligados
ao próprio processo de armazenamento (custo energético) e ao reservatório (custo com
material).
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
Bastos Neto, Moisés
13
Figura II. 3 – Indústria de gás natural adsorvido (GÁS Natural, 2003).
O desempenho de um sistema de armazenamento de GN por adsorção pode ser
avaliado através de um parâmetro conhecido como “disponibilidade” (delivery), comumente
usado na literatura. Este parâmetro é definido como o volume de gás liberado por unidade de
volume do vaso de armazenamento e é designado pela unidade v/v. Especificamente, é a
quantidade de gás natural que é liberada do adsorvente quando a pressão é reduzida para a
pressão atmosférica. É evidente que, como o processo de dessorção é endotérmico, o uso de
calor ou de vácuo pode melhorar a quantidade de gás liberada e conseqüentemente, a relação
v/v.
Para ser comercialmente viável, o Departamento de Energia dos Estados Unidos
(DOE) estabeleceu uma capacidade mínima de 150 v/v a uma pressão de 3,5 MPa e 25 ºC. A
pressão sugerida se deve ao fato de já haver normas de projeto e construção para vasos de
armazenamento de gás a esta pressão.
II. 2.2. Materiais para a Tecnologia GNA
Uma vez que eficiência dessa tecnologia está estreitamente ligada às características
do sólido adsorvente, a procura por um material poroso satisfatório, quer em termos de
capacidade de armazenamento de GNA por unidade de volume quer em termos de custo do
adsorvente para essa finalidade, é atualmente uma área ativa de pesquisa. Até agora, foram
publicadas várias revisões que comparam os resultados obtidos por diferentes pesquisadores
(Menon e Komarneni, 1998; Lozano-Castelló et al., 2002a). Estes estudos fazem referência a
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
Bastos Neto, Moisés
14
adsorventes com disponibilidade bastante elevadas, alguns deles com valores maiores que
aquele estabelecido pelo USDOE de 150 v/v (Parkyns e Quinn, 1995; Menon e Komarneni,
1998). É importante ressaltar, no entanto, o fato de que essas comparações são muitas vezes
feitas baseadas em valores de difícil comparação. Relacionado a isto, é importante distinguir
entre um valor encontrado experimentalmente e um valor calculado a partir de dados de
isoterma de equilíbrio e de densidade de empacotamento (relação entre a massa e o volume
ocupado de uma amostra de sólidos), o que faz normalmente a maioria dos autores.
Qualquer material com diâmetro de poros menor que 2 nm (microporos de acordo
com a definição da IUPAC - International Union of Pure and Applied Chemistry) é capaz de
adsorver gases acima de sua temperatura crítica numa quantidade proporcional ao volume de
microporos. A grande maioria das publicações na literatura aponta o carvão ativado como o
mais adequado tipo de adsorvente sólido microporoso para a adsorção de metano. Alguns
estudos têm mostrado que as zeólitas (Menon e Komarneni, 1998), embora tenham
densidades de empacotamento relativamente altas (comparadas com carvões ativados), têm
menores volumes de microporos. Além disso, as zeólitas são extremamente hidrófilas e
podem perder a capacidade de adsorção por metano com o tempo devido à adsorção
preferencial por umidade. Carvões ativados, em virtude da grande quantidade de volume de
microporos que podem ter, têm se mostrado mais adequados, e isto os vem levando a serem
os mais utilizados nas pesquisas de GNA (Parkyns e Quinn, 1995; Alcañiz-Monge et al.,
1997a; Menon e Komarneni, 1998).
Normalmente, os carvões ativados são disponibilizados em três diferentes
conformações morfologias e seus desempenhos para armazenamento de gás natural têm sido
estudados: fibras de carbono ativadas (Alcañiz-Monge et al., 1997a; Alcañiz-Monge et al.,
1997b; Menon e Komarneni, 1998; Murata et al. 2002); carvões ativados granulados ou em pó
(Matranga e Myers, 1992; Quinn e MacDonald, 1992; Sun et al., 1996; Chen et al., 1997; Sun
et al., 1997; Menon e Komarneni, 1998), dentre os quais alguns são utilizados úmidos
(Wegrzyn e Gurevich, 1996; Perrin et al., 2004); e monólitos de carvões ativados (Menon e
Komarneni, 1998; Rubel e Stencel, 2000; Biloé et al., 2001a; Inomata et al., 2002; Lozano-
Castelló et al., 2002b), preparados a partir de diferentes precursores.
A Figura II.4 mostra a relação da densidade de várias formas de armazenamento de
gás natural em relação à gasolina. No caso do GNA dois valores são apresentados: o valor
correspondente à quantidade máxima teórica que pode ser disponibilizada a 25 ºC e 3,5 MPa,
para carvões ativados, 213 v/v (Parkyns e Quinn, 1995) e o valor correspondente à uma
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
Bastos Neto, Moisés
15
disponibilidade de 120 v/v, que na prática já tem sido alcançada e até excedida para alguns
adsorventes (Lozano-Castelló et al., 2002b; Lozano-Castelló et al., 2002c). Para elevar este
patamar para próximo do teórico, novos adsorventes com propriedades melhoradas devem ser
desenvolvidos.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Relação de densidade
energética (%)
Gasolina GNL GNC GNA G-CNTP
Figura II. 4 – Densidade energética relacionada à gasolina (Lozano-Castelló et al., 2002a).
O aumento da capacidade de armazenamento de gás por adsorção ocorre quando a
densidade de armazenamento global é maior quando comparada com a densidade normal do
gás a uma determinada temperatura e pressão. A Figura II.5 apresenta o comportamento típico
da capacidade de um vaso de adsorção de metano (GNA) comparado com a capacidade do
vaso vazio pressurizado até a pressão de 4 MPa.
Figura II. 5 – Ilustração comparativa da eficiência de armazenamento de GNA e GNC num mesmo
reservatório (Lozano-Castelló et al., 2002a).
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
Bastos Neto, Moisés
16
Pode ser observado que a capacidade de adsorção de metano do vaso com adsorvente é
muito mais elevada que a do vaso vazio. Isso ocorre porque a fase adsorvida tem uma
densidade muito maior que a fase gasosa em equilíbrio. Por conseguinte, até esta pressão, há
um aumento na capacidade de armazenamento em um sistema de volume fixo porque a
quantidade de gás adsorvida é maior que a quantidade de gás deslocada pelo adsorvente.
Na aplicação de carvões ativados em vasos de armazenamento de gás natural, há
necessidade de se obter o máximo volume de gás armazenado por unidade de volume (v/v). A
partir de vários estudos (Parkyns e Quinn, 1995; Matranga e Myers, 1992; Quinn e
MacDonald, 1992; Alcañiz-Monge et al., 1997a; Chen et al., 1997; Menon e Komarneni,
1998), conclui-se que as principais exigências para um bom adsorvente de GNA são:
i. elevada capacidade de adsorção,
ii. elevadas taxas cinéticas de adsorção/dessorção,
iii. predominantemente microporoso, com poros entre 0,8 (maior que o diâmetro de duas
moléculas de metano e tamanho ótimo de acordo com simulações) e 1,5 nm (para
facilitar a cinética de adsorção), e para maximizar a disponibilidade à pressão
ambiente (Sun et al., 2001),
iv. densidade de empacotamento elevada, para assegurar que a capacidade de
armazenamento e a densidade de energia em base volumétricas sejam elevadas,
v. baixo calor de adsorção e um elevado calor específico para minimizar os efeitos de
variações na temperatura do adsorvente durante os processos de adsorção e dessorção,
vi. propriedades de transferência de massa adequadas,
vii. extremamente hidrofóbico, para evitar o acúmulo de água nos poros e
viii. barato.
II. 2.3. Aplicações da Tecnologia GNA
As possíveis aplicações do GNA são:
i. Combustíveis para transportes (GNV);
ii. Armazenamento para operação de gás natural em cilindros dentro da indústria;
iii. Transporte de gás natural em cilindros para uso em pequena escala, como alternativa
para o acetileno ou outros gases combustíveis engarrafados;
iv. Outros, incluindo transporte de gás natural em grande escala de fontes remotas.
Dessas, a que tem apresentado maior interesse de pesquisa tem sido a aplicação
voltada ao transporte. O armazenamento de gás em cilindros para uso industrial oferece um
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
Bastos Neto, Moisés
17
vasto potencial de aplicação. O transporte de gás natural comprimido para uso em pequena
escala, como alternativa a outros gases combustíveis, já alcançou o status comercial. Outra
aplicação que está, porém, em uma fase menos avançada é o armazenamento de gás natural no
sistema de distribuição. A indústria de gás natural ao redor do mundo é baseada no sistema de
distribuição desenvolvido nos EEUU, que usa dutos operando a pressão acima de 7 MPa,
caindo este valor para metade ou um terço nas extremidades do sistema. Há necessidade de
armazenamento de gás para suprir as oscilações das demandas, entre as estações e entre a
noite e o dia. O armazenamento atualmente utilizado é em recipientes que operam a pressões
ligeiramente acima da atmosfera. A substituição desses recipientes por cilindros cheios de
adsorvente, à pressão da ordem de 3,5 MPa, poderia levar à redução do custo de
armazenamento (Parkyns e Quinn, 1995).
Quaisquer outros usos estão ainda em fase de conjecturas. Os problemas técnicos
envolvidos no desenvolvimento e uso de GNA são, no entanto, semelhantes, quaisquer que
sejam suas aplicações.
II. 2.4. Desafios da Tecnologia GNA
O principal objetivo visado nas aplicações do GNA é aumentar sua densidade de
energia, de forma a torná-lo competitivo com os combustíveis líquidos. A Tabela II.5 lista
alguns valores típicos da densidade energética volumétrica de alguns combustíveis utilizados
em transportes. Como pode ser notado, o diesel e a gasolina são os que apresentam maiores
densidades de energia, observando-se também a baixa densidade energética do metanol. Já o
GNL tem uma densidade energética relativamente elevada, mas o perigo em sua utilização e
manipulação dificulta a difusão do seu uso, pelo menos para os veículos leves. A percepção
do potencial de utilização do GNL como combustível, demonstra a necessidade de se
conseguir desenvolver carvões para uso de GNA.
Tabela II. 5 – Densidade de energia (MJ/litro) para combustíveis usados em transporte
(Parkyns e Quinn, 1995).
Gás Natural Combustíveis
Líquidos
GNL GNC GNA (3,5 Mpa)
Diesel Gasolina Metanol GNL 2 MPa 10 MPa 20 MPa Atual Futuro
37 34,8 16 23 0,8 5,6 8,8 3,8 6
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
Bastos Neto, Moisés
18
Esta meta (6 MJ/litro) foi alcançada somente em alguns casos isolados nos quais um
precursor de carbono de alta densidade é tratado para criar elevados volumes de microporos e
com isto, uma elevada capacidade de adsorção por unidade de volume. Para esta meta ser
alcançada, a conclusão geral a que se chega é que o carvão ativado deva estar na forma de
monólitos ou de fibras, que, quando carregados no vaso de armazenamento, maximizem o
volume de microporos sem afetar negativamente a permeabilidade do leito.
A pesquisa em desenvolvimento de materiais adsorventes para gás natural tem
demonstrado que vários outros problemas afetam a tecnologia do GNA. O primeiro problema
que surge é a quantidade de gás que é retida na pressão de descarga, quando um vaso de gás
natural adsorvido é descarregado. A capacidade de metano disponível se o processo fosse
isotérmico seria cerca de 90 a 85% da capacidade de gás armazenada. A perda de capacidade
depende principalmente da forma da curva isotérmica. Além disso, como a adsorção é um
processo exotérmico, ocorre um aumento na temperatura durante a carga, que resulta numa
menor capacidade de metano armazenada em condições dinâmicas. Da mesma forma, na
descarga ocorre uma diminuição de temperatura que concorre para diminuir a quantidade de
gás disponibilizada pelo adsorvente.
Estes efeitos térmicos dependem do calor de adsorção, das propriedades de
transferência de calor do leito de adsorvente e também do calor trocado através das paredes do
vaso e o ambiente. Estudos experimentais e de simulação mostram que a perda de capacidade
pode chegar a 35% para um vaso isolado. A queda de temperatura correspondente pode
chegar a 70 °C. As velocidades de carga e descarga são os principais fatores que influenciam
o comportamento do vaso.
Por conseguinte, o desempenho e, conseqüentemente, a viabilidade de um sistema de
GNA dependem não só das características microporosas do adsorvente, como também do
calor de adsorção e das propriedades de transferência de calor e massa.
Sendo a adsorção um fenômeno exotérmico, prevê-se que o leito adsorvente se
aqueça durante a carga e se resfrie durante a descarga (Figura II.6). Se não houver condições
adequadas de transferência de calor, é possível que o acúmulo transiente de energia térmica
venha a comprometer a capacidade de armazenamento do reservatório (Sircar et al., 1996).
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
Bastos Neto, Moisés
19
Carga
9
Adsorção é exotérmica;
9 Capacidade de adsorção diminui com o
aumento da temperatura;
9 Durante a carga, capacidade diminui,
especialmente se as condições de
transferência de calor são desfavoráveis
Descarga
9
Dessorção é endotérmica;
9 Capacidade de adsorção aumenta com a
diminuição da temperatura;
9 Durante a descarga, a capacidade do vaso
aumentará, especialmente se as condições
de transferência de calor são desfavoráveis.
Figura II.6 – Carga e descarga de um vaso de adsorção de gás natural.
A escolha de um adsorvente satisfatório é uma área ativa de pesquisa científica. Esta
procura é amplamente baseada na determinação experimental de curvas de equilíbrio de
adsorção (isotermas de adsorção), combinadas com pesquisas teóricas.
Outra área ativa de pesquisa e desenvolvimento é a da modelagem, simulação e
ensaios de ciclos de carga e descarga em vasos de armazenamento de GNA, que visa o estudo
dos fenômenos diretamente envolvidos no processo de confinamento e utilização do gás, para
a avaliação dos pontos críticos operacionais e sugestão de soluções viáveis e aprimoramentos.
Este é o assunto principal do presente trabalho.
II. 2.5. Adsorção de Metano em Outros Adsorventes
Embora o carvão tenha aparecido como a melhor opção para sistemas de GNA, é
adequado que se faça uma breve discussão das razões que levaram a essa conclusão. Qualquer
material de altos valores de área superfícial específica ou, mais estritamente, de elevado
volume de microporos tem potencial uso para GNA. Assim, além de carvão ativado, outros
adsorventes como a sílica, sílica-alumina e argilas pilarizadas têm sido investigadas. A
peneira molecular de zeólita, com porosidade de cerca de 50%, também tem sido estudada por
apresentar propriedades atrativas para GNA. Polímeros orgânicos de alta superfície, como
Amberlite XAD-4, são outros exemplos de objeto de pesquisa, mas mostraram baixa
capacidade para metano.
A Tabela II.6 sumariza alguns dados disponíveis de carvões e óxidos inorgânicos
adsorventes. Vale salientar que, em termos de adsorção por unidade de massa, os carvões são
insuperáveis. Já em termos de adsorção por unidade de volume, que geralmente é um
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
Bastos Neto, Moisés
20
importante parâmetro para estudo de sistemas GNA, a elevada densidade das zeolitas em pó
ou peletizadas são concorrentes do carvão.
Tabela II. 6 – Propriedades de alguns adsorventes (Parkyns e Quinn, 1995).
Adsorvente
Área
superficial
m
2
.g
-1
Volume de
microporos
ml.g
-1
Densidade de
empacotamento
g.ml
-1
CH
4
retido a
3,5 MPa e
25
°
C
g por 100 g
CH
4
retido a
3,5 MPa e
25
°
C
g.l
-1
ZCH-bentonita
pilarizada
225 0,16 1,09 1,75 19,1
Laponita 380 --- 0,50 2,35 11,8
588 --- 0,66 5,0 33
--- --- 0,74 4,9 36
--- --- 0,77 2,5 19
Zeólitas
:
13X
5A
3A
CaX
--- --- 0,7 8,2 57
997 0,52 0,48 8,0 38,4
1280 --- 0,32 12 38
2342 --- 0,27-0,32 20 54-64
Carvões
:
Calgon BPL
Linde UC9LXC
Anderson AX21
Europe AK-AX
3000 --- 0,45 18 81
Em geral, há uma correlação entre a área superficial (volume de microporos) e a
capacidade de adsorção. Valores elevados de capacidades de metano são normalmente obtidos
para adsorventes de grande volume de microporos. A síntese de adsorventes deve ser
cuidadosamente controlada para que elevados valores de volume de microporos possam ser
obtidos e, com isso, uma alta capacidade de adsorção possa ser atingida.
Por outro lado, o aumento da microporosidade diminui a densidade, a qual deve ser tão
alta quanto possível. Há, portanto, um inerente conflito entre o aumento da área e a
diminuição da densidade.
II. 2.6. Efeito da Densidade do Adsorvente na Capacidade de
Armazenamento (Parkyns e Quinn, 1995)
A discussão anterior enfatizou a importância do volume de microporos na capacidade
de adsorção de metano em temperatura ambiente. Entretanto, como previamente comentado,
também há uma necessidade de se maximizar a capacidade por unidade de volume de leito.
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
Bastos Neto, Moisés
21
É, portanto, necessário considerar as diferentes contribuições volumétricas do leito
adsorvente. Num vaso devidamente cheio de carvão, o volume total pode ser considerado
como sendo a soma de quatro parcelas: o volume específico ocupado pelas moléculas de
carbono V
s
, o volume específico de microporos V
mic
, o volume específico de macro e meso
poros V
m
e o volume interparticular específico V
in
, como mostrado na Equação II.1.
inmmics
b
VVVVV +++==
ρ
1
(II.1)
onde V é o volume por unidade de massa de adsorvente e
ρ
b
é a densidade do empacotamento.
V
in
e V
m
podem ser agrupados, pois eles não contribuem para adsorção de metano, mas
somente para armazenar metano em fase gasosa.
V
s
praticamente não varia de um carvão para outro, uma vez que a microestrutura
desse material é aproximadamente grafítica. A densidade de um simples cristal de grafite é
2,25 g.cm
-3
, de forma que 2,2 g.cm
-3
é um valor razoável como dado de trabalho. Portanto, o
volume associado ao sólido (carbono), V
s
, será admitido como o inverso de 2,2 g.cm
-3
, ou seja
0,45 cm
3
.g
-1
. Assim, a equação para o volume de um grama de leito de carvão tem a seguinte
forma:
inmmic
b
VVVV +++== 45,0
1
ρ
(II.2)
Os valores de volume de vazios podem ser determinados de diferentes maneiras. A
densidade do empacotamento é calculada pela razão entre a massa de carvão no vaso de
armazenamento e o volume ocupado por esta massa. A densidade de um “pellet” de carvão é
obtida através da imersão da partícula em mercúrio a 1 atm, o que nos fornece a densidade do
carvão, incluídos poros menores que 12
μm. Quando a pressão do mercúrio é aumentada para
414 MPa, o mesmo passa a penetrar em todos os poros de diâmetro maiores que 3 nm. Então,
o procedimento conduzido em alta pressão fornece a densidade do carvão incluindo poros de
diâmetro menores que 3 nm. Desta forma, temos para cada grama de carvão:
V
mic
= 1/
ρ
Hg
– 0,45 (II.3)
V
m
= 1/
ρ
pellet
– 1/
ρ
Hg
(II.4)
pellet
in
V
ρρ
11
b
=
(II.5)
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
Bastos Neto, Moisés
22
Esta definição de microporo não segue estritamente a definição da IUPAC (tamanhos
de poro < 2 nm), mas é conveniente, uma vez que segue a divisão imposta pela porosimetria
de mercúrio.
A densidade do metano adsorvido a 25 ºC e pressão infinita é admitida como sendo a
do metano líquido em seu ponto normal de ebulição. De acordo com isto, a capacidade de
armazenamento de um vaso cheio com carvão depende da fração de volumes de microporos.
Um carvão com alta densidade, grande volume de microporos e baixo volume de macroporos
tenderá a ser, portanto, o ideal para armazenar gás natural.
Entretanto, como os volumes interpartículas podem representar uma grande
percentagem do volume total, os carvões devem ter uma forma geométrica que permita
minimizar o volume de vazios. Carvões na forma de fibras, monólitos ou outra forma que
permita ser arranjado no leito de modo a encher eficientemente todo o reservatório,
minimizando os vazios, devem ser preferíveis em relação a pós ou “pellets”.
II. 2.7. Ciclos de Carga e Descarga e Vasos de GNA
Dentre alguns dos problemas operacionais que dificultam o sucesso da tecnologia
GNA, pode-se destacar a deterioração da capacidade do adsorvente em uso estendido devido à
natureza da composição do gás natural (Mota et al., 1999). Além de metano, o GN contém
etano, nitrogênio e pequenas proporções de outros alcanos (C
3
– C
7
). Também podem ser
encontradas pequenas quantidades de CO
2
, vapor de água e compostos de enxofre.
Estas espécies, principalmente os hidrocarbonetos de maiores massas moleculares são
mais fortemente adsorvidas que metano, sobretudo em baixas pressões. Este comportamento é
ilustrado na Figura II.7, mostrando as isotermas de adsorção monocomponente dos cinco
primeiros alcanos em carvão ativado à temperatura ambiente (Mota et al., 1999). Se os
hidrocarbonetos mais pesados são conduzidos ao sistema de armazenamento durante a carga,
eles adsorvem preferencialmente e fazem diminuir a quantidade de gás que pode ser
realmente disponibilizada pelo reservatório. Machado et al. (1988) verificaram a influência da
presença de hidrocarbonetos mais pesados em processos de armazenamento de biogás a baixa
pressão em leitos de carvão ativado. Em seus experimentos foram observadas perdas de
capacidade de armazenamento em torno de 60%.
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
Bastos Neto, Moisés
23
Figura II.7 – Ilustração das isotermas de adsorção monocomponente dos cinco principais alcanos
constituintes do gás natural em carvão ativado à 25 °C (Mota et al., 1999).
Mais especificamente para o caso do gás natural, diversos autores (Chang e Talu,
1996; Mota et al., 1997b; Mota, 1999; Biloé et al., 2001b; Basumatary et al., 2005)
publicaram trabalhos sobre modelagem de sistemas GNA considerando efeitos térmicos ao
longo de contínuos ciclos de carga e descarga.
Apenas recentemente têm sido realizados estudos experimentais com vasos protótipos
de armazenamento de GN por adsorção, construídos conforme recomendações extraídas de
simulações.
Visando abrandar os efeitos do calor de adsorção num reservatório de GNA, Yang et
al. (2005) sugeriram significantes soluções para diminuir as flutuações radias da temperatura
no interior do vaso que podem comprometer a viabilidade operacional do vaso de
armazenamento. Com tais soluções, os autores puderam aumentar a velocidade de um
processo de descarga em torno de 60%.
Pupier et al. (2005) montaram um aparato experimental para que vários ciclos de carga
e descarga de GN fossem conduzidos num pequeno cilindro recheado com uma mistura de
adsorventes baseados em carvões ativados. O gás, de composição conhecida, era mantido em
contado com o leito adsorvente por um período necessário para que o equilíbrio fosse
atingido, e sua qualidade era medida por cromatografia gasosa no final de cada descarga. Com
auxílio de sensores de pressão e temperatura, também foi feito um acompanhamento destas
variáveis ao longo dos ciclos.
Foi verificado que, após 700 ciclos, a eficiência do aparato era reduzida à metade. Isso
permitiu a conclusão de que os diferentes componentes do gás natural gradualmente
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
Bastos Neto, Moisés
24
obstruíam os sítios de adsorção do metano. Soluções operacionais envolvendo alterações na
pressão e/ou temperatura durante a utilização do gás foram propostas. Porém, foi concluído
que a melhor solução atual seria o uso de um leito de guarda, que pudesse reter os
componentes mais pesados do gás que entra no vaso de armazenamento definitivo para que
depois fossem liberados juntamente com o metano (mais leve) durante a utilização.
II. 3. Medição da Quantidade Adsorvida: Quantidade Absoluta x
Quantidade em Excesso
As medições de equilíbrio de adsorção comumente expressam a quantidade
adsorvida de duas formas: a quantidade adsorvida absoluta e a quantidade adsorvida de
excesso. A distinção clara entre as duas grandezas é fundamental para um melhor
entendimento da adsorção de gases em condições supercríticas, como o metano nas condições
de pressão e temperatura usadas neste trabalho.
A importância dessa distinção pode ser justificada pelos seguintes argumentos
(Murata et al., 2001):
i.
A massa de excesso de superfície não é necessariamente apropriada para a aplicação
de equações de isotermas de adsorção e análise termodinâmica.
ii.
A isoterma de adsorção de excesso não é adequada para a comparação do estudo com
simulações Grand Canonical Monte Carlo (GCMC) e resultados com a Teoria de
Densidade Funcional (DFT). As quantidades absolutas são necessárias para que
comparações possam ser feitas com estes estudos.
Para que não haja conclusões equivocadas durante a avaliação e comparação dos
dados de equilíbrio de adsorção, o presente tópico propõe um melhor esclarecimento entre o
que difere a quantidade absoluta da quantidade de excesso.
Observando o esquema representativo da variação da densidade de um gás
adsorvível com a variação da distância entre suas moléculas e a superfície sólida na Figura
II.8a podemos identificar as regiões que corresponderiam à fase adsorvida (com volume V
A
) e
à fase fluida (com volume V
G
). De acordo com a mesma figura, podemos definir a massa
adsorvida absoluta como sendo:
dzAm
L
A
=
0
ρ
(II.6)
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
Bastos Neto, Moisés
25
onde A é o valor da área interfacial, l representa a largura da camada da fase adsorvida e ρ a
densidade local do gás.
Por outro lado, a massa total de gás pode ser expressa da seguinte forma:
GA
mmm
+
=
(II.7)
onde m
G
representa a massa de fase fluida (gasosa), que por sua vez pode ser entendida como:
GGG
Vm
ρ
=
(II.8)
sendo ρ
G
a densidade e V
G
o volume da fase fluida.
Desta forma, a massa adsorvida também pode ser representada por:
GGA
Vmm
ρ
=
(II.9)
Com estas considerações, fica evidente que para determinação do exato valor de m
A
é necessário o conhecimento preciso de V
G
ou de ρ em relação à distância da superfície, que
na prática não são requerimentos de fácil aquisição, pelo fato de se desconhecer que exata
parcela das moléculas está sobre influência do campo de força da superfície e que parcela não
está.
A abordagem proposta por Gibbs, anteriormente comentada, torna possível o uso do
conceito de excesso de superfície para quantificar a quantidade adsorvida. Um sistema de
referência (Figura II.8b) de mesmo volume total do sistema real, dividido em duas zonas (A
de volume V
S,O
e B de volume V
G,O
) pela “superfície divisora de Gibbs” (SDG), é adotado
para facilitar a explicação da abordagem.
Neste modelo, a quantidade de excesso de superfície, m
ex
, representada pela área A,
é definida como a diferença entre a quantidade total, m (soma das áreas
A, B e C), e a
quantidade que estaria presente no volume V
G,O
se a densidade de equilíbrio final ρ
G
fosse
constante a partir da SDG (área
B + C). Desta maneira:
OGGex
Vmm
,
ρ
=
(II.10)
A determinação de V
G,O
pode feita através de calibrações experimentais do
equipamento utilizado para medir as quantidade adsorvidas. Estes experimentos serão
posteriormente abordados de forma mais específica e voltados para a metodologia adotada
neste trabalho.
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
Bastos Neto, Moisés
26
A
A
B
B
C
C
0
0
L
L
d
d
i
i
s
s
t
t
â
â
n
n
c
c
i
i
a
a
d
d
a
a
s
s
u
u
p
p
e
e
r
r
f
f
í
í
c
c
i
i
e
e
d
d
e
e
n
n
s
s
i
i
d
d
a
a
d
d
e
e
s
s
ó
ó
l
l
i
i
d
d
o
o
c
c
a
a
m
m
a
a
d
d
a
a
a
a
d
d
s
s
o
o
r
r
v
v
i
i
d
d
a
a
g
g
á
á
s
s
a
a
d
d
s
s
o
o
r
r
v
v
í
í
v
v
e
e
l
l
ρ
ρ
f
f
l
l
u
u
i
i
d
d
o
o
ρ
ρ
=
=
0
0
quantidade
remanescente
na fase fluida
quantidade
absoluta, m
A
(a)
A
A
C
C
0
0
d
d
i
i
s
s
t
t
â
â
n
n
c
c
i
i
a
a
d
d
a
a
s
s
u
u
p
p
e
e
r
r
f
f
í
í
c
c
i
i
e
e
d
d
e
e
n
n
s
s
i
i
d
d
a
a
d
d
e
e
s
s
ó
ó
l
l
i
i
d
d
o
o
g
g
á
á
s
s
a
a
d
d
s
s
o
o
r
r
v
v
í
í
v
v
e
e
l
l
ρ
ρ
f
f
l
l
u
u
i
i
d
d
o
o
ρ
ρ
=
=
0
0
quantidade
considerada
na fase fluida
quantidade em
excesso, m
ex
B
B
SDG
(b)
Figura II.8 – Variação da densidade de um gás adsorvível com a variação da distância entre suas
moléculas e a superfície sólida. (a) Representação da camada hipotética que delimita a fase adsorvida.
(b) Representação de Gibbs (Rouquerol et al., 1999).
Convenientemente, a SDG é localizada na superfície sólida, de tal forma que
GAOG
VVV +=
,
. Nestas condições:
AGGGex
VVmm
ρ
ρ
=
(II.11)
Combinando com a Eq. II.4, temos:
AGexA
Vmm
ρ
+
=
(II.12)
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
Bastos Neto, Moisés
27
Na Figura II.8b, a quantidade em excesso m
ex
é representada pela área A, enquanto
que a quantidade adsorvida (absoluta) m
A
, que inclui o termo ρ
G
V
A
, é representada na Figura
II.8a pela área
A + B.
Em condições experimentais sub-atmosféricas, normalmente a densidade final da
fase gasosa é tão pequena que torna o valor de V
A
pouco significativo diante do volume da
fase fluida. Assim:
exA
mm
(II.13)
No entanto, quando precisamos de dados de equilíbrio de adsorção em condições de
pressão mais elevada, algumas metodologias de análise devem ser utilizadas para que o valor
da quantidade absoluta seja determinado.
Em síntese, a quantidade de excesso de superfície é um valor mensurável e útil para
aplicações industriais, no entanto não é suficiente para um tratamento termodinâmico exato
(Murata et al, 2002).
II. 4. Isotermas Empíricas de Equilíbrio de Adsorção
Dois modelos empíricos de isotermas serão abordados neste trabalho. Ambos são
comumente referenciados na literatura por descreverem bem muitos dados de hidrocarbonetos
e óxidos de carbono em carvões ativados. São eles: Tóth e Unilan.
A equação de Tóth é válida para baixas e altas pressões, apresenta comportamento
coerente com a Lei de Henry, considera a heterogeneidade do carvão ativado e é muito
utilizada para isotermas experimentais do tipo I (Toth, 1984):
α
α
ρ
ρ
1
),(
1
),(
+
=
Tp
b
Tp
mm
a
(III. 14)
onde
b ,
m ,
são determinados parâmetros do modelo..
A isoterma Unilan também é um modelo empírico que leva em conta a
heterogeneidade da topografia da superfície (Biloé et al., 2002) e a distribuição de energia é
assumida como sendo uniforme (Do et al., 1998).
+
+
=
),(1
),(1
ln
2
Tpeb
Tpeb
m
m
a
ρ
ρ
α
α
α
(III. 15)
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
Bastos Neto, Moisés
28
II. 5. Calor de Adsorção
Num processo adsortivo o gás passa de um estado energético maior para outro
menor havendo, portanto, liberação de energia para as vizinhanças do sistema
adsorvente/adsorbato, caracterizando um fenômeno tipicamente exotérmico.
O calor de adsorção também é utilizado para caracterizar o equilíbrio de adsorção.
Sua magnitude pode indicar a intensidade das forças que atraem as moléculas do adsorbato à
superfície sólida e, desta forma, é frequentemente usado para diferenciar a fisissorção da
quimissorção (Smith et al., 2000).
Dependendo das condições experimentais utilizadas para sua medição, definições
para diferentes tipos de calor de adsorção podem ser encontradas na literatura (Dunne et al.,
1996). Porém, para fins práticos, neste trabalho será utilizado o Calor Isostérico de Adsorção,
que relaciona a variação da pressão com o inverso da temperatura absoluta para uma
quantidade adsorvida em excesso constante.
A relação entre a pressão de equilíbrio, a temperatura e o calor de adsorção é dada
pelas equações II.16 e II.17.
[]
2
ln
RT
H
p
T
ads
m
ex
Δ
=
(II.16)
e portanto,
()
[]
ex
m
ads
p
T
RH
=Δ ln
/1
. (II.17)
onde p é a pressão de equilíbrio correspondente à massa de excesso m
ex
.
Para o caso de adsorção de metano em carvão ativado, a literatura nos mostra que os
valores de calor de adsorção normalmente variam de -11 a 25 kJ.mol
-1
, como expõe a Tabela
II.7:
Tabela II. 7 – Valores de calor de adsorção de metano em carvão ativado disponíveis na literatura.
Amostra Calor de Adsorção (kJ.mol
-1
) Referência
CAQF30 15,23 Araújo (2004)
SRD21-1 14,86 Araújo (2004)
AC Norit R1 15,81 Herbst e Harting (2002)
ACF: P-5 19 - 25 Murata et al. (2002)
AC G216 17,64 Mota et al. (1997b)
PX21 16,75 Sircar et al. (1996)
Simulação Molecular 11,80 Matranga et al. (1992)
Capítulo II – Revisão Bibliográfica
Bastos Neto, Moisés
29
II. 6. Características Texturais de Sólidos Adsorventes
Como discutido anteriormente, vários estudos sobre o gás natural adsorvido (GNA)
estão voltados para o desenvolvimento e avaliação de adsorventes com grandes capacidades
de armazenamento. Desta maneira, a procura por um material poroso satisfatório representa
uma das mais importantes etapas do desenvolvimento e adaptação da tecnologia GNA.
Entende-se por características texturais as propriedades oriundas da conformação
estrutural em nível microscópico de um sólido. As mais comumente referenciadas são área
superficial específica, volume de microporos e distribuição de tamanho de poros.
A análise destas propriedades nos diversos equipamentos existentes é, normalmente,
mais rápida e menos onerosa. No entanto, apenas a aplicação desejada para o adsorvente irá
determinar que análise será mais precisa e determinante na escolha da melhor amostra.
Em geral, podemos encontrar relações diretas entre as características texturais de um
adsorvente e a sua capacidade de adsorção. Essas relações podem constituir uma abordagem
preliminar para a obtenção de adsorventes com melhores capacidades de armazenamento.
Intuitivamente, espera-se que um adsorvente com elevada área superficial seja mais
adequado para propósitos de armazenamento se considerar-mos que o número de sítios ativos
para que a adsorção ocorra seja diretamente proporcional à magnitude da área superficial.
Espera-se que um grande volume de microporos confira a um determinado adsorvente maior
potencial para armazenamento de substâncias constituídas por moléculas de tamanho
compatível com o poro. Para o caso da adsorção de metano em carvão ativado, diâmetros
médios de poros entre 0,8 e 1,5 nm (Sun et al., 2001) tendem a favorecer o aumento da
eficiência do adsorvente.
De fato, experiências mostradas neste trabalho revelam que estas características não
devem ser examinadas individualmente, pois nem sempre grandes valores de área superficial
conduzem a grandes capacidades de armazenamento, por exemplo. Embora ainda não se
tenha obtido nenhuma relação concreta entre estas propriedades e a capacidade do adsorvente,
a análise do conjunto continua tendo grande importância na seleção preliminar de amostras.
Várias amostras de carvões ativados serão estudadas relacionando suas
características texturais às capacidades de armazenamento, através de técnicas de
caracterização e ensaios gravimétricos. Comparações deverão ser feitas no intuito de
evidenciar as características mais relevantes que um adsorvente deve apresentar para que se
torne potencialmente mais adequado para o armazenamento de gás natural.
CAPÍTULO III
Materiais, Métodos e Modelo
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
31
CAPÍTULO III – MATERIAIS, MÉTODOS E MODELO
Neste capítulo, serão abordados os procedimentos experimentais desenvolvidos no
sistema termogravimétrico no analisador de características texturais de amostras adsorventes e
no vaso protótipo de armazenamento. Serão descritos os materiais utilizados e as técnicas de
análise e obtenção dos resultados para os experimentos propostos. Ao final do capítulo, será
também apresentado o modelo matemático utilizado para a simulação dos ciclos de carga e
descarga.
III. 1. Materiais
Esta seção abrange o adsorvente, os adsorbatos e os equipamentos. Todos serão
apresentados separadamente.
III. 1.1. Adsorvente
Os experimentos com o protótipo foram conduzidos com o uso do carvão ativado da
empresa americana Mead-Westvaco, de notação WV1050 e na forma de grãos 10x50 mesh.
Para a realização deste trabalho, dispúnhamos de uma grande variedade de amostras
de carvão ativado, com características bastante diferenciadas. No entanto, somente o WV1050
estava disponível em quantidade suficiente para rechear o vaso protótipo de armazenamento
de gás natural adsorvido. Como o estudo deste vaso é nosso principal objetivo, as análises e
medições de propriedades foram focalizadas nesta amostra.
III. 1.2. Adsorbatos
Nos ensaios de medição da capacidade de adsorção dos carvões selecionados, foram
utilizados cinco gases: hélio, metano, etano, propano e butano, fornecidos pela White Martins
Praxair Inc. (Brasil). O hélio foi utilizado na determinação do volume específico da fase
sólida do adsorvente, enquanto os demais foram utilizados nos experimentos de determinação
de equilíbrio de adsorção monocomponente. As especificações cedidas pelo fornecedor
encontram-se na Tabela III.1.
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
32
Tabela III. 1 – Características dos gases utilizados como adsorbatos.
Gases Grau de Pureza Pureza (%) Impureza
Hélio
4,5 99,995
THC
*
< 0,5
N
2
< 40
Metano
5,0 99,999 -
Etano
2,5 99,5 -
Propano
2,5 99,5 -
Butano
2,5 99,5 -
*THC - Conteúdo Total de Hidrocarbonetos
Numa das etapas dos ensaios de carga e descarga foi utilizado gás natural, o qual tem
suas especificações mostradas na Tabela III.2:
Tabela III. 2 – Componentes e respectivas composições do gás natural utilizado nos experimentos.
Componente Composição (%v/v)
Nitrogênio 1,230
Dióxido de Carbono 1,490
Metano 86,016
Etano 10,278
Propano 0,750
n-Butano 0,082
i-Butano 0,050
n-Pentano 0,020
i-Pentano 0,022
Hexano (superiores) 0,061
III. 1.3. Aparato Experimental
III. 1.3.1. Caracterizador de Adsorventes (Autosorb-1 MP)
Com auxílio do Autosorb-1 MP, Figura III.1, através de experimentos com adsorção
de N
2
a 77 K, é possível determinar as características texturais de amostras de adsorvente, as
quais serão necessárias para estimar o desempenho de armazenamento de cada amostra e
fornecer dados para a caracterização do leito adsorvente e realização de simulações.
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
33
O princípio de funcionamento deste equipamento é baseado no método volumétrico,
através do qual, o volume adsorvido de um determinado gás é medido indiretamente pela
diferença de pressão antes e durante o estabelecimento do equilíbrio de adsorção.
Figura III. 1 – Equipamento para medição de área superficial, volume e distribuição de poros.
O equipamento é acompanhado por um software que o comunica diretamente com um
computador, através do qual pode gerar relatórios e gráficos dos experimentos realizados.
III. 1.3.2. Balança de Suspensão Magnética
Os estudos fundamentais de equilíbrio de adsorção foram conduzidos em uma balança
de suspensão magnética de marca Rubotherm (Bochum, Alemanha). Os dados técnicos do
equipamento encontram-se na Tabela III.3.
Tabela III. 3 – Informações Técnicas da microbalança Rubotherm.
Especificações
Massa Medida
0-25g
Resolução
0,01mg
Reprodutibilidade
+
0,02mg
Incerteza
<0,002%
Pressão
vácuo até 150 bar
Temperatura
até 500
o
C na estrutura de acoplamento
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
34
A parte principal da instalação experimental utilizada para levantamento de dados de
equilíbrio de adsorção é a balança de suspensão magnética, mostrada na Figura III.2. Medidas
gravimétricas com alta resolução (0,01 mg) podem ser realizadas nestas condições,
separando-se a microbalança (Sartorius Balance, Sartorius, Alemanha) propriamente dita da
atmosfera de medição por meio de um acoplamento de suspensão magnética. Este
acoplamento consiste de um eletroímã, localizado fora da célula de medição construída de
metal, e um imã permanente dentro da célula de medição no qual o adsorvente é preso. A
voltagem no eletroímã é modulada por uma unidade de controle de tal modo que o imã
suspenso e a amostra a ele presa alcançam uma posição fixa vertical na célula de medição.
Nesta posição, o ímã e a amostra estão livremente suspensos e suas massas são transmitidas à
microbalança.
Figura III. 2 – Equipamento de medida de adsorção com suspensão magnética. Posição de medida
com a amostra conectada à balança (esquerda) e posição “zero point” com a amostra desconectada da
balança para procedimento de calibração e tara da balança (direita).
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
35
Processos de adsorção que ocorrem com quase todos os tipos de amostras (pós,
grânulos, pellets, monólitos, líquidos, polímeros), com massas de até 25 g, podem ser
analisados nas faixas de pressão e temperatura acima mencionadas com alta reprodutibilidade
(±0.02 mg). A célula de medição e a região de junção são fechadas e termostatizadas para
controlar a temperatura do gás de carga e da amostra. Para as temperaturas utilizadas neste
trabalho, o fluido do banho termostático (água ou silicone) circula a uma certa temperatura
(até 250 °C) através da camisa do banho. Para experimentos a alta temperatura (acima de 250
°C) o sistema de aquecimento elétrico é usado ao invés do banho termostático.
A balança termogravimétrica Rubotherm é composta dos seguintes elementos:
a) Célula de medidas usinada em uma liga metálica resistente à corrosão e a altas
temperaturas;
b) Camisa termostática (tubo duplo) em aço inoxidável, para ser conectada a um banho
termostático de circulação a fim de termostatizar a célula de medidas até 250
o
C;
c) Forno de aquecimento elétrico, utilizado para aquecer a célula de medidas em
experimentos que requerem temperaturas mais elevadas, consistindo de um elemento de
aquecimento elétrico (temperatura do elemento de aquecimento até 800
o
C);
d) Instrumento de medida de pressão, que inclui sensor de pressão (200 bar,
reprodutibilidade 0,08%), mostrador digital num rack de 19’’;
e) Software para aquisição de dados e automação de medidas para uso exclusivo com a
balança de suspensão magnética Rubotherm. Incluem aplicativos para medidas de
variação de massa, medidas de temperatura e controle em cascata da temperatura da
amostra;
f) Computador (CPU, mouse, teclado e monitor).
A Figura III.3 mostra, numa visão global, o sistema experimental identificando cada
um dos componentes citados anteriormente.
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
36
Figura III. 3 – Sistema para estudos gravimétricos de equilíbrio de adsorção, composto de
balança termogravimétrica (A), linha de gases (B), computador (C), interface de aquisição de
dados (D), bomba de vácuo (E), cilindro de metano (F) e banho termostático (G).
As balanças convencionais não permitem que medidas de adsorção sejam realizadas
desde ultra vácuo até pressões de 150 bar. Na Rubotherm medidas de adsorção podem ser
obtidas nestas condições, devido à balança de alta resolução estar separada da atmosfera de
pesagem. Neste segundo caso, a variação da massa é detectada pelo acoplamento magnético
da balança e transmitida posteriormente à balança de alta resolução.
III. 1.3.3. Vaso Protótipo de Armazenamento de GNA
Os métodos de caracterização de parâmetros de adsorção utilizam técnicas que
requerem somente alguns gramas (ou miligramas) de adsorvente em cada experimento. Estas
técnicas são particularmente úteis nas etapas de desenvolvimento e seleção do adsorvente.
Quando alguns adsorventes com características adequadas são identificados, eles precisam ser
testados numa escala maior, em condições que, pelo menos parcialmente, reproduzam aquelas
que serão encontradas no uso industrial/comercial.
A
B
C
D
E
F
G
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
37
O dispositivo a ser utilizado neste trabalho pode possibilitar o estudo de ciclos
continuados de carga e descarga com pressões compreendidas entre 0,1 e 4 MPa. Tal
dispositivo deve ainda permitir estudar os efeitos de outros parâmetros (velocidades de carga
e descarga, troca de calor com o ambiente) nas quantidades disponibilizadas e estocadas no
vaso de armazenamento. Nestes testes, deverá ser utilizado tanto metano puro quanto gás
natural.
É importante que o dispositivo disponha de instrumentação para monitorar as vazões
de carga e descarga, bem como a pressão e distribuição de temperatura no interior do vaso.
Esses dados serão importantes na validação do modelo de simulação desenvolvido.
O vaso protótipo e o restante do seu aparato, inicialmente instalados no Centro de
Tecnologia do Gás (CTGÁS, Natal - RN), foram montados para o levantamento de dados de
carga e descarga constam principalmente de um vaso cilíndrico contendo o adsorvente
monitorado por sensores de pressão e temperatura. Na Tabela III.4 encontram-se os principais
dados técnicos do equipamento.
Tabela III. 4 – Informações técnicas sobre o vaso de armazenamento.
- Fabricação e testes conforme norma ASME VIII, divisão 1
- Material:
- Meio-corpo: aço qualificado conforme norma ASTM A 414
GR. D
- Corpo Intermediário: aço qualificado conforme norma ASTM
A 414 GR. D
- Material dos Flanges: aço SAE-1015/20
Espessura:
Capacidade Volumétrica:
Pressão de Serviço:
Pressão de teste:
Temperatura de operação:
3,08 mm
30 litros
40 kgf/cm
2
52 kgf/cm
2
25
o
C
O cilindro foi confeccionado com aço carbono de 3,08 mm de espessura e 30 litros de
capacidade preenchido com carvão ativado. Dispõe de 6 flanges de ¼ pol NPT para instalação
dos sensores de temperatura e pressão. Um tubo concêntrico de 1 pol de diâmetro interno,
contendo 40 furos de diâmetro de 3 mm foi instalado para fazer a alimentação e descarga de
gás ao cilindro. A Figura III.4 expõe uma imagem do cilindro protótipo para armazenamento
de GNA e a Figura III.5 exibe os detalhes internos do vaso e posicionamento dos sensores.
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
38
Figura III. 4 – Cilindro para armazenamento de GNA.
Figura III. 5 – Detalhes do vaso e posicionamento dos sensores.
14 mm
39 mm
64 mm
89 mm
127 mm
127 mm 127 mm 127 mm 127 mm
Tubo Axial para permitir
escoamento radial
Sensores de Temperatura
Sensor de Pressão Sensor de Pressão
Entrada e Saída de gás
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
39
O sistema foi instalado conforme a ilustração mostrada na Figura III.6. Quatro
termopares distribuídos através do vaso distante um do outro de 12,7 cm e com profundidades
de 14 mm, 39 mm, 64 mm e 89 mm foram utilizados para registrar a distribuição de
temperatura no vaso. Dois transdutores de pressão foram utilizados para registrar a pressão no
interior do vaso em duas posições axiais diferentes distantes 63,5 cm uma da outra. A
quantidade de gás armazenada é medida com uma balança (Mettler) com 150 kg de
capacidade e resolução de 50 g. Um sistema de aquisição e registro das variáveis
(temperatura, pressão e massa armazenada) composto de uma unidade microprocessada é
usado com um data logger para aquisição dos dados em tempo real.
Figura III. 6 – Esquema de disposição do sistema piloto de adsorção de GNA.
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
40
III. 2. Métodos
A análise de ciclos de carga e descarga em vasos de armazenamento de GNA requer o
conhecimento de uma série de propriedades da partícula e do leito adsorvente. Estas
propriedades estão relacionadas à estrutura física da partícula (características texturais), ao
comportamento termodinâmico das fases envolvidas no processo adsortivo, ao material do
vaso, entre outras. Uma das características mais importantes do leito é a capacidade de
adsorção, determinada através de isotermas de equilíbrio de adsorção, mas além desta, outras
propriedades são extremamente importantes na avaliação de um processo de armazenamento
de gás natural: a densidade de empacotamento, o calor de adsorção, a porosidade do leito,
porosidade das partículas, calor específico do sólido (carvão), calor específico do gás, calor
específico do material do vaso, condutividade térmica do leito e o coeficiente de transferência
de calor por convecção na superfície externa do vaso.
Nesta seção são descritos os procedimentos experimentais utilizados na determinação
de alguns dos parâmetros utilizados na avaliação de um sistema de armazenamento de gás
natural, relacionados com a natureza do adsorvente, quais sejam: isotermas de equilíbrio,
características texturais (área superficial, volume e tamanho de poros, etc.) do adsorvente,
densidade de empacotamento, porosidade da partícula, porosidade do leito e o calor de
adsorção. As outras variáveis térmicas necessárias (calor específico do sólido, calor específico
do gás, calor específico do material do vaso, condutividade térmica do leito e o coeficiente de
transferência de calor por convecção na superfície externa do vaso) serão determinadas a
partir de dados e correlações da literatura.
III. 2.1. Propriedades da Partícula Adsorvente
III. 2.1.1. Determinação da Área Superficial Específica
Dentre as características texturais mais citadas na literatura destaca-se a área
superficial específica de um sólido adsorvente. Normalmente está relacionada com a
disponibilidade de sítios ativos para adsorção, levando a crer que, numa análise individual,
quanto maior a área superficial específica, mais moléculas tenderão a ser adsorvidas.
É usualmente calculada através da equação de BET na sua forma linear (Equação
III.1) que, num gráfico de (p/p
0
)/n(1-(p/p
0
) versus p/p
0
, permite o cálculo do número de mols
(n
m
) ou volume adsorvido (v
m
) numa monocamada completa.
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
41
+=
0
0
0
11
1
p
p
Cn
C
Cn
p
p
n
p
p
mm
(III.1a)
ou
+=
0
0
0
11
1
p
p
Cv
C
Cv
p
p
v
p
p
mm
(III.1b)
onde p é a pressão do adsorbato, p
0
é a pressão de saturação na temperatura do experimento, n
é o número de mols adsorvido, v é o volume adsorvido e C é uma constante empírica da
equação.
Após este procedimento o valor de n
m
é substituído na Equação III.2.
σ
..Lna
mBET
=
(III.2)
onde L representa o número de Avogadro (6,02×10
23
mol
-1
) e σ, a área média ocupada por
cada molécula adsorvida na monocamada formada que, para o caso do nitrogênio a 77 K,
usualmente é assumida com o valor de 0,162 nm
2
.
Assim, para o caso do nitrogênio, temos:
112
gmolμ
.097,0
gm
=
m
BET
n
a
(III.3)
ou
1312
gcm
.35,4
gm
=
m
BET
v
a
(III.4)
III. 2.1.2. Determinação do Volume Total de Poros
O volume total de poros expressa a quantidade de vazios específica (por unidade de
massa) na estrutura do sólido adsorvente. É calculado pela simples determinação do volume
adsorvido na maior pressão relativa atingida num experimento com N
2
( 1
0
pp ). Dispondo
do número de mols adsorvido nesta pressão relativa (n), aplica-se a Equação III.5.
2
.
N
P
M
nV
ρ
= (III. 5)
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
42
onde M é a massa molar do N
2
(28,09 g.mol
-1
) e ρ é a densidade do nitrogênio líquido (0,809
g.cm
-3
).
III. 2.1.3. Determinação do Volume de Microporos (Rouquerol et al., 1999)
Dubinin realizou importantes estudos relacionados ao preenchimento de microporos.
Sua abordagem foi baseada na teoria potencial de Polanyi, na qual as isotermas de adsorção
foram expressas na forma de uma curva característica independente da temperatura.
Em 1947 Dubinin e Radushkevich formularam uma equação para esta curva
característica em termos do preenchimento fracional, V/V
0
, do volume total que pode ser
adsorvido, V
0
. Esta relação é usualmente expressa de acordo com a Equação III.6.
(
)
]/exp[
2
0
EAVV = (III.6)
onde A é uma representação da afinidade de adsorção conhecida como “potencial de
adsorção” de Polanyi.
(
)
0
/ln ppRTA = (III.7)
e E é a energia característica para um dado sistema.
A equação da isoterma é obtida combinando e rearranjando as Equações III.6 e III.7:
=
p
p
D
V
V
0
2
10
0
10
log.log
(III.8)
Conhecida como a equação de Dubinin-Radushkevich, DR, na sua forma usual, sendo
D uma constante dependente do sistema.
A Equação III.8 pode ser rearranjada e expressa em termos de massa ao invés de
volume:
(
)
(
)
(
)
ppDWW
02
1001010
logloglog = (III.9)
onde W é a massa adsorvida na pressão p e W
0
é a massa total que o material pode adsorver.
De acordo com a teoria DR, um gráfico de
(
)
W
10
log versus
(
)
pp
02
10
log deve ser
linear com inclinação D e coeficiente linear
(
)
010
log W . O valor do volume de microporos
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
43
corresponde, então, ao volume ocupado pelo massa de nitrogênio adsorvida nos microporos
na temperatura do ensaio experimental (77 K).
III. 2.1.4. Determinação do Tamanho Médio de Poros
O tamanho médio de poros é um parâmetro, assim como outros, automaticamente
calculado pelo software Autosorb-1 MP e gerado num relatório. O conhecimento de seu valor
tem importância na comparação de amostras adsorventes, visto que como comentado
anteriormente, a capacidade de adsorção de uma determinada substância é influenciada pelo
tamanho e distribuição dos poros acessíveis da partícula adsorvente.
Para fins práticos, o tamanho ou diâmetro médio de poros é dado por:
BET
P
P
a
V
d .4=
(III.10)
sendo V
P
o valor do volume total de poros e a
BET
o valor da área superficial específica.
III. 2.1.5. Porosidade da Partícula
A porosidade de uma partícula sólida (ε
c
) é dada pela relação entre o volume total de
poros acessíveis e o volume aparente da partícula. Este último é calculado pela soma do
volume específico de sólidos e o volume de vazios (total de poros), o cálculo do volume
específico de sólidos ainda será descrito (“isoterma” de He). Desta forma:
SP
P
C
VV
V
+
=
ε
(III.11)
III. 2.2. Propriedades do Leito Adsorvente
III. 2.2.1. Densidade de Empacotamento
A densidade de empacotamento (ρ
b
) de um leito teórico de uma amostra de carvão
ativado é, normalmente, determinada através da pesagem de uma porção de carvão de volume
aparente conhecido, o qual é medido com auxílio de uma vidraria graduada (e.g.: proveta).
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
44
São feitas várias medições de massa e volume, sendo a média das razões o valor do parâmetro
que se deseja calcular.
Para o presente caso, temos que determinar mais precisamente qual a massa de carvão
contida no interior do vaso protótipo. Como não se podia garantir que todo este volume
interno será devidamente preenchido, foi estabelecido que a densidade de empacotamento seja
a razão entre a massa de carvão regenerado carregada no reservatório e o volume interno do
mesmo.
III. 2.2.2. Porosidade do Leito e Porosidade Total
Deve-se entender por porosidade do leito, ε
b
, a fração de volume de vazios entre as
partículas de adsorvente, através do qual percorre a fase fluida, em relação ao volume total do
leito. Se ρ
b
é a densidade de empacotamento do leito, seu inverso, 1/ ρ
b
, representa o volume
específico (por massa de adsorvente) do leito. Assim a porosidade pode ser dada por:
b
in
b
V
ρ
ε
1
=
(III.12)
onde V
in
é o volume específico do espaço interpartícular, de difícil determinação direta.
Porém, o volume específico do leito pode ser dado pela soma dos volumes específicos
da porção real de sólidos (V
s
), do total de poros no interior do adsorvente (V
p
) e do espaço
interpartículas (V
in
):
inps
b
VVV ++=
ρ
1
(III.13)
Rearranjando:
(
)
psbb
VV
+
=
ρ
ε
1
(III.14)
Para qual os termos ρ
b
, V
s
e V
p
podem ser mais facilmente determinados.
Já a porosidade total, ε
T
, engloba o volume de vazios intraparticular, dado por V
p
.
Assim:
b
pin
T
VV
ρ
ε
1
+
=
(III.15)
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
45
E, desta forma, após os devidos rearranjos:
(
)
sbT
V
=
ρ
ε
1
(III.16)
III. 2.3. Determinação do Equilíbrio de Adsorção Monocomponente
III. 2.3.1. Método Gravimétrico
As isotermas de adsorção são obtidas pelo método gravimétrico, utilizando uma
microbalança de suspensão magnética, ver Figura III.7. O procedimento experimental
utilizado na determinação das isotermas de adsorção das amostras de adsorvente consiste das
seguintes etapas:
Figura III. 7 – Desenho esquemático da microbalança de suspensão magnética e sistema de gases.
1.
Regeneração da amostra de adsorvente
A amostra é colocada no interior da célula de medidas, após o que a temperatura da
célula é elevada até cerca de 100 ºC, por meio do sistema de aquecimento elétrico da balança.
As válvulas 1 e 3 (ver Figura III.7) estão fechadas, enquanto as válvulas 2 e 6 estão abertas.
Com auxílio da bomba de vácuo, a amostra é desgaseificada a fim de remover quaisquer
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
46
espécies químicas que tenham sido anteriormente adsorvidas. Este procedimento de
regeneração é monitorado através da observação da perda de massa da amostra. Quando a
massa da amostra pára de decrescer, sua massa é registrada (a massa de adsorvente isento de
gás) e o adsorvente está “ativado” ou “regenerado”. Em seguida, ajusta-se a temperatura para
a temperatura de medição da isoterma (usualmente de 10 a 60
o
C). Esta etapa de regeneração
leva cerca de seis horas.
2.
Ensaio de equilíbrio de adsorção
a)
Tendo sido atingida a temperatura desejada, as válvulas 6, 3 e 2 serão abertas, a fim de se
fazer vácuo no cilindro-pulmão e na célula de medição;
b)
Em seguida, fecham-se as válvulas 6, 3 e 2 e abre-se a válvula 5, a fim de gerar uma
pressão de gás adsorbato, p
1
, no interior do cilindro;
c)
Fecha-se a válvula 5 e abrem-se as válvulas 3 e 6 para que a célula de medidas chegue a
um novo valor de pressão de gás em seu interior. Registra-se a pressão, temperatura e o
ganho de peso sofrido pela amostra como conseqüência da pressão de gás circundante.
Quando a massa da amostra não mais variar, a quantidade adsorvida em equilíbrio com a
pressão parcial é registrada e a quantidade de gás adsorvido será calculada por um
procedimento descrito na seção posterior;
d)
Fecha-se a válvula 6, incrementa-se a pressão no cilindro-pulmão e repete-se o
procedimento descrito nos itens c e d. Pretende-se medir pontos desde vácuo (10
-4
Torr)
até aproximadamente 70 bar. As etapas descritas de (a) a (d) consomem cerca de 12
horas.
e)
Depois que o último ponto da isoterma é medido, a pressão é então reduzida passo a
passo e uma isoterma de dessorção é realizada. Neste caso, segue-se o mesmo
procedimento descrito anteriormente, mas fazendo o caminho de volta, ou seja, efetuando
degraus negativos de pressão desde a pressão máxima atingida no ensaio de adsorção até
uma pressão próxima a zero absoluto. Esta etapa tem por objetivo verificar se há histerese
(ou seja, o ramo de adsorção é diferente do ramo da dessorção) e se a adsorção é
efetivamente reversível. A próxima isoterma pode então ser iniciada reativando-se o
adsorvente ou removendo-o para que um novo adsorvente possa ser analisado.
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
47
Vale notar que, à medida que a pressão é elevada, a contribuição da força empuxo se
torna cada vez mais acentuada e eventualmente pode superar a força gravitacional atuante
sobre a amostra.
III. 2.3.2. Tratamento dos Dados de Equilíbrio
O tratamento matemático dos dados fornecidos pela balança constitui um ponto de
grande importância para se chegar a valores de parâmetros de maior interesse para análise das
características do carvão.
O software que comunica a balança ao computador cria uma série de arquivos, nos
quais estão contidos todos os dados necessários de cada experimento, tais como pressão,
temperatura, massa medida, etc. Estes arquivos dispõem tais dados em colunas de variáveis,
sendo que cada linha representa um ponto medido durante uma corrida experimental.
Destes dados, podemos verificar como varia a massa medida de acordo com a pressão
de gás aplicada no sistema em uma temperatura praticamente constante.
Várias publicações (Sircar, 1985; Myers et al., 1997; Staudt et al., 1997) mostraram
que as técnicas comumente usadas para medidas de equilíbrio de adsorção permitem apenas
determinar a diferença entre a massa de adsorbato (quantidade absoluta) e o produto do
volume do adsorbato pela densidade da atmosfera de gás ao redor do adsorvente, ou seja, a
quantidade adsorvida em excesso (Equação II.7).
Focalizando nas medidas pelo método gravimétrico, as quantidades medidas no
sistema experimental montado são: a massa total suspensa (m
T
), a variação de massa (
Δ
m), a
pressão p e a temperatura T. Devido aos efeitos de empuxo que agem sobre o adsorvente e
sobre os componentes da balança que sustentam a amostra, a variação de massa (por unidade
de massa de adsorvente) registrada pela balança é dada por:
(
)
),(),(),( TpVVTpmTpm
bA
ρ
+
=
Δ (III.17)
Nesta equação m
A
é a massa de adsorbato, V é o volume de gás (por massa de
adsorvente) deslocado pela amostra de adsorvente e
b
V é o volume característico dos
componentes suspensos da balança que sustentam a amostra, que é determinado por uma
medida de calibração com o porta-amostra vazio. A utilização deste volume na Equação
III.17 permite encontrar a chamada massa reduzida do adsorbato,
Ω:
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
48
),(),(),(),(),( TpVTpmTpVTpmTp
Ab
ρ
ρ
=
+
Δ=Ω (III.18)
Para obter a quantidade de interesse, a massa de adsorbato m
A
, a partir dos dados
registrados, a correção dos efeitos do empuxo, devido a
V e
b
V , deve ser feita:
),()(),(),(),(),( TpVVTpmTpVTpTpm
bA
ρ
ρ
+
+
Δ
=
+
Ω= (III.19)
A Equação III.19 pode ser usada de duas maneiras:
a) Determinação da quantidade adsorvida em excesso.
Neste caso, V é o volume específico do adsorvente (
s
V ):
),()(),(),( TpVVTpmTpm
sbex
ρ
+
+
Δ
=
(III.20)
Esta relação será usada para determinar o calor isostérico de adsorção.
b) Para determinar a quantidade adsorvida absoluta.
Neste caso V é a soma do volume específico do adsorvente com o volume da fase
adsorvida por unidade de massa de adsorvente (
As
VV
+
):
),()(),(),( TpVVVTpmTpm
AsbA
ρ
+
+
+
Δ= (III.21)
A quantidade absoluta encontrada através desta relação será usada para determinar os
valores dos coeficientes da equação do virial (item III.2.4). Nesta equação o volume
V foi
substituído:
),(
),(
TP
TPm
VVVV
ads
A
sAs
ρ
+=+= (III.22)
O volume específico do carvão ativado (volume de sólidos),
s
V , é usualmente
determinado através de uma corrida experimental com hélio, que não é adsorvido pelo carvão
nas condições utilizadas neste estudo. O volume da fase adsorvida será estimado conforme
três abordagens.
Para descontar a força empuxo em uma amostra de adsorvente, é necessário, pois,
tomar as seguintes medidas:
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
49
1) Calcular o empuxo sobre o volume dos componentes da balança que sustentam a
amostra: numa corrida experimental na ausência de adsorvente, denominada corrida “em
branco”, não haverá massa adsorvida nem volume de sólidos, sendo assim a balança registrará
b
Vm =Δ
ρ
, onde
ρ
é a densidade do gás, conhecida para várias condições de temperatura e
pressão através da literatura e V
b
é o volume dos componentes da balança que sustentam a
amostra calculado pela inclinação do gráfico -
Δ
m versus
ρ
.
2) Calcular o volume de sólido da amostra: utilizando-se hélio numa outra corrida
experimental com a presença do adsorvente, a balança registrará
(
)
sb
VVm +=Δ
ρ
pois este
gás não é adsorvido (nas condições usadas) e assim não haveria massa adsorvida. Como agora
a inclinação da curva -
Δ
m versus
ρ
é a dada pela soma de V
s
+ V
b
, V
s
(volume específico de
sólidos) é calculado subtraindo-se o então conhecido valor de V
b
.
3) Calcular o volume da fase adsorvida e a quantidade adsorvida absoluta: faz-se através
de um tratamento de dados da isoterma obtida segundo uma das três abordagens, descritas a
seguir:
3.1) Procedimento de Dreisbach et al. (2002)
:
Neste procedimento, a densidade da fase adsorvida é constante a uma dada
temperatura e utiliza-se uma expressão analítica (modelo de isoterma) para expressar m(p,T)
em função de ρ(p,T):
(
)
),()
),(
(),(
),(),(),(
Tp
Tpm
VVTpm
TpVVTpmTpm
ads
sbana
bana
ρ
ρ
ρ
++
=
+
=
Δ
(III.23)
3.2) Procedimento de Dreisbach et al. (2002) com uso da equação de Dubinin-Astakhov:
Propõe-se traçar os dados de m(p,T) versus ρ(p,T), obtidos pela primeira abordagem,
segundo a Equação de Dubinin-Astakhov (DA) na sua forma linearizada:
[]
[
]
(
)
ppDTVTpm
d
adsmic
0
ln)(ln),(ln =
ρ
(III.24)
onde d está relacionado à distribuição de poros da amostra adsorvente e D é uma constante da
equação de DA.
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
50
Como destacado por Araújo (2004), o metano se encontra em condições acima do
ponto crítico nos experimentos conduzidos neste trabalho e, desta maneira, seria impróprio
utilizarmos a pressão de saturação p
0
. No entanto, as interações adsorvente-adsorbato são
capazes de conduzir o gás em estado supercrítico a um estado de “quase” vapor (Kaneko et
al., 1992). Desta maneira, adotamos a seguinte estimativa fenomenológica de
0
p para um gás
supercrítico (Dubinin, 1975):
(
)
2
0
cc
TTpp =
(III.25)
sendo p
c
e T
c
a pressão e temperatura críticas, respectivamente, do adsorbato.
O coeficiente linear da reta obtida permite calcular ρ
ads
, de posse do volume de
microporos da amostra (V
mic
). Excluindo ρ
ads
dos parâmetros de ajuste, realizam-se
atualizações dos parâmetros da isoterma, segundo a primeira abordagem, até que os mesmos
não variem.
3.3) Procedimento de Do e Do (2003):
Nesta abordagem, o volume da fase adsorvida é constante a uma dada temperatura e
utiliza-se uma expressão analítica (modelo de isoterma) para expressar m(p,T) em função de
ρ(p,T).
[
]
),(),(),( TpVVVTpmTpm
Asbana
ρ
+
+
=Δ
(III.26)
Nos três casos, m
ana
é uma função analítica para a isoterma de adsorção. Os
parâmetros dessa função e a densidade da fase adsorvida (abordagens 1 e 2) ou o volume da
fase adsorvida (abordagem 3) são determinados ajustando-se os dados experimentais pelo
método dos mínimos quadrados por iterações Levenberg-Marquardt.
Dois modelos de isotermas foram utilizados: a isoterma de Tóth e a isoterma Unilan,
as quais de acordo com estudos anteriores (Araújo, 2004), são apropriadas para descrever o
equilíbrio de adsorção com isotermas do tipo I, característica da adsorção de gases
supercríticos em carvões ativados microporosos. As isotermas são representadas em função da
densidade da fase gasosa ao invés da pressão, para simplificar o procedimento de desconto do
empuxo nos experimentos gravimétricos.
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
51
Isoterma de Tóth: A isoterma de Tóth é do tipo I, leva em conta a heterogeneidade do
adsorvente e é muito utilizada para adsorção de hidrocarbonetos em carvões (Tóth, 1984):
α
α
ρ
ρ
1
)),((
1
),(
+
=
Tp
b
Tp
mm
ana
(III.27)
Isoterma Unilan: A isoterma Unilan é um modelo empírico que leva em conta a
heterogeneidade da topografia da superfície (Do, 1998):
+
+
=
),(1
),(1
ln
2
1
Tpeb
Tpeb
m
ana
ρ
ρ
α
α
α
(III.28)
Substituindo as Equações III.27 ou III.28 nas equações III.23 ou III.26, obtemos o
modelo de ajuste dos pontos experimentais. Desta forma, os valores numéricos dos quatro
parâmetros do modelo (b,
m ,
α
e
ads
ρ
ou V
A
) são então determinados ajustando-se o
Δ
m
medido à equação do modelo, pelo método dos mínimos quadrados usando iterações
Levenberg-Marquardt.
III. 2.4. Determinação dos Coeficientes do Virial
Para realizar as simulações do vaso protótipo de armazenamento, necessitaremos
expressar a quantidade armazenada no carvão em função da temperatura e da pressão de uma
forma mais simples possível. A equação do Virial (Equação III.29) é capaz de suprir esta
necessidade.
q
T
k
k
T
k
k
q
p
++
+=
4
3
2
1
ln
(III.29)
As relações entre q (quantidade adsorvida) e p (pressão) são obtidas pelas isotermas
em várias temperaturas, desta forma ajustamos todos os pontos experimentais num gráfico
ln(p/q) versus q com dependência de T e encontramos os valores das constantes (k
1
, k
2
, k
3
e
k
4
).
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
52
III. 2.5. Densidade de Armazenamento e Disponibilidade
Nem todo gás que entra no vaso de armazenamento será adsorvido, parte dele se
encontrará comprimida no volume de vazios acessíveis pelo mesmo. A densidade de
armazenamento é a expressão da quantidade de gás realmente armazenada no leito adsorvente
por unidade de volume do vaso. Para fins práticos, mais interessante que a capacidade ou
densidade de armazenamento é a quantificação do volume ou massa de gás que um
determinado leito adsorvente consegue disponibilizar para o uso final. Devido à existência de
diferentes propriedades e afinidade por gás apresentadas por diversos adsorventes, uns
tenderão a reter mais que outros numa dada condição de temperatura e pressão. O parâmetro
disponibilidade (ou delivery) foi sugerido para esta determinação de fins práticos e é definida
como a quantidade de gás que é liberada do adsorvente quando a pressão é reduzida para a
pressão de uso (atmosférica) apresentando dimensões v/v.
A massa armazenada é calculada através da soma da massa adsorvida em excesso
(m
ex
), que por sua vez é medida experimentalmente (seção III.2.3.2), com a massa de gás
comprimida nos espaços vazios interparticulares e no interior dos poros da partícula (volume
de vazios – V
v
).
(
)
(
)
TpVTpmTpm
vexarm
,),(),(
ρ
+
=
(III.30)
Num dado leito o volume específico total de vazios (referciado na seção III.2.2.2) é
dado pela diferença entre o volume específico total do leito e o volume específico de sólidos.
s
b
v
VV =
ρ
1
(III.31)
Substituindo na Equação III.30, o valor da massa de gás armazenada é calculado por:
()
TpVTpmTpm
s
b
exarm
,
1
),(),(
ρ
ρ
+=
(III.32)
A densidade de armazenamento, em unidades de massa por volume, é simplesmente a
razão da massa armazenada pelo volume interno de reservatório, V.
(
)( )
V
TpVTpm
V
Tpm
TpM
sbexarm
arm
,1),(),(
),(
ρ
ρ
+
== (III. 33)
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
53
Como V é igual ao inverso de ρ
b
, a Equação III.33 é simplificada:
(
)( )
TpVTpmTpmTpM
bsbexbarmarm
,.1).,().,(),(
ρ
ρ
ρ
ρ
+
=
= (III.34)
Para expressar essa densidade em volume de gás (STP 20 °C e 1 atm) por unidade
de volume (V
arm
), multiplica-se esse valor pelo volume específico do gás nas STP (
0,0
Tp
). A
densidade de armazenamento nessas unidades será então:
barmarm
Tpm
pM
TR
TpV
ρ
= ),(),(
0
0
(III.35)
Para o cálculo da disponibilidade, subtrai-se do volume de gás que fica retido na
temperatura de armazenamento o volume que fica retido na pressão final de uso (
1
p atm).
Desta forma, a expressão para a disponibilidade isotérmica a temperatura
T
será:
[]
),(),(
0
0
TpmTpm
pM
TR
D
oarmarmbarm
=
ρ
(III.36)
Dispondo dos valores de cada um dos parâmetros nas equações acima a densidade e
disponibilidade de armazenamento podem ser calculadas em várias condições de pressão e
temperatura.
III. 2.6. Calor Isostérico de Adsorção
O calor isostérico de adsorção é calculado através de algumas etapas, a partir das
isotermas de massa adsorvida em excesso para uma dada amostra adsorvente.
Num gráfico m
ex
versus p determinam-se os valores de p correspondentes a cada massa
de excesso constante para cada temperatura. Logo após, um gráfico ln p versus 1/T é plotado
para exibir as isosteras de adsorção.
De acordo com a Equação III.37, a inclinação das isosteras para uma massa de excesso
constante equivale ao valor de ΔH
ads
/ R.
()
ex
m
ads
p
T
RH
=Δ )ln(
1
(III.37)
Assim, o calor isostérico de adsorção é calculado multiplicando-se o valor desta
inclinação pelo valor da constante dos gases ideais, R, na unidade desejada.
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
54
III. 2.7. Ensaios de Carga e Descarga no Vaso Protótipo
Nesta seção são descritos os procedimentos experimentais utilizados nos ensaios de
carga e descarga do vaso de armazenamento. O objetivo é determinar experimentalmente o
comportamento da temperatura, pressão e massa armazenada com o tempo. Os dados obtidos
serão comparados com os resultados simulados por um modelo matemático.
O procedimento experimental foi estabelecido como se segue:
No início de cada etapa, o vaso de armazenamento é carregado com N
2
e esvaziado
pelo menos por três vezes para remover GN ou contaminantes retidos na pressão
atmosférica. A seguir, o vaso é desgaseificado a uma pressão de vácuo (10
-4
Torr);
Após a temperatura ser uniformizada no interior do vaso, a válvula reguladora do
cilindro de gás natural é ajustada para a pressão de 35 bar;
Abre-se a válvula de alimentação do cilindro e registra-se a evolução das variáveis
monitoradas (pressão, temperatura e massa armazenada);
Quando a temperatura no cilindro se uniformiza, ou seja, os quatro termopares
marcam aproximadamente o mesmo valor de temperatura (ambiente), temos a
indicação do final do ciclo de carga. Então, fecha-se a válvula do cilindro de gás e
gera-se um fluxo de gás para o ambiente, descarregando-se o gás do cilindro protótipo
(início do ciclo de descarga). Novamente registra-se a evolução das variáveis
monitoradas;
Finalizados os procedimentos de carga e descarga, os relatórios com os dados das
variáveis de interesse são obtidos com a finalidade de compará-los com os resultados
simulados;
III. 2.8. Modelagem e Simulação do Sistema
A descrição da dinâmica dos ciclos de carga e descarga de um reservatório de GNA
tem sido objeto de estudo de alguns pesquisadores nos últimos anos (Mota et al., 1995; Mota
et al., 1997a; Mota et al., 1997b; Mota, 1999; Vasiliev et al., 2000; Biloé et al., 2001b; Biloé
et al. 2002; Pupier et al., 2005; Basumatary et al., 2005; Yang et al., 2005). A modelagem
normalmente se baseia na formulação de balanços de massa e de energia para o sistema, com
um maior ou menor grau de detalhamento quanto aos fenômenos de transferência envolvidos.
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
55
Na aplicação prática de armazenamento de gás natural por adsorção, o adsorvente é
contactado pelo gás, que é deslocado para o interior de um leito empacotado. A dinâmica
global do sistema (incluindo o equilíbrio e o transporte em cada partícula e a dinâmica do
próprio leito como um todo) é que irá controlar o desempenho final do processo.
O modelo matemático utilizado aqui para descrever o processo de carga e descarga de
gás natural em um leito de carvão ativado considera a situação de equilíbrio local, isto é,
despreza todas as resistências intraparticulares e resistências de filme, tanto para transferência
de massa, como para transferência de calor. Com esta hipótese, não há necessidade de aplicar
balanços de massa e energia diferenciados para a fase fluida não adsorvida e para o
adsorvente.
Por outro lado, um simples e eficiente procedimento para minimizar os efeitos
térmicos, é permitir que o escoamento no leito seja essencialmente radial (Chang e Talu,
1996). Isto pode ser conseguido fazendo a alimentação ou a descarga do vaso por meio de um
pequeno cilindro perfurado instalado no centro do vaso.
A resposta dinâmica do vaso de adsorção é, portanto, dada pela solução simultânea
das equações dos modelos, na forma c(r,t), T(r,t), P(r,t) e q(r,t), sujeitas às condições de
contorno e iniciais impostas ao leito de carvão.
A Figura III.8 ilustra o sistema de estudo. Ele consiste de um tanque cilíndrico cheio
de partículas de um adsorvente poroso. O gás entra e deixa o tanque através de um pequeno
cilindro perfurado concêntrico ao cilindro maior. Nesta configuração, o fluxo de gás é
essencialmente radial no interior do cilindro. Chang e Talu (1996) realizaram estudos
relacionados ao comportamento dinâmico de vasos para armazenamento de GNA e
constataram que esta conformação geométrica é mais eficiente para a redução dos efeitos
térmicos envolvidos nos processos de descarga e conseqüente maximização da quantidade
disponibilizada de gás.
Para representar o comportamento do vaso, um modelo matemático foi
formulado e resolvido de acordo com as propriedades do leito e os parâmetros de equilíbrio de
adsorção do carvão medidos experimentalmente.
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
56
Figura III. 8 – Ilustração geométrica do modelo.
III. 2.8.1. Modelo Matemático de Simulação
A modelagem matemática desenvolvida neste trabalho baseia-se fundamentalmente
em balanços de massa e energia em um volume de controle apropriado para um determinado
componente (metano). Neste modelo, considera-se a pressão como uma variável, de forma
que seja necessário considerar a equação da continuidade além do balanço energético.
Assume-se que o gás escoa no leito adsorvente segundo a Lei de Darcy e que a fase não
adsorvida comporta-se como um gás ideal. O modelo se aplica tanto para condições de carga
e descarga lentas ou rápidas.
Equação da Continuidade
:
O balanço de massa no volume de controle pode ser estabelecido analisando-se
separadamente os termos de acúmulo e fluxo de massa por unidade de tempo e volume. O
elemento de volume infinitesimal é tido como uma casca cilíndrica de espessura dr.
O termo de acúmulo de massa no volume infinitesimal é compreendido tanto pela fase
gasosa fluida e a fase adsorvida do metano. Admite-se que a fase adsorvida se encontra nos
menores poros (microporos) das partículas de carvão e que a fase fluida pode ser encontrada
tanto nos demais poros quanto nos espaços interparticulares (vazios). Desta maneira, a massa
de metano por unidade de volume na fase fluida é representada pelo produto da sua
concentração mássica (c) pela porosidade total do meio (ε
T
) e, a massa de metano por unidade
L
L
R
R
e
e
R
R
i
i
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
57
de volume na fase adsorvida é expressa pelo produto da densidade de empacotamento do leito
(ρ
b
) pela concentração de metano adsorvido por massa de carvão (q). Temos, então:
()
qc
t
Acúmulo
bT
ρε
+
: (III.38)
A quantidade de massa que entra menos a que sai no volume é o divergente do produto
da concentração pela velocidade superficial na área de fluxo:
()
vcsaiqueMassaentraqueMassaFluxo
r
=:
(III.39)
O produto da concentração pela velocidade superficial é igual ao fluxo mássico do
fluido:
vcG
r
r
= (III.40)
Desta forma, finalizando o balanço de massa, temos a equação da continuidade:
()
0=++
Gqc
t
bT
r
ρε
(III.41)
Como detalhado anteriormente, toda a análise fenomenológica abordada neste modelo
considera apenas metano como único componente da fase fluida. Foi observado nos
experimentos de gravimetria que este gás apresenta elevada cinética e, desta forma, neste
balanço de massa são desconsiderados os efeitos difusivos no interior da partícula adsorvente.
A velocidade de escoamento do fluido no volume de controle adotado, de uma forma
generalizada, pode ser calculada pelo uso da equação de Ergun estendida para duas
dimensões:
pc
p
v
++
=
'4''
2
2
βαα
r
(III.42)
onde:
()()
[
]
2/1
22
// rpzpp += (III.43)
)4/()1(150'
232
pbb
R
εμεα
= (III.44)
)2/()1(75.1'
3
pbb
R
εεβ
= (III.45)
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
58
Na Equação de Ergun estão presentes considerações tanto para escoamento laminar
(α) quanto para turbulento (β). Como em nosso modelo o escoamento é radial e laminar, a
equação se reduz para que seja levado em conta o gradiente de pressão ( p ) somente ao
longo do raio e β seja nulo. Esta redução nos conduz à equação de Darcy:
pv =
'
1
α
r
(III.46)
onde α’ é a relação entre a viscosidade do gás e a permeabilidade do leito, expresso pela
equação de Carman-Kozeny:
23
2
4
)1(150
'
Pb
b
R
=
ε
με
α
(III.47)
Para completar as análises, nos resta analisar a transferência de energia. Dentro das
considerações do balanço, agora teremos o termo de geração de energia além dos termos de
acúmulo e saldo, visto que a adsorção do metano irá liberar energia.
Equação da Energia
:
O acúmulo de energia no volume de controle recebe as contribuições da energia
acumulada tanto na fase fluida (metano) quanto na fase sólida (carvão). A parcela relacionada
à fase fluida pode ser avaliada por:
)).(( Tcqc
t
E
pgbTAc
fluido
ρε
+
= (III.48)
Como toda substância o carvão possui uma massa definida neste sistema, sendo assim
ele é capaz de efetuar trocas térmicas com suas vizinhanças de uma forma mais ou menos
eficaz dependendo de seu calor específico. Então, a energia acumulada nesta fase sólida pode
ser calculada por:
t
T
cE
psbAc
sólido
=
ρ
(III.49)
A geração de energia neste sistema dependerá da quantidade de metano que será
adsorvida numa determinada massa de carvão naquele volume de controle. Quanto mais
exotérmico for o fenômeno, maior esta energia gerada deverá ser. Além desta forma, a energia
poderá ser introduzida ao meio pelo trabalho de escoamento do fluido através do leito de
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
59
carvão. Este trabalho depende do gradiente de pressão e ocorre nos volumes vazios do sistema
(por onde escoa o fluido). Então, a energia gerada no sistema pode ser dada por:
t
p
t
q
HE
TadsbGer
Δ=
ερ
(III.50)
Devemos considerar, também, que a energia pode entrar e sair do sistema através de
condução ou convecção. A primeira forma de transferência de calor relaciona-se à
condutividade térmica do carvão e ao gradiente de temperatura e a convecção dependerá
fundamentalmente da velocidade de escoamento e do calor específico da fase fluida. Como
vimos para o balanço de massa, a integral do fluxo numa área equivale à integral do
divergente deste fluxo no volume de controle. Temos, então, que:
)( TTcGEE
pgSaiEntra
=
λ
r
(III.51)
O balanço de energia para um elemento de volume infinitesimal do leito, considerando
a transferência de calor pelo movimento do fluido, é representado pela equação:
0)())(( =+
+
Δ++
TTcG
t
T
c
t
P
t
q
HTcqc
t
pgpsbTadsbpgbT
λρερρε
r
(III.52)
A relação de equilíbrio é dada pela Equação do Virial:
++
+= q
T
k
k
T
k
k
q
p
4
3
2
1
exp
(III.53)
Condições Iniciais:
0 t,Rr R para )T ,q(pq ,TT ,
eiiii
=
=
==
i
pp (III.54)
Condições de Contorno:
e
Rr para 0 ==
r
r
p
(III.55)
Em r = R
i
, podemos usar três condições para a carga e três para a descarga,
dependendo de como os respectivos processos ocorram.
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
60
Para a Carga:
1)
Se o cilindro é instantaneamente submetido a uma pressão p
cg
(carga rápida):
i
Rr em ,
=
=
cg
pp
(III.56)
2)
Se a carga é feita a uma vazão mássica constante:
cpLRcvLRF
bibim
==
'
1
)2()()2(
α
ππ
r
em r = R
i
(III.57)
onde F
m
é o fluxo de massa no vaso durante a carga.
3)
Se a carga é feita a uma vazão volumétrica constante:
== pLRvLRF
bibiv
'
1
)2()()2(
α
ππ
r
em r = R
i
(III.58)
onde F
v
é o fluxo volumétrico no vaso durante a carga.
Para a Descarga:
1)
Se o cilindro é instantaneamente submetido a uma pressão p
dg
(descarga rápida):
i
Rr em ,
=
=
dg
pp
(III.59)
2)
Se a descarga é feita a uma vazão mássica constante:
cpLRcvLRF
bibim
==
'
1
)2()()2(
α
ππ
r
em r = R
i
(III.60)
onde F
m
é o fluxo de massa no vaso durante a descarga.
3)
Se a descarga é feita a uma vazão volumétrica constante:
== pLRvLRF
bibiv
'
1
)2()()2(
α
ππ
r
em r = R
i
(III.61)
onde F
v
é o fluxo volumétrico no vaso durante a descarga.
Para simplificar os cálculos e a programação foram assumidas as primeiras hipóteses
(Equações III.56 e III.59) para a carga e descarga, repectivamente. As demais condições de
contorno são as seguintes:
iwpg
RTTc
r
P
c
r
T
=
=
r para )(
'
μ
λ
(III.62)
Capítulo III – Materiais, Métodos e Modelo
Bastos Neto, Moisés
61
eambwww
RTTh
t
T
CeT ==
+ r para )(
λ
(III.63)
As equações algébrico-diferenciais do modelo foram resolvidas por colocação
ortogonal sobre elementos finitos utilizando o “solver” gPROMS (Process System Enterprise
Ltd., 1999). As listagens dos arquivos "input" utilizados, em linguagem gPROMS,
encontram-se nos Anexos 1-2.
III. 2.8.2. Parâmetros do Modelo
É evidente que, para se fazer uma simulação do processo de armazenamento de gás
natural utilizando os modelos desenvolvidos, há a necessidade de se conhecer várias
informações sobre as características do leito adsorvente. A principal característica do leito é a
capacidade de adsorção, determinada a partir das isotermas de equilíbrio. Além da capacidade
de adsorção outras propriedades são extremamente importantes na avaliação de um processo
de armazenamento de gás natural: a densidade de empacotamento (ρ
b
), o calor de adsorção
(ΔH
ads
), a porosidade do leito (ε
b
), porosidade das partículas (ε
c
), calor específico do sólido
(c
ps
), calor específico do gás (c
pg
), calor específico do material do vaso (c
pw
), condutividade
térmica do leito (λ) e o coeficiente de transferência de calor por convecção na superfície
externa do vaso (h
w
).
No caso presente, há necessidade de um carvão que tenha características apropriadas
para armazenamento de GN e numa quantidade suficiente (~10 kg) para realizar experimentos
num vaso protótipo construído para realizar ciclos de carga e descarga, e com isso comparar
os resultados obtidos na simulação e nos experimentos para validar ou aperfeiçoar os modelos
desenvolvidos.
CAPÍTULO IV
Resultados e Discussões
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
63
CAPÍTULO IV – RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para o estudo e modelagem de um vaso protótipo de armazenamento de GNA foram
necessárias diversas etapas de obtenção de dados. Uma vez que a eficiência de tal processo
está diretamente relacionada com o material poroso utilizado, inicialmente foi necessário
selecioná-lo.
Dentre as amostras de carvão ativado disponíveis para análise, somente a WV1050,
gentilmente cedida pela empresa americana Mead Westvaco, encontrava-se em quantidade
suficiente (> 30 litros) para a realização de experimentos no vaso protótipo. Este fato não
permitiu outras opções e, desta forma, foi determinante na escolha do carvão a ser estudado.
Definida a amostra, as análises de caracterização textural e de equilíbrio de adsorção
foram conduzidas paralelamente.
Os efeitos do empuxo sobre os componentes da balança de suspensão magnética e
sobre a amostra sólida foram medidos para que, em seguida, fossem realizados experimentos
de adsorção monocomponente de metano, etano, propano e butano no dado carvão.
Propriedades do leito adsorvente como porosidade e densidade de empacotamento
foram determinadas experimentalmente para possibilitar os cálculos da capacidade de
armazenamento e disponibilidade de gás (delivery) em dadas condições de temperatura e
pressão.
Com uso das isotermas de quantidade adsorvida em excesso foi calculado o calor
isostérico de adsorção de cada gás e através das isotermas de quantidade absoluta foram
determinados os coeficientes da equação do virial.
Os demais parâmetros que não puderam ser medidos ou calculados foram obtidos da
literatura.
Neste capítulo, são fornecidos e detalhadamente comentados os resultados obtidos em
cada uma destas etapas e, visto que não foi possível optar por outro carvão com propriedades
eventualmente melhores, também foi realizado um estudo dos efeitos das características
texturais sobre a capacidade de adsorção de diferentes materiais.
Também foi realizada uma simulação comparativa entre o carvão WV1050 e outra
amostra que apresentou melhor potencial para armazenamento de gás natural.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
64
IV. 1. Determinação das Propriedades da Partícula Adsorvente
IV. 1.1. Determinação da Área Superficial Específica
A área superficial específica da amostra de carvão ativado WV1050 foi determinada
com auxílio do equipamento Autosorb-1 MP da Quantachrome através de isotermas de
adsorção de nitrogênio.
A Figura IV.1 mostra a isoterma de adsorção de N
2
em termos de número de mols
adsorvido.
0,00,10,20,30,40,50,60,70,80,91,0
0,016
0,018
0,020
0,022
0,024
0,026
0,028
0,030
número de mols adsorvido por massa de carvão (mol.g
-1
)
pressão relativa
Isoterma de N
2
a 77K
Carvão Ativado WV1050
Figura IV. 1 – Isoterma de adsorção de N
2
no carvão ativado WV1050 a 77 K.
Os pontos da isoterma de adsorção de nitrogênio dentro da escala de pressão relativa
de 0,05 a 0,30 foram ajustados conforme a equação de BET linearizada (Equação IV.1).
Através dos coeficientes linear e angular, pôde-se encontrar os valores de C e do número de
mols adsorvido na monocamada (n
m
). A Figura IV.2 exibe o ajuste dos pontos experimentais
dentro da escala adequada pela equação de BET e a respectiva equação da reta.
+=
0
0
0
11
1
p
p
Cn
C
Cn
p
p
n
p
p
mm
(IV.1)
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
65
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
Carvão Ativado WV1050
p/p
0
(p/p
0
)/n(1-(p/p
0
))
Y =0.10341+60.10714 X
Figura IV. 2 – Número de mols de N
2
adsorvido ajustado conforme a equação linearizada de BET da
amostra WV1050.
Através da equação da reta ajustada, o valor n
m
encontrado foi de 0,0166 mols por
grama de carvão, o que corresponde a um volume adsorvido na monocamada v
m
(STP)
= 371,3
cm
3
por grama de carvão nas condições padrões de temperatura e pressão (STP 20 °C e 1
bar ).
A área específica foi, então, calculada pela Equação IV.2.
σ
..Lna
mBET
=
(IV.2)
onde L representa o número de Avogadro (6,02x10
23
mol
-1
) e σ a área média ocupada por cada
molécula adsorvida na monocamada formada que, para o caso do nitrogênio a 77 K,
usualmente é assumida com o valor de 0,162 nm
2
.
Desta forma, para experimentos com N
2
nessa temperatura, a Equação IV.2 toma a
seguinte forma:
112
gmolμ
.097,0
gm
=
m
BET
n
a
(IV.3)
ou, para o caso em que v
m
(STP)
é usado:
1312
gcm
.35,4
gm
=
m
BET
v
a
(IV.4)
Resolvendo uma das equações, encontra-se o valor de aproximadamente 1615 m
2
.g
-1
para a área específica da amostra WV1050 que representa um valor dentro dos padrões
observados em diversas amostras para a finalidade de armazenamento de gases.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
66
IV. 1.2. Determinação do Volume Total de Poros
O volume total de poros de uma amostra adsorvente pode ser dado pelo valor do
volume adsorvido na maior pressão relativa utilizada no experimento ( 1
0
pp ). Para o
presente caso, o maior valor de pressão relativa medido na adsorção de N
2
a 77 K foi de
0,98987 correspondendo a um total de 0,0299 mols de N
2
adsorvidos, como mostrado na
Tabela IV.1.
Tabela IV. 1 – Dados extraídos do relatório do Autosorb-1 MP.
Pressão Relativa Volume Adsorvido (STP) N° de mols Adsorvido
0,98987 670,0633 cm
3
0,0299
Assim, o valor do volume total de poros V
P
pode ser calculado de acordo com a
Equação IV.5:
2
.
N
P
M
nV
ρ
= (IV. 5)
onde M é a massa molar do N
2
(28,09 g.mol
-1
) e
2
N
ρ
é a densidade do nitrogênio líquido
(0,809 g.cm
-3
).
Para 0,0299 mols adsorvidos, temos que o volume total de poros por grama de carvão
equivale a aproximadamente 1,038 cm
3
, que também representa um valor dentro média
encontrada na literatura.
IV. 1.3. Determinação do Volume Microporos
A equação de Dubinin-Radushkevich (DR), anteriormente discutida, pode ser escrita
da seguinte maneira:
(
)
(
)
(
)
ppDWW
02
1001010
logloglog = (IV.6)
onde W é a massa adsorvida na pressão p, W
0
é massa total que pode ser adsorvida na amostra
e D é uma constante empírica da equação.
De acordo com a teoria DR, um gráfico de
(
)
W
10
log versus
(
)
pp
02
10
log deve ser
linear com inclinação D e coeficiente linear
(
)
010
log W (Rouquerol et al., 1999).
A Figura IV.3 exibe o gráfico DR para a amostra WV1050 utilizando N
2
a 77 K como
adsorbato, típico de um carvão ativado microporoso, apresentando uma certa heterogeneidade
na distribuição de poros devido à curvatura apresentada.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
67
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
Carvão Ativado WV1050
Nitrogênio a 77K
W (g/g)
log
10
2
(p
0
/p)
Figura IV. 3 – Gráfico DR da amostra WV1050.
Nas pressões iniciais submetidas pelo adsorbato, os microporos da amostra são
gradualmente preenchidos. De acordo com o gráfico DR, este preenchimento inicial tende a
apresentar comportamento linear. Assim, esta região representando a porção microporosa da
amostra é selecionada e, por extrapolação, o coeficiente linear da reta ajustada é determinado.
A Figura IV.4 demonstra a região correspondente aos microporos da amostra e o ajuste linear
dos pontos experimentais.
0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8
0,32
0,34
0,36
0,38
0,40
0,42
0,44
0,46
0,48
0,50
0,52
W (g/g)
log
10
2
(p
0
/p)
Nitrogênio a 77K
Carvão Ativado WV1050
Figura IV. 4 – Seleção da porção correspondente aos microporos para determinação do coeficiente
linear do gráfico DR da amostra WV1050.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
68
O valor encontrado para a massa total adsorvida nos microporos da amostra (
mic
W
0
) foi
de aproximadamente 0,6156 g.g
-1
.
Rearranjando a equação IV.5, temos que:
2
0
N
mic
mic
W
V
ρ
= (IV. 7)
onde
2
N
ρ
é a massa específica do N
2
líquido (0,809 g.cm
-3
).
Assim, o valor calculado do volume de microporos é de 0,761 cm
3
.g
-1
, um pouco
abaixo da média daqueles encontrados por Araújo (2004) para uma outra amostra comercial
indicada pelo fabricante para armazenamento de gases.
IV. 1.4. Cálculo do Volume Específico de Sólidos (V
s
) e da Porosidade (ε
c
)
Segundo a metodologia de tratamento dos dados fornecidos pela balança de suspensão
magnética, considerando os devidos efeitos do empuxo sobre o volume suspenso, uma corrida
experimental com hélio foi conduzida com a amostra WV1050. Como o hélio é um gás inerte
e, portanto, não é adsorvido, espera-se que a variação de massa registrada pela balança seja
linear em relação à pressão de gás na célula de medição. A Figura IV.5 comprova este fato.
0,000 0,002 0,004 0,006 0,008 0,010
-0,035
-0,030
-0,025
-0,020
-0,015
-0,010
-0,005
0,000
Equação da Reta:
Δ
m = -ρ (V)
V = 3.64176 e = ±0.03642
Δm (g)
ρ
He (30 °C)
(g.cm
-3
)
Figura IV. 5 – Experimento com hélio para determinação do volume suspenso.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
69
Não havendo massa adsorvida, temos que o coeficiente angular da reta na Figura IV.5
representa o valor do volume suspenso por massa de carvão, o qual é a soma do volume
específico dos componentes da balança com o volume específico de sólidos (carvão).
Uma vez que o volume e a massa do sistema, determinados com um experimento “em
branco” (sem adsorvente), são conhecidos, subtraímos o valor correspondente ao “volume de
branco” (
V
b
) da inclinação calculada da Figura IV.5 e encontramos o valor do volume
específico de sólidos (
V
s
). A Tabela IV.2 exibe maiores detalhes dos dados colhidos e um
simples procedimento para o cálculo de
V
s
.
Tabela IV. 2 – Conjunto de dados obtidos com um experimento em branco, a regeneração do carvão e
o experimento com hélio.
WV1050:
Massa do “Sistema Regenerado”: 14,43301 g
Massa de “Branco” (Pressão = 0): 12,89 g
Volume de “Branco”: 2,99 cm³
Massa de Carvão Regenerado: 14,43301 – 12,89 = 1,53301 g
Vb = 1,9569 cm³/g
Vs = 3,64176 / 1,53301 – 1,9569 = 2,37556 – 1,9569 = 0,41866 cm³/g
Como definida anteriormente, a porosidade da partícula é dada pela razão entre o
volume de vazios (poros totais) e o volume específico de sólidos. Uma vez que
V
P
= 1,038
cm
3
.g
-1
e V
S
= 0,41866 cm
3
.g
-1
o valor de ε
c
calculado foi de 0,713 indicando a alta porosidade
da amostra.
IV. 1.5. Sumário das Propriedades Texturais do Adsorvente
Conforme as metodologias apresentadas no Capítulo III, as propriedades de partícula
da amostra de carvão ativado utilizada no protótipo foram calculadas e sumarizadas na Tabela
IV.3.
Tabela IV. 3 – Sumário das propriedades da amostra de carvão WV1050 utilizada no protótipo.
Área Superficial Específica (m
2
.g
-1
)
1615
Volume Total de Poros (cm
3
.g
-1
)
1,038
Volume de Microporos (cm
3
.g
-1
)
0,761
Tamanho Médio de Poros (Å)
25
Volume Específico de Sólidos (cm
3
.g
-1
)
0,419
Porosidade da Partícula
0,713
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
70
IV. 2. Determinação das Propriedades do Leito
De acordo com a metodologia descrita no Capítulo III, as propriedades do leito foram
calculadas e sumarizadas na Tabela IV.4.
Tabela IV. 4 – Sumário das propriedades do leito da amostra WV1050 no protótipo.
Densidade de Empacotamento (g.cm
-3
)
0,280
Porosidade do Leito
0,592
Porosidade Total
0,883
Este valor de densidade de empacotamento está um pouco abaixo da média dos
valores encontrados para outros carvões granulares (Araújo, 2004), o que pode indicar um
mau preenchimento do volume interno do vaso protótipo.
IV. 3. Tratamento dos Dados de Equilíbrio de Adsorção
A resolução do modelo matemático de simulação do vaso protótipo necessita de
parâmetros de entrada como o calor de adsorção e os coeficientes da equação do Virial, os
quais são determinados a partir de dados de equilíbrio de adsorção. O calor de adsorção tem
influência direta nos efeitos térmicos que ocorrem em ciclos de carga e descarga do vaso,
portanto seu cálculo, através das isotermas de excesso, é imprescindível. A equação do Virial
pode expressar a relação entre a massa adsorvida, a temperatura e a pressão e isto simplifica
bastante o modelo.
Neste trabalho o modelo considera apenas metano por motivo de limitações do
compilador, as quais serão comentadas mais adiante. As isotermas de outros componentes do
gás natural também serão apresentadas, pois mesmo estes estando em quantidades bem
menores que o metano, após vários ciclos de uso contínuo do reservatório tenderão a diminuir
drasticamente a eficiência do leito. Num trabalho futuro, um novo modelo poderá ser
desenvolvido de forma a englobar todas as contribuições dos demais componentes da mistura
gasosa.
Bastos-Neto et al. (2005) verificaram que, dentre os procedimentos utilizados para a
obtenção da quantidade adsorvida absoluta de metano em carvão ativado (Seção II.2.3.2), a
abordagem dada por Do e Do (2003) mostrou-se mais simples que a Dreisbach (2002) com
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
71
uso da equação de Dubinin-Astakhov, apresentando resultados semelhantes a esta, com um
comportamento da densidade da fase adsorvida fisicamente coerente, o que não se observa na
abordagem de Dreisbach et al. (2002) individualmente. Araújo (2004) concluiu em seu
trabalho que os modelos de isoterma de Tóth e Unilan ajustaram melhor os pontos
experimentais obtidos por gravimetria.
Desta forma, optou-se por utilizar o procedimento de Do e Do (2003) que considera o
volume da fase adsorvida como sendo constante e o modelo de isoterma utilizado foi o de
Unilan.
As Figuras IV.6, IV.7, IV.8 e IV.9 expõem os pontos experimentais obtidos para
adsorção de metano, etano, propano e butano no carvão ativado WV1050 em variadas
condições de temperatura e pressão, ajustados (linhas) pelo modelo de Unilan de acordo com
a abordagem de Do e Do (2003) para o desconto dos efeitos do empuxo. No item a seguir
serão apresentadas as isotermas obtidas.
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05
-0,01
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
Metano
Δm (g/g)
ρ (g/cm³)
10 °C
20 °C
30 °C
40 °C
60 °C
80 °C
Figura IV. 6 – Ajuste dos pontos fornecidos pela balança para adsorção de metano no carvão
WV1050 nas temperaturas de10, 20, 30, 40, 60 e 80 °C.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
72
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
10 °C
20 °C
25 °C
30 °C
Δm (g/g)
Etano
ρ (g/cm³)
Figura IV. 7 – Ajuste dos pontos fornecidos pela balança para adsorção de etano no carvão WV1050
nas temperaturas de 10, 20, 25 e 30 °C.
0,000 0,002 0,004 0,006 0,008 0,010 0,012 0,014
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
20 °C
30 °C
ρ (g/cm³)
Propano
Δm (g/g)
Figura IV. 8 – Ajuste dos pontos fornecidos pela balança para adsorção de propano no carvão
WV1050 nas temperaturas de 20 e 30 °C.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
73
0,0000 0,0005 0,0010 0,0015 0,0020 0,0025 0,0030
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
10 °C
ρ (g/cm³)
Δm (g/g)
Butano
Figura IV. 9 – Ajuste dos pontos fornecidos pela balança para adsorção de butano no carvão WV1050
na temperatura de 30 °C.
IV. 3.1. Isotermas de Quantidade Adsorvida Absoluta e em Excesso
As isotermas de quantidade adsorvida absoluta foram obtidas por ajuste dos pontos
experimentais pelo método dos mínimos quadrados com uso do algoritmo de Levenberg-
Marquardt. O modelo de isoterma utilizado foi o de Unilan seguindo a abordagem de Do e Do
(2003).
Vale notar que os experimentos tiveram a escala de pressão limitada pelas pressões de
saturação dos gases nas temperaturas utilizadas. Obviamente, os experimentos com propano e
butano foram conduzidos em pressões bem menores que com metano (supercrítico) e etano.
As Figuras IV.10, IV.11, IV.12 e IV.13 exibem as isotermas de massa absoluta
adsorvida de metano, etano, propano e butano na amostra WV1050 em diversas condições de
temperatura e pressão.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
74
020406080
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
Metano
massa adsorvida absoluta por massa de carvão (g/g)
pressão (bar)
10 °C
20 °C
30 °C
40 °C
60 °C
80 °C
Figura IV. 10 – Isotermas de massa adsorvida absoluta de metano no carvão WV1050 nas
temperaturas de10, 20, 30, 40, 60 e 80 °C.
0 5 10 15 20 25 30
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
massa adsorvida absoluta por massa de carvão (g/g)
Etano
pressão (bar)
10 °C
20 °C
25 °C
30 °C
Figura IV. 11 – Isotermas de massa adsorvida absoluta de etano no carvão WV1050 nas temperaturas
de10, 20, 25 e 30 °C.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
75
012345678
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Propano
massa adsorvida absoluta por massa de carvão (g/g)
pressão (bar)
20 °C
30 °C
Figura IV. 12 – Isotermas de massa adsorvida absoluta de propano no carvão WV1050 nas
temperaturas de 20 e 30 °C.
0,00,20,40,60,81,01,21,4
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
pressão (bar)
20 °C
Butano
massa adsorvida absoluta por massa de carvão (g/g)
Figura IV. 13 – Isoterma de massa adsorvida absoluta de butano no carvão WV1050 na temperatura
de 30 °C.
As isotermas das quantidades adsorvidas em excesso foram medidas, ou seja, não
houve necessidade de cálculos, estimativas e ajuste de parâmetros, fazendo a devida correção
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
76
do empuxo para os gases metano, etano, propano e butano conforme os procedimentos
descritos no Capítulo III.
As Figuras IV.14, IV.15, IV.16 e IV.17 exibem as isotermas de massa adsorvida em
excesso de metano, etano, propano e butano na amostra WV1050 em diversas condições de
temperatura e pressão.
0 10203040506070
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
carvão: WV1050 - Westvaco
Metano
massa de excesso por massa de carvão (g/g)
pressão (bar)
10
0
C
20
0
C
30
0
C
40
0
C
60
0
C
80
0
C
Figura IV. 14 – Isotermas de massa adsorvida em excesso de metano no carvão WV1050 nas
temperaturas de10, 20, 30, 40, 60 e 80 °C.
0 5 10 15 20 25 30 35
-0,05
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
carvão: WV1050 - Westvaco
Etano
massa de excesso por massa de carvão (g/g)
pressão (bar)
10
0
C
20
0
C
25
0
C
30
0
C
Figura IV. 15 – Isotermas de massa adsorvida em excesso de etano no carvão WV1050 nas
temperaturas de10, 20, 25 e 30 °C.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
77
01234567
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
carvão: WV1050 - Westvaco
Propano
massa de excesso por massa de carvão (g/g)
pressão (bar)
20
0
C
30
0
C
Figura IV. 16 – Isotermas de massa adsorvida em excesso de propano no carvão WV1050 nas
temperaturas de 20 e 30 °C.
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
30
0
C
carvão: WV1050 - Westvaco
Butano
massa em excesso por massa de carvão (g/g)
pressão (bar)
Figura IV. 17 – Isoterma de massa adsorvida em excesso de butano no carvão WV1050 na
temperatura de 30 °C.
Como era de se esperar e pôde-se constatar, o aumento da temperatura tende a
desfavorecer o fenômeno da adsorção.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
78
IV. 3.2. Comparativos
Como a escala de pressão utilizada foi diferente para cada gás, devido às limitações
impostas pelas pressões de saturação, é conveniente exibir os comparativos numa mesma
escala de pressão em que todas as isotermas dos gases pudessem ser mais facilmente
visualizadas. Desta forma, as quantidades adsorvidas foram plotadas contra uma escala de
pressão relativa, razão entre a pressão real e a pressão de saturação (
0
p ), de cada gás em cada
temperatura.
Porém, como o metano encontra-se no estado supercrítico, uma estimativa
fenomenológica de
0
p para esta condição foi utilizada (Dubinin, 1975):
2
0
=
c
c
T
T
pp
(IV. 8)
sendo
p
c
a pressão crítica e T
c
a temperatura crítica do gás.
As Figuras IV.18 exibe as isotermas de massa adsorvida absoluta de metano contra a
pressão relativa. Para os demais gases temos as mesmas isotermas das Figuras IV.11, IV.12 e
IV.13, porém numa escala diferente de pressão.
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
massa adsorvida absoluta por massa de carvão (g/g)
Metano
pressão relativa
10 °C
20 °C
30 °C
40 °C
60 °C
80 °C
Figura IV. 18 – Massa adsorvida absoluta de metano versus pressão relativa no carvão WV1050 nas
temperaturas de10, 20, 30, 40, 60 e 80 °C.
A Figura IV.19 demonstra um comparativo das massas absolutas e a Figura IV.20 faz
o comparativo para as massas em excesso na temperatura de 30 °C.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
79
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
Etano
massa adsorvida por massa de carvão (g/g)
pressão relativa
Butano
Propano
Metano
Figura IV. 19 – Comparativo das massas adsorvidas absolutas dos gases no carvão WV1050.
-0,1 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
T = 30
0
C
massa de excesso por massa de carvão (g/g)
pressão relativa
Metano
Etano
Propano
Butano
Figura IV. 20 – Comparativo das massas adsorvidas em excesso dos gases versus pressão relativa no
carvão WV1050 na temperatura de 30 °C.
Ficou claro com os gráficos que quanto maior a cadeia carbônica e conseqüente menor
pressão de saturação numa dada temperatura, maior tende a ser a massa adsorvida devido à
maior facilidade de condensação. Apesar dos componentes mais pesados normalmente
estarem disponíveis em concentrações bastante inferiores no gás natural, pode-se entender que
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
80
estes têm maior afinidade pelo adsorvente e são mais dificilmente removidos de seus poros,
fenômeno que aos poucos tende a saturar o meio poroso e diminuir sua eficiência.
Como explicado em seções anteriores, a quantidade adsorvida em excesso é uma
grandeza medida além de ser uma característica do sistema, enquanto que a absoluta deve ser
calculada através de ajuste de parâmetros, o que pode ocasionar desvios e estimativas
equivocadas a depender do modelo de isoterma adotado.
IV. 3.3. Análise da Correção do Empuxo
Nesta seção é feita uma rápida análise da necessidade de se corrigir o empuxo em
experimentos gravimétricos, comparando os dados fornecidos pela balança com aqueles
corrigidos numa mesma temperatura e escala de pressão.
A Figura IV.21 exibe estas comparações feitas para o propano e o butano a 30 °C.
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
T = 30
0
C
Δm e massa em excesso (g/g)
pressão relativa
experimental (Propano)
correção do empuxo (Propano)
experimental (Butano)
correção do empuxo (Butano)
Figura IV. 21 – Comparações dos dados obtidos diretamente pela balança (Δm) com os corrigidos
(massa em excesso) para o propano e butano a 30 °C.
O fato dos componentes mais pesados apresentarem pressões de vapor mais baixas nos
força a trabalhar a baixas pressões e com isso, menores densidades de gás são geradas no
interior da célula de medição, fazendo com que a influência do empuxo seja menos
significante.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
81
No caso do metano, comparando a Figura IV.6 com a IV.14, percebe-se nitidamente a
necessidade da correção pela diferença que há entre o perfil das curvas em cada gráfico. Para
o propano, na Figura IV.21 observa-se que na faixa de pressão inicial pode-se dispensar esta
correção e para o caso do butano, na mesma figura, com o qual trabalhamos a pressões bem
menores, a correção do empuxo não conduziu a resultados muito diferentes daqueles dados
fornecidos diretamente pela balança.
IV. 4. Determinação dos Coeficientes do Virial
A equação do Virial é um modelo de representação da massa adsorvida absoluta em
relação à temperatura e pressão. Sendo assim as isotermas de massa absoluta do metano
(Figura IV.10) foram plotadas conforme a Figura IV.22.
-0,02 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16
15,5
16,0
16,5
17,0
17,5
18,0
Isotermas de Equilíbrio de Adsorção
Ajuste pela Equação do Virial
80
o
C
60
o
C
40
o
C
30
o
C
20
o
C
10
o
C
q (g/g)
ln(p/q)
Figura IV. 22 – Isotermas de quantidade adsorvida absoluta de metano plotadas de acordo com as
coordenadas exigidas pela equação do Virial nas temperaturas de 10, 20, 30, 40, 60 e 80 °C.
Os coeficientes da equação do Virial foram obtidos através do ajuste das curvas pelo
método dos mínimos quadrados (Levenberg-Marquardt) e foram sumarizados na Tabela IV.5.
Após o ajuste, os coeficientes foram inseridos na equação, a qual foi comparada com
cada curva isoterma obtida pelo modelo de Unilan na Figura IV.23.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
82
Tabela IV. 5 – Coeficientes da equação do Virial para metano.
Coeficiente Valor
k1 20.96792
k2 -1480.27986
k3 13.59576
k4 -788.31828
0 10203040506070
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
quantidade adsorvida absoluta (g/g)
P (bar)
10 °C
20 °C
30 °C
40 °C
60 °C
80 °C
Figura IV. 23 – Quantidade adsorvida absoluta dada pelo ajustes de Unilan (pontos) e pela equação
do Virial (linhas).
De forma geral, o novo ajuste foi compatível com o anterior, havendo maiores desvios
principalmente na temperatura de 20 °C.
IV. 5. Densidade de Armazenamento e Disponibilidade
A densidade de armazenamento e a disponibilidade foram calculadas de acordo com a
metodologia descrita anteriormente e os resultados para a amostra WV1050 nas temperaturas
de 20 e 30 °C são apresentados nas Figuras IV.24 e IV.25, respectivamente.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
83
20 30 40 50 60 70 80
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
T = 20
o
C
densidade dearmazenamento e disponibilidade (v/v)
pressão (bar)
Densidade de Armazeamento
Disponibilidade
Figura IV. 24 – Densidade de armazenamento e disponibilidade de metano a 20 °C.
20 30 40 50 60 70 80
40
50
60
70
80
90
100
110
120
densidade de armazenamento e disponibilidade (v/v)
pressão (bar)
Densidade de Armazenamento
Disponibilidade
T = 30
o
C
Figura IV. 25 – Densidade de armazenamento e disponibilidade de metano a 30 °C.
Como observado nas figuras, as densidades de armazenamento e disponibilidade a 20
ºC e 40 bar são, respectivamente 78 e 72 v/v. Já esses resultados para temperatura de 30 ºC e
40 bar são, respectivamente, 73 e 68 v/v.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
84
Em comparação aos resultados obtidos por Araújo (2004) estes valores são
significativamente menores, indicando que o carvão WV1050 tem menor potencial para esta
finalidade de armazenamento de metano.
IV. 6. Calor Isostérico de Adsorção
As isotermas de excesso para o metano foram novamente plotadas contra a pressão na
Figura IV.26, na qual foram destacadas as massas de excesso constantes para determinação
dos valores de pressão correspondentes para cada temperatura. Posteriormente, são
construídas as isosteras de adsorção do metano (Figura IV.27), cujos coeficientes angulares
representam o calor de adsorção para uma dada massa de excesso constante.
-10 0 10 20 30 40 50 60 70
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
massa de excesso por massa de carvão (g/g)
pressão (bar)
10
o
C
20
o
C
30
o
C
40
o
C
60
o
C
80
o
C
Figura IV. 26 – Isotermas de adsorção em excesso de metano.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
85
2,8 2,9 3,0 3,1 3,2 3,3 3,4 3,5 3,6
2,718
7,389
20,086
54,598
pressão (bar)
T
-1
(K
-1
) x 1000
m
ex
= 0.03
m
ex
= 0.04
m
ex
= 0.06
m
ex
= 0.07
Linear Fit of m
ex
= 0.03
Linear Fit of m
ex
= 0.04
Linear Fit of m
ex
= 0.06
Linear Fit of m
ex
= 0.07
Figura IV. 27 – Isosteras de adsorção de metano.
Com os pontos obtidos a partir das isosteras, constrói-se o gráfico do calor isostérico
de adsorção com a massa de excesso para o metano (Figura IV.28).
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08
0
5
10
15
20
25
calor isostérico de adsorção (KJ/mol)
m
ex
(g/g)
Figura IV. 28 – Calor isostérico de adsorção de metano.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
86
O calor médio calculado foi de 15,304 kJ.mol
-1
ou 954,0 kJ.kg
-1
. Os dados da literatura
normalmente reportam valores entre 11 e 25 kJ.mol
-1
. Quanto maior o calor de adsorção,
maior tende a ser a interação adsorbato-adsorvente além de maiores efeitos térmicos num vaso
de GNA. Isto pode levar a crer que menores calores de adsorção tendem a ser mais
interessantes para propósitos de armazenamento, pois se a afinidade é menor, mais facilmente
o gás retido deverá ser liberado na descarga para uso.
Para complementar a ilustração, os gráficos e cálculos dos calores isotéricos de
adsorção do etano e propano encontram-se expostos no Anexo 3.
IV. 7. Carga e Descarga
Com o propósito de validar o modelo matemático elaborado para simular processos de
carga e descarga de gás natural em um reservatório preenchido com carvão ativado,
inicialmente foi realizado todo um procedimento experimental utilizando o próprio gás para
que os resultados fossem comparados com as simulações.
No entanto, o
software utilizado para compilar o modelo tinha suas limitações e
somente foram utilizados parâmetros de equilíbrio de adsorção de metano, componente em
maior concentração no gás natural.
Como será descrito nos itens a seguir, os resultados obtidos com o uso de gás natural
no protótipo não foram satisfatórios, pelos motivos que também serão apresentados, e desta
forma, uma outra batelada experimental mais representativa foi realizada com o uso de
metano puro no vaso.
Visto que o modelo aqui descrito pôde ser considerado adequado, dentro de certos
aspectos, para simulação com metano, a aquisição de uma nova versão do
software que
permita a entrada de maior número de parâmetros e equações diferenciais possibilitará
melhores resultados para a simulação com gás natural.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
87
IV. 7.1. Experimentos com Gás Natural
Os resultados obtidos para a simulação com o modelo matemático para metano e os
dados experimentais levantados com gás natural no protótipo são aqui comparados. A Figura
IV.29 apresenta a quantidade armazenada no cilindro num ciclo de carga, calculada através do
modelo e medida experimentalmente. Para este experimento, verifica-se que o valor simulado
e o obtido experimentalmente diferem de até 18%. Vale ressaltar que os dados de equilíbrio
alimentados ao simulador como dados de entrada foram obtidos na balança de suspensão
magnética Rubotherm utilizando metano puro. A utilização de GN (85% de metano) nos
experimentos com o protótipo e, possivelmente, uma regeneração incompleta do leito
adsorvente (que não removeu todo gás inicialmente armazenado), são fatores que podem ter
conduzido a esses resultados. Nota-se também que, devido às características de
permeabilidade do leito, uma fração significativa de carregamento e descarregamento ocorre
nos primeiros quinze minutos do ciclo. Após este período o ganho ou perda de massa é cada
vez mais lento. Entretanto, após 200 minutos, o valor atingido em ambos os gráficos está
praticamente constante e próximo do valor final de equilíbrio (1,35 kg para a carga e 0,094 kg
para a descarga).
0 50 100 150 200 250 300
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
Massa (kg)
Tempo (min)
Dados Experimentais
Simulação
Figura IV. 29 – Quantidade de gás natural armazenada no cilindro como função do tempo durante um
ciclo de carga, calculada segundo o modelo e medida experimentalmente.
A Figura IV.30 mostra a quantidade total de gás no reservatório como função do
tempo num ciclo de descarga. Pode-se observar que os resultados obtidos são próximos e
tendem a se tornar constantes à medida que o tempo de descarga aumenta.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
88
0 50 100 150 200 250 300
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
Massa (kg)
Tempo (min)
Dados Experimentais
Simulação
Figura IV. 30 – Quantidade de gás natural armazenada no cilindro como função do tempo durante um
ciclo de descarga, calculada segundo o modelo e medida experimentalmente.
As Figuras IV.31 e IV.32 mostram o comportamento da pressão como função do
tempo num ciclo de carga e num ciclo de descarga. Pode-se observar que os resultados
obtidos experimentalmente e simulados são muito próximos e tendem a se tornar constantes à
medida que o tempo de carga ou descarga aumenta. Note que o comportamento da pressão em
ambos os experimentos reflete os efeitos de carga e descarga rápidos.
0 50 100 150 200 250 300
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Pressão (bar)
Tempo (min)
Dados Experimentais
Simulação
Figura IV. 31 – Pressão no cilindro como função do tempo durante um ciclo de carga, calculada
segundo o modelo e medida experimentalmente.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
89
0 50 100 150 200 250 300
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Presão (bar)
Tempo (min)
Dados Experimentais
Simulação
Figura IV. 32 – Pressão no cilindro como função do tempo durante um ciclo de descarga, calculada
segundo o modelo e medida experimentalmente.
A Figura IV.33 mostra a evolução da temperatura média no cilindro durante um ciclo
de carga, tanto calculada pelo modelo quanto medida experimentalmente.
0 50 100 150 200 250 300
295
300
305
310
315
320
325
330
335
Temperatura Média (K)
Tempo (min)
Dados Experimentais
Simulação
Figura IV. 33 – Temperatura Média no cilindro como função do tempo durante um ciclo de carga,
calculada segundo o modelo e medida experimentalmente.
Observa-se que a temperatura média simulada aumenta rapidamente cerca de 40 ºC,
nos primeiros minutos, após o que cai rapidamente na primeira hora seguinte. Após essa
primeira hora, a temperatura cai suavemente em direção à temperatura ambiente. A
temperatura observada experimentalmente tem um comportamento muito semelhante à
simulada nos instantes iniciais. Nos primeiros minutos há um aumento de cerca de 20 ºC na
temperatura medida. Depois, a temperatura passa a cair suavemente em direção à temperatura
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
90
ambiente. Isto reflete num ganho suave da quantidade armazenada observada após os minutos
iniciais (veja Figura IV.30). Observa-se que, à medida que o tempo aumenta, embora haja
qualitativamente um comportamento semelhante entre os valores experimentais e simulados,
os valores quantitativos em cada instante são visualmente distintos.
A Figura IV.34 mostra a evolução da temperatura média durante um ciclo de
descarga. Observa-se que o modelo prevê uma queda de temperatura de cerca de 30 °C, nos
minutos iniciais, após o que a temperatura aumenta rapidamente na primeira hora, passando a
aumentar suavemente em direção à temperatura da vizinhança. Isto reflete numa quantidade
de massa liberada do cilindro lentamente observada após esses instantes iniciais (veja Figura
IV.29).
0 50 100 150 200 250 300 350
270
275
280
285
290
295
300
305
310
315
Temperatura Média (K)
Tempo (min)
Dados Experimentais
Simulação
Figura IV. 34 – Temperatura Média no cilindro como função do tempo durante um ciclo de descarga,
calculada segundo o modelo e medida experimentalmente.
Na medida em que o tempo aumenta, os valores quantitativos em cada instante são
visualmente distintos, embora haja qualitativamente um comportamento semelhante entre os
valores experimentais e simulados, como observados para o ciclo de carga. Esta disparidade
entre a evolução de temperatura prevista pelo modelo e aquela medida experimentalmente
pode ter essencialmente duas origens. Em primeiro lugar, pode ser devida ao fato já levantado
de se terem realizados experimentos com gás natural no protótipo, ao passo que os dados
fundamentais de adsorção fornecidos ao simulador foram obtidos para o metano puro. Além
disso, os hidrocarbonetos mais pesados que o metano presentes no gás natural (15%)
difundem com maior dificuldade no carvão ativado e não são adsorvidos instantaneamente
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
91
como ocorre com o metano. Esta resistência à difusão, não contemplada pelo modelo
apresentado, normalmente tem o efeito de dispersar perfis de temperatura e concentração em
problemas transientes de fenômenos de transportes, como é tipicamente o caso dos ciclos de
carga e descarga de GNA. Para se avaliar o efeito do gás natural sobre esta discrepância
observada, devem-se realizar novos experimentos no vaso protótipo com metano puro.
A segunda explicação para a diferença entre dados teóricos e experimentais de
temperatura está na estimativa incorreta dos parâmetros de transferência de energia,
especificamente a capacidade calorífica do sólido, Cp
s
, e a condutibilidade térmica do leito, λ.
No presente caso, os valores alimentados ao simulador foram reportados em publicações da
literatura (Biloé et al., 2001) que, apesar de tratarem do problema de armazenamento de GNA
em reservatórios, não utilizaram o mesmo adsorvente. Mesmo o grau de umidade presente
num carvão pode alterar significativamente a sua capacidade calorífica em relação ao carvão
seco. Percebe-se, nas Figuras IV.32 e IV.33, que as diferenças máximas de temperatura, tanto
na carga quanto na descarga, são sempre de menor magnitude nos experimentos em relação ao
que se prevê no simulador. Se a capacidade calorífica real do carvão for maior que o valor
alimentado ao simulador, a tendência é que a curva teórica obtida com o valor real seja mais
próxima da obtida experimentalmente. Em outras palavras, para um valor maior de
capacidade calorífica, a temperatura simulada não subiria tanto na carga e não desceria tanto
na descarga como ocorre nas curvas simuladas das Figuras IV.32 e IV.33. De igual modo, se
o valor da condutibilidade térmica real do leito for diferente daquele alimentado ao simulador,
a velocidade de retorno à temperatura ambiente também pode variar significativamente e
aproximar-se do andamento obtido experimentalmente. Num exercício de abstração, os
valores de Cp
s
e λ foram modificados para 2600 J.kg
-1
.K
-1
(dobro) e 0,3 Watt.m
-1
.K
-1
(50%
maior), respectivamente. A nova curva de temperatura obtida pelo simulador está ilustrada na
Figura IV.35, juntamente com a curva experimental. Verifica-se uma concordância bastante
satisfatória. As curvas de quantidade armazenada e pressão não se alteram perceptivelmente.
Entretanto, para confirmar esta hipótese, faz-se necessário realizar experimentos
independentes de determinação destes parâmetros.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
92
0 50 100 150 200 250 300
285
290
295
300
305
310
315
Temperatua Média (K)
Tempo (min)
Simulação
Dados Experimentais
Figura IV. 35 – Temperatura Média no cilindro como função do tempo durante um ciclo de descarga,
calculada segundo o modelo com parâmetros modificados e medida experimentalmente.
Os parâmetros de entrada destas simulações comparadas com experimentos com gás
natural são dados na Tabela IV.6.
Tabela IV. 6 – Parâmetros de entrada do modelo para os experimentos com GN.
c
pg
(J/kg K) 2450 P
atm
(MPa) 1,0131x10
+5
c
ps
(J/kg K) 1300 R (kJ/mol K) 8,3145
C
w
(J/m
3
K) 3,92x10
+6
R
0
(m) 0,103
e
W
(m) 0,003 R
i
(m) 0,0127
h
W
(W/m
2
K) 20 R
p
(m) 0,5x10
-3
α’ (kg/m
3
s)
(
)
23
2
.
1
150
pb
b
D
ε
ε
μ
T
amb
300
k
1
20,9679 T
eq
293 ou 303
k
2
-1480,27986
ΔH (kJ/kg)
-954,0
k
3
13,59576
ε
b
0,565
k
4
-788,31828
ε
c
0,646
L (m) 0,90
λ (W/m K)
0,2
M (kg/mol)
16,04x10
-3
μ (kg/m s)
1,25x10
-5
P
0
(MPa)
3,66x10
+6
ρ
b
(kg/m
3
)
300
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
93
IV. 7.1.1. Composição da Fase Adsorvida após Um Ciclo de Carga
Para ilustrar o fenômeno da adsorção do gás natural, a composição da fase adsorvida
após um ciclo de carga em um leito do carvão WV1050 foi indiretamente determinada através
de duas análises cromatográficas: (1) análise do gás natural no cilindro-pulmão e (2) análise
de uma amostra da fase gasosa no protótipo após o equilíbrio de adsorção ter sido atingido
(cerca de 4 horas) num ciclo de carga. As análises foram realizadas no Laboratório de
Caracterização Química do CTGás em Natal - RN.
A Tabela IV.7 exibe as frações volumétricas e mássicas de cada componente antes e
após o equilíbrio de adsorção ser atingido.
Dispondo das características do leito e da partícula, além dos dados medidos
experimentalmente, com auxílio de um editor de planilhas eletrônicas foram realizados os
balanços de massa para cada componente do gás natural. Para que os cálculos pudessem ser
realizados, assumiu-se que a adsorção dos componentes ocorria apenas nos microporos das
partículas de carvão (valor conhecido, calculado anteriormente), de forma que em todo o
volume de vazios restante o gás estaria apenas comprimido e exibindo comportamento ideal.
As massas moleculares totais antes e após o equilíbrio ter sido atingido foram determinadas
pelo cromatógrafo. A temperatura e pressão foram medidas e todo o fracionamento da massa
para cada componente ocorreu a partir da massa total medida pela balança (1350,0 g).
A massa adsorvida de cada espécie é igual à diferença entre o valor medido antes do
carregamento e o valor após o estabelecimento do equilíbrio, o que pode ser observado na
Tabela IV.8.
Tabela IV. 7 – Dados de caracterização química do gás natural antes da carga e após o equilíbrio de
adsorção ter sido atingido.
Gás no Cilindro-Pulmão Gás após Equilíbrio
Massa Molar % v/v % m/m % v/v % m/m
N
2
28,01 1,230 1,87 1,716 2,79
CO
2
44,01 1,490 3,57 0,881 2,25
CH
4
16,04 86,016 75,08 92,749 86,46
C
2
H
6
30,07 10,278 16,81 4,337 7,58
C
3
H
8
44,10 0,750 1,80 0,255 0,65
n-C
4
H
10
58,12 0,082 0,26 0,026 0,09
i-C
4
H
10
58,12 0,050 0,16 0,017 0,06
n-C
5
H
12
72,15 0,020 0,08 0,004 0,02
i-C
5
H
12
72,15 0,022 0,09 0,004 0,02
C
6
H
14
>> 86,18 0,061 0,29 0,012 0,06
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
94
Tabela IV. 8 – Cálculo da massa adsorvida pela diferença entre a massa inicial e a massa no
equilíbrio. O percentual indica quanto da massa inicial foi adsorvida.
M Inicial (g) M no Equilíbrio (g) M Adsorvida (g) % da Massa Adsorvida
N
2
25,31 13,65 11,66 46,08
CO
2
48,16 11,01 37,16 77,15
CH
4
1013,57 422,38 591,19 58,33
C
2
H
6
227,00 37,02 189,98 83,69
C
3
H
8
24,29 3,19 21,10 86,86
n-C
4
H
10
3,50 0,43 3,07 87,75
i-C
4
H
10
2,13 0,28 1,85 86,86
n-C
5
H
12
1,06 0,08 0,98 92,27
i-C
5
H
12
1,17 0,08 1,08 92,97
C
6
H
14
>> 3,86 0,29 3,57 92,38
Total
1350,0 488,4 861,6 63,82
Percebe-se claramente a maior tendência dos hidrocarbonetos mais pesados de serem
mais facilmente adsorvidos, visto que o percentual de massa retida em relação à que entra
aumenta proporcionalmente com o aumento da cadeia carbônica. Esta evidência fortalece a
justificativa de se analisar os efeitos da composição e dos ciclos contínuos de carga e descarga
sobre a eficiência do reservatório de GNA.
IV. 7.2. Experimentos com Metano Puro
Numa outra batelada de experimentos, o protótipo enchido com a mesma amostra de
carvão regenerado foi carregado com metano puro, ao invés de gás natural, de acordo com o
procedimento previamente descrito. Os dados experimentais de pressão, massa armazenada e
temperatura média no vaso são confrontados com simulações do modelo matemático, para o
qual os valores dos parâmetros usados são mostrados na Tabela IV.9.
Durante o ciclo de carga, a pressão medida em ambos os sensores era
aproximadamente a mesma, indicando alta permeabilidade do meio poroso. A pressão
aumenta rapidamente, como pode ser visto na Figura IV.36. Os pontos adquiridos são dados
experimentais enquanto que a curva é resultado da simulação do modelo. Pode-se observar
que a simulação representa muito bem o experimento, com exceção dos primeiros pontos para
os quais o modelo não reproduz o pico de pressão. Isto se deve à condição de contorno de
pressão constante que não reflete o fato da pressão variar quando o fluxo gasoso está entrando
no reservatório.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
95
Tabela IV. 9 – Parâmetros de entrada do modelo para os experimentos com metano.
c
pg
(J/kg K)
d
2450 R
0
(m) 0.103
c
ps
(J/kg K)
b
1375 R
i
(m) 0.0127
C
w
(J/m
3
K) 3.92x10
+6
R
p
(m) 0.5x10
-3
e
w
(m) 0.003 T
amb
(K)
carga
306
h
w
(W/m
2
K)
b
20 T
amb
(K)
descarga
300
α’ (kg/m
3
s)
(
)
23
2
.
1
150
pb
b
D
ε
ε
μ
T
eq
(K) 293 or 303
k
1
a
20.9679 T
ref
(K) 293
k
2
a
-1480.27986
ΔH (J/kg)
a
-975.31x10
3
k
3
a
13.59576
ε
b
a
0.592
k
4
a
-788.31828
ε
c
a
0.713
L (m) 0.90
λ (W/m K)
d
0,212
M (kg/mol)
16.04x10
-3
μ (kg/m s)
c
1.25x10
-5
P
cg
(MPa) (valor
típico)
3.66x10
+6
ρ
b
(kg/m
3
)
a
280
P
atm
(MPa) 1.0131x10
+5
V (cm
3
/g)
a
1.030
R (kJ/mol K) 8.3145 V
mic
(cm
3
/g)
a
0.761
a
Calculados neste trabalho;
b
Biloé et al. (2001b);
c
Mota et al. (1997b);
d
Chang e Talu (1996)
0 50 100 150 200 250 300
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Dados Experimentais
Simulão
pressão (bar)
tempo (min)
Figura IV. 36 – Dados experimentais e simulados para a pressão no interior do cilindro com função
do tempo durante um ciclo de carga.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
96
Deve-se considerar também que possíveis erros experimentais no cálculo da densidade
de empacotamento podem ter sido a causa da discrepância inicial. Em outras palavras, o leito
real pode estar empacotado de forma menos densa do que a assumida pelo modelo. Na
realidade, o procedimento de enchimento é executado pela alimentação da amostra adsorvente
através de um orifício central (Figura III.5), seguida de vibrações e suaves marteladas no
recipiente. Infelizmente, não há como ter certeza de que não há formação de espaços vazios
no interior do reservatório.
A Figura IV.37a exibe a temperatura média experimental no leito, calculada a partir
das temperaturas medidas em cada um dos quatro sensores localizados em diferentes posições
radiais (veja Figura IV.37b).
Os resultados de simulação e dados experimentais coincidem muito bem nos minutos
iniciais e depois de 75 minutos. Entretanto, os resultados simulados mostram um aumento de
temperatura mais alto que o obtido experimentalmente. Isto pode estar relacionado à variação
do calor de adsorção com a massa adsorvida, a qual foi considerada como um valor médio
para todo o vaso por propósitos de simulação.
Também pode-se dizer que este comportamento seria esperado uma vez que o valor do
parâmetro de entrada do modelo para a densidade de empacotamento fosse realmente maior
do que o real no vaso protótipo.
A Figura IV.38 mostra a evolução da massa armazenada com o tempo, onde pode-se
observar boa concordância entre os dados experimentais e simulados.
Quando a temperatura dentro do recipiente é estabilizada, um ciclo de descarga é
iniciado abrindo-se a válvula de entrada para a atmosfera (0.1 MPa). Os dois sensores de
pressão também mediram valores aproximadamente iguais ao longo da corrida. A Figura
IV.39 exibe a evolução de pressão medida por um dos sensores comparada à simulada, a qual
se aproxima bastante dos dados experimentais. A Figura IV.40a demonstra o perfil da
temperatura média dentro do recipiente durante descarga, calculada como uma média dos
quatro termopares (veja Figura IV.40b).
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
97
(a)
0 50 100 150 200 250 300
300
305
310
315
320
325
330
temperatura média (K)
tempo (min)
Dados Experimentais
Simulação
(b)
0 50 100 150 200 250 300
295
300
305
310
315
320
325
330
Profundidade
temperatura média (K)
tempo (min)
14 mm
39 mm
64 mm
89 mm
Figura IV. 37 – Dados de temperatura para o ciclo de carga . (a) Experimentos e simulações para a
temperatura média dentro do cilindro. (b) Dados experimentais de temperatura dentro do cilindro
medidas com os quatro termopares.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
98
0 50 100 150 200 250 300
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
Dados Experimentais
Simulação
tempo (min)
massa armazenada (kg)
Figure IV. 38 – Dados experimentais e simulados para a quantidade armazenada com função do
tempo durante um ciclo de carga.
0 50 100 150 200 250 300
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Dados Experimentais
Simulação
tempo (min)
pressão (bar)
Figure IV. 39 – Dados experimentais e simulados para a pressão no interior do cilindro com função
do tempo durante um ciclo de descarga.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
99
(a)
0 50 100 150 200 250 300
275
280
285
290
295
300
305
310
Dados Experimentais
Simulação
temperatura média (K)
tempo (min)
(b)
-50 0 50 100 150 200 250 300 350 400
275
280
285
290
295
300
305
310
315
Profundidade
tempo (min)
temperatura média (K)
14 mm
39 mm
64 mm
89 mm
Figura IV. 40 – Dados de temperatura para o ciclo de descarga . (a) Experimentos e simulações para a
temperatura média dentro do cilindro. (b) Dados experimentais de temperatura dentro do cilindro
medidas com os quatro termopares.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
100
A Figura IV.41 mostra o histórico de massa armazenada durante descarga. Uma boa
concordância entre dados experimentais e simulados é observada. Estas evidências tiradas das
Figuras IV.39 e IV.41 sugerem que a densidade de empacotamento do leito foi, de fato,
corretamente estimada. A discrepância observada no período de carga se deve mais
provavelmente aos efeitos térmicos.
0 50 100 150 200 250 300
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
Dados Experimentais
Simulação
tempo (min)
massa armazenada (kg)
Figura IV. 41 – Dados experimentais e simulados para a quantidade armazenada com função do
tempo durante um ciclo de descarga.
Como um todo, no entanto, pode-se dizer que o modelo foi capaz de prever
razoavelmente bem os dados medidos nos ciclos de carga e descarga.
IV. 7.3. Simulação com Outro Carvão Ativado
Como comentado anteriormente, a eficiência de um vaso de armazenamento de GNA
depende essencialmente do material poroso que compõe o leito adsorvente. Para ilustrar este
fato uma outra simulação foi feita utilizando outros parâmetros de entrada obtidos através dos
dados de equilíbrio de adsorção de outro carvão ativado, o SRD-21, previamente estudado por
Araújo (2004). O perfil da massa armazenado com o tempo para as simulações com os dois
carvões foi exposto na Figura IV.42.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
101
0 50 100 150 200 250 300
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
massa armazenada (kg)
tempo (min)
SRD-21
WV1050
Figura IV. 42 – Simulações de massa armazenada com o tempo para os carvões SRD-21 e WV1050.
Pode-se verificar que a diferença atingida de massa armazenada chega a ser
aproximadamente 22%, um valor bastante significativo, indicando o melhor potencial de
armazenamento da amostra SRD-21 da empresa britânica
Sutcliffe Speakman Carbons LTD.
IV. 8. Estudo dos Efeitos das Características Texturais
Apesar do carvão WV1050 ter sido utilizado neste trabalho devido à sua
disponibilidade em quantidade suficiente para preencher o protótipo, foram avaliadas outras
amostras de carvão ativado quanto ao seu potencial para armazenamento, buscando relacionar
as características texturais com as propriedades de adsorção.
Os carvões estudados foram expostos à pressão máxima de aproximadamente 70 bar
durante os processos de adsorção. Cada um desses adsorventes foi previamente caracterizado
com auxílio do Autosorb-1. Os resultados dessas análises estão sumarizados na Tabela IV.10
sendo a amostra C4 correspondente ao carvão WV1050.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
102
Tabela IV. 10 – Características texturais dos carvões utilizados.
Amostra
Área Superficial
Específica
(m
2
.g
-1
)
Volume de Microporos
(cm
3
.g
-1
)
Tamanho Médio de
Poros (Å)
C1 5,6 0,0236 15
C2 1522 0,6743 15
C3 1261 0,5500 17
C4 1615 0,7610 25
C5 1972 0,8946 19
C6 2046 1,1226 25
C7 1512 0,7930 12
C8 1301 0,7117 14
C9 1052 0,5760 14
A densidade de empacotamento de um leito teórico foi calculada para cada amostra e
exposta na Tabela IV.11.
Tabela IV. 11 – Densidade de empacotamento teórica dos carvões.
Amostra Densidade de Empacotamento (g.cm
-3
)
C1 0,4615
C2 0,2817
C3 0,3329
C4 0,3119
C5 0,3317
C6 0,3000
C7 0,3233
C8 0,3193
C9 0,3261
A partir da metodologia descrita no Capítulo III, foram obtidas as isotermas de
adsorção e curvas de massa armazenada e volume armazenado em função da pressão e da
temperatura, conforme ilustrado nas Figuras IV.43-IV.45, respectivamente. As Figuras IV.46-
IV.48 expressam como a quantidade adsorvida está relacionada com as características
texturais de cada amostra de carvão ativado e os respectivos valores estão sumarizados na
Tabela IV.12.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
103
Devido aos baixos valores de área superficial e volume de microporos, confirmou-se
o que era esperado para a amostra C1, que apresentou menor capacidade de armazenamento.
Entre os carvões utilizados, a amostra C5 foi a que apresentou melhor desempenho para a
adsorção de metano, superior ao da amostra C6, contrariando o que se poderia esperar, pois
C6 apresenta maior área e volume de microporos. Esse resultado mostra que outras
características, como o diâmetro médio de poros, devem ser levadas em conta em estudos
relacionados à capacidade de armazenamento e propriedades do carvão. Em relação às
amostras C5 e C6, podemos observar que, apesar de C6 ter maiores valores de área superficial
e volume de microporos, esta possui um valor de tamanho médio de poros mais alto em
relação a C5, o que pode ter influenciado em menor capacidade de adsorção. Valores
adequados para adsorção de metano estão entre 8 e 15 Å (Sun et al., 2001).
Para facilitar nossa análise, uma das propriedades foi fixada para que a variação da
quantidade adsorvida com as demais fosse observada. Desta forma, as amostras foram
divididas em grupos de áreas superficiais similares. Para o caso das amostras C5 e C6, nota-se
que mesmo com volume de microporos bem menor, a primeira apresentou diâmetro médio de
poros significativamente menor, o que favoreceu sua capacidade de armazenamento. Para o
grupo de amostras C2, C4 e C7, mais uma vez o diâmetro de poros, junto ao alto volume de
microporos, pode ter favorecido a amostra C7. Contrariando o raciocínio seguido até então,
no grupo de amostras C3, C8 e C9 não foi evidenciado nenhum fator que favorecesse a maior
capacidade de C9 e, a resposta para esta questão pode ser encontrada em outra(s)
propriedade(s). Uma hipótese para este fato pode ser uma distribuição de tamanho de poros
mais uniforme para C9, o que pode favorecer maior capacidade de adsorção (Rouquerol et al.,
1999). Também não é descartada a afinidade química apresentada pelas amostras que podem
ser significativamente diferenciadas a depender de diversos fatores como a matéria-prima e o
modo de ativação.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
104
0 1020304050607080
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
0.10
0.12
0.14
0.16
Massa de Excesso por Massa de Carvão (g/g)
P (bar)
C1
C2
C3
C4
C5
C6
C7
C8
C9
Figura IV. 43 – Isotermas de equilíbrio de adsorção para os carvões na temperatura de 30 ºC.
0 1020304050607080
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
0.10
0.12
0.14
0.16
0.18
0.20
0.22
0.24
0.26
0.28
0.30
Massa Armazenada por Massa de Carvão (g/g)
P (bar)
C1
C2
C3
C4
C5
C6
C7
C8
C9
Figura IV. 44 – Massa armazenada para os carvões na temperatura de 30 ºC.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
105
0 1020304050607080
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
140
150
Volume Armazenado por unidade de volume (cm
3
/cm
3
)
P (bar)
C1
C2
C3
C4
C5
C6
C7
C8
C9
Figura IV. 45 – Volume armazenado para os carvões na temperatura de 30 ºC.
0 500 1000 1500 2000
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
C1
C8
C3
C9
C2
C7
C4
C5
quantidade adsorvida a 35 bar e 30
o
C (g/g)
área superficial específica (m
2
/g)
C6
Figura IV. 46 – Quantidade adsorvida de gás a 35 bar e 30 ºC em relação à área superficial específica
de cada amostra.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
106
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 1,2
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
C1
quantidade adsorvida a 35 bar e 30
o
C (g/g)
volume de microporos (cm
3
/g)
C9
C3
C8
C2
C7
C4
C5
C6
Figura IV. 47 – Quantidade adsorvida de gás a 35 bar e 30 ºC em relação ao volume de microporos de
cada amostra.
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
diâmetro médio de poros (A)
quantidade adsorvida a 35 bar e 30
o
C (g/g)
o
C1
C9
C3
C8
C2
C7
C4
C5
C6
Figura IV. 48 – Quantidade adsorvida de gás a 35 bar e 30 ºC em relação ao diâmetro médio de poros
de cada amostra.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
107
Tabela IV. 12 – Dados para massa adsorvida, massa armazenada e volume armazenado a 35 bar.
Amostra
Massa Adsorvida a 35
bar
(g.g
-1
)
Massa Armazenada
a 35 bar
(g.g
-1
)
Volume Armazenado a
35 bar
(cm
3
.cm
-3
)
C1 0,0283 0,0687 48,1004
C2 0,0884 0,1600 68,3297
C3 0,0816 0,1433 69,2576
C4 0,0911 0,1586 75,1965
C5 0,1269 0,1872 94,3122
C6 0,1062 0,1644 74,7325
C7 0,1002 0,1609 79,0011
C8 0,0784 0,1442 69,2576
C9 0,0866 0,1487 73,6190
Características texturais como a área superficial específica, volume de microporos e
tamanho médio de poros certamente exercem alguma influência sobre a quantidade de gás que
um determinado adsorvente pode armazenar. Apesar de haver regras gerais para etapas de
“screening”, não se sabe se há uma influência quantificável do conjunto completo dos
parâmetros texturais sobre as propriedades de armazenamento de gás no carvão.
Das amostras de carvão ativado testadas neste trabalho, o carvão C5 foi o que
apresentou melhor desempenho para a adsorção e armazenamento de gás, mesmo exibindo
menor área superficial específica e volume de microporos em comparação ao C6. O diâmetro
médio de poros acima dos valores mais adequados para adsorção de metano (entre 8 e 12 Å)
pode ter sido um fator determinante para este acontecimento. Resultado semelhante foi obtido
com a amostra C7, que obteve um melhor desempenho comparado ao de carvões com
algumas características mais favoráveis.
Os resultados obtidos não são suficientes para indicar uma correlação entre as
características textuais apresentadas do carvão e a quantidade adsorvida. É provável que
outras características influenciem nos resultados obtidos. Ensaios de adsorção com um
conjunto consideravelmente maior de amostras seriam necessários para obtenção de uma
tendência através de estatísticas.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
Bastos Neto, Moisés
108
A partir dos presentes resultados, pode-se concluir que, embora os parâmetros
texturais sejam um bom indicador para uma etapa de “screening” inicial de materiais
adsorventes, faz-se necessário determinar as isotermas de adsorção do gás de interesse (no
caso metano) para materiais com altas áreas superficiais (acima de 1500 m
2
.g
-1
) a fim de
encontrar o adsorvente com maior capacidade de armazenamento.
CAPÍTULO V
Conclusões e Sugestões
Capítulo V – Conclusão
Bastos Neto, Moisés
110
CAPÍTULO V – CONCLUSÕES E SUGESTÕES
V. 1. Conclusões
A avaliação dos resultados obtidos neste trabalho permitiu as seguintes conclusões:
Quanto às características texturais da amostra de carvão utilizada, a área
superficial calculada foi de 1615 m
2
.g
-1
; o volume total de poros e de microporos
foram, respectivamente 1,038 e 0,761 cm
3
.g
-1
e o diâmetro médio de poros foi de 25
Å. Estas características são bem típicas de carvões referenciados na literatura para
finalidades de armazenamento de GN. Em relação à disponibilidade e densidade de
armazenamento, a amostra apresentou a 20 ºC e 40 bar, respectivamente 78 e 72 v/v.
Já esses resultados para temperatura de 30 ºC e 40 bar são, respectivamente, 73 e 68
v/v. Estes valores não são considerados ideais para o armazenamento de gás natural,
porém são salientados para relacionar à que resultados a amostra pode conduzir.
Com as isotermas de excesso, o calor médio foi calculado e o valor obtido foi de
15,304 kJ.mol
-1
, comprovando comportamento típico de adsorção física.
Com relação às simulações, quando comparadas aos experimentos com gás
natural, os resultados simulados concordam muito bem com os dados experimentais,
para a quantidade armazenada e pressão no processo de descarga, não se observando
o mesmo para o processo de carga. Isto provavelmente se dá pelo fato da
regeneração inicial do adsorvente não ter sido realmente efetiva, restando espécies
adsorvidas nos poros do carvão. Quanto ao comportamento da temperatura do leito,
embora as curvas teóricas e experimentais sejam qualitativamente semelhantes, há
diferenças significativas nos valores numéricos tanto para o ciclo de carga como
para descarga. Esta discrepância foi relacionada ao uso de gás natural nos
experimentos, ao passo em que foram usados parâmetros de entrada de metano puro
nas simulações. Outra explicação pode residir nos valores de capacidades caloríficas
do adsorvente e condutividade térmica do leito. Conclui-se também que os
fenômenos térmicos exercem um importante papel no desempenho dinâmico do
reservatório. A quantidade de gás armazenada no vaso aumenta (ciclo de carga) ou
Capítulo V – Conclusão
Bastos Neto, Moisés
111
diminui (ciclo de descarga) em até 70% nos cinco primeiros minutos. Depois disto,
pelos efeitos de dissipação térmica lenta (o carvão é um mal condutor de calor), são
necessários mais 55 minutos para que a quantidade armazenada no vaso acumule
90% da capacidade teórica num ciclo de descarga e se reduza em 87% para um ciclo
de descarga. Estratégias para aumentar as taxas de transferência de energia
(trocadores de calor, matrizes adsorventes com propriedades condutoras, etc.) devem
ser investigadas como forma de melhorar a capacidade dinâmica dos reservatórios
de GNA;
Para os estudos realizados com novas simulações e experimentos com metano
puro, os resultados foram ainda mais próximos tanto para a carga quanto para a
descarga. Os dados de pressão e quantidade armazenada foram satisfatoriamente
previstos. No entanto, a temperatura média do reservatório apresentou certa
discrepância nas comparações, por motivos atribuídos à não medição da capacidade
calorífica do carvão utilizado e da condutividade térmica do leito, valores os quais
fora extraídos da literatura. Além disso, o modelo não considera efeitos verificados
como a variação de calor de adsorção com a carga e mudança na temperatura
ambiente ao longo das corridas experimentais Apesar destes fatos, pode-se concluir
que o modelo prevê razoavelmente bem o comportamento dinâmico de ciclos de
carga e descarga de um vaso de armazenamento de GNA.
Quanto ao estudo dos efeitos das características texturais, a partir dos
resultados, pode-se concluir que, embora os parâmetros texturais sejam um bom
indicador para uma etapa de “screening” inicial de materiais adsorventes, faz-se
necessário determinar as isotermas de adsorção do gás de interesse (no caso metano)
para materiais com altas áreas superficiais (acima de 1500 m
2
.g
-1
) a fim de encontrar
o adsorvente com maior capacidade de armazenamento.
Capítulo V – Conclusão
Bastos Neto, Moisés
112
V. 2. Sugestões para Trabalhos Futuros
Para elucidar as observações experimentais díspares do modelo preditivo, a fim de
definitivamente determinar a sua validade, faz-se necessário tomar as seguintes medidas:
Aplicar modelos de equilíbrio de adsorção multicomponente que prevejam o
equilíbrio de adsorção do gás natural nas amostras de carvão estudadas a partir de
dados monocomponente;
Levantar dados experimentais de adsorção multicomponente para validação
dos modelos e utilização em simulações com misturas dos componentes e com o
próprio gás natural;
Buscar correlações teóricas e/ou empíricas disponíveis na literatura a fim de
estimar com maior precisão a capacidade calorífica do carvão e a condutibilidade
térmica do leito adsorvente. Na falta destas, implementar experimentos
independentes que permitam calcular estes parâmetros;
Realizar novos ciclos de adsorção e dessorção com amostras de carvão de
melhores capacidades no protótipo, com auxílio de uma balança mais precisa
visando avaliar mais precisamente a capacidade de armazenamento e os efeitos da
composição do GN em uso prolongado.
CAPÍTULO VI
Referências Bibliográficas
Capítulo VI - Referências Bibliográficas
Bastos Neto, Moisés
114
CAPÍTULO VI - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXO 1
“input” em linguagem gPROMS para
a carga
Anexo 1
Bastos Neto, Moisés
121
# =======================================================
# MODELO MATEMÁTICO PARA O LEITO DE GÁS NATURAL
# =======================================================
DECLARE TYPE
pressao = 1.0 : -1E20 : 1E20 # valor inicial: minimo: maximo
temperatura = 1.0 : -1E20 : 1E20 # valor inicial: minimo: maximo
concentracao = 0.1 : -1E20 : 1E20 # valor inicial: minimo: maximo
massa = 2.0 : -1E20 : 1E20 # valor inicial: minimo: maximo
param = 1.0 : -1E20 : 1E20 # valor inicial: minimo: maximo
END # DECLARE
MODEL LGN # LEITO DE GAS NATURAL
PARAMETER
# PARAMETROS DO LEITO
R0 AS REAL # Raio externo do cilindro [m]
Ri AS REAL # Raio Interno do cilindro [m]
Rp AS REAL # Raio da partícula [m]
eT AS REAL # Porosidade total
eL AS REAL # Porosidade do leito
eP AS REAL # Porosidade da Partícula
eC AS REAL # Porosidade (vazios + Macroporos)
eW AS REAL # Espessura da parede do cilindro [m]
Cpg AS REAL # calor específico do gás [J/kg K]
Cps AS REAL # calor específico do sólido J/kg K]
M AS REAL # Peso molecular do gás [kg/mol]
P0 AS REAL # Pressão (inicial ou final) [Pa]
Tamb AS REAL # Tempertura ambiente [K]
Teq AS REAL # Temperatura de Equlíbrio [K]
Tre AS REAL # Temperatura padrão [K]
Tw AS REAL # Temperatura de Entrada [K]
rob AS REAL # Densidade do empacotamento [kg/m3]
Patm AS REAL # Pressão atmosférica [Pa]
lambda AS REAL # Condutividade térmica do leito [watt/m ]
h AS REAL # Coeficiente de transferência de calor [watt/m2 K]
ConstGas AS REAL # Constante Universal dos gases perfeitos [J/kg K]
Cw AS REAL # Capacidade térmica da parede do vaso [J/m3 K]
DeltaH AS REAL # Calor de adsorção [J/kg]
K1 AS REAL # Parâmetro da equação de equilíbrio
K2 AS REAL # Parâmetro da equação de equilíbrio
K3 AS REAL # Parâmetro da equação de equilíbrio
K4 AS REAL # Parâmetro da equação de equilíbrio
L AS REAL # Comprimento do Leito [m]
FluMassa AS REAL # Fluxo de Massa [kg/min]
Flu AS REAL # Fluxo vulumetrico [m3/min]
visc AS REAL # Viscosidade do gás [kg/m s]
alfa AS REAL # Parâmetro da equação de Darcy [kg/m3 s]
Pi1 AS REAL # Parâmetro adimensional
Pi2 AS REAL # Parâmetro adimensional
Pi3 AS REAL # Parâmetro adimensional
Pi4 AS REAL # Parâmetro adimensional
PI5 AS REAL # Parâmetro adimensional
PI6 AS REAL # Parâmetro adimensional
NU AS REAL # Nusselt
Anexo 1
Bastos Neto, Moisés
122
CT AS REAL # Parâmetro para adimensionalisar tempo [min-1]
RIAD AS REAL # Raio Interno adimensionalisasado
a AS REAL # Parâmetro para pressão
DISTRIBUTION_DOMAIN
Radial AS (RIAD : 1) # distância radial
VARIABLE
P AS DISTRIBUTION(Radial) OF Pressao
PresMedia AS Pressao
Peq AS Pressao
TEMP AS DISTRIBUTION(Radial) OF Temperatura
TempMedia AS Temperatura
q AS DISTRIBUTION(Radial) OF Concentracao
Q0 AS Concentracao
QF AS Concentracao
Qeq AS Concentracao
Qeq0 AS Concentracao
percap AS Param
perdis AS Param
dqdP AS DISTRIBUTION(Radial) OF Param
dqdTemp AS DISTRIBUTION(Radial) OF Param
massaGas AS Massa
massa0 AS Massa
massaF AS Massa
Mar AS Massa
Mar0 AS Massa
V0 AS Massa
VF AS Massa
Var AS Massa
Dis AS Massa
D0 AS Massa
C AS DISTRIBUTION(Radial) OF Param
BOUNDARY
P(RiAD)=P0/Patm - (P0/Patm -1)*exp(-a*time); #carga
# Pi1*Pi5*(P(Riad|+)/Temp(Riad))*Partial(P(Riad),Radial)= Flumassa*
# Cpg/(2*3.1416*L*lambda*Riad*60);
# Partial(P(Riad),Radial)= Flu*alfa/(2*3.1416*L*Riad*Patm*60);
Pi1 * Pi5 * (Tw/Tamb - Temp(Riad|+)) * P(Riad) * Partial(P(Riad),Radial) =
Temp(Riad) * Partial(Temp(Riad),Radial);
# Partial(Temp(Riad), Radial) = 0;
# Partial(Temp(1),Radial) = - Nu * (Temp(1) - 1);
Pi6 * (1/CT)*$Temp(1|-) + Partial(Temp(1),Radial) = - Nu * (Temp(1) - 1);
Partial(P(1),Radial)=0;
EQUATION
Anexo 1
Bastos Neto, Moisés
123
#EQUAÇÃO DA CONSERVAÇÃO DA ENERGIA
FOR R := Riad|+ TO 1|- DO
(1/CT)* Pi2 * (Pi1 - 1) * $P(R) + (Pi3 + q(R)) * (1/CT) * $Temp(R) +
(Temp(R) + Pi4) * (dqdp(R) * (1/CT) * $P(R) + dqdTemp(R) * (1/CT) * $Temp(R)) - Pi1 * Pi5/R *
Partial(R * P(R) * Partial(P(R),Radial),Radial) -
1/R * Partial(R * Partial(Temp(R),Radial),Radial) = 0;
END
#EQUAÇÃO DA CONSERVAÇÃO DA MASSA
FOR R := Riad|+ TO 1|- DO
Pi2 * (1/Temp(R) * (1/CT) * $P(R) - P(R)/Temp(R)/Temp(R) * (1/CT) * $Temp(R)) + 1/Pi1 * (dqdp(R)
* (1/CT) * $P(R) + dqdTemp(R) * (1/CT) * $Temp(R))= Pi5/R * Partial(R * (P(R)/Temp(R)) *
Partial(P(R),Radial),Radial);
END
P0/Q0=EXP((K1+K2/Tamb)+(K3+K4/Tamb)*Q0);
Patm/QF=EXP((K1+K2/Tamb)+(K3+K4/Tamb)*QF);
Patm=(EXP((K1+K2/Teq)+(K3+K4/Teq)*Qeq0))*Qeq0;
Peq=(EXP((K1+K2/Teq)+(K3+K4/Teq)*Qeq))*Qeq;
Peq=90/300*time*Patm;
Mar=Qeq*rob*3.1416*(R0*R0-Ri*Ri)*L+(Peq*M/ConstGas/Teq)*3.1416*
(R0*R0-Ri*Ri) * L * eC;
Mar0=Qeq0*rob*3.1416*(R0*R0-Ri*Ri)*L+(Patm*M/ConstGas/Teq)*3.1416*
(R0*R0-Ri*Ri) * L * eC;
Var=(Mar*constgas*Tre/Patm/M)/(3.1416*(R0*R0-Ri*Ri)*L);
Dis=(Mar - Mar0)*(constgas*Tre/Patm/M)/(3.1416*(R0*R0-Ri*Ri)*L);
D0=(massa0 - massaF)*(constgas*Tamb/Patm/M)/(3.1416*(R0*R0-Ri*Ri)*L);
massa0=Q0*rob*3.1416*(R0*R0-Ri*Ri)*L+(P0*M/ConstGas/Tamb)*3.1416*
(R0*R0-Ri*Ri) * L * eC;
massaF=QF*rob*3.1416*(R0*R0-Ri*Ri)*L+(Patm*M/ConstGas/Tamb)*3.1416
*(R0*R0-Ri*Ri) * L * eC;
V0=(massa0*constgas*Tamb/Patm/M)/(3.1416*(R0*R0-Ri*Ri)*L);
VF=(massaF*constgas*Tamb/Patm/M)/(3.1416*(R0*R0-Ri*Ri)*L);
Anexo 1
Bastos Neto, Moisés
124
FOR R:=Riad To 1 do
C(R)=P(R)*M/ConstGas/Temp(R);
END
#ISOTERMA
FOR R:=Riad TO 1 DO
((P(R)*Patm)/q(R))=EXP((K1+K2/TEMP(R)/Tamb)+(K3+K4/TEMP(R)/Tamb)*q(R));
dqdp(R)=1/((k3 + k4/Temp(R)/Tamb)*(P(R)) + (P(R))/q(R));
dqdTemp(R)=(k2 + k4*q(R)) * q(R)/(Temp(R) * (Temp(R) * Tamb
+ k3*q(R)*Temp(R)*Tamb + k4*q(R)));
END
#MASSA DE GÁS CARREGADA OU DESCARREGADA
MassaGas = 2.* rob * 3.1416 * L * R0 * R0 * INTEGRAL(R := Riad : 1; q(R) * R) + (2.* eC * M *
Patm/ConstGas/Tamb) * 3.1416 * L * R0 * R0 * INTEGRAL(R := Riad : 1; R * P(R)/Temp(R));
#TEMPERATURA MÉDIA DO LEITO
TempMedia = (2.* rob * 3.1416 * L * R0 * R0 * Tamb *INTEGRAL(R :=Riad : 1; Temp(R) * q(R) *
R) + (2.* eC * M/ConstGas) * 3.1416 * L * R0 * R0 * Patm * INTEGRAL(R := Riad:1;P(R) * R) + 2.* rob *
3.1416 * L * Pi3 * R0 * R0 * Tamb * INTEGRAL (R := Riad:1; R * Temp(R)))/(MassaGas + Pi3 * 3.1416 *
(R0 * R0 - Ri * Ri) * rob * L);
#PRESSÃO MÉDIA E PERDA DE CAPACIDADE
Perdis = 100 - 100 * (MassaGas - massaF)/(massa0 - massaF);
PerCap = 100 - 100 * (MassaGas - massaF)/massa0;
Presmedia = Integral(R := Riad:1;2 * P(R) * R/Temp(R))* TempMedia/(1 - Riad*Riad)/Tamb;
END # LGN
#=============================================================
# PROCESSO LGN
#=============================================================
PROCESS LGN
UNIT
Coluna AS LGN
SET
WITHIN Coluna DO
Radial:=[OCFEM,3,10];
# Parâmetros do leito e partícula
Anexo 1
Bastos Neto, Moisés
125
eT:=0.874;
L:=0.90;
R0:=0.103;
Ri:=0.0127;
visc:=1.25E-5;
eL:=0.592; # Atualizar - Baseado em rob
eP:=0.72;
#eC:=0.646;
eC:=0.713;
Rp:=0.5E-3;
alfa:=150 * (1 - eL) * (1 - eL) * visc/(4 * eL * eL * eL * Rp * Rp);
M:=16.04E-3;
Cpg:=36000/16.042; # Atualizar - Literatura
CPs:=1375; # Atualizar - Biloe
Cw :=3.92E6;
P0:=3.73E6; # Atualizar
Patm:=1.0131E5;
Tamb:=306.15; # Atualizar
Teq:=293.15+10; # Atualizar
Tre:=293.15;
Tw:=288.15; # Atualizar
rob:=280; # Atualizar - Estimado para carvao umido
ConstGas:=8.3145;
h:=20;
lambda:=0.212; # Atualizar - Talu
eW:=0.03;
DeltaH:=-937.88E3;
#K1:=20.96792;
#K2:=-1480.27986;
#K3:=13.59576;
#K4:=-788.31828;
K1:=18.57187;
K2:=-870.69131;
K3:=78.98937;
K4:=-17697.96454;
FluMassa:=0.02;
Flu:=0.001;
Pi1:=Cpg * M/ConstGas;
Pi2:=eC * Patm/(Tamb * rob * Cpg);
Pi3:=Cps/Cpg;
Pi4:=DeltaH/(Cpg * Tamb);
Pi5:=Patm * Patm/(alfa * lambda * Tamb);
Pi6:=ew * Cw/(rob * Cpg * R0);
Nu:=h * (R0 + eW)/lambda;
CT:=lambda/(Cpg * rob * R0 * R0)*60;
a:=0.1699*2;
Riad:=Ri/R0;
END # WITHIN
INITIAL
WITHIN Coluna DO
FOR R:=Riad|+ TO 1|- DO
Temp(R)=1.0;
END
FOR R:=Riad|+ TO 1|- DO
Anexo 1
Bastos Neto, Moisés
126
#P(R)=P0/Patm;
P(R)=1;
END
END
SOLUTIONPARAMETERS
gPLOT:=ON;
BLOCKDECOMPOSITION:= INITIAL ;
SCHEDULE
SEQUENCE
CONTINUE FOR 300
#continue until coluna.presmedia<=1.01
END
END
ANEXO 2
“input” em linguagem gPROMS para
a descarga
Anexo 2
Bastos Neto, Moisés
128
# =======================================================
# MODELO MATEMÁTICO PARA O LEITO DE GÁS NATURAL
# =======================================================
DECLARE TYPE
pressao = 1.0 : -1E20 : 1E20 # valor inicial: minimo: maximo
temperatura = 1.0 : -1E20 : 1E20 # valor inicial: minimo: maximo
concentracao = 0.1 : -1E20 : 1E20 # valor inicial: minimo: maximo
massa = 2.0 : -1E20 : 1E20 # valor inicial: minimo: maximo
param = 1.0 : -1E20 : 1E20 # valor inicial: minimo: maximo
END # DECLARE
MODEL LGN # LEITO DE GAS NATURAL
PARAMETER
# PARAMETROS DO LEITO
R0 AS REAL # Raio externo do cilindro [m]
Ri AS REAL # Raio Interno do cilindro [m]
Rp AS REAL # Raio da partícula [m]
eT AS REAL # Porosidade total
eL AS REAL # Porosidade do leito
eP AS REAL # Porosidade da Partícula
eC AS REAL # Porosidade (vazios + Macroporos)
eW AS REAL # Espessura da parede do cilindro [m]
Cpg AS REAL # calor específico do gás [J/kg K]
Cps AS REAL # calor específico do sólido J/kg K]
M AS REAL # Peso molecular do gás [kg/mol]
P0 AS REAL # Pressão (inicial ou final) [Pa]
Tamb AS REAL # Tempertura ambiente [K]
Teq AS REAL # Temperatura de Equlíbrio [K]
Tre AS REAL # Temperatura padrão [K]
Tw AS REAL # Temperatura de Entrada [K]
rob AS REAL # Densidade do empacotamento [kg/m3]
Patm AS REAL # Pressão atmosférica [Pa]
lambda AS REAL # Condutividade térmica do leito [watt/m ]
h AS REAL # Coeficiente de transferência de calor [watt/m2 K]
ConstGas AS REAL # Constante Universal dos gases perfeitos [J/kg K]
Cw AS REAL # Capacidade térmica da parede do vaso [J/m3 K]
DeltaH AS REAL # Calor de adsorção [J/kg]
K1 AS REAL # Parâmetro da equação de equilíbrio
K2 AS REAL # Parâmetro da equação de equilíbrio
K3 AS REAL # Parâmetro da equação de equilíbrio
K4 AS REAL # Parâmetro da equação de equilíbrio
L AS REAL # Comprimento do Leito [m]
FluMassa AS REAL # Fluxo de Massa [kg/min]
Flu AS REAL # Fluxo vulumetrico [m3/min]
visc AS REAL # Viscosidade do gás [kg/m s]
alfa AS REAL # Parâmetro da equação de Darcy [kg/m3 s]
Pi1 AS REAL # Parâmetro adimensional
Pi2 AS REAL # Parâmetro adimensional
Pi3 AS REAL # Parâmetro adimensional
Pi4 AS REAL # Parâmetro adimensional
PI5 AS REAL # Parâmetro adimensional
PI6 AS REAL # Parâmetro adimensional
NU AS REAL # Nusselt
Anexo 2
Bastos Neto, Moisés
129
CT AS REAL # Parâmetro para adimensionalisar tempo [min-1]
RIAD AS REAL # Raio Interno adimensionalisasado
a AS REAL # Parâmetro para pressão
DISTRIBUTION_DOMAIN
Radial AS (RIAD : 1) # distância radial
VARIABLE
P AS DISTRIBUTION(Radial) OF Pressao
PresMedia AS Pressao
Peq AS Pressao
TEMP AS DISTRIBUTION(Radial) OF Temperatura
TempMedia AS Temperatura
q AS DISTRIBUTION(Radial) OF Concentracao
Q0 AS Concentracao
QF AS Concentracao
Qeq AS Concentracao
Qeq0 AS Concentracao
percap AS Param
perdis AS Param
dqdP AS DISTRIBUTION(Radial) OF Param
dqdTemp AS DISTRIBUTION(Radial) OF Param
massaGas AS Massa
massa0 AS Massa
massaF AS Massa
Mar AS Massa
Mar0 AS Massa
V0 AS Massa
VF AS Massa
Var AS Massa
Dis AS Massa
D0 AS Massa
C AS DISTRIBUTION(Radial) OF Param
BOUNDARY
P(RiAD)=1 + (P0/Patm -1)*exp(-a*time); #descarga
# Pi1*Pi5*(P(Riad|+)/Temp(Riad))*Partial(P(Riad),Radial)= Flumassa*
# Cpg/(2*3.1416*L*lambda*Riad*60);
# Partial(P(Riad),Radial)= Flu*alfa/(2*3.1416*L*Riad*Patm*60);
Pi1 * Pi5 * (Tw/Tamb - Temp(Riad|+)) * P(Riad) * Partial(P(Riad),Radial) =
Temp(Riad) * Partial(Temp(Riad),Radial);
# Partial(Temp(Riad), Radial) = 0;
# Partial(Temp(1),Radial) = - Nu * (Temp(1) - 1);
Pi6 * (1/CT)*$Temp(1|-) + Partial(Temp(1),Radial) = - Nu * (Temp(1) - 1);
Partial(P(1),Radial)=0;
Anexo 2
Bastos Neto, Moisés
130
EQUATION
#EQUAÇÃO DA CONSERVAÇÃO DA ENERGIA
FOR R := Riad|+ TO 1|- DO
(1/CT)* Pi2 * (Pi1 - 1) * $P(R) + (Pi3 + q(R)) * (1/CT) * $Temp(R) +
(Temp(R) + Pi4) * (dqdp(R) * (1/CT) * $P(R) + dqdTemp(R) * (1/CT) * $Temp(R)) - Pi1 * Pi5/R *
Partial(R * P(R) * Partial(P(R),Radial),Radial) -
1/R * Partial(R * Partial(Temp(R),Radial),Radial) = 0;
END
#EQUAÇÃO DA CONSERVAÇÃO DA MASSA
FOR R := Riad|+ TO 1|- DO
Pi2 * (1/Temp(R) * (1/CT) * $P(R) - P(R)/Temp(R)/Temp(R) * (1/CT) * $Temp(R)) + 1/Pi1 * (dqdp(R)
* (1/CT) * $P(R) + dqdTemp(R) * (1/CT) * $Temp(R))= Pi5/R * Partial(R * (P(R)/Temp(R)) *
Partial(P(R),Radial),Radial);
END
P0/Q0=EXP((K1+K2/Tamb)+(K3+K4/Tamb)*Q0);
Patm/QF=EXP((K1+K2/Tamb)+(K3+K4/Tamb)*QF);
Patm=(EXP((K1+K2/Teq)+(K3+K4/Teq)*Qeq0))*Qeq0;
Peq=(EXP((K1+K2/Teq)+(K3+K4/Teq)*Qeq))*Qeq;
Peq=90/300*time*Patm;
Mar=Qeq*rob*3.1416*(R0*R0-Ri*Ri)*L+(Peq*M/ConstGas/Teq)*3.1416*
(R0*R0-Ri*Ri) * L * eC;
Mar0=Qeq0*rob*3.1416*(R0*R0-Ri*Ri)*L+(Patm*M/ConstGas/Teq)*3.1416*
(R0*R0-Ri*Ri) * L * eC;
Var=(Mar*constgas*Tre/Patm/M)/(3.1416*(R0*R0-Ri*Ri)*L);
Dis=(Mar - Mar0)*(constgas*Tre/Patm/M)/(3.1416*(R0*R0-Ri*Ri)*L);
D0=(massa0 - massaF)*(constgas*Tamb/Patm/M)/(3.1416*(R0*R0-Ri*Ri)*L);
massa0=Q0*rob*3.1416*(R0*R0-Ri*Ri)*L+(P0*M/ConstGas/Tamb)*3.1416*
(R0*R0-Ri*Ri) * L * eC;
massaF=QF*rob*3.1416*(R0*R0-Ri*Ri)*L+(Patm*M/ConstGas/Tamb)*3.1416
*(R0*R0-Ri*Ri) * L * eC;
V0=(massa0*constgas*Tamb/Patm/M)/(3.1416*(R0*R0-Ri*Ri)*L);
VF=(massaF*constgas*Tamb/Patm/M)/(3.1416*(R0*R0-Ri*Ri)*L);
FOR R:=Riad To 1 do
Anexo 2
Bastos Neto, Moisés
131
C(R)=P(R)*M/ConstGas/Temp(R);
END
#ISOTERMA
FOR R:=Riad TO 1 DO
((P(R)*Patm)/q(R))=EXP((K1+K2/TEMP(R)/Tamb)+(K3+K4/TEMP(R)/Tamb)*q(R));
dqdp(R)=1/((k3 + k4/Temp(R)/Tamb)*(P(R)) + (P(R))/q(R));
dqdTemp(R)=(k2 + k4*q(R)) * q(R)/(Temp(R) * (Temp(R) * Tamb
+ k3*q(R)*Temp(R)*Tamb + k4*q(R)));
END
#MASSA DE GÁS CARREGADA OU DESCARREGADA
MassaGas = 2.* rob * 3.1416 * L * R0 * R0 * INTEGRAL(R := Riad : 1; q(R) * R) + (2.* eC * M *
Patm/ConstGas/Tamb) * 3.1416 * L * R0 * R0 * INTEGRAL(R := Riad : 1; R * P(R)/Temp(R));
#TEMPERATURA MÉDIA DO LEITO
TempMedia = (2.* rob * 3.1416 * L * R0 * R0 * Tamb *INTEGRAL(R :=Riad : 1; Temp(R) * q(R) *
R) + (2.* eC * M/ConstGas) * 3.1416 * L * R0 * R0 * Patm * INTEGRAL(R := Riad:1;P(R) * R) + 2.* rob *
3.1416 * L * Pi3 * R0 * R0 * Tamb * INTEGRAL (R := Riad:1; R * Temp(R)))/(MassaGas + Pi3 * 3.1416 *
(R0 * R0 - Ri * Ri) * rob * L);
#PRESSÃO MÉDIA E PERDA DE CAPACIDADE
Perdis = 100 - 100 * (MassaGas - massaF)/(massa0 - massaF);
PerCap = 100 - 100 * (MassaGas - massaF)/massa0;
Presmedia = Integral(R := Riad:1;2 * P(R) * R/Temp(R))* TempMedia/(1 - Riad*Riad)/Tamb;
END # LGN
#=============================================================
# PROCESSO LGN
#=============================================================
PROCESS LGN
UNIT
Coluna AS LGN
SET
WITHIN Coluna DO
Radial:=[OCFEM,3,10];
# Parâmetros do leito e partícula
L:=0.90;
Anexo 2
Bastos Neto, Moisés
132
R0:=0.103;
Ri:=0.0127;
visc:=1.25E-5;
eL:=0.592; # Atualizar - Baseado em rob
#eC:=0.646;
eC:=0.713;
Rp:=0.5E-3;
alfa:=150 * (1 - eL) * (1 - eL) * visc/(4 * eL * eL * eL * Rp * Rp);
M:=16.04E-3;
Cpg:=36000/16.042; # Atualizar - Literatura
CPs:=1375; # Atualizar - Biloe
Cw :=3.92E6;
P0:=3.67E6; # Atualizar
Patm:=1.0131E5;
Tamb:=300; # Atualizar
Teq:=293+10; # Atualizar
Tre:=293;
rob:=280; # Atualizar - Estimado para carvao umido
ConstGas:=8.3145;
h:=20;
#lambda:=1.2/1.71;
lambda:=0.212; # Atualizar - Talu
eW:=0.03;
DeltaH:=-937.88E3;
#K1:=20.96792;
#K2:=-1480.27986;
#K3:=13.59576;
#K4:=-788.31828;
K1:=18.57187;
K2:=-870.69131;
K3:=78.98937;
K4:=-17697.96454;
FluMassa:=0.02;
Flu:=0.001;
Pi1:=Cpg * M/ConstGas;
Pi2:=eC * Patm/(Tamb * rob * Cpg);
Pi3:=Cps/Cpg;
Pi4:=DeltaH/(Cpg * Tamb);
Pi5:=Patm * Patm/(alfa * lambda * Tamb);
Pi6:=ew * Cw/(rob * Cpg * R0);
Nu:=h * (R0 + eW)/lambda;
CT:=lambda/(Cpg * rob * R0 * R0)*60;
a:=0.1699;
Riad:=Ri/R0;
END # WITHIN
INITIAL
WITHIN Coluna DO
FOR R:=Riad|+ TO 1|- DO
Temp(R)=1.023;
END
FOR R:=Riad|+ TO 1|- DO
P(R)=P0/Patm;
END
Anexo 2
Bastos Neto, Moisés
133
END
SOLUTIONPARAMETERS
gPLOT:=ON;
BLOCKDECOMPOSITION:= INITIAL ;
SCHEDULE
SEQUENCE
CONTINUE FOR 300
#continue until coluna.presmedia<=1.01
END
END
ANEXO 3
calores isostéricos de adsorção do
etano e propano no carvão WV1050
Anexo 3
Bastos Neto, Moisés
135
CALORES ISOSTÉRICOS DE ADSORÇÃO
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40
0
5
10
15
20
25
30
Carvão Ativado WV1050
calor isostérico de adsorção (kJ/mol)
massa de excesso (g/g)
Etano
mol
kJ
H
Ads
775,19=Δ
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50
0
5
10
15
20
25
30
35
40
calor isostérico de adsorção (kJ/mol)
Carvão Ativado WV1050
Propano
massa de excesso (g/g)
mol
kJ
H
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334,25=Δ
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